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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE:
INFECTOLOGIA E MEDICINA TROPICAL
ESTUDO DA FUNÇÃO DOS NERVOS PERIFÉRICOS DE
PACIENTES COM HANSENÍASE ACOMPANHADOS POR UM
PERÍODO MÉDIO DE 18 ANOS APÓS O INÍCIO DA
POLIQUIMIOTERAPIA
MARIA BEATRIZ PENNA ORSINI
BELO HORIZONTE
2008
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MARIA BEATRIZ PENNA ORSINI
ESTUDO DA FUNÇÃO DOS NERVOS PERIFÉRICOS DE
PACIENTES COM HANSENÍASE ACOMPANHADOS POR UM
PERÍODO MÉDIO DE 18 ANOS APÓS O INÍCIO DA
POLIQUIMIOTERAPIA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina
Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção
do título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Lúcio Teixeira Júnior
BELO HORIZONTE
2008
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Orsini, Maria Beatriz Penna.
O76e Estudo da função dos nervos periféricos de pacientes com hanseníase,
acompanhados por um período médio de 18 anos após o início da
poliquimioterapia [manuscrito]./ Maria Beatriz Penna Orsini. - - Belo
Horizonte: 2008.
124 f.; il.
Orientador: Antôniocio Teixeira Junior.
Área de concentração: Infectologia e Medicina Tropical.
Dissertação (mestrado) : Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina.
1. Hanseníase. 2. Nervos Periféricos. 3. Exame Neurológico.
4. Quimioterapia Combinada
.
5. Dissertações acadêmicas. I.Teixeira
Junior, Antônio Lúcio. II. Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina. III. Título.
NLM: WC 335
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor
Ronaldo Tadêu Pena
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Jaime Arturo Ramirez
FACULDADE DE MEDICINA
Diretor
Francisco José Penna
Coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
Carlos Faria Santos Amaral
Chefe do Departamento de Clínica Médica
Dirceu Bartolomeu Greco
Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e
Medicina Tropical
Manoel Otávio da Costa Rocha (Coordenador)
Antônio Lúcio Teixeira Júnior (Subcoordenador)
Carlos Maurício de Figueiredo Antunes
Antônio Luiz Pinho Ribeiro
José Roberto Lambertucci
Fátima Lúcia Guedes Silva (Representante discente)
A meu pai, Luiz Orsini, meu primeiro mestre na
hanseníase. Com ele aprendi o quê os livros não me
ensinaram. Aprendi ainda, muito criança, a conhecer e
respeitar o indivíduo portador de hanseníase, suas
“seqüelas” e assim lutar para trazer alguma contribuição
à vida dessas pessoas.
v
AGRADECIMENTOS
Agradecer. Aprendi o significado dessa palavra com minha mãe nos primeiros anos da
minha vida e, infelizmente, hoje constato o quanto está esquecida no cotidiano de muitas
pessoas. E o que seria de nós sem tantas ajudas que recebemos em nossas vidas? Por isso,
agradeço primeiramente a Deus, que me ensina a cada dia a ser humilde e paciente o
bastante para entender o quanto o outro é importante, mesmo com suas limitações.
Ao Prof. Dr. Antônio Lúcio Teixeira Júnior pelo apoio e incentivo constante. Você soube
ouvir, calar, esperar e cobrar sempre na hora certa.
Ao Prof. Dr. Manoel Otávio da Costa Rocha, exemplo de dedicação ao ensino e à ciência,
pela oportunidade que tem oferecido a tantos profissionais da saúde, ao estudo da
hanseníase e seus diferentes aspectos.
À Linda Lehman, amiga e companheira. Este trabalho é fruto dos seus ensinamentos,
questionamentos, inquietações e da sua constante luta para ver os pacientes livres das
incapacidades e deformidades. Que Deus continue lhe iluminando.
À Dra. Maria Aparecida de Faria Grossi que há algum tempo deu-me a chance de iniciar
nesse trabalho e que tantas vezes estimulou-me na continuação do mesmo.
À Mery Natali Silva Abreu que com toda a sua paciência e por tantos meses apoiou-me nas
análises técnicas estatísticas dos dados. Nossa convivência foi maravilhosa.
Aos pacientes que confiaram em mim. Estejam certos que os frutos desse trabalho
possibilitarão a diminuição de muitos problemas que a hanseníase traz.
Aos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Betim por acreditarem e apoiarem
na realização no presente trabalho.
A toda equipe da Unidade Básica de Saúde de Citrolândia. Vocês fazem parte dessa
história. Em especial à Belinha, que na sua amizade e simplicidade, e talvez sem perceber a
importância do seu trabalho, tanto ajudou-me na conquista do meu objetivo.
À Giovanna, meu maior tesouro, que por tantas vezes adormeceu atrás do computador,
cansada de aguardar a hora de ouvir uma história. Esteja certa que eu tentei não me
ausentar muito do nosso dia a dia, mesmo nem sendo sempre possível.
Ao Manoel, meu companheiro de caminhada. Nem sempre é fácil dividir as lutas diárias,
mas quando o amor e o respeito prevalecem, todas as batalhas são possíveis. Obrigada pela
sua ajuda.
Finalmente aos meus amigos, eles saberão reconhecer-se. Vocês são o sustento do meu dia
a dia.
- “Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é
sozinho...”
João Guimarães Rosa
vii
SUMÁRIO
Lista de figuras ............................................................................................................ ix
Lista de quadros ...................................................................................................... .... xi
Lista de tabelas ............................................................................................................ xii
Lista de abreviaturas ................................................................................................... xv
Lista de apêndices ....................................................................................................... xvii
Lista de anexos .......................................................................................................... xviii
Resumo ....................................................................................................................... xix
Summary ..................................................................................................................... xx
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Classificação, formas clínicas e aspectos imunológicos da hanseníase ............... 7
2.1.1 Mecanismos de lesão em hanseníase ................................................................. 8
2.2 Avaliação da sensibilidade .................................................................................... 10
2.2.1 Monofilamentos de Semmes-Weinstein ............................................................ 10
2.3 Palpação dos nervos ............................................................................................. 14
2.4 Avaliação motora .................................................................................................. 14
2.5 Grau de incapacidade (GI) .................................................................................... 15
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 19
3.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 19
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Amostra ................................................................................................................ 20
4.2 Métodos ................................................................................................................. 20
4.2.1 Aspectos gerais da avaliação neurológica simplificada .................................... 20
4.2.2 Seleção dos pacientes ........................................................................................ 21
4.2.3 Avaliação neurológica simplificada ..................................................................
4.2.3.1 Inspeção .......................................................................................................... 22
4.2.3.2 Palpação dos nervos (espessamento e/ou dor) ............................................... 22
4.2.3.3 Sensibilidade ................................................................................................. 22
4.2.3.4 Força muscular ............................................................................................... 25
4.3 Análise estatística ................................................................................................. 26
viii
4.3.1 Variáveis do estudo ........................................................................................... 26
4.3.2 Análise descritiva .............................................................................................. 26
4.3.3 Comparação das perdas ..................................................................................... 28
4.3.4 Análise das comparações nos três momentos .................................................... 28
4.3.5 Análise univariada .............................................................................................. 28
4.3.6 Análise múltipla ................................................................................................. 31
4.3.6.1 Regressão logística binária .............................................................................. 31
4.3.6.2 Árvore de decisão ..............………………………………............................. 31
4.3.7 Softwares para análises estatística ..................................................................... 32
4.4 Considerações éticas ……………………………………………………………. 32
4.5 Pesquisa bibliográfica e redação do estudo .....................................................…. 33
5 RESULTADOS
5.1 Análise descritiva e exploratória dos dados ......................................................... 34
5.2 Comparação dos grupos ........................................................................................ 36
5.3 Comparação das avaliações entre os três momentos ............................................ 37
5.3.1 Alterações da pele ............................................................................................... 38
5.3.2 Alterações dos nervos (espessamento e/ou dor espontânea ou à palpação) ....... 39
5.3.3 Alterações da sensibilidade ................................................................................ 41
5.3.4 Alterações da força muscular ............................................................................ 45
5.3.5 Deformidades...................................................................................................... 46
5.3.6 Grau de incapacidade ......................................................................................... 46
5.3.7 Comparação das alterações do exame neurológico simplificado com o GI ....... 49
5.4 Relato do paciente da percepção de piora nos MMSS e MMII . ........................... 50
5.5 Comparação das variáveis religião e álcool entre o início da PQT e janeiro de
2007 .................................................................................................................... 52
5.6 Escalas: CAGE, BDI, escala de participação e SF-36 ........................................... 53
5.7 Análise univariada ................................................................................................. 53
5.8 Análise múltipla ..................................................................................................... 68
5.8.1 Regressão logística ............................................................................................. 68
5.8.2 Árvore de decisão ............................................................................................... 70
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 78
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 97
8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 98
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Monofilamentos de Semmes Weinstein. Da esquerda para direita:
MSW de 0,05g (verde), 0,2g (azul), 2,0g (violeta), 4,0g (vermelho
escuro), 10,0g (laranja) e 300,0g (vermelho magenta).
11
Figura 2: Correlação entre os Monofilamentos de Semmes Weinstein (MSW),
com as respectivas cores, interpretação dos limiares e Códigos de
Mapeamento (CM).
13
Figura 3: Territórios específicos (círculos) da avaliação da sensibilidade dos
nervos radial, mediano, ulnar, fibular profundo e tibial. No dorso da
mão: território do nervo radial superficial. Na região palmar, local de
pesquisa do nervo mediano (I° e II° dedos) e ulnar (V° dedo e região
hipotênar). No dorso do pé, território do nervo fibular profundo. Na
região plantar, os vários pontos de avaliação da sensibilidade do nervo
tibial.
24
Figura 4: Escores dos monofilamentos de acordo com a avaliação da
sensibilidade.
24
Figura 5: Escala de interpretação do teste muscular. 25
Figura 6: Classificação do grau de incapacidade dos pacientes com hanseníase
(BRASIL, 2002).
26
Figura 7: Esquema dos três momentos das avaliações da função dos nervos
periféricos e das fases entre os mesmos.
29
Figura 8: Gráfico de barras da distribuição da graduação da força muscular do
abdutor do quinto dedo direito no início da PQT, na alta e em janeiro
de 2007.
46
Figura 9: Gráficos de barras da distribuição do grau de incapacidades nas
avaliações no início da PQT, na alta e em janeiro de 2007.
49
Figura 10: Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos
membros superiores, em janeiro de 2007, em relação ao início da
poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento.
71
Figura 11: Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos
membros superiores, em janeiro de 2007, em relação ao início da
poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-
tratamento.
73
Figura 12: Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos
membros inferiores, em janeiro de 2007, em relação ao início da
poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento.
75
x
Figura 13: Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos
membros inferiores, em janeiro de 2007, em relação ao início da
poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-
tratamento.
77
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Relação das variáveis do banco de dados. 27
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição de freqüências das características gerais dos 85 pacientes que
iniciaram o tratamento da poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde
de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro de 1987 a
maio de 1990.
34
Tabela 2: Distribuição de freqüências das características clínicas dos 85 pacientes
que iniciaram o tratamento da poliquimioterapia na Unidade Básica de
Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro de
1987 a maio de 1990.
35
Tabela 3: Estatística descritiva das características numéricas da amostra dos 85
pacientes que iniciaram o tratamento da poliquimioterapia na Unidade
Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de
fevereiro de 1987 a maio de 1990.
36
Tabela 4: Comparação entre o grupo de pacientes que compareceu (n=49) e o grupo
que não compareceu (n=36) à avaliação em janeiro de 2007.
37
Tabela 5: Comparação das alterações de pele nos membros inferiores entre o início
e alta da poliquimioterapia.
38
Tabela 6: Comparação das alterações de pele nos membros inferiores entre a alta da
poliquimioterapia e janeiro de 2007.
39
Tabela 7: Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor
espontânea e/ou a palpação) nos membros superiores e inferiores, entre
início e a alta da poliquimioterapia.
40
Tabela 8: Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor
espontânea e/ou a palpação) nos membros superiores e inferiores, entre
início da poliquimioterapia e janeiro de 2007.
41
Tabela 9: Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor
espontânea e/ou a palpação) nos membros superiores e inferiores entre a
alta da poliquimioterapia e janeiro de 2007.
41
Tabela 10: Comparação das somas dos pontos da avaliação da sensibilidade, de
acordo com o escore de cada monofilamento, dos nervos ulnar, mediano e
tibial no início da poliquimioterapia, na alta e janeiro de 2007.
42
Tabela 11: Comparação da avaliação da sensibilidade do nervo radial superficial e do
nervo fibular profundo, no início da poliquimioterapia, na alta e janeiro
2007.
43
xiii
Tabela 12: Resultados dos testes de comparação múltipla para somas dos pontos da
avaliação da sensibilidade, de acordo com o escore de cada
monofilamento, dos nervos ulnar, mediano e tibial.
44
Tabela 13: Resultados dos testes de comparação múltipla para avaliação da
sensibilidade do nervo radial superficial e fibular profundo.
45
Tabela 14: Comparação do grau de incapacidade entre início da PQT e a alta. 47
Tabela 15: Comparação do grau de incapacidade entre início e janeiro de 2007. 47
Tabela 16: Comparação do grau de incapacidade entre alta e janeiro de 2007. 48
Tabela 17: Comparação do grau de incapacidade mãos e pés com as alterações dos
nervos periféricos no início da PQT, na alta e em janeiro de 2007.
50
Tabela 18: Comparação entre a percepção dos pacientes quanto a piora nos membros
superiores, presença de reação após a alta e realização de tratamento.
51
Tabela 19: Comparação entre a percepção do paciente quanto a piora nos membros
inferiores, presença de reação após a alta e realização de tratamento.
52
Tabela 20: Distribuição de freqüências do resultado das escalas dos 49 pacientes que
iniciaram o tratamento da poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde
de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro de 1987 a
maio de 1990 e que compareceram para a avaliação em janeiro de 2007.
53
Tabela 21: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase de tratamento.
56
Tabela 22: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase pós-tratamento.
57
Tabela 23: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase de tratamento.
59
Tabela 24: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase pós-tratamento.
61
Tabela 25: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores,
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase de tratamento.
62
xiv
Tabela 26: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em
j
aneiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase pós-tratamento.
64
Tabela 27: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em
j
aneiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia, com as variáveis
explicativas da fase de tratamento.
65
Tabela 28: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em
j
aneiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia, com as variáveis
explicativas da fase pós-tratamento.
66
Tabela 29: Associação entre a piora da função dos nervos em janeiro de 2007, em
relação ao inicio da poliquimioterapia, com as escalas SF-36, BDI e
Escala de Participação.
67
Tabela 30: Associação entre a piora da função dos nervos em janeiro de 2007, em
relação à alta da poliquimioterapia, com as escalas SF-36, BDI e Escala
de Participação.
68
Tabela 31: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores,
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase de tratamento.
69
Tabela 32: Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia, com as
variáveis explicativas da fase de tratamento.
70
xv
LISTA DE ABREVIATURAS
ALM American Leprosy Mission
BDI Inventário de Depressão de Beck
CAGE Cut down, Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener
CART Classification and Regression Trees / Árvores de Classificação e Regressão
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CHAID Chi-Squared Automatic Interaction Detector
CID Classificação Internacional de Doenças
CIF Classificação Internacional de Funcionalidade
CM Código de mapeamento
GI Grau de incapacidade
IB Índice Baciloscópico
IC Intervalo de Confiança
IFN- Interferon-gama
IL Interleucina
LBP21 21 kDa histona proteína-símile
M. leprae Mycobacterium leprae
MB Multibacilar
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System On-line
MID Membro inferior direito
MIE Membro inferior esquerdo
MMII Membros inferiores
MMSS Membros superiores
MRC Medical Research Council
xvi
MS Ministério da Saúde
MSD Membro superior direito
MSE Membro superior esquerdo
MSW Monofilamentos de Semmes-Weinstein
OR Odds Ratio / Razão das Chances
PB Paucibacilar
PGL–1 glicolipídeo-fenólico 1
PQT Poliquimioterapia
SE Standart Error
SF-36 short-form health survey with 36 quentions / escala de paticipação
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SUS Sistema Único de Saúde
TNF- tumor necrosis factor
UBS Unidade Básica de Saúde
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
WHO/OMS World Health Organization / Organização Mundial de Saúde
xvii
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A: Protocolo: dados gerais e clínicos 107
Apêndice B: Protocolo: avaliação neurológica dos membros superiores e membros
inferiores
109
Apêndice C: Termo de consentimento livre e esclarecido 111
xviii
LISTA DE ANEXOS
Anexo A: Avaliação neurológica simplificada 113
Anexo B: SF-36 Pesquisa em Saúde (escala de qualidade de vida) 115
Anexo C: Escala de Participação 119
Anexo D: BDI (Inventário de depressão de Becker) 121
Anexo E: Questionário – CAGE 123
Anexo F: Parecer do Comitê de Ética 124
xix
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo principal realizar uma avaliação neurológica
simplificada atual e compará-la com as avaliações realizadas no início e alta da
poliquimioterapia (PQT), bem como, compará-la com o grau de incapacidade nestes três
momentos: início, alta e janeiro de 2007. Buscou também identificar as variáveis
explicativas relacionadas com a piora dos nervos periféricos. O tempo de seguimento dos
pacientes foi em média de 18 anos, variando entre 14 e 20 anos. No estudo, foram
incluídos 85 pacientes que iniciaram a PQT no período de fevereiro de 1987 a maio de
1990, na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Citrolândia / Betim. Destes, 89,5% foram
classificados como multibacilares. No momento da coleta dos dados, em janeiro de 2007,
registrou-se a seguinte situação: 63 pacientes com alta da PQT, um abandono, sete óbitos e
14 sem informações. Dos 63 pacientes, 49 foram submetidas a uma avaliação neurológica
simplificada das mãos e dos pés, constituídas pela inspeção, palpações do nervo, avaliação
da sensibilidade e avaliação da força muscular
sendo também preenchido o grau de
incapacidades (GI) da OMS. Foram aplicadas as escalas SF-36 que avalia a qualidade de
vida em saúde, a Escala de Participação, que mede a gravidade das restrições à
participação em atividades diversas, o Inventário de Depressão de Beck (BDI), para avaliar
sintomas depressivos e o questionário CAGE para triagem de alcoolismo de acordo com os
critérios padronizados para cada um. Apesar das melhoras observadas nos graus de
incapacidade, nas diversas análises, quando comparamos este instrumento com a presença
de alterações nos nervos periféricos (espessamento e/ou dor, alteração da sensibilidade
e/ou alteração da força muscular) foram verificadas grandes diferenças entre o grau e a
presença de alterações. Na avaliação do início do tratamento com a PQT, entre os pacientes
GI zero, apesar de não terem perda da sensibilidade protetora, 24 (86%) apresentavam
alteração da sensibilidade tátil e térmica em menor intensidade, 2 (7%) da força muscular e
16 (57%) tinham algum nervo com espessamento e/ou dor. Estas alterações tamm foram
observadas na alta e em janeiro de 2007. Pacientes classificados como GI 1 (início, alta e
janeiro de 2007), que deveriam apresentar apenas perda da sensibilidade protetora, também
apresentaram alterações da força muscular. Estas diferenças no exame neurológico, trazem
dificuldades nas condutas a serem adotadas. Foram também realizadas análises uni e
multivariadas para detecção das variáveis explicativas que fazem associação com a piora
dos nervos periféricos comparando a avaliação de janeiro de 2007 e o início da PQT e
comparando a avaliação de janeiro e 2007 e a alta da PQT. As variáveis que tiveram
associação com a piora nos membros superiores em janeiro de 2007 em relação ao início e
a alta da PQT foram: sexo masculino, número de nervos com alteração da sensibilidade
e/ou da força muscular e/ou espessamento e/ou dor, reação durante o tratamento, reação no
período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, alteração da sensibilidade e da força
muscular no início e na alta e grau de incapacidade também no início e na alta. Já nos os
membros inferiores as variáveis foram as seguintes: grau de incapacidade nos pés no
início, número de nervos com alteração da sensibilidade e/ou da força muscular e/ou
espessamento e/ou dor na alta, reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 e
alteração da força muscular na alta. O resultado da análise por meio da árvore de decisão
utilizando o algoritmo CART foi semelhante aos dados obtidos nas análises uni e
multivariadas.
Palavras chaves: hanseníase, incapacidade, dano na função dos nervos e acompanhamento
pós-alta
xx
SUMMARY
The main objective of the present study was to carry out a nerve function status
evaluation and compare it with those carried out at the beginning of MDT and at release
from treatment (RFT), as well as compare it to WHO disability grade in these three
moments. Another objective was to identify variables which could explain the worsening
of nerve function status. The mean follow-up time was 18 years, varying from 14 to 20
years. 85 patients which started MDT from February 1987 to May 1990 at Citrolândia
Basic Health Unit/Betim were included in the study. Of these, 89.5% were classified as
multibacillary (MB). At data collection the following situation was verified: 63 patients
were RFT, one had abandoned treatment, 7 were deceased, and 14 had no information. Of
the 63 patients, 49 were submitted to a simplified nerve function evaluation of hands and
feet, which included inspection, nerve palpation, sensory testing and voluntary muscle
testing, besides the WHO disability grade. The following scales were also used: SF-36,
which evaluates quality of life in health; the Participation Scale, which measures the
severity of participation restriction; Beck Depression Inventory (BDI) to evaluate
depressive symptoms and the CAGE questionnaire for screening of alcoholism according
to standardized criteria of each instrument. Despite the improvement of disability grade in
the various analyses, when we compare this instrument with the presence of impairments
in peripheral nerves (thickening and/or pain, impairment in sensibility and/or muscle
strength) great differences were verified between disability grade and the presence of
impairments. In the evaluation at the beginning of MDT, among the patients with disability
grade zero, 24 (86%) presented impairment in sensibility, even though they did not have
loss of protective sensation, 2 (7%) had muscle weakening and 16 (57%) had at least one
nerve with thickening and/or pain. These alterations were also observed at RFT and in
January 2007. Patients classified as grade 1 (beginning of treatment, RFT and Janyary
2007) which should present only loss of protective sensation, also presented muscle
weakening. These differences in the simplified neurological examination make it difficult
to determine the intervention which should be undertaken. Uni and multivariate analyses
were carried out to detect variables which were associated with worsening of nerve
function comparing the evaluation of January 2007 with the beginning of treatment and
comparing the evaluation of January 2007 with RFT. The variables which were associated
to worsening in arms in January 2007 in relation to the beginning of treatment and RFT
were: sex, number of nerves with impairment in sensibility and/or muscle strength and/or
nerve thickening and/or pain, reaction during treatment, reaction in the period of January
2006 to January 2007, impairment in sensibility and muscle strength at the beginning of
treatment and RFT and disability grade at the beginning and RFT. In the legs the variables
were: disability grade in feet at the beginning of treatment, number of nerves with
impairment in sensibility and/or muscle force and/or nerve thickening and/or pain at RFT,
reaction in the period of January 2006 to January 2007 and muscle weakeing at RFT. The
analyses using a decision tree with the CART algorithm was similar to the data obtained in
the uni and multivariable analyses.
Keywords: leprosy, disability, nerve function impairment and follow-up.
1
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, cujo agente etiológico é o
Mycobacterium leprae, e que apresenta alta prevalência no mundo, constituindo-se em uma
das endemias de prioridade da Organização Mundial da Saúde (OMS).
1,2
Embora não seja
causa freqüente de óbito, a hanseníase pode levar a incapacidades e deformidades,
destacando-se como a principal causa de neuropatia periférica não traumática no mundo,
3,4
interrompendo com freqüência a capacidade produtiva de milhares de indivíduos.
O Brasil ocupa o segundo lugar em números de casos novos, sendo superado
apenas pela Índia e considerado pela OMS área de alta endemicidade. Em relação à
incidência, o Brasil apresenta uma taxa de 3,21 casos /10.000 habitantes. Com relação à
prevalência, o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo.
2
Minas Gerais obteve, nos últimos 20 anos, avanços significativos no tratamento da
doença. Em 1986, a cada 10.000 habitantes registravam-se, no Estado, 27 casos de
hanseníase, enquanto que, no ano passado, a média foi de 1,2 casos / 10.000 habitantes.
Até o final de 2006, havia, em Minas Gerais, 2.278 casos de hanseníase em tratamento. Em
relação às novas ocorrências, foram notificados, no decorrer de 2006, 2.547 casos, que
corresponde a 1,3 casos / 10.000 habitantes.
5
Em 1998 foi estimado em 10 milhões o número de pessoas tratadas no mundo sendo
que em 2004, de dois a três milhões ainda permaneciam com algum grau de
comprometimento físico como resultado da doença.
2,6
Desses, estima-se que 38.000 estão
no Brasil.
2
Ainda no Brasil, aproximadamente 7% dos casos novos de hanseníase a cada
2
ano, ou seja, cerca de 2.000 pacientes já iniciam o tratamento com alguma deficiência nos
olhos, mãos e/ou pés.
2,7,8,9
A OMS define um caso de hanseníase como uma pessoa com sinais clínicos da
doença e que requer quimioterapia.
2
O diagnóstico é feito por meio do achado de pelo
menos um dos sinais cardinais: mancha de pele hipocrômica ou eritematosa com perda da
sensibilidade, espessamento de nervo periférico com ou sem déficit sensitivo e/ou motor e
baciloscopia positiva.
2
O M. leprae, após a entrada no organismo, caso não seja destruído, irá localizar-se
preferencialmente na pele e nas células de Schwann dos nervos periféricos.
4,10-14
Em todas
as formas de hanseníase, ocorre a presença de bacilo nos nervos.
15
A evolução da doença
depende da competência da imunidade celular do indivíduo frente ao bacilo.
16
Aqueles que
apresentam resistência ao bacilo podem evoluir para cura espontânea ou para as formas
paucibacilares (PB). No entanto, os indivíduos que não possuem resistência evoluem para
as formas multibacilares (MB).
As alterações neuropáticas podem ser decorrentes da presença do bacilo no nervo,
da persistência dos antígenos bacterianos e/ou do influxo de células inflamatórias,
12,14,17-22
as quais produzem graus variados de desmielinação / remielinização, degeneração /
regeneração e, nos casos extremos, fibrose neural.
23
O envolvimento das fibras sensitivas é
traduzido, clinicamente, por sinais e sintomas variáveis que envolvem dor, hiperestesia,
hipoestesia tátil e térmica, hipoalgesia, alterações autonômicas e anestesia.
1,24,25,26
O envolvimento das fibras motoras resulta em fraqueza, hipotrofias e atrofias, podendo
ocasionar, junto com as alterações sensitivas, incapacidades e deformidades,
principalmente nas mãos, pés e olhos.
1,24
As lesões do sistema nervoso periférico podem
envolver filetes nervosos cutâneos (com alteração da sensibilidade nas manchas) e os
3
ramos terminais e/ou troncos nervosos (com alterações nas áreas de distribuição dos vários
nervos).
1,24
A neuropatia hansênica, descrita pelos hansenólogos sob o termo “neurite” pode
ocorrer com o diagnóstico, durante o tratamento e após a alta.
1,24,27-30
O termo “neurite”
significa a presença de dor, espontânea ou à palpação, num ramo terminal ou tronco
nervoso, acompanhado ou não de alteração funcional; ou, ainda, o comprometimento
isolado da função nervosa detectada no exame seqüencial do paciente com ausência de
dor.
29,30
Segundo Job pode haver “neurite” sem lesão de nervo.
29
As “neurites” podem
ocorrer em qualquer fase evolutiva e são comuns principalmente durante os períodos
reacionais.
