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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE
EMPRESAS
A RELAÇÃO ENTRE O AMBIENTE TÉCNICO E O
ISOMORFISMO MIMÉTICO: UM ESTUDO NO ESTADO DE
SÃO PAULO
Sidnei Augusto Mascarenhas
São Paulo
2008
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Sidnei Augusto Mascarenhas
A Relação Entre o Ambiente Técnico e o Isomorfismo Mimético:
Um Estudo no Estado de São Paulo
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração de Empresas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie para a
obtenção do título de Mestre em Administração de
Empresas.
Orientador: Prof. Dr. Walter Bataglia
São Paulo
2008
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Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Professor Dr. Manassés Claudino Fontelis
Coordenador Geral da Pós-Graduação
Professor Dr. José Geraldo Simões Junior
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Professor Dr. Reynaldo Cavalheiro Marcondes
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Administração de Empresas
Professora Drª. Eliane Pereira Zamith Brito
Para Cida, Mariane e Carlos
pelo constante incentivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Walter Bataglia, pela amizade demonstrada
ao longo do trabalho.
Agradeço à banca de qualificação, Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto e Profª. Drª.
Eliane P. Zamith Brito, pelas contribuições valiosas a este projeto.
Agradeço aos professores do Programa de Pós-Graduação em Administração de
Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie que me prepararam para este trabalho.
Em especial à Profª Drª Eliane P. Zamith Brito pela confiança demonstrada desde nosso
primeiro contato.
Agradeço aos dirigentes do MackPesquisa fundo de pesquisa da Universidade
Presbiteriana Mackenzie pelo apoio recebido.
Agradeço ao grupo de pesquisa sobre Ambiente Organizacional da Universidade
Presbiteriana Mackenzie pelo acesso às informações. .
Agradeço à Dagmar Dollinger pela constante e bem humorada ajuda.
Agradeço à minha amiga de todas as horas, Lílian Miguel, pelo apoio e incentivo
incondicional.
Agradeço ao meu irmão Gilson Luiz Nogueira e família pela inestimável ajuda em
tornar o sonho em realidade.
Agradeço, com carinho, aos meus pais, Carlos (em memória) e Francisca (em
memória), pessoas simples, com uma inabalável fé no saber.
Agradeço, com especial carinho, à minha esposa Cida e aos meus filhos Mariane e
Carlos, que souberam compreender e apoiar esta jornada.
Agradeço, acima de tudo, a Deus, por me permitir o acesso à Luz.
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é verificar a relação entre o ambiente técnico e o isomorfismo
mimético em empresas sediadas no Estado de São Paulo. Os dados sobre as dimensões do
ambiente foram obtidos do banco de dados do IBGE e RAIS por pesquisadores da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os dados sobre o isomorfismo institucional foram
colhidos via aplicação de questionário fechado. Foram estudadas 15 organizações escolhidas
de seis diferentes setores da indústria de transformação totalizando 39 respondentes (gestores
dos níveis I e II). A análise efetuada por regressão multivariada evidenciou a relação existente
entre a ambigüidade de meios e os ambientes dinâmicos e pouco munificentes.
Palavras-chave: ambiente técnico; isomorfismo mimético; teoria institucional.
ABSTRACT
This study has been carried out to establish a positive relation between organizational
environment and mimetic isomorphism in organizations located at State of São Paulo, Brazil.
Research method was survey. Environmental dimension was based on IBGE and RAIS data
base researched by researchers from Universidade Presbiteriana Mackenzie. Data about
institutional isomorphism was obtained through a questionnaire. Fifteen organizations from
six different CNAE sectors and thirty nine managers from level 1 or 2 were considered. Data
was analyzed through multivariate regression and confirmed initial hipotese.
Keywords: Organizational environment; Mimetic isomorphism; Institutional theory.
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: A incerteza e a dependência no ambiente técnico................................................. 19
Quadro 02: Termos utilizados na descrição do ambiente......................................................... 25
Quadro 03: Os três pilares das instituições............................................................................... 31
Quadro 04: Estágios da institucionalização.............................................................................. 34
Quadro 05: O trabalho de Merton ............................................................................................39
Quadro 06: Sumário dos isomorfismos .................................................................................... 50
Quadro 07: Indicadores do isomorfismo mimético.................................................................. 51
Quadro 08: Método quantitativo versus método qualitativo .................................................... 54
Quadro 09: População-alvo da pesquisa................................................................................... 57
Quadro 10: Níveis de análise dos dados................................................................................... 59
Quadro 11: Distribuição das questões sobre isomorfismo no questionário. ............................61
Quadro 12: Variáveis e hipóteses, técnicas estatísticas e seus pressupostos............................64
Quadro 13: Resultado do envio de correspondências e telefonemas........................................ 66
Quadro 14: Tamanho da amostra..............................................................................................67
Quadro 15: Caracterização da amostra..................................................................................... 68
Quadro 16: Número de funcionários e respondentes por empresa........................................... 68
Quadro 17: Características demográficas da amostra...............................................................69
Quadro 18: Características das variáveis independentes para a amostra.................................. 72
Quadro 19: Características das variáveis dependentes para a amostra..................................... 72
Quadro 20: Verificação empírica do desvio-padrão................................................................. 73
Quadro 21: Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis....................................... 75
Quadro 22: Variação do coeficiente de correlação R2............................................................. 81
Quadro 23: Ambigüidade de Metas versus Dinamismo, Complexidade e Munificência ........ 82
Quadro 24: Ambigüidade dos meios, dinamismo, complexidade e munificência ................... 83
Quadro 25: Ambigüidade média, dinamismo, complexidade e munificência.......................... 84
Quadro 26: Erros Tipo I e Tipo II ............................................................................................87
Quadro 27: Desvios-padrões médios das ambigüidades .......................................................... 88
Quadro 28: Desvios-padrões médios das ambigüidades nas organizações de pequeno porte.. 89
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Curva tradicional de institucionalização................................................................... 37
Figura 2: Dinamismo, complexidade e munificência............................................................... 76
Figura 3: Dinamismo e Ambigüidades..................................................................................... 77
Figura 4: Complexidade e Ambigüidades ................................................................................ 78
Figura 5: Munificência e Ambigüidades .................................................................................. 79
Figura 6: Ambigüidades ........................................................................................................... 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA......................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA......................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral..........................................................................................................15
1.2.2 Objetivos específicos...............................................................................................16
1.3 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO.................................................................................. 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................17
2.1 O AMBIENTE TÉCNICO..............................................................................................17
2.1.1 As Dimensões do Ambiente Técnico......................................................................21
2.1.2 O Ambiente Técnico neste Trabalho.....................................................................28
2.2 O AMBIENTE INSTITUCIONAL - OPERACIONALIZAÇÃO.................................. 28
2.2.1 As Instituições e o Processo Institucional.............................................................31
2.2.2 Análise Histórica da Teoria Institucional e o Isomorfismo.................................38
2.2.3 Isomorfismo Coercitivo..........................................................................................43
2.2.4 Isomorfismo Normativo .........................................................................................44
2.2.5 Isomorfismo Mimético............................................................................................45
2.2.6 Sumário dos Isomorfismos....................................................................................50
2.2.7 O Isomorfismo neste Trabalho..............................................................................51
3 VARIÁVEIS E HIPÓTESES DO PROBLEMA DE PESQUISA...................................52
3.1 VARIÁVEL DEPENDENTE ......................................................................................... 52
3.2 VARIÁVEL INDEPENDENTE ..................................................................................... 52
3.3 HIPÓTESE DE PESQUISA ...........................................................................................53
4 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................................54
4.1 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................................. 54
4.2 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO E DA AMOSTRA DA PESQUISA .............56
4.3 ESTRATÉGIA DE COLETA DE DADOS E TIPOS DOS DADOS............................. 57
4.3.1 A Abordagem das Organizações ...........................................................................57
4.3.2 Níveis de análise dos dados ....................................................................................58
4.3.3 Conceituação e Operacionalizações dos Dados....................................................59
4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS E ESCALA ......................................... 60
4.5 CONFIABILIDADE E VALIDADE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA ............... 61
4.6 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 62
4.6.1 Hipóteses e Técnicas Estatísticas...........................................................................62
4.6.2 Procedimento para Teste das Hipóteses Estatísticas...........................................64
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS DADOS...................................................................66
5.1 RESULTADO DO ENVIO DAS CORRESPONDÊNCIAS E TELEFONEMAS.........66
5.2 AMOSTRAGEM ............................................................................................................ 67
5.3 PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA ..................................................... 69
5.4 CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA ........................................ 70
5.5 CASOS EXTREMOS E DADOS FALTANTES ........................................................... 70
5.6 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS E TESTE DE NORMALIDADE ...............71
5.6.1 Análise da Relação entre as Variáveis – Linearidade ........................................74
5.7 ANÁLISE DE REGRESSÃO ......................................................................................... 80
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................................................86
7 CONCLUSÃO......................................................................................................................90
7.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...................................................................................... 92
7.2 PESQUISAS FUTURAS ................................................................................................ 94
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................96
APÊNDICES.........................................................................................................................102
ANEXOS ...............................................................................................................................118
11
1 INTRODUÇÃO
Cresce a percepção de que eventos mundiais estão rapidamente convergindo para
delinear um mundo integrado em que, influências econômicas, sociais, tecnológicas e dos
negócios atravessam fronteiras tradicionais, como nações, tempo, espaço e indústrias, com
crescente facilidade (PARKER, 1999).
A queda das barreiras de entrada nos vários mercados, as estratégias coletivas nas
quais por vezes fabricantes, financiadores e governos unem-se para explorar uma condição
comercial ou tecnológica diferenciada, a revolução causada pela tecnologia digital e as
expectativas crescentes dos clientes, são fatores predominantes desde os anos noventa. De
acordo com Bennis (1999) este ambiente apresenta quatro características principais:
- interdependência no lugar da competição;
- turbulência e incerteza no lugar da estabilidade e certeza;
- empreendimentos em larga escala no lugar dos de pequena escala;
- empreendimentos multinacionais complexos no lugar de empreendimentos
nacionais simples.
Essa situação ocasiona em muitos setores, como os de informática e eletrônica de
entretenimento, a redução do ciclo de vida dos produtos e uma maior agressividade dos
competidores, contribuindo para que as organizações tenham períodos cada vez mais curtos
de vantagem competitiva, pontuados por freqüentes rupturas.
As capacidades de qualquer organização situam-se primariamente nos princípios
organizacionais pelos quais as especializações individuais e funcionais são estruturadas,
coordenadas e comunicadas (ZANDER; KOGUT, 1995).
O fundamental, então, está no desenvolvimento e no uso inteligente dos bens
intangíveis da organização, tais como conhecimentos, competências e propriedade intelectual
o que inclui ainda marcas, reputação e relações com os clientes (TEECE, 1988), sendo as
12
empresas vistas como comunidades sociais que utilizam sua estrutura relacional e esquemas
compartilhados de codificação para assegurar a transferência, a comunicação e a geração de
novas habilidades e capacidades.
O que torna o conhecimento particularmente interessante é que as empresas não
competem somente por criação, replicação e transferência, mas pela habilidade em imitar as
inovações dos competidores (ZANDER; KOGUT, 1995).
A profunda influência da imitação na dinâmica industrial é um fato bem estabelecido
com os imitadores promovendo a rápida difusão de novos produtos, processos e arranjos
organizacionais (RIVKIN, 2000).
De acordo com Christensen (2000), com freqüência crescente, essa prática tem se
tornado uma tática presente em inúmeras organizações como um recurso de baixo custo e de
alta eficiência na superação dos concorrentes e no reconhecimento social. Bancos obtiveram
reduções de custos e crescimento depois de adotar experiências de organizações bem
sucedidas. Concessionárias de veículos aprenderam a melhorar seus serviços com
treinamentos dados por redes hoteleiras. Hospitais incorporaram práticas da Marinha
americana para tornar as cirurgias mais seguras. Essa tendência adquiriu uma nova conotação
no caso do consórcio formado pela General Electric, IBM e Bayer para compartilhamento das
suas melhores práticas empresariais visando à inovação.
De acordo com DiMaggio e Powell (1983) as organizações que conjuntamente
representam uma área reconhecível da vida institucional, ou seja, estão no mesmo campo
organizacional, apresentam características de similaridade em suas formas organizacionais.
Esse fenômeno, conhecido como isomorfismo, pode ocorrer com base em processos
competitivos ou institucionais. Segundo esses autores, os mecanismos de institucionalização
têm sua base em processos coercitivos, normativos e miméticos. Pressões coercitivas são
aquelas originadas em relações com pouca margem para negociação ou mesmo legislações; as
13
pressões normativas têm origem em organizações focais por meio da formação e treinamentos
em áreas específicas do conhecimento, ou do contato entre dirigentes e funcionários das
organizações; finalmente temos as pressões miméticas originadas do contato informal entre os
diversos atores organizacionais ou mesmo em tentativas de aproximação com organizações
visadas (COSER; MACHADO-DA-SILVA, 2004).
O isomorfismo mimético deriva da imitação entre firmas baseada na consideração
pelos gestores das informações implícitas nas ações dos demais atores ambientais
(DiMAGGIO; POWELL, 1983; HANANN; FREEMAN, 1984; MINER; RAGHAVAN,
1999; LIBERMAN; ASABA, 2006).
Uma situação típica é a de ambientes dinâmicos onde as rápidas mudanças
ambientais dificultam a identificação de uma linha de ação, com a incerteza levando à maior
receptividade dos gestores pelas informações implícitas nas ações dos demais atores
ambientais (BOGNER; BARR, 2000). Dessa forma, firmas pequenas podem seguir rivais de
maior porte caso os julguem melhor informados, ou uma firma que obteve sucesso no passado
pode ser imitada. Nesses casos os gestores podem inclusive ignorar suas próprias
informações, aderindo às ações de outros atores ambientais; trata-se da tentativa de se imitar
uma opção entendida como qualitativamente superior e/ou legitimar as escolhas realizadas
buscando-se prestígio pessoal e organizacional (BATAGLIA, 2008).
Esse tipo de imitação usualmente é adotado por empresas seguidoras, em condições
assimétricas de posição de mercado e acesso restrito a recursos em relação aos líderes, mas
também pode ocorrer entre empresas líderes em situações de incerteza e/ou ambigüidade, de
forma a reduzir os riscos envolvidos na tomada de decisões (LIBERMAN; ASABA, 2006)
A incerteza e a ambigüidade no processo decisório da firma aumentam tanto em
função da falta de conhecimento sobre as relações existentes entre os atores, quanto em
função da impossibilidade de se estimar as probabilidades dos estados ambientais.
14
A imitação pode ter causas variadas (LIEBERMAN; ASABA 2006). Constitui-se em
uma resposta da firma ao seu ambiente. Seja o ambiente competitivo (técnico) ou
institucional. O ambiente técnico pode ser definido como uma estrutura complexa e dinâmica
que estabelece um jogo de relações competitivas entre os atores do mercado – fornecedores,
competidores, agências reguladoras e outros, que podem influenciar o resultado da firma
(DESS; BEARD, 1984; SHARFMAN; DEAN, 1991). A dinâmica do ambiente técnico faz
com que as empresas busquem alternativas tanto no sentido de se adaptarem quanto para
construírem um novo ambiente externo mais favorável às suas necessidades, visando ao
melhor desempenho e legitimidade.
Este estudo tem como objetivo ampliar a compreensão sobre a situação da imitação,
a partir da seguinte questão de pesquisa: Qual a relação entre o ambiente organizacional
objetivo e o isomorfismo mimético? Ou seja, será que as dinâmicas do ambiente técnico
influenciam a imitação por informação entre as empresas?
O estudo desta relação pode servir de contribuição para os gestores na definição de
estratégias de ação para seus ambientes com a geração de maior conhecimento sobre o papel
da imitação na administração estratégica.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Nos estágios iniciais dos seus ciclos de vida as organizações de um mesmo setor
mostram uma considerável diversidade de formas e abordagens. Contudo à medida que se
estabilizam tendem a adotarem padrões únicos, homogêneos.
A literatura evidencia o estabelecimento e a estruturação institucional de um campo
organizacional como resultado das atividades de um conjunto diverso de organizações de um
mesmo setor. Nesse processo, ocorre a homogeneização das organizações já existentes
15
quando o campo foi estabelecido, como de novos entrantes (DiMAGGIO; POWELL, 1983).
Por campo organizacional, entende-se o conjunto das organizações que constituem a área
reconhecível da vida institucional: fornecedores essenciais, recursos e produtos de consumo,
agências reguladoras e concorrentes. A análise do campo organizacional nos dá a importância
da interligação entre as firmas e ao mesmo tempo a equivalência estrutural.
A adoção de práticas organizacionais inovadoras é muitas vezes guiada pela busca da
melhoria do desempenho; com a difusão da inovação a adoção da nova prática ganha
legitimidade em lugar de melhor desempenho.
O isomorfismo é o conceito que melhor explica a competição das organizações não
só por recursos e clientes, mas por poder político, legitimidade e por adaptação social e
política (ALDRICH, 1979).
O presente estudo tem como objeto a investigação da existência da relação entre o
isomorfismo mimético e o ambiente técnico. Considerando-se isto fundamental para os
gestores na geração de orientações e diretrizes para a administração estratégica do ambiente
institucional.
O problema de pesquisa é então enunciado da seguinte maneira: Qual a relação
entre o ambiente técnico e o isomorfismo mimético nas empresas do Estado de São
Paulo?
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1 Objetivo geral
Analisar a influência do ambiente técnico no isomorfismo mimético nas empresas
localizadas no Estado de São Paulo.
16
1.2.2 Objetivos específicos
São objetivos específicos deste trabalho:
Caracterizar as dimensões do ambiente técnico de seis setores industriais
localizados no Estado de São Paulo.
Levantar a ambigüidade sobre metas e meios nos seis setores considerados.
Relacionar o ambiente técnico com a percepção da ambigüidade de metas e
meios.
1.3 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo está estruturado em três seções além desta introdução. A primeira seção
apresenta o referencial teórico explicitando as bases teóricas sobre o ambiente técnico e a
relação entre seus componentes. A segunda seção explicita as variáveis de pesquisa, as
hipóteses de pesquisa, a justificativa, a relevância do trabalho e sua delimitação. A terceira
seção discute a metodologia. Aborda os aspectos relativos à estratégia de pesquisa adotada
para o estudo, assim como aspectos referentes ao método de pesquisa, o nível e a unidade de
análise, a obtenção dos dados e o seu tratamento.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste estudo está organizado de modo a fundamentar a pesquisa
sobre a relação entre ambiente técnico e o isomorfismo mimético.
Primeiramente desenvolvemos o conceito de ambiente técnico, sua importância e
influência nas organizações. Após é conceituado o ambiente institucional e o isomorfismo
mimético.
2.1 O AMBIENTE TÉCNICO
A globalização da economia e dos mercados, a internacionalização das empresas, os
avanços da tecnologia da informação, a crescente necessidade de satisfação dos clientes e o
crescimento significativo da competição empresarial configuram um ambiente organizacional
dinâmico e complexo (COCHIA; MACHADO-DA-SILVA, 2004). A rápida mudança destes
fatores ambientais aliadas à relativa facilidade de entrada e de saída dos competidores e a
ambigüidade da demanda dos consumidores são fatores que impedem as firmas de obterem
resultados significativos por um longo período de tempo com uma única vantagem
competitiva (BARR; BOGNER, 2000).
