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Aspectos Emocionais do Paciente Hanseniano no
Quadro Reacional tipo 2:
um estudo exploratório
Helenice Cristina Azevedo e Silva
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de
Medicina de Botucatu - UNESP para obtenção
do título de Mestre.
Área de Concentração: Saúde Pública
Orientador: Prof. Dr. Joel Carlos Lastória
Botucatu
2008
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1
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Azevedo e Silva, Helenice Cristina.
Aspectos emocionais do paciente hanseniano no quadro reacional tipo 2:
um estudo exploratório / Helenice Cristina Azevedo e Silva. – Botucatu :
[s.n.], 2008
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina de Botucatu, 2008.
Orientador: Joel Carlos Lastória
Assunto CAPES: 40601005
1. Henseníase 2. Paciente - Aspectos emocionais 2. Saúde pública
CDD 614.4
Palavras-chave: Agravos emocionais; Hanseníase; Pele; Psiquismo; Quadro
reacional tipo 2
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2
Dedicatória
Dedico a todos os pacientes envolvidos neste estudo, que com muita simplicidade
diante da vida, mas com muitas palavras de sabedoria, me ajudaram a compor este trabalho, me
ensinando que mesmo na dor, podemos ser pessoas inteiras. Meu muito obrigada a todos vocês!
3
Agradecimentos
Agradeço
A Deus,
Por me iluminar nos momentos mais difíceis e me encorajar quando me faltavam forças.
Ao meu pai, Ildebrando
Uma pessoa positiva, forte e confiante diante da vida, que me ensinou, com suas atitudes, os
melhores valores de se ter um bom caráter, como integridade, responsabilidade, respeito e amor
ao trabalho. Pai, muito obrigada, hoje posso colher esses frutos!
À minha mãe, Antonia
Minha maior incentivadora. Uma mulher forte, lutadora, perseverante, sábia, um exemplo de
vida. Uma pessoa que sabe acolher e ser cuidadora como ninguém. Que sempre esteve ao meu
lado em todos os momentos de minha vida, nos felizes e nos mais difíceis, que me ouviu e me
entendeu. Mãe, muito obrigada por você ter acreditado em mim e não ter me deixado desistir
desta jornada; este trabalho tem muito de você e é para você. Obrigada!
Às minhas irmãs, Eliana e Erlani
Que sempre se fizeram presentes, em orações, em pensamento, com palavras de incentivo. Meu
muito obrigada!
Aos meus sobrinhos Francisco, Ricardo e Pedro
Que são responsáveis pelos melhores momentos de minha vida. Amo demais vocês. Obrigada
por existirem e estarem sempre presentes!
Ao meu Orientador, Professor Doutor Joel Carlos Lastória
Que confiou em meu trabalho, desde o início, acolhendo, respeitando e acreditando na
contribuição que a Psicologia poderia proporcionar dentro da área da Dermatologia. Que me
ensinou a respeitar dignamente os pacientes hansenianos e me mostrou que estes têm muito mais
a nos ensinar do que nós a eles. Obrigada por ter me ajudado a dar vida a este estudo.
4
À Doutora Maria Stella de Mello Ayres Putinatti
Por toda a dedicação e confiança que mostrou no decorrer deste trabalho, na ajuda
imprescindível no momento da coleta de dados, sempre me ajudando em tudo que precisei.
Obrigada também, pela amizade que nasceu desse encontro.
Ao Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu
Meu muito obrigada por ter me acolhido e aberto as portas para que pudesse realizar este
trabalho.
Ao Professor Doutor Carlos Padovani
Pela dedicação, respeito e presteza na realização da análise estatística deste trabalho. Meu muito
obrigada.
Aos Professores Doutores Regina Célia Paganini Lourenço Furigo e Ivander Bastazini
Pelas excelentes contribuições diante de sugestões oferecidas durante o exame de qualificação.
Espero tê-las aproveitado devidamente ao término deste trabalho. Muito obrigada.
Ao Doutor Antonio Carlos Ceribelli Martelli
Que me iniciou nos estudo em Dermatologia. Responsável por descortinar esse universo tão
vasto, que é a relação da pele com o psiquismo. Muito Obrigada.
Ao meus pacientes de consulrio
Por me entenderem nos momentos em que precisei me ausentar, para poder concluir este
trabalho; vocês também fazem parte dele, pois sempre aprendo muito com vocês! Meu muito
obrigada.
Aos meus amigos
Que fazem parte de minha vida, me entendendo e me respeitando nos momentos que preciso me
tornar mais ausente. Muito obrigada.
5
“Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos são pássaros engaiolados,
sentimentos são pássaros em vôo.”
Mário Quintana
6
ÍNDICE
Resumo 11
Abstract 12
1- Introdução 13
1.1.O adoecer e o sofrimento 13
1.2.Pele e Psiquismo 16
1.3.Imagem Corporal 20
1.4.Qualidade de Vida 23
1.5.Hanseníase 24
1.5.1. Hanseníase e Saúde Pública 26
2 Justificativa 27
3- Objetivos 31
3.1 Geral 31
3.2 Específicos 31
4 Sujeitos e Métodos 31
4.1 Sujeitos 31
4.2 Critério de Inclusão 32
4.3 Métodos 32
4.3.1. Entrevista Semi-Estruturada 32
4.3.2. DLQI-BRA 32
4.3.3. WHOQOL-bref 33
5 – Local de Coleta de Dados 34
6 – Procedimentos 34
6.1.Procedimento Ético da Pesquisa 34
6.2.Procedimento de Coleta de Dados 35
6.3.Plano de Análise dos Dados 36
7-Metodologia Estatística 36
8-Resultados e Discussão 37
8.1.Entrevista Semi-Estruturada 38
8.2.DLQI-BRA 80
8.3.WHOQOL-bref 83
9. Considerações Finais 85
7
10. Conclusões 86
11 Referências 88
Anexos 98
Anexo 1 – Entrevista semi-estruturada 98
Anexo 2 – DLQI-BRA 103
Anexo 3 – WHOQOL-bref 105
Anexo 4 – Termo Consentimento Livre e Esclarecido 111
8
Lista de Tabelas e Gráficos
Tabela 1. Distribuição do Sexo 38
Tabela 2. Distribuição da Idade 39
Tabela 3. Distribuição da Profissão 41
Tabela 4. Distribuição da Atividade Profissional 42
Tabela 5. Distribuição do Estado Civil 44
Tabela 6. Como surgiu, como foi descoberta a hanseníase 45
Tabela 7. Tempo de tratamento 46
Tabela 8. Fisicamente o que sentem 47
Tabela 9. Uso de outra medicação, além do tratamento da hanseníase 48
Tabela 10. Freqüência de procura do ambulatório depois do diagnóstico da hanseníase 49
Tabela 11. Acompanhamento de saúde no bairro 50
Tabela 12. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Falta de Sensibilidade e dormência 51
Tabela 13. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Surgimento de Manchas 52
Tabela 14. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Dores nas pernas e ossos 53
Tabela 15. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Inchaço 54
Tabela 16. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Vermelhidão 55
Tabela 17. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Fraqueza e cansaço 55
Tabela 18. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
dulos 56
Tabela 19. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Coceira 57
Tabela 20. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Sensação de queimação 57
9
Tabela 21. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
ibra 58
Tabela 22. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Surgimento de Bolhas 58
Tabela 23. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Falta de Movimento nas pernas 59
Tabela 24. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Sintomas de morte 60
Tabela 25. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Agitação 60
Tabela 26. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Pontadas 61
Tabela 27. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
o se lembra 62
Tabela 28. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
o sentiu nada 62
Tabela 29. Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a hanseníase
Outros sintomas 63
Tabela 30. Quais os sintomas, o que sentiu antes de entrar no quadro reacional
tipo 2 (ENH), segundo o grupo de pacientes com reação tipo 2 (ENH) 64
Tabela 31. Compreensão e esclarecimento do diagnóstico da hanseníase 65
Tabela 32. Com relação à explicação da doença de um modo geral 67
Tabela 33. Estado emocional e psicológico antes e depois a doença (hanseníase) 68
Tabela 34. Se fez ou faz acompanhamento psicológico/psiquiátrico e qual a importância 69
Tabela 35. Impacto de receber o diagnóstico da hanseníase 71
Tabela 36. Como foi ou está sendo este adoecer na vida 72
Tabela 37. Sentimento em estar precisando ainda de cuidados médicos 72
Tabela 38. Sentimento diante do tratamento 73
Tabela 39. A atual rotina diária 74
Tabela 40. Mudaa na vida depois do aparecimento da hanseníase 75
Tabela 41. Mesmo diagnóstico de hanseníase na família 75
Tabela 42. Como os familiares receberam o diagstico da doença 76
10
Tabela 43. Resposta das pessoas (sociedade) diante do diagstico da hanseníase 77
Tabela 44. Conhecimento sobre a cura da hanseníase 78
Tabela 45. Para finalizar a entrevista, o que gostaria de dizer ainda 79
Tabela 46. Medidas descritivas do escore DLQI-BRA 80
Tabela 47. Distribuição do escore DLQI-BRA 81
Tabela 48. Medidas descritivas dos donios do WHOQOL-bref 83
Tabela A - Domínios e facetas do WHOQOL-bref. 34
Gráfico 1. Resultado do DLQI-BRA 81
Gráfico 2. Resultado do WHOQOL-bref 83
11
Resumo:
O ser humano, em sua natureza, é um ser que sofre frente às adversidades da vida,
carrega as feridas adquiridas de uma forma coletiva às individuais. A doença une esses dois
fatores, dor e sofrimento, pois é nela que a pessoa vivencia a dor física e emocional
concomitantes, dentro de sua individualidade, ou seja, cada um lida com a situação do
adoecimento, de acordo com sua realidade física e psíquica. A hanseníase continua sendo um
problema de saúde pública. Hoje, o Brasil ocupa o primeiro lugar em número de casos, já com
uma nova proposta da Organização Mundial de Saúde, em atingir, até 2010, a meta de menos de
1/10.000 habitantes. É doença estigmatizada e com várias possibilidades de agravos, quando não
diagnosticada precocemente. Um dos agravos é que o paciente da forma multibacilar pode
apresentar antes, durante e as o tratamento, um quadro reacional traduzido por fenômenos
agudos, denominado reação tipo 2. O presente estudo teve como objetivo avaliar
emocionalmente o paciente hanseniano no Quadro Reacional Tipo 2, que apresenta ou tenha
apresentado, comparado ao paciente sem qualquer tipo de reação. Estudou-se, de modo
quantitativo, 50 pacientes, com diagnóstico de hanseníase, sendo 25 com diagnóstico de quadro
reacional tipo 2 e 25 que não apresentaram, em nenhum momento, qualquer tipo de reação.
Utilizou-se uma Entrevista semi-estruturada, com 23 questões, onde, posteriormente, as
respostas foram tabuladas e analisadas estatisticamente e mais dois instrumentos para se avaliar
qualidade de vida; sendo eles o DLQI-BRA e o WHOQOL-bref. Concluiu-se que os agravos
emocionais, dos pacientes hansenianos, no quadro reacional tipo 2, são superiores ao dos
pacientes que não apresentaram qualquer tipo de reação. Sugere-se que o acompanhamento
psicológico dos pacientes hasenianos deve ser realizado do diagstico à alta e principalmente,
nos episódios intercorrentes, como o quadro reacional tipo 2 e que o trabalho terapêutico pode
contribuir para que estes pacientes consigam superar essa fase de diagnóstico, tratamento e
possíveis agravos da doença, de maneira mais inteira e mais próximos de si mesmos,
favorecendo, desta forma, uma melhora no que diz respeito à relação que estabelece consigo
mesmo e com os outros.
Palavras-chave:
Pele. Psiquismo. Hansease. Quadro reacional tipo 2. Agravos emocionais.
12
Abstract: The human being, in his nature, is a being that suffers towards adversities of life,
carries the wounds acquired from collective to individual ways. Sickness unites both these
factors, pain and suffering, as it’s in it that a person lives concomitant physical and emotional
pain within his individuality, that is, each one deals with the situation of sickening according to
his physical and psychic reality. Leprosy continues as a public health problem. Nowadays, Brazil
occupies the first place in amount of cases, already with a new proposal from the World Health
Organization in reaching until 2010 the goal of less than 1/10000 inhabitants. It is a stigmatized
disease and with a lot of possibilities of aggravations if not diagnosed prematurely. One of the
aggravations is that the patient in the multi-bacillary form may present before, during and after
the treatment a reaction state translated by acute phenomena, denominated type 2 reaction. The
purpose of this paper was to evaluate emotionally the leprosy patient in the Type 2 Reaction
State, which presents it or had presented it, compared to the patient without any kind of reaction.
It was studied, in a quantitative way, 50 patients with the diagnosis of leprosy, including 25 with
a diagnosis of a type 2 reaction state and 25 that did no present, anytime, any kind of reactions. It
was used a semi-structured interview with 23 questions in which, afterwards, the answers were
tabulated and analyzed statistically and two more instruments were used to evaluate the quality
of life, the DLQI-BRA and the WHOQOL-bref. It was concluded that the emotional
aggravations of the leprosy patients with type 2 reaction state are higher than those of the
patients that did not present any kind of reaction. It is suggested that the psychological following
of the leprosy patients must be made from the diagnosis to the discharge and mainly during the
intercurrent episodes such as the type 2 reaction state and that therapy work may contribute so
that those patients can overcome the diagnosis phase, treatment and possible aggravation of the
sickness, in an entire way and closer to themselves, favoring, therefore, an improvement
concerning the relation it is established with himself and with the others.
Key-words: Skin. Psychism. Leprosy. Type 2 reaction state. Emotional aggravations.
13
1- Introdução
1.1. O adoecer e o sofrer
O ser humano, em sua natureza, é um ser que sofre frente às adversidades da vida. Ele
carrega as feridas adquiridas de uma forma coletiva às individuais. Daquilo que lhe é pessoal e
também, daquilo que faz parte de um contexto maior, da própria natureza humana.
Somos seres da dor e do sofrimento psíquico; podemos dizer que somos
seres apáticos se quisermos enfatizar a origem grega do conceito. Do
grego pathos vem o português paixão, vem patético e patológico também.
O derivado pathetos (paqhtos) quer dizer ‘aquele que tem capacidade de
sofrer. Humanos, somos aqueles que temos capacidade de sofrer:
sofremos a vida. A vida chega como uma experiência que põe a sofrer. Ela
desloca, instiga, insinua-se de um modo que afeta . Afetados, apaixonados,
sofrentes. (FRANCO, 2007, p.12).
O sofrimento é algo inerente ao ser humano; ele sofre com dores físicas e psíquicas,
por perdas, medos, mudanças, inseguranças, sofrimentos morais e materiais ou mesmo quando é
acometido por alguma doença, seja ela no campo psicológico seja no físico.
A doença une esses dois fatores, dor e sofrimento, pois é nela que a pessoa vivencia
a dor física e emocional concomitantes, dentro de sua individualidade, ou seja, cada um lida
com a situação do adoecimento, de acordo com sua realidade física e psíquica. Dentro de suas
crenças e valores “(...) o nosso modo de ver as coisas é condicionado pelo que somos. (JUNG,
CW4, p.335, citado por EISENDRATH e DAWSON, 2002, p.41).
Uma linguagem própria sobre o sofrimento surge diante de cada cultura, traçando
um paralelo entre as experiências subjetivas de mal-estar e o reconhecimento social. A realidade
cultural de cada indivíduo é fator determinante para se estabelecer sinais de sintomas, que
devem ser percebidos como sendo “anormais”. Junto a esse fato, eles ajudam a dar forma às
mudaas físicas e emocionais disseminadas, que as colocam em um padrão identificável, tanto
para o paciente como para as pessoas ao seu redor. O modelo resultante desses sinais e sintomas
pode ser denominado dea doença, representando seu primeiro estágio (KLEINMAN, 1988).
Não se pode falar sobre a dor emocional, sem abordar a questão do sofrimento. A
dor emocional, em suas várias manifestões, é tida como uma agressão à integridade humana.
14
Aliado a essa iia, surge o sofrimento com ares de negativismo, angústia, tristeza e desespero,
levando a pessoa a uma vulnerabilidade frente ao mundo que a cerca.
Para RAMOS (1994), de acordo com o modelo da Psicologia Analítica Junguiana, o
corpo e o psiquismo são abordados como duas dimensões que se interagem, compondo o
indivíduo em sua totalidade. Portanto, a racionalização do mundo em categorias, que separam a
alma do corpo, o subjetivo do objetivo, impede o homem de ser tratado como a unidade que
realmente é. Valoriza tudo o que é objetivo ao humano, mas falha quando exclui significativos e
subjetivos elementos da natureza humana, pois as manifestações patológicas do corpo são os
representantes fis de um sofrimento, que é ao mesmo tempo experimentado psiquicamente.
O presente trabalho tem como base teórica, nas análises dos dados, o referencial da
Psicologia Analítica Junguiana
1
e o conceito de Homem junguiano
2
. O objetivo de tal escolha
se deu pela importância que esta linha da psicologia mantém em ver o paciente como indivíduo
na busca de seu auto-conhecimento, sendo reconhecido como um ser total, onde o corpo o
pode ser separado da identidade pessoal. Os sintomas físicos e psíquicos não são mais do que
manifestações simbólicas de complexos patogênicos.” (JUNG, 1997, p.727).
Dentro desse referencial, Jung delineia uma possibilidade de união, em que as marcas
do corpo e da alma são tratadas como manifestações de um mesmo núcleo, que são os
complexos
3
, estes ligados ao inconsciente pessoal
4
. Esta é uma forma, por assim dizer, onde
surge a possibilidade da compreensão humana, na saúde ou na doença, como uma experncia
simbólica
5
, que expressa aspectos de uma totalidade somatopquica.
1
“É o nome que o próprio Jung deu à escola de pensamento fundada com base em seu trabalho para distingui-la da
psicanálise freudiana. Ela não descreve uma teoria e, sim, uma tentativa de explicar os fenômenos que encontramos
quando observamos a psique.” (FIERZ, 1997, p.25).
2
“O conceito de homem junguiano é fundamentalmente o de um homem que nasce para se individuar, que tem uma
busca no sentido de realizar os seus potenciais. Ele não é um homem aleatório, que pode ser fabricado ou moldado,
dentro de uma visão comportamental. Tem as suas características básicas.(...) O homem junguiano é muito
indivíduo. O sentido da vida dele é completar a sua individuação e fazer a sua mandala da vida, “religar-se”àquilo de
onde ele nasce e para onde retorna no fim da vida.”(PSYCHÉ, 1991, p.147).
3
“É a imagem de uma determinada situação psíquica de forte carga emocional e, além disso, incompatível com as
disposições ou a atitude habitual da consciência. Esta imagem é dotada de poderosa coerência interior e tem sua
totalidade própria e goza de um grau relativamente elevado de autonomia, vale dizer: está sujeita ao controle das
disposições da consciência até um certo limite e por isso se comporta, na esfera do consciente, como um corpus
alienum (corpo estranho) animado de vida própria. Com alguma força de vontade, pode-se, em geral, reprimir o
complexo, mas é impossível negar a sua existência, e na primeira ocasião favorável ele volta à tona com toda sua
força original." (JUNG, 1984, § 201).
4
“O que é exclusivo de uma psique individual, mas não-consciente.(HALL, 2003, p.14).
5
“Os símbolos são como coisas vivas, repletos de significados, (...) nascem no nível mágico arcaico da psique, onde
são potencialmente criativos, destrutivos ou proféticos. As imagens simbólicas são verdadeiros transformadores de
energia psíquica, porque uma imagem simbólica evoca a totalidade do arquétipo que ela reflete.” (EISENDRATH,
DAWSON, 2002, p.79).
15
Para SILVA (2002), é antiga a idéia de haver algo além do corpo físico no ser
humano, ou seja, para ele essa idéia surgiu quando os antepassados tiveram que se deparar e
confrontar com a morte, dentro de todo o mistério que a envolve, o medo do desconhecido, a
tentativa de negação e as lembranças dos mortos, por meio dos sonhos. Sendo assim, o homem
desde muito tempo, estava atento aos mistérios da alma ou de algo misteriosamente externo ao
corpo físico.
Para tanto, ENGEL (1977) fazia referência à necessidade de um novo modelo
médico, onde o indivíduo pudesse ser visto, compreendido e considerado como um ser total, em
todos os aspectos de sua vida, ou seja, psicológico, social e ambiental.