1,24,27-30
O termo “neurite silenciosa” foi usado a partir dos estudos de Duncan e
Pearson (1982)
31
que reconheceram a deterioração da função nervosa sem história de
sinais e sintomas objetivos de “neurite” franca. Outros hansenólogos referiram que a
“neurite” silenciosa” só pode ser detectada mediante cuidadoso exame neurológico
seqüencial.
32,33,34
A International Association for the Study of Pain (IASP)
35
criou um sub-
comitê para definir vários termos médicos ligados diretamente à dor e ao envolvimento do
sistema nervoso. Segundo a IASP, “neurite” significa inflamação do nervo. Esse termo
recebe pouco destaque entre as várias definições e só deveria ser usado na certeza da
presença de um processo inflamatório. Como os mecanismos de lesão dos nervos são
muitos variados e nem sempre bem conhecidos,
12,14,17-22
empregou-se no presente trabalho
o termo “neuropatia”, em sentido amplo, para definir as alterações funcionais e patológicas
de um nervo ou vários nervos, as quais podem ser dolorosas ou não.
35
As grandes mudanças no tratamento da hanseníase ocorreram com a introdução da
poliquimioterapia (PQT) no início da década de 80.
2
A PQT permitiu curas definitivas em
períodos relativamente curtos e redução significativa da prevalência da doença.
36
Trouxe
também redução da incidência das incapacidades. Isso é atribuído não somente à eficácia
4
das drogas, mas a outros fatores como aos contatos mais regulares com os pacientes,
aperfeiçoamento da monitoração, tratamento das reações e diagnósticos mais precoces.
37
É
importante considerar que a prevalência da doença registra os casos em tratamento. Ao
término deste, o paciente recebe alta “por cura” e é retirado do registro ativo, mesmo
apresentando alguns problemas que necessite de acompanhamento.
38,39
Embora se saiba da importância do tratamento com a PQT, há evidências de que
esta não elimina completamente os antígenos bacterianos nos nervos.
22
Apesar disso, no
entanto, os pacientes recebem alta imediatamente após o término da PQT.
40,41
Sabe-se que
as reações tipo 1 ou 2, comuns nos pacientes com hanseníase, podem ocorrer também após
a alta. Embora comuns no primeiro ano, podem iniciar até 16 anos após o início do
tratamento.
42
Essas reações são manifestações do sistema imunológico do doente frente ao
antígeno do bacilo, acarretando exacerbação e/ou aparecimento de novas lesões na pele,
processos inflamatórios sistêmicos podendo ou não estar associado aos quadros de
neuropatia.
9,43,44,45
No Brasil, os dados estatísticos indicam que cerca de 23% dos pacientes
apresentam algum tipo de incapacidade após a alta.
46
Segundo Deepak et al. (2003),
47
cerca
de 20% dos pacientes com hanseníase em tratamento ou já curados, podem sofrer algum
tipo de incapacidade física e/ou restrição psico-social, necessitando de intervenção médica
ou reabilitadora. Trabalhos de diversos autores mostram diferentes graus de incapacidade,
variando de 15,6 a 77,0%, variação esta atribuída a um diagnóstico precoce ou tardio.
44,48
Esses trabalhos, no entanto, avaliam os pacientes nos três primeiros anos após a alta.
Rosenberg et al. (2003)
49
relataram disfunção neural em um grupo pequeno de pacientes (n
= 14) avaliados no período de um a 22 anos após o diagnóstico. Essas alterações foram
detectadas principalmente através da eletroneuromiografia e não foram justificadas por
5
reinfeção ou reação reversa. Portanto, pacientes “curados” podem continuar apresentando
lesões de nervos.
O diagnóstico tardio representa maior ônus, tanto para o sistema de saúde, que
necessita dispor de serviços mais complexos, quanto para o paciente que, além de enfrentar
os problemas desencadeados pela doença em si, passa a conviver também com o medo da
rejeição.
50
Para a sociedade e também para os pacientes, a aceitação de “cura” está ligada
à ausência das incapacidades e deformidades, daí a necessidade de se identificar uma
neuropatia em evolução para a realização do tratamento específico (repouso, corticoterapia
e/ou cirurgia). É necessário criar estratégias para detectar a alteração na função do nervo
antes da presença de dano neural durante e também após o tratamento com a PQT.
Hoje existem instrumentos para avaliar e acompanhar os aspetos físicos, as
limitações nas atividades da vida diária e a participação social. Essas avaliações devem ser
padronizadas e baseadas em critérios de especificidade, sensibilidade, reprodutibilidade,
facilidade de aplicação, custo e acessibilidade. A avaliação da função do nervo periférico
permite a identificação de alterações (sensibilidade e força muscular) precoces, antes da
presença de danos neurais mais graves. Permite também a monitoração dos resultados das
condutas para preservação do nervo. O atual grau de incapacidades da OMS é utilizado
principalmente no gerenciamento dos serviços e serve para determinar se o caso novo foi
diagnosticado precoce ou tardiamente.
51
Permite ainda avaliar no momento da alta se o
acompanhamento durante o tratamento foi adequado, se houve melhora ou piora das
incapacidades.
52-56
Como a quase totalidade dos estudos, envolvendo grau de incapacidade, avalia
pacientes nos três primeiros anos após a alta ou “cura”, estudamos, no presente trabalho,
um grupo de pacientes que, em janeiro de 2007, apresentava em média 18 anos após o
início da PQT (entre 14 a 20 anos). O principal objetivo foi comparar e discutir os
6
resultados do exame neurológico e o grau de incapacidade em pacientes diagnosticados
com hanseníase no início do tratamento com a PQT, na alta da PQT e em janeiro de 2007.
7
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Classificação, formas clínicas e aspectos imunológicos da hanseníase
Em todas as formas clínicas da hanseníase ocorre o envolvimento de fibras
nervosas periféricas.
15
O principal alvo do M. leprae é a célula de Schwann, a qual é
coberta por uma lâmina basal constituída por uma série de proteínas.
10
A seqüência de
proteínas, laminina-2, (cadeias 2, 1 e 1), -distroglicano, –distroglicano e distrofina,
encontradas no sistema nervoso periférico, funcionam como uma ponte entre o meio
extracelular e intracelular, permitindo a entrada do bacilo na célula de Schwann.
10
O
mecanismo da interação entre o bacilo e célula de Schwann, no entanto, não é claro.
Em hanseníase, as várias formas clínicas estão diretamente relacionadas ao perfil da
resposta imune elaborada pelo hospedeiro.
16
Essa diversidade clínica originou numerosas
classificações. No Brasil, as que têm sido mais freqüentemente utilizadas são as propostas
no VI Congresso Internacional de Leprologia, realizado em Madri, em 1953,
21,57
que
utilizam, como critério básico, o exame baciloscópico, e a elaborada por Ridley e Jopling,
em 1966,
16
que emprega critérios imunológicos e histológicos, e é amplamente utilizada
em pesquisa. Na classificação de Madri, consideram-se dois pólos estáveis e opostos
(virchowiano e tuberculóide) e dois grupos instáveis (indeterminada e borderline). A
classificação de Ridley e Jopling identifica a forma tuberculóide (TT), a forma borderline
[borderline-tuberculóide (BT), borderline-borderline (BB), borderline-virchowiano (BV)] e
a forma virchowiana (VV).
Em 1982, com a introdução da PQT, a OMS simplificou, para fins de tratamento, a
classificação da hanseníase,
2,58
agrupando as várias formas clínicas em dois grandes
grupos: paucibacilares (PB) e multibacilares (MB). Atualmente, são considerados
paucibacilares aqueles pacientes que apresentam até cinco lesões de pele, enquanto os
multibacilares incluem os pacientes com mais de cinco lesões. Os paucibacilares, de
8
maneira geral, envolvem a forma indeterminada e os pacientes do pólo tuberculóide da
classificação de Madri ou o pólo tuberculóide (pacientes TT e alguns BT) da classificação
de Ridley e Jopling. As demais formas são enquadradas como multibacilares.
No M. leprae, duas proteínas de superfície com capacidades antigênicas diferentes
permitem a fixação do bacilo à laminina-2. A principal proteína é a 21 kDa histona
proteína-símile (21 kDa histone-like protein, LBP21)
59
que apresenta alta especificidade à
laminina-2. A outra proteína é o glicolipídeo-fenólico 1 (phenoglycolipid-1, PGL–1),
60
que
potencializa a ação da LBP21, permitindo melhor fixação do bacilo à laminina-2. O
mecanismo dessa interação, no entanto, não é conhecido.
No pólo tuberculóide ocorre à presença de poucos bacilos e boa resposta celular,
enquanto no pólo virchowiano os pacientes apresentam alta carga de bacilos e pobre
resposta celular. A resposta imune é regulada por duas subpopulações de linfócitos T: Th1
e Th2.
18,61
A subpopulação Th1, secreta IL-2 (interleucina 2), IFN- (interferon-gama) e
TNF- (tumor necrosis factor), os quais ativam macrófagos, essenciais para o
estabelecimento da imunidade mediada por células.
18,62
Em contraste, a subpopulação Th2
produz IL4, 5, 6, e 10 e são responsáveis pela produção de anticorpos, inibição de
macrófagos e supressão da resposta celular.
18,62
No entanto, a interação do patógeno com o
hospedeiro é complexa e multifatorial, porém nem sempre produzida pelo agente no
macrófago. O destino da infecção parece depender de quando e de como determinadas
citocinas, relacionadas com os linfócitos Th1 e Th2, estão disponíveis no sítio da presença
do parasita, em maior quantidade em relação a vários outros produtos, determinando a
maior ou menor resistência a infecção.
62
Nesse contexto, deve estar inserida a
predisposição genética do indivíduo na suscetibilidade ou resistência à infecção pelo M.
leprae.
18,33
9
Os surtos reacionais representam episódios inflamatórios que geralmente se
intercalam no curso crônico da hanseníase.
17,40,57,61
Os mais importantes são a reação tipo
1 e 2. A reação tipo 1 ou reversa se caracteriza por um processo agudo nos locais onde
existe a presença de antígenos bacterianos, seja na pele ou no nervo periférico. A reação
tipo 2, cuja manifestação clínica mais freqüente é o eritema nodoso hansênico, é uma
complicação imunológica nos pacientes multibacilares que se manifesta com lesões de pele
dolorosas, podendo estar associadas a lesões de nervos, olhos, articulações, principalmente
as distais, linfonodos e outras estruturas. A incidência é variada, no entanto, quando o
paciente encontra-se em tratamento é mais comum no primeiro ano com queda progressiva
nos anos subseqüentes. Há relato do inicio da reação, em um paciente, 16 anos após o
início do tratamento.
42
2.1.1 Mecanismos de lesão em hanseníase
A neuropatia da hanseníase compromete tanto fibras grossas quanto fibras finas do
SNP, caracterizando-se como uma neuropatia mista. Apesar das controvérsias, três
mecanismos de lesões dos neurônios periféricos
22
podem ocorrer e coexistir durante as
diferentes fases da doença:
1. alterações metabólicas nas células dos nervos periféricos, tais como as células de
Schwann, células endoteliais e fibroblastos, como efeito direto ou indireto da presença de
um bacilo viável;
2. alterações causadas pelo influxo de células inflamatórias e seus mediadores.
Podem resultar em uma reação contra componentes do nervo e, dependendo de fatores
anatômicos, pode resultar em compressão do mesmo.
Uma forma de lesão aguda do nervo
é geralmente vista nas reações reversas. No entanto, o gatilho da precipitação dessas
reações ainda não é bem conhecido;
10
3. danos neurais fisiológicos devidos à persistência de antígenos bacterianos na
célula de Schwann ou axônios, que podem justificar lesões silenciosas e progressivas dos
nervos periféricos, após tratamento quimioterápico.
2.2 Avaliação da sensibilidade
Duas formas de avaliação da sensibilidade cutânea são citadas no “Manual de
prevenção de incapacidades”,
54
no manual de “Hanseníase”
40
e no “Guia para controle da
hanseníase”,
41
todos do Ministério da Saúde. A primeira utiliza os monofilamentos de
Semmes-Weinstein (MSW), método que quantifica o limiar tato-pressão. A segunda
emprega os métodos não quantitativos em que se utilizam chumaços de algodão para
avaliação da sensibilidade tátil, tubos de ensaios contendo água aquecida (45°C) ou
resfriada (4.5°C) para avaliação da térmica e uso de alfinetes ou agulhas para avaliação da
sensibilidade dolorosa. Estes métodos não quantificam os resultados, o que dificulta
comparações dos resultados em exame posteriores. No presente trabalho foram utilizados
apenas os MSW.
2.2.1 Monofilamentos de Semmes-Weinstein
Os MSW permitem uma quantificação do limiar tato-pressão. No final do século
XIX, Von Frey desenvolveu o teste de limiar tátil, utilizando, como filamentos, cabelos de
cavalos de diferentes diâmetros.
63,64
Em 1960, Semmens e Weinstein
publicaram os
resultados de suas pesquisas em que utilizaram uma série de 20 filamentos de náilon, de
diferentes graduações, para avaliar a sensibilidade cutânea de pacientes com lesões
cerebrais.
63,64,65
11
Em 1967, Von Price e Butler realizaram estudos comparativos entre os MSW e os
testes não quantitativos em pacientes com neuropatia periférica, estabelecendo níveis de
função para cada monofilamento.
63,64
Werner e Omer, em 1970, desenvolveram as técnicas para emprego dos MSW em
testes clínicos e constataram que foi possível utilizar um número reduzido de
monofilamentos para avaliação clínica da sensibilidade, sem prejuízo dos resultados.
63,64
Em 1978, Bell em estudo dos membros superiores de pacientes com neuropatia
hansênica, concluiu que um kit com cinco filamentos com força de 0,05g; 0,2g; 2,0g; 4,0g
e 300,0g, eram suficientes para uso ambulatorial.
63,66-69
Essa redução permitiu uma
diminuição no tempo da avaliação sem prejuízo da mesma. Bell demonstrou que o
filamento de 0,05g equivale à sensibilidade tátil normal em qualquer área do corpo com
exceção da região plantar, onde o filamento de 0,2g foi considerado normal.
FIGURA 1: Monofilamentos de Semmes - Weinstein. Da esquerda para direita:
MSW 0,05g (verde), 0,2g (azul), 2,0g (violeta), 4,0g (vermelho
escuro), 10,0g (laranja) e 300,0g (magenta).
12
Em 1983 os MSW foram introduzidos no Brasil, na cidade de Bambuí, Minas
Gerais.
70
Em 1986, o filamento de 10,0g foi introduzido para identificar a perda da
sensibilidade protetora no pé.
71
Em 1990, os MSW passaram a ser usados, no estado de
Minas Gerais para avaliar lesões de pele e nervos periféricos e, a partir de 1992, foram
aceitos nacionalmente como uma modalidade de pesquisa da sensibilidade tato-pressão,
sendo incorporados ao programa de controle de hanseníase
do Ministério da Saúde.
70
Atualmente, os monofilamentos são utilizados na avaliação de pacientes com
neuropatias de diferentes etiologias. Entre elas, destacam-se as relacionadas com
hanseníase e diabetes mellitus.
72
A habilidade em se detectar um quadro neuropático
através de instrumentos depende diretamente da sensibilidade do instrumento utilizado na
avaliação.
34
Os monofilamentos foram identificados como um dos mais sensíveis e
confiáveis testes para medir o limiar tato-pressão, desde que estejam calibrados
corretamente.
63,66-69,73,74,75
A diferença de sensibilidade e especificidade referidas em
diversos trabalhos, deve-se, principalmente, ao uso de diferentes monofilamentos ou
kits.
63,66-69,73,74,75
Vários estudos demonstraram que os MSW apresentam boa
reprodutibilidade e confiabilidade, existindo forte concordância (índice Kappa de 0,92) em
observações interexaminadores.
66,74,76,77
Os fios de náilon utilizados mundialmente na composição dos monofilamentos,
pertencem ao mesmo lote de fabricação. Foram produzidos pela DuPont
. São fios n° 612,
de 38 mm de comprimento e diferentes diâmetros, fixados a uma haste, em ângulo de
90º.
63,65,70
O kit utilizado no Brasil (FIG. 1) é montado em Bauru, pela SORRI
, sendo
composto pelos filamentos de 0,05g (verde), 0,2g (azul), 2,0g (violeta), 4,0g (vermelho
escuro), 10,0g (laranja) e 300g (magenta).
40,54,60
Cada filamento apresenta limiar
específico (FIG. 2), e os resultados das avaliações são registrados na ficha de avaliação,
pelos respectivos códigos de mapeamento (CM).
13
Monofilamento Cor Interpretação
CM
0,05g Verde Sensibilidade normal em qualquer região do corpo
0,2g Azul
Diminuição do tato (normal na região plantar). Dificuldade
para discriminar textura.
2,0g
Violeta ou
lilás
Sensibilidade protetora diminuída (diminuição do tato
plantar). Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade
para discriminar formas e temperatura.
4,0g
Vermelho
escuro
Perda da sensibilidade protetora (pode representa
r
diminuição da sensibilidade protetora na região plantar).
Incapacidade de discriminar formas e temperatura.
10,0g Laranja Perda da sensibilidade protetora no pé.
300,0g Magenta Permanência da sensação de pressão profunda
Sem resposta Preto Perda da sensação de pressão profunda
FIGURA 2: Correlação entre os Monofilamentos de Semmes Weinstein (MSW), com as respectivas
cores, interpretação dos limiares e Códigos de Mapeamento (CM).
Pelo fato de cada monofilamento estar correlacionado com um nível funcional
(FIG. 2), é possível graduar a sensibilidade em vários níveis, de normal até a perda da
sensibilidade profunda e ainda, identificar o momento a partir do qual o paciente necessita
receber orientações para aprender a proteger as mãos e os pés.
63,76
Os MSW são utilizados na avaliação de mãos, pés e lesões de pele, tanto com
finalidade de diagnóstico, quanto na monitoração da função neural. Os pontos
padronizados, nas mãos e pés, incluem áreas específicas dos nervos ulnar (área palmar da
falange proximal e distal do V° dedo e parte anterior da região hipotênar), mediano (área
palmar da falange proximal do II° dedo e falange distal do I° e II° dedos), radial (I° espaço
interdigital), fibular (espaço entre o hálux e II° dedo) e tibial (plantar distal do hálux, III°
dedo, V° dedo, área cutânea sobre a cabeça dos I°, III° e V° metatarsos, calcâneo, arco
plantar medial e área contralateral).
27,40,41,54,74
14
2.3 Palpação dos nervos
Na hanseníase é comum o espessamento dos nervos periféricos. Um espessamento
pode ocorrer também em outras formas de doenças neuropáticas, como na neuropatia
sensitivo motora hereditária tipo 1 ou doença de Charcot Marie Tooth.
1,24
No entanto, em
áreas endêmicas, a simples presença de espessamento é fortemente sugestiva de
hanseníase.
1,2,24
Em hanseníase, os trabalhos apontam diferentes proporções de pacientes com
espessamento de nervo no diagnóstico, variando entre 23,0% e 94% na Índia
78,79
e 68,0%,
na Etiópia.
79
Essa diferença tem sido atribuída a um diagnóstico precoce ou tardio.
Segundo Kumar et al. (2004),
11
todos os pacientes diagnosticados com hanseníase devem
ser examinados em detalhe com relação ao espessamento dos nervos periféricos (troncos
nervosos e ramos terminais). Segundo Chen et al. (2006),
80
no entanto, é insatisfatória a
concordância entre a presença ou não de espessamento nos nervos periféricos quando feita
comparação entre examinadores.
2.4 Avaliação motora
A avaliação motora baseia-se na palpação da unidade músculo-tendinosa durante o
movimento, na verificação da amplitude do movimento e na capacidade de oposição à
força da gravidade e à resistência manual (força muscular propriamente dita). Os
examinadores devem estar capacitados e saberem identificar alguns fatores que podem
interferir nos resultados tais como sexo, idade, mão dominante, atividade profissional,
variações anatômicas, movimentos de substituição, vantagens mecânicas, dor, entre
outros.
81
15
Em 1943, o Conselho Britânico de Pesquisa Médica, introduziu um sistema de
graduação de forca muscular,
82
que foi modificado por Goodwin, em 1968.
83
Segundo van
Brakel,
24
Goodwin foi o primeiro a recomendar o uso do teste de força muscular voluntário
em paciente com hanseníase.
O teste de resistência manual apresenta bom índice de confiabilidade e
reprodutibilidade (Kappa variando de 0,61 a 1), devendo o examinador, no entanto, estar
bem treinado e capacitado para a execução do mesmo.
73,74,84
Segundo Naafs e Dagne
(1977),
85
os testes de força muscular são considerados de valor confiável para a avaliação
da função neural. Anderson e Croft, em 1999,
74
em um estudo de confiabilidade inter-
examinador referem, para o teste de força muscular com resistência manual, um índice
Kappa de 0,94. Roberts et al. (2007),
77
identificaram em estudo de confiabilidade, um
índice Kappa de 0,99, apesar de relatarem que para alguns testes, como o do nervo facial,
os índices terem sido baixos.
2.5 Grau de incapacidade
O grau de incapacidades (GI) da OMS
2
é o sistema mais freqüentemente usado para
graduar as deficiências dos pacientes com hanseníase. O GI é um indicador epidemiológico
preenchido obrigatoriamente no momento do diagnóstico e na alta do paciente. É
preenchido com base nos dados da avaliação neurológica simplificada. Os pacientes podem
ser classificados como tendo GI 0 (zero) , GI1 (um) ou GI 2 (dois). Como zero, considera-
se o paciente sem incapacidade. Como 1, aquele que apresenta perda da sensibilidade
protetora nas mãos e/ou pés e, como 2, os portadores de deformidades (garra, paralisias,
mão e/ou pé caído e reabsorção óssea).
41
O GI demonstra a precocidade do diagnóstico e ainda as mudanças das
incapacidades durante o tratamento, contudo, pode não fornecer informações sobre a
16
evolução de um paciente durante o tratamento.
86
O preenchimento do GI está baseado no
trabalho original da OMS de 1960
87
e, ao longo dos anos, algumas mudanças foram sendo
feitas nesse instrumento. Apesar de ser adotado mundialmente e de preenchimento
obrigatório, o GI apresenta claras limitações, decorrentes dos diferentes critérios adotados
em países diversos. O problema básico, segundo Buddingh e Idle , é que esse instrumento
combina, em um mesmo esquema, tipos de alterações diferentes.
88
Em relação à
sensibilidade, um exemplo clássico é o uso, em algumas regiões, de uma caneta
substituindo os MSW na avaliação da sensibilidade tátil.
74
Em relação à fraqueza muscular,
paresias grau 3 e 4 não são enquadradas como GI.
Nienhuis et al. (2004),
75
empregando examinadores capacitados e utilizando a
mesma metodologia, acharam, em relação ao preenchimento do GI, uma concordância
interexaminador com Índice Kappa de 0,89, considerado, portanto, de boa confiabilidade.
Neste estudo, o GI utilizado foi apenas o das mãos e pés.
Muitos autores citam diferentes resultados. Van Veen et al. (2006),
89
em estudo
comparando os dados de trabalhos realizados na Etiópia e Blangadesh, relataram 54% e
18% de pacientes com GI 1 e 2, respectivamente. Gonçalves (2006),
90
em estudo com 595
pacientes que iniciaram PQT em Belo Horizonte-MG, no período de 1993 a 2003,
registrou 37% de pacientes com GI 1 e 2. Saunderson et al. (2000),
79
em trabalho realizado
na Etiópia, encontraram 55,0% de pacientes com GI 2, no momento do diagnóstico e Croft
et al. (1999),
44
15,6% em trabalho realizado na Índia. Outros estudos como o de Selvaraj
et al. (1998)
91
e de Richardus et al. (1996),
92
ambos realizados em Blangadesh,
identificaram 24,3% e 37,6% pacientes com GI grau 2, respectivamente. Kumar et al.
(2004),
11
relataram em trabalho realizado em Agra, que, dos 58 pacientes com GI 2 no
início da PQT, 45 (77%) já apresentavam deformidades instaladas. Esses autores referem
também que nos casos novos, a prevalência de deformidade foi de 6,4%, a qual contrasta
17
com a prevalência de 15% registrada entre os pacientes com história de tratamento anterior
a PQT. Ainda segundo Kumar et al. (2004),
11
as deformidades são raras em pacientes
diagnosticados precocemente, isto é, com menos de um ano após o primeiro sintoma. As
deformidades aumentam de 3,9% com diagnóstico entre um e três anos após os primeiros
sintomas e para 25% quando o diagnóstico é tardio, ou seja, acima de 8 anos de evolução.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 23% dos pacientes
apresentam algum tipo de incapacidade após a alta.
46
No Estado de Minas Gerais ocorreu
diminuição de casos diagnosticados tardiamente, ou seja, aqueles que potencialmente
geram deformidades, passando de 11,3% em 2005, para 10,2% em 2006.
5
Segundo
Deepak et al. (2003),
47
cerca de 20% dos pacientes com hanseníase em tratamento ou já
curados, podem sofrer algum tipo de incapacidade física e/ou restrição psico-social,
necessitando de intervenção médica ou reabilitadora.
De acordo com Croft et al. (2000),
93
tanto os pacientes multibacilares quanto os
paucibacilares podem desenvolver alterações funcionais nos nervos periféricos após o
término da PQT, porém, a maioria dos trabalhos avaliou pacientes nos três primeiros anos
após a alta. Rosenberg et al. (2003),
49
no entanto, avaliaram um grupo de pacientes (n =
14), no período de um a 22 anos após o início do tratamento. Empregando entre os vários
testes, a eletroneuromiografia, esses autores descreveram piora da função neural não
justificada por reinfeção ou reação reversa. Desses pacientes, oito desenvolveram uma
mononeuropatia múltipla (sensitivo / motora) com sintomatologia de predomínio motor,
recorrente, cuja piora ou melhora tinha relação com uso de corticóide. O outro grupo (n
=6) apresentou piora progressiva do quadro neurológico, de predomínio sensitivo,
constituindo o que o autor definiu como uma mononeuropatia múltipla lentamente
progressiva, mas que o mesmo relacionou com quadro fibrose.
18
Van Brakel et al. (2005),
94
em estudo acompanhando pacientes casos novos
multibacilares por dois anos, relataram que espessamento e/ou dor nos nervos no
diagnóstico, estão associados com o aumento do risco de dano na função dos nervos, mas
esta associação não foi muito forte. Contudo, Van Veen et al. (2006),
89
considera que o
atraso no diagnóstico por si só não pode ser considerado como fator de risco para o
aparecimento das deficiências. É necessário compreender as características das populações,
as diferentes formas de classificação da hanseníase, o acesso e cobertura de cada serviço,
dentre outros.
Considerando a escassez de trabalhos que evoluem em longo prazo as lesões
nervosas de pacientes com hanseníase, realizou-se no presente estudo, avaliação de
pacientes que apresentam, após o início da PQT, tempo de evolução médio de 18 anos.
3 OBJETIVOS
19
3.1 Objetivo geral
Investigar a evolução das lesões nervosas em pacientes com hanseníase tratados há
mais de 18 anos com PQT.
3.2 Objetivos específicos
a) Comparar as alterações do exame neurológico simplificado no início do tratamento,
na alta e em janeiro de 2007 com o GI.
b) Identificar os pacientes com GI zero no início do tratamento da PQT, mas que já
apresentavam algum tipo de envolvimento neural (espessamento e/ou dor, alteração
da sensibilidade e/ou da força muscular) e comparar com a situação em janeiro de
2007.
c) Identificar os pacientes com GI zero na alta, mas que já apresentavam algum tipo
de envolvimento neural (espessamento e/ou dor, alteração da sensibilidade e/ou da
força muscular) e comparar com a situação em janeiro em 2007.
d) Identificar quais os fatores de risco que podem levar o paciente a desenvolver
alterações na função do nervo periférico após a alta.
e) Verificar se os pacientes souberam identificar algum problema com a função neural
após a alta, se procuraram algum serviço e se submeteram a um tratamento
adequado.
f) Avaliar a qualidade de vida atual desses pacientes.