A literatura sobre estratégia enfatiza a relevância do estudo do ambiente. Ele é
considerado o agente central no processo de formulação das estratégias das organizações
(MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).
Teóricos organizacionais (DUNCAN, 1972; ALDRICH, 1979; DESS, BEARD,
1984; SHARFMAN, DEAN, 1991) têm enfatizado que as organizações devem se adaptar ao
seu ambiente se quiserem tornar-se viáveis.
18
Considerando-se a diversidade das teorias sobre organização e das orientações
intelectuais dos pesquisadores, não constitui surpresa o fato da pesquisa sobre ambientes
organizacionais caracterizar-se por uma ampla variedade de perspectivas (RASHEED;
PRESCOTT, 1992). Bourgeois (1980) sugeriu que o ambiente organizacional pode ser
definido em termos de objetos, atributos e percepções. Smircich e Stubbart (1985) sugerem
que há três maneiras diferentes dos membros da organização conhecerem seu ambiente: o
ambiente objetivo, o ambiente percebido e o ambiente estabelecido.
Um debate central na literatura está em tratar-se o ambiente como realidade objetiva
ou como um fenômeno ligado à percepção dos gestores (DEAN; SHARFMAN, 1991). Para
Weick (1995) em um extremo, não existe o denominado ambiente objetivo, mas o ambiente é
parte daquele fluxo de informações externas que a firma interpreta por meio da atenção e das
crenças dos seus gestores. Outros pesquisadores como Duncan (1972) não discutem
propriamente a existência ou não do ambiente objetivo, mas o processo de percepção dos
gestores, particularmente sob incerteza, que molda a escolha gerencial.
Machado-da-Silva e Fonseca (1996) conceituam o ambiente objetivo ou técnico
como: Ambiente técnico, ou espaços de competição na ótica econômica, são aqueles cuja
dinâmica de funcionamento desencadeia-se por meio da troca de bens e serviços, de forma
que as organizações que nele se inserem são avaliadas pelo processamento tecnicamente
eficiente do trabalho.
Segundo a visão do ambiente técnico, as organizações estão direcionadas a questões
de âmbito econômico, buscando reduzir a incerteza do ambiente a partir da eficiente aplicação
dos recursos na produção de bens e serviços para serem colocados no mercado.
De acordo com Meyer e Scott (1983) o ambiente técnico envolve tecnologias
complexas e trocas de produtos ou serviços em um mercado no qual as organizações são
remuneradas pelo controle eficiente e eficaz de seu trabalho.
19
Segundo Scott (1998) os ambientes técnicos incorporam a idéia de que estruturas
racionais são aquelas que eficiente e efetivamente produzem bens e serviços específicos que
de modo eficaz realizam objetivos específicos. A definição e a operacionalização do conceito
de ambiente técnico alcançam um razoável consenso em função das noções de dependência e
incerteza (SCOTT, 1998). O quadro 01 mostra as características que afetam a incerteza e a
dependência no ambiente técnico.
Características Definição
Que afetam a incerteza
Homogeneidade/Heterogeneidade Extensão na qual os elementos ambientais são similares
Estabilidade/Variabilidade Extensão na qual os elementos ambientais estão sujeitos à mudança
Ameaça/Segurança Extensão na qual a organização é vulnerável ao seu ambiente
Interconexão/Isolamento
Extensão na qual a organização está ligada a outras organizações
Coordenação/Não-coordenação Extensão na qual o ambiente é organizado ou estruturado
Que afetam a dependência
Abundância/Escassez Extensão na qual os recursos necessários estão disponíveis no ambiente
Concentração/Dispersão Extensão na qual os recursos necessários estão espalhados no ambiente
Coordenação/Não-coordenação Extensão na qual o ambiente é organizado ou estruturado
Quadro 01: A incerteza e a dependência no ambiente técnico.
Fonte: Machado-da-Silva e Fonseca (1999)
Em sua tipologia das dimensões do ambiente, Aldrich (1979) assumiu a existência do
ambiente técnico, chamando-o de ambiente objetivo e fazendo predições do seu impacto sobre
a empresa. Esta abordagem constituiu-se na base teórica do trabalho de Dess e Beard (1984)
que estabeleceram-se as dimensões do ambiente, que por sua vez formou a base para trabalhos
de (KEATS; HITT, 1988; LAWLESS, FINCH, 1989)que examinam a relação entre a firma e
o seu ambiente. Não há na literatura sobre ambiente consenso quanto à sua mensuração e o
seu impacto na organização, tornando difícil a comparação entre os vários estudos disponíveis
(DEAN; SHARFMAN, 1991).
20
Para Harris (2004) as abordagens para conceituação e dimensões do ambiente
situam-se em duas categorias. A primeira, uma abordagem objetiva, assumindo que o
ambiente pode ser medido por índices quantificáveis, usualmente baseados em informações
financeiras. A segunda abordagem para a conceituação e dimensões do ambiente foca nas
medidas subjetivas ou perceptivas e tem sido recomendada para estudos que abordam as ações
da firma como a procura de informações ou o processo decisório (HARRIS, 2004).
A teoria institucional vê o ambiente como repositório de dois tipos de recursos: os
econômicos e os simbólicos (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).Recursos
econômicos são os tangíveis como terrenos e equipamentos; recursos simbólicos incluem
itens como reputação e prestígio. A estratégia da empresa está em encontrar formas de
adquirir recursos econômicos e transformá-los em simbólicos e vice-versa protegendo-se das
incertezas ambientais (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).
O conceito mais elaborado de ambiente é dado pela teoria institucional por
compreender a noção técnica e institucional como duas dimensões complementares do
ambiente (COCHIA; MACHADO-DA-SILVA, 2004). Meyer e Rowan (1977) e Scott (2001)
definem ambiente em termos técnicos e institucionais. No ambiente técnico as organizações
disponibilizam produtos ou serviços ao mercado, que são avaliados em termos de eficiência e
eficácia organizacional, e obtêm resultado com base na relação de troca estabelecida. No
ambiente institucional os componentes socioculturais ganham relevância caracterizando-se o
ambiente pela existência de regras e exigências socialmente constituídas as quais a
organização deve conformar-se para obter com isso legitimidade e apoio contextual
(ANDRADE FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2002; COCHIA; MACHADO-DA-SILVA,
2004).
21
Para a finalidade deste trabalho, adotou-se a conceituação de ambiente técnico
analisando, então, os resultados obtidos pelas organizações na relação de troca com seus
mercados, encontrando para isto justificativa em Harris (2004) e Castrogiovanni (2002).
A vulnerabilidade de uma organização ao ambiente técnico é resultado das
necessidades de recursos controlados pelo ambiente, tais como, matéria-prima, funcionários,
capital, equipamentos, conhecimentos e mercado para os produtos e serviços (DESS;
BEARD, 1984). Essa dependência é função da importância dos recursos para a organização e
do número de fontes disponíveis. Bem como do número, variedade e poder relativo das
organizações que competem pelo mesmo recurso (DESS; BEARD, 1984). Não é esta uma
relação de dependência simples, mas um complexo conjunto de dependências que existe entre
as organizações e os componentes ambientais inseridos na rede interorganizacional (HATCH,
1997). À medida que crescem as conexões interorganizacionais o ambiente torna-se mais
complexo e mais dinâmico com os efeitos de distúrbios em uma parte transmitindo-se pelas
conexões para afetar a organização focal da rede (CASTROGIOVANNI, 2002).
2.1.1 As Dimensões do Ambiente Técnico
De acordo com Harris (2004) as questões referentes à conceituação e medição do
ambiente continuam provocando discussões podendo ser sumarizadas em três pontos
principais: 1) há um vago consenso na literatura sobre as dimensões relevantes do ambiente;
2) há algum consenso sobre como estas dimensões podem ser medidas (SHARFMAN;
DEAN, 1991); 3) restam incertezas quanto a interação e aos efeitos do ambiente na
organização.
Aldrich (1979), em sua extensa revisão bibliográfica sobre o ambiente das
organizações, identificou seis dimensões, com diferentes valores e cada uma implicando em
22
diferenças nas estruturas e atividades correspondentes. As dimensões são relevantes para a
seleção ambiental por sua referência à natureza e à distribuição dos recursos no ambiente, os
diferentes valores dos seus indicadores implicam na definição das atividades e nas estruturas
apropriadas à execução (ALDRICH, 2006). Essas dimensões são apresentadas a seguir:
Capacidade do ambiente
Refere-se ao nível relativo de recursos disponíveis no ambiente da organização sendo
classificado como rico, quando os recursos são abundantes e enxutos quando exigindo maior
eficiência no seu uso. Ambientes ricos permitem acesso a recursos amplos ao mesmo tempo
em que atraem outras organizações sendo vistos como uma barreira à formação de relações
interorganizacionais. Ambientes enxutos, segundo Aldrich (1979), podem promover a
estocagem alta e práticas competitivas agressivas, bem como recompensas à eficiência.
A capacidade do ambiente ou o que os ecologistas, entre eles Astley e Fombrun
(1983) e Levinthal (1991), denominam capacidade de sustentação, impõe limites ao tamanho
das organizações assumindo que as organizações têm um tamanho uniforme quando os
recursos são fixos e que novas organizações podem iniciar suas atividades facilmente pelo
mimetismo.
A estabilidade de recursos do ambiente, segundo Aldrich (1979), evolui para o
crescimento provocado pela descoberta de novos recursos ou uma nova configuração dos
antigos; a capacidade de sustentação do ambiente pode decrescer pela exaustão dos recursos e
a não disponibilidade de substituição; o tamanho médio das organizações pode crescer pelo
ganho de vantagens sobre outras e sua conseqüente extinção ou por sua aquisição; o tamanho
médio das organizações pode ainda decrescer se fatores antes indivisíveis de produção
tornarem-se divisíveis tal como ocorre com as inovações tecnológicas que viabilizam novas
23
técnicas de produção permitindo que organizações eficientes tenham um tamanho menor do
que o anteriormente exigido.
Homogeneidade – heterogeneidade do ambiente
Refere-se ao grau de similaridade ou de diferenciação entre os elementos da
população incluindo organizações, indivíduos e qualquer força social que afete os recursos.
Um ambiente homogêneo privilegia o desenvolvimento de padrões relativos ao domínio
populacional e pode desenvolver um conjunto de produtos e serviços similares (THOMPSON,
1967 apud ALDRICH, 1979). Homogeneidade simplifica as atividades organizacionais
porque um pequeno conjunto de rotinas operacionais atende a uma população ampla,
enquanto a heterogeneidade ambiental, freqüentemente, é conflituosa pela adoção de
estratégias que transformam clientes heterogêneos em populações homogêneas tanto quanto
possível (ALDRICH, 1979).
A dimensão homogeneidade-heterogeneidade quando combinada com o princípio da
exclusão competitiva o qual afirma que duas organizações somente coexistem em equilíbrio
no mesmo ambiente se dependem de recursos diferentes ou de outras restrições que limitem a
competição entre elas, pode dar origem ao entendimento da diversidade existente na
população organizacional.
Estabilidade-instabilidade do ambiente
Refere-se à rotatividade dos elementos do ambiente. Um ambiente estável implica
que a organização desenvolva um conjunto fixo de rotinas, uma estrutura formal. Em um
ambiente instável as organizações estabelecidas encontram uma dificuldade maior para a
mudança do que as recém-chegadas. Problemas de adaptação são mais severos quando os
24
mecanismos internos de retenção são fortes e há poucos procedimentos estabelecidos para
responder à mudança.
Concentração – dispersão ambiental
Refere-se ao grau de distribuição geográfica dos recursos, incluindo a população
atendida. Se os recursos estão aleatoriamente distribuídos, pouco aprendizado organizacional
é possível, mas se os recursos estão concentrados em unidades identificáveis então a
organização pode trabalhar em estratégias de aprendizagem.
Consenso – Dissenso do Domínio
Indica a gradação entre o reconhecimento ou a disputa da organização por domínios
específicos com outras organizações incluindo agências governamentais. Este conceito
permite a derivação para várias hipóteses de crescimento e desenvolvimento das organizações
que são atentas em capturar domínios para diferenciação de outras com objetivos altamente
similares. Eficiência na aquisição de recursos não envolve somente sucesso em competir com
outras formas organizacionais, mas também em ganhar legitimidade social pelo controle
institucional. A aquisição de consenso do domínio envolve negociação, mediação e conflito.
Essa dimensão está mais voltada para a análise de organizações governamentais ou para-
governamentais ou ainda indústrias dependentes de agências governamentais reguladoras,
como a exploração de rotas aéreas.
Turbulência ambiental
Refere-se a quanto o ambiente é perturbado pelo crescimento das interconexões entre
indústrias. Esta turbulência pelo crescimento das interconexões não significa um ambiente
caótico, mas um aumento das interconexões causais que tornam o ambiente obscuro para os
25
observadores locais. Aldrich (1979) enfatiza dois aspectos desta turbulência ambiental.
Primeiro, com o crescimento da capacidade do ambiente há um crescimento do número de
organizações e de novas formas organizacionais, que têm como reflexo imediato um aumento
na divisão do trabalho interorganizacional. Segundo, crescem as facilidades de comunicação,
aumentando a especialização das formas organizacionais e o número de conexões em uso no
presente.
Aldrich (1979) conseguiu avanços significativos no campo teórico da análise do
ambiente organizacional. Contudo, devotou pouca atenção à mensuração das dimensões
ambientais. A operacionalização dos construtos utilizando dados secundários e aplicando a
análise fatorial exploratória foi realizada por Dess e Beard (1984). As categorias propostas
por Aldrich (1979) foram reduzidas a três dimensões: munificência, dinamismo e
complexidade. A dimensão Consenso-Dissenso do Domínio foi omitida por sua difícil
operacionalização e em função do interesse central de Dess e Beard (1984) nas organizações
com fins lucrativos.
As três dimensões são conceitualmente similares às propostas por outros autores
conforme sumarizado no Quadro 02.
Trabalhos mais significativos
sobre ambiente
Complexidade
Dinamismo e
estabilidade
Disponibilidade de
recursos
March e Simon (1958) Munificência
Emery e Trist (1965) Complexidade
Rotina
Instabilidade
Thompson (1967) Heterogeneidade Dinamismo
Child (1972) Complexidade Variabilidade Iliberalidade
Mintzberg (1979) Complexidade
Diversidade
Estabilidade Hostilidade
Aldrich (1979) Concentração
Heterogeneidade
Estabilidade
Turbulência
Capacidade
Consenso
Tung (1979) Complexidade
Rotina
Instabilidade
Dess e Beard (1984) Complexidade Dinamismo Munificência
Quadro 02 – Termos utilizados na descrição do ambiente.
Fonte: Sharfman e Dean (1991)
26
Essas dimensões são apresentadas a seguir:
Munificência do ambiente
O conceito é similar ao de capacidade do ambiente proposto por Aldrich (1979)
referindo-se ao ambiente poder manter o crescimento sustentado da organização. Em ambas
as conceituações as organizações procuram por crescimento e estabilidade que permitam gerar
um ganho extra de recursos a serem utilizados nos períodos de escassez, ou para inovações ou
ainda para a resolução de conflitos (BEARD; DESS, 1984).
Dinamismo do ambiente
Muito da teoria das organizações e da teoria das políticas de negócios tem tratado da
dinâmica ambiental e sugerido que a rotatividade de pessoal, a ausência de padrões e a
imprevisibilidade são os melhores indicadores para a estabilidade-instabilidade do ambiente
(DESS; BEARD, 1984).
Duas perspectivas complementares sugerem que o ambiente organizacional torna-se
mais dinâmico em função da interdependência (EMERY; TRIST, 1965, apud
CASTROGIOVANNI, 2002) e da acumulação de conhecimentos (TOFFLER, 1970, apud
CASTROGIOVANNI, 2002).
Complexidade do ambiente
A conceituação mais comum estabelece que a complexidade tem sua origem na
heterogeneidade dos componentes ambientais e na incerteza associada ao processo decisório
da organização (DESS; BEARD 1984).
As organizações que competem em indústrias com muitos insumos diferentes ou
produzem muitos resultados diferentes, encontram para a aquisição de recursos ou a liberação
27
dos produtos um ambiente mais complexo, do que aquelas que competem em indústrias onde
poucos insumos são exigidos e poucos produtos são liberados (DESS; BEARD 1984). Isto é
devido ao grande número de organizações existentes e sua variedade, as quais devem interagir
no conjunto das organizações negociando contingências criticas.
A descentralização ou a expansão das atividades organizacionais contribuem para o
aumento da complexidade por sua maior necessidade de controle administrativo (DESS;
BEARD 1984). O aumento da complexidade estrutural do ambiente, segundo Aldrich (1979),
aumentará a necessidade de atividades estratégicas.
As críticas às dimensões operacionalizadas por Dess e Beard (1984) referem-se
primeiramente ao construto complexidade que reflete somente concentração geográfica.
Concentração geográfica é uma parte importante da complexidade, mas como reconhecido
por pesquisadores como Aldrich (1979) há outros fatores envolvidos como: a diversidade do
mercado, a sofisticação do conhecimento e o processamento da informação exigido
(SHARFMAN; DEAN, 1991).
O segundo problema teórico de acordo com Sharfman e Dean (1991) está no fator
dinamismo que se refere à dificuldade de previsão do futuro do ambiente. O dinamismo
proposto por Dess e Beard (1984) reflete somente as mudanças do mercado negligenciando o
impacto causado pela mudança tecnológica.
Finalmente o conceito de munificência visto geralmente como a capacidade do
ambiente em prover recursos suficientes para as firmas é consistente com a definição dada por
Dess e Beard (1984). Há, contudo uma falha em um aspecto crítico que é a falta da
consideração da competição pelos recursos. É importante entender o grau em que a firma deve
competir com as outras pelos recursos ambientais (SHARFMAN; DEAN, 1991).
Sharfman e Dean (1991) fazem então uma nova proposta de indicadores para
mensuração do ambiente organizacional objetivo, revisando os construtos dinamismo e
28
complexidade. Para complexidade além da concentração geográfica incluiu-se a diversidade
de produtos e a sofisticação tecnológica sendo esta dimensionada pelo número de cientistas e
engenheiros empregados na indústria. A dimensão munificência foi expandida para
contemplar também a competição pelos recursos do ambiente sendo denominada dimensão da
ameaça competitiva. Acrescentou-se na dimensão um indicador de concentração de mercado..
Os estudos recentes de Harris (2004) avaliaram os construtos munificência,
dinamismo e complexidade utilizando modelagem de equações estruturais aplicadas a uma
amostra de 247 indústrias, no período de 1978 a 1987. O modelo estudado demonstrou
validade convergente, mas não validade discriminante, reforçando as críticas de Sharfman e
Dean (1991), e estimulando os pesquisadores a buscar novos indicadores para os construtos.
2.1.2 O Ambiente Técnico neste Trabalho
Para este trabalho ambiente técnico é aquele no qual a dinâmica de funcionamento
envolve tecnologias complexas e trocas de produtos e serviços, de forma que as organizações
nele inseridas são avaliadas pelo processamento e controle tecnicamente eficiente e eficaz do
seu trabalho (MEYER, SCOTT, 1983; MACHADO-DA-SILVA, FONSECA, 1996).
