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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMACOLOGIA CLÍNICA
JOSÉ DIVINO BEZERRA FERREIRA
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES
SUBMETIDOS À SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO
FORTALEZA
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
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DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMACOLOGIA CLÍNICA
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES
SUBMETIDOS À SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO
JOSÉ DIVINO BEZERRA FERREIRA
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia, do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Farmacologia Clínica.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio Frota Bezerra
FORTALEZA
2007
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JOSÉ DIVINO BEZERRA FERREIRA
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES
SUBMETIDOS À SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO
Dissertação aprovada em 24 de Agosto de 2007.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Vagnaldo Fechini Jamacaru
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Prof. Dra. Gisele Costa Camarão
Universidade Federal do Ceará
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Dedico este trabalho a minha esposa, Patrícia Lenora dos Santos
Braga e aos meus amados filhos, Rodrigo Bezerra Braga e Heloisa
Bezerra Braga, exemplos vivos da bondade de DEUS.
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AGRADECIMENTOS
Dirijo meus especiais agradecimentos àqueles que tornaram possível à
realização deste trabalho:
À minha orientadora professora Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes,
por me ter aceitado como seu aluno, e dividido comigo sua paixão infinda pela
pesquisa;
Ao professor Dr. Fernando Antonio Frota Bezerra, meu co-orientador,
pelos exemplos edificantes de profissionalismo;
A Dra. Gisela Camarão, exemplo de dedicação à docência e à pesquisa
científica, dona de um charme e elegância, que irradia e aquece os corações de
todos aqueles que têm a honra de seu convívio;
À colega e esposa Dra. Patrícia Lenora dos Santos Braga, por ter
realizado todos os procedimentos cirúrgicos, sempre com boa vontade e beleza
técnica;
Ao prof Francisco Vagnaldo Fechine pela grande ajuda na análise
estatística;
Às colegas e amigas Regina Coeli e Ana Lúcia Nascimento, da Clínica de
Especialidades do Governo do Estado do Amapá que não mediram esforços no
auxílio para a realização deste trabalho;
Ao Dr. Euclides Barbosa, Cirurgião e amigo, que me ensinou que o bom
cirurgião em Odontologia é aquele que conhece a medicina de seu paciente;
Ao Professor Enéas Carneiro (in memoriam), por ter me ensinado os
princípios da interpretação do eletrocardiograma;
A todos da equipe de cardiologia do Hospital de clínicas Alberto Lima, que
realizaram as avaliações eletrocardiográficas e risco cirúrgico dos pacientes deste
trabalho, em especial a Dra. Josélia Martins Papaleo Paz e Sra. Ivete.
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RESUMO
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES
SUBMETIDOS À SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO. JOSÉ DIVINO
BEZERRA FERREIRA. Orientadora: Maria Elisabete Amaral de Moraes. Dissertação
de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Farmacologia. Orientadora. Prof.
Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
O medo é uma característica fundamental do ser humano. É o medo que ativa
respostas fisiológicas que farão frente a ameaças reais ou imaginárias,
possibilitando ao organismo as opções de luta ou fuga. Quando este medo, ou a
ansiedade gerada por ele, interpõe-se entre o paciente e cuidados de saúde, torna-
se urgente a adoção de medidas que visem aboli-lo ou minimizá-lo. Ainda hoje,
muitos pacientes não procuram o atendimento odontológico em decorrência do
medo e da ansiedade. O óxido nitroso, como meio de sedação, vem sendo usado no
mundo todo com ampla margem de sucesso. O objetivo deste trabalho foi uma
avaliação comparativa entre os parâmetros cardiovasculares e saturação de
oxigênio de dois grupos de 20 pacientes, classificados como ASA I e II, selecionados
para cirurgia de extração de terceiros molares inclusos. No grupo de estudo (n=20),
os pacientes foram submetidos à cirurgia sob anestesia local, associada à sedação
com óxido nitroso (70%) e oxigênio (30%); no grupo controle (n=20), os pacientes
foram submetidos ao mesmo tipo de procedimento cirúrgico, com a utilização única
da anestesia local. Os resultados mostraram que a sedação com o óxido nitroso,
mesmo na concentração máxima permitida — 70% — é um procedimento seguro e
efetivo. Os parâmetros cardiovasculares, do grupo sob sedação, mostraram uma
estabilidade hemodinâmica maior que a observada no grupo que recebeu somente a
anestesia local, não tendo sido observado em nenhum dos grupos, qualquer
episódio de dessaturação ou alterações eletrocardiográficas de significado clínico,
todos os procedimentos foram finalizados com sucesso e nenhum evento adverso foi
observado
Palavras-chave: Ensaios clínicos, oxido nitroso, sedação consciente, farmacologia,
exodontia, terceiros molares.
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ABSTRACT
EVALUATION OF CARDIOVASCULAR PARAMETERS OF PATIENTS UNDER
CONSCIOUS SEDATION WITH NITRIOUS OXIDE, JOSÉ DIVINO BEZERRA
FERREIRA, Advisor: Prof. Maria Elisabete Amaral de Moraes, Master’s Thesis –
Post Graduate Program in Pharmacology, Department of Physiology and
Pharmacology, Federal University Of Ceara. Fortaleza- 2007
Fear is a fundamental human emotion. It is fear that triggers physiological responses
that prepare the body for action against real or imaginary threats, allowing the
individual to decide whether to fight or flee. When fear, or resulting anxiety, interferes
with the provision of healthcare causing patients to delay or avoid care, it is
necessary to take measures to eliminate or minimize this feeling. Even today,
patients avoid dental care due to fear or anxiety. To those, classified as “phobic”, are
added patients with special needs and non-cooperative children. In these cases,
hypnotic and anxiolytic drugs have been used, as well as general anesthesia. As an
alternative to the use of such drugs, the mixture of nitrous oxide and oxygen, also
called conscious sedation or inhalation analgesia, have been used throughout the
world with a high degree of success. The objective of this study was to perform a
comparative analysis of cardiovascular parameters and pulse oximetry values in two
groups of 20 patients, classified as ASA I and II according to the American Society of
Anesthesiologists (ASA) classification, who were referred for surgical removal of
impacted third molars. Patients in the experimental group (n=20) underwent surgery
under local anesthesia with sedation consisting of 70% nitrous oxide and 30%
oxygen, while patients in the control group (n=20) underwent the same surgical
procedure but only under local anesthesia. The results demonstrated that sedation
with 70% nitrous oxide is a safe and effective procedure. The cardiovascular
parameters in the group given sedation showed more hemodynamic stability than
those observed in the group that only received local anesthesia. In none of the
groups, desaturation episodes or electrocardiographic changes of clinical significance
were observed.
Keywords: clinical tests, exodontia, nitrous óxide, conscious sedationfarmacology,
third molar.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Horace Wells , descobridor da anestesia......................................... 09
Figura 2 Relação entre conteúdo dos cilindros de oxigênio e Óxido nitroso
e a marcação do manômetro...........................................................
18
Figura 3 Comparação entre a solubilidade de um gás e seu efeito sobre o
tempo de início de ação do fármaco................................................
22
Figura 4 Ilustração do efeito do óxido nitroso sobre a velocidade de
transporte de outros gases.............................................................
23
Figura 5 Correlação entre os valores da Potência Anestésica e a
lipossolubilidade expressa na partição água/óleo...........................
25
Figura 6 Representação dos panos de sedação e analgesia e seus
sintomas relacionados.....................................................................
40
Figura 7 Aparelho de pressão arterial não invasiva, OMRON, modelo
HEM705 CP
®
...................................................................................
49
Figura 8 Cardioscópio 5 vias ECAFIX, modelo active e oxímetro OXP-10
marca EMAI utilizados na monitorização do traçado
eletrocardiográfico , freqüência cardíaca e saturação de oxigênio..
50
Figura 9 Aparelho de sedação consciente por óxido nitroso, modelo KT-
ODONTO
®.
.................................................................................................................................
51
Figura 10 Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no
Grupo Controle.................................................................................
58
Figura 11 Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no
Grupo óxido nitroso
59
Figura 12 Comparação da variação da pressão arterial sistólica (PAS), em
termos percentuais, verificada nos grupos Controle e óxido
nitroso nos tempos estudados.........................................................
60
Figura 13 Evolução temporal da pressão arterial diastólica mensurada no
Grupo Controle.................................................................................
61
Figura 14 Evolução temporal da pressão arterial diastólica mensurada no
Grupo óxido nitroso..........................................................................
62
Figura 15 Variação da pressão arterial diastólica (PAD), em termos
percentuais, verificada nos grupos Controle e óxido nitroso nos
tempos estudados............................................................................
63
Figura 16 Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no
Grupo Controle.................................................................................
64
Figura 17 Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no
Grupo óxido nitroso..........................................................................
65
Figura 18 Variação da pressão arterial média (PAM), em termos
percentuais, verificada nos grupos Controle e óxido nitroso nos
tempos estudados............................................................................
66
Figura 19 Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por
minuto, mensurada no Grupo Controle............................................
67
Figura 20 Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por
minuto, mensurada no Grupo óxido nitroso.....................................
68
Figura 21 Variação da freqüência cardíaca (FC), em termos percentuais,
verificada nos grupos Controle e grupo óxido nitroso nos tempos
estudados.........................................................................................
69
Figura 22 Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no
13
Grupo Controle................................................................................. 70
Figura 23 Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no
Grupo óxido nitroso..........................................................................
71
Figura 24 Variação da saturação de oxigênio, em termos percentuais,
verificada nos grupos Controle e óxido nitroso nos tempos
estudados.........................................................................................
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características dos pacientes estudados..........................................
57
Tabela 2. Tabela comparativa dos valores da concentração alveolar
mínima (CAM) dos agentes anestésicos inalatórios mais comuns.....
14
Tabela 3 Relação de fatores comumente relacionados a alterações nos
valores da Concentração anestésica mínima...................................
14
15
Tabela 4 Efeito do óxido nitroso na redução da concentração alveolar
mínima de outros agentes inalatórios...............................................
15
Tabela 5 Coeficiente de partição do óxido nitroso em vários órgãos e
tecidos...............................................................................................
21
Tabela 6 Concentração alveolar mínima e partição óleo/gás dos agentes
anestésicos mais comuns atualmente..............................................
26
Tabela 7 Cálculo do volume de gases para procedimento de 60 minutos......
45
Tabela 8 Distribuição dos voluntários nos grupos controle e oxido nitroso.....
57
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADA American Dental Association
AAMI Association for the Advancement of Medical Instrumentation
AD50 Anesthetic Dose 50
AD95 Anesthetic Dose 95
AMA American Medical Association
AMPA Alfa-amino-3-hidroxi-5-metil-4 lsoxazole propiônico
ASA American Society of Anesthesiologist
BHS British Hypertension Society
CAM Concentração Alveolar Mínima
CNTP Condições normais de temperatura e pressão
IUPAC
International Union of Pure and Applied Chemistry
mGluR Receptores Metabotrópicos glutamatérgicos
mmHg Milímetros de mercúrio
N
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O Óxido Nitroso
NCBI National Center For Biotechnology Institute
NIOH National Institute for Occupational Safety and Health
NMDA N-metil-D-aspartato
PPM Partes por milhão
PSI Pound-force per square inch / libra por polegada quadrada
SaO
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Saturação de oxigênio
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Vol % Volume em porcentagem
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................
1
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA...........................................................................
3
3. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................
4
3.1. Histórico........................................................................................................
6
3.2. Conceitos Relativos à Sedação e Anestesia................................................
10
3.3. Métodos de obtenção do óxido nitroso.........................................................
16
3.4. Propriedades físicas e químicas do óxido nitroso.........................................
18
3.5. Farmacologia do óxido nitroso......................................................................
20
3.6. Principais usos clínicos do Óxido Nitroso.....................................................
35
3.7. O óxido nitroso em odontologia.....................................................................
36
3.8. Custo básico da técnica de sedação............................................................
41
4. OBJETIVOS.............................................................................................................
42
5. PROTOCOLO EXPERIMENTAL.............................................................................
44
5.1. Seleção dos voluntários................................................................................... 45
5.2. Delineamento do estudo.................................................................................. 46
5.3. Aspectos éticos................................................................................................ 54
5.4. Análise estatística............................................................................................ 54
6. RESULTADOS......................................................................................................... 56
6.1. Distribuição dos voluntários nos grupos controle e oxido nitroso.................. 57
6.2. Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo
Controle.......................................................................................................... 58
6.3. Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo óxido
nitroso............................................................................................................. 59
6.4. Comparação da pressão arterial sistólica (PAS), em termos percentuais,
verificada nos grupos Controle e óxido nitroso nos tempos estudados......... 60
6.5. Evolução temporal da pressão arterial diastólica (PAD) mensurada no
Grupo Controle............................................................................................... 61
6.6. Evolução temporal da pressão arterial diastólica (PAD) mensurada no
Grupo óxido nitroso.........................................................................................
62
6.7. Variação da pressão arterial diastólica (PAD), em termos percentuais, 63
20
verificada nos grupos Controle e óxido nitroso nos tempos estudados........
6.8. Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo
Controle.......................................................................................................... 64
6.9. Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo óxido
nitroso............................................................................................................. 65
6.10. Variação da pressão arterial média (PAM), em termos percentuais,
verificada nos grupos cntrole e óxido nitroso nos tempos estudados......... 66
6.11 Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto,
mensurada no Grupo Controle....................................................................... 67
6.12. Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto,
mensurada no Grupo óxido nitroso................................................................. 68
6.13. Variação da freqüência cardíaca (FC), em termos percentuais, verificada
nos grupos Controle e grupo óxido nitroso nos tempos estudados................ 69
6.14. Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo
Controle.......................................................................................................... 70
6.15. Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo óxido
nitroso............................................................................................................. 71
6.16. Variação da saturação de oxigênio, em termos percentuais, verificada nos
grupos Controle e óxido nitroso nos tempos estudados................................. 72
6.17. Alterações eletrocardiográficas e efeitos adversos....................................... 73
7. DISCUSSÃO............................................................................................................ 74
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 80
9. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 82
10.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 84
11. ANEXOS E APÊNDICES...................................................................................... 93
Anexo 1. Resolução CFO-051 /2004 .................................................................... 94
Anexo 2. Classificação do estado sistêmico do paciente Segundo American
Society of Anesthesiology (ASA)............................................................. 97
Anexo 3. Protocolo Conselho de ética
98
Apêndice 1. Protocolo da Sedação por óxido nitroso e oxigênio........................... 99
Apêndice 2. Termo de consentimento livre e esclarecido..................................... 100
Apêndice 3. Ficha de avaliação da Pressão Arterial não invasiva x tempo de
inalação............................................................................................. 101
Apêndice 4. Ficha de avaliação da saturação de oxigênio.................................... 102
21
Apêndice 5. Ficha de avaliação da Avaliação freqüência cardíaca x tempo de
inalação.............................................................................................
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1. INTRODUÇÃO
A utilização do óxido nitroso (N
2
O) – associado ao oxigênio – tem sido um
procedimento amplamente utilizado em todo o mundo, visando analgesia e sedação
(RUBEN, 1972; PETERSEN, 1987; PETERSEN, 1995; MALAMED, 2003; RANFT et
al. ; 2007).
Segundo Clark e Brunick (2003), nos Estados Unidos da América, o óxido
nitroso tem seu uso bastante difundido, com uma grande variedade de aplicações,
uma história de sucesso clínico e ausência de efeitos adversos graves.
Na Medicina, atualmente, o óxido nitroso tem seu principal uso na anestesia
geral, em associação a outros agentes anestésicos inalatórios, reduzindo a
quantidade necessária destes, e, conseqüentemente, os efeitos adversos. A
associação também propicia uma boa analgesia de base, já que os anestésicos
gerais inalatórios têm, em sua maioria, um pobre efeito analgésico (SMITH, 1999;
FERREIRA, 2004; RANG et al., 2004).
Embora alguns profissionais da Odontologia Brasileira, após formação no
exterior, aplicassem a técnica em seus consultórios, somente no ano de 2004 o
Conselho Federal de Odontologia em sua resolução 051/2004 definiu normas
para os cursos de habilitação na aplicação da analgesia relativa ou sedação
consciente, com o óxido nitroso no Brasil (ANEXO 1), possibilitando assim a
formação de um número maior de profissionais para atuação com esta técnica em
nosso país.
A aplicação segura da sedação com óxido nitroso/oxigênio exige uma
formação adicional que engloba, entre outros temas, a farmacologia dos gases e o
manejo de intercorrências (FANGANIELLO, 2004).
O acompanhamento contínuo dos parâmetros fisiológicos é o componente
principal no controle de riscos durante a aplicação da técnica de sedação com óxido
nitroso/oxigênio, e objetiva uma imediata intervenção, se necessário, preservando
assim a integridade do paciente (PETERSEN, 1995).
3
RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA
4
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA
A sedação com óxido nitroso ainda é um procedimento novo no Brasil, existindo ainda resistência por parte
dos anestesiologistas quanto à segurança de sua aplicação em consultórios odontológicos.
Com a popularização desta técnica, muitos profissionais poderão em algum ponto utilizar-se da concentração
máxima do óxido nitroso, permitida pelos equipamentos e legislação.
5
REVISÃO DA LITERATURA
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Histórico
A história, ao contrário do que muitos imaginam, não é algo limitado ao
passado e de caráter imutável. Sendo assim, a história como qualquer outra ciência,
não é totalmente imparcial, pois sofre influências e interferências de forças de
natureza política, religiosa, econômica e cultural.
