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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
MÔNICA CARDOSO FAÇANHA
BARREIRA FUNCIONAL INTESTINAL, ABSORÇÃO E
BIODISPONIBILIDADE DE RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA EM
PACIENTES COM TUBERCULOSE PULMONAR ATIVA
FORTALEZA
2007
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MÔNICA CARDOSO FAÇANHA
BARREIRA FUNCIONAL INTESTINAL, ABSORÇÃO E
BIODISPONIBILIDADE DE RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA EM
PACIENTES COM TUBERCULOSE PULMONAR ATIVA
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia do
Departamento de Fisiologia e
Farmacologia da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Ceará para a
obtenção do título de Doutor em
Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Aldo Ângelo Moreira
Lima
FORTALEZA
2007
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F123b Façanha, Mônica Cardoso
Barreira funcional intestinal, absorção e biodisponibilidade
de rifampicina , isoniazida e pirazinamida em pacientes com
tuberculose pulmonar ativa/ Mônica Cardoso Façanha. 2007.
278 f.
Orientador: Prof. Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará. Faculdade
de Medicina, Fortaleza, 2007.
1. Tuberculose Pulmonar. 2. Biodisponibilidade Biológica.
3. Rifampina. 4. Isoniazida. 5. Pirazinamida. 6. Absorção
Intestinal. 7. Resistência Bacteriana a Drogas. I. Lima, Aldo
Ângelo Moreira (Orient.). II. Título.
CDD 616.99524
MÔNICA CARDOSO FAÇANHA
BARREIRA FUNCIONAL INTESTINAL, ABSORÇÃO E
BIODISPONIBILIDADE DE RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA EM
PACIENTES COM TUBERCULOSE PULMONAR ATIVA
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Farmacologia do Departamento
de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Ceará como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Farmacologia.
Data da aprovação: 15/08/ 2007
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima (orientador)
Universidade Federal do Ceará-UFC
__________________________________
Prof Dr. Jorge Luiz Nobre Rodrigues
Universidade Federal do Ceará-UFC
__________________________________
Profa. Dra Maria Zélia Rouquayrol
Universidade Federal do Ceará-UFC
__________________________________
Profa. Dr Roberto da Justa Pires Neto
Universidade Federal do Ceará-UFC
__________________________________
Profa. Dra Valéria Góes Ferreira Pinheiro
Universidade Federal do Ceará-UFC
À minha mãe, por ter sempre acreditado em
mim, com um permanente estímulo.
A meu pai, que estava à frente de seu tempo,
permitindo que suas filhas, assim como os
filhos, fossem criados num ambiente de
estudo, com o direito e o dever de estudar,
sem obrigações com o trabalho doméstico.
A Gisele e Marcelo, meus filhos, que tiveram
que conviver a vida inteira com uma mãe que
sempre tinha muito que estudar, ler, escrever,
pesquisar e mesmo assim se mantiveram a
meu lado, apoiando mais este projeto.
À memória de Adrelírio José Rios Gonçalves,
grande mestre, exemplo de pessoa dedicada
ao estudo da arte médica e incentivador e
exemplo para todos que tiveram o privilégio de
com ele conviver.
AGRADECIMENTOS
Sou agradecida a muitas pessoas e instituições que contribuíram para a
realização deste trabalho. Corro o risco de deixar de citar algumas, às quais desde já
peço sinceras desculpas.
Aos pacientes, que, apesar de seu sofrimento, foram voluntários para
participar deste estudo.
Aos voluntários sadios, que, sem sintomas, se submeteram a tomar o
medicamento para tratar tuberculose, permitiram que fossem retiradas amostras de
sangue para exame e dispuseram do seu tempo para participar deste estudo.
A Aldo Ângelo Moreira Lima, meu orientador, por sua experiência, calma,
senso de oportunidade e otimismo.
A Rosa Maria Salani Mota, pela análise estatística, pela disponibilidade e
pela capacidade de ler os resultados em dados frios.
A Helena Serra Azul Monteiro, pelo incentivo durante toda essa jornada.
A Aura Rhanes, secretária da pós-graduação pelas informações sempre
precisas; a Rose e Irislene Ferreira pela delicadeza com que sempre nos atenderam.
A bibliotecária da Faculdade de Medicina, Rosane Costa, pelo cuidado e
atenção com que reviu as referências bibliográficas.
A professora Helena Sampaio pela criteriosa revisão do português.
A Maria do Carmo Nunes Pinho (Carminha), Verônica Maria de Oliveira da
Silva, Conceição de Maria Nogueira, por promoverem a infra-estrutura para a coleta
de material e realização dos exames laboratoriais necessários a este estudo e a
Manoel Barbosa Júnior pela realização de parte deles.
A Domingos Barreto de Oliveira, Gardênia de Sousa Lourenço, Charliene
de Sousa Melo, pela imprescindível ajuda na confecção da solução teste para a
realização dos testes laboratoriais de permeabilidade intestinal.
A Charles Melo, pela redigitação dos dados e a Alberto, por conferí-los.
A Charles Peloquin pela gentileza com que deu o pontapé inicial para a
obtenção das medidas dos resultados deste trabalho.
A José Amadeus, Kátia Nogueira, Fabiana Nascimento, equipe
administrativa da Unidade de Pesquisas Clínicas, pela atenção e deferência que
sempre tiveram conosco.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia.
À Fundação Cearense de apoio à Pesquisa (Funcap) pelo apoio.
Aos colegas do Departamento de Saúde Comunitária e Hospital
Universitário Walter Cantídio da Faculdade de Medicina, das secretarias Municipal e
Estadual da Saúde, pela confiança em mim depositada.
A Francisca Maria Sousa Bento (Marluce), amiga de todas as horas, que
muito me ajudou, inclusive no recrutamento de voluntários.
A Jorge Luiz Nobre Rodrigues, Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão,
Ivo Castelo Branco Coelho, Roberta Luiz, Mariana Moura Fé, José Nivon Silva,
Renata Amaral e Eveline Vale pela colaboração para o bom desempenho da nossa
disciplina durante meu período de licença e pelo incentivo para a conclusão deste
trabalho.
A Argina Maria Bandeira Gondim, Raimundo Nonato Furtado Leitão,
Jociane Viana das Neves e equipe do Centro de Saúde Carlos Ribeiro pelo apoio na
captação dos pacientes voluntários e coleta do material para os exames.
A Noélia Lima, Ieda Souza, Eugênio Campos e Ricardo Aires, colegas
professores e do atual curso de pós-graduação, com quem dividimos a angústia e o
prazer de voltar a ser estudantes.
Aos professores, colegas secretárias e pessoal de apoio, pela gentileza
com que sempre nos trataram.
Se uma pessoa só fizesse o que bem
entendesse, jamais avançaria um
passo.”
Clarice Lispector (1920-1977)
RESUMO
Baixas concentrações séricas de drogas antituberculose podem ser causa da
resistência de Mycobacterium tuberculosis às drogas utilizadas para tratamento, a
qual é mais freqüente em pacientes em tratamento irregular, mas pode ser verificada
em pacientes em tratamento diretamente observado. Os objetivos desse estudo
foram avaliar a permeabilidade intestinal e a biodisponibilidade de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida em pacientes com tuberculose pulmonar ativa. Realizou-se
estudo transversal controlado. No período entre julho de 2004 e dezembro de 2005
foram selecionados 56 pacientes consecutivos com tuberculose pulmonar ativa,
atendidos no Centro de Saúde Carlos Ribeiro em Fortaleza, Ceará e 29 controles
sadios recrutados entre profissionais de saúde, seus familiares e vizinhos para
avaliação da permeabilidade intestinal. Foram coletadas informações
sociodemográficas e exames bioquímicos e realizou-se o teste de lactulose/manitol
de todos. Os primeiros 30 casos de tuberculose e os 29 controles dessa amostra
foram selecionados para a avaliação da biodisponibilidade sérica de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida em amostras coletadas duas horas e seis horas depois da
ingestão. A média de idade dos casos foi de 39,2 ± 15 anos e a dos controles 34 ±
11,0 (p=0,61). Eram do sexo masculino 71 % dos casos e 66% dos controles
(p=0,57). O peso médio dos casos (52,4 ± 6,3 kg) foi significativamente menor do
que o dos controles (71,1 ± 14,0 kg) (p=0,014). Verificou-se menor excreção de
lactulose entre os casos (mediana de 0,1721%; variando de 0,0-5.0139%) do que
entre os controles (0,4301%; variando de 0,0-2,064) (p=0,049%); a excreção de
manitol entre os casos foi 17,9910% (1,9567-71,5446%) e entre controles foi de
24,3899% (1,3883-63,0539%) (p=0,147); a relação lactulose/manitol foi de 0,0095
(0,0-0,0759%) entre os casos e 0,0136 (0,0-0,0136%) entre os controles (p=0,018).
A concentração sérica máxima de rifampicina teve média de 1,46 ± 0,72 µg/ml nos
casos e de 6,69 ± 3,07 µg/ml nos controles (p<0,001); a de isoniazida foi 2,62 ± 1,53
µg/ml entre os casos e 1,98 ± 0,76 µg/ml entre os controles (p=0,057) e a de
pirazinamda foi de 44,10 ± 10,40 µg/ml entre os casos e 36,32 ± 12,02 µg/ml entre
os controles (p=0,007). Quatro (13,3%) casos não chegaram a alcançar os limites
mínimos das concentrações normais esperadas de nenhuma das drogas de primeira
linha para o tratamento da tuberculose; 21 (70,0%) alcançaram essa concentração
sérica apenas para uma droga (pirazinamida) e cinco (16,7%) apenas para duas
drogas (pirazinamida e isoniazida). Nenhum caso alcançou as concentrações séricas
normais esperadas para as três drogas, simultaneamente. Em conclusão, observou-
se redução da absorção paracelular entre os pacientes com tuberculose bem como
má absorção intestinal de rifampicina e isoniazida. Estes resultados sugerem a
necessidade da avaliação de medidas para reduzir a má absorção intestinal de
drogas e evitar o retardo ou a impossibilidade de cura da doença, bem como o risco
de multirresistência.
Palavras-chave: Tuberculose pulmonar. Disponibilidade biológica. Rifampina.
Isoniazida. Pirazinamida. Absorção intestinal. Resistência bacteriana a drogas.
ABSTRACT
Reduced antituberculosis drugs concentrations are associated with Mycobacterium
tuberculosis resistance, mostly in patients in irregular but also in directly observed
treatment. This study aims to evaluate intestinal permeability and bioavailability of
rifampin (R), isoniazid (I) and pyrazinamide (P) in patients with active pulmonary
tuberculosis. A controlled cross sectional study evaluated intestinal permeability from
56 consecutive active pulmonary tuberculosis (TB) patients who attended Carlos
Ribeiro Health Unit in Fortaleza, Ceará, northeast of Brazil, from July 2004 to
December 2005. The Thirty who first came were selected to have R, I and P serum
concentration dosed. Twenty nine healthy controls were select among health
professionals, their relatives and neighboring. To access intestinal permeability
lactulose/manitol (L/M) test was performed by HPLC in urine samples collected
during five hours. To access bioavailability two blood samples were collect at 2 and 6
hours after drug ingestion. Demographic information was recorded from all
volunteers. Mean age was 39.2 ± 15 years in cases and 34 ± 11.0 in controls
(p=0.61); 71.4% cases and 65.5% controls were men (p=0.57). Lactulose urinary
excretion was significantly lower in TB patients (median 0.1721%; range 0.0-5.0139)
than in controls (median 0.4301%; range 0.2125-2.064) (p=0.0194); median manitol
excretion in cases was 17.9910% (1.9567-71.5446) and in controls, 24.39894%
(range 1.3883-63.0539) (p=0.147) and the lactulose/manitol ratio was of 0.0095
(range 0.0-0.0759) in cases and 0.0153 (0.0-0.0136) in controls (p=0.0698).
Maximum means seric rifampin concentration in cases was1.46 ± 0.72 µg/ml and in
controls, 3.07 ± 6.69µg/ml (p<0.001); maximum means seric isoniazid concentration
was 2.62 ± 1.53 µg/ml in cases and 0.76 ± 1.98 µg/ml in controls (p=0.057);
maximum means seric pirazinamide concentratio was 44.10 ± 10.40 µg/ml in cases
and 12.02 ± 36.32 µg/ml in controls (p=0.007). Four cases (13.3%) had all tested
drugs serum concentrations under expected normal; 21/30 (70.0%) had expected
normal concentrations only for one drug (pyrazinamide) and 5/30 (16.7%) for 2 drugs
only (pirazinamide and isoniazid). None of the cases had expected concentration
levels for all 3 drugs, simultaneously. In conclusion, there was lesion in the functional
intestinal barrier and malabsorption for rifampin and isoniazid in active pulmonary TB
patients suggesting it is necessary a deeper evaluation of measures to reduce
malabsorption, since only these drugs are used during last the four months of
treatment.
Key words: Tuberculosis, pulmonary. Biological availability. Rifampin. Isoniazid.
Pyrazinamide. Intestinal absorption. Drug resistance, bacterial.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1
Fluxograma de recrutamento dos voluntários, Fortaleza-CE,
2004-2005
72
Figura 2
Distribuição do percentual de excreção urinária de lactulose de
voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
80
Figura 3
Distribuição do percentual de excreção urinária de manitol de
voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
81
Figura 4
Distribuição da relação de percentual de excreçao urinária de
lactulose/manitol de voluntários com tuberculose pulmonar e
controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
81
Figura 5
Distribuição do percentual de excreção urinária de lactulose de
casos de tuberculose pulmonar e controles sadios que se
submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas
antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
89
Figura 6
Distribuição do percentual de excreção urinária de manitol de
casos tuberculose pulmonar e controles sadios que se
submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas
antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
89
Figura 7
Distribuição da relação de percentual de excreçao urinária de
lactulose/manitol de voluntários com tuberculose pulmonar e
controles sadios que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-
CE, 2004-2005
90
Figura 8
Concentração sérica máxima e limites esperados de rifampicina
em voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
91
Figura 9
Concentração sérica máxima e limites esperados de isoniazida
em voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
92
Figura 10
Concentração sérica máxima e limites esperados de pirazinamida
em voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
93
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1
Tuberculose: sumário dos coeficientes de incidência e
mortalidade por cem mil habitantes no mundo, Brasil, Nordeste,
Ceará e Fortaleza, fonte e ano da publicação e anos de
referência
30
Tabela 2
Caracterização quanto à idade e ao sexo dos voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza –
CE, 2004-2005
73
Tabela 3
Caracterização quanto a peso atual, altura, índice de massa
corpórea (IMC), peso habitual e peso no inicio do tratamento dos
voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles), Fortaleza – CE, 2004-2005
75
Tabela 4
Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) segundo a classificação do estado
nutricional pelo índice de massa corporal (IMC), Fortaleza –CE,
2004-2005
76
Tabela 5
Concentração sérica média de glicose, uréia, creatinina,
bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato
aminotransferase, alanina aminotransferase, proteína total,
albumina e globulina de voluntários com tuberculose (casos) e
sem tuberculose (controles), Fortaleza –CE, 2004-2005
78
Tabela 6
Distribuição de voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) quanto à concentração sérica de glicose,
uréia, creatinina, bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina
indireta, aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase,
proteína total, albumina e globulina, Fortaleza –CE, 2004-2005
79
Tabela 7
Concentração urinária de lactulose, manitol e da relação
lactulose/manitol em voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles), Fortaleza –CE, 2004-2005
80
Tabela 8
Caracterização quanto à idade e ao sexo dos voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles) que se
submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas
antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
82
Tabela 9
Caracterização quanto a peso atual, altura, índice de massa
corpórea, peso habitual de voluntários com tuberculose (casos) e
sem tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-
CE, 2004-2005
84
Tabela 10
Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, segundo a
classificação do estado nutricional pelo índice de massa corporal
(IMC), Fortaleza – CE, 2004-2005
85
Tabela 11
Concentração sérica média de glicose, uréia, creatinina,
bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato
aminotransferase, alanina aminotransferase, proteína total,
albumina e globulina de voluntários com tuberculose (casos) e
sem tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-
CE, 2004-2005
86
Tabela 12
Distribuição quanto à concentração sérica de glicose, uréia,
creatinina, bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta,
aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, proteína
total, albumina e globulina de voluntários com tuberculose (casos)
e sem tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza –
CE, 2004-2005
87
Tabela 13
Concentração urinária de lactulose, manitol e da relação
lactulose/ manitol em voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) que se submeteram à dosagem sérica de
rifampicina, isoniazida e pirazinamida, Fortaleza-CE, 2004-2005
88
Tabela 14
Concentração sérica duas horas e seis horas depois da ingestão
de rifampicina, isoniazida e pirazinamida e concentração máxima
observada em voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles), Fortaleza-CE, 2004-2005
91
Tabela 15
Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) quanto a terem ou não, concentração
sérica normal esperada de rifampicina, isoniazida e pirazinamida,
Fortaleza-CE, 2004 -2005
94
Tabela 16
Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles) quanto ao número de drogas
antituberculose que alcançaram nível normal esperado em sua
concentração máxima, Fortaleza-CE, 2004-2005
95
Tabela 17
Correlação entre concentração sérica de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida dosadas 2 horas e 6 horas depois da ingestão e
suas concentrações máximas com a concentração urinária de
lactulose, manitol, e a relação lactulose/manitol em voluntários
com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles),
Fortaleza-CE, 2004-2005
98
Tabela 18
Correlação entre concentração sérica máxima de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida e a concentração urinária de lactulose,
manitol, e a relação lactulose/manitol corrigida pelo índice de
massa corporal em voluntários com tuberculose (casos) e sem
tuberculose (controles), Fortaleza-CE, 2004-2005
99
Tabela 19
Correlação entre concentração sérica máxima de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida e a concentração urinária de lactulose,
manitol, e a relação lactulose/manitol corrigida pelo índice de
massa corporal e pela dependência do álcool em voluntários
com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles),
Fortaleza-CE, 2004-2005
100
LISTA DE SIGLAS
BCG
Bacilo de Calmette- Guérin
CH 2H
Concentração sérica de isoniazida após 2 horas da ingestão
CH 6H
Concentração sérica de isoniazida após 6 horas da ingestão
CRM 2H
Concentração sérica de rifampicina após 2 horas da ingestão
CRM 6H
Concentração sérica de rifampicina após 6 horas da ingestão
CPZA 2H
Concentração sérica de pirazinamida após 2 horas da ingestão
CPZA 6H
Concentração sérica de pirazinamida após 6 horas da ingestão
CSCR
Centro de Saúde Carlos Ribeiro
DFC
Dose fixa combinada
DOTS
Directly Observed Treatment Strategy” - Estratégia de tratamento
diretamente observado
E ou EMB Etambutol
HPLC
High Performance Liquid Chromatography” - Cromatografia
Líquida de Alta Pressão
HPLC-PAD
“High Performance Liquid Chromatography with Pulsed
Amperometric Detection” Cromatografia Líquida de Alta Pressão
com detecção amperométrica de pulso
H ou INH Isoniazida
Hab
Habitante
HIV
Vírus da imunodeficiência adquirida
HIV/TB
Infecção simultânea por vírus da imunodeficiência adquirida e
Mycobacterium tuberculosis
IL
Interleucina
IMC
Índice de massa corpórea ou corporal
INH ou H Isoniazida
IUATLD
International Union Against Tuberculosis and Lung Diseases
União Internacional contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares
L
Lactulose
L/M
Razão Lactulose/Manitol
M
Manitol
MDR ou MR
Multidrug resistant tuberculosis; Tuberculose multidroga resistente
OMS
Organização Mundial de Saúde
PAS
Ácido para-aminosalicílico
PI
Permeabilidade intestinal
PPD
Purified Protein Derivative – teste tuberculínico
Z ou PZA
Pirazinamida
RFLP
Restriction Fragment Length Polymorphism” – Polimorfismo de
tamanho de fragmentos de restrição
R ou RM Rifampicina
S ou SM Estreptomicina
SPSS Statistical Pachage for Social Sciences
TBMR
Tuberculose multirresistente
TBMDR
Tuberculose multidroga resistente
TBXDR
Extensive resistant tuberculosis. Tuberculose extensamente
resistente
TJ
Tight Junctions” Zonas de oclusão
UICTER
Unión Internacional contra la Tuberculosis y Enfermedades
Respiratorias” – União Internacional contra a Tuberculose e
Doenças Respiratórias
WHO
World Health Organization” – Organização Mundial de Saúde
XDR
Extensive resistant tuberculosis. Tuberculose extensamente
resistente
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO ........................................................................... 22
1.1 A tuberculose ............................................................................ 23
1.1.1 Histórico ......................................................................................
23
1.1.2 Agente etiológico ........................................................................
25
1.1.3 Epidemiologia da tuberculose ....................................................
26
1.1.4 Tratamento da tuberculose..........................................................
31
1.2
Barreira funcional intestinal ....................................................
42
1.3
Absorção
e biodisponibilidade das drogas antituberculose 46
1.4 Justificativa .............................................................................. 50
2. OBJETIVOS .............................................................................. 53
2.1 Objetivo geral ........................................................................... 54
2.2 Objetivos específicos ............................................................... 54
3. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................... 55
3.1 Considerações éticas ............................................................... 56
3.2 Delineamento do estudo ......................................................... 56
3.3 Local de realização .................................................................. 56
3.4 População ................................................................................. 58
3.4.1 População-alvo ..........................................................................
58
3.4.2 População do estudo ..................................................................
58
3.5 Recrutamento da amostra ....................................................... 58
3.5.1 Critérios de inclusão ...................................................................
58
3.5.2 Critérios de exclusão ..................................................................
59
3.5.3 Critérios de retirada ....................................................................
59
3.6 Protocolo clínico ...................................................................... 60
3.6.1 Triagem dos voluntários .............................................................
60
3.6.2 Coleta de informações clínico-epidemiológicas .........................
60
3.6.3 Avaliação do grau de nutrição ....................................................
61
3.6.4 Avaliação de dependência de álcool ..........................................
62
3.6.5 Procedimentos laboratoriais .......................................................
62
3.7 Considerações estatísticas ..................................................... 67
3.7.1 Cálculo do tamanho da amostra ...............................................
67
3.7.2 Análise estatística ......................................................................
68
4. RESULTADOS ........................................................................... 70
4.1 Estudo da barreira funcional intestinal .................................. 71
4.1.1 Caracterização da população no estudo ....................................
71
4.1.2 Descrição socioepidemiológica da população estudada ...........
73
4.1.3 Avaliação antropométrica ...........................................................
75
4.1.4 Descrição clínica e bioquímica ...................................................
77
4.1.5 Avaliação da barreira funcional intestinal ...................................
80
4.2 Estudo da biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida .............................................................................. 82
4.2.1 Caracterização da população no estudo ....................................
82
4.2.2 Descrição socioepidemiológica da população ..........................
82
4.2.3 Avaliação antropométrica ...........................................................
83
4.2.4 Descrição clínica e bioquímica ...................................................
85
4.2.5 Avaliação da barreira funcional intestinal ...................................
88
4.2.6 Avaliação da biodisponibilidade das drogas antituberculose .............
90
4.3 Correlação entre permeabilidade intestinal e
biodisponibilidade das drogas antituberculose .................... 96
5. DISCUSSÃO .............................................................................. 101
5.1 Considerações sobre o teste de permeabilidade intestinal.. 104
5.2 Biodisponibilidade das drogas antituberculose ................... 107
6. CONCLUSÃO ............................................................................ 112
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 114
APÊNDICES 126
Apêndice A - Termo de consentimento livre e esclarecido .......
127
Apêndice B - Entrevista de triagem ...........................................
128
Apêndice C - Questionário ........................................................
129
Apêndice D - Planilha de resultados de exames .......................
131
Apêndice E - Valores normais de testes bioquímicos em
adultos utilizados como referência no Hospital Universitário
Walter Cantídio............................................................................
132
ANEXOS .................................................................................... 133
Anexo A - Aprovação pelo Comitê de Ética ..............................
134
Anexo B – Mapa de Fortaleza e do Bairro Jacarecanga ...........
135
Projetos aprovados por fontes financiadoras 136
Má absorção de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e
recuperação da barreira funcional intestinal com alanil-
glutamina na tuberculose pulmonar. Aprovado pelo CNPq
Edital 02/2006 - Universal
137
Centro de cromatografia para estudo da barreira funcional
intestinal e biodisponibilidade de drogas antituberculose.
Aprovado pela FUNCAP: Edital 03/2006 - Infra-Estrutura de
Laboratórios.
175
Artigos em preparação e publicados ..................................... 188
FAÇANHA, M. C.; GONDIM, A. M. B.; PINHEIRO, V. G. P.;
BARROSO, E. C.; PELOQUIN, C. A.; GUERRANT, R. L.;
LIMA, A. A. M. Absorção, permeabilidade intestinal e
biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e pirazinamida em
pacientes com tuberculose pulmonar ativa (em preparação).
189
PINHEIRO, V. G. F.; RAMOS, L. M. A.; MONTEIRO, H. S. A.;
BARROSO, E. C.; FAÇANHA, M. C.; PELOQUIN, C A,
GUERRANT, R L, LIMA, A A M. Intestinal permeability and
malabsortion of rifampin and isoniazid in active pulmonary
tuberculosis. Braz. J. Infect. Dis., v. 10, p. 374-379, 2006.
211
FAÇANHA, M. C. Evolução da mortalidade por tuberculose em
Fortaleza (CE), entre 1980 e 2001. J. Bras. Pneumol., v. 36,
p. 553-558, 2006.
217
FAÇANHA, M. C. Tuberculose: subnotificação de casos que
evoluíram para o óbito em Fortaleza-CE. Rev. Bras.
Epidemiol., v. 8, p. 25-30, 2005.
223
FAÇANHA, M. C.; GUERREIRO, M. F. F.; PINHEIRO, A. C.;
LIMA, J. R. C.; VALE, R. L. R. S.; TEIXEIRA, G. F. D. Resgate
de casos subnotificados de tuberculose em Fortaleza -CE,
2000-2002. Bol. Pneumol. Sanit., v. 1, p. 3-16, 2003.
229
FAÇANHA, M. C.; GONDIM, A. B., SALGUEIRO, M. F.;
SILVEIRA, C. B.; REBOUÇAS, L. N., SILVEIRA, C. B.
Investigação de contatos de tuberculose em local de trabalho.
Bol. Pneumol. Sanit., v. 12, p. 159-162, 2005.
233
FAÇANHA, M. C., PINHEIRO, A. C. Doenças respiratórias
agudas em serviços de saúde entre 1996 e 2001, Fortaleza,
CE. Rev. de Saúde Pública, v. 38, p. 346-350, 2004.
236
FAÇANHA, M. C. Impacto da vacinação de maiores de 60
anos para influenza sobre as internações e óbitos por doenças
respiratórias e circulatórias em Fortaleza - CE - Brasil. J. Bras.
Pneumol., v. 31, p. 415-420, 2005.
240
FAÇANHA, M. C.; PINHEIRO, A. C. Comportamento das
doenças diarréicas agudas em serviços de saúde de Fortaleza,
Ceará, Brasil, entre 1996 e 2001. Cad. Saúde Pública, v. 21,
p. 109-118, 2005.
246
FAÇANHA, M. C. Casos de cisticercose em pacientes
internados pelo sistema Único de Saúde: distribuição no
Estado do Ceará. Rev. Soc. Bras. Med.Trop., v. 39, p. 484-
487, 2006.
252
FAÇANHA, M. C.; MENEZES, B. L. F.; FONTENELE, A. D. B.;
MELO, M. A.; PINHEIRO, A. S.; CARVALHO, C. S.; PORTO, I.
A.; PINHEIRO, L. O. C. Conhecimento sobre Reprodução e
Sexo Seguro de Adolescentes de uma Escola de Ensino Médio
e Fundamental de Fortaleza. J. bras. Doenças Sex. Transm.,
v. 16, n. 2, p. 5-9, 2004.
256
FAÇANHA, M. C.; PINHEIRO, A. C.; FAUTH, S.; LIMA, A. W.
D. B. C.; SILVA, V. L. P.; JUSTINO, M. W. S.; COSTA, E. M.
Busca ativa de óbitos em cemitérios da Região Metropolitana
de Fortaleza, 1999 a 2000. Epidemiologia e Serviços de
Saúde, v. 12, p. 131-136, 2003.
261
FACANHA, M. C.; PINHEIRO, J. R. C. L.; FERREIRA, M. L. L.
T.; TEIXEIRA, G. F. D.; ROUQUAYROL, M. Z. Hanseníae:
subnotificação de casos em Fortaleza – Ceará, Brasil. Na.
Brás. Dermatol. v. 81, n. 4, p.329-33, 2006.
267
FACANHA, M. C.; MONROE, A. C. P. Ocupational and
nosocomial transmission of varicella. Braz. J. Infect. Dis., v.
10, n. 2, p. 156-58, 2006.
272
Capítulo de livro ....................................................................... 275
ROUQUAYROL, M Z, FAÇANHA, M. C., VERAS, F. M. F.
Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis In:
Epidemiologia & Saúde. 6 ed. Rio de Janeiro - RJ : Medsi,
2003, p. 229-288.
276
22
Introdução
23
1 INTRODUÇÃO
1.1 A tuberculose
1.1.1 Histórico
O termo tuberculose descreve um amplo espectro de manifestações
clínicas causadas por Mycobacterium tuberculosis e, mais raramente, por M. bovis
(FITZGERALD; HAAS, 2005).
Em seus primórdios, provavelmente a tuberculose acometeu os animais
antes de atingir o homem. Possivelmente, uma variante de M. bovis foi transmitida
ao homem por leite, carne ou aerossóis (MELLO; HIJJAR, 2002). A hipótese mais
tradicional sugere que esta transmissão ocorreu quando bois primitivos, os auroques
(Bos primigenius), foram domesticados há oito mil anos (PRAT; SOUZA, 2003).
A infecção era endêmica na antiguidade e conhecida por egípcios, gregos,
árabes e outros povos do oriente (FITZGERALD; HAAS, 2005). Foi encontrada na
coluna vertebral de fósseis do período neolítico, pré-colombiano e do antigo Egito
(MELLO; HIJJAR, 2002). Nas Américas, a infecção foi introduzida por caçadores
nômades que migraram da Ásia e da Europa ou foi adquirida a partir de reservatório
ambiental. Arqueologistas demonstraram a existência de tuberculose em diversas
gerações de imigrantes, sugerindo que o bacilo pode ter sido reintroduzido por
diversas ondas migratórias. Comprovação da infecção foi vista principalmente em
ossos recuperados nas regiões desérticas do Peru, Chile e Venezuela (PRAT;
SOUZA, 2003), entretanto, a tuberculose não representou um problema maior até o
surgimento das cidades, com suas aglomerações e saneamento deficiente.
A concepção que a sociedade teve da tuberculose foi sendo modificada ao
longo dos tempos. Houve um período em que se referiam à tuberculose como uma
doença decorrente da miséria em que vivia a população; houve uma fase em que se
acreditava estar ligada à hereditariedade; outra concepção era a de que vinha do
“outro”, resultado do comportamento amoral, desregrado, o que tornava culpado o
indivíduo doente; também se acreditou ser decorrente de ar impuro, de local com
aglomeração e sem higiene (GONÇALVES, 2000).
24
Nos séculos XVII e XVIII, houve grande redução da mortalidade e da
morbidade por tuberculose na Europa e na América do Norte, possivelmente por
melhoria nas condições socioeconômicas, o que promove nutrição e padrão de
trabalho e vida melhores. A invenção do estetoscópio, a descrição das lesões
pulmonares que levaram ao entendimento da patologia e patogênese da tuberculose
feita por Laennec, o estabelecimento da natureza infecciosa da doença feito por
Villemin e a demonstração do agente etiológico feita por Koch marcaram o
desenvolvimento dos avanços no conhecimento da tuberculose e nas formas de
controle (SCHLUGER, 2005). A utilização da fluoroscopia entre as décadas de 1930
e 1940, seguida da utilização de miniaturas de radiografias e posteriormente de
radiografias de tórax e tomografias computadorizadas colaboraram para a melhora
do diagnóstico da doença (MITCHISON, 2005).
Nos últimos cem anos de história da tuberculose, fomos beneficiados pelo
progresso científico e clínico, no entanto houve aumento de prevalência de
resistência às drogas utilizadas para o tratamento em muitos países, o que significa
controle inadequado da doença. Mesmo nos Estados Unidos da América, entre 1985
e 1992, houve considerável aumento na incidência da tuberculose, atribuído à
disseminação da infecção por HIV (vírus da imunodeficiência adquirida), imigração
de pessoas provenientes de países com alta prevalência, concentração de casos em
hospitais, abrigos e prisões e deterioração das medidas de controle (MURRAY,
2004).
HIV e M. tuberculosis têm interação sinérgica. A infecção por HIV é o fator
de risco mais importante para o desenvolvimento da tuberculose doença, isto é, as
pessoas co-infectadas têm trinta por cento de chance de desenvolver a doença,
enquanto naqueles sem a infecção por HIV, a chance é de cinco a seis por cento.
Cerca de nove por cento dos casos de tuberculose do mundo (31 por cento dos
casos da África) estão associados ao HIV, bem como doze por cento dos óbitos. As
manifestações clínicas nas infecções avançadas por HIV são atípicas, sendo causa
freqüente de doença extr-pulmonar. Esse fato, associado à baixa sensibilidade da
baciloscopia do escarro tornam o diagnóstico mais difícil, retardando-o. A interação
entre as drogas antituberculose e anti-HIV tornou o tratamento da tuberculose mais
complicado (SHARMA; MOHAN; KADHIRAVAN, 2005).
25
1.1.2 Agente etiológico
Características do bacilo
O termo bacilo da tuberculose designa duas espécies da família
Mycobacteriaceae, da ordem Actinomycetales: Mycobacterium tuberculosis e
Mycobacterium bovis. Outras três espécies compõem o complexo M. tuberculosis:
M. microti, patógeno de roedores, M. africanum e M. canetti, ambos responsáveis
por raros casos na África. M. bovis – Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) também pode
ser responsável por doença em imunocomprometidos, como nos pacientes que
recebem BCG para tratamento de neoplasia de bexiga. Porém, devido à raridade
das manifestações clínicas causadas pelas outras espécies, bacilo da tuberculose é
praticamente sinônimo de M. tuberculosis (FITZGERALD; HAAS, 2005).
O homem é o único reservatório desse bacilo, embora diversos animais
sejam sensíveis à infecção. É um bacilo aeróbico, não esporulado, não móvel, que
apresenta uma parede celular que contém grande quantidade de lipídios de alto
peso molecular. Multiplica-se de forma lenta, sendo necessárias de quinze a vinte
horas para sua duplicação, quando para a maioria das bactérias, esse tempo é de
menos de uma hora (FITZGERALD; HAAS, 2005). A velocidade de duplicação
depende da oferta de oxigênio, do pH do meio e da concentração de nutrientes
(MELLO; HIJJAR, 2002). Em geral, as colônias tornam-se visíveis em meio sólido,
de três a oito semanas depois da semeadura. O microrganismo tende a se
multiplicar em grupos paralelos, deixando a colônia com aspecto de serpentina. O
genoma circular completo de 4.4 Mb da cepa H37Rv já foi descrito (FITZGERALD;
HAAS, 2005).
M. tuberculosis é incapaz de gerar formas de resistência como os esporos;
mas tem uma parede celular hidrofóbica altamente complexa e crescimento muito
lento, podendo ficar em latência por período prolongado de tempo (CARDONA;
AMAT, 2006).
O termo bacilo álcool-ácido resistente praticamente refere-se apenas às
micobactérias, embora Nocardia e outros microrganismos também possam ter essas
características. Após coloração por fucsina e sua fixação por calor, a bactéria resiste
26
à descoloração por uma solução de álcool-ácido. O microrganismo é visto como um
bacilo curvo com 2 µm a 4 µm de comprimento por 0,2 µm a 0,5 µm de largura. No
escarro, em geral, observam-se dois microrganismos em paralelo ou em “V”. Estima-
se que são necessários 10.000 microrganismos /mL para que possam ser
visualizados, de modo que a visualização de apenas um microrganismo torna o caso
altamente suspeito. Em países desenvolvidos, utiliza-se uma modificação da técnica
de Ziehl–Neelsen, para tornar a bactéria fluorescente e facilitar sua visualização,
tornando a técnica mais sensível (FITZGERALD; HAAS, 2005). Bacilos podem ser
pesquisados em qualquer fluido ou material biológico, embora nos fluidos a
sedimentação por centrifugação aumente a chance de visualização. Por serem
bacilos fracamente gram-positivos, aparecem como “fantasmas” na lâmina, sendo de
difícil visualização nessa coloração.
A cultura é o exame considerado “padrão ouro” para a detecção de M.
tuberculosis em espécimes clínicos. Para crescer em meio sólido (ex.: Lowenstein
Jensen, Middlebrook 7H11), necessita de três a oito semanas e em meio líquido (ex.:
Middlebrook 7H12), necessita de uma a três semanas.
Os ensaios de amplificação de ácido nucléico representam uma outra
técnica de demonstração de M. tuberculosis em espécimes clínicos. Sua
sensibilidade fica entre a da pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes e a da
cultura.
1.1.3 Epidemiologia da tuberculose
Epidemiologia da tuberculose no mundo
Estima-se que dois bilhões de pessoas (um terço da população mundial)
estejam infetadas por Mycobacterium tuberculosis. A cada ano, nove milhões de
pessoas adoecem e dois milhões morrem (CENTERS FOR DISEASES CONTROL
AND PREVENTION, 2006). A vigilância da tuberculose é feita com qualidade
diferente nos diferentes países, especialmente nos países mais pobres, o que torna
difícil afirmar com segurança o tamanho e as repercussões desse problema na
saúde da população mundial. Essas estimativas são feitas baseadas em incidência
de pacientes com escarro positivo, taxa de notificação, taxa de cobertura da
27
população com serviços de saúde e taxa de letalidade estimada (LAUZARDO;
ASHKIN, 2000).
A mortalidade por tuberculose alcançou seu pico na Europa ocidental e
nos Estados Unidos da América por volta do ano de 1800. Cem anos depois, a taxa
de mortalidade ainda se encontrava em 194 óbitos por 100.000 habitantes, o que a
tornava a terceira maior causa de óbito, atrás apenas das doenças cardiovasculares
e influenza-pneumonia (MURRAY, 2004).
Durante as décadas de 1960 e 1970, houve grande otimismo em relação à
perspectiva de controle da tuberculose. Melhorias nas condições sanitárias, de
habitação e nos programas de controle da doença reduziram o risco de infecção
(DOLIN; RAVIGLIONE; KOCHI, 2000). Porém, em 1993, a Organização Mundial de
Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998) declarou a situação da
tuberculose como uma emergência mundial, devido ao recrudescimento da doença
nos países desenvolvidos e à sua expansão nos continentes asiático e americano. A
Organização Mundial de Saúde atribuiu a gravidade da situação à desigualdade
social, ao advento da síndrome da imunodeficiência adquirida, ao envelhecimento da
população e aos grandes movimentos migratórios (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1998). Em 2006, a Organização Mundial de Saúde estimava que a
incidência mundial da tuberculose em 2004 havia sido de 140 casos/ 100.000 hab e
a mortalidade em 27 óbitos/100.000 hab (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006).
Epidemiologia da tuberculose no Brasil
A tuberculose vem mantendo sua endemicidade no Brasil, inclusive no
período em que era considerada sob controle nos países industrializados
(RUFFINO-NETTO, 2002). O coeficiente de incidência observado em 2003 foi de 41
por 100.000 habitantes, com tendência de queda nos últimos anos. Em 2006, a
Organização Mundial de Saúde estimava que a incidência de tuberculose no Brasil
em 2005 havia sido de 60 casos/ 100.000 hab e a mortalidade em 8,1
óbitos/100.000 hab (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006). Estima-se que 3,2%
do total de casos mundiais de TB no ano 2000 tenham sido multirresistentes e que
no Brasil essa proporção tenha sido de 1% (DYE et al., 2002).
