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Cecilia Gómez Ravetti
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ATENÇÃO MÉDICA EM PRONTO
ATENDIMENTO AOS PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, PRONTO SOCORRO CLÍNICO
REFERENCIAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE.
BELO HORIZONTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
2008
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Cecilia Gómez Ravetti
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ATENÇÃO MÉDICA EM PRONTO
ATENDIMENTO AOS PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, PRONTO SOCORRO CLÍNICO
REFERENCIAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical
do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial para a obtenção do título de
mestre em Medicina.
Área de Concentração: Infectologia e Medicina Tropical
Orientador: Professor Ênio Roberto Pietra Pedroso
BELO HORIZONTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
2008
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Ravetti, Cecilia Gómez.
R252c Contribuição ao estudo da atenção médica em Pronto
Atendimento aos pacientes portadores do Vírus da Imunodeficiência
Humana no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas
Gerais, Pronto Socorro clínico referencial da região metropolitana de
Belo Horizonte. [manuscrito]. /
Cecilia Gómez Ravetti. - - Belo Horizonte: 2008.
70f.: il.
Orientador: Ênio Roberto Pietra Pedroso.
Área de concentração: Infectologia e Medicina Tropical
Linha de pesquisa: HIV/AIDS
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de
Minas Gerais, Faculdade de Medicina.
1. HIV 2. Serviços Médicos de Emergência. 3.
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
4. Dissertações
acadêmicas. I. Pedroso, Ênio Roberto Pietra. II. Universidade
Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina. III. Título.
NLM : WC 503
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor: Professor Ronaldo Tadêu Pena
Vice-Reitora: Professora Heloisa Maria Murgel Starling
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Pró-Reitor: Professor Jaime Arturo Ramirez
Faculdade de Medicina
Diretor: Professor Francisco José Penna
Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes
Centro de Pós-Graduação
Coordenador: Professor Carlos Faria Santos Amaral
Sub-Coordenador: João Lúcio dos Santos Jr.
Departamento Clínica Médica
Chefe: Professor Dirceu Bartolomeu Greco
Curso de Pós-graduação em Infectologia e Medicina Tropical
Colegiado: Professor Manoel Otávio da Costa Rocha (coordenador)
Professor Antônio Lúcio Teixeira Jr. (subcoordenador)
Professor Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Professor Carlos Maurício Figueiredo Antunes
Professor José Roberto Lambertucci
Fátima Lúcia Guedes Silva (representante discente)
Ao Diego, pelo apoio incondicional, companheirismo e amor imenso.
Agradecimentos
Ao professor Ênio Roberto Pietra Pedroso, por ter me acolhido e incentivado no mundo
acadêmico e pelos seus ensinamentos constantes, que permitiram alcançar os meus objetivos.
Ao Professor Manoel Otávio da Costa Rocha, por ter aberto as portas da pós-graduação.
Aos meus pais, Graciela e Ricardo, por serem responsáveis diretos desta conquista.
Aos meus irmãos, Martín e Julián, e suas famílias pela alegria e apoio.
Aos meus colegas de pós-graduação pelo convívio nestes dois anos.
Aos médicos e funcionários do Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, que
permitiram a realização do trabalho.
Aos funcionários do SAME, pela colaboração na busca de prontuários.
Aos pacientes que participaram do estudo.
RESUMO
Introdução: O Brasil possui um sistema específico de atenção à saúde para pacientes
portadores de VIH/SIDA. A introdução da terapia anti-retroviral altamente eficaz
proporcionou aumento da sobrevida desses pacientes, tornando a imunodeficiência entidade
de convivência crônica. Este trabalho objetiva a análise prospectiva das causas que levam os
pacientes com VIH/SIDA a procurarem atendimento clínico de urgência em Pronto
Atendimento referencial da região metropolitana de Belo Horizonte.
Métodos: Foram estudados no período compreendido entre 01/06/2006 até 31/05/2007, todos
os pacientes adultos infectados pelo VIH, admitidos consecutivamente no Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG.
Resultados: Foram estudados 99 pacientes que perfizeram 118 internações. A idade foi em
média 39,4 anos (DP= ± 9,1). A relação entre homem e mulher foi de 1,35:1. Em relação à cor
e estado civil, 27,3% eram negros, e 50% eram solteiros. A forma de transmissão mais
freqüente foi a heterossexual (18,2%). O tempo transcorrido desde o diagnóstico e a admissão
mais comum situou-se entre 0-5 anos em 40,4% dos casos. A maioria dos pacientes foi
internada uma única vez. Em 55,1% dos casos estavam sob seguimento clínico em algum
centro de referência de atendimento ao paciente portador do VIH/SIDA. A terapêutica anti-
retroviral e a quimioprofilaxia era adequada em 56,8% e 29,7% dos pacientes,
respectivamente, à admissão no Pronto Atendimento. A contagem de linfócitos T CD4 foi
inferior a 200 células/mm
3
em 45,7% dos pacientes. Não foi encontrada diferença
estatisticamente significativa, quanto ao valor da contagem de linfócitos T CD4 e o uso de
quimioprofilaxia para infecções oportunistas em função do desfecho óbito (p=0,2 e p=1,
respectivamente). As queixas mais freqüentes foram aumento da temperatura corpórea
(46,6%), diarréia (30,5%), tosse (28,8%), dispnéia (21,2%), cefaléia (10,6%), náuseas
(10,6%), e vômitos (10,6%). O aparelho respiratório foi o mais acometido, seguido pelo
gastrintestinal e neurológico. Não houve diferença estatisticamente significativa entre o
sistema acometido e o desfecho óbito. As doenças oportunistas mais freqüentemente
diagnosticadas foram: pneumocistose (17,8%), pneumonia comunitária (16,9%), síndrome
diarréica (16,1%), e candidiase oral (10,2%). A demanda de internações representou 2,8% das
admissões, com tempo médio de 4,6 dias de permanência no Pronto Atendimento.
Conclusões: Os pacientes que procuram atendimento clínico de urgência possuíam, em sua
maioria, contagem de linfócitos TCD4 baixa, quase a metade não usava a HAART. Houve
tendência a feminização da VIH/SIDA. As doenças relacionadas à SIDA continuam sendo as
mais freqüentes no nosso meio, apesar do Brasil possuir serviço médico específico para os
pacientes com VIH/SIDA de alta qualidade.
Palavras chaves: VIH, SIDA, urgências, emergências, doenças oportunistas.
ABSTRACT
Introduction: Brazil has a specific system of primary health care to patients with HIV /
AIDS. The introduction of highly active antiretroviral therapy allowed an increase in survival
of these patients, making immunodeficiency entity of chronic coexistence. This study aims to
prospective analysis of the causes that lead the patients with HIV / AIDS to seek emergency
care in the Emergency Room of the Hospital das Clínicas da UFMG, referential hospital in
the metropolitan region of Belo Horizonte.
Methods: We studied in the period from 01/06/2006 to 31/05/2007, all adult patients with
HIV, admitted consecutively in the Emergency Room of Hospital das Clínicas da UFMG.
Results: We studied 99 patients who perform 118 admissions. The average age was 39.4
years (SD = ± 9.1). The relation between man and woman was 1,35:1. Regarding color and
marital status, 27.3% were black, and 50% were singles. The most common form of
transmission was heterosexual (18.2%). The time elapsed since the diagnosis and admission
was between 0-5 years in 40.4% of cases. Most patients were admitted once. 55.1% of cases
were under clinical follow up at some reference centre of care for patients of HIV / AIDS.
The antiretroviral therapy and chemoprophylaxis was adequate in 56.8% and 29.7% of
patients, respectively, in the admission of Emergency Room. The count of CD4 T
lymphocytes were below of 200 cel/mm3 in 45.7% of patients. There was no statistically
significant difference, as the value of the count of lymphocytes T CD4 and the use of
chemoprophylaxis for opportunistic infections depending on the outcome death (p = 0.2 and p
= 1, respectively). The most frequents symptoms were increased body temperature (46.6%),
diarrhea (30.5%), cough (28.8%), dyspnea (21.2%), headache (10.6%), nausea (10.6%) and
vomiting (10.6%). The respiratory tract was the most affected, followed by gastrointestinal
and neurological. There was no statistically significant difference between the affected system
and outcome death. The opportunistic diseases most frequently diagnosed were:
pneumocystosis (17.8%), Community acquired pneumonia (16.9%), diarrheal syndrome
(16.1%) and oral candidiasis (10.2%). The demand for admissions represented 2.8% of
admissions, with an average time of 4.6 days of stay in the Emergency Room.