Com a história da anestesia não é diferente. Algumas questões permanecem
intrigantes: por que se levou tanto tempo para a civilização controlar a dor? Quem
realmente descobriu a anestesia? Como era o mundo quando se deu a descoberta
oficial da anestesia? Para responder a tais perguntas é necessário recorrer à história
da anestesia (MAIA; FERNANDES, 2002).
No início do século XIX, a comunidade médica estava sedenta do alívio da
dor. Os procedimentos cirúrgicos geralmente resultavam na morte dos pacientes por
muitas razões, sendo as principais, a dificuldade em lidar com as infecções e o
controle da dor. Nessa época, os procedimentos cirúrgicos comumente realizados
eram amputações, extrações dentárias e drenagem de abscessos (CLARK;
BRUNICK, 2003).
Segundo Clark e Brunick (2003), essas intervenções cirúrgicas eram
realizadas em minutos, muitas vezes em menos de noventa segundos. Caso o
procedimento demorasse mais, muitos pacientes sucumbiam à exaustão e/ou ao
choque. Os pacientes se viam em um grande dilema, escolher entre as dores certas,
associadas ao procedimento cirúrgico, ou levar-se pelo curso da doença, geralmente
uma morte lenta e agonizante. Por isso, não raro eram os pacientes que cometiam
suicídio ao saber que teriam de se submeter ao procedimento cirúrgico sem um
controle da dor.
Segundo Beattie (2006), o método mais comum de se obter um campo
cirúrgico relativamente imóvel era a sujeição do paciente pela força.
As medidas utilizadas na época para aliviar a dor e possibilitar o procedimento
eram imprevisíveis e pouco eficazes, sendo as mais comuns o uso do ópio, álcool,
torniquete, gelo e hipnotismo (CLARK; BRUNICK, 2003).
7
O óxido nitroso (N
2
O) foi descoberto por Joseph Priestly, em 1772. O mesmo
cientista havia descoberto o oxigênio no ano de 1771. Embora acreditasse que o
oxigênio teria alguma utilidade medicinal, nada relatou sobre o óxido nitroso
(SEVERINGHAUS, 2003).
O químico inglês Humphrey Davey (1778-1829), dedicado ao estudo dos
gases, já conhecia os efeitos do óxido nitroso e o usou para amenizar as dores que
o irrompimento de um terceiro molar lhe causavam em 1798. Isso o levou a declarar
em sua obra Investigaciones de química y filosofia medical vapours, de 1800: “O
óxido nitroso parece suprimir a dor física, provavelmente poderia ser usado com
eficácia durante as intervenções cirúrgicas em que não houvesse grandes perdas de
sangue” (LERMAN, 1964).
Foi também Humphrey Davy que deu o nome de gás hilariante devido à
euforia que causava e testou seus efeitos em várias pessoas, inclusive no Primeiro
Ministro Inglês, notando que causava euforia, analgesia, perda de consciência e
relaxamento dos músculos (RANG et al., 2004).
Por sua capacidade de causar sensações agradáveis, o “gás hilariante”
popularizou-se por seus efeitos recreacionais, sendo com este fim, utilizado por
setenta anos (CLARK; BRUNICK, 2003).
Outro pioneiro, menos conhecido, foi o cirurgião inglês Henry Hill Hickman
(1800-1830) que experimentou em animais a ação do óxido nitroso, verificando que
podia realizar pequenas operações sem que eles demonstrassem o menor sinal de
dor. Tentou, sem êxito, obter da Royal Society e da Associação Médica de Londres
autorização para repetir suas experiências em humanos. Sua petição foi recebida
com frieza, a autorização negada e foi considerado um visionário. Desiludido,
Hickman morreu dois anos depois sem ver seu sonho realizado – a intervenção
cirúrgica sem dor (FALQUEIRO, 2005).
Os dentistas foram instrumentais na introdução tanto do óxido nitroso quanto
do éter dietílico. Eles, mais que os médicos, estavam em contato diário com pessoas
que se queixavam de dor, freqüentemente como subproduto de seu trabalho,
provocando a dor (BEATTIE, 2006).
Em 10 de dezembro de 1844, um químico chamado Gardner Q. Colton fazia
demonstrações públicas dos efeitos hilariantes do gás óxido nitroso no Union Hall,
na Cidade de Hartford no Estado de Connecticut , Estados Unidos da América. Na
platéia, Horace Wells (Figura 1), um dentista de projeção na cidade, observou que
8
um jovem chamado Samuel Cooley, balconista de uma farmácia, sob o efeito do
gás, começou a saltar de um lado para outro, vindo a ferir-se em uma cadeira,
cortando-se profundamente na perna, sem, todavia, demonstrar qualquer
desconforto. Horace Wells, após o espetáculo, procurou o jovem que relatou não ter
sentido nenhuma dor enquanto sob o efeito do gás (CHIARELLI, 1995; CLARK;
BRUNICK, 2003; FANGANIELLO, 2004; FALQUEIRO, 2005).
No dia seguinte, Doutor Horace Wells se submeteu a uma extração dentária,
realizada pelo Dr. John M. Riggs, seu colega, sob o efeito do gás óxido Nitroso a
100%, aplicado pelo próprio químico Gardner Q. Colton. Após o procedimento,
Horace Wells, que afirmou não ter sentido mais que uma alfinetada exclamou: “A
descoberta foi feita, uma nova era para a extração dentária” (FANGANIELLO, 2004).
Em 1845, Horace Wells obteve permissão para exibir sua técnica no
Massachusetts General Hospital, em Boston, aos professores e estudantes de
medicina da Faculdade de Harvard, e administrou o óxido nitroso a um jovem que se
submeteria a uma extração dentária. Esse pulou da cadeira, dando a entender que
sentira dor e que o gás não fizera qualquer efeito. Embora, posteriormente, o menino
tenha relatado não ter sentido dor nenhuma; a apresentação foi considerada um
fracasso. O doutor Horace Wells foi vaiado, teve sua credibilidade abalada e a
técnica caiu em descrédito. Mudou-se para Nova York, onde continuou suas
pesquisas com clorofórmio e, em dezembro (1846), reclamou, no Hartford Courant, a
descoberta do efeito anestésico de ambas as substâncias; porém, William T. G.
Morton já havia ganhado os direitos sobre o éter. Em 1847, publicou “A História da
Descoberta da Aplicação do Óxido Nitroso, do Éter e de outros Gases em Cirurgia”
(CLARK; BRUNICK, 2003; FALQUEIRO, 2005).
Viciado em clorofórmio, após uma prisão por desordem, provavelmente sob
efeito de drogas, cometeu suicídio. Morreu em 1848 sem ver o reconhecimento de
seu trabalho, pois, somente em 1864, a American Dental Association (ADA) e, em
1870, a American Medical Association (AMA) reconheceram Horace Wells como
descobridor da anestesia (CLARK; BRUNICK, 2003).
9
FIGURA 1 - Horace Wells (1815-1848), descobridor da anestesia (LERMAN, 1964)
Dois anos mais tarde da exibição mal sucedida de Wells, no mesmo lugar,
William T. G. Morton demonstrou a realização de um procedimento cirúrgico sob
anestesia geral, utilizando-se do éter para um mesmo tipo de audiência, e o sucesso
esmagador retardou a apreciação dos benefícios do óxido nitroso (CLARK;
BRUNICK, 2003).
William T. G. Morton tem, sem dúvida, grande mérito. Porém, sua
demonstração histórica sucedeu através dos esforços de homens não menos
brilhantes, mas talvez menos astutos ou menos afortunados pelo tempo (MAIA;
FERNANDES, 2002).
No ano de 1860, houve um ressurgimento da técnica e o mesmo Gardner
Colton, o químico que administrou o gás a Horace Wells para sua extração histórica,
registrou 193.000 (cento e noventa e três mil) casos de aplicação do óxido nitroso
em intervenções cirúrgicas sem fatalidades (CLARK; BRUNICK, 2003).
Em 1868, Dr. Edmund Andrews sugeriu que quando o gás era administrado a
100% o sangue não era devidamente oxigenado e afirmou que a mistura deveria
conter um mínimo de 20% de oxigênio. Nesse mesmo ano, Paul Bert desenvolveu o
primeiro aparelho para administrar a mistura óxido nitroso/oxigênio. Hoje todos os
equipamentos comercializados possuem mecanismos que impedem a liberação de
um valor menor que 30% de oxigênio (CLARK; BRUNICK, 2003; FANGANIELLO,
2004; FALQUEIRO, 2005).
10
Avaliando-se a técnica comum no início da utilização do óxido nitroso, o mais
provável é que os efeitos fossem devido muito mais à hipóxia produzida que ao
próprio óxido nitroso (FALQUEIRO, 2005; HOPKINS, 2005).
Ruben (1972), em um estudo baseado no consumo de óxido nitroso na
Dinamarca, estimou que, naquele país, mais de 3.000.000 (três milhões) de casos
de utilização da associação óxido nitroso/oxigênio tinham sido realizados sem efeitos
adversos graves.
Estima-se que mais de 24 milhões de procedimentos cirúrgicos são feitos
anualmente nos Estados Unidos da América, a maioria deles com a utilização do
óxido nitroso associado ao oxigênio e a outras drogas (CLARK; BRUNICK, 2003).
3.2 Conceitos relativos à sedação e anestesia
Sedação
A sedação farmacológica é definida como o estado obtido pela ação de uma
droga ou combinação de drogas que causam alterações no nível de consciência,
cognição, coordenação motora, grau de ansiedade e parâmetros fisiológicos. Essas
mudanças são dependentes da droga, da dose, da rota de administração e da
sensibilidade individual aos agentes. A sedação não é definida por uma medicação
específica ou dose, mas sim por uma resposta do paciente (AMERICAN ACADEMY
OF PEDIATRIC DENTISTRY–AAPD, 2005).
Segundo Clark e Brunick (2003), a sedação é um processo contínuo, não
sendo sempre possível predizer como cada paciente irá responder. Por isso,
medidas de suporte e monitorização devem estar sempre disponíveis. Os autores
dividem didaticamente a sedação em três estágios:
Sedação mínima
É um estado induzido por fármacos, onde o paciente responde normalmente a
comandos verbais. Embora a função cognitiva e a coordenação possam estar um
pouco prejudicadas, a ventilação e a função cardiovascular não são afetadas. Esse
11
é o estado quando se administra o óxido nitroso (N
2
O) em concentração menor que
50%.
Sedação moderada – analgesia
É um estado de depressão da consciência induzido por fármacos, no qual o paciente responde a
comandos verbais, ou quando estimulado. Nenhuma intervenção é necessária para manter a via aérea e a
ventilação espontânea. A função cardiovascular normalmente não é afetada. Esse é o estado conseguido quando
utilizamos uma concentração maior que 50% de óxido nitroso (N
2
O).
Sedação profunda
Trata-se de depressão da consciência induzida por fármaco, em que o
paciente não pode ser facilmente despertado, mas responde a estímulos repetidos
ou dolorosos. A capacidade de manter a função ventilatória pode estar prejudicada.
Pacientes podem requerer assistência para manter a via aérea adequada. A função
cardiovascular geralmente não é afetada. O estado e os riscos de uma sedação
profunda são indistinguíveis daqueles de uma anestesia geral.
Anestesia geral
Em essência, a administração da anestesia geral durante uma intervenção
cirúrgica visa bloquear o estímulo doloroso e os reflexos motores que o
acompanham. A anestesia é ainda caracterizada pela perda de consciência e
redução da atividade reflexa. Como a atividade reflexa é governada por uma rede
neural, podemos assumir que a anestesia é a modulação das informações que se
processam na rede neural (POCOCK; RICHARDS, 1993).
Segundo Kissin (1993), a anestesia geral deve ser vista como uma
intervenção farmacológica usada para prevenir efeitos psicológicos e somáticos
advindos do trauma cirúrgico, criando condições favoráveis para o procedimento. O
espectro de ações utilizadas nesta intervenção pode incluir: analgesia, amnésia,
inconsciência, supressão das respostas cardiovasculares e hormonais do
procedimento cirúrgico e miorrelaxamento.
Clark e Brunick (2003) ressaltam que, na anestesia geral, a habilidade de
manter uma ventilação independente é freqüentemente prejudicada, os pacientes
12
precisam de auxílio para manutenção da via aérea e a pressão positiva pode ser
necessária, devido à depressão espontânea da ventilação, ou induzida por drogas
que deprimem a função neuromuscular.
Para Beattie (2006), o objetivo da anestesia é criar uma condição reversível
de conforto, imobilidade e estabilidade fisiológica no paciente antes, durante e após
a realização de um procedimento que seria, de outra forma, doloroso, amedrontador
ou danoso.
Os estágios da anestesia foram descritos por Guedel em 1920 e são utilizados até hoje para caracterizar uma
técnica ou substância (POCOCK; RICHARDS, 1993; BEATTIE, 2006; TREVOR; MILLER, 2003).
O estágio I (Analgesia) começa com o início da administração do anestésico e
termina com a perda de consciência. O paciente responde a estímulos que
provoquem dor, sendo capaz de responder a comandos verbais. Esse estágio é
seguido pelo “delírio” no estágio II, durante o qual podem ocorrer agitação violenta e
vômito.
O estágio III (anestesia cirúrgica) foi subdividido em quatro planos, utilizando
uma série de índices, que compreendem o diâmetro das pupilas, a perda de reflexos
oculares, orofaringeanos e outros índices, como o relaxamento muscular, a
profundidade e regularidade da respiração e a separação das fases torácicas e
abdominais (diafragmática) da respiração.
O estágio IV (paralisia Medular) se inicia com o desaparecimento da
respiração puramente diafragmática do estágio III e termina com o colapso
respiratório e circulatório completo, resultando em morte, se a administração do
anestésico não for interrompida e se não for dado ao paciente apoio cardiopulmonar.
A American Society of Anesthesiologists (ASA, 2004) publicou uma quadro
comparativa dos níveis de sedação, reforçando a característica contínua dos
processos de sedação até a anestesia geral (Quadro 1).
13
.
Sedação
Mínima
(Ansiólise)
Sedação
Moderada/Analgesia
Sedação Profunda
/Analgesia
Anestesia
Geral
Responsividade Normal,
responde a
estímulos
verbais
Responde a estímulos
verbais e táteis
espontaneamente
Responde a
estímulos repetidos
ou a estímulos
dolorosos,
espontaneamente
Incapaz
Mesmo com
estímulos
dolorosos
Via aérea Não afetada Não requer intervenção A intervenção pode
ser necessária
Intervenção
normalmente
requerida
Ventilação
espontânea
Não afetada Adequada Pode ser inadequada Freqüenteme
nte
inadequada
Função
Cardiovascular
Não afetada Normalmente mantida Normalmente
mantida
Pose ser
comprometid
a
QUADRO 1 - Comparação dos níveis de sedação e anestesia geral, com suas implicações cognitivas,
na manutenção da via aéreas e cardiovasculares (ASA, 2004)
A ASA (2001) publicou um guia prático de sedação e analgesia para
profissionais não anestesiologistas, no qual recomenda, como medida preventiva,
nos procedimentos eletivos, um período de tempo que possibilite o esvaziamento
gástrico anterior a qualquer procedimento de sedação, mas afirma, no mesmo
consenso, que não existem evidências da necessidade desse jejum na sedação leve
ou moderada.
Coulthard (2006), em um trabalho que revisou as bases de dados
internacionais e as legislações de vários países, confirma a não necessidade de
jejum prévio aos procedimentos realizados exclusivamente com o uso do óxido
nitroso. Adverte, no entanto, que o paciente deve abster-se no dia do procedimento
do consumo de álcool e de refeições volumosas.
14
Concentração Alveolar Mínima (CAM)
Segundo Röpcke (2001), o conceito de concentração alveolar mínima (CAM)
de um anestésico foi introduzido por Eger e colaboradores no início dos anos
sessenta e é definida como a concentração que resulta em imobilidade em 50% dos
pacientes quando expostos a um estímulo nociceptivo.
Uma grande variedade de estímulos é utilizada para avaliação. Para
determinação da CAM, em humanos, utiliza-se usualmente o estímulo de uma
incisão cirúrgica. Na prática diária, a CAM deve ser multiplicada pelo fator 1,3 para
assegurar eficiente efeito anestésico cirúrgico na maioria dos pacientes (WENKER,
1999a).
De Jong e Eger II (1975) sugeriram uma extensão ao conceito de CAM, que
seria a AD
95,
dose anestésica suficiente para que 95% (noventa e cinco por cento)
dos pacientes estivessem anestesiados. Os autores equipararam a CAM ao conceito
de ED
50
(dose efetiva média, ou seja, aquela dose que é efetiva em 50% por cento
dos pacientes). A AD
95
do óxido nitroso foi calculada pelos autores em 116 vol%.
Mapleson (1996), através de um estudo de metanálise, avaliou a relação da
CAM com a idade, usando como base a idade de 40 (quarenta) anos e uma
equação exponencial:
CAM
Óxido nitroso
= 104%vol . 10
- 0.00269 X (40 anos - Idade do paciente)
Nessa equação, o autor demonstra a diminuição da CAM com o aumento da
idade. O exponencial de correção da idade usado corresponde a uma diminuição da
CAM de 4,5% por cada dez anos de aumento na idade.
