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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
ESTUDO DO POTENCIAL ANTINEOPLÁSICO DA
BIFLORINA,
ο
- NAFTOQUINONA ISOLADA DAS
RAÍZES DE Capraria biflora L.
MARNE CARVALHO DE VASCONCELLOS
FORTALEZA
2007
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MARNE CARVALHO DE VASCONCELLOS
ESTUDO DO POTENCIAL ANTINEOPLÁSICO DA
BIFLORINA,
ο
- NAFTOQUINONA ISOLADA DAS
RAÍZES DE Capraria biflora L.
Tese submetida à coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia, do Departamento de
Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho
Co-orientadora: Profa. Dra. Letícia Veras Costa Lotufo
FORTALEZA
2007
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V448e Vasconcellos, Marne Carvalho de
Estudo do potencial antineoplásico da biflorina, о-naftoqui-
nona isolada das raízes de Capraria biflora L. / Marne
Carvalho de Vasconcellos – Fortaleza, 2007
181 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará. Curso
de Pós-Graduação em Farmacologia, Fortaleza – CE, 2007
1. Farmacologia 2.Teste de mutagenicidade 3. Toxicidade.
I. Moraes Filho, Manoel Odorico de (orient.) II.Título
CDD 615.1
MARNE CARVALHO DE VASCONCELLOS
ESTUDO DO POTENCIAL ANTINEOPLÁSICO DA
BIFLORINA,
ο
- NAFTOQUINONA ISOLADA DAS
RAÍZES DE Capraria biflora L.
Tese aprovada em 14 de dezembro de 2007
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho
Orientador
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Letícia Veras Costa Lotufo
Co-Orientadora
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Marília Oliveira Fonseca Goulart
Universidade Federal de Alagoas
DEDICATÓRIA
“Dedico esta tese a meus pais
Lena e Mário Vasconcellos
com todo meu amor.”
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar presente em todos os segundos de minha vida, me dando força
principalmente nos momentos de desânimo.
Ao Dr. Manoel Odorico de Moraes, meu orientador, que ainda quando aluna de
Farmácia, em Manaus, me deu a oportunidade de vir pra cá e durante todos esses anos
aqui em Fortaleza, sempre me incentivou e me orientou a continuar.
A Dra. Letícia Veras Costa Lotufo que sempre foi muito mais que uma co-orientadora,
em todos os momentos fosse fácil ou difícil me recebeu e apoiou, pela amizade e
compreensão constantes pela troca científica ao longo desses anos e por todas as
broncas também.
A Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes pela constante participação na minha
formação acadêmica no Laboratório de Oncologia Experimental ou na Unidade de
Farmacologia Clínica, pelo voto de confiança além de seu apoio e compreensão em
todas as horas.
Ao Dr. João Antônio Pegas Henriques pela oportunidade de conviver em seu laboratório
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por toda sua orientação, carinho e apoio
sem os quais parte desse trabalho não se realizaria.
A Dra. Marília Oliveira Fonseca Goulart por aceitar participar da minha banca, pela
simpatia constante e oportunidade de colaboração nesse trabalho.
Ao Dr. Fernando Antonio Frota Bezerra pela orientação, pelo convívio, com seu
maravilhoso senso de humor e a paz de espírito que transmitia nas horas difíceis e claro
pela malacagem compartilhada.
A Dra. Claudia do Ó Pessoa, pelo apoio e incentivo constantes, ainda que em momentos
difíceis o meu muito obrigada, por todos esses anos de convívio.
A Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves pela incansável disponibilidade, pela amizade
e carinho em todas as horas.
A Dra. Maria Rosa Lozano Borrás, pela constante torcida, carinho e amizade dispensada
desde a graduação até hoje.
Ao Dr. Rommel Burbano pela oportunidade de conviver e aprender em seu laboratório
na Universidade Federal do Pará.
A Dra. Telma Leda Gomes de Lemos pela oportunidade de poder trabalhar com a
biflorina.
A Dra. Jenifer Saffi pelo agradável convívio em Porto Alegre.
Aos amigos do LOE, Diego, Helton, Hemerson, Gardênia, Hélio, Patrícia Bonavides,
Patrícia Marçal, Paulo Michel, Danilo, Ivana, Carla, Bruno, Zé Roberto, Delano, Jérsia,
Arinice, Washington e Felipe por compartilharem suas experiências e amizade.