Conclusions: The patients seeking emergency care clinician had, in its majority, lymphocyte
count of TCD4 low, almost half not used to HAART. There was a trend of the feminization of
HIV / AIDS. The diseases related to AIDS continue to be the most frequent in our
environment, despite Brazil have specific high quality medical service for patients with HIV /
AIDS.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Média, desvio padrão, percentil de 25 e 75%, e mediana dos pacientes
portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do HC/UFMG no
período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007. ......................................25
TABELA 2: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do HC/UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007 em função do sexo. .......................................................................26
TABELA 3: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007 em função da cor da pele descrita pelo médico plantonista
da triagem em sua admissão hospitalar. ............................................................27
TABELA 4: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007 em função do seu estado civil .....................................27
TABELA 5: Descrição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG que procuraram o Pronto
Atendimento do HC/UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007,
em função da forma de transmissão mais provável do VIH...................................28
TABELA 6: Descrição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA que procuraram o Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007, em função do tempo provável entre a infecção e a
procura de atendimento médico........................................................................28
TABELA 7: Descrição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA que procuraram o Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007, em função do número de internações hospitalares em
pacientes portadores do VIH.............................................................................29
TABELA 8: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da adequação de seu controle
ambulatorial...................................................................................................30
TABELA 9: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007 em função do uso de terapia antiretroviral de alta
potência.........................................................................................................30
TABELA 10: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007 em função do uso de quimioprofilaxia contra as infecções
oportunísticas.................................................................................................30
TABELA 11: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do contagem numérica dos linfócitos
TCD4.............................................................................................................31
TABELA 12: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da relação entre a contagem numérica
dos linfócitos TCD4 e o óbito. ...........................................................................31
TABELA 13: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da relação entre o uso de
quimioprofilaxia e o óbito.................................................................................32
TABELA 14: Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia geral no
momento da admissão dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007. ..............................................................................32
TABELA 15: Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia respiratória dos
pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007....................................................................................................33
TABELA 16: Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia neurológica dos
pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007....................................................................................................33
TABELA 17: Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia gastrenterológica
dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007....................................................................................................34
TABELA 19: Distribuição dos sistemas acometidos em função do desfecho em pacientes
portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.........35
TABELA 20: Distribuição por ordem decrescente de mais freqüência dos pacientes
portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em
função da freqüência do diagnóstico nosológico. .................................................37
TABELA 21: Descrição de outros diagnósticos nosológicos menos freqüentes dos
pacientes portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007....................................................................................................38
TABELA 22: Distribuição dos pacientes portadores de VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da admissão hospital. .......................39
TABELA 23: Distribuição dos pacientes portadores de VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da necessidade de ventilação pulmonar
mecânica. ......................................................................................................40
TABELA 24: Distribuição dos pacientes portadores de VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do desfecho inicial............................40
TABELA 25: Distribuição dos pacientes portadores de VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do desfecho após internação na
enfermaria. ....................................................................................................40
TABELA 26: Distribuição da idade e do tempo de internação no Pronto Atendimento em
função do desfecho óbito. ................................................................................42
TABELA 27: Distribuição do desfecho em função do sexo, cor, modo de transmissão,
controle ambulatorial, terapia anti-retroviral e tempo de diagnóstico. ....................43
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Número de casos de AIDS por ano de diagnóstico....................................... 7
Figura 2: Proporção de hostpitalizações por Aids no SUS. Brasil, 1998-2003...............14
Figura 3: Distribuição dos pacientes portadores do VIH ou SIDA, internados no Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007, em função da sua procedência...................................26
Figura 4: Distribuição do acometimento dos principais sistemas orgânicos dos pacientes
portadores do VIH ou SIDA, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.........35
Figura 5: Inferência do número de internações de pacientes adultos portadores de VIH
ou SIDA que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no
período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007. ......................................41
Figura 6: Porcentagem de internações de pacientes portadores de VIH ou SIDA que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período
compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007. .................................................41
ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS
ADT = Assistência Domiciliar Terapêutica
CD4 = Linfócitos T CD4+
CMV = Citomegalovírus
CTI = Centro de Tratamento Intensivo
HAART = Terapia anti-retroviral altamente eficaz
HC = Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais
HD = Hospital Dia
ITU = Infecção do Trato Urinário
LEMP = Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva
LET = Limitação de Esforço Terapêutico
MAC = Complexo Mycobacterium Avium
PA = Pronto Atendimento
PACS = Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PSF = Programa de Saúde Familiar
SAE = Serviços de Assistência Especializada
SAME = Serviço de Arquivo Médico
SIDA = Síndrome de imunodeficiência adquirida
SISCEL = Sistema Informatizado de Controle de Exames Laboratoriais
SUS = Sistema Único de Saúde
TBC = Tuberculose
TVP = Trombose Venosa Profunda
UFMG = Universidade Federal de Minas Gerais
VIH = Vírus da imunodeficiência adquirida
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................3
1.1
Revisão Histórica........................................................................................................ 3
1.2
Epidemiologia do Vírus da Imunodeficiência Humana e da Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida............................................................................................ 5
1.2.1
No mundo........................................................................................................... 5
1.2.2
No Brasil............................................................................................................. 6
1.2.3
Em Minas Gerais................................................................................................ 7
1.3
Assistência Médica..................................................................................................... 8
1.4
Internações de pacientes portadores do VIH ou SIDA.............................................. 10
1.4.1 Situação das internações de pacientes VIH/SIDA no mundo............................ 10
1.4.2 Situação das internações de pacientes com VIH-SIDA no Brasil...................... 14
2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................16
3 OBJETIVOS .....................................................................................................18
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA.....................................................................19
4.1 População estudada................................................................................................. 19
4.2 Critérios de Inclusão................................................................................................. 20
4.3 Critérios de exclusão................................................................................................ 20
4.4 Comitê de Ética........................................................................................................ 20
5 MÉTODO..........................................................................................................21
5.1 Coleta de dados e Fontes de Informação................................................................. 21
5.2 Análise dos dados.................................................................................................... 22
5.3 Atendimentos e internações no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG.......................................................................................................................... 23
5.4 Limitações do Estudo............................................................................................... 24
6 RESULTADOS.................................................................................................25
6.1 Características da amostra....................................................................................... 25
6.1.1 Variáveis Sócio-demográficas .......................................................................... 25
6.1.2 Variáveis sobre a internação hospitalar............................................................ 28
6.1.3 Sintomatologia dos pacientes portadores do VIH ou SIDA no momento de seu
exame clínico inicial no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG.... 32
6.1.4 Principais sistemas acometidos em pacientes portadores do VIH ou SIDA no
momento de seu exame clínico inicial no Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG................................................................................................... 34
6.1.5 Principais diagnósticos nosológicos realizados em pacientes portadores de VIH
ou SIDA no momento de seu exame clínico inicial, no Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG. ............................................................................. 37
6.1.6 Internações no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG .......... 39
6.1.7 Resultado da associação do desfecho óbito com idade e tempo de internação
no Pronto Atendimento ........................................................................................... 42
6.1.8 Resultado da associação do desfecho óbito em função do gênero, etnia, modo
de transmissão, controle ambulatorial, terapia anti-retroviral e tempo de diagnóstico.42
7 DISCUSSÃO.....................................................................................................44
8 CONCLUSÕES.................................................................................................48
9 PERSPECTIVAS..............................................................................................49
REFERÊNCIAS.........................................................................................................50
ANEXO I: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA DA UFMG – COEP ........................54
ANEXO II: PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO.............................................................55
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Revisão Histórica
A sociedade contemporânea recebeu estarrecida, no último quarto do século
passado, a notícia da descrição de uma síndrome clínica de prognóstico reservado,
caracterizada inicialmente, pela presença da associação em homossexuais masculinos
passivos de imunodeficiência grave, sarcoma de Kaposi e de pneumonia pelo até então
identificado como Pneumocystis carinii, nomeada como Síndrome de Imunodeficiência
Adquirida. Esta descrição feita, inicialmente, nos Estados Unidos da América, foi logo
também identificada na Europa, na África, e a seguir em todas as regiões do planeta. Foi
caracterizada como uma pandemia de rápida distribuição e fatal, daí o pânico que
desencadeou. O impacto inicial que determinou foi representado pelo lema de que até o ano
2000 pelo menos uma pessoa de cada família seria portadora da SIDA. Alguns grupos
populacionais foram, especialmente, identificados como de risco, como os de homossexuais
passivos. A SIDA apresentou-se como doença sexualmente transmissível, e por transmissão
por intermédio de sangue e de seus derivados.
A pandemia fatal tornou-se, nos últimos quinze anos, uma entidade nosológica de
convivência, crônica, desde que abordada de forma adequada [1]. Em sua evolução passou a
acometer predominantemente as populações de países em desenvolvimento, e os grupos
sociais menos favorecidos nos países industrializados, independentemente da sua opção
sexual [2].
A SIDA foi reconhecida em 1983 como decorrente da ação do Vírus da
Imunodeficiência Humana (1, 2 e 3) sobre o sistema imunológico humano, um retrovírus,
inicialmente nomeado como Vírus Linfocitotrópico de Células T Humanas III [3]. A forma
mais freqüente de transmissão do VIH é a sexual, de forma homo ou heterossexual, seguida
pela exposição ao sangue ou seus derivados contaminados, por intermédio de transplante de
órgãos, e pela via vertical, transplacentária, perinatal, e pelo aleitamento [4]. O VIH penetra
no organismo e alcança as células linfóides, especialmente, os linfócitos T CD4 e os
macrófagos, podendo também afetar os linfócitos B e outras células. O VIH no interior do
organismo multiplica-se de forma contínua, provocando a depleção gradual dos linfócitos T
CD4 [4, 5].
4
As alterações provocadas pelo VIH evoluem em três fases: inicial, precoce ou
aguda; intermediária ou crônica; e, final, de crise, ou de SIDA. A infecção aguda pode ser
identificada, retrospectivamente, em 40 a 90% dos casos, pela presença principalmente de
síndrome febril, cefaléia, erupção cutânea máculo-papular, fadiga, faringite, linfadenopatia, e
meningite asséptica. Essa primeira fase é, geralmente, auto-limitada e mediada por
imunocomplexos produzidos pela resposta precoce à entrada do vírus. A maioria dos
portadores iniciais do VIH evolui de forma assintomática. À medida que a imunossupressão
conseqüente e a disfunção da imunidade humoral concomitante tornam-se mais intensas,
ocorre a diminuição progressiva dos linfócitos T CD4, momento em que surgem,
especialmente, infecções oportunistas e as neoplasias que caracterizam a SIDA. A incidência
das infecções que aproveitam a oportunidade de se desenvolverem com o estabelecimento da
imunossupressão (infecções oportunistas) diminuiu desde quando foi introduzida a terapia
anti-retroviral altamente eficaz (HAART) contra o VIH, que recupera parcialmente a função
imunológica, e com a profilaxia primária e secundária destas infecções. Esta estratégia
terapêutica levou a uma redução nas taxas de morbidade e mortalidade associadas à infecção
pelo VIH [1, 6].
Poucas doenças sofreram na história humana tão rápida mudança no prognóstico e
tratamento como a SIDA. A sua abordagem terapêutica ensaiada desde o final da década de
80 a tornou uma entidade de convivência crônica, como a hipertensão arterial sistêmica ou a
asma brônquica, com melhora do seu prognóstico, redução da letalidade, e naturalmente,
novas necessidades quanto à internação hospitalar, às urgências ou emergências. O seu tempo
de evolução prolongado permitiu o aparecimento de diversas formas de expressão da relação
agente-hospedeiro, incluindo auto-inflamação, auto-imunidade e neoplasia. A utilização dos
serviços de saúde passou a ser variada, incluindo a utilização de serviços de urgência, de
técnicas especiais, de terapia intensiva [7, 52]. Na era pós-HAART a internação hospitalar
decorre, principalmente, devido às doenças relacionadas com infecções oportunistas,
complicações relacionadas à medicação, e doenças não relacionadas ao VIH [8, 9, 10, 11]. Na
década passada observou-se uma rápida queda no número de internações relacionadas
diretamente ao VIH e aumento no número de internações não relacionadas ao VIH.
5
1.2 Epidemiologia do Vírus da Imunodeficiência Humana e da Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida
1.2.1 No mundo
O VIH possui distribuição mundial. A curva de prevalência da infectividade anual
parece ter atingido o seu ápice ao final dos anos 90, com cerca de 3 milhões de novos casos a
cada ano. Em 2007 a prevalência mundial de portadores do VIH era de 33,2 milhões de
pessoas. Neste período foram infectadas e faleceram 2,5 e 2,1 milhões de pessoas,
respectivamente, com a média diária de 6800 infecções e 5700 mortes, em decorrência
principalmente da falta de acesso ao tratamento [12].
Na África subsaariana vivem mais de dois terços das pessoas infectadas pelo VIH
no planeta. A SIDA representa nessa população a causa mais freqüente de morte, sendo
responsável por mais de três quartos dos óbitos ocorridos em 2007. As mulheres representam
a maioria das pessoas infectadas.
Na Ásia existem 4,9 milhões de pessoas infectadas, com variações significativas
entre os diferentes países, com uma redução da incidência em Camboja, Mianmar e Tailândia,
e aumento no Vietnam e Indonésia [12].
No Leste Europeu e na Ásia Central, houve um aumento desde 2001 de 150% na
prevalência da doença, sendo acometidas, atualmente, cerca de 1,6 milhões de pessoas. O
maior número de casos novos em 2006 ocorreu na Rússia e na Ucrânia. A forma de infecção
nestes casos foi o uso de drogas injetáveis (66%), e pela via heterossexual (33%) [12].
Estima-se que existam, atualmente, 3,13 milhões de pessoas vivendo com o VIH
na América. Observam-se, entretanto, em todo o continente, diferenças nítidas nos níveis da
epidemia e nas tendências da transmissão do VIH. No Caribe, a prevalência estimada é de
1%, sendo que dois terços dos pacientes encontram-se na República Dominicana e no Haiti. A
principal forma de transmissão é a sexual entre trabalhadores do sexo [12]. Na América
Latina calcula-se em 1,6 milhões de pessoas portadoras do VIH e com a SIDA em 2007, com
a incidência anual de 100.000 novos casos. O aumento relativo no número de novas infecções
pelo VIH é maior no Caribe, seguido pela América Latina e América do Norte.
6
1.2.2 No Brasil
O Brasil possui um terço das pessoas portadoras do VIH ou com a SIDA de toda a
América Latina. O último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde informa a
existência de 433067 casos de SIDA, distribuídos, respectivamente, em 62,3, 17,9, 11, 5,6, e
3,2%, nas regiões sudeste, sul, nordeste, centro-oeste e norte.
A prevalência da infecção é de 0,61% na população de 15 a 49 anos, sendo de
0,42% entre as mulheres e 0,80% entre os homens [13]. A sua distribuição segundo o sexo é
de 67,2% no masculino e 32,8% no feminino. A taxa de incidência em 2003 era de 25,4 e
16,1% por 100000 habitantes, entre os homens e mulheres, respectivamente. Esta taxa
determinou importante redução na razão de casos entre homens e mulheres afetados, de 15,1
para 1,5. Braga et al observaram, em estudo epidemiológico realizado em São Paulo em 1072
pacientes portadores de VIH ou de SIDA, no momento da realização do diagnóstico,
diferenças significativas ente os sexos. Este estudo revelou que as mulheres eram mais jovens,
casadas ou amasiadas, “do lar”, heterossexuais e com baixa escolaridade; enquanto os homens
eram, em geral, solteiros, homo ou bissexuais, com oito ou mais anos de escolaridade [14].
