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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO
PAULO THIAGO ANTONELLI PALAIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL
CARRY TRADE EM UM MODELO DE CARTEIRA ÓTIMA DE MOEDAS.
ORIENTADOR: GUILLERMO R. TOMÁS MÁLAGA BUTRÓN
SÃO PAULO
2007
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2
PAULO THIAGO ANTONELLI PALAIA
CARRY TRADE EM UM MODELO DE CARTEIRA ÓTIMA DE MOEDAS.
Dissertação apresentada à Escola de Economia
de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Finanças e Economia Empresarial.
Campo de Conhecimento: Economia de
Empresas
Orientador: Prof. Dr. Guillermo R. Tomás
Málaga Butrón
SÃO PAULO
2007
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PAULO THIAGO ANTONELLI PALAIA
CARRY TRADE EM UM MODELO DE CARTEIRA ÓTIMA DE MOEDAS.
Dissertação apresentada à Escola de Economia
de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Finanças e Economia Empresarial.
Campo de Conhecimento: Economia de
Empresas
Data de Aprovação:
___/___/______
Banca Examinadora:
______________________________________
Prof. Dr. Guillermo R. Tomás Málaga Butrón
Dr. Christian Zimmer
______________________________________
Prof. Dr. Paulo Tenani
SÃO PAULO
2007
4
Sumário
Resumo.......................................................................................................................................
5
Introdução
..................................................................................................................................................................................................
6
1. Modelos Econômicos e Regimes Cambiais
...........................................................................................................
7
1.1 Breve Histórico dos Modelos Econômicos e a Trindade
Impossível
.................................................................................................................................................................................
7
1.2 Classificação dos Regimes Cambiais
....................................................................................................................
9
2. O Mercado de Câmbio Internacional Atual
....................................................................................................
12
3. Definições e Apresentação da Eficiência no Mercado de Câmbio............................... 20
3.1 Eficiência no Mercado de Câmbio............................................................................... 20
3.2 Paridade Coberta de Juros (PCJ).................................................................................. 22
3.3 Aspectos Operacionais do Mercado de Câmbio e a PCJ............................................. 27
3.3.1 O Risco de PTAX e a PCJ........................................................................................... 29
3.3.2 A posição dos Bancos e a PCJ..................................................................................... 30
3.4 Paridade Descoberta de Juros (PDJ) e a Hipótese de Mercado
Eficiente (HME)...........................................................................................................31
3.5 Testes da Hipótese de Mercado Eficiente (HME)....................................................... 33
3.5.1 Revisão da Literatura................................................................................................... 35
3.5.2 O Modelo de Decomposição de Fama......................................................................... 38
3.5.3 Outras Explicações para a Violação da HME.............................................................. 42
3.5.4 Modelo com Utilização de dados históricos de Expectativa.
dos Agentes................................................................................................................. 43
4. A Violação da Hipótese de Mercado Eficiente em um Modelo
de Carteira Ótima de Moedas.........................................................................................45
4.1 Algumas Estratégias Iniciais de Carry trade............................................................... 46
4.1.1 Análise de Estratégia de Carry Trade por Moeda contra
o Dólar Americano (USD).......................................................................................... 47
4.1.2 Análise de Estratégia de Carry Trade com utilização de Carteiras............................. 49
4.2 Um Modelo de Otimização de Carteiras...................................................................... 51
4.2.1 Seleção de Moedas....................................................................................................... 52
4.2.2 O Modelo de Carteira Ótima........................................................................................ 55
4.2.3 Dados........................................................................................................................... 58
4.3 Resultados.................................................................................................................... 60
Conclusões.............................................................................................................................. 62
Referência Bibliográfica........................................................................................................ 64
Apêndice I - Regressões Aparentemente não Relacionadas
(SUR – Seemingly Unrelated Regression)…………………..……………… 66
Apêndice II –Resultados........................................................................................................ 68
5
Resumo
De todas as anomalias documentadas na literatura de finanças internacionais, a
sistemática violação da Paridade Descoberta de Juros, ou como é mais conhecida viés
nas taxas futuras mbio - é sem dúvida um assunto no campo de finanças internacionais
que chamou muita atenção e gerou inúmeros estudos nos últimos 30 anos.
A questão tratada neste trabalho é se estratégias designadas a explorar a violação da
Paridade Descoberta de Juros são lucrativas o suficiente de forma a torná-las uma nova
classe de ativos
1
entre os investidores no mercado de câmbio, principalmente os
especuladores.
Segundo um relatório do Bank for International Settlements (BIS) de 2004, o mercado
de moedas tornou-se uma nova classe de ativos por duas razões: violação sistemática da
Paridade Descoberta de Juros e alterações macroeconômicas que geraram movimentos de
valorização ou desvalorização de longa duração.
Apresentamos primeiramente uma revisão da extensa literatura que trata da violação
da Paridade Descoberta de Juros e posteriormente um estudo sobre tal violação para uma
série de moedas escolhidas conforme sua relevância no volume de negociações médias
diárias no mercado de câmbio internacional. Observamos que a violação, assim como
evidenciada em outros estudos, realmente existiu tanto para países desenvolvidos como
para países em desenvolvimento.
A parte final do trabalho mostrou que as operações destinadas a explorar tal violação
não são lucrativas quando analisadas do ponto de vista de uma única moeda.
Apesar disso, quando se utilizam modelos de otimização de carteiras, percebem-se não
somente retornos comparáveis a outras classes de ativos comumente utilizadas pelos
especuladores, mas também com uma relação risco retorno sensivelmente maior.
Concluiu-se então que carteiras ótimas de moedas designadas a explorar a violação da
hipótese de mercado eficiente são lucrativas, e tal prática pode realmente explicar o
aumento nas negociações diárias de diversas moedas nos últimos anos.
1
Do inglês “asset class”, pode ser definido como um tipo de investimento, como: ações, renda fixa, imóveis
etc... mercado de câmbio nos últimos anos, pelas diversas razões que citaremos nesse trabalho, tornou-se uma
nova alternativa de investimento, ou seja, uma nova classe de ativos.
6
Introdução
Esta dissertação tem como objetivo central a análise da exploração da violação da
Paridade Descoberta como estratégia especulativa no mercado internacional de moedas.
A Paridade Descoberta de Juros, doravante denominada de PDJ, nos diz que o retorno
em ativos domésticos e ativos estrangeiros deve ser o mesmo. Para que isso ocorra, a
moeda do país com maior taxa de juros nominal deve se desvalorizar exatamente o
diferencial de juros.
O que chama a atenção é que existe uma consistente e significativa violação da PDJ,
fato extensamente documentado em inúmeros estudos anteriores preocupados nas
possíveis explicações para tal violação - prêmio de risco (Fama, 1984), considerações
estatísticas sobre o problema do peso (Lewis, 1995), problemas de cointegração entre a
taxa de câmbio spot e futura (Roll; Yan, 2000 e Maynard, 2003), processos de
aprendizagem (Frankel; Rose, 1994) e outros.
Na verdade o objetivo desta dissertação desde o início não é apresentar novas
explicações, mas sim, observar através de modelos de otimização de carteiras se a
violação da PDJ pode ser explorada como estratégia lucrativa no mercado de câmbio
internacional.
No capítulo 1 descreve-se brevemente a evolução histórica dos modelos econômicos e
sua relação com a adoção atual de regimes de câmbio flutuante e políticas monetárias
independentes.
No capítulo 2 apresenta-se o mercado de câmbio internacional no que diz respeito aos
instrumentos utilizados, volumes negociados e tipos de investidores. Utiliza-se como base
de estudo os relatórios trienais do BIS (Bank for International Settlements).
O capítulo 3 inicia-se com uma resenha da literatura internacional que investiga o
mercado de câmbio e a PDJ. Em particular, discute-se a evidência empírica da existência
da violação da PDJ em mercados internacionais escolhidos conforme sua importância no
volume médio diário de negociações. São mencionadas as direções atuais da pesquisa
internacional nessa matéria, isto é, o estágio da literatura na explicação dos possíveis
motivos para tal violação, sem, no entanto entrar em detalhes nessa extensa literatura.
No capítulo 4 tratamos de um assunto pouco discutido na literatura internacional que
em muito focou em evidências e explicações econométricas e teóricas da violação da PDJ,
mas pouco se preocupou em estudar sua importância e implicações especulativas.
Apresenta-se uma estratégia que visa explorar a violação da PDJ baseada em um
modelo de otimização de carteiras convencional. Constataremos assim se estratégias de
carteiras ótimas de moedas dispostas a explorar a violação da PDJ apresentam retornos
excessivos e consistentes que estimulariam operações especulativas conhecidas no jargão
do mercado internacional como carry trade”. Ou seja, comprar moedas de países com
taxas de juros mais altas, tomando empréstimos em moedas de países com taxas de juros
menores.
Por fim, apresentam-se as conclusões.
7
1. Modelos Econômicos e Regimes Cambiais
1.1 Breve Histórico dos Modelos Econômicos e a Trindade Impossível
A essência dos modelos econômicos adotados durante a história recente, mais
precisamente desde o padrão ouro está baseada no que se denominou Macroeconomic
Trilemma ou Trindade Impossível. Ou seja, três objetivos desejáveis, porém
contraditórios:
Estabilizar a taxa de câmbio.
Desfrutar de Liberdade de Mobilidade de Capitais.
Desfrutar de Autonomia na Condução da Política Monetária orientada
conforme objetivos domésticos que pode ser entendida pela liberdade em
descolar a taxa de juros doméstica em relação às taxas praticadas
internacionalmente conforme interesses nacionais como estabilidade de
preços, crescimento, emprego etc...
A Trindade Impossível surge, pois um modelo econômico pode desfrutar no máximo
de duas das proposições acima. Ou seja, um país que deseje estabilidade no câmbio,
autonomia de política monetária e ainda assim livre mobilidade de capitais atrairia
volumes intensos de capitais dispostos a arbitrar a diferença de taxas de juros através da
Paridade Coberta de Juros, doravante denominada de PCJ.
Nesse caso, as intervenções no mercado de câmbio deveriam ser agressivas o
suficiente para suportar ataques especulativos contra o câmbio fixo (arbitragem de PCJ),
gerando aumento de base monetária e posterior inflação. Ainda que as intervenções
fossem seguidas de esterelização através de colocação de títulos públicos, surgiriam no
futuro problemas fiscais. Ou seja, tal modelo rapidamente se desestabilizaria e tal
evidência era o principal fator de atração de ataques especulativos, tão maiores quanto
menores as condições da autoridade monetária em manter o câmbio fixo.
Podemos na história identificar quatro períodos definidos em que os modelos
econômicos, ao menos para os países industrializados, estiveram de alguma forma ligados
às limitações da Trindade Impossível.
Padrão Ouro (1880-1914)
Período Entre Guerras (1914-1945)
Período Bretton Woods (1946-1971)
Período Recente (1971-2006)
Antes de 1914, por exemplo, os países adotaram um regime de câmbio fixo atrelado ao
ouro, livre mobilidade de capitais e políticas monetárias dependentes umas das outras.
Nesse período, a escolha por desfrutar de câmbio estável e livre mobilidade de capitais
exigiu dos países adotar políticas monetárias nem sempre na direção de seus interesses de
bem estar nacional. Como exemplo clássico, podemos citar os EUA de 1891 a 1897, que
adotou uma política monetária extremamente recessiva para contornar os movimentos
especulativos contra seu câmbio fixo em relação ao ouro.
8
Podemos dizer que a sobrevivência deste modelo deve-se tanto a fatores político-
sociais como a fatores econômicos:
Pelo conceito da Trindade Impossível tal modelo é concebível
Pressões de movimentos sociais por políticas monetárias em favor do bem
estar do país (crescimento, emprego, estabilidade de preços etc...) eram
esporádicos e ainda insignificantes do ponto de vista de força política.
O período entre 1944 e 1971, denominado Bretton Woods, foi marcado por um
modelo preponderantemente de câmbio fixo (posteriormente com ajustes periódicos), de
baixa mobilidade de capitais e políticas monetárias independentes. Tal modelo surgiu
basicamente com o crescimento de movimentos sociais em busca de políticas monetárias
voltadas aos objetivos internos de cada país.
Pode-se dizer que naturalmente tais movimentos sociais com pleitos por políticas
monetárias nacionalistas ganharam maior poder político após duas grandes guerras e uma
crise recessiva (1929).
Ou seja, trata-se de um período que encerrava o Padrão Ouro, e que desejava desfrutar
de políticas monetárias independentes. Pela trindade este sistema se seria viável
abdicando-se da mobilidade de capitais ou da estabilidade do câmbio. A escolha por
impor controle de capitais ao invés da adoção de câmbio flutuante pode ser entendida
como uma limitação teórica sobre modelos de câmbio flutuante na época e uma
predisposição a controle de capitais frente aos problemas geopolíticos que sobreviveram
após a 2º Guerra.
Entretanto, as constantes inovações no mercado financeiro, como por exemplo a
criação dos mercados de Eurobonds em Londres (que visavam burlar os controles de
capitais nos EUA), evidenciavam a dificuldade crescente em manter um modelo
econômico baseado no controle de capitais. Na verdade o movimento de globalização
comercial e financeiro, principalmente entre as nações desenvolvidas, tornava qualquer
política de controle de capitais difícil de ser implementada e mantida por longos períodos.
O mercado financeiro tornava-se aos poucos uma instituição poderosa agindo em pró
de seus interesses e nem mesmo as maiores nações do mundo poderiam ignorá-lo. O
entendimento da Trindade Impossível passou a ser crucial para a sobrevivência de
modelos econômicos, pois de um lado o mercado financeiro impunha sua força contra
controles de capitais e, de outro, movimentos político-sociais continuavam a demandar
cada vez mais políticas monetárias orientadas aos interesses nacionais.
A escolha do regime de câmbio passou a ser o grande desafio e, na verdade, o colapso
do sistema de Bretton Woods em 1971 iniciou uma nova era na qual os governos
deveriam escolher entre abdicar da estabilidade cambial ou da independência na condução
da política monetária.
Obviamente, por razões além deste trabalho, cada nação optou conforme suas
preferências. Porém, o modelo mais amplamente utilizado foi sem dúvida o câmbio
flutuante, livre mobilidade de capitais e políticas monetárias independentes.
9
1.2 Classificação de Regimes Cambiais
Adotaremos aqui a classificação oficial de regimes de câmbio do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Esta classificação foi introduzida pela primeira vez em 1975, quando, na seqüência do
colapso do sistema de Bretton Woods em 1973, os países membros que adotaram a
segunda emenda do Acordo do FMI tiveram formalmente a possibilidade de escolher o
seu regime cambial, aceitando que as suas políticas cambial e macroeconômica ajustariam
o Balanço de Pagamentos. O FMI passaria a manter as políticas cambiais dos países sob
vigilância e por outro lado os países deveriam fornecer ao FMI as informações
necessárias.
Com base nestas informações e simultaneamente ao grau de flexibilidade dos acordos ,
o FMI estabeleceu o esquema de classificação cambial. Esta classificação oficial ou de
jure” incluía três categorias principais:
Acordos de ligação Cambial: regimes em que a taxa de câmbio era fixada
quer a uma moeda única, geralmente uma moeda forte como o dólar
americano ou o franco francês, quer a uma cesta de moedas dos principais
parceiros comerciais ou financeiros.
Acordos de flexibilidade limitada: regimes em que a taxa de câmbio
podia oscilar dentro de determinadas bandas em relação a uma moeda única
ou no contexto de um acordo de cooperação (aplicado especificamente a
países participantes no Mecanismo de Taxas de Câmbio (MTC) do Sistema
Monetário Europeu (SME)).
Acordos mais Flexíveis: regimes de flutuação controlados ou totalmente
flexíveis, ou seja, cuja taxa de câmbio fosse determinada parcialmente ou
totalmente pelo mercado.
A classificação manteve-se praticamente inalterada entre 1983 e 1998. Porém no
âmbito do debate sobre a adequação das chamadas escolhas bipolares (flexibilidade versus
ligações cambiais rígidas ou hard pegs”) face a regimes intermediários, tornou-se
evidente que muitos países seguiam regimes que eram totalmente diferentes dos
formalmente anunciados, o que reduzia a transparência das iniciativas de política desses
membros, dificultando assim a vigilância das políticas cambiais por parte do FMI.
