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UNIVERSIDADE ESCIO DE SÁ
DANIELA SANTANA REIS
PROTAGONISTAS E COADJUVANTES NA ODISSÉIA DO PRIMEIRO
EMPREGO: UMA ANÁLISE DO PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA
EXECUÇÃO DO PNPE/CSJ
Rio de Janeiro
2007
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DANIELA SANTANA REIS
PROTAGONISTAS E COADJUVANTES NA ODISSÉIA DO PRIMEIRO
EMPREGO: UMA ANÁLISE DO PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA
EXECUÇÃO DO PNPE/CSJ
Dissertação apresentada à
Universidade Estácio de Sá, como
requisito parcial para a obtenção de
grau de Mestre em Educação.
ORIENTADORA: Profª. Drª. Neise Deluiz
Rio de Janeiro
2007
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À dissertação:
PROTAGONISTAS E COADJUVANTES NA ODISSÉIA DO PRIMEIRO
EMPREGO: UMA ANÁLISE DO PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA
EXECUÇÃO DO PNPE/CSJ
Elaborada por:
DANIELA SANTANA REIS
E aprovada por todos os membros da Banca Examinadora. Foi aceita pelo Curso de
Mestrado em Educação e Cultura Contemporânea como requisito parcial à obtenção do
título de
MESTRE EM EDUCAÇÃO
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2007.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Profª. Drª. Neise Deluiz
Presidente
Universidade Estácio de
_________________________________
Profº. Dr. Alexandre Maia do Bomfim
Universidade Estácio de Sá
_________________________________
Profª. Drª. Alicia Bonamino
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
A todos aqueles que a despeito do cenário econômico,
político, social e cultural que se estabelece na
contemporaneidade, vislumbram o futuro
com base no pessimismo da inteligência
e no otimismo da vontade.
AGRADECIMENTOS
Sobretudo à Deus, por estar incondicionalmente presente, ainda que por vezes sendo
negligenciado.
À minha família, que soube fazer da distância geográfica um ínfimo aspecto,
transformando as novas tecnologias em ferramentas para motivar-me quase que
diariamente.
Ao Rodolfo Teles, meu esposo, por acreditar que seria possível e por ter viabilizado
parte deste projeto.
À Professora Neise Deluiz, pelo amparo constante. Sua competência, clareza,
objetividade e organizão superaram as necessidades do processo de orientação.
Obrigada!
Aos demais Professores da linha de pesquisa Trabalho, Meio Ambiente e Educação,
Alexandre Maia do Bomfim, Victor Novick e nia Gonzalez, pela seleção dos textos
e por subsidiarem a unicidade necessária para a construção da discussão que permeia
este estudo.
À professora Alicia Bonamino, pela prontidão em aceitar o convite de participar desta
banca, a despeito da demanda de atividades.
Aos amigos Neilton Silva, Simone de Jesus, Joisciene Lima e Wilson Maia. Vocês
estiveram presentes desde o início e são, indiscutivelmente, parte integrante desta
dissertação.
Aos amigos Gisele, Daniela e Malton pela carinhosa acolhida, não apenas nos dias de
aula como em todos os dias.
Á todos aqueles que fizeram com que os 20 meses que antecederam este dia fossem
uma caminhada de crescimento político, acadêmico, profissional e, sobretudo pessoal.
O que caracteriza o mundo do trabalho no
fim do século XX, quando se anuncia
o século XXI, é que esse se tornou
realmente global
(Ianni)
Por esta razão
[o] aumento da exploração da classe trabalhadora
[é evidente], [incorpora] o trabalhador e a
trabalhadora por inteiro/a na produção,
através do uso da percepção, dos
sentimentos, dos nervos e do
cérebro do/a trabalhador/a
no processo de trabalho.
(Del Pino – acréscimo nosso)
Assim, explicar não é mais suficiente, pois é apenas
reproduzir o discurso midiático, entender
é desalienar-se, é decifrar, antes de
tudo, o mistério da mercadoria,
é ir para além do capital.
(Emir Sader)
Neste contexto,
A educação não [deveria ser] um negócio, [pois] é
criação. [E sendo assim, a] educão não
deve qualificar para o mercado,
mas para a vida.
(István Mészáros – acréscimo nosso)
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar em que medida as ações de educação profissional
desenvolvidas por uma organização não governamental (ONG) no âmbito do Programa
Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) / Consórcio Social da Juventude
(CSJ), viabilizam a inserção dos jovens no mercado de trabalho, que tipo de inserção se
estabelece e em que medida essas ações contribuem para a participação ativa destes
jovens como interlocutores na sociedade. O referencial teórico apoiou-se em um
primeiro eixo contextual, que discutiu a adoção do padrão de acumulação de produção
flexível e seus impactos sobre o trabalho dos jovens e o papel das ONGs no espaço
público não-estatal, aprofundado a partir da Reforma do Aparelho do Estado, que
estabeleceu novas relações entre o Estado e a sociedade civil. O segundo eixo,
conceitual, adotou a perspectiva de uma educação para além do capital, que deve
acontecer ao longo da vida e nos múltiplos espaços que se configuram na sociedade.
Para tanto, a omnilateralidade e a politecnia se apresentam enquanto pressupostos para a
educação, num momento hisrico em que se privilegia uma formação pautada na noção
de competências voltadas para o mercado de trabalho, que não favorece a formação
integral e crítica do educando, em um contexto de crescentes índices de desemprego
entre os jovens. A pesquisa fundamentou-se no paradigma da Teoria Crítica, com
abordagem qualitativa, com base em um estudo de caso, e utilizou como instrumentos
de coleta de dados, a análise documental, entrevistas com coordenadores da ONG e
grupo focal com egressos do curso de “Qualidade no Atendimento ao Público”
desenvolvido na ONG no âmbito do PNPE/CSJ. Os resultados indicaram a auto-
culpabilização e auto-responsabilização que se cristaliza no imaginário dos jovens no
que tange à inserção ou exclusão destes no mercado de trabalho. Tanto nas entrevistas
com os coordenadores supracitados quanto nas falas dos jovens, este aspecto tornou-se
evidente e constante. Observou-se, ainda, que as ações de educação profissional da
ONG, no âmbito do PNPE/CSJ focalizam as competências comportamentais em
detrimento das demais competências. Entretanto, a ONG tem inserido no mercado
formal o quantitativo de egressos proposto pelo PNPE/CSJ, apesar destes índices não
serem significativos nacionalmente, face ao desemprego que assola a juventude.
Finalmente, conclui-se que o discurso que permeia as ações de educação profissional
desenvolvidas na ONG transfere para o jovem a responsabilidade por sua inserção no
mercado de trabalho e apesar de possibilitar discussões sobre o contexto nacional no
ambiente educativo, tais discussões ou ações não tornam o jovem um interlocutor ativo
na sociedade, especialmente porque as “políticas” voltadas para a juventude não
requerem a participação destes jovens no processo de elaboração, como se os
protagonistas do processo fossem meros coadjuvantes.
Palavras-chave: Organizações não-governamentais. Educação profissional de jovens.
Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego.
ABSTRACT
The purpose of this study was explored the how actions of professional education
developed for an no governmental organization in the sphere of the National Program of
Stimulus the First Employ. Social Consortium from Boyhood, viability the insertion
from the youngsters in the marketplace of work, what type of insertion if establishes and
on what how this actions contributory for active participation of these youngsters as
conversationalist on society. The referencing abstract stood for if in a first axle
argument, what talked over the adoption of the standard of accumulation of production
bendy and yours impacts above the work from the youngsters and the part from the
ONGs in a space public no state, deepened the part from Reform of the Apparatus of the
State, what she established new relations among the status and the partnership citizen
second axle, esteemed, adopting the perspective from a education about to beyond of
the capital, what owes become of up from life and on the multiples areas that if they
setup on society. About to as many, the unilateral and the polytechnic if they present
while presupposed for education, on a moment historical where you privileged only one
formation rule on notion of abilities round for the market of work , that doesn't favoring
the training integral and criticism of the raising in a context of crescent indexes of
unemployment among the youngsters. The search basis into the paradigm from
Criticism Theory, with approach qualitative, based on a study of wed , and uses I eat
instruments of collection of data, the analysis documentary, interviews with
coordinating from ONG and group focal with graduated from the courses into the
county of the Rio de Janeiro. The outcomes indicate the self culpabilização and self she
undertakes that if crystallize into the imaginary from the youngsters into the what
tangent on the insertion or exclusion of these in the marketplace of work. As many on
the interviews with the coordinating pedagogic regarding on the talks from the
youngsters this appearance turned out if clear and constant. Observer, if although, the
actions of education professional from ONG, in the sphere of the PNPE focuses the
qualifications behavior in detriment from the too much abilities. In the mean time , the
ONG has been inserting in the marketplace formal the quantitative of graduated
proposed at PNPE in spite of these indexes no I shall be significant nationally , face the
unemployment what the desolate the youth. Finall , it follows that what the discourse
what in between the actions of education professional developed on ONG transfers
about to the youngster the responsibility for she sweats insertion in the marketplace of
work and in spite of allow discussions above the argument national into the
environment educative , one discussions or actions no they become the youngster a
conversationalist active on society , especially because the “politicsround for boyhood
no petitioner the participation of these youngsters into the sue of elaboration , as if the
protagonist of the sue they might be mere coadjutant.
Key words: No Governmental Organizations. Professional education of youngsters.
National Program of Stimulus the First I employ.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACB / RJ – Associação Comunitária do Brasil / Rio de Janeiro
CAMPO – Centro de Assessoria ao Movimento Popular
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CDM – Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana
CEAP – Centro de Articulação de Populações Marginalizadas
CEB – Câmara de Educação Básica
CIEE – Centro de Integração Empresa Escola
CIEE RIO – Centro de Integração Empresa Escola / Rio de Janeiro
CNE – Conselho Nacional de Educação
COEDUC – Companheiros pró Educação, Cultura, Lazer, Ecologia e Trabalho
CSJ – Consórcio Social da Juventude
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
DRT – Delegacia Regional do Trabalho
FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador
GAPUVE – Grupo de Aposentados e Pensionistas Unidos Venceremos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMAC – Instituto Imagem e Cidadania Rio de Janeiro
IN – Imprensa Nacional
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IQUAVI – Instituto de Qualidade de Vida
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ME – Ministério da Educação
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OIT – Organização Internacional do Trabalho
ONG – Organização Não Governamental
ONGs – Organizações Não Governamentais
PAC – Pró Apoio Comunitário
PEA – População Economicamente Ativa
PLANFOR – Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador
PNPE – Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego
PNQ – Plano Nacional de Qualificação
PPA – Plano Plurianual
PROEJA – Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional
PROJOVEM – Programa Nacional de Inclusão de Jovens
STN – Secretara do Tesouro Nacional
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica
APRESENTAÇÃO
Este estudo surgiu em função da inquietação que nos acomete a todos
quando a olhos nus percebemos a caótica realidade econômica, política e social em que
estamos inseridos ou excldos. Apuramos a visão para focalizar na análise da realidade
da juventude brasileira, pobre, desesperada e desempregada. Ávida por oportunidades,
conhecedora das limitações impostas às conquistas e a procura de inserção no mercado
de trabalho.
Soma-se a este aspecto, a motivação intelectual deste estudo, que se deu
em função de sua relevância ante o contexto nacional e a pouquíssima publicação no
que tange a avaliação do processo de execução de um programa específico do Governo
Federal em convergência com o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).
Como em quase todo estudo, o início do processo se deu em função das
expectativas construídas no decorrer da graduação em Pedagogia, iniciada em 1998.
Após quatro anos de formação, a necessidade de aprofundamento dos estudos,
ampliação dos conhecimentos acadêmicos e de participação ativa na sociedade se
tornaram ainda mais prementes. Assim, o ingresso no Mestrado em Educação e Cultura
Contemporânea, com ênfase em educação, trabalho e meio ambiente, veio sanar um
primeiro anseio, a sede de conhecer mais; e motivar um segundo: continuar a conhecer,
analisar, investigar e transformar.
Ingrediente fomentador deste estudo foi o trabalho docente desenvolvido
no decorrer dos sete últimos anos, com uma diversificada faixa etária composta por
educandos da Educação Básica, que reafirmaram, especialmente aqueles compreendidos
no Ensino Médio, as dificuldades enfrentadas pela juventude no momento de inserção e
permanência no mercado de trabalho.
Conhecer, analisar e investigar as temáticas que abarcam este estudo
tornou possível a análise e compreensão dos dados obtidos. Entretanto, estes três
primeiros momentos fazem emergir algumas proposições, mas fundamentalmente
alicerçam a convicção de que a mudança, a transformação da realidade, já é tardia.
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 17
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO..................................................................................... 17
1.2 PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O TEMA.................................................. 21
1.3 OBJETIVO, QUESTÕES E JUSTIFICATIVA.................................................... 24
1.4 PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS ........................................... 26
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 29
1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................33
2 OS MÚLTIPLOS CONTEXTOS DA GLOBALIZÃO ECONÔMICA E
AS ARMADILHAS DO NEOLIBERALISMO: DO PROTAGONISMO DA
SOCIEDADE CIVIL À FUNCIONALIDADE DO ESPAÇO PÚBLICO
NÃO-ESTATAL.................................................................................................. 35
2.1 OS PROCESSOS DE ACUMULAÇÃO DO CAPITAL, SUAS FERRAMENTAS
TECNOLÓGICAS E UM ÚNICO FIM: A EXPLORAÇÃO DOS
VIVENTES.............................................................................................................36
2.2 A “NOVA ESTRATÉGIA HEGEMÔNICA DA “FÊNIX” E O
DIVERSIFICADO PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL..........................................47
2.3 A POSSÍVEL, MAS CONTROVERTIDA ARTICULAÇÃO DE LUTAS
SOCIAIS NO ESPAÇO PÚBLICO NÃO- ESTATAL .........................................59
3 EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEPÇÕES E
FINALIDADES COEXISTENTES ....................................................................68
3.1 A FORMAÇÃO DO HOMEM PARA ALÉM DO CAPITAL..............................69
3.2 O MODELO DE COMPETÊNCIAS: UM CONCEITO POLISSÊMICO EM
VIAS DE RESSIGNIFICAÇÃO ...........................................................................82
3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A JUVENTUDE: FORMANDO
UM EXÉRCITO DE RESERVA COADJUVANTE............................................ 93
4 PNPE, CSJ E CIEE RIO: ENTRE OS REGISTROS OFICIAIS, AS
COMUNICAÇÕES ORAIS E AS DECLARAÇÕES DA JUVENTUDE
.............................................................................................................................. 112
4.1 O PROGRAMA NACIONAL DE ESTÍMULO AO PRIMEIRO EMPREGO
(PNPE) UMA QUESTÃO DE DESCRIÇÃO...................................................112
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO LÓCUS DE PESQUISA.......................................... 127
4.3 ENTRE O PROGAGÁVEL E O FACTÍVEL: REVELANDO A REALIDADE
..............................................................................................................................131
4.3.1 Concepções teórico-metodológicas que embasam as ações educativas do CIEE
RIO, no que tange à sua proposta de educação profissional .........................132
4.3.2 Mecanismos implementados pelo CIEE RIO visando a inserção de seus
egressos no mercado de trabalho .....................................................................144
4.3.3 Relação entre os saberes construídos pelos egressos, inseão efetiva no
mercado de trabalho e participação ativa na sociedade ................................ 153
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................160
REFERÊNCIAS..................................................................................................166
ANEXOS..............................................................................................................173
ANEXO A – RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (ONGS E EDUCAÇÃO / CAPES)
ANEXO B RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (ONGS E EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL/ CAPES)
ANEXO C RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (PNQ / CAPES)
ANEXO D – BLOCO I
ANEXO EBLOCO II
ANEXO F – BLOCO III
ANEXO G – GRUPO FOCAL
ANEXO HQUADRO DE UNIDADES TERRITÓRIO NACIONAL
ANEXO IPERFIL CIEE - INFORMES DE DIVULGAÇÃO E CAPTAÇÃO
17
1. INTRODUÇÃO
O que caracteriza o mundo do trabalho no fim do século XX, quando
se anuncia o culo XXI, é que este tornou-se realmente global. [E
sendo] a globalização um aspecto de um fenômeno mais amplo, que
afeta todas as dimensões da condição humana: a demografia, a
pobreza, o emprego, as doenças endêmicas, o comércio de drogas e o
meio ambiente entre outras, [emerge também a globalização da crise]
(IANNI, 1994, p. 7 acréscimo nosso).
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A inserção no mercado de trabalho tem sido amplamente discutida em
fóruns diferenciados: numa perspectiva de mercado, de defesa dos direitos, de
participação e inclusão social. Apesar dos discursos heterogêneos, que por sua vez
refletem os conflitantes interesses, há um consenso inicial em torno da necessidade de
implementação de políticas públicas destinadas à juventude. A demanda de jovens a
serem incorporados pelo mercado de trabalho é numerosa, a necessidade de qualificação
premente e a reconquista dos direitos fundamentais do vivente
1
enquanto trabalhador,
uma expectativa.
Apesar do complexo contexto que se estabelece, pode-se verificar que a
realidade atual está pautada na (des)construção dos direitos do trabalhador, que ao
longo dos séculos tem paulatinamente perdido o direito, até mesmo, ao trabalho em si.
Pesquisadores como Ianni (1994), Deluiz (1996), Kuenzer (2003) e Montaño (2005)
ressaltam aspectos relevantes sobre a questão do trabalho no culo XXI e que servem
de aparato teórico para a fundamentação deste estudo. Observa-se que no transcorrer
dos três últimos séculos, o mundo do trabalho, assim como outros segmentos da vida
humana, passaram por profundas modificações que influenciaram as relações sociais, as
formas de produção e o consumo, dentre outros.
1
Termo cunhado por Chesnais; Serfati (2003) para enfatizar que o capitalismo abarca a exploração de
absolutamente todos os viventes, não restringido a exploração ao homem.
18
No presente culo, em que a flexibilidade coordena o processo produtivo,
a educação é também “flexível”. Deve, segundo os pressupostos legais que vigoram no
país, propiciar ao homem a capacidade de lidar com novas situações, trabalhar em
equipe, exercer inúmeras funções, capaz de saber, saber-fazer e saber-ser (KUENZER,
2003). O parecer da Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de
Educação (CNE), nº. 16/99, p. 33 e a Resolução do CEB / CNE nº. 04/99, em seu Artigo
6º, ao tratar da educação profissional, dispõe que a este trabalhador, agora flexível,
compete a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos
e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas
pela natureza do trabalho”.
Assim, numa perspectiva em que a flexibilidade se traduz em eficiência e
eficácia, estes aspectos devem potencializar a capacidade produtiva, que tal como a
Toyota
2
entende, “significa eliminar da força de trabalho as pessoas ineptas e parasitas,
que não deveriam estar ali” (IANNI, 1994, p. 5).
Levando-se em consideração que o desemprego é um processo seletivo,
que categoriza ineptos e parasitas, o mercado tem selecionado aqueles que são
considerados mais aptos”; desconsiderando assim, as especificidades do homem, bem
como a capacidade de superação de “limites”. Além deste aspecto, nem sempre é
considerada a formação ainda em andamento do jovem que possui uma demanda de
inserção, até mesmo para aprender o ofício no universo do trabalho.
Diante da difícil inserção no mercado de trabalho, “em seu sentido de
produção de bens úteis materiais e simbólicos ou criador de valores de uso
(FRIGOTTO, 2005, p.12), o jovem enfrenta dificuldades em se tratando da qualificação,
2
Indústria automobilística, sediada no Japão, cujo padrão de produção o toyotismo caracteriza a 3ª
Revolução Industrial, conhecida também como Revolução do Conhecimento.
19
do acesso à educação, da restrição de vagas e da redução de direitos trabalhistas.
Portanto, apesar do “trabalho [ser] humanamente imprescindível ao homem desde
sempre” (FRIGOTTO, 2005, p.12 acréscimo nosso), a sua escassez tem permeado as
preocupações da juventude que se vê à mer do mercado.
Visando atender a demanda do mercado e preconizando os novos desafios
contextuais e os princípios legislativos norteadores a partir de 1996, a educação
profissional substitui, em tese, o seu eixo teórico-metodológico da qualificação para a
educação por meio de competências; do saber-fazer para o saber-ser. Obviamente, as
discussões em torno da educação por competências apresentam numerosos pareceres
que serão discutidos a posteriori.
Em conformidade com os aspectos mencionados até aqui, referentes ao
jovem e a sua inseão no mercado de trabalho no contexto da flexibilização, inclusive
no que tange a oferta de educação profissional, várias Organizações Não-
Governamentais (ONGs) vêm desenvolvendo ações educativas objetivando atender a
esta demanda. Apesar da emergência de numerosas ONGs voltadas para o atendimento
a questão educacional na atualidade, este fato nos remete aos anos de 1960 e 1970
quando uma gama variada de associações civis sem fins lucrativos realizava um
trabalho social voltado para a educação nos setores mais carentes da população
(OLIVEIRA; HADDAD, 2001).
Apesar dos estudos sobre ONGs e “Terceiro Setor” ainda se apresentarem
como um novo campo, sabe-se que o assunto é fértil para numerosas pesquisas, pois a
sua relevância e protagonismo no contexto nacional são cada vez maiores,
especialmente se terceiro setor e educação forem relacionados.
20
Mais especificamente, no que tange à execução de políticas públicas, a
participação de ONGs vem sendo preponderante, especialmente após a Reforma do
Aparelho do Estado, que dentre outras ações, passa a transferir, paulatinamente, para a
sociedade civil a responsabilidade da questão social (MONTAÑO, 2005). Vale ressaltar
que, considerando a quantidade de ONGs participantes no processo de execução de
políticas públicas no país, é evidente a transferência de responsabilidade da questão
social para esta instituição da sociedade civil. Fato também observado em se tratando da
execução de políticas voltadas a juventude.
A exemplo deste aspecto, como política voltada para a juventude, temos o
Plano Nacional de Qualificação (PNQ) que abarca dentre outros programas, o Programa
Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) voltado para os Jovens e que vem
sendo executado por numerosas ONGs coordenadas pelo Consórcio Social da Juventude
(CSJ) no caso do Rio de Janeiro.
O PNQ foi desenvolvido a partir de 2003, na primeira gestão do atual
governo, promovido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e tem como
objetivo, segundo o então Ministro Jaques Wagner, promover a participação e o
desenvolvimento para a inclusão social. Conforme mencionado, o PNQ abarca
concomitantemente numerosos programas em parceria com diversos ministérios
(VÉRAS DE OLIVEIRA, 2007).
Esta pesquisa deter-seno processo de execução do PNPE, criado a partir
da Lei n°. 10.748/2003, sendo posteriormente alterada pela Lei n°. 10.940/2004 e
regulamentada pelo Decreto 5.199/2004.
Para a execução do PNPE, várias instituições da sociedade civil são
convidadas a participar do processo, dentre elas, a ONG que se configura como lócus
21
desta pesquisa, o Centro de Integração Empresa Escola - Rio de Janeiro (CIEE RIO),
que está presente em quase todos os Estados do país e está sediada no Rio de Janeiro.
De acordo com os documentos institucionais do CIEE RIO, sua missão primeira é
contribuir para a interação Educação-Trabalho, desenvolvendo competências capazes de
promover cidadãos com atuação econômica e social.
1.2 PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O TEMA
Com o objetivo de realizar um estado da arte sobre a produção acadêmica,
foi realizado um levantamento das dissertações e teses relacionadas à temática do estudo
no decorrer dos meses de abril, maio e junho de 2006 e setembro e outubro de 2007.
Tendo em vista que este estudo possibilita uma prévia avaliação de uma
das instituições da sociedade civil na execução de políticas públicas voltadas para a
juventude, foram pesquisadas as publicações sobre ONGs. Desta forma, acessando o
Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), verificou-se 491 publicações, entre essas, 398 o dissertações
e 96 teses. Um dado que merece especial atenção se correlacionarmos com o contexto
nacional, reside em que mais de 90% das publicações sobre a temática se deu a partir do
ano 2000.
Relacionando ONGs e Educação, foram encontradas 116 publicações,
sendo 93 dissertações e 23 teses (ANEXO A RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES /
ONGs E EDUCAÇÃO / CAPES), o que evidencia a participação de ONGs na oferta de
ações educativas voltadas para as mais diversas demandas.
Sobre ONGs e Educação Profissional, duas teses e dez dissertações foram
identificadas, com publicações datadas entre 1999 e 2006 (ANEXO B RELAÇÃO
22
DE PUBLICAÇÕES / ONGs E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL / CAPES). Entre as
doze publicações, três dissertações mereceram especial atenção pela especificidade dos
sujeitos – jovens.
A primeira dissertação a ser analisada, foi concluída no ano de 2000, na
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em Franca / SP. Intitulada
“Uma aproximação ao estudo da educação profissional para jovens: projetos de
capacitação profissional metropolitana de São Paulo”, a dissertação de Arbache (2000)
teve como objetivo compreender o significado para jovens da região metropolitana de
São Paulo em participar de programas de educação profissional. A pesquisa procurou
refletir sobre as possibilidades de inserção do jovem num mercado de trabalho em
constante evolução. Investigou ainda, a participação do denominado terceiro setor na
execução de projetos voltados para a capacitação profissional. De acordo com a autora,
houve a preocupação de explorar temas como a Educação no Brasil,
particularmente a Educação profissional, tomando por base o aparato
legal que lhe suporte e os trabalhos de especialistas no assunto, a
globalização da economia da economia, suas conseqüências sociais e
no mundo do trabalho, delineando um novo perfil profissional para os
trabalhadores da atualidade e, ainda o denominado Terceiro Setor e o
tema organizações não-governamentais (ARBACHE, 2000
3
).
A pesquisa de Santos G. (2004) evidenciou sua pertinência, inicialmente, a
partir do título: “Educão profissional: os impactos do Plano de Qualificação no
Sergipe”. Publicada em 2004, pela Fundação Universidade Federal de Sergipe e que
teve como objetivo verificar a aplicabilidade do Plano de Qualificação Profissional -
PLANFOR em Sergipe, nos anos de 1999 e 2000, “tendo em vista os seus resultados no
3
Informações coletadas no site: http://serviços.
capes.gov.br/capesdw/.html?idtese=20006433004072067p2. Dispovel em 12 de setembro de 2007.
23
que se refere a proporcionar aos treinandos acesso ao emprego, aumento de sua renda
familiar e a sua contribuão para a formação da cidadania” (SANTOS, G., 2004
4
).
Após a análise dos dados obtidos em campo, Santos G. (2004) detectou
que
o Plano tem investido mais no aspecto quantitativo dos cursos,
procurando atingir as metas previstas pelo governo, em detrimento da
qualidade dos seus resultados. Os cursos não correspondem às
demandas específicas de cada município, são ofertados pela SEAST
atendendo à prática clientelista das Secretarias de Ação Social das
Prefeituras ou de determinadas Organizações Não-Governamentais
ONGs. A SEAST aplicou, nos anos de 1999 e 2000, em torno de 10
milhões de reais para treinar 72.362 pessoas, das quais apenas
15,58% conseguiram trabalho, a maioria delas na economia informal,
revelando uma desarticulação com a demanda do mercado de
trabalho em Sergipe.
Finalmente, a última pesquisa, intitulada “Educação, Trabalho e
Perspectivas de Futuro, Segundo Jovens Alunos de uma ONG”, foi concluída também
em 2004, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A autora, Ana Lúcia de
Mattos Barretto Villela, objetivou dar voz aos jovens alunos de um curso de formação
profissional oferecido por uma Organização Não Governamental (ONG), o Instituto
Alana. A pesquisa enfocou a educação, o trabalho e as perspectivas de futuro de jovens
da periferia de o Paulo. Segundo a autora, durante a análise
surgiu a conscncia dos jovens em relação à escola, ao trabalho e às
perspectivas futuras. Também surgiu o consenso de que a escola é um
local importante, mas com condições precárias, e de que o trabalho
está escasso, especialmente para jovens. Sentem que suas
perspectivas são limitadas, apesar de dizerem que sonhar não é
proibido (VILLELA, 2004
5
).
4
Informações coletadas no site: http://serviços.
capes.gov.br/capesdw/.html?idtese=200414127001016003p5. Dispovel em 12 de setembro de 2007.
5
Informações coletadas no site: http://serviços.
capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200439133005010002p5. Disponível em 12 de setembro de
2007.
24
As pesquisas mencionadas evidenciaram os estudos desenvolvidos sobre a
inserção do jovem no mercado de trabalho e como as ONGs têm participado deste
processo. Além deste dado verificou-se, também, que no âmbito da avaliação da
execução de programas voltados para a inserção do jovem no mercado de trabalho, além
da pesquisa de Santos G. (2004) e Arbache (2000) outras cinco teses e 40 dissertações
foram publicadas avaliando apenas o Plano Nacional de Qualificação (PNQ) (ANEXO
C – RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES / PNQ / CAPES).
A primeira dissertação que avalia o PNPE foi catalogada em 2006, ano em
que a mesma foi defendida na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em o
Leopoldo. A dissertação intitulada “Necessidades juvenis, trabalho e políticas públicas:
um estudo do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, demonstrou o
quanto o jovem da classe popular valoriza o trabalho, a família e o estudo. Soares
(2006), autor da dissertação, avaliou que o Programa deveria ser implementado de
forma articulada com outras áreas das políticas públicas, como educação e assistência
social. A dissertação encontrada foi defendida no Programa de Pós-graduação em
Ciências Sociais Aplicadas, entretanto, não nenhuma tese ou dissertação catalogada,
que avalie a execução do PNPE na área de educação.
Em função dos aspectos mencionados, este estudo se torna ainda mais
relevante, especialmente em virtude da escassez de pesquisas e publicações na área.
1.3 OBJETIVO, QUESTÕES E JUSTIFICATIVA
Diante da problemática exposta, este estudo objetivou investigar em que
medida as ações de educão profissional, no âmbito do PNPE/CSJ, desenvolvidas pelo
CIEE RIO viabilizam a inserção do jovem no mercado de trabalho, que tipo de inserção
25
se estabelece e em que medida essas ações contribuem para a participação ativa dos
jovens como interlocutores na sociedade.
Para nortear o desenvolvimento deste estudo e a exeqüibilidade do objetivo
acima descrito, foram estabelecidas as questões abaixo:
Que concepções teórico-metodológicas embasam as ações educativas do
CIEE RIO, no que tange à sua proposta de educação profissional?
Que mecanismos são implementados pelo CIEE RIO com o intuito de
favorecer a inserção de seus egressos no mercado de trabalho e que tipo
de inserção é privilegiado em suas ações de educação profissional?
Em que medida os saberes construídos pelos egressos do CIEE RIO
acessibilizam a inserção destes no mercado de trabalho e sua participação
na sociedade?
As questões evidenciadas se justificam em virtude da inserção cada vez
maior de ONGs no contexto nacional visando propiciar um nimo atendimento às
camadas pauperizadas, tornando-se relevante pesquisar as nuances que permeiam este
contexto e seus aspectos pertinentes.
Apesar do campo de pesquisa ainda estar em construção, é importante que
“pesquisadores comprometidos com valores democráticos, de justiça social, com a
construção de processos emancipatórios da condição humana” (GOHN, 2005, p. 101)
engajem-se em pesquisas direcionadas a investigar as relações existentes entre as
propostas desenvolvidas por ONGs, que estão portanto inseridas no chamado “Terceiro
Setor”, e o que é factível e observável entre seus assistidos.
Para tanto, torna-se necessário o acompanhamento dos egressos das ONGs,
pois esta é uma excelente “medida da eficácia das ações desenvolvidas [bem como
26
ajuda] a responder em que medida o serviço prestado vai além do atendimento
emergencial e cria alguma condição que ultrapasse a transitoriedade” (op. cit., p. 102
acréscimo nosso).
A seleção do problema de pesquisa se deu em função da concentração
sistemática no assunto, por meio do estudo de parte da literatura existente e de
discussões com pesquisadores da linha de pesquisa Trabalho, Meio Ambiente e
Educação, inserida na área de Educação e Cultura Contemporânea da Universidade
Estácio de Sá, com experiência no tema e embasamento teórico e que, portanto,
subsidiaram a discussão.
Vale ressaltar ainda, que para a delimitação do objetivo e questões, foi
levada em consideração a exeqüibilidade da pesquisa em termos de tempo, acesso ao
campo e viabilidade. Foram determinantes para a escolha do tema de pesquisa a
relevância social do estudo e a motivação intelectual que este propiciou.
Esta pesquisa é relevante para a comunidade científica que tem
direcionado seus estudos à investigação das nuances que permeiam o universo de
possibilidades e contradições das ONGs; bem como aos formadores do “Terceiro Setor
e, ONGs que desenvolvem um trabalho educacional com a juventude e, finalmente, a
todos aqueles que têm dedicado parte de seus estudos e interesses para a análise de
questões pertinentes ao mercado de trabalho e à inserção de seus, até então, excluídos.
1.4 PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
A definição do estudo a ser desenvolvido surge em função de respostas a
perguntas como: qual será o tema, os tipos de dados a serem coletados, a sua natureza, a
perspectiva a ser adotada, dentre outras. É notório que este processo geralmente é
27
exaustivo, porém, as respostas devem encaminhar para a escolha e delimitação de um
estudo que “seja importante e estimulante” (BOGDAN; BIKLEN, 1999, p. 85).
Em conformidade com os questionamentos acima evidenciados, foi
possível estabelecer a relação existente entre o problema de pesquisa que norteou este
estudo e o tipo de pesquisa e paradigma que fundamentaram os pressupostos desta
pesquisa. Além destes, os procedimentos metodológicos viabilizaram a exeqüibilidade
do estudo.
Esta é uma pesquisa qualitativa, em virtude da natureza e especificidade do
seu objetivo: investigar em que medida as ações de educação profissional desenvolvidas
pelo CIEE RIO viabilizam a inserção do jovem no mercado de trabalho, que tipo de
inserção se estabelece e em que medida essas ações contribuem para a sua participação
ativa como interlocutores na sociedade. Tanto o objetivo quanto as questões de estudo
estão ancorados nos pressupostos da teoria crítica.
De acordo com Alves-Mazzotti; Gewandsznajder (2000), apesar de
numerosas definições serem aplicáveis à categorização de um estudo qualitativo, três
características essenciais o qualificam: a visão holística, a abordagem indutiva e a
investigação naturalista. O paradigma crítico, fortemente influenciado pela teoria
marxista e teoria crítica da Escola de Frankturt, “procura articular a interpretação
empírica dos dados sociais com os contextos políticos e ideológicos em que se geram as
condições da ação social” (SARMENTO, 2003, p. 142).
Ainda conforme Alves-Mazzotti; Gewandsznajder (2000), a abordagem
crítica é essencialmente relacional: “procura-se investigar o que ocorre nos grupos e
instituições relacionando as ações humanas com a cultura e as estruturas sociais e
28
políticas, tentando compreender como as redes de poder são produzidas, mediadas e
transformadas” (p. 139).
A pesquisa evidenciou-se por meio de um estudo de caso, que pode ser
entendido como um processo, em que no início, uma gama de informações é coletada
para que o estudo se delineie e especifique-se (BOGDAN; BIKLEN, 1999).
Em virtude da relevância de pesquisas que discutam a inserção do jovem
no mercado de trabalho, este estudo visou “aprofundar a compreensão de um fenômeno
pouco investigado, levando à identificação de categorias de observação ou à geração de
hipóteses para estudos posteriores” (YIN apud ALVES-MAZZOTTI;
GEWANDSZNAJDER YIN, 2006, p. 12). O fenômeno observado está focado em
“fenômenos sociais complexos, retendo as características holísticas dos eventos da vida
real” (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2006, p. 12).
O foco do estudo direcionou-se para um caso ou aspecto em particular:
ações de educação profissional promovidas pelo CIEE RIO no âmbito do PNPE / CSJ,
voltadas para um grupo específico os Jovens. O critério utilizado para a escolha da
ONG se deu em função das especificidades que a caracterizam. A ONG é notadamente
empresarial, está presente em quase todo o território nacional e entre os anos de 2004 e
2006 executou o PNPE/CSJ em todas as unidades nacionais. Além deste aspecto, a
ONG focaliza a inserção do jovem no mercado formal de trabalho, fato que a diferencia
das demais ONGs participantes do Programa. Vale ressaltar que os cuidados referentes
ao não envolvimento com o grupo analisado, a seleção e a quantidade de membros do
grupo, foram devidamente adotados.
29
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Diferentemente do que acontece em se tratando de pesquisas tradicionais,
neste tipo de estudo “a escolha do campo onde serão colhidos os dados bem como os
participantes é proposital, isto é, o pesquisador os escolhe em função das questões do
estudo e também das condições de acesso e permanência no campo e disponibilidade
dos sujeitos” (op. cit. p. 162).
Em conformidade com o evidenciado, os sujeitos da pesquisa são jovens,
residentes no Município do Rio de Janeiro, que participaram do PNPE/CSJ, executado
pelo CIEE RIO. Os dados para a localização dos egressos que participaram deste estudo
foram acessíveis em virtude catalogação prévia do CIEE RIO e da disponibilização dos
dados por parte do mesmo. Foram privilegiados os egressos da última turma, em função
da catalogação recente. Entretanto, a seleção entre os participantes foi aleatória.
Tendo em vista que “as pesquisas qualitativas são caracteristicamente
multimetodológicas, isto é, possibilitam o uso de uma grande variedade de
procedimentos e instrumentos de coleta de dados” (ALVES-MAZZOTTI;
GEWANDSZNAJDER, 2006, p.163) os instrumentos a seguir foram selecionados.
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com três supervisores da
instituição, denominados aqui por supervisor A, B e C; grupo focal com oito jovens,
egressos do curso de “Qualidade no atendimento ao público”, desenvolvido de acordo
com os pressupostos do PNPE/CSJ e análise documental. Por meio da análise das
entrevistas, das falas do grupo focal e análise documental, a discussão das queses
apresentadas foi subsidiada.
As entrevistas semi-estruturadas explicitaram informações que deram
subsídios para a formulação de outras técnicas, como o grupo focal. Os instrumentos de
30
coleta auxiliaram para que as questões pudessem ser discutidas e para que as relações se
estabelecessem entre o que está explícito na proposta de educação da ONG e o que é
observado.
A realização de entrevistas deve propiciar aos sujeitos da pesquisa a
liberdade necessária para exposição de idéias, bem como a segurança de que todos os
dados obtidos serão tratados com respeito e sigilo. Sendo assim, o papel do investigador
requer que este favoreça uma conversa amistosa, sem que seja tendencioso, estando
atento ao discurso do informante e registrando todas as impressões.
Aplicadas as entrevistas, foi realizado o grupo focal. O grupo focal é uma
técnica que “possibilita a obtenção de dados qualitativos sobre opiniões, atitudes e
valores relacionados a um tema específico(RIZZINI; CASTRO ; SANTOS, 1999, p.
66). São úteis nos estudos em que há diferença de poder entre os participantes e
decisores ou especialistas, em que interesse pelo uso cotidiano da linguagem e de
especificidades de um grupo particular. Uma vez que os sujeitos desta pesquisa
possuem peculiaridades que os diferem de outros grupos, o grupo focal se aplica e pode
fazer emergir importantes questões. O grupo focal foi especialmente necessário para
responder à questão três do estudo.
Gatti (2005) explicita que os grupos podem ser compostos de 8 a 12
pessoas a serem distribuídas numa sala, preferencialmente ao redor de uma mesa. Desta
forma, foi disponibilizado um local confortável, com as cadeiras dispostas de modo a
favorecer o dlogo na Unidade Rebouças da Universidade Estácio de Sá, no dia 24 de
outubro de 2007. O grupo focal realizou-se com a presença de oito jovens e foram
utilizados dois gravadores. Nesta técnica o moderador deve permitir que o grupo discuta
sem sair do foco e sem manifestar sua opinião pessoal. Além da presea de um
moderador, contamos ainda com a presença de um coordenador para mídia, neste caso
31
os gravadores e um transcritor de impressões e falas, para que posteriormente
tivéssemos a possibilidade de discutir com maior isenção e com riqueza de dados as
informações coletadas.
Além destes instrumentos de coleta, a análise documental se deu em
função da necessidade de relacionar ou não os pressupostos que norteiam as propostas
de ações de educação profissional desenvolvidas pelo CIEE RIO e o que é executado.
Sarmento pontua que “a produção de documentos nas escolas é um
componente essencial do cotidiano” (SARMENTO, 2003, p. 164). São perceptíveis
duas categorizações de documentos: projetos de ação (plano de aula e atividades,
projetos da escola, planificações, regulamentos) e documentos performativos (jornais
escolares, notícias do jornal de parede, redações, diários). Com o objetivo de
desenvolver um estudo coerente com a teoria crítica e não apenas uma verificação de
documentos, foi realizada a análise sistemática, levando em consideração que os
primeiros referem-se ao propagável e os últimos ao factível.
Os instrumentos e procedimentos de coleta de dados foram utilizados
durante os meses de junho, julho, agosto e outubro de 2007, na unidade de análise
evidenciada: A ONG CIEE RIO e na Unidade Rebouças da Universidade Estácio de Sá.
Após a coleta dos dados, importantes informações se estabelecem. Porém,
estas informões por si só representam mera transcrição do observado ou resultantes de
dados fornecidos por meio dos instrumentos e procedimentos de coleta aplicados aos
sujeitos da pesquisa. A partir daí, justifica-se a exposição dos dados após a sua análise.
Os dados coletados podem ser analisados numa perspectiva da análise do conteúdo,
análise temática, análise do discurso, levantamento de freqüências e percentagens,
diferença entre médias, análise fatorial, dentre outras.
32
Os dados coletados em função das respostas às questões de estudo, foram
analisados com base na análise de conteúdo do tipo temático, que de acordo com Turato
(2003), é a
mais simples das análises, procura nas expressões verbais ou textuais
os temas mais gerais recorrentes que fazem a sua aparição no interior
de vários conteúdos mais concretos, portanto uma primeira forma de
categorização e subcategorização constituindo o corpus (p. 442).
Minayo (1993) ainda acrescenta que a análise de conteúdo é uma “técnica
de tratamento de dados considerada cientificamente [...] [além de ser] caudatária das
metodologias qualitativas” (p. 200 acréscimo nosso). Estabelecido o critério de
análise, o tratamento e apresentação dos dados da pesquisa se restringiram num
primeiro momento à preparação inicial do material, que consiste na transcrição das
entrevistas gravadas; na organização das anotações realizadas durante as observações do
grupo focal e de todo o material coletado (MINAYO, 1993).
Neste momento é essencial preparar todo o material e organizá-lo
adequadamente, de modo que seja possível a verificação dos dados de forma eficaz.
Então, a segunda fase foi a da pré-análise, em que foi buscado o o dito dentre as
palavras, as informações implícitas (MINAYO, 1993; TURATO, 2003).
No terceiro momento, houve a categorização e subcategorização, que se
estabeleceu em função do destacamento dos assuntos por relevância e/ou por repetição
e eventuais reagrupamentos, transformando os dados brutos em organizados/lapidados”.
(TURATO, 2003, p. 449). Na quarta fase, nomeada como validação externa, ocorreu a
supervisão com o orientador, dos dados tratados, além da apresentação e debate dos
resultados obtidos. A última fase, em que os dados finais foram apresentados, as
33
informações se evidenciaram de forma descritiva para posterior discussão, inferência e
interpretação do material apresentado (TURATO, 2003).