20
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
Este é um estudo de coorte histórica que acompanha pacientes com diagnóstico de
hanseníase desde o início da PQT até a alta. Em janeiro de 2007, os mesmos fora
m
convidados para nova avaliação sendo então incldos neste estudo. O tempo médio do
acompanhamento foi de 18 anos, variando entre 14 a 20 anos.
4.1
Amostra
Participaram deste estudo 85 pacientes que iniciaram o tratamento com a PQT, no
p
eríodo de fevereiro de 1987 a maio de 1990, na Unidade Básica de Saúde (UBS) de
Citrolândia / Betim. A UBS de Citrolândia localiza-se próximo à Colônia Santa Izabel,
antigo “leprosário”, construído na por volta de 1930 pelo Estado com a finalidade de isolar
os pacientes. Em 1987 foi selecionada para a implantação da PQT, em caráter de “Projeto
Piloto” juntamente com mais 23 serviços nas demais Unidades da Federação.
Todos os pacientes realizaram o tratamento seguindo a rotina do serviço que
compreendia: avaliação médica, avaliação da enfermagem, prevenção de incapacidades
realizada pela fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional, consulta com assistente social e
p
sicólogo.
4.2 Métodos
4.2.1 Aspectos gerais da avaliação neurológica simplificada
No icio do tratamento, os pacientes, após a identificação, foram submetidos a um
a
avaliação neurológica simplificada das mãos e dos pés baseada no protocolo do Gillis W.
Long Hansen’s Disease Center (Carville, LA, USA). Constituiu-se de inspeção, palpação
do nervo, avaliação da sensibilidade e avaliação da força muscular.
95
21
Essa avaliação foi realizada em outros momentos, a saber: durante os episódios
reacionais, no momento de algumas doses e na alta, o que permitiu a monitoração da
função dos nervos e a comparação e detecção de possíveis alterações. Essas avaliações
foram registradas em um roteiro da unidade de saúde. Este roteiro (Anexo A) foi
posteriormente padronizado em todo o país para monitoramento neural do paciente com
hanseníase.
41,95
As avaliações iniciais foram realizadas por dois profissionais (terapeuta
ocupacional e fisioterapeuta) devidamente treinados e com experiência na realização dos
mesmos. As demais avaliações foram realizadas apenas pela terapeuta ocupacional
responsável por este trabalho.
0s 3 momentos das avaliações consideradas neste trabalho foram:
início, que corresponde à data da primeira dose da PQT;
alta, que corresponde à data do final do tratamento medicamentoso (28 dias após a
última dose);
janeiro de 2007.
Para todas as avaliações foi aceita a data com margem de 30 dias para antes e após o
início, a alta e janeiro de 2007. Com exceção da avaliação neurológica simplificada
realizada em janeiro de 2007, os demais dados referidos no presente estudo foram obtidos
no prontuário dos pacientes e/ou nas fichas de cadastro na unidade de saúde. Os dados
registrados foram transcritos para o protocolo empregado neste trabalho (Apêndices A e B)
e posteriormente, repassados para o banco de dados.
4.2.2 Seleção dos pacientes
Durante 2006, os pacientes foram convidados pelo pesquisador, através de
telefonema. Aos que não tinham telefone foi enviada uma carta através do agente de saúde
da unidade ou pelo correio, explicando o motivo do convite. Foram feitos até três convites
para cada paciente na tentativa de localizar o maior número possível. Os pacientes foram
22
avaliados na UBS Citrolândia, mesmo local onde foram tratados. A duração média da
avaliação foi de 60 minutos. Todos os pacientes que compareceram à unidade de saúde
receberam explicação do objetivo da pesquisa, sendo apresentado o termo de livre
consentimento que foi lido e devidamente assinado por cada paciente (Apêndice C).
4.2.3 Avaliação neurológica simplificada
4.2.3.1 Inspeção
Na inspeção geral, foram observados aspectos relacionados com a pele (presença de
ressecamento, calo, fissura e lesões abertas) e de deformidades (atrofias, presença de
garras, contraturas e reabsorções ósseas).
4.2.3.2 Palpação dos nervos (espessamento e/ou dor)
A lesão dos nervos em hanseníase ocorre nos troncos dos nervos periféricos e / ou
nos pequenos nervos cutâneos.
1,24
A palpação dos nervos periféricos foi realizada nos
troncos, perto da superfície da pele, onde a temperatura é em torno de dois graus menor
que nos segmentos em que o nervo está em contato com os músculos mais
profundamente.
96
Nesse estudo, os nervos cutâneos não foram avaliados. Foi registrada a
presença de espessamento e/ou dor dos nervos ulnar, mediano, radial (motor), radial
superficial, fibular profundo e tibial. A palpação do nervo ulnar foi realizada no cotovelo,
na goteira epitrocleana, e a do nervo mediano, no punho. O nervo radial foi palpado no
braço, dois dedos atrás da inserção do deltóide e o radial superficial, no punho, próximo ao
estilóide radial. A palpação do nervo fibular foi realizada na perna, dois dedos atrás e
abaixo da cabeça da fíbula e a do nervo tibial, no tornozelo, atrás e abaixo do maléolo
medial.
95
O padrão de dor considerado no presente trabalho foi aquele referido no local da
compressão, podendo ser espontânea e/ou provocada pela palpação do nervo.
4.2.3.3 Sensibilidade
23
A avaliação da sensibilidade foi realizada utilizando o kit de seis MSW fabricado
pela Northcoast, de náilon Dupont 612 com 38mm de comprimento e diâmetros diferentes.
Esse kit é composto por monofilamentos de 0,05g, 0,2g, 2,0g, 4,0g, 10,0g e 300g que
representam o logaritimo de 10 vezes a força, em miligramas, necessário para curvar o
filamento. É importante lembrar que, nas primeiras avaliações em 1987, o kit era composto
por cinco monofilamentos, não sendo utilizado o de 10,0g. A técnica foi descrita por
Bell.
97
Inicialmente demonstra-se o teste ao paciente em uma área de sensibilidade
preservada. A mão deve estar bem apoiada e o paciente com a visão ocluída. O filamento é
então aplicado perpendicularmente à pele e pressionado suavemente até se curvar,
exercendo uma força específica no local testado. Os filamentos mais finos (verde e azul)
devem ser aplicados até três vezes. Os demais devem ser tocados uma só vez. O paciente
deve informar se sente o filamento tocado. Começa-se o teste com o filamento verde. Caso
o paciente não reconheça o toque, passa-se para o filamento seguinte, no caso o azul e
assim sucessivamente até que o paciente reconheça. O registro é feito colorindo os pontos
ou territórios específicos de cada nervo no formulário da avaliação com a cor do primeiro
filamento percebido pelo paciente.
Nos membros superiores (MMSS) foram selecionados, em cada mão, sete pontos
para pesquisa da sensibilidade, sendo três no território do nervo ulnar, três no território do
nervo mediano e um no território do nervo radial superficial. Nos membros inferiores
(MMII) foram selecionados, em cada pé, 10 pontos, sendo nove no território do tibial e um
no território do fibular profundo (FIG.3). A pontuação recebida para cada nervo resulta
soma dos pontos de cada um dos territórios dentro de um mesmo trajeto de nervo. Na
análise, foram utilizados escores de zero a seis, sendo que cada filamento percebido
recebeu uma pontuação específica (FIG. 4).
24
Nas mãos, considera-se normal a percepção do monofilamento verde, enquanto que
nos pés, é considerado normal a percepção dos monofilamentos verde e azul. Foi
considerada alteração da sensibilidade a diminuição da percepção de um monofilamento
considerado normal em dois ou mais sítios do trajeto de cada nervo (ulnar, mediano e
tibial) ou de pelo menos dois ou mais monofilamentos em relação ao considerado normal
em apenas um sítio do trajeto de cada nervo.
50,53,54,63
Para o nervo radial superficial e
fibular profundo, foi seguido o mesmo parâmetro, porém considerando o único ponto
testado de cada um dos respectivos nervos.
Monofilamento percebido Escore
Não percepção de nenhum monofilamento (sem resposta) Zero
Magenta Um
Laranja Dois
Vermelho escuro Três
Lilás ou violeta Quatro
Azul Cinco
Verde Seis
FIGURA 4 - Escores dos monofilamentos de acordo com a avaliação da sensibilidade
FIGURA 3 -Territórios específicos (círculos) da avaliação da sensibilidade dos nervos radial, mediano, ulnar,
fibular profundo e tibial. No dorso da mão: território do nervo radial superficial. Na região palmar,
local de pesquisa do nervo mediano (I° e II° dedos) e ulnar (V° dedo e região hipotênar). No
dorso do pé, território do nervo fibular profundo. Na região plantar, os vários pontos de avaliação
da sensibilidade do nervo tibial.
25
4.2.3.4 Força muscular
Na avaliação da força muscular, foram selecionados movimentos representando a
função dos nervos ulnar, mediano e radial nos MMSS, e do nervo fibular profundo nos
MMII. Como função do nervo ulnar foi testada a abdução do quinto dedo. Como função
do nervo mediano foi testada a abdução do polegar e como função do nervo radial foi
testada a extensão do punho. Para o nervo fibular profundo foi testada a dorsoflexão do pé.
A força muscular é mensurada por meio do teste de resistência manual. A graduação da
resistência utilizou o sistema de 0 a 5, conforme descrito por Goodwin
83
e Medical
Research Counci, modificada
(FIG.5).
73,84
Foi considerada alteração da força muscular, a
diminuição da mesma em um ou mais graus de cada teste realizado em comparação à força
normal (FIG. 5)
GRAU DESCRIÇÃO
0 Sem movimento voluntário
1 Contração muscular sem movimento
2 Realiza o movimento parcial
3 Realiza o movimento completo contra a gravidade
4 Realiza o movimento completo contra a gravidade com resistência manual parcial
5 Realiza o movimento completo contra a gravidade com resistência manual máxima
Fonte: Avaliação Neurológica Simplificada 1997, American Leprosy Mission (ALM)
FIGURA 5 - Escala de interpretação do teste muscular
O GI é um indicador epidemiológico preenchido obrigatoriamente no momento do
diagnóstico e na alta do paciente. Demonstra a precocidade do diagnóstico e ainda a
situação do paciente no momento da alta. Contudo, não fornece informações sobre a
evolução daquele paciente durante o tratamento.
Atualmente no Brasil, o paciente tem o GI classificado de acordo com os resultados
da avaliação neurológica, podendo ser classificado em 0, 1 e 2.
41
Neste estudo, o GI
utilizado foi apenas o das mãos e dos pés (FIG. 6).
26
Grau Característica
0 Quando não há incapacidade devido à hanseníase (não há comprometimento neural nas mãos e
nos pés)
1 Quando há incapacidade (diminuição ou perda da sensibilidade protetora nas mãos e nos pés)*
2 Quando há incapacidade e deformidade visíveis (lesões tróficas e/ou traumáticas, garras,
reabsorção óssea, “mão ou pé caídos” ou contraturas articulares nas mãos e nos pés).
*perda da sensibilidade protetora: não percepção do filamento lilás (2,0g). Fonte: (BRASIL, 2002 - adaptado)
FIGURA 6
- Classificação do grau de incapacidade dos pacientes com hanseníase
Foram aplicadas as escalas SF-36 que avalia a qualidade de vida em saúde,
graduada de 0 à 100, a Escala de Participação que mede a gravidade das restrições à
participação em atividades diversas, graduada de 0 à 72, o Inventário de Depressão de
Beck (BDI) para avaliar sintomas depressivos graduado de 0 à 63 e o questionário CAGE,
graduado de 0 à 4, para triagem de alcoolismo de acordo com os critérios padronizados
para cada um (Anexos B,C, D e E).
4.3 Análise estatística
4.3.1 Variáveis do estudo
As variáveis explicativas estão apresentadas no quadro 1.
Na coleta dos dados registraram-se perdas de informações que foram consideradas
como missing. Essas perdas foram ocasionadas ou por impossibilidade em coletar a
informação ou ainda por desconhecimento da mesma. Sendo assim, as análises estatísticas
vão utilizar tamanhos diferentes de amostras. Contudo, nenhuma variável estudada
precisou ser descartada por não ter havido significância entre as diferenças das análises
4.3.2 Análise descritiva
Na análise descritiva, foram construídas tabelas de distribuição de freqüências e
calculadas as proporções para as variáveis categóricas. Para as variáveis numéricas foram
utilizadas a mediana e a média como medida de tendências central, os quartis como medida
de posição e o máximo, mínimo e desvio-padrão como variabilidade. A mediana foi a
27
medida utilizada devido ao caráter assimétrico das variáveis analisadas. Foram construídos
gráficos de barras para ilustrar a distribuição de algumas variáveis.
QUADRO 1
Relação das variáveis do banco de dados
Variável Tipo Descrição
Sexo Categórica Feminino e masculino
ESTADO CIVIL
Categórica Solteiro, casado, viúvo e outros
Procedência Categórica Betim, outros municípios e outros estados
Escolaridade Categórica Analfabeto, primário incompleto, primário completo,
primeiro grau e segundo grau
PROFISSÃO
Categórica De acordo com Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO, 2004)
Religião Categórica Católica, evangélica, outras e sem religião
Consumo de álccol Categórica Sim e não
Classificação de Madri Categórica Indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana
Classificação operacional Categórica PB e MP
Índice baciloscópico Numérica Escala logarítmica de Ridley (varia de 0 a 6)
Tratamento anterior a PQT
Categórica Sim, não
Abandono de tratamento PQT Categórica Sim, não
Situação em janeiro de 2007 Categórica Tratamento, alta, abandono e óbito
Reação durante tratamento Categórica Sim e não
Reação após alta Categórica Sim e não
Reação no período de janeiro 2006 a
janeiro 2007
Categórica Sim e não
Número de doses PQT Numérica Varia de 1 a 62
Idade no diagnóstico de hanseníase Numérica Idade em anos
Tempo diagnóstico e início de PQT Numérica Tempo em meses
Tempo alta e primeira reação Numérica Tempo em meses
Número de nervos com espessamento
e/ou dor
Numérica Varia de 0 a 12
Número de nervos espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
da força muscular
Numérica Varia de 0 a 12
Palpação dos nervos (espessamento
e/ou dor
Categórica Sim e não
Sensibilidade radial superficial e
fibular profundo
Numérica Varia de 0 a 6
Soma pontos sensibilidade MMSS Numérica Varia de 0 a 18
Soma pontos sensibilidade MMII Numérica Varia de 0 a 54
Força muscular Numérica Varia de 0 a 5
Alteração da sensibilidade Categórica Sim e não
Alteração da força muscular Categórica Sim e não
Alteração pele ou nervos ou
sensibilidade ou força muscular
Categórica Sim e não
Grau de incapacidades mão e pé Categórica Zero, um e dois (BRASIL, 2001a; BRASIL 2001b)
Deformidade Categórica Sim e não
Alteração nos MMSS e MMII Categórica Sim e não
CAGE Numérica Varia de 0 a 4
BDI Numérica Varia de 0 a 63
Escala de Participação Numérica Varia de 0 a 72
SF-36 Numérica Varia de 0 a 100
28
4.3.3 Comparação das perdas
Foi realizada a comparação dos indivíduos que tiveram a avaliação atual (janeiro de
2007) e os que não tiveram, para avaliar se os grupos eram diferentes. Nessa análise foi
utilizado o teste de qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher.
4.3.4 Análises das comparações nos três momentos
Realizaram-se comparações das avaliações em três momentos diferentes: início da
PQT, na alta e em janeiro de 2007.
Foram avaliados os seguintes itens: alteração da pele e deformidades, alterações dos
nervos (espessamento e/ou dor), da sensibilidade, da força muscular e GI. As análises
foram realizadas separadamente para os MMSS e para os MMII.
Para comparação de proporções (variáveis categóricas nominais) nos três
momentos diferentes, realizou-se o teste de Cochran. Nas comparações múltiplas, foi
utilizado o teste de Mc Nemar.
Para comparação das variáveis categóricas ordinais, foi utilizado o teste de Kendall
quando analisados os três momentos e o teste de Homogeneidade Marginal nas
comparações múltiplas.
Para comparação das variáveis numéricas, foi utilizado o teste de Friedman quando
analisados os três momentos e o teste de Wilcoxon nas comparações múltiplas.
Em todas as comparações múltiplas foi realizada a correção de Bonferroni.
Foi feita a comparação da religião e consumo de álcool dos pacientes no início do
tratamento da PQT e em janeiro de 2007 por meio do teste de McNemar.
4.3.5 Análise univariada
29
Realizou-se análise univariada nos MMSS e MMII separadamente para detecção
das associações significativas, relacionadas à piora da função dos nervos, fazendo-se a
triagem das variáveis explicativas para construção dos modelos da análise múltipla por
meio da regressão logística e árvore de decisão.
As análises foram realizadas considerando dois grupos de variáveis. O primeiro
grupo de variáveis ocorreu no curso do tratamento, entre o início da PQT e a época da alta.
São elas: sexo, classificação de Madri, classificação operacional, índice baciloscópico no
início PQT, tratamento anterior a PQT, abandono de tratamento de PQT, número de doses
de PQT, idade ao diagnóstico de hanseníase, tempo do diagnóstico e início da PQT, reação
durante o tratamento, número de nervos com espessamento e/ou dor no início, número de
nervos com envolvimento neural (nervos e/ou sensibilidade e/ou força muscular) no início,
alteração da força muscular no início, alteração da sensibilidade no início e grau de
incapacidade nas mãos e nos pés no início.
O segundo grupo ocorreu no período pós-tratamento, entre a alta e janeiro de 2007.
As variáveis são as seguintes: tempo da primeira reação após a alta, número de nervos com
espessamento e/ou dor na alta, número de nervos com envolvimento neural na alta,
alteração da força muscular na alta, alteração da sensibilidade na alta, reação após a alta,
reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, relato de alteração nos MMSS e
nos MMII e grau de incapacidade nas mãos e nos pés na alta.
FIGURA 7 - Esquema dos três momentos das avaliações da função dos nervos periféricos e
das fases entre os mesmos.
ALTA JAN/2007 INÍCIO
Tratamento
PQT
Pós tratamento P
Q
T
30
De acordo com o esquema da figura 7, cada análise foi realizada com as variáveis
respostas da seguinte forma:
1. piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em relação ao início da PQT,
comparando com as variáveis explicativas da fase de tratamento com PQT
2. piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em relação ao início da PQT,
comparando com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento com PQT
3. piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em relação à alta da PQT,
comparando com as variáveis explicativas da fase do tratamento com PQT
4. piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em relação à alta da PQT,
comparando com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento com PQT
Os critérios de piora foram:
40,53
a. presença de um ou mais nervos com espessamento e/ou dor que não existia
no início ou na alta, e /ou
b. piora de um monofilamento em dois ou mais sítios do território de cada
nervo ou de pelo menos dois ou mais monofilamentos em apenas um sítio
de cada nervo, e/ou
c. diminuição da força muscular em um ou mais graus de cada teste realizado.
Para verificar a existência de associação entre as variáveis qualitativas e a piora na
função dos nervos, foram utilizados os testes de qui-quadrado de Pearson e o teste exato de
Fisher. Para as variáveis contínuas foi utilizado o teste de Mann-Whitney
Foram calculadas as razões de chance, odds ratio (OR), pelas proporções amostrais
para as variáveis categóricas, e pelo modelo de regressão logística binária univariada para
as variáveis numéricas. Também foram estimados os intervalos de confiança (IC 95%).
31
4.3.6 ANÁLISE MÚLTIPLA
Para a realização da análise múltipla, inicialmente foi feito o modelo de regressão
logística binária. Devido a alguns problemas numéricos na análise univariada, como
freqüências nulas ou esparsas em algumas variáveis e a multicolinearidade, e no ajuste do
modelo de regressão logística, a análise também foi realizada pela árvore de decisão. A
multicolinearidade foi observada entre algumas variáveis. Essas variáveis explicativas
estavam relacionadas entre si em tal grau que continham essencialmente a mesma
informação sobre a variação observada na variável resposta.
98
A presença de freqüências
nulas e de intervalos de confiança amplos está relacionada com o tamanho da amostra.
4.3.6.1 Regressão logística binária
O modelo de regressão logística binária é um método tradicional de análise cujo
objetivo é identificar fatores de risco associados com a variável resposta.
99
Permite a
estimativa da probabilidade de ocorrência do evento de interesse na presença de
determinados fatores de risco.
100
Para a construção dos modelos foram consideradas todas
as variáveis explicativas que apresentaram valor de p menor ou igual a 0,25 na análise
univariada.
Os modelos logísticos foram ajustados eliminando-se as variáveis uma de cada vez, de
acordo com o valor de p. Para permanecer no modelo final, o valor de p aceito foi menor
ou igual a 0,05 de acordo com o teste de Wald. Foi utilizado o teste de Hosmer e
Lemeshow para verificação do ajuste dos modelos.
99
Foram estimadas as razões de chance, odds ratio (OR), baseando-se nas equações
dos modelos logísticos finais.
4.3.6.2 Árvore de decisão
32
A árvore de decisão é uma técnica alternativa e complementar. Neste trabalho, a
análise foi realizada utilizando-se o algoritmo de CART (Classification and Regression
Trees – Árvores de Classificação e Regressão) que é um método não paramétrico, menos
parcimonioso que a regressão logística, porém, por ser mais descritiva, é de mais fácil
compreensão.
O CART identifica as variáveis discriminadoras por meio de busca exaustiva de todas
as possibilidades, mesmo na presença de muitas variáveis.
101
Esse método não descarta os
pacientes com variáveis explicativas sem informação, os missing, mas considera como
grupos de análise as observações ausentes.
100
Problemas, como presença de freqüências nulas ou esparsas em algumas variáveis,
impedindo o cálculo da OR e gerando intervalos de confiança amplos, bem como a
multicolinearidade das variáveis não causam problemas numéricos nesse tipo de análise.
Na árvore de decisão, os modelos são ajustados através de divisões binárias
sucessivas do conjunto de dados com o objetivo de tornar os subconjuntos cada vez mais
homogêneos em relação à variável resposta.
Foi considerado como critério de parada o valor da medida improvement maior ou
igual a 0,01. O ajuste do modelo final foi avaliado por meio da estimativa de risco de
classificação incorreta.
4.3.7 Softwares para análises estatísticas
Os dados originais foram digitados no Epi-Data versão 3.1 e Epi-info versão 3.2.2.
Utilizaram-se os pacotes estatísticos SPSS 12.0 e Answer Tree 3.0 para análise dos
dados.
4.4 Considerações éticas
33
Este estudo utilizou banco de dados, sem identificação dos indivíduos e sem riscos
para os mesmos. A todos os pacientes foi entregue o termo de consentimento livre e
esclarecido para leitura e assinatura, caso concordassem em participar (Anexo D). Apenas
um paciente, após a leitura do mesmo, negou-se a participar da pesquisa. Esta pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG (ETIC nº 314/06).
4.5 Pesquisa bibliográfica e redação do estudo
Para a revisão da literatura utilizou-se a base de dados LILACS / MEDILINE /
PUBMED, além de sítios do MS e OMS. As palavras chaves utilizadas foram: leprosy,
disability, nerve function impairment, peripheral nerve, peripheral nerve assessment,
neurite, release from treatment, after treatment, sensory testing, voluntary muscle test e
nerve palpation. Empregou-se, no presente trabalho, o Estilo de Vancouver e as referências
estão numeradas de acordo com a ordem de aparecimento no texto.
34
5 RESULTADOS
O estudo contou com 85 pacientes que iniciaram o tratamento com a PQT no
período de fevereiro de 1987 a maio de 1990. No momento da coleta dos dados, em janeiro
de 2007, a situação era a seguinte: 63 pacientes com alta da PQT, um abandono, sete óbitos
(sendo que dois chegaram a receber alta, três não completaram a PQT e dois com situação
desconhecida) e 14 sem informações. Nesta data foram reavaliados 49 pacientes. Devido
ao fato de os dados terem sido colhidos nos prontuários, houve perdas de informações que
foram consideradas como missing, o que trouxe tamanhos diferentes (n) de amostra a cada
análise.
5.1 Análise descritiva e exploratória dos dados
De acordo com a TAB. 1, a maioria dos pacientes era do sexo masculino (62,4%),
casados (55,3%) e residentes em Betim (81%).
TABELA 1
Distribuição de freqüências das características gerais dos 85 pacientes que iniciaram o tratamento da
poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro
de 1987 a maio de 1990
Características Freqüência Percentual
Sexo (n=85)
Feminino 32 37,6
Masculino 53 62,4
Estado Civil (n=47)
Solteiro 10 21,3
Casado 26 55,3
Viúvo 6 12,8
Outros 5 10,6
Procedência (n=58)
Betim 47 81,0
Outros municípios 10 17,2
Outros estados 1 1,7
Escolaridade (n=50)
Analfabeto 11 22,0
Primário incompleto 12 24,0
Primário completo 18 36,0
Primeiro grau 4 8
Segundo grau 5 10,0
Profissão (n=48)
Aposentado 23 47,9
Serviços, vendedores comércio 19 39,6
Do lar 6 12,5
35
Quanto à escolaridade, 46% eram analfabetos ou tinham o primeiro grau
incompleto e 47,9% eram aposentados devido ao diagnóstico de hanseníase.
Com relação à classificação operacional (TAB. 2), 89,5% dos pacientes eram
multibacilares, dos quais 54,7% com baciloscopia positiva no momento do diagnóstico.
TABELA 2
Distribuição de freqüências das características clínicas dos 85 pacientes que iniciaram o tratamento da
poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro
de 1987 a maio de 1990
Características Freqüência Percentual
Classificação de Madri (n=85)
Indeterminada 3 3,5
Tuberculóide 6 7,1
Dimorfa 19 22,4
Virchowiana 57 67,1
Classificação operacional (n=85)
Paucibacilar 9 10,5
Multibacilar 76 89,5
Baciloscopia (n=64)
Positiva 35 54,7
Negativa 29 45,3
Tratamento anterior à PQT (n=81)
Sim 51 63,0
Não 30 37,0
Abandono de tratamento PQT (n=75)
Sim 28 37,3
Não 47 62,7
Grau de incapacidade (GI) mãos e pés no
início do tratamento (n=83)
0 28 33,7
1 32 38,6
2 23 27,7
Reação durante tratamento (n=49)
Sim 29 59,2
Não 20 40,8
Reação após alta (n=49)
Sim 13 26,5
Não 36 73,5
Reação no período de janeiro 2006 a
janeiro 2007 (n=49)
Sim 5 10,2
Não 44 89,8
Situação em janeiro de 2007 (n=71)
Alta 63 88,7
Abandono 1 1,4
Óbito
7 9,9
Quanto ao abandono do tratamento de PQT, dentre 81 pacientes com esta
informação, 37,3% tiveram pelo menos um abandono durante o tratamento, ficando
36
ausentes da Unidade de Saúde por pelo menos 12 meses. Destes, 19 (67,9%) conseguiram
retornar e completar o tratamento.