Fonseca e Bastos destacam o aumento da morbi-mortalidade por SIDA nas populações
economicamente menos favorecidas e entre as mulheres [15]. Os dados do último Boletim do
Ministério da Saúde informam ainda que o maior número de casos se encontra na faixa etária
compreendida entre os 20 a 49 anos, com o aumento na sua incidência em mulheres entre 40 a
49 anos, passando de 17,9 para 27,9 casos por 100000 habitantes. A taxa de mortalidade situa-
se em 6 por 100000 habitantes, variável segundo a região geográfica, sendo de 7,6 no sudeste
e com tendência decrescente, e com a cor da pele, em diminuição em brancos e aumento em
pardos. A mediana da contagem de linfócitos T CD4 no momento do diagnóstico é de 408
células/mm
3
[13]. A estimativa em 2006 era de que 171.409 pessoas encontravam-se em
tratamento anti-retroviral altamente eficaz.
7
1.2.3 Em Minas Gerais.
São atualmente notificados 31488 casos de SIDA em Minas Gerais. Em Belo
Horizonte encontram-se 5757 casos (18%). A sua distribuição segundo o sexo masculino e o
feminino é de 76 e 24%, respectivamente, com relação homem/mulher, de 2:1 [16, 17]
[gráfico 1]. Em Belo Horizonte observa-se, desde 1996, tendência de redução na taxa de
mortalidade. O obituário por SIDA registrado foi de 332 e 173 casos em 1996 e 2002,
respectivamente.
Figura 1: Número de casos de AIDS por ano de diagnóstico em Belo Horizonte, Minas Gerais
Fonte: Disponível em: http://portal2.pbh.gov.br/pbh/srvConteudoArq/aidsbh2004.pdf?id_conteudo=83
64&id_nivel1=-1. Acesso em: 30 out. 2007.
8
1.3 Assistência Médica
O Brasil foi o primeiro pais em desenvolvimento que implementou um programa
para o atendimento dos pacientes com VIH ou SIDA, oferecendo gratuitamente a terapia anti-
retroviral em larga escala, inteiramente subsidiada pelo Ministério da Saúde, conquista que
teve a participação ativa da sociedade, por intermédio da ação de organizações não-
governamentais e de diversos grupos de pessoas portadoras do VIH ou SIDA [18].
Este programa disponibilizou em 1988 o tratamento gratuito para infecções
oportunistas, em 1991 a distribuição gratuita de zidovudina, e em 1996 a terapia anti-
retroviral altamente eficaz para todos os pacientes portadores de SIDA [18]. Ao mesmo tempo
foi organizado um programa de Laboratórios para Diagnóstico e Acompanhamento da
Terapêutica Anti-retroviral. A política pública deste programa teve também como objetivo
outras ações assistenciais visando a redução do número de internações hospitalares, como a
Assistência Ambulatorial Especializada, o Hospital-dia e a Assistência Domiciliar
Terapêutica [19].
A introdução da terapia anti-retroviral em 1996 promoveu uma queda abrupta na
mortalidade destes pacientes, apesar da incidência continuar aumentando, em ambos os sexos,
e em todas as regiões geográficas do país. Houve também redução no número de
hospitalizações e do custo associado ao tratamento de infecções oportunistas [20].
A redução dos gastos, após a introdução de todas estas medidas, foi estimada em
1,1 bilhões de dólares desde 1997 até 2001 [18]. Em 2003 existiam 115000 pessoas sob
tratamento com anti-retrovirais.
Foi realizado entre 1995 e 1996 estudo de âmbito nacional para avaliar as
mudanças na taxa de mortalidade de pacientes com SIDA após a introdução da HAART.
Observou-se aumento significativo de três vezes na sobrevida dos pacientes com o
diagnóstico de SIDA feito em 1996 [21].
O número de pacientes com SIDA sob tratamento alcançou 170000 em 2004, fato
possibilitado pelas políticas públicas de garantia ao acesso universal aos anti-retrovirais, como
a produção nacional de medicamentos não patenteados, e a negociação de preços com a
indústria farmacêutica.
9
Estas medidas representaram o gasto anual de 450 milhões de reais, e a redução de
4,6 vezes no preço médio do tratamento (U$ 6200 para U$ 1300). Esta tendência de queda no
preço, entretanto, não se manteve em 2005 devido ao aumento no número de pacientes que
necessitaram de drogas pertencentes aos esquemas de segunda linha, que são importadas e
patenteadas [22].
Outro benefício de extrema relevância conseguido pela distribuição gratuita de
medicamentos foi a melhora na qualidade de vida dos pacientes, já que passaram a ter melhor
aceitação social, em decorrência de programas de defesa de direitos patrocinados pelo estado.
A aderência ao tratamento anti-retroviral é assunto de extrema relevância quando
se avalia a eficácia e eficiência do sistema adotado. Em trabalho realizado no Brasil, com o
objetivo de avaliar este dado, foram analisados 322 serviços ambulatoriais distribuídos pelo
país, responsáveis pela cobertura a 87000 pacientes portadores do VIH ou SIDA. Observou-se
a taxa de aderência ao tratamento de 75% (95% intervalo de confiança 73.08–76.95
).
Os
fatores relacionados com a não aderência foram o grande número de comprimidos, e a baixa
escolaridade [23]. Foram encontrados resultados semelhantes em trabalho realizado em Belo
Horizonte, ao serem analisados 120 pacientes, com a detecção de aderência em 74% [24]. Em
outro estudo também realizado em Belo Horizonte [25], a não aderência foi observada em
36,9%.
O Brasil possui um programa nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e
SIDA que objetiva reduzir a incidência e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem
com o VIH [26]. Foram definidas, neste programa, as diretrizes para a obtenção de melhoria
da qualidade dos serviços públicos; redução da transmissão vertical; aumento da cobertura do
diagnóstico e tratamento; aumento das medidas de prevenção em mulheres e populações com
maior vulnerabilidade; redução do estigma e da discriminação; melhoria da gestão e
sustentabilidade.
10
Em Belo Horizonte a assistência aos portadores de VIH ou SIDA é feita por
intermédio de atendimentos realizados nos Centros de Saúde e nos Serviços de Assistência
Especializada (SAE) que realizam cerca de 25000 atendimentos anuais. As necessidades de
urgência e emergência destes pacientes é atendida na rede municipal, especialmente, por
intermédio dos Pronto Atendimentos distribuídos pela cidade, em vários Hospitais, como os
dos Hospital das Clínicas (Pronto Atendimento e Orestes Diniz), Odilon Beherens, Júlia
Kubitschek, Eduardo de Menezes, João XXIII, Risoleta Tolentino Neves. A avaliação de
riscos feita em cada um destes atendimentos determina o destino que cada paciente segue, o
que inclui observação, ou a internação em setores de atenção médica de complexidade variada
e progressiva.
1.4 Internações de pacientes portadores do VIH ou SIDA
1.4.1 Situação das internações de pacientes VIH/SIDA no mundo
As admissões hospitalares dos pacientes com VIH ou SIDA têm sofrido variações
desde a introdução da terapia anti-retroviral altamente eficaz (HAART), e também com a
melhora no tratamento das infecções oportunistas. A terapia HAART representa marco
especial na luta terapêutica contra a SIDA [27, 28]. A partir de sua introdução observou-se,
em estudo realizado em 12 estados dos Estados Unidos da América, durante os anos de 1996,
1998 e 2002, redução no número de internações hospitalares dos pacientes com SIDA, e por
infecções oportunistas [44]. Observou-se, em estudo similar feito em Nova York, nos anos de
1995 e 1997, aumento significativo na contagem dos linfócitos TCD4 à admissão hospitalar,
independentemente do paciente apresentar ou não alguma infecção oportunista, e redução de
60,4 para 28,8% da necessidade destas internações [29].
11
A redução da internação hospitalar foi também observada em pacientes com
contagem de linfócitos TCD4 inferior a 100 cel/mm
3
[30]. Betz et al analisaram,
retrospectivamente, nos Estados Unidos da América, os dados obtidos da HIV Research
Network de 2001, com o objetivo de avaliar se estava sendo mantido o declínio das
internações hospitalares. Foram acompanhados 8376 pacientes VIH-positivos internados em
14 cidades. Destes pacientes, 21,3% foram internados pelo menos uma vez, totalizando 3345
admissões hospitalares. As suas causas mais freqüentes que levaram à admissão hospitalar
decorreram das doenças relacionadas à SIDA, seguidas pelas do trato gastrintestinal, mentais
e circulatórias. Foi também observada relação entre o número do linfócitos TCD4 e a causa da
internação, sendo que os pacientes com doença mais avançada e com idade entre 30 e 49
anos, foram internados com mais freqüência por doenças relacionadas à SIDA, especialmente,
por pneumonia comunitária ou por Pneumocystis jiroveci (60% dos casos), e os restantes
devido à candidiase esofágica e criptococose. Dentre as doenças gastrintestinais, a pancreatite
foi a causa mais comum, sendo que 82% dos pacientes estavam em uso de anti-retrovirais. Em
análise multivariada, não foi observada diferença, estatisticamente significativa, no número de
internações por doenças relacionadas à SIDA entre os pacientes em uso ou não de terapia anti-
retroviral [7].
A admissão em Centros de Terapia Intensiva (CTI) de pacientes com SIDA foi
analisada, retrospectivamente, por Morris em São Francisco, Califórnia, durante o período
compreendido entre 1996 a 1999. Compreenderam a análise de 354 admissões em 295
pacientes. A sobrevida à alta hospitalar foi de 71%. A maioria dos pacientes era constituída
por homens (80,5%), negros (44,6%), usuários de drogas venosas (49,7%), sob tratamento
anti-retroviral (25%). A necessidade de cuidados intensivos deveu-se, em 63,3% das vezes, a
doenças não relacionadas ao VIH [31]. Os pacientes sobreviventes e não-sobreviventes não
apresentaram diferenças quanto ao sexo, cor, idade e fatores de risco para a infecção pelo
VIH. Em análise univariada encontrou-se maior sobrevida nos pacientes em uso de HAART à
admissão hospitalar em relação aos que não a usavam (odds ratio de 1,8; 95% intervalo de
confiança entre 1,02-3,2; p = 0,04). A carga viral e a contagem de linfócitos TCD4 não
tiveram relação com a mortalidade. O prognóstico foi mais grave entre os pacientes admitidos
devido à pneumonia por Pneumocystis jiroveci e com desidrogenase lática elevada.
12
Narashiman comparou a evolução de dois grupos de pacientes com VIH ou SIDA,
internados em CTI de Nova York, antes e após a introdução da terapia HAART, com o intuito
de determinar as características epidemiológicas e o impacto da introdução desta terapia e o
motivo das internações. A comparação da evolução dos pacientes nas eras pré e pós-HAART,
durante novembro de 1991 até outubro de 1992 e janeiro a junho de 2001, foi de forma
retrospectiva e prospectiva, respectivamente [32]. Na era pos-HAART foram realizadas 63
admissões de 53 pacientes com VIH, o que representou 14% das admissões totais. Os
pacientes tinham, em média, 42 anos; e, 62% eram masculinos. A maioria dos pacientes tinha
adquirido o VIH por injeção de drogas ilícitas (75%), e 3% deles pela via homossexual. A
comparação com a era pré-HAART revelou aumento significativo no número de pacientes
com transmissão por injeção de drogas venosas e redução no número de transmissões por via
homossexual. À admissão no CTI 52 e 22% dos pacientes fazia uso de terapia anti-retroviral
após e antes da era HAART, respectivamente. O motivo mais freqüente da necessidade de
internação em ambos os períodos foi a insuficiência respiratória, com freqüência
relativamente menor no segundo período, 22 versus 54%, respectivamente (p < 0,001). Nestes
pacientes a incidência de pneumonia por Pneumocystis jiroveci foi também menor na era pós-
HAART, e houve aumento das internações devidas a doenças não relacionadas ao VIH
(66.6%). Houve aumento da sobrevida quando comparadas ambas as épocas, de 71 versus
49%, respectivamente (p < 0.01). A mortalidade não sofreu influência da etnia, do modo de
transmissão, do sexo, da carga viral ou da contagem de linfócitos TCD4. A única variável
com significância estatística foi o valor da albumina sérica que apresentou correlação inversa
com a mortalidade (p < 0,01).
