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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIA
CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL FORRAGEIRO E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE FÊMEAS DA RAÇA
HOLANDESA EM LOTAÇÃO ROTACIONADA DE PASTOS DE
CAPIM-MARANDU SOB INTENSIDADES DE PASTEJO
Estella Rosseto Janusckiewicz
Zootecnista
Jaboticabal – São Paulo – Brasil
2008
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIA
CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL FORRAGEIRO E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE FÊMEAS DA RAÇA
HOLANDESA EM LOTAÇÃO ROTACIONADA DE PASTOS DE
CAPIM-MARANDU SOB INTENSIDADES DE PASTEJO
Estella Rosseto Janusckiewicz
Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Ruggieri
Co-Orientador: Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.
Jaboticabal – SP
Fevereiro de 2008
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iii
Janusckiewicz, Estella Rosseto
J35c Características do dossel forrageiro e comportamento ingestivo
de fêmeas da raça Holandesa em lotação rotacionada de pastos de
capim-Marandu sob intensidades de pastejo / Estella Rosseto
Janusckiewicz. – – Jaboticabal, 2008
xii, 126 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2008
Orientador: Ana Cláudia Ruggieri
Banca examinadora: Izabelle Auxiliadora Molina de Almeida,
Valdo Rodrigues Herling
Bibliografia
1. Oferta de forragem. 2. Estrutura. 3. Capim-marandu. I. Título.
II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.084.22:636.2
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
iv
Dedico
Aos meus pais Nicolau e Marlene
Por me darem a vida e coragem,
Por se dedicarem e trabalharem tanto para que eu pudesse chegar até aqui,
Pelo amor e atenção.
Dedico a vocês!
Ofereço
Ao meu irmão Fábio,
Por seu apoio e amizade incondicionais,
Pelo amor e companheirismo dedicados a mim.
À quem sempre amarei acima de tudo.
v
AGRADECIMENTOS
À Deus, por estar sempre olhando por mim e me dar calma e força para enfrentar
os obstáculos da vida.
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Campus de Jaboticabal, pela
oportunidade de realização deste trabalho e de toda a minha formação acadêmica.
Ao Profa. Dra. Ana Cláudia Ruggieri que, ao longo desses anos de convivência,
tornou-se segunda mãe para mim, possuindo grande contribuição no caráter da pessoa
que sou hoje.
Ao Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis pela amizade, ensinamentos e confiança que
depositou em mim desde a época de graduação.
A Prof. Dra. Izabelle Auxiliadora Molina de Almeida Teixeira pela ajuda nas
correções, pela participação e pela convivência que tivemos durante a Reunião Anual
da Sociedade Brasileira de Zootecnia, realizada em Jaboticabal.
Ao Prof. Dr. Valdo Rodrigues Herling pela pronta disponibilidade em participar
das correções do trabalho e pela amizade que se iniciou.
Ao Prof. Dr. Matheus José Paranhos da Costa pela orientação e ajuda na
condução das análises de comportamento animal.
Ao doutorando Daniel Rume Casagrande pela grande ajuda no trabalho e pela
amizade que adquirimos ao longo do tempo.
Aos estagiários Juliane, André e Divino pela ajuda imprescindível na condução
do experimento.
Ao doutorando Adriano Páscoa e ao grupo ETCO pela amizade e disponibilidade
e boa vontade em ajudar nas observações de comportamento animal.
Ao mestre Jalme de Souza Fernandes nior pela amizade e ajuda nos lculos
de densidade volumétrica.
Aos funcionários do setor de Forragicultura e Pastagens e do setor de
Bovinocultura de leite pela contribuição e boa vontade.
vi
Às funcionárias da seção de pós-graduação por sempre estarem dispostas a
ajudar e pela paciência.
À Débora Fernanda Balbos, minha melhor amiga e companheira de república,
pela amizade, carinho, paciência e apoio.
À Cíntia Maria Batiston Loureiro, minha amiga desde o início da graduação, pela
amizade, convivência e apoio.
Ao Daniel (Sassá) que sempre foi como irmão para mim, me incentivando nos
momentos mais difíceis.
Aos amigos e companheiros de trabalho do setor: Fernanda (Virgem), Elisamara,
Marcela Magalhães, Cíntia (Lontra) e Oberdan (Lirou).
Aos amigos Stael, Ayumi, Lena, Viviane Reis, Diego (Regassado), Mariana
(Mari), Nailson, Greicy, Maria Fernanda, Giovani, André (Catatau), Guilherme (Gui),
Henrique (Cadera), Michele (Marmita), Marcela (Curica), Anna Paula (Nanica), Rafael
(Zóinho), Felipe, Gustavo Siqueira (Batatinha), Juliana Ferraz, Mariana (Fritopã), Carina
(Potra), Patrícia, Miller, Daniel (Koba) e a todos os outros que não estão aqui citados,
mas serão sempre lembrados com amor e carinho por tudo que passamos juntos.
Aos meus amigos de Araraquara Bete, Tião, Paulão, Wilian, Samira, Sérginho,
Luciano, Gabriela, André Caiano, Daniel, Denis, Raquel, Danilo, Janaína, Poliana,
Fernanda, Márcia, Flávio, Danilo, Gustavo e André pelos ótimos momentos de
convivência.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................................
x
LISTA DE FIGURAS................................................................................................
xii
RESUMO.................................................................................................................
xv
ABSTRACT..............................................................................................................
xvii
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS..........................................................
1
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................
1
2. REVISÃO DE LITERATURA ...........................................................................
2
2.1. Brachiaria brizantha cv. Marandu ..............................................................
2
2.2. Manejo do pastejo .....................................................................................
3
2.3. Características estruturais do dossel forrageiro.........................................
5
2.4. Comportamento ingestivo ..........................................................................
10
3. OBJETIVOS GERAIS.......................................................................................
14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
15
CAPÍTULO 2 - ESTRUTURA DO DOSSEL FORRAGEIRO DE PASTOS DE
CAPIM MARANDU MANEJADOS SOB OFERTAS DE FORRAGEM E
LOTAÇÃO ROTACIONADA ...................................................................................
24
1. RESUMO .........................................................................................................
24
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................
25
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................
26
3.1. Local e período experimental ....................................................................
26
3.2. Solo da área experimental..........................................................................
27
3.3. Condições climáticas..................................................................................
28
viii
3.4. Animais experimentais e método de pastejo..............................................
30
3.5. Características avaliadas ...........................................................................
31
3.5.1. Massa de forragem e altura do dossel forrageiro ................................
31
3.5.2. Densidade volumétrica e distribuição espacial ....................................
33
3.5.3. Ocorrência de touceiras .......................................................................
34
3.6. Delineamento experimental e tratamentos.................................................
34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................
36
4.1. Altura do dossel forrageiro ........................................................................
36
4.2. Massa de forragem ....................................................................................
44
4.3. Estrutura vertical do dossel .......................................................................
48
4.3.1. Densidade volumétrica ........................................................................
48
4.3.2. Distribuição espacial dos componentes morfológicos .........................
54
4.4. Ocorrência de touceiras .............................................................................
60
5. CONCLUSÃO .....................................................................................................
62
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................
63
CAPÍTULO 3 COMPOSIÇÃO MORFOLÓGICA DA FORRAGEM E DO
PASTEJO SIMULADO DE FÊMEAS DA RAÇA HOLANDESA EM PASTOS DE
CAPIM MARANDU MANEJADOS SOB OFERTAS DE FORRAGEM E
LOTAÇÃO ROTACIONADA....................................................................................
67
1. RESUMO..........................................................................................................
67
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................
68
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................
69
3.1. Local e período experimental ....................................................................
69
3.2. Solo da área experimental..........................................................................
70
ix
3.3. Condições climáticas..................................................................................
71
3.4. Animais experimentais e método de pastejo .............................................
71
3.5. Características avaliadas ...........................................................................
72
3.5.1. Massas e composição morfológica das amostras de forragem ...........
72
3.5.2. Relação folha:colmo ...........................................................................
72
3.5.3. Composição morfológica das amostras de pastejo simulado ..............
72
3.6. Delineamento experimental e tratamentos.................................................
73
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................
75
4.1. Massa de folhas, colmos e material morto ................................................
75
4.2. Composição morfológica da amostras de forragem ..................................
85
4.3. Relação folha:colmo...................................................................................
92
4.4. Composição morfológica das amostras de pastejo simulado.....................
95
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................
101
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
102
CAPÍTULO 4 COMPORTAMENTO INGESTIVO DE FÊMEAS DA RAÇA
HOLANDESA EM PASTOS DE CAPIM MARANDU MANEJADOS SOB
OFERTAS DE FORRAGEM E LOTAÇÃO ROTACIONADA...................................
105
1. RESUMO..........................................................................................................
105
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................
106
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................
108
3.1. Local e período experimental ....................................................................
108
3.2. Solo da área experimental..........................................................................
108
3.3. Condições climáticas..................................................................................
109
x
3.4. Animais experimentais e método de pastejo .............................................
109
3.5. Características avaliadas ...........................................................................
110
3.5.1.Taxa de bocados...................................................................................
110
3.5.2. Tempo de pastejo x altura do dossel....................................................
111
3.6. Delineamento experimental e tratamentos ................................................
113
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................
115
4.1. Taxa de bocados........................................................................................
115
4.2. Tempo de pastejo x altura do dossel..........................................................
117
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................
124
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
125
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultado das análises de fertilidade do solo da área experimental,
nos três blocos antes do início do período experimental.........................................
28
Tabela 2 - Valores de precipitação pluvial e médias mensais da temperatura do
ar mínima, média e máxima, durante o período experimental.................................
30
Tabela 3 - Quadro de análise de variância para as variáveis de massa de
forragem e altura do dossel forrageiro.....................................................................
35
Tabela 4 - Quadro de análise de variância para as variáveis de densidade
volumétrica do dossel forrageiro..............................................................................
36
Tabela 5 - Quadro de análise de variância para a variável de ocorrência de
touceiras do dossel forrageiro..................................................................................
36
Tabela 6 Altura do dossel comprimido e altura dia no pré-pastejo (HCpré e
HMpré respectivamente, em cm) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
39
xi
Tabela 7 Altura do dossel comprimido e altura dia no pós-pastejo (HCpós e
HMpós respectivamente, em cm) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
41
Tabela 8 Massa de forragem no pré e no pós-pastejo (MFpré e MFpós
respectivamente, em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas
de forragem e lotação rotacionada..........................................................................
46
Tabela 9 Densidade volumétrica de folhas na altura total (DF), de folhas no
estrato potencialmente pastejável (DF 50%), de colmos na altura total (DC), de
colmos no estrato potencialmente pastejável (DC 50%), de material morto na
altura total (DM) e de material morto no estrato potencialmente pastejável (DM
50%) no pré-pastejo de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada...............................................................................
51
Tabela 10 Densidade volumétrica da matéria seca na altura total (DMS), da
matéria verde seca na altura total (DMV), da matéria seca no estrato
potencialmente pastejável (DMS 50%) e da matéria verde seca no estrato
potencialmente pastejável (DMV 50%) no pré-pastejo de pastos de capim
Marandu manejados sob diferentes ofertas de forragem e lotação rotacionada.....
53
Tabela 11 – Porcentagem de touceiras (%T) de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.....................................
61
Tabela 12 - Quadro de análise de variância para as variáveis em condição de
pré-pastejo...............................................................................................................
74
Tabela 13 - Quadro de análise de variância para as variáveis em condição de
pós-pastejo...............................................................................................................
75
Tabela 14 - Quadro de análise de variância para as variáveis de pastejo
simulado...................................................................................................................
75
Tabela 15 – Massa de folhas no pré e no pós-pastejo (Mfo pré e Mfo pós
respectivamente, em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas
de forragem e lotação rotacionada..........................................................................
78
Tabela 16 Massa de colmos no pré e no pós-pastejo (Mco pré e Mco s
respectivamente, em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas
de forragem e lotação rotacionada..........................................................................
81
Tabela 17 Massa de material morto no pré e no pós-pastejo (Mmo pré e Mmo
pós respectivamente, em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
83
xii
Tabela 18 Porcentagem de folhas no pré e no pós-pastejo (%fo pré e %fo pós
respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada...............................................................................
87
Tabela 19 Porcentagem de colmos no pré e no pós-pastejo (%co pré e %co
pós respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
89
Tabela 20 – Porcentagem de material morto no pré e no pós-pastejo (%mo pré e
%mo pós respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
91
Tabela 21 Relação folha:colmo no pré e s-pastejo (F:C pré e F:C pós,
respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada...............................................................................
94
Tabela 22 – Porcentagem de folhas nas amostras de pastejo simulado coletadas
de manhã e a tarde (%fo manhã e %fo tarde respectivamente) de pastos de
capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada..............................................................................................................
98
Tabela 23 Porcentagem de colmos nas amostras de pastejo simulado
coletadas de manhã e a tarde (%co manhã e %co tarde respectivamente) de
pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada..............................................................................................................
99
Tabela 24 - Quadro de análise de variância para taxa de bocados.........................
114
Tabela 25 Taxa de bocados (bocados a cada 2 minutos) de fêmeas da raça
Holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada..................................................................................................
116
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Divisão da área experimental formada por capim Marandu...................
27
Figura 2 - Precipitação pluvial durante o período experimental...............................
29
Figura 3 - Valores da temperatura do ar, mínima, média e máxima, ao longo do
período experimental...............................................................................................
29
Figura 4 - Prato ascendente utilizado na coleta de amostras..................................
32
xiii
Figura 5 - Coleta de amostras para cálculo de massa de forragem........................
32
Figura 6 - Medições de altura com prato ascendente e com bengala.....................
32
Figura 7 Ponto inclinado utilizado nas medidas de estrutura vertical do
pasto........................................................................................................................
33
Figura 8 Altura do dossel comprimido e altura média no pré-pastejo (HCpré e
HMpré respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada...............................................................................
43
Figura 9 Altura do dossel comprimido e altura média no pós-pastejo (HCpós e
HMpós respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas
de forragem e lotação rotacionada..........................................................................
43
Figura 10 Massa de forragem no pré-pastejo (MFpré) de pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada......................
48
Figura 11 Massa de forragem no pós-pastejo (MFpós) de pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada......................
48
Figura 12 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel
forrageiro de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 1 (CP 1)....................................................
55
Figura 13 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel
forrageiro de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 2 (CP 2)....................................................
56
Figura 14 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel
forrageiro de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 3 (CP 3)....................................................
57
Figura 15 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel
forrageiro de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 4 (CP 4)....................................................
58
Figura 16 - Porcentagem de touceiras (%T) de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.....................................
61
Figura 17 - Porcentagem de folhas no pré e no pós-pastejo de pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada......................
88
Figura 18 - Porcentagem de colmos no pré e no pós-pastejo de pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada......................
90
xiv
Figura 19 - Porcentagem de material morto no pré e no pós-pastejo de pastos de
capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada...........
92
Figura 20 – Relação folha:colmo no pré e pós-pastejo de pastos de capim
Marandu manejados sob diferentes ofertas de forragem e lotação rotacionada.....
95
Figura 21 Porcentagem de folhas e colmos nas amostras de pastejo simulado
coletadas pela manhã e à tarde de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada..............................................................
100
Figura 22 Disposição dos piquetes e ofertas de forragem na área
experimental.............................................................................................................
111
Figura 23 – Observações de comportamento dos animais......................................
112
Figura 24 Divisões dos piquetes com barbante para medir altura dos
quadrantes...............................................................................................................
112
Figura 25 Taxa de bocados (bocados a cada 2 minutos) de fêmeas da raça
holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob diferentes ofertas de
forragem e lotação rotacionada...............................................................................
116
Figura 26– Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo
médio (min, mapa em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 1...................................................................................................................
118
Figura 27– Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo
médio (min, mapa em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 3...................................................................................................................
120
Figura 28 Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo
médio (min, mapa em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 4...................................................................................................................
123
xv
CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL FORRAGEIRO E COMPORTAMENTO INGESTIVO
DE FÊMEAS DA RAÇA HOLANDESA EM LOTAÇÃO ROTACIONADA DE PASTOS
DE CAPIM-MARANDU SOB INTENSIDADES DE PASTEJO
RESUMO
Das características do dossel que afetam a seleção do bovino em pastejo, as mais
importantes para o manejo são massa e densidade de forragem, altura do pasto, e
quantidade de folhas. O trabalho teve por objetivo estudar os efeitos de níveis da oferta
de forragem na produção de biomassa, nas características estruturais do dossel
forrageiro e no comportamento ingestivo de fêmeas da raça Holandesa em pastos de
Brachiaria brizantha cv Marandu manejados sob lotação rotacionada. O experimento foi
conduzido no Departamento de Zootecnia da UNESP, Jaboticabal, em área de 5.000
m
2
, dividida em 12 piquetes. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso em
esquema de parcelas subdivididas no tempo, com três repetições. Nas parcelas foram
avaliadas as ofertas de forragem (4, 7, 10 e 13 % do PV) e nas subparcelas os ciclos de
pastejo. A altura média e comprimida do dossel no pré-pastejo foram maiores na oferta
de forragem de 13% e menores na de 4%. A densidade volumétrica da matéria seca foi
mais intensamente modificada na parte inferior do dossel do que no estrato
potencialmente pastejável. A distribuição vertical dos componentes morfológicos
revelou predominância de folhas nos estratos superiores do dossel e de hastes e
material morto nos estratos de menor altura. A oferta de 4% proporcionou menores
massas de folhas do que de colmos; na oferta de forragem de 10% observou-se no pós-
pastejo maiores quantidades de colmos do que no pré; a oferta de forragem de 7%
resultou em altas massas de folhas e colmos no pré e baixas no pós-pastejo. A relação
folha:colmo no pré-pastejo diminuiu com o aumento das ofertas de forragem. Nas
amostras de pastejo simulado pôde-se inferir que os animais conseguiam ingerir grande
porcentagem de folhas durante o período experimental e as ofertas de forragem não
limitaram a quantidade de folhas ofertada. As taxas de bocado não variaram em função
das ofertas de forragem, porém entre os ciclos, diminuíram em situações onde a altura
do dossel e a massa de forragem eram maiores. Pelo exposto verificou-se que a oferta
xvi
de forragem de 7% do PV proporciona melhor relação entre altura e massa de forragem
e maior massa de folhas, além de proporcionar um dossel vegetativo com condições
maiores de rebrotação; aumento na altura do dossel por ocasião do aumento da
massa de forragem ofertada; em maiores ofertas de forragem verifica-se maiores
massa de material morto e menor relação folha:colmo; as ofertas de forragem não
limitam a quantidade de folhas oferecida aos animais porém em condições ambientais
desfavoráveis ao crescimento dessas folhas, os animais passam a consumir colmos; a
maior massa de forragem causa diminuição na competição entre os animais fazendo
com que eles possam fazer um pastejo mais seletivo; em situação de maior altura e
massa de forragem os animais diminuem o tempo de pastejo, enquanto pastejam mais
pontos dentro do pasto.
xvii
HERBAGE SWARD CHARACTERISTICS AND INGESTIVE BEHAVIOR OF DAIRY
CATTLE ON MARANDU PALISADEGRASS SUBJECTED TO ROTATIONAL
STOCKING UNDER DIFFERENT GRAZING INTENSITY
SUMMARY
The most important characteristics of sward that affects the animal choice on grazing,
are mass and herbage density, the height of the pasture, and amount of leaves. The
objective of this study was to evaluate herbage allowance levels on the biomass
production, sward characteristics and ingestive behavior of dairy cattle on Brachiaria
brizantha cv Marandu pasture subjected to rotational stocking. The experiment was
carried out at Departamento de Zootecnia, UNESP, Jaboticabal, from November 2005
to April 2006 in area of 5.000 m2, divided in 12 paddocks. Treatments were four
herbage allowance (4, 7, 10 and 13% of LW) allocated in a complete randomized block
design with split plot scheme, with three replications. The compressed sward height in
the pré-grazing was higher in 13% herbage allowance and smaller in 4%. The dry matter
volumetric density was more intensely modified in the inferior part of sward than in
potentially grazing stratum. The vertical distribution of the morphologic components
showed predominance of leaves in the superior sward strata and of stems and dead
material in the smaller height strata. The 4% herbage allowance provided smaller leaves
mass than stems; In the post grazing at 10% of herbage mass it was observed larger
amount of stems than in pre grazing; 7% of herbage allowance resulted in high leaves
mass and stems in the pre and low in the post grazing. It was verified that the leaf: stem
ratio in the pre-grazing decreased with the increase of herbage allowance. By hand-
plucked sampling of palisadegrass it could be inferred that the animals consumed great
percentage of leaves during the experimental period and the herbage allowance did not
limit the amount of leaves allowed. The bite taxes were not different among herbage
allowance, however, among cycles, it was decreased in situations where the sward
height was higher. For the exposed it was verified that the 7% of herbage allowance
xviii
provides better relation between height and herbage mass and larger leaves mass
better sward regrowth conditions; there is an increase in the sward height by the
increase of herbage mass amount; in larger herbage allowance it is verified higher
amount mass of dead material and smaller stem: leaf ratio; the herbage allowance do
not limit the amount of leaves to the animals, however, on unfavorable environmental
conditions to the growth of those leaves, the animals could consume stems; the highest
herbage mass causes decrease in the competition among the animals and they can
make a selective grazing; in situation of higher height and herbage mass the animals
reduce the time of grazing, while grazing more points inside of the pasture.
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, os sistemas de produção de carne e leite eso relacionados à explorão
de pastagens. Sendo assim, a
utilização de pastagens tem grande relevância, uma vez
que atualmente o País é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, além
de possuir uma grande área de pastagens, tornando a atividade atraente aos
produtores devido ao baixo custo de produção. Dessa forma, o manejo das pastagens
torna-se de fundamental importância, pois essas o fontes de nutrientes passíveis de
transformação em proteína animal, a baixos custos. Para isso, a planta forrageira deve
apresentar características como perenidade, rebrotação rápida após desfolhação,
tolerância ao pisoteio exercido pelo animal, alta produção de folhas e valor nutritivo
adequado a fim de propiciar sucesso da exploração dos animais mantidos no pasto.
O consumo de forragem pelo animal em pastejo está diretamente relacionado
com a estrutura do dossel forrageiro, que é fator determinante do comportamento
ingestivo do animal. Os ruminantes em pastejo são seletivos, tendo preferências em
consumir partes das plantas mais tenras, como as folhas, tornando a ingestão um
processo dependente das características da planta forrageira.
Para maximizar a produtividade animal em condições de pastejo, a planta
forrageira deve ser utilizada de forma racional, por meio de práticas de manejo
sustentáveis que permitam alta produtividade e aproveitamento eficiente da forragem
produzida. Conciliar alta produção de forragem, perenidade do pasto e elevada
produção animal exige uma adequação do manejo da desfolhação, dentro de um
equilíbrio que respeite os limites específicos da forrageira.
Em ecossistemas de pastagens, as necessidades de plantas e animais em
pastejo são conflitantes, uma vez que a comunidade de plantas precisa manter sua
área foliar com elevada eficiência fotossintética e os animais precisam ser alimentados
com forragem de elevado valor nutritivo. Por essa razão, é importante compreender a
inter-relação dos componentes do sistema de pastagem (planta, animal, solo e clima), o
2
que passa, necessariamente, pelo entendimento das características estruturais do
dossel forrageiro que determinam as respostas tanto das plantas, como dos animais.
Diversos trabalhos são encontrados na literatura, relativamente às plantas
forrageiras de clima tropical, com destaque para plantas do gênero Brachiaria sp, as
quais cobrem grandes áreas de pastagens cultivadas no Brasil (SOARES FILHO, 1994)
e, atualmente as pesquisas estão intensamente focadas no lançamento de novos
cultivares desse Gênero na tentativa de atender os atributos de produção e qualidade
em condições tropicais. Dentre essas espécies estudadas, a Brachiaria brizantha
(Hochst ex A. Rich) Stapf. cv. Marandu é ainda uma das espécies mais procuradas
(ZIMMER et al., 1998). Essa preferência é conseqüência, principalmente, de atributos
como tolerância à média fertilidade do solo, elevada produtividade quando devidamente
manejada, tolerância à cigarrinha das pastagens, entre outros. Contudo, apesar de
diversos trabalhos de pesquisa discorrer acerca da caracterização dessa planta
forrageira, inclusive valor nutritivo e desempenho animal, é ainda limitado o
conhecimento de seu comportamento face aos níveis de oferta da forragem aos
animais.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Brachiaria brizantha cv. Marandu
De acordo com RENVOIZE et al. (1996), o gênero Brachiaria contém cerca de
97 espécies distribuídas por toda zona tropical do planeta que crescem em habitats
variados, de várzeas e bosques sombreados até semidesertos, sendo a maioria das
espécies encontradas nas savanas africanas. Segundo NUNES et al. (1985), a espécie
Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf, é originária da África tropical e encontrada em
Madagascar, Sri Lanka, Austrália, Suriname e Brasil, possuindo características como:
hábito de crescimento cespitoso; colmos iniciais prostrados, mas com produção de
perfilhos eretos; bainhas pilosas; lâminas foliares linear-lanceoladas, pilosas na face
ventral e glabras na fase dorsal; inflorescência na forma de espiguetas e colmos
3
floríferos eretos, frequentemente com perfilhamento nos nós superiores, levando a
proliferação de inflorescências sob regime de corte ou pastejo. Além disso, os
principais atributos dessa espécie são: alta resposta à aplicação de fertilizantes, alta
capacidade de cobertura do solo, bom desempenho sob sombreamento, bom valor
nutritivo e alta produção de raízes e sementes. Por outro lado, possui baixa adaptação
a solos mal drenados, moderada resistência à seca e necessidade de solos
medianamente rteis para persistência a longo prazo (VALLE et al., 2000). Esses
autores ainda relatam que a o momento o foram detectadas ocorrências de
cigarrinha-das-pastagens e fotossensibilização hepatógena em Brachiaria brizantha.
