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Com o apoio financeiro da Fundação Ford e a garantia da United States Agency
for International Development (USAID),
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o IBECC/SP, entre 1961 e 1964, traduziu e
adaptou os materiais norte-americanos. A USAID, dentro do programa Aliança para o
Progresso,
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se comprometeu a financiar os 36 mil primeiros exemplares publicados do
PSSC, sendo que 10% dos royalties caberiam ao IBECC/SP, que, por sua vez, repassaria
metade do valor aos autores como pagamento de direitos autorais (Barra & Lorenz, 1986,
p. 1973; Wuo, 2003, p. 323; Raw, 1970, p. 81). O representante da Fundação Rockefeller
R. Watson interferiu junto ao USAID para financiar a publicação da NSF no Brasil (Raw,
1970, p. 81).
Durante os turbulentos anos de 1964 a 1967, a editora da Universidade de Brasília
publicou diversos títulos do IBECC/SP (Raw, 1970, p. 80). Em 1965, ocorreu a invasão
por tropas militares da Universidade de Brasília e a demissão coletiva de 210 professores.
Após 1967, a maior parte da publicação dos livros foi transferida para editoras privadas.
Nesse novo arranjo, o IBECC/SP gerenciava os direitos autorais sobre os livros editados
por empresas privadas como a EDART. A associação com editoras privadas viabilizou o
volume de publicações do IBECC, cerca de 1 milhão e meio de publicações no período de
1965 a 1970, que não poderia arcar com os investimentos necessários, da ordem de US$
2 milhões (Raw, 1970, pp. 84, 86). Além do IBECC/SP, outra instituição a se ocupar da
publicação de livros didáticos em ciências no Brasil era a Fundação Nacional de Material
Escolar (FENAME) do Ministério da Educação (Frota-Pessoa; Gevertz & Silva, 1985, p.
206).
Equacionada a questão da publicação dos materiais didáticos, um outro ponto
fundamental na execução dos projetos de adaptação dos materiais didáticos norte-
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Os acordos com a agência United States Agency International for Development (USAID) para o financiamento de materiais
didáticos no País foram alvo de críticas por “legitimarem toda uma transformação modernizadora imposta ao país no sentido de
direcionar sua racionalidade” (Nardi, 2005). Durante o regime militar, um acordo do Ministério da Educação com recursos da
agência norte americana USAID (acordo MEC USAID), envolvendo US$ 15 milhões, favoreceu a indústria da educação (Raw, 1970,
p. 81). Pela expressão MEC/USAID, ficaram conhecidos diversos acordos sigilosos que só vieram a se tornar públicos em novembro
de 1966, como o acordo MEC-CONTAP-USAID, de junho de 1966, que previa assessoria para a expansão e o treinamento do
quadro de professores do ensino de nível médio no Brasil. O CONTAP era o Conselho de Cooperação Técnica da Aliança para o
Progresso (Neto, 2003, p. 203; Romanelli, 2002, p.213). O sistema de educação do País como um todo foi modificado, gerando a
reforma do ensino de nível superior em 1968 e a do ensino de níveis fundamental e médio em 1971.
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Isaías Raw foi convidado por J. Perkins, diretor-científico da OEA, em 1962, a participar do programa de Ciências da Aliança para
o Progresso, junto com o prof. Tola, do Peru, para o estudo do plano de desenvolvimento básico do ensino de ciências (Raw, 1970,
p. 34, 180; Raw, 2005b, p. 27). No projeto estava prevista a distribuição gratuita de 3 mil cópias dos textos do PSSC, BSCS, SMSG e
CBA para os professores das escolas de nível secundário em 1965 (Raw, 1965, p. 22, 23, 24, 28). O relatório do IBECC assim
comenta sobre esta indicação: “O prof. Isaías Raw foi o idealizador e tem sido um dos grandes realizadores do programa que a
Seção Paulista do IBECC desenvolve, no sentido de incrementar e expandir o ensino experimental de ciências, nos cursos
secundários do Brasil, e num magnífico desempenho, internacionalmente reconhecido, o que justifica o convite que acaba de
receber da UNESCO” (Correio do IBECC, Rio de Janeiro, abril de 1962).