Neusch et al, na Suíça, em 2002, observaram o impacto da terapia HAART sobre
as internações de pacientes com VIH ou SIDA, no período entre 1994 a 1999. Foram
analisadas 578 admissões em 262 pacientes, sendo observada redução na mortalidade (13,2
para 6,5%); na permanência hospitalar (16 para 11 dias); e no número de internações por
doenças relacionadas à SIDA (54,5 para 47,6% [33].
Outro estudo prospectivo foi realizado em 72 centros médicos em vários países
da Europa, também com o intuito de conhecer a proporção, a permanência e os fatores
relacionados com as internações hospitalares. Foram comparados os anos de 1995 e 2003
tendo sido observada diminuição, estatisticamente significativa, na porcentagem da
necessidade de internação (7,4 para 2,6%); na permanência hospitalar (12 para cinco dias),
respectivamente. O risco de morrer foi menor em pacientes em uso comparados com aqueles
sem uso de HAART, mesmo com o mesmo número de linfócitos TCD4 [34].
13
Bekele et al observaram uma taxa ainda muito elevada de mortalidade intra-
hospitalar (29,6%), em relação às internações ocorridas em CTI na Flórida, Estados Unidos da
América, tendo na insuficiência respiratória aguda a sua principal causa, especialmente,
devida à pneumonia por Pneumocystis jiroveci [35].
Em estudo prospectivo observacional realizado em Paris, foram analisadas 426
admissões hospitalares em CTI, antes e após a introdução de HAART. Em ambos os períodos,
metade dos pacientes o estava em tratamento com anti-retrovirais, e observou-se aumento
no número de internações por sepse [36]. Neste mesmo país, em trabalho dirigido por Vincent
et al. não foi observado aumento no número de internações no período pós-HAART, nem
diferença na mortalidade quando comparados ambos os períodos [37]. Dickson S.J et al, em
Londres, em estudo retrospectivo, observou que os pacientes portadores do VIH ou SIDA
admitidos em centro de terapia intensiva tinham o mesmo prognóstico quando comparados
com pacientes não portadores do vírus [38].
Dore et al., em estudo realizado na Austrália com 4351 pacientes, observaram
redução na incidência da micobacteriose atípica (Mycobacterium avium complex) e
citomegalovirose, e aumento no número de internações devidas a pneumocistose e
tuberculose quando comparadas as épocas antes e após HAART [39, 40].
Pulvirenti et al. em Chicago, observaram no período compreendido entre 1999 e
2002, que a minoria dos pacientes fazia uso de medicação anti-retroviral, grupo que em sua
maioria era usuários de drogas ilícitas [41].
Em estudo retrospectivo realizado na Índia, durante 14 anos de epidemia, foram
analisados 2050 pacientes internados. A mortalidade registrada foi de 8,15%, sendo maior na
era pós-HAART. Destes pacientes, cinco faziam uso de medicação anti-retroviral, e 11,7%
conheciam seu estado de infecção pelo VIH antes da admissão hospitalar. As causas do óbito
foram doenças relacionadas com o VIH na maioria dos pacientes [42].
Em estudo realizado na Espanha em CTI, não foram encontradas diferenças nos
motivos de internação, ao serem comparadas ambas as épocas, evidenciando incidência
elevada de pneumopatias, e somente 32% faziam uso de medicação anti-retroviral [27].
Na Argentina, em estudo retrospectivo, foram também comparados ambos os
períodos, antes e após a introdução de terapia HAART, com o objetivo de avaliar os motivos
das admissões em Hospital Referencial de Urgências em Buenos Aires. Não foi observada
diferença estatisticamente significativa, entre as causas de necessidade de internação
hospitalar em ambos os períodos estudados. As principais causas permaneceram como
doenças relacionadas à SIDA [43].
14
A evolução da terapêutica para o VIH ou SIDA, entretanto, tem revelado
aumento no número de hospitalizações devidas a doenças cardio e cerebrovasculares, diabetes
mellitus, provavelmente, relacionadas com o maior tempo de sobrevivência dos pacientes e
prolongamento da infecção pelo VIH, e aos efeitos adversos da própria terapia HAART [44,
9, 45].
1.4.2 Situação das internações de pacientes com VIH-SIDA no Brasil
O programa nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde revelou para
pacientes com SIDA internados pelo Sistema Único de Saúde nos anos de 2000 e 2006 que o
número de internações hospitalares, o custo estimado de cada internação e o tempo médio de
permanência hospitalar variou de, 37147 para 37581, de R$ 512,27 para R$ 699,95, e de 5,8
para 17,5 dias, respectivamente [46].
O impacto da introdução do uso de anti-retrovirais sobre a epidemia da SIDA foi
avaliado por intermédio de indicadores como o número de internações hospitalares, de
atendimentos ambulatoriais, de serviços de urgência, e de hospital-dia, não tendo sido
observada redução no percentual de internações no Sistema Único de Saúde. Constatou-se,
entretanto, menor número de internações entre pacientes em uso de HAART [19] (Graf. 2).
Figura 2: Proporção de hospitalizações por SIDA no SUS. Brasil, 1998-2003.
Fonte: AIDS epidemic trends after the introduction of antiretroviral therapy in Brazil. Rev Saúde
Pública 2006; 40 (Supl): 9-17.
15
No Brasil, as suas dimensões continentais e a heterogeneidade econômico-sócio-
cultural de sua população, permitem inferir que deve ser variável a distribuição do VIH ou
SIDA, seja em todo o país ou em uma única região, o que propicia o encontro de várias sub-
epidemias regionais, sem configurar um único perfil nacional [47, 48].
Gruner et all observaram em pacientes com SIDA que procuraram
espontaneamente em Santa Catarina , nos anos de 1997 e 2001, a atenção médica referencial,
a tendência de feminização, pauperização e diminuição das internações hospitalares devido a
afecções pulmonares [49].
A freqüência relativa das infecções oportunistas pode variar em diferentes países e
mesmo em diferentes áreas de um mesmo país. Nobre, et allii, em 2003 compararam a
prevalência das infecções oportunistas e de neoplasias em pacientes internados no Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais antes e após a era HAART. Analisaram
245 e 95 internações hospitalares na era pré e pós-HAART, respectivamente [50].
A candidiase foi o principal diagnóstico em ambos os períodos, seguido por
tuberculose, pneumonia por Pneumocystis jirovecii, infecção por Herpes Simplex,
neurotoxoplasmose, septicemia e criptococose [50]. Os grupos não apresentaram diferença
significativa quanto a sua faixa etária, e à contagem de linfócitos TCD4 com valor inferior a
200 células/mm
3
. Observaram nestes dois períodos, respectivamente, a redução na relação
homem/mulher de 5:1 a 2:1; média de dias de internação hospitalar de 19,2 para 32,7 dias. Os
sinais e sintomas que levaram os pacientes a procurarem assistência médica foram invariáveis,
sendo os mais afetados os aparelhos respiratório, neurológico, digestivo e hematológico. As
infecções oportunistas mais freqüentes também foram as mesmas, com redução no segundo
grupo no número de pacientes com sarcoma de Kaposi, meningite criptocóccica,
histoplasmose; e aumento no número de casos de tuberculose e toxoplasmose [50]. Houve
redução significativa na mortalidade intra-hospitalar, de 42 para 16,9%, quando comparados
ambos os grupos, respectivamente (p = 0,00002) [50].
16
2 JUSTIFICATIVA
O Brasil constitui-se em um dos países com maior prevalência do VIH ou SIDA,
possui um sistema específico de atenção à saúde para estes pacientes, mundialmente dos mais
efetivos, com gasto financeiro superior ao disponível para muitas das entidades da sua
nosologia prevalente. A introdução da terapia anti-retroviral altamente eficaz proporcionou
mudanças fundamentais na evolução da SIDA com aumento da sobrevida, tornando a
imunodeficiência entidade de convivência crônica, aumentando a incidência de infecções
oportunistas, propiciando maior número de internações por doenças não-relacionadas ao VIH
ou SIDA, inclusive proporcionada por agressões da propedêutica, das drogas utilizadas em
seu tratamento, e pelo aumento natural da sobrevida.
É necessário entender o que resulta da disponibilidade da eficiência (melhores
resultados sem os recursos adequados) ou eficácia (melhores resultados com os melhores
recursos disponíveis) do sistema de saúde público para o paciente com VIH ou SIDA, para
que sirva, inclusive, de modelo para outros países e para outras entidades nosológicas. À
medida que a SIDA evolui por longo tempo, mais poderá ser conhecido sobre os problemas
que desencadeia o que permitirá também a adoção de medidas mais específicas em vários
níveis da atenção à saúde, desde a aplicação de medidas de profilaxia; o entendimento das
necessidades de cuidados ambulatoriais, domiciliares, básicos, intermediários, de medicina de
urgência e de terapia intensiva; a otimização do tratamento; a recuperação e o apoio social; a
reabilitação; o preparo de recursos humanos; para que o cuidado com o paciente seja cada vez
mais adequado; e a disponibilidade adequada e justa de recursos. Este entendimento poderá
contribuir para que as políticas públicas sejam redirecionadas caso assim seja determinado,
com o estabelecimento de propostas mais adequadas para a eficiência dos recursos
disponíveis.
Todo processo de desenvolvimento do sistema de saúde depende do conhecimento
sobre as suas condições atuais, em qual epidemiologia ele se aplica, como se adeqüa em
relação à evolução dos conhecimentos do diagnóstico, terapêutica e reabilitação; e, no caso
específico dos portadores do VIH ou SIDA, como tornar as políticas públicas competentes em
seu objetivo de proporcionar eqüanimamente bem estar biopsicosocialculturalespiritual para
todos.
17
Este trabalho objetiva a análise prospectiva das causas que levam os pacientes
com VIH ou SIDA a procurarem atendimento de Pronto Atendimento Clínico de Referência
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, constituída por cerca de cinco milhões de
pessoas. Pretende entender uma pequena parcela das necessidades de atenção médica para os
pacientes com VIH ou SIDA e a ajudar ao sistema de urgência público brasileiro, que possui
graves problemas estruturais e de processo de trabalho, para que possa organizar e normatizar
a sua avaliação de riscos, a adotar condutas baseadas em suas reais necessidades, direcionar a
observação em busca de conhecimentos que permitam atualização e reciclagem de seus
profissionais de saúde, estabelecer condutas e linguagem de entendimento geral por todos os
profissionais da área da saúde, adequar recursos e percentual de leitos para a internação
hospitalar (inclusive em CTI), prever gastos e propor educação para a saúde em área de
impacto, especialmente importante para adolescentes e adultos jovens.