Nesse contexto, e após uma análise exaustiva das práticas de factonos países no
período entre 1994 e 1997, o FMI resolveu alterar o esquema de classificação cambial em
1999.
Esta classificação de facto é oficial desde 1999 e inclui oito categorias. O FMI
apresenta ainda informações específicas adicionais, nomeadamente quando o regime que
opera “de facto” no país é diferente do respectivo regime “de jure”.
Assim, a nova classificação de factodo FMI combina as informações disponíveis
sobre a taxa de câmbio, política monetária e intenções de política formais ou informais das
autoridades com os dados sobre a taxa de câmbio e os movimentos das reservas
observados, para avaliar o regime praticado.
10
Tabela 1.1
Regimes Cambiais – Classificação Oficial do FMI - 1999
Regime sem Curso Legal Independente
("Exchange Arrangement with no separate
legal tender")
Não existe uma única moeda legal.
Utiliza-se uma moeda de outro país ou a
moeda de uma União Monetária quando
o país é membro
Regime Cambial de conversão a uma taxa
fixa ("Currency Boards")
Taxa de Câmbio Fixa explícita
Regime Cambial Convencional de Taxa
Fixa ("Conventional pegged arrangements")
Taxa Fixa Central com uma estreita
margem de Flutuação (1%)
Taxa de Câmbio em Bandas Horizontais
("Pegged Exchange Rate within Horizontal
Bands")
Taxa Fixa Central com uma margem de
flutuação maior que 1%
Taxa de Câmbio em Bandas Horizontais
("Pegged Exchange Rate within Horizontal
Bands")
Taxa Fixa Central alterada segundo
regras definidas
Taxas de Câmbio em Bandas Deslizantes
("Crawling Band")
Taxa Fixa Central podendo ser alterada e
permitindo alguma margem de flutuação
Flutuação Administrada ("Managed
Floating with no pre-announced path for the
exchange rate")
Intervenção Ativa de forma a influenciar
a taxa de câmbio.
Livremente Flutuante ("Independently
Floating")
Poucas Intervenções, não existindo um
objetivo para taxa de câmbio.
Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI)
É importante ressaltar aqui que no início da década de 90, a literatura sobre regimes
cambiais defendia soluções intermediárias, sendo estas mais apropriadas para os países de
mercados emergentes e em vias de desenvolvimento
2
.
Na segunda metade dos anos 90, as crises do México em 1994; Tailândia, Indonésia e
Coréia em 1997; Rússia e Brasil em 1998 e Argentina e Turquia em 2001, evidenciaram a
integração dos países emergentes no mercado internacional e assim como ocorrera com os
países desenvolvidos anteriormente, foram impostas a tais países as limitações da
Trindade Impossível. Nesse contexto, a tese de que escolhas bipolares, quer regimes de
câmbio totalmente fixos ou livremente flutuantes, seriam melhores do que soluções
intermediárias foi ganhando apoio crescente, principalmente porque regimes
intermediários seriam difíceis, dada à Trindade Impossível, num ambiente de crises e
grande integração internacional. Essa abordagem na literatura internacional tem sido
conhecida como “abordagem bipolar” ou “solução de canto”.
No âmbito das escolhas bipolares a opinião dominante era de que as taxas de câmbio
flexíveis seriam mais adequadas, ficando os regimes de câmbio fixo reservadas para
situações especiais.
De fato, segundo o FMI, o percentual de países que adotam taxas de câmbio fixas vem
caindo rapidamente nos últimos anos. Se em 1980, 39% dos países tinham uma taxa de
2
Ver Aghevli et. al. (1991)
11
câmbio atrelada a alguma moeda de referência, em 1990 este percentual se reduziu para
19% e em 1999 para 11%.
Contudo, a teoria bipolar, que parecia ser um novo consenso, não durou muito tempo.
No final dos anos 90, vários autores começaram a questionar a abordagem bipolar.
Frankel (1999): salienta que, embora possa ser verdade que um país não
possa manter simultaneamente a estabilidade cambial e a independência
monetária, tal não significa que não possa manter parcialmente alguma
estabilidade e alguma independência, especialmente porque existem graus e
momentos variáveis de mobilidade de capitais.
Mussa et. al. (2000)
Fischer (2001): anterior defensor da abordagem bipolar, se afasta dessa
posição, reconhecendo que os países em desenvolvimento que não se
encontrem muito expostos aos fluxos de capitais internacionais dispõem de
uma vasta gama de opções intermediárias.
Calvo e Reinhart (2002): são defensores da abordagem medo de flutuação
(“fear of floating”) e acreditam que devido a preocupações relacionadas
com a inflação e com a dolarização nos sistemas financeiros nacionais, por
vezes acrescidas também de problemas de credibilidade, os bancos centrais
evitam deliberadamente variações nas taxas de câmbio, mesmo que
oficialmente digam adotar regimes de taxas livremente flutuantes.
Rogoff et. al. (2003)
Em resumo, a tendência recente na literatura relativamente à escolha de regime
cambial está ainda totalmente baseada nos conceitos da Trindade Impossível. Ou seja,
países em fases iniciais de integração nos mercados de capitais internacionais podem
ainda desfrutar de regimes de câmbio intermediários. Em economias emergentes já
integradas internacionalmente, os regimes intermediários são úteis como soluções
temporárias, sendo que a escolha permanente acabará recaindo numa solução bipolar, com
alguns adotando regimes fixos (currency boards, dolarização ou euoização total),
enquanto outros tenderão a escolher a flexibilidade cambial.
Obviamente, como já dissemos, a seleção do regime cambial assim como os resultados
obtidos não são o foco desse estudo.
Porém muito do que vai se falar neste trabalho sobre a violação da Paridade
Descoberta e a crescente utilização de estratégias visando explorar tal violação (“carry
trade”) ocorre em ambientes de câmbio flutuante e por isso todo o cuidado até aqui em
apresentar a revisão literária que levou a esta configuração de modelo econômico assim
como a classificação de regimes cambiais do FMI que será ainda utilizada mais a frente.
12
2. O Mercado de Câmbio Internacional
A cada três anos o Bank for International Settlements (BIS) conduz uma pesquisa em
que participam Bancos Centrais e Autoridades Monetárias com o objetivo de apresentar o
mercado de câmbio internacional em termos de volumes negociados, moedas e pares de
moedas e tipos de investidores.
Em Março de 2005 o banco apresentou sua versão final da pesquisa de 2004. Este
relatório trouxe surpreendentes revelações sobre o grande crescimento das negociações
diárias do mercado de câmbio sugerindo a utilização deste mercado como uma nova classe
de ativos no mercado financeiro internacional.
O mercado de câmbio é o mercado mais líquido do mundo. Diariamente, segundo o
relatório de 2005, são negociados US$1,8 bilhões.
Desde sua primeira publicação em 1998, o BIS vem relatando um crescente aumento
nas negociações diárias. Numa primeira análise, pode-se citar ao menos duas razões para
isso:
Crescimento mundial. De fato, os últimos anos evidenciaram crescimentos
importantes entre os países desenvolvidos e emergentes.
Globalização contínua do mercado financeiro.
Tabela 2.1
Volumes Negociados no Mercado de Câmbio Internacional
Médias Diárias do mês de Abril
(Bilhões de Dólares Convertidos a taxas de Câmbio de Abril/2004)
1989 1992 1995 1998 2001 2004 Crescimento
2001/1998
Crescimento
2004/1998
Mercado de
Câmbio à Vista
(“Spot
Transactions”)
317 394 494 568 387
621 -31,9% 9%
Outright Forwards
(Deliverable
Forwards,
Non Deliverable
Forwards (NDFs))
27
58 97 128 131 208 2,3% 63%
Swaps de Taxa de
Câmbio (“Foreign
Exchange Swaps”)
190 324 546 734 656 944 -10,6% 29%
Opções
56 44 53 60 26 107 -56,7% 78%
Total 590 820 1.190
1.490
1.200
1.880
-19,5% 26%
Fonte: Bank for International Settlements (BIS)
13
Obviamente, como se pode observar na tabela acima, o grande crescimento entre 2001
e 2004 pode estar ligado ao fato de ter havido na verdade uma queda relevante entre 1998
e 2004. Na verdade, a queda de 19,5% pode ser justificada pelas graves crises ocorridas
no final da década de 90 (México, Ásia, Rússia, LTCM) que certamente levaram a uma
condição de aversão ao risco.
Mesmo assim, o crescimento de 26% entre 1998 e 2004 é relevante e segundo o BIS
pode estar relacionado ao crescimento de negociações nos mercados futuros de câmbio
envolvendo principalmente especuladores interessados no mercado de moedas como uma
classe de ativos tão rentável quanto os bonds e equities usualmente utilizados.
Tais investidores foram estimulados pelos altos diferenciais de juros com os EUA e
por expectativas de desvalorização global do dólar americano devido, entre outras coisas a
sua conta corrente extremamente deficitária. Este cenário, segundo o BIS, pode ter sido o
responsável pelo intenso fluxo de tais estratégias para moedas de primeiro mundo e
emergentes foi, portanto uma das principais razões do relevante aumento nas negociações
diárias recentes.
Gráfico 2.1
Índice do Dólar Americano x Cesta de Moedas
(Federal Reserve NY)
60
70
80
90
100
110
120
130
jan-00
jul-00
jan-01
jul-01
jan-02
jul-02
jan-03
jul-03
jan-04
jul-04
jan-05
jul-05
jan-06
jul-06
14
Gráfico 2.2
Fonte: Bloomberg
Passaremos a seguir definindo alguns dos conceitos necessários para o entendimento
do mercado internacional de moedas, assim como o próprio relatório do BIS.
Em primeiro lugar, existem vários instrumentos utilizados no mercado de câmbio
internacional. A grande maioria é negociada em balcão (“Over the Counter”) nas praças
de Londres e Nova York.
Sejam então os principais:
Spot Transactions: Neste mercado são negociadas ao redor de 30% de todas as
negociações relacionadas ao mercado de câmbio. É o contrato mais simples e trata-se
da negociação à vista, com caixa, de uma moeda por outra numa taxa de câmbio
acordada entre as partes. A liquidação das operações é realizada dois dias úteis após a
contratação.
Outright Forwards: neste grupo são incluídos os Deliverable Forwards e os Non
Deliverable Forwards (NDFs).
Deliverable Forwards: é um contrato parecido com o spot transaction, porém
a liquidação é realizada num período maior que dois dias úteis. Ou seja, é uma
negociação no mercado spot, porém a termo.
Diferencial de Jurosdio Com EUA (1999-2006)
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
TWD
NZD
NOK
PHP
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
0 5 10 15 20 25
15
Exemplo:
Non Deliverable Forwards (NDFs): são muito parecidos com o Deliverable
Forward, porém no vencimento são negociados em uma única moeda, no caso
uma moeda totalmente conversível. Surgiram da necessidade em se negociar
taxas de câmbio, para hedge ou especulação, no mercado internacional com
moedas não conversíveis ou cujos países de origem estivessem sujeitos a
controles de capitais e, portanto, tidas na liquidação como “non-deliverable”.
Exemplo:
Foreign Exchange Swaps: são negociações que envolvem simultaneamente uma
operação de spot transaction e outra, de natureza inversa, de Deliverable Forward.
Não existe, portanto risco cambial e é muito utilizada no caso de operações
comerciais.
Currency Swaps: são swaps que envolvem troca de um fluxo de caixa (principal mais
juros) em uma moeda por um fluxo de caixa (principal mais juros) em outra moeda.
São geralmente utilizadas por empresas que realizam, no mercado internacional,
emissões de bonds ou commercial papers denominadas em outra moeda que não a de
seu país de origem.
Options: referem-se a contratos de opções européias e americanas.
16
Enfim, no período de 1998 a 2004, observa-se um crescimento de 26% nas
negociações diárias totais. O crescimento de 63% e 78% nos Outright Forwards e
Options, respectivamente insinua, segundo o BIS uma crescente participação de
investidores com estratégias específicas no mercado de câmbio, como o carry trade.
Gráfico 2.3
Foneing Exchange Committee (FXC
O BIS cita ainda três estratégias como responsáveis pelo aumento das negociações
diárias no mercado de câmbio internacional:
Hedge: de certa forma a expectativa de valorização do Euro e Yen no período
explicam a forte demanda por operações de hedge principalmente nessas moedas.
Carry Trade: o alto diferencial de juros observado entre países como EUA, Japão e
Europa e países como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e outros emergentes nos
quais se insere o Brasil parece ter estimulado investidores a explorarem a violação da
PDJ.
Momentum Trading: assim como expectativas de movimentos longos e duradouros
nas taxas de câmbio criaram a necessidade de operações de hedge, tal cenário também
atraiu muitos investidores atraídos por ganhos nesses mercados.
Além disso, O relatório revela um crescimento expressivo em moedas como Nova
Zelândia e Austrália (152% e 98% respectivamente) o que poderia estar ligado a
movimentos de carry trade.
Na verdade, na tentativa de explicar o aumento das negociações diárias no mercado de
câmbio, Galati e Melvin (2004) realizaram regressões envolvendo moedas de países como
Austrália, Canadá, Europa, Inglaterra, Japão e Suíça, na qual colocavam o crescimento das
negociações diárias como variável dependente e o diferencial de juros (de cada moeda
contra o dólar) e a variação nominal de cada moeda (também contra o dólar) como
variáveis independentes.
O estudo revelou que o aumento das negociações é fortemente relacionado aos
diferenciais de juros positivos contra o dólar, evidenciando, portanto o aumento de
operações de carry trade como principal estratégia no mercado de moedas de modo a
obter retornos da violação da PDJ.
Crescimento Volume Negociado principalmente em NDFs - 2004/1998
(bilhões de Dólares Convertidos a Taxa de Câmbio de Abril de 2004)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Crescimento 2004/1998
Mercado de Câmbio a Vista (Spot
Transactions)
Outright Forw ards (Deliverable
Forwards e NDFs)
Foreign Exchange Swaps
Options
TOTAL
17
Em seu relatório de 2001, o BIS incluiu uma apresentação detalhada, assim como o
fazia para as moedas de países desenvolvidos, de algumas moedas emergentes,
consideradas importantes nas negociações diárias. Apesar disso, talvez por ser ainda
inclusão recente, os dados para países como o Brasil, Chile, e Coréia deixam a desejar.
De fato são países também com grandes diferenciais de juros em relação aos EUA e,
conforme um estudo sobre Non Deliuverable Forwards do banco central americano de
Nova York (Lipscomb, 2005) estão entre as moedas mais negociadas entre os emergentes.
Tabela 2.2
NDFs mais Negociados
Moeda Volume (US$ bilhões) %Total
Won Koreano 307 30%
Peso Chileno 180 18%
Real Brasileiro 179 18%
Dólar de Taiwan 163 17%
Won Chinês 68 6%
Fonte: New York Fed
Para uma análise mais detalhada destas moedas e para o período mais recente de 2004
a 2006, recorremos ao Foreign Exchange Committee (FXC). Trata-se de um grupo
representado por diversos participantes do mercado financeiro global e patrocinado pelo
banco central de New York, com o objetivo de prover informações e boas práticas sobre o
mercado de taxas de câmbio internacional.
Conforme o FXC, o crescimento entre 2006 e 2004 continuou alto e, concentrado
principalmente nos Outright Forwards, assim como revelou o relatório do BIS de Abril de
2004.
Gráfico 2.4
Fonte: Foreing Exchange Committee (FXC)
Crescimento do TurnOver Diário 2006/2004
(bilhões de dólares convertidos à taxa de mbio de 2004)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Crescimento 2006/2004
Spot Transactions
Outright Forw ards
Foreign Exchange Swaps
Over-the-Counter Foreign Exchange
Options
TOTAL
18
Observa-se um crescimento elevado em negociações do tipo spot transactions e outright
forwards, principalmente para o Brasil acompanhado também do peso chileno, peso
argentino e dólar australiano.