2.2 O AMBIENTE INSTITUCIONAL - OPERACIONALIZAÇÃO
A atenção voltada exclusivamente ao ambiente técnico foi desafiada nos últimos
anos, pois se demonstrou que este ambiente acabava por incorporar elementos simbólicos e
culturais o que fazia com que perdesse seu caráter apenas técnico, tornando-se
institucionalizado (PACHECO, 2002).
29
A observação de que as organizações são estruturadas como um fenômeno do seu
ambiente e tendem a tornarem-se isomórficas com ele não é nova (MEYER; ROWAN, 1977).
Segundo Meyer e Rowan (1977) a explicação para o isomorfismo está na criação de
exigências pelo ambiente com a conseqüente difusão de elementos estruturais que
incorporados pela organização a tornam capaz de gerenciar as interdependências técnicas.
Organizações formais são vistas geralmente como sistemas de coordenação e
controle de atividades que emergem quando o trabalho está envolto em uma complexa rede de
relações técnicas e trocas por meio das fronteiras da organização (MEYER; ROWAN, 1977).
Nas modernas sociedades as organizações formais crescem em contextos altamente
institucionalizados incorporando práticas e procedimentos definidos previamente como
racionais, aumentando sua legitimidade e oportunidade de sobrevivência, independentemente
da eficiência imediata das incorporações (MEYER; ROWAN, 1977). A eficiência e os
objetivos são de pouca importância, mas a sensação de estar fazendo alguma coisa ou estar
identificado com organizações de sucesso é mais crítica (GALASKIEWICZ; WASSERMAN,
1989).
Os ambientes institucionais caracterizam-se pela elaboração e difusão de normas e
procedimentos que proporcionam às organizações legitimidade e apoio contextual
(MACHADO-DA-SILVA; FONSECA, 1996).
Desta maneira a estrutura formal de muitas organizações reflete os mitos do seu
ambiente institucional em lugar das demandas exigidas por suas atividades (MEYER;
ROWAN, 1977). Esta análise oferece uma compreensão diferenciada se comparada aos
modos tradicionais de pensar na estrutura formal e sobre o processo de decisão que a produziu
(TOLBERT; ZUCKER, 1999). A vantagem para os pesquisadores organizacionais está na
oportunidade de explorar uma série de novos entendimentos sobre as causas e as
conseqüências das estruturas (TOLBERT; ZUCKER, 1999).
30
Uma segunda explicação para o paralelismo entre as organizações e o ambiente é a
de que as organizações estruturalmente refletem a realidade socialmente construída
(BERGER; LUCKMAN, 1967). Esta visão é sugerida em trabalho anterior de Parsons (1956,
apud MEYER; ROWAN, 1977) e em trabalho posterior de Udy (1970, apud MEYER;
ROWAN, 1977)) que vêem as organizações como condicionadas ao seu ambiente
institucional geral e portanto às instituições que dele fazem parte. Tomando-se como
referência as inter-relações sugeridas nas teorias dos sistemas abertos, a teoria institucional,
em sua forma extrema, define as organizações não como unidades envolvidas em trocas mas
sim como mitos racionalizados permeando as sociedades modernas (MEYER; ROWAN,
1977).
As instituições controlam a conduta humana estabelecendo padrões definidos
previamente, que as guiam em uma direção oposta a muitas outras possíveis teoricamente
(BERGER; LUCKMAN, 1967). Em ambientes institucionais elaborados a organização torna-
se sensível ao uso de critérios externos de avaliação o que inclui, por exemplo, aprovação das
atividades por pessoas importantes, utilização de consultorias, convenções e programas de
prestigio social (MEYER; ROWAN, 1977).
A noção de que as organizações têm um aspecto simbólico já havia sido abordada
por Selznick em 1957, mas não com o desenvolvimento sistemático dado por Meyer e Rowan
(1977) de todas as implicações do uso da estrutura formal para propósitos simbólicos,
particularmente quanto às limitações das explicações mais racionalistas (TOLBERT;
ZUCKER, 1999).
31
2.2.1 As Instituições e o Processo Institucional
Para Scott (2001) as instituições são estruturas sociais compreendendo um alto grau
de resiliência sendo compostas por três diferentes aspectos, por ele denominados pilares:
cultural ou cognitivo, normativo e regulativo. Associados às atividades e recursos provêem
estabilidade e sentido à vida social. Instituições operam em vários níveis de jurisdição, desde
sistemas globais a relações interpessoais e são transmitidas por múltiplos canais, como por
exemplo, sistemas simbólicos, sistemas relacionais, rotinas e artefatos.
Instituições por definição provêem estabilidade, mas estão sujeitas a processos de
mudança, que podem ser incrementais e descontínuos (SCOTT, 2001). Segundo Zucker
(1988, apud HOLM, 1995) a estabilidade aumenta com a interconexão com outras
instituições.
O ingrediente vital das instituições, segundo Scott (2001), está nos sistemas
regulativo, normativo e cultural-cognitivo que formam um continuum interdependente e que
mutuamente se reforça dando resistência e resiliência à estrutura institucional. O Quadro 03
estabelece as principais dimensões dos três pilares (SCOTT, 2001) que suportam as
instituições.
Regulativa Normativa Cultural-cognitiva
Base de
concordância
Conveniência Obrigação social Reconhecido como certo
Mecanismo
Coercitivo Normativa Mimética
Lógica
Instrumental Apropriativa Ortodoxia
Indicadores
Regras, leis, sanções.
Certificações,
acreditação.
Prevalência, isomorfismo
Base de
legitimidade
Sancionamento legal. Moralmente governada.
Culturalmente suportada,
conceitualmente correta
Quadro 03: Os três pilares das instituições
Fonte: Scott (2001)
32
Em um senso amplo todos os estudiosos enfatizam os aspectos regulatórios ou legais
das instituições que restringem e regularizam o comportamento dando destaque as regras, ao
monitoramento e processos de sanção (HOFFMAN, 1999). Nesta concepção o processo
regulatório envolve a capacidade de estabelecer regras, conformidades e se necessário a
manipulação de sanções – punindo ou recompensando – em uma tentativa de influenciar o
comportamento futuro. Força, medo e conveniência são os ingredientes centrais do aspecto
regulatório, mas temperados pela existência de regras, formais ou não (SCOTT, 2001). A
ênfase no aspecto regulatório é a mais moderada e convencional versão de instituição; com
uma perspectiva social realista presume que os atores têm um interesse natural em perseguir a
racionalidade que enfatiza que os indivíduos são instrumentalmente motivados a fazer
escolhas de acordo com o utilitarismo da lógica do custo - beneficio (SCOTT, 2001).
As organizações concordam com o processo regulatório por razões de conveniência,
preferindo não sofrer às punições pelo não alinhamento com o legalmente estabelecido
(HOFFMAN, 1999).
O aspecto normativo ou social das instituições introduz a prescrição, a avaliação e a
dimensão obrigação na vida social; sistemas normativos incluem valores e normas. Alguns
valores e normas são aplicáveis para todos os membros da coletividade, outros somente a
tipos selecionados de atores e posições; estes valores e normas especializadas são as regras
que representam a elaboração de uma ação para um indivíduo especifico ou posição (SCOTT,
2001).
O aspecto normativo ou social das instituições geralmente assume a forma de regras
práticas, procedimentos padrões para operações, padrões ocupacionais e currículos
educacionais (HOFFMAN, 1999). As regras normativas freqüentemente impõem restrições ao
comportamento social, mas ao mesmo tempo dão poder e meios para a ação social,
conferindo direitos , bem como responsabilidades, privilégios, obrigações, licenças, assim
33
como mandatos (SCOTT, 2001). Neste contexto a organização concordará com obrigações
ético-morais ou em conformidade com normas estabelecidas por universidades, instituições de
treinamento profissional ou associações comerciais (HOFFMAN, 1999).
O aspecto cultural ou cognitivo da instituição abrange símbolos, como palavras,
sinais e gestos, bem como as regras culturais e estruturas que guiam a compreensão da
realidade e as estruturas por meio das quais o sentido desta realidade é desenvolvido
(HOFFMAN, 1999). Desde longo tempo cientistas sociais reconheceram a importância dos
sistemas simbólicos e dos significados compartilhados, com os primeiros trabalhos tratando
estes aspectos como primariamente subjetivos e internalizados (MEYER; ROWAN, 1977).
Com os novos trabalhos sobre cultura uma importante mudança na teoria institucional foi
realizada com o tratamento dos sistemas simbólicos e as regras culturais como objetivas e
externa aos atores individuais.
Berger e Luckmann (1967) foram reconhecidamente os responsáveis pela conexão
destes novos trabalhos em cultura com a concepção das instituições (SCOTT, 2001).
Indivíduos constroem e continuamente negociam a realidade social todos os dias, mas o
fazem dentro de um amplo contexto preexistente de sistemas culturais: estruturas simbólicas,
percepção do objetivo e do externo, que provêem orientação e direção.
A perspectiva cognitiva dirige-nos a uma alta atenção aos aspectos simbólicos da
vida social e do seu sistema de crenças, com o significado emergindo da interação de ambos e
sendo preservado e modificado pelo comportamento humano (SCOTT, 2001).
A formação e disseminação das instituições ocorrem por no mínimo dois processos
seqüenciais: a habitualização, que é o desenvolvimento de padrões comportamentais para a
resolução de problemas e a associação deste comportamento com um estímulo particular; e a
objetivação, que consiste no compartilhamento do sentido social ligado a este comportamento,
o que é importante para o necessário transplante das ações do seu ponto de origem para o
34
contexto (TOLBERT; ZUCKER, 1999). Berger e Luckman (1967) sugeriram um terceiro
aspecto na institucionalização, também identificado por Zucker (1977), denominado
exteriorização. Este processo, denominado por Tolbert e Zucker (1999) sedimentação,
envolve a transmissão das tipificações aos novos membros, que na falta de conhecimento das
suas origens, estão aptos a tratar estas tipificações como bens sociais.
O Quadro 04 sumariza os estágios de institucionalização relacionando-os com as
dimensões comparativas.
Dimensões
Estágio
Pré-Institucionalização
Estágio
De Semi-Institucionalização
Estágio Totalmente
Institucionalizado
Processos
Habitualização Objetivação
Sedimentação
(Exteriorização)
Características
Dos
Adotantes
Homogêneos Heterogêneos Heterogêneos
Ímpeto para a
Difusão
Imitação Imitativo/Normativo Normativo
Atividade de
Teorização
Nenhuma Alta Baixa
Variação na implementação
Alta Moderada Baixa
Quadro 04: Estágios da institucionalização
Fonte: adaptado pelo autor de Tobert; Zucker, 1999.
A institucionalização de alguma coisa consiste em esta ser aceita naturalmente como
verdade por um dado grupo social. De acordo com Berger e Luckmann (1967) a
institucionalização ocorre sempre que acontecer uma caracterização recíproca de papéis e
ações habituais por tipos de atores sociais. O que deve ser acentuado é a reciprocidade das
tipificações institucionais e o caráter típico não somente das ações, mas também dos atores
nas instituições. As tipificações das ações habituais que constituem as organizações são
sempre acessíveis a todos os membros do grupo social particular em questão, e a própria
instituição tipifica os atores individuais assim como as ações individuais (BERGER;
35
LUCKMANN, 1967). As tipificações recíprocas das ações são construídas no curso de uma
história compartilhada, sendo a instituição um produto desta história o que torna impossível
sua compreensão sem uma análise do processo de como foi produzida (TOLBERT;
ZUCKER, 1999).
Pelo simples fato de existirem, as instituições controlam a conduta humana
estabelecendo padrões previamente definidos, que a canalizam em uma direção por oposição
às muitas outras que seriam teoricamente possíveis (BERGER; LUCKMANN, 1967). É
importante acentuar que este caráter controlador é inerente à institucionalização sendo prévio
a qualquer mecanismo de sanções estabelecido para suportar a instituição. Dizer que uma
atividade foi institucionalizada é dizer que esta atividade foi submetida ao controle social
(BERGER; LUCKMANN, 1967).
A construção social caracteriza dois tipos de atores: o pessoal e o coletivo, como as
firmas, que variam ao longo do tempo e do lugar. Assim nos Estados Unidos é
institucionalizado na estrutura do mercado o individualismo competitivo, nas economias
asiáticas enfatiza-se a rede de relacionamento com sua interdependência e menor autonomia.
As relações entre firmas e pessoas no Ocidente são vistas, com preocupação, como colusão e
no Oriente como um fato normal, inevitável e benéfico (SCOTT, 1998).
Em uma primeira fase a institucionalização não requer nenhum novo suporte por ser
evidente para as pessoas a que diz respeito. Quando os objetivos da institucionalização
precisam ser transmitidos a novos participantes o caráter evidente das instituições mostra-se
frágil e não pode mais ser mantido pela memória e pelos hábitos individuais (BERGER;
LUCKMANN, 1967).
A restauração da unidade histórica rompida pelos novos participantes implica em
explicações e justificativas dos elementos que formam a tradição institucional. A este
processo de explicação e justificativa denominamos legitimação. A legitimação explica a
36
ordem institucional dando validade aos seus significados objetivados. A legitimação justifica
a institucionalização dando dignidade normativa às suas práticas. Legitimação implica em
valores e conhecimento, com este precedendo os valores. Em outras palavras a legitimação
diz ao individuo não só qual ação realizar, mas também por que deve ser deste modo
(BERGER; LUCKMANN, 1967).
Na perspectiva institucional a legitimidade não é um artigo a ser possuído ou
trocado, mas uma condição que reflete a consonância com as regras e leis relevantes, com o
suporte normativo ou alinhamento com a estrutura cultural cognitiva. Diferentemente dos
recursos materiais ou das informações técnicas a legitimidade não é um insumo a ser
combinado ou transformado para produzir algum novo ou diferente resultado, mas um valor
simbólico a ser demonstrado de modo a ser visível fora do ambiente da organização (SCOTT,
2001).
Organizações podem ter que modificar suas estruturas e/ou atividades de várias
maneiras para adquirir e manter o suporte de agentes externos; no mínimo eles fornecem
informações e acesso a estruturas representativas. A freqüência de ocorrência do processo de
legitimação em uma ampla variedade de indústrias sugere que para muitos tipos de
organização os ganhos associados a isto superam em muito os custos (SCOTT, 1987).
A difusão de uma forma institucional no tempo e no espaço tem um duplo
significado: o primeiro estabelecendo que a difusão de uma forma estrutural ou de um
conjunto de regras é freqüentemente um indicador da extensão ou da força da estrutura
institucional. Assim estes estudos da difusão institucional referem-se ao crescimento da
institucionalização. O segundo significado estabelece que a difusão destes elementos por
adoção ou incorporação são estudos sobre os efeitos da instituição (SCOTT, 1998).
De acordo com Lawrence, Winn e Jennings (2001) há um número significativo de
estudos sobre institucionalização que sugerem existir um padrão típico de eventos e relações
37
entre eles que definem o processo institucional: objetos são primeiramente reconhecidos,
depois aceitos por alguns atores organizacionais e então amplamente difundidos e largamente
aceitos no campo organizacional. Como ilustrado na Figura 1, a institucionalização ocorre
para os principais pesquisadores (TOLBERT; ZUCKER, 1983) em uma curva com formato
de “S” característica dos processos de difusão envolvendo proliferação ou não.
Figura 1: Curva tradicional de institucionalização
Fonte: Lawrence; Winn; Jennings, 2001.
Organizações tendem a modelar-se após perceberem que organizações similares, na
mesma indústria, obtiveram maior legitimidade ou sucesso. A ubiqüidade de certas estruturas
organizacionais pode ser creditada muito mais a universalidade do isomorfismo institucional
do que a evidências sólidas de adoção de um modelo que assegure eficiência (DiMAGGIO;
POWELL, 1983).
Nos estudos recentes de teoria organizacional pesquisadores têm utilizado
argumentos institucionais para explicar características das organizações. Ao mesmo tempo em
que existe um pequeno desacordo entre estes especialistas sobre como os elementos
institucionais afetam as características estruturais das organizações, uma revisão da literatura
sugere que há acordo quanto ao como, por que e onde estes efeitos ocorrem (SCOTT, 1987).
Institucionalização
Tempo
% de
A
doção
Inovaç ão
Difusão
Legitimação
Desinstitu
cionaliza ç ão
Estabilidade
da Instituição
38
2.2.2 Análise Histórica da Teoria Institucional e o Isomorfismo
Muito da moderna teoria organizacional enfatiza a diversificação e a diferenciação
do mundo das organizações e procura explicar as variações de comportamento e estrutura
entre elas. A teoria institucional busca estudar a homogeneização e não as variações entre as
organizações (DiMAGGIO; POWELL, 1983).
O rápido desenvolvimento da teoria institucional – que é o resultado da convergência
de teorias na área da política, das ciências sociais e da economia - pode ser creditado
primeiramente à longa história da análise institucional com trabalhos desde o século XIX e
em parte aos esforços das ciências sociais como a economia, a política e a sociologia, com um
largo espectro de argumentos alinhados com esta perspectiva (MACHADO-DA-SILVA et al.,
2005).
O estudo das organizações é relativamente recente nas ciências sociais destacando-se
o trabalho pioneiro de Robert Merton e seus alunos nos anos 40. O grande mérito da análise
produzida pelo grupo estava no foco dado à dinâmica da mudança social, um aspecto em que
os funcionalistas eram acusados de negligentes (TOLBERT; ZUCKER, 1999). Para Merton,
toda ação social produz um paradoxo básico de conseqüências contraditórias, pelo fato de que
o efeito desejado de uma ação traz consigo efeitos secundários, imprevistos e indesejados.
Estas contradições provocam tensões na organização que conduzem a fenômenos como
resistência organizacional e conflitos (MOTTA; VASCONCELOS, 2002). Como o
comportamento dos indivíduos nas organizações produz situações inesperadas pode-se
questionar a eficiência da racionalidade de adequação meios-fins nas organizações
burocráticas. Merton mostra como a “personalidade burocrática” é um comportamento
obsessivo que produz disfunções. Seguir as regras, não importa quais forem, torna-se um fim
39
e não um meio, o que complica a eficiência organizacional (MOTTA; VASCONCELOS,
2002). Um apanhado geral do trabalho de Merton pode ser visto no Quadro 05.
- A ação social possui um paradoxo básico entre os efeitos desejados e os efeitos imprevistos.
- As contradições produzem tensões e conflitos nas organizações.
- O seguimento excessivo às regras burocráticas produz disfunções.
- Dependendo da posição do indivíduo na estrutura as estratégias podem ser funcionais ou não.
Quadro 05: O trabalho de Merton
Fonte: Motta e Vasconcelos (2002)
Na década seguinte os trabalhos iniciais de Selznick sugerem que a delegação de
autoridade é uma das forças geradoras de ineficiência na burocracia, pela criação de
condições favoráveis à divisão dos interesses. Sua análise da TVA (Tenessee Valley
Autorithy), instituição criada pelo congresso americano em 1933 para promover a gestão de
uma fábrica de fertilizantes e de uma usina elétrica situada no Alabama, Estados Unidos,
descreveu como o atendimento excessivo às regras leva ao não-atingimento dos objetivos
organizacionais. A direção da organização se preocupou em planejar de forma integrada o uso
racional dos recursos naturais disponíveis. Com uma estrutura formal pequena a instituição
recorreu ao apoio da comunidade local para tomar decisões sobre a alocação de recursos,
compra de propriedades, distribuição de fertilizantes e contratação de pessoal (MOTTA;
VASCONCELOS, 2002). Esta forma inovadora, para a época, de gestão democrática teve
dificuldades de implementação. A direção da TVA na época criou expressões que passaram a
ser de uso comum sem qualquer crítica. Expressões como ``política popular´´, ``bem comum´´
foram sendo incorporadas ao estilo de liderança da agência, que se legitimava a partir de
ações entendidas como democráticas (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).
