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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ERIKA IKEDO
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
PARA ESTIMULAR O TURISMO CULTURAL: O CASO DE SANTOS
São Paulo
2008
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ERIKA IKEDO
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
PARA ESTIMULAR O TURISMO CULTURAL: O CASO DE SANTOS
Dissertação apresentada à Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Gilda Collet Bruna
São Paulo
2008
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ERIKA IKEDO
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
PARA ESTIMULAR O TURISMO CULTURAL: O CASO DE SANTOS
Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie,
como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em
Arquitetura e Urbanismo.
Aprovada em maio de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
. Dr
a
. Gilda Collet Bruna
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Carlos Guilherme Santos Serôa da Mota
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Paulo de Assunção
Centro Universitário Assunção
4
Agradecimentos
A Deus, pela força para continuar nos momentos em que pensei em desistir e, logo, começo a observar que todo objetivo deve ser perseguido.
Aos meus pais, pela oportunidade de freqüentar o curso e concluir até o fim, já que em nosso país é tão difícil o acesso ao estudo.
Ao meu amigo André, desde os tempos da faculdade está ao meu lado, apoiando e contribuindo para minha ascensão profissional, que me ajudou
a formatar e apresentar esta dissertação.
À minha amiga e colega de trabalho Luiza, que o todo tempo me ajudou na procura por livros, artigos e informações para este trabalho.
À minha orientadora Prof
a
. Dr
a
. Gilda Collet Bruna, sempre disposta, animada e pronta a me ajudar, uma mulher exigente e perfeccionista, se não
fosse ela, não conseguiria fazer esta dissertação.
Ao Prof. Dr. Carlos Guilherme Mota, uma verdadeira usina de conhecimento ao longo do curso, algo realmente impressionante em minha
trajetória acadêmica.
Ao Prof. Dr. Paulo Assunção, um jovem professor, que com suas sugestões colaborou muito para a conclusão desta dissertação.
Aos professores e funcionários da Pós Graduação Mackenzie, pelo incentivo à realização deste trabalho, em especial, ao Mackpesquisa.
E por fim, a todos aqueles que contribuíram, de forma direta ou indiretamente, para que realizasse e concluísse esta dissertação.
5
Conhecer os encantos e a grandeza de uma cidade que avançou, ao
longo dos anos, em direção ao progresso, gerando personalidades
cujas ações ultrapassam fronteiras.
São mais de quatro séculos marcados por lutas e pela determinação
de um povo, que enfrentou piratas, resistiu a invasões, driblou a
natureza, venceu epidemias e deu exemplos ao Brasil.
Um passado de glórias, que mostrou por que é importante ter
objetivos, acreditar no futuro, correr riscos para atingir metas,
Nesta terra de sol e mar, de porto e obras que buscam o
desenvolvimento, o maior legado às novas gerações sempre foi a
capacidade de transformar sonhos em realidade.
Cristina Guedes Gonçalves
Fundação Arquivo e Memória de Santos
6
RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo estudar a preservação de edifícios e locais históricos na cidade de Santos
onde a procura essencial dos turistas é a praia. Em Santos essa realidade vem sendo aprimorada por
programas de preservação do Patrimônio Histórico. Assim, a cidade oferece uma mescla de cultura e praia.
Atualmente passa por um processo de revitalização pelo Projeto Alegra Centro, que vem impulsionando a
economia local e a oferta turística em sua área central, atuando como força motora de desenvolvimento do
município.
7
ABSTRACT
This dissertation goal is to study the building and historic places in the city of Santos, where the tourists
essencial search is the beach. In Santos this reality is being improved through historic Historic Preservation
of Buildings. Thus, the city offers a mixture of culture and beaches. Today it is under a revitalization
process, being done by the Alegra Centro Project that stimulates the local economy and the touristic offer in
its central area, acting as a key-force for the municipality development.
8
SUMÁRIO
Introdução..................................................................................................................................................................................................... 9
Capítulo 1: Formação da Cidade de Santos e seu Contexto Sociocultural ................................................................................................ 14
1.1 Aspectos Socioeconômicos ................................................................................................................................................................. 67
Capítulo 2: O Turismo e as Questões Culturais ......................................................................................................................................... 85
2.1 Turismo Cultural .................................................................................................................................................................................. 97
Capítulo 3: Patrimônio Cultural e o Processo de Revitalização............................................................................................................... 115
3.1 Projeto Alegra Centro......................................................................................................................................................................... 117
3.2 Descritivo dos Edifícios com Relevância Histórica no Centro de Santos.......................................................................................... 128
Conclusões................................................................................................................................................................................................ 160
Bibliografia............................................................................................................................................................................................... 162
Anexos...................................................................................................................................................................................................... 166
9
Introdução
No final da década de 1940, com a inauguração da Via Anchieta
elemento deflagrador da expansão da cidade de Santos, o prefeito
Aristides Bastos Machado já havia pavimentado várias avenidas e
realizado o primeiro trecho do jardim à beira-mar, que entraria para o
Guinness Book of Records. À beira-mar ficavam as mansões. Os bairros
Marapé, Campo Grande, Jabaquara, Macuco, Embaré e Ponta da Praia
eram locais quase descampados, sem ocupação e pouco habitados.
Em linhas gerais, Santos era uma cidade praiana, calma e aprazível,
agora com abastecimento e rede de esgoto.
O Centro Histórico, do Outeiro de Santa Catarina ao Santuário do
Valongo, ficava cada vez mais distante das atenções da população que
estava voltada para a praia. Os olhos dos santistas se voltavam para a orla
marítima que antes não era atrativa devido à falta de saneamento e
10
doenças conseqüentes. As cidades não olhavam as águas em especial o
mar, porque dele vinham os corsários. (GUEDES; CRISTINA, 2007 p.3)
Depois da recessão decorrente da Segunda Guerra (1939-1945), Santos
conheceu sua grande explosão demográfica, turística e urbanística.
(VILAS BOAS; SERGIO, 2005 p.90). As áreas próximas da praia se
tornaram valorizadas e as áreas antigas longe da praia perderam o atrativo
da população num processo lento de modificação cultural e de ocupação
do território.
Esta dissertação tem por objetivo, entender o processo de
revitalização histórica e cultural que a cidade de Santos está agora (2008)
vivenciando especificamente na região central, que abriga grande riqueza
histórica e patrimônio cultural, e também mostrar que com a revitalização
do bairro centro, será possível alavancar o turismo cultural nessa área
associado ao turismo da orla marítima, e dessa forma atrair tanto os
11
munícipes como os visitantes, para que se apropriem e conheçam a
história de Santos.
Este processo é claro e nítido nos edifícios da região do Centro. O
Outeiro de Santa Catarina é o marco da fundação de Santos, construída em
1543 foi restaurada em 1992 pela Prefeitura e desde 1995 abriga a
Fundação Arquivo e Memória de Santos, a Bolsa Oficial do Café foi
construída em 1922 com materiais importados e tem importantes obras de
Benedicto Calixto estas retratam a trajetória de Santos desde sua fundação
ao início do século XX. E quando em 1998 a Bolsa do Café foi reaberta e
hoje abriga o Museu dos Cafés, edifício de grande importância histórica
para a cidade, a Casa de Câmara e Cadeia com mais de 2 mil metros
quadrados de área construída, foi erguida em 1894 e restaurada em 1981,
atualmente é sede da Delegacia de Cultura do Governo do Estado e da
Oficina Cultural Regional Pagu, este nome que presta uma homenagem à
12
Patrícia Redher Galvão, escritora e jornalista brasileira que embora não
tenha nascido em Santos, adotou a como sua cidade.
Antes deteriorado pelo tempo, mau uso e falta de conservação, os
edifícios não despertavam o interesse do poder público e muito menos da
iniciativa privada. Mas com a criação do Projeto Alegra Centro da
Secretaria Municipal de Planejamento de Prefeitura, em 2000, que foi
regulamentado pelo Decreto de Lei nº 3.582, de 30 de junho de 2000, esse
quadro mudou. Os edifícios históricos do centro de Santos estão passando
por uma requalificação, reformas e novos usos acabam se tornando a
“menina dos olhos dos cidadãos santistas”.
Sugerir caminhos para adequar os edifícios históricos aos novos usos
e torná-los eficientes equipamentos de cultura, turismo e lazer é o objetivo
deste projeto. Procura assim com que moradores e turistas freqüentem a
região central, não só de segunda a sextas-feiras, mas também aos finais
de semana, e dessa forma, poder alavancar o turismo cultural, como
13
também a economia local atraindo novos comerciantes para uma região
que há pouco estava totalmente esquecida pela população. E dessa forma
preservar a memória e história da cidade.
14
Capítulo 1 - Formação da Cidade de Santos e seu Contexto Sociocultural
A armada comandada por Martim Afonso de Souza fundou em 21 de
janeiro de 1532, em frente a uma pequena praia da Ilha do Sol – que mais
tarde veio a se chamar Praia do Góis – na Ilha de Santo Amaro
(atualmente território do município de Guarujá). Em embarcações mais
leves, Martim Afonso de Souza e a sua comitiva foram para outra baía – a
de São Vicente – onde o guerreiro e navegador português fundou a Vila de
mesmo nome que se tornou a Cellula Mater do Brasil.
1
Em 22 de janeiro
de 1532, junto com Martim Afonso vieram 32 companheiros, entre os
quais Brás Cubas, o fundador de Santos.
Com o passar do tempo, a vila que Martin Afonso criou, cresceu. As
caravelas e naus vindas de Portugal ancoravam em um porto primitivo,
chamado Porto das Naus, na Barra de São Vicente, local hoje tombado
1
RODRIGUES, Olao. Cartilha da História de Santos. 4. ed. Santos: Instituto Histórico Geográfico de Santos, 1981. p. 15
Fundação da Vila de Santos, quadro de Benedicto Calixto
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 14
15
pelo Patrimônio do Estado próximo à Ponte Pênsil e às margens do Mar
Pequeno. Os navegantes desembarcavam nesse porto improvisado e
seguiam de canoa até o povoado de São Vicente.
2
Visionário, partiu de Brás Cubas a iniciativa de transferir o porto da
Barra de São Vicente para o interior da baía de Santos, em águas
protegidas, inclusive do ataque de piratas, costumeiros visitantes e
saqueadores do povoado.
Em 25 de setembro de 1536, por escritura, Brás Cubas recebeu
doação de Martim Afonso, que por meio de sua mulher e procuradora Ana
Pimentel, organizou a documentação das terras de Jarabatyba ou
Jurubatuba, que também compreendia a Ilha Pequena, hoje Ilha Barnabé.
3
Lá, o fidalgo português iniciou o plantio da cana-de-açúcar, arroz, milho e
2
VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005.
3
Conhecida inicialmente como Ilha Mirim ou Ilha Pequena, e a partir de 1540 como Ilha de Brás Cubas (o fundador de Santos que ali residiu inicialmente, antes de se
transferir para seu terreno no sopé do atual Monte Serrat), essa ilha no estuário do porto santista teve também os nomes de Ilha dos Frades ou dos Padres (no século XVII,
após sua doação aos frades do Carmo, por Pedro Cubas). No século XVIII, foi conhecida como Ilha do Carvalho, ganhando no século XIX o nome atual, por ter pertencido a
Barnabé Francisco Vaz de Carvalhaes, importante cidadão santista, cujo solar em ruínas ainda existe em seu ponto mais alto - e no qual havia intensa movimentação social,
com festas memoráveis que ele ali fornecia. Em 26/1/1930, começou a ser usada como depósito de combustíveis e produtos químicos.
LICHTI, Fernando Martins. Poliantéia Santista. 1. ed. 1 vol. São Vicente: Caudex, 1986. p. 129
Mapa da Barra de Santos, de João Teixeira Albernaz (1627-1675), constam a ilha de São Vicente, engenhos
e fazendas da época
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 15
16
trigo, passando a residir na Ilha Pequena até 1541. Nessa ocasião, recebeu
ela a denominação de Ilha de Brás Cubas.
“Diz essa escritura que Brás Cubas era “criado” de Martim
Afonso e isso vem demonstrar que, deixando-o como deixou nas
terras da futura Santos, Martim Afonso já o fizera com a idéia de
incumbi-lo de atos locais em seu lugar, desde que ele precisava
voltar para o reino. Aliás, os muitos serviços que D. Ana Pimentel
declara na mesma escritura “dever o casal ao seu grande criado
Brás Cubas” eram em grande parte esses prestados na criação da
povoação de Enguaguaçú e no provimento do seu progresso inicial.
Por isso, foi que os nossos primeiros cronistas e historiadores
atribuíram exatamente a Martim Afonso o aparecimento da Vila de
Santos”.
4
4
LICHTI, Fernando Martins. Poliantéia Santista. 1. ed. 1 vol. São Vicente: Caudex, 1986. p. 67
17
Brás Cubas comprou terras de Pascoal Fernandes Genovez e
Domingos Pires, que se situavam no Enguaguaçú (termo que corresponde
a “enseada grande”). Nessa área, construiu a sua própria casa, ao lado do
Outeiro de Santa Catarina, para qual se mudou com o propósito de ficar
mais perto da Vila de São Vicente.
Por volta de 1541, verificando que o lugar era mais abrigado e
facilitava o transporte de cargas para a Vila de São Vicente, Brás Cubas
conseguiu que o porto fosse transferido para o Enguaguaçú (veja mapa na
página 14).
Aos poucos um povoado foi surgindo nessa área, motivado pela
construção de uma capela e de um hospital, cujas obras foram concluídas
em 1543. O hospital recebeu o nome de Casa da Misericórdia de Todos os
Santos.
18
Fonte: Souza, Clarissa Duarte de Castro, Planejamento urbano e políticas públicas em projetos de requalificação de áreas portuárias: Porto de Santos - desafio deste novo século.
2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade de São Paulo
19
“Residia, ajuntemos, no ponto em nossos dias formado pela
Rua Visconde do Rio Branco n° 46. Distribuiu terras. Criou a
agricultura. Ergueu um templo. Construiu um hospital, o da Santa
Casa, o primeiro no Brasil, que ainda subsiste. Não se pode
obscurecer a glória de haver ele fundado Santos. O fato de
Paschoal Fernandes e Bartolomeu Dias já aqui estarem quando da
chegada de Brás Cubas”.
5
Não quer dizer fossem esses povoadores
os fundadores da cidade de Santos.
Fundador é quem organiza a administração de uma
comunidade que está surgindo em lugar antes conhecido. Brás
Cubas distribuiu terras. Levantou uma casa de preces a Deus.
Ergueu um hospital aos marujos que aqui aportavam enfermos.
Cabem-lhe, portanto, as honras oficiais do grande acontecimento”.
5
RODRIGUES, Olao. Cartilha da História de Santos. 4. ed. Santos: Instituto Histórico Geográfico de Santos 1981. p. 15
20
Como capitão-mor e, sobretudo, na qualidade de Loco-Tenente de
Martim Afonso de Souza, Brás Cubas concedeu o Foral da Vila ao
Povoado de Santos no dia 19 de junho de 1545. (RODRIGUES, 1981). Foi
solene o acontecimento realizado junto ao pelourinho, o primeiro dos dois
que se ergueram ao lado da Casa do Conselho. O Padre Gonçalo Monteiro
procedeu à cerimônia da benção do prédio e do pelourinho; em seguida
Brás Cubas subiu ao pelourinho e exibiu o pergaminho ao povo, desfez os
laços de fita com as cores de Portugal, quebrou o lacre real, e com voz
firme leu a mensagem que elevava Santos à categoria de Vila. Muitas
palmas e vivas e agora Santos não era mais um povoado e ascendia a
categoria de Vila.
A pequena população vibrou, sentia-se feliz com o acontecimento.
294 anos depois, Santos foi elevada à categoria de cidade.
Durante esse espaço de tempo foram realizadas algumas
tentativas, sobretudo na própria Câmara Municipal quando três
21
vereadores requereram tal prerrogativa junto à Assembléia
Provincial, vendo-se contrariados pelos demais camaristas e pelo
Presidente dos trabalhos, sob o fundamento de que Santos ainda
não fazia jus a tal predicamento. Foi o Padre-Deputado Amaral
Gurgel o autor do Projeto de Lei que elevou Santos à categoria de
Cidade, aprovado pela Assembléia Provincial após emendas que
visavam homenagear a memória de José Bonifácio de Andrada e
Silva, falecido no ano anterior, com a alteração denominativa de
Santos para Cidade Bonifaciana”.
6
Rejeitadas as emendas, foi o Projeto aprovado e sancionado a 26 de
janeiro de 1839, atualmente data oficial em que se comemora o aniversário
da cidade, pelo Presidente da Província, Dr. José Venâncio Lisboa,
segundo a Lei n° 122, com artigo único que preceituava. “Fica elevada a
categoria de cidade de Santos, a vila do mesmo nome, pátria de José
6
RODRIGUES, Olao. Cartilha da História de Santos. 4. ed. Santos: Instituto Histórico Geográfico de Santos, 1981. p. 18
22
Bonifácio de Andrada e Silva, revogadas para isso as disposições em
contrário”. (RODRIGUES, 1981).
O Dia da Cidade foi criado pela Lei n° 775, de 17 de maio de 1926,
assinada pelo senhor Arnaldo Ferreira de Aguiar, Prefeito Municipal.
A Comarca de Santos foi criada pela Lei Imperial de 1832,
suprimida pela Lei n° 16, de 30 de março de 1858, e restabelecida pela Lei
n° 38, de 6 de maio de 1859.
Um fato relevante na história da cidade de Santos é segundo: José
Roberto Torero, em seu livro Chalaça, que o príncipe D. Pedro esteve em
Santos no final do mês de agosto de 1822, vindo de São Paulo, para
verificar o estado das fortalezas da cidade e para visitar os parentes do
ministro José Bonifácio.