Segundo Röpcke (2001), a relevância clínica do valor da CAM é prejudicada,
porque a falta de resposta do paciente a uma incisão não é o fator principal para um
procedimento cirúrgico. No entanto, não existe um outro parâmetro que substitua de
forma aceitável a CAM para expressar a potência de agentes anestésicos
inalatórios. A CAM ainda é útil cientificamente e em estudos clínicos.
As concentrações alveolares mínimas dos agentes anestésicos inalatórios
mais comuns, estão descritas no quadro 2.
15
FÁRMACO CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA
Halotano 0,75%
Enflurano 1,68%
Isoflurano 1,15%
Sevoflurano 2,0%
Óxido Nitroso 105%
QUADRO 2 - Comparação dos valores da concentração alveolar mínima (CAM) dos agentes
anestésicos inalatórios mais comuns (Ferreira, 2004)
A CAM tem seus valores diminuídos em pacientes idosos, porém não é
afetada pelo gênero, altura e peso (WENKER, 1999a).
É particularmente importante a presença de drogas adjuvantes, como por
exemplo, os analgésicos opióides que diminuem a CAM (TREVOR; MILLER, 2003).
Muitas drogas alteram o valor da Concentração Alveolar Mínima (CAM) e
devem servir de parâmetros no cálculo da dosagem das drogas anestésicas.
O Quadro 3, relaciona os fatores capazes de aumentar ou diminuir a CAM de
um anestésico inalatório.
Redução da CAM Aumento da CAM
Hipóxia grave Faixas etárias: recém-nascido e
puberdade
Hipercarbia acentuada Uso crônico do álcool
Associação com anfetamina (uso agudo),
cocaína, efedrina
Anemia grave Hipernatremia associada a nível liquórico
aumentado de sódio
Hipotensão arterial
Insuficiência cardíaca
Idade
Gestação
Hipercalcemia
Hiponatremia
Associação com fármacos: Lítio,
Verapamil, Metildopa, Clonidina,
Anfetamina (uso crônico), Analgésicos
opióides, Benzodiazepínicos,
Lidocaína.
QUADRO 3 - Relação de fatores comumente relacionados a alterações nos valores da Concentração
Alveolar Mínima (CAM), (Fanganiello, 2004)
16
Embora tenha seu uso na anestesia geral atualmente questionado por alguns
autores (JAHN, BERENDES, 2005; PRIEBE, 2005), o óxido nitroso é largamente
utilizado em associação a outros agentes anestésicos inalatórios, reduzindo a CAM
destes e proporcionando um efeito analgésico suplementar ao das drogas
normalmente utilizadas.
A seguir quadro demonstrativo do percentual de redução da concentração
alveolar mínima com a adição de óxido nitroso em vários agentes anestésicos.
Anestésico Volátil Concentração de N
2
O CAM com N
2
O Redução da CAM
Halotano 70 0,29 61%
Enflurano 70 0,57 66%
Isoflurano 70 0,37 68%
Sevoflurano 60 0,66 39%
Desflurano 60 3,00 50%
QUADRO 4 - Efeito do óxido nitroso na redução da Concentração Alveolar Mínima de outros agentes
inalatórios (Falqueiro 2005)
3.3 Métodos de obtenção do óxido nitroso
O óxido nitroso recebe várias denominações na literatura: Dióxido de
nitrogênio, Óxido de dinitrogênio e Protóxido de azoto. Todavia, sua nomenclatura
oficial pela IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) é a de óxido
nitroso (NCBI, 2007).
O óxido nitroso pode ser obtido naturalmente, em pequenas quantidades, pela
reação do ferro com ácido nítrico, tendo o óxido nitroso como produto intermediário
(CHIARELLI, 1995).
Na indústria, a obtenção se dá pela ação do calor sobre o nitrato de amônia,
um produto comumente utilizado em fertilizantes e, infelizmente, como ingrediente
primário da maioria dos explosivos (CHIARELLI, 1995; CLARK; BRUNICK, 2003;
FANGANIELLO, 2004).
17
O nitrato de amônia é aquecido a aproximadamente 250 ° C, entretanto,
nesse ponto, ele se decompõe em óxido nitroso, vapor de água e alguns
contaminantes.
NH
4
NO
3
N
2
O + 2 H
2
O
A mistura é resfriada à temperatura ambiente, cujo vapor de água se
condensa e é retirado. O óxido nitroso resultante é depurado, comprimido e resfriado
para remoção dos contaminantes. O produto final possui de 99,5% a 99,9% de
pureza.
A farmacopéia dos Estados Unidos exige uma pureza de 97% (CHIARELLI,
1995).
As principais impurezas que podem ser encontradas associadas ao óxido
nitroso são: Nitrogênio, que dilui o anestésico, dióxido de nitrogênio e óxidos
superiores, que podem causar danos às válvulas do equipamento e amônia,
formada junto com o vapor de água.
Outro contaminante que pode ocorrer é o óxido nítrico, que se combina com a
hemoglobina, produzindo hipóxia do tipo anêmica, ou forma ácido nítrico nos tecidos
levando a edema pulmonar.
A conseqüência da inalação de impurezas em concentração superior a 50
ppm (cinqüenta partes por milhão) é a inibição reflexa da respiração com espasmo
de glote e o desencadeamento de uma cianose intensa. Pode ocorrer edema
pulmonar na fase aguda, mas, em concentrações inferiores a 50 ppm, o edema pode
não aparecer por algumas horas. Se o paciente não morrer logo, ocorre uma
pneumonite química crônica com conseqüente fibrose pulmonar (WYLIE;
CHURCHILL-DAVIDSON, 1974).
Cuidado especial deve ser dado ao controle do volume de gás existente no
cilindro. Um cilindro de N
2
O mede, aproximadamente, 750 psi (Pound-force per
square inch / libra por polegada quadrada).
Como o líquido é vaporizado a gás conforme o uso, a leitura do manômetro
não é proporcional à quantidade de gás existente no cilindro. Mesmo com o cilindro
contendo somente metade de sua capacidade, o manômetro ainda mostrará uma
leitura cheia, modificando-se somente quando o volume existente no cilindro chegar
18
a 20% do total (Figura 2), diferentemente do oxigênio, cuja medida mostrada no
manômetro reflete a quantidade existente no cilindro (CLARK; BRUNICK, 2003).
FIGURA 2 - Relação entre conteúdo dos cilindros de oxigênio e óxido nitroso e a marcação do
manômetro, modificado de Clark e Brunick (2003).
3.4 Propriedades físicas e químicas do óxido nitroso
O óxido nitroso é um gás incolor de odor agradável, não irritante às mucosas
que, embora não inflamável, facilita a combustão de outras substâncias (CHIARELLI,
1995; COULTHARD, 1997; JACKSON; JOHNSON, 2002).
Por ser um gás oxidante, nenhuma substância à base de hidrocarbonetos,
como graxas ou óleos, deve ser utilizada em sua armazenagem, estocagem ou
distribuição (FANGANIELLO, 2004).
19
Mais pesado que o ar, acumula-se em espaços confinados, em especial no
nível ou abaixo do solo. É encontrado na natureza em uma concentração mínima, 6
ppm (seis partes por milhão) (FANGANIELLO, 2004).
A anestesia com N
2
O contribui com, aproximadamente, 1% da quantidade
total da emissão desse composto na atmosfera. Como a luz ultravioleta combina
com o N
2
O e O
2,
radicais livres podem ser produzidos, os quais podem afetar a
camada de ozônio. Porém, valores muitos maiores são dispersos na atmosfera por
reações que ocorrem na própria natureza (WEIMANN, 2003).
No quadro 5, são descritos as propriedades químicas do óxido nitroso.
Classificação
Químico Inorgânico, Compostos de Nitrogênio, Óxidos de
Nitrogênio, Óxido Nitroso
Fórmula Química N
2
O
Fórmula Estrutural
Peso Molecular 44,0129g/mol
Densidade absoluta Líquido a 0° C: 0,8g/ml
Nas condições normais de temperatura e pressão: 1,98g/ml
Densidade Relativa 1,527 (ar =1,0)
Calor específico 0,20 cal/g
Ponto de ebulição -88,44° C (1 ATM)
Pressão de vapor -88,44° C (1 ATM)
Massa específica 1,8337
1 kg N
2
O 540 litros de gás
QUADRO 5 - dados químicos do óxido nitroso segundo National Center For Biotechnology Institute -
NCBI (2007).
20
O óxido nitroso é apresentado em cilindros de cor azul com diferentes
capacidades volumétricas. A cor azul-clara é utilizada em quase todo o mundo como
padrão. Porém, alguns países utilizam-se de outras cores. os cilindros devem ser
estocados em temperatura ambiente, livres de temperaturas extremas (CLARK;
BRUNICK, 2003).
3.5. Farmacologia do óxido nitroso
O óxido nitroso é o único agente anestésico gasoso (KENNEDY;
LONGNECKER, 1996; MAZE; FUJINAGA, 2000).
É um agente de baixa potência e de uso seguro (COULTHARD, 1997; SMITH,
1999; HOLROYD; ROBERTS, 2000; HULLAND; FREILICH; SANDOR, 2002;
SWEETMAN, 2002; CAVALCANTE; NUNES, 2003;).
Apresenta uma CAM (Concentração Alveolar Mínima) de 105% (JACKSON;
JOHNSON, 2002; FANGANIELLO, 2004; FERREIRA, 2004). Esse valor indica que,
na pressão da atmosfera ambiente, ele é incapaz de induzir um estado anestésico
(CAVALCANTE, 2003).
Seu coeficiente de partição sangue/gás é de 0,47. O coeficiente de partição de uma droga indica a facilidade
ou dificuldade desta para transferir-se de um compartimento do corpo para outro, ou seja, a interação entre
uma droga e uma parte do organismo, até alcançar um equilíbrio. Os valores desse coeficiente variam de
acordo com o meio no qual se deseja a partição (FANGANIELLO, 2004).
Um coeficiente de 0,47 indica um gradiente de concentração, fazendo com
que haja uma rápida passagem do óxido nitroso para a circulação (FANGANIELLO,
2004), proporcionando indução e reversão rápidas de seus efeitos (SMITH, 1999;
PATERSON; TAHMASSEBI, 2003; TREVOR; MILLER, 2003).
Segundo Malamed (2003), essa facilidade de titulação (ajuste de dose) é o
principal fator de segurança da técnica de analgesia pela associação óxido
nitroso/oxigênio.
No Quadro 6, comparação do coeficiente de partição do N
2
O em vários
órgãos e tecidos.
Meio Coeficiente de partição
Óleo/Gás 1,4
21
Óleo/Água 3,2
Óleo/Sangue 3,0
Sangue/Gás 0,47
Água/Gás 0,435
Coração/Sangue 1,13
Pulmões/Sangue 1,0
Cérebro/Sangue 1,06
QUADRO 6 - Coeficiente de partição do óxido nitroso em vários órgãos e tecidos (Fanganiello, 2004)
Existe uma grande diferença entre a facilidade do óxido nitroso e do
nitrogênio (N
2
) em atravessar barreiras. Essa diferença é denominada diferença de
difusibilidade (o N
2
O tem uma difusibilidade 34 vezes maior que o N
2
); por isso,
existe uma tendência de substituição no organismo do N
2
pelo N
2
O.
O óxido nitroso tende a entrar rapidamente nos espaços corpóreos passíveis
de entrada de ar, causando um aumento de volume da cavidade ocupada pela
mistura gasosa do ar atmosférico quando esta for expansível; e o aumento da
pressão quando a mesma for rígida, por exemplo: a entrada do N
2
O nos seios
paranasais, ouvido médio e ventrículo ao nível do mar produziria um aumento de
pressão de 0,5 ATM (atmosferas) ou 380 mmHg (milímetros de mercúrio), o que
explica muitas das contra-indicações do óxido nitroso relacionadas ao aparelho
auditivo (FANGANIELLO, 2004).
A transposição de compartimentos de dois gases de diferentes solubilidades
(halotano e óxido nitroso) e suas repercussões no início de ação da substância,
estão representadas na figura 3.
22
FIGURA 3 - Comparação entre um gás de maior solubilidade no sangue (óxido nitroso) com um de
menor solubilidade (Halotano), e o efeito esta solubilidade sobre o tempo de início de ação do
fármaco. Modificado de Trevor e Miller (2003)
O óxido nitroso, devido a sua grande velocidade de transpor os
compartimentos corpóreos, quando do término de sua aplicação, sai rapidamente
dos pulmões. Durante esse processo, ocorre uma diluição do oxigênio, resultando
uma diminuição da saturação sangüínea de oxigênio (SaO
2
). Esse fenômeno é
denominado hipóxia difusional ou hipóxia de Fink (CLARK; BRUNICK, 2003;
FANGANIELLO, 2004; FALQUEIRO, 2005).
O efeito clínico desta diminuição transitória da saturação de oxigênio tem sido
questionado (JESKE et al., 2004), porém, a oxigenação a 100%, após o término da
sedação óxido nitroso/oxigênio, continua fazendo parte dos protocolos de
administração (CLARK; BRUNICK, 2003; FANGANIELLO, 2004; FALQUEIRO,
2005).
Um outro efeito a ser relatado é o denominado “efeito de segundo gás”,
(Figura 4) cuja velocidade de transposição de barreiras (difusibilidade) do N
2
O
carrega consigo outro gás que esteja sendo utilizado, aumentado a velocidade deste
(FANGANIELLO, 2004).
23
FIGURA 4 - Ilustração do efeito do óxido nitroso aumentando a velocidade de transporte de outros
gases, modificado de Clark e Brunick (2004)
O N
2
O não sofre metabolismo pelos tecidos humanos (FANGANIELLO, 2004;
WENKER, 1999a), sendo relatado que bactérias do gênero pseudomonas no trato
intestinal metabolizam 0,004% do óxido nitroso inalado (FANGANIELLO, 2004).
Segundo Galinkin et al. (1997), em um estudo duplo cego, randomizado,
controlado por placebo, em que foram avaliados e comparados os efeitos subjetivos,
psicomotores, cognitivos e analgésicos do N
2
O a 15% e 30% e do sevoflurane a
0,3% e 0,6%, foi encontrado que o N
2
O mas não o sevofluraneapresenta efeito
analgésico, e que embora o sevoflurane levasse à inconsciência mais rapidamente,
as sensações agradáveis somente foram relacionadas ao N
2
O. O mesmo estudo
demonstra um declínio na memória provocado pelo N
2
O a 30% embora menos que
com o sevoflurane. O desempenho psicomotor é afetado por ambos os fármacos
quando comparados com o grupo controle (placebo).
O óxido nitroso tem marcadamente um efeito analgésico. Reconhecido
inicialmente por Humphrey Davey, é reforçado pela literatura (BERKOWITZ; FINCK;
NGAI, 1977; SMITH, 1999; EVEERS; CROWDER, 2001; FANGANIELLO, 2004;
ONG; SEYMOR; TAN, 2004).
24
Segundo Eveers e Crowder (2001), o óxido nitroso, na concentração de 20%,
tem efeito equivalente a 15mg de morfina.
Esse efeito analgésico não se prolonga no período pós-operatório, não
devendo substituir a prescrição de analgésicos no pós-operatório (ONG; SEYMOR;
TAN, 2004).
Cavalcante (2003) analisou, por meio de eletroencefalografia, as alterações
induzidas pelo óxido nitroso nas concentrações de 30% e 50%, concluindo que se
trata de um fármaco de efeito sedativo fraco incapaz de abolir a consciência.
O uso isolado do N
2
O causa uma diminuição da amplitude e freqüência do
ritmo α (alpha) dominante, e ativação de freqüências β (beta). O N
2
O causa impacto
na memória. No entanto, se usado isoladamente, durante a intervenção, resulta em
uma relativamente alta incidência de memória explícita e implícita (GHONEIM,
2001).
A memória explícita é a memória intencional ou consciente de experiências
anteriores, como avaliado por testes de recordação ou reconhecimento, também
chamados testes de memória diretos; memória explícita é, portanto, aquela que
requer lembrança consciente de experiências prévias. Memória implícita, ao
contrário, recorre a mudanças em desempenho ou comportamento que são
produzidos por experiências anteriores em testes que não requerem qualquer
lembrança intencional ou consciente dessas experiências (GRAF;
SCHACTER,1985).
Mecanismo de ação dos anestésicos inalatórios e do óxido nitroso
O mecanismo exato da ação dos agentes anestésicos ainda é objeto de
discussão. Um grande número de moléculas é capaz de induzir um estado
anestésico: gases inertes (xenônio), moléculas inorgânicas e orgânicas simples
(óxido nitroso e clorofórmio) e moléculas orgânicas mais complexas,como alcanos
halogenados e éteres (KENNEDY; LONGNECKER, 1996).
Com o passar dos anos, várias teorias foram formuladas, sendo as mais
importantes a teoria lipídica de Overton e Meyer, de 1899, e a teoria dos efeitos
sobre os canais iônicos, a mais aceita atualmente
(RANG et al., 2004).
Na teoria lípidica de Overton e Meyer, a ênfase é dada à ligação entre a
lipossolubilidade dos compostos e sua atividade anestésica.
25
Conforme Meyer (1937 apud RANG et al., 2004) “A narcose começa quando
qualquer substância química indiferente alcança uma concentração molar nos
lipídeos das células”.
