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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DA AMONIZAÇÃO DE FENOS DE
RESÍDUO DE PÓS-COLHEITA DE SEMENTES DE
Brachiaria brizantha, C.V. MARANDU
Marcella de Toledo Piza Roth
Zootecnista
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Fevereiro de 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DA AMONIZAÇÃO DE FENOS DE
RESÍDUO DE PÓS-COLHEITA DE SEMENTES DE
Brachiaria brizantha, C.V. MARANDU
Marcella de Toledo Piza Roth
Orientador: Prof. Dr. Flávio Dutra de Resende
Co-Orientador: Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias - UNESP, Campus de Jaboticabal,
como parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Zootecnia.
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
2008
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Roth, Marcella de Toledo Piza
R845a
Avaliação da amonização de fenos de resíduo de pós colheita de
sementes de
Brachiaria brizantha cv. Marandu / Marcella de Toledo
Piza Roth. – – Jaboticabal, 2008
ix, 65 f.; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2008
Orientador: Flávio Dutra de Resende
Banca examinadora: Leonardo de Oliveira Fernandes, Telma
Teresina Berchielli
Bibliografia
1. Gado de corte - Confinamento. 2.Feno - Tratamento químico.
3.
Brachiaria brizantha cv. Marandu. I. Título. II. Jaboticabal-
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.2:636.085
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
MARCELLA DE TOLEDO PIZA ROTH filha de Paul Antony Roth e
Martha de Toledo Piza Roth, nasceu em Rio Claro SP, em 12 de maio de 1981.
Ingressou no curso de Zootecnia na Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus
de Jaboticabal em março de 2000, onde foi estagiária do Setor de Forragicultura
do departamento de Zootecnia no período de dezembro de 2002 à julho de 2004 e
posteriormente foi bolsista do CNPq no período de agosto de 2004 a julho de
2005. Graduou-se em Zootecnia em dezembro de 2005. Em março de 2006
ingressou no curso de pós-graduação, Mestrado em Zootecnia, pela Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal, sob orientação do Prof. Dr. Flávio
Dutra de Resende e co-orientação de Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis. Atualmente
é professora do curso de Zootecnia na UNIFEB, Barretos - SP, onde ministra as
disciplinas: Bromatologia e Nutrição animal.
i
O único sonho impossível de ser realizado
é aquele em que você não acredita....
ii
Ofereço:
A Deus e a Nossa Senhora,
Por sempre cuidarem de mim,
Ao Espírito Santo,
Por iluminar meu caminho,
Ao meu anjo da guarda,
Por sempre estar ao meu lado me protegendo,
Dessa forma nunca me senti sozinha!!!
iii
A vida é uma evolução, passo a passo, sem pulos, sem saltos...
(R. W. Trine)
Por isso dedico...
Aos meus pais Paul e Martha,
BEM e MÃE vocês são tudo pra mim,
A Minha irmã Anna Paula,
DÉ você é a melhor irmã do mundo (hehehe),
A minha avó Cecília,
VÓVIS não tenho palavras pra agradecer todo seu amor por mim,
Ao meu namorado Gustavo,
Guzinho se não fosse sua ajuda, carinho e amor por mim...nem sei,
...Esse passo tão importante da minha vida
Vocês sempre estão ao meu lado, e sempre me apóiam e ajudam muito,
Amo muito vocês,
O amor e carinho a mim oferecidos sempre serão indispensáveis...
Muito obrigada!!!
iv
AGRADECIMENTOS
A Universidade Estadual Paulista FCAV – Campus de Jaboticabal pela
acolhida e oportunidade de realização de mais uma etapa da minha formação
profissional.
Ao Polo regional, APTA de Colina, pela disponibilização do local e materiais
além de funcionários e pesquisadores, indispensáveis a realização de boa parte
dessa dissertação.
A CAPES e ao CNPq por terem concedido bolsa de estudos.
A FAPESP por ter financiado esse projeto.
A Empresa Nutroeste Nutrição Animal Ltda pelo fornecimento das rações
experimentais.
Ao Pesquisador Dr. Flávio Dutra de Resende por ter acreditado em mim,
aceitando me orientar, pela ajuda constante e amizade. É um privilégio ser sua
orientada e conviver com sua família. Obrigada também a Ana, Higor e Ana Flávia
pelo carinho.
Ao Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis por ter acreditado em mim e
possibilitado mais uma vez meu crescimento profissional e pessoal. Obrigada por
ter aceitado me co-orientar nessa etapa, permitindo que eu estudasse a “parte de
maior relevância dentre as possíveis na conservação de forragens”, obrigada
também a Dona Sandra pela acolhida.
A prof. Dr
a
. Telma Teresinha Berchielli por ter contribuído muito durante o
desenvolvimento desse trabalho, por ter auxiliado na defesa de projeto e
qualificação e também pela importante contribuição na banca de defesa. Obrigada
por fazer parte da minha formação e pela convivência.
Ao Dr. Leonardo de Oliveira Fernandes por ter contribuído muito com essa
dissertação pelas sugestões oferecidas e por ter aceitado participar da banca de
defesa.
Ao Prof. Dr. Alexandre A. Moraes Sampaio pelas contribuições realizadas
na defesa do projeto e na qualificação, bem como a oportunidade de convivência.
v
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal (LANA) Ana Paula, Sr.
Orlando e Magali.
A secretária do Departamanto de Zootecnia Nutrição Animal e
Forragicultura, Adriana, pela amizade e auxílio nas questões burocráticas.
Ao pessoal da seção de pós-graduação pela enorme ajuda, sempre
resolvendo os “problemas”.
Ao pessoal do Laboratório de Tecnologia pela oportunidade de realização
das análises, e aos alunos de pós-graduação Gabriel e Liandra.
A todos os funcionários da APTA de Colina, principalmente Assobio,
Miltinho, Zezé, Tonha, Marcia, Flora, Vitória, Dona Lurdes, Sueli e Toinzinho que
contribuíram muito com a realização desse experimento.
Aos funcionários do laboratório de análise de carnes do IZ de Nova
Odessa.
Aos pesquisadores da APTA de Colina pela acolhida, apoio e amizade,
Ricardo, Fernando, Marcelo Ticeli, Ivana, Elaine, José Antônio, José Fernando,
Vitor, Celso, e pela grande ajuda Marcelo Faria, Flávio e Gustavo.
Ao pessoal, alunos de graduação e pós-graduação, que fizeram parte
dessa fase Roberta, Estella, Maria Fernanda, Daniel, Rodrigo Vidal, Felipe, Cintia,
Marcia, Juci, Giovane, Daniel (Sassa), Henrique, Ricardinho, Michele (Marmita),
Anna Paula (Nanica), Gabriela (Parasita) e Rafael (Zóio) que de alguma maneira
contribuíram.
Amigos que passaram por Jaboticabal, e aos que ficaram de “fora”, as
vezes distantes mais sempre me apoiando, Vivian (Xisp), Maria Eliane (Durva),
Raphael (Consolo), Thiago (Grisalho), Fábio (Fabinho), Marcio, Anne, Lavínia,
Daniel (Kaspa), Cissa, Diego, Gelson e Ricardo (Gay).
Ao amigos Izabelle, Gustavo, Pedrinho e Ana Luiza pelo carinho.
A toda minha família pela torcida e amor: Mãe e Bem, Dé, Carol, Tia Marília
e Tio João, Vóvis e Vovô Almeida, Madrinha, Gigi, Tio Paulo, Tia Marina, e
Diogo, Antônio, Fernando, Tio James (Boy) e Vó Nani “in memória”.
vi
“Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as
conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos
tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais
de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido...
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja
pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos
a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão
passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são
aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram
meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!”
A gente não faz amigos, reconhece-os.
(Vinícius de Moraes)
A todos vocês que de alguma forma marcaram esses momentos da minha vida...
MUITO OBRIGADA!!!
i
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................... ii
SUMMARY...................................................................................................... iii
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................. 1
1. Introdução................................................................................................. 1
2. A produção de sementes e o contexto de utilização do resíduo de pós-
colheita..................................................................................................... 3
3. Tratamentos químicos.............................................................................. 5
4. Volumosos de baixa qualidade na alimentação de ruminantes................ 13
5. Objetivos gerais........................................................................................ 16
CAPÍTULO 2 TRATAMENTO QUÍMICO DO RESÍDUO DE PÓS-
COLHEITA DE SEMENTES DA Brachiaria brizantha COM DIFERENT
ES
TEORES DE UMIDADES................................................................................ 17
RESUMO..................................................................................................... 17
1. Introdução................................................................................................. 18
2. Material e Métodos................................................................................... 20
3. Resultados e Discussão........................................................................... 23
4. Conclusões............................................................................................... 34
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS
DE CARCAÇA DE BOVINOS DE CORTE CONFINADOS ALIMENTADOS
COM FENOS DE RESÍDUO DE PÓS-
COLHEITA DE SEMENTES DE
Brachiaria brizantha.........................................................................................
35
RESUMO..................................................................................................... 35
1. Introdução................................................................................................ 36
2. Material e Métodos.................................................................................. 37
3. Resultados e Discussão.......................................................................... 42
4. Conclusões.............................................................................................. 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 57
ii
AVALIAÇÃO DA AMONIZAÇÃO DE FENOS DE RESÍDUO DE PÓS-COLHEITA
DE SEMENTES DE Brachiaria brizantha, cv. MARANDU
RESUMO Foram realizados dois experimentos, objetivando-se avaliar a
composição química e valor nutritivo de fenos de resíduo de pós-colheita de
sementes de Brachiaria brizantha e o desempenho e características de carcaça de
animais alimentados com fenos amonizados e sem tratamento, suplementados
com diferentes fontes de proteína. No primeiro experimento foi avaliada a
composição química dos fenos tratados com amônia anidra ou uréia como fonte
de amônia em diferentes doses e com diferentes teores de umidades comparados
ao feno sem tratamento com baixa umidade. O tratamento com amônia anidra
gerou redução nos teores de FDN e elevação na digestibilidade da MS em relação
ao grupo controle, sem interferência significativa do teor de umidade. Em relação
ao tratamento com uréia a dose de 5% reduziu os teores de FDN em relação ao
feno não tratado, sendo necessária à elevação da umidade para 30% para
promoção de efeito sobre a digestibilidade da MS. No segundo experimento, 24
bovinos foram alimentados com feno não tratado suplementado com nitrogênio
não protéico (FNTNNP), feno não tratado suplementado com farelo de algodão
(FNTFA), feno tratado com 5 % de uréia na MS (FTU) e feno tratado com 3 % de
amônia anidra na MS (FTA). Os tratamentos foram definidos com base no primeiro
experimento. Com relação ao ganho médio diário de peso (kg/dia) e conversão
alimentar (kg de MS ingerida/kg de GMD) observou-se diferença significativa
evidenciando melhor desempenho nos animais alimentados com FTA com valores
de 1,336 kg/dia e 8,34 kg de MS ingerida/kg de GMD, seguido dos alimentados
com FNTFA com valores de 1,161 kg/dia e 8,98 kg de MS ingerida/kg de GMD,
respectivamente. Os consumos de nutrientes diferiram resultando em maiores
consumos de FDN, FDA e CEL pelos animais do tratamento com FTA. Os valores
de maciez não apresentaram diferença significativa, porém resultaram em valores
de maciez adequada. Constatou-se que a amonização, com amônia ou uréia,
melhora o valor nutritivo dos fenos, porém as respostas animais são mais
marcantes quando se utiliza amônia. Tanto a amonização com uréia quanto o
fornecimento de fonte de proteína verdadeira suplementar ao feno não tratado
propiciaram desempenhos satisfatórios aos bovinos. Todos os tratamentos
produziram carne de qualidade.
Palavras-chave: amonização, desempenho animal, fenação, rendimento de
carcaça, tratamento químico
iii
EVALUATION OF AMMONIATION IN HAYS WASTE POST-HARVEST OF
SEEDS OF Brachiaria brizantha, cv. MARANDU
SUMMARY - Two experiments were carried out in order to evaluate the
chemical composition and nutritional value of hay residue of post-harvest seed of
Brachiaria brizantha and performance and carcass characteristics of animals fed
with hay ammoniation and without treatment supplemented with different sources
of protein. In the first experiment, the chemical composition of the hay treated with
anhydrous ammonia or urea, was assessed in different doses and with different
levels of humidity compared to the hay without treatment with low humidity. The
anhydrous ammonia treatment reduced the hay NDF content, and increased the in
vitro dry matter digestibility (IVDMD) values, compared to the control. The moisture
content didn’t affect the anhydrous ammonia effects. The urea application (5% of
DM) reduced the NDF values of the hays, however just the association with the
highest moisture content (30% of DM) increased the IVDMD values. In the second
experiment, 24 cattle were fed with no treated hay plus no nitrogen protein
(NTNNP), no treated hay plus cotton seed meal (NTCS), treated hay with urea,
5.0% of DM (TU), and treated hay with anhydrous ammonia, 3.0% of DM (TA)..
The treatments were defined based on the first experiment. The initial weight, dry
matter daily intake, and intake in relation to the body weight did not differ among
treatments. The animals feed with TA showed better values of the daily weight
gain, feed efficiency, 1.336 kg/day, and 8.34 kg/kg of weight gain, followed by the
NTCS, 1.161 kg/day, and 8.98 kg/kg, respectively. The animals of the TA showed
highest NDF, ADF and cellulose intake. The values of tenderness showed no
significant difference among treatment, however appropriate values of tenderness
were observed on the experiment. It was observed that the ammoniation with
ammonia or urea, improves the nutritional value of hay, but the answers animals
are most found when using ammonia. The no treated hay plus cotton seed meal
and treated hay with urea, 5.0% of DM provided satisfactory performance to cattle.
All treatments produced high quality meat.
Key words: ammoniation, animal performance, carcass characteristics, chemical
treatment, haymaking
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução
O Brasil, por ser um dos principais produtores agrícolas mundiais, gera
anualmente uma grande variedade e quantidade de resíduos agroindustriais.
Estes resíduos podem assumir importância considerável na alimentação de
ruminantes, principalmente, em períodos, nos quais a escassez de forragens
torna-se o fator preponderante que limita a produtividade desses animais (SOUZA
et al., 2002).
A finalidade de estudo desses resíduos agroindustriais destina-se não
somente a busca por sanar a escassez de alimentos para ruminantes durante a
época de redução da produtividade das gramíneas tropicais, mas também um
aumento com a preocupação com o meio ambiente.
ROSA & FADEL (2001), em revisão, abordam sobre as tendências e
perspectivas da produção de bovinos de corte. Os autores descrevem que a
terminação de animais em confinamentos deverá aumentar no futuro, o que pode
ser confirmado nos dias atuais. Por considerarem a alimentação o item de maior
importância, por representar maior parcela de custo, relatam também que ocorrerá
uma polarização de confinamentos ao redor de usinas e de destilarias de açúcar e
álcool, face aos produtos produzidos por essa cadeia agro-industrial, como o
bagaço e as pontas de cana-de-açúcar. As indústrias que processam outros
produtos agrícolas (conserva de alimentos, limpeza de grãos como soja, milho,
sementes, etc.) também têm a capacidade de provocar a concentração de áreas
de confinamento de bovinos ao seu redor.
A quantidade de resíduos de pós-colheita de sementes de forrageiras
tropicais no Brasil, é grande, estima-se que anualmente sejam descartados 2,8
milhões de toneladas de matéria seca (SOUZA & SILVEIRA, 2006). A queima tem
sido a alternativa preferida de eliminação desse resíduo, pois é barata, rápida e
eficiente, além de controlar ervas daninhas, doenças e pragas, porém essa prática
2
contribui para poluição do ar pela liberação de fumaça, gases e partículas
(ANDRADE, 2006).
O alongamento de caule, resultado do florescimento das plantas implica na
redução da relação folha/caule, resultando em forragem de valor nutritivo reduzido
(REIS et al., 2001a). Segundo esses autores os fenos produzidos com esse
material com alto teor de fibra, muito lignificado e com baixo teor de proteína
podem ser melhorados com aplicação de produtos químicos.