Segundo NUNES et al. (1985), o cultivar Marandu foi trazido pela primeira vez ao país
em 1967 e cultivado por vários anos no Estado de São Paulo de onde foi distribuído
para outras regiões. Em 1977 essa gramínea foi incluída no processo de avaliação de
plantas forrageiras da EMBRAPA sendo testada em condições climáticas variadas para,
em 1984 ser lançada a Brachiaria brizantha cv. Marandu.
2.2. Manejo do pastejo
O pastejo é a forma mais econômica dentre todas as modalidades de
alimentação dos ruminantes. Sua condução deve observar as relações das interfaces
solo, planta, animal e clima, a fim de alcançar a eficiência de uso da forragem, de modo
a obter produção animal a baixo custo, tornando a atividade competitiva com outras
áreas da agricultura, sem comprometer a produtividade da pastagem. Para tanto, faz-se
necessário o conhecimento das respostas estruturais do dossel forrageiro ao ambiente,
assim como ao manejo.
Em qualquer sistema de produção animal, deve-se procurar equacionar o
suprimento de forragem com a demanda animal por alimento. Assim, o objetivo do
manejo do pastejo é conciliar as exigências conflitantes da planta forrageira
(conservação de sua área foliar) e a desfolha do dossel pelo pastejo (PARSONS, 1988),
visando o desempenho animal e a produção por hectare. Além disso, a perenidade e
estabilidade da comunidade de plantas forrageiras são dependentes das diversas
4
práticas de manejo adotadas, sendo a principal delas a adoção de uma pressão de
pastejo compatível com a capacidade suporte do pasto (GOMIDE & GOMIDE, 2001).
Segundo MCMEEKAN (1956), para a obtenção de alta produção animal em pastagem
três condições básicas devem ser atendidas: (a) produção de grande quantidade de
forragem de elevado valor nutritivo; (b) grande proporção de forragem produzida deve
ser colhida pelos animais, e (c) elevada eficiência de conversão dos animais, ou seja,
deve haver um equilíbrio harmônico entre as três fases do processo de produção:
crescimento, utilização e conversão (HODGSON, 1990).
De acordo com BLASER (1994), a produção animal em pastagens tropicais é
severamente restringida, devido ao rápido amadurecimento das plantas forrageiras e à
conseqüente redução da disponibilidade e proporção de folhas verdes no relvado, ao
aumento do teor de fibras e à redução do teor de proteína bruta e da digestibilidade da
forragem disponível. As gramíneas C4, que constituem os pastos tropicais, exibem
alterações em suas características morfológicas e químicas, associadas ao
desenvolvimento, à maturidade fisiológica e senescência natural da planta forrageira,
que alteram a qualidade e disponibilidade de forragem e a estrutura do relvado,
influenciando o consumo e o desempenho dos animais (EUCLIDES et al., 1990;
BLASER, 1994; GOMIDE, 1997). O desempenho animal em pastejo varia com a taxa
de lotação da pastagem e, mais precisamente, com a pressão de pastejo adotada, por
seu efeito sobre as características estruturais de massa, altura, índice de área foliar,
porcentagem de material morto da pastagem e, assim, na determinação do consumo de
forragem (ADJEI et al., 1980; BAKER et al., 1981; CANTO et al., 1998; BORTOLO et al,
2001; ALMEIDA et al., 2002). Em geral, alta taxa de lotação ou baixa oferta de forragem
compromete a altura do resíduo, reduz a proporção de material morto e a relação
folha:colmo. Algumas características morfológicas da planta forrageira (como relação
folha:colmo, altura, densidade, distribuição horizontal e vertical das plantas ou da
biomassa no pasto) e práticas de manejo (como resíduo pós-pastejo, oferta de
forragem, altura pré e pós-pastejo, pressão de pastejo e área foliar remanescente)
afetam o crescimento da planta e o desempenho do animal em pastejo.
5
Num ambiente de pastagem as respostas tanto de plantas forrageiras como dos
animais em pastejo são condicionadas e determinadas por variações em estrutura e
condição do dossel forrageiro (HODGSON & SILVA, 2002). Em pastagem sob pastejo
de lotação intermitente, a progressiva desfolha do dossel durante o período de
ocupação é caracterizada por redução da massa de forragem verde, da altura do
dossel, do índice de área foliar, da porcentagem de folhas verdes e aumento de
material morto e da porcentagem de colmo (CHACON et al, 1976; MCGILLOWAY et al,
1999; PENNING et al.1994). Dentro disso, o período de descanso da pastagem deve
ser baseado nas características fisiológicas do crescimento de cada forrageira, devendo
evitar queda do valor nutritivo e perdas de forragem. Dessa forma, o descanso deve ser
suficiente para que a planta acumule reservas orgânicas para suportar o próximo
pastejo. O período de ocupação ou período de pastejo (tempo dentro do qual certa área
é pastejada, HODGSON, 1979), é outro fator importante a ser observado na condução
da lotação intermitente, devendo ser o mais curto possível a fim de aumentar a
eficiência de uso da forragem e prevenir uma segunda desfolha do perfilho, que poderia
comprometer sua recuperação (GOMIDE, 1997).
2.3. Características estruturais do dossel forrageiro
Segundo LACA & LEMAIRE (2000), a estrutura do dossel forrageiro pode ser
definida como sendo a distribuição e arranjo espacial dos componentes da parte aérea
das plantas dentro de uma comunidade, e várias são as características utilizadas para
descrevê-la: altura do dossel (cm), massa de forragem (kg MS/ha), densidade
volumétrica da forragem (kg MS/ha.cm), densidade populacional de perfilhos,
distribuição da fitomassa por estrato, ângulo foliar, índice de área foliar, relação
folha:colmo, etc. Dentre as características do dossel vegetativo, HODGSON (1990)
citou que as que mais afetam a produção de forragem e do animal e,
conseqüentemente, as mais importantes para o manejo, são a altura do pasto, a massa
e densidade de forragem e a quantidade de folhas.
6
Quando a desfolhação, proporcionada pelos animais em pastejo, é drástica a
ponto de causar um balanço negativo na planta (períodos de descanso insuficientes ou
superpastejo) pode ocorrer um balanço negativo de carbono (respiração maior que
fotossíntese). Este balanço negativo leva a redução substancial do material de reserva
composto por carboidratos e nitrogênio (PENATI et al., 1999), portanto, ao final de cada
pastejo, deve permanecer um resíduo de forragem que contenha em torno de 25% de
folhas ainda verdes para que a planta restabeleça o mais rápido possível a sua
atividade fotossintética. Na literatura encontra-se recomendações para resíduo pós-
pastejo de Brachiaria spp em torno de 1.500 kg MS/ha, o que corresponde a altura de
10 cm após a saída dos animais da pastagem (AGUIAR, 1998). MARASCHIN (1996b)
relata que a desfolha da planta forrageira reduz a taxa de fotossíntese, a fixação de
carbono e a translocação de carboidratos de reserva, além de afetar a absorção de
nutrientes e causar paralisação do alongamento das raízes dentro de 24 horas após a
remoção de 40 a 50% da parte aérea dos perfilhos. Desfolhas freqüentes e intensas ou
realizadas em períodos desfavoráveis para o crescimento das plantas, em decorrência
da falta de chuvas ou temperaturas baixas, resultam em redução progressiva na
produtividade da pastagem e determinam, a curto prazo, a sua degradação irreversível
(RODRIGUES e REIS, 1995).
Segundo CORSI et al. (1994), a degradação de pastagens pode ser minimizada
ou até evitada e a produtividade animal aumentada significativamente se os sistemas
de pastejo possibilitarem rebrotações vigorosas após o uso da pastagem. Através da
rebrotação vigorosa pós-pastejo, reduz-se a oportunidade de infestação de plantas
invasoras, diminui-se a incidência de erosões, provoca-se menor dependência entre a
rebrota e a reserva de carboidratos e possibilita-se o uso mais freqüente das pastagens.
Para o melhor aproveitamento das características de crescimento das plantas
forrageiras, o manejo da pastagem deve ser orientado no sentido de se obter uma série
de rebrotações sucessivas.
A altura do pasto influencia o tempo de pastejo e o consumo dos animais.
NOLLER et al. (1996) afirmam que alto consumo de forragem tem sido obtido com
pastos entre 15 e 22 cm de altura e que cai pela metade se a altura da forragem for
7
menor que 7 a 10 cm. Estes autores sugerem que se deve deixar a altura de resíduo
após o pastejo de 7,5 cm em pastagens de gramíneas de clima temperado e
leguminosas e de 10 a 20 cm para gramíneas de clima tropical. A maioria das
propriedades que utilizam o sistema de produção exclusivamente em pasto, têm índices
baixos de produção e o caracterizadas por deficiências de manejo, dentre as quais
ausência de monitoramento e controle das condições do pasto e produção de forragem
nas áreas de pastagem. A estimativa e o acompanhamento da variação da massa de
forragem é uma das formas mais efetivas de gerar subsídios para os diversos
processos de gerenciamento e tomada de decisão sobre o manejo do pastejo (CUNHA,
2002). Assim, uma das variáveis-resposta mais importante a ser quantificada é a massa
de forragem que, segundo BURNS et al. (1989), é uma das quatro medições de
importância, junto com massa de folhas verdes, qualidade da dieta e densidade
volumétrica da forragem.
O método do disco ou prato medidor é uma das cnicas indiretas mais eficientes
para quantificar a massa de forragem em dosis de porte médio e baixo, de espécies
folhosas e de colmos macios (PEDREIRA, 2001). Este todo se baseia no princípio em
que as leituras do disco são influenciadas por combinações de altura e densidade da
cobertura vegetal, com a vantagem de combinar as características da altura e
densidade do dossel, estando estas mais fortemente associadas com massa forrageira
do que somente a altura (MANNETJE, 2000). PEDREIRA (2001) ainda afirma que o uso
da altura do dossel como medida indireta é melhor relacionado com a massa de
forragem se a densidade do dossel for uniforme e constante ao longo de todo o perfil.
Como isso é improvável, mesmo nos dosséis mais homogêneos, a massa de forragem
será superestimada quanto mais alto for o dossel, pois as maiores densidades são
freqüentemente encontradas nos estratos inferiores, próximo à base da vegetação.
Assim a combinação de altura e densidade para a estimativa da massa forrageira passa
a ser um todo interessante e seus resultados são mais próximos do que seria a real
massa de forragem em detrimento ao uso exclusivo da altura.
Mais recentemente, a literatura científica passou a utilizar o termo oferta de
forragem, definido como a quantidade diária de forragem por 100 kg de peso vivo
8
animal. O nível de oferta de forragem afeta diretamente o consumo de forragem
(BAKER et al., 1981; HODGSON, 1981; DOUGHERTY et al., 1992; DALLEY et al.,
1999; WALES et al., 1999), assim como indiretamente, pois afeta as características
estruturais do dossel (RODRIGUES et al., 1986; SILVA et al., 1994; DOUGHERTY et
al.,1992, CANTO et al., 1998; ALMEIDA et al, 2000 a, b; BORTOLO et al., 2001).
Segundo
MARASCHIN (1996a), a grande vantagem da utilização da oferta de
forragem é relacionar a planta e o animal, permitindo o controle da oferta de MS para
cada animal no nível desejado. Isso toma por base a sua capacidade de consumo em
função de seu peso corporal, o que não acontece quando se trabalha com lotação de
pastagem, que relaciona o número de animais com a área e não leva em consideração
a forragem disponível. Por essa razão o conceito lotação de pastagem tem limitações,
uma vez que a resposta animal está melhor relacionada com o alimento disponível do
que com a área da pasto. O controle da oferta, no nível pretendido para obter a
desejável relação entre ganho por animal e ganho por área, torna-se assim possível.
Em condições normais de uso das pastagens os animais são forçados a realizar
o pastejo até níveis baixos de massa de forragem ou altura residual com a finalidade de
maximizar a quantidade de forragem colhida por hectare, ou devido a baixa oferta de
forragem. Como conseqüência, a oferta é geralmente restrita e o consumo de forragem
é diminuído. Por outro lado, em alturas de pastejo mais elevadas, onde o pastejo é
baseado na preservação de meristemas apicais, as proporções de material senescente
e morto no pasto são elevadas, aumentando o desperdício (CORSI et al., 1994).
Nessas áreas, o desempenho do animal é maximizado em função da grande
possibilidade de consumo de forragem selecionada.
Alta oferta de forragem (9 a 12% PV) resultou em maior percentual de material
morto, estreita relação folha:colmo, dossel mais alto, predominância de folhas verdes no
topo do dossel e intensa invasão de Brachiaria decumbens, em pastagem de capim-
elefante anão cv Mott (SILVA et al., 1994). Também em pastagem da mesma gramínea,
a digestibilidade da matéria orgânica e o percentual de folhas verdes variaram
inversamente com o nível de oferta de forragem, enquanto a massa residual de
9
forragem, a proporção de colmo e de material morto aumentou com o nível de oferta
(ALMEIDA et al., 2000a).
Variações no nível de oferta de forragem determinam concomitantes alterações
na massa de forragem da pastagem, outro fator condicionador do consumo e
desempenho do animal. WALES et al. (1999), estimando os efeitos concomitantes de
níveis de massa (3,1 e 4,9 t MS/ha) e oferta de forragem (20, 35, 50 e 70 kg/vaca.dia),
demonstraram maior consumo de forragem em pastagem com a maior massa de
forragem e que, independentemente da massa de forragem, o consumo de forragem
cresceu linearmente com o nível de oferta; entretanto, a utilização da forragem
decresceu de 35 para 23% e de 52 para 29 %, em pastagem com massa de 3,1 e 4,9
t/ha, respectivamente. Em outro estudo, DALLEY et al. (1999) concluíram que o
consumo de forragem por vacas leiteiras, em pastagem com massa de forragem de
3.000kg/ha, de alto valor nutritivo (azevém perene), cresceu curvilinearmente de 11,2
até 18,9 kg/vaca.dia, conforme o nível de oferta cresceu de 20 para 70 kg/vaca.dia.
Na avaliação dos efeitos das ofertas de forragem 4 %, 8 %, 12 % e 16 %, em
uma pastagem natural, GOMES et al. (1998) verificaram que a maior utilização da
pastagem, promovida pela maior intensidade de pastejo, reduziu significativamente a
taxa de acúmulo e produção de matéria seca. Os autores concluíram que o acúmulo de
matéria seca da pastagem natural pode ser favorecido pela redução do nível de
utilização da pastagem. Quando a oferta de forragem é superior a capacidade de
consumo pelo animal passa a ser possível a ingestão de uma dieta com composição
superior àquela encontrada na pastagem, pois haverá seleção apenas de folhas que
são mais ricas em nutrientes e possuem maior digestibilidade. Se é dada a
oportunidade, os bovinos parecem selecionar materiais muito nutritivos de uma
pastagem, podendo ingerir partes da planta forrageira contendo de 20 a 30% de PB,
menos de 40% de FDN e mais de 70% de NDT (NOLLER et al., 1996).
A relação folha:colmo é uma variável de grande importância para a nutrição
animal e para o manejo das plantas forrageiras. A alta relação folha:colmo representa
forragem de maior teor de proteína, digestibilidade e consumo. Também confere a
gramínea melhor adaptação ao pastejo ou tolerância ao corte, por representar um
10
momento de desenvolvimento fenológico, em que os meristemas apicais se apresentam
mais próximos ao solo, e portanto, menos vulneráveis a destruição (PINTO et al., 1994).
GOMIDE (1997) afirma que grande proporção de colmo na forragem disponível
compromete o consumo diário de forragem por hectare e o consumo de forragem pelo
animal. Altas temperaturas, durante o crescimento das gramíneas tropicais, aceleram o
alongamento do colmo (diminuindo a relação folha:colmo) e os processos de
amadurecimento, ocasionando aumento nos tecidos da parede celular, na lignificação e
decréscimo na digestibilidade da matéria seca (SIMÃO NETO et al., 1986).
2.4. Comportamento ingestivo
As características estruturais determinam o grau de pastejo seletivo exercido
pelos animais, assim como a eficiência segundo a qual a forragem é colhida (utilização),
determinando a quantidade total de nutrientes ingeridos (STOBBS, 1973). Após
desfolhação seletiva, o animal modifica a composição dos tecidos remanescentes e a
competição intra e/ou interespecífica dos constituintes da vegetação, alterando o
ambiente do futuro bocado (CARVALHO et al., 1999). Desta forma, o animal em pastejo
procura e escolhe seu alimento, o qual se apresenta sob diferentes tipos de estrutura e
qualidade e com abundância variável no tempo e espaço (O’REAGAIN & SCHWARTZ,
1995), através de uma série de mecanismos de pastejo denominados, em conjunto,
comportamento ingestivo.
O consumo diário sob condições de pastejo é função de variáveis associadas ao
comportamento do animal que é descrito através do tempo de pastejo, taxa de bocados
e tamanho de bocado (ALLDEN & WHITTAKER, 1970). Segundo ERLINGER et al.
(1990), a ingestão diária de forragem é o resultado do produto entre o tempo gasto pelo
animal na atividade de pastejo e a taxa de ingestão de forragem durante esse período
que, por sua vez, é o resultado do produto entre taxa de bocados (número de bocados
por unidade de tempo) e tamanho de bocado (quantidade de forragem apreendida por
bocado). Um exemplo da relação entre essas variáveis e a estrutura do dossel
forrageiro pode ser dado imaginando-se um cenário de baixa oferta de forragem onde
11
ocorre diminuição do tamanho do bocado e aumento na taxa de bocados e/ou no tempo
de pastejo (PENNING, 1983). SARMENTO (2003) afirma que o ecossistema de
pastagens é caracterizado por uma série de inter- relações, e uma delas compreende a
interface planta-animal, regida por relações entre causa e efeito, onde diferentes
estruturas do dossel forrageiro determinam padrões distintos de comportamento
ingestivo e de desempenho animal.
Em extensa revisão sobre o comportamento ingestivo dos animais,
SOLLENBERGER & BURNS (2001) concluíram que nas gramíneas C4, os atributos de
densidade e população de perfilhos variam amplamente conforme o genótipo e o
manejo da pastagem; embora, em alguns casos, o manejo seja mais relevante que o
genótipo. As plantas C4 apresentam grande heterogeneidade estrutural ao longo dos
diferentes estratos do dossel em termos de: densidade, porcentagem de folhas e valor
nutritivo. Os autores concluem, que o entendimento do comportamento ingestivo dos
animais em pastagem tropicais pode se beneficiar do conhecimento da distribuição
daqueles atributos pelos estratos do dossel. VAN SOEST (1994) relata que a morfologia
da planta influencia o comportamento em pastejo e o consumo dos animais. O tamanho
e distribuição das folhas são importantes em plantas com colmos altamente lignificados
que comprometem o bocado e o consumo se o animal tiver que selecionar cada folha e
evitar colmos.
O bocado é a ação de apreender a forragem com os dentes feita pelo animal.
Enquanto a massa do bocado responde de forma positiva ao incremento na altura do
pasto, a taxa de bocados apresenta-se inversa e negativamente relacionada à sua
abundância (CARVALHO, 1997). Conforme explicado pelo autor, o aumento da massa
do bocado produz aumento dos requerimentos de mastigação e manipulação da
forragem capturada, reações essas necessárias à deglutição do bolo apreendido.
Enquanto num passado recente o incremento da taxa de bocado em situações de baixa
massa de forragem no pasto era visto como uma ação compensatória no sentido de
procurar manter as taxas de ingestão, atualmente se conhece que o total de
movimentos mandibulares dos animais é aproximadamente constante ao longo do dia
(CARVALHO et al., 2001). Portanto, os animais alocam os movimentos de apreensão,
12
manipulação e mastigação conforme a massa do bocado que capturam. Esses
movimentos são, pois, competidores entre si, e não compensatórios (CARVALHO et al.,
2001). KLAPP (1971) comenta que ante as horas dedicadas ao pastejo em um dia (em
torno de 8 horas/dia), os bovinos dão de 17.000 a 23.000 bocados, com uma freqüência
de 30 a 90 bocados.
A taxa de bocados, em situações de baixa massa de forragem e de estrutura de
pasto limitante, pode atingir 70 bocados/min para bovinos em crescimento e 60
bocados/min para bovinos adultos (DELAGARDE et al., 2001). situações de conforto
em pastejo, os animais pastejam em ritmos próximos à metade dos acima referidos.
Com isto, e devido à relação inversa entre a massa do bocado e a taxa de bocados, a
velocidade de ingestão pode variar entre 2 e 3 vezes segundo a estrutura que o animal
esteja pastejando. Existem vários todos de medir a taxa de bocados de um animal
em pastejo. Pode-se fazer várias filmagens de cada animal durante os períodos de
maior atividade de pastejo e, depois, determinar o tempo gasto para o animal executar
20 bocados (HODGSON, 1982), calculando a taxa de bocados como sendo o quociente
entre esses 20 bocados e o tempo gasto para sua realização. Esse método também
pode ser realizado diretamente no campo, fazendo várias medidas no mesmo animal
para aumentar a acurácia das medidas. Cabe mencionar que, os períodos de maior
atividade de pastejo são aqueles onde as condições ambientais o mais amenas,
sendo o início da manhã e final da tarde. Outra maneira que pode ser utilizada é medir
(também várias vezes no mesmo animal) a quantidade de bocados que o animal realiza
em 2 minutos, contabilizando na medida outras atividades corriqueiras, aproximando
com menos erros a taxa de bocados estimada com a real. Nas outras atividades
rotineiras estão incluídas aquelas que fazem o animal parar de pastejar por alguns
instantes, como distrações, moscas e até mesmo mastigação.
SARMENTO (2003) quantificou aumento na massa de bocado de bovinos de
corte em pastos de capim-Marandu com aumentos em altura do dossel forrageiro.
Naquelas circunstâncias, o aumento em massa de bocado foi acompanhado por uma
redução na taxa de bocados e, conseqüentemente, aumento no tempo por bocado,
corroborando a idéia de que em situações de pastos mais altos (maiores massas de
13
forragem e/ou ofertas de forragem) haveria maior necessidade de movimentos
mandibulares de manipulação e mastigação que de bocados de apreensão de
forragem. Segundo SILVA & SARMENTO (2003) esses resultados apontam para uma
provável participação ativa de fatores não-nutricionais na regulação da ingestão dos
animais mesmo em condições de oferta generosa de forragem, conseqüência do maior
tempo gasto para a manipulação e mastigação da forragem apreendida em bocados
maiores. Esses autores afirmam, ainda, que em situações de oferta elevada de
forragem o animal seleciona o que consome, ingerindo material de alto valor nutritivo
relativamente àquele que se encontra disponível, porém, gasta mais tempo na escolha
das estações de pastejo e de bocados dentro de cada estação de pastejo.
CARVALHO & MORAES (2005) observam que é possível identificar ambientes
pastoris adequados por meio do comportamento ingestivo dos animais em pastejo,
sendo que esses processos de pastejo se dão em diferentes escalas, cada uma das
quais caracterizada por um padrão de comportamento e, consequentemente, por
variáveis bióticas e abióticas. Isto significa que as ações de manejo afetam o processo
de pastejo diferentemente, segundo a escala em que atuam. Os autores concluíram que
a capacidade de um ambiente pastoril estar adequado do ponto de vista alimentar pode
ser medida pela seguinte convergência de posturas comportamentais: em situações de
elevado nível de alimentação os animais escolhem poucas estações alimentares
enquanto passam bastante tempo explorando-as; o deslocamento entre estações
alimentares pode ser longo, mas a quantidade de deslocamento total é menor quando
comparado a situações de limitação de forragem; em condições de elevada oferta de
forragem o número de refeições é maior e o tempo de duração da refeição é menor,
refletindo a maior velocidade de ingestão obtida; o tempo total de pastejo é menor e os
animais evitam o pastejo nas horas noturnas e de maior temperatura; elevadas massas
de bocado conjugadas com muitos movimentos de manipulação e de mastigação da
forragem conduzem a taxas menores de bocado; e uma pastagem abundante em folhas
jovens com certa proporção de lâminas expandidas intactas (para lotação contínua) ou
uma massa de folhas residuais que não seja pequena (para lotação rotacionada)
completariam o cenário de um ambiente confortável do ponto de vista alimentar.