Essa relação entre solubilidade e CAM (Concentração Alveolar Mínima) foi
repetidamente confirmada (RANG et al., 2004).
Abaixo, correlação entre a lipossolubilidade, plotada contra a concentração
alveolar mínima (CAM; inversamente proporcional à potência).
Figura 5 - Correlação entre os valores da CAM (Potência Anestésica) e a lipossolubilidade expressa
na partição água/óleo. Modificado de Rang et al. (2004)
No quadro 7 são apresentados alguns agentes anestésicos atualmente
usados com sua Concentração Alveolar Mínima e a relação de partição óleo gás.
.Agente
Óleo/Gás CAM
Halotano 224 0,75
Isoflurano 94,5 1,15
Enflurano 98,0 1,68
Sevoflurano 48,7 2.00
Desflurano 19,0 6,00
Óxido Nitroso 1,4 104-105
QUADRO 7 - Concentração Alveolar Mínima e partição óleo/gás dos agentes anestésicos mais
comuns atualmente (Fanganiello, 2004)
26
Segundo Villars, Kanusky e Dougherty (2004), a teoria de Meyer-Overton
falha à luz dos acontecimentos modernos, não sendo capaz de responder a
questionamentos, tais como:
A alta variedade de potência entre anestésicos com similar coeficiente de
partição óleo/gás. Ex. CAM do isoflurano x enflurane;
A identificação de vários agentes altamente solúveis que não são
anestésicos;
Certos agentes que se esperava serem anestésicos e ao invés disto
provocam atividade convulsiva.
Na teoria dos canais iônicos, acredita-se que os anestésicos podem se ligar
às proteínas assim como aos lipídios, interagindo com uma ampla faixa de canais
iônicos acionados por ligantes. Muitos agentes anestésicos são capazes de inibir a
ação de receptores excitatórios, como os receptores do glutamato ionotrópico, da
acetilcolina ou da 5-hidroxitriptamina (5-HT), assim como potencializarem a função
de receptores inibitórios, como o ácido gama-aminobutírico (GABA) e glicina (RANG
et al., 2004).
Quando nos voltamos especificamente para o mecanismo de ação do óxido
nitroso, duas vertentes devem ser analisadas: o efeito ansiolítico e sedativo e o
efeito analgésico.
A ação ansiolítica e sedativa do óxido nitroso tem sido creditada por muitos
autores embora a sua ação sobre os receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA-R)
ainda não tenha sido totalmente esclarecida (MAZE; FUJINAGA, 2000; MAZE;
FUJINAGA, 2001; NAGELE; METZ; CROWNDER, 2004; ABRAINI; DAVID;
LEMAIRE, 2005; ANTOGNINI et al., 2007; COLLOC’H et al., 2007; MA et al., 2007;
RANFT et al., 2007;).
Segundo Bressan e Pilowsky (2003), os receptores NMDA pertencem ao
sistema glutamatérgico, que envolve uma série de receptores ativados pelo
aminoácido glutamato. O glutamato é considerado o maior neurotransmissor
excitatório do sistema nervoso central (SNC) e possui receptores ionotrópicos e
metabotrópicos (mGluR). Os receptores ionotrópicos contêm canais iônicos que,
quando ativados, permitem a entrada de Na
+
(íon sódio) e K
+
(íon potássio),
favorecendo a despolarização do neurônio.
27
Os receptores ionotrópicos são divididos em receptores NMDA e não-NMDA,
que por sua vez incluem os receptores alfa-amino-3-hidroxi-5-metil-4 lsoxazole
propiônico (AMPA) E kainato. Os receptores NMDA são canais iônicos formados por
diferentes proteínas heterométricas chamadas subunidades: NMDA R1 (isoformas
A-G) e NMDA R2 (isoformas A-D) (BRESSAN; PILOWSKY, 2003).
Dados recentes de pesquisas realizadas com os receptores NMDA da região
de amÍgdala baso-lateral de animais sugerem uma ação maior sobre os receptores
NMDA-R2A (RANFT, 2007).
Estudos em que foi associado ao óxido nitroso a Dizolcilpina (MK801), um
bloqueador da abertura dos canais receptores do NMDA, mostraram um
prolongamento do bloqueio do MK-801, o que reforça a idéia da ação do óxido
nitroso sobre o NMDA-R — receptores NMDA (ANTOGNINI et al., 2007).
Ranft (2007) afirma que o óxido nitroso age impedindo a abertura dos canais
regulados por voltagem nos receptores do NMDA, podendo ter ação ainda sobre os
receptores benzodiazepínicos, porém este último mecanismo ainda não foi
totalmente esclarecido.
O uso do flumazenil, antagonista do receptor GABA
A
(receptor A do ácido
gama-aminobutírico), tem demonstrado capacidade de reduzir os efeitos do óxido
nitroso (LI; QUOCK, 2001).
A ação analgésica é atribuída à ativação de receptores opiáceos na área
periductal cinza, resultando na ativação da via descendente noradrenérgica,
responsável pela liberação de norepinefrina sobre os adrenoreceptores alfa 2 no
corno dorsal da medula espinhal (ZHANG, 1999; MAZE; FUJINAGA, 2000;
SAWAMURA et al., 2000; MAZE e FUJINAGA, 2001; SAWAMURA et al., 2003;
VILLARS et al., 2004).
Segundo Emmanouil e Quock (2007), os aspectos moleculares iniciais do
efeito antinociceptivo ainda não são conhecidos, mas acredita-se que o N
2
O
estimularia os neurônios a liberarem opióides endógenos, como a dinorfina. Os
terminais pré-sinápticos converteriam a L-arginina em L-citrulina e óxido nítrico
através do óxido nítrico sintetase. O óxido nítrico, provavelmente, está envolvido na
liberação de dinorfina. A dinorfina, então, atravessaria a fenda sinaptica e ativaria
receptores opióides pós-sinápticos.
Segundo Ranft (2007), o óxido nitroso induziria a liberação de peptídeos
opióides no tronco cerebral levando a ativação dos neurônios descendentes
28
noradrenérgicos, resultando assim na modulação do processo nociceptivo na
medula espinhal.
Essa relação com opióides endógenos já era formulada por BERKOWITZ;
FINCK; NGAI, 1977), que comprovou a reversão dos efeitos nociceptivos do óxido
nitroso com a naloxona.
Dawson et al. (2004) avaliaram o potencial de sinergismo analgésico do óxido
nitroso com a dexmedetomidina, confirmando o efeito do óxido nitroso sobre os
adrenoreceptores α2b.
A prazosina é uma piperazinil quinazolina utilizada no tratamento da
hipertensão e altamente seletiva para os receptores alfa. Quando utilizado em ratos,
reduziu os efeitos analgésicos do óxido nitroso, confirmando o fato do efeito
analgésico estar relacionado aos receptores alfa (DAWSON et al., 2004).
Embora muitas informações tenham emergido nos últimos anos, não se sabe
ainda como óxido nitroso produz seu efeito anestésico (ANTOGNINI et al, 2007).
Efeitos cardiovasculares do óxido nitroso
Segundo a maioria dos autores, o óxido nitroso não produz efeito fisiológico
significativo sobre o sistema cardiovascular. A inalação do óxido nitroso deprime o
miocárdio de forma dose-dependente sendo esse efeito neutralizado pela
estimulação do sistema simpático, que obscurece qualquer alteração (STOWE et al.,
1990; HOHNER; REIZ, 1994; WENKER, 1999b; CLARK; BRUNICK, 2003; TREVOR;
MILLER, 2003; FANGANIELLO, 2004; FERREIRA, 2004).
Thornton et al. (1973) estudaram os efeitos cardiovasculares da mistura
N
2
O/O
2
(50%-50%) em humanos, constatando uma diminuição da ordem de 12% no
rendimento cardíaco. O autor atribuiu essa diminuição ao aporte de 50% de
oxigênio, haja vista a diminuição estatisticamente semelhante no débito mediante a
oferta de uma mistura a 50%-50% de nitrogênio/oxigênio (N
2
/O
2
).
Nakayama et al. (2002), em um estudo em modelos de coração de ratos
isolados, obtiveram resultados semelhantes, relatando que o efeito de
cardiodepressão com o uso do N
2
O (50%) e de Xe (gás xenônio) não era maior do
que com o uso do N
2
(gás nitrogênio) em misturas com no mínimo 45% de O
2
.
29
Fisiologicamente, quando um potencial de ação passa ao longo da membrana
do músculo cardíaco, o potencial de ação também passa para o interior das fibras
musculares por meio das membranas dos túbulos T. Por sua vez, os potenciais de
membrana de ação dos túbulos T atuam sobre as membranas dos túbulos
sarcoplasmáticos longitudinais, causando a liberação instantânea de íons cálcio no
sarcoplasma muscular a partir do retículo sarcoplasmático. Dentro de poucos
milésimos de segundo, esses íons cálcio se difundem até as miofibrilas e catalizam a
reação química que promove o deslizamento entre si dos filamentos de actina e
miosina, o que, por sua vez, produz a contração muscular (GUYTON; HALL, 1998).
Além dos íons cálcio liberados no sarcoplasma, a partir das cisternas do
retículo sarcoplasmático, quantidades adicionais de íons cálcio também se difundem
para o sarcoplasma a partir dos túbulos T durante o potencial de ação. Sem esse
cálcio adicional dos túbulos T, a força de contração do músculo cardíaco seria
consideravelmente reduzida, pois o retículo sarcoplasmático do coração é menos
desenvolvido do que o do músculo esquelético e não armazena cálcio suficiente
para sustentar uma contração completa. Os túbulos T do músculo cardíaco têm o
diâmetro cinco vezes maior que os do músculo esquelético, o que significa um
volume vinte e cinco vezes maior. No interior dos túbulos T, existe ainda grande
quantidade de mucopolissacarídeos que são eletronegativamente carregados e
fixam a quantidade abundante de mais íons cálcio, mantendo, assim, esses íons
sempre disponíveis para difusão pelo interior do músculo cardíaco. A força de
contração do coração depende, em grande parte, da concentração de íons cálcio no
interior no líquido extracelular (GUYTON; HALL, 1998).
Carton, Wanek e Housmans (1991), em um estudo do efeito do óxido nitroso
na contração, relaxamento e no trânsito do cálcio no miocárdio ventricular isolado de
mamíferos, relataram uma diminuição dependente da concentração na força de
contração do miocárdio, porém pouca alteração no relaxamento.
O próprio Carton e Housman (1992), em outro estudo, constataram que o
efeito depressor do miocárdio se daria por uma redução da concentração do íon
cálcio (Ca
++
) disponível às miofibrilas, ou por diminuição da sensibilidade das
miofibrilas à concentração do íon cálcio. No estudo analisado, o óxido nitroso, na
concentração de 50%, reduziu o influxo do cálcio (Ca
++
) através do sarcolema; essa
diminuição se daria por ação direta nos canais lentos de entrada do íon.
30
Em relação ao efeito simpático do N
2
O, Ebert (1990) em um estudo em
voluntários sadios, no qual, além dos parâmetros fisiológicos, foi avaliada a atividade
eferente simpática, relatou que o efeito do N
2
O produziu uma ativação dos nervos
simpáticos diretamente na musculatura dos vasos sangüíneos.
De acordo com Roberts (1990b), durante o tratamento odontológico, os
valores da pressão arterial se mantêm dentro de parâmetros normais, tanto em
crianças como em adultos. Os valores diastólicos mostram muito poucas flutuações
que estão dentro da margem de erro do esfigmomanômetro. Os valores sistólicos
mostram pequenas flutuações imediatamente após a administração do anestésico
local. Com o prosseguimento do tratamento, a pressão sistólica baixa lentamente.
O estresse causado ou imaginado pela broca do motor odontológico
produz pequenas elevações, porém os valores da pressão sistólica retornam aos
patamares iniciais ao final do tratamento.
Segundo Wenker (1999b), o óxido nitroso geralmente não causa alterações
na pressão arterial, podendo raramente ocorrer um leve aumento; diferentemente, os
outros anestésicos voláteis produzem diminuição dose-dependente da pressão
arterial. Segundo o mesmo autor, o óxido nitroso aumenta a resistência vascular
pulmonar, especialmente em pacientes com hipertensão pulmonar pré-existente.
Os valores da freqüência de pulso também se alteram dentro de níveis de
normalidade, ocorre um pequeno aumento durante a administração do anestésico
local e com o uso da broca odontológica. Os valores reduzem após esses eventos,
mas não alcançam os valores de base. A taxa respiratória segue os padrões da
pressão arterial e da freqüência respiratória, estando dentro de parâmetros normais
(ROBERTS, 1990b)
Os valores dos sinais vitais encontrados por Petersen (1995), os quais foram
avaliados em 36 crianças com idades variando entre 2 anos e dez meses e 9 anos e
onze meses, não diferem dos relatados por Roberts (1990b), mantendo-se dentro
de padrões de normalidade.
Kawamura et al. (1980) avaliaram as respostas cardiovasculares de 30
pacientes jovens à exposição contínua de duas horas de óxido nitroso a 60% em
oxigênio. Segundo os dados obtidos pelos autores, o N
2
O não altera o volume
corrente ou espaço morto respiratório. No mesmo estudo, os autores relatam uma
inalação do N
2
O.
31
Contra-indicações e efeitos adversos do óxido nitroso
Segundo Clark e Brunick (2003), são contra-indicações relativas ao uso da
técnica de sedação pela associação óxido nitroso/oxigênio:
Primeiro trimestre de gravidez;
Presença de infecções no trato respiratório superior;
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
Comprometimento psicológico;
Paciente em recuperação de droga-adição;
Alterações no ouvido médio.
A essas contra-indicações, Fanganiello (2004) acrescenta:
Pacientes submetidos à pneumoencefalografia (exame raro atualmente);
Hidrocéfalos, portadores de válvula;
Enfisema pulmonar;
Bronquite crônica;
Asma (contra-indicação somente quando a crise já se encontra instalada).
O óxido nitroso causa aumento do tônus na vasculatura periférica e pulmonar,
sendo contra-indicado nos pacientes com hipertensão pulmonar (CROWDER;
EVERS, 2006).
A compreensão da dinâmica dos gases, em especial a difusibilidade elevada
do óxido nitroso, é importante para prever efeitos adversos que possam surgir em
decorrência do progresso científico em outras áreas. Exemplo disso é a realização
de procedimentos cirúrgicos para correção de descolamento da retina em que se
tem utilizado uma mistura de ar purificado com 16% de perfluorpropano como forma
de tamponamento e manutenção da retina em seu local de origem. O óxido nitroso,
por sua capacidade de aumentar o volume de um espaço confinado, ocupa o lugar
da mistura utilizada neste procedimento oftálmico, aumentando a pressão ocular
acima da pressão de perfusão sangüínea (60-70 mmHg) e, por conseguinte,
32
comprometendo o suprimento da região. A literatura registra, até o momento, 3
casos de lesão irreversível (YANG et al, 2002).
Roberts (1990b) relata que a sedação inalatória é particularmente uma
vantagem na gravidez embora deva ser evitado o seu uso no primeiro trimestre,
devido a teratogenicidade potencial do óxido nitroso, até mesmo nos três primeiros
meses. Se o tratamento é inevitável, a analgesia relativa é infinitamente preferível à
anestesia geral.
Embora demonstrada em roedores, a teratogenicidade do óxido nitroso nunca
foi relatada em humanos (CROSWELL et al., 1995).
Coulthard e Craig (1997) relatam a náusea e vômito como efeitos adversos
que podem ocasionalmente ocorrer, porém são de opinião que se deve mais a
efeitos psicológicos que farmacológicos.
Os efeitos colaterais mais comumente relatados são náuseas, vertigem e
vômitos e estão associados a uma sedação muito grande (CLARK; BRUNICK,
2003). Berge (1999) relatou em seu trabalho 2,9% de náuseas e 0,4% de vômitos,
(N= 241). Hulland, Freilich e Sandor (2002), em um estudo retrospectivo, em que
foram avaliados 240 pacientes e 326 sedações com óxido nitroso, relata baixo
número de efeitos colaterais, encontrando uma incidência de 1,5% de náuseas e de
1,5% de vômito. Segundo Malamed (2003), a taxa de sucesso do óxido nitroso é
extremamente alta e efeitos indesejáveis, como náusea, vômito e comportamentos
bizarros, não ocorrem quando uma titulação da oferta de nitrogênio é feita de forma
adequada.
A inalação de óxido nitroso destrói a cianocobalamina endógena. Da forma
como é normalmente usada, a magnitude dos efeitos não é suficiente para causar
deficiência clínica da cianocobalamina, mas a exposição repetida ou prolongada
(tempo superior a seis horas), principalmente em pacientes mais idosos com
reservas limítrofes de cianocobalamina, pode causar anemia megaloblástica grave
e/ou déficit neurológico agudo (BABIOR; BUNN, 2002).
Estudos realizados com animais e em humanos indicam que uma prolongada
exposição ao óxido nitroso pode ter um efeito negativo na vitamina B
12
(cianocobalamina) e em seu papel na síntese de DNA. O N
2
O oxida o átomo de
cobalto da vitamina B
12
fazendo com que ocorra uma inativação da enzima
dependente, metionina sintetase, interferindo na síntese de DNA, na produção de
leucócitos e eritrócitos na medula óssea, resultando numa depressão medular com
33
apresentação de anemia megaloblástica e mieloneuropatias (CLARK; BRUNICK,
2003; FANGANIELLO, 2004).