Durante os meses selecionados para a coleta dos dados se intensificou o
contato com o campo de pesquisa. Porém, importantes etapas antecederam e sucederam
o período de coleta. A primeira etapa foi a análise acadêmica desta proposta de
pesquisa; em seguida foram elaborados os instrumentos de coleta. Durante todas as
etapas buscou-se o aprofundamento nas temáticas que estão inseridas na pesquisa:
inserção do jovem no mercado de trabalho e educação profissional e ONGs. A partir de
então, se sucedeu a coleta de dados propriamente dita, utilizando os instrumentos e
procedimentos já evidenciados: entrevistas semi-estruturadas (ANEXOS D, E e F),
grupo focal (ANEXO G) e análise documental.
A posteriori, se deu a análise e interpretação dos dados obtidos no campo
de pesquisa, mencionados nos parágrafos anteriores; construção do relatório de
pesquisa, convergindo fundamentação teórica e dados obtidos; disponibilização do
relario para a unidade de pesquisa; apresentação da pesquisa à banca do Mestrado,
selecionada por esta instituição: Universidade Estácio de Sá; e posterior retorno ao
campo, CIEE RIO, para apresentação e discussão dos resultados da pesquisa para
elaboração de propostas.
1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Esta pesquisa está organizada em cinco capítulos, em que no primeiro
capítulo se apresenta a contextualização da situação-problema, o estado da arte sobre as
temáticas abordadas e a justificativa para a realização deste estudo. Vale ressaltar ainda,
34
que neste primeiro momento foram explicitados os procedimentos metodológicos que
tornaram exeqüíveis este estudo, bem como a relevância e pertinência do mesmo.
Nos dois capítulos subseentes, a relação entre contexto e fundamentação
teórica se entrelaram, inicialmente, no capítulo dois, por meio da discussão que
permeia as mudanças no mundo do trabalho, as facetas do neoliberalismo, a
globalização do capital e da crise social. Neste contexto, a Reforma do Estado e os
múltiplos papéis da sociedade civil foram preponderantes nas últimas décadas do século
XX e início do século XXI.
No terceiro capítulo, uma educação para além do capital, a educação não-
formal como espaço para a emancipação do homem, a noção de competências na
perspectiva da ressignificação e as políticas públicas voltadas para a juventude foram
discutidas.
No quarto capítulo, a relação entre o PNPE e o CSJ é construída após o
detalhamento de suas ações. As especificidades da ONG CIEE RIO são discutidas na
segunda seção do capítulo e finalmente, na última seção, se dá a análise dos dados
obtidos por meio da pesquisa realizada, além da convergência destes com a
fundamentação teórica construída no decorrer do processo de elaboração deste estudo.
No quinto capítulo, as considerões finais foram explicitadas para que os
objetivos inicialmente expostos fossem co-relacionados com toda a discussão que
permeou este estudo e com a alise dos dados factuais.
35
2. OS MÚLTIPLOS CONTEXTOS DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E AS
ARMADILHAS DO NEOLIBERALISMO: DO PROTAGONISMO DA
SOCIEDADE CIVIL À FUNCIONALIDADE DO ESPAÇO PÚBLICO NÃO-
ESTATAL
Ao analisar e discutir a contemporaneidade, é perceptível a relação que se
estabelece entre vários aspectos: econômicos, políticos e sociais. A tecitura de fatos
formulados historicamente torna viável a compreensão de amplo contexto, que faz
emergir as contradições e consensos fundados no trinômio acima citado.
Com o objetivo de viabilizar a fundamentação de conceitos e pressupostos,
relacionando-os com o contexto internacional e nacional que permeia este estudo, o
presente capítulo compõe-se de três seções. A primeira seção versa sobre os processos
de acumulação do capital constituídos desde o século XVIII, dando ênfase ao
taylorismo-fordismo e à acumulação flexível do capital. Neste último processo, é
abordada a globalização econômica, que trouxe consigo a globalização do mundo do
trabalho e da crise.
Na segunda seção, as estratégias hegemônicas do capital e o diversificado
papel da sociedade civil são arrazoados a partir do liberalismo clássico ao
neoliberalismo, que no Brasil se consolida com base nos requisitos do Consenso de
Washington e com a posterior Reforma do Aparelho do Estado.
A terceira e última seção caracteriza-se pela análise a constituição do
espaço público não-estatal, em que lutas sociais se articulam permeadas por múltiplas
funções e com objetivos diversificados, na medida em que convivem neste espaço,
diversos tipos de instituições como ONGs, fundações, associações filantrópicas e
sindicatos, dentre outros.
36
2.1 OS PROCESSOS DE ACUMULAÇÃO DO CAPITAL, SUAS FERRAMENTAS
TECNOLÓGICAS E UM ÚNICO FIM: A EXPLORAÇÃO DOS VIVENTES
O mundo do trabalho na primeira década do século XXI evidencia a sua
precarização e a daqueles que vivem dele. Porém, o que é possível observar na
atualidade resulta da ofensiva do capital contra o trabalho, que nos trinta últimos anos
do século XX imprimiu profundas mudanças no sistema das relações produtivas. Tais
modificações foram presenciadas na década de 1980, nos países em estágio avançado de
desenvolvimento, e se expressou por meio do “grande salto tecnológico, da automação,
robótica e da microeletrônica, que invadiram o universo fabril, inserindo-se e
desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital” (ANTUNES,
1995, p. 15).
Aproximadamente três décadas se passaram e a complexidade se
estabeleceu à medida em que o capitalismo gestou suas crises e se reestabeleceu
pautando-se na exploração (MONTAÑO, 2005). Mas, em cada momento histórico, as
mudanças vivenciadas representaram novas perspectivas e apontaram para subseqüentes
transformações. No mundo do trabalho, do século XVIII ao culo XXI, as relações
constituídas por meio da intersecção entre economia, política e educação,
fundamentaram o contexto que ora observamos.
Desde o século XVIII, com a expansão da instria xtil, especialmente
na Inglaterra, se por um lado foi desencadeado um ciclo de crescimento econômico e
empregatício, por outro levou o trabalhador a perder, paulatinamente, o domínio de seu
conhecimento e do processo de trabalho. A máquina a vapor e a construção de ferrovias,
naquele momento histórico, representaram, a priori, a acelerão na concepção de
produtos e a flexibilização de espaços de fronteiras, mas, fundamentalmente,
37
representaram para o trabalhador a retirada da condição de detentor dos seus meios de
produção (BURNS, 1963).
Entretanto, é na primeira década do século XX que começa a se configurar
um padrão de acumulação capitalista em que a separação entre a execução e a
concepção chegou a seu ápice com a expropriação do saber dos trabalhadores sobre o
seu próprio trabalho: o modelo taylorista / fordista.
O termo fordismo, foi incorporado ao léxico de economistas, sociólogos e
pesquisadores em geral, desde os anos 1930, quando o marxista Annio Gramsci e o
socialista belga Henri de Man o cunharam ao descrever as premissas que
fundamentavam as transformações na civilização capitalista (OUTHNAITE;
BOTTOMORE, 1996). Referiam-se às formulações de Henri Ford, na época
revolucionário na concepção e fabricão de automóveis. Além de basear-se na defesa
de salários mais elevados, pois assim recompensaria a disciplina e estabilidade da força
de trabalho, o fordismo desenvolveu os princípios do gerenciamento científico,
propostos a princípio por Taylor, e a intensificação da automação.
Desta forma, uma empresa racionalmente organizada, pautada nos
pressupostos tayloristas, implicava na sistematização, através da criação de métodos,
do que fosse o melhor meio para se executar cada tarefa produtiva elementar, a divisão
nítida entre essas tarefas elementares e a especialização de cada função de modo
padronizado (OUTHNAITE; BOTTOMORE, 1996, p. 323). A automação se
evidenciava por meio de uma mecanização cada vez mais intensa, que acelerava o
processo produtivo, possibilitava fabricação em massa e a grande estocagem de
produtos.
38
Após as áureas décadas do fordismo, as especificidades do taylorismo,
bem como o seu aspecto “regulado”, originaram uma crise econômica e
concomitantemente se mostraram ineficazes no processo de superação. Constatava-se
então, que os princípios tayloristas [eram] menos eficazes com as novas tecnologias de
informação, e a internacionalização da economia tornou mais difícil para o Estado
exercer o seu papel regulador” (OUTHNAITE; BOTTOMORE, 1996, p. 324
acréscimo nosso).
A partir da década de 1970, com algumas variações, tendo em vista o grau
de desenvolvimento econômico de cada país, a “flexibilidade” substituiu a rigidez, a
prescrição cedeu lugar à “liberdade” e a criatividade”, os grandes estoques
característicos do fordismo, foram substituídos por produção just in time (na hora).
Na busca incessante por lucratividade no período s-fordista e com a
presença do novo bloco econômico formado pelos tigres asiáticos, estabelecido a partir
de um novo padrão produtivo - o toyotismo - o capital se reestruturou particularmente
nos países ocidentais. O padrão toyotista redimensionou o espaço físico da indústria,
bem como as relações de trabalho. Novas fronteiras se instituíram e um novo modelo
econômico e de produção norteou o universo fabril. Terceirização, subcontratação,
automação, customização, desemprego estrutural e aumento intensivo do exército de
reserva passaram a ser cada vez mais presentes no léxico dos promotores neoliberais da
reestruturação produtiva (MONTAÑO, 2005).
Apesar de a desaceleração econômica evidenciar-se em numerosos países
“o crescimento do mundo capitalista desenvolvido continuou, embora num ritmo
39
visivelmente mais lento do que durante a “era de ouro”
6
, com exceção de alguns dos
países em recente industrializão” (HOBSBAWM, 1995, p. 394).
Tanto o fordismo quanto o taylorismo passaram a conviver com outros
processos produtivos também denominados de neofordismo, neotaylorismo, s-
fordismo, modelo toyota e flexível de acumulação do capital (ANTUNES, 1995). A
hegemonia na formulação dos modos de produção cedeu lugar à eclética e flexível
estratégia para ampliar a lucratividade. Flexibilidade nos modos de produção, de
formação do trabalhador, para a implantação ou transferência de novas indústrias,
tornam-se uma constante, assim como o paralelismo que se estabelece entre produção
flexível, formação flexível e desemprego iminente.
Para discutirmos mais detidamente a acumulação flexível do capital no
âmbito da reestruturação produtiva, torna-se necessário pontuar que esta se confrontava
à “rigidez do fordismo, [que se tornou] um obstáculo para o crescimento do capitalismo.
A crise da década de 1970 foi à expressão do esgotamento de um modelo baseado na
produção em massa e no chamado Estado de Bem Estar Social” (DEL PINO, 2002, p.
67 – acréscimo nosso).
A acumulação flexível do capital
caracteriza-se pelo aparecimento de setores produtivos inteiramente
novos, pela flexibilização da produção, por novas maneiras de
fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, especialmente,
uma alta capacidade de inovação comercial, cienfica, tecnológica e
organizacional (op. cit.).
Outra característica deste novo modelo de produção e acumulação do
capital está centrada na exploração da classe trabalhadora, que por meio de seu cérebro,
6
Expressão utilizada por Hobsbawm (1995) para designar o período de grande desenvolvimento
observado, especialmente, no período taylorista/fordista.
40
sentimentos, nervos e força, dedica-se quase que integralmente à realização das suas
tarefas. A proposta do Estado na execução desse processo, não seria, portanto, diminuir
a exploração e acabar com os índices de desigualdade, miséria e exclusão, pois estas três
dimenes seriam necessárias para a manutenção do modo de produção e da lógica do
capital.
Para aderir e inserir-se no processo de reestruturação produtiva, instituído
internacionalmente, “o Estado fica condenado a ser o carrasco de seu próprio povo [...].
[Torna-se] máximo para o capital e mínimo para o trabalho(DEL PINO, 2002, p. 73
acréscimo nosso). Em virtude do quadro contextual que se estabelece em função da
acumulação flexível do capital, direitos e conquistas das classes trabalhadoras
adquiridas ao longo de décadas foram e são negligenciadas.
A acumulação flexível caracteriza-se por um confronto direto com a
rigidez do fordismo, porém, uma não elimina a outra (IANNI, 1994). De acordo com as
especificidades do processo de fabricação têm-se mão de obra adequada, mais prescrita
ou flexível. Por esta razão, numa mesma indústria é possível observar trabalhadores
desenvolvendo suas funções de acordo com os pressupostos da acumulação flexível e
outros segundo o modelo fordista, o que aponta também para a diferenciação na
formação do trabalhador e sua conseqüente remuneração em vista da reestruturação
produtiva.
Apesar de cada função exercida nas salas de criação ou administração, bem
como no chão da brica evidenciarem diferenças tanto na execução de tarefas, quanto
no resultado final do produto, o controle do trabalho continua sendo fundamental para o
lucro capitalista (DEL PINO, 2002) e é neste contexto que as novas tecnologias se
apresentam como mecanismos de controle. Aspecto determinante e que fomenta as
novas tecnologias e formas de gerenciamento reside em
41
desenvolver mecanismos que levem ao aumento da exploração da
classe trabalhadora, incorporando o trabalhador e a trabalhadora por
inteiro/a na produção, através do uso da percepção, dos sentimentos,
dos nervos e do rebro do/a trabalhador/a no processo de trabalho.
[...] O que está colocado pelo processo de reestruturação produtiva
não é a superação de características que, em essência são o próprio
modo de produção capitalista. Estamos, isto sim, diante da
necessidade de explorar outros componentes da força de trabalho até
agora relegados pelos homens e mulheres de negócio (DEL PINO,
2002, p. 68).
Verifica-se, então, a exploração do trabalhador em todas as esferas de sua
vida e em todos os níveis possíveis. Instaura-se a poliexploração pautada na necessidade
de garantia nima do emprego e baseada no uso de todos os recursos da máquina
humana, da força de trabalho vivo. A flexibilização dos processos produtivos, é
apresentada quase que hegemonicamente como fator positivo, uma vez que viabiliza ao
trabalhador transitar por funções e atribuições sem ater-se durante toda a carreira a uma
mesma atividade, mas em contrapartida, “implica numa acentuada e generalizada
potenciação da capacidade produtiva da força de trabalho (IANNI, 1994, p. 4).
É exigido do trabalhador que sua formação lhe dê a capacidade de atuar de
acordo com as necessidades da empresa, que se adeque às mudanças constantes, que se
adapte. Não seria um trabalhador polivalente, capaz de dominar todo o processo
produtivo e sabedor de cada etapa. É um trabalhador com potencialidade à
poliexploração, capaz de exercer várias funções ao mesmo tempo, desenvolver
numerosas atividades concomitantemente, tendo sua mente e corpo exauridos no
exercício do trabalho.
A exemplo disso, torna-se cada vez mais comum fábricas que atendam a
demandas diferenciadas e que tenham parte de seus produtos fabricados em países
diferentes. Legitima-se a execução de atribuições desconectas do processo, uma vez que
a fabricação de um produto não se vê em sua totalidade (FIORI, 2001).
42
Além da fragmentação, ainda existente, apesar dos pressupostos do modelo
flexível de produção e acumulação do capital, a sobrecarga de funções e atribuições
contribui também para a redução de postos de trabalho, tendo em vista que um
trabalhador passa a realizar as tarefas de outros tantos, o que por sua vez gera
instabilidade frente à concorrência a postos de trabalho. Em contrapartida, o acúmulo de
funções, porém, não se expressa em aumento salarial. As tarefas são agregadas às
tarefas desenvolvidas por quem permanece na fábrica, resultando no aumento de
atribuições sem equivalente salarial (DEL PINO, 2002). Apesar disso, o trabalhador se
submete para permanecer empregado.
Desta forma, é possível concluir que o processo de reestruturação
produtiva se faz acompanhar por importantes mudanças sociais. A questão que se
coloca é a de que não como desconsiderar que o quadro social está intimamente
relacionado com o processo de produção da economia” (op. cit. p. 70). É evidente,
portanto, a relação em entre baixos índices de escolaridade, caos na saúde pública,
burocratizados serviços públicos, questões de moradia e o processo de produção da
economia que ora se estabelece.
Neste contexto, aos detentores dos meios de produção reserva-se o pleno
controle da força de trabalho e dos mecanismos que regulamentam o trabalho.
Estabelecem-se contratos de trabalho mais flexíveis, a organizão sindical é
enfraquecida, volatilizam-se as relações de trabalho coletivizadas, agravando ainda mais
a crise social.
Esses poderes aumentados de flexibilidade e mobilidade permitem
que os empregadores exerçam pressões mais fortes de controle do
trabalho sobre uma força de trabalho de qualquer maneira
enfraquecida por dois surtos selvagens de estagflação, força que viu o
desemprego aumentar nos países capitalistas avançados para níveis
sem precedentes no pós-guerra (HARVEY, 1996, p. 141).
43
Poliexploração em detrimento da polivalência, flexibilidade, instabilidade
e informalidade em lugar da segurança mediada por instrumentos de regulação. Assim
se consolida o mercado informal como alternativa de sobrevivência.
O crescimento desse setor chama a atenção pela ausência de proteção
social do trabalhador e da trabalhadora, pela dominação caracterizada
pelo autoritarismo e paternalismo. Este tipo de emprego, relegado a
informalidade e à ilegalidade, carrega profundos traços de exploração
e opressão (DEL PINO, 2002, p. 70).
Acrescenta-se a este contexto, os níveis relativamente altos de desemprego
estrutural que geraram instabilidade para o trabalhador, que pouco mais de três
décadas contemplava um emprego seguro, com direitos previamente estabelecidos e
garantidos, com uma perspectiva de tempo cumulativo que possibilitava a visualização
do trabalho em termos de conquistas e aquisições paupáveis (SENNETT, 2001).
Os aspectos pontuados até aqui se expressam em países centrais e
periféricos, apesar dos diferentes níveis de industrialização, pois o caráter global de
produção, estabelecimento de indústrias e investimento, trouxe consigo a globalização
do capital. Segundo Fiori (1997), a globalização em âmbito econômico atingiu
proporções universais nos anos de 1980 e 1990, apesar de ter se iniciado em 1960, a
partir da expansão e internacionalização do capital norte-americano, sendo capaz de
superar, inclusive, a crise de taxas cambiais flutuantes nos anos de 1970.
A “abertura comercial e desregulação da maioria dos mercados monetários
e financeiros nacionais da OCDE
7
e da periferia capitalista” (FIORI, 1997, p. 216)
configuraram a globalização do capital no início do novo século. Na medida em que
ocorre a globalização do capital, observa-se também a globalização do mundo do
trabalho. Ianni (1994) afirma que “o que caracteriza o mundo do trabalho no fim do
7
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Ecomico. É uma organização internacional dos
países “comprometidos” com os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado
(FIORI, 1997).
44
século XX, quando se anuncia o século XXI, é que esse se tornou realmente global”
(IANNI, 1994, p. 2).
De acordo com Deluiz, desde os anos 90 do século XX,
[temos] presenciado a intensificação e o aprofundamento de
mudanças substantivas na dinâmica do capitalismo internacional
gestadas nas duas décadas anteriores. A mundialização dos mercados,
sua crescente integração, a deslocalização da produção para outros
mercados, a multiplicidade e multiplicação de produtos e de serviços,
a tendência à conglomeração das empresas, a mudança nas formas de
concorrência e a cooperação interindustrial alicerçada em alianças
estratégicas entre empresas e em amplas redes de subcontratação, a
busca de estratégias de elevação da competitividade industrial,
através da intensificação do uso das tecnologias informacionais e de
novas formas de gestão do trabalho, são alguns dos elementos de
sinalização das transformações estruturais que configuram a
globalização econômica (DELUIZ, 2004, p. 73 acréscimo nosso).
Os anos de 1980-90 foram emblemáticos no tocante às dificuldades na
promoção do desenvolvimento econômico e social, ratificando a última crise do
capitalismo do século XX. Essas evidências, perpetuadas na atualidade, marcaram a
crescente integração e deslocamento das esferas produtivas, expansão dos mercados de
produtos e serviços, avanços intensos no uso das tecnologias da informação e
comunicação, diferentes formas de concorrência e acepção de novas orientações
estratégicas por parte das empresas e da cooperação entre as indústrias dos blocos
(DELUIZ, 2004).
As mudanças estruturais refletiram na gestão do trabalho e implicaram na
necessidade de profissionais de novo tipo, detentores de capacidades diferenciais
(técnicas e comportamentais) para que conseguissem se inserir no mercado ávido e
competitivo. Portanto, estes o os sinais da globalização econômica que se fazem
presentes em esfera de fato, global.
45
A globalização econômica, na concepção de Hobsbawm (1995) definida
como internacionalização do capital, pressupõe a dissolução de fronteiras para o
investimento em países periféricos, para a contratação de trabalhadores e implantação
de multinacionais em países, a então, excluídos do mercado, entre outras
características. As questões pontuadas possibilitam o aparente desenvolvimento de
países periféricos, bem como um desemprego estrutural em países centrais. Sendo
assim, torna-se evidente que “todos os países, ainda que em diferentes gradações, estão
sendo alcançados pelo desemprego estrutural decorrente da automação, robotização e
microeletrônica, bem como dos processos de flexibilização generalizada” (IANNI,
1994, p. 8). Apesar disso, é notório que o desenvolvimento tecnológico em si, não é o
causador da diminuição dos postos de trabalho, porém não é neutro.
A intencionalidade evidenciada por meio da relação entre tempo e espaço,
ratifica este aspecto na medida em que toda a produção humana, inclusive a tecnologia,
“deve ser pensada no contexto das relações sociais e dentro de seu desenvolvimento
histórico” (CORREA; CATTANI, 1997, p. 250). Desta forma, a ofensiva do capital tem
no desenvolvimento tecnológico, essencial ferramenta para a substituição da força de
trabalho, para o afunilamento na formação e para a crescente inserção do trabalho
morto. As novas tecnologias não se constituem apenas enquanto ingredientes
preponderantes em vias da acumulação flexível do capital, mas evidenciam
características facetas da atualidade global.
A globalização econômica, expressa por meio da permeabilização de
fronteiras para a implantação de multinacionais, investimentos teis ou virtuais,
evidencia também a globalização da crise. Após o período de grande desenvolvimento
econômico, apesar de desigual, foi possível experimentar, em escala planetária, os
momentos de crise advindos do fim da “era de ouro. O século XX, marcado por duas
46
grandes guerras (HOBSBAWM, 1995) e longos ciclos do capital (ARRIGHI apud
FRIGOTTO, 1998) trouxe consigo para o novo século, desemprego estrutural e não
apenas cíclico, crescente desigualdade, esvaziamento do Estado de suas funções sociais,
precariedade do trabalho e crescimento do mercado informal, entre outros.
O desemprego estrutural não se concretiza apenas por meio da
transferência de indústrias para novos los de exploração. A extinção de vagas se dá,
também, através da substituição da força de trabalho vivo por intensificação da
mecanização (HOBSBAWM, 1995). Agrava a crise a crescente desigualdade que se
tornou cada vez mais explícita, tendo em vista a falta de planejamento funcional das
cidades que passam a abrigar um número cada vez maior de instrias, salários que não
possibilitam a manutenção da família e enriquecimento exacerbado de um pequeno
percentual populacional.
Apesar da instauração da crise capitalista e da necessidade de um Estado
capaz de atender, ainda que minimamente, a questão social, observa-se o seu
esvaziamento. O Estado constata a incapacidade de abarcar os gastos sociais e deixa à
margem os seus excluídos. Diante da impossibilidade do emprego, cada vez mais
escasso, estes lançam-se no mercado informal ou ilegal. A exemplo disso, verifica-se
que “nos países pobres, entravam na grande e obscura economia informal [...] e nos
países ricos, começavam a constituir ou reconstituir uma subclasse cada vez mais
separada e segregada” (HOBSBAWM, 1995, p. 405). Em contrapartida, um contingente
decrescente de inseridos no mercado formal vivencia a precariedade do trabalho.
O combate ao trabalho ocorre com a crescente complexificação da
produção e das relações sociais, que paralelamente geram a heterogeneização do
trabalho e da classe que vive do trabalho (ANTUNES, 1995; HARVEY, 1996;
MONTAÑO, 2005). O senso de coletividade dos trabalhadores se pulveriza nos
47
contextos de crise, pois se vêem obrigados a lutar sozinhos por sobrevivência no
mercado, à custa de subempregos, da redução de direitos e da poliexploração. “O
declínio dos sindicatos, enfraquecidos tanto pela depressão econômica quanto pela
hostilidade dos governos neoliberais, acelerou esse processo, pois a produção de
empregos era uma de suas principais funções” (HOBSBAWM, 1995, p, 404).
A crise evidenciou a vingança do capital contra o trabalho (FRIGOTTO,
1998). Porém, o crescente desemprego e o desenvolvimento desigual de numerosos
países não retiveram o capital, que relativiza até mesmo os limites do meio ambiente.
Falar em crise na atualidade requer equacionar as conseqüências sofridas por todos os
viventes inseridos num contexto de desigualdades econômicas, sociais, culturais e
políticas em que a inclusão se expressa por meio da completa exclusão do processo
democrático (CHESNAIS; SERFATI, 2003).
2.2 A “NOVA” ESTRATÉGIA HEGEMÔNICA DA “FÊNIX” E O DIVERSIFICADO
PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL
A elevação da taxa de lucro é o objetivo primordial do sistema capitalista,
que para enfrentar as crises e ampliar a lucratividade conforma estratégias que
transitoriamente interceptam e anulam os efeitos causados pela tendência ao decréscimo
da taxa de lucro. Nesse sentido, o sistema capitalista tem demonstrado, historicamente,
uma notável capacidade de se refazer como uma ‘fênix’, de ‘corrigir’, de ‘neutralizar’
(temporariamente) suas crises” (MONTAÑO, 2005, p. 25) mediante mecanismos
econômicos, políticos e/ou ideológicos. Para o enfrentamento da crise expressa em
1973, com a primeira alta do petróleo, o sistema capitalista conformou a nova estratégia
48
hegemônica, hoje identificada como projeto neoliberal, pautado na reestruturação do
capital.
O que entendemos como neoliberalismo tem suas raízes fincadas nos
séculos XVII e XVIII, quando o liberalismo clássico propugnava o triunfo do
capitalismo industrial. A partir de 1750, especialmente na Inglaterra, foi possível
identificar um pido crescimento das exportações, o que anteriormente não se
observava quando o consumo era restrito ao atendimento do mercado nacional. No
século XVIII, quando os preconceitos e idéias hostis a respeito do capitalismo já haviam
sido em grande medida superados, a Inglaterra dispunha de um mercado bem
desenvolvido, que incentivou ainda mais as exportações e caracterizou inovações
tecnológicas que ampliavam ainda mais as possibilidades de ampliação dos lucros
(HUNT; SHERMAN, 2001).
Essas inovações transformaram não apenas a Inglaterra, como numerosos
países do mundo e desempenharam importante papel nas indústrias xtil e siderúrgica.
Na indústria xtil, o processo de tecelagem sofreu mudanças desde a roca de fiar,
passando pelo tear manual, até a lançadeira voadora. Para evidenciar os marcos que
revolucionaram a indústria têxtil, identifica-se as três invenções, a saber:
a máquina de fiar, desenvolvida na década de 1760, permitia uma
pessoa fiar vários fios simultaneamente; a máquina de fiar movida a
água, inventada em 1768, aprimorou as operações de fiação ao
incorporar ao processo os cilindros e os fusos; e finalmente, a fiadeira
criada na década de 1780, reunia as características das duas máquinas
de fiar anteriores, com a vantagem de permitir o emprego de energia
a vapor (op. cit., p.54).
O mesmo ocorreu na indústria siderúrgica após a expansão do mercado
bélico por ocasião da fabricação em larga escala de armas e munições. O coque deu
origem a inovações como o “alto-forno, o martelo a vapor e os tornos mecânicos para
metais” (HUNT; SHERMAN, 2001, p. 55).
49
As inovações citadas imprimiram um novo volume e intensidade ao
processo produtivo, ocasionaram profundas modificações nas relações de trabalho, na
formação do trabalhador e se caracterizaram não apenas enquanto ferramentas de
trabalho, mas especialmente como centralidade do processo produtivo.
As cidades manufatureiras que experienciavam as inovações da época,
vivenciaram um crescimento espetacular, que se intensificou no início do culo XIX. A
procura de postos de trabalho o aumento populacional foi inexorável e o crescimento
desordenado estabeleceu um novo cenário na Inglaterra, que não se restringiu ao interior
da fábrica (HUNT; SHERMAN, 2001).
A despeito da constante ofensiva do capital e das conseqüências de seu
estabelecimento, o liberalismo clássico consagrou-se com base no credo psicológico,
econômico e político. As especificidades que compreendem os ângulos do triângulo que
abordam os aspectos psicológicos, econômicos e políticos, ressaltam o caráter mítico e
natural atribuído ao capital. O liberalismo é designado como “uma ordem política
desejável que foi inicialmente desenvolvida na Inglaterra desde a época dos antigos
liberais na parte final do século XVII aa era de Gladstone, no fim do século XIX”
(HAYEK, 1998, p. 47).
Os três credos fundamentaram-se com base nos pressupostos do
liberalismo clássico. Desta forma, o credo psicológico baseava-se em especificidades
entendidas como próprias da natureza humana, como o egoísmo, a frieza, a inércia e o
atomismo, também identificadas nas teorias desenvolvidas por Locke; Mandeville;
Hartley; Tucker e Smith (HUNT; SHERMAN, 2001). Os ideólogos do liberalismo
clássico atribuíam um papel extremamente significativo ao intelecto humano. Pois,
embora todas as motivações tenham origem no prazer ou na dor, as
decisões que os indivíduos tomam quanto a que prazeres e dores
buscar ou evitar baseiam-se numa avaliação fria, desapaixonada,
50
racional, das situações. É a razão quem dita a necessidade de avaliar
todas as alternativas que determinada situação coloca para que a
escolha recaia sobre a que oferece o máximo de prazer e o mínimo de
dor (HUNT; SHERMAN, 2001, p. 57 – 58).
Este aspecto, além de ressaltar a vertente calculista e intelectual da teoria
psicológica do liberalismo clássico, aborda o egoísmo intrínseco a cada homem e que
viabiliza a auto-preservação, além de torná-lo competitivo.
O conceito da teoria do capital humano foi sendo construída a partir da
década de 1950 e teve seu apogeu nas três décadas subseqüentes, mas, “embora de
forma indireta e sem explicar o conceito tal como hoje é difundido, os economistas,
desde os clássicos, com freqüência se referiam ao ‘capital humano’” (PIRES, 2005, p.
73). O papel do indivíduo sempre foi importante no processo produtivo para gerar mais
lucros para os detentores dos meios de produção e sua capacitação sempre esteve ligada
à produtividade. Esteve presente na divio social do trabalho de Adam Smith e permeia
“as recentes teorias que identificam o domínio do conhecimento tecnológico como a
base para a competitividade” (op.cit.).
A divisão do trabalho é o alicerce fundamental do credo econômico e tem
também a sua centralidade no desejo egoísta de obter mais lucros e galgar melhores
funções. Assim, em um mercado livre os trabalhadores concorreriam entre si à medida
que os produtores “concorreriam [...] para atrair o desejo dos consumidores” (HUNT;
SHERMAN, 2001, p. 61).
Apesar disso, segundo Adam Smith (1985), a brutal concorrência não
culminaria em barbárie ou a convivência num mundo solitário, milagrosamente, a mão
invisível do mercado canalizaria as motivações egoístas e interesseiras dos homens
para atividades mutuamente complementares que promoveriam de forma harmoniosa o
bem-estar de toda a sociedade” (HUNT; SHERMAN, 2001, p. 61).
51
Finalmente, o credo político delineou-se de forma genérica, referindo-se a
questões abrangentes e que confirmavam a pouca importância dada aos aspectos
políticos, em detrimento da supervalorização dos aspectos econômicos. “A idéia do
estado liberal centra-se na noção de poder público separado, ao mesmo tempo, tanto do
governado quanto do governante, e que constitui a suprema autoridade política” (HELD
apud TORRES, 1995, p. 109) dentro de limites precisos. Numa tradição liberal o Estado
restringe-se ao papel de mediador das crises do capitalismo, e seria este o limite preciso
imposto à política.
Do liberalismo clássico ao neoliberalismo, o papel do Estado é um aspecto
fundamental para compreendermos a relação entre economia e política ou a subsunção
de uma em detrimento da outra.
Hayek (1998, p. 59), criticando uma economia pautada num Estado de
Bem-Estar social, pontua que
o objetivo do que se denomina ‘economia de bem-estar’ está
fundamentalmente equivocado, não apenas porque não se pode obter
uma soma significativa das satisfações proporcionadas a pessoas
diferentes, mas porque sua idéia básica de um ximo de
preenchimento de necessidades (ou um produto social máximo)
somente é adequada a uma economia propriamente dita, que serve a
uma única hierarquia de objetivos, mas não à uma ordem espontânea
de uma catalaxia, que não tem objetivos concretos comuns.
Mas, se no liberalismo clássico ainda era possível identificar em alguns
países, especialmente nos mais industrializados, iniciativas de um Estado de Bem-Estar;
de acordo com a ordem neoliberal este tipo de Estado passava a ser considerado nocivo,
paternalista, ocasionando assim, pesados gastos públicos.
No Brasil, mais especificamente, o projeto neoliberal surge como
estratégia para superar a crise que se instaura em face “ao avanço tecnológico, à
reorganização geopolítica e às lutas de classe que se desenvolvems-1970, e se
52
desdobra [...] em três frentes articuladas: o combate ao trabalho [...], e as chamadas
‘reestruturação produtiva’ e ‘ Reforma do Estado’” (MONTAÑO, 2005, p. 26).
A Reforma do Estado “está articulada com o projeto de liberar, desimpedir
e desregulamentar a acumulação de capital, retirando a legitimação sistêmica e o
controle social da ‘lógica democrática’ e passando para a lógica da concorrência’ do
mercado” (MONTAÑO 2005, p. 29). Vale ressaltar que tem íntima relação com a
reestruturação produtiva e do capital.
Estruturou-se, no Brasil, com base no Consenso de Washington, realizado
em 1989, com o objetivo de avaliar as reformas econômicas da América Latina, que a
posteriori recomendou adequações ao mercado internacional em dez áreas, a saber:
“disciplina fiscal, priorização dos gastos públicos, reforma tributária, liberalização
financeira, regime cambial, liberalização comercial, investimento direto estrangeiro,
privatização, desregulamentação e propriedade intelectual” (op. cit.).
Anos mais tarde, reuniu-se novamente em Washington, um grupo de
especialistas brasileiros com o intuído de discutir os procedimentos e circunstâncias
necessárias para colocar em prática o programa de estabilização e reforma econômica
especialmente na América Latina, chamado como vimos, de Consenso de
Washington.
O ano foi 1993, e um dos mais importantes participantes foi Bresser
Pereira
8
, ex-ministro do governo Sarney e depois ministro da Reforma do Governo
Fernando Henrique Cardoso. Neste momento, além de discutir e elaborar um plano de
ajuste, o grupo objetivava adquirir apoio e investimento para a inserção do Brasil na
rota global de “desenvolvimento.
8
Bresser Pereira viria a coordenar o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (FIORI, 1997;
RAICHELIS, 2000; MONTO, 2005).
53
O plano de ajuste pautava-se em três fases: a primeira, voltada para a
estabilização macroeconômica, a segunda dedicava-se às reformas estruturais, se
expressando na liberalização financeira e comercial, desregulamentação dos mercados e
privatização das empresas estatais e finalmente, a terceira, direcionada ao
reaquecimento da economia com investimentos expressivos (FIORI, 1997).
Apesar da inserção do Brasil no projeto neoliberal, é notório que o mesmo
seguiu diferentes caminhos. Na década de 1980, enquanto os países considerados
desenvolvidos e ocupando centralidade nos processos econômicos e decisórios
acirravam o processo de reestruturação do capital, o Brasil experimentava um momento
de conquistas históricas em se tratando dos direitos essencialmente humanos e
trabalhistas. Com a constituição de 1988 o Estado legitimou a valorização do homem
pautada nos direitos universais.
Entretanto, de acordo com Bresser Pereira, entre os anos de 1979 e 1994, o
Brasil experimentou uma crise sem precedentes na história, em que a alta inflação, a
estagnação da renda per capita, a administração burocrática e pesada, além dos altos
gastos sociais e trabalhistas, ocasionaram a inviabilização do crescimento econômico do
país (MONTAÑO, 2005). Assim, a eminência de uma reforma seria evidente.
Em face do exposto, o projeto brasileiro de Reforma do Aparelho do
Estado objetivava sanar a crise do Estado, definida em três dimensões. Uma crise fiscal,
uma crise do modo de intervenção do Estado e uma crise no modelo burocrático de
gestão. De acordo com esse diagnóstico a reconstrução do Estado pautar-se-ia na
recuperação da poupança pública [e na] superação do déficit fiscal,
[na redefinição] das formas de intervenção no campo econômico e
social, [e na implantação de um] novo modelo de gestão que
[ultrapassasse] os obstáculos criados pela administração burocrática
(BARRETO, 1999, p. 111 – acréscimo nosso).
54
As duas últimas dimensões implicam numa reforma interna, denominada
como reforma gerencial. O Estado atuaria como promotor da liberalização econômica e
gerenciador das questões sociais, em que a implantação de novo modelo de gestão
implicaria na qualificação do Estado em setores dirigidos exclusivamente pelo poder
público estatal, além de promover a substituição do Estado de funções a serem
assumidas pela sociedade civil, num espaço público não-estatal (BARRETO, 1999).
Sobre o reconhecimento deste espaço público não-estatal, Raichelis (2000,
p. 29) explicita que “a construção da esfera pública transcende a forma estatal ou
privada. Remete a novas formas de articulação entre Estado e sociedade civil, formas
em que interesses coletivos possam ser confrontados e negociados”. Todavia, o suposto
espaço, explícito no Plano Diretor, aponta para conformações e parcerias.
Sobre esta faceta, observar-se-á logo a seguir, o Projeto de Reforma do
Estado segundo os setores do Estado, os critérios de êxito administrativo, objetivos para
a Reforma, além das políticas e programas governamentais.
Quadro I:
Setores, objetivos e programas governamentais no projeto da Reforma do Estado.
SETORES DE
ATUAÇÃO DO
ESTADO
CRITÉRIO DE ÊXITO
ADMINISTRATIVO
OBJETIVOS PARA A
REFORMA DO
ESTADO
POLÍTICAS E
PROGRAMAS
GOVERNAMENTAIS
1. Núcleo estratégico do
governo.
Correção e adequação das
políticas e normas;
Efetividade das decisões
tomadas.
Elevar a capacidade
administrativa / gerencial;
Aumentar a efetividade da
ação governamental;
Introduzir a cultura
gerencial, baseada no
desempenho.
Política de
profissionalização do
serviço público,
envolvendo: política de
carreira; concursos
públicos anuais; educação
continuada; administração
salarial.
2. Atividades exclusivas
do Estado.
Eficiência, eficácia e
efetividade dos serviços.
Implantar o modelo de
administração gerencial,
orientado para resultados.
Transformar as outarquias
e fundações que possuem
poder de Estado em
agências autônomas,
administradas segundo
contratos de gestão.
55
3. Serviços não-exclusivos
do Estado.
Garantia de maior
agilidade, qualidade e
eficiência no atendimento
das demandas sociais.
Superar a rigidez
burocrática decorrente da
aplicação de normas
burocráticas;
Lograr maior autonomia e
responsabilidade para os
dirigentes desses serviços.
Transferir esses serviços
para o setor público não-
estatal (ou terceiro setor),
através de programa de
publicização, mediante
transformação das atuais
entidades blicas em
organizações sociais.
4. Produção para o
mercado.
Obedece à lógica do setor
privado: o critério de êxito
é o lucro.
Adotar a mesma lógica de
atuação do setor privado:
propriedade privada e
administração gerencial.
Transferir essas atividades
para o setor privado,
dando continuidade ao
programa de privatização;
Reorganizar e fortalecer os
órgãos de regulação dos
monopólios naturais que
forem privatizados.
Fonte: BARRETO, M. As organizações sociais na Reforma do Estado brasileiro.
Atentemos especificamente para o item três do Quadro I, em que se
salienta o espaço público não-estatal, também chamado de terceiro setor, protagonizado
por organizações sociais. Na Reforma do Estado, estas organizações sociais passam a
gerenciar ações voltadas à educão, saúde, meio ambiente e segurança local.
O espaço público-não estatal que se evidencia após as novas configurações
expressas por meio da então Reforma do Aparelho do Estado, aponta para uma
ampliação do “setor” considerado privado. Bonamino (2003, p. 255) ressalta este
aspecto mencionando que
a complexidade e a multiplicidade de novos arranjos para a oferta de
bens e serviços tem levado os estudiosos das políticas sociais a
considerar o setor privado e os movimentos de privatização de um
ponto de vista mais amplo. Trata-se de uma perspectiva que considera
os diferentes mecanismos que levam ao encolhimento da presença do
Estado e que incluem movimentos de diminuição do investimento e
gasto estadual, de eliminação do papel produtivo e distributivo do
Estado, ou mesmo que restringem as atividades estatais reguladoras e
de gestão.
Nos parâmetros da Reforma, o Estado transfere o atendimento às áreas
citadas, tendo em vista a ineficácia apresentada pelo mesmo ao longo de décadas. Então,
para que a demanda seja atendida, o Estado repassa verbas insuficientes às organizações
56
sociais, esperando que estas, por sua vez, captem recursos por meio de doões e
parcerias (FIORI, 1997; BARRETO, 1999; MONTAÑO, 2005).
Esse repasse de responsabilidade acontece à medida que se estabelece a
publicização, que na verdade é a “denominação ideológica dada à transferência de
questões públicas da responsabilidade do estatal para o chamado ‘terceiro setor’ e ao
repasse de recursos públicos para o âmbito privado” (MONTAÑO, 2005, p. 46).
Para operacionalizar a chamada publicização, três conceitos são
fundamentais, a saber: descentralização, organização social e parceria. A
descentralização consiste em transferir a responsabilidade deciria e executora para
níveis cada vez mais locais. As organizações sociais, legitimadas mediante a Lei .
9.790, de 23 de março de 1999, estabelecem parcerias com o Estado e outras
instituições privadas (BARRETO, 1999; MONTAÑO, 2005).
O espaço público não-estatal está repleto de conflitos e reúne
conceituações que nem sempre se harmonizam. Neste espaço estão compreendidas as
fundações, associações, organizações não governamentais e movimentos sociais, dentre
outros. São instituições sem fins lucrativos e que prestam algum tipo de atendimento à
comunidade em nível local e por vezes global (MONTAÑO, 2005).
Um dos grandes equívocos atribuídos ao espaço público o-estatal,
também denominado como terceiro setor, é a difusão do conceito enquanto sinônimo da
sociedade civil. As bases do terceiro setor residem em parceira e consenso enquanto o
conceito de sociedade civil, segundo Gramsci, pressupõe o conflito, a luta, o embate,
que não se restringe a um setor (op. cit.).
Sociedade civil em Gramsci (1978), é entendida como o espaço propício
para a produção e difusão das representações ideológicas, seria
57
o cenário legítimo da confrontação de aspirações, desejos, objetivos,
imagens, crenças e projetos que expressam a diversidade constituinte
do social. A habilidade do grupo que detém o poder não reside em
tênar impedir as manifestações dessa diversidade, e sim em cooptá-
las para seu projeto global de construção da trama social (ACANDA,
2006, p.181).