Tabela 2.3
Crescimento 2006/2004
(volumes convertidos à taxa de câmbio de 2004)
Moedas
Spot
Transactions
Outright Forwards Foreign Exchange
Swaps
Options
EUR - Euro
56% 126% 45%
26%
JPY - Yen
98% 50% 20%
7%
GBP - Pound
55% 88% 38%
107%
CAD - Dólar Canadense
43% 71% 23%
10%
CHF - Franco Suíço
83% 38% -8%
38%
AUD - Dólar Australiano
52% 98% 23%
46%
ARS - Peso Argentino
571% 458% 1000%
180%
BRL - Real
625% 318% 215%
289%
CLP - Peso Chileno
305% 126% 310%
25%
MXN - Peso Mexicano
62% 87% 72%
39%
Outras Moedas
41% 115% 35%
-1%
Fonte: Foreing Exchange Committee (FXC)
É interessante ainda observar que a participação do Real nas negociações de Outright
Forward (que como dissemos inclui os NDFs) cresceu de 3% em 2004 para 6% em
2006, igualando-se ao dólar australiano.
Tabela 2.4
Participação no Mercado de Outrights Forwards
Moedas 2004
2005
2006
EUR - Euro
30%
32%
35%
JPY - Yen
24%
25%
19%
GBP - Pound
14%
14%
13%
CAD - Dólar Canadense
9%
8%
8%
CHF - Franco Suíço
8%
7%
6%
AUD - Dólar Australiano
6%
6%
6%
ARS - Peso Argentino
0%
0%
0%
BRL - Real
3%
4%
6%
CLP - Peso Chileno
1%
1%
1%
MXN - Peso Mexicano
4%
4%
4%
Fonte: Foreing Exchange Committee (FXC)
19
O BIS analisa ainda o volume de negociações diárias em função do tipo de
participante. Em sua metodologia existem três tipos de contrapartes:
Reporting Dealers”: são geralmente bancos comerciais e corretoras que
negociam para atender as necessidades de seus clientes.
Other Financial Institutions”: são todas as instituições financeiras que não
se classificam como “Reporting Dealers”. Tratam-se de pequenos bancos
comerciais, bancos de investimentos, fundos mútuos, fundos de pensão, hedge
funds, seguradoras etc...
Non Financial Customers”: trata-se por exclusão de todos os outros tipos de
participantes. Destacam-se empresas e governos.
A análise segundo os participantes indicou um crescimento relevante entre bancos
comerciais e outras instituições financeiras. Pesquisas realizadas pelo BIS com integrantes
do mercado financeiro mostraram que o crescimento das negociações com outras
instituições financeiras esteve muito relacionado com o crescimento do patrimônio de
hedge funds que atingiu a soma atual de US$ 1,5 trilhão (Chan, Getmansky, Haas e Lo,
2006).
O que parece ter ocorrido é que tais investidores, com estratégias de carry trade e
momentun trading, tornaram-se crescentemente interessados nesse mercado como uma
nova classe de ativos alternativa a outros mercados convencionais de renda fixa e renda
variável como forma de rentabilizar somas de capital cada vez mais abundantes e
dispostas a entrar em novos mercados.
De certa forma, a regulamentação de fundos de pensão e seguradoras que liberaram
alocações em ativos denominados em moedas que não a de seu país de origem (Suécia em
2000, BIS 2003) também podem estar relacionados ao aumento de negociações
envolvendo outras instituições financeiras.
Enfim, a análise do mercado de câmbio fornece instrumentos suficientes para
acreditarmos que o carry trade é hoje uma estratégia agressivamente utilizada pelos mais
diversos investidores.
Tal estratégia, como veremos está intimamente ligada à violação da Paridade Descoberta
de Juros. Analisaremos a seguir, tal violação e a existência de carteiras ótimas de moedas
para estratégias de carry trade.
20
3. Definições e Apresentação da Eficiência no Mercado de Câmbio
3.1 Eficiência no Mercado de Câmbio
Um dos temas dominantes na literatura acadêmica desde 1960 tem sido o conceito de
mercado eficiente (Fama, 1974). A melhor forma de se testar hipóteses de mercado
eficiente é definir o que se entende por isso. A literatura usualmente distingue três
definições sobre eficiência de mercado:
Forma fraca (“weak-form”): os preços correntes incorporam todas as informações
contidas nos preços passados.
Forma semi-forte (“semi-strong form”): os preços correntes incorporam toda a
informação pública assim como seus preços passados.
Forma forte (“strong-form”): os preços refletem toda a informação que seja
possível saber.
A forma semi-forte é talvez a forma mais próxima da hipótese de expectativas
racionais que assume que os agentes conhecem o modelo econômico e utilizam toda a
informação pública para formar suas expectativas.
Segundo Sarno e Taylor (2002), num mercado eficiente os preços deveriam refletir
toda a informação disponível (pública), sendo impossível para um investidor obter
excessos de retorno com a especulação.
O Conceito de eficiência aqui especificado está baseado em dois pilares:
Os agentes possuem atitude Neutra em relação ao Risco. Ou seja, um investidor
seria indiferente entre um investimento com expectativa de retorno de 20% e outro
investimento com 50% de probabilidade de expectativa de retorno de 5% e 50% de
probabilidade de 30%.
Os Agentes são dotados de Expectativas Racionais
Eficiência de mercado será aqui entendida de uma maneira bem restrita, para que não
precisemos entrar em detalhes da extensa literatura que trata este tema.
No caso do mercado de câmbio, adotamos a definição de eficiência de mercado descrita
por Hodrick e Hansen (1980).
“A proposição que o retorno esperado da especulação no mercado futuro de câmbio
dado o conjunto de informações disponível em t é zero”. Isso é o mesmo que dizer que a
taxa futura de câmbio em t é um estimador o-viesado da taxa de câmbio à vista em
t+k.”
Ou seja, o especulador disposto a comprar a moeda do país com taxas de juros maiores e
vender a moeda do país com taxas de juros menores, o carry trade, obteria retornos nulos
que a moeda deste país terminaria desvalorizada no mesmo montante do prêmio do
mercado futuro de câmbio - o diferencial das taxas de juros.
21
Porém, o que se observa nas mais diversas moedas do mundo, e que veremos com maiores
detalhes mais a frente, é que o mercado futuro de câmbio não é tão somente ineficiente no
conceito acima, mas parece que é tão ineficiente que prevê movimentos de câmbio na
direção e magnitude exatamente contrária em relação ao que realmente ocorre.
Ou seja, no exemplo do especulador com posições de carry trade”, este teria retornos
positivos, pois ao contrário de haver uma desvalorização da moeda do país com taxas de
juros mais altas, o que existe na realidade é uma valorização desta, gerando retornos
positivos e iguais ao diferencial de juros mais a própria valorização da moeda.
A esta constatação diz-se que o mercado de câmbio é ineficiente, ou que existe um viés no
mercado futuro de mbio, ou que o mercado futuro de câmbio não é um bom previsor da
taxa de câmbio futura.
Tal viés encontrado na taxa futura de câmbio não necessariamente deve implicar que tal
mercado não contém informações úteis para utilizá-lo como determinante da taxa de
câmbio. O que ocorre, entretanto, como veremos adiante é que o mercado futuro de
câmbio deve ser entendido como a expectativa dos agentes ajustada ao risco. Portanto o
viés, ou a ineficiência como se preferir seria uma evidência de:
não neutralidade ao risco dos agentes (o que é bem aceitável dado o grau de
imprevisibilidade das moedas).
uma possível não racionalidade das expectativas dos mesmos.
Que são na verdade as duas hipóteses básicas do conceito de eficiência de mercado, e,
portanto sua violação levaria a conclusões de ineficiência.
O conceito de eficiência para o mercado de câmbio aqui utilizado e definido por Hodrick
indica a paridade coberta de juros (PDJ) como e relação básica para a realização de testes
de eficiência para o mercado de câmbio. Sua violação, portanto, evidenciaria a
ineficiência do mercado e dessa forma a possibilidade de obtenção de retornos lucrativos
com o carry trade, que nesse caso as moedas de países com juros mais altos não se
desvalorizariam na magnitude do diferencial de juros.
Iniciaremos, portanto, dois conceitos importantes para o entendimento dos testes de
eficiência para o mercado de câmbio e para o posterior entendimento da dinâmica
especulativa através do carry trade. São eles:
Paridade Coberta de Juros (PCJ)
Paridade Descoberta de Juros (PDJ)
22
3.2 Paridade Coberta de Juros (PCJ)
A violação da PDJ, como veremos mais a frente pode ser responsável pelo aumento das
negociações nas operações de câmbio recentemente pelo estímulo em operações de carry
trade em diversas moedas contra o dólar americano.
Entretanto, ao estudo da PDJ deve-se anteceder o estudo da PCJ, pois a validade da
primeira depende da validade desta última.
Será feita nesse capítulo uma discussão genérica da PCJ, apresentando seus conceitos
principais. Na verdade, a regulamentação e tributação cambial brasileira são
extremamente complicadas e particulares a cada tipo de investidor. Desta forma existiriam
inúmeros estudos de PCJ, cada um relacionado a um tipo de investidor.
Seja então a equação mais simples que expressa a PCJ:
*
,
,
,
1
1
kt
kt
tktt
R
R
SF
+
+
=
+
(3.1)
onde:
ktt
F
+,
é o preço futuro de S para um contrato que vence k períodos à frente de
t
S
t
S é o preço spot da moeda estrangeira em termos da moeda nacional.
kt
R
,
é a taxa de juros doméstica no período k.
*
,kt
R
é a taxa de juros externa no período k.
O que esta equação nos diz é que com livre mobilidade de capitais um investidor
doméstico tem a oportunidade de investir em outro mercado como, por exemplo os EUA.
Seja então seu investimento dado por G (medido em moeda local). Tal investidor ao optar
investir nos EUA precisa primeiro converter G em dólares americanos pela taxa de
câmbio spot (
t
S ), resultando em G/
t
S .
Este investidor aplica então seus dólares no mercado doméstico americano resultando no
final do período (t+k) em:
t
kt
S
RG )1(
,
*
+
Ao converter seu investimento de volta à moeda local o investidor o fará pela cotação do
câmbio spot (
1+t
S ) resultando em:
t
kt
kt
S
SRG
+
+ )1(
,
*
23
Percebe-se, portanto que tal investidor está exposto à variação cambial. O mercado de
dólar futuro pode desta eliminar a exposição ao mbio. Basta o investidor fixar a taxa
futura de câmbio pela qual ele reverterá sua aplicação em moeda local. Seja esta taxa de
câmbio futura negociada dada por
ktt
F
+,
. Desta forma, o investidor saberá exatamente o
montante de seu investimento nos EUA medido em moeda local:
t
ktt
kt
S
FRG
+
+
,
,
*
)1(
Alternativamente, o investidor poderia ter investido G no mercado local, gerando da
mesma forma um equivalente certo no futuro (t+1) de:
)1(
,kt
RG +
Como o valor final do investimento é conhecido previamente para as duas opções de
investimento, retornos diferentes gerariam arbitragem, desta forma, fica necessária a
igualdade entre as duas opções de investimento.
t
ktt
kt
S
FRG
+
+
,
,
*
)1(
= )1(
,kt
RG +
Que nada a mais é que a PCJ apresentada na equação 3.1.
Ou seja, o diferencial da taxa de câmbio dado pelo mercado futuro de câmbio e pelo
mercado spot de câmbio será igual ao diferencial de juros entre ativos de características
similares medidos nas moedas locais.
Características similares referem-se, por exemplo, a:
Prazo
Risco de Crédito (Default)
Risco de Convertibilidade (Fronteira)
Tratamento Tributário
Restrições de posse
Para efeito de simplificação, apresentaremos, daqui em diante, as equações em sua forma
logarítmica, por exemplo:
)1ln(
,, ktkt
Rr +=
Logo a forma logarítmica da Equação 3.1 será dada por:
)(
*
,,1, ktktttt
rrsf =
+
(3.2)
24
A maioria dos estudos empíricos mostra que a PCJ é respeitada após consideradas
todas as características como: custos de transação, risco país e fronteira e impostos.
Frenkel e Levich (1975,1977), numa seleção de moedas, demonstraram que 80% das
oportunidades de lucro que seriam evidências da violação da PCJ permanecem dentro de
uma banda dita neutra (lucros significativamente iguais a zero).
Quando se trata de analisar a PCJ para países como o Brasil, que possuem Risco de
Crédito e Convertibilidade, esta pode ser decomposta da seguinte forma:
t
s é o preço spot da moeda estrangeira em termos da moeda nacional
ktt
f
+,
é o preço futuro de s para um contrato que vence k períodos à frente de
t
s
kt
r
,
é a taxa de juros doméstica no período k
*
,kt
r
é a taxa de juros externa no período k
rd é o Risco de Crédito (Default) associado ao prazo k
rf é o Risco de Convertibilidade (Fronteira) associado ao prazo k
kt
i
,
é a taxa de juros doméstica denominada em moeda estrangeira e negociada no
mercado doméstico, no período k
*
,kt
i
é a taxa de juros doméstica denominada em moeda estrangeira e negociada no
exterior, no período k
Considerando somente ativos negociados no mercado local, temos que a PCJ pode ser
descrita como:
ktktttt
irsf
,,1,
=
+
(3.3)
O Risco de Crédito ou Default pode ser definido como:
rd =
*
,kt
i
-
*
,kt
r
O Risco de Convertibilidade poder ser definido como:
rf=
kt
i
,
-
*
,kt
i
O Risco País que muitas vezes aparece na literatura internacional e nacional nada mais
é do que a soma do Risco de Crédito e do Risco de Convertibilidade.
Risco País = Risco de Crédito + Risco de Convertibilidade
A PCJ para países com risco de crédito e convertibilidade, como Brasil, pode, então, ser
descrita como:
rfrdrrsf
ktktttt
=
+
*
,,1,
(3.4)
25
e o Diferencial de Paridade Coberta pode ser dado como:
rfrdrrsfDPC
ktktttt
+++=
+
*
,,1,
(3.5)
O Risco de Crédito (rd) poderia ser observado de diversas formas. Por exemplo, pode-
se utilizar derivativos de crédito como os Swaps de Crédito, ou como são conhecidos
internacionalmente os Credit Defaults Swaps (CDS).
Para o cálculo do Risco de Convertibilidade (rf) devem ser utilizados ativos similares,
porém negociados em praças distintas. No caso brasileiro, o Non Deliverable Forward
(NDF) é o único ativo que é negociado tanto no mercado interno como no exterior. Dessa
forma poderia ser utilizado o diferencial entre os Non Deliverable Forwards (NDFs)
negociados em New York (outright offshore) e os NDFs negociados no Brasil (outright
onshore).
Existem, porém inúmeras dificuldades em coletar tais informações. Os NDFs
negociados internamente e no exterior por exemplo devem ser observados no mesmo
momento, o que nem sempre parece ocorrer nas bases de dados disponíveis (Bloomberg e
Reuters).
Podemos ainda calcular o Risco de Convertibilidade não diretamente, mas
indiretamente. Sabe-se que embora não sejam negociadas diretamente, as taxas de juros
doméstica denominada em moeda estrangeira e negociada no exterior, no período k (
*
,kt
I
),
ou como é conhecida cupom cambial, pode ser calculada através de arbitragem utilizando
dois mercados usualmente negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF):
o dólar futuro (
ktt
F
+,
) e as taxas de juros futuras (
kt
R
,
)
Desta forma, por simples arbitragem:
1
*)1(
,
,
*
,
+
=
+ktt
tkt
kt
F
SR
I
É importante atentar para alguns detalhes que nem sempre são levados em
consideração, mas que se mal utilizadas podem gerar erros relevantes.
Para o calculo de
*
,kt
I
, os dados de
ktt
F
+,
e
t
S devem ser coletados no mesmo
instante. Para isso utiliza-se um ativo comumente negociado no mercado de
câmbio brasileiro que trata justamente da diferença entre o dólar futuro e o spot
no instante t. Tal ativo é negociado em balcão e é denominado nas mesas de
operação como “casado”.
Risco País = Risco Crédito (rd) + Risco Convertibilidade (rf)
26
Devem ser considerados os feriados do Brasil e de NovaYork nos cálculos das
taxas efetivas. Isso porque o câmbio spot liquida somente dois dias úteis do
calendário de Nova York e Brasil (simultaneamente) após a contratação.