De acordo com a presença de reação durante o tratamento com PQT, dos 49
pacientes avaliados em janeiro de 2007, 59,2% haviam tido pelo menos um episódio
reacional. Já com relação à reação após a alta, dentre os 49 pacientes, 13 (26,5%) relataram
reação nos três primeiros anos. Cinco pacientes (10,2%) relataram reação no período de
janeiro de 2006 a janeiro de 2007. Destes cinco pacientes, apenas um não relatou reação
nos três primeiros anos. A proporção dos pacientes com GI no início foi de 33,7% com
grau zero, 38,6% com grau 1 e 27,7% com grau 2.
A média de idade (TAB. 3) no momento do diagnóstico da hanseníase foi de 28,9
13,8 anos com variação entre nove e 60 anos. O tempo entre o diagnóstico e o início da
PQT variou de zero a 380 meses com média de 62 82,5 meses e mediana de 33,7 meses.
O número de doses apresentou média de 23,5 14,2 doses e mediana de 24 doses e
a média do BAAR foi de 0,9 1,2 com mínimo de zero e máximo de quatro. Vê-se ainda
que o tempo entre a alta e o aparecimento do 1º episódio de reação apresentou média de
36,3 57,0 meses e mediana de 3,5 meses. O menor intervalo foi de um mês e o maior de
156 meses.
TABELA 3
Estatística descritiva das características numéricas da amostra dos 85 pacientes que iniciaram o tratamento da
poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro
de 1987 a maio de 1990
5.2 Comparação dos grupos
Características Mínimo Máxim
o
Média Desvio-
padrão
Mediana
Índice baciloscópico
0 4,0 0,9 1,2 0
Número de doses PQT
1,0 62,0 23,5 14,3 24,0
Idade no diagnóstico de hanseníase
8,6 60,4 28,9 13,8 25,0
Tempo diagnóstico e início de PQT (meses)
0 380,0 62,0 82,5 33,7
Tempo alta e primeira reação (meses)
1,0 156,0 36,3 57,0 3,5
37
A comparação entre o grupo de pacientes que compareceu (n=49) e o grupo
constituído pelos pacientes que não compareceu (n=36) à avaliação em janeiro de 2007 foi
realizada para se determinar se havia semelhança ou diferença estatística entre os mesmos.
Comparando-se esses dois grupos (TAB. 4), observa-se que são estatisticamente
semelhantes. Foi realizada a mesma comparação retirando os sete óbitos e a análise
permaneceu a mesma.
Interessantemente, o único fator que diferenciou os dois grupos foi o abandono de
tratamento da PQT. No grupo que não compareceu para a avaliação, o abandono foi de
54% enquanto no grupo que compareceu, o abandono foi de 28% (p=0,03).
TABELA 4
Comparação entre o grupo de pacientes que compareceu (n=49) e o grupo que não compareceu (n=36) à
avaliação em janeiro de 2007
Características
Perda
Valor-p
Sim Não
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo entre o diagnóstico e início PQT
55,7 (± 74,1)
29,1
66,5 (± 88,5)
38,7
0,92*
Número de doses
20,4 (±15,6)
16,0
25,7 (± 13,0)
25,0
0,09*
Índice baciloscópico no diagnóstico
0,9 (±1,2)
0
0,9 (±1,2)
0
0,78*
Idade no diagnóstico
30,5 (±16,3)
26,0
27,8 (±11,8)
25,0
0,79*
n (%) n (%)
Abandono PQT
Sim 15 (54,0%) 13 (28,0%)
0,03**
Não 13 (46,0%) 34 (72,0%)
Sexo
Feminino 12 (33,3%) 20 (40,8%)
0,48**
Masculino 24 (66,7%) 29 (59,2%)
Tratamento anterior a PQT
Sim 23 (71,9%) 28 (57,1%)
0,18**
Não 9 (28,1%) 21 (42,9%)
*Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson
5.3 Comparação das avaliações entre os três momentos
Uma vez realizada a comparação entre os dois grupos e determinada a semelhança
entre os mesmos, realizou-se a análise comparando tanto a avaliação neurológica
simplificada quanto o GI nos três momentos distintos: início do tratamento da PQT (85
38
pacientes), na alta (64 pacientes) e em janeiro de 2007 (49 pacientes). Em algumas
análises, o valor da amostra difere devido às perdas ou inexistência de informações.
Contudo, mesmo com essas perdas, as análises se mantiveram estatisticamente
significativas. Cabe ressaltar que, nas comparações entre a alta e janeiro de 2007, o
tamanho da amostra foi de 45 pacientes, visto que quatro não apresentavam a avaliação
neurológica simplificada e nem o GI no momento da alta.
Com relação à avaliação neurológica simplificada foram avaliadas as alterações da
pele, alteração dos nervos periféricos (espessamento e/ou dor), sensibilidade, força
muscular e presença de deformidades.
Todas as análises foram realizadas separadamente para os MMSS e para os MMII
por terem sido observadas diferenças nas mesmas.
5.3.1 Alterações da pele
Foram consideradas como alterações da pele a presença de ressecamento, calos,
fissuras e lesões abertas. Nas comparações entre os três momentos, segundo o teste de
Cochran, as proporções não foram estatisticamente significativas nos MMSS tanto no
MSD(p=0,15) quanto no MSE (p=0,22). Já nos MMII as proporções foram
estatisticamente significativas: MID (p<0,01) e MIE (p=0,05).
TABELA 5
Comparação das alterações de pele nos membros inferiores entre o início e alta da poliquimioterapia
Alteração pele membro
inferior
Alta (n=63)
Valor-p*
Sim Não
Início (n=63)
Direito
Sim 17 20
<0,01
45,9% 54,1%
Não 3 23
11,5% 88,5%
Esquerdo
Sim 17 18
<0,01
48,6% 51,4%
Não 4 24
14,3% 85,7%
*Teste Mc-Nemar
39
Nas comparações múltiplas (TAB 5 e 6), observa-se melhora de 54,1% no MID
entre o início e a alta (p<0,01) e de 48,4% entre o início e janeiro de 2007 (p=0,02).
Entre o início e a alta também houve uma melhora de 51,4% no MIE (p<0,01) mas entre o
início e janeiro de 2007, as proporções não foram estatisticamente significativas. Nas
comparações entre a alta e janeiro de 2007, tanto no MID quanto no MIE, o valor de p não
foi estatisticamente significativo.
TABELA 6
Comparação das alterações de pele nos membros inferiores entre a alta da poliquimioterapia e janeiro
de 2007
Alteração pele membro
inferior
Janeiro 2007
(n=49)
Valor-p*
Sim Não
Início (n=49)
Direito
Sim 16 15
0,02
51,6% 48,4%
Não 4 14
22,2% 77,8%
Esquerdo
Sim 20 9
0,07
69,0% 31,0%
Não 2 18
10,0% 90,0%
* Teste Mc-Nemar
5.3.2 Alterações dos nervos (espessamento e/ou dor espontânea ou à palpação)
Nesta análise (TAB. 7), a comparação entre a presença ou não de espessamento
e/ou dor foi realizada para os MMSS e para os MMII, não tendo sido realizado o estudo de
cada nervo separadamente. Nas comparações entre os três momentos, utilizando o teste de
Cochran, as proporções entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor) tanto para
os MMSS quanto para os MMII foram estatisticamente significativas ( p< 0,01).
Observa-se que, na comparação do MSD entre o início do tratamento e a alta (TAB.
7), houve uma piora de 81,8% (p=0,01) com o aumento de pacientes com alterações nos
nervos (dor e/ou espessamento) anteriormente normais e no MSE uma piora de 55,6% com
p de 0,02. Na comparação entre o início e janeiro de 2007 (TAB. 8), registrou-se uma piora
de 88,9% (p<0,01) no MSD e de 95,7% (p<0,01) no MSE. Comparando-se as proporções
40
entre a alta e janeiro 2007 (TAB. 9) nos MMSS, houve piora de 100% no MSD (p=0,02) e
também de 100% (p=0,02) no MSE.
TABELA 7
Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor espontânea ou à palpação) nos membros
superiores e inferiores, entre início e a alta da poliquimioterapia
Alterações dos nervos
Alta (n=64)
Valor-p*
Sim Não
Início (n=64)
MMSS
Direito
Sim 37 5
0,01
88,1% 11,9%
Não 18 4
81,8% 18,2%
Esquerdo
Sim 33 4
0,02
89,2% 10,8%
Não 15 12
55,6% 44,4%
MMII
Direito
Sim 34 8 0,08
81,0% 19,0%
Não 18 4
81,8% 18,2%
Esquerdo
Sim 28 7
0,03
80,0% 20,0%
Não 19 10
65,5% 34,5%
*Teste Mc-Nemar
Comparando os MMII (TAB. 7), não houve diferença significativa entre o início e a
alta (p=0,08) no MID. Já no MIE houve piora de 65,5% (p=0,03). . Na comparação entre o
início e janeiro de 2007 (TAB. 8) a piora foi de 93,8% (p<0,01) no MID e de 100% no
MIE (p<0,01).
Comparando-se as proporções entre a alta e janeiro 2007 (TAB. 9) nos
MMII, a proporção do comprometimento dos nervos entre a alta e janeiro 2007 no MID
não foi estatisticamente significativa apesar de ter havido uma piora de 80%. No MIE a
piora foi de 91,7% e p menor que 0,01.
41
TABELA 8
Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor espontânea ou à palpação) nos membros
superiores e inferiores, entre início da poliquimioterapia e janeiro de 2007
Alterações dos nervos
Janeiro 2007
(n=49)
Valor-p*
Sim Não
Início (n=49)
MMSS
Direito
Sim 30 1
<0,01
96,8% 3,2%
Não 16 2
88,9% 11,1%
Esquerdo
Sim 24 2
<0,01
92,3% 7,7%
Não 22 1
95,7% 4,3%
MMII
Direito
Sim 31 2
<0,01
93,9% 6,1%
Não 15 1
93,8% 6,3%
Esquerdo
Sim 27 1
<0,01
96,4% 3,6%
Não 21 0
100,0% ,0%
*Teste Mc-Nemar
TABELA 9
Comparação entre as alterações dos nervos (espessamento e/ou dor espontânea ou à palpação) nos membros
superiores e inferiores, entre a alta da poliquimioterapia e janeiro de 2007
Alterações dos nervos
Janeiro 2007
(n=45)
Valor-p*
Sim Não
Alta (n=45)
MMSS
Direito
Sim 38 2
0,02
95,0% 5,0%
Não 5 0
100,0% 0%
Esquerdo
Sim 32 2
0,02
94,1% 5,9%
Não 11 0
100,0% 0%
MMII
Direito
Sim 34 1
0,04
97,1% 2,9%
Não 8 2
80,0% 20,0%
Esquerdo
Sim 33 0
<0,01
100,0% 0%
Não 11 1
91,7% 8,3%
*Teste Mc-Nemar
42
5.3.3 Alterações da sensibilidade
Na análise da sensibilidade dos nervos ulnar, mediano e tibial, como mais de um
ponto foi avaliado em cada nervo, utilizou-se a soma dos escores de cada monofilamento
no trajeto de cada nervo (FIG. 3 e 4). Sendo assim, o nervo ulnar e o nervo mediano
somaram os escores dos três locais avaliados, podendo totalizar, cada um, o máximo de 18
pontos.
TABELA 10
Comparação das somas dos pontos da avaliação da sensibilidade, de acordo com o
escore de cada
monofilamento, dos nervos ulnar, mediano e tibial no início da poliquimioterapia, na alta e janeiro de 2007
Início
n=83
Alta
n=64
Janeiro 2007
n=48
Nervo ulnar direito (18 pontos)*
Média 12,8 15,3 16,1
Mediana 15,0 18,0 18,0
Desvio-padrão 5,8 4,8 4,4
Mínimo 0 0 0
Máximo 18,0 18,0 18,0
Nervo ulnar esquerdo (18 pontos)*
Média 13,1 15,5 16,4
Mediana 16,0 18,0 18,0
Desvio-padrão 5,8 4,3 3,6
Mínimo 0 0 0
Máximo 18,0 18,0 18,0
Nervo mediano direito (18 pontos)*
Média 15,5 16,8 17,4
Mediana 17,0 18,0 18,0
Desvio-padrão 4,1 3,3 2,7
Mínimo 0 0 0
Máximo 18 18 18
Nervo mediano esquerdo (18 pontos)*
Média 15,4 16,9 17,5
Mediana 17,0 18,0 18,0
Desvio-padrão 4,7 3,4 2,7
Mínimo 0 0 0
Máximo 18 18 18
Nervo tibial direito (54 pontos)*
Média 26,8 34,1 40,8
Mediana 34,0 39,5 46,5
Desvio-padrão 15,9 15,9 15,5
Mínimo 0 0 0
Máximo 54 54 54
Nervo tibial esquerdo (54 pontos)*
Média 27,2 33,5 40,0
Mediana 33,0 37,0 45,5
Desvio-padrão 15,3 15,2 14,7
Mínimo 0 0 0
Máximo 54 53 54
*Valor-p Teste de Friedman < 0,01
43
Para o nervo tibial, foram somados os escores dos nove locais avaliados, totalizando o
máximo de 54 pontos. Na análise dos nervos radial superficial e fibular profundo, foi
utilizado o escore do local avaliado, totalizando, no máximo, seis pontos para cada nervo.
Nas TAB. 10 e 11 podem-se observar os valores das médias, desvio padrão e
medianas dos vários nervos estudados em cada momento específico: início, alta e janeiro
de 2007.
TABELA 11
Comparação da avaliação da sensibilidade do nervo radial superficial e do nervo fibular profundo, no início
da poliquimioterapia, na alta e janeiro 2007
Início Alta Janeiro 2007
Nervo radial superficial direito (6
pontos)*
n=83 n=63 n=49
Média 4,2 5,2 5,2
Mediana 5,0 6,0 6,0
Desvio-padrão 2,0 1,6 1,7
Mínimo 0 0 0
Máximo 6 6 6
Nervo radial superficial esquerdo
(6 pontos)*
n=78 n=64 N=49
Média 4,2 5,1 5,3
Mediana 5,0 6,0 6,0
Desvio-padrão 2,1 1,8 1,5
Mínimo 0 0 0
Máximo 6 6 6
Nervo fibular profundo direito (6
pontos)*
n=80 n=64 N=49
Média 2,8 3,9 4,5
Mediana 4,0 5,0 5,0
Desvio-padrão 2,1 2,0 2,0
Mínimo 0 0 0
Máximo 6 6 6
Nervo fibular profundo esquerdo
(6 pontos)*
n=79 n=63 N=49
Média 3,1 3,9 4,5
Mediana 4,0 5,0 5,0
Desvio-padrão 2,1 2,0 2,0
Mínimo 0 0 0
Máximo 6 6 6
*Valor-p Teste de Friedman < 0,01
Na comparação entre os três momentos, de acordo com o teste de Friedman, houve
diferença significativa para os nervos ulnar, mediano e tibial (p<0,01). De acordo com a
TAB. 12 observa-se que, em todos os nervos, as comparações foram estatisticamente
44
significativas, com exceção da comparação entre a alta da PQT e a avaliação de janeiro de
2007 nos nervos ulnar e mediano esquerdo. Apenas no nervo mediano direito, entre o
início e a alta da PQT, houve piora na sensibilidade. Em todas as demais comparações
houve melhora.
TABELA 12
Resultados dos testes de comparação múltipla para somas dos pontos da avaliação da sensibilidade, de acordo
com o
escore de cada monofilamento, dos nervos ulnar, mediano e tibial
(n = 48) Mediana Valor-p Wilcoxon
Nervo ulnar direito
Início / Alta 15,0 / 18,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 15,0 / 18,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 18,0 / 18,0
<0,01*
Nervo ulnar esquerdo
Início / Alta 15,0 / 18,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 15,0 / 18,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 18,0 / 18,0 0,18
Nervo mediano direito
Início / Alta 17,0 / 12,5
<0,01
Início / Janeiro 2007 17,0 / 18,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 12,5 / 18,0
0,01
Nervo mediano esquerdo
Início / Alta 17,0 / 18,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 17,0 / 18,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 18,0 / 18,0 0,07
Nervo tibial direito
Início / Alta 33,0 / 40,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 33,0 / 47,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 40,0 / 47,0
<0,01
Nervo tibial esquerdo
Início / Alta 32,0 / 39,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 32,0 / 46,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 39,0 / 46,0
<0,01
*1º quartil alta = 15 e 1º quartil hoje = 18
Na comparação entre os três momentos houve diferença significativa para os nervos
radial superficial e fibular profundo (p<0,01). Tanto no nervo radial superficial quanto no
fibular profundo (TAB. 13), as comparações foram estatisticamente significativas com
exceção da comparação entre a alta e janeiro de 2007 do nervo radial superficial direito e
esquerdo. Houve melhora da sensibilidade em todas as comparações.
45
TABELA 13
Resultados dos testes de comparação múltipla para avaliação da sensibilidade do nervo radial superficial e
fibular profundo
(n = 49) Mediana Valor-p Wilcoxon
Nervo radial superficial direito
Início / Alta 5,0 / 6,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 5,0 / 6,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 6,0 / 6,0 <0,26
Nervo radial superficial esquerdo
Início / Alta 4,0 / 6,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 4,0 / 6,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 6,0 / 6,0 0,07
Nervo fibular profundo direito
Início / Alta 4,0 / 5,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 4,0 / 5,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 5,0 / 5,0
<0,01*
Nero fibular profundo esquerdo
Início / Alta 4,0 / 4,0
<0,01
Início / Janeiro 2007 4,0 / 5,0
<0,01
Alta / Janeiro 2007 4,0 / 5,0
0,01
*1º quartil alta = 3 e 1º quartil hoje=4
5.3.4 Alterações da força muscular
Na comparação entre os três momentos, de acordo com o teste de Friedman, houve
diferença significativa para os todos os músculos avaliados (p<0,01). Na avaliação da força
muscular (FIG. 8), apenas no abdutor do 5º dedo à direita as comparações entre o início e a
alta e entre o início e janeiro de 2007 apresentaram diferença significativa (p < 0,01). Não
houve diferença na força muscular dos outros músculos avaliados.
De acordo com os dados, houve piora da força do abdutor do 5º dedo à direita na
alta comparando com o início (p=0,01) e também em janeiro de 2007 comparando com o
início (p=0,01). Entretanto, comparando a alta e janeiro de 2007, não houve diferença
significativa (p=0,74). Isso pode ser observado pelo gráfico acima.
46
Grau de força – abdutor V° dedo D
Figura 8 - Gráfico de barras da distribuição da graduação da força muscular do abdutor do quinto dedo
direito no início da PQT, na alta e em janeiro de 2007.
5.3.5 Deformidades
A proporção de deformidades encontradas tanto nos MMSS quanto nos MMII não
foram estatisticamente significativas em nenhuma das comparações.
5.3.6 Grau de incapacidade
As comparações entre o GI (TAB. 14, 15 e 16) foram realizadas com as mãos, com
os pés e com ambos.
Na comparação entre os três momentos, utilizando-se o teste de Kendall, pode-se
observar que nas mãos não houve diferença significativa. Já nos pés e nas comparações das
mãos e pés conjuntamente, as proporções foram estatisticamente significativas (p<0,01).
Nos pés, na comparação entre o início e a alta (TAB. 14), houve melhora de 12
pacientes (41,4%), do GI 1 para GI zero e de quatro pacientes (30,8%) do GI 2 para os GI
zero e 1 ( p<0,01). Na comparação do GI dos pés entre o início e janeiro de 2007
(TAB.15), 12 pacientes (54,5%) melhoraram do GI 1 para o GI zero e três pacientes
(25%), do GI 2 para os GI zero e 1 (p<0,01).
47
TABELA 14
Comparação do grau de incapacidade entre início da PQT e a alta
Grau de incapacidade
Alta (n=63)
Valor-p*
0 1 2
Início (n=63)
Mãos
0 42 1 0
0,16
97,7% 2,3% 0%
1 6 4 1
54,5% 36,4% 9,1%
2 0 0 9
0% 0% 100,0%
Pés
0 20 1 0
<0,01
95,2% 4,8% 0%
1 12 16 1
41,4% 55,2% 3,4%
2 1 3 9
7,7% 23,1% 69,2%
Mãos e pés
0 20 1 0
<0,01
95,2% 4,8% 0%
1 11 14 0
44,0% 56,0% 0%
2 1 3 13
5,9% 17,6% 76,5%
*Teste de Homogeneidade Marginal
TABELA 15
Comparação do grau de incapacidade entre início e janeiro de 2007
*Teste de Homogeneidade Marginal
Grau de incapacidade
Janeiro 2007 (n=49)
Valor-p*
0 1 2
Início (n=49)
Mãos
0 31 1 0
0,16
96,9% 3,1% 0%
1 6 2 1
66,7% 22,2% 11,1%
2 0 0 8
0% 0% 100,0%
Pés
0 14 1 0
<0,01
93,3% 6,7% 0%
1 12 8 2
54,5% 36,4% 9,1%
2 1 2 9
8,3% 16,7% 75,0%
Mãos e pés
0 14 0 0
<0,01
100,0% 0% 0%
1 11 9 0
55,0% 45,0% 0%
2 0 2 13
0% 13,3% 86,7%
48
Quando analisadas os graus das mãos e pés conjuntamente (TAB. 14), entre o início
e a alta, observa-se que 11 pacientes (44,0%) melhoraram do GI 1 para o GI zero e apenas
um paciente (4,8%) piorou do GI zero para GI 1. Houve melhora de quatro pacientes
(23,5%) do GI 2 para os GI zero e 1. Na comparação entre o início e janeiro de 2007
(TAB. 15), 14 pacientes (100,0%) do GI zero permaneceram sem alterações. Houve
melhora em 11pacientes (55,0%) do GI 1 que foram para o grau zero e em dois pacientes
(13,3%) do grau 2 que foram para o grau 1 (p<0,01).
De acordo com a TAB. 16, não houve diferença estatisticamente significativa em
nenhuma das comparações, entre a alta e janeiro de 2007 embora tenham ocorrido,
algumas alterações.
TABELA 16
Comparação do grau de incapacidade entre alta e janeiro de 2007
Grau de incapacidade
Janeiro 2007 (n=45)
Valor-p*
0 1 2
Alta (n=45)
Mãos
0 33 2 0
0,56
94,3% 5,7% 0%
1 1 1 0
50,0% 50,0% 0%
2 0 0 8
0% 0% 100,0%
Pés
0 22 1 0
0,21
95,7% 4,3% 0%
1 4 9 1
28,6% 64,3% 7,1%
2 1 0 7
12,5% 0% 87,5%
Mãos e pés
0 21 2 0
0,41
91,3% 8,7% 0%
1 4 9 0
30,8% 69,2% 0%
2 0 0 9
0% 0% 100,0%
*Teste de Homogeneidade Marginal
Na FIG. 9 estão representadas graficamente as comparações dos graus de
incapacidades das mãos, dos pés e dos dois conjuntamente.
49
012
Grau de Incapacidade Mão
0
10
20
30
40
Frequencia
início
alta
janeiro 2007
012
Grau de Incapacidade Pé
0
5
10
15
20
25
30
Frequencia
início
alta
janeiro 2007
012
Grau de Incapacidade Total
0
5
10
15
20
25
Frequencia
início
alta
janeiro 2007
Figura 9 - Gráficos de barras da distribuição do grau de incapacidades nas avaliações no início da PQT, na
alta e em janeiro de 2007
5.3.7 Comparação das alterações do exame neurológico simplificado com o grau de
incapacidade
As comparações entre as alterações do exame neurológico simplificado
(espessamento e/ou dor, alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular) e o GI
foram realizadas no início da PQT, na alta e em janeiro de 2007 (TAB. 17).
As comparações do GI com as alterações da sensibilidade e da força muscular
foram estatisticamente significativas nos três momentos, o mesmo não ocorrendo entre a
comparação do GI com a presença de espessamento e/ou dor.
Na avaliação do início do tratamento com a PQT (TAB. 17), 24 (86%) pacientes
com GI zero tinham alterações da sensibilidade dentro dos critérios adotados neste estudo,
e 2 (7%) da força muscular. Na alta, houve melhora na proporção dos pacientes do GI zero
com alteração da sensibilidade diminuindo para 16 (50%), e piorando a proporção de
pacientes com alteração da força muscular, aumentando para 5 (16%). Comparando a
avaliação de janeiro de 2007, essa tendência continuou acontecendo. Houve melhora na
proporção dos pacientes com GI zero que ainda permaneceram com alteração da
sensibilidade, caindo para 4 (16%), e manteve a proporção de pacientes com alteração da
50
força muscular, em 4 (16%). Houve diminuição da proporção de espessamento e/ou dor
entre o início e a alta e entre a alta e janeiro de 2007.
Tabela 17
Comparação do grau de incapacidade mãos e pés com as alterações dos nervos periféricos no início da PQT,
na alta e em janeiro de 2007
Momento Comprometimento
Grau de incapacidade mãos e pés
Valor-p*
0 1 2
Início
Alteração da
sensibilidade
24 (86%) 32 (100%) 23 (100%)
0,02
Alteração da força
muscular
2 (7%) 11 (34%) 15 (65%)
<0,01
Espessamento e/ou
dor espontânea ou à
palpação
16 (57%) 22 (69%) 17 (74%) 0,43
Alta
Alteração da
sensibilidade
16 (50%) 18 (100%) 14 (100%)
<0,01
Alteração da força
muscular
5 (16%) 10 (56%) 11 (79%)
<0,01
Espessamento e/ou
dor espontânea ou à
palpação
11 (34%) 6 (33%) 8 (57%) 0,33
Janeiro 2007
Alteração da
sensibilidade
4 (16%) 11 (100%) 13 (100%)
<0,01
Alteração da força
muscular
4 (16%) 3 (27%) 10 (77%)
<0,01
Espessamento e/ou
dor espontânea ou à
palpação
4 (16%) 0 (0%) 3 (23%) 0,26
*Teste exato de Fisher
Considerando os pacientes GI 1 (TAB. 17), 100% apresentavam alteração da
sensibilidade em todas as avaliações: início, alta e janeiro de 2007. Contudo houve
variação das proporções de pacientes GI 1 com alteração da força muscular, sendo que na
alta, 3 pacientes (27%), ainda tinham alguma alteração. Houve diminuição das proporções
de espessamento e/ou dor entre o início e a alta e entre a alta e janeiro de 2007 entre os
pacientes GI 1.
5.4 Relato do paciente da percepção de piora nos MMSS e MMII
51
Esta informação foi colhida para verificar se o paciente percebeu ou não possíveis
alterações dos nervos periféricos e qual atitude tomada pelo mesmo. Segundo informações
dos pacientes (TAB. 18), a proporção de piora nos MMSS, no período entre a alta e janeiro
de 2007, foi de 24,5% e nos MMII de 20,4%.
Com o objetivo de relacionar as informações dos pacientes quanto à percepção de
piora com a ocorrência de reações após a alta, também relatada pelo paciente, pode-se
observar que, dos pacientes que relataram reação após a alta, 30,8% também relataram
piora nos MMSS, enquanto que para os pacientes que não relataram reação após a alta o
percentual foi de 22,2%. Entretanto, não há diferença estatisticamente significativa
(p=0,54).
TABELA 18
Comparação entre a percepção dos pacientes quanto a piora nos membros superiores, presença de reação
após a alta e realização de tratamento
Percepção de alteração nos membros
superiores
Valor-p
Sim
n=12 (24,5%)
Não
n=37 (75,5%)
n (%) n (%)
Reação pós-alta
Sim 4 9
0,71*
30,8% 69,2%
Não 8 28
22,2% 77,8%
Teve algum tratamento para reação
Sim 9 31
0,67*
22,5% 77,5%
Não 3 6
33,3% 66,7%
* Teste exato de Fisher
Nos MMII, a diferença dos percentuais foi muito pequena e também não foi
significativa (p=0,60).