Diversas pesquisas têm indicado que o tratamento de volumosos de baixo
valor nutritivo, utilizando fontes de amônia, pode melhorar a qualidade desses
produtos, elevando significativamente seu valor nutritivo, consumo e
conseqüentemente, aproveitamento pelos animais, por promover alterações
acentuadas nos componentes das frações fibrosas e compostos nitrogenados
(PEREIRA et al., 1993; ROSA et al., 1998a; REIS et al., 2001a; FERNANDES et
al., 2002; PIRES et al., 2004; ZANINE et al., 2007).
De acordo com revisão feita por DETMANN et al. (2003) os determinantes
primários da conversão de forragens a produtos animais são: o consumo de
matéria seca (CMS) ou de energia; a digestibilidade e as eficiências de conversão
da energia digestível a energia metabolizável e desta a energia líquida.
O primeiro efeito da nutrição animal sobre a qualidade da carne está
relacionado com o CMS, animais que apresentam esses valores elevados
implicam em altas taxas de crescimento, que resultarão em maior deposição de
gordura, considerando mesmo peso vivo. Os ingredientes das dietas têm efeitos
diretos, como coloração amarelada da gordura de animais terminados a pasto, e
efeitos indiretos, como alto nível de consumo de energia que ocasiona maior
deposição de gordura intramuscular, sobre a qualidade da carne (LADEIRA &
OLIVEIRA, 2006). A influência sobre a coloração da carne e gordura, textura,
maciez e suculência são pontos importantes a serem considerados quando se
deseja atender as preferências do mercado consumidor de carne bovina.
3
2. A produção de sementes e o contexto de utilização do resíduo de
pós-colheita
No ano de 2004, o Estado de São Paulo possuía 8.541.634 ha destinados a
áreas de pastagens cultivadas, e para possibilitar as reformas dessas áreas
contava com 62.269 ha destinados a produção de sementes de forrageiras (IEA,
2005). No Brasil, em 2006, foram destinados 172.333.073 ha para pastagens
(IBGE, 2006), que são a base da alimentação dos rebanhos produtores de carne e
de leite.
Segundo SOUZA & SILVEIRA (2006) o suporte para expansão das áreas
de pastagens cultivadas no território nacional deve-se à disponibilidade de
sementes de boa qualidade, que por sua vez está relacionado com fatores
edafoclimáticos favoráveis e a presença de empresariado dinâmico. A
disponibilidade de cultivares adaptados às condições ambientais do país faz
atualmente do Brasil o maior produtor, consumidor e exportador de sementes de
plantas forrageiras tropicais, gerando em torno de 100.000 toneladas por ano de
sementes.
Cerca de 90% dos campos são destinados à produção de sementes de três
espécies e seus respectivos cultivares: Brachiaria brizantha cvs. Marandu e
Xaraés, Brachiaria decumbens cv. Brasilisk, e Panicum maximum cvs. Tanzânia,
Mombaça e Massai. Dentre essas, a Brachiaria brizantha cv. Marandu ocupa mais
de 50% da área total (SOUZA & SILVEIRA, 2006).
O “método de varredura” que consiste em resgatar as sementes caídas das
inflorescências e acumuladas na superfície do solo é de grande eficiência no caso
de colheita de sementes de gramíneas tropicais, como por exemplo, da espécie
Brachiaria brizantha, por esse motivo esse é o método de colheita mais utilizado.
Além disso, segundo LAGO & MARTINS (1998) a colheita por varredura possibilita
a retirada das sementes do campo com aproximadamente 10% de umidade, não
necessitando de secagem adicional.
4
O grande volume de forragem resultante deste método de colheita é um
grave problema. Sua permanência no campo representa um incômodo a ser
movido de um lado para outro para expor as sementes que estão sobre a
superfície do solo. Sua permanência no campo, de um ano para o outro, causa
diminuição da produtividade de sementes na próxima safra, pois inibe o
perfilhamento das touceiras encobertas e contribui para o aumento da quantidade
de impurezas nas sementes colhidas. Em várias regiões, a queima foi a solução
dada a este problema até recentemente; entretanto, o exercício mais rigoroso da
legislação ambiental tem impossibilitado esta prática ilegal. Assim, como uma
solução parcial aos problemas, em algumas regiões, a forragem tem sido
enfardada como feno de baixa qualidade e vendida para alimentação animal
(SOUZA, 2001).
Segundo SOUZA & SILVEIRA (2006) anualmente, no Brasil são produzidos
e descartados cerca de 2,8 milhões de toneladas de resíduos provenientes da
colheita de sementes de gramíneas tropicais pelo método de varredura.
Esse resíduo deve ser retirado para auxiliar o manejo de rebrota da
forragem, não prejudicando assim a próxima colheita. Porém é constituído
principalmente por talos e folhas secas, gerando um material de baixo valor
nutritivo para consumo animal, sendo, portanto queimado na maioria das
propriedades contribuindo para poluição atmosférica e queimadas acidentais das
áreas próximas.
As gramíneas tropicais utilizadas sob a forma de pastejo pelos animais
ruminantes, constituem base de uma alimentação adequada ao crescimento
animal quando são providas principalmente de grande quantidade de folhas,
sendo que o máximo consumo animal, nessas pastagens, ocorre quando essas
apresentam alta densidade de folhas acessíveis aos ruminantes. Porém, dada a
dinâmica do crescimento do pasto essa condição não é mantida por longo período
de tempo (CARVALHO et al., 2005). Sabe-se que no florescimento, época onde a
planta prioriza a produção de sementes ocorre um rápido crescimento de caule, e
uma maior lignificação das folhas, presentes em baixa quantidade, e é nesse
5
estádio vegetativo que são gerados os resíduos da produção de sementes dessas
culturas.
Portanto, tem-se que, o aproveitamento de resíduos de pós-colheita de
sementes de gramíneas tropicais na alimentação de ruminantes não é direto,
depende de algumas considerações em busca de melhora do valor nutritivo
desses volumosos, ou de suplementação adequada.
É de grande interesse dos produtores agrícolas encontrarem rapidamente
alternativas viáveis para descarte da forragem, sendo que prevalece, entre eles a
noção de que, mais que um problema, a forragem pode representar oportunidade
de obtenção de renda (SOUZA & SILVEIRA, 2006).
Do mesmo modo pecuaristas continuam na busca incessante por alimentos
com adequação nutricional e baixo custo, a fim de aumentar a rentabilidade de
sua atividade. Além disso, pode-se inferir que o não aproveitamento desse resíduo
na produção de ruminantes, por exemplo, gera a necessidade de ocupação de
outra área destinada à produção de alimentos para esses animais, que poderia
estar sendo utilizada na produção de cereais para consumo humano,
possivelmente reduzindo também os custos desses produtos.
Deve-se considerar, todavia, que os volumosos citados anteriormente são
de baixa qualidade, pois apresentam alto conteúdo de parede celular (valores
acima de 60%) e de fibra em detergente ácido (FDA) acima de 40%, e baixos
teores de proteína bruta (PB) (abaixo de 6,0%), de minerais e de vitaminas, sendo
a digestibilidade da matéria seca (MS) baixa (40 a 50%), o que resulta em baixos
níveis de consumo (REIS & RODRIGUES, 1993).
3. Tratamentos químicos
Diversos recursos têm sido testados visando melhorar o aproveitamento de
forragens de baixa qualidade, como tratamentos físicos, químicos ou biológicos,
suplementação ou combinação de dois ou mais destes (ROSA et al., 1998a). Uma
6
alternativa viável para melhorar o valor nutritivo desses volumosos é o tratamento
dos fenos com produtos químicos, sendo mais utilizados os hidróxidos de sódio,
potássio, cálcio e amônio, a amônia anidra e a uréia como fonte de amônia
(SUNDSTOL & COXWORTH, 1984; BERGER et al., 1994; REIS et al., 2001a).
Segundo ROSA & FADEL (2001) dentre os tratamentos químicos avaliados,
principalmente com palhas ou resíduos de culturas e, mais recentemente, com
fenos, destacam-se o uso da amônia anidra (NH
3
) ou da uréia, processo
denominado de amonização.
Em revisão RODRIGUES & SOUZA (2006) descrevem sobre vantagens e
desvantagens na escolha do produto químico que se deseja utilizar na
amonização de volumosos. O hidróxido de sódio é apontado como o mais
eficiente, porém de difícil aplicação, alto custo além de proporcionar riscos de
contaminação ambiental, como alternativa a esse produto tem-se o hidróxido de
cálcio, porém com menor eficiência. Do mesmo modo os autores classificam a
amônia, e colocam a uréia como alternativa por apresentar eficiência semelhante,
menor custo, aplicação facilitada e não prejudicar a saúde.
A amônia anidra é o nome químico dado ao composto que apresenta um
átomo de nitrogênio e três de hidrogênio (NH
3
). Possui teor elevado de nitrogênio
(82%) e, normalmente, é encontrada no estado líquido sob baixas temperaturas ou
pressões relativamente altas. A uréia (NH
2
CONH
2
), que, por sua vez, possui, em
média, 44% de nitrogênio, é encontrada na forma sólida e necessita de umidade e
presença da enzima urease para que possa produzir 2NH
3
+ CO
2
, para cada
molécula de uréia (PIRES et al., 2004).
Simultaneamente, ocorrem dois processos dentro da massa da forragem
tratada com uréia: ureólise, a qual transforma a uréia em amônia, e o segundo
ocorre posteriormente, quando a amônia formada gera os efeitos nas paredes da
célula da forragem (GARCIA & PIRES, 1998).
Em revisão feita por ROSA & FADEL (2001) tem-se que a ureólise é uma
reação enzimática que requer a presença da enzima “urease” no meio. A urease é
praticamente ausente nas palhas ou material morto, como por exemplo, os capins
7
secos. De acordo com WILLIANS et al. (1984), a urease produzida pelas bactérias
“ureolíticas”, durante o tratamento de resíduos, tais como as palhadas, é
suficiente, pelo menos em determinadas condições onde a umidade não é
limitante. Somente em casos específicos de forragens muito secas, e que não
possam ser umedecidas, a adição de ureáse seria necessária. A umidade e a
temperatura, e suas interações, devem favorecer a atividade da bactéria e de sua
enzima.
A análise dos dados obtidos por REIS et al. (2001b) com amonização de
fenos de Brachiaria decumbens e análise dos resultados relatados por
BERTIPAGLIA et al. (2005) com amonização de fenos de Brachiaria brizantha cv.
Marandu sugerem que a atividade ureática dos fenos dessas plantas colhidas no
estádio de pós-florescimento é suficiente para desdobrar a uréia aplicada, desde
que os conteúdos de umidade não limitem a atividade da enzima. Os autores
relatam a necessidade de mais estudos a fim de definir essa umidade que ficaria
em torno de 20 a 30%.
De acordo com REIS & RODRIGUES (1993) três reações podem ocorrer
com a adição de amônia em volumosos, ressaltando que os mesmos processos
podem ocorrer com uréia após transformação em amônia, conforme descrito
anteriormente.
A primeira reação, definida pelos autores como a de maior importância, é a
reação de amoniólise, onde ocorre reação entre a amônia e um éster, produzindo
uma amida. Essas ligações do tipo ésteres podem ser encontradas entre a
hemicelulose ou a lignina com grupos de carboidratos estruturais.
A reação de amoniólise pode ser esquematizada:
O O
II II
R1—C—O—R2 + NH
3
R1—C—NH
2
+ H—O—R2
em que:
R1= molécula de carboidrato estrutural;
8
R2= outra molécula de carboidrato estrutural, ou um átomo de hidrogênio
de um ácido carboxílico, ou uma unidade fenil-propano da lignina.
Avaliando o efeito da amonização sobre o feno de Festuca arundinacea
Schreb., BUETTNER et al. (1982) verificaram a ação da amônia sobre as ligações
do tipo ésteres com a conseqüente redução na absorvância para os comprimentos
de ondas relativos às ligações do tipo ésteres e aumento nas ligações amidas. Os
pesquisadores salientaram que as modificações nas propriedades de absorvância
no feno tratado resultaram da quebra de ligações do tipo ésteres por meio de uma
reação “amoniólise”, com a conseqüente formação de amidas.
A segunda equação baseia-se na característica da amônia em apresentar
alta afinidade com a água, resultando na formação de uma base fraca, o hidróxido
de amônio (NH
4
OH), durante o tratamento de forragens úmidas com esse
composto.
A reação de formação do hidróxido de amônio pode ser esquematizada:
NH
3
+ H
2
O NH
4
OH
A terceira reação, segundo os autores seria a hidrólise alcalina das ligações
tipo éster, que ocorre na seqüência do processo da segunda reação, onde a base
fraca, NH
4
OH, proporciona hidrólise alcalina resultante da reação do hidróxido de
amônio com as ligações ésteres entre os carboidratos estruturais da forragem.
A reação de hidrólise alcalina das ligações tipo éster pode ser
esquematizada:
O O
II II
R1—C—O—R2 + NH
4
OH R1—C—O + NH
4
+
+ H—O—R2
em que:
R1= molécula de carboidrato estrutural;
9
R2= outra molécula de carboidrato estrutural, ou um átomo de hidrogênio
de um ácido carboxílico, ou uma unidade fenil-propano da lignina.
No processo de amonização, adição de amônia em volumosos, a base
fraca forma-se por meio de reação exotérmica que pode ser constatada pelo
aumento da temperatura na forragem em tratamento (SUNDSTOL &
COXWORTH, 1984).
Segundo ROSA & FADEL (2001) a alta afinidade da amônia com a água
promove expansão da parede celular e ruptura de componentes dos tecidos de
forragens amonizadas, que podem ser constatados por meio de estudos de
microscopia eletrônica.
O tratamento de forragens ricas em lignina e celulose com amônia anidra,
segundo os mesmos autores, teve início na primeira década do século passado.
Na década de setenta, os trabalhos foram bastante desenvolvidos na Europa e,
nesta mesma década, foram iniciados nos Estados Unidos. No Brasil, os trabalhos
de pesquisa tiveram início em 1984 (ROSA & FADEL, 2001).
Forragens, em geral, apresentam estrutura complexa em sua parede
celular, composta, principalmente, das frações de celulose, hemicelulose e lignina
(GARCIA & PIRES, 1998). A associação da lignina com as outras duas frações é
responsável pela baixa digestibilidade de muitas forragens.
PIRES et al. (2003) em revisão sobre amonização, descreve que essa
tecnica tem sido utilizada com o intuito de conservar forragens com alto teor de
umidade, como silagens, e também para a melhoria do valor nutritivo de
volumosos em geral por meio do fornecimento de nitrogênio não protéico, por
redução de na fração da fibra em detergente neutro (FDN) e pelo aumento na
digestibilidade do material tratado.
O tratamento com amônia anidra ou uréia promove alterações acentuadas
na composição química do volumoso, principalmente nos componentes da fração
fibrosa e nos compostos nitrogenados (PEREIRA et al., 1993; ROSA et al., 1998a;
REIS et al., 2001a). Uma das principais alterações na composição química da
fração fibrosa de volumosos tratados com amônia é a solubilização da
10
hemicelulose, resultando em diminuição no conteúdo de FDN (5 a 12%). Estudos
que pesquisaram os efeitos da amonização sobre os conteúdos de FDA, celulose
e lignina não são consistentes (SUNDSTOL & COXWORTH, 1984).
Segundo REIS & RODRIGUES (1993), além desse efeito sobre a fibra, o
qual aumenta a disponibilidade de carboidratos prontamente fermentescíveis para
os microrganismos do rúmen, a amonização eleva o conteúdo de nitrogênio não
protéico dos volumosos de baixa qualidade. O resultado é um aumento
significativo (8 a 12%) na digestibilidade da forragem tratada.
Além de melhorar o valor nutritivo a amonização pode ser utilizada no
controle de microrganismos indesejáveis ao processo de fenação ou ensilagem.
