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Fundação Getúlio Vargas
Escola de Economia de São Paulo
Mestrado em Finanças
Suportes e Resistências: Uma Aplicação ao Mercado de Moedas por meio
da Análise Comparada de Estratégias
OTAVIO SEGATTO BARROS
São Paulo
2008
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Barros, Otavio S.
Suportes e Resistências: Uma Aplicação ao Mercado de Moedas por meio
da Análise Comparada de Estratégias / Otavio S. Barros. - 2008.
55 f.
Orientador: Márcio Holland de Brito.
Dissertação (MPA) - Escola de Economia de São Paulo.
1. Mercado de câmbio. 2. Investimentos - Análise. I. Brito, Márcio Holland
de. II. Dissertação (MPA) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.
CDU 336.745
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2
Fundação Getúlio Vargas
Escola de Economia de São Paulo
Mestrado em Finanças
Suportes e Resistências: Uma Aplicação ao Mercado de Moedas por meio
da Análise Comparada de Estratégias
OTAVIO SEGATTO BARROS
Dissertação de Mestrado apresentada à
Escola de Economia de São Paulo da
Fundação Getúlio Vargas, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Finanças.
Orientador: Prof. Dr. Márcio Holland
São Paulo
2008
3
Fundação Getúlio Vargas
Escola de Economia de São Paulo
Mestrado em Finanças
Suportes e Resistências: Uma Aplicação ao Mercado de Moedas por meio
da Análise Comparada de Estratégias
Banca Examinadora
Prof. Dr. Márcio Holland de Brito (Orientador, FGV-SP)
Prof. Dr. Rogério Mori (FGV-SP)
Prof. Dr. Fábio Augusto Reis Gomes (IBMEC)
São Paulo
2008
4
Agradecimentos
À minha família, Rui, Tânia, Julia, Fabio e Gilson. A todo amor incondicional e
apoio que me deram durante o percorrer deste caminho. Amo muito vocês.
Ao Professor Márcio Holland, pelo suporte, paciência e atenção dedicados à
conclusão da dissertação.
Ao colega Cleomar Gomes, pelas orientações imprescindíveis para o bom
andamento desse trabalho.
Aos amigos Luciana, Cláudio, Tatiana, Danilo, Flávio, Juliana e Leonardo,
pelos grandiosos momentos de descontração.
Aos amigos André e Fáusio pelo suporte nas horas difíceis, simplicidade, e
pela amizade sincera.
Ao mestre de Brasília, por todo empenho em repassar seu valioso
conhecimento sobre questões técnicas e humanas.
Aos amigos e colegas do MPFE pela companhia e amizade vivida durante o
curso.
Por fim, à minha linda namorada, Rafaela, que me aturou, acompanhou,
incentivou e proporcionou momentos de extrema felicidade ao seu lado.
Agradeço-lhe de todo coração. Te amo!
5
Resumo
A Análise Técnica postula que os preços dos ativos nos mercados financeiros
se movem em tendências de alta ou baixa. Ainda, no meio de uma tendência
patamares de preços, suportes e resistências, que quando rompidos
indicam uma possível reversão dos preços para a direção contrária à direção
vigente. Conseqüentemente, após essa “falha de movimento”, os agentes se
beneficiariam dessa informação para tomar suas decisões de investimento e
obter lucros. O presente trabalho analisa tal afirmação verificando a ocorrência
deste fato no mercado de moedas, FOREX. A análise é feita por meio do teste
de médias dos retornos de uma estratégia operacional baseada nas falhas
contra a simples estratégia buy-and-hold. Adicionalmente, são feitas análises
de sensibilidade para enriquecer o estudo. Por fim, verifica-se que a estratégia
proposta não oferece resultados conclusivos a favor das falhas.
6
Abstract
The Technical Analysis claims that the prices of the assets in the financial
markets move in up trends and down trends. Still, in the way of a trend it has
platforms of prices, supports and resistances, that when breached they indicate
a possible reversion of the prices for the contrary direction. Consequently, after
this "flaw of movement", the agents would benefit of this information to take its
decisions of investment and to get profits. The present work analyzes such
affirmation verifying the occurrence of this fact in the market of currencies,
FOREX. The analysis is made by means of the test of mean returns of an
operational strategy based in the flaws against the simple buy-and-hold
strategy. Additionally, sensitivity analyses are made to enrich the study. Finally,
it is verified that the strategy proposal does not resulted conclusive in favor of
the flaws.
7
Sumário
I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................10
II. ANÁLISE TÉCNICA ................................................................................................................11
III. O MERCADO DE MOEDAS (FOREIGN EXCHANGE MARKET - FOREX) .........................15
IV. A ANÁLISE TÉCNICA E O MERCADO FOREX ...................................................................17
V. CRÍTICAS E LIMITAÇÕES.....................................................................................................18
VI. NOVAS EVIDÊNCIAS............................................................................................................19
VII. LEITURA DE TENDÊNCIA A PARTIR DE FALHAS DE MOVIMENTO...............................28
VIII. METODOLOGIA ..................................................................................................................30
IX. BASE DE DADOS..................................................................................................................39
X. RESULTADOS........................................................................................................................41
XI. CONCLUSÃO........................................................................................................................46
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................48
ANEXOS......................................................................................................................................50
8
Lista de Figuras
Página
1 – Tendências de Mercado 12
2 – Suportes e Resistências 13
3 – Linhas de Tendência, Suportes e Resistências 14
4 – Horário de abertura dos mercados e volume 15
5 – O Padrão Ombro-Cabeça-Ombro (OCO): 25
6 – Representação da Falha de Movimento 28
7 – Gráfico de Linha para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007 31
8 – Gráfico de Barras para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007 32
9 – Gráfico de Candlesticks para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007 32
10 Composição de um candlestick 33
11 Swing e rally 34
12 Tendência de alta seguida por falha de baixa para o par GBP/USD, 12 a
14/11/2007 35
13 Cotações horárias para o par GBP/USD, 01/01/2007 a 30/03/2007 50
14 Cotações horárias para o par GBP/USD, 01/01/2007 a 28/11/2007 50
15 Cotações horárias para o par EUR/USD, 01/01/2007 a 28/11/2007 51
16 Cotações horárias para o par USD/CHF, 01/01/2007 a 28/11/2007 51
17 Cotações horárias para o par USD/JPY, 01/01/2007 a 28/11/2007 52
Lista de Tabelas
1 – Regras de MM para USD/DEM 23
2 – Regras de Filtro para USD/DEM 24
3 – Dados de 15 minutos extraídos do DealBook 360 para o par EUR/USD 39
4 – Retorno obtido com a estratégia das falhas e com o buy-and-hold
horário para a primeira base de dados (em pips) 41
5 – Retornos obtidos com a estratégia das falhas e com o buy-and-hold
horário para a segunda base de dados 42
6 – Retornos líquidos de custos obtidos com a estratégia das falhas e com
o buy-and-hold horário para a segunda base de dados 43
9
7 – Retornos brutos e líquidos de custos obtidos com a estratégia das falhas
e com o buy-and-hold semanal para a segunda base de dados (em
pips) 44
8 – Falhas cujos movimentos atenderam ao Indicador soma, IS (número
de observações) 45
9 – Falhas cujos movimentos atenderam aos Indicadores soma, IS, e razão,
IR, (número de observações) 45
10 Retornos acumulados de uma estratégia Buy-and-hold por todo o período
da segunda base de dados 52
11 Máximos valores negativos durante a operação buy-and-hold no período 52
12 Retornos brutos obtidos com a estratégia das falhas e com o buy-and-
hold horário para a segunda base de dados (em %) 53
13 Quadro Resumo de trabalhos acerca da Análise Técnica e o Mercado
de Moedas 54
10
I. Introdução
Consoante as evidências cumulativas de que a Análise Técnica pode ser
lucrativa no longo prazo quando aplicada ao mercado de moedas (Brock et al,
1992; Levich e Thomas, 1993; Neely, Weller e Dittmar, 1997; Osler, 1999),
recentemente, tem havido um maior interesse do meio acadêmico pelo estudo
de regras técnicas. No entanto, algumas incoerências em relação ao
verdadeiro comportamento dos agentes têm sido verificadas nos trabalhos.
Primeiro, tem-se o costume de utilizar dados diários nas análises acerca do
tema, o que acaba por contrariar a natureza da maior parte das operações com
moedas, que se dentro do dia, ou day-trade. (Bank for International
Settlements, 1996). Outro ponto a ser enaltecido é a ausência dos custos de
transação nos lucros excessivos das estratégias estudadas.
Conseqüentemente, o objetivo deste estudo é comprovar se uma estratégia
descrita nos manuais de Análise Técnica e aplicada ao mercado FOREX pode
ser, de fato, lucrativa e melhor do que simplesmente comprar e segurar o ativo,
considerados os dados de alta freqüência e todos os custos de transação. Com
o intuito de reproduzir a situação ocorrida da forma mais fiel possível, foram
utilizadas as cotações de uma corretora (GFT - Global Forex Trading), assim
como os custos operacionais cobrados por essa de seus clientes.
Por fim, embora tenham ocorrido situações com retornos em excesso,
verificou-se que as regras não foram significativamente lucrativas, em certos
casos até sem incorporar os custos transacionais. Logo, os resultados
encontrados dão suporte à Hipótese de Mercado Eficiente.
O estudo se divide da seguinte maneira. Os capítulos II a VI são uma
abordagem teórica sobre a Análise Técnica, o Mercado FOREX, a relação
entre os dois, críticas a respeito da Análise Técnica e novas evidências em seu
favor. Detalhes sobre a metodologia e os dados estão nos Capítulos VII, VIII e
IX. Os resultados se encontram no Capítulo X e a Conclusão no Capítulo XI.
11
II. Análise Técnica
muito se constata o uso da Análise Técnica para sinalizar oportunidades
para compras e vendas nos mercados financeiros dos mais variados ativos. É
caracterizada pelo estudo da dinâmica do mercado, principalmente através do
uso de gráficos, com o intuito de prever tendências de preços. Tal prática
consiste em lançar o de preços passados, e conseqüentemente, de
conhecimento público para prever o provável comportamento futuro dos
preços. A seguir são descritos os três princípios nos quais a Análise se baseia.