18
3 OBJETIVOS
Geral: identificar as causas que levam o paciente com VIH/SIDA procurar
atendimento em Serviço de Pronto Atendimento Clínico Público de Urgência Referencial em
Belo Horizonte, Minas Gerais;
Específico: identificar na busca de atendimento de urgência público de referência
o papel dos seguintes fatores:
idade, sexo, etnia, estado civil, naturalidade, procedência;
forma mais provável de infecção pelo VIH;
adequabilidade, adesividade, disponibilidade de controle
ambulatorial referencial para o VIH ou SIDA;
tempo de infecção pelo VIH e de SIDA;
órgão(s) e sistema(s) predominantemente acometidos;
nosologia principal estabelecida como causa de atenção médica
na urgência;
contagem de linfócitos TCD4 na última ou na atual avaliação do
paciente;
uso de terapia antiretroviral;
uso de quimioprofilaxia;
causa de internação hospitalar;
tempo de internação hospitalar;
19
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA
4.1 População estudada
O Programa de Integração Assistencial aos portadores de DST/VIH/SIDA está
constituído por diversas modalidades de assistência, dependendo do estádio da doença. É
constituído em seu nível primário de atendimento, pelas Unidades Básicas de Saúde (USB),
pelo Programa de Saúde de Família (PSF) e pelo Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) que atendem pacientes assintomáticos. Em seu vel secundário atende os
pacientes sintomáticos que requerem atenção de mais complexidade. Os Serviços de
Assistência Especializada (SAE) constituem unidades ambulatoriais multidisciplinares, onde
os pacientes com requerimento de mais complexidade são acompanhados durante toda a
doença. Os Hopitais-Dia (HD) também constituídos por equipe multidisciplinar permitem a
realização de procedimentos para diagnóstico e tratamento em ambiente hospitalar, durante
um período curto de tempo, entre duas a quatro horas. A Assistência Domiciliar Terapêutica
(ADT) permite o acompanhamento dos pacientes no domicílio por equipe integrada à sua
família, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida e a integração (envolvimento) da
família ao tratamento. O nível terciário de atendimento inclui os hospitais, de complexidade
para o atendimento super-especializado, o que inclui os hospitais das Clínicas da UFMG,
Odilon Beherens, Júlia Kubitschek, Eduardo de Menezes, João XXIII, e Risoleta Tolentino
Neves.
O Hospital das Clínicas é o hospital universitário da UFMG, hoje a maior
Universidade Federal do Brasil, instituição pública e de atuação em todos os níveis da atenção
à saúde (básica a intensiva, primária a ações quaternárias), referência no sistema municipal,
estadual, e em algumas circunstâncias nacional de saúde, no atendimento aos pacientes
portadores de patologias de média e alta complexidade.
Foram estudados no período compreendido entre 01/06/2006 até 31/05/2007,
todos os pacientes infectados pelo VIH e portadores da SIDA, admitidos consecutivamente no
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG.
20
4.2 Critérios de Inclusão
Foram incluídos no presente estudo os pacientes que apresentavam as seguintes
características:
idade de pelo menos 18 anos e diagnóstico estabelecido de infecção pelo VIH por
critérios laboratoriais e sob informação médica;
idade de pelo menos 18 anos e diagnóstico estabelecido de infecção pelo VIH
durante a internação no Pronto Atendimento;
permanência no Pronto Atendimento por mais de 24 horas.
4.3 Critérios de exclusão
Os seguintes critérios excluíram os pacientes deste estudo:
Idade inferior a 18 anos
permanência no Pronto Atendimento por tempo inferior a 24 horas, motivo pelo
qual não geraram ficha de internação no Sistema de Arquivo Médico e Estatístico
(SAME).
4.4 Comitê de Ética
Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em pesquisa da UFMG COEP,
mediante o Parecer número 292/06 (Anexo I).
21
5 MÉTODO
Este trabalho resultou de um estudo prospectivo de pacientes portadores do VIH
que foram atendidos no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG. Os dados
coletados tiveram componente retrospectivo utilizando-se de consulta em prontuários
médicos.
Baseou-se na análise descritiva univariada das características epidemiológicas
dos pacientes e de variáveis clínicas da sua internação em Pronto Atendimento Clínico
Referencial da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.
5.1 Coleta de dados e Fontes de Informação
Os dados coletados foram obtidos por intermédio da análise dos prontuários dos
pacientes admitidos no Pronto Atendimento e realizada no SAME. A maioria dos dados foi
coletada prospectivamente durante a internação do paciente no Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG. A necessidade de complementação de informações,
entretanto, exigiu a busca retrospectiva de informações ou de sua confirmação adicional no
SAME.
Os dados usados neste trabalho foram coletados em protocolo específico (Anexo
II). A sua metodologia incluiu o acompanhamento diário do local da pesquisa, pelo orientador
e pela pesquisadora.
As variáveis sócio-demográficas utilizadas foram obtidas pela análise de
prontuário à admissão no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG quando
disponíveis e, retrospectivamente, por intermédio da consulta de papeletas no SAME.
As variáveis analisadas foram:
Idade: em anos.
Sexo: masculino e feminino
Estado civil: casado, separado ou viúvo.
Procedência: Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, demais Estados
brasileiros.
22
Etnia: dividida em branco, parda ou negra, de acordo com o registro do médico
que examinou inicialmente o paciente;
Mecanismo de transmissão: sexual, sanguínea, vertical.
Contagem de linfócitos T CD4: no momento da admissão quando referida pelo
paciente; ou, na ausência desta informação, em consulta retrospectiva a partir do
prontuário médico, por intermédio do SAME. Foi adotado o valor de linfócitos
TCD4 mais próximo ao momento da admissão;
Uso de terapia anti-retroviral de alta potência no momento da admissão: refere-
se ao uso de pelo menos 3 drogas anti-retrovirais no momento da admissão do
paciente no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG;
Uso de profilaxia de infecções oportunistas no momento da admissão;
Diagnóstico realizado: segundo definição do médico plantonista. Os diagnósticos
de pneumocistose e tuberculose, dentre vários, foram considerados quando houve
suspeita clínica elevada pelo médico plantonista e boa resposta terapêutica
específica instituída;
Dias de internação: número de dias de internação no Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG.
Desfecho: alta hospitalar, internação em enfermaria, óbito. Dentro da variável
internação na enfermaria dividimos o desfecho em “alta hospitalar” e “óbito”.
5.2 Análise dos dados
Os dados foram coletados e tabulados para análise. Foi construído um banco de
dados para a análise dos protocolos. Foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk na verificação da
normalidade das variáveis contínuas: idade (em anos), e tempo de internação no Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG (em dias) em função do óbito. O Teste t de
Student foi utilizado para amostras independentes na comparação da média de idade em
função do óbito.
23
A comparação do tempo de internação, devido à violação da normalidade, foi
feito pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney que comparou as medianas. A comparação
de proporções foi realizada o teste Exato de Fisher, devido ao desbalanceamento das tabelas.
O nível de significância considerado foi 0,05. O pacote estatístico utilizado nas
análises foi o SPSS 12.0 for Windows, por intermédio do qual foram também realizados os
testes estatísticos.
5.3 Atendimentos e internações no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG
O registro de atendimentos e internações no Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG foi realizado por intermédio de informações obtidas da ficha específica
gerada no sistema do próprio Pronto Atendimento.
De acordo com a análise da ficha, foram excluídos os atendimentos referentes
à Clínica Pediátrica, e então, calculada a porcentagem referente aos adultos.
Devido ao fato de que as internações não eram divididas em adultos e crianças,
foi tomada como referência, em um ano de seguimento, a relação entre os mesmos, e assim
foi inferido o número de admissões para cada grupo. Desta forma, por exemplo, no mês de
junho, primeiro mês de seguimento, foram atendidas 3218 pessoas, das quais 2101 adultas,
perfazendo 65% do total. O número total de internações foi de 493, das quais, foi inferido que
320 (65%) corresponderiam aos adultos. Esta mesma análise foi repetida nos meses seguintes.
24
5.4 Limitações do Estudo
A vulnerabilidade do trabalho decorreu de várias condições de funcionamento que
é próprio de todos os serviços de urgência brasileiros e que não exclui o Pronto Atendimento
do Hospital das Clínicas da UFMG a começar pela elevada e incontrolável demanda de
pacientes; a rotatividade da equipe médica durante o período da pesquisa; a dificuldade de
realização de métodos propedêuticos invasivos de algumas das mais freqüentes doenças
encontradas, incluindo a pneumocistose e a tuberculose, o que levou à freqüência elevada de
terapêutica de prova baseada em suspeição clínica; ao controle de qualidade dos métodos de
propedêutica; a ausência de regularidade na rapidez das interconsultas com especialistas e a
tomada de decisões clínicas baseadas em situações críticas que acabaram sendo empíricas; a
dificuldade na coleta de dados através de prontuários médicos, dada a perda de informação.
25
6 RESULTADOS
6.1 Características da amostra
Foram analisados 99 pacientes portadores do VIH ou SIDA que foram internados
pelo menos uma vez no Hospital das Clínicas da UFMG no período de doze meses desde
01/06/2006 a 31/05/2007.
Estes pacientes tiveram 118 internações no período de observação.
6.1.1 Variáveis Sócio-demográficas
Foi realizada uma análise descritiva dos 99 pacientes do ponto de vista sócio-
demográfico e de variáveis que descreveram o tempo de diagnóstico, o modo mais provável
de transmissão, o uso de terapia anti-retroviral e de quimioprofilaxia.
Os pacientes possuíam em média 39,4 anos (DP=9,1), mínimo de 18 e máximo de
63 anos (Tabela 1). A distribuição quanto ao gênero mostrou que 57,6% (57) e 42,4% (42)
eram, respectivamente, masculinos e femininos (Tabela 2). Os pacientes procederam em
63,6% (63), 29,3% (29), 3% (3), e 4% (4), de Belo Horizonte, do interior de Minas Gerais, de
outro estado, e de localidade não informada, respectivamente (Gráfico 3).
-
TABELA 1:
Média, desvio padrão, percentil de 25 e 75%, e mediana dos pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do HC/UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007.
Idade N Média Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
Percentil
25%
Mediana Percentil
75%
Anos 96 39,4 9,1 18 63 33 38 46
26
TABELA 2:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do HC/UFMG
no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do sexo.
Sexo N %
Feminino 42 42,4
Masculino 57 57,6
TOTAL 99 100,0
Figura 3: Distribuição dos pacientes portadores do VIH, internados no Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função
da sua procedência.
A distribuição dos pacientes em relação à sua etnia evidenciou que 27,3% (27),
23,2% (23), 17,2% (17), eram, respectivamente, negros, brancos e pardos. Em 32,3% não
obtivemos essa informação (Tabela 3). A distribuição dos pacientes em função do estado civil
mostrou que 50,5% (50), 22,2% (22), 5,1% (5) eram, respectivamente, solteiros, casados e
viúvos, sendo que não obtivemos informação em 22,2% (Tabela 4).
63
29
3
4
0
10
20
30
40
50
60
70
Belo Horizonte Interior de Minas Gerais Outro Estado Não informado
Localidade de origem
N° de pacientes
27
TABELA 3:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função da cor da pele
descrita pelo médico plantonista da triagem em sua admissão hospitalar.
Cor da Pele N %
Branca 23 23,2
Negra 27 27,3
Parda 17 17,2
Não informada 32 32,3
TOTAL 99 100,0
TABELA 4:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do seu estado
civil
Estado Civil N %
Solteiro 50 50,5
Casado 22 22,2
Viúvo 5 5,1
Não informado 22 22,2
TOTAL 99 100,0
O modo de transmissão mais provável do VIH não foi informado por 74,7% dos
pacientes. A distribuição dos pacientes que informaram sobre a forma de transmissão foi em
18,2% (18) a heterossexual, 2% (2) a homossexual, 4% (4) a via sangüínea e em 1% (1) a
vertical (Tabela 5). O tempo de diagnóstico de infecção pelo VIH foi entre 0 a 5, de 5 a 10
anos, mais de 10 anos, e não informado em 40,4 (40), 22,2 (22), 19,2 (19), e 18,2% (18), dos
casos, respectivamente (Tabela 6).
28
TABELA 5:
Descrição dos pacientes portadores do VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG que procuraram o Pronto Atendimento do HC/UFMG no período compreendido
entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da forma de transmissão mais provável do VIH.
Transmissão mais Provável N %
Heterossexual 18 18,2
Homossexual 2 2,0
Sangüínea 4 4,0
Vertical 1 1,0
Não informado 74 74,7
TOTAL 99 100,0
TABELA 6:
Descrição dos pacientes portadores do VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do tempo
provável entre a infecção e a procura de atendimento médico.
Tempo de Diagnóstico (anos) N %
0 – 5 40 40,4
5 – 10 22 22,2
Mais de 10 19 19,2
Não informado 18 18,2
TOTAL 99 100,0
6.1.2 Variáveis sobre a internação hospitalar
A internação hospitalar ocorreu uma, duas, três, e, quatro vezes, em 85,9, 10,1
(10), 3,0% (3), e, em 1, dos pacientes, respectivamente (Tabela 7).