28
Em áreas onde a transmissão da tuberculose foi reduzida, o surgimento
da doença evoluiu gradualmente para indivíduos mais velhos, devido à redução
anual do risco de infecção, sem redução na reativação nas pessoas já infectadas
(BATES; STEAD, 2002). Sem tratamento, 60% a 70% dos pacientes com
baciloscopia do escarro positiva e sem infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana evoluem para o óbito (BORGDORFF; FLOYD; BROEKMANS, 2002). Com a
estratégia do tratamento diretamente observado, a letalidade é reduzida para menos
de 5%. Nos pacientes com baciloscopia do escarro negativa, sem tratamento, a
letalidade é de aproximadamente 20% e, com tratamento, reduz-se a menos de 5%
(BORGDORFF; FLOYD; BROEKMANS, 2002).
No Brasil, entre 1980 e 1991, houve redução de 35% na mortalidade por
tuberculose em todas as faixas etárias, exceto nos maiores de 80 anos, sendo que
entre 1991 e 1996 essa redução foi pouco significativa nas pessoas de 30 anos ou
mais (CHAIMOWICZ, 2001). Nos anos mais recentes, a letalidade vem se
mantendo, evidenciando retardo no diagnóstico e necessidade de aprimoramento
nas ações de prevenção secundária nos serviços de saúde.
Epidemiologia da tuberculose no Ceará
A situação epidemiológica da tuberculose no Ceará em sua série histórica
de 1995 a 2005 mostra uma tendência de discreto declínio nas taxas de incidência.
Em 2005, a taxa de incidência foi de 50,1 casos /100.000 hab (CEARÁ, 2007). A
taxa de mortalidade em 2004 foi 1,7 óbito/ 100.000 hab (BRASIL, 2005).
A faixa etária mais acometida com casos novos foi a de 20 a 29 anos e
mais de sessenta por cento dos pacientes não se submeteram à sorologia para HIV
(CEARÁ, 2006).
Estudo de prevalência de tuberculose mutirresistente em 1500 amostras
de escarro coletadas entre 1990 e 1999 no estado do Ceará demonstrou que 404
cepas (27%) foram resistentes a, no mínimo, uma droga e 266 (17,7%) eram cepas
multirresistentes, ou seja, resistentes a duas ou mais drogas, incluindo rifampicina e
isoniazida (BARROSO et al., 2000).
29
A Secretaria de Estado da Saúde do Ceará, de acordo com parâmetros de
indicadores epidemiológicos definidos pelo Ministério da Saúde, selecionou seis
municípios prioritários para o controle da tuberculose no Ceará. O número de casos
e a incidência nos seis municípios foram: Caucaia (203 casos, 73,3 casos/100.000
hab), Crato (28 e 25,7), Fortaleza (1799 e 79,7), Sobral (88, 39,3), Maracanaú (150,
80,4) e Juazeiro do Norte (158, 26,4) (CEARÁ, 2006).
Epidemiologia da tuberculose em Fortaleza
A incidência, a prevalência e o número de casos de tuberculose
notificados pelo município de Fortaleza vêm apresentando tendência decrescente
desde 1995. Em 2003, a taxa de incidência foi de 91,3 casos por 100.000hab e a de
mortalidade de 5,6 óbitos/ 100.000 hab (FORTALEZA, 2005).
Entre as possíveis causas para esse decréscimo, estão a subdetecção e a
subnotificação, além da redução real da transmissão da infecção. Observou-se
subnotificação de 3% dos casos em 1995 e de 18,5% entre os anos 2000 e 2002
(FAÇANHA et al., 2003).
Tabela 1 Tuberculose: sumário dos coeficientes de incidência e mortalidade por cem
mil habitantes no mundo, Brasil, Nordeste, Ceará e Fortaleza, fonte e ano da
publicação e anos de referência
Área
geográfica
Fonte
(ano da
publicação)
Incidência
2
Ano de
referência
Mortalidade
3
Ano de
referência
Mundo WHO
1
(2006)
140,0 2004 27,0 2004
Brasil WHO
1
(2006)
60,0 2005 8.1 2005
Nordeste Brasil
(2005)
13,4 2004 O,5 2004
Ceará Brasil
(2005)
49,1 2004 1,7 2004
Fortaleza Fortaleza
(2005)
91,3 2003 5,6 2003
1
WHO – World Health Organization
2
Casos novos / 100.000 hab
3
Óbitos / 100.000 hab
30
O coeficiente de mortalidade por tuberculose ainda se encontra elevado
embora com tendência decrescente (FAÇANHA, 2006). Em 2003, foram registrados
119 óbitos no Sistema de Informação em Mortalidade, correspondendo a uma taxa
de mortalidade de 5,6 óbitos por 100.000 habitantes, no entanto há subnotificação
de casos, o que pode explicar, pelo menos em parte, as tendências decrescentes, o
que torna o problema ainda mais grave (FAÇANHA, 2005).
31
1.1.4 Tratamento da tuberculose
Considerando que as medidas terapêuticas utilizadas para tratar
tuberculose compunham-se de sangrias, viagens no mar, repouso absoluto no leito,
exercícios, equitação, cálcio, injeções de sais de ouro e outros metais, pneumotórax,
pneumoperitôneo, toracoplastia, em geral, em regime de internação em sanatórios, o
tratamento para tuberculose passou por alterações importantes nos últimos anos
(JAWAHAR, 2004).
A estreptomicina, o primeiro quimioterápico para o tratamento da
tuberculose, foi descoberto em 1944; o ácido para aminossalicílico (PAS) em 1949; a
isoniazida, em 1952; e a rifampicina e a pirazinamida no final da década de 1960.
Com o advento dos quimioterápicos efetivos contra o bacilo da tuberculose, dois
obstáculos se impuseram como os mais importantes para impedir o sucesso do
tratamento: a falência durante o tratamento, por seleção de cepas resistentes, e a
recidiva, tempos depois, por crescimento de microrganismos viáveis, que teriam
permanecido numa forma latente, em indivíduos tratados ou infectados. Para
minimizar esses problemas, o tratamento passou a ser administrado com três
drogas, por 18 a 24 meses. Com o advento da rifampicina e da pirazinamida, a
esterilização da lesão passou a ser possível e a duração do tratamento menor, seis
meses (JAWAHAR, 2004).
Na tuberculose pulmonar cavitária, há bacilos no caseum, tanto na
secreção intracavitária, quanto na parede da cavidade; há bacilos intracelulares, em
macrófagos; há bacilos no cáseo endurecido e, possivelmente, há ainda uma quarta
população de bacilos que ficariam em forma latente. Por haver diferenças de
localização, de acidez do meio e de metabolismo do microrganismo, é necessário
que as drogas antituberculose atuem em todos esses locais. No cáseo e na parede
da cavitação, a droga que melhor atua é a isoniazida. Para os bacilos intracelulares
a mais eficaz é a pirazinamida. E no cáseo sólido, extracelular, a única droga ativa é
a rifampicina. Como todas essas drogas agem em bacilos metabolicamente ativos,
os bacilos que se encontram em forma latente são virtualmente inacessíveis a essas
drogas (DICKINSON; MITCHISON, 1970).
32
Bacilos intracelulares viáveis impedem a fusão dos lisossomos com os
vacúolos fagocitários, evitando a degeneração do macrófago; com a morte do bacilo,
essa fusão ocorre, promovendo a destruição do macrófago. Uma boa droga para
atuar na infecção por M. tuberculosis nessa fase da infecção deve ser capaz de
eliminar os macrófagos parasitados e impedir que os bacilos viáveis que escapem
desses macrófagos venham a penetrar noutras células, mantendo-se viáveis nelas
(CARDONA; AMAT, 2006).
As pessoas com infecção latente pelo bacilo da tuberculose representam
um reservatório do bacilo. Nos países com baixa incidência da doença, há grande
preocupação com esses portadores, visto que seu tratamento é feito com isoniazida
durante nove meses, o que dificulta muito a adesão ao tratamento. Em 1998, o
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendou o desenvolvimento
de novas abordagens terapêuticas para esse grupo populacional (CENTERS FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1998), entretanto, até o momento, não há
novas drogas que possam substituir a isoniazida em tratamentos mais curtos.
Nos países com alta incidência, a principal estratégia para o controle da
tuberculose é o tratamento dos pacientes capazes de transmitir a infecção para
outras pessoas. Nesse grupo de pacientes potencialmente transmissores de
Mycobacterium tuberculosis, há preocupação especial com aqueles que eliminam
bacilos no escarro, isto é, portadores da tuberculose na forma pulmonar bacilífera
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004).
Para que se controle a tuberculose por meio dessa estratégia, há
necessidade de que todos os portadores da doença tenham acesso ao tratamento,
que tomem a medicação de forma regular até o final do tratamento e que o
diagnóstico possa ser feito de forma precoce.
A pobreza está historicamente associada à tuberculose; por conseguinte,
de uma perspectiva econômica, a iniciativa privada nunca considerou a pesquisa em
tuberculose como uma ação custo-efetiva, daí existirem poucas pesquisas e poucas
perspectivas, em curto prazo, de drogas mais efetivas que promovam a cura em um
período de tempo mais curto (CAMINERO, 2005).
33
Tratamento da tuberculose preconizado pela Organização Mundial de Saúde
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que qualquer
profissional que trate um paciente com tuberculose está assumindo uma grande
responsabilidade sobre a saúde pública. Por esse motivo, o profissional deve ser
capaz não apenas de prescrever o medicamento, mas também de acompanhar o
tratamento e estimular a adesão do paciente até o final do tratamento.
Todos os pacientes, inclusive os portadores de infecção por HIV, devem
receber um esquema terapêutico de primeira linha. O esquema preconizado pela
OMS é composto por rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por dois
meses e mais rifampicina e isoniazida por mais quatro meses, perfazendo um total
de seis meses. De preferência, as drogas devem ser administradas em doses fixas,
com formulações contendo as quatro drogas, três ou duas delas para redução de
risco de uso irregular de medicamentos isolados que favorece a seleção de
mutantes resistentes. Pacientes que já abandonaram o tratamento, dependentes
químicos, sem teto e pacientes com tuberculose pulmonar e baciloscopia positiva
deveriam ser tratados sob observação direta, para reduzir os abandonos.
Indivíduos com tuberculose multirresistente devem ser tratados com
drogas de segunda linha, com pelo menos quatro drogas, por 18 meses, e
acompanhados por um profissional experiente (TUBERCULOSIS COALITION FOR
TECHNICAL ASSISTANCE, 2006).
Tratamento de primeira linha para tuberculose utilizado no Brasil
O Ministério da Saúde do Brasil segue os preceitos básicos definidos pela
Organização Mundial de Saúde para o tratamento da tuberculose, visando à cura
individual do paciente e ao controle da transmissão do bacilo. Para isso, fornece
gratuitamente todas as drogas e preconiza a supervisão das tomadas das doses,
com prioridade absoluta para os “pulmonares positivos” (DALCOLMO; MELO;
PINTO, 2004; BRASIL, 2002a, 2002b).
O Ministério da Saúde do Brasil padronizou, como esquema I, rifampicina,
isoniazida e pirazinamida durante dois meses e rifampicina e isoniazida por mais
34
quatro meses, completando um total de seis meses. Portanto, o esquema I
preconizado pelo Ministério da Saúde do Brasil se diferencia do preconizado pela
Organização Mundial de Saúde por ser composto por três drogas, em vez de quatro.
Esse esquema terapêutico está indicado para todos os casos sem tratamento
anterior, com tratamento anterior por um tempo inferior a trinta dias ou há mais de
cinco anos (DALCOLMO; MELO; PINTO, 2004; BRASIL, 2002a, 2002b).
O esquema I reforçado (IR) diferencia-se do esquema I apenas nos
primeiros dois meses de tratamento. Nesse período, utiliza-se rifampicina, isoniazida
e pirazinamida e mais etambutol durante os primeiros dois meses de tratamento.
Está indicado para retratamento, isto é, para os casos de recidiva após cura ou
retorno após abandono (DALCOLMO; MELO; PINTO, 2004; BRASIL, 2002a, 2002b).
O esquema II difere do esquema I apenas na duração da segunda fase do
tratamento, que, em vez de quatro meses, dura sete meses, completando um total
de nove meses. Está indicado primordialmente para o tratamento de tuberculose
meningoencefálica (DALCOLMO; MELO; PINTO, 2004; BRASIL, 2002a, 2002b).
O esquema III utiliza estreptomicina, pirazinamida, etambutol e etionamida
por três meses e etambutol e etionamida por nove meses, completando um ano de
tratamento. O esquema III está indicado para os casos de falência do esquema I ou
doIR. Falência é definida como persistência da positividade do escarro no quarto ou
quinto mês de tratamento ou, após dois meses de escarro negativo, uma nova
positividade (DALCOLMO; MELO; PINTO, 2004; BRASIL, 2002).
Os pacientes que não curam com os esquemas anteriores são
considerados pelo Consenso Brasileiro de Tuberculose como portadores de
tuberculose multidroga resistente. M. tuberculosis isolado desses pacientes é
resistente a rifampicina, isoniazida e a, no mínimo, mais uma droga, em geral,
estreptomicina e/ou etambutol (DALCOLMO; MELO; PINTO, 2004). Essa definição
também se diferencia da que é utilizada pela literatura internacional, em que é
considerado multidroga resistente o bacilo resistente a rifampicina e isoniazida
simultaneamente.
35
Outras drogas utilizadas para o tratamento da tuberculose
Etambutol é utilizado como parte do esquema inicial do tratamento
sugerido pela Organização Mundial de Saúde. No Brasil, é indicado como parte do
esquema de tratamento inicial para indivíduos que já fizeram uso de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida (RIP) por, no mínimo, trinta dias (esquema IR) e como
parte do esquema daqueles em que houve falência do RIP (esquema III) (BRASIL,
2002). Age inibindo arabinosil transferases, que são codificadas pelo óperon
embCAB. Essas enzimas estão envolvidas na polimerização de D-arabinofuranose
para arabinoglicano, um componente essencial da parede celular. Em geral,
etambutol é bacteriostático, podendo ser bactericida em doses elevadas (25 µg/mL)
(DUCATI et al., 2006). Inibe cepas de bactérias susceptíveis a uma concentração de
1-5 µg/mL (CHAMBERS, 2001).
Aminoglicosídeos são drogas injetáveis. Estreptomicina, canamicina,
amicacina e capreomicina são utilizadas no tratamento da tuberculose.
Estreptomicina é utilizada no esquema de falência (esquema III), isto é, quando
deixa de haver resposta ao esquema RIP. As outras podem ser utilizadas no
tratamento de tuberculose multidroga resistente. Os aminoglicosídeos inibem a
síntese protéica de forma irreversível, ligando-se à subunidade 30S da proteína
ribossomal. É um grupo de drogas bactericida, tanto in vivo, quanto in vitro (DUCATI
et al., 2006).
Fluoroquinolonas utilizadas para o tratamento da tuberculose incluem
ciprofloxacina, ofloxacina, levofloxacina, moxifloxacina, gatifloxacina e
esparfloxacina. Esses medicamentos inibem a síntese de DNA bacteriano pela
inibição da topoisomerase II (DNA girase) e topoisomerase IV, que são responsáveis
pelo relaxamento do DNA e separação do cromossomo replicado, respectivamente.
São antibacterianos bactericidas de amplo espectro. Ciprofloxacina e levofloxacina
inibem as cepas de M. tuberculosis em concentrações menores que 2 µg/mL. As
fluoroquinolonas mais novas têm concentrações inibitórias mínimas ainda menores
(DUCATI et al., 2006).
Etionamida é uma droga bacteriostática utilizada no esquema de falência,
isto é, quando deixou de haver resposta a RIP (esquema III) (BRASIL, 2002). É uma
36
droga quimicamente relacionada a isoniazida, convertida a sulfóxido de etionamida
por oxidação, e bloqueia a síntese de ácido micólico. Inibe a maioria dos bacilos da
tuberculose em concentrações de 2,5 µg/mL (DUCATI et al., 2006).
Cicloserina é um análogo estrutural da D-alanina, impede a incorporação
de D-alanina no pentapeptídeo peptidoglican pela inibição da alaninna racemase.
Inibe cepas de M. tuberculosis em concentrações de 15-20 µg/mL (DUCATI et al.,
2006)
Ácido paraaminisalicílico é um antimetabólito que interfere na incorporação
de ácido paraaminobenzóico no ácido fólico. Inibe M. tuberculosis em concentrações
de 1-5 µg/mL (DUCATI et al., 2006).
Outras drogas podem ser utilizadas como parte do esquema de tratamento
de tuberculose multidroga resistente. Entre elas, citam-se: 1. Clofazimina tem
mecanismo de ação desconhecido, provavelmente envolve a ligação do DNA, tem
ação antimicobacteriana e propriedades imunossupressoras, é bacteriostático e inibe
M. tuberculosis em concentrações inferiores a 1,0 mg/mL; 2. Amoxaclina–
clavulonato inibe a síntese da parede bacteriana, tendo ação bactericida; 3.
Claritromicina inibe a síntese protéica, ligando-se à subunidade 50S do RNA
ribossomal, bloqueando reações de translocação aminoacil e a formação dos
complexos iniciais; 4. Rifabutina tem atividade semelhante à da rifampicina, inibe a
síntese de RNA bacteriano, ligando-se fortemente à subunidade β da RNA
polimerase bacteriana dependente de DNA, pode ser utilizada para tratar cepas
resistentes a rifampicina e para prevenção e tratamento de micobacteriose atípica
em pacientes com aids; 5. Thiacetazona tem mecanismo de ação desconhecido, é
bacteriostática e tem resistência cruzada com isoniazida e etionamida (DUCATI et
al., 2006).
Novas drogas para o tratamento da tuberculose
Nenhuma das drogas atualmente em uso é capaz de reduzir o tempo de
administração do tratamento, o que dificulta a adesão do paciente. Por esse motivo,
estão sendo estudadas várias drogas dirigidas para alvos específicos, uma vez que
o DNA de M. tuberculosis já é completamente conhecido. Também estão sendo
37
avaliadas novas formas de liberação dos fármacos já utilizados (TOIT; PILLAY;
DANWERTS, 2006).
Entre as novas formulações dos medicamentos já utilizados, cita-se a
utilização de micropartículas de isoniazida com consistências diferentes (porosas,
não porosas e duras), envoltas por membrana de polímero degradável composto por
DL-lactídeo–co-glicolídeo (PLG), administrada por via subcutânea. Isoniazida e
rifampicina podem ser administradas por aerossol, em forma de micropartículas
envoltas em polímeros de PLG ou PLGA (ácido polilático-co-glicólico). Rifampicina,
isoniazida e pirazinamida também podem ser aerosolisadas e administradas sob a
forma de nanopartículas, utilizando alginato ou nanocristais em água. Isoniazida e
pirazinamida também podem ser preparadas com PLGA e administrada sob a forma
de depósito (TOIT; PILLAY; DANWERTS, 2006).
Em uma minirrevisão, Ballell et al. (2005) citam 48 novos compostos que
estão sendo estudados. Vinte e cinco deles têm mecanismo de ação conhecido ou
possivelmente conhecido, enquanto os outros têm mecanismo de ação
desconhecido. Estão sendo seguidos diversos parâmetros para a seleção dessas
novas famílias de drogas, entre eles: concentração inibitória mínima, alvo terapêutico
conhecido, parâmetros físico-químicos de quantificação das drogas, baixa
toxicidade, número de etapas necessárias para a síntese. Uma das drogas mais
promissoras é PA-824, um composto da família nitroimadazopiran, cujo alvo é uma
enzima envolvida na biossíntese de micolato. Uma vantagem dessa droga, que está
sendo avaliada por um consórcio público-privado, é não inibir as isoenzimas do
citocromo P 450 e poder ser utilizada junto com as drogas anti-retrovirais. Essa
droga entrou em ensaio clínico fase 1 em junho de 2005 (ONYEBUJOH et al., 2005).
Uma outra droga promissora é diarilquinolona R207910, por ser muito
potente contra a maioria das cepas de M. tuberculosis (MIC 0,03 a 0,12), por exercer
sua ação sobre ATP sintetase da bomba de próton e por não ter resistência cruzada
com outras drogas, entretanto pode ter pouca solubilidade. Os estudos de fase 1
dessa droga já foram completados (ONYEBUJOH et al., 2005).
Do grupo das quinolizinas e piridonas, dois compostos estão sendo
testados: KRQ-10018, sintetizado na Coréia, e LL3858, sintetizado na Índia. Esta
38
última parece ser menos tóxica que a isoniazida e poder reduzir a duração do
tratamento (ONYEBUJOH et al., 2005). SQ109 é um análogo do etambutol e está
em teste pré-clínico (ONYEBUJOH et al., 2005).
Copp (2003) catalogou 352 compostos com ação antimicobacteriana
isolados de fontes terrestres ou marinhas pertencentes a diversas classes como os
alcanos, alcenos, alcinos e aromáticos simples, quinonas fenólicas e acetogênicas,
peptídeos, alcalóides, terpenos e esteróides. Porém, devido à toxicidade,
solubilidade e outras limitações farmocinéticas, esses produtos naturais não podem
ser utilizados para o tratamento, mas seus “esqueletos” podem servir como ponto de
partida para o desenvolvimento de novas drogas. Basso e cols (2005) desenvolvem
pesquisas para desenvolvimento de técnicas que levem à caracterização de
princípios ativos extraídos da flora brasileira, incluindo a flora cearense, que possam
ser utilizados no tratamento das endemias negligenciadas.
Embora haja pesquisa nessa área, os estudos ainda se encontram em
fases iniciais, não permitindo o uso dessas drogas em curto prazo (BALLELL et al.
2005). Além disso, há relutância da indústria farmacêutica em investir no
desenvolvimento de drogas para tratar tuberculose pois o retorno financeiro dessas
drogas não é suficiente para cobrir os investimentos (ONYEBUJOH et al., 2005).
Principais características e mecanismos de resistência às drogas utilizadas
como primeira linha para o tratamento
A rifampicina é um derivado semi-sintético da rifamicina produzida por
Streptomyces mediterranei e tem peso molecular de 823 Daltons, sendo considerada
uma molécula grande. Tem boa penetração tecidual e nas células fagocíticas. É
bactericida para micobactéria, inclusive para as que são de difícil acesso a outras
drogas, isto é, para as que estão intracelulares ou dentro de abscessos e em
cavidades; microrganismos suscetíveis são inibidos in vitro em uma concentração
de 1 µg/mL (CHAMBERS, 2001). Atinge concentração máxima em duas horas
depois da administração oral e sua meia vida em humanos é de duas a quatro
horas. Entre 60% e 80%, liga-se a proteínas. Tem eliminação hepática (80%) e renal
(10%) (MEHTA et al., 2001). Rifampicina inibe a RNA sintetase, ligando-se à
subunidade B da polimerase de RNA dependente de DNA bacteriano, inibindo sua
39
transcrição e induzindo a bactéria à morte. Cerca de 96% dos casos de resistência a
rifampicina envolve mutação no gene rpoB que codifica a enzima da cadeia beta,
produzindo resistência à droga pela redução de sua afinidade com a polimerase
(DUCATI et al., 2006).
A isoniazida é a hidrazida do ácido nicotínico. É uma molécula simples
pequena (peso molecular 127 Daltons) e hidrossolúvel. In vitro, é capaz de inibir a
maioria dos bacilos da tuberculose a uma concentração de 0,2 µg/ml. Em geral,
atinge o pico máximo de concentração sérica uma a duas horas depois da ingestão
(CHAMBERS, 2001). Pode penetrar nos fagócitos, sendo ativa contra bactérias no
meio intracelular e extracelular. Sua ação bactericida é exercida inibindo os
primeiros estágios da formação de ácido micólico, um componente essencial da
parede bacteriana. A isoniazida é uma pro-droga sintética que necessita dos
produtos do gene estrutural katG para sua ativação. Uma vez metabolizada pela
enzima catalase-peroxidase de M. tuberculosis, isoniazida se torna uma droga ativa
e inibe a atividade da enzima redutase enoyl-ACP (CoA - codificada pelo gene inhA)
na presença de NADH OU NAD+. Resistência a isoniazida envolve pelo menos
quatro genes: katG, que codifica a enzima catalase-peroxidase, mediando a
susceptibilidade e resistência à isoniazida; inhA, que contribui para o alongamento
de ácidos graxos, ahpC, que codifica a hidroperoxidase alquil redutase C; e oxyR
que é um regulador importante do estresse oxidativo (DUCATI et al., 2006).
A pirazinamida é um parente estável da nicotinamida, levemente solúvel
em água. É uma molécula pequena, 123 Daltons. É capaz de inibir micobactéria a
uma concentração de 20 µg/ml. Exerce sua atividade no meio intracelular, onde o pH
é ácido, não tendo ação em pH neutro. Uma a duas horas depois da ingestão oral de
dose de 25 mg/kg atinge concentração sérica de 30-50 µg/mL (CHAMBERS, 2001).
Pirazinamida, diferente das outras drogas antituberculose, não tem um alvo de ação
específico e ativo apenas contra M. tuberculosis. Há evidências de que a
pirazinamida entra em M. tuberculosis por difusão passiva, sendo convertida a ácido
pirazinóico pela atividade da enzima pirazinamidase/nicotinamidase e é excretada
por uma bomba de efluxo fraca. Em meio ácido, o ácido pirazinóico protonado se
acumula e é reabsorvido, causando lesão celular. Pirazinamida e ácido pirazinóico
podem desenergizar a membrana, pelo colapso do potencial de membrana, afetando
40
a função do transporte através da membrana, em pH ácido (DUCATI et al., 2006). A
resistencia ocorre por mutação no gene pncA o que impede a conversão de
pirazinamida em sua forma ativa: ácido pirazinóico.
Resistência de Mycobacterium tuberculosis aos fármacos antituberculose
Diferente de muitas espécies bacterianas, em geral, há pouca variação na
susceptibilidade de Mycobacterium tuberculosis às drogas de primeira linha
utilizadas para o tratamento, de modo que é possível estabelecer um limite de
concentração inibitória mínima, a partir do qual se podem diferenciar cepas sensíveis
de resistentes. (MITCHISON, 2005). Testes de sensibilidade a drogas passaram a
ser utilizados na década de 1950 em meio líquido e, posteriormente, em meio sólido.
O método mais utilizado é o das proporções. Quando mais de um por cento das
bactérias é capaz de se multiplicar na presença da droga testada, em relação ao
meio de cultura sem a droga, diz-se que há resistência. A concentração da droga é
essencial para a eliminação da bactéria do meio. Testes moleculares rápidos já são
usados para identificação de espécies de micobactérias, identificação de
micobactérias em material biológico e teste de susceptibilidade a drogas.
Ao contrário do que ocorre com a maioria das infecções bacterianas, para
as quais existem diversas drogas com eficácia comparável, quando M. tuberculosis
desenvolve resistência às drogas de primeira linha para o tratamento, a taxa de cura,
quase invariavelmente, é menor com as outras drogas utilizadas para o tratamento,
além de prolongar em duas a quatro vezes o tempo de tratamento e ter um custo
bem mais elevado (PERRI; BONORA, 2004). A duração mínima do tratamento de
tuberculose causada por bacilos resistentes a rifampicina e a isoniazida (multidroga
resistente – MDR) é de 18 meses (FAUSTINI; HALL; PERUCCI, 2006).
Entre os principais fatores de risco para o surgimento de bacilos
multidroga resistentes citam-se a epidemia de infecção por vírus da imunodeficiência
adquirida (HIV), o crescimento da pobreza nas áreas urbanas, a imigração de
pessoas provenientes de áreas com alta endemicidade, a negligência das práticas
de controle e desestruturação dos serviços nos locais em que se imaginava que a
doença estivesse controlada. O controle da tuberculose se apóia na cura dos
potenciais transmissores do bacilo e a falta de investimento no controle da
41
tuberculose acarreta retardo no diagnóstico, atraso no reconhecimento da
resistência a drogas, esquemas terapêuticos inapropriados, indisponibilidade dos
medicamentos, pouca adesão ao tratamento tanto do paciente, quanto dos
profissionais (FAUSTINI; HALL; PERUCCI, 2006). Além desses fatores, são também
importantes o aumento da vulnerabilidade e da oportunidade de adquirir tuberculose
(devido à superpopulação e exposição a pacientes com tuberculose multirresistente
em visitas a hospitais) e a má absorção de drogas, que resulta em níveis
terapêuticos subótimos (SHARMA; MOHAN, 2004).
Uma cavidade geralmente contém entre 10
7
e 10
9
bacilos. Plasmídios ou
outros elementos genéticos ainda não foram detectados como causadores de
resistência, o que implica apenas as mutações como responsáveis pela resistência.
Porém, a mutação que causa resistência à isoniazida ocorre em uma para cada 10
6
bactérias e à rifampicina, em uma para cada 10
8
; a probabilidade de que a
resistência ocorra simultaneamente para as duas drogas é de uma para 10
14
bactérias (SHARMA; MOHAN, 2004). De acordo com a Organização Mundial de
Saúde, entre 1999 e 2002, a prevalência de tuberculose multidroga resistente era de
1,7% entre os pacientes em geral, 1,1% nos casos novos e 7% nos casos
previamente tratados (FAUSTINI; HALL; PERUCCI, 2006).
Em 2005, na África do Sul, foram detectados casos de tuberculose
resistentes a uma extensa lista de medicamentos. A cepa isolada desses casos foi
denominada cepa XDR (extensamente resistente) e definida como resistente a
isoniazida e rifampicina, como todas as multidroga resistentes (MDR), e também a
fluoroquinolonas e, no mínimo, a uma das seguintes: capreomicina, canamicina e
amicacina. Análise por genotipagem identificou uma única cepa responsável por
85% dos 46 casos testados e que já estaria circulando na África do Sul há, pelo
menos, uma década. Essa cepa já foi detectada em 17 países (RAVIGLIONE;
SMITH, 2007).
42
1.2 Barreira funcional intestinal
Absorção intestinal adequada depende de diversos fatores, incluindo a
mistura mecânica, a produção e a atividade de enzimas, a função adequada da
mucosa, a irrigação sanguínea adequada, a motilidade intestinal e ecologia
microbiana normal (OWENS; GREENSON, 2007).
Em condições fisiológicas, o epitélio do intestino delgado representa uma
barreira que impede a entrada no organismo de solutos, microrganismos e antígenos
luminais, entretanto essa barreira também tem a função de apresentar alguns
antígenos de bactérias intestinais, promovendo a maturação do sistema imune e a
evolução da imunotolerância, para a composição de uma resposta inflamatória
adequada à infecção (LAUKOETTER; BRUEWER; NUSRAT, 2006).
No intestino, uma única camada de células epiteliais faz a interface entre o
compartimento tissular e o ambiente luminal. As células epiteliais são unidas por
uma série de junções intercelulares. O movimento de líquidos e de solutos através
das células epiteliais polarizadas pode ocorrer tanto por via transcelular quanto por
via paracelular. A junção intercelular mais apical é denominada de complexo
juncional apical, que é composto por zona de oclusão (tight junction) e zona de
adesão (adherens junction). A zona de oclusão é uma passagem semipermeável
que regula o movimento passivo de líquidos luminais e solutos através da via
paracelular. Também limita a passagem de proteínas e lipídios e contribui para a
manutenção da polarização da membrana. A zona de adesão é importante na
regulação de adesão intercelular (LAUKOETTER; BRUEWER; NUSRAT, 2006)
Placas protéicas compõem verdadeiras pontes citoplasmáticas nas zonas
de oclusão (tight junctions). As principais proteínas transmembrana são
representadas pelas ocludinas, claudinas, moléculas de adesão funcional, receptor
de adenovírus e coxsackievírus e E-caderina. Claudina é importante na
permeabilidade da junção intercelular. O papel das outras proteínas ainda não está
bem definido (LAUKOETTER; BRUEWER; NUSRAT, 2006).
As drogas antituberculose utilizadas no tratamento de primeira linha são
administradas por via oral. Desse modo, para que tenham atuação adequada nos
43
locais onde se alojam os bacilos, precisam ser bem absorvidas pela mucosa
intestinal, ter boa concentração sanguínea e devem ser transportadas na quantidade
apropriada.
A pesquisa de substâncias redutoras nas fezes tem sido utilizada há longo
tempo como um marcador grosseiro da redução da capacidade absortiva da mucosa
intestinal, sendo um indicador indireto de lesão não específica da mucosa intestinal
ou de deficiência congênita de dissacaridases intestinais (lactase e sacarase), capaz
de reduzir sua capacidade absortiva. Mas, fornece poucas informações sobre
possíveis alterações dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na regulação da
permeabilidade intestinal.
A seleção de um método para a avaliação da permeabilidade intestinal
deve ser baseada no conhecimento das propriedades da(s) substância(s) teste a
ser(em) utilizada(s), bem como no entendimento das vias de permeação intestinal,
além da avaliação dos outros fatores que podem alterar o seu resultado final.
A substância teste ou marcador ideal para a avaliação da permeabilidade
intestinal, uma vez ingerida por via oral, deve ser atóxica, inerte, não degradada por
bactérias intestinais, ser hidrossolúvel e atravessar a barreira intestinal obedecendo
à lei de difusão. Deve seguir preferencialmente o padrão de cinética de primeira
ordem, não ser metabolizada após sua absorção e ser facilmente recuperada nos
fluidos biológicos. Caso vá ser recuperada e dosada na urina, de preferência não
deve ser secretada nem reabsorvida pelos túbulos renais.
Testes de integridade intestinal com xilose e lactulose/manitol têm sido
utilizados. O teste de xilose foi utilizado em 29 pacientes com aids e tuberculose e
15 com tuberculose sem aids para avaliar a hipótese de redução da
biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e pirazinamida nos pacientes com a co-
infecção HIV/TB (CHOUDHRI et al., 1997). O estudo evidenciou baixa absorção de
xilose nos dois grupos, sem diferença na biodisponibilidade.
Apesar disso, marcadores únicos avaliam apenas uma via de absorção,
isto é, a via transcelular ou a via paracelular. Por esse motivo, tem-se dado
preferência à utilização de testes com substâncias combinadas.
44
A determinação de monoaçúcares e poliaçúcares excretados na urina
progrediu na década de 90, quando se passou a utilizar a metodologia de
cromatografia líquida de alta pressão com detecção de pulso amperométrico (High
Performance Liquid Chromatography with Pulsed Amperometric Detection, HPLC-
PAD). Esta metodologia permite a análise direta de várias moléculas de açúcares
com alta sensibilidade e tem sido utilizada por vários investigadores (BARBOZA Jr.
et al., 1999; LUNN; NORTHROP-CLEWES; DOWNES, 1991a, 1991b; LIMA et al.,
2005).
O teste diferencial de absorção de açúcar é um teste não invasivo que foi
validado por estudos com biópsias, cuja especificidade e sensibilidade para atrofias
severas da vilosidade são, respectivamente, 98% e 95% (NATHAVITHARANA et
al.,1988). A lactulose e o manitol têm se consolidado nos últimos anos como
substâncias teste preferenciais (TRAVIS; MENZIES, 1992; BAO et al., 1996;
BARBOZA Jr. et al., 1999) por terem tamanhos moleculares diferentes, por serem
moléculas hidrossolúveis, lipofóbicas, inertes e praticamente desprovidas de
afinidade pelo sistema transportador de glicídios da mucosa intestinal. Ademais,
estes açúcares são absorvidos quase exclusivamente por difusão, e pelo fato de não
serem metabolizadas, nem sofrerem degradação pelas bactérias presentes no
intestino, sendo excretadas e recuperadas praticamente intactos na urina.
A lactulose é um dissacarídeo com peso molecular de 342 Daltons. É
composta por galactose e frutose. Sua absorção ocorre principalmente através das
junções intercelulares e zonas de extrusão dos espaços intervilosos, quando ocorre
morte da célula da mucosa intestinal. Praticamente não é absorvida através dos
enterócitos. Serve como um marcador do transporte paracelular, refletindo a
integridade da mucosa intestinal. A recuperação urinária desse açúcar, em
condições normais, é mínima.
O manitol é um monossacarídeo com peso molecular de 182 Daltons. É
facilmente absorvido por difusão através da parte hidrófila da membrana dos
enterócitos. Serve como um marcador do transporte transcelular. Em condições
normais, é recuperado em maiores quantidades na urina.
45
A base teórica do teste é que a quantidade de manitol recuperada na urina
dá uma indicação da área da superfície de absorção do intestino delgado por ser o
manitol absorvido passivamente através da mucosa, enquanto a quantidade de
lactulose excretada na urina aponta para a funcionalidade das junções
intercelulares, uma vez que a lactulose não é absorvida pelo enterócito e apenas
uma pequena porção é absorvida por via paracelular no intestino delgado sadio.
Quando existe lesão de mucosa, lactulose cruza a barreira funcional intestinal em
maior quantidade (FORD et al., 1985). Se a taxa de excreção urinária do manitol é
baixa, significa que a absorção de pequenas moléculas pode estar comprometida e
infere-se uma redução da área mucosa absortiva. Se a taxa de excreção da
lactulose está alta, é indicativa do aumento da permeabilidade intestinal a grandes
moléculas o que pode refletir uma alteração na barreira seletiva intestinal regulada
pelas zonas de oclusão entre os enterócitos (tight junctions).
No organismo, esses açúcares se mantêm no líquido extracelular e são
rapidamente excretados, inalterados nos rins (ELIA et al., 1987), conseqüentemente
a quantidade excretada na urina reflete a quantidade que passa pelo epitélio
intestinal.
Em vez de analisar separadamente os valores da lactulose e do manitol, a
maioria dos autores prefere exprimir o resultado final do teste como a razão da taxa
de excreção urinária de lactulose / taxa de excreção urinária de manitol, em virtude
de os valores isolados de cada açúcar poderem ser afetados por parâmetros
fisiológicos (LIFSCHITZ; SHULMAN, 1990). A quantidade de cada açúcar na urina é
dosada cinco horas após a ingestão da solução de lactulose/manitol e a relação
lactulose/manitol é calculada.
O teste de lactulose/manitol demonstrou disfunção e lesão intestinal em
pacientes portadores de infecção por HIV (LIMA et al., 1997) mesmo na ausência de
diarréia, sendo mais evidente quando havia associação com criptosporidiose ou
microsporidiose. Barbosa Jr. et al. (1999) evidenciaram comprometimento da
integridade intestinal de crianças cearenses com doenças diarréicas. Brantley et al.
(2003) estudando pacientes portadores de HIV/AIDS acompanhados no Hospital
São José de Doenças Infecciosas em Fortaleza-Ceará, demonstraram importante
redução nas concentrações sanguíneas de estavudina e didanosina em pacientes
46
portadores de infecção por HIV
com diarréia, quando comparados a pacientes sem
diarréia, evidenciando a relação entre as alterações intestinais e a biodisponibilidade
de drogas. Buschen et al. (2004) evidenciaram melhora da biodisponibilidade de
drogas utilizadas para tratamento anti-retroviral com o uso de alanil-glutamina e de
glutamina. Lima et. al. (2007) evidenciaram restauração da barreira funcional
intestinal de crianças desnutridas com o uso de alanil-glutamina.
Na realidade, poucos são os estudos na literatura avaliando a relação
existente entre as alterações na função intestinal e a extensão de absorção de
drogas determinada por estudos farmacocinéticos (CHIOU, 1995). Um dos mais
importantes achados é que existe uma boa correlação entre a medida efetiva da
permeabilidade intestinal humana por técnicas de perfusão intestinal e a extensão
da absorção de drogas medida através de estudos farmacocinéticos em humanos.
1.3 Absorção e biodisponibilidade das drogas antituberculose
Níveis séricos abaixo dos normais esperados de drogas antituberculose
têm sido descritos por diversos autores (MEHTA et al., 2001, PELOQUIN et al.,
1993; BERNING et al., 1992).