O primeiro deles diz respeito ao fato dos “preços descontarem tudo”, ou seja,
toda e qualquer informação existente, seja ela econômica ou política, assim
como o conhecimento e as expectativas de todos participantes do mercado
estão expressos nos preços. Eles embutem tudo que é valioso para o trading
lucrativo e, portanto, o estudo do comportamento dos preços é tudo o que se
necessita. Uma alta dos preços refletirá o excesso de demanda pelo ativo e a
queda resultará do excesso de oferta. Os motivos que levaram a
predominância destas forças são tidos como irrelevantes para o processo de
previsão. Ainda, o estudo dos preços corresponde a um atalho para as análises
trabalhosas e demoradas baseadas nos mais variados fundamentos dos ativos.
O segundo, afirma que os preços se movimentam em tendências. Os longos
movimentos de alta ou baixa constituem oportunidades para operações bem-
sucedidas de compra ou venda. Um movimento altista é formado por topos e
fundos ascendentes num zigue-zague contínuo (ver Figura 1). A análise técnica
é extrapolativa de forma a incentivar a compra até que haja a reversão da
tendência, e cabe ao analista gráfico saber identificar tanto a tendência altista,
quanto sua reversão para obter lucro. No caso de uma tendência de baixa,
vendas serão feitas até que se perceba a reversão para uma tendência de alta.
12
1
Trata-se de uma hipótese restritiva presente nas análises técnicas. Muitos estudos em
finanças mostram o caráter não linear de comportamento das séries temporais dos ativos, e
como corolário evidências de conglomerados de volatidades, assimetrias e o-normalidade
nos retornos dos ativos financeiros em geral.
Figura 1: Tendências de Mercado
Topo Topo
Topo
Fundo Fundo
Fundo
Tendência de Alta Tendência de Baixa
o terceiro princípio, postula que a “história se repete
1
. Quer dizer que os
agentes se comportam da mesma forma se submetidos às mesmas situações,
o que acaba por gerar padrões semelhantes nos preços que podem ser
rastreados no mercado. Como os padrões funcionaram bem no passado,
assume-se que vão continuar a funcionar bem no futuro. Eles são baseados no
estudo da psicologia humana que tende a permanecer inalterada. Ao se
conhecer tais padrões, o analista passa a ter uma vantagem por se aproveitar
da psicologia do mercado.
Os analistas técnicos utilizam uma série de padrões gráficos e instrumentais
matemáticos para suas tomadas de decisão. Dentre os padrões gráficos, os
mais utilizados são os Suportes e Resistências (S/R) e as Linhas de Tendência
(LTs).
Os Suportes são linhas horizontais que marcam a extremidade dos fundos
mais recentes, ou no caso das resistências, dos topos mais recentes. Atribui-se
alta concentração de demanda para os suportes e alta concentração de oferta
para as resistências, de forma que quando os preços se aproximam destes
níveis, há um retrocesso rápido em suas trajetórias. Como resultado uma
queda tende a parar ao encontrar um suporte e retomar o caminho da alta. O
inverso acontece com as resistências.
13
Figura 2: Suportes e Resistências
resistência
resistência
suporte
suporte
suporte
as LTs são retas que unem os fundos formados pelos preços numa
tendência de alta ou os topos numa tendência de baixa. Como corolário, a
partir do momento que uma tendência assume uma certa inclinação, indicada
pela LT, manterá essa inclinação ajudando a identificar as extremidades dos
movimentos de correção e a antecipar viradas nas trajetórias dos preços.
Para quaisquer dos três padrões, S/R e LTs, apresentados acima, quando os
preços os atravessam, caracterizam um sinal de provável reversão da
tendência vigente até então e uma possibilidade de operação.
Figura 3: Linhas de Tendência, Suporte e Resistência
LT (Baixa)
Rompimentoda Resistência
Resistência
LT (Alta)
Rompimentoda LT
Suporte (concentração de demanda)
2
: Por “bater o mercado”, entende-se obter retornos anormais de forma consistente ao longo do
tempo, acima do índice do mercado em questão.
14
Do lado dos instrumentais matemáticos aparecem os indicadores e osciladores,
uma miríade de fórmulas das mais variadas concepções para tentar definir de
forma objetiva sinais de entrada e saída do mercado. O indicador mais
conhecido se chama Média Móvel (MM) e é definido como uma curva formada
pela média das últimas cotações.
tn
n
P
n
PPP
MM
n
i
it
nttt
t
,
1
1
11
Ou seja, o valor da média móvel de hoje é a média aritmética dos mais
recentes n preços, onde n é um período qualquer estipulado. A composição
desses valores de forma contínua gera a MM. Quando os preços a atravessam
de cima para baixo é indicada uma venda, e quando a atravessam de baixo
para cima, indica-se uma compra.
A principal motivação para o emprego desse ferramental é a crença de que é
possível “bater o mercado”
2
. No entanto, como será apresentada adiante, uma
série de importantes restrições e questionamentos marcam a sua real eficácia.
15
III. O Mercado de Moedas (Foreign Exchange Market - FOREX)
O mercado de moedas é de longe o maior mercado do mundo, com um giro
diário excedendo um trilhão de dólares (Bank for International Settlements, BIS,
2007). Definida de forma simples, uma transação é a compra de uma moeda e
a venda de outra, sempre feita em pares. Por exemplo, a Libra contra o Dólar
americano (GBP/USD) ou o dólar contra o Franco Suíço (USD/CHF).
Diferentemente dos outros mercados, não possui localização fixa. Seus
negócios acontecem por uma rede de comunicação formada por telefones e
computadores interligando compradores e vendedores em inúmeras partes do
globo o que permite o funcionamento 24 horas por dia (veja Figura 4).
Figura 4: Horário de abertura dos mercados e volume:
Horário do Leste: EUA e Canadá (GMT – 5:00) e Horário GMT
Volume por mercados abertos
Fonte: Global Forex Trading, www.gftforex.com
3
: Spread: nome que se dá para a diferença entre os preços de compra e venda, bid-ask.
16
A atividade começa com a abertura do mercado em Sidney, Austrália (5:00 pm
/ 10:00 pm GMT), seguida pela abertura em Tóquio (7:00 pm / 12:00 am GMT).
Depois, é a vez de Cingapura e Hong Kong (9:00 pm / 2:00 am GMT) e dos
mercados europeus: Frankfurt (2:00 am / 7:00 am GMT) e Londres (3:00 am /
8:00 am GMT). Às 4:00 am, enquanto os mercados europeus estão em pleno
funcionamento, os mercados asiáticos se fecharam. O mercado americano
inicia em Nova Iorque (8:00 am / 13:00 pm GMT) quando a Europa começa a
arrefecer sua atividade. Por fim, Sidney reabre às 5:00 pm. As horas de
negociação mais ativas se dão quando os maiores mercados estão abertos
simultaneamente.
É um mercado de balcão não-regulado com atividade de negociação
acompanhando as principais bolsas mundiais. Londres é hoje o maior centro de
negociação em volume de moedas, à frente de Nova Iorque e quio.
Aproximadamente, 84% de toda negociação mundial envolvendo moedas
ocorre nesses três países (Shamah, 2003).
Tendo seu início baseado em dar suporte às transações comerciais entre
agentes de países diferentes que precisavam usar uma moeda em comum,
atualmente seu principal papel é o de permitir que capitais internacionais
possam migrar para locais com oportunidades de curto prazo mais lucrativas.
Estima-se que a atividade especulativa é responsável por até 90% do volume
negociado diariamente (Shamah, 2003). Devido a certas características como
reserva de valor dos bancos centrais, e moeda-padrão em negociações e
investimentos internacionais, o dólar americano está envolvido em mais de
90% das transações (Lien, 2006).
Entre os participantes do FOREX estão: Bancos centrais e comerciais,
investidores, especuladores, empresas exportadoras e importadoras, fundos de
investimento, entre outros. Com o desenvolvimento dos sistemas de
telecomunicações e das inovações financeiras, bancos e corretoras passaram
a disponibilizar plataformas de negociação que permitem que os próprios
clientes possam encaminhar suas ordens e que reduziram os spreads
3
dos
4
: Nos mercados centralizados apenas um “especialista” que centraliza todos os negócios
de um ativo, como exemplo a New York Stock Exchange (NYSE). nos mercados
descentralizados, há múltiplos market makers.
17
market makers
4
. Ainda, através de operações com garantia de margem,
qualquer pessoa dispondo de apenas USD 400,00 pode começar a operar
nesse mercado
IV. A Análise Técnica e o Mercado FOREX
A utilização da Análise Técnica no mercado de moedas é bastante
disseminada entre os operadores. Estima-se que entre 25% e 30% dos
agentes empregue tal metodologia como fator primário de suas decisões
(Cheung e Chinn, 1999; Cheung e Wong, 1999), e que aproximadamente 90%
dos traders de Londres e Hong Kong a utilizem de alguma forma (Allen e
Taylor, 1990; Lui e Mole, 1996). Seu difundido uso se dá pela inexistência de
modelos estruturais que justifiquem as cotações dos diversos pares de
moedas. O que se nota é o descolamento dos preços em relação aos
fundamentos, principalmente no curto prazo. Como grande parte dos
participantes desse mercado está envolvida com atividade especulativa,
caracterizada por operações rápidas de poucos dias ou horas, é natural que
recorram aos gráficos. Por conseqüência, acredita-se que as expectativas
desses agentes, em grande parte heterogêneas prevaleçam, enfraquecendo
ainda mais o poder preditivo dos fundamentos e aumentando sobremaneira a
volatilidade (Frankel e Froot, 1990).
Além disso, as tendências o mais prolongadas do que em outros mercados
(Murphy, 1996). Alguns operadores informados de grandes instituições abrem
suas posições impulsionando os preços. Por conseguinte, analistas técnicos
percebem tal agitação e seguem o movimento gerando uma bolha especulativa
de curto prazo que acaba se caracterizando como uma profecia auto-realizável
alimentada pelos próprios agentes. Como a disseminação dessa informação é
baixa e lenta, a extrapolação dos preços pelos analistas, em conjunto com o
retardo na divulgação se tornam causas para as persistentes tendências.