Acanda (2006, p. 175) acrescenta ainda que
a trama da sociedade civil é formada por múltiplas organizações
sociais de caráter cultural, educativo e religioso, mas tamm potico
e, inclusive, econômico. Por seu intermédio, difundem-se a ideologia,
os interesses e os valores da classe que domina o Estado, e se
articulam o consenso e a direção moral e intelectual do conjunto
social. Nela se forma a vontade coletiva, se articula a estrutura
material da cultura e se organiza o consentimento e a adesão das
classes dominadas.
Na contemporaneidade, o uso mais tradicional para designar sociedade civil
configura um binômio e faz contraponto com o Estado. Corresponde “à população de
cidadãos, ou esfera privada, e abrange suas variadas formas de organização e expressão
- com ou sem fins lucrativos, podendo ser legalmente constituídas ou informais
(OLIVEIRA; HADDAD, 2001, p. 62).
As conceituações sobre sociedade civil evidenciadas até o momento viabilizam o
entendimento da multiplicidade de perspectivas para a compreensão, não apenas do
conceito, como também das relações entre economia e política e entre mercado e
Estado.
Nogueira (2003) define a sociedade civil gramsciana como democrático-radical
e pontua que neste século convivem definições, categorizações e atribuições diversas à
sociedade civil, que convergem para a conceituação da mesma. Como a idéia de
sociedade civil, na atualidade o é hegemônica, verifiquemos no Quadro a seguir as
principais vertentes que delimitam o conceito.
58
Quadro II:
Mercado, Atores Sociais e Estado: papéis exercidos na sociedade civil, segundo três
vertentes.
SOCIEDADE CIVIL
LIBERAL
SOCIEDADE CIVIL
SOCIAL
SOCIEDADE CIVIL
DEMOCRÁTICO-
RADICAL
MERCADO
É soberano e a luta se dá
no âmbito da
competitividade.
Em oposição ao Estado e à
sociedade civil
(dicotômico).
Subordinado.
ATORES
Organizam-se de modo
restrito, egoístico ou
desinstitucionalizado.
Operam na fronteira entre
o mercado e o Estado.
Atores do campo estatal
em sentido amplo.
ESTADO
Mínimo, se mostra como o
outro lado da sociedade
civil e do mercado.
Cosmopolita,
desenraizado,
supranacional.
Máximo, radicalizado,
democrático e
participativo.
POLÍTICA
É suprimida pela
economia e restrita a ações
possíveis e previstas. É
uma política de mercado.
Está presente e tem lugar
de destaque, mas nem
sempre comanda. A luta
social muitas vezes exclui
a luta institucional e com
ela se choca.
Exerce função
preponderante, comanda o
processo em que luta
social e luta institucional
caminham abraçadas.
Fonte: NOGUEIRA, M. A. As três idéias de sociedade civil, o Estado e a politização.
A sociedade civil aqui defendida é uma sociedade civil democrático-
radical, encouraçada, forte e que exerce univocamente sua função política e civil,
propiciando o ambiente necessário para a luta social e institucional. O que se observa,
porém, nas políticas públicas instauradas no Brasil, é a caracterização de uma sociedade
civil liberal, em que convivem atores diversos, dissociados da política em seu sentido
amplo. Um espaço agigantado de consenso e parceria, que se estabelece no cotidiano.
Na vida cotidiana, à medida que há uma trivialização da questão social, em
que as lutas coletivas são subsumidas por ações pontuais, a sociedade civil tende a
esvaziar-se. Vale ressaltar que sociedade civil e vida cotidiana não são a mesma coisa,
pois “a segunda perpassa a primeira, mas extrapola essa esfera (MONTAÑO, 2005, p.
59
260). O cotidiano não é caráter exclusivo da sociedade civil, se manifesta em outras
esferas.
No âmbito em que se constroem as lutas sociais, a cotidianidade da
sociedade civil é apenas uma dimeno possível e parcial. Possível tendo em vista que
nela acontecem os processos de alienação e desalienação, dominão e emancipação. É
neste contexto que os movimentos sociais, organizações não governamentais, fundações
e associações podem estar articuladas na sociedade civil que, pressupõe o embate na
esfera econômica, política e social. Parcial porque a desalienação e emancipação não
são orquestradas ultrapassando os limites do cotidiano, o gestadas de forma
particularizada e individual (MONTAÑO, 2005).
É na sociedade civil
9
, com a participação dos seus ltiplos atores,
advindos das mais diversas esferas, que o homem tem a oportunidade de não apenas
representar o papel de mero espectador das mudanças evidenciadas na
contemporaneidade, mas fundamentalmente protagonizar o processo.
2.3 A POSSÍVEL, MAS CONTROVERTIDA ARTICULAÇÃO DE LUTAS SOCIAIS
NO ESPAÇO PÚBLICO NÃO- ESTATAL
O espaço público não-estatal é constituído por organizações sociais
distintas no que tange aos interesses, ações na sociedade, demandas atendidas,
especificidades gerenciais e à captação de recursos. Todavia,o é fato novo a
constituição de um espaço em que também se articulam as lutas sociais, especialmente
9
O termo sociedade civil é originário do mundo clássico e medieval, a partir do qual, após longa
maturação, ressurgiu colado à progressiva afirmação do pensamento liberal. O conceito chegou ao século
XIX passando pelo Iluminismo, por Ferguson, Adam Smith e Rousseau e infiltrou-se com destaque nas
formulações de Hegel e Marx, mediante os quais se incorporou a cultura teórica contemporânea,
penetrando particularmente os universos socialista e capitalista (NOGUEIRA, 2003, p. 187).
60
se a apropriação do termo “terceiro setor” for incorporada como sinônimo para designar
o espaço público não-estatal. As prováveis matrizes teóricas que influenciaram a criação
do termo terceiro setor foram promulgadas por autores de tradições teóricas bem
distintas como Habermas, Castells, Tocqueville, Stuart Mill e Gramsci (MONTO,
2005).
Apesar de tradições teóricas distintas terem norteado as publicações que
fundamentam a construção histórica do termo “terceiro setor”, Santos D. (2004)
explicita que tanto autores críticos quanto favoráveis ao terceiro setor, atribuem à
Tocqueville a fundamentação das bases para o estabelecimento da conceituação.
Tocqueville, pensador francês que desenvolveu seus estudos nos Estados
Unidos, durante a primeira metade do século XIX, parte do pressuposto que a
liberdade de os cidadãos norte-americanos formarem associações, seria sinônimo de
liberdade política e base para a construção daquilo que denominou democracia ideal”
(SANTOS, D., 2004, p. 15).
Pode-se perceber através do pressuposto, um binômio que norteia as
discussões no âmbito das relações entre o Estado, Mercado e Sociedade Civil: liberdade
e igualdade. Em função do contexto histórico e pessoal que Tocqueville estava inserido,
a liberdade deveria se estabelecer em detrimento da igualdade. O direito à livre
associação, defendida por Tocqueville, fortaleceria e manteria a democracia.
Endossando o binômio citado, Tocqueville acrescenta que “sociedades economicamente
igualitárias poderiam ameaçar a democracia, dado o risco iminente de surgimento de
uma tirania da maioria (op. cit. p. 15).
Após os estudos desenvolvidos por Tocqueville no século XIX, autores
como Putnam e Fukuyama retomaram a discussão no século XX, mas, de acordo com
61
Montaño (2005), apenas em 1978, a partir de John Rockfeller II, que o termo terceiro
setor é utilizado para designar o conjunto de organizações de cidadãos associados
livremente de acordo com seus interesses particulares.
Corroborando a sinonímia entre terceiro setor e organizações que
compõem o espaço público não-estatal, Ferreira (2002) utiliza o termo para designar o
conjunto de organizações sem fins lucrativos que se volta para a prestação de serviços
públicos, compreendendo as instituições públicas não-estatais. Sendo complexo precisar
a delimitação para o conceito de terceiro setor, a mesma dificuldade é atribuída para a
conceituação das Organizações Não Governamentais (ONGs), sabe-se porém que estas
são importantes organizações da sociedade civil, também sem fins lucrativos.
ONG é o termo comumente usado para designar as organizações civis do
terceiro setor, que no Brasil proliferaram a partir da década de 1990, influenciadas pelas
alterações políticas e econômicas do país, que enquanto Estado se eximia de áreas
relacionadas ao bem estar social. Além do incentivo público à crião de organizões
sociais na implementação do projeto de Reforma do Estado, observa-se que
o cenário de agravamento crescente da crise socioeconômica
brasileira; a ampliação da ênfase dos meios de comunicação para
ações de solidariedade e a necessidade que os cidadãos têm sentido de
participar, mais ativamente na busca de soluções para os problemas
sociais, parecem contribuir para o surgimento de organizações da
sociedade civil e o engajamento de pessoas vinculadas ao terceiro
setor (SANTOS, D., 2004, p. 7).
Numa perspectiva crítica, numerosas debilidades são apontadas no que
tange à apropriação e definição do termo “terceiro setor”. A primeira debilidade refere-
se à dicotomia entre o público e o privado, que permeia a definição de setor.
Compreende-se enquanto primeiro setor, o Estado, de domínioblico; o segundo setor,
o mercado, de domínio privado; e o terceiro setor viria aqui suprir as deficiências dos
dois primeiros setores (MONTAÑO, 2005). Segundo uma análise gramsciana, essa
62
setorização supõe uma dicotomia inexistente entre “setores” e reduz a sociedade civil a
uma esfera apenas de embate, como se as lutas se restringissem a um momento, espaço
ou local.
A segunda debilidade refere-se à composição de entidades que fazem parte
do terceiro setor. ONGs, fundações, associações dentre outras, com fins diferenciados.
Apesar de ter sido cunhado nos EUA, na transição dos anos 1970 para os 1980, o
terceiro setor, enquanto terminologia, vem diretamente ligada a outro conceito: o de
filantropia (MONTAÑO, 2005, p. 55). Apenas em 1998, na Argentina, durante o IV
Encontro Ibero-Americano do Terceiro Setor, “definiram-se como organizações do
‘terceiro setor’, aquelas que são: privadas, não-governamentais, sem fins lucrativos,
autogovernadas e de associação voluntária” (op. cit.).
Acrescenta-se a estas especificações a discussão de teóricos que ainda
incluem como pertencentes ao terceiro setor, sindicatos, movimentos políticos,
organizações formais, fundações empresariais, dentre outras. Com a falta de rigor na
caracterização deste setor fica uma vida razoável e conceitual: que tipo de
organizações faria parte deste setor? (FIORI, 1997; MONTAÑO, 2005; GOHN, 2006).
“Um conceito que antes confunde do que esclarece” (MONTAÑO, 2005,
p. 56) é a terceira debilidade da conceituação, que converge para as demais debilidades
e aponta a quarta e última debilidade: o uso dos termos não-governamentais,
autogovernadas e não lucrativas aplicadas às instituições do terceiro setor. A
incoerência da aplicão destes se confirma uma vez que algumas destas “associações
civis” recebem verbas do governo, portanto prestam esclarecimentos a este, ou ainda
configuram perceptível lucratividade (FIORI, 1997; MONTAÑO, 2005).
63
Em conformidade com o mencionado anteriormente, durante o período da
então Reforma do Estado, medidas tomadas demonstraram que cortes precisavam ser
realizados e passou-se a considerar os direitos trabalhistas enquanto uma das razões para
a crise financeira e falta do emprego. O atendimento a camadas pauperizadas tornou-se,
também, um corte necessário e, como conseqüência, o chamado terceiro setor obteve
não apenas ascensão e legitimação, como também apoio financeiro para o atendimento a
esta demanda. Então, o Estado esvaziado de suas funções sociais assume que é incapaz
de atender a população pauperizada e, portanto terceiriza seu serviço (MONTAÑO,
2005).
As ONGs se inserem neste contexto como uma das instituições do terceiro
setor e, como organizações sociais, vêm exercendo um papel impreciso na execução de
políticas públicas e no atendimento às demandas já citadas.
O protagonismo das ONGs tem fomentado discussões em runs
diferenciados: universidades, no bojo das organizões e dos movimentos sociais,
confencias e congressos. Não apenas os locais de discussão são diferenciados, como
também as perspectivas de discussão e análise destas instituições do terceiro setor.
Desde a década de 60 do século XX, as ONGs m sido palco e platéia de
manifestações da sociedade civil. É, porém, a partir dos anos de 1990, com a Reforma
do Estado, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, que passam a coexistir
intenções e ações diversas no cerne destas instituições. A diversidade existente se dá em
função, dentre outros fatores, da razão de crião de cada ONG.
Na década de 1970, as ONGs proliferavam em toda a América Latina e
concomitantemente entravam em colapso as ditaduras. No Brasil, desde 1980 foi
observado o que denomina-se como
64
um processo de revitalização da sociedade civil, que, na luta pela
democratização, colocou em xeque não apenas o Estado ditatorial,
mas a rede de instituições autoritárias que atravessava a sociedade e
caracterizava as relações entre os grupos e as classes sociais [...]. No
entanto, os inegáveis avanços políticos experimentados no Brasil e
em toda a América Latina nos anos 80, voltados para os esforços de
refundão da ordem democrática tiveram uma contraface dramática,
pois foram acompanhados pelo agravamento sem precedentes da
questão social, expresso pela deterioração crescente das condições de
vida e de trabalho de amplas maiorias da população (RAICHELIS,
2000, p. 72 – 73).
A partir de então, são perceptíveis as diferenciações que se estabelecem
entre as organizações emergentes a partir de 1990, com o incentivo e liberação de
verbas federais, e aquelas que surgiram dos movimentos sociais, da revitalização da
sociedade civil, da luta por direitos. Observa-se, na atualidade, que numerosas
inovações no campo democrático “advêm das práticas geradas pela sociedade civil, que
alteram a relação Estado-Sociedade ao longo do tempo e constroem novas formas
políticas de agir, especialmente na esfera pública não-estatal” (GOHN, 2006, p. 33). Os
movimentos sociais são agentes destas inovações e também configuram o espaço
públicoo-estatal.
Segundo Gohn (2006), os movimentos sociais, que posteriormente
culminaram no surgimento de algumas ONGs, foram protagonistas de diferentes
momentos históricos. Nos primeiros cinco anos da década de 1990, houve um recuo
destes movimentos que se evidenciavam por meio de participações nas ruas e amplas
mobilizações e que tinham um foco bem definido: a luta pelos direitos humanos e a
favor da paz.
“Na segunda metade dos anos 1990, novos ingredientes foram
acrescentados, alterando ainda mais a dinâmica dos movimentos sociais em geral, e dos
populares em particular” (GOHN, 2005, p. 81). Como ingredientes, pode-se citar a crise
econômica interna, a necessidade de planejamento estratégico e redirecionamento da
65
atuação dos Movimentos Populares e de ONGs cidadãs. Neste período, muitos
movimentos se transformaram em ONGs ou se agregaram a outros movimentos que
convergiam para o mesmo interesse, formando, posteriormente, outras organizações.
Gohn (2005), mapeando os movimentos sociais na atualidade, que se
diferenciam quanto às lutas e demandas que atendem, divide-os em movimentos sociais
ao redor da questão urbana, da mobilização e organização popular em torno de
estruturas institucionais de participação na gestão político-administrativa da cidade;
movimentos pela educação, pela saúde, de demandas na área dos direitos; movimentos e
mobilizações sindicais contra o desemprego; movimentos decorrentes de questões
religiosas; questões agrárias; contra as políticas neoliberais; grandes fóruns de
mobilização da sociedade civil; movimentos de cooperativas populares; no setor das
comunicações e exploração mineral.
Os movimentos sociais, nos anos 1970 e 1980, recebiam certo apoio das
ONGs fundadas neste período, o que viabilizava o suporte necessário para que
mantivessem seu funcionamento. Na atualidade, é notória a diversificação de serviços
prestados pelas mais diferenciadas ONGs e é improvável compreender as peculiaridades
de cada ONG sem antes verificar criteriosamente o seu perfil e histórico.
Aos sete anos do século XXI as ONGs atendem a demanda da educação
não-formal, das questões socioambientais, da saúde, da seguraa, da luta em torno dos
direitos, do gênero, etnia e abarca cidadãos desde o seu nascimento. Os jovens
brasileiros já têm parte de seu cotidiano vivido dentro de ONGs, participando de cursos
de formação e participação política, desenvolvendo habilidades, inserindo-se no
universo virtual e passando o tempo antes de inserir-se no mercado formal, informal ou
ilegal.
66
No campo da educação, o envolvimento da ONGs não é fato recente, pois
desde os anos de 1960 e 1970, igrejas, partidos políticos e universidades formaram um
conjunto de pequenas organizações constituídas por grupos de pessoas (FERNANDES
apud OLIVEIRA; HADDAD, 2001). O principal objetivo das organizações voltadas à
educação, neste período, era a promoção dos direitos humanos bem como a defesa da
educação popular. Para tanto, pautavam-se nas teorias críticas da época e
desvinculavam-se dos processos educativos oficiais restritos ao sistema público de
ensino (OLIVEIRA; HADDAD, 2001).
No início da década de 1980, período de democratizão da sociedade
brasileira, dois fatores marcaram o trabalho educativo desenvolvido por ONGs. “Um
deles foi o crescimento de trabalhos sociais no âmbito da sociedade civil para além das
pastorais da igreja católica [...]” (op. cit. p. 77), o outro fator referia-se a luta por um
ensino público de qualidade para a maioria da população. Ganharam notoriedade,
ONGs que prestavam assessoria ao setores públicos com o intuito de qualificá-los para
o atendimento as maiorias populares.
Na nova conjuntura, as ONGs são convocadas a participarem do
atendimento a população no que tange a educação. Tendo em vista os papéis
subsumidos para as ONGs a partir da Reforma, convencionou-se que estas realizassem
numerosos serviços em parceria com o Estado (OLIVEIRA; HADDAD, 2001). Mas,
há um risco neste momento de que a participação das ONGs se dê no
rumo do esvaziamento do papel do estado na área social, assumindo
responsabilidades por ações antes nasos dos setores públicos,
particularmente, em uma conjuntura de diminuição dos recursos da
cooperação internacional. Ao mesmo tempo, contraditoriamente, em
uma situação de desmonte dos serviços públicos, a atuação das ONGs
no campo da educação pode ajudar na qualificação das ações
educacionais oferecidas pelo Estado, garantindo o seu fortalecimento
(p. 80).
67
A proliferação de ONGs voltadas a prestação de serviços educacionais é
evidente. No Brasil, executam políticas públicas, fornecem iniciativas de inclusão social
e qualificam para o trabalho, dentre outras funções. Mas, apesar de constituírem-se num
espaço público o-estatal e sem fins lucrativos, desenvolvem suas ações longe dos
olhos da fiscalização, legitimadas por frouxos parâmetros.
Com base nestes questionamentos, o convite de Maria da Glória Gohn
(2005) torna-se ainda mais pertinente: é de fundamental importância analisar cada
ONG, investigando seus pressupostos e práticas, o que é propagável e factível. Assim,
identificar ou não, a práxis que se estabelece no cotidiano das ões educativas não-
formais será uma viável possibilidade.
68
3. EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEPÇÕES E FINALIDADES
COEXISTENTES
Este capítulo é composto por três seções. A primeira seção correlaciona os
conceitos de omnilateralidade e politecnia na perspectiva da formação do homem para
além do capital, além de discutir a dicotomia existente entre teoria e prática, legitimada
pelo modelo fragmentário do sistema capitalista. Neste contexto, apresenta a educação
não-formal como espaço para a formação ctica do homem, partindo do pressuposto
que a educação acontece em múltiplos espaços e ao longo de toda a vida, pois é a
própria vida (MÉSZÁROS, 2005).
A segunda seção discute a noção de competências de acordo com uma
perspectiva voltada para a ressignificão, tendo em vista que o modelo de
competências está posto e a isenção no processo de discussão nos restringe a meros
telespectadores. Focaliza a discussão no âmbito da formação profissional, contrapondo
as expectativas do mercado com uma formação crítico-emancipatória.
Na terceira e última seção, o perfil das políticas públicas voltadas para a
formação profissional da juventude são analisadas. Além deste aspecto, são ressaltados
dados que fazem emergir a situação contemporânea da juventude brasileira no que tange
à forma e diversidade de interlocutores no processo de elaboração e execução de
políticas voltadas para o atendimento a esta demanda.
Relacionando os pressupostos teóricos que fundamentam uma educação
para além do capital com o caótico contexto em que se inserem os jovens brasileiros
entre 16 e 24 anos, este capítulo objetiva, ao menos, pensar em possibilidades que
tornem viável a concretude do primeiro emprego para um contingente cada vez maior
de excluídos.
69
3.1 A FORMAÇÃO DO HOMEM PARA ALÉM DO CAPITAL
Os fins últimos da educação na contemporaneidade são um reflexo das
expectativas da sociedade, no que tange à formação do homem que se inserirá no
contexto da flexibilidade, adaptabilidade, insegurança e informalidade, em se tratando
do sistema de acumulação flexível do capital. Entretanto, não é objetivo desta seção
relacionar os tipos de educação, sociedade e homem que configuraram o cenário
histórico do Brasil e do mundo, no decorrer dos séculos.
Objetivar-se-á estabelecer alguns dos principais pressupostos teóricos que
fundamentam uma educação crítico-emancipatória pautada da emancipação do homem
para além do capital. Para tanto, o conceito de omnilateralidade e politecnia nortearão a
construção desta seção, além da dicotomia entre teoria e prática e a presença da
educação não-formal no âmbito da superação do status quo para além do capital.
Numa concepção marxista, a omnilateralidade é tida enquanto fim objetivo
da educação. O conceito de omnilateralidade se constrói em oposição ao conceito de
unilateralidade, que dicotomiza o papel exercido pelo operário, do papel exercido pelo
intelectual e se fortalece na divisão do trabalho. Segundo Marx (apud MANACORDA,
2000),
[a] divisão do trabalho condiciona a divisão da sociedade em classes
e, com ela, a divisão do homem; e como esta se torna
verdadeiramente tal apenas quando se apresenta como divisão entre
trabalho manual e trabalho mental, assim as duas dimensões do
homem dividido, cada uma das quais unilateral, são essencialmente
as do trabalhador manual, operário e do intelectual (p. 67 – acréscimo
nosso).
Neste fragmento, Marx, em oposição a Adam Smith, não legitima a
dissociação entre o manual e o intelectual no exercício das atividades, pois teoria e
prática tecem as ações e reconstroem teorizações estabelecendo a práxis.
70
Apesar da nocividade da unilateralidade enquanto entendimento para a
formação do homem e concepção do trabalho, Marx aponta a positividade do homem
unilateral que se situa em uma sociedade igualmente dividida e unilateral, mas que
potencialmente pode se omnilateralizar. Evidencia que numa sociedade divida, e por
isso igualmente unilateral, em que grande parte da população está excluída de toda e
qualquer participação no consumo e prazeres dos bens materiais e intelectuais, e que em
contrapartida, uma outra classe tem privilégios em função do dinheiro que a torna
“estúpida e covarde [...], é a classe excluída que se deve ver como aquela que poderá
liberta-se, e libertar consigo todas as demais, da alienação; na emancipação do operário
está implícita a emancipação humana” (MARX apud MANACORDA, 2000, p. 78)
O grande empecilho para omnilateralidade residia no cerne das relações
produtivas, e que está presente nos recentes anos do século XXI: a própria divisão do
trabalho e da sociedade. Desta forma, não há como “desenvolver-se omnilateralmente se
não uma totalidade de forças produtivas, e uma totalidade de forças produtivas não
pode ser dominada a não ser pela totalidade dos indivíduos livremente associados [...]”
(op. cit. p. 79).
Entretanto, verificando a impossibilidade “da existência de um homem
inteiro em uma sociedade dividida, [Marx] exalta [...] o operário comunista como tipo
de homem moral e intelectualmente positivo na realidade da época”
(MANACORDA, 2000, p. 76 acréscimo nosso). Admite as restrições impostas aos
desejos de emancipação dos operários, na época (assim como na atualidade), unilaterais,
segundo as especificações do trabalho fragmentado.
Inversamente à concepção de homem unilateral, fragmentado, dividido e
alienado, a concepção de omnilateralidade sugere um homem total, completo e integral.
Sabedor e participante ativo de todo processo produtivo, pois não apenas aprendeu
71
sobre ele, mas faz parte dele como livre associado. O homem omnilateral desenvolve-se
segundo os aspectos físicos e mentais. Consiste em um homem “educado com doutrinas
não ociosas, com ocupações não estúpidas, capaz de livrar-se da estreita esfera de um
trabalho dividido” (MARX apud MANACORDA, 2000, p. 82).
Desta forma, para superar a atual divisão do trabalho, seria necessário
superar também a atual educação, pois ambas “geram hipertrofia e atrofia nos dois
extremos da sociedade, ainda que em direções opostas” (op. cit. p. 82). A educação
unilateral e divisão do trabalho são colocadas aqui como causadoras da unilateralidade e
da problemática relação entre a sociedade e a escola.
A dicotomia existente entre educação e trabalho se expressa não apenas
enquanto empecilho para a formação omnilateral, como também consolida a dissociação
entre teoria e prática; detentores dos meios de produção e força de trabalho. Tais
dicotomias residem da fragmentação do trabalho em si. Kuenzer (2007, p. 8) sobre este
aspecto pontua que,
a origem da fragmentação do trabalho, portanto, não é a divisão
técnica, mas sim a necessidade de valorização do capital, a partir da
propriedade privada dos meios de produção; ou seja, a divisão
técnica, que separa teoria e prática, é conseência do processo de
valorização do capital. O que vale dizer que, se a divisão entre teoria
e prática expressa a divisão entre trabalho intelectual e manual como
estratégia de dominação tendo em vista a valorização do capital, esta
ruptura só será efetivamente superada em outro modo de produção.
Todavia, a superação da dualidade existente entre teoria e prática não é
uma questão a ser resolvida pela educão. Pois “[a] dualidade será superada se
superada for a contradição entre a propriedade dos meios de produção e da força de
trabalho” (op. cit. – acréscimo nosso).
72
Teoria e prática formam um binômio não menos importante e que compõe,
também, a mais ampla concepção de educação que privilegia esta relação, que
pressupõe a existência de uma em função da outra, reciprocamente, porque “não há
nenhuma atividade humana na qual se possa excluir qualquer intervenção intelectual – o
Homo faber o pode ser separado do Homo sapiens(GRAMSCI apud MÉSZÁROS,
2005, p. 49). Fazer e pensar são interdependentes e não dicotômicos, pois toda ação
pressupõe uma teoria mesmo que não seja a estabelecida ou formulada inicialmente.
A dicotomia entre o fazer e o pensar norteou os processos educativos em
momentos históricos diferenciados. No ápice do taylorismo/fordismo esperava-se que
os trabalhadores executassem com presteza o trabalho tido como simples, fragmentado e
prescrito. Nesta perspectiva, a educação atenderia às especificidades do mercado,
preparando indivíduos capazes de obedecer e aptos para desenvolver atividades que lhe
fossem criteriosamente solicitadas. O caráter civilizatório estava entre os pressupostos
da educação básica e elementar para o proletariado, e propedêutica para os indivíduos
que se tornariam intelectuais ou que, posteriormente, seriam detentores dos meios de
produção (PATTO, 1996).
Na era da flexibilidade, observa-se em escala mundial, a especialização,
fragmentação, desqualificação, intensificação, rotina, insalubridade e hierarquização
(BURNS, 1963). A educação neste contexto, forma para a empregabilidade,
empreendedorismo e informalidade em face da impossibilidade do emprego. Na
contemporaneidade, fortalece a dicotomia, evidenciada na medida em que continua
segregando a população empobrecida e destinando a esta uma educação desqualificada
e dissociada do mundo do trabalho. Continua sendo a educação, ferramenta para o
processo seletivo, tanto para o trabalho, quanto ao incentivo no prosseguimento à
formação acadêmica.
73
Além da dicotomia existente entre os tipos de educação (aquela destinada
ao proletariado e a destinada aos detentores dos meios de produção), verifica-se também
a dissociação existente entre teoria e prática, conforme mencionado anteriormente. Em
relação a este aspecto, a concepção gramsciana é profundamente democrática. De
acordo com Mészáros (2005) é a única sustentável tendo em vista que a sua conclusão é
bifacetada. Inicialmente, porque prevê que “todo ser humano contribui, de uma forma
ou de outra, para uma formação de mundo predominante [e em segundo lugar, porque]
tal contribuição pode cair nas categorias contrastantes da ‘manutenção’ e da ‘mudança’”
(op. cit. p. 49-50 – acréscimo nosso).
Manutenção, pois pode propiciar a continuidade do processo que ora se
estabelece e mudança, quando viabiliza a contra-internalização da ideologia
prevalecente. O que se impõe é a necessidade de modificar, de uma forma duradoura, o
modo de internalização historicamente prevalecente. Romper a lógica do capital no
âmbito da educação é absolutamente inconcebível sem isso” (MÉSZÁROS, 2005, p.
50).
Corroborando este aspecto, verifica-se que as alternativas de superação que
permeiam as propostas de educação na atualidade são medidas meramente paliativas e
não necessariamente essenciais, que de fato ocasionem potencial transformação
(MÉSZÁROS, 2005). Pensar em “transdisciplinaridade”, “interdisciplinaridade”,
competências, dentre outras alternativas inseridas na perspectiva da acumulação flexível
do capital, ocasionarão apenas a perpetuação à poliexploração do trabalhador. Superar o
obstáculo do sistema capitalista sue a formação deste homem omnilateral, pautado
nos valores da politecnia. Cabe ressaltar, ainda, que todos os fundamentos que embasam
uma formação crítico-emancipatória não coexistem num sistema regido pelo capital.
74
Politecnia é também um importante fundamento para a construção de uma
educação que objetive a emancipação dos sujeitos. Segundo Saviani (2003),
[a] noção de Politecnia deriva, basicamente, da problemática do
trabalho. [O] ponto de referência é a noção de trabalho, o conceito e o
fato do trabalho como princípio educativo geral. [Assim, toda] a
educação organizada se a partir do conceito e do fato do trabalho,
portanto, do entendimento e da realidade do trabalho (p. 2
acréscimo nosso).
É justamente o trabalho que diferencia o homem de todos os demais
animais. É por meio dele que o homem se torna capaz de modificar a natureza, criar
ferramentas e transformar a própria sociedade. É o trabalho que constitui a realidade
humana e, nesse sentido, a formação do homem deveria estar focada no trabalho. A
existência histórica do homem é também definida pelo trabalho. Por meio desta
atividade, “o homem vai produzindo as condições de sua existência, transformando a
natureza e criando, portanto, a cultura e um mundo humano. Esse mundo humano vai se
ampliando progressivamente com o passar do tempo” (SAVIANI, 2003, p.133).
Nesse sentido, no processo de formação dos homens, o grau de
desenvolvimento atingido pela humanidade deve ser levado em consideração. O
desenvolvimento no que tange à modernização dos processos produtivos, às mudanças
nas relações de trabalho, dentre outros fatores intimamente ligados ao modo de
produção da existência humana, se reflete nas formas pelas quais os homens existem.
Assim, à medida que mudam os processos produtivos, mudam também os objetivos e a
forma de exisncia humana. Saviani (2003) pontua os diferentes modos de produção da
existência humana, distribuídos ao longo da história. A saber:
[o] modo comunitário, o comunismo primitivo; o modo de produção
asiático; o modo de produção antigo, ou escravista; o modo de
produção feudal, com base no trabalho do servo que cultiva a terra,
propriedade privada do senhor; e o modo de produção capitalista, em
que os trabalhadores produzem com meios de produção que não o
deles. Esses diferentes modos de produção revolucionam
75
sucessivamente a forma como os homens existem. E a formação dos
homens ao longo da História traz a determinação do modo como
produzem a sua existência (p. 133 – acréscimo nosso).
Mais especificamente, os modos de produção capitalista sofreram
profundas mudanças a cada revolução industrial. Após a substituição dos artesãos por
proletários, da máquina a vapor ao mercado virtual e biotecnológico, as transformações
passaram a ser contínuas e sobrepostas umas às outras. Uma destas transformações
substanciais o é recente, foi determinante no taylorismo / fordismo e influencia a
forma como se concebe os processos produtivos e a formação humana até a primeira
década do século XXI. Na ‘era do ouro’ através do estudo do tempo e do movimento foi
possível definir quais seriam as tarefas simples e as tarefas complexas desenvolvidas
por trabalhadores com formações diferenciadas (BURNS, 1963; OUTHNAITE;
BOTTOMORE, 1996).
No bojo da divisão do trabalho reside, novamente, a dicotomia entre teoria
e prática, trabalho intelectual e trabalho braçal. Entretanto, sua origem não reside na
divisão do trabalho em si, mas, sobretudona valorização do capital, a partir da
propriedade dos meios de produção [...]; ou seja, a divisão técnica, que separa teoria e
prática, é conseqüência do processo de valorização do capital” (KUENZER, 2007, p. 9).
Adam Smith (1985) confirmou a dicotomia expressa, endossando que os
trabalhadores deveriam receber alguma instrução, todavia esta deveria ser administrada
em doses homeopáticas. Deveriam, portanto, ter o domínio dos conhecimentos
necessários para desenvolver o seu papel no processo produtivo. Neste momento, o
ensino tido como profissional era destinado aos trabalhadores braçais, aos executores,
entretanto, o ensino científico e intelectual destinava-se aos que conceberiam e
controlariam o processo produtivo (SAVIANI, 2003).
76
Contrapondo-se a essa idéia, a noção de politecnia postula que
o processo de trabalho [deve desenvolver], em uma unidade
indissolúvel, os aspectos manuais e intelectuais. Um pressuposto
dessa concepção é que não existe trabalho manual puro e nem
trabalho intelectual puro. Todo trabalho humano envolve a
concomitância do exercício dos membros, das mãos, e do exercício
mental, intelectual. Isso está na própria origem do entendimento da
realidade humana como constituída pelo trabalho (SAVIANI, 2003,
p. 138 – acréscimo nosso).
Tendo em vista a concomitância do trabalho manual e intelectual, por
meio da politecnia observar-se que o trabalhador tem a possibilidade de apresentar o
domínio de diferentes técnicas presentes no trabalho produtivo. Relaciona e garante o
conhecimento de diferentes modalidades, fundamentos e princípios do trabalho.
Pressupõe-se que tendo o domínio de todo o processo, o trabalhador estaapto para
desenvolver-se nas diferentes modalidades de trabalho, imprimindo seu caráter.
o se trata de um trabalhador adestrado para executar com perfeição
determinada tarefa e que se encaixe no mercado de trabalho para
desenvolver aquele tipo de habilidade. Diferentemente, trata-se de
propiciar-lhe um desenvolvimento multilateral, um desenvolvimento
que abarca todos os ângulos da prática produtiva na medida em que
ele domina aqueles princípios que estão na base da organização da
produção moderna (op. cit. p. 140).
A apropriação da noção de politecnia caminha para a superação da
dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho braçal, entre formação profissional e
formação geral. Entretanto, a superação desta dicotomia se torna exeível à medida
que a socialização dos meios de produção a serviço do conjunto da sociedade, posto
que “o processo de trabalho, historicamente, liberta os homens do jugo da natureza, do
trabalho braçal, transferindo-o progressivamente para as máquinas [...]” (SAVIANI,
2003, p. 139).
No processo de superação dessa dicotomia como está situada a escola,
tendo em vista que a formação dos homens ao longo da história expressa o modo como
produzem sua ppria existência? Estabelecendo um retrospecto histórico para
77
compreendermos esta questão, nos reportemos à antiguidade. Na Grécia Antiga, a
escola era dedicada ao ócio, o que coincide com sua origem etimológica, relacionada ao
ócio e ao lazer. Neste período, nas escolas desenvolvia-se o lazer em grandes ginásios
enquanto reservava-se para uma pequena parte da população a formação intelectual
(SAVIANI, 2003).
Já na Idade Média, em que o trabalho servil sustentava a sociedade e
representava o trabalho produtivo, segundo os “detentores dos homens servis” estes
serviçais não precisavam de conhecimentos sistemáticos, pois, as tarefas realizadas
eram deveras simples. Mais uma vez, apenas uma pequeníssima parcela da população,
fundamentalmente formada pelo clero, tinha acesso às escolas Monacais e exerciam um
trabalho “intelectualizado” (op. cit.).
Na sociedade moderna este fato se repete e a dicotomia se estabelece com
raízes fincadas nas diferenças, no que tange à qualidade do ensino, elaboração de
currículos, continuidade na formação acadêmica, vagas no mercado de trabalho, e assim
por diante.
Entretanto, a defesa teórica da escola pública é formulada no momento em
que a dicotomia entre o saber e o fazer persiste. Por meio de políticas formais em
detrimento de ações factíveis, o homem, a educação e a sociedade continuam sendo
dicotomizados e não menos fragmentados, apesar dos pressupostos da acumulação
flexível do capital.
Neste contexto, apesar da defesa teórica da educação pública formal, o
discurso que legitima o tipo de educação que homens e mulheres em países centrais e
periféricos devem ter acesso na atualidade, desqualifica qualquer possibilidade que não
esteja prevista ou que não possa ser contida pelo capital (MÉSZÁROS, 2005). De fato,
78
qualquer alternativa que em seu bojo resida à acomodação ou adequação ao atual
sistema não gerará mudaas duradouras ou eficazes. Mas, o pessimismo da inteligência
e otimismo da vontade, deve ser uma constante para que, respectivamente, tenhamos a
capacidade de analisar criteriosamente o contexto em que estamos inseridos para
transformá-lo.
Sendo a emancipação humana o objetivo de todos aqueles que
incessantemente lutam contra a sociedade capitalista pautada na mercantilização, na
alienação e na intolerância, deveria a educação ser a priori a mola propulsora para a
transformação e não instrumento de manutenção do status quo. Deveria então, ser a
universalização do atendimento uma meta, bem como a universalização do acesso ao
trabalho, e não diametralmente a universalização do acesso à educação, pois apenas
numa sociedade em que todos se tornem trabalhadores se efetivará a plena relação entre
trabalho e educação (MÉSZÁROS, 2005).
Nesse sentido, alternativas dentro do sistema hegemônico são medidas
meramente paliativas. As soluções pensadas devem ser essenciais, não podem restringir-
se, portanto, ao campo formal, precisam sobrepujá-lo. Então, levando-se em
consideração o imperativo, como a educação não-formal atenderia à possibilidade de
emancipação dos sujeitos por meio de uma educação política? Nem mesmo a educação
não-formal daria conta de uma transformão da sociedade. Na configuração atual, se
apresenta como “alternativa” possível. Como ponto de partida para a transformação,
construindo espaços que viabilizem a análise crítica dos fatos e do contexto.
Mészáros (2005) aponta possíveis espaços de transformão. Identifica a
educação informal como àquela que acontece ao longo da vida, mediada por relações
sociais e políticas. Similar a esta categorização, Gohn (2006) tipifica a educação que se
aprende no mundo da vida e em espaços coletivos como educação não-formal. Com
79
base no Quadro a seguir, é possível identificar as especificidades de cada tipo de
educação, suas diferenciações e lacunas. A exposição deste Quadro visa explicitar não
apenas a categorização da educação formal, informal e não-formal, mas especialmente,
apresentar a educação não-formal como alternativa contra-hegemônica.
Quadro III:
Categorização – educação formal, informal e não-formal.
EDUCAÇÃO FORMAL EDUCAÇÃO INFORMAL EDUCAÇÃO
NÃO-FORMAL
FINALIDADES Refere-se ao ensino e
aprendizagem de conteúdos
historicamente sistematizados,
normatizados por leis.
Trata-se do processo de
socialização dos indivíduos. É
responsável pela difusão de
valores e crenças pertencentes
aos grupos familiares.
Tem como principal finalidade a
abertura das janelas do
conhecimento sobre o mundo
que circunda os indivíduos e
suas relações sociais.
OBJETIVOS Objetiva formar o indivíduo
como um cidadão ativo,
desenvolvendo habilidades e
competências, bem como a
criatividade, motricidade e
percepção.
Desenvolver hábitos, atitudes,
comportamentos, modos de
pensar e expressar sentimentos.
Tem como princípio capacitar os
indivíduos a se tornarem
cidadãos do mundo, no mundo.
Seus objetivos o são dados a
priori, eles se constroem ao
longo do processo interativo.
LÓCUS Território escolar definido
legalmente, certificado e
organizado segundo as diretrizes
nacionais.
Seus espaços são demarcados
por referências de nacionalidade,
localidade, idade, sexo e etnia.
Acontece, portanto, em casa, na
rua, no bairro, na igreja, dentre
outros.
Os espaços educativos, neste
tipo de educação, localizam-se
em territórios que acompanham
as trajetórias de vida dos grupos
e indivíduos, fora das escolas.
METODOLOGIA É, usualmente, planificada
previamente segundo conteúdos
prescritos na lei.
Baseia-se na vivência e na
reprodução do conhecimento e
de experiências segundo os
modos e as formas como foram
apreendidas e codificadas.
Nasce a partir da
problematização da vida
cotidiana. Os conteúdos
emergem a partir dos temas que
se colocam como necessidades,
desafios, ações a serem
realizadas. Não são dados a
priori.
RESULTADOS
ESPERADOS
Aprendizagem, certificação e
titulação.
Não são esperados. Conscientização e emancipação
dos indivíduos.
Fonte: GOHN, M. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas
colegiadas nas escolas, 2006.
Segundo a análise do Quadro acima, a educação não-formal pode
apresentar-se como espo adequado para a conscientização, emancipação e
transformação da realidade, por constituir-se, por excelência, como espaço de
80
construção social e política. De acordo com Mészáros (2005) seria o lócus para a
contra-internalização
10
.
A educação não-formal constitui-se numa área do conhecimento ainda em
construção, todavia suas características apontam para a possibilidade do
desenvolvimento de uma outra educão, que não substitui a educação formal, mas visa
à transformação. Assim como ressalta os aspectos preponderantes da educação não-
formal, Gohn (2006) pontua as lacunas no tange à metodologia e à formação do
educador que desenvolve ações na educação não-formal.
Salienta que é necessária formação específica de educadores a partir da
definição do seu papel [...]; definição mais clara de funções e objetivos [...];
mapeamento das formas de educação não-formal na auto-aprendizagem dos cidadãos”
(GOHN, 2006, p. 31), principalmente jovens e, sobretudo, a criação, construção e
sistematização de metodologias focadas nas especificidades da construção do
conhecimento concebida no trabalho cotidiano, nas relações econômicas, políticas e
sociais que perpassam a vida humana.
Em conformidade com o exposto, apesar da focalização da educação não-
formal como propulsora para a emancipação dos sujeitos, não é desconsiderada a
educação formal. Porém, tem sido constatada uma tendência para o uso da educação
formal como ferramenta para a manutenção do status quo, verifica-se ainda, que em
uma sociedade capitalista com elevados e crescentes índices de desemprego tem cabido
a escola formar para a empregabilidade diante da impossibilidade de formar para o
trabalho. É neste sentido que algumas ONGs se inserem na educação não-formal,
segundo as características pontuadas no Quadro III. Configuram um espaço de análise,
10
O processo de contra-internalização consiste em romper com o modo de internalização historicamente
prevalecente que faz uso da educação, da mídia e das relações de produção entre outros para manter a
lógica do capital (MÉSZÁROS, 2005).
81
reflexão e entendimento da sociedade em que a maioria populacional está à margem,
tanto geograficamente, quanto socialmente. Excluídos em proporções exorbitantes.
no Brasil, 19,4% da população composta por jovens entre 16 e 24 anos estavam fora do
mercado de trabalho em 2005, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). De acordo com os dados mais recentemente divulgados pelo
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a
taxa de desemprego saltou de fevereiro à março de 2007 de 15,9% para 16,9%,
respectivamente.