Peloquin (2002) revisou diversos aspectos da biodisponibilidade das
drogas antituberculose e sugere a necessidade do monitoramento dessas drogas,
especialmente em pacientes que demoram a responder ao tratamento, que têm
tuberculose com bacilo resistente a drogas, que têm maior risco de interação entre
drogas e são portadores de co-morbidades que podem complicar suas situações
clínicas. O objetivo desse monitoramento seria aumentar a dose administrada da
droga antituberculose, caso sua concentração sérica estivesse abaixo de 75% do
normal esperado. Essa representaria uma intervenção precoce que teria impacto
positivo no tratamento individual do paciente e no controle da transmissão da
tuberculose e do desenvolvimento de multirresistência.
Mehta et al. (2003) acompanharam 124 adultos com tuberculose, em uso
de 600 mg de rifampicina oral em tratamento supervisionado em Washington, nos
47
Estados Unidos da América. Desses 124, selecionaram seis considerados
“responsivos lentos” ao tratamento, porque depois de 3 meses do esquema
terapêutico com rifampicina, isoniazida e pirazinamida não apresentavam melhora
clínica ou radiológica. Nesses pacientes, observaram redução da concentração
sérica de rifampicina. A dose de rifampicina foi elevada para 900 mg e alcançou
níveis esperados em cinco deles. No sexto paciente, a concentração normal
esperada foi alcançada quando se administrou a dose de 1.500 mg. Não foram feitas
dosagens de rifampicina nos outros pacientes, as outras drogas também não foram
dosadas, não foi detectada resistência e houve resposta clínica de quatro a oito
semanas depois do ajuste da dose. Eventos adversos relacionados com o aumento
da dose administrada não foram detectados. O estudo sugere que os pacientes que
respondem de forma inadequada ao tratamento podem se beneficiar do ajuste de
dose.
Gurumurthy et al. (2004) avaliaram treze pacientes com tuberculose
pulmonar, treze com infecção por HIV e quinze com co-infecção HIV-TB. Os autores
encontraram evidência definitiva de má absorção de drogas antituberculose,
especialmente de rifampicina, em pacientes com aids associada à diarréia e
evidência de infecção por Criptosporidium. A biodisponibilidade para isoniazida
também estava comprometida. Para etambutol e pirazinamida foi observada
redução, embora com menor repercussão.
Kimerling et al. (1998) acompanharam os pacientes com tuberculose
diagnosticados entre 1994 e 1996 no estado do Alabama, EUA. Os pacientes que
não apresentaram a resposta terapêutica esperada e moravam a menos de duas
horas de carro do local do estudo foram selecionados para a coleta da dosagem
sérica das drogas duas horas depois da ingestão supervisionada. Os critérios para
definir a resposta como não esperada foram: resposta clínica lenta ou falta de
negativação do escarro depois de doze semanas de tratamento; recidiva precoce,
isto é, treze meses ou menos depois de ter sido declarado curado; reativação da
doença depois de mais de treze meses de ter sido declarado curado ou ter adquirido
resistência enquanto recebia tratamento diretamente observado. Foi colhido sangue
de 24 pacientes: nove deles usavam 600 mg de rifampicina e 300mg de isoniazida
diariamente e quinze usavam 600 mg de rifampicina e 900 mg de isoniazida 2 vezes
48
por semana. Dois desses pacientes foram excluídos da análise porque foi colhida
apenas uma amostra após uma hora da ingestão. Foram encontrados níveis baixos
simultaneamente de isoniazida em 15/22 (68%) pacientes e de rifampicina e em
14/22(64%) pacientes. Quatro dos 14 (29%) que estavam usando o esquema duas
vezes por semana tinham concentrações muito baixas de ambas as drogas. O uso
de dose fixa combinada de rifampicina e isoniazida associou-se com concentrações
menores de isoniazida, e com concentrações mais altas de rifampicina. Esse estudo
chamou a atenção para a associção do uso de álcool com um aumento significativo
dos níveis séricos de rifampicina. O estudo sugere a dosagem das drogas
antituberculose quando a resposta ao tratamento não for adequada.
Van Crevel (2002) estudou a biodisponibilidade de rifampicina em 62
pacientes com tuberculose e detectou níveis séricos muito baixos de rifampicina (<4
µg/mL) associados a preparações locais da droga na Indonésia. Nessa pesquisa não
foi encontrada relação entre a concentração de rifampicina e a resposta ao
tratamento.
McIlleron et al. (2006) dosaram rifampicina, isoniazida, pirazinamida e
etambutol de 139 pacientes internados por resposta inadequada ao tratamento,
suspeita de não adesão, caquexia, doença grave ou suas complicações ou situação
socioeconômica desfavorável. Dez por cento desses pacientes tinham infecção
associada por HIV. Os autores discutem a associação dos baixos níveis de
rifampicina e etambutol com a infecção por vírus da imunodeficiência adquirida
(HIV). Fatores relacionados à formulação da droga estavam associados à
biodisponibilidade de rifampicina e isoniazida. Mulheres tiveram concentrações mais
elevadas de rifampicina e isoniazida e mais baixas de etambutol. Pessoas mais
velhas tiveram níveis mais altos de isoniazida e etambutol. Pessoas com história de
tratamento prévio com drogas antituberculose apresentaram concentrações menores
de etambutol. A dose por quilograma de peso associou-se com a concentração em
cada uma das quatro drogas. O estudo enfatiza a necessidade de novas pesquisas
que avaliem as implicações da variação das concentrações das drogas
antituberculose na eficácia e segurança do paciente, antes de se modificar a
estratégia de dosagem.
49
Graham et al. (2006) estudaram crianças com idade média de 5,3 anos em
tratamento para tuberculose com o objetivo de avaliar a farmococinética de
pirazinamida e etambutol. Vinte e sete delas usavam pirazinamida três vezes por
semana e dezoito usavam etambutol 3 vezes por semana. Os autores observaram
concentrações baixas de ambas as drogas em todas as crianças. As concentrações
máximas de pirazinamida em crianças com menos de cinco anos de idade foram
significativamente menores do que em crianças com mais de cinco anos. Essas
concentrações máximas de pirazinamida também foram menores em crianças
infectadas por HIV e com desnutrição grave.
Pinheiro et al. (2006) observaram redução da concentração sérica de
drogas antituberculose e alterações na permeabilidade intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar ativa tratados em Maracanaú, no Ceará. Realizou-se estudo
transversal com 41 pacientes com tuberculose pulmonar ativa e 28 adultos sadios,
utilizando-se o teste de lactulose/manitol. A biodisponibilidade foi avaliada em
dezoito pacientes que receberam dose plena de rifampicina e isoniazida duas horas
após a ingestão dos medicamentos. A excreção de manitol e lactulose estava
significativamente reduzida nos pacientes com tuberculose e a concentração das
drogas também estava significativamente reduzida o que sugeriu que a alteração na
absorção intestinal poderia explicar a baixa concentração das duas drogas.
50
1.4 Justificativa
A tuberculose continua sendo uma doença de alta endemicidade nos
países menos desenvolvidos, em que a baixa renda, a pobreza, a fome, a
aglomeração e a precariedade da atenção à saúde são freqüentes. No Brasil, no
Ceará e em Fortaleza, a tuberculose nunca deixou de ser um problema de saúde
pública.
Com o advento da aids e a piora das condições socioeconômicas de parte
da população dos países desenvolvidos, a tuberculose voltou a ser um problema
importante nesses países, o que, associado à alta prevalência em países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, fez com que a Organização Mundial de
Saúde a considerasse uma emergência mundial. Depois da epidemia de aids, foram
registrados numerosos surtos de tuberculose multirresistente (TBMR) em co-
infectados com o HIV (MONNO et al., 1991; BARNES et al., 1991;.FISCHL et al.,
1992; EDLIN et al., 1992, BECK-SAGUE et al., 1992; FRIEDEN, et al., 1993;
LASZLO, et al., 1994).
Existem poucas opções de drogas para o tratamento da tuberculose e
precisam ser administradas, diariamente, no mínimo, por seis meses, num esquema
de três ou quatro drogas nos primeiros dois meses e com efeitos colaterais
peculiares a cada droga. Essa situação dificulta muito a adesão do paciente,
aumentando o risco de resistência.
Embora possa existir resistência primária a drogas utilizadas para o
tratamento da tuberculose, na maioria das vezes, ela está relacionada ao uso
irregular dos medicamentos. Isso, em última análise, significa exposição do bacilo a
baixas doses da droga, indicando que a droga, mesmo sendo tomada de forma
adequada, pode não atingir concentrações terapêuticas no pulmão, acarretando o
risco de desenvolvimento de resistência (PELOQUIN, 1997, TAPPERO et al., 2005).
Baixas concentrações séricas de diversas drogas têm sido observadas em pacientes
com aids
e tuberculose pulmonar (BERNING, 1992), os quais, com grande
freqüência, apresentam baixas concentrações séricas das drogas antituberculose.
51
Existem várias possibilidades de a droga não atingir concentrações
terapêuticas, mesmo com a adesão do paciente: não há concentração suficiente da
droga no comprimido, há interação com outras drogas, não há absorção da droga no
intestino delgado (STORPIRTIS et al., 2004).
Problemas com permeabilidade intestinal, desnutrição e absorção de
drogas têm sido estudados. O teste de lactulose/manitol demonstrou disfunção e
lesão intestinal em pacientes portadores de infecção por HIV (LIMA et al., 1997)
mesmo na ausência de diarréia, sendo mais evidente quando havia associação com
criptosporidiose ou microsporidiose. Barbosa Jr. et al. (1999) evidenciaram
comprometimento da integridade intestinal de crianças cearenses com doenças
diarréicas. Brantley et al., (2003), estudando pacientes portadores de HIV/AIDS
acompanhados no Hospital São José de Doenças Infecciosas em Fortaleza-Ceará,
demonstraram importante redução nas concentrações sanguíneas de estavudina e
didanosina em pacientes portadores de infecção por HIV
com diarréia, quando
comparados a pacientes sem diarréia, evidenciando a relação entre alterações
intestinais e a biodisponibilidade de drogas. Buschen et al. (2004) verificaram
melhora da biodisponibilidade de drogas utilizadas para tratamento anti-retroviral
com o uso de alanil-glutamina e de glutamina. Em Lima (2006) e Lima et. al. (2007),
ficou demonstrada a restauração da barreira funcional intestinal de crianças
desnutridas residentes em Fortaleza, com o uso de alanil-glutamina.
Estudo piloto sobre a permeabilidade intestinal e a biodisponibilidade de
drogas antituberculose em pacientes com tuberculose pulmonar ativa atendidos no
Hospital de Maracanaú (CE) mostrou redução da biodisponibilidade das drogas e
alterações na permeabilidade intestinal (PINHEIRO, 2006). Esse é o único registro
de estudo de biodisponibilidade de drogas realizado em pacientes com tuberculose
no Brasil. Mas, entre as limitações dessa pesquisa, cita-se que a amostra estudada
foi composta por pacientes ambulatoriais e hospitalizados. Os pacientes que
precisam de tratamento em regime de hospitalização, em geral, são mais graves e
os resultados do estudo poderiam ter sido influenciados pela gravidade da doença,
desnutrição dos pacientes e outras complicações. O número de indivíduos que
fizeram simultaneamente o teste de permeabilidade intestinal e a dosagem sérica
das drogas foi reduzido. Não houve um grupo controle com indivíduos sadios para a
52
comparação da biodisponibilidade das drogas antituberculose. A dosagem das
drogas foi feita em apenas um ponto, duas horas após a ingestão dos
medicamentos, o que impediria de se detectarem concentrações normais esperadas
das drogas em indivíduos que as absorvam mais lentamente.
Diante dos indícios de problemas com permeabilidade intestinal de
pacientes com tuberculose, havia a necessidade de se avaliar em que proporção
eles estariam presentes em pacientes com tuberculose pulmonar ativa em
tratamento ambulatorial e se estariam associados à absorção intestinal das drogas.
Desse ponto de vista, trabalha-se com a hipótese de que as baixas concentrações
séricas estejam associadas à falta de absorção intestinal das drogas.
53
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Determinar o grau de disfunção da barreira funcional intestinal e a
biodisponibilidade de drogas antituberculose em pacientes com tuberculose
pulmonar ativa.
2.2 Objetivos específicos
2.2.1 Determinar a capacidade absortiva e a permeabilidade intestinal em
pacientes com tuberculose pulmonar ativa.
2.2.2 Verificar a biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida em pacientes com tuberculose pulmonar ativa.
2.2.4 Correlacionar a biodisponibilidade das drogas antituberculose com o
grau de lesão da barreira intestinal em pacientes com tuberculose pulmonar ativa.
55
MATERIAL E MÉTODOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Considerações éticas
O estudo respeitou a Declaração de Helsinque (1965) e as Diretrizes e
Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução n
o
. 196/96,
251/97 e 292/99 do Conselho Nacional de Saúde/ Comitê Nacional de Ética em
Pesquisa e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O projeto foi submetido ao
Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e
aprovado em 25 de março de 2004 (Anexo A).
Todos os voluntários foram informados verbalmente e por escrito dos
objetivos do estudo, dos riscos e desconfortos a que se submeteriam, que sua
colaboração seria totalmente voluntária tanto quanto ao aspecto do ingresso na
pesquisa, quanto a não haver recompensa financeira pela participação e à liberdade
para se retirar do estudo a qualquer momento, sem prejuízo de seu tratamento na
unidade de saúde. A coleta de dados e amostras para exames só foi iniciada após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A).
O livre acesso às informações e aos esclarecimentos sobre etapas,
métodos e aos resultados de seus exames foi assegurado a cada voluntário
participante do trabalho.
3.2 Delineamento do estudo
Este é um ensaio clínico controlado não randomizado de uma série de
casos de tuberculose pulmonar em atividade e de voluntários saudáveis, em quem a
barreira funcional intestinal e a biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida foram avaliadas.
3.3 Local de realização
O município de Fortaleza ocupa uma área de 336 km
2
. Segundo o censo
de 2001, a população era de 2.179.491 habitantes; no ano de 2005 essa população
era estimada em 2.374.944 habitantes. Nos anos de 2002, 2003 e 2004, foram
notificados 1.917, 2.061 e 1.595 casos de tuberculose, sendo 700, 764 e 694 casos
57
de tuberculose pulmonar bacilíferos, respectivamente. Existem 87 unidades básicas
de saúde em Fortaleza. Para melhores resultados no tratamento, o ideal é que todas
as unidades básicas atendam pacientes com tuberculose. Entre 1995 e 2004, 47
unidades de saúde notificaram pelo menos um caso de tuberculose. Seis unidades
de saúde foram responsáveis por mais da metade dos casos notificados nesse
período e o Centro de Saúde Carlos Ribeiro encontra-se entre elas. O Centro de
Saúde Carlos Ribeiro atendeu 143, 114 e 105 pacientes em 2002, 2003 e 2004,
respectivamente (FORTALEZA, 2006).
Os voluntários com tuberculose (casos) foram selecionados entre aqueles
que se encontravam em tratamento com rifampicina, isoniazida e pirazinamida no
Centro de Saúde Carlos Ribeiro. Esse centro de saúde pertence à rede municipal de
assistência à saúde. É uma unidade de referência para o tratamento ambulatorial de
casos não complicados de tuberculose e situa-se no Bairro Jacarecanga, a oeste do
Bairro Centro (Anexo B). O Centro de Saúde Carlos Ribeiro possui equipes que
fazem a atenção à saúde nas áreas básicas de clínica médica, pediatria, pré-natal,
hipertensão, diabetes mellitus, além de um setor de triagem, um de curativos e um
de vacinação. Junto ao Centro de Saúde funciona um Centro de Triagem Sorológica
para o diagnóstico de aids e há também um posto de coleta de material para exames
de patologia clínica.
A escolha dessa unidade de saúde baseou-se também no seguinte: a) os
pacientes portadores de tuberculose atendidos não têm maiores complicações da
doença, teoricamente, sendo semelhantes à maioria dos pacientes com a
tuberculose que é tratada ambulatorialmente; b) essa unidade de saúde faz
tratamento supervisionado no próprio centro de saúde, três vezes por semana,
tornando mais oportuno o recrutamento dos pacientes do que nas unidades de
saúde em que o paciente comparece apenas uma vez por mês; c) possui um posto
de coleta de exames, com centrífuga, geladeira, local para a coleta de sangue; e d)
tem uma equipe de saúde treinada com experiência no tratamento de pacientes com
tuberculose e com grande disponibilidade para colaborar com o estudo.
Os controles foram recrutados entre profissionais de saúde e pessoas de
suas relações familiares, de trabalho e vizinhança, que não tinham história de tosse
58
com expectoração nas últimas 3 semanas e que não estavam em tratamento para
tuberculose.
3.4 População
3.4.1 População-alvo
A população-alvo foi constituída por pacientes com tuberculose pulmonar
ativa, residentes no município de Fortaleza.
3.4.2 População do estudo
Foram avaliados pacientes com tuberculose pulmonar comprovada por, no
mínimo, duas baciloscopias do escarro positivas, com idade igual ou superior a 18
anos, nos dois primeiros meses de tratamento com rifampicina, isoniazida e
pirazinamida, residentes em Fortaleza, atendidos no Centro de Saúde Carlos
Ribeiro.
Os exames de baciloscopia do escarro foram realizados no Laboratório
Central de Saúde Pública do Município de Fortaleza, como parte da rotina geral de
diagnóstico da doença.
3.5 Recrutamento da amostra
Foram selecionados 56 pacientes consecutivos com tuberculose pulmonar
em atividade em tratamento no Centro de Saúde Carlos Ribeiro.
3.5.1 Critérios de inclusão:
Estar em tratamento no Centro de Saúde Carlos Ribeiro;
ter tuberculose pulmonar com, no mínimo, duas baciloscopias positivas;
estar em uso de rifampicina, isoniazida e pirazinamida, portanto, em
tratamento há menos de dois meses;
ser maior de 18 anos;
59
residir em Fortaleza;
aderir ao tratamento diretamente supervisionado;
concordar em participar do estudo.
3.5.2 Critérios de exclusão:
Ser portador de gravidez, diabetes mellitus, neoplasia maligna, doença
intestinal inflamatória crônica, aids, insuficiência renal ou hepática, doença
mental ou qualquer outra doença grave;
Ausência de demonstração de bacilo álcool ácido resistente ou de isolamento
de Mycobacterium tuberculosis no escarro;
estar em uso de esquema terapêutico que não inclui rifampicina, isoniazida e
pirazinamida;
ter menos de 18 anos de idade;
residir em outra cidade;
estar em tratamento em outra unidade de saúde;
não concordar em participar do estudo.
3.5.3 Critérios de retirada:
Decisão pessoal do paciente de não continuar participando do estudo.
não fornecimento das duas amostras do sangue ou da urina para os exames.
3.5.4. Período de coleta dos dados
Os dados foram coletados entre julho de 2004 e dezembro se 2005.
60
3.6. Protocolo clínico
3.6.1 Triagem dos voluntários
Todos os pacientes com diagnóstico de tuberculose inscritos para o
tratamento no Centro de Saúde Carlos Ribeiro (CSCR) são registrados num livro de
acompanhamento de pacientes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose.
Esse registro contém nome do paciente, sexo, idade, resultado das baciloscopias e
cultura, localização da doença, data do início do tratamento, drogas utilizadas para o
tratamento, resultados das baciloscopias de controle, tipo de encerramento do caso
(cura, abandono, óbito, transferência, falência, mudança de diagnóstico) e data do
encerramento do caso. Nesse livro, foram identificados os casos de tuberculose
pulmonar com baciloscopia positiva e em tratamento com rifampicina, isoniazida e
pirazinamida.
Todos os voluntários foram entrevistados para detecção de parâmetros
que determinassem a exclusão da seleção. Foi-lhes perguntado sobre gestação
atual, se eram portadores de diabetes mellitus, aids, doença gastrintestinal, e outras
doenças graves como insuficiência renal, hepática e neoplasia (Entrevista de triagem
- Apêndice B). À semelhança dos casos, os voluntários sadios que responderam de
forma positiva a qualquer dessas questões deixaram de ser selecionado para
participar da pesquisa. Os critérios de retirada do estudo utilizados para os
voluntários sadios foram os mesmos utilizados para os casos.
3.6.2 Coleta de informações clínico-epidemiológicas
Preencheu-se um questionário clínico-epidemiológico de cada voluntário
admitido no estudo (Questionário - Apêndice C). Nesse questionário foi atribuído um
código numérico para o entrevistado e foram registrados local da coleta de
informações, data, entrevistador e dados pessoais de cada participante.
Registraram-se nome endereço residencial, data do nascimento, idade, sexo, estado
civil, situação civil, naturalidade, tempo de residência na cidade de Fortaleza,
escolaridade, ocupação, situação profissional, renda, data do início do tratamento e
drogas utilizadas para o tratamento.
61
O estado civil registrado foi o informado como sendo a situação legal do
voluntário. Para a situação civil só havia duas opções: solteiro (a) ou casado(a). Foi
definido como: solteiro(a), se não houvesse companheiro(a) fixo(a), e casado(a), se
houvesse união estável, independente do estado civil, expresso pela situação
documental (legal).
Foi feita a coleta de informações sobre a história pregressa e hábitos de
tomar bebida alcoólica, usar drogas ilícitas e sobre sorologias para HIV prévias.
As próximas questões indagaram a respeito da história da doença no
momento do diagnóstico da tuberculose, se havia tosse com expectoração, tosse
seca, escarro com sangue, emagrecimento e outras queixas. Foi perguntado ainda o
que havia levado o paciente a procurar o médico. Indagou-se sobre o peso habitual,
o peso no início do tratamento, e cada voluntário foi pesado e sua altura foi medida
para o cálculo do índice de massa corporal (IMC). Foi feito o registro dos resultados
dos exames baciloscópicos e de cultura para Mycobacterium tuberculosis.
Em um anexo do questionário, foi feita a planilha de resultados de exames
laboratoriais, onde foram anotados os resultados dos exames bioquímicos: glicose,
uréia, creatinina, proteínas totais, albumina, globulina, aminotransferases, bilirrubina
total, direta e indireta. Nessa planilha, também foram registrados o volume urinário,
os resultados das dosagens de lactulose, manitol, da relação lactulose/manitol e os
valores encontrados nas dosagens sangüíneas de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida, duas horas e seis horas depois da ingestão das drogas (Planilha de
resultados de exames - Apêndice D).
3.6.3 Avaliação do grau de nutrição
Os dados antropométricos dos voluntários foram obtidos por pesagem e
por medição da estatura realizadas em balança antropométrica da marca Filizola. O
índice de massa corporal (IMC) foi utilizado como o mais importante parâmetro de
avaliação do estado nutricional.
O índice de massa corporal é aceito como padrão de medida internacional
para avaliação do nível de gordura de um indivíduo. A fórmula procura relacionar a
62
altura com o peso do corpo de um indivíduo. Assim, conforme o resultado do IMC,
pode-se classificar o peso de um indivíduo em reduzido, adequado, sobrepeso ou
obesidade. Trata-se de um método fácil e rápido de ser aplicado que foi
desenvolvido pelo astrônomo Lambert A. Quetelet no fim do século XIX.
A fórmula de cálculo do IMC é: IMC = Peso (kg)/altura (m)
2
Consideraram-se com estado nutricional adequado ou normal aqueles
voluntários com IMC entre 18,5 e 24,9; voluntários com IMC menor que 18,5 foram
considerados abaixo do peso; aqueles com IMC entre 25,0 e 29,9 foram
classificados como tendo sobrepeso; os que tinham IMC entre 30,0 e 34,9 foram
classificados com obesidade grau I; os que apresentaram IMC entre 35,0 e 39,9,
com obesidade grau II; e os de IMC igual ou maior que 40,0, com obesidade grau III
(WORLD HEALTH ORGANIZATION 1995).
3.6.4 Avaliação de dependência de álcool
O método CAGE, padronizado foi utilizado para avaliação de dependência
do álcool (AERTGEERTS et al., 2001; VINSON et al., 2004). Considera-se como
dependente do álcool, alcoolista pesado ou abusador do álcool a pessoa que admite
fazer uso de bebida alcoólica e que: a) sente que devia diminuir a quantidade que
bebe ou b) que se aborrece porque os outros a criticam por beber ou c) se sente
culpada por beber ou d) costuma beber logo pela manhã.
3.6.5 Procedimentos laboratoriais
Avaliação do perfil laboratorial hepático, protéico, renal e glicêmico
Comprometimento hepático foi estimado pela dosagem de
aminotransferases e bilirrubinas total, direta e indireta. As aminotransferases
plasmáticas (aspartato aminotransferase – AST e alanina aminotransferase –ALT)
são uma medida da reposição de hepatócitos ou de lesão hepática. Acredita-se que
os níveis normais de aminotransferases circulantes representem a reposição
(turnover) normal de hepatócitos. AST também existe em grande quantidade em
outros tecidos e pode se elevar quando ocorre lesão muscular ou miocárdica, por
exemplo (BERK, 2004).
63
Considerando que uma das funções importantes do fígado é remover
vários metabólitos e toxinas do sangue e que as bilirrubinas são produzidas numa
taxa relativamente constante, a dosagem de bilirrubina pode ser um indicador
sensível da função hepática (BERK, 2004).
Proteínas totais, albumina e globulinas foram dosadas,. Albumina é
produzida exclusivamente pelo fígado. Sua concentração sérica é o resultado da
taxa de produção menos a de degradação. A síntese é afetada por desnutrição,
níveis de hormônios tireoideanos e glicocorticóides, pressão coloidosmótica
plasmática, exposição a hepatotoxinas (ex.: álcool) e doença hepática. Dermatite
esfoliativa, enteropatia perdedora de proteína, grandes queimaduras, síndrome
nefrótica aumentam a taxa de degradação. Quando outros fatores não estão
envolvidos, hipoalbuminemia pode ser considerada um indicador de doença hepática
(BERK, 2004). Entre as globulinas, incluem-se as imunoglobulinas que tendem a
aumentar em algumas infecções, como o calazar, e em neoplasias, como o mieloma
múltiplo.
A função renal foi avaliada dosando uréia e creatinina séricas. Uréia é um
metabólito não tóxico, facilmente excretável, produzido pelo fígado, a partir da
amônia, que resulta da degradação de proteínas (CIDERBAUM, 2004). Creatinina é
produzida no fígado a partir de produtos da degradação de miócitos. Ambas são
marcadores de insuficiência renal, quando elevados (BAZARI, 2004).
Os níveis de glicemia sanguínea são mantidos através de um delicado
equilíbrio entre insulina e glucagon, epinefrina, cortisol e hormônio do crescimento,
uma vez que é o principal substrato metabólico dos tecidos e praticamente o único
utilizado pelo cérebro. É também o principal indicador de diabetes mellitus: duas
glicemias de jejum superiores a 126 mg% são consideradas como indicativas da
doença (SHERVIN, 2004).
Os exames bioquímicos foram realizados pelo laboratório do Hospital
Universitário Walter Cantídio (HUWC) que utilizou o sistema Roche/Hitachi 917®.
Esse sistema faz a determinação quantitativa in vitro, utilizando método enzimático
com leitura colorimétrica e analisadores automáticos. Foram considerados normais
os valores de referência utilizados pelo HUWC (Apêndice E).
Determinação da capacidade absortiva e permeabilidade intestinal
Para avaliação da permeabilidade intestinal, foi utilizado o método
conforme está descrito em Barboza et al. em 1999.
Trinta minutos depois da ingestão dos medicamentos antituberculose, foi
solicitado aos voluntários que esvaziassem a bexiga e foi administrada a solução-
teste de lactulose e manitol, no volume de 20 mL, em dose única, por via oral e sob
supervisão do pesquisador. A solução continha as formulações galênicas de 250
mg/mL de lactulose e 50 mg/mL de manitol em um volume total de 20 mL.
A solução teste foi acondicionada em frasco de vidro de cor âmbar do tipo
1 x 40 mL e mantida sob refrigeração (entre 2ºC e 8ºC) até seu uso.
Toda a solução teste utilizada nesse estudo foi preparada pelo setor de
Biotecnologia do Instituto de Biomedicina (Ibimed) em Fortaleza, Ceará, dentro dos
padrões internacionais de Boas Práticas Clínicas preconizados. A lactulose
(Lactulona®) foi adquirida da Luitpold Produtos Farmacêuticos Ltda., São Paulo (SP)
e o manitol, da Henri Farma Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda, São Paulo
(SP).
Foi solicitado aos voluntários que durante as cinco horas seguintes à
ingestão da solução-teste, urinassem em um recipiente estéril destinado para esse
fim: uma proveta plástica, milimetrada, com capacidade para 1.000 mL de urina. Ao
final das cinco horas, foi solicitado aos voluntários que esvaziassem a bexiga
novamente. O total de diurese foi registrado. A urina foi tratada com Clorohexidina a
20% (anti-séptico utilizado como preservativo), na proporção de uma gota para cada
50 mL de urina. Após agitação manual da mistura, foram retiradas duas alíquotas de
3 mL, que foram colocadas em caixa resfriada, transportadas e estocadas a – 20ºC
no laboratório da Unidade de Pesquisas Clínicas (UPC) e no Instituto de Biomedicina
(Ibimed), da Faculdade de Medicina Universidade Federal do Ceará.
A técnica de cromatografia líquida de alta pressão com troca iônica
acoplada com detecção amperométrica pulsada (HPLC-PAD) foi utilizada para a
quantificação de lactulose e manitol na urina. Utilizou-se como padrão de análise a
65
melibiose, adquirida no Laboratório Sigma (Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA).
O eluente utilizado para o HPLC-PAD foi o hidróxido de sódio a 50% (v/v).
Uma amostra de 50 µL da urina de cada voluntário foi diluída em 2.950 µL
de água e filtrada por centrifugação através de uma membrana de acetato de
celulose com espessura de 0,22 µm (Spin –X centrifuge filter Unit, Costar,
Cambridge, MA, USA). Em seguida, cada amostra foi injetada automaticamente
(AS40 Automated Sampler) dentro de um sistema Carbopac MA-1 de coluna de
trocas aniônicas com coluna guarda associada (250 mm X 40 mm) conectado a um
sistema analisador de carboidratos BIOL C HPLC fornecidos pela Dionex
Corporation, Sunnyvale, CA, USA. A elução foi feita isocraticamente com 480 nM
NaOH a um fluxo de 0,4 mL/min, à temperatura ambiente. Um amperômetro pulsátil
foi utilizado para a detecção de açúcares. Dionex BioAutolon 450 Data System,
adquirido junto à Dionex Corporation Sunnyvale, CA, USA, foi utilizado para a
análise dos produtos.
Os valores obtidos pela análise foram expressos em concentração de
lactulose e manitol em miligrama por litro de urina (mg/L) o percentual de excreção
urinária de lactulose e manitol foi calculado utilizando-se o programa Microsoft ®
Excel 2002. A relação lactulose/manitol foi obtida pela divisão simples desses dois
valores.
Verificação da bioequivalência das drogas utilizadas no estudo
Os medicamentos utilizados foram separados aleatoriamente dentre
aqueles entregues no CSCR para o tratamento dos oacientes com tuberculose,isto
é, não foram de lote especial. As cápsulas de rifampicina e isoniazida administradas
foram do lote 0638, produzido pelo Laboratório Far-Manguinhos da Fundação
Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro (RJ) em maio de 2005. Os comprimidos de
pirazinamida administrados foram do lote 0313, produzido em fevereiro de 2004 pelo
laboratório da Indústria Química do Estado de Goiás S.A – IQUEGO.
O lote de cápsulas contendo a associação de rifampicina e isoniazida (300
mg de rifampicina e 200 mg de isoniazida) foi testado pelo Laboratório Far-
Manguinhos e obteve resultado satisfatório tendo sido aprovado. Entre os itens
66
examinados citam-se: o aspecto da cápsula, (c
ápsula de gelatina dura n° O, cor
vermelho-
vinho opaco),
o teor de desintegração (0,1%), a dissolução de rifampicina
(286 mg/cápsula), a dissolução da isoniazida (196 mg/cápsula). Após a
administração a todos os voluntários do estudo, outra amostra das cápsulas foi
testada pelo laboratório do Infectious Disease Pharmacokinetics Laboratory of the
National Jewish Medical and Research Center-Denver USA, também obtendo
resultado satisfatório em todos os aspectos examinados.
O lote de comprimido de pirazinamida (comprimidos contendo 500 mg)
utilizado no estudo foi testado pelo Laboratório IQUEGO – Indústria Química do
Estado de Goiás S.A., obtendo resultado satisfatório e aprovação. Podem-se citar
que foram examinados o aspecto do comprimido (comprimido circular, cor branca), o
teor de pirazinamida (99,1%) e dissolução (98%).
Verificação da biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida, e
pirazinamida
Solicitou-se que todos os voluntários convidados a participar do estudo ao
longo da semana anterior comparecessem ao local da coleta em jejum, num dia pré-
determinado. Foi feito novo esclarecimento a respeito do estudo, seus objetivos e
sobre o que aconteceria a cada voluntário, reforçando que sua participação não
seria remunerada, não era obrigatória, e que ele poderia se retirar da pesquisa a
qualquer momento, sem prejuízo do tratamento na unidade de saúde.
Foi administrada a dose preconizada para o tratamento da tuberculose
para cada um dos voluntários: rifampicina, 10 mg/kg/dia, no máximo de 600 mg/dia;
isoniazida, na dose de 5 mg/kg/dia, sendo o máximo de 400 mg/dia e pirazinamida
na dose de 25-35 mg/kg/dia, no máximo 2g/dia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004; BRASIL, 1995, 2000, 2002). Utilizaram-se
cápsulas com doses fixas combinadas de rifampicina e isoniazida (300 mg e 200 mg,
respectivamente) e comprimidos de pirazinamida com 500 mg. Administraram-se
400mg de Isoniazida, 600mg de rifampicina e 2g de pirazinamida.
Foram coletadas amostras de sangue duas e seis horas após a ingestão
das drogas para tratamento antituberculose em tubos sem anticoagulante
67
(BERNING et al., 1992; PELOQUIN, 1997), para a dosagem da concentração
máxima (Cmax), que se espera que ocorra duas horas depois da ingestão dos
medicamentos. As amostras de sangue foram centrifugadas, o soro foi separado e
dividido em duas alíquotas, que foram identificadas com as iniciais do paciente, o
número atribuído pelo protocolo do estudo, a data da coleta e a hora da coleta em
relação à ingestão (duas ou seis horas). As amostras de soro foram congeladas em
freezer a -20ºC. A coleta de duas amostras justifica-se porque algumas pessoas
absorvem mais lentamente os medicamentos.
A técnica empregada para a dosagem sérica das drogas antituberculose
foi a cromatografia líquida de alta pressão (HPLC). Utilizou-se um sistema analisador
composto por bombas Waters 510 (Milford, MA) e controlador com válvula solvente
seletiva modelo 680, um autosampler de volume fixo Spectra Physics (San Jose,
CA) modelo 8875, um detector Ultravioleta modelo Waters 486, sendo os resultados
analisados por HPLC Data Management System (Rainin Dynamax; Woburn, MA). A
dosagem das drogas foi executada pelo Dr. Charles Peloquin, Pharm. D., no
Infectious Disease Pharmacokinetics Laboratory do National Jewish Medical and
Research Center 1400 Jackson St. Denver, CO, USA.
Consideraram-se níveis normais esperados de rifampicina as dosagens
entre 8 µg/mL e 24 µg/mL; de isoniazida, as dosagens entre 4 µg/mL e 6 µg/mL; e
de pirazinamida, entre 30 µg/mL e 60 µg/mL (PELOQUIN, 1997). Foram
classificados como muito baixos as concentrações séricas de rifampicina abaixo de 4
µg/mL, os de isoniazida abaixo de 3 µg/mL e os de pirazinamida abaixo de 20 µg/mL
(PELOQUIN, 1997; TAPPERO, 2005). Foi considerada concentração máxima a
maior dosagem sangüínea detectada de cada uma das drogas, independente da
amostra ter sido coletada duas horas ou seis horas após a ingestão dos
medicamentos.
3.7 Considerações estatísticas
3.7.1 Cálculo do tamanho da amostra
As alterações nos logarítmos da taxa de excreção urinária de
lactulose/manitol foram selecionadas como desfecho primário por serem dados
68
objetivos e refletirem a função de barreira e a área de superfície de absorção
intestinais.
Estimou-se que 150 pacientes seriam atendidos no CSCR com
tuberculose pulmonar ativa e que cem deles preencheriam os critérios de inclusão
no estudo. Este número de pacientes satisfaria o objetivo do trabalho de possuir um
total de cinqüenta e dois indivíduos, o que foi calculado da seguinte maneira:
n = (u + v)
2
(sd
1
2
+ sd
2
2
)
(μ
1
- (μ
2
)
2
onde
n = número de indivíduos;
sd = desvio padrão do logaritmo da razão lactulose/manitol;
μ
1
- μ
2
= diferença esperada entre as médias dos grupos estudados;
u = ponto percentual colateral da distribuição normal correspondente a 100% - a
força, ex.: neste caso a força = 90%, u = 1,28v = ponto percentual da distribuição
normal correspondente ao nível de significância bi-lateral (neste caso, o nível de
significância = 5 %, v = 1,96).
3.7.2 Análise estatística
Fez-se dupla entrada dos dados por dois digitadores independentes e os
dados foram validados através do programa Microsoft Excel versão 4.0. A análise
estatística foi feita utilizando se o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
version 13 for Windows (Microsoft Co.; Seattle, WA).
A análise descritiva para as variáveis qualitativas foi realizada através de
tabelas e gráficos e, para as variáveis quantitativas, utilizaram-se se medidas de
tendência central, de variabilidade e medidas de separatrizes (PAGANO;
GAUVREAU, 1993; ROSNER 1995).
Para avaliação da normalidade na distribuição das variáveis quantitativas
foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, e a para avaliar a igualdade das variâncias, foi
utilizado o teste de Levene. Os resultados observados para as variáveis quantitativas
com distribuição normal foram expressos como média ± desvio padrão (dp). A
69
comparação de médias de populações independentes foi feita pelo Teste t de
Student.
Para as variáveis sem normalidade na distribuição, os resultados foram
expressos como mediana e os como valores mínimo e máximo (variação da
distribuição). O teste de Mann_Whitney foi utilizado para a comparação de
populações independentes.
Para verificar homogeneidade entre os grupos em relação à distribuição
das variáveis categorizadas, usou-se o teste Exato, de Fisher, e o teste de Qui-
Quadrado, de Pearson.
O nível de significância utilizado nos testes estatísticos foi de 5% (p <
0,05).
A análise de comparação dos grupos em relação às médias dos
parâmetros de biodisponibilidade e dos parâmetros de permeabilidade intestinal
corrigida pelas covariáveis IMC e alcoolismo foi realizada pela ANCOVA depois da
utilização do teste de Mann_Whitney.
Para cada um dos grupos, a análise de correlação linear entre os fatores
de biodiversidade e de impermeabilidade intestinal foi feita através da Correlação
Linear de Pearson e da análise de Regressão Linear Múltipla quando ajustada pelo
IMC e alcoolismo.
RESULTADOS
71
4. RESULTADOS
4.1 Estudo da barreira funcional intestinal
4.1.1 Caracterização da população no estudo
Foram selecionados 85 indivíduos, sendo 56 com tuberculose e 29 sadios,
entre julho de 2004 e dezembro de 2005.
Todos responderam a um questionário e se submeteram à coleta de
sangue para exames bioquímicos e coleta de urina para teste de avaliação da
barreira funcional intestinal.