Aos amigos da Unidade de Farmacologia, André, Demétrius, Ismael, Ismênia, Ana,
Vagnaldo, Aline e Pacífica.
Aos companheiros, Cynthia, Kristiana, Cecília, Dayse, Silvéria e até o Carlinhos, por
nossas caranguejadas.
À Silvana pela imensurável ajuda neste trabalho.
Aos técnicos, Luciana, Adriano, Fátima, Evanir, Raimundo e Paulo sempre prontos a
ajudar.
Às secretárias Fábia, Maria Tereza, Flávia, Malu, Aura, Joana, Sheila e Adelânia que
sempre davam “um jeito” em tudo.
Aos professores da Pós-Graduação em Farmacologia pelos ensinamentos.
À Íris, Fernando, Chiquinho, Mônica, Vilanir, Alana, Carlos, Sílvio, Dona Bia, Sr.
Francisco, Sr. Aroldo, Sr. Dantas e demais funcionários da UNIFAC e do Departamento
de Fisiologia e Farmacologia da UFC, por fornecerem sempre boas condições de estudo
e trabalho.
Ao Aluísio Marques Fonseca pela paciência e disponibilidade incansáveis sempre que
lhe pedia mais biflorina.
Aos amigos Márcia e Antônio Barroso, pelo agradável convívio, amizade e carinho
constantes.
Aos amigos Tércio, Emília e Cecília pela salutar convivência durante o doutorado, pelo
carinho e amizade.
Aos amigos que fiz na UFRGS, Renato, Dinara, Giovanni, Albanin, Miriana, Izabel, as
Anas, Nicolas, Santos, Fernanda, Mirian, Márcia, Knulp, Jack, Cassiana, Bacana,
Renata e Fabrício.
Aos amigos que fiz na UFPA, Patrícia, Dani Baiana, Dani, Drica, Aline, Taís e André.
Na UFAL a Aline pela grande colaboração e paciência que teve comigo durante nosso
recente convívio.
Ao povo do Labomar, Janise, Janaína, Jeamylle, Lucas, Josi e Marcionília.
Ao amigo Daniel Pereira Bezerra o qual sem seu dinamismo e desprendimento com os
animais com certeza esse trabalho não se realizaria, valeu!!!
Ao amigo Marcio Pinho Pereira, por estar sempre presente e disposto a me ajudar em
todas as horas, por sua amizade, carinho, compreensão e por todos os seriados que
assistimos juntos.
À amiga Paula Christine Jimenez, por sempre estar por perto, pelo carinho, amizade e
acolhida em todas as horas difíceis, mas também nas horas lúdicas compartilhando de
agradáveis momentos como em nossas incansáveis partidas de buraco ao lado da tia
Susana e da tia Simone tomando caldo verde, com a Nágela peruando.
A amiga Isabelle Arthaud, outra companheira de carteado, dos seriados e de tantas
outras coisas, pelo carinho e amizade.
A amiga Raquel Carvalho Montenegro, por sua amizade, carinho e compreensão, ao
longo desses anos.
A meus tios e padrinhos Carlos (in memoriam) e Maria Sidney, por todo apoio durante
esses anos.
Aos meus irmãos Marla e Marcel, e ao meu cunhado Marcos que durante a minha
ausência, partilharam comigo o incentivo carinhoso neles contido.
Agradeço também ao apoio financeiro da CAPES e do Instituto Claude Bernard, sem os
quais não poderia realizar este trabalho.
RESUMO
ESTUDO DO POTENCIAL ANTINEOPLÁSICO DA BIFLORINA,
ο
-
NAFTOQUINONA ISOLADA DAS RAÍZES DE Capraria biflora L.
Marne Carvalho de
Vasconcellos. Orientador: Manoel Odorico de Moraes Filho. Co-orientadora: Letícia Veras Costa Lotufo.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Farmacologia. Departamento de Fisiologia e
Farmacologia, UFC, 2007.