Ele salienta que o príncipe chegou a Santos de barco, vindo do
Cubatão, desembarcando onde hoje é a Avenida Gaffrée e Guinle, no
Valongo. Dali, ele desceu o Beco do Inferno (atual Rua Frei Gaspar),
23
chegou aos Quatro Cantos e seguiu pela Rua Direita (atual XV de
Novembro) em direção à Matriz de Santos, onde foi rezar; sabemos que a
família de José Bonifácio residiu na Rua Santo Antonio (inclusive há
indicações da casa onde o ministro nasceu e a casa onde residia a família),
onde o príncipe ficou alojado. Torero conta que no dia 6 de setembro foi
servida uma costela de porco apimentada, que fez com que a comitiva
amanhecesse padecendo de distúrbios intestinais e, por isso, apressou a
volta para a capital. Aqui entra a versão local: chegando a Cubatão, o
príncipe foi obrigado a parar num dos ranchos do atual Largo do Sapo,
onde foi tratado com um chá de folha de goiaba, considerado na medicina
popular como antidiarréico; quem lhe prepara tal poção é uma jovem
cubatense, Maria do Couto, que chama a atenção do príncipe por sua
formosura; apesar de casada, o príncipe não se constrange em louvar-lhe a
beleza... Passada a fase aguda do distúrbio, o príncipe se põe a subir a
Calçada do Lorena, sendo alcançado pelo mensageiro real na colina do
24
Ipiranga. Agora fica a pergunta: se não fosse o chá de Maria do Couto,
onde o mensageiro encontraria D. Pedro?
Entre 1890 e 1900, as epidemias tomaram conta da cidade de Santos,
cerca de 50% dos habitantes contraiam doenças e morria-se com grande
facilidade. A população sucumbia à febre amarela, varíola, peste
bubônica, malária, febre tifóide e outras doenças. Nessa época a febre
amarela causou 6.683 mortes.
7
As más condições sanitárias da Cidade, além do péssimo serviço de
abastecimento de água e ausência da rede de esgotos, complicavam mais
esse quadro de morbidade. A planície via-se abafada pela vegetação e
permanentemente alagada, quase nivelando as marés altas. Sem declive o
terreno retinha as águas das chuvas e das nascentes dos morros. O
município começou a ser saneado de fato com a construção da rede de
esgotos, iniciada em 1889; porém o serviço foi executado pelo Governo do
7
RODRIGUES, Olao. Cartilha da História de Santos. 4. ed. Santos: Instituto Histórico Geográfico de Santos, 1981. p. 43
25
Estado
8
. Logo foram propiciadas à Cidade corretas redes de abastecimento
de água e esgoto. E a construção do cais pela Companhia Docas de Santos
e dos canais de dragagem tornou completo esse quadro de salubridade
pública, fazendo com que as epidemias deixassem de incomodar os
habitantes.
Não há menor dúvida que as obras da engenharia sanitária
consagraram os nomes dos Engenheiros Saturnino de Brito e José Pereira
Rebouças, e permitiram que Santos deixasse de alimentar a prosperidade
das casas funerárias e facilitaram o surgimento do progresso da cidade.
9
Inegavelmente, obra sanitária das mais relevantes de que Santos carecia
era a abertura dos canais de dragagem, o primeiro foi inaugurado a 27 de
agosto de 1907. Atualmente os canais estão adornados com banners em
referência aos 100 anos de aniversário de sua criação.
8
LANNA, Ana Lucia Duarte. Uma Cidade na Transição Santos: 1870-1913. São Paulo-Santos: Hucitec Editora. 1996. p. 87
9
VILAS BOAS, Sergio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005. p. 65
26
LINHA DO TEMPO DE NOSSA HISTÓRIA E FATOS
RELEVANTES COM BASE NO MAPA DA PÁGINA 19
10
1500 – Infelizmente muito pouco ficou registrado sobre a história da
colônia indígena da região na época pré-colonial. Sabe-se que a Ilha de
São Vicente, onde hoje esta á cidade de Santos, chamava-se Guaiaó; seus
habitantes originais, pertenciam à grande nação Tupi.
1501 – Depois da vinda da armada de Pedro Álvares Cabral em
1500, que oficializou perante a história o descobrimento do Brasil, em
1501, o rei português D. Manoel ordena uma expedição exploradora ao
Brasil, convidando o renomado florentino Américo Vespúcio para
participar como piloto e cosmógrafo. Foi Vespúcio quem batizou com
nome de São Vicente, pois era dia de São Vicente, a ilha conhecida como
Guaiaó.
10
A linha do tempo foi construída com base nas informações das seguintes bibliografias:
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Uma Cidade na Transição Santos: 1870-1913. São Paulo-Santos: Hucitec Editora
LICHTI, Fernando Martins. Poliantéia Santista. Vols. 1, 2 e 3. São Vicente: Caudex Editora, 1986.
RODRIGUES, Olao. Cartilha da História de Santos. 4. ed. Santos: Instituto Geográfico de Santos, 1981.
VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005.
27
De 1501 a 1530 – A costa brasileira e a região de São Vicente eram
alvo de muitas expedições oficiais e não oficiais que aqui vinham em
busca de escravos e do precioso pau brasil, objeto de comércio e também
de contrabando. Entre cinco e trinta anos antes da chegada de Martim
Afonso de Souza e da criação oficial de São Vicente, muitos estrangeiros
já haviam se estabelecido na região.
1531 – Em dezembro, a expedição colonizadora que é chefiada por
Martim Afonso de Souza fundeia seus navios em frente á praia do Sol
(praia do Góis), na Ilha de Santo Amaro. Nessa época o povoado de São
Vicente já possuía cerca de dez ou doze casas, algumas habitações
indígenas, armazéns para mantimentos, embarcações, o Porto das Naus
para barcos de grande calado, ali se concentrava grande atividade
econômica, pois era local de troca de mercadorias entre índios e
moradores. É nesse momento que aporta Martim Afonso de Souza e seus
homens.
28
1532 – Como Capitão Mor e Governador, Martim Afonso suspende
os negócios de escravos e com a autorização do rei D. Manoel, em 22 de
janeiro de 1532 dá foro de vila ao povoado de São Vicente, que veio
tornar-se a “célula má ter” do Brasil, capital da capitania que tomou o seu
nome, assim como o antigo Porto das Naus, se tornou Porto de São
Vicente.
De 1532 a 1540 – Pero Lopes, um dos comandantes de Martim
Afonso, adentra o Rio São Vicente em reconhecimento e depara com o já
conhecido Porto das Naus. Para lá ele leva as naus da armada e constrói
uma casa para guardar velas e equipamentos de navios. Neste local já
começam a existir os primeiros trapiches e casas de fiscalização
alfandegária, ali também se construiu o primeiro núcleo administrativo
santista.
De 1532 a 1540 – Haviam se estabelecido o fidalgo Luiz de Góis e
sua mulher Catarina de Andrade Aguillar que foram morar próximo ao
29
Outeiro e ali construíram a capela de Santa Catarina. A Brás Cubas, criado
de Martim Afonso e futuro feitor da nova colônia, coube ao o Monte de
São Jerônimo (Monte Serrat). Nessa época os colonos tinham a concessão
das terras, mas não a sua propriedade, que viria depois, de acordo com seu
desenvolvimento, no sistema de sesmarias.
11
De 1533 a 1540 – Em maio de 1533, Martim Afonso de Souza parte
para Portugal e deixa seu servidor pessoal, Brás Cubas, como feitor
arrecadador no povoado. Com a morte de Henrique Montes, assasinado
por ocasião de um ataque à São Vicente. Brás Cubas passa a desejar a
posse de suas terras, uma vez que as terras que lhe foram doadas, nos
11
A lei das Sesmarias foi promulgada em Santarém a 28 de maio de 1375, durante o reinado de D. Fernando I. Insere-se num contexto de crise económica que se manifestava
há já algumas décadas por toda a Europa e que a peste negra agravou.Assim, toda a segunda metade do século XIV e quase todo o século XV foram períodos de depressão. A
peste negra levou a uma falta inicial de mão-de-obra nos centros urbanos (locais onde a mortandade foi ainda mais intensa) que, por sua vez, desencadeou o aumento dos
salários das actividades artesanais; estes factos desencadearam a fuga dos campos para as cidades. Após estas consequências iniciais verificou-se, e tornou-se característica
deste período, a falta de mão-de-obra rural que levou à diminuição da produção agrícola e ao despovoamento de todo o país.
Disponível em <www.wikipedia.com>. Acesso em 10.abr.2008.
30
arredores do Monte Serrat, eram pequenas e encravadas entre as grandes
terras de Pascoal Fernandes. Em 1535, ele deixa em seu lugar, como feitor
Rodrigo de Lucena e parte então para o Reino a fim de pleitear com Ana
Pimentel, procuradora de Martim Afonso a posse das terras que queria que
fossem: Jurubatuba e Ilha Pequena (atual Barnabé).
1541 – Depois de oito anos ausente, assim que retorna de Portugal
em 1540, Brás Cubas começa a lutar pelo desenvolvimento do povoado e
consegue a transferência do Porto para o local chamando de Enguaguaçú,
onde ali já havia a capela de Santa Catarina e ai então começa a formação
da cidade de Santos.
1543 – É fundado o hospital, a Santa Casa de Misericórdia de
Portugal, para atender aos enfermos dos navios que ali aportavam e aos
moradores de toda região. O local escolhido foi o sopé do Outeiro de
Santa Catarina. O hospital ainda existe, porém em outro local e com nome
de Santa Casa de Misericórdia de Santos.
31
1544 – Brás Cubas adquire terras de Pascoal Fernandes e
Domingues Pires, próximas a sua primeira sesmaria perto do Monte
Serrat. São as primeiras terras que ele compra no Enguaguaçú e ali
constrói uma casa e se estabelece. Também em 1544 é nomeado o
primeiro juiz do povoado, Pedro Martins Namorado.
1545 – Brás Cubas assume o cargo de Capitão-Mor da Capitania de
São Vicente. Ninguém sabe ao certo quando Brás Cubas deu foro de Vila
ao povoado de Enguaguaçú – presume-se por documentos e escrituras
daquela época ter sido em fins de 1546, provavelmente em 1º de
novembro, por ser o dia de Todos os Santos. A Vila recebeu o nome de
Vila do Porto de Santos, por inspiração da data.
1550 – O rei de Portugal envia Antonio Cardoso de Barros como
Provedor Mor ao Brasil com a missão de organizar a arrecadação dos
impostos na colônia, criando casas de alfândega em todas as vilas
marítimas por onde ele passava. Outro fato relevante dessa época é a
32
chegada dos Jesuítas, que fundaram um colégio na Vila Capital, São
Vicente. Em 1567, o padre José de Anchieta convencido da necessidade
de transferir o Colégio Jesuíta da Vila de São Vicente para a Vila de
Santos, requer junto ao conselho a doação de um terreno junto a Casa de
Câmara, porém tendo ele que se ausentar e por falta de recursos a obra foi
paralisada.
1552 – Começa a construção do sistema de defesa, e Brás Cubas
manda erguer a Fortaleza de São Felipe. Pois os moradores sentiam-se
inseguros e ameaçados.
1583 – Santos é invadida pelos corsários ingleses de Edward Fenton.
Nesse momento é construída a Fortaleza da Barra Grande para trazer
segurança aos acessos por mar à Vila de Santos. Em 1591, houve um
terrível ataque a Santos, dessa vez, comandado por Thomas Cavendish,
um navio inglês adentra a barra sem ser avistado, fundeia no Porto e mira
seus canhões para o Forte da Vila, ordenando a sua rendição, a tripulação
33
que desembarca, de maneira brutal começa o saque e a depredação da vila
de Santos, a população foge atordoada e assustada para matas e sítios
vizinhos. Não conseguindo o retorno da população, Cavendish acaba por
se retirar. Sendo esse um dos maiores prejuízos para Santos, tendo perdido
documentos e vários registros históricos.
1603 – Erguida a capela de Nossa Senhora de Monte Serrat, no alto
do morro que São Jerônimo que perde seu nome original e vira Monte
Serrat, em 1615 após sofrer um ataque dos holandeses os moradores vão
buscar abrigo no Monte Serrat, dessa maneira cresce a devoção a Santa
que se torna a padroeira oficial de Santos.
De 1615 a 1765 – A Vila de Santos entra em uma fase de marasmo e
decadência. Muitos fatores contribuem para o esvaziamento da Vila: as
invasões estrangeiras que afugentavam os moradores, a participação de
Santos na guerra travada contra os holandeses, a fuga de doenças
34
infecciosas. O esvaziamento da Vila acarreta o esgotamento econômico,
não só de Santos como de todo litoral Vicentino.
1789 – Nos primórdios a comunicação com o planalto era feita por
canoas, apesar de já existir caminho por terra antes mesmo da fundação
das Vilas. O primeiro caminho conhecido era a “trilha dos goianazes”, fica
mais ou menos onde hoje esta a estrada velha de Santos, utilizado por João
Ramalho, que já estabelecera em Santo André. Em 1553, foi aberto outro
caminho por João Perez, o Gago. Esse caminho passou a ser o preferido
entre os dois, por ser menos sujeito ao ataque dos índios. Houve várias
tentativas de diversos governadores para melhorar o Caminho do Mar,
com aterros aqui e ali e reparos constantes no trecho da Serra, porém a
estrada era íngreme e escorregadia. Finalmente, o capitão-general
Bernardo José de Lorena, chamado para fazer reparos na estrada, mudou o
traçado na serra e resolveu o problema fazendo um novo traçado em
35
curvas. O novo “Caminho Calçado do Lorena” tinha 180 curvas e 9 km
eram calçados com pedras numa largura de 3 metros.
1808 – A corte se transfere para o Brasil, provocando o
desenvolvimento geral da colônia. Em Santos, o custo de vida diminui em
virtude da retomada da agricultura em áreas abandonadas.
1810 – Foi decretada a iluminação das ruas com 69 lampiões de
azeite de peixe. Também foi o ano em que o Brasil foi declarado Reino e
seus portos abertos aos navios estrangeiros.
1827 – Em 17 de fevereiro é inaugurada a Estrada de Rodagem de
Santos para São Paulo. Um grande aterro na região de Cubatão liga
definitivamente Santos e a Ilha de São Vicente ao continente. A estrada
deu nova expressão econômica ao Porto, ao município de Santos e a toda
Província de São Paulo.
1860 – A idéia da estrada de ferro e os ideais de Visconde de Mauá
deram início ao que seria a São Paulo Railway CO.
36
1867 – O caminho de ferro é inaugurado o acidentado terreno da
Serra do Mar era vencido por quatro planos inclinados de
aproximadamente 2 km de extensão. A ferrovia era um marco em
tecnologia para a época. Em 16 de fevereiro de 1867, os santistas
assistiram a chegada da primeira locomotiva a vapor. Todo movimento
comercial e industrial de São Paulo passou a utilizar essa ferrovia, que foi
fator determinante para o desenvolvimento de Santos.
De 1870 a 1880 – O espírito abolicionista de Santos começa a
ganhar forma nos idos de 1870 para se tornar uma campanha ruidosa por
volta de 1882, quando republicanos, liberais e abolicionistas e a sociedade
santista se entrega ao trabalho de libertar os escravos. Os santistas criam
quilombos para receber negros fugidos, sendo o Jabaquara o mais
importante.
De 1881 a 1888 – Em 1872, começam a circular os primeiros bondes
puxados a burro. Neste ano também se faz a canalização do Rio Cubatão,
37
o que diminui a taxa de mortalidade de cidade. Em 1888, Santos já possuía
20.000 habitantes, água limpa e encanada e iluminação a gás.
1889 – Uma grande epidemia de febre amarela toma conta da
cidade, acredita-se que com o acúmulo de iodo putrefato que ficava na
antiga praia do Consulado local onde se atiravam os resíduos da cidade
tenha sido o estopim da doença que assolou Santos. O saldo 708 mortos.
1892 – Estava pronto o primeiro trecho do porto organizado, com
um cais de 260 metros de extensão, novos armazéns e uma linha férrea. A
obra pioneira e que suplantou tremendas dificuldades técnicas, é
inaugurada em 2 de fevereiro de 1892, com a atracação do vapor
“Nasmitish” de bandeira inglesa.
1894 – É promulgada a Constituição Municipal de Santos, a
primeira do Brasil, mas ela é cassada pelos próprios vereadores santistas
antes de completar um ano de existência. Santos volta ao sistema de
38
intendência até o ano de 1907, quando elege seu primeiro prefeito por
eleição direta.
1900 – Com o desenvolvimento econômico e a expansão da cultura
cafeeira pelo interior de São Paulo, Santos torna-se o maior porto
exportador de café do mundo, destacando-se como um dos maiores
centros comerciais da América do Sul e atraindo grande contingente de
imigrantes europeus que aqui se estabeleceram para exercer atividades
ligadas ao porto e ao comércio.
De 1889 a 1914 – É desenvolvida uma grande campanha a fim de
sanear a cidade, começando com a construção do primeiro trecho de cais.
O sistema sanitário projetado por Saturnino de Brio criou as condições
necessárias e definitivas para o crescimento do Município e para o fim das
doenças e epidemias que tanto assolavam a cidade.
1936 – Sob a administração do prefeito Aristides Bastos Machado,
um dos prefeitos mais urbanistas até então, é entregue à população o
39
primeiro trecho da orla urbanizada, os jardins da praia, entre o Hotel
Internacional e o Canal 2 e no trecho Gonzaga Boqueirão. No ano seguinte
são inaugurados o Hotel Parque Balneário e o Atlântico Hotel, no Bairro
do Gonzaga.
1946 – Por decreto do então Presidente Eurico Gaspar Dutra o jogo
passa a ser proibido no Brasil, o que causa o fechamento dos vários
cassinos da cidade, inclusive o grande Cassino do Monte Serrat.
1968 – Através de um golpe militar, o exército assume o poder,
fecha o Congresso e passa a nomear os prefeitos de cidades consideradas
de “interesse militar” e pontos estratégicos do país. Com isso o porto de
Santos não escapa à intervenção, sua autonomia política é retirada e
prefeito recém eleito Esmeraldo Tarquínio é cassado. A cidade passa a ser
governada por prefeitos nomeados pelo governo federal, sendo o primeiro
deles o General Clóvis Bandeira Brasil.