De acordo com a TAB. 19, a comparação entre a presença de piora nos MMSS e
nos MMII com a realização de algum tratamento para reações, nove pacientes (22,5%) que
relataram piora nos MMSS, não tiveram nenhum tratamento. Contudo, não foi
52
estatisticamente significativo (p=0,50). Considerando a mesma comparação nos MMII,
oito pacientes (20,0%) que tiveram relato de piora não tiveram nenhum tratamento
(p=0,80).
TABELA 19
Comparação entre a percepção do paciente quanto a piora nos membros inferiores, presença de reação após a
alta e realização de tratamento
Percepção e alteração nos membros
inferiores
Valor-p
Sim
n=10 (20,4%)
Não
n=39 (79,6%)
n (%) n (%)
Reação pós-alta
Sim 2 11
0,71*
15,4% 84,6%
Não 8 28
22,2% 77,8%
Teve algum tratamento para reação
Sim 8 32
0,67*
20,0% 80,0%
Não 2 7
22,2% 77,8%
* Teste exato de Fisher
5.5 Comparação das variáveis religião e álcool entre o início da PQT e janeiro de
2007
Para a análise dos dados, comparamos dois grupos religiosos: católicos e
evangélicos. As categorias sem religião e outras religiões foram desconsideradas devido ao
pequeno número de pacientes nas mesmas. Registrou-se no período de 1987 a 2007, uma
transferência de católicos para evangélicos, na proporção de 19,4% (sete pacientes). Não se
registrou transferência de evangélicos para outra religião. As proporções foram
estatisticamente significativas com p de 0,02.
Com relação ao uso de álcool, de acordo com relato dos pacientes, 76,2% (16
pacientes) deixaram de beber e apenas 3,4% (um paciente) que não bebia, começou a
beber. Esta diferença foi estatisticamente significativa (p < 0,01).
53
5.6 Escalas: CAGE, BDI, escala de participação e SF-36
Na TAB. 20, de acordo com o CAGE, que mede a tendência ao alcoolismo, 96%
dos pacientes do presente estudo foram classificados na escala zero (sem tendência). Com
relação ao BDI, 22,8% dos pacientes encontram-se na faixa de depressão leve a moderada
e 8,4% na faixa de depressão de moderada a grave. Já com relação à Escala de
Participação, 18,8% sofrem de alguma restrição à participação devido à hanseníase. De
acordo com a escala SF-36, considerando as medianas, os maiores escores de qualidade de
vida foram encontrados nos domínios aspectos físicos e emocionais e os menos escores
foram para dor, vitalidade e aspectos sociais.
TABELA 20
Distribuição de freqüências do resultado das escalas dos 49 pacientes que iniciaram o tratamento da
poliquimioterapia na Unidade Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, Minas Gerais, no período de fevereiro
de 1987 a maio de 1990 e que compareceram para a avaliação em janeiro de 2007
Escalas Freqüência Percentual
CAGE (n=49)
0 47 96,0%
1 1 2,0%
2 1 2,0%
BDI (n=48)*
<10: sem depressão ou depressão mínima 33 68,8%
10 a 18: depressão leve a moderada 11 22,8%
19 a 29: depressão moderada a grave 2 4,2%
30 a 63: depressão grave 2 4,2%
ESCALA DE PARTICIPAÇÃO (n=48)*
0 a 12: normal 39 81,2%
> 12: sofre restrições a participação 9 18,8%
SF - 36 (n=48)* Média Desvio-padrão Mediana
Capacidade funcional 80,4 20,5 85,0
Aspectos físicos 75,0 38,0 100,0
Dor 55,7 17,2 50,0
Estado geral da saúde 61,0 8,3 58,5
Vitalidade 52,5 12,3 50,0
Aspectos sociais 47,1 10,1 50,0
Aspectos emocionais 77,1 40,8 100,0
Saúde mental 58,1 10,7 60,0
*missing
5.7 Análise Univariada
54
A análise univariada foi realizada para os MMSS e para os MMII separadamente,
considerando como resposta duas variáveis: a piora da função dos nervos em janeiro de
2007 em relação ao início da PQT e a piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em
relação à alta. Para cada resposta, buscou-se associação com as variáveis explicativas da
fase de tratamento e também com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento (FIG. 7).
Apesar de nas comparações múltiplas os resultados apontarem para uma melhora
em todos os aspectos da avaliação neurológica simplificada e do GI, quando utilizamos os
critérios de piora, pode-se detectar uma porcentagem de pacientes que se enquadram nesta
situação.
Os critérios utilizados para considerar piora foram: presença de um ou mais nervos
com espessamento e/ou dor que não existia no início ou na alta e /ou, piora de um
monofilamento em dois ou mais sítios do território de cada nervo ou de pelo menos dois ou
mais monofilamentos em apenas um sítio de cada nervo e/ou, diminuição da força
muscular em um ou mais graus de cada teste realizado.
Na comparação entre as avaliações de janeiro de 2007 e a do início da PQT,
nenhum paciente apresentou piora nos MMSS apenas com presença de dor espontânea e/ou
à palpação. Já nos MMII, dois pacientes apresentaram piora apenas com presença de dor
espontânea e/ou à palpação sem outros sinais de alteração da sensibilidade e/ou força
muscular. Já na comparação entre as avaliações de janeiro de 2007 e a da alta da PQT,
tanto nos MMSS quanto nos MMII, dois pacientes apresentaram piora apenas com a
presença de dor, sem sinais de alteração da sensibilidade e/ou da força muscular. Em todas
as comparações, a presença apenas de espessamento como sinal de piora da função do
nervo não foi encontrada em nenhum paciente.
De acordo com a TAB. 21, as variáveis explicativas da fase de tratamento com a
PQT que mostraram diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora
55
dos MMSS em janeiro de 2007 em comparação ao início da PQT foram: número de nervos
acometidos nos MMSS com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início, sexo, reação durante tratamento, alteração da força
nos MMSS no início e GI nas mãos, também, no início.
A proporção de piora foi maior entre os pacientes do sexo masculino (37,9%) e
entre os que tiveram reação durante o tratamento (41,4%). De acordo com a classificação
operacional, apenas os multibacilares (29,5%) tiveram piora. A proporção de piora foi
maior entre os pacientes que apresentaram alteração da força muscular no início (50,0%),
GI 1 (44,4%) e grau 2 (50,0%) nas mãos. A mediana de 5,0 nervos foi maior nos pacientes
que apresentavam maior número de nervos acometidos nos MMSS com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular no início do
tratamento. Devido à freqüência nula, a OR não pode ser calculada para a variável
explicativa classificação operacional.
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 21), a cada aumento de 1 nervo
com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
muscular nos MMSS no início, a chance de piora aumenta 1,5 vez. Homens têm quase 6
vezes mais chance de piora que mulheres e pacientes que apresentaram reação durante o
tratamento têm 13 vezes mais chance de piora. Pacientes com alteração da força nos
MMSS no início têm aproximadamente 5 vezes mais chance de piora. Por fim, pacientes
com GI 1 nas mãos no início, têm 4,3 vezes mais chance de piora e com GI 2 nas mãos
também no início tem 5,4 vezes mais chance de piora que aquele com grau zero.
As variáveis explicativas da fase pós-tratamento com a PQT (TAB. 22) que
mostraram diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora dos
MMSS em janeiro de 2007 em comparação ao início da PQT foram: número de nervos
com espessamento e/ou dor nos MMSS na alta, reação no período de janeiro de 2006 a
56
janeiro de 2007, relato do paciente de piora nos MMSS após a alta, alteração da
sensibilidade nos MMSS na alta, alteração da força muscular nos MMSS na alta.
TABELA 21
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores em janeiro de 2007, em relação ao
início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Piora membros superiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo entre o diagnóstico e início PQT
75,7 (±96,9)
41,4
41,4 (± 56,0)
3,4
1,0 [1,0; 1,0] 0,46*
Número de doses
24,4 (±13,5)
25,0
29,6 (± 11,3)
26,0
1,0 [1,0; 1,1] 0,24*
Índice baciloscópico no diagnóstico
0,81 (±1,2)
0,0
1,1 (± 1,2)
1,0
1,3 [0,7; 2,2] 0,26*
Idade no diagnóstico
27,7 (±11,8)
25,3
28,1 (± 12,4)
23,6
1,0 [1,0; 1,1] 0,75*
Nº nervos acometidos nos MMSS
(espessamento e/ou dor) no início
3,1 (±2,3)
3,0
4,4 (± 1,7)
5,0
1,3 [1,0; 1,9] 0,07*
Nº nervos nos MMSS com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início
3,1 (±2,3)
3,0
4,7 (± 1,7)
5,0
1,5 [1,0; 2,1]
0,03*
n (%) n (%)
Sexo
Feminino 18 (90,0%) 2 (10,0%) 1,0
0,03**
Masculino 18 (62,1%) 11 (37,9%) 5,5 [1,1; 28,4]
Classificação operacional
Paucibacilar 5 (100,0%) 0 (0%) ****
0,31***
Multibacilar 31 (70,5%) 13 (29,5%)
Tratamento anterior à PQT
Não 15 (71,4%) 6 (28,6%) 1,2 [0,3; 4,3]
0,78**
Sim 21 (75,0%) 7 (25,0%) 1,0
Abandono de PQT
Não 24 (70,6%) 10 (29,4%) 1,4 [0,3; 6,1]
0,99***
Sim 10 (76,9%) 3 (23,1%) 1,0
Reação durante tratamento
Não 19 (95,0%) 1 (5,0%) 1,0
<0,01**
Sim 17 (58,6%) 12 (41,4%) 13,4 [1,6; 114,3]
Alteração da sensibilidade nos MMSS no
início
Não 10 (90,9%) 1 (9,1%) 1,0
0,25***
Sim 26 (68,4%) 12 (31,6%) 4,6 [0,5; 40,3]
Alteração da força nos MMSS no início
Não 29 (82,9%) 6 (17,1%) 1,0
0,03***
Sim 7 (50,0%) 7 (50,0%) 4,8 [1,2; 19,0]
Grau de incapacidade (GI) mãos no início
0 27 (84,4%) 5 (15,6%) 1,00
0,04***
1 5 (55,6%) 4 (44,4%) 4,3 [0,9; 21,9]
2 4 (50,0%) 4 (50,0%) 5,4 [1,0; 29,1]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das casela
57
A proporção de piora foi maior entre os pacientes que tiveram reação após a alta
(46,2%) e entre os que tiveram reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007
(75,0%). A proporção de piora também foi maior entre os pacientes que relataram piora
nos MMSS (66,7%), entre os que apresentaram alteração da sensibilidade na alta (45,0%) e
entre os que apresentaram alteração da força muscular na alta (56,3%). A mediana, entre
aqueles que tiveram piora, foi de 1,0 nervo com espessamento e/ou dor na alta.
TABELA 22
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores em janeiro de 2007, em relação ao
início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento
Piora membros superiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo da primeira reação após alta
38,0 (±62,6)
5,0
39,3 (± 59,5)
1,5
1,0 [1,0; 1,0] 0,82*
Nº nervos acometidos nos MMSS
(espessamento e/ou dor) na alta
0,2 (±0,5)
0,0
1,0 (± 1,2)
1,0
4,1 [1,3; 12,7]
<0,01*
Nº nervos nos MMSS com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular na alta
1,5 (±2,2)
0,0
2,8 (±1,9)
3,5
1,3 [1,0; 1,8] 0,06*
n (%) n (%)
Reação após alta
Não 29 (80,6%) 7 (19,4%) 0,3 [0,7;1,1]
0,08***
Sim 7 (53,8%) 16 (46,2%) 1,0
Reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007
Não 35 (77,8%) 10 (22,2%) 1,0
0,05***
Sim 1 (25,0%) 3 (75,0%) 10,5 [1,0;112,3]
Relato de piora nos MMSS após a alta
Não 32 (86,5%) 5 (13,5%) 1,0
<0,01***
Sim 4 (33,3%) 8 (66,7%) 12,8 [2,8;58,9]
Alteração da sensibilidade nos MMSS na
alta
Não 22 (88,0%) 3 (12,0%) 1,0
0,01**
Sim 11 (55,0%) 9 (45,0%) 6,0 [1,4;26,7]
Alteração da força nos MMSS na alta
Não 26 (89,7%) 3 (10,3%) 1,0
<0,01***
Sim 7 (43,8%) 9 (56,3%) 11,1 [2,4;52,5]
Grau de incapacidade (GI) mãos na alta
0 28 (80,0%) 7 (20,0%) 1,00
0,18*** 1 1 (50,0%) 1 (50,0%) 4,0 [0,2; 72,2]
2 4 (50,0%) 4 (50,0%) 4,0 [0,8; 20,1]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
58
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 22), a cada aumento de 1 nervo
com espessamento e/ou dor nos MMSS na alta, a chance de piora aumenta 4,1 vezes.
Pacientes que apresentaram reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 têm
10,5 vezes mais chance de piora e aqueles que relataram piora nos MMSS após a alta têm
aproximadamente 13 vezes mais chance de piora. Pacientes com alteração da sensibilidade
nos MMSS na alta têm 6,0 vezes mais chance de piora e os que apresentaram alteração na
força nos MMSS também na alta, têm 11 vezes mais chance de piora.
Observando-se a TAB. 23, as variáveis explicativas da fase de tratamento com a
PQT que mostraram diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora
dos MMSS, em janeiro de 2007 em comparação à alta foram: número de nervos
acometidos nos MMSS (espessamento e/ou dor) no início, número de nervos nos MMSS
com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
muscular no início, sexo, alteração da sensibilidade nos MMSS no início, alteração da
força nos MMSS no início e GI das mãos no início.
A proporção de piora foi maior entre os pacientes do sexo masculino (37,0%) e
entre os multibacilares (38,5%). Nenhum paciente paucibacilar apresentou piora. A
proporção de piora foi maior entre os pacientes que apresentavam no início, alteração da
sensibilidade (37,1%) e da força muscular (57,1%). Comparando o GI das mãos no início,
a proporção de piora foi de 13,3% para o grau zero, 37,5% para o grau um e de 75,0% para
o grau dois. A mediana foi maior nos pacientes que apresentavam maior número de nervos
com espessamento e/ou dor no início do tratamento (mediana = 5,0) e com maior número
de nervos nos MMSS com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início (mediana=3,0). Devido às freqüências nulas, a
equação da OR não pode ser calculada para as variáveis explicativas: classificação
operacional e alteração da sensibilidade nos MMSS no início.
59
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 23), a cada aumento de um
nervo com algum envolvimento na palpação (espessamento e/ou dor) nos MMSS, no
TABELA 23
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores em janeiro de 2007, em relação à alta
da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Piora membros superiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo entre o diagnóstico e o início PQT
55,8 (± 76,1)
0,4
68,4 (± 78,3)
43,6
1,0 [1,0; 1,0] 0,29*
Número de doses
25,7 (±14,0)
25,0
26,7 (± 10,0)
25,0
1,0 [1,0; 1,1] 0,93*
Índice baciloscópico no diagnóstico
0,8 (±1,3)
0,0
0,9 (±1,0)
1,0
1,1 [0,6; 1,9] 0,39*
Idade no diagnóstico
28,3 (±12,3)
25,0
28,7 (±10,0)
27,4
1,0 [1,0; 1,1] 0,82*
Nº nervos acometidos nos MMSS
(espessamento e /ou dor) no início
2,9 (±2,3)
2,0
4,9 (±1,5)
5,0
1,6 [1,1; 2,3]
<0,01*
Nº nervos nos MMSS com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início
3,0 (±2,3)
3,0
4,9 (± 1,5)
5,0
1,5 [1,1; 2,2]
0,02*
n (%) n (%)
Sexo
Feminino 16 (84,2%) 3 (15,8%) 1,0
0,01**
Masculino 17 (63,0%) 10 (37,0%) 3,1 [0,7;13,5]
Classificação operacional
Paucibacilar 5 (100,0%) 0 (0%) ****
0,30***
Multibacilar 28 (68,3%) 13 (31,7%)
Tratamento anterior à PQT
Não 17 (85,0%) 3 (15,0%) 0,3 [0,1;1,2]
0,08**
Sim 16 (61,5%) 10 (38,5%) 1,0
Abandono de PQT
Não 25 (73,5%) 9 (26,5%) 0,7 [0,2;3,0]
0,72***
Sim 8 (66,7%) 4 (33,3%) 1,0
Reação durante tratamento
Não 15 (88,2%) 2 (11,8%) 1,0
0,10***
Sim 18 (64,3%) 10 (35,7%) 4,2 [0,8;22,0]
Alteração da sensibilidade nos MMSS no
início
Não 11 (100,0%) 0 (0%) ****
0,02***
Sim 22 (62,9%) 13 (37,1%)
Alteração da força nos MMSS no início
Não 27 (84,4%) 5 (15,6%) 1,0
0,01***
Sim 6 (42,9%) 8 (57,1%) 7,2 [1,7;29,9]
Grau de incapacidade (GI) mãos no início
0 26 (86,7%) 4 (13,3%) 1,00
<0,01***
1 5 (62,5%) 3 (37,5%) 3,9 [0,7; 23,1]
2 2 (25,0%) 6 (75,0%) 19,5 [2,9; 132,4]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das caselas
60
início, a chance de piora aumenta 1,6 vez e para cada nervo com espessamento e/ou dor
e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular no início, também, nos
MMSS, no início, a chance de piora aumenta 1,5 vez. Homens têm três vezes mais chance
de piora que mulheres e pacientes com alteração da força nos MMSS, no início, têm 7,2
vezes mais chance de piora.
Por fim, pacientes com GI 1 nas mãos no início têm aproximadamente 4 vezes mais
chance de piora e com GI 2 nas mãos, também no início, têm quase 20 vezes mais chance
de piora que aquele com grau zero.
As variáveis explicativas da fase pós-tratamento que mostraram diferença
estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora dos MMSS, em janeiro de
2007, em comparação à alta (TAB. 24) foram: número de nervos com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos MMSS na alta,
relato de piora nos MMSS após a alta, alteração da sensibilidade nos MMSS na alta,
alteração da força muscular nos MMSS na alta e GI nas mãos também na alta.
A proporção de piora foi maior entre os pacientes que relataram piora nos MMSS
(54,5%). Entre os que apresentaram alteração da sensibilidade e força muscular na alta, a
piora foi de 52,4% e 64,7%, respectivamente. Entre os pacientes com GI 1 a proporção de
piora foi de 50,0% e, entre os GI 2, foi de 66,7%. Com relação ao número de nervos com
espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos
MMSS na alta, a mediana foi de 4,0 nervos nos que apresentaram piora e de 0,0 nervos nos
que não pioraram.
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 24), a cada aumento de 1 nervo
com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
muscular nos MMSS no início, a chance de piora aumenta 1,5 vez. Pacientes com relato de
piora nos MMSS têm 5,6 vezes mais chance de piora. Pacientes com alteração da
61
sensibilidade nos MMSS na alta têm aproximadamente 13 vezes mais chance de piora e
aqueles com alteração da força muscular nos MMSS, também na alta, têm
aproximadamente 30 vezes mais chance de piora. Por fim, pacientes com GI 1 nas mãos na
alta, têm 4,9 vezes mais chance de piora e com GI 2 nas mãos, também na alta, têm quase
10 vezes mais chance de piora que aquele com grau zero (TAB. 24).
TABELA 24
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores em janeiro de 2007, em relação à alta
da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento
Piora membros superiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo da primeira reação após a alta
44,2 (±66,2)
5,5
47,0 (±63,1)
2,0
1,0 [1,0; 1,0] 0,85*
Nº nervos acometidos nos MMSS
(espessamento e/ou dor) na alta
0,3 (±0,6)
0,0
0,8 (± 1,2)
0,0
1,9 [0,9; 4,1] 0,10*
Nº nervos nos MMSS com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular na alta
1,3 (±1,9)
0,0
3,3 (± 2,1)
4,0
1,5 [1,1; 2,1]
<0,01*
n (%) n (%)
Reação após alta
Não 27 (79,4%) 7 (20,6%) 0,3 [0,7; 1,3]
0,13***
Sim 6 (54,5%) 5 (45,5%) 1,0
Reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007
Não 32 (76,2%) 10 (23,8%) 1,0
0,17***
Sim 1 (33,3%) 2 (66,7%) 6,4 [0,5; 78,2]
Relato de piora nos MMSS após a alta
Não 28 (82,4%) 6 (17,6%) 1,0
0,04***
Sim 5 (45,5%) 6 (54,5%) 5,6 [1,3; 24,6]
Alteração da sensibilidade nos MMSS na
alta
Não 23 (92,0%) 2 (8,0%) 1,0
<0,01**
Sim 10 (47,6%) 11 (52,4%) 12,7 [2,4; 67,9]
Alteração da força nos MMSS na alta
Não 27 (93,1%) 2 (6,9%) 1,0
<0,01***
Sim 7 (35,3%) 11 (64,7%) 24,8 [4,3; 142,0]
Grau de incapacidade (GI) mãos na alta
0 29 (82,9%) 6 (17,1%) 1,00
<0,01***
1 1 (50%) 1 (50%) 4,9 [0,3; 88,5]
2 3 (33,3%) 6 (66,7%) 9,7 [1,9; 49,9]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
De acordo com a TAB. 25, a única variável explicativa da fase de tratamento com a
PQT que mostrou diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora dos
62
MMII em janeiro de 2007, em comparação ao início, foi o GI nos pés no início. A
proporção de piora foi maior entre os pacientes do sexo masculino (35,7%) e entre os
multibacilares (27,9%).
TABELA 25
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em janeiro de 2007, em relação ao
início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Piora membros inferiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo entre o diagnóstico e o início PQT
62,3 (±88,5)
13,4
83,7 (± 92,3)
69,6
1,0 [1,0; 1,0] 0,42*
Número de doses
25,9 (±14,1)
25,0
25,0 (± 10,0)
24,0
1,0 [1,0; 1,1] 0,63*
Índice baciloscópico no diagnóstico
1,0 (±1,3)
0,5
0,4 (± 0,7)
0,0
0,6 [0,2; 1,3] 0,18*
Idade no diagnóstico
28,5 (±12,8)
25,4
26,2 (± 9,1)
23,4
1,0 [0,9; 1,0] 0,53*
Nº nervos acometidos nos MMII (espessamento
e/ou dor) no início
2,2 (±0,9)
2,0
2,5 (± 1,0)
2,0
1,4 [0,7; 2,9] 0,50*
Nº nervos nos MMII com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início
2,2 (±0,9)
2,0
2,5 (± 1,0)
2,0
1,4 [0,7; 2,9] 0,50*
n (%) n (%)
Sexo
Feminino 17 (85,0%) 3 (15,0%) 1,0
0,11**
Masculino 18 (64,3%) 10 (35,7%) 3,2 [0,7;13,4]
Classificação operacional
Paucibacilar 4 (80,0%) 1 (20,0%) 1,0
0,99***
Multibacilar 31 (72,1%) 12 (27,9%) 1,5 [0,2; 15,3]
Tratamento anterior à PQT
Não 17 (81,0%) 4 (19,0%) 0,5 [0,1; 1,8]
0,27**
Sim 18 (66,7%) 9 (33,3%) 1,0
Abandono de PQT
Não 25 (75,8%) 8 (24,2%) 1,1 [0,2; 4,9]
0,99***
Sim 10 (76,9%) 3 (23,1%) 1,0
Reação durante tratamento
Não 14 (70,0%) 6 (30,0%) 1,0
0,70**
Sim 21 (75,0%) 7 (25,0%) 0,8 [0,2; 2,8]
Alteração da sensibilidade nos MMII no
início
Não 1 (50,0%) 1 (50,0%) 1
0,47***
Sim 34 (73,9%) 12 (26,1%) 0,3 [0,0; 6,1]
Alteração da força nos MMII no início
Não 34 (75,6%) 11 (24,4%) 1,0
0,45***
Sim 1 (50,0%) 1 (50,0%) 3,1 [0,2; 53,6]
Grau de incapacidade (GI) pés no início
0 13 (86,7%) 2 (13,3%) 1,00
0,01***
1 18 (81,8%) 4 (18,2%) 1,4 [0,2; 9,1]
2 4 (36,4%) 7 (63,6%) 11,4 [1,7; 78,4]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das caselas
63
Com relação ao GI nos pés no início, a proporção de piora foi de 18,2% para os que tinham
grau 1 e de 63,6% para os pacientes com grau 2 de incapacidade.
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 25), pacientes com GI 1 nos
pés no início têm 1,4 vez mais chance de piora e com GI 2 nos pés, também no início, têm
11,4 vezes mais chance de piora que aquele com grau zero.
Observa-se na TAB. 26 que as variáveis explicativas da fase pós-tratamento que
mostraram diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora dos MMII
em janeiro de 2007, em comparação ao início foram: número de nervos com espessamento
e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos MMII na alta,
reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 e alteração da força muscular nos
MMII na alta.
A proporção de piora foi maior entre os que tiveram reação no período de janeiro
de 2006 a janeiro de 2007 (100,0%) e entre os que apresentaram alteração da força
muscular na alta (100,0%). Com relação ao número de nervos que apresentaram
espessamento e/ou dor nos nervos no momento da alta, não houve diferença das medianas
entre os grupos (mediana=2,0) apesar do valor de p=0,05. Devido às freqüências nulas, a
equação da OR não pode ser calculada para as variáveis explicativas: reação no período de
janeiro de 2006 a janeiro de 2007 e alteração da força muscular na alta (TAB. 26).
De acordo com a análise da razão de chances (TAB. 26) a cada aumento de 1 nervo
com com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
muscular nos MMII na alta, a chance de piora aumenta 1,8 vez .
64
TABELA 26
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em janeiro de 2007, em relação ao
início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento
Piora membros inferiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo da primeira reação após a alta
38,1 (±62,5)
5,0
39,2 (± 59,6)
69,6
1,0 [1,0; 1,0] 0,45*
Nº nervos acometidos nos MMII (espessamento
e/ou dor) na alta
0,3 (±0,7)
0,0
0,8 (± 1,4)
0,8
1,7 [0,8; 3,4] 0,39*
Nº nervos nos MMII com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular na alta
1,7 (±1,2)
2.0
2,4 (± 1,0)
2,0
1,8 [0,9; 3,4]
0,05
n (%) n (%)
Reação pós-alta
Não 28 (80,0%) 7 (20,0%) 0,3 [0,1; 1,2]
0,14***
Sim 7 (53,8%) 6 (46,2%) 1,0
Reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007
Não 35 (79,5%) 9 (20,5%)
****
<0,01***
Sim 0 (0%) 4 (100,0%)
Relato de piora nos MMII
Não 28 (73,7%) 10 (26,3%) 1,0
0,99***
Sim 7 (70,0%) 3 (30,0%) 1,2 [0,3; 5,6]
Alteração da sensibilidade nos MMII na alta
Não 8 (88,9%) 1 (11,1%) 1,0
0,66***
Sim 26 (74,3%) 9 (25,7%) 2,8 [0,3; 25,3]
Alteração da força nos MMII na alta
Não 34 (82,9%) 7 (17,1%)
****
0,01***
Sim 0 (0%) 3 (100,0%)
Grau de incapacidade (GI) pés na alta
0 20 (87,0%) 3 (13,0%) 1,00
0,21** 1 10 (71,4%) 4 (28,6%) 2,7 [0,5; 14,3]
2 4 (57,1%) 3 (42,9%) 5,0 [0,7; 34,3]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das caselas
Com relação à piora dos MMII (TAB. 27) em janeiro de 2007 em relação à alta,
nenhuma variável da fase de tratamento mostrou diferença estatisticamente significativa
(p<0,05).