A biflorina é uma 1,4 – orto-naftoquinona isolada de raízes de Capraria biflora, que
possui uma ampla distribuição nas américas do Sul e do Norte. O objetivo desse trabalho foi
avaliar se a biflorina apresentava um potencial citotóxico e antitumoral utilizando modelos in
vitro e in vivo. O presente estudo também avaliou a genotoxicidade dessa molécula em
linfócitos periféricos humanos e em outros modelos como células V79, bactérias, leveduras bem
como em medula óssea de camundongos. Frente a dezesseis linhagens tumorais, dentre elas 15
humanas e 1 murina, a biflorina mostrou-se bastante citotóxica, uma vez que teve sua CI
50
variando de 0,43 e 14,61 µg/mL. Para avaliar sua seletividade, ela foi testada também em
linfócitos humanos estimulados com fitohemaglutinina, onde se pode concluir que ela não é
seletiva. A biflorina não foi capaz de inibir o desenvolvimento de ovos de ouriço-do-mar e nem
causar ruptura na membrana de hemácias de camundongos. Para avaliar seu mecanismo de ação
e seu potencial antitumoral in vivo a linhagem B16 (Melanoma) foi escolhida para que os testes
in vitro e in vitro pudessem ser realizados com a mesma célula. Os estudos in vitro realizados
por coloração diferencial e por citrometria de fluxo sugerem que a biflorina induz morte celular
por apoptose, uma vez que as células tratadas apresentaram redução do volume nuclear,
condensação de cromatina e formação de corpos apoptóticos. A citometria de fluxo confirmou a
fragmentação de DNA induzida na maior concentração de biflorina e demonstrou que as células
tratadas apresentaram despolarização da mitocôndria significante. Além disso, por citometria a
integridade de membrana não foi alterada e não exibiu aumento da percentagem de células não
viáveis, sendo o mesmo observado com as células avaliadas por exclusão por azul de tripan. A
atividade in vivo da biflorina foi avaliada em três modelos, sarcoma 180, carcinoma de Erlich e
melanoma B16. A biflorina inibiu o crescimento dos tumores dos animais transplantados com
sarcoma 180 e carcinoma de Erlich, bem como foi capaz de aumentar a resposta antitumoral e
diminuir a toxicidade sistêmica do 5-FU quando associada com ele. Nos animais transplantados
com B16 a sobrevida dos animais tratados com biflorina aumentou significativamente. Foi
demonstrado também que a biflorina possui ação imunoadjuvante aumentando a produção de
anticorpos contra ovalbumina, o que pode estar relacionada com suas propriedades antitumorais.
Também foi estudada a interação da biflorina com o DNA de fita dupla e de fita simples,
mostrando que ela inibe diretamente o DNA, mas não inibe Topoisomerase I, sugerindo que
outro mecanismo deve estar associado a essa interação, podendo estar relacionado à indução de
dano ao DNA. Contudo a biflorina mostrou-se genotóxica apenas no teste do cometa, onde a
freqüência e o índice de danos em linfócitos humanos aumentaram significativamente, sem, no
entanto induzir efeito clastogênico pelo teste de aberrações cromossômicas. Por outro lado, por
sua comprovada atividade antioxidante, possivelmente associada à remoção de grupos hidroxil,
a biflorina demonstrou ter uma atividade antimutagênica, contra células V79 e linhagens de
Saccharomyces cereviseae tratadas com H
2
O
2
, quando usada em baixas concentrações, além de
não causar peroxidação lipídica bem como diminuir a peroxidação lipídica medida pelos níveis
de TBARS em células V79. Ainda para descartar quaisquer dúvidas em relação a não indução
de mutagenicidade pela biflorina, outros dois testes sugeridos pelos protocolos internacionais
como testes padrão para comprovação de segurança de muitos químicos incluindo biocidas e
fármacos, foram realizados os testes de Ames em Salmonella thyphimurium e o teste de
micronúcleos em medula óssea de camundongos, ambos com resultados negativos. Todos esses
dados compilados sugerem que a biflorina é uma droga com uma potente atividade citotóxica
em células neoplásicas, antitumoral, atividade imunoadjuvante, potencial antioxidante que
interage diretamente com DNA de fita simples e de fita dupla, mas não inibe topoisomerase,
porém mostra-se genotóxica, mas não mutagênica quando testada em vários modelos
biológicos.
Palavras chave: Biflorina, citotoxicidade, atividade antitumoral e antimutagenicidade.
ABSTRACT
ANTINEOPLASTIC POTENTIAL OF BIFLORIN,
ο
- NAFTOQUINONE ISOLATED
FROM THE ROOTS OF Capraria biflora L. Marne
Carvalho de Vasconcellos. Advisor: Manoel
Odorico de Moraes Filho. Co-advisor: Letícia Veras Costa Lotufo. Doctorate Thesis. Graduate Program
on Phamacology. Departament of Phisyology and Pharmacology. Federal University of Ceara, 2007.