Em pacientes que não apresentam alterações sistêmicas, quando submetidos
a procedimentos anestésicos de rotina, alterações megaloblásticas leves são vistas
somente após 12 horas de exposição contínua ao N
2
O a 50%. No entanto, só a
partir de 24 horas de exposição as alterações se tornam significativas, sendo que a
neuropatia subaguda somente ocorre após vários meses de exposição crônica diária
ao N
2
O (FANGANIELLO, 2004).
Eger II. (2004), em um estudo prospectivo (n=270) comparando os efeitos
adversos da associação isoflurano/óxido nitroso e isoflurano como único agente, não
encontrou evidências de lesões neurológicas com o uso do N
2
O, e sugere que
exposição para procedimento cirúrgico único com duração de até 10 horas não
produz danos neurológicos.
Coulthard e Craig (1997) afirmam que todos os casos de anemia
megaloblástica e danos neurológicos estudados estavam associados a exposições
maiores que 24 horas. Weimann (2003) considera que os dados da literatura
suportam a afirmação de que o uso do óxido nitroso, com relação às alterações
megaloblásticas, é seguro em procedimentos de até seis horas de duração, porém,
expressa preocupação e afirma não existirem dados sobre os pacientes que
apresentam deficiência prévia de folato e B
12
. Fernández–Moreno et al. (2006)
relataram um caso de paralisia de membros inferiores em paciente de 36 anos após
procedimento sob anestesia geral (com utilização do óxido nitroso). Avaliação
revelou níveis indetectáveis de vitamina B
12
e um diagnóstico, desconhecido pelo
paciente, de anemia perniciosa e gastrite crônica. O quadro foi revertido por
administração intramuscular de vitamina B
12 .
O óxido nitroso, por seus efeitos euforizantes, pode levar à dependência.
Waclawik et al. (2003) relata um caso de um paciente de 23 anos de idade que
utilizava de 24 a 60 cartuchos por dia de um produto comercial que continha o óxido
nitroso como propelente. O mesmo desenvolveu uma perda progressiva de
sensibilidade (parestesia) nos pés e mãos somente resolvidas com reposição
sistêmica de B
12
.
Caso semelhante de toxidade neurológica é apresentado por Doran et al
(2004) em paciente de 21 anos de idade com doença inflamatória do intestino que
fez uso contínuo de óxido nitroso, totalizando 1280 litros de uma mistura a 50% em
34
oxigênio. O paciente apresentou progressiva dificuldade de andar e foi diagnosticada
uma lesão na medula espinhal por meio de ressonância magnética. Após a
reposição de vitamina B
12
,o paciente apresentou remissão do quadro.
Shulman (2007) relata caso de uma paciente de 23 anos de idade que
desenvolveu mieloneuropatia e encefalopatia. A paciente desenvolveu insuficiência
renal, trombose venosa profunda, embolismo pulmonar e déficit cognitivo.
O óxido não desencadeia a hipertermia maligna, um evento potencialmente
fatal desencadeado pela administração de determinados agentes anestésicos e
agentes bloqueadores neuromusculares, ocorrendo devido à liberação
descontrolada do íon cálcio do retículo sarcoplasmático do músculo esquelético
(FERREIRA , 2004; CROWDER; EVERS, 2006).
A exposição profissional não deve ser esquecida. O National Institute for
Occupational Safety and Health — NIOSH — preconiza que a concentração de óxido
nitroso no ambiente de trabalho não exceda 25 ppm (partes por milhão) e reforça a
necessidade do equipamento ser dotado de sistema de aspiração do N
2
O exalado
NIOSH (1994a).
O NIOSH (1994b) lançou um alerta sobre os perigos da exposição ao óxido
nitroso e preconiza medidas de controle dos níveis (abaixo de 25 ppm), tais como:
Melhor adaptação da máscara nasal;
Inspeção constante das conexões e válvulas por onde circula o N
2
;
Sistema de exaustão de gases com razão mínima de 45 litros/minuto.
Na Europa, os níveis considerados seguros para o óxido nitroso são da ordem
de 100ppm (HALLONSTEN, 1988).
Rowland et al. (1992) avaliaram a exposição profissional de assistentes de
consultório odontológico ao óxido nitroso e seu impacto na fertilidade. Os autores
concluíram que as exposições profissionais estão relacionadas a uma maior
dificuldade de engravidar. Esse impacto foi observado com maior evidência em
mulheres que eram expostas a cinco ou mais horas por semana à mistura N
2
O/ O
2
.
Os autores salientaram, no mesmo estudo, a necessidade de equipamento de
aspiração do excedente do óxido nitroso no consultório odontológico.
Um estudo realizado pela ASA (1999) afirma que não existem evidências de
associação entre a exposição ocupacional em salas com sistemas de exaustão e
efeitos adversos à saúde.
35
Weimann (2003) enfatiza que os modernos equipamentos com dispositivos
para retirada do excedente do óxido nitroso têm sido o fator mais importante no
controle de efeitos adversos, tais como o prejuízo à fertilidade.
Uma diretiva da ASA (2004) afirma que não há dados que sugiram perigos a
mulheres que querem engravidar ou estejam grávidas que trabalhem em locais
onde gases anestésicos são usados e não existam vazamentos.
Olfert (2006) afirma que embora existam evidências da ligação entre a
exposição ao óxido nitroso e abortos espontâneos e infertilidade, as mesmas são
limitadas e reforça a necessidade de uso de um sistema de exaustão eficiente nos
consultórios odontológicos que realizam a utilização desse gás.
Um sistema de exaustão eficiente, que minimize os riscos de exposição, deve
ser capaz de realizar 12 trocas totais por hora do ar presente no ambiente onde se
realiza o uso do óxido nitroso. Um sistema, com tais características, mantém a
concentração do N
2
O dentro dos padrões de 180mg/m
3
ou 25ppm (KRAJEWSKI et
al., 2007).
O óxido nitroso possui um potencial para desenvolver o uso abusivo (dependência).
Vários casos têm sido relatados entre cirurgiões dentistas e estudantes de
odontologia (NIOSH, 1994b).
3.6 Principais usos clínicos do N
2
O
Atualmente, o óxido nitroso tem seu maior uso em associação a outros
agentes anestésicos inalatórios, reduzindo a CAM destes e, conseqüentemente, os
efeitos adversos (SMITH, 1999; FERREIRA, 2003; RANG et al., 2004).
Segundo Röpcke (2001), a adição de 10% em volume do óxido nitroso
substitui 0.1% na CAM dos anestésicos voláteis.
A associação também proporciona aos pacientes uma boa analgesia de base,
já que os agentes inalatórios, em sua maioria, têm pobre efeito analgésico (SMITH,
1999; FERREIRA, 2003; RANG et al., 2004).
O uso isolado do óxido nitroso hoje se concentra na sedação consciente para
procedimentos médicos e odontológicos (CAVALCANTE; NUNES, 2003).
36
Segundo Clark e Brunick (2003), nos Estados Unidos da América, o óxido
nitroso tem uma grande variedade de aplicações médicas, entre as quais se
destacam:
No atendimento pré-hospitalar, pelo seu efeito analgésico;
Na obstetrícia, como analgésico, no trabalho de parto;
Na ginecologia, substituindo o CO
2
na Laparoscopia Ginecológica;
Nas Lipoaspirações associadas ao anestésico local;
No Ambulatório de pediatria, nos pequenos procedimentos;
Na Oftalmologia;
Psiquiatria;
Psicologia;
Endoscopia.
Soto (2004) sugere o uso do óxido nitroso antes da aplicação de outros
agentes anestésicos inalatórios de odor menos agradável ao constatar que o N
2
O
afeta o olfato de forma dose-dependente.
Estudos promissores atribuem ao óxido nitroso efeito de proteção aos
neurônios contra a morte por hipóxia (DAVID et al., 2003; ABRAINI; DAVID;
LEMAIRE, 2005).
O uso da analgesia proporcionada pelo óxido nitroso no trabalho de parto tem
recebido especial atenção nos Estado Unidos da América (BISHOP, 2007; ROOKS,
2007).
Zier et al. (2007) relatam uma série de casos de sucesso, nos Estados Unidos
da América, do uso do óxido nitroso por enfermeiras durante o procedimento de
colocação de sonda vesical em crianças.
3.7 O óxido nitroso em odontologia
O uso inicial do N
2
O em Odontologia com os trabalhos de Horace Wells foi
seguido por períodos de maior ou menor popularização (CLARK; BRUNICK, 2003).
Segundo Lerman (1964), o pioneiro no Brasil no uso do óxido nitroso foi
Hipólito Emílio Hallais, natural de Avranches, na França, e que exerceu, no Estado
do Rio de Janeiro, seu ofício por 45 anos.
37
No Brasil, Petersen (1987) defendeu tese de mestrado na Faculdade de
Odontologia da UFRJ, observando 610 crianças numa faixa etária entre dois e oito
anos, nas quais foram administradas 3.337 sedações conscientes com
oxigênio/óxido nitroso, sem que fosse registrado qualquer episódio de obstrução da
passagem de ar ou hipóxia. O autor considerou o método eficaz e seguro.
O mesmo autor, em sua tese de doutorado, avaliou parâmetros fisiológicos
durante a execução da sedação, concluindo pela segurança da técnica dentro do
protocolo estabelecido (PETERSEN, 1995).
A regulamentação final da técnica veio através da Rresolução 051/2004 do
Conselho Federal de Odontologia (ANEXO 1), que instituiu as regras para o uso
desta técnica, denominando-a analgesia relativa ou sedação consciente, evitando
assim a confusão com a “anestesia”, ato médico reservado ao especialista em
anestesiologia (FERREIRA, 2004).
Berge (1999), em um estudo prospectivo, avaliou 194 pacientes com idades
variando entre 3 e 46 anos indicados para procedimentos cirúrgicos na cavidade
oral, sob sedação com óxido nitroso, totalizando 241 sessões de tratamento. A taxa
de sucesso (conclusão do procedimento sem intercorrências) foi de 85,5% .
O Department of Health (DEO), da Inglaterra, no ano de 2000, por meio de
um guia denominado Concious Decision, defende o uso da sedação consciente,
visando diminuir o grande número de pacientes submetidos à anestesia geral
naquele país e ao grande número de anestesias gerais sendo realizadas em locais
sem as condições necessárias para se lidar com intercorrências.
Nos Estados Unidos da América (EUA), levantamento mostrou que 58,9%
dos consultórios americanos contam com equipamento de sedação com óxido
nitroso (AMERICAN DENTAL ASSOCIATION, 2005).
Bryan (2002) demonstrou, em um estudo prospectivo com 211 (duzentas e
onze) crianças, a efetividade da técnica, encontrando uma taxa de sucesso (permitir
o tratamento) de 83,9%. E destaca que, do total inicial de crianças, 18,5 % tinham
sido referenciadas para tratamento sob anestesia geral.
A taxa de sucesso da inalação do óxido nitroso/oxigênio é extremamente alta,
sendo seus efeitos indesejáveis extremamente incomuns, quando uma titulação é
bem feita (MALAMED, 2003).
São indicações do uso do óxido nitroso em odontologia, segundo a American
Academy of Pediatric Dentistry (AAPD, 2005):
38
Crianças em idade pré-escolar que não compreendem ou cooperam com
o tratamento;
Pacientes que requerem tratamento, mas não cooperam devido a
problemas psicológicos ou falta de maturidade emocional;
Pacientes que requerem tratamento, mas não cooperam devido a
alterações cognitivas, físicas ou debilidades médicas;
Pacientes que requerem tratamento, mas são temerosos ou ansiosos;
Pacientes que requerem tratamentos extensos e podem se beneficiar de
visitas prolongadas.
Coulthard e Craig (1997) alertam para o fato de que, embora o óxido nitroso
seja excelente forma de sedação, deve estar dentro de um contexto de indicação e
necessidade, não sendo somente a preferência do paciente uma justificativa médico-
legal.
Uma constante em todos os trabalhos observados é a exigência atualmente
de monitorização não invasiva durante os procedimentos de sedação consciente. A
observação clínica por meio de avaliação visual, coloração dos tecidos, movimentos
torácicos, freqüência respiratória, ausculta respiratória e cardíaca com estetoscópio
precordial não substituem a monitorização com oxímetro de pulso e /ou capnógrafo,
tendo em vista os vários fatores externos ambientais que podem levar a passar
despercebido um evento de hipóxia (CROSWELL et al., 1995).
Roberts (1990a) divide e descreve em 3 planos a sedação e analgesia,
visando facilitar a compreensão destes processos:
Plano 1Æ Sedação moderada e analgesia
Esse plano é usualmente obtido com concentrações de 5% de N
2
O (95% de
O
2
) a 25% N
2
O (75% O
2
). O paciente deve ser encorajado a inalar a mistura de
gases pelo nariz e tranqüilizado quanto aos efeitos que podem ocorrer, como
dormência dos dedos da mão e dos pés, dormência da língua, bochecha, cabeça e
tórax. Ocorre, nesse plano, uma acentuada sensação de relaxamento, diminuição do
limiar de dor, redução do medo e ansiedade. O paciente responde a comandos
39
verbais, as pupilas estão normais (isocóricas e fotorreativas). A ausência de
qualquer efeito adverso torna esse plano ideal para realização do procedimento.
Plano 2 Æ Dissociação, sedação e analgesia:
Esse plano é usualmente obtido com concentrações de 20% de N
2
O (80% de
O
2
) a 55% N
2
O (45% de O
2
). Assim como no plano, pacientes nem sempre
experimentam todos os sintomas. Quando o paciente entra nesse plano, sintomas
psicológicos, descritos como dissociação ou desprendimento do meio ambiente, são
experimentados. Algumas vezes, a dissociação é mínima; outras vezes, profunda. O
paciente pode apresentar euforia, similar à intoxicação alcoólica (por esse motivo, o
seu uso até metade do século XIX nas denominadas festas do riso – gás do riso).
Existe uma notável tendência ao paciente sonhar. Esses sonhos, geralmente, são
agradáveis e naturais. Ocasionalmente, o paciente irá repetir palavras ou frases
sucessivamente, com ou sem sentido.
Plano 3 ÆTotal analgesia
Esse plano é normalmente obtido com concentrações de 50% N
2
O (50% de
N
2
O) a 70% de N
2
O (30% de O
2
). Aqui, ocorre uma tendência a um número maior
de sonhos. É importante reconhecer que um pequeno número de pacientes pode
perder a consciência com concentrações de 50% de óxido nitroso, o que não é
desejável.
Se o paciente inicia sinais de um processo de aprofundamento da sedação,
entrando nesse plano de total analgesia, ele pode perder a capacidade de manter a
boca aberta e se tornar não cooperativo, não respondendo a comando, como o de
abrir a boca. Por isso, nunca se devem utilizar os abridores de boca, visto que a
capacidade do paciente responder aos comandos verbais e manter a boca aberta é
um indicativo do grau de analgesia e sedação, sendo útil na titulação da quantidade
necessária de óxido nitroso.
Se a sedação começa a se apresentar profunda e o paciente mostra falhas na
cooperação, a diminuição da concentração de gás (N
2
O) ofertada trará o paciente
rapidamente para um plano mais superficial.
40
Na Figura 6, comparação das concentrações de óxido nitroso/oxigênio e seus
efeitos sobre os planos de sedação e os efeitos esperados.
FIGURA 6 - Quadro representativo dos planos de sedação e analgesia e seus sintomas relacionados,
segundo Roberts (1990a).
41
3.8. Custo básico da técnica de sedação
A técnica de sedação consciente tem custo relativamente baixo, se
comparada a outras formas de sedação que necessitem da presença do médico
anestesista e/ou instalações hospitalares.
Um procedimento de uma hora de duração em uma concentração de 50% de
óxido nitroso para 50% de oxigênio, com um volume constante de 7 litros/minuto
(vazão média requerida para um adulto), terá um consumo de gases como se segue:
Etapa Tempo / minutos Quantidade de gases em litros
Óxido Nitroso Oxigênio
Pré-oxigenação 3 - 21
Titulação 5 10,5 24,5
Procedimento 60 210 210
Regressão 5 10,5 24,5
Pós-oxigenação 5 - 35
Total 231 315
Quadro 7 – Cálculo do volume de gases para procedimento de 60 minutos. Cálculos feitos com base
na técnica preconizada (CLARK ; BRUNICK, 2003).
O custo de mercado hoje do óxido nitroso é de R$40,00 (quarenta reais) por
kilograma, sabendo que 1 kilograma possui 540 litros, teremos um custo total de
óxido nitroso no procedimento de R$17,11 (dezessete reais e onze centavos).
O custo do metro cúbico do oxigênio medicinal é de R$23,00 (vinte e três
reais), tendo no procedimento um consumo de R$7,24 (sete reais e vinte quatro
centavos). Valores obtidos White Martins Ltda
®
Com esses valores, um procedimento de sedação de uma hora teria um custo
total de R$24,35 (vinte e quatro reais e trinta e cinco centavos).
Mesmo considerando o custo inicial do equipamento de aplicação da técnica,
monitorização do paciente, manutenção e reserva de depreciação, os custos são
atraentes, haja vista os custos elevados para realização de procedimento sob
anestesia geral ou sedação realizada em ambiente hospitalar.