O valor de
ktt
F
+,
em seu vencimento é sempre dado pela PTAX (média
ponderada das negociações de câmbio spot publicada pelo Banco Central) do
dia útil (calendário brasileiro) anterior
Ou seja, os dias úteis e corridos das datas de liquidação de câmbio são muito
importantes no calculo do
*
,kt
I
correto.
Sabemos, no entanto que:
*
,kt
I
-
*
,kt
R
= Risco de Default (rc) + Risco de Convertibilidade (rf)
Como podemos observar o risco de Default nos contratos de CDS (Credit Default
Swaps) negociados no mercado internacional, pode-se por diferença determinar o Risco de
Fronteira.
Ressaltamos que o método mais simples de calcular o Risco de Convertibilidade seria
através da diferença entre os NDFs negociados internamente e no exterior. As séries de
dados porém são muito imprecisas, indicando cotações de NDF negociados no exterior
coletados em momentos diferentes do dia dos NDFs negociados internamente.
27
3.3 Aspectos Operacionais do Mercado de Câmbio no Brasil e a PCJ
Mesmo que não entremos nos detalhes específicos operacionais, regulatórios e
tributários vale a pena levantar algumas observações sobre outros fatores que poderiam
levar à violação da PCJ e que estão relacionados a detalhes do operacional do mercado de
câmbio no Brasil.
Primeiramente é necessário apresentar algumas definições desse mercado:
Agentes do Mercado: a definição completa dos agentes de câmbio está
apresentada no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais
(RMCCI), Título 1, Capítulo 2. Os bancos comerciais são os que podem realizar
todo o tipo de operação regulamentada no RMCCI. Portanto toda a contratação de
câmbio entre um banco e outro tipo de instituição é definida como negociação no
mercado primário. As contratações com a autoridade monetária, entretanto são
realizadas somente com um conjunto de bancos denominados dealers que é
escolhido pelo Banco Central.
Posição dos Bancos: A posição de câmbio dos bancos é definida no Regulamento
do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), Título 1, Capítulo 5,
Seção 1. Em resumo, trata-se do saldo (estoque) de operações contratadas em
moeda estrangeira, títulos ou ouro e registradas no SISBACEN.
Sua contabilização é realizada em equivalente em dólares americanos e sempre
sensibilizada no momento da contratação e não liquidação. Apenas as operações
do tipo Deliverable Forward, que são operações de spot a termo, sensibilizam a
posição dos bancos somente dois dias úteis antes de sua respectiva liquidação. A
posição dos bancos de 1 de Janeiro de 1994 foi arbitrariamente quantificada em
zero. Portanto as posições dos bancos publicadas atualmente refletem o cambio
contratado daquela data até hoje e não a quantidade total de moeda estrangeira
total entre os bancos.
Exemplo:
Posição em 01/Jan/1994: US$ 0 (por definição)
Fluxo de Câmbio Contratado entre 01/Jan/1994 e 31/Jan/1994 (com liquidação em
dois dias úteis ou em datas dentro do mês de Janeiro/1994): US$ 230 milhões
Posição em 31/01/1994: US$ 230 milhões
PTAX: resumidamente, trata-se de uma média diária ponderada pelo volume de
negócios, porém com algum tratamento estatístico e que é publicada pelo Banco
Central. É definida pela circular 3.300 de 22 de Novembro de 2005.
Compulsório: Pela Circular 2.787 de 27 de Novembro de 1997, os bancos eram
obrigados a depositar o excesso de US$ 5 milhões de suas posições compradas no
Banco Central sem qualquer tipo de remuneração. Porém, pela Circular 3.307 de
29 de Dezembro de 2005, foi permitido aos bancos aplicar qualquer limite de
posição comprada no mercado externo.
De posse destes conceitos, podemos agora entender como detalhes operacionais do
mercado de câmbio influenciam o Diferencial de Paridade Coberta.
28
Existem, na verdade dois detalhes que chamam atenção e que, a despeito de sua
importância em termos da magnitude com que podem influenciar a PCJ, foram pouco
discutidos na literatura. São eles:
Posição dos Bancos
Risco de PTAX
29
3.3.1 O Risco de PTAX e a PCJ
No vencimento de uma operação de arbitragem, o banco receberá os dólares
remunerados de seu investimento no exterior e terá seus ativos na BMF vencendo.
O problema é que os ativos na BMF vencem pela PTAX, que como vimos é, em
resumo, uma média de todas as operações realizadas no mercado spot durante o dia. Os
bancos então recebem seus dólares pela manhã e terão a contraparte desta operação
vencendo na BMF, porém por uma taxa cambial a PTAX- que somente será conhecida
no final do dia. Existe, portanto uma exposição cambial entre o dólar spot da manhã e a
PTAX.
Para que não exista este descasamento, os bancos são obrigados a vender seus dólares no
mercado á vista durante todo o dia de forma a “tentar” replicar a formação da PTAX.
Tal tarefa não é simples e envolve um risco que no mercado é conhecido como risco
de PTAX. Este risco é tanto maior quanto maior for a volatilidade do câmbio e menor for
a liquidez no mercado spot, variáveis que certamente dificultarão um agente disposto a
replicar a PTAX em determinada data.
Este risco é tão importante que é negociado no mercado de balcão (operações de
PTAX) e na BMF através do contrato de FRP (Forward Points). Ou seja, qualquer
participante do mercado que precise replicar a PTAX, pode negociá-la com uma
contraparte que tem maior experiência em replicá-la. Os prêmios cobrados e observados
nesses mercados nos dão uma boa idéia da magnitude desse risco.
Infelizmente não foi possível obter um histórico desse mercado, porém, pela
experiência de operadores este varia de zero a 1,5 R$/1000US$ (para cotações de câmbio
à vista ao redor de 2,15), o que em termos de taxa mensais anualizadas seriam:
%84,0
30
360
*
2150
5,1
30
360
*
cot
5,1
===
ação
RiscoPTAX
Ou seja, o Diferencial de Paridade Coberta para períodos de um mês poderia ficar
0,84% abaixo ou acima das taxas em dólar no exterior. Trata-se de um “custo fixo” dado
que este não depende do prazo da operação e sim da dificuldade operacional em se
replicar a PTAX de um determinado dia. Sendo assim, este prêmio é diluído para prazos
maiores.
30
3.3.2 A posição dos Bancos e a PCJ
Antes da Circular 3.307 de 29 de Dezembro de 2005, todos os bancos eram obrigados
a depositar o excesso de US$ 5milhões no Banco Central sem qualquer tipo de
remuneração.
Era também proibido um banco terminar o dia com uma posição (câmbio contratado)
vendida. Nesse caso ou o banco realizava operações de nivelamento com outros bancos
tomando dólar emprestado ou sofreria as multas de um redesconto.
Nesse período, quando o sistema em si ficava com uma posição dos bancos comprada,
cada banco, tentava durante o dia emprestar seu excesso de US$5 milhões para outro
banco a qualquer taxa maior que 0% (o compulsório). Fica claro que quando o sistema
estivesse com uma posição dos bancos excessivamente comprada, maior dificuldade teria
um banco para achar outro banco disposto a tomas seus dólar emprestado.
Assim, nesse período, a posição dos bancos guardava grande correlação com o
diferencial de paridade coberta. Ou seja, quando o sistema estivesse muito comprado, as
taxas negociadas entre si cairiam rapidamente a 0% e, ao contrário, quando estivesse
muito vendido, as taxas permaneciam acima das taxa negociadas no exterior podendo
atingir o custo do redesconto.
Atualmente, após o fim do compulsório de depósito de todo o excesso de US$ 5
milhões, os bancos ficaram liberados para aplicar seus dólares não mais entre si, mas com
bancos no mercado internacional. Desta forma o diferencial de paridade coberta atual
sofre muito menos influência da posição dos bancos.
31
3.4 Paridade Descoberta de Juros (PDJ) e a Hipótese de Mercado Eficiente (HME)
Assumindo as duas hipóteses básicas sobre a eficiência de mercado, ou seja, neutralidade
ao risco e expectativas racionais, temos:
Expectativas Racionais
kttktttkt
SES
+++
+=
,,
][
η
, onde:
o
kt
S
+
é a taxa de câmbio à vista efetiva em t+k
o ][
, kttt
SE
+
é a expectativa racional dos agentes em t para a taxa de câmbio
em t+k
o
ktt +,
η
erro puramente aleatório e ortogonal a toda informação em t
Ou seja, a taxa de câmbio à vista efetiva em t+k difere da expectativa da taxa de câmbio
dos agentes apenas por um erro aleatório.
Neutralidade ao Risco
][
,, ktttktt
SEF
++
= (3.6)
Ou seja, os agentes são indiferentes entre uma taxa certa e uma incerta.
Logo da equação 3.2 da Paridade Coberta de Juros, temos:
)(][
*
,,, ktkttkttt
rrSSE =
+
(3.7)
Ou seja, os agentes sendo neutros ao risco não incluem um prêmio de risco e, portanto
assumem a igualdade entre o mercado de dólar futuro dado pela PCJ (que é um
equivalente certo) com sua expectativa de câmbio.
A esta equação dá-se o nome de Paridade Descoberta de Juros (PDJ).
Existem na verdade como veremos mais a frente, inúmeros problemas em assumir esta
igualdade.
Primeiramente como foi dito, ela assume que os agentes são neutros ao risco, ou que,
todo risco cambial é diversificado, ou seja, os agentes são indiferentes entre a taxa de
câmbio “certa” (o mercado de mbio futuro calculado pela PCJ) e uma taxa de mbio
“esperada” que segue padrões puramente aleatórios.
E em terceiro lugar seria importante observar que se a igualdade realmente existe para
uma moeda ela provavelmente não valerá para a outra, ou seja, se:
][
, ktttkt
SEF
++
= , então ][/1/1
, ktttkt
SEF
++
<
Exemplo:
32
][
, kttt
SE
+
(1) = 1,1 com probabilidade de 50%
][
, kttt
SE
+
(2) = 0,9 com probabilidade de 50%
Logo ][
, kttt
SE
+
= (1,1+0,9)/2 = 1
Então: 1][
,,
==
++ ktttktt
SEF
Esta mesma igualdade expressa em termos da outra moeda seria:
ktt
F
+,
=1 , logo 1/1 =
+kt
F
1/ ][
, kttt
SE
+
porém seria igual a (1/1,1 + 1/0,9)/2 = 1,0101
Logo expresso na outra moeda existe uma desigualdade:
1/1
,
=
+ktt
F < 1/ ][
, kttt
SE
+
= 1,0101
Este resultado é chamado de PARADOXO DE SIEGEL, e mostra que mesmo
desconsiderando todos os problemas descritos acima, a PDJ é uma
aproximação. Uma visão mais detalhada do Paradoxo de Siegel pode ser
encontrada no Anexo 2.
De qualquer forma, assumindo as duas hipóteses de mercado eficiente, temos:
kttkttkt
FS
+++
+=
,,
η
(3.8)
A esta igualdade -se o nome de Hipótese de Expectativa Não-Viesada (Unbiased
Expectations Hypothesis), ou Hipótese de Mercado Eficiente, e será ela o objeto de
nosso estudo.
33
3.5 Testes da Hipótese de Mercado Eficiente (HME)
Testar a Hipótese de Mercado Eficiente não é como dissemos o ponto principal deste
trabalho, mas sim verificar se existem práticas lucrativas no mercado, como parece ser o
caso do carry trade (que conforme já foi dito pode ter sido, segundo o BIS, um dos
grandes motivos do aumento do volume negociado no mercado de câmbio nos últimos
anos) que são estimuladas pela sua violação.
Apresentaremos aqui praticamente boa parte do arcabouço de trabalhos motivados em
estudar os motivos desta aparente violação. Utilizaremos a teoria para calcular se esta
violação existiu para as moedas de nosso estudo (serão definidas mais a frente) para então
entrarmos no estudo de carteiras ótimas de moedas estimuladas pela violação encontrada.
Seja a equação da Hipótese de Mercado Eficiente, doravante denominada HME.
kttkttkt
FS
+++
+=
,,
η
Existe um problema em se testar esta relação - não estacionariedade das séries do mercado
spot de câmbio e do mercado futuro de câmbio.
Ou seja, séries não estacionárias não possuem estatísticas - média e variância - bem
definidas e, portanto os coeficientes obtidos da regressão não possuirão boas propriedades
estatísticas.
Uma forma de contornar o problema da não estacionariedade das ries é considerar as
variações percentuais e não mais os valores absolutos das taxas de câmbio spot e futura.
Dessa forma:
ktt
t
tktt
t
tkt
S
SF
S
SS
+
+
+
+
=
,
,
ε
(3.9)
onde
ktt +,
ε
agora é o erro em termos percentuais.
Podemos agora escrever a equação 3.9 em termos de uma regressão:
ktt
t
tktt
t
tkt
S
SF
S
SS
+
+
+
+
+=
,
,
εβα
(3.10)
Para simplificar a equação acima, seja:
=
+
+
t
tkt
ktt
S
SS
s
,
=
+
+
t
tkt
ktt
S
SF
f
,
, denominado na literatura internacional como “forward
premiun”.
34
Logo,
kttkttktt
fs
+++
++=
,,,
εβα
(3.11)
Sob a HME, a hipótese nula seria
α
=0 e
β
=1.
35
3.5.1 Revisão da Literatura
Desde 1984, com o trabalho de Fama, Cumby e Obstfeld, muitos outros economistas
realizaram regressões similares à equação 3.11. Enquanto porém, pela HME seria de se
esperar que
β
=1, Froot and Thaler (1990), por exemplo, acharam para vários países um
coeficiente médio de –0,88.
Além disso, Flood e Rose (1994) analisaram países membros do sistema monetário
europeu, cujas taxas de câmbio entre si são fixas por uma banda relativamente estreita.
Eles encontraram
β
=0,58. A característica marcante é a evidência de
β
>0, mas ainda
significativamente menor que 1, e sugerem que
β
<0 talvez se aplique apenas a países
com câmbio flutuante.
Na tabela abaixo, pode-se observar um histórico de alguns dos inúmeros trabalhos e
resultados referentes aos testes da HME.
Tabela 3.1
Autor
Estudo Período
β
Bilson (1981)
Canadá 1974-1980 -0,665
Alemanha -0,801
Japão -0,208
Fama(1984)
Japão 1973-1982 -0,29
Suíça -1,14
Inglaterra -0,9
Canadá -0,87
Barnhart e
Szakmary(1991)
Alemanha 1974-1988 -3,63
Inglaterra -1,65
Japão -0,59
Canadá -2,2
Backaert e
Hodrick(1993)
Alemanha 1975-1989 -3,015
Inglaterra -2,021
Japão -2,098
36
Recentemente Frankel e Poonawala, 2004, realizando praticamente o mesmo teste para
países emergentes e desenvolvidos chegaram em resultados muito próximos de 0 (na
média) para os países emergentes, e –2 para os países industrializados.
Tabela 3.2
Estudo
Período
β
(Médio)
Países Emergentes
1996-2004 -0,0278
Países Desenvolvidos
1997-2004 -2,0231
Ou seja, na grande maioria dos estudos com a finalidade de testar a HME, observou-se
que
β
é significativamente menor que 1.
Obviamente seria de se esperar, como já foi dito, que a violação da HME pode ser causada
pela falha de suas duas hipóteses básicas:
não neutralidade ao risco dos agentes (o que é bem aceitável dado o grau de
imprevisibilidade das moedas).
uma possível não racionalidade de expectativas dos mesmos.
Vamos admitir então que os agentes são avessos ao risco, mantendo a hipótese de
expectativas racionais.
Ou seja, os agentes são avessos ao risco e, portanto existe um prêmio de risco de forma a
compensá-los.
Este prêmio de risco pode ser definido como:
=
++
+
t
tkttt
t
tktt
ktt
S
SSE
S
SF
PR
][
,,
,
(3.12)
Sendo denominado na literatura internacional como “currency risk
Desta forma, admitindo verdadeira a hipótese de expectativas racionais, a equação (3.9)
pode ser agora escrita da seguinte forma:
kttktt
t
tkt
t
tktt
PR
S
SS
S
SF
++
+
+
+=
,,
,
ε
(3.13)
Ou seja:
kttkttkttktt
PRfs
++++
+=
,,,,
ε
(3.14)
Cabe ressaltar novamente que
ktt
PR
+,
será o prêmio de risco apenas se as expectativas
forem racionais.