40
1969 – A autonomia de Cubatão é decretada para a construção de
um parque industrial que atrai milhares de imigrantes provenientes do
nordeste brasileiro. Este fator vem a causar alguns problemas sociais e
agravar tantos outros.
1970 – Com o crescimento demográfico e turístico a partir da década
de 60 e a febre imobiliária que acaba com as grandes mansões da praia e
constrói centenas de edifícios ao longo da orla da praia e faz com que
novos bairros sejam criados e a população começa a expandir para outras
áreas da cidade.
Santos deixa de ser a cidade agradável que era até os anos 50. E em
1970 encontramos uma cidade bem diferente: pouquíssimas áreas verdes,
favelas se instalando nos morros, palafitas sendo erguidas nos mangues e
ar poluído pela proximidade com o pólo industrial de Cubatão. Mas o
maior de todos os problemas foi a perda da balneabilidade das praias,
tanto em Santos quanto em São Vicente. A poluição das águas deve-se a
41
vários fatores: a superlotação das cidades irmãs nas temporadas supera a
vazão do sistema de esgoto e parte dele é despejado em plena baía
vicentina; os resíduos e os esgotos lançados de forma clandestina nos
canais. Todos esses problemas afugentam os turistas para outros locais e
Santos passa a receber na maioria turistas de baixa renda, que depredam e
sujam ainda mais as praias.
1983 – É restabelecida a autonomia política da cidade e Santos pôde
eleger seu primeiro prefeito após 16 anos de intervenção federal.
De 1989 a 2000 – O ano de 1989 marca o início de um amplo plano
para a recuperação turística da cidade. Graças a Sabesp, com
investimentos em infra-estrutura, e ás comportas dos canais de Saturnino
de Brito, que voltam a ser utilizadas como se deve, a balneabilidade das
praias é recuperada em 1991. O último palacete remanescente da época
dos “barões do café”, na praia é restaurado e reabre como Pinacoteca
Benedito Calixto, o Museu de Pesca é totalmente revitalizado, o Aquário
42
Municipal sofre uma reforma, assim como a Praça Independência e o
canteiro central da Av. Ana Costa. Em 1995, A Embratur divulga um
balanço apontando Santos como a cidade mais visitada do litoral paulista.
Em 2000, os jardins da Orla entram para o Guiness Book World of
Records como o maior jardim de orla da praia do mundo, marca que detém
até os dias de hoje.
De 2002 aos dias de hoje – A partir de 1999, projetos como o Plano
de Revitalização do Valongo e Alegra Centro provocam o início da
recuperação do centro, no impulso da restauração total da antiga Bolsa do
Café, a prefeitura passa a oferecer incentivos fiscais e benefícios à
iniciativa privada em troca de restauro de prédios depredados, o que
melhora consideravelmente a cara da região central. Essas medidas mais a
promoção continuada de programação cultural e artística transformaram o
centro em foco de atração turística.
12
12
Disponível em <www.vivasantos.com.br>. Acesso em 10.abr.2008.
43
PEABIRU
A história brasileira, a despeito da quantidade de livros e pesquisas
publicadas ao longo dos anos, ainda é um enredo repleto de perguntas sem
resposta. E o que mais atormenta o imaginário de historiadores e
pesquisadores é algo tão misterioso e ao mesmo tempo inspirador: como
seria o Brasil antes da chegada de portugueses e outros exploradores
europeus?
Na busca por respostas, alguns indícios têm vindo à tona, os quais
revelam algo no mínimo surpreendente: comerciantes e soldados Incas
teriam pisado em território brasileiro e mantido, mesmo que isoladamente,
contato com nossos indígenas, principalmente os guaranis.
Segundo o escritor Eduardo Bueno em seu livro Náufragos,
Traficantes e Degredados, o Peabiru “não se tratava de uma mera vereda
na mata: era quase uma estrada, sinalizada por certa erva muito miúda”.
44
A denominação Caminho do Peabiru aparece pela primeira vez no
livro História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán, escrito
pelo padre jesuíta Pedro Lozano, nascido em 1697.
Outro aspecto que também pouca gente sabe, na Baixada Santista, é
que São Vicente, além de ser a primeira vila organizada fundada no País,
foi também um dos pontos de partida desse caminho ou rota, cujo nome
em tupi-guarani significa pe (caminho) e abiru (gramado amassado).
Destaca-se que a trilha que ligava o litoral brasileiro aos Andes
também era alcançada a partir de Cananéia (SP) e de Porto dos Patos (SC).
Mas é difícil reconhecer esses peabirus ou caminhos antigos. O que
tem dificultado o trabalho dos estudiosos é o fato de que o
desenvolvimento, particularmente a agricultura, acabou por apagar boa
parte do traçado original desses caminhos. Em São Paulo, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul praticamente não existem mais
trechos originais.
45
Somente em 1970 é que alguns vestígios do Peabiru foram
encontrados pela equipe do Prof. Igor Chmyz, da Universidade Federal do
Paraná. O grupo achou cerca de 30 km da trilha na área rural de Campina
da Lagoa (PR). Ao longo do trecho o pesquisador descobriu sítios
arqueológicos com restos de habitações utilizadas, provavelmente, quando
os índios estavam em viagens.
Algumas iniciativas têm buscado recuperar parte da rota, o trabalho
do arquiteto Daniel Issa Gonçalves, pela USP, posiciona o caminho sobre
a atual malha urbana da cidade de São Paulo. “As trilhas indígenas são um
dos raros testemunhos da vida no período pré-colombiano brasileiro”
afirma o arquiteto.
Os pesquisadores acreditam que o Peabiru pode ter sido utilizado
pelos Itararés, no interior paranaense, já nos 400 ou 500 D.C. e também já
foram encontrados indícios de que o caminho fora utilizado em seu trecho
paraguaio e andino no século VIII. Mas a principal característica que faz
46
do Peabiru algo excitante aos olhos de muitos pesquisadores é a
possibilidade dele ter sido utilizado para o contato entre índios brasileiros
e os Incas.
13
ENGENHO DOS ERASMOS
O mais antigo vestígio do período do açúcar na Capitania de São
Vicente é o Engenho dos Erasmos, cuja construção se deu em 1534.
Atualmente as ruínas foram tombadas pelo Patrimônio Histórico (atual
IPHAN) em 1963, e integradas ao acervo da Universidade de São Paulo. O
engenho é considerado um dos três mais antigos do Brasil.
Nos primórdios era chamado de Engenho do Governador ou
Engenho de São Jorge. Logo se tornou propriedade da família Schetz, da
Antuérpia (Bélgica), por intermédio do flamengo Johan Van Hielst (os
portugueses o chamavam de João Veniste ou João Visnat). Vaniste ou
13
Fonte: Jornal A Tribuna em 5 de novembro de 2001.
Disponível em < http://www.novomilenio.inf.br/sv/svh009b.htm>. Acesso em 1.mar.2008.
47
Visnat montou sociedade com Martin Afonso de Souza, Pero Lopes de
Souza, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves em 1533. Os acionistas desta
companhia eram chamados “Armadores do Trato”.
14
GEOGRAFIA
A Cidade de Santos está localizada no litoral do Estado de São
Paulo, sob o Trópico de Capricórnio, a 23”56”27” de latitude sul e
45”19”48” a oeste do Meridiano de Greenwich.
O Município de Santos estende-se por uma área de 280,9 km
2
, sendo
39,4 km
2
na parte insular e 241,5km
2
na parte continental.
Esta limitada ao Norte por Santo André e Mogi das Cruzes; ao Sul
pelo Oceano Atlântico e Ilha de Santo Amaro (Guarujá); a Leste por
Bertioga, e a Oeste por Cubatão e São Vicente.
Santos possuiu 418.375 habitantes (IBGE, CENSO 2000).
14
Vilas Boas, Sergio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo, Editora Audichromo. 2005. p. 30.
48
Na área insular, em terreno plano sem contar os morros, a cidade
está apenas a 2 metros acima do nível do mar. Dentre os morros, o ponto
mais alto fica no Morro do Cutupé, com 211 metros de altitude. O morro
do Cutupé fica próximo à divisa com São Vicente, na confluência dos
bairros São Jorge, Morro Nova Cintra e Morro Embaré.
O ponto mais alto do município fica na área continental, na divisa
com Santo André, nas coordenadas UTM 368.900W, 7.369.720 Sul, e tem
1.189 metros de altitude.
Santos apresenta clima litorâneo de transição. Registra temperaturas
extremas de 42° e mínimas inferiores a 10°, sendo a temperatura média de
20°, com índice pluviométrico elevado, prevalecendo o clima quente e
úmido, tipicamente tropical.
O solo é constituído de areia e granito nas regiões baixas (praias) e
rochas cristalinas, gnaisse e granito nas regiões altas.
49
Na parte insular os rios são canalizados. Na parte continental os rios
formam meandros, sendo os mais importantes: os rios Quilombo,
Jurubatuba, Diana e Cabuçu.
Santos dista aproximadamente 72 km da capital do Estado, podendo
ser alcançada diretamente através das rodovias Anchieta (SP-150),
Imigrantes (SP-160). Outro antigo acesso direto, o “Caminho do Mar”
(SP-148), ou “Estrada velha de Santos” (Rodovia dos Caiçaras), foi
tombada pelo Condephaat em 1972 pelos monumentos históricos que
possui em seu trajeto, porém se encontra interditada ao trânsito de
veículos, aberta somente para passeios turísticos a pé. Santos ainda dista
certa de 501 km do Rio de Janeiro pela Rodovia Rio-Santos (SP-55) e 480
km de Curitiba pelas Rodovias Padre Manoel da Nóbrega (mais conhecida
como Pedro Taques): SP-55, SP-165 E BR-116.
15
15
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS. Disponível em <www.santos.sp.gov.br>. Acesso em 13.ago.2007.
50
51
OS PLANOS DIRETORES DE 1968 E 1998
A lei de número 3.529 de 16 de abril de 1968 institui o Plano Diretor Físico do
Município de Santos, suas normas ordenadoras e disciplinadoras e dá outras
providências. A cidade de Santos possui os planos de 1968 e o de 1998, e suas leis
complementares. Ao estudar ambos verifica-se a grande preocupação em se ordenar e
disciplinar o seu desenvolvimento de forma integrada e harmônica e propiciar o bem-
estar social da comunidade santista. No plano diretor de 1968 já é possível verificar a
preocupação em se preservar os edifícios históricos e a consolidação do centro
principal da cidade para que desta forma seja incentivado o turismo e fortalecimento
da economia da cidade. Alguns pontos relevantes para o início do Turismo Histórico e
da preservação dos edifícios.
“O plano diretor físico do município de Santos tem como finalidade: assegurar o
desenvolvimento físico nacional, harmônico e estético das estruturas urbanas e rurais,
52
propiciar estruturas urbanas capazes de atender plenamente às funções de habitar,
trabalhar, circular e recrear”.
16
Além disso, o plano deve proporcionar à população o ambiente urbano que lhe
permita usufruir uma vida social equilibrada e sadia. Para tanto, destacam-se as áreas
livres destinadas à recreação e ao lazer, observadas as percentagens fixadas por esta
lei do plano diretor de 1968, sua distribuição urbanística adequada no contexto urbano
e seu tratamento paisagístico. O plano cuida ainda da preservação e revitalização dos
locais históricos, inclusive monumentos públicos. Para tanto a renovação urbanística é
definida com uma política do município para evitar a decadência de áreas e
equipamentos comunitários para propiciar a revitalização daquelas áreas já em
declínio ou exauridas, o plano destaca ainda a importância de uma efetiva promoção
social da comunidade.
16
PLANO DIRETOR FÍSICO DO MUNICÍPIO DE SANTOS. 1968, Lei nº 3.529, Artigo 12, Inciso III, p.4.
53
O abairramento de Santos compreenderá 30 (trinta) bairros, por este plano de
1968. No entanto as questões históricas encontram-se predominantemente nos bairros
de: Paquetá, Valongo, Centro, que serão, portanto, objeto de estudo nesta dissertação.
Destaca-se que esses bairros abrangidos nesta dissertação fazem parte do
conhecido projeto Alegra Centro, que vem sendo implantado desde o ano 2000.
O Plano Diretor de 1968 prevê ainda que o sistema viário do município de
Santos deverá ser planejado e implantado, segundo uma hierarquia das vias,
compatível com as funções que desempenhar na estrutura física da área urbana, de
expansão urbana e rural, assegurando a realização de uma integração de vias entre si.
Também para promover o bem estar da comunidade santista, as áreas urbanas e
de expansão urbana do município de Santos deveriam obedecer ao zoneamento de uso
e ocupação do solo, respeitando as normas de construção quanto aos lotes, quadras,
edificações e compartimentos. Porém, a área rural não seria objeto de zoneamento de
uso, nela sendo permitidos todos os usos do solo, além dos especificamente
agropecuários.
54
Em termos culturais, o plano diretor de 1968 tratou dos usos educacionais e
culturais em geral, inclusive dos religiosos; e os usos recreativos, compreendendo
cinemas, teatros, auditórios, balneários, clubes noturnos (boates, cabarés, danceterias,
cassinos e bares com música), clubes sociais e esportivos, inclusive estádios.
No caso dos matadouros e frigoríficos, estes só poderiam ser construídos e
instalados em terrenos com área suficientemente ampla para garantir a sua inocuidade,
ou seja, que não poluíssem e contaminassem a população.
O mapa mostra o zoneamento de Santos, organizando as seguintes zonas: Zona
da Orla, Zona Intermediária, Zona Portuária, Zona Turística, Corredores de Proteção
Cultural. Em detalhe observa-se a área voltada para o turismo cultural. Sob esse
aspecto, o tratamento paisagístico e estético das praias deveria atender plenamente à
recreação e ao lazer da comunidade santista e suas funções turísticas principalmente
ligadas às praias recebendo adequadamente e permanentemente tratamento
paisagístico e estético, respeitadas a harmonia e equilíbrio do desenvolvimento físico.
55
No caso da área recreativa e turística do Morro da Nova Cintra, destaca-se a
preocupação em ter um espaço recreativo, auditório ao ar livre, jardim botânico,
jardim zoológico, mirantes e unidade residencial turística, esse plano diretor de 1968
propunha ainda a implantação de um centro esportivo, com solução paisagística no
sentido de revitalizar e preservar o Engenho de São Jorge dos Erasmos, que se situa na
descida do morro da Nova Cintra, como local histórico e de atração turística.
Finalmente, observa-se que para eliminar os defeitos e falhas paisagístico-
funcionais da estrutura urbana e evitar a decadência de áreas e equipamentos
comunitários ou corrigir suas deficiências, revitalizar áreas em declínio ou exauridas e
realizar efetiva promoção social da comunidade santista, foi instituída uma política de
renovação urbanística, a fim de permitir a construção de empreendimentos de amplas
proporções desde que adequadamente planejados e coordenados. E, para isso deveria
contar com um planejamento e execução na forma de uma reurbanização integrada de
quadras, bairros ou zonas de modo a se observar os mais modernos padrões
56
urbanísticos para Santos, que atua como centro regional e como cidade,
simultaneamente portuária, comercial e turística.
Esta política de renovação urbanística tinha como relevantes os seguintes
objetivos sociais:
17
“I – Revitalizar a paisagem do centro comercial e histórico de Santos e valorizar
a Orla da Praia, mediante renovações paisagísticas e funcionais dinâmicas das suas
estruturas;
II – restabelecer usos originais de edificações ou a elas adequados ou dar-lhes
destinações que forem mais condizentes com a zona de uso em que se acharem
situadas;
III – recuperar as edificações degradadas ou erradica-las nos casos evidentes de
inconveniência de sua recuperação;
IV – reagrupar lotes, remanejar quadras ou reurbanizar bairros e zonas no
sentido de valorizar a paisagística e funcionalmente a estrutura urbana;
17
PLANO DIRETOR FÍSICO DO MUNICÍPIO DE SANTOS. 1968, Lei nº 3.529, Artigo 22, Inciso III, p.12
57
V – promover a urbanização de terrenos não aproveitados em correspondência
com as necessidades sociais da comunidade e em conformidade com os requisitos e
padrões urbanísticos estabelecidos por esta lei, estimulando o seu planejamento e a
execução dos serviços e obras deste decorrente por intermédio de particulares da
Prodesan ou Cohab;
VI – estimular a melhoria das edificações de baixo custo e a ampliação de seus
compartimentos, a fim de possibilitar maiores comodidade e conforto e a instalação de
equipamentos e obras complementares”.
Do exame dessas propostas do plano diretor de 1968, destaca-se, a política de
renovação urbanística ocupa o lugar destacado a preservação e a revitalização dos
locais históricos, objetivando
18
:
“I – garantir na medida do possível, a imutabilidade das edificações e dos
logradouros histórico-tradicionais, quanto a alargamentos, tratamento dos passeios e
faixas de rolamento das vias;
18
PLANO DIRETOR FÍSICO DO MUNICÍPIO DE SANTOS. 1968, Lei nº 3.529, Artigo 22, Inciso III, p.12
58
II – recuperar edificações características de determinada época, destinando-as a
usos adequados;
III – orientar e incentivar nas áreas em torno dos locais históricos, usos e
atividades compatíveis com suas características;
IV – incrementar o turismo.”
Os instrumentos para assegurar a preservação e a revitalização dos locais
históricos são os seguintes:
“a) convênios com a Diretoria do Patrimônio Histórico Artístico Nacional,
visando o tombamento das edificações e logradouros de caráter histórico-tradicional;
b) estímulos tributários para usos e atividades adequadas em torno dos referidos
locais;
c) penalidades pelo não cumprimento das normas regulamentadoras da
preservação dos locais referidos;
d) para aprovação de qualquer plano de desmembramento ou reagrupamento, de
lotes e de remanejamento de quadras ou projeto de construção ou reconstrução de
59
edificação nas vizinhanças de monumentos ou locais históricos tombados e de
qualquer plano de reurbanização de bairro ou de zona onde estes monumentos ou
locais se acham situados, é obrigatório prévio parecer da Diretoria do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional”.