29
TABELA 7:
Descrição dos pacientes portadores do VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do número de
internações hospitalares.
Internações Hospitalares N %
Uma 85 85,9
Duas 10 10,1
Três 3 3,0
Quatro 1 1,0
TOTAL 99 100,0
As 118 admissões hospitalares procedentes do Pronto Atendimento do Hospital
das Clínicas da UFMG, realizadas no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007,
foram constituídas por 65 (55,1%) pacientes acompanhados em algum Centro de Referência,
ou que possuíam pelo menos dois atendimentos clínicos anuais de rotina durante o ano. A
ausência de acompanhamento clínico especializado estava presente em 35 (29,7%) pacientes,
mas cinco deles faziam uso regular de anti-retrovirais. Não houve informação sobre o
acompanhamento médico ambulatorial em 18 (15,3%) pacientes (Tabela 8).
A terapia anti-retroviral era usada regularmente ou não usada por 67 (56,8%) e 41
(34,7%) admissões, respectivamente. Esta informação não foi obtida em 10 admissões (8,5%)
(Tabela 9).
A quimioprofilaxia para doenças oportunísticas era administrada ou não-
administrada por 35 (29,7%) e 57 (48,3%) internações, respectivamente e ausência desta
informação não foi anotada em 26 (22%) casos (Tabela 10).
A contagem dos linfócitos TCD4 no momento ou na época mais próxima da sua
admissão no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG distribuía-se em valores
inferiores a 100, entre 101 e 200, entre 201 e 350, entre 351 e 500, e, acima de 500 em, 34
(28,8%), 20 (16,9%), 10 (8,5%), 15 (12,7%), e 1 (0,8%), respectivamente. Esta informação
não foi obtida em 31 (26,3%) admissões (Tabela 11).
30
TABELA 8:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da
adequação de seu controle ambulatorial.
Controle Ambulatorial N %
Adequado 65 55,1
Não adequado 35 29,7
Não informado 18 15,3
TOTAL 118 100,0
TABELA 9:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do uso de
terapia antiretroviral de alta potência.
Terapia Anti-retroviral (3 drogas) N %
Não 41 34,7
Sim 67 56,8
Não informado 10 8,5
TOTAL 118 100,0
TABELA 10:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do uso de
quimioprofilaxia contra as infecções oportunísticas.
Profilaxia das Infecções Oportunísticas N %
Não 57 48,3
Sim 35 29,7
Não informado 26 22,0
TOTAL 118 100,0
31
TABELA 11:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007 em função do contagem
numérica dos linfócitos TCD4
Contagem dos Linfócitos TCD4 N %
Menos de 100 34 28,8
101-200 20 16,9
201-350 10 8,5
351-500 15 12,7
Igual ou acima de 500 1 0,8
Não informado 31 26,3
TOTAL 118 100,0
Não foi detectada associação significativa do valor da contagem dos linfócitos T
CD4 e o uso de profilaxia para infecções oportunistas em função do desfecho óbito (Tabela
12), apesar de ser observada uma concentração do óbito nos pacientes com contagem de
linfócitos T CD4 inferior a 100 células/mm
3
.
TABELA 12:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da relação
entre a contagem numérica dos linfócitos TCD4 e o óbito.
Óbito
Sim TOTAL
Contagem
dos Linfócitos
TCD4
N % N %
Valor de
p
Menos de 100 5 14,7 34 100,0
100-200 0 0,0 20 100,0
200-350 0 0,0 10 100,0
350-500 1 6,7 15 100,0
Mais de 500 0 0,0 8 100,0
0,294
32
TABELA 13:
Distribuição dos pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da relação
entre o uso de quimioprofilaxia e o óbito.
Óbito
Sim TOTAL
Profilaxia das
Infecções
Oportunísticas
N % N %
Valor de
p
Não 4 7,0 57 100,0
Sim 2 5,7 35 100,0
TOTAL 6 6,5 92 100,0
1,000
6.1.3 Sintomatologia dos pacientes portadores do VIH ou SIDA no momento de seu
exame clínico inicial no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG
A principal queixa que levou os pacientes a procurarem o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas foi o aumento da temperatura corpórea, caracterizada por febre. Foi
anotada em 55 (46,6%) dos pacientes admitidos (Tabela 14).
TABELA 14:
Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia geral no momento da admissão dos
pacientes portadores do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.
Sim Total Sintomatologia
Principal
N N % N
Febre 55 46,6 118 100,0
Astenia 16 13,6 118 100,0
Emagrecimento 14 11,9 118 100,0
Hiporexia 4 3,4 118 100,0
Fadiga 1 0,8 118 100,0
Sudorese noturna 1 0,8 118 100,0
33
As principais alterações respiratórias foram tosse e dispnéia, encontradas em 34
(28,8%) e 25 (21,2%) das admissões, respectivamente. Outras alterações respiratórias foram
de menor importância (Tabela 15).
TABELA 15:
Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia respiratória dos pacientes portadores do
VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período
compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.
Sim Total Sintomatologia
Respiratória
N N % N
Tosse 34 28,8 118 100,0
Dispnéia 25 21,2 118 100,0
Escarro purulento 9 7,6 118 100,0
Dor torácica 7 5,9 118 100,0
Escarro sangüíneo 2 1,7 118 100,0
Sibilos 1 0,8 118 100,0
A cefaléia foi encontrada como a queixa principal em 16 pacientes (13,6%),
constituindo-se na sintomatologia neurológica mais prevalente (Tabela 16).
TABELA 16:
Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia neurológica dos pacientes portadores do
VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período
compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.
Sim Total Sintomatologia
Neurológica
N N % N
Cefaléia 16 13,6 118 100,0
Hemiparesia/Plegia 8 6,8 118 100,0
Convulsões 6 5,1 118 100,0
Confusão Mental 5 4,2 118 100,0
Outros 10 8,5 118 100,0
A diarréia, a náusea/vômitos constituíram-se na sintomatologia gastrintestnal mais
freqüente, acometendo 36 (30,5%) e (13,6%) dos casos, respectivamente (Tabela 17).
34
TABELA 17:
Distribuição decrescente em freqüência da sintomatologia gastrenterológica dos pacientes portadores
do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período
compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.
Sim Total Sintomatologia
Gastrenterológica
N N % N
Diarréia 36 30,5 118 100,0
Náuseas/Vômitos 16 13,6 118 100,0
Dor abdominal 13 11,0 118 100,0
Outros 13 11,0 118 100,0
6.1.4 Principais sistemas acometidos em pacientes portadores do VIH no momento de
seu exame clínico inicial no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG
Os principais sistemas acometidos, em ordem decrescente de freqüência, foram o
respiratório, o gastrintestinal, o neurológico, o hematológico e o genitourinário, em 43
(36,4%), 42 (35,6%), 25 (21,2%), 12 (10,2%), e 12 (10,2%) dos pacientes, respectivamente
(Figura 4).
35
Figura 4: Distribuição do acometimento dos principais sistemas orgânicos dos pacientes portadores
do VIH, que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período
compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007.
Não foi detectada associação significativa entre os sistemas acometidos em função
do desfecho óbito. (Tabela 18)
TABELA 18:
Distribuição dos sistemas acometidos em função do desfecho em pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007.
Óbito
Sim Total
Sistemas Acometidos
Categoria
N % N %
Valor de
p
Não 4 5,3% 75 100,0%
Sim 5 11,6%
43 100,0%
0,283
Respiratório
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 8 8,6% 93 100,0%
Sim 1 4,0% 25 100,0%
0,682
Neurológico
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 8,5% 106 100,0%
Sim 0 0,0% 12 100,0%
0,595
Hematológico
Total 9 7,6% 118 100,0%
36
Não 4 5,3% 76 100,0%
Sim 5 11,9%
42 100,0%
0,277
Gastrointestinal
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 8,0% 113 100,0%
Sim 0 0,0% 5 100,0%
1,000
Cardiovascular
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 7 6,6% 106 100,0%
Sim 2 16,7%
12 100,0%
0,228
Geniturinário
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 7,8% 116 100,0%
Sim 0 0,0% 2 100,0%
1,000
Dermatológico
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 7,7% 117 100,0%
Sim 0 0,0% 1 100,0%
1,000
Endócrino-metabólico
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 7,7% 117 100,0%
Sim 0 0,0% 1 100,0%
1,000
Psiquiátrico
Total 9 7,6% 118 100,0%
TABELA 19:
Distribuição dos sistemas acometidos em função do desfecho em pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007.
Óbito
Sim Total
Sistemas
Acometidos
Categoria
N % N %
Valor de
p
Não 9 7,8% 115 100,0%
Sim 0 0,0% 3 100,0%
1,000
Oftalmológico
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 7,8% 115 100,0%
Sim 0 0,0% 3 100,0%
1,000
ORL
Total 9 7,6% 118 100,0%
Não 9 7,7% 117 100,0%
Sim 0 0,0% 1 100,0%
1,000
Osteomuscular
Total 9 7,6% 118 100,0%
37
6.1.5 Principais diagnósticos nosológicos realizados em pacientes portadores de VIH
no momento de seu exame clínico inicial, no Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG.
Os diagnósticos nosológicos mais freqüentes foram pneumocistose (17,8%),
pneumonia comunitária (16,9%), diarréia (16,1%), candidiase oral (10,2%),
neurotoxoplasmose (9,3%), e neutropenia febril (8,4%). Os diagnósticos encontram-se
descritos nas Tabelas 20 e 21.
TABELA 19:
Distribuição por ordem decrescente de mais freqüência dos pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007, em função da freqüência do diagnóstico nosológico.
Sim Total Diagnóstico
Realizado
N % N %
Pneumocistose 21 17,8 118 100,0
Pneumonia comunitária 20 16,9 118 100,0
Diarréia 19 16,1 118 100,0
Candidiase oral 12 10,2 118 100,0
Neurotoxoplasmose 11 9,3 118 100,0
Neutropenia Febril 10 8,4 118 100,0
Sinusite 8 6,8 118 100,0
Infecção do Trato Urinário 6 5,1 118 100,0
Insuficiência Cardíaca Congestiva 4 3,3 118 100,0
Tuberculose Pulmonar 3 2,6 118 100,0
Candidiase esofágica 3 2,5 118 100,0
Insuficiência Renal aguda 3 2,5 118 100,0
Neurocriptococose 3 2,5 118 100,0
Trombose Venosa Profunda 3 2,5 118 100,0
Insuficiência Respiratória aguda 2 1,7 118 100,0
LEMP 2 1,7 118 100,0
Outros 36 30,5 118 100,0
38
TABELA 20:
Descrição de outros diagnósticos nosológicos menos freqüentes dos pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007.
Outros diagnósticos realizados N %
Abscesso cervical 1 2,7
Amebíase 1 2,7
Anemia megaloblástica 1 2,7
Calazar 1 2,7
Cetoacidose Diabética 1 2,7
Choque hipovolêmico 1 2,7
Cirrose Hepatite C 1 2,7
Condiloma anal 1 2,7
Crise asmática 1 2,7
Crise hipertensiva 1 2,7
Desidratação 1 2,7
Desnutrição 1 2,7
Esofagite pelo vírus citomegálico 1 2,7
Estomatite herpética 1 2,7
Farmacodermia 1 2,7
Hemorragia digestiva alta 1 2,7
Hemorróidas, úlcera córnea fúngica 1 2,7
Herpes genital, vírus citomegálico, complexo
micobactéria atípica 1 2,7
Herpes genital, neurocriptococose 1 2,7
Herpes Zoster 1 2,7
Hipomagnesemia 1 2,7
Hiponatremia 1 2,7
Histoplasmose pulmonar 1 2,7
Intoxicação alcoólica 1 2,7
Isosporíase 1 2,7
Lesão mucocutânea pelo vírus citomegálico 1 2,7
LET 1 2,7
Linfoma cerebral 1 2,7
Mal de Pott 1 2,7
Mastoidectomia, mastoidite crônica reagudizada 1 2,7
Otite média aguda, mastoidite crônica 1 2,7
39
TABELA 21:
Descrição de outros diagnósticos nosológicos menos freqüentes dos pacientes portadores do VIH, que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007.