De acordo com a TAB. 28, a única variável explicativa da fase pós-tratamento que
mostrou diferença estatisticamente significativa (p<0,05) com relação à piora dos MMII
em janeiro de 2007, em comparação à alta, foi à reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007.
65
TABELA 27
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em janeiro de 2007, em relação à alta
da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Piora membros inferiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo entre o diagnóstico e o início PQT
62,1 (± 82,9)
27,4
53,2 (± 60,0)
38,7
1,0 [1,0; 1,0]
0,98*
Número de doses
25,9 (±13,4)
25,0
26,0 (± 12,1)
25,0
1,0 [1,0; 1,1]
0,90*
Índice baciloscópico no diagnóstico
0,9 (±1,3)
0,0
0,8 (±0,9)
0,3
0,9 [0,5; 1,6]
0,99*
Idade no diagnóstico
27,7 (±10,4)
25,3
30,0 (±14,2)
24,0
1,0 [1,0; 1,1]
0,99*
Nº nervos acometidos nos MMII (espessamento
e /ou dor) no início
2,4 (±1,1)
2,0
2,1 (±0,5)
2,0
0,7 [0,3; 1,4]
0,24*
Nº nervos nos MMII com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular no início
2,4 (±1,1)
2,0
2,1 (± 0,5)
2,0
0,7 [0,3; 1,4]
0,24*
n (%) n (%)
Sexo
Feminino 13 (68,4%) 6 (31,6%) 1,0
0,89**
Masculino 19 (70,4%) 8 (29,6%) 0,9 [0,3; 3,3]
Classificação operacional
Paucibacilar 4 (80,0%) 1 (20,0%) 1,0
0,99***
Multibacilar 28 (68,3%) 13 (31,7%) 1,9 [0,2; 18,3]
Tratamento anterior à PQT
Não 14 (70,0%) 6 (30,0%) 1,0 [0,3; 3,4]
0,96**
Sim 18 (69,2%) 8 (30,8%) 1,0
Abandono de PQT
Não 24 (70,6%) 10 (29,4%) 0,8 [0,2; 3,4]
0,99***
Sim 8 (66,7%) 4 (33,3%) 1,0
Reação durante tratamento
Não 12 (70,6%) 5 (11,8%) 1,0
0,85**
Sim 19 (67,9%) 9 (32,1%) 1,1 [0,3; 4,2]
Alteração da sensibilidade nos MMII no
início
Não 1 (50,0%) 1 (50,0%) 1,0
0,52***
Sim 31 (70,5%) 13 (29,5%) 0,4 [0,1; 7,2]
Alteração da força nos MMII no início
Não 28 (68,3%) 13 (31,7%) ****
0,31***
Sim 4 (100,0%) 0 (0%)
Grau de incapacidade (GI) pés no início
0 12 (85,7%) 2 (14,3%) 1,00
0,25*** 1 15 (65,2%) 8 (34,8%) 3,2 [0,6; 18,0]
2 5 (55,6%) 4 (44,4%) 4,8 [0,7; 35,2]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das caselas
A proporção de piora foi maior entre os pacientes que tiveram reação após a alta
(54,5%) e entre os que tiveram reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007
66
(100,0%). Devido à freqüência nula a equação da OR não pode ser calculada para a
variável explicativa reação, no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 (TAB. 28).
TABELA 28
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores em janeiro de 2007, em relação à alta
da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento
Piora membros inferiores
OR [IC 95%] Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Tempo da primeira reação após a alta
52,2 (±70,7)
6,0
39,8 (±59,1)
3,0
1,0 [1,0; 1,0]
0,51*
Nº nervos acometidos nos MMII (espessamento
e/ou dor) na alta
0,5 (±1,0)
0,0
0,6 (± 1,2)
0,0
1,1 [0,6; 2,0]
0,94*
Nº nervos nos MMII com espessamento e/ou
dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou
alteração da força muscular na alta
1,9 (±1,3)
2,0
1,8 (± 0,9)
2,0
0,9 [0,6; 1,6]
0,88*
n (%) n (%)
Reação pós-alta
Não 26 (76,5%) 8 (23,5%) 0,3 [0,1; 1,1]
0,07***
Sim 5 (45,5%) 6 (54,5%) 1,0
Reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007
Não 31 (73,8%) 11 (26,2%)
****
0,03***
Sim 0 (0%) 3 (100,0%)
Relato de piora nos MMII
Não 25 (69,4%) 11 (30,6%) 1,0
0,99***
Sim 6 (66,7%) 3 (33,3%) 1,1 [0,2; 5,4]
Alteração da sensibilidade nos MMII na alta
Não 8 (80,0%) 2 (20,0%) 1,0
0,70***
Sim 24 (66,7%) 12 (33,3%) 2,0 [0,4; 10,9]
Alteração da força nos MMII na alta
Não 30 (69,8%) 13 (30,2%) 1,0 0,99***
Sim 2 (66,7%) 1 (33,3%) 1,2 [0,1; 13,9]
Grau de incapacidade (GI) pés na alta
0 19 (79,2%) 5 (20,8%) 1,00
0,17*** 1 7 (50,0%) 7 (50,0%) 3,8 [0,9; 16,0]
2 6 (75,0%) 2 (25,0%) 1,3 [0,2; 8,3]
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
****OR não pôde ser calculada devido a freqüências nulas das caselas
De acordo com a TAB. 29, houve diferença significativa entre os pacientes que
pioraram ou não a função dos nervos em janeiro de 2007, relação ao início da PQT, para
os domínios aspectos físicos e dor da escala SF-36. A qualidade de vida foi pior entre os
pacientes que tiveram piora em ambos os domínios. Com relação à escala de participação,
a diferença foi limítrofe (p=0,06), sendo que os que não pioraram tiveram restrição à
67
participação em apenas 7,7% dos casos. Já para os que pioraram esse percentual foi de
31,8%.
TABELA 29
Associação entre a piora da função dos nervos em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia,
com as escalas SF-36, BDI e Escala de Participação
Piora
Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Escala SF-36
Capacidade funcional 85,4 (±17,1)
92,5
74,5 (±23,0)
77,5
0,10*
Aspectos físicos 87,2 (±26,8)
100,0
60,6 (±44,4)
83,3
0,03*
Dor 60,2 (±15,6)
61,0
50,6 (±13,3)
50,0
0,03*
Estado geral da saúde 61,3 (±9,3)
57,0
60,7 (±7,3)
61,0
0,98*
Vitalidade 49,8 (±12,0)
50,0
55,7 (±12,1)
55,0
0,20*
Aspectos sociais 45,7 (±11,7)
50,0
48,9 (± 7,6)
50,0
0,49*
Aspectos emocionais 83,3 (±35,6)
100,0
69,7 (± 45,9)
100,0
0,27*
Saúde mental
56,0 (±8,8)
60,0
60,5 (±12,2)
60,0
0,10*
n (%) n (%)
BDI
Sem depressão ou mínima 17 (65,4%) 16 (72,7%) 0,58**
Depressão leve a grave 9 (34,6%) 6 (27,3%)
Escala de Participação
Normal 24 (92,3%) 15 (68,2%)
0,06***
Com restrição a participação 2 (7,7%) 7 (31,8%)
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
Com relação à piora da função dos nervos em janeiro de 2007, em relação à alta da PQT
(TAB. 30), o único domínio significativo foi à saúde mental que apresentou mediana maior
entre os pacientes que tiveram piora.
68
TABELA 30
Associação entre a piora da função dos nervos em janeiro de 2007, em relação à alta da poliquimioterapia,
com as escalas SF-36, BDI e Escala de Participação
Piora
Valor-p
Não Sim
Média (± SD)
Mediana
Média (± SD)
Mediana
Escala SF-36
Capacidade funcional 84,2 (±17,6)
90,0
77,8 (±23,5)
85,0
0,38*
Aspectos físicos 86,1 (±27,7)
100,0
607 (±41,9)
100,0
0,11*
Dor 56,3 (±13,9)
50,0
54,8 (±16,7)
50,0
0,75*
Estado geral da saúde 60,3 (±9,7)
57,0
61,3 (±7,1)
59,5
0,54*
Vitalidade 51,7 (±10,6)
50,0
51,8 (±13,4)
50,0
0,79*
Aspectos sociais 46,4 (±7,8)
50,0
46,9 (±12,7)
50,0
0,41*
Aspectos emocionais 80,6 (±39,2)
100,0
76,7 (± 42,0)
100,0
0,75*
Saúde mental
56,0 (±8,9)
60,0
61,8 (±11,7)
64,0
0,04*
n (%) n (%)
BDI
Sem depressão ou mínima 17 (70,8%) 13 (65,0%) 0,68**
Depressão leve a grave 7 (29,2%) 7 (35,0%)
Escala de Participação
Normal 21 (87,5%) 16 (80,0%) 0,68***
Com restrição a participação 3 (12,5%) 4 (20,0%)
* Teste Mann-Whitney **Teste qui-quadrado de Pearson ***Teste exato de Fisher
5.8 Análise múltipla
5.8.1 Regressão logística
A análise múltipla só foi possível de ser realizada para os MMSS, considerando
como variável resposta a piora da função dos nervos, em janeiro de 2007, em relação ao
início da PQT e a piora da função dos nervos, em janeiro de 2007, em relação à alta da
PQT. Para cada resposta, buscou-se associação com as variáveis explicativas da fase do
tratamento.
Cabe ressaltar que, no modelo de regressão logística tendo como respostas a piora
da função dos nervos nos MMSS, em janeiro de 2007, em relação ao início e também à
piora da função dos nervos periféricos nos MMSS, em janeiro de 2007, em relação à alta,
69
com as variáveis explicativas da fase pós-tratamento com a PQT, nunca permaneciam mais
de uma variável no modelo final, embora tenham sido feitas várias tentativas. O mesmo
aconteceu para todos os modelos dos MMII.
Segundo a TAB. 31, as variáveis explicativas da fase de tratamento com a PQT
associadas à piora da função dos nervos nos MMSS em janeiro de 2007 em relação ao
início do tratamento foram: presença de reação durante o tratamento e número de nervos
com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
muscular nos MMSS no início.
TABELA 31
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores, em janeiro de 2007, em relação ao
início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Variáveis OR IC 95% Valor-p
Teve reação durante o tratamento 24,5 [2,5; 244,5] <0,01
Nº nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração
da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos
MMSS no início
1,7 [1,1; 2,5] 0,01
* Ajuste do modelo (Valor-p do teste de Hosmer & Lemeshow) =0,40
O paciente que apresentou reação durante o tratamento têm chance 24,5 vezes
maior de ter piora dos que não apresentaram reação. Com relação ao número nervos com
espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos
MMSS no início, a cada nervo envolvido, o paciente têm a chance 1,7 vez maior de ter
piora. O modelo mostrou um bom ajuste pela estatística de Hosmer & Lemeshow (p=0,40).
Segundo a TAB. 32, as variáveis explicativas da fase de tratamento com a PQT,
associadas à piora da função dos nervos nos MMSS em janeiro de 2007 em relação à alta
do tratamento foram: presença de reação durante o tratamento, alteração da força muscular
70
no início e número de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade
e/ou alteração da força muscular nos MMSS no início.
TABELA 32
Associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores em janeiro de 2007, em relação à alta
da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da fase de tratamento
Variáveis OR IC 95% Valor-p
Teve reação durante o tratamento 14,5 [1,5; 137,6] 0,02
Alteração da força muscular início 7,0 [1,0; 47,9] 0,05
Nº nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração
da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos
MMSS no início
1,6 [1,0; 2,4] 0,05
* Ajuste do modelo (Valor-p do teste de Hosmer & Lemeshow) = 0,64
O paciente que apresentou reação durante o tratamento têm chance 14,5 vezes
maior de ter piora do que aqueles que não apresentaram. Considerando-se a alteração da
força muscular no início, a chance do paciente apresentar piora é de 7,0 vezes. Com
relação ao número de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade
e/ou alteração da força muscular nos MMSS no início, a cada nervo envolvido, o paciente
têm a chance 1,6 vez maior de ter piora. O modelo mostrou um bom ajuste pela estatística
de Hosmer & Lemeshow (p=0,64).
5.8.2 Árvore de decisão
Foi considerado como critério de parada o valor da medida improvement maior ou
igual a 0,01. O ajuste do modelo final foi avaliado por meio da estimativa de risco de
classificação incorreta. Os modelos finais estão mostrados nas FIG. 10, 11, 12 e 13.
Cabe explicitar que a árvore de decisão, tendo como resposta a piora da função dos
nervos em janeiro de 2007, em relação à alta, tanto nos MMSS quanto nos MMII, não foi
possível ser realizada pois não houve crescimento da mesma, ou seja, nenhuma variável
explicativa permaneceu no modelo final.
71
A análise por meio da árvore de decisão, FIG. 10, mostrou como fatores associados
à piora nos MMSS em janeiro de 2007, em comparação ao início da PQT, as seguintes
variáveis explicativas da fase de tratamento com a PQT: reação durante o tratamento,
classificação de Madri, GI nas mãos no início e número de nervos com espessamento e/ou
dor no início.
Risco estimado = 0,122 (Erro-padrão = 0,047)
FIGURA 10 - Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas
da fase de tratamento.
No nó-raíz da FIG. 10, está apresentada a amostra de 49 pacientes. Destes, 73,5%
não tiveram piora e 26,5% apresentaram piora. A variável que discriminou melhor a piora
72
foi a presença de reação durante o tratamento, fazendo a primeira divisão da árvore. Com a
introdução dessa variável, houve uma melhora na homogeneidade do modelo de 6% de
acordo com o medida de improvement. Entre os pacientes que não apresentaram reação
durante o tratamento, a classificação de Madri foi outro fator que interferiu nesse modelo.
Nenhum paciente classificado como indeterminado, tuberculóide ou virchowiano teve
piora nos MMSS, em janeiro de 2007, em comparação ao iníco. Mesmo não tendo reação
durante o tratamento, o dimorfo tem a probabilidade de 16,7% de ter piora.
Para os pacientes que apresentaram reação durante o tratamento, o GI nas mãos foi
outro fator importante. Entre os pacientes com GI 1 e 2, 88,9% apresentaram piora nos
MMSS em janeiro de 2007 em comparação ao início. Entre os pacientes com GI zero de
incapacidade nas mãos, o número de nervos com espessamento e/ou dor no início foi outro
fator importante. Dos pacientes com GI zero com até um nervo com espessamento e/ou
dor, nenhum apresentou piora. Com relação aos pacientes com GI zero, apresentando de
dois a quatro nervos com espessamento e/ou dor, a probabilidade de ter piora foi de 25%.
Já para os pacientes com GI zero e mais de quatro nervos com comprometimento de
espessamento e/ou dor, a probabilidade aumentou para 50,0%. O risco estimado foi de
0,122, o que indica que 87,8% dos pacientes foram classificados corretamente. Houve um
bom ajuste do modelo para este conjunto de dados.
Na FIG. 11, a análise por meio da árvore de decisão mostrou como fatores
associados à piora nos MMSS em janeiro de 2007, em comparação ao início, as seguintes
variáveis explicativas da fase pós-tratamento: alteração de força muscular nos MMSS na
alta, número de nervos com espessamento e/ou dor na alta e índice baciloscópico.
73
Risco estimado = 0,143 (Erro-padrão = 0,050)
FIGURA 11 - Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos membros superiores
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas
. da fase pós- tratamento.
No nó-raíz da FIG. 11 está apresentada a amostra de 49 pacientes. Destes, 73,5%
não tiveram piora e 26,5% apresentaram piora. A variável que discriminou melhor essa
análise foi a alteração da força muscular nos MMSS na alta, fazendo a primeira divisão da
árvore. Com a introdução dessa variável, houve uma melhora na homogeneidade do
modelo de 10%, de acordo com o medida de improvement.
74
Entre os pacientes que não apresentaram alteração da força muscular no momento
da alta, 12,5% ainda apresentaram piora nos MMSS em janeiro de 2007, em comparação
ao iníco.
Para os pacientes que apresentaram alteração da força muscular na alta, o número
de nervos com espessamento e/ou dor na alta foi o outro fator importante. Entre os
pacientes com um ou mais nervos com espessamento e/ou dor, 85,7% apresentaram piora
nos MMSS em janeiro de 2007, em comparação ao início.
Entre os pacientes sem espessamento e/ou dor nos nervos no momento da alta e
índice baciloscópico igual ou menor que um, a probabilidade de haver piora foi de 16,7%.
Já para os pacientes sem espessamento e/ou dor e índice baciloscópico maior que um, a
probabilidade de ter piora foi de 66,7%. O risco estimado foi de 0,143, o que indica que
85,7% dos pacientes foram classificados corretamente. Houve um bom ajuste do modelo
para esse conjunto de dados.
A análise por meio da árvore de decisão, apresentado na FIG. 12, mostrou como os
fatores associados à piora nos MMII em janeiro de 2007, em comparação ao início, as
seguintes variáveis explicativas da fase de tratamento com a PQT: GI nos pés no início,
reação durante o tratamento e número de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração
da sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos MMSS no início.
75
Risco estimado = 0,208 (Erro-padrão = 0,059)
FIGURA 12 - Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores,
em janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas
da fase de tratamento.
No nó-raíz da FIG. 12, está apresentada a amostra de 49 pacientes. Destes, 72,9%
não tiveram piora e 27,1% apresentaram piora. A variável que discriminou melhor a piora,
foi o GI nos pés no início, fazendo a primeira divisão da árvore. Com a introdução dessa
variável, houve uma melhora na homogeneidade do modelo de 8% de acordo com o
medida de improvement.
Entre os pacientes que tinham GI zero ou 1 nos pés, a presença de reação durante o
tratamento foi outro fator que interferiu nesse modelo. Aqueles que não tiveram reação,
apresentaram uma probabilidade de 7,8% de ter piora e aqueles que tiveram reação, a
probabilidade foi de 20,8%.
Para os pacientes que apresentaram GI 2 nos pés no início, o número de nervos
com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força
76
muscular nos MMII no início foi outro fator importante. Entre os pacientes com GI 2 no
início e com menos de quatro nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração da
sensibilidade e/ou alteração da força muscular nos MMII no início, a probabilidade de
piora foi de 50,0% e para aqueles com mais de quatro nervos, a probabilidade de piora foi
de 100,0%. O risco estimado foi de 0,208, o que indica que 79,2 dos pacientes foram
classificados corretamente. Houve um bom ajuste do modelo para este conjunto de dados.
Na FIG. 13, a análise por meio da árvore de decisão mostrou como fatores
associados à piora nos MMI em janeiro de 2007, em comparação ao início, as seguintes
variáveis explicativas da fase pós-tratamento: reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007, alteração da força muscular nos MMII na alta e o número de nervos com
espessamento e/ou dor na alta.
No nó-raíz da FIG. 13 está apresentada a amostra de 49 pacientes. Destes, 72,9%
não tiveram piora e 27,1% apresentaram piora. A variável que discriminou melhor a piora
foi a presença de reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, fazendo a
primeira divisão da árvore. Com a introdução dessa variável, houve uma melhora na
homogeneidade do modelo de 10% de acordo com o medida de improvement. Entre os
pacientes que tiveram reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, a
probabilidade de ter piora foi de 100,0%.
Para os pacientes que não apresentaram reação no período entre janeiro de 2006 a
janeiro de 2007, a alteração da força muscular nos MMII na alta foi outro fator importante.
Entre os pacientes que não apresentaram reação no período de janeiro de 2006 a
janeiro de 2007, mas que tinham alteração da força muscular na alta, a probabilidade de
piora foi de 75,0%. Entre aqueles que não tinham alteração da força muscular na alta e
tinham menos de dois nervos com espessamento e/ou dor na alta, a probabilidade de piora
foi de 11,8%. Para os que não tinham alteração da força muscular na alta e tinham dois ou
77
mais nervos com espessamento e/ou dor na alta, a probabilidade de piora foi de 33,3%. O
risco estimado foi de 0,146 o que indica que 85,4% dos pacientes foram classificados
corretamente. Houve um bom ajuste do modelo para este conjunto de dados.
Risco estimado = 0,146 (Erro-padrão = 0,051)
FIGURA 13 - Árvore de decisão: associação entre a piora da função dos nervos nos membros inferiores, em
janeiro de 2007, em relação ao início da poliquimioterapia, com as variáveis explicativas da
fase pós-tratamento.
78
6 DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo principal realizar uma avaliação neurológica
simplificada atual e compará-la com as avaliações realizadas no momento do início e alta
da PQT, e com o grau de incapacidade nesses três momentos. O tempo de seguimento dos
pacientes foi em média de 18 anos, variando de 14 a 20 anos.
Neste estudo, dos 85 pacientes que iniciaram a PQT no período de fevereiro de
1987 a maio de 1990 na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Citrolândia /Betim, 89,5%
foram classificados como multibacilares. Essa proporção é elevada quando comparamos
com outros estudos em que há um equilíbrio entre as formas multibacilares e
paucibacilares, com predomínio das últimas.
28,79,92,102,103
A mediana do número de doses foi de 24, apesar de ter ocorrido uma variação de 1 a
62 doses. Essa variação se deu pelo fato de, na época da implantação da PQT, o tratamento
ser de 24 doses para os pacientes multibacilares com IB negativo ou, por períodos mais
prolongados até a negativação do mesmo, para os pacientes com IB positivo. Para os
pacientes paucibacilares, o tratamento preconizado era de 12 doses. Desde o ano de 2000,
o critério oficial é de seis doses para os PB e de 12 doses para os MB.
104
De uma certa
forma, o fato de os pacientes terem permanecido mais tempo em acompanhamento no
serviço devido ao maior número de doses supervisionadas, permitiu uma melhor
monitoração da função dos nervos periféricos.
A proporção de pacientes com tratamentos anteriores à PQT foi 63%, sendo
considerada bastante alta. Citrolândia está localizada numa área próxima à antiga Colônia
Santa Izabel, onde, no passado, os pacientes eram internados compulsoriamente para
tratamento de hanseníase, daí possivelmente o grande número de pacientes com
tratamentos anteriores. Entre os pacientes do presente estudo, 81% são residentes nesta
localidade.
79
Dos 85 pacientes do estudo, obteve-se informação do estado de tratamento em 2007
de 71. Destes, 88,7% estão de alta, 9,9% foram a óbito e apenas um paciente (1,4%)
abandonou o tratamento. Dos outros 14 pacientes, não foi encontrada nenhuma
informação. Dos 49 pacientes avaliados em janeiro de 2007, 100% haviam recebido alta
da PQT.
A comparação realizada entre o grupo que compareceu para a avaliação de janeiro
de 2007 (49 pacientes) e o grupo que não compareceu (36 pacientes), mostrou que os dois
grupos são semelhantes. Das variáveis comparadas, apenas a variável abandono de
tratamento de PQT foi estatisticamente diferente entre os dois grupos com 54,0% no grupo
que não compareceu e 28,0% no grupo que compareceu. Essa diferença pode estar
relacionada com o fato de, muitas vezes, o paciente relatar medo na aceitação de uma nova
modalidade de tratamento, como era o caso da PQT no início deste trabalho. A percepção
da importância do seguimento do tratamento, bem como a aceitação em participar deste
estudo, parecem estar intrinsecamente relacionadas. Isso pôde ser observado na fala de
alguns pacientes: “Eu vim porque, se a senhora me chamou, é porque é importante”. A
semelhança entre os dois grupos permaneceu quando a análise foi realizada retirando os
óbitos do grupo que não compareceu para a avaliação de janeiro de 2007.
Dentre os pacientes localizados e convidados para participarem da pesquisa, apenas
dois recusaram a participar sendo que um relatou estar muito bem e que se precisasse
procuraria a unidade de saúde e o outro por temer que, com os resultados deste estudo,
pudesse perder sua aposentadoria. Esse medo é relatado por muitos pacientes da região de
Citrolândia. Neste estudo, dos pacientes avaliados em janeiro de 2007, 47,9% estavam
aposentados devido ao diagnóstico da hanseníase, contudo, não mostraram relação entre
este fato e a situação atual.
80
Na comparação das avaliações neurológicas simplificadas realizadas no início da
PQT, na alta e em janeiro de 2007, obtivemos os seguintes achados: Com relação à pele,
vimos que nos MMSS as comparações não foram significativas, porém, nos MMII, houve
uma grande melhora entre o início da PQT e a alta em 54,1% no MID e 51,4% no MIE.
Quando a comparação é feita em espaço de tempo maior, início da PQT e de janeiro de
2007, embora não tenha sido estatisticamente significativa, ainda há melhora, porém as
proporções diminuem para 48,4% no MID e 31,0% no MIE. Essa diminuição nos remete a
duas questões. Primeiramente ao fato de que as melhoras se dão de forma mais
significativa durante o tratamento, ocorrendo uma estabilização após o mesmo. Segundo,
enquanto o paciente está em tratamento, ele passa rotineiramente no serviço e a equipe
pode atuar na orientação e realização dos autocuidados. Com o passar dos anos, talvez o
paciente deixe de manter os autocuidados.
Quanto à presença de espessamento e/ou dor no início da PQT, o presente estudo
encontrou uma diferença entre os casos novos e os pacientes com relato de tratamentos
anteriores. Nos MMSS, 67% dos casos novos e 98% dos pacientes com história de
tratamento anterior, apresentaram espessamento e/ou dor no diagnóstico, sendo esta
diferença significativa (p<0,01). Já nos MMII a prevalência de espessamento e/ou dor
também foi de 98% entre os casos novos e de 90% entre os pacientes com tratamentos
anteriores. Pimentel et al. (2004),
105
encontraram 67% dos pacientes com espessamento
e/ou dor no início da PQT. Segundo os autores, a presença de espessamento e/ou dor na
avaliação inicial têm um impacto negativo na presença de incapacidades no diagnóstico.
Segundo van Brakel et al. (1994)
106
e Selvaraj et al. (1998),
91
a presença de espessamento
e/ou dor no diagnóstico também está significativamente associada com a presença de
neurites durante o seguimento. Segundo Kumar et al. (2004),
11
dois terços dos casos novos,
já no diagnóstico, já têm algum grau de espessamento no nervo. Entre os pacientes novos,
81
62% tinham pelo menos um nervo espessado, e entre aqueles com alguma história de
tratamento anterior, essa proporção era de 84%. Esses dados são semelhantes aos do
presente estudo. Ainda segundo Kumar et al. (2004),
11
a proporção de pacientes com
espessamento de nervos foi menor nos pacientes PB (51%) do que entre os MB (97%). De
acordo com estes autores, a presença de espessamento de nervos aumentou de 50% entre
os pacientes com diagnóstico há menos de um ano do início dos sintomas para 85% nos
pacientes com oito anos ou mais de doença sem tratamento. Assim, o aumento do
espessamento de nervos está altamente relacionado com o atraso do diagnóstico.
No presente estudo, com relação às comparações quanto à presença de
espessamento e/ou dor nos nervos periféricos, houve uma piora entre o início e a alta da
PQT, com 81,8% no MSD, 55,6% no MSE e de 65,5% no MIE, em nervos que
previamente não tinham comprometimento. A piora foi maior nas comparações entre o
início da PQT e a avaliação de janeiro de 2007. Quando a comparação é feita entre a alta
da PQT e de janeiro de 2007, a proporção de piora chega a 100% nos MMSS e a 91,7% no
MIE. Cabe aqui questionar se essa piora poderia estar relacionada com a melhora técnica
do examinador ou ainda com o real aumento desse achados, devido a subjetividade desta
avaliação. É importante considerar que o diagnóstico tardio, reações e traumas podem
aumentar o comprometimento nos nervos.
