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se eu ia tocar fogo na casa no outro dia. Eu não ia dizer que não ia, que tava junto com os
militar … eu digo – não, toco! – Você toca mesmo? Eu disse: - toco! – Pois amanhã a tarde
eu passo por aqui pra saber se você tocou fogo na casa! E é pra você tocar fogo na casa
mesmo! E aquelas criação que eles tem lá, que eles tem muita criação, aquelas criação que
tem lá você pega tudinho e dá cum sumiço naquela criação tudo amanhã mesmo! Porco, tem
um porco lá no chiqueiro você pega e mata e dá pra vizinhança. Eu digo – tá bom! Mais
nisso, não chegou eu fazer aquele serviço. Quando foi logo cedinho chegou um guia que ia
com eles que foi o cara que levou eles até lá em casa, o senhor José Caboco. Zé Caboco
chegou com a vizinhança ali dele toda lá e pegou as galinhas, pegou porco matou tudo,
acabou com aquilo tudo. Mais quando foi as nove horas do dia eu fui e toquei fogo na casa
como eles tinham mandado eu tocar fogo na casa. E fiquei esperando ele passar lá … fez
hora e eles não passaram. Quando foi no outro dia, negócio de umas oito horas do dia que eu
dei fé o terreiro tava qualhado deles. – Tocou fogo na casa? Ai eu fui: - Toquei! Certo, tocou
que eu passei por lá! Tá bom, aí falaram comigo e saíram foi simbora. Quando tava com uns
três méis eles rodando ali por dentro … todo dia eles passava lá em casa, todo dia, todo dia, e
falaram pra mim assim: - olha, você fica aqui na expectativa se aparecer esse pessoal você
corre na base mais perto que tiver aqui, você vai avisar que se você não avisar o negócio é
mais pesado pra você, e você tem que avisar. E se você avisar e nós pegar o cara que você
viu e avisou você tem um dinheiro bom. – Tá bom! Eu fiquei naquela expectativa se
aparecer gente tem de avisar, se não avisar o negócio pega pra mim, né? Mais não. Nunca
mais apareceu, ninguém nunca apareceu lá. Também eu nunca fui avisar pra eles nada,
sempre eles passava e precurava: - cadê os home? Eu digo: - nunca mais eu vi, do dia que
saíram daí nunca mais eu vi. Que quando a Dina passou lá em casa no dia que ela saiu pra ir
lá na casa de ____ ele pediu pra mim ir botá de comer pra os bixos dela lá, tinha um milho lá
numa vazia no armário e era pra mim ir lá e botá ração pras galinhas, pros porcos que tavam
no chiqueiro e as galinhas, né? Mais num chegou eu ir botar ração pra eles, eles tinham
deixado muito lá no terreiro. Eu digo: - do dia que eles passaram aqui, nunca mais eu vi eles
não. Aí quando foi com uns oito dias, eles chegaram lá em casa de novo. Eu tava com um
paiô, uns dez sacos de farinha feito, que eu tava fazendo farinha que era pra levar pras
Abóbora que era ponto de castanha. Eu vendia farinha pras Abóbora e para Fortaleza, e tinha
25 sacos de farinha dentro do paiô e tinha um bucado de farinha dentro de umas coxas, na
oficina e eu tava com 40 calhas de mandioca na água que era pra fazer farinha. Quando eles
chegaram e mandaram eu me arrancar dali, sair da casa rapidamente, deixando tudo pra trás,
ai eu saí e deixei farinha, deixei arroz, deixei as criação e deixei tudo e a mulher gestante,
quase um mês de ganhar nenê. Saí pra fora da … da minha casa, um quilometro e pouco …
Eu morava lá pra cima da mata, naquele tempo as moradas, os morador tudo era longe. Aí
fiquei … ali eu fui passar fome, com arroz muito arroz que eu tinha no paiô, farinha, as
criação mais eu não podia ir lá na casa que os militar tava toda hora rodando ali, eu não
pudia, não tinha mais licença ir lá na casa não e a mulher passando fome … Aí foi tempo que
a mulher ganhou menino. E eu sem puder arrumar nada que o que eu tinha tava tudo preso
pra lá sem eu puder encostar lá pra apanhar. Eu fui lá nas Abóbora na base, cheguei lá falei
com o chefe que ficava sempre lá, eu digo: - não eu vim aqui porque minha mulher ganhou
menino, tá com seis dias hoje que minha mulher ganhou menino, e eu quero a permissão sua
pra mim ir lá na minha roça e pegá uma mandioca pra fazer farinha pra ela. Ele olhou assim
pra mim e disse, assim: - Rapaz, você quer fazer essa farinha não é pra os terroristas não? Eu
digo: - Não, é pra minha mulher que tá de resgardo, tá lá minha mulher passado fome! E ele
disse: - Vai, você pode ir, vai vê sua farinha, mais você tem que fazer pouca! Eu digo: - Não,
vou fazer pouca, não vou fazer muita não, vou fazer pouca. Nesse intervalo que nois tava lá
passando necessidade, eu fui lá duas veiz, lá na casa, lá na minha casa a meia noite pra
roubar o que era meu pra poder comer. Nesse dia eu trouxe um pouco de arroz, truxe uma