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somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e
vós, fortes; vós, nobres e nós, desprezíveis. Até a presente hora
sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados e não temos
morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as próprias mãos.
Quando somos injuriados bendizemos; quando perseguidos,
suportamos (...). (I Epístola de Paulo aos Coríntios 4:9-12)
Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e, de como,
noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos
proclamamos o evangelho de Deus. (I Epístola de Paulo aos
Tessalonicenses 2:9)
Vejamos agora os escritos de Anchieta, que representa o discurso de qualquer
outro membro da ordem, e de como esse se apropria do modelo epistolar paulino:
Nisso às vezes o trabalho é grande, que se dobra com a pouca
consolação que se recebe do pouco fruto, que dão campos lavrados com
tantos suores. Mas nos basta salvar uma só alma, ou melhor, dizer ser
cooperadores de Deus em sua salvação. E quando nem isto houvesse,
seja o Senhor servido nos nossos fracos e pequenos trabalhos, recebidos
por seu amor. (Carta do Ir. José de Anchieta ao Geral P. Diogo Laínes.
In: VIOTTI, 1992, pp. 187,188)
E outros que não podem vir, mandam pedir remédio de confissão,
outros trazem seu filho inocentes, de maneira que sempre se colhem
alguns manípulos, semeados cum fletu et labore, assim em Piratininga,
como quando nos vamos a visitar por suas aldeias, de cujas visitas,
quando não fosse outra coisa, ao menos se tira esse proveito, que se
padece alguma fome, cansaço e trabalho por amor de Nosso Senhor.
(Carta do Ir. José de Anchieta ao Geral P. Diogo Laínes de junho de
1560. In: VIOTTI, 1987, p. 176)
A isto se ajunta que nós, que socorremos, que socorremos as
necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e,
fatigados de sofrimentos, desfalecemos pelo caminho, de maneira que
apenas o conseguimos levar a cabo. (...) muitas vezes levantamos do
sono, ora para os doentes, ora para os moribundos, ora para as
mulheres de parto (...). (ibidem, p. 158)
Por fim, a correspondência se torna eficaz quando, unida aos relatos da ação dos
membros da companhia, fornece aos seus destinatários exemplos de fé e virtude,