Selznick observou processo de institucionalização destas expressões e práticas
administrativas e relatou os efeitos indesejados e disfunções desta estrutura burocrática.
Também observou a ação dos indivíduos nas organizações como uma ação recalcitrante e
40
indecisa, vendo-os como uma totalidade que não pode ser reduzida a operar em torno de um
papel social específico (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).
A perspectiva institucional ganhou novo impulso a partir dos anos 1970 com o
surgimento de uma geração de intelectuais que retomaram a tradição de Selznick, elaborando
uma análise sociológica do comportamento humano que reconhece fenômenos de
racionalidade limitada e o caráter político e contextual da ação social, a partir de uma visão
cognitiva (VASCONCELOS; MACHADO-DA-SILVA, 2005). A integração destes estudos
foi realizada a partir dos trabalhos de Berger e Luckmann (1967) evidenciando o simbolismo
dos sistemas sociais e suas crenças, com o significado advindo da interação com a ação
humana. A lógica institucional é fundamentada simbolicamente, estruturada
organizacionalmente, defendida politicamente e restringida técnica e materialmente, com
limites históricos específicos (FRIEDLAND; ALFORD, 1991). A esta nova vertente
denominou-se abordagem neo-institucional.
O neo-institucionalismo parte de uma abordagem tecnicamente orientada voltando
sua atenção para o ambiente institucional, um universo normativo socialmente construído
onde as organizações existem (ORRÚ; BIGGART; HAMILTON, 1991). Constitui-se em uma
perspectiva teórica que foca a conformidade organizacional com as regras e rituais,
priorizando a legitimidade em detrimento da eficiência técnica no processamento das entradas
e resultados (ORRÚ; BIGGART; HAMILTON, 1991).
Os primeiros neo-institucionalistas como Meyer e Rowan (1977) e DiMaggio e
Powell (1983) enfatizaram o modo como os mecanismos institucionais restringiam a
estrutura organizacional e as atividades. Mais recentemente deram maior atenção às maneiras
como os indivíduos e as organizações inovam, agem estrategicamente e contribuem para a
mudança institucional (SCOTT, 2001). Como formulado por Berger e Luckmann (1967) um
41
conjunto de crenças, desenvolvidas na interação social, fornecem os modelos e as linhas
mestras para guiar e dirigir o comportamento nas variadas situações sociais (SCOTT, 2001).
Esta argumentação baseada nas instituições foi primeiramente aplicada às
organizações por Meyer e Rowan (1977) em seu trabalho pioneiro e depois ampliada por
DiMaggio e Powell (1983) sugerindo que um conjunto de agentes racionais – em particular, o
estado-nação e muitos tipos de profissionais – fornecem uma crescente e elaborada base de
crenças e regras que constituem as fundações das organizações.
A teoria neo- institucional enfatiza as organizações como sistemas abertos,
fortemente influenciados pelo ambiente, mas não somente racionais ou baseados na eficiência,
mas socialmente construídas em um sistema de crenças e regras normativas que exercem
enorme controle sobre as organizações. Institucionalistas como Scott (2001) argumentam que
as regras institucionais fornecem o contexto e a estrutura dentro da qual os critérios de
efetividade são construídos (SCOTT, 2001).
Segundo Scott (2001), realizando uma revisão do seu artigo de 1987, a teoria
institucional deixou a adolescência mostrando progressos, mas confrontando-se com
experiências e escolhas difíceis. Os sinais de progresso aparecem quando os primeiros
institucionalistas assumiam a teoria como um bloco unificado e monolítico, diante das atuais
com um amplo reconhecimento de que em muitas situações existem múltiplas organizações,
sobrepondo-se e competindo. Os primeiros institucionalistas assumiam que o contexto
institucional afetava somente os componentes superficiais da organização. Hoje como o
processo institucional assume muitas formas, um desdobramento de opções de reações é
considerado (SCOTT, 2001).
Em suas primeiras concepções de instituição as forças institucionais foram tratadas
como externas aos sistemas organizacionais e como determinantes dos resultados. O aumento
do isomorfismo era tomado como um efeito institucional. Mais recentemente as formulações
42
dão importância ao não-determinismo e à natureza interativa do processo institucional
(SCOTT, 2001).
De acordo com DiMaggio e Powell (1983) a tendência ao crescimento da burocracia
e da eficiência impulsionadas pela competição como descrita por Weber (1968) mudou. O
aumento da burocracia continua, mas não mais impulsionada pela competição ou pela busca
da eficiência. A burocracia tornou-se a norma por meio da qual as organizações aumentam a
conformidade como parte do crescimento da homogeneização da estrutura organizacional.
É bastante difundido na literatura sobre teoria institucional que as organizações são
submetidas a pressões ambientais constantes para se tornarem mais homogêneas
(MACHADO-DA-SILVA; VIZEU, 2007). Diferentes abordagens teóricas, como a ecologia
populacional ou a dependência dos recursos, argumentam que as pressões ambientais
modelam as organizações, e que organizações no mesmo ambiente tornar-se-ão similares
estruturalmente como resposta a estas pressões (ORRÚ; BIGGART; HAMILTON, 1991).
O conceito que melhor capta o processo de homogeneização é o isomorfismo.
DiMaggio e Powell (1983) utilizam o termo isomorfismo para identificar as organizações do
mesmo tipo, que aumentam sua similaridade com outras. A teoria institucional usa a
expressão isomorfismo institucional para descrever a convergência progressiva das
organizações a uma tendência por meio da imitação (SERRALHEIRO; ROSSETTO, 2004). A
adesão da organização as prescrições de conduta adequada ao ambiente empresarial
considerado traz recompensas como legitimação, reconhecimento e acesso a recursos. O
isomorfismo institucional pode ser considerado como resultado das externalidades positivas
que a instituição ganha por adequar-se aos valores e expectativas do ambiente institucional
(BAUM; HAVEMAN, 1997) confirmando a assertiva de Aldrich (1979) de que o mais
importante fator que norteia as organizações são as outras organizações.
43
As organizações então competem não apenas por recursos e clientes, mas por poder
político e legitimidade institucional, bem como por adaptação econômica e social
(ALDRICH, 1979). O isomorfismo com as instituições do ambiente tem conseqüências
cruciais para as organizações: ele incorpora elementos os quais são legitimados externamente
mais do que em termos de eficiência; ele emprega critérios de avaliação cerimoniais para
definir o valor dos elementos estruturais e a dependência de externalidades reduz a
turbulência e mantém a estabilidade.
Como resultado, o isomorfismo institucional promove o sucesso e a sobrevivência
das organizações (MEYER; ROWAN, 1991). DiMaggio e Powell (1983) identificam dois
tipos de isomorfismo: o competitivo e o institucional.
DiMaggio e Powell (1983) identificam três mecanismos por meio dos quais a
mudança isomórfica institucional ocorre: o isomorfismo coercitivo, o isomorfismo mimético e
o isomorfismo normativo. As próximas três seções explicam esses mecanismos.
2.2.3 Isomorfismo Coercitivo
Resulta das pressões formais e informais exercidas sobre a organização por
organizações das quais esta é dependente, bem como pela sociedade onde a organização es
inserida. Estas pressões podem ser percebidas como forças, como persuasão ou como convites
para integrar uma colusão. Em algumas circunstâncias, por exemplo novos controles
tecnológicos da poluição, a mudança organizacional é uma resposta direta às regulamentações
governamentais (DiMAGGIO; POWELL, 1983).
O isomorfismo coercitivo então aborda a influência política e o problema da
legitimidade identificando-se com as organizações que adotam certas características
motivadas por pressões governamentais, de outras organizações ou da sociedade. Estas
44
pressões incluem compulsões legais, ganhos de legitimação, subordinação a organização
matriz, e a necessidade de adaptar-se a um sistema tecnológico ou conformidade com regras
institucionais.
2.2.4 Isomorfismo Normativo
O isomorfismo normativo vincula-se estreitamente com a noção de papel social e as
expectativas dele decorrentes sendo sua lógica a da conformidade cultural fundamentada no
contexto social delimitado no espaço e no tempo (MACHADO-DA-SILVA; VIZEU, 2007).
Uma fonte de mudança organizacional isomórfica é normativa e tem sua origem
primeira na profissionalização (ROSSETTO; ROSSETTO, 2005), com grupos de
profissionais definindo sua ocupação cognitivamente e provendo legitimação para a profissão
e sua autonomia. A recente profissionalização da administração ampliou a influência dos
profissionais para a forma organizacional com modelos de organizações envolvidas no
treinamento profissional. Profissionais exercem controle por via normativa e cognitiva dos
processos, definindo a realidade e idealizando estruturas ontológicas, propondo distinções,
criando tipificações e produzindo princípios e linhas de ação. As profissões constroem
estruturas cognitivas que definem arenas dentro das quais os profissionais clamam por
jurisdição e procuram exercer controle (SCOTT, 2001).
Dois aspectos da profissionalização são importantes fontes de isomorfismo: o
primeiro está ligado a educação formal e a legitimação da base de conhecimentos produzida
pelas universidades; a segunda refere-se ao crescimento e elaboração das redes de
relacionamento profissional que vão além da organização e por meio da qual novos modelos
rapidamente se difundem (DiMAGGIO; POWELL, 1983).Universidades e instituições de
treinamento profissional são importantes centros de desenvolvimento de normas
45
organizacionais entre profissionais de gestão e suas equipes. Profissionais e associações
comerciais são outra via para a definição e promulgação de regras normativas sobre
comportamento organizacional e profissional. Tais mecanismos criam um conjunto de
indivíduos intercambiáveis que ocupam posições similares nas organizações e que de posse de
orientações similares podem promover variações nas tradições e controles organizacionais
dando forma ao comportamento organizacional (DiMAGGIO; POWELL, 1983).
2.2.5 Isomorfismo Mimético
Refere-se à adoção de similaridade de uma organização por outra na incerteza de
como proceder. Para a organização com problemas em encontrar a solução, especialmente sob
incerteza, e na ausência de conhecimento cientifico especifíco para a solução mais efetiva,
pode parecer racional a adoção de práticas de uma outra organização de sucesso. Ou como
descrito por DiMaggio e Powell (1983): quando as tecnologias organizacionais são
pobremente entendidas, quando os objetivos são ambíguos, ou quando o ambiente cria
incertezas simbólicas, a organização pode moldar-se em outras organizações. Em geral,
quanto maior o número de empregados ou clientes servidos por uma organização, mais fortes
as pressões sofridas por ela para fornecer programas e serviços ofertados por outras
organizações (ROSSETTO; ROSSETTO, 2005). O isomorfismo mimético pode ser
encorajado por uma força de trabalho bem treinada ou por uma ampla base de clientes
(ROSSETTO; ROSSETTO, 2005). O mimetismo se processa também pela verificação da
atuação próspera de outra organização (COSER; MACHADO-DA-SILVA, 2004).
A mudança isomórfica pode ser empiricamente prevista pela maior homogeneização
do campo organizacional em estrutura, processos e comportamento (DIMAGGIO; POWELL,
1983).
46
DiMaggio e Powell (1983) argumentam que a adoção de práticas de outros é causada
pela busca de legitimidade. O exemplo disso foram as dramáticas circunstâncias de
modelagem, tomando como referência outras organizações, que o Japão fez ao final do século
XIX para modernizar-se. O governo imperial japonês enviou oficiais para estudarem leis,
política e forças armadas na França; sistema postal e marinha na Inglaterra; sistema bancário e
educação nos Estados Unidos.
Na última década, principalmente, o fluxo inverteu-se com as corporações
americanas buscando modelar suas operações pelos modelos japoneses para resolver os
problemas de produtividade e de pessoal em suas unidades. A rápida proliferação dos círculos
de qualidade e dos trabalhos sobre qualidade de vida no trabalho é um reflexo desta
transposição de modelos. Este desenvolvimento tem seu aspecto ritual: empresas adotam
inovações para assegurar legitimidade, demonstrando que estão tentando mudar, por exemplo,
as condições de trabalho. As maiores pressões para a mudança têm sua origem na força de
trabalho empregada pela organização e nos clientes por ela atendidos.
Assim a força de trabalho empregada e a ampla base de clientes incentivam o
isomorfismo mimético (DiMAGGIO; POWELL, 1983).
Por todo o universo teórico e prático das modernas organizações descobre-se uma
crença pervasiva de que o sucesso em um sistema organizacional ou social pode ser alcançado
por cópia dos atributos ou práticas de outra organização ou sistema. No mundo acadêmico os
pesquisadores têm observado a profunda similaridade entre as rotinas organizacionais e
estruturas de um grande número de organizações (HANANN; FREEMAN, 1984) e tem
atribuído esta homogeneidade ao processo de imitação, incluindo o aprendizado direto e a
imitação por atores organizacionais (MINER; RAGHAVAN, 1999) ou outras formas de
difusão institucional (DiMAGGIO; POWELL, 1983; TOLBERT; ZUCKER, 1999).
47
Na literatura organizacional popular encontramos a similaridade, de uma maneira
prescritiva, com o conceito de cópia na idéia de “benchmarking”. “Benchmarking” na
literatura sobre qualidade total refere-se ao processo pelo qual atores de uma organização
analisam sistemas e rotinas de outra organização para possível adoção.
A imitação é uma forma comum de comportamento que emerge em uma ampla
variedade de negócios com firmas imitando umas as outras na introdução de novos produtos e
processos, na adoção de métodos gerenciais e formas organizacionais, na entrada em novos
mercados e na adequação dos investimentos (LIEBERMAN; ASABA, 2006).
As organizações se multiplicam por um processo de imitação de formas
organizacionais que obtiveram legitimidade em um dado ambiente organizacional
(DiMAGGIO; POWELL, 1983).
A profunda influência da imitação na dinâmica industrial está bem estabelecida
notando-se que a ação dos imitadores promove a rápida difusão de novos produtos, processos
e arranjos organizacionais (RIVKIN, 2000). As organizações competem não somente por
meio da criação, replicação e transferência do seu conhecimento, mas também por sua
habilidade em imitar produtos, processos e arranjos organizacionais dos competidores
(ZANDER; KOGUT, 1995).
As novas indústrias são, de início, caracterizadas pela incerteza que as conduz a um
alto grau de experimentação, adotando diferentes estratégias que representam diferentes
apostas no futuro. Com o passar do tempo as incertezas são resolvidas com tecnologias sendo
aprovadas ou não e indicações sobre o tamanho potencial da indústria são reunidas com base
no crescimento. Ao lado da redução das incertezas ocorre um processo de imitação das
estratégias de sucesso e o abandono das improdutivas (PORTER, 1986).
Acompanhar ações dos rivais pode intensificar a competição ou ter o efeito oposto,
promovendo a colusão com a imitação acelerando a produtividade da inovação, amplificar os
48
erros dos iniciantes contendo então aspectos positivos ou negativos em seus resultados para as
firmas ou para a sociedade como um todo (LIEBERMAN; ASABA, 2006).
A imitação torna-se um processo mais interessante em ambientes caracterizados pela
ambigüidade e pela incerteza com gestores tomando decisões cujas conseqüências dependem
do futuro estado do ambiente e representam no mínimo um risco em que a probabilidade da
situação do ambiente pode ser estimada, mas com resultados incertos (LIEBERMAN;
ASABA, 2006). Freqüentemente gestores estão sob severas formas de incerteza: são inábeis
em analisar todas as probabilidades; tem falta de informação das relações de causa e efeito e
podem ser inábeis em acessar todas as possibilidades de resultados e situações
(LIEBERMAN; ASABA, 2006).
Haunschild e Miner (1997) baseando-se na teoria neo-institucional e nas teorias de
aprendizado identificaram três formas distintas de imitação inter-organizacional no processo
de isomorfismo mimético: a imitação baseada na freqüência, caracterizada pela adoção das
práticas mais comuns; a imitação baseada em características, pela adoção de práticas de outra
organização com base em características como: tamanho; prestigio; localização; e a imitação
baseada nos resultados, caracterizada pela adoção de práticas de aparente impacto positivo em
outras organizações.
A imitação interorganizacional é então definida como uma prática de uma ou mais
organizações que aumentam a similaridade com práticas utilizadas por outra ou por outras
organizações (HAUNSCHILD; MINER, 1997). Nesse contexto a imitação não é avaliada
quanto à sua efetividade, quanto a ser consciente ou inconsciente, racional ou irracional, mas
simplesmente o modo como as ações de um grupo de organizações afeta as ações de outro
grupo (HAUNSCHILD; MINER, 1997).
Na imitação baseada na freqüência as organizações tendem a adotar ações e
estruturas que são praticadas por um amplo número de outras organizações, o que para os
49
pesquisadores da teoria neo-institucional constitui-se em uma busca por legitimidade pela
incorporação de práticas legitimadas (HAUNSCHILD; MINER, 1997).
A imitação baseada nas características ocorre quando a organização, seletivamente,
adota práticas de uso de alguma, ou algumas outras organizações (HAUNSCHILD; MINER,
1997).Geralmente os argumentos em favor deste tipo de imitação enfatizam a importância
social do processo, mas também reflete um processo técnico. Os primeiros teóricos neo-
institucionalistas enfatizaram a adoção das práticas de outras organizações também como uma
busca por legitimação, sendo esta alcançada a partir de características como tamanho e
sucesso. Mas as organizações imitam outras de sucesso ou seus líderes pelo alto valor dado a
opiniões destes, o que contribui para a difusão das inovações (HAUNSCHILD; MINER,
1997).
As organizações que imitam baseadas no resultado utilizam as informações sobre
práticas e estruturas adotadas por outras para determinar se devem ou não segui-las. A
freqüência do uso de uma prática ou estrutura ou das suas características não são relevantes,
mas sim os resultados da organização após a adoção das mesmas, o que pode conduzir ao
processo de imitação. Esta imitação seletiva, que emerge da percepção das conseqüências de
uma prática, é muito mais próxima de um processo técnico do que de um processo social
(HAUNSCHILD; MINER, 1997).
O processo de aprendizado por tentativa e erro consiste na repetição selecionada de
ações que aparentemente geraram resultados valiosos, tornando a imitação baseada nos
resultados uma forma vicária de aquisição de conhecimentos. As organizações aprendem
vicariamente adotando ou evitando práticas e estruturas pelo impacto percebido
(HAUNSCHILD; MINER, 1997).
A imitação baseada no resultado é importante na difusão das inovações que são
percebidas pelo mercado como geradoras de lucros. Estudos econômicos sobre a difusão de
50
conhecimentos usualmente fundamentam-se no conceito imitação baseada no resultado
(HAUNSCHILD; MINER, 1997).
DiMaggio e Powell (1983) sugerem que a incerteza leva à utilização simultânea dos
diversos tipos de cópia no isomorfismo mimético.
2.2.6 Sumário dos Isomorfismos
A partir das análises dos três isomorfismos construímos o Quadro 06 que de forma
resumida permite uma melhor compreensão dos isomorfismos.
