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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Maria Amália Morais Pereira
Auto-relatos: os efeitos da tarefa alvo, de tarefas intermediárias e das topografias
exigidas.
MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
SÃO PAULO
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Maria Amália Morais Pereira
Auto-relatos: os efeitos da tarefa alvo, de tarefas intermediárias e das topografias
exigidas.
MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora como exigência parcial
para obtenção do título de MESTRE
em Psicologia Experimental: Análise
do Comportamento pela Pontifícia
Universidade Católica de o Paulo,
sob orientação da Pro Drª Maria
Amalia Pie Abib Andery.
O presente trabalho foi realizado com o apoio parcial da CAPES.
SÃO PAULO
2008
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i
Banca Examinadora
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
ii
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos ou científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de
fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura:__________________________ Local e data:__________________
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família querida, pelo amor, apoio e confiança nas minhas escolhas.
Minha dissertação se encerra num momento de muito alegria, o nascimento do meu
lindo sobrinho Helinho, uma criança sortuda que encontrou muitas pessoas para amá-lo.
À minha orientadora Maria Amalia, que adora brincar com o fato de sermos
homônimas, por ter me apoiado nos momentos de dúvida, pela confiança que nem
mesmo eu tive, por ter me dado liberdade para estudar o que eu queria, por ter me
desafiado, por ter me ensinado a me divertir com as figuras e a me surpreender com os
resultados de um trabalho com compromisso, e por ser alguém com quem tenho muito a
aprender.
Aos meus professores da PUC-SP, Ziza, Teia, Nilza, Fátima e Maria do Carmo e aos
funcionários do Laboratório, Neusa, Conceição e Mauricio, por terem feito parte desta
etapa tão importante na minha vida.
À Dinalva, pelo carinho e por todos os momentos que me salvou!!!
Ao Roberto querido, professor, supervisor, colega, por sempre ter apostado em mim e
ter me ajudado sempre que precisei, e sempre com um grande sorriso.
À Paula, uma pessoa maravilhosa, professora dedicada que tanto me ensinou.
À Paola, por ter me ajudado a fazer desse grande passo, um momento mais feliz.
Aos meus amigos de mestrado, Flavinha, Lívia, Lú, Evelyn, Ana Lu, Tati, Thaís,
Renata: foi muito bom ter vivido esse momento com vocês.
Aos meus amigos queridos, Bia, Aline, Su, Mav, Má, Lídia, Théo, Paula, Aninha, Rê,
Mid, Cris, Má e Paty simplesmente pelo fato de compartilharem a vida comigo!
Ao Ernesto, meu amor, que sempre esteve ao meu lado nas minhas vitórias e derrotas,
que me deu tranqüilidade para enfrentar a difícil tarefa de fazer um mestrado, que me
entende, me ama e, principalmente, por continuar sendo sempre a pessoa com quem
quero dividir a minha vida.
iv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO……………………………………………………………….1
ESTUDO 1……………………………………………………………………15
MÉTODO……………………………………………………………………..16
Participantes…………………………………………………………..16
Local e Situação de Coleta…………………………………………....16
Material…………………………………………………………….....16
Procedimento………………………………………………………….16
RESULTADOS……………………………………………………………….23
DISCUSSÃO....................................................................................................37
ESTUDO 2.......................................................................................................38
MÉTODO.........................................................................................................39
Participantes.........................................................................................39
Local e Situação de Coleta...................................................................39
Material……………………………………………………………….39
Procedimento…………………………………………………………39
RESULTADOS................................................................................................41
DISCUSSÃO………………………………………………………………...44
DISCUSSÃO GERAL……………………………………………………….45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………….49
ANEXOS.........................................................................................................52
ANEXO 1 Cartaz de divulgação.....................................................................53
ANEXO 2 Termo de consentimento...............................................................54
ANEXO 3 Instrução........................................................................................55
v
ANEXO 4 Figuras de latência das respostas em DMTS e curvas acumuladas do
desempenho nos dois auto-relatos em relação ao desempenho em
DMTS...............................................................................................................56
ANEXO 5 Figuras de precisão e de classificação dos relatos para P3 nas Sessões 2 e
3.......................................................................................................................67
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Exemplos de estímulos apresentados na tarefa de DMTS.....................18
Figura 2. Configuração dos estímulos na tarefa de DMTS...................................18
Figura 3. Configuração da tela na tarefa de Anagrama.........................................19
Figura 4. Exemplos de estímulos apresentados na tarefa de MTS....................... 20
Figura 5. Configuração da tela na tarefa de relato................................................21
Figura 6. Precisão dos auto-relatos para P1 em todas as sessões experimentais..25
Figura 7. Classificação dos auto-relatos para P1 em todas
as sessões experimentais.......................................................................................26
Figura 8. Precisão dos auto-relatos para P4..........................................................27
Figura 9. Classificação dos auto-relatos para P4..................................................28
Figura 10. Precisão dos auto-relatos em todas as sessões de P3, P6, P7, P9 e
P11........................................................................................................................29
Figura 11. Classificação dos auto-relatos em todas as sessões de P3, P6, P7,
P9 e P11................................................................................................................30
Figura 12. Precisão dos auto-relatos em todas as sessões de P2, P5, P8 e P10....32
Figura 13. Classificação dos auto-relatos em todas as sessões de P2, P5, P8 e
P10........................................................................................................................33
Figura 14. Número de relatos imprecisos em relação ao número de tarefas
intermediárias para todos os participantes...........................................................35
Figura 15. Porcentagem de acertos nas tarefas intermediárias de MTS
e Anagrama para todos os participantes em todas as sessões .............................35
Figura 16. Precisão dos auto-relatos de P3 na primeira e na quarta sessão e de
P11.......................................................................................................................41
Figura 17. Classificação dos auto-relatos para as Sessões 1 e 4 de P3 e para
P11.......................................................................................................................42
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Ordem de exposição dos participantes às condições experimentais.....22
Tabela 2. Número de sessões experimentais realizadas com cada participante...22
Tabela 3. Classificação dos auto-relatos quanto à precisão..................................23
Tabela 4. Número de relatos imprecisos nas tarefas intermediárias de
Anagrama e MTS para todos os participantes......................................................34
Tabela 5. Número de sessões experimentais realizadas com cada participante...40
Tabela 6. Número de relatos imprecisos em relação ao tipo e número de tarefas
intermediárias para os participantes P3 e P11......................................................43
viii
Pereira, M.A.M. (2008). Auto-relatos: os efeitos da tarefa-alvo, de tarefas intermediárias
e das topografias exigidas. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
Orientadora: Maria Amalia Pie Abib Andery.
Linha de Pesquisa: Processos Básicos da Análise do Comportamento.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a emissão de um auto-relatos após a
passagem de um intervalo de tempo, a depender dos eventos que ocorrem durante tal
período. Mais especificamente, pretendeu-se averiguar o efeito da topografia e do
número de respostas intermediárias na precisão do auto-relato. Onze estudantes
universitários participaram de dois estudos: ambos consistiam na realização das
seguintes tarefas com o auxílio de um software: 1) uma Delayed Matching to Sample
(DMTS) tarefa-alvo do relato; 2) uma ou três tarefas de Matching to Sample (MTS)
tarefa intermediária topograficamente semelhante ou uma ou três de Anagrama tarefa
intermediária topograficamente distinta e 3) duas tarefas de relato sendo: 1) “Qual você
escolheu?”, em que o participante deveria indicar o estímulo comparação selecionado na
tarefa de DMTS e 2) “Você acertou?”, tendo como respostas possíveis SIM”, “NÃO
SEI” e “NÃO”. A análise dos resultados indicou que 1) para os participantes que
cometeram erros na tarefa de DMTS houve uma tendência de imprecisões depois de
erro em DMTS; 2) tais imprecisões foram do tipo Alarme-falso para 7 dos 11
participantes e para todos os participantes também foram registradas Omissões; 3) em
geral houve mais erros nos relatos depois da tarefa intermediária de MTS; 4) houve
mais imprecisões nos relatos depois de três tarefas intermediárias, tanto para MTS como
para Anagrama e 5) considerando os acertos e erros em DMTS, com exceção de um
participante, houve mais imprecisões nos auto-relatos topográficos. Os resultados
sugerem que a ocorrência de outros comportamentos entre um comportamento emitido e
os auto-relatos sobre tal comportamento produz uma diminuição da correspondência das
respostas verbais a depender da complexidade de controle de estímulos atuando sobre
cada resposta verbal.
Palavras-chave: comportamento verbal, auto-relato, eventos passados, humanos.
ix
Pereira, M.A.M. (2008). Self-reports: the effects of the target task, of the intermediary
tasks and the required topographies. Master’s Thesis. São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
Thesis Advisor: Maria Amalia Pie Abib Andery.
Line of Research: Basic Processes of the Behavior Analysis.
ABSTRACT
The purpose of the present study was to investigate the emission of a self-report after
the passage of time depending on the events that occur during that period. Specifically,
we intended to investigate the effects of the topographies and the number of
intermediary responses on the self-report accuracy. Eleven undergraduate students were
subjects on two different experiments. Both consisted on a Delayed Matching to Sample
(DMTS) task, the self report target behavior, followed by one or three Matching to
Sample (MTS) or Anagram tasks, which were the intermediary tasks, being the first one
the topography similar and the second one the distinguishable topography. The
computer task ended with two self-reports: 1) Which one have you chosen?” In
which the participant should indicate the comparison stimuli he had chosen on the
DMTS trial and 2) “Did you get it right?” In which the subject could say “YES”, “I
DON’T KNOW” and “NO”. The results analysis showed that: 1) for the subjects who
had made mistakes on the DMTS tasks there was an imprecision tendency after the
DMTS mistakes; 2) those imprecisions were False-alarm for 7 at 11 participants and for
all participants there also were Omissions; 3) in general, the most imprecise self-reports
were those preceded by the MTS tasks; 4) more imprecision was found on the self-
reports preceded by three intermediaries tasks for both MTS and Anagram and 5)
considering hits and mistakes on DMTS task, with the exception of one participant, the
most inaccurate self-reports was on the topographical self-report condition. The results
suggest that the occurrence of other behaviors between a given behavior and its self-
report might produce inaccurate self-reports depending on the complexity of the
stimulus control from that verbal response.
Key-words: verbal behavior, self-report, past events, humans.
1
Memória e sua contrapartida - o esquecimento - são termos muito empregados
na psicologia (e outras áreas) para explicar” certos fenômenos comportamentais.
uma vasta literatura sobre estes temas, inclusive na psicologia. Na perspectiva da
Análise do Comportamento os termos também foram alvo de discussão conceitual e de
análise experimental (Branch, 1977; Shimp, 1976, 1981, 1984; Skinner, 1938, 1953,
1974; Staddon e Higa, 1999; Wasserman, Nelson e Larew, 1980), ainda que
marginalmente.
Wixted (1998) elaborou uma detalhada revisão de pesquisas analítico-
comportamentais que utilizam variações de técnicas e procedimentos empregados por
psicólogos cognitivistas para estudar a memória e o esquecimento.
O autor faz uma distinção do uso da palavra memória e afirma que do ponto de
vista cognitivista, a memória seria uma estrutura mental, na qual representações das
experiências passadas estariam armazenadas e os procedimentos e termos utilizados
representariam tal processo. Um exemplo de procedimento é chamado pares-associados,
no qual o participante uma lista (A-B) com pares de itens como sílabas, números,
palavras sem sentido e em seguida, outra lista formada por pares A-C. O teste
envolve a apresentação dos itens da lista A e a requisição dos itens da lista B ou C
correspondentes aos da lista A (Pachur e Hertwig, 2006).
Outro delineamento freqüentemente utilizado é chamado Tarefa de Brown-
Peterson, no qual a apresentação de um item palavra ou sílaba sem sentido - a ser
lembrado é seguida por uma tarefa distratora, cuja duração é variável e, em seguida, o
participante é solicitado a falar qual foi o item apresentado anteriormente. Esse
procedimento tem como objetivo investigar o efeito da interferência provocada pela
tarefa distratora sobre o esquecimento (Wixted, 1998). De acordo com Wixted (1998), o
desempenho declina em função do aumento da duração da tarefa distratora e da
similaridade entre o item e a tarefa distratora que segue sua apresentação, definido como
interferência retroativa, como demonstraram Peterson e Peterson (1959).
Por outro lado, na Análise do Comportamento, a memória é entendida como o
efeito da história de reforçamento no comportamento atual e o comportamento de
lembrar como uma resposta diferencial que ocorre sob controle de estímulos atrasado
(Lane, Cherek, Lieving e Tcheremissine; Skinner, 1953; Skinner, 1974; Wixted, 1998;
White, 1985). Jans e Catania (1980), afirmam que o comportamento de lembrar é
composto por três eventos “a apresentação de algum estímulo; a passagem de um
período de tempo ou atraso; e uma oportunidade para uma resposta discriminativa sob
2
controle do estímulo, então ausente”.
1
(p.177). As pesquisas realizadas sob a luz dessa
temática, diferentemente das pesquisas cognitivas, enfocam delineamentos de sujeito
único e a utilização de sujeitos infra-humanos. No entanto, promovem adaptações nos
procedimentos cognitivos para estudar memória, de modo que possam manipular
variáveis relacionadas às conseqüências da resposta de lembrar (Baron e Surdy,1990;
White, 1985) ou variáveis relacionadas à emissão de respostas intermediárias (ou tarefas
distratoras) que afetam o comportamento de lembrar, no caso de Jans e Catania (1980).
Jans e Catania (1980) apresentam como resultado de sua pesquisa com pombos, que o
desempenho é mais preciso nas tentativas sem atividades intermediárias e a precisão no
desempenho diminui com o aumento do intervalo de atraso.