Cada caso estava sendo acompanhado, em regime supervisionado no
Centro de Saúde Carlos Ribeiro (CSCR). No período do recrutamento dos casos
foram atendidos 137 pacientes com suspeita de tuberculose no CSCR, mas 81 não
preencheram os critérios de seleção por ser portador de tuberculose extrapulmonar
(2 casos); ter a baciloscopia negativa (40); o resultado dos exames baciloscópicos
não ter chegado ao CSCR (4); estar usando um tratamento que não incluía
rifampicina, isoniazida e pirazinamida (5); ser menor de 18 anos (2); ser portador de
diabetes mellitus (5); ter transtorno mental (1); não aderir ao tratamento diretamente
observado na unidade de saúde (22). Os motivos para a não-adesão ao tratamento
diretamente observado foram morar fora de Fortaleza (2); dificuldade de locomoção
(1); trabalhar como diarista (3); abandonar precocemente o tratamento (8). Não foi
possível contato com sete pacientes e um deles se recusou a participar do estudo
por medo de colher amostras de sangue para exame (Figura 1).
Os 29 voluntários sem tuberculose (controles) foram recrutados entre
profissionais de saúde e pessoas de suas relações familiares, de trabalho e
vizinhança, as quais procurariam atendimento no Sistema Único de Saúde se
tivessem tuberculose pulmonar. Entre os convidados a participar do estudo, um se
recusou por medo da coleta das amostras de sangue e dois precisaram viajar no dia
da coleta.
72
Suspeita de tuberculose no Centro de Saúde
Carlos Ribeiro (137 pacientes elegíveis)
Pesquisa de
BAAR positiva
(91 pacientes)
Pesquisa de BAAR
negativa ou sem resultado
(44 pacientes)
Gravidez, diabetes mellitus, aids, doença intestinal, outra doença grave
Não
(76 pacientes)
Sim
(6 pacientes)
Contatados para participar do estudo
Sim - Incluídos
(57 pacientes)
Não
(7 pacientes)
Excluídos
Suspeita de
Tuberculose pulmonar
(135 pacientes)
Suspeita de tuberculose
extrapulmonar
(2 pacientes)
Menores de 18 anos
(2 pacientes)
Residem em Fortaleza
(82 pacientes)
Aderiram ao tratamento supervisionado
Sim - Recrutados
(64 pacientes)
Não
(12 pacientes)
Residem em outro município
(2 pacientes)
Maiores de 18 anos
(84 pacientes)
Estavam em uso de RIP*
(86 pacientes)
Não estavam em uso de RIP*
(5 pacientes)
Excluídos
Excluídos
Excluídos
Excluídos
Excluídos
Excluídos
Excluídos
Concordaram
em participar
(
56
p
acientes
)
Não concordou
em participar
(1 paciente)
*RIP = Rifam
icina + Isoniazida + Pirazinamida
Excluídos
Figura 1 Fluxograma de recrutamento dos voluntários, Fortaleza-CE, 2004-2005
Voluntários sadios convidados
(32 voluntários)
Concordaram
em participar
(
31 voluntários)
Não concordou
em participar
(1 voluntário)
Não compareceram
(2 voluntários)
Compareceram
(
29 voluntários
)
73
4.1.2 Descrição sócio-epidemiológica da população estudada
A média de idade foi de 37,5 ± 13,9 anos, tendo variado de 18 a 76 anos,
Entre os 56 voluntários com tuberculose, que serão denominados de casos, a média
foi de 39,2 ± 15 anos, variando de 18 a 76. Para os controles, a média foi de 34 ± 11
anos, variando de 19 a 54 anos. Não houve diferença entre as distribuições das
idades nos dois grupos (p=0,61) (Tabela 2).
Eram do sexo feminino 26/85 (30,6%) voluntários e do sexo masculino
59/85 (69,4%). Entre os casos, 16/56 (28,6%) eram do sexo feminino e 40/56
(71,4%) do masculino; entre os controles, 10/29 (34,5%) eram do sexo feminino e
19/29 (65,5%) do masculino, estatisticamente não havendo diferença na distribuição
do sexo entre os grupos (p=0,574) (Tabela 2).
Tabela 2 Caracterização quanto à idade e ao sexo dos em voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza –CE, 2004-2005
Parâmetros
Total
(N=85)
Casos
(N=56)
Controles
(N=29)
p
1
Idade (Média± DP
2
) (anos) 37,5 ± 13,9 39,2 ± 15,0 34 ± 11,0 0,61
Sexo [N (%)]
Feminino 26 (30,6) 16 (28,6) 10 (34,5) 0,57
Masculino 59 (69,4) 40 (71,4) 19 (65,5)
1
Teste T_Student
2
DP= Desvio padrão
A mediana da escolaridade dos 85 voluntários foi de 5 anos, variando de
zero a 18 anos. Para os casos, a mediana foi de 4 anos, variando de zero a 11 anos;
para os controles a mediana foi de onze anos, variando de um a 18 anos (p=0,0025).
A mediana da renda foi R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), variando
de R$ 0,00 (zero) a R$ 7.000,00 (sete mil reais) em todos os voluntários no estudo.
Para os casos, a mediana foi R$ 250,00 (duzentos e cinqüenta reais), variando de
R$ 0,00 (zero) a R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais). Para os controles, foi de
R$ 787,86 (setecentos e oitenta e sete reais e oitenta e seis centavos), com mediana
de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais) e variação de R$ 0,00 (zero) a R$ 7.000,00
(sete mil reais) (p=0,0117). A média do tempo de residência em Fortaleza foi de 32
74
anos para o total da amostra; para os casos, foi de 33 anos e para os controles, de
29,93 anos, sem diferença entre os dois grupos (p=0,33).
Segundo o estado civil, situação legal declarada pelos voluntários, eram
solteiros 36/56 (64,3%) casos e 14/29 controles (48,3%) (p=0,15); eram casados
14/56 (25,0%) casos e 11/29 (37,9%) controles (p=0,21); eram divorciados 3/56
(5,4%) casos e 4/29 (13,8%) controles (p=0,36) e viúvos 3/56 (5,4%) casos.
Quanto à situação civil dos voluntários, foram considerados casados
(aqueles com companheira(o) fixa(o) 25/56 (44,6%) casos e 18/29 (62,1%) controles
(p=0,13) e solteiros (aqueles sem companheira(o) fixa(o)) 31/56 (55,4%) casos e
11/29 (37,9%) controles (p=0,13).
Houve uma menor proporção de pessoas com vínculo empregatício entre
os casos, 14,3% (8/56), do que entre os controles, 34,5% (10/29) (p=0,046). Não
houve diferença na proporção de autônomos (p=0,64): 42,9% (24/56) dos casos e
34,5% (20/29) dos controles; nem na proporção de desempregados (p=0,81): 33,9%
(19/56) casos e 31% (9/29) controles. Só houve aposentados entre os casos, 8,9%
(5/56).
Tanto no grupo controles quanto no grupo casos, em torno de um quarto
das pessoas respondeu que sua bebida preferida era uma bebida não alcoólica.
Entre as bebidas alcoólicas, em ambos os grupos a cachaça e a cerveja foram as
preferidas por mais de 50% dos voluntários com e sem tuberculose. Em relação ao
tempo que não ingere bebida alcoólica, quase metade dos casos (27/56, 48,2%)
informou que havia parado há menos de um ano, aproximadamente na época em
que iniciou o tratamento. A maioria dos controles estava no grupo dos que não
haviam parado de beber.
Preencheram critérios de CAGE para ser considerados alcoolistas 55,3%
dos voluntários, sendo 62,5% dos casos e 41,4% dos controles (p=0,063). Os
critérios mais freqüentes foram o fato de as pessoas se aborrecerem com a bebida
do voluntário (48,2%) e de o próprio voluntário sentir-se culpado por haver bebido
(44,7%).
O uso de drogas ilícitas foi reconhecido por 14,1% dos voluntários, sendo
referida por 17, 9% dos casos e 6,9% dos controles. Entre os controles, a única
75
droga ilícita relatada foi a maconha, que também foi a mais freqüente entre os casos,
seguida por trieexifenidil (Artane®), crack e cocaína.
4.1.3 Avaliação antropométrica
A média de pesos dos voluntários no dia da coleta dos exames foi de
58,82 ± 13,8 kg. A média de pesos dos casos foi de 52,4 ± 6,3 kg. A média de pesos
dos controles foi de 71,1 ± 14,0 kg. Houve diferença nas médias de peso entre os
dois grupos (p=0,014) sendo a média de peso dos casos significativamente menor
que a dos controles. O peso habitual também foi significativamente diferente entre os
dois grupos (p=0,037) (Tabela 3)
Tabela 3. Caracterização quanto a peso atual, altura, índice de massa corpórea
(IMC), peso habitual e peso no inicio do tratamento dos voluntários com tuberculose
(casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza – CE, 2004-2005
Parâmetros Total Casos Controles
N
Média
(DP)
1
N
Média
(DP)
1
N
Média
(DP)
1
p
2
Peso atual (kg) 85
58,8
(13,8)
56
52,4
(8,3)
29
71,2
(14,0)
0,014
Altura (metros) 85
1,64
(0,1)
56
1,61
(0,1)
29
1,65
(0,1)
0,137
IMC
3
(km²) 85
22,2
(4,6)
56
20,1
(2,8)
29
26,2
(4,9)
0,017
Peso Habitual
4
(kg) 84
71,2
(12,1)
55
58,1
(8,0)
29
71,2
(14,0)
0,037
Peso Inicial
5
(kg) 56
50,8
(8,4)
56
50,8
(8,4)
- - -
1
DP= Desvio padrão
2
Teste t de Student
3
IMC=
Índice de massa corporal = Peso (kg)/altura (m)
2
4
Peso que o voluntário tinha antes do estudo
5
Peso registrado no início do tratamento
Os casos perderam em média 7,4 kg, (p<0,00001) se comparados à
média do peso habitual (58,1 kg) com o peso quando o tratamento foi iniciado (50,8
kg). Quando foi feita a entrevista com os pacientes, em geral no primeiro mês do
76
tratamento e sempre antes do término do segundo mês de tratamento, a diferença
média entre peso atual e peso habitual estava em 5,7 kg (p=0,00035). Já tinha
havido um ganho médio 1,6 kg (Tabela 3).
Tabela 4 Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) segundo a classificação do estado nutricional pelo índice de massa
corporal (IMC), Fortaleza –CE, 2004-2005
Classificação
1
Total Casos Controles
No. % No. % No. % p
2
Subpeso 15 17,7 15 26,8 - - -
Normal 47 55,3 36 64,3 11 37,9 0,021
Sobrepeso 17 20,0 5 8,9 12 41,4 <0,001
Obesidade I 4 4,7 - - 4 13,8 -
Obesidade II 2 2,4 - - 2 6,9 -
Total 85 100,0 56 100,0 29 100,0
1
A seguinte estratificação do Índice de Massa corporal utilizada nesta classificaçào foi:
subpeso: IMC<18,5; Normal: 18,5<IMC<24,9; Sobrepeso: 25,0 IMC 29.9; Obesidade I:
30,0 IMC 34,9; obesidade II: 35,0 IMC 39,0
2
Teste t de Student
Segundo o índice de massa corpórea, apenas os casos apresentaram
subpeso: 15/56 (26,8%). A maioria, 36/56 (64,3%), tinha peso normal e 5/56 (8,9%)
apresentavam sobrepeso. Entre os controles, peso normal e sobrepeso estavam
presentes em 79,3% deles, sendo os demais obesos. Não houve casos severamente
desnutridos (Tabela 4).
77
4.1.4 Descrição clínica e bioquímica
Todos os casos queixavam-se de tosse, sendo 45/56 (80,40%) com
expectoração e 11/56 (19,6%%) sem expectoração. Emagrecimento foi relatado por
49/56 (87,50%) e hemoptóicos por 26/56 (46,40%).
A queixa principal mais freqüente foi tosse em 24/56 (42,90%) dos casos,
seguida de febre em 11/56 (19,64%) e escarros hemoptóicos em 9/56 (16,07%).
Emagrecimento, dor nas costas ou dor no peito foram as queixas principais de 4/56
(7,14%); fraqueza o foi em 2/56 (3,57%) casos; sudorese noturna, cefaléia, dispnéia,
emagrecimento, PPD (Purified Protein Derivative – teste tuberculínico) positivo, pré
operatório, rouquidão ou tontura foram os motivos da busca por assistência médica
de 1/56 (1,79%).
Houve diferença na distribuição entre os dois grupos das médias nas
dosagens séricas de glicose e globulina, que estavam mais elevadas nos casos, no
entanto sua média estava dentro dos limites da normalidade. Dois casos e um
controle tinham glicemias acima do limite superior da normalidade. A albumina
média foi significativamente menor nos casos (3,86 ± 0,63) do que nos controles
(4,68 ± 0,28), mas, estava dentro da faixa de normalidade nos dois grupos (Tabela
5).
Apenas 2/56 (3,6%) casos e 1/29 (3,4%) controle apresentaram glicemias
acima dos valores de referência. Somente 1/56 (1,8%) apresentou uréia acima do
limite da normalidade; 2/55 (3,6%) casos e 2/29 (6,9%) controles apresentaram
creatinina acima do valor considerado limítrofe para o normal (Tabela 6).
Nenhum voluntário com tuberculose apresentou concentração de
bilirrubina total, direta ou indireta acima do limite máximo da normalidade. Quinze
controles apresentaram o total de bilirrubinas acima do limite considerado normal;
cinco desses voluntários apresentaram bilirrubina direta acima do normal e
dezenove apresentaram bilirrubina indireta também elevada, sem correlação clínica
aparente (Tabela 6).
78
Tabela 5 Concentração sérica média de glicose, uréia, creatinina, bilirrubina total,
bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato aminotransferase, alanina
aminotransferase, proteína total, albumina e globulina de voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza –CE, 2004-2005
Grupos
Total
1
Casos
2
Controles
Exames
bioquímicos
Média
(DP)
3
Média
(DP)
3
Média
(DP)
3
p
4
Glicemia
(mg/dL)
80,38
(18,09)
84,57
(18,78)
72,28
(13,64)
0,002
Uréia
(mg/dL)
22,26
(8,74)
20,43
(8,91)
25,79
(7,33)
0,006
Creatinina
(mg/dL)
0,83
(0,19)
0,81
(0,20)
0,86
(0,18)
0.252
Bilirrubina total
(mg/dL)
0,61
(0,57)
0,28
(0,17)
1,23
(0,55)
0,005
Bilirrubina direta
(mg/dL)
0,08
(0,12)
0,02
(0,02)
0,19
(0,15)
0,019
Bilirrubina indireta
(mg/dL)
0,53
(0,47)
0,26
(0,16)
1,04
(0,45)
0,005
AST
5
(u/L)
16,68
(9,97)
16,09
(10,69)
17,79
(8,48)
0,459
ALT
6
(u/L)
11,77
(6,21)
11,64
(6,20)
12,03
(6,33)
0,785
Proteínas totais
(mg/dL)
7,42
(0,80)
7,342
(0,93)
7,56
(0,46)
0,237
Albumina
7
(mg/dL)
4,17
(0,69)
3,86
(0,63)
4,78
(0,28)
0,003
Globulina
(mg/dL)
3,23
0,68
3,48
(0,69)
2,76
(0,33)
0.013
1
Glicose uréia e bilirrubina total (n=85), demais n=84
2
Glicose uréia e bilirrubina total (n=56), demais n=55
3
DP= Desvio padrão
4
Test T de Student
5
Aspartato aminotransferase
6
Alanina aminotransferase
7
Casos N=55
79
Tabela 6 Distribuição de voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) quanto à concentração sérica de glicose, uréia, creatinina, bilirrubina
total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato aminotransferase, alanina
aminotransferase, proteína total, albumina e globulina Fortaleza –CE, 2004-2005
Grupos Valor de
Total
1
Casos
2
Controles
Exames bioquímicos referência
N % N % N %
p
3
Glicemia
< 70 25 29,4 12 21,4 13 44,8 0,028
(mg/dL)
70 - 105 57 67,1 42 75,0 15 51,7 0,03
>105 3 3,5 2 3,6 1 3,4
Uréia
< 10 1 1,2 1 1,8 0 0,0
(mg/dL)
10-50 83 97,6 54 96,4 29 100,0
>50 1 1,2 1 1,8 0 0,0
Creatinina
< 0,7 19 22,6 14 25,5 5 17,2 0,41
(mg/dL)
0,7 - 1,2 61 72,6 39 70,9 22 75,9 0,66
>1,2 4 4,8 2 3,6 2 6,9 0,88
Bilirrubina total
=< 0,7 70 82,4 56 100,0 14 48,3
(mg/dL)
>0,7 15 17,6 0 0,0 15 51,7
Bilirrubina direta
=< 0,3 79 94,0 55 100,0 24 82,8
(mg/dL)
>0,3 5 6,0 0 0,0 5 17,2
Bilirrubina indireta
< 0,08 4 4,8 4 7,3 0 0,0
(mg/dL)
0,08 - 0,1 2 2,4 2 3,6 0 0,0
>0,1 78 92,9 49 89,1 29 100,0
AST
4
abaixo do
VR
4
40 47,6 31 56,4 9 31,0
0,03
(u/L)
VR
5
39 46,4 20 36,4 19 65,5 0,01
acima do
VR
4
5 6,0 4 7,3 1 3,4
0,84
ALT
6
< 30 82 97,6 54 98,2 28 96,6
(u/L)
30 - 65 2 2,4 1 1,8 1 3,4
Proteínas totais
< 6,6 8 9,5 8 14,5 0 0,0
(mg/dL)
6,6 - 8,7 76 90,5 47 85,5 29 100,0
Albumina
7
< 3,3 9 10,7 9 16,4 0 0,0
(mg/dL)
3,3 - 5,2 74 88,1 46 83,6 28 96,6
>5,2 1 1,2 0 0,0 1 3,4
Globulina
1 - 3 39 46,4 12 21,8 27 93,1 <0,001
(mg/dL)
>3 45 53,6 43 78,2 2 6,9 <0,001
1
Glicose uréia e bilirrubina total (n=85), demais n=84
2
Glicose uréia e bilirrubina total (n=56), demais n=55
3
Teste t de Student
4
Aspartato aminotransferase
5
VR= Valor de referência: mulheres=13-35u/L; homens=15-40u/L
6
Alanina aminotransferase
7
Casos n=55
80
4.1.5 Avaliação da barreira funcional intestinal
A mediana da concentração de lactulose na urina dos casos foi 0,172%,
correspondendo a 39,5% da mediana dos controles que foi de 0,4301% (p<0,049)
(Tabela 7 e Figura 2).
Tabela 7 Concentração urinária de lactulose, manitol e da relação lactulose/manitol
em voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza –
CE, 2004-2005
Total (n=85) Casos (n=56)
Controles
(n=29)
Mediana Mediana Mediana
Grupo
(Variação) (Variação) (Variação)
p
4
0,2592 0,1721 0,4301
% Lactulose
1
(0,0 -5,0139) (0,0-5,0139) (0,0 -2,064)
0,049
21,0149 17,9910 24,399
% Manitol
2
(1,3883-71,5446) (1,9567-71,5446 ) (1,3883-63,0539)
0,147
0,0120 0,0095 0,0153
Lactulose/Manitol
3
(0,0-0,136) (0,0-0,0759) (0,0-0,136)
0,018
1
Percentual de excreção urinária de lactulose
2
Percentual de excreção urinária de manitol
3
Relação entre a excreção urinária de lactulose e a de manitol
4.
Teste de Mann-Whitney
Casos Controles
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
p=0,049
Mediana=0,1721
Mediana=0,4301
N=56
N=29
% lactulose
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 2 Distribuição do percentual de excreção urinária de lactulose de voluntários
com tuberculose pulmonar e controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
81
Para a concentração de manitol não se detectou diferença sIgnificativa
entre casos (17,9910 %) e controles (24,399 %) (p=0,147) (Tabela 7 e Figura 3)
Casos Controles
0
25
50
75
p=0,147
Mediana=24,3989
Mediana=17,9910
N=56
N=29
% Manitol
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 3 Distribuição do percentual de excreção urinária de manitol de voluntários
com tuberculose pulmonar e controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
Casos Controles
0.00
0.03
0.06
0.09
0.12
p=0,018
Mediana=0,0153
Mediana=0,0095
N=56
N=29
Lactulose/Manitol
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 4 Distribuição da relação de percentual de excreção urinária de
lactulose/manitol de voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios,
Fortaleza-CE, 2004-2005
A relação lactulose/manitol também se distribuiu de forma desigual nos
dois grupos (p=0,018), sendo maior nos controles do que nos casos. A relação entre
as medianas das concentrações de lactulose/manitol dos casos (0,0095%)
82
representou 50% do valor da mediana dos controles (0,0150%) (Tabela 7 e Figura
4).
4.2 Estudo da biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e pirazinamida
4.2.1 Caracterização da população no estudo
Foram selecionados para a dosagem das drogas antituberculose os
primeiros trinta casos que haviam se submetido ao teste de lactulose/manitol e todos
os controles (29 controles).
4.2.2 Descrição sócio-epidemiológica da população
A idade dos casos variou entre 18 e 45 anos com média de 34,5 ± 15,0
anos. Entre os controles, a idade variou de 19 a 54 anos, com média de 34 ± 11,0
anos (p=0,2944). Eram do sexo feminino 10/30 (33,2%) casos e 10/29 (34,5%)
controles, sem diferença na distribuição dos sexos entre os grupos (p=0,926)
(Tabela 8).
Tabela 8 Caracterização quanto à idade e ao sexo dos voluntários com tuberculose
(casos) e sem tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
Parâmetros
Total
(n=59)
Casos
(n=30)
Controles
(n=29)
p
1
Idade (Média ± DP
2
) 35,8 ± 13,0 34,5 ± 14,6 34,0 ± 11,0 0,294
Sexo [N (%)]
Feminino 20 (33,9) 10 (33,3) 10 (34,5)
0,926
Masculino 39 (66,1) 20 (66,7) 19 (65,5)
0,926
1
Teste T_Student
2
DP=
Desvio padrão
A escolaridade e a renda se distribuíram de forma distinta no grupo de
casos e controles. A mediana de escolaridade grupo de casos foi de 4 anos,
enquanto entre os controles foi de 11 anos (p=0,0151). A mediana da renda dos
casos foi de R$ 0,00 (zero), variando de R$ 0,0 (zero) a R$ 900,00 (novecentos
reais), enquanto entre os controles foi de R$ 400,00 (quatrocentos reais), variando
de R$ 0,00 (zero) a R$ 7.000,00 (sete mil reias) (p=0,0001).
83
Considerando o estado civil, os solteiros e os casados tiveram
representação semelhante nos dois grupos: 18/30 (60%) casos e 14/29 (48,3%)
controles eram solteiros (p=0,37); 9/29 (30%) casos e 11/29 (37,9%) eram casados
(p=0,52); 1/30 (3,3%) caso e 4/29 (13,8%) controles eram divorciados (p=0,33); e 2/30
(6,7%) casos eram viúvos
. Quando se considerou como situçao civil de casado a
declaração da existência de um(a) companheiro(a) fixo(a) e a afirmação de sua
inexistência como situação civil de solteiro, esta situação existia em 18/30 (60%)
casos e 11/29 (37,9%) controles e de casado em 12/30 (40%) entre os casos e
18/29 (62,1%) controles 37,9% sem diferença significativa na distribuição entre os
grupos (p=0,09).
Havia indivíduos com vínculo empregatício, autônomos e desempregados
tanto entre os casos quanto entre os controles, não tendo havido diferença
significativa na distribuição entre os grupos. Mesmo assim, pessoas com vínculo
empregatício representaram apenas 29,5% (15/59) do total da amostra, sendo
16,7% (5/30) dos casos e 35,7% (10/29) dos controles (p=0,116); eram autônomos
36% (11/30) dos casos e 35,7% (10/29) dos controles (p=0,86); e eram
desempregados 46,7% (14/30) dos casos e 31% (9/29) dos controles (p=0,218). O
tempo de residência em Fortaleza variou de 13 a 64 anos para os casos com média
de 33,2 ± 11,8 anos e, para os controles, esse tempo variou de 5 a 54 anos, com
média de 29,9 ± 12,6 anos (p=0,319).
Preencheram critérios de CAGE para dependência do álcool 18/30 (60%)
casos e 12/29 (42,4%) controles (p=0,15).O uso de drogas ilícitas foi reconhecido
por 5/30 (16,7%) casos e 2/29 (6,9%) controles. Entre os controles, a única droga
ilícita relatada foi a maconha, que também foi a mais freqüente entre casos, seguida
por trieexifenidil (Artane®), crack e cocaína.
4.2.3 Avaliação antropométrica
Com exceção da altura, todas as outras medidas de peso e o índice de
massa corpórea foram menores nos casos do que nos controles (Tabela 9).
A média de peso atual, isto é, o peso aferido no momento do exame dos
casos, foi 54,7 ± 8,3 kg e o peso atual dos controles foi 71,2 ± 14,0 kg (p=0,0001). O
84
IMC médio dos casos foi 21,0 ± 2,8 kg/m² e o IMC dos casos foi 26,2 ± 4,9 kg/m²
(p<0,001) (Tabela 9).
A média de peso que os casos costumava ter antes do estudo e antes da
doença era de 60, 3 ± 8,0 kg e o peso habitual dos controles era 71,2 ± 14,0 kg p
(0,0379). A altura média dos casos foi 1,62 ± 0,07 m e a dos controles 1,65 ± 0,1 m
(p= 0,4379) (Tabela 9).
Tabela 9 Caracterização quanto a peso atual, altura, índice de massa corpórea,
peso habitual de voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles)
que se submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas
antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
Parâmetros Total Casos Controles
N
Média
(DP)
1
N
Média
(DP)
1
N
Média
(DP)
1
p
2
Peso atual
3
(kg) 59
62,8
(13,79) 30
54,7
(8,3) 29
71,2
(14,0) 0,0001
Altura (Metros) 59
1,63
(0,09) 30
1,62
(0,07) 29
1,65
(0,1) 0,4379
IMC
4
(kg/m²) 59
23,6
(4,6) 30
21,0
(2,8) 29
26,2
(4,9) <0,001
Peso Habitual
5
(kg) 59
65,7
(12,1) 30
60,3
(8,0) 29
71,15
(14,0) 0,0379
1
DP= Desvio padrão
2
Teste t de Student
3
Peso registrado na coleta de dados
4
IMC=
indice de massa corporal = Peso (kg)/altura (m)
2
5
Peso que o voluntário tinha antes do estudo
De acordo com o IMC, houve subpeso apenas no grupo de casos (5/30,
8,5%) e obesidade somente no grupo de controles (6/30, 20,7%). Houve diferenca
significativa (p=0,027) na distribuição de peso normal entre os grupos, sendo maior
no grupo de casos (20/30, 66,6%) do que no de controles (11/29, 37,9). Não houve
diferença significativa na distribuição de sobrepeso entre os grupos (Tabela 10).
85
Tabela 10 Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) que se submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas
antituberculose, segundo a classificação do estado nutricional pelo índice de massa
corporal (IMC), Fortaleza – CE, 2004-2005
Classificação
1
Total Casos Controles
No. % No. % No. %
p
2
Subpeso 5 8,5 5 16,7 0 0,0
-
Normal 31 52,5 20 66,6 11
37,9 0,027
Sobrepeso 17 28,8 5 16,7 12
41,4 0,361
Obesidade I 4 6,8 0 0,0 4
13,8 -
Obesidade II 2 3,4 0 0,0 2
6,9 -
Total 59 100,0 30 100,0 29 100
1
A seguinte estratificação do índice de massa corporal utilizada nesta classificação
foi: subpeso: IMC<18,5; normal: 18,5<IMC<24,9; sobrepeso: 25,0 IMC 29.9;
obesidade I: 30,0 IMC 34,9; obesidade II: 35,0 IMC 39,0
2
Teste t de Student
4.2.4 Descrição clínica e bioquímica
Todos os trinta casos se queixaram de tosse, sendo 23/30 (76,7%) com
expectoração e 7/30 (23,3%) sem expectoração. Emagrecimento foi referido por
26/30 (86,7%) casos e escarros hemoptóicos por 15/30 (50%).
Os casos citaram mais de uma manifestação clínica como queixa principal.
As mais freqüentes foram escarros hemoptóicos em 15/30 (50,0%) e tosse em 14
(46,7%) dos casos. Dor nas costas foi o motivo principal da busca por assistência
médica de 4/30 (13,3%) casos; febre ou emagrecimento de 3/30 (10%); dor no peito
de 2/30 (6,7%); sudorese, noturna, cefaléia, dispnéia, PPD ou pré-operatório, de
1/30 (3,3%) caso.
A média de glicemia dos casos (83,53 ± 18,78) foi mais baixa que a dos
controles (72,28 ± 13,64) (p=0,002), entretanto ambas estavam dentro dos limites
considerados normais. A média de uréia estava mais baixa entre os casos (20,84 ±
18,78mg%) do que entre os controles (25,7 ± 13,64mg%) (p=0,0008), mas, em
ambos os grupos encontrava-se dentro da faixa de normalidade (p=0,3) (Tabela 11).
86
Tabela 11 Distribuição quanto à concentração sérica de glicose, uréia,
creatinina, bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato
aminotransferase, alanina aminotransferase, proteína total, albumina e globulina de
voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles) que se
submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose,
Fortaleza –CE, 2004-2005
Exame bioquímico
Total
1
(n=59)
Casos
2
(n=30)
Controles
(n=29)
Média
(DP)
3
Média
(DP)
3
Média
(DP)
3
p
4
Glicemia (mg/dL)
78,00
(18,09)
83,53
(18,78)
72,28
(13,64) 0,002
Uréia (mg/dL)
23,25
(8,74)
20,80
(8,91)
25,79
(7,33) 0,001
Creatinina (mg/dL)
0,84
(0,19)
0,82
(0,20)
0,87
(0,18) 0,302
Bilirrubina total (mg/dL)
0,76
(0,57)
0,30
(0,17)
1,23
(0,55) <0,001
Bilirrubina direta (mg/dL)
0,10
(0,12)
0,03
(0,03)
0,19
(0,15) <0,001
Bilirrubina indireta (mg/dL)
0,65
(0,47)
0,28
(0,16)
1,04
(0,45) <0,001
AST
5
(u/L)
16,37
(9,97)
15,00
(10,69)
17,79
(8,48) 0,080
ALT
6
(u/L)
12,54
(6,21)
13,03
(6,20)
12,05
(6,33) 0,271
Proteínas totais (mg/dL)
7,55
(0,80)
7,55
(0,93)
7,56
(0,46) 0,538
Albumina
7
(mg/dL)
4,42
(0,69)
4,08
(0,63)
4,78
(0,28) <0,001
Globulina (mg/dL)
3,12
(0,68)
3,47
(0,69)
2,76
(0,33) <0,001
1
Glicose uréia e bilirrubina total (n=85), demais n=84
2
Glicose uréia e bilirrubina total (n=56), demais n=55
3
DP= Desvio padrão
4
Test T de Student
5
Aspartato aminotransferase
6
Alanina aminotransferase
7
Casos n=29
87
Tabela 12 Distribuição quanto à concentração sérica de glicose, uréia, creatinina,
bilirrubina total, bilirrubina direta, bilirrubina indireta, aspartato aminotransferase,
alanina aminotransferase, proteína total, albumina e globulina de voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles) que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose Fortaleza –CE, 2004-2005
Grupos Valor de
Total
1
Casos
2
Controles
Exames laboratoriais referência
N % N % N %
p
3
Glicemia
< 70 20 33,9 7 23,3 13 44,8 0,08
(mg/dL)
70 - 105 34 57,6 19 63,3 15 51,7 0,37
>105 5 8,5 4 13,3 1 3,4 0,37
Uréia
10-50 58 98,3 29 96,7 29 100,0
(mg/dL)
>50 1 1,7 1 3,3 0 0,0
Creatinina
< 0,7 10 17,2 5 17,2 5 17,2 0,79
(mg/dL)
0,7 - 1,2 42 72,4 20 69,0 22 75,9 0,69
>1,2 6 10,3 4 13,8 2 6,9 0,70
Bilirrubina total
=< 0,7 44 74,6 30 100,0 14 48,3
(mg/dL)
>0,7 15 25,4 0 0,0 15 51,7
Bilirrubina direta
=< 0,3 53 91,4 29 100,0 24 82,8
(mg/dL)
>0,3 5 8,6 0 0,0 5 9,1
Bilirrubina indireta
< 0,08 1 1,7 1 3,4 0 0,0
(mg/dL)
0,08 - 0,1 1 1,7 1 3,4 0 0,0
>0,1 57 98,3 28 96,6 29 100,0
AST
4
abaixo do VR
4
26 44,8 17 58,6 9 31,0 0,03
(u/L)
VR
5
30 51,7 11 37,9 19 65,5 0,04
acima do VR
4
2 3,4 1 3,4 1 3,4 0,47
ALT
6
< 30 57 98,3 29 100,0 28 96,6
(u/L)
30 - 65 1 1,7 0 0,0 1 3,4
Proteínas totais
< 6,6 2 3,4 2 6,9 0 0,0
(mg/dL)
6,6 - 8,7 56 96,6 27 93,1 29 100,0
Albumina
7
< 3,3 2 3,4 2 6,9 0 0,0
(mg/dL)
3,3 - 5,2 55 94,8 27 93,1 28 96,6 1,00
>5,2 1 1,7 0 0,0 1 3,4
Globulina
1 - 3 33 56,9 6 20,7 27 93,1 <0,001
(mg/dL)
>3 25 43,1 23 79,3 2 6,9 <0,001
1
Glicose uréia e bilirrubina total (n=59), demais n=58
2
Glicose uréia e bilirrubina total (n=30), demais n=29
3
Teste t de Student
4
Aspartato aminotransferase
5
VR= Valor de referência: mulheres=13-35u/L; homens=15-40u/L
6
Alanina aminotransferase
7
Casos n=29
88
A bilirrubina total, a direta e a indireta, em média, estiveram maiores entre
os controles do que entre os casos (p<0,0001). Bilirrubina total (1,23 ± 0,55 mg/dL) e
bilirrubina indireta (1,04 ± 0,45 mg/dL) estavam discretamente acima do limite
superior da normalidade nos controles (Tabela 11).
A média do total de proteínas estava dentro da faixa da normalidade sem
diferença entre os grupos (p=0,530). A albumina estava maior nos controles (4,78 ±
0,28 mg/dL) que nos casos (4,07 ± 0,63mg/dL) (p<0,0001), mas também dentro dos
limites considerados normais. Globulina estava maior nos casos (3,47 ± 0,69 mg/dL)
do que nos controles (2,76 ± 0,33 mg/dL) (p<0,001) e acima do limite superior
considerado normal (Tabela 12).
4.2.5 Avaliação da barreira funcional intestinal
A mediana do percentual de lactulose excretada na urina foi menor nos
casos (0,2043%, variando 0,0-1,3015%) do que nos controle, tendo a dos casos
correspondido a 69,4% da taxa encontrada nos controles (0,4301%, variando de 0,0-
2,0643%) (p=0,0194) (Tabela 13 e Figura 5).
Tabela 13. Concentração urinária de lactulose, manitol e da relação
lactulose/manitol em voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) que se submeteram à dosagem sérica de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida, Fortaleza-CE, 2004-2005
Grupo
Total (n=59)
Mediana
(Variação)
Casos (n=30)
Mediana
(Variação)
Controles (n=29)
Mediana
(Variação)
p
1
% Lactulose
2
0,3066
(0,0-2,0643)
0,2043
(0,0-1,3015)
0,4301
(0,0-2,0643)
0,0194
% Manitol
3
21,6513
(1,3883-71,5446)
18,9423
(1,9567-71,5446)
24,3988
(1,3883-63,0539)
0,0698
Lactulose/Manitol
4
0,014
(0-0,136)
0,0102
(0,0-0,07598)
0,0153
(0,0-0,136)
0,0698
1.
Teste de Mann-Whitney
2
Percentual de excreção urinária de lactulose
3
Percentual de excreção urinária de manitol
4
Relação entre a excreção urinária de lactulose e a de manitol
89
Casos Controles
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
1.50
1.75
2.00
2.25
p=0,0194
Mediana=0,4301
Mediana=0,2043
N=29
N=30
% Lactulose
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 5 Distribuição do percentual de excreção urinária de lactulose de casos
tuberculose pulmonar e controles sadios que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
A mediana de excreção urinária de manitol nos casos (18,94%, variando
de 1,9567-71,5446%) correspondeu a 73,74% daquela dos controles (24,3988%,
variando de 1,3883-63,0539%) (p=0,0698) (Tabela 13 e Figura 6).
Casos Controles
0
25
50
75
p=0,0698
Mediana=18,9423
Mediana=24,3989
N=29
N=30
% Manitol
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 6 Distribuição do percentual de excreção urinária de manitol de casos
tuberculose pulmonar e controles sadios que se submeteram aos testes de
biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
90
A relação lactulose/manitol calculada para os casos (0,0102%, variando de
0,0-0,07598%) correspondeu a 60% do valor encontrado para os controles (0,0153,
variando de 0,0-0,136) (p=0,0698) (Tabela 13 e Figura 7).
Casos Controles
0.00
0.03
0.06
0.09
0.12
p=0,0698
Mediana=0,0102
Mediana=0,0102
N=29
N=30
Lactulose/Manitol
p= Teste de Mann-Whitney
Figura 7 Distribuição da relação de percentual de excreçao urinária de
lactulose/manitol de voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios que se
submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica de drogas antituberculose,
Fortaleza-CE, 2004-2005
4.2.6 Avaliação da biodisponibilidade drogas antituberculose
A concentração média de rifampicina duas horas depois de sua
ingestão foi significativamente menor nos casos (1,15 ± 0,78 µg/mL) do que nos
controles (5,07 ± 3,9 µg/mL) (p=0,0001). Depois de seis horas da ingestão, a
concentração média de rifampicina nos casos foi de 1,18 ± 0,51 µg/mL e dos
controles 5,07 ± 1,55 µg/mL (Tabela 14). A concentração média máxima, definida
como a maior concentração dosada, independente do tempo após a ingestão, foi
menor nos casos (1,46 ± 0,72 µg/mL) do que nos controles (6,69 ± 3,07 µg/mL)
(p<0,0001). Porém, essas médias estavam abaixo do nível normal esperado
(Tabela 14 e Figura 8). Não houve diferença significativa entre as dosagens de
rifampicina duas horas (1,15 ± 0,78 µg/mL) depois e seis horas (1,18 ± 0,51
µg/mL) depois da ingestão pelos casos (p=0,677).
91
Tabela 14 Concentração sérica duas horas e seis horas depois da ingestão de
rifampicina, isoniazida e pirazinamida e concentração máxima observada em
voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza-CE,
2004-2005
Droga e tempo da
dosagem
Total
(Média±DP
1
)
Casos
(Média±DP
1
)
Controles
(Média±DP
1
) p
2
Rifampicina 2 horas 3,13 ± 3,49 1,15 ± 0,78 5,07 ± 3,9 0,0001
Rifampicina 6 horas
3
3,13 ± 2,57 1,18 ± 0,51 5,07 ± 1,55 <0,001
Rifampicina máxima
4
3,97 ± 3,58 1,46 ± 0,72 6,69 ± 3,07 <0,001
Isoniazida 2 horas 2,36 ± 1,24 2,30 ± 1,60 1,86 ± 0,75 0,194
Isoniazida 6 horas
3
0,95 ± 0,74 1,40 ± 0,62 0,96 ± 0,86 0,109
Isoniazida máxima
4
2,46 ± 1,19 2,62 ± 1,53 1,98 ± 0,96 0,057
Pirazinamida 2 horas 40,17 ± 12,42 42,38 ± 11,02 35,11 ± 13,16 0,015
Pirazinamida 6 horas
3
28,72 ± 5,78 31,80 ± 4,99 27,99 ± 6,46 0,129
Pirazinamida máxima
4
40,94 ± 11,44 44,10 ± 10,40 36,32 ± 12,02 0,007
1
DP= Desvio padrão
2
Teste t de Student
3
Dosagem de 6 h das drogas antituberculose de 29 casos: o material de um caso não foi suficiente
4
A concentração máxima foi a maior encontrada, independente do momento em que foi dosada
Casos N=30 Controles N=29
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Concentração sérica esperada:
Limite superior [24 µg/mL]
Concentração sérica esperada:
Limite inferior [8 µg/mL]
p<0,001
Concentração sérica de
rifampicina
[µg/mL]
p= Teste t de Student
Figura 8 Concentração sérica máxima e limites esperados de rifampicina em
voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
Não houve diferença significativa nas concentrações médias de isoniazida
duas horas (2,30 ± 1,60 µg/mL) e 6 depois da ingestão da droga (1,40 ± 0,62 µg/mL)
92
pelos casos (p=0,10). Houve redução significativa na concentração de duas horas
(1,86 ± 0,75 µg/mL) para a de seis horas (0,96 ± 0,86 µg/mL) depois da ingestão de
isoniazida pelos controles (p<0,0001).
