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Os Sharpes obtidos são considerados atraentes para tipos de investidores como hedge
funds e investidores institucionais, lembrando que segundo Lyons (2001), somente
Sharpes menores que 0,4 não eram considerados interessantes.
A pergunta que permanece, já que concluímos uma melhora expressiva no Sharpes
com a utilização de um modelo mais sofisticado quando comparado com o estudo de
Lyons (2001) é: Porquê tal violação que, por este modelo, aparentemente é atrativa em
termos de retornos ajustados ao risco, permanecem?
Uma recente teoria, desenvolvida em Lyons (2001), “Abordagem por Microestrutura:
Fluxos de Ordem” (Microstrutucture Approach: Order Flow), parece ser a mais
convincente até agora.
Trata-se de uma teoria que cita agentes importantes no mercado de câmbio como
fundos de pensão, fundo mútuos, empresas, importadores, exportadores e seguradoras,
que, mesmo não sendo alavancados, possuem fluxos de ordens às vezes próprios e não
especulativos, como por exemplo uma repatriação de lucros por uma grande empresa
localizada num país emergente ou uma empresa exportadora preocupada em realizar o
hedge de suas operações. Tais fluxos, poderiam ser contra os fluxos de especuladores
preocupados em estratégias direcionadas a explorar as violações da HME. Enfim, os
fluxos de especuladores deveriam ser muito grandes para eliminar a violação.
Outra teoria importante é a que trata do retorno marginal decrescente, na medida em
que o volume direcionado na estratégia aumenta. Ou seja, se um agente estivesse disposto
a explorar a violação da HME, por exemplo, este veria seu Sharpe diminuir na medida em
que o volume na estratégia aumenta. De fato, cada vez são mais freqüentes grandes
reversões nas moedas em que o carry trade parece ser a estratégia principal e a
possibilidade de retornos decrescentes parece desestimular o carry trade, mesmo que a
violação ainda persista.
De qualquer forma, um país, apresentando desequilíbrio entre o hiato de produto e
demanda por bens, e possuindo um modelo econômico baseado em câmbio flutuante e
inflation target, seria tentado a manter taxas de juros mais altas. Este país estaria pagando
um custo - a persistência da violação da HME - na tentativa de manter sua inflação
controlada. Este custo seria tanto maior quanto maiores as intervenções em sua moeda
para evitar grandes apreciações.
Nesse caso, seria interessante analisar, num trabalho futuro, o impacto de um aumento
relevante de fluxos direcionados a realizar o carry trade na moeda desse país. Certamente,
se nenhuma intervenção fosse realizada, a violação terminaria muito antes, pois tais fluxos
levariam a uma apreciação desta moeda de tal forma que, pela teoria do retorno
decrescente, estratégias de carry trade se tornariam cada vez menos lucrativas, dado que
reversões seriam mais acentuadas e rotineiras. Ou seja, as estratégias de carry trade,
“famintas” extrair todo o lucro da violação da HME, rapidamente empurrariam a moeda
para níveis não condizentes com sua estrutura de balanço de pagamentos atual,
aumentando sensivelmente a probabilidade de grandes reversões catalisadas por zeragens
de posições de carry trade.
Como forma de melhorar ainda mais o modelo, pode-se incluir na formação da
expectativa de retorno do câmbio spot futuro, uma variável sensível ao fluxo incorrido na
moeda. Medidas técnicas de Força Relativa (RSI – Relative Strengh Index), que são muito