18
Ainda, pode-se argumentar que os agentes arbitradores teriam incentivo a agir
e levar as cotações aos seus valores de equilíbrio acabando de forma rápida
com as tendências e as oportunidades de lucro. Entretanto, é cediço que: o
crédito disponível para arbitragem, caracterizado pelas margens é limitado; a
área de risco de grandes instituições não permite essa atuação; e que,
principalmente, não se sabe qual o valor de equilíbrio para cada moeda
baseado em seus fundamentos. Logo, a arbitragem se mostra muito arriscada
e um desvio de curto prazo pode tirar muitos arbitradores do mercado.
Por fim, vários estudos comprovaram a eficácia da Análise Técnica em gerar
lucros consistentes no mercado de moedas e a não aplicabilidade da hipótese
fraca de mercados eficientes ao FOREX, ou seja, a impossibilidade de se lucrar
operando apenas sobre informação pública. De fato, seguir Regras de filtro
(Dooley e Shafer, 1984; Sweeney, 1986; Levich e Thomas, 1993); e Médias
Móveis (Levich e Thomas, 1993; Menkhoff e Schlumberger, 1995) resultou em
estratégias estatisticamente lucrativas para o período testado.
V. Críticas e Limitações
Embora suportada por operadores, a análise técnica encontra grande
resistência no meio acadêmico, sendo até mesmo chamada de “alquimia”
(Malkiel, 1990). O ceticismo é justificado pelo desconhecimento de como ela de
fato pode gerar lucros, e ainda mais importante, se continuará apresentando os
mesmos resultados no futuro. É sabido que os mercados mudam com o passar
do tempo e que alterações estruturais podem minar toda confiança um dia
depositada em tais padrões e ferramentas.
Outro ponto importante está na subjetividade de sua aplicação, assim como na
habilidade individual dos diferentes agentes. Encontra-se na literatura afim,
diferentes conceitos sobre a mesma coisa sem que haja um consenso
estritamente definido entre os autores. Uns aplicam certa ferramenta de um
jeito, outros de outro, não havendo regras estritas para definir o correto
emprego por todos. Como exemplo, os parâmetros que configuram as
19
ferramentas descritas devem estabelecidos por cada usuário, dependendo do
mercado em que se atua, do horizonte temporal e da exposição a risco.
Ainda, existem ferramentas e regras mecânicas em que seus resultados e sua
motivação para criação são provenientes de erros estatísticos ou de viés
psicológico de seus criadores: erros de representatividade, heurística, entre
outros, são comuns (vide Finanças Comportamentais). Muitas vezes refletem
apenas os dados e situações mais recentes, ou são simplificações ineficientes
de um fenômeno mais complexo, e até mesmo, são resultados de data
mining”, a busca incessante por uma estratégia cujo sucesso sobre a amostra
testada se por puro acaso. Hoje em dia com computadores com alta
capacidade de processamento, tal prática de se testar inúmeras combinações
de parâmetros sobre uma amostra passada até se encontrar algo que tenha
dado lucro é crescente. Em grande parte dos casos, sequer se verificam os
resultados fora da amostra, tendo funcionado por um período apenas. Em
outras ocasiões não se verificam as condições operacionais e custos de
transação acabam por eliminar os lucros verificados nas simulações.
A possibilidade de se obter retornos anormais também esbarra em um forte
obstáculo, a dificuldade em se medir propriamente o risco em que estão
sujeitos os seguidores dos gráficos. Especula-se que os próprios criam um
ambiente de maior risco em que alguns poucos são capazes de obter lucro de
forma consistente em face da maior volatilidade resultante. Ainda, não é raro
que as estratégias vencedoras passem por períodos de grandes perdas que
podem levar o investidor à bancarrota.
VI. Novas Evidências
Nas últimas duas décadas, com a maior aceitação no meio acadêmico de que
os mercados permitem a existência de certo grau de irracionalidade, passou-se
a dar mais relevância aos resultados obtidos pela Análise Técnica. Sendo
assim, novas pesquisas foram desenvolvidas com o intuito de aperfeiçoar os
estudos anteriores, e também, de desenvolver maior corpo de conhecimento
5
: GBP: Libra Esterlina, DEM: Marco Alemão, CHF: Franco Suíço, JPY: Iene Japonês, e USD:
Dólar Americano.
6
: Teste de Causalidade no sentido Granger: Verifica a existência de causalidade entre o valor
corrente de uma variável e o valor passado de outra. Usado para responder à pergunta:
“Mudanças no período (t-1) em y
1
precedem mudanças no período (t) em y
2
?”
Uma variável X causa uma variável Y se puder ser provado por meio de Testes F nos lags de
X, que estes valores de X oferecem informação estatisticamente significante acerca dos valores
futuros de Y.
20
acerca do assunto. Encontra-se nos Anexos um Quadro Resumo com a síntese
de alguns trabalhos relevantes; e a seguir, uma breve descrição de artigos
que corroboram o supra exposto.
As Expectativas dos Agentes no Mercado FOREX
FRANKEL e FROOT (1990) apresentaram algumas questões interessantes
acerca do comportamento dos preços e dos agentes nos mercados de moeda.
Primeiramente, expõem sobre a incapacidade de variáveis macroeconômicas
permitirem a previsão ex-ante da maioria das mudanças de curto prazo nas
taxas de câmbio. Essa afirmação está amparada por duas linhas de
pensamento: as mudanças se devem às revisões racionais na percepção do
mercado da taxa de câmbio de equilíbrio, decorrentes de alterações nas
demandas e na tecnologia produtiva. Tal visão perde credibilidade ao se
perceber que estas variáveis não podem oscilar na magnitude das oscilações
sofridas pela moeda doméstica para mesmos períodos históricos.
O que leva à outra linha de pensamento: as apreciações e depreciações
exemplificam bolhas especulativas, não justificadas por fundamentos, mas
formadas por expectativas auto-realizáveis do mercado. Ainda, ao contrário das
noções teóricas e empíricas, não uma única expectativa do mercado para a
taxa de câmbio futura; e sim, investidores com expectativas heterogêneas.
Os autores dão suporte à assertiva acima citando o enorme volume
transacionado no mercado de moedas, que é necessário haver diferenças
nas expectativas dos agentes para justificar a sua operação. Em um ensaio
envolvendo volume, volatilidade e dispersão de expectativas para os quatro
pares de moedas mais líquidos (GBP, DEM, CHF e JPY, contra o USD)
5
referentes ao período de Outubro de 1984 a Fevereiro de 1988, identificaram
por meio do Teste de Causalidade de Granger
6
que a dispersão de
7
: Noise trading é a atividade hiper-ativa de um agente de mercado feita na ausência de novas
informações significantes. Suas ações são dirigidas por ruídos de mercado, ou seja, por
informação irrelevante.
8
: A Hipótese de Mercado Eficiente (HME) diz que os mercados financeiros são eficientes do
ponto de vista informacional. Dessa forma, os preços dos ativos já refletem toda a informação
disponível acerca destes e representam a melhor estimativa dos agentes. Conseqüentemente,
não é possível obter lucros consistentes usando a informação que o mercado já conhece.
Ainda que haja lucro, as cotações refletem informações na medida em que os ganhos não
ultrapassem os custos de transação. Então, o retorno em excesso ajustado ao risco será nulo.
21
expectativas causa tanto o volume, quanto a volatilidade. Dessa forma, a
interpretação é de que a existência de previsões conflitantes resulta em noise-
trading
7
o que acaba por gerar maior volatilidade.
Por fim, o artigo levanta a questão de como se formam as diferentes
expectativas. Baseando-se em outro estudo próprio, os autores evidenciam que
os agentes tendem a extrapolar tendências no curto prazo e a prever o retorno
das taxas ao valor de equilíbrio para horizontes maiores. Ademais, relatam a
mudança no uso de fundamentos para o uso de gráficos para previsão de
preços como uma resposta Bayesiana natural aos resultados inferiores
apresentados no passado pelos modelos estruturais, e apresentam uma
pesquisa da Revista Euromoney que corrobora essa migração para os anos de
1978 a 1988. Por fim, uma outra pesquisa, elaborada por TAYLOR e ALLEN,
1992, em que um questionário foi entregue a 200 operadores de instituições
financeiras londrinas, relata que aproximadamente 90% dos dealers de câmbio
afirmam usar alguma forma de Análise Técnica para tomar suas decisões de
investimento no curtíssimo prazo, sendo que 60% dos entrevistados
consideram a análise dos gráficos tão importante quanto a análise dos
fundamentos.
Risco em excesso?
NEELY (1997) faz uma avaliação de risco x retorno de algumas estratégias
simples de Análise Técnica. O objetivo é averiguar a possibilidade de obtenção
de lucros sem que o investidor se submeta a risco excessivo, o que vai contra a
Hipótese de Mercado Eficiente (HME)
8
.
22
Para tanto, apresentam-se duas formas de geração de sinais para entrada no
mercado: regras de filtro e regras de médias móveis. As primeiras fornecem um
sinal de compra (venda) quando as cotações sobem x% acima (abaixo) do
valor mínimo (máximo) atingido pelo ativo em uma janela temporal pré-
estabelecida. Usaram-se filtros de 0,5% a 3,0% num intervalo para
determinação da mínima (máxima) recente de cinco dias. Por outro lado, a
regra das médias móveis fornece um sinal de compra quando a curva da média
móvel (MM) mais curta rompe a curva da MM mais longa de baixo pra cima, e
um sinal de venda quando a MM mais curta rompe a MM mais longa de cima
para baixo. As regras testadas conferiram valores de 1 a 5 dias para a MM
mais curta e de 10 a 50 dias para a MM mais longa.
Já, o retorno de uma posição de compra em uma moeda estrangeira foi (R
t
DM
)
calculado como sendo:
R
t
DM
= i
t
DM
+ S
t
- i
t
s
, onde:
S
t
= variação percentual na taxa de câmbio;
i
t
s
= taxa doméstica do overnight;
i
t
DM
= taxa estrangeira do overnight.
Além disso, adotou-se o custo de transação de 5 pontos base (0,05%).