Pólipo endometrial 1 2,7
Síndrome de Wernick Korsakoff, neoplasia linfoide
difusa de alto grau 1 2,7
Tromboembolismo pulmonar 1 2,7
Uveíte-retinite pelo vírus citomegálico 1 2,7
Câncer colo uterino 1 2,7
Total 36 100
6.1.6 Internações no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG
Dentre os pacientes hospitalizados após a chegada ao Pronto Atendimento, 102
(86,4%) foram admitidos na Sala de Observação, e 13 (11%) na Sala de Emergência (Tabela
22). A informação sobre o destino do paciente após sua chegada ao Pronto Atendimento não
foi obtida para três pacientes. A intubação orotraqueal foi necessária em 3 pacientes
internados na Sala de Emergência (Tabela 23).
TABELA 22:
Distribuição dos pacientes portadores de VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da admissão
hospital.
Admissão Hospitalar N %
Sala Observação 102 86,4
Sala de Emergência 13 11,0
Não informado 3 2,5
TOTAL 118 100,0
40
TABELA 23:
Distribuição dos pacientes portadores de VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função da
necessidade de ventilação mecânica.
Uso de Ventilação Mecânica N %
Não 112 94,9
Sim 3 2,5
Não informado 3 2,5
TOTAL 118 100,0
A alta hospitalar direta da Sala de Observação do Pronto Atendimento ocorreu em
59 pacientes (50%). A internação hospitalar em enfermaria ocorreu em 39 (33,1%) pacientes.
A alta hospitalar ocorreu em 26 (66,7%) destes pacientes. O óbito foi constatado durante a
observação no Pronto Atendimento e na enfermaria em quatro (3,4%) e em cinco (4,2%)
pacientes, respectivamente, representando uma mortalidade de 7,6%. (Tabelas 24 e 25,
Figuras 5 e 6).
TABELA 24:
Distribuição dos pacientes portadores de VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do desfecho
inicial.
Desfecho Inicial N %
Alta Hospitalar 59 50,0
Internação enfermaria 39 33,1
Óbito 4 3,4
Transferência outro hospital 3 2,5
Não informado 13 11,0
TOTAL 118 100,0
TABELA 25:
Distribuição dos pacientes portadores de VIH que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das
Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à 31/05/2007, em função do desfecho
após internação na enfermaria.
Desfecho Após Internação na Enfermaria N %
Alta Hospitalar 26 66,7
Óbito 5 12,8
Transferência outro Hospital 1 2,6
Não informado 7 17,9
TOTAL 39 100,0
41
As 118 admissões de pacientes com VIH ou SIDA representaram 2,83% do total
de internações realizadas no Hospital das Clínicas da UFMG no período estudado.
O tempo de permanência na Sala de Observação no Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas da UFMG foi, em média, de 4,6 dias, sendo que 33,1% destes pacientes
internaram-se posteriormente em enfermaria, 2,6% foram transferiram-se para outro hospital e
não foi possível obter informações em 17,9% dos casos.
Figura 5: Inferência do número de internações de pacientes adultos portadores de VIH que
procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre
01/06/2006 à 31/05/2007.
Internaçõeso
VIH/SIDA
97%
Internações
VIH/SIDA
3%
Figura 6: Porcentagem de internações de pacientes portadores de VIH que procuraram o Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, no período compreendido entre 01/06/2006 à
31/05/2007.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
Internações totais Internações Adultos
42
6.1.7 Resultado da associação do desfecho óbito com idade e tempo de internação no
Pronto Atendimento
Não foi encontrada diferença significativa das médias e medianas de idade em
anos e tempo de permanência em pacientes portadores de VIH ou SIDA que procuraram o
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG em dias, respectivamente, em função
do desfecho. (Tabela 26)
TABELA 26:
Distribuição da idade e do tempo de internação no Pronto Atendimento em função do desfecho óbito.
Variável Óbito
N Média
Desvio
Padrão
Percentil
25%
Mediana
Percentil
75%
Estatística
de teste
Valor
p
Não
107
39,5 8,8 33,0 38,0 47,0
Idade (em anos) *
Sim
8 42,9 9,7 34,0 43,5 51,5
-1,049 0,296
Não
88 5,9 4,6 3,0 4,5 8,0
Tempo de internação
(em dias) **
Sim
5 5,0 3,4 2,0 5,0 8,0
-0,180 0,865
*: Utilizado o Teste t de Student para amostras independentes.
**:Foi utilizado o teste de Mann-Whitney.
6.1.8 Resultado da associação do desfecho óbito em função do gênero, etnia, modo de
transmissão, controle ambulatorial, terapia anti-retroviral e tempo de
diagnóstico.
Não foi detectada associação significativa do desfecho óbito em função do gênero,
etnia, modo de transmissão, controle ambulatorial, terapia anti-retroviral e tempo de
diagnóstico. (Tabela 27)
43
TABELA 27:
Distribuição do desfecho em função do sexo, cor, modo de transmissão, controle ambulatorial, terapia
anti-retroviral e tempo de diagnóstico.
Óbito
Sim Total
Variável Categoria
N % N %
Valor p
Feminino 2 4,2% 48 100,0%
Masculino 7 10,0% 70 100,0%
Gênero
Total 9 7,6% 118 100,0%
0,307
Branca 1 3,4% 29 100,0%
Negra 2 5,6% 36 100,0%
Parda 2 9,5% 21 100,0%
Etnia
Total 5 5,8% 86 100,0%
0,721
Heterossexual 1 4,5% 22 100,0%
Homossexual 0 0,0% 2 100,0%
Sanguínea 1 12,5% 8 100,0%
Vertical 0 0,0% 2 100,0%
Modo de
transmissão
Total 2 5,9% 34 100,0%
0,588
Adequado 3 4,6% 65 100,0%
Não Adequado 4 11,4% 35 100,0%
Controle Ambulatorial
Total 7 7,0% 100 100,0%
0,236
Não 3 7,3% 41 100,0%
Sim 4 6,0% 67 100,0%
Terapia Anti-retroviral
Total 7 6,5% 108 100,0%
1,000
0 - 5 anos 3 5,9% 51 100,0%
5 - 10 anos 3 13,0% 23 100,0%
> 10 anos 1 4,2% 24 100,0%
Tempo de diagnóstico
Total 7 7,1% 98 100,0%
0,507
44
7 DISCUSSÃO
O motivo que leva o paciente portador do VIH ou SIDA à internação hospitalar
tem mudado desde a introdução da HAART, de forma dinâmica [4, 31, 32, 33]. Esta variação
relaciona-se diretamente com o sistema de saúde adotado em cada localidade brasileira, o que
torna cada região um sítio único, com suas particularidades e necessidades específicas.
Este trabalho evidenciou que no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG, Centro de Referência para emergências clínicas da região metropolitana de Belo
Horizonte, a relação masculino:feminino entre os pacientes admitidos foi de 1,35:1, revelando
tendência de equivalência entre os dois gêneros, desde a prevalência inicial expressiva do
sexo masculino, revelando o seu caráter de feminização [19, 50]. A idade média dos pacientes
admitidos no Pronto Atendimento foi de 39,4 anos, coincidentes com os dados apresentados
pelo último boletim epidemiológico, que revelou maior prevalência na faixa etária da SIDA
entre 20 e 49 anos. Os negros com 27,3% constituíram-se na etnia mais prevalente.
A forma de transmissão do VIH não foi determinada na maioria dos pacientes
(74,7%), entretanto, entre os que relataram como se infectaram, prevaleceu a transmissão
sexual (80%), especialmente, a heterossexual (71%). A transmissão homossexual e a vertical
ocorreram como causa provável de contágio em dois e em um paciente, respectivamente.
Estes dados podem ajudar a entender a tendência de redução da participação na epidemia pelo
VIH no Brasil da transmissão pelas vias homossexual e vertical, desde a introdução de
controles estritos de doadores, de medidas de profilaxia em pessoas de risco, e seguimento
rigoroso em grávidas com a administração, quando necessária, de profilaxia anti-retroviral
[13].
O tempo de diagnóstico de portador de VIH ou SIDA, antes da admissão
hospitalar, nos pacientes que procuraram o Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG foi entre zero e cinco, entre cinco a 10, e mais de 10 anos, em, 40, 22,2, e em 19,2%
dos pacientes, respectivamente. Estes dados apontam para um número elevado de pacientes
(42%) com maior tempo de diagnóstico, caracterizando a cronicidade da evolução da doença,
que parece relacionado, especialmente, ao papel da terapia anti-retroviral, da profilaxia de
infecções oportunistas, da redução da mortalidade e aumento da sobrevida [6, 7, 8, 20, 21].
Não foi encontrada, entretanto, diferença estatisticamente significativa entre o tempo de
diagnóstico da doença e a evolução ao óbito.
45
É provável que a relação hospedeiro-agente-terapêutica decorra de variáveis
interpenetrantes, múltiplas, que ultrapassem resistência natural, cepas, drogas. O papel dos
antiretrovirais, provavelmente, é determinante de alguma homogeneidade destas relações que
resultam em sobrevivência média comum a todos os pacientes, fato observado após a
introdução da HAART [30, 31].
A maioria dos pacientes foi internada uma única vez no período estudado
(85,9%), entretanto, 10, três, e um paciente, foram internados, duas, três, e quatro vezes,
respectivamente. O diagnóstico recente da doença, entre 0 e 5 anos, foi anotado em sete dos
14 pacientes que tiveram mais de uma internação hospitalar. O único paciente internado
quatro vezes no período do estudo tinha diagnóstico de portador de VIH há mais de 10 anos
com acometimento renal (glomeruloesclerose segmentar e focal), cujo motivo de internação
foi a descompensação de insuficiência cardíaca.
O objetivo do Pronto Atendimento é a recepção do paciente com necessidade
urgente de identificação de alguma alteração fisiopatológica súbita, grave, com risco de
provocar limitação funcional principal ou morte. O seu alcance inclui a tomada imediata de
decisão clínico-terapêutica que impeça ou paralise a evolução de algum evento que coloque a
vida em risco, incluindo o impedimento de seqüelas. O Pronto Atendimento encaminha o
paciente para vários níveis de atenção à saúde, desde a própria casa, para a atenção
ambulatorial ou internação hospitalar, incluindo a necessidade de técnicas especiais, como
Centro Cirúrgico e CTI. O tempo médio de permanência no Pronto Atendimento foi de 4,6
dias. Esta média ultrapassa o tempo usualmente esperado para a observação em Sala de
Emergência, que é de 24 ao máximo de 48 horas. Esta média evidencia a situação falimentar
do sistema de urgência do SUS que não consegue resolver os vários níveis da atenção médica,
transfere para a urgência a demanda por atenção à saúde como um todo e, não consegue
providenciar, em tempo adequado, o atendimento correto e necessário. Em 36% dos casos
aqui estudados a observação inicial no Pronto Atendimento foi seguida da necessidade de
outro nível de atenção médica, representado por enfermaria de nível secundário ou terciário
(CTI), ou para outra instituição de internação hospitalar em decorrência de ausência de
disponibilidade de leitos hospitalares no Hospital das Clínicas. Estes dados apontam para a
necessidade de redimensionamento da atenção hospitalar para os pacientes com SIDA, com
expansão de leitos e adequação de condições de trabalho adequadas.
A atenção terciária à saúde caracterizada pela necessidade de assistência médica
na Sala de Emergência do Pronto Atendimento foi necessária em 11% dos casos, dentre as
118 admissões. Em 3% dos casos foi necessária a ventilação mecânica.