Na literatura são apresentados relatos da presença de fungos em fenos,
principalmente em função do armazenamento com umidade superior a 20%, o que
implica em deterioração do volumoso (FREITAS et al., 2002) podendo ocasionar
problemas sanitários nos rebanhos e até prejuízos à saúde humana.
A amonização com amônia ou uréia pode ser utilizada com finalidade de
preservação de fenos por apresentar efeito fungistático, reduzindo perdas no
armazenamento, preservando a qualidade dos volumosos. Dados obtidos por
ROSA et al. (1998b) mostraram que aplicações de 1,0% de NH
3
, 0,9 e 1,8% de
uréia reduziram para quatro gêneros de fungos, de um total de 10, e controlaram
em 100% os fungos do gênero Aspergillus, o que foi considerado pelos autores,
resultado positivo.
Segundo FREITAS et al. (2002) dentre os fungos presentes em fenos com
alto teor de umidade, os do gênero Aspergillus e Penicillium são os principais
responsáveis pela produção de micotoxinas prejudiciais aos animais. O estudo
realizado por esses autores mostrou que tanto a amônia (1,0%) quanto a uréia
(0,9 e 1,8%) foram eficientes em reduzir a ocorrência desses fungos nos fenos de
Alfafa (Mendicago sativa L.) com alta umidade, amonizados.
No resíduo de pós-colheita, não é realizado um processo de secagem da
forragem adequado, pois as leras ficam muito altas e largas devido a grande
quantidade de massa 20 t/ha de MS (SOUZA & SILVEIRA, 2006),
11
conseqüentemente esse fato pode acarretar em excesso de umidade na porção
inferior e possivelmente proliferação de fungos e produção de micotoxinas nos
fenos produzidos com esses materiais.
Fatores como dose aplicada, fonte de nitrogênio, material tratado, período
de tratamento e teor de umidade influenciam o resultado da amonização. A dose
de nitrogênio aplicada está em torno de 1,0 a 1,5% de amônia anidra e de 3,0 a
5,0% de uréia, com base na matéria seca, quando o objetivo for conservação, e de
2,0 a 4,0% de amônia anidra e de 7,0 a 8,0% de uréia quando o objetivo for a
melhoria na qualidade do material com baixa digestibilidade (PIRES et al, 2003).
Trabalho realizado por FERNANDES et al. (2002) apresentou resultado
onde a amonização utilizando NH
3
(3,0% na MS) ou uréia (5,0% na MS) aumentou
significativamente a digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) dos fenos de Brachiaria
decumbens em 12,06 e 6,64 unidades percentuais, respectivamente, elevando a
DIVMS de 47,55% do feno não tratado para 59,61% no feno tratado com NH
3
e
54,19% no feno tratado com uréia.
De acordo com os autores o incremento observado na DIVMS
provavelmente foi devido às modificações na composição química da fração
fibrosa, como a diminuição no conteúdo de FDN e de hemicelulose o que
certamente disponibilizou carboidratos prontamente digestíveis para os
microrganismos do rúmen. Associado a estas modificações, o aumento de
nitrogênio disponível propicia melhores condições de desenvolvimento para as
bactérias do rúmen o que aumenta a digestibilidade da forragem. Nesse mesmo
trabalho os valores de FDN e hemicelulose observados foram, respectivamente de
83,91 e 32,18% do feno não tratado, 79,44 e 31,32% no feno tratado com NH
3
e
81,98 e 29,25% no feno tratado com uréia.
Da mesma forma, em estudo realizado por PIRES et al. (2004) observa-se
que nos tratamentos de bagaço de cana-de-açúcar onde se utilizou NH
3
(4,0% na
MS), teve-se aumento da proteína bruta (PB) de 1,8% no bagaço sem tratamento
para 16,9% no bagaço tratado com NH
3
e da DIVMS de 32,1% no bagaço sem
tratamento para 59,8% no bagaço tratado com NH
3
, redução da FDN de 94,7% no
12
bagaço sem tratamento para 75,8% no bagaço tratado com NH
3
e da
hemicelulose de 33,1% no bagaço sem tratamento para 19,4% no bagaço tratado
com NH
3
, enquanto para FDA e celulose menores variações nos valores. Com
base nestes resultados, também pode-se verificar a eficiência da NH
3
no
tratamento do bagaço de cana-de-açúcar.
Segundo BERGER et al. (1994), a principal forma de retenção do
nitrogênio, via uréia, no processo de amonização é a de nitrogênio não-protéico,
ou seja, a fração de N solúvel da forragem.
ROSA et al. (1998a) estudando amonização de fenos de Brachiaria
decumbens com dois níveis de amônia (2,0 ou 3,0% na MS) e dois níveis de uréia
(3,6 ou 5,4% na MS) observaram modificações acentuadas nas frações
nitrogenadas, destacando-se aumento no conteúdo de nitrogênio não protéico em
relação ao nitrogênio total fixado nos fenos tratados com amônia e uréia,
independente da dose adicionada com valores oscilando entre 73,6 a 81,2%.
A recuperação do N adicionado pela inclusão de uréia ou amônia depende
da quantidade desses compostos e do conteúdo de umidade, sendo que a medida
que se aumenta a quantidade menor a recuperação. ROSA et al. (1998a)
verificaram redução do N fixado (% do N adicionado) de 62,2 para 50,8%, quando
tratado, respectivamente com 2 e 3% de amônia e de 57,8 para 53,6% do N fixado
(% do N adicionado) com o aumento da dose de 3,6 para 5,4% de uréia,
respectivamente.
No trabalho de REIS et al. (2001a) os autores observaram que a relação
entre a fração de nitrogênio insolúvel em detergente ácido e o nitrogênio total
(NIDA/NT) diminuiu acentuadamente em resposta às aplicações de NH
3
e uréia.
Foram observados valores médios da relação NIDA/NT de 47,3; 20,6; e 15,9,
respectivamente, para os fenos não tratados, tratados com amônia anidra ou com
uréia. A observação destes dados evidencia que a adição de NNP da amônia
anidra ou da uréia promoveu diluição do conteúdo de NIDA, aumentando a
quantidade de N disponível para os microrganismos do rúmen, ou seja, NT menos
a fração de NIDA (SNIFFEN et al., 1992).
13
4. Volumosos de baixa qualidade na alimentação de ruminantes
Embora sejam evidentes os benefícios da amonização de volumosos de
baixo valor nutritivo (VN) em muitas situações práticas não é viável a aplicação
desses compostos químicos, quer seja por dependência de mão de obra, ou por
necessidade de maquinário especializado, ou pelo custo dos produtos, ou seja,
questões de custo operacional. Porém o VN dos alimentos utilizados na confecção
das dietas é fator limitante da produtividade dos animais, tendo-se, portanto que
suplementar adequadamente quando tem disponível um volumoso de VN
inadequado, como feno de pós-colheita de sementes de gramíneas tropicais.
De acordo com MALLMANN et al. (2006) em condições onde são utilizadas
forragens de baixa qualidade, o primeiro fator nutricional limitante do desempenho
animal é a disponibilidade de energia e, para os microrganismos ruminais, a
disponibilidade de proteína e minerais. Sendo, portanto, de grande importância
otimizar o ambiente ruminal, visando melhorar a utilização dos alimentos fibrosos.
A otimização do ambiente ruminal depende, basicamente, do adequado
fornecimento de substratos que permitam a manutenção e o crescimento da
microbiota ruminal. No caso de alimentação volumosa de baixo valor nutritivo isto
pode ser conseguido pela utilização de suplementos.
Na suplementação de ruminantes, alimentados com volumosos de baixa
qualidade, o consumo total de matéria orgânica digestível depende da adequada
relação entre a proteína degradável no rúmen e a matéria orgânica digestível,
presentes na dieta do animal, a otimização dessa relação permite aumentar o
consumo e a digestibilidade, em decorrência de alterações do ambiente ruminal,
que resultam em melhor desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, sendo
que o aumento do consumo pode estar associado ao suprimento de N, em
quantidades adequadas à manutenção da atividade microbiana (MALLMANN et
al., 2006).
Um dos efeitos do tratamento químico de volumosos de baixo VN é a
redução da concentração dos componentes fibrosos, principalmente a FDN, com
14
reflexo positivo sobre o consumo de MS. PIRES et al. (2003) utilizando o
tratamento com amônia (3%) em silagens de sorgo observou aumento no
consumo de MS por novilhas de corte 320g de MS/dia em relação às silagens
controle (P<0,05), pois nesse estudo os autores observaram redução de
aproximadamente 5 unidades percentuais no conteúdo de FDN. FERNANDES et
al. (2002) também observaram elevação do consumo de MS por animais
alimentados com dietas contendo feno tratado com amônia em relação às dietas
com feno controle, diferença de 12,8%, atribuí-se o aumento do consumo a maior
digestibilidade, principalmente da fração fibrosa.
Diversos estudos são realizados para testar a viabilidade de usos dos
inúmeros subprodutos agroindustriais, muitos são destinados a produção de
ruminantes, por esses apresentarem características favoráveis em aproveitar
resíduos fibrosos, mais especificamente a maioria dos subprodutos lançados no
mercado são destinados a abaixar os custos dos confinamentos.
Nos estudos desenvolvidos para se avaliar o valor nutritivo de volumosos
amonizados, a inclusão de fontes de energia e, ou, proteína tem proporcionado
aumentos substanciais na eficiência de utilização da forragem tratada (ROSA &
FADEL, 2001).
Em estudo realizado por PEREIRA et al. (1993) utilizando feno de
Brachiaria decumbens colhido após a degrana natural das sementes com fontes
energética e protéica suplementar, na avaliação de dietas com 12,0% de PB
fornecidas para ovinos foi concluído que a suplementação energética não teve
efeito na digestibilidade dos fenos, tratados ou não com amônia, apresentando
valor médio de 55,26%, e sendo que as dietas foram com base em feno de
Brachiaria decumbens não tratado suplementado com farelo de algodão; ou farelo
de algodão e milho, feno de Brachiaria decumbens tratado com 3% de amônia
anidra na MS não suplementado, ou suplementado com milho.
FERNANDES et al. (2002) avaliando a qualidade de feno de Brachiaria
decumbens amonizado fornecido a novilhos zebu, com peso médio de 230 kg,
observaram diferença nos valores de consumo de MS em relação ao peso dos
15
animais (CMS/PV), os animais alimentados com feno não tratado apresentaram
consumo de 1,97% PV, nos que recebiam feno tratado com NH
3
observou-se
consumo de 2,23% do PV e na dieta com feno tratado com uréia foi de 1,90% PV,
evidenciando superioridade do feno tratado com NH
3
.
Da mesma forma em estudo realizado por PIRES et al. (2004) com
amonização de bagaço de cana para alimentação de novilhas cruzadas (Indubrasil
x Holandês) com peso médio de 230 kg; pode ser observado valores de CMS/PV
significativamente maiores nos tratamentos com NH
3
(2,46%) e no tratamento com
Na
2
S e NH
3
(2,42%) e menores nos tratamentos não amonizado (1,92%)e apenas
com Na
2
S (2,06%).
Nesse mesmo estudo podem ser verificados ganho médio diário de peso
em kg como sendo, 1,026 kg, 1,005 kg, 0,702 kg e 0,684 kg, respectivamente nos
tratamentos de bagaço de cana com NH
3,
Na
2
S e NH
3,
bagaço não amonizado e
Na
2
S.
Constata-se que o desempenho dos animais alimentados com resíduos
agroindustriais amonizados pode ser viável do ponto de vista técnico, desde que
componha uma dieta nutricionalmente equilibrada. de se considerar que
apenas o tratamento químico do volumoso não resolve todos os problemas
inerentes ao mesmo. Necessita-se desta forma que essas estratégias estejam
inseridas num planejamento alimentar onde se considera a disponibilidade da
matéria-prima (volumoso) e dos produtos para a amonização a um baixo custo,
bem como dos demais componentes necessários para compor a dieta.
A disponibilidade da forragem residual da produção de sementes de capim
é muito grande e ocorre exatamente no período de escassez de pastagens. Os
ruminantes, com seu sistema digestivo peculiar são capazes de utilizar alimentos
fibrosos (RODRIGUES & SOUZA, 2006) desde que corrigidos com nitrogênio não
protéico ou proteína verdadeira possibilitando fermentação ruminal adequada.
Portanto podem ser alimentados com dietas a base desses resíduos desde seja
viável economicamente ao processo produtivo em que estão inseridos.
16
5. Objetivos gerais
Os estudos que seguem tiveram por objetivos estudar fenos de resíduo de
pós-colheita de sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu sobre efeitos de
amonização com aditivos químicos, amônia anidra e uréia, em diferentes doses e
com teores de umidade variados, sobre a composição química, além do
desempenho, características quantitativas e qualitativas de carcaça dos animais
confinados com dietas a base desse feno e diferentes fontes de proteína
suplementar.
17
CAPÍTULO 2 TRATAMENTO QUÍMICO DO RESÍDUO DE PÓS-COLHEITA DE
SEMENTES DA Brachiaria brizantha cv. Marandu COM DIFERENTES
TEORES DE UMIDADES
RESUMO Objetivou-se avaliar o efeito do tratamento químico, utilizando
diferentes doses de uréia (3 ou 5% na MS) e de amônia anidra (3% na MS), no
feno de resíduo de pós-colheita de sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu
contendo diferentes teores de umidade (15, 25 ou 30%). Os dados foram
analisados segundo delineamento em blocos casualizados com 8 tratamentos e
com 4 repetições (camadas de fardos dentro das pilhas). O tratamento com 3% de
amônia anidra com 15% de umidade gerou redução nos teores de FDN de 84,3
para 79,1% e elevação na digestibilidade in vitro da MS de 37,3 para 55,5% em
relação ao grupo controle. A variação na concentração de umidade não alterou de
maneira significativa a ação da amônia, tendo como valores médios 77,6% de
FDN e 57,3% de digestibilidade in vitro da MS. Em relação ao tratamento com
uréia a dose de 5% reduziu os teores de FDN de 84,3 para 79,6% em relação ao
feno não tratado, sendo necessária à elevação da umidade para 30% para
promoção de efeito sobre a digestibilidade da MS, propiciando aumento de 12
unidades percentuais. Conclui-se que amônia pode ser aplicada com a umidade
original do feno e que no tratamento com uréia faz-se necessária a elevação da
umidade para expressão dos seus efeitos.
Palavras-chave: Amônia, fracionamento de carboidratos, fracionamento de
nitrogênio, uréia, valor nutritivo
18
1. Introdução
Uma alternativa para evitar flutuações no abastecimento de carne e de leite
ao longo do ano seria aumentar a disponibilidade de alimentos de baixo custo
para os ruminantes na época da seca. Isso poderia ser conseguido pela utilização
de modo eficiente dos materiais fibrosos, como a palhada residual da produção de
sementes de capins, pois esse resíduo está disponível justamente no período
seco do ano e representa cerca de 2,8 milhões de toneladas (SOUZA &
SILVEIRA, 2006). Esses volumosos de maneira geral apresentam baixa
qualidade, pois possuem alto conteúdo de parede celular, valores acima de 60% e
de fibra em detergente ácido, acima de 40% e baixos teores de proteína bruta,
abaixo de 6%, sendo a digestibilidade da matéria seca baixa, aproximadamente
40%, o que resulta em baixos níveis de consumo (REIS & RODRIGUES, 1993).
Tratamentos biológicos, físicos e químicos podem ser utilizados para a
melhoria da qualidade desses volumosos, sendo que a aplicação de alguns
compostos químicos, como a amônia e a uréia podem resultar em melhoria da
qualidade sanitária dos mesmos (ROSA et al., 1998b).
Com a finalidade de melhorar o valor nutritivo dos volumosos, pode-se
utilizar o tratamento com produtos oxidantes ou com compostos hidrolíticos,
destacando-se a amônia anidra (NH
3
) e a uréia como fonte de amônia, dentre
outros. No entanto, a utilização da uréia como fonte de amônia, apesar do menor
custo e facilidade de aquisição do produto químico, tem como principal limitação,
a quantidade de água gasta na aplicação, o que dificulta o processo na prática
(REIS et al., 2001a).
