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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo principal realizar uma avaliação neurológica
simplificada atual e compará-la com as avaliações realizadas no início e alta da
poliquimioterapia (PQT), bem como, compará-la com o grau de incapacidade nestes três
momentos: início, alta e janeiro de 2007. Buscou também identificar as variáveis
explicativas relacionadas com a piora dos nervos periféricos. O tempo de seguimento dos
pacientes foi em média de 18 anos, variando entre 14 e 20 anos. No estudo, foram
incluídos 85 pacientes que iniciaram a PQT no período de fevereiro de 1987 a maio de
1990, na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Citrolândia / Betim. Destes, 89,5% foram
classificados como multibacilares. No momento da coleta dos dados, em janeiro de 2007,
registrou-se a seguinte situação: 63 pacientes com alta da PQT, um abandono, sete óbitos e
14 sem informações. Dos 63 pacientes, 49 foram submetidas a uma avaliação neurológica
simplificada das mãos e dos pés, constituídas pela inspeção, palpações do nervo, avaliação
da sensibilidade e avaliação da força muscular
sendo também preenchido o grau de
incapacidades (GI) da OMS. Foram aplicadas as escalas SF-36 que avalia a qualidade de
vida em saúde, a Escala de Participação, que mede a gravidade das restrições à
participação em atividades diversas, o Inventário de Depressão de Beck (BDI), para avaliar
sintomas depressivos e o questionário CAGE para triagem de alcoolismo de acordo com os
critérios padronizados para cada um. Apesar das melhoras observadas nos graus de
incapacidade, nas diversas análises, quando comparamos este instrumento com a presença
de alterações nos nervos periféricos (espessamento e/ou dor, alteração da sensibilidade
e/ou alteração da força muscular) foram verificadas grandes diferenças entre o grau e a
presença de alterações. Na avaliação do início do tratamento com a PQT, entre os pacientes
GI zero, apesar de não terem perda da sensibilidade protetora, 24 (86%) apresentavam
alteração da sensibilidade tátil e térmica em menor intensidade, 2 (7%) da força muscular e
16 (57%) tinham algum nervo com espessamento e/ou dor. Estas alterações também foram
observadas na alta e em janeiro de 2007. Pacientes classificados como GI 1 (início, alta e
janeiro de 2007), que deveriam apresentar apenas perda da sensibilidade protetora, também
apresentaram alterações da força muscular. Estas diferenças no exame neurológico, trazem
dificuldades nas condutas a serem adotadas. Foram também realizadas análises uni e
multivariadas para detecção das variáveis explicativas que fazem associação com a piora
dos nervos periféricos comparando a avaliação de janeiro de 2007 e o início da PQT e
comparando a avaliação de janeiro e 2007 e a alta da PQT. As variáveis que tiveram
associação com a piora nos membros superiores em janeiro de 2007 em relação ao início e
a alta da PQT foram: sexo masculino, número de nervos com alteração da sensibilidade
e/ou da força muscular e/ou espessamento e/ou dor, reação durante o tratamento, reação no
período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, alteração da sensibilidade e da força
muscular no início e na alta e grau de incapacidade também no início e na alta. Já nos os
membros inferiores as variáveis foram as seguintes: grau de incapacidade nos pés no
início, número de nervos com alteração da sensibilidade e/ou da força muscular e/ou
espessamento e/ou dor na alta, reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 e
alteração da força muscular na alta. O resultado da análise por meio da árvore de decisão
utilizando o algoritmo CART foi semelhante aos dados obtidos nas análises uni e
multivariadas.
Palavras chaves: hanseníase, incapacidade, dano na função dos nervos e acompanhamento
pós-alta