Os 20,07% componentes da população brasileira compreendidos na faixa
etária que se estende dos 16 aos 24 anos de idade, configuram uma maioria formada por
coadjuvantes na elaboração de políticas de intervenção para sanar as crises sociais. A
educação não-formal não garante, nem poderia garantir a tão esperada e proclamada
transformação, a superação essencial da crise. Todavia, diante do contexto, este vem
sendo um espaço de construção da esperança rumo à emancipação.
Porém, diante da eminência das constantes crises do capital, da crise social
global e das numerosas relações que se estabelecem na atualidade, é improvável pensar
uma educação que seja suprimida ao espaço escolar. É importante considerar que essa
educação acontece ao longo de toda uma vida e em todos os espaços, é factualmente a
própria vida, o que fortalece a educação que acontece fora dos muros escolares,
tipologicamente definidas como educação não-formal (GOHN, 2005) e informal
(MÉSZÁROS, 2005), respectivamente. Uma educação que vise, sobretudo, estabelecer
uma ordem social qualitativamente diferente, pois
[agora] o é factível lançar-se pelo caminho que nos conduz a
essa ordem como o é tamm necessário e urgente. Pois as
incorrigíveis determinações destrutivas da ordem existente tornam
imperativo contrapor aos irreconciliáveis antagonismos estruturais do
sistema do capital uma alternativa concreta e sustentável para a
82
regulação da reprodução metabólica social, se quisermos garantir as
condições elementares da sobrevivência humana. O papel da
educação, orientado pela única perspectiva efetivamente viável de ir
para além do capital, é absolutamente crucial para este propósito
(MÉSZÁROS, 2005, p. 71-72 – acréscimo nosso).
A necessidade de mudaa é premente, a forma como nos relacionamos
com a natureza e demais seres humanos trocando mercadorias vem gerando crises
econômicas, políticas, culturais, educacionais, éticas e morais. E por esta razão, a
superação do atual sistema de metabolismo social torna-se viável por meio da educação
que acontece em múltiplos espaços e com a participação de todos. São embates e
entraves rumo à emancipação, à transformão.
3.2 O MODELO DE COMPETÊNCIAS: UM CONCEITO POLISSÊMICO EM VIAS
DE RESSIGNIFICAÇÃO
O modelo de competências passa a ser discutido e implementado no
contexto da reestruturação dos processos produtivos por meio da flexibilização e
inovações científico-tecnológicas que objetivaram, como mencionado anteriormente, a
reorganização do processo de intensificação da acumulação flexível do capital, bem
como confrontar o contra-poder que emergia das lutas sociais desde a década de 1960
(DELUIZ, 2001).
Mas, apenas no ano de 1980, o modelo de competências profissionais
passa a ser preponderante na elaboração de propostas de formação profissional para o
mercado de trabalho nos países centrais. Com a intensificação da crise estrutural do
modelo taylorista/fordista e a concomitância do estabelecimento do modelo flexível de
produção, foram perceptíveis as mudanças nas formas de conceber a educação
profissional.
83
Estabelecer, a priori, uma definição para competências, consiste em entrar
num vasto debate teórico em que pelo menos três pontos parecem convergir para a
multiplicidade de definições. O primeiro ponto explicita que
a competência é uma qualidade introjetada no trabalhador por meio
de sua prática, tornando-se um valor de sua singularidade, de sua
ideologia/cultura, de sua forma de ser; [o segundo ponto apresenta
que] por outro lado, ela não tem sentido na condição de potência, tão
somente, o tem em fato efetivo, ou seja numa prática social, em que
os sujeitos mobilizam seus conteúdos cognitivos e outros saberes
para a resolução de problemas sem indagar as suas razões estruturais
de emergência; [e finalmente o terceiro ponto, afirma que] essa nova
forma de sociabilidade se consolida, bem como os conteúdos
cognitivos se adensam (SILVA; GONZÁLEZ, 2001, p. 63
acréscimo nosso).
Desta forma, com base nos três pontos evidenciados são formuladas
perspectivas diferenciadas para a análise e discussão do modelo de competências. Em
virtude dos aspectos polissêmicos que se inserem ao uso do termo competências, é
fundamental explicitar que o pressuposto que norteia este estudo está pautado numa
perspectiva da ressignificação da noção de competências. Não consiste em aceitar
aprioristicamente a noção de competências tal como o mercado pressupõe,
concentrando as possibilidades de construção das competências no educando e visando
o atendimento às especificidades do mercado.
Portanto, objetivar-se-á discutir a presença e os impactos do modelo de
competências na constituição da educação profissional do jovem, numa perspectiva da
ressignificão da noção de competência (DELUIZ, 2001; KUENZER, 2003).
É fundamental para a compreensão das nuances que emergem do modelo
de competências, ressaltar a descentralização da formação profissional do âmbito da
posse de saberes disciplinares. Os saberes a serem construídos a partir de então,
englobam o saber, o saber-fazer, e o saber ser e/ou conviver. E os conhecimentos
84
adquiridos além da capacidade de mobilizar recursos propiciam a aplicabilidade destes
conhecimentos (KUENZER, 2003).
Assim sendo, se no modelo taylorista/fordista o trabalhador precisava ser
capaz de atender à informações prescritas, no modelo de acumulação flexível com base
na microeletrônica, o trabalhador precisa lidar com situações previstas e o previstas,
com rapidez e eficiência articulando os conhecimentos científicos e tácitos acumulados
no decorrer de sua vida (op. cit.). Na atualidade, observa-se a concomincia dos dois
modelos de produção, tendo em vista que a existência de um não requer a inexistência
do outro.
Porém, as diferenciações o se restringem aos aspectos mencionados. No
processo de acumulação flexível do capital
a integração produtiva se alimenta do consumo flexível de
competências diferenciadas que se articulam ao longo das cadeias
produtivas. Estas combinações não seguem modelos pré-
estabelecidos, sendo definidas e redefinidas segundo as estratégias de
contratação e subcontratação que são mobilizadas tendo em vista
atender, de forma competitiva, as necessidades do mercado, e assim
assegurar as maiores margens de lucro possíveis, que, no processo de
internacionalização, tendem a ser estreitadas. Em decorrência,
podem ser apreendidas através da análise da dinâmica da integração
produtiva enquanto totalidade complexa em permanente processo de
construção e re-construção, a partir da gica da acumulação flexível
(KUENZER, 2007, p.14).
A polarização de competências, neste sentido, o é gida nem formal.
Em algumas circunstâncias inclui àqueles que possuem formação técnico-científico
avançada, em outras os exclui, cedendo lugar a grande massa de trabalhadores com
qualificação precarizada. As combinações viabilizadas pela lógica do capital, no âmbito
da reestruturação produtiva, incluem e excluem os trabalhadores cuja força de trabalho é
consumida pradatoriamente em trabalhos desqualificados. De acordo com Kuenzer
(2007),
85
[são] combinações que ora incluem, ora excluem, trabalhadores com
diferentes qualificações, de modo a constituir corpos coletivos de
trabalho dinâmicos, através de uma rede que integra diferentes
formas de subcontratação e trabalho temporário, que, ao combinar
diferentes estratégias de extração de mais-valia, asseguram a
realização da lógica da mercantil (p. 15 – acréscimo nosso).
Porém, a qualificação não ocupa centralidade na discussão, “mas como ela
se situa em dada cadeia produtiva, com o que ela se relativiza” (KUENZER, 2007, p.
15); ou seja, o há como atribuir certificação à qualificação do trabalhador a menos
que ele esteja inserido na cadeia produtiva. Estando inserido na cadeia produtiva, sua
permanência estará sendo influenciada, preponderantemente, pela capacidade de
adaptabilidade às demandas do trabalho e não necessariamente à capacitação prévia. Por
esta razão, Kuenzer (op. cit.) expõe que surge deste pressuposto o caráter flexível da
força de trabalho, em que
importa menos a qualificação prévia do que a adaptabilidade, que
inclui tanto as compencias anteriormente desenvolvidas, cognitivas,
práticas ou comportamentais, quanto a competência para aprender e
para submeter-se ao novo, o que supõe subjetividades disciplinadas
que lidem adequadamente com a dinamicidade, com a instabilidade,
com a fluidez.
Em parte do discurso que perpassa a noção de competências há a
focalização da construção ou desenvolvimento de competências com base no indivíduo,
especialmente por entender-se que as competências sociais ou comportamentais são
apropriadas de acordo com a capacidade humana, segundo a potencialidade para
desenvolver tais competências. Entretanto, numa concepção crítica sobre a noção de
competências, é possível identificar a construção de competências sociais e
comportamentais com base na construção coletiva, desenvolvida ao longo da história e
mobilizada por meio das relações econômicas, políticas e sociais (DELUIZ, 2001).
Apesar da apropriação crítica da noção de competências nortear este
estudo, Ramos (2001, p.117) explicita que os “motivos pelos quais a noção de
86
competência toma a conotação produtiva e tende, aos poucos, a ordenar as relações de
trabalho e, portanto, ter um forte apelo econômico, são analisados por diversos autores”
como Mertens (1996); Brígido (1999); Zarifian (1999); Valle (1999) (apud Ramos,
2001). De acordo com a análise destes quatro autores a competência é considerada
categoria que ordena as relações sociais intrínsecas ao trabalho, além de cumprir um
papel ordenador extrínseco as estruturas produtivas. Nesses termos,
a competência assume-se como um novo código de comunicação
entre os diferentes sujeitos sociais implicados na ressocialização da
economia, ao mesmo tempo em que o patrimônios subjetivos que
atuam na fronteira inclusão/exclusão sob um novo tipo de contrato
social (RAMOS, 2001, p. 176)
As competências, com seu sentido pluralizado, são aplicadas aos
conteúdos mais específicos no que tange a formação profissional, abrangendo os
aspectos concretos ao trabalho, que se subdividem em competência de processo e
competência técnico-performativa, ambas complementadas pelas chamadas
competência sobre a organização, a saber: compencia de serviço e finalmente a
competência social (ZARIFIAN apud RAMOS, 2001). As especificações referentes às
competências evidenciadas podem ser observadas a seguir.
A competência do processo refere-se à capacidade de o trabalhador
construir uma representação mental do processo, podendo assim
interferir quando necessário. Por meio deste processo acredita-se que o
trabalhador é capaz de compreender os processos de trabalho e não
apenas adotar uma conduta individual e prescrita diante da máquina.
A competência técnico-performativa centra-se na dimensão gestionária
do trabalho, na capacidade de auto-gestão e de adequão aos
processos gestores organizacionais. Nesse sentido a competência
87
técnica e confrontada com os princípios e parâmetros da organização
produtiva.
A competência de serviço implica que o trabalhador se questione a
respeito dos impactos do seu trabalho em relação à vida dos seus
clientes ou usuários, ainda que direta ou indiretamente. Pressupõe que
o trabalhador conheça e compreenda os modos de vida de seus
destinatários para que possa dimensionar sua utilidade.
Finalmente, a competência social diz respeito à forma que se manifesta
a autonomia, responsabilidade e capacidade de comunicação,
integradas às competências profissionais. Estas competências se
expressam através do comportamento e atitudes do trabalhador.
As categorizações e detalhamentos explícitos por Zarifian (apud RAMOS,
2001) apresentam relativa amplitude e abrangência, entretanto, evidenciam a mesma
fragilidade encontrada nas formulações de autores como Perrenoud (2000), dentre
outros. Localiza a centralidade das competências sociais e comportamentais
(KUENZER, 2003) na capacidade de cada indivíduo e as competências técnicas, a
serem construídas por meio da educação formal ou informal. Desta forma, a
“personalidade do trabalhador passa a constituir sua força de trabalho(RAMOS, 2001,
p. 202).
Seria automática, portanto, a relação entre desemprego e ausência de
competências técnicas ou comportamentais (KUENZER, 2003), fruto da personalidade
do indivíduo? Este é um aspecto a ser pensado durante o processo de análise, construção
e avaliação da noção de competências, segundo uma abordagem crítica.
88
Sobre essa relação entre os componentes pessoais e construídos por meio
da formação profissional ou experiencial, Kuenzer (2003) pontua que após estudos
desenvolvidos do decorrer dos doze últimos anos diagnosticou-se que a competência
desenvolvida durante o período taylorista/fordista era predominantemente “psico-física
e fragmentada, advinda antes da experiência do que da relação com o conhecimento
sistematizado, tinha natureza predominantemente tácita, para a maioria das ocupações”
(p. 19).
Os estudos realizados evidenciaram que o conhecimento tácito, presente no
taylorismo/fordismo, não se torna menos importante nos parâmetros da acumulação
flexível do capital, adquire apenas uma maior ênfase, tendo em vista que as novas
tecnologias e a microeletrônica exigem um aporte de conhecimentos científicos que não
poderiam ser adquiridos fora de um currículo sistematizado (KUENZER, 2003). Estes
estudos demonstram ainda, que o conhecimento tácito não subsume o conhecimento
técnico-científico, porém, deixa claro que este último é fundamental, até mesmo para
àqueles que aprenderam o processo ou o manuseio de novas tecnologias com base nas
experiências construídas no trabalho.
A análise desta conclusão nos leva, contraditoriamente, a duas deduções.
Se por um lado o conhecimento tácito ainda é reconhecido, por outro, está subordinado
ao conhecimento técnico-científico, o que culmina na dualidade entre o fazer e o saber.
Sendo assim, o trabalhador precisa qualificar-se constantemente, e por esta razão se
torna dependente dos conhecimentos disponibilizados através do ensino formal ou não-
formal. Porém, os trabalhadores que apresentam maior dificuldade para qualificar-se
continuamente, por questões de tempo, ausência de investimento ou um quadro
curricular inadequado, submetem-se a empregos precarizados e cada vez mais marginais
(KUENZER, 2003).
89
Antunes (1995) explicita que à medida que a base microeletrônica traz
consigo a
discussão sobre a concepção de competência enquanto práxis [...],
[aponta] para a relação dialética que se estabelece entre conhecimento
tácito e conhecimento científico, e [valoriza] o trabalho vivo, aponta
a necessidade de uma formação mais complexa da força de trabalho,
mais multifuncional [e] que será explorada de modo mais intenso e
sofisticado ( p.41 - acréscimo nosso).
Vale ressaltar, porém, que a ênfase dada a uma formação mais
intelectualizada é característica de nichos desenvolvidos, no que tange aos aspectos
tecnológicos. Entretanto, o conhecimento tácito continua sendo essencial aos
trabalhadores que desenvolvem tarefas desqualificadas ou pouco complexas
(KUENZER, 2003).
No contexto da flexibilidade, surge o modelo de competências
estabelecendo parâmetros para a formação do homem “flexível”. As perspectivas de
análise e discussão sobre o modelo de competências voltado para a formação
profissional, diversificam-se em virtude da abordagem adotada. Numerosos autores têm
destinado parte de seus esforços para o estudo das nuances e conteúdos que se inserem
no contexto do estabelecimento do modelo de competências focado na formão
profissional, tendo em vista que a temática está posta, mas entendendo, entretanto, que é
preciso ressignificá-la (DELUIZ, 2001; RAMOS, 2001; KUENZER, 2003; BAUDOIN,
2004; OLLAGNIER , 2004).
O surgimento do termo competências associado à educação profissional
parece ter ocorrido, inicialmente, como sugere Depresbitéris (2005), em alguns países
industrializados, especialmente aqueles que apresentavam dificuldades para integrar o
sistema educativo com o sistema produtivo. Apesar de uma formação mais ampla para o
trabalhador ter sido um tema sempre defendido por educadores em outras bases, “o
90
modelo de competências surgiu como uma proposta para a educação profissional,
formulado sob influência do setor produtivo, como uma decorrência das mudanças do
mundo do trabalho” (DEPRESBITÉRIS, 2005, p. 8).
Por conta da primeira idéia sobre competências ter sido associada à
“competitividade, decorrente das necessidades do trabalhador e das empresas lutarem,
em tempos de crise” (op. cit., p. 6) por inserção no mundo do trabalho, alguns
educadores foram resistentes ao seu uso, evitando uma apropriação inadequada ou um
reforço ao modelo neoliberal. Corroborando este aspecto, Silva; González (2001)
acrescentam que
na literatura, a noção de compencias está assentada na possibilidade
da formação voltada para determinado objetivo, por meio de uma
prática social, entendida de uma forma peculiar, posto que ela, da
maneira como se apresenta, poderia ser aplicada a esferas sociais
muito diferentes , como por exemplo a fábrica, a escola, a política e a
programas educacionais (p. 47).
Apesar da noção de competências abarcar uma rie de contradições e
ambiidades, dentre elas as suspeitas de pretensão em determinar rigorosamente as
qualidades dos aprendizes; Baudouin (2004) considera que adotar uma postura simplista
ou contrária às discussões sobre a noção de competências ocasiona o estabelecimento de
conformidade ou/e contrariedade confortável, típica daqueles que se eximem do
ingresso em espaços de análise e discussão.
Nos anos de 1980, o modelo de competências profissionais começa a ser
foco de discussões no mercado de trabalho, momento este caracterizado pela crise
estrutural do capitalismo que se configurava dos países periféricos na década anterior.
Esta crise se [expressava por meio do] esgotamento do padrão de
acumulação taylorista/fordista; pela hipertrofia da esfera financeira na
nova fase do processo de internacionalização do capital; por uma
acirrada concorrência intercapitalista, com tendência crescente à
91
concentração de capitais devido às funções entre as empresas
monopolistas e oligopolistas; e pela desregulamentação dos mercados
e da força de trabalho, resultantes da crise da organização assalariada
do trabalho e do contrato social (DELUIZ, 2001, p. 13 acréscimo
nosso).
A intensificação da crise estrutural do modelo taylorista/fordista e a
concomitância do estabelecimento do modelo flexível de produção acarretaram
mudanças nas formas de conceber a educação profissional. Assim, com base em
perspectivas diferenciadas, o modelo de competências tem sido analisado e discutido.
Mais especificamente sobre a formação profissional de jovens, a noção de
competência, ao se tornar um título de um problema, define com precisão o campo
teórico aberto pelo redimensionamento da análise da atividade” (BAUDOUIN, 2004, p.
153). O redimensionamento, aqui mencionado, refere-se à possibilidade de viabilizar o
desenvolvimento da didática da formação profissional de jovens com base nas
atividades realizadas por estes. Pressupõe a interface que se estabelece entre o saber, o
aprendiz, o formador e a atividade, em detrimento do reducionismo observado quando o
modelo de formação restringe-se ao saber, ao aprendiz e ao formador.
Nos dois modelos, a relação entre o aprendiz e formador no processo de
construção do saber é um importante aspecto, porém, se a atividade for levada em
consideração torna-se viável uma formação de jovens coerente com as ações que estão
sendo ou serão desenvolvidas por estes. Sobre o aspecto mencionado, Ollagnier (2004)
ressalta que a “educação de jovens e adultos implicou numa concepção de suas
aprendizagens relacionadas a seus percursos de vida, suas experiências e sua postura
intelectual e emocional do ator social” (p. 190).
A adoção de uma concepção que aborde a necessidade de correlação entre
as experiências do jovem e os saberes a serem construídos ou formalizados corresponde
92
a um contexto vivenciado desde o século anterior. Em cada momento histórico e
segundo a demanda e especificidades do mercado, a educação adota um conjunto de
referenciais, que nos primórdios da educação de jovens e adultos, eram referenciais
invariáveis, condizentes, portanto, com as relações de trabalho que se estabeleciam.
Relações estáveis e mediadas por sindicatos, patronato e poder público, que
concomitantemente, proviam uma educação para adultos pautada na promoção
profissional e na capacitação para o exercício de suas funções de forma competente.
No contexto de instabilidade que se instaura na atualidade, a educação
profissional de jovens centraliza-se na indeterminação. “Assim, a atividade pode ser
pensada como o esforço do ajuste que nunca pode estabilizar-se de forma permanente
entre determinação (a tarefa codificada) e indeterminão (elementos circunstanciais de
um contexto de ação)” (BAUDOUIN, 2004, p. 155). A indeterminação, tão presente nas
relações de trabalho e percebida no desenvolvimento das atividades, não exime a
necessidade de formalização do saber, pois a este será recorrido para suscitar
questionamentos. Na formação de jovens é preciso permitir que eles articulem
explicitamente a relação entre os conceitos, a teoria e a prática” (OLLAGNIER, 2004,
p. 197).
A experiência ou atividade realizada pelo jovem em formação é levada em
consideração, inclusive, em experiências observadas em países europeus e nos Estados
Unidos, que certificam os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, não
necessariamente por meio da educação formal. Ollagnier (2004) pontua este aspecto e
ressalta a pertinência de estabelecer critérios para que teoria e prática o estejam
dissociadas durante o período de formação.
Portanto, desenvolver uma proposta de educação profissional pautada no
modelo crítico de competências requer a identificação dos aspectos que promovem a
93
emancipação dos sujeitos e a garantia do direito ao trabalho, num contexto includente e
excludente. Includente à medida que viabiliza contratações e subempregos com
marcante expropriação, cerceamento de direitos trabalhistas e baixos sarios e
excludente à medida que expulsa, por vezes definitivamente, o trabalhador dos postos
formais de trabalho (KUENZER, 2003).
3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A JUVENTUDE: FORMANDO UM
EXÉRCITO DE RESERVA COADJUVANTE
Em uma sociedade de desempregados, a universalização da educação vem
sendo uma meta proclamada nos textos normativos e procedimentais das políticas
públicas implementadas no Brasil. Vale ressaltar, que não é ingênua a presença de
políticas públicas voltadas à universalização da Educação Básica, manutenção dos
índices de escolaridade, permanência e promoção escolar. O Banco Mundial, por meio
de incentivos financeiros e aporte técnico, vêm ditando prioridades no campo da
educação no contexto da internacionalização e globalização do capital. Além de ditar
prioridades “gera as definições dos problemas e as soluções viáveis e legítimas
(TORRES, 1995, p. 130) segundo o diagnóstico técnico de seus experts.
Depois de realizados os diagnósticos, o Banco Mundial disponibiliza e
investe, diretamente, apenas uma ínfima parte de seus recursos para a educação.
Costumeiramente, observa-se a aplicação de verbas relacionadas à educação para o
financiamento de assessoria, objetivando a implantação de políticas públicas que
atendam à demanda da proposta neoliberal (OLIVEIRA; HADDAD, 2001).
Fato, também, relevante é a diversificação da aplicação de verbas em
projetos e ações em diferentes países. Percebe-se que, apesar da clara perspectiva do
94
Banco Mundial, alguns países conseguem imprimir os anseios sociais na implementação
de políticas. A exemplo disso, temos a Bolívia que viabilizou a inclusão da educação
indígena bilíngüe enquanto componente central da reforma educativa, também
financiada pelo Banco Mundial.
Neste contexto, é de fundamental importância considerar os atores sociais
que compõem a relação entre o Banco Mundial, diferentes instâncias do governo e
diversos setores da sociedade civil (CORAGGIO, 1996).
Incutido nas propostas de financiamento do Banco Mundial, está o
incentivo a uma política social com três objetivos diferenciados. Inicialmente, para dar
“continuidade ao processo de desenvolvimento humano que ocorreu apesar da falência
do processo de industrialização e desenvolvimento econômico” (op. cit. p. 77). Em
seguida, observa-se que as propostas “estão direcionadas para compensar
conjunturalmente os efeitos da revolução tecnológica e econômica que caracteriza a
globalização (op. cit. p. 78). E, finalmente, estão para “instrumentalizar a política
econômica, mais do que para continuá-la ou compensá-la” (op. cit.), acessibilizando
assim, a inserção dos países periféricos no mercado global.
O Banco Mundial reconhece, entretanto, alguns limites impostos à
globalização e apresenta propostas para superá-los. Alguns dos principais desafios
referem-se aos desequilíbrios ecológicos que resultam da exploração contínua dos
recursos naturais, bem como, da intensificação dos desequilíbrios sociais. Para resolvê-
los, o Banco propõe uma política social mínima e prioritariamente liderada pela
sociedade civil. Em se tratando especificamente da educação, a adequação de seu
modelo econômico à educação torna a escola em empresa, converte os sujeitos em
clientes e aplica estratégias para sanar as necessidades do mercado.
95
Porém, à medida que o Banco se propõe a elaborar e implementar políticas
públicas que viabilizem o melhor preparo da foa de trabalho para que estes sejam
“empregáveis”, desconhece que o preparo os nivela e os tornam competitivos entre si. E
este aspecto em nada assegura o acesso ao emprego.
No contexto do mercado global, “a autonomização e a vertiginosa
mobilidade do capital financeiro, a polarização tanto nos países do Sul quanto nos do
Norte, e o crescente fosso entre o Norte e o Sul” (CORAGGIO, 1996, p.78) são
conseqüências evidentes, bem como, excludentes. Nesta perspectiva, a idéia de êxito
dos indivíduos consiste no triunfo alcançado por meio da competição brutal.
Mencionar a globalização do capital no momento em que se estabelecem
políticas públicas é fundamental, tendo em vista que, no projeto neoliberal que
propugnou o modelo de ajuste estrutural e de estabilização, o imperativo da elevação
nos índices de qualidade escolar estava explícito. Mas as preferências teóricas e
operacionais do Banco Mundial não se restringem ao aspecto citado. De acordo com os
manuscritos de David Plank (apud TORRES, 1995), quatro princípios norteiam a
formulação de políticas públicas “intermediadas” pelo organismo, em países periféricos.
São eles: (1). Crescente investimento na educação primária e na saúde; (2).
Descentralização administrativa; (3). Investimento na educação geral em detrimento da
educação vocacional e; (4). Recuperação de custos de investimentos e eficiência no
manejo dos recursos.
Se observados, verifica-se que os aspectos pontuados convergem para o
Plano Diretor da Reforma do Estado, que por sua vez objetivava a adequação aos
parâmetros neoliberais com base na reestruturação produtiva do capital.
96
A descentralização administrativa citada no segundo item e, conforme
mencionado anteriormente, requer uma reforma gerencial, que subsume ao município a
resolução dos problemas compreendidos no município, e assim sucessivamente. A
recuperação dos recursos investidos, explícitos no quarto item, bem como o manejo do
processo, detêm especial atenção dos técnicos do Banco Mundial, que elaboram,
implementam e, por vezes, avaliam a execução das políticas em âmbito educacional,
após diagnosticarem, no início do processo, a crise educacional.
Qual seria então o diagnóstico da crise? A cada nova edição das revistas e
jornais de grande circulação no país, é notória a convergência de opiniões quando o
assunto em voga é a educação. A crise educacional é evidente e os neoliberais não se
isentam da discussão. Compreendermos e analisarmos criticamente o discurso
neoliberal para que não construamos pressupostos com base no discurso hegemônico do
capital é fundamental antes de qualquer proposição.
Na concepção dos neoliberais a crise educacional é decorrente da
ineficiência, ineficácia e improdutividade observadas nas instituições escolares. Assim
sendo, a crise não surge em virtude da necessidade de expansão e construção de escolas,
que aumentariam o número de vagas na rede regular de ensino, menos ainda da
universalização e extensão destas. A crise torna-se resultante da falta de qualidade dos
serviços educacionais. Numa concepção neoliberal, o Estado é ineficiente na gestão
destes serviços: “a educação funciona mal porque foi penetrada pela política, porque foi
profundamente estatizada” (GENTILI, 1996, p. 21).
A única solução, portanto, seria a privatização das instituições escolares,
para que o novo modelo de homem, que atende às especificidades do mercado, seja
difundido: “o modelo de homem neoliberal é o cidadão privatizado, o entrepreneur, o
consumidor” (op. cit.).
97
Então, quem seriam os culpados desta crise? São apontados responsáveis
diretos e outros indiretos. Entre os primeiros se encontram o modelo de Estado
assistencialista e os sindicatos, e indiretamente todos os demais, a sociedade em geral.
Como se os pobres fossem responsáveis por sua pobreza, os doentes responsáveis por
seus males, e assim por diante (GENTILI, 1996). Para os neoliberais a superação desta
crise implica em elaborar estratégias que tornem a educação eficiente e eficaz, para a
construção de um mercado educacional competitivo.
As estratégias defendidas por neoliberais para a superação da crise,
consistem em estabelecer mecanismos de controle de qualidade e avaliação constante
dos serviços educacionais, bem como a necessidade de articular e gerir as escolas
segundo as demandas do mercado de trabalho. À medida que os neoliberais subordinam
a educação às necessidades do mercado, pressupõe-se que “o sistema educacional se
ajuste às demandas do mundo dos empregos” (op. cit. p. 25). Mas, quando defendem
mecanismos de controle de qualidade, são contraditórios. Estabelecem um Estado
máximo para elaborar currículos, bases avaliativas e instrumentos de controle e mínimo
quanto ao financiamento da Escola Pública, responsável pela Educação Básica geral e
não vocacional.
Em contrapartida, ainda é possível identificar, no Brasil, iniciativas
estaduais que objetivam atribuir um sentido formativo à avaliação educacional no
sentido da institucionalização (BONAMINO; BESSA, 2004). A exemplo deste aspecto,
verificou-se que em cinco estados, a saber, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná e
Pernambuco, “os programas de avaliação e de medidas educacionais não têm por
finalidade aferir e informar sobre o rendimento dos alunos e efetividade das escolas. Em
todos, o papel atribuído à avaliação tem sentido formativo” (op. cit. p. 71).
98
A despeito das especificidades identificadas nos programas estaduais de
medidas e avaliação educacional quanto a objetivos, processos e métodos, a
contribuição para a política educacional e para a prática pedagógica se dá à medida que
os estados comprometem-se a contribuir para fundamentar essas mesmas políticas e
práticas. Mas, alcançar os objetivos propostos é tarefa considerada difícil,
especialmente, “por envolverem serviços e disposições políticas que fogem à área da
avaliação e das medidas educacionais” (BONAMINO; BESSA, 2004, p. 71).
De acordo com Bonamino e Bessa (2004, p. 75 acréscimo nosso) em
“todos os programas de ações e de medidas educacionais, a influência e a interação com
o [Sistema Educacional da Educação Básica] (SAEB) são flagrantes”. O SAEB,
implantado desde 1990, compreende um conjunto de sistemas de avaliação do ensino
brasileiro e coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (MEC, 2007)
11
.
Conforme evidenciado anteriormente, cabe à Educação Básica,
desenvolvida no espaço escolar, tipologicamente definida como educação formal, a
formação geral dos indivíduos. A orientação vocacional após a reforma do Ensino
Médio Técnico, passou a ser desenvolvida em nível pós-médio (formação técnica
paralela à Educação Básica), em nível superior e no âmbito da educação não-formal.
Apesar da Educação Básica aqui citada compreender a Educação Infantil, o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio, nos deteremos à demanda atendida durante o
período de formação, a partir do Ensino Médio, pois é neste peodo escolar que ocorre
a descentralização da formação profissional. Além deste aspecto, parte dos sujeitos
11
Informações coletadas no site do MEC, disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9273. Acesso em, 26 de
novembro de 2007.
99
desta pesquisa estão também compreendidos na faixa etária atendida no peodo do
Ensino Médio.
A descentralização no que tange à formação profissional no Brasil gerou
uma série de ações que partem de locais diferenciados. Nos muros escolares, em que
ocorre a formão profissional em nível pós-médio, a juventude permanece se
qualificando, por vezes fora do mercado, para um contexto que a posteriori não
viabilizará sua inserção. Em contrapartida, em fundações, associações e ONGs,
geralmente é acessibilizada ao jovem uma formação para a informalidade, para o
empreendedorismo. Discurso similar em numerosos cursos de formação (GOHN, 2006).
Amparados por políticas sociais de alívio a pobreza, os chamados agentes
sociais elaboram quadros curriculares de formação profissional que circulam entre as
habilidades necessárias para aplicar injeções, elaborar currículos e atender telefone,
dentre outros. Mas, algumas destas organizações sociais, preocupadas com a relação
entre educação, juventude e trabalho, focalizam suas ações educativas no âmbito da
conscientização, empoderamento e emancipação no contexto da crise.
Todavia, as ações desenvolvidas pautam-se em parâmetros estabelecidos
por políticas públicas que vigoram no Brasil. Em se tratando das políticas públicas
voltadas para a juventude, é perceptível que a demanda a ser atendida é bem definida,
apesar da multiplicidade de definições atribuídas à juventude”, que pode ser analisada
segundo a égide cultural, social, econômica ou biológica. Os jovens a que nos referimos
no que tange à elaboração de políticas de alívio à pobreza e “conseqüentegeração de
trabalho e renda, têm segundo Frigotto (2004, p. 181), rosto definido”. São
pertencentes
à classe ou fração de classe de filhos de trabalhadores assalariados ou
que produzem a vida de forma precária por conta própria, no campo e
na cidade, em regiões diversas e com particularidades socioculturais e
100
étnicas. Compõem esse universo aproximadamente 6 milhões de
crianças e jovens que tem inserção precoce [ou que pelo menos
anseiam essa inserção] no mundo do emprego e do subemprego.
Inserção que não é uma escolha, mas uma imposição de sua origem
social e do tipo de sociedade que se construiu no Brasil (FRIGOTTO,
2004, p. 181 – acréscimo nosso).
Ampliar a análise no que se refere aos múltiplos espaços de atendimento
desta juventude, em se tratando de sua formação profissional, torna-se ainda mais
necessário na contemporaneidade, tendo em vista que o acesso à escola não vem
garantindo, por si só, uma educação que abarque as especificidades da demanda a ser
atendida. Para compreender esta questão são ressaltados três aspectos, que associados,
penalizam os jovens da classe trabalhadora em relação ao acesso e permanência na
escola pública.
O primeiro aspecto diz respeito ao dualismo explícito formalmente
ou pelo tipo de escola que se oferece [...], [que geralmente é] uma
escola de acordo coma classe social. O segundo aspecto refere-se ao
desmonte da escola básica, tratando-a não como direito, mas como
filantropia e mediante campanhas de ‘amigos e padrinhos da escola’
ou ‘adoção e voluntariado’ [...]. [E, finalmente o terceiro aspecto trata
da] desqualificação da escola básica pública, [que] se efetiva
mediante a adoção unilateral do ideário da pedagogia do mercado:
pedagogia das competências e da empregabilidade (op. cit. p. 191
192 – acréscimo nosso).
Com o escamoteamento da escola pública, e como se não bastasse o
“protagonismo” da sociedade civil na execução de políticas voltadas para as questões
sociais, o Estado ainda incentiva e conta com o voluntariado que é convocado a assumir
os revezes da escola pública, que deveria ser cara aos olhos e bolso do Estado. Então, os
jovens não atendidos por meio de políticas formais e concretizáveis, alargam as fileiras
da qualificaçãonima e às vezes inexistente, do desemprego e das ONGs, que prestam
serviços sociais de atendimento a juventude. Assim, é mais uma vez evidente o
esvaziamento do Estado de suas fuões sociais.
101
Tal fato, porém, não é recente. Em se tratando da área social, o Brasil,
tradicionalmente divide a focalização de suas políticas para dois grupos distintos. Os
que podem pagar e os que não podem pagar. Os pagantes são conhecidos de todos e os
não pagantes se subdividem em crianças, gestantes, pessoas com algum tipo de
deficiência e mais recentemente idosos. Os jovens, reconhecidos como portadores de
um futuro promissor são excluídos deste grupo (COHN, 2004).
Apesar de serem denominados na atualidade como pertencentes ao grupo
de risco em virtude do fácil acesso às drogas, violência e exposição a doenças e
acidentes, continuam não sendo contemplados por políticas públicas de proteção social,
dada à lógica que as fundamentam, que se pauta na contribuição ou na exacerbada
necessidade de dependência (op. cit.).
Essa é a mesma lógica que, durante a crise do Estado que ocorreu no
interior do Estado desenvolvimentista em países periféricos, pautou suas políticas
sociais com base “[na] capacidade contributiva dos assalariados [bem como na]
trajetória eria de vida dos indivíduos segurados pautados pelo mercado de trabalho
(COHN, 2004, p. 168 acréscimo nosso). E é nesse sentido, que a juventude como
segmento em transição da inncia para a idade adulta, não se inseriria no sistema de
proteção social, uma vez que as políticas pautavam-se na capacidade contributiva do
trabalhador inserido no mercado formal de trabalho.
No entanto, apesar da superação desse modelo de proteção social restrito
aos já inseridos no mercado de trabalho assalariado, “permanece ainda hoje a concepção
de que gastos na área social são incompatíveis com o projeto econômico vigente” (op.
cit. p. 164). Após os anos de 1990, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, o
eixo contributivo para ser assegurado, migrou do caráter permanência no mercado de
102
trabalho, para o eixo tempo de contribuição. Assim, o tempo de contribuição passou a
sobrepujar o fato de, a priori, estar contribuindo (COHN, 2004).
Não menos determinante, após os anos de 1990, foi a dicotomia que se
estabeleceu entre as políticas estatais voltadas para o “econômico” versus o social.
Dedicando tempo, esforços e recursos para a execução de políticas econômicas e
transferindo, conforme já observamos no capítulo anterior, a execução das políticas
sociais para a sociedade civil.
Por conseguinte, o que pode ser observado é o imenso contingente de
jovens que se agarram à possibilidade de inserção no mercado de trabalho por meio do
ingresso em programas coordenados e executados por ONGs.
As preocupações e incertezas quanto ao mercado de trabalho não são
próprias apenas da juventude brasileira. De acordo com a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), cerca de 88 milhões de jovens estavam desempregados nos anos de
2003, representando cerca de 47% do total global de desempregados, apesar de
representarem apenas 25% da População Economicamente Ativa (PEA) do planeta. Nos
países periféricos agravam-se os dados, pois, a possibilidade de um jovem tornar-se
desempregado é 3,8% maior do que se for considerado um adulto a partir dos 25 anos
de idade. Nos países centrais, este índice cai para 2,3% (BRANCO, 2005).
Mais especificamente no Brasil, o desemprego entre os jovens está no topo
da pirâmide de desempregados. A cada 100 jovens pertencentes a PEA, 24,5% deles
está em situação de desemprego. Além disto, se focalizarmos nas características das
ocupações destinadas aos jovens entre 16 e 24 anos ver-se-á que, em muito maior
proporção “do que para os adultos em atividade, são em sua maioria jovens [...] [que
103
preenchem] posições ocupacionais de baixa qualidade, ostentando vínculos precários e
de menor remuneração” (BRANCO, 2005, p. 130 – acréscimo nosso).
Muitos desses jovens, na corrida em busca do primeiro emprego, terminam
interrompendo o processo de escolarização ou cursos de qualificação profissional, em
virtude da necessidade de ampliação de renda familiar, quando não representam a única
renda da família. Entretanto, indicativos demonstram que se o jovem estivesse inserido
no processo de escolarização e profissionalização, a taxa de desemprego geral seria
reduzida num primeiro momento, e a posteriori o mercado receberia um jovem
“melhor” qualificado em um universo cada vez mais excludente e competitivo
(GUIMARÃES, 2005).
Sob essa égide poderia se concluir que “caberia privilegiar aquelas
políticas voltadas para o desestímulo ao ingresso juvenil na PEA” (GUIMARÃES,
2005, p. 131), em contrapartida, “uma orientação nesse sentido contrastaria fortemente
com vários determinantes da realidade, que vêm transformando, para muitos jovens, a
busca por ocupação numa opção imperiosa” (op. cit.), seja por uma situação financeira
familiar extremamente precária, seja pelo enfrentamento à pobreza ou por conta das
limitações impostas a cada família.
Mas as dificuldades de inserção não se restringem ao período de ingresso e
à qualificação juvenil. A competitividade entre os jovens e entre os jovens e adultos
acirra a concorrência, e nesta corrida os trabalhadores desempregados em idade adulta
terminam levando vantagem, especialmente pelo estado de vulnerabilidade e desespero
que se encontram (BRANCO, 2005; GRIMARÃES, 2005).
Para melhor compreendermos as especificidades do contexto desse jovem
que protagoniza a busca ao primeiro emprego, analisemos a pesquisa quantitativa
104
realizada pelo Projeto Juventude (GUIMARÃES, 2005), com dados coletados no final
de 2003. Nesta pesquisa, os jovens foram questionados sobre o que seria melhor e pior
no fato de ser jovem. Para 16% dos jovens entrevistados, poder trabalhar consistia no
melhor aspecto da juventude, ocupando, portanto, a 6ª colocação. Sobre o que seria pior,
20% apontaram a falta de trabalho, o que correspondia ao pior aspecto, precedido
apenas pela “ausência” de coisas ruins, a convivência com riscos e a falta de liberdade.
Porém, o aspecto mais determinante surge quando são questionados sobre
suas principais preocupações, 52% dos jovens respondeu ser o emprego, a profissão, sua
maior preocupação. Finalmente, sobre os interesses que preponderavam na juventude,
38% escolheram a educação e 37% o emprego ou atividades profissionais
(GUIMARÃES, 2005) “Poder-se-ia evoluir, assim, para a constatação de que três em
cada quatro jovens estão atribuindo ao binômio - educação e emprego - o significado de
assunto que mais lhes interessa” (BRANCO, 2005, p. 140).
A grandiosidade dos problemas revelados por meio dos indicativos de
desemprego entre a PEA e os dados do Projeto Juventude referentes às principais
preocupações do jovem brasileiro, nos “remete necessariamente ao debate sobre o
alcance, a natureza e a qualidade das políticas públicas que [estão] especificamente
voltadas para o enfrentamento desse desafio” (op. cit. p. 145 acréscimo nosso). As
respostas obtidas e o contexto observado a olhos nus, apontam para a necessidade de
“formular e empreender em âmbito nacional, um programa amplo, contemplando uma
diversidade de alternativas de trabalho e renda para jovens entre 16 e 24 anos, orientado
pelas seguintes diretrizes” (op. cit.):
1. Incentivar a elevação da escolaridade por meio da transfencia de
renda e a realização de atividades sociais/ comunitárias relacionadas aos interesses dos
105
jovens em cada localidade, privilegiando aqueles de baixa escolaridade, baixa renda e
de cada faixa etária mais elevada.
2. Apoiar a inserção de jovens no mercado formal de trabalho,
considerando:
A reformulação do Programa Primeiro Emprego [...];
A articulação entre educação profissional e local de trabalho [...];
O necessário debate sobre a Lei de Aprendizagem e os estágios [...];
O fomento de um amplo espaço de debate sobre o Sistema S [...];
A ampliação do envolvimento das empresas nas ações de formação
profissional [...];
Ampliação dos espaços de debate em torno dos direitos dos
trabalhadores, envolvendo poder público, sindicatos, empresários,
universidade e sociedade civil;
Debater o papel do Sistema Nacional de Emprego (SINE).
3. Fomentar e apoiar a constituição de empreendimentos e cooperativas de
jovens [...].
4. Fomentar e apoiar a construção de alternativas ocupacionais na área
social [...].
5. Promover estímulos e apoios ao trabalho no campo [...].
12
Após fazer um levantamento dos aspectos citados, faz-se necessário
sobressair a potencial certeza de que ainda que todos sejam levados em consideração na
elaboração, execução e avaliação de políticas públicas voltadas à juventude, torna-se
premente uma mudança não apenas conceitual, mas essencial. Em que sejam levados
12
Os aspectos pontuados nos 5 itens acima citados foram extraídos na íntegra de Branco (2005, p. 145 –
147) Alguns dados foram suprimidos por não serem pertinentes a este estudo, mas podem ser encontrados
na íntegra, no referido texto.