O adoecimento é, de acordo como cada indivíduo adoecido o vê, muitas vezes, faz
parte de um contexto momentâneo desagregador dentro do processo de individuação
6
. Estar
adoecido pode trazer o peso de “ser adoecido”. A doença passa a ser incorporada à identidade de
quem foi acometido por ela, gerando um conflito no mais íntimo de sua existência. Por outro
lado, a passagem da pessoa pelo adoecimento pode trazer-lhe possibilidades de crescimento e
importante ajuda ao seu processo de individuação.
Portanto, a doença traduzida pela dor ou sofrimento pode ser vista como um alerta
da necessidade de mudança, um incômodo que serve de estímulo na tentativa de uma
reorganização interna.
Pensando nas doenças de pele, esse adoecimento carrega uma responsabilidade entre
o indivíduo doente e suas relações com o outro, pela ppria função que esta exerce, ou seja, uma
“roupa que não pode ser trocada. Pois muitas vezes, são doenças que se mostram explícitas aos
olhos de quem se aproxima. Há uma estreita relação entre o “eu” do adoecido com o outro.
A pele é um órgão humano rico em imagens arquetípicas
7
, imagens estas, segundo
Jung, ligadas ao inconsciente coletivo
8
, as quais desempenham uma função simbólica no
6
A individuação é a manifestação, na vida, do potencial inato e congênito da pessoa. Nem todas as possibilidades
podem ser realizadas, de modo que a individuação jamais se completa. A individuação é mais busca do que alvo,
mais direção a seguir do que local de descanso na caminhada. O ego em processo de individuação alcança, repetidas
vezes, pontos nos quais deve transcender a imagem que fazia de si mesmo até então. Trata-se de uma experiência
dolorosa, pois o ego se identifica continuamente com as imagens que faz de si mesmo, acreditando que a imagem
com que se identifica num dado momento seja a pessoa ‘real’." (HALL, 1988, p. 62).
7
“A partir de suas próprias experiências e das experncias de seus pacientes, Jung foi percebendo que, além das
memórias pessoais, estão presentes no inconsciente de cada indivíduo um outro tipo de fantasia: as constituintes das
possibilidades herdadas da imaginação humana. Tais estruturas, inatas e capazes de formar idéias mitológicas, foram
denominadas arquétipos. O mundo dos arquétipos é o mundo invisível dos espíritos, deuses, demônios, vampiros,
duendes, heróis, assassinos e todos os personagens das épocas passadas da humanidade sobre os quais foi depositada
forte carga de afetividade.”(GRINBERG, 1997, p.134).
8
“A psique objetiva ou inconsciente coletivo, que possui uma estrutura aparentemente universal na humanidade e o
mundo exterior da conscncia coletiva, o mundo cultural dos valores e formas compartilhadas”(HALL, 2003, p.14).
16
processo de individuação. Estudos psicossomáticos
9
, realizados pelo referencial da Psicologia
analítica, possibilitam compreender as doenças como processos simbólicos, ao considerar psique
e corpo como uma realidade única e complexa que se manifesta como totalidade arquetípica
dentro das somatizações.
Nossa pele é nosso envoltório. Ela é, por assim dizer, o sistema que
delineia nossa individualidade(...); a pele é o campo do qual a simbólica da
nossa interação eu-outro acontece maciçamente , constituindo denso campo
da simlica da nossa gregariedade. (GALIÁS, 2002, p.21).
O adoecimento, portanto, de uma pessoa acometida por alguma doença de pele, pode
ser algo de extremo sofrimento, por estar diretamente ligado a uma de suas funções, a identidade
do indivíduo, ou seja, identidade corporal.
1.2. Pele e Psiquismo
A pele é tida como o maior órgão do corpo humano, órgão este de proteção, que nos
põe em contato com o mundo. É vista, hoje, como mais um órgão do sistema imunológico, que
simboliza e estabelece sua relação através das sensações, utilizando um dos meios que é o toque.
Nossa pele é um espelho dotado de propriedades ainda mais maravilhosas
que as de um espelho gico. O espelho original que envolve o ovo se
divide e é imediatamente absorvido para dentro de si mesmo. Reaparece,
então do outro lado da fissura original. O espelho dividido, que é composto
pela pele e pelo sistema nervoso, termina por conseguinte, olhando para si
próprio, por assim dizer resultando um confronto que estimula um
incessante movimento de imagens bem como daquilo que apropriadamente
se denomina pensamento reflexivo. (MONTAGU, 1988, p.23).
9
“É um estudo das relações mente corpo com ênfase na explicação da patologia somática, uma proposta de
assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais.”(EKSTERMAN, 1992,
p.77).
17
Ela ganha uma significativa importância com as mudanças que vêm acontecendo a
respeito da psicossomática e psiconeuroimunologia, passa a ser vista sob um novo prisma de
identidade corporal e significado até então não estudados. Sendo um órgão diretamente ligado ao
sistema nervoso e um órgão imunitário, pode-se dizer que consegue, assim, estabelecer uma
linguagem da própria conscncia, seja ela física ou psíquica (AZAMBUJA,2000).
Corresponde a 16% do peso corporal. Exerce diversas funções, tais como: separação e
proteção, toque e contato, expressão e manifestação, sexualidade, respiração, eliminação (suor),
regulação da temperatura, defesa orgânica, controle do fluxo sangüíneo, proteção contra diversos
agentes do meio ambiente e funções sensoriais (MONTAGU, 1988).
Enquanto sistema sensorial, a pele é, em grande medida, o sistema mais
importante do corpo. O ser humano pode passar toda a sua vida, cego,
surdo e completamente desprovido do sentido do olfato e do paladar, mas
não poderia sobreviver de modo algum sem as funções desempenhadas
pela pele. (MONTAGU, 1988,p.42).
A pele envolve a pessoa por completo, é a maior “roupagem” que o indivíduo
possui. O corpo todo é recoberto por ela. Até mesmo a córnea transparente dos olhos é recoberta
por uma camada modificada de pele. Na formação do feto, a pele se vira para dentro, para
revestir orifícios, como a boca, as narinas e o canal anal, formando as mucosas. É o primeiro
meio de comunicação (MONTAGU, 1988).
Para Grossbart (citado por GOLEMAN E GURIN, 1997), a pele pode ser comparada
a uma roupa que nunca tiramos, mas como tudo que se veste, muda conforme o humor e a
ocasião.
Praticamente todos os atos de amor e raiva envolvem uma relação dinâmica da pele.
Portanto, não é de se espantar que seja ela a primeira a manifestar algo de diferente, quando o
indivíduo é acometido por problemas de ordem emocional. Pode-se dizer que a pele não é
apenas um órgão dos sentidos, “(...) ela respira e perspira, secreta e elimina, ela mantém o tônus,
ela estimula a respiração, a circulação, a digestão, a excreção e certamente a reprodução; ela
participa da função metabólica.” (ANZIEU, 2000, p.30).
Existe um fator de origem muito importante na relação da pele e do sistema nervoso:
ambos derivam do ectoderma. Durante a formação do embrião, a pele e o sistema nervoso, do
qual o cérebro é o órgão central, têm a mesma origem. O folheto externo do embrião, que, na sua
18
evolução, dobra sobre si mesmo, forma um tubo e este é chamado de tubo neural. A parte que
fica por fora, forma a pele e a parte interna vai desenvolver o sistema nervoso. No entanto, pode-
se considerar com precisão que existe uma relação fisiológica bastante fidedigna entre os dois
(AZAMBUJA, 2000; BALLONE, NETO & ORTOLANI, 2002).
A relação psique-pele envolve todos os elementos subjetivos presentes em nossa
personalidade, tais como, emoções, sentimentos, fantasias e agressividade. Conforme a
intensidade deste elenco, eles refletem na pele, alimentando a enfermidade cutânea (MÜLLER,
2001). Para DETHLEFSEN e DAHLKE (1997), a pele é uma superfície que reflete todos os
órgãos internos, além de um meio de contato com o exterior. Qualquer distúrbio em um deles, é
projetado na epiderme e cada estímulo na área correspondente da pele, é transmitido outra vez
para dentro do corpo. “Ao mesmo tempo em que nos protege, é a fachada que nos expõe.”
(STRAUSS, 1989, p. 1221).
O sistema til é o primeiro sistema sensorial a tornar-se funcional, em todas as
espécies, até o momento pesquisadas. O sentido mais intimamente associado à pele, o tato, é o
primeiro a desenvolver-se no embrião humano. Após o nascimento, a pele é convocada a
constituir muitas respostas adaptativas novas a um ambiente ainda mais complexo do que aquele
do qual esteve exposta até então, no útero.
Estudos provam que o contato sico, através do toque da mãe com a criança desde
pequena, é de extrema importância para seu desenvolvimento físico e psíquico e que muitas
doenças de pele são identificadas por personalidades doentes em relação à afetividade da criança,
na sua relação com a mãe, em seus primeiros anos de vida. A pele é um sistema de
comunicação tão importante na criança, é necessário que as mensagens que receba nesse nível
sejam suficientemente satisfatórias para permitir seu crescimento e desenvolvimento como ser
humano.” (CHIOZZA, 1988, p.27).
Para SILVA (2002), a presença de uma mãe inadequada, seja ela superprotetora ou
ausente, é uma característica dos pacientes que apresentam doenças de pele, sendo estas com
maior componente psíquico, o que nos leva a uma reflexão de que conflitos psíquicos
decorrentes da história de vida de cada individuo, pode ter importância em acometimentos mais
rios, num contexto físico bem como na própria vida emocional.
PINES (1980) chama a atenção para o fato que ao nascer, a criança, através da pele,
tem as sensações de mudança climática de um mundo aconchegante, sendo este o útero materno,
para um mundo áspero e frio, ou seja, o mundo externo; sendo assim, a pele é um meio do bebê
19
provar da experiência de sua relação com o mundo, de forma positiva ou negativa às suas
emoções.
Em um estudo elaborado por SHUR (1995), com pacientes com eczema, ele
desenvolve a idéia de que indivíduos que tenham passado por experiências traumáticas no início
de seu desenvolvimento, podem ter dificuldades significativas em lidar com a ansiedade e
quando em situões de estresse ou pressão maior diante da vida, poderão assim, desenvolver
sintomas somáticos na pele.
Para JUNG (1985) e GRODDECK (1989), a simbologia da doea é retratada por
aspectos reprimidos da psique; desta forma, a doença precisa ser vista e compreendida dentro de
um todo, na relação que ela estabelece com esse indivíduo adoecido.
Tudo o que tenha permanecido oculto no aspecto de emoções, pode apresentar-se
através do sintoma, numa manifestação simbólica, como comunicação do interno com o externo,
ou seja, emoções o resolvidas que se apresentam através de manifestações orgânicas
(AZULAY & AZULAY, 1997).
Diante da realidade da pele, enquanto formação e função, não se pode negar o
impacto psíquico que um indivíduo sofre quando sua pele apresenta alguma lesão. “A pele é o
espelho do funcionamento do organismo: sua cor, textura, umidade, secura, e cada um de seus
demais aspectos refletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico.” (MONTAGU,
1988, p.30).
A pele desempenha um papel fundamental quanto à formação da personalidade do
individuo, pois essa formação também se dá pelo externo e a pele neste aspecto, traz a roupagem
única de cada um, a identidade corporal. Caso essa roupagem não esteja dentro dos patrões pré-
estabelecidos, as perdas são imensas quanto à imagem de si mesmo e suas relações interpessoais
(MINGNORANCE, LOUREIRO & OKINO, 2002).
Este impacto está diretamente relacionado à imagem corporal, interferindo,
posteriormente, em relação direta na qualidade de vida. Este é um fator que também está ligado
a um componente social, pois é reconhecido que o estigma social pode ter um papel adicional na
intensidade do impacto psicossocial das doenças dermatológicas.
No aspecto psicológico, a pele é o limite entre o ser e o ambiente, a
fronteira entre o que é próprio e o que é estranho, e tem papel importante
na formação da consciência corporal e na identidade pessoal. A aparência
da pele gera pensamentos que constroem a auto-imagem da pessoa e isso
20
origem a um estado de satisfação ou de tensão. (AZAMBUJA, 1999,
p.17).
A o desejada notícia que um paciente acometido por uma enfermidade espera, é a
cura, mas dependendo da doença, etapas a serem vencidas, pois o prognóstico pode exigir
muito mais desse paciente.
1.3. Imagem Corporal
A imagem corporal remete à idéia de ser a forma que cada um vê o próprio corpo, a
imagem que o corpo expressa, primeiramente ao indivíduo e, depois, aos outros sobre a própria
ótica.
Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na
mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se
apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações sinestésicas
construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de
experiências vivenciadas pelo indivíduo, onde o referido cria um
referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto
elaborado. (MATARUNA, 2004, p.01).
Para KRUEGER (1990), pode-se definir a imagem corporal como a representação
mental do próprio corpo. É a figura do próprio corpo que é formada pela nossa mente, o modo
pelo qual o corpo nos é apresentado. Para SCHILDER (1994), imagem corporal “é uma
fotografia que temos sobre a aparência do nosso corpo unida a atributos e sentimentos a respeito
dessa imagem. (TROYSE, 1997, p.128).
BAUMGARTER & JACKSON (1982) definem a imagem corporal como sendo o
meio pelo qual o corpo é percebido, bem como a atitude que a pessoa tem diante dele, sendo que
o corpo se mostra na capacidade de refletir a ansiedade e valores de cada pessoa, enfocando as
descobertas psicológicas e afirmando sentimentos individuais.
Através da percepção que o indivíduo faz de si mesmo e da sua relão com o
mundo, é que se dá a estruturação da imagem corporal (AKEL, 2000).
A auto-imagem é responsável por fatores de extrema importância para a formação
da personalidade, englobando auto-estima e confiança pessoal. Pois a imagem corporal se forma
21
desde o nascimento até o momento da morte. É um processo contínuo, que vai se desenvolvendo
de acordo com as mudanças individuais que ocorrem.
“A imagem corporal é contínua e representativa do esquema postural e acompanha
o indivíduo desde o seu nascimento até o último suspiro, sofrendo adaptações e transformações
globais de acordo com o momento vivido.” (MATARUNA, 2004, p.01).
Imagem corporal é algo que vai além da imagem projetada no espelho, podendo se
aproximar da aparência real, abrangendo aspectos físicos, sociais e psicológicos do indivíduo.
Para THOMPSON (1996), o conceito de imagem corporal envolve três
componentes: perceptivo, que está relacionado ao peso e tamanho corporal, subjetivo, que
envolve a satisfação com a aparência, ligado a um nível de preocupação e ansiedade e o
comportamental, que está ligado a situações evitadas pelo indivíduo, por experimentar
desconforto associado à aparência corporal.
No que diz respeito à discriminão relacionadas à imagem corporal, pode-se dizer
que a base está atrelada a fatores cio-culturais. O mundo está preparado para receber
indivíduos com uma imagem corporal padronizada àquilo que é conceituado como belo, perfeito,
simétrico, dentro das medidas e peso exatos. Uma pessoa que não corresponde a tais exigências,
se discriminada, abolida da sociedade. É como se perdesse seu lugar diante do mundo. Passa a
ser um indivíduo com muitos estereótipos. É visto como o diferente, o estranho, muitas vezes, o
doente.
Um corpo individuado se prende na busca de ser alguém; um corpo massificado
busca por ter, parecer e poder.
As pessoas não atraentes são discriminadas pelo mundo social, em várias situações do
dia-a-dia. Pessoas tidas dentro do padrão como mais atraentes, apresentam um encorajamento
social seguro, parecem receber mais apoio. Por outro lado, pessoas tidas como não atraentes,
estão mais propensas a encontrar ambientes dentro da sociedade, que variam do não-responsivo
até rejeitador, desencorajando-o frente ao seu próprio desenvolvimento de habilidades sociais e
de uma auto-percepção favorável (ADAMS, 1977).
O indivíduo ao construir-se, também constrói o outro, pois
"as experiências visuais
que levam à construção da imagem corporal pessoal levam, ao mesmo tempo, à constrão da
imagem corporal dos outros." (SCHILDER , 1994, p.188).
Além da percepção que o indivíduo tem de si mesmo, através de sua realidade visual,
também outras vivências ou mesmo sensações que o auxiliam nessa construção de si mesmo,
22
através dos cinco sentidos. Pensando nas sensações do tato, o toque e contato são elementos
importantes de experimentação com o próprio corpo (MONTAGU, 1988).
A todo momento, a pessoa vivencia possibilidades de se tocar ou fazer quem es
próximo de si, tocar sua pele. Este ato é de extrema importância para que sua imagem corporal
possa ser enriquecida, que só desenvolve diante da experiência de troca, ou seja, a relação
consigo mesmo e com o mundo (MONTAGU, 1988, p.279-368).
Um corpo é necessariamente um corpo entre corpos. (...) A palavra 'ego'
não tem sentido quando não existe um 'tu' (...). Interessamo-nos tanto por
nossa integridade quanto pela dos outros (...). Não há imagem corporal sem
personalidade. Mas o desenvolvimento pleno da personalidade do outro e
de seus valores só é possível através da imagem corporal. Assim, a
preservação, a construção e a estruturação da imagem corporal deste outro
se torna signo, sinal e símbolo do valor de sua personalidade integrada. A
este respeito, o estudo da psicologia da imagem corporal pode levar a um
sistema ético e a um sistema moral. Portanto, dor, alegria, destruição,
mutilação, morte são a preocupação daqueles que estão próximos de s,
mas um reflexo mágico conecta os mais próximos com os mais afastados e
passa até ao animal, à planta e ao mundo inanimado. profundas
conexões entre nossas ações e interesses pessoais e nossos interesses e
ações relativos aos outros. A preservação da imagem corporal de outra
pessoa é em si, um valor ético. (SCHILDER, 1994, p.243).
Dentro deste pensamento, podemos dizer que a imagem corporal faz parte da
sombra
10
e persona
11
do indivíduo e que a todo momento, ele busca adaptá-los da melhor forma
possível, dentro de sua vivência cotidiana.
10
“(...) a sombra (em sentido psicológico) faz parte da personalidade total. As coisas que não aceitamos em nós, que
nos repugnam, e por isso as reprimimos, nós as projetamos sobre o outro (...). E assim permanecemos inconscientes
de que as abrigamos dentro de nós. (...) é uma espessa massa de componentes diversas, aglomerando desde pequenas
frquezas, aspectos imaturos ou inferiores, complexos reprimidos, até forças verdadeiramente maléficas, negrumes
assustadores. Mas também na sombra poderão ser discernidos traços positivos: qualidades valiosas que não se
desenvolveram devido a condições externas desfavoráveis ou porque o individuo não dispôs de energia suficiente
para levá-las adiante, quando isso exigisse ultrapassar convenções vulgares. (SILVEIRA, 1981, p. 91, 92).
11
"Jung chamava de 'Persona' a face que apresentamos ao mundo, referindo-se com esse termo às máscaras que os
gregos usavam em suas encenações de tragédias.” (ROBERTSON, 1995, p. 115).
23
A persona na qualidade de um arquétipo é própria de todo ser humano.
Possui a qualidade de estar constantemente a se formar e constantemente a
se modificar. Cabe a cada um, a cada ego, a constante identificação do que
é o próprio ego e do que é persona. Deve-se usar uma máscara em cada
situação da vida humana, mas deve-se saber trocá-la no momento oportuno
e também saber que o ego não é a persona. (SOUZA, 2006, p.17).
Essa relação e desenvolvimento da imagem corporal pode ser alterada de acordo com
a doença que a pessoa é acometida e, conseqüentemente, interferir em sua qualidade de vida, na
relação que estabelece consigo mesmo e com os outros.
1.4. Qualidade de Vida
De acordo com o presente trabalho, qualidade de vida é um dos itens que foram
avaliados com relação aos sujeitos do mesmo. Portanto, verifica-se a necessidade de
compreender o que realmente quer dizer qualidade de vida, bem como as características que a
compõem.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde pode ser definida como um
estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença. (ORLEY,
SAXENA, HERRMAN, 1998).
Qualidade de vida, portanto, está diretamente ligada ao conceito de saúde, ou seja, é
a forma do indivíduo ou grupos perceberem como satisfazem suas necessidades e como
aproveitam as oportunidades que os levam a uma satisfação pessoal e felicidade plena, bem
como de sua posão diante da vida, em seu contexto mais amplo, cultural e sistema de valores,
isso tudo em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FLECK, LEAL,
LOUZADA, XAVIER e CHACHAMOVICH, 1999).
Qualidade de vida é uma não eminentemente humana, que tem sido
aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa,
social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade
de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada
sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange
muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de
24
indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas,
espaços e histórias diferentes, sendo portanto uma construção social com a
marca da relatividade cultural. (MINAYO, HARTZ, BUSS, 2000, p.08).
