RESUMO
ESTUDO DAS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DA RESINA DE Protium
heptaphyllum (Aubl.) March. E DE SEUS PRINCIPAIS CONSTITUINTES,
MISTURA DE α- E β-AMIRINA. Francisco de Assis Oliveira. Tese submetida à
coordenação do curso de Pós-Graduação em Farmacologia, do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Farmacologia.
A espécie Protium heptaphyllum (Aubl.) March (Burseraceae) popularmente conhecida
como almécega, é encontrada na região Amazônica, em vários Estados do Brasil e países da
América do Sul. Esta espécie exsuda uma resina oleosa e amorfa, usada na medicina popular
como analgésico, antiinflamatória, cicatrizante e expectorante. Estudos fitoquímicos
demonstraram a presença de monoterpenos e triterpenos pentacíclicos, tais como - amirina e -
amirina, maniladilol e breina. O presente trabalho teve como objetivo investigar os efeitos tóxicos
e farmacológicos da resina e de seus constituintes majoritários, a mistura de triterpenos - e -
amirina. Na avaliação dos efeitos tóxicos observamos a toxicidade aguda destes produtos em
camundongos e Artemia sp. Analisando os efeito sistêmicos, avaliamos a atividade
antiinflamatória da resina (edema de pata induzido por carragenina, granuloma induzido por
“pellets” de algodão e permeabilidade vascular induzida por ácido acético) e da mistura de - e -
amirina (edema induzido por histamina, serotonina, dextrana T40 e composto 48/80).
Examinamos ainda as atividades gastroprotetora e antisecretória da resina (lesões gástricas
induzidas pelo etanol absoluto e etanol acidificado e secreção ácida induzida pela ligação pilórica)
e as atividades gastroprotetora (lesões gástricas induzidas pelo etanol absoluto, com animais
dessensibilizados por capsaicina), antipruriginosa (prurido induzido pelo dextrana T40 e composto
448/80 e desgranulação de mastócitos ex vivo), antinociceptiva (nocicepção induzida pela
administração subplantar e intracolônica de capsaicina, resposta hipotérmica induzida por
capsaicina) e hepatoprotetora (lesões hepáticas induzidas por acetaminofeno e GalN/LPS) da
mistura de - e -amirinas. Não foi possível estabelecer as DL
50
da resina (até 5 g/kg, v.o. e 1
g/kg, i.p.) e da mistura de - e -amirina (até 3 g/kg, v.o. e até 2 g/kg, i.p.) em camundongos. A
mistura de - e -amirina, mas não a resina, mostrou toxicidade para Artemia sp, sendo as CL
50
de 42,54 19,96 e 400 27,85 g/mL, respectivamente. Nos modelos de permeabilidade
vascular induzido por ácido acético (camundongos) e granuloma induzido por “pellet” de algodão
(ratos), a resina demonstrou efeito antiinflamatório significativo na dose de 400 mg/kg, reduzindo
a permeabilidade vascular e o peso seco do granuloma. Contudo, a resina não apresentou atividade
sobre edema induzido por carragenina (ratos). Adicionalmente, a resina preveniu as lesões
gástricas induzidas por etanol absoluto e etanol acidificado, além de impedir a depleção dos
grupos sulfidrilas produzida pela etanol absoluto nas doses de 200 e 400 mg/kg. Um efeito
antisecretório da resina (200 e 400 mg/kg) foi observado no modelo de secreção ácida induzida
pela ligação pilórica em ratos. A mistura de - e -amirina também exibiu atividade
gastroprotetora inibindo as lesões gástricas induzidas por etanol absoluto, cujo mecanismo parece
envolver os neurônios sensoriais primários sensíveis à capsaicina. A administração oral dos
triterpenos - e -amirina (100 mg/kg), apresentou atividade antiedematogênica, nos modelos de
edema de pata induzidos por histamina, composto 48/80 e dextrana T40, mas não sobre o edema
induzido por serotonina. A atividade antipruriginosa também foi observada com as - e -amirina
nas doses variando de 50 a 200 mg/kg, em modelos de prurido induzido por dextrana T40 e pelo