106
em consideração os atores desse processo. Não nos cabe o romantismo da cega crença
no condão das políticas públicas, mas o contexto em que o jovem desempregado está
inserido exige transformações emergenciais ou teremos uma população em que o
desemprego se cristaliza como realidade intermitente no imaginário juvenil.
O Romantismo pontuado acima é longínquo na medida em que as políticas
públicas voltadas para a juventude são analisadas e avaliadas. Vale ressaltar, que apesar
do desemprego se configurar como um dos mais graves problemas sociais que atingem
a PEA do Brasil na década de 1990, as políticas de emprego neste mesmo período
resultam, contraditoriamente, “de um lado, das possibilidades institucionais derivadas
da Constituição de 1988 e, de outro, da adoção da orientação neoliberal na condução do
país” (VÉRAS DE OLIVEIRA, 2007, p. 43).
Frigotto (2005), Kuenzer (2003) e Véras de Oliveira (2007), dedicaram
parte de seus estudos a avaliação de políticas públicas voltadas para esta demanda, mais
especificamente focadas na educação profissional, modalidade cada vez mais presente
no contexto de crise da juventude (que aqui estamos tratando) no Brasil.
Para melhor compreendermos o exposto, tracemos um retrospecto
histórico a partir do segundo período do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC),
em que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96 passaram a
fundamentar a formulação de políticas de educação profissional. Apesar das políticas
elaboradas durante o governo FHC e atual governo Luís Inácio Lula da Silva estarem
pautadas no discurso da “inclusão dos trabalhadores no mundo do trabalho por meio da
qualificação profissional, [estas,] não não surtiram o efeito anunciado como ainda
tornaram mais precarizadas as ofertas educativas (KUENZER, 2007, p. 878
acréscimo nosso). Entretanto, não é legítima a afirmação, pelo menos no que se refere
107
aos aspectos hisricos, que os dois governos, no que se refere às políticas de educação
profissional, são exatamente a mesma coisa.
As especificidades dos aspectos que compreendem a formulação de
políticas públicas de educação profissional no Brasil nos dois governos serão tratados a
seguir. Dois documentos explicitam as propostas de educação profissional nos períodos
pontuados. A saber, o Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) e o
Plano Nacional de Qualificação (PNQ).
O PLANFOR, implementado pelo MTE entre 1995 e 2002, “teve como
proposta articular as Políticas blicas de Emprego, Trabalho e Renda, tendo como
principal fonte de financiamento o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)” (op. cit.
p.886). O Decreto nº. 2.208/97 além de fornecer o aporte jurídico a estes e outros
programas de educação profissional, “apresentou as concepções e normas sobre as quais
se desenvolveu o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), vinculado
ao Ministério da Educão (MEC)” (op. cit.). Vale ressaltar que o decreto citado foi
formulado em comum acordo entre o MEC e o Banco Mundial, que objetivou a priori, a
separação entre o Ensino Médio e a Educação Profissional.
Segundo dados do MTE, o
PLANFOR propôs como meta qualificar, por meio da oferta de
Educação Profissional, pelo menos, 20% da PEA, o que significou
aproximadamente 15 milhões de pessoas com idade superior aos 16
anos, tendo em vista a inclusão no mundo do trabalho. Esse programa
envolveu 15,3 milhões de trabalhadores nos Planos de Qualificação
Profissional, havendo uma crescente disponibilização de recursos
nesse período, que passou de R$ 28 milhões, em 1995, para R$ 493
milhões, em 2001(KUENZER, 2007, p. 886).
As avaliações realizadas após a execução do PLANFOR, evidenciaram
mau uso dos recursos públicos, baixa qualidade e efetividade social. A partir das
avaliações do PLANFOR, o governo do presidente Lula apresentou o PNQ como
108
proposta de política pública para a educação profissional (KUENZER, 2007; VÉRAS
DE OLIVEIRA, 2007).
O PNQ foi lançado em junho de 2003 e formulado a partir do Programa
Nacional de Qualificação Social e Profissional que compõe o Plano Plurianual (PPA)
em sua versão mais atualizada (2004 2007). “[Comou] a ser implementado no
segundo semestre de 2003, através dos Planos Territoriais de Qualificação Planteqs e
dos Projetos Especiais de Qualificação Proesqs” (VÉRAS DE OLIVEIRA, 2007, p.
55).
Os três grandes objetivos compreendidos no PNQ se referiam à
inclusão social e redução das desigualdades sociais; crescimento com
geração de trabalho, emprego e renda, ambientalmente sustentável e
redutor das desigualdades regionais; e promoção e expano da
cidadania e fortalecimento da democracia (MTE/PNQ, 2003/2007, p.
17).
Para tanto, a proposta fundamentava-se em seis dimensões: política, ética,
conceitual, institucional, pedagógica e operacional, em que as concepções consistem no
reconhecimento da Educação Profissional como direito, como
política pública e como espaço de negociação política; exigência de
integração entre Educação Básica e profissional, para o que a
duração média dos cursos passe a ser estendida para 200 horas;
reconhecimento dos saberes socialmente produzidos pelos
trabalhadores; exigência de formulação e implementação de projetos
pedagógicos pelas agências contratadas; garantia de investimentos
na formação de gestores e formadores; a implantação de um sistema
integrado de planejamento, monitoramento, avaliação e
acompanhamento dos egressos; a integração das Políticas Públicas
de Emprego, Trabalho e Renda entre si e destas com relação às
Políticas Publicas de Educação e Desenvolvimento: transparência e
controle no uso dos recursos públicos (MTE/PNQ, 2003/2007, p. 20-
21).
As políticas de educação profissional efetivadas até o momento no
governo do presidente Lula proclamam corrigir distorções conceituais e práticas do
109
governo anterior. A revogação do Decreto . 2.208/97 foi uma das mais relevantes
correções por se tratar da possibilidade de restabelecimento da integração entre o
Ensino Médio e Técnico.
Conforme mencionam Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), o obstante
essas declarações favoráveis à integração, a política de educação profissional processa-
se mediante “programas focais e contingentes, [como]: Integração da Educação
Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
(PROEJA) e da Inclusão de Jovens (PROJOVEM)” (p.4 acréscimo nosso) além do
PNPE gerenciado pelo MTE.
Por meio da Medida Provisória nº. 238, de fevereiro de 2005, criava-se o
PROJOVEM objetivando a elevação do “grau de escolaridade por meio da conclusão
do Ensino Fundamental articulado à qualificação profissional e à ação comunitária,
tendo em vista a inserção cidadã(Artigo 1º). Estava destinado a jovens que tivessem
concluído o 5º ano do Ensino Fundamental com idades entre 18 e 24 anos e que por sua
vez não tivessem nculo empregatício e “[apresentassem] marcas de discriminação
étnico-racial, de gênero, de geração e de religião, os quais receberão um auxílio
financeiro de R$ 100,00, enquanto durar o curso, por um período máximo de 12
meses” (KUENZER, 2007, p. 889 – acréscimo nosso).
Assim como outros programas do governo do presidente Lula, o
PROJOVEM se efetiva em redes sociais a partir de parcerias público-privadas, em
conformidade com os pressupostos da reforma gerencial expressa no Plano Diretor da
Reforma do Estado.
Em 2006, institui-se o PROEJA, com base nos preceitos legais
estabelecidos no Decreto nº. 5.154/2004, mais precisamente em seu 2º Artigo, que
110
orienta a formulação de propostas de educação profissional que atendam as
preocupações referentes a organização, “por áreas profissionais, em função da estrutura
socio-ocupacional e tecnológica; e a articulação de esforços das áreas da educação, do
trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia” (FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS,
2005, p.10).
Com base nesses pressupostos, o PROEJA foi então autorizado pelo
Conselho Nacional de Educação como projeto experimental, sendo objeto do Parecer
CNE/CEB nº. 2/2005 e finalmente legitimado por meio do Decreto nº. 5.840, de julho
de 2006 e que regulamenta
a formação de jovens e adultos trabalhadores em nível inicial e
continuado e em nível de Educação Profissional técnica de nível
médio, integrada ou concomitante. Embora instituído no âmbito
federal, compreendido pela Rede Federal de Educação Profissional,
poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de ensino
estaduais e municipais e pelo "Sistema S", desde que se assegure a
construção prévia de um projeto pedagógico integrado único
(KUENZER, 2007, p.892).
Além dos aspectos normativos ressaltados, o PROEJA destinava-se a formação
inicial e continuada do trabalhador observando a normatização e diretrizes vigentes do
CNE para a educação profissional de vel técnico, para o Ensino Médio e para a
educação de jovens e adultos.
O terceiro programa mencionado é o PNPE, concebido conforme pontua
Kuenzer (2007) “para atender ao contingente mais vulnerável da juventude brasileira,
os jovens desempregados de baixa renda e baixa escolaridade, sem experiência
profissional prévia” (p.893), com o “objetivo de transformar as expectativas de jovens
em situação mais crítica de pobreza em possibilidades sustenveis de um futuro
decente, por meio do acesso e da permanência no mercado do trabalho, em sua nova
configuração e exigências” (MTE/PNPE, 2006).
111
As especificidades e implicações do PNPE serão mais detalhadamente
tratadas no próximo capítulo, dada a sua relevância para a análise dos dados.
112
4. PNPE, CSJ E CIEE RIO: ENTRE OS REGISTROS OFICIAIS, AS
COMUNICAÇÕES ORAIS E AS DECLARAÇÕES DA JUVENTUDE
O quarto capítulo destinar-se-á à caracterização do PNPE e do lócus da
pesquisa, bem como abordará a análise dos dados obtidos por meio dos registros
oficiais, entrevistas e grupo focal. Na primeira seção as informações relativas ao PNQ e
PNPE foram levantadas com o objetivo de informar o leitor sobre as especificidades do
Programa supracitado e o papel do Conrcio Social da Juventude no processo de
execução deste. Em seguida, na segunda seção, o cus da pesquisa é caracterizado com
base no proclamado em sites, relatórios e falas enunciadas por meio das entrevistas. E
finalmente, a terceira seção vem desvendar a realidade que observamos no decorrer do
ano vigente e que viabilizam a análise da mesma segundo os protagonistas e
coadjuvantes envolvidos no processo de execução do PNPE.
4.1 O PROGRAMA NACIONAL DE ESTÍMULO AO PRIMEIRO (PNPE) – UMA
QUESTÃO DE DESCRIÇÃO
O Plano Nacional de Qualificação (PNQ) na vigência de 2003 constitui-se
como uma Política Pública de Trabalho e Renda situada no âmbito do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE). Naquele ano o PNQ possuía um caráter transirio, cuja
intenção era testar as suas bases no sentido de perceber a possibilidade de engrenagem
da política, a qual seria implantada de fato, a partir do ano de 2004, na sua forma plena.
Segundo os seus idealizadores, o PNQ destina-se à promoção da transformação
estrutural da sociedade brasileira à medida que aponta para a criação de um modelo de
desenvolvimento social em longo prazo que atenda aos cidadãos de forma plural, no que
113
pesa a adesão de emprego e geração de renda, ensejando a oportunidade do atingimento
de um padrão social e de vida dignos.
Situada como uma política pública inovadora no que diz respeito aos
princípios de sua gestão, o PNQ ganharia um viés mais participativo em face do seu
planejamento que teria sido discutido pela sociedade que por sua vez também
deliberaria , configurando-se, portanto, em algo jamais visto anteriormente nas
políticas de estímulo à qualificação de jovens entre 16 e 24 anos no país (MTE/PNQ,
2003).
Essa dimensão participativa e pretensa cultura democrática contribuiria
para o fomento de novas formas de relação entre o Estado e a Sociedade, possibilitaria o
alcance da eficiência, agilidade e qualidade tanto das relações firmadas, quanto no que
se refere às ações de qualificação profissional, cujo controle seria feito pelos cidadãos
através da efetividade do que o PNQ chamou de cidadania ativa. Sendo assim, suas
diretrizes propõem os seguintes encaminhamentos: 1) Desenvolvimento Político-
Conceitual; 2) Articulação Institucional; 3) Efetiviade Social e Política; e 4) Qualidade
Pedagógica (MTE/PNQ, 2003).
A partir das revisões feitas em face da implementação piloto em 2003, o
PNQ incorporou algumas ressignificações, que ganhariam corpo no novo Plano
Plurianual (PPA), a ser executado no período compreendido entre 2004-2007, o qual
articula alguns propósitos de ordem macro, quais sejam: “a) inclusão social e redução
das desigualdades sociais; b) crescimento com geração de trabalho, emprego e renda,
ambientalmente sustentável e redutor das desigualdades regionais; e c) promoção e
expano da cidadania e fortalecimento da democracia” (MTE/PNQ, 2004 - 2007 p. 17).
114
Na condição de política social, como é descrito o PNQ (2004 - 2007),
observa-se uma maior centralidade em face dos pressupostos democrático-
participativos, de controle social e caráter público nela existente. Essas convergências
reforçam
sua condição de Política Pública planejada e integrada a um
planejamento de Governo. Ganha novas potencialidades com a adoção
de uma perspectiva de desenvolvimento de caráter sustentável,
centrado em objetivos sociais, voltados para a geração de trabalho,
para a distribuição de renda e para a diminuição das disparidades
regionais, orientadas para uma estratégia de crescimento pela
expansão do mercado de consumo de massa e de incorporação
progressiva das famílias trabalhadoras ao mercado consumidor das
empresas modernas (MTE/PNQ, 2003, p. 24-25).
Para a coordenadora-geral de qualificação em 2003, Eunice Lea de Morais,
o PNQ (2003) foi construído de maneira coletiva, haja vista que contou com a
participação, de diversos espaços que, tiveram vez e voz para votarem e deliberarem e
apontam para a direção da autonomia dos trabalhadores. Para a coordenadora, esta
concepção é resultante do trabalho de várias pessoas, que deram contribuição direta ou
indiretamente com vistas ao seu desenvolvimento.
Com base no exposto, a política blica em questão está ancorada em um
pensamento, cujas ênfases são:
o desenvolvimento econômico e social, a de trabalho e renda e a
distribuição de renda como objetos de planejamento blico.
Reorienta o modelo de desenvolvimento do país, centrando-o na
estratégia de crescimento pela expansão do mercado de consumo de
massa e na incorporação progressiva das famílias trabalhadoras ao
mercado consumidor das empresas modernas, apontando para uma
nova política de desenvolvimento regional, privilegiando o
desenvolvimento solidário entre as diversas regiões do país,
promovendo a adoção de critérios socioambientais para as políticas
públicas, conduzindo o país a uma nova inserção internacional, por
meio da adoção de uma nova postura diplomática, do fortalecimento
da competitividade exportadora e de uma estratégia de substituição de
importações e apostando na educação e formação dos trabalhadores/as
e nas atividades nacionais de inovação. Reafirma, como conseqüência
115
de tudo isso, a necessidade do fortalecimento da democracia e da
soberania nacional (MTE/PNQ, 2003, p. 17-18).
Os fundamentos do novo PNQ se legitimam a partir de seis dimensões
principais, cujas bases se sedimentam nas vertentes: “política, ética, conceitual,
institucional, pedagógica e operacional” (op. cit, p. 20). Somadas todas essas
dimenes, celebram a pretensa formação integral que se deseja para os jovens
trabalhadores excldos até então do mercado de trabalho.
Encimada pela perspectiva de ação-reflexão-ação, acredita-se que o novo
PNQ, engaja-se na qualificação profissional balizada na questão social, visando o
atendimento das demandas intrínsecas dos trabalhadores (individuais) e extrínsecas
(tocantes às exigências do mercado de trabalho). Dada complexidade do assunto,
inclusive discutidas em rum acadêmico - cientifico, o PNQ situa no corpo da sua
proposta, que só é possível pensar a formação profissional se feita a alusão a certas
dimenes (a epistemológica, a social e a pedagógica) que lhes parecem fundamentais
para essa forma de compreensão sobre a qualificação, cada uma com sua preocupação
peculiar, conforme se segue:
1. A dimensão epistemológica realça o papel do trabalho na construção de
conhecimento (não só técnico, mas também social).
2. A dimensão social e política em em evidência os processos e
mecanismos, marcados por relações conflituosas, que são responsáveis
pela produção e apropriação de tais conhecimentos.
3. A dimensão pedagógica se refere mais diretamente ao processo de
construção, transmissão e acesso de conhecimentos, quer estes se
116
efetivem por procedimentos formais ou informais (MTE/PNQ, 2003, p.
23).
Outra preocupação mencionada é a de que a qualificação é entendida como
direito e como política pública. Nesse sentido, as ações do PNQ precisam contribuir
para a integração com outras políticas com vistas ao seu crescimento, tanto no que se
refere ao acesso à renda e à educação, quanto na visão prospectiva da universalização e
do direito à qualificação por parte dos trabalhadores (MTE/PNQ, 2003).
No tocante a relação do PNQ com o PNPE, vale situar o motivo pelo qual
eles se diferenciam. O PNQ se trata de uma política pública de qualificação profissional,
com mecanismos de tal ordem, alocação de recursos financeiros e força no sentido da
sua implementação, haja vista os aspectos legais e contratuais nela existentes e pauta na
ordem do dia do governo. o PNPE, trata-se de um programa de estímulo ao primeiro
emprego de jovens trabalhadores da faixa etária de 16 a 24 anos que estão fora do
mercado de trabalho, com preferência para aqueles que não tiveram ainda uma
experiência de emprego formal. Constitui-se, portanto, de uma das ações do Governo
Luiz Inácio Lula da Silva, que embora venha se consolidando como política geradora de
oportunidades de trabalho, inclusão social e cidadania para a juventude, tem apenas o
formato de política, mas no entanto não o é no sentido lato desta.
Percebe-se, portanto, que a única convergência e/ou articulação existente é
a de que ambos o de iniciativa do governo federal, com os mesmo princípios
ideológicos, sendo o PNQ com implantação em 2003 e reformulação para implantação
com total força em 2004-2007, de natureza macro, com reflexo nacional. O PNPE, com
vigência em 2004 e com amplitude micro (em se considerada com a política pública
mencionada), embora sua esfera de atuação se faça em todo o Brasil e de forma
117
descentralizada, uma vez que cada região faz sua implementação dentro do que
preconiza as diretrizes do programa, ações de formação e/ou qualificação profissional
através de conrcios, por intermédio de entidades sociais (ONGs) espalhadas por todo
o país, nas suas capitais.
O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE)
13
trata-se
de uma política” blica do governo Lula, empreendida pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) e instituída na Lei nº. 10.748, de 22 de outubro de 2003. A referida Lei
dispõe sobre o funcionamento desta “política” de atenção aos jovens entre 16 e 24 anos
em situação de risco e vulnerabilidade social, bem como as normas e diretrizes legais
que a respalda, tendo sido alterada pela Lei nº. 10.940 de 2004 e regulamentada pelo
Decreto n º. 5.199 deste mesmo ano
14
.
Apresentado com o slogan Primeiro Emprego: atitude, oportunidade e
cidadania”, o PNPE, além de privilegiar a colocação do jovem no mercado formal,
segundo o que consta no Artº. 1º da Lei supramencionada, diz-se dar ênfase ao processo
de escolarizão, a efetividade da participação da sociedade no fomento de políticas e
estratégias para a geração de trabalho e renda, visando a promoção de duas questões que
se coadunam, a saber: I - a criação de postos de trabalho para jovens ou prepará-los para
o mercado de trabalho e ocupões alternativas, geradoras de renda; e II - a qualificação
do jovem para o mercado de trabalho e inclusão social.
13
Salienta-se que as informações parafraseadas constante desse capítulo são de caráter meramente
descritivo e foram encontradas nos seguintes sites: do Ministério do Trabalho e
Emprego<http://www.mte.gov.br/FuturoTrabalhador/primeiroemprego/OPrograma/Acoes/Captacaovagas
/default.asp>. Acesso em11/11/2006; Consórcio Social da Juventude (CSJ),
<http://www.consorciodajuventuderj.org.br/noticias.asp?id=257>. Acesso em: 11/11/2006 entre outros.
Ficando claro que todo o conteúdo é de inteira responsabilidade dos órgãos mencionados, uma vez que
o retrata, sob hitese alguma a nossa opinião sobre o conteúdo apresentado, conteúdos estes que serão
submetidos a uma análise criteriosa em um momento posterior da nossa pesquisa.
14
A informação em questão está descrita e, portanto disponível no sítio
<http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/primeiroemprego.htm>. Acesso em 03/12/2006.
118
O conjunto de medidas tomadas pela última Lei de 2004 visou a
atualização e, conseqüentemente, a modificação do programa no sentido de melhorar as
condições de acesso dos jovens ao mercado de trabalho. Dispunha, também, com
relação ao “aumento do valor do incentivo pago às empresas que participam do PNPE”,
diz o então Ministro do Trabalho e Emprego (MTE), no amo de 2004, Ricardo
Berzoine.
O PNPE se forja na tentativa de gerar oportunidades para os jovens a partir
da geração de emprego e renda. Desse modo, se coloca como um pretenso veículo de
incluo social, do resgate da cidadania e de inserção deste público-alvo no mercado de
trabalho local, através de ações educativas de formação profissional.
Ricardo Berzoine relatou em 2004, que o PNPE conta com investimentos
das iniciativas privada e de diversos órgãos governamentais, a exemplo dos Ministérios
da Cultura, da Educação, do Desenvolvimento Agrário, entre outros. Segundo Berzoine,
estes órgãos trabalham em regime de parceria, o que por sua vez permite a integralidade
das ações estratégicas do Governo Federal pautadas no atendimento das demandas da
juventude brasileira. Diz ainda que o programa recebe
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do “Sistema S
são direcionados para a qualificação social e profissional do jovem no
seu primeiro emprego. O cumprimento da Lei da Aprendizagem é um
desafio perseguido pelo Ministério do Trabalho e Emprego por meio
de campanhas de esclarecimento, criação de um Fórum da
Aprendizagem e edição de Decreto que regulamenta a aplicão da
Lei.
Para o MTE, a participação da sociedade como um todo é de fundamental
importância para o sucesso do PNPE, bem como que o empresariado abrace essa causa,
que é o setor em potencial para a criação de oportunidades de emprego, gestando a
abertura de postos de trabalho e dando oportunidade para que os jovens se coloquem no
mercado. Mas para isso há a necesside da adesão ao programa.
119
De acordo com Ricardo Berzoine, convênios com entidades empresariais e
grandes empresas foram fechados para assegurar aproximadamente 50 mil vagas em
dois anos para o público do PNPE, tanto na linha de subvenção econômica como na de
responsabilidade social. Incentivos como esses favorecem a transformação da sociedade
e a minimização das disparidades nos modelos social e aconômico do Brasil, segundo
seu entedimento
15
.
As linhas de ação sobre as quais o PNPE transita são as seguintes:
Captação de vagas;
Conrcio Social da Juventude (CSJ);
Serviço Civil Voluntário;
Jovem Empreendedor;
Soldado Cidadão;
Aprendizagem.
O PNPE como “política blica” consiste em um desafio para o Governo
Lula dada a realidade que o País enfrenta, traduzida nos índices consideráveis de
desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos. Os dados representam a situação crítica
que faz brotar um chamamento à participação daqueles que têm condições de contribuir
para a revero desse quadro. Para Berzoine as expressões númericas do desemprego
entre os jovens nessa faixa etária é quase o dobro da taxa de desemprego em geral. Os
15
A informação em questão está descrita e, portanto disponível no sítio
<http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/primeiroemprego.htm>. Acesso em 03/12/2006.
120
homens e as mulheres jovens desempregados somam cerca de 3,5 milhões, ou 45% do
total de 7,7 milhões de desempregados em todo o país
16
Diante do exposto, ainda segundo o Ministro do trabalho e Emprego, o
PNPE é um compromisso do Governo Federal com a sociedade brasileira para o
combate à pobreza e à exclusão social, integrando as políticas públicas de emprego e
renda a uma política de investimentos blicos e privados geradora de mais e melhores
oportunidades.
Cumpre assinalar que o PNPE possui certos critérios para a absorção dos
jovens no âmbito do programa, um deles é o de que ele o deve ter tido algum vínculo
empregatício anterior ao seu ingresso neste, seja oriundo de família cuja renda per capta
não ultrapasse meio salário mínimo, em situação de cursando, ou seja, egresso
(concluinte) do Ensino Fundamental ou Médio. Há a necessidade da caracterização de
uma situação de desemprego iminente.
O PNPE tem vínculo com ações dirigidas para a promoção da inserção do
jovem no mercado de trabalho e sua escolarização, ao fortalecimento de sua
participação na sociedade, ões de geração de renda com o objetivo de fomentar:
A criação de postos de trabalho para jovens, a qualificação desses jovens
para a inserção no mercado de trabalho e ocupações alternativas,
geradoras de renda;
A qualificação profissional do jovem e sua inclusão social.
17
O PNPE se estrutura em diversas linhas de ação entre elas:
16
A informação em questão está descrita e, portanto disponível no sítio
<http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/primeiroemprego.htm>. Acesso em 03/12/2006.
17
Dispovel em: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/primeiroemprego.htm. Acesso em:
13/12/2006.
121
Jovem empreendedor: destinado a criar oportunidades de ocupação e
renda para o mesmo público alvo do PNPE, e com prioridade pra jovens de baixa renda
e em especial, para portadores de necessidades especiais, mulheres, afros-descendentes,
indígenas e aqueles saídos de sistemas penais. Esse projeto é nacional e está dividido
em três modalidades: auto emprego, micros e pequenas empresas e cooperativas ou
associações.
Captação de vagas: Essa ação é dividida em dois eixos, a subvenção
econômica, incentivo financeiro federal a cada vaga oferecida pelas empresas aos
jovens do PNPE e a responsabilidade social, assim, o Governo valoriza e incentiva as
ações de responsabilidade social da empresas. Ao atuar nessa ão do PNPE, as
instituições têm o seu compromisso reconhecido publicamente através de um selo
Empresa Parceira do Programa Primeiro Emprego, dado pelo MTE.
Aprendizagem: Essa ação consiste numa aprendizagem profissional com
formação técnico-profissional metódica para permitir ao jovem aprender uma profissão,
afim de obter sua primeira experiência como trabalhador. O Governo Federal certifica
como parceiras do PNPE as empresas que, o condicionadas por força da Lei, aceitam
contratar aprendizes.
Serviço social voluntário: Esse projeto oferece oportunidade de
profissionalização, formação para a cidadania, prestação de serviços comunitários e
elevação de escolaridade de jovens vindos do sistema penal ou de instituições sócio-
educativas, de famílias de baixa renda, com baixa escolaridade e em situação de risco
social. O Serviço social voluntário tem a duração de 600 horas distribuídas em 6 meses,
ao jovens são oferecidas bolsas, orientação profissional e encaminhamento de trabalho.
Os jovens são encaminhados, prioritariamente, a serviços sociais solidários nas áreas de
educação, saúde, combate à pobreza, assistência social e cultural.
122
Soldado cidadão: Faz parte do PNPE e tem como objetivo proporcionar a
população jovem, de perfil cio-econômico carente, cursos de capacitação profissional
que possibilitam melhores perspectivas de ingresso no mercado de trabalho e que
complementam a formação cívica.
O Governo Federal criou essa ação e determinou a incorporação de um
número maior de jovens na prestaçao do Serviço Militar Obrigatório. Os soldados são
beneficiados por terem acesso a cursos de capacitaçao e formação profissional. A ação
do Soldado Cidadão tem como participantes: os Ministérios da Defesa e do Trabalho e
Emprego, o Exército, a Fundação Cultural Exército Brasileiro, a Confederação Nacional
do Comércio e a Confederação Nacional da Indústri, essas duas últimas por intermédio
do Senac e Senai, respectivamente.
O Consórcio Social da Juventude se configura enquanto uma das ações do
PNPE atendendo a demanda de jovens de baixa renda, com idade entre 16 e 24 anos, em
situação de vulnerabilidade e risco social, especialmente nos locais em que o Estado se
exime deste atendimento.
De acordo com as especificações expressas e divulgadas pelo MTE, os
Consórcios estabelecem as parcerias necessárias que objetivam consolidar as relações
entre governo e sociedade a fim de garantir a integração das “políticas públicas” de
emprego voltadas para a juventude.
Em todo o território nacional os Consórcios o formados por entidades
e/ou movimentos da sociedade civil organizada, com interesses convergentes para as
ações do PNPE. Para que execute a ão a que se destina, cada Conrcio deve ter uma
rede formada por no mínimo “dez entidades e/ou movimentos sociais, e/ou organizões
da juventude legalmente constituídos, no mínimo um ano, e, quando possível, por
123
instituições do poder público, do setor empresarial, e/ou organismos de financiamento e
cooperação”
18
.
Em se tratando do Rio de Janeiro, a parceria entre governo e sociedade é
desenvolvida entre o MTE e a ão Comunitária do Brasil/RJ (ACB/RJ) enquanto
entidade âncora.
Conforme dados do CSJ no Rio de Janeiro, desde o seu início em 2004,
foram qualificados 842 jovens, dentro os quais 337 foram inseridos no mercado de
trabalho. Em 2005, foram 2.135 alunos e 767 encaminhados para o primeiro emprego.
Nessa terceira etapa serão qualificados 1700 jovens, sendo que a meta é inserir 510 no
mercado de trabalho
19
.
Para garantir a fidelidade de informações que descrevem os objetivos do
CSJ, os dados abaixo foram transcritos em conformidade com o expresso pelo MTE. A
saber:
Promover a criação de mais e melhores oportunidades de trabalho,
emprego e renda para jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e risco social, por
meio da mobilização e da articulação dos esforços da sociedade civil organizada e
ainda:
Criar oportunidades de ocupação para jovens, incluindo o auto-emprego
e o serviço voluntário.
Melhorar a qualificação da força de trabalho de jovens.
18
I Informações coletadas no site do MTE em 09/05/2007.
http://www.mte.gov.br/pnpe/apresentacao_consorcio_social_juventude.asp.
19
Informações coletadas no site do CSJ/RJ em 09/05/2007. Disponível em
http://www.consorciodajuventuderj.org.br/oquee.asp.
124
Melhorar a auto-estima e a participação cidadã da juventude na vida
social e econômica do país.
Dar escala às experiências bem sucedidas da sociedade civil organizada.
Constituir um espaço físico, denominado de Centro de Juventude, como
ponto de encontro das ações desenvolvidas pelas entidades da sociedade
civil consorciadas em sua base social.
A entidade âncora que coordena o CSJ no Estado do Rio de Janeiro é a
ACB / RJ, junto a 16 entidades executoras que atendem ao perfil descrito pelo MTE.
Além de âcora a ACB / RJ executa as ações do Consórcio por meio dos cursos de
assistente de Cabeleireiro, Pintura em Camisas, Bonecas Banto, Banto, Gastronomia,
Manicure, Moda, Desenho de Moda, Bijuteria Étnica, Reaproveitamento de Papel,
Empreendedorismo, Artesanato, Assistente de Cabeleireiro, Costura, Gastronomia,
Manicure, Marcenaria e Serigrafia. Em 2006, entre as 16 entidades executoras, 11 delas
se localizam no município do Rio de Janeiro e as cinco restantes se dividem entre Volta
Redonda (três), Búzios (uma) e Nova Iguaçu (uma). São elas respectivamente:
Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDM)
Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP)
Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE)
Centro de Assessoria ao Movimento Popular (CAMPO)
Ecos do Futuro
Fundação Centro de Defesa de Direitos Humanos Bento Rubião
Instituto de Qualidade de Vida (IQUAVI)
Instituto Imagem e Cidadania Rio de Janeiro (IMAC)
125
Serviços e Estudos de Realização Empresarial Social (SERE)
Pró Apoio Comunitário (PAC)
Viva Rio
Associação Comunitária de Rádio e TV IntegraçãoVolta Redonda
Clube Palmares
Grupo de Aposentados e Pensionistas Unidos Venceremos (GAPUVE)
Companheiros pró Educação, Cultura, Lazer, Ecologia e Trabalho
(COEDUC)
Instituição Beneficente Brasil-Itália
O CSJ funciona com algumas linhas de ação, entre elas:
A escolha da entidade âncora - Essa escolha é sugerida pelo MTE e é
validada através da rede de entidades e parceiros locais, com base nos
critérios estabelecidos no termo de referência dos Conrcios Sociais da
Juventude.
Seleção das entidades executoras – Ocorre por através de uma Audiência
Pública, realizada pelo MTE, com a participação das entidades civis
organizadas que atuam junto à juventude em ação de qualificação e
inserção deles no mercado de trabalho. As audiências públicas
habilitarão de acordo com os cririos do termo de referência dos CSJ, as
entidades que estejam interessadas em participar do programa, para uma
futura contratação por parte da entidade âncora.
Elaboração do Projeto Pedagógico – O MTE junto com a Delegacia
Regional do Trabalho (DRT) orientarão a elaboração de um projeto que
126
deverá ser apresentado pela entidade âncora ao Ministério, para a análise
e aprovação. Esse projeto deverá conter: a identificação, o diagnóstico da
situação dos jovens beneficiados e do mercado de trabalho local, a
justificativa, as metas de qualificação e inserção, os objetivos gerais e
específicos, o prazo de execução, os jovens beneficiados, as ações de
qualificação social/básica e qualificação profissional (oficinas-escolas), a
descrição dos conteúdos programáticos, a carga horária, a metodologia, o
sistema de monitoramento e a avaliação, o cronograma de execução e o
orçamento, com o detalhamento dos recursos necessários para o
pagamento financeiro.
Elaboração do Plano de Trabalho (IN/ STN 01/97) – Integrante do
Projeto a ser enviado ao MTE, cabe a unidade âncora, o preenchimento
dos dados exigidos.
Envio dos documentos e das declarações ao MTE A entidade âncora é
responsável pelo envio, atras do Correio, do oficio de encaminhamento
do Projeto, do Projeto detalhado, do Plano de Trabalho e da
documentação exigida pela IN/STN 01/97.
Levantamento da necessidade de qualificação social e profissional e das
tendências de mercado A qualificação básico-social e profissional
deverá seguir os parâmetros do Termo de Referencia dos Consórcios
Sociais da Juventude, sendo as oficinas - escolas definidas com base nas
áreas temáticas e no levantamento das necessidades de qualificação
profissional no mercado de trabalho local, considerando inclusive as
possibilidades de criação de cooperativas, associações e auto-emprego, a
127
fim de atender o cumprimento da meta de inserção de no mínimo 30%
dos jovens qualificados.
Inserção dos jovens no mundo do trabalho Após a qualificação, os
jovens poderão ser encaminhados ao mundo do trabalho, visando o
alcance da meta de inserção. Será permitido o encaminhamento dos
jovens que tenham passado por a freqüência de 80% das 400 horas de
qualificação, conforme previsto no cronograma de execução do plano de
trabalho do convênio. Caso não existam vagas para todos os jovens,
deverão ser estabelecidos critérios de seleção dos jovens para o
preenchimento das vagas disponíveis, sejam elas pela via de “subvenção
econômica” ou não, bem como para o desenvolvimento das ações de
empreendedorismo.
Prestação de contas ao MTE Cabe a entidade âncora a prestação de
contas junto ao MTE, no prazo máximo de 60 dias, após o termino da
vigência do convênio
20
.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO LÓCUS DE PESQUISA
Tendo em vista que neste estudo objetivou-se investigar em que medida
as ações de educação profissional, no âmbito do PNPE/CSJ, desenvolvidas pelo CIEE
RIO viabilizam a inserção do jovem no mercado de trabalho, que tipo de inserção se
estabelece e em que medida essas ações contribuem para a participação ativa dos jovens
como interlocutores na sociedade, delimitou-se esta investigação por meio de vários
recortes.
20
Informações coletadas no site do MTE, em 19 de novembro de 2006.
128
Inicialmente, as ações de educação profissional desenvolvidas pelo CIEE
RIO, durante este estudo, restringiram-se àquelas referentes à execução de um programa
coordenado pelo Governo Federal, através do MTE: o PNPE/CSJ, mais especificamente
as ações voltadas para a capacitação e inserção do jovem no mercado de trabalho.
Em diferentes estados do Brasil, o Programa foi e essendo executado
desde o ano de 2004. Em cada estado o Programa é executado por Organizações da
Sociedade Civil, que formam uma rede de executoras. No caso do estado do Rio de
Janeiro, as ações de educação profissional prescritas no PNPE são executadas por
ONGs consorciadas a ACB, que a cada ano seleciona por meio de processo seletivo em
que deve constar o projeto de execução, gastos previstos, projeto pedagógico, dentre
outros, as Organizações da Sociedade Civil que se consorciarão para a execução do
programa.
O Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) no Estado do Rio de
Janeiro, participou da execução do programa como consorciado do CSJ entre os anos de
2004 e 2006 e a seguir se dará a descrição do CIEE RIO para que dados pertinentes
sejam fornecidos com o intuito primaz de localizar as informações adquiridas no campo
de pesquisa por meio dos documentos oficiais, das entrevistas e grupo focal. Assim será
possível identificar de que local falam os entrevistados e participantes do grupo focal.
De acordo com dados fornecidos através do site
21
oficial da ONG O CIEE
existe desde 1964, portanto há 43 anos, é uma ONG sem fins lucrativos e mantida pelo
empresariado brasileiro. Segundo dados descritivos e oficiais do CIEE, desde a sua
fundação tem o objetivo de encontrar, para os estudantes de nível dio, técnico e
superior uma oportunidade de estágio que os auxiliem a colocar em prática tudo o que
21
Estes dados foram integralmente extraídos do site oficial do CIEE.
Dispovel em http://www.ciee.org.br/portal/institucional. Acesso em 4/11/2007.
129
aprenderam na teoria. É reconhecida de utilidade pública que, dentre vários programas,
possibilita aos jovens estudantes brasileiros, uma formação integral, ingressando-os ao
mercado de trabalho, através de treinamentos e programas de estágio
22
.
Segundo o histórico da ONG, o CIEE surgiu a partir de um grupo
visionário de professores e empresários, em uma iniciativa pioneira, que aceitou o
desafio de realizar um ideal comum: possibilitar aos jovens estudantes brasileiros uma
formação integral, possibilitando a eles o exercício prático da futura profissão e, assim,
estimular sua inserção no mercado do trabalho.
Surgiu, assim, o Centro de Integração Empresa Escola - CIEE, uma
entidade vocacionada para exercer o papel de agente de integração, atuando em parceria
com organizações empresariais, órgãos públicos e instituições de ensino, para que novas
portas fossem abertas aos jovens estudantes
23
.
De acordo com a ONG, as ações promovidas variaram de acordo com o
entendimento e avaliação da mesma. Segundo o Supervisor B,
muitas pessoas conhecem o CIEE pelo programa de estágio, que é um
programa grande, forte dentro da instituição, mas na verdade o CIEE
tem investido há muito tempo em programas de qualificação também,
porque a gente começou a perceber que não adianta só ter a vaga para
o jovem, que a gente tem um quadro de vagas de oportunidades de
estágio significativo, que muitas vezes esse jovem vem ao CIEE,
ele é encaminhado para uma empresa e não é aprovado, ele volta ao
CIEE e pega um novo encaminhamento para outra empresa e não é
aprovado e ele volta ao CIEE... E fica esseping-pong. Foi a
partir dessa análise que a gente começou a perceber que na verdade a
gente teria que ter uma infra-estrutura e desenvolver programas de
qualificação. A partir disso a gente começou a elaborar os programas,
os cursos comportamentais com objetivo mesmo de discutir com os
jovens a questão do mundo do trabalho, das profissões, do que é um
processo seletivo (SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO
ORAL).
22
Estes dados foram integralmente extraídos do site oficial do CIEE.
Dispovel em http://www.ciee.org.br/portal/institucional. Acesso em 4/11/2007.
23
Idem.
130
O CIEE, afirma ser hoje, a maior ONG da América do Sul e referência
nacional, no que tange ao treinamento e encaminhamento de estágios para jovens
estudantes. De acordo com a Organização, ao longo do tempo, vem aperfeiçoando
continuamente suas atividades e diversificando seus programas sociais, afim de, cada
vez mais, contribuir de forma consistente e eficaz para o desenvolvimento sustentado do
País.
Possui como principais beneficiários e, portanto demanda atendida, jovens
(especialmente entre 16 e 24 anos), desenvolvendo programas de estágio e formação
profissional para a inserção no mercado de trabalho.
Conforme mencionado, sua principal fonte de recurso e manutenção é o
empresariado nacional, além de verbas públicas destinadas a programas executados pela
ONG.
O CIEE está presente em quase todo o território nacional. Possui seis sedes
nacionais, dez unidades na região centro-oeste do país, sete unidades apenas no Distrito
Federal, dezoito unidades na região nordeste, sete unidades tanto no norte quanto no sul
do país, além de cinqüenta e nove unidades na grande São Paulo e dezessete no estado
do Rio de Janeiro (ANEXO H QUADRO DE UNIDADES / TERRITÓRIO
NACIONAL).
Dentre as dezessete unidades localizadas no estado do Rio de Janeiro, duas
delas estão situadas na baixada fluminense, uma em Niterói, oito estão no interior do
estado e seis no município do Rio de Janeiro. A sede regional do estado, foi o lócus
desta pesquisa, localizada à rua da Constituição, 65/67, Centro.
Conta com uma estrutura física que atende a demanda de participantes dos
programas desenvolvidos no decorrer do ano. De acordo com visita realizada em 07 de
131
agosto de 2007 e em conformidade com as informações fornecidas pela ONG, o CIEE
RIO, para execução das ões educativas propostas no PNPE utiliza o espaço físico de
sua unidade no centro do Rio de Janeiro e as dependências do Campus da Juventude,
localizado na Cidade Alta. Neste sentido, o Supervisor B, esclarece que
quando o CIEE não tem instalação suficiente para um determinado
programa, sempre tem parceria com alguma outra instituição então
hoje, dentro do CIEE a gente tem três salas de aula mais o auditório,
o laboratório de informática, que tem capacidade para 26 jovens,
todos com acesso a internet banda larga, os recursos áudio e visuais,
TV, vídeo, som, DVD, isso tudo a gente tem aqui e quando a gente
não utiliza o próprio espaço do CIEE, a gente utiliza o espaço de um
parceiro como o Conrcio. Por exemplo, a gente utilizou o Campus
da Juventude lá na Cidade Alta que também tem todos esses recursos
e a gente também utilizou dentro dos Lions Club na Ilha, que lá são
duas salas de aula, dois laboratórios de informática e os demais
recursos normalmente nós levamos pra (SUPERVISOR B, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
4.3 ENTRE O PROGAGÁVEL E O FACTÍVEL: REVELANDO A REALIDADE
As quatro subseções expostas a seguir, foram construídas a partir das
questões de estudo estabelecidas inicialmente. A saber: que concepções teórico-
metodológicas embasam as ações educativas do CIEE RIO, no âmbito do PNPE/CSJ,
no que tange à sua proposta de educação profissional? Que mecanismos são
implementados pelo CIEE RIO com o intuito de favorecer a inserção de seus egressos
no mercado de trabalho e que tipo de inserção é privilegiado em suas ações de educação
profissional? Em que medida os saberes construídos pelos egressos do CIEE RIO
acessibilizam a inserção destes no mercado de trabalho e a participação ativa dos jovens
como interlocutores na sociedade?