Diante de toda essa abordagem conceitual de qualidade de vida, torna-se instigante a
reflexão sobre ela diante de pessoas que são diagnosticadas com hanseníase.
1.5. Hanseníase
A hanseníase é uma doença que atinge a pele, nervos periféricos e órgãos internos
e que, quando não diagnosticada precocemente, pode, como conseqüência, levar a incapacidades
e deformidades, responsáveis pelo medo, pelo preconceito e pelos estigmas que a envolvem; o
paciente carrega marcas psíquicas e sociais por toda sua vida (OPROMOLLA, 2000).
Para MOFFAERT (1992), a nítida aparência de uma pessoa com algum tipo de
acometimento cutâneo pode levá-la a agravos psicológicos, pois as doenças de pele são
estigmatizadas como contagiantes ou falta de higiene, podendo causar ao paciente, sentimentos
autodepreciativos, podendo levá-lo a um medo de se expor, causando sérios problemas em suas
relações sociais, por vergonha de se apresentar socialmente. Por outro lado, segundo
GINSBURG (1996), os agravos emocionais podem piorar ou retardar a recuperação da desordem
da pele, ou mesmo, apresentar recaídas em pessoas predispostas.
Apesar de se relatar a hanseníase como a “moléstia mais antiga conhecida pelo
homem ( BECHELLI & ROTBERG, 1951), a sua origem é ainda um ponto obscuro para os
pesquisadores. Existem poucos registros sobre o aparecimento da doea, tornando difícil uma
abordagem precisa sobre o tema.
Existe preconceito significativo sobre a doença, desde tempos antigos. Pelos dados
históricos, ao que parece, essa doença era conhecida na Índia, em 1500 a.C. e no Regveda
Samhita (um dos primeiros Vedas, que eram os livros sagrados da Índia), a hanseníase é
denominada Kushta. Na China, referências muito antigas sobre essa doença, como aquela que é
feita em um dos tratados médicos chineses mais antigos, o Nei Ching Su Wen , o conta de
descrições compatíveis com pacientes portadores de Hanseníase, por volta de 2600 a.C .
A Bíblia é outra fonte de confusão quanto à existência da Hanseníase entre
os judeus na época do Êxodo. O termo “tsaraath”, no hebraico, significava
25
uma condição anormal da pele dos indivíduos, das roupas, ou das casas,
que necessitava de purificação. Segundo o Livro Sagrado, o “tsaraath” na
pele dos judeus seriam “manchas brancas deprimidas em que os pelos
também se tornavam brancos”. Na tradução grega, a palavra “tsaraath” foi
traduzida como lepra e lepros” em grego, significa “algo que descama.
(OPROMOLLA, 2000, p.01).
Segundo VERONESI e FOCACCIA (2005), Hipócrates (460 a.C.) descreveu uma
doença que denominou “lepra”, caracterizada por muitas manchas na pele, compatível com
doenças hoje conhecidas por prurido estival ou pitiríase simples ou vitiligo.
Na ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL (1982), encontramos as seguintes
informações: “A lepra é uma doença antiga”. Os historiadores acreditam que a doença existia na
China, Egito e Índia, mais de 2.500 anos a.C. Como seu uso na Bíblia, a palavra lepra pode
referir-se a várias doenças diferentes de pele. Possivelmente, os soldados romanos trouxeram a
lepra do Egito para a Grécia e da parte oriental da Ásia Menor para a Itália.
Manuscritos indianos chineses, sírios e egípcios mostram que a doença era
muito comum no oriente, desde a mais remota antigüidade. O fato é
confirmado, igualmente pela Bíblia. Há notícias de isolamentos de leprosos
desde 2.400 a.C. É antiqüíssima a noção de incurabilidade da doença e de
seu caráter contagioso, o que resultava freqüentemente, em medidas
desumanas em relação aos leprosos. (ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA
MÉRITO, 1960).
Na Idade Média, 400 a 1450 d.C., a lepra era o nome dado a qualquer tipo de problema
dermatológico, mesmo a condições dermatológicas não contagiosas, como o eczema e a psoríase.
Nas Aricas, a hanseníase deve ter chegado com os colonizadores, entre os séculos
XVI e XVII, embora em alguns dados históricos constam que a doença tenha sido trazida para as
Américas Central e do Sul, no século XVI, pelos conquistadores espanhóis e portugueses e,
posteriormente, pelos escravos trazidos da África. A eles também, é atribuída a moléstia nos
EUA e nas Ilhas do Caribe (OPROMOLLA, 2000).
Os primeiros documentos que atestam a existência de hanseníase no Brasil, datam do
fim do século XVII. Em 1696, o Governador Arthur de e Menezes procura dar assistência
26
aos leprosos. O Estado de o Paulo adota, no início da década de 1930, o modelo isolacionista,
também, usado em outros países endêmicos. No VII Congresso Internacional de Leprologia,
realizado no Rio de Janeiro, em 1963, foram apresentados muitos trabalhos, atestando os
resultados ineficazes da política isolacionista e os bons resultados no tratamento ambulatorial dos
pacientes (OPROMOLLA, 2000).
Pode-se dizer que depois de longos anos, a hanseníase, em pleno século XXI, recebe
tão ou mais preconceito do que há tempos atrás.
Hoje, a sociedade apresenta-se com padrões determinados e muito exigentes com a
imagem corporal. Para poder cuidar de pessoas acometidas por essa doença, que há séculos vem
sendo discriminada, é motivo para que o psicólogo repense, em sua prática clínica, no momento
do diagnóstico, seu tratamento e alta e, principalmente, um olhar mais voltado para a prevenção.
“O corpo humano é um todo cujas partes se interpenetram. Ele possui um elemento interno de
coesão, a alma; ela cresce e diminui, renasce a cada instante até a morte. É uma grande parte
orgânica do ser.” (VOLICH, 2000, p.23).
Descortina-se aí, uma importante contribuição que a Ciência Psicológica, ainda em
desenvolvimento, pode oferecer para a área da Saúde, embora se constate que esta questão, tão
importante, não venha tendo a devida atenção pelos profissionais da área.
1.5.1. Hanseníase e saúde pública
Segundo BRASIL. Ministério da Saúde (1989), a hanseníase é compreendida como
um problema de saúde pública, em nosso país e requer adoção de ações necessárias para o seu
controle. Essas medidas devem ser compartilhadas por todos os profissionais de saúde, em todos
os níveis de atenção. Dentre as ações de controle, são prioritários o diagstico precoce e o
tratamento adequado dos pacientes.
Em julho de 2008, o Ministério da Saúde veiculou a Campanha Nacional contra a
Hanseníase.
(...) cartazes, cartilhas e lderes serão distribuídos à população e a
profissionais de saúde, de ensino e de comunicação, com o objetivo de
disseminar informação sobre a doença e promover o diagnóstico precoce.
Também serão veiculados vídeos em televisão e áudios em rádios de todo o
Brasil. Com esta ação, o ministério busca atingir a meta de eliminar a
27
enfermidade e melhorar a qualidade dos cuidados às pessoas com
hanseníase. (SAÚDE. Ministério da Saúde, 2008).
As pessoas portadoras do diagnóstico da hanseníase podem, mediante o Sistema
Único de Saúde (SUS), obter tratamento adequado e totalmente gratuito, de acordo com as leis
do próprio SUS. (Ministério da Saúde: Leis Federais do dia 26/07/00, PORTARIA 816):
II- Tratamento integral dos casos, compreende:
a) quimioterapia específica, em regime ambulatorial, visando à cura da
doença e à interrupção da transmissão da infecção;
b) diagnóstico e tratamento das intercorrências e/ou complicações, durante
ou após o tratamento, inclusive em regime hospitalar, quando houver
indicação;
c) prevenção e recuperação de incapacidades físicas, psíquicas e sociais,
durante ou após o tratamento específico, readaptação profissional e
reinserção social do doente e de seus familiares, quando necessário
(SAÚDE, LEIS FEDERAIS, 2000).
2 - Justificativa
A hanseníase apresentou uma redução significativa de sua prevalência, de 16,4 por
10.000 habitantes, em 1985, para 4,52 por 10.000 habitantes, em 2003, aproximando-se da meta
proposta pela Organização Mundial de Saúde OMS, de eliminar essa doença como problema
de saúde pública (WHO,2005).
O Brasil o atingiu a meta proposta pela OMS, de menos de 1/10.000 habitantes e
ainda está incluído entre os países de alta endemicidade no mundo, sendo o primeiro em mero
de casos. A média brasileira é de 4,1 casos por 10.000/ hab, contra 3,2 casos na Índia.
(RICHETTI, 2004). Pode-se dizer que a hanseníase continua sendo um problema de saúde
pública que exige uma vigilância resolutiva. Portanto, no ano de 2005, foi estabelecida uma nova
meta de eliminação da hanseníase para 2010, novamente de menos de 1/10.000 habitantes
(WHO, 2005).
28
Além das condições individuais (nível de imunidade específica para o bacilo), outros
fatores relacionados aos níveis da endemia (localidades com grande número de doentes de
hanseníase), podem ser responsáveis pela erradicação da doença, como, condições sócio-
econômicas desfavoráveis, condições prerias de vida e de saúde e também elevado número de
pessoas convivendo em um mesmo ambiente e tendo contato íntimo e prolongado com o doente.
“A imunidade especifica ao M. leprae de cada pessoa determina significativamente sua resposta
à doença.” (OPROMOLLA, 2000).
De acordo com a classificação adotada por ocasião do VI Congresso Internacional de
Leprologia, realizado em Madri, em 1953, quatro grupos distintos: Indeterminada e
Tuberculóide, fazendo parte do grupo paucibacilar da classificação operacional proposta pela
Organização Mundial de Sde, onde não transmissão da doença. Dimorfa e Virchoviana, do
grupo multibaciliar, responsáveis pela transmissão (CONGRESSO INTERNACIONAL DE
LEPROLOGIA, 1953; OPROMOLLA, 2000).
Um dos agravos da hanseníase é que o paciente pode apresentar antes, durante ou
após seu tratamento, em todas as formas clínicas, exceto a indeterminada, um quadro reacional
traduzido por femenos agudos (OPROMOLLA, 2000).
As reações se classificam em dois tipos:
Reão tipo 1:o mediadas por células e ocorrem nas formas tuberculóide e dimorfa.
Essas reações se caracterizam clinicamente pela exacerbação das lesões
pré-existentes e o aparecimento de novas. As lesões que estão evoluindo
cronicamente, uma ou mais, tornam-se mais eritematosas, mais edematosas
e surgem outras lesões com características agudas em mero maior ou
menor. Estas reações também são chamadas de reações hansênicas
tuberculóides ou dimorfas dependendo da forma clínica em que se
instalam. Os nervos periféricos também podem participar dessas reações,
aumentando de volume e causando dor (neurite). (OPROMOLLA, 2000,
p.55).
Reão tipo 2: também são chamadas de eritema nodoso hansênico (ENH) e ocorrem
na forma virchoviana, podendo, mais raramente, ocorrer na forma dimorfa e são dependentes da
imunidade humoral.
29
As reações tipo 2 também conhecidas como eritema nodoso hansênico
(ENH), se caracterizam, na pele, pelo aparecimento súbito de nódulos,
pápulas e placas eritematosas, dolorosas, em todo o tegumento. Têm como
localizações preferenciais as orelhas, a superfície de extensão dos
membros e regiões lombares, mas podem acometer outros locais. (...). Às
vezes, tem-se a impressão de que acometem a pele e outras vezes elas se
superpõem às áreas infiltradas e aos hansenomas.(...) O mero de lesões
varia de acordo com a intensidade do surto.(...) O surto pode ocorrer antes
do tratamento, mas é mais freqüente após o 4º ou mês da instalação da
terapêutica.(...) O ENH é um femeno sistêmico, não se restringindo
somente à pele. Ele ocorre mais freqüentemente na hanseníase virchoviana
que acomete vários órgão, e todos os lugares onde houver um infiltrado
especifico para fazer parte do quadro reacional, e mesmo onde não esse
infiltrado onde é o caso do rim. (OPROMOLLA, 2000, p.57).
Além disso, o paciente, no contexto social, vive a discriminação da convivência nas
inter-relações (família, amigos, colegas de trabalho), incapacitando-o socialmente para o trabalho
e até mesmo vivenciando dificuldades de atendimentos nos serviços de saúde. Isso pode gerar
co-morbidades, tais como: alcoolismo, quadros depressivos, fobias, entre outros.
Sob a pressão de um distúrbio físico, pode vir à tona que havia muita coisa
psicologicamente errada com o paciente; o disrbio físico provocou a
descompensação de uma psique que estava longe de estar estável. O
desaparecimento do disrbio físico, então, conduz à renovada
compensação da psique, o que não significa, contudo, que tudo está
psicologicamente como deveria estar. (FIERZ, 1997, p. 371).
Muitas vezes, se o quadro reacional não apareceu antes ou durante o tratamento, s
a alta, tem-se aqui um paciente duplamente acometido: recebeu o diagstico da doença, passou
por um tratamento longo e estressante e alguns terão que conviver, ainda por um tempo variável
após alta, com o tratamento para o Quadro Reacional.
A intensidade do impacto das doenças de pele depende de algumas variáveis, como a
história natural e as implicações da desordem específica de pele. As características demográficas,
de personalidade, caráter e valores do paciente, sua situação de vida e as atitudes da sociedade,
30
atuam como um todo sobre o significado dos distúrbios de pele, sendo estes fatores fundamentais
a serem analisados (GINSBURG & LINK, 1993).
Do ponto de vista psicológico, um trabalho da psicologia neste período de tratamento
no quadro reacional, é crucial para o paciente conseguir sua reinserção na família, na sociedade
e consigo mesmo. Verifica-se a dificuldade de encontrar trabalhos psicológicos dentro desta área,
especificamente ao paciente no Quadro Reacional Tipo 2.
O objetivo terapêutico é acolher os impulsos de desenvolvimento que
surgem na psique. Com isso, o indivíduo ganha mais competência para
lidar consigo e com os outros: ele entende melhor a si mesmo, inclusive
seus lados obscuros, cujas projeções podem depois ser reconhecidas mais
facilmente. O objetivo abrangente é tornar-se mais autônomo, mais capaz
de se relacionar e cada vez mais autêntico. (KAST, 1997, p. 165).
O bom atendimento nesse período, pode representar, ao final de todo processo, em
um indiduo reabilitado ou em um indiduo excluído da sociedade e comprometido em sua
auto-estima, identidade e processo de individuação.
O presente trabalho nasceu de nove anos de estudos, voltados para o tema que
envolve a relação da pele com o psiquismo. Estes estudos se iniciaram com um trabalho de
conclusão de Graduação em Psicologia, tratando de um estudo de caso de uma paciente com
psoríase, no ano de 1999. Desde então, a pele vem sendo tema de várias pesquisas e trabalhos
publicados pela autora.
Esses estudos resultaram na fundação, no ano de 2002, de um Grupo de Estudos
sobre pele e psiquismo, Grupo Eppiderm (Estudos e Pesquisas Psicológicas Integrados à
Dermatologia), na cidade de Bauru Estado de São Paulo; grupo vinculado ao Instituto de
Psicologia Junguiana de Bauru e Região, possibilitando vivências interdisciplinares, através da
participação de vários profissionais da área da Saúde.
O interesse específico pela Hanseníase ocorreu por ser esta a doença de pele mais
antiga e estigmatizante. Em pleno século XXI, as pessoas falam pouco ou quase nada dessa
doença que ainda é um problema sério de saúde pública, em nosso ps e motivo de grande
sofrimento e ainda discriminação. Portanto, escolher por hanseníase dentro desta realidade de
estigmas e sofrimento, me colocou num desafio para saber especificamente os agravos
emocionais das pessoas que sofrem com o Quadro reacional tipo 2 (eritema nodoso hansênico).
31
3- Objetivos
3.1. Geral
Avaliar emocionalmente o paciente hanseniano no Quadro Reacional Tipo 2 (eritema nodoso
hansênico), que apresenta ou tenha apresentado, comparado ao paciente sem qualquer tipo de
reação.
3.2. Específicos
Averiguar se existe diferença no que diz respeito ao impacto emocional, para o
paciente no Quadro Reacional Tipo 2 e os que não apresentaram qualquer tipo de
reação;
Identificar possíveis comprometimentos de ordem emocional, consigo mesmo e nas
suas inter-relações;
Avaliar a qualidade de vida do paciente hanseniano, no Quadro Reacional tipo 2,
identificando qual seu agravo emocional neste aspecto, comparado ao paciente sem
qualquer tipo de reação.
4- Sujeitos e Métodos
4.1.Sujeitos
Foram considerados sujeitos da pesquisa, todo paciente que se enquadrou nas
exigências do projeto, ou seja, pacientes hansenianos que tinham apresentado ou estavam
apresentaram quadro reacional tipo 2 (eritema nodoso hansênico) e pacientes que o tinham
apresentado e que não estavam apresentando qualquer tipo de reação, sendo estes considerados
como grupo controle.
A amostra foi constituída de 50 pacientes, com diagnóstico de hanseníase, sendo 25
pacientes com diagnóstico de quadro reacional tipo 2 e 25 pacientes que não apresentaram, em
nenhum momento, qualquer tipo de reão.
32
4.2. Critério de Incluo
Foram considerados sujeitos da pesquisa:
a) Pacientes que apresentam ou apresentaram Reação Tipo 2 e pacientes que não
apresentam ou apresentaram qualquer tipo de reação.
b) Ambos os sexos.
c) Pacientes acima de 16 anos de idade.
4
.3.Métodos
4.3.1. Entrevista semi-estruturada
A entrevista do presente trabalho se divide em duas partes (I e II). A parte I, intitulada
como “Avaliação de Informações Gerais” é subdividida em três partes: A) Com relação ao
quadro cnico; B) Com relação ao tratamento e C) Com relação à compreensão da
doença/quadro reacional, totalizando dez questões, com o objetivo de coletar dados e se o
paciente tem esclarecimento sobre a doença, bem como sobre seu tratamento.
A parte II, Avaliação Emocional” é subdividida em quatro partes: A) Com relação a si
mesmo, B) Com relação à família, C) Com relação à sociedade e D) Conhecimento da cura
da doença, totalizando treze questões, cujo objetivo é avaliar qual o impacto emocional da
doença/quadro reacional em sua vida.
4.3.2. DLQI-BRA
O Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia é um instrumento para avaliar
qualidade de vida em dermatologia, traduzido, adaptado e validado, a partir do original
Dermatology Life Quality Index – DLQI, criado na Universidade de Wales, Cardiff, no Reino
Unido. Um questionário projetado para uso adulto, ou seja, pessoas acima de 16 anos,
medindo o quanto o problema de pele afetou a vida da pessoa no decorrer da última semana.
(FINLAY & KHAN, 1994).
33
O DLQI pode ser analisado sob seis domínios:
1. Sintomas e sentimentos Questões 1 e 2
2. Atividades diárias Questões 3 e 4
3. Lazer Questões 5 e 6
4. Trabalho e Escola Questão 7
5. Relações pessoais Questões 8 e 9
6.Tratamento Questão 10
A utilização deste instrumento, que avalia a qualidade de vida do paciente
dermatológico, na última semana teve como objetivo a obtenção de dados mais próximos
possíveis dos agravos recentes no Quadro Reacional, bem como tentar identificar o que pode
caracterizar tal reação dentro da avaliação dos domínios acima.
4.3.3.WHOQOL-bref
O WHOQOL-bref é a versão abreviada do WHOQOL 100. É composto por 26
questões, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as 24 restantes representam cada
uma das 24 facetas que compõem o instrumento original (Tabela A) (FLECK et al, 2000).
Esta versão abreviada divide-se em 4 donios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio
Ambiente.
A aplicação desse instrumento genérico de qualidade de vida da Organização
Mundial da Saúde, deu uma avaliação generalizada de qualidade de vida, já que foi utilizado um
instrumento especifico em dermatologia. Obtendo, portanto, parâmetros de avaliação de
qualidade de vida gerais e especifico.
34
Tabela A- Domínios e facetas do WHOQOL-bref.
Domínio 1- Domínio Físico
1. Dor e desconforto
2. Energia e fadiga
3. Sono e repouso
9. Mobilidade
10. Atividade da vida cotidiana
11. Dependência de medicação ou de tratamento
12. Capacidade de trabalho
Domínio 2 Domínio Psicológico
4. Sentimentos positivos
5. Pensar, aprender, memória e concentração
6.Auto-estima
7. Imagem corporal e aparência
8. Sentimentos negativos
24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Domínio 3 Relações Sociais
13. Relações Pessoais
14. Suporte (Apoio) social
15. Atividade sexual
Domínio 4 Meio Ambiente
16. Segurança física e proteção
17. Ambiente no lar
18. Recursos financeiros
19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
20. Oportunidade de adquirir novas informações e habilidades
21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer
22. Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)
23. Transporte
(FLECK, et al, 2000)
5- Local de Coleta de Dados
Ambulatório de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP, no
distrito de Rubião Júnior.