42
OBJETIVOS
43
4. Objetivos
4.1. GERAL
Avaliar os efeitos cardiovasculares associados à sedação consciente com N
2
O (Avaliação dos parâmetros
cardiovasculares em pacientes submetidos à sedação com óxido nitroso na concentração de 70% )
4.2. ESPECÍFICOS
Investigar as alterações na pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e
pressão arterial média (PAM);
Avaliar a ação do óxido nitroso na freqüência cardíaca (FC);
Verificar as alterações na saturação de oxigênio (SaO
2
) decorrentes do uso do N
2
O;
Monitorar a atividade eletrocardiográfica durante a sedação com óxido nitroso.
44
P
P
R
R
O
O
T
T
O
O
C
C
O
O
L
L
O
O
E
E
X
X
P
P
E
E
R
R
I
I
M
M
E
E
N
N
T
T
A
A
L
L
45
5. PROTOCOLO EXPERIMENTAL
5.1 Seleção dos voluntários
Foram selecionados, na clínica de especialidades odontológicas do Governo
do Estado do Amapá, 40 (quarenta) pacientes que obedecessem aos seguintes
critérios de inclusão:
9 Idade entre 18 e 50 anos;
9 Indicação de extração de dois ou mais terceiros molares inclusos;
9 Estivessem enquadrados como ASA I ou ASA II (ANEXO 2), segundo a
American Society of Anesthesiologist (ASA, 2004).
9 Após devidamente esclarecido sobre possíveis riscos e benefícios do estudo,
assinassem um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 2).
Foram considerados critérios de exclusão para esse trabalho:
¾ Pacientes que apresentassem qualquer uma das contra indicações para a
sedação com óxido nitroso relatadas na literatura;
¾ Paciente que não se enquadrassem na classificação ASA I e II;
¾ Pacientes gestantes;
¾ A não concordância na participação do experimento formalizada no termo de
consentimento assistido (APÊNDICE 2);
¾ Paciente que apresente, no dia do procedimento, qualquer alteração
sistêmica relevante, comprometimento das vias aéreas ou qualquer alteração
otológica;
¾ Procedimento que, por problemas técnicos, necessite de mais de 60
(sessenta) minutos de sedação;
¾ Pacientes em uso de drogas psicoativas.
Os quarenta pacientes foram distribuídos em dois grupos de 20 (vinte)
pacientes cada, denominados:
46
9 Grupo controle;
9 Grupo óxido nitroso.
5.2 Delineamento do estudo
O estudo foi prospectivo, não randomizado, aberto e controlado. Os
pacientes, após a avaliação pelo cirurgião buco-maxilo-facial da indicação da
extração, foram radiografados e encaminhados para o serviço de cardiologia do
Hospital Alberto Lima, onde foram previamente submetidos a exame
eletrocardiográfico (12 derivações) e, posteriormente, à consulta com médico
cardiologista, para avaliação e liberação para procedimento cirúrgico. Só foram
incluídos no estudo pacientes liberados pela cardiologia como pacientes com função
cardiovascular e eletrocardiográfica normal.
Grupo controle (n=20):
Os pacientes do grupo controle foram submetidos ao procedimento cirúrgico
odontológico sob anestesia local.
Grupo óxido nitroso (n=20):
Os pacientes do grupo óxido nitroso foram submetidos ao procedimento
cirúrgico odontológico sob anestesia local, acompanhada de sedação consciente
com óxido nitroso na concentração de 70% de óxido nitroso e 30% de oxigênio.
Técnica de aplicação da sedação consciente
O padrão adotado nos cursos de habilitação em sedação consciente com
óxido nitroso/oxigênio no Brasil, pela resolução 051/2004, do Conselho Federal de
Odontologia, segue os padrões determinados na literatura pesquisada (CLARK;
BRUNICK, 2003; FANGANIELLO, 2004; FALQUEIRO, 2005).
A técnica descrita é a de volume constante de oxigênio, presente nos
equipamentos mais modernos e que foi utilizada em nosso estudo.
Procedimentos prévios à sedação
47
9 Anamnese;
9 Exame clínico e registro dos sinais vitais;
9 Orientação do paciente e obtenção do termo de consentimento assistido;
9 Avaliação do equipamento de sedação;
Níveis de conteúdo dos cilindros;
Sistema de aspiração do gás exalado;
Verificação das conexões dos cilindros ao fluxômetro;
9 Verificação e conexão dos equipamentos de monitorização de sinais vitais.
Procedimento de sedação
9 Seleção, instalação e adaptação da máscara nasal;
9 Ajuste do volume inicial de oxigênio (adulto 6 a 7 litros por minuto e crianças 4
a 5 litros por minuto)
9 Oxigenação a 100% por 3 minutos;
9 Ajuste do volume inspiratório, individualizando-o a cada paciente, utilizando-
se da bolsa reservatório como parâmetro;
9 Introdução do óxido nitroso em incrementos de 10% até o nível de sedação
indicado, titulando durante o procedimento a quantidade de mistura que
proporcione conforto ao paciente;
9 Ao final do procedimento, diminuição progressiva da quantidade de óxido
nitroso na mistura, até que o paciente esteja respirando 100% de oxigênio;
9 Manter o paciente respirando 100% de oxigênio por um mínimo de 5 minutos.
Cuidados após a sedação
9 Obter e registrar os parâmetros fisiológicos finais;
9 Assegurar-se do total restabelecimento do paciente;
Os quarenta pacientes foram submetidos ao procedimento cirúrgico de
retirada de 2 (dois) terceiros molares inclusos, sendo um superior e outro inferior do
mesmo lado, pelo mesmo cirurgião (utilizando-se a técnica cirúrgica com o uso de
alavancas e de odontossecção por meio de brocas cirúrgicas, 701, 702, e 703 em
48
motor de alta rotação) e o mesmo tipo de anestésico local (mepivacaina 2% c/
levonordefrina 1:20:000 - DFL).
A variação da pressão arterial sistólica (ΔPAS) num dado tempo T
i
foi
calculada em função da PAS medida em T0, definida como a PAS basal, conforme a
seguinte expressão:
100.
)(
)()(
0
0
TPAS
TPASTPAS
PAS
i
=Δ
A variação da pressão arterial sistólica (ΔPAD) num dado tempo T
i
foi
calculada em função da PAD medida em T0, definida como a PAD basal, conforme a
seguinte expressão:
Variação da pressão arterial diastólica (ΔPAD):
100.
)(
)()(
0
0
TPAD
TPADTPAD
PAD
i
=Δ
No cálculo da pressão arterial média (PAM), em que PS e PD são as
pressões sistólica e diastólica respectivamente, foi usada a seguinte expressão:
3
PDPS
PDPAM
+=
. A variação da pressão arterial média (ΔPAM) num dado tempo T
i
foi calculada
em função da PAM medida em T0, definida como a PAM basal, conforme a seguinte
expressão:
100.
)(
)()(
0
0
TPAM
TPAMTPAM
PAM
i
=Δ
Na qual, PAM(T
i
) denota a PAM mensurada em um dado tempo T
i
,e PAM(T
0
)
corresponde à PAM verificada em T0.
A variação da freqüência cardíaca (ΔFC) num dado tempo T
i
foi calculada em
função da FC medida em T0, definida como a FC basal, conforme a seguinte
expressão:
49
Na qual, FC(T
i
) denota a FC mensurada em um dado tempo T
i
,e FC(T
0
)
corresponde à FC verificada em T0.
Em todos os pacientes foram avaliados os parâmetros:
Pressão Arterial Sistólica (PAS);
Pressão Arterial Diastólica (PAD);
Pressão arterial Média (PAM);
Freqüência Cardíaca;
SaO
2
(Saturação de Oxigênio);
Atividade eletrocardiográfica.
Foram usados os seguintes equipamentos:
1. Aparelho de pressão arterial não invasiva, digital, com manguito braquial, método
ocilométrico, marca OMRON, modelo HEM705 CP (Figura 7)
Figura 7. Aparelho de pressão arterial não invasiva, OMRON, modelo HEM705 CP
®
.
.
A escolha do aparelho para aferição da pressão arterial pelo método ocilométrico
orientou-se nas recomendações da American Heart Association que sugere a
escolha de dispositivos que tenham sido testados e aprovados em testes largamente
50
aceitos, como o da British Hipertension Society (BHS) e da Association for the
Advancement of Medical Instrumentation (AAMI) (PICKERING et al., 2005).
O aparelho escolhido da marca OMRON, modelo HEM 705 CP, foi testado e
considerado aprovado pelas duas instituições acima citadas (O’BREIN et al., 2001).
Todas as medidas da pressão arterial foram feitas seguindo as
recomendações da American Heart Association (PICKERING et al., 2005) referentes
à posição do paciente, posição e tamanho da braçadeira.
2. Cardioscópio de 5 viasÆ Modelo Active marca ECAFIX (Figura 8) com os
ajustes: Velocidade do traçado: 25 mm/s (milímetros por segundo), Filtro de 35
Hertz (tremor muscular): Ligado, Filtro de 60 Hertz (rede elétrica) Ligado e
Aumento de traçado: 2N.
3. Oxímetro de pulso modelo OXP-10 marca EMAI; registro no Ministério da
Saúde nº:80052640002; (Figura 8)
Figura 8 – Cardioscópio 5 vias ECAFIX, modelo active e oxímetro OXP-10 marca EMAI utilizados na
monitorização do traçado eletrocardiográfico , freqüência cardíaca e saturação de oxigênio.
4. Oxigênio e óxido nitroso em recipientes de 3,5 m
3
e 14 kilogramas
respectivamente, distribuídos por White Martins Ltda;
51
5. Aparelho de anestesia sistema de sedação consciente por óxido nitroso, modelo
KT-ODONTO (Figura 9), fabricante K.Takaoka indústria e Comércio Ltda, registro
no Ministério da Saúde nº10229820081;
FIGURA 09. Aparelho de sedação consciente por óxido nitroso, modelo KT-ODONTO
®.
A atividade eletrocardiográfica foi avaliada durante todo o período do
procedimento, sendo utilizada preferencialmente a derivação DII, na qual foram
observadas a presença de possíveis alterações de ritmo, tais como:
Bradicardia;
Taquicardia;
Arritmia;
Bloqueios atrioventriculares;
Extra-sístoles.
Os valores da pressão arterial, saturação de oxigênio e freqüência cardíaca
foram registrados em 11 (onze) momentos distintos, conforme descritos abaixo:
52
Grupo óxido nitroso:
Na chegada ao consultório;
Cinco minutos após a chegada, (durante este período o paciente foi mantido
em ambiente tranqüilo para minimizar as alterações advindas do estresse)
sendo esses considerados os valores de base T0;
Após a inalação de 3 minutos de oxigênio a 100% (conforme preconiza a
cnica – (APÊNDICE 1). Considerado no estudo como T1;
No momento em que o paciente entrar em plano de sedação – 5 minutos
após a medida anterior e início do procedimento cirúrgico. Considerado no
estudo como T2;
10 minutos após a medida anterior (10 minutos de sedação), considerado no
estudo considerado no estudo T3;
10 minutos após a medida anterior (20 minutos de sedação), considerado no
estudo como T4;
10 minutos após a medida anterior (30 minutos de sedação), considerado no
estudo como T5;
10 minutos após a medida anterior (40 minutos de sedação), considerado no
estudo como T6;
10 minutos após a medida anterior (50 minutos de sedação), considerado no
estudo como T7;
10 minutos após a medida anterior (60 minutos de sedação), considerado
aqui o final do procedimento cirúrgico e início da ventilação com oxigênio a
100% por cinco minutos, considerado no estudo como T4;
Ao final da oxigenação, considerado no estudo como T9.
Nos pacientes em que o procedimento cirúrgico teve uma duração inferior a
sessenta minutos, a sedação foi mantida até o término do tempo estipulado.
Grupo controle:
Na chegada ao consultório;
53
5 minutos após a chegada, (durante este período o paciente foi mantido em
ambiente tranqüilo para minimizar as alterações advindas do estresse) sendo
estes considerados os valores de base – T0;
Após 3 minutos da medida anterior. ). Considerado no estudo como T1;
Após 5 minutos da medida anterior (início do procedimento cirúrgico),
considerado no estudo como T2;
10 minutos após a medida anterior (10 minutos de procedimento),
considerado no estudo como T3;
10 minutos após a medida anterior (20 minutos de procedimento),
considerado no estudo como T4;
10 minutos após a medida anterior (30 minutos de procedimento),
considerado no estudo como T5;
10 minutos após a medida anterior (40 minutos de procedimento),
considerado no estudo como T6;
10 minutos após a medida anterior (50 minutos de procedimento),
considerado no estudo como T7;
10 minutos após a medida anterior (final do procedimento cirúrgico),
considerado no estudo como T8;
Após 5 minutos da medida anterior. Considerado no estudo como T9.
Nos pacientes em que o procedimento cirúrgico teve uma duração inferior a
sessenta minutos, a monitorização foi mantida até o término do tempo estipulado.
Os valores aferidos durante o procedimento foram anotados em formulários
próprios conforme modelo nos apêndices 3, 4 e 5.
5.3. Aspectos éticos
54
Para a seleção dos voluntários, foram seguidos critérios de exclusão e de
inclusão em conformidade com o protocolo aprovado pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal de Ceará.
O projeto de pesquisa, com o protocolo experimental e o Termo de
Consentimento (APÊNDICE 2) foram submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Ceará, credenciado pelo CONEP - Conselho Nacional
de Saúde/MS e aprovados sob o protocolo: 117/05 de 29 de abril de 2005 (ANEXO
3).
O estudo foi conduzido de acordo com a Declaração de Helsinque (1965), e
revisões subseqüentes estabelecidas em Tóquio (1975), Veneza (1983), África do
Sul (1996), Edimburgo (2000) e com a resolução 196/96 do Ministério Brasileiro da
Saúde .
5.4. Análise estatística
As variáveis quantitativas foram, inicialmente, analisadas pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade da distribuição. Uma vez
constatada a normalidade da distribuição, calcularam-se, para a estatística
descritiva, a média e o desvio padrão, bem como foram empregados testes
paramétricos para a análise dos dados. Comparações entre os grupos controle e
N
2
O foram feitas mediante o uso do teste t para variáveis não emparelhadas. Para
comparar os diversos tempos num mesmo grupo, utilizou-se a análise de variância
(ANOVA) com medidas repetidas, associada ao teste de comparações múltiplas de
Dunnett para verificar diferenças entre um dado tempo (Ti) e T0, considerado o
tempo basal.
As variáveis qualitativas foram analisadas pelo teste exato de Fisher.
Em todos os casos, estabeleceu-se em 0,05 (5%) a probabilidade α do erro
tipo I (nível de significância), sendo considerado como estatisticamente significante
um valor P bicaudal menor que 0,05.
Os dados foram analisados pelo software estatístico GraphPad Prism
®
versão
4.03 para Windows
®
(GraphPad Software, San Diego, California, USA). Tal software
também foi usado para a elaboração dos gráficos.
55
56
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
57
6. RESULTADOS
6.1 Distribuição dos voluntários nos Grupos Controle e Óxido Nitroso
O presente ensaio clínico envolveu quarenta voluntários em dois grupos
(grupo controle e grupo óxido nitroso).Não houve diferença estatísticamente
significante entre os grupos em relação à idade, gênero e critérios ASA (Tabela 1)
distribuídos quanto à idade, gênero e classificação ASA, conforme se segue:
TABELA 1 - Características dos pacientes estudados. Para os parâmetros
avaliados, não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes entre os
dois grupos analisados
Característica Grupo Controle Grupo Óxido Nitroso
Tamanho da
amostra
20 20
Idade (anos)
1
26,35 ± 7,10 26,95 ± 5,57
Gênero
2
M = 4/20 (20%)
F = 16/20 (80%)
M = 4/20 (20%)
F = 16/20 (80%)
Critérios ASA
3
ASA I = 13/20 (65%)
ASA II = 7/20 (35%)
ASA I = 14/20 (70%)
ASA II = 6/20 (30%)
1. Média ± desvio padrão. P = 0,7678 (teste t para variáveis não emparelhadas).
2. M: masculino; F: feminino. P = 1,0000 (teste exato de Fisher).
3. P = 1,0000 (teste exato de Fisher).
Os terceiros molares são os dentes que mais freqüentemente se apresentam
inclusos, isso ocorre por sua cronologia tardia de erupção, não encontrando muitas
vezes espaço no arco dentário. São os procedimentos mais comuns no cotidiano
dos profissionais especialistas em cirurgia buco-maxilo-facial (PETERSON, 2000;
GOMES, 2004).
A distribuição dos pacientes nos grupos controle e óxido nitroso reflete a
procura clínica, descrita na literatura, pelo procedimento de extração de terceiros
molares, em que o gênero feminino precede o masculino, bem como a faixa etária
situada na terceira década de vida (CERQUEIRA et al., 2007).
58
6.2. Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo Controle.
Na análise da pressão arterial sistólica do grupo controle, observou-se uma
variação nos valores aferidos, com um aumento crescente da PAS e uma diminuição
a patamares semelhantes aos valores basais ao final da intervenção cirúrgica. Essas
alterações são significativas do ponto de vista estatístico, embora não representem
significado clínico, e ocorrem nos tempos em que o procedimento é mais agressivo,
com incisão, descolamento de retalho e osteotomia.
