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PAPEL DA ATIVIDADE SIMPÁTICA RENAL NA
HIPERTENSÃO ARTERIAL PROVOCADA PELA
HIPERURICEMIA
QUÉZIA PIRES DE MOURA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, setembro 2008
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11
Moura , Quézia Pires, 1981
Papel da Atividade Simpática Renal na Hipertensão Arterial
Provocada pela Hiperuricemia. [Vitória] 2008
71 p., 29,7 cm (UFES, M. Sc.; Ciências Fisiológicas, 2008)
Dissertação, Universidade Federal do Espírito Santo, PPGCF.
1. Hiperuricemia 2. Hipertensão Arterial 3. Atividade Simpática Renal 4.
Desnervação Renal 5. Ratos
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PAPEL DA ATIVIDADE SIMPÁTICA RENAL NA
HIPERTENSÃO ARTERIAL PROVOCADA PELA
HIPERURICEMIA
QUÉZIA PIRES DE MOURA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Ciências Fisiológicas.
Aprovada em 24/09/2008 por:
______________________________________________
Prof. Dr. Antônio de Melo Cabral – Orientador, UFES
______________________________________________
Prof. Dr. Roberto de Sá Cunha – Co-Orientador; UFES
_______________________________________________
Prof. Dr. Fausto Edmundo Lima Pereira
________________________________________________
Coordenador do PPGCF: Prof. Dr. Luiz Carlos Schenberg
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Vitória, setembro de 2008.
13
“Isto é o que é aprender: você repentinamente
compreende algo que soube durante toda a sua
vida, mas de um modo novo.”
(Doris Lessing )
14
Ao Professor Cabral, pelas lições de vida aprendidas
com ele ao longo do desenvolvimento deste
trabalho.
15
Agradecimentos
À Deus, meu amigo fiel, a quem devo tudo.
À minha mãe, Zilda, pelas orações constantes por mim.
A meus irmãos: Sunamita, Gilmara, Jódavi, e Junior pelo apoio.
Ao meu irmão Gamaliel pela preocupação e cuidado em todos os
momentos.
A minha irmã Débora pela paciência, contribuição nos experimentos e
por sua amizade.
Ao amor da minha vida, Pablo, pelo carinho, bom humor constante e
pela companhia no tratamento dos ratos nos fins de semana.
Ao Prof. Dr. Antônio de Melo Cabral pela paciência ao ensinar-me,
dedicação e pelas lições de solidariedade.
Ao Prof. Dr. Roberto de Sá Cunha pela idéia inicial deste projeto e
contribuição no seu desenvolvimento.
Aos professores doutores Ivanita Stefanon e Dalton Vassallo e aos
demais alunos do laboratório de Eletromecânica Cardíaca pela contribuição na
centrifugação do sangue dos ratos.
Ao Prof. Dr. José Geraldo Mill e a Enildo pela contribuição nas dosagens
de ácido úrico e creatinina plasmática.
Ao prof. Dr. Fausto pela contribuição nas análises histológicas renais.
À prof.ª Nazaré Bissoli pelos bons momentos de convívio no laboratório.
Aos professores da Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, por todos
os conhecimentos transmitidos, que foram de particular importância para
realização deste trabalho.
A Edson Dias pela grande amizade e auxílio nos experimentos sempre
solucionando os problemas.
A Fonseca pelo auxílio na secretaria da Pós-Graduação.
A amiga e cunhada Viviane pela contribuição na produção dos gráficos e
realização das análises estatísticas.
Aos alunos Lidiane, Diego e Patrick pela contribuição no tratamento dos
ratos e dosagens de sódio.
16
As amigas: Luciana, Aline, Daniele, Gabriela e Cristina pelo bom
convívio no laboratório.
À Prof.ª Vera Botan pela confiança em mim depositada.
Ao corpo docente, discente, diretoria e demais funcionários da
UNILINHARES pelo crescimento profissional.
À FAPES (Fundação de Amparo a Pesquisa do Espírito Santo) pela
bolsa de Mestrado concedida durante um ano de realização deste trabalho.
17
SUMÁRIO
LISTA
DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES
10
RESUMO
11
ABSTRACT
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Hiperuricemia 15
1.2 Hiperuricemia e Hipertensão Arterial 18
1.3 Hiperuricemia e Doença Renal 19
1.4 Papel dos Nervos Simpáticos Renais na Retenção de Sódio 21
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral 24
2.2 Objetivos Específicos 24
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Animais Experimentais 25
3.2 Grupos Experimentais 25
3.3 Procedimentos Cirúrgicos
3.3.1 Desnervação Renal
3.3.2 Implantação de Cateteres na Artéria e Veia Femorais
3.3.3 Implantação de Cateter na Bexiga
26
26
26
27
3.4 Protocolo Experimental 27
3.5 Técnicas Analíticas 29
3.6 Análise Histológica 30
4 ANÁLISE DE DADOS
30
5 RESULTADOS
5.1 Peso Corporal 31
5.2 Concentração Plasmática de Ácido Úrico 32
5.3 Pressão Arterial Média Basal e Freqüência Cardíaca Basal 33
5.4 Excreção Diária de Sódio 37
5.5 Respostas Cardiovasculares e Renais à Sobrecarga de Volume 38
5.6 Concentração Plasmática de Creatinina 52
5.7 Histologia Renal 54
6 DISCUSSÃO
56
7 CONCLUSÃO
62
8 REFERÊNCIAS
63
10
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES:
ANP Peptídeo Natriurético Atrial
ASR Atividade Simpática Renal
AU Ácido Úrico
BPM Batimentos Por Minuto
β1, α1 Subtipos de Receptores Adrenérgicos
dL Decilitro
ECA Enzima Conversora de Angiotensina
EPM Erro Padrão da Média
ExNa Excreção de Sódio
FC Freqüência Cardíaca
FPR Fluxo Plasmático Renal
FU Fluxo Urinário
g Gramas
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva
i.p. Via Intraperitoneal de Administração de Fármacos
mmHg Milímetros de Mercúrio
mEq Miliequivalente
mg Miligrama
mL Mililitro
min. Minutos
µEq Microequivalente
µL Microlitro
n mero de Animais
NOS Óxido Nítrico Sintase
OA Ácido Oxônico
PAM Pressão Arterial Média
SRA Sistema Renina Angiotensina
TFG Taxa de Filtração Glomerular
11
RESUMO
Os mecanismos fisiopatológicos que envolvem a relação entre
hiperuricemia e hipertensão arterial (HA) são ainda pouco conhecidos. Com o
intuito de contribuir para explicar o mecanismo fisiopatológico que envolve
hiperuricemia e HA é que este estudo teve como objetivo avaliar o papel da
Atividade Simpática Renal (ASR) no desenvolvimento da HA induzida por
hiperuricemia em ratos. Foram utilizados ratos Wistar (250g) divididos em
grupos controle e experimental. Cada um destes grupos foi dividido nos
seguintes subgrupos (n=6): CTRL não receberam OA 2%; CTRL DESN não
receberam OA 2% e foram submetidos à desnervação renal bilateral; AOX
receberam OA 2% e AOX DESN receberam OA 2% e foram submetidos à
desnervação renal bilateral. Os animais foram colocados em gaiolas
metabólicas por 3 e 7 semanas onde foram ou não tratados com OA 2% e
tiveram suas urinas coletadas diariamente. Os valores basais de pressão
arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) foram medidos ao final do
tratamento. A estimativa da ASR foi realizada através de manobra aguda de
expansão volumétrica que sabidamente produz retirada simpática. Para isso,
os animais foram submetidos á infusão contínua (55 µL/min) de salina por 2
horas. Após esse período de estabilização, amostras de urina foram coletadas
por um período controle (C1e C2), período de expansão, no qual a velocidade
de infusão foi aumentada ao equivalente em volume a 5% do peso corporal do
animal, (E1, E2, E3) e período de recuperação, onde houve o retorno à
velocidade de infusão inicial, (R1, R2 e R3). Terminada essa fase foi retirada
uma amostra de sangue dos animais e as concentrações plasmáticas de ácido
úrico (AU) e creatinina foram determinadas. A seguir os animais foram
sacrificados e ambos os rins removidos, pesados e fixados em formol para
posterior análise histológica. Os resultados foram apresentados como média ±
erro padrão da média (EPM) e analisados utilizando-se da análise de variância
para medidas repetidas seguida do teste de Tukey. Os resultados mostraram
que os ratos do grupo experimental apresentaram aumento na concentração
plasmática de AU (mg/dL) quando comparados com os ratos do grupo controle
(AOX 0,06 mg/dL; AOX DESN 1±0,1 mg/dL; CTRL 0,8±0,08; CTRL DESN
12
0,7±0.08; p<0.05). Os valores acumulados por 3 semanas da excreção diária
de sódio mostraram que os ratos do grupo AOX e AOX DESN excretaram
menor quantidade de dio na urina quando comparados com os ratos do
grupo CTRL (15 ± 2,6 vs 44 ± 5,0 mEq; p<0.01 e 27±4,8 vs 44 ± 5,0 mEq;
p<0.05 ). Após 7 semanas de tratamento, foi observado que os valores basais
de PAM foram maiores nos animais do grupo AOX quando comparado ao
grupo CTRL (120 ± 3 vs 102 ± 2 mmHg; p<0.01) e grupo AOX DESN (120 ± 3
mmHg vs 101 ± 0,7; p<0.01). O grupo AOX apresentou aumento maior no
fluxo urinário (FU) e excreção de sódio (ExNa) induzidos pela sobrecarga
hidrossalina quando comparados ao grupo CTRL (141±18,3 vs 62±27,1
µL/min/g; p<0.01 e 16± 0,8 vs 10±1,8 µEq/min/g; p<0.05) e, sobretudo, quando
comparados ao grupo AOX DESN (1418,3 vs 22,6 µL/min/g; p<0.01 e 1
3,1 vs 3±0,2 µEq/min/g; p<0.01). O grupo AOX apresentou aumento na
concentração da creatinina plasmática quando comparados com o grupo CTRL
(0,82±0,05 vs 0,66±0,04 mg/dL; p<0.05). Os grupos AOX e AOX DESN
mostraram uma aparente hipertrofia das arteríolas aferentes, focos de aumento
de matriz extracelular intertubular e hipertrofia glomerular. O principal resultado
deste estudo foi o aumento da ASR em ratos com hiperuricemia e HA. Tal
aumento de ser observado pela retenção crônica de sódio e aumento maior
FU e ExNa após a retirada simpática produzida pela expansão volêmica. Tal
interpretação foi ainda sustentada pelo fato de que a desnervação renal
bilateral ter sido capaz de prevenir o acúmulo de dio, a elevação na pressão
arterial e o aumento do FU e ExNa em resposta a expansão volêmica.
