RESUMO
Estudo de polimorfismos (germline) no gene EGFR e possíveis
associações com a resposta citotóxica em fibroblastos tratados com
inibidores de tirosina quinase. Raquel Carvalho Montenegro. Orientador:
Manoel Odorico de Morais Filho. Co-Orientador: Mark J Ratain. Tese de
Doutorado Sanduíche em Chicago. Programa de Pós-Graduação em
Farmacologia. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, UFC; e
Departamento de Medicina, UC. 2006.
Apenas um pequeno número de pacientes beneficiam-se da terapia com
inibidores de EGFR. Em razão disso, torna-se importante o entendimento dos
mecanismos envolvidos na resposta a estas drogas a fim de encontrar
marcadores preditores de eficácia terapêutica, auxiliando, então, na seleção de
pacientes que podem se beneficiar com essas drogas. Apesar de mutações
somáticas e amplificações gênicas terem sido correlacionadas à eficácia
terapêutica dos inibidores de EGFR, foi demonstrado que células neoplásicas
e/ou pacientes que possuem expressão de EGFR normal também são sensíveis
à estas drogas. Assim, o objetivo deste trabalho foi entender os mecanismos
envolvidos na predisposição à sensibilidade aos inibidores de tirosina quinases
em células normais por meio de análise de polimorfismos (germline) no gene
EGFR. Para isso, foi escolhido um modelo in vitro, utilizando-se 70 amostras de
fibroblastos normais. Os estudos citotóxicos foram realizados com dois
inibidores de EGFR Gefitinib (Ge) e AG1478 (AG). As células foram incubadas
por 72 horas com diferentes concentrações (10, 20, 40 e 60 µM para Ge e 5, 10,
15 e 20 µM para AG) sendo dissolvidas em DMSO. Para a análise genotípica,
foram avaliados quatro polimorfismos: -216G/T, R497K, 787C/T e intron 1 (CA)
n
.
A expressão de EGFR foi analisada por PCR em tempo real. Já para as outras
duas drogas, observou-se que estas se comportaram de forma diferente. Os
fibroblastos tiveram uma maior variabilidade na resposta para Ge (coeficiente de
variabilidade entre as quatro doses de 61%) quando comparado a resposta para
AG (26%). A inibição do crescimento não foi correlacionada com o nível de
expressão de EGFR. Observou-se, ainda, correlação significante entre o
polimorfismo R497K e a sobrevida das células tratadas com AG na dose de 5µM
(p<0.01) e 10µM (p<0.05) com uma maior inibição do crescimento celular nos
alelos K. Nenhuma correlação foi observada entre os polimorfismos e a
citotoxicidade de Ge. Essas observações sugerem que os efeitos citotóxicos de
G e AG possuem mecanismos diferentes, e que outros genes tais como
trasportadores podem contribuir para a resposta a essas drogas. O polimorfismo
R497K pode ser útil como marcador de predição de resposta a AG e/ou agentes
semelhantes. Mais estudos envolvendo vias de sinalização devem ser realizados
para esclarecer a relação entre resposta e rash cutâneo em pacientes tratados
com inibidores de tirosina quinase.
Palavras-Chave: 1. Farmacogenética. 2. Inibidores de Proteínas Quinases. 3.
Genes erbB-1. 4. Polimorfismo Genético