Variáveis Isomorfismo coercitivo Isomorfismo Normativo Isomorfismo Mimético
Padrões
Regras e exigências:
-qualidade dos produtos e
serviços
-preços competitivos
-regulamentações governamentais
-Valorização dos clientes
-Profissionalismo
-Ética
-Gestão eficaz dos recursos
-Valorização da formação
-Inovações tecnológicas e em
processos existentes
-Gestão dos recursos humanos
-Programas de qualidade
Origem
-Organização focal
-Governo
-Organização focal
-Funcionários da organização
focal
-Dirigentes institucionalizados
do campo
-Organização focal
-Organização a ser seguida
-Organização maior ou de sucesso
do mesmo setor
Justificativa
e
Legitimidade
-Relações de dependência e poder
-Sobrevivência organizacional
-História da organização focal
-Herança cultural acumulada
-Prestigio atrelado ao tamanho da
organização focal
-Necessidade de inovação no campo
organizacional
Como ocorre
-Relações unilaterais com pouca
margem para negociação
-Legislação
-Treinamentos dados pela
organização focal
-Contato com dirigentes da
organização focal
-Funcionários da organização
focal atuando fora
-Contato entre os atores em
situações informais
-Tentativas de aproximação com as
ações das organizações visadas
-Visitas a feiras
Quadro 06: Sumário dos isomorfismos
Fonte: Coser; Machado-da-Silva, 2004
51
2.2.7 O Isomorfismo neste Trabalho
Neste estudo será usada a ambigüidade, a incerteza e a estrutura organizacional,
conforme Quadro 07, como indicadores do isomorfismo mimético de acordo com DiMaggio e
Powell (1983).
Indicadores do Nível Organizacional
Maior a ambigüidade das metas, maior a probabilidade das organizações imitarem as de sucesso.
Maior a incerteza na relação entre metas e meios, mais as organizações imitarão as de sucesso.
Quadro 07: Indicadores do isomorfismo mimético
Fonte: Adaptado de DiMaggio e Powell (1983)
Para os fins deste estudo foi adotada para incerteza a definição clássica de F.H.
Knight (1921 apud LeROY; SINGELL, 1987) como um evento para o qual é impossível
estabelecer uma probabilidade.
A ambigüidade é definida como a falta de clareza e precisão das metas (DiMAGGIO;
POWELL, 1983; MEYER; ROWAN, 1977).
A operacionalização dos dois indicadores, ambigüidade e incerteza, é realizada pelo
consenso, que, por sua vez, depende da compreensão e comprometimento do grupo decisor
(WOOLDRIDGE; FLOYD, 1992).
52
3 VARIÁVEIS E HIPÓTESES DO PROBLEMA DE PESQUISA
3.1 VARIÁVEL DEPENDENTE
Para este estudo a variável dependente refere-se ao isomorfismo mimético,
conceituado por DiMaggio e Powell (1983) como: Quando as tecnologias organizacionais
são pouco entendidas; quando os objetivos são ambíguos ou quando o ambiente cria
incertezas simbólicas, a organização pode modelar-se por outras organizações.
A operacionalização da variável dependente será feita pelas variáveis sugeridas por
DiMaggio e Powell (1983): a ambigüidade e a incerteza das metas e meios. O estudo de
DiMaggio e Powell (1983) apresenta, nas suas hipóteses A-3 e A-4, as seguintes proposições:
(Hipótese A-3): quanto maior a incerteza na relação entre as metas e os meios mais a
organização se modelará em outras percebidas como sucesso;
(Hipótese A-4): quanto maior a ambigüidade nas metas da organização mais ela se
modelará em outras percebidas como sucesso.
Sua operacionalização será realizada pela mensuração do consenso entre os gestores,
a partir das variáveis compreensão e comprometimento, conforme proposto por Wooldridge e
Floyd (1992) e exposto na seção 2.2.5 do Referencial Teórico.
3.2 VARIÁVEL INDEPENDENTE
Para este estudo a variável independente refere-se ao ambiente técnico o qual foi
operacionalizado pelas dimensões e variáveis propostas por Dess e Beard (1984):
complexidade, dinamismo e munificência de acordo com item 2.1.1 do Referencial Teórico.
53
3.3 HIPÓTESE DE PESQUISA
De acordo com o problema de pesquisa este estudo se propõe a verificar se as
características do ambiente técnico intervêm nas organizações exigindo seu alinhamento
dentro do setor de modo a assegurar a sobrevivência e a aceitação social ou legitimidade. A
complexidade do ambiente técnico, identificada pelas interdependências das atividades entre
empresas de variados setores e a baixa regulamentação, parece contribuir para o aumento da
incerteza e conseqüentemente para a homogeneização. O conceito de munificência de Dess e
Beard (1984) é similar ao de Aldrich (1979). Ambos afirmam que as organizações procuram
por ambientes técnicos que permitam crescimento e estabilidade, o que acarretaria como
conseqüência, a geração de um excedente de recursos para períodos de escassez. Este
excedente de recursos proveria meios para a inovação e a resolução de conflitos, diminuindo
com isto a imitação (DESS; BEARD,1984). As organizações que operam em setores
dinâmicos apresentam a maior probabilidade de se segmentarem em elementos homogêneos
do seu ambiente para possibilitar uma tomada de posição contra a incerteza (DESS;
BEARD,1984). Discussões recentes sobre competição nos setores industriais estabeleceram
que a interligação dos elementos aumenta ao longo do tempo e conseqüentemente o
dinamismo. A acumulação de conhecimentos tem também uma relação direta com o
dinamismo ambiental (CASTROGIOVANNI, 2002). Assim adota-se a seguinte hipótese de
pesquisa:
H
pesquisa
: Existe relação entre o Isomorfismo Mimético e o Dinamismo, a
Complexidade e a Munificência do Ambiente Técnico.
54
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
O objetivo geral deste trabalho é caracterizar a relação entre o ambiente técnico e o
isomorfismo mimético para empresas localizadas no Estado de São Paulo.
A seguir apresenta-se a metodologia utilizada na pesquisa, iniciando-se com os
métodos de pesquisa utilizados. Em seguida abordaremos as variáveis e hipóteses de pesquisa,
a definição da população alvo e as estratégias de coleta e análise dos dados.
4.1 MÉTODO DE PESQUISA
A ênfase desta pesquisa está em estudar a ocorrência da relação entre o isomorfismo
mimético e o ambiente técnico organizacional técnico.
Foram comparados os dois possíveis métodos de pesquisa, qualitativo e quantitativo,
como mostrado no quadro 08.
Descrição Dados Quantitativos Dados Qualitativos
Aplicação
Adequado para testes Adequado para descobertas
Fornece um sumário de informações das
várias características
Fornece informações em profundidade de
poucas características
Propriedades
Técnicas mais estruturadas e interpretações
objetivas
Técnicas menos estruturadas exigindo
interpretações subjetivas
Entrevistas breves Entrevistas longas
Entrevistador passivo Entrevistador ativo e habilidoso na condução
da entrevista
Resultados objetivos Resultados subjetivos
Quadro 08: Método quantitativo versus método qualitativo
Fonte: adaptado pelo autor de Yin (1994)
Cassell e Simon (1994) identificam seis diferenças entre os métodos quantitativo e
qualitativo. A primeira e mais superficial delas é denominada “números versus não números”
55
ou descrita de maneira mais acurada como “quantificação versus interpretação”. A segunda
diferença está relacionada a interpretação subjetiva que o pesquisador dá na análise qualitativa
para o entendimento do fenômeno organizacional. A terceira diferença está no encorajamento
freqüente à flexibilidade nos procedimentos de pesquisa que os pesquisadores qualitativos
adotam. A quarta diferença relaciona-se ao fato de que o foco da pesquisa qualitativa está
mais em compreender os processos organizacionais do que em prever os resultados. O fato de
o pesquisador qualitativo estar imerso no contexto no qual o fenômeno em estudo ocorre
impede generalizações empíricas dos resultados para populações maiores, sendo esta a quinta
diferença apontada por Cassell e Simon (1994). Finalmente consideram (CASSELL; SIMON,
1994) que a pesquisa qualitativa é mais explicita quanto às reações dos participantes da
pesquisa, reconhecendo e integrando seus efeitos no processo.
Por sua adequação e objetividade na medição das hipóteses de pesquisa considerou-
se o método quantitativo encontrando-se justificativa para isto em Yin (1994) para quem esta
é uma metodologia para quantificar a existência e prevalência de um fenômeno. Considera
ainda como uma pesquisa não estruturada, de caráter exploratório, que fundamentada em
pequenas amostras fornece entendimento do problema proposto (YIN, 1994).
Para o levantamento dos dados primários, relativos ao isomorfismo mimético,
adotou-se o método survey (HAIR et al., 2005).
De acordo com Cooper e Schindler (2003) uma séria limitação a ser considerada para
o método survey encontra-se na capacidade e na disposição dos respondentes em cooperar
com a pesquisa. Ainda, segundo estes autores, a falta de conhecimento, o constrangimento
pelo entendimento pessoal das questões, o meio eletrônico de contato julgado inseguro por
muitas pessoas e organizações, o sentir-se compelido a responder e as intencionalidades não
honestas, podem tornar difícil a avaliação das respostas.
56
4.2 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO E DA AMOSTRA DA PESQUISA
A partir dos objetivos desta pesquisa, apresentados nas seções 1.2.1 e 1.2.2 definiu-se
como unidade de análise da pesquisa o setor. Ou seja, estudou-se a relação entre as
características do ambiente técnico e o isomorfismo mimético nos setores de atividade
empresarial. A unidade de pesquisa foram os gestores das organizações componentes destes
setores.
O procedimento para definição do conjunto de organizações a serem estudadas foi
por conveniência escolhendo-se as empresas constantes da base de dados da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP. Limitamos a pesquisa a empresas do Estado de
São Paulo, capital e interior, por ser a mais expressiva base empresarial do país e pela
facilidade de acesso à região geográfica. Como o banco de dados da FIESP não foi mais
comercializado a partir de 2005 as informações disponíveis estão desatualizadas. Optamos
então por escolher aleatoriamente um conjunto de 2759 organizações para atualização dos
dados, via contato telefônico. Assim este conjunto de organizações constituiu a população da
pesquisa.
As organizações-alvo da pesquisa foram as classificadas na seção “D” do CNAE
(2004) descritas como indústrias de transformação, envolvendo a transformação física,
química ou biológica de materiais, substâncias ou componentes para a obtenção de novos
produtos. O Anexo 01 mostra os códigos de três dígitos que classificam estas organizações,
bem como o número delas no Estado de São Paulo.
Optou-se por definir a população-alvo da pesquisa, ou seja, o grupo completo de
elementos importantes para o projeto de pesquisa (HAIR, et al., 2005), como composta pelos
gestores do primeiro e segundo nível hierárquico das empresas por sua percepção das metas e
meios utilizados nas organizações. Desta forma procurou-se não vincular a pesquisa a visões
57
particulares da organização. Assim a população-alvo da pesquisa foi definida de acordo com o
Quadro 09.
População
alvo
Identificação
Empresas
2757 empresas da capital e interior do Estado de São Paulo classificadas como
indústrias de transformação, classe “D” do CNAE (2004)
Elementos
Gestores do 1º ou 2º nível hierárquico da empresa que participam
do processo decisório da empresa
Extensão
Estado de São Paulo
Período
Novembro de 2007 a Março de 2008.
Quadro 09: População-alvo da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
4.3 ESTRATÉGIA DE COLETA DE DADOS E TIPOS DOS DADOS
Os dados sobre o ambiente técnico foram obtidos do grupo de pesquisas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie que validou os índices de Dess e Beard (1984) para o
Brasil. Os dados sobre ambigüidade e incerteza sobre metas e meios foram obtidos a partir da
abordagem às empresas da amostra.
Todas as empresas da população foram convidadas a participar da pesquisa.
4.3.1 A Abordagem das Organizações
Foi estabelecido um contato inicial, por carta, com organizações localizadas no
Estado de São Paulo. A carta em papel timbrado da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(Apêndice 1), assinada pelo pesquisador e seu orientador, foi endereçada à área de Recursos
Humanos das organizações e explicava as linhas gerais da pesquisa; a importância da pesquisa
para o desenvolvimento teórico da administração e para a geração de maior conhecimento
58
sobre o papel da aprendizagem interorganizacional no processo competitivo; descrevia o
perfil adequado dos respondentes da pesquisa e assegurava-lhes a confidencialidade de todas
as informações levantadas. O texto da carta indicava que o questionário podia ser acessado
por meio de uma página localizada no sitio da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O
propósito desta medida foi gerar maior credibilidade junto aos pesquisados.
Para maior retorno de respostas aos questionários às organizações consideradas na
pesquisa foram contatadas também por correspondência eletrônica em média quinze dias após
a remessa da carta mencionada acima. O período de quinze dias foi estabelecido como
suficiente para o recebimento da correspondência e encaminhamento para os possíveis
respondentes. Para ampliação das respostas dadas optou-se ainda por telefonemas às empresas
que não responderam ao questionário ou responderam de forma não adequada, como por
exemplo, um só respondente. Para os gestores receptivos a esta forma de contato procedeu-se
então a uma entrevista, aplicada pelo pesquisador, com as perguntas do questionário,
demandando um tempo médio de 30 minutos por gestor de cada organização. O procedimento
foi aplicado para seis organizações.
4.3.2 Níveis de análise dos dados
Procurou-se, quando possível, utilizar conceitos, operacionalizações e escalas
desenvolvidas e testadas em trabalhos anteriores para os construtos desta pesquisa, com o
objetivo de ampliar a validade de conteúdo e a confiabilidade do instrumento de pesquisa. Os
questionários e entrevistas levantaram dados específicos para análise do isomorfismo
mimético. A pesquisa elaborada em múltiplos níveis de análise dos dados (YIN, 1994), isto é,
cada organização foi focada em diferentes níveis de análise conforme Quadro 10.
59
Níveis da
Análise
Tipo dos Dados Técnicas de Coleta
Ambiente
técnico
Munificência; Dinamismo e Complexidade - Levantamento dos dados secundários da
base IBGE e RAIS (BRITO E.P.Z. et al.,
2007)
Isomorfismo
mimético
Compreensão e comprometimento com as metas
e os meios estratégicos empregados pela
organização
- Questionário disponibilizado em sitio da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Entrevistas realizadas com base no
questionário
Quadro 10 - Níveis de análise dos dados
Fonte: Elaborado pelo autor
4.3.3 Conceituação e Operacionalizações dos Dados
O ambiente organizacional objetivo foi mensurado pelos indicadores definidos por
Dess e Beard (1984). Os dados foram levantados via bases de dados do IBGE e RAIS na
pesquisa sobre a classificação e validação das dimensões do ambiente organizacional
brasileiro efetuada por pesquisadores (BRITO et al., 2007) da Universidade Presbiteriana
Mackenzie em pesquisa patrocinada pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Os
resultados da pesquisa são apresentados no Anexo 2.
O isomorfismo mimético foi conceituado como a incerteza e a ambigüidade na
relação entre metas e meios (DIMAGGIO; POWELL, 1983), que serão operacionalizadas
pelo consenso entre os gestores. Para consenso adotamos a conceituação de Holder (1976):
cada membro (e não a maioria) do grupo de gestores deve estar satisfeito com o curso da ação
a ser tomada após avaliar os prós e os contras envolvidos na decisão. Então consenso ou
dissenso não pode ser entendido simplesmente como concordância ou discordância, mas
como unidade ou a diferença, a continuidade ou a ruptura de um discurso prévio (DEETZ,
2000).
A variável consenso foi operacionalizada pela solicitação aos gestores que
descrevessem a sua percepção sobre a importância das metas e dos meios para sua
60
organização no período de 1998 a 2007. A ambigüidade foi medida pela extensão da
concordância entre as percepções (BOURGEOIS, 1980; DESS, 1987). De acordo com Dess
(1987) o consenso além da compreensão inclui também o comprometimento com a estratégia
constituindo-se nos dois indicadores para medição da variável (WOOLDRIDGE; FLOYD,
1992).
A operacionalização proposta por Dess (1987) parte de trabalhos anteriores, como
Bourgeois (1980), para desenvolver uma listagem inicial dos objetivos da firma. As
dimensões estratégicas propostas por Porter (1986), sumarizadas no Anexo 3 proveram a
estrutura para determinação dos meios competitivos disponíveis para a firma no setor. Estas
dimensões, incluindo elementos como marca, liderança tecnológica, serviços, tornaram-se o
ponto de partida para a listagem dos métodos competitivos.
4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS E ESCALA
O instrumento básico para a coleta dos dados referentes ao isomorfismo mimético foi
o questionário elaborado para uma pesquisa de amplitude maior sobre Aprendizagem
Interorganizacional constituído de dois blocos: identificação da empresa e, caracterização do
entrevistado; identificação das metas estabelecidas pela organização e caracterização dos
meios estratégicos empregados pela organização. O primeiro bloco, identificação da empresa
e caracterização do entrevistado, mesmo considerando a resistência dos respondentes a isto,
foi de fundamental importância para o objetivo da pesquisa quanto à identificação do
consenso entre os gestores da organização. A caracterização do entrevistado levantou dados
gerais do entrevistado. No segundo bloco sobre as metas e os meios empregados pela
organização, foram identificadas as percepções dos gestores quanto às metas estabelecidas e
os meios estratégicos utilizados para alcançá-las. O isomorfismo mimético, objeto do estudo,
61
foi diagnosticado por meio das questões deste segundo bloco de questões. A distribuição das
questões sobre isomorfismo mimético no questionário completo encontra-se no Quadro 11.
Indicadores Operacionalização Questões
Metas Compreensão 1 a 15
Meios Comprometimento 16 a 35
Quadro 11: Distribuição das questões sobre isomorfismo no questionário.
Fonte: Elaborado pelo autor
As questões foram pontuadas em uma escala intervalar, tipo Likert, variando de ``0=
discordo muito; a 1 = discordo pouco; a 2 = nem discordo, nem concordo; a 3 = concordo
pouco; a 5 = concordo muito. O questionário completo encontra-se no Apêndice 2.
Como nos interessa a dispersão ou a diferença de percepções entre os diferentes
respondentes da cada organização foi calculado o desvio-padrão das respostas dos gestores
para cada uma das questões propostas, indicando o grau de variabilidade na percepção destes
gestores sobre o tópico proposto (DESS, 1987). A média aritmética dos desvios-padrões de
todas as questões pelo número de questões estabeleceu um valor numérico para a
compreensão e o comprometimento com as metas e os meios empregados por cada uma das
organizações abordadas na pesquisa. Os valores calculados são apresentados no Apêndice 3.
4.5 CONFIABILIDADE E VALIDADE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
Cooper e Schindler (2003) associam a qualidade da pesquisa em ciências sociais à
validade de construto, à validade de conteúdo e à confiabilidade do instrumento de coleta de
dados.
62
A validade de construto envolve o estabelecimento da operacionalização correta para
os conceitos em estudo e foi conseguida com a utilização de construtos existentes na teoria o
que pode ser constatado na seção 2 - Referencial Teórico.
A validade do conteúdo está associada à aptidão do instrumento de pesquisa em
representar adequadamente o conjunto de itens relevantes para o estudo (HAIR et al., 2005).
Uma ampliação da validade do conteúdo foi conseguida com a utilização de conceitos,
operações e escalas já desenvolvidas e testadas em estudos anteriores e por meio da opinião
dos especialistas na banca de qualificação. A utilização de conceitos, operações e escalas de
trabalhos anteriores e as opiniões dos especialistas colaboraram para ampliar a validade do
construto e a confiabilidade do instrumento de coleta dos dados.