13
ABSTRACT
The pathophysiology mechanisms involving hyperuricemia and arterial
hypertension are still unknown. With the aim of contributing to the knowledge of
pathophysiology mechanism that involves the relationship between
hiperuricemia and arterial hypertension this study was carried out to observe if
renal sympathetic activity (RSA) is involved. Wistar male rats (250g) were
divided in control and experimental groups. Each one of these groups was
divided in the following subgrups (n=6): control (CTRL); treated with oxonic acid
(OA) 2% (AOX); CTRL submitted to bilateral renal denervation (CTRL DENS);
and AOX submitted to bilateral renal denervation (AOX DENS). The animals
were placed in metabolic cages by 3 and 7 weeks to collect daily urine samples
and the OA treatment was implemented. The basal values of mean arterial
pressure (MAP) and heart rate (HR) were measured at the end of the OA
treatment period. The estimate role of RSA was accessed through acute
extracellular volume expansion (5% of body weigh) that produces a sympathetic
withdraw. For that, the animals were submitted i.v. saline infusion (55 L/min) for
2 hours. After that period of stabilization, urine samples were collected over two
10 min of control (C1e C2), 3 expansion (E1, E2, E3), and 3 recovery periods.
On the recovery periods (R1, R2, R3), the i.v. saline infusio was returned to the
control rate (55 L/min). Subsequetly, samples of blood were collected to
measure the plamatic concentrations of uric acid (UA) and creatinin. Under
general anestesia, the animals were sacrificed and both kidneys removed to
normalize the urine flow and sodium excretion, and subsequent histology. The
results showed that the rats treated with OA presented increase in the plamatic
concentration of UA (mg/dL) when compared with control animals (AOX 1 ±
0.06 mg/dL; AOX DESN 1 ± 0.1 mg/dL; CTRL 0.8 ± 0.08; CTRL DENS 0.7 ±
0.08; p <0.05). The accumulated values (3 weeks) of the daily excretion of
sodium showed that the AOX and AOX DESN rats excreted smaller amount of
urinary sodium when compared with CTRL animals (15 ± 2.6 vs 44 ± 5.0 mEq;
p <0.01 and 27 ± 4.8 vs 44 ± 5.0 mEq; p <0.05). After 7 weeks of treatment, the
basal values of MAP were higher in the AOX when compared to the CTRL
group (120 ± 3 vs 102 ± 2 mmHg; p <0.01). The renal denervation prevented
14
this elevation in MAP (AOX DESN: 101 ± 0.7; p <0.01). Compared to the CTRL
(141 ± 18.3 µL/min/g of kidney), the AOX group presented increase (27 ± 2.6
µL/min/g; p <0.01) in the urinary flow rate and in sodium excretion (NaEx) (16±
0,8 vs 10±1,8 µEq/min/g; p<0.05), and especially if compared to the AOX DESN
group (141±18,3 vs 22,6 µL/min/g; p<0.01 e 14± 3,1 vs 0,2 µEq/min/g;
p<0.01). When compared with the CTRL, the AOX group presented increase in
the plasma concentration of creatinin (0.82 ± 0.05 vs 0.66 ± 0.04 mg/dL; p
<0.05). The AOX and AOX DESN showed an apparent hypertrophy of the
afferent artery, increase of intertubullar extracelullar matrix and glomerullar
hypertrophy. The principal result of this study was the increase of SRA in rats
that deveped arterial hypertension due to hyperuricemia. The SRA and sodium
retention could be a major responsible for the hypertension once the bilateral
renal denervation prevented the sodium retension and the augment of arterial
hypertension.
15
1 INTRODUÇÃO:
1.1 Hiperuricemia
O ácido úrico é produto do metabolismo das purinas (adenosina 5’-
monofosfato AMP e guanosina 5’-monofosfato GMP). Os grupos fosfatos
destes nucleotídeos são perdidos pela ação da nucleotidase. O adenilato libera
a adenosina, que é então desaminada para inosina. A inosina é hidrolisada
para liberar a hipoxantina que é oxidada sucessivamente para xantina e para
ácido úrico pela xantina oxidase. O guanilato é primeiro hidrolisado para liberar
a guanosina, a qual é clivada para liberar guanina. A guanina sofre remoção
hidrolítica do seu grupo amino para liberar xantina, que é convertida em ácido
úrico pela xantina oxidase. Na maioria dos mamíferos esta degradação
continua e sob ação da uricase o ácido úrico é convertido em alantoína
(Alderman e Aiyer, 2004).
Em alguns primatas e em humanos uma mutação não-funcional ocorrida no
período miocênico (8 a 20 milhões de anos) inativou a uricase, tornando os
níveis séricos de ácido úrico cerca de três a quatro vezes superiores no
homem, quando comparados com aves, por exemplo. Tal mutação sofreu uma
pressão seletiva positiva considerável, sendo postulado que em algum
momento de privação hidrossalina severa esse genótipo foi perpetuado. Assim,
esses indivíduos convivem com níveis séricos de ácido úrico elevado em razão
da ausência da enzima hepática uricase (watanabe e cols., 2002). Além disso,
outros fatores podem interferir no aumento da concentração plasmática de
ácido úrico, como por exemplo, produção excessiva e/ou deficiência na
eliminação do ácido úrico pelo rim, e provocar hiperuricemia média. A
hiperuricemia média usualmente é definida como vel de ácido úrico maior do
que 6 ou 6,5 mg/dL em mulheres e maior do que 6,5 ou 7 mg/dL em homens
sem a presença de gota ou nefrolitíase. Ela está presente em 5% dos
indivíduos normais, em 25% dos hipertensos não-tratados, em 40% a 50%
daqueles tratados com diuréticos e ao redor de 75% naqueles com hipertensão
arterial maligna ou disfunção renal (Baker e cols., 2005).
16
Sabe-se que mesmo podendo ser causado por dieta e possíveis defeitos
metabólicos, aumentos nos níveis séricos de ácido úrico são, comumente,
causados por defeitos na excreção renal de ácido úrico (Johnson e cols.,
2003), isso porque os níveis séricos de ácido úrico são fortemente
influenciados pela secreção e reabsorção renal de urato. A excreção fracional
de urato (porcentagem de urato filtrado em glomérulos que é excretada em
urina - %E/F urato) é normalmente menor que 10% (MaesaKa e Fishbane,
1998) e desse modo, 90% do urato filtrado é reabsorvido. O urato é livremente
filtrado no glomérulo, sofre reabsorção no túbulo proximal através de um
sistema de troca aniônica, e ainda secreção e reabsorção pós-secretória no
túbulo distal (Gutman e Yu, 1961; Diamond e Paolino, 1973). Dessa forma,
podem-se citar as diminuições da função renal e do estrogênio (agente
uricosúrico) com a idade como fatores que podem aumentar a concentração
plasmática de ácido úrico em homens e mulheres na meia-idade e a redução
do volume circulante produzido por diuréticos que provocam intensa
reabsorção de urato pelo rim (Zhou e cols., 2006).
O papel do ácido úrico como marcador ou causador de doença
cardiovascular tem sido discutido desde o início da história da hipertensão
arterial. Em 1879 Frederick Akbar Mahomed observou que muitos indivíduos
hipertensos pertenciam a famílias de gotosos, levando ele a sugerir o ácido
úrico como um fator causal na resposta da pressão sangüínea. Dez anos mais
tarde, Haig propôs dietas pobres em purinas como um meio de prevenir
hipertensão arterial e doença cardiovascular. Em alguns outros estudos,
inclusive nos recentes estudos de “Framingham”, o ácido úrico é considerado
simplesmente um marcador que se relaciona ao risco cardiovascular e renal.
Nessa análise, os níveis séricos de ácido úrico foram significantemente
correlacionados com o risco de doença cardiovascular em mulheres, mas a
significância deste dado não permaneceu após correção por 11 variáveis,
incluindo hipertensão arterial, índice de massa corpórea e uso de diuréticos.
Somente quando as investigações de “Framingham” avaliaram o risco de
doenças cardiovasculares em pacientes que sofriam de gota, os níveis de
ácido úrico passaram a ser um fator de risco significante e independente de
doenças cardiovasculares (Culleton e cols., 1999). Muitas pesquisas,
atualmente, de forma diferente, têm encontrado que o nível elevado de ácido
17
úrico é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, e
evidenciado o papel etiológico da hiperuricemia no aumento da pressão arterial
(Feig e cols., 2006, Mazzali e cols., 2001, Jossa e cols., 1994, Verdecchia e
cols., 2000).
Dessa forma, pode se dizer que o papel do ácido úrico como preditor de
eventos cardiovasculares na população tem sido objeto de grandes debates.