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Tempos
Pressão arterial
sistólica (mmHg)
FIGURA 10 – Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo Controle. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as diferenças
entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett.ANOVA: F = 7,6880; P < 0,0001.
Teste de Dunnett :
T0 < T2: P < 0,05 T0 < T3: P < 0,01 T0 < T4: P < 0,01 T0 < T5: P < 0,01
T0 < T6: P < 0,01 T0 < T7: P < 0,01 T0 < T8: P < 0,05
T0 Valores Basais T5 30´ procedimento
T1 3´ após T0 T6 40´ procedimento
T2 5´ após T1 ( Início do procedimento) T7 50´ procedimento
T3 10´ procedimento T8 60´ após T0 Final do procedimento
T4 20´ procedimento T9 5´ após T8
59
6.3. Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo Óxido
Nitroso
Os valores da pressão arterial sistólica do grupo óxido nitroso foram mais
uniformes, apenas nos tempos T4 e T5 houve um aumento significativo da PAS.
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Tempos
Pressão arterial
sistólica (mmHg)
FIGURA 11 – Evolução temporal da pressão arterial sistólica mensurada no Grupo óxido nitroso.
Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise
de variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as
diferenças entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett. ANOVA: F = 3,2110; P =
0,0013 Teste de Dunnett : T0 < T4: P < 0,01 T0 < T5: P < 0,01
60
6.4. Comparação da variação da pressão arterial sistólica (PAS), em termos
percentuais, verificada nos grupos controle e óxido nitroso nos tempos estudados
Comparando os grupos controle e óxido nitroso, pode-se notar que a PAS dos
pacientes sedados sofre menor variação, com uma diferença estatisticamente
significante nos tempos de T3 e T4. A visualização do gráfico (Figura 13) demonstra
que os pacientes do grupo óxido nitroso mantêm, durante o procedimento cirúrgico,
um menor aumento da pressão sistólica (comparada ao valor basal).
T0 T1 T2 T3 T
4
T5 T6 T7 T8 T9
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Controle
N
2
O
*
*
Tempos
Variação da pressão
arterial sistólica (%)
FIGURA 12 – Variação da pressão arterial sistólica (PAS), em termos percentuais, verificada nos
grupos controle e óxido nitroso nos diversos tempos, tomando-se como PAS basal a mensurada em
T0. Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes de
ambos os grupos e analisados pelo teste t para variáveis independentes. Constataram-se diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos Controle e N
2
O nos tempos T3 (P = 0,0498) e T4 (P =
0,0490). Nos tempos T6 e T7, os valores de P aproximaram-se do nível de significância adotado
(0,05): T6 (P = 0,0718), T7 (P = 0,0600).
61
6.5. Evolução temporal da pressão arterial diastólica (PAD) mensurada no Grupo
Controle
A PAD do grupo controle mostra padrão semelhante aos valores encontrados
na PAS, com um aumento crescente no tempo nobre cirúrgico e um decréscimo aos
valores de base ao final da intervenção cirúrgica.
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
Tempos
Pressão arterial
diastólica (mmHg)
FIGURA 13 – Evolução temporal da pressão arterial diastólica mensurada no Grupo Controle. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as diferenças
entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett.ANOVA: F = 3,4270; P = 0,0007
Teste de Dunnett :
T0 < T4: P < 0,05 T0 < T6: P < 0,01 T0 < T8: P < 0,01
T0 < T5: P < 0,05 T0 < T7: P < 0,01
62
6.6. Evolução temporal da pressão arterial diastólica (PAD) mensurada no Grupo
Óxido Nitroso
No grupo de pacientes sedados para o procedimento, constatou-se uma
semelhança dos valores de PAD nos diversos tempos avaliados, não sendo
verificados diferenças estatisticamente significantes (Figura 15).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
Tempos
Pressão arterial
diastólica (mmHg)
FIGURA 14 – Evolução temporal da pressão arterial diastólica mensurada no Grupo Óxido Nitroso.
Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise
de variância com medidas repetidas não evidenciou diferenças estatisticamente significantes entre os
diversos tempos (F = 1,3100; P = 0,2349).
63
6.7. Variação da pressão arterial diastólica (PAD), em termos percentuais, verificada
nos grupos controle e óxido nitroso nos tempos estudados
A comparação entre os valores da variação de PAD dos dois grupos não
demonstra diferenças estatisticamente significantes (Figura 16).
T0 T1 T2 T3 T
4
T5 T6 T7 T8 T9
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Controle
N
2
O
Tempos
Variação da pressão
arterial diastólica (%)
FIGURA 15 – Variação da pressão arterial diastólica (PAD), em termos percentuais, verificada nos
grupos Controle e N
2
O nos diversos tempos, tomando-se como PAD basal a mensurada em T0.
Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes de ambos
os grupos e analisados pelo teste t para variáveis independentes. Não foram constatadas diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos Controle e N
2
O.
64
6.8. Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo Controle
A PAM do grupo controle acompanhou o padrão da PAS, mostrando um
aumento crescente e um declínio ao final do procedimento. Em relação a T0
aumentos estatisticamente significantes foram constatados em T3, T4, T5, T6, T7, e
T8 (Figura 17).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
120
Tempos
Pressão arterial
dia (mmHg)
FIGURA 16 – Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo Controle. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as diferenças
entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett. ANOVA: F = 5,9190; P < 0,0001
Teste de Dunnett :
T0 < T3: P < 0,01 T0 < T5: P < 0,01 T0 < T7: P < 0,01
T0 < T4: P < 0,01 T0 < T6: P < 0,01 T0 < T8: P < 0,01
65
6.9. Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo Óxido
Nitroso
No grupo óxido nitroso observou-se uma constância nos valores da PAM, de
modo que em relação a T0, verificou-se aumento estatisticamente significante
apenas em T3 e T4 (Figura 18)
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
120
Tempos
Pressão arterial
dia (mmHg)
FIGURA 17 – Evolução temporal da pressão arterial média mensurada no Grupo N
2
O. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as diferenças
entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett. ANOVA: F = 2,1960; P = 0,0245
Teste de Dunnett : T0 < T4: P < 0,05 T0 < T5: P < 0,05
66
6.10. Variação da pressão arterial média (PAM), em termos percentuais, verificada
nos grupos controle e óxido nitroso nos tempos estudados
Comparando-se os grupos controle e óxido nitroso em relação à variação da
PAM, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (Figura 19).
T0 T1 T2 T3 T
4
T5 T6 T7 T8 T9
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Controle
N
2
O
Tempos
Variação da pressão
arterial média (%)
FIGURA 18 – Variação da pressão arterial média (PAM), em termos percentuais, verificada nos
grupos Controle e N
2
O nos diversos tempos, tomando-se como PAM basal a mensurada em T0.
Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes de ambos
os grupos e analisados pelo teste t para variáveis independentes. Não foram constatadas diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos Controle e N
2
O.
67
6.11. Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto,
mensurada no Grupo Controle
Durante o procedimento cirúrgico no grupo controle, observou-se um aumento
estatisticamente significante no tempo T4 em relação ao valor basal (Figura 20).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
Tempos
Freqüência caraca (bpm)
FIGURA 19 – Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto, mensurada no
Grupo Controle. Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20
pacientes. A análise de variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos
tempos, sendo as diferenças entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett.
ANOVA: F = 1,9370; P = 0,0498 Teste de Dunnett : T0 < T4: P < 0,05
68
6.12. Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto,
mensurada no Grupo Óxido Nitroso
Em relação a T0, não foram verificadas diferenças estatisticamente
significantes em nenhum dos tempos avaliados (Figura 21).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
20
40
60
80
100
Tempos
Freqüência caraca (bpm)
FIGURA 20 – Evolução temporal da freqüência cardíaca, em batimentos por minuto, mensurada no
Grupo óxido nitroso. Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20
pacientes. A análise de variância com medidas repetidas não evidenciou diferenças estatisticamente
significantes entre os diversos tempos (F = 0,4929; P = 0,8780).
69
6.13. Variação da freqüência cardíaca (FC), em termos percentuais, verificada nos
Grupos Controle e Grupo Óxido Nitroso nos tempos estudados
As flutuações da FC, mensuradas pela variável FC, foram menores no
grupo óxido nitroso, embora uma redução estatisticamente significante, em relação
ao controle, tenha sido verificada apenas em T4 (Figura 22)
T0 T1 T2 T3 T
4
T5 T6 T7 T8 T9
-30
-20
-10
0
10
20
30
Controle
N
2
O
*
Tempos
Variação da freqüência
caraca (%)
FIGURA 21 – Variação da freqüência cardíaca (FC), em termos percentuais, verificada nos grupos
controle e óxido nitroso nos diversos tempos, tomando-se como FC basal a mensurada em T0. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes de ambos os
grupos e analisados pelo teste t para variáveis independentes. Constatou-se diferença
estatisticamente significante entre os grupos controle e óxido nitroso apenas no tempo T4 (P =
0,0368).
70
6.14. Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo Controle
No grupo de pacientes não sedados (grupo controle), não ocorreu nenhum
episódio de diminuição clínica ou estatisticamente significante da saturação de
oxigênio, em relação ao T0 (Figura 23).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Tempos
Saturação de oxigênio (%)
FIGURA 22 – Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo Controle. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas não evidenciou diferenças estatisticamente significantes entre os
diversos tempos (F = 0,7111; P = 0,6982).
71
6.15. Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo Óxido
Nitroso
Em relação a T0, nenhuma diminuição estatisticamente significante na
saturação de O
2
foi observada no grupo óxido nitroso; ao contrário, nos tempos T1,
T3 e T9 a SaO
2
foi estatisticamente maior que a basal (Figura 24).
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Tempos
Saturação de oxigênio (%)
FIGURA 23 – Evolução temporal da saturação de oxigênio mensurada no Grupo óxido nitroso. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes. A análise de
variância com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diversos tempos, sendo as diferenças
entre um dado tempo (Ti) e T0 verificadas pelo teste de Dunnett. ANOVA: F = 3,5090; P = 0,0005
Teste de Dunnett :
T0 < T1: P < 0,01 T0 < T3: P < 0,05 T0 < T9: P < 0,01
72
6.16. Variação da saturação de oxigênio, em termos percentuais, verificada nos
Grupos Controle e Óxido Nitroso nos tempos estudados.
Na comparação entre os valores de saturação de oxigênio entre os grupos,
notamos claramente que, no trabalho realizado, os pacientes sedados mantiveram
valores de oxigenação superiores aos pacientes do grupo controle.
T0 T1 T2 T3 T
4
T5 T6 T7 T8 T9
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Controle
N
2
O
*
*
*
**
Tempos
Variação da saturação
de oxigênio (%)
FIGURA 24 – Variação da saturação de oxigênio, em termos percentuais, verificada nos grupos
controle e óxido nitroso nos diversos tempos, tomando-se como valor basal aquele obtido no tempo
T0. Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 20 pacientes de
ambos os grupos e analisados pelo teste t para variáveis independentes. Constataram-se diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos controle e óxido nitroso nos tempos T1 (P = 0,0143), T3
(P= 0,0224), T4 (P = 0,0437) e T9 (P = 0,0057).
73
6.18. Alterações eletrocardiográficas e efeitos adversos
Não foram observadas, na avaliação do traçado eletrocardográfico, nenhum
alteração, tendo todos os pacientes permanecido em ritmo sinusal, com complexo
QRS de amplitude e duração dentro de parâmetros normais.
Nenhum efeito adverso do óxido nitroso foi observado, não tendo sido
relatado pelos pacientes qualquer alteração que pudesse estar associada ao
procedimento.
74
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
75
7. DISCUSSÃO
O medo é uma característica fundamental do ser humano e é definido por
Lang (1985) como uma emoção intensa, focal e firmemente organizada. O medo
pode ser objetivo ou subjetivo, sendo objetivo aquele que reflete experiências
passadas do próprio indivíduo (lembrança da dor, etc.) e subjetivo, o não vivenciado
pelo próprio, mas por influência de outras pessoas, ou da própria sociedade.
Quando este medo, ou a ansiedade gerada por ele, interpõe-se entre o
paciente e cuidados de saúde, torna-se mais urgente ainda a adoção de medidas
que visem aboli-lo ou minimizá-lo.
Muitos pacientes que hoje não procuram o atendimento odontológico o fazem
em decorrência do medo e da ansiedade. A esses, denominados “fóbicos”, somam-
se os pacientes com necessidades especiais, as crianças não cooperativas e
aquelas em que a necessidade do procedimento não permita o tempo gasto no uso
de técnicas psicológicas de convencimento. Nesses casos, empregam-se fármacos
hipnóticos e ansiolíticos e até mesmo a anestesia geral.
Como alternativa aos fármacos hipnóticos ou ansiolíticos, tem-se usado no
mundo todo, com ampla margem de sucesso e larga margem de segurança, a
sedação com a associação do óxido nitroso + oxigênio, também denominada
sedação consciente ou analgesia inalatória.
No Brasil, o uso da sedação é recente, porém, com sua regulamentação
RESOLUÇÃO CFO-051 /2004 (ANEXO 1), seu uso deve se popularizar e atender
um maior número de pessoas que necessitam. Embora regulamentada, ainda
persiste uma controvérsia entre a classe médica e a classe odontológica sobre o uso
da sedação com óxido nitroso/oxigênio em consultório odontológico sem a presença
de médico anestesiologistas.
Todo fármaco indiferente de seu estado físico interage com o organismo
produzindo uma resposta. A interação do óxido nitroso causa um estado de sedação
e analgesia. Esses efeitos, embora já relatados no início de sua utilização (CLARK;
BRUNICK, 2003), ainda são objetos de inúmeras pesquisas.
O N-metil-D-aspartato (NMDA) e a ativação da via descendente
noradrenérgica têm sido apontados como os prováveis envolvidos nos efeitos do
óxido nitroso, porém também existe um consenso de que mais estudos são
necessários (ZHANG, 1999; MAZE; FUJINAGA, 2000, 2001; NAGELE; METZ;
76
CROWNDER, 2004; ABRAINI; DAVID; LEMAIRE; 2005, ANTOGNINI et al., 2007;
COLLOC’H et al., 2007; MA et al., 2007; RANFT et al., 2007;).
Os aparelhos de sedação disponíveis no mercado permitem a aplicação
máxima de 70% de óxido nitroso, mantendo 30% de oxigênio, visando uma
oxigenação adequada dos tecidos, porém vários autores recomendam o uso de uma
mistura com mínimo de 50% de oxigênio (PETERSEN, 1987, 1995; CLARK;
BRUNICK, 2003; FANGANIELLO, 2004; FALQUEIRO, 2005).
Na clínica diária, cada paciente responde de forma individual à sedação com
o óxido nitroso, ocorrendo variações até com o mesmo paciente em diferentes
sessões. Variáveis como o estado psicológico e o tipo de procedimento a ser
realizado modificam o nível de sedação necessário.
Titular a quantidade de óxido nitroso necessário a cada paciente é uma
atribuição do profissional que está aplicando a sedação. Essa titulação deve
basear-se na necessidade do paciente contraposta à segurança. Compete ao
profissional conhecer a técnicas e seus limites seguros.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento cardiovascular quando
os pacientes são submetidos a procedimentos cirúrgicos odontológicos, associados
à sedação na quantidade máxima de óxido nitroso (70%), e comparar essas
alterações às de pacientes submetidos ao mesmo tipo de procedimento, somente
com anestesia local.
Em concordância com trabalhos anteriores, a técnica se mostrou, em nosso
trabalho, extremamente segura, mesmo na concentração máxima do óxido nitroso
permitida pela legislação e pelos equipamentos, que é de 70%.
Em nenhum dos pacientes do estudo (grupo controle e grupo óxido nitroso)
tivemos qualquer alteração significante do ponto de vista clínico.
A pressão arterial sistólica e diastólica dos pacientes do grupo controle sofrem
um aumento estatisticamente significativo durante o procedimento cirúrgico,
alteração que retorna aos parâmetros basais no final do procedimento. Em contraste,
o grupo que foi sedado apresenta uma maior estabilidade nos valores de PAS e PAD
quando comparados aos tempos basais.
O procedimento odontológico possui diversas fases, mais ou menos
estressantes para o paciente; desse modo, seus parâmetros fisiológicos oscilam
dentro de limites, que não expressam alterações clínicas (ROBERTS, 1990b).
Os valores por nós encontrados no grupo controle demonstram essa variação,
que pode ser clinicamente relacionada aos momentos mais cruentos do
77
procedimento. Nos pacientes sedados (grupo óxido nitroso), o número de flutuações
é menor, representando uma estabilidade hemodinâmica.
Embora, em nosso estudo, tenhamos nos valido da cooperação somente de
pacientes ASA I e II, essa estabilidade pode ser desejável em pacientes com
alterações como hipertensão e cardiopatias.
Durante o estudo, avaliamos a pressão arterial média (PAM) haja vista sua
importância como parâmetro da perfusão tecidual.
Os valores da pressão arterial média (PAM) do grupo controle sofreram um
aumento estatisticamente significante em quase todos os tempos estudados (T3 a
T8), enquanto, no grupo óxido nitroso, somente ocorreu aumento estatisticamente
significativo em T4 e T5. Na comparação entre os grupos, não foram constatadas
diferenças estatísticas significantes, embora, em todos os tempos, as variações do
tempo basal (T0) do grupo óxido nitroso tenham sido menores.