Decorridos 30 anos, Santos veio a contar com outro Plano Diretor de 1998.
Agora toma vulto a questão da melhoria da qualidade de vida dos munícipes, o
desenvolvimento da cidade com a expansão da área urbana, e o desenvolvimento de
suas funções sociais e econômicas. Neste enfoque o plano diretor é o instrumento
legal básico e estratégico da política de desenvolvimento do município. Nesse sentido
este plano de 1998, aprovado por lei estabelece as diretrizes de atuação dos agentes
públicos e privados para a elaboração e consolidação dos Planos de Ação Integrada,
visando o desenvolvimento sustentável.
60
Neste plano, entende-se por desenvolvimento sustentável a compatibilização do
desenvolvimento econômico e social com a preservação ambiental, garantindo a
qualidade de vida e uso racional dos recursos naturais ou não.
19
Assim sendo os objetivos gerais do Plano Diretor são:
“I – assegurar o desenvolvimento econômico e social do município e a
preservação do meio ambiente ecologicamente correto, visando a melhoria da
qualidade de vida e o bem-estar da coletividade;
II – adequar e promover a compatibilização do processo de planejamento
ambiental e normalização do território do município aos planos e projetos regionais;
III – instituir as formas de parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada
na elaboração e execução dos projetos de interesse público que dinamizem o setor
produtivo;
IV – promover a integração dos sistemas municipais de circulação e transporte
regional;
19
PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE SANTOS. 1998, Lei Complementar 311, Parágrafo único.
61
V – estabelecer normas gerais de proteção, recuperação e uso do solo no
território do município”.
Na implantação e das áreas prioritárias de ação, são instrumentos adequados
para a efetiva implantação da política de desenvolvimento do município, ficam
estabelecidas as seguintes áreas prioritárias de ação:
I – Turismo
II – Porto
III – Comércio e prestação de serviços;
As diretrizes referentes às atividades econômicas são:
“I – promover o desenvolvimento das atividades econômicas características do
município, buscando a participação da iniciativa privada nos investimentos
necessários;
II – criar incentivos que estimulem o investimento e a infra-estrutura para a
implantação de atividades turísticas locais e regionais;
62
III – criar incentivos que estimulem o investimento e integração do sistema
portuário com o município”.
Nessas diretrizes de 1998, destacam-se aquelas relativas ao uso e ocupação do
solo no que tange a preservação, em que se estimulam na área urbana mecanismos e
regras urbanísticas voltadas para o adensamento de áreas com infra-estrutura ociosa.
Destacam-se ainda os mecanismos de incentivo à recuperação e conservação do
patrimônio cultural, natural e construído.
No que se refere às diretrizes de circulação e transporte destaca-se a prioridade
aos investimentos no sistema viário, seus equipamentos de gerenciamento de trânsito,
sinalização, operação, fiscalização e infra-estrutura propriamente dita, objetivando a
estruturação e integração municipal e regional, com obras de complementação do
sistema viário estrutural, correção e geometria, para eliminar pontos e trechos com
estrangulamento e procurando melhorar a fluidez e a segurança do trânsito. Nas áreas
urbanas tornam-se importantes as diretrizes e procedimentos que possibilitem a
mitigação do impacto de empreendimentos pólos geradores de tráfego seja com
63
relação ao sistema de circulação, seja de estacionamento, harmonizando-os com o
entorno, de modo a adaptar os pólos existentes ao eliminar conflitos. Por sua vez, na
região metropolitana o plano de 1998, incentiva a integração intermodal do transporte
de cargas e passageiros, além de procurar ordenar um sistema de circulação de cargas,
minimizando as interferências com o sistema viário urbano, em especial na área
central.
Além disso, com referência ao parcelamento, ocupação, aproveitamento e uso
do solo, na área insular do Município de Santos, as zonas de uso e ocupação foram
divididas em categorias, como mostra o mapa. Segundo o plano diretor de 1998, as
zonas estão divididas em:
“ZO – Zona da Orla – área caracterizada pela predominância de
empreendimentos residenciais verticais, de uso fixo e de temporada, permeada pela
instalação de atividades recreativas e turísticas onde se pretende, através da
regulamentação dos usos e preservação de áreas exclusivamente residenciais, o
64
incremento de atividades recreativas e turísticas e o incentivo à substituição dos
prédios em desaprumo.
ZCI – Zona Central I – área que agrega o maior número de estabelecimentos
comerciais e de prestadores de serviços, e o acervo de bens de interesse cultural,
objeto de programa de revitalização urbana no qual se pretende incentivar a proteção
do patrimônio cultural, a transferência dos usos não conformes, e a instalação do uso
residencial.
ZCII – Zona Central II – caracterizada por ocupação de baixa densidade e
comércio especializado em determinadas vias, onde se pretende incentivar a
renovação urbana e o uso residencial.
ZP – Zona Portuária – área interna ao Porto e área retroportuária com a intensa
circulação de veículos pesados e caracterizada pela instalação de pátios e atividades
portuárias impactantes, cuja proposta é minimizar os conflitos existentes com a malha
urbana otimizando a ocupação das áreas internas ao Porto, através de incentivos
fiscais.
65
CPC – Corredores de Proteção Cultural – correspondem às áreas de interesse
cultural com acervo de bens imóveis que se pretende proteger, ampliando os
incentivos á recuperação e preservação do conjunto existente, através de instrumento
de transferência de potencial construtivo. A realização de obras nos CPC, por
iniciativa de órgãos da União, do Estado ou do Município, bem como de suas
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações fica
condicionada à prévia aprovação pelos órgãos da prefeitura, após manifestação
favorável do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos – CONDEPASA.
66
67
1.1 Aspectos Socioeconômicos
Santos, por suas atividades produtivas, reflete um posicionamento
estratégico relevante, estendendo seu círculo de influência além dos
limites do Estado de São Paulo.
A participação de Santos na geração de renda do Estado pode ser
medida através do indicador que mostra sua participação: 0,63% no Valor
Adicionado do Estado (SEAD, 2000) e pelas atividades sujeitas à
legislação do ICMS – Santos arrecadou 0,5% do total do ICMS do Estado.
Outro elemento relevante na caracterização da situação da economia
da cidade diz respeito à natureza da Receita Fiscal gerada pelas atividades
nela desenvolvidas e sua distribuição entre os vários níveis da
administração. Sendo assim Santos apresenta R$ 1.029,46 de receita
municipal total “per capita”. (Fundação SEAD, 2000)
68
A economia na cidade de Santos é basicamente formal. Segundo
números de março de 2002 divulgados pelo NESE (Núcleo de Estudos e
Pesquisa Socioeconômicos), o setor que mais emprega é o de serviços,
seguido pelo comércio.
Novos investimentos no município acabam por gerar muitos de
novos empregos. Entre os mais recentes projetos implantados em Santos,
no que se refere à geração de empregos destacam-se:
20
Shopping Praiamar – 4000 empregos
Telesp Celular – 2000 empregos (Baixada Santista)
Grupo Pão de Açúcar – 1200 empregos
A região administrativa de Santos é a terceira maior em
concentração de investimentos privados fora da região metropolitana de
São Paulo. (SEAD, 2000)
20
Disponível em: <www.investsantos.com.br> . Acesso em 12.out.2007.
69
O turismo derivado dos fluxos de habitantes da região metropolitana
e do interior do estado que se dirigem ao litoral à procura de praias,
também alavanca parte da economia da cidade. A iniciativa privada e o
poder público não estão medindo esforços para que o turismo venha ser
primeiro alavancador e gerador de emprego da cidade. A atividade
turística tem uma situação consolidada e de grande efeito direto sobre o
setor terciário a ele vinculado, especificamente como os serviços de
alojamento, alimentação, comércio varejista e o setor imobiliário que com
a abertura da nova Rodovia dos Imigrantes trouxe um “boom” imobiliário
para a cidade. As atividades turísticas estimuladas pela população
flutuante vinda da capital e interior do Estado impulsionaram a construção
civil, redimensionando a infra-estrutura urbana, principalmente o
comércio, com a implantação de shoppings centers, supermercados e áreas
para eventos e convenções, desenvolvendo um outro tipo de turismo, o de
negócios.
70
O PORTO DE SANTOS
É realmente impossível falar de Santos e passar incólume sobre o
porto que, com certeza, é o maior da América Latina.
Brás Cubas, fundador de Santos, foi decisivo para o longevo Porto
de Santos. Visionário, foi dele a iniciativa de transferir o porto,
inicialmente localizado às margens do Mar Pequeno, na Bacia de São
Vicente, para o interior da baía de Santos, com a finalidade de proteger os
navios portugueses que chegavam à Capitania de São Vicente de ataques
de piratas e também defender o povoado de saqueadores estrangeiros.
Por volta de 1541, Brás Cubas foi autorizado a transferir o porto
para o Enguaguaçú, que ficava mais ou menos onde hoje está localizada a
Praça Rio Branco e a Praça da República. Naquela época, nesse local
surgiu um povoado que viria a se tornar vila e depois cidade. Portanto, a
história do porto está diretamente entrelaçada com a história de Santos e
vice-versa.
Panorama do canal do Porto de Santos dentro do cenário da cidade
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 87
71
Porém, a data oficial da inauguração do Porto de Santos é 2 de
fevereiro de 1892, primeiro porto organizado do Brasil (vide mapa na
página 31), quando a então Companhia Docas de Santos – CDS entregou à
navegação mundial os primeiros 260 metros de cais, na área, até hoje
denominada Valongo. Naquela data atracou no novo e moderno cais, o
vapor “Nasmith” de bandeira inglesa.
21
Com a inauguração, iniciou-se também, uma nova fase para a vida
da cidade, pois os velhos trapiches e pontes fincados em terrenos lodosos
foram substituídos por aterros e muralhas de pedra. Uma via férrea de
bitola de 1,60 metros e novos armazéns para guardar mercadorias
compunham as obras do porto.
Por mais de três séculos e meio, o Porto de Santos, embora tivesse
crescido, manteve-se em padrões estáveis, com o mínimo de mecanização
e muita exigência de trabalho físico. Além disso, as condições precárias de
21
As obras de construção do cais do Porto de Santos foram iniciadas em julho de 1888 e, em fevereiro de 1892, o navio “Nasmith” inaugurava o primeiro trecho com 260
metros de extensão, registrando o momento histórico em que o modesto atracadouro se tornava o primeiro porto organizado do Brasil.
No dia 3 de fevereiro de 1892, o vapor “Nasmith” de bandeira inglesa, atracou no Porto de Santos
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 74
72
Fileira de carregadores transportando café para o navio atracado no porto de Santos: sacas nas costas
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 72
73
higiene e salubridade do porto e da cidade eram agentes facilitadores do
aparecimento de doenças de caráter epidêmico.
A cultura do café estendia-se, na ocasião, por todo o Planalto
Paulista, atingindo até algumas áreas da Baixada Santista, o que
pressionava as autoridades para a necessidade de ampliação e
modernização das instalações portuárias. Afinal, o café poderia ser
exportado em maior escala e rapidez.
22
Em 12 de julho de 1888, pelo Decreto n° 9.979, após concorrência
pública, o grupo liderado por Cândido Gaffrée e Eduardo Guinle foi
autorizado a construir e explorar, por 39 anos, depois ampliado para 90
anos, o Porto de Santos, com base no projeto do engenheiro Sabóia e
Silva. Com o objetivo de construir o porto, os concessionários
constituíram a empresa Gaffrée Guinle & Cia, com sede no Rio de Janeiro,
22
ARAUJO FILHO, Jose Ribeiro de. Santos, O Porto do Café. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1969. p. 136
Fileira de carregadores transportando café para o navio atracado no porto de Santos: sacas nas costas
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 72
74
mais tarde transformada em Empresa de Melhoramentos do Porto de
Santos e, em seguida em Companhia Docas de Santos.
23
Cidade portuária, cosmopolita, antenada com as tendências mundiais
e extremamente politizada. Santos vivia intensamente, às vésperas da
Revolução de 1964, toda a agitação política e social que caracterizava esse
período no Brasil. A ampla organização sindical, a quantidade expressiva
de greves dos trabalhadores, com inúmeras bandeiras vermelhas e o
símbolo da foice e do martelo nas manifestações dos grevistas,
contribuíram muito para que a cidade ganhasse, nessa década, o apelido de
Nova Moscou e o porto de Porto Vermelho, significando com isso a
afirmação de que seria um dos pontos de grande efervescência do
comunismo fora da então União Soviética. A cidade pagou caro por essa
alcunha, na forma de forte repressão política, declaração de zona de
23
PORTO DE SANTOS. Disponível em: <www.portodesantos.com>. Acesso em: 13.ago. 2007.
75
segurança nacional e consequente cassação da autonomia para escolha de
seu prefeito por quase duas décadas.
24
Efetivado o golpe de Estado de 31 de março de 1964, o Comando
Revolucionário após 10 de abril cassou deputados, senadores,
governadores, prefeitos, militares, desembargadores, embaixadores e
outros funcionários públicos.
25
Em entrevista com o senhor Eduardo Alves
de Lima, hoje com 72 anos, ele declara: “Em Santos, consegui meu
primeiro emprego na Marinha Mercante, cheguei a ficar um ano dentro de
navio. Quando comecei a me dedicar inteiramente à estiva, já era filiado
ao PCB. Fiz cursos de organização sindical na ex-União Soviética e fui
prisioneiro da ditadura militar”.
Nos principais centros urbanos brasileiros, aprofundava-se a
sensação de abertura para o mundo, de transformação histórica. Afinal
estávamos compaginados, alinhados com a Grécia, Itália e Bélgica, num
24
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Uma Cidade na Transição Santos: 1870-1913. São Paulo-Santos: Hucitec Editora. 1996
25
MOTA, Carlos Guilherme. Viagem Incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): a grande transação. São Paulo: Editora Senac, 2000.
76
momento em que também a Polônia, a Hungria e a Irlanda buscavam
afirmar-se enquanto nações. Demais as rotas comerciais mantinham
contatos, fora do mundo luso-brasileiro, com portos como Barcelona,
Baltimore, Bordeaux, Marselha e Liverpool.
26
A LINHA FÉRREA E A CIDADE DE SANTOS
Um porto sem trilhos e sem estradas conectadas aos centros de
produção é como uma cidade sem ruas. (VILAS BOAS, SÉRGIO, p. 102.
2005). Antes da inauguração da primeira ferrovia paulista, em 1897, que
ligou Santos a São Paulo e Jundiaí, muitos caminhos foram abertos a facão
e machado na Serra do Mar. Atualmente ao descer a Rodovia dos
Imigrantes não imaginávamos a dificuldade que era percorrer esse
caminho. Os caminhos de Cubatão a São Paulo, que galgavam a Serra de
Paranapiacaba, na segunda metade do século XVIII, achavam-se em
26
MOTA, Carlos Guilherme. Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000). Formação: histórias. São Paulo: Editora Senac, 2000.
77
condições de quase intransitabilidade, tanto para os viajantes quanto para
as tropas que conduziam as mercadorias. As reclamações dos interessados
no tráfego por aqueles caminhos chocavam-se contra a habitual e
conhecida inércia de nossos governantes.
A metrópole portuguesa, sequiosa pelo ouro das Minas Gerais,
simplesmente abandonara a Capitania de São Vicente à própria sorte. O
trajeto era uma verdadeira via crúcis. As mercadorias do interior,
destinadas à Vila de Santos, e vice-versa, eram transportadas em lanchões
que navegavam entre os portos das duas vilas. Segundo historiadores,
naquela época ainda não eram utilizados os burros de cargas, que muitos
anos depois haveriam de se tornar um dos grandes propulsores da riqueza
local, quando o café se constituiu no principal gênero de exportação
comercial, por volta de 1850. (VILAS BOAS, 2005, p.56).
Todo o serviço de transporte entre o mar e a terra era antes
executado pelos robustos escravos dos diferentes trapiches, em carros
78
puxados pelos negros escravos. Tais carros eram construídos de pranchas
de pau, ligadas umas as outras, e assentes sobre pequenas rodas com
aproximadamente 50 centímetros de diâmetro.
27
No que se refere ao escoamento de mercadorias até o Porto de
Santos, especialmente o café, só uma estrada de ferro poderia substituir
com eficiência as várias rotas terrestres construídas nos períodos colonial e
imperial. Contra caminhos tortuosos só mesmo uma estrada de ferro. O dia
16 de fevereiro de 1867 é uma data inesquecível para os a população
santista,
Com grande festa, a ferrovia São Paulo Railway (SPR), galgando a
Serra do Mar, estava aberta ao tráfego. Para sair do papel e tornar-se
realidade essa obra magnífica para a época precisou do apoio de Irineu
Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, nome da praça onde se situa o
Paço Municipal e também exibe um busto em sua homenagem por sua
27
Definição de trapiche disponível em < www.wikipedia.com >. Acesso em 10.abr.2008.
79
grande contribuição para a evolução de Santos. Durante todo o ano de
1855, Mauá procurou se entender com duas figuras importantes: José da
Costa Carvalho (Marquês de Monte Alegre) e José Antonio Pimenta
Bueno (Marquês de São Vicente).
Um decreto de 1856 concedeu à companhia organizada por esses
homens o privilégio de construir e explorar uma estrada de ferro que
partindo de Santos, passasse por São Paulo e atingisse Jundiaí. A
concessão incluía: “privilégio de zona” ou cinco léguas para cada lado da
estrada; obtenção de terras devolutas necessárias à estrada; isenção de
taxas de importação de materiais; exploração de qualquer mina que se
encontrasse nos limites de seu privilégio.
28
Com estes atos se constituiu a empresa The S. Paulo (Brazilian)
Railway Company. Com esse nome estrangeiro, a ferrovia operou até
1946, quando passou a se chamar: Estrada de Ferro Santos Jundiaí.