A amonização consiste na aplicação de uma fonte de amônia em
volumosos, com a finalidade de aumentar ou conservar o seu valor nutritivo.
A aplicação de uréia como fonte de amônia para o tratamento de forragem,
tem como vantagens em relação à amônia anidra, a sua disponibilidade, baixo
custo e facilidade de manuseio, contudo apresenta como maior limitação para o
uso, a dificuldade em transformá-la em amônia (SAHNOUME et al.,1991).
19
Pesquisas, como as desenvolvidas por REIS et al. (2001a), REIS et al.
(2001b), BERTIPAGLIA et al. (2005) e PIRES et al. (2006) sobre o tratamento de
volumosos com uréia, evidenciaram a importância do conteúdo de umidade da
forragem no processo de hidrólise. De acordo com revisão feita por FREITAS et
al. (2002), o conteúdo de umidade pode ser o principal determinante da hidrólise
da uréia.
FERNANDES et al. (2002) destacaram que a distribuição inadequada da
solução de uréia nos fardos diminuiu a eficiência do tratamento, sobretudo nas
porções mais secas das pilhas de fardos. A análise dos dados de estudos
conduzidos com fenos de gramíneas do gênero Brachiaria (REIS et al., 2001b)
sugere que a atividade ureática dos fenos dessas plantas colhidas no estádio de
pós-florescimento é suficiente para desdobrar a uréia aplicada, desde que os
conteúdos de umidade não limitem a atividade da enzima.
Para assegurar a hidrólise da uréia, vários pesquisadores têm usado fontes
exógenas de urease. Contudo, BERTIPAGLIA et al. (2005) não observaram
benefícios na utilização de fontes externas de urease (leguminosas ou
gramíneas). Observaram que os tratamentos com 15% ou 30% de umidade,
amonizados com 5% de uréia na MS, apresentaram aumento nos teores de PB e
diminuição nos teores de FDN independente da adição de fonte de urease. Inferiu-
se, portanto, a não necessidade de se adicionar fontes externas de urease ao
feno de Brachiaria brizantha, que este apresentava alta atividade de urease,
possivelmente pela contaminação de partículas de solo.
O tratamento com amônia promove alterações acentuadas na composição
química dos volumosos, principalmente nos componentes da fração fibrosa e nos
compostos nitrogenados. REIS et al. (2001b) observaram que a aplicação de NH
3
,
bem como a aplicação de uréia diminuiu (P<0,05) os teores de lignina dos fenos
de Brachiaria decumbens. A análise dos dados deste mesmo experimento
evidenciou que a aplicação de uréia, uréia e labe-labe (Lablab purpureus (L.)
Sweet, cv. Highworth), leguminosa utilizada como fonte de uréase, e NH
3
20
promoveram diminuição (P<0,05) nos teores de FDN e hemicelulose dos fenos de
Brachiaria decumbens e Jaraguá.
O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do tratamento químico,
utilizando uréia ou amônia anidra, no feno de resíduo de pós-colheita de sementes
de Brachiaria brizantha cv. Marandu contendo diferentes teores de umidade.
2. Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no setor de Forragicultura e Pastagem da
FCAV/UNESP de Jaboticabal, localizada no município de Jaboticabal, no estado
de São Paulo, a 21º 15’ 22‘’ de latitude sul e 48º 18’ 58’’ de longitude oeste do
Meridiano de Greenwich e a uma altitude de 595 metros.
De acordo com a classificação internacional de Koppen, o clima é
classificado como mesotérmico de inverno seco, apresentando uma temperatura
média anual máxima de 22,3 ºC e mínima de 15,2 ºC, no mês mais frio. Em
relação a precipitação pluviométrica média, esta situa-se em 1.400 mm, com 85%
das chuvas concentrando-se nos meses de outubro a março.
O volumoso utilizado na confecção dos fenos foi a Brachiaria brizantha cv.
Marandu produzidos com forragem remanescente da colheita de sementes desta
espécie colhidas pelo método de varredura.
Os tratamentos utilizados foram aplicações de uréia ou amônia em
diferentes umidades, a saber:
1) feno não tratado e armazenado com 15% de umidade (FNT15%U);
2) feno tratado com 3,0% de uréia na MS com 25% de umidade (F3u25%U);
3) feno tratado com 3,0% de uréia na MS com 30% de umidade (F3u30%U);
4) feno tratado com 5,0% de uréia na MS com 25% de umidade (F5u25%U);
5) feno tratado com 5,0% de uréia na MS com 30% de umidade (F5u30%U);
6) feno tratado com 3,0% de amônia anidra na MS com 15% de umidade
(F3a15%U);
7) feno tratado com 3,0% de amônia anidra na MS com 25% de umidade
21
(F3a25%U) e
8) feno tratado com 3,0% de amônia anidra na MS com 30% de umidade
(F3a30%U).
O tratamento dos volumosos foi realizado com confecção de fardos de feno
com 7 a 8 kg cada, sendo esses arranjados em camadas. Cada meda consistia de
quatro camadas de fardos de feno, colocados sobre uma lona plástica totalizando
300 kg de MS. Foi utilizada outra lona para cobertura das pilhas possibilitando
assim armazenamento em condições hermeticamente fechadas durante o período
de tratamento de 30 dias.
A uréia (CH
4
N
2
0) foi aplicada nos fardo de feno por aspersão, nas
proporções de 3,0 e 5,0% do peso seco das medas de fardos. A uréia foi diluída
em água, utilizando quantidades para se obter volumosos com 25 e 30% de
umidade. A solução de uréia foi distribuída com regador sobre as camadas de
fardos na medida em que a pilha foi sendo formada sobre a lona de polietileno,
observando as recomendações de DOLBERG (1991) e de JOY et al. (1992).
A amônia anidra (NH
3
) foi injetada nos fardos, contidos em cada pilha, na
quantidade de 3,0% peso seco, conforme recomendações de SUNDSTOL &
COXWORTH (1984).
O ajuste do teor de umidade foi realizado com a adição de água aplicada
por aspersão com auxilio de regador na quantidade calculada para se elevar o
conteúdo de umidade de 15 para 25 ou 30%. A quantidade água foi obtida
tomando-se o peso total da pilha e o teor de MS dos fardos de feno. A seguir,
dividiu-se o peso da pilha (MS) pelo teor de MS desejado, multiplicando-se pela
matéria seca original, obtendo o peso das pilhas após a adição de água.
Foram confeccionadas pilhas de volumosos não tratados que
permaneceram sob as mesmas condições de armazenamento daquelas dos
volumosos tratados com uréia ou NH
3.
Durante os 30 dias de armazenamento, em condições hermeticamente
fechadas, foram tomadas diariamente a temperatura das pilhas utilizando um
termômetro modelo “Digital Eletronic Stem Thermometer”, com haste de 50 cm.
22
Após esse período, as pilhas de fardos foram abertas e permaneceram três
dias em aeração, para eliminação do excesso de NH
3
que não reagiu com os
volumosos. Foram retiradas amostras para efetuar as determinações químicas. A
amostragem foi realizada através da coleta de duas alíquotas de cada fardo de
feno, posteriormente foram homogeneizadas resultando em uma amostra
composta de cada camada dentro de cada uma das pilhas. As amostras
recolhidas foram congeladas, e a seguir, moídas, evitando-se desta forma as
perdas de nitrogênio amoniacal durante a secagem em estufa.
As determinações químicas dos volumosos foram processadas no
Laboratório de Forragicultura da FCAV/UNESP Câmpus de Jaboticabal. Os
alimentos foram analisados para determinação dos teores de matéria seca (MS),
proteína bruta (PB), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) e lignina (LIG) de acordo com SILVA & QUEIROZ (2002).
Os teores de hemicelulose (HEM) e de celulose (CEL), foram calculados por
diferença entre FDN e FDA e diferença entre FDA e LIG, respectivamente. Os
teores de nitrogênio amoniacal (N-NH
3
) foram determinados segundo FENNER
(1965), modificada por VIEIRA (1980). Foram efetuados os fracionamentos de
nitrogênio descritos pelo sistema Cornell Net Carbohydrate and Protein System
(CNCPS), onde as frações A, B1, B2, B3 e C foram determinadas de acordo com
metodologia descrita por LICITRA et al., 1996. Para obtenção do fracionamento
dos carboidratos, conforme o sistema CNCPS, foram determinados os teores de
nitrogênio total das amostras (NT), extrato etéreo e matéria mineral (AOAC, 1990).
Os carboidratos totais foram determinados pela expressão CT = 100-
(%PB+%EE+%MM) (SNIFFEN et al., 1992). Os carboidratos não-estruturais
(A+B1) foram determinados pela seguinte expressão CNE = 100- (%PB+%EE+%
FDNCP+MM), em que FDNCP eqüivale à parede celular corrigida para cinzas e
proteínas. A fração C foi obtida por intermédio do resíduo indigestível, após 144
horas de incubação com líquido ruminal (BERCHIELLI et al., 2000) e a fração B2,
por diferença entre 100 e a FDN remanescente após 144 horas de incubação. A
23
digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS) foi avaliada pelo método de
Tilley e Terry descrito por SILVA & QUEIROZ (2002).
Os dados foram analisados segundo delineamento em blocos casualizados
(8 tratamentos), com 4 repetições (camadas de fardos dentro das pilhas) com o
programa SAS (1999).
3. Resultados e Discussão
As alterações na temperatura diária das pilhas de fardos observadas
refletiram as variações na temperatura ambiente e, provavelmente, não foram
afetadas pela atividade de microrganismos nos fenos (Figura 1). De maneira
geral, pode-se afirmar que a amonização não acarretou aumento na temperatura.
27,5
29,9
29,1
25,5
24,9
24,8
25,3
26,7
25,9
0
5
10
15
20
25
30
35
T
A
F
N
T1
5
%U
F3u25%U
F
3
u30%U
F
5
u
2
5%U
F
5
u
3
0%U
F3
a
1
5
%U
F3a2
5
%U
F3a3
0
%U
TRATAMENTOS
TEMPERATURA (ºC)
Figura 1 Temperaturas médias (
o
C) do ambiente e dos fenos de Brachiaria brizantha em
função dos tratamentos. Temperatura ambiente (TA); Feno não tratado (FNT)
com 15% de umidade (U); Feno tratado com 3% de uréia na MS (F3u) com 25%
ou 30% de umidade; Feno tratado com 5% de uréia na MS (F5u) com 25% ou
30% de umidade; Feno tratado com 3% de amônia na MS (F3a) com 15%, 25%
ou 30% de umidade.
24
Os valores de pH observados nos fenos estão apresentados na Tabela 1.
Pode-se constatar que os fenos não tratados apresentaram os menores valores
de pH, não diferindo dos fenos tratados com 3% de uréia com 30% de umidade e
dos fenos tratados com 5% de uréia. Os maiores valores foram observados nos
fenos tratados com amônia anidra independente da umidade e nos fenos tratados
com uréia com 25% de umidade, porém esses também não diferiram dos demais
fenos tratados com uréia.
Tabela 1. Valores de pH, proteína bruta (PB), nitrogênio amoniacal (N-NH
3
), nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA) e nitrogênio insolúvel em detergente
neutro (NIDIN) expressos em % da MS do feno de
Brachiaria brizantha, cv.
Marandu, submetido ao tratamento com uréia ou amônia anidra (NH
3
) e
diferentes umidades.
PB N-NH
3
NIDA NIDN
Tratamentos pH
% MS
FNT15%U 7,28 b 3,32 d 0,02 e 0,14 e 0,29 d
F3u25%U 7,61 a 7,33 cd 0,32 d 0,20 bcd 0,32 bcd
F3u30%U 7,49 ab 7,02 cd 0,43 cd 0,19 cd 0,31 cd
F5u25%U 7,43 ab 10,75 bc 0,31 d 0,17 de 0,30 cd
F5u30%U 7,43 ab 17,22 a 0,58 b 0,23 bc 0,34 abc
F3a15%U 7,68 a 12,09 b 0,52 bc 0,24 b 0,30 cd
F3a25%U 7,58 a 13,71 ab 0,73 a 0,30 a 0,35 ab
F3a30%U 7,57 a 14,81 ab 0,74 a 0,34 a 0,37 a
Média 7,51 10,78 0,46 0,3 0,32
CV (%) 1,5 16,0 11,8 8,9 5,1
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem (P< 0,05) pelo teste Tukey
Feno não tratado (FNT) com 15% de umidade (U); Feno tratado com 3% de uréia na MS
(F3u) com 25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 5% de uréia na MS (F5u) com
25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 3% de amônia na MS (F3a) com 15%, 25%
ou 30% de umidade.
Segundo BERGER et al. (1994) a elevação do pH ocorre devido à
formação de uma base fraca, o hidróxido de amônia (NH
4
OH), em função da
afinidade da NH
3
pela água contida na forragem. O pH da forragem deve ser
aumentado suficientemente para permitir o rompimento das ligações do tipo éster
entre a lignina e os carboidratos estruturais (MASCARENHAS-FERREIRA et al.,
25
1989). A formação de NH
4
OH é importante no processo de amonização, pois
proporciona aumento na eficiência do tratamento por meio da hidrólise alcalina
(SUNDSTOL & COXWORTH, 1984).
O feno não tratado apresentou menor teor de proteína bruta de 3,32% em
relação aos tratados, independente do teor de umidade, porém essa diferença não
foi significativa nos fenos tratados com 3% de uréia. Os demais tratamentos, com
5% de uréia e 3% de amônia, independente do teor de umidade apresentaram
elevação de 7,43 a 13,9 pontos percentuais no teor de PB quando comparados ao
controle, tendo destaque no tratamento com 5% de uréia com 30% de umidade,
que apresentou o maior valor de PB (17,22%), porém esse não diferiu dos fenos
tratados com 3% de amônia com 25 ou 30% de umidade. Esses dados estão de
acordo com os observados por REIS et al. (1991) avaliando o efeito da
amonização com amônia anidra, que obtiveram elevação de 7,13; 8,5 e 10,5
unidades percentuais de PB nos fenos de Brachiaria brizantha cv. Marandu
tratados com 2, 4 e 6% de amônia anidra. No entanto, os valores observados na
presente pesquisa foram superiores aos observados por FERNANDES et al.
(2002) que obtiveram 12,2 e 9,7% de PB nos fenos tratados com 3% de amônia
anidra e 5% de uréia, respectivamente.
Os teores de nitrogênio amoniacal (N-NH
3
) observados na Tabela 1
elevaram-se nos fenos tratados quando comparados aos fenos sem adição de
fonte de nitrogênio. Os maiores teores foram observados nos fenos tratados com
amônia e com 25 e 30% de umidade, 0,73 e 0,74%, respectivamente. Nos fenos
tratados com uréia observou-se menor elevação que naqueles tratados com
amônia anidra. Tais diferenças podem ser devido à dependência da atuação de
ureases para a transformação de uréia em amônia, sendo que o N-NH
3
é
resultado dessa reação. Na presença da enzima urease a uréia é transformada
em amônia que, quando em contato com água, transforma-se em hidróxido de
amônio, essa substância apresenta em sua constituição de 29 a 30% de amônia
(NH
3
), conseqüentemente os fenos tratados diretamente com amônia tem maior
concentração de N-NH
3
(SUNDSTOL & COXWORTH, 1984).
26
Os teores de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) foram
influenciados na maioria dos tratamentos submetidos (Tabela 1). Pode-se
observar que o menor valor de NIDA (0,14%), foi obtido nos fenos sem
tratamento, sem diferir significativamente do feno tratado com 5% de uréia com
25% de umidade. Os maiores valores foram observados nos fenos tratados com
3% de amônia e 25 e 30% de umidade. A elevação dos teores de NIDA nos fenos
tratados, segundo BUETTNER et al. (1982) pode ser decorrência da reação de
amoniólise, uma vez que o nitrogênio dosado foi retido na porção insolúvel em
detergente ácido (celulose e lignina).
A reação de amoniólise pode ser definida como a principal reação que
ocorre entre a amônia e as ligações ésteres da fração fibrosa da forragem.