A confiabilidade do instrumento de coleta de dados foi ainda assegurada pela
aplicação da técnica de teste e re-teste
4.6 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DOS DADOS
Nesta seção são apresentadas as hipóteses estatísticas associadas à hipóteses de
pesquisa e as técnicas estatísticas escolhidas para testá-las. Também são descritos os
procedimentos para a realização dos testes das hipóteses estatísticas.
4.6.1 Hipóteses e Técnicas Estatísticas
Da hipótese de pesquisa estabelecida na seção 2 – Variáveis e Hipóteses de Pesquisa,
a hipótese, denominada Hpesquisa, pode ser dividida em duas sub-hipóteses apresentadas a
seguir.
63
H1: A ambigüidade de metas está relacionada com o dinamismo, a complexidade e a
munificência.
H2: A ambigüidade dos meios está relacionada com o dinamismo, a complexidade e
a munificência.
As hipóteses H1, H2 foram testadas em relação à ambigüidade apresentada entre as
metas organizacionais e os meios para implementação da estratégia competitiva.
Conforme descrito na seção 2, nesta pesquisa sobre a ambigüidade entre as metas e
os meios, na percepção dos gestores de nível 1 e 2, é mensurada a partir de uma escala
intervalar do tipo Likert de 0 a 4. Para efeito desta pesquisa as variáveis são consideradas
como intervalares encontrando-se justificativa para isto em Hair et al. (2006) quando afirma
que evidências empíricas mostram que as pessoas tratam os intervalos entre os pontos de uma
escala como sendo da mesma magnitude o que justifica considerar-se a escala como
intervalar.
As hipóteses H1 e H2 foram testadas utilizando a regressão multivariada pelo fato de
envolverem relações estatísticas de uma variável dependente com duas variáveis
independentes.
Segundo Hair et al. (2006) a análise de regressão multivariada é uma técnica
estatística que examina informações sobre várias variáveis independentes e uma variável
dependente, a partir daí realizando previsões. Um coeficiente de regressão separado foi
calculado para cada variável independente, descrevendo sua relação individual com a variável
dependente. Estes coeficientes permitiram que se analisasse a influência relativa das três
variáveis independentes sobre a variável dependente. A regressão múltipla, ainda segundo
Hair et al. (2006), é um modelo mais realista porque a previsão quase sempre depende de
vários fatores e não de um só fator.
64
O Quadro 12 apresenta as variáveis, hipóteses, técnicas estatísticas e pressupostos
Hipótese
estatística
Descrição
Da
Hipótese
Indicadores Técnica
estatística
Pressupostos
H1 Influência do
dinamismo, da
complexidade e da
munificência na
ambigüidade das
metas
Consenso entre
os gestores
Análise
multivariada
Normalidade e
Linearidade das
variáveis e dos seus
indicadores
H2 Influência do
dinamismo, da
complexidade e da
munificência na
ambigüidade dos
meios
Consenso entre
os gestores
Análise
multivariada
Normalidade e
linearidade das
variáveis e dos seus
indicadores
Quadro 12: Variáveis e hipóteses, técnicas estatísticas e seus pressupostos
Fonte: Elaborado pelo autor
A hipótese inicial foi de que existiria correlação entre as variáveis, ou seja, as
hipóteses mostram o interesse do pesquisador na relação existente entre as variáveis
(RICHARDSON et al., 1999). Na hipótese estatística estabelece-se a hipótese nula em que o
coeficiente de regressão linear será nulo e a hipótese alternativa de que o coeficiente de
regressão será diferente de nulo. Quando se rejeita a hipótese de valor nulo, se aceita a
hipótese alternativa, confirmando então a hipótese de pesquisa. Trabalhou-se com um nível de
significância de 10%.
4.6.2 Procedimento para Teste das Hipóteses Estatísticas
O procedimento para teste das hipóteses estatísticas seguiu, de acordo com Hair et al.
(2006), duas fases: 1) exame dos dados e teste dos pressupostos das técnicas estatísticas sobre
as variáveis da pesquisa e 2) realização das análises estatísticas e teste dos pressupostos
relacionados com as variáveis estatísticas das regressões.
65
A realização das análises estatísticas sobre as hipótese formuladas desenvolveu-se da
maneira seguinte: análises multivariadas para testar as hipóteses estatísticas H1 e H2. Para os
testes de pressupostos sobre as variáveis estatísticas das regressões estudou-se: a linearidade
por meio do gráfico dos resíduos (diferença entre valor previsto e valor encontrado); a
dispersão da variância (homocedasticidade) dos resíduos pelos valores previstos da variável
dependente; a independência dos erros em relação às variáveis independentes – colocou-se em
gráfico os valores dos resíduos versus cada uma das variáveis independentes e a normalidade
da distribuição dos resíduos por meio de teste de normalidade baseado em análise gráfica
(HAIR et al., 2006).
Para a regressão multivariada foi utilizada a técnica passo a passo que é uma
abordagem seqüencial em que a equação de regressão é calculada com um conjunto de
variáveis independentes que são seletivamente adicionadas ou eliminadas do modelo (HAIR
et al., 2006).Inicialmente foram incluidas todas as variáveis independentes na análise de
regressão que depois foram retiradas uma de cada vez começando pela menos significativa. O
modelo de regressão foi então refeito. O processo é repetido a cada vez com a variável menos
significativa com o modelo de regressão sendo recalculado (HAIR et al., 2006).
66
5 RESULTADOS E ANÁLISES DOS DADOS
Com base na metodologia proposta na seção 3 - Metodologia da Pesquisa foi
desenvolvida a parte empírica deste trabalho. Nesta seção apresentam-se os resultados
obtidos.
Inicia-se com o resultado do envio das correspondências; a amostragem, fazendo-se a
determinação do tamanho eficiente da amostra por setor. Em seguida é caracterizada a
amostra e as organizações participantes do estudo.
Na seqüência, são apresentados os testes do instrumento de pesquisa, e a
caracterização dos dados observados, experimentam-se as variáveis, suas relações e os testes
exigidos pelas técnicas estatísticas utilizadas nas variáveis.
Por fim mostram-se as análises de regressão.
5.1 RESULTADO DO ENVIO DAS CORRESPONDÊNCIAS E TELEFONEMAS
O Quadro 13 apresenta o resultado do envio das correspondências e telefonemas para
as organizações constantes da pesquisa.
Empresas da base
de dados FIESP
Cartas
enviadas
Devolução
dos
Correios (1)
% de
Devolução
dos Correios
Empresas
respondentes
% de
Respostas
obtidas
2759 empresas 2759cartas 93 cartas 3,4 15 0,54 %
(1) por endereço não encontrado 30% dos casos; os outros casos por mudança da empresa ou fechamento.
Quadro 13: Resultado do envio de correspondências e telefonemas
Fonte: Elaborado pelo autor
67
5.2 AMOSTRAGEM
Escolheram-se os setores nos quais a receptividade à pesquisa foi melhor. Mesmo
não se tratando de uma amostra probabilística utilizou-se de técnica estatística para
determinação do tamanho eficiente da amostra para se assegurar a proporcionalidade entre
respondentes em relação ao número total de empresas dos setores. Determinou-se o erro
máximo admitido (d) de 0,20, ou seja, a precisão da amostra em relação à média da
população deveria ser de d = 0,2. O valor foi considerado adequado à escala utilizada para as
variáveis da pesquisa. O nível de confiança adotado foi de 90%. O cálculo do tamanho
eficiente da amostra encontra-se no Apêndice 4.
A partir da fórmula para cálculo da amostra, procurou-se um equilíbrio entre: a
variação dos elementos da população-alvo; o erro máximo admitido; o tempo e o orçamento
para a realização da pesquisa (HAIR et al., 2006).
O Quadro 14 apresenta o tamanho da amostra para cada setor escolhido.
Grupo
(CNAE 3
dígitos)
Setor
Total de
empresas por
setor
Tamanho da
amostra IC 90%
e=20%
Tamanho da
amostra adotada
no estudo
19.3 Fabricação de calçados 50 1 1
22.1 Edição e impressão 132 3 5
28.9 Fabricação produtos diversos
em metal
153 3 3
31.2 Fabricação de equipamentos
para distribuição e controle de
energia elétrica
34 1 1
34.4 Fabricação de peças e acessórios
para veículos automotores
68 2 2
36.9 Fabricação de produtos diversos 99 2 3
Quadro 14: Tamanho da amostra
Fonte: Elaborado pelo autor
68
Considerando que o isomorfismo foi mensurado pela variável ambigüidade,
operacionalizada por meio do consenso entre os gestores, necessitávamos de pelo menos dois
respondentes por empresa para uma resposta válida. Isto nos limitou a 39 respondentes, de 15
empresas, atuantes em 6 setores da economia. O Quadro 15 apresenta um resumo desta
descrição.
Indústria de
transformação
Número de
Divisões
CNAE
Seção D
Divisões de
Manufatura
Seção D
Empresas
com 2 ou
mais
respostas
Respondentes
considerados na
pesquisa
Divisões
CNAE na
pesquisa
CNAE Seção D 25 22 15 39 6
Quadro 15: Caracterização da amostra
Fonte: Elaborado pelo autor
O Quadro 16 indica por CNAE pesquisado, as empresas, o número de funcionários e
a quantidade de respondentes de cada uma, preservando por meio de codificação, as
identidades das empresas e dos respondentes, de acordo com a ética para este tipo de pesquisa
e o afirmado na correspondência inicial enviada às empresas.
Grupo
CNAE
Designação
das empresas
Número
de
funcionários
Respondentes
de cada empresa
19.3 A Mais de 500 A1; A2
22.1 B Mais de 500 B1; B2; B3
22.1 C Menos de 99 C1; C2; C3
22.1 D De 100 a 499 D1; D2
22.1 E De 100 a 499 E1; E2; E3; E4
22.1 F Menos de 99 F1; F2
28.9 G Menos de 99 G1; G2
28.9 H Menos de 99 H1; H2; H3
28.9 I Menos de 99 I1; I2
31.2 J De 100 a 499 J1; J2
34.4 K De 100 a 499 K1; K2; K3
34.4 L Menos de 99 L1; L2
36.9 M Menos de 99 M1; M2; M3
36.9 N Menos de 99 N1; N2; N3
36.9 O De 100 a 499 O1; O2; O3
Quadro 16 – Número de funcionários e respondentes por empresa
Fonte: Elaborado pelo autor
69
O Quadro 17 apresenta as características da amostra estudada quanto à quantidade de
empresas por setor; representatividade do setor na amostra; tempo médio de trabalho do
gestor no setor; funções exercidas pelos gestores respondentes da pesquisa e tempo médio dos
gestores nos cargos atuais.
Grupo Quantidade
de
empresas
no Setor
Respondentes
Por
Setor
Representatividade
do setor
na amostra (%)
Tempo
médio
do gestor no
Setor (anos)
Nível
Hierárquico
I / II
Tempo médio
do gestor
no cargo
(anos)
19.3 1 2 6,6 8,0 II 6,0
22.1 5 14 33,3 16,0 II (78%)
I (22%)
7,0
28.9 3 7 20,0 5,0 I 4,5
31.2 1 2 6,6 9,0 I (50%)
II (50%)
7,0
34.4 2 5 13,3 10,5 II (50%)
I (50%)
8,0
36.9 3 9 20,0 10,2 I (55%)
II (45%)
9,1
Quadro 17: Características demográficas da amostra.
Fonte: Elaborado pelo autor
Os respondentes da pesquisa estão de acordo com a proposição inicial de envolver
gestores do nível I ou II.
5.3 PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
O instrumento de coleta dos dados foi submetido a um pré-teste, procurando-se
ampliar a validação do construto (HAIR et al., 2005). O pré-teste do instrumento de pesquisa
foi realizado com uma organização não participante da amostra escolhida. O Anexo 4 fornece
evidência do resultado positivo alcançado pela avaliação.
70
5.4 CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
A confiabilidade do instrumento de pesquisa demonstra a estabilidade ou a
consistência das operações do estudo já que se repetidas as mensurações obtém-se os mesmos
resultados. A repetição foi efetuada junto a dois respondentes, de duas empresas participantes
da pesquisa, três semanas após a resposta inicial, não apresentando divergências significativas
nas respostas quando comparadas aos questionários originalmente respondidos.
5.5 CASOS EXTREMOS E DADOS FALTANTES
Na análise dos dados faltantes nos questionários respondidos pelas 15 organizações
consideradas na pesquisa encontramos duas modalidades de faltas: a falta de respostas a
questões ou a resposta de um único gestor da organização. A estratégia adotada para estes
casos de dados faltantes foi o contato direto do pesquisador com os gestores, via telefone, o
que se verificou com duas organizações.
De acordo com Hair et al (2006), os casos extremos podem ser divididos, segundo
sua origem, em quatro classes distintas:
1. Em virtude de erros de procedimentos, como na entrada dos dados;
2. Ter origem em um evento extraordinário que justifique a observação efetuada;
3. Observações extremas para as quais o pesquisador não consegue uma explicação;
4. Quando as variáveis observadas isoladamente não apresentam características
extremas, mas o conjunto apresenta uma combinação única e diferenciada de
valores.
Dois casos percebidos como extremos foram analisados, buscando-se uma
identificação de serem não representativos da amostra selecionada. Optou-se por manter os
71
dois casos coletados por falta de evidências de não serem realmente representativos de acordo
com o que recomenda Hair et al. (2006).
Contribuiu para a baixa incidência de dados faltantes e casos extremos: (1) o nível
hierárquico dos participantes possibilitando um amplo conhecimento dos quesitos formulados;
(2) o pequeno número de setores, organizações e respondentes e (3) a verificação dos dados
no software estatístico, SPSS versão 13.0, feita pelo próprio pesquisador.
5.6 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS E TESTE DE NORMALIDADE
A descrição e o teste de normalidade das variáveis envolvidas nas técnicas
estatísticas da pesquisa são apresentados, a seguir, para cada hipótese estabelecida.
Nas técnicas estatísticas utilizamos um teste não-paramétrico, denominado teste de
aderência, em que a hipótese testada refere-se à forma da distribuição dos dados das variáveis
consideradas na pesquisa. Nestes testes, admitimos, por hipótese, que as distribuições dos
valores das variáveis de interesse na pesquisa sejam descritas pelo modelo de distribuição de
probabilidade normal e testamos este modelo. A boa aderência dos dados da amostra ao
modelo nos garante, em princípio, que o modelo fornece uma boa idealização da distribuição
populacional (HAIR et al., 2005; COSTA NETO, 2002). A aderência foi testada pelo método
Kolmogorov-Smirnov tomando-se como hipótese nula a seguinte:
Hnor 0: As distribuições dos valores das variáveis independentes e dos valores das variáveis
dependentes seguem um modelo de distribuição de probabilidade normal.
Para cada variável apresenta-se: a média; o desvio padrão; a mediana; o mínimo; o
máximo e o valor de “p” para o teste de Kolmogorov-Smirnov.
72
O Quadro 18 a seguir informa as características das variáveis independentes desta
pesquisa.
Variável Média Desvio-padrão Mediana Mínimo Máximo Normalidade
(p)
Dinamismo
-0,659 0,488 -0,730 -1,17 0,530 0,158
Complexidade
0,485 0,762 0,390 -0,580 1,490 0,410
Munificência
-0,078 0,476 -0,180 -0,510 0,880 0,130
Quadro 18 – Características das variáveis independentes para a amostra
Fonte: Elaborado pelo autor
Os valores das variáveis independentes: dinamismo, complexidade e munificência
seguem uma distribuição de probabilidade normal de acordo com o teste Kolmogorov-
Smirnov. As evidências amostrais permitem não rejeitar a hipótese nula de normalidade (Hv
0) com p >0,05.
O Quadro 19 a seguir informa as características das variáveis dependentes desta
pesquisa.
Variável Média Desvio-padrão Mediana Mínimo Máximo Normalidade
(p)
Ambigüidade
das
metas
0,480 0,242 0,500 0,060 0,930 0,954
Ambigüidade
dos meios
0,545 0,327 0,630 0,070 1,280 0,702
Ambigüidades
das metas
e dos meios
(média)
0,509 0,260 0,460 0,060 1,100 0,842
Quadro 19 - Características das variáveis dependentes para a amostra
Fonte: Elaborado pelo autor
Como são dados obtidos pelo pesquisador efetuou-se uma primeira verificação
quanto ao desvio-padrão conforme sugerida por Costa Neto (2002). Segundo o autor pode-se
73
fazer uma verificação empírica dos valores calculados para o desvio-padrão, para a quase
totalidade dos casos práticos, mediante a relação: o desvio-padrão supera um sexto da
amplitude do intervalo considerado e é inferior a um terço da mesma amplitude. Isto é:
Amplitude/ 3 <desvio-padrão > Amplitude/ 6
A amplitude foi calculada como a diferença entre o valor máximo e o mínimo da
variável. O Quadro 20 apresenta os valores encontrados.
Variável Desvio-padrão Amplitude
(A)
A/3
(Máximo)
A/6
(Mínimo)
Ambigüidade
das
Metas
0,242 0,870 0,290 0,145
Ambigüidade
dos meios
0,327 1,210 0,403 0,201
Ambigüidade
média
0,260 1,040 0,346 0,173
Quadro 20 – Verificação empírica do desvio-padrão
Fonte: Elaborado pelo autor
Como todos os valores estão situados entre o mínimo (A/6) e o máximo (A/3)
concluímos que não há erros grosseiros no cálculo do desvio-padrão (COSTA NETO, 2002).
A segunda verificação efetuada refere-se ao teste de normalidade dos valores das
variáveis. Os valores das variáveis dependentes: ambigüidade das metas, ambigüidade dos
meios e ambigüidade das metas e dos meios, que denominamos ambigüidade média, seguem
uma distribuição de probabilidade normal de acordo com o teste Kolmogorov-Smirnov. As
evidências amostrais permitem não rejeitar a hipótese nula de normalidade (H
v0) com p>0,05.
74
5.6.1 Análise da Relação entre as Variáveis – Linearidade
Na presente pesquisa estamos interessados em verificar exatamente o quanto os
valores das variáveis se aproximam de uma reta, levando a estudar a correlação linear entre as
variáveis. Uma medida do grau e do sinal da correlação linear é dada pela covariância entre
duas variáveis definida por:
cov (x,y) = Σ
i=1/n (Xi –Xmédia) (Yi – Ymédia) (n-1)
Em que: X
média e Ymédia são as médias amostrais das variáveis X e Y respectivamente
e n é o tamanho da amostra. A facilidade de interpretação torna conveniente o uso do
coeficiente de correlação linear de Pearson, ou simplesmente, coeficiente de correlação. O
coeficiente de correlação tem as importantes propriedades de ser adimensional e de variar
entre -1 e +1, o que não ocorre com a covariância. O fato de termos r variando de -1 a +1 dá
uma fácil interpretação ao valor, com r = -1 correspondendo a uma correlação linear negativa
perfeita e r = +1 a uma correlação positiva perfeita (COSTA NETO, 2002).
A hipótese nula é a seguinte:
H
cor 0: Não existe correlação linear entre as variáveis dinamismo, complexidade,
munificência, ambigüidade das metas, ambigüidade dos meios e ambigüidade média.
O Quadro 21 mostra o valor do coeficiente de correlação de Pearson entre as
variáveis independentes e dependentes da pesquisa.