Biflorin is a 1,4 - o-naftoquinone isolated from the roots of Capraria biflora, which has
an ample distribution among North and South América. The goal of this study was to evaluate
the antitneoplastic potential of biflorine in vitro and in vivo models. Genotoxic effects in human
peripheral lymphocytes and other cell models, such as V79, bacteria and yeasts, as well as in
mice bone marrow. Was also accessed biflorin was highly cytotoxic against 15 human tumor
cell lines and 1 murine cell line, with IC50 ranging from 0.43 to 14.61 µg/mL. Cell selectivity
was was not observed, since in was equally toxic to normal human lymphocytes stimulated with
phytoheamaglutinin. No inhibitory effect on see-urchin egg development or lysis of mouse
erythrocyte was observed following biflorin treatment. Mode of action studies and antitumor
potential was evaluated on the B16 melanoma cell line, which enables in vitro and in vivo
studies. The in vitro data suggests that biflorin induces cell death by apoptosis, as treated cells
showed a decrease in nucleus size, chromatin condensation and formation of apoptotic bodies.
Flow cytometry confirmed DNA fragmentation and a significant mitochondrial depolarization
on the highest concentration tested. Membrane integrity disruption was not observed when
analyzed by flow cytometry and no increase in non viable cells was registered. The later result
was also seen on the trypan blue exclusion cell count. In vivo antitumor activity was evaluated
in three tumor models: Sarcoma 180, Erlich´s Carcinoma and Melanoma B16. Biflorin inhibited
tumor growth in S-180 and Erlich transplanted animals and increased the antitumor effect of 5-
FU where decreasing its toxicity. On B16 transplanted animals, survival span of biflorin-treated
animals increased significantly. It was demonstrated that biflorin possess immune-adjuvant
proprieties, increasing the production of anti-albumin antibodies, which can be related to its
antitumor activity. Interaction of biflorin with single and double stranded DNA was confirmed,
but was shown that it does not inhibit topoisomerase I, suggesting that a different mechanism is
associated with this interaction, probably DNA damage induction. Biflorin showed genotocicity
only on the comet assay, in which frequency and damage index towards human lymphocytes
were significantly increased, without, however, inducing clastogenic effect on chromosome
aberration assessment. On the other hand, due to its antioxidant effect, possibly associated to
removal of hydroxi groups, biflorin, in lower concentrations, showed antimutagenic activity
towards V79 cells and Saccharomyces cereviseae treated with H
2
O
2
. Moreover, it does not
induce lipidic peroxidation, thus reducing this effect in V79 cells, as seen by assessment of
TBARS levels. To discard any doubts on biflorin´s non-mutagenic proprieties; the Ames test in
Salmonella thyphimurium and the micronucleus assay on mouse bone marrow was carried out,
both presenting a negative result. Taken together, these results suggest that biflorin is a strong
cytotoxic compound against neoplastic cells as possess antitumor, immune-adjuvant and
antioxidant potential, interacts directly with single and double stranded DNA, but not
topoisomerase I, has a genotoxic but not mutagenic effect and increases survival rate in treated
mice.
Keywords: Biflorin, cytotoxicicity, antitumor activity and antimutagenicicity.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%
Porcentagem
&
E
<
Maior que
>
Menor que
AcOH
Ácido acético
Ag/AgCl/Cl
-
Eletrodo de referência – Fio de prata imerso em solução de
cloreto de prata
ANOVA
Analisys of Variance (Análise de Variância)
AOLW
Absorbância de comprimento de onda baixo
AOWH
Absorbância de comprimento de onda alto
BrdU
Bromodeoxiuridina
CE
50
Concentração efetiva
CI
50
Concentração inibitória média
CLAE
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CO
2
Dióxido de carbono
DAB
Diaminobenzidina
DMSO
Dimetilsulfóxido
DNA
Ácido Desoxirribonucléico (ADN)
Dox
Doxorrubicina
dsDNA
Ácido Desoxirribonucléico em fita dupla (ou dupla hélice)
SEM
Etil Metano Sulfonato
EMEA
The European Medicines Agency
EPM
Erro Padrão da Média
EtOH
Etanol
FDA
Food and Drug Administration
G
Grama
H
Hora
H/E
Hematoxilina/Eosina
H
2
O
Água destilada
H
2
O
2
Peróxido de hidrogênio
HST
High –throughput screening
IC
Intervalo de confiança
INCA
Instituto Nacional do Câncer
LA/BE
Laranja de acridina/ Brometo de etídio
L
Litro
mg
Miligramas
Min
Minuto
mL
Mililitro
MMS
Metil Metano Sulfonato
MTT
3-(4,5-dimetiltiazol-2-tiazolil)2,5-difenil-2H tetrazolina
bromido
NaOAc
Acetato de sódio
Nm
Nanômetro
OVA
Ovalbumina
PBS
Phosphate buffer solution (Tampão fosfato)
pH
Potencial hidrogeniônico
q.s.p.