14
3. OBJETIVOS GERAIS
O presente trabalho teve por objetivo estudar a produção de biomassa, as
características estruturais da pastagem, e o comportamento ingestivo de fêmeas da
raça Holandesa mantidas em pastos de capim-braquiarão (Brachiaria brizantha cv.
Marandu) manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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grazing sheep: The interrelationship of factors influencing herbage intake and
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24
CAPÍTULO 2 - ESTRUTURA DO DOSSEL FORRAGEIRO DE PASTOS DE CAPIM
MARANDU MANEJADOS SOB OFERTAS DE FORRAGEM E LOTAÇÃO
ROTACIONADA
1. RESUMO
Das características do dossel forrageiro que afetam a seleção do bovino em pastejo as
mais importantes para o manejo são altura do dossel, massa e densidade de forragem
e quantidade de folhas. O objetivo do trabalho foi estudar a altura do dossel forrageiro,
a massa de forragem, a estrutura vertical e ocorrência de touceiras em pastos de
Brachiaria brizantha cv. Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada. O experimento foi conduzido no setor experimental do Departamento de
Zootecnia da UNESP, Jaboticabal, numa área de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida
em 12 piquetes. O período experimental foi dividido em cinco ciclos de pastejos com um
dia de ocupação e 21 dias de descanso. O delineamento experimental foi em blocos ao
acaso, utilizando o esquema de parcelas subdivididas no tempo, com três repetições.
Nas parcelas foi avaliado o efeito das ofertas de forragem (4, 7, 10 e 13 % do PV) e na
subparcela o efeito dos ciclos de pastejo. A altura média e do dossel comprimido e a
massa de forragem no pré-pastejo, de modo geral, foram maiores na oferta de forragem
de 13% e menores na de 4% como conseqüência do excesso de forragem na maior
oferta e da desfolha intensa na menor. A oferta de forragem de 10% resultou em baixa
massa de forragem no pré-pastejo. Na oferta de 7% foram obtidas altas massas no pré-
pastejo e baixas no pós, o que demonstra que essa oferta de forragem foi adequada. As
sucessivas desfolhações provocaram mudanças na densidade volumétrica da matéria
seca na parte inferior do dossel (maior ocorrência de colmos e material morto) com
mais intensidade do que no estrato potencialmente pastejável. A distribuição vertical
dos componentes morfológicos revelou predominância de folhas nos estratos
superiores do dossel vegetativo e de colmos e material morto nos estratos de menor
altura. Com o decorrer do período experimental verificou-se maior ocorrência de
touceiras em todas as ofertas de forragem. Pelo exposto verificou-se que a intensidade
25
de pastejo causa efeito acentuado sobre a massa de forragem e estrato potencialmente
pastejável ao animal; a oferta de forragem de 7% do PV proporciona melhor relação
entre altura e massa de forragem, além de propiciar um dossel vegetativo com
condições maiores de rebrotação; há aumento na altura do dossel vegetativo por
ocasião do aumento da massa de forragem ofertada.
Palavras-chave: altura, capim Marandu, densidade volumétrica, massa de forragem,
ocorrência de plantas, oferta de forragem.
2. INTRODUÇÃO
As
pastagens são fontes baratas de nutrientes para produção de ruminantes. Dessa
forma, deveriam ser manejadas de forma a manter altas as proporções de partes das plantas
mais aceitas pelo animal, como folhas e colmos novos, conciliando quantidade com
qualidade. Assim, o manejo adequado deve permitir que
a planta forrageira apresente
características como perenidade, rebrotação rápida após desfolhação, tolerância ao
pisoteio exercido pelo animal, alta produção de folhas e valor nutritivo elevado. Dentre
as espécies forrageiras utilizadas para pastagens, as gramíneas do gênero Brachiaria
são muito empregadas por serem de fácil manejo e responderem rapidamente a
adubação, além de serem mais resistentes a condições adversas. Uma das mais
procuradas até a atualidade é a Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich) Stapf. cv.
Marandu, o capim-Marundu, (ZIMMER et al., 1998) devido a atributos como tolerância à
média fertilidade do solo, elevada produtividade quando devidamente manejada e
tolerância à cigarrinha das pastagens.
Na de lotação rotacionada, o dossel forrageiro m condições para se obter
rebrotações mais vigorosas, pois o período de descanso permite que as desfolhações
não sejam tão freqüentes e drásticas. Desfolhas freqüentes e intensas ou realizadas em
períodos desfavoráveis para o crescimento das plantas, em decorrência da falta de
chuvas ou temperaturas baixas, resultam em redução progressiva na produtividade da
pastagem e determinam, em curto prazo, a sua degradação irreversível (RODRIGUES
26
& REIS, 1995). Para o melhor aproveitamento das características de crescimento das
plantas forrageiras, o manejo da pastagem deve ser orientado no sentido de se obter
uma série de rebrotações sucessivas. Dentre as características do dossel vegetativo,
HODGSON (1990) citou que as que mais afetam a produção de forragem e do animal e,
conseqüentemente, as mais importantes para o manejo, são a altura do pasto, a massa
e densidade de forragem e a quantidade de folhas.
PEDREIRA (2001) afirma que a altura do dossel é melhor relacionada com a
massa de forragem se a densidade do dossel for uniforme e constante ao longo de todo
o perfil. Como isso é improvável, mesmo nos dosséis mais homogêneos, que a massa
de forragem seja superestimada quanto mais alto for o dossel, pois as maiores
densidades são freqüentemente encontradas nos estratos inferiores, próximo à base da
vegetação. Assim a combinação de altura e densidade para a estimativa da massa
forrageira passa a ser um método interessante e seus resultados são mais próximos do
que seria a real massa de forragem em detrimento ao uso exclusivo da altura.
Mais recentemente, passou-se a utilizar o termo oferta de forragem (quantidade
de forragem por 100 kg de peso vivo animal), pois é uma característica que afeta o
consumo de forragem pelo animal e, como conseqüência, as características estruturais
do dossel. O objetivo do trabalho foi analisar a altura, a massa de forragem, a estrutura
vertical do dossel e a ocorrência de touceiras em pastos de Brachiaria brizantha cv.
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local e período experimental
O experimento foi conduzido no setor de Forragicultura, pertencente ao
Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da
UNESP, Campus de Jaboticabal, SP, localizada a 21
o
15’22’’ de latitude sul, longitude
de 48
o
18’58’’W, a uma altitude de 595 m.
27
A área experimental era de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida em 12
piquetes, com áreas variáveis de 229,5 m
2
(oferta de 4%), 408 m
2
(ofertas de 7 e 10%)
e 586,5 m
2
(oferta de 13%), como mostra a Figura 1. A área foi dividida em 3 blocos
que foram alocados em função do histórico da área experimental, sendo cada bloco
formado por uma repetição (piquete) de cada oferta de forragem.
O período experimental foi de outubro de 2005 a abril de 2006, dividido em
cinco ciclos de pastejos com 1 dia de ocupação e 21 dias de descanso. O primeiro
pastejo, considerado como zero, foi realizado para imposição dos tratamentos (ofertas
de forragem) em dezembro de 2005, sendo que os pastejos 1, 2, 3 e 4 foram realizados
em janeiro, fevereiro, março e abril de 2006, respectivamente.
Figura 1 – Divisão da área experimental formada por capim Marandu
.
3.2. Solo da área experimental
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico,
típico textura argilosa (ANDRIOLI & CENTURION, 1999). A pastagem de Brachiaria
brizantha (Hochst ex. A. Rich.) cv Marandu foi formada em novembro de 2003, após
correção do solo com calcário dolomítico (90% PRNT) para elevar a saturação por
bases para 60%, segundo recomendações de WERNER et al. (1996). Nesta ocasião,
OF = 7%
S = 408 m²
OF = 7%
S = 408 m²
OF = 4%
S = 229,5 m²
OF = 13%
S = 586,5 m²
OF = 7%
S = 408 m²
OF = 10%
S = 408 m²
OF = 4%
S = 229,5 m²
OF = 4%
S = 229,5 m²
OF = 13%
S = 586,5 m²
OF = 13%
S = 586,5 m²
OF = 10%
S = 408 m²
OF = 10%
S = 408 m²
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
28
foi realizada adubação de correção com fósforo, com aplicação de 60 kg/ha de P
2
O
5
na
forma de Superfosfato Simples.
Amostras de solo foram retiradas a profundidade de 0 - 20 cm para análise
química dos parâmetros de fertilidade e orientar as correções necessárias, segundo
WERNER et al. (1996). As análises das características químicas do solo foram
realizadas no Departamento de solos e adubos da FCAV UNESP, Campus
Jaboticabal e estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Resultado das análises de fertilidade do solo da área experimental, nos três blocos
antes do início do período experimental.
Data Bloco pH MO P K Ca
2+
Mg
2+
V
CaCl
2
g/dm
3
mg/dm
3
mmol
c
/dm³ %
1 5,4 26 14 4,5 34 15 66
2 5,2 23 12 7,1 25 11 58
Outubro
2005
3 5,0 28 10 4,2 23 12 55
A adubação de manutenção da área experimental consistiu da aplicação de 140,
30 e 100 kg/ha/ano de N; P
2
O
5
e K
2
O, na forma de Uréia, Superfosfato Simples e
Cloreto de Potássio, respectivamente. No dia 21/11/2005 aplicou-se metade da
adubação nitrogenada (70 kg/ha/ano) e toda a adubação potássica e fosfatada e no dia
26/01/2006 apenas os outros 70 kg/ha/ano de N. Antes da primeira adubação foi
realizado o corte de uniformização na área experimental a 10 cm do solo, com utilização
de roçadora.
3.3. Condições climáticas
O clima de Jaboticabal é classificado como subtropical do tipo CWA,
mesotérmico com verão úmido e inverno seco, de acordo com classificação de Köppen.
Os dados meteorológicos obtidos durante o experimento estão apresentados nas
Figuras 2 e 3 e na Tabela 2, analisados por mês e por ciclo de pastejo.
29
Figura 2 - Precipitação pluvial durante o período experimental.
Figura 3 - Valores da temperatura do ar, mínima, média e máxima, ao longo do período
experimental.
0
20
40
60
80
100
120
140
nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06
Meses
Preciptação diária(mm)
Adubação
Corte de
uniformização
Pastejo
1º Pastejo /
2ª Adubação
Pastejo
Pastejo
Pastejo
15
25
35
45
nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06
Meses
Temperatura C)
nima
Média
Maxima
1ªAdubação
Pastejo
1º Pastejo
/
Adubação
Pastejo
Pastejo
Pastejo
30
Tabela 2 - Valores de precipitação pluvial e médias mensais da temperatura do ar mínima,
média e máxima, durante o período experimental.
Mês
Precipitação
(mm)
Temperatura
Mínima (ºC)
Temperatura
Média (ºC)
Temperatura
Máxima (ºC)
Novembro de 2005 41,7 18,8 24,3 31,4
Dezembro de 2005 242,6 19,2 23,5 29,5
Janeiro de 2006 237,0 20,3 25,0 31,3
Fevereiro de 2006 416,4 20,3 24,2 30,7
Março de 2006 136,9 20,4 24,5 31,0
Dados obtidos da Estação de Agrometeorologia do Departamento de Ciências Exatas
da Unesp - Jaboticabal
3.4. Animais experimentais e método de pastejo
Foram utilizadas vacas não lactantes e/ou novilhas da raça Holandesa para o
pastejo, com peso médio aproximado de 450 kg. O primeiro pastejo (considerado como
ciclo de pastejo zero) ocorreu quando a massa de forragem dia era de 3.500 kg/ha.
O método de pastejo adotado foi de lotação rotacionada, com período de descanso fixo
de 21 dias, utilizando a técnica de “mob-grazing”. No primeiro pastejo, as vacas
permaneceram durante 12 horas, das 7 às 19 horas, dentro de cada piquete. Os
animais foram levados apenas para beber água às 14 horas. Nos demais pastejos os
animais permaneceram no piquete durante apenas oito horas, dividido em dois períodos
de quatro horas (manhã e tarde), das 6:30 às 10:30 e das 15:30 às 19:30 horas,
durante o mesmo dia. Este manejo foi adotado pelo fato de que a ausência de sombras
e bebedouros na área experimental, aliado ao forte calor durante o período,
principalmente nos horários de sol a pino, que faziam com que os animais não
pastejassem nesse período, ficando apenas deitados, esperando para sair dos
piquetes.
Como não existia número suficiente de animais para pastejar todos os piquetes
no mesmo dia, foi pastejada uma oferta de forragem por dia, totalizando quatro dias
consecutivos de pastejo. Isso ocorreu em todos os ciclos de pastejo, porém o período
de descanso de 21 dias foi respeitado para todas as ofertas.
31
3.5. Características avaliadas
3.5.1. Massa de forragem e altura do dossel forrageiro
Para determinação da massa de forragem foi utilizado o método da dupla
amostragem (SOLLENBERGER & CHERNEY, 1995), em que estimativas destrutivas
são associadas a leituras de altura comprimida do dossel pelo uso do prato ascendente.
O prato ascendente utilizado (Figura 4) era de formato circular com 28 cm de raio, que
correspondeu a uma área de aproximadamente 0,25 m
2
. O peso do prato era de 782
gramas, equivalente a uma pressão de 3,175 kg/m
2
.
Em cada piquete foram realizadas e registradas, ao acaso, 50 leituras de altura
do dossel comprimido. Além de outras duas leituras em pontos com maior e duas no
ponto de menor altura dossel, cuja forragem foi cortada com tesoura de poda ao nível
do solo, observando os limites da periferia do disco (Figura 5). As amostras colhidas
foram separadas em matéria verde (folhas e colmos) e material morto. Essas
subamostras foram pesadas, colocadas em estufa a 55º C por 72 horas e, após secas,
foram pesadas novamente. Após a obtenção dos pares de altura do dossel comprimido
e massa de forragem foi determinada a regressão linear, para cada tratamento. A partir
da regressão linear ajustada e da dia das 50 leituras (altura do dossel comprimido)
feitas ao acaso em cada piquete, se estimou a média da massa de forragem verde em
cada piquete. Além das medições de altura comprimida do dossel forrageiro, também
foram medidas 50 leituras de altura média em cada piquete com a utilização de bengala
graduada em centímetros (Figura 6). As medições de altura do dossel comprimido,
altura média e estimativa da massa de forragem verde foram realizadas em condição de
pré e pós-pastejo do dia de ocupação de cada ciclo de pastejo.
32
Figura 4 - Prato ascendente utilizado na coleta de amostras.
Figura 5 - Coleta de amostras para cálculo de massa de forragem.
Figura 6 - Medições de altura com prato ascendente e com bengala.
33
3.5.2. Densidade volumétrica e distribuição espacial
A avaliação da distribuição espacial dos componentes morfológicos do pasto
foi realizada utilizando-se um aparelho chamado “ponto inclinado” (LACA & LEMAIRE,
2000). O aparelho (Figura 7) foi estacionado em um local com a altura média de cada
piquete (medida com bengala graduada em centímetros), antes da entrada dos
animais, com o intuito de descrever a distribuição vertical de componentes
morfológicos. Cada estrutura tocada foi identificada e a altura em que o toque ocorreu
era marcada através de leitura da haste do aparelho, graduada em centímetros. Esse
procedimento foi repetido até que a ponta da haste do aparelho tocasse o solo e em
vários pontos de altura média dentro de cada piquete a 100 toques/piquete. Isso
correspondeu a um mero médio de quatro estações de leitura por unidade
experimental. Foram considerados os seguintes componentes morfológicos: colmo
(colmo, bainha ou inflorescência), folha (lâmina foliar) e material morto. Esta avaliação
foi realizada no pré-pastejo dos ciclos 1 (janeiro), 2 (fevereiro), 3 (março) e 4 (abril)
com o intuito de avaliar os diferentes estratos verticais do dossel forrageiro ao longo
dos pastejos.
Figura 7 – Ponto inclinado utilizado nas medidas de estrutura vertical do pasto
.
34
3.5.3. Ocorrência de touceiras
Para a medida de ocorrências de plantas por área conhecida, foi utilizado o
método da reta transecta (CARVALHO et al., 2003) onde um barbante era amarrado
nas extremidades de cada piquete, atravessando-o nas duas diagonais. O barbante foi
marcado com fita adesiva a cada metro e, em cada ponto marcado, foi avaliada a
presença de capim ou solo descoberto. A partir do total de metros medidos e da
quantidade de metros com presença de plantas foi calculada a porcentagem de
ocorrência de touceiras em cada piquete.
3.6. Delineamento experimental e tratamentos
O delineamento experimental utilizado no experimento foi o em Blocos
Casualizados com 4 tratamentos (ofertas de forragem) e três repetições. Foram
estudadas ofertas de forragem (OF) de 4, 7, 10 e 13% do PV. O ajuste da carga animal
foi feito de acordo com a equação:
OF
SMF
CA
piquete
= ,
onde: CA = Carga animal (kg de PV);
MF = Massa de forragem (kg/ha de MVS);
OF = Oferta de forragem (% do PV);
S
piquete
= Área do piquete (ha).
A carga animal para cada oferta foi ajustada em função da massa de forragem,
matéria verde seca de cada piquete e do tamanho das parcelas, que variou de 200 a
600 m
2
entre a menor e maior oferta, respectivamente. Sendo assim, o número de
animais por parcela foi próximo de forma a tirar o efeito de grupo e determinado
dividindo a carga animal pelo peso médio dos animais.
As variáveis respostas foram submetidas inicialmente ao teste de esfericidade
(ou circularidade), onde se verifica se as variâncias das diferenças entre pares de
35
tempos são todas iguais. Para as variáveis onde o foi observado significância
(P>0,10) nesse teste, utilizou-se para análise dos dados delineamento em parcelas
subdivididas no tempo, avaliando o efeito da oferta de forragem (OF) na parcela e os
ciclos de pastejo (CP) nas subparcelas. Posteriormente, realizou-se a análise de
variância, teste F. As médias foram avaliadas pelo teste de Tukey a 10% de
probabilidade, sendo avaliadas somente quando foi encontrado efeito do CP ou
interação OF*CP. Para avaliação do efeito das ofertas de forragem isoladamente, foi
realizada análise de regressão e, para isto utilizou-se o PROC GLM do programa
estatístico SAS (2002). Para as variáveis onde se observou esfericidade utilizou-se o
PROC MIXED do programa estatístico SAS (2002).
Para as características de massa de forragem e altura do dossel forrageiro
(Tabela 3) todos os ciclos de pastejo foram incluídos na análise estatística. Para as
características de densidade volumétrica da forragem (Tabela 4), os dados do ciclo de
pastejo zero não foram incluídos na análise estatística por não ocorrer diferença entre
as ofertas de forragem devido à ausência de desfolhações anteriores. Para ocorrência
de touceiras (Tabela 5) foram avaliados dois ciclos de pastejo (1 e 4).
Tabela 3 - Quadro de análise de variância para as variáveis
de massa de forragem e altura do dossel forrageiro.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 04
OFxCP 12
Resíduo (b) 31
Total corrigido 59
36
Tabela 4 - Quadro de análise de variância para as variáveis
de densidade volumétrica do dossel forrageiro.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 03
OFxCP 09
Resíduo (b) 24
Total corrigido 47
Tabela 5 - Quadro de análise de variância para a variável
de ocorrência de touceiras do dossel forrageiro.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 02
OFxCP 06
Resíduo (b) 16
Total corrigido 35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Altura do dossel forrageiro
Os valores da altura do dossel comprimido e da altura média no pré e no pós-
pastejo estão dispostos nas Tabelas 6 e 7 e nas Figuras 8 e 9.
A altura do dossel comprimido no pré-pastejo (HCpré) variou em função das
ofertas de forragem (OF) (P=0,0065), dos ciclos de pastejo (CP) (P<0,0001) e da
interação OFxCP (P=0,0117), (Tabela 6). Em todas as OF as alturas do dossel
comprimido no pré-pastejo tenderam a ser menores no segundo ciclo de pastejo,
37
aumentando a partir terceiro, embora nem sempre com médias significativamente
diferentes das demais . A HCpré na oferta de 4% foi maior no terceiro pastejo em
relação ao segundo. Também nas ofertas de 7 e 10% as menores alturas do dossel
comprimido foram verificadas no segundo ciclo de pastejo, sendo maiores HC pré
encontradas no último pastejo. Esse aumento nas alturas ocorreu provavelmente,
porque em fevereiro foi um período de maior ocorrência de chuvas que ocorreu em
seguida à adubação dos pastos, favorecendo o crescimento das plantas. Dessa forma,
a alturas sofreram acréscimo nos pastejos ocorridos após fevereiro, ou seja, os pastejos
3 e 4.
A OF de 13% mostrou aumento gradual nas alturas do dossel comprimido em
situação de pré-pastejo, sendo que a menor altura foi verificada no pastejo zero e a
maior no quarto. Esse comportamento pode ter ocorrido pelo maior acúmulo de
forragem nessa oferta devido ao excesso de forragem não pastejada que contribuiu
para o aumento na altura dos pastejos que se seguiam. A altura do dossel comprimido
no pré-pastejo em todos os ciclos de pastejo foi menor na oferta de forragem de 4% e,
geralmente, maior para a OF de 13%. O aumento da altura das plantas, com o aumento
das ofertas de forragem estabelecidas, mostra que essa variável possui uma relação
direta pela forma que afeta a estrutura do pasto e as decisões do animal em pastejo.
A altura média do dossel no pré-pastejo (HMpré) variou em função das OF
(P=0,0069) e dos CP (P<0,0001), mas não houve interação OFxCP (P=0,1479), (Tabela
6). A altura dia no pré-pastejo foi maior no ciclo de pastejo zero, devido à ausência
de desfolhações anteriores, e nos ciclos 3 e 4, pela adubação nitrogenada e maior
ocorrência de chuvas. As menores alturas médias foram observadas no pastejo 2,
assim como a altura do dossel comprimido. Entre as ofertas de forragem, a maior altura
média pré-pastejo ocorreu na OF de 13% pelo maior acúmulo de forragem nesses
pastos. Porém, a HM pré nessa oferta não diferiu (P>0,1) das OF de 7% e 10%. A
menor oferta de forragem também obteve a menor altura média pré-pastejo
possivelmente pelo pastejo mais pesado proporcionado por essa oferta.
Era de se esperar que houvesse menor altura na OF de 4% e maior na de 13%.
Porém, pastejo mais drástico na menor oferta refletiu em menor altura mas a maior
38
quantidade de forragem ofertada aos animais na maior OF não resultou em grande
aumento na altura. O CP 0 resultou em maior altura média das plantas, provavelmente
porque houve maior tempo para crescimento das mesmas pela ausência de
desfolhações anteriores. Observa-se incremento na altura a partir do CP 3, ocorrido em
março, que foi o período que se seguiu a maiores precipitações pluviométricas e
adubação, contribuindo de forma positiva para o crescimento da forragem e,
conseqüentemente, sua altura. Também é importante considerar a grande ocorrência
de colmos em florescimento nessa época, o que contribuiu para o acréscimo nas alturas
pré-pastejo, uma vez que as plantas nesse estágio de desenvolvimento alongam seus
colmos. Esses fatores em conjunto explicam as maiores alturas no final do período
experimental.
O aumento da altura do dossel foi também verificado por outros autores em
estudo de ofertas crescentes de forragens em capins tropicais. ALMEIDA et al. (2000)
observaram resposta linear de altura do dossel em quando em crescente ofertas de
lâminas foliares em lotação contínua em pastagens de capim-elefante anão cultivar
Mott. MACHADO et al. (2007) em estudo com diferentes ofertas de lâminas foliares em
capim-Marandu, sob lotação contínua verificaram que a altura estimada do dossel foi,
em média, de 8, 17,3, 23,9 e 31,5 cm, para as ofertas médias 3,7, 7,4, 10,02 e 13% do
peso vivo.
39
Tabela 6 – Altura do dossel comprimido e altura média no pré-pastejo (HCpré e HMpré
respectivamente, em cm) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
HCpré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 17,4 AB b 25,9 A a 23,2 AB ab 21,5 C ab
22,0
(1,6)
1 16,7 AB b 22,7 AB ab 19,0 B ab 23,9 B a
20,6
(1,2)
2 13,2 B b 18,0 B ab 20,6 B a 21,9 BC a
18,9
(1,4)
3 21,1 A b 24,6 AB ab 25,6 AB ab 29,4 AB a
25,2
(1,3)
4 19,0 AB b 27,7 A a 28,8 A a 34,2 A a
27,4
(1,9)
Média 17,5
(0,9)
23,8
(1,4)
23,4
(1,3)
26,6
(1,5)
HMpré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 27,5 38,1 38,1 35,2
34,8 A
(2,5)
1 22,6 33,0 28,5 32,5
29,2 B
(1,9)
2 17,2 23,9 23,6 29,3
23,5 C
(1,7)
3 28,4 32,4 34,0 40,2
33,8 A
(1,8)
4 24,0 33,9 33,9 40,7
33,2 A
(2,1)
Média
24,0 b
(1,4)
32,3 a
(1,9)
31,6 a
(2,0)
35,6 a
(1,8)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
40
A altura do dossel comprimido no pós-pastejo (HCpós) variou em função das OF
(P=0,0022), dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP (P=0,0059), (Tabela 7). Na
oferta de forragem de 4%, a altura do dossel comprimido no pós-pastejo não
apresentou diferença (P>0,1) entre os pastejos. Nas demais ofertas, foi verificado
aumento nas alturas comprimidas no pós-pastejo a partir do terceiro pastejo. as
menores HCpós foram observadas nos três primeiros ciclos de pastejo. Como
explicado, esse aumento nas alturas foi possivelmente devido à realização da adubação
aliada a maior incidência de chuvas.