Segundo Skinner (1953), seria possível inferir a probabilidade de uma resposta e
prever sua ocorrência futura conhecendo-se variáveis como, por exemplo, freqüência de
emissão de uma resposta, condição em que a resposta emitida produz estímulos
reforçadores e as operações estabelecedoras em vigor. No entanto, situações em que,
após a passagem de um intervalo de tempo, o comportamento esperado sob condições
específicas não ocorre.
em 1938 Skinner abordou esse tema, investigando a extinção de respostas
operantes em animais, quando se perguntou se a simples passagem do tempo seria uma
variável relevante para produzir o enfraquecimento de uma resposta operante ou a
“reversão” da aprendizagem. Depois de condicionar e fortalecer uma resposta de
pressão à barra em ratos, os sujeitos foram expostos a duas sessões de extinção de 80 m,
sendo que uma sessão ocorreu um dia após o condicionamento da resposta de pressão à
barra (exposição imediata) e a outra foi programada para 45 dias após o
condicionamento (exposição atrasada). Os sujeitos emitiram em média 86 respostas
após 1 hora em extinção na exposição imediata, e 69 respostas após 1 hora na condição
atrasada, ou seja, depois de 45 dias os ratos emitiram um número de respostas de
pressão à barra muito próximo ao número obtido inicialmente sem que fosse necessário
submetê-los a outro procedimento de condicionamento, sugerindo que não houve, nesse
caso, o esquecimento da aprendizagem. Estes resultados sugerem que somente a
passagem do tempo, que tem sido vista como variável que produziria o esquecimento,
ou, ainda, o enfraquecimento de respostas, pelo menos nas condições investigadas no
estudo, não se configura como variável relevante.
1
No original: “…the presentation of some stimulus; an intervening time period or delay; and then an
opportunity for some discriminative response under the control of the absent stimulus”
3
Millenson (1975) em seu manual também discutiu o assunto e apontou algumas
variáveis que estariam relacionadas ao enfraquecimento de respostas que tem sido
associado ao fenômeno do esquecimento. Com base em diversas pesquisas que
abordaram o esquecimento, tanto com animais como com humanos, e assim como
Skinner (1938), Millenson questionou a interpretação de que o esquecimento se daria
pela simples passagem de tempo. Para tanto, Millenson se refere a estudos, muitas vezes
bastante antigos, que mostrariam que a probabilidade de uma resposta ser esquecida
dependeria de sua topografia e das condições de reforçamento: tal probabilidade
aumentaria quando a topografia da resposta não é singular e quando o reforçamento
contingente à resposta ocorre em situações diversificadas. Segundo Millenson (1975)
“sempre que uma resposta especial é fortalecida num novo ambiente, diferente de
qualquer um encontrado na situação cotidiana, o esquecimento é reduzido” (p.111).
A discussão de Millenson sugere que o esquecimento ou, ainda, o
enfraquecimento de respostas operantes, ou mesmo a não ocorrência de respostas
operantes em condições que indicariam sua ocorrência envolvem questões
relacionadas com controle de estímulos e, pelo menos em certos casos, questões
relacionadas com o reforçamento da resposta.
Em Science and human behavior (1953), assim como em About behaviorism
(1974), o termo memória foi apresentado por Skinner no contexto de sua discussão com
descrições cognitivistas de comportamento. Mas nestes trabalhos, Skinner também
sugeriu conexões importantes entre fenômenos tratados no campo da cognição entre
eles, memória – e controle de estímulos.
É no campo de controle de estímulos que os fenômenos da memória e do
esquecimento também têm sido estudados em relação ao comportamento verbal. Ainda
que conceitualmente outros operantes verbais sejam caracteristicamente importantes
quando se trata de discutir memória/esquecimento, interessam, aqui, especialmente
trabalhos sobre o tema que abordam principalmente variáveis relativas ao operante
verbal tato.
De acordo com Skinner (1957), “o tato pode ser definido como um operante
verbal no qual uma resposta de uma dada forma é evocada (ou pelo menos fortalecida)
por um objeto ou evento particular, ou por uma propriedade de um objeto ou evento.
2
2
No original: “a tact may be defined as verbal operant in which a response of given form is evoked (or at
least strengthened) by a particular object or event or property of an object or event”.
4
(p.82). Tem-se, então, que a presença de um estímulo específico de uma dada classe
aumenta a probabilidade de uma resposta verbal do tipo tato.
Em termos de controle de estímulos, o tato se destaca dos outros operantes
verbais definidos por Skinner (1957) porque neste caso o controle antecedente sobre a
resposta verbal é estabelecido por um estímulo não verbal e porque o controle sobre a
resposta verbal é exercido prioritariamente pelo estímulo antecedente independente da
condição em ocorre ou que produz estímulos reforçadores, uma vez que
“... nós enfraquecemos a relação com qualquer privação específica ou
estimulação aversiva e estabelecemos uma relação única com o estímulo
discriminativo. Nós fazemos isso reforçando a resposta tão
consistentemente quanto possível na presença de um estímulo com
diferentes reforçadores ou com um reforçador generalizado. O controle
resultante se dá pelo estímulo. Uma dada resposta “especifica” uma dada
propriedade do estímulo
3
(pp.83)”.
Segundo Skinner (1957), o controle do estímulo discriminativo sobre a resposta
verbal no caso do tato (e de outros operantes) se torna possível a partir do
enfraquecimento de outras variáveis relevantes na determinação da resposta, como a
privação ou apresentação de estimulação aversiva. Este enfraquecimento se daria a
partir da apresentação de reforçadores generalizados para a resposta verbal cujo controle
pelo estímulo discriminativo pretende-se estabelecer.
Uma vez que o controle sobre a resposta verbal seja definido por alguma
propriedade de um estímulo não verbal, independente das condições momentâneas a que
o indivíduo esteja submetido, diz-se que tal resposta é um tato “puro”. No entanto, tatos
“puros” seriam raros por várias razões, dentre elas certas práticas de conseqüenciação
exercidas pela comunidade verbal que pode liberar conseqüências contingentes a
respostas verbais do tipo tato (ou relato verbal, segundo de Rose, 1997) mesmo sem ter
tido acesso direto ao estímulo não verbal que controla a resposta verbal do falante. As
práticas da comunidade podem também, em casos como esse, fortalecer respostas
verbais em condições que envolvem outras variáveis além do controle discriminativo
pelo estímulo antecedente. Dessa maneira, tornando pouco provável que uma resposta
verbal ocorra sem a interferência de condições momentâneas que afetam o
comportamento do falante.
3
No original: “...we weaken the relation to any specific deprivation or aversive stimulation and set up a
unique relation to a discriminative stimulus. We do this by reinforcing the response as consistently as
possible in the presence of one stimulus with many different reinforcers or with a generalized reinforcer.
The resulting control is through the stimulus. A given response “specifies” a given stimulus property”.
5
Se outras variáveis além do estímulo antecedente (como as variáveis de
conseqüenciação) participam no controle de respostas verbais de tato, tais respostas
verbais podem deixar de ser “correspondentes” aos estímulos não verbais, que deveriam
controlar isoladamente a emissão da resposta verbal em um tato puro. Tatos são também
freqüentemente “afetados” por aspectos ou dimensões da estimulação antecedente que
podem tornar o controle se estímulos sobre a resposta deficiente, como afirmou Skinner
(1957).
É neste ponto em que as respostas verbais sobre o comportamento do próprio
falante adquirem um especial interesse. Tais respostas – de descrição do comportamento
- serão classificadas como tatos se estiverem sob controle discriminativo de estímulos
antecedentes não verbais o comportamento. O comportamento relatado pode exercer
controle parcial sobre a resposta, uma vez que apenas elementos isolados ou parte da
contingência que envolve o comportamento relatado podem adquirir essa função
discriminativa, ou a tríplice contingência completa (o comportamento) também pode
adquirir tal função discriminativa para a resposta verbal.
É importante ressaltar que respostas verbais do tipo tato sob controle de
comportamentos do falante podem ocorrer sob controle de comportamento passado,
presente ou futuro (Skinner, 1957). De especial interesse no presente estudo é o
comportamento verbal sob controle de um comportamento passado, uma vez que, pelo
menos em certos casos, a ausência ou o enfraquecimento de repostas verbais como essas
parecem envolver o fenômeno do esquecimento.
Sobre tatos de eventos passados Skinner (1957) destaca que tais
comportamentos tendem a ser pouco precisos e que sua ocorrência depende da
estimulação presente no momento em que a resposta é emitida e que “a habilidade de
responder verbalmente a eventos ‘passados’ é adquirida, e adquirida sob contingências
de reforçamento explícitas arranjadas pela comunidade verbal somente com esse
objetivo”
4
(p.142). Assim, a comunidade verbal forneceria a estimulação suplementar
para a emissão da resposta. Por exemplo, em vez de perguntar para uma pessoa Quem
você encontrou ontem”, poderia perguntar Quem você encontrou ontem quando
estávamos almoçando no restaurante x?”.
Do ponto de vista da Análise do Comportamento, muito do que vem sendo
tratado como memória/esquecimento está relacionado, como já foi dito, com controle de
4
No original “the ability to respond verbally ‘to past’ events is acquired, and acquired under explicit
reinforcing contingencies arranged by the verbal community for just this purpose”.
6
estímulos, e parte dos fenômenos estudados com esta rubrica (memória/esquecimento)
relacionam-se a questões que envolvem o controle de estímulos sobre comportamentos
de tatos e mais especificamente de tatos de eventos passados.
Dentre os tatos de eventos passados, interessam aqui aqueles que de alguma
maneira abordam o relato verbal do comportamento do falante. Por esta razão, serão
descritos estudos desta área, sobre tatos do comportamento do próprio falante. Desta
área de estudo serão destacadas as pesquisas que investigam como a precisão (ou
correspondência) sobre os tatos (relatos) pode ser afetada pela manipulação de variáveis
envolvidas na emissão do tato, uma vez que os fenômenos da memória/esquecimento
podem ser em parte descritos como um problema de controle de estímulos deficiente.
Devido ao amplo uso do relato verbal como fonte de dados usados em
questionários e entrevistas, em pesquisas em geral, em diversas áreas do conhecimento e
a diversidade de variáveis que podem afetar esse comportamento diversos
procedimentos foram elaborados para estudá-lo experimentalmente, de modo a validar
seu uso como fonte de dados.
Dentre as possibilidades de investigação do relato verbal e de como sua precisão
pode ser afetada há um conjunto de estudos (Baer e Detrich,1990; Pergher, 2002;
Ribeiro, 1989), nos quais se averiguou os efeitos, sobre a precisão do relato verbal, da
manipulação das conseqüências que seguem sua emissão. Ribeiro (1989), cujo trabalho
é descrito aqui a título de exemplo dos estudos e resultados nesta área, investigou
experimentalmente como mudanças na condição de reforçamento de relatos alteraria sua
precisão. Trabalhou com oito crianças, as quais participaram de sessões experimentais
que consistiam de momentos de brincadeira e de relato. A criança era levada para a sala
de brincadeira e era instruída a brincar com qualquer brinquedo dentre seis brinquedos
disponíveis por quanto tempo quisesse ou até que o experimentador interrompesse a
brincadeira, no entanto cada criança poderia brincar com um brinquedo por vez. Os
participantes brincavam até manipular três brinquedos diferentes ou por 10 minutos.
Após o período de brincadeira, a criança era levada para a sala de relato, na qual outro
experimentador pedia para a criança que dissesse com quais brinquedos tinha brincado:
o experimentador mostrava uma foto dos brinquedos e perguntava um a um se a criança
tinha brincado com o brinquedo correspondente a figura. No momento de relato, eram
registradas as respostas “sim” e “não” emitidas pelas crianças. Na linha de base todas as
crianças emitiram relatos correspondentes ao comportamento passado de brincar. Em
uma fase foram reforçados (com fichas) todos os relatos em que a criança afirmava ter
7
brincado independente de sua correspondência com o comportamento não verbal de
brincar. A introdução desta variável produziu um aumento no número de relatos de
brincar para 6 dos 8 participantes. Em uma terceira fase as solicitações de relato
passaram a serem feitas em grupo: o experimentador solicitava relatos de cada criança
com as outras crianças presentes, o que resultou em um aumento na freqüência de
relatos de brincar para três crianças, provavelmente porque esta situação permitiu que
cada criança pudesse contatar a contingência em vigor a partir das conseqüências
fornecidas para respostas de outras crianças.
De uma maneira geral, os resultados de Ribeiro (1989) mostram que o relato
verbal de um evento está sujeito às conseqüências que produz. Apesar de algumas
crianças terem se mantido consistentes na emissão de relatos correspondentes ao longo
das sessões nas diferentes condições experimentais, para algumas delas foi apenas
necessário entrar em contato com a contingência de reforçamento diferencial sobre
certas topografias da resposta verbal para que ficassem sob controle de tais
conseqüências sobre o relato independente do comportamento não-verbal que foi alvo
da resposta de relatar. E, de uma maneira geral, os resultados de Ribeiro vêm sendo
seguidamente referendados pela literatura. Apesar de serem resultados importantes
quando se trata de discutir a precisão ou não de tatos, dificilmente poder-se-ia afirmar
que nestas condições a diminuição da precisão das respostas verbais dever-se-ia ao
esquecimento.