Seis regras de filtro e quatro de MM foram testadas para os quatro pares de
moedas de maior liquidez (GBP, DEM, CHF e JPY, contra o USD) referentes
ao período de 03/01/74 a 04/10/97. Os resultados de 38 das 40 estratégias
utilizadas produziram lucros em excesso, as regras de MM foram superiores às
de filtro e a síntese do estudo para o Marco Alemão se encontra a seguir:
9
: Sharpe Ratio é uma medida de retorno em excesso por unidade de risco de um ativo ou
estratégia.
R
i
: Retorno do ativo
][
fi
RRE
S
, onde: R
f
: Retorno do ativo sem risco
σ: Desvio-padrão do retorno em excesso
10
: O coeficiente beta do CAPM é usado para determinar o potencial de diversificação. Mede a
parte da variância do ativo ou estratégia que não pode ser reduzida por diversificação através
do portifólio do mercado, justamente por ter correlação com os outros ativos que o compõem.
)(
),(
p
pi
i
rVar
rrCov
, onde: R
p
: Retorno do portifólio de mercado
23
Tabela 1: Regras de Média Móvel para USD/DEM
MM curta MM longa
Retorno
anual
DP mensal
Sharpe
ratio
CAPM
Beta
DP Beta
1 10 6,016 2,979 0,583 -0,022 0,091
1 50 7,546 3,155 0,690 -0,135 0,085
5 10 6,718 3,064 0,633 -0,144 0,084
5 50 6,671 3,236 0,595 -0,134 0,080
Tabela 2: Regras de Filtro para USD/DEM
Filtro
Retorno
Anual
DP mensal Sharpe ratio CAPM Beta DP Beta
0,005 5,739 3,057 0,542 -0,071 0,089
0,010 6,438 2,951 0,630 -0,092 0,093
0,015 3,323 3,255 0,295 -0,037 0,085
0,020 1,934 3,348 0,167 -0,128 0,087
0,025 0,839 3,236 0,075 -0,118 0,082
0,030 -1,541 3,578 -0,124 -0,085 0,077
Para 6 das 10 estratégias, o Sharpe ratio
9
, ou seja, a razão do retorno anual
médio pelo desvio padrão anual médio, apresentou valores superiores ao valor
de 0,30 correspondente ao Sharpe ratio do S&P500 para o mesmo período. Os
resultados das regras representam maior unidade de retorno por unidade de
risco assumido comparadas ao investimento no mercado acionário americano
para o mesmo intervalo de tempo.
a segunda medida de risco, o coeficiente Beta do CAPM
10
reflete a
correlação entre os resultados mensais das estratégias e os resultados
mensais da carteira de mercado (S&P500). Betas positivos representariam
24
risco o-diversificável em qualquer uma das regras. Entretanto, o que se é
o contrário, todos valores são negativos, o que em outras palavras significa a
inexistência de risco sistemático que explique os retornos em excesso obtidos
nas tabelas acima. Os retornos provêm das próprias regras.
O autor assinala ainda que durante a aplicação das estratégias há sub-
períodos de perdas significantes, e que a fonte dos retornos da Análise Técnica
não são bem entendidos acarretando na dúvida se os retornos positivos vão
persistir no futuro. Não obstante, outro fato importante é a inexistência de um
modelo-padrão adequado para medir propriamente o risco de diferentes
mercados.
Por fim, apesar das ressalvas acima, os resultados apresentados por NEELY
(1997) lançam dúvidas sobre a aplicabilidade da Hipótese de Mercado Eficiente
nos mercados de moeda e sobre a idéia de que os seguidores da Análise
Técnica aceitam tomar mais risco do que o necessário para obter lucros Afinal,
os indicadores de risco das estratégias estudadas mostraram ser possível obter
retornos positivos com volatilidade menor do que a obtida no mercado
acionário.
Padrões Visuais
Uma nova forma de avaliação das técnicas empregadas é realizada por Osler
(1999), ao estudar padrões não-lineares e a capacidade de se prever
movimentações de preços a partir destes. O padrão em questão é o chamado
“Ombro Cabeça Ombro” (OCO) considerado de alta confiança pelos
analistas técnicos e que marca a virada de uma tendência de preços. Se esses
estavam subindo, após o surgimento do OCO passam a cair. Também se
verifica a eficiência dos sinais sugeridos pelo padrão de reversão, comparando-
os com os resultados provenientes de outras regras mais simples.
11
: CAD: Dólar Canadense;
FRF: Franco Francês.
25
Figura 5: O Padrão Ombro-Cabeça-Ombro (OCO)
Cabeça
Ombro Ombro
Venda no rompimento da linha
Linha de pescoço
Tendência de alta Tendência de baixa
Objetivo
dos preços
(lucro) Recompra no objetivo
Para testar a racionalidade (eficácia e eficiência) do padrão, usaram-se dados
de 6 moedas (GBP, DEM, CHF, JPY, CAD e FRF)
11
contra o dólar americano,
para o período de Março de 1973 a Junho de 1994, compreendendo 5500
observações diárias. Apenas valores de fechamento e dados passados foram
utilizados.
O autor elaborou um algoritmo para identificação dos topos e fundos, que
caracterizam uma tendência, e do OCO. Após averiguar sua presença, mediu-
se o retorno percentual entre a entrada e a saída da operação, sem levar em
conta a alavancagem. A entrada se dava após rompimento da linha de pescoço
e formação do segundo ombro do padrão. a saída ocorria: na formação de
um topo ou fundo contrários à posição tomada; nos preços se movimentando
x% contra a operação; ou após um limite temporal (y dias) sem uma definição
da direção a ser seguida. Ainda, realizou-se uma análise de sensibilidade para
as variáveis “x” e “y”.
26
Em seguida, o método de bootsrap foi empregado para a construção de uma
série de dados de mesmo tamanho da original, mas na qual o padrão OCO não
teria nenhum caráter preditivo (random walk). Então, rodou-se o algoritmo para
as duas séries e os resultados foram comparados estatisticamente (p-value).
Os resultados se mostraram significativos para o Iene (JPY) e para o Marco
Alemão (DEM), enquanto que para as outras moedas o padrão não se mostrou
eficaz. Os retornos anuais compostos do OCO para JPY e DEM foram de
19,0% e 13,0%, respectivamente, contra os retornos de 4,4% e 2,5% para a
estratégia buy-and-hold. Ainda, o retorno do S&P 500 para o período foi de
6,8%.
No final, o artigo apresenta uma análise de eficiência ao se comparar os
retornos e riscos provenientes do padrão OCO com os de outras regras mais
simples da análise técnica, as dias Móveis e o Momentum. As últimas
apresentam lucros significantes (ao nível de 1%) para 45 dos 48 casos
estudados, com resultados positivos para as seis moedas, além de fornecerem
sharpe ratios maiores do que os resultantes da OCO. Dessa forma, verificou-
se que estratégias mais simples dominam o OCO no mercado de moedas e
que a confiança nesse padrão parece representar uma fonte de erros de
previsão para as taxas de câmbio.
Suportes e Resistências
Novamente Osler (2000) analisa os princípios de análise técnica ao verificar se
os Suportes e Resistências divulgados por corretoras e bancos têm algum valor
preditivo na interrupção ou reversão de tendências de preços. Suportes e
Resistências são definidos como pontos (valores) onde excesso de
demanda e excesso de oferta, respectivamente, o que acaba por impedir a
trajetória original de alta ou baixa.
Como insumo básico, Osler coletou cerca de 20.000 valores de S/R para cada
par de moedas, DEM, JPY e GBP, contra o USD. Tal base abrange o período
de Janeiro de 1996 a Março de 1998, para os horários de 9:00 a.m. a 4:00 p.m.
27
(horário de Nova Iorque) e é proveniente de seis instituições financeiras
divulgadoras de análises baseadas em gráficos.
Para o teste, criaram-se 10.000 combinações de S/R arbitrários sem nenhuma
representatividade quanto ao número de vezes que os preços “testariam” os
suportes e resistências, ou seja, alcançariam tais patamares e retrocederiam
(um bounce). Então se comparou o número de bounces que ocorreram de fato
acerca dos níveis divulgados pelas instituições (B
p
) com o número de vezes em
que os bounces seriam irrelevantes segundo a base arbitrária (B
a
). Por meio de
um teste de Bernoulli, se B
p
> B
a
, de forma significativa, então os S/R
divulgados têm valor preditivo.
Como resultado, averiguou-se que a relação B
p
> B
a
se manteve de forma
significativa para a maioria dos meses estudados, para todas as moedas e para
todas as instituições pesquisadas. Ou seja, suportes e resistências tendem a
interromper a trajetória dos preços e tendem a durar uma semana. Também,
diferentes classificações de força para níveis de S/R, prática usual entre os
analistas, não se justificam estatisticamente.
Entre as possíveis justificativas dadas pelo autor para os resultados
encontrados estão: profecias auto-realizáveis, agrupamento de ordens em
certos patamares de preços (Osler, 2000), e a menos provável por não
apresentar evidências dentro do período da análise, o as intervenções
constantes de bancos centrais (Szakmary e Mathur, 1997; LeBaron, 1999).
28
VII. Leitura de Tendência a partir de Falhas de Movimento
Em face dos estudos supra-apresentados, da evidência proveniente de
observações, da alta importância dada aos suportes e resistências pelos
participantes do mercado de moedas (Osler, 2000), e em conseqüência da
aceleração dos preços quando do rompimento destes patamares de preços,
propõe-se à investigação acerca da possibilidade de se antecipar a reversão de
uma tendência quando ocorrer uma ruptura em uma tendência de alta ou de
baixa caracterizada pelo nome de “Falha no Movimento”.
Fundos e topos ascendentes representam uma tendência de alta, enquanto, do
contrário, fundos e topos descendentes caracterizam uma tendência de baixa.
O rompimento da mínima do fundo pertencente a uma tendência de alta
caracteriza uma falha de baixa, ou seja, uma descontinuidade na trajetória
ascendente dos preços. O inverso também é válido para um topo pertencente à
uma tendência de baixa. Quando sua extremidade for rompida pelos preços,
acontecerá uma falha de alta. Esse é um padrão muito simples para
identificação de possíveis viradas de movimentos e que segundo os analistas
oferece alto poder de previsão.