A altura média do dossel no pós-pastejo (HMpós) variou em função das OF
(P=0,0107), dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP (P=0,0001), (Tabela 7). Na
altura média no pós-pastejo foi observado o mesmo padrão de variação da altura
comprimida no pós-pastejo.
BRAGA & PEDREIRA (2006), trabalhando com capim Marandu sob pastejo
rotativo e quatro níveis de oferta diária de forragem (5, 10, 15 e 20%) encontraram
valores de altura s-pastejo de 17cm para oferta de 5%, enquanto que para as outras
ofertas esses valores variaram de 21 a 50cm. Nesse estudo, valores semelhantes a
esses foram encontrados, onde a variação da altura foi de 17,9 a 26,6 cm. Dessa forma,
o resíduo encontrado de 17,9cm de altura média para a OF de 4% e a pequena
variação existente nas alturas pós-pastejo nas demais OF estudadas, demonstram que
o manejo imposto em conseqüência das diferentes alturas utilizadas não
comprometeram a altura do resíduo, embora possa afetar algumas características
estruturais do pasto. Além disso, a área foliar remanescente também não foi afetada de
forma negativa, pois as alturas no pré-pastejo estavam acima de 24cm, até mesmo na
menor oferta, mostrando que não ocorreu comprometimento da rebrotação do pasto, ou
seja, do crescimento da forragem.
41
Tabela 7 – Altura do dossel comprimido e altura média no pós-pastejo (HCpós e HMpós
respectivamente, em cm) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
HCpós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 12,6 A b 18,0 AB ab 20,7 AB a 20,2 B a
17,9
(1,6)
1 13,1 A a 15,8 AB a 15,6 B a 18,5 B a
15,8
(0,9)
2 13,6 A b 13,5 B b 15,7 B ab 20,1 B a
15,7
(0,9)
3 14,7 A c 20,8 A bc 21,6 AB b 30,9 A a
22,0
(2,0)
4 16,0 A b 20,9 A b 22,4 A b 29,1 A a
22,1
(1,6)
Média 14,0
(0,6)
17,8
(1,1)
19,2
(1,2)
23,8
(1,6)
HMpós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 18,5 A b 23,9 AB ab 28,8 A a 25,0 AB ab
24,1
(1,8)
1 17,6 A b 27,1 A a 21,4 BC ab 23,1 B ab
22,3
(1,4)
2 18,0 A a 19,4 B a 20,3 C a 23,7 B a
20,4
(0,9)
3 17,9 A b 25,6 A ab 27,4 AB a 29,7 A a
25,2
(1,5)
4 17,3 A b 23,5 AB ab 25,3 ABC ab 31,6 A a
24,4
(1,7)
Média
17,9
(0,5)
23,9
(1,1)
24,6
(1,5)
26,6
(1,0)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
42
As alturas médias encontradas no pré-pastejo variaram entre 17 e 41 cm de
altura e no pós-pastejo entre 18 e 32 cm, que está condizente com os dados
encontrados por LUPINACCI (2002) e MOLAN (2004). LUPINACCI (2002) estudando
quatro alturas (10, 20, 30 e 40 cm) de capim Marandu mantidas por lotação contínua e
taxa de lotação variável, verificou que a altura de 10 cm correspondeu a uma condição
de desfolha drástica e que o manejo do pastejo deveria ser efetuado entre as condições
de pasto de 20 e 40 cm de altura. MOLAN (2004) trabalhando nas mesmas
condições de LUPINACCI (2002) concluiu que o capim apresentou grande flexibilidade
de manejo, sendo que do ponto de vista da planta sua utilização pode ocorrer entre 15
e 30 cm de altura do dossel.
Pelas equações (Figura 8) ajustadas para altura do dossel comprimido e altura
média no pré-pastejo (HCpré e HMpré) observa-se comportamento semelhante entre os
dois todos de medida, onde ocorre aumento das plantas em função da OF, com
pequena diferença apenas no CP 0, onde se verifica melhor ajuste na medida de altura
média. No pastejo zero as massas erram semelhantes, portanto era esperado que não
houvesse altura definida uma vez que os tratamentos foram impostos naquele CP. No
CP 1, as equações tiveram ajuste com R
2
baixo ( 0,4729 e 04577 para HCpré e HMpré
respectivamente), possivelmente pelo mesmo motivo citado anteriormente. Ou seja, os
ajustes das ofertas eram recentes e naturalmente no início esperava-se baixo controle
da altura. Nos CP seguintes, verifica-se bom ajuste das equações para as duas
medidas de altura, sendo que a altura com a bengala só teve o pior R
2
no ultimo pastejo
(0,8848) comparado a altura média com o disco (0,9176), onde se verifica a baixa
eficiência do disco em função de alongamento de colmos e emissão de inflorescências
por ocasião da época do ano. (MANNETJE, 2000) comenta que o disco ou prato
ascendente é uma técnica indireta considerada eficiente para medir a massa de
forragem de dosséis de porte médio a baixo, de espécies folhosas e de colmos macios.
O autor ressalta, no entanto, que em dosséis com colmos muito grandes e rígidos ou
em fase de florescimento, a leitura pode não levar em conta a densidade, mas
responder apenas à altura, resultando em correlações fracas entre altura do prato e
massa de forragem.
43
Para HC e HM pós (Figura 9) os R
2
foram piores, para a medida média com a
bengala especialmente nos CP 0 e 1. Os outros r
2
tiveram bom ajuste indicando que as
alturas do pós pastejo foram bem expressas pelas duas formas de avaliação e, se
claramente o aumento da HC e HM a medida que se diminui a intensidade de pastejo
(maiores ofertas).
Figura 8 Altura do dossel comprimido e altura média no pré-pastejo (HCpré e HMpré
respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada.
Figura 9 – Altura do dossel comprimido e altura média no pós-pastejo (HCpós e HMpós
respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada.
HCpós
CP 0
y = 0,8533x + 10,597
R
2
= 0,7951
CP 1
y = 0,5333x + 11,217
R
2
= 0,8761
CP 2
y = 0,7233x + 9,5767
R
2
= 0,823
CP 3
y = 1,6467x + 8,0033
R
2
= 0,9099
CP 4
y = 1,37x + 10,43
R
2
= 0,9493
10
15
20
25
30
35
4 7 10 13
OF (% do PV)
HC (cm)
HMpós
CP 0
y = 0,8133x + 17,137
R
2
= 0,5483
CP 1
y = 0,37x + 19,18
R
2
= 0,1318
CP 2
y = 0,6x + 15,25
R
2
= 0,9178
CP 3
y = 1,24x + 14,61
R
2
= 0,8811
CP 4
y = 1,49x + 11,76
R
2
= 0,9618
10
15
20
25
30
35
4 7 10 13
OF (% do PV)
HM (cm)
HCp
CP 0
y = 22
CP 1
y = 0,5933x + 15,557
R
2
= 0,4729
CP 2
y = 1,1567x + 9,0933
R
2
= 0,9839
CP 3
y = 0,8633x + 17,837
R
2
= 0,9592
CP 4
y = 1,5567x + 14,193
R
2
= 0,9175
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
4 7 10 13
OF (% do PV)
HC (cm)
HMpré
CP 0
y = 34,8
CP 1
y = 0,84x + 22,01
R
2
= 0,4577
CP 2
y = 1,2x + 13,3
R
2
= 0,8816
CP 3
y = 1,2333x + 23,267
R
2
= 0,9492
CP 4
y = 1,67x + 18,93
R
2
= 0,8848
10
15
20
25
30
35
40
45
4 7 10 13
OF (% do PV)
HM (cm)
44
4.2. Massa de forragem
Os valores de massa de forragem verde seca no p(MFpré) e no pós-pastejo
(MFpós) estão apresentados na Tabela 8 e nas Figuras 10 e 11. A MFpvariou em
função das OF (P=0,0012), dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP (P=0,0117). De
modo geral, nas ofertas de 10 e 13%, as maiores massas de forragem no pré-pastejo
foram encontradas nos ciclos de pastejo finais e as menores MFpré nos pastejos
iniciais. Para todas as ofertas, observa-se acréscimo na massa de forragem pré-
pastejo a partir do terceiro pastejo (março de 2006), que foi um período que se seguiu a
maiores precipitações pluviométricas. Esse fato aliado à adubação realizada em
fevereiro tiveram efeito positivo no crescimento da forragem e consequentemente na
altura comprimida e na massa de forragem.
Na oferta de forragem de 4%, essa maior diferença foi mais evidente, sendo que
a maior MFpré foi verificada no terceiro pastejo e a menor no segundo. As MFpré, como
também observado por CASAGRANDE (2007) foi sempre menor quando o pasto foi
manejado com 4% do PV. A oferta de forragem de 7% mostrou crescimento mais
equilibrado ao longo dos ciclos de pastejo, apresentando sempre altos valores de
massa de forragem no pré-pastejo. Isso pode indicar, que nessa oferta, o manejo a que
os pastos foram submetidos foi adequado, não afetando de forma negativa a rebrotação
e crescimento das plantas.
A oferta de forragem de 13% apresentou a maior variação na massa de forragem
pré-pastejo ao longo dos ciclos de pastejo, com variação de 3172, 7 kg/ha enquanto
que as ofertas de 4%, 7% e 10% obtiveram, respectivamente, variação de 1449, 3,
2041,8 e 1553,6 kg/ha. As maiores variações nas alturas ao longo do período
experimental também foram verificadas na oferta de forragem de 13% (12,7cm), sendo
que a variação nos valores para as ofertas de 4%, 7% e 10% foi 7; 9, 9,7 e 9,8
respectivamente. Esses valores comprovam que o aumento na massa de forragem foi
favorecido pela maior altura comprimida do dossel gerada pelas ofertas de forragem.
A MFpós variou em função das OF (P=0,0061), dos CP (P<0,0001) e da
interação OFxCP (P=0,0117). As ofertas de forragem de 4, 7 e 13% tenderam a possuir
45
maiores massa de forragem no pós-pastejo no terceiro pastejo, seguindo o padrão
imposto pelas massas no pré-pastejo. Nas ofertas de 7, 10 e 13% foi observada
redução nas massas pós-pastejo no quarto pastejo, fato não verificado na menor oferta
pela maior participação de colmos.
SOUZA JÚNIOR (2007) trabalhando com duas intensidades e dois intervalos
entre pastejos em capim Marandu submetido a pastejo rotativo, verificou que pastos
manejados a 15 cm (3740 kg.ha
-1
de MS) de altura apresentaram maior massa de
forragem pós-pastejo que aqueles manejados a 10 cm (2690 kg.ha
-1
de MS). Os dados
encontrados por esse autor estão de acordo com os verificados nesse experimento
onde, as massas pós-pastejo para a altura de 17,9 cm foi de 3801,4 kg/ha (OF de 4%).
A oferta de forragem de 4% apresentou baixas massas de forragem e até
mesmo um pouco maiores no pós-pastejo do que no pdevido a maior presença de
colmos nessa ocasião. A maior quantidade de colmos foi conseqüência, provavelmente,
da desfolha mais drástica nessa oferta que implicou em aumento na massa de
forragem. Dessa maneira, as folhas remanescentes não foram suficientes para repor as
reservas orgânicas, diminuindo a rebrotação e o crescimento do pasto.
Na OF de 7% foram obtidas altas massas de forragem antes dos pastejos e
baixas depois, e mesmo no pós-pastejo as MF não foram tão baixas quanto as
encontradas na menor oferta, indicando que o pastejo não foi drástico possibilitando
rebrotação mais rápida do dossel forrageiro. As OF de 10 e 13% apresentaram no pré-
pastejo alta massa de forragem e no s baixa, porém no pós-pastejo verificou-se
valores altos revelando a existência de plantas não pastejadas. Essas plantas
acumularam massa no dossel tornando-se, possivelmente, mais lignificadas e rejeitadas
pelos animais, ou seja, houve sobras de forragem devido à baixa desfolhação nessas
ofertas no decorrer do período experimental.
46
Tabela 8 Massa de forragem no pré e no pós-pastejo (MFpré e MFpós respectivamente, em
kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
MF pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
0 3155,8 BC a 4030,8 B a 3754,4 C a 3577,4 C a
3629,6
(168,2)
1 3649,4 ABC b 5420,2 A a 3995,7 BC b 4155,7 C b
4305,3
(246,6)
2 3017,1 C c 4435,8 B b 4776,2 AB b 5744,4 B a
4493,4
(319,1)
3 4466,4 A c 5534,4 A b 5308,0 A bc 6750,1 A a
5514,7
(290,0)
4 4069,8 AB b 6072,6 A a 4652,4 ABC b 5838,6 AB a
5158,4
(271,4)
Média
3671,7
(178,9)
5098,8
(247,1)
4497,3
(178,2)
5213,2
(335,3)
MF pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 2780,2 B b 3882,1 A ab 4479,8 A a 3706,9 C ab
3712,3
(294,2)
1 3737,3 AB a 3115,5 AB a 4104,7 A a 4213,5 BC a
3792,8
(196,7)
2 3856,9 AB b 3278,2 AB b 3648,2 A b 5343,2 AB a
4031,6
(252,2)
3 4146,6 A b 4204,7 A b 4251,1 A b 6113,9 A a
4679,1
(296,0)
4 4485,8 A a 2388,9 B b 3553,3 A ab 4271,3 BC a
3674,8
(286,6)
Média
3801,4
(189,2)
3373,9
(208,3)
4007,4
(198,7)
4729,8
(266,8)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
47
As equações (Figura 10) ajustadas para MFpré mostram um razoável valor de R
2
que variaram de 0,4711 a 0,7416 entre a menor e maior oferta. Nessa Figura pode-se
evidenciar que embora haja aumento crescente na massa em função da oferta, a OF de
7% apresentou maior massa (acúmulo) de forragem em relação a OF de 10% em todos
os CP e nos CP 0 e 1 em relação a OF 13%. Esses resultados podem ser justificados
pelo maior estímulo a rebrotação e perfilhamento ocorrido na oferta de 7%,
ocasionando em maior acúmulo de massa em relação à OF de 10%.
Resultados na literatura evidenciam diferenças no acúmulo de massa quando em
intensidades de pastejo, tanto em sistemas de lotação rotacionada como em continua,
com espécies tropicais avaliadas no mesmo período do ano. Em pastagens de capim-
marandu, no período de janeiro a dezembro de 2002, MOLAN (2004) observou menor
taxa de acúmulo de forragem, na altura do dossel forrageiro de 40 cm, em relação a 10,
20 e 30 cm, não tendo observado diferença nas menores alturas. No período de
novembro de 2001 a fevereiro de 2002, LUPINACCI (2002) observou maior taxa de
acúmulo de forragem nas alturas de dossel de 20 e 30 cm, em relação a 10 cm.
Em lotação rotacionada, BRAGA & PEDREIRA (2006) avaliaram seis ciclos de
pastejo e observaram resposta linear da taxa de acúmulo às ofertas de forragem,
somente nos dois primeiros ciclos. Com a mesma espécie de capim, submetido às
ofertas diárias de 3, 5 e 7 kg de folhas verdes por 100 kg de peso vivo, em lotação
rotacionada, GARAY et al. (2002) observaram maior taxa de acúmulo de lâminas
foliares no menor nível, em relação ao maior. Na avaliação da taxa de crescimento de
folhas de capim-Marandu, pelo todo de fluxo de tecidos, SBRISSIA (2004) observou
valores mais elevados, quando a pastagem foi mantida com uma altura média de 30
cm, em relação a 10, 20 ou 40 cm.
48
Figura 10 Massa de forragem no pré-pastejo (MFpré) de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
Figura 11 Massa de forragem no pós-pastejo (MFpós) de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
4.3. Estrutura vertical do dossel
4.3.1. Densidade volumétrica
Na Tabela 9 estão apresentados os valores de densidade volumétrica de folhas
na altura total (DF), de folhas no estrato potencialmente pastejável (DF 50%), de colmos
na altura total (DC), de colmos no estrato potencialmente pastejável (DC 50%), de
material morto na altura total (DM) e de material morto no estrato potencialmente
pastejável (DM 50%) no pré-pastejo. Houve diferença apenas na densidade volumétrica
MFpós
oferta de forragem
4%
y = 382,05x + 3037,3
R
2
= 0,8913
7%
y = -189,72x + 3753,3
R
2
= 0,1805
10%
y = -170,66x + 4348,7
R
2
= 0,4643
13%
y = 302,92x + 4123,9
R
2
= 0,2405
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4
ciclo de pastejo
MF (kg/ha)
MFpré
oferta de forragem
4%
y = 264,5x + 3142,7
R
2
= 0,4711
7%
y = 419,78x + 4259,2
R
2
= 0,6245
10%
y = 310,83x + 3875,7
R
2
= 0,6183
13%
y = 711,68x + 3789,9
R
2
= 0,7416
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4
ciclo de pastejo
MF (kg/ha)
49
de colmos na altura total (DC), (P = 0,0005) e de material morto na altura total (DM) (P
= 0,0242) entre os pastejos.
De maneira geral as folhas, colmos e material morto tiveram comportamento
semelhante, independente das ofertas impostas. Observa-se, no entanto, maior
quantidade de folhas e material morto na oferta de 4%, embora essa diferença não
tenha sido significativa. Assim, a menor altura na menor oferta possivelmente refletiu
em plantas mais densas.
O componente morfológico de maior ocorrência na massa total foi colmo,
independente do tratamento e ciclo de pastejo. No entanto, quando se considera o
estrato de 50%, a folha passa ser o componente de maior ocorrência.
Os ciclos de pastejo influenciaram as quantidades de colmo e de material morto,
onde houve diminuição da quantidade de colmos, enquanto a quantidade de material
morto aumentou com o decorrer dos ciclos.
FERNANDES JÚNIOR (2007) em estudo sobre capim Tanzânia submetido a dois
resíduos (1500 e 3000 kg de MS/ha) verificou menor valor de densidade de folhas no
tratamento de baixo resíduo em relação ao tratamento de alto, O autor atribui essa
menor densidade ao consumo excessivo da quantidade de folhas pelos animais,
quando manejado para baixo resíduo e, possivelmente o tempo de descanso não tenha
sido suficiente para a recuperação do estande e compensar menor altura do tratamento.
Os resíduos encontrados no presente estudo variaram de 3374 a 4730 kg/ha. Observa-
se que, a densidade de folhas é uma característica fortemente associada a área foliar
remanescente e a rebrotação, ou seja, em resíduos maiores, onde a planta tem mais
folhas remanescentes e melhores condições de rebrotação, a presença desse
componente é verificada em todo o perfil vertical. Em situação de baixo resíduo, onde a
ocorrência de folhas remanescentes é mais baixa e a rebrotação menor,
comprometimento da densidade de folhas.
A densidade de colmos e material morto sofreu influência dos ciclos de pastejo
na parte inferior do dossel forrageiro, principalmente no final do período experimental,
onde se verifica que o florescimento das plantas fez com que os colmos alongassem, e
atingissem os estratos mais altos empurrando as folhas junto com eles. Essa fase
50
provocou aumento na altura do dossel, na massa de forragem e conseqüentemente no
sombreamento de plantas localizadas mais perto do solo que acabaram senescendo e
contribuindo para a maior densidade de material morto. Registros semelhantes foram
encontrados por SOUZA JÚNIOR (2007) em capim Marandu submetido a pastejo
rotativo ao verificar decréscimo do acúmulo de colmos e material morto no verão
seguido de aumento devido ao período de desenvolvimento reprodutivo das plantas.
Respostas análogas a SOUZA JÚNIOR (2007) foram observadas por MOLAN (2004)
onde a densidade volumétrica nas diferentes épocas do ano foi acompanhada por
mudanças no material morto presente nos pastos.
As diferenças ocorridas entre densidade de colmos e material morto na altura
total e no estrato potencialmente pastejável indicam o maior acúmulo desses
componentes nos estratos de menor altura, ou seja, mais próximo ao solo. Isso se deve
ao consumo pelos animais ocorrer no estrato potencialmente pastejável o que implica
em maior quantidade de material não pastejado na base das touceiras. Já as densidade
de folhas na altura total e no estrato potencialmente pastejável obtiveram valores
semelhantes o que demonstra que esse componente se apresentou de forma
homogênea ao longo do perfil vertical. O mesmo comportamento dos colmos e material
morto foi verificado por SOUZA JÚNIOR (2007) onde esses componentes se
concentraram nos estratos inferiores do pasto.
Houve tendência da densidade de colmos e material morto serem maiores nas
ofertas de forragem onde havia menores quantidades de folhas. Esse fato também foi
observado por FERNANDES JÚNIOR (2007) em capim Tanzânia sob pastejo
rotacionado.
A maior quantidade de folhas (0,79 mg/cm
3
) no estrato potencialmente pastejável
foi observada em condição de resíduo de 3801 kg de MS/ha (0,40 mg/cm
3
). Dados
semelhantes foram encontrados por FERNANDES JÚNIOR (2007) onde a densidade
de folhas (0,39 mg/cm
3
) e a quantidade de folhas (0,91 mg/cm
3
) foram maiores no
tratamento de 3000 kg de MS/ha de resíduo.
A porcentagem de folhas no estrato pastejável teve comportamento inverso à
densidade de colmos, onde os valores para folhas foram de 0,79, 0,63, 0,67 e 0,64 para
51
as ofertas de forragem de 4, 7, 10 e 13% respectivamente. FERNANDES JÚNIOR
(2007) também verificou essa mesma tendência e concluiu que porcentagem de folhas
e densidade de colmos no estrato pastejável podem ser ferramentas importantes no
manejo de pastagens por representar o componente consumido dentro do estrato
potencialmente pastejável e apresentar respostas consistentes em relação às
diferenças do dossel forrageiro.
Tabela 9 Densidade volumétrica de folhas na altura total (DF), de folhas no estrato
potencialmente pastejável (DF 50%), de colmos na altura total (DC), de colmos no estrato
potencialmente pastejável (DC 50%), de material morto na altura total (DM) e de material morto
no estrato potencialmente pastejável (DM 50%) no pré-pastejo de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
DF DF 50% DC DC 50%
DM DM 50%
OF
(% do
PV)
mg/cm
3
4
0,44
(0,01)
0,40
(0,04)
0,67
(0,06)
0,11
(0,04)
0,32
(0,04)
0,01
(0,0)
7
0,37
(0,06)
0,37
(0,09)
0,67
(0,09)
0,20
(0,05)
0,26
(0,04)
0,01
(0,0)
10
0,34
(0,01)
0,35
(0,04)
0,60
(0,05)
0,18
(0,03)
0,21
(0,02)
0,01
(0,0)
13
0,34
(0,03)
0,34
(0,03)
0,65
(0,05)
0,23
(0,07)
0,23
(0,02)
0,01
(0,0)
CP mg/cm
3
1
0,42
(0,05)
0,39
(0,09)
0,80 A
(0,06)
0,14
(0,05)
0,18 B
(0,03)
0,01
(0,0)
2
0,38
(0,02)
0,36
(0,04)
0,77 A
(0,04)
0,21
(0,04)
0,28 A
(0,02)
0,02
(0,0)
3
0,34
(0,04)
0,33
(0,04)
0,51 B
(0,06)
0,11
(0,03)
0,26 AB
(0,03)
0,01
(0,0)
4
0,34
(0,02)
0,38
(0,03)
0,53 B
(0,05)
0,25
(0,07)
0,28 A
(0,04)
0,01
(0,0)
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
52
Na Tabela 10 estão apresentados os valores de densidade volumétrica da
matéria seca na altura total (DMS), da matéria verde seca na altura total (DMV), da
matéria seca no estrato potencialmente pastejável (DMS 50%) e da matéria verde seca
no estrato potencialmente pastejável (DMV 50%) no pré-pastejo. Houve diferença
apenas na
d
ensidade volumétrica da matéria seca (P = 0,0523) e da matéria verde seca
(P = 0,0028) na altura total entre os ciclos de pastejo. Dessa forma, o decorrer das
desfolhações provocou modificação na densidade volumétrica da MS na parte inferior
do dossel com mais intensidade do que a densidade no estrato potencialmente
pastejável.
As diferentes ofertas aplicadas no presente experimento não mudou o padrão de
densidade de matéria seca total e verde total, Entretanto, embora não significativo,
verifica-se na oferta de 4% maior densidade total e de matéria verde seca.
A DMV e a DMV 50% apresentaram o mesmo comportamento da DMS e DMS
50% no decorrer do período experimental sendo influenciadas pelos ciclos de pastejo,
principalmente nos ciclos finais, ocasião em que ocorre alongamento de colmos devido
à floração, fazendo com que partes das plantas como folhas e colmos passem a se
encontrar em estratos superiores do dossel, como explicado no item anterior.