75
Variável
r (valor de p)
Complexidade Munificência Ambigüidade
das metas
Ambigüidade
dos meios
Ambigüidade
média
Dinamismo
0,196
(0,483)
0,480
(0,070)
-0,091 (0,748) -0,403 (0,137) -0,292 (0,291)
Complexidade
1 0,505 (0,055) 0,059 (0,834) 0,241 (0,387) 0,180 (0,522)
Munificência
- 1 0,184 (0,512) 0,236 (0,396) 0,237 (0,395)
Quadro 21 – Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis
Fonte: Elaborado pelo autor
Os valores dos coeficientes de correlação e o valor de p evidenciam a confirmação da
hipótese nula de que não existe uma correlação linear entre as variáveis da pesquisa. Há uma
correlação negativa entre as variáveis relacionadas a ambigüidade e a variável relacionada ao
dinamismo, mas em nenhum dos casos foi encontrada uma correlação estatisticamente
significante dentro da probabilidade de menor do que 0,05.
Além do cálculo do coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis também
foi realizada a verificação gráfica da linearidade das variáveis do problema. As Figuras 2; 3;
4; 5 e 6 apresentam os diagramas de dispersão das combinações possíveis das variáveis
envolvidas no estudo.
76
MunifComplexDinam
DinamComplexMunif
Figura 2- Dinamismo, complexidade e munificência
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 2 – Dinamismo, complexidade e munificência
77
AmbmedAmbmeiAmbmetDinam
DinamAmbmetAmbmeiAmbmed
Figura 3 - Dinamismo e Ambiguidades
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 3 – Dinamismo e Ambigüidades
78
AmbmedAmbmeiAmbmetComplex
ComplexAmbmetAmbmeiAmbmed
Figura 4 - Complexidade e Ambiguidades
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 4 – Complexidade e Ambigüidades
79
AmbmedAmbmeiAmbmetMunif
MunifAmbmetAmbmeiAmbmed
Figura 5 - Munificência e Ambiguidades
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 5 – Munificência e Ambigüidades
80
AmbmedAmbmeiAmbmet
AmbmetAmbmeiAmbmed
Figura 6 - Ambiguidades
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 6 - Ambigüidades
Os diagramas de dispersão apresentados nas Figuras 2; 3; 4; 5 e 6 representam todas
as combinações possíveis das variáveis dependentes ambigüidade de metas e ambigüidade de
meios e as variáveis independentes dinamismo, complexidade e munificência, evidenciando a
linearidade dos dados como calculado com o coeficiente de correlação de Pearson.
5.7 ANÁLISE DE REGRESSÃO
Nesta etapa foram estudados modelos de regressão multivariados segundo as
variáveis independentes, dinamismo, complexidade e munificência em relação as variáveis
dependentes ambigüidade das metas, ambigüidade dos meios e ambigüidade média.
81
As análises de regressão tiveram seus resultados analisados seguindo uma seqüência
de acordo com Hair (2006): (1) foi avaliada a significância estatística do modelo de regressão
global usando o teste F; (2) com F apresentando significância estatística foi avaliado o R2
para verificar se é grande o suficiente utilizando para isto a regra prática de Hair (2006)
quanto ao campo de variação do coeficiente de correlação, desde que estatiscamente
significativo. O Quadro 22 apresenta as variações sugeridas para o coeficiente de correlação.
Variação
do coeficiente
Força de
Associação
±0,91 - ±1,00 Muito forte
±0,71 - ±0,90 Alta
±0,41 - ±0,70 Moderada
±0,21 - ±0,40 Pequena, mas definida
±0,01 - ±0,20 Leve, quase imperceptível
Quadro 22 – Variação do coeficiente de correlação R2
Fonte: Elaborado pelo autor
A fase (3) do processo de análise consistiu em examinar cada um dos coeficientes de
regressão e suas estatísticas t para identificar quais variáveis independentes tinham
coeficientes estatisticamente significativos; (4) executada novamente a regressão com as
variáveis independentes significativas verificando os coeficientes betas para determinação da
influência relativa de cada variável independente.
Ambigüidade de Metas versus Dinamismo, Complexidade e Munificência
O Quadro 23 descreve os resultados da regressão multivariada realizada no programa
SPSS versão 13.0 para as variáveis independentes dinamismo, complexidade e munificência
em relação à variável dependente ambigüidade de metas.
82
Variável
dependente
Variável
independente
R2 F Sig. Beta t Sig.
0,078 0,310 0,818 Const. 3,187 0,009
Dinamismo -0,236 -0,714 0,490
Complexidade -0,060 -0,178 0,862
Amb. Metas
Munificência 0,327 0,871 0,402
0,014 0,088 0,917 Const. 3,287 0,006
Dinamismo -0,106 -0,364 0,722
Amb. Metas
Complexidade 0,080 0,274 0,789
0,075 0,849 0,625 Const. 3,534 0,004
Dinamismo -0,232 -0,735 0,477
Amb. Metas
Munificência 0,295 0,933 0,369
0,035 0,219 0,806 Const. 5,607 0,000
Complexidade -0,045 -0,137 0,893
Amb. Metas
Munificência 0,207 0,629 0,541
Quadro 23 – Ambigüidade de Metas versus Dinamismo, Complexidade e Munificência
Fonte: Elaborado pelo autor
As informações apresentadas no Quadro 23 apontam que as variáveis independentes,
dinamismo, complexidade e munificência, não são significativamente associadas à variável
dependente ambigüidade de metas. Os valores de F para todas as regressões multivariadas
realizadas não apresentaram significância estatística. As hipóteses nulas são rejeitadas, não se
confirmando a hipótese estatística.
Nos Apêndices 5, 6 e 7 são apresentadas respectivamente: a Distribuição de
Freqüência dos Resíduos Padronizados da Regressão, o Gráfico de Probabilidade Normal de
Resíduos da Regressão Padronizados e o Diagrama de Dispersão da Variável Dependente em
Relação à Equação de Regressão, para a regressão multivariada. O exame dos Apêndices 5,
6 e 7 nos permite afirmar que não há problemas significativos indicando que as suposições de
regressão tenham sido seriamente violadas.
83
Ambigüidade de Meios Versus Dinamismo, Complexidade e Munificência
Um novo modelo de regressão linear multivariada foi estudado entre a ambiguidade
das metas e incerteza, com relação as variáveis independentes complexidade e munificência.
O Quadro 24 apresenta a regressão.
Variável
dependente
Variável
independente
R2 F Sig. Beta t Sig.
0,413 2,583 0,106 Const. 1,763 0,106
Dinamismo -0,664 -2,516 0,029
Complexidade 0,122 0,455 0,658
Amb. Meios
Munificência 0,493 1,647 0,128
0,269 2,203 0,153 Const. 1,758 0,104
Dinamismo -0,468 -1,859 0,088
Amb. Meios
Complexidade 0,333 1,321 0,211
0,402 4,037 0,046 Const. 2,184 0,050
Dinamismo 0,671 2,637 0,022
Amb. Meios
Munificência -0,559 -2,195 0,049
0,076 0,491 0,624 Const. 4,451 0,001
Complexidade 0,163 0,507 0,621
Amb. Meios
Munificência 0,154 0,480 0,640
Quadro 24 – Ambigüidade dos meios, dinamismo, complexidade e munificência
Fonte: Elaborado pelo autor
As informações do Quadro 24 apontam que as variáveis independentes dinamismo e
munificência, são significativamente associadas à variável dependente ambigüidade de meios.
O valor de F apresentou uma significância estatística de 0,046, com R2 de 40,2%, o que
segundo Hair (2006) é uma associação moderada conforme indicado no Quadro 22. A
hipótese nula é rejeitada e confirma-se a hipótese de pesquisa H2 sobre a relação do
dinamismo e da munificência com a ambigüidade de meios.
84
Nos Apêndices 8, 9 e 10 são apresentadas: a Distribuição de Freqüência dos
Resíduos Padronizados da Regressão, o Gráfico de Probabilidade Normal de Resíduos da
Regressão Padronizados e o Diagrama de Dispersão da Variável Dependente em Relação à
Equação de Regressão, para a regressão multivariada. O exame dos Apêndices 8, 9 e 10 nos
permite afirmar que não há problemas significativos indicando que as suposições de regressão
tenham sido seriamente violadas.
Ambigüidade Média versus Dinamismo, Complexidade e Munificência
Variável
dependente
Variável
independente
R2 F Sig. Beta t Sig.
0,272 1,368 0,303 Const. 2,652 0,023
Dinamismo -0,524 -1,784 0,102
Complexidade 0,048 0,161 0,875
Amb. Média
Munificência 0,465 1,392 0,192
0,144 1,066 0,395 Const. 2,651 0,021
Dinamismo -0,340 -1,249 0,236
Amb. Média
Complexidade 0,246 0,904 0,384
0,270 2,220 0,151 Const. 3,079 0,010
Dinamismo -0,527 -1,875 0,085
Amb. Média
Munificência 0,490 1,743 0,107
0,061 0,390 0,685 Const. 5,396 0,000
Complexidade 0,080 0,248 0,808
Amb. Média
Munificência 0,196 0,606 0,556
Quadro 25 – Ambigüidade média, dinamismo, complexidade e munificência
Fonte: Elaborado pelo autor
As informações apresentadas no Quadro 25 apontam que as variáveis independentes,
dinamismo, complexidade e munificência, não são significativamente associadas à variável
dependente ambigüidade média. Os valores de F para todas as regressões multivariadas
85
realizadas não apresentaram significância estatística. As hipóteses nulas são rejeitadas, não se
confirmando as hipóteses estatísticas.
Nos Apêndices 11, 12 e 13 são apresentadas: a Distribuição de Freqüência dos
Resíduos Padronizados da Regressão, o Gráfico de Probabilidade Normal de Resíduos da
Regressão Padronizados e o Diagrama de Dispersão da Variável Dependente em Relação à
Equação de Regressão, para a regressão multivariada. O exame dos Apêndices 11, 12 e 13
nos permite afirmar que não há problemas significativos indicando que as suposições de
regressão tenham sido seriamente violadas.
86
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo inicial deste estudo, em organizações localizadas no Estado de São Paulo,
foi estabelecer um panorama sobre a relação existente entre o isomorfismo mimético,
operacionalizado pela ambigüidade e incerteza das metas e meios e as características do
ambiente organizacional técnico operacionalizado pelas dimensões dinamismo, a
complexidade e a munificência. Foram abordadas organizações do setor D do CNAE
denominadas indústrias de transformação.
O resultado obtido foi uma confirmação parcial das hipóteses estabelecidas
evidenciando que ambientes dinâmicos e munificentes exercem influência sobre a
ambigüidade e incerteza dos meios estratégicos competitivos utilizados pelas organizações.
Observou-se uma correlação com o dinamismo e com a munificência do ambiente, o que
concorda com a hipótese estabelecida H2. Organizações competindo em ambiente dinâmicos e
de baixa munificência tenderiam ao isomorfismo mimético como forma de assegurar a
competitividade. Gestores chaves destas organizações demonstram a tendência de
homogeneização com os elementos do seu ambiente de maneira a oporem-se a incerteza que
constitui a essência dos processos administrativos (THOMPSON, 1967). Toda a literatura
sobre teoria organizacional, política de negócios e organização industrial sugere que
estratégias e táticas, reservas, colusões, contratos de longo termo e integração vertical são
ações para criação de ambientes mais previsíveis (DESS; BEARD, 1984). Esta afirmação
encontra apoio, de uma forma muito particular, na pesquisa de Staw e Szwajkowski (1975)
que encontraram evidências de que organizações competindo em ambientes pouco
munificentes são mais sujeitas inclusive a cometerem atos ilegais.
Não houve evidências na amostra selecionada quanto a ambigüidade e incerteza das
metas estabelecidas pela organização ser correlacionada com o dinamismo, a complexidade
87
ou a munificência do ambiente técnico. O resultado contraria a hipótese estabelecida de
existência da correlação entre a variável de pesquisa ambigüidade de metas e as variáveis
ambientais dinamismo, complexidade e munificência. Então se aceita a hipótese nula de que
não existe correlação entre as variáveis da pesquisa. A aceitação da hipótese nula rejeita a
hipótese de pesquisa. Espera-se naturalmente que a hipótese nula seja aceita quando
verdadeira e rejeitada quando falsa. Logo, há quatro resultados possíveis em um teste, se H0 é
verdadeira ou falsa e a decisão de aceitarmos ou não H0. Rejeitar H0 quando verdadeira
comete-se um erro do Tipo I (alfa) com probabilidade igual ao nível de significância adotado,
no caso igual a 0,1. O risco associado ao resultado obtido é de um erro Tipo II (beta) no qual
se poderia aceitar a hipótese nula quando esta na realidade é falsa.
O Quadro 26 apresenta os erros Tipo I e Tipo II.
Realidade
H0 verdadeira H0 falsa
Aceitar H0 Decisão correta Erro Tipo II
Decisão
Rejeitar H0 Erro Tipo I Decisão correta
Quadro 26: Erros Tipo I e Tipo II
Fonte: Elaborado pelo autor
Há uma relação inversa entre os erros do Tipo I e Tipo II. A redução de
probabilidade de um erro Tipo I aumentará a probabilidade de um erro do Tipo II. Na prática
é usual escolher níveis tradicionais de erro Tipo I e ignorar os erros Tipo II (STEVENSON,
2001).
Uma hipótese para um erro do Tipo II nesta pesquisa vincula-se ao tamanho da
amostra e a quantidade de setores envolvidos. Devido às dificuldades em obter uma amostra
maior, no tempo dado para a pesquisa e de acordo com o orçamento disponível, seguiu-se a
prática proposta por Stevenson (2001), com a adoção de significância 0,1 considerada
88
aceitável por Hair et al. (2006) para este tipo de pesquisa e aceitou-se a hipótese nula com o
risco do erro do Tipo II.
A aceitação da hipótese nula, portanto, corresponde, em geral, à insuficiência de
evidência experimental, ao nível de significância desejada, para se chegar à sua rejeição. Esta
aceitação, como o próprio termo sugere, não deve ser entendida como uma afirmação
estatisticamente forte da hipótese nula (COSTA NETO, 2002).
Outras considerações podem ser feitas sobre a não verificação da hipótese estatística
do estudo quanto à relação da ambigüidade de metas com o dinamismo, a complexidade e a
munificência. Uma delas quanto ao porte das organizações envolvidas na pesquisa.
Com relação ao porte das organizações o Quadro 15 mostra que 53,3% das
organizações participantes da pesquisa são de pequeno porte (menos de 99 funcionários) o
que leva a formular a hipótese de que as organizações de pequeno porte apresentam uma
menor ambigüidade das metas por uma maior facilidade em obter a concordância entre os
gestores. Uma evidência importante da pesquisa parece apontar nesta direção já que a média
dos desvios-padrões, para as 15 organizações consideradas na pesquisa, das ambigüidades e
incertezas das metas é 25% menor do que a média dos desvios-padrões das ambigüidades e
incertezas de meios. O Quadro 27 apresenta essa relação.
Variável Desvio-padrão
Ambigüidade
das
Metas
0,242
Ambigüidade
dos meios
0,327
Quadro 27: Desvios-padrões médios das ambigüidades
Fonte: Elaborado pelo autor
89
Se for aplicado o mesmo raciocínio apenas às organizações de pequeno porte (menos
de 99 funcionários) a diferença é ampliada para 41%. O Quadro 28 apresenta esta relação.
Variável Desvio-padrão
Ambigüidade
das
Metas
0,460
Ambigüidade
dos meios
0,650
Quadro 28: Desvios-padrões médios das ambigüidades nas organizações de pequeno porte.
Fonte: Elaborado pelo autor
A não-confirmação para a hipótese do relacionamento da ambigüidade das metas
com o dinamismo, a complexidade ou a munificência pode estar ligada a características
especificas dos setores escolhidos.
As organizações que competem em setores por muitos insumos diferentes ou
produzem muitos resultados diferentes encontram na aquisição e liberação dos produtos um
ambiente heterogêneo que dá origem a complexidade por suas inter-relações com outras
organizações participantes. Esta é uma característica do setor 22.1 de editoração e impressão.
São poucos os insumos necessários para a transformação em uma ampla variedade de
produtos finais inter-relacionando as organizações, por exemplo, na cadeia de distribuição.
Para Porter (1990) o tamanho do segmento pode afetar a ameaça de imitação de uma
estratégia de enfoque. Em um segmento pequeno, mesmo pequenas economias de escala
podem ser significativas se não forem contrabalançadas por inter-relações. Na indústria em
crescimento existe sempre a possibilidade não da estratégia de enfoque ser imitada, mas
também da superação pelos competidores à medida que segmentos mais restritos vão se
tornando viáveis.
90
7 CONCLUSÃO
Este estudo partiu da reflexão sobre o processo de imitação adotado por organizações
participantes de ambientes técnicos caracterizados pelo dinamismo, complexidade e
munificência. As organizações escolhidas foram as de manufatura localizadas no Estado de
São Paulo, pertencentes a seis diferentes setores industriais: fabricação de calçados; edição e
impressão; fabricação de produtos diversos em metal; fabricação de equipamentos para
controle e distribuição de energia; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores
e fabricação de produtos diversos.
As hipóteses do início da pesquisa foram verificadas com êxito parcial constatando-
se a influência do dinamismo e da munificência do ambiente nos meios competitivos
estratégicos das organizações dos seis setores selecionados para estudo.
As características do ambiente determinam o estabelecimento de metas e a escolha
dos meios competitivos estratégicos para a organização. Como o efeito do isomorfismo
institucional é a homogeneização, tem-se que o melhor indicador da mudança isomórfica é o
decréscimo na variação e na diversidade, as quais podem ser mensuradas pela seleção
adequada de indicadores.
Os resultados obtidos nesta pesquisa apresentam duas implicações fundamentais. A
primeira para os gestores. Com a competitividade no foco das atenções organizacionais a
pressão constante tem induzido os gestores e as organizações a promoverem mudanças
estratégicas em ritmo cada vez mais acelerado.
O isomorfismo relaciona-se com a estabilidade e a mudança organizacional. As
interpretações que os gestores fazem das pressões ambientais afetam as estratégias de ação em
termos da dinâmica da mudança dando as orientações estratégicas das organizações
(MACHADO-DA-SILVA; COCHIA, 2004).
91
Para os gestores que administram organizações nos seis setores abordados,
estabeleceu-se a influência da imitação nas decisões estratégicas da empresa. Pode este
conhecimento indicar como administrar setores caracterizados pelo dinamismo ou como
direcionar investimentos em setores caracterizados pela baixa munificência. A pouca
munificência parece levar a organização a utilizar complexos relacionamentos sociais
externos a fim de assegurar o fluxo de recursos de modo a obter um ambiente mais
munificente. A pouca munificência intensifica a competição, aumentando a concentração em
torno de recursos escassos, dando mais oportunidade ao surgimento do isomorfismo, com
mais líderes e seguidores. Este conhecimento pode permitir ao gestor a definição de
estratégias defensivas contra a imitação o que ocorre segundo Porter (1990) com o
estabelecimento de sustentabilidade para a vantagem competitiva. Pode ainda gerar, para o
gestor, subsídios para uma política de imitação que coloca a empresa em condições de imitar
uma inovação por um custo inferior ao custo da inovação.