Muitos autores têm descrito a relação da hiperuricemia com diversas doenças e
condições incluindo hipertensão arterial, gota, doença cardiovascular, infarto do
miocárdio e doença renal (Jossa e cols., 1994; Freedman e cols., 1995; Kang e
cols.,2002; Choi e cols.,2005). No entanto, existem dificuldades ao se associar
doença cardiovascular e hipertensão arterial a uma variável que é influenciada
por idade, raça, sexo, consumo de álcool, obesidade, sedentarismo, padrões
específicos de dieta, função renal e uso de diuréticos (Cunha e Magalhães,
2006). Ainda parece incerto se o aumento no nível de ácido úrico é causa ou
conseqüência de algumas destas condições, tornando-se um desafio científico
elucidar um possível papel do ácido úrico como agente etiológico de doenças
cardiovasculares e hipertensão arterial (Kutzing e Firestein, 2008). Entretanto,
mesmo diante da dificuldade de compreensão da relação entre doença
cardiovascular e ácido úrico, surgiram nos últimos anos tentativas terapêuticas
de interferir nos fenômenos ligados a hiperuricemia. O uso do Alopurinol
(inibidor da xantina oxidase) em cirurgia cardíaca tem mostrado bons
resultados por reduzir o estresse oxidativo (Tabayashi e cols., 1991). Também
tem sido descrito que o Losartan é capaz de reduzir em 20 a 25% os níveis
séricos de ácido úrico por provocar redução na reabsorção de ácido úrico no
túbulo proximal renal. Parece que o Losartan inibe o canal lactato/urato e
cloreto/urato no túbulo contorcido proximal (Sica e cols., 2002). A estimativa no
“LIFE Study” é que 29% da redução do risco nas doenças cardiovasculares,
obtida pelo Losartam foi atribuída à redução dos níveis séricos de ácido úrico
(Alderman e Aiyer, 2004).
18
1.2 Hiperuricemia e Hipertensão Arterial
Ácido úrico comumente está associado com a hipertensão arterial como
marcador que se relaciona ao risco cardiovascular e renal ou marcador
independente que exerce um efeito causal na elevação da pressão arterial
(Johnson e cols., 2003).
O aumento na prevalência da hiperuricemia em hipertensos pode ser
relacionado, por alguns pesquisadores, a um distúrbio circulatório sistêmico em
que defeitos renais inerentes à hipertensão arterial explicam a maior retenção
de urato (Messerli e cols, 1980) ou, ainda, pelo surgimento de uma doença
microvascular que leva a isquemia tecidual (Puig e Ruilope, 1999). Sabe-se
que a isquemia tecidual provoca aumento na produção de lactato, o qual
bloqueia a secreção de urato no túbulo proximal, e também aumento na síntese
de ácido úrico. Na isquemia degradação de ATP em adenina e xantina e
ativação da xantina oxidase. O aumento do substrato (xantina) e da enzima
(xantina oxidase) resulta em aumento da produção de ácido úrico bem como de
radicais superóxido (O2
-
) (Friedl e cols., 1991).
Há, porém, evidências de um papel etiológico da hiperuricemia no aumento
da pressão arterial em vários outros estudos. Um desses estudos, realizados
com a colaboração de Johnson (Mazzali e cols., 2001), demonstrou esse papel
etiológico direto do ácido úrico na hipertensão arterial. A inibição da uricase,
em ratos, com uso de ácido oxônico (2%), foi capaz de produzir uma forma de
hipertensão arterial experimental sem a deposição de cristais de urato nos rins
no decorrer de 7 semanas de hiperuricemia. Nestes mesmos estudos foi
sugerido que o mecanismo da hipertensão, neste modelo, envolveria o
aumento de renina e redução na expressão óxido nítrico sintase (NOS1) no
sitema justaglomerular. A hipertensão arterial foi prevenida pela administração
de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e em menor
extensão pela L-arginina (substrato para óxido nítrico sintase), confirmando o
papel chave do sistema renina-angiotensina e óxido nítrico sintase na elevação
da pressão arterial. A hipertensão arterial e alterações na renina e óxido nítrico
sintase também foram prevenidas por manutenção do ácido úrico em níveis
19
normais com o uso de alopurinol (inibidor da xantina oxidase) e benziodarona
(agente uricosúrico).
1.3 Hiperuricemia e Doença Renal
Resultados adicionais, deste mesmo estudo de Mazzali (2001), sugeriram
que o ácido úrico também está associado com o desenvolvimento de lesão
tubulointersticial, mesmo na ausência da deposição de cristais de urato nos
rins. Técnicas imuno-histoquímicas revelaram que há aumento na deposição
de colágeno intersticial e infiltração de macrófagos nos rins de ratos com
hiperuricemia. Sugeriu-se, então, que a angiotensina II e o óxido nítrico estão
envolvidos na patogênese da lesão renal, pois o bloqueio da formação de
angiotensina II com enalapril e o estímulo da síntese de óxido nítrico com L-
arginina foram capazes de prevenir a progressão da fibrose intersticial.
Um ano depois Mazzali demonstrou que a hiperuricemia também está
relacionada à arteriopatia da arteríola aferente de ratos, observado pelo
espessamento da camada dia, sugerindo, dessa forma, que um
remodelamento vascular hipertrófico causado pelo ácido úrico. Aponta-se para
a possibilidade de que o ácido úrico possa induzir nefropatia por ativar o
sistema renina-angiotensina independente do aumento da pressão arterial e
sugere-se que a classe de drogas inibidoras desse sistema diminui a
proliferação do músculo liso e síntese de colágeno. O mecanismo pelo qual
isso acontece foi demonstrado pelo tratamento de ratos com hiperuricemia com
inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), o enalapril, e
comparação destes com outros tratados com o diurético hidroclorotiazida.
Desta forma, se observou que mesmo que ambos sejam capazes de diminuir a
pressão arterial somente o enalapril provocou redução significativa na
arteriopatia. Como conseqüência desse espessamento da parede da arteríola
aferente tem se alterações na hemodinâmica glomerular de ratos que
promovem hipertensão glomerular. Ocorre limitação do mecanismo auto-
regulatório de contração arteriolar aferente que visa aumentar a resistência
20
aferente, quando um aumento na pressão arterial, e prevenir esse aumento
de pressão arterial para a circulação glomerular (Sanchez-Lozada e cols.,
2002).
Nesse mesmo sentido, estudos posteriores mostraram que a hiperuricemia
em ratos resulta em hipertrofia glomerular, evidenciado através da analise de
imagens da área glomerular. Foi suscitado que a hipertrofia glomerular não é
devida à hipertensão arterial, pois o tratamento dos ratos com hiperuricemia
com a hidroclorotiazida preveniu o aumento na pressão arterial, mas não foi
capaz de prevenir a hipertrofia glomerular. Em contrapartida, a inibição da
enzima conversora de angiotensina além de diminuir os níveis da pressão
arterial também preveniu parcialmente a hipertrofia glomerular, sugerindo que a
hipertrofia glomerular acontece por um mecanismo que é parcialmente
mediado pelo sistema renina angiotensina. Apesar da hipertrofia glomerular ser
comumente associada com o desenvolvimento de glomeruloesclerose, ela não
foi observada no glomérulo de ratos com 7 semanas de hiperuricemia.
Entretanto, na avaliação da hiperuricemia por 6 meses em ratos houve o
desenvolvimento de albuminuria e glomeruloesclerose (Nakagawa e
cols.,2003).
Ratos com hiperuricemia mostraram ter sensibilidade ao sal, isto é grande
aumento na pressão sanguínea para mesma carga de dio de ratos normais.
Uma explicação para esse mecanismo é que a sensibilidade ao sal pode
resultar de doença vascular pré-glomerular, a qual está associada à isquemia
renal, infiltração de leucócitos com produção de agentes oxidantes locais,
alteração no balanço local vasorregulatório que favorecem a vasoconstrição
renal e como resultado a diminuição na excreção de sódio que, por sua vez,
eleva a pressão arterial (Watanabe e cols., 2002).
21
1.4 Papel dos Nervos Simpáticos Renais na Retenção de Sódio
Os estudos anatômicos de Mitchell (1950) revelaram que os nervos
renais têm origem difusa, estendendo-se do nervo esplânico torácico superior
passando pelo simpático lombar ao plexo hipogástrico que envolve a
bifurcação aórtica na região pré-sacral. Os nervos renais são nervos mistos
que contêm fibras aferentes e eferentes. São descritas duas classes de
aferentes renais: os mecanorreceptores que monitorizam as mudanças de
pressão hidrostática no rim e os quimiorreceptores que são afetados por
isquemia (Recordati e cols., 1980). A inervação eferente renal é composta por
fibras simpáticas pós-ganglionares que tipicamente exercem seus efeitos
através da liberação de noradrenalina em receptores adrenérgicos nas
membranas celulares pós-sinápticas. A inervação simpática é dirigida para as
ateríolas glomerulares aferentes e eferentes, para os túbulos renais (proximal e
distal), para o ramo ascendente da alça de Henle e para o sistema
justaglomerular (DiBona, 1989). Alterações na atividade do nervo simpático
renal eferente produzem mudanças significativas no fluxo sangüíneo renal, na
taxa de filtração glomerular, na liberação de renina e na reabsorção de sódio e
água. Estudos experimentais mostraram que as alterações em tais parâmetros
são proporcionais à freqüência de estimulação do nervo simpático renal,
observando-se que, dependendo da magnitude do estímulo, pode ocorrer
aumento da reabsorção de sódio e água ao longo do néfron sem alteração da
hemodinâmica renal (DiBona e Sawin, 1983; DiBona, 1985; DiBona, 1986).
Estímulos com freqüências mais altas (maiores que 2,0 Hz) mostraram causar
aumento na resistência renal e redução no fluxo sanguíneo renal, efeito esse
mediado predominantemente por receptores adrenérgicos α-1 (DiBona, 1985).
A participação dos nervos simpáticos renais na regulação do balanço de
sódio foi evidenciada por alguns autores em animais acordados durante
alterações agudas e crônicas no sódio corporal total (Rogenes e cols., 1982;
Szalay e cols., 1986). Estudos experimentais de DiBona e Sawin (1983)
demonstraram o quão importante é o papel da inervação simpática renal em
situações de baixa ingestão de sódio, nas quais faz-se necessária a ativação
de diversos mecanismos para manter a homeostase do sódio. Outros estudos
22
também experimentais mostraram que a redução na atividade simpática renal
eferente, mediada pela expansão de volume, é fundamental na resposta
excretora renal à sobrecarga de volume e que a desnervação renal prévia
atenua tais respostas, diurética e natriurética (DiBona e Sawin, 1985; Morita e
Vatner, 1985; Peterson e cols., 1988).