Figura 6: Representação da Falha de Movimento
Topo
Falha
Topo Fundo
Início de uma reversão
Fundo
É interessante ressaltar que os especuladores que usam gráficos para tomar
suas decisões colocam suas ordens de stop-loss em valores logo abaixo dos
29
fundos quando em posição comprada ou acima dos topos quando vendidos, de
modo que se esses patamares de preços são rompidos, muitas ordens são
acionadas levando a uma aceleração do mercado naquela direção (Brock et al,
1992; Curcio et al, 1997; Osler, 2003). A duração da tendência não é levada
em consideração.
O trabalho se constitui em três etapas. Primeiramente, os dados serão
submetidos a análises econométricas para que se conheçam as séries
utilizadas. Depois, passa-se a identificar as “falhas” existentes nos dados e
verificar o direcionamento tomado pelos preços após sua ocorrência. Por fim,
será feita a verificação da capacidade da falha em antever novas tendências e
a significância dos lucros obtidos por um agente hipotético que tome uma
posição comprada ou vendida seguindo essa informação. O ambiente
simulado reproduz as condições oferecidas à qualquer pessoa que queira
operar moedas pelas corretoras, fazendo uso de suas plataformas de
negociação.
Cabe assinalar que além de possuir muitos agentes em atividade seguidores
de alguma forma de análise técnica, o FOREX se torna bastante adequado
para a pesquisa, que possui alta liquidez, baixo spread (bid-ask),
funcionamento descentralizado e durante 24 horas por dia, e segundo as
corretoras e literatura afim, tendências longas que oferecem maior consistência
às estratégias gráficas, e consonância de tais padrões visuais com dados de
alta freqüência.
30
VIII. Metodologia
Uma questão importante quando se realizam avaliações de estratégias
operacionais para quaisquer mercados é o estabelecimento de regras fixas e
objetivas. As regras não podem se basear em critérios subjetivos ou serem
aplicadas de forma diferente em situações específicas. Devem ser aplicadas
sempre da mesma forma a fim de se evitar o problema de data mining. A
estratégia tem que ser cuidadosamente elaborada para ser replicada em
tempo-real.
Outro ponto crucial a se destacar é a sua aplicação em diferentes
periodicidades gráficas. Se uma estratégia é bem-sucedida em prever a
direção do mercado e ela se baseia exclusivamente em padrões gráficos, então
sua capacidade preditiva deve valer para todos períodos. Não importa se
aplicado a um gráfico com dados diários ou em outro com dados de 15
minutos. Segundo Debastiani (2007):
“Ao analisar o mercado, podemos utilizar vários intervalos de tempo
como foco de estudo: um dia de negociações, uma semana ou períodos de 15
minutos dentro de um dia. Aplicam-se as mesmas técnicas de análise em todos
esses intervalos, obtendo-se, porém, graus distintos de eficiência a partir do
período escolhido...”.
Conseqüentemente, buscando maior eficiência com dados de intra-day, testar-
se o padrão da falha para gráficos formados por informações horárias, de 60
minutos.
Identificando as falhas de movimento
Conforme apresentado anteriormente, uma falha caracteriza a descontinuidade
na trajetória ascendente ou descendente dos preços. A trajetória é constituída
por movimentos de zigue-zagues cujas extremidades marcam suportes e
resistências. Quando esses patamares de preços são rompidos, traders enviam
31
suas ordens de compra ou venda esperando obter lucro com uma provável
aceleração dos preços.
Para que seja possível descrever o processo utilizado na identificação das
falhas é necessário introduzir alguns conceitos da Análise cnica acerca das
características de um movimento de preços.
O estudo visual do comportamento do mercado é feito por meio de gráficos em
que se registra através de linhas ou símbolos o comportamento do ativo. Da
mesma forma como é feito nos métodos usuais de desenho cartesiano, o eixo
das abscissas representa o tempo, enquanto o das ordenadas representa os
patamares de preços.
Figura 7: Gráfico de Linha para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
.
32
Figura 8: Gráfico de Barras para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
Figura 9: Gráfico de Candlesticks para o par GBP/USD, 12 a 14/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
33
O gráfico de linhas é bastante simples e apresenta apenas o preço de
fechamento a cada período de tempo, escondendo do observador toda
volatilidade ocorrida dentro desse intervalo. o gráfico de barras aponta os
valores de abertura, de fechamento, máximos e mínimos, sendo preferível ao
primeiro. Entretanto, o gráfico formado por candlesticks, além destes quatros
valores, oferece maior facilidade em visualizar a direção dos preços, uma vez
que exibe cores distintas para os períodos fechando em alta e em baixa.
Portanto, foi o gráfico utilizado no estudo.
Figura 10: Composição de um candlestick
Outro ponto de suma importância é a definição de onde começa e termina cada
“perna” de um movimento, ou seja, cada zigue e cada zague componentes da
tendência. Osler (1999) em seu estudo para identificar padrões ombro-cabeça-
ombro lança mão de filtros para determinar quando acontecem os fundos e
topos que marcam as extremidades dos zigue-zagues. Dessa maneira, quando
os preços subiam pelo menos x% de um fundo anterior, definia-se um topo; e
quando os preços caíam x% de um topo anterior, definia-se um fundo. Essa
forma de identificar os movimentos não é precisa graficamente, levando a um
trade-off em que o número de topos e fundos é inversamente proporcional ao
tamanho do filtro, e ainda, o filtro possui tamanho arbitrário ao qual não se sabe
ao certo qual a medida mais adequada.
34
Então, para que haja total rigor em relação ao que está exposto no gráfico,
após consultas a manuais de Análise Técnica, adotou-se o conceito de swing
e “rally” para definição de cada movimento. Um swing corresponde a três
candles em seqüência cujas extremidades não são englobadas por outros
candles. um rally é composto por mais de três candles seguindo a mesma
condição anterior.
Figura 11: Swing e rally
Sendo assim, em uma tendência de alta composta por topos e fundos
ascendentes, a extremidade de swing / rally de baixa marca o suporte que uma
vez rompido caracteriza uma falha de baixa e uma possível reversão da
tendência. Ver Figura 12. De forma semelhante, quando em uma tendência de
baixa formada por topos e fundos descendentes ocorrer swing ou rally de alta,
contrário à tendência, marca-se a extremidade desse swing ou rally como uma
resistência. Se essa for rompida, acontece a falha de alta e uma possível
reversão da tendência.
35
Figura 12: Tendência de alta seguida por falha de baixa para o par GBP/USD,
12 a 14/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
Uma observação importante sobre a correta identificação das falhas está na
consideração dos pavios, das extremidades de cada candlestick. A
extremidade de cada swing ou rally também é caracterizada por pavios. Então,
ao contrário de estudos anteriores que consideraram apenas preços de
fechamento nas bases de dados, nessa análise foram considerados valores
também os preços máximos e mínimos de cada período de tempo formador de
um candlestick.
Medindo os Lucros
Uma vez que as falhas foram identificadas, computaram-se os resultados de
um participante hipotético do mercado agindo sobre essa informação. Uma
estratégia bastante simplista em que o agente permanece sempre posicionado
seguindo a falha vigente imediatamente a partir do momento de sua ocorrência.
A falha de baixa corresponde a uma venda, enquanto a falha de alta
corresponde a uma compra. Para que aconteça a falha basta que os preços
atravessem o suporte ou a resistência. A operação é mantida até que se
12
: As corretoras exigem, em média, cerca de 2/5 da margem como garantia:
margem mínima = número de contratos x cotação x valor do pip
supondo US$ 5.000,00 100K (menor) x 2,0000 (GBP/USD) x US$ 10,00 = US$ 2.000,00
36
inverta a falha, de sorte que as operações foram sempre intercaladas.
Exemplificando, uma compra será encerrada quando ocorrer uma falha de
baixa, ocasião em que se liquida tal posição e é iniciada uma operação de
venda. A variação em pips é computada como sendo o ganho ou a perda
realizado.
Uma inovação desse trabalho em relação aos anteriores é que na tentativa de
se reproduzir com o maior fidelidade possível o ambiente de negociação de
moedas, considerou-se a atividade especulativa lançando mão da
alavancagem oferecida pelas corretoras aos seus clientes. Por conseguinte, o
nível permitido de 1:100 resulta em uma variação de 1% para cada 1 pip de
mudança nas cotações dos ativos. O lucro ou prejuízo é calculado por meio da
diferença numérica entre a cotação de entrada e a cotação de saída do ativo.
Outrossim, ainda que a alavancagem seja de 1:100, considerou-se o emprego
de somente a quinta parte da margem disponível. Então, em operações em que
o saldo da operação chegue a mais de 100 pips negativos, não há a liquidação
da posição nem o término da margem. Ainda restariam 200 pips para
liquidação automática, isto é, 2/5 do capital disponível
12
.
Contudo, não basta avaliar somente o resultado isolado da estratégia descrita.
É mandatário que se compare os resultados obtidos com outra forma de se
tomar decisões. Para o caso em questão, assim como Curcio et al (1997)
escolheu-se comprar o ativo ao preço referente ao início de cada hora e
liquidá-lo ao fim deste período, ou seja, uma estratégia buy-and-hold horária.
Também, em caráter ilustrativo empregou-se uma estratégia buy-and-hold mais
geral, realizando uma compra no início da base de dados e a liquidando ao
preço do término da mesma base.
O lucro de cada operação é definido como a simples diferença entre os valores
final e inicial do ativo, e complementando a análise, também se mediu o lucro
pela primeira diferença dos logaritmos das cotações iniciais e finais:
37
11
))log()(log(
tttt
rqq
,
onde q
t+1
é o preço de liquidação da operação e q
t
é o preço de sua entrada.