Quantidade suficiente para
RNM
Ressonância magnética nuclear
Rpm
Rotações por minuto
ssDNA
Ácido Desoxirribonucléico em fita simples (ou simples hélice)
TBS
Tris buffer solution (Tampão de tris)
TBARS
Espécies reativas de tiobarbitúricos
US-NCI
United States National Cancer Institute (Instituto Nacional do
Câncer dos Estados Unidos)
VPD
Voltametria de pulso diferencial
X
Vezes
µL
Microlitro
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Agentes anticâncer utilizados na clínica derivados de plantas.
Tabela 2
Linhagens celulares tumorais utilizadas nos ensaios de citotoxicidade.
Tabela 3
Efeito inibitório da biflorina e doxorrubicina sobre células neoplásicas
humanas pelo método MTT.
Tabela 4
Atividade antimitótica da biflorina e doxorrubicina sobre o
desenvolvimento de ovos de ouriçi-do-mar.
Tabela 5
Taxa de inibição tumoral dos animais tratados com biflorina e 5-
fluorouracil transplantados com Sarcoma 180.
Tabela 6
Taxa de inibição tumoral dos animais tratados com biflorina e 5-
fluorouracil transplantados com Carcinoma de Erlich.
Tabela 7
Valores de velocidade de varredura (ν), potenciais de pico catódico
(Epc), potenciais de pico anódico (Epa) e variação entre potencial
anódico e catódico (Epa – Epc) da Biflorina.
Tabela 8
Protocolos de tratamento da biflorina aplicados a linfócitos humanos em
curtos tempos de cultura.
Tabela 9
Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de
linfócitos tratados com biflorina durante as fases G1 e G1/S do ciclo
celular.
Tabela 10
Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de
linfócitos tratados com biflorina durante a fase S do ciclo celular.
Tabela 11
Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de
linfócitos tratados com biflorina durante a fase G2 do ciclo celular.
Tabela 12
Atividade retiradora de radicais livres da biflorina no sistema DPPH.
Tabela 13
Dano no DNA pelo teste cometa em células V79 expostas a biflorina
mais H
2
O
2
por 1h a 37ºC com subseqüente tratamento com tampão,
endonuclease III e formamidopirimidina DNA – glicosilase.
Tabela 14
Indução de mutação na linhagem XV-18514C de S. cerevisiae após 3h
de tratamento com biflorina.
Tabela 15
Indução de mutação na linhagem XV-18514C de S. cerevisiae após o
tratamento com peróxido de hidrogênio em células na fase estacionária
pré-incubadas com biflorina por 3h em condições de não crescimento.
Tabela 16
Indução de crossing-over (/cyh2) e conversão gênica (leu1-1/leu1-12) na
linhagem diplóide XS2316 de S. cerevisiae após tratamento com
biflorina durante a fase de crescimento exponencial e o efeito desse pré-
tratamento sobre a indução de recombinogênese pelo peróxido de
hidrogênio.
Tabela 17
Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium
pela biflorina com e sem atividade metabólica.
Tabela 18
Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium
pela biflorina com e sem atividade metabólica.
Tabela 19
Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium
pela biflorina com e sem atividade metabólica.
Tabela 20
Freqüência de eritrócitos policromáticos micronucelados dos animais
tratados com biflorina em 24 e 48h.
Tabela 21
Resumo dos resultados obtidos com a biflorina.
Lista de Figuras
Figura 1
Esquema das bases moleculares da formação do câncer.
Figura 2a
Representação espacial das taxas brutas de incidência em homens.
Figura 2b
Representação espacial das taxas brutas de incidência em mulheres.
Figura 3
Classificação de antineoplásicos segundo Calabresi e Chabner.