Quando a atividade do sistema nervoso simpático é agudamente
aumentada, algumas estruturas recebem suprimento simpático maior do que
outras. Isso tem sido observado em várias situações experimentais nas quais
aumentos súbitos da atividade simpática produzem vasoconstrição
desproporcionalmente maior no leito vascular renal do que em outros leitos
vasculares (Vatner e cols., 1971; Katholi e cols., 1979). Esses dados favorecem
a possibilidade de que nos estados em que a atividade simpática é
cronicamente aumentada também haveria um tono simpático
desproporcionalmente maior para os rins do que para outros órgãos facilitando
a retenção de sódio devido à vasoconstrição renal, o aumento na liberação de
renina pelas células justaglomerulares, com aumento na formação de
angiotensina II, e aumento do efeito direto dos nervos simpáticos nos túbulos
renais (DiBona, 1989). Esse é um importante mecanismo pelo qual o sistema
nervoso simpático pode iniciar a hipertensão arterial ou permitir que ela seja
sustentada ao prevenir à ocorrência do mecanismo de natriurese por pressão.
Fortes evidências da participação dos nervos renais na hipertensão
arterial derivam de estudos de desnervação renal. Winternitz e colaboradores
(1982) demonstraram que a desnervação renal retarda o desenvolvimento da
hipertensão arterial em ratos espontaneamente hipertensos por haver um
aumento na excreção urinária do sódio ingerido (natriurese por desnervação).
Além disso, observaram que o subseqüente desenvolvimento da hipertensão
arterial coincidiu com o retorno do conteúdo renal de noradrenalina ao valor
normal e com a diminuição da fração de excreção do sódio ingerido,
evidenciando reinervação renal. Sabe-se que ocorre reinervação funcional nos
rins, provavelmente secundária à regeneração de novas fibras e do aumento
da sensibilidade à noradrenalina que se torna completa em cerca de oito
semanas (Kline e Mercer, 1983).
Sendo assim, pode-se dizer que apesar de estarem bem
estabelecidas as evidências de que os nervos renais contribuem para o
23
controle da função renal e da homeostasia em condições normais e
patológicas, as pesquisas que relacionam a atividade simpática renal e a
hipertensão arterial provocada pela hiperuricemia são ainda insuficientes. E
finalmente, buscando de alguma forma contribuir para responder a significante
questão é que nos propomos a realizar a pesquisa em questão.
24
2 OBJETIVOS:
2.1 Objetivo Geral:
Avaliar o papel dos mecanismos simpáticos renais no desenvolvimento
da hipertensão arterial induzida por hiperuricemia em ratos.
2.2 Objetivos Específicos:
Avaliar nos animais com hiperuricemia a participação dos nervos renais:
no desenvolvimento da hipertensão arterial;
na retenção hidrossalina;
e na diurese e natriurese induzida pela sobrecarga de volume.
25
3 MATERIAIS E MÉTODOS:
3.1 Animais Experimentais
Os experimentos foram realizados em ratos Wistar (Rattus novergicus
albinus) machos com cerca de 250g fornecidos pelo biotério do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito
Santo. Os ratos foram mantidos em ambiente com luz, temperatura e umidade
controladas.
3.2 Grupos Experimentais
Os animais foram divididos em grupo controle (CON), cujos animais
receberam ração sem o ácido oxônico e o grupo experimental (AOX), em que
os animais receberam o ácido oxônico (OA) (Sigma) a 2% adicionado à ração
em pó. Cada um destes grupos foi dividido em subgrupos (n=6), conforme o
tratamento recebido por cada animal, e como abaixo esquematizado:
1. Animais Controle (CTRL)
(a) não receberam OA 2%, denominado CTRL.
(b) não receberam OA 2% e submetidos à desnervação dos nervos
simpáticos renais, denominado CTRL DESN.
2. Animais Experimentais (AOX):
(a) receberam OA 2%, denominados AOX.
(b) receberam OA 2% e submetidos à desnervação dos nervos
simpáticos renais, denominados AOX DESN.
26
3.3 Procedimentos Cirúrgicos
3.3.1 Desnervação Renal
Com a finalidade de remover a influência dos nervos simpáticos renais
sobre a função excretora, os ratos foram submetidos à desnervação renal 3
dias antes de serem colocados em gaiolas metabólicas. Sob anestesia pelo
hidrato de cloral (40mg/100g, i.p.) realizou-se incisão bilateral nos flancos e,
com auxílio de uma lupa (World Precision Instruments 13301, FI, USA),
procedeu-se a separação das fibras nervosas dos vasos renais. Os nervos e
seus ramos foram cortados e as artéria e veia renais foram banhadas com
solução de fenol a 10% em álcool absoluto a fim de se destruir qualquer fibra
nervosa remanescente, como descrito anteriormente por Dibona e Sawin
(1983). A desnervação renal previne a resposta vasoconstritora renal, previne a
antinatriurese induzida, por exemplo, pelo estresse ambiental e reduz as
catecolaminas renais a valores não detectáveis na análise por
histofluorescência (Dibona e Sawin 1983). Depois de completada a
desnervação renal, a incisão no flanco foi fechada através de suturas nas
camadas musculares e na pele e terminado o ato cirúrgico, os animais
receberam injeção intramuscular de penicilina G benzatina (30.000 UI).
3.3.2 Implantação de Cateteres na Artéria e Veia Femorais
Os registros de pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC)
foram obtidos por meio de cateter implantado na aorta abdominal via artéria
femoral esquerda. A veia femoral esquerda também foi cateterizada para que
fosse possível a infusão de solução isotônica de salina. Os cateteres foram
confeccionados utilizando-se um tubo de polietileno PE-50 (Clay Aams,
parsippany, EUA) de 15 cm de comprimento, unidos a um PE-10 de 5cm de
comprimento por meio de aquecimento sob mandril. Sob influência anestésica
27
do hidrato de cloral os cateteres foram implantados através de manobras
cirúrgicas que consistiam de uma incisão na região inguinal em direção ao feixe
vásculo-nervoso. Após o isolamento da artéria, foi introduzida a extremidade do
PE-10, previamente heparinizado (40UI/ml). A outra extremidade do cateter foi
dirigida, por meio de um trocáter, sob a pele do dorso do animal até a região
mediocervical posterior e fixado à pele por um fio de sutura, sendo o mesmo
procedimento adotado para a cateterização venosa.
3.3.3 Implantação de Cateter na Bexiga
A seguir (após cerca de 24 horas), sob efeito anestésico do hidrato de
cloral, os animais tiveram a bexiga cateterizada, segundo a técnica modificada
por Gellai e Valtin (1979), que consiste de uma pequena incisão longitudinal
supra-púbica de 1 cm para exposição da bexiga e implantação do cateter (PE-
240, 4 cm de comprimento) o qual foi posteriormente fixado às camadas
musculares e apele do animal. A observação da passagem livre de urina
através do cateter foi o método utilizado para verificar se o cateter estava
corretamente posicionado.
3.4 Protocolo Experimental
Para realização do protocolo experimental, todos os ratos foram
colocados em gaiolas metabólicas onde receberam água, ração em , com ou
sem OA 2%, e tiveram suas urinas coletadas diariamente. O tratamento
aconteceu durante dois períodos, 3 ou 7 semanas.
Ao final do tratamento, os animais foram retirados das gaiolas
metabólicas, anestesiados e cateteres foram implantados na aorta abdominal
via artéria femoral esquerda e na veia femoral. Os registros basais de pressão
arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) foram obtidos no dia seguinte
28
por meio do cateter arterial conectado a um transdutor de pressão (Spctramed-
statham, P23XL, USA) acoplado a um sistema de aquisição de dados
biológicos (Biopac system, MP100, Santa Bárbara, CA, EUA). Após essa
etapa, sob influencia anestésica do hidrato de cloral, os animais tiveram suas
bexigas cateterizadas e foram, a seguir, colocados em gaiolas de contenção
que limitavam seus movimentos e permitiam registros hemodinâmicos e coleta
de urina.
Para avaliar o papel dos nervos simpáticos renais na diurese e
natriurese induzida por um estímulo fisiológico, como a sobrecarga de volume,
os animais foram submetidos á infusão contínua de solução isotônica por meio
de uma bomba de infusão Havard modelo 795 ao fluxo de 55 µL/min, por um
período de estabilização de 2 horas. Seguindo-se às duas horas do período de
estabilização, iniciou-se a coleta de amostras de urina para determinação do
volume e concentração de sódio urinário por um período controle de 20
minutos. Esta fase controle teve suas respectivas amostras denominadas de
Controle 1 (C1) e Controle 2 (C2), coletadas pelo tempo de 10 minutos cada. A
seguir a velocidade de infusão da bomba foi aumentada ao equivalente em
volume a 5% do peso corporal do animal, por um período de 30 minutos e
novas amostras de urina também com tempo de 10 minutos cada, foram
colhidas. Tal fase foi denominada de expansão e suas respectivas amostras de
Expansão 1 (E1), Expansão 2 (E2) e Expansão 3 (E3). Na próxima fase,
retornou-se à velocidade de infusão inicial de salina isotônica (55 µL/min),
procedendo-se à coleta de mais três amostras de urina também com intervalo
de 10 minutos cada. Tal fase foi denominada de Recuperação e suas
respectivas amostras de Recuperação 1 (R1), Recuperação 2 (R2) e
Recuperação 3 (R3). Registros contínuos de pressão arterial média (PAM) e
freqüência cardíaca (FC) foram realizados durante todo o período experimental,
armazenados em disco rígido do computador e analisados posteriormente.
Terminada essa fase do protocolo experimental, sob influência
anestésica do éter foi retirado uma amostra de cerca de 2 mL de sangue direto
do coração dos animais. O sangue foi centrifugado (Centrifuge 5804 R) por 10
minutos, a uma temperatura de 20º C e com uma velocidade de 3500 rpm. O
soro obtido foi armazenado congelado para posterior determinação da
concentração plasmática de ácido úrico e creatinina. A seguir os animais foram
29
sacrificados e ambos os rins removidos, pesados, para normalização do
volume urinário e excreção de sódio em relação à massa renal, seccionados
transversalmente em fragmentos com espessura de 2 a 3 mm e fixados em
formol a 4% para posterior análise histológica.