Prosseguiu-se, então, com um teste de diferenças entre médias para comparar
os resultados das duas estratégias em questão. A significância da estratégia
das falhas sobre a estratégia buy-and-hold horária foi calculada por meio da
estatística-t. É sabido que a distribuição de retornos do mercado de moedas
não é normal, sendo o método bootstrap a maneira mais adequada para testar
estratégias nessa ocasião. Porém, Brock, Lakonishok e LeBaron (1992)
mostraram que seus resultados não foram alterados qualitativamente ao usar
erros-padrões encontrados através do bootstrap. Por conseguinte, tal qual
Curcio et al (1997), as estatísticas-t serão utilizadas para prover inferência
estatística e são calculadas com a seguinte fórmula:
2
1
22
ˆˆ
T
t
NN
t
t-student
onde μ
t
é a média dos retornos da estratégia testada, μé a média dos retornos
cambiais (buy-and-hold horária), N
T
é o número de sinais gerados pelas falhas,
N é o número de observações e σ
2
é a variância cambial.
Uma última observação diz respeito ao cômputo dos custos operacionais para
aferir os resultados das estratégias de forma realística. O spread, ou seja, a
diferença entre os valores bid-ask cobrado pelas corretoras se situa em torno
de 3 a 4 pips por operação, considerando a entrada no mercado e a sua
consecutiva liquidação. Um outro ônus é caracterizado pela incidência de
custo de carregamento da posição de um dia para o outro. Conseqüentemente,
apurou-se o valor de 1 pip debitado quando o especulador mantiver a operação
de um dia para o outro. Posições mantidas de sexta-feira a segunda-feira são
taxadas em 3 pips.
38
Complementações à Análise
A princípio, partiu-se da averiguação das falhas constantes em um período de
três meses para os pares de moedas. Contudo, ao perceber o pequeno número
de falhas assinaladas no intervalo supra-citado, decidiu-se ampliar o horizonte
de estudo para uma série temporal de onze meses (332 dias), quase que
quadruplicando as observações e conferindo maior robustez ao processo.
Também foram criados dois indicadores para estabelecer qual direção a
tendência de mercado de fato assumiu. O indicador-soma é descrito como a
soma dos pips decorrentes dos movimentos a favor e dos pips contra a falha
mais recente. A medição se deu a partir do ponto em que ocorreu a falha.
Conferiu-se valor positivo para o movimento em consonância com a falha, e
valor negativo para o movimento contrário a esta. Sob a convenção adotada, a
soma positiva é uma comprovação de que a falha em questão previu
corretamente a tendência que o mercado tomou. a soma negativa denota o
fracasso da falha em prever a tendência futura mais imediata.
O outro parâmetro, o indicador-razão, mensura a razão entre o máximo
movimento em pips a favor da falha e o máximo movimento em pips contra a
falha. Para dar apoio às falhas, tal indicador deve assumir valores acima da
unidade. Dessa forma, quando apresentar, por exemplo, o valor igual a 1,5,
significará que a partir da falha, o movimento que seguiu sua orientação foi
uma vez e meia maior do que o movimento na direção contrária.
Em alguns casos o indicador-soma apresentará valores positivos, porém
pequenos. Nesses momentos, o mercado esta se movimentando de lado,
circunstância em que não haverá tendência. Então para que se ganhe mais
consistência na capacidade preditiva das falhas, tanto o indicador-soma deverá
ser positivo, quanto o indicador-razão deverá ser maior do que certo limite.
Usaram-se os valores 1,5 e 2,0 para o indicador razão.
39
IX. Base de Dados
A base de dados a ser utilizada no presente trabalho é oferecida gratuitamente
pela corretora Global Forex Trading (www.gftforex.com) aos seus clientes e
usuários de demonstração por meio da plataforma gráfica de operações
DealBook 360. Os preços constantes nos dados são os preços reais oferecidos
para negociação. O spread varia entre 3 e 4 pips, dependendo do par de
moedas, e é inserido somente na abertura da posição.
Tal base é disponibilizada para mais de 60 pares de moedas e para diversos
períodos gráficos indo de um simples tick e informações de 1 minuto e 5
minutos, a cotações maiores como de 60 minutos, cotações diárias, semanais,
e até mesmo, mensais. A Tabela 3 a seguir demonstra a forma em que se
encontram os dados após exportação.
Tabela 3: Dados de 15 minutos extraídos do DealBook 360 para o par
EUR/USD
Chart data: EUR/USD, Aggregate list (15 min) at 19.03.2007 17:16:41.218
Time
High
Low
Open
Close
First
Last
08.03.2007 19:15:00.000 1,3129 1,3125 1,3128 1,3127 08.03.2007 19:15:00.000 08.03.2007 19:29:59.999
08.03.2007 19:30:00.000 1,3145 1,3127 1,3127 1,3138 08.03.2007 19:30:00.000 08.03.2007 19:44:59.999
08.03.2007 19:45:00.000 1,3139 1,3134 1,3138 1,3135 08.03.2007 19:45:00.000 08.03.2007 19:59:59.999
08.03.2007 20:00:00.000 1,3136 1,313 1,3135 1,3131 08.03.2007 20:00:00.000 08.03.2007 20:14:59.999
08.03.2007 20:15:00.000 1,3133 1,313 1,3131 1,3131 08.03.2007 20:15:00.000 08.03.2007 20:29:59.999
08.03.2007 20:30:00.000 1,3134 1,313 1,3131 1,3132 08.03.2007 20:30:00.000 08.03.2007 20:44:59.999
08.03.2007 20:45:00.000 1,3134 1,3131 1,3133 1,3133 08.03.2007 20:45:00.000 08.03.2007 20:59:59.999
08.03.2007 21:00:00.000 1,3134 1,3131 1,3133 1,3131 08.03.2007 21:00:00.000 08.03.2007 21:14:59.999
08.03.2007 21:15:00.000 1,3132 1,3124 1,3132 1,313 08.03.2007 21:15:00.000 08.03.2007 21:29:59.999
08.03.2007 21:30:00.000 1,3132 1,3129 1,313 1,313 08.03.2007 21:30:00.000 08.03.2007 21:44:59.999
08.03.2007 21:45:00.000 1,3132 1,3127 1,313 1,3132 08.03.2007 21:45:00.000 08.03.2007 21:59:59.999
Fonte: Software DealBook 360, Global Forex Trading.
Os gráficos são criados em intervalos fixos, frações da base integral para que
não haja comprometimento da memória do computador do usuário ao gerá-los.
Sendo assim, uma média de 700 observações é carregada de forma que não
há prejuízo à qualquer análise gráfica ou econométrica. Basta unir os intervalos
em tabelas ou carregar diferentes intervalos, em ordem cronológica para se
fazerem as análises.
40
Quanto ao tamanho, a base compreende todo o período de primeiro de janeiro
a 28 de novembro de 2007, constituindo tamanho considerável para que seja
feita a pesquisa. aproximadamente 5.700 observações para a freqüência de
60 minutos, independente do horário local de qualquer país. Os dados
compreendem as 24 horas diárias, excetuando os horários de inatividade
mercantil, fins-de-semana.
Para o trabalho, usaram-se apenas os quatro pares de moedas mais líquidos.
São esses:
EUR / USD: Euro / Dólar Americano;
GBP / USD Libra Esterlina / Dólar Americano;
USD / CHF Dólar Americano / Franco Suíço;
USD / JPY. Dólar Americano / Iene Japonês.
41
X. Resultados
Nas Figuras 13 a 17 são apresentadas as cotações horárias para o par
GBP/USD referentes a 01/01/2007 a 30/03/2007, assim como as cotações para
os quatro pares de moedas compreendendo o período de 01/01/2007 a
28/11/2007. Enquanto a primeira base de dados apresenta movimento lateral
dos preços, nas amostras maiores evidências de tendências em todos os
gráficos.
Breve sumário dos resultados com a primeira séria de dados
A estratégia de falhas apresentou resultados positivos, superiores e
significantes em relação à estratégia buy-and-hold horária. No entanto, o
período possui apenas 19 falhas, quantia pouco representativa
estatisticamente. Seriam adequadas, pelo menos, 30 falhas para maior
robustez. Porquanto, para corrigir essa deficiência aumentou-se a base de
dados para o ano inteiro de 2007.
Ainda assim, fazendo uma rápida avaliação dos resultados encontrados,
percebe-se que adotar as falhas como regras de entradas no mercado
conferiria resultado significativamente superior à simplesmente comprar o ativo
e liquidá-lo ao final de cada hora.
Tabela 4: Retorno obtido com a estratégia das falhas e com o buy-and-hold
horário para a primeira base de dados (em pips)
GBP/USD
Acumulado Falhas 376
Média μ
t
0,197895
Acum. Buy-and-hold horária 23
Média μ 0,014974
Estatística t 5,0820
Buy-and-hold no Período 87
42
Embora o resultado apresentado pela estratégia buy-and-hold no período, isto
é, a compra e a liquidação correspondentes ao início e fim da base de dados,
tenha oferecido resultado positivo, esse não se verifica na prática, uma vez que
as grandes oscilações de preços fazem com que a margem de um especulador
utilizando alavancagem seja exaurida. O mesmo se observa para a segunda
amostra de dados compreendendo as demais moedas e maior período. Sendo
assim, os valores dessa estratégia estão expressos nas Tabelas 10 e 11 em
Anexo apenas a título de curiosidade.
Resultados advindos da segunda amostra
Ao se expandir o horizonte de análise, ficou claro que os retornos significativos
das falhas constituíam um período o-representativo da realidade. Como é de
se perceber pela Tabela 5, apenas GBP e JPY tiveram resultados positivos.
Além do mais, para o caso da Libra, a performance foi inferior à da estratégia
de buy-and-hold horária. De modo que o único par de moedas a apresentar
retorno positivo e significativo foi o USD/JPY. Portanto, uma vez que apenas
uma moeda resultou em lucros significativos, os retornos encontrados não dão
suporte à estratégia das falhas.
Tabela 5: Retornos obtidos com a estratégia das falhas e com o buy-and-hold
horário para a segunda base de dados (em pips)
GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Acumulado Falhas 809 -54 -454 442
Média μ
t
11,8971 -0,6585 -5,5366 6,3143
Acum. Buy-and-hold
horário
1058 1472 -688 -683
Médiaμ 0,1859 0,2587 -0,1209 -0,1200
Estatística t -0,0003 -0,5711 -4,5970 3,8112
Em seguida, ao se proceder à análise mais fidedigna da aplicação da
estratégia de falhas, considerando agora os custos operacionais incorridos em
43
situação real, nota-se que a única moeda a oferecer resultados positivos,
embora não significantes, é a Libra esterlina, ver Tabela 6 abaixo. Até mesmo o
par USD/JPY passou de lucro significativo para perdas. Os demais pares de
moedas, apesar de apresentarem desempenho melhor que a estratégia
alternativa e com significância estatística, resultaram em prejuízos. Tal
evidência corrobora ainda mais a inviabilidade lucrativa das falhas da forma
como foi empregada neste estudo. Vale ainda ressaltar que a estratégia Buy-
and-hold horária não confere nenhuma capacidade prática por ser totalmente
negativada pelos freqüentes custos de spread pagos a cada hora.