Outra possibilidade de estudo do relato verbal e de variáveis que afetam a
correspondência/ precisão entre comportamento verbal e não verbal são investigações
sobre as variáveis que afetam o controle de estímulos do comportamento que é alvo do
relato. Nesse contexto, Critchfield e Perone (1990) desenvolveram um procedimento
que deu início a vários estudos realizados por eles e por outros autores (Critchfield,
1993a; Critchfield, 1993b; Critchfield, 1994; Critchfield, 1996; Critchfiel e Perone,
1993) e que tiveram como objetivo mais geral: investigar variáveis relacionadas ao
controle de estímulos em uma tarefa de Delayed Matching to Sample (DMTS) que era
alvo do relato verbal e verificar os efeitos destas manipulações sobre a precisão do
relato.
Nestes trabalhos, uma tentativa de DMTS se iniciava pela apresentação de um
estímulo modelo, cuja retirada era seguida por um período de atraso, após o qual os
estímulos comparação eram apresentados. O participante então encerrava a tentativa
com uma resposta a um de dois ou três estímulos comparação. Respostas ao estímulo
8
comparação idêntico ao estímulo modelo eram reforçadas e respostas aos estímulos
comparação que não era idêntico ao estímulo modelo não tinham conseqüência
programada (Willians, Johnston e Saunders, 2006 têm uma boa descrição do
procedimento). Cada tentativa da tarefa de DMTS podia ser seguida pela apresentação
de uma pergunta sobre a escolha feita pelo participante relativa ao estímulo
comparação. Para isolar a possibilidade de interpretação das respostas foi estabelecida
uma restrição das mesmas a um padrão binário de escolhas, ou seja, o conteúdo do
relato verbal se restringia à escolha por uma das alternativas: SIM ou NÃO para a
pergunta “Você marcou pontos?”.
Dando início ao grupo de estudos realizados com o procedimento descrito
acima, Critchfield e Perone (1990) investigaram com dois estudantes universitários os
efeitos da tarefa alvo (de DMTS) sobre a precisão do relato verbal, manipulando o
tempo limite para a emissão da resposta de escolha ao estímulo comparação. Seus
resultados indicaram que houve mais acertos na tarefa de DMTS na condição em que
havia mais tempo para a escolha do estímulo comparação. Para Critchfield e Perone
(1990), os resultados mostraram que diversas características da tarefa alvo (DMTS)
podiam interferir na precisão do relato: mais especificamente nesta pesquisa, tanto o
acerto como o tempo para emissão da resposta alvo exerceram controle discriminativo
sobre o relato, apesar do tempo disponível para a resposta alvo ter interferido sobre a
precisão do relato apenas quando a resposta alvo estava correta.
Em outro estudo, Critchfield e Perone (1993a) manipularam o número de
elementos nos estímulos modelo da tarefa de DMTS, de modo que a tarefa ficava mais
difícil com o aumento no número de elementos. Esta manipulação tinha como objetivo
responder à pergunta dos pesquisadores sobre os efeitos do sucesso na tarefa alvo sobre
o seu relato. Também foi manipulada a conseqüência para o relato, com o objetivo de
verificar se as conseqüências para o relato podiam alterar os padrões do relato verbal.
Foi estabelecida uma contingência para “verdade”, na qual relatos precisos produziam
pontos e relatos imprecisos produziam a perda de pontos. Então, foi feita uma inversão
desta contingência de pontos, estabelecendo uma contingência para “mentira”, ou seja,
relatos imprecisos passaram a produzir pontos e relatos precisos a sua perda.
Os principais resultados descritos por Critchfield e Perone (1993a) foram: a)
quanto maior o número de elementos presentes no estímulo modelo menor era o sucesso
na tarefa de DMTS; b) a precisão do relato tendeu a diminuir com o aumento no número
de elementos do estímulo modelo; c) os relatos de fracasso na tarefa alvo após o sucesso
9
na tarefa (“misses”) eram pouco freqüentes, enquanto que relatos de sucesso após
fracasso na tarefa, foram mais freqüentes (“false alarms”), e d) quando havia
contingência para verdade houve “verdade” e quando havia contingência para mentira
houve “mentira”.
Critchfield e Perone (1993a) discutem que o padrão geral obtido foi: a precisão
do relato tendeu a ser menor com a diminuição de sucesso na tarefa e relatos imprecisos
de sucesso depois de erro na tarefa de DMTS eram mais prováveis que o oposto: relatos
de fracasso após um desempenho bem sucedido.
Em 1996, Critchfield publicou um estudo no qual manipulou a dificuldade da
tarefa de DMTS a partir da variação do número de estímulos modelo que não
combinavam com os estímulos comparação. O objetivo inicial foi medir as latências de
emissão dos relatos verbais sobre a tarefa alvo e verificar se existia alguma diferença na
latência dos relatos de sucesso e de insucessos. Em um segundo momento, o autor
incluiu a possibilidade de o participante escolher não relatar se havia acertado ou errado
a tentativa da tarefa alvo, anterior à solicitação do relato. Esta manipulação envolveu a
investigação de uma hipótese de que relatar insucessos seria aversivo, ou seja, que os
participantes escolheriam não relatar com maior freqüência após insucessos na tarefa
alvo.
Os resultados indicaram que a latência de emissão de Hits (relatar sucesso diante
de sucesso na tarefa alvo), Misses, False-alarms e Correct rejections (omitir o relato
diante de insucesso na tarefa alvo) eram diferentes. As latências de relatos que
indicavam insucesso na tarefa alvo tendiam a ser maiores do que as latências de relatos
de sucesso. A inserção de vários estímulos modelo na tarefa de DMTS produziu uma
diminuição no sucesso da mesma, o que resultou em um aumento da escolha dos
participantes em não emitir o relato. Critchfield (1996) atribuiu este resultado a uma
história de punição na vida dos participantes anterior à realização da pesquisa.
Partindo do interesse em expandir o estudo do relato verbal para além das
variáveis normalmente investigadas em uma análise operante, Critchfield (1993b)
utilizou o procedimento padrão elaborado por Critchfield e Perone (1990) e enfocou a
interação entre farmacologia e comportamento verbal. O estudo teve como objetivo
avaliar os efeitos da administração de Diazepam sobre relato verbal de um desempenho
de DMTS em dois homens, com idade de 31 e 33 anos. Os participantes receberam três
administrações de placebo e três de 10 mg de Diazepam antes do início das sessões
experimentais. Além disso, houve manipulação da dificuldade da tarefa alvo do relato
10
(DMTS semelhante ao estudo de Critchfield, 1996), variando de 1 a 3 o número de
estímulos modelo apresentados na tarefa de DMTS.
A taxa de sucesso nas tarefas tendeu a diminuir com o aumento no número de
estímulos modelo na condição placebo, assim como na condição com Diazepam. Em
relação à precisão do relato, houve uma pequena diminuição na condição Diazepam
para os três valores de estímulos modelo, comparando-se com as sessões, nas quais o
placebo foi administrado. O dado relevante foi que a administração de Diazepam afetou
de maneira mais significativa um tipo específico de relato e não a precisão do relato
como um padrão global: houve um aumento na freqüência de relatos de sucesso após
erros na tarefa alvo, o que foi entendido por Critchfield (1993b) como o estabelecimento
de uma situação de super-confiança.
Estes estudos sugerem, então, mais uma vez, que fenômenos que até certo ponto
poderiam ser vistos como feito de processos como memória/esquecimento podem ser
produto de contingências que atuam sobre o relato verbal ou sobre o evento que é
estimulação comportamentalmente relevante para o relato (neste caso a situação que
tem função de estímulo dicriminativo).
No entanto, quando o desempenho humano é observado em situações cotidianas
que têm semelhanças com a situação experimental criada por Critchfield muitas vezes
tal desempenho é interpretado como produto de memória/esquecimento. Doepke,
Henderson e Critchfield (2003) supuseram que uma dessas situações cotidianas seria a
de tomada de depoimentos de testemunhas em processos judiciais. Partindo de uma
situação recorrente no sistema judiciário, reproduziram uma situação semelhante à de
depoimento de crianças como testemunhas de crimes. Os autores tinham como objetivo
investigar, com um delineamento de sujeito único, a influência de variáveis sociais
sobre o relato verbal de crianças.
De acordo com Doepke, Henderson e Critchfield (2003), o depoimento de
crianças como testemunhas foi estudado extensivamente por análise de grupos e não em
delineamentos de sujeito único e é um tema de grande importância jurídica e policial e
mesmo em entrevistas terapêuticas. Além disso, muitas pesquisas indicam que o
depoimento de crianças depende de como antecedentes imediatos afetam o evento
presenciado por elas. Neste estudo foi criada uma situação, na qual quatro crianças
passaram por um exame físico na presença de seus pais. Foram manipulados (a) os tipos
de perguntas feitas às crianças após a conclusão do exame, que poderiam ser
proposicionais (por exemplo, “Você foi pesado, não foi?”) ou não-proposicionais (por
11
exemplo, “Você tomou uma injeção?”) e (b) as respostas verbais emitidas pelos pais
sobre o médico que realizou o exame físico na criança: os pais poderiam fazer
afirmações favoráveis (chamada de indução positiva), ou desfavoráveis (chamada de
indução negativa) sobre o comportamento do médico, ou poderiam não fazer qualquer
afirmação (não indução).
O delineamento utilizado foi ABCB, no qual a condição A consistia em não
indução, a B em indução positiva e a condição C envolvia indução negativa. As sessões
experimentais foram compostas por um período de 10 min de exame físico, seguidos
por uma breve entrevista com questões abertas com o objetivo de identificar o que as
crianças relatavam sobre o exame, seguido por um período de 15 min de brincadeira
livre. Após o período de brincadeira, o procedimento de indução social se iniciava e era
seguido por uma entrevista com 40 questões, envolvendo 20 perguntas proposicionais e
20 não proposicionais, sobre o exame físico. Todas as questões contidas na entrevista
foram planejadas de forma que as crianças pudessem emitir respostas simples como
“sim” e “não”. Como controle experimental, o entrevistador se manteve constante ao
longo das sessões experimentais e três examinadores que não eram informados sobre as
condições experimentais e não assistiam às solicitações de relato ou entrevistas faziam o
exame físico e variavam de acordo com a fase do delineamento.
Doepke, Henderson e Critchfield (2003) relataram que as questões
proposicionais tenderam a ser respondidas menos precisamente do que as não-
proposicionais. Além disso, a precisão das respostas das crianças foi diminuindo ao
longo das entrevistas em todas as condições experimentais e a indução social favoreceu
a diminuição na precisão dos relatos, pois nas condições de indução positiva e negativa
as perguntas foram respondidas mais imprecisamente do que a condição controle de
não-indução.
Um resultado destacado, porém não abordado por Doepke et al. (2003), foi uma
grande diminuição na precisão do relato das crianças na condição controle, em que as
crianças não foram submetidas aos procedimentos de indução negativa ou positiva.
Nesta condição houve em torno de 95% de acertos nas perguntas proposicionais e não
proposicionais sobre o exame físico na primeira entrevista e a precisão chegou perto de
55% para três crianças e 40% para uma criança na 12
a
entrevista, para ambos os tipos de
perguntas.
Os resultados descritos por Doepke et al. (2003) sugerem a existência de outras
variáveis que afetariam o relato verbal das crianças submetidas ao procedimento e que
12
não foram manipuladas nesse estudo. Será que a realização de tarefas semelhantes
(novos exames, falar mais sobre o tema) seria uma variável relevante para explicar os
efeitos observados sobre a precisão do relato verbal na condição de não-indução nesta
pesquisa?
Por outro lado, os resultados de Doepke et al. (2003), assim como os de
Critchfield (1993a, 1993b, 1994, 1996) e de Critchfield e Perone (1990, 1993) indicam
que o atraso temporal entre o relato verbal e a estimulação antecedente não verbal o
tempo entre o exame físico, ou a tarefa alvo (DMTS) e a solicitação do relato - também
é relevante na determinação da precisão do relato. No entanto, o atraso não foi
sistematicamente manipulado nestes trabalhos, procedimento padrão nos estudos sobre
memória, mas foi manipulado em outros estudos que utilizam DMTS, como Blough
(1959) e Williams, Johnston e Saunders (2006).
Como as tarefas de DMTS envolvem necessariamente um atraso entre a
apresentação do estímulo modelo e dos estímulos comparação, o controle de estímulos
sobre a resposta de escolha entre os estímulos comparação é afetado, ou seja, muda a
precisão na tarefa. Pesquisadores como Blough (1959) e Williams, Johnston e Saunders
(2006) investigaram questões relacionadas a esse tema.
O trabalho de Blough (1959) se originou de um problema relacionado à extensão
do controle exercido por um estímulo discriminativo sobre uma resposta, a partir do
momento em que tal estímulo era retirado. Para investigar o comportamento de pombos
em uma situação representativa deste problema, os sujeitos trabalhavam em uma tarefa
de DMTS e o atraso entre a retirada do estímulo modelo e a apresentação dos estímulos
comparação foi manipulado. Somente dois estímulos foram utilizados, sendo que suas
funções de S
D
e S
eram alternadas aleatoriamente em cada tentativa. Os valores do
atraso variaram entre 0 e 10s. Para dois pombos, a porcentagem de acertos na tarefa de
DMTS foi inversamente proporcional ao aumento do atraso, ou seja, os maiores valores
de acerto foram encontrados nos menores valores do intervalo. Além disso, estes
sujeitos apresentaram um padrão de respostas único, estável e repetitivo nos períodos de
atraso. No entanto, para os outros dois pombos, a porcentagem de acertos na tarefa foi
diretamente proporcional ao aumento do atraso, sendo que o melhor desempenho
registrado foi de 90% de acertos com um atraso de 10s. Estes sujeitos exibiram padrões
de respostas específicos e correspondentes a cada estímulo modelo apresentado anterior
ao atraso. Blough (1959) também observou erros na tarefa quando a resposta emitida
13
entre a apresentação do estímulo modelo e a apresentação dos estímulos comparação era
topograficamente distinta do padrão diretamente relacionado a cada estímulo modelo.