37
Entretanto ao testar a equação 3.14 da mesma maneira que testamos a equação 3.11
depara-se com um problema que
ktt
PR
+,
é uma variável não observável. A única variável
possível de se observar é a soma do prêmio de risco (
ktt
PR
+,
) com a variável aleatória
(
ktt +,
ε
). Ou seja, é impossível saber se o viés é devido ao prêmio de risco em si ou a erros
na expectativa dos agentes (expectativas não racionais).
A única informação que existe é que, dado as expectativas racionais dos agentes, o
valor esperado de
ktt +,
ε
é nulo e que este é totalmente não correlacionado com as demais
variáveis (ruído branco).
Como forma de caracterizar o prêmio de risco
ktt
PR
+,
, revisitaremos aqui o modelo de
decomposição proposto por Fama em 1984.
Antes porém, seja a definição de excesso de retorno numa posição no mercado futuro
de câmbio:
Excesso de Retorno =
=
+
++
+
kt
ktkt
kt
S
SF
f
(3.15)
38
3.5.2 O Modelo de Decomposição de Fama
Além da equação 3.11, Fama também considerou a regressão do excesso de retorno
ao abrir uma posição no mercado futuro de câmbio,
kt
f
+
, em relação ao forward premiun,
ktt
f
+,
. Dessa forma:
kttkttkt
ff
+++
++=
,,11
νβα
(3.16)
As equações 3.11 e 3.14, são dessa forma as duas equações analisadas por Fama:
kttkttktt
fs
+++
++=
,,,
εβα
Equações Fundamentais de Fama
kttkttkt
ff
+++
++=
,,11
νβα
Veja, em primeiro lugar, que se
t
S/1 for um martingale, a soma das duas equações
acima resultam:
)()()(
,,,11, kttkttkttktt
ff
++++
+++++=
νεββαα
o que obviamente resulta na seguinte conclusão:
0
1
=+
αα
1
1
=+
ββ
0
,,
=+
++ kttktt
νε
Apesar da obviedade da conclusão acima, a análise conjunta de ambas as regressões
ajuda a esclarecer a informação contida em cada uma delas. Para isso, sejam os limites em
probabilidade dos estimadores de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) de
β
e
1
β
:
)var(
),cov(
)lim(
,
,,
ktt
kttktt
MQO
f
fs
p
+
++
=
β
)
(3.17)
)var(
),cov(
)lim(
,
,
1
ktt
kttkt
MQO
f
ff
p
+
++
=
β
)
(3.18)
onde cov e var denotam por covariância e variância respectivamente.
As equações 3.17 e 3.18 possuem basicamente três variáveis distintas:
39
=
+
++
+
kt
ktkt
kt
S
SF
f
, o excesso de retorno quando aberta uma posição no
mercado futuro de câmbio.
=
+
+
t
tkt
ktt
S
SF
f
,
, o forward premiun.
=
+
+
t
tkt
ktt
S
SS
s
,
, o retorno no mercado de câmbio spot entre t e t+k.
Iremos agora reescrever estas variáveis em termos do prêmio de risco (
ktt
PR
+
,
) e da
expectativa racional dos agentes ][
,
kttt
SE
+
.
I. Excesso de Retorno (
kt
f
+
)
Pela equação 3.13 e admitindo que
t
S/1 seja um martingale, temos:
kttktt
kt
ktkt
kt
PR
S
SF
f
++
+
++
+
=
=
,,
ε
(3.19)
II. Forward Premiun (
ktt
f
+
,
)
Diretamente pela definição de prêmio de risco (“currency premiun”) da equação
3.12, temos:
=
++
+
t
tkttt
t
tktt
ktt
S
SSE
S
SF
PR
][
,,
,
Seja ainda a expectativa racional do retorno do mercado spot de câmbio entre t e
t+k, definida como:
=
+
+
t
tkttt
kttt
S
SSE
sE
][
)(
,
,
(3.20)
logo:
kttkttt
t
tktt
ktt
PRsE
S
SF
f
++
+
+
+=
=
,,
,
,
)(
(3.21)
III. Retorno no mercado spot de câmbio (
ktt
s
+
,
)
40
Pelas equações 3.14 e 3.21, temos:
kttktttktt
sEs
+++
+=
,,,
)(
ε
(3.22)
Desta forma, substituindo as equações 3.19, 3.21 e 3.22 nas equações 3.17 e 3.18, temos:
))(var(
))(,)(cov(
)lim(
,,
,,,,
kttkttt
kttktttkttkttt
MQO
PRsE
PRsEsE
p
++
++++
+
+
+
=
ε
β
)
))(,cov(2))(var()var(
))(,cov())(var(
)lim(
,,,,
,,,
ktttkttktttktt
ktttkttkttt
MQO
sEPRsEPR
sEPRsE
p
++++
+++
++
+
=
β
)
(3.23)
Análogamente,
))(,cov(2))(var()var(
))(,cov()var(
)lim(
,,,,
,,,
1
ktttkttktttktt
ktttkttkttMQO
sEPRsEPR
sEPRPR
p
++++
+++
++
+
=
β
)
(3.24)
Desta forma os dois coeficientes obtidos por 3.23 e 3.24 medem a contribuição
relativa dos dois componentes do forward premiun a expectativa racional de
desvalorização no mercado spot de câmbio ( )(
,
kttt
sE
+
) e o currency premiun (
ktt
PR
+
,
)
para a sua variância.
De fato quando estes dois componentes são ortogonais, ou seja,
0))(,cov(
,,
=
++ ktttktt
sEPR , então a decomposição é exata.
Fica também muito claro que, quando
β
é negativo, como foi citado nas tabelas 3.1 e
3.2, referente à revisão literária da regressão da equação 3.11, que a covariância entre o
currency premiun” e a expectativa racional do retorno no mercado spot deve ser também
negativa.
0))(,cov(
,,
<
++ ktttktt
sEPR (3.25)
Esta é a primeira conclusão de Fama, ou seja, a constatação empírica de
β
<0 implica
que 0))(,cov(
,,
<
++ ktttktt
sEPR .
A segunda conclusão de Fama refere-se à constatação empírica de que
β
<1/2. Dessa
forma, utilizando a equação 3.23, temos:
41
2/1
))(,cov(2))(var()var(
))(,cov())(var(
,,,,
,,,
<
++
+
++++
+++
ktttkttktttktt
ktttkttkttt
sEPRsEPR
sEPRsE
que implica:
)var(
,
ktt
PR
+
> ))(var(
,
kttt
sE
+
(3.26)
A equação 3.26 revela que, quando
β
<1/2, o que parece ocorrer empiricamente, a
variância do prêmio de risco (currency risk) deve ser maior que a variância da expectativa
racional do retorno no mercado spot de câmbio.
Ainda, substituindo 3.26 em 3.19, temos que:
))(var(
ktt
fE
+
> ))(var(
,
kttt
sE
+
(3.27)
Ou seja, os resultados empíricos da regressão da equação 3.11 e a posterior
decomposição de Fama, sugerem que excessos de retornos significativos existem e podem
ser previstos utilizando-se as informações passadas e correntes e que a variância dessa
expectativa de excesso de retorno é maior que a variância da expectativa do retorno do
mercado spot de câmbio.
Vimos que embora tenhamos, pelo modelo de decomposição de Fama, tirado algumas
conclusões estatísticas acerca do currency risk”, principalmente nos valores de
β
verificados empiricamente, o prêmio de risco (“currency risk”) não pode ser
determinado, simplesmente porque não é uma variável observável.
Ainda admitindo a expectativa racional dos agentes, existem basicamente dois
modelos que permitem extrair o currency risk.
Modelos de Capital Asset Pricing Model (CAPM) estático (Frankel 1982; Adler e
Dumas, 1983; Domowitz e Hakkio, 1985; Lewis, 1988; Engel e Rodrigues, 1989;
Giovannini e Jorion, 1989; Engel, 1992). A maior parte desses estudos concluíram
que o prêmio de risco era muito grande, porém não significativamente diferente de
zero.
Modelos Intertemporais de Precificação de Ativos em função de um
comportamento maximizador de um agente representativo, principalmente a partir
de Lucas (1982). Apesar de potencialmente poderem explicar o comportamento
empírico dos excessos de retorno esperado no mercado futuro de câmbio, várias
análises (Engel, 1995) mostraram que o coeficiente de aversão ao risco necessário
para adequar o prêmio de risco gerado pelo modelo ao comportamento empírico
dos excessos de retorno é grande demais.
Sem nos estendermos mais no assunto, existem ainda outras teorias desenvolvidas que
tentam explicar a violação da HME. Faremos um breve relato de tais estudos, sem
infelizmente entrarmos nos detalhes desse imenso arcabouço teórico.
42
3.5.3 Outras Explicações para a violação da HME
Uma explicação alternativa para a rejeição da HME além da existência de um prêmio
de risco é que pode existir ainda uma falha da hipótese de expectativas racionais. Dentre
as classes de modelos que investigam erros de expectativa podemos citar:
Modelos que assumem desvios da hipótese de expectativas racionais.
Bolhas Especulativas
Modelos que mantêm a hipótese de expectativas racionais, porém investigam
erros de previsão em função de problemas de viés da amostra (aprendizagem,
mudanças de regime e peso problem).
O grande problema verificado na literatura internacional é que ora os testes assumem a
hipótese de expectativas racionais como verdadeira (Fama, 1994; Hodrick and Sirivastava,
1984; Bilson, 1985) e atribuem a violação à falha da hipótese de neutralidade ao risco, ora
assumem a hipótese de neutralidade ao risco como verdadeira (Bilson, 1981; Longworth,
1981; Cumby e Obstfeld, 1984) e atribuem a violação à falha da hipótese de expectativas
racionais.
A existência de dados sobre as expectativas dos agentes (“survey data”) possibilitou
testar cada hipótese (neutralidade ao risco e expectativas racionais) individualmente
(Frankel e Froot 1987, Froot and Frankel, 1989).
Este modelo ficou conhecido na literatura internacional como Inefficiencies in
information processing and survey data studies”.
Descreveremos a seguir este importante modelo, sem, no entanto, testarmos ao menos
para o mercado brasileiro, deixando esta tarefa para estudos posteriores.
43
3.5.4 Modelos com Utilização de dados de Expectativas dos Agentes
A disponibilidade de dados acerca das expectativas dos agentes possibilitou que cada
hipótese fosse testada separadamente.
Retornemos à equação 3.11:
kttkttktt
fs
+++
++=
,,,
εβα
Sabemos que sob a HME, portanto, a hipótese nula seria
α
=0 e
β
=1, e que
ktt +
,
ε
seria ortogonal a toda a informação disponível no momento em que as expectativas são
formadas.
O coeficiente
β
, pode, entretanto ser desmembrado em:
PRER
βββ
=1
onde:
ER
β
: coeficiente relacionado à falha da hipótese de Expectativas Racionais
PR
β
: coeficiente relacionado à falha da hipótese de Neutralidade ao Risco
E a regressão definida em 3.11 pode ser decomposta de forma a permitir testar
individualmente as duas hipóteses:
ktt
t
tkttt
RERE
t
tkt
S
SSE
S
SS
+
+
+
+
+=
,
,
)(
εβα
(3.28)
ktt
t
tktt
PRPR
t
tkt
S
SF
S
SS
+
+
+
+
+=
,
,
ηβα
(3.29)
Onde )(
, kttt
SE
+
, a expectativa de câmbio para a data futura t+k, é agora uma variável
observável disponível em pesquisas de mercado (no Brasil pela pesquisa FOCUS
conduzida pelo Banco Central), que permite portanto determinar a parcela de falha de
expectativa racionais no viés encontrado no mercado futuro de câmbio.
Estudos realizados por Froot and Frankel (1987) revelaram que a falha na HME é em
grande parte devida a falha na hipótese de expectativas racionais.
O estudo proposto por Lewis (1990) e que tornou-se um forte argumento em tratar a
evidência de falha na hipótese de expectativas racionais e limitar as desastrosas
consequências desta evidência para a maioria dos modelos macroeconômicos é entendê-lo
como um processo de aprendizagem.
44
Ou seja, os agentes inicialmente não conhecem os parâmetros da economia e precisam
basear suas expectativas num modelo continuamente atualizado à luz de sua experiência e
aprendizado, fazendo o melhor possível com as informações disponíveis. Neste contexto,
tais agentes conseguiriam ser totalmente racionais no longo prazo, tendo todo o tempo
necessário para utilizar sua experiência e aprendizado na interpretação e aplicação
racional das informações disponíveis.
Finalizamos aqui o arcabouço teórico sobre a Hipóteses de Mercado Eficiente, suas
constatações empíricas, estatísticas e modelos adicionais na tentativa de explicar a
violação sistemática da HME.
A seguir, veremos se a violação sistemática da HME, constatada na literatura, permite
aos especuladores e outros investidores, realizar retornos excessivos condizentes com suas
necessidades de rentabilidade e riscos de suas carteiras em relação a outras oportunidades
disponíveis no mercado.
45
4. A Violação da Hipótese de Mercado Eficiente em um Modelo de Carteira Ótima de
Moedas
Vimos que os inúmeros testes realizados sobre a Hipótese de Mercado Eficiente com a
utilização da equação 3.11 evidenciaram sistemática violação e, portanto a existência de
retornos positivos e previsíveis.
Além disso, e evidência empírica de valores de
β
consistentemente e
significativamente negativos, proporcionam às estratégias de carry trade duas fontes de
excesso de retorno: a diferença de taxas de juros e a valorização da moeda em que estão
posicionados – a do país com maior taxa de juros.
Motivado pelo limitado sucesso das teorias econométricas ou econômicas em explicar
a sistemática violação da HME, Lyons (2001) propôs uma nova teoria a qual denominou
Limits to speculation Hypothesis (LSH)”. Em resumo, a LSH explica a sistemática
violação existe, porém que as estratégias de carry trade resultam em retornos sobre o risco
(Sharpe) menores que outras operações disponíveis no mercado, e que, portanto nenhum
especulador seria atraído em estratégias relacionadas à violação da HME.
Outros estudos teóricos, como Philips e Snow (1998) e Froot e Thaler (1990), também
concluíram que estratégias dispostas a especular a violação da HME não eram lucrativas o
suficiente, quando comparadas com outras oportunidades de investimento, para atrair a
atenção de investidores.
Entretanto, tais sugestões, que os retornos de estratégias de carry trade não são
lucrativas o suficiente, parece estar em desacordo com o que realmente se observa nas
mesas de operações.
De fato, a leitura constante de recomendações de grandes instituições financeiras, os
relatórios do BIS, e o contato diário com traders de grandes mesas de operações me
permitem dizer que operações de carry trade orientadas a lucrar com tal violação da HME
vêm sendo intensamente colocadas em prática pelos mais diferentes tipos de investidores.
Neste capítulo, será proposta uma estratégia diretamente relacionada à violação da
HME e à teoria de otimização de carteiras, que proporcione Sharpes atrativos o suficiente
para justificar a utilização maciça de operações de carry trade. Ou seja, o que se pode
concluir é que as estratégias comumente colocadas em prática pelos investidores devem
ser mais sofisticadas quando comparadas com as apresentadas na literatura.
46
4.1 Algumas Estratégias Iniciais de Carry Trade
Antes de aplicarmos o modelo de otimização de carteiras baseado nas violações da
HME, apresentaremos aqui estratégias simples de carry trade, ou seja, ainda sem qualquer
tipo de sofisticação.
Utilizaremos três moedas provenientes de países com baixas taxas de juros e algumas
moedas, provenientes de países com altas taxas de juros.
A estratégia de carry trade aqui implementada será de dois tipos:
Carry Trade de uma única moeda contra o dólar americano.
Carry Trade de cestas de moedas alocadas (pesos iguais na cesta).