Figura 4
Atividade dos agentes quimioterápicos antineoplásicos,
dependendo da fase do ciclo celular.
Figura 5
Representação do DNA, em fita dupla e em fita simples.
Figura 6
Estrutura química do DNA de fita dupla.
Figura 7
Representação do modo de operação do biossensor de DNA.
Figura 8
Distribuição da origem dos medicamentos anticâncer que estão no
mercado nos últimos 25 anos.
Figura 9
Estrutura química das quinonas usando-se como critério o anel
quinoidínico.
Figura 10
Estrutura química de diferentes naftoquinonas.
Figura 11a
Foto da Capraria biflora.
Figura 11b
Foto das raízes de Capraria biflora.
Figura 12
Estrutura química da biflorina.
Figura 13
Fluxograma da obtenção dos extratos das raízes de Capraria
biflora.
Figura 14
Esquema representativo do método MTT.
Figura 15
Esquema representativo do método antitimitótico em ovos de
ouriço-do-mar.
Figura 16
Esquema representativo do método de hemólise em eritrócitos de
camundongos.
Figura 17
Esquema representativo do método de exclusão por azul de tripan.
Figura 18
Esquema representativo do método de coloração
hemtaoxilina/eosina.
Figura 19
Esquema representativo do método de coloração laranja de
acridina/brometo de etídio.
Figura 20
Esquema representativo do método do BrDU.
Figura 21
Esquema representativo do citômetro de fluxo.
Figura 22
Esquema representativo dos protocolos antitumorais em
camundongos.
Figura 23
Esquema representativo do protocolo de sobrevida dos animais
transplantados com melanoma B16.
Figura 24
Esquema representativo do método imunoadjuvante em animais.
Figura 25
Voltamograma de Pulso Diferencial (Carbono Vítreo) para a
mistura das bases guanina e adenina.
Figura 26
Esquema representativo do método Alamar Blue.
Figura 27
Esquema representativo do método do cometa.
Figura 28
Representação esquemática dos danos do cometa observados ao
microscópio.
Figura 29
Esquema representativo do método de aberrações cromossômicas
em linfócitos.
Figura 30
Esquema representativo dos testes em bactérias e leveduras.
Figura 31
Esquema representativo da formação de micronúcleos.
Figura 32
Esquema representativo do método de micronúcleos in vivo.
Figura 33
Determinação da viabilidade celular por azul de tripan das células
B16 tratadas com biflorina após 24 h de incubação.
Figura 34
Fotomicrografia das células B16 tratadas com biflorina após 24 h
de incubação, coradas por H/E.
Figura 35
Determinação da viabilidade celular por LA/BE das células B16
tratadas por 24 h com biflorina utilizando coloração por
microscopia de fluorescência.
Figura 36
Inibição do 5-bromo-2´-deoxyuridina (BrdU) incorporado pelas
células B16 tratadas por 24 h com biflorina.
Figura 37
Histogramas de ciclo celular das células B16 tratadas por 24 h com
biflorina.
Figura 38
Determinação da fragmentação internucleossomal do DNA de
células B16 por citometria de fluxo.
Figura 39
Determinação do efeito da biflorina sobre o potencial
transmembrana em células B16 por citometria de fluxo usando
rodamina 123.
Figura 40a
Fotomicrografia dos órgãos dos animais tratados com biflorina e 5-
FU.
Figura 40b
Fotomicrografia dos órgãos dos animais tratados com biflorina e 5-
FU.
Figura 41
Efeito imunoadjuvante sobre camundongos saudéveis imunizados
biflorina e ovalbumina.
Figura 42
Curva de sobrevida dos animais transplantados com células de
melanoma B16 tratados com biflorina e dacarbazina.
Figura 43
Efeito sobre o volume tumoral dos grupos controle e tratados com
biflorina transplantados com células B16 no experimento de
sobrevida.
Figura 44
Efeito imunoadjuvante sobre camundongos B57CL/6
transplantados com células B16 imunizados com biflorina e
ovalbumina.
Figura 45
Voltametria cíclica da biflorina.
Figura 46a
Voltametria quadrada da biflorina.
Figura 46b
Voltametria de pulso diferencial da biflorina.
Figura 47
Voltametria de pulso diferencial da biflorina.
Figura 48
Voltametria de pulso diferencial do biossensor de dsDNA em
presença da biflorina.