Nesta seção foram analisadas as falas expressas por três supervisores,
denominados como A, B e C. Os três entrevistados supracitados formam o núcleo
pedagógico-administrativo da ONG. O supervisor A respondeu o Bloco I da entrevista,
132
correspondente aos processos político-institucionais; o supervisor B respondeu os
Blocos II e III, correspondentes aos impactos sociais e qualidade pedagógica,
respectivamente e o supervisor C, explicou o processo de cadastramento, seleção e
encaminhamento do jovem para o mercado de trabalho, além de ter conduzido a visita
ao CIEE RIO. As entrevistas foram realizadas no dia 7 de agosto de 2007, no CIEE
RIO, situado no Centro do Rio de Janeiro.
Estão, também, expressas nesta seção, as falas dos egressos entre 16 e 21
anos que participaram do curso de Qualidade de Atendimento ao Público, realizado
entre os anos de 2004 e 2006, no CIEE RIO, período em que a ONG participou como
consorciada no processo de execução do PNPE/CSJ. As falas foram gravadas no dia 31
de outubro de 2007, em sala previamente preparada para a realização do grupo focal, na
Unidade Rebouças da Universidade Estácio de.
4.3.1 Concepções teórico-metodológicas que embasam as ações educativas do CIEE
RIO, no âmbito do PNPE/CSJ, no que tange à sua proposta de educação
profissional
Conforme mencionado anteriormente, a noção de competências tem sido
amplamente discutida, e no Brasil a discussão conquistou grandes proporções partindo
de pressupostos diferentes. Após a LDB 9394/96, e com a elaboração dos Referenciais,
a noção de competências voltada para a perspectiva do mercado passou a legitimar
ações educativas voltadas para a formação profissional e que conferiam a educação um
caráter coadjuvante na construção de competências, que dependiam estritamente de
cada indivíduo, de suas características, aptidões e potencialidades (DELUIZ, 2001;
KUENZER, 2003).
133
Em face da escassez do emprego e sob a égide das competências
comportamentais, há então um deslocamento do referencial da qualificação do emprego
para a qualificação do indivíduo. “A compreensão dada a este princípio pela concepção
neoliberal de competência tem levado a centrar os processos de educação profissional
no desenvolvimento de competências comportamentais [...]” (KUENZER, 2003, p. 22).
Centrando a qualificação no indivíduo, observa-se que, salvo raras exceções,
“os programas de educação profissional implementados adotam uma perspectiva
individualizante, sem preocupação com a constrão de competências que se
referenciem ao coletivo dos trabalhadores” (DELUIZ, 2001, p. 18).
Em se tratando da experiência brasileira, esta concepção se expressou por
meio dos Referenciais da Educação Básica. Nos referenciais se deu “forte ênfase à
dimensão comportamental em detrimento da formação teórica” (KUENZER, 2003, p.
23). No que tange à política de educação profissional, acrescenta-se que no que se
refere ao enfoque conceitual de competências adotado pelo MEC, ressalta-se que este
está referenciado nos atributos individuais dos trabalhadores” (DELUIZ, 2001, p. 18).
Os aspectos comportamentais e individualizantes são preponderantes nos
cursos de formação profissional desenvolvidos pelo CIEE RIO. Especificamente
intitulados como cursos comportamentais, são disponibilizados para a juventude dez
cursos no decorrer de todo o ano. Na carga horária diversificada do curso “Qualidade no
atendimento ao Público”, desenvolvido na execução do PNPE/CSJ, a presença da
dimensão comportamental se dá por meio das disciplinas de relacionamento
interpessoal, orientação profissional, desenvolvimento de competência e estratégias de
relacionamento com o cliente, além de permear as demais disciplinas.
Na concepção da ONG, é necessário desenvolver no jovem, habilidades e
competências comportamentais, pois são
134
essenciais ao mundo do trabalho, porque não adianta ele ser uma
pessoa maravilhosa, muito legal, mas não ter aquelas habilidades que
hoje o necessárias, porque se ele não conseguir demonstrar isso ele
não vai ter espaço. [...] Quando eu falo habilidades e competências,
eu falo principalmente as comportamentais. Quando eu falo de
habilidades e competências, eu falo principalmente de dinamismo, de
criatividade, de flexibilidade, de saber trabalhar em equipe
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Estão presentes no discurso, os pressupostos da acumulação flexível do
capital, que no Brasil, se expressa por meio do neoliberalismo (MONTAÑO, 2005).
Flexibilidade, apesar de ser preponderante no léxico da contemporaneidade é ancorada
por expressões como “trabalho em equipe”, criatividade e dinamismo (IANNI, 1994;
ANTUNES, 1995) e que, por sua vez, concentram no indivíduo a capacidade intrínseca
de desenvolver competências que o habilite a apresentar as características explícitas na
fala em questão.
Ressaltando a focalização nas competências comportamentais, é
evidenciado que apesar da ONG desenvolver uma proposta de educação profissional,
que pressupõe a relação entre a prática e a teoria,
o tempo todo essa preocupação de passar para esse jovem, e tentar
motivar, mostrar um pouquinho para ele do mercado, e ele ainda ter
conseguido a inserção... e a gente trabalha aí muito a questão
comportamental, não tem como... Porque assim, a competência
técnica, a gente acredita que ele esdesenvolvendo. Vamos supor
um jovem universitário, que está desenvolvendo isso na faculdade, a
competência acadêmica, cnica daquele curso que ele escolheu.
Você não vai entrar no campo dessa competência técnica, então fica a
cargo de a gente ver essa competência atitudinal (SUPERVISOR C,
2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Ou seja, tanto a teoria quanto a prática são negligenciadas em detrimento
dos aspectos comportamentais, uma vez que o jovem tem acesso a prática após a
inserção no mercado de trabalho e, portanto, com o curso concldo, e a teoria, no que
tange ao exercício da profissão não se pode precisar quando. Sobre este aspecto,
Ollagnier (2004) reafirma a importância de estabelecer critérios para que teoria e prática
135
não estejam dissociadas durante o período de formação, objetivando a não fragmentação
ou dicotomia no processo de formação do jovem.
Ainda sobre este aspecto, foi pontuado que no curso de “Qualidade no
Atendimento ao Público”, a questão da personalidade, perfil e auto-estima do jovem é
fortemente trabalhada, bem como em todos os
programas de qualificação, com o foco que a gente tem que é
trabalhar jovens oriundos de classes menos favorecidas, trabalhar
com jovem do Ensino dio das escolas públicas. Então, são muitos
jovens que não têm uma referência dentro da própria família. Ele vai
encontrar essa referência aqui. Então, a gente precisa resgatar esse
jovem, mostrar pra ele que ele também é capaz, que ele tamm
pode, ele vai ter que buscar, ele vai ter que investir, ele vai ter que
estudar, mas aqui é o espaço pra isso, aqui é um espaço que ele vai
trocar com outros jovens, onde ele vai trocar com profissionais
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
O enunciado citado, além de ressaltar os aspectos comportamentais,
expressa, também, um discurso que torna o jovem responsável por sua formação e que a
tomada de decies lhe habilita às novas conquistas. Num primeiro momento a
verbalização deste discurso pode soar positiva e motivacional, entretanto, termina por
culpabilizar o jovem quando não inserção (SENNET, 2001). De acordo com essa
idéia, a vaga, a inserção, a primeira assinatura na carteira de trabalho, parece estar
disponível a todo aquele que busca, investe e estuda. Esta concepção norteou também a
Teoria do Capital Humano, em que se acreditava e, conforme o discurso da ONG ainda
acredita-se, que o indivíduo devidamente capacitado contribui para a ampliação da
produtividade e da riqueza (PIRES, 2005). A crença na relação entre qualificação e
inserção no mercado de trabalho é evidenciada também pelos jovens participantes do
grupo focal.
Se você quer alguma coisa, você tem que buscar cursos. Se eu tivesse
só o segundo grau, eu tenho certeza que eu não teria conseguido meu
emprego, mas como eu fui procurar cursos, o Consórcio Social, eu
consegui. Porque eu tive outra visão, eu acho que na educação tem
136
que ter parâmetro, assim, pra pessoa sair qualificada (Roseane, 19
anos).
A responsabilização do jovem por sua inserção no mercado de trabalho
também se expressou quando se menciona o incentivo à continuidade dos estudos e
inserção no Ensino Superior. O curso “gestão de carreira”, foi citado como um módulo
onde, de acordo com o CIEE RIO, é discutido
com o jovem a importância da educação, da importância de estar
investindo na sua formação e seu desenvolvimento, e sem isso, o
quanto que o mercado fica restrito. É gico que a gente não vai
empurrar goela a baixo” do jovem , é importante que a gente não
fale pra ele que a única porta possível pra ele na vida é entrar pra uma
universidade, eu acredito na universidade, eu valorizo, eu sei da
importância de uma graduação, mas hoje, eu preciso me dar conta da
realidade desse jovem, hoje o que ele precisa é fazer um curso de
formação profissionalizante, começar a trabalhar e ter sua renda
própria e a partir disso, como trampolim, ter condições de investir e
de continuar se qualificando. Então, a gente procura principalmente
nesse módulo de gestão de carreira falar das profissões, falar da
importância de você traçar planos de vida e traçar metas para poder
continuar investindo nisso (SUPERVISOR B, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
Evidencia-se, na fala do Supervisor B da ONG, a formão dicotomizada
no que tange à oferta de educação aos jovens brasileiros. Conforme pontuado, uma
formação técnica, voltada para o exercício imediato de uma profissão “simples” e
propedêutica para parte da população que galgará cargos hierarquicamente elevados ou
realizará um trabalho mais complexo (PATTO, 1996).
O comportamento do jovem ou a postura, conforme mencionado por
jovens participantes do grupo focal e entrevistados responsáveis pelo desenvolvimento
das ações educativas do CIEE RIO, também são trabalhados em virtude da insegurança
que o jovem apresenta ante a dicil inserção no mercado e porque as empresas também
esperam uma postura diferenciada para o preenchimento da vaga disponibilizada. Essas
questões são desenvolvidas nas disciplinas: relacionamento interpessoal, orientação
137
profissional e desenvolvimento de competência, no curso Qualidade no Atendimento ao
Público.
A insegurança evidenciada o nos surpreende, pois a realidade brasileira,
no que tange à inserção do jovem no mercado de trabalho, aponta para a exacerbada
concorrência entre os jovens e adultos que estão multiplicando fileiras de
desempregados durante prolongado período de tempo (BRANCO, 2005).
Mas, de acordo com o Supervisor B, o objetivo central da ONG é
“preparar [o jovem] pra ter condições de competir no mundo do trabalho, de uma forma
ética, com uma visão consciente de mundo. Esse é o principal objetivo da qualificação
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL – acréscimo nosso).
Para tanto, declara desenvolver a ONG, uma metodologia
“vivencial”, [que] é uma coisa que a gente vem até agora discutindo
com o grupo, porque a gente tem trabalhado com grupo de 25 jovens
nesse programa, e quando estava discutindo eu falei: a gente não
pode passar de 20 alunos, que sempre foi o nosso ideal. Os
professores de português que estão acostumados a dar aula em escola
pública ou até mesmo em uma escola privada disseram: Nossa! Você
acha 25 alunos muito em uma sala? Eu não acho quase nada, porque
eu estou acostumada a dar aula para 40, 50, porém dentro da
metodologia que a gente trabalha, sim. Porque a gente trabalha muito
com técnicas e pra você dar espaço, para que todos possam falar,
para que todos sejam estimulados a participar, você não pode
trabalhar com um grupo muito grande. Quando a gente trabalha no
Gestão de Carreira”, na questão da escolha profissional, onde a
gente vai tirar as dúvidas... é um atendimento muito personalizado,
você precisa orientar um, precisa dar uma informação diferente para
outro, então quanto menor o grupo melhor. Então a gente vai tentar
voltar um pouco e continuar trabalhando com esse grupo de 20
jovens como a gente vinha trabalhando anteriormente
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL - acréscimo
nosso).
Na fala expressa, a ONG demonstra uma preocupação com a quantidade de
alunos por turma, que apesar de importante não é o único fator que viabiliza o
desenvolvimento e construção de uma noção de competências pautada na criticidade. A
138
quantidade restrita não garante que será desenvolvida a capacidade de agir, em situações
previstas e não previstas, bem como a capacidade de atuar mobilizando conhecimentos
adquiridos e construídos com base na resolução de problemas (KUENZER, 2003).
Essencial é o estabelecimento da relação entre teoria e prática
(OLLAGNIER, 2004), geralmente improvável em virtude da não concomitância dos
processos de qualificação e inserção no mercado de trabalho. Na execução das ações
educativas previstas pelo PNPE/CSJ a relação entre teoria e prática é negligenciada à
medida que o jovem vivencia os problemas do cotidiano do trabalho após sua inserção,
isso, quando é inserido. A importância da presença e contato com o trabalho se dá, pois
“é a prática que determina ao homem o que é necessário, e o que ele deve conhecer [...],
bem como quais são as suas prioridades no processo de conhecer” (KUENZER, 2003,
p. 21).
A centralidade que ocupam as competências comportamentais é expressiva
no CIEE RIO, apesar do reconhecimento da necessidade de relação entre teoria e
prática, mencionada pelo Supervisor A, falando sobre a Reforma do Ensino Médio.
A separação dos cursos técnicos em vel médio em 1996, com a
mudança da LDB, em minha opinião foi um grande prejuízo, porque
você deixou de formar técnicos que desenvolvem a teoria e a prática
para o exercício do trabalho, você desestimulou o ensino cnico no
Brasil e o Brasil é carente de cnicos, você tem alguns cursos de
nível superior que você tem super oferta. Vou falar do meu que é
administração, tem uma super oferta de administradores, todos os
anos as faculdades formam milhares de administradores, muitos não
vão conseguir se inserir no mercado de trabalho, como
administradores não, às vezes vão para outras áreas totalmente
diversas (SUPERVISOR A, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Porém, qualquer reforma sem que a educação seja considerada de forma
ampla, não daconta dos pressupostos emancipadores, pois, sem um progressivo e
“consciente intercâmbio com os processos de educão abrangentes com ‘a nossa
139
própria vida’, a educação formal não [poderá] realizar as suas muito necessárias
aspirações emancipadoras” (MÉSZÁROS, 2005, p. 59 – acréscimo nosso).
Em conformidade com o exposto neste estudo, ainda existem lacunas no
que tange ao desenvolvimento de metodologias voltadas para a educação não-formal
(GOHN, 2006), o que se expressa por meio da indefinição de uma metodologia clara,
com concepções previamente descritas pela ONG. Há uma preocupação teórica e prática
no sentido de construir metodologias que englobem os pressupostos da educação não-
formal (op. cit.), centrados na formação crítica e política dos indivíduos, em espaços
coletivos e no decorrer de toda a vida (MÉSZÁROS, 2005).
Sobre a metodologia adotada, o CIEE RIO, mencionou que esta era
“vivencial”, que acontecia com turmas reduzidas e acrescentou ainda que na prática, se
desenvolvia através de dinâmicas e com o uso de jogos. Assim,
quando possível, a gente leva para o espaço da escola de informática,
para pesquisar na internet, para que eles possam, ali mesmo,
pesquisar e montar alguma apresentação como resultado final do
conteúdo daquela matéria. A gente trabalha muito com vídeos, com
música, então a gente procura sempre trabalhar dessa forma. Porque
caso contrário, o jovem vai olhar o Programa como se fosse uma
escola formal, e normalmente a gente não tem até mesmo a coisa da
avaliação. Não sei se você em algum momento iria perguntar, mas a
gente não tem aquela coisa da avaliação, de prova formal. A
avaliação, ela acontece ao longo do caminho e todo o tempo o jovem
participa dessa avaliação, ele recebe o feedback desse
desenvolvimento (SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO
ORAL).
Além da menção à exeqüibilidade do desenvolvimento e aplicação de
conteúdos, a avaliação foi enfaticamente ressaltada, fato que converge para as lacunas
apresentadas por Gohn (2006), em se tratando da educação não-formal. A preocupação
em não demonstrar similaridade com a escola formal é um aspecto que merece especial
atenção, principalmente se trouxermos para o contexto de análise a precariedade da
140
escola pública brasileira na contemporaneidade, expressa por meio de seu sucateamento,
desvalorização e, em contrapartida, o crescimento da rede privada de ensino (TORRES,
1995).
A educação não-formal é apontada por Gohn (2006) como espaço propício
para o desenvolvimento da criticidade, da conscientização política, visando à
emancipação dos sujeitos com vista a sua inserção no mundo como um cidadão do
mundo. Sendo o CIEE RIO um espaço em que se desenvolve a educação não-formal,
foi lhes perguntado sobre a formação crítica dos educandos no processo de execução
das ações educativas propostas pelo PNPE/CSJ e sobre isso, o CIEE RIO pontuou que:
capacidade crítica é algo complicado para eles no início, porque eles
nunca tiveram até então espaço para criticar e é complicado,
porque quando chega aqui, a gente exatamente quer que ele a sua
opinião. E às vezes ele fala assim: - Eu concordo e discordo disso. A
gente está discutindo um assunto polêmico em sala e... Ah! Então
fulano, mas porque você discorda? Mas ele não consegue explicar o
porquê, ele não argumenta para explicar o porquê que ele não
concorda, então a gente começa exatamente a investir na questão da
cultura, investir no conhecimento. Então a gente tem essa iniciativa
de levar a espaços culturais, que os jovens normalmente nunca
visitaram. Muitos nunca entraram em um teatro na vida, então a gente
procura mostrar o quanto que isso é importante para que ele tenha
uma leitura diferente de mundo, porque caso contrário tudo que ele
ouvir e ver na televisão ele vai achar que aquilo ali é verdade, e não é
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
A relação entre a capacidade de desenvolver um raciocínio crítico e o
acesso à vida cultural do município do Rio de Janeiro foi estabelecida, tanto entre os
entrevistados (responsáveis pela área institucional, administrativa, social e pedagógica
da ONG), quanto entre os participantes do grupo focal (jovens egressos do curso
pautado no PNPE/CSJ). Entretanto, a concepção de criticidade ficou restrita à
capacidade de ver um programa de televisão com um olhar diferente, atentar para as
141
questões políticas do país e participar de alguma ação comunitária tendo em vista que o
jovem é também responsável direto por sua comunidade.
Observa-se ainda, a repetição da concepção de auto-responsabilidade
(SENNET, 2001), desta vez, em se tratando das questões sociais. Por meio do debruçar
sobre as falas dos jovens foi possível perceber de forma explícita esta culpabilização e
responsabilização no que tange às questões sociais e inserção no mercado de trabalho
(MONTAÑO, 2005).
Hoje em dia, tenho uma opinião formada de que a comunidade está
passando por um período difícil e isso é normal, está difícil para o
jovem ser inserido no mercado de trabalho. É assim mesmo, é normal
isso, e as pessoas não têm aquele sentimento, poxa eu posso fazer
alguma coisa para melhorar, eu posso pensar assim que eu não posso
mudar a vida de todos mas de alguns eu posso, ela pode mudar a vida
de alguns a outra, também é assim (Felipe, 18 anos).
Quando cheguei no meu trabalho e falei: eu fiz um trabalho
voluntário, fiz isso, isso e isso. ! É mesmo? Eles gostaram. Isso é
bom de você colaborar com a sociedade, teve amigos meus que
fizeram trabalho voluntário em comunidades carentes mesmo, favelas
e poxa, bacana. Trabalhei na associação, trabalhei digitando em
algum lugar, e era interessante porque assim você não arruma
confusão (Michael, 21 anos).
Finalmente, a ONG reafirma uma preocupação com o desenvolvimento de
uma visão crítica no contexto de formação profissional, ainda que seja restrita e voltada
para a compreeno e inserção do jovem no mercado de trabalho. Assim, sobre as ações
educativas desenvolvidas e suas finalidades, o CIEE RIO reconhece que
se existisse [uma forma certa ou mais adequada] era fácil, a gente
formatava um livrinho e vendia em uma banca de jornal, mas é
mesmo para poder criar nesse jovem uma visão crítica de mundo,
esse é o principal objetivo da qualificação. Não é simplesmente... É
lógico que a gente precisa trabalhar a questão das competências que
hoje são valorizadas, as habilidades que você precisa desenvolver
para estar nesse mundo do trabalho, para ter condições de
competições com outros jovens. A gente vai desenvolver tudo isso,
mas não com o objetivo de “formatar” esse jovem e sim com objetivo
de criar nele uma visão de longo alcance, dele poder entender e
discutir porque a empresa hoje seleciona o jovem com esse perfil
142
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL acréscimo
nosso).
A “formatação” do jovem foi um enunciado presente também entre os
participantes do grupo focal. Quando mencionaram os cursos comportamentais, as
discussões e aulas, pontuaram que reconheciam que o mercado espera um tipo de
profissional e que, portanto, nos cursos aprendem a participar de uma entrevista, vestir a
roupa adequada, usar o vocabulário, entre outros. Apesar de ser proclamado a não
“formatação” deste jovem, não causa surpresa a execução desta “formatação” de forma
factível. Os jovens também expuseram a artificialidade como um fato.
Eu acho que nós procurávamos usar o curso de uma forma artificial.
Entendeu? Que dentro de um ambiente de trabalho, poxa” eu vou
agir como eles me ensinaram lá, artificialmente entendeu? Mas não.
Ele tem que buscar isso pra viver a cada dia, pra quando a gente
chegar no ambiente de trabalho isso ser normal em nossas vidas.
Entendeu? E não precisar ficar agindo artificialmente (Felipe, 18
anos).
Apesar do aparente empenho do CIEE RIO com a construção de uma visão
crítica por parte dos participantes do curso pautado no PNPE/CSJ, é perceptível nos
enunciados a forte presença das concepções neoliberais no desenvolvimento das ações
educativas desenvolvidas na ONG, especialmente se considerarmos que a ONG conta
com a participação financeira do empresariado do Rio de Janeiro. A declaração a ser
descrita, expressa justamente o caráter mercadológico do CIEE RIO.
A gente tem uma área comercial forte, todo mundo até se espanta um
pouco quando não conhece o CIEE, uma ONG que tem uma estrutura
organizacional tão voltada para uma empresa de mercado. Mas assim
a gente busca isso, entre aspas, “agressividade comercial”, porque a
gente está na ponta, mas na verdade a gente precisa de um outro
lado muito forte que é o lado educacional (SUPERVISOR C, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
É notório que o CIEE RIO cumpre o papel a que se destina. Insere um
índice satisfatório de jovens no mercado de trabalho formal, segundo as metas propostas
143
no PNPE/CSJ e, para cumprir tal finalidade, concentra no jovem a responsabilidade de
inserção. Apesar da responsabilização não estar explícita nas falas, norteia o discurso.
Sendo assim, auto-responsabilizão e auto-culpabilização coordenam o discurso dos
entrevistados. A adoção de uma noção de competências pautada na dimensão do
mercado é, também, evidente apesar de implícita.
Fato que se torna ainda mais evidente se contrapormos a realidade
observada com uma proposta de educação profissional pautada em uma noção de
competências que supere a dimensão mercadológica. Essa dimensão ampliada da noção
de competências pauta-se “na articulação entre conhecimento básico e conhecimento
específico a partir do processo de trabalho [...]” (KUENZER, 2003, p. 26); na
“articulação entre saber para o mundo do trabalho e saber para o mundo das relações
sociais [privilegiando os conteúdos que se situam] nos terrenos da economia, política,
história, filosofia, ética e assim por diante” (op. cit. acréscimo nosso); além de basear-
se na articulação do conhecimento do trabalho com as formas de organização e gestão
do trabalho e finalmente, é construída com a participação dos diferentes atores inseridos
no processo (DELUIZ, 2001; KUENZER, 2003).
A proposta de educação profissional implementada na ONG em questão,
apesar de todo esforço e tentativa de promover uma formação que dê conta das
necessidades do mercado, termina sendo fragmentada e unilateral, especialmente pelo
objetivo a que se destina. Apesar de proclamar uma preocupação com a construção da
criticidade entre os educandos, restringe-a. Apesar de reconhecer a importância entre
teoria e prática, subsume-as às competências comportamentais. Essa problemática
expressa um conflito de “intenções” num contexto em que o mercado dita as normas,
inclusive no que tange ao tipo de formação profissional que os trabalhadores devem ter.
Fica, portanto, distante o conceito de omnilateralidade (MARX apud MANACORDA,
144
2000) da formação do trabalhador. Diante do exposto, e da iminência do pessimismo,
vale ressaltar que
apenas a mais ampla das concepções de educação nos pode ajudar a
perseguir o objetivo de uma mudança verdadeiramente radical,
proporcionando instrumentos de pressão que rompam a lógica
mistificadora do capital. Essa maneira de abordar o assunto é, de fato,
tanto a esperança como a garantia de um possível êxito
(MÉSZÁROS, 2005, p. 48).
4.3.2 Mecanismos implementados pelo CIEE RIO visando a inserção de seus
egressos no mercado de trabalho
Diante da difícil inserção no mercado de trabalho, o jovem disputa quase
que brutalmente uma vaga, se levarmos em consideração o processo de contratação.
Além da escassez na quantidade de vagas e da crescente demanda de inserção, o jovem
se diante de um contexto em que seus concorrentes não são apenas aqueles com a
mesma qualificação, idade ou experiência (FRIGOTTO, 2004; BRANCO, 2005).
Concorre com adultos que estão desempregados durante um extenso período de tempo,
sujeitando-se a inserções cada vez mais subalternas no que tange à condições salariais e
direitos trabalhistas (ANTUNES, 1995).
Acrescenta-se aos aspectos mencionados, as expectativas das empresas
contratantes, que diante da oferta excedente de mão de obra, contrata segundo seus
critérios. Desta forma, “o empregador o empregado como um mero instrumento de
ganho” (OWEN apud SZÁROS, 2005, p. 30). Sobre esta complexa realidade, a
ONG evidenciou que na execução das ações educativas promovidas pelo Consórcio e
sob os pressupostos do PNPE,
o que é mais conflitante é a inserção, porque você trabalha com uma
expectativa muito grande, você fica cinco meses com aquele grupo,
fazendo essa questão do resgate da auto-estima, mostrando que ele
também pode (SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
145
Por meio da análise das falas enunciadas no grupo focal é perceptível a
repetição constante da importância dada às questões referentes ao resgate da auto-estima
do jovem diante da não garantia de inserção e da responsabilização do mesmo por sua
inserção ou o. Os aspectos explícitos na fala mencionada corroboram essa idéia e
evidenciam o difícil contexto de inserção, em que as inovações tecnológicas, científicas
e organizacionais exigem um profissional de novo tipo (DEL PINO, 2002).
O aspecto mencionado dificulta ainda mais a inserção do jovem no
mercado de trabalho e diante desta problemática, o CIEE RIO pontua que
você não tem vagas pra todo mundo, tem uma questão assim, alguns
não têm o perfil hoje, ainda, trabalhado o suficiente, é o que eu falo
com o grupo das educadoras. Às vezes as meninas ficam angustiadas
porque acham que não está dando, entendeu? Os meninos o estão
chegando aonde a gente quer. Primeiro que a gente tem uma
expectativa muito grande, eno a gente precisa ter essa consciência,
que às vezes o que é pouco para a gente é muito pra ele. Porque ele já
conseguiu fazer uma transformação grande para ele. Ele pode ainda
não estar hoje totalmente preparado, mas já é um avanço grande.
Então tem essa questão de o menino não estar mesmo preparado, mas
a gente sabe que eu não vou ter uma meta grande de inserção. Muitas
empresas não estão preparadas para esse jovem, para o perfil de
público, para acolher esse jovem, até porque ele é ainda uma pessoa
em formação e às vezes a empresa o encara como um trabalhador
mesmo, pronto, e ele não está pronto, ele ainda precisa de orientação,
ele precisa de acompanhamento, que isso dá trabalho
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
A ausência de vagas e conseqüente desemprego entre os jovens de 16 a 24
anos se configura enquanto um dos mais graves problemas que aflige, notadamente,
rapazes com baixa escolaridade (GUIMARÃES, 2004). Tendo em vista que o trabalho
precoce é cada vez mais iminente, pois em algumas famílias a renda é reduzida e não dá
conta dos gastos mínimos previstos, se faz fecundo o tema da educação dos jovens
(FRIGOTTO, 2004). Em conformidade com o mencionado, as empresas esperam que o
jovem a ser inserido deva ter no mínimo o Ensino Médio, ainda que as atividades a
146
serem desenvolvidas no ambiente de trabalho não exijam a dimensão apreendida
durante o período de formação descrito.
Estabelece-se uma complexa contradição. O jovem precisa do emprego
para contribuir na renda familiar, por esta razão termina por abandonar o Ensino
Regular e, em contrapartida, as empresas esperam que este mesmo jovem tenha uma
formação que abarque cada vez mais as necessidades do mercado (BRANCO, 2005).
Assim, o CIEE RIO, desenvolveu suas ões educativas no primeiro ano do Consórcio,
com meninos do Ensino Fundamental, entretanto, no ano de 2006 optou por formar
turmas apenas com alunos do Ensino Médio ou concluintes, pois afirmavam que:
a gente [CIEE RIO] não consegue inserir esse jovem. Então a minha
maior preocupação é esse jovem. A empresa na verdade quer com o
Ensino Médio completo, então o que o Consórcio consegue, até pelo
peso de ser um Consórcio, pelo peso de ser um Programa do MTE,
então é capaz deles negociarem, de aceitarem jovens cursando o
Ensino Médio. É isso. Ou é cursando ou é com o Ensino Médio
concluído (SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL
acréscimo nosso).
As exigências da empresa caracterizam o perfil de jovem a ser inserido. De
acordo com a percepção da ONG
[a empresa] começa a perguntar, [estabelecer um perfil], eu vou
trabalhando, e eu vou tentando que este perfil seja mais flexível.
Porque o Programa tem a intenção de dar a oportunidade para o
jovem, justamente o jovem que precisa. Você começa a colocar um
monte de exigências nesse perfil, ou começa a favorecer um jovem
que já passou por uma experiência ou outra e tudo mais e termina não
atendendo ao objetivo (SUPERVISOR C, 2007, COMUNICAÇÃO
ORAL – acréscimo nosso).
Sobre o complexo e seletivo processo de inserção do jovem no mercado de
trabalho, o Supervisor A do CIEE RIO avalia que
o que nós percebemos, e isso o é no Rio, é no Brasil todo, cada
vez mais você precisa enviar um número maior de candidatos, seja
uma empresa pública ou privada, para que a empresa possa aprovar
um candidato, isso demonstra o quê? São linhas divergentes. As
empresas cada vez têm mais pré-requisitos ou mais exigências,
147
porque o mercado traz essas exigências e o nível educacional teve um
decréscimo, então o intervalo entre essas linhas é cada vez maior.
Então a qualificação do jovem, enquanto a gente não tiver uma
política educacional que restabeleça níveis aceitáveis de desempenho
do Ensino Básico e do Ensino Médio principalmente, a gente vai
continuar tendo problema de inserção (SUPERVISOR A, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
Mais uma vez se expressa a idéia de que a qualificação, a formação de
“qualidade” seria capaz de elevar os índices de inserção (PIRES, 2005). Mas, apesar da
realidade descrita, os pressupostos do CSJ prevêem a inserção do jovem compreendido
na faixa etária estabelecida sem que este tenha necessariamente uma formação
específica. O Programa, apesar de prever uma qualificação básica a ser implementada
por cada Organização executora, não é um Programa de qualificação (MTE/PNPE,
2004-2007), é um Programa de inserção. Sobre o processo de qualificão o CIEE RIO
esclarece que
no Consórcio Social da Juventude, a gente capacita para depois
inserir o jovem no mercado de trabalho, na verdade ele é um
Programa de inserção dentro do Ministério do Trabalho e Emprego,
ele o é um Programa de qualificação. Só que a gente sabe que se
você não qualifica também não consegue inserir, porque o jovem
normalmente tem um perfil pouco trabalhado em função de “n
fatores, então a gente primeiro qualifica. Desses jovens que passam
pelo Programa de qualificação nem todos conseguem inserção, isso é
uma realidade. Normalmente 40% são inseridos no mercado
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
O CIEE RIO, no que tange aos índices de inserção, é considerado
referência. Foca a inserção no mercado formal e lança mão de seu extenso banco de
dados para angariar vagas para inserção nas empresas da região metropolitana do Rio de
Janeiro.
Os índices de inserção do CIEE RIO no âmbito do PNPE/CSJ podem ser
melhor analisados com base no Quadro IV.
Quadro IV:
148
Quantitativo de inserção - CIEE RIO / 2004-2006.
2004 2005 2006
Curso ministrado QAP QAP QAP
Disciplinas do curso * * *
Número de turmas 4 turmas 5 turmas 4 turmas
Número de alunos por turma 20 jovens 20 jovens 25 jovens
Total de alunos 80 jovens 100 jovens 100 jovens
Concluintes por turma 50 jovens 50 jovens 100 jovens
Inseridos no mercado 15 jovens (30%)
16 jovens (35%)
40 jovens (40%)
*Disciplinas ofertadas no curso de Qualidade no Atendimento ao blico, na tabela
denominado como QAP. A saber: relacionamento interpessoal, orientação profissional,
desenvolvimento de competência, estratégias de relacionamento com o cliente, direitos
humanos e cidadania, educação ambiental, empreendedorismo social, matemática,
informática, comunicação (português).
Fonte: Dados fornecidos pelo CIEE RIO (2007).
As disciplinas mencionadas são trabalhadas no decorrer das 400 horas
destinadas ao curso no âmbito do PNPE/CSJ, e correspondem à parte obrigatória e
diversificada do Programa.
Vale ressaltar, que o cálculo para estabelecer o percentual de inseridos é
realizado a partir dos concluintes por turma, e não com base no total inicial de alunos
participantes. Caso contrário, o quantitativo seria bem menos significativo.
Sobre os jovens participantes do grupo focal, algumas especificidades são
relevantes. Entre os oito jovens, cinco eram do sexo feminino e três eram do sexo
masculino e, entre esses, quatro foram inseridos por meio do Programa, um rapaz e três
moças. Todos eles se inseriram por meio de estágio.
Sobre a relação entre o CIEE RIO e a vocação para a participação no
Consórcio, a ONG expõe que
149
a intenção é preparar melhor os jovens, que geralmente tem pouco ou
nenhuma experiência, para aumentar a sua condição de conseguir um
estágio ou um emprego. Com relação ao Consórcio Social, a proposta
do Consórcio Social é bastante interessante porque ela mescla a
capacitação teórica com a efetividade prática da obtenção da vaga no
mercado de trabalho, e como a gente tem esses dois lados dentro da
casa... Dentro do CIEE, nós temos tanto a capacitação como a
inserção, todos os dias nós estamos inserindo jovens no mercado de
trabalho, nós entendemos que temos plenas condições de participar
desse Consórcio. O CIEE tem uma finalidade social também, e a
principal finalidade social dele é a inserção no mercado de trabalho,
então tudo que está relacionado a isso o políticas que nos
interessam. Nem sempre nós podemos participar, porque s temos
vários projetos, e não temos condições físicas e financeiras que o
limitadores de qualquer entidade (SUPERVISOR A, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
Apesar da vocação para inserção, é notório que a demanda de jovens
cadastrados no banco de vagas excede, em grande medida, as expectativas de inserção.
Segundo dados e informações cedidas pela ONG, a perspectiva de inserção é em média
de 35%. O Supervisor B notificou que em 2006, inseriu em torno de 40 jovens. Apesar
do índice apontado, verificou que
logo depois que acabou nosso período de inserção, nossa data limite
para inserção, eu ainda inseri mais jovens, quer dizer, eu nem
contabilizei nesses 40%, jovens que hoje, por exemplo, estão no
Programa do Aprendiz
24
, e alguns jovens que se colocaram, mas a
gente não teve mais esse retorno no decorrer do Programa
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Vale ressaltar que a inserção no mercado formal de trabalho por parte da
ONG, é um diferencial. De acordo com os documentos normativos do MTE/PNPE
(2004-2007) a inserção não precisa, necessariamente, focalizar o mercado formal. É
estimulada no jovem, a construção da noção de empreendedorismo e a possibilidade de
inserção por meio do mercado informal. O mercado informal tem abrigado numerosos
24
O Programa Aprendiz é voltado para a qualificação do jovem para o mercado de trabalho em
concomitância com a inserção deste jovem no mercado para o aprendizado de uma profissão. É
financiado por verbas privadas, ao contrário do PNPE/CSJ, mas, também executado por ONGs dentre
outras organizações sociais.
150
homens e mulheres que se vêem diante da impossibilidade de inserção no mercado
formal (MONTAÑO, 2005).
A exemplo disso, uma das jovens declarou que se sentiu decepcionada com
as propostas de trabalho que surgiram na época do PNPE/CSJ, porque ela precisaria
gastar quase todo o dinheiro que ganharia com o deslocamento do domicílio para o
trabalho e vice versa. Por esta razão, hoje está no mercado informal, trabalhando como
manicure. Poxa! Não compensava, [o emprego] sempre era muito longe e gastava
muito com passagem. Ganho mais fazendo unha” (Tamires, 19 anos).
Corroborando a declaração descrita, Fabiana, de 18 anos pontua que
na época eu tava estudando, apareceu muitas oportunidades, que
quando me chamaram pra fazer, não compensava com meu horário,
nem com o dinheiro, eu ía ter que pagar pra trabalhar. Mas apareceu
bastante, direto eles ligavam pra mim.
Para critério de esclarecimento, a ONG considera inserção no mercado
formal as vagas preenchidas com esgio, apesar destas não configurarem contrato
efetivo pela CLT.
Quando nós trabalhamos com o Consórcio como entidade
capacitadora nós consideramos o estágio o emprego formal. [...] É
claro que a gente tem uma tendência maior a inserir através do
estágio que é o nosso dia a dia, mas tivemos casos do jovem ter
sido absorvido como contrato efetivo pela CLT (SUPERVISOR A,
2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Com base na avaliação de Programas como o PNQ e sobre a flexibilidade
nos processos de contratação, Véras de Oliveira (2007, p. 45) assinala que estes
desenvolveram-se paralelamente ao tratamento dado pelo próprio
governo à normatização das relações de trabalho, marcada, de um
lado, [...] por sucessivas investidas no sentido da flexibilização e, de
outro, por um esforço sistemático de desqualificão da proposição
apresentada pelas centrais sindicais, no sentido da constituição, no
país, de um ‘sistema democrático de relações de trabalho’”.
151
Com base na assertiva mencionada, além da informalidade e ilegalidade,
em se tratando da inserção no mercado de trabalho, acrescenta-se o estágio no âmbito
do mercado formal sem que este se configure enquanto contrato formal.
Para atingir às metas estabelecidas para o Consórcio e verificadas no
Quadro IV, a ONG conta com três estratégias para a captação de vagas. A primeira
estratégia refere-se ao uso do banco de dados para esgio, que é construído com base
nos convênios com as empresas da região metropolitana do Rio de Janeiro que, por sua
vez, disponibilizam vagas para que o CIEE RIO capte em seu banco de dados jovens
que preencham o perfil esperado pela empresa. Essa é considerada a estratégia com
maior retorno de inserção. O CIEE RIO, sobre esta estratégia, afirma que
no Conrcio, a nossa maior inserção foi via estágio. Ano passado a
gente trabalhou com os jovens só do Ensino Médio, cursando o
Ensino Médio, alguns tinham concluído, e a principal porta de
entrada é o Programa de Estágio. Existe por parte do próprio
Consórcio uma equipe de inseão que vai fazer a captação das vagas
das empresas que normalmente são vagas na área de vendas, no
comércio, o sei se o nosso blico tem esse perfil, apesar de a
gente trabalhar a questão de atendimento ao público, não com foco
em vendas, não é a maior inserção que a gente tem, não é por meio
dessas vagas, mas sim pelo Programa de Estágio (SUPERVISOR B,
2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Além do banco de dados do CIEE RIO, a ONG conta com a equipe de
captação de vagas do CSJ, que busca captar vagas para todas as Organizações
consorciadas. Para elucidar este aspecto verificar-se-á a fala a seguir.
O Consórcio tem uma equipe de inserção que foi contratada para
fazer a captação das vagas, para negociar o perfil desse jovem, e aí
eles divulgam essas vagas para todas as instituições executoras e a
gente vai ver no banco de dados do grupo que a gente atende se a
gente tem jovens naquele perfil. Então, eu encaminhei vários jovens
para outras empresas. Mas os 40% que eu atingi, posso dizer que
30% foram por intermédio de vaga de estágio (SUPERVISOR B,
2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
152
Portanto, para atingir às metas estabelecidas, cada ONG estabelece
estratégias de captação de vagas para inserção dos jovens que atendem. De acordo com
o CIEE RIO, por terem formado um grupo de consorciadas com o objetivo de inserir a
maior quantidade de jovens no mercado de trabalho, não se preocupam apenas com os
“seus” jovens.
É claro que a princípio a gente pensa nos nossos jovens, mas o CIEE,
por exemplo, recebeu grupos de outras instituições, então nós
criamos aqui as nossas estratégias. Fizemos um portfólio, falando o
que era o CSJ, falando da atuação do CIEE, nossa oficina de
qualidade em atendimento ao público. Liberamos isso para os
consultores que são os assistentes de marketing e que vão para as
empresas e têm uma estrutura pra isso. É lógico que nem toda
instituição executora tem uma instituição assim, a gente tem a equipe
do marketing, a gente tem embaixo a central de atendimento ao
estudante, que é uma equipe que ficava para receber os jovens do
Consórcio. Então recebia esse jovem, entrevistava esse jovem e fazia
o encaminhamento se tivesse uma vaga dentro do perfil dele. Então
as instituições executoras m que ter a sua estratégia, têm que ter
uma equipe para também fazer esse trabalho de inserção, porque se
ficar a cargo da equipe geral, a equipe do Consórcio, não conta
(SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
O portfólio é considerado como terceira estratégia para captação de vagas e
posterior inserção do jovem no mercado de trabalho e o processo acima descrito elucida
como se o processo. Além do portfólio, a ONG conta com estratégias on-line para
divulgar vagas, informações sobre a ONG e credibilizar as ações de educação
profissional desenvolvidas (ANEXO I).
Entretanto, as estratégias não garantem a inserção no mercado de trabalho,
fato reconhecido inclusive pela ONG ao avaliar o processo de encaminhamento do
jovem para possível inserção.
Basta a gente olhar o número, a parcela da população, especialmente
o jovem, que ainda não consegue se inserir no mercado de trabalho,
só por aí, você consegue ver que não é eficaz, você precisaria atender
a uma parcela muito maior, que conseguisse essa inserção para que
enfim a gente consiga uma política eficaz (SUPERVISOR A, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
153
A avaliação do Supervisor A do CIEE RIO elucida a realidade de um
percentual que cresce a cada ano entre os jovens de 16 a 24 anos. É permanente, a
procura por trabalho pela população juvenil e deveria, portanto, a economia dar a
resposta a essa busca. Entretanto, o que se observa é um enorme contingente de jovens
que são “empurrados pelas estratégias de sobrevivência pessoal e/ou familiar
(BRANCO, 2005, p. 131).
4.3.3 Relação entre os saberes construídos pelos egressos, inserção efetiva no
mercado de trabalho e participação ativa na sociedade
A relação entre os entre os saberes construídos pelos egressos do curso de
Qualidade no Atendimento ao Público, no âmbito do PNPE/CSJ, e a inserção destes no
mercado de trabalho nem sempre é concretizada. Uma das razões para tal fato consiste
na não convergência ou relão de antecedente e conseqüente entre qualificação
profissional e inserção no mercado de trabalho, uma vez que esta relação é possível
com um quantitativo de vagas equivalente à PEA (FRIGOTTO, 2004).