FERNANDES JÚNIOR (2007) observou que a densidade volumétrica da matéria
seca foi maior no resíduo de 1500 kg MS/ha em relação ao resíduo de 3000kg MS/ha
provavelmente pelo maior desaparecimento das folhas concomitante à redução da
altura dossel e ao aumento da proporção do material morto e colmos nos valores
medidos. Essa tendência pode ser observada nesse experimento, apesar de não
ocorrer diferença estatística. A densidade da matéria seca e da matéria verde seca
aumentou com a diminuição das massas de forragem, ou seja, o aumento das ofertas
de forragem gerou aumento nas alturas e nas massas e diminuição na densidade.
Diferente do encontrado no presente estudo, PALHANO et al. (2005), em trabalho sobre
capim Mombaça submetido a cinco alturas de dossel, verificaram que a densidade
volumétrica da forragem não variou com o aumento da altura do dossel forrageiro. Os
autores atribuem esse acontecimento ao efeito da diluição da massa de forragem
53
produzida ao longo dos estratos nas maiores alturas do dossel, uma vez que as alturas
variaram de 60 a 140 cm.
Tabela 10 Densidade volumétrica da matéria seca na altura total (DMS), da matéria verde
seca na altura total (DMV), da matéria seca no estrato potencialmente pastejável (DMS 50%) e
da matéria verde seca no estrato potencialmente pastejável (DMV 50%) no pré-pastejo de
pastos de capim Marandu manejados sob diferentes ofertas de forragem e lotação rotacionada.
DMS DMS 50% DMV DMV 50%
OF
(% do
PV)
mg/cm
3
4
1,43
(0,08)
0,52
(0,08)
1,11
(0,07)
0,51
(0,08)
7
1,29
(0,17)
0,59
(0,13)
1,04
(0,14)
0,58
(0,13)
10
1,15
(0,06)
0,54
(0,05)
0,94
(0,06)
0,53
(0,05)
13
1,22
(0,08)
0,58
(0,09)
1,00
(0,07)
0,57
(0,09)
CP mg/cm
3
1
1,39 AB
(0,13)
0,54
(0,13)
1,22 A
(0,10)
0,54
(0,13)
2
1,43 A
(0,07)
0,59
(0,08)
1,15 A
(0,05)
0,57
(0,07)
3
1,10 B
(0,12)
0,45
(0,06)
0,85 B
(0,09)
0,44
(0,06)
4
1,15 AB
(0,08)
0,64
(0,08)
0,87 B
(0,06)
0,63
(0,08)
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre pasrênteses correspondem ao erro padrão da média
54
4.3.2. Distribuição espacial dos componentes morfológicos
As mudanças na distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel
forrageiro, nos ciclo de pastejo 1, 2 ,3 e 4 podem ser verificadas na Figura 12, 13, 14 e
15, respectivamente.
No ciclo de pastejo 1 (Figura 12), na oferta de 4%, as folhas estiveram em maior
freqüência principalmente entre 6 e 10 cm de altura (26%), seguida das alturas 1 a 5
(22%) e 11 a 15 cm (14%). Nos estratos superiores (de 16 a 25cm) as quantidades de
folhas foi baixa, contribuindo com menos de 5%. Os colmos e material morto se
concentraram nos primeiros 5 cm, (10% e 14% respectivamente), porém não estiveram
presentes em alturas superiores a 15 cm. Na oferta de forragem de 7%, as folhas se
concentraram entre 11 e 20 cm (17% em média), os colmos e material morto entre 6 e
15 cm e, a partir de 21 cm se observou somente à presença de folhas.
Na oferta de 10%, as folhas se distribuíram com maior expressão entre 6 e 25 cm
de altura, variando de 10 a 12% porém na faixa de 11 a 15cm seguida de 16 a 20cm foi
onde se concentrou as maiores porcentagens de folhas (18 e 16%). Os colmos e
material morto tiveram porcentagens maiores entre 6 e 15 cm (7% para colmos e 10%
para material morto), sendo que acima dessa faixa diminuíram, porém sem
desaparecer. Na oferta de forragem de 13%, as folhas predominaram no intervalo de 11
a 20 cm de altura com média de 15% e colmos e material morto tiveram maior presença
nos primeiros 10 cm de altura.
55
4% - CP 1
0 5 10 15 20 25 30
5
10
15
20
25
porcentagem
altura (cm)
7% - CP 1
0 5 10 15 20 25 30
5
10
15
20
25
30
35
porcentagem
altura
(cm)
10% - CP 1
0 5 10 15 20 25 30
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura
(cm)
13% - CP 1
0 5 10 15 20 25 30
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura (cm)
Figura 12 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel forrageiro de pastos
de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 1 (CP 1).
No ciclo de pastejo 2 (Figura 13), observou-se a maior predominância de folhas
entre 11 e 15 cm de altura (18%) na oferta de 4%, mantendo uma média em torno de
10% entre 16 a 25cm; colmos e material morto se concentraram no intervalo de 6 a
10 cm (7 e 23% respectivamente). Na oferta de 7%, as folhas ocorreram com maior
freqüência no intervalo entre 11 e 20 cm (16% em média) e colmos e material morto nos
primeiros 10 cm. Na oferta de forragem de 10%, a porcentagem de folhas concentrou-
se entre 11 e 20 cm de altura, variando de 17 a 20% e colmos (6%) e material morto
(14%) ocorreram com maior freqüência entre 6 e 10 cm. Na oferta de 13%, as folhas
ocorreram com maior freqüência entre 6 e 20 cm (13%) e colmos e material morto
56
(12%) nos primeiros 10 cm de altura, chegando a 8% de colmos no intervalo de 6 a 10
cm.
4% - CP 2
0 5 10 15 20 25
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura
(cm)
7% - CP 2
0 5 10 15 20 25
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura (cm)
10% - CP 2
0 5 10 15 20 25
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura
(cm)
13% - CP 2
0 5 10 15 20 25
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura
(cm)
Figura 13 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel forrageiro de pastos
de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 2 (CP 2).
No ciclo de pastejo 3, na oferta de forragem de 4%, observou-se folhas
principalmente no intervalo de 16 a 25 cm de altura (média de 11%), colmos se
mantiveram em porcentagens homogêneas a15 cm de altura (4%) e material morto
se concentrou nos primeiros 5 cm acima do solo (16%). Na oferta de forragem de 7%,
se observou maior quantidade de folhas de 11 a 25 cm (13% em média) de altura e
colmos e material morto nos primeiros 10 cm (média de 6 e 11% respectivamente). Na
57
oferta de 10%, as folhas predominaram entre 16 e 25 cm de altura, variando de 9 a 11%
e os colmos e material morto foram mais freqüentes entre 6 e 10 cm. Na oferta de 13%,
verificou-se que a porcentagem de folhas se manteve entre 7 e 10% nos primeiros 30
cm de altura, colmos entre 6 e 15 cm (4 a 5%) e material morto nos primeiros 15 cm (6
a 7%).
4% - CP 3
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
porcentagem
altura
(cm)
7% - CP 3
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
porcentagem
altura
(cm)
10% - CP 3
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
40
porcentagem
altura
(cm)
13% - CP 3
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
40
45
porcentagem
altura
(cm)
Figura 14 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel forrageiro de pastos
de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 3 (CP 3).
No ciclo de pastejo 4, folhas predominaram entre 11 e 20 cm de altura mantendo
uma média de 15% na oferta de 4%; colmos (10%) e material morto (20%) se
concentraram nos primeiros 5 cm. Na oferta de 7%, as folhas predominaram entre 21 e
58
30 cm (10% em média), colmos entre 11 e 15 cm (6%) e material morto nos primeiros
15 cm chegando a 13% entre 6 e 10 cm. Na oferta de forragem de 10%, a porcentagem
de folhas ocorreu com mais freqüência entre 11 e 25 cm de altura, variando de 8 a 12%
e colmos (9%) e material morto (15%) entre 6 e 10 cm. Na oferta de 13% No CP 4
folhas predominaram entre 11 e 25 cm numa média de 9%, colmos contribuíram com no
máximo 3% e material morto se concentrou nos primeiros 10 cm de altura (13 a 16%).
4% - CP 4
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
porcentagem
altura
(cm)
7% - CP 4
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
40
45
porcentagem
altura
(cm)
10% - CP 4
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
porcentagem
altura (cm)
13% - CP 4
0 5 10 15 20
5
10
15
20
25
30
35
40
45
porcentagem
altura (cm)
Figura 15 - Distribuição vertical dos componentes morfológicos do dossel forrageiro de pastos
de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada, no ciclo de
pastejo 4 (CP 4).
59
Nas ofertas de 4 e 7% verificou-se maior quantidade de material morto próximo
ao nível do solo e de folhas mais acima, indicando a ocorrência de maior senescência
de folhas nos estratos inferiores. Isso se deve a presença de plantas mais velhas e a
maior concentração de plantas e, consequentemente maior competição entre elas por
nutrientes, provocando a morte por falta de nutrientes, água e luminosidade. A maior
participação de colmos próximo ao nível do solo também pode ser explicada pelo fato
do consumo pelo animal ocorrer no estrato pastejável, provocando a senescência de
material localizado em estratos mais baixos. Os colmos predominavam nos primeiros
centímetros até fevereiro, a partir de março esse componente apareceu em estratos
de mais altos devido ao florescimento causar elevação dessas colmos resultando em
sua participação maior ao longo do perfil vertical.
Nas ofertas de 10 e 13% verificou-se participação de folhas, colmos e material
morto em todo o perfil vertical, mostrando que a sobra de forragem nessa oferta
provocou senescência de folhas que diminuíram bastante nos meses de março e abril.
Essa perda de material verde se deve, provavelmente, à competição entre plantas por
espaço, nutrientes, luz e água e por esse motivo, verifica-se o alongamento de colmos
na tentativa de vencer essa competição, além daquele natural em conseqüência da
floração.
De maneira geral, e, como o esperado, houve tendência à predominância de
folhas nos estratos superiores do dossel e de colmos e material morto nos estratos de
menor altura. As porcentagens de folhas, colmos e material morto variaram com as
ofertas de forragem estabelecidas e com os ciclos de pastejo. Esses dados observados
são semelhantes aos verificados por SARMENTO (2003) em estudo de quatro alturas
de dossel (10, 20, 30 e 40 cm) em capim Marandu sob lotação contínua que observou a
predominância de material morto e colmos nos estratos inferiores do dossel forrageiro e
de lâminas foliares no estrato superior e que o horizonte de folhas correspondeu a 50%
da parte superior do perfil vertical do dossel forrageiro, indicando aumento potencial do
estrato pastejável com o aumento da altura do dossel.
PALHANO et al. (2005) em pesquisa sobre o padrão de desfolhação do capim
Mombaça por vacas leiteiras também verificaram dados semelhantes ao presente
60
estudo, ao observarem no estrato basal proporção reduzida de lâminas foliares e
elevada de material senescente, condição resultante da baixa luminosidade presente e
do hábito de crescimento da planta. Além disso, a fração colmos concentrou-se no
estrato médio inferior em todas as alturas testadas, de maneira que as lâminas foliares
estiveram presentes na metade superior do dossel. Dessa maneira, a estrutura de
dossel disponível e apresentada aos animais seria capaz de proporcionar uma dieta
quase que exclusiva de lâminas foliares.
A maior ocorrência de folhas nos estratos superiores do dossel forrageiro
também foi observada por SOUZA JÚNIOR (2007). O autor verificou que no mínimo
50% da porção superior da altura dos pastos de capim Marandu submetidos a pastejo
rotacionado foi ocupada e que houve predomínio do componente morfológico folha.
4.4. Ocorrência de touceiras
As porcentagens de ocorrência de touceiras (%T) estão apresentadas na Tabela
11 e na Figura 16. A %T não variou em função das OF (P=0,7179) e da interação
OFxCP (P=0,9207), mas variou em função CP (P=0,0005).
A maior intensidade de pastejo não modificou o padrão de distribuição das
plantas dentro dos pastos, embora o valor numérico para a oferta de 4% seja
ligeiramente menor. Isso mostra que possivelmente o tempo tenha sido curto para
apresentar diferenças entre as intensidades aplicadas. o período do ano foi
importante no aumento da cobertura do solo, onde se verifica maior ocorrência de
plantas em abril. Esses valores demonstram que o decorrer dos pastejos aumentaram a
ocorrência de plantas em todas as OF devido ao perfilhamento provocado pelas
desfolhações periódicas que permitiam a quebra de dormência das gemas basais e
axilares e maior entrada de luz no dossel forrageiro, aumentando a fotossíntese e a
produção de novas plantas. Além disso, o período de descanso adotado para o manejo
do pasto possivelmente tenha ajudado de forma a impedir que os animais pastejassem
novas plantas antes que elas contribuíssem para a formação do mesmo.
61
JANUSCKIEWICZ et al. (2004), trabalhando com capim Tanzânia manejado sob
duas alturas de resíduo pós-pastejo (30 e 50 cm) e dois períodos de descanso (25 e 35
dias), encontraram, pelo método da reta transecta, porcentagens de ocorrência de
plantas variando de 40 a 56%. CARVALHO et al. (2003), em estudo com pastejo
rotacionado por ovinos encontraram que o capim Tanzânia possui 46,2% de cobertura
do solo e o capim Aruana 47,1%. Tantos os valores observados por JANUSCKIEWICZ
et al. (2004), quanto aqueles verificados por CARVALHO et al. (2003) são menores do
que os encontrados nesse experimento, que foi de 58,5 a 88,3%. Porém, esse resultado
era esperado que os capins Tanzânia e Aruana possuem hábito de crescimento
cespitoso, promovendo uma menor cobertura do solo quando comparado as gramíneas
de crescimento decumbente, como o capim Marandu.
Tabela 11 Porcentagem de touceiras (%T) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada.
OF (% do peso vivo)
Época
4 7 10 13
média
CP 1 58,5 63,9 62,8 59,4
61,1 B
(3,38)
CP 4 78,6 88,3 81,0 83,7
82,9 A
(1,62)
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
ocorrência de touceiras
55
60
65
70
75
80
85
90
CP 1 CP 4
Ciclo de pastejo
%
4% 7% 10% 13%
Figura 16 - Porcentagem de touceiras (%T) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada.
62
5. Conclusão
A intensidade de pastejo causa efeito acentuado sobre a massa de forragem e extrato
pastejável ao animal;
A oferta de forragem de 7% do PV proporciona melhor relação entre altura e massa de
forragem, além de proporcionar um dossel vegetativo com condições maiores de
rebrotação;
aumento na altura do dossel vegetativo por ocasião do aumento da massa de
forragem ofertada.
63
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67
CAPÍTULO 3 COMPOSIÇÃO MORFOLÓGICA DA FORRAGEM E DO PASTEJO
SIMULADO DE MEAS DA RAÇA HOLANDESA EM PASTOS DE CAPIM
MARANDU MANEJADOS SOB OFERTAS DE FORRAGEM E LOTAÇÃO
ROTACIONADA
1. RESUMO
Um dossel vegetativo adequado ao bovino em processo de pastejo deve possuir
elevada quantidade de forragem produzida com alta proporção de folhas e baixa
quantidade de colmos. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi analisar a relação
folha:colmo e a composição morfológica das amostras de forragem e de pastejo
simulado de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem em lotação rotacionada. O presente experimento foi conduzido no
setor experimental do Departamento de Zootecnia da UNESP, Jaboticabal, numa área
de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida em 12 piquetes. O período experimental foi
dividido em cinco ciclos de pastejos com 1 dia de ocupação e 21 dias de descanso. O
delineamento experimental foi em blocos ao acaso, utilizando o esquema de parcelas
subdivididas no tempo, com três repetições. Nas parcelas foi avaliado o efeito das
ofertas de forragem (4, 7, 10 e 13 % do PV) e na subparcela o efeito dos ciclos de
pastejo. Na oferta de forragem de 13% foram encontradas altas massas de colmos e
material morto durante os ciclos de pastejo como conseqüência da ocorrência de
forragem não pastejada que provocou o alongamento de colmos. A oferta de 4%
proporcionou menores massas de folhas do que de colmos mostrando que as folhas
remanescentes não foram suficientes para estimular o crescimento do pasto. Na oferta
de forragem de 10% observou-se no pré pastejo, baixas massas de folhas, colmos e
material morto, porém, no pós-pastejo, a massa de colmos foi alta devido à grande
quantidade de plantas não pastejadas. A oferta de forragem de 7% resultou em altas
massas de folhas e colmos no pré-pastejo e baixas no pós, o que mostra que a
desfolha não foi drástica a ponto de prejudicar a área foliar remanescente.
Possivelmente houve consumo de colmos novos pelo animais, demonstrando que havia
68
competição entre eles por alimento. Verifica-se que no pré-pastejo as relações
folha:colmo diminuíram com o aumento das ofertas de forragem. Nas amostras de
pastejo simulado pôde-se inferir que os animais tinham a possibilidade de ingerir grande
porcentagem de folhas durante o período experimental e as ofertas de forragem não
limitaram a quantidade de folhas ofertada. Pelo exposto verifica-se que a oferta de
forragem de 7% é a mais indicada em produzir maior massa de folhas; em maiores
ofertas de forragem verifica-se maiores massas de material morto e menor relação
folha:colmo tornando-as inadequadas para utilização no sistema de manejo intensivo;
as diferentes ofertas de forragem não limitam a quantidade de folhas oferecida aos
animais; em condições ambientais desfavoráveis ao crescimento de folhas os animais
passam a consumir colmos.
Palavras-chave: capim Marandu, colmos, folhas, material morto, oferta de forragem,
pastejo simulado, relação folha:colmo.
2. INTRODUÇÃO
O manejo das pastagens torna-se um aspecto de fundamental importância, uma
vez que estas são fontes de nutrientes passíveis de transformação em proteína animal,
a baixos custos. Dentre as espécies forrageiras utilizadas para pastagens, as
gramíneas do gênero Brachiaria o muito empregadas por serem de fácil manejo e
responderem rapidamente a adubação, além de serem mais resistentes a condições
adversas. Uma das mais procuradas atualmente é a Brachiaria brizantha (Hochst ex A.
Rich) Stapf. cv. Marandu, o capim-Marundu, (ZIMMER et al., 1998) devido a atributos
como tolerância à baixa fertilidade do solo, elevada produtividade quando devidamente
manejada e tolerância à cigarrinha das pastagens.
Existem várias características do dossel vegetativo que afetam a seleção do
bovino em pastejo. Um dossel forrageiro adequado deve possuir elevada quantidade de
forragem produzida com alta proporção de folhas, baixa quantidade de colmos, alta
cobertura do solo, alta persistência da pastagem e forragem com alto valor nutritivo. As
69
gramíneas C4, que constituem os pastos tropicais, exibem alterações em suas
características morfológicas e químicas, associadas ao desenvolvimento, à maturidade
fisiológica e senescência natural da planta forrageira, que alteram a qualidade e
disponibilidade de forragem e a estrutura do relvado, influenciando o consumo e o
desempenho dos animais (EUCLIDES et al., 1990; BLASER, 1994; GOMIDE, 1997).
Em trabalho sobre métodos utilizados para amostragem em Brachiaria arrecta
coletada a cada 28 dias no verão, GOES et al. (2003) encontraram que as amostras
obtidas através de corte rente ao solo, por considerar toda a planta, não são
representativas da dieta ingerida pelos bovinos, por não considerar a seleção da dieta
pelo animal. Sendo assim, pastejo simulado pode servir como estimativa satisfatória da
dieta selecionada por bovinos. O conhecimento da qualidade da dieta selecionada pelos
bovinos em pastejo é importante que possui características químicas e botânicas
diferentes da forragem disponível no pasto, uma vez que os animais consomem folhas
em preferência aos caules e forragens verdes em detrimento do material morto.
Conseqüentemente, a dieta selecionada pelos animais em geral possui maior valor
nutritivo que a forragem disponível (EUCLIDES et al., 1992). Segundo esses autores, a
técnica do pastejo simulado vem sendo utilizada como indicativo do material ingerido
pelo animal. Todavia, a maior objeção a este todo de amostragem é a falta de
conhecimento da discrepância entre a amostra coletada e a forragem realmente
consumida. Dentro disso, o objetivo do trabalho foi analisar a relação folha:colmo, a
composição morfológica da forragem e do pastejo simulado de fêmeas da raça
holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e pastejo
intermitente.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local e período experimental
O experimento foi conduzido no setor de Forragicultura, pertencente ao
Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da
70
UNESP, Campus de Jaboticabal, SP, localizada a 21
o
15’22’’ de latitude sul, longitude
de 48
o
18’58’’W, a uma altitude de 595 m.
A área experimental era de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida em 12
piquetes, com áreas variáveis de 229,5 m
2
(oferta de 4%), 408 m
2
(ofertas de 7 e 10%)
e 586,5 m
2
(oferta de 13%), como mostra a Figura 1, Capítulo 2. A área foi dividida em
3 blocos que foram alocados em função do histórico da área experimental, sendo cada
bloco formado por uma repetição (piquete) de cada oferta de forragem.
O período experimental foi de outubro de 2005 a abril de 2006, dividido em
cinco ciclos de pastejos com 1 dia de ocupação e 21 dias de descanso. O primeiro
pastejo, considerado como zero, foi realizado para imposição dos tratamentos (ofertas
de forragem) em dezembro de 2005, sendo que os pastejos 1, 2, 3 e 4 foram realizados
em janeiro, fevereiro, março e abril de 2006, respectivamente.
3.2. Solo da área experimental
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico,
típico textura argilosa (ANDRIOLI & CENTURION, 1999). A pastagem de Brachiaria
brizantha (Hochst ex. A. Rich.) cv Marandu foi formada em novembro de 2003, após
correção do solo com calcário dolomítico (90% PRNT) para elevar a saturação por
bases para 60%, segundo recomendações de WERNER et al. (1996). Nesta ocasião,
foi realizada adubação de correção com fósforo, com aplicação de 60 kg/ha de P
2
O
5
na
forma de Superfosfato Simples.
Amostras de solo foram retiradas a profundidade de 0 - 20 cm para análise
química dos parâmetros de fertilidade e orientar as correções necessárias, segundo
WERNER et al. (1996). As análises das características químicas do solo foram
realizadas no Departamento de solos e adubos da FCAV UNESP, Campus
Jaboticabal e estão apresentadas na Tabela 1, Capítulo 2.
A adubação de manutenção da área experimental consistiu da aplicação de 140,
30 e 100 kg/ha/ano de N; P
2
O
5
e K
2
O, na forma de Uréia, Superfosfato Simples e
Cloreto de Potássio, respectivamente. No dia 21/11/2005 aplicou-se metade da
71
adubação nitrogenada (70 kg/ha/ano) e toda a adubação potássica e fosfatada e no dia
26/01/2006 apenas os outros 70 kg/ha/ano de N. Antes da primeira adubação foi
realizado o corte de uniformização na área experimental a 10 cm do solo, com utilização
de roçadora.
3.3. Condições climáticas
O clima de Jaboticabal é classificado como subtropical do tipo CWA,
mesotérmico com verão úmido e inverno seco, de acordo com classificação de Köppen.
Os dados meteorológicos obtidos durante o experimento estão apresentados nas
Figuras 2 e 3 e na Tabela 2, Capítulo 2, analisados por mês e por ciclo de pastejo.
3.4. Animais experimentais e método de pastejo
Foram utilizadas vacas não lactantes e/ou novilhas da raça Holandesa para o
pastejo, com peso médio aproximado de 450 kg. O primeiro pastejo (considerado como
ciclo de pastejo zero) ocorreu quando a massa de forragem dia era de 3.500 kg/ha.
O método de pastejo adotado foi de lotação rotacionada, com período de descanso fixo
de 21 dias, utilizando a técnica de “mob-grazing”. No primeiro pastejo, as vacas
permaneceram durante 12 horas, das 7 às 19 horas, dentro de cada piquete. Os
animais foram levados apenas para beber água às 14 horas. Nos demais pastejos os
animais permaneceram no piquete durante apenas oito horas, dividido em dois períodos
de quatro horas (manhã e tarde), das 6:30 às 10:30 e das 15:30 às 19:30 horas,
durante o mesmo dia. Este manejo foi adotado pelo fato de que a ausência de sombras
e bebedouros na área experimental, aliado ao forte calor durante o período,
principalmente nos horários de sol a pino, que faziam com que os animais não
pastejassem nesse período, ficando apenas deitados, esperando para sair dos
piquetes.
Como não existia número suficiente de animais para pastejar todos os piquetes
no mesmo dia, foi pastejada uma oferta de forragem por dia, totalizando quatro dias
72
consecutivos de pastejo. Isso ocorreu em todos os ciclos de pastejo, porém o período
de descanso de 21 dias foi respeitado para todas as ofertas.
3.5. Características avaliadas
3.5.1. Massas e composição morfológica das amostras de forragem
Amostras foram colhidas em pontos com maior e menor altura de dossel foram
pesadas e separadas em colmo, lâmina foliar e material morto. A bainha foi considerada
junto com os colmos e as inflorescências, também quando presentes. Essas amostras
separadas foram secas em estufa à temperatura de 55º C por 72 horas e pesadas para
cálculos de porcentagens de folha, colmo e material morto que foram feitos a partir de
peso seco de folhas, colmo e material morto, respectivamente e do peso seco total da
amostra.