Os resultados descritos por Blough (1959) indicam a relevância de se investigar
o comportamento produzido em uma condição de atraso entre a apresentação de dois
estímulos e o papel que este comportamento pode desempenhar em termos de acerto ou
erro em uma tarefa na qual supostamente o controle exercido pelo estímulo anterior (e
não mais presente certo tempo) é relevante, além de sugerir uma alternativa de
interpretação à memória/esquecimento, pelo menos em certos casos.
Na mesma direção de Blough (1959), Williams et al (2006) manipularam atrasos
em tarefas de DMTS, com o objetivo de ampliar a identificação de variáveis que podem
afetar o controle de estímulos e provocar uma diminuição no controle exercido pelo
estímulo modelo. Trabalhando com humanos com desenvolvimento atípico,
compararam dois procedimentos comumente empregados em pesquisas sobre DMTS: o
2-sample matching e o trial-unique em diferentes valores de atraso.
No procedimento de 2-sample matching apenas dois estímulos são utilizados ao
longo das tentativas. Dessa maneira, os estímulos comparação apresentados são sempre
os mesmos em todas as tentativas, mas a função atribuída a cada um deles (Sd ou
Sdelta) dependerá do estímulo modelo presente na tentativa, como no procedimento
utilizado por Blough (1959). Já no procedimento chamado de trial-unique são utilizados
diversos estímulos, de modo que todas as tentativas de uma sessão são compostas por
estímulos novos, que ainda não foram exibidos em uma tentativa anterior.
O maior número de acertos nas tentativas foi obtido no procedimento trial-
unique. Williams et al. sugeriram que esse resultado pode estar relacionado ao fato de
que as respostas aos estímulos comparação no procedimento 2-sample matchig estariam
sob controle da escolha na tentativa anterior e não do estímulo modelo na tentativa
atual, devido ao alto número de respostas alternadas, ou seja, que a escolha entre um dos
estímulos comparação em uma tentativa era afetada pela resposta emitida pelo
participante na tentativa anterior.
Os resultados obtidos por Williams et al (2006) sugerem que além da simples
manipulação dos intervalos de atraso entre a apresentação do estímulo modelo e
estímulos comparação é relevante considerar aspectos referentes à configuração das
tentativas e das sessões quando se utiliza tarefas de DMTS e quando se estuda ou
discute variáveis que interfeririam na precisão da tarefa. Já os resultados de Blough
14
(1959) sugerem que o que o sujeito faz no intervalo entre o comportamento alvo e o
relato verbal pode ser relevante na determinação da precisão.
Os estudos aqui apresentados sugerem que diversas variáveis parecem interferir
na precisão do relato, o que poderia também estar envolvido no que chamamos de
memória/ esquecimento, seriam elas:
a) A magnitude do atraso.
b) O que ocorre durante o atraso semelhante ou diferente do comportamento
alvo, é específico ou não a cada comportamento alvo).
c) O sucesso/fracasso na tarefa alvo do relato, ou seja, as conseqüências do
comportamento alvo.
d) As conseqüências do relato.
15
ESTUDO 1
Considerando os estudos realizados na área de comportamento verbal sobre
relato verbal e as pesquisas que envolvem manipulações de atraso, sobre memória e
esquecimento, o presente trabalho pretende investigar o relato verbal “atrasado” sobre
uma tarefa e os efeitos sobre o relato a depender dos eventos que ocorrem durante tal
intervalo.
Para tanto, pretende-se inserir a execução de tarefas intermediárias entre a
realização da tarefa-alvo do relato e a solicitação do relato verbal. No presente estudo,
foram inseridas tarefas semelhantes e distintas topograficamente entre a tarefa alvo e o
relato e o número de tarefas intermediárias foi manipulado, com o objetivo responder às
seguintes perguntas:
1) A inserção das tarefas intermediárias afetará a precisão do relato?
2) Existe algum efeito sobre a precisão do relato que se deva ao tipo de tarefa
intermediária? Se sim, que alterações são observadas relativas a cada tipo de
tarefa?
3) O número de tarefas intermediárias exerce algum controle sobre o relato verbal?
Se sim, de que maneira a precisão do relato é afetada?
16
MÉTODO
Participantes
Foram anexados cartazes (Anexo 1) em diversos murais de avisos e propagandas
na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) divulgando a pesquisa e os
alunos manifestaram seu interesse em participar do estudo via correio eletrônico ou
telefone. Participaram deste estudo onze estudantes da PUC-SP de ambos os sexos com
idade variando entre 18 e 27 e que cursavam psicologia, direito, pedagogia ou ciências
econômicas. Todos os participantes concordaram com os termos da pesquisa e
assinaram o Termo de Consentimento Informado (Anexo 2).
Local e Situação de coleta
A pesquisa foi realizada em uma sala do Laboratório de Psicologia Experimental
da PUC-SP, que mede 6m² e é mobiliada com duas mesas e duas cadeiras. O
participante compareceria ao Laboratório e era conduzido pela pesquisadora à sala em
questão. A pesquisadora entregava uma folha com as instruções (Anexo 3) para o
participante e esclarecia as possíveis dúvidas do participante. A folha de instrução
permanecia acessível para o participante ao longo da coleta. Após o esclarecimento das
instruções, o participante permanecia sozinho na sala durante todo o período de coleta.
Material
Um programa foi especialmente elaborado para rodar em um computador na
plataforma Windows.
Procedimento
As Condições Experimentais
Os participantes foram submetidos a um conjunto de atividades apresentadas na
tela do computador em um procedimento por tentativas e a cinco condições
experimentais. Todas as condições experimentais foram compostas por oito tentativas,
sendo que uma tentativa é iniciada por uma tarefa de DMTS (Delayed Matching to
Sample, ou emparelhamento atrasado com o modelo), seguida por uma tarefa
intermediária e é encerrada pelas tarefas de relato. Dessa maneira, as condições
experimentais diferenciam-se pelo tipo e número de tarefas intermediárias.
17
1) A Condição A foi constituída por uma seqüência de três tarefas: (a) uma tarefa de
DMTS aqui chamada de tarefa-alvo do relato, (b) seguida por uma segunda tarefa,
de solução de anagramas, aqui chamada de tarefa intermediária 1 e (c) uma tarefa
de requisição de relato sobre o desempenho do participante na tarefa alvo e sobre o
produto deste desempenho.
2) A Condição B foi composta por outro arranjo de três tarefas: (a) uma tarefa-alvo de
DMTS, (b) uma tarefa intermediária de MTS (matching to sample
emparelhamento de acordo com o modelo), chamada de tarefa intermediária 2 e (c)
a requisição dos relatos sobre a tarefa alvo, como na Condição A..
3) A Condição C foi semelhante à Condição A em relação ao tipo de tarefa
intermediária, mas envolveu a realização de uma tarefa de DMTS e de três tarefas
intermediárias de solução de anagramas (tarefa intermediária 1) antes da solicitação
dos relatos sobre a tarefa alvo.
4) A Condição D foi semelhante à Condição B, mas nela foram concluídas três tarefas
intermediárias 2 (de MTS) depois da tarefa alvo e antes da tarefa de relato.
5) A Condição E envolveu tentativas em que era realizada uma tarefa de DMTS
seguida pelo relato do desempenho na tarefa e sobre o produto deste desempenho.
Todos os participantes iniciaram a sessão experimental na Condição E com o
objetivo estabelecer o tempo limite para a escolha do estímulo comparação para cada
participante na tarefa de DMTS ao longo de toda sessão. Dessa forma, após oito
tentativas da Condição E definiu-se um valor de intervalo específico para cada
participante, considerando-se a mediana das latências das respostas de escolha dos
estímulos comparação emitidas pelo participante. Além disso, pretendeu-se garantir
iniciando-se a sessão experimental com a Condição E um controle melhor do
desempenho na tarefa de DMTS sobre o responder nas tarefas de relato nas outras
condições experimentais.
As Tarefas
a) Tarefa de DMTS
Os estímulos modelo e comparação na tarefa de DMTS foram construídos por
matrizes de 4x3 células (Crithfield e Perone, 1990) preenchidas em preto. Os estímulos
foram gerados aleatoriamente em cada tentativa, dentre as possibilidades de
18
combinação, considerando que foram preenchidas de 4 a 6 células contíguas. Na Figura
1 são representados exemplos de alguns estímulos.
Figura 1. Exemplos de estímulos apresentados na tarefa de DMTS.
Cada tentativa de DMTS era iniciada pela apresentação de estímulo modelo por
1,5s na tela, que permanecia durante toda a tarefa na cor verde, e a sua apresentação
sinalizada por um som. A apresentação dos dois estímulos comparação foi antecedida
por atraso de 2s. Na Figura 2 está representada a disposição dos estímulos na tela do
computador.
Após a apresentação dos estímulos comparação na tela, o participante
selecionava o estímulo comparação dentro do tempo limite determinado durante a
Condição E. A resposta de seleção do estímulo comparação foi a de teclar uma de duas
teclas que convencionadas como teclas para escolha do estímulo à direita ou à esquerda
e destacadas no teclado por quadrados azuis. Foram consideradas corretas as respostas
de escolha ao estímulo idêntico ao estímulo modelo e que ocorram antes do término da
tentativa.
Figura 2. Configuração dos estímulos na tarefa de DMTS. (O quadro à esquerda representa
a apresentação do estímulo modelo, o quadro central a tela de atraso no DMTS e o quadro da
esquerda a apresentação da tela com estímulos comparação.)
A tentativa se encerrava no momento em que o participante selecionasse um dos
estímulos comparação exibidos na tela ou quando o tempo disponível para a emissão da
resposta se esgotasse.
O encerramento da tarefa de DMTS era seguido por um intervalo de 1s. Em
seguida se iniciava a tarefa seguinte programada, podendo ser uma ou três tentativas
(tarefas) de anagrama (Condição A e C), uma ou três tarefas de MTS (Condição B e D),
ou a solicitação de relato (Condição E).
19
b) Tarefa de Anagrama
Durante esta tarefa a tela do computador permanecia com na cor azul. Cada
tentativa teve duração de 8s. No início da tentativa eram apresentados (ver Figura 3
para um diagrama da tela) simultaneamente um som curto e cinco letras sendo que pelo
menos duas vogais de maneira a possibilitar a formação de pelo menos uma palavra de
duas a cinco letras, reconhecida na língua portuguesa. Na parte inferior da tela os
espaços disponíveis para a alocação das letras eram sinalizados por pequenas linhas.
Clicar o mouse sobre uma das letras produzia seu aparecimento no espaço
correspondente, permitindo que o participante visualizasse a construção da palavra
enquanto selecionava as letras e fizesse correções caso fosse necessário. Quando o
participante tivesse concluído a tarefa, ele deveria clicar sobre a palavra OK para
encerrá-la.
Figura 3. Configuração da tela na tarefa de Anagrama.
Encerrada uma palavra, o participante recebia um feedback de que o computador
reconheceu ou não a palavra e poderia começar a formar outra palavra na mesma
tentativa, caso a palavra não fosse reconhecida pelo computador e ainda houvesse
tempo disponível. As respostas corretas foram seguidas pela mensagem: “Você
acertou!”. Para respostas incorretas, haverá dois tipos de mensagem: 1) se ainda
houvesse tempo disponível na tentativa a mensagem será: “Incorreto. Tente
novamente.” e 2) para respostas que excederam o tempo limite: “Tempo limite
excedido”.
Na Condição A o participante tinha 8s para realizar a tarefa. Na Condição C, três
tentativas de 8 segundos se seguiam e o encerramento de cada tentativa de anagrama
era sinalizado, bem como o início da tentativa seguinte. Um ITI de 1s seguia o
encerramento da tarefa.
T D A R O
T D A R O
R
O T A
20
c) Tarefa de MTS
Nas tarefas de MTS foram utilizados estímulos modelo e comparação formados
por caracteres sem sentido. Os estímulos eram diferentes dos estímulos da tarefa de
DMTS e apresentados sucessivamente sobre um fundo de tela diferente, na cor
vermelho escuro, mas em posições semelhantes àquelas de apresentação de estímulos
na tarefa de DMTS (ver Figura 2 para um diagrama da tela). Os estímulos mediam 12 x
9 mm. Exemplos desses estímulos são apresentados abaixo, na Figura 4.
Cada tentativa era iniciada pela apresentação do estímulo modelo por 1,5s
sinalizada por um som (diferente do som de outras tarefas). Assim que o S modelo
desaparecia da tela eram apresentados três estímulos comparação, por 6,5 s. Nesta
tarefa o participante deveria escolher entre os estímulos comparação, o estímulo
idêntico ao estímulo modelo exibido anteriormente. Como na tarefa de Anagrama, caso
o participante escolhesse o estímulo comparação incorreto, ele teria uma outra
oportunidade na mesma tentativa até que o tempo limite de 8s, cuja contagem era
iniciada no momento da apresentação do estímulo modelo, fosse atingido. No entanto,
no caso de erro com tempo disponível, os estímulos da tentativa eram reapresentados
após o feedback.
Figura 4. Exemplos de estímulos apresentados na tarefa de MTS.
Foram consideradas respostas corretas, aquelas que envolveram a escolha do
estímulo comparação idêntico ao estímulo modelo e que ocorreram dentro do tempo
limite.
As respostas corretas foram seguidas pela mensagem: “Você acertou”. Para
respostas incorretas, havia duas mensagens possíveis: 1) para respostas com tempo
disponível na tentativa a mensagem será: “Incorreto. Tente novamente.” e 2) para
respostas que excederam o tempo limite: “Tempo limite excedido.”. Assim como nas
tarefas de DMTS, o participante deveria utilizar o teclado para executar esta tarefa.