Sejam então as moedas:
Tabela 4.1
Países com Taxas de Juros Baixas
País Taxa de Depósito Atual (3 meses)
EUA - USD 5,31%
Japão - JPY 0,47%
Suíça - CHF 1,91%
Fonte: Bloomberg
Tabela 4.2
Países com taxas de Juros mais Altas
País Taxa de Depósito Atual (3 meses)
G10
Austrália – AUD 6,30%
Nova Zelândia – NZD 7,55%
Ásia
Índia – INR 7,25%
Indonésia – IDR 9,12%
Filipinas – PHP 5,77%
Korea – KRW 4,22%
América Latina
Brasil – BRL 11,86%
Chile – CLP 5,54%
Colombia – COP 7,74%
México – MXN 7,17%
Europa
Hungria – HUF 8,06%
Islândia – ISK 14,38%
Turquia – TRY 20,00%
África do Sul – ZAR 9,18%
Fonte: Bloomberg
47
4.1.1 Análise de Estratégia de Carry Trade por Moeda contra o Dólar Americano
(USD)
O carry trade aqui analisado será proveniente da venda da taxa de câmbio a termo
(
kt
F
+
) contra o dólar americano, negociada no mercado de Outright Forward no mercado
internacional.
Observa-se abaixo a rentabilidade anual e o Sharpe resultante na utilização de
estratégias de carry trade de cada moeda, unicamente, contra o dólar americano (USD) no
período de 02/Janeiro/2001 até 01/Dezembro/2006.
A maioria das estratégias apresentam Sharpes menores que 1. Os países da América
Latina são o grupo de países que apresentam o menor Sharpe.
Gráfico 4.1
Gráfico 4.2
Retornodio Anual
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
BRL
CLP
COP
MXN
HUF
ISK
TRY
ZAR
INR
IDR
PHP
KRW
CAD
AUD
NZD
EUR
Sharpe
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
BRL
CLP
COP
MXN
HUF
ISK
TRY
ZAR
INR
IDR
PHP
KRW
CAD
AUD
NZD
EUR
48
O
Sharpe
aqui calculado refere-se ao
Sharpe
Anualizado, ou como é conhecido na literatura
como
Sharpe
Modificado. Ou seja:
I. Retorno Médio Anual
-
A cada mês é calculado o retorno da estratégia de
carry trade
da moeda
contra o dólar americano segundo a definição de excesso de retorno (Eq.
3.15):
=
+
++
+
kt
ktkt
kt
S
SF
f
-
O Retorno Médio Anual é então calculado da seguinte forma:
12
1
1
=
=
++
n
k
ktkt
f
n
f
II. Sharpe Modificado (Sharpe Anualizado)
-
Primeiramente é calculado o desvio padrão dos retornos mensais:
)(_
ktmensal
fpadrãodesvio
+
=
δ
-
O desvio padrão anualizado é então calculado da seguinte forma:
12=
mensalanual
δδ
-
O
Sharpe Anualizado
é então calculado pela razão entre o Retorno Médio
Anual e o Desvio Padrão Anualizado:
Sharpe Anualizado =
anual
kt
f
δ
+
49
4.1.2 Análise de Estratégia de Carry Trade com utilização de Carteiras
Analisaremos para o mesmo período se existe alguma melhora, no que diz respeito ao
Sharpe
, quando realizadas estratégias com cestas de moedas.
Ao invés de analisarmos estratégias de uma única moeda contra o dólar analisaremos
aqui, as seguintes carteiras contra uma carteira contendo o 33% de USD, 33% de CHF e
33% de JPY.
Tabela 4.3
Carteiras de Carry Trade
Carteira
Moedas
LATAM 25% BRL; 25% CLP; 25% COP; 25%
MXN
EUROPA
25% HUF; 25% ISK; 25% TRY; 25% ZAR
ÁSIA
25% INR, 25% IDR; 25% PHP; 25% KRW
G10 25% CAD; 25% NZD; 25% AUD; 25%
EUR
É importante ressaltar que não realizamos ainda nenhuma análise mais sofisticada, e
apesar disso, observa-se pelos gráficos abaixo que houve uma melhora expressiva no que
diz respeito aos
Sharpes
obtidos.
América Latina (LATAM) passou de um
Sharpe
Médio de 0,53 para 0,83
Europa passou de um
Sharpe
médio de 0,82 para 1,32.
Ásia passou de um
Sharpe
médio de 1,05 para 1,53
G10 passou de um
Sharpe
médio de 0,75 para 0,99
Gráfico 4.3
Gráfico 4.4
Retornodio Anual
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
LATAM
EUROPA
ÁSIA
G10
50
Gráfico 4.4
Ou seja, pelo simples fato de construirmos estratégias de cestas de moedas, mesmo
sem utilizar qualquer tipo de metodologia de otimização, observou-se melhoras
substanciais nos
Sharpes
obtidos.
Sharpe
-
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
LATAM
EUROPA
ÁSIA
G10
51
4.2 Um Modelo de Otimização de Carteiras
Lyons (2001) relata que os investidores geralmente alocam seu capital baseando-se no
Índice de
Sharpe
e que dificilmente um capital é alocado em estratégias com
Sharpes
menores que 0,4 (
Sharpe
médio de investimentos no mercado de ações americano nos
últimos 50 anos).
Além disso, referindo-se a conversas com investidores, Lyons (2001) relata que
Sharpes
menores que 0,5 são considerados não atrativos e, após uma análise de simples
estratégias envolvendo seis moedas que resultaram
Sharpes
entre 0,37 e 0,49, concluiu-se
que estratégias voltadas a explorar as violações da HME não são atrativas.
Um trabalho recente publicado no NBER (Burnside et al., 2006) mostrou que
estratégias de
carry trade
podem ser otimizadas (maior
Sharpe
) utilizando-se cestas de
moedas com o objetivo de maximizar a relação risco retorno. De fato o estudo evidenciou
que o resultado de tal estratégia apresenta retornos muito parecidos ao do S&P 500, porém
com um
Sharpe
muito maior.
Tal constatação poderia ser evidência de que carteiras ótimas de moedas podem
encorajar ainda mais estratégias de
carry trade
, tornando-as classes de ativos importantes
entre os investidores e, portanto justificar que estratégias mais sofisticadas baseadas na
violação da HME podem ser lucrativas.
Utilizaremos o trabalho de Burnside et al (2006) como base de nosso modelo,
entretanto com algumas modificações abaixo descritas que ficarão mais claras na medida
em que for apresentado o modelo.
O trabalho de Burnside et al (2006) inclui moedas dos seguintes países: Bélgica,
Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Dinamarca, Suíça, Inglaterra e EUA.
Foram selecionadas em nosso modelo outro universo de moedas, inclusive de
países emergentes, que possuem hoje, segundo o BIS e FXC, grande relevância
nas negociações diárias.
Nas regressões para teste da HME foi utilizado como método o SUR (
Seemingly
Unrelated Regression
) ao invés do OLS (
Ordinary Least Square
) de forma a
melhor considerar a correlação entre os erros das regressões com as moedas
(Frankel, 2004).
Na utilização de um Modelo Convencional de Otimização utilizaram-se
diretamente os retornos esperados e a matriz de covariância dos erros (definida
pela SUR). Esta metodologia ao contrário do que é realizado no trabalho de
Burnside et. al 2006 possibilita pesos negativos.
Infelizmente não foram considerados custos de transação e custos de compra e
venda (
bid and offer)
, que para as moedas emergentes adicionadas ao estudo,
tais dados ainda são muito imprecisos e na maioria das vezes inexistentes dada a
sua recente negociação no mercado internacional.
52
4.2.1 Seleção das Moedas
A análise inicial na escolha das moedas utilizadas no modelo é baseia-se em sua
liquidez no mercado internacional. Ou seja, para a análise proposta aqui é necessária a
utilização de moedas que podem efetivamente ser negociadas no mercado de balcão
internacional. Para isso voltemos à metodologia do BIS em seus relatórios trienais.
Os relatórios do BIS de 2001 para frente incluíram além das moedas dos principais
países desenvolvidos uma série de moedas de países em desenvolvimento de vários
continentes ditas em crescente importância no volume total negociado diariamente.
Logo adotamos como primeira seleção de moedas, as adotas pelo BIS em seus
relatórios trienais a partir de 2001, compreendendo 28 moedas.
Tabela 4.4
A segunda análise leva em conta o regime de câmbio adotado pelo país. Adotamos
retirar da amostra moedas com regime de câmbio fixo e currency borads.
Para essa análise foi utilizada informações do relatório anual do Fundo Monetário
Internacional (FMI) sobre regimes e restrições cambiais para cada país. Segue abaixo a
classificação do FMI sobre regimes de câmbio assim como os regimes cambiais dos
países em questão apresentados pelo fundo em 1999 (ínicio de nossas análises).
Tabela 4.5
País Moeda
Código
Internacional
Padrão
País Moeda
Código
Internacional
Padrão
Estados Unidos
US Dollar
USD
México
Mexican Peso
MXN
EURO
Euro
EUR
Rússia
New Rouble
RUP
Japão
Japanese Yen
JPY
Taiwan
New Taiwan Dollar
TWD
Inglaterra
Sterling Poud
GBP
Nova Zelândia
New Zeland Dollar
NZD
Suíça
Swiss Franc
CHF
Noruega
Norwegian Krone
NOK
Austrália
Australian Dollar
AUD
Filipinas
Philipine Peso
PHP
Brazil
Brazilian Real
BRL
Polônia
Polish Zloty
PLN
Canadá
Canadian Dollar
CAD
China
Renminbi
CNY
República Checa
Czech Kuruna
CZK
Indonésia Rupiah IDR
Dinamarca
Danish Krone
DKK
Singapura
Singapore Dollar
SGD
Hong Kong
Hong Kong dollar
HKD
África do Sul
South African Rand
ZAR
Hungria
Hungarian Forint
HUF
Suécia
Swedish Krona
SEK
Índia
Indian Rupee
INR
Tailândia
Thai Baht
THB
Coréia do Sul
Korean Won KRW
Turquia
Turkish Lira TRL
Estados Unidos
IF
México
IF
EURO
IF
Rússia
IF
Japão
IF
Taiwan
MF
Inglaterra
IF
Nova Zelândia
IF
Suíça
IF
Noruega
MF
Austrália
IF
Filipinas
IF
Brazil
IF
Polônia
CB
Canadá
IF
China
FP
República Checa
MF
Indonésia
IF
Dinamarca
HB
Singapura
IF
Hong Kong
CBA
África do Sul
IF
Hungria
CB
Suécia
IF
Índia
IF
Tailândia
IF
Coréia do Sul
IF
Turquia
CP
CBA
Currency Board
FP
Fixed
HB
Horizontal Bands
CP
Crawnling Peg
CB
Crawnling Band
MF
Managed Floating
IF
Independently Floating
53
Por esta análise foram retiradas as seguintes moedas da China e Hong Kong.
Na terceira fase de definição da amostra das moedas utilizadas, adotamos o fator de
representatividade por grupo de classificação. Entende-se por grupo de classificação a
definida pelo FMI.
Tabela 4.6
Entende-se por:
EMEA : Países Emergentes da Europa e África
LATAM: Países Emergentes da Amperica Latina
Observa-se que o grupo América Latina é pouco representado, logo incluímos o Peso
Colombiano. Inicialmente foi incluída também o Peso Chileno, porém por falta de dados
este foi excluído.
Enfim, a lista final compreendeu o as moedas que possuíam históricos desde
Novembro de 1999. Foram excluídas neste caso as seguinte moedas:
Rússia
Indonésia
Tailândia
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI)
CLASSIFICAÇÃO
SUB CLASSIFICAÇÃO
GRUPOS
China
Other Emerging Market and Developing Countries Developing Asia ASIA
Hong Kong
Advanced Economy Newly Industrialized Asian Economies ASIA
Índia
Other Emerging Market and Developing Countries Developing Asia ASIA
Indonésia
Other Emerging Market and Developing Countries Developing Asia - ASEAN 4 ASIA
Coréia do Sul
Advanced Economy Newly Industrialized Asian Economies ASIA
Filipinas
Other Emerging Market and Developing Countries Developing Asia - ASEAN 4 ASIA
Rússia
Other Emerging Market and Developing Countries Commonwealth of Independent States ASIA
Singapura
Advanced Economy Newly Industrialized Asian Economies ASIA
Taiwan
Advanced Economy Newly Industrialized Asian Economies ASIA
Tailândia
Other Emerging Market and Developing Countries Developing Asia - ASEAN 4 ASIA
República Checa
Other Emerging Market and Developing Countries Central and Eastern Europe; EUROPEAN UNION EMEA
Hungria
Other Emerging Market and Developing Countries Central and Eastern Europe EMEA
Polônia
Other Emerging Market and Developing Countries Central and Eastern Europe; EUROPEAN UNION EMEA
África do Sul
Other Emerging Market and Developing Countries África EMEA
Turquia
Other Emerging Market and Developing Countries Central and Eastern Europe EMEA
EURO
Advanced Economy EURO AREA EURO
Estados Unidos
Advanced Economy G7 G10
Japão
Advanced Economy G7 G10
Inglaterra
Advanced Economy G7; EURPEAN UNION; EURO AREA G10
Suíça
Advanced Economy Other G10
Canadá
Advanced Economy G7 G10
Austrália
Advanced Economy Other G10
Dinamarca
Advanced Economy EUROPEAN UNION G10
Noruega
Advanced Economy Other G10
Nova Zelândia
Advanced Economy Other G10
Suécia
Advanced Economy EUROPEAN UNION G10
Brazil
Other Emerging Market and Developing Countries Western Hemisphere LATAM
México
Other Emerging Market and Developing Countries Western Hemisphere LATAM
54
A lista final de moedas portanto para nosso estudo entre Nov/1999 e Nov/2006
compreendeu, portanto as seguintes moedas:
Tabela 4.7
País Moeda
Código
Internacional
Padrão País Moeda
Código
Internacional
Padrão
Estados Unidos
US Dollar USD
México
Mexican Peso MXN
EURO
Euro EUR
Rússia
New Rouble RUP
Japão
Japanese Yen JPY
Taiwan
New Taiwan Dollar TWD
Inglaterra
Sterling Poud GBP
Nova Zelândia
New Zeland Dollar NZD
Suíça
Swiss Franc CHF
Noruega
Norwegian Krone NOK
Austrália
Australian Dollar AUD
Filipinas
Philipine Peso PHP
Brazil
Brazilian Real BRL
Polônia
Polish Zloty PLN
Canadá
Canadian Dollar CAD
China
Renminbi CNY
República Checa
Czech Kuruna CZK
Indonésia Rupiah IDR
Dinamarca
Danish Krone DKK
Singapura
Singapore Dollar SGD
Hong Kong
Hong Kong dollar HKD
África do Sul
South African Rand ZAR
Hungria
Hungarian Forint HUF
Suécia
Swedish Krona SEK
Índia
Indian Rupee INR
Tailândia
Thai Baht
THB
Coréia do Sul
Korean Won KRW
Turquia
Turkish Lira TRL
Moedas em vermelho indicam as que foram retiradas da amostra
55
4.2.2 O Modelo de Carteira Ótima
Toda a análise aqui proposta baseia-se na utilização de estratégias de
carry trade
voltadas para a exploração da violação da HME.
Nossa equação da HME apresentada no capítulo anterior foi levemente modificada,
isso porque aqui estamos interessados no excesso de retorno da operação
+
++
1
1,
t
tktt
S
SF
.
A equação utilizada foi a apresentada 3.16, a mesma utilizada no trabalho de Burnside
et al (2006). Ou seja:
kttkttkt
ff
+++
++=
,,11
νβα
Ou:
ktt
t
tktt
t
tktt
S
SF
S
SF
+
+
+
++
+
+=
,
,
11
1
1,
νβα
Para o cálculo dos estimadores de
1
α
e
1
β
, é utilizada a mesma metodologia de Burnside
et al (2006), ou seja, a cada período (um mês) são calculados
kt
f
+
e
ktt
f
+,
. Sendo que
cada amostra será composta de trinta períodos.
A modificação aqui proposta foi utilizar a SUR (
Seemingly Unrelated Regression
)
para os cálculos da regressão da mesma forma que foi utilizada por (Frankel e Poonawala,
2006). Para maiores detalhes em relação ao SUR sugere-se a leitura do Apêndice II.