Encontrada nas cadeias de hemicelulose e os grupos de carboidratos estruturais
ou entre moléculas de carboidratos estruturais e lignina, resultando na formação
de amidas (REIS & RODRIGUES, 1993).
Em relação aos teores de nitrogênio insolúvel em detergente neutro
(NIDN), os fenos tratados com 3% amônia com 30% de umidade apresentaram
maior valor (0,37%), porém não diferiram dos fenos tratados com 3% amônia com
25% de umidade (0,35%) e 5% de uréia com 30% de umidade (0,34%). O feno
controle, e demais tratamentos apresentaram valores menores dessa fração.
De acordo FERNANDES et al. (2002) tanto os valores de NIDA quanto os
de NIDN tendem a aumentar com adição de amônia ou uréia, o que seria
prejudicial aos animais, que essas frações não são degradadas ou são muito
lentamente degradadas no rúmen, porém esses autores não encontraram
diferença significativa nos tratamentos do experimento realizado. Os valores de
NIDA e NIDN observados, respectivamente, foram 0,28% e 0,34% no feno de
Brachiaria decumbens não tratado, 0,33% e 0,45% no feno de Brachiaria
decumbens tratado com 3% de amônia anidra e 0,29% e 0,39% no feno de
Brachiaria decumbens tratado com 5% de uréia, sendo próximos aos obtidos
desse experimento.
27
Na Tabela 2 encontram-se os resultados obtidos através do fracionamento
de nitrogênio das amostras. Tais frações podem caracterizar de maneira mais
precisa os componentes de um alimento quanto ao teor de proteína de acordo
com a solubilidade e degradação ruminal. SNIFFEN et al. (1992) sugeriram que os
compostos nitrogenados fossem subfracionados nas frações A (fração solúvel,
composta por nitrogênio não protéico - NNP), B1 (fração rapidamente degradada
no rúmen), B2 (fração insolúvel, com taxa de degradação intermediária no rúmen),
B3 (fração insolúvel lentamente degradada no rúmen) e C (fração insolúvel no
rúmen e indigestível no trato gastrintestinal).
Tabela 2. Fração solúvel, ou NNP (A); fração rapidamente degradada no rúmen (B1);
fração insolúvel, com taxa de degradação intermediária no rúmen (B2), fração
insolúvel lentamente degradada no rúmen (B3) e fração insolúvel no rúmen e
indigestível no trato gastrintestinal (C); expressos em porcentagem do
nitrogênio total de fenos de
Brachiaria brizantha, cv. Marandu, tratado ou não
com uréia, com amônia anidra (NH
3
) em diferentes teores de umidade
A B1 B2 B3 C
Tratamentos
% Nitrogênio Total
FNT15%U
19,9 d 27,3 a 25,1 a 4,5 a 23,2 a
F3u25%U
69,1 b c 2,0 b 11,9 b c 1,3 c 15,8 bc
F3u30%U
64,4 c 3,4 b 14,3 b 1,3 c 16,7 b
F5u25%U
73,5 ab 3,8 b 9,8 b c 1,0 c 11,9 cd
F5u30%U
77,1 a 7,2 b 6,2 c 1,6 b c 7,9 d
F3a15%U
71,2 b 5,9 b 10,3 bc 3,0 abc 9,6 d
F3a25%U
70,7 b 6,3 b 9,1 bc 3,8 ab 10,1 d
F3a30%U
73,6 ab 2,7 b 9,7 bc 4,6 a 9,4 d
Média 64,9 7,3 12,0 2,6 13,1
CV (%) 3,6 45,6 25,6 37,7 13,4
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem (P< 0,05) pelo teste Tukey
Feno não tratado (FNT) com 15% de umidade (U); Feno tratado com 3% de uréia na MS
(F3u) com 25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 5% de uréia na MS (F5u) com
25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 3% de amônia na MS (F3a) com 15%, 25%
ou 30% de umidade
Observa-se na Tabela 2 que a fração A do nitrogênio total, que representa
a fração desse nutriente que se encontra na forma de nitrogênio não protéico
28
(NNP) apresentou teores elevados em todos os tratamentos que passaram pela
adição de nitrogênio (uréia ou amônia) quando comparado ao feno controle.
Segundo BERGER et al. (1994), a principal forma de retenção do nitrogênio, via
uréia, no processo de amonização é a de NNP, ou seja, a fração de N solúvel da
forragem. O maior valor foi constatado no tratamento com 5% de uréia e 30% de
umidade (77,1%), no entanto esse não foi estatisticamente diferente dos
tratamentos com 5% de uréia e 25% de umidade (73,5%) e 3% de amônia e 30%
de umidade (73,6%). Esse fato pode ser justificado pela quantidade de nitrogênio
adicional e umidade, pois os maiores valores foram observados nesses
tratamentos, ou seja, a presença de maior umidade com maior teor de NNP
adicionado propiciou condições mais favoráveis à fixação dessa fração nos
materiais tratados. Por outro lado, os tratamentos com menores teores
adicionados e menor umidade apresentaram estatisticamente valores menores
dessa fração A em sua constituição.
Na fração B1 (Tabela 2) observou-se redução dos teores nos fenos
tratados (P<0,05) quando comparados ao controle, e entre os fenos tratados não
foi constatada diferença (P>0,05).
Ainda observando a Tabela 2 constata-se que a fração B2 apresentou
maior valor no feno controle quando comparado aos demais tratamentos, porém
entre os tratamentos houve variação sendo menor valor dessa fração no
tratamento com 5% de uréia com 30% de umidade (6,2%) quando comparado ao
tratamento com 3% de uréia com 30% de umidade (14,3%).
de se considerar que a redução das frações B1 e B2 pode ser
proveniente do efeito proporcional da inclusão de nitrogênio, que se apresenta na
forma de nitrogênio não protéico (fração A), pois essas frações representam a
porção de proteína verdadeira, que são pouco afetadas pela inclusão de fontes
externas de nitrogênio na forma de uréia ou amônia, por essas fontes serem
constituídas por NNP.
A fração B3 foi afetada pelos tratamentos com uréia independente da
umidade. nos fenos tratados com NH
3
esse efeito foi menos marcante, não
29
apresentando diferença estatística (P>0,05). Normalmente, a fração B3 é reduzida
pela aplicação de uréia ou amônia, pois essas soluções propiciam hidrólise da
fração da parede celular onde a fração B3 está fixada. Porém nesse estudo
apenas a adição de uréia, independente do teor de umidade mostrou-se eficiente
em reduzir essa fração quando comparada com os demais tratamentos.
Na fração C, que representa a porcentagem do nitrogênio total que é
insolúvel, maiores valores foram observados para os fenos não-tratados quando
comparados aos que receberam uréia ou amônia. Na literatura, são reportados
efeitos contraditórios a respeito dos efeitos da amonização sobre esse parâmetro.
ROSA et al. (1998a) relataram aumentos dos teores de NIDA nos fenos, ao passo
que REIS et al. (1993), FERNANDES et al. (2002) e REIS et al. (2003) não
observaram alterações significativas nessa fração. Fazendo-se uma análise
conjunta entre as Tabelas 1 e 2, relacionando aos teores de NIDA (Tabela 1) e
Fração C (Tabela 2), tem-se que considerar que a quantidade de nitrogênio
insolúvel fixado na fração fibrosa aumenta (NIDA), no entanto, pelo fato da
inclusão do aporte de nitrogênio, principalmente na fração solúvel (A), o valor da
fração C é reduzido, o que pode ser considerado efeito benéfico, que essa é
uma fração não disponível à degradação ruminal.
As frações A+B1 são referentes à concentração de açúcares solúveis com
rápida degradação ruminal e amido, frutosanas, galactanas, β-glucanas e pectina,
com degradação intermediária, respectivamente. Observa-se que os fenos
tratados com 5% de uréia e 30% de umidade apresentaram menor valor das
frações A+B1 (7,6%), apresentando diferença significativa apenas dos fenos
controle, tratados com 3% de uréia com 25% e 30% de umidade, com valores de
11,4%, 12% e 11,3%, respectivamente (Tabela 3). Deste modo tem-se em todos
os tratamentos valores muito reduzidos dessas frações, provavelmente pela
ausência de amido e quantidade reduzida de açúcares solúveis nos fenos de
Brachiaria brizantha, cv. Marandu, tratados ou não.
30
Tabela 3. Fração rapidamente degradável (A); fração com degradação intermediária (B1);
fração lentamente degradável (B2) e fração indigestível (C), expressos em
porcentagem de carboidratos totais dos fenos de
Brachiaria brizantha, cv.
Marandu,tratado ou não com uréia, com amônia anidra (NH
3
) em diferentes
teores de umidade.
A+B1 B2 C
Tratamento
% dos Carboidratos Totais
FNT15%U 11,4 a 52,7 ab 35,9
F3u25%U 12,0 a 52,1 b 35,9
F3u30%U 11,3 a 57,6 a 31,1
F5u25%U 10,7 ab 53,8 ab 35,4
F5u30%U 7,6 b 57,6 a 34,8
F3a15%U 9,2 ab 57,2 ab 33,6
F3a25%U 10,8 ab 55,6 ab 33,6
F3a30%U 9,5 ab 56,2 ab 34,3
Média 10,3 55,4 34,3
CV (%) 14,4 4,2 7,2
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem (P< 0,05) pelo teste Tukey
Feno não tratado (FNT) com 15% de umidade (U); Feno tratado com 3% de uréia na MS
(F3u) com 25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 5% de uréia na MS (F5u) com
25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 3% de amônia na MS (F3a) com 15%, 25%
ou 30% de umidade.
Os valores da fração B2 (Tabela 3) são mais representativos, condizendo
com os materiais estudados, por representarem a fração correspondente à fibra
potencialmente degradável, ou seja, são polissacarídeos que compõe a parede
celular, como celulose e hemicelulose. Nos tratamentos onde foi adicionado 3% e
5% de uréia com 30% de umidade, os valores dessa fração foram de 57,6% em
ambos os tratamentos, sendo assim significativamente maiores quando
comparados com o tratamento com 3% de uréia com 25% de umidade (52,1%).
Os valores da fração C, que representa característica de indigestibilidade,
não diferiram significativamente evidenciando a não interferência dos tratamentos,
uréia ou amônia, sobre o feno controle.
Na Tabela 4 encontram-se os teores de carboidratos fibrosos e lignina. Os
fenos não tratados apresentaram os maiores teores de FDN (84,3%), não
distinguindo estatisticamente dos fenos tratados com 3% de uréia
31
independentemente do teor de umidade. Por outro lado, os fenos que sofreram as
maiores reduções no conteúdo de FDN foram aqueles tratados com amônia
anidra com 25 e 30% de umidade, apresentando valores de 77,1% e 76,6%,
respectivamente. Contudo esses não diferiram dos fenos
tratados com 5% de uréia
independente do teor de umidade e os tratados com 3% amônia com 15% de
umidade.
Tabela 4. Teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HEM), celulose (CEL) e lignina (LIG), expressos em % da MS
dos fenos de
Brachiaria brizantha, cv. Marandu, submetido ao tratamento com
uréia ou amônia anidra (NH
3
) e diferentes umidades.
FDN FDA HEM CEL LIG DIVMS
Tratamentos
% da MS
FNT15%U 84,3 a 64,7 19,6 ab 51,6 13,1 a 37,3 d
F3u25%U 81,1 ab 61,3 19,8 a 48,8 12,5 ab 40,2 d
F3u30%U 82,0 ab 64,2 17,7 ab 53,2 11,0 b 42,6 cd
F5u25%U 79,7 bc 61,7 18,0 ab 49,7 12,0 ab 37,4 d
F5u30%U 79,6 bc 60,7 18,9 ab 49,6 11,1 ab 49,4 bc
F3a15%U 79,1 bc 62,5 16,6 b 51,4 11,1 ab 55,5 ab
F3a25%U 77,1 c 59,9 17,2 ab 49,0 10,9 b 58,3 a
F3a30%U 76,6 c 59,7 16,9 ab 48,9 10,8 b 58,0 a
Média 79,9 61,9 18,1 50,3 11,5 47,3
CV (%) 1,8 3,4 7,2 4,3 7,5 6,3
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem (P< 0,05) pelo teste Tukey
Feno não tratado (FNT) com 15% de umidade (U); Feno tratado com 3% de uréia na MS
(F3u) com 25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 5% de uréia na MS (F5u) com
25% ou 30% de umidade; Feno tratado com 3% de amônia na MS (F3a) com 15%, 25%
ou 30% de umidade.
Em alguns trabalhos (REIS et al., 1995; PEREIRA et al., 1993) pode-se
observar que uma das principais modificações na composição química da fração
fibrosa de volumosos amonizados é a diminuição no conteúdo de FDN.
FERNANDES et al. (2002) obtiveram redução em 4,47 pontos percentuais
quando adicionaram 3% de amônia em fenos de Brachiaria decumbens, e
explicaram o fato pela solubilização de parte da hemicelulose. No presente estudo
32
a maior diferença foi obtida no tratamento de feno com 3% de amônia e 30% de
umidade sendo de 15,1% pontos percentuais em relação ao feno controle. Os
tratamentos com adição de amônia e menores teores de umidade bem como os
com 5% de uréia apresentaram reduções mais modestas, em torno de 7 pontos
percentuais.
Em relação a FDA, Tabela 4, não foi constatada diferença significativa
entre os tratamentos. Na maioria dos trabalhos consultados referentes a
amonização de fenos, não foram observadas alterações no conteúdo de FDA
(REIS & RODRIGUES, 1994), resultados que corroboram com os obtidos no
presente experimento.
Os teores de hemicelulose apresentaram diferença estatística entre os
tratamentos, no entanto, os fenos não tratados não diferiram de nenhum dos
tratamentos impostos, pois apresentaram valores intermediários. Segundo REIS
et al. (1990) uma das principais alterações na composição química da fração
fibrosa de volumosos tratados com amônia ou uréia é a solubilização da
hemicelulose, resultando em diminuição no conteúdo de FDN. Porém neste
estudo essa redução não foi significativa, todavia, o resultado esperado de
redução de FDN ocorreu, tais fatos podem estar associados com as reações de
amoniólise, formação de hidróxido de amônio e hidrólise alcalina da lignina serem
mais marcantes se comparadas as reações com as cadeias de hemicelulose.
A amonização, utilizando uréia, promoveu diminuição (P<0,05) no teor de
lignina do feno. Contudo não houve diferença entre os tratamentos tratados com
NH
3
ou uréia (Tabela 4). Na literatura encontra-se grande contradição nos
resultados da amonização sobre o conteúdo de lignina, sendo que alguns
demonstram diminuição no conteúdo (QUEIROZ et al., 1992). ROSA et al.(1998a)
observaram diminuição no conteúdo de lignina de 24,6%, em resposta ao
tratamento do feno com uréia. Segundo VAN SOEST (1994), com a elevação
acentuada do pH, pode ocorrer à solubilização da lignina, sem, contudo, afetar o
conteúdo de celulose.
33
Os tratamentos que apresentaram menores valores de lignina quando
comparados ao tratamento controle (13,1%) foram os com 3% de amônia com
25% e 30% de umidade e o tratamento com 3% de uréia com 30% de umidade,
sendo 10,9%, 10,8% e 11%, respectivamente.
Os maiores valores de DIVMS foram observados nos tratamentos com 3%
NH
3
25% e 30% de umidade, não diferindo do tratamento com a mesma dose de
NH
3
com 15% de umidade (P>0,05). Em relação aos fenos tratados com uréia o
único tratamento que foi semelhante estatisticamente ao feno com menor DIVMS
dos tratados com NH
3
(55,5%), foi o que possuía 5% uréia com 30% de umidade
(49,4%). Os demais fenos tratados com uréia não diferiram estatisticamente do
feno controle.