6- Procedimentos
6.1. Procedimento Ético da Pesquisa
O presente projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Botucatu –
UNESP, para a aprovação e/ou reformulações necessárias, para que o mesmo se enquadrasse
35
totalmente dentro das exigências da pesquisa com seres humanos, em 05 de junho de 2006,
sendo aprovado por este Comitê no dia 3 de julho de 2006.
6.2. Procedimentos de Coleta de Dados:
O procedimento da Coleta de dados ocorreu da seguinte maneira:
Contato com o Médico Dermatologista responsável do Departamento de Dermatologia
da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, para obter-se autorização de pesquisa.
Explicitação do projeto e entrega de uma cópia do documento para o mesmo.
Aplicação da Entrevista, DLQI-BRA e Whoqol-bref em 50 (cinqüenta) pacientes
hansenianos, sendo que 25 pacientes apresentaram ou estavam apresentando quadro
reacional tipo 2 e 25 pacientes não tinham apresentado nenhum tipo de reação, sendo
estes, considerados grupo-controle, de forma aleatória, conforme ordem de atendimento
no Ambulatório.
1. Os prontuários dos pacientes que estavam relacionados para consulta do dia, eram
submetidos a uma triagem, para se saber quais destes se encontravam dentro das
características de diagnóstico que estávamos selecionando para a coleta de dados.
2. Solicitava-se ao paciente, um de cada vez, que se dirigisse a uma sala do ambulatório de
dermatologia para a coleta de dados.
3. Primeiramente, era estabelecido o rapport
12
, um momento de acolhimento, onde a
pesquisadora se apresentava e falava sobre sua formação profissional.
4. Logo em seguida, era apresentado o objetivo da pesquisa, esclarecia-se o que seria feito
nesta coleta de dados, explicava-se sobre os três instrumentos que precisariam ser
respondidos (Entrevista, DLQI-BRA e o WHOQOL-bref).
5. Após, era solicitada a anuência de sua participação no projeto e respectiva assinatura do
termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
6. Primeiramente, apresentava-se a entrevista e esclarecia-se que as respostas seriam
anotadas enquanto eram relatadas e que os outros dois instrumentos poderiam ser
respondidos pela própria pessoa, simplesmente marcando um “x”. A seqüência de
12
Rapport segundo KAPLAN e col. citado por (CORDEIRO; BALDAÇARA, 2007, p.12), “é caracterizado por um
conjunto de estratégias com a finalidade de extrair o máximo possível daquele encontro.”
36
aplicação dos instrumentos foi: entrevista, DLQI- BRA e WHOQOL-bref, sendo os três
instrumentos aplicados em cada paciente num mesmo dia, num único contato.
6.3.
Plano de Análise de Dados
O material coletado através da entrevista e das escalas DLQI-BRA e WHOQOL-
bref, compuseram a parte quantitativa da pesquisa.
Esses dados qualitativos (entrevistas) foram tabulados e transformados em
meros, para que pudessem ser avaliados dentro da análise estatística. Para isso,
foram criadas escalas dentro do padrão de escalas de likert.
É um tipo de escala de resposta psicométrica usada comumente em
questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. Ao responderem
a um questionário baseado nesta escala, os perguntados especificam seu nível de
concordância com uma afirmação. (LIKERT, 1932, p.63).
Os dados foram discutidos dentro de um referencial da Psicologia Analítica
Junguiana.
7- Metodologia Estatística
O estudo da Associação entre grupos e as variáveis categorizadas: sexo, medicação,
acompanhamento de saúde no próprio bairro, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, o
que sentiu antes de entrar no quadro reacional, explicação da doença de um modo geral, mesmo
diagnóstico de hanseníase na família foi realizado, utilizando o teste de Goodman para contrastes
entre e dentro de populações multinominais (GOODMAN, 1964,1965).
Foram utilizadas letras minúsculas para indicar os resultados das comparações entre
grupos, fixada a categoria de resposta e, letras masculas, nas comparações das categorias de
respostas dentro do grupo. Para a interpretação das letras, deve-se proceder da seguinte maneira:
a) Duas propoões seguidas de uma mesma letra minúscula, não diferem quanto aos
respectivos grupos, na categoria de resposta em consideração;
37
b) Duas proporções seguidas de uma mesma letra maiúscula, não diferem quanto às
respectivas categorias de resposta, dentro do grupo em consideração.
Todas as conclusões, no presente trabalho, foram discutidas no nível de 5% de
significância.
As tabelas 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 31, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 45
foram analisadas descritivamente, ou seja, foram feitas por meio de distribuição de freqüência,
pois apresentaram variáveis mais esporádicas, embora interessantes de serem apresentadas no
trabalho.
8- Resultados e Discussão
Todas as pessoas solicitaram que as respostas dos instrumentos (WHOQOL-bref e
DLQI-BRA) fossem anotadas pela pesquisadora, pois a maioria, relatado por elas mesmas,
apresentava dificuldade de leitura e escrita, por não terem tido escolaridade suficiente ou que se
demorariam muito para responder as perguntas. Tal solicitação foi aceita. Desta forma, todos os
cento e cinqüenta instrumentos foram anotados pela pesquisadora, com todas as anotações
necessárias. Foram acompanhados todos os relatos, bem como estabelecido contato com todos os
participantes.
A Coleta de dados ocorreu num período de 14 meses, sempre às segundas feiras, a
partir das 13 horas, no Ambulatório de Dermatologia. A aplicação dos três instrumentos levou,
em média, aproximadamente uma hora e vinte minutos para cada pessoa.
Houve uma relação empática estabelecida, primeiramente da parte da pesquisadora,
tendo um cuidado grande em acolhê-los; sentindo necessidade em ajudá-los, com a
possibilidade, mesmo num tempo curto, de fazer desse tempo, algo produtivo. Desta forma,
percebeu-se o envolvimento dos mesmos, comprovado pela participação e contribuão
efetiva no resultado da coleta de dados. CORDEIRO; BALDAÇARA (2007) afirmam que a
capacidade de desenvolver uma relação empática com o paciente exige uma profunda
apreciação de complexidade de comportamento humano e uma rigorosa educação no campo
de falar e ouvir pessoas.
38
O diálogo é a conversa perfeita, porque tudo o que um diz recebe sua
feição determinada, seu timbre, seu gesto que a acompanha, unicamente
com relação ao outro interlocutor, por conseguinte, de uma forma análoga
ao que acontece na correspondência, a saber, que uma só e mesma pessoa
mostra aspectos da expressão de sua alma, segundo escreve ora a um, ora a
outro. (NIETZSCHE, 2007, p.221).
Diante deste contato que obtive com todos os participantes, foi observada a
necessidade, até mesmo a carência que os mesmos apresentavam em serem ouvidos. Muitos
se emocionavam, outros agiam naturalmente, outros falavam de assuntos diversos ou mesmo
o cotidiano da própria vida, pois quando a pesquisadora se apresentava como psicóloga, eles
iniciavam falando sobre situações da vida pessoal; era como se estivessem esperando por
alguém para ouvi-los, perguntar como estavam, mas de uma forma diferente, com vontade e
real interesse em escutá-los; isto acontecia antes mesmo de darmos início à entrevista. Foi
ouvido o que o paciente tinha a dizer, na tentativa de acolhê-lo e, muitas vezes, orientá-lo em
algumas situações que eram de conhecimento profissional da entrevistadora.
8.1. Entrevista Semi-Estruturada
Tabela 1. Distribuição do Sexo, segundo Grupos.
Grupo
Masculino
Feminino
Total
Com Reação
20 (80,00)
a
B
5(20,00)
a
A
25
Sem reação
16 (64,00)
a
A
9 (36,00)
a
A
25
Em relação aos grupos, não se verificou predominância significativa em ambos os sexos. No
grupo com reação, verificou-se predominância significativa do sexo masculino (80%), enquanto
no feminino, a distribuição foi casual.
39
Discussão: Segundo HEILBORN (1992, p.93), “Sob o ponto de vista antropológico, gênero é a
construção social abstrata da realidade, predominando as diferenças culturais do que é
masculino
e feminino sobre as diferenças biológicas
.”
Aspectos que estão ligados a gênero, merecem um
olhar mais atento, no que diz respeito à prevenção e intervenção no campo da saúde.
É comprovado que a procura de serviços de saúde é maior pelas mulheres; este é um
motivo que diante da hanseníase, por ser uma doença que tempos vem prevalecendo uma
incidência maior em homens, merece uma atenção melhor no que diz respeito a diagstico
precoce e tratamento.
As investigações realizadas revelam que a doença continua a incidir em
maior proporção entre homens, embora nos últimos anos a diferença entre
os sexos tenha diminuído, acometendo mulheres em plena capacidade de
reprodução. (...) Em matéria de sde, as mulheres e os homens apresentam
diferenças significativas entre si o em termos de necessidades
específicas, mas, também, de acesso à proteção à saúde. (OLIVEIRA;
ROMANELLI, 1998, p.52).
Tabela 2. Distribuição da Idade, segundo Grupos.
Grupo
Entre 20
-
30 anos
Entre 31
-
40 anos
Entre 41
-
50 anos
Entre 51
-
60 anos
Entre 61
-
70 anos
71 anos
ou mais
Total
Com Reação
2(8,00)
3(12,00)
6(24,00)
7(28,00)
5(20,00)
2(8,00)
2
5
Sem reação
4(16,00)
6(24,00)
4(16,00)
6(24,00)
3(12,00)
2(8,00)
25
Com relação à distribuição de idade, segundo os grupos, verificou-se que no grupo com reação, há
uma predominância de pessoas na faixa etária entre 51 e 60 anos (28%), sendo também,
encontrado valor predominante dentro dessa faixa etária no grupo sem reação (24%), embora este
apresente, também, uma segunda faixa eria com o mesmo percentual, de pessoas entre 31 e 40
anos (24%).
Discussão: Percebe-se que o que caracteriza os dois grupos, enquanto idade, é uma fase da vida
chamada de “meia-idade”, ou Metanóia, termo este denominado por Jung, onde o indivíduo vive
40
uma grande crise. Ele não é mais o adolescente que está disposto a encarar todos os desafios da
vida com ousadia, sem medo, mas também não é o idoso que já, teoricamente, viveu tudo o que
gostaria. Essa crise se caracteriza por grande reflexão e busca de identidade do si mesmo, através
do processo de individuação.
Nas primeiras etapas da vida, ou seja, na infância e na adolescência, o homem se adapta
à realidade por meio do desenvolvimento da consciência. Geralmente no meio da vida pode
ocorrer a metanóia, um período de mudanças em que se questiona o sentido da vida; onde a
conscncia tenha possibilidade de travar um “acordo” psíquico em que o indivíduo tende a se
voltar para o seu interior, voltar sua existência para a realização de seu Self. As características da
metanóia envolvem crise e bloqueio da criatividade, com implicações em todas as áreas da vida
pessoal.
Essa é uma crise que ocorre tanto para os homens, como para as mulheres. Um
momento em que o indivíduo é tomado por fragilidade, por uma necessidade de ser para o outro e
estar com o outro e consigo mesmo. Uma fase em que a pessoa vivencia uma maior maturidade
diante da vida. Mas que pensando nos pacientes com hanseníase, de se questionar que esse
momento de crise pode ser intensificado pelo agravo emocional que ela pode causar e, muito mais,
aos pacientes no quadro reacional tipo 2, que ainda estão precisando de atenção de saúde
redobrada.
Vários são os caminhos que levam à conscientização, mas eles obedecem à
certas leis. Geralmente a mudaa começa com o início da segunda metade
da vida. O meio da vida é um tempo de suma importância psicológica. (...)À
medida em que prossegue a maturidade, alarga-se o horizonte e também a
esfera da própria inflncia. (...) O meio da vida é um tempo de
desenvolvimento máximo, quando a pessoa ainda está trabalhando e
operando com toda sua força e todo o seu querer. Mas nesse momento tem
início o entardecer, e começa a segunda metade da vida. A paixão muda de
aspecto e passa a ser dever, o querer transforma-se inexoravelmente em
obrigação; as voltas da caminhada, que antes estavam cheias de surpresas e
descobertas, agora nada mais são do que rotina.(...). Em vez de se olhar para
a frente, muitas vezes, sem querer, se olha agora para o passado; principia-se
a prestar contas sobre a maneira pela qual a vida se desenvolve a o
momento. Procura encontrar suas motivações verdadeiras e surgem
descobertas. O indivíduo consegue conhecer sua peculiaridade por meio da
41
consideração crítica de si próprio e de seu destino. Mas esses conhecimentos
não lhe são dados de graça. Chega-se a tais conhecimentos apenas por abalos
violentos. (JUNG, ¶331a, 1986,p.198-199).
Tabela 3. Distribuição da Profissão, segundo Grupos.
Profissão
Com Reação
Sem Reação
Motorista
1(4,00)
1(4,00)
Operador de Guincho
1(4,00)
0(0,00)
Do lar
5(20,00)
5(20,00)
Jardineiro
0(0,00)
1(4,00)
Servente Geral
0(0,00)
2(8,00)
Operador de Máquina
1(4,00)
1(4,00)
Adubador
1(4,00)
0(0,00)
Assentador de Piso
1(4,00)
0(0,00)
Lenhador
1(4,00)
0(0,00)
Pedreira
1(4,00)
0(0,00)
Carregador de Câmera Fria
1(4,00)
0(0,00)
Frentista
1(4,00)
0(0,00)
Saqueiro
0(0,00)
1(4,00)
Agricul
tor
0(0,00)
2(8,00)
Lavrador
10(40,00)
1(4,00)
Comerciante
1(4,00)
1(4,00)
Fábrica de Fiação
0(0,00)
1(4,00)
Serviços Gerais
0(0,00)
3(12,00)
Aposentado
0(0,00)
1(4,00)
Montador
0(0,00)
1(4,00)
Pedreiro
0(0,00)
1(4,00)
Costureira
0(0,00)
2(8,00)
A
utônomo
0(0,00)
1(4,00)
Total
25
25
42
Com relação à profissão, segundo os grupos, verificou-se uma predominância importante na
profissão de lavrador (40%) dentro do grupo de pessoas com reação, ficando a do lar em
segundo lugar (20%). Já no grupo sem reação, verificou-se uma distribuição maior entre as
profissões, com mero predominante em do lar (20%).
Discussão: Percebe-se que o que predomina nos grupos são pessoas de um nível sócio-
econômico baixo, sem ao menos apresentarem, cursos profissionalizantes, o que ajudaria muito
na condição que eles se apresentam de muitas vezes não conseguirem um emprego legalizado
(com registro em carteira), pois o trabalho em lavoura, que foi o de maior predomínio no grupo
com reação, os expõe ao sol, que é um dos cuidados que a pessoa que tem hanseníase precisa ter,
pois além dos problemas solares com a pele em geral, eles fazem uso de um medicamento que é
pigmentante (Clofazimina).
Tabela 4. Distribuição da Atividade Profissional, segundo Grupos.
Atividade Profissional
Co
m Reação
Sem Reação
Aposentado 6(24,00) 4(16,00)
Afastado 8(32,00) 5(20,00)
Do lar
4(16,00)
5(20,00)
Lavrador 3(12,00) 1(4,00)
Adubação Liquida 1(4,00) 0(0,00)
Carregador 1(4,00) 0(0,00)
Desempregado
1(4,00)
0(0,00)
Comerciante 1(4,00)
1(4,00)
Motorista 0(0,00)
1(4,00)
Jardineiro
0(0,00)
1(4,00)
Saqueiro
0(0,00)
1(4,00)
Costureira
0(0,00)
2(8,00)
Serviços Gerais
0(0,00)
1(4,00)
Agricultor
0(0,00)
1(4,00)
Corretor de Imóveis
0(0,00)
1(4,00)
Autônomo
0(0,00)
1(4,00)
Total
25 25
43
Com relação à atividade profissional, segundo os grupos, verificou-se uma predominância de
pessoas afastadas (32%) e aposentadas (24%) no grupo com reação. No grupo sem reação,
uma distribuição maior dentro de atividades profissionais, apresentando meros idênticos entre
pessoas que se encontram afastadas (20%) e do lar (20%). Pode-se observar também, um
mero relevante nas pessoas que se encontram aposentadas (16%).
Discussão: Dos pacientes com reação, muitos foram abordados fora do estado reacional e
haviam voltado às atividades, pois, na realidade, praticamente 100% deles precisam ser afastados
durante os episódios reacionais. Alguns, por o terem motivo de sustento, pois não são
registrados, sentem-se na obrigação de trabalhar, mesmo sem condições físicas para tal, na
tentativa de conseguir algum sustento. Este fato pode complicar ainda mais seu estado.
Provavelmente, esta diferea para pessoas afastadas no grupo com reação se deva
aos sintomas próprios desse estado reacional, enquanto no grupo sem reação, este afastamento
não se deveu à hanseníase. Esta pergunta sobre a atividade profissional foi uma das que mais
mobilizou a insatisfão das pessoas, levando a uma série de sentimentos relacionados à falta de
ter um trabalho, de não conseguir uma atividade para o sustento da família. Vieram à tona
sentimentos, como preocupação, medo, impotência, tristeza, revolta e, algumas vezes,
expressados por choro no momento do relato na entrevista.
As pessoas que o conseguiram afastamento ou aposentadoria, vivem um drama
com relação ao Quadro reacional, pois elas eso de alta da doença, mas não têm condições
físicas diante do tratamento e dos sintomas do quadro reacional de estar trabalhando. O que nos
leva a uma reflexão também, com relação ao preconceito, pois provavelmente não seria tão fácil
conseguir uma colocação empregatícia diante desse quadro.
Pode-se dizer que o trabalho é uma necessidade arquetípica do individuo e que faz
parte da sua identidade, pois a necessidade de produção, não para seu sustento como para sua
realização pessoal, enquanto cidadão, membro de uma família, é que, muitas vezes, sentido à
sua vida, bem como possibilidades de se sentir aceito e pertencente a uma sociedade que preza os
valores do trabalho.
(...) o trabalho é como uma função arquetípica fundamental na
estruturação da personalidade, na medida que possibilita ao homem,
sobreviver ao processo de aquisição de consciência, após experimentar o
fruto da árvore do conhecimento. O trabalho é uma das funções que
44
permitem ao homem se exercer criativamente. É estruturante, pois é uma
ferramenta para interferir, transformar e alcançar a condição de sujeito. Ver
o seu produto é saber de suas possibilidades. (MOTTA, 2006, p.1).
Relato de paciente com Reação: “Me sinto ruim, mal, não posso fazer nada pelos meus filhos,
não tenho dinheiro para comprar o que eles pedem. A assistente social falou que eu sou classe
média, por isso que não me aposento.Como classe média, se tenho três filhos, minha mulher
trabalha e ganha trezentos e cinqüenta reais pra pôr comida dentro de casa?”(sic)
Tabela 5. Distribuição do Estado Civil, segundo Grupos.
Grupo
Casado
Solteiro
Viúvo
Separado
Total
Com Reão
21(84,00)
2(8,00)
1(4,00)
1(4,00)
25
Sem reação
19(76,00)
4(16,00)
2(8,00)
0(0,00)
25
Com relão à distribuição do estado civil, segundo grupos, uma predominância de pessoas
casadas no grupo com reação (84%), o que não difere do grupo sem reação, que, por sua vez,
também apresenta número predominante dentro do estado civil casado (76%).
Discussão: Percebeu-se que as pessoas que se encontravam solteiras ou mesmo separadas, em
ambos os grupos, apresentavam preocupação com relação a encontrarem um parceiro (a), pois
nesse momento do relato na entrevista, eles colocavam a questão do preconceito das pessoas
diante da hanseníase. Isto ficou mais evidente com os pacientes que apresentaram quadro
reacional, pois eles justificaram tal preocupação, pelo fato de estarem curados da hanseníase e
ainda apresentando manifestações da reação. No entanto, para a maioria dos pacientes do
presente estudo, esse aspecto não mostrou problema, já que 84% do grupo com reação e 76% do
sem reação, eram casados.
Relato de um paciente sem reação: É uma doença de pele e como eu sou solteiro, eu acho que
posso ser rejeitado pelas mulheres, é difícil.(sic).
Foi comum encontrar nos relatos de pacientes casados, de ambos os grupos, a
preocupação e medo que homens e mulheres sentiam em perder seus companheiros (as).