A concentração de isoniazida duas horas depois da ingestão pelos casos foi
significativamente maior (2,30 ± 1,60 µg/mL) do que a dos controles (1,86 ± 0,75
µg/mL) (p=0,015). Seis horas depois da ingestão não foi detectada diferença
significativa entre casos (1,40 ± 0,62 µg/mL) e controles (0,96 ± 0,86 µg/mL)
(p=0,129). A diferença entre o pico máximo detectado nos casos (2,62 ± 1,53 µg/mL)
e controles (1,98 ± 0,76 µg/mL) está num nível de significância limítrofe (p=0,056),
com a média dos casos superior à média dos controles, embora ainda abaixo do
nível normal esperado (Tabela14 e Figura 9).
Casos N=30 Controles N=29
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Concentração sérica esperada
Limite superior [8 µg/mL]
Concentração sérica esperad
a
Limite inferior [4 µg/mL]
p=0,057
Concentração sérica
isoniazida
[µg/mL]
p= Teste t de Student
Figura 9 Concentração sérica máxima e limites esperados de isoniazida em
voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
A concentração de pirazinamida duas horas depois da ingestão pelos casos
(42,38 ± 11,02 µg/mL) foi significativamente maior do que nos controles (35,11 ±
13,16 µg/mL) (p=0,015). Não houve diferença significativa entre casos (31,80 ± 4,99
µg/mL) e controles (27,99 ± 6,46 µg/mL) na concentração de pirazinamida após seis
horas de sua ingestão (p=0,129). A concentração máxima nos casos (44,10 ± 10,40
µg/mL) também foi signicativamente maior do que nos controles (36,32 ± 12,02
µg/mL) (p=0,007) (Tabela14 e Figura 10).
93
Houve redução significativa na concentração de pirazinamida de duas horas
(42,38 ± 11,02 µg/mL) e seis horas (31,80 ± 4,99 µg/mL) depois da ingestão pelos
casos (p=0,035). Essa redução na concentração de pirazinamida entre duas horas
(35,11 ± 13,16 µg/mL) e seis horas (27,99 ± 6,46 µg/mL) não foi observada entre os
controles (p=0,11).
Casos N=30 Controles N=29
0
10
20
30
40
50
60
Concentração sérica esperad
a
Limite superior [60 µg/mL]
Concentração sérica esperada
Limite inferior [30 µg/mL]
P=0,007
Concentração sérica de
pirazinamida [µg/mL]
p= Teste t de Student
Figura 10. Concentração sérica máxima e limites esperados de pirazinamida em
voluntários com tuberculose pulmonar e controles sadios, Fortaleza-CE, 2004-2005
Considerando os níveis normais esperados de rifampicina (8-24 µg/mL), de
isoniazida (4-8 µg/mL) e de pirazinamida (30-60 µg/mL) no grupo de 30 casos
selecionados para avaliação da biodisponibilidade das drogas antituberculose,
observou-se que as concentrações séricas duas horas depois da ingestão da
rifampicina estavam abaixo da concentração normal esperada em todos, tendo se
mantido abaixo de 8µg/mL após as seis horas em 29/29 casos em que foi dosada
(em um deles não foi possível obter a dosagem sérica após seis horas). Nenhum
caso alcançou concentração normal esperada independente do momento em que foi
dosada. Entre os controles, 21/29 (72,4%) não alcançaram concentração normal
esperada duas horas após a ingestão de rifampicina e mantinham-se abaixo desse
nível 26/29 (89,7%) seis horas depois, totalizando 18/29 controles (62,1%), em quem
não foi obtido nível normal esperado para essa droga (Tabela 15).
94
Tabela 15 Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) quanto a terem ou não concentração sérica normal esperada de
rifampicina, isoniazida e pirazinamida, Fortaleza-CE, 2004 -2005
Dosagem de drogas Valor de
Total
1
Casos
2
Controles
antituberculose referência N % N % N %
p
2
Total 59 100,0 30 100,0 29 100,0
Rifampicina 2 horas < 8 µg/mL 51 86,4 30 100,0 21 72,4 <0,001
>= 8 µg/mL 8 13,6 0 0 8 27,6
Rifampicina 6 horas
3
< 8 µg/mL 55 94,8 29 96,7 26 89,7 <0,001
>= 8 µg/mL 3 5,2 0 0 3 10,3
Rifampicina máxima
4
< 8 µg/mL 48 81,4 30 100,0 18 62,1 <0,001
8 µg/mL 11 18,6 0 0 11 37,9
Isoniazida 2 horas < 4 µg/mL 55 93,2 26 86,7 29 100,0
>= 4 µg/mL 4 6,8 4 13,3 0 0,0
Isoniazida 6 horas
3
< 4 µg/mL 57 98,3 28 96,6 29 100,0
>= 4 µg/mL 1 1,7 1 3,4 0 0,0
Isoniazida máxima
4
< 4 µg/mL 54 91,5 25 83,3 29 100,0
>= 4 µg/mL 5 8,5 5 16,7 0 0,0
Pirazinamida 2 horas < 30 µg/mL 15 25,4 5 16,7 10 34,5 0,116
>= 30 µg/mL 44 74,6 25 83,3 19 65,5
Pirazinamida 6 horas
3
< 30 µg/mL 35 60,3 15 51,7 20 69,0 0,180
>= 30 µg/mL 23 39,7 14 46,7 9 31,0
Pirazinamida máxima
4
< 30 µg/mL 12 27,6 4 13,3 8 27,6
0,209
>= 30 µg/mL 47 72,4 26 86,7 21 72,4
1
Total = 58 voluntários nas dosagens de 6 horas: o material de um caso não foi suficiente
2
Teste t de Student
3
Dosagem de 6 h das drogas antituberculose de 29 casos: o material de um caso não foi suficiente
4
A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em que foi dosada
Do total da amostra examinada, 54/59 (91,5%) não alcançaram nível
normal esperado de isoniazida. A concentração sérica de duas horas de
isoniazida estava abaixo do nível normal esperado em 26/30 (86,7%) casos e
em 29/29 (100,0%) controles. Após seis horas, 28/29 (96,6%) casos e 29/29
(100,0%) controles também já possuíam dosagem sérica abaixo do nível
normal esperado (p=0,196) (Tabela 15).
Independente do momento em que foi feita foi feita a coleta, 12/59 (27,6%)
voluntários não alcançaram a concentração normal esperada de pirazinamida,
sendo 4/30 (13,3%) casos e 8/30 (27,6%) controles (0,209). Cinco entre os 30
(16,7%) casos e 10 entre os 29 (34,5%) controles tiveram dosagem da
pirazinamida sérica abaixo da considerada normal esperada quando dosada duas
95
horas após a ingestão (p=.0,116) Após seis horas da ingestão, a concentração
sérica média de pirazinamida nos casos não estava em nível normal esperado em
15/29 (51,7%) casos e em 20/29 (69%) controles (p=0,18) (Tabela 15).
Tabela 16 Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) quanto ao número de drogas antituberculose que alcançaram nível
normal esperado em sua concentração máxima
1
simultaneamente. Fortaleza-CE,
2004-2005
Número Total Casos Controles
de drogas N % N % N %
p
2
0
11 18,6 4 13,3 7 24,1 0,286
1
33 55,9 21 70,0 12 41,4 0,027
2
15 25,4 5 16,7 10 34,5 0,11
Total 59 100 30 100,0 29 100,0
1
A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em que foi dosada
2
Test T de Student
Obs.: Nenhum caso ou controle obteve concentrações normais esperadas para as 3 drogas
simultaneamente.
Quatro dos 30 (13,3%) casos e 7/29 (24,1%) controles não alcançaram o nível
normal esperado de nenhuma das drogas utilizadas (p=0,11). Vinte e um (70,0%)
dos 30 casos e 12/29 (41,46%) controles tinham concentração sérica em nível
normal esperado de apenas uma das drogas (p=0,29). Cinco dos 30 (16,7%) casos
e 10/29 (34,5%) controles tinham duas drogas em nível normal esperado (p=0,49)
(Tabela 16). Quando apenas uma das drogas estava no nível normal esperado,
essa droga era pirazinamida, e quando houve 2 drogas em nível normal esperado,
entre os casos essas drogas foram a isoniazida e a pirazinamida, visto que nenhum
caso alcançou esse nível de rifampicina; entre os controles as drogas foram a
rifampicina e a pirazinamida, visto que a isoniazida não alcançou o nível normal
esperado nos controles. Nenhum voluntário, seja caso, seja controle, alcançou nível
normal esperado das três drogas simultaneamente.
Entre os 30/30 casos que tinham concentração sérica de rifampicina abaixo
da esperada 29/30 tinham concentrações muito baixas (abaixo de 4 µg/mL). Dos
25/30 (83,3%) casos cuja concentração sérica de isoniazida não alcançou o valor
normal esperado, 17/25 apresentaram valor muito baixo (abaixo de 3 µg/mL).
96
Nenhum caso apresentou dosagem muito baixa de pirazinamida (abaixo de 20
µg/mL).
Onze dos 30 casos de tuberculose não alcançaram a concentração
inibitória mínima de rifampicina (1 µg/ml). A concentração inibitória mínima de
isoniazida (0,2 µg/ml) e de pirazinamida (20 µg/ml) foi alcançada em todos em
casos.
4.3 Correlação entre permeabilidade intestinal e biodisponibilidade das drogas
antituberculose
Nos casos, observou-se correlação linear positiva (r= 0,361), com nível de
significância limítrofe (p=0,05), entre a dosagem de rifampicina duas horas depois da
ingestão e a relação lactulose/manitol. Isto significa que, quando houve aumento da
relação lactulose/manitol, também houve aumento da concentração sérica de
rifampicina, quando dosada duas horas após a ingestão. Não foi observada essa
correlação entre a dosagem de rifampicina seis horas após a ingestão (p=0,38), nem
com a concentração máxima de rifampicina (p=0,17). Em relação aos controles, não
foi observada correlação entre nenhuma das dosagens de rifampicina e lactulose,
manitol ou lactulose/manitol (Tabela 17).
Não houve correlação entre concentração de lactulose urinária e nenhuma
das dosagens séricas de isoniazida nos casos. Em relação aos controles, verificou-
se correlação negativa (r=-0,385) entre a concentração urinária de lactulose e a
concentração sérica máxima de isoniazida (p=0,039), isto é, à medida que aumenta
a concentração de lactulose na urina, diminui a concentração de isoniazida
sanguínea. Observou-se também correlação negativa (r=-356) com uma
significância estatística limítrofe entre a concentração urinária de lactulose e a
concentração de isoniazida sérica duas horas após a ingestão (p=0,058). Não foi
observada correlação significativa entre a concentração sérica de isoniazida seis
horas após a ingestão de isoniazida (Tabela 17).
Entre os casos, identificou-se correlação negativa (r=-0353), com
significância limítrofe entre concentração sérica de isoniazida obtida após seis horas
97
da ingestão e a concentração urinária de manitol (p=0,06). Não foi observada
correlação entre a a concentração urinária de manitol e concentração sérica máxima
de isoniazida ou a concentração sérica de isoniazida depois de duas horas da
ingestão. Entre os controles, não se observou correlação das dosagens de
isoniazida séricas com as de manitol urinário (Tabela 17).
Não houve correlação significativa entre as concentrações de isoniazida e
a relação lactulose/manitol no grupo de casos. No grupo controle, houve correlação
negativa (r=-0,410) da relação lactulose/manitol com a concentração sérica máxima
de isoniazida (p=0,027) e com a concentração de isoniazida dosada duas horas
depois da ingestão (r=-0,371 e p=0,47). Também se verificou correlação negativa
(r=-0,356) com a isoniazida dosada após 6h da ingestão, com significância limítrofe
(p=0,058).
No grupo de casos, não houve correlação entre a concentração sérica de
pirazinamida e a concentração urinária de lactulose e de manitol. Entretanto, houve
uma correlação negativa (r=-359) com significância estatística limítrofe (p=0,051)
com a concentração máxima de pirazinamida, o mesmo não sendo observado o
mesmo com as outras dosagens (duas horas e seis horas depois da ingestão).
No grupo de controles não houve correlação das dosagens de
pirazinamida com a concentração urinária de lactulose, nem com a relação
lactulose/manitol. Houve correlação negativa entre a concentração urinária de
manitol e a concentração sérica de pirazinamida duas horas depois da ingestão (r=-
456) (p=0,013) e com a concentração sérica máxima de pirazinamida (r=-469)
(p=0,010). Não houve correlação com a concentração seis horas depois da ingestão
(Tabela 17).
98
Tabela 17 Correlação entre concentração sérica de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida dosadas 2 horas e 6 horas depois da ingestão e suas concentrações
máximas com a concentração urinária de lactulose, manitol, e a relação
lactulose/manitol em voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles), Fortaleza-CE, 2004-2005
Lactulose Manitol Lactulose/Manitol
N R
1
p R
1
p R
1
p
Grupo de casos
Rifampicina 2 horas 30 0,238 0,205 -0,155 0,413 0,361 0,050
Rifampicina 6 horas 29 -0,054 0,780 -0,266 0,163 0,168 0,382
Rifampicina máxima 30 0,068 0,720 -0,260 0,165 0,259 0,166
Isoniazida 2 horas 30 0,048 0,800 0,065 0,732 0,053 0,782
Isoniazida 6 horas 29 -0,163 0,397 -0,353 0,060 0,134 0,489
Isoniazida máxima 30 -0,022 0,907 -0,047 0,803 0,071 0,711
Pirazinamida 2 horas 30 -0,155 0,412 0,174 0,358 -0,296 0,112
Pirazinamida 6 horas 29 -0,290 0,127 -0,210 0,275 -0,276 0,147
Pirazinamida máxima 30 -0,244 0,193 0,077 0,688 -0,359 0,051
Grupo de controles
Rifampicina 2 horas 29 -0,211 0,273 -0,124 0,523 -0,121 0,533
Rifampicina 6 horas 29 -0,075 0,700 0,138 0,474 -0,260 0,173
Rifampicina máxima 29 -0,112 0,562 0,070 0,717 -0,219 0,255
Isoniazida 2 horas 29 -0,356 0,058 -0,044 0,820 -0,371 0,047
Isoniazida 6 horas 29 -0,245 0,200 0,060 0,757 -0,356 0,058
Isoniazida máxima 29 -0,385 0,039 -0,044 0,820 -0,410 0,027
Pirazinamida 2 horas 29 -0,233 0,224 -0,456 0,013 -0,073 0,705
Pirazinamida 6 horas 29 -0,180 0,349 -0,311 0,100 -0,202 0,294
Pirazinamida máxima 29 -0,263 0,168 -0,469 0,010 -0,114 0,557
1
Correlação linear de Pearson
Obs.: A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em que foi dosada
99
Quando foi feita a correção pelo IMC da correlação entre as dosagens
séricas das drogas e a concentração urinária de lactulose, manitol e a relação
lactulose/manitol, mantiveram-se significativas apenas a isoniazida e a pirazinamida
máximas no grupo de controles. Todas as outras concentrações máximas deixaram
de ser significativas (Tabela 18). Isso quer dizer que, no grupo de casos, a
significância estatística da correlação entre rifampicina e pirazinamida máximas com
lactulose/aminitol estava sendo influenciada pelo índice de massa corporal e, no
grupo controle, a correlação entre pirazinamida máxima e lactulose também estava
sofrendo essa influencia, uma vez que deixaram de ser significativas.
Tabela 18 Correlação entre concentração sérica máxima de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida e a concentração urinária de lactulose, manitol, e a relação
lactulose/manitol corrigida pelo índice de massa corporal em voluntários com
tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles), Fortaleza-CE, 2004-2005
Lactulose Manitol Lactulose/Manitol
N R
1
p R
1
p R
1
p
Grupo de casos
Rifampicina máxima 30 0,068 0,726 -0,268 0,160 0,271 0,155
Isoniazida máxima 30 0,018 0,925 -0,023 0,905 0,120 0,534
Pirazinamida máxima 30 -0,132 0,494 0,178 0,357 -0,258 0,177
Grupo de controles
Rifampicina máxima 29 -0,043 0,828 0,139 0,480 -0,254 0,192
Isoniazida máxima 29 -0,293 0,130 0,075 0,703 -0,510 0,006
Pirazinamida máxima 29 -0,119 0,546 -0,402 0,034 -0,208 0,288
1
Correlação linear de Pearson
Obs.: A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em que foi dosada
100
Tabela 19 Correlação entre concentração sérica máxima de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida e a concentração urinária de lactulose, manitol, e a relação
lactulose/manitol corrigida pelo índice de massa corporal e pela dependência do
álcool em voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles),
Fortaleza-CE, 2004-2005
Parâmetros Lactulose Manitol Lactulose/Manitol
N R
1
p R
1
p R
1
p
Grupo de casos
Rifampicina máxima 30 0,027 0,893 -0,284 0,142 0,220 0,262
Isoniazida máxima 30 -0,017 0,931 -0,031 0,878 0,070 0,723
Pirazinamida máxima 30 -0,131 0,508 0,178 0,364 -0,262 0,178
Grupo de controles
Rifampicina máxima 29 -0,054 0,789 0,127 0,529 -0,257 0,196
Isoniazida máxima 29 -0,289 0,144 0,091 0,650 -0,509 0,007
Pirazinamida máxima 29 -0,061 0,762 -0,336 0,087 -0,218 0,274
1
Correlação linear de Pearson
Obs.: A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em que foi dosada
Ao fazer a correção da correlação pela ingestão de álcool entre as
dosagens séricas das drogas e a concentração urinária de lactulose, manitol e
lactulose/manitol, manteve-se significativa apenas a isoniazida máxima no grupo de
controles. Todas as outras concentrações máximas deixaram de ser significativas,
inclusive a de pirazinamida máxima (p=0,087) (Tabela 19). O que significa que a
dependência do álcool estava influenciando na significância dessa correlação.
DISCUSSÃO
102
5. DISCUSSÃO
A farmacologia interessa-se pelo conhecimento da história, fonte,
propriedades físico-químicas, composição, efeitos bioquímicos e fisiológicos,
mecanismo de ação, resistência, absorção, distribuição, metabolismo, excreção e
usos, inclusive terapêuticos, dos fármacos. A farmacocinética abrange todas as vias
em que o organismo manipula a droga, incluindo absorção, distribuição,
metabolismo e excreção da droga. A farmacodinâmica descreve o efeito bioquímico
e fisiológico da droga e seu mecanismo de ação (AMSDEN et al. 2005).
Com exceção da administração intravenosa, a absorção de uma droga para a
circulação sistêmica ocorre de qualquer local onde ela é administrada: músculo,
tópico em mucosa e pele e do trato gastrintestinal, seja por administração oral, retal
ou por sonda. A quantidade da droga que alcança a corrente sanguínea é expressa
como um percentual do que poderia ter sido absorvido. Esse percentual é definido
como a biodisponibilidade da droga. A biodisponibilidade também pode ser expressa
pelo valor absoluto da droga na corrente sanguínea, o que representa um valor mais
confiável. O valor da concentração da droga medido no sangue também pode ser
alterado pela distribuição do sangue, a qual por sua vez está relacionada com a
lipossolubilidade, coeficiente técnico de partição da droga entre os diferentes tipos
de tecido, fluxo sanguíneo para os tecidos, pH, material biológico a que a droga
pode se ligar, como proteínas plasmáticas e componentes celulares (AMSDEN et al.
2005).
Absorção é um processo dinâmico e dela depende inicialmente a
biodisponibilidade da droga. Quando a administração se dá por via oral, a
biodisponibilidade também poderá sofrer o efeito da primeira passagem no fígado,
onde pode ser modificada pelo processo de metabolização, além de poder ser
metabolizada por enzimas intestinais (AMSDEN et al. 2005).
A absorção intestinal ocorre por via paracelular e transcelular. A absorção
transcelular, que ocorre através da membrana celular, é altamente seletiva. É
utilizada por monossacarídeos, manitol e moléculas de polietilenoglicóis (PEGs) de
103
baixo peso molecular. A absorção via paracelular ocorre entre as células, através
das zonas de oclusão e das zonas de extrusão resultantes da morte de células e
áreas de ulceração. As moléculas maiores que 180 Daltons, como a lactulose,
celulobiose, rafinose e dextran, atravessam a mucosa intestinal por essa via. Outros
mecanismos de passagem de moléculas através das membranas são: a difusão de
membrana (para moléculas lipossolúveis), a passagem por lesão mecânica do
epitélio e a transcitose (SCHAERER; NEUTRA; KRAEHENBUHL, 1991).
Diversos métodos têm sido propostos para avaliar a permeabilidade intestinal
(BARBOZA Jr. et al.,1999; BAO et al., 1996; FORD et al., 1985; FLEMING et al.,
1990; LUNN; NORTHROP-CLEWES; DOWNES, 1991a, 1991b; LIMA et al., 2005),
isto é, a facilidade com que as substâncias e os marcadores atravessam o epitélio
intestinal por difusão, sem a intermediação de constituintes específicos, ou seja, a
passagem de moléculas depende de gradiente de concentração. No contexto clínico,
a permeabilidade intestinal é aplicada para permeação de moléculas de massa
maior que 150 Daltons e essa permeabilidade pode ser afetada por doenças,
drogas, citocinas, hormônios ou pelo próprio ambiente, e não parece ser influenciada
por idade, raça ou fatores hereditários (TRAVIS; MENZIES ,1992).
O comportamento da permeabilidade intestinal em indivíduos com tuberculose
pulmonar é um tema empolgante, pela possível repercussão que alterações na
absorção das drogas utilizadas para o tratamento pode ter no surgimento da
resistência de M. tuberculosis.
Uma da formas de avaliar a absorção é a utilização de lactulose e manitol,
que são açúcares que praticamente não são metabolizados e são excretados na
urina. Manitol é absorvido predominantemente por via transcelular, tendo utilidade
para avaliar a extensão da área absortiva, enquanto a lactulose é absorvida por via
paracelular. Desse modo, o aumento da recuperação de lactulose na urina significa
aumento da permeação do epitélio intestinal e sua redução significa maior
dificuldade de permeação para grandes moléculas. Para o manitol, a redução estaria
associada à redução na área de absorção, isto é, menor quantidade de células, ou
menor tempo de contato do manitol com o epitélio, por exemplo, por aumento da
velocidade do trânsito intestinal. Redução do peristaltismo pode aumentar o tempo
de contato do manitol com o epitélio e aumentar sua absorção.
104
5.1 Considerações sobre o teste de permeabilidade intestinal
Não existe até o momento um padrão ouro entre os métodos empregados
para avaliar a permeabilidade intestinal. E em relação ao teste da lactulose/manitol,
também ainda não está definida uma faixa de normalidade, o que dificulta a
comparação dos resultados e obriga à inclusão sistemática de grupos controles para
a análise conclusiva das alterações da permeabilidade intestinal nas diversas
situações.
O resultado do teste lactulose/manitol pode sofrer a interferência de vários
fatores, inclusive a osmolaridade da solução teste empregada. É possível a indução
de aumento de permeabilidade intestinal a lactulose em indivíduos sadios quando a
osmolaridade da solução utilizada ultrapassa 1.500 mOsm/L. A permeabilidade de
uma solução isoosmolar pode aumentar 1,5 a 2,8 vezes, caso sua osmolaridade
alcance 1.500 e 2.300 mOsm/L, respectivamente. Esse aumento de permeabilidade,
que ocorre de acordo com o aumento da osmolaridade, não tem sido observado em
relação ao manitol, cuja permeabilidade se mantém inalterada mesmo quando são
utilizadas soluções com osmolaridades ainda maiores. Nas primeiras 12 horas
depois da ingestão de dose única de antiinflamatórios não hormonais do tipo
ibuprofeno, indometacina ou naproxeno, pode ocorrer alteração da permeabilidade
intestinal em voluntários sadios, voltando aos valores normais entre um e quatro dias
(BJARNASON et al., 1986). Para excluir a possibilidade da diferença entre o grupo
com tuberculose e sem tuberculose ser atribuída à diferença na osmolaridade, a
solução teste utilizada, ela foi preparada artesanalmente com todo o rigor, no mesmo
laboratório, pelo mesmo técnico, e utilizou-se mesmo procedimento, inclusive para o
acondicionamento. Além disso, a solução-teste foi administrada aos diferentes
grupos pelo mesmo investigador.
Fatores constitucionais, como sexo e idade, não parecem ser variáveis de
importância para alterações da permeabilidade intestinal. A excreção urinária de
lactulose e de manitol parece diminuir a partir dos 75 anos, sem interferir na relação
L/M (SAWIERS et al., 1985; SALTZMAN et al., 1995). Na amostra recrutada para o
estudo, não houve diferença significativa na distribuição quanto a sexo e idade nos
grupos de casos e de controles.
105
Como houve diferença no estado nutricional dos dois grupos, a diferença na
excreção urinária de lactulose e manitol poderia ser atribuída, pelo menos
parcialmente, ao aumento da permeabilidade intestinal em desnutridos (BREWSTER
et al., 1997; WELSH et al., 1998) que estavam presentes apenas no grupo de casos.
Os estudos de Van der Hulst et al. (1998) mostram que a desnutrição leva a
atrofia da mucosa, reduz a altura das vilosidades intestinais, a profundidade das
criptas intervilosas, altera a perrmeabilidade intestinal e reduz intensamente a área
de absorção intestinal de nutrientes. Apesar de essas alterações serem freqüentes,
elas não ocorrem em todos os casos, o que talvez seja um motivo para resultados
contraditórios na avaliação da permeabilidade intestinal. Outros estudos têm
corroborado os achados de ruptura da função de barreira intestinal e aumento da
permeabilidade a macromoléculas, aumento na translocação bacteriana (BARBOZA
Jr. et al.,1999; LUNN; NORTHROP-CLEWES; DOWNES, 1991a, 1991b;
CAMPBELL; ELIA, 2003; LUNN, 2000)
Uma outra possibilidade é que a própria tuberculose possa ser a responsável
por essa alteração na permeabilidade intestinal. Os parâmetros inflamatórios
intestinais estudados por Pinheiro (2003) em pacientes com tuberculose sinalizam
para a existência de processo inflamatório intestinal sem associação com a presença
de parasitoses. Considera-se que a tuberculose pulmonar induz o aumento de
citocinas que poderiam ter um efeito lesivo direto na mucosa intestinal destruindo as
microvilosidades, alterando a permeabilidade intestinal com repercussão na
absorção intestinal (MEHTA et al., 2001); ou ainda que as citocinas inflamatórias, por
mecanismos autócrinos ou parácrinos, atraiam polimorfonucleares, que podem
alterar mecanicamente as zonas de oclusão (tight junctions) para permitir sua
passagem da corrente circulatória para a luz intestinal
(MADARA
, 1990).
Payne e Kubes (1993) e Schleiffer e Raul (1996) demonstraram a redução
da permeabilidade intestinal após a administração de L-arginina (doador de NO) em
animais submetidos à isquemia e à lesão de reperfusão intestinal, e piora da lesão
com conseqüente aumento da permeabilidade intestinal em animais onde foi dado
inibidor de NO. Uma maior liberação de NO nas lesões do epitélio intestinal parece
funcionar como mecanismo de proteção, entretanto, o excesso de NO é
106
potencialmente patogênico. O óxido nítrico tem sido relacionado com o relaxamento
dos esfíncteres, com a mobilidade intestinal e com a regulação do fluxo sanguíneo
intestinal.
Neste estudo observou-se redução da lactulose excretada na urina de casos,
corroborando a hipótese de que o processo inflamatório produzido pela infecção
reduziria o espaço intercelular (zonas de oclusão), reduzindo a absorção paracelular,
o que pode ter repercussão na absorção de medicamentos utilizados para o
tratamento da doença. Esses achados estão de acordo com os resultados
encontrados por Pinheiro et al. (2006) e Mehta et al. (2001). Ao contrário do que foi
observado no estudo de Pinheiro et al. (2006) não se observou diferença entre
casos e controles na excreção de manitol, sugerindo que não havia
comprometimento da área de absorçào transcelular. É possível que o estado
nuticional mais comprometido no estudo de Pinheiro et al. (2006), possa ter
contribuído para esse comprometimento. A redução da relação lactulose/manitol que
foi observada nos dois estudos também chama a atenção. Em geral, é considerada
anormal uma relação lactulose/manitol aumentada, como ocorre na diarréia. No
estudo de Pinheiro et al. (2006), houve redução tanto no numerador quanto no
denominador da fração, de modo que não houve redução significativa nessa relação.
Nesta pesquisa, houve redução nessa relação às custas da redução no numerador
apenas. A tuberculose pode estar associada à produção de citocinas que atuariam
nas zonas de oclusão, seja no citoesqueleto de actina ou nas proteínas intrínsecas
dessa região (WALSH; HOPKINS; NUSRAT, 2000).
Esses resultados podem estar relacionados com redução da absorção de
drogas, inclusive antituberculose, por via paracelular.
O uso de álcool no grupo estudado é outro fator a ser considerado como
causa de alteração da permeabilidade intestinal.
Os estudos de Keshavarzian et al. (1994) sobre a excreção urinária de
lactulose e manitol mostram resultados diferentes na intoxicação alcoólica aguda e
no etilismo crônico. Segundo esses autores, não foram encontradas alterações
significativas na excreção urinária de lactulose e manitol após doses intravenosas e
107
orais de etanol em pacientes não alcoólatras. Porém, em etilistas crônicos, a razão
lactulose/manitol aumentou quando comparados a voluntários sadios, devido à
menor absorção de manitol. Esses parâmetros voltaram à normalidade após um
período de abstinência entre 7 e 14 dias.
O mecanismo pelo qual o álcool altera a permeabilidade intestinal não
está esclarecido. Ma et al. (1999) demonstraram que o etanol em doses menores
que 10% produziu uma quebra progressiva da proteína ZO-1, com conseqüente
separação das junções celulares e formação de gaps entre as células epiteliais e,
como conseqüência, foi observado um aumento da permeabilidade intestinal via
paracelular.
As informações sobre etilismo crônico são em sua maioria subjetivas e de
difícil aferição. Mas a freqüência de sua associação com a tuberculose está bem
estabelecida; além disso, o etilismo crônico pode dar lugar a uma série de alterações
no tubo digestivo, algumas das quais tendo como conseqüência a má absorção de
nutrientes como a tiamina, o ácido fólico, a vitamina B12 e o ferro, entre outros.
Como resultado, quase sempre se observam anemia e desnutrição em pacientes
alcoólatras.
A proporção de alcoolistas entre o total de voluntários estudados foi
elevada (55,3%). A classificação é difícil e as respostas dos usuários habituais de
álcool nem sempre são precisas, causando a possibilidade de imprecisão dessa
proporção. Mesmo entre os voluntários que informaram que haviam parado de fazer
uso de bebidas alcoólicas, muitos o fizeram há menos de um ano, e a maioria
desses, ao iniciar o tratamento, em geral por acreditar que não poderiam tomar
medicação e bebida alcoólica ao mesmo tempo.
5.2 Biodisponibilidade das drogas antituberculose
A primeira dúvida que surge quando uma droga não atinge o nível sérico
esperado após a ingestão é se ela realmente foi ingerida. Neste estudo, a droga foi
administrada pelo mesmo pesquisador a todos os voluntários; e todos os casos
estavam aderindo ao tratamento diretamente observado, comparecendo
108
regularmente ao Centro de Saúde para as doses supervisionadas e participando da
pesquisa de forma voluntária. Dessa forma, não haveria nenhum motivo aparente
para os voluntários receberem os medicamentos, colocá-los na boca e não engoli-
los, uma vez que esse procedimento foi realizado no próprio Centro de Saúde.
Uma segunda hipótese vem em seguida: uma vez tendo tomado o
medicamento, será que ele realmente continha os princípios ativos dos
medicamentos que seriam dosados na quantidade prevista?
Os laboratórios produtores dos medicamentos forneceram a certificação
do controle de qualidade interno. A dosagem de rifampicina e isoniazida, drogas que
apresentaram níveis séricos mais baixos, tinham os níveis esperados nas cápsulas,
o que foi revisto e confirmado; desse modo, a baixa biodisponibilidade não pode ser
atribuída à baixa concentração do princípio ativo na cápsula. Um laboratório de
referência, não relacionado aoslaboratórios produtores, realizou novas dosagens
depois da administração dos medicamentos a todos os casos e controles. Os
medicamentos estavam acondicionadas do mesmo modo que os que foram
administrados, confirmando que não houve problema de estocagem nem de
fabricação que comprometesse a concentração dos medicamentos (PELIZZA et al.,
1977).
Vários trabalhos chamam a atenção de que, embora o teste de dissolução
da droga possa ser utilizado como guia para assegurar a biodisponibilidade,
formulações com boa dissolução, algumas vezes são pouco absorvidas ou vice
versa (PELIZZA et al., 1977; BUNIVA et al., 1983; ACOCELLA, 1989; ASPESI,
1989). Assim, a forma mais segura de avaliar se a droga está atingindo a concentração
sérica desejada é através da análise por Cromatografia Líquida de Alta Pressão
(HPLC).
Em relação a rifampicina, em que há redução dos níveis séricos tanto em
casos quanto em controles, resta uma pergunta: na preparação utilizada no estudo,
teria a droga as mesmas propriedades que tem a droga utilizada para o
estabelecimento dos parâmetros séricos normais esperados? Diversos estudos têm
sido realizados comparando diferentes preparações de rifampicina, em que se
obtiveram resultados semelhantes (CHOUCHANE et al., 1995; PAHKLA et al.,
1999), entretanto, os cristais de rifampicina demonstram polimorfismo (HENWOOD
109
et al., 2000) o que pode ser responsável por diferenças na biodisponibilidade da
droga (STORPIRTIS et al., 2004).
Uma outra condição para reduzir a biodisponibilidade das drogas seria a
interação com alimentos ou outras drogas, mas, foi solicitado a todos os casos que
viessem em jejum e, pelo que se pôde observar, não fizeram uso de drogas durante
o período do exame. Durante o intervalo entre tomar o medicamento e fazer a
primeira coleta de sangue, os casos permaneceram com o pesquisador, envolvidos
com o preenchimento do formulário e pesagem. A primeira refeição aconteceu
depois da coleta da primeira amostra de sangue, duas horas depois da ingestão do
medicamento.
O uso de rifampicina e isoniazida na mesma preparação farmacológica
pode levar a problemas na absorção das drogas. Singh (2001) observou um
aumento da degradação gástrica da rifampicina quando ingerida na mesma
preparação da isoniazida.
Outra possibilidade que poderia ser aventada para justificar os resultados
encontrados seria a coleta do sangue antes que a concentração sérica tivesse
atingido seu pico máximo. Espera-se que o pico máximo seja atingido em duas
horas (MEHTA et al., 2001), no entanto, mesmo em pacientes em que a absorção
acontece de uma forma retardada, ela ocorre entre duas horas e seis horas após a
ingestão. A dosagem das drogas nesses dois tempos é capaz de distinguir entre
absorção retardada e má absorção (PELOQUIN et al., 1999). Considerando as
dosagens de rifampicina, mesmo nos doze casos em que a concentração da droga
foi maior (seis horas após a ingestão), os níveis plasmáticos normais esperados não
foram atingidos, caracerizando má absorção e não apenas absorção retardada. Dos
dezesseis controles que tiveram pico máximo depois de duas horas, treze também
não alcançaram as concentrações normais esperadas. Eventualmente o pico
máximo pode ser atingido antes das duas horas depois da ingestão, entretanto,
quando isso ocorre, em geral ainda é possível detectá-lo duas horas depois da
ingestão (PELOQUIN, 2002).
O fato de não ter sido feita uma dosagem das drogas no tempo “zero”, isto
é, antes da ingestão dos medicamentos, poderia suscitar a dúvida de que os casos
pudessem ter níveis mais altos de concentração sérica em virtude de valores
110
residuais de doses tomadas nos dias anteriores. Porém, os estudos de Peloquin
(1997) demonstram que, mesmo com doses diárias, sete meias-vidas ocorrem entre
as doses, de forma que mais de 99% da droga é eliminada dentro de 24 horas,
exceto em pacientes com insuficiência hepática, o que não era o caso de nenhum
dos voluntários. Mesmo que tivesse havido dose residual das drogas
antituberculose, essa dose aumentaria a concentração sérica das drogas e neste
estudo as concentrações séricas estão baixas.
Mehta et al. (2001) lembram que indivíduos com tuberculose pulmonar
freqüentemente têm hipoalbuminemia. A diminuição das proteínas do plasma reduz
a capacidade de ligação das drogas, o que pode aumentar a quantidade da droga
não ligada à proteína e conseqüentemente seu clearance,. no entanto a redução nas
proteínas plasmáticas parece reduzir o total de droga disponível no organismo, mas
não o total livre, que é a parte detectável nesse estudo (HOLFORD, 2001). A média
plasmática de albumina foi menor nos casos, do que nos controles, no entanto, a
média está dentro dos limites considerados normais nos dois grupos. De modo que
essa diferença não seria suficiente para explicar a redução da biodisponibilidade das
drogas.
Kimerling et al. (1998) observaram disponibilidade sérica aumentada de
rifampicina em indivíduos dependentes de álcool. São propostos como mecanismos
para a má absorção das drogas antituberculose a destruição de vilosidades
intestinais por linfocinas, a tuberculose gastrintestinal não diagnosticada, o
supercrescimento bacteriano e a doença celíaca pré-existente (MEHTA et al. 2001).
Nenhum dos casos tinha manifestações clínicas de síndrome disabsortiva,
entretanto ela pode ser subclínica. Na amostra estudada, a dependência do álcool
alterou a correlação entre concentração máxima de pirazinamida e concentração
urinária de manitol.
Tem-se que considerar então que os baixos níveis séricos das drogas
observados podem estar relacionados com mal-absorção intestinal baseado nas
alterações da permeabilidade intestinal verificadas. No presente estudo, contudo, a
comparação em nível de inferência estatística entre os valores das concentrações
séricas da rifampicina em níveis normais esperados ou abaixo dele para as variáveis
manitol, lactulose e lactulose/manitol não foi possível ser feita devido ao pequeno
111
número de casos em cada classe (nível normal esperado = um caso; abaixo do nível
normal esperado = 6 casos).
CONCLUSÃO
113
6 CONCLUSÃO
Os resultados do estudo da barreira funcional intestinal sugerem que há
alteração no transporte paracelular no epitélio intestinal nos pacientes com
tuberculose pulmonar ativa e que não existe comprometimento significativo no
transporte transcelular.
Os resultados de biodisponibilidade mostraram redução da
biodisponibilidade de rifampicina nos pacientes com tuberculose pulmonar ativa e
nos controles e que essa redução foi significativamente maior nos pacientes com
tuberculose pulmonar ativa, quando comparada aos voluntários sadios.
Quando se compararam os grupos de estudo, observou-se que existe
redução da biodisponibilidade de isoniazida nos pacientes com tuberculose
pulmonar ativa e nos controles.
A biodisponibilidade da pirazinamida não foi alterada nos casos, nem nos
controles e não houve diferença entre os dois grupos. A pirazinamida foi o fármaco
melhor absorvido por todos os indivíduos do estudo.
A biodisponibilidade de rifampicina e isoniazida não apresentou correlação
significativa com as alterações observadas na barreira funcional intestinal depois da
correção pelo estado nutricional e dependência do ácool, sugerindo que outros
fatores farmacocinéticos podem estar envolvidos nessas alterações.