Figura 49
Voltametria de pulso diferencial do biossensor de ssDNA em
presença da biflorina.
Figura 50a
Freqüência de dano do efeito da biflorina ou doxorrubicina no teste
do cometa em linfócitos humanos.
Figura 50b
Índice de dano do efeito da biflorina ou doxorrubicina no teste do
cometa em linfócitos humanos.
Figura 51
Efeito da biflorina na autoxidação do ácido oléico. A oxidação do
ácido oléico.
Figura 52
Inibição da geração de espécies reativas de oxigênio pela biflorina
no sistema hipoxantina-xantina oxidase
Figura 53
Sobrevivência clonogênica de células V79 após o tratamento com
biflorina em diferentes concentrações por 3 horas.
Figura 54
Sobrevivência clonogênica de células V79 pre-tratadas com doses
não tóxicas de biflorina por 3 h em meio sem SBF e exposto a
H
2
O
2
por 1h.
Figura 55
TBARS em células V79 pré-tratadas com biflorina e expostas a
H
2
O
2.
Figura 56a
Freqüência de dano do efeito da biflorina ou doxorrubicina no teste
do cometa em células V79.
Figura 56b
Índice de dano do efeito da biflorina ou doxorrubicina no teste do
cometa em células V79.
Figura 57a
Freqüência de micronúcleos dos animais tratados com biflorina ou
EMS por 24 horas.
Figura 57b
Freqüência de micronúcleos dos animais tratados com biflorina ou
EMS por 48 horas.
SUMÁRIO
Dedicatória
Agradecimentos
Lista de Abreviaturas e Siglas
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Resumo
Abstract
1. Introdução
22
1.1. Câncer 22
Modelos antitumorais não clínicos utilizados no desenvolvimento de novos
fármacos antineoplásicos 33
1.2. Produtos Naturais 35
1.3. Naftoquinonas 40
2. Objetivos
48
2.1. Geral
2.2. Específicos
3. Material e Métodos
49
3.1. Material Utilizado 49
Equipamentos 49
Soluções 51
Reagentes 53
Fármacos 53
3.2. Metodologia Experimental 54
3.2.1.Obtenção da Biflorina 54
Coleta e informações sobre a planta
Obtenção dos extratos das raízes de Capraria biflora
Obtenção de CBR-2 a partir de EEP
Obtenção de CBR-2 a partir de EEE
Coleta e informações sobre a planta
3.2.2. Estudo da citotoxicidade in vitro 55
3.2.2.1. Linhagens Celulares Utilizadas 55
3.2.2.2. Manutenção das Células 56
3.2.2.3. Teste de citotoxicidade in vitro – Ensaio do MTT 56
3.2.3. Avaliação da atividade antimitótica nos ovos do ouriço-do-mar 57
3.2.4. Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos
Mus musculus Swiss 59
3.3. Estudo de mecanismo de ação no modelo de melanoma murino in vitro 60
3.3.1. Viabilidade celular – Exclusão por azul de tripan 60
3.3.2. Análise morfológica – Coloração diferencial por hematoxilina/eosina 62
3.3.3. Análise morfológica – Coloração diferencial por Laranja de Acridina
/ Brometo de Etidio
63
3.3.4. Inibição da síntese de DNA por incorporação de BrDU 64
3.3.5. Análises por citometria de fluxo 66
3.3.5.1. Integridade da membrana plasmática 66
3.3.5.2. Ciclo celular e fragmentação de DNA 67
3.3.5.3. Determinação do potencial transmembrânico da mitocôndria 68
3.4. Estudo da atividade antitumoral in vivo 70
3.4.1. Avaliação do efeito da biflorina em camundongos transplantados com
os tumores Sarcoma 180 e Carcinoma de Erlich 70
3.4.2. Efeito na biflorina na sobrevida de animais transplantados com o
tumor Melanoma B16 72
3.4.3. Avaliação da Atividade Imunoadjuvante 73
3.5. Avaliação da interação da biflorina com o DNA 75
3.5.1. Interação com DNA por eletroquímica 75
3.5.2. Inibição da enzima Topoisomerase I 77
3.6. Avaliação do potencial citotóxico, genotóxico e clastogênico in vitro em
linfócitos humanos 77
3.6.1. Teste de citotoxicidade in vitro – Ensaio do Alamar Blue 77
3.6.2. Teste Cometa 79