28
VILAS BOAS, Sergio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005.
80
Mauá se atirou com entusiasmo ao empreendimento. Adiantou 29
mil libras para as despesas iniciais do traçado da ferrovia e, depois fez
suprimentos que atingiram 415 mil libras. Afastado da direção da estrada
pelos capitalistas britânicos, Mauá exigiu a devolução do que adiantara.
Não conseguiu. Mais tarde, escreveria em sua autobiografia: “Um grande
consolo me resta em meio de tão grandes infortúnios, pois, qualquer que
seja a reparação que se possa obter dos tribunais ingleses, virá tarde; o mal
que me tocou em partilha é irremediável. Ao passo que o bem que resultou
minha intervenção foi transcedente.”
29
Três anos após a inauguração da São Paulo Railway (Santos-
Jundiaí), muitos navios que ancoravam no porto já eram movidos a vapor.
Menos sujeitos às intempéries da natureza, em comparação com
embarcações a vela, os navios a vapor podiam transportar mais toneladas
em menos tempo. O grande volume de embarque de café e o crescimento
29
Disponível em <www.e-biografias.net/biografias/barao_maua.php >. Acesso em 10.abr.2008.
81
de várias cidades do interior de São Paulo, e também a grande demanda
por produtos estrangeiros exigiram expansões ferroviárias.
Em 1870 a cidade de São Paulo se destacava como importante ponto
de intermediação. A São Paulo Railway, monopolizada pelos ingleses no
trecho entre o porto e capital, agilizou o transporte de mercadorias,
sobretudo o café, e serviu de via de acesso aos produtos industrializados
vindos da Inglaterra para o Brasil. Ou seja, a ferrovia Santos-Jundiaí foi
crucial para o Porto de Santos e para o desenvolvimento de São Paulo.
Atualmente os trens de transporte de cargas não circulam mais no
perímetro urbano a fim de não congestionar o trânsito em dias de intenso
movimento. Em Santos, as estações de trem Valongo, que ficam no centro
histórico e, Sorocabana, na Avenida Ana Costa, estão desativadas sendo
usadas somente como ponto turístico e sede da secretaria de turismo.
Algumas iniciativas estão sendo criadas a fim de tornar a linha férrea
um passeio turístico e cultural, porém até agora nada foi concretizado.
82
SANTOS E O CAFÉ
No período de 1860 e 1929, o café foi o principal produto de
exportação do Brasil. O Porto de Santos ainda é o maior exportador
mundial de café, sendo responsável por 80% da safra nacional, pelas ruas
do Centro Histórico sente-se aroma do café tostado.
Na época da Independência (1822), a Província de São Paulo ainda
exportava mais açúcar do que café. A partir de 1850, a importância do
porto era cada vez maior apesar da decadência das suas instalações, o
Centro Histórico, mais precisamente a Rua XV de Novembro, se
transforma no ponto principal das empresas exportadoras de café. Em
paralelo, a população crescia em função da chegada dos imigrantes
espanhóis, portugueses e italianos. (VILAS BOAS, 2005, p. 46).
A comercialização do café gerou grande infra-estrutura, foi fundada
a Associação Comercial de Santos e a Alfândega ganhou um novo
edifício; várias firmas comerciais exportadoras foram abertas. A riqueza
Amostras de café a venda na cafeteria do museu existente na Bolsa do Café
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 47
83
cafeeira antecipou a “belle époque” de Santos, e fincou bases para a
transição da cidade moderna de hoje.
“Em 1870, a população era de 10 mil habitantes. Nessa
época, não existia mais o espaço vago entre a vila e os morros,
marca do período colonial. Tudo era ocupado pelo avanço das
quadras urbanas numa planta em xadrez, na medida do possível”.
30
Edifícios antigos, antes espalhados pela antiga vila, não apareciam
mais nos mapas do final do século 19, com exceção da Igreja de São
Francisco de Paula, anexa à Santa Casa de Misericórdia. “O espírito laico
ou anticlerical davam o tom da nova Santos”, explica a historiadora
Wilma Therezinha de Andrade, em entrevista concedida em julho de 2007.
O café promoveu uma revolução na cidade: sacas, em número cada
vez maior eram exportadas e, em meados do século XIX, a exportação de
30
VILAS BOAS, Sergio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005.
Os “arrumadores” de café em frente à Prefeitura Municipal de Santos comemoram a criação do sindicato da
categoria, em 1959
Fonte: VILAS BOAS, Sérgio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo, 2005, p. 76
84
café superou a do açúcar. O Centro Histórico que atualmente se revitaliza,
era a própria vitalidade na segunda metade do século XIX.
O mesmo impactou também a arquitetura e o urbanismo, criando
novos padrões e estilos O estilo neoclássico
31
, invadiu a cidade com seus
elementos característicos as platibandas escondendo os telhados, portas e
janelas com vergas em arco pleno e, em muitos casos, frontões
triangulares no eixo central das fachadas. (VILAS BOAS apud
SERRANO).
31
Neoclassicismo (1900-1920) Estilo renascentista baseado principalmente nas ordens gregas e em menor grau nas romanas, que produziu edifícios monumentais ordenados
simetricamente. Uma séria de pilastras era colocada lateralmente aos pórticos com frontões colossais. Não era usado o arco e eram escassas as molduras mais elaboradas.
Preferiam-se formas geométricas simples e superfícies lisas. Os projetos eram baseados na integração de volumes separados, cada um, dedicado à função lírica.
BURDEN, Ernest. Dicionário Ilustrado de Arquitetura, p. 238
85
Capítulo 2 - O Turismo e as Questões Culturais
Até pouco tempo atrás o turismo era discutido no Brasil como um
setor econômico periférico, uma atividade que se desenvolvia quase por
inércia e para a qual o país já tinha tudo o que precisava: paisagens
deslumbrantes, um povo amigável e uma grande diversidade cultural.
Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 1994), “o
turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas
viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um
período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros”.
Logo entendemos que turismo é todo e qualquer deslocamento seja
ele por dias, semanas ou meses, sendo o mesmo em busca de algum
atrativo de interesse turístico, cultural ou de negócios.
O conceito de atrativo turístico é complexo, dado que a atratividade
turística de certos elementos varia de forma acentuada de turista para
86
turista (IGNARRA, 2002). Economistas, iniciativa privada e governo
cultivam a crença de que o sucesso nessa área era “favas contadas”, algo já
determinado pela natureza, há centenas de anos. Afinal, o Brasil havia sido
abençoado com praia e sol, enquanto outros países sofrem com o frio,
chuvas e outras intempéries. Transformar então, o Brasil, na grande
potência mundial do turismo é só uma questão de tempo.
O tempo passou e outros países mostram que um trabalho bem feito
nas áreas de infra-estrutura, marketing e segurança, aliado a tais belezas
naturais e ou atrações culturais, podem render muitos bilhões de dólares
em divisas num círculo virtuoso de investimentos, geração de empregos e
aumento de renda.
32
Países como a Espanha transformaram o turismo na grande
locomotiva de sua economia. Durante muito tempo, o Brasil apenas
assistiu à transformação do turismo na maior indústria do mundo. Sua
32
Anuário do Turismo 2007/2008 Revista EXAME, 2007.
87
participação nela manteve-se na marginal. Demorou até que o governo e
mesmo o mercado se dessem conta de que ter praias paradisíacas e
paisagens exuberantes era só um começo.
Os futuros turistas também desejarão fazer coisas diferentes. Embora
o turismo de sol e praia ainda seja expressivo, pressões do tempo e
superlotação significam que as férias padrão de duas semanas na praia
tornar-se-ão menos populares. Os americanos e principalmente os
europeus realizam viagens mais curtas, porém mais diversificadas,
estimulando o crescimento do turismo de aventura, do ecoturismo, do
turismo cultural, do turismo de estética e saúde, dos cruzeiros e do turismo
desportivo para lugares cada vez mais remotos. Autenticidade é a palavra
do momento; os turistas ocidentais mais abastados estão evitando os
pacotes de viagens para buscar experiências mais exóticas e
personalizadas. Governos e empreendedores locais estão se esforçando
muito para atender essa nova demanda, que lhes oferece a oportunidade de
88
auferirem mais receitas do turismo dentro de suas fronteiras. (BENI, 2003,
p. 27).
Um bom começo para o restante do caminho é percorrê-lo à base de
muita gestão profissional, capacidade de atração de investimentos e o
principal: visão de negócios.
33
Nos últimos quatro anos, as verbas do governo para o setor
cresceram dez vezes. Metas foram traçadas como acontece em qualquer
empresa da iniciativa privada. Esse movimento pode ser visto como um
primeiro passo. O Brasil terá de superar uma infinidade de obstáculos até
se candidatar a um posto de maior potência do turismo mundial. Encontra-
se numa situação lastimável seus aeroportos e das estradas em relação às
condições de segurança em todas as principais cidades do país; da
burocracia que abre os braços toda vez que um estrangeiro chega aqui e
dificulta o desenvolvimento; à falta de profissionais especializados e
33
BENI, Mário Carlos. A Globalização do Turismo: Megatendências do Setor e a Realidade Brasileira, p. 69
89
preparados para lidar com as expectativas de um público específico
conforme o momento – as férias, a lua de mel, um congresso, uma visita á
um museu ou edifício histórico – de grau máximo de exigência.
Aparar todas essas arestas pode ser uma tarefa de anos, o fato,
porém é que o capital internacional “acredita” que as deficiências
brasileiras serão resolvidas. E expressa essa crença colocando dinheiro
como nunca por aqui. Há atualmente em projeto ou sendo executado em
diferentes partes do país 150 empreendimentos hoteleiros.
34
E nos últimos
anos, segundo dados da Embratur o número de turistas estrangeiros
cresceu 70%. Esse é um setor em profunda transformação, com impactos
gritantes em toda a economia do Brasil. Com sua enorme demanda por
profissionais qualificados e sua cadeia de negócios que se estende por uma
infinidade de atividades, o turismo esta transformando a paisagem
econômica de várias regiões do país.
34
ANUÁRIO DE TURISMO REVISTA EXAME 2007/2008.
90
“O turismo é um fenômeno dinâmico, real, postulado no
cotidiano de milhões de sujeitos consumidores e produtores desse
fenômeno”.
35
Vale destacar que o Turismo é um eficiente meio para:
promover a difusão de informação sobre determinada região ou
localidade, seus valores naturais, culturais e sociais; abrir novas
perspectivas sociais como resultado do desenvolvimento econômico
e cultural da região; integrar socialmente, incrementar a consciência
nacional; desenvolver criatividade em vários campos; promover o
sentimento de liberdade mediante a abertura ao mundo,
estabelecendo ou estendendo os contatos culturais, estimulando o
interesse pelas viagens turísticas.
36
Dentro do panorama do SISTUR (Sistema de Turismo, estudo
desenvolvido pelo Prof. Mario Beni) existe o Subsistema Cultural
35
BENI, Mário Carlos. A Globalização do Turismo: Megatendências do Setor e a Realidade Brasileira, p. 172
36
BENI, Mario Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Editora Senac, 2001. p. 39
91
que dentro do conjunto das quatro relações ambientais, que são eles:
econômico, social, ecológico e cultural.
Convém citar que o espaço cultural é aquela parte da
superfície terrestre que teve sua fisionomia e “aura” originais
mudados pela ação do homem. É conseqüência da intervenção do
trabalho físico e mental do homem no espaço natural.
37
Os recursos turísticos culturais são, pois os produtos diretos
das manifestações culturais. Como não existe uma cultura apenas –
já que a cultura pode ser entendida como conjunto de crenças,
valores e técnicas para lidar com o meio ambiente, compartilhando,
entre os contemporâneos, e transmitido de geração a geração.
37
BENI, Mario Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Editora Senac, 2001. p. 86
92
O ÓCIO E AS VIAGENS DE TURISMO
A civilização baseada no ócio faz com que vivam melhor até
aqueles que trabalham: porque é mais agradável trabalhar entre
pessoas que trabalham e se divertem. O trabalho é uma profissão e o
ócio uma arte. (DE MASI, 2000, p.157). O lugar que mais concilia
de forma natural com o ócio criativo é o Brasil. Em nenhum outro
país do mundo a sensualidade, a oralidade, a alegria e a
“inclusividade” conseguem viver numa síntese tão incandescente. A
sensualidade é vivida pelos brasileiros com uma intensidade serena.
Por oralidade o autor entende a capacidade de expressar seus
próprios sentimentos, de falar. Por “inclusividade” o autor entende a
disponibilidade de acolher todos os diversos, de fazer conviver
pacificamente todas as raças da terra e todos os deuses do céu.
Quando falamos de turismo, logo nos vem em mente a terminologia
Nômade, que provém de pasto, pastorear. Os pastores, assim como
93
os caçadores, precisavam se deslocar continuamente até encontrar
novos pastos e novas caças. Somente há cinqüenta mil anos, numa
zona pantanosa entre o Tigre e o Eufrates, onde se deu recentemente
a Guerra do Golfo, surgiram as primeiras cidades, Ur e Uruk, que
atingiram a cifra considerável de trinta mil habitantes. A
coexistência estável de tantas pessoas propiciou descobertas
prodigiosas: a matemática, a astronomia, a moeda, a escola, a
organização piramidal da sociedade, a roda e a carroça. (DE MASI,
2000, p.158).
Dali para frente, os centros urbanos, lugares delegados à
sedentariedade, gozaram de sucesso crescente que, com o advento da
indústria, chegou a ser triunfante. Em 1800, Londres tinha 800 mil
habitantes, e em 1910, já superava os sete milhões. No mesmo
espaço de tempo, Nova York passou de 60 mil a quatro milhões e
94
meio de habitantes. A partir de 1999, mais da metade da população
mundial vive em cidades. (DE MASI, 2000, p.157).
Portanto, o desafio entre o cidadão e o nômade já dura pelo
menos sete mil anos. E a sedentariedade parece ter vencido em todas
as frentes, mas o antigo nômade que ainda vive dentro de nós não
morre nunca e, quando a gente menos espera, sua inquietude
desperta do sono para nos obrigar a sair pelo mundo.
A aldeia, o porto, o deslocamento e a caverna convivem e
lutam dentro de nós, como necessidades biológicas herdadas da Pré-
história, ambas vertentes indispensáveis ao percurso da civilização.
Foi nos vales e nos portos que o homem fez progressos, e foi através
das planícies e dos mares que o progresso se difundiu.
Apesar de toda vida nômade se constituir numa eterna
peregrinação, muito frequentemente os nômades cultivam a preguiça
e a vida contemplativa. O civilizado e o nômade necessitam de
95
pontos de referência: para um é o lar estável, para o outro um trajeto
habitual. Mas o nômade, de acordo com todos os testemunhos,
conserva um segredo de felicidade que o cidadão perdeu, e a este
segredo sacrifica a comodidade e a segurança.
Para reencontrar este segredo, os cidadãos se sentem,
periodicamente, atiçados pelo “demônio da viagem”. (DE MASI,
2000, p.159). Então usam como pretexto os negócios, as férias, um
concerto de rock, encontros religiosos, esportivos etc. Fazem as
malas e partem. O cigano se sente em casa em qualquer lugar. O
cidadão errante (o judeu, o viajante, o turista), onde quer que vá, se
sente um estrangeiro. Múltiplos são os êxitos, os álibis e as
sensações das viagens, mas só um profundo e verdadeiro motivo
interior que a determina perseguir o desejo dessa felicidade.
Junto com as viagens de breve duração com motivações
turísticas, culturais ou de negócios, aumentam as ocasiões para que
96
se realize uma mudança ou moradia por tempo prolongado. Este tipo
de movimento tem forte ligação ao Turismo de Recreio que tem na
sua origem as deslocações das pessoas por motivos de curiosidade,
de desfrutar de locais e distrações que oferecem as grandes cidades,
de escapar às condições climáticas adversas para simplesmente
contemplar as paisagens, descansar e tomar banhos de sol.
38
O turismo vem cada vez mais ocupando maior proporção no
produto interno bruto das nações, sendo considerado necessário
propiciar um equilíbrio entre trabalho e ócio, mas também para gerar
a sinergia vital para as inovações e competitividades em um
mercado global. Desse modo foi-se moldando uma nova
mentalidade, deixando de associar o ócio (tempo desocupado à falta
de trabalho, indolência e preguiça, passando a vê-lo como um
produto autorizado e programado pela sociedade: o tursimo).
39
38
CUNHA, Licínio. Introdução ao Turismo. Verbo Editorial. Lisboa, 2001.
39
REBOUÇAS, Aldo da Cunha. BRAGA, Beneditco. TUNDISI, José Galizia. Águas doces no Brasil. 3. ed. São Paulo: Escrituras Editora. 2006.
97
2.1 Turismo Cultural
Nos últimos anos começou-se a denominar turismo alternativo toda
uma gama de alternativas de viagens (já conhecidas e praticadas por certos
setores da sociedade) que tendem a se distanciar das características
apresentadas pelo turismo de massa. Essas alternativas de viagens
incluem, entre outros, o turismo comercial, o turismo de aventura, o
turismo rural, o turismo ecológico e o turismo cultural. Todos eles,
logicamente, em uma série de variantes que dependem das características,
motivações e possibilidades econômicas dos turistas.
40
As pessoas que praticam o turismo alternativo, que alguns
especialistas identificam como “turistas alternativos”, buscam conhecer e
ter um contato mais próximo com os povos e suas manifestações culturais,
40
BRUNA, Gilda Collet. Capítulo Água e Ecoturismo. In: REBOUÇAS, Aldo da Cunha. BRAGA, Beneditco. TUNDISI, José Galizia. Águas doces no Brasil.
3. ed. São Paulo: Escrituras Editora. 2006.
98
experimentar novas emoções ou realizar alguma atividade fora do comum,
longe da civilização, conhecer e aproveitar as tarefas do cotidiano.