.
114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
115
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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surveillance, planning, financing. Geneva, 2006.
126
8. APÊNDICES
127
Apêndice A
CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO DA
BIODISPONIBILIDADE DE ISONIAZIDA, RIFAMPICINA E PIRAZINAMIDA E
PERMEABILIDADE INTESTINAL EM PACIENTES COM TUBERCULOSE
PULMONAR
Convidamos você, ___________________________________________, a fazer parte do “Estudo da
biodisponibilidade de isoniazida, rifampicina e pirazinamida e permeabilidade intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar”.
Nosso objetivo é descobrir se os medicamentos usados para o tratamento se concentram no sangue suficiente para
o matar o bacilo da tuberculose e contribuir para reduzir o desenvolvimento de resistência dessas bactérias ao
tratamento.
O que acontecerá com você?
Você tomará a isoniazida, rifampicina e pirazinamida, medicamentos utilizados para tratar tuberculose;
Meia hora depois de tomar os comprimidos, você tomará uma solução de lactulose/ manitol.
Nesse dia da pesquisa, você será medido, pesado e responderá a um questionário
Serão coletados 15ml a 20ml de sangue, duas horas depois de tomar a medicação e mais 8ml a 10ml, seis
horas depois de tomar a medicação.
Você coletará sua urina durante seis horas para dosar a quantidade de açucares e a quantidade de
medicamentos eliminados na urina.
Uma amostra de fezes também será coletada no primeiro dia para pesquisa de parasitas intestinais.
Benefícios
A descoberta de que as doses usadas para o tratamento da tuberculose não são suficientes para eliminar o bacilo
da tuberculose indicará a necessidade de ajuste de dose e da busca de outros medicamentos que colaborem para
uma concentração adequada.
Por outro lado, se as doses já estão ajustadas, confirmará que as doses estão adequadas ao tratamento.
Riscos
Não se conhecem efeitos colaterais da lactulose e do manitol nas doses utilizadas e os riscos são mínimos.
Eventualmente, a medicação específica para tuberculose pode causar prurido e mal estar gastrintestinal. O risco de
hematoma na coleta de sangue será minimizado com o uso de algodão e leve pressão local.
Sigilo
Os questionários serão mantidos em segredo quanto à sua identificação. Os pesquisadores, representantes do
Comitê de Investigação Humana e representantes legais das instituições que colaboram com a pesquisa poderão
inspecionar os documentos e questionários do estudo.
A quem contactar
Pessoa de contato em caso de dúvidas: Prof. Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima, Unidade de Pesquisa Clínica -
HUWC & Instituto de Biomedicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, fone (85) 4009-8445
ou 4009-8437. Outras pessoas para contato: Profa. Dra. Helena Serra Azul Monteiro (85) 4009-8437. Mônica
Cardoso Façanha – 4009-8044.
Livre para sair
Você é livre para sair do estudo, em qualquer época que desejar, sem nenhum prejuízo para os cuidados de saúde
recomendados pelos médicos ou enfermeiros, que acompanham o tratamento de sua doença.
Assinatura do voluntário Membro do grupo de pesquisa
Data: ____/____/____
Testemunha
Data da aprovação: ____/____/____ Data de validade: ____/____/____
128
Apêndice B
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Medicina/ Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de biomedicina
Projeto: Biodisponibilidade de Drogas Antituberculose
ENTREVISTA DE TRIAGEM
Identificação do Voluntário ____ ___ ____
Unidade Centro de Saúde Carlos Ribeiro Data da Entrevista:
_____/____/_____
Nome
Critérios de Inclusão
1.Data do início do tratamento: ____/____/___
2.Drogas para tratamento 1 RM + INH + PZA 2 Outras
3. Baciloscopia 1 Positiva 0 Negativa
Critérios de Exclusão
Apresentava as seguintes doenças ou condições no momento do diagnóstico de TB
3.Gravidez 0 Não 1 Sim 9 Ign 8 Não se aplica
4. Diabetes 0 Não 1 Sim 9 Ign
5. AIDS 0 Não 1 Sim 9 Ign
6. Tem Doença intestinal? 0 Não 1 Sim 9 Ign
7. Teve diarréia nos últimos 14 dias? 0 Não 1 Sim 9 Ign
8. Outra doenças sérias como insuficiência renal, hepática, câncer? 0 Não 1 Sim 9 Ign
9. Qual? ______________________________
10.. Seleção: 0 Não Selecionado 1 Sim Incluído
11. Responsável pela seleção:
_________________________________________________________________________
129
Apêndice C
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Medicina/ Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de biomedicina
Projeto: Biodisponibilidade de Drogas Antituberculose
QUESTIONÁRIO
Identificação do Voluntário _______________
Unidade Centro de Saúde Carlos Ribeiro Data da Entrevista: _____/____/_____
I- Identificação e informações sócio-demográficas no momento do tratamento da TB
1. Nome 2. No. do prontuário
3. Endereço residencial: 4. Bairro:
5. Ponto de referência: 6. Fone
7. Data de nascimento / /___ 8. Idade: _______ (em anos)
9. Sexo 0 feminino 1 masculino
10. Estado civil: 1 Solteiro 2 Casado 3 Viúvo 4 Divorciado 5 Outros _____________ 9 Ign
11. Naturalidade: _____________(se brasileiro, assinalar Estado; se estrangeiro País) 9 Ign
12. Tempo de residência na Cidade [anos]: ___ 99 Ign 13.Escolaridade [anos de estudo formal]:__ 99 Ign
14. Ocupação: _______________ _________________
1 Gp0/1 2 Gp2 3 Gp3 4 GP4 5GP5 GP 6 7 GP 7 9 Ign 6
15. Situação profissional: 1 vinculo empregatício 2 autônomo 3 aposentado
4 licença médica 5 desempregado
16.Renda R$ ______
III - História pregressa
17. Qual é a bebida de sua preferência? _______________, se referir bebida alcoólica passe para questão 44
18. Qual é a bebida alcóolica de sua preferência? ___________________ Não bebe álcool
19. há quanto tempo o Sr. não ingere bebida alcoólica ?
0 Nunca bebeu 1 não bebe a há mais de um ano 2 parou de beber a menos de um ano
20. Alguma vez o Sr. sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber? 0 Não 1 Sim
21. As pessoas o aborrecem porque criticam seu modo de beber? 0 Não 1 Sim
22. O Sr. Costuma beber de manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca? 0 Não 1 Sim
23. O Sr fica chateado ou se sente culpado pela maneira de como costuma beber? 0 Não 1 Sim
24. Com que freqüência o Sr. toma bebida alcoólica?
1. todos os dias 2. 4 a 6 vezes por semana 3. 1 vez por semana 4. 1 a 2 vezes por mês
5. menos de uma vez por mês
25. O Sr. usa algum tipo de droga entorpecente ? 0 Não 1 Sim 2 no passado 9 Ign
26. Qual? 0 cocaína inalada 1 cocaína injetável 2 crack 3 maconha 4 outra _________
27. Já fez exame para HIV? 0 Não 1 Sim
28. Data Exame HIV ____/___/___ 29. Resultado HIV 0 Negativo 1 Positivo
130
IV - História da doença no momento do diagnóstico da TB
Quais os sintomas presentes no momento do diagnóstico
29. Tosse com escarro: 0 Não 1 Sim 9 Ign
30. Tosse seca sem escarro: 0 Não 1 Sim 9 Ign
31. Escarro com sangue: 0 Não 1 Sim 9 Ign 51. Emagrecimento: 0 Não 1 Sim 9 Ign
32. Porque o Sr. procurou o médico? 1 tosse 2 emagrecimento 3 suores noturnos 8 outros _____
Data Peso Altura IMC Circ Braquial
Dia 0 _____/______/______ g cm cm
Resultados de exames laboratoriais
Baciloscopia1 1 Positiva 0 Negativa 9 Ign Data Bacilosc1 ____/____/___
Baciloscopia2 1 Positiva 0 Negativa 9 Ign Data Bacilosc2 ____/____/___
Cultura 1 Positiva 0 Negativa 9 Ign
Sensibilidade: INH 0 Sensível 1 Resistente 9 Ign RMP 0 Sensível 1 Resistente 9 Ign
PZA 0 Sensível 1 Resistente 9 Ign
Responsável pelo preenchimento do questionário: __________________________________
Observações:
131
Apêndice D
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Medicina/ Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina
Projeto: Estudo de biodisponibilidade de drogas antituberculose e permeabilidade intestinal
em pacientes com tuberculose pulmonar antes e depois do uso de alanil-glutamina
PLANILHA DE RESULTADOS DE EXAMES – Etapa 1
Identificação do Voluntário ____ ____ ____
Unidade _______________ ________________ Data da Entrevista: _____/____/_____
Nome: ________________________________________________
Hemograma: 0 Não 1 Sim 9 Ign Data de resultado de exame hematológico ____/____/____
Ht Hb Leuc Eo Miel Meta Bast Seg Linf Mo Plaq
Ureia Creat Bilir T BbinaD BbinaI TGO TGP PrtTot Alb Glob
Ex fezes 0 Não 1 Sim 9 Ign Exames nas fezes Data ____/____/___
Pesq Leuc Lactoferrina Criptosp
Biodidponibilidade
0 Não 1 Sim 9 Ign
Permeabilidade intestinal 5h
0 Não 1 Sim 9 Ign
Excreção urinária 8h
0 Não 1 Sim 9 Ign
DtBioD1
2h
0 Não
6h
0 Não
DtPerm ___/___/__
Hora do início
DtExUrin __/__/__
___/___/__
1 Sim 1 Sim
Hora do final
Lactulose
RMUr
RMSang
Volume Urinário 5h
Manitol
AcRMUr
INHSang
Volume Urinário 8h
Lactulose/Manitol
INHUr2
PZASang
Vol Urin + 5ml
AcINHUr
IX - Observações
132
Apêndice E
Valores normais de testes bioquímicos em adultos utilizados como referência no
Hospital Universitário Walter Cantídio
Exame Mínimo Máximo
Glicemia 70 105 mg/dL
Uréia 10 50 mg/dL
Creatinina 0,7 1,2 mg/dL
Bilirrubina total 1,1 mg/dL
Bilirrubina direta 0,3 mg/dL
Bilirrubina indireta 0,1 0,8 mg/dL
AST homens 15 40 u/L
AST mulheres 13 35 u/L
ALT 30 65 u/L
Proteínas totais 6,6 8,7 mg/dL
Albumina 3,3 5,2 mg/dL
Globulina 1 3 mg/dL
133
8. ANEXOS
134
Anexo A
135
Anexo B
Jacarecanga
Mapa de Fortaleza por Secretaria Executiva Regional, 2005
Mapa do Bairro Jacarecanga, Secretaria
Executiva Regional I, Fortaleza, Ceará
Centro de Saúde Carlos
Ribeiro
Mapas de Fortaleza por Secretaria Executiva Regional, apontando o Bairro Jacarecanga na
Secretaria Executiva Regional I e do bairro Jacarecanga, apontando o Centro de Saúde
Carlos Ribeiro
136
Projetos aprovados por fontes financiadoras
137
Universidade Feral do Ceará
Faculdade de Medicina
Departamento de Fisiologia e Farmacologia
MÁ ABSORÇÃO DE ISONIAZIDA,
RIFAMPICINA, PIRAZINAMIDA E
RECUPERAÇÃO DA BARREIRA FUNCIONAL
INTESTINAL COM ALANIL-GLUTAMINA NA
TUBERCULOSE PULMONAR
Doutoranda: Mônica Cardoso Façanha
Orientador: Prof. Dr. ALDO ÂNGELO MOREIRA LIMA
Fortaleza –CE
2003
138
Índice
1. Justificativa e Caracterização do Problema 6
2. Objetivos e Metas 10
2.1 Objetivo geral 10
2.2 Objetivos específicos 10
2.3 Metas
11
3. Apoio Institucional 12
3.1 A Unidade De Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina
12
3.2 A Pós-Graduação em Farmacologia
13
4 Metodologia e Estratégia de ação 14
4.1 Local do estudo
14
4.2 População do estudo 14
4.3 Desenho do estudo 15
4.4 Intervenção clínica com alanil-glutamina 15
4.5 Verificação da biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida, e
pirazinamida em pacientes com tuberculose pulmonar antes e após o
uso de alanil-glutamina
16
4.6 Validação da dosagem urinária de rifampicina, isoniazida,
pirazinamida e seus principais metabólitos como medida indireta da
biodisponibilidade sérica antes e após o uso de alanil-glutamina
16
4.6 Validação da dosagem urinária de rifampicina, isoniazida,
pirazinamida e seus principais metabólitos como medida indireta da
biodisponibilidade sérica antes e após o uso de alanil-glutamina
16
4.8 Correlação da biodisponibilidade das drogas antituberculose com o
grau de lesão da barreira intestinal em pacientes com tuberculose
pulmonar antes e após o uso de alanil-glutamina
17
4.9 Avaliação do estado nutricional (IMC, albumina sérica) de pacientes
com tuberculose pulmonar, correlacionando com a função e o grau de
lesão intestinal antes e após o uso de alanil-glutamina.
18
4.10 Coleta de dados e acompanhamento 19
4.10.1 Dados demográficos, clínicos e laboratoriais 18
139
4.10.2 Tratamento, administração e duração 18
4.10.3 Monitoramento dos Efeitos Adversos 19
4.10.4 Monitoramento e duração da coleta de dados
19
4.11 Considerações Estatísticas
19
4.12 Aspectos éticos
20
5. Resultados e Impactos esperados 21
6. Riscos e Dificuldades 23
7.Cronograma de Atividades 25
8. Orçamento 27
9.Referências Bibliográficas 28
10. Apêndices 32
140
Título do projeto
Malabsorção de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e recuperação da barreira
funcional intestinal com alanil-glutamina na tuberculose pulmonar
Dados da Instituição de origem do solicitante:
Sigla: UFC
Nome completo: Universidade Federal do Ceará
CGC: 07272636-0001-31
Órgão: Faculdade de Medicina
Unidade: Departamento de fisiologia e Farmacologia
Endereço: Rua Cel. Nunes de Melo, 1127
Bairro: Porangabussu Cidade: Fortaleza Estado Ceará
CEP: 60430-270 Caixa Postal: 3157
DDD: 085 Fone: 3366-8437 Fax: 3366 -8444
Nome do dirigente responsável pela instituição: René Teixeira Barreira
Cargo: Reitor
Dados pessoais do solicitante:
Nome completo: Mônica Cardoso Façanha
CPF: 104727703-49
Endereço: Rua Pinto Madeira, 777, apto 701
Bairro: Centro Cidade: Fortaleza Estado: Ceará
DDD: 085 Fone: 3251-1549 Celular: 9991-8938
Dados sobre os principais investigadores envolvidos neste projeto
Nome Titulação Área de pesquisa CPF
Mônica Cardoso Façanha Mestre Doenças Infecciosas 104.727.703-49
Aldo Ângelo Moreira Lima Doutor Farmacologia 090.553.393-34
Valéria Goes Ferreira
Pinheiro
Doutor Pneumologia 044.996.203-25
Elizabeth Clara Barroso Mestre Pneumologia 088.118.143-91
Área de conhecimento predominante nas atividades desenvolvidas
pelos pesquisadores:
Farmacologia aplicada a doenças infecciosas
Obs.:
Este projeto foi apresentado e aprovado para financiamento pelo Edital
Universal do CNPq 2006.
141
Resumo
Este projeto tem como objetivo determinar a malabsorção, biodisponibilidade de drogas
antituberculose e o grau de disfunção da barreira funcional intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar. Avaliar a biodisponibilidade sérica das drogas antituberculose e
correlacionar com a excreção in natura e de seus metabólitos na urina. Ademais, o estudo
avalia o potencial de recuperação da barreira funcional intestinal lesada. A determinação da
biodisponibilidade das drogas antituberculose poderá redirecionar a terapêutica no sentido de
adequar as doses e prevenir possíveis falhas no índice de cura, bem como adiar o
aparecimento de multirresistência. As determinações indiretas pelas dosagens urinárias de
drogas antituberculose e seus metabólitos poderão ser úteis aumentando a praticidade das
avaliações de biodisponibilidade, pois o método tornar-se-á não invasivo e de fácil aplicação
em quaisquer situações de atendimento, inclusive na comunidade. Os pacientes serão
recrutados entre aqueles que se encontram em tratamento para tuberculose com rifampicina,
isoniazida e pirazinamida em Centro de Saúde de Fortaleza. A população alvo será constituída
pelos pacientes com tuberculose pulmonar, residentes no município de Fortaleza com idade
igual ou superior a 18 anos e em uso do esquema de tratamento antituberculose. O desenho
será de experimentação clínica aleatória utilizando-se controle duplo, para determinação do
efeito de suco de fruta enriquecido por alanil-glutamina sobre a permeabilidade intestinal e o
estado nutricional. Os pacientes com tuberculose pulmonar serão divididos em 3 grupos. Um
grupo receberá suco de fruta enriquecido com alanil-glutamina (8,5g de pó de alanil-
glutamina diluídos em 80 mL de suco de fruta), o segundo grupo deverá receber 80 mL de
suco de fruta enriquecido com glicina (8,5g) isonitrogênica e similar em sabor e aparência ao
suco enriquecido com alanil-glutamina e o terceiro grupo receberá 80 mL de suco de fruta
enriquecido com maltodextrina (8,5g). Cada paciente será designado aleatoriamente para um
dos grupos. As dosagens de INH e seu metabólito acetil-INH serão medidos pelo método de
HPLC descrito por Hutchings et al. (1983) e modificado por Gallicano et al. (1994). A
rifampicina e pirazinamida serão medidos pelos métodos descritos por Swart e Paggis. A
barreira funcional intestinal será avaliada pelo teste de lactulose/manitol e o estado nutricional
pelo índice de massa corporal e albumina sérica. Os parâmetros farmacocinéticos, área sob a
curva de concentração versus o tempo, pico de concentração máxima e tempo de meia-vida
serão calculados segundo descrição de Choudhri et al. (1997). Os indicadores antropométricos
do estado nutricional serão calculados utilizando-se o Epi-Info (vs 7.0).O teste t- pareado ou a
soma ranqueada Wilcoxon (para dados não paramétricos) serão utilizados para o exame da
mudança com o tempo dos dados antropométricos e de permeabilidade intestinal. A
142
significância estatística será aceita ao nível de 5% de probabilidade. Os principais resultados
se referem à elucidação de variação da biodisponibilidade das drogas antituberculose e à
possibilidade de melhora objetiva da função intestinal acarretando melhora nutricional do
paciente e concentração adequada das drogas no sangue reduzindo a possibilidade de
resistência microbiana. Isso porque, com a variação da biodisponibilidade predominantemente
para subnormal ou baixa, poder-se-á aventar a possibilidade de que venha a contribuir para o
desenvolvimento de resistência de M. tuberculosis. Se essa redução da concentração sérica
das drogas estiver correlacionada com a absorção intestinal, é possível que a intervenção com
alanil-glutamina possa melhorá-la. Caso haja correlação entre a dosagem sérica e a urinária,
as avaliações de biodisponibilidade, através de dosagens urinárias, tornar-se-á mais facilmente
aplicável.
143
1. Justificativa e Caracterização do Problema
A tuberculose (TB) continuava crescendo numa taxa de 0,6% ao ano em 2004,
estimando-se a existência de 8.918.000 casos novos, incidência de 140 casos por cem mil
habitantes, 3,9 milhões com baciloscopia positiva (62/100.000) e 741.000 em adultos
portadores de infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Havia 14,6 milhões
de casos (prevalência de 229/100.000) e 6,1 milhões com baciloscopia positivas. Mais de 80%
dos casos novos de 2004 eram da África, Sudeste da Ásia e regiões do Pacífico ocidental.
Estimam-se os óbitos em 1.700.000 (27/100 000), incluindo os co-infectados com HIV
(248.000) (WHO 2006a; WHO 2006b). A TB nunca deixou de ser problema de saúde pública
nos países subdesenvolvidos. Nos países desenvolvidos houve recrudescimento com o
advento da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS).
Comparado a um indivíduo não infectado por HIV, o indivíduo infectado apresenta
risco 10 vezes maior de desenvolver tuberculose. Tuberculose continua sendo uma das
infecções oportunistas mais freqüentes associadas à AIDS. Em estudo realizado no sudeste do
Brasil, cerca de um terço dos pacientes haviam tido tuberculose, por ocasião da internação
mais recente (Nobre et al., 2005).
Entre 1980 e 2003 foram informados 1.935.600 casos de tuberculose no Brasil e
119.634 óbitos com letalidade de 6%. Indivíduos em fase economicamente ativa (entre 15 e
50 anos) representam 75% dos casos de tuberculose. A mortalidade é considerada baixa,
variando nas diferentes capitais do Brasil entre 3 e 16/100.000 habitantes. Os índices de cura
giram em torno de 75% e o abandono dos pacientes que iniciam tratamento, está na faixa dos
14%. A Região Nordeste tem contribuído com dados estatísticos alarmantes. No Ceará, entre
1980 e 2004, foram registrados 97.971 casos (Brasil, http://portal.saude.gov.br/). No ano de
2004 a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará registrou incidência de 49 casos por cem mil
habitantes (Ceará, 2005a). Fortaleza é considerada município prioritário para o controle da
tuberculose por ter o maior número de casos e maior incidência de TB no Ceará. Em 2003
haviam sido informados 1.799 casos e incidência de 79,7/100.000 habitantes (Ceará, 2005b).
Depois da epidemia de AIDS foram registrados numerosos surtos epidêmicos de
tuberculose multirresistente (TBMR) em co-infectados com o HIV (Monno et al., 1991;
Barnes et al., 1991;.Fischl et al., 1992; Edlin et al., 1992, Beck-Sague et al., 1992; Frieden, et
al., 1993; Laszlo, et al., 1994). Estima-se que 3,2% do total de casos de TB no ano 2000
144
tenham sido multiresistentes e que no Brasil essa proporção tenha sido de 1%. (Dye et al.,
2002).
O aparecimento de cepas multirresistentes de M. tuberculosis (TBMR), preocupação
mundial de todos os programas de controle da tuberculose, é produto de tratamentos
inadequados, incluindo uso de esquemas ou doses incorretas; intolerância medicamentosa;
não adesão ou abandono do tratamento e até falhas no fornecimento da medicação. Outros
fatores podem estar sendo subestimados como a qualidade da medicação antituberculose
ofertada e fatores capazes de alterar a biodisponibilidade dessas drogas. Estudo de prevalência
de TBMR em 1500 amostras de escarro coletadas entre 1990 e 1999 no Estado do Ceará
demonstrou que 404 cepas (27%) foram resistentes à pelo menos uma droga e 266 (17,7%)
eram cepas multirresistentes, ou seja, resistentes a duas ou mais drogas (Barroso et al., 2000).
O tratamento da tuberculose fornecido gratuitamente pelo sistema público de saúde
pressupõe a utilização de drogas de boa qualidade e a necessidade de boa absorção intestinal
das drogas. Quando isso não ocorre, é possível que o tratamento esteja sendo feito com sub-
doses, o que pode comprometer o resultado final do tratamento, contribuir para o
desenvolvimento e disseminação de multirresistência, o que atualmente representa a
preocupação mundial de todos os programas de tuberculose.
Turner e cols em 1994 sugerem que a malabsorção de drogas antituberculose deve ser
sempre investigada como uma entre as muitas razões da falência ou recaída após terapia, em
pacientes aderentes ao tratamento. Vários estudos têm demonstrado que determinados grupos
de pacientes apresentam alterações no perfil farmacocinético das drogas antituberculose
(Peloquin, 1997, Tappero et al., 2005). A maior parte deles se refere a pacientes com AIDS
e
tuberculose pulmonar (Berning, 1992) os quais, com grande freqüência apresentam baixas
concentrações séricas das drogas antituberculose. A tuberculose como doença endêmica entre
nós merece ser estudada quanto a esse aspecto, devido às implicações sérias da seleção e
disseminação de bacilos multirresistentes (Barroso et al., 2000).
Na realidade, poucos são os estudos na literatura avaliando a relação existente entre as
alterações na função intestinal e a extensão de absorção de drogas determinada por estudos
farmacocinéticos (Chiou, 1995). Um dos mais importantes achados é que existe uma boa
correlação entre a medida efetiva da permeabilidade intestinal humana por técnicas de
perfusão intestinal e a extensão da absorção de drogas medida através de estudos
farmacocinéticos em humanos. Testes de integridade intestinal com xylose e lactulose/manitol
têm sido utilizados. O teste de xilose foi utilizado em 29 pacientes com aids e tuberculose e
145
15 com tuberculose sem aids para avaliar a hipótese de redução da biodisponibilidade de
rifampicina isoniazida e pirazinamida nos pacientes com a co-infecção HIV/TB (Choudri et
al. 1997). O estudo evidenciou baixa absorção de xilose nos dois grupos, sem diferença na
biodisponibilidade.
O teste de lactulose/manitol demonstrou disfunção e lesão intestinal em pacientes
portadores de infecção por HIV (Lima et al., 1997) mesmo na ausência de diarréia, sendo
mais evidente quando havia associação com criptosporidiose ou microsporidiose. Barbosa Jr
et al. 1999 evidenciaram comprometimento da integridade intestinal de crianças cearenses
com doenças diarréicas. Brantley et al., 2003, estudando pacientes portadores de HIV/AIDS
acompanhados no Hospital São José de Doenças Infecciosas em Fortaleza-Ceará, demonstrou
importante redução nas concentrações sanguíneas de estavudina e didanosina em pacientes
portadores de infecção por HIV
com diarréia, quando comparados a pacientes sem diarréia,
evidenciando a relação entre alterações intestinais e a biodisponibilidade de drogas. Buschen
et al., 2004 demonstraram melhora da biodisponibilidade de drogas utilizadas para tratamento
antiretroviral com o uso de alanil-glutamina e de glutamina. Lima et. al. evidenciaram
restauração ba barreira intestinal funcional de crianças desnutridas com o uso de alanil-
glutamina.
Estudo piloto sobre a permeabilidade intestinal e a biodisponibilidade de drogas
antituberculose em pacientes com tuberculose pulmonar ativa atendidos no Hospital de
Maracanaú-CE e conduzido
por Pinheiro et al. 2003 mostrou a redução da biodisponibilidade
das drogas e alterações na permeabilidade intestinal (Pinheiro, 2003).
146
2. Objetivos e Metas
2.1 Objetivo geral
Este projeto tem como objetivo geral determinar a malabsorção, biodisponibilidade de
drogas antituberculose e o grau de disfunção da barreira funcional intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar. Avaliar a biodisponibilidade sérica das drogas antituberculose e
correlacionar com a excreção in natura e de seus metabólitos na urina. Ademais, o estudo
avalia o potencial de recuperação da barreira funcional intestinal lesada nos pacientes com
tuberculose pulmonar. A determinação da biodisponibilidade das drogas antituberculose
poderá redirecionar a terapêutica no sentido de adequar as doses e prevenir possíveis falhas no
índice de cura, bem como adiar o aparecimento de multirresistência às drogas consideradas de
primeira linha no tratamento da tuberculose. As determinações indiretas pelas dosagens
urinárias de drogas antituberculose e seus metabólitos poderão ser úteis aumentando a
praticidade das avaliações de biodisponibilidade, pois o método tornar-se-á não invasivo e de
fácil aplicação em quaisquer situações de atendimentos, inclusive na comunidade.
2.2 Objetivos específicos:
2.2.1 Verificar a biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida, e pirazinamida em
pacientes com tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-glutamina;
2.2.2 Validar a dosagem urinária de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e seus principais
metabólitos como medida indireta da biodisponibilidade sérica antes e após o uso de
alanil-glutamina;
2.2.3 Determinar a capacidade absortiva e permeabilidade intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-glutamina;
2.2.4 Correlacionar a biodisponibilidade das drogas antituberculose com o grau de lesão da
barreira intestinal em pacientes com tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-
glutamina;
2.2.5 Avaliar o estado nutricional (IMC, albumina sérica) de pacientes com tuberculose
pulmonar, correlacionando com a função e o grau de lesão intestinal antes e após o uso
de alanil-glutamina.
2.3 Metas:
147
2.3.1 Aumentar o conhecimento sobre a biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida, e
pirazinamida em pacientes com tuberculose pulmonar.
2.3.2 Validar a dosagem urinária das drogas antituberculose como medida de sua
biodisponibilidade.
2.3.3 Identificar a freqüência com que a biodisponibilidade das drogas antituberculose está
reduzida nos pacientes com tuberculose pulmonar.
2.3.4 Apontar a deficiência na biodisponibilidade de drogas antituberculose como potencial
fator de risco para a redução no índice de cura e desenvolvimento de multirresistência
de M. tuberculosis.
148
3. Apoio Institucional
3.1 A UNIDADE DE PESQUISAS CLÍNICAS & INSTITUTO DE BIOMEDICINA:
A Unidade de Pesquisas Clínicas (UPC; www.upcibimed.ufc.br) tem sua origem
ligada ao curso de pós-graduação em Farmacologia (há 28 anos) e ao Convênio Internacional
de Pesquisa em Doenças Infecciosas entre a UFC e a University of Virginia, Charlottesville,
Va, USA (há 28 anos).
A UPC foi transferida recentemente para o novo prédio do Centro de Biomedicina e
apresenta um quadro permanente de pesquisadores da mais alta qualificação acadêmica, onde
82% (8/11) têm título de Doutor e 18% (2/11; um terminando doutorado) de mestre. A
relevância da qualidade de pesquisa é resumida através de mais de 150 publicações científicas
em revistas internacionais ("peer review") e cinco patentes internacionais reconhecidas. A
UPC apresenta um forte programa internacional de treinamento pessoal e colaboração em
pesquisa com a University of Virginia (28 anos), London School of Hygiene and Tropical
Medicine (4 anos), University of Missouri & University of Kentucky (4 anos). Através destes
programas, particularmente com a University of Virginia, a UPC promoveu o treinamento em
nível de pós-graduação e "postdoctoral fellows" para mais de 60 professores, "fellows" e
estudantes. A qualidade deste treinamento é acompanhada pelas posições acadêmicas de
nossos egressos na própria Universidade Federal do Ceará (UFC), na Universidade Estadual
do Ceará (UECE), e em outras instituições do Nordeste e Sudeste do País.
Os pesquisadores da UPC colaboram ativamente com o programa de Pós-Graduação em
Farmacologia (nível 6 CAPES), sendo responsável pela orientação desde o ano de 1989, de
46 dissertações de mestrado e 20 teses de doutorado. Isto representa aproximadamente
33% (46/141) e 40% (20/50) da formação de mestres e doutores, respectivamente, durante
este período (1989-2003) no curso de Pós-Graduação em Farmacologia, Faculdade de
Medicina, UFC. Os mesmos colaboram significativamente com outros programas de pós-
graduação na Faculdade de Medicina, como doutorado em Ciências Médicas (nível 5
CAPES), mestrado em Saúde Comunitária, mestrado em Patologia e mais recente no
mestrado em Microbiologia. Há mais de cinco anos, a UPC&IBIMED, UFC vem
desenvolvendo pesquisa, ensino e extensão em tuberculose em colaboração com o Centro
149
de Saúde Carlos Ribeiro da Secretária de Saúde do Município de Fortaleza, Ceará e o
Hospital Geral de Maracanaú no município de Maracanaú.
3.2 A PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA (Homepage: www.ufc.br):
O programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC se encontra consolidado,
NÍVEL 6 na CAPES. Outro marco do amadurecimento do Programa de Pós-Graduação é a
recente implementação do Mestrado Profissionalizante em Farmacologia Clínica, sub-área do
conhecimento originada da necessidade de se comprovar a eficácia, qualidade e segurança dos
fármacos em seres humanos, em função das leis que regulamentam o desenvolvimento,
produção e comercialização dos medicamentos. Embora os princípios da experimentação
farmaco-clínica tenham sido há muito estabelecidos em universidades européias e americanas,
as atividades de aplicação passaram a ser realizadas, nas últimas décadas, pelas próprias
indústrias farmacêuticas ou mediante a terceirização por contrato de outras organizações.
Desde a fundação do curso de Mestrado em Farmacologia em 1978 e a criação do curso de
doutorado em Farmacologia em 1991 foram defendidas até o ano de 2005, 210 dissertações de
mestrado, 89 teses de doutorado e 11 dissertações do mestrado profissionalizante. Atualmente
(2006) encontram-se matriculados no Curso de Pós-Graduação em Farmacologia 32 alunos de
mestrado profissionalizante, 50 alunos de mestrado e 55 alunos de doutorado (Total 137
alunos de pós-graduação).
150
4. Metodologia e Estratégia de ação
(A metodologia segue os objetivos específicos descritos no item 2.2)
4.1 Local do estudo.
Os pacientes serão recrutados entre aqueles que se encontram em tratamento para
tuberculose com rifampicina, isoniazida e pirazinamida no Centro de Saúde Carlos
Ribeiro, uma unidade de tratamento ambulatorial da tuberculose no município de
Fortaleza. No ano de 2002 foram notificados 1.720 casos de tuberculose e o Centro de
Saúde Carlos Ribeiro (CSCR) atendeu 140 pacientes deste total. O CSCR é uma das
unidades de saúde que faz tratamento supervisionado no município de Fortaleza, o que
significa que o paciente toma os medicamento antituberculose na no próprio CSCR três
vezes por semana, o que facilita o recrutamento e o acompanhamento dos pacientes.
4.2 População do estudo
A população alvo será constituída pelos pacientes com tuberculose pulmonar, residentes
no município de Fortaleza. Os pacientes selecionados para este estudo deverão ser
residentes no município de Fortaleza com idade igual ou superior a 18 anos e estar em
uso do esquema de tratamento com drogas antituberculose de primeira linha (RIP -
rifampicina, isoniazida e pirazinamida), o que significa que iniciaram o tratamento há
menos de dois meses, o diagnóstico de tuberculose deve ter sido feito por duas
baciloscopias e/ou cultura do escarro positiva e estar sendo atendidos no Centro de Saúde
Carlos Ribeiro, unidade de tratamento ambulatorial de Fortaleza – CE. Uma amostra
mínima de 26 pacientes com tuberculose pulmonar e de controles saudáveis foi calculada
para este estudo com base nos parâmetros farmacocinéticos (área sob a curva dosagem
sérica versus o tempo; pico máximo de concentração e tempo de meia-vida das drogas),
bem como o parâmetro de permeabilidade intestinal medido através do teste de
lactulose/manitol.
Critérios de inclusão: (a) ser maior de 18 anos, (b) residente em Fortaleza, (c) estar em
uso de RIP, (d) ter diagnóstico de tuberculose por baciloscopia e/ ou cultura, (e)
concordar em participar do estudo
Critérios de exclusão: (a) disfunção hepática ou renal; (b) cirurgia gastrintestinal prévia; e
(c) co-existência de doenças outras que possam interferir na avaliação farmacocinética
ou teste de permeabilidade intestinal.
151
Critérios de Desistência/Abandono: (a) pacientes que se recusem a beber o suco; (b)
manifestação de efeitos adversos como náusea, vômitos, cólicas abdominais
relacionadas à ingestão do suco de fruta.
Procedimentos de Inscrição – Aleatoriedade:
Cada paciente admitido no estudo será alocado através de uma aleatoriedade de
cluster, utilizando-se blocos aleatórios permutados de comprimentos adequados para
que possam receber ou o suco de fruta enriquecido com alanil-glutamina, ou o suco de
fruta enriquecido com glicina, ou o suco de fruta enriquecido com dextrina por um
período de 10 dias. Uma lista máster com o registro dos pacientes dos três grupos será
preparada por um indivíduo que não esteja envolvido no estudo. Esta lista máster será
guardada separadamente, lacrada na Unidade de Pesquisas Clínicas /UFC e só deverá
ser aberta no final do estudo com a aprovação dos Pesquisadores Responsáveis, ou na
hipótese inesperada de um paciente necessitar ser removido do estudo (para este caso,
somente).
4.3 Desenho do estudo:
Experimentação clínica aleatória utilizando-se controle duplo em residentes em Fortaleza
e em tratamento para tuberculose no CSCR, para determinação do efeito de suco de fruta
enriquecido por alanil-glutamina sobre a permeabilidade intestinal e o estado nutricional.
4.4 Intervenção clínica com alanil-glutamina.
Os pacientes com tuberculose pulmonar serão divididos em 3 grupos. Um grupo receberá
suco de fruta enriquecido com alanil-glutamina (8,5g de pó de alanil-glutamina diluídos
em 80 mL de suco de fruta), o segundo grupo deverá receber 80 mL de suco de fruta
enriquecido com glicina (8,5g) isonitrogênica e similar em sabor e aparência ao suco
enriquecido com alanil-glutamina e o terceiro grupo receberá 80 mL de suco de fruta
enriquecido com maltodextrina (8,5g). Cada paciente será designado aleatoriamente para
um dos grupos.
4.5 Verificação da biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida, e pirazinamida em
pacientes com tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-glutamina.
Hipótese I: Supomos que os níveis séricos de rifampicina, isoniazida e pirazinamida estejam
insuficientes nos pacientes com tuberculose e que o tratamento com alanil-
glutamina aumente estes níveis séricos dessas drogas anti-tuberculose.
152
Isoniazida (INH; 400 mg), rifampicina (RMP; 600 mg) e pirazinamida (PZA;
2.000 mg) serão administrados às 8 horas com o paciente em jejum a partir
da meia-noite. O sangue será coletado duas horas e seis horas após a
ingestão dos medicamentos. A INH e seu metabólito acetil-INH serão
medidos pelo método de HPLC descrito por Hutchings et al. (1983) e
modificado por Gallicano et al. (1994). A rifampicina e pirazinamida serão
medidos pelos métodos descritos por Swart e Paggis (1992) e Brouard et al.
(1985), respectivamente.
4.6 Validação da dosagem urinária de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e seus principais
metabólitos como medida indireta da biodisponibilidade sérica antes e após o uso de
alanil-glutamina.
Hipótese II: Presumimos que os níveis séricos de rifampicina, isoniazida e pirazinamida
estejam correlacionados com os níveis de excreção renal dessas drogas e de
seus principais metabólitos nos pacientes com tuberculose e que o tratamento
com alanil-glutamina aumente os níveis urinários dessas drogas anti-
tuberculose.
Será solicitado ao paciente que urine antes da ingestão das drogas, a urina será coletada
até as 14h (durante 6 horas), medida e uma alíquota separada para dosagem das
drogas antituberculose e seus metabólitos.
4.7 Determinação da capacidade absortiva e permeabilidade intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-glutamina.
Hipótese III: Presumimos que os níveis séricos de rifampicina, isoniazida e pirazinamida
estejam correlacionados com os níveis de excreção renal dessas drogas e de
seus principais metabólitos nos pacientes com tuberculose e que o tratamento
com alanil-glutamina aumente os níveis urinários dessas drogas anti-
tuberculose.
Para cada paciente, haverá uma coleta de urina nas seguintes datas do estudo:
dias 0º e 10º, e 1º, 4º, 6º meses após o período de suplementação oral.
Todos os pacientes irão ingerir uma solução teste contendo 5g de lactulose e 1g
de manitol dissolvidos em 20ml de água, após um jejum de 3h. Os pacientes
receberão 20 mL da solução teste. Haverá coleta da urina por 5 horas após a
153
administração da solução teste, o volume será registrado e uma alíquota será
preservada com clorhexidina (2.35 mcg/100 mL de urina) para análise do
açúcar. Os açúcares serão medidos na urina através de cromatografia líquida
de alta performance (HPLC), segundo método publicado pelo grupo
anteriormente (Barbosa et al., 1999). A INH e seu metabólito acetil-INH
serão medidos pelo método de HPLC descrito por Hutchings et al. (1983) e
modificado por Gallicano et al. (1994).
Amostras de sangue serão coletadas antes e após o tratamento (no máximo
após 1 semana após o final do período de tratamento) para dosagem de
micronutrientes.