45
Segundo ROJAS e col. (1993), estudos que mostram que o diagnóstico da enfermidade
ocasiona problemas matrimoniais, motivo de separação”.
Relato de um paciente com reação: Nossa, depois da doença, piorou meu relacionamento com
a esposa. Ela se separou de mim, não dorme mais comigo, disse que é porque eu tenho dispinéia
do sono, mas não sei se é isso; a gente não fica perto um do outro...daí, eu tenho tristeza, crise
de choro, fico muito preocupado, ansioso demais, exagerado ...eu trabalhei dezessete anos, sem
férias, eu apensei em suicídio, me encaminharam pra uma psicóloga e um psiquiatra, a
hoje eu vou e tomo remédio, mas eu fico mais confuso com o tratamento psicológico...”(sic)
(Paciente chora ao falar.”(sic).
Este relato, por si só, demonstra a gravidade de determinada situação.
Tabela 6. Como surgiu, como foi descoberta a hanseníase, segundo Grupos.
Categoria
Com Reação
Sem Reação
Machucou e percebeu a falta de sensibilidade
3(12,00)
4(16,00)
Apareceram manchas
4(16,00)
10(40,00)
Apareceu na infância, agora voltou
1(4,00)
0(0,00)
Vermelhidão
no corpo, dores nas juntas e dormência
11(44,00)
1(4,00)
Desmaio e Pressão alta
1(4,00)
0(0,00)
Submetido à exame acompanhando parente
1(4,00)
0(0,00)
Por não ter sido vacinado
1(4,00)
0(0,00)
Dormência
2(8,00)
2(8,00)
Nódulos Internos
1(4,00)
0(0,00
)
Coceira e queimação na pele
0(0,00)
1(4,00)
Mancha e dormência
0(0,00)
5(20,00)
Bolha de Água
0(0,00)
2(8,00)
Total
25
25
De acordo com o surgimento da hanseníase, no grupo com reação, verificou-se uma
predominância no aparecimento de vermelhidão no corpo, dores nas juntas e dormência (44%);
já no grupo sem reação, verificou-se predominância no aparecimento de manchas (40%).
46
Discussão: Percebe-se que os pacientes com reação, apresentaram uma quantidade maior de
sintomas, antes do diagnóstico da hanseníase. O que leva a um questionamento se estas pessoas
apresentavam reação antes mesmo de ser diagnosticada a hanseníase ou esta foi diagnosticada
por ocasião da reação, já que o quadro reacional pode aparecer antes, durante e após o tratamento
e, quanto antes diagnosticada a doença, mais rápido as pessoas recebem o tratamento e, por
conseqüência, poderão ter menores complicações.
Segundo GOULART; PENA (2002), as manifestações clínicas da reação tipo 2 mais
freentemene relatada é o eritema nodoso hansênico (ENH) e pode ocorrer antes, durante e
após o tratamento quimioterápico, principalmente em pacientes virchowianos, muito embora seja
mais freente após o seu início.
Os pacientes com reação, por estarem um tempo maior em tratamento, apresentaram,
de certa forma, uma melhor descrição de sintomas do que os que o apresentaram reação.
Talvez por estarem convivendo com a doença e seus sintomas há mais tempo, coisa que o grupo
sem reação não apresenta, têm condições melhores de identificação e relato.
Tabela 7. Tempo de tratamento, segundo Grupos.
Grupo
Menos
de 1 ano
1 a 3
anos
4 a 6
anos
7 a 9
anos
10 a 12
anos
13
anos
ou
mais
Não se
lembra
Alta
Total
Com
Reação
2(8,00) 10(40,00) 5(20,00) 4(16,00) 0(0,00) 3(12,00) 1(4,00) 0(0,00)
25
Sem reação
15(60,00) 6(24,00) 1(4,00) 0(0,00) 1(4,00) 1(4,00) 0(0,00) 1(4,00)
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferença importante quanto ao tempo de tratamento. No
grupo com reação, predominou um a três anos de tratamento (40%). No grupo sem reação, a
predominância foi de menos de um ano de tratamento (60%).
Discussão: Os pacientes com reação tipo 2 se mostraram mais cansados emocionalmente,
diante do tratamento e um pouco na vida, com relação à cura da doença e compreensão da
mesma, pelo fato de o quadro reacional trazer sintomas ruins, iguais ou piores de quando
47
estavam apenas com a hanseníase. O tempo de tratamento da hanseníase é padronizado para
todos os pacientes. No entanto, os que apresentam reão, podem continuar o tratamento para
essa situação o que, para eles, significa tempo total de tratamento. Já os pacientes sem reação,
não necessitam desse tempo adicional. É possível que haja falha na explicação ao paciente sobre
um ou outro tratamento ou, ainda, situação de prejuízo no entendimento por parte do paciente.
A contradição pode existir pelo fato da cura da doença ser, diante do quadro
reacional, algo subjetivo, os sintomas do quadro é algo concreto, perceptível, o paciente es
sofrendo, sentindo.
Tabela 8. Fisicamente o que sentem, segundo Grupos.
Categoria
Com Reação
Sem Reação
Dor no corpo todo, fraqueza, falta de sensibilidade
11(44,00)
5(20,00)
Febre, dores no corpo, falta de apetite e queimação na pele
2(8,00)
0(0,00)
Sensação de queimação na pele
1(4,00)
3(12,00)
Não sente nada
2(
8,00)
4(16,00)
Câi
bra, inchaço, dores no corpo e dormência
4(16,00)
1(4,00)
Dores nas pernas e dormência
3(12,00)
5(20,00)
Falta de sensibilidade
1(4,00)
3(12,00)
Outras respostas não relacionadas à hanseníase
1(4,00)
4(16,00)
Total
25
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferença quanto à sensação física. No grupo com reação,
verificou-se predominância à dor no corpo todo, fraqueza, falta de sensibilidade (44%). No
grupo sem reação, houve uma maior distribuição entre as categorias, predominando dor no corpo
todo, fraqueza, falta de sensibilidade (20%), dores nas pernas e dormência (20%).
Discussão: Quando as pessoas começavam a relatar o que sentiam, especificamente os pacientes
com reação, dava a impressão de que iniciariam um relato de tortura, até mesmo a fisionomia
deles mudava, fisionomia que expressava dor, desconforto e mal-estar. Naquele momento,
denotavam serem pessoas frágeis, sensíveis e muito sofridas. Esta percepção se deu pela análise
da comunicação o-verbal desses pacientes, ou seja, por tudo aquilo que eles estavam dizendo,
48
sem ao menos pronunciarem uma palavra. Verbal e não-verbal pode ser a forma que se dê a
comunicação. A primeira, exterioriza o ser social, enquanto a segunda, o ser psicológico, sendo
sua principal função, a demonstração dos sentimentos (SILVA, 1993).
Tabela 9. Uso de outra medicação, além do tratamento da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
5(20,00)
a
A
20(80,00)
B
25
Sem reação
12 (48,00)
A
13 (52,00)
a
A
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferea significativa ao uso de outras medicações, além
do tratamento de hanseníase. No grupo com reação, foi significativa a resposta não ao uso de
outras medicações (80%).
Discussão: Observou-se que o diabetes e a hipertensão são duas doenças freqüentemente
responsáveis pelo fato de eles tomarem outras medicações, além do tratamento da hanseníase,
tanto no grupo com reação quanto no grupo sem reação.
O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, perda importante na
qualidade de vida e incorre em altos encargos para os sistemas de saúde.
É uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal,
amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular em
todo o mundo, incluindo doenças coronarianas e acidentes vasculares
encefálicos. A maioria das conseências do diabetes resulta dessas
complicações micro e macrovasculares. (TOSCANO, 2004, p.886).
A hipertensão tem suas complicações, pois é uma doença silenciosa, onde os sintomas nem
sempre são evidentes, levando o indivíduo a sérias complicações podendo chegar a comprometer
coração, rins, cérebro e olhos.
no continente americano, a hipertensão ataca cerca de 140 milhões de
pessoas. Metade delas desconhece ser portadora da doença. Dos que
descobrem que o hipertensos, 30% não realizam o tratamento adequado,
49
por falta de motivação ou recursos. No Brasil, estima-se que 35% da
população acima de 40 anos tenham hipertensão. São cerca de 17 milhões
de brasileiros. Desses, 75% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
(SAÚDE. Ministério da Saúde, 2008).
Tabela 10.
Freqüência de procura do ambulatório depois do diagnóstico da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
15/15 dias
30/30 dias
60/60 dias
6/6 meses
Quando
aumenta
muito a
reação
Alta
Total
Com Reação
7(28,00)
10(40,00)
6(2
4,00)
1(4,00)
1(4,00)
0(0,00)
25
Sem reão
1(4,00)
13(52,00)
1(4,00)
8(32,00)
0(0,00)
2(8,00)
25
Quanto à freência de procura do ambulatório pelos pacientes, depois do diagnóstico da
hanseníase, não se verificou diferença predominante entre os grupos, predominando o período de
30/30 dias, tanto no grupo com reação (40%) quanto no grupo sem reação (52%).
Discussão: Observou-se que para os pacientes com reação, a vinda ao ambulatório tornou-se
uma rotina massacrante, para os pacientes sem reação parece ser algo mais natural, embora
não deixe de ser um gerador de ansiedade, pois não vêem a hora de ter alta do tratamento.
Estes pacientes têm total liberdade de procurarem o Ambulatório quando precisarem, mesmo que
não esteja dentro da data de retorno ou consulta.
50
Tabela 11. Acompanhamento de saúde no bairro, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
17(68,00)
a
A
8(32,00)
a
A
25
Sem reação
18 (72,00)
a
B
7(28,00)
a
A
25
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa entre ter acompanhamento de
saúde no bairro ou não. No grupo sem reação, houve predominância na resposta “sim” ao
acompanhamento de saúde no próprio bairro (72%).
Discussão: As pessoas buscam atendimento de saúde no bairro, mas o local em que acreditam
ser o ideal para o tratamento, é o Ambulatório de Dermatologia da Faculdade de Medicina de
Botucatu, onde estão sendo atendidos. No caso desses pacientes, percebeu-se que, de início
tentaram em casa algumas alternativas de tratamento diante dos sintomas. Depois de algum
tempo é que foram procurar ajuda médica, alegando que os serviços públicos de saúde são muito
difíceis de acesso e lentos e o atendimento particular é totalmente inviável pelo custo.
As pessoas quando adoecem, em geral, recorrem à automedicação ou escolhem quem
consultar no sistema informal de saúde. Segundo HELMAN (1994), as escolhas são
influenciadas pelo contexto em que ocorrem os problemas de saúde, o que inclui os tipos de
assistência dispoveis, as condições do paciente/ família em arcar com as despesas da
assistência e o modelo explicativo que o paciente e a família utilizam para explicar o seu estado
de saúde.
51
O QUE OS PACIENTES DOS DOIS GRUPOS (COM REAÇAO TIPO 2 (ENH) E SEM
REAÇAO ) SENTIRAM ANTES DE SER DIAGNOSTICADA A DOENÇA
(HANSENIASE):
Tabela 12.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
6(24,00)
a
A
19(76,00)
B
25
Sem reação
15(60,00)
A
10(40,00)
a
A
25
Falta de sensibilidade e dormência
Em ralação aos grupos, verificou-se diferea significativa quanto à falta de sensibilidade e
dormência, antes de ser diagnosticada a doença. No grupo com reação, verificou-se
predominância significativa à resposta “não” à dormência e falta de sensibilidade (76%).
Discussão: Como foi comentado no referente trabalho, que a pele faz parte do contato e da
relação que o indivíduo estabelece consigo mesmo e com o mundo, através do toque, não sentir a
pele, não sentir o toque pode ser algo muito traumatizante para a pessoa.
Relato de um paciente sem reação: Cortei o dedo e o senti nada, falta de
sensibilidade.”(sic)
Relato de um paciente com reação: Eu fico muito triste em não sentir minhas pernas, meus
s...é como se eu tivesse morto-vivo, entende?É muito ruim, isso dá desânimo na gente. Será
que um dia eu vou voltar a sentir?”(sic)
Relato de um paciente com reação:“Difícil, porque a dormência continua. Estou machucado,
com cicatriz e não sinto. Quando estou dirigindo, acho que tirei o da embreagem e não
tirei.”(sic)
Diante desses relatos, percebe-se que a falta de sensibilidade na pele é algo muito
significativo. Somos acostumados a ouvir as pessoas reclamarem diante da dor, mas não diante
da falta dela. Além do que a ausência da dor, da sensibilidade, podem acarretar rias
complicações. Este é um dos agravos das deformidades em hanseníase.
52
(...) lepra, diabetes, alcoolismo, esclerose múltipla, distúrbios nervosos e
danos à coluna espinhal podem também resultar num estado de
insensibilidade à dor estranhamente perigoso. De modo irônico, enquanto a
maioria de s procura farmacêuticos e médicos em busca de alívio para a
dor, essas pessoas vivem em constante perigo pela ausência dela.
(YANCEY, 2005, p. 18).
A queixa de não sentirem partes do corpo ao toque, foi uma das mais significativas,
observadas tanto no paciente com reação quanto no sem reação. Podemos imaginar que a
sensibilidade humana é considerada tanto no âmbito das sensações táteis como nas emocionais.
Como ficam as emoções desses pacientes que precisam redobrar os cuidados sobre si
para se proteger de qualquer agressão externa, para se proteger do mundo, das pessoas?
“Considero agora a dor como um dos aspectos mais notáveis do corpo humano, e se pudesse
escolher um presente para os meus pacientes leprosos, seria a dádiva da dor.” (YANCEY, 2005,
p.27).
Tabela 13.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
5(20,00)
a
A
20(80,00)
B
25
Sem reação
13(52,00)
A
12(48,00)
a
A
2
5
Surgimento de manchas
Em relação aos grupos, verificou-se diferea significativa quanto ao surgimento de manchas
antes de ser diagnosticado a doença. No grupo com reação, verificou-se predominância à
resposta “não” (80%) ao surgimento de manchas.
Discussão:
Um dos sinais e sintomas dermatológicos do diagnóstico da hanseníase é o
surgimento de manchas pigmentares ou discrônicas que resultam da
ausência, diminuição ou aumento de melanina ou depósito de outros
pigmentos ou substâncias na pele. E também aparecem placas, que são
lesões que se estendem em superfície por vários centímetros. Pode ser
53
individual ou constituir aglomerado de placas. (BRASIL. Ministério da
Saúde, 2002 p.14).
Pensando na formação da imagem corporal, que já foi discutida no presente trabalho,
apresentar manchas na pele, é estar com marcas, com algo que foge do padrão de “normalidade e
aceitação social. Se a pele é uma grande roupagem que não podemos trocar, estar com a pele
marcada por manchas, é como usar uma roupa inapropriada, suja”. Percebeu-se que muitas
pessoas evitavam, inclusive, sair de casa, por vergonha e medo das pessoas perguntarem o que
estava acontecendo com elas. É um olhar-se e não se reconhecer.
Relato de uma paciente sem reação: “Ah! eu sofro muito depois da doença, eu não me
conformo de ter ficado com mancha no rosto. Às vezes, as pessoas vêm para tirar foto e eu não
quero, não deixo. Pensei de parar de ir à igreja, o impacto foi muito grande comigo. Eu tive um
começo de depressão, não queria sair, passear, não queria ver ninguém. Vivi e acho que ainda
vivo um inferno, sabia? Tenho muita vergonha!”(sic) (Paciente começa a chorar)
Tabela 14.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
6
(24,00)
a
A
19(76,00)
a
B
25
Sem reação
3(12,00)
a
A
22(88,00)
a
B
25
Dores nas pernas e ossos
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto à “dores nas pernas e
ossos”. Tanto no grupo com reação (76%) quanto no grupo sem reação (88%), verificou-se
predominância da resposta “não” para dores nas pernas e ossos, antes de ser diagnosticada a
doença.
Discussão:
Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lees nos
nervos, principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos
engrossados e doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas
54
por eles: olhos, mãos e pés, e diminuição da força dos músculos inervados
pelos nervos comprometidos. Essas lesões são responsáveis pelas
incapacidades e deformidades características da hanseníase. (BRASIL.
Ministério da Saúde, 2002, p.16).
Este fator das dores nas pernas e nos ossos é algo que limita o movimento das
pessoas diante das atividades cotidianas. Muitas delas relatam não conseguirem mais fazer nada
devido às dores. Motivo este de grande frustração e marasmo, é como se não conseguissem
prosseguir diante da vida; surge um fator rio, que é a dependência. São tantas sensações de
dores, que muitas vezes, as pessoas relatam não saberem mais diferenciar as dores.
(...)toda a nossa vida descansa sobre as pernas. Responsáveis pelo
movimento no espaço, elas mostram como estamos no caminho. A relação
das extremidades inferiores com a realidade concreta é simbolizada pelo
contato com o chão. (...)Elas deixam ver que posturas assumimos na vida e
como nos colocamos nela, como nos apresentamos e se somos
melindrosos, se somos dissimulados e o que representamos(...).Com
dificuldades para manter-se nas próprias pernas e sem pontos de vista
firmes, os afetados declaradamente necessitam de apoio. (DAHLKE, 2001,
p.276).
Relato de um paciente com reação: “Sinto dores nas pernas”(sic)
Relato de um paciente sem reação: Sinto dores nas pernas. Na perna esquerda, foi tirado um
abscesso e sempre dói muito. Quando eu trabalho, eu sinto muita tontura, dores na cabeça,
tranca meu nariz, nossa! um monte de coisa que já nem sei mais o que é da hanseníase ou não.”
(sic)
Tabela 15.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Inchaço
55
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa entre as respostas, quanto ao
inchaço. Tanto no grupo com reação (96%), quanto no grupo sem reação (100%), verificou-se
predominância da resposta “não” para inchaço antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: O relato das pessoas, com relação ao inchaço, foi atribuído, por elas ao uso de
alguma medicação.
Tabela 16.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Vermelhidão
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
vermelhidão. Tanto no grupo com reação (96%), quanto no grupo sem reação (100%), verificou-
se predominância à resposta “não” para vermelhidão, antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Perceber a pele vermelha, foi outro fator que as pessoas relataram ter surgido antes
do diagstico da doença, que também somente aparece no grupo com reação. Elas relatam que
quando o expostas ao sol, a vermelhidão aumenta, esse é um dos motivos que as mantêm
dentro de casa, por orientação médica e também, para não piorar a cor da pele.
Tudo que caracteriza o estar doente, com alguma alteração na pele, faz com que eles
evitem o contato com os outros, por medo de serem questionados sobre a doença.
Tabela 17.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
2(8,00)
a
A
23(92,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Fraqueza e cansaço
56
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
fraqueza e cansaço. Tanto no grupo com reação (92%), quanto no grupo sem reação (100%),
verificou-se predominância à resposta “nãopara fraqueza e cansaço, antes de ser diagnosticada
a doença.
Discussão: Fraqueza e cansaço também é uma queixa antes de diagnosticar a hanseníase, que
aparece somente no grupo com reação. Cada vez mais, no decorrer desses sintomas que
antecedem o diagnóstico da hanseníase, percebe-se que o grupo com reação é mais afetado por
sintomas diferentes.
“A hanseníase manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos nervos
periféricos.(...)Perda de força nos músculos inervados por esses nervos principalmente nas
lpebras e nos membros superiores e inferiores.” (BRASIL. Ministério da Saúde, 2002, p.15).
Tabela 18.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
3(12,00)
a
A
22(88,00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Nódulos
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
nódulos. Tanto no grupo com reação (88%), quanto no grupo sem reão (96%), verificou-se
predominância à resposta não”, para o aparecimento de nódulos antes de ser diagnosticada a
doença.
Discussão: “O nódulo é caracterizado por “lesão sólida, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho.
É processo patológico, que se localiza na epiderme, derme e/ou hipoderme. Pode ser lesão mais
palpável que visível.” (BRASIL. Ministério da Saúde, 2002, p.14).
O nódulo como característica que antecede a doença, aparece nos dois grupos, numa
proporção maior no grupo com reação.
57
Relato de um paciente com reação: “Comecei com nódulos pelo corpo e dores
muito fortes.”(sic)
Tabela 19.
Quais
os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
o
Total
Com Reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sem reação
2(8,00)
a
A
23(92,00)
a
B
25
Coceira
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
coceira. Tanto no grupo com reação (96%), quanto no grupo sem reão (92%), verificou-se
predominância à resposta “não” para coceira, antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Prurido ou coceira é um sintoma antes de ser diagnosticado a doença que, na grande
maioria das vezes, não aparece tanto num grupo quanto no outro, o que é perfeitamente
compreensível, já que não se trata de sintoma específico da hanseníase.