De acordo com os critérios adotados neste estudo com relação à presença de
alteração da sensibilidade no início da PQT, 77,5% dos pacientes apresentaram alterações
nas mãos e 95,8% nos pés. Van Brakel et al. (2005),
94
relataram em estudo realizado na
Índia, que 41,9% dos pacientes casos novos, MB, apresentava diminuição da sensibilidade
no diagnóstico. Por outro lado, Croft et al. (1999),
44
identificaram presença de alteração da
sensibilidade em apenas 11,9% dos pacientes. Van Brakel et al. (1994),
106
em estudo
realizado no Nepal, encontraram 29% dos pacientes com alterações da sensibilidade no
82
momento do diagnóstico. É preciso estar atento aos instrumentos e critérios utilizados em
cada estudo, pois há uma variação considerável. Só é possível comparar estudos que
utilizem mesma metodologia. No presente estudo, no momento da alta, observou-se uma
melhora na proporção de pacientes com alteração da sensibilidade, ainda permanecendo
37,5% nas mãos e de 78,3% nos pés. O nervo mediano direito foi o único que apresentou
piora entre a avaliação do início da PQT e da alta. Croft et al. (2000)
28
encontraram
melhora de 68% na sensibilidade num período de 12 meses após o início da PQT.
Comparando a sensibilidade de cada nervo separadamente no início da PQT, na alta e em
janeiro de 2007, observa-se que houve melhora em todas as comparações.
Considerando os critérios adotados neste estudo com relação à presença de
alteração da força muscular no início da PQT, 28,6% dos pacientes apresentaram
alterações nas mãos e 4,2% nos pés. Van Brakel et al. (2005)
94
relataram, em estudo
realizado na Índia, que 19,5% dos pacientes casos novos, MB, apresentavam diminuição da
força muscular no diagnóstico. Croft et al. (1999)
44
observaram presença de alteração da
força muscular em apenas 7,4%% dos pacientes e van Brakel et al. (1994)
106
em estudo
realizado no Neapal, em 24% dos pacientes. No presente estudo, houve piora da força
muscular na alta sendo que 31,6% dos pacientes apresentaram alterações nas mãos e 6,5%
nos pés. Croft et al. (2000)
28
encontraram melhora de 67% na força muscular num período
de 12 meses após o início da PQT.
No estudo de força em músculos isolados, apenas no abdutor do 5º dedo à direita
houve diferença significativa. De acordo com os dados, houve piora na força do abdutor do
5º dedo à direita na alta comparando com o início (p=0,01) e também em janeiro 2007
comparando com o início (p=0,01). Não houve piora após a alta comparando com 2007 o
que sugere que a piora tenha ocorrido durante a PQT. Apesar de não termos disponíveis a
dominância dos pacientes deste estudo, a maioria da população é destra, o que justifica o
83
maior comprometimento do MSD. Levando também em consideração o fato de o nervo
ulnar ser um dos mais afetados na hanseníase, isso explicaria a piora mais significativa
neste músculo.
Quanto ao GI no momento do início da PQT, 33,7% dos pacientes foram
classificados como GI zero, seguido de 38,6% com GI 1 e de 27,7% com GI 2.
Comparando-se com os parâmetros dos indicadores epidemiológicos, a porcentagem de
pacientes com GI 2 deste estudo é considerada alta, o que reflete o diagnóstico tardio.
41
Se
considerarmos também o GI 1, essa proporção aumenta, chegando a 66,3% de pacientes
com algum problema devido à disfunção dos nervos periféricos. Resultado semelhante foi
encontrado no trabalho de Sharma et al. (1996)
107
realizado em Nova Déli, com 151
pacientes multibacilares, em que 68,0% dos casos foram classificados com algum GI 1 e 2.
São vários os estudos que mostram diferentes números com relação ao GI no
momento do diagnóstico. Gonçalves (2006),
90
em estudo com 595 pacientes que iniciaram
PQT em Belo Horizonte-MG, no período de 1993 a 2003, registrou 37% de pacientes com
GI 1 e 2. Van Brakel et al. (2005),
94
em estudo realizado na Índia com pacientes casos
novos, multibacilares, encontraram 50,5% com GI 1 e 2 no diagnóstico. Pimentel et al.
(2004)
105
relatam que, dos 103 pacientes do estudo realizado no Brasil, 43,7% eram GI
zero, seguido de 34% do GI 1 e 22,3% do GI 2. Saunderson et al. (2000),
79
em trabalho
realizado na Etiópia, identificaram 55,0% de pacientes com GI 2 no momento do
diagnóstico. Outros estudos como o de Croft et al. (1999),
44
Selvaraj et al. (1998)
91
e
Richardus et al. (1996)
92
encontraram 15,6%, 24,3% e 37,6% de pacientes com
deformidades, respectivamente.
É preciso atentar para os critérios utilizados. Alguns autores consideram apenas o
GI 2 como indicador da incidência das deformidades. Já outros consideram os GI 1 e 2.
Outro ponto controverso é o critério de inclusão no GI 1. São utilizados instrumentos
84
diferentes na avaliação da sensibilidade e critérios diversos para considerar perda da
sensibilidade. Todas essas diferenças dificultam as comparações entre os estudos.
55
Quando comparamos o GI nas mãos e pés, entre o início e a alta da PQT, a grande
maioria melhorou. Houve uma mudança de 44,0% dos pacientes do GI 1 para GI zero e de
23,5% dos pacientes GI 2 que melhoraram para os GI zero e 1. Apenas um paciente piorou
do GI zero para o GI 1 (4,8%). Dados semelhantes foram encontrados no trabalho de
Gonçalves (2006),
90
realizado em Belo Horizonte-MG, no qual houve mudança de 43,0%
dos pacientes do GI 1 para o GI zero e de 20,0% do GI 2 para o GI 1. Pimentel et al.
(2004)
105
mostraram que houve uma diminuição dos pacientes GI 1 e 2 entre o início da
PQT e a alta numa proporção de 56,3% para 39,2%. No trabalho de van Brakel et al.
(1999),
108
com pacientes multibacilares, a melhora dos pacientes do GI 1 para o GI zero foi
de 45,7%, e de 22,1% do GI 2 para os GI zero e 1, valores estes semelhantes ao presente
estudo. Reed et al. (1996),
109
encontraram 28% de melhora entre o início e a alta em
pacientes MB.
No trabalho de Gonçalves (2006),
90
realizado em Belo Horizonte-MG, apenas
1,32% pioraram o seu GI em relação ao início do tratamento. Oliveira et al. (2003),
110
em
estudo retrospectivo com 4230 pacientes em Rondônia, Brasil, observaram 8% de piora no
GI entre os pacientes MB e 4% entre os PB quando comparou o início da PQT e a alta.
Saunderson et al. (2000),
79
em um estudo de coorte prospectiva na Etiópia, em que
acompanharam os pacientes por 10 anos após o tratamento, relataram que, dos 594
pacientes do estudo, 268 (45%) não apresentavam nenhuma deficiência no diagnóstico, GI
zero. Destes, 73 pacientes (27,2%) apresentaram alterações dos nervos durante o período
do seguimento. Em outro trabalho realizado por Croft et al. (2000),
28
em Bangladesh, a
maioria dos pacientes que desenvolveu danos nos nervos após o início do tratamento, o fez
no primeiro ano (67% dos MB e 91% dos PB). Outros 33% dos MB desenvolveram os
85
danos neurais no segundo ano após o início da PQT. Com relação à comparação entre o
início e a alta, Croft et al. (2000),
28
relataram ainda que 36% dos pacientes MB e 4,4% nos
PB tiveram piora no final dos 24 meses após o início do tratamento. No trabalho de van
Brakel et al. (1999),
108
com pacientes MB, a piora entre o início da PQT e dois anos após,
foi de 28%, dado este maior que o encontrado no presente trabalho (4,8%). Schreuder,
(1998),
111
relata em trabalho realizado na Tailândia que 2,9% dos pacientes PB e 16% dos
MB, adquiriram nova incapacidade entre o período do início do tratamento e alta. No
Nepal, Reed et al. (1996),
109
encontraram 16% de piora entre o início e a alta em pacientes
MB.
Concluindo, com relação à melhora e à piora do GI entre o início e a alta do
tratamento, os resultados apresentados no presente estudo se assemelham aos da literatura.
Observando o GI das mãos e dos pés separadamente, encontramos, em todas as
comparações, maiores proporções de perda da sensibilidade protetora nos pés (GI 1) e de
presença de deformidades (GI 2) nas mãos. Embora mãos e pés tenham alterações da
sensibilidade, devido ao maior uso das mãos nas atividades da vida diária pela maioria das
pessoas, as deformidades tornam-se mais freqüentes nestas.
Na comparação entre o início da PQT e janeiro de 2007, com tempo médio de 18
anos após o início da PQT, também houve melhora de 55,0% dos pacientes do GI 1 que
mudaram para o GI zero e de 13,3% do GI 2 que foram para o GI 1. Nenhum paciente
piorou. Pimentel et al. (2004),
105
em estudo realizado no Rio de Janeiro, após acompanhar
103 pacientes MB por um período médio de 64,6 meses, variando entre 28 e 90 meses,
encontraram 12 pacientes (11,7%) com piora do GI entre o início da PQT e a última
avaliação do seguimento. Destes, cinco pacientes (4,9%) tiveram neurite silenciosa durante
o acompanhamento. Meima et al. (2001),
103
em um seguimento entre 24 a 48 meses após a
alta, encontraram entre os pacientes GI zero no início da PQT, piora de 4% entre os PB e
86
21% entre os MB. Relataram ainda que, dos 74 pacientes com deformidade no seguimento,
69 (93%) já apresentavam deformidades na alta.
Já na comparação entre a avaliação da alta e a de janeiro de 2007, apesar de não ter
sido estatisticamente significativa, foram observadas algumas mudanças. Dois pacientes
(8,7%) com GI zero pioraram para o GI 1 e quatro pacientes (30,8%) do GI 1 melhoraram
para o GI zero. Não houve mudança entre os pacientes do GI 2. Pimentel et al. (2004),
105
concluem que o GI no diagnóstico está correlacionado com o da alta e também com o do
seguimento, com pior prognóstico naqueles que já começaram o tratamento com alguma
incapacidade. Já no trabalho de Rao et al. (1994),
112
nenhum paciente desenvolveu nova
deformidade após a alta, durante o período de acompanhamento que variou de um a sete
anos.
O resultado deste estudo demonstra que houve uma diminuição entre a proporção
de pacientes do GI 2 entre o início (27,7%) e a alta (20,6%), permanecendo, contudo, um
indicador epidemiológico alto. Essa proporção permaneceu praticamente a mesma quando
comparamos o início do tratamento e a avaliação atual (26,5%).
Quando analisamos as comparações do GI entre os diferentes intervalos, início /
alta, início / janeiro de 2007 e alta / janeiro de 2007, observamos que na grande maioria, as
mudanças são mais significativas nas duas primeiras comparações, ou seja, são
determinadas pelo tratamento. Resultado semelhante foi encontrado por Pimentel et al.
(2004),
105
que relataram que o GI no diagnóstico está relacionado com o da alta e também
com o grau do seguimento sendo pior o prognóstico naqueles que já começaram o
tratamento com alguma incapacidade.
Apesar das melhoras observadas no GI, nas diversas análises, quando comparamos
este instrumento com a presença de alterações nos nervos periféricos (espessamento e/ou
dor, alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular) podemos verificar
87
algumas contradições importantes. Na avaliação do início do tratamento com a PQT, entre
os pacientes GI zero, 24 (86%) apresentavam alteração da sensibilidade, dois (7%) da força
muscular e 57% tinha algum nervo com espessamento e/ou dor. Na alta, ainda havia 16
pacientes (50%) do GI zero com alteração da sensibilidade, cinco pacientes (16%), com
alteração da força muscular e 11 (34%) com presença de espessamento e/ou dor nos
nervos. Comparando a avaliação de janeiro de 2007, 18 anos em média após o início da
PQT, ainda havia quatro pacientes (16%) com alguma alteração da sensibilidade e/ou da
força muscular e/ou com espessamento e/ou dor nos nervos, apesar de estarem
classificados como GI zero.
Dos pacientes GI 1 no início, 34% apresentavam alteração da força muscular e 22
(69%) tinham espessamento e/ou dor nos nervos. Na alta, a proporção de pacientes GI 1
com alteração da força aumentou para 56%, demonstrando uma piora em relação ao início
da PQT. Em janeiro de 2007, 27% ainda apresentavam alteração da força muscular apesar
de classificados com GI um. A proporção de alterações de espessamento e/ou dor chegou a
0% na última avaliação.
Como se vê, muito dos pacientes classificado como GI zero, que não deveriam
apresentar nenhum problema com os nervos periféricos apresentam alterações tanto da
sensibilidade quanto da força muscular. Pacientes classificados como GI 1, que deveriam
apresentar apenas perda da sensibilidade protetora, também apresentam alterações da força
muscular. Essas diferenças trazem dificuldades nas condutas a serem adotadas. Muitas
vezes, pelo fato de os pacientes serem GI zero, não é dada a devida importância aos
possíveis problemas que podem ocorrer com a função dos nervos periféricos. Apesar de a
grande maioria dos pacientes do presente estudo não ter piorado do GI zero para GI 1 ou
GI 2, 86% apresentaram alterações na sensibilidade e 7% na força muscular além de 57%
dos nervos com espessamento e/ou dor no momento do diagnóstico. Como foram
88
acompanhados no serviço por um tempo médio de 24 meses, tenham sido diagnosticadas e
tratadas as alterações ocorridas neste período, impedindo que os mesmos passassem para o
GI 1 ou 2. Na alta, ainda era elevada a proporção de alteração da sensibilidade e a força
muscular havia piorado. Em janeiro de 2007, ainda existiam pacientes com GI zero e
alterações da sensibilidade, da força muscular e com presença de nervos com espessamento
e/ou dor, o que demonstra necessidade de cuidados.
Portanto, apesar de ser adotado mundialmente e de preenchimento obrigatório, o GI
apresenta claras limitações decorrentes dos diferentes critérios adotados em diferentes
países. Além disso, o GI não é um bom instrumento para medir a gravidade das
incapacidades e, algumas vezes, pequenas incapacidades podem levar à mudança do grau e
uma grande mudança pode não alterar o grau.
88
Portanto, esse instrumento não permite
acompanhar e monitorar adequadamente a função do nervo periférico.
Apesar de, em muitos estudos, o GI estar sendo usado para avaliar e monitorar as
deformidades durante o tratamento,
55
não é um substituto da avaliação clínica da função do
nervo. Em uma avaliação, por exemplo, o paciente pode ter GI 1 devido à perda da
sensibilidade no nervo ulnar. Este mesmo paciente, num segundo momento, pode
permanecer no GI 1, mas ter perda de sensibilidade nos nervos ulnar e mediano.
73
O termo GI vem inclusive sendo bastante questionado. Alguns autores sugerem
que, ao invés de GI, seja usado o termo grau de deficiência, pois os registros são, na
verdade, das deformidades e não das incapacidades resultantes da doença.
47,55,75,103,108
Para
prevenir confusão na utilização da terminologia, recomenda-se o uso Classificação
Internacional de Funcionalidade (CIF, 2003).
113
Com relação à presença de reação, dos 49 pacientes avaliados em janeiro de 2007,
29 (59,2%) apresentaram reação durante o tratamento. Destes 29 pacientes, 13 (44,8%)
também apresentaram reação após o tratamento e cinco (17,2%), ainda apresentaram
89
reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007. Todos os cinco pacientes que
tiveram reação no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, tamm apresentou reação
durante o tratamento (com neurite). Destes cinco pacientes, quatro informaram que, desde
a alta, vêm apresentando reação (com neurite) e apenas um, teve o 1º episódio no período
de janeiro de 2006 a janeiro de 2007. De acordo com a percepção de piora nos MMSS e
MMII, dos cinco, apenas um não relatou nenhuma alteração. Este paciente teve reação
desde a alta. Dos 12 pacientes que tiveram reação após a alta, oito não relataram percepção
de piora nos MMSS e MMII. Os processos reacionais podem ocorrer sem o envolvimento
funcional dos nervos periféricos.
Não se conseguiu fazer nenhuma correlação estatisticamente significativa entre os
pacientes que tiveram alguma piora da função neural após a alta, com o autoconhecimento
das pioras, com a presença de reação, também após alta, com a procura do serviço e/ou
com a realização do tratamento adequado.
Um dos dados avaliados neste trabalho foi a religião. Observou-se que, entre o
período do início da PQT e janeiro e 2007, houve uma mudança da religião católica para as
religiões evangélicas na proporção de 19,4%. Todos os pacientes que eram evangélicos no
momento do início da PQT permaneceram com a mesma religião. Outro aspecto observado
foi o fato de que entre os evangélicos, todos relataram boas perspectivas com relação ao
tratamento, à cura e à vida. Contudo, não foi realizada comparação com a população em
geral.
Com relação ao uso de bebida alcoólica, também foi importante a mudança de
comportamento entre os pacientes. De acordo com os relatos, 76,2% dos pacientes
deixaram de beber no intervalo entre o início da PQT e a avaliação em janeiro de 2007.
Justificaram esse comportamento com o fato de terem entendido que o álcool não deveria
ser utilizado conjuntamente ao tratamento e que não era bom para as suas vidas. Essa
90
mudança permaneceu após o tratamento. Apenas um paciente (3,4%) iniciou o uso do
álcool no mesmo intervalo de tempo. Esses relatos estão em consonância com as respostas
ao questionário CAGE. Foi observado que 96% dos pacientes não têm tendência ao
alcoolismo e apenas um paciente (2,0%) se encontra no GI 2 desta escala. Também não foi
realizada comparação com a população em geral com relação à variável uso de bebida
alcoólica.
Quando analisamos os resultados do BDI vimos que 31,2% dos pacientes
apresentam algum grau de depressão.
Entre os pacientes que pioraram ou não a função dos nervos em janeiro de 2007, em
relação à avaliação do início da PQT, observou-se pior qualidade de vida para os domínios
aspectos físicos e dor. Essa associação mostra que a piora gerada pelo comprometimento
dos nervos pode interferir na qualidade de vida dos indivíduos, levando a dificuldades
físicas. Quando analisada conjuntamente com a escala de participação, apesar de a
diferença entre os que pioraram ou não ter sido limítrofes, 31,8% dos que pioraram tiveram
restrição à participação. No presente estudo, a qualidade de vida e a restrição à participação
mostraram estarem relacionadas com a piora na função dos nervos.
Apesar de nas comparações múltiplas os resultados apontarem para uma melhora
geral nos aspectos da avaliação neurológica simplificada e do GI, quando utilizamos os
critérios de piora (presença de um ou mais nervos com espessamento e/ou dor que não
existia no início ou na alta e/ou piora de um monofilamento em dois ou mais sítios do
território de cada nervo ou de pelo menos dois ou mais monofilamentos em apenas um
sítio de cada nervo e/ou diminuição da força muscular em um ou mais graus de cada teste
realizado), constata-se que parte dos pacientes apresentou piora.
A análise univariada foi realizada para os MMSS e para os MMII separadamente,
considerando como resposta duas variáveis: a piora da função dos nervos em janeiro de
91
2007 em relação ao início da PQT e a piora da função dos nervos em janeiro de 2007 em
relação à alta. Essa separação foi necessária para conhecer quais as variáveis que durante a
fase do tratamento poderiam estar associadas com a piora da função dos nervos e também,
quais as variáveis poderiam estar associadas à piora da função dos nervos na fase pós-
tratamento, permitindo, assim, intervenções mais adequadas em cada caso.
Na comparação das análises dos MMSS entre a piora da função dos nervos em
janeiro de 2007 em relação ao início e entre janeiro de 2007 em relação à alta, utilizando
como variáveis explicativas àquelas da fase de tratamento, observa-se muita semelhança
nas variáveis com diferença significativa.
Quando comparamos a piora nos MMSS em janeiro de 2007 em relação ao início
da PQT utilizando como variáveis explicativas àquelas da fase de tratamento, as variáveis
relacionadas com maior chance de piora foram sexo masculino, presença de reação durante
o tratamento, presença de alteração da força muscular no início e GI 2 nas mãos, no início.
Já quando comparamos a piora em janeiro de 2007 em relação à alta, também utilizando
como variáveis explicativas àquelas da fase de tratamento, a chance de piora fica ainda
maior com relação à alteração da força muscular no início e aumenta para 20 vezes a
chance de piora do paciente GI 2 nas mãos, no início. Nas duas comparações, a presença
de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da
força muscular no início também foram importantes.
Já na comparação das análises dos MMII entre a piora da função dos nervos em
janeiro de 2007 em relação ao início e entre janeiro de 2007 em relação à alta, utilizando
como variáveis explicativas àquelas da fase de tratamento, apenas o GI nos pés, no início,
foi estatisticamente significativo na comparação entre janeiro de 2007 e o início da PQT.
Pacientes com GI 2 nos pés, no início, têm aproximadamente 11 vezes mais chance de
piorar.
92
Na comparação das análises dos MMSS entre a piora da função dos nervos em
janeiro de 2007 em relação ao início e entre a piora em janeiro de 2007 em relação à alta,
utilizando como variáveis explicativas àquelas da fase pós-tratamento, observa-se também
muita semelhança nas variáveis com diferença significativa.
Quando comparamos a piora nos MMSS em janeiro de 2007 em relação ao início
da PQT, utilizando como variáveis explicativas àquelas da fase pós-tratamento, as
variáveis com maior chance de piora forammero de nervos espessamento e/ou dor na
alta, reação durante o período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, alteração da
sensibilidade e da força muscular na alta e relato de piora nos MMSS. Já quando
comparamos a piora em janeiro de 2007 em relação à alta, também com as variáveis
explicativas da fase pós-tratamento, dobra a chance de piora com relação à alteração da
sensibilidade e da força muscular na alta. O relato de piora nos MMSS permanece como
variável significativa e o GI na alta, principalmente o GI 2, passa a ter importância na
chance de piora. Nas duas comparações, a presença de nervos com espessamento e/ou dor
e/ou alteração da sensibilidade e/ou alteração da força muscular na alta também foram
importantes.
Na comparação das análises dos MMII entre a piora da função dos nervos em
janeiro de 2007 em relação ao início e entre janeiro de 2007 em relação à alta, utilizando
como variáveis explicativas àquelas da fase pós-tratamento, as variáveis com maior chance
de piora foram número de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração da
sensibilidade e/ou alteração da força muscular na alta, reação no período de janeiro de
2006 a janeiro de 2007 e alteração da força muscular na alta.
De acordo com os critérios utilizados para considerar presença de piora, na
comparação entre as avaliações de janeiro de 2007 e a do início da PQT, todos os pacientes
apresentaram nos MMSS alteração da sensibilidade e/ou da força muscular com ou sem
93
espessamento e/ou dor. Nos MMII, encontraram-se dois pacientes com presença apenas de
dor. Já na comparação entre as avaliações de janeiro de 2007 e a da alta da PQT, tanto nos
MMSS quanto nos MMII, dois pacientes apresentaram piora apenas com a presença de
dor, sem sinais de alteração da sensibilidade e/ou da força muscular. Em todas as
comparações, a presença apenas de espessamento como sinal de piora da função do nervo
não foi encontrada em nenhum paciente.
Vários estudos buscam associações entre as variáveis que poderiam estar
relacionadas com o aparecimento de incapacidades e deformidades. Selvaraj et al. (1998),
91
em estudo realizado na Índia, encontraram associação entre número de nervos acometidos
no início da PQT (acima de três), sexo masculino, presença de anestesia palmar ou plantar
e idade acima de 45 anos, com a ocorrência de deformidades. Saunderson et al. (2000),
79
identificaram como fatores associados ao desenvolvimento de neuropatias idade, atraso no
diagnóstico, número alto de nervos espessados no diagnóstico e ocorrência de reação
reversa. Croft et al. (2000),
28
em estudo com 2510 pacientes acompanhados por um
período de dois anos, detectaram que 166 pacientes desenvolveram novas incapacidades e
demonstraram que as principais variáveis de risco para estas novas incapacidades foram:
classificação MB ou PB e presença de danos no nervo periférico no início da PQT.
Oliveira et al. (2003),
110
em estudo retrospectivo com 4230 pacientes em Rondônia, Brasil,
identificaram a presença de incapacidades no início da PQT como fator mais importante no
desenvolvimento de novas incapacidades. Kumar et al. (2004),
11
relataram que a chance
de deformidade é de duas vezes maior nos pacientes com três a cinco nervos espessados e
de seis vezes maior entre os pacientes com mais de cinco nervos.
Segundo Pimentel et al. (2004),
105
devemos ter cuidado com os pacientes em risco
de desenvolver danos nos nervos periféricos: pacientes MB, início do tratamento tardio,
nervos com espessamento e/ou dor, incapacidades presentes já no diagnóstico, foram os
94
mais comprometidos. Van Brakel et al. (2005),
94
em estudo acompanhando pacientes casos
novos MB por dois anos, relataram que espessamento e/ou dor nos nervos no diagnóstico,
estão associados com o aumento do risco de dano na função dos nervos, mas esta
associação não foi muito forte. Contudo, Van Veen et al. (2006),
89
consideram que o atraso
no diagnóstico por si só não pode ser considerado como fator de risco para o aparecimento
das deficiências. É necessário compreender as características das populações, as diferentes
formas de classificação da hanseníase, o acesso e cobertura de cada serviço, dentre outros.
A análise da árvore de decisão utilizando o algoritmo CART, permitiu uma forma
mais rápida de compreensão das inter-relações das variáveis do estudo. O CART identifica
as variáveis discriminadoras por meio de busca exaustiva de todas as possibilidades,
mesmo na presença de inúmeros fatores.
101
Da mesma forma como nas análises uni e multivariadas, foi necessário fazer as
análises separadamente para os MMSS e para os MMII e, ainda, separar a análise por
períodos de tratamento e pós-tratamento. A tentativa de juntar todas as variáveis fez com
que a árvore não crescesse, motivo já explicado anteriormente.
Quando observarmos as análises dos MMSS e dos MMII comparando as avaliações
de janeiro de 2007 com as do início da PQT, utilizando como variáveis explicativas
aquelas da fase de tratamento, observamos que as variáveis que melhor discriminaram os
modelos são as mesmas. Houve, no entanto, pequenas diferenças. Nos MMSS, a presença
da reação durante o tratamento foi a variável que melhor discriminou o modelo, seguida do
GI e do número de nervos com espessamento e/ou dor no início. Já nos MMII, o GI no
início foi a variável que melhor discriminou o modelo, seguida da presença de reação
durante o tratamento e do número de nervos com espessamento e/ou dor e/ou alteração de
sensibilidade e/ou alteração da força muscular.
95
Já nas análises dos MMSS e dos MMII, comparando as avaliações de janeiro de
2007 com as da alta da PQT, utilizando como variáveis explicativas àquelas da fase de
tratamento, observamos que as variáveis que melhor discriminaram os modelos são
praticamente as mesmas. Para os MMSS, a presença de alteração da força muscular na alta
foi a variável que melhor discriminou a piora. Já nos MMII, a presença de reação no
período de janeiro de 2006 a janeiro e 2007 foi a primeira divisão da árvore seguida da
presença da alteração da força muscular na alta, como observado nos MMSS.