Amostras de fezes também serão coletadas para estudo microbiológico nos
mesmos períodos descritos para amostra de sangue.
4.8 Correlação da biodisponibilidade das drogas antituberculose com o grau de lesão da
barreira intestinal em pacientes com tuberculose pulmonar antes e após o uso de alanil-
glutamina.
Hipótese IV: Presumimos que os níveis séricos de rifampicina, isoniazida e pirazinamida
estejam correlacionados com o grau de lesão da barreira funcional intestinal
nos pacientes com tuberculose e que o tratamento com alanil-glutamina reduza
a lesão e aumente os níveis séricos dessas drogas.
A correlação entre as dosagens séricas de rifampicina, isoniazida e pirazinamida e as de
lactulose, manitol e lactulose/ manitol urinários será usada para essa avaliação.
4.9 Avaliação do estado nutricional (IMC, albumina sérica) de pacientes com tuberculose
pulmonar, correlacionando com a função e o grau de lesão intestinal antes e após o uso de
alanil-glutamina.
Hipótese V: Supomos que a melhora na lesão da barreira funcional intestinal nos pacientes
com tuberculose com alanil-glutamina resulte na melhora do estado
nutricional nesses pacientes .
Medidas antropométricas – Para cada paciente inscrito no estudo, serão
tomadas as seguintes medidas antropométricas dos dias 0º e 10º e do 1º, 4º,
6º meses:
154
Peso será medido utilizando uma balança de pesagem graduada por
0,100Kg. O peso será arredondado aos 0,100kg mais próximos.
Altura: a altura será medida – com os indivíduos descalços – e arredondada
ao 0,1cm mais próximo, utilizando uma tábua de medição.
Índice de Massa Corporal (IMC) será calculado dividindo o peso do
paciente pela altura ao quadrado.
Albumina sérica será dosada nos dias 0º e 10º.
4.10 Coleta de dados e acompanhamento
4.10.1 Dados demográficos, clínicos e laboratoriais:
A idade, sexo e o diagnóstico de tuberculose serão coletados no CSCR em
questionário padronizado.
4.10.2 Tratamento, administração e duração.
Durante o período de suplementação, por um total de 10 dias, ou seja, da
experimentação clínica, será fornecido o suco de fruta enriquecido com alanil-
glutamina, com glicina ou com dextrina. A distribuição e o consumo se realizarão sob
rigorosa supervisão por um dos pesquisadores. Não haverá intervenções durante os
fins de semana ou feriados.
4.10.3 Monitoramento dos Efeitos Adversos
Qualquer efeito adverso, como, por exemplo, dor abdominal, diarréia aquosa profusa
ou distensão, será registrado com a indicação de natureza, início, gravidade e a relação
com o regime de alimentação utilizado. No caso do surgimento de alguma reação
adversa incomum, inesperada ou grave, o paciente será prontamente retirado do
estudo.
4.10.4 Monitoramento e duração da coleta de dados
O período de coleta de dados será de 1 ano e todas os pacientes inscritos receberão um
acompanhamento durante 6 meses após o período de tratamento de 10 dias.
A equipe de coleta se reunirá uma vez por semana com o estudante de doutorado para
debater sobre os novos pacientes recrutados e sobre os casos de desistência. O
155
estudante de doutorado irá fazer uma revisão semanal em todos os registros. Esta
revisão se baseará nos critérios de exatidão, integralidade e legibilidade dos dados
coletados. Duas pessoas diferentes serão responsáveis pela entrada de dados no
computador, os quais passarão por uma verificação posterior do estudante de
doutorado.
4.11 Considerações Estatísticas
Os dados serão digitados por dois digitadores independentes e validados usando o
programa Access (Microsoft Corporation, New York, NY). Planilha do programa
Excel (Microsoft Corporation, New York, NY) será utilizada para cálculo dos
parâmetros do teste de lactulose/manitol. Os parâmetros farmacocinéticos, área sob a
curva de concentração versus o tempo, pico de concentração máxima e tempo de meia-
vida serão calculados segundo descrição de Choudhri et al. (1997). Os resultados da
razão Lactulose/Manitol passarão por uma transformação logarítima antes da análise
estatística com a utilização do Teste t de Student. Os indicadores antropométricos do
estado nutricional serão calculados utilizando-se o Epi-Info (vs 7.0).O teste t- pareado
ou a soma ranqueada Wilcoxon (para dados não paramétricos) serão utilizados para o
exame da mudança com o tempo dos dados antropométricos e de permeabilidade
intestinal. A significância estatística será aceita ao nível de 5% de probabilidade. O
programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, IL) será
utilizado para todas as análises paramétricas e não-paramétricas dos dados. O
programa GraphPad Prism (GraphPad Software, San Diego, CA) será utilizado para
criação de tabelas e gráficos dos resultados.
4.12 Aspectos éticos:
O estudo respeitará a Declaração de Helsinki (1965) e as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução no. 196/96, 251/97 e
292/99 do Conselho Nacional de Saúde/ Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária O projeto será submetido ao Comitê de Ética
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
Este protocolo e o documento de consentimento (Apêndice) e quaisquer
modificações posteriores serão revisadas e aprovadas pelo Comitê de Ética da
Faculdade de Medicina. O termo de consentimento descreverá a finalidade do estudo,
156
os procedimentos a serem seguidos e os riscos e benefícios da participação. Os
pacientes receberão uma cópia do formulário de consentimento.
Todos os dados serão mantidos em um lugar seguro. Todos os lançamentos
informatizados e trabalhos de rede somente serão realizados através de números
codificados. As informações clínicas não serão liberadas sem a permissão por escrito
do indivíduo, à exceção das necessidades de monitoramento.
157
5. Resultados e Impactos esperados
Os principais resultados se referem à elucidação de variação da biodisponibilidade das
drogas antituberculose e à possibilidade de melhora objetiva da função intestinal acarretando
melhora nutricional do paciente e concentração adequada das drogas no sangue reduzindo a
possibilidade de resistência microbiana. Isso porque, com a variação da biodisponibilidade
predominantemente para subnormal ou baixa, poder-se-á aventar a possibilidade de que venha
a contribuir para o desenvolvimento de resistência de M. tuberculosis. Se essa redução da
concentração sérica das drogas estiver correlacionada com a absorção intestinal, é possível
que a intervenção com alanil-glutamina possa melhorá-la. Caso haja correlação entre a
dosagem sérica e a urinária, as avaliações de biodisponibilidade, através de dosagens
urinárias, tornar-se-á mais facilmente aplicável.
Turner et al. em 1999 sugeriram que a malabsorção de drogas antituberculose deve ser
sempre investigada como uma entre as muitas razões da falência ou recaída após terapia, em
pacientes aderentes ao tratamento. Vários estudos têm demonstrado que determinados grupos
de pacientes apresentam alterações no perfil farmacocinético das drogas antituberculose
(Peloquin, 1997). A maior parte deles se refere a pacientes com AIDS
e tuberculose pulmonar
(Berning et al., 1992) que, com grande freqüência, apresentam baixas concentrações séricas
das drogas antituberculose. As alterações funcionais e lesão intestinal podem estar
diretamente associadas com a redução na biodisponibilidade dos medicamentos. A principal
conseqüência da utilização das drogas antituberculose em doses sub-ótimas é o risco do
desenvolvimento de cepas de M. tuberculosis resistentes às drogas e de sua disseminação, o
que atualmente representa a preocupação mundial de todos os programas de tuberculose. A
tuberculose, como doença endêmica entre nós, merece ser estudada quanto a esse aspecto,
devido às implicações na seleção e disseminação de bacilos multirresistentes. Este projeto
tem, portanto, efeito direto no controle da qualidade e biodisponibilidade dos fármacos, na
melhora do índice de cura, na redução e prevenção do fenômeno de resistência às drogas
antituberculose. Em última análise, poderá contribuir para o controle da tuberculose como
problema de saúde pública.
Os resultados deste estudo depois de analisados serão reportados ao Ministério da
Saúde para ampla divulgação nacional e apresentados em reuniões e congressos da área para
debate aberto e amplo com as comunidades científicas local, nacionais e internacionais.
Concomitantemente, estes dados serão submetidos à publicação em periódicos científicos
indexados.
158
159
6. Riscos e Dificuldades
A Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina (UPC&IBIMED;
www.upcibimed.ufc.br) possui pessoal (pesquisadores e técnicos) e estrutura física de
laboratório qualificados, conforme descrito anteriormente, para realização desta proposta. A
UPC & IBIMED e o Programa de Pós-Graduação em Farmacologia (www.ufc.br) apresentam
linhas de pesquisas bem consolidadas para pesquisas nas áreas do estudo em questão, como:
(a) Estudo da barreira morfo-funcional intestinal em doenças diarréicas, desnutrição,
HIV/AIDS e tuberculose; (b) Estudo da biodisponibilidade e farmacocinética de drogas
antiretrovirais e antituberculose. A produção científica do grupo nestas linhas de pesquisas
antecipa o mínimo risco para a execução dos objetivos citados neste projeto. Ademais, o
grupo apresenta, há mais de 28 anos, forte colaboração internacional em pesquisa e novas
tecnologias com a Universidade de Virginia, tendo como consultor e principal pesquisador
colaborador internacional o Dr. Richard L. Guerrant (vide CV Lattes).
Pesquisas pioneiras do grupo culminaram na consolidação da cromatografia líquida de
alta pressão como um método altamente específico e capaz de detectar mínimas alterações na
permeação e permeabilidade intestinais (vide no CV Lattes de Lima AAM e as citações: Bao
et al., 1996; Lima et al., 1997; Barboza et al., 1999; Lima et al., 2005). Estes trabalhos
demonstraram que a razão da excreção urinária de lactulose-manitol, após a administração
oral destes açúcares não metabolizados, é extremamente útil para avaliar o grau de
comprometimento e a disfunção da permeabilidade intestinal presentes em várias doenças e
distúrbios nutricionais, inclusive na síndrome de imunodeficiência humana adquirida pelo
vírus HIV. Estes autores, lançando mão do método de cromatografia líquida de alta
performance com fraca troca aniônica acoplada a um detector amperométrico pulsado (HPLC-
PAD), confirmaram a eficácia, praticidade e aplicabilidade do método, quando comparado a
outros sistemas, tais como ensaios enzimáticos, cromatografia gás-líquido e cromatografia em
camada fina. Este método permitirá avaliar, em nível molecular de marcadores, a correlação
da área de absorção bem como o grau de lesão da barreira funcional intestinal, com a
biodisponibilidade de drogas anti-infecciosas. Nesta área dois trabalhos recentes têm chamado
à atenção para a possível influência da barreira funcional intestinal na absorção e
biodisponibilidade de drogas antiretrovirais (vide no CV Lattes de Lima AAM e as citações:
Brantley et al., 2003; Bushen et al., 2004).
A experiência da UPC & IBIMED em pesquisas de estudos de coorte e intervenções
clínicas na comunidade (Gonçalves Dias e Parque Universitário, ambas em Fortaleza), postos
160
de saúde (Centro de Saúde Carlos Ribeiro em Fortaleza), hospitais (Hospital Infantil Albert
Sabin, Hospital S. José, Hospital de Maracanaú e Hospital do Câncer, todos em Fortaleza),
bem como pesquisa básica laboratorial (UPC&IBIMED, Centro de Biomedicina, Faculdade
de Medicina, UFC) permite antecipar mínimas dificuldades na realização da parte clínico-
laboratorial dos métodos que se propõem a alcançar os objetivos desta proposta. O histórico
citado anteriormente e disponível na homepage: www.upcibimed.ufc.br da UPC &IBIMED,
bem como a produção científica e de patentes que comprovam este mínimo risco para
execução desta proposta de pesquisa.
161
7. Cronograma de Atividades
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: Ano 1.
ATIVIDADES
Ano 1 - MÊS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
1. Treinamento de pessoal e desenvolvimento
de rotinas laboratoriais e protocolos
experimentais
XXX
2. Aquisição do material necessário ao
desenvolvimento da pesquisa
XX
3. Teste dos formulários a serem utilizados
XX
4. Confecção do programa de entrada para
confecção do banco de dados
XX
5. Realização dos testes de equivalência
farmacológica dos medicamentos a serem
utilizados
XX
6. Seleção de pacientes, entrada no estudo,
realização do protocolo experimental
X X X X X X X
3. Execução dos testes e exames laboratoriais,
e entrada de dados
X X X X X X X
4. Análise de resultados, preparação e
publicação em periódicos de circulação
científica internacional
162
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: Ano 2.
ATIVIDADES
Ano 2 - MÊS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
1. Treinamento de pessoal e desenvolvimento
de rotinas laboratoriais e protocolos
experimentais
2. Aquisição do material necessário ao
desenvolvimento da pesquisa
XX
3. Teste dos formulários a serem utilizados
4. Confecção do programa de entrada para
confecção do banco de dados
5. Realização dos testes de equivalência
farmacológica dos medicamentos a serem
utilizados
XX
6. Seleção de pacientes, entrada no estudo,
realização do protocolo experimental
XXXXXXXX X X X X
3. Execução dos testes e exames laboratoriais,
e entrada de dados
XXXXXXXX X X X X
4. Análise de resultados, preparação e
publicação em periódicos de circulação
científica internacional
X X X
163
8. ORÇAMENTO
.1 – Detalhamento do orçamento
Quant. Valor
Unitário R$
Valor Total R$
Material de consumo
Drogas e reagentes
Vidraria e material descartável
Meios de cultura
Dosagens de drogas antituberculose
Colunas para HPLC e reagentes
Lanche para pacientes
-
-
-
-
-
1.500
4.580
3.440
4.660
11.780
4.780
3
4.580
4.440
4.660
11.780
4.780
4.500
TOTAL Material de consumo
29.243 34.740
Outros serviços
Transporte de amostras para o laboratório
Custo por paciente (transporte)
200
100
15
25
3.000
2.500
TOTAL Outros serviços
400 40 5.500
Viagens
Nacional
Internacional
2
1
1.200
4.224
2.400
4.224
TOTAL Viagens
3 5.424 6.624
Outros (especificar - incluir despesas
administrativas e institucionais)
Taxa de administração do IBIMED (3%
do total)
1
-
2.905
TOTAL Outros
1 - 2.905
TOTAL GERAL
- 34.707 49.769
Contrapartida da instituição responsável
O UPC & IBIMED juntamente com sua Extensão no Parque Universitário darão a
contrapartida de quase todos os equipamentos já existentes para pesquisa como HPLC
(R$70.000,00) e outros pequenos equipamentos orçados em R$30.000,00, além da estrutura
física de apoio ao tratamento dos pacientes envolvidos neste estudo. Assim, um total geral de
R$100.000,00 é estimado como contrapartida para a realização deste projeto.
164
9. Referências Bibliográficas
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<http://www.who.int/tb/publications/global_report/2006/pdf/full_report.pdf> Acesso em
23 de abril de 2006..
C:\Documents and Settings\user\Desktop\Tese Dout Facanha Monica 2007_11_11.doc
168
CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO DA MALABSORÇÃO DE
ISONIAZIDA, RIFAMPICINA, PIRAZINAMIDA E RECUPERAÇÃO DA
BARREIRA FUNCIONAL INTESTINAL COM ALANIL-GLUTAMINA NA
TUBERCULOSE PULMONAR
Convidamos você, ___________________________________________, a fazer parte do
estudo da “Malabsorção de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e recuperação da barreira
funcional intestinal com alanil-glutamina na tuberculose pulmonar”.
Nosso objetivo é descobrir se alanil-glutamina melhora a concentração no sangue dos
medicamentos usados no tratamento da tuberculose para ser suficiente para matar o bacilo da
tuberculose e contribuir para reduzir o desenvolvimento de resistência dessas bactérias ao
tratamento, além de estimular a recuperação do seu peso e estado nutricional. Para podermos
chegar a essa conclusão será necessário comparar o resultado obtido com alanil-glutamina,
com os resultados obtidos com outras substâncias (glicina e dextrina)
O que acontecerá com você?
Você tomará a isoniazida, rifampicina e pirazinamida, medicamentos que já usa para
tratar tuberculose;
No primeiro dia da pesquisa, você será medido, pesado e responderá a um
questionário.
Ainda no primeiro dia, depois da ingestão da solução de lactulose/ manitol serão
coletados 15ml a 20ml de sangue 2 horas depois de tomar a medicação e mais 8 a
10ml 6 horas depois de tomar a medicação.
Será coletada urina durante 6 horas para dosar a quantidade de açucares e a quantidade
de medicamentos eliminados na urina.
Finalmente, você tomará um suco com alanil-glutamina, glicina ou dextrina, que
derivados de proteínas ou de açucares. Esse suco será tomado por 10 dias (exceto nos
finais de semana). A decisão de quem tomará qual dos sucos será feita por sorteio e
você não pode trocar seu suco com outro paciente.
Você fará novos exames de sangue e urina e será pesado 14 dias, 30 dias e 4 meses
depois do início desse tratamento.
Uma amostra de fezes também será coletada no primeiro dia para pesquisa de para
sitas intestinais.
Benefícios
A descoberta de que alanil-glutamina melhora a concentração sanguínea dos medicamentos
para tuberculose e proporcionam recuperação do estado nutricional terá como benefícios a
redução de um fator contribuinte para resistência dos bacilos da tuberculose e recuperação do
peso normal.
Você continuará recebendo o tratamento para a tuberculose e, se necessário, receberá também
assistência para qualquer complicação que aconteça durante o estudo.
Riscos
Não se conhecem efeitos colaterais da lactulose e do manitol nas doses utilizadas e os riscos
são mínimos. Os efeitos de alanil-glutamina, glicina e dextrina são raros. O risco de
hematoma na coleta de sangue será minimizado com o uso de algodão e leve pressão local.
Sigilo
Os questionários serão mantidos em segredo quanto à sua identificação. Os pesquisadores,
representantes do Comitê de Investigação Humana e representantes legais das instituições que
colaboram com a pesquisa poderão inspecionar os documentos e questionários do estudo.
A quem contactar
C:\Documents and Settings\user\Desktop\Tese Dout Facanha Monica 2007_11_11.doc
169
Pessoa de contato em caso de dúvidas: Prof Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima, Unidade de
Pesquisa Clínica-HUWC & Instituto de Biomedicina, Faculdade de Medicina, Universidade
Federal do Ceará, fone (85) 3366-8445 ou 3366-8437. Mônica Cardoso Façanha – 3366-8044.
Livre para sair
Você é livre para sair do estudo, em qualquer época que desejar, sem nenhum prejuízo para os
cuidados de saúde recomendados pelos médicos ou enfermeiros, que acompanham o
tratamento de sua doença.
Assinatura do paciente Membro do grupo de pesquisa
Data: ____/____/____
Testemunha
Data da aprovação: ____/____/____ Data de validade: ____/____/____
170
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Medicina/ Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de biomedicina
Projeto:
Malabsorção de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e recuperação da barreira funcional
intestinal com alanil-glutamina na tuberculose pulmonar
QUESTIONÁRIO – ETAPA 1
Identificação do Voluntário ____ ____ ____
Unidade _______________ _________________ Data da Entrevista: _____/____/_____
I- Identificação e informações sócio-demográficas no momento do tratamento da TB
1. Nome 2. No. do prontuário
3. Endereço residencial: 4. Bairro:
5. Ponto de referência: 6. Fone
7. Data de nascimento / /___ 8. Idade: _______ (em anos)
9. Sexo 0 feminino 1 masculino
10. Estado civil: 1 Solteiro 2 Casado 3 Viúvo 4 Divorciado 5 Outros _____________ 9 Ign
11. Naturalidade: _____________(se brasileiro, assinalar Estado; se estrangeiro País) 9 Ign
12. Tempo residência na Cidade [em anos]: _ 99Ign 13. Escolaridade [em anos de estudo formal]:_ 99 Ign
14. Ocupação: _______________ _________________
1 Gp0/1 2 Gp2 3 Gp3 4 GP4 5GP5 GP 6 7 GP 7 9 Ign 6
15. Situação profissional: 1 vinculo empregatício 2 autônomo
3 aposentado 4 licença médica 5 desempregado
16.Renda R$ ______
III - História pregressa
17. Qual é a bebida de sua preferência? ____________, se referir bebida alcoólica passe para questão 44
18. Qual é a bebida alcóolica de sua preferência? _____________________ Não bebe álcool
19. há quanto tempo o Sr. não ingere bebida alcoólica ?
0 Nunca bebeu 1 não bebe a há mais de um ano 2 parou de beber a menos de um ano
20. Alguma vez o Sr. sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber? 0 Não 1 Sim
21. As pessoas o aborrecem porque criticam seu modo de beber? 0 Não 1 Sim
22. O Sr. Costuma beber de manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca? 0 Não 1 Sim
23. O Sr fica chateado ou se sente culpado pela maneira de como costuma beber? 0 Não 1 Sim
24. Com que freqüência o Sr. toma bebida alcoólica?
1. todos os dias 2. 4 a 6 vezes por semana 3. 1 vez por semana 4. 1 a 2 vezes por mês
5. menos de uma vez por mês
25. O Sr. usa algum tipo de droga entorpecente ? 0 Não 1 Sim 2 no passado 9 Ign
26. Qual? 0 cocaína inalada 1 cocaína injetável 2 crack 3 maconha 4 outra _________
27. Já fez exame para HIV? 0 Não 1 Sim
28. Data Exame HIV ____/___/___ 29. Resultado HIV 0 Negativo 1 Positivo
171
Identificação do Voluntário ____ ____ ____
IV - História da doença no momento do diagnóstico da TB
Quais os sintomas presentes no momento do diagnóstico
29. Tosse com escarro: 0 Não 1 Sim 9 Ign
30. Tosse seca sem escarro: 0 Não 1 Sim 9 Ign
31. Escarro com sangue: 0 Não 1 Sim 9 Ign 51. emagrecimento: 0 Não 1 Sim 9 Ign
32. Porque o Sr. procurou o médico? 1 tosse 2 emagrecimento 3 suores noturnos 8 outros _______
Data Peso Altura IMC Circ Braquial
Dia 0 ___/__/__ g cm cm
Resultados de exames laboratoriais
Baciloscopia1 0 Positiva 1 Negativa 9 Ign Data Bacilosc1 ____/____/___
Baciloscopia2 0 Positiva 1 Negativa 9 Ign Data Bacilosc2 ____/____/___
Cultura 0 Positiva 1 Negativa 9 Ign
Sensibilidade: INH 0 Sensível 1 Resistente 9 Ign RMP 0 Sensível 1 Resistente 9
Ign
SM 0 Sensível 1 Resistente 9 Ign
Responsável pelo preenchimento do questionário: __________________________________
Observações:
C:\Documents and Settings\user\Desktop\Tese Dout Facanha Monica 2007_11_11.doc
172
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Medicina/ Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de biomedicina
Projeto:
Centro de cromatografia para estudo da barreira funcional intestinal e biodisponibilidade de
drogas antituberculose
PLANILHA DE RESULTADOS DE EXAMES
Identificação do Voluntário ____ ____ ____
Unidade _______________ _________________ Data da Entrevista: _____/____/_____
Hemograma: 0 Não 1 Sim 9 Ign Data de resultado de exame hematológico
____/____/____
Ht Hb Leuc Eo Miel Meta Bast Seg Linf Mo Plaq
Ureia Creat Bilir T BbinaD BbinaI TGO TGP PrtTot Alb Glob
Ex fezes 0 Não 1 Sim 9 Ign Exames nas fezes Data ____/____/___
Pesq Leuc Lactoferrina Criptosp
Biodidponibilidade
0 Não 1 Sim 9 Ign
Permeabilidade intestinal 6h
0 Não 1 Sim 9 Ign
Excreção urinária 6h
0 Não 1 Sim 9 Ign
DtBioD1
2h
0 Não
6h
0 Não
DtPerm ___/___/__
DtExUrin __/__/__
__/___/__
1 Sim 1 Sim
Hora do início
Lactulose
RMUr
RMSang
Hora do final
Manitol
AcRMUr
INHSang
Volume Urinário 5h
Lactulose/Manitol
INHUr2
PZASang
Volume Urinário 8h
AcINHUr
IX - Observações
C:\Documents and Settings\user\Desktop\Tese Dout Facanha Monica 2007_11_11.doc
173
IDENTIFICAÇÃO DE EVENTO ADVERSO GRAVE (EAG*) AO COMEPE
Protocolo Nº. Aprovado pelo COMEPE em
Projeto de pesquisa: Malabsorção de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e
recuperação da barreira funcional intestinal com alanil-glutamina na tuberculose
pulmonar
Pesquisadores Mônica Cardoso Façanha
Valéria Góes Helena Serra Azul Monteiro Aldo Ângelo Moreira Lima
Tipo de estudo: Experimento clínico
Droga/ substância utilizada: alanil-glutaminaglicina
Dose via de administração/ duração: 24,1/25g/ Via oral /10 dias
Local do estudo: Centro de Saúde Carlos Ribeiro
Identificação do paciente: Ficha _____/___ Nome:__________________________
Sexo: 1. Masculino 2. Feminino Data do nascimento: ____/____/____
EAG apresentado: ___________________________________________
Evento adverso apresentado em relação ao uso da medicação:
1. Não relacionado 2. Provavelmente não relacionado
3. Possivelmente relacionado 4. Definitivamente relacionado
Início da ingestão Último dia de ingestão Início do EAG Término do EAG
____/____/____ ____/____/____ ____/____/____ ____/____/____
Resumo da história do EAG:
Medicação tomada para aliviar/ tratar o EAG
Medicamento Dose/ via de administração Data do início Data do término
O EAG resolveu-se:
1. Espontaneamente 2. Tratamento médico 3. Tratamento caseiro
4. Internamento 5. Óbito 6. Outros (especificar) ____________
Preenchida por: __________________________ Data do preenchimento: ____/____/____
Responsável pelo envio ao COMEPE: _______________ Data do envio: ____/____/____
*EVENTO ADVERSO GRAVE (EAG)
Morte
Incapacidade/ inabilidade permanente
Malformação congênita/ defeito congênito
Hospitalização/ risco de vida
Julgamento médico
174
BIODISPONIBILIDADE E BARREIRA
FUNCIONAL INTESTINAL NO TRATAMENTO
DA TUBERCULOSE
ALDO ÂNGELO MOREIRA LIMA
175
7. Justificativa e Caracterização do Problema
A tuberculose (TB) continuava crescendo numa taxa de 0,6% ao ano em 2004, estimando-
se a existência de 8.918.000 casos novos, incidência de 140 casos por cem mil habitantes, 3,9
milhões com baciloscopia positiva (62/100.000) e 741.000 em adultos portadores de infecção
pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Havia 14,6 milhões de casos (prevalência de
229/100 000) e 6,1 milhões com baciloscopia positivas. Mais de 80% dos casos novos de
2004 eram da África, Sudeste da Ásia e regiões do Pacífico ocidental. Estimam-se os óbitos
em 1.700.000 (27/100 000), incluindo os co-infectados com HIV (248.000) (WHO 2006a;
WHO 2006b). A TB nunca deixou de ser problema de saúde pública nos países
subdesenvolvidos. Nos países desenvolvidos houve recrudescimento com o advento da
síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS).
Comparado a um indivíduo não infectado por HIV, o indivíduo infectado apresenta risco 10
vezes maior de desenvolver tuberculose. Tuberculose continua sendo uma das infecções
oportunistas mais freqüentes associadas à AIDS. Em estudo realizado no sudeste do Brasil,
cerca de um terço dos pacientes haviam tido tuberculose, por ocasião da internação mais
recente (Nobre et al., 2005).
Entre 1980 e 2003 foram informados 1.935.600 casos de tuberculose no Brasil e 119.634
óbitos com letalidade de 6%. Indivíduos em fase economicamente ativa (entre 15 e 50 anos)
representam 75% dos casos de tuberculose. A mortalidade é considerada baixa, variando nas
diferentes capitais do Brasil entre 3 e 16/100.000 habitantes. Os índices de cura giram em
torno de 75% e o abandono dos pacientes que iniciam tratamento, está na faixa dos 14%. A
Região Nordeste tem contribuído com dados estatísticos alarmantes. No Ceará, entre 1980 e
2004, foram registrados 97.971 casos (Brasil, http://portal.saude.gov.br/). No ano de 2004 a
Secretaria Estadual de Saúde do Ceará registrou incidência de 49 casos por cem mil
habitantes (Ceará, 2005a). Fortaleza é considerada município prioritário para o controle da
tuberculose por ter o maior número de casos e maior incidência de TB no Ceará. Em 2003
haviam sido informados 1.799 casos e incidência de 79,7/100.000 habitantes (Ceará, 2005b).
Depois da epidemia de AIDS foram registrados numerosos surtos epidêmicos de
tuberculose multirresistente (TBMR) em co-infectados com o HIV (Monno et al., 1991;
Barnes et al., 1991;.Fischl et al., 1992; Edlin et al., 1992, Beck-Sague et al., 1992; Frieden, et
al., 1993; Laszlo, et al., 1994). Estima-se que 3,2% do total de casos de TB no ano 2000
tenham sido multiresistentes e que no Brasil essa proporção tenha sido de 1%. (Dye et al.,
2002).
O aparecimento de cepas multirresistentes de M. tuberculosis (TBMR), preocupação
mundial de todos os programas de controle da tuberculose, é produto de tratamentos
inadequados, incluindo uso de esquemas ou doses incorretas; intolerância medicamentosa;
não adesão ou abandono do tratamento e até falhas no fornecimento da medicação. Outros
fatores podem estar sendo subestimados como a qualidade da medicação antituberculose
ofertada e fatores capazes de alterar a biodisponibilidade dessas drogas. Estudo de prevalência
de TBMR em 1500 amostras de escarro coletadas entre 1990 e 1999 no Estado do Ceará,
demonstrou que 404 cepas (27%) foram resistentes à pelo menos uma droga e 266 (17,7%)
eram cepas multirresistentes, ou seja, resistentes a duas ou mais drogas (Barroso et al., 2000).
O tratamento da tuberculose fornecido gratuitamente pelo sistema público de saúde,
pressupõe a utilização de drogas de boa qualidade e a necessidade de boa absorção intestinal
das drogas. Quando isso não ocorre, é possível que o tratamento esteja sendo feito com sub-
doses, o que pode comprometer o resultado final do tratamento, contribuir para o
desenvolvimento e disseminação de multirresistência, o que atualmente representa a
preocupação mundial de todos os programas de tuberculose.
176
Turner e cols em 1994 sugerem que a malabsorção de drogas antituberculose deve ser
sempre investigada como uma entre as muitas razões da falência ou recaída após terapia, em
pacientes aderentes ao tratamento. Vários estudos têm demonstrado que determinados grupos
de pacientes apresentam alterações no perfil farmacocinético das drogas antituberculose
(Peloquin, 1997, Tappero et al., 2005). A maior parte deles se refere a pacientes com AIDS
e
tuberculose pulmonar (Berning, 1992) os quais, com grande freqüência apresentam baixas
concentrações séricas das drogas antituberculose. A tuberculose como doença endêmica entre
nós merece ser estudada quanto a esse aspecto, devido às implicações sérias da seleção e
disseminação de bacilos multirresistentes (Barroso et al., 2000).
Na realidade, poucos são os estudos na literatura avaliando a relação existente entre as
alterações na função intestinal e a extensão de absorção de drogas determinada por estudos
farmacocinéticos (Chiou, 1995). Um dos mais importantes achados é que existe uma boa
correlação entre a medida efetiva da permeabilidade intestinal humana por técnicas de
perfusão intestinal e a extensão da absorção de drogas medida através de estudos
farmacocinéticos em humanos. Testes de integridade intestinal com xylose e
Lactulose/manitol têm sido utilizados. O teste de xilose foi utilizado em 29 pacientes com aids
e tuberculose e 15 com tuberculose sem aids para avaliar a hipótese de redução da
biodisponibilidade de rifampicina isoniazida e pirazinamida nos pacientes com a co-infecção
HIV/TB (Choudri et al. 1997). O estudo evidenciou baixa absorção de xilose nos dois grupos,
sem diferença na biodisponibilidade.
O teste de lactulose/manitol demonstrou disfunção e lesão intestinal em pacientes
portadores de infecção por HIV (Lima et al., 1997) mesmo na ausência de diarréia, sendo
mais evidente quando havia associação com criptosporidiose ou microsporidiose. Barbosa Jr
et al. 1999 evidenciaram comprometimento da integridade intestinal de crianças cearenses
com doenças diarréicas. Brantley et al., 2003, estudando pacientes portadores de HIV/AIDS
acompanhados no Hospital São José de Doenças Infecciosas em Fortaleza-Ceará, demonstrou
importante redução nas concentrações sanguíneas de estavudina e didanosina em pacientes
portadores de infecção por HIV
com diarréia, quando comparados a pacientes sem diarréia,
evidenciando a relação entre alterações intestinais e a biodisponibilidade de drogas. Buschen
et al., 2004 demonstraram melhora da biodisponibilidade de drogas utilizadas para tratamento
antiretroviral com o uso de alanil-glutamina e de glutamina.
Estudo piloto sobre a permeabilidade intestinal e a biodisponibilidade de drogas
antituberculose em pacientes com tuberculose pulmonar ativa atendidos no Hospital de
Maracanaú-CE e conduzido
por Pinheiro et al. 2003 mostrou a redução da biodisponibilidade
das drogas e alterações na permeabilidade intestinal (Pinheiro,). Há necessidade de um estudo
com uma amostra maior de pacientes e controles para a confirmação do resultado, além de
fazer a busca por abordagens ainda menos invasivas, para que se possam posteriormente
adotar medidas que previnam sub-doses sanguíneas das drogas antituberculose.
177
8. Objetivos e Metas
2.1 Objetivo geral
Este projeto tem como objetivo geral determinar a biodisponibilidade de drogas
antituberculose e o grau de disfunção da barreira funcional intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar ativa. Ademais, avaliar a biodisponibilidade sérica das drogas
antituberculose e correlacionar com a excreção in natura e de seus metabólitos na urina. A
determinação da biodisponibilidade das drogas antituberculose poderá redirecionar a
terapêutica no sentido de adequar as doses e prevenir possíveis falhas no índice de cura, bem
como adiar o aparecimento de multirresistência às drogas consideradas de primeira linha no
tratamento da tuberculose. As determinações indiretas pelas dosagens urinárias de drogas
antituberculose e seus metabólitos poderão ser úteis aumentando a praticidade das avaliações
de biodisponibilidade, pois o método tornar-se-á não invasivo e de fácil aplicação em
quaisquer situações de atendimentos, mesmo ao nível de comunidade.
2.2 Objetivos específicos:
2.2.1 Verificar a biodisponibilidade sérica de rifampicina, isoniazida, e pirazinamida em
pacientes com tuberculose pulmonar;
2.2.2 Validar a dosagem urinária de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e seus principais
metabólitos como medida indireta da biodisponibilidade sérica ,
2.2.3 Determinar a capacidade absortiva e permeabilidade intestinal em pacientes com
tuberculose pulmonar;
2.2.4 Correlacionar a biodisponibilidade das drogas antituberculose com o grau de lesão da
barreira intestinal em pacientes com tuberculose pulmonar;
2.2.5 Avaliar o grau de nutrição e o perfil laboratorial (hepático, renal, protéico e
imunológico) de pacientes com tuberculose pulmonar, correlacionando com a função e
o grau de lesão intestinal.
8.3 Metas:
2.3.1 Aumentar o conhecimento sobre a biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida, e
pirazinamida em pacientes com tuberculose pulmonar.
2.3.2 Validar a dosagem urinária das drogas antituberculose como medida de sua
biodisponibilidade.
2.3.3 Identificar a freqüência com que a biodisponibilidade das drogas antituberculose está
reduzida nos pacientes com tuberculose pulmonar.
2.3.4 Apontar a deficiência na biodisponibilidade de drogas antituberculose como potencial
fator de risco para a redução no índice de cura e desenvolvimento de multirresistência
de M. tuberculosis.
178
9. Apoio Institucional (máximo de 1 página)
A UNIDADE DE PESQUISAS CLÍNICAS & INSTITUTO DE BIOMEDICINA:
A Unidade de Pesquisas Clínicas (UPC; www.upcibimed.ufc.br) tem sua origem
ligada ao curso de pós-graduação em Farmacologia (há 28 anos) e o Convênio Internacional
de Pesquisa em Doenças Infecciosas entre a UFC e a University of Virginia, Charlottesville,
Va, USA (há 28 anos).
A UPC foi transferida recentemente para o novo prédio do Centro de Biomedicina e
apresenta um quadro permanente de pesquisadores da mais alta qualificação acadêmica, onde
82% (8/11) têm título de Doutor e 18% (2/11; um terminando doutorado) de mestre. A
relevância da qualidade de pesquisa é resumida através de mais de 150 publicações científicas
em revistas internacionais ("peer review") e cinco patentes internacionais reconhecidas. A
UPC apresenta um forte programa internacional de treinamento pessoal e colaboração em
pesquisa com a University of Virginia (28 anos), London School of Hygiene and Tropical
Medicine (4 anos), University of Missouri & University of Kentucky (4 anos). Através destes
programas, particularmente com a University of Virginia, a UPC promoveu o treinamento em
nível de pós-graduação e "postdoctoral fellows" para mais de 60 professores, "fellows" e
estudantes. A qualidade deste treinamento é acompanhada pelas posições acadêmicas de
nossos egressos na própria Universidade Federal do Ceará (UFC), na Universidade Estadual
do Ceará (UECE), e em outras instituições do Nordeste e Sudeste do País.
Os pesquisadores da UPC colaboram ativamente com o programa de Pós-Graduação
em Farmacologia (nível 6 CAPES), sendo responsável pela orientação desde o ano de 1989,
de 46 dissertações de mestrado e 20 teses de doutorado. Isto representa aproximadamente
33% (46/141) e 40% (20/50) da formação de mestres e doutores, respectivamente, durante
este período (1989-2003) no curso de Pós-Graduação em Farmacologia, Faculdade de
Medicina, UFC. Os mesmos colaboram significativamente com outros programas de pós-
graduação na Faculdade de Medicina, como doutorado em Ciências Médicas (nível 5
CAPES), mestrado em Saúde Comunitária, mestrado em Patologia e mais recente no
mestrado em Microbiologia. Há mais de cinco anos, a UPC&IBIMED, UFC vem
desenvolvendo pesquisa, ensino e extensão em tuberculose em colaboração com o Centro de
Saúde Carlos Ribeiro da Secretária de Saúde do Município de Fortaleza, Ceará e o Hospital
Geral de Maracanaú no município de Maracanaú.
A PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA (Homepage: www.ufc.br):
O programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC se encontra consolidado,
NÍVEL 6 na CAPES. Outro marco do amadurecimento do Programa de Pós-Graduação é a
recente implementação do Mestrado Profissionalizante em Farmacologia Clínica, sub-área do
conhecimento originada da necessidade de se comprovar a eficácia, qualidade e segurança dos
fármacos em seres humanos, em função das leis que regulamentam o desenvolvimento,
produção e comercialização dos medicamentos. Embora os princípios da experimentação
farmaco-clínica tenham sido há muito estabelecidos em universidades européias e americanas,
as atividades de aplicação passaram a ser realizadas, nas últimas décadas, pelas próprias
indústrias farmacêuticas ou mediante a terceirização por contrato de outras organizações.
Desde a fundação do curso de Mestrado em Farmacologia em 1978 e a criação do curso de
doutorado em Farmacologia em 1991 foram defendidas até o ano de 2005, 210 dissertações de
mestrado, 89 teses de doutorado e 11 dissertações do mestrado profissionalizante. Atualmente
(2006) encontram-se matriculados no Curso de Pós-Graduação em Farmacologia 32 alunos de
mestrado profissionalizante, 50 alunos de mestrado e 55 alunos de doutorado (Total 137
alunos de pós-graduação).