3.5 Técnicas Analíticas
Fluxo Urinário (FU). As amostras de urina foram coletadas a cada 10 minutos
em tubos plásticos previamente pesados e o volume urinário foi determinado
gravimetricamente. Os valores foram normalizados pelo peso renal (grama de
peso renal). O volume urinário L/min/g) = (volume urinário) / (tempo de coleta
[10min] / (g).
Excreção Urinária de Sódio (ExUNa). A concentração de sódio das amostras
de urina foram medidas utilizando-se de um fotômetro de chama (Micronal,
modelo B 262, São Paulo, Brasil) e a excreção urinária de sódio calculada. A
excreção de sódio Eq/min/g) = (volume urinário) x (concentração urinária de
sódio).
Concentração Plasmática de Ácido Úrico. A concentração plasmática de
ácido úrico (AU) (mg/dL) foi obtida pelo todo Enzimático Colorimétrico
(UOD-PAP). A concentração plasmática foi determinada através da leitura da
absorbância das amostras (espectrofotômetro Bioespectro SP220).
Concentração Plasmática de Creatinina. A concentração plasmática de
creatinina (mg/dL) foi obtida pelo método modificado de Jaffé. A concentração
plasmática foi determinada através da leitura da absorbância das amostras
(espectrofotômetro Bioespectro SP220).
30
3.6 Análise Histológica
Um dos fragmentos medianos que estava fixado em formol a 4% foi
incluído em parafina, com utilização de aparelho automático de inclusão.
Cortes de 6 micrômetros de espessura foram corados pela Hematoxilina e
Eosina e pelo Tricrômioco de Mallory. O tamanho dos glomérulos foi avaliado
pela medida dos maiores e menores diâmetros de cada glomérulo, as quais
foram feitas sobre fotomicrografias tomadas em microscópio Zeiss, utilizando
objetiva de 20X.
4. ANÁLISE DE DADOS
Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média
(EPM). Os dados foram analisados utilizando-se da análise de variância para
medidas repetidas seguida do teste de Tukey para comparação entre dias.
Os valores de p<0,01 e p<0,05 foram considerados como significativos. Para
análise dos dados foi utilizado o programa estatístico GB-STAT (Dynamic
Microsystem Inc., Silver Spring, MD, USA) 6.5 for Windows e para a plotagem
dos gráficos foi utilizado o GraphPad Prism 2.0 (San Diego, CA, USA)
31
5. RESULTADOS
5.1 Peso Corporal
Ao final do tratamento de 3 e 7 semanas os animais apresentaram
visivelmente bom estado clínico sem variação significativa de peso corporal
entre os grupos.
Tabela 1. Valores de peso corporal (g) após tratamento por 3 e 7 semanas.
Os valores representam as médias ± EPM em ratos dos grupos CTRL,
CTRL DESN, AOX e AOX DESN.
3 semanas 7 semanas
CTRL 280 ± 19,7 350±11,6
CTRL DESN 288 ± 19,9 345±9,5
AOX 282 ± 8.8 336±8,6
AOX DESN 285 ± 10.5 341±7,7
32
5.2 Concentração Plasmática de Ácido Úrico
Os valores da concentração plasmática de ácido úrico após 3 semanas de
tratamento com OA 2% são mostrados na figura 1. Os dados mostram que os
ratos tratados com OA 2% (AOX) e desnervados (AOX DESN) apresentam
aumento (p<0.05) na concentração plasmática de ácido úrico (mg/dL) quando
comparados com os ratos controle (AOX 0,06 mg/dL; AOX DESN 0,1
mg/dL; CTRL 0,8±0,08; CTRL DESN 0,7±0.08; p<0.05).
Figura 1. Concentração plasmática de AU após inibição da uricase com OA 2%
por 3 semanas. Os valores representam as médias ± EPM dos grupos controle
(CTRL) e desnervados (CTRL DESN) e dos grupos tratados com OA 2% (AOX)
e desnervados (AOX DESN). * p<0.05 vs ratos controle.
CTRL CTRL DESN AOX AOX DESN
0.0
0.5
1.0
1.5
*
*
Conc. Plasm. AU (mg/dL)
33
5.3 Pressão Arterial Média Basal e Freqüência Cardíaca Basal
Os valores basais de pressão arterial média (PAM) e freqüência
cardíaca (FC) obtidos após 3 semanas de tratamento são mostrados na
figura 2 e os obtidos após 7 semanas de tratamento são mostrados na
figura 3. Em relação aos valores basais de PAM, nos grupos estudados
após 3 semanas de tratamento, o grupo que recebeu OA 2% e foi
desnervado (AOX DESN) mostrou menores valores basais de PAM quando
comparado aos grupos controle (CTRL) e desnervado (CTRL DESN) e ao
grupo tratado com OA 2% (AOX) (AOX DESN 80 ± 4 CTRL 102± 2 mmHg
CTRL DESN 103± 3 mmHg AOX 100 ± 2 mmHg; p<0.01). As diferenças
nos valores basais de FC basal não foram significativas nos grupos
estudados. Para 7 semanas de tratamento com OA 2%, foi observado que
os valores basais de PAM são maiores nos animais que receberam OA 2%
(AOX) quando comparado ao grupo controle que não recebeu OA 2%
(CTRL) (120 ± 3 vs 102 ± 2 mmHg; p<0.01). Esses valores basais de PAM
diminuem quando os animais que receberam OA 2% são desnervados
(AOX DESN), ou seja, os valores basais de PAM são menores no grupo
AOX DESN quando comparados ao grupo AOX (101 ± 0,7 vs 120 ± 3
mmHg; p<0.01). Diferenças nos valores de FC, assim como o tratamento
de 3 semanas, também não foram significativas.
34
Tabela 2. Valores basais de PAM (mmHg) e FC (bpm) após tratamento por
3 e 7 semanas. Os valores representam as dias ± EPM em ratos dos
grupos CTRL, CTRL DESN, AOX e AOX DESN. ** p< 0.01 vs ratos do
grupo CTRL e
# #
p<0.01 vs ratos do grupo AOX.
3 semanas 7 semanas
PAM e FC PAM e FC
CTRL 102± 2 102 ± 2
357±14 363±8
CTRLDESN 103±3 111±3
376±17 392±9
AOX 100 ± 2 120 ± 3
∗∗
379±15 347±14
AOX DESN 80 ± 4
∗∗ # #
101 ± 0,7
# #
327±13 356±6
35
Figura 2. Valores basais de PAM e FC após 3 semanas de tratamento com OA
2%. Os valores representam as médias ± EPM dos grupos controle (CTRL) e
desnervados (CTRL DESN), e dos grupos tratados com OA 2% (AOX) e
desnervados (AOX DESN). ** p< 0.01 vs ratos do grupo CTRL
# #
p<0.01 vs
ratos do grupo AOX.
0
25
50
75
100
125
PAM (mmHg)
**
# #
CTRL CTRL DESN AOX AOX DESN
0
150
300
450
FC (bpm)
36
Figura 3. Valores basais de PAM e FC após 7 semanas de tratamento com OA
2%. Os valores representam as médias ± EPM dos grupos controle (CTRL) e
desnervados (CTRL DESN), e dos grupos tratados com OA 2% (AOX) e
desnervados (AOX DESN). ** p< 0.01 vs ratos do grupo CTRL,
# #
p<0.01 vs
ratos do grupo AOX.
0
25
50
75
100
125
PAM (mmHg)
# #
**
CTRL CTRL DESN AOX AOX DESN
0
150
300
450
FC (bpm)
37
5.4 Excreção Diária de Sódio
Os valores acumulados por 3 semanas da concentração de sódio na urina
excretado diariamente são mostrados na figura 4. Os dados mostram que os
ratos do grupo tratado com OA 2% (AOX) e desnervados (AOX DESN)
excretam menor quantidade de sódio na urina quando comparados com os
ratos do grupo controle que não receberam OA 2% (CTRL) (CTRL 44 ± 5,0
mEq; AOX 15 ± 2,6 mEq; AOX DESN 24,8 mEq p<0.01 e p<0.05). Além
disso, observa-se que os animais do grupo AOX DESN mantêm valores de
excreção de sódio semelhantes ao grupo que não recebeu OA 2% e foram
desnervados (CTRL DESN) (CTRL DESN 33,8 mEq; AOX DESN 27±4,8
mEq ) .
Figura 4. Valores acumulados da concentração de sódio coletado
diariamente na urina por 3 semanas. Os valores representam as dias ±
EPM dos grupos controle (CTRL) e desnervados (CTRL DESN), e dos grupos
tratados com OA 2% (AOX) e desnervados (AOX DESN). ** p<0.01 e *
p<0.05 vs ratos do grupo CTRL.
CTRL CTRL DES AOX AOX DESN
0
25
50
**
*
Excrão Na acumul. (mEq)
38
5.5 Respostas Cardiovasculares e Renais à Sobrecarga de Volume
A Figura 5 ilustra as respostas diurética e natriurética à infusão de
solução salina isotônica em ratos do grupo controle que não recebeu OA
2% (CTRL) e em ratos do grupo que recebeu OA 2% na ração (AOX)
durante 3 semanas e a Figura 6 também mostra os mesmos parâmetros, só
que estudados nos grupos tratados com OA 2% durante 7 semanas. Em
relação aos resultados observados nos grupos estudados após 3 semanas
de tratamento, os valores de fluxo urinário (FU) e excreção de sódio (ExNa)
na fase controle (C1, C2) são similares nos dois grupos (Tabela 3). A
expansão hidrossalina (E1, E2, E3) promoveu aumento progressivo
(p<0.01) de tais parâmetros em ambos os grupos, entretanto não houve
diferenças significativas para esses parâmetros entre os grupos (Tabela 3).