Durante a Condição D, encerrada uma tentativa de MTS havia um ITI de 1s
durante o qual será exibida na tela a mensagem: “Por favor, aguarde”.
A apresentação de um contador acompanhava a apresentação das mensagens de
feedback nas tarefas intermediárias (Anagrama e MTS), sendo que sua apresentação era
⌠ ⌡ ┴ ┼ ║ ═ ╒ ╓ ╗ ╕ ╝ ╞ ╡ ╬ ╪ ╨ ╦
21
destacada por uma luz que piscava no próprio contador e indicava se o participante
havia marcado pontos naquela tentativa adicionando um ponto ao total de pontos
acumulados. No final da sessão era realizada uma proporção entre o número de
oportunidades de marcar pontos e os pontos obtidos para determinar o valor pago ao
participante. Se o participante marcasse pontos em 100% das oportunidades, recebia R$
10,00.
d) Tarefa de relato
A cor no fundo da tela era laranja e um som distinto dos usados nas outras
tarefas sinalizava o início da tarefa, na qual eram solicitados dois relatos ao
participante.
Na solicitação do ‘Relato 1’, eram apresentados, na parte inferior da tela quatro
estímulos: dois deles eram os estímulos comparação apresentados na tentativa, na tarefa
de DMTS e outros dois eram outros estímulos gerados pelo programa (dentre aqueles
possíveis na tarefa de DMTS). Simultaneamente aparecia na tela a frase: “Qual você
escolheu?” (Ver Figura 5 para um diagrama da tela nas tarefas de relato).
Após a seleção de um dos estímulos, os estímulos desapareciam iniciando-se o
‘Relato 2’ com uma nova mensagem na tela: “Você acertou?”. O participante deveria
escolher, com o mouse, entre as alternativas SIM, NÃO, NÃO SEI, que também
estavam disponíveis na tela.
Para selecionar qualquer um dos estímulos presente em cada tarefa de relato o
participante pressionava uma das teclas destacadas no teclado cuja posição
correspondesse à posição do estímulo.
Figura 5. Configuração da tela na tarefa de relato.
O início das tarefas de relato foi antecedido por um ITI com duração variável,
que dependia do tempo utilizado na realização das tarefas intermediárias. Quando a
duração das tarefas atingiu seu tempo limite, 8s, o ITI teve a duração de 1s. No entanto,
se as tarefas intermediárias fossem realizadas em tempo inferior ao limite, o ITI seria
QUAL VOCÊ ESCOLHEU?”
VOCÊ ACERTOU?
“SIM” “NÃO SEI” “NÃO
22
prolongado de modo a manter constante o intervalo entre a realização das tarefas
intermediárias e a solicitação do relato ao longo das Condições experimentais A, B, C e
D.
Arranjos Experimentais
Todos os participantes foram submetidos às cinco condições experimentais,
alternando-se entre os participantes a ordem de exposição a cada condição. Foram
definidos quatro arranjos a partir da combinação das condições experimentais, nos quais
os participantes eram alocados aleatoriamente como indicado na Tabela 1. O número de
sessões realizadas com cada participante variou entre um e cinco (ver Tabela 2).
Tabela 1. Ordem de exposição dos participantes às condições experimentais.
Participante Condição experimental
1 E B A D C
2 E D C B A
3 E A B C D
4
5
6
7
8
9
10
11
E
E
E
E
E
E
E
E
A
C
B
B
D
D
A
C
B
D
A
A
C
C
B
D
C
A
D
D
B
B
C
A
D
B
C
C
A
A
D
B
Tabela 2. Número de sessões experimentais realizadas com cada participante
5
.
Participante Número de sessões experimentais
1 5
2 3
3 3 *
4 1
5 2 *
6 1 *
7 2
8 3*
9 1
10 1*
11 3
5
O asterisco indica uma falha no programa com uma sessão, na qual o controle do tempo não foi
realizado pelo programa. Isso significa, por exemplo, que o participante P3 participou de quatro sessões,
mas somente o resultado de três sessões foram considerados.
23
RESULTADOS
A partir da classificação proposta por Critchfield e Perone (1993a) para relatos
verbais, foram estabelecidos dois critérios para definir a precisão dos auto-relatos (ver
Tabela 3).
1) Para a estimulação verbal antecedente “Qual você escolheu?” o auto-relato foi
chamado de auto-relato de seleção
6
e foi considerado preciso quando a seleção do
estímulo foi correspondente ao estímulo selecionado pelo participante na tarefa de
DMTS, sem importar se o estímulo discriminativo era S
D
ou S
.
2) Para a estimulação verbal antecedente “Você acertou?”, o auto-relato foi
chamado de auto-relato topográfico e foi definido como preciso quando: a) o
participante selecionou a opção “SIM” tendo escolhido o estímulo comparação (S
D
),
que correspondia ao estímulo modelo na tentativa da tarefa de DMTS, e b) o
participante selecionou “NÃO” tendo escolhido o estímulo comparação (S
) não
correspondente ao estímulo modelo na tarefa de DMTS.
Note que a precisão do relato não dependeu do acerto na tarefa de DMTS, ou
seja, não se requereu que o participante tivesse selecionado o estímulo comparação
idêntico ao estímulo modelo apresentado na tentativa, mas sim que o participante
relatasse seu desempenho em relação aos estímulos comparação.
Tabela 3. Classificação dos auto-relatos quanto à precisão.
AUTO-RELATO - SELEÇÃO
AUTO-RELATO - TOPOGRÁFICO
DMTS
IGUAL DIFERENTE
“SIM” “NÃO SEI” “NÃO”
ACERTO
Preciso
Sucesso
Impreciso
Falha
Preciso
Sucesso
Impreciso
Omissão
Impreciso
Falha
ERRO
Preciso
Correto
Impreciso
Alarme
Falso
Impreciso
Alarme
Falso
Impreciso
Omissão
Preciso
Correto
6
Michael (1985) propõe uma diferenciação entre duas unidades de comportamento verbal sob controle do
comportamento do falante. A relação verbal na qual a topografia da resposta é relevante na distinção entre
duas respostas é classificada como uma relação baseada na topografia (no orginal: topography-based) e a
relação na qual a topografia é irrelevante (como a resposta de apontar) é chamada de uma relação baseada
na seleção do estímulo (no original: stimulus-selection-based). Nos dois relatos exigidos neste estudo as
respostas envolvem o que Michael denominou como uma resposta baseada em seleção, uma vez que a
resposta do participante era a de pressionar uma tecla. No entanto, supõe-se que a resposta para a
pergunta “Você acertou?” envolva pelo menos um comportamento verbal textual e supõe-se também uma
alta probabilidade de que uma resposta vocal baseada na topografia esteja sendo emitida. Por estas razões,
esse relato foi chamado de auto-relato topográfico.
24
Os relatos de cada participante foram classificados com base nestes critérios.
A literatura aponta que a probabilidade de relatos precisos é função também do
acerto/erro na tarefa alvo (Critchfield e Perone, 1990, 1993a). Decidiu-se, então,
organizar os resultados considerando-se o número de erros cometidos nas tarefas de
DMTS (tarefa alvo do relato). O participante P1 cometeu poucos erros na tarefa de
DMTS, mas seu desempenho foi singular e por esta razão seus resultados serão
apresentados separadamente, assim como os resultados do participante P4 que cometeu
muitos erros na tarefa. Os desempenhos dos demais participantes se distribuíram em
dois conjuntos: quatro participantes que não cometeram nenhum erro no DMTS (P2, P5,
P8 e P10) e cinco participantes que cometeram poucos erros nas tarefas de DMTS (P3,
P6, P7, P9 e P11).
.
1) Participante 1
Na Figura 6, apresenta-se o número de relatos precisos (barras pretas) e
imprecisos (barras brancas) depois de acertos e de erros na tarefa alvo (DMTS), nas
duas solicitações de relatos. Cada sessão foi composta de 40 tentativas de DMTS e,
portanto, houve 40 solicitações de cada tipo de relato (seleção ou topografia) por sessão.
Cada painel representa o desempenho do participante em uma sessão experimental, que
estão indicadas nos painéis (por exemplo, S1 indica a Sessão 1).
O exame da Figura 6 indica também um efeito de treino pela exposição às
sessões: o número de erros nas tarefas de DMTS vai diminuindo até chegar à zero na
quinta sessão. Da mesma maneira, a latência das respostas em DMTS diminuiu (Ver
Anexo 4
7
para um exame da evolução das latências de todos os participantes do Estudo
1 e 2) e os auto-relatos ficaram mais precisos ao longo das sessões. No entanto, na
Sessão 5, o participante emitiu seis auto-relatos do tipo seleção imprecisos em oposição
à total precisão dos auto-relatos do tipo topográfico. Para P1, houve mais imprecisão
nos auto-relatos do “tipo seleção” (“Qual vo escolheu?”) em todas as sessões
experimentais do que houve nos auto-relatos do “tipo topográfico” (“Você acertou?”).
Considerando todas as sessões experimentais, P1 selecionou o estímulo
comparação S
(S
-
) na tarefa de DMTS em 18 oportunidades; em todas elas o auto-
relato do tipo topográfico foi impreciso e em 17 delas os auto-relatos do tipo seleção
foram imprecisos, o que mostrou que independentemente do tipo de auto-relato, a
7
No Anexo 4 também são apresentadas as curvas acumuladas do desempenho em DMTS em relação ao
desempenho nos auto-relatos de todos os participantes do Estudo 1 e 2.
25
probabilidade de o participante emitir um auto-relato impreciso após um erro na tarefa
de DMTS foi muito alta.
Figura 6. Precisão dos auto-relatos para P1 em todas as sessões experimentais.
Na Figura 7 foram plotados os números de auto-relatos segundo sua
classificação, considerando-se a tarefa intermediária e o acerto ou erro em DMTS em
cada Condição Experimental
8
. Cada painel representa o desempenho nos auto-relatos
em uma tarefa de auto-relato, que estão indicadas nos painéis pelas letras S, para auto-
relato do tipo seleção, e T, para auto-relatos do tipo topográfico. As siglas Treino, MTS
1 e MTS 3, ANA 1 e ANA 3 referem-se, respectivamente às tentativas sem tarefa
intermediária, com uma tarefa de Matching to Sample, com 3 tarefas de Matching to
Sample e com uma e três tarefas de Anagrama. O exame da Figura indica que não houve
diferença importante de desempenho no relato correlacionada com diferentes tarefas
intermediárias.
8
A ordem de apresentação das condições experimentais nas figuras foi a mesma para favorecer
comparações entre os participantes. Ver Tabela 1 para ordem de exposição de cada participante às
condições experimentais.
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
TIPO DE AUTO-RELATO
MERO DE RELATOS
P1 S1
P1 S5
P1 S3
P1 S2
P1 S4
preciso
impreciso
26
Depois de acertos na tarefa de DMTS, auto-relatos imprecisos de seleção
podiam ser classificados como “Falhas”, mas podiam ser “Falhas” ou “Omissões” os
auto-relatos topográficos. No entanto, todos os três auto-relatos do tipo topográfico
imprecisos depois de acertos (Sessão 1) foram classificados como “Falhas”.
Após acerto na tarefa de DMTS houve mais auto-relatos imprecisos do tipo
seleção: foram seis imprecisões na Sessão 1; 2 na Sessão 2; 3 nas Sessões 3 e 4 e 5 erros
na última sessão, o que leva à afirmação de que, foi alta a probabilidade de ocorrer
imprecisões chamadas “Falhas” (escolha do estímulo diferente do escolhido no DMTS
depois de acerto na tarefa alvo) em todas as sessões experimentais.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P1 S5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
sucesso
alarme falso
falha
correto
omissão
S
P1 S5
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P1 S2
S
T
P1 S2
P1 S1
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P1 S1
T
P1 S3
P1 S4
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P1 S4
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P1 S3
T
T
MERO DE RELATOS
T
27
Figura 7. Classificação dos auto-relatos para P1 em todas as sessões experimentais.
Os relatos imprecisos depois de escolhas do S
-
no DMTS do participante P1,
como se afirmou, ocorreram principalmente na Sessão 1. O resultado relevante aqui,
mais uma vez, relaciona-se com os relatos imprecisos do tipo “topográfico”, que podiam
ser classificados como “Alarme falso” ou “Omissão”: houve 18 relatos topográficos
imprecisos depois de escolhas de S- e, destes, apenas um foi classificado como
“Omissão” e todos os demais como “Alarme Falso”: ou seja, P1 tendeu a responder que
havia acertado a tarefa.
2) Participante 4
Figura 8. Precisão dos auto-relatos para P4.
Na Figura 8 o desempenho de P4, que participou de uma sessão com 40
tentativas é representado. Diferentemente de P1, para P4 houve mais relatos precisos
nos auto-relatos do tipo seleção, tanto depois de acerto como após erro na tarefa de
DMTS, somando 36 auto-relatos do tipo seleção precisos e 4 imprecisos. Note-se,
entretanto, que houve muitos auto-relatos imprecisos do tipo topográfico, tanto após
acerto como após erro em DMTS: foram sete na tarefa de DMTS (escolha do S+), sendo
que: nos auto-relatos de seleção destas tentativas P4 emitiu dois relatos de seleção
imprecisos e quatro relatos topográficos imprecisos. P4 escolheu o S
-
em 33 tentativas
de DMTS e em apenas duas tentativas os auto-relatos de seleção foram imprecisos, mas
em 30 destas tentativas os auto-relatos topográficos foram imprecisos.