Os teores de digestibilidade podem ser significativamente aumentados
como efeito resultante do processo de amonização pela interferência das
reduções de FDN, lignina e aumento nos teores de PB. Segundo FERNANDES et
al (2002) o incremento observado na DIVMS provavelmente deve-se às
modificações na composição química da fração fibrosa, com a diminuição no
conteúdo de FDN, disponibilizando maior aporte de carboidratos prontamente
digestíveis para os microrganismos do rúmen. Associado a estas modificações, o
aumento de nitrogênio disponível propicia melhores condições de
desenvolvimento para as bactérias do rúmen o que também aumenta a
digestibilidade da forragem.
Esses autores obtiveram aumento de 12,1 e 6,6 pontos percentuais nos
valores de DIVMS dos fenos tratados com amônia e uréia, respectivamente.
Nesse experimento, pode ser observado aumento de 20,7 pontos percentuais do
feno controle ao feno tratado com 3% de amônia e 30% de umidade, sendo esse
aumento mais moderado nos tratamentos com uréia, em torno de 5 pontos
percentuais.
Pode-se constatar que o tratamento com amônia anidra gera redução nos
teores de FDN e elevação expressiva na digestibilidade em relação ao grupo
controle, no entanto a variação na concentração de umidade não altera de
34
maneira significativa à ação da amônia. Em relação ao tratamento com uréia a
dose de 5% foi a única que promoveu diferença na FDN em relação ao feno não
tratado. No entanto, foi necessária a elevação da umidade para 30% para
promoção de efeito sobre a digestibilidade.
4. Conclusões
A amônia pode ser aplicada com a umidade original do feno.
A dose de uréia que propicia os melhores resultados é a de 5% na MS,
sendo necessária a elevação da umidade para 30%.
35
CAPÍTULO 3 – AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE
CARCAÇA DE BOVINOS DE CORTE CONFINADOS ALIMENTADOS COM
FENOS DE RESÍDUO DE PÓS-COLHEITA DE SEMENTES DE Brachiaria
brizantha cv. Marandu
RESUMO – Objetivou-se avaliar o efeito do tratamento químico com amônia
anidra ou uréia em fenos de resíduo de pós-colheita de sementes de “Brachiaria
brizantha” e da fonte protéica suplementar ao feno não tratado sobre o
desempenho e características de carcaça de bovinos confinados. Utilizou-se 12
animais ½ Nelore ½ Aberdeen Angus, variedade preta, e 12 ½ Nelore ½ Aberdeen
Angus, variedade vermelha, distribuídos aleatoriamente pelos quatro tratamentos,
totalizando seis repetições. Variedade e peso foram considerados blocos. Os
tratamentos foram: feno não tratado suplementado com nitrogênio não protéico
(FNTNNP), feno não tratado suplementado com farelo de algodão (FNTFA), feno
tratado com 5% de uréia na MS (FTU) e feno tratado com 3% de amônia anidra na
MS (FTA). Os valores de peso vivo inicial (kg), consumo diário de MS (kg) e
consumo em relação ao peso (%PV) não diferiram significativamente,
apresentando médias de 422,6 kg, 9,80 kg e 2,1%, respectivamente. Com relação
ao ganho médio diário (kg/dia) e conversão alimentar (kg de MS ingerida/kg de
GMD) observou-se diferença significativa evidenciando melhor desempenho nos
animais alimentados com FTA com valores de 1,336 kg e 7,78, seguido dos
alimentados com FNTFA com valores de 1,161 kg e 8,98, respectivamente. Os
consumos de nutrientes diferiram resultando em maiores consumos de FDN, FDA
e CEL pelos animais do tratamento com FTA. Os valores de espessura de gordura
foram superiores no tratamento FTA (6,3 mm). Os valores de maciez não
apresentaram diferença significativa.
Palavras-chave: acabamento de carcaça, amonização, desempenho
animal, fenação, rendimento de carcaça, tratamento químico
36
1. Introdução
Algumas tecnologias vêm sendo utilizadas com a finalidade de aumentar a
produtividade dos rebanhos bovinos destinados ao abastecimento do mercado de
carnes. Dentre essas pode-se destacar um sistema que dispõe de suplementação
estratégica das pastagens, durante a fase de recria, com terminação dos animais
em confinamento. Porém, essa etapa final do processo consiste em alto custo de
produção, para tanto a busca por alimentos alternativos, com menores custos de
produção, e que mantenham o desempenho animal, é crescente.
A possibilidade de utilização de resíduos na alimentação animal deve ser
considerada interessante se resultar em menores custos ao processo, desde que
mantenha os índices zootécnicos adequados, possibilitando desempenho animal
satisfatório.
Segundo REIS et al (2002) a porção vegetativa remanescente da colheita
de sementes de gramíneas forrageiras pelo método de varredura pode ser
utilizada como fonte de volumoso de baixo valor nutritivo. O tratamento químico
desse volumoso pode aumentar sua eficiência de utilização, que equipara seu
valor nutritivo ao de outros volumosos conservados, com NDT em torno de 52%.
Dentre os produtos químicos mais utilizados no tratamento desses fenos
estão a amônia anidra e uréia, sendo a segunda de mais fácil aplicação, menor
custo, porém REIS et al (2001a) e FERNANDES et al (2002) observaram menor
eficiência em aumentar os valores de digestibilidade in vitro da MS.
Em estudo realizado por ROTH et al. (2005) concluiu-se que as doses de
amônia de 2 e 3% em feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu provenientes de
resíduos de colheita de sementes foram eficientes em melhorar o valor nutritivo
dessa forragem. Nesse mesmo estudo, foi elucidada a necessidade de ensaios
com desempenho animal para definir a viabilidade econômica da dose a ser
utilizada.
Outra forma de reduzir custos de alimentação na fase de terminação dos
37
animais pode ser a incorporação de uréia na dieta como fonte de amônia para a
síntese de proteína microbiana sendo que, além disso, pode agir como
tamponante mantendo o pH do rúmen mais adequado à digestão da celulose
(HUBER, 1994).
Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito do tratamento químico com
amônia anidra ou uréia em fenos de resíduo de pós-colheita de sementes de
“Brachiaria brizantha cv. Marandu e da fonte protéica suplementar ao feno não
tratado na fase de terminação de bovinos em regime de confinamento, sobre o
desempenho animal e características quantitativas e qualitativas da carcaça.
2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Confinamento Experimental da Apta
regional Alta Mogiana, unidade da Agência Paulista de Tecnologias dos
Agronegócios (APTA), da Secretaria da Agricultura de Abastecimento do Estado
de São Paulo, na cidade de Colina.
A Apta regional –Alta Mogiana está localizado no município de Colina,
Estado de São Paulo (latitude de 20º 43' 05" S; longitude 48º 32' 38" W), O clima
da região é do tipo AW (segundo classificação de Köppen), onde a pluviosidade
do mês mais seco é inferior a 30 mm, temperatura média do mês mais quente
superior a 22ºC e do mês mais frio superior a 18ºC. As precipitações pluviais
mensais médias, coletadas na unidade de pesquisa, nos últimos anos mostraram
que de outubro a maio ocorreram 1222 mm, correspondendo a 93,7% do total
anual; enquanto que de junho a setembro choveu 82 mm, representando 6,3%. O
solo do local é classificado como latossolo vermelho-escuro, fase arenosa, com
topografia quase plana e de boa drenagem.
Foram utilizados 24 bovinos machos cruzados Nelore X Aberdeen Angus,
não castrados, com idade inicial de 24 meses, com peso inicial médio de 422,6 kg,
sendo 12 ½ Nelore ½ Aberdeen Angus variedade preta e 12 ½ Nelore ½ Aberdeen
Angus variedade vermelha. Os animais foram distribuídos aleatoriamente entre
38
quatro tratamentos, totalizando seis repetições por tratamento sendo três animais
de cada cruzamento. Variedade e peso inicial foram considerados blocos.
Os quatro tratamentos foram constituídos de bovinos alimentados com
dietas a base de feno colhido em estádio de pós-florecimento, simulando o resíduo
de pós-colheita de sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu. As dietas dos
animais foram isoprotéicas e isoenergéticas, portanto foi considerado NDT dos
fenos de 50%, através das análises prévias dos volumosos, porém foi
desconsiderado o provável aumento na digestibilidade da fibra pela quebra
promovida pelos tratamentos químicos. A formulação efetuada foi com vista a
ganhos de peso de 1,1 kg/animal/dia conforme as recomendações do NRC (1996),
sendo os tratamentos: bovinos alimentados com feno não tratado suplementado
com nitrogênio não protéico (FNTNNP), feno não tratado suplementado com farelo
de algodão (FNTFA), feno tratado com uréia 5% na MS (FTU) e feno tratado com
amônia anidra 3% na MS (FTA).
As dietas (Tabela 1) foram fornecidas em baias individuais pela manhã de
forma a possibilitar 5% de sobra por animal por dia. Estas eram pesadas
diariamente e amostradas semanalmente para avaliação de consumo diário
individual de matéria seca (MS), consumo em relação ao peso vivo (%PV), em
relação ao peso metabólico e posteriormente de conversão alimentar (kg de MS
ingerida/kg de GMD). A coleta das sobras individuais possibilitou o cálculo de
consumo de nutrientes por cada animal.
39
Tabela 1. Porcentagem dos ingredientes nas dietas expressos na matéria seca (%) e
valores nutricionais estimados dos tratamentos, feno tratado com uréia (FTU),
feno tratado com amônia anidra (FTA), feno não tratado suplementado com
nitrogênio não protéico (FNTNNP) e feno não tratado suplementado com farelo
de algodão (FNTFA).
Ingredientes FNTNNP FNTFA FTU FTA
Feno 48,000 47,841 53,096 53,096
Milho moído 41,342 29,887 37,740 37,740
Farelo de algodão (28% PB) 2,385 16,282 2,949 2,949
Uréia pecuária 2,296 1,151 0,852 0,852
Gordura 2,000 2,000 2,000 2,000
Vitamina A 0,001 0,001 0,001 0,001
Minerais 3,972 2,833 3,352 3,352
Monensina 0,004 0,004 0,004 0,004
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Valores Nutricionais Estimados
MS (%) 84,17 84,88 69,03 73,16
PB (% MS)
1
13,0 13,0 13,0 13,0
NNP (% MS)
1
1,2 0,5 1,2 1,2
NDT (% MS)
1
63,0 63,0 63,0 63,0
Ca (% MS)
1
1,1 1,1 1,1 1,1
P (% MS)
1
0,3 0,3 0,3 0,3
1
Estimados com base na tabela de composição química do NRC (1996)
Matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nitrogênio não protéico (NNP), nutrientes
digestíveis totais (NDT), cálcio (Ca) e fósforo (P)
O tratamento dos volumosos foi realizado com confecção de fardos de feno
com 7 a 8 kg cada, sendo esses arranjados em camadas. Cada meda consistia de
seis camadas de fardos de feno, colocados sobre uma lona plástica totalizando
4.000 kg de MS. Foi utilizada outra lona para cobertura das pilhas possibilitando
assim armazenamento em condições hermeticamente fechadas durante o período
de tratamento de 150 dias.
40
No tratamento dos fenos a uréia pecuária foi diluída em água suficiente
para o ajuste da umidade em 30%, dose essa recomendada com base no capítulo
anterior, e aplicada manualmente com auxílio de regadores sobre as pilhas de
fardos de feno na dosagem calculada em 5% da MS do feno, posteriormente as
medas foram cobertas com lonas e vedadas, para melhor atuação do produto. A
quantidade água foi obtida tomando-se o peso total da pilha e o teor de MS dos
fardos de feno. A seguir, dividiu-se o peso da pilha (MS) pelo teor de MS
desejado, multiplicando-se pela matéria seca original, obtendo o peso das pilhas
após a adição de água.
A aplicação de amônia anidra foi realizada em pilhas de fenos vedadas com
lonas ligadas aos botijões por mangueiras de borracha, estes estavam sobre
balança para observação da diferença de peso para calculo da dosagem aplicada
de 3% da MS do feno. Antes do fornecimento no cocho os fenos tratados eram
aerados por três dias e moídos em moinho de martelo sem peneira, buscando
atingir partículas de aproximadamente 5 centímetros, facilitando manejo e
consumo animal.
As amostras de alimentos fornecidos e as sobras individuais dos animais
foram coletadas, armazenadas e levadas posteriormente aos laboratórios de
Tecnologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de
Jaboticabal (FCAV/Unesp) e Laboratório de Nutrição Animal (LANA) também da
FCAV/Unesp e analisadas segundo as metodologias descritas por SILVA &
QUEIROZ (2002). Foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria
mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG) e calculados os teores de
hemicelulose (HEM) e celulose (CEL).
O experimento totalizou 98 dias divididos em três períodos de 28 dias cada,
mais o período de adaptação de 14 dias. Os animais foram pesados após
adaptação para obtenção do peso vivo inicial e foram submetidos ao mesmo jejum
de 16 horas no final de cada período experimental, possibilitando avaliação do
desempenho dos animais, peso vivo ao abate e ganho médio diário.
41
O abate foi realizado no frigorífico Minerva em Barretos SP seguindo-se o
procedimento padrão do local, sendo coletado e pesado o fígado, a gordura renal,
pélvica e inguinal. Em seguida, as carcaças foram cerradas ao meio, sendo cada
½ carcaça pesada individualmente, obtendo-se o peso das carcaças quentes e
posteriormente armazenadas em câmara fria, a 0-3ºC, por 24 horas. Durante esse
período foram monitorados o pH e temperatura das carcaças. Após o resfriamento
a ½ carcaça fria foi novamente pesada para determinação do rendimento de
carcaça fria e perdas por resfriamento. Na carcaça direita foram separados e
pesados, os cortes primários, traseiro completo, dianteiro e ponta de agulha para
determinação de seus respectivos rendimentos. A área de olho de lombo, em cm
2
,
e a espessura de gordura subcutânea, em mm, foram medidas entre a 12ª e 13ª
costela, na carcaça esquerda. Foram medidos o comprimento da carcaça, em cm,
a profundidade, em cm e o índice de compacidade calculado pelo comprimento,
em cm, pelo peso da carcaça quente, em kg.
Para análise qualitativa da carne, retiraram-se amostras do músculo
Longissimus dorsi, na altura da 12ª e 13ª costelas. Estas amostras foram
embaladas à vácuo e congeladas. Posteriormente, as amostras foram transferidas
para câmara fria, com temperatura aproximada de 2°C por, por 12 horas, até o
momento das análises de maciez e perdas por cozimento. A perda de água no
cozimento foi determinada pelo peso da seção antes e depois do cozimento,
expressa em percentagem, segundo processo descrito no Manual de Cozimento e
Avaliação Sensorial da carne (CROSS et al., 1978).
Para determinação da força de cisalhamento, utilizou-se o aparelho do tipo
Warner - Bratzler Shear fabricado por G-R Electrical Manufacturing Company
(1317 Collings Lane, Manhattan, Kansas - 66502, USA) com capacidade para 25
kg. Foram retirados 6 cilindros de 2,5 cm de espessura de cada bife com a
utilização de um vazador manual e a força de cisalhamento média (em kgf) foi
medida, transversal as fibras da carne.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados onde as
composições genéticas e pesos iniciais eram blocos, com quatro tratamentos e
42
seis repetições, analisados pelo programa SAS (1999) e as médias comparadas
pelo teste Tukey (P<0,05).
3. Resultados e Discussão
Os dados referentes ao desempenho dos animais experimentais estão
apresentados na Tabela 2, na qual pode ser verificado que não houve diferença
significativa no peso vivo inicial (PVI) dos animais experimentais, tal fato deve ser
considerado ideal no que diz respeito à avaliação dos tratamentos do experimento.
O valor médio de PVI foi de 422,6 kg.
Tabela 2. Médias de peso vivo inicial (PVI) em kg, peso vivo final (PVF) em kg, ganho
médio diário (GMD) em kg/dia e conversão alimentar (CA) kg de MS ingerida/kg
de GMD dos animais alimentados com dietas de feno não tratado
suplementado com nitrogênio não protéico (FNTNNP), feno não tratado
suplementado com farelo de algodão (FNTFA), feno tratado com uréia (FTU) e
feno tratado com amônia anidra (FTA).