Durante a fase de recuperação (R1, R2, R3) também não houve diferença
significativa na diurese e natriurese entre os grupos, havendo redução
progressiva (p<0.01) das mesmas, com tendência para retorno aos valores
basais (Tabela 3). Nos grupos tratados com OA 2% durante 7 semanas os
valores de fluxo urinário e excreção de sódio na fase controle (C1, C2) o
similares nos dois grupos (Tabela 4). A expansão hidrossalina (E1, E2, E3)
promoveu aumento progressivo (p<0.01) de tais parâmetros em ambos os
grupos, observando-se que o fluxo urinário mostrou-se maior (p<0.01) no
grupo tratado com ácido oxônico (Tabela 4). Na fase final da expansão a
excreção de sódio foi também maior (p<0.01 e p<0.05) se comparado com
o grupo controle (Tabela 4). Durante a fase de recuperação (R1, R2, R3)
não houve diferença significativa na diurese e natriurese entre os grupos,
havendo redução progressiva (p<0.01 e p<0.05) das mesmas, com
tendência para retorno aos valores basais (Tabela 4).
Em relação aos parâmetros hemodinâmicos, não ocorreram alterações
significativas de PAM e FC nas diferentes fases estudadas dos grupos
tratados com OA 2% por 3 semanas (Tabela 3 e Figura 7). No entanto, a
PAM mostrou-se maior (p<0.01 e p<0.05) nas diferentes fases estudadas
(Tabela 4 e Figura 8) nos grupos tratados com OA 2% por 7 semanas
quando comparados aos ratos do grupo controle.
39
Tabela 3. Valores de fluxo urinário (FU), excreção de sódio (ExNa),
pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo
controle (CTRL) e ratos do grupo tratado com OA 2% durante 3 semanas
(AOX) obtidos na fase controle (C2), expansão (E3) e recuperação (R3).
CTRL - 3 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 13,5±6,3 114,6±35,0
**
36,7±6,6
ExNa (µEq/min/g) 1,8±0,8 15,7±5,2** 6,0±1,2
PAM (mmHg) 107±2,6 105±2,1 109±2,5
FC (bpm) 382±20,5 394±21,1 399±18,4
AOX - 3 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 22,3±10,2 155,9±43,9** 71,7±20,6
**
ExNa (µEq/min/g) 2,1±0,9 16,0±4,0** 9,6±1,3**
PAM (mmHg) 106±3,8 105±6,4 110±5,9
FC (bpm) 395±22,5 402±19,7 381±23,7
Os dados são apresentados como dia ± EPM. ** p<0.01 em relação à
fase controle.
40
Tabela 4. Valores de fluxo urinário (FU), excreção de sódio (ExNa),
pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo
controle (CTRL) e ratos do grupo tratado com OA 2% durante 7 semanas
(AOX) obtidos na fase controle (C2), expansão (E3) e recuperação (R3).
CTRL - 7 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 8,3±1,4 62,4 ±27,1** 18,3±4,9
ExNa (µEq/min/g) 2,2±0,8 10,4±1,8** 4,7±1,7
PAM (mmHg) 97±8,5 99±7,3 95±8,1
FC (bpm) 376±21,5 386±13,8 389±24,1
AOX - 7 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 32,8±11,2 141,4±18,2
**##
56,4±4,7
ExNa (µEq/min/g) 3,3±1,1 16,5±0,8
**#
9,1±1,1
PAM (mmHg) 128±3,5
#
140±4,7
##
133±7,5
##
FC (bpm) 346±16,7 385±27,5 389±25,3
Os dados são apresentados como média ± EPM.
**
p<0.01 em relação à
fase controle;
##
p<0.01 e
#
p<0.05 em relação aos respectivos ratos do
grupo CTRL.
41
Figura 5. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no volume
equivalente a 5 % do peso corporal) em ratos do grupo controle (CTRL) e ratos
do grupo tratado com OA 2% (AOX) durante 3 semanas. Os valores
representam as médias ± EPM, ilustrando o fluxo urinário (FU) e a excreção de
sódio (ExNa) corrigidos por grama de rim nas fases controle (C1, C2),
expansão (E1, E2, E3) e recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e
recuperação, os animais receberam infusão contínua de salina isotônica ao
fluxo de 55 µl/min. ** p<0.01 vs fase controle.
0
100
200
FU (
µ
L/min/g)
AOX (n=6)
CTRL (n=6)
**
**
**
**
**
**
**
**
**
**
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
0
5
10
15
20
25
30
35
ExNa (
µ
Eq/min/g)
**
**
**
** **
**
**
**
**
42
Figura 6. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no volume
equivalente a 5 % do peso corporal) em ratos do grupo controle (CTRL) e ratos
do grupo tratado com OA 2% (AOX) durante 7 semanas. Os valores
representam as médias ± EPM, ilustrando o fluxo urinário (FU) e a excreção de
sódio (ExNa) corrigidos por grama de rim nas fases controle (C1, C2),
expansão (E1, E2, E3) e recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e
recuperação, os animais receberam infusão contínua de salina isotônica ao
fluxo de 55 µl/min. ** p<0.01 vs fase controle;
##
p<0.01 e
#
p<0.05 vs grupo
CTRL.
0
100
200
CTRL (n=6)
AOX (n=6)
FU (
µ
L/min/g)
**
*
**
**
**
##
##
##
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
0
5
10
15
20
25
30
35
ExNa (
µ
Eq/min/g)
**
**
**
**
**
##
#
43
Figura 7. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no volume
equivalente a 5 % do peso corporal) na pressão arterial dia (PAM) e
freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo controle (CTRL) e ratos do grupo
tratado com OA 2% (AOX) durante 3 semanas. Os valores representam as
médias ± EPM nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3) e
recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais
receberam infusão contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min..
80
100
120
CTRL (n=6)
AOX (n=6)
PAM (mmHg)
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
300
400
500
FC (bpm)
44
Figura 8. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no volume
equivalente a 5 % do peso corporal) na pressão arterial dia (PAM) e
freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo controle (CTRL) e ratos do grupo
tratado com OA 2% (AOX) durante 7 semanas. Os valores representam as
médias ± EPM nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3) e
recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais
receberam infusão contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min..
#
p <0.05;
##
p<0.01 vs grupo CTRL.
80
120
160
CT RL (n=6) AO X (n=6)
PAM (mmHg)
##
#
#
##
##
##
##
##
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
300
400
500
FC (bpm)
45
A Figura 9 ilustra as respostas diurética e natriurética à infusão de
solução salina isotônica em ratos do grupo que recebeu OA 2% durante 3
semanas (AOX) e em ratos do grupo que além de receber o OA 2% também
foram desnervados (AOX DESN). A Figura 10 também mostra essas respostas
nos mesmos parâmetros estudados, porém para o tratamento com OA 2%
durante 7 semanas. Após o período de estabilização de duas horas, observa-
se que os valores de fluxo urinário e excreção de sódio na fase controle (C1,
C2) nos ratos tratados com OA 2% durante 3 semanas são similares aos ratos
que além de OA 2%, durante o mesmo período, também foram desnervados
(Tabela 5). A expansão hidrossalina (E1, E2, E3) promoveu aumento
progressivo (p<0.01) de tais parâmetros em ambos os grupos, porém não
houve diferenças significativas para esses parâmetros entre eles (Tabela 5).
Durante a fase de recuperação (R1, R2, R3) também não houve diferença
significativa na diurese e natriurese entre os grupos, havendo redução
progressiva (p<0.01) das mesmas, com tendência para retorno aos valores
basais (fase controle) (Tabela 5). Nos grupos tratados com OA 2% durante 7
semanas, observa-se que os valores de fluxo urinário e excreção de sódio na
fase controle (C1, C2) são similares nos dois grupos (Tabela 6). A expansão
hidrossalina (E1, E2, E3) promoveu aumento progressivo (p<0.01) de tais
parâmetros no grupo tratado com OA 2% (Tabela 6), os quais se mostraram
maiores (p<0.01) que nos ratos além de receber OA 2% também foram
desnervados. Durante a fase de recuperação (R1, R2, R3), não houve
diferença significativa na diurese e natriurese entre os grupos, havendo
redução progressiva das mesmas, com tendência para retorno aos valores
basais (fase controle) (Tabela 6).
Em relação aos parâmetros hemodinâmicos, não ocorreram alterações
significativas de PAM e FC nas diferentes fases estudadas dos grupos tratados
com OA 2% por 3 semanas (Tabela 5 e Figura 11). No entanto, a PAM
mostrou-se significativamente maior nas diferentes fases estudadas (Tabela 6
e figura 12) nos grupos tratados por 7 semanas com OA 2% quando
comparados aos ratos que além de serem tratados com OA 2% também foram
desnervados.
46
Tabela 5. Valores de fluxo urinário (FU), excreção de sódio (ExNa), pressão
arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) em ratos tratados por 3
semanas com OA 2% (AOX) e desnervados (AOX DESN) obtidos na fase
controle (C2), expansão (E3) e recuperação (R3).
AOX - 3 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 22,3±10,2 155,9±43,9
**
71,7±20,6**
ExNa (µEq/min/g) 2,1±0,9 16,0±4,0**
9,6±1,3**
PAM (mmHg) 106±3,8 105±6,4 110±5,9
FC (bpm) 395±22,5 402±19,7 381±23,7
AOX DESN - 3 semanas (n=6)
C2 E3 R3
FU (µL/min/g) 28,4±6,2 141,2±9,7** 63,6±9,9**
ExNa (µEq/min/g) 4,1±1,5 25,5±5,7**
14,0±3,8**
PAM (mmHg) 104±6,1 102±6,4 99±6,2
FC (bpm) 413±19,5 412±23,1 434±20,3
Os dados são fornecidos como média ± EPM. ** p<0.01 em relação à fase
controle.
47
Tabela 6. Valores de fluxo urinário (FU), excreção de sódio (ExNa), pressão
arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC) em ratos tratados por 7
semanas com OA 2% (AOX) e desnervados (AOX DESN) obtidos na fase
controle (C2), expansão (E2) e recuperação (R3).
AOX - 7 semanas (n=6)
C2 E2 R3
FU (µL/min/g) 32,8±11,2 125,3±0,8** 56,4±4,7
ExNa (µEq/min/g) 3,3±1,1 14,0±3,1
**
9,1±1,1
PAM (mmHg) 129±6,4 141±4,7 133±7,5
FC (bpm) 346±16,7 392±29,8 389±25,3
AOX DESN – 7 semanas (n=6)
C2 E2 R3
FU (µL/min/g) 16,8±2,5 27,0±2,6
##
28,5±2,2
ExNa (µEq/min/g) 0,6±0,1 2,6±0,2
##
4,2±0,3
PAM (mmHg) 102±3,6 110±3,1
#
97±2,8
##
FC (bpm) 385±5,2 404±3,3 400±4,6
Os dados são fornecidos como média ± EPM.