Em se tratando da participação ativa na sociedade, ao jovem é reservada,
assim como para os demais cidadãos, a participação ativa como voluntário, como
parceiro, numa sociedade marcada pela responsabilização das questões sociais por parte,
especialmente, de uma das instituições da sociedade civil - as ONGs (MONTAÑO,
2005). Estas questões serão analisadas a seguir, com base nas entrevistas e grupo focal
realizados.
Sobre a relação entre os saberes construídos e a efetiva inserção dos
egressos no mercado de trabalho, o Supervisor A do CIEE RIO pontua que
existe uma relação que nem sempre é fácil de ser mensurada, mas,
por exemplo, uma ação como o Consórcio Social da Juventude, onde
154
você dá qualificação para esse jovem, seja através de uma instituição
que ministre um curso de informática ou que tenha alguma
qualificação cnico-específico para esse jovem, você de certa forma
está colaborando para empregabilidade dele, então automaticamente
você aumenta a possibilidade de inserção no mercado de trabalho que
acaba então atingindo essa política do PNPE. Ela não é muito simples
de ser mensurada, porque muitas vezes esse jovem não tem um
acompanhamento que não é o mais detalhado, quanto mais tempo
passa, mais distante fica o acompanhamento dele, saber o que
realmente aconteceu na carreira dele. Mas eu vejo que tem sim
[relação]. Talvez precisasse que o Governo programasse uma ação
um pouco mais coordenada, no sentido até de registro de
informações. O que acontece com esse jovem um ano depois que ele
sai do Consórcio? Dois anos depois que ele sai do Consórcio?
(SUPERVISOR A, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
O enunciado expressa três importantes aspectos. Primeiro, a incoerente
relação entre qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho; em seguida,
aborda a importância de acompanhamento de egressos para a avaliação do processo de
implementação e execução de “políticas” blicas e, finalmente, a fragilidade de
definição do espaço público não-estatal.
Sobre o primeiro aspecto, Pires (2005) problematiza a questão trazendo a
discussão do capital humano, em que a ênfase dada à educação e ao conhecimento
resultaria na ampliação da produtividade e das riquezas. “Equívoco facilmente
esclarecido se quantificarmos o número de desempregados com grau de escolaridade
que ultrapassa a média nacional. Para a PEA, formada inclusive por jovens entre 16 e 24
anos, são numerosas as dificuldades de inserção, dificuldades estas impostas por um
padrão de crescimento pouco ou nada generoso na geração de oportunidades”
(BRANCO, 2005, p. 132).
O segundo aspecto é relevante na medida em que o acompanhamento de
egressos, apesar de ser raridade no que tange a avaliação do processo de execução de
“políticas” públicas, é um excelente instrumento para verificação do alcance e eficácia
destas políticas. Essa concepção corrobora Gohn (2005), que afirma ser o
155
acompanhamento dos egressos “uma excelente medida da eficácia das ações
desenvolvidas [além de ajudar] a responder em que medida o serviço prestado vai além
do atendimento emergencial e cria alguma condição que ultrapasse a transitoriedade” (p.
101 – acréscimo nosso).
O último aspecto mencionado refere-se à fragilidade do espaço público
não-estatal. À medida que o Supervisor A menciona a importância de o governo criar
estratégias para o acompanhamento do jovem que participou do PNPE/CSJ,
relembramos a problemática discutida por Montaño (2005) ao avaliar que o espo
público não-estatal evidencia incoerências. Especificamente, neste caso, delega para
parte da sociedade civil a execução de uma “política” pública, financiada, portanto, pelo
Governo Federal, mas não cria mecanismos que avaliem aspectos que ultrapassem o
indicativo inicial de inserção. Paga, com verbas públicas, a execução de uma “política”
pública sem um criterioso acompanhamento.
Sobre a relação entre os saberes construídos e a efetiva inserção no
mercado de trabalho, um dos jovens, ao falar sobre o curso realizado no âmbito do
PNPE/CSJ, evidenciou que a importância do mesmo extrapolou a utilidade para o
mercado de trabalho.
O curso que eu fiz pra mim mudou totalmente o meu modo de pensar,
o meu modo agir. Eu fui com uma visão e saí com outra né? Hoje
em dia me favoreceu muito em meu trabalho, no meu modo de me
comportar, no meu modo de agir, na minha vida, no meu modo de
pensar e ajudar né? (Michael, 21 anos).
Para compreender como os jovens avaliaram o curso, no âmbito do
PNPE/CSJ, lhes foi perguntado como eles o caracterizariam e que retorno lhes foi
proporcionado. Responderam que o curso proporcionou:
Amadurecimento, atitude (Sônia, 19 anos).
156
Dignidade (Fernanda, 19 anos).
Respeito a opinião do próximo (Fabiana, 18 anos).
Criatividade, imaginação (Roseane, 19 anos).
Comunicação (Fernanda, 19 anos).
Saber lidar com cada tipo de pessoa (Felipe, 18 anos).
Após discutir a relação entre os saberes construídos e a efetiva inserção no
mercado de trabalho, cabe-nos analisar em que medida esses saberes favorecem a
participação ativa do jovem, como interlocutor na sociedade. Inicialmente, o Supervisor
B, esclarece que entre os objetivos da ONG está
a formação do cidadão, que isso abarca bastante coisa, ele ter voz,
ele participar, ele ser atuante dentro do espaço em que ele convive
seja escola, seja a comunidade (SUPERVISOR B, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
É notória a limitação no que tange à formação do cidadão. Segundo os
dados coletados na ONG, essa formação reduz-se ao voluntariado (MONTAÑO, 2005).
Apesar de mencionar o jovem enquanto portador de “voz” no espaço em que convive,
verifica-se tanto por meio da análise das falas do grupo focal quanto das falas dos
entrevistados, a restrição da atuação do jovem ao espaço ilimitado do voluntariado.
Ilimitado porque o voluntariado é convocado, na contemporaneidade, a participar das
mais diversas ações.
Este aspecto pode ser observado com base na análise da fala a seguir
descrita.
Quando eu estou em um Programa dentro de um espaço específico,
por exemplo, o Consórcio, ele não acontece dentro do CIEE, ele
acontece dentro da Ação Comunitária do Brasil na Cidade Alta.
Acontecia nos três anos em que a gente participou. Então nesses
157
casos tem como eu trabalhar com aquela realidade, então os meninos,
por exemplo, eles vão ao conteúdo de cidadania e ética, eles vão fazer
um levantamento da comunidade, até porque existe a proposta do
trabalho voluntário. Eles vão levantar o que existe dentro da
comunidade, quais são as necessidades daquela comunidade, e o
trabalhar alguma ação dentro disso que eles pesquisaram. Um
exemplo: um grupo detectou que muitas crianças não m biblioteca,
muitas crianças o tinham o que fazer, e até pelo fato de termos
dentro da equipe uma pessoa que realiza o trabalho de contação de
histórias, então os próprios jovens montaram um grupo de contação
de histórias, e nos sábados trabalhavam com isso dentro do espaço lá
da instituição. Eles ofereciam contação de histórias, e isso é muito
legal porque eles acabam tendo que se articular para conseguir “n”
outras coisas, então aquilo que você vai trabalhar na sala de aula,
você consegue um resultado muito mais efetivo em uma ação como
essa. (SUPERVISOR B, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL).
Certamente o papel do voluntariado se torna ainda mais efetivo para o
jovem na medida em que ele o exercita. Para esclarecer o início da fala, o Supervisor B,
ao responder sobre a participação do jovem enquanto interlocutor ativo da sociedade,
afirmou que para tratar a realidade do jovem era mais viável trabalhar dentro do campus
da ACB, pois o contexto da comunidade em que situa-se o campus é aparentemente
mais problemático que a comunidade do entorno do CIEE RIO.
A fala evidencia o novo papel assumido pela sociedade civil, notadamente
por ONGs, após a Reforma do Aparelho do Estado (BARRETO, 1999; RAICHELIS,
2000; OLIVEIRA; HADDAD, 2001; MONTAÑO, 2005). Este aspecto é corroborado
na fala a seguir.
Existe o programa do voluntariado, em que a gente teve um ano no
Consórcio que teve a campanha de doação de sangue, que foi até a
própria Ação que conseguiu articular isso de conseguir transporte
para os jovens poderem ir. [...] Os próprios jovens fazem em
educação ambiental, alem da peça de teatro, eles fizeram nesse último
ano um mural informativo, então assim, vamos supor que eles
conseguiram colocar o mural na padaria e outro colocar na Rede
Economia, que é um supermercado que tem na comunidade da
própria Ação Comunitária, então ali eles poderiam colocar
informativos pertinentes aquele público que freenta aquele lugar,
então dentro do supermercado tem muita dona de casa, então vamos
colocar informativos sobre a importância de se economizar água,
então a gente utiliza esses recursos (SUPERVISOR B, 2007,
COMUNICAÇÃO ORAL).
158
O jovem, por sua vez, se sente responsável por sua comunidade.
Eu me acho responsável, como todos deveriam se sentir responsáveis,
porque cada um fazendo sua parte nós podemos melhorar, então cada
uma fazendo sua parte a visão da sociedade vai mudar, ficar só
esperando pelos governantes, os governantes que nunca melhoram,
não adianta, acho que nós também podemos melhorar a nossa
comunidade (Roseane, 19 anos).
Esse tipo de “ação social é uma forma de a própria sociedade civil
restaurar a “fragmentação do tecido social”, que se esgarçou com os impactos do
modelo de acumulação flexível e das políticas sociais neoliberais. Tem em vista garantir
a governabilidade e evitar a convulsão social – (através da violência juvenil, entre
outras) , sem alterar a causa do esfacelamento social: o modelo econômico voltado
para os interesses hegemônicos do grande capital internacional.
Poderíamos concluir que o papel do voluntariado, amplamente difundido,
pretende refazer os nculos sociais rompidos pela crescente exclusão social e política
criada pelas políticas neoliberais.
Neste sentido, o caráter restrito da participação do jovem na sociedade não
se caracteriza enquanto especificidade daqueles que possuem entre 16 e 24 anos. Há, no
Brasil, e este não é um fato recente, a legitimação do papel da sociedade civil como
responsável pelas questões sociais, sendo o voluntariado, capaz, portanto, de dar conta
desta demanda. Entretanto, uma “educão libertadora teria como função transformar o
trabalhador em um agente político, que pensa, que age, e que usa a palavra para
transformar o mundo” (MÉSZÁROS, 2005, p. 12).
Infelizmente, quando questionados sobre a atuação do jovem na sociedade
que extrapolasse o voluntariado, um silêncio enigmático, evidenciou, durante alguns
segundos, que não se conhece o caminho para a ação e uso da palavra para a
159
transformação do mundo. Mas, nossos jovens pensam! O que se configura o apenas
como o começo, mas reacendem a esperança que nos faz, mais uma vez, estabelecer o
difícil equilíbrio entre o pessimismo da inteligência e o otimismo da vontade.
160
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciar-se o processo de construção de um estudo vários aspectos são
levados em consideração: a pertinência, relevância, exeqüibilidade, dentre outros. Ao
concluí-lo se estabelece a certeza de que as reflexões são dinâmicas e convergem para
um contexto também dinâmico, em que as queses econômicas, políticas e sociais
estão intrinsecamente relacionadas. Neste capítulo, portanto, objetivar-se-á transcrever
as considerações finais, no que tange às nuances que permeiam o tema deste estudo -
Protagonistas e coadjuvantes na odisséia do primeiro emprego: uma análise do papel da
sociedade civil no processo de execução do PNPE/CSJ.
Aos sete primeiros anos do século XXI, observa-se um contexto que reflete
as mudanças ocorridas no mundo do trabalho e que se expressam, especialmente, desde
os anos de 1970, com a efetiva apropriação do modelo flexível de acumulação do
capital. A partir de então, flexibilidade nos processos produtivos, globalização do
capital, permeabilização de fronteiras políticas, desemprego estrutural, mercado
informal e novas configurações entre Estado e sociedade civil passam a ser expressões
constantes no léxico dos mais diferentes atores que vivenciam, em gradações diferentes,
as conseqüências da perpetuação de um modelo econômico neoliberal.
Entre os atores supracitados, estão os jovens brasileiros que disputam
quase que brutalmente uma vaga no mercado formal, isso, se visualizarmos as filas
construídas por pessoas à procura de emprego em que homens e mulheres, sendo estes
jovens, adultos ou idosos, se aglomeram, empurram e gritam por uma senha, uma
oportunidade que culminará naquilo que consideram parte da felicidade o emprego.
Filas formadas por jovens que concorrem em condições desiguais com um índice
crescente de adultos desempregados durante extenso período de tempo, com experiência
comprovada em currículo e dispostos a aceitar qualquer proposta, tendo em vista a
161
iminência do permanente desemprego e da improvável manutenção das mais primárias
necessidades familiares.
Diante desta problemática, no Brasil, está sendo executado um Programa
coordenado pelo Ministério do Trabalho, que visa ampliar as possibilidades de inserção
do jovem no mercado de trabalho. O Programa em questão é o Programa Nacional de
Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), no âmbito do Consórcio Social da Juventude e
que, por sua vez, está vinculado ao Plano Nacional de Qualificação (PNQ) que, em
2003, atuou em caráter transitório, para ser efetivamente executado a partir de 2004.
No processo de execução do PNPE/CSJ são conclamadas à participação
uma das instituições da sociedade civil, a saber, as Organizações Não Governamentais,
que desde a Reforma do Aparelho do Estado têm, paulatinamente, abarcado as questões
sociais em virtude da nova configuração do Estado que transfere para parte da sociedade
civil a responsabilidade no que concerne à educação, saúde e seguraa, dentre outras.
Neste sentido, para melhor compreendermos as questões que emergem das
relações, intersecções e conflitos que se constroem entre o capital e o trabalho
abordamos, inicialmente, as várias nuances que caracterizam a tecitura do contexto
brasileiro, relacionando-o com um contexto mundializado e ancorando-os no aporte
teórico que viabiliza a análise que ora se estabelece. Desta forma, discutimos a ofensiva
do capital contra o trabalho e as múltiplas facetas que reorganizam o capitalismo
fazendo-o ressurgir, a cada crise, como uma “fênix”. A exemplo disto, no Brasil, o
neoliberalismo foi difundido e, para atender às suas especificidades, a Reforma do
Aparelho do Estado se apresentou enquanto estratégia para viabilizar a exeqüibilidade
do modelo neoliberal.
162
Ainda neste estudo, abordamos uma educação para além do capital, que
possibilite a emancipação dos sujeitos e que aconteça ao longo da vida e em todos os
espaços, especialmente no espaço propiciado pela educação não-formal. Discutiu-se,
também, a polissemia do modelo de competências, em que o Estado se apropria de
acordo com a dimensão do mercado, mas, uma vez que o modelo está posto,
possibilidades que englobem os aspectos coletivos e sociais, a relação entre teoria e
prática são apresentados como alternativas para a ressignificação do conceito.
Finalmente, a especificidade da política blica que ocupa centralidade
neste estudo foi analisada, bem como a sua relação com outras políticas de mesmo
caráter focalizado e transitório, bem como o papel da sociedade civil, que no século
XXI se evidencia por meio de múltiplos papéis.
A ONG CIEE RIO foi escolhida como lócus para que se verificasse a
relação entre o referencial que norteou este estudo com a realidade vivenciada por
jovens brasileiros participantes de cursos promovidos no processo de execução do
PNPE/CSJ. Sendo assim, as entrevistas e grupo focal realizados se complementaram na
obtenção de respostas às questões expressas neste estudo.
Por meio da primeira questão de estudo, buscou-se indagar aos
entrevistados e participantes do grupo focal, a respeito das concepções teórico-
metodológicas que embasam as ações educativas da ONG CIEE RIO, no âmbito do
PNPE/CSJ, no que tange à sua proposta de educação profissional. Tendo em vista que
as respostas coletadas partiram da reflexão tanto da equipe administrativa e pedagógica,
quanto dos jovens participantes do curso de “Qualidade no atendimento ao público”,
buscou-se além do verbalizado, o não dito, os aspectos implícitos.
163
Como respostas a esta questão, verificamos que as concepções teórico-
metodológicas que embasam as ões educativas do CIEE RIO, pautam-se na dimensão
do mercado e se voltam para o atendimento da demanda deste. Identificamos, ainda, a
ênfase dada, no curso supracitado, às competências comportamentais e
individualizantes, que concentram no educando a responsabilidade pela construção e
exteriorização destas competências, subsumindo-as à dimensão individual.
A responsabilização dos jovens foi, também, recorrente na segunda
questão de estudo, que objetivou analisar os mecanismos implementados pela ONG
visando à inserção destes no mercado de trabalho. Como respostas a esta questão
verificamos que a ONG lança mão de três estratégias para inserção do jovem no
mercado de trabalho: o uso do banco de dados para encaminhamento de estágio; a
captação de vagas por meio da equipe interna do CIEE RIO e da equipe do CSJ, e
maciça divulgação do perfil de seus egressos através de mídia rápida.
A partir da análise das entrevistas e grupo focal, detectamos que a ONG
focaliza a inserção no mercado formal, apesar desta não ser uma característica do
Programa, que acena para a inserção, também, no mercado informal. Entretanto, a ONG
considera inserção no mercado formal, as vagas preenchidas por meio de estágio, o que
segundo a legislação trabalhista em vigor no Brasil, não configura nculo formal via
CLT. Inserindo aproximadamente 35% de jovens participantes do curso supracitado a
cada ano, a ONG é considerada como dotada de bom índice de inserção, porém,
reconhece que diante da realidade nacional o indicativo é inexpressivo, bem como o
acompanhamento destes inseridos, inexistente.
Na terceira questão de estudo buscamos analisar a relação que se
estabelece entre os saberes construídos pelos egressos do curso, no âmbito do
164
PNPE/CSJ, e a efetiva inserção no mercado de trabalho e a participação ativa destes na
sociedade.
Embasados nas respostas a essa questão, verificamos que a relação entre os
saberes construídos e a inserção no mercado de trabalho nem sempre se estabelece por
uma razão quase que óbvia: o indicativo de qualificação não caminha com o indicativo
de vagas. Ou seja, não vagas para todos os qualificados. Além deste aspecto,
observa-se na execução do PNPE/CSJ, a dissociação entre teoria e prática, pois o jovem
só vivencia as idiossincrasias da profissão depois de inserido, se for inserido. Os jovens,
por sua vez, atribuem um valor subjetivo ao curso realizado, não necessariamente
voltado para a inserção, mas mencionam que a participação os ajudou a lidar com
questões referentes à auto-estima e acreditam que são capazes de reverter o quadro
pessoal de desemprego. Vale ressaltar ainda, que estabelecer esta relação torna-se,
também, uma questão complexa, em virtude da falta de acompanhamento de egressos.
Sobre a participação ativa na sociedade, os egressos revelaram que esta
restringe-se ao papel destes enquanto voluntários, reafirmando a perspectiva da ONG e
do discurso ideologizante difundido nos meios de comunicação e legitimado pelo
Estado.
As considerações finais deste estudo apontam para a necessidade de
estabelecer políticas que ultrapassem o imediatismo e a focalização, que levem em
conta a realidade do jovem brasileiro, que apesar de protagonizar os índices de
desemprego da PEA é coadjuvante ao se pensar na elaboração de uma política que
atenda às suas especificidades.
Ressalta-se ainda, a necessidade desta instituição da sociedade civil –
ONG - assumir que é, potencialmente, dotada de espaço propício para a discussão da
165
transformação da sociedade, situando-se enquanto lócus para a construção política e
coletiva dos interesses e não para a mera reprodução do status quo.
Entretanto, é sabido que qualquer alternativa dentro do “atual” modelo de
produção e acumulação do capital é transitória e paliativa. Pensar o futuro requer indicar
o processo de contra-internalização dos valores hegemônicos, exige mudanças
essenciais com vistas à emancipação dos sujeitos para, portanto, torná-los audíveis, não
apenas portadores de documentos que os caracterizam como “cidadãos”, mas
interlocutores da sociedade brasileira.
166
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Juventude e Centro de Integração Empresa Escola: a realidade verbalizada (Processos
político-institucionais) - Rio de Janeiro, RJ. 07.08.2007. 70 minutos captados em mídia
digital. 84,5 Kb. Entrevista concedida a Daniela Reis.
SUPERVISOR B. Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, Consórcio Social da
Juventude e Centro de Integração Empresa Escola: a realidade verbalizada (Impactos
sociais e qualidade pedagógica) - Rio de Janeiro, RJ. 07.08.2007. 1 hora e 40 minutos
captados em mídia digital. 115 Kb. Entrevista concedida a Daniela Reis.
SUPERVISOR C. Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, Consórcio Social da
Juventude e Centro de Integração Empresa Escola: a realidade verbalizada - Rio de
Janeiro, RJ. 07.08.2007. 50 minutos captados em mídia digital. 74 Kb. Entrevista
concedida a Daniela Reis.
172
ANEXOS
173
ANEXO A: RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (ONGS E EDUCAÇÃO / CAPES)
Banco de Teses
Critérios: Assunto: ONGS e Educação Nível: MESTRADO
Autor Título Data de defesa
Acácio Nascimento
Figueredo
Os princípios Políticos e a Prática Educativa do CESEP: processos
formativos de uma ONG em Sergipe
01/10/2003
Adilson Vaz Filho
Cabral
A Procura de um meio: O papel da comunicação para as ONGS no
Brasil.
01/05/1995
Alexandre Garcia
Gonçalves Ferreira
O ambiente da Educação e a Educação no ambiente:
Considerações sobre a natureza e os fundamentos do
ambientalismo.
01/07/2006
Ana Beatriz de
Carvalho Dalla
Passos
O ambientalismo como espaço histórico e político da educação
ambiental: sentidos produzidos.
01/02/2005
Ana Lúcia de Mattos
Barreto Villela
Educação, trabalho e perspectivas de futuro, segundo jovens
alunos de uma ONG.
01/09/2004
Ana Valéria Feitosa
Dias
Complexidade, desenvolvimento sustentável, comunicação? O
programa um milhão de cisternas em comunidades do Ceará.
01/09/2004
André Augusto
Michelato Ghizelini
ONGS – Agroecologia e agricultura familiar: A construção de
uma metodologia de assessoria (o caso da AGAECO)
01/09/2003
Andson Braga de
Aguiar
Relação entre estruturas organizacionais e indicadores de
desempenho das organizações não-governamentais do Estado de
São Paulo”.
01/08/2004
Ângela Coronel da
Rosa
O que sustenta a formação continuada de professores na inclusão
escolar? A experiência no Município de Cachoeira do Sul – RS
01/09/2002
Arnildo Korb O Estatuto Ético-Político da questão ambiental e relações sócio-
ambientais sustentáveis.
01/03/2003
Bety Cubric
Lindenbojm
Arte: uma contribuição para a saúde. Estímulo visual para a
promoção da higiene bucal na infância.
01/06/2004
Carla Elizabeth
Pereira e Lyra
O discurso da autonomia na cooperação não governamental para o
desenvolvimento: OXFAM e as ONGS da RMR.
01/04/1998
Carlos Alberto Lopes
de Sousa
A Parceria do Estado e Sociedade Civil: O caso da parceria MEB e
MEC no programa MEB alfabetizando em parceria.
01/05/1997
Carlos Eduardo Sell ONGS: Trabalho de Base ou Formação de Redes? Um olhar sobre
o CEDEP.
01/11/1997
Carlos Maria Perez Agroecologia no Planalto Catarinense: A Experiência do Centro
Vlanei de Educação Popular.
01/06/1997
Carmelita Cristina de
Oliveira Bueno
A recente visibilidade da Escola Privida sem fins lucrativos no
contexto da Política Pública Educacional.
01/09/2003
Carolina Magda
Teixeira de O.
Ferreira
Adolescência nas classes populares: Uma questão de gênero. 01/09/2003
Celso Sanchez
Pereira
“A semente, o lixo e a escola: Um estudo sobre as representações
dos educadores ambientais do Estado do Rio de Janeiro.”
01/01/2001
Cimara Corrêa
Machado
O devir hibrido das ONGS ecogicas: A educação ambiental
interpretando os fluxos que atravessam e transversalizam.
01/03/2005
Claudia Rabello de
Castro
“Aconteceu, aí eu deixei vir”: A representação social da gravidez
em meninas de rua.
01/09/1998
Cláudio Turene
Almeida Dornelles
Percepção ambiental: Uma análise na bacia hidrográfica do Rio
Monjolinho.
01/08/2006
Cleide de Fátima
Galiza
Cúmplices na sobrevivência-ONGS populares e infância
desassistida.
01/12/1993
174
Daniel Steidle Educação ambiental com arte: experiências de vida. 01/12/2004
Denise Rocha Pereira Autoconceito, auto-estima e o espaço escolar. 01/04/2002
Eduardo Nunes Um estudo de caso: As representações das crianças e dos
adolescentes pobres de rua atendidos pela linha emergencial da
Associação Beneficiente São Martinho da Rua, da família, da
escola e do trabalho.
01/03/1999
Eliana Rodrigues Moradores do Parque Nacional de Jaú – AM: espaço e cultura. 01/11/1997
Eliane Thaines Educação ambiental: Abordagens em educação na prática
ambientalista das organizações não-governamentais.
01/07/2006
Eliene Novaes Rocha Práticas educativas de Formação dos Movimentos Sociais: o
papel sócio-educativo do MOC na região sisaleira da Bahia.
01/12/2006
Elize Massad da
Fonseca
Políticas de redução de danos do uso de drogas. O contexto
internacional e uma análise preliminar aos programas brasileiros.
01/08/2005
Eneida de Souza
Lopes
Tirando a cultura das tocas”: da exclusão à cidadania – uma
trajeria afro-descendente.
01/06/2003
Flávia Peres Nunes O homem, as matas ciliares e os peixes de Lagoa da Prata, no Alto
São Francisco: um estudo das interrelações.
01/02/2005
Fredston Gonçalves
Coimbra
“A educação ambiental no Parque Municipal Victorio Siquierolli:
diagnóstico e perspectivas”.
01/07/2005
Fúlvio Eduardo
Fonseca
As organizações não-governamentais como Atores da Sociedade
Civil Transnacional e seu Papel na proteção dos Direitos
Humanos.
01/07/2002
Genivaldo Alves
Santos
Educação profissional: Os impactos do plano de qualificação
profissional no Estado de Sergipe.
01/04/2004
Gerson Luis Almeida
Rodrigues
O movimento ecologista e as políticas ambientais no Estado do
Rio Grande do Sul.
01/12/1993
Heiji Tanaka Os profetas da educação no século XX e a redenção do homem do
terceiro milênio
01/08/2001
Inaê Adorno de
Araújo
A educação ambiental não formal no contexto das organizações
não governamentais ambientalistas do litoral norte do Estado de
São Paulo.
01/07/2006
Iremeyre Rojas Vidal A “iniciação Esportiva” – A quem Compete? Um estudo sobre a
Formação Profissional no Campo da Educação Física
01/08/2006
Javier Numan
Cabalero Merlo
Educação informal, Cidadania e Política: as campanhas de
educação cívica e a transição democrática no Paraguai hoje.
01/09/1997
Jeane Félix da Silva Sexualidade e protagonismo juvenil a partir do olhar de jovens
educadores/as sociais: um estudo de caso no projeto fala garotada.
01/04/2005
José Carlos Vieira
Ruivo
Pensar o ambiental desde o local: os precusores do movimento
ambientalista no Rio Grande.
01/05/2002
José Portírio de Faria Capacitação Solidária: Adaptação Social ou Qualificação para o
Mercado de Trabalho?
01/12/2006
Ligia Teresa
Paludetto Silva
Uma visão ambiental da gêneses dos assentamentos rurais no
Estado de São Paulo: de Sumaré ao Pontal do Paranapanema.
01/11/2006
Lucia Maria Baiocchi
Amaral
Sistematização e Análise dos conceitos de educação ambiental nas
perspectivas governamental e não governamental.
01/03/2001
Luciana Dadico Atuação do9 psicólogo em organizações não governamentais na
área de educação.
01/08/2003
Marco Sakio Taniguti Capacitação de agentes multiplicadores PRA a semana da água
2005: Concepções e práticas de educação ambiental.
01/09/2006
Marcos Evandro
Galini
Parceria na educação: iniciativas dos governos do estado de São
Paulo de incentivo à parceria com escolas públicas, a partir de
1987
01/11/2005
Maria Aparecida
Carneiro
Televisão e educação ambiental: o programa repórter Eco/TV
cultura (1992-1999).
01/02/2001
175
Maria Aparecida
Marin
O centro de estudos do menor na cidade de Lins/SP. 01/10/2004
Maria Aparecida
Santana Ferreira
Por entre pedras, desafios, encantos e incertezas: Tamboril: uma
gruta ameaçada em busca de seu equilíbrio ecosistêmico.
01/12/2002
Maria da Penha
Vieira Marçal
Educação ambiental e representações sociais de meio ambiente:
Uma análise da prática pedagógica no ensino fundamental em
Patos de Minas _ MG
01/03/2005
Maria de Fátima
Ramos Rodrigues
Mendes Barbosa
A educação de pessoas cegas em Cabo Verde: um processo
marcado pela inserção profissional.
01/05/2003
Maria de Lourdes
Leal Escouto
Educação ambiental na construção da cidadania de mulheres no
interior de Rio Grande.
01/08/2003
Maria Elisa Correa
Pacheco
ONGS e educação: avanços da sociedade civil ou acultamento das
recusas do estado?
01/03/2002
Maria Inês Nunes
Kasai
Cor, pobreza e ação afirmativa: o projeto geração XXI
(SP/1999/2006)
01/06/2006
Maria José Miranda
Igreja
Vulneráveis? Resistentes? Quem entendeestes nossos meninos?
Questões de gênero de jovens inseridos nos programas educativos
de organizações não governamentais do Rio de Janeiro.
01/05/2004
Maria Salete Alves Conflitos entre os atores sociais em zona de influência de Parques
Nacionais: O caso do Parque Nacional da Chapada dos Veaderos.
01/09/2001
Maria Salete da Silva Conselhos municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
do Médio Vale do Itajaí/SC.: O perfil, o conteúdo e os
organizadores da agenda.
01/08/2000
Mariana Paladino Educação Escolar indígena no Brasil contemporâneo: Entre a
revitalização cultural e a desintegração do modo de ser tradicional.
01/01/2001
Marta Dieterich
Voelcker
Autoria, Cooperação e Aprendizagem em Comunidade Virtual
construída e protagonizada por educadores e aprendizes de
telecentro.
01/04/2006
Mônica Cairrão
Rodrigues
A sociedade contemporânea constrói um novo mundo: o virtual –
um estudo sobre a utilização da internet por ONGS brasileiras.
01/09/1999
Mônica Menezes
Coutinho
Estudo de Modelo de Gestão e da estrutura organizacional: um
olhar sobre organizações não governamentais.
01/05/2006
Mylene Mariani
Pereira Branco
Programa dinheiro direto na escola: o papel das unidades
executoras na gestão de escolas públicas do município de
Araçatuba/SP
01/09/2006
Nazira Abarche Uma aproximação ao estudo da educação profissional para jovens:
projetos de capacitação profissional na região metropolitana de S.
Paulo
01/07/2000
Ozani Martiniano de
Souza
O Centro de educação popular do instituto Sapientae: origem,
consolidação e crise contemporânea.
01/05/2000
Ozanira Ferreira da
Costa
Com os s no chão das ruas e praças: uma análise da prática
educativa das ONGS de educação de rua do Recife.
01/03/1999
Paulo César Pontes
Fraga
ONGS no espaço público: uma trajetória de mudança. 01/09/1995
Paulo Fernando de
Melo Martins
Educação e Terceiro Setor: no limiar da privatização. 01/02/2002
Pedro Guilherme
Niaradi
Educação não-formal, ONGS e terceiro setor: práticas e
paradigmas do CEDAP.
01/03/2004
Rafael Guimarães
Botelho
Atividades educacionais para idosos em Niterói. 01/07/2006
Ramonildes Alves
Gomes
O estatuto da criança e do adolescente e a política social de
atendimento: um estudo de duas instituições.
01/03/1998
Regina Sbardelini Educação ambiental e direito ambiental: Desvelando relações em 01/03/2006
176
Peres prática político-pedagógicas de ONGS ambientalistas
Renata Lobato Schlee Educação Ambiental e processo de trabalho: um estudo auto-
organização de coletivos de trabalhadores na Colônia de
Pescadores Z3 – Pelotas/RS
01/03/2006
Renata Maria
Ghedini Ramos Jacuk
Redes de comunicação: inclusão digital via “Acessa São Paulo”. 01/11/2004
Roberta Rotta
Messias de Andrade
A formação de professores na dissertações e teses defensivas em
programas de educação entre os anos de 1999 e 2003.
01/05/2006
Roberto Amauri Silva
Determinantes psicossociais e culturais da gravidez na
adolescência no bairro da Aerolêndia em Fortaleza. – Ceará.
01/062003
Salete Valesan
Camba
ONGS e escolas públicas: uma relação em construção. 01/04/2004
Sandra Beatriz
Morais da Silveira
Deusas em preto e branco, uma experiência de educação popular. 01/06/2004
Sheila Veleda
Saldanha Chantre
Nascimento
Educação ambiental em Copacabana através de organizações da
sociedade civil.
01/06/2006
Silvana Aparecida
Moura
Comunicação e Educação ambiental: uma análise da experiência
brasileira.
01/04/1997
Sílvia Kawata Limites e possibilidades da Ação Política da Sociedade Civil
Organizada: Combate à Violência Sexual Contra Crianças e
Adolescentes.
01/05/2004
Simone Cristina de
Oliveira
ONGS< a utopia da sustentabilidade? O caso da Associação de
Agricultura Orgânica.
01/04/2001
Solange Maria da
Silva Nunes Mattos
Perfil das ONGS ambientalistas atuantes na baía de Guanabara,
1990-2001, RJ
01/11/2002
Tânia Regina Raitz Discursos plurais assessorando um movimento popular em
Florianópolis: Estudo de caso de uma organização não
governamental.
01/02/1994
Teresa Cristina
Marrafão
Políticas Públicas e a educação: A municipalização e o “Terceiro
Setor” na gestão da educação infantil em Curitiba.
01/04/2006
Terezinha Maria
Mansur
Sujeitos afetivo-políticos e movimentos sociais – a prática do
curso de inverno.
01/08/1995
Thais Faria Incentivo a Leitura: uma reflexão a partir de projetos do cole. 01/08/2006
Valéria Cristina
Martins
Mudanças Organizacionais das ONGS Brasileiras nos anos 90 01/011999
Vanda Maria da Rosa
Jardim
Cidadania: um conceito construído por uma ONG através da
educação e saúde.
01/06/1997
Wagner Roberto do
Amaral
A política da educação de jovens e adultos desenvolvida pela
APEART do Paraná: Recontando sua história e seus princípios,
seus passos e (des) compassos.
01/02/2003
Zenaide Claudino
Possas
Globalização: Discurso, Saber e Poder. 01/08/1999
Zózina Maria Rocha
de Almeida
Conselho escolar: (des) construindo espaços. 01/03/2000
Banco de Teses
Critérios: Assunto: ONGS e Educação Nível: DOUTORADO
Autor Título Data de defesa
Adelaide Ferreira
Coutinho
As organizações não governamentais e a educação oferecida aos
pobres: do consenso da oferta à ação privatizante.
01/05/2005
Antônio Duarte
Guedes Neto
Do interesse como um dos fundamentos do direito. 01/08/2003
177
Carlos Alberto Lopes
de Sousa
ONGS e internet: da ação educativa e política no lugar ao
ciberespaço.
01/11/2005
Célia Maria Machado
de Brito
ONGS e educação: ações, parcerias e possibilidades de
contribuição para a melhoria da escola pública.
01/04/2006
Clélia Néri Cortes Educação diferenciada e formação de professores indígenas:
diálogos intra e interculturais.
01/08/2001
Darci Secchi Professor indígena: a formação docente como estratégia de
controle da educação escolar em Mato Grosso.
01/04/2002
Dileno Dustan de
Souza
Organizações não governamentais: um estudo de caso da
Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional
(FASE)
01/06/2005
Fernando Fleury
Curado
Esverdeando” a reforma agrária: atores sociais e a
sustentabilidade em assentamentos rurais no Estado de Goiás.
01/03/2004
Gastão Octavio
Franco da Luz
Formação de formadores em educão ambiental, nos cenários da
Região Metropolitana de Curitiba” – das resistências aos fatos.
01/04/2006
Gianni Boscolo As ONGS e os desafios a seus processos identitários: pressões
externas e inserção na educação comunitária das comunidades
periféricas de Salvador.
01/03/2006
Isabel de Oliveira e
Silva
Profissionais de creche no coração da cidade: a luta pelo
reconhecimento profissional em Belo Horizonte.
01/02/2004
Janette Brunstein ONGS e educação: novas possibilidades educativas? 01/08/2003
Lílian Maria P. de C.
Ramos
Educação de/na rua: o que é, o que faz, o que pretende? 01/02/1997
Lívia Marques
Carvalho
O ensino de artes em ONGS: Tecendo a reconstrução pessoal. 01/04/2005
Magali Oliveira
Kleber
A prática de educação musical em ONGS: dois estudos de caso no
contexto urbano brasileiro.
01/06/2006
Marcos Antonio
Paiva Colares
Do labor infantil ao trabalho dos adolescentes: a ação das ONGS
no alvor do século XXI.
01/06/2006
Maria Beatriz Lima
Herkenhoff
Entre a proteção, a educação e emancipação: análise da
contribuição das ações complementares à escola.
01/03/2004
Maurício Gonçalves
Saliba
A educação como disfarce e vigilância: análise das estratégias de
aplicação de medidas sócio-educativas a jovens infratores.
01/10/2006
Moisés de Melo
Santana
Olodum: Carnavalizando a educação curricularidade em Ritmo de
Samba Reggae.
01/04/2006
Napoleão Miranda Sociedade Civil e cidadania: A experiência do Viva-Rio. 01/12/1998
Prudente Pereira de
Almeida
A sabedoria Katitaurlu como representação da “comuniversidade”:
Diálogo Intercultural.
01/05/2004
Regina Célia di
Ciommo
Ecofeminismo e Complexidade 01/04/1998
Sandra Villela
Sequeira
Intra-empreendedorismo e organizações não-governantais: prática
e discurso.
01/03/2005
178
ANEXO B: RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (ONGS E EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL/ CAPES)
Banco de Teses
Critérios: Assunto: ONGS e Educação Profissional Nível: MESTRADO
Autor tulo Data de defesa
Ana Lucia de Mattos
Barretto Villela
Educação, trabalho e perspectivas de futuro, segundo jovens
alunos de uma ONG.
01/09/2004
Flávia Peres Nunes O homem, as matas ciliares e os peixes de Lago da Prata, no Alto
São Francisco: um estudo das interrelações.
01/02/2005
Genivaldo Alves
Santos
Educação Profissional: Os impactos do plano de qualificação
profissional no Estado de Sergipe
01/04/2004
Iremeyre Rojas Vidal A “Iniciação Esportiva” – A quem compete? Um estudo sobre a
formação profissional no Campo da Educação Física.
01/08/2006
Luciana Dadico Atuação do psicólogo em organizações não-governamentais na
área de educação.
01/08/2003
Maria Aparecida
Marin
O Centro de Estudos do Menor na Cidade de Lins – SP. 01/10/2004
Maria de Fátima
Ramos Rodrigues
Mendes Barbosa
A educação de pessoas cegas em Cabo Verde: Um processo
marcado pela inserção profissional.
01/05/2003
Marta Dieterich
Voelcker
Autoria, Cooperação e Aprendizagem em Comunidade Virtual
Construída e Protagonizada por Educadores e Aprendizes de
Telecentro.
01/04/2006
Mônica Cairrão
Rodrigues
A Sociedade contemporânea constrói um novo mundo: o virtual –
um estudo sobre a utilização da internet por ONGS brasileiras.
01/09/1999
Mônica Menezes
Coutinho
Estudo do Modelo de Gestão e da Estrutura Organizacional: Um
Olhar sobre Organizações Não Governamentais.
01/05/2006
Banco de Teses
Critérios: Assunto: ONGS e Educação Profissional Nível: DOUTORADO
Autor Título Data de defesa
Darci Secchi Professor indígena: A formação docente como estratégia de
controle da educação escolar em Mato Grosso.
01/04/2002
Isabel de Oliveira e
Silva
Profissionais de creche no coração da cidade: A luta pelo
reconhecimento profissional em Belo Horizonte.
01/02/2004
179
ANEXO C: RELAÇÃO DE PUBLICAÇÕES (PNQ / CAPES)
Banco de Teses
Critérios: Assunto: PNQ Nível: MESTRADO
Autor Título Data de defesa
Acácia Branca Seco
Ferreira
Estratégias deliberadas em Organizações de Excelência
Reconhecida no Brasil.
01/08/2004
Adilson Santos
Barbosa Junior
Balanced Scorecard: Uma análise dos impactos de sua implantação
em indicadores financeiros de empresas brasileiras.
01/09/2005
Alysson Hoffman
Pegoraro
Uma metodologia para avaliação e melhoria da qualidade em
empresas de serviços com o uso de indicadores.
28/07/1999
Arlei Antonio Catani Uma proposta de alinhamento entre o Balanced Scorecard e a
gestão pela qualidade total.
01/06/2004
Carlos Augusto
Rolim
Construção de instrumento de Auto-diagnóstico organizacional:
Aplicações do Serviço Público”.
01/03/1999
Carlos Mathias Mota
Vargas
Sistema de gestão para a excelência: Um enfoque para a indústria
de software.
01/05/1998
Carlos Roberto Sette A qualidade da informação nas organizações em processo de
mudança: Um estudo de caso em indústrias de massas da cidade da
Bauru (SP) .
01/02/2003
Celso Machado
Junior
Teoria e concepção de empresas: fundamentos para a gestão pela
qualidade em empresas vencedoras do Prêmio Nacional da
Qualidade.
01/03/2005
Cícero Roberto de
Oliveira Moura
Metodologia de Avaliação do Sistema de Gestão de Manutenção
baseado na NBR ISO 9001:2000 e PNQ 2005
01/12/2006
Elisa Elaine Moreira
Teixeira
Gestão de Pessoas: Em busca da Excelência Pessoal e
organizacional: Um estudo baseado nos critérios do Prêmio
Nacional da Qualidade.
01/08/1999
Fernando Bittencourt
Freiesleben
As escolas técnicas da Região Metropolitana de Porto Alegre – RS
e a excelência em gestão da qualidade.
01/01/2003
Flávio Baruzzi Lopes Tecnologia de Workflow e World Wwide Web a aplicada
Garantia de Qualidade de produtos e Serviços da petrobrás
Segundo a Norma ABTN NBR ISO 9002.
01/06/1998
Geraldo Mendes
Gutian
Análise de Implantação do Programa Excencia Gerencial do
Exercício Brasileiro (PEGEB) na Academia Militar de Agulhas
Negras - AMAN
01/06/2005
Gerusa Tinasi de
Oliveira
Investigação Empírica sobre os efeitos da adição do modelo do
Prêmio Nacional da Qualidade na Medição do desempenho.
01/05/2006
João Maria da Rocha Sistema de Gestão e desempenho Empresarial: Estudo de Caso
Sob a Perspectiva dos Critérios de Excelência numa Empresa da
Indústria do Petróleo.