Na Figura 9, as diferenças nos desempenhos de P4 nas duas tarefas de auto-
relatos ficam claras: a alta incidência de relatos imprecisos depois de erros nos auto-
relatos do tipo topográfico não ocorre nos auto-relatos do tipo seleção em todas as
condições experimentais.
0
10
20
30
40
dmts + dmts - dmts+ dmts -
seleção topografia
preciso impreciso
TIPO DE AUTO-RELATO
MERO DE RELATOS
28
Figura 9. Classificação dos auto-relatos para P4.
Na Figura 9, observa-se que depois de escolhas do S
-
no DMTS, a maior
probabilidade de ocorrências de auto-relatos classificados como “Correto” (resposta
precisa depois de escolha de S
-
no DMTS) para auto-relatos do tipo seleção do que para
auto-relatos do tipo topográfico, nos quais foi alta a ocorrência de “Alarme falso” após
erro nas tentativas de DMTS.
Os resultados da sessão de P4 mostram que a inserção das tarefas intermediárias
não prejudicou nem favoreceu seu desempenho nos relatos. Porém, o desempenho
durante o treino sugere que a tarefa de DMTS foi muito difícil (houve seis erros nas oito
tentativas de Treino) e que talvez o treino não tenha sido longo o suficiente para
produzir um desempenho passível de comparação com as outras condições. Assim, nas
tentativas seguintes, P4 cometeu também muitos erros no DMTS (seis erros nas oito
tentativas de ANA 1, e 7 erros nas tentativas com tarefas intermediárias MTS1, MTS 3
ANA 3 e treino). Ou seja, produzindo-se um desempenho preciso em DMTS durante o
treino seria possível observar algum efeito sobre tal desempenho após a inserção das
tarefas intermediárias.
Com apenas duas exceções, os auto-relatos de seleção depois destes erros foram
sempre precisos, Já os auto-relatos topográficos, com apenas três exceções, foram
imprecisos e, em quase todos os casos, classificados como “Omissão”.
3) Participantes com poucos erros na tarefa de DMTS.
Os participantes P3, P6, P7, P9 e P11 tiveram desempenhos com poucos erros
(ou nenhum erro em algumas sessões) na tarefa alvo (DMTS) e seus desempenhos nos
relatos estão representados na Figura 10.
Para os participantes P6, P7 (Sessão 1), P9 e P11 (nas Sessões 1, 2 e 3) houve
mais imprecisão nos auto-relatos do tipo topográficos tanto após acertos quanto após
erros em DMTS. Além disso, é importante destacar que os erros em DMTS de P7 e P11
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts-
Treino MTS1 ANA1 MTS3 ANA3
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts- dmts+ dmts-
Treino MTS1 ANA1 MTS3 ANA3
T
sucesso
alarme falso
falha
correto
omissão
P4 S1
P4 S1
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
MERO DE RELATOS
29
ocorreram somente em suas primeiras sessões, indicando um efeito de exposição ao
programa.
Para P11, os auto-relatos do tipo seleção foram mais precisos após acerto em
DMTS do que o auto-relato topográfico e no único erro que cometeu em DMTS os dois
auto-relatos foram imprecisos. Já para P3, no único erro registrado em DMTS, o auto-
relato de seleção foi preciso e o topográfico foi impreciso.
Figura 10. Precisão dos auto-relatos em todas as sessões de P3, P6, P7, P9 e P11.
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P3 S1
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P6 S1
P7 S1
P9 S1
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P11 S1
P3 S2
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P3 S3
P7 S2
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P11 S2
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P11 S3
TIPO DE AUTO-RELATO
MERO DE RELATOS
preciso
impreciso
30
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P3 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P3 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P3 S3
NÚMERO DE RELATOS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S1
T
S
S
P3 S2
P3 S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P6 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P6 S1
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
sucesso
alarme
falha
correto
omissão
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P7 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P7 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P7 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P7 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P11 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P11 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P11 S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P11 S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P11 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
S
P11 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P9 S1
T
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P9 S1
S
31
Figura 11. Classificação dos auto-relatos em todas as sessões de P3, P6, P7, P9 e P11.
Como está indicado na Figura 11, as imprecisões do tipo “Falhas”
predominaram nos auto-relatos do tipo seleção, o que foi decorrência dos poucos erros
em DMTS. Nos auto-relatos do tipo topográfico as imprecisões mais freqüentes foram
“Omissões”.
Como se afirmou, os relatos imprecisos após erro em DMTS nos auto-relatos
de seleção podiam ser classificados como “Alarme Falso”, mas nos auto-relatos do
tipo topográfico podiam ser “Omissão” ou “Alarme Falso”. Todos os participantes que
tiveram relatos topográficos imprecisos depois de erros no DMTS na maior parte dos
casos responderam “NÃO SEI” quando perguntados se tinham acertado a tarefa, ou
seja, fizeram relatos classificados como Omissão (e não Alarme Falso).
Em relação à introdução das tarefas intermediárias, os erros em DMTS de P3, P6
e P9 estão localizados nas Condições B e D (com tarefa intermediária de MTS), com
nenhum registro de erro no treino ou nas Condições A e C (tarefa de Anagrama). Para
P7 e P11, os erros ocorreram somente durante o treino, indicando um efeito do treino
nas Condições seguintes, que o desempenho em DMTS se manteve em 100% de
acerto.
4) Participantes que não cometeram erros na tarefa de DMTS.
Os participantes P2, P5, P8 e P10 não cometeram erros na tarefa de DMTS e
seus desempenhos nos auto-relatos estão representados abaixo, nas Figuras 12 e 13.
Mesmo assim, houve imprecisões nos auto-relatos para todos os participantes. Em todas
as sessões experimentais, houve mais auto-relatos imprecisos do tipo topográfico. Na
Figura 13, os tipos de erros estão representados.
A análise da Figura 13 mostra que nas sessões experimentais em que houve
imprecisão nos auto-relatos ela tendeu a ocorrer na mesma condição experimental, ou
seja, uma tendência dos participantes errarem ou acertarem os dois relatos na mesma
condição.
Como não houve erros no DMTS, todos os relatos imprecisos do tipo seleção
foram classificados como “Falhas” (relato impreciso depois de acerto) e todos os relatos
imprecisos nos auto-relatos topográficos foram “Falhas” ou “Omissões”. Como no caso
dos participantes P3, P6, P7, P9 e P1, também para os participantes P2, P5, P8 e P10
32
predominaram as imprecisões classificadas como “Omissões” nos auto-relatos do tipo
topográfico, como é possível notar na Figura 13.
Figura 12. Precisão dos auto-relatos em todas as sessões de P2, P5, P8 e P10.
0
10
20
30
40
dmts +
Seleção
dmts - dmts+
Topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P2 S1
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
relato
dmts -
P2 S3
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P5 S1
P5 S1
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P5 S2
P5 S1
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P8 S1
P5 S1
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P8 S2
P5 S1
P8 S3
P5 S1
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P10 S1
P5 S1
NÚMERO DE RELATOS
TIPO DE AUTO-RELATO
preciso
impreciso
33
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P2 S1
P2 S3
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P2 S2
S
S
T
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P2 S3
P2 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P2 S1
sucesso
alarme falso
falha
correto
omissão
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P10 S1
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P10 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P8 S1
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P8 S3
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P8 S2
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P8 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P8 S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P8 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P5 S1
S
T
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P5 S2
S
P5 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P5 S2
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
NÚMERO DE RELATOS
34
Figura 13. Classificação dos auto-relatos em todas as sessões de P2, P5, P8 e P10.
Na tentativa de analisar se as tarefas intermediárias também teriam relação com
a precisão dos auto-relatos construiu-se a Tabela 4. Para tanto, foram somados os auto-
relatos imprecisos dos participantes, segundo as tarefas intermediárias de Anagrama ou
de MTS. Note-se que o total de auto-relatos imprecisos dos participantes também varia
em função do número de sessões experimentais que realizaram devido ao número de
oportunidades de emissão de auto-relatos. No entanto, para P3 que participou de três
sessões, foram emitidos apenas três auto-relatos imprecisos.
Tabela 4. Número de relatos imprecisos nas tarefas intermediárias de Anagrama e MTS
para todos os participantes.
Participantes Tarefa
Intermediária
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
TOTAL
ANAGRAMA 19 9 0 15 18 10 11 5 9 5 12 113
MTS 28 27 3 16 15 7 3 2 12 10 18 141
TOTAL 47 36 3 31 33 17 14 7 21 15 30 254
Considerando o desempenho de todos os participantes em todas as sessões
experimentais, pode-se afirmar que a tarefa intermediária de MTS produziu um maior
número de auto-relatos imprecisos (141 em 254) do que a tarefa de Anagrama. No
entanto, a análise do desempenho individual não sugere um dado consistente entre os
participantes. Para participantes como P1, P2, P9, P10 e P11 os relatos imprecisos
concentram-se principalmente nas tarefas de MTS. Já para P5, P6, P7 e P8 os relatos
imprecisos foram emitidos com maior freqüência nas tentativas com tarefas de
Anagrama.
Na Figura 14, são apresentados os desempenhos dos participantes nos relatos
verbais imprecisos, em relação às tarefas intermediárias que os precederam. As barras
sólidas indicam a realização de uma tarefa (Anagrama em branco e MTS em preto) e as
barras hachuradas, três tarefas (Anagrama com listras e MTS com bolas). Como o
desempenho dos participantes entre os dois tipos de tarefas é distinto (Ver Figura 15) as
comparações entre o número de tarefas serão feitas considerando cada tipo de tarefa
intermediária (Anagrama 1 x Anagrama 3 e MTS1 x MTS3).
35
Figura 14. Número de relatos imprecisos em relação ao número de tarefas intermediárias
para todos os participantes.
De acordo com a Figura 14, os participantes P1, P2, P3, P4, P5, P8, P9 e P10 e
P11, fizeram mais relatos imprecisos quando estes foram antecedidos por 3 tarefas do
que quando havia uma tarefa intermediária. Os dados sugerem que houve uma diferença
entre o atraso de uma tarefa (8s) e de três tarefas (32s). Além disso, parece que a
diferença foi maior no caso da mudança de 1 para 3 tarefas para as tarefas de MTS.
Figura 15. Porcentagem de acertos nas tarefas intermediárias de MTS e Anagrama para
todos os participantes em todas as sessões.
0
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5 1 2 3 1 2 3 1 1 2 1 1 2 1 2 3 1 1 1 2 3
mts1 ana1 mts3 ana3
P6
S5
P8
S5
P4
S5
P3
S5
P2
S5
P5
P7
S5
P9
S5
P10
P11
S5
P1
S5
% DE ACERTO
SESSÕES
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
ana1 ana3 mts1 mts3
NÚMERO DE TAREFAS INTERMEDIÁRIAS
NÚMERO DE RELATOS IMPRECISOS
36
Na Figura 15, são apresentadas as porcentagens de acerto nas tarefas
intermediárias para todos os participantes em todas as suas sessões experimentais,
indicadas no eixo x. As linhas tracejadas separam os resultados entre os participantes.
Todos os participantes acertaram 100% das tentativas de MTS 1 e/ou MTS 3 em pelo
menos uma das sessões, mas nenhum deles acertou mais que 90% em Anagrama 1 (P1 e
P8 na Sessão 3), ou mais que 96% na tarefa de Anagrama 3 (P1 na Sessão 5 e P8 na
Sessão 1). Além disso, os participantes P5, P6, P7 e P9 tiveram porcentagens de acertos
nas tarefas de Anagrama bem abaixo das porcentagens de acertos obtidas nas tarefas de
MTS 1 e MTS 3. Este resultado indica que se interferência da tarefa intermediária
sobre a probabilidade de relatos precisos, esta não é produto de acerto ou erro, uma vez
que as tarefas de MTS foram aquelas em que os participantes mais acertaram, mas
foram também aquelas que precederam mais relatos imprecisos.
37
DISCUSSÃO
Dos 11 participantes do Estudo 1, 9 cometeram poucos ou nenhum erro na tarefa
de DMTS. Este resultado tornou difícil avaliar os efeitos das atividades intermediárias
sobre os auto-relatos, uma vez que para realizar uma comparação sistemática entre as
cinco diferentes condições em relação ao desempenho em DMTS seria necessário um
número mínimo de erros na tarefa. Além disso, a literatura que estuda os efeitos da
tarefa-alvo sobre o auto-relato (Critchfield e Perone, 1993 e Critchfield, 1996) aponta
que há maior probabilidade de imprecisões nos relatos depois de erros na tarefa-alvo.
A análise do procedimento e dos resultados mostrou que a duração das tentativas
de DMTS foi se tornando muito longa em relação ao tempo necessário para cada
participante emitir a resposta de seleção do estímulo comparação (Ver figuras de
latência Anexo 4), que tendia a diminuir tanto intra sessão experimental como entre
sessões. Ao mesmo tempo, foi observado um aumento constante da precisão do
responder em DMTS, sugerindo que a tarefa foi se tornando mais fácil para os
participantes ao longo da exposição à condição experimental e que poucas sessões
experimentais poderiam ser suficiente para investigar o problema em questão.
Considerando esses resultados, o Estudo 2 foi planejado com o objetivo de testar
duas mudanças no procedimento que poderiam produzir resultados mais variados em
relação aos erros em DMTS, sendo que a condição ideal seria produzir 50% de erros na
tarefa de DMTS.
38
ESTUDO 2
No Estudo 2 foram manipulados o aumento do número de estímulos modelo e
comparação na tarefa de DMTS e a diminuição da duração do tempo limite para a
emissão da resposta de seleção do estímulo comparação na tarefa de DMTS (Critchfield
e Perone, 1990; 1993 e Critchfield, 1993a; 1996). Pretendeu-se com essas
manipulações, dificultar a tarefa de DMTS, produzindo um aumento do número das
respostas de selecionar o estímulo comparação S- nas tentativas da tarefa e verificar
seus efeitos sobre os auto-relatos e os efeitos das tarefas intermediárias sobre os auto-
relatos.