**
p<0.01 em relação à fase
controle;
#
p<0.05 e
##
p<0.01 em relação aos ratos do grupo AOX.
48
Figura 9. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no volume
equivalente a 5 % do peso corporal) em ratos do grupo tratado com OA 2%
(AOX) por 3 semans e desnervados (AOX DESN). Os valores representam as
médias ± EPM, ilustrando o fluxo urinário (FU) e a excreção de sódio (ExNa)
corrigidos por grama de rim nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3)
e recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais
receberam infusão contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min. ** p<0.01
vs fase controle.
0
100
200
FU (
µ
L
/min/g)
AOX (n=6)
AOX DESN (n=6)
**
**
**
**
**
**
**
**
**
**
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
0
5
10
15
20
25
30
35
**
**
**
**
**
**
**
**
**
**
ExNa (
µ
Eq/min/g)
49
Figura 10. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no
volume equivalente a 5 % do peso corporal) em ratos do grupo tratado com OA
2% (AOX) por 7 semans e desnervados (AOX DESN). Os valores representam
as médias ± EPM, ilustrando o fluxo urinário (FU) e a excreção de sódio (ExNa)
corrigidos por grama de rim nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3)
e recuperação (R1, R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais
receberam infusão contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min. ** p<0.01
e * p<0.05 vs fase controle;
##
p<0.01 vs grupo AOX DESN.
0
100
200
F U (
µ
L
/min/g)
**
**
AOX (n=6)
AOX DESN (n=6)
**
*
##
##
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
0
5
10
15
20
25
30
35
ExNa (
µ
Eq/min/g)
**
**
**
##
##
50
Figura 11.
Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no
volume equivalente a 5 % do peso corporal) na pressão arterial média (PAM) e
freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo tratado com OA 2% (AOX) por 3
semanas e desnervados (AOX DESN). Os valores representam as médias ±
EPM nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3) e recuperação (R1,
R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais receberam infusão
contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min..
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
300
400
500
FC (bpm)
80
100
120
AOX (n=6)
PAM (mmHg)
AOX DESN (n=6)
51
Figura 12
. Efeito da expansão de volume (infusão de salina isotônica no
volume equivalente a 5 % do peso corporal) na pressão arterial média (PAM) e
freqüência cardíaca (FC) em ratos do grupo tratado com OA 2% (AOX) por 7
semanas e desnervados (AOX DESN). Os valores representam as médias ±
EPM nas fases controle (C1, C2), expansão (E1, E2, E3) e recuperação (R1,
R2, R3). Nas fases controle e recuperação, os animais receberam infusão
contínua de salina isotônica ao fluxo de 55 µl/min.
#
p <0.05;
##
p<0.01 vs grupo
AOX DESN.
80
120
160
AOX (n=6)
AOX DESN (n=6)
PAM (mmHg)
#
##
#
##
##
C1 C2 E1 E2 E3 R1 R2 R3
300
400
500
FC (bpm)
52
Em princípio, podemos notar que estes resultados demonstram que os
animais do grupo tratado com OA 2% (AOX) durante 7 semanas apresentaram
um ganho nas respostas diurética e natriurética induzidas pela expansão
volêmica quando comparados aos ratos do grupo controle que não receberam
OA 2% (CTRL) e sobretudo quando comparados aos ratos que além de
receber OA 2% também foram desnervados (AOX DESN).
5.6 Concentração Plasmática de Creatinina
Os valores da concentração plasmática de creatinina são mostrados na
figura 13. Os dados mostram que os ratos tratados com OA 2% durante 7
semanas (AOX) apresentam aumento (p<0.05) na concentração plasmática de
creatinina (mg/dL) quando comparados com os ratos controles (AOX
0,82±0,05; CTRL 0,66±0,04; CTRL DESN 0,64 ± 0,05 mg/dL; p<0.05). A
desnervação simpática renal não reduziu significativamente a elevação
plasmática de creatinina induzida pela hiperuricemia de 7 semanas, muito
embora este valor permaneça mais alto que aquele observado nos animais
controle. Entretanto, essa diferença não foi significativa quando comparada
com os valores da concentração plasmática de creatinina dos ratos controles e
dos ratos tratados com OA 2% por 7 semanas (AOX DESN 0,80±0,04; CTRL
0,66 ±0,04; CTRL DESN 0,64 ± 0,05; AOX 0,82±0,05 mg/dL).
53
Figura 13.
Concentração plasmática de creatinina após inibição da uricase por
7 semanas com OA 2%. Os valores representam as médias ± EPM dos grupos
controle (CTRL) e desnervados (CTRL DESN) e dos grupos tratados com OA
2% (AOX) e desnervados (AOX DESN). * p<0.05 vs ratos controle.
CTRL CTRL DESN AOX AOX DESN
0.0
0.5
1.0
*
Conc. Plasm. Creatinina (mg/dL)
54
5.7 Histologia Renal
A análise histológica dos cortes dos rins dos animais tratados com OA
2% durante 7 semanas (AOX) e dos que além de terem sido tratados também
foram desnervados (AOX DESN) mostrou uma aparente hipertrofia das
arteríolas aferentes (figura 15) e focos de aumento de matriz extracelular
intertubular com ausência de exsudato inflamatório (figura 14). Em relação ao
tamanho dos glomérulos, nos ratos dos grupos AOX e AOX DESN os
glomérulos apresentaram-se maiores do que nos ratos do grupo CTRL (CTRL
89,5±1,3; AOX 101±0,9; AOX DESN 102±1,5 micrômetros; p<0.01). Além
disso, não foram observadas alterações quanto à celularidade ou depósitos
anormais nos glomérulos (figura 15).
Figura 14.
Campo microscópico da medular de rato do grupo controle que não
recebeu OA 2% (CTRL) (B) de rato tratado com OA 2% (AOX) (A) e de rato
tratado com AO 2% e desnervado (AOX DESN) (C). As setas indicam áreas de
fibrose na medular (coloração: tricrômioco de Mallory).
55
Figura 15.
Campo microscópico da cortical de rato controle que não recebeu
OA 2% (CTRL) (A) e de rato tratado com OA 2% (AOX) (B). A seta indica
arteríola aferente, com parede mais espessada no animal do grupo AOX. A
diferença de tamanho dos glomérulos, embora demonstrada pela tomada da
medida, não foi percebida na fotomicrografia (coloração: tricrômioco de
Mallory).
56
6. DISCUSSÃO
Estudos anteriores ao nosso demonstraram que ratos com hiperuricemia
média desenvolvem hipertensão arterial acompanhada de doença renal
(Mazzali e cols., 2001). Em nossos resultados também foi encontrado
hipertensão arterial em ratos, mas somente após 7 semanas de hiperuricemia.
A inibição da uricase com OA 2% foi capaz de produzir hiperuricemia média e
conseqüente aumento na pressão arterial. Esses resultados nos levam a
concordar com as conclusões prévias de diversas pesquisas de que o ácido
úrico é um marcador independente que exerce efeito causal na hipertensão
arterial (Feig e cols., 2006, Mazzali e cols., 2001, Jossa e cols., 1994,
Verdecchia e cols., 2000).
Quando promovemos a prévia desnervação simpática renal bilateral foi
observado diminuição da pressão arterial tanto na terceira semana de
hiperuricemia, quando os animais ainda não apresentavam hipertensão arterial,
como na sétima semana de hiperuricemia, quando os animais se
encontravam hipertensos. Em relação à excreção diária de sódio foi observado
retenção de sódio em ratos com hiperuricemia que foi abolida pela
desnervação renal bilateral prévia destes animais. Esses resultados nos levam
a acreditar que o nervo simpático renal tem um papel fundamental no
mecanismo de retenção de sódio e da hipertensão arterial produzida pela
hiperuricemia. A atividade simpática renal começa a se elevar na terceira
semana de hiperuricemia, mesmo que ainda não seja capaz de produzir
hipertensão arterial, pois a desnervação renal bilateral prévia foi capaz de
diminuir a pressão arterial e impedir a retenção de sódio. Os resultados se
mostraram mais evidentes na sétima semana de hiperuricemia quando os
animais apresentaram hipertensão arterial.
Existem evidências da literatura que admitem esses resultados, dentre elas
podemos destacar a potente vasoconstrição renal associada com significante
decréscimo na taxa de filtração glomerular observada em ratos com
hiperuricemia (Sanchez-Lozada e cols.,2008) que foi explicada pela redução
endotelial de óxido nítrico e aumento na liberação de renina pelas células justa-
57
glomerulares (Mazzali e cols., 2001). A ativação do sistema renina angiotensina
promove aumento nas concentrações de angiotensina II a qual regula a
resistência vascular, estimula a secreção de aldosterona e a reabsorção de
sódio diretamente nos túbulos renais e, além disso, aumenta a liberação do
neurotransmissor simpático renal (Stegbauer e cols., 2005). A inervação
simpática renal pode regular a excreção de sódio e água através de: variações
na resistência vascular renal com conseqüente constrição da arteríola aferente
e redução da taxa de filtração glomerular; reabsorção de sódio e água
diretamente nos túbulos via receptores adrenérgicos - α1; e estimulação da
liberação de renina pelas células do sistema justaglomerular via receptores
adrenérgicos - β1 com aumento da formação de anigiotensina II e de
aldosterona que aumentam ainda mais a reabsorção tubular de sódio (Dibona e
Koepke, 1982; DiBona, 1989). No entanto, quando se retira a influência do
sistema nervoso simpático renal através da desnervação renal bilateral, ocorre
aumento do fluxo plasmático glomerular e redução da reabsorção tubular de
sódio associado com aumento na excreção urinária de sódio e água (Bencsáth
e cols., 1982).