41
Durante muito tempo, prevaleceu no Brasil a idéia de que uma visita
a um prestigioso museu, a uma pinacoteca ou a um solar mobiliado do
século XIX deveria, necessariamente, ser revestida de certa gravidade. É
como se, ao entrar no edifício detentor de veneráveis relíquias, todos
devessem percorrer os longuíssimos corredores e intricados labirintos de
salas em quase absoluto silêncio, quebrado apenas por leves sussurros de
algumas explicações dos mestres que acompanhavam a visita. (PIRES,
2001).
A preservação de todo patrimônio histórico acaba impondo algumas
regras que muitas vezes turistas não concordam em segui-las. Mas
atualmente esse quadro tem mudado. O turista nem sempre é o vândalo ou
destruidor do patrimônio. Muito pelo contrário se ações forem bem
41
ACERENZA, Miguel Angel. Administração do Turismo: conceituação e organização. Bauru: EDUSC, 2002
99
planejadas para o incremento de visitas em igrejas, museus e monumentos
forem incentivadas os mesmos sobrevivem com vida própria, o turista
enriquece o setor.
Uma das mais importantes motivações do turismo internacional é o
desejo de conhecer outros povos e seu modo de vida, bem como conhecer
as civilizações do passado. Como seu modo de vida cada povo é
influenciado pelas suas tradições, pela cultura e pela história, os valores
turísticos e monumentais fazem parte do turismo como fator de primeira
grandeza. Os valores monumentais são expressões da cultura e da maneira
de viver de cada povo. Pode-se dizer então que a arte, os monumentos,
edifícios históricos e a cultura são fatores de incremento no turismo.
42
O turismo cultural tem sido um grande nicho de mercado na área de
turismo, criando novas oportunidades para a revitalização de cidades, ou
distritos históricos que é o caso da cidade de Santos. Na região central da
42
CUNHA, Licínio. Introdução ao Turismo. Verbo Editorial. Lisboa, 2001. p. 266
100
cidade forma-se um conjunto de edificações, próximas umas das outras
que remontam à época do café e da fundação da cidade. Com a
implantação do bonde no ano 2000 esse cenário ficou ainda mais
completo, que em breve, irá aumentar a linha do percurso, fazendo o
mesmo passar por vários pontos históricos do centro.
Locais antigos, centros urbanos obsoletos, tudo é revitalizado, tudo
ganha uma nova vida e transforma-se em território turístico. A idéia ou o
significado histórico é preservado. (BARBOSA, 2001, pg. 83)
Ao contrário do que aconteceu em Recife antigo e no Pelourinho da
Bahia, a revitalização do centro de Santos, não se rendeu às fachadas
coloridas, que têm forte apelo visual, pois os imóveis do centro estão
protegidos pela lei “Projeto Alegra Centro” que fiscaliza para que os
edifícios continuem com os traços originais. Nos capítulos que se seguem
serão estudados o Alegra Centro.
Bonde que circula no Centro Histórico de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em julho de 2007
101
Com a revitalização, as fachadas das construções recebem uma
reforma com um banho de cores vivas, atendendo a um forte apelo visual,
onde o amarelo se junta com o azul turquesa e a cor rosa ou vermelha. A
partir desse momento tem-se o predomínio do pictórico, o território antigo
empresta seu nome e sua fachada, agora de roupa nova, ao lugar turístico.
(BARBOSA, 2001, pg. 84).
O centro abriga um dos principais acervos arquitetônicos do país, e
sua revitalização e recuperação coloca Santos em evidência, nacional. A
minisérie “Um Só Coração” (2003) e as novelas “Terra Nostra” (2000) e
“Ciranda de Pedra” (2008), produzidas pela Rede Globo, usaram boa parte
das ruas do centro e o bonde como ambientação. Comerciais e programas
de televisão também já utilizaram como locação. E com essa ampla
divulgação turistas de diversas partes do país querem conhecer o bairro.
Segundo o arquiteto da prefeitura Nelson Gonçalves em entrevista
concedida em julho de 2007, o processo de alavancagem do centro
102
histórico é irreversível e só tende a crescer, é muito bonito para nós
santistas ver o centro como grande concentrador de economia e turismo da
cidade.
Eventos culturais ao ar livre, projeto Caros Amigos de Santos e em
2007 a primeira edição da Virada Cultural, atraíram centenas de pessoas e
com isso bares, restaurantes e cafés ficaram abertos para atender a
demanda de pessoas que participavam do evento.
Respirando melhor e com um visual envolvente, os próprios
santistas agora não vão ao centro ou somente se dirigem a ele “por causa
dos bancos ou para comprar”. Distingue-se hoje no centro uma procura o
local é procurado também para happy hours, jantar com amigos em
excelentes restaurantes, aliás, alguns bem sofisticados e, claro, há turistas
que se deleitam com as belas construções e com o bonde circulando a todo
vapor. (VILAS BOAS, 2005, p. 106).
103
Sob outro ângulo, o turismo vem sendo considerado uma força
econômica. O crescimento da indústria tornou as viagens mais baratas e
flexíveis, transformando o turismo em “bens de consumo” e propiciando
uma nova forma de conhecimento, experiência, cultura, negócios e
empregos.
43
43
BRUNA, Gilda Collet. Capítulo Água e Ecoturismo. In: REBOUÇAS, Aldo da Cunha. BRAGA, Beneditco. TUNDISI, José Galizia. Águas doces no Brasil.
3. ed. São Paulo: Escrituras Editora. 2006.
104
DESENHOS DO TURISMO NA CIDADE DE SANTOS
Por incrível que pareça apesar de Santos ser uma cidade turística,
possuir belas praias e ser frequentada por pessoas de diversas regiões o
ano inteiro. Nada se tem escrito especificamente sobre o turismo na cidade
de Santos.
Sabe-se que o turismo em Santos começa na primeira metade do
século XX, com base em hotéis situados na orla e nos cassinos. As
edificações existentes na orla eram constituídas por chácaras de
propriedade de comerciantes ligados ao café.
44
Esse panorama se alterou com a democratização do lazer que
passa a ocorrer em meados do mesmo século. A Via Anchieta, nova
“super estrada” inaugurada em 1947, já estimulava o desejo de se obter na
praia o refúgio para o lazer. O que era visto antes apenas pelas suas
44
Disponível em <www. portocidade.unisanta.br>. Acesso em 20.out.2007.
Propaganda do Parque Balneário Hotel
Fonte: Jornal A Tribuna, edição do dia 26 de março de 1946
105
propriedades terapêuticas, como o lugar de cura e descanso saudável era
agora também parte do lazer.
45
O turismo do pós-guerra já era debatido como a nova grande
indústria limpa, mas a cidade do ponto de vista do santista não perdia um
aspecto de invasão por essa razão, o turismo como fator de mudança na
economia local não era tão bem recebido por todos. Um editorial do jornal
A Tribuna de 18/2/1945 alertava contra a crescente compra de imóveis por
empreendedores para o “ócio”, principalmente em São Vicente.
Outro aspecto importante foi o desenvolvimento, mais intenso a
partir dessa época, da indústria da construção civil e a questão da moradia
que acabou sendo vinculada, por alguns mais ao turismo.
46
Em um artigo publicado no jornal A Tribuna em 31/3/1946, com o
título “Ainda o angustioso problema da casa para morar”, é citada a
questão dos grandes edifícios verticais, substituindo as casas mais baratas
45
SILVA, Adriana Barbosa. Espaço Urbano e Turismo: O caso de Campos de Jordão. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2006.
46
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Uma Cidade na Transição Santos: 1870-1913. Hucitec Editora. São Paulo-Santos. 1996.
Reportagem retrata a crise habitacional da época
Fonte: Jornal A Tribuna, edição do dia 31 de março de 1946
106
e prejudicando a população local. Nesse artigo, era feita a proposta para
que no caso de cada arranha-céu, o incorporador fosse obrigado a construir
um determinado número de habitações populares, como numa verdadeira
operação urbana, procurando assim melhorar a cidade em seu todo e não
unicamente na área nobre.
No mesmo artigo A Tribuna sugere um censo de propriedades de
“população flutuante”, que as “conservam fechadas visitando-as em
temporadas”, forçando os proprietários a cedê-las a quem precisa de
moradia; e em outro, em 9/11/1946: “O Santista não encontra onde
morar... Uma exploração à indústria” das casas mobiliadas para
temporada... o aspecto odioso da sublocação de cômodos... pessoas de São
Paulo compram todas as casas que aparecem a venda”.
A democratização do país em 1945, coincidiu com a ampliação da
atividade industrial, fortalecida então como novo pilar do processo político
nacional baseado no desenvolvimentismo. Santos entrou, com São Paulo,
107
nesse novo ciclo industrial da economia devido à função portuária e pelo
processo de industrialização da região do ABC, com a indústria
automobilística, e da Baixada Santista mediante a instalação da Refinaria
de Petróleo, e seus agregados, e da Companhia Siderúrgica Paulista, em
Cubatão.
Nessa época, Santos que havia experimentado uma recessão com a
queda da importância relativa do café e decorrente da Segunda Guerra
(1939-1945), Santos conheceu sua grande explosão demográfica, turística
e urbanística. A febre imobiliária acabaria com grandes mansões das
avenidas da praia ocupando suas áreas com grandes e sofisticados prédios
de apartamentos. Os paulistanos, especialmente procuravam kitchenettes
para os períodos de férias e fins de semana.
47
A economia se movimentava e vários prédios de apartamentos
continuam sendo lançados tendo como “mote” o lazer, que era usado nas
47
VILAS BOAS, Sergio. Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade. São Paulo: Audichromo Editora, 2005. p. 90
108
propagandas, como em 24/3/1947: “Graças a Via Anchieta que encurtou a
distância entre o litoral e São Paulo, os paulistanos podem gozar dos
encantos da vida a beira mar... A praia do Gonzaga... esta se tornando uma
nova Copacabana”.
48
DADOS RELEVANTES SOBRE OS EQUIPAMENTOS
TURÍSTICOS DO CENTRO HISTÓRICO DE SANTOS
Desde 1991, a Prefeitura Municipal de Santos faz um levantamento
do número de visitantes nos principais equipamentos históricos da região
central. Nesta pesquisa, estão os dados desde 1998 até julho de 2007. Os
dados foram informados pela Secretaria Municipal de Turismo em agosto
de 2007. E podemos verificar o aumento do número de visitas de turistas e
de munícipes a cada ano.
48
Disponível em <www.portocidade.unisanta.br/portugues/viagens>. Acesso em 10.set.2007.
109
Ao fazer uma análise do quadro abaixo podemos entender que: ao
serem perguntados sobre o ponto turístico que mais atrai turista foi citado
em primeiro lugar o Aquário, e em segundo o Orquidário, que de acordo
com a Secretaria de Turismo é o próximo equipamento a passar por grande
reforma, estando fechado em breve. Em terceiro lugar o “bonde” que
atualmente por meio de concurso realizado pelo jornal A Tribuna é a
logomarca da cidade, o bonde apesar de estar em funcionamento desde
2000 é de grande aceitação não só por parte dos turistas, como também
dos munícipes.
E subsequente os outros equipamentos turísticos que são procurados
em menor escala. Vale lembrar que o Museu dos Cafés que fica no centro
da cidade é também local de grande concentração de turistas e estudantes.
Desta forma a oferta turística resulta da própria definição do turismo e
inclui um conjunto de elementos que não é possível delimitar com rigor.
De modo genérico podemos definir a oferta turística como sendo o
110
conjunto de todas as facilidades, bens e serviços adquiridos ou utilizados
pelos visitantes bem como todos aqueles que foram criados com o fim de
satisfazer as suas necessidades e postos à sua disposição e ainda os
elementos naturais ou culturais que concorrem para a sua deslocação.
49
49
CUNHA, Licínio. Introdução ao Turismo. Verbo Editorial. Lisboa, 2001.
111
112
SANTOS & REGIÃO CONVENTION BUREAU
O SRC&VB é uma entidade sem fins lucrativos, de caráter misto
(público-privado), criada em 8 de abril de 2002, que tem como missão a
promoção e comercialização e gestão da oferta de instalações e serviços da
região para o desenvolvimento turístico.
A criação dos Convention & Visitors Bureau seguiu uma tendência
mundial ocorrida notadamente nos EUA e na Europa que perceberam a
necessidade de promover de forma organizada e permanente, sobretudo
nos períodos de baixa estação, seus destinos, visando à capacitação de
congressos e conferências por meio de escritórios especializados.
Desta forma, o SRC&VB é mantido pela iniciativa privada, além de
manter convênios com as nove prefeituras da região e entidades de classe
(como o SEBRAE), para desenvolver suas principais funções: divulgar o
destino Costa da Mata Atlântica em âmbito nacional e internacional
(através da produção de folhetos, participação em eventos nacionais e
113
internacionais) e promoção de campanhas de marketing; auxiliar e
propiciar a captação de eventos técnico-científicos, que ajudam a fomentar
a economia local; apoiar eventos e projetos que valorizem a cultura e o
esporte na região; desenvolver pesquisas, estreitar relacionamentos e
promover ações em prol do desenvolvimento regional em cada uma das
nove cidades de sua abrangência e na região como um todo.
O SRC&VB tem como uma das missões valorizar a cultura local e
mostrar ao visitante das nove cidades que apesar de sermos uma região
litorânea, temos muitas outras peculiaridades, como a abundância da mata
atlântica e uma riqueza cultural e histórica ímpar. Desta forma todas as
ações que envolvem o fortalecimento da história em toda região, tem o
total apoio do SRC&VB.
O trabalho de revitalização que a prefeitura vem desenvolvendo no
centro histórico de Santos tem valorizado cada vez mais a região e,
principalmente, o comércio local. Os benefícios oferecidos aos
114
estabelecimentos que ali se instalam têm colaborado para transformar o
“centro velho” num local de concentração de gente jovem, graças ao
surgimento de casas noturnas, bares, restaurantes etc. Culminando em
mais uma opção de lazer para a cidade.
A evolução cada vez maior desta região que aos poucos, deixará de
ser uma área ociosa e perigosa, para proporcionar segurança e lazer a
munícipes e visitantes, além de valorizar o comércio já existente e atrair
novos estabelecimentos.
Futuramente, um grande projeto da Prefeitura de Santos integrando
o Porto e a Cidade que vai se chamar Marina Porto de Santos – Complexo
Náutico e Empresarial e a construção do museu Pelé, que já tem área
definida, as antigas ruínas do Valongo. Certamente será um divisor de
águas com a possibilidade de grandes investimentos, geração de emprego
e qualidade de vida para os habitantes do centro.
50
50
Entrevista com Marinilza Monteiro A. Pereira. Gerente Executiva do Santos e Região Convention & Visitors Bureau, em 19/9/2007.
115
Capítulo 3 - Patrimônio Cultural e o Processo de
Revitalização do Centro
Patrimônio cultural é o conjunto de todos os bens, sejam eles
materiais ou imateriais, que pelo seu valor próprio devem ser considerados
de interesse relevante para a permanência e a identidade cultural de um
povo. O patrimônio é a herança do passado, logo, precisa ser preservado a
fim de transmitir conhecimento às gerações vindouras.
Do patrimônio cultural fazem parte bens imóveis, tais como:
castelos, igrejas, casas, edifícios, praças, conjuntos urbanos e locais
dotados de expressivo valor para a história.
Para salvar e guardar os bens históricos existem vários órgãos de
defesa e preservação, são eles: CONDEPASA (Conselho de Defesa do
Patrimônio Cultural de Santos), que atua na esfera municipal;
CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
116
Arqueológico, Artístico e Turístico no Estado de São Paulo), na esfera
estadual; e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), na esfera federal.
A cidade de Santos passa por intensa revitalização de sua região
central, antes abandonada por habitantes e turistas, agora em plena
expansão turística e cultural.
Os centros das cidades têm sido identificados como o lugar mais
dinâmico da vida urbana, animado pelo fluxo de pessoas, veículos e
mercadorias, decorrente da marcante presença das atividades terciárias,
transformando-se no referencial simbólico das cidades. Também
historicamente eleitos para a localização de diversas instituições públicas e
religiosas, os centros têm a sua centralidade fortalecida pela somatória de
todas essas atividades, e o seu significado, por vezes, extrapola os limites
da própria cidade.
51
51
VARGAS, Heliana Comim; CASTILHO, Ana Luisa Howard. Intervenções em Centros Urbanos: objetivos, estratégias e resultados. BARUERI, SP: Manole, 2006.
117
3.1 Projeto Alegra Centro
O programa de Revitalização e Desenvolvimento da Região Central
e Histórica de Santos, o Alegra Centro, transformado em Lei
Complementar n° 470/2003, é a união de uma série de ações voltadas à
retomada do desenvolvimento socioeconômico do Centro e
consequentemente de toda a Cidade.
O programa dá apoio à instalação de empreendimentos através de
iniciativas voltadas à diversificação de atividades como o comércio,
entretenimento e turismo, possibilitando o fluxo de pessoas e o uso da
região central por 24 horas e não só em horários de expediente de trabalho.
Em conjunto com a valorização da paisagem urbana e da recuperação do
Patrimônio Histórico.
Criado pela Prefeitura Municipal de Santos, por meio da Secretaria
de Planejamento e com o apoio de diversas secretarias, o Alegra Centro
118
prevê isenções fiscais para novos empreendimentos instalados na região
em áreas de proteção cultural.
Porém para fazer parte do projeto algumas exigências são impostas
para que os empreendedores recebam os incentivos fiscais são elas:
Desenvolver nos imóveis restaurados e preservados uma das
diversas atividades contempladas na lei complementar n° 470/2003.
Realizar a restauração dos imóveis classificados como níveis de
proteção 1 e 2 adequando-se às regras estabelecidas para a interferência
visual das fachadas.
Os empreendedores poderão ter seus benefícios renovados
anualmente, desde que continuem sendo cumpridas as exigências e o
interessado solicite a revisão das isenções aos órgãos competentes,
incluindo o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos
(CONDEPASA).