Parâmetros FNTNNP
FNTFA FTU FTA MEDIAS CV
1
P > F
PVI 414,3 416,7 431,0 428,5 422,6 6,22 0,62
PVF 484,8b 510,7ab 513,7ab 539,2a 512,0 5,33 *
GMD 0,871b 1,161ab 1,014b 1,336a 1,103 17,99 **
CA 10,91a 8,98 ab 9,83ab 7,78b 9,37 16,64 **
Médias, seguidas pela mesma letra, minúscula, não diferem entre si, pelo teste tukey a
5% de probabilidade; * significativo a 5% de probabilidade; ** significativo a 1% de
probabilidade;
1
coeficiente de variação
Embora todos os tratamentos alimentares possibilitaram aos animais pesos
adequados para abate comercial, os valores de peso vivo final (PVF)
apresentaram diferença significativa.
O menor PVF foi observado nos animais alimentados com feno não tratado
suplementado com nitrogênio não protéico (FNTNNP), de 484,8 kg, sendo
intermediários os pesos dos animais alimentados com feno não tratado
suplementado com farelo de algodão (FNTFA) e com feno tratado com 5% de
43
uréia na MS (FTU), de 510,7 e 513,7 kg, respectivamente. Portanto, os animais
alimentados com feno tratado com 3% de amônia na MS apresentaram maior
PVF, de 539,2 kg.
Os valores de PVF estão relacionados com os valores de ganho médio
diário (GMD) dos animais, os quais apresentaram diferenças estatísticas, sendo o
maior valor de 1,336 kg observado nos animais do tratamento FTA, seguido
daqueles do FNTFA que apresentou valor intermediário de 1,161 kg e os menores
valores de 1,014 kg e 0,871 kg nos tratamentos FTU e FNTNNP, respectivamente.
Tais resultados indicam melhor aproveitamento da dieta fornecida aos animais que
consumiram FTA, provavelmente devido a um incremento na digestibilidade do
feno desse tratamento.
Segundo REIS et al. (2001a) o tratamento químico de volumosos de baixo
valor nutritivo resulta em elevação na digestibilidade da celulose e da
hemicelulose, em razão da expansão das moléculas de celulose, devido ao
rompimento das pontes de hidrogênio e aumento da hidratação da fibra,
permitindo o rápido acesso dos microrganismos, o que resulta,
conseqüentemente, em maior digestibilidade. No capítulo anterior pode ser
observado um incremento na digestibilidade in vitro desse feno tratado com
amônia com 30% de umidade (58%) de 20,7 unidades percentuais em relação ao
feno não tratado (37,3%), sendo esse material superior em 8,6 unidades
percentuais quando comparado ao feno tratado com uréia (49,4%). Vale ressaltar
ainda que na literatura encontra-se de forma consolidada o aumento na
digestibilidade quando da realização desse tratamento químico (FERNANDES et
al., 2002).
O FNTFA apresentou segundo maior GMD provavelmente por ser o
tratamento com maior proporção de proteína verdadeira, provinda do farelo de
algodão, pois segundo HUBER (1994) a substituição de proteína de origem
vegetal pela uréia reduz a disponibilidade de fatores essenciais contidos na fonte
protéica aos microrganismos do rúmen e aos ruminantes, dentre eles a
necessidade dos esqueletos de carbono para síntese máxima de proteína
44
microbiana. Deve-se considerar ainda que alta disponibilidade de forragem, feno à
vontade no cocho, com elevado teor de fibra e baixo de proteína, suplementado
com proteína apresenta resposta alta, porém suplementado com nitrogênio não
protéico, no caso a uréia, apresenta resposta baixa (SIEBERT & HUNTER, 1982),
justificando também o baixo GMD dos animais tratados com FNTNNP. Mesmo
considerando que bactérias fermentadoras de fibras utilizam amônia como única
fonte de N (RUSSEL et al., 1992; TEDESCHI et al., 2000), de se considerar
que as dietas utilizadas no tratamento FNTNNP continham 43,2% de milho e para
a degradação dessa fonte energética é necessária a presença de proteína
verdadeira.
Com relação à conversão alimentar (CA) também foi observado diferença
significativa sendo os valores inversamente proporcionais aos de GMD, que
quanto menor a CA indica uma maior eficiência animal em resposta a dieta
fornecida. Tais resultados também se fundamentam pelo provável aumento de
digestibilidade do feno tratado com amônia, como pode ser observado no capítulo
anterior, e melhor resposta animal quando suplementado com proteína verdadeira.
Com relação ao consumo de nutrientes pelos animais deve se considerar
que todas as dietas apresentavam-se isoprotéicas e isoenergéticas. A fim de
garantir igual suprimento das exigências de ganho de peso dos animais, porém a
dieta, tanto a fração concentrada quanto volumosa (feno) foi amostrada ao longo
do período experimental para possibilitar avaliação real do que era fornecido aos
animais diariamente e também, através da coleta das sobras, o que efetivamente
era consumido pelos bovinos.
Na Tabela 3 pode ser observada a composição química dos fenos
analisados aos 45 dias antes do início do experimento, quando foram amostrados
para formulação das dietas bem como a composição desses volumosos durante o
período experimental.
Com base na Tabela 3 observa-se que houve variação dentre os fenos
analisados 45 dias antes do início do experimento quando comparados aos fenos
45
analisados ao longo do período experimental, principalmente com relação aos
teores de matéria seca (MS) e de proteína bruta (PB).
Tabela 3. Teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose
(HEM), celulose (CEL), lignina (LIG) e extrato etéreo (EE) expressos em % da
MS dos fenos de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, sendo feno não tratado
(FNT), feno tratado com uréia (FTU) e feno tratado com amônia (FTA).
MM PB FDN FDA HEM CEL LIG EE
MS
% MS
Tratamentos
Prévia
1
FNT 87,06 4,80 2,38 79,73 49,82 29,91 42,34 7,48 0,47
FTU 58,94 5,42 12,74 82,66 46,79 35,87 40,96 5,83 0,43
FTA 66,05 6,03 12,46 73,90 48,40 25,51 42,12 6,28 0,42
Observada durante o experimento
2
FNT 83,13 4,92 2,85 85,71 48,87 36,85 40,22 8,65 0,46
FTU 78,69 5,33 14,18 82,92 46,30 36,62 39,55 6,76 0,44
FTA 79,93 5,92 8,76 78,07 45,72 32,35 38,18 7,13 0,38
1
Amostragem realizada 45 dias antes do início do experimento para formulação das dietas
2
Amostragens realizadas durante a execução do experimento
Na Tabela 4 estão apresentados os valores de composição química das
dietas estimadas, antes de iniciar o experimento, e ofertadas durante o
experimento.
Observando as Tabelas 3 e 4, percebe-se, variação nos teores de proteína
bruta (PB) e de matéria seca (MS) das dietas ofertadas aos animais, o que pode
ser devido à variação dos tratamentos do feno. Portanto, foram ofertadas dietas
contendo 13,74% de PB no tratamento FNTNNP, 14,41% de PB no tratamento
FNTFA, 15,21% de PB no tratamento FTU e 12% de PB no tratamento FTA.
Observa-se aumento na maioria dos tratamentos, que o valor inicial das dietas
era de 13% de PB, tal fato pode ser referente ao maior incremento de uréia nos
fenos tratados com esse aditivo, bem como variação nos fenos não tratados.
Curiosamente o FTA apresentou valor de PB reduzido, sendo este tratamento uma
das formas conhecidas de adicionar nitrogênio ao material antes de valor nutritivo
(VN) reduzido, a aeração dos fenos para facilitar a trituração pode ter ocasionado
a volatilização do nitrogênio não fixado nas partículas do feno.
46
Tabela 4. Teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose
(HEM), celulose (CEL), lignina (LIG) e extrato etéreo (EE) expressos em % da
MS das dietas de feno não tratado suplementado com nitrogênio não protéico
(FNTNNP), feno não tratado suplementado com farelo de algodão (FNTFA),
feno tratado com uréia (FTU) e feno tratado com amônia anidra (FTA).
MM PB FDN FDA HEM CEL LIG EE
MS
% MS
Tratamentos
Estimada
1
FNTNNP 84,20 6,77 13,00 47,93 25,91 22,02 21,67 4,24 1,48
FNTFA 84,91 6,96 13,00 47,74 27,43 20,31 22,41 5,08 1,26
FTU 68,99 6,94 13,00 55,59 29,11 26,47 25,22 3,89 1,20
FTA 73,19 7,30 13,00 50,42 30,06 20,36 25,90 4,16 1,20
Observada durante o experimento
2
FNTNNP 82,32 6,82 13,74 50,79 25,46 25,33 20,65 4,80 1,47
FNTFA 83,04 7,02 14,41 50,59 26,97 23,61 21,40 5,64 1,26
FTU 80,65 6,89 15,21 55,74 28,83 26,91 24,38 4,44 1,21
FTA 81,38 7,24 12,00 52,88 28,48 24,40 23,58 4,66 1,18
1
Amostragem dos fenos realizada 45 dias antes do início do experimento e composição
dos concentrados segundo VALADARES FILHO et al. (2006)
2
Amostragens realizadas durante a execução do experimento
Os teores de MS das dietas observados ao longo do experimento foram de
82,32%, 83,04%, 80,65% e 81,38%, respectivamente relacionado com os
tratamentos FNTNNP, TNTFA, FTU e FTA. Tem-se, aumento destes com relação
aos amostrados para a formulação da dieta, e embora todas as amostras tenham
sofrido processo de aeração de três dias, igualmente aos fenos durante todo o
período experimental, apresentavam material mais úmido no início do período
experimental.
Na Tabela 5 encontram-se valores referentes ao consumo de matéria seca
e consumo de nutrientes pelos animais experimentais.
Pode ser verificado que não houve diferença significativa no consumo de
MS por animal por dia (CMS), no consumo de MS em porcentagem do peso vivo
(CPV) e no consumo de MS em porcentagem do peso metabólico (CPM) sendo os
valores médios 9,8 kg de MS, 2,1% PV e 97,44g/UTM, respectivamente.
47
Tabela 5. Valores médios de consumo de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra
em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA), hemicelulose
(CHEM), celulose (CCEL) e lignina (CLIG) expressos em kg/dia, %PV e em g
por unidade de tamanho metabólico (g/UTM) de dietas de feno não tratado
suplementado com nitrogênio não protéico (FNTNNP), feno não tratado
suplementado com farelo de algodão (FNTFA), feno tratado com uréia (FTU) e
feno tratado com amônia anidra (FTA).
Parâmetros FNTNNP FNTFA FTU FTA MÉDIA CV
1
P>F
CMS (kg) 9,02 10,14 9,47 10,57 9,80 12,44 0,16
CPV (%) 2,00 2,19 2,01 2,19 2,10 11,32 0,36
CPM (g/UTM) 92,10 101,38 93,78 102,49 97,44 11,37 0,29
CPB (kg) 1,26 1,45 1,44 1,26 1,35 12,81 0,13
PBPV (%) 0,28 0,31 0,31 0,26 0,29 11,94 0,09
PBPM (g/UTM) 12,91 14,44 14,22 12,22 13,45 12,01 0,09
CFDN (kg) 4,43b 5,09ab 5,30ab 5,55a 5,09 13,20 *
FDNPV (%) 0,98 1,10 1,13 1,15 1,09 12,37 0,18
FDNPM (g/UTM) 45,21 50,78 52,50 53,80 50,57 12,34 0,13
CFDA (kg) 2,21b 2,73ab 2,76ab 3,02a 2,68 13,42 **
FDAPV (%) 0,49b 0,59ab 0,59ab 0,62a 0,57 12,54 *
FDAPM (g/UTM) 22,52b 27,29ab 27,33ab 29,25a 26,60 12,58 *
CHEM (kg) 2,22 2,35 2,53 2,54 2,41 13,05 0,26
HEMPV (%) 0,49 0,51 0,53 0,54 0,52 11,89 0,57
HEMPM (g/UTM) 22,69 23,49 24,55 25,16 23,97 12,15 0,49
CCEL (kg) 1,78b 2,15ab 2,33a 2,50a 2,19 13,65 **
CELPV (%) 0,40b 0,46ab 0,50ab 0,52a 0,47 13,08 *
CELPM (g/UTM) 18,15b 21,47ab 23,11a 24,17a 21,72 12,90 **
CLIG (kg) 0,43b 0,59a 0,43b 0,50ab 0,49 13,35 **
LIGPV (%) 0,10b 0,13a 0,09b 0,10b 0,10 11,66 **
LIGPM (g/UTM) 4,40b 5,89a 4,23b 4,81b 4,83 11,76 **
Médias, seguidas pela mesma letra, minúscula, não diferem entre si, pelo teste de tukey
no nível de 5% de probabilidade. * significativo a 5% de probabilidade; ** significativo a
1% de probabilidade;
1
coeficiente de variação.
Os valores de consumo de proteína bruta (CPB) em kg, em porcentagem
de peso vivo (PBPV) ou em gramas por unidade de tamanho metabólico (PBPM)
não diferiram significativamente, apresentando o mesmo comportamento dos
resultados de CMS, sendo os valores médios de 1,35 kg, 0,29% e 13,45 g/UTM,
respectivamente. Com base nesses valores pode-se constatar que as diferenças
48
nos teores de PB das dietas ofertadas não modificaram as características das
dietas experimentais, que foram preconizadas isoprotéicas, pois os animais
consumiram igual concentração de PB em todos os tratamentos.
Com relação aos teores de fibra em detergente neutro (FDN) os valores de
consumo (CFDN) em kg (Tabela 5) apresentaram diferenças significativas, sendo
o maior valor observado no tratamento FTA (5,55 kg), os intermediários nos
tratamentos FTU (5,30 kg) e FNTFA (5,09 kg), e o menor valor no tratamento
FNTNNP (4,43 kg). Pode-se inferir que o aumento no CFDN no FTA quando
comparado ao FNTNNP deve-se, provavelmente, a maior digestibilidade dessa
fração devido ao tratamento com amônia, ou seja, a quebra da FDN devido a
atuação da amônia na fibra do feno, melhorando seu aproveitamento. Este fato
poderia aumentar a taxa de passagem desses alimentos pelo rúmen possibilitando
aumento de ingestão.
Porém, vale ressaltar que os consumos em relação ao peso vivo (FDNPV),
de 1,09%, e em relação ao peso metabólico (FDNPM), de 50,57 g/UTM, não
diferiram significativamente e que o parâmetro, consumo em kg está diretamente
relacionado com o peso dos animais e que, portanto tem-se que inferir sobre o
maior peso atingido pelos animais desse tratamento ao final do experimento,
compilado com maior ganho de peso e menor conversão alimentar apresentados
anteriormente, na Tabela 2.
Os valores de consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) e consumo de
celulose (CCEL) apresentaram-se com comportamento semelhante quando feita
comparação entre os tratamentos, bem como os consumos dessas frações em
porcentagem de peso vivo ou peso metabólico. Tem-se, portanto maiores
consumos em porcentagem de peso vivo de FDA (FDAPV) e maiores consumos
em porcentagem de peso vivo de CEL (CELPV) pelos animais recebendo dietas
com base em FTA, sendo 0,62% e 0,52%, respectivamente. Os valores
intermediários de FDAPV e CELPV podem ser observados nos tratamentos FTU
(0,59% e 0,50%) e FNTFA (0,59% e 0,46%), sendo, portanto os menores valores
de FDAPV e CELPV no tratamento FNTNNP, de 0,49% e 0,40%, respectivamente.
49
Pose-se inferir que o aumento de consumo, das frações fibrosas, FDA e
celulose, deve-se a maior disponibilidade delas aos microrganismos do rúmen,
acarretando em aumento de degradação, conseqüentemente, aumento da taxa de
passagem. A FDA pode ter sido afetada pela atuação da amônia mais
eficientemente que pela atuação da uréia sobre os fenos, e o aporte de proteína
verdadeira pode ter sido mais eficiente em atender os microrganismos do rúmen
comparados ao fornecimento de NNP.