Dessa forma, podemos inferir que tais mudanças atuando em conjunto,
podem contribuir para a significativa retenção renal de sódio, sendo esse um
fator crítico para o desenvolvimento da hipertensão arterial que acompanha a
hiperuricemia (Watanabe e cols.,2002), uma vez que o balanço de sódio e
água pelos rins influencia o controle da pressão arterial a longo prazo (Guyton
e Coleman, 1980).
No sentido de se avaliar o papel dos nervos simpáticos renais nos
mecanismos hipertensores da hiperuricemia foram estudadas as respostas
cardiovasculares e renais induzidas pela sobrecarga de volume em ratos com
hiperuricemia. Assim, foi observado que a excreção renal de dio e água
aumenta de forma similar com a sobrecarga de volume tanto nos animais
controle quanto nos animais tratados com OA 2% por 3 semanas. Para os
animais tratados com OA 2% por 7 semanas, essas respostas também
aumentam, que se mostram mais elevadas nos animais tratados com OA
2% quando comparadas aos animais que não receberam OA 2%. Em relação
aos parâmetros hemodinâmicos, a PAM e a FC não foram alteradas nas
diferentes fases da expansão volêmica em nenhum dos dois grupos tanto para
58
3 quanto para 7 semanas de hiperuricemia, no entanto os animais tratados com
AO 2% por 7 semanas apresentaram maiores valores de PAM durante toda
manobra quando comparados aos controle.
Sabemos que em condições fisiológicas, as expansões volêmicas agudas
promovem aumento na excreção hidrossalina, a qual acredita-se ser de origem
multifatorial, que a dilatação das câmaras atriais e ventriculares que decorre
da expansão volêmica culminam em supressão de mecanismos sistêmicos
vasoconstritores e retentores de sódio e água , como o sistema nervoso
simpático, o sistema renina-angiotensina e a vasopressina e na ativação de
mecanismos vasodilatadores como os do peptídeo natriurético e das
prostaglandinas (Brennan e cols., 1971; Goetz e cols., 1975; Thames e cols.,
1982). Dessa forma, para o nosso estudo, sugerimos que a elevação no
aumento da excreção hidrossalina dos animais hiperuricêmicos submetidos à
expansão volêmica, foi devido a uma maior supressão dos mecanismos
vasoconstritores e/ou maior ativação dos vasodilatadores ou ainda alteração na
resposta renal frente a estes mecanismos que se tornaram evidentes na
sétima semana de hiperuricemia.
Dentre os mecanismos propostos, o sistema nervoso simpático renal foi
objeto de nosso estudo. Acreditamos que o mesmo tem participação decisiva
no aumento da excreção hidrossalina em resposta a sobrecarga de volume que
acompanha a hiperuricemia, sugerindo, assim, que a retenção crônica de sódio
neste modelo envolve ativação simpática renal, a qual culmina com maior
retirada simpática renal quando há expansão volêmica. Neste sentido, uma das
fases do nosso estudo foi idealizada justamente com o propósito de avaliar o
papel da atividade simpática renal nas respostas diurética e natriurética à
expansão volêmica observadas na hiperuricemia. Para tal, foi realizada
desnervação renal bilateral previamente ao tratamento com OA 2% e sendo
testada a seguir a resposta à sobrecarga hidrossalina.
Nossos resultados demonstraram que a desnervação renal bilateral prévia
foi capaz de prevenir o aumento causado pela hiperuricemia na diurese e
natriurese, em resposta a sobrecarga hidrossalina, nos animais que se
encontravam na sétima semana de hiperuricemia, sendo os valores
comparados aos vistos nos ratos controle. A partir destes resultados, podemos
inferir que a atividade simpática renal eferente contribui para as alterações na
59
homeostase hidrossalina e conseqüentemente para o aumento na pressão
arterial que é observado na hiperuricemia. Corroborando essa idéia, é bem
conhecido que a atividade do nervo simpático renal eferente desempenha um
papel fundamental no controle da circulação e função renal não em
condições fisiológicas, mas também em diversas condições fisiopatógicas
(DiBona, 1982). Tal controle pode ocorrer em diferentes níveis no rim, tais
como na regulação da circulação renal, na filtração glomerular, nas funções de
reabsorção e secreção tubular envolvidas no controle renal da homeostase
hidrossalina, bem como na liberação de substâncias vasoativas pelo próprio
rim (DiBona, 1982; DiBona e cols., 1988).
O aumento da atividade simpática renal em condições fisiopatológicas foi
descrito para várias condições, como por exemplo, a hipertensão arterial
primária, cirrose hepática e insuficiência cardíaca congestiva (Hollenberg,
1975; DiBona e Sawin 1991). Inclusive no nosso laboratório já foi demonstrado
que os nervos simpáticos renais desempenham um importante papel na
retenção de sódio que caracteriza a insuficiência cardíaca congestiva (Buloto e
Cabral, 1999), para qual vários mecanismos implicados na hiperatividade
simpática, dentre eles o aumento dos níveis plasmáticos de angiotensina II e a
redução na síntese central de óxido nítrico (Li e cols., 1992; DiBona e cols.,
1995; Tagawa e cols.,1994; Patel et cols., 1996;).
Para hiperuricemia, ainda precisa ser claramente estabelecida qual é a
origem da hiperatividade simpática, talvez a angiotensina II possa ter um papel
relevante nesse mecanismo, pois se sabe que além de mediar um importante
aumento na vasoconstrição e na retenção de sódio e água, a angotensina II
também aumenta a liberação da noradrenalina por ativação dos receptores
AT1 pré-sinápticos (Stegbauer e cols., 2005). A importância da angiotensina II
na hiperuricemia já foi sugerida em diversas pesquisas. Estudos que utilizaram
inibidores da ECA como o enalapril, mostraram que o mesmo é capaz de
diminuir a pressão arterial e as lesões renais ocasionadas pelo aumento dos
níveis plasmáticos de ácido úrico em ratos (Mazzali e cols., 2001). Além
destes, outros que utilizaram o losartan em humanos, bloqueador dos
receptores AT1, propuseram que o mesmo foi capaz de provocar as mesmas
respostas, não por interferir nas ações da angiotensina II, mas também por
aumentar a excreção urinária de urato (Alderman e Aiyer, 2004).
60
Nossos resultados, referentes à taxa de filtração glomerular (TGF), através
da medida da concentração plasmática de creatinina, mostraram um aumento
no nível plasmático de creatinina nos animais que foram submetidos à
hiperuricemia por 7 semanas. Este resultado pode ser corroborado por estudo
anterior ao nosso que foi realizado em humanos. No mesmo o tratamento de
pacientes com função renal normal com alopurinol, inibidor da síntese de ácido
úrico, por três meses foi capaz de diminuir a concentração plasmática de
creatinina e aumentar a TGF. Sugerindo-se, dessa forma, que o ácido úrico
provoca diminuição na TGF (Kanbay e cols., 2007).
Esses resultados apontam para o fato de a elevação da atividade simpática
renal, produzida pelo aumento do ácido úrico, ter sido de magnitude tal que
pôde promover vasoconstrição acentuada da arteríola aferente e com isso
reduzir a TGF. Como está bem demonstrado, o estímulo elétrico do nervo renal
produz de uma maneira dependente da freqüência de descarga dos nervos,
mudanças no fluxo plasmático renal (FPR) e TGF, na reabsorção de sódio e
água e na secreção de renina, observando-se aumento na resistência vascular
renal e redução no FPR com estímulos com freqüências maiores que 2,0 Hz
(DiBona, 1985). Com base nesses dados e em nossos resultados, acreditamos
que a desnervação renal tenha promovido aumento na excreção diária de sódio
dos animais com hiperuricemia, pelo menos em parte, através da inibição do
efeito direto que a atividade simpática exerce sobre a reabsorção tubular de
sódio, uma vez que a mesma não alterou significantemente a redução da TGF
e/ou FPR induzida pela hiperuricemia.
No que se refere às alterações morfológicas renais, apesar da
metodologia utilizada ter sido uma metodologia de coloração de rotina, a qual
não é possível observar com muita evidência as alterações renais, os
resultados da análise histológica demonstraram que a desnervação renal não
modificou as alterações renais provocadas pela hiperuricemia. Nos dois
grupos as alterações renais observadas - áreas de fibrose na região medular e
aumento de tamanho dos glomérulos - foram semelhantes. Esses dados
sugerem que as alterações renais observadas não dependem do aumento da
pressão arterial e sim do aumento das concentrações plasmáticas de ácido
úrico.
61
De fato dados da literatura referem que à lesão tubular, a arteriopatia
da arteríola aferente e a hipertrofia glomerular induzidas pela hiperuricemia
não estão relacionadas com o aumento da pressão arterial. Estudos de
Mazzali (2002) e Nakagawa (2003) mostraram que o tratamento de ratos
hipertensos e hiperuricêmicos com hidroclorotiazida foi capaz de provocar
diminuição dos níveis tensionais sem alterar as lesões renais observadas. Por
outro lado o tratamento dos ratos hiperuricêmicos com inibidor da enzima
conversora de angiotensina (ECA), o enalapril, além de levar a diminuição da
pressão arterial, também provocou redução significativa da lesão tubular, da
arteriopatia e da hipertrofia glomerular. Como a hidroclorotiazida não interfere
no sistema renina angiotensina como o enalapril, os autores admitiram que as
alterações morfológicas dos rins nos animais tratados com acido oxônico
seriam conseqüência de um mecanismo mediado pelo sistema renina
angiotensina hiperativado pelo aumento nas concentrações plasmáticas de
ácido úrico.
62
7. CONCLUSÃO
Considerando os resultados obtidos, o principal resultado deste estudo é
que existe um aumento da atividade simpática renal em ratos com
hiperuricemia e hipertensão arterial. Tal aumento pode ser observado pela
retenção crônica de sódio e maior resposta diurética e natriurética, após a
retirada simpática produzida pela expansão volêmica. Tal interpretação é ainda
sustentada pelo fato de que a desnervação renal bilateral, realizada
previamente ao desenvolvimento da hiperuricemia com OA 2%, ter sido capaz
de prevenir o acúmulo de sódio, a elevação da pressão arterial e o aumento da
resposta diurética e natriurética à expansão volêmica.
63
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