119
Diversas atividades profissionais já instaladas no Centro de Santos
ou que venham a se instalar em imóveis históricos na área de abrangência,
com os níveis de proteção 1 e 2, preservados ou recuperados receberão
incentivos fiscais. Os mesmos compreendem as seguintes isenções e
tributos: isenção total de IPTU, isenção total de ISS da obra, isenção total
de ITBI, no caso de compra ou venda do imóvel, isenção de taxa de
licença por 5 anos, isenção de ISS (limite de R$ 30 mil por ano) por 5
anos para prestadores de serviços, o empreendedor pode ser patrocinado
por terceiros, venda do potencial construtivo.
O escritório técnico do Alegra Centro fica no Largo Marquês de
Monte Alegre s/n°, na Estação do Valongo, tel. (13) 3219-4449.
Arquitetos, engenheiros e técnicos prestam toda assessoria e
informações que o interessado necessita para fazer parte do projeto. O
atendimento é gratuito.
52
52
Disponível em < www.alegracentro.com.br > Acesso em 15.abr.2008.
120
121
CONDEPASA – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de
Santos
O CONDEPASA é um órgão autônomo e deliberativo que cuida do
tombamento e da preservação dos bens culturais e naturais situados no
município de Santos – Lei 753/91.
É formado por um corpo de conselheiros cujos integrantes
pertencem a várias instituições privadas e órgãos da prefeitura com
afinidade junto à área cultural. Esses conselheiros não são remunerados e
sua função é considerada de relevante importância no município. O
conselho delibera sobre as medidas a serem tomadas quanto à proteção do
patrimônio cultural santista e conta com um Órgão Técnico de Apoio
(OTA) formado por profissionais da área de arquitetura e história que
tratam da identificação, supervisão, pesquisa e catalogação dos bens
culturais e naturais de nossa cidade.
122
Vale ressaltar que o CONDEPASA é um órgão que atua na esfera
municipal, sendo que existem órgãos semelhantes na esfera estadual:
CONDEPHAAT e na esfera federal IPHAN.
O patrimônio cultural consiste em bens móveis ou imóveis cuja
importância é de interesse público, da coletividade, da sociedade. Esses
bens são representados quer por seu valor histórico e ou arqueológico e ou
artístico, ou mesmo ambiental.
Fazem parte dos bens imóveis: áreas de valor ambiental, edifícios,
sítios arqueológicos e monumentos.
Bens móveis podem ser coleções de um acervo museológico; objetos
de valor artístico como bustos, quadros, peças artesanais representativas.
O tombamento é uma ação do poder público que tem a finalidade de
proteger um bem de interesse coletivo de ser destruído, demolido,
descaracterizado ou desfigurado.
123
Essa ação pode ser requerida por qualquer cidadão. Após um
processo minucioso, pesquisa histórica, arquitetônica. O conselho decide
por meio de votação pelo tombamento ou não do bem. O tombamento não
tira o direito de propriedade do bem, não é uma desapropriação, o
proprietário continua utilizando seu imóvel, bastando que comunique ao
conselho toda e qualquer modificação, reforma, restauração que pretenda
fazer no imóvel tombado ou em processo de tombamento.
124
CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico
A Lei n° 10.247, de 22 de outubro de 1968 criou o Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
(CONDEPHAAT) cuja missão é proteger, valorizar e divulgar o
patrimônio cultural no Estado de São Paulo. Estas atribuições foram
confirmadas, em 1989, pela Constituição do Estado de São Paulo.
Artigo 261 – O Poder Público pesquisará, identificará, protegerá e
valorizará o patrimônio cultural paulista, através do Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de
São Paulo.
Todo cidadão tem o direito de solicitar ao CONDEPHAAT a
proteção de bens culturais que considere importantes para a memória e
para a preservação ambiental. Esta proteção se inicia quando da abertura
125
do processo de tombamento pelo colegiado do órgão; completa-se
juridicamente com a homologação do secretário de Cultura e a publicação
da Resolução do Tombamento no Diário Oficial do Estado.
Os bens tombados pelo CONDEPHAAT excedem a 300. Eles
formam um conjunto de representações da história, e da cultura no Estado
de São Paulo entre os séculos XVI e XX, composto de bens imóveis,
edificações, monumentos, bairros núcleos históricos e áreas naturais. As
cidades que possuem bens tombados encontram-se representadas no mapa
do Estado de São Paulo.
53
53
Disponível em < www.cultura.sp.gov.br/portal/site/sec > Acesso em 10.abr.2008
126
IPHAN - Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional
O Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional foi criado em 13 de
janeiro de 1937, pela lei n° 378, no governo de Getúlio Vargas. Já em
1936, o então ministro da educação e saúde, Gustavo Capanema,
preocupado com a preservação do patrimônio histórico cultural brasileiro,
pediu a Mario de Andrade a elaboração de um anteprojeto de lei para
salvaguarda desses bens. Em seguida, confiou a Rodrigo Melo Franco de
Andrade a tarefa de implantar o serviço do patrimônio. Posteriormente, em
30 de novembro de 1937, foi promulgado o decreto-lei n° 25, que organiza
a “proteção do patrimônio histórico e artístico nacional”. O IPHAN está
atualmente vinculado ao Ministério da Cultura.
Rodrigo de Andrade contou com a colaboração de outros brasileiros
ilustres, como Oswald de Andrade, Manoel Bandeira, Afonso Arinos,
Lúcio Costa e Carlos Drummond de Andrade. Técnicos foram preparados
127
e tombamentos, restaurações e revitalizações foram realizadas
assegurando a permanência da maior parte do acervo arquitetônico e
urbanístico brasileiro, assim como do acervo documental e etnográfico,
das obras de arte integrada e dos bens imóveis.
A próxima etapa consistiu na proteção dos acidentes geográficos
notáveis e paisagens agenciadas pelo homem.
Há mais de 60 anos, o IPHAN vem realizando um trabalho
permanente de identificação, documentação, proteção e promoção do
patrimônio cultural brasileiro.
54
54
Disponível em < http://portal.iphan.gov.br > Acesso em 10.abr.2008.
128
3.2 Descritivo dos Edifícios com Relevância Histórica no
Centro de Santos
Outeiro de Santa Catarina
O Outeiro de Santa Catarina é o marco da fundação de Santos. No
século XVI, Luís Góis e sua mulher Catarina de Aguilar, ergueram na base
do pequeno morro a Capela de Santa Catarina de Alexandria – a primeira
de Santos – junto à qual foi construída, em 1543, a primeira Santa Casa do
País. Quando o corsário inglês Tomas Cavendish saqueou a Vila de
Santos, em 1591, a capela foi destruída e a imagem da santa, jogada ao
mar, de onde foi resgatada 72 anos depois – a peça se encontra no Museu
de Arte Sacra, no Mosteiro de São Bento. Durante anos, o outeiro
forneceu pedras para o calçamento de ruas e ampliação do porto. Entre
1880 e 1884, o médico italiano João Éboli mandou construir uma casa
acastelada sobre o bloco de rocha que restou do monte. Relegada ao
Outeiro de Santa Catarina: marco inicial da fundação da cidade de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
129
abandono durante anos, o imóvel foi tombado pelo CONDEPHAAT em
1986 e pelo CONDEPASA em 1990 – foi restaurado pela prefeitura em
1992 e desde 1995 abriga a sede da Fundação Arquivo e Memória de
Santos.
A mesma se situa à Rua Visconde de Rio Branco n° 48, tel. (13)
3223-7009/3223-7090. Funciona de segunda a sexta-feira das 8 às 17h30,
com visitas monitoradas. Entrada franca.
130
Casa do Trem Bélico
Uma das poucas edificações militares antigas existentes no País e o
mais antigo prédio público de Santos, a Casa do Trem Bélico é um
exemplo da arquitetura colonial da época. Acredita-se que tenha sido
construída entre 1640 e 1646, mas sua existência só foi comprovada
através de documentos em 1734. O imóvel que abrigava as armas e
munições para proteção da então vila, foi tombado pelo IPHAN em 1940 e
também figura nos cadastros do Patrimônio do Exército como Próprio
Nacional. Em 1948, passou a abrigar o Tiro de Guerra 11 e funcionou
depois como escola, seção de alistamento eleitoral, serviço de subsistência
do Exército e Centro da Juventude. O prédio foi tombado pelo Estado em
1981 e pelo Município em 1990.
Localizado à Rua Tiro Onze, n° 11. Atualmente, está fechado para
visitação.
Casa do Trem Bélico: construção pública mais antiga de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
131
Conjunto do Carmo
Patrimônio Nacional desde 1940, o Conjunto do Carmo, com duas
igrejas, é considerado um dos mais antigos relicários do barroco brasileiro.
Do século XVIII, a Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo,
associação religiosa leiga, destaca-se pelos altares de madeira de estilo
rococó, pelas telas do Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819) e pela
pia de água benta de 1710. Os altares laterais possuem imagens de Cristo
na Via Sacra e são considerados os mais importantes da Baixada Santista
pela unidade de estilo – graças a essas imagens, o templo, abençoado em 8
de abril de 1760, é conhecido como a Igreja da Paixão de Cristo.
Ao lado da Ordem Terceira encontra-se a Igreja dos freis carmelitas,
que data de 1599. Seu convento foi tombado pelo CONDEPHAAT em
1981 e pelo CONDEPASA em 1990. Os altares dourados, em madeira,
são de estilo barroco e adornados por imagens de devoção do século
XVIII. O presbitério possui cadeiras em jacarandá, utilizados para a
Conjunto do Carmo: considerado um dos mais antigos relicários do barroco brasileiro
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
132
celebração do ofício dos frades. Também se destacam na igreja telas de
Benedito Calixto e belíssimos tocheiros. No segundo domingo do mês, a
missa das 11 horas é acompanhada de canto gregoriano. As igrejas são
unidas por torre com campanário, criando uma fachada incomum no
barroco, revestida de azulejos marianos originais, do século XIX.
O Convento do Carmo localiza-se à Praça Barão do Rio Branco, n°
16, tel. (13) 3234-5566. Missas de segunda a sexta às 7h30, 12h30 e 18
horas, aos sábados às 17 horas; domingos às 8h, 11 e 18 horas, e nos
feriados às 18 horas.
Ordem Terceira do Carmo, situada á Praça Barão do Rio Branco s/n,
tel. (13) 3219-3650. Missas aos domingos às 8 horas.
133
Pantheon dos Andradas
Inaugurado em 7 de setembro de 1923, o Pantheon dos Andradas, é
o jazigo das cinzas de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da
Independência, e de seus irmãos, Antônio Carlos, Martim Francisco e o
padre Patrício Manuel.
Valiosos quadros em bronze que descrevem cenas da vida do
Patriarca também estão expostos no panteão. O monumento, do brasileiro
Rodolpho Bernadelli, foi feito na Itália e a arquitetura do edifício inspirou-
se nos templos maçônicos, pois Bonifácio foi o primeiro grão-mestre da
maçonaria no Brasil. O equipamento foi tombado pelo CONDEPASA em
1993. Em 21 de abril de 2007, José Bonifácio teve seu nome incluído no
Livro dos Heróis da Pátria.
Localizado á Praça Barão do Rio Branco s/nº, tel. (13) 3201-5032.
Aberto de terça a sexta-feira das 9 às 18 horas; sábados, domingos e
feriados das 10 às 18 horas. A entrada é franca.
Pantheon dos Andradas guarda as cinzas de José Bonifácio de Andrada e Silva e de seus irmãos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
134
Edifício dos Correios e Telégrafos
Em estilo eclético, a segunda sede, em Santos, dos Correios e
Telégrafos é um dos imponentes edifícios do Centro Histórico, inaugurado
em 30 de novembro de 1924 – a primeira agência que fazia o serviço de
correio entre Santos e São Paulo começou a funcionar em 1789 na Praça
Rui Barbosa. A construção foi um presente para Santos da família Guinle,
que aqui prosperou com as atividades portuárias – os Guinle eram
proprietários da Companhia Docas de Santos. As três portas da fachada
principal são projetadas por grades de ferro fundido imitando folhas e
grãos de café, trabalho repetido na proteção das vidraças do térreo.
Comum nos edifícios públicos mais antigos, as Armas da República se
destacam na platibanda. Antigamente, o último andar era utilizado como
residência do diretor da agência. Em 1988, o prédio foi reformado,
conservando entretanto o teto do saguão com ornamentação dourada e os
Inaugurado em 1924, a construção foi um presente da família Guinle, antiga proprietária da Companhia
Docas de Santos, que prosperou com as atividades portuárias, para a cidade de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
135
balaústres de ferro forjado das escadarias. O prédio tem curiosa escada de
serviço que conduz ao telhado, com degraus específicos para os pés direito
e esquerdo – o sistema foi inventado por Santos Dumont, o Pai da
Aviação, para sua casa em Petrópolis (Rio de Janeiro).
Situa-se á Rua Cidade de Toledo n° 41, tel. (13) 4009-6143.
Funciona de segunda a sexta-feira das 9 às 17 horas e aos sábados das 8 às
12 horas.
136
Palácio José Bonifácio (Paço Municipal)
De linhas clássicas e construção repleta de simbolismos, o Palácio
José Bonifácio abriga a Prefeitura; a sala Princesa Izabel, onde são
realizadas atividades da Câmara, e as dependências da Mesa Diretora do
Legislativo. Construído em dois anos e inaugurado em 1939, no centenário
da data da elevação de Santos à categoria de cidade (26 de janeiro), pelo
então presidente Getúlio Vargas, o prédio projetado pelo arquiteto Plínio
Botelho do Amaral tem imponente escadaria externa ladeada por duas
estátuas – uma representa Minerva, deusa romana da sabedoria, ciências e
artes, Mercúrio, símbolo do comércio. A construção tem acabamento em
mármore de carrara e jacarandá, e lustres de cristal da Bohêmia.
Localizada á Praça Mauá s/n, tel. (13) 3201-5000. Funciona de
segunda a sexta-feira das 8 às 18 horas. Visitas monitoradas aos finais de
semana das 13 às 17 horas.
Palácio José Bonifácio: sede da Prefeitura Municipal de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
137
Construtora Phoenix
O prédio da Construtora Phoenix, em estilo florentino, foi
construído na década de 20 para sede do Banco Italiano di Sconto. Ainda
na mesma década, abrigou a Real América Cables and Radio (instalação
de cabos submarinos para comunicação), que ali funcionou até 1970. Dois
anos mais tarde, foi instalada no local a Bolsa de Valores e Mercadorias,
em atividades até 1982. A Phoenix adquiriu o prédio em 1995 e promoveu
minuciosa restauração, realizada em dois anos. Foram respeitados todos os
detalhes originais do imóvel, cujo projeto assemelha-se ao palácio da
família Médici Riccardi, de Florença (Itália). O salão de mármore é
destaque do edifício e recebeu, durante a restauração, três mil folhas de
ouro e 18 litros de goma-laca, aplicados no revestimento dos detalhes das
24 molduras com brasões, que representam as províncias da Itália.
O prédio fica na Rua XV de Novembro n° 141, tel. (13) 3219-8899.
Funciona de segunda a sexta-feira das 8 às 18 horas.
Prédio foi antiga sede da Bolsa de Valores e Mercadorias
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
138
Casa de José Bonifácio
O prédio em estilo eclético, com 5300 metros quadrados foi
construído no início do século passado no terreno da casa onde nasceu. A
importância de José Bonifácio para o país é tanta que na época em que a
vila foi elevada a categoria de cidade, houve discussões para que o nome
do município fosse Andradina ou Bonifácia.
Atualmente, é ocupado pela Câmara Municipal dos Vereadores de
Santos. O imóvel foi tombado em 1997 pelo CONDEPASA.
Localiza-se á Rua XV de Novembro n° 105/107, tel. (13) 3211-
4100. Funciona de segunda a sexta-feira das 8 às 18 horas.
Casa de José Bonifácio: sede da Câmara Municipal de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
139
Palácio da Bolsa do Café
De estilo eclético e inspirado no Renascimento Italiano, o Palácio da
Bolsa Oficial do Café foi construído com materiais importados e tem
importantes obras de Benedicto Calixto: três painéis retratando a trajetória
de Santos, da fundação ao início do século XX, e o vitral do teto,
representando a lenda de Anhanguera. Criada por Lei Estadual de 1917 e
inaugurada em 7 de setembro de 1922, a Bolsa foi desativada em 1937.
Cinco anos mais tarde voltou a operar como Bolsa de Café e Mercadorias,
mas os pregões terminaram em 1957. Tombado em 1981 pelo
CONDEPHAAT e em 1990 pelo CONDEPASA, o prédio foi reaberto em
1998 e hoje abriga o Museu dos Cafés. Em reunião realizada em Santos,
em 8 de dezembro de 2006, o IPHAN aprovou o tombamento do Palácio
da Bolsa Oficial do Café. Localizado à Rua XV de Novembro n° 95, tel.
(13) 3219-5585. Funciona de terça a sábado das 9 às 17 horas e aos
domingos das 10 às 17 horas. Entrada R$ 4,00.
Reaberto em 1998, edifício atualmente abriga o Museu dos Cafés
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
140
Hard Hand
Construída em 1818, a casa ocupada até recentemente pela firma de
café Hard Hand Exportadora e Importadora S.A. é a mais antiga
construção residencial da cidade. Reformado várias vezes, mas sem
grandes alterações em seus traços arquitetônicos, o solar serviu como
mansão para tradicionais famílias santistas, entre elas a de políticos. Foi
nesse prédio, conhecido também como Palacete Mauá, que se realizou, em
1882, o maior e mais suntuoso baile santista do século XIX, denominado
Festa dos Meteoros.
O espaço hoje voltado a eventos e atividades culturais, foi também
sede dos bancos Mauá de Santos e Mercantil.
Localiza-se na Rua Frei Gaspar n° 6.
Geralmente encontra-se fechado.