39
MÉTODO
Participantes
Participaram deste estudo os participantes P3 e P11
9
do Estudo 1.
Local e Situação de coleta
O local e a situação de coleta foram os mesmos do Estudo 1.
Material
Foi utilizado o mesmo programa do Estudo 1.
Procedimento
A estrutura geral do programa foi mantida com apenas alterações na tarefa alvo
do relato, a tarefa de DMTS, que exigiu uma alteração no auto-relato “Qual você
escolheu?”. O número de estímulos modelo foi aumentado para dois e o número de
estímulos comparação foi aumentado para três, como sugeriu Critchfield (1996) como
alternativa para manipular o sucesso na tarefa de DMTS. Além disso, foi introduzida a
apresentação de um alarme no final do intervalo disponível para a emissão da resposta
de seleção do estímulo comparação com o objetivo de aumentar a probabilidade de sua
ocorrência. Como decorrência destas manipulações, o número de estímulos
apresentados no auto-relato “Qual vo escolheu” foi aumentado para cinco, com o
objetivo de manter o número de dois estímulos novos, como no Estudo 1.
Após duas sessões experimentais completas
10
com o participante 3 verificou-se
que o número de erros na tarefa de DMTS diminuiu da primeira para a segunda sessão.
Assim, foi proposto um aumento na restrição de tempo para seleção do estímulo
comparação na tarefa de DMTS, assim como a manutenção do aumento do número de
estímulos modelo e comparação e da apresentação do alarme.
O limite de tempo variou entre os participantes. Partindo da latência das
respostas do participante 3 no Estudo 2, seu tempo limite foi programado para 0,6s
9
Para facilitar comparações entre os dois estudos apresentados aqui, os nomes atribuídos aos
participantes no Estudo 1 foram mantidos no Estudo 2.
10
A segunda sessão do participante 3 precisou ser repetida uma vez que o programa travou durante sua
realização.
40
(sendo 0,2s de alarme). Para o participante 11 o tempo limite na primeira sessão foi de
1,0s e na segunda sessão, 0,8s (sendo 0,4s de alarme).
Tabela 5. Número de sessões experimentais realizadas com cada participante.
Participante Número de sessões experimentais
3 4
11 2
41
ESTUDO 2
Na Figura 16, estão representados os desempenhos nos auto-relatos de P3 na
primeira e última (4ª) sessão experimental (uma vez que o desempenho nas Sessões 2 e
3
11
foi muito semelhante ao desempenho de P3 no Estudo 1), e os desempenhos de P11
nas duas sessões experimentais. Com o aumento do número de estímulos modelo e
comparação P3 cometeu 8 erros em DMTS e com a restrição do tempo limite em DMTS
adicionada a aquela manipulação P3 selecionou S
-
em DMTS em 22 das 36
12
tentativas.
Já o participante P11, cometeu seis erros em cada sessão.
Figura 16. Precisão dos auto-relatos de P3 na primeira e quarta sessão e de P11.
Como ocorreu no Estudo 1 (exceto no caso de P1) houve proporcionalmente
menos imprecisão nos auto-relatos do tipo seleção precisos do que auto-relatos do tipo
topográficos precisos, principalmente após erros na tarefa de DMTS, especialmente no
caso de P3. Ainda para este participante, considerando os acertos em DMTS, não houve
diferenças importantes entre os desempenhos nos dois tipos de auto-relatos. Já o
participante P11 teve mais relatos imprecisos depois de acertos do que teve P3, tanto
para auto-relatos de seleção como topográficos. Mas como para P3, comparando-se
11
Todos os resultados das Sessões 2 e 3 de P3 podem ser encontrados no Anexo 5.
12
Os dados de metade da condição de treino da Sessão 4 de P3 e das duas sessões de P11 apresentaram
problemas no registro e não puderam ser utilizados nos resultados dessas sessões.
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P11 S2
0
10
20
30
40
dmts +
seleção
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P11 S1
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P3 S1
preciso
impreciso
TIPO DE AUTO-RELATO
NÚMERO DE RELATOS
0
10
20
30
40
dmts +
selão
dmts - dmts+
topografia
dmts -
P3 S4
42
imprecisões por tipo de auto-relato, P11 também emitiu mais relatos imprecisos nos
auto-relatos topográficos em ambas as sessões.
Na Figura 17, são apresentados os desempenhos nos auto-relatos de P3 e P11,
considerando os tipos de imprecisão em relação aos desempenhos em DMTS e às
tarefas intermediárias.
Figura 17. Classificação dos auto-relatos para as Sessões 1 e 4 de P3 e para P11.
Apesar de P3 ter escolhido o estímulo comparação S- principalmente nas
tentativas de treino (3 em 8) e nas tentativas em que a tarefa intermediária foi MTS 1 (4
em 8 tentativas) na Sessão 1, houve duas imprecisões no auto-relato do tipo seleção
(tarefa intermediária ANA3), ambas classificadas como “Falhas”. No entanto, todos os
relatos do tipo topográfico depois de erros em DMTS foram imprecisos, principalmente
classificados como “Alarmes falsos” (7 em 8 tentativas). Da mesma maneira, na Sessão
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S4
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P11 S2
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P3 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P3 S4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
T
P11 S1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S1
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P11 S1
T
S
sucesso
alarme falso
falha
correto
omissão
P11 S2
MERO DE RELATOS
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
43
4, ocorreram poucas imprecisões nos auto-relatos de seleção (3 em 22) após erro em
DMTS e destes, 21 foram classificadas como “Alarmes Falsos”. Como mostra a Tabela
5, também no Estudo 2, P3 manteve a tendência de emitir mais relato imprecisos nas
condições com tarefas intermediárias de MTS (20 em 36).
para P11, os auto-relatos do tipo topográficos foram mais imprecisos do que
os de seleção tanto após acerto como após erro em DMTS nas duas sessões
experimentais, sendo respectivamente 19 e 9 relatos imprecisos, na Sessão 1 e 20 e 7,
na Sessão 2. Além disso, as imprecisões de P11 após acerto e erro em DMTS foram
principalmente classificadas como “Omissões”, diferentemente de P3, que apresentou
mais relatos imprecisos do tipo “Alarme falso”. Também diferentemente de P3, para
P11 estas imprecisões nos dois tipos de auto-relatos estão principalmente localizadas
nas condições com tarefa de Anagrama, 33 relatos imprecisos em 53 tentativas, como se
observa na Tabela 5
13
.
Ainda de acordo com a Tabela 6, P3 emitiu mais relatos imprecisos na tarefa
MTS, como P1, P2, P9, P10 e P11 do Estudo 1, mantendo o mesmo desempenho do
Estudo 1. Além disso, esse participante, diferentemente da maioria dos participantes do
Estudo 1, emitiu mais relatos imprecisos nas condições com uma tarefa intermediária.
o participante P11, assim como para a maioria dos participantes do Estudo 1, emitiu
mais relatos imprecisos nas tentativas com três tarefas intermediárias, mesmo sendo
uma pequena diferença, como no caso das tarefas de Anagrama.
Tabela 6. mero de relatos imprecisos em relação ao tipo e número de tarefas
intermediárias para os participantes P3 e P11.
Participantes Tarefa Intermediária
P3 P11
TOTAL
Anagrama 1 8 16 24
Anagrama 3 8 17 25
MTS 1 11 7 18
MTS 3 9 13 22
TOTAL 36 53 89
13
Os dados de P3 nas Sessões 2 e 3 foram considerados na construção da Tabela 5.
44
DISCUSSÃO
As manipulações propostas no Estudo 2, como o acréscimo do número de
estímulos modelo e comparação apresentados simultaneamente na tarefa de DMTS e a
restrição do tempo para a resposta de seleção de um dos estímulos comparação em
DMTS produziram um aumento no número de erros em DMTS de P3 e P11 em relação
ao Estudo 1. É importante destacar que a diferença entre o número de erros entre os dois
participantes pode ter sido resultado da diferença do tempo limite definido para cada
participante.
Apesar do aumento do número de erros em DMTS os resultados do Estudo 2 não
esclareceram se as diferentes tarefas podem afetar diferencialmente o relato verbal, que
parece ter sido determinado, principalmente pelo desempenho em DMTS, pelo número
de tarefas intermediárias e pelo tipo de auto-relato exigido.
45
DISCUSSÃO GERAL
Nos Estudos 1 e 2, para 11 dos 13 participantes houve uma tendência maior de
emissão de auto-relatos imprecisos depois de erro em DMTS, principalmente para os
auto-relatos topográficos, com exceção do participante P1.
A diferença entre a ocorrência do número de imprecisões em cada tarefa de auto-
relato levanta uma questão sobre as variáveis de controle atuando sobre cada tipo de
relato. Aparentemente, para todos os participantes do estudo (com exceção de P1) emitir
auto-relatos sob controle de uma resposta é diferente de emitir um auto-relato que
envolve a contingência da qual esta resposta participa.
O auto-relato do tipo seleção requer que a resposta seja emitida sob controle
discriminativo simples, do estímulo comparação com função de S
D
para a resposta de
selecionar o estímulo na tentativa de DMTS. Por outro lado, para que o auto-relato do
tipo topográfico seja preciso, a resposta verbal do participante também deve estar sob
controle do estímulo condicional (do S modelo) apresentado naquela tentativa de
DMTS. Nesse sentido, estabelece-se uma diferença em relação à complexidade entre os
auto-relatos, podendo ter resultado na diferença observada entre os desempenhos nos
auto-relatos, como sugere Skinner (1957).
Os relatos também se diferenciam pela possibilidade de o participante omitir o
relato no caso do auto-relato do tipo topográfico. Além disso, outra variável que
distinguiria os dois relatos é a possibilidade de que os auto-relatos topográficos
permitam a emissão de um comportamento textual também pode ser uma variável que
distingue os dois relatos. As três distinções entre os relatos podem tê-los tornando
funcionalmente diferentes e terem produzido as diferenças em relação à precisão dos
auto-relatos observadas nos resultados.
Para evitar tais diferenças entre os relatos em futuras pesquisas que tenham
como objetivo investigar os efeitos de características do evento relato sobre o relato
verbal, poder-se-ia, então, apresentar uma pergunta ao sujeito sobre a posição do
estímulo selecionado na tarefa ao invés de perguntar “Você acertou?”. Ao mesmo
tempo, poderia-se manipular a complexidade da tarefa alvo do relato, por exemplo,
também poderia ser uma abordagem para continuar investigando esse tema, como
fizeram Critchfield e Perone (1993) e Critchfield (1996), com o objetivo de investigar o
efeito do sucesso em uma tarefa sobre a precisão do relato sobre a mesma.
46
As imprecisões nos relatos verbais foram mais freqüentes após erros na tarefa
alvo, assim como sugerem Critchfield, 1993a; Critchfield, 1993b; Critchfield, 1996;
Critchfield e Perone, 1993. Observou-se, também, que diante de imprecisões em
determinado tipo de relato em uma condição, havia alta probabilidade de o outro tipo de
relato também ser impreciso na mesma condição. Esse resultado sugere que mesmo que
os relatos sejam distintos, ou que um tipo possa ser “mais difícil” ou mais passível de
imprecisão do que o outro, ainda assim há alguma correlação entre eles.
No que se refere aos tipos de imprecisões nos auto-relatos, assim como
afirmaram Critchfield e Perone (1993), há maior probabilidade de os participantes
relatarem sucesso na tarefa após erro do que fracasso após erro, principalmente para os
auto-relatos do tipo topográfico, mesmo diante de poucos erros cometidos pelos
participantes nos estudos presentes, com exceção de P3 na Sessão 4 que cometeu mais
de 50% de erros em DMTS. Para 5 de 9 participantes (sendo 13 o total de participantes,
11 no Estudo 1 e 2 no Estudo 2), as imprecisões nos auto-relatos topográficos depois de
erros em DMTS foram “Alarmes falsos”.
É importante destacar que o auto-relato do tipo topográfico neste estudo envolve
as mesmas respostas “SIM”, “NÃO SEI” e “NÃO” requeridas em Critchfield e Perone
(1993) e Critchfield (1996). No entanto, os resultados obtidos diferem
significativamente dos encontrados para os auto-relatos do tipo seleção, nos quais
uma maior probabilidade do participante emitir um relato de fracasso após fracasso na
tarefa.
Já para 9 dos 13 participantes, as imprecisões nos auto-relatos topográficos
depois de acerto em DMTS foram “Omissões”. A baixa ocorrência de erros em DMTS
produziu um padrão de emissão de “Omissões” distinto do descrito por Critchfield
(1996), que obteve imprecisões do tipo “Omissão” principalmente após erros na tarefa
alvo. De acordo com ele, as omissões de relato após insucesso na tarefa alvo são
explicadas por uma história de punição em relatar fracasso. No entanto, neste estudo, a
incidência de omissões de relato após sucesso tarefa foi muito alta nos auto-relatos do
tipo topográfico. Um estudo subseqüente poderia introduzir a possibilidade de o
participante omitir seu relato de seleção e comparar esse resultado com a probabilidade
de “Omissões” no relato topográfico.
Apesar dos resultados destes estudos não serem conclusivos quanto ao tipo de
tarefa intermediária ou à topografia das respostas como uma variável determinante da
efetividade do controle de estímulos sobre uma resposta, os resultados da Figura 14
47
mostram que imprecisões nos relatos tendem seguir a realização das tarefas
intermediárias de MTS. No entanto, os resultados não são consistentes, uma vez que as
tarefas intermediárias de Anagrama também foram seguidas por muitas imprecisões nos
relatos de todos os participantes, sendo que para alguns, os relatos foram mais
imprecisos nas condições com Anagrama.