As conclusões são semelhantes às encontradas na regressão logística binária. A
presença de reação durante ou depois do tratamento, o GI, a presença de alteração na força
muscular e o número de nervos com algum tipo de envolvimento (espessamento e/ou dor;
alteração da sensibilidade ou da força muscular) todos no início, são as variáveis que mais
interferiram na presença de piora em todas as comparações. Saunderson et al. (2000),
79
relataram que o GI é o fator mais importante para determinar a evolução dos danos neurais.
A análise da árvore de decisão utilizando o algoritmo CART possibilita ao
profissional que acompanha o paciente direcionar suas ações no sentido de atuar na
prevenção da possibilidade de aumento das complicações os nervos periféricos. O
profissional passa a ter parâmetros no seu dia-a-dia que guiarão sua conduta.
Muitos são os fatores responsáveis pelas lesões permanentes nos nervos periféricos:
diagnóstico e tratamento tardios; tratamento irregular e neurites não diagnosticadas
precocemente. Muitos pacientes procuram pelo tratamento quando a lesão nos nervos
periféricos já é irreversível. A falta de uma avaliação rotineira e sistemática impossibilita o
diagnóstico e tratamento precoce das neurites.
73
Segundo Brandsma (1981),
73
a avaliação
da função dos nervos deve ser realizada em todos os pacientes para que seja possível
diagnosticar as futuras alterações. Deve ser realizada durante as neurites, sempre que o
paciente queixar de dor nos nervos, fraqueza ou dormência e ainda de seis em seis meses
96
em todos os pacientes. Devido a grande incidência das chamadas “neurites silenciosas”,
termo usado devido a processos inflamatórios nos nervos com ausência de dor, a avaliação
da função do nervo deve ser feita de forma rotineira e constante para prevenir o avanço das
lesões, que podem levar a danos irreversíveis.
27
Segundo Smith e Smith (2000),
114
qualquer piora recente na sensibilidade ou na força muscular, deve ser tratada com
urgência para evitar a instalação de danos neurais.
Este estudo, com seguimento médio de 18 anos contribuiu para uma maior
compreensão dos fatores relacionados com a evolução da função dos nervos na hanseníase.
Mostrou a importância da avaliação neurológica simplificada, e indica que a mesma deva
ser feita de forma rotineira durante o tratamento da PQT e também, após a alta,
possibilitando assim, a prevenção das incapacidades e deformidades. Aponta para a
necessidade do paciente estar bem orientado e atento para perceber as possíveis alterações
dos nervos e buscar tratamento.
Com relação a pesquisas, fica clara a necessidade de estudos bem orientados para
buscar entender melhor o que leva o paciente apresentar reações, com ou sem alterações na
função dos nervos. É necessário também estudar o perfil dos pacientes.
Pelo fato de parte do estudo ter sido baseada em dados de prontuário, algumas
limitações se fizeram presentes, tais como falta de alguns dados e dificuldade em localizar
os pacientes. O tamanho pequeno da amostra, bem como a falta de exames para o estudo
quantitativo dos nervos periféricos, dificultaram a realização do presente estudo.
Contudo, algumas perspectivas se fazem presentes. Fazer um estudo detalhado dos
pacientes que tiveram piora neste trabalho, bem como um estudo qualitativo dos mesmos,
poderia trazer mais informações sobre possíveis motivos relacionados a estas alterações.
97
7 CONCLUSÃO
Quando analisamos pele, palpação dos nervos, sensibilidade, força muscular e grau
de incapacidade, observamos piora principalmente na presença de espessamento e/ou dor
(estrutura do nervo). Nos outros aspectos a tendência é de melhora. Esta melhora é mais
evidente na fase de tratamento do que na fase pós-tratamento.
Pacientes com grau de incapacidade zero no início, na alta e em janeiro de 2007
apresentaram alterações (espessamento e/ou dor, alteração da sensibilidade e da força
muscular) em todos os momentos. Isto contradiz o conceito do grau de incapacidade.
Na análise univariada, foram identificadas algumas variáveis relacionadas à piora
clínica. Sexo masculino, reação durante o tratamento, alteração da força no início,
alteração da sensibilidade e da força muscular na alta, GI no início e na alta e número de
nervos com alterações também no início e na alta foram as variáveis mais relacionadas
com a piora nos MMSS. Nos MMII, a presença de GI 2 no início e o número de nervos
com alterações na alta foram os principais determinantes de piora.
Através da regressão logística binária e da árvore de decisão foram identificadas as
variáveis mais significativas para o desfecho do trabalho.
Não se conseguiu fazer nenhuma correlação estatisticamente significativa entre os
pacientes que tiveram alguma piora da função neural após a alta, com o autoconhecimento
das pioras, com a presença de reação, também após alta, com a procura do serviço e/ou
com a realização do tratamento adequado.
No presente estudo, a qualidade de vida e a restrição à participação mostraram
estarem relacionadas com a piora na função dos nervos.
98
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APÊNDICE A
PROTOCOLO – DADOS GERAIS E CLÍNICOS
Data da Avaliação:
IDENTIFICAÇÃO
Nº Ordem: Nº Prontuário:
Nome:
Sexo: Data Nascimento:
Endereço:
Telefone:
Estado Civil:
Procedência: Naturalidade:
Profissão/Ocupação:
Escolaridade:
DADOS CLÍNICOS
Forma Clínica:
Data do Diagnóstico:
Data do início PQT:
Data da alta PQT:
Teve outros tratamentos anteriores à PQT? ( ) Sim ( ) Não
Teve abandono de Tratamento da PQT? ( ) Sim ( ) Não
BAAR no diagnóstico: PQT
Situação atual: ( ) Tratamento ( ) Alta ( ) Abandono
( ) Óbito
COMORBIDADES CLÍNICAS ATUAIS:
Consumo de bebidas alcólicas atual: ( ) Sim ( ) Não
Consumo de bebidas alcólicas prévia: ( ) Sim ( ) Não
Data da primeira avaliação neurológica:
Teve reação ou neurite durante o intervalo da alta e hoje? ( ) Sim ( ) Não
Quando?
Descrever o quadro:
108
Qual o tratamento realizado?
Observou alguma alteração nos MMSS e/ou MMII durante esse intervalo?
( ) Sim ( ) Não
Qual(is)?
Procurou o Serviço por outros motivos? ( ) Sim ( ) Não
Qual o motivo?
Como se sente hoje com relação à Hanseníase?
109
APÊNDICE B
Protocolo: avaliação neurológica - membros superiores e inferiores
Ínicio Atual
1 – Queixas (descrever)
2 – Inspeção (calos,
ressecamento, feridas,
atrofia, reabsorção
óssea, garra, outras
deformidades
D E D
E
3 – Palpação E (espessamento) D (dor)
Ulnar
- Mediano
Radial
- Radial Cutâneo
4 – Avaliação da sensibilidade
Ínicio Atual
D E D E
D
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
E
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
5 – Força Muscular (0-5)
- Abdutor do 5º dedo
(ulnar)
- Abdutor polegar
(mediano)
- Extensor do punho
(radial)
110
Ínicio Atual
1 – Queixas (descrever)
2 – Inspeção (calos,
ressecamento, feridas,
atrofia, reabsorção óssea,
garra, outras
deformidades
D
E D
E
3 – Palpação E (espessamento) D (dor)
Fibularr
Tibial
4 – Avaliação da sensibilidade
Ínicio Atual
D E D E
D
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
E
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
5 – Força Muscular (0-5)
- Extensor do Halux
- Dorsiflexor do Pé
Grau de Incapacidades OMS (0,1 e 2)
TOTAL MSD MSE MID MIE
ÍNICIO
ALTA
ATUAL
111
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estudo da função dos nervos periféricos em pacientes com hanseníase
tratados há mais de 10anos (título provisório).
Introdução: Você está sendo convidado a participar desta pesquisa clínica. É muito
importante que você leia e compreenda a seguinte explicação sobre os procedimentos
propostos antes de aceitar participar da mesma. Esta declaração descreve o objetivo,
procedimentos, benefícios e riscos do estudo, e o seu direito de sair do estudo a qualquer
momento. Nenhuma garantia ou promessa pode ser feita sobre o resultado do estudo.
Estas informações estão sendo dadas para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a
pesquisa proposta, antes de obter o seu consentimento. Se ainda assim persistirem
dúvidas a respeito do estudo, pergunte ao pesquisador responsável.
Objetivo: O objetivo deste estudo é realizar avaliação neurológica simplificada (palpação
de nervo, sensibilidade e força muscular) e comparar com a avaliação realizada no início
do seu tratamento para verificar se ainda existe algum problema. Serão convidados para
este estudo 85 pacientes que fizeram o tratamento com a poliquimioterapia na Unidade
Básica de Saúde de Citrolândia, Betim há mais de 10 anos.
Resumo: A hanseníase é uma doença que afeta principalmente a pele e os nervos
periféricos dos braços e pernas. O tratamento da poliquimioterapia leva à cura. Contudo,
as lesões desses nervos podem continuar ocorrendo mesmo após o tratamento, trazendo
problemas e dificuldades para os pacientes. O reconhecimento da situação atual de cada
paciente poderá nos ajudar no acompanhamento após tratamento, evitando que
complicações ocorram.
Procedimentos: Este estudo irá consistir de uma entrevista para coletarmos algumas
informações sobre dados sócio-demográficos (idade, sexo, escolaridade, emprego),
dados clínicos sobre a hanseníase, outras doenças, etc. Serão aplicados questionários
para avaliação da qualidade de vida, da gravidade das restrições à participação nas
atividades da vida diária. Em seguida será realizada a avaliação neurológica simplificada
(palpação dos nervos, teste de sensibilidade e de força muscular). Todas as entrevistas,
questionários e avaliações serão realizadas pela terapeuta ocupacional Maria Beatriz
Penna Orsini.
Critérios de inclusão: Serão incluídos todos os pacientes que iniciaram a
poliquimioterapia durante o período de fevereiro de 1987 à maio de 1990 na unidade
Básica de Saúde de Citrolândia, Betim, num total de 85.
Benefícios: Esta pesquisa poderá ter o benefício de detectar a presença de problemas
com os nervos periféricos e se houver necessidade de tratamento especializado e for do
seu interesse, você será encaminhado e orientado.
Confidencialidade: Os registros de sua participação neste estudo serão mantidos
confidencialmente até onde é permitido por lei e todas as informações estarão restritas à
equipe responsável pelo projeto. No entanto, o pesquisador e sob certas circunstâncias,
o Comitê de Ética em Pesquisa/UFMG, poderão verificar e ter acesso aos dados
confidenciais que o identificam pelo nome. Qualquer publicação dos dados não o
identificará. Ao assinar este formulário de consentimento, você autoriza o pesquisador a
fornecer seus registros médicos para o Comitê de Ética em Pesquisa/UFMG.
Desligamento: A sua participação neste estudo é voluntária e sua recusa em participar
ou seu desligamento do estudo não envolverá penalidades ou perda de benefícios aos
112
quais você tem direito. Você poderá cessar sua participação a qualquer momento sem
afetar seu acompanhamento médico em andamento.
Compensação: Você não receberá qualquer compensação financeira por sua
participação no estudo. A participação no estudo também não implicará em ônus
financeiro (despesas) para você.
Emergência / contato com a Comissão de Ética: É garantido seu direito a respostas a
eventuais dúvidas que surgirem durante o estudo. Assim, se você tiver qualquer dúvida,
contate a terapeuta ocupacional Maria Beatriz Penna Orsini 9982-8906 ou a Comissão de
Ética à Av. Antonio Carlos, 6627 Unidade Administrativa II - 2º
andar, Campus da
Pampulha, Belo horizonte – Minas Gerais, no telefone 3499-4592 ou ainda a Unidade
Básica de Saúde de Citrolândia, Betim no telefone 3530-6471.
Consentimento: Li e entendi as informações precedentes. Tive a oportunidade de fazer
perguntas e todas as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Este formulário está
sendo assinado voluntariamente por mim, indicando o meu consentimento para participar
do estudo, até que eu decida o contrário.
Betim, _____ de ___________________ de ______.
Assinatura do paciente________________________________
Assinatura da testemunha ________________________________
Assinatura do pesquisador________________________________
113
ANEXO A
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA SIMPLIFICADA
Nome:_____________________________________________Data Nasc_____/_____/_____
Ocupação_______________ Sexo: ( ) M ( ) F Nº da prontuário: ______________________ Unidade
Federada: __________ Município: _________________________________Forma Clínica: ( ) PB ( ) MB Data
inicio PQT _____/_____/_____ Data alta PQT _____/_____/_____
FACE 1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
Nariz D E D E D E
Queixa principal
Ressecamento (S/N)
Ferida (S/N)
Perfuração de septo (S/N)
Olhos D E D E D E
Queixa principal
Fecha olhos s/ força (mm)
Fecha olhos c/ força (mm)
Triquíase(S/N) / Ectrópio(S/N)
Dimin. sensib. córnea (S/N)
Opacidade córnea (S/N)
Catarata (S/N)
Acuidade Visual
Membros Superiores
1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
Queixa principal
Palpação de nervos D E D E D E
ULNAR
MEDIANO
RADIAL
Legenda: N = normal E = espessado D = dor
Avaliação da Força 1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
D E D E D E
Abrir dedo mínimo
Abdução do 5
o
dedo
(nervo ulnar)
Elevar o polegar
Abdução do polegar
(nervo mediano)
Elevar o punho
Extensão de punho
(nervo radial)
Legenda: F=Forte D=Diminuída P=Paralisado ou 5=Forte, 4=Resistência Parcial, 3=Movimento completo, 2=Movimento
Parcial, 1=Contração, 0=Paralisado
Inspeção e Avaliação Sensitiva
1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
D E D E D E
Legenda: Caneta/filamento lilás(2g): Sente 9 Não sente X ou Monofilamentos: seguir cores
Garra móvel: M Garra rígida: R Reabsorção: Ferida:
114
MEMBROS INFERIORES
1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
QUEIXA PRINCIPAL
Palpação de nervos D E D E D E
FIBULAR
TIBIAL POSTERIOR
Legenda: N = normal E = espessado D = dor
Avaliação da Força 1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
D E D E D E
Elevar o hálux
Extensão de hálux
(nervo fibular)
Elevar o pé
Dorsiflexão de pé
(nervo fibular)
Legenda: F=Forte D=Diminuída P=Paralisado ou 5=Forte, 4=Resistência Parcial, 3=Movimento completo, 2=Movimento
Parcial, 1=Contração, 0=Paralisado
Inspeção e Avaliação Sensitiva
1
a
/ / 2
a
/ / 3
a
/ /
D E D E D E
Legenda: Caneta/filamento lilás(2g): Sente 9 Não sente X ou Monofilamentos: seguir cores
Garra móvel: M Garra rígida: R Reabsorção: Ferida:
CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE INCAPACIDADE (OMS)
DATA DA AVALIAÇÃO OLHOS MÃOS PÉS
MAIOR
GRAU
ASSINATURA
D E D E D E
Aval. diagnóstico
/ /
Aval. de alta
/ /
LEGENDA PARA PREENCHIMENTO DO GRAU DE
INCAPACIDADES
MONOFILAMENTO
S
GRAU CARACTERÍSTICAS COR Gramas
0
Nenhum problema com os olhos, mãos e pés devido à hanseníase.
Verde
0,05
I
Diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos.
Diminuição ou perda da sensibilidade nas mãos e /ou pés. (não sente 2g
ou toque da caneta)
Azul 0,2
Lilás 2,0
Verm. Fechado 4,0
Olhos: lagoftalmo e/ou ectrópio; triquíase; opacidade corneana central;
acuidade visual menor que 0,1 ou não conta dedos a 6m.
Verm. Cruzado 10,0
II
Mãos: lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsorção; mão
caída.
Verm. Aberto 300,0
Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas; garras; reabsorção; pé caído;
contratura do tornozelo.
Preto s/resposta
115
ANEXO B
SF-36 PESQUISA EM SAÚDE ESCORE_____________
INSTRUÇÕES: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos
manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer atividade de
vida diária. Responda cada questão marcando a resposta como indicado. Caso você esteja
inseguro em como responder , por favor, tente responder o melhor que puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é: (Circule uma)
Excelente 1
Muito boa 2
Boa 3
Ruim 4
Muito ruim 5
2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
(Circule uma)
Muito melhor agora do que a um ano atrás 1
Um pouco melhor agora do que há um ano atrás 2
Quase a mesma coisa do que há um ano atrás 3
Um pouco pior agora do que a um ano atrás 4
Muito pior agora do que a um ano atrás 5
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante
um dia comum. Devido à sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas
atividades? Neste caso, quanto? (Circule um número em cada linha)
Atividades Sim.
Dificulta muito.
Sim.
Dificulta pouco.
Não. Não dificulta
de modo algum.
A)Atividades vigorosas,
que exigem muito esforço,
tais como correr, levantar
objetos pesados, participar
de esportes árduos
1 2 3
B) Atividades moderadas,
tais como mover uma mesa,
passar aspirador de pó,
jogar bola, varrer casa.
1 2 3
C) Levantar ou carregar
mantimentos
1 2 3
D) Subir vários lances de
escadas
1 2 3
E) Subir um lance de
escadas
1 2 3
F) Curvar-se, ajoelhar-se ou
dobrar-se
1 2 3
G) Andar mais de 1 Km 1 2 3
H) Andar vários quarteirões 1 2 3
116
I) Andar um quarteirão 1 2 3
J) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o
seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua
saúde física? (Circule um número em cada linha)
SIM NÃO
A) Você diminuiu a quantidade de tempo que se
dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
C) Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades
com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o
seu trabalho ou com outra atividade regular diária, como conseqüência de algum
problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? (Circule um número
em cada linha)
SIM NÃO
A) Você diminuiu a quantidade de tempo que se
dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
B) Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
C) Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades
com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferem nas atividades sociais normais, em relação à família,
vizinhos, amigos ou em grupo? (Circule uma).
De forma nenhuma 1
Ligeiramente 2
Moderadamente 3
Bastante 4
Extremamente 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
(Circule uma)
Nenhuma 1
Muito leve 2
Leve 3
Moderada 4
Grave 5
Muito grave 6
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal
(incluindo tanto trabalho fora ou dentre de casa)? (Circule uma)
De maneira alguma 1
Um pouco 2
Moderadamente 3
Bastante 4
Extremamente 5
117
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você
durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que
mais se aproxime da maneira como você se sente. (Circule um número em cada
linha).
Todo o
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma
boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
A) Quanto tempo você tem
se sentido cheio de vigor,
cheio de vontade, cheio de
força?
1 2 3 4 5 6
B) Quanto tempo você tem
se sentido uma pessoa
muito nervosa?
1 2 3 4 5 6
C) Quanto tempo você tem
se sentido tão deprimido
que nada pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
D) Quanto tempo você tem
se sentido calmo e
tranqüilo?
1 2 3 4 5 6
E) Quanto tempo você tem
se sentido com muita
energia?
1 2 3 4 5 6
F) Quanto tempo você tem
se sentido desanimado e
abatido?
1 2 3 4 5 6
G) Quanto tempo tem se
sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
H) Quanto tempo você tem
se sentido uma pessoa
feliz?
1 2 3 4 5 6
I) Quanto tempo você tem
se sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferem em suas atividades sociais (como visitar amigos,
parentes, etc...)? (Circule uma)
Todo o tempo 1
A maior parte do tempo 2
Alguma parte do tempo 3
Uma pequena parte do tempo 4
Nenhuma parte do tempo 5
118
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitiva-
mente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeiro
Não sei A maioria
das vezes
falsa
Definitiva
-mente
falsa
A) Eu costumo adoecer um
pouco mais facilmente que as
outras pessoas
1 2 3 4 5
B) Eu sou tão saudável quanto
qualquer pessoa que eu
conheço
1 2 3 4 5
C) Eu acho que a minha saúde
vai piorar
1 2 3 4 5
Minha saúde é excelente 1 2 3 4 5
O
RIENTAÇÕES PARA PONTUAÇÃO DO SF-36
Questão Pontuação
01
15.0 24.4 33.4 42.0 51.0
03
Soma normal
04
Soma normal
05
Soma normal
06
15 24 33 42 51
07
16.0 25.4 34.2 43.1 52.2 61.0
08
Se 81 e 716
Se 81 e 72 a 6 5
Se 82 e 72 a 6 4
Se 83 e 72 a 6 3
Se 84 e 72 a 6 2
Se 85 e 72 a 6 1
16.0
24.75
33.75
42.25 Se a questão 07 não
51.0 for respondida
09
A, D, E, H = valores contrários (1=6, 2=5, 3=4, 4=3, 5=2, 6=1)
Vitalidade = A + E +G +I
Saúde mental = B + C + D + F + H
10
Soma normal
11
Soma de: A + C (valores normais)
B + D (valores contrários: 1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1)
ITEM QUESTÃO LIMITES SCORE
RANGE
(Variação)
Capacidade funcional 3 10, 30 20
Aspecto físico 4 4, 8 4
Dor 7 + 8 2, 12 10
Estado geral de saúde 1 + 11 5, 25 20
Vitalidade 9 A, E, G, I 4, 24 20
Aspectos sociais 6 + 10 2, 10 8
Aspecto emocional 5 3, 6 3
Saúde mental 9 B, C, D, F, H 5, 30 25
Item = (Valor obtido – Valor mais baixo) X 100
Variação
119
ANEXO C
Escala de Participação
Número
ESCALA DE
PARTICIPAÇÃO
Não especificado, não
responde
u
Sim
Às vezes
Não
Irrelevante, eu não
quero,eu não preciso
Não é problema
Pequeno
Médio
Grande
PONTUAÇÃO
0
1 2 3 4
1
Você tem a mesma oportunidade que seus pares para
encontrar trabalho?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
2
Você trabalha tanto quanto os seus pares (mesmo número de
horas, tipo de trabalho, etc.)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
3
Você contribui economicamente com a sua casa de
maneira semelhante à de seus pares?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
4
Você viaja para fora de sua cidade com tanta freqüência quanto
os seus pares (exceto para tratamento), p. ex., feiras, encontros,
festas?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
5 Você ajuda outras pessoas (p. ex., vizinhos, amigos ou parentes)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
6
Você participa de atividades recreativas/sociais com a mesma
freqüência que os seus pares (p. ex., esportes, conversas,
reuniões)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
7
Você é tão ativo socialmente quanto os seus pares (p. ex., em
atividades religiosas/comunitárias)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
8
Você visita outras pessoas na comunidade com a mesma
freqüência que seus pares?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
9
Você se sente à vontade quando encontra pessoas novas?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
10
Você recebe o mesmo respeito na comunidade quanto os seus
pares?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
11
Você se locomove dentro e fora de casa e pela vizinhança/cidade
do mesmo jeito que os seus pares?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
120
Número
ESCALA DE
PARTICIPAÇÃO
Não especificado, não
responde
u
Sim
Às vezes
Não
Irrelevante, eu não
quero,eu não preciso
Não é problema
Pequeno
Médio
Grande
PONTUAÇÃO
0
1 2 3 4
12
Em sua cidade, você freqüenta todos os locais públicos (incluindo
escolas, lojas, escritórios, mercados, bares e restaurantes)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
13
Você tem a mesma oportunidade de se cuidar tão bem quanto
seus pares (aparência, nutrição, saúde)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
14
Em sua casa, você faz o serviço de casa?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
15
Nas discussões familiares, a sua opinião é importante?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
16
Na sua casa, você come junto com as outras pessoas, inclusive
dividindo os mesmos utensílios, etc.?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
17
Você participa tão ativamente quanto seus pares das festas
e rituais religiosos (p. ex., casamentos, batizados, velórios,
etc.)?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
18
Você se sente confiante para tentar aprender coisas
novas?
0
[Se às vezes, não ou irrelevante] até que ponto isso representa
um problema para você?
1 2 3 4
Comentário:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Nome do entrevistado:_______________________________________________________
Idade: ____ Sexo: M F Diagnóstico / problema médico:____________________________
Nome do entrevistador: _____________________________________________________
Local: __________________________________________Data da entrevista __/__/2007.
TOTAL
121
ANEXO D
BDI
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça
um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) diante da afirmação, em cada grupo, que descreve
melhor a maneira como você tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num
grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler
todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer a sua escolha.
1. 0 Não me sinto triste.
1 Eu me sinto triste.
2 Estou sempre triste e não consigo sair disso.
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar.
2. 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro.
1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro.
2 Acho que nada tenho a esperar.
3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar.
3. 0 Não me sinto um fracasso.
1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum.
2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos.
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso.
4. 0 Tenho tanto prazer em tudo como antes.
1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes.
2 Não encontro um prazer real em mais nada.
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo.
5. 0 Não me sinto especialmente culpado.
1 Eu me sinto culpado às vezes.
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo.
3 Eu me sinto sempre culpado.
6. 0 Não acho que esteja sendo punido.
1 Acho que posso ser punido.
2 Creio que vou ser punido.
3 Acho que estou sendo punido.
7. 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo.
1 Estou decepcionado comigo mesmo.
2 Estou enojado de mim.
3 Eu me odeio.
8. 0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros.
1 Sou crítico em relação a mim devido a minhas fraquezas ou meus erros.
2 Eu me culpo sempre por minhas falhas.
3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece.
9. 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar.
1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria.
2 Gostaria de me matar.
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade.
10. 0 Não choro mais que o habitual.
1 Choro mais agora do que costumava.
2 Agora, choro o tempo todo.
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira.
11. 0 Não sou mais irritado agora do que já fui.
1 Fico molestado ou irritado mais facilmente do que costumava.
2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo.
3 Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.
12. 0 Não perdi o interesse nas outras pessoas.
1 Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.
122
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas.
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas.
13. 0 Tomo decisões mais ou menos tão bem como em outra época.
1 Adio minhas decisões mais do que costumava.
2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.
3 Não consigo mais tomar decisões.
14. 0 Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.
1 Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos.
2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer sem atrativos.
3 Considero-me feio.
15. 0 Posso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.
1 Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.
2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa.
3 Não consigo fazer nenhum trabalho.
16. 0 Durmo tão bem quanto de hábito.
1 Não durmo tão bem quanto costumava.
2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que de hábito e tenho dificuldade para voltar a dormir.
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para voltar a dormir.
17. 0 Não fico mais cansado que de hábito.
1 Fico cansado com mais facilidade do que costumava.
2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa.
3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.
18. 0 Meu apetite não está pior do que de hábito.
1 Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.
2 Meu apetite está muito pior agora.
3 Não tenho mais nenhum apetite.
19. 0 Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente.
1 Perdi mais de 2,5 Kg.
2 Perdi mais de 5,0 Kg.
3 Perdi mais de 7,5 Kg.
Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )
20. 0 Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde.
1 Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no estômago ou prisão de ventre.
2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa que não isso.
3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em outra coisa.
21. 0 Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.
1 Estou menos interessado por sexo que costumava.
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente.
3 Perdi completamente o interesse por sexo.
123
ANEXO E
Questionário – CAGE
Nome: ................................................................................................................................
N°: .......................................................... Data: .......... / ........... / ............
- Você tem bom apetite?
- O que você come na sua alimentação principal?
- Qual a sua bebida favorita?
1. Você acredita que pode reduzir a quantidade de bebida ou parar totalmente?
- Você faz amigos facilmente?
- Você tem boa relação com seus familiares?
2. Você fica aborrecido quando alguém o critica por estar bebendo?
- Você dorme bem à noite?
- Que hora você normalmente acorda?
3. Quando você bebe pela manhã é para ficar tranqüilo (acalmar) ou para
rebater a ressaca?
- Você muda de emprego com freqüência?
4. Você se sente culpado pelo hábito de beber?
Acrescente 1 ponto para cada resposta positiva :
1º____
2º____
3º____
4º____
“CAGE Score”:______
124
ANEXO F
Parecer do Comitê de Ética
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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