01/11/2001
Jorge Emanuel Reis
Cajazeira
Responsabilidade Social nas Organizações Classe Mundial no
Brasil: Só um discurso ou desempenho sustentável?
01/01/2006
Jorge Tadeu Vieira
Lourenço
Análise Crítica da Integração da Garantia da Qualidade com a
Gestão da Excelência para o Setor de Serviços.
01/05/1997
Liana de Almeida
Figueiredo
A Influência da Cultura Organizacional em uma estratégia de
Qualidade Total – O Caso CST.
01/08/1994
Lineu Ferreira Ribas Qualificação Profissional e a Dicotomia Emprego-Desemprego. 01/12/2005
Luís Antônio Soares
de Araújo
O Prêmio Nacional de Qualidade e As Políticas e Práticas de
Recursos Humanos: Um estudo em empresas do Setor de
Transporte Público por ônibus da Região Metropolitana de Natal –
RN.
01/12/2005
Luiz Fernando Auto-avaliação do desempenho das organizações: o caso Unisys 01/08/1999
180
Magalhães de
Almeida
como implementar um processo de auto-avaliação e melhoria
utilizando como base os critérios de excelência do PNQ – Prêmio
Nacional da Qualidade.
Márcia Baruzzi Estudo da aplicabilidade do Modelo-Prêmio Nacional da
Qualidade na Avaliação de Serviços de Saúde Mental.
01/05/1997
Márcia de Souza
Hobold
A Constituição da Profissionalidade Docente: Um estudo com
professores de educação profissional.
01/09/2004
Maria Beatriz
Bianchi de Andrade
Os sistemas de incentivo e de compensação de desempenho: Um
estudo em uma empresa vencedora do Prêmio Nacional da
Qualidade.
01/06/1998
Maria Thereza
Rubim Camargo
Soares
A Contribuição da Gestão de Qualidade no Desenvolvimento de
Organizações de Aprendizagem.
01/09/2001
Mauricio Kuehne
Júnior
Prêmio Nacional da Qualidade: Um estudo de caso no SERPRO –
Unidade Curitiba
01/12/1999
Miriam Is Pauli de
Rolt
O uso de indicadores para a Melhoria da Qualidade em Pequenas
Empresas.
17/06/1998
Oscar Passos Júnior “Compencia de relacionamento com o mercado: Um estudo de
caso para estratégias de Marketing de relacionamento baseadas em
valor agregado.”
01/08/2003
Oziel Branchini Religo, Ética e Axiologia no Campo Empresarial: Um estudo das
empresas que adotam a cultura da Excelência.
01/03/2004
Roberto da Costa
Pimenta
Gestão pela Qualidade Total na Administração Pública. 01/12/2000
Rodolfo Cardoso Impacto das Práticas-Chave de Melhoria da Gestão no
Desempenho Organizacional: Uma Metodologia de Avaliação.
01/12/2001
Seno Leonhardt Sistema de gestão da qualidade de escolas da rede sinodal e seus
resultados.
01/12/2005
Sérgio Henrique
Rocha
Balanced Scorecard: Uma contribuição à Eficácia do
Gerenciamento do Negócio através do Balanced Scorecard
01/09/2002
Sérgio Luiz Braga
França
Gestão empresarial fundamentada na agenda 21 da ONU,
contribuição para o desenvolvimento de critérios de gestão na
Indústria da Construção Civil.
01/09/2003
Simone Meister
Sommer
Uma metodologia para Avaliação e melhoria do Processo de
Gestão da Qualidade nas Empresas.
05/10/1999
Valdelucia Amaral
Kruger
As determinações restritivas das políticas públicas de qualidade e
os limites do PNQ – Plano Nacional de Qualificação dos
Trabalhadores.
01/06/2006
Vera Lucia Mauro
Mohallem
Estabelecimento de um sistema de gestão para as secretarias
municipais de Educação Fundamental nos Prêmios de Qualidade.
01/03/2005
Yelisetty Sreee Rama
Krishna
Proposta de Modelo de Gestão da Qualidade nos Fornecedores do
Setor Aeroespacial.
01/04/2001
Ytalo Rasendo do
Amaral
Modelos para qualidade de software: Um modelo comparativo. 01/08/2000
Banco de Teses
Critérios: Assunto: PNQ Nível: DOUTORADO
Autor Título Data de defesa
Conceição Aparecida
Previero
Modelo de Gestão da Qualidade para Usinas de Beneficiamento de
Sementes de Milho.
01/06/2001
Marcelo Marinho
Aidar
A Institucionalização da Gestão e do Desempenho Organizacional
por meio de Prêmio Nacional da Qualidade.
01/03/2003
Maria Aline Cabral A Gestão da Qualidade em Organizações de Pesquisa e 01/04/2002
181
de Goes Desenvolvimento do Setor Mineiro-Metalúrgico.
Vera cia Botano de
Souza
Programas de Qualidade em Hospitais do Município de São Paulo. 01/05/2003
Yelisetty Sreee Rama
Krishna
Proposta de Modelo Sistemático de Gestão da Estratégia para
pesquisa e Desenvolvimento Tecnogico para Aplicação no Setor
Aeroespacial.
01/09/2005
182
ANEXO D: ROTEIRO DE ENTREVISTA – BLOCO I
Roteiro de Entrevista
BLOCO I: processos político-institucionais
Nome da ONG:
Nome do entrevistado:
Função/cargo ocupado:
Nome do entrevistador:
Data da entrevista:
1. A ONG considera que há integração ou articulação das ações de qualificação (do PNPE)
com:
(a) outros programas de geração de trabalho e renda?
(b) as políticas de desenvolvimento sustenvel local, estadual, regional ou
nacional?
(c) as políticas de educação?
De que forma esta integração ocorre na prática?(quais os processos que estabelece na prática
para que a integração das ações ocorra)?
2. Como o diagnosticadas as demandas de qualificação profissional? Que critérios
levam em conta para definir estas demandas?
3. Quem participa na definição das ações de qualificação profissional?
4. Existe controle sobre as ações de qualificação profissional? Por parte de que
instâncias? Como este controle é realizado?
5. Quais são os procedimentos de mobilização e escolha das entidades a serem
credenciadas como executoras pelos gestores do Programa?
6. De que forma a ONG se relaciona com a entidade-âncora?
7. Quais o os objetivos e finalidades da ONG ao desenvolver as ações de qualificação
profissional neste Programa?
8. Como a ONG avalia, hoje, o PNPE como política pública? Os resultados têm sido
eficazes?
9. Quais têm sido as dificuldades encontradas pela ONG para implementar o Programa?
183
ANEXO E: ROTEIRO DE ENTREVISTA – BLOCO II
Roteiro de Entrevista
BLOCO II : impactos sociais
Nome da ONG:
Nome do entrevistado:
Função/cargo ocupado:
Nome do entrevistador:
Data da entrevista:
1. A ONG fornece informações aos educandos sobre outros programas de formação
profissional (Projovem, Prouni, e outros) e/ou programas públicos de trabalho, emprego e
renda (Bolsa Família e outros)?
2. encaminhamento dos educandos para estes programas?
3. Que tipo de inserção no mercado de trabalho é privilegiado nas ações de Educação
Profissional desenvolvidas pelas ONGs ? (inserção no mercado formal, informal, em
empreendimentos coletivos auto-gestionárias de trabalho, e outras?) Quais são as
justificativas adotadas pelas ONGs para adoção destas orientações?
4. A ONG preocupa-se com estratégias para geração de renda para os alunos? Em caso
afirmativo, leva em conta o aproveitamento das potencialidades locais e o estabelecimento
de parcerias com empresas?
5. Na avaliação da ONG os cursos ministrados estão adequados às demandas do mercado?
Há preocupação da ONG com isso?
6. Tem ocorrido a inserção profissional ou a permanência dos concluintes dos cursos no
mercado de trabalho?
7. A ONG faz acompanhamento de egressos?
8. A ONG favorece a participação dos diversos segmentos considerados em sua
diversidade (mulheres, negros, e outros tidos segmentos como prioritários no PNQ) nas
ações de qualificação profissional? De que forma?
9. A ONG favorece uma participação ativa dos egressos dos seus programas formativos na
vida social e política?
10. A ONG considera que as ações de educação profissional propiciam o empoderamento dos
sujeitos individuais e coletivos no sentido de sua participação social? Como essa
participação tem ocorrido na prática?
11. Como a ONG avalia, hoje, o PNPE como potica pública? Os resultados têm sido
eficazes?
12. Quais têm sido as dificuldades encontradas pela ONG para implementar o Programa?
184
ANEXO F: ROTEIRO DE ENTREVISTA – BLOCO III
Roteiro de Entrevista
BLOCO III: qualidade pedagógica
Nome da ONG:
Nome do entrevistado:
Função/cargo ocupado:
Nome do entrevistador:
Data da entrevista:
1. Quais são, na percepção da ONG, os objetivos e finalidades dasões de qualificação
profissional?
2. Na proposta de qualificação profissional incentivo à elevação da escolaridade?
3. Que saberes e valores são priorizados nos cursos? Como isso se dá na prática?
4. As ações educativas incorporam os saberes/conhecimentos e a cultura de origem dos
alunos? Como isso ocorre na prática?
5. Que conteúdos programáticos o desenvolvidos nas aulas de inclusão digital, e nos temas
ligados a valores humanos, saúde, estímulo à escolaridade, ética, cidadania e educação
ambiental?
6. Qual é a proposta metodológica das ações de qualificação profissional adotada?
7.Que ações educativas são empreendidas no sentido do desenvolvimento da autonomia e da
capacidade crítica dos educandos?
8.São trabalhadas nos cursos as questões relacionadas à mulher, ao negro, à diversidade
cultural,? Como isso ocorre na prática?
9.Durante os cursos há preocupação com o desenvolvimento de práticas participativas e
coletivas? De que forma?
10.Os cursos utilizam novas tecnologias e metodologias inovadoras de qualificação
profissional? Quais?
11. Qual é a carga horária dos cursos?
12.As instalações físicas e equipamentos são suficientes e estão adequados para o
desenvolvimento das ações?
13.O material didático-pedagógico é adequado aos propósitos de formação integral e
específica dos cursos?
14. Como é o cotidiano dos cursos e onde é realizado ( parte geral e específica)? Fazem
parcerias com a comunidade ou com outras instituições para a sua realização/
15.Quais têm sido as dificuldades encontradas pela ONG para implementar o Programa?
185
ANEXO G: ROTEIRO DO GRUPO FOCAL
UNIVERSIDADE ESCIO DE SÁ
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
GRUPO DE PESQUISA
Roteiro de Entrevista para o Grupo Focal (GF)
Nome da ONG:_________________________________________________________
Facilitador do GF:______________________________________________________
Egressos Participantes:__________________________________________________
Data da realização do GF:________________________________________________
BLOCO IV: Grupo FocalEgressos
DIMENSÃO ECONÔMICA
Expectativas em Relação a Emprego/Trabalho e Renda
1. O(s) cursos(s) que vocês realizaram na ONG lhe(s) rendeu(ram) alguma
oportunidade de emprego/trabalho e renda?
Obs: exercício de nova atividade profissional; trabalhar como autônomo / como
cooperativado / como mircoempreendedor (trabalho formal/ informal).
DIMENSÃO PROFISSIONAL E PSICO-SOCIAL
Expectativas em Relação ao Desenvolvimento de Competências e Reflexos na Vida
Pessoal/Social
2. A partir do(s) curso(s) que vocês fizeram na ONG e do que puderam aprender,
que efeitos vocês acham que terão (ou têm tido) na vida pessoal/social?
Obs: conhecer mais pessoas; estar mais integrado na comunidade; ter maior
capacidade de comunicação e liderança; adquirir mais confiança em si mesmo; ter
maior capacidade de compreender a realidade; adquirir mais conhecimento.
DIMENSÃO COMUNITÁRIA E OUTROS ESPAÇOS SOCIAIS
Expectativas em Relação a Participação e Exercício da Cidadania
3. Na visão de vocês que efeitos o curso realizado na ONG pode trazer em termos
de participação na comunidade e na família?
186
Obs: participar de reuniões/comissões da igreja/escola; fazer parte das associações da
comunidade; fazer parte de um sindicato; ingressas numa atividade comunitária;
entender a importância de preservar o meio ambiente; participar de campanhas por
melhores condições de vida/emprego; melhorar as condições de renda da família;
desenvolver trabalho em conjunto com outras famílias; desenvolver trabalho
cooperativo; planejar/iniciar negócio familiar; reconhecimento de direitos (direitos do
trabalho / obtenção de informação sobre financiamento para abrir o próprio negócio /
como ter acesso aos serviços de saúde; ter acesso aos serviços de educação; expedão
de documentos) .
DIMENSÃO DA SUSTENTABILIDADE
Expectativas em Relação ao Futuro Profissional e Familiar
4. Analisando o antes e o depois do seu ingresso na ONG, você se acha mais
preparado para enfrentar a vida e o mercado de trabalho? Quais as suas
expectativas para o futuro em termos profissionais e estruturação familiar?
Obs: como vocês eram e o como se vêem hoje; se sentem preparados para enfrentar o
mercado de trabalho; se pretendem aumentar a escolaridade; constituir família;
quantidade de filhos que pretendem ter; realizar o sonho da casa própria (moradia);
dar uma boa educação para os filhos (os que ainda não os têm).
187
ANEXO H: QUADRO DE UNIDADES TERRITÓRIO NACIONAL
CIEE NACIONAL
Unidade:BELO HORIZONTE/MG
Gerência:2501- CIEE NACIONAL
Telefone:(31) 3429-8100
Endereço: R.CÉLIO DE CASTRO,79 CEP: 31110-000
E-mail: supex@cieeminas.org.br
Unidade:CURITIBA/PR
Gerência:2301- CIEE NACIONAL
Telefone:(41) 3313-4300
Endereço: R. IVO LEÃO, 42/50 - ALTO DA GLÓRIA CEP: 80030-180
E-mail: cieepr@cieepr.org.br
Unidade:FLORIANÓPOLIS/SC
Gerência:2101- CIEE NACIONAL
Telefone:(48) 3216-1400
Endereço: R.ANTÔNIO DIB MUSSI, 473 CEP: 88015-110
E-mail: cieesc@cieesc.org.br
Unidade:PORTO ALEGRE/RS
Gerência:2201- CIEE NACIONAL
Telefone:(51)
Endereço: AV.BORGES DE MEDEIROS,328 - CENTRO CEP: 90020-020
E-mail: Não divulgado
Unidade:RECIFE/PE
Gerência:2601- CIEE NACIONAL
Telefone:(81) 3092-1500
Endereço: R. DO PROGRESSO,465 7a SL. 705 - VL. EMPRESARIAL CEP: 50070-
020
E-mail: super@ciee-pe.org.br
Unidade:VITÓRIA/ES
Gerência:0401 - CIEE NACIONAL
Telefone:(27) 3232-3200
Endereço: AV.PRINCESA ISABEL,629 2a S/202 CEP: 29010-904
E-mail: Não divulgado
CIEE CENTRO OESTE
Unidade:APOLIS/GO
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(62) 3321-3500
Endereço: R. GENERAL JOAQUIM INÁCIO, 227 - SALA 03 - CENTRO CEP:
75024-040
188
E-mail: ciee.anapolis@terra.com.br
Unidade:CAMPO GRANDE/MS
Gerência:2001- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(67) 3382-3533
Endereço: R. 15 DE NOVEMBRO, 310 EDIF. MONT BLANC CEP: 79002-140
E-mail: cieem[email protected]rg.br
Unidade:CUIABÁ/MT
Gerência:1901- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(65) 2121-2450
Endereço: R.BARÃO DE MELGAÇO, 2754 SL. 702/703 CEP: 78020-800
E-mail: cieemt@cieesp.org.br
Unidade:GOIÂNIA/GO
Gerência:0501- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(62) 4005-0750
Endereço: Rua 03 Qd. 81 LT. 12 N.º 1.245 CEP: 74020-020
E-mail: cieego@ciee.org.br
Unidade:P.A - DOURADOS/MS
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(67) 3421-7555
Endereço: AV. WEIMAR GONSALVES TORRES, Nº 1965 CEP: 79800-021
E-mail: ciee.dourados@terra.com.br
Unidade:P.A - ITUMBIARA/GO
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(64) 3433-3919
Endereço: AV. BEIRA RIO Nº 1001 BAIRRO NOVA AURORA CEP: 75523-200
E-mail: ciee.iub@netsite.com.br
Unidade:P.A - SINOP/MT
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(66) 3532-4887
Endereço: AV.: GOVERNADOR JÚLIO CAMPOS, 1.441 - SL. 3 ED.: MENZEL
CENTER CEP: 78550-000
E-mail: ciee.sinop@terra.com.br
Unidade:P.A - UCG/GO
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(62) 3227-1555
Endereço: ÁREA 1 DA UCG, R. 226 ESQ. 235 - SETOR LESTE UNIVERSITÁRIO
CEP: 74610-130
E-mail: ciee.ucg@cultura.com.br
Unidade:P.A - UNIC - CUIABÁ/MT
Gerência:0502- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(65) 3634-3064
189
Endereço: AV. BEIRA RIO, Nº3100, BLOCO D, SL.103 CEP: 78015-000
E-mail: cieeunic@terra.com.br
Unidade:PALMAS/TO
Gerência:0503- GER. REGIONAL CENTRO OESTE
Telefone:(63) 3215-5267
Endereço: AV. JK 103 NORTE - SALA 01 (ACNO 1 CONJUNTO 1 LOTE 26) CEP:
77001-014
E-mail: cieepalmas@cieesp.org.br
CIEE DISTRITO FEDERAL
Unidade:BRASÍLIA/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:(61) 2102-8800
Endereço: SCS QD 7 TORRE PÁTIO BRASIL SHOPPING SL. 1002 a 1012 CEP:
70307-901
E-mail: brasilia@cieesp.org.br
Unidade:P.A - TAGUATINGA/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: QNA 30 LOTE 8 TÉRREO - TAGUATINGA/DF CEP: 72110-300
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO EMPRESA - STJ
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: SAFS Quadra 6, Lote 1, Ed. Sede STJ – Bloco F, 3º A CEP: 70095-900
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - CATÓLICA DE BRASÍLIA/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: QS 07 LOTE 01 EPCT ÁGUAS CLARAS - TAGUATINGA CEP: 72022-
900
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNICEUB/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: SEPN 707/907 BLOCO 2 - BRASÍLIA/DF CEP: 70790-750
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIEURO/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: SCES TR.0, AV. DAS NAÇÕES S/N. BLOCO A, Térreo CEP: 70200-001
190
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIP/DF
Gerência:0201- GER. REGIONAL DISTRITO FEDERAL
Telefone:()
Endereço: SGAS 913 CONJ.B BLOCO A, SALA 5 CEP: 70390-130
E-mail: Não divulgado
CIEE NORDESTE
Unidade:CAMPINA GRANDE/PB
Gerência:1602- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(83) 3341-2212
Endereço: RUA JOÃO DA MATA, 487 CEP: 58100-630
E-mail: Não divulgado
Unidade:FA7 / CE (FACULDADE SETE DE SETEMBRO)
Gerência:1401- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(85) 3278-4202
Endereço: RUA: ALMIRANTE MAXIMILIANO FONSECA, 1395 - EDSON
QUEIROZ CEP: 60811-020
E-mail: Não divulgado
Unidade:FORTALEZA/CE
Gerência:1401- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(85) 4012-7600
Endereço: R.: BARÃO DE STUDART, 2360 - B. ALDEOTA CEP: 60120-002
E-mail: Não divulgado
Unidade:JOÃO PESSOA/PB
Gerência:1601- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(83) 2107-0450
Endereço: AV. PRESIDENTE EPITACIO PESSOA, 2346 - Tambauzinho CEP: 58040-
000
E-mail: Não divulgado
Unidade:JUAZEIRO NORTE/CE
Gerência:1411- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(88) 3512-5995/3512-5997
Endereço: RUA SÃO FRANCISCO, 409 CEP: 63010-210
E-mail: supervisao.juazeiro@ciee-ce.org.br
Unidade:NATAL/RN
Gerência:1501- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(84) 3089-7700
Endereço: AV. FLORIANO PEIXOTO, 612 - CENTRO CEP: 59020-500
E-mail: Não divulgado
191
Unidade:POSTO I.E. UNIFOR (UNIVERSIDADE FORTALEZA)
Gerência:1401- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(85)
Endereço: AV. WASHINGTON SOARES, 1321 CEP: 60811-341
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO MOSSORÓ / RN (UERN -UNIVER. EST. DO RN)
Gerência:1501- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(84) 3312-2084
Endereço: RUA PROF. ANTONIO CAMPOS, S/N - CENTRO DE CONVENIÊNCIA
CEP: 59633-010
E-mail: Não divulgado
Unidade:SÃO LUIS/MA
Gerência:1201- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(98) 3221-3003
Endereço: AV. BEIRA MAR, 480 - CENTRO CEP: 65010-070
E-mail: Não divulgado
Unidade:SOBRAL/CE
Gerência:1402- GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(88) 3613-3166
Endereço: Av. Dom José, nº 1361- Centro CEP: 62010-290
E-mail: Não divulgado
Unidade:TERESINA/PI
Gerência:1301 - GER. REGIONAL NORDESTE
Telefone:(86) 3222-0302
Endereço: R. AREOLINO DE ABREU, 1885 CEP: 64000-180
E-mail: Não divulgado
CIEE NORDESTE SUL
Unidade:ARACAJÚ/SE
Gerência:1801- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:(79) 214-2057
Endereço: PRAÇA DA BANDEIRA, nº 88 - SÃO JOSÉ CEP: 49010-510
E-mail: Não divulgado
Unidade:FEIRA SANTANA/BA
Gerência:0311- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:(75) 623-2866
Endereço: AV. MARIA QUITÉRIA, 2381 - C. J. PINTO CEP: 44038-030
E-mail: ciee.fsa@zaz.com.br
Unidade:ITABUNA/BA
Gerência:0321- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:(73) 613-8469
Endereço: AV. FRANCISCO RIBEIRO JR., 198 SL.702/703 - CENTRO CEP: 45600-
192
000
E-mail: ciee@nuxnet.com.br
Unidade:MACEIÓ/AL
Gerência:1701- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:(82) 338-2650
Endereço: AVENIDA ROTARY, 1190 - FAROL / MACEIÓ - AL CEP: 57055-000
E-mail: cieemaceio@sunnet.com.br
Unidade:P.A - ILHÉUS/BA (CÂMARA DIRIGENTES LOJISTAS)
Gerência:0323- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:()
Endereço: CEP:
E-mail: Não divulgado
Unidade:P.A - VITÓRIA CONQUISTA/BA
Gerência:0322- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:()
Endereço: R: MONSENHOR OLÍMPIO, 19 SL.306 - CENTRO CEP: 45100-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:SALVADOR/BA
Gerência:0301- GER. REGIONAL NE-SUL
Telefone:(71) 2108-8900
Endereço: AV.TANCREDO NEVES, 450 SL.1502 15º AND. CEP: 41820-020
E-mail: Não divulgado
CIEE NORTE
Unidade:BELÉM/PA
Gerência:1001- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(91) 3202-1450
Endereço: AV. ALMIRANTE BARROSO, 2320 - MARCO CEP: 66095-000
E-mail: cieebelem@cieesp.org.br
Unidade:BOA VISTA/RR
Gerência:0605- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(95) 624-2760 / 624-2784
Endereço: AV. LUIZ CANUTO CHAVES, 293/A, CAÇARI CEP: 69307-052
E-mail: cieerr@cieesp.org.br
Unidade:MACAPÁ/AP
Gerência:0604- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(96) 225-3914/3689
Endereço: AV. ERNESTINO BORBES, 36 A - CENTRO CEP: 68908-010
E-mail: cieeap@tvsom.com.br
Unidade:MANAUS/AM
Gerência:0601- GER. REGIONAL NORTE
193
Telefone:(92) 2101-4258/4269
Endereço: RUA JOÃO ALFREDO, 453 - SÃO GERALDO CEP: 69053-270
E-mail: Não divulgado
Unidade:PORTO VELHO/RO
Gerência:0602- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(69) 3221-3687
Endereço: Av. Calama, 2472 - Sala 03 - Bairro Liberdade CEP: 78904-100
E-mail: Não divulgado
Unidade:RIO BRANCO /AC
Gerência:0603- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(68) 3224-8794
Endereço: RUA PIAUÍ, 343 - CENTRO CEP: 69906-140
E-mail: cieeac@cieesp.org.br
Unidade:SANTAREM/PA - I.E. - Instituto Luterano de Ensino Superiror -
(ILES/ULBRA)
Gerência:1002- GER. REGIONAL NORTE
Telefone:(93) 3524-0202 / 3524-2676
Endereço: Av: MARARÚ, 1787 - PRÉDIO 11 - ULBRA - DIAMANTINO CEP:
68025-000
E-mail: cieestm@netsan.com.br
CIEE RIO DE JANEIRO
Unidade:BARRA MANSA
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(24) 3323-3916
Endereço: Rua Domingos Mariano,196 - Barra Mansa CEP: 27345-120
E-mail: barramansa@cieerj.org.br
Unidade:CAMPO GRANDE
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2412-0012 / 2415-1282
Endereço: Rua Engenheiro Trindade, 229 – Campo Grande CEP: 23050-290
E-mail: cgrand[email protected]g.br
Unidade:CAMPOS DOS GOITACAZES
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(22) 2722-6529 / 2724-2230
Endereço: R Marcílio Martins, 01 - Pq João Maria - Campos dos Goitacazes CEP:
28027-400
E-mail: campos@cieerj.org.br
Unidade:DUQUE DE CAXIAS
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2671-7756
Endereço: Rua Professor José de Souza Herdy 1160 - 25 de Agosto - Duque de Caxias
194
CEP: 25075-200
E-mail: caxias@cieerj.org.br
Unidade:FLAMENGO
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2557-2844
Endereço: Rua Marquês de Abrantes, 55 - Flamengo CEP: 22230-060
E-mail: flamengo@cieerj.org.br
Unidade:MACAÉ
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(22) 2772-0022
Endereço: R. Teixeira de Gouveia 989 SL 602- Centro - Macaé CEP: 27910-110
E-mail: macae@cieerj.org.br
Unidade:MADUREIRA
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 3350-1050 / 3018-7527
Endereço: Estrada do Portela, 99 sala 529 - Madureira CEP: 21359-900
E-mail: madureir[email protected]rg.br
Unidade:NITERÓI
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2719-4019
Endereço: Rua São Pedro, 154, sala 510 - Centro - Niterói CEP: 24020-070
E-mail: niteroi@cieerj.org.br
Unidade:NOVA FRIBURGO
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(22) 2522-1282
Endereço: Rua Luiz Spinelli, nº 27 - sala 203 - Centro - Nova Friburgo CEP: 28610-180
E-mail: nfriburgo@cieerj.org.br
Unidade:NOVA IGUAÇU
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2668-3228
Endereço: Rua Venina Correia Torres, 230 - Centro - Nova Iguaçú CEP: 26220-100
E-mail: niguacu@cieerj.org.br
Unidade:PETRÓPOLIS
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(24) 2243-4873
Endereço: Rua do Imperador, 288/703 – Centro - Petrópolis CEP: 25620-000
E-mail: petropolis@cieerj.org.br
Unidade:REALENGO
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 3159-4625
Endereço: Av. Santa Cruz, 1631 - Realengo CEP: 21715-321
195
E-mail: realeng[email protected]rg.br
Unidade:RESENDE
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(24) 3360-6200
Endereço: Estrada Resende Riachuelo, 2535 - Morada da Colina - Resende CEP:
27501-970
E-mail: resend[email protected]g.br
Unidade:RIO DE JANEIRO/RJ
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(21) 2505-1200
Endereço: R.DA CONSTITUIÇÃO, 65/67 CEP: 20060-010
E-mail: cieerj@cieerj.org.br
Unidade:TRÊS RIOS
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(24) 2255-1499
Endereço: R. Dr. Walmir Peçanha, 20 - Cob 02 - Centro - Três Rios CEP: 25802-180
E-mail: tresrios@cieerj.org.br
Unidade:VOLTA REDONDA
Gerência:2401- RIO DE JANEIRO
Telefone:(24) 3342-5844
Endereço: Rua 40, 20 Shopping 33 Torre I , sala 214 - Volta Redonda CEP: 27260-200
E-mail: voltaredonda@cieerj.org.br
CIEE SÃO PAULO
Unidade:ALPHAVILLE/SP
Gerência:0105- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4195-6815
Endereço: PRAÇA DAS PAPOULAS, 06 CEP: 06453-000
E-mail: alphaville@cieesp.org.br.
Unidade:BAURU/SP
Gerência:0151- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(14) 3104-6000
Endereço: Rua Virlio Malta, 10- 5 CEP: 17015-200
E-mail: cieebauru@cieesp.org.br
Unidade:CAMPINAS/SP
Gerência:0111- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(19) 3705-1500
Endereço: AV. ENGENHEIRO CARLOS STEVENSON, 587 CEP: 13092-310
E-mail: campinas@cieesp.org.br
Unidade:DIADEMA/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
196
Telefone:(11) 4367-4110
Endereço: AV. NOSSA SENHORA DAS VITYRIAS, 249 CEP: 09910-970
E-mail: ciee.diadema@cieesp.org.br
Unidade:FRANCA/SP
Gerência:0142- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(16) 3724-3636
Endereço: RUA THOMAZ GONZAGA, 1627 - CENTRO CEP: 14400-540
E-mail: cieefranca@ciee.org.br
Unidade:GUARULHOS/SP
Gerência:0103- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 6468-7000
Endereço: RUA LUIZ FACCINI, 553 - CENTRO CEP: 07110-000
E-mail: guarulh[email protected]g.br
Unidade:JUNDIAÍ/SP
Gerência:0116- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4586-4607
Endereço: Rua PETRONILHA ANTUNES, 108 - CENTRO CEP: 13207-005
E-mail: jundiai@cieesp.org.br
Unidade:MARÍLIA/SP
Gerência:0152- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(14) 4231883
Endereço: Av SANTO ANTÔNIO, 359 B Alto Cafezal CEP: 17500-070
E-mail: cieemarilia@cieesp.org.br
Unidade:MOGI DAS CRUZES/SP
Gerência:0102- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4799-2500
Endereço: RUA DOM ANTÔNIO CÂNDIDO DE ALVARENGA Nº 492 CEP: 08780-
070
E-mail: mogi@cieesp.org.br
Unidade:P.A - ARAÇATUBA/SP
Gerência:0162- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(18) 3625-1088
Endereço: RUA TORRES HOMEM, 412 - VILA BANDEIRANTE CEP: 16015-510
E-mail: ciee.aracatuba@ciee.org.br
Unidade:P.A - ARARAQUARA / SP (UNIARA)
Gerência:0141- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA: CARLOS GOMES, 1217 - CENTRO CEP: 14801-340
E-mail: Não divulgado
197
Unidade:P.A - CATANDUVA/SP
Gerência:0161 - GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(17) 3525-1143
Endereço: Rua Alagoas, 137 - Centro CEP: 15800-090
E-mail: ciee.catanduva@ciee.org.br
Unidade:P.A - FORÇA SINDICAL
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: Rua GALVÃO BUENO, 782 CEP: 01506-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:P.A - HORTOLÂNDIA
Gerência:0114- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(19) 3865-5521
Endereço: AV. SANTANA, 1070 - JD. AMANDA CEP: 13188-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:P.A - LIMEIRA/SP (ASSOC. COML. E INDL.)
Gerência:0113- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA SANTA CRUZ, 647 - CENTRO CEP: 13480-041
E-mail: Não divulgado
Unidade:P.A - OLIMPÍA/SP
Gerência:0161- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(17) 3279-8987
Endereço: RUA SÃO JOÃO, 880 - CENTRO CEP: 15400-000
E-mail: ciee.olimpi[email protected].br
Unidade:P.A - SÃO CARLOS/SP (CIESP)
Gerência:0143- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA SÃO SEBASTIÃO, 1810 - CENTRO CEP: 13560-160
E-mail: Não divulgado
Unidade:P.A - SÃO JOÃO DA BOA VISTA/SP
Gerência:0118- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(19) 3623-3344
Endereço: Rua FREI CANECA s/n.º CEP: 13870-235
E-mail: cieesaojoao@cieesp.org.br
Unidade:P.A - TAUBATÉ
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA CORONEL MARCONDES DE MATTOS, 45 CEP: 12010-100
E-mail: Não divulgado
Unidade:PIRACICABA/SP
Gerência:0112- GER. REGIONAL SÃO PAULO
198
Telefone:()
Endereço: RUA CRISTIANO CLEOPATH, 336 CEP: 13400-240
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO - FUNDAÇÃO VANZOLINI
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA JOÃO RAMALHO, 1546 - PERDIZES CEP: 05008-002
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO AVARÉ
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA RIO DE JANEIRO, 1622 - CENTRO CEP: 18701-200
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO EMPRESA - BANESPA
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: CEP: 01014-010
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO EMPRESA - CITIBANK
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: CEP: 01311-920
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO EMPRESA - CORREIO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: CEP: 05311-030
E-mail: Não divulgador
Unidade:POSTO EMPRESA - TRF / SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: CEP: 01009-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - MACKENZIE/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA ITAMBÉ, 135 - PRÉDIO 25 - HIGIENÓPOLIS CEP: 01302-907
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNIP/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA DR. BACELAR, 1212 - 2º ANDAR - VILA CLEMENTINO CEP:
199
04026-002
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - ATIBAIA
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4418-4848
Endereço: Rua JOSE PIRES, 239 - CENTRO CEP: 12940-651
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - BELAS ARTES
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: Rua Dr. ALVARO ALVIM, 76 CEP: 04018-010
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - FLAMINGO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: Av. FRANCISCO MATARAZZO, 913 CEP: 05001-350
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - FMU/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: R. TAGUÁ, 150 - LIBERDADE CEP: 01508-010
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - MOCOCA/SP
Gerência:0144- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(19) 3665-5251
Endereço: R. DOMINGOS FERREIRA DE REZENDE, 03 - VL. MARIA CEP: 13730-
140
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - PUC CAMPINAS
Gerência:0111- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(19) 3256-1744
Endereço: RODOVIA DOM PEDRO I , KM.136 CEP: 13020-904
E-mail: ciee@puc-campinas.edu.br
Unidade:POSTO I.E - SÃO JUDAS TADEU/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA TAQUARI, 546 - 2º ANDAR - SALA 201C - MOOCA CEP: 03166-
000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - SÃO MARCOS/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
200
Endereço: RUA PADRE MARCHETTI, 235 - IPIRANGA CEP: 04266-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UMC/SP
Gerência:0103- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV.: DR. CÂNDIDO XAVIER DE ALMEIDA SOUZA, 200 CEP: 08780-
911
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNIBAN / MC
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA MARIA CÂNDIDA, 1813 - VILA GUILHERME CEP: 02071-013
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNICID/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA CESÁRIO GALENO, 448 - TATUAPÉ CEP: 03071-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNICSUL/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV.: DR. USSIEL CIRILO, 225 - PORTARIA C - VILA JACUI CEP:
08070-070
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E - UNISA
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA IZABEL SCHMIDT, 349 CEP: 04734-002
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - DRUMMOND
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: RUA PEDREIRA DE FREITAS, 415 - TATUAPÉ CEP: 03312-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - FAC. RIO BRANCO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: Av José Maria de Faria, 111 - Lapa CEP: 05038-050
E-mail:
Unidade:POSTO I.E. - PUC
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
201
Endereço: RUA: MONTE ALEGRE, 984 - PERDIZES CEP: 05014-901
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIB
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. INTERLAGOS, 1329 - CHACARA FLORA CEP: 04661-100
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIBAN CAMPO LIMPO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: ESTRADA DO CAMPO LIMPO, 3677 - CAMPO LIMPO CEP: 05777-001
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIBAN MARTE
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV.BRÁZ LEME,3029 - SANTANA CEP: 02022-011
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIBAN RUDGE
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. RUDGE 315 - CAMPOS ELÍSIOS CEP: 01133-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIBERO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. BRIGADEIRO LUIS ANTÔNIO, 871 - BELA VISTA CEP: 01317-001
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNICSUL ANÁLIA FRANCO
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. REGENTE FEIJÓ, 1.295 - JD. ANÁLIA FRANCO CEP: 03342-000
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNIP MARQUÊS
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. MARQUÊS DE SÃO VICENTE, 3001 CEP: 05036-040
E-mail: Não divulgado
Unidade:POSTO I.E. - UNISANTANNA
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:()
Endereço: AV. VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 257 CEP: 02010-000
202
E-mail: Não divulgado
Unidade:PRESID.PRUDENTE/SP
Gerência:0171- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(18) 222-9733
Endereço: RUA JOAQUIM NABUCO, 849 CEP: 19010-071
E-mail: presprudente@ciee.org.br
Unidade:RIBEIRÃO PRETO/SP
Gerência:0141- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(16) 3913-1000
Endereço: Rua INÁCIO LUIZ PINTO, 388 CEP: 14025-680
E-mail: ribpreto@cieesp.org.br
Unidade:SANTO ANDRÉ/SP
Gerência:0106- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4436-5444
Endereço: AV.: PORTUGAL, 405 CEP: 09040-001
E-mail: santoandre@ciee.org.br
Unidade:SANTOS/SP
Gerência:0131- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(13) 3229-8900
Endereço: AV. ANA COSTA, 79 - LOJA CEP: 11060-001
E-mail: santos@ciee.org.br
Unidade:SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP
Gerência:0104- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 4126-9200
Endereço: AV. SENADOR VERGUEIRO, 355 CEP: 09450-000
E-mail: sbc@ciee.org.br
Unidade:SÃO J. CAMPOS/SP
Gerência:0121- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(12) 3904-9900
Endereço: Rua CORONEL JÕAO CURSINO, 53 - VILA ICARAÍ CEP: 12243-680
E-mail: ciee.sjcampos@ciee.org.br
Unidade:SÃO J.RIO PRETO/SP
Gerência:0161- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(17) 3211-2966
Endereço: R.XV DE NOVEMBRO, 3650 CEP: 15015-110
E-mail: riopreto@ciee.org.br
Unidade:SÃO PAULO/SP
Gerência:0101- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(11) 3040-9800
Endereço: R TABAPUÃ, 540 CEP: 04533-001
E-mail: Não divulgado
203
Unidade:SOROCABA/SP
Gerência:0115- GER. REGIONAL SÃO PAULO
Telefone:(15) 3212-2900
Endereço: RUA SILVIO ROMERO, 275 CEP: 18040-610
E-mail: sorocab[email protected]rg.br
204
ANEXO I: PERFIL CIEEINFORMES DE DIVULGAÇÃO E CAPTAÇÃO
Os recursos para divulgação do CIEE e captação de vagas para inserção do
jovem no mercado de trabalho se concentram em estratégias de mídia rápida. O site
oficial é de fácil acesso, simples movimentação entre as páginas e atualizado
diariamente.
Abaixo, está a página inicial, em que empresas cadastradas, escolas
conveniadas e estudantes têm acesso mediante senha e login.
205
No institucional, é apresentada a matéria capa de uma das edições da ISTO
É, onde o CIEE é definido como uma das melhores empresas para estagiar. De acordo
com falas transcritas, “o CIEE nem parece ONG, por ser uma organização de ponta
no mercado” (SUPERVISOR C, 2007, COMUNICAÇÃO ORAL). Discurso presente
no objetivo expresso no institucional abaixo e no link do site.
206
Conforme observado na página inicial do portal, empresas, escolas e
estudantes o contemplados na movimentação do site, porém, o maior espaço é
destinado às empresas, como pode ser observado a seguir.
Nesta seção, além de ter acesso às matérias e informações rápidas, o
empresariado dispõe de relarios on-line para acompanhamento e controle.
207
O prêmio supracitado está em quase todas as páginas e com matérias
exclusivas do site, conforme pode ser observado na próxima figura.
A seguir, um modelo de divulgação de uma das oficinas
disponibilizadas para os alunos, e que evidencia o perfil das ações de educação
profissional, notadamente focadas nas competências comportamentais.
208
209
Para facilitar a leitura, seguem as disciplinas, objetivos e carga horária da
oficina: Segurança da Informação.
Imagem Profissional / 3h
Aborda as vantagens em ter uma boa imagem profissional, social e pessoal, com
orientações sobre comportamento, postura e vestimenta adequados ao ambiente
empresarial. Destaca a importância da expressão verbal para o marketing pessoal e em
situações como a apresentação de um projeto, participação em equipes, entre outras.
Atenção Concentrada: Desenvolva essa habilidade! / 3h
Aprimora a capacidade de selecionar e reter dados realmente importantes, diante da
sobrecarga de informações que recebemos diariamente (vida pessoal, profissional e
acadêmica). O objetivo é treinar o cérebro a evitar distrações, direcionando sua atenção
e energia a conteúdos relacionados com os interesses em questão.
Atitude Empreendedora / 3h
Aborda o conceito de empreendedorismo corporativo, incentivando a adoção de
comportamentos como: criatividade, liderança, visão sistêmica, proatividade, definição
de objetivos e aprimoramento contínuo.
Gestão de Tempo / 3h
Aborda a administração do tempo. Destacando aspectos que favoreçam a otimização da
qualidade e produtividade do trabalho.
Introdução a Projetos / 3h
Destaca a tendência do mercado de trabalho em "contratar por projetos", orientando
sobre a sua conceituação, planejamento e implementação.
Liderança / 3h
Identifica o líder como um facilitador de equipes, indicando estilos mais adequados de
liderança. Orienta sobre a importância da motivação/energização como elemento
decisivo para consecução de resultados.
Lógica e Criatividade / 3h
Estabelece as diferenças entre raciocínio dedutivo e raciocínio indutivo, indicando
vantagens e desvantagens de cada forma de pensar. Estabelece a relação entre lógica e
pensamento criativo, por meio de quebra de paradigmas e foco no resultado.
Práticas de Seleção / 3h
210
Informa sobre as etapas do processo seletivo, orientando sobre as expectativas da
empresa.
Destaca os tipos de currículo, entrevistas, dinâmicas de grupo e testes utilizados para
avaliação de candidatos
Resolução de Problemas / 3h
Desenvolve habilidades como: atenção concentrada, capacidade analítica e criatividade,
além de orientar sobre os principais aspectos na administração e prevenção de conflitos.
Tomada de Decisão / 3h
Destaca as principais ferramentas para análise e tomada de decisão, identificando os
tipos e estilos decisórios.
Trabalho em equipe / 3h
Apresenta aspectos relevantes para um bom relacionamento interpessoal, utilizando a
inteligência emocional para o aprimoramento do convio social e profissional, com
destaque para atividades em equipe.
Relacionamento Interpessoal: Da Inteligência Emocional a Negociação / 3h
Orienta sobre a utilização da inteligência emocional, de maneira assertiva, com enfoque
nos relacionamentos interpessoais e nas negociações em ambiente de trabalho. Auxilia
no desenvolvimento de características como flexibilidade e empatia, destacando seus
benefícios aplicados à vida social, acadêmica e profissional.
211
As escolas, a seguir, têm o seu espo definido. Nesta seção constam as
informações pertinentes ao acompanhamento dos estudantes, vagas e cursos
disponíveis.
212
Os estudantes possuem uma revista on-line, com informações de
concursos, oportunidades de estágio e envio de documentos necessários para a seu
ingresso no mercado de trabalho, conforme observa-se na próxima imagem.
213
As duas imagens que se seguem, apresentam os dois informes periódicos
impressos, na versão de mídia rápida.
214
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Milhares de Livros para Download:
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