Em relação ao número de tarefas intermediárias, a maioria dos participantes
emitiu mais relatos imprecisos depois da realização de três tarefas, tanto para MTS
como para Anagrama. Tal resultado sugere que a ocorrência de outros comportamentos
entre um comportamento emitido e os auto-relatos sobre tal comportamento produz uma
diminuição da correspondência entre as respostas verbais. Esse resultado é compatível
com a literatura de memória/esquecimento que investiga a noção de interferência
retroativa como uma possível explicação para o fenômeno do esquecimento,
sustentando a hipótese de que a formação de novas memórias degrada memórias prévias
recentes, em condições nas quais o ensaio durante o atraso não é possível questão esta
entendida na Análise do Comportamento como um enfraquecimento do controle de
estímulos. (Jans e Catania, 1980; Wixted, 1998, 2005).
Estudos que investigam a memória de curto prazo em animais (pombos) em
tarefas de DMTS, manipulando o atraso entre a apresentação de um estímulo e a
oportunidade para emissão de uma resposta sob controle daquele estímulo, apresentam
um resultado sistemático que indica que o aumento do intervalo de tempo diminui o
número de respostas corretas na tarefa (Blough, 1959; Fetterman e MacEwen, 1989;
Jans e Catania, 1980; Shimp e Moffitt, 1977; Wixted, 1989, 1998). Peterson e Peterson
(1959), investigando o enfraquecimento do controle de um estímulo após a passagem de
certo intervalo de tempo com participantes humanos, manipularam a duração de uma
tarefa interveniente e obtiveram um resultado semelhante: quanto maior a duração da
tarefa menor o controle do estímulo apresentado antes da realização da tarefa sobre a
resposta verbal emitida sob controle daquele estímulo. Esses resultados são compatíveis
com os obtidos no presente trabalho, uma vez que as tentativas com três tarefas
intermediárias foram seguidas de mais auto-relatos imprecisos.
Em relação ao efeito da similaridade da topografia das respostas sobre a
probabilidade de ocorrência da interferência retroativa (isto é, esquecimento) tem-se,
no Estudo 1, que a semelhança entre as respostas foi uma variável determinante na
emissão de respostas verbais não correspondentes como sugere Millenson (1975), pelo
menos para sete dos onze participantes, sendo que P1, P2, P3, P4 para auto-relatos de
48
seleção, P9, P10 e P11, emitiram mais auto-relatos imprecisos nas tentativas com tarefas
de MTS. No entanto, Wixted (2005), refere-se ao estudo realizado por Skaggs (1925)
para afirmar que a similaridade não é uma condição necessária para produzir a
interferência retroativa, o que parece acontecer para P5, P6, P7 e P8, que emitiram mais
auto-relatos imprecisos nas tentativas com tarefas de Anagrama.
Os resultados dos dois estudos apresentados sugerem que há uma interação entre
o número de tarefas, o tipo de auto-relato e eventos relacionados à tarefa alvo (como
acerto e erro) na determinação da precisão de um relato verbal sobre um comportamento
passado.
49
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52
ANEXOS
53
ANEXO 1
CARTAZ DE DIVULGAÇÃO
Procuro alunos de graduação interessados
em participar de uma pesquisa sobre
comportamento humano em situações de
problema.
Observação: Os encontros serão remunerados.
Contato: Maria Amália Morais Pereira (aluna do curso de
pós-graduação em Psicologia Experimental – PUC-SP)
Email:
Telefone:
Local de coleta: Laboratório de Psicologia Experimental
– PUC-SP
Início:
54
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da Pesquisadora: Maria Amália Morais Pereira
O projeto do qual você participará refere-se a um trabalho relacionado ao
Programa de Estudos Pós Graduados Psicologia Experimental: Análise do
Comportamento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
A pesquisa tem como objetivo investigar comportamento humano em situações
de problemas, mas não avalia suas habilidades nessas condições. Este trabalho também
não é uma avaliação sobre QI ou Personalidade. Nesse sentido, não um desempenho
“certo” ou “errado” e o haverá como dar feedback em relação a qualquer um desses
aspectos.
O procedimento terá duração de aproximadamente 90 minutos por encontro e
serão necessários no ximo três encontros para que seja concluído. No entanto, em
qualquer momento você poderá interromper sua participação, mesmo antes da pesquisa
ser concluída ou desistir de participar.
Os resultados obtidos na pesquisa serão utilizados somente para fins acadêmicos
e o sigilo dos seus dados e dos registros produzidos será garantido, de tal forma que um
leitor do trabalho concluído não poderá identificá-lo.
Declaro que estou ciente das informações fornecidas acima.
Nome:
Idade: Curso:
Data:
55
ANEXO 3
INSTRUÇÃO
A sua tarefa é tomar decisões baseadas nas informações que aparecem na tela do
computador e você deverá indicar sua decisão utilizando as teclas destacadas do teclado
OU o mouse. Em alguns momentos aparecerá uma mensagem indicando quando você
deverá mudar do teclado para o mouse e vice-versa.
Você ganhará pontos em algumas tarefas que serão trocados por dinheiro no
final da sessão, sendo que você poderá ganhar até R$10,00, a depender do seu
desempenho. Mensagens aparecerão na tela indicando o seu desempenho. Para ganhar
pontos você deverá responder corretamente e dentro do tempo limite.
Em algumas tarefas, aparecerá uma imagem que depois desaparecerá. Logo
após, outras imagens aparecerão e você deverá dizer qual delas é igual a que foi
apresentada anteriormente. Para escolher uma das imagens, basta pressionar a TECLA
destacada no teclado, cuja posição corresponde a da imagem.
Em outra tarefa, vodeverá formar palavras de 2 até 5 letras, reconhecidas na
Língua Portuguesa. Clicar com o MOUSE sobre uma letra faz com que ela seja alocada
nos espaços disponíveis na parte inferior da tela. A posição das letras na palavra
dependerá da ordem com que você irá clicar sobre cada letra. Caso você queria corrigir
a palavra e retirar a letra da palavra basta clicar sobre ela utilizando o MOUSE.
Aparecerá uma mensagem na tela indicando o fim da sessão e quando isso
acontecer, chame a experimentadora.
INICIE SUA TAREFA UTILIZANDO O TECLADO.
56
ANEXO 4
Figuras de latências das respostas em DMTS e curvas acumuladas do desempenho
nos dois auto-relatos em relação ao desempenho em DMTS
Nas Figuras 21, 22, 23, 24 e 25 são apresentadas as latências das respostas em
DMTS em relação à mediana (tempo limite estabelecido em cada sessão experimental) e
às médias das latências das respostas em DMTS em cada condição experimental para
todos os participantes do Estudo 1 e 2. Em cada painel está indicado o participante, a
sessão experimental referida e a ordem de apresentação das condições experimentais,
que é a mesma na qual cada participante foi submetido.
Figura 21. Latência das respostas nas tentativas em DMTS do participante P1 em todas
as sessões experimentais.
0
10
20
30
40
50
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
MTS1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53
latência
dia condição
mediana
TEMPO (S)
TENTATIVAS
MTS3
ANA1
ANA3
P1 S1 P1 S2
P1 S3
P1 S4
P1 S5
57
Figura 22. Latência das respostas nas tentativas em DMTS do participante P4.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82
ANA1 MTS1 ANA3
MTS3
175,97
95,67
13
TEMPO (S)
TENTATIVAS
58
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
ANA1
MTS1 ANA3 MTS3
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
MTS1
ANA1 MTS3
ANA1
0
1
2
3
4
5
6
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8
9
10
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
17,8
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
23,58
MTS3
ANA1
MTS1
ANA3
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53
TENTATIVAS
TEMPO (S)
lancia
média condão
mediana
P3 S1
P3 S3
P3 S2
P6 S1
P7 S1 P7 S2
P9 S1
P11 S2
P11 S1
P11 S3
MTS1 ANA1 MTS3
ANA1
MTS3
ANA3
MTS1
ANA1
59
Figura 23. Latência das respostas nas tentativas em DMTS dos participantes com
poucos erros em DMTS em todas as sessões experimentais.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55
MTS3
ANA3
MTS1 ANA1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
ANA3 MTS3
ANA1
MTS1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55
0
1
2
3
4
5
6
7
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
MTS3 ANA3
MTS1 ANA1
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
1
2
3
4
5
6
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58
ANA3
MTS1 MTS3
ANA1
lancia
média condão
mediana
TENTATIVAS
TEMPO (S)
P8 S1
P8 S3
P8 S2
P5 S2
P5 S1
P2 S1
P2 S3
P2 S2
60
Figura 24. Latência das respostas nas tentativas em DMTS dos participantes sem erros
em DMTS em todas as sessões experimentais.
Figura 25. Latência das respostas nas tentativas em DMTS dos participantes P3 e P11 no
Estudo 2 em todas as sessões experimentais.
0
1
2
3
4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
7,97
ANA1 MTS1
ANA3
MTS3
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81
ANA3
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73
P3 S3
lancia
média condão
mediana
MTS3
ANA1
MTS1
ANA1
MTS1
ANA3
P11 S2
P3 S4
P3 S2
P3 S1
P11 S1
TENTATIVAS
TEMPO (S)
61
Nas Figuras 26, 27, 28, 29 e 30 são exibidos os registros acumulados do
desempenho em DMTS em relação ao desempenho nos auto-relatos em cada tentativa
para todos os participantes do Estudo 1 e 2. Os participantes e as sessões experimentais
a que cada painel corresponde e as condições experimentais a que cada curva
acumulada se refere estão disponíveis em cada painel.
Figura 26. Desempenho do participante P1 em DMTS em relação ao desempenho nos
auto-relatos em cada tentativa nas sessões experimentais.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
MTS1
ANA3ANA1 MTS3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
P1 S1
P1 S2
P1 S3
P1 S4
dmts
seleção
topografia
TENTATIVAS
ACERTOS ACUMULADOS
62
Figura 27. Desempenho do participante P4 em DMTS em relação ao desempenho nos
auto-relatos em cada tentativa.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA3MTS1
MTS3
ANA1
ACERTOS ACUMULADOS
TENTATIVAS
P4 S1
dmts
seleção
topografia
63
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA3
ANA1
MTS1
MTS3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1
MTS1
MTS3
ANA3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
P3 S1 P3 S2
P3 S3 P6 S1
P7 S1
P7 S2
MTS1
ANA1
MTS3
ANA3
ACERTOS ACUMULADOS
64
Figura 28. Desempenho em DMTS em relação ao desempenho nos auto-relatos em cada
tentativa das sessões experimentais dos participantes com poucos erros em DMTS.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1
MTS3
MTS1
ANA3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1
MTS3
MTS1
ANA3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
P9 S1
P11 S1
P11 S2
P11 S3
TENTATIVAS
dmts
seleção
topografia
65
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
dmts
seleção
topografia
TENTATIVAS
ACERTOS ACUMULADOS
P8 S2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
P10 S1
P8 S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1
MTS3
MT S1
ANA3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
MTS1
ANA1
ANA3
MT S3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
MT S3 ANA3
MTS1 ANA1
P2 S1
P2 S2
P2 S3
P5 S2
P8 S1
P5 S1
66
Figura 29. Desempenho em DMTS em relação ao desempenho nos auto-relatos em cada
tentativa das sessões experimentais dos participantes sem erros em DMTS.
Figura 30. Desempenho em DMTS em relação ao desempenho nos auto-relatos em cada
tentativa nas sessões experimentais dos participantes P3 e P11 no Estudo 2.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1
MTS1 ANA3
MTS3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ANA1 MTS1ANA3
MTS3
P11 S1
P11 S2
P3 S1
P3 S2
P3 S3
P3 S4
dmts
seleção
topografia
TENTATIVAS
ACERTOS ACUMULADOS
67
ANEXO 5
Figuras de precisão e classificação dos relatos para P3 nas Sessões 2 e 3.
Na Figura 31, se apresenta o número de relatos precisos (barras pretas) e
imprecisos (barras brancas) depois de acertos e de erros na tarefa alvo (DMTS), nas
duas solicitações de relatos nas Sessões 2 e 3 do participante P3 no Estudo 2.
Figura 31. Precisão nos auto-relatos de P3 nas Sessões 2 e 3 no Estudo 2.
Na Figura 32 foram plotados o número de auto-relatos segundo sua
classificação, considerando-se a tarefa intermediária e o acerto ou erro em DMTS em
cada Condição Experimental. Cada painel representa o desempenho nos auto-relatos em
uma tarefa de auto-relato, que estão indicadas nos painéis pelas letras S para auto-relato
do tipo seleção e T para auto-relatos do tipo topográfico.
0
10
20
30
40
dmts +
s eleção
dmts - dmts +
topograf ia
dmts -
P 3 S3
0
10
20
30
40
dmts +
s eleção
dmts - dmts +
topograf ia
dmts -
P3 S2
preciso
im preciso
TIPO DE A UTO-RE LATO
MERO DE RELATOS
68
Figura 32. Classificação dos auto-relatos nas Sessões 2 e 3 do participante P3 no Estudo
2.
sucesso
alarme falso
falha
correto
omissão
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S2
S
MERO DE RELATOS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S2
T
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S3
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
dmts+
Treino
dmts- dmts+
MTS1
dmts- dmts+
ANA1
dmts- dmts+
MTS3
dmts- dmts+
ANA3
dmts-
P3 S3
T
CLASSIFICAÇÃO DOS AUTO-RELATOS
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