Tabela 20.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
2
5
Sem reação
2(8,00)
a
A
23(94,00)
a
B
25
Sensação de queimação
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto à sensação de queimação.
Tanto no grupo com reação (100%), quanto no grupo sem reação (94%), verificou-se
predominância à resposta “não” para sensação de queimação, antes de ser diagnosticado a
doença.
58
Discussão: Percebe-se que este sintoma não é freqüente nos pacientes, tanto no grupo com
reação quanto sem reação; este fato é perfeitamente compreensível, pois os pacientes ainda não
haviam manifestado a doença e, portanto, alguns dos seus sinais, além do que a sensação de
queimação, não é fator que chame a atenção na hanseníase. É possível que os relatos pelos
pacientes desse sintoma seja mera coincidência. Esses resultados estão em acordo com os da
Tabela 6 e da Tabela 8.
Tabela 21.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Cãibra
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
cãibra. Tanto no grupo com reação (100%) quanto no grupo sem reação (96%), verificou-se
predominância à resposta “não”, para cãibra antes de ser diagnosticado a doença.
Discussão: Cãibra é um sintoma antes de ser diagnosticado a doença que aparece no grupo
sem reação, em baixo percentual, o que é perfeitamente compreensível, que o se trata de
sintoma específico da hanseníase. Após o início da doença, pode se constituir em um tipo de
manifestação decorrente de neurites que acometem a hanseníase.
Tabela 22.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Sem r
eação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Surgimento de Bolhas
59
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao aparecimento de
bolhas. Tanto no grupo com reação (100%), quanto no grupo sem reão (96%), verificou-se
predominância à resposta “não”, para bolhas antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Surgimento de bolhas é um sintoma antes de ser diagnosticada a doença, que
apareceu no grupo sem reação, o que é perfeitamente compreensível, que não se trata de
sintoma específico da hanseníase.
Tabela 23.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Falta de movimento nas pernas
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto à falta de movimento nas
pernas. Tanto no grupo com reação (100%), quanto no grupo sem reão (96%), verificou-se
predominância à resposta “não” para falta de movimentos nas pernas, antes de ser diagnosticado
a doença.
Discussão: Falta de movimento nas pernas é um sintoma antes de ser diagnosticado a doença,
que aparece no grupo sem reação, em baixo percentual, em apenas um paciente, o que é
perfeitamente compreensível, que não se trata de sintoma específico da hanseníase, apenas
com a doença manifesta e com a ocorrência de neurites.
60
Tabela 24.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sintomas de morte
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto aos sintomas de morte.
Tanto no grupo com reação (96%), quanto no grupo sem reação (96%), verificou-se
predominância à resposta “não” para sintomas de morte antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Percebeu-se uma comparação da morte com o extremo do sofrimento, como se a
morte fosse referência de tudo que é ruim, enquanto dor sica. Para essas pessoas, estar com
todos esses sintomas, é, muitas, vezes estar diante da morte, do fim. É possível, nestes casos, que
os pacientes já estivessem com a doença, com alguns sintomas importantes, mas, no entanto,
ainda sem diagstico. Segundo LASTÓRIA e cols (2003), cerca de 72% dos pacientes de
hanseníase passam por pelo menos dois serviços de saúde, antes de ter seu diagnóstico
confirmado; assim, é possível que possam apresentar alguns tipos de sinais e sintomas antes do
mesmo.
Relato de paciente sem reação: mancha, eu não sentia nada; depois, sim, comecei a sentir
os sintomas de morte, tudo de ruim que um corpo pode ter.”(sic)
Tabela 25.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,
00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Agitação
61
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto à agitação. Tanto no
grupo com reação (100%) quanto no grupo sem reação (96%), verificou-se predominância à
resposta “não” para agitação, antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Agitação é um sintoma antes de ser diagnosticada a doença, que apareceu no
grupo sem reação, em apenas um paciente, o que é perfeitamente compreensível, que não se
trata de sintoma específico da hanseníase nem do quadro reacional. É possível que nesse
paciente, esse estado de agitação estivesse mais relacionado a um estado de ansiedade do que
físico propriamente dito.
Relato de um paciente sem reão: “Só manchas na coxa e uma agitação assim no corpo,
parecia que ele ia sair andando sozinho, um negócio estranho que nenhum lugar pra mim estava
bom.(sic)
Tabela 26.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Sem reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Pontadas
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto à sensação de pontadas.
Tanto no grupo com reação (100%), quanto no grupo sem reação (96%), verificou-se
predominância à resposta “não”, para pontadas antes de ser diagnosticada a doença.
Discussão: Sentir pontadas é um sintoma antes de ser diagnosticada a doença, queaparece no
grupo sem reação, o que é perfeitamente compreensível, já que não se trata de sintoma específico
da hanseníase.
62
Tabela 27.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
1(4,00)
a
A
24(96,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Não se lembra
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao fato de não se lembrar
o que sentia. Tanto no grupo com reação (96%), quanto no grupo sem reação (100%), verificou-
se predominância à resposta “não”, ao fato de não se lembrarem do que sentiram antes de ser
diagnosticado a doea.
Discussão: O fato de não se lembrar de como surgiu a hanseníase, pode fazer parte de uma
negação do próprio paciente, com relação à doença. Funciona como um mecanismo de defesa;
uma necessidade psíquica de não assumir o seu adoecimento. A pessoa usa dos mecanismos de
defesa tanto em estado normais como patológicos. Ela evita a consciência de algum aspecto
difícil de ser aceito, doloroso, negando, anulando a realidade externa (SADOCK; SADOCK,
2007). No entanto, como a doença ainda não havia se manifestado, é possível mesmo que não
não se lembrassem, como, na realidade, nada apresentassem mesmo.
Tabela 28.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com R
eação
2(8,00)
a
A
23(92,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Não sentiu nada
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto ao fato de não sentir nada.
Tanto no grupo com reação (92%), quanto no grupo sem reação (100%), verificou-se
predominância à resposta “não”, ao fato de não terem sentido nada antes de ser diagnosticada a
doença.
63
Discussão: o ter sentido nada pode estar relacionado com os dados da Tabela 27. Sendo a
possibilidade de não se lembrar por negação ou por ter sido descoberto diante de outros fatores
que não estejam relacionados a sintomas da hanseníase propriamente dito.
Tabela 29.
Quais os sintomas, o que sentiu antes de ser diagnosticada a doença, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
3(1
2,00)
a
A
22(88,00)
a
B
25
Sem reação
0(0,00)
a
A
25(100,00)
a
B
25
Outros sintomas
Em relação aos grupos, não se verificou diferença significativa quanto a outros sintomas serem
responsáveis pelo aparecimento da doença. Tanto no grupo com reação (88%), quanto no grupo
sem reação (100%), verificou-se predominância à resposta não”, ao fato de outros sintomas
serem responsáveis pelo aparecimento da doença.
Discussão: Estes dados estão ligados a outros motivos que levaram a pessoa ao médico e
descobriram a hanseníase. Que pode ter relação com Tabela 28, onde relatam não terem sentido
nada.
Relato de paciente com reação: Não sentia nada, descobri fazendo exame por outra coisa,
agora a reação é complicado, o corpo fica cansado, dá calor, febre”(sic).
64
Tabela 30. Quais os sintomas, o que sentiu antes de entrar no quadro reacional tipo 2 (ENH)
segundo o grupo de pacientes com reação tipo 2 (ENH).
Sintoma
Valor de refencia (%)
Queimação e calor no corpo
Febre
Dores nas juntas do corpo
Vermelhidão pelo corpo
Mal estar e corpo ruim
Manchas pelo corpo
Nódulos
Sensação de morte
Surgimento de Bolhas pelo corpo
Dormência
Vômito
Falta de apetite
Sensação de frio
Pele escura
Inchaço no corpo
Falta de ânimo e falta de força
Ferroada no corpo
Sensação de bicho andando
Irritabilidade e nervosismo
Não sentiu nada
64%
56%
52%
24%
24%
20%
12%
12%
8%
8%
8%
8%
4%
4%
4%
4%
4%
4%
4%
4%
De acordo com a tabela acima, observa-se que as principais respostas antes do paciente entrar no
quadro reacional, foram queimação pelo corpo (64%), febre(56%) e dores nas juntas do corpo
(52%); a seguir, vermelhidão pelo corpo (24%) e mal-estar e corpo ruim (24%).
65
Discussão: As respostas à pergunta sobre o aparecimento de sintomas antes de surgir o quadro
reacional tipo 2 (ENH) propriamente dito, podem nos induzir a observações, ainda não relatadas,
chamando a atenção para sintomas que ocorreram em mais de 50% dos casos, com reação, como
queimação e calor no corpo (64%), febre (56%) e dores nas juntas do corpo (52%).
Esses relatos foram considerados de grande importância, pois de acordo com essas
observações, talvez sejam motivos de se prever casos em que os pacientes que comecem a relatar
esses sintomas, possam, possivelmente, vir a apresentar, em seguida, reão tipo 2 (ENH). Esses
resultados podem se tornar motivo de estudo de tratamento preventivo na reação tipo 2 (ENH).
Outros sinais, que embora ocorram em freqüência menor, como vermelhidão pelo
corpo (24%) e mal-estar e corpo ruim (24%), podem também ser indicativos de ocorrência
futura de reação tipo 2 (ENH), principalmente se observados em concomitância com os descritos
acima.
Tabela 31. Compreensão e esclarecimento do diagnóstico da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
Desconhece
a doença
Dificuldade de
compreender o
diagstico
Dúvida em
estar curado
ou não
vida em
estar curado
ou não pelo
aparecimento
do Quadro
Reacional
Compreende o
diagstico
Total
Com
Reação
1(4,00)
3(12,00)
1(4,00)
13(52,00)
7(28,00)
25
Sem reação
6(24,00)
10(40,00)
3(12,00)
0(0,00)
6(24,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto à compreensão da
hanseníase. Para o grupo com reação, verificou-se predominância à resposta que há dúvida em
estar curado ou não pelo aparecimento do quadro reacional (52%). Já no grupo sem reação, a
predominância se deu na resposta em ter dificuldade de compreender o diagnóstico (40%).
Discussão: Tanto um grupo quanto outro se caracteriza por apresentar dificuldade em
compreender a hanseníase. No grupo com reação, as pessoas apresentam tais dificuldades pelo
66
surgimento do quadro reacional, onde nos relatos, pode-se observar que os médicos dizem aos
pacientes que estão curados, mas estes, pelos sintomas que apresentam, ficam na dúvida de tal
afirmação. O que leva o paciente a uma angústia muito grande, com necessidade de saber o fim
de tal sofrimento. Não entendem porque estão curados e passando por todo esse drama. Muitos
apresentam relatos mais complexos no campo psíquico, colocando a morte como tema central de
tal angústia.
Esses dados quanto a vida, podem ser comparados com a Tabela 7, onde os
pacientes com reão, consideram o tratamento da reação uma continuidade ao tratamento da
hanseníase. Não diferem um do outro.
Relato de paciente com reação: 1)“Eu acho que não vou sarar nunca. Pode controlar, mas
sarar, eu não acredito; olha quanto tempo eu estou em tratamento, eu não saro, vira e mexe eu
“tô” mal, essa doença vai e volta. Eu me sinto um inválido, não presto pra nada. Eu prefiro a
morte.”(sic)
2) Não me sinto esclarecido, porque quando volta, volta mais forte, i, incha, então não dá
pra saber o que acontece e porque não sara...Ah! eu fico desesperado, por que isso? É sinal
que eu não “tô” curado, não é? Eu quando “tô” assim não sei o que tá” acontecendo comigo;
parece que é a morte chegando...”(sic)
Percebe-se a associação que os pacientes fazem com a morte. Para um, a morte é tida
como uma solução, para o outro, o que sente é comparado à chegada da morte. Nos dois relatos,
os pacientes eso com muita vida do que realmente está acontecendo, relacionado ao quadro
reacional. A impressão que passa é que o impacto do quadro reacional ainda é maior do que a
doença (hanseníase) em si.
O horror da morte é a emoção, o sentimento ou a consciência da perda de sua
individualidade. Emoção-choque, de dor, de terror ou horror. Sentimento que é de uma ruptura,
de um mal, de um desastre, isto é, sentimento traumático. Consciência, enfim, de um vazio, de
um nada, que se abre onde havia plenitude individual, ou seja, consciência traumática.
(MORIN,1997).
Estas observações vêm de encontro ao que se verificou na tabela 7, onde os pacientes
têm dificuldade em entender o tempo de tratamento e se, realmente, estão curados.
67
Tabela 32. Com relação à explicação da doença de um modo geral, segundo Grupos.
Grupo
Faltou
explicação
Nunca tinha
ouvido falar em
hanseníase
Explicaram
tudo
Total
Com Reão
13(52,00)
a
B
3(12,00)
a
A
9(36,00)
a
AB
25
Sem reação
10(40,00)
a
AB
3(12,00)
a
A
12(48,00)
a
B
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferença significativa quanto à compreensão da doença de
um modo geral. No grupo com reação, verificou-se predominância significativa quanto à falta de
explicação (52%). no grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta explicaram
tudo (48%) quanto à doença de um modo geral.
Discussão: Estes resultados podem ser contrastados com os resultados da Tabela 31, pois o
grupo sem reação, apresentou em (40%) dificuldade de compreender o diagnóstico da
hanseníase; na compreensão da doença de um modo geral, 48% relatam que explicaram tudo.
Podemos levantar a possibilidade de uma dificuldade de compreensão do grupo, pois eles
apresentam pelo resultado, a consciência de que foi explicado, mas faltou compreensão por parte
deles. no grupo com reação, há uma coerência nas respostas das duas Tabelas (31 e 32), não
compreenderam pela vida relacionada ao quadro reacional.
Observa-se, diante desses resultados, que a comunicação entre médico e paciente
precisa ser melhor estabelecida, com a possibilidade de uso mais simples dos termos da doença,
para que possa atingir um grau de compreensão satisfatório do paciente. Até mesmo porque um
vel de compreensão mais satisfatório, por parte do paciente, facilitaria o controle da ansiedade.
A falta de compreensão gera medo e insegurança.
Para ser ético em medicina, (...), é necessário que o médico busque sempre
um profundo conhecimento da doença, da natureza de seu paciente e de si
próprio. Este conhecimento propiciará a fundamentação para que o médico
e a equipe multidisciplinar possam se posicionar frente ao paciente e à
doença, de forma ponderada e justa, de acordo com os princípios éticos
vigentes na sua comunidade e no seu tempo. (ZAVASCHI, s/d, p.3).
68
Tabela 33.
Estado emocional e psicológico antes e depois da doença (hanseníase), segundo Grupos.
Grupo
Era ruim
,
agora piorou
Agora está
ruim
Era ruim
,
agora
melhorou
Era bom e
continua
bom
Sinto
dificuldade
para dormir
Total
Com
Reação
7(28,00)
11(44,00)
0(0,00)
4(16,00)
3(12,00)
25
Sem reação
3(12,00)
13(52,00)
1(4
,00)
5(20,00)
3(12,00)
25
Com relação aos grupos, não se verificou diferença predominante quanto ao estado emocional e
psicológico antes e depois da doença. Tanto para o grupo com reação (44%), quanto para o grupo
sem reação (52%), verificou-se predominância à resposta agora está ruim, quanto ao estado
psicológico e emocional, antes e depois da doença.
Discussão: Tanto para um grupo quanto para o outro, o estado emocional está ruim. Diante desse
dado, podemos sugerir que o psicológico precisa estar tendo cuidado diante da doença para
prevenir maiores complicações, tanto no aspecto físico quanto emocional.
Para KOBLENZER (1996), a doença é percebida por um período de distúrbio
psicológico, onde o indivíduo não se sente apto a enfrentar. Esta falha no mecanismo de
enfrentamento psicológico pode ativar medidas emergenciais, transmitidas neurologicamente e
que alteram o equibrio biológico; assim é facilitado o desenvolvimento da doença.
ROJAS e col. (1993) observam, ao abordarem características psicossociais da
hanseníase, “que as pessoas mantêm diversas crenças e atitudes acerca da enfermidade,
influenciadas em parte pelo vel educacional e seus antecedentes sócio culturais”. Estes autores
consideram, ainda, que quanto maior for o tempo da doença acompanhado de deformidades,
maior será a probabilidade do doente desenvolver alterações psíquicas.
O estado emocional dos pacientes com hanseníase, portanto, independente do quadro
reacional ou não; precisariam de uma escuta mais atenta, até mesmo porque este simples gesto
de escutá-los, já seria terapêutico, fazendo uma grande diferença nos agravos emocionais a que
são submetidos.
69
Tabela 34.
Se fez ou faz acompanhamento psicológico/psiquiátrico e qual a importância, segundo Grupos.
Grupo
Nunca fiz e
não sinto
necessidade
Nunca fiz mas
seria bom
fazer
fiz
Ainda fo
Total
Com Reação
9(36,00)
13(52,00)
1(4,00)
2(8,00)
25
Sem reão
16(64,00)
8(32,00)
1(4,00)
0(0,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto à necessidade de um
acompanhamento psicológico/psiquiátrico. No grupo com reação, verificou-se predominância na
resposta de que nunca fez mas seria bom fazer (52%); no grupo sem reação, a resposta que
predominou foi nunca fez e não sente necessidade (64%).
Discussão: Observa-se, aqui, o tanto que o impacto emocional é grande nas pessoas que
apresentam quadro reacional. Pois, mais de 50% das pessoas desse grupo disseram não fazer,
mas que seria bom e se observarmos a tabela, dessas, 4% já fez terapia e 8% ainda fazem, que
vem de encontro com o resultado da Tabela 33.
Já no grupo sem reação há uma incoerência quanto às respostas, comparado à Tabela
33, onde mais de 50% deles relatam que o emocional está ruim e nesta tabela, em mais de 60%,
relatam não sentirem necessidade de um acompanhamento psicológico.
Podemos fazer um parênteses e verificar as respostas de adesão ao processo
terapêutico, quanto ao gênero. Das 14 mulheres dos grupos, 5 são do grupo com reação e dessas,
três responderam positivamente à terapia. No grupo sem reação, foram nove mulheres, dessas,
cinco responderam positivamente à terapia. os homens, foram 36 no total dos grupos, sendo
20 do grupo com reação; desses, treze responderam positivamente à terapia. No grupo sem
reação, foram 16; desses, quatro responderam positivamente à terapia. Portanto, podemos
observar que existe um equilíbrio entre os gêneros, mas que as pessoas, no quadro reacional,
tanto homens quanto mulheres, sentem necessidade maior de um acompanhamento psicológico.
O acompanhamento, seja ele individual ou em grupo, contribuiria muito para que este
paciente conseguisse superar as dificuldades emocionais que enfrenta diante da doença, com
todas as suas implicações, como aceitação, solidão, negação, preconceito, medo, tristeza, entre
70
muitos outros. Caberia aos grupos um acompanhamento psicológico que os ajudaria na busca
do Si-mesmo
13
facilitando seu processo de individuação.
Podemos levantar uma reflexão que, talvez para esses pacientes com hanseníase,
aceitar uma ajuda terapêutica, é entrar em contato com a sombra
14
da própria doença. É assumir
para si mesmo a realidade, muitas vezes, desagradável de estar doente. É assumir as próprias
feridas e dores, é, muitas vezes, se sentir impotente.
Relato de um paciente com reação: “Nunca fiz, mas seria bom, pra ver se alivia um pouco esse
sofrimento da gente.”(sic)
O objetivo do trabalho psicológico é a consciência mais plena
possível de tudo que forma nossa própria personalidade e ela é
abordada na autodisciplina constante, honesta e exigente que Jung
chama de processo de individuação. (...)o processo envolve a
remoção da projeção e a assimilação de seu conteúdo naquele ser
consciente ao qual ele pertence nosso próprio ser. Isso envolve a
admissão maior de quem realmente somos(...) o que reconhecemos
no curso da individuação é primeiramente aquele aspecto
indesejável de nossa natureza que Jung chama de sombra. Esta é
formado por todas as tendências, motivos e características pessoais
que excluímos da consciência deliberadamente ou o. (...) A
admissão da sombra é condição indispensável da individuação. (...)
a sombra é a base da realidade. (EISENDRATH, DAWSON, 2002,
p.103).
13
“O Si-mesmo é o centro regulador de toda a psique, enquanto o ego é o centro da consciência pessoal. (...) é o
centro ordenador que na realidade coordena o campo psíquico. Adicionalmente, é também o suporte arquetípico da
identidade do ego individual.(...) é um termo usado para definirmos a psique como um todo.” (HALL, 2003, p.16).