Tabela 6: Retornos líquidos de custos obtidos com a estratégia das falhas e
com o buy-and-hold horário para a segunda base de dados (em pips)
GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Acum. Falhas 181 -641 -1114 -106
Média μ
t
2,6618 -7,8171 -13,5854 -1,5143
Acum. Buy-and-hold
-21940 -15836 -23686 -17991
Médiaμ -3,8140 -3,7413 -4,1209 -4,1200
Estatística t
0,0188 -6,7288 -11,2478 -0,8947
Em seguida, procedendo a uma análise do tempo médio de duração de uma
falha de movimento, ou seja, dividindo-se o total de dias corridos que
compreende a base de dados pelo número de falhas ocorridas no estudo,
chegou-se à duração média aproximada de cinco dias por falha. Essa medida
serviu para calibrar a análise da estratégia Buy-and-hold, passando, assim, de
operações horárias para operações semanais controlando a variável tempo.
Então, uma nova verificação acerca dos retornos e suas significâncias foi
levada adiante nos mesmos moldes do que foi feito anteriormente.
44
Tabela 7: Retornos brutos e líquidos de custos obtidos com a estratégia das
falhas e com o buy-and-hold semanal para a segunda base de dados (em pips)
GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Acumulado Falhas
Bruto
809 -54 -454 442
Acum. Buy-and-hold
Bruto
907 1402 -838 -748
Estatística t
-0,0088 -0,0245 0,0137 0,0079
Acum. Falhas
Líquido
181 -641 -1114 -106
Acum. Buy-and-hold
Líquido
484 1026 -1261 -1124
Estatística t
-0,0070 -0,0213 0,0168 0,0099
Conforme o que foi anteriormente exposto, não nenhuma evidência
favorável à estratégia objeto da análise. Os resultados positivos advindos da
Buy-and-hold semanal superaram os resultados positivos provenientes das
falhas e não significância. Nota-se apenas que quando os resultados o
negativos para as duas estratégias, eles tendem a ser menor para a estratégia
das falhas, fato que não contribui em nada para sua aplicação lucrativa no
mercado. Também vale apontar que, ao contrário da estratégia buy-and-hold
horária, a abordagem semanal não é inviabilizada pelos custos operacionais.
Complementando os estudos, testaram-se as médias dos retornos das falhas e
da buy-and-hold horária usando como medida não mais os pips, mas a
variação percentual acumulada dada pela fórmula
11
))log()(log(
tttt
rqq
.
Empregaram-se as moedas EUR, CHF e JPY contra o USD. A falha gerou
lucros para os três pares de moeda, contudo, não apresentou significância
estatística. Como era de se esperar em virtude dos primeiros resultados, mais
uma vez não houve qualquer indício significativo favorável à estratégia das
falhas mesmo sem incorporar os custos transacionais. Por conseguinte, a
inclusão desses se fez desnecessária para engrandecer os resultados. Ver
Tabela 12 nos Anexos.
45
Não obstante as confirmações supra-apresentadas acerca da estratégia sob
análise, a avaliação conjunta dos indicadores soma e razão, lança uma nova
visão à forma como podem ser utilizadas as falhas. Ainda que a estratégia
aplicada não tenha logrado sucesso, a falha parece ter algum caráter preditivo,
uma vez que, após sua ocorrência, observa-se que os preços tendem a ir mais
vezes na sua direção do que contra. Ver Tabelas 8 e 9.
Tabela 8: Falhas cujos movimentos atenderam ao Indicador soma, IS (número
de observações)
IS GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
A Favor da falha
61,76%
(42)
56,10%
(46)
53,66%
(44)
61,43%
(43)
Contra a falha
38,24%
(26)
42,68%
(35)
46,34%
(38)
38,57%
(27)
Nota: IS = máximo movimento em pips a favor da falha máximo movimento em pips contra
a falha;
Houve uma situação no EUR/USD em que o IS = 0.
Tabela 9: Falhas cujos movimentos atenderam aos Indicadores soma, IS, e
razão, IR, (número de observações)
IS e IR GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
IS > 0
IR > 1,5
57,35%
(39)
50,00%
(41)
47,56%
(39)
51,43%
(36)
IS > 0
IR > 2,0
50,00%
(34)
42,68%
(35)
42,68%
(35)
45,71%
(32)
Totalde falhas
100,00%
(68)
100,00%
(82)
100,00%
(82)
100,00%
(70)
Nota: IS = máximo movimento em pips a favor da falha – máximo movimento em pips contra
a falha;
IR = máximo movimento em pips a favor da falha / máximo movimento em pips contra a
falha;
Logo, é possível que haja operadores que aliados a um bom gerenciamento de
risco podem se beneficiar das falhas, ainda que esse estudo apresente
evidências contrárias à sua utilização conforme os manuais de Análise Técnica.
46
XI. Conclusão
Esta dissertação analisou a capacidade da falha, um conceito identificador de
suportes e resistências oriundo da Análise Técnica, em antecipar os
movimentos dos preços dos ativos no mercado internacional de moedas. Para
tanto, usaram-se dados de alta freqüência compreendendo 332 dias relativos
aos pares de moedas mais líquidos. Também foram considerados, a fim de
reproduzir realisticamente a situação de trading, a alavancagem oferecida
pelas corretoras aos seus clientes, assim como, os custos transacionais.
A partir dos conceitos teóricos, traçou-se uma estratégia baseada nas falhas
com o intuito de verificar tanto sua viabilidade em gerar lucros, quanto a
capacidade de superar uma simples estratégia Buy-and-hold. O sucesso da
primeira estratégia foi medido por um teste de médias comparando os retornos
médios de ambas para todo o período.
Os pontos principais dos resultados são transcritos a seguir. Primeiramente,
auferiram-se lucros em dois pares: GBP/USD e USD/JPY, sendo que apenas o
último apresentou um resultado significativamente superior aos resultados
apresentados pela estratégia alternativa. Entretanto, uma vez que são inclusos
os custos transacionais não há sequer uma situação em que tenha havido lucro
significante. Tais evidências são consistentes com os resultados apresentados
por Curcio et al (1997). Esse testou se certas regras da Análise Técnica
reportadas à Reuters por operadores atuantes resultam em lucro.
Ainda que se aplicasse a mesma estratégia com custos menores tanto de
spread, quanto de carregamento, que agentes institucionais que dispõem
desse benefício; ou até mesmo, se anulassem todos os custos operacionais, o
fato de apenas um par de moedas ter oferecido lucro significativo o permite
conclusão favorável ao sucesso das falhas. Logo, os resultados estão em
conformidade com a eficiência no mercado de moedas.
47
Embora não tenha sido possível encontrar resultados significativos para a
estratégia baseada nas falhas, verificou-se que esse conceito pôde prever com
algum grau de razoabilidade a direção futura dos preços. Cabe aos
pesquisadores da área promover estudos mais detalhados que corroborem o
resultado preditivo apontado aqui, e que verifiquem a possibilidade de se
utilizar as falhas para auferir lucro neste mercado.
48
Bibliografia
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Foreign Exchange Market”, The Economic Journal, Volume 100, Issue 400,
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and the stochastic properties of stock returns”, Journal of Finance, 47, pp.
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intervention”, Journal of International Economics, 49 (1), pp 125-143.
49
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analysis on foreign exchange markets?”, Banca Nazionale del Lavaro Quarterly
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Wiley & Sons, Inc.
[20] Neely, C.J., 1997. “Technical Analysis in the Foreign Exchange Market: A
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[21] Neely, C.J., Weller, P.A., e Dittmar, R., 1997. “Is technical analysis in the
foreign exchange market profitable? A genetic programming approach”. Journal
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[22] Osler, C., 2000, “Support for Resistance: Technical Analysis and Intraday
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[24] Sweeney, R.J., 1986. “Beating the foreign exchange market”. Journal of
Finance, 41, pp 163-182.
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rule profits in foreign exchange markets”, Journal of International Money and
Finance, 16, pp 513–535.
[26] Taylor, M. e Helen A., 1992. “The use of technical analysis in the foreign
exchange market,” Journal of International Money and Finance 11, pp. 304-14.
50
Anexos
Figura 13 : Cotações horárias para o par GBP/USD, 01/01/2007 a 30/03/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
Figura 14 : Cotações horárias para o par GBP/USD, 01/01/2007 a 28/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
1.91
1.92
1.93
1.94
1.95
1.96
1.97
1.98
1.99
2.00
250 500 750 1000 1250 1500
GBP60
1.88
1.92
1.96
2.00
2.04
2.08
2.12
1000 2000 3000 4000 5000
GBPCLOSE
51
Figura 15 : Cotações horárias para o par EUR/USD, 01/01/2007 a 28/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
Figura 16 : Cotações horárias para o par USD/CHF, 01/01/2007 a 28/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
1.08
1.12
1.16
1.20
1.24
1.28
1000 2000 3000 4000 5000
CHFCLOSE
1.28
1.32
1.36
1.40
1.44
1.48
1.52
1000 2000 3000 4000 5000
EURCLOSE
52
Figura 17 : Cotações horárias para o par USD/JPY, 01/01/2007 a 28/11/2007
Fonte dos dados: Global Forex Trading. Elaboração do autor.
Tabela 10: Retornos acumulados de uma estratégia Buy-and-hold por todo o
período da segunda base de dados
GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Buy-and-hold no
período
1194 1638 -1079 -907
Nota: Tal posicionamento no mercado viria por exaurir a margem de um trader segundo a
alavancagem proposta no estudo.