Essas amostragens foram realizadas no pré-pastejo dos ciclos 1, 2, 3 e 4 e no
pós-pastejo de todos os ciclos. O ciclo de pastejo zero não foi considerado na análise
estatística em pré-pastejo por possuir o mesmo valor de massa e porcentagem dos
componentes para todas as ofertas de forragem. Esse fato é decorrente da ausência de
desfolhações anteriores. O pastejo zero foi considerado nas massas e porcentagens
pós-pastejo pois já havia ocorrido a imposição de tratamentos.
3.5.2. Relação folha:colmo
A partir das massas de folhas e de colmos se estimou a relação folha:colmo da
forragem para cada tratamento e ciclo de pastejo.
3.5.3. Composição morfológica das amostras de pastejo simulado
Durante os pastejos foram coletadas amostras simulando o pastejo feito pelo
animal. Esse procedimento foi feito acompanhando um animal de cada piquete, na
73
entrada e na saída dos animais nos pastejos 2 (fevereiro), 3 (março) e 4 (abril). O
método de amostragem foi realizado conforme as informações descritas por
SOLLENBERGER & CHERNEY (1995) e as amostras foram colhidas manualmente na
tentativa de se obter amostras mais semelhantes àquelas selecionada pelos animais.
As amostras foram pesadas e separadas em colmo, lâmina foliar e material morto. A
bainha foi considerada junto com os colmos e as inflorescências, também quando
presentes. Essas amostras separadas foram secas em estufa a temperatura de 55º C
por 72 horas e pesadas para cálculos de porcentagens de folha e colmo no pastejo
simulado.
3.6. Delineamento experimental e tratamentos
O delineamento experimental utilizado no experimento foi o em Blocos
Casualizados com 4 tratamentos (ofertas de forragem) e três repetições. Foram
estudadas ofertas de forragem (OF) de 4, 7, 10 e 13% do PV. O ajuste da carga animal
foi feito de acordo com a equação:
OF
SMF
CA
piquete
= ,
onde: CA = Carga animal (kg de PV);
MF = Massa de forragem (kg/ha de MVS);
OF = Oferta de forragem (% do PV);
S
piquete
= Área do piquete (ha).
A carga animal para cada oferta foi ajustada em função da massa de forragem,
matéria verde seca de cada piquete e do tamanho das parcelas, que variou de 200 a
600 m
2
entre a menor e maior oferta, respectivamente. Sendo assim, o número de
animais por parcela foi próximo de forma a tirar o efeito de grupo e determinado
dividindo a carga animal pelo peso médio dos animais.
As variáveis respostas foram submetidas inicialmente ao teste de esfericidade
(ou circularidade), onde se verifica se as variâncias das diferenças entre pares de
74
tempos são todas iguais. Para as variáveis onde o foi observado significância
(P>0,10) nesse teste, utilizou-se para análise dos dados delineamento em parcelas
subdivididas no tempo, avaliando o efeito da oferta de forragem (OF) na parcela e os
ciclos de pastejo (CP) nas subparcelas. Posteriormente, realizou-se a análise de
variância, teste F. As médias foram avaliadas pelo teste de Tukey a 10% de
probabilidade, sendo avaliadas somente quando foi encontrado efeito do CP ou
interação OF*CP. Para avaliação do efeito das ofertas de forragem isoladamente, foi
realizada análise de regressão e, para isto utilizou-se o PROC GLM do programa
estatístico SAS (2002). Para as variáveis onde se observou esfericidade utilizou-se o
PROC MIXED do programa estatístico SAS (2002).
Para as características em condição de pré-pastejo (Tabela 12), os dados do
ciclo de pastejo zero não foram incluídos na análise estatística por não ocorrer
diferença entre as ofertas de forragem devido à ausência de desfolhações anteriores.
Para as características em condição de pós-pastejo (Tabela 13) todos os ciclos de
pastejo foram incluídos na análise estatística. Os dados de pastejo simulado (Tabela
14) foram avaliados em três ciclos de pastejo (2, 3 e 4).
Tabela 12 - Quadro de análise de variância para as variáveis
em condição de pré-pastejo.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 03
OFxCP 09
Resíduo (b) 24
Total corrigido 47
75
Tabela 13 - Quadro de análise de variância para as variáveis
em condição de pós-pastejo.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 04
OFxCP 12
Resíduo (b) 31
Total corrigido 59
Tabela 14 - Quadro de análise de variância para as variáveis
de pastejo simulado.
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 02
OFxCP 06
Resíduo (b) 16
Total corrigido 35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Massa de folhas, colmos e material morto
A massa de folhas no pré-pastejo (Mfo pré) variou em função das ofertas de
forragem (OF) (P=0,1015), dos ciclos de pastejo (CP) (P<0,0001) e da interação OFxCP
(P=0,0268), (Tabela 15). A massa de folhas em condição de pré-pastejo foi 2957,3
kg/ha no pastejo zero em todas as ofertas de forragem.
76
No geral, a oferta de forragem de 7% proporcionou altas massas de folhas no pré-
pastejo, com exceção do segundo pastejo, onde o valor dessa característica foi menor.
Na oferta de 13%, o menor valor de massa de folhas no pré-pastejo ocorreu no primeiro
pastejo, aumentando nos ciclos posteriores. Nas ofertas de 4 e 10% não foi verificada
diferença estatística para essa característica.
Houve aumento da massa de folhas no pré pastejo em todas as ofertas do
segundo para o terceiro ciclo de pastejo, quando então no quarto pastejo verifica-se
uma diminuição dessa massa, embora as médias não tenham sido significativamente
diferentes entre si. Essa diminuição na massa de folhas no último pastejo ocorreu em
função das condições climáticas dessa época (abril), ocasião em que a diminuição do
comprimento do dia, diminuição das chuvas e queda de temperatura são determinantes
na pastagem. Em função disso, ocorre alongamento de colmos, grande número de
inflorescências e diminuição no aparecimento de folhas, fato constatado por
CASAGRANDE (2007) em trabalho conduzido em conjunto com essa pesquisa. O autor
verificou que no último pastejo a taxa de aparecimento e alongamento de folhas foram
baixas indicando que as condições ambientais não foram ideais nesse ciclo de pastejo.
O aumento ocorrido nas massas de folhas do segundo para o terceiro pastejo foi,
possivelmente, efeito da influência positiva da maior ocorrência de chuvas e do
fornecimento de nitrogênio pela da adubação, ambos os eventos ocorridos nesse
período. a diminuição subseqüente das massas se deve ao início do outono, período
com condições climáticas desfavoráveis ao crescimento de plantas de clima tropical,
como citado anteriormente.
A massa de folhas no pós-pastejo (Mfo pós) não variou em função das OF
(P=0,3575), mas variou em função dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP
(P=0,0051), (Tabela 15). Na oferta de forragem de 4% a massa de folhas no pós-
pastejo foi menor nos primeiros pastejos, sendo o maior valor observado no último ciclo.
A oferta de 10% mostrou ligeiro aumento nessa característica até o terceiro pastejo,
apesar de não apresentar diferença estatística (P>0,10). As ofertas de forragem de 7 e
13% apresentaram menores massas de folhas no primeiro pastejo e maiores no
77
terceiro. Porém, no último ciclo a massa de folhas no pós-pastejo diminuiu seguindo o
padrão imposto por essa característica no pré-pastejo.
Pela análise das médias de massas de folhas no pré e no s-pastejo, verifica-se
que a oferta de forragem de 7% foi a que possivelmente melhor supriu o consumo de
folhas pelo animal, mostrando maior diferença entre as massas no pré e no pós-pastejo.
Nessa oferta foram verificadas maiores massas de folhas no pré e menores no pós-
pastejo, mostrando que a desfolhação pelos animais não foi drástica a ponto de
prejudicar a área foliar remanescente e a rebrotação das plantas. Nas ofertas de 10 e
13% observou-se altos valores de massas de folhas pré e pós, indicando baixa
desfolhação e sobras de forragem nessas ofertas no decorrer do período experimental.
Na oferta de forragem de 4% obteve-se baixas massas de folhas, tanto no pquanto
no pós pastejo, mostrando que quando é ofertada menor quantidade de forragem aos
animais o crescimento do pasto é reduzido devido à diminuição da área foliar
remanescente, conseqüência da maior remoção de folhas.
A massa de forragem média total no pré-pastejo, ou seja, a somatória das massas
de folhas, colmos e material morto, foram maiores na OF de 7% que obteve o valor de
8376 kg/ha. Nas ofertas de 13, 10 e 4% as médias encontradas foram de 7869, 7128 e
7209 kg/ha, respectivamente. No pós-pastejo as maiores massas de forragem médias
ocorreram nas maiores ofertas de forragem e as menores massas nas menores ofertas,
sendo os valores obtidos de 7227, 6867, 6514 e 6294 para as ofertas de forragem de
13, 10, 7 e 4% respectivamente. Com esses resultados, pode-se inferir que na OF de
7% ocorreu maior consumo de forragem, pois não houve excesso de forragem no pós-
pastejo como ocorrido nas maiores ofertas e nem foram obtidos valores tão baixos no
pré e pós-pastejo como os obtidos na OF de 4%. Pode ser observado que as massas
de folhas acompanharam o comportamento da massa de forragem total, onde a oferta
de forragem de 4% prejudicou o desenvolvimento do pasto, a de 7% propiciou
condições de rebrotação mais rápida e, as ofertas de 10 e 13% provocaram perdas de
plantas por amadurecimento.
78
Tabela 15 Massa de folhas no pré e no pós-pastejo (Mfo pré e Mfo pós respectivamente, em
kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
Mfo pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
1 1949,8 A b 2825,8 A a 1940,7 A b 1726,1 B b
2110,6
(143,31)
2 2131,7 A a 1906,0 B a 1920,0 A a 2286,0 AB a
2060,9
(87,06)
3 2693,8 A a 2807,3 A a 2442,5 A a 2747,8 A a
2672,9
(91,29)
4 2306,4 A a 2648,0 AB a 2247,8 A a 2256,8 AB a
2364,8
(84,31)
Média
2407,8
(118,83)
2628,9
(111,53)
2301,7
(112,09)
2394,8
(131,33)
Mfo pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
0
1609,6 B a 1519,2 AB a 2106,4 A a 1972,8 AB a
1802,0
(109,21)
1 1470,3 B a 1013,8 B a 1437,8 A a 1434,0 B a
1339,0
(88,39)
2 1559,4 B a 1530,5 AB a 1530,4 A a 2130,5 AB a
1687,7
(124,78)
3
2034,6 AB a 2010,3 A a 1793,9 A a 2196,0 A a
2008,7
(80,92)
4 2410,8 A a 1714,8 AB ab 1607,0 A b 1845,0 AB ab
1894,4
(143,82)
Média 1816,9
(146,37)
1557,7
(103,07)
1695,1
(69,22)
1915,7
(111,27)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
79
PALHANO et al. (2005) em estudo sobre o padrão de desfolhação do capim
Mombaça encontraram aumento da massa de forragem e de minas foliares, como
reflexo do incremento observado na altura do dossel. Esses dados confirmam o
ocorrido no presente experimento onde aumento nas ofertas de forragem, geraram
incremento nas alturas e conseqüentemente na massa de forragem e de folhas,
principalmente na oferta de forragem de 7%.
MACHADO et al. (2007) em estudo sobre capim Marandu manejado sob lotação
contínua e diferentes ofertas de forragem observaram que as ofertas de 7 e 10% PV
permitiram os maiores ganhos por animal, valores esses que corresponderam à massa
de minas foliares de 1,660 a 2,088 kg. MOLAN (2004) estudando quatro alturas (10,
20, 30 e 40 cm) de capim Marandu mantidas por lotação contínua observou massa de
lâminas de 2.052 a 2.833 kg/ha. As massas de folhas encontradas no presente estudo
variaram entre 2301 e 2629 kg/ha e, quando comparadas com as massas obtidas por
MACHADO et al. (2007) e MOLAN (2004), revelam que a oferta de folhas não foi
comprometida em nenhuma das ofertas impostas.
A massa de colmos no pré-pastejo (Mco pré) não variou em função das OF
(P=0,1215) e dos CP (P=0,2824), mas variou em função da interação OFxCP
(P=0,0349), (Tabela 16). No pastejo zero a massa de colmos no pré-pastejo foi de
2000,9 kg/ha em todas as ofertas de forragem. A massa de colmos no pré-pastejo
somente mostrou diferença (P<0,1) no terceiro pastejo onde a maior massa foi
verificada na oferta de forragem de 13% e a menor na oferta de 4%. Esse aumento de
colmos na maior oferta é possivelmente devido ao alongamento de colmos das plantas
por competição luminosa, além do início, nessa época, do período reprodutivo onde
também ocorre alongamento de colmos. Esse fato foi observado por CASAGRANDE
(2007) em trabalho conjunto a este. O autor encontrou que a taxa de alongamento de
colmos aumentou em função da ofertas de forragem pela maior massa de forragem nas
maiores ofertas que provocou sombreamento mútuo entre os perfilhos acarretando em
uma intensa competição por luz.
A massa de colmos no pós-pastejo (Mco pós) o variou em função das OF
(P=0,1875), mas variou em função dos CP (P=0,0021) e da interação OFxCP
80
(P=0,0021), (Tabela 16). As ofertas de forragem intermediárias o apresentaram
diferença (P>0,1) entre os pastejos para essa característica.
Na oferta de 4% o maior valor de massas de colmos no pós-pastejo foi verificado
no primeiro pastejo e a menor no terceiro. Essa diminuição pode ser conseqüência da
diminuição da oferta de folhas com o decorrer dos pastejos que induziu os animais a
consumirem esse componente. Na oferta de 13%, apesar de o ocorrer diferença
estatística, a menor massa de colmos no pós-pastejo foi registrada no ciclo de pastejo
zero, com aumento até o segundo pastejo, quando então começou a diminuir. Com
exceção da oferta de forragem de 13%, em todas as ofertas foi observado aumento de
massas de colmos pós-pastejo no último pastejo, seguindo o comportamento imposto
no pré-pastejo.
Entre as ofertas de forragem ocorreu acréscimo da massa de colmos pós-pastejo
com o aumento das ofertas de forragem, como também observado por CASAGRANDE
(2007) que relatou que o intenso alongamento de colmos nas maiores ofertas de
forragem foi o provável responsável pelo acréscimo nas alturas de pós-pastejo ao longo
dos sucessivos pastejo e pelo acúmulo de massa de forragem.
Na oferta de forragem de 7% foram verificados maiores Mco pré e menores Mco
pós mesmo comportamento que ocorreu para massa de folhas. Isso indica que
aconteceu rápido crescimento do pasto após desfolha e que os animais além de
consumirem folhas também apreendiam colmos, provavelmente novos. A oferta de 13%
resultou em alta Mco e folhas, demonstrando que em condição de excesso de forragem
devido à baixa desfolhação, as plantas alongam seus colmos para vencer a competição
por luz. A oferta de 10% obteve, no pré pastejo, baixa massa de colmos e alta de folhas
porém, no pós-pastejo, essas massas foram maiores, indicando que existiam plantas
que não haviam sido pastejadas, ocorrendo alongamento de colmo que contribuía para
maiores massas dessa parte da planta. A oferta de forragem de 4% também obteve alta
massa de colmos e baixa de folhas mostrando que ocorreu acúmulo de colmos no
dossel forrageiro e que o desenvolvimento do pasto foi comprometido pela maior
remoção de folhas.
81
Tabela 16 Massa de colmos no pré e no pós-pastejo (Mco pré e Mco pós respectivamente,
em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada.
Mco pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
1 3428,1 A a 4169,0 A a 4283,2 A a 3409,4 A a
3822,4
(232,04)
2 4120,1 A a 3818,6 A a 3895,9 A a 4352,5 A a
4046,8
(197,21)
3 2811,4 A b 3846,1 A ab 3864,7 A ab 4580,5 A a
3775,7
(319,85)
4 2939,8 A a 4532,6 A a 2858,8 A a 3855,0 A a
3546,6
(253,42)
Média
3060,1
(252,06)
3673,4
(298,80)
3380,7
(265,62)
3639,7
(277,68)
Mco pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
0 2751,5 AB a 2942,5 A a 3719,6 A a 2418,6 C a
2958,1
(295,72)
1
4337,1 A a 2933,7 A a 4671,0 A a 4390,9 AB a
4083,2
(268,76)
2
2568,8 AB b 3476,0 A ab 3197,3 A ab 4689,6 A a
3482,9
(265,65)
3 2016,7 B b 3298,1 A ab 2945,8 A ab 3955,5 ABC a
3054,0
(227,28)
4 2996,2 AB a 3932,2 A a 3257,3 A a 2734,0 BC a
3229,9
(279,59)
Média 2934,1
(287,39)
3316,5
(190,83)
3558,2
(244,01)
3637,7
(270,51)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
82
As alturas de resíduos variaram entre 17,9 e 26,6 cm e geraram produções de
colmos no s-pastejo de 2934 a 3638 kg/ha. Esses valores estão de acordo com
dados de MARCELINO et al. (2006) que avaliando a influência de intensidades e
freqüências de desfolhação em capim Marandu relataram que as maiores produções de
pseudocolmo foram obtidas nos tratamentos de 20 cm de resíduo e com menor
freqüência de desfolhação. Os autores afirmam que o aumento no acúmulo de
pseudocolmo provavelmente foi ocasionado pelo início do desenvolvimento reprodutivo
das plantas e que nas maiores freqüências e intensidades de desfolhação, o elevado
alongamento de pseudocolmos pode ter sido negativamente correlacionado à eficiência
de produção de forragem, pois promoveu maior florescimento de perfilhos, associado a
maior acúmulo de pseudocolmo e de material morto, com menor produção de lâminas
foliares.
A massa de material morto no pré-pastejo (Mmo pré) variou em função das OF
(P=0,0270) e dos CP (P<0,0001), mas não da interação OFxCP (P=0,1446), (Tabela
17). O valor no pastejo zero foi 869,2 kg/ha em todas as ofertas de forragem. A OF de
10% obteve a menor massa de material morto pré-pastejo. Já as maiores massas foram
verificadas nas ofertas de 4 e 7%. Entre os ciclos de pastejos, houve aumento nas
massas de material morto pré-pastejo com o decorrer dos pastejos pelo maior acúmulo
de material não pastejado no decorrer no período experimental.
Em estudo concomitante a esse, CASAGRANDE (2007) não observou efeito
significativo na taxa de senescência em função das ofertas de forragem e dos pastejos,
encontrando um aumento de 44,4% na taxa entre a menor e a maior oferta estudadas.
O autor comenta que esse aumento pode ser devido ao acréscimo na massa de
forragem nas maiores ofertas de forragem que implica numa maior competição por luz
nestes tratamentos.
A massa de material morto no pós-pastejo (Mmo pós) não variou em função das
OF (P=0,4775), mas variou em função dos CP (P=0,0014) e da interação OFxCP
(P=0,0594), (Tabela 17). Somente a oferta de forragem de 13% apresentou diferença
(P<0,1) entre os ciclos de pastejo sendo que a menor massa de material morto pós-
pastejo foi obtida no pastejo zero.
83
Tabela 17 Massa de material morto no pré e no pós-pastejo (Mmo pré e Mmo pós
respectivamente, em kg/ha) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
Mmo pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
1 732,0 1164,0 876,6 693,2
866,5 C
(91,95)
2 1714,3 1507,6 1377,8 1296,5
1474,1 B
(103,16)
3 2033,5 1954,7 1607,5 2090,9
1921,6 A
(158,01)
4 1975,2 2324,0 1195,9 2181,3
1919,1 A
(194,64)
Média 1613,8 a
(192,40)
1737,6 a
(179,18)
1264,5 b
(95,10)
1565,5 ab
(177,24)
Mmo pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 1312,7 A a 1481,7 A a 1270,6 A a 1051,3 B a
1279,1
(177,03)
1 1830,8 A a 1195,5 A a 1709,1 A a 1302,9 AB a
1509,6
(121,42)
2 1266,9 A a 1909,5 A a 1377,7 A a 2530,9 A a
1771,3
(180,82)
3 1135,1 A a 1448,7 A a 1543,0 A a 1693,5 AB a
1455,1
(123,94)
4 2167,4 A a 2162,5 A a 2167,6 A a 1787,9 AB a
2071,4
(128,36)
Média
1542,6
(147,55)
1639,6
(140,87)
1613,6
(113,25)
1673,3
(190,44)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
84
As ofertas de forragem de 10% e 13% obtiveram maiores massa de material
morto no pós-pastejo do que no pindicando a existência de forragem em excesso e o
aumento do sombreamento provocando a senescência das plantas que se encontravam
mais perto do solo. Na oferta de 4% foi verificada alta massa de material morto no pré e
baixa no pós-pastejo mostrando que possivelmente na falta de folhas suficientes para
pastejar os animais passaram a consumir outras partes das plantas menos nutritivas na
tentativa de saciar a fome. A oferta de forragem de 7% propiciou alta Mmo antes e
menores depois dos pastejos. Esses dados revelam que os animais também
consumiram outras partes da planta mas não em grande quantidade como na menor
oferta.
MARCELINO et al. (2006) verificaram que o aumento no intervalo de desfolhações
e na intensidade de corte proporcionou maiores quantidades de pseudocolmo e material
morto, indicando que, em alguns casos, os benefícios proporcionados pela maior
produção de massa forrageira podem ser compensados pelo maior acúmulo de material
morto e colmos, além de maior perda de forragem. Esses fatores também foram
observados nesse experimento onde, o aumento das ofertas de forragem provocaram
aumento nas alturas e aumento na quantidade de colmos e material morto em condição
de pós-pastejo.
De modo geral, a oferta de forragem de 7% obteve maiores massas de folhas,
colmos e material morto no pré-pastejo e menores no pós-pastejo. Essa diferença
demonstra que folhas e colmos eram consumidos durante os pastejos, não restando
material em grande quantidade que pudesse senescer e contribuir para as quantidades
de material morto. Além disso, como verificado por, MARCELINO et al. (2006) cortes
menos intensos e freqüentes ocasionam maior florescimento e maior produção de
pseudocolmo e material morto, diferente de cortes mais intensos e freqüentes que
proporcionam maior renovação dos tecidos, que está associada à maior eficiência de
produção de forragem.
A oferta de forragem de 10% apresentou alta massa de folhas, baixa de colmos e
material morto no pré-pastejo alta massa de folhas, colmos e material morto no pós-
pastejo. A oferta de 13% resultou em alta massa de folhas e colmos tanto no pré quanto
85
no pós-pastejo, porém as quantidades de material morto foram maiores no pós do que
no pré-pastejo. Isso revela que alimento oferecido em grande quantidade provoca
diminuição da competição pelos animais, que passam a comer menos deixando
forragem sem ser consumida nos piquetes. Essas plantas não pastejadas alongam
seus colmos e ao crescerem provocam sombreamento nas plantas mais perto do solo
que acabam perdendo a competição por nutrientes e luz, tornando-se material morto.
Na oferta de forragem de 4% foi verificada baixa massa de folhas e alta de colmos
no pe pós-pastejo, as quantidades de material morto foram maiores no pré do que
no pós-pastejo. Como as folhas eram poucas e essas eram consumidas, acarretava
problemas de rebrotação, uma vez que não existia área foliar remanescente para fazer
fotossíntese e suprir as exigências de crescimento da planta. Os colmos sempre
estavam em abundância pois quando não consumidos possivelmente tornavam-se mais
fibrosos, menos nutritivos, sendo rejeitados pelos animais posteriormente.
4.2. Composição morfológica das amostras de forragem
A porcentagem de folhas no pré-pastejo (%fo pré) não variou em função das OF
(P=0,3149), mas variou em função dos CP (P=0,0001) e da interação OFxCP
(P=0,0480), (Tabela 18 e Figura 17). A porcentagem de folhas no pré-pastejo foi 51,6%
no pastejo zero para todas as ofertas de forragem empregadas. Somente a oferta de
forragem de 4% mostrou diferença (P<0,1) para essa característica sendo que o maior
valor foi obtido no terceiro pastejo. Esse mesmo comportamento foi verificado nas
outras ofertas devido provavelmente a maior ocorrência de chuvas e adubação
nitrogenada que antecederam esse pastejo contribuindo para o maior crescimento da
forragem.
A porcentagem de folhas no pós-pastejo (%fo pós) não variou em função das OF
(P=0,4228), mas variou em função dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP
(P=0,0649), (Tabela 18 e Figura 17). Nas ofertas de forragem de 4 e 7% aumentou a
porcentagem de folhas pós-pastejo apartir do primeiro pastejo sendo os maiores valores
obtidos no terceiro pastejo. Nas maiores ofertas as maiores porcentagens foram
86
observadas no pastejo zero e as menores no primeiro. Dessa forma verifica-se que
ocorreu maior desfolhação no primeiro pastejo.