Os valores de consumos de hemicelulose não apresentaram diferença
significativa independente da base de comparação, kg (CHEM), peso vivo
(HEMPV) ou peso metabólico (HEMPM), apresentando valores médios de 2,41 kg,
0,52% e 23,97 g/UTM, respectivamente.
Ainda na Tabela 5, pode ser observado que houve diferença significativa no
consumo de lignina (LIG) por animal por dia (CLIG), no consumo de LIG em
porcentagem do peso vivo (LIGPV) e no consumo de LIG em porcentagem do
peso metabólico (LIGPM) sendo que essas diferenças não acompanharam
nenhum outro parâmetro estudado, evidenciando as dificuldades de mensurar os
efeitos da amonização sobre essa fração. Estudos que pesquisaram os efeitos da
amonização sobre os conteúdos lignina não são consistentes (SUNDSTOL, 1984;
REIS et al.2001a).
Outro fato que deve ser considerado, quando constata-se o maior consumo
de lignina (LIG) em kg (CLIG), em porcentagem do peso vivo (LIGPV) e em
relação ao peso metabólico (LIGPM), que foi de 0,59 kg, 0,13% e de 5,89 g/UTM,
respectivamente no tratamento FNTFA é a concentração de lignina no farelo de
algodão, pois esse ingrediente, que foi adicionado em maior proporção nessa
dieta, apresenta em média na sua constituição 5,54% de LIG na MS
(VALADARES FILHO el al., 2006). Tal fato pode ser observado na Tabela 4, onde
vê-se as composições das dietas nesse tratamento com maior concentração
dessa fração.
Na Tabela 6 estão apresentados os valores referentes às características de
carcaças avaliadas. Observa-se que os valores de peso de carcaça quente (PCQ)
50
apresentaram diferença significativa, sendo o maior de 312,5 kg, obtido no
tratamento FTA, os valores intermediários de 296,3 kg no tratamento FTU e 289,8
kg no tratamento FNTFA, desta forma o menor valor, 270,8 kg pode ser verificado
no tratamento FNTNNP. Tais resultados acompanham os de peso dos animais ao
abate, ou peso vivo final (PVF), anteriormente citados, os quais podem ser
observados na Tabela 2.
Tabela 6. Valores médios de peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça
quente (RCQ), peso da carcaça fria (PCF), perdas por resfriamento (PR),
proporção de dianteiro (DIANT), traseiro (TRAS) e ponta de agulha (PA) em
relação ao PCF, espessura de gordura (EG), área de olho de lombo (AOL),
AOL em relação à 100kg de PCQ (AOLcm
2
/100kgCQ), fígado em relação ao
PCF (FIGCF), gordura renal, pélvica e inguinal (GRPI), GRPI em relação ao
PCF, comprimento (COMP), profundidade (PROF) e índice de compacidade
(IC) dos animais alimentados com dietas de feno não tratado suplementado
com nitrogênio não protéico (FNTNNP) feno não tratado suplementado com
farelo de algodão (FNTFA), feno tratado com uréia (FTU) e feno tratado com
amônia anidra (FTA).
Parâmetros FNTNNP FNTFA FTU FTA MEDIAS CV
1
P>F
PCQ (kg) 270,8b 289,83ab 296,33ab 312,50a 292,37 6,49 *
RCQ (%) 55,85 56,68 57,77 58,00 57,07 2,8 0,11
PCF(kg) 265,68b 283,72ab
291,35ab 307,91a 287,16 6,54 **
PR (%) 1,90ab 2,10a 1,69ab 1,47b 1,79 17,56 *
DIANT (%) 41,78 42,02 43,20 41,57 42,14 2,66 0,09
TRAS (%) 45,41 46,18 45,38 45,92 45,73 2,30 0,50
PA (%) 12,77 11,80 11,43 12,52 12,13 11,48 0,34
EG (mm) 3,33b 3,80b 4,70b 6,30a 4,54 20,12 **
AOL (cm2) 90,33 85,17 93,33 95,00 90,96 11,47 0,40
AOL/100kgCQ(cm
2
) 33,63 29,28 31,57 30,53 31,25 9,91 0,14
FIGCF (%) 1,98 2,04 2,14 2,20 2,09 7,43 0,10
GRPI (kg) 3,86 4,99 4,77 5,38 4,75 24,37 0,18
GRPICF (%) 1,45 1,75 1,64 1,73 1,64 20,92 0,40
COMP (cm) 132,10 133,25 132,08 132,92 132,59 1,98 0,82
PROF (cm) 38,70 38,17 39,50 39,00 38,84 3,54 0,42
IC (cm2/kg) 0,273a 0,263ab 0,259ab 0,248b 0,261 4,26 **
Médias, seguidas pela mesma letra, minúscula, não diferem entre si, pelo teste de tukey a
nível de 5% de probabilidade; * significativo a 5% de probabilidade; ** significativo a 1%
de probabilidade;
1
coeficiente de variação
51
Os valores de peso de carcaça fria (PCF) acompanharam os resultados de
PCQ e PVF, desta forma pode se enfatizar os comentários anteriores de que
provavelmente a dieta FTA apresentou maior digestibilidade, além de uma maior
disponibilidade da fração fibrosa pelo tratamento químico com amônia,
disponibilizando mais nutrientes aos animais. Tais explicações estão de acordo
com REIS et al. (2001a) que observaram aumento na digestibilidade “in vitro“ da
MS dos fenos de “Braquiária brizantha” tratados com amônia (20,4 unidades
percentuais) e nos tratados com uréia (14,6 unidades percentuais). Os autores
atribuíram essa variação de incrementos na digestibilidade a diminuição nos
teores de fibra em detergente neutro e hemicelulose, ou seja, à solubilização que
acarretou no aumento do conteúdo de carboidratos prontamente digestíveis e de
nitrogênio disponível para os microrganismos do rúmen.
Com relação aos valores de rendimento de carcaça (RC), observados na
Tabela 6, não foram observadas diferenças significativas, tendo seu valor médio
de 57,7%, o que pode ser considerado bom para animais das raças estudadas e
também as dietas fornecidas, bem como o tempo de confinamento.
Os valores de perdas por resfriamento (PR), Tabela 6, apresentaram
diferenças significativas, sendo o maior valor de 2,10% no tratamento FNTFA e o
menor, de 1,47%, no tratamento FTA. Os valores de EG diferiram
significativamente (p<0,05) sendo o maior de 6,3 mm nos animais do tratamento
FTA. Provavelmente, por esse fato, os valores de PR tenham sido menores para
os animais deste tratamento, que, a maior espessura de gordura, confere maior
proteção da carcaça aos efeitos do resfriamento. Esses resultados estão
condizentes com os valores de desempenho, tais como, maior PVF, maior GMD e
menor CA dos animais alimentados com o tratamento FTA, nos quais constata-se
uma maior EG conferindo-lhes menores PR, o que pode refletir em maiores
benefícios quando comparados aos demais tratamentos, embora em todas essas
avaliações os tratamentos FTU e FNTFA tivessem comportamento intermediário.
52
As proporções de dianteiro, traseiro e ponta de agulha, não diferiram entre
si, sendo as médias de 42,14%, 45,73% e 12,13%, respectivamente. Segundo
LUCHIARI FILHO (2000) as proporções ideais entre os quartos da carcaça seriam
um dianteiro de até 39%, traseiro maior que 48% e ponta de agulha de até 13%.
Percebe-se, portanto menor proporção de traseiro que foi compensada por maior
porção de dianteiro, o que se deve, provavelmente, aos animais não serem
castrados, pois sabe-se que animais inteiros continuam o desenvolvimento da
parte dianteira, e ao contrário dos castrados, que reduzem o crescimento do
dianteiro, favorecendo proporcionalmente a porção traseira, a qual proporciona
cortes de maior valor comercial.
Parâmetros como a área de olho de lombo (AOL), em cm
2
, em relação a
100 kg de peso de carcaça quente e fígado em relação ao PCDF (FIGCF) não
diferiram entre os tratamentos sendo valores médios de 31,25 cm
2
e 2,09%,
respectivamente (Tabela 6). Os valores médios de AOL encontrados no presente
estudo estão acima do mínimo recomendado por LUCHIARI FILHO (2000), de 29
cm
2
/100kg de peso da carcaça, evidenciando que todas as carcaças,
provavelmente, teriam elevada porção comestível.
Ainda na Tabela 6, não observa-se diferenças significativas nas medidas de
gordura renal, pélvica e inguinal (GRPI), em kg, e GRPI em relação ao PCF
(GRPICF), sendo os valores médios de 4,75 kg e 1,64%, respectivamente.
Os valores obtidos das medidas de comprimento (COMP) e profundidade
(PROF) dos animais não diferiram significativamente apresentando valores médios
de 132,59 cm e 38,84 cm, respectivamente. Porém o índice de compacidade (IC)
apresentou diferença significativa.
O menor valor de IC observado foi de 0,248 cm
2
/kg nos animais que
recebiam o tratamento FTA, e o maior valor de 0,273 cm
2
/kg nos animais que
recebiam o tratamento FNTNNP e valores intermediários de 0,263 cm
2
/kg e 0,259
cm
2
/kg nos tratamentos FNTFA e FTU, respectivamente. Tais resultados podem
estar relacionados aos valores obtidos de PVF, PCQ e PCF, resultados de um
maior ganho de peso proporcionado aos animais que consumiram a dieta com
53
FTA, provavelmente pela maior digestibilidade da fibra proporcionada pela
atuação da amônia no feno, dado confirmado com os trabalhos de REIS et al.
(2001a).
Na Tabela 7 encontram-se os valores de pH e temperatura mensurados ao
abate e após 22 horas de refrigeração nos músculos “Semimembranosus” (coxão
mole) e “Longissimus dorsi” (contra filé).
Tabela 7 Valores médios de pH inicial (pHI), logo após o abate, e pH final, 22 horas após
o abate (pHF), obtidos no coxão mole (CM) e contra filé (CF) e valores de
temperatura em ºC inicial (TºI), logo após o abate, e temperatura final (TºF), 22
horas após o abate, nos mesmos músculos, das carcaças dos animais
alimentados com dietas de feno não tratado suplementado com nitrogênio não
protéico (FNTNNP) feno não tratado suplementado com farelo de algodão
(FNTFA), feno tratado com uréia (FTU) e feno tratado com amônia anidra (FTA).
Parâmetros FNTNNP FNTFA FTU FTA MÈDIA CV
1
P>F
pHICM 6,25 6,42 6,32 6,28 6,32 2,22 0,20
pHFCM 5,88 5,91 5,89 5,89 5,89 0,38 0,23
TºICM 39,82 39,18 39,88 39,88 39,69 1,80 0,28
TºFCM 11,66 12,05 12,05 12,75 12,13 9,92 0,49
pHICF 6,26 6,33 6,26 6,26 6,28 1,85 0,63
pHFCF 5,85 5,87 5,85 5,86 5,86 0,22 0,08
TºICF 37,08ab 35,93b 37,82a 38,17a 37,25 2,62 **
TºFCF 4,83b 4,92b 4,90b 5,60a 5,06 7,56 **
Médias, seguidas pela mesma letra, minúscula, não diferem entre si, pelo teste de tukey
no nível de 5% de probabilidade; * significativo a 5% de probabilidade; ** significativo a
1% de probabilidade;
1
coeficiente de variação
Não foi observada diferença significativa nos valores de pH inicial e final,
temperatura inicial e final no coxão mole, sendo os valores médios de 6,32, 5,89,
39,69ºC e 12,13ºC, respectivamente. Quanto às medições no contra filé, os
valores de pH inicial e final não apresentaram diferença significativa, sendo as
médias 6,28 e 5,86, respectivamente.
Os valores de temperatura do contra filé diferiram significativamente,
apresentando maiores valores nas carcaças dos animais tratados com FTA, 38,17
54
ºC inicial e 5,60 ºC final (p< 0,05). Os maiores valores de temperatura final no
contra filé pode ser explicado em parte, pelo maior PCF, o que poderia originar
contra-filés maiores. Essa diferença não foi verificada para o coxão mole,
provavelmente pela localização mais interna deste músculo em relação ao corte
do traseiro especial, menos sujeito às oscilações de temperatura, além da menor
distribuição de gordura de cobertura nesse ponto específico da carcaça. Além
disso, as menores PR dos animais deste tratamento foram influenciadas pelas
maiores EG (P<0,05) conferindo maior proteção às carcaças.
Segundo ALVES et al. (2005) a temperatura final das carcaças deve ser
menor que 10ºC, o que não ocorreu nas medições feitas no músculo
“Semimembranosus” (coxão mole), sendo de 12,13ºC.
A temperatura da câmara frigorífica na qual as carcaças foram
armazenadas foi medida juntamente com as medições de temperatura das
carcaças, a fim de detectar possíveis variações relacionadas a entrada de
carcaças em diferentes horários, o que poderia influenciar os resultados deste
estudo. A câmara frigorífica deve variar entre 0 e 3ºC, porém nos período em que
as carcaças experimentais ficaram armazenadas a temperatura chegou até 5ºC,
na colocação dos animais, e teve um aumento até 4ºC 16 horas após o abate,
podendo assim ter interferido negativamente sobre as temperaturas das carcaças.
Os valores de pH final, de maneira geral, estão acima dos recomendados
por LUCHIARI FILHO (2000) como adequados ao processamento das carcaças.
Tal fato pode ser devido aos animais terem passado por situação de estresse
antes do abate, o que levaria a uma exaustão das reservas de glicogênio dos
músculos impedindo a queda do pH. Com relação à temperatura final, em todos os
tratamentos, as mesmas ficaram abaixo de 7ºC, considerado adequado segundo
FARIA et al. (2004). Deve-se considerar também a diferença entre as formas e
constituição dos músculos influenciando na queda da temperatura, sendo maior no
contra filé quando comparado ao coxão mole, devido ao menor peso específico da
peça e localização do músculo.
55
Os valores de perdas por evaporação (PEV), perdas por gotejamento
(PEG), perdas totais (PET) e maciez das carcaças estão apresentados na Tabela
8. Pode-se verificar que não houve diferença significativa em nenhuma dessas
avaliações, sendo as médias de 11,13%, 11,55%, 22,67% e 4,14 kgf,
respectivamente.
Tabela 8 Valores médios de perdas percentuais por evaporação (PEV), perdas por
gotejamento (PEG), perdas totais (PET) e maciez (MACIEZ) em kgf, das
carcaças dos animais alimentados com dietas de feno não tratado suplementado
com nitrogênio não protéico (FNTNNP) feno não tratado suplementado com
farelo de algodão (FNTFA), feno tratado com uréia (FTU) e feno tratado com
amônia anidra (FTA).
Parâmetros FNTNNP
FNTFA FTU FTA MÈDIA CV
1
P>F
PEV 11,22 10,95 12,98 9,35 11,13 38,14 0,54
PEG 10,99 11,89 11,39 11,92 11,55 26,00 0,94
PET 22,22 22,83 24,37 21,27 22,67 16,46 0,55
MACIEZ 3,53 4,53 4,31 4,21 4,14 28,14 0,50
Médias, seguidas pela mesma letra, minúscula, não diferem entre si, pelo teste de tukey
no nível de 5% de probabilidade;
1
coeficiente de variação
A carne com maciez aceitável, que pode ser definida como aquela que
apresenta força de cisalhamento inferior a 4,5 kgf. (ALVES et al. 2005), portanto
as carnes obtidas nesse estudo podem ser definidas como macias. Segundo
esses mesmos autores, dentre as características de qualidade da carne bovina, a
maciez assume posição de destaque, sendo considerada como a característica
organoléptica de maior influência na aceitação da carne por parte dos
consumidores.
56
4. Conclusões
A utilização de amônia no tratamento do feno de resíduo de pós-colheita de
sementes mostrou-se como alternativa eficiente na alimentação de bovinos
confinados e proporcionou a produção de carcaças com acabamento desejável ao
processo produtivo de carnes.
A suplementação com farelo de algodão frente à utilização de uréia
exclusiva mostrou-se como alternativa melhor quando da utilização de fenos de
baixo valor nutritivo sem qualquer tratamento químico.
57
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