Desta forma, pode-se calcular as duas variáveis de entrada para o modelo de
otimização de carteiras:
o retorno esperado: ][
kt
fE
+
a variância do retorno esperado: Var[
kt
f
+
]
Pela estimação de
kt
f
+
pelo modelo SUR, temos:
kttkttkt
ff
+++
++=
,,11
ˆ
ˆ
ˆ
νβα
(
4.1
)
E,
kttkt
ff
++
+=
,11
ˆ
ˆ
ˆ
βα
(
4.2
)
Como uma das suposições básica do modelo é:
E[
ktt +,
ˆ
ν
] = E[
ktt +,
ν
] = 0,
56
Temos:
kttkt
ffE
++
+=
,11
ˆ
ˆ
][
βα
(
4.3
)
Desta forma, por 4.1 e 4.2, temos:
kttktkt
ff
+++
+=
,
ˆ
ˆ
ν
E que concluímos que:
Var(
kt
f
+
) = Var(
ktt +,
ˆ
ν
) (
4.4
)
São calculados para cada moeda os valores e variâncias de
kt
f
+
, assim como as
covariâncias.
O modelo de otimização de carteiras aqui proposto apresenta as seguintes
propriedades:
O Retorno (R) da carteira
ikt
n
i
i
fwR
,
1
+
=
=
, onde
i
w
representa o peso de cada moeda. Colocamos aqui uma
restrição de alocação, de tal forma que 11
<<
i
w
. Ou seja, ao contrário de
Bunrside at al (2006), propõe-se aqui um modelo em que os contratos a termo
ktt
F
+,
podem ser comprados ou vendidos. A única restrição aqui é que não podem
existir posições em determinado contrato futuro maiores em módulo que o
patrimônio da carteira.
O Sharpe Anualizado
A carteira escolhida na Fronteira Eficiente será a carteira de máximo Sharpe
Anualizado.
Restrição de Capital
1
1
=
=
n
i
i
w
57
Além disso, trata-se de um modelo convencional de média variância (Markowitz), cuja
carteira ótima é a carteira que maximiza o Índice de Sharpe Anualizado.
Gráfico 4.5
0%
10%
20%
30%
40%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Desvio padrão (%aa)
Retorno médio (%aa)
Ativos
Fronteira eficiente dos ativos com risco
Linha do mercado de capitais
Máximo índice de Sharpe
58
4.2.3 Os Dados
Utilizou-se dados, de maturidades de um mês, para as taxas de câmbio à vista (spot),
taxas de câmbio futuras (forward rates) de um mês e taxas de juros futuros de um mês,
todas extraídas da base de dados da Bloomberg.
Tabela 4.8
Respectivos Ativos – Base de Dados Bloomberg
País
Taxa de Juros de
um 1 dia (“Over
Night”)
Moeda Taxa de Juros
Futura de um
mês
Taxa de Câmbio
Futura de um
mês
Brasil
BZSELICA Index BRL Curncy PREDI30 INDEX BCN1M Curncy
EUA
FDTR Index
US0001M Curncy
União
Européia
EURR002W Index
USDEUR Curncy EUR001M Curncy
EUR1M Curncy
Japão
JODR Index JPY Curncy JY0001M Curncy JPY1M Curncy
Inglaterra
UKBRBASE Index
GBP Curncy BP0001M Curncy GBP1M Curncy
Suíça
SZRRO/N Index USDCHF Curncy SF0001M Curncy CHF1M Curncy
Austrália
RBACTR Index AUD Curncy BBSW1M Curncy AUD1M Curncy
Canadá
CCLR Index CAD Curncy CDOR01 Curncy CAD1M Curncy
República
Theca
CZBRREPO Index
CZK Curncy PRIB01M Curncy CZK1M Curncy
Dinamarca
DERE Index DKK Curncy CIBO01M Curncy DKK1M Curncy
Hong Kong
HKMAHIBR Index HKD Curncy HIHD01M Curncy HKD1M Curncy
Hungria
HBBRATE Index HUF Curncy BUBOR01M
Curncy
HUF1M Curncy
Índia
RSPOYLD Index INR Curncy IRSWOA Curncy IRN1M Curncy
Coréia do Sul
KOCR Index KRW Curncy
KWN1M Curncy
México
MXONBR Index MXN Curncy MXIBTIIE Curncy MXN1M Curncy
Rússia
RREFRATE Index
RUB Curncy RRNI1M Index RRN1M Curncy
Taiwan
NTON Index TWD Curncy CPTW30DY
Curncy
NTN1M Curncy
Nova Zelândia
NZOCRS Index NZD Curncy NFIX1MID Curncy
NZD1M Curncy
Noruega
NOBRDEPA
Index
NOK Curncy NIBOR1M Curncy
NOK1M Curncy
Filipinas
PPCBBLR Index PHP Curncy PREF1MO
Curncy
PPN1M Curncy
Polônia
PORERATE Index
PLN Curncy WIBO1M Curncy PLN1M Curncy
China
CNIBR1D Index CNY Curncy CCSWOA CDBH
Curncy
CCN1M Curncy
Indonésia
IDINO/N Index IDR Curncy IRFX1M Curncy IDR1M Curncy
Singapura
SIBC3M Index SGD Curncy SORF1M Curncy SGD1M Curncy
África do Sul
SARPRT Index ZAR Curncy JIBA1M Curncy ZAR1M Curncy
Suécia
SWRRATEI Index SEK Curncy STIB1M Curncy SEK1M Curncy
Tailândia
TBRP1T Index THB Curncy THFX1M Curncy THB1M Curncy
Turquia
TUIBON Index TRY Curncy TRLIB1M Curncy TRY1M Curncy
Chile
CHOVCHOV
Index
CLP Curncy CHNI1M Index CHN1M Curncy
Colômbia
CLDR1T Index COP Curncy CLNI1M Index CLN1M Curncy
Para alguns países, os dados referentes à taxa de câmbio futura pareceram não ser
confiáveis. Como se tratam de dados provenientes de negociações em mercado de balcão,
é possível, realmente, a existência de imprecisões. Tais problemas foram mais recorrentes
nas moedas de países emergentes cujas negociações, no mercado internacional, são mais
recentes e com menos liquidez quando comparadas com as moedas dos países
desenvolvidos. Para isso, nestes casos, o mercado futuro de câmbio foi sintetizado pelos
59
diferenciais de taxas de juros seguindo a equação de Paridade Coberta de Juros (3.1).
Nesse caso como o Risco de Crédito (Default) para um mês é muito pequeno e
dificilmente observável em séries históricas, este não foi levado em consideração para
efeito de simplificação.
60
4.3 Resultados
Primeiramente com relação às regressões da Equação 3.16, observou-se coeficientes
significativamente diferentes de zero ao vel de significância de 5%, ou seja, evidências
de que na maioria dos casos existiram violações a HME que proporcionaram algum tipo
de estratégia dada pelo modelo.
Casos como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Polônia e Turquia chamaram a atenção
por não apresentarem
β
significativamente (5%) diferentes de zero em mais de 50% das
56 regressões. Entretanto, mesmo assim tais moedas foram utilizadas na determinação da
carteira ótima por contribuírem para a redução do risco diversificável dada sua correlação
com outras moedas.
Com relação à carteira ótima obtida, observou-se um aumento expressivo no Sharpe
quando comparadas com as estratégias de carry trade de únicas moedas contra o dólar
americano.
Gráfico 4.5
Esse resultado, mesmo sabendo que não foram considerados custos de transação, são
relevantes e podem levar a conclusões de que em estratégias mais sofisticadas, as
violações da HME são lucrativas o suficiente para atrair a atenção dos investidores.
As moedas que mais chamaram a atenção, ou seja, que apresentaram pesos maiores que
5% em mais de 50% das vezes, foram:
Tabela 4.9
Destaques de Moedas com Pesos >5%
Moeda Freqência com Pesos > 5%
KRW 100%
INR 82%
GBP 79%
CZK 77%
NZD 71%
BRL 68%
HUF 66%
PLN 55%
TRL 55%
CHF 54%
(0,20)
-
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
Cart OLS
Cart SUR
Sharpe
61
De outro lado, também se pode citar as moedas que mais vezes tiveram seus pesos
menores que 5%.
Tabela 4.10
Destaques de Moedas com Pesos <-5%
Moeda Freqência com Pesos <- 5%
JPY 82%
AUD 75%
COP 70%
EUR 68%
SEK 68%
MXN 59%
SGD 52%
NOK 50%
Ou seja, como era de se esperar, o Ien do Japão (JPY) foi uma das moedas que mais
teve seu peso negativo na carteira.
Por outro lado, o dólar australiano surpreendeu e posicionou-se como uma das moedas
que mais teve seu peso negativo na carteira, e ao contrário das suposições do BIS de que
possivelmente possam ter existido movimentos de carry trade concentrados nesta moeda
de 2001 a 2004. Mesmo assim, o dólar da Nova Zelândia, outra moeda citada no trabalho
do BIS como moeda utilizada para estratégias de carry trade, apresentou pesos acima de
5% em 71% das vezes.
62
Conclusão
Utilizando-se uma estratégia voltada à exploração de violações da HME mais
sofisticada (modelos de otimização de carteiras de média variância e maximização do
índice de Sharpe), obteve-se um índice de Sharpe Anualizado
3
entre 1,2 e 2.
O trabalho de Burnside et al (2006) apresentou Sharpes entre 0 e 0,4. Nesse trabalho,
foram alcançados Sharpes entre 0,35 e 0,6. A utilização de moedas de países emergentes
portanto foi essencial para a obtenção de carteiras com Sharpes sensivelmente maiores e
mais estáveis, muito provavelmente devido a ganhos de correlação entre a amoedas e
mitigação maior do risco diversificável.
Uma importante fonte de melhoria seria ainda considerar a incerteza sobre os
parâmetros, e, portanto os retornos esperados em cada período na alocação das moedas,
usando uma fronteira eficiente re-amostrada, seguindo a abordagem de Zimmer e
Niederhauser (2004). Esta melhoria seria importante em tratar problemas como o
verificado em moedas como o dólar australiano, que não apresentaram coeficientes
significativos ao nível de 5%.
Os coeficientes estimados ao longo dos períodos também apresentaram alguma
variação acima do esperado, muito provavelmente devido a falta de dados amostrais que
influenciam nos resultados da estimação. Dessa forma outra fonte de melhoria seria
utilizar modelos Bayesianos ou dinâmicos como filtro de Kalman (Hamilton, 1998).
Para introduzir no modelo os custos de transação, pode-se ainda utilizar modelos de
estimativa de bid and ask spreads (ver Bessembinder, 1994) dado que se observou
alguma dificuldade em obter tal custo de negociação pela simples observação dos dados
disponíveis. De alguma forma, esta omissão, em relação ao trabalho de Burnide, pode ter
gerado Sharpes super estimados.
De qualquer forma, o modelo pode ser considerado uma importante evolução de
Burnside et al (2006), na medida em que aumento o número de moedas na alocação
podemos alcançar Sharpes ainda melhores.
3
Sharpe Anualizado = Sharpe * (12)^0.5
Sharpe (Janela de 30 períodos)
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
nov/05
jan/06
mar/06
mai/06
jul/06
set/06
Sharpe Anualizado (Janela de 30 períodos)
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
nov/05
jan/06
mar/06
mai/06
jul/06
set/06
63
Os Sharpes obtidos são considerados atraentes para tipos de investidores como hedge
funds e investidores institucionais, lembrando que segundo Lyons (2001), somente
Sharpes menores que 0,4 não eram considerados interessantes.
A pergunta que permanece, que concluímos uma melhora expressiva no Sharpes
com a utilização de um modelo mais sofisticado quando comparado com o estudo de
Lyons (2001) é: Porquê tal violação que, por este modelo, aparentemente é atrativa em
termos de retornos ajustados ao risco, permanecem?
Uma recente teoria, desenvolvida em Lyons (2001), “Abordagem por Microestrutura:
Fluxos de Ordem” (Microstrutucture Approach: Order Flow), parece ser a mais
convincente até agora.
Trata-se de uma teoria que cita agentes importantes no mercado de câmbio como
fundos de pensão, fundo mútuos, empresas, importadores, exportadores e seguradoras,
que, mesmo não sendo alavancados, possuem fluxos de ordens às vezes próprios e não
especulativos, como por exemplo uma repatriação de lucros por uma grande empresa
localizada num país emergente ou uma empresa exportadora preocupada em realizar o
hedge de suas operações. Tais fluxos, poderiam ser contra os fluxos de especuladores
preocupados em estratégias direcionadas a explorar as violações da HME. Enfim, os
fluxos de especuladores deveriam ser muito grandes para eliminar a violação.
Outra teoria importante é a que trata do retorno marginal decrescente, na medida em
que o volume direcionado na estratégia aumenta. Ou seja, se um agente estivesse disposto
a explorar a violação da HME, por exemplo, este veria seu Sharpe diminuir na medida em
que o volume na estratégia aumenta. De fato, cada vez são mais freqüentes grandes
reversões nas moedas em que o carry trade parece ser a estratégia principal e a
possibilidade de retornos decrescentes parece desestimular o carry trade, mesmo que a
violação ainda persista.
De qualquer forma, um país, apresentando desequilíbrio entre o hiato de produto e
demanda por bens, e possuindo um modelo econômico baseado em câmbio flutuante e
inflation target, seria tentado a manter taxas de juros mais altas. Este país estaria pagando
um custo - a persistência da violação da HME - na tentativa de manter sua inflação
controlada. Este custo seria tanto maior quanto maiores as intervenções em sua moeda
para evitar grandes apreciações.
Nesse caso, seria interessante analisar, num trabalho futuro, o impacto de um aumento
relevante de fluxos direcionados a realizar o carry trade na moeda desse país. Certamente,
se nenhuma intervenção fosse realizada, a violação terminaria muito antes, pois tais fluxos
levariam a uma apreciação desta moeda de tal forma que, pela teoria do retorno
decrescente, estratégias de carry trade se tornariam cada vez menos lucrativas, dado que
reversões seriam mais acentuadas e rotineiras. Ou seja, as estratégias de carry trade,
“famintas” extrair todo o lucro da violação da HME, rapidamente empurrariam a moeda
para níveis não condizentes com sua estrutura de balanço de pagamentos atual,
aumentando sensivelmente a probabilidade de grandes reversões catalisadas por zeragens
de posições de carry trade.
Como forma de melhorar ainda mais o modelo, pode-se incluir na formação da
expectativa de retorno do câmbio spot futuro, uma variável sensível ao fluxo incorrido na
moeda. Medidas técnicas de Força Relativa (RSI – Relative Strengh Index), que são muito
64
utilizadas pelos agentes no mercado de câmbio na determinação de mercados muito
comprados ou muito vendidos, seriam importantes em antecipar movimentos de reversão,
podendo dessa forma melhorar as medias de Sharpe da estratégia.
Enfim, não foi o objetivo desse trabalho entender a persistência da violação da HME,
nem tampouco explicar sua existência. Apresentamos aqui um modelo mais sofisticado do
que modelos apresentados para o mesmo fim em outros trabalhos teóricos e que parece
estar mais de acordo com as práticas de mercado.
65
Referência Bibliográfica
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developed and emerging economies”, Journal of International Economics, 51, 115-44.
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Sergio L. Schmukler, Luis Serven (2002), “Princing Currency Risk: Facts and Puzzles From
Currency Boards”, NBER
67
Apêndice I – Regressões Aparentemente não Relacionadas
(SUR – Seemingly Unrelated Regression)
O método de estimação SUR possibilita que cada equação tenha a sua própria forma
funcional, levando em consideração apenas a correlação existente entre os erros das
equações. Descreve-se, aqui, o método SUR de estimação, como originalmente feito por
Zellner (1962), levando-se em consideração um conjunto de equações de regressão,
descrito matricialmente como:
Onde, aplicando-se ao nosso modelo, ou seja, à equação 3.16, temos:
kt
fYm
+
= , para a moeda m;
ktt
fXm
+
=
,
, para a moeda m;
E, por fim
m
µ
é o erro aleatório, com média zero.
Vários métodos existem para resolver este tipo de equação. Apresentaremos aqui o
Método dos Mínimos Quadrados Generalizados (Generalized Least Squares GLS), que
pode ser encontrada em Greene (capítulo 15.34, página 615, 1993).