Houve incremento na porcentagem de folhas a partir do terceiro pastejo devido a
maiores precipitações e a adubação que ocorreram antes desse pastejo que
contribuíram de forma positiva para o crescimento da forragem e, conseqüentemente,
na quantidade de folhas.
A diferença entre as dias pré e pós-pastejo revela que nas ofertas de forragem
de 7 e 10% houve maior desaparecimento de folhas (6,4 e 6,6% respectivamente).
Essa diferença foi de 5,3% na oferta de 4% e de 3,3% na de 13%. Por essas
proporções verifica-se que nas ofertas de forragem intermediárias ocorreu maior
consumo de folhas pelos animais.
A diferença entre as médias dos ciclos de pastejo mostra que houve maior
consumo de folhas no começo do período experimental do que nos últimos pastejos.
Assim, observa-se a preferência dos animais por folhas mais novas e a rejeição desse
componente em fase de amadurecimento mais adiantada, como é o caso de folhas que
não foram pastejadas anteriormente e se acumularam nos ciclos de pastejo
subseqüentes.
A porcentagem de folhas variou de 31,3 a 33,8% entre as ofertas de forragem,
semelhante ao encontrado por FERNANDES JÚNIOR (2007) em estudo sobre capim
Tanzânia submetido a dois resíduos pós-pastejo em lotação rotacionada. O autor
encontrou 26,5% de folhas no menor resíduo e 34,3% no maior, sendo que essa
diferença foi conseqüência da maior pressão de pastejo exercida no tratamento de
menor resíduo que resultou na maior redução da quantidade de folhas.
87
Tabela 18 Porcentagem de folhas no pré e no pós-pastejo (%fo pré e %fo pós
respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
%fo pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
1 35,1 AB a 35,8 A a 29,1 A a 32,4 A a
33,1
(1,33)
2 27,8 B a 27,5 A a 28,3 A a 30,8 A a
28,6
(1,01)
3 38,5 A a 34,3 A a 37,2 A a 34,1 A a
36,0
(1,50)
4 33,7 AB a 28,8 A a 35,3 A a 27,7 A a
31,4
(1,21)
Média
33,8
(2,25)
31,6
(2,50)
32,5
(2,36)
31,3
(2,39)
%fo pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
0 28,8 A a 25,9 AB a 33,8 A a 34,7 A a
30,8
(1,96)
1
17,8 B a 19,0 B a 18,1 B a 20,7 B a
18,9
(0,62)
2
28,3 AB a 22,3 AB a 25,2 AB a 23,9 AB a
24,9
(1,35)
3 38,9 A a 33,2 A a 27,5 AB a 29,4 AB a
32,3
(1,69)
4 28,6 AB a 25,7 AB a 25,1 AB a 31,2 AB a
27,7
(1,29)
Média 28,5
(1,98)
25,2
(1,56)
25,9
(1,73)
28,0
(1,79)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
88
Figura 17 - Porcentagem de folhas no pré e no pós-pastejo de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
A porcentagem de colmos no pré-pastejo (%co pré) não variou em função das OF
(P=0,2602) e da interação OFxCP (P=0,3224), mas variou em função dos CP
(P<0,0001), (Tabela 19 e Figura 18). A porcentagem de colmos no pré-pastejo para o
pastejo zero foi 29,2% para todas as ofertas de forragem. Entre os ciclos de pastejo, a
porcentagem de colmos no pré-pastejo foi menor nos pastejos 3 e 4. As ofertas de
forragem de 4 e 7% apresentaram menores porcentagens de colmos, mesmo não
ocorrendo diferença estatística.
A porcentagem de colmos no pós-pastejo (%co s) variou em função das OF
(P=0,0270) e dos CP (P<0,0001), mas não variou em função da interação OFxCP
(P=0,3543), (Tabela 19 e Figura 18). Na oferta de forragem de 4% verificou-se menor
porcentagem de colmos no pós-pastejo em relação as demais ofertas. Entre os ciclos, a
menor porcentagem foi observada no quarto pastejo. Ocorreu diminuição na
porcentagem de colmos em detrimento da de folhas com o decorrer do período
experimental.
Porcentagem folhas
0
10
20
30
40
4 7 10 13
ofertas de forragem
porcentagem
pré-pastejo pós-pastejo
89
Tabela 19 Porcentagem de colmos no pré e no pós-pastejo (%co pré e %co pós
respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
%co pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
1 48,5 45,3 50,9 46,3
47,8 A
(1,70)
2 45,2 48,4 48,6 49,1
47,8 A
(0,82)
3 32,5 40,2 40,3 42,5
38,9 B
(1,44)
4 36,8 41,4 43,5 41,2
40,7 B
(1,03)
Média 40,7
(2,06)
43,8
(2,14)
45,8
(2,12)
44,8
(1,89)
%co pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 43,9 43,1 42,7 40,8
42,6 B
(1,14)
1 49,3 49,1 52,3 52,0
50,7 A
(1,19)
2 40,8 42,6 46,5 44,0
43,4 B
(0,94)
3 32,5 40,2 40,6 43,6
39,2 B
(1,46)
4 30,0 38,9 33,9 32,3
33,8 C
(1,67)
Média
39,3 b
(2,12)
42,8 a
(1,23)
43,2 a
(1,81)
42,5 a
(2,03)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
90
Tanto no pré quanto no pós-pastejo, houve tendência das menores ofertas
apresentarem menores porcentagens de colmos. Esse comportamento também foi
verificado por
FERNANDES JÚNIOR (2007) que observou aumento na quantidade de
colmos no tratamento de maior resíduo com o decorrer dos ciclos de pastejo, fato que
não ocorreu no tratamento de menor resíduo. Segundo o autor, a maior intensidade de
pastejo exercida no tratamento de menor resíduo s-pastejo provavelmente resultou
na maior renovação de tecidos foliares, que, condicionou ao dossel perfilhos mais
jovens com menor contribuição de hastes na forragem produzida, semelhante ao
processo de renovação de perfilhos descritos por MARCELINO et al. (2006).
Figura 18 - Porcentagem de colmos no pré e no pós-pastejo de pastos de capim Marandu
manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
A porcentagem de material morto no pré-pastejo (% mo pré) não variou em função
das OF (P=0,2635), mas variou em função dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP
(P=0,0585), (Tabela 20 e Figura 19). A porcentagem de material morto no pré-pastejo
foi 19,2% no pastejo zero para todas as ofertas de forragem. Para porcentagem de
material morto pré-pastejo, a oferta de forragem de 10% não apresentou diferença
(P>0,1) entre os ciclos de pastejo. Nas ofertas de 4, 7 e 13%, as menores porcentagens
de material morto pré-pastejo foram observadas no começo do período experimental,
aumentando com o decorrer dos pastejos. Essa característica seguiu o mesmo
comportamento da massa de material morto no pré-pastejo.
Porcentagem colmos
0
10
20
30
40
50
4 7 10 13
ofertas de forragem
porcentagem
pré-pastejo pós-pastejo
91
Tabela 20 Porcentagem de material morto no pré e no pós-pastejo (%mo pré e %mo pós
respectivamente, em %) de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e
lotação rotacionada.
%mo pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
1 16,5 B a 18,9 B a 20,0 A a 21,2 AB a
19,2
(1,23)
2 27,0 AB a 24,1 AB a 23,1 A a 20,1 B a
23,6
(1,37)
3 28,9 A a 25,5 AB a 22,5 A a 23,4 AB a
25,1
(1,13)
4 29,5 A a 29,9 A a 21,2 A a 31,1 A a
27,9
(1,57)
Média 25,5
(1,70)
24,6
(1,54)
21,7
(0,65)
24,0
(1,33)
%mo pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
0 27,3 31,0 23,5 24,5
26,6 B
(2,14)
1 33,0 32,0 29,6 27,3
30,4 B
(1,27)
2 30,9 35,1 28,4 32,1
31,6 B
(1,25)
3 28,6 26,6 31,9 27,0
28,5 B
(1,64)
4 51,4 35,5 40,9 36,4
38,6 A
(1,27)
Média
34,2
(1,65)
32,0
(1,60)
30,9
(1,78)
29,5
(1,88)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
92
A porcentagem de material morto no pós-pastejo (%mo pós) não variou em função
das OF (P=0,3454) e da interação OFxCP (P=0,6422), mas variou em função dos CP
(P=0,0001), (Tabela 20 e Figura 19). Entre os ciclos de pastejo, a maior porcentagem
de material morto pós-pastejo foi obtida no último pastejo, ocasião onde verificou-se
diminuição na ocorrência de chuvas. Além disso, nesse pastejo, somaram-se as
quantidades de material o pastejado dos outros ciclos contribuindo para o aumento
desse componente no dossel.
Figura 19 - Porcentagem de material morto no pré e no pós-pastejo de pastos de capim
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
4.3. Relação folha:colmo
A relação folha:colmo no pré-pastejo (F:C pré) variou em função das OF
(P=0,0766), dos CP (P=0,0002) e da interação OFxCP (P=0,0737), (Tabela 21 e Figura
20). A relação folha:colmo no pré-pastejo foi 1,5 para o pastejo zero em todas as ofertas
de forragem estudadas. A relação folha:colmo pré-pastejo somente diferiu (P<0,1) entre
os pastejos na oferta de forragem de 4%, onde a maior relação foi obtida no terceiro
pastejo. Entre os ciclos de pastejo, ocorreu diferença (P<0,1) somente no terceiro
pastejo, onde a oferta de 4% resultou em maior relação folha:colmo pré-pastejo e a
oferta de forragem de 13% a menor, devido à maior produção de colmos na maior
oferta de forragem, nesse ciclo. Embora não tenha apresentando diferença estatística, a
Porcentagem material morto
0
10
20
30
40
4 7 10 13
ofertas de forragem
porcentagem
pré-pastejo pós-pastejo
93
relação folha:colmo pré-pastejo (Figura 20) apresentou ligeira diminuição com o
aumento das ofertas de forragem pela maior contribuição do componente colmo com o
aumento das ofertas de forragem. Assim, a oferta de 4% possui menor relação e a de
13%, maior.
A relação folha:colmo no pós-pastejo (F:C s) variou em função das OF
(P=0,0050), dos CP (P<0,0001) e da interação OFxCP (P=0,0143), (Tabela 21). A
relação folha:colmo pós-pastejo somente apresentou diferença (P<0,1) entre os
pastejos nas ofertas de forragem de 4 e 13%. Na oferta de forragem de 4%, a maior
relação foi obtida no terceiro pastejo provavelmente em consequência da maior
produção de folhas após adubação associada a maiores pluviosidades. Na oferta de
13%, a maior relação folha:colmo pós foi encontrada no pastejo zero e a menor no
primeiro, porém com ligeiro aumento nos outros ciclos, acompanhando o aumento na
produção de colmos.
O fato das relações folha:colmo não variarem com as ofertas de forragem e
consequentemente com as alturas do dossel, condiz com os dados encontrados por
MOLAN (2004) que em estudo sobre capim Marandu manejado sob quatro alturas de
dossel (10, 20, 30 e 40 cm) e lotação contínua verificou que a relação folha:colmo não
variou com as alturas de dossel.
Pela análise das médias de relação folha:colmo no pré e no s-pastejo verifica-
se que no pré-pastejo as relações diminuíram com o aumento das ofertas de forragem.
Além disso, a oferta de forragem de 7% foi a que obteve maior diferença entre as
médias pré e pós-pastejo indicando que houve maior desaparecimento de folhas nessa
oferta.
94
Tabela 21 Relação folha:colmo no pré e pós-pastejo (F:C pré e F:C pós, respectivamente) de
pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
F:C pré
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
1 0,53 B a 0,70 A a 0,47 A a 0,53 A a
0,55
(0,04)
2 0,53 B a 0,53 A a 0,50 A a 0,53 A a
0,50
(0,02)
3 1,00 A a 0,77 A ab 0,67 A ab 0,63 A b
0,78
(0,07)
4 0,80 AB a 0,60 A a 0,77 A a 0,60 A a
0,70
(0,04)
Média
0,86
(0,09)
0,82
(0,10)
0,80
(0,10)
0,74
(0,10)
F:C pós
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13
Média
0
0,59 BC a 0,52 A a 0,68 A a 0,85 A a
0,65
(0,07)
1 0,34 C a 0,35 A a 0,31 A a 0,33 B a
0,30
(0,01)
2 0,61 BC a 0,43 A a 0,49 A a 0,46 AB a
0,50
(0,03)
3
1,03 A a 0,63 A b 0,61 A b 0,55 AB b
0,68
(0,06)
4 0,83 AB a 0,47 A a 0,50 A a 0,68 AB a
0,63
(0,05)
Média 0,66
(0,07)
0,46
(0,03)
0,52
(0,05)
0,56
(0,06)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
95
Figura 20 Relação folha:colmo no pré e pós-pastejo de pastos de capim Marandu manejados
sob diferentes ofertas de forragem e lotação rotacionada.
4.4. Composição morfológica das amostras de pastejo simulado
A porcentagem de folhas nas amostras de pastejo simulado da manhã (%fo
manhã) variou em função das OF (P=0,0181) e da interação OFxCP (P=0,0228), mas
não variou em função dos CP (P=0,5861), (Tabela 22 e Figura 21). A porcentagem de
folhas das amostras coletadas pela manhã apresentou diferença (P>0,1) entre as
ofertas de forragem no quarto pastejo, onde o maior valor foi verificado na oferta de
13% e o menor na de 7%.
A porcentagem de folhas nas amostras de pastejo simulado a tarde (%fo tarde)
variou (P=0,01) em função das OF (P=0,0102) e da interação OFxCP (P=0,0524), mas
não variou em função dos CP (P=0,6899), (Tabela 22 e Figura 21). Os dados
demonstram que tanto no período da manhã quanto à tarde, os animais, durante todo o
período experimental, conseguiam selecionar grande porcentagem de folhas onde as
diferentes ofertas não foram limitantes à quantidade de folhas ofertadas. Esse
comportamento também foi verificado por ANDRADE (2003) onde as diferentes alturas
empregadas no manejo do capim Marandu promoveram grande seleção de forragem
pelos animais, resultando em proporções semelhantes de folhas na dieta.
relao folha:colmo
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
4 7 10 13
ofertas de forragem
relação
pré-pastejo pós-pastejo
96
A porcentagem de colmos nas amostras de pastejo simulado da manhã (%co
manhã) variou em função das OF (P=0,0074) e da interação OFxCP (P=0,0124), mas
não variou em função dos CP (P=0,4644), (Tabela 23 e Figura 21). A porcentagem de
colmos nas amostras coletadas pela manhã apresentou diferença significativa
(P>0,1) entre as ofertas de forragem no quarto pastejo onde a maior porcentagem na
oferta de 7% e as menores nas OF de 4 e 13%.
A porcentagem de colmos nas amostras de pastejo simulado da tarde (%co
tarde) variou em função das OF (P=0,0516), mas não variou em função dos CP
(P=0,1998) e da interação OFxCP (P=0,2059), (Tabela 23 e Figura 21). A porcentagem
de colmos foi maior na oferta de forragem de 7% e a menor na oferta de 13%.
O fato das porcentagens apresentarem diferença no último pastejo,
provavelmente está relacionado com as condições climáticas do período onde ocorria
diminuição do comprimento do dia, das chuvas e de temperatura. Esses fatores que
influenciam diretamente a estrutura dos pastos pelo alongamento de colmos, maior
ocorrência de inflorescências e diminuição no aparecimento de folhas, causam
mudanças no comportamento ingestivo do animal.
Na OF de 7% os animais sempre selecionaram mais folhas no período da manhã e
colmos à tarde até o terceiro ciclo de pastejo. Apartir desse ponto os animais, ingeriram
mais folhas de tarde e colmos de manhã. Esse comportamento demonstra que antes da
adubação e da maior ocorrência de chuvas, os animais consumiam primeiro as folhas e
depois colmos, que era o que restava. depois desses eventos, os animais tinham a
oportunidade de selecionar folhas e colmos novos em todo o período de pastejo, devido
ao crescimento maior crescimento das plantas ocorrido.
Na OF de 4% os animais sempre selecionaram mais folhas no período da manhã
do que à tarde, com o passar dos ciclos de pastejo. Para os colmos, o consumo maior
deu-se a tarde revelando que como havia limitação na quantidade de folhas eles foram
obrigados a ingerir componentes menos nutritivos. Na OF de 10% os animais
escolheram mais folhas no período da manhã até o terceiro ciclo de pastejo, quando as
porcentagens de folhas consumidas nos dois períodos mantiveram-se iguais. Para os
colmos, o consumo maior deu-se à tarde até o CP 3 e de manhã depois desse período.
97
Isso demonstra que a adubação e as chuvas contribuíram de forma positiva na
produção de folhas e colmos novos. Na OF de 13% os animais consumiram mais folhas
no período da tarde e colmos de manhã.
A porcentagem de folhas no pastejo simulado variou entre 83,5 e 91,3% e a de
colmos variou entre 8,2 e 15%. Esses valores contrastam com CARNEVALLI et al.
(2001) que verificaram porcentagens entre 71 e 76% de folhas e 13,8 e 15,5% de
colmos em amostras de pastejo simulado de Tifton 85 sob lotação contínua. Talvez
essa diferença observada se deva ao diferentes tipos de crescimento e espécies das
duas plantas forrageiras. ANDRADE (2003) encontrou porcentagens de folhas (78,1%)
e de colmos (6,0%) menores quando comparadas aos valores do presente trabalho.
Esse fato deve ter ocorrido pela diferença nos sistemas de lotação utilizados, que
ANDRADE (2003) utilizou lotação contínua e nesse experimento foi utilizada a lotação
rotacionada, que propicia melhores condições de rebrotação dos pastos em função da
maior uniformidade de desfolha além da oportunidade da recuperação do estande pelo
maior intervalo definido entre desfolhações.
98
Tabela 22 Porcentagem de folhas nas amostras de pastejo simulado coletadas de manhã e a
tarde (%fo manhã e %fo tarde respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada.
%fo manhã
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
2 87,8 A a 89,1 A a 88,9 A a 81,5 A a
86,8
(1,37)
3 90,4 A a 87,5 A a 89,9 A a 84,3 A a
88,0
(1,13)
4 87,6 A ab 78,3 A b 88,4 A ab 91,6 A a
86,5
(1,80)
Média 88,6
(1,32)
85,0
(1,96)
89,1
(1,46)
85,8
(1,67)
%fo tarde
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
2 90,5 A a 80,5 A a 84,1 A a 89,6 A a
86,2
(1,35)
3 87,1 A a 81,6 A a 90,0 A a 93,2 A a
88,0
(1,70)
4 78,4 A a 88,4 A a 89,6 A a 91,1 A a
86,9
(2,10)
Média
85,3
(2,75)
83,5
(1,53)
87,9
(1,05)
91,3
(1,33)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
99
Tabela 23 – Porcentagem de colmos nas amostras de pastejo simulado coletadas de manhã e a
tarde (%co manhã e %co tarde respectivamente) de pastos de capim Marandu manejados sob
ofertas de forragem e lotação rotacionada.
%co manhã
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
2 12,2 A a 10,9 A a 11,1 A a 18,5 A a
13,2
(1,37)
3 7,5 A a 12,5 A a 10,1 A a 15,2 A a
11,3
(1,28)
4 10,2 A b 21,7 A a 11,6 A ab 8,4 A b
13,0
(1,72)
Média 10,0
(1,11)
15,0
(1,96)
10,9
(1,46)
14,0
(1,67)
%co tarde
OF (% do peso vivo)
CP
4 7 10 13 Média
2 8,8 15,7 16,0 10,4
12,7
(1,13)
3 12,8 14,2 9,9 6,8
10,9
(1,32)
4 11,5 11,6 7,2 8,9
9,8
(1,09)
Média
11,1 ab
(1,50)
13,8 a
(0,90)
11,0 ab
(1,38)
8,7 b
(1,33)
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
100
Figura 21 Porcentagem de folhas e colmos nas amostras de pastejo simulado coletadas pela
manhã e à tarde de pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação
rotacionada.
101
5. Conclusão
A oferta de forragem de 7% é a mais indicada em produzir maior massa de
folhas;
Em maiores ofertas de forragem verifica-se maiores massa de material morto e
menor relação folha:colmo, sendo, então, consideradas inadequadas para utilização no
sistema de manejo intensivo;
A imposição de diferentes ofertas de forragem não limita a quantidade de folhas
oferecida aos animais;
Quando as condições ambientais se tornam desfavoráveis ao crescimento de
folhas, limitando esse componente na forragem ofertada, os animais passam a
consumir colmos.
102
6. Referências Bibliográficas
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105
CAPÍTULO 4 COMPORTAMENTO INGESTIVO DE FÊMEAS DA RAÇA
HOLANDESA EM PASTOS DE CAPIM MARANDU MANEJADOS SOB OFERTAS DE
FORRAGEM E LOTAÇÃO ROTACIONADA
1. RESUMO
Há necessidade de se compreender a inter-relação planta, animal, solo e clima, uma
vez que as necessidades das plantas e dos animais em pastejo são muitas vezes
conflitantes. Por essa razão o objetivo deste trabalho foi avaliar as taxas de bocados, a
relação entre tempo de pastejo e altura do dossel forrageiro e os padrões de ingestão
de forragem de fêmeas da raça Holandesa em pastos de Brachiaria brizantha cv.
Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada. O experimento foi
realizado no setor experimental do Departamento de Zootecnia da UNESP, Jaboticabal,
numa área de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida em 12 piquetes. O período
experimental foi dividido em cinco ciclos de pastejos com 1 dia de ocupação e 21 dias
de descanso. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, utilizando o
esquema de parcelas subdivididas no tempo, com três repetições. Nas parcelas foi
avaliado o efeito das ofertas de forragem (4, 7, 10 e 13 % do PV) e na subparcela o
efeito dos ciclos de pastejo. O método de análise comportamental foi o de
comportamento focal. Os dados de deslocamento bem como as observações das
atividades de pastejo foram analisados pelos programas do Oriana e SPSS. As taxas
de bocado não variaram em função das ofertas de forragem, porém entre os ciclos, foi
observada tendência das taxas de bocados demitirem em situações onde a altura do
dossel e a massa de forragem eram maiores. Com relação ao tempo de pastejo e altura
do dossel forrageiro, conforme aumentou a oferta de forragem e consequentemente a
106
altura e a massa de forragem, os animais diminuíram o tempo de pastejo. O aumento
da altura média dos pastos também aumentou a altura do estrato potencialmente
pastejável. Em condição de maior altura do dossel ocorre diminuição na taxa de
bocados e as diferentes ofertas de forragem não limitaram a oferta de alimento ao
animal. Os animais em pastejo selecionam forragem mais nova, preterindo as forragens
mais velhas, que sobram de pastejos anteriores. A maior massa de forragem causa
diminuição na competição entre os animais fazendo com que eles possam fazer um
pastejo mais seletivo. Em situação de maior altura e massa de forragem os animais
diminuem o tempo de pastejo, enquanto pastejam mais pontos dentro do pasto. Em
situações de menor oferta de alimento, os animais dedicam menos tempo ao pastejo e
percorrem mais o pasto a procura de forragem mais nova.
Palavras-chave: altura, capim Marandu, oferta de forragem, taxa de bocados, tempo
de pastejo.
2. INTRODUÇÃO
O manejo das pastagens é uma prática de grande importância para o Brasil,
uma vez que os
sistemas de prodão de carne e leite eso diretamente relacionados à
sua explorão.
Dentre as espécies forrageiras utilizadas, as gramíneas do gênero
Brachiaria são muito empregadas por serem de fácil manejo e responderem
rapidamente a adubação, além de serem mais resistentes a condições adversas.
Em ecossistemas de pastagens, as necessidades de plantas e animais em
pastejo são conflitantes, uma vez que a comunidade de plantas precisa manter sua
área foliar com elevada eficiência fotossintética e os animais precisam ser alimentados
com forragem de qualidade elevada. Por essa razão, é importante compreender a inter-
relação entre planta, animal e meio ambiente, o que está relacionado ao entendimento
das características estruturais do dossel forrageiro.
SOLLENBERGER E BURNS (2001) concluíram que o entendimento do
comportamento ingestivo dos animais em pastagem tropicais pode se beneficiar do
107
conhecimento dos diferentes estratos do dossel em termos de: densidade, porcentagem
de folhas e valor nutritivo. VAN SOEST (1994) relata que a morfologia da planta
influencia o comportamento em pastejo e o consumo dos animais. O tamanho e
distribuição das folhas o importantes em plantas com colmos altamente lignificados
que comprometem o bocado e o consumo se o animal tiver que selecionar cada folha e
evitar colmos.
O bocado é a ação de apreender a forragem pelo animal. Enquanto a massa
do bocado responde de forma positiva ao incremento na altura do pasto, a taxa de
bocados apresenta-se inversa e negativamente relacionada à sua abundância
(CARVALHO, 1997). O animal em pastejo procura e escolhe seu alimento, o qual se
apresenta sob diferentes tipos de estrutura e qualidade e com abundância variável no
tempo e espaço (O’REAGAIN & SCHWARTZ, 1995) através de uma rie de
mecanismos de pastejo denominados, em conjunto, de comportamento ingestivo. Um
exemplo da relação entre essas variáveis e a estrutura do dossel forrageiro pode ser
dado imaginando-se um cenário de baixa oferta de forragem onde ocorre diminuição do
tamanho do bocado e um aumento na taxa de bocados e/ou no tempo de pastejo
(PENNING, 1983).