Tabela 11: Máximos valores negativos durante a operação buy-and-hold no
período
GBP/USD EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Máximo Valor
Negativo
(em pips)
-399 -317 -1269 -1179
Esgotamento da
Margem
Sim Sim Sim Sim
Nota: Segundo as exigências médias das corretoras, o máximo número de pips negativos
permitidos conforme a alavancagem adotada neste estudo é de 300 pips.
105
110
115
120
125
1000 2000 3000 4000 5000
JPYCLOSE
53
Tabela 12: Retornos brutos obtidos com a estratégia das falhas e com o buy-
and-hold horário para a segunda base de dados (em %)
EUR/USD USD/CHF USD/JPY
Acum. Falhas
0,0866 0,0522 0,1105
Média μ
t
0,001056 0,000636 0,001578
Acum. Buy-and-hold
0,104723 -0,060229 -0,059450
Médiaμ
0,000018 -0,000011 -0,000010
Estatística t
-0,0884 0,1686 0,1841
Tabela 13: Quadro Resumo de trabalhos acerca da Análise Técnica e o Mercado de Moedas
54
Ano 1990 1997 1997 1999 2000 2001
Paper
Chartists, Fundamentalists,
and Trading in the Foreign
Exchange Market
Do Technical Trading Rules
Generate Profits? Conclusions
from the Intra-Day Foreign
Exchange Market
Technical Analysis in the
Foreign Exchange Market: A
Layman´s Guide
Methodical Madness:
Technical Analysis and the
Irrationality of Exchange-Rate
Forecasts
Support for
Resistance:Technical Analysis
and Intraday Exchange Rates
Intraday Technical Trading in
the Foreign Exchange Market
Autores Frankel, Froot
Curcio, Goodhart, Guillaume,
Payne
Neely Chang, Osler Osler Neely, Weller
País EUA Inglaterra EUA EUA EUA EUA
Foco
Apresentar algumas questões
acerca do comportamento dos
agentes e dos preços no
mercado
Verificar se certas regras da
Análise Técnica reportadas à
Reuters por traders resultam
em lucro.
Faz uma revisão sobre
eficiência de mercado, análise
técnica
(indicadores/osciladores) e faz
uma avaliação de risco/retorno
em algumas estratégias
simples.
Verificar se o padrão Ombro-
Cabeça-Ombro consegue
prever reversões de
tendências de preços, e se é
racional (lucrativo e eficiente)
como estratégia a ser
empregada para decisões de
compra/venda.
Verificar se os Suportes e
Resistências divulgados por
corretoras/bancos tem algum
valor preditivo na interrupção
ou reversão de tendências.
Verificar a performance out-of-
sample de estratégias gráficas
para operações intraday no
mercado de moedas, usando
duas metodologias: um
programa genético para
escolher a melhor estratégia e
um modelo de previsão linear.
Período -
10/04/89 a 29/06/89, e
31/01/94 a 30/06/94
Jan/74 - Out/97 Mar/1973 - Jun/94 Jan/1996 - Mar/1998 1996
Base de
Dados
Não realiza nenhum teste
Dados de 60 minutos para
DEM, JPY e GBP, frentes ao
USD.
Média das cotações diárias
das seguintes moedas contra o
dólar: DEM, JPY, CHF e GBP.
Taxas de overnight para as 4
moedas que não o USD.
Dados diários das cotações
spot para 6 pares de moedas.
5.500 observações.
Suportes e Resistências
divulgados por 6 instituições
financeiras. Cerca de 20.000
observações para cada par de
moeda (DEM, JPY e GBP).
Foram usadas cotações de 1
minuto para os testes.
Dados de 30 minutos para
GBP, CHF, DEM e JPY,
frentes ao USD.
Metodologia Não realiza nenhum teste
Definiram-se quatro tipos de
intervalos de oscilação dos
preços. Quando os preços
rompiam os limites superior ou
inferior destes intervalos,
assinalava-se uma compra ou
uma venda, respectivamente.
O retorno obtido foi verificado
estatisticamente frente a uma
simples estratégia buy-and-
hold por meio de um teste de
médias.
Usaram-se diversas
combinações de médias
móveis e regras de filtros para
definir posições. Além disso,
analisou-se o risco das
estratégias por meio de um
CAPM Beta (em relação ao
S&P500) e do Sharpe ratio.
Criou-se um algoritmo para
identificar OCO e verificar a
lucratividade seguindo certas
regras para entrada e saída do
mercado. Avaliou-se a
significância do lucro por meio
de um bootstrap. Criou-se um
distribuição com 10.000 séries
de preços artificiais em que o
padrão não tem significado
(random walk), e testou-se Ho:
OCO não é lucrativo,
comparando as séries
artificiais com a real (p-value).
Depois, comparou-se tal
estratégia comdiversas
combinações de médias
móveis e parâmetros de
Momentum, assim como o
risco atrelado à cada estratégia
D.P. e Sharpe ratio).
Usou-se a técnica bootstrap
para testar estatisticamente os
dados. Comparou-se o
comportamento dos preços
atingindos os S/R publicados
com o comportamento
atingindo 10.000 valores
arbitrários de S/R. Se o
resultado (permanência dos
preços em torno do valor)
obtido dos dados reais for
maior do que o resultado dos
dados montados para um
grande número de meses, os
S/R publicados tem valor
preditivo. Pensou-se no teste
como uma tentativa de
Bernoulli com 50% de chance
de ocorrer.
Elaborou um programa
genético com 3 variáveis de
input: cotação normalizada da
moeda, o diferencial de juros, e
a hora do dia. Por meio dos
princípios da seleção natural o
método escolheu as melhores
características das estratégias
criando cerca de 40 gerações
de estratégias teoricamente
mais eficientes. Quanto ao
modelo linear, estimou-se
equações autorregressivas
com filtros para reduzir a
frequência do trading. Também
elaborou-se um modelo linear
extendido incluindo as 3
variáveis supra-citadas.
Tabela 13: Quadro Resumo de trabalhos acerca da Análise Técnica e o Mercado de Moedas
55
Pontos
positivos
Faz uma análise do
descolamento do mercado em
relação a seus fundamentos,
assim como de seus
participantes e as
consequências de suas
atuações.
Analisa operações de intraday.
Considera custos de
transação. Lança mão de
sinais relatados portraders à
Reuters.
Análise muito abrangente e
sintética do assunto.
Pesquisou um padrão não-
linear. Conta também com
Análise de Sensibilidade,
alterando vários parâmetros do
estudo.
Verificou outros efeitos acerca
dos S/R como: uso de
números redondos para sua
definição, duração, consenso
entre as firmas acerca dos
valores, e força (dificuldade
dos preços em romper tais
barreiras).
Analisa daytrading. Considera
custos de transação. Em um
cenário limita o trading aos
horários de maior volatilidade;
já no outro cenário, analisa as
24hs do dia. Procura por
estratégias in-sample e as
aplica out-of-sample.
Pontos
negativos
Apenas apresenta resultados
de estudos anteriores
O método bootstrap é mais
apropriado para avaliar
estatisticamente os resultados.
No entanto, qualitativamente,
não há alteração dos
resultados.
Cotações diárias apenas.A
maioria dos traders opera
intraday. Realizou apenas
Backtesting.
Considerou apenas dados de
fechamento. O padrão OCO
leva em conta as
extremidades, ou seja,
cotações máximas e mínimas.
Não leva em consideração
alavancagem (o que traders
fazem). Saída da operação é
diferente do que deve ser feito
(não-ótima). Backtesting
apenas, não há análise out-of-
sample.
A base utilizada se concentrou
apenas entre 9 a.m. - 4 p.m,
horário americano. O trading
no FOREX se dá 24hs/dia e há
outros horários de alta
volatilidade. Não levou em
consideração a possibilidade
dos preços apenas pararem
momentaneamente nos S/R
para, depois, continuarem sua
trajetória anterior.
Parece não considerar
alavancagem.
Resultados
Modelos estruturais não são
bons em prever/explicar preços
no FOREX; Há a presença de
bolhas especulativas de longo
e curto prazo no mercado
formadas por expecativas dos
participantes (ao invés de
fundamentos); As expectativas
são heterogêneas o que
acarreta maior volume e maior
volatilidade; Agentes usam
gráficos para o curto prazo e
modelos de equilíbrio para o
longo prazo; Há mais agentes
operando no curto prazo. Logo,
a Análise Técnica parece se
justificar.
Até mesmo quando os custos
de transação não são
incorporados à análise, na
média, a regra utilizada não é
lucrativa. Embora, retornos em
excesso podem ser obtidos em
momentos de forte tendência.
Aponta para evidências de
retornos em excesso obtidos
com a análise técnica no
mercado FOREX. Obtém
resultados expressivos: 38 das
40 regras geram lucro, além
disso com bonssharpe ratios e
inexistência de risco em
excesso que justificasse os
maiores retornos (CAPM Beta
< 0). No entanto, risco é difícil
de se medir e de se definir,
consequentemente, emperra a
análise própria da ineficiência
do mercado.
A estratégia OCO é lucrativa
para o marco e o yen apenas,
dentre as 6 moedas (frente ao
dólar). Ainda, o padrão é
dominado por estratégias mais
simples e de menor risco (MM
eMomentum). A combinação
do OCO com essas estratégias
só aumentaria o risco, não
trazendo benefícios
significantes para o trader.
Logo, a confiança nesse
padrão gráfico aparenta uma
fonte de erros nas previsões
de exchange rates.
Os S/R publicados
interrompem a trajetória dos
preços mais frequentemente
do que os S/R arbitrários.
Resultado encontrado para os
3 pares de moedas e para as 6
empresas estudadas. A
capacidade de previsão varia
entre as firmas e entre as
moedas. Os S/R duram pelo
menos uma semana e a
classificação dos S/R de
acordo com sua força
(probabilidade dos níveis
serem rompidos) não são
significantes. Possíveis
explicações: acúmulo de
ordens em tais patamares e
profecia auto-realizável.
Há padrões previsíveis muito
estáveis durante o dia, no
entanto, não se identificou
nenhuma estratégia capaz de
obter retornos em excesso. Há
grande evidência de que as
tendências permaneçam por
dias e semanas, mas o mesmo
não parece serválido para o
período de um dia;
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