Construção foi reformada várias vezes, respeitando os traços arquitetônicos originais
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
141
Casa da Frontaria Azulejada
A Casa da Frontaria Azulejada foi construída em 1865 para servir
como residência e armazém do comerciante português Joaquim Manoel
Ferreira Neto. A fachada é decorada com azulejos em alto-relevo colorido
e a porta principal permitia o acesso de carruagens ao pátio interno. A
construção, em forma de “U” , tinha a abertura voltada para o mar, o que
facilitava a carga e descarga de mercadorias. Em maio de 1973, o prédio,
em estilo neoclássico, foi tombado pela União, mas continuou servindo
como depósito até 1986, quando foi desapropriado pela Prefeitura, que
restaurou totalmente a fachada oito anos depois. O imóvel, tombado pelo
CONDEPHAAT em 1987 e pelo CONDEPASA em 1990, pertence à
Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), e abrigou, de 1997 a
2005, o Arquivo Permanente, onde está a documentação mais antiga da
cidade. Atualmente, é usada para eventos e exposições. Situada à Rua do
Comércio 92/98.
Fachada decorada com azulejos em alto-relevo colorido
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
142
Casarões do Valongo
Os Casarões do Valongo foram a maior edificação paulista em sua
época. O primeiro prédio foi erguido em 1867, pelo comendador Joaquim
Manoel Ferreira Neto, para abrigar a sede do governo da Província de São
Paulo, que seria transferida para Santos. Mas isso acabou não
acontecendo. O segundo foi construído por Luiz Guimarães sócio do
comendador, data de 1872.
De estilo neoclássico, os imóveis foram utilizados, ao longo dos
anos, para as mais diversas finalidades. Foi a segunda sede do Clube XV;
entre 1896 e 1939 foi o local da Prefeitura e da Câmara Municipal, e de
1929 a 1937 abrigou a primeira faculdade de Farmácia e Odontologia da
Cidade.
Depois funcionou com escritórios, bares, hotéis e até uma
borracharia. Em 1983, os casarões foram tombados pelo CONDEPHAAT
e, dois anos depois, um incêndio destruiu um dos edifícios.
Casarões do Valongo: local será reformado para abrigar acervo do Museu Pelé
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
143
Em 1990, veio o tombamento pelo CONDEPASA, mas em junho de
1992 outro incêndio destruiu o segundo prédio.
Desde então em ruínas, os imóveis tiveram suas estruturas
reforçadas pela Prefeitura, evitando que as poucas paredes remanescentes
desmoronassem.
Em 1° de setembro de 2006, o Governo do Estado assinou decreto
autorizando a Prefeitura a utilizar a área para a instalação do Memorial
José Bonifácio, porém nada foi feito. Atualmente, a Prefeitura concedeu o
local para que seja feito o Museu Pelé.
Localiza-se no Largo Marquês de Monte Alegre s/n°.
144
Estação do Valongo
Com arquitetura de influência vitoriana e curiosos telhados para
evitar o acúmulo de neve, a estação da empresa São Paulo Railway
Company, criada em 1856, começou a ser construída quatro anos depois,
sob coordenação do engenheiro Daniel Fox, no local onde funcionou o
Convento São Francisco da Penitência.
O prédio é uma cópia reduzida da Victoria Station de Londres. A
iniciativa partiu de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, e a
empresa recebeu concessão para explorar a ferrovia por 90 anos. O
alpendre apóia-se em colunas de ferro e durante muitos anos esteve em
São Paulo. O corpo central elevado em torre com relógio e quatro leões
nos cantos, símbolos do poder do império britânico.
A ferrovia, com 78 quilômetros, foi inaugurada em 1867, com a
chegada do primeiro trem, com locomotiva a vapor, da linha que ligava
São Paulo a Santos. Com oito quilômetros, os planos inclinados da Serra
Estação do Valongo: cópia reduzida da Victoria Station de Londres
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
145
do Mar são considerados uma das maiores obras de engenharia ferroviária
do mundo.
O prédio tombado pelo CONDEPASA em 1993, foi restaurado pela
Prefeitura e desde janeiro de 2004 abriga a sede da Secretaria de Turismo
de Santos (SETUR).
Recentemente foi lançado um projeto para que dentro da estação
funcione também um “Restaurante Escola”, já que Santos uma cidade com
vocação turística ainda não possui nenhum tipo de curso de gastronomia.
Localizado no Largo Marquês de Monte Alegre s/n°, tel. (13) 3201-
8000. Funciona de segunda a sexta-feira das 8 às 18 horas.
146
Santuário de Santo Antônio do Valongo
A pedra fundamental do Santuário de Santo Antônio do Valongo foi
assentada em julho de 1640. Em estilo barroco, tem fachada com um dos
mais expressivos trabalhos do século XVIII e importantes obras de arte.
O terreno para a construção da Igreja foi doado aos franciscanos por
quatro proprietários de terras da Vila de Santos. Quarenta e nove anos
depois, os franciscanos construíram a Capela da Venerável Ordem
Terceira de São Francisco, anexa à igreja.
Nessa capela esta a imagem de São Francisco, em estilo barroco e
tamanho real, orando diante de um Cristo místico alado. No pátio
encontram-se as imagens de Nossa Senhora da Conceição, de 1698, e da
Padroeira dos Enforcados, onde os escravos condenados à morte
costumavam rezar. O Sino dos Enforcados foi arrancado pelo povo
quando da promulgação da Lei Áurea e está guardado na sacristia, junto
com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, do século XVII.
Em estilo barroco, a fachada tem expressivos trabalhos do século XVIII e importantes obras de arte
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em fevereiro de 2008
147
Em 1859, o Barão de Mauá comprou parte do imóvel para a
construção da estação da Estrada de Ferro Santos Jundiaí. O convento foi
demolido, mas não houve força capaz de retirar a imagem de Santo
Antônio do altar. O fato, considerado milagre, impediu o desaparecimento
da igreja, elevada a santuário em 1987 – a edificação foi tombada pelo
CONDEPHAAT em 1982 e pelo CONDEPASA em 1993. As imagens de
Nossa Senhora das Dores, de São Pedro e São João formam a imagem
giratória que representa a Santíssima Trindade.
Atualmente a igreja do Valongo, como todos conhecem, é uma das
mais concorridas para celebração de casamentos, o tempo de espera
normalmente é de 12 a 20 meses.
Situada no Largo Marquês de Monte Alegre s/n°, tel. (13) 3219-
1481.
Missas: Terças às 12h15, 15 horas e 19 horas e aos domingos às
8 horas e 19 horas.
148
Casa de Câmara e Cadeia
Monumento arquitetônico de grande valor histórico, com mais de 2
mil metros quadrados de área construída, a Casa de Câmara e Cadeia foi
projetada em 1836, mas concluída 30 anos depois. Abrigou a Câmara, a
cadeia, o Fórum, intendência, delegacias de polícia e foi palco da
proclamação, em 15 de novembro de 1894, da primeira e única
Constituição Municipal do País.
Construído em pedra e cal, o prédio segue o estilo do Brasil Colônia.
Tombada pelo IPHAN em 1959, pelo CONDEPHAAT em 1973 e pelo
CONDEPASA em 1990, o prédio foi restaurado em 1981. Hoje é a sede
da delegacia de Cultura do Governo do Estado e da Oficina Cultural
Regional Pagu.
Localizada na Praça dos Andradas s/n°, tel. (13) 3219-7456.
Funciona de segunda a sexta-feira das 9 às 22 horas; sábados e domingos
das 10 às 18 horas. Entrada franca.
Construído em pedra e cal, edifício segue estilo do Brasil Colônia
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em julho de 2007
149
Teatro Guarany
Inaugurado em 1882, o Teatro Guarany foi o primeiro edifício
construído para fins teatrais na Cidade. Abrigou manifestações
abolicionistas e republicanas, e recebeu os feridos da Revolução de 1924.
Em 1904, começou a funcionar ali o primeiro cinema regular de Santos,
um dos pioneiros no País. Passou para o Patrimônio da Santa Casa em
1910 e, em fevereiro de 1981, um incêndio destruiu a parte interna do
prédio. A área foi tombada pelo CONDEPASA em 1992. Em 14 de
dezembro de 2006, a Prefeitura lançou o projeto de restauro do teatro que
atualmente segue a todo vapor com as obras.
Calcula-se que no final de 2008, boa parte das obras esteja
concluída.
O teatro fica na Praça dos Andradas n° 100.
Primeira construção para fins teatrais em Santos passa por obras de restauração
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em abril de 2008
150
Igreja do Rosário
Com nave em mármore colorido, a Igreja do Rosário é uma das mais
belas e antigas de Santos, cuja origem remota à capela onde se escondiam
escravos foragidos. Supõe-se que foi erguida em 1758.
Em estilo barroco, foi edificada em 1822 pela Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos (escravos), formada em 1652.
Inicialmente, o altar da irmandade estava localizado na antiga matriz da
cidade, nele eram sepultados os corpos de irmãos pretos, enquanto às
autoridades era reservado o altar-mor, como ocorria desde a Idade Média.
Os brancos ricos eram afiliados a outras irmandades.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário funcionou como catedral de
1907 a 1924.
Localizada na Praça Rui Barbosa s/n°, tel. (13) 3219-3566. Missas
de segunda a sábado às 12 horas.
Igreja tem origem remota à capela, onde se escondiam escravos foragidos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em abril de 2008
151
Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat
Conhecido pelo seu bondinho, que permite alcançar o topo, e pelo
histórico cassino, o Monte Serrat é uma das principais atrações turísticas
da Cidade. No alto do morro, além da Capela de Nossa Senhora do Monte
Serrat, tombada pelo CONDEPASA em 1993, existe a famosa Sala dos
Espelhos.
Em homenagem à santa, Padroeira de Santos, anualmente, no dia 8
de setembro, é celebrada a grandiosa festa de Nossa Senhora do Monte
Serrat. Quem preferir pode chegar ao topo do morro pelos 415 degraus da
escadaria, que apresenta nichos com a Via Sacra.
No sopé do Monte Serrat, encontra-se a Fonte de Itororó, tema de
conhecida cantiga de roda, que já abastecia os moradores e os navios que
aqui aportavam nos séculos XVI e XVII. Na década de 1920, foi criada a
Companhia das Águas do Itororó para engarrafar e comercializar o
produto de teor mineral. O Indicador Turístico Brasileiro, de 1885,
Capela de Nossa Senhora do Monte Serrat, Padroeira da cidade de Santos
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em abril de 2008
152
enaltecia a água límpida e cristalina, e destacava a lenda de “fixar na
cidade a quem bebesse”.
A fonte fica localizada à Praça Correia de Melo s/n°, no sopé de
onde parti o bondinho que leva ao Monte Serrat.
Funciona de segunda a domingo das 8 às 20 horas, tel. (13) 3221-
5665 a passagem de ida e volta custa R$ 15,50.
153
Sociedade Humanitária
A Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos é
a primeira instituição de auxílio mútuo do País, criada em 12 de outubro
de 1879 nas dependências da Escola do Povo, que existiu na Praça Mauá –
mediante o pagamento de pequena importância mensal, os comerciários e
o público em geral dispunham de assistência médica e hospitalar,
medicamentos e ajuda pecuniária em caso de falecimento.
Em 30 de outubro do ano seguinte foi aprovada a criação de uma
biblioteca, hoje com um acervo de 40 mil exemplares. É a mais antiga da
cidade e a maior de São Paulo, com exemplares raros, livros do século
XVII, jornais e revistas publicados a partir do século XIX. A obra mais
antiga é o Testamento Político de Richelieu, impresso em Amsterdã em
1688. Ali também se encontra o único volume do País, do poema
Henriade, de Voltaire, tradução manuscrita por um jesuíta em 1787 (há
154
somente outro em Portugal), e uma edição de 1839 do Diário de
Navegação, de Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso de Souza.
A instituição, que em 1883 passou a oferecer aos associados cursos
de francês, inglês, alemão e mais tarde, de português e de matemática,
funciona desde 1931 na sede atual. Durante as revoluções, como no
Movimento Constitucionalista de 1932, à entidade colocava o prédio à
disposição para prestar socorro e auxílio.
Depois de 15 anos de inatividade, a Sociedade Humanitária
reinaugurou, em 23 de maio de 2003, o salão de festas com o baile A
magia dos sonhos dourados voltou, em um processo de recuperação do
setor sócio-cultural. Desde junho de 1992, a entidade mantém convênio
com a Prefeitura para a manutenção de sua biblioteca. Em 2007, a
Administração Municipal transferiu para Humanitária os 4.658 livros e
2108 peças teatrais da Biblioteca de Artes Cândido Portinari e os 35 mil
155
títulos da Biblioteca Alberto Sousa, ampliando ainda mais o acervo já
disponível ao público em geral.
Situado à Praça José Bonifácio n° 59, tel. (13) 3223-1857/3201-
5033. Funciona de segunda a sexta-feira das 8 às 18 horas.
156
Catedral de Santos
Em estilo gótico, a Catedral de Santos é a sede da Paróquia de Nossa
Senhora do Rosário Aparecida, a mais antiga da Cidade.
Em 1907, a Igreja Matriz, em ruínas, foi interditada e em seu lugar
surgiu a Praça da República. O prédio da nova Catedral começou a ser
construído em 1909 e foi inaugurado em 1924. Mas somente em 1951 é
que o projeto do engenheiro prussiano Maximilian Hehl foi concluído. Na
fachada, sobre o adro
55
, estão duas imagens em granito natural,
representando São Pedro e São Paulo. Mais acima, ladeando os quatro
ângulos da torre, aparece a figura dos profetas Isaias, Jeremias, Ezequiel e
Daniel, junto com os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João. No
interior da igreja há duas capelas laterais: a de Fátima, com uma imagem
que veio de Portugal, e a do Santíssimo Sacramento, com três afrescos de
Benedicto Calixto, representando Noé, o sumo-sacerdote Melquisedec, e
55
Adro: sala de entrada. GUEDES, Cristina. Caminhos da Memória. Santos: Fundação Arquivo e Memória, 2007. p. 65.
Em estilo gótico, Catedral de Santos é sede da Paróquia Nossa Senhora do Rosário Aparecida
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em abril de 2008
157
uma cena de Cristo e os discípulos de Emaús. Sete vitrais mostram cenas
da vida de Nossa Senhora, como o casamento com São José, a anunciação
do arcanjo Gabriel e a visita de Maria à prima. Em 2001, a Catedral
ganhou um altar para Santa Josefina Bakhita, cuja canonização foi
beneficiada por uma graça concedida a uma cidadã santista.
A Catedral fica na Praça José Bonifácio s/n°, tel. (13) 3232-4593.
Missas: segunda-feira às 8 horas e 18 horas; quartas, quintas e sextas, às
18 horas; sábados e domingos às 9 horas e 18 horas.
158
Teatro Coliseu
A história do Teatro Coliseu começou em 1897, com a inauguração
de um ginásio de madeira, com velódromo, arquibancada e botequim. Em
1909, foi substituído por um teatro com 1500 lugares e acústica
considerada perfeita. Em 1924, foi reinaugurado com a configuração
definitiva e 2300 lugares. O revestimento interno é em escaiola
56
e na
decoração destaca-se a arte do italiano Adolfo Fonzari, iluminada por 39
lustres do salão nobre.
Em forma de ferradura, a platéia permite a observação de todos os
detalhes das cenas. O fosso da orquestra em tem estilo wagneriano,
comportando 100 profissionais. O edifício foi muito usado para atividades
políticas, inclusive uma conferência de Ruy Barbosa sobre os monumentos
históricos de Santos. Até o início da década de 1970, passaram pelo teatro
artistas nacionais e estrangeiros. Funcionou depois como cinema e casa de
56
Escaiola: técnica espanhola que mistura gesso e cola para imitar o mármore. GUEDES, Cristina. Caminhos da Memória. Santos: Fundação Arquivo e Memória, 2007.
Restaurado e reaberto em 2006, Teatro Coliseu voltou a ser palco de espetáculos teatrais
Fonte: foto tirada por Erika Ikedo em abril de 2008
159
shows eróticos, até ser desativado na década de 80. Tombado pelo
CONDEPHAAT em 1989 e pelo CONDEPASA em 1990, o teatro
restaurado, voltou a funcionar em 2006, e sua reinauguração foi em 26 de
janeiro de 2006, data da fundação da Vila de Santos.
Atualmente o teatro tem sido palco de grandes espetáculos teatrais,
de dança e orquestras.
Localizado à Rua Amador Bueno n° 237, tel. (13) 3221-8181.
160
Conclusões
A partir dos capítulos escritos pode-se entender que, Santos é uma
cidade portuária que teve seu porto mudado de lugar devido às más
condições de atracação e falta de espaço para as naus. Após esse momento
a cidade passa a crescer economicamente até chegar a ter o maior porto da
América Latina.
Com isso, a consolidação do centro urbano que começa no Outeiro
de Santa Catarina, avança à medida que o porto cresce, porém desde o
início de sua fundação a região central de Santos sempre foi o mesmo
espaço que atualmente se quer preservar e revitalizar.
Revitalizar e dar novos usos aos espaços públicos, edifícios que
compreendem o Centro Histórico que guarda riquezas e faz parte da
história da fundação do Brasil. Com o Projeto Alegra Centro observa-se
161
que o destino do Centro é um só: caminhando em direção ao futuro e
gerando desenvolvimento, constrói uma cultura socioeconômica local.
Novos projetos estão em andamento: a construção do Museu Pelé,
que será nas ruínas do Valongo; a ampliação da linha do bonde turístico; e
o maior de todos, os projetos da Marina Porto Santos que tem como
finalidade aumentar e colocar de vez a cidade de Santos no circuito que
recebe os grandes e luxuosos transatlânticos. Ele tem como base o
exemplo do Porto Madero, em Buenos Aires, que restaurou seus antigos
armazéns, utilizando eles para outros fins, como instalação de restaurantes,
e reacendeu a chama da região central da cidade argentina.
Esse é o objetivo da cidade de Santos tornar-se uma cidade
cosmopolita que alia cultura, praia, história e modernidade.
162
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166
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