O conhecimento da relação da munificência com a ambigüidade e incerteza dos
meios pode conduzir o gestor a um melhor planejamento das necessidades da organização
utilizando suas capacidades já disponíveis sobre a produtividade dos recursos. Os
competidores enfrentam, devido aos relacionamentos estabelecidos para este planejamento
das necessidades, um mercado muito imperfeito, com informações insuficientes sobre níveis
dos valores dos recursos. A dificuldade de obterem recursos com o mesmo valor constitui-se
em uma barreira à imitação constituindo-se em uma eficiente estratégia defensiva.
A segunda implicação é a importância acadêmica do estudo baseado nas assertivas
colocadas por DiMaggio e Powell (1983) em que afirmam que suas hipóteses sobre a
extensão do isomorfismo não constituem uma agenda completa para investigações empíricas
de suas perspectivas abrindo assim a necessidade de novas pesquisas. Não são discutidos em
92
DMaggio e Powell (1983) aspectos de linearidade ou não das relações colocadas nas doze
hipóteses do estudo, como também não são estabelecidos indicadores para a homogeneidade.
Então este estudo representa um avanço, na medida em que operacionaliza
indicadores para o isomorfismo mimético abrindo campo para outros estudos quantitativos na
relação do isomorfismo com a estratégia competitiva ou com a estrutura organizacional. O
uso sistemático destes indicadores em novas pesquisas empíricas possibilitará torná-los mais
precisos e testará a validade de suas proposições em diferentes contextos.
Há ainda um avanço significativo ao estabelecer a linearidade das relações
permitindo novos estudos com a utilização de regressões lineares.
É importante ainda no estudo a relação do ambiente técnico com o ambiente
institucional, sendo este entendido como um contexto do ambiente técnico ampliado ao
domínio do simbólico no qual a busca do que é socialmente aceito entra em conflito com os
critérios de eficiência, provocando uma defasagem da estrutura formal em relação à prática
adotada (ROSSETTO; ROSSETTO, 2005).
7.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A pesquisa deve ser vista como uma abordagem inicial ao problema sendo de caráter
exploratório, não probabilístico, portanto traça um panorama restrito sobre as implicações do
ambiente técnico no ambiente institucional, contudo não permitindo generalizações. Algumas
limitações podem ser observadas neste estudo. A primeira das limitações é devida ao fato de
que se coloca o foco do estudo nas organizações de manufatura localizadas no Estado de São
Paulo. O tempo limitado para execução da pesquisa e o alto custo para o envio das 2759
correspondências fizeram com que se optasse em concentrar os esforços em uma única região
do país.
93
Outra limitação está na amostra ter sido escolhida por conveniência, portanto não
probabilística, abrangendo seis setores da economia, quinze empresas e trinta e nove gestores.
A justificativa para uma escolha por conveniência está no baixo índice de retorno deste tipo
de pesquisa. A escolha feita de uma amostra por conveniência implica na impossibilidade de
se compreender a população mais geral de organizações do país, ainda que considerados os
mesmos setores.
Também ligado à conveniência há outro fator limitante da pesquisa que é o número
de setores abordados. Características intrínsecas dos setores podem eventualmente
comprometer a análise.
Para uma avaliação ampla da compreensão e comprometimento dos gestores com as
metas e os meios das organizações seria necessário um instrumento de pesquisa com maior
número de questões. Um maior número de questões implicaria em uma demanda de tempo
maior para as respostas dos gestores o que nos causaria uma dificuldade adicional. O contato
realizado para o pré-teste do instrumento de pesquisa evidenciou que um número
compreendido entre 30 e 40 questões seria o adequado para se contar com uma possível
resposta do gestor.
Uma última limitação envolveu o período da pesquisa compreendido entre novembro
de 2007 e março de 2008. A impossibilidade de uma data antecipada para a realização da
pesquisa fez com que parte das correspondências chegassem às organizações no encerramento
do ano o que afeta a receptividade à pesquisa. A solução encontrada foi reforçar a solicitação
de participação com o envio de correspondências eletrônicas e telefonemas a partir da
segunda semana de janeiro de 2008. Efetivamente as respostas chegaram durante os meses de
fevereiro e março de 2008, após os telefonemas.
94
7.2 PESQUISAS FUTURAS
Alguns dos resultados obtidos sugerem a realização de pesquisas futuras de caráter
probabilístico. Estas pesquisas poderiam averiguar se um ambiente técnico pouco munificente
leva ao isomorfismo partindo da análise de organizações presentes em setores de baixa
munificência que podem ser pesquisados na pesquisa sobre Ambiente Organizacional e
Cooperação (BRITO E.P.Z., et al., 2007). Pesquisas futuras poderiam ainda verificar se existe
ou não associação entre o isomorfismo e a complexidade que aqui não foi verificada. Futuros
estudos exploratórios poderiam focar a questão estratégica da imitação contribuindo para
esforços de diversificação das organizações como colocado por DiMaggio e Powell (1983)
que se precisa descobrir novas forma de coordenação intersetorial que encoraje a
diversificação das organizações em lugar do rápido movimento de homogeneização. Um
maior entendimento, segundo DiMaggio e Powell (1983), de como os campos organizacionais
se tornam homogêneos contribuiria para que os analistas e definidores de políticas públicas
não confundissem o desaparecimento de uma forma organizacional com sua falha substantiva.
Outras possibilidades de pesquisas futuras abrem-se, por exemplo, com a análise de campos
organizacionais de alta incerteza com os novos entrantes servindo de fonte de inovação e
variação. Procurar-se-ia, nestas condições, analisar como ocorre a imitação e como ficam as
práticas estabelecidas nas organizações entrantes. Em resumo qual a velocidade da
homogeneização.
Pesquisas futuras podem ampliar de maneira substantiva a compreensão das relações
entre o ambiente organizacional técnico, a construção do ambiente institucional e o
isomorfismo mimético. A questão que se coloca é: com uma estreita visão da realidade, em
função da institucionalização, não estariam as organizações comprometendo seu poder
competitivo a longo prazo?
95
Um direcionamento para pesquisas futuras seria trabalhar com amostra
probabilística escolhendo, por exemplo, setores do ambiente técnico que apresentassem alto
dinamismo e pouca munificência de maneira a termos um ambiente de intensa competição
com poucos recursos disponíveis.
Existe relação entre o porte da organização e o consenso sobre metas e meios? Este
questionamento levantado como uma possível hipótese de pesquisa na seção 6 Análise e
Discussão dos Resultados parece relevante, pois a literatura consultada para a fundamentação
desta pesquisa não evidenciou estudos empíricos sobre o questionamento anterior.
Por fim espera-se que os futuros estudos empíricos no intuito de analisar a
homogeneização das organizações em um dado campo organizacional contemplem as
variáveis propostas aqui com maior profundidade teórica e prática, pois há espaço para novos
desenvolvimentos. .
96
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102
APÊNDICES
103
Apêndice A – Carta da Universidade Presbiteriana Mackenzie
São Paulo, 25 de outubro de 2007.
Prezado (a) Senhor (a),
Temos a honra de convidá-lo a participar de uma pesquisa científica realizada pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, cujo tema é “Aprendizagem Interorganizacional”.
O objetivo desta pesquisa é compreender a aprendizagem entre empresas, buscando tanto
avançar a teoria de administração no que se refere ao entendimento dos fatores que embasam esse
conceito, quanto gerar maior conhecimento sobre o seu papel no processo competitivo.
Para tanto, selecionamos um conjunto de empresas do Estado de São Paulo para participar da
pesquisa, e a sua empresa foi uma das escolhidas. Como esse é um procedimento estatístico, sua
participação é muito importante para nós. Como retribuição pela sua participação neste importante
projeto científico, sua empresa poderá receber gratuitamente os resultados consolidados desta
pesquisa, bastando para isso indicar seu interesse no próprio questionário.
Para que sua empresa participe da pesquisa, três pessoas da administração devem responder
ao questionário, disponível em
http://www.mackenzie.com.br.
Essas pessoas devem apresentar as seguintes características: ser o executivo principal da
empresa ou se reportar ao executivo principal, de forma direta ou indireta. Ou seja, os respondentes
devem estar, no máximo, dois níveis abaixo do executivo principal. Vale destacar que os respondentes
não serão identificados na pesquisa, sendo a identificação da empresa utilizada única e exclusivamente
para permitir que as respostas de uma mesma empresa sejam associadas.
Asseguramos que as informações prestadas serão utilizadas de maneira totalmente sigilosa,
segundo a ética envolvida em pesquisas científicas, sendo os dados analisados de forma agregada por
setor. Em nenhum relatório ou documento aparecerá os dados individuais ou referência às empresas
que participaram da pesquisa.
Contamos com a sua colaboração!
Prof. Dr. Walter Bataglia Mestrando Sidnei A. Mascarenhas
NEC -Núcleo de Estudos em Competitividade NEC - Núcleo de Estudos em Competitividade
11-2114-8275 11-9843-5748
104
Apêndice B - Questionário
Aprendizagem Interorganizacional
Primeira Parte
: Caracterização da Empresa
Nome da Empresa
Há quanto tempo você trabalha nesse setor?
Qual o número de funcionários de sua empresa?
Menos que 99 100 a 499 Acima de 500
Qual seu cargo na empresa?
Há quanto tempo você ocupa o cargo atual?
Segunda parte – Considerando os últimos 10 anos, indique quão importante é cada item a seguir para sua
empresa
01) Lucro líquido nos próximos 5 anos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
02) Crescimento das vendas
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
03) Reconhecimento como uma empresa inovadora
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
04) Retenção de pessoal-chave
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
05) Satisfação e moral dos funcionários
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
06) Desenvolvimento de novos produtos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
07) Lucro líquido no próximo ano
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
105
08) Reputação / prestígio da empresa
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
09) Penetração no mercado
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
10) Desenvolvimento / seleção do corpo administrativo
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
11) Menor custo em relação aos competidores
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
12) Compensação e benefícios aos empregados
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
13) Crescimento de ativos e reservas
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
14) Distribuição de dividendos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
15) Serviços à comunidade / prestígio na comunidade
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
16) Serviços ao cliente (assistência técnica,crédito, outros)
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
17) Eficiência operacional
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
18) Controle de qualidade de produtos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
19) Pessoal experiente / treinado
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
20) Manter altos níveis de estoques
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
21) Preços competitivos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
22) Ampla linha de produtos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
106
23) Desenvolvimento e melhoramento dos produtos existentes
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
24) Identificação da marca
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
25) Inovação em técnicas e métodos de marketing
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
26) Controle de canais de distribuição
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
27) Compra de matéria-prima
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
28) Minimização do uso de financiamento externo
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
29) Atendimento de mercados geográficos específicos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
30) Capacidade de manufatura de produtos específicos
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
31) Produtos em segmentos de mercado de alto preço
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
32) Propaganda e publicidade
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
33) Reputação na indústria
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
34) Previsão de crescimento do mercado
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
35) Inovação em processos de manufatura
Nenhuma importância Baixa importância Nem baixa, Nem alta importância Alta importância Total importância
107
Apêndice C – Desvios-Padrões das Organizações
Setor Empresa Dmetas Dmeios Dmédio
19.3 A 0,33 0,27 0,30
22.1 B 0,50 0,29 0,39
22.1 C 0,40 0,27 0,33
22.1 D 0,50 0,23 0,36
22.1 E 0,66 0,63 0,64
22.1 F 0,40 0,52 0,46
28.9 G 0,67 0,80 0,73
28.9 H 0,93 1,28 1,10
28.9 I 0,06 0,76 0,41
31.2 J 0,23 0,15 0,19
34.4 K 0,75 0,65 0,70
34.4 L 0,60 0,77 0,68
36.9 M 0,06 0,07 0,06
36.9 N 0,54 0,76 0,65
36.9 O 0,57 0,72 0,64
108
Apêndice D – Cálculo do tamanho da amostra
109
Apêndice E – Distribuição de freqüências dos resíduos padronizados da regressão entre
o Dinamismo, a Complexidade, a Munificência e a Ambigüidade de Metas
210-1-2
Regression Standardized Residual
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = 3,19E-16
Std. Dev. = 0,886
N = 15
Dependent Variable: Ambmet
Histogram
110
Apêndice F – Gráfico comparativo entre a probabilidade acumulada e a esperada dos
resíduos padronizados da regressão entre o Dinamismo, a Complexidade, a
Munificência e a Ambigüidade de Metas.
1,00,80,60,40,20,0
Observed Cum Prob
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Expected Cum Prob
Dependent Variable: Ambmet
Normal P-P Plot of Regression Standardized Residual
111
Apêndice G - Diagrama de dispersão da variável dependente Ambigüidade Metas na
regressão com o Dinamismo, a Complexidade e a Munificência
210-1-2
Regression Standardized Residual
1
0
-1
-2
Regression Standardized Predicted
Value
Dependent Variable: Ambmet
Scatterplot
112
Apêndice H - Distribuição de freqüências dos resíduos padronizados da regressão entre
o Dinamismo, a Complexidade, a Munificência e a Ambigüidade de Meios
210-1-2-3
Regression Standardized Residual
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = -4,18E-16
Std. Dev. = 0,886
N = 15
Dependent Variable: Ambmei
Histogram
113
Apêndice I - Gráfico comparativo entre a probabilidade acumulada e esperada dos
resíduos padronizados de regressão entre o Dinamismo, a Complexidade, a Munificência
e a Ambigüidade de Meios
1,00,80,60,40,20,0
Observed Cum Prob
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Expected Cum Prob
Dependent Variable: Ambmei
Normal P-P Plot of Regression Standardized Residual
114
Apêndice J - Diagrama de dispersão da variável dependente Ambigüidade de Meios na
regressão com o Dinamismo, a Complexidade e a Munificência
210-1-2
Regression Standardized Residual
1
0
-1
-2
Regression Standardized Predicted
Value
Dependent Variable: Ambmei
Scatterplot
115
Apêndice K - Distribuição de freqüências dos resíduos padronizados da regressão entre
o Dinamismo, a Complexidade, a Munificência e a Ambigüidade Média
210-1-2-3
Regression Standardized Residual
7
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = -2,19E-16
Std. Dev. = 0,886
N = 15
Dependent Variable: Ambmed
Histogram
116
Apêndice L - Gráfico comparativo entre a probabilidade acumulada e esperada dos
resíduos padronizados de regressão entre o Dinamismo, a Complexidade, a
Munificência e a Ambigüidade Média
1,00,80,60,40,20,0
Observed Cum Prob
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Expected Cum Prob
Dependent Variable: Ambmed
Normal P-P Plot of Regression Standardized Residual
117
Apêndice M - Diagrama de dispersão da variável dependente Ambigüidade de Média na
regressão com o Dinamismo, a Complexidade e a Munificência.
210-1-2
Regression Standardized Residual
1
0
-1
-2
Regression Standardized Predicted
Value
Dependent Variable: Ambmed
Scatterplot
118
ANEXOS
119
Anexo A - CNAE 3 Digitos
CNAE 3
DIGITOS SP CAPITAL e INTERIOR (CNAE v.1)
SP Capital SP Interior Total
Ramo 3 Digitos Empresas Ramo 3 Digitos Empresas 3 Digitos
151 3 151 11 14
152 1 152 9 10
153 2 153 1 3
154 5 5
155 4 155 18 22
156 15 15
157 11 11
158 50 158 36 86
15 159 1 15 159 11 12
171 1 1
172 6 172 7 13
173 7 173 7 14
174 11 174 3 14
175 3 3
176 35 176 16 51
17 177 16 17 177 4 20
181 59 181 28 87
18 182 15 18 182 6 21
191 4 4
192 16 192 9 25
19 193 7 19 193 43 50
201 1 201 3 4
20 202 9 20 202 18 27
212 4 212 1 5
213 17 213 7 24
21 214 27 21 214 4 31
221 113 221 20 133
222 70 222 12 82
22 223 3 22 3
23 234 5 5
241 2 24 241 7 9
242 2 242 4 6
243 2 243 3 5
245 31 245 12 43
246 5 5
247 26 247 7 33
248 13 248 7 20
24 249 33 24 249 19 52
251 37 251 17 54
25 252 151 25 252 55 201
261 10 261 2 12
263 11 263 13 24
264 48 48
26 269 13 26 269 4 17
271 1 1
272 11 272 7 18
120
273 7 7
274 15 274 2 17
27 275 26 27 275 13 39
281 18 281 17 35
282 3 282 2 5
283 83 283 21 104
284 23 284 9 32
28 289 118 28 289 36 64
291 34 291 12 46
292 99 292 50 149
293 2 293 39 41
294 15 294 9 24
295 7 295 2 9
296 70 296 38 108
29 298 6 29 298 7 13
301 4 4
30 302 22 22
311 19 311 4 23
312 28 312 6 34
313 12 313 2 14
314 1 1
315 28 315 4 32
316 4 316 3 7
31 319 45 31 319 11 56
321 32 321 2 34
322 12 322 1 13
32 323 8 32 323 1 9
331 31 331 16 47
332 15 332 1 16
333 12 333 6 18
334 11 334 2 13
33 335 12 33 12
341 1 1
342 1 1
343 1 343 4 5
344 58 344 10 68
34 345 2 34 345 1 3
351 2 2
352 2 2
353 2 353 2 4
35 359 14 35 359 1 15
361 35 361 38 73
36 369 71 36 369 28 99
121
Anexo B – Dimensões do Ambiente Organizacional
Setor Dinamismo Complexidade Munificência
19.3 -0,31 -0,58 0,53
22.1 -0,73 -0,24 -0,51
28.9 -1,17 0,39 -0,08
31.2 0,53 0,91 -0,13
34.4 -0,05 1,49 0,88
36.9 -0,95 1,33 -0,18
122
Anexo C – Dimensões Estratégicas de Porter
Dimensões Estratégicas Definições
Especialização
Grau em que a organização concentra seus esforços na amplitude de linha,
segmentos de clientes-alvo, mercados geográficos atendidos
Identificação de marcas
Grau em que a organização busca identificar-se evitando a competição só por
preços
Política de canal
Grau com que a organização procura identificação com o cliente final versus apoio
aos de distribuição
Seleção do canal
Escolha dos canais de distribuição do produto variando de canais pertencentes à
organização a especializados em um dado produto até canais amplos
Qualidade do produto
Nível de qualidade do produto considerando matérias-primas, características,
especificações
Liderança tecnológica
Grau em que a organização procura a liderança tecnológica versus comportamento
imitativo
Integração vertical
Valor total agregado conforme refletido no nível de integração para frente ou para
trás. Inclui o fato da empresa ter canais cativos de distribuição, rede própria de
assistência, lojas exclusivas
Posição de custo
Grau em que a organização procura por minimização dos custos de produção e
distribuição com investimentos em equipamentos, instalações e pessoas
Atendimento
Grau em que a organização proporciona serviços de suporte ao produto e ao
cliente. Pode ser visto este suporte como parte da integração vertical, mas
considera-se à parte por finalidade analítica
Política de preço
Posição relativa aos preços do mercado
Alavancagem
Grau de alavancagem financeira e operacional disponível
Relacionamento com a matriz
Exigências sobre o comportamento da unidade no seu relacionamento com a
matriz.A natureza do relacionamento com a controladora influenciará as metas da
controlada
Relacionamento com governos do
país de origem e do país de operação
O relacionamento que a organização desenvolveu ou a que está sujeita nos diversos
paises em que opera
Fonte: do autor a partir de Porter
123
Anexo D – Correspondência do Pré-Teste do Instrumento de Pesquisa
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