14
“A sombra é, basicamente, aquele aspecto da nossa personalidade que a gente renega ou e de lado. Por que de
um jeito ou de outro não é bem visto.”(PSYCHÉ, 1991, p.118).
71
Tabela 35
. Impacto de receber o diagnóstico da hanseníase , segundo Grupos.
Grupo
Impacto
muitíssimo
difícil
Imp
acto
muito difícil
Impacto
difícil
Impacto
nem difícil,
nem fácil
Impacto
normal
Total
Com
Reação
3(12,00)
8(32,00)
5(20,00)
4(16,00)
5(20,00)
25
Sem reação
3(12,00)
4(16,00)
6(24,00)
10(40,00)
2(8,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto ao impacto de receber o
diagnóstico da hanseníase. No grupo com reação, verificou-se predominância à resposta impacto
muito difícil (32%), no grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta Impacto nem
dicil, nem fácil (40%).
Discussão: Partiremos do princípio dessa discussão de que, receber o diagnóstico de qualquer
que seja a doença, não é fácil para ninguém. Pois o ser humano preza a saúde, sempre em
primeiro lugar. Podemos dizer que quando a pessoa é acometida por um diagnóstico,
imediatamente mobiliza nela uma imagem arquepica do medo, da morte e do sofrimento.
Pensando então na hanseníase dentro de todo seu contexto histórico de preconceito,
deformidades, incapacidades entre outros, podemos afirmar que o impacto da notícia possa ser
algo bem desagregador ao seu estado emocional, onde se comprova essa afirmação na Tabela
33.
Diante disso, podemos observar que pelo sofrimento diante da reação, as pessoas
desse grupo responderam que o impacto foi muito dicil, mas elas podem ter respondido
mediante as conseqüências que estão vivendo perante o quadro reacional, por ainda estar
precisando continuar o tratamento, como vimos na Tabela 7. Pois estas pessoas não respondem,
pensando no dia em que recebeu o diagnóstico, mas como se sentem, hoje, com todas as
complicações do quadro reacional, bem como estar em tratamento ainda.
as pessoas do grupo sem reão, por não estarem passando por esse problema,
tiveram uma resposta mais positiva diante do impacto, ao receber o diagnóstico, contradizendo
com a Tabela 33. Segundo BOTEGA (2002), o impacto de uma doença imobiliza e congela a
existência humana, afetando a sua relação com o mundo.
72
Tabela 36. Como foi ou está sendo esse adoecer na vida segundo Grupos.
Grupo
Péss
imo
Muito ruim
Ruim
Nem bom
nem ruim
Bom
Total
Com
Reação
5(20,00)
9(36,00)
5(20,00)
3(12,00)
3(12,00)
25
Sem reação
5(20,00)
4(16,00)
10(40,00)
6(24,00)
0(0,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto ao sentimento do adoecer
na vida. No grupo com reação, verificou-se predominância à resposta muito ruim (36%) , no
grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta ruim (40%).
Discussão: Diante dos resultados, percebe-se que o adoecimento foi ruim tanto para um grupo
quanto para o outro. Mas o grupo com reação, foi muito ruim. O que comprova também com os
resultados da Tabela 33.
A cura da doença e o alívio do sofrimento, desde o nascimento da medicina
hipocrática, são aceitos como sendo os objetos da Medicina. A doença destrói a integridade do
corpo; e a dor e o sofrimento, podem ser fatores de desintegração da unidade da pessoa.
Enquanto hoje a medicina está munida de excelentes técnicas para combater a dor, no que diz
respeito ao lidar com o sofrimento encontra-se ainda num estágio bastante primitivo aos olhos de
tais necessidades (CATHOLIC HEALTH, 1993).
O impacto do adoecer é algo que desestabiliza muito a pessoa, levando-a a uma
alteração de seu estado emocional, com sentimentos de tristeza, medo, insegurança, entre outros.
Tabela 37. Sentimento em estar precisando ainda de cuidados médicos, segundo Grupos.
Grupo
Péssimo
Muito ruim
Ruim
Nem bom
nem ruim
Bom
Total
Com
Reação
1(4,00)
3(12,00)
8(32,00)
11(44,00)
2(8,00)
25
Sem reação
0(0,00)
3(12,00)
9(36,00)
12(48,00)
1(4,00)
25
73
Com relação aos grupos, não se verificou diferea predominante quanto ao sentimento de estar
precisando ainda de cuidados médicos. Tanto no grupo com reação (44%), quanto no grupo sem
reação (48%), verificou-se predominância à resposta nem bom, nem ruim.
Discussão: Estas pessoas apresentam uma certa neutralidade diante das necessidades de estar
precisando de cuidados médicos, por saberem que são os dicos que fazem a intermediação
entre saúde e doença. Mas acredito que esta ralação precisa ser revista, pois os pacientes
apresentam dúvidas quanto ao esclarecimento do diagnóstico, ou seja, uma falha aí que
precisa de atenção ou dos médicos esclarecerem melhor, com termos mais simples e de fácil
entendimento; ou eles (pacientes) terem menos receio de perguntar. Ainda ficamos com um
questionamento: seque o receio não existe pelo distanciamento da relação médico paciente?
Isso pode ser comprovado na Tabelas 31.
Segundo AZAMBUJA (2000), os estudantes dos cursos de Medicina são treinados
para tratar doenças, sem antes estudar a saúde, o que aponta para um desconhecimento e
descomprometimento em relação a esse conceito. Portanto, encontra-se aí o paradoxo desta área:
querer chegar à saúde, através do estudo da doença, em vez de descobrir, primeiro, a natureza
que faz o corpo tornar-se saudável.
Tabela 38. Sentimento diante do tratamento, segundo Grupos.
Grupo
Péssimo
Muito ruim
Ruim
Nem bom
nem ruim
Bom
Total
Com
Reação
8(32,00)
5(20,00)
5(20,00)
5(20,00)
2(8,00)
25
Sem
reação
4(16,00)
2(8,00)
9(36,00)
8(32,00)
2(8,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto ao sentimento diante do
tratamento. No grupo com reação (32%), verificou-se predominância à resposta péssimo (32%),
já no grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta ruim (36%).
Discussão: Acredito que este resultado esteja atrelado ao fato, de tanto um grupo como o outro,
pensarem sobre os efeitos colaterais do tratamento. Desta forma, elas apresentam dificuldades
em ver o tratamento como uma possibilidade de cura. Sendo assim, o tratamento poderia ser
74
amenizado, caso os pacientes tivessem uma compreensão melhor do diagnóstico no âmbito do
esclarecimento, o que pode ser confirmado na Tabela 31 e também, na tabela 32, com os
pacientes com reação, já que estes estão fazendo ou fizeram o tratamento para a reação.
Tabela 39. A atual rotina diária, segundo Grupos.
Grupo
Péssima
Muito ruim
Ruim
Nem boa
nem ruim
Boa
Total
Com
Reação
4(16,00)
2(8,00)
7(28,00)
6(24,00)
6(24,00)
25
Sem reação
0(0,00)
3(12,00)
5(20,00)
16(64,00)
1(4,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto à rotina que desenvolve
atualmente. No grupo com reação, verificou-se predominância à resposta ruim (28%), já no
grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta nem boa nem ruim (64%).
Discussão: A rotina é algo que cansa, mas por outro lado, dá uma certa segurança, sendo que só
lhe atribuímos valor, quando estamos sentindo a ausência da saúde. Saúde tem uma força
arquetípica, todos nós temos esse arquétipo muito bem definido dentro de nós. Todos s a
valorizamos. O difícil é quando a rotina começa a se moldar diante da doença. Percebe-se que
para o grupo com reação, a rotina é ruim. Para o grupo sem reação, é algo neutro, nem boa nem
ruim; isso pode estar relacionado também, ao tempo de tratamento que os pacientes, com reação,
estão sendo submetidos. Podendo ser conferido na Tabela 7.
Somente através de um entendimento dos mundos particulares de
sofrimento e da forma como eles são modelados pelas mudanças culturais
e na política econômica é que podemos entrar em acordo com a
complexidade das experiências humanas que subscrevem a saúde.
(KLEINMAN, 1995, p. 86).
75
Tabela 40. Mudança na vida depois do aparecimento da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
Mudou
muitíssimo
Mudou muito
Mudou um
pouco
Mudou, mas
hoje estou
melhor
Não mudou
nada
Total
Com
Reação
12(48,00)
9(36,00)
1(4,00)
3(12,00)
0(0,00)
25
Sem reação
3(12,00)
8(32,00)
5(20,00)
0(0,00)
9(36,00)
25
Com relação aos grupos, verificou-se diferença significativa quanto à mudança de vida depois do
aparecimento da hanseníase. No grupo com reação, verificou-se predominância à resposta mudou
muissimo (48%), no grupo sem reação, verificou-se predominância à resposta não mudou
nada (36%).
Discussão: Observa-se que para as pessoas que estão no quadro reacional, a vida mudou
muissimo e que para as pessoas sem reação, não mudou nada. Esses resultados, embora
contradigam algumas tabelas, como por exemplo, as Tabelas 36 e 38, no que diz respeito aos
pacientes sem reação, os com reação vêm a comprovar o tanto que a reação agride o curso
natural de sua vida. Esses dados podem ser comprovados, inclusive, nas Tabelas 4 e 8.
Tabela 41. Mesmo diagnóstico de hanseníase na família, segundo Grupos.
Grupo
Sim
Não
Total
Com Reação
11(44,00)
A
14(56,00)
a
A
25
Sem reação
3(12,00)
a
A
22(88,00)
B
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferença significativa quanto à existência do mesmo
diagnóstico de hanseníase na família. No grupo sem reação, predominou resposta não” ao
mesmo diagnóstico na família (88%).
Discussão: Darei início a essa questão, ressaltando o tanto que as pessoas nos relatos
demonstraram, em vários momentos da coleta de dados, o medo de contaminarem os familiares.
76
Esse medo poderia ser mais amenizado, se as pessoas fossem mais bem orientadas com relação à
transmissão.
O medo é uma reação a perigos específicos; está misturado com ansiedade, que é uma
reação difusa. Ele é uma resposta a ameas reais ou imaginárias (MAY, 1980).
Embora tenha predominado resposta “não” ao grupo sem reação, podemos observar
nos dados, que mais de 40% no grupo com reação, apresentam outras pessoas na família com o
diagnóstico. Surge aí um dado para ser melhor investigado. Alguns estudos comprovam a
existência de dados genéticos.
(...)se as formas clínicas de hanseníase dos contagiados forem levadas em
conta, os consangüíneos de focos virchowianos têm maior probabilidade de
apresentar esse mesmo tipo polar do que os não-consangüíneos desses
focos. Além disso, os consangüíneos de focos virchowianos m menor
probabilidade de manifestar outras formas de hanseníase, ocorrendo o
inverso com os não-consangüíneos. ( BEIGUELMAN, 2002,p.120).
Tabela 42. Como os familiares receberam o diagnóstico da doença, segundo Grupos.
Grupo
Nenhum
apoio
Pouquíssimo
apoio
Pouco apoio
Neutros
Apoiaram
Total
Com
Reação
6(24,00)
1(4,00)
3(12,00)
6(24,00)
9(36,00)
25
Sem reação
0(0,00)
3(12,00)
4(16,00)
12(48,00)
6(24,00)
25
Em relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto ao apoio dos familiares com
relação ao diagnóstico da doença. No grupo com reação, verificou-se predominância à resposta
apoiaram (36%). Já no grupo sem reação, predominou a resposta neutros (48%).
Discussão: O apoio das pessoas da família é de extrema importância, diante de qualquer
enfermidade. Pensando na hanseníase, sendo ela uma doença tão estigmatizada, diante do medo,
preconceito, a ajuda e compreensão dos familiares chega a ser fator determinante, para que esta
pessoa consiga passar por esse momento de uma forma menos traumática, mais acolhedora. Os
dados mostram um número preocupante, principalmente do grupo com reação, pois se juntarmos
77
os que tiveram nenhum, pouquíssimo e pouco apoio, chegamos à um percentual de 40%, ou seja,
pessoas que estão enfrentando o tratamento no quadro reacional, sem o apoio ideal de família,
agravando seu estado emocional. O que pode ser comprovado na Tabela 33.
SCHACHNER (2003), afirma que o impacto de uma doença de pele em um membro
da família é inegável, mas que é preciso ver como o ambiente pode ter estruturado a condição de
adoecimento.
Relato de um paciente com reação: “Tive rejeição total dos familiares. Um parente meu que é
vizinho, não abre nem o portão. Teve uma pessoa da minha família que pediu para eu ficar
isolado, acho que internado, né? Eu vejo minha neta que quer chegar perto de mim, mas eu
evito, eu tenho medo enorme de contaminar a família. Eu me sinto rejeitado apelos meus
filhos; os filhos me discriminam e eu fico nervoso.”(sic) (Paciente se emociona e começa a
chorar)
Tabela 43.
Resposta das pessoas (sociedade) diante do diagnóstico da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
Muitíssimo
preconceito
Muito
preconceito
Um pouco de
preconceito
Neutros
Não há
preconceito
Total
Com
Reação
12(48,00)
4(16,00)
8(32,00)
1(4,00)
0(0,00)
25
Sem reação
8(32,00)
5(20,00)
3(12,00)
7(28,00)
2(8,00)
25
Com relação aos grupos, não se verificou diferença predominante quanto à resposta das pessoas
diante da hanseníase. Tanto no grupo com reação (48%), quanto no grupo sem reação (32%),
verificou-se predominância à resposta muitíssimo preconceito.
Discussão: Interessante observar que no decorrer dos relatos, uma ou duas pessoas apenas
fizeram referência ao termo lepra”. Acredito que seja pelo próprio preconceito com o estigma
do termo “lepra” que cada um carrega, podemos dizer assim, que a questão do preconceito pode
ser uma projeção de sombra desses pacientes, ou seja, um preconceito negado dentro de cada um.
Isso pode estar relacionado à falta de informação e compreensão da hanseníase,
comprovado na Tabela 31, por realidade sócio-econômica deficitária, dificuldades de acesso
78
aos meios de comunicação, por morarem na zona rural, acesso dificultoso aos centros de saúde.
Diante dessa realidade sócio-econômica, podemos concluir que as pessoas não fazem a
associação do termo “lepra com hanseníase, por falta de informação. CLARO (1993)
constatou que o impacto negativo que a doença provoca, ocorre de uma forma mais intensa entre
os pacientes com melhor situação sócio-econômica, principalmente por conhecer a relação
hanseníase e lepra.
Podemos perceber que apesar dos esforços para se reduzir os estigmas da hanseníase,
ainda uma série de preconceitos mantidos por um inconsciente coletivo, através de imagens e
idéias arquetípicas em volta dela, expressas pela sociedade diante de atitudes de preconceito,
medo, discriminação e até mesmo falta de informação.
Relato de um paciente com reação: “As pessoas não entendem, pode gritar aos quatro ventos
que elas não entendem. Se agente falar que está fazendo tratamento de lepra, todo mundo sai
correndo. Eu falo que é hanseníase, tratamento dos nervos. Sabe, tenho uns amigos que não me
procuram mais...”(sic) (Paciente se emociona)
Tabela 44. Conhecimento sobre a cura da hanseníase, segundo Grupos.
Grupo
Não sabe
nada sobre a
doença e cura
Não acredita
na cura
Fica na
vida se
cura
Acredita na
cura
Total
Com Reação
1(4,00)
1(4,00)
6(24,00)
17(68,00)
25
Sem reão
5(20,00)
1(
4,00)
3(12,00)
16(64,00)
25
Com relação aos grupos, não se verificou diferença predominante quanto ao conhecimento sobre
a cura da doença. Tanto no grupo com reação (68%) quanto no grupo sem reação (64%),
verificou-se predominância na resposta acredita na cura da hanseníase.
Discussão: O relato das pessoas, ao final da entrevista, falando da cura, fica muito claro que
mais de 50% das pessoas acreditam nela, o que contradiz com vários outros relatos, inclusive
com a Tabela 31. Mas a impressão que me passou, foi a necessidade de acreditarem na cura,
mesmo não se tendo certeza. Acredito que essa força mobilizadora também, arquetípica em que
querer ficar bem, curado, livre da doença, ajudará e muito, no aspecto psíquico de cada um. Em
cada pessoa do grupo com reação, que me disseram que acreditavam na cura, eu percebi uma
79
necessidade em ouvir de mim que realmente a doença era curável e daquelas também do mesmo
grupo, que ficaram na vida ou que não acreditam na cura, esperavam de mim uma afirmação
dizendo que aquilo ia passar, que existe cura, sim.
Podemos dizer que cada paciente tem uma representação de sua doença, que é única.
Ele tem suas próprias crenças sobre a identidade, causa, duração e até mesmo cura de sua doença
(WEINMAN, PETRIE e MORRIS, 1996).
O tratamento do paciente com hanseníase é fundamental para curá-lo,
fechar a fonte de infecção interrompendo a cadeia de transmissão da
doença, sendo portanto estratégico no controle da endemia e para eliminar
a hanseníase enquanto problema de saúde pública. (BRASIL, 2002,p.30).
Tabela 45. Para finalizar a entrevista, o que gostariam de dizer ainda, segundo Grupos.
Grupo
Resposta
muito
negativa
Resposta
negativa
Resposta nem
negativa nem
positiva
Resposta
positiva
Resposta
muito positiva
Total
Com
Reação
3(12,00)
3(12,00)
6(24,00)
9(36,00)
4(16,00)
25
Sem reação
5(20,00)
4(16,00)
2(8,00)
8(32,00)
6(24,00)
25
Com relação aos grupos, não se verificou diferença predominante quanto à resposta para
finalizar a entrevista. Tanto no grupo com reação (36%), quanto no grupo sem reação (32%),
verificou-se predominância da resposta positiva.
Discussão: Ao final da entrevista, dava para perceber que as pessoas estavam mais emotivas,
mais sensibilizadas, mas ao mesmo tempo, pareciam estar fortes, como um herói, em plena luta.
Imediatamente diante daquelas pessoas frágeis, adoecidas, dava pra ver uma palavra de consolo,
de conforto e de esperança para si mesmas. As do grupo com reação, mais sensibilizadas, com
menos esperança, mas com palavras mais otimistas, talvez mais conformadas. as do grupo
sem reação, contradizendo a quase todos os dados comentados, com respostas mais negativas,
menos acreditadas, mais tensas.
80
Estes dados, agora no final, nos leva a crer que realmente o processo de crescimento
pessoal, a individuação ocorra pela jornada do herói e não necessariamente pela espera do final
feliz. É quando ele se depara com suas potencialidades.
Em última análise o aspecto essencial é a vida do indivíduo. Isso sozinho
faz a hisria, sozinho é que as grandes transformões primeiro
acontecem, e todo o futuro, toda a história do mundo, salta, em última
instância, como um somatório gigantesco dessas fontes ocultas nos
indivíduos. Em nossas vidas mais privadas e mais subjetivas, não somos
apenas testemunhas passivas de nossa era, e seus sofredores, mas também
seus construtores. Construímos nosso próprio tempo. (JUNG, CW10,
p.149 citado por EISENDRATH; DAWSON, 2002, p.52).
8.2. DLQI – BRA
Tabela 46. Medidas descritivas do escore DLQI-BRA, segundo Grupos
.
Medida Descritiva
Reação Tipo 2 (ENH)
Sem Reação
Resultado do teste
estatístico (p-valor)
Valor Mínimo
1º Quartil
Mediana
3º Quartil
Valor Máximo
2
3
4
4
5
1
2
2
3
3
p<0,001
Teste não-paramétrico de Mann-Whitney (NORMAN;STREINER, 1994)
Grupo
81
Tabela 47. Distribuição do escore DLQI-BRA, segundo Grupos.
Faixa do DLQI-BRA
(Efeito)
Reação Tipo 2 (ENH)
Sem Reação
Sem
Pequeno
Moderado
Grande
Extremamente Grande
0 (0,00%)
5 (20,00%)
6 (14,00%)
12 (48,00%)
2 (8,00%)
4 (16,00%)
13 (52,00%)
8 (32,00%)
0 (0,00%)
0 (0,00%)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Grupo com Reação
tipo 2 (ENH)
Grupo sem reação
Sem efeito
Pequeno efeito
Moderado efeito
Grande efeito
Extremamente grande
efeito
Com relação aos grupos, verificou-se diferença predominante quanto ao resultado do DLQI-
BRA. O grupo com reação (ENH), apresentou um valor predominante (48%) quanto à faixa
de “grande efeito”, com valor de 0% a resposta sem efeito”. no grupo sem reação, o
valor predominante ocorreu na faixa depequeno efeito” ( 52%), apresentando valores iguais
a 0% nas faixas de “grande efeito”e “extremamente grande efeito”.