Segundo Zellner (1962), aput, Greene (1993), o estimador eficiente é o dos mínimos
quadrados generalizados (GLS). O estimador ótimo e a matriz de covariância assintótica
do estimador podem ser encontrados na referência acima citada.
Segundo Greene (1993), a estimação de um conjunto de equações utilizando o
procedimento SUR equivale à estimação dessas mesmas equações por OLS quando:
O sistema de equações não for correlacionado.
Se as equações apresentarem exatamente as mesmas variáveis explicativas.
Se os regressores de um bloco de equações são um subconjunto de outro.
Portanto, existem possibilidades de melhoria de estimação do SUR em relação a uma
estimação OLS, quando:
1.
Os erros do sistema são correlacionados.
2.
As variáveis explicativas têm pouca correlação têm pouca correlação entre si
(quanto mais diferentes forem as variáveis explicativas, menor a correlação)
É necessário ressaltar que, mesmo nas condições acima, o método OLS resultará em
estimadores ainda não-viesados, porém ineficientes.
68
Portanto, a utilização do SUR ao invés do OLS em nosso modelo, deveu-se
basicamente a presença das duas hipóteses acima mencionadas:
Os mercados financeiros estão crescentemente mais integrados e, portanto,
regressões da equação 3.16 para diversas moedas provavelmente apresentam erros
correlacionados.
A variável explicativa
ktt
fXm
+
=
,
, ou forward premiun, de cada moeda, são
diferentes, não podendo-se dizer entretanto que sua correlação é baixa como
deveria ser o caso dada a hipótese 2 acima.
De qualquer forma, o modelo aqui apresentado, que tem como objetivo final construir
carteiras ótimas de moedas baseia-se na existência de erros correlacionados. Caso isso não
ocorresse, não faria sentido criar uma carteira de moedas, já que os ativos seriam
independentes, o que justifica a utilização do SUR no cálculo dos estimadores.
69
Apêndice II – Resultados
Todos os resultados obtidos foram através de rotinas e funções próprias do Matlab.
70
Estimativas da Regressão (BRL) - Método OLS
Data Inicial Data Final α Β Significância (5%) Teste F
03-dez-99
29-abr-02
-0,0463
4,62
0
11%
03-jan-00
29-mai-02
-0,0383
3,73
0
19%
02-fev-00
28-jun-02
-0,0268
2,41
0
43%
03-mar-00
29-jul-02
-0,0117
0,80
0
81%
03-abr-00
28-ago-02
-0,0177
1,40
0
65%
03-mai-00
27-set-02
-0,0044
(0,20)
0
96%
02-jun-00
28-out-02
-0,0098
0,36
0
92%
03-jul-00
27-nov-02
-0,0244
1,77
0
60%
02-ago-00
27-dez-02
-0,0313
2,41
0
45%
01-set-00
27-jan-03
-0,0247
1,82
0
52%
02-out-00
26-fev-03
-0,0294
2,24
0
38%
01-nov-00
28-mar-03
-0,0422
3,40
0
16%
01-dez-00
28-abr-03
-0,0641
5,34
1
2%
01-jan-01
28-mai-03
-0,0584
4,83
1
3%
29-jan-01
27-jun-03
-0,0617
5,12
1
2%
28-fev-01
28-jul-03
-0,0581
4,81
1
2%
30-mar-01
27-ago-03
-0,0557
4,57
1
2%
30-abr-01
26-set-03
-0,0558
4,58
1
2%
30-mai-01
27-out-03
-0,0562
4,64
1
2%
29-jun-01
26-nov-03
-0,0563
4,62
1
2%
30-jul-01
26-dez-03
-0,0556
4,60
1
2%
29-ago-01
26-jan-04
-0,0548
4,58
1
1%
28-set-01
25-fev-04
-0,0555
4,61
1
1%
29-out-01
26-mar-04
-0,0552
4,60
1
1%
28-nov-01
26-abr-04
-0,0545
4,58
1
1%
28-dez-01
26-mai-04
-0,0576
4,70
1
1%
28-jan-02
25-jun-04
-0,0563
4,65
1
1%
27-fev-02
26-jul-04
-0,0555
4,62
1
1%
29-mar-02
25-ago-04
-0,0533
4,52
1
1%
29-abr-02
24-set-04
-0,0515
4,45
1
1%
29-mai-02
25-out-04
-0,0513
4,44
1
1%
28-jun-02
24-nov-04
-0,0496
4,37
1
1%
29-jul-02
24-dez-04
-0,0487
4,35
1
1%
28-ago-02
24-jan-05
-0,0486
4,35
1
1%
27-set-02
23-fev-05
-0,0478
4,34
1
1%
28-out-02
25-mar-05
-0,0485
4,33
1
1%
27-nov-02
25-abr-05
-0,0489
4,45
1
1%
27-dez-02
25-mai-05
-0,0484
4,47
1
1%
27-jan-03
24-jun-05
-0,0483
4,48
1
1%
26-fev-03
25-jul-05
-0,0484
4,44
1
1%
28-mar-03
24-ago-05
-0,0482
4,44
1
1%
28-abr-03
23-set-05
-0,0468
4,43
1
1%
28-mai-03
24-out-05
-0,0467
4,43
1
1%
27-jun-03
23-nov-05
-0,0463
4,41
1
1%
28-jul-03
23-dez-05
-0,0474
4,46
1
1%
27-ago-03
23-jan-06
-0,0459
4,39
1
1%
26-set-03
22-fev-06
-0,0422
4,17
1
2%
27-out-03
24-mar-06
-0,0421
4,17
1
1%
26-nov-03
24-abr-06
-0,0401
4,04
1
2%
26-dez-03
24-mai-06
-0,0461
4,43
1
1%
26-jan-04
23-jun-06
-0,0415
4,13
1
1%
25-fev-04
24-jul-06
-0,0388
3,96
1
2%
26-mar-04
23-ago-06
-0,0359
3,77
1
2%
26-abr-04
22-set-06
-0,0368
3,82
1
2%
26-mai-04
23-out-06
-0,0329
3,57
1
2%
25-jun-04
22-nov-06
-0,0327
3,56
1
2%
71
Estimativas da Regressão (BRL) - Método SUR
Data Inicial Data Final α Β Significância (5%)
03-dez-99
29-abr-02
-0,0505
5,00
1
03-jan-00
29-mai-02
-0,0199
2,09
0
02-fev-00
28-jun-02
-0,0368
3,30
0
03-mar-00
29-jul-02
-0,0155
1,13
0
03-abr-00
28-ago-02
-0,0157
1,23
0
03-mai-00
27-set-02
0,0122
(1,64)
0
02-jun-00
28-out-02
0,0132
(1,61)
0
03-jul-00
27-nov-02
0,0034
(0,59)
0
02-ago-00
27-dez-02
-0,0151
1,06
0
01-set-00
27-jan-03
-0,0234
1,71
0
02-out-00
26-fev-03
-0,0270
2,05
0
01-nov-00
28-mar-03
-0,0444
3,57
0
01-dez-00
28-abr-03
-0,0552
4,65
1
01-jan-01
28-mai-03
-0,0448
3,78
1
29-jan-01
27-jun-03
-0,0444
3,81
1
28-fev-01
28-jul-03
-0,0413
3,54
1
30-mar-01
27-ago-03
-0,0377
3,23
1
30-abr-01
26-set-03
-0,0391
3,35
1
30-mai-01
27-out-03
-0,0336
2,98
1
29-jun-01
26-nov-03
-0,0295
2,65
0
30-jul-01
26-dez-03
-0,0347
3,06
1
29-ago-01
26-jan-04
-0,0309
2,82
0
28-set-01
25-fev-04
-0,0283
2,60
0
29-out-01
26-mar-04
-0,0305
2,77
0
28-nov-01
26-abr-04
-0,0323
2,93
1
28-dez-01
26-mai-04
-0,0345
2,99
1
28-jan-02
25-jun-04
-0,0332
2,94
1
27-fev-02
26-jul-04
-0,0348
3,08
1
29-mar-02
25-ago-04
-0,0317
2,92
1
29-abr-02
24-set-04
-0,0297
2,82
1
29-mai-02
25-out-04
-0,0307
2,90
1
28-jun-02
24-nov-04
-0,0314
3,02
1
29-jul-02
24-dez-04
-0,0350
3,32
1
28-ago-02
24-jan-05
-0,0338
3,24
1
27-set-02
23-fev-05
-0,0348
3,36
1
28-out-02
25-mar-05
-0,0345
3,28
1
27-nov-02
25-abr-05
-0,0341
3,35
1
27-dez-02
25-mai-05
-0,0342
3,41
1
27-jan-03
24-jun-05
-0,0352
3,50
1
26-fev-03
25-jul-05
-0,0306
3,11
1
28-mar-03
24-ago-05
-0,0308
3,14
1
28-abr-03
23-set-05
-0,0309
3,24
1
28-mai-03
24-out-05
-0,0301
3,18
1
27-jun-03
23-nov-05
-0,0295
3,15
1
28-jul-03
23-dez-05
-0,0319
3,31
1
27-ago-03
23-jan-06
-0,0302
3,21
1
26-set-03
22-fev-06
-0,0290
3,18
1
27-out-03
24-mar-06
-0,0299
3,25
1
26-nov-03
24-abr-06
-0,0267
3,03
1
26-dez-03
24-mai-06
-0,0280
3,05
1
26-jan-04
23-jun-06
-0,0229
2,71
1
25-fev-04
24-jul-06
-0,0291
3,21
1
26-mar-04
23-ago-06
-0,0290
3,23
1
26-abr-04
22-set-06
-0,0261
3,00
1
26-mai-04
23-out-06
-0,0240
2,87
1
25-jun-04
22-nov-06
-0,0253
2,98
1
72
Resumo - Regressão OLS (Todas as Moedas)
Período Inicial: 03-dez-99 à 29-abr-02
Período Final: 22-jun-04 à 22-nov-06
Moedas
α (Médio) Β (Médio) Frequência de β
Significativos (5%)
BRL (0,044)
3,917
79%
EUR 0,002
7,357
86%
JPY 0,006
3,764
50%
GBP (0,005)
5,956
70%
CHF 0,012
6,802
38%
AUD (0,008)
7,188
79%
CAD 0,001
3,710
7%
CZK 0,003
6,649
11%
HUF (0,013)
3,643
21%
INR (0,004)
2,045
23%
KRW (0,002)
6,174
91%
MXN (0,021)
3,755
100%
NZD (0,010)
7,734
86%
NOK (0,005)
5,144
77%
PLN 0,004
0,871
0%
SGD 0,003
2,883
50%
ZAR (0,047)
9,068
91%
SEK 0,000
6,899
98%
TRL (0,008)
0,654
0%
COP (0,023)
5,045
96%
73
Resumo - Regressão SUR (Todas as Moedas)
Período Inicial: 03-dez-99 à 29-abr-02
Período Final: 22-jun-04 à 22-nov-06
Moedas
α (Médio) β (Médio) Frequência de β
Significativos (5%)
BRL -0,02952
2,794304
73%
EUR 0,002143
4,225294
91%
JPY 0,003998
2,877933
30%
GBP -0,00215
3,591561
55%
CHF 0,007266
3,900041
91%
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1,135609
0%
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0%
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4,576687
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61%
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100%
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95%
TRL 0,007221
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0%
COP -0,02385
5,258556
98%
74
Alocações das Carteiras Ótimas - Método OLS
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
29-abr-02
29-
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
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CHF
AUD
CAD
CZK
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INR
KRW
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SEK
TRL
COP
28-out-02
28-
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20%
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100%
BRL
EUR
JPY
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CHF
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CZK
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TRL
COP
28-abr-03
28-
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-80%
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-40%
-20%
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20%
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BRL
EUR
JPY
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CZK
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KRW
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TRL
COP
27-out-03
27-
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
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100%
BRL
EUR
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GBP
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CZK
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KRW
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TRL
COP
26-abr-04
26-
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-80%
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-20%
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20%
40%
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BRL
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JPY
GBP
CHF
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CZK
HUF
INR
KRW
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NZD
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SGD
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SEK
TRL
COP
25-out-04
-100%
-80%
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-20%
0%
20%
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BRL
EUR
JPY
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CHF
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CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
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PLN
SGD
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SEK
TRL
COP
25-abr-05
-100%
-80%
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-40%
-20%
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20%
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100%
BRL
EUR
JPY
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CHF
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CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
24-out-05
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
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60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
23-out-06
75
Histórico de Alocações Por Moeda - Método OLS
Histórico de Alocações Por Moeda - Método OLS
(Continuação)
BRL
-30%
-20%
-10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
EUR
-120%
-100%
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-40%
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0%
20%
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60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
JPY
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
GBP
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-20%
0%
20%
40%
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80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
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jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CHF
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
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abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
AUD
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CAD
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CZK
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
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100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
HUF
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
76
Histórico de Alocações Por Moeda - Método OLS (Continuação)
INR
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
KRW
-20%
0%
20%
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60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
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jan/06
abr/06
jul/06
out/06
MXN
-120%
-100%
-80%
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-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
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100%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
NZD
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
NOK
-120%
-100%
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-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
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100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
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jan/06
abr/06
jul/06
out/06
PLN
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abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
SGD
-100%
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-40%
-20%
0%
20%
40%
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100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
ZAR
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
SEK
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
77
Histórico de Alocações Por Moeda - Método OLS (Continuação)
TRL
-20%
0%
20%
40%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
COP
-100%
-80%
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-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
78
Alocação das Carteiras Ótimas – Método SUR
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
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80%
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JPY
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CZK
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NZD
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PLN
SGD
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SEK
TRL
COP
29-abr-02
-100%
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-40%
-20%
0%
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PLN
SGD
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SEK
TRL
COP
28-out-02
-100%
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-20%
0%
20%
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100%
BRL
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JPY
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CHF
AUD
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PLN
SGD
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TRL
COP
28-abr-03
-100%
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-20%
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BRL
EUR
JPY
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CHF
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HUF
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KRW
MXN
NZD
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PLN
SGD
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TRL
COP
27-out-03
-100%
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-40%
-20%
0%
20%
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60%
80%
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BRL
EUR
JPY
GBP
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AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
26-abr-04
-100%
-80%
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-40%
-20%
0%
20%
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BRL
EUR
JPY
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CHF
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CZK
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KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
25-out-04
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
25-abr-05
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
24-out-05
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
BRL
EUR
JPY
GBP
CHF
AUD
CAD
CZK
HUF
INR
KRW
MXN
NZD
NOK
PLN
SGD
ZAR
SEK
TRL
COP
23-out-06
79
Histórico de Alocações Por Moeda - Método SUR
BRL
-20%
0%
20%
40%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
EUR
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
JPY
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
GBP
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CHF
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
AUD
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CAD
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
CZK
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
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abr/05
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out/05
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abr/06
jul/06
out/06
HUF
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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abr/04
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out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
80
Histórico de Alocações Por Moeda - Método SUR (Continuação)
INR
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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jan/06
abr/06
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out/06
KRW
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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jan/06
abr/06
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out/06
MXN
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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abr/05
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jan/06
abr/06
jul/06
out/06
NZD
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
abr/02
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jan/05
abr/05
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out/05
jan/06
abr/06
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out/06
NOK
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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out/02
jan/03
abr/03
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jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
PLN
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
abr/02
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abr/03
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abr/04
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out/04
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abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
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out/06
SGD
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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out/02
jan/03
abr/03
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out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
ZAR
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
abr/02
jul/02
out/02
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abr/03
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abr/04
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abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
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out/06
SEK
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
abr/02
jul/02
out/02
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abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
81
Histórico de Alocações Por Moeda - Método SUR (Continuação)
Retornos Mensais e Acumulados – Carteira de Otimização (Método SUR)
TRL
-20%
0%
20%
40%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
COP
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
abr/02
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out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
Retorno - Carteira Ótima
-10,00%
-5,00%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
abr/02
jul/02
out/02
jan/03
abr/03
jul/03
out/03
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
out/05
jan/06
abr/06
jul/06
out/06
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%
160%
180%
200%
Retorno Mensal
Retorno Acumulado
Livros Grátis
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