46
A contagem de linfócitos TCD4, nas vezes em que foi identificada, revelou que
28,8, 16,9, 8,5% dos pacientes a apresentava abaixo de 100, entre 101 e 200, e, entre 201 e
350 células/mm
3
, respectivamente. O estágio mais avançado da SIDA estava presente em
54,2% dos pacientes. A quimioprofilaxia regular foi anotada em 43% dos pacientes com
linfócitos TCD4 inferiores a 200, e que perfaziam 48% dentre todos os pacientes. Estes dados
revelam que, apesar do Brasil possuir um sistema altamente qualificado em todos os níveis da
atenção à saúde para o paciente com SIDA, os pacientes possuem baixa aderência terapêutica,
o que coloca em risco toda a estratégia de controle da disseminação do VIH. Estes dados
indicam a necessidade de conscientização sobre a relação entre saúde-doença, reforça a
importância e o valor da educação para a saúde. O papel do esclarecimento e o entendimento
pleno sobre todos os aspectos que envolvem o VIH e a SIDA requer o envolvimento de
médicos, educadores, equipe multiprofissional de saúde e da comunidade. Em trabalho
realizado em Belo Horizonte em 2005, observou-se uma taxa de não-aderência de 36,9% o
que revela semelhança com a população aqui estudada. A principal causa de falência
terapêutica associa-se com a não-aderência ao tratamento, e aos vários fatores, como
complexidade dos esquemas, uso de drogas injetáveis, efeitos adversos da medicação [25].
Em estudo recentemente realizado, observou-se aumento na taxa de interrupção da terapia
anti-retroviral quando os pacientes eram submetidos exclusivamente a acompanhamento
ambulatorial, em comparação ao acompanhamento domiciliar, porém sem diferença
estatisticamente significativa [51].
O óbito foi constatado em nove pacientes durante a internação, quatro no Pronto
Atendimento e cinco após a internação hospitalar, o que representa mortalidade de 7,6%. A
contagem de linfócitos era inferior a 100, e entre 350 e 500 células/mm
3
em cinco e em um
paciente, respectivamente, perfazendo relação de 5:1, entretanto, sem diferença
estatisticamente significativa (p = 0,294). Não foi possível obter estas informações em três
pacientes. É provável que em casuística maior a tendência de óbito se relacionar com
linfócitos TCD4 abaixo de 100 se torne mais explícita.
A demanda de internação no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG para os portadores do VIH ou SIDA situou em 2,8% de todas as admissões. A maioria
dos pacientes admitidos apresentava contagem de linfócitos T CD4 inferior a 350
células/mm
3
, sinalizando que a internação hospitalar é necessidade predominantemente
relacionada com a doença mais avançada.
47
A queixa principal que levou os pacientes a procurarem o Pronto Atendimento do
Hospital das Clínicas foi o aumento da temperatura corpórea (46,6%), seguida pela diarréia
(30,5%), tosse (28,8%) e dispnéia (21,2%), cefaléia (10,6%), náuseas (10,6%), e vômitos
(10,6%). O aparelho respiratório foi o mais acometido, seguido pelo gastrintestinal e
neurológico. Não houve diferença estatisticamente significativa entre o sistema acometido e o
desfecho óbito. Estes dados são coincidentes com trabalhos realizados previamente em Belo
Horizonte e em outras cidades brasileiras, tendo as infecções oportunistas como as principais
responsáveis pela necessidade de internação hospitalar [19, 50].
Os diagnósticos mais freqüentemente realizados das doenças oportunísticas foram
de pneumocistose (17,8%), pneumonia comunitária (16,9%), síndrome diarréica (16,1%), e
candidiase oral (10,2%). Dados apresentados por estudo conduzido no Hospital das Clínicas
da UFMG em 2000 revelaram que a candidiase era o diagnóstico mais freqüente, seguido por
tuberculose, e pneumocistose [50]. Os dados aqui apresentados revelam que entre 2007 e
2000 houve importância crescente da pneumonia comunitária e redução da tuberculose como
responsáveis pela necessidade de tratamento hospitalar da SIDA.
.
48
8 CONCLUSÕES
Os pacientes portadores do VIH ou da SIDA que procuraram o Pronto
Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG, que é referência para cerca de cinco milhões
de pessoas, apresentaram idade média de 39,4 anos (DP ± 9,1 anos) com valor mínimo de 18
e máximo de 63 anos; eram em 57,6% do sexo masculino; 50% solteiros; 27% de etnia negra,
e procedência em sua maioria de Belo Horizonte.
A forma de infecção mais freqüente foi a sexual, sendo a forma mais prevalente a
contaminação heterossexual correspondendo a 18,2% dos casos.
O tempo entre o diagnóstico de infecção pelo VIH ou SIDA e a internação no
Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG mais freqüentemente encontrado foi
entre 0 e 5 anos em 40,4% dos casos.
A sintomatologia encontrada em ordem decrescente de freqüência foi o aumento
da temperatura corpórea (46%), diarréia (30,5%), tosse (28,8%), dispnéia (21,2%) e cefaléia
(13,6%). Os principais sistemas acometidos foram o respiratório, o gastrintestinal, e o
neurológico, entretanto, sem diferença estatisticamente significativa em relação ao óbito. Os
diagnósticos mais freqüentemente realizados foram: pneumocistose, pneumonia comunitária e
síndrome diarréica.
A demanda de internações no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas da
UFMG para os pacientes portadores do VIH ou da SIDA representou 2,8% do total das
admissões. O tempo médio de internação no Pronto Atendimento do Hospital das Clínicas foi
de 4,6 dias. Não houve diferença estatisticamente significativa entre o tempo de internação e o
óbito.
O uso de medicação anti-retroviral foi anotada em 56,8% dos pacientes.
A contagem de linfócitos T CD4 inferior a 350 lulas/mm
3
estava presente em
cerca de 55% dos pacientes. A quimioprofilaxia estava sendo realizada em 27,9% dos
pacientes, sendo que em 45,7% deles apresentavam contagem de linfócitos T CD4 inferior a
200. Não foi observada diferença significativa entre o número de linfócitos T CD4 e o uso de
quimioprofilaxia em relação ao desfecho óbito.
A mortalidade foi de 7,6% durante a internação no Hospital das Clínicas, sem
diferença entre o tempo de internação e o óbito.
49
9 PERSPECTIVAS
Este estudo apresenta várias possibilidades de continuidade. A importância da
transmissão sexual aponta para o valor que a educação para a saúde pode esclarecer, impedir
que a ignorância impulsione para os riscos de contaminação, em especial, quanto aos
adolescentes e adultos jovens. Reforça a necessidade de entender as questões antropológicas
sobre a relação entre a sexualidade e doença sexualmente transmissível.
Outro fato significativo observado foi o marcante aumento da freqüência de
acometimento da SIDA em mulheres. Este fato determina interesse em ações específicas para
o entendimento deste fenômeno neste grupo de pacientes.
A adesão à terapia anti-retroviral é fundamental para aumentar a sobrevida e
reduzir o mero de internações hospitalares pelas doenças relacionadas ao VIH ou SIDA. O
entendimento do comportamento humano em relação à terapêutica e à profilaxia adequadas
contra infecções oportunistas, provavelmente, permitirá reduzir os gasto com as internações
hospitalares em pacientes com SIDA.
50
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54
ANEXO I: Parecer do Comitê de Ética da UFMG – COEP
55
ANEXO II: PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PACIENTES PORTADORES DO VIH/SIDA ADMITIDOS NO PRONTO
ATENDIMENTO DO HC-UFMG.
0) Registro:
1) Nome:
2) Idade:
3) Cidade:
4) Naturalidade:
5) Sexo: ( ) 0-Feminino ( ) 1-Masculino ( ) 9-SI
6) Cor: ( ) 0- Branca ( ) 1- Parda ( ) 2- Negra ( )3- Outra ( ) 9-SI
7) Modo mais provável de transmissão:
( ) 0- Sanguínea ( ) 1- Heterossexual ( ) 2- Homossexual
( ) 3-Vertical ( ) 9- SI
8) Tempo de diagnóstico: ( ) 0- 0-5 anos ( ) 1- 5-10 anos ( )2- >10 anos
9) Controle ambulatorial: ( ) 0- Adequado ( ) 1- Não Adequado.
10) Terapia Anti-retroviral (uso de 3 drogas): ( ) 0- Sim ( ) 1- Não
11) Profilaxia infecções oportunistas: ( ) 0- Sim ( ) 1- Não
12) Valor CD4: ( ) 0- >500 ( ) 1- 350-500 ( )2- 200-350 ( )3- 100-200
( ) 4- <100
13) Co-morbidades:
13.1) HTA: ( ) 0- Sim ( )1- Não
13.2) DBT: ( ) 0- Sim ( )1- Não
13.3) Cardiopatia Isquêmica: ( ) 0- Sim ( ) 1- Não
13.4) Tabagista: ( ) 0- Sim ( ) 1- Não
13.5) Dislipidemia: ( ) 0- Sim ( ) 1- Não
14) Queixa Principal:
14.1) Sintomas constitucionais: ( ) 0 -Febre ( ) 1-Astenia
( ) 2 -Perda de peso>10% ( ) 3 -Outros
14.2) Sintomas respiratórios: ( ) 0 –Tosse ( ) 1 –Escarro purulento
( ) 2 –Dispnéia ( ) 3Ortopnéia ( ) 4 -
Sibilos
( ) 5 –Outros
14.3) Sintomas SNC:( )0-Cefaléia ( )1-diminuição nível consciência
( )2-Hemiparesia/plegia ( )3-convulsões
( )4-disfasia/afasia ( )5-rigidez nucal
( )6-anisocoria ( )7-Outros
14.4) Sintomas gastrointestinais: ( ) 0-Diarréia ( ) 1-Náuseas/Vômitos
( ) 2-Melena ( ) 3-Hematêmese
( ) 4-Hematoquezia ( ) 5-Dor abdominal
( ) 6-Icterícia ( ) 7-Outros
14.5) Sintomas cardiovasculares: ( ) 0-Dor precordial ( ) 1-Palpitações
56
( ) 2-Sincope ( ) 3-Dispnéia
( ) 4-DPN ( ) 5-Ortopnéia
14.6) Sintomas Renais: ( ) 0-Oligúria ( ) 1-Disúria ( ) 2-Hematúria
( ) 3-Polaciúria ( ) 4-Outros
14.7) Sintomas Hematológicos:( ) 0-Palidez cutâneo mucosa ( )1-Sangramento
( ) 2-Petequias ( )3-Outros
14.8) Outros sintomas
15) Sistema(s) acometido(s):
( ) 0 -Respiratório ( ) 1-Cardiovascular ( ) 2-SNC
( ) 3-Gastrointestinal ( ) 4-Renal ( ) 5-Endócrino-
Metabólico
( ) 6- Hematológico ( ) 7-Osteoarticular ( ) 8 -Imunológico
16) Propedêutica:
16.1) Rx Tórax: ( ) 0 -Normal ( ) 1- Infiltrados pulmonares bilaterais
( ) 2-Consolidação pulmonar ( ) 3-Infiltrado intersticial
( ) 4- Derrame pleural ( ) 5- Pneumotórax
( ) 6- Outras
16.2) Rx Abdômen: ( ) 0- Normal ( ) 1- Níveis Hidroaéreos
( ) 2- Pneumoperitônio ( ) 3- Distensão alças
( ) 4- Outras
16.3) Culturas: ( ) 0 -Urina ( ) 1-Sangue ( ) 2 -Escarro
( ) 3 -LCR ( ) 4 -Liquido ascítico ( ) 5 -Outras
16.4) Tomografia: ( ) 0 -Crânio ( ) 1 -Tórax
( ) 2 -Abdômen e pelve ( ) 3 -Outra
16.5) Laboratório: GB ( ) Neutrófilos ( ) Linfócitos ( )
HTO ( ) Hb ( ) Plaq ( )
UR ( ) CR ( ) PCR ( ) LDH ( )
PaO2 ( ) PH ( )
Bil T ( ) D ( ) I ( ) TGO ( ) TGP
(
)
17) Ventilação Mecânica ( ) 0 –Sim ( ) 1 –Não
18) Internação: ( ) 0 -Enfermaria ( ) 1 -CTI ( ) 2 -Pronto Atendimento
19) Diagnóstico realizado:
20) Tratamento instituído:
21) Dias de internação:
22) Resultado: ( ) 0 -Alta hospitalar ( ) 1 -Óbito.
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