Discussão: Diante desses dados, observa-se que os agravos na qualidade de vida do paciente
com reação, é muito maior do que o paciente sem reação, na última semana. Lembremos que o
instrumento avalia o paciente em seis domínios, sem distinção de valores individuais: sintomas e
Grupo
Gráfico 1
Resultado do DLQI
-
BRA
82
sentimentos, atividades diárias, lazer, trabalho e escola, relações pessoais e tratamento, sendo
que quanto menor o índice, ou seja mais próximo de zero (efeito), melhor a qualidade de vida
especifica, quanto maior o índice (efeito), mais comprometida está a qualidade de vida do
indivíduo.
O resultado, portanto, nos traz uma reflexão, pois a qualidade de vida avaliada na
última semana, apresentou poucos prejuízos ao grupo sem reação, chamando a atenção para o
fato de que estar com hansease, não gera nessas pessoas um incômodo importante, o que
contradiz com todo o material coletado nas entrevistas, onde podemos constatar um agravo
menor em relação a esses pacientes, mas não impedindo de observarmos que existe um
sofrimento em si, pois a doença, por si só, traz todo um comprometimento emocional e social.
83
8. 3. WHOQOL-bref
Tabela 48. Medidas descritivas dos domínios do WHOQOL-bref, segundo Grupos.
Domínio
Medida Descritiva
Com reação
(ENH)
Sem reação
Resultado teste
estatístico
(p-valor)
Físico
Média + DPadrão
Mediana (V.Minímo – V. Máximo)
33,86
+
18,04
32,14(10,71-71,43)
51,43
+
8,63
53,51(35,71-67,86)
p<0,001
Psicológico
Relações
Sociais
Meio
Ambiente
Média + DPadrão
Mediana (V.Minímo – V. Máximo)
Média + DPadrão
Mediana (V.Minímo – V. Máximo)
Média + DPadrão
Mediana (V.Minímo – V. Máximo)
49,67
+
15,02
50,00(12,50-79,17)
57,00 + 20,22
58,33(16,67-100,00)
52,88 + 11,37
53,13(28,13-81,25)
67,67
+
6,73
67,67(54,17-83,33)
76,33 + 13,33
83,33(50,00-100,00)
69,13 + 7,83
68,75(53,13-87,50)
p<0,001
p<0,001
p<0,001
Teste t de Student para amostras independentes (NORMAN;STREINER, 1994)
0
20
40
60
80
100
Grupo com
Reação (ENH)
Grupo sem
Reação
Físico
Psicológico
Relações Sociais
Meio Ambiente
Grupo
Gráfico 2
Resultado do WOQOL
-
b
ref
84
Com relação aos grupos, não se verificou diferença predominante quanto aos donios do
WHOQOL-bref. Tanto no grupo com reação (ENH), quanto no grupo sem reação, o domínio
Físico foi o que apresentou o maior comprometimento quanto à qualidade de vida, sendo o
domínio das Relações Sociais o que apresentou , em ambos os grupos, menor comprometimento
quanto à qualidade de vida.
Discussão: Percebe-se que embora tanto o grupo com reação quanto o grupo sem reação, tenham
apresentado baixa na qualidade de vida, no aspecto físico, o grupo com reação, foi o que teve,
de um modo geral, o maior comprometimento quanto à qualidade de vida.
Qualquer acometimento físico faz com que a pessoa se sinta debilitada, pois o físico
é palpável, a pessoa literalmente sente, dói, incomoda. Esses resultados do WHOQOL-bref não
quer dizer que as pessoas acometidas por uma doença, como a hanseníase, não tenham outros
agravos que comprometam sua qualidade de vida; isso por exemplo, pode ser comprovado na
Tabela 7, onde as pessoas tomam outras medicações, além do tratamento da hanseníase, como
diabetes e hipertensão, sendo estas as maiores causadoras do uso de outras medicações.
Precisamos olhar para esses resultados, de uma forma abrangente, pois o físico pode
estar tão debilitado, justamente porque o emocional está comprometido. Esta é uma relação
psicossomática.
Inicio agora uma reflexão a cerca do conceito de qualidade de vida, tanto com relação
ao DLQI-BRA, quanto do WHOQOl-bref.
Quero colocar, aqui, minhas observações no decorrer de todo esse trabalho, bem
como as necessidades que pude sentir diante de cada paciente, que me relatou sobre sua
experiência de vida, diante da hanseníase. Saúde e qualidade de vida para eles é algo muito mais
simples; o que eles desejam, sai de um contexto coletivo, padronizado, massificado. Suas
necessidades de qualidade de vida se resumem em coisas básicas e que, muitas vezes, fogem de
nossa concepção de valores enquanto profissionais e mesmo enquanto pessoas, diante da
realidade de uma pessoa com hanseníase.
O que pude observar é que qualidade de vida para eles se resume, simplesmente, em
poder trabalhar - Está difícil, sinto vontade de trabalhar e não consigo.(sic), fazer atividades
diárias, como andar, cuidar dos afazeres da casa, poder suprir as necessidades básicas dos filhos
ou mesmo, ficar com os dedos das mãos -“Agora eu estou feliz, queria ficar com meus dez
dedinhos.” (sic) ou voltar a sentir as partes do corpos que estão adormecidas.
85
Qualidade de vida é sair na rua e não ter a preocupação com a forma como as pessoas
vão -los, é se olhar no espelho e se reconhecer, é ter um apoio de uma amigo, de parente ou
mesmo, de um profissional. Alguém que o olhe como uma pessoa que requer cuidados, atenção,
compreensão, mas que acima de qualquer julgamento, é uma pessoa como qualquer outra que
espassando por um processo de tratamento.
Qualidade de vida é poder falar da doença, sem medo de ser rejeitado, é ter o direito
de saber exatamente, dentro de suas condições de compreensão, o que realmente es
acontecendo consigo mesmo. Qualidade de vida é não se sentir culpado por ter sido acometido
por uma doença que carrega um peso arquetípico do “pecado”, da “exclusão”, do “castigo.
Qualidade de vida é a pessoa constelar o arquétipo do herói
15
e conseguir dar conta de
seu processo de individuão, de uma forma digna e plena de sua individualidade. Este mito é
um arquétipo que representa a busca e a luta pela individuação, podendo ser constelado todas as
vezes que a pessoa passar por um momento de conflito munido de grandes mudaas.
Por isso que neste instrumento (WHOQOL-bref), os domínios físicos são os mais
comprometidos, pois a pessoa acometida pela hanseníase, sente necessidades simplesmente de
ter um corpo “funcional”, preparado para enfrentar o dia-a-dia, preparado para sobreviver. Isto é
comprovado por outros números analisados, dentro do trabalho, que expressam as dores e
desconfortos físicos que os pacientes sentem. Acredito que os outros domínios são tão
importantes quanto, mas que para eles, dar conta de um corpo que dói, que está limitado, é algo
muito mais difícil do que lidar com outros fatores que envolvem a doença.
Podemos afirmar esta reflexão, observando em ambos os grupos que o domínio
psicológico vem, em seguida, enquanto prejuízo na qualidade de vida, tendo o grupo com reação,
maior comprometimento neste domínio.
9. Considerações Finais
De uma maneira geral, essas observações demonstraram que a hanseníase traz, no
ponto de vista psicológico, alterações, que podem ser consideradas como sérias ao psiquismo. No
15
“O arquétipo do herói está no cleo do complexo egoico, que é o centro da consciência. Portanto os mitos de
herói são basilares para se entender a organização da consciência do ponto de vista arquetípico. Do ponto de vista da
dinâmica do processo de individuação, o mito do herói configura a libido que flui no eixo ego-Self organizando o
ego, principalmente nos chamados episódios de transição.” (BOECHAT, s/d, p.6).
86
entanto, os pacientes com reação, apresentaram características de importante potencialização dos
aspectos emocionais, fragilizados, que são dados que podem ser acrescidos à literatura
psicológica, aos pacientes hansenianos.
Esses achados sugerem que o acompanhamento psicológico dos pacientes hasenianos
deva ser do diagnóstico à alta e, principalmente, nos episódios intercorrentes como, o quadro
reacional tipo 2 (ENH) e os sinais e sintomas dela decorrentes.
O trabalho terapêutico, seja individual ou em grupo, pode contribuir para que estes
pacientes consigam superar essa fase de diagnóstico, tratamento e possíveis agravos da doença,
de uma maneira mais inteira, e que os aproxime um pouco mais de Si-mesmo”, favorecendo,
desta forma, uma melhora no que diz respeito à relação que estabelece com o meio ambiente,
com as outras pessoas e consigo mesmo.
10. Conclusões
A análise e discussão dos resultados obtidos no presente trabalho nos permitiram
chegar às seguintes conclusões:
Dificuldade em receber emocionalmente o diagnóstico da hanseníase.
Falta de compreensão e esclarecimento quanto ao diagnóstico da hanseníase,
bem como sobre o quadro reacional.
Alguns sintomas que antecederam o aparecimento do quadro reacional tipo 2,
como queimação e calor no corpo, febre e dores nas juntas do corpo, podem
indicar um diagnóstico precoce.
Os agravos emocionais do grupo com reão tipo 2, comparados aos do grupo
sem reação, foram dominantes no que diz respeito a sentimentos de tristeza,
desânimo.
Sofrimento dos pacientes do grupo, com reação tipo 2, por se sentirem sem
condições de trabalhar por causa dos agravos do quadro reacional.
Para o grupo com reação, a mudança de vida, de rotina, depois do diagnóstico
da hanseníase, foi grande.
É forte o sentimento de preconceito por parte das pessoas e da sociedade, de
um modo geral.
87
A qualidade de vida dos pacientes com reação tipo 2, comparada aos pacientes
sem reação, se mostrou bastante comprometida.
Não se observou sinais ou sintomas indicativos de futuro aparecimento da
doença.
Os pacientes do grupo, com reação tipo 2, manifestaram a necessidade de
acompanhamento psicológico.
88
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89
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em: 08 maio 2008.
98
ANEXOS
Anexo 1– Entrevista Semi-Estruturada
99
Entrevista
I AVALIAÇÃO DE INFORMÇÕES GERAIS:
A – Com relação ao quadro clinico:
1. Sexo Idade: Profissão:
Atividade profissional: Estado Civil:
2. Como surgiu, como foi descoberta a doença?
3. Qual é o tempo em que você está em tratamento?
4. Fisicamente, o que você sente?
B – Com relação ao tratamento:
5. Você toma alguma medicação, além do tratamento da hanseníase?
6. Depois de diagnosticado a hanseníase, com qual freqüência vo está vindo ao
ambulatório?
100
7. Você tem acompanhamento de sde em seu bairro?
C – Com relação à compreensão da doença/quadro reacional:
8. Quais são os sintomas, ou seja, o que vo sentiu antes de ser diagnosticado a
hanseníase? (para os que apresentam ENH: e antes de entrar na reação?)
9. Como você se sente diante do seu diagnóstico com relação à compreensão e
esclarecimento da hanseníase?
10. Com relação à hanseníase de um modo geral, você acha que faltou alguma explicação?
II- AVALIAÇÃO EMOCIONAL:
A-
Com relação à si mesmo:
11. Gostaria que você me falasse sobre o seu emocional, seu estado psicológico, antes e
depois da hanseníase.
12. Você fez ou faz acompanhamento psicológico/psiquiátrico, e qual a importância que você
sente de um acompanhamento desse tipo em sua vida?
13. Como foi para você, receber a informação que estava com diagnóstico de hanseníase?
101
14. De um modo geral, como foi ou está sendo esse adoecer em sua vida?
15. Como se sentiu/sente, ao perceber, que ainda requer cuidados médicos?
16. Como você se sentiu/sente, emocionalmente diante do seu tratamento?
17. Como é a sua rotina, hoje em dia?
18. Mudou alguma coisa em sua vida, depois do diagnóstico da hanseníase?
B-
Com relação à família:
19. Existe mais alguém com o mesmo diagstico de hanseníase em sua família?
20. Como seus familiares receberam seu diagnóstico? Como você os percebeu enquanto
apoio?
C- Com relação à sociedade:
21. Como você se sentiu ou sente com relação à resposta das pessoas, da sociedade de um
modo geral, diante da hanseníase?
102
D-
Conhecimento da cura da doença:
22- Qual o seu conhecimento sobre a cura da hanseníase?
23- Para finalizar, o que você gostaria de dizer ainda?
103
Anexo 2 - DLQI-BRA
104
ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA EM DERMATOLOGIA (DLQI-BRA)
(Professor A Y Finlay - Department of Dermatology - Wales College of Medicine, Cardiff University)
Nome do Hospital: Data:
Nome do Paciente: Endereço:
Diagnóstico: Escore DLQI:
O objetivo deste questionário é medir o quanto seu problema de pele afetou sua vida
NO
DECORRER DA ÚLTIMA SEMANA.
Marque com um X a melhor resposta para cada
pergunta.
1. Na última semana, quanto sua pele coçou, esteve sensível, dolorida ou ardida?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada
2. Na última semana, você ficou com vergonha ou se preocupou com sua aparência por causa de sua
pele?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada
3. Na última semana, quanto sua pele interferiu nas suas compras ou nas suas atividades dentro e fora de
casa?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
4. Na última semana, quanto sua pele influenciou na escolha das roupas que você vestiu?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
5. Na última semana, quanto sua pele afetou as atividades sociais ou de lazer?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
6. Na última semana, quanto sua pele atrapalhou a prática de esportes?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
7. Na última semana, sua pele o impediu de trabalhar ou ir à escola?
Sim Não Não relevante
Caso sua resposta seja NÃO, na última semana quanto sua pele lhe causou problemas no trabalho ou na
escola?
Muito Um pouco Nada
8. Na última semana, quanto sua pele lhe causou problemas com seu parceiro ou amigos mais próximos
e parentes?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
9. Na última semana, quanto seu problema de pele lhe causou dificuldades sexuais?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
10. Na última semana, quanto o seu tratamento para a pele foi um problema deixando sua casa
desorganizada ou tomando muito o seu tempo?
Muitíssimo Muito Um pouco Nada Não relevante
Pedimos a gentileza de verificar se todas as perguntas foram respondidas por você.
Muito obrigado
.
105
Anexo 3 - WHOQOL-bref
106
WHOQOL – ABREVIADO
Versão em Português
PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
GENEBRA
Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Professor Adjunto
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre – RS - Brasil
107
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras
áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões . Se você não tem certeza sobre que
resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais
apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos
perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas .
Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada
muito
pouco
médio
muito
completamente
Você recebe d
os outros o apoio de
que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o
apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número
4 se você recebeu “muito” apoio como abaixo:
nada
muito
pouco
médio
muito
completamente
Você recebe dos outros o apoio de
que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu “nada” de apoio.
108
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que lhe parece a melhor resposta.
m
uito
ruim
ruim
nem ruim
nem boa
boa
muito boa
1
Como vo avalia sua qualidade de
vida?
1
2
3
4
5
muito
satisfeito
insatisfeito
nem
satisfeito
nem
insatisfeito
satisfeito
muito
satisfeito
2
Quão satisfe
ito(a) você está
com a sua saúde?
1
2
3
4
5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada
muito
pouco
mais ou
menos
bastante
extremamente
3
Em que medida você acha que sua
dor (física) impede você de você
fazer o que você precisa?
1
2
3
4
5
4
O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar sua
vida diária?
1
2
3
4
5
5
O quanto você aproveita a vida?
1
2
3
4
5
6
Em que medida você acha que sua
vida tem sentido?
1
2
3
4
5
7
O quanto você consegue se
concentrar?
1
2
3
4
5
8
Quão seguro(a) você se sente em sua
vida diária?
1
2
3
4
5
9
Quão saudável é o seu ambiente
físico (clima, barulho, poluição,
atrativos)?
1
2
3
4
5
109
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas
coisas nestas últimas duas semanas.
nada
muito
pouco
médio
muito
complet
amente
10
Você tem energia suficiente para seu
dia-a-dia?
1
2
3
4
5
11
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
1
2
3
4
5
12
Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades?
1
2
3
4
5
13
Quão disponíveis para você estão as
informações que precisa no seu dia-
a-dia?
1
2
3
4
5
14
Em que medida você tem
oportunidades de atividade de lazer?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você sentiu a respeito de rios aspectos de sua
vida nas últimas semanas.
muito
ruim
ruim
nem ruim
nem bom
bom
muito bom
15
Quão bem você é capaz de se
locomover?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
insatisfeito
nem satisfeito
nem
insatisfeito
satisfeito
m
uito
satisfeito
16
Quão satisfeito(a) você
está com seu sono?
1
2
3
4
5
17
Quão satisfeito(a) você
está com sua capacidade
de desempenhar as
atividades do seu dia-a-
dia?
1
2
3
4
5
18
Quão s
atisfeito(a) você
está com sua capacidade
para o trabalho?
1
2
3
4
5
110
19
Quão satisfeito(a) você
está consigo mesmo?
1
2
3
4
5
20
Quão satisfeito(a) você
está com suas relações
pessoais (amigos,
parentes, conhecidos,
colegas)?
1
2
3
4
5
21
Quão
satisf
eito(a) você
está com sua vida sexual?
1
2
3
4
5
22
Quão
satisfeito(a) você
está com o apoio que você
recebe de seus amigos?
1
2
3
4
5
23
Quão satisfeito(a) você
está com as condições do
local onde mora?
1
2
3
4
5
24
Quão satisfeito(a) você
está com o seu acesso aos
servos de saúde?
1
2
3
4
5
25
Quão satisfeito(a) você
está com o seu meio de
transporte?
1
2
3
4
5
As questões seguintes referem-se com que freência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas
duas semanas.
nunca
algum
as
vezes
freqüentemente
muito
freqüentemente
sempre
26
Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais
como mau humor, desespero,
ansiedade, depreso?
1
2
3
4
5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ...................................................................
Quanto tempo você demorou pra preencher este questionário? ..............................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
111
Anexo 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
112
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Fui informado(a) que o objetivo da pesquisa: Aspectos emocionais do paciente
hanseniano no quadro reacional tipo 2: um estudo exploratório”, é avaliar emocionalmente o
paciente hanseniano no Quadro Reacional Tipo 2 (eritema nodoso hansênico), que apresenta ou
tenha apresentado, comparado ao paciente sem qualquer tipo de reação, no ambulatório de
dermatologia. Essas informações permitirão que os profissionais da saúde, que atendem o
paciente no quadro reacional tipo 2, tenham um entendimento mais aprofundado de como o
quadro reacional tipo 2 afetou ou afeta a vida desse paciente em termos emocionais e de
qualidade de vida.
Serão aplicados três questionários no Ambulatório de Dermatologia, que constará
de uma entrevista com perguntas sobre o paciente no diagnóstico da hanseníase, um segundo
questionário com o objetivo de medir o quanto seu problema de pele afetou sua vida no decorrer
da última semana e um último questionário para avaliar como o paciente esem termos gerais
de qualidade de vida.
Os dados permanecerão em sigilo, não identificando o nome e endereço dos participantes.
Os materiais permanecerão guardados, sob responsabilidade do orientador do trabalho, durante
sua execução e, serão destruídas, assim que a pesquisa for finalizada.
Sei que minha participação é absolutamente voluntária, com o direito dela retirar-me
quando julgar conveniente, ou me recusar a participar, sem que essa atitude implique em
qualquer prejuízo no meu tratamento no Ambulatório de Dermatologia da Faculdade de
Medicina de Botucatu, UNESP.
Este documento será impresso em duas vias, sendo que, uma das vias ficará com o
paciente devidamente assinada por ele e pela pesquisadora e a outra ficará com a pesquisadora
também devidamente assinada por ela e pelo paciente.
Eu_______________________________________________, portador do RG____________________ afirmo meu
consentimento em participar da pesquisa realizada pela pesquisadora Helenice Cristina Azevedo e Silva, mestranda
do Programa de Saúde Coletiva da FM-Botucatu, sob orientação do Prof. Dr. Joel Carlos Lastória
.
_______________________________ ____________________________________
Paciente Pesquisadora
Pesquisadora: Helenice Cristina Azevedo e Silva
Endereço: R Bartolomeu de Gusmão, n°3-70
Bauru – SP - CEP: 17017-336
Telefone: (14) 3224- 1287
E-mail: helenice_az@yahoo.com.br
Orientador: Prof.Dr.Joel Carlos Lastória
Endereço: Rua Visconde do Rio Branco, 921
Botucatu SP
Telefone: (14) 38152357
E-mail:lastoria@fmb.unesp.br
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