PALHANO et al. (2006), estudando o comportamento de bovinos em pastejo em
pastagem de capim-Mombaça, submetida a cinco alturas de dossel verificaram que
quando a massa de forragem aumenta, os animais reduzem as distâncias totais
percorridas, a taxa média de deslocamento e, conseqüentemente, a intensidade de
utilização da área, como resultado da elevação da altura do dossel. Nas menores
alturas, portanto, os animais deslocam-se mais e a passos mais velozes. Essa
mudança na estratégia de procura da forragem pelo animal, em situação de forragem
limitante, provavelmente visa aumentar a taxa de encontro de bocados potenciais na
pastagem (CARVALHO et al., 1999) com o intuito de manter níveis satisfatórios de
consumo.
Dessa forma, PALHANO et al. (2006) concluíram que os animais ajustam seus
padrões de deslocamento e procura de forragem em resposta à estrutura do dossel
forrageiro; em situações de menor oferta de forragem, os animais apresentam
108
estratégias alimentares compensatórias, visando aumentar a taxa de ingestão de
forragem; a intensidade de utilização da área diminui com o incremento em altura do
dossel, visto que a elevação da massa de forragem disponível nas maiores alturas do
dossel não os motiva a procurar outros sítios de pastejo. Dentro do exposto, o
objetivo
do trabalho foi analisar as taxas de bocados, a relação entre tempo de pastejo e altura
do dossel forrageiro e os padrões de ingestão de forragem de fêmeas da raça
holandesa mantidas em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem
e lotação rotacionada.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local e período experimental
O experimento foi conduzido no setor de Forragicultura, pertencente ao
Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da
UNESP, Campus de Jaboticabal, SP, localizada a 21
o
15’22’’ de latitude sul, longitude
de 48
o
18’58’’W, a uma altitude de 595 m.
A área experimental era de aproximadamente 5.000 m
2
, dividida em 12
piquetes, com áreas variáveis de 229,5 m
2
(oferta de 4%), 408 m
2
(ofertas de 7 e 10%)
e 586,5 m
2
(oferta de 13%), como mostra a Figura 1, Capítulo 2. A área foi dividida em
3 blocos que foram alocados em função do histórico da área experimental, sendo cada
bloco formado por uma repetição (piquete) de cada oferta de forragem.
O período experimental foi de outubro de 2005 a abril de 2006, dividido em
cinco ciclos de pastejos com 1 dia de ocupação e 21 dias de descanso. O primeiro
pastejo, considerado como zero, foi realizado para imposição dos tratamentos (ofertas
de forragem) em dezembro de 2005, sendo que os pastejos 1, 2, 3 e 4 foram realizados
em janeiro, fevereiro, março e abril de 2006, respectivamente.
3.2. Solo da área experimental
109
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico,
típico textura argilosa (ANDRIOLI & CENTURION, 1999). A pastagem de Brachiaria
brizantha (Hochst ex. A. Rich.) cv Marandu foi formada em novembro de 2003, após
correção do solo com calcário dolomítico (90% PRNT) para elevar a saturação por
bases para 60%, segundo recomendações de WERNER et al. (1996). Nesta ocasião,
foi realizada adubação de correção com fósforo, com aplicação de 60 kg/ha de P
2
O
5
na
forma de Superfosfato Simples.
Amostras de solo foram retiradas a profundidade de 0 - 20 cm para análise
química dos parâmetros de fertilidade e orientar as correções necessárias, segundo
WERNER et al. (1996). As análises das características químicas do solo foram
realizadas no Departamento de solos e adubos da FCAV UNESP, Campus
Jaboticabal e estão apresentadas na Tabela 1, Capítulo 2.
A adubação de manutenção da área experimental consistiu da aplicação de 140,
30 e 100 kg/ha/ano de N; P
2
O
5
e K
2
O, na forma de Uréia, Superfosfato Simples e
Cloreto de Potássio, respectivamente. No dia 21/11/2005 aplicou-se metade da
adubação nitrogenada (70 kg/ha/ano) e toda a adubação potássica e fosfatada e no dia
26/01/2006 apenas os outros 70 kg/ha/ano de N. Antes da primeira adubação foi
realizado o corte de uniformização na área experimental a 10 cm do solo, com utilização
de roçadora.
3.3. Condições climáticas
O clima de Jaboticabal é classificado como subtropical do tipo CWA,
mesotérmico com verão úmido e inverno seco, de acordo com classificação de Köppen.
Os dados meteorológicos obtidos durante o experimento estão apresentados nas
Figuras 2 e 3 e na Tabela 2, Capítulo 2, analisados por mês e por ciclo de pastejo.
3.4. Animais experimentais e método de pastejo
110
Foram utilizadas vacas não lactantes e/ou novilhas da raça Holandesa para o
pastejo, com peso médio aproximado de 450 kg. O primeiro pastejo (considerado como
ciclo de pastejo zero) ocorreu quando a massa de forragem dia era de 3.500 kg/ha.
O método de pastejo adotado foi de lotação rotacionada, com período de descanso fixo
de 21 dias, utilizando a técnica de “mob-grazing”. No primeiro pastejo, as vacas
permaneceram durante 12 horas, das 7 às 19 horas, dentro de cada piquete. Os
animais foram levados apenas para beber água às 14 horas. Nos demais pastejos os
animais permaneceram no piquete durante apenas oito horas, dividido em dois períodos
de quatro horas (manhã e tarde), das 6:30 às 10:30 e das 15:30 às 19:30 horas,
durante o mesmo dia. Este manejo foi adotado pelo fato de que a ausência de sombras
e bebedouros na área experimental, aliado ao forte calor durante o período,
principalmente nos horários de sol a pino, que faziam com que os animais não
pastejassem nesse período, ficando apenas deitados, esperando para sair dos
piquetes.
Como não existia número suficiente de animais para pastejar todos os piquetes
no mesmo dia, foi pastejada uma oferta de forragem por dia, totalizando quatro dias
consecutivos de pastejo. Isso ocorreu em todos os ciclos de pastejo, porém o período
de descanso de 21 dias foi respeitado para todas as ofertas.
3.5. Características avaliadas
3.5.1.Taxa de bocados
Foram avaliadas as taxas de bocados dos animais no período da manhã em
todos os pastejos. Para isso foram contados os bocados executados pelos animais
durante dois minutos, sendo feita a contagem cinco vezes para cada animal por dia e
avaliados três animais de cada piquete, totalizando nove animais por tratamento por
ciclo de pastejo. As avaliações em cada piquete aconteciam ao mesmo tempo. Ao final
das mensurações, foi calculada a média de bocados relativas aos animais de cada
oferta de forragem e ciclo de pastejo para identificar a taxa de bocados nessas
111
situações e, assim reconhecer as possíveis diferenças provocadas em função dos
tratamentos estabelecidos.
3.5.2. Tempo de pastejo X altura do dossel
Os quadrantes pastejados e o tempo de pastejo dos animais foram observados
durante todo período em que os animais permaneceram nos piquetes. Para essas
avaliações todos os piquetes foram divididos em quadrantes de 3m x 3m e três animais
dentro de cada piquete foram observados, totalizando nove animais por tratamento por
ciclo de pastejo. As divisões dos quadrantes foram marcadas nas cercas ao redor dos
piquetes e, dentro dos piquetes a divisão era imaginária seguindo as marcações das
cercas e, os animais observados foram identificados através de números. Foram
avaliados os ciclos de pastejo 1, 3 e 4. A disposição dos piquetes na área experimental
e suas respectivas ofertas de forragem estão apresentados na Figura 22. Foi anotado
numa planilha o horário de entrada e saída de cada animal de cada quadrante visitado
e toda vez que o quadrante era visitado (Figura 23). Além disso, a altura média de cada
quadrante (Figura 24) foi medida com bengala graduada em centímetros antes da
entrada dos animais nos piquetes.
Figura 22 – Disposição dos piquetes e ofertas de forragem na área experimental.
OF = 7%
Piquete 9
OF = 7%
Piquete 7
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 10
OF = 7%
Piquete 2
OF = 10%
Piquete 8
OF = 4%
Piquete 11
OF = 4%
Piquete 5
OF = 13%
Piquete 6
OF = 13%
Piquete 4
OF = 10%
Piquete 1
OF = 10%
Piquete 12
112
Figura 23 – Observações de comportamento dos animais
.
Figura 24 – Divisões dos piquetes com barbante para medir altura dos quadrantes.
Para relacionar os dados foram utilizados mapas. A legenda utilizada para a
análise dos mapas para cada uma das características segue diferentes tonalidades,
como mostrado a seguir:
113
tempo de pastejo médio (minutos)
As tonalidades de azul são divididas a cada 5 cm, sendo o menor tempo de pastejo o
tom mais claro e o maior tempo o tom mais escuro.
altura do pasto (cm)
As tonalidades de verde são divididas a cada 5 cm, sendo a menor altura do pasto o
tom mais claro e a maior altura o tom mais escuro.
3.6. Delineamento experimental e tratamentos
O experimento foi realizado seguindo um delineamento em blocos casualizados,
com três repetições e medidas repetidas no tempo. Os blocos foram alocados em
função do histórico da área experimental. Foram estudadas ofertas de forragem (OF)
de: 4, 7, 10 e 13% do PV. O ajuste da carga animal foi feito de acordo com a equação:
OF
SMF
CA
piquete
=
onde: CA = Carga animal (kg de PV);
MF = Massa de forragem (kg/ha de MVS);
OF = Oferta de forragem (% do PV);
S
piquete
= Área do piquete (ha).
A carga animal para cada oferta foi ajustada em função da massa de forragem,
matéria verde seca (MVS) de cada piquete e do tamanho das parcelas, que variou de
200 a 600 m
2
entre a menor e maior oferta, respectivamente. Sendo assim, o número
de animais por parcela foi próximo, de forma a tirar o efeito de grupo e reduzir a
114
necessidade de animais. O número de animais por piquete foi determinado dividindo a
CA pelo peso médio dos animais.
A taxa de bocados (Tabela 24) foi submetida inicialmente ao teste de
esfericidade (ou circularidade), onde se verifica se as variâncias das diferenças entre
pares de tempos o todas iguais. Como foi observada significância (P>0,10) utilizou-
se o PROC MIXED do programa estatístico SAS (2002). Avaliou-se as médias pelo
teste de Tukey a 10% de probabilidade, sendo avaliadas somente quando foi
encontrado efeito do CP ou interação OF*CP. Para avaliação do efeito das ofertas de
forragem isoladamente, foi realizada análise de regressão e, para isto utilizou-se o
PROC GLM do programa estatístico SAS (2002).
O método de análise comportamental foi o de comportamento focal. Os dados de
deslocamento bem como as observações de atividades de pastejo foram analisados em
programas do Excel (análises preliminares) do programa Oriana (análises de biorritmos)
e SPSS (para estatísticas convencionais, como Anova).
Tabela 24 - Quadro de análise de variância para taxa de bocados
CAUSA DE VARIAÇÃO GRAUS DE IBERDADE
Ofertas de Forragem (OF) 03
Blocos (Bl) 02
Resíduo (a) 06
Parcelas 11
Ciclos de Pastejo (P) 02
OFxCP 12
Resíduo (b) 31
Total corrigido 59
115
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Taxa de bocados
A taxa de bocados não variou em função das ofertas de forragem (OF)
(P=0,2991) e da interação OFxCP (P=0,4582), mas variou em função dos ciclos de
pastejo (CP) (P=0,0228), (Tabela 25 e Figura 25). No segundo pastejo foi obtida a
maior taxa de bocados, enquanto nos pastejos zero e quatro foram observadas as
menores taxas.
As massas de folhas foram: 2957, 2111, 2061, 2673 e 2365 para os pastejos
zero, 1, 2, 3 e 4 respectivamente. as alturas médias obtidas foram: 35, 29, 24, 34 e
33 para os pastejos zero, 1, 2, 3 e 4. Assim, nos ciclos em que as alturas eram maiores
as massas de folhas também eram. Dessa forma, pode-se observar que houve
tendência das taxas de bocados diminuírem em situaçõ
es onde a altura do dossel e a
oferta de folhas era maior. Isso, como esperado, é devido a maior massa apreendida
por bocado, aumentando o tempo despendido à mastigação e deglutição do alimento,
resultando em diminuição dos bocados.
Resultados semelhantes ao presente estudo foram verificados por SARMENTO
(2003) em estudo do comportamento de pastejo de bovinos em capim marandu
mantidos em pastos com diferentes alturas (10, 20, 30 e 40 cm). Foi observado que nas
menores alturas a taxa de bocado foi maior (46,3 bocados/minuto) enquanto que os
animais mantidos em maior altura tiveram a taxa de bocado reduzida (17,5
bocados/minuto).
Assim, era esperado no presente experimento que a taxa de bocados diminuísse
com o aumento das ofertas de forragem devido ao aumento na altura do dossel e na
massa de forragem. Porém, isso não se confirmou revelando que possivelmente as
ofertas de forragem não limitaram a quantidade de alimento ofertada aos animais. As
taxas de bocado estiveram entre amplitude de 31,5 a 46,5 bocados/minuto, confirmando
que o houve grande diferença entre maior e menor intensidade de pastejo e portanto
116
não limitante ao consumo animal. Além disso, as médias de taxa de bocados seguiram
padrão de animais em fase adulta.
Tabela 25 Taxa de bocados (bocados a cada 2 minutos) de fêmeas da raça Holandesa em
pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de forragem e lotação rotacionada.
Oferta de Forragem (% do peso vivo)
Ciclos
de
Pastejo
4 7 10 13
Média
0 74 63 68 64
68 B
(3,76)
1 68 68 75 84
74 AB
(2,73)
2 79 81 78 93
83 A
(3,57)
3 71 80 80 71
75 AB
(3,37)
4 66 75 63 70
70 B
(3,88)
Média
72
(3,30)
74
(2,77)
73
(3,77)
78
(3,45)
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade
Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
Taxa bocados
0
20
40
60
80
100
0 1 2 3 4
ciclos de pastejo
boc / 2 min
OF 4% OF 7% OF 10% OF 13%
Figura 25 Taxa de bocados (bocados a cada 2 minutos) de fêmeas da raça holandesa em
pastos de capim Marandu manejados sob diferentes ofertas de forragem e lotação rotacionada.
117
4.2. Tempo de pastejo X altura do dossel
Os dados referentes ao tempo de pastejo e altura do dossel forrageiro seguem a
mesma ordem de piquetes apresentada na Figura 22.
No pastejo 1 (Figura 26), na oferta de forragem de 4%, o tempo de pastejo dos
animais variou de 5 a 15 minutos em pontos com altura acima de 10 cm. A altura média
dos pastos encontrada nessa época foi 22,6 cm. Sendo assim, na condição de menor
altura gerada pela menor oferta os animais passavam pouco tempo explorando cada
ponto de pastejo, enquanto gastavam mais tempo a procura de novos pontos dentro
dos pastos.
Para a oferta de 7%, no pastejo 1, constam apenas as alturas médias dos
piquetes, pois as alturas específicas de cada quadrante não puderam ser medidas na
ocasião. Dessa forma, não se pode relacionar o tempo de permanência nos quadrantes
com sua altura. Mesmo assim, o maior tempo de pastejo registrado foi de 30 minutos e
a altura dos pastos atingiu 33cm, sendo a oferta com maior altura média dos pastos
nessa época.
Na oferta de 10%, pastejo 1, o tempo de pastejo variou de 1 a 20 minutos se
concentrando em estratos acima de 10 cm de altura. A altura média dos pastos nessa
oferta foi de 28,5cm. Na oferta de forragem de 13% o tempo de pastejo dos animais
variou de 1 a 15 minutos, com maior ocorrência de tempos menores que 5 minutos. O
pastejo foi maior em estratos com alturas superiores a 15 cm e a média de altura dos
pastos dessa oferta foi de 32,5 cm. Pela análise da relação entre tempo de pastejo e
altura dos pastos das maiores ofertas de forragem, verifica-se que conforme aumenta a
altura média do pasto e consequentemente a massa de forragem disponível, os animais
diminuem o tempo de pastejo, enquanto pastejam mais pontos dentro dos piquetes.
Também se observa que os animais pastejaram uma ampla faixa de altura pela baixa
competição por alimento que faz com que tenham tempo para escolher forragem de
melhor qualidade e mais novas.
118
Figura 26– Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo médio (min, mapa
em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 1.
OF = 7%
Piquete 9
OF = 13%
Piquete 10
OF = 4%
Piquete 11
OF = 10%
Piquete 12
OF = 4%
Piquete 5
OF = 13%
Piquete 6
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 4
OF = 7%
Piquete 9
OF = 13%
Piquete 10
OF = 4%
Piquete 11
OF = 10%
Piquete 12
OF = 4%
Piquete 5
OF = 13%
Piquete 6
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 4
119
No pastejo 3 (Figura 27), na oferta de forragem de 4%, o tempo de pastejo dos
animais variou entre 1 e 30 minutos em estratos acima de 10 cm de altura. A média de
altura dessa oferta, nesse ciclo foi de 28,4 cm. Nas ofertas de 7 e 10% a variação no
tempo de pastejo foi de 1 a 25 minutos e os animais passaram mais tempo pastejando
pontos com alturas acima de 10 cm. A altura média dos pastos foi de 32,4 e 34,0 para
as ofertas de 7 e 10% respectivamente. Dessa forma, em situações de menor altura e
consequentemente menor oferta de alimento, os animais despendem menor tempo de
pastejo em cada ponto, selecionando forragem mais nova e percorrem mais o pasto a
procura desse alimento.
Na oferta de 13%, pastejo 3, o tempo de pastejo variou entre 1 e 25 minutos e o
pastejo foi concentrado em estratos acima de 15cm. A altura média dos pastos foi de
40,2 cm. O pastejo em uma faixa mais ampla de altura nas maiores ofertas
possivelmente ocorreu em função da maior massa de forragem gerada pela maior
oferta de forragem. Um fator a ser considerado é que em situações de alta massa de
forragem verifica-se menor competição entre os animais, fazendo com que eles possam
realizar um pastejo mais seletivo e menos competitivo. Sendo assim, é provável que em
condição de alta oferta de forragem os animais tenham maior oportunidade em
apreender folhas a qualquer altura de pasto. Também se verifica que em piquetes com
alturas maiores de dossel, os animais dedicaram menos tempo ao pastejo em cada
quadrante em conseqüência da maior massa de forragem.
Além disso, é provável que ocorra maior consumo de folhas nas maiores ofertas
devido a maior massa de forragem. Esse fato foi comprovado por PALHANO et al.
(2005) que estudando o padrão de desfolhação do capim Mombaça por vacas leiteiras
encontraram que o incremento da altura do dossel fez com que os animais passassem
a ingerir maior proporção de lâminas foliares expandidas à medida que essas se
tornaram mais acessíveis, apesar da maior preferência por lâminas foliares em
expansão. Os autores comentam que a intensidade de desfolhação das lâminas foliares
é reduzida com o aumento da altura do dossel forrageiro, como resultado do maior
consumo de lâminas foliares expandidas, mais longas e de mais difícil apreensão.
120
Figura 27– Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo médio (min, mapa
em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 3.
OF = 7%
Piquete 9
OF = 7%
Piquete 9
OF = 13%
Piquete 10
OF = 13%
Piquete 10
OF = 4%
Piquete 11
OF = 4%
Piquete 11
OF = 10%
Piquete 12
OF = 10%
Piquete 12
OF = 4%
Piquete 5
OF = 4%
Piquete 5
OF = 13%
Piquete 6
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 4
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 13%
Piquete 6
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 4
121
No mês de fevereiro ocorreu o período de maior precipitação pluviométrica
durante o período experimental, além da adubação, aumentando as alturas dias dos
piquetes para as avaliações de março. Além disso, nas maiores ofertas havia, nessa
época, a presença de colmos em florescimento que contribuíram para o aumento na
massa de forragem. Assim, observa-se, como visto anteriormente, que conforme
aumenta a altura média do pasto e a massa de forragem disponível, os animais
diminuem o tempo de pastejo, enquanto pastejam mais pontos dentro do pasto. Esse
fato também foi comprovado por PALHANO et al. (2005) ao verificarem redução linear
na probabilidade de desfolhação das plantas, como resultado da maior massa de
forragem, com o aumento da altura do dossel em capim Mombaça.
No ciclo de pastejo 4, Figura 28, havia grande ocorrência de colmos em
florescimento que contribuía para a presença desse componente morfológico e de
folhas em alturas mais elevadas do dossel. Na oferta de forragem de 4%, o tempo de
pastejo dos animais variou entre 1 e 30 e o pastejo ocorreu em estratos acima de 10 cm
de altura. A média de altura foi 24 cm. Na oferta de 7% o tempo de pastejo dos animais
variou de 1 a 20 em pontos com alturas superiores a 15 cm. A média de altura dos
piquetes dessa oferta foi de 33,9 cm. Os animais gastaram menor tempo de pastejo em
cada quadrante, selecionando forragem mais nova além de utilizarem mais
uniformemente toda a forragem dos pastos, não ocorrendo com freqüência pontos
muito altos ou baixos.
Nas maiores ofertas forragem o tempo de pastejo foi mais freqüente entre 1 e 5
minutos, porém chegando a 35 e 20 minutos nas ofertas de 10 e 13% respectivamente.
Na oferta de 10% o pastejo se concentrou em pontos acima de 15 cm de altura, sendo
que a altura média da oferta foi 34 cm. na oferta de 13% o pastejo foi acima de
estratos com 20 cm de altura e a altura média registrada foi 40 cm. Em situação de
maior disponibilidade de forragem diminui a competição entre os animais fazendo com
que eles possam realizar um pastejo mais seletivo, preterindo plantas que sobraram de
pastejos anteriores, além de permanecerem menos tempo ingerindo forragem em cada
quadrante. PALHANO et al. (2005) comprovaram que a expressão de seletividade pelos
animais é modificada pela altura do dossel, à medida que o reduzido acesso às lâminas
122
foliares em expansão induz à opção por lâminas foliares expandidas. Os autores
comentam que com o incremento na altura do dossel, a utilização das touceiras passa a
ser periférica, de modo que os animais passam a obter da pastagem dieta de valor
nutritivo provavelmente inferior, reflexo da maior ingestão de lâminas foliares
expandidas.
De modo geral, a altura do estrato potencialmente pastejável aumentou com o
aumento da altura do dossel, ou seja, com o aumento nas ofertas de forragem.
O aumento das ofertas de forragem, implicou em aumento na altura e na massa
de forragem que resultou em diminuição no tempo de pastejo dos animais. Isso se
deve, provavelmente, ao aumento no tamanho dos bocados que é comum em situações
de alta oferta de forragem.
PINTO et al. (2007) avaliando a influência das ofertas de fitomassa ao longo das
diferentes estações de crescimento na dinâmica da pastagem verificaram que a oferta
de 8,0% na primavera e de 12,0% no restante da estação de crescimento promoveu
bons ganhos de peso aos animais, sugerindo que esta prática pode ser interessante
quando se pretende manipular a estrutura da pastagem. Esses autores também
verificaram que situações de oferta de forragem muito baixa, como na de 4,0%,
penalizam fortemente o desempenho dos animais.
123
Figura 28 – Altura média do dossel (cm, mapa em verde) e tempo de pastejo médio (min, mapa
em azul) de fêmeas da raça Holandesa em pastos de capim Marandu manejados sob ofertas de
forragem e lotação rotacionada, no ciclo de pastejo 4.
OF = 7%
Piquete 9
OF = 7%
Piquete 9
OF = 13%
Piquete 10
OF = 13%
Piquete 10
OF = 4%
Piquete 11
OF = 4%
Piquete 11
OF = 10%
Piquete 12
OF = 10%
Piquete 12
OF = 4%
Piquete 5
OF = 4%
Piquete 5
OF = 13%
Piquete 6
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 4%
Piquete 3
OF = 13%
Piquete 4
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 13%
Piquete 6
OF = 4%
Piquete 3
OF = 7%
Piquete 7
OF = 10%
Piquete 8
OF = 10%
Piquete 1
OF = 7%
Piquete 2
OF = 13%
Piquete 4
124
5. Conclusão
Em condição de maior altura do dossel ocorre diminuição na taxa de bocados;
A imposição de diferentes ofertas de forragem não limitaram a oferta de alimento ao
animal;
Animais em pastejo selecionam forragem mais nova, preterindo as forragens mais
velhas, que sobram de ciclos de pastejo anteriores;
A maior massa de forragem causa diminuição na competição entre os animais
fazendo com que eles possam fazer um pastejo mais seletivo;
Em situação de maior altura e massa de forragem os animais diminuem o tempo de
pastejo, enquanto pastejam mais pontos dentro do pasto.
Em situações de menor oferta de alimento, os animais dedicam menos tempo ao
pastejo e percorrem mais o pasto a procura de forragem mais nova.
125
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