A freqüência cardíaca dos pacientes, tanto do grupo controle quanto do grupo
óxido nitroso, não apresentou alteração significante do ponto de vista estatístico,
exceto o tempo T4 do grupo controle. É importante frisar que, pela distribuição do
ato cirúrgico, os tempos de T3 a T6 são aqueles que compreendem o ponto alto da
intervenção, em que se faz necessário o uso de brocas e/ou alavancas, o que pode
explicar esse aumento nos parâmetros vistos.
Na comparação, entre os grupos, observou-se uma estabilidade maior da FC
no grupo óxido nitroso.
Esses dados de segurança cardiovascular vêm corroborar que o efeito de
estimulação simpática do óxido nitroso é contrabalançado pelo efeito depressor
sobre o miocárdio relatados na literatura (STOWE et al., 1990; WENKER , 1999b;
CLARK; BRUNICK, 2003; TREVOR; MILLER, 2003; FANGANIELLO, 2004;
FERREIRA, 2004), e que a perfusão dos pacientes com um volume de 70% de óxido
nitroso é mantida.
Os resultados encontrados são concordantes com os relatos de outros
autores, que afirmam que o óxido nitroso não produz efeito fisiológico significativo
sobre o sistema cardiovascular (STOWE et al., 1990; HOHNER; REIZ, 1994;
WENKER, 1999b; CLARK; BRUNICK, 2003; TREVOR; MILLER, 2003;
FANGANIELLO, 2004; FERREIRA, 2004). A inalação do óxido nitroso deprime o
miocárdio de forma dose-dependente sendo esse efeito neutralizado pela
estimulação do sistema simpático, que obscurece qualquer alteração. É importante
78
frisar que nos trabalhos anteriores as concentrações de óxido nitroso utilizadas
foram menores que o valor utilizado no presente estudo (70%)
Os dados apresentados por ROBERT (1990a, 1990b), em que os valores
diastólicos e sistólicos mostram pequenas flutuações imediatamente após a
administração do anestésico local, retornando aos valores basais ao fim do
procedimento também foram observados no presente estudo.
A oximetria de pulso nos fornece a saturação de oxigênio (SaO
2
). Utilizando-
se de uma análise espectofotométrica determina a proporção de hemoglobina
oxigenada em relação a hemoglobina reduzida, sendo, então, um método superior à
avaliação clínica e à avaliação dos sinais vitais para detectar hipoxemia
(PETERSEN, 1995).
A saturação de oxigênio dos dois grupos não mostrou nenhuma alteração
clinicamente significativa. Nenhum dos pacientes avaliados, seja do grupo controle
ou do grupo óxido nitroso, apresentou valores de oximetria inferiores a 96%.
A avaliação dos dados da SaO
2
do grupo controle nos mostra que, durante os
tempos T1, T3, T4 e T9, o paciente apresentou uma melhor saturação de oxigênio
que seus valores basais. Isto se deve ao aporte de 30% de oxigênio (superior aos
20% presentes na atmosfera).
Na comparação entre os grupos, a saturação de oxigênio do grupo óxido
nitroso se mostrou superior em todos os tempos avaliados, demonstrando que a
técnica é segura mesmo em seu limite máximo permitido.
A grande preocupação de todos em relação à sedação é a possibilidade de
dessaturação, ou seja, do paciente não ter um aporte de oxigênio que possibilite
uma correta oxigenação dos tecidos durante o procedimento (PETERSEN, 1995).
Os valores de SAO
2
encontrados em nosso trabalho nos permite dizer que,
em paciente ASA I e ASA II, submetidos à sedação unicamente com o óxido nitroso,
não somente não ocorrem períodos de dessaturação, como a saturação se eleva em
relação aos valores basais. Estes dados não foram encontrados em outros trabalhos
pesquisados
Na avaliação eletrocardiográfica, não foram observadas quaisquer alterações
de ritmo durante os procedimentos realizados no grupo controle e no grupo óxido
nitroso, mantendo-se todos os pacientes em ritmo sinusal, com complexo QRS com
intervalos dentro dos limites considerados normais.
79
A literatura cita uma taxa de efeitos adversos, como náuseas e vômitos, que
varia entre 1,5% e 3,0% (COULTHARD; CRAIG, 1997; BERGE,1999; HULLAND;
FREILICH; SANDOR, 2002).
Como testamos a técnica em seu limite máximo, podemos afirmar que muitos
pacientes receberam uma quantidade maior de óxido nitroso que normalmente
receberiam em um procedimento normal e com uma titulação eficaz, logo, muitos
dos nossos pacientes estavam com um nível de sedação acima do necessário, o
que segundo Malamed (2003), Clark e Brunick (2003), seria um fator de risco para
efeitos adversos como comportamentos bizarros, náuseas e vômitos.
Em nosso trabalho, porém, não foi observado nenhum episódio de efeito
adverso.
Acreditamos que isso se deva ao número pequeno de pacientes sedados
(n=20) em nosso trabalho, levando-nos a concordar com Coulthard e Craig (1997),
que possuem o mesmo parecer: efeitos adversos, como náuseas e vômitos são
esporádicos.
80
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
81
Muitos pacientes que hoje necessitam de atendimento odontológico são
portadores de fobias e elevada ansiedade em relação ao procedimento. Com um
custo relativamente baixo, a sedação pode ser uma opção inclusive aos postos de
atendimento especializado do sistema público. Esse investimento traria, para a fase
de prevenção, pacientes que necessitariam posteriormente de procedimentos mais
complexos e de maiores custos.
Novas pesquisas devem ser realizadas, mas os resultados sugerem que a
sedação com o óxido nitroso não somente não apresenta riscos cardiovasculares,
como a estabilidade hemodinâmica proporcionada pela ansiólise e analgesia pode
ser um fator de proteção para pacientes hipertensos e cardiopatas.
Pacientes portadores de hepatopatias, que necessitem de sedação para a
realização de procedimentos odontológicos e que hoje são submetidos à sedação
por outros fármacos, beneficiar-se-iam da sedação inalatória com o N
2
O visto que
tal fármaco não sofre nenhum tipo de metabolização.
Acredito que o óxido nitroso tem a dar uma grande contribuição aos cuidados
de saúde no Brasil, seja nos procedimentos médicos, seja nos procedimentos
odontológicos.
O seu uso no trabalho de parto, no atendimento de urgência do infarto agudo
do miocárdio, da sedação de crianças para pequenos procedimentos cirúrgicos
ambulatoriais (suturas, debridamento de feridas) etc, deve ser estimulado através de
trabalhos como este que demonstram a segurança e efetividade da técnica.
82
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Ã
Ã
O
O
83
9. CONCLUSÃO
A sedação consciente com a associação de óxido nitroso e oxigênio não
altera os parâmetros cardiovasculares nem a saturação de oxigênio,
proporcionando, por conseguinte, estabilidade hemodinâmica e respiratória que,
associadas ao efeito ansiolitico e analgésico, permite a realização de procedimentos
cirúrgicos odontológicos com segurança.
84
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
85
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ANEXO 1 - Resolução CFO-051 /2004
Baixa normas para habilitação do CD na aplicação da analgesia relativa ou sedação
consciente, com óxido nitroso.
O Presidente do Conselho Federal de Odontologia, no uso de suas atribuições
regimentais, cumprindo deliberação do Plenário, em reunião extraordinária, realizada no dia 29 de
abril de 2004, Considerando o relatório final do Fórum Sobre o Uso da Analgesia em Odontologia,
realizado, no Rio de Janeiro, no período de 25 a 26 de março de 2004;Considerando que a Lei nº
5081, de 24 de agosto de 1966, que regula o exercício da profissão odontológica, prescreve em seu
artigo 6º, item VI, que pode o cirurgião-dentista aplicar a analgesia, desde que comprovadamente
habilitado e quando seu uso constituir meio eficaz para o tratamento; Considerando que compete ao
Conselho Federal de Odontologia supervisionar a ética profissional, zelando pelo bom conceito da
profissão, pelo desempenho ético e pelo exercício da Odontologia em todo o território nacional;
Considerando finalmente que não há diferença entre analgesia relativa e sedação consciente, pois
ambas referem-se ao uso da mistura de óxido nitroso e oxigênio na prática odontológica,RESOLVE:
Art. 1º. Será considerado habilitado pelos Conselhos Federal e Regionais de Odontologia a aplicar
analgesia relativa ou sedação consciente, o cirurgião-dentista que atender ao disposto nesta
Resolução.
Art. 2º. O curso deverá ter sido autorizado pelo Conselho Federal de Odontologia, através de ato
específico, ministrado por Instituição de Ensino Superior ou Entidade da Classe devidamente
registrada na Autarquia.
§ 1º. O pedido de autorização de funcionamento deverá ser requerido ao CFO, através do Conselho
Regional da jurisdição, em formulário próprio.
§ 2º. Exigir-se-á, para o curso, uma carga horária mínima de 96 (noventa e seis) horas/aluno.
§ 3º. Do conteúdo programático deverão constar, obrigatoriamente, as seguintes matérias:
a)história do uso da sedação consciente com óxido nitroso:
a.1. a origem do uso do óxido nitroso.
a.2. o desenvolvimento da técnica de sedação.
a.3. a evolução dos equipamentos;
b)introdução à sedação:
b.1. conceitos e definições.
b.2. classificação dos métodos de sedação.
b.3. sinais objetivos e subjetivos da sedação consciente com a mistura de oxigênio e
óxido nitroso;
c) emergências médicas na clínica odontológica e treinamento em suporte básico de vida (teórico-
prático);
d)dor e ansiedade em Odontologia:
d.1. conceitos de dor e ansiedade.
d.2. fobias;
e)anatomia e fisiologia dos sistemas nervoso central, respiratório e cardiovascular:
e.1. estruturas anatômicas envolvidas na respiração.
e.2. mecânica respiratória e composição dos gases respiratórios.
e.3. estágios da depressão do sistema nervoso central;
f)avaliação física e psicológica do paciente:
f.1. história médica (anamnese).
95
f.2. exame físico (sinais vitais, inspeção visual, funções motoras).
f.3. classificação do estado físico do paciente (ASA);
g)monitoramento durante a sedação:
g.1. monitoramento dos sinais vitais: pulso, pressão arterial, respiração.
g.2. monitoramento, através de equipamentos (oximetria);
h)farmacologia do óxido nitroso:
h.1. preparação e propriedades químicas e físicas.
h.2. solubilidade e potência.
h.3. farmacocinética e farmacodinâmica.
h.4. ações farmacológicas no organismo.
h.5. contra-indicações;
i) A técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso:
i.1. visita prévia e instruções.
i.2. preparação do equipamento.
i.3. preparação do paciente.
i.4. administração dos gases e monitoramento.
i.5. liberação do paciente;
j) equipamento de dispensação da mistura de oxigênio e óxido nitroso:
j.1. tipos de máquinas de dispensação da mistura de oxigênio e óxido nitroso.
j.2. componentes das máquinas de dispensação.
j.3. cilindros de armazenagem dos gases (cilindro de óxido nitroso e cilindro de oxigênio).
j.4. componentes para a dispensação (mangueira, tubos e conexões).
j.5. máscaras e cânula nasal.
j.6. equipamentos para remoção ambiental do óxido nitroso (exaustão);
k)segurança no manuseio do equipamento e dos gases;
l)vantagens e desvantagens da técnica;
m)complicações da técnica;
n)abuso potencial, riscos ocupacionais e efeitos alucinatórios do óxido nitroso;
o)adequação do ambiente de trabalho;
p)normas legais, bioética e recomendações relacionadas com o uso da técnica de sedação
consciente com a mistura de oxigênio e óxido nitroso;
q)prontuário para o registro dos dados da técnica de sedação consciente com a mistura de oxigênio
e óxido nitroso.
§ 4º. Ao final de cada curso deverá ser realizada uma avaliação teórico-prática.
Art. 3º. De posse do certificado, o profissional poderá requerer seu registro e sua inscrição de
habilitado a aplicar analgesia relativa ou sedação consciente, respectivamente, no Conselho Federal
de Odontologia e no Conselho Regional de Odontologia onde possui inscrição.
Art. 4º. O cirurgião-dentista que, na data de publicação desta Resolução, comprovar vir utilizando a
analgesia relativa ou sedação consciente, há 5 (cinco) ou mais anos, poderá requerer a habilitação,
juntando a documentação para a devida análise pelo Conselho Federal.
Parágrafo único. O disposto neste artigo prevalecerá por um ano, a partir da publicação desta
Resolução.
Art. 5º. Os certificados de curso expedidos, anteriormente a esta Resolução, por instituição de ensino
superior ou entidade registrada no CFO ou estrangeira de comprovada idoneidade, darão direito à
habilitação, desde que o curso atenda ao disposto nesta Resolução quanto à carga horária e ao
conteúdo programático.
96
Art. 6º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação na Imprensa Oficial, revogadas as
disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 30 de Abril de 2004.
MARCOS LUIS MACEDO DE SANTANA,
CD SECRETÁRIO-GERAL
MIGUEL ÁLVARO SANTIAGO NOBRE
CD PRESIDENTE
97
ANEXO 2 - Classificação do estado sistêmico do paciente
Segundo American Society of Anesthesiology (ASA)
CLASSE DESCRIÇÃO
I Paciente Saudável, Normal, sem história de doença sistêmica.
II Paciente com doença sistêmica controlada, ou fatores de risco a
saúde (tabagismo, etilista, obeso)
III Paciente com doença sistêmica severa, limitante porém não
incapacitante.
IV Paciente com doença sistêmica severa incapacitante com risco
de vida
V Paciente moribundo (sobrevida de 24 horas)
VI Paciente com morte Cerebral e doador de órgãos
Fonte: AMERICAN SOCIETY OF ANESTHESIOLOGIST (2004)
98
ANEXO 3
99
APÊNDICE 1 - Protocolo da Sedação por óxido nitroso e oxigênio
1. Paciente na posição supina, com a máscara nasal adaptada, de acordo com
tamanho e vedação;
2. Fluxo de oxigênio a 100% , com vasão inicial entre 6 e 7 litros por minuto, sendo
este fluxo ajustado conforme a necessidade do paciente calibrado pelo bolsa
auxiliar, que deve encher-se e esvaziar-se de forma adequada;
3. Iniciar o fluxo de N
2
O, sem alterar o fluxo de O
2
;
4. Iniciar com uma concentração de N
2
O de 20% e observar sinais e sintomas, as
variações de concentração irão depender do grau de sedação/analgesia do
paciente, que será avaliado pelo profissional;
5. Incremento da concentração deverá ser feito a intervalos de 60(sessenta) a
noventa segundos, até alcançar a sedação desejada;
6. Ao final do procedimento interromper o fluxo de N
2
O e continuar com fluxo de
O
2
a 100% por 3 a 5 minutos até o paciente não apresentar nenhum efeito
residual.
Fonte: (FANGANIELLO, 2004)
100
APÊNDICE 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido
ESTUDO: Avaliação dos parâmetros cardiovasculares durante a sedação com a associação
oxido nitroso e oxigênio.
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos
fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir
a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu, ......................................................................................................................Profissão
........................ residente e domiciliado na
................................................................................portador da Cédula de Identidade
,.....................e inscrito no CPF/MF................................. nascido(a) em _____ / _____
/_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como
voluntário(a) do estudo Avaliação dos parâmetros cardiovasculares durante a sedação com
a associação oxido nitroso e oxigênio. Declaro que obtive todas as informações necessárias,
bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.
Estou ciente que:
I. O estudo se faz necessário para que se possa avaliar como se comporta o coração
durante o período em que a pessoa está sedada.
II. A participação neste projeto não me acarretará qualquer ônus pecuniário com
relação aos procedimentos odontológicos, médico-clínico-terapêuticos efetuados
com o estudo;
III. Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no
momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
IV. A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não
virá interferir no atendimento ou tratamento odontológico;
V. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo
que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais
não sejam mencionados;
Macapá,.........................de ...................................de 2005
Paciente:.........................................................................................................................
Testemunha 1 : ___________________________________________________ Nome /
RG / Telefone
Responsável pelo Projeto:______________________________________________
Dr. José Divino Bezerra Ferreira
Cirurgião Buco-maxilo-facial
CRO: 120 AP
101
APÊNDICE 3 - Ficha de avaliação de analgesia inalatória
Pressão Arterial não Invasiva (PANI) x tempo de inalação
Nome:.....................................................................................................Idade:.................................................ASA:.............................
Inicio da analgesia:............................Término da Analgesia:................................Duração total da
Analgesia:....................................
Assinatura do examinador:
102
APÊNDICE 4 - Ficha de avaliação de analgesia inalatória
saturação de oxigênio
Nome:....................................................................................................................................................Idade:.................ASA:.
...............
Inicio da analgesia:................................Término da Analgesia:....................................Duração total da Analgesia:.............................
Assinatura do examinador:
103
APÊNDICE 5 - Ficha de avaliação de analgesia inalatória
Avaliação freqüência cardíaca x tempo de inalação
Nome:.....................................................................................................................................Idade:.............................ASA:....
...............
Inicio da analgesia:.............................Término da Analgesia:..................................Duração total da Analgesia:..................................
Assinatura do examinador:
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