179
10. Metodologia e Estratégia de ação (máximo de página)
Descrever a metodologia empregada para a execução do projeto e capacidade dos grupos
proponentes para desenvolver a cooperação da proposta
Este estudo será conduzido após aprovação ética pelo Comitê de Ética da UFC e a entrada dos
pacientes ou controles no estudo será mediante a assinatura da Folha de Consentimento
aprovada pelo mesmo comitê. Local de Estudo: Os pacientes serão selecionados entre
aqueles que se encontram em tratamento para tuberculose com rifampicina, isoniazida e
pirazinamida no Centro de Saúde Carlos Ribeiro, uma unidade de tratamento ambulatorial da
tuberculose no município de Fortaleza. No ano de 2002 foram notificados 1.720 casos de
tuberculose e o Centro de Saúde Carlos Ribeiro (CSCR) atendeu 140 pacientes deste total. O
CSCR é uma das unidades de saúde que faz tratamento supervisionado no município de
Fortaleza, o que significa que o paciente toma os medicamento anti-tuberculose na no próprio
CSCR três vezes por semana, o que facilita o recrutamento e o acompanhamento dos
pacientes. População de Estudo: A população alvo será constituída pelos pacientes com
tuberculose pulmonar, residentes no município de Fortaleza.. Os pacientes deverão ser
residentes no município de Fortaleza com idade igual ou superior a 18 anos serão
selecionados para este estudo e estar em uso do esquema de tratamento com drogas
antituberculose de primeira linha (rifampicina, isoniazida e pirazinamida), o que significa que
iniciaram o tratamento há menos de dois meses; O diagnóstico de tuberculose deve ter sido
feito por duas baciloscopias e/ou cultura do escarro positiva e atendidos no Centro de Saúde
Carlos Ribeiro, unidade de tratamento ambulatorial de Fortaleza – CE. Os controles serão
selecionados de voluntários saudáveis residentes em Fortaleza e pareados pela faixa etária e
sexo dos pacientes. Uma amostra mínima de 26 pacientes com tuberculose pulmonar e de
controles saudáveis foi calculada para este estudo com base nos parâmetros farmacocinéticos
(área sob a curva dosagem sérica versus o tempo; pico máximo de concentração e tempo de
meia-vida das drogas), bem como o parâmetro de permeabilidade intestinal medido através do
teste de lactulose:manitol.Os critérios de exclusão serão: (a) disfunção hepática ou renal; (b)
cirurgia gastrintestinal prévia; e (c) co-existência de doenças outras que possam interferir na
avaliação farmacocinética ou teste de permeabilidade intestinal. Desenho do estudo: O
desenho do estudo é transversal pareado para determinar diferenças na biodisponibilidade de
drogas antituberculose. Dados demográficos, clínicos e laboratoriais: A idade, sexo e o
diagnóstico de tuberculose serão coletados em questionário padronizado. Avaliação
Nutricional: O peso (kg) e altura (m) serão aferidos para cálculo do índice de massa corpórea
(IMC; kg/m
2
). Biodisponibilidade sanguínea: Isoniazida (INH; 300 mg), rifampicina (RMP;
600 mg) e pirazinamida (PZA; 1.500 mg) serão administrados as 8 horas com o paciente em
jejum a partir da meia-noite. O sangue será coletado duas horas e seis horas após a ingestão
dos medicamentos. A dosagem das drogas será feita por High Performance Liquid
Chromatograpy.Excreção urinária de drogas antituberculose e seus metabólitos: Será
180
solicite ao paciente que urine antes da ingestão das drogas, a urina será coletada até as 14h,
medida e uma alíquota separada para dosagem das drogas antituberculose e seus metabólitos.
Teste de permeabilidade intestinal: O teste de lactulose:manitol será realizado com a
ingestão de 20ml, , de uma solução contendo estes dois açúcares (5 g lactulose e 1g manitol)
às 9h e coleta da urina durante cinco horas. Os açúcares serão medidos na urina através de
cromatografia líquida de alta performance (HPLC), segundo método publicado pelo grupo
anteriormente (Barbosa et al., 1999). A INH e seu metabólito acetil-INH serão medidos pelo
método de HPLC descrito por Hutchings et al. (1983) e modificado por Gallicano et al.
(1994). A rifampicina e pirazinamida serão medidos pelos métodos descritos por Swart e
Paggis (1992) e Brouard et al. (1985), respectivamente. Análise dos dados: Os dados serão
digitados por dois digitadores independentes e validados usando o programa Access
(Microsoft Corporation, New York, NY). Planilha do programa Excel (Microsoft
Corporation, New York, NY) será utilizada para cálculo dos parâmetros do teste de
lactulose:manitol. Os parâmetros farmacocinéticos, área sob a curva de concentração versus o
tempo, pico de concentração máxima e tempo de meia-vida serão calculados segundo
descrição de Choudhri et al. (1997). O programa Statistical Package for Social Sciences
(SPSS Inc., Chicago, IL) será utilizado para todas as análises paramétricas e não-paramétricas
dos dados. O programa GraphPad Prism (GraphPad Software, San Diego, CA) será utilizado
para criação de tabelas e gráficos dos resultados. Aspectos éticos: O estudo respeitará a
Declaração de Helsinki (1965) e as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em
Seres Humanos, Resolução no. 196/96, 251/97 e 292/99 do Conselho Nacional de Saúde/
Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária O
projeto será submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
do Ceará.
181
11. Resultados e Impactos esperados (máximo de 1 página)
Os principais resultados se referem à elucidação de variação da biodisponibilidade das drogas
antituberculose. Caso essa variação seja predominantemente para subnormal ou baixa, poder-
se-á aventar a possibilidade de que redução de biodisponibilidade possa contribuir para o
desenvolvimento de resistência de M. tuberculosis. Se essa redução da concentração sérica
das drogas estiver correlacionada com a absorção intestinal, é possível propor intervenções
para melhorá-la. Caso haja correlação entre a dosagem sérica e a urinária, as avaliações de
biodisponibilidade, através de dosagens urinárias, tornar-se-á mais facilmente aplicável.
Turner et al. em 1999 sugeriram que a malabsorção de drogas antituberculose deve ser sempre
investigada como uma entre as muitas razões da falência ou recaída após terapia, em pacientes
aderentes ao tratamento. Vários estudos têm demonstrado que determinados grupos de
pacientes apresentam alterações no perfil farmacocinético das drogas antituberculose
(Peloquin, 1997). A maior parte deles se refere a pacientes com AIDS
e tuberculose pulmonar
(Berning et al., 1992) que, com grande freqüência, apresentam baixas concentrações séricas
das drogas antituberculose. As alterações funcionais e lesão intestinal podem estar
diretamente associadas com a redução na biodisponibilidade dos medicamentos. A principal
conseqüência da utilização das drogas antituberculose em doses sub-ótimas é o risco do
desenvolvimento de cepas de M. tuberculosis resistentes às drogas e de sua disseminação, o
que atualmente representa a preocupação mundial de todos os programas de tuberculose. A
tuberculose, como doença endêmica entre nós, merece ser estudada quanto a esse aspecto,
devido às implicações na seleção e disseminação de bacilos multirresistentes. Este projeto
tem, portanto, efeito direto no controle da qualidade e biodisponibilidade dos fármacos, na
melhora do índice de cura, na redução e prevenção do fenômeno de resistência às drogas
antituberculose. Em última análise, poderá contribuir para o controle da tuberculose como
problema de saúde pública.
Os resultados deste estudo depois de analisados serão reportados ao Ministério da Saúde para
ampla divulgação nacional e apresentados em reuniões e congressos da área para debate
aberto e amplo com as comunidades científicas local, nacionais e internacionais.
Concomitantemente, estes dados serão submetidos à publicação em periódicos científicos
indexados
182
12. Riscos e Dificuldades (máximo de 1 página)
A Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina (UPC&IBIMED;
www.upcibimed.ufc.br) possui pessoal (pesquisadores e técnicos) e estrutura física de
laboratório qualificados, conforme descrito anteriormente, para realização desta proposta. A
UPC & IBIMED e o Programa de Pós-Graduação em Farmacologia (www.ufc.br) apresentam
linhas de pesquisas bem consolidadas para pesquisas nas áreas do estudo em questão, como:
(a) Estudo da barreira morfo-funcional intestinal em doenças diarréicas, desnutrição,
HIV/AIDS e tuberculose; (b) Estudo da biodisponibilidade e farmacocinética de drogas
antiretrovirais e antituberculose. A produção científica do grupo nestas linhas de pesquisas
antecipa o mínimo risco para a execução dos objetivos citados neste projeto. Ademais, o
grupo apresenta, há mais de 28 anos, forte colaboração internacional em pesquisa e novas
tecnologias com a Universidade de Virginia, tendo como consultor e principal pesquisador
colaborador internacional o Dr. Richard L. Guerrant (vide CV Lattes).
Pesquisas pioneiras do grupo culminaram na consolidação da cromatografia líquida de alta
pressão como um método altamente específico e capaz de detectar mínimas alterações na
permeação e permeabilidade intestinais (vide no CV Lattes do pesquisador principal as
citações: Bao et al., 1996; Lima et al., 1997; Barboza et al., 1999; Lima et al., 2005). Estes
trabalhos demonstraram que a razão da excreção urinária de lactulose-manitol, após a
administração oral destes açúcares não metabolizados, é extremamente útil para avaliar o grau
de comprometimento e a disfunção da permeabilidade intestinal presentes em várias doenças
e distúrbios nutricionais, inclusive na síndrome de imunodeficiência humana adquirida pelo
vírus HIV. Estes autores, lançando mão do método de cromatografia líquida de alta
performance com fraca troca aniônica acoplada a um detector amperométrico pulsado (HPLC-
PAD), confirmaram a eficácia, praticidade e aplicabilidade do método, quando comparado a
outros sistemas, tais como ensaios enzimáticos, cromatografia gás-líquido e cromatografia em
camada fina. Este método permitirá avaliar, em nível molecular de marcadores, a correlação
da área de absorção bem como o grau de lesão da barreira funcional intestinal, com a
biodisponibilidade de drogas anti-infecciosas. Nesta área dois trabalhos recentes têm chamado
à atenção para a possível influência da barreira funcional intestinal na absorção e
biodisponibilidade de drogas antiretrovirais (vide no CV Lattes do principal investigador as
citações: Brantley et al., 2003; Bushen et al., 2004).
A experiência da UPC & IBIMED em pesquisas de estudos de coorte e intervenções
clínicas na comunidade (Gonçalves Dias e Parque Universitário, ambas em Fortaleza), postos
de saúde (Centro de Saúde Carlos Ribeiro em Fortaleza), hospitais (Hospital Infantil Albert
Sabin, Hospital S. José, Hospital de Maracanaú e Hospital do Câncer, todos em Fortaleza),
bem como pesquisa básica laboratorial (UPC&IBIMED, Centro de Biomedicina, Faculdade
de Medicina, UFC) permite antecipar mínimas dificuldades na realização da parte clínico-
laboratorial dos métodos que se propõem a alcançar os objetivos desta proposta. O histórico
citado anteriormente e disponível na homepage: www.upcibimed.ufc.br da UPC &IBIMED,
bem como a produção científica e de patentes que comprovam este mínimo risco para
execução desta proposta de pesquisa.
183
Cronograma de Atividades
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: Ano 1.
ATIVIDADES
Ano 1 - MÊS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
1. Treinamento de pessoal e desenvolvimento de
rotinas laboratoriais e protocolos experimentais
XX X
2. Aquisição do material necessário ao
desenvolvimento da pesquisa
XX
3. Teste dos formulários a serem utilizados
X X
4. Confecção do programa de entrada para confecção
do banco de dados
X X
5. Realização dos testes de equivalência
farmacológica dos medicamentos a serem utilizados
X X
6. Seleção de pacientes, entrada no estudo, realização
do protocolo experimental
X X X X X X X
3. Execução dos testes e exames laboratoriais, e
entrada de dados
X X X X X X X
4. Análise de resultados, preparação e publicação em
periódicos de circulação científica internacional
X X X X X X X
184
ORÇAMENTO
.1 – Detalhamento do orçamento
Quant. Valor Unitário
(R$)
Valor Total
(R$)
Material de consumo
Drogas e reagentes
Vidraria e material descartável
Kits de ELISA
Colunas para HPLC e reagentes
Lanche para pacientes
-
-
-
-
100
4.580
2.440
3.780
4.780
5
4.580
2.440
3.780
4.780
500
TOTAL Material de consumo
15.585 16.080
Outros serviços
Transporte de amostras para o laboratório
Custo por paciente (transporte)
52
100
15
4
780
400
TOTAL Outros serviços
152 19 1.180
Viagens
Nacional
1
1.800
1.800
TOTAL Viagens
1 1.800 1.800
Outros (especificar - incluir despesas administrativas e
institucionais)
Taxa de administração do IBIMED (3% do total)
1
-
572
TOTAL GERAL
- 19.632
Contrapartida da instituição responsável
A UPC & IBIMED juntamente com sua Extensão no Parque Universitário darão a
contrapartida de quase todos os equipamentos já existentes para pesquisa como HPLC (R$
70.000,00) e outros pequenos equipamentos orçados em R$ 30.000,00, além da estrutura
física de apoio ao tratamento dos pacientes envolvidos neste estudo. Assim, um total geral de
R$ 100.000,00 é estimado como contrapartida para a realização deste projeto.
185
13. Referências Bibliográficas
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188
Artigos em preparação e publicados
189
ABSORÇÃO, PERMEABILIDADE INTESTINAL E BIODISPONIBILIDADE DE
RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA EM PACIENTES COM
TUBERCULOSE PULMONAR ATIVA
Autores
Mônica C. Façanha
1
, Argina M. B. Gondim
2
, Valéria G. F. Pinheiro
1
, Elizabeth
C. Barroso
1
, Charles A. Peloquin
3
, Richard L. Guerrant
1,4
, Aldo A. M. Lima
1,4
1
Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina / Center for Global
Health, Departamento de Farmacologia e Fisiologia Faculdade de Medicina
Universidade Federal do Ceará
2.
Enfermeira, Centro de Saúde Carlos Ribeiro, Secretaria Municipal de Saúde,
Fortaleza, Ceará
3
Infectious Disease Pharmacokinetics Laboratory of the National Jewish Medical and
Research Center-Denver USA
4
Center for Global Health, Division of Infectious Diseases and International Health,
University of Virginia,Charlottesville,VA
Endereço para correspondência:
Aldo A. M. Lima:
R. Prof Cel. Nunes de melo, 1315, 2º. Andar. Rodolfo Teófilo. CEP 60/430-270.
Fortaleza- Ceará- Brasil
Fone/Fax: 55 85 3366 8445
190
Resumo
Objetivo: Os objetivos desse estudo foram avaliar a permeabilidade intestinal e a
biodisponibilidade de rifampicina, isoniazida e pirazinamida em pacientes com
tuberculose pulmonar ativa. Material e métodos: Realizou-se estudo transversal
controlado com 30 pacientes consecutivos com tuberculose pulmonar ativa,
atendidos no Centro de Saúde Carlos Ribeiro em Fortaleza, Ceará, entre julho de
2004 e dezembro de 2005 e 29 controles sadios recrutados entre profissionais de
saúde, seus familiares e vizinhos. Realizou-se coleta de informações clínico-
epidemiológicas e sócio-demográficas, de amostras de sangue e teste de
lactulose/manitol. Para a avaliação da biodisponibilidade foram analisadas as
concentrações de sangue coletadas duas horas e seis horas depois da ingestão de
rifampicina isoniazida e pirazinamida. Resultados: A idade média dos casos foi
37,57±2,66 anos e dos controles de 34±2,04 anos (p=0,294). Eram do sexo
masculino 20/30 (66,7%) casos e 19/29 (65,5%) controles (p=0,926). Verificou-se
menor excreção de lactulose entre os casos (0,2043%; variando de 0,0-1,3015) do
que entre os controles (0,4301%, variando de 0,0-2,0643) (p=0,0194); a excreção de
manitol entre os casos foi 18.9423% (1,9567-71,5446) e entre controles foi de
24.3988% (1,3883-63,0539) (p=0,0698) e a relação lactulose/manitol foi de 0,0102
(0,0-0,07598) entre os casos e 0,02 (0-0,14) entre os controles (p=0,0698). A
concentração média máxima de rifampicina sérica foi de 1,46 ± 0,72 µg/ml entre os
casos e de 6,69 ± 3,07 µg/ml entre os controles (p<0,001); a de isoniazida foi 2,62 ±
1,53 µg/ml entre os casos e 1,98 ± 0,76 µg/ml entre os controles (p=0,057) e a de
pirazinamda foi de 44,10 ± 10,40 µg/ml entre os casos e 36,32 ± 12,02 µg/ml entre
os controles (p=0,007). Quatro (13,3%) casos obtiveram concentrações esperadas
de nenhuma das drogas de primeira linha para o tratamento da tuberculose; 21
191
(70,0%) obtiveram-no apenas para uma droga (pirazinamida) e 5 (16,7%), para 2
drogas (pirazinamida e isoniazida). Nenhum acaso alcançou concentrações
esperadas para as 3 drogas. Conclusões: Os resultados demonstram o
comprometimento da barreira funcional intestinal nos pacientes com tuberculose e
má absorção de rifampicina e isoniazida. Estes dados sugerem a necessidade de
avaliação de medidas de controle para reduzir a má absorção desses fármacos
utilizados durante os últimos quatro meses de tratamento da tuberculose.
Palavras-chave: Tuberculose pulmonar; biodisponibilidade de rifampicina,
isoniazida e pirazinamida; permeabilidade intestinal; absorção de drogas
antituberculose; resistência de Micobacterium tuberculosis
192
Introdução
A tuberculose continua sendo uma doença de alta endemicidade nos
países menos desenvolvidos, em que a baixa renda, a pobreza, a fome, a
aglomeração e a precariedade da atenção à saúde são freqüentes. No Brasil,
i
no
Ceará
ii
e em Fortaleza,
iii
a tuberculose nunca deixou de ser um problema de saúde
pública.
Com o advento da aids e a piora das condições socioeconômicas de parte da
população dos países desenvolvidos, a tuberculose voltou a ser um problema
importante nesses países, o que, associado à alta prevalência em países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, fez com que a Organização Mundial de
Saúde a considerasse uma emergência mundial.
iv
Depois da epidemia de aids,
foram registrados numerosos surtos epidêmicos de tuberculose multirresistente
(TBMR) em co-infectados com o HIV (MONNO et al., 1991; BARNES et al.,
1991;.FISCHL et al., 1992; EDLIN et al., 1992, BECK-SAGUE et al., 1992;
FRIEDEN, et al., 1993; LASZLO, et al., 1994)
Baixas concentrações de drogas antituberculose podem ser causa de
resistência de Mycobacterium tuberculosis e têm sido observadas em pacientes com
e sem coinfecção com HIV
v
vi
vii
viii
, inclusive em pacientes em tratamento
diretamente observado.
ix
x
Existem várias possibilidades da droga não atingir
concentrações terapêuticas, mesmo com a adesão do paciente: não há
concentração suficiente da droga no comprimido, há interação com outras drogas,
não há absorção da droga no intestino delgado.
xi
xii
O teste de lactulose/manitol tem sido utilizado para avaliar a permeabilidade
intestinal em pacientes com diarréia,
xiii
aids,
xiv
tuberculose,
xv
outras doenças. A
193
absorção transcelular e paracelular estavam reduzidas na série de pacientes com
tuberculose pulmonar, a maioria internada em hospital de referência.
Esse estudo teve como objetivos avaliar a permeabilidade intestinal e a
biodisponibilidade de rifampicina isoniazida e pirazinamida em pacientes com
tuberculose pulmonar ativa em tratamento ambulatorial.
Material e Métodos
Ética do estudo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará em 25 de março de 2004.
Os dados foram coletados após esclarecimento sobre o estudo e o consentimento
escrito do voluntário,
Desenho do estudo e população estudada. Realizou-se estudo transversal
controlado com 30 casos consecutivos de tuberculose pulmonar ativa e 29 controles
sadios. Foram critérios de inclusão de casos estudo: procurar o Centro de Saúde
Carlos Ribeiro para tratamento de tuberculose, ser residente em fortaleza, aderir ao
tratamento supervisionado, ser maior de 18 anos, ter 2 baciloscopias de escarro
positivas, concordar em participar do estudo e estar em uso de rifampicina isoniazida
e pirazinamida. Foram critérios de exclusão: ser portador de diabetes mellitus,
neoplasia maligna, doença intestinal inflamatória crônica, aids, gravidez ou
transtorno mental. Os voluntários sadios foram selecionados entre profissionais de
saúde, seus familiares e vizinhos, com os mesmos critérios dos casos.
Coleta de dados.. Preencheu-se um questionário com dados sócio-
demográficos e clínicos, realizaram-se a pesagem e a medida da estatura de cada
um. Dosagem de glicose, uréia, creatinina, aspartato aminotransferase (AST),
alanina aminotransferase (ALT), bilirrubina total, direta e indireta, proteína total,
194
albumina e globulinas foram feitas por sistema automatizado no sangue coletado na
primeira amostra. O índice de massa corporal (IMC) foi utilizado como indicador do
estado nutricional dos voluntários.
xvi
A dependência do álcool foi avaliada pelos
critérios de CAGE.
xviixviii
Permeabilidade intestinal. Foram administrados 20 mL da solução de
lactulose/manitol, contendo 250 mg/mL de lactulose e 50 mg/mL de manitol. A
solução foi preparada pelo setor de Biotecnologia do Instituto de Biomedicina
(Ibimed) em Fortaleza, Ceará. O voluntário desprezou a urina que estava
armazenada na bexiga por ocasião da ingestão da solução e a partir desse
momento coletou toda a urina das próximas 5 horas. As dosagens de lactulose e
manitol urinários foram feitas por cromatografia líquida de alta pressão com troca
iônica acoplada com detecção amperométrica pulsada.
xiii
Biodisponibildade de drogas antituberculose. Rifampicina (R), 10 mg/kg/dia,
máximo de 600mg; isoniazida (I), 5 mg/Kg/dia, máximo de 400mg; e pirazinamida
(P), 25-35 mg/Kg/dia, máximo de 2.000mg.
xix
R e I foram administradas em uma
única cápsula trinta minutos antes da solução de lactulose/manitol. Duas e seis
horas depois da ingestão das drogas antituberculose foram coletadas amostras de
sangue para dosagem das drogas, utilizando-se cromatografia líquida de alta
pressão.
ix
Para rifampicina, consideraram-se concentrações normais esperadas,
aquelas entre 8 µg/mL e 24 µg/mL, para de isoniazida entre 4 µg/mL e 8 µg/mL e
para pirazinamida entre 30 µg/mL e 60 µg/mL.
ix
Foram classificadas como muito
baixas abaixo de 4 µg/mL de rifampicina, abaixo de 3 µg/mL de isoniazida e abaixo
de 20 µg/mL de pirazinamida.
xx
Considerou-se concentração máxima, a maior
dosagem sangüínea detectada de cada uma das drogas, independente da amostra
ter sido coletada 2 horas ou 6 horas após a ingestão dos medicamentos.
195
Considerou-se má absorção quando a droga não atingiu o limite mínimo da
concentração normal esperada.
Equivalência farmacológica dos fármacos. O lote de R e I utilizado passou por um
controle de qualidade interno de Far-Manguinhos, a indústria produtora, e por outro
externo, após a administração das doses a todos os voluntários, sendo aprovado em
ambos. P também passou no controle de qualidade do laboratório Iqueco.
Análise estatística. As alterações nos logarítmos da taxa de excreção urinária de
lactulose/manitol foram selecionadas como desfecho primário por serem dados
objetivos e refletirem a função de barreira e a área de superfície de absorção
intestinais. Fez-se dupla entrada dos dados por dois digitadores independentes. A
análise descritiva para as variáveis qualitativas foi realizada através de tabelas e
gráficos e, para as variáveis quantitativas, utilizaram-se se medidas de tendência
central, de variabilidade e medidas de separatrizes. Para avaliação da normalidade
na distribuição das variáveis quantitativas foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, e a
para avaliar a igualdade das variâncias, foi utilizado o teste de Levene. Os
resultados observados para as variáveis quantitativas com distribuição normal foram
expressos como média ± desvio padrão (dp). A comparação de médias de
populações independentes foi feita pelo Teste T de Student. Para as variáveis sem
normalidade na distribuição, os resultados foram expressos como mediana e os
como valores mínimo e máximo (variação da distribuição). O teste de Mann_Whitney
foi utilizado para a comparação de populações independentes. O nível de
significância utilizado nos testes estatísticos foi de 5% (p < 0,05).
196
Resultados
Foram atendidos 91 pacientes com tuberculose no período de recrutamento
dos casos: 57 não preencheram os critérios de inclusão (39 por ter BAAR negativo
ou desconhecido por ocasião do recrutamento, 5 por não estar usando RIP, 5 por
não aderir ao tratamento supervisionado, 1 por ser menor de 18 anos 8 por não ter
sido possível contactar) e três foram excluídos por serem portadores de diabetes
(Figura 1).
A idade média dos casos foi 37,57±2,66 anos e dos controles de 34±2,04
anos (P=0,294). Eram do sexo masculino 20/30 (66,7%) casos e 19/29 (65,5%)
controles (p=0,926). O IMC dos casos foi significativamente menor 54,7 ± 8,3 kg do
que o dos controles 71,2 ± 14,0 kg (p=0,0001), às custas do peso atual dos casos .
(60,3 ± 8,0 kg) ter sido também menor do que o dos controles (71,15 ± 14,0)
(p=0,0379) (Tabela 1). Houve diferença significativa entre as médias de glicemia dos
casos (85±18,78 mg/dL) e dos controles (72,28±13,64) (p=0,002); de uréia dos
casos (20,80±8,91) e dos controles (25,79±7,33) (p=0,001) e de albumina dos casos
(4,08±0,63) e dos controles (4,78±0,28), entretanto, essas médias estavam dentro
dos limites da normalidade. A bilirrubina total, direta e indireta estavam mais
elevadas nos controles do que nos casos. Não houve diferença significativa nos
outros parâmetros bioquímicos, que estavam dentro dos limites normais esperados.
O IMC dos casos foi 21±2,79 e dos controles 26,19±4,87 (p<0,001). Entre os casos
havia 5/30 (16,67%) com subpeso e 5/30 (16,67%) com sobrepeso os outros 20/30
(66,6%) tinha IMC normal. Entre os controles, havia 11/29 (37,93%) com IMC
normal, 12/29 (41,38%) com sobrepeso, 4/29 (13,79%) com obesidade tipo I e 2/29
(6,9%) com obesidade tipo II. Preencheram critérios de CAGE para dependência do
álcool 18/30 (60%) casos e (42,4%) controles (p=0,15).
197
Verificou-se uma menor excreção de lactulose entre os casos (0,2043%;
variando de 0,0-1,3015) do que entre os controles (0,4301%, variando de 0,0-
2,0643) (p=0,0194); a excreção de manitol entre os casos foi 18.9423% (1,9567-
71,5446) e entre controles foi de 24.3988% (1,3883-63,0539) (p=0,0698) e a relação
lactulose/manitol foi de 0,0102 (0,0-0,07598) entre os casos e 0,02 (0,0-0,14) entre
os controles (p=0,0698) (Tabela 2).
A proporção de lactulose excretada na urina dos controles, 0,4301%,(variando
de 0,0-2,0643) foi maior que o dobro daquela dos casos, 0,2043%; (variando de 0,0
a 1,3015) (p=0,0194); a proporção de manitol 18.9423%, (variando de 1,9567 a
71,5446 nos casos e 24.3988% (variando de 1,3883 a 63,0539) nos controles
(p=0,0698). A relação lactulose/manitol 0,0102 (variação 0,0-0,07598) nos casos e
0,02 (variação 0,0-0,14) nos controles) apresentaram diferença estatística limítrofe
(p=0,698) (Tabela 2).
Considerando a concentração máxima encontrada, observou-se que estava
muito baixa para rifampicina nos casos (1,46 ± 0,72) e baixa nos controles (6,69 ±
3,07) (p<0,001); para a isoniazida estava muito baixa nos casos (2,62 ± 1,53) e nos
controles (1,98 ± 0,76) (p=0,057) e para pirazinamida estava dentro dos limites
normais esperados nos casos (44,10 ± 10,40) e nos controles (36,32 ± 12,02)
(p=0,007) (Tabela 3 e Figura 2A, 2B e 2C).
Quatro dos 30 (13,3%) voluntários com tuberculose (casos) e 7/29 (24,1%)
sem tuberculose (controles) não alcançaram o nível normal esperado de nenhuma
das drogas utilizadas (p=0,11). Vinte e um dos 30 (70,0%) voluntários com
tuberculose 12/29 (41,46%) sem tuberculose tinham concentração sérica em nível
normal esperado de apenas uma das drogas (p=0,29): PZA. Cinco dos 30 (16,7%)
voluntários com tuberculose e 10/29 (34,5%) sem tuberculose tinham duas drogas
198
em nível normal esperado (p=0,49): RMP e INH. Nenhum caso alcançou
concentração normal esperada de rifampicina; e nenhum controle obteve a
concentração normal esperada de INH. Nenhum voluntário, seja caso, seja controle,
alcançou nível normal esperado das 3 drogas, simultaneamente (Tabela 4).
Entre os 30/30 casos que tinham concentração sérica de rifampicina abaixo
da esperada 29/30 tinham concentrações muito baixas (abaixo de 4 µg/mL). Dos
25/30 (83,3%) casos cuja concentração sérica de isoniazida não alcançou o valor
normal esperado, 17/25 apresentaram valor muito baixo (abaixo de 3 µg/mL).
Nenhum caso apresentou dosagem muito baixa de pirazinamida (abaixo de 20
µg/mL), Os quatro casos que não obtiveram concentrações normais esperadas de
PZA, também não a obtiveram para INH e RMP.
Onze dos 30 casos de tuberculose não alcançaram a concentração
inibitória mínima de rifampicina (1 µg/ml). A concentração inibitória mínima de
isoniazida (0,2 µg/ml) e de pirazinamida (20 µg/ml) foi alcançada em todos em
casos.
Discussão
Chamou a atenção a redução da concentração da lactulose urinária nos
casos, o que pode sugerir que a tuberculose é capaz de reduzir a passagem de
solutos pela zônulas de oclusão (tight junctions) da mucosa intestinal. Ë possível que
drogas antituberculose, especialmente aquela de peso molecular maior, como a
rifampicina, possam ter sua absorção comprometida pela via paracelular. A
conseqüência do decréscimo da excreção de lactulose é a redução da relação
lactulose/manitol. E, quando essa taxa se encontra baixa, em geral menor que 0,03,
199
é considerada normal
xxi
, visto que nas doenças diarréicas, por exemplo, há redução
na absorção de manitol, com conseqüente aumento da taxa.
Observaram-se concentrações séricas abaixo das esperadas em rifampicina e
isoniazida, apesar de todos os medicamentos terem sido ingeridos sob supervisão
dos pesquisadores e suas concentrações in vitro antes e depois da administração a
todos os voluntários foi testada e aprovada. É preocupante o fato de nenhum caso
ter alcançado concentração normal esperada de RMP e que 25/30 (83,3%) também
não a terem alcançado para INH, o que significa que a partir do terceiro mês de
tratamento esses pacientes serão tratados com drogas que não alcançam as
concentrações esperadas. Entretanto 27/30 (90%) dos casos evoluíram para cura,
1/30 (3,3%) para falência e 2/30 (6,7%) abandonaram o tratamento. O que evoluiu
para falência tinha concentração de rifampicina sérica indetectável, mas a isoniazida
(5,16 µ/mL) e pirazinamida (54,9 µ/mL) estavam dentro dos limites normais
esperados. É possível que a manutenção de doses inibitórias mínimas das drogas,
em longo prazo, tenha sido a responsável pela boa evolução na maioria dos
pacientes.
Ainda em relação a INH e, especialmente, a RMP, talvez sejam necessários
estudos mais aprofundados de dissolução e biodisponibilidade, para verificar se
haveria alguma dificuldade do ponto de vista físico-químico para que a droga fosse
absorvida, visto que foram aprovadas pelos testes realizados pelo laboratório
produtor e por laboratório independente.
Entre as limitações desse estudo pode-se citar que o número de indivíduos
não permitiu que se demonstrasse estatisticamente a existência da relação entre as
concentrações séricas das drogas e a lesão da barreira funcional intestinal.
Entretanto, por haver malabsorção das drogas urge que sejam adotadas medidas
200
para manter níveis esperados da droga em seus locais de ação para uma boa
evolução do paciente, redução da transmissão da tuberculose e surgimento de
cepas resistentes.
Em conclusão, os resultados demonstram o comprometimento da barreira
funcional intestinal nos pacientes com tuberculose e má absorção de rifampicina e
isoniazida. Estes dados sugerem a necessidade de avaliação de medidas de
controle para reduzir a má absorção desses fármacos utilizados durante os últimos
quatro meses do tratamento da tuberculose.
201
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the prediction of relapse in Crohns disease. Lancet, 1993; 341(8858):1473-6.
204
Tabela 1 - Caracterização quanto a idade, sexo, peso atual e índice de massa
corporal dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) que se submeteram aos testes de biodisponibilidade sérica
de drogas antituberculose, Fortaleza-CE, 2004-2005
Parâmetros
Total
(n=59)
Casos
(n=30)
Controles
(n=29)
p
1
Idade (Média ± DP
2
) 35,8 ± 13,0 34,5 ± 14,6 34,0 ± 11,0 0,294
Sexo [N (%)]
Feminino 20 (33,9) 10 (33,3) 10 (34,5) 0,926
Masculino 39 (66,1) 20 (66,7) 19 (65,5) 0,926
Peso atual
3
(kg) (Média ± DP
2
) 62,8 ± 13,8 54,7 ± 8,3 71,2 ± 14,0 0,0001
IMC
4
(kg/m²) (Média ± DP
2
) 65,7 ± 12,1 60,3 ± 8,0 71,15 ± 14,0 0,0379
1
Teste T_Student
2
DP=
Desvio padrão
3
Peso registrado no início do tratamento
4
IMC=
indice de massa corporal = Peso (kg)/altura (m)
205
Tabela 2. Concentração urinária de lactulose, manitol e da relação lactulose manitol
em voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose (controles)
que se submeteram à dosagem sérica de rifampicina, isoniazida e
pirazinamida, Fortaleza-CE, 2004-2005.
Grupo
Total
Mediana
(Variação)
Casos
Mediana
(Variação)
Controles
Mediana
(Variação)
p
1
% Lactulose
2
0,3066
(0,0-2,0643)
0,2043
(0,0-1,3015)
0,4301
(0,0-2,0643)
0,0194
% Manitol
3
21,6513
(1,3883-
71,5446)
18,9423
(1,9567-
71,5446)
24,3988
(1,3883-
63,0539)
0,0698
Relação
Lactulose/Manitol
4
0,014
(0-0,136)
0,0102
(0,0-0,07598)
0,0153
(0,0-0,136)
0,0698
1.
Teste de Mann-Whitney
2
Percentual de excreção urinária de lactulose
3
Percentual de excreção urinária de manitol
4
Relação entre a excreção urinária de lactulose e a de manitol
206
Tabela 3. Concentração sérica duas horas e seis horas depois da ingestão de
rifampicina isoniazida e pirazinamida em voluntários com tuberculose
(casos) e sem tuberculose (controles) que se submeteram à dosagem
sérica de rifampicina, isoniazida e pirazinamida, Fortaleza-CE, 2004-
2005.
Grupo
Total
(Média±DP
1
)
Casos
(Média±DP
1
)
Controles
(Média±DP
1
)
p
Rifampicina 2 horas 3,13 ± 3,49 1,15 ± 0,78 5,07 ± 3,9 0,0001
Rifampicina 6 horas
2
3,13 ± 2,57 1,18 ± 0,51 5,07 ± 1,55 <0,001
Rifampicina máxima 3,97 ± 3,58 1,46 ± 0,72 6,69 ± 3,07 <0,001
Isoniazida 2 horas 2,36 ± 1,24 2,30 ± 1,60 1,86 ± 0,75 0,194
Isoniazida 6 horas
2
0,95 ± 0,74 1,40 ± 0,62 0,96 ± 0,86 0,109
Isoniazida máxima 2,46 ± 1,19 2,62 ± 1,53 1,98 ± 0,76 0,057
Pirazinamida 2 horas 40,17 ± 12,42 42,38 ± 11,02 35,11 ± 13,16 0,015
Pirazinamida 6 horas
2
28,72 ± 5,78 31,80 ± 4,99 27,99 ± 6,46 0,129
Pirazinamida máxima 40,94 ± 11,44 44,10 ± 10,40 36,32 ± 12,02 0,007
1
Desvio padrão.
2
Dosagem de 6h das 3 drogas antituberculose foi feita de 29 casos. Não houve
material suficiente de um caso.
207
Tabela 4 - Distribuição dos voluntários com tuberculose (casos) e sem tuberculose
(controles) quanto ao número de drogas antituberculose que alcançaram
nível normal esperado em sua concentração máxima
1
, Fortaleza-CE,
2004-2005
Número Total Casos Controles
de drogas N % N % N %
p
2
0
11 18,6 4 13,3 7 24,1 0,286
1
33 55,9 21 70,0 12 41,4 0,027
2
15 25,4 5 16,7 10 34,5 0,11
Total 59 100 30 100,0 29 100,0
1
A concentração máxima foi a maior encontrada independente do momento em
que foi dosada
2
Test T de Student
Obs.: Nenhum caso ou controle obteve concentrações normais esperadas para
as 3 drogas.
208
Legenda das Figuras
Figura 1 – Fluxograma de recrutamento dos voluntários, Fortaleza-CE, 2004-2005
Figura 2 - Concentração sérica máxima e limites esperados de rifampicina (A),
isoniazida (B) e pirazinamida (C) em voluntários com tuberculose
pulmonar (casos) e controles, Fortaleza-CE, 2004-2005.
209
Figura 1
Suspeita de tuberculose no Centro de Saúde
Carlos Ribeiro (91 pacientes)
Estavam em uso de RIP*
(47 pacientes)
Não estavam em uso de RIP*
(5 pacientes)
Gravidez, diabetes mellitus, aids, doença intestinal, outra doença grave
Não
(30 pacientes)
Sim (Diabetes)
(3 pacientes)
Não
selecionados
Pesquisa de
BAAR positiva
(52 pacientes)
Pesquisa de BAAR negativa
ou sem resultado
(39 pacientes)
Menores de 18 anos
(1 pacientes)
Convidado a participar
(33 pacientes)
Não contactado
(8 pacientes)
Maiores de 18 anos
(41 pacientes)
Aderiram ao tratamento
supervisionado
(
42
p
acientes
)
Não aderiram ao tratamento
supervisionado
(
5
p
acientes
)
Não
selecionados
Não
selecionados
Não
selecionados
Excluídos
Não
selecionados
* RIP = Rifam
p
icina + Isoniazida + Pirazinamida
Voluntários sadios convidados
(32 voluntários)
Concordaram
em participar
(
31 voluntários)
Não concordou
em participar
(1 voluntário)
210
Figura 2
Casos N=30 Controles N=29
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Concentração
sérica esperada:
Limite superior
[24 µg/mL]
Concentração
sérica esperada:
Limite inferior
[8 µg/mL]
Concentração sérica de
rifampicina
[µg/mL]
Casos N=30 Controles N=29
0
2
4
6
Concentração
sérica esperada:
Limite superior
[6 µg/mL]
Concentração
sérica esperada:
Limite inferior
[4 µg/mL]
Concentração sérica de
isoniazida
[µg/mL]
Casos N=30 Controles N=29
0
10
20
30
40
50
60
Concentração
sérica esperada:
Limite superior
[60 µg/mL]
Concentrão
sérica esperada:
Limite inferior
[30 µg/mL]
Concentração sérica de
pirazinamida [µg/mL]
A
B
C
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
226
227
228
229
230
231
232
233
234
235
236
237
238
239
240
241
242
243
244
245
246
247
248
249
250
251
252
253
254
255
256
257
258
259
260
261
262
263
264
265
266
267
268
269
270
271
272
273
274
275
Capítulo de livro
276
277
278
279
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