3.6.3. Avaliação de Aberrações cromossômicas em linfócitos de sangue
periférico 82
3.7. Avaliação do potencial antioxidante
83
3.7.1. Autoxidação do ácido oléico
83
3.7.2. Atividade antioxidante para determinação da remoção de radicais
livres por DPPH
84
3.7.3. Hipoxantina/Xantina Oxidase
84
3.8. Atividade biológica e genotóxica em células V79
85
3.8.1. Cultura de células V79 85
3.8.2. Avaliação da citotoxicidade a partir da sobrevivência clonal 85
3.8.3. Avaliação da peroxidação lipídica 85
3.8.4. Teste cometa 86
3.9. Potencial genotóxico em diferentes sistemas biológicos 86
3.9.1. Detecção da atividade citotóxica, mutagênica e antimutagênica em
Saccharomyces cerevisiae
87
3.9.2. Teste em Salmonella thiphymurium – teste de Ames 88
3.9.3. Micronúcleos de medula óssea de camundongos
90
Preparo dos animais para o teste do micronúcleo
4. Resultados
95
4.1. Atividade citotóxica in vitro 95
4.1.1. Teste de citotoxicidade em células de linhagens tumorais – Teste do
MTT 95
4.1.2. Teste da atividade antimitótica em ovos de ouriço-do-mar 97
4.1.3. Atividade hemolítica 97
4.2. Estudo do mecanismo de ação no modelo de melanoma murino in vitro 98
4.2.1. Análise da Viabilidade celular – Exclusão por azul de tripan 98
4.2.2. Análise morfológica – Coloração por hematoxilina/eosina 99
4.2.3. Análise morfológica – Coloração diferencial por Laranja de Acridina/
Brometo de Etidio 101
4.2.4. Síntese de DNA por incorporação de BrDU 102
4.2.5. Análise do ciclo celular e fragmentação de DNA 103
4.2.6. Potencial transmembrana
105
4.3. Atividade antitumoral em modelos animais in vivo 106
4.3.1. Modelo murino em animais transplantados com Sarcoma 180 e
Carcinoma de Erlich 106
4.3.1.1. Toxicidade Sistêmica em camundongos Swiss 106
4.3.2. Atividade imunoadjuvante em animais Swiss saudáveis 112
4.3.3. Modelo murino em animais transplantados com Melanoma B16 112
4.3.3.1 Sobrevida dos animais e inibição tumoral 112
4.3.3.2 Atividade Imunoadjuvante 114
4.4. Avaliação da interação da biflorina com o DNA 115
4.4.1. Fita Dupla dsDNA 118
4.4.2. Fita Simples ssDNA 119
4.4.3. Inibição de Topoisomerse I 119
4.5. Avaliação do potencial citotóxico, genotóxico e clastogênico in vitro em
linfócitos humanos 120
4.5.1. Avaliação da citotoxicidade pelo método do Alamar Blue 120
4.5.2. Avaliação da genotoxicidade – Teste Cometa 120
4.5.3. Avaliação da clastogenicidade – Teste de Aberrações Cromossômicas 122
4.6. Avaliação do potencial antioxidante 125
4.6.1. Autoxidação do ácido oléico 125
4.6.2. Xantina Oxidase 126
4.6.3. Efeito retirador de radicais livres pelo método DPPH 126
4.7. Atividade biológica e genotóxica em células v79 128
4.7.1. Sobrevivência Clonogênica e Peroxidação Lipídica em células V79 128
4.7.2. Potencial genotóxico em células V79 131
4.8. Potencial genotóxico em diferentes sistemas biológicos 134
4.8.1. Leveduras 134
4.8.2. Teste de Ames em Salmonella thyphimurium 138
4.8.3. Avaliação do potencial clastogênico da biflorina em medula óssea de
camundongo 142
5. Discussão
145
6. Considerações Finais
165
7. Conclusão
166
8. Referências
167
9. Anexos
Anexo 1 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais
Anexo 2 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
Anexo 3 – Trabalhos Publicados
22
1. INTRODUÇÃO
1.1. CÂNCER
Nos organismos vivos, a informação genética encontra-se na molécula de DNA.
O DNA, ou ácido desoxirribonucléico codifica os genes responsáveis pela estrutura e
função dos organismos e permite a transmissão das características das espécies para a
progênie na forma de genes (FERREIRA & ROCHA, 2004). Os genes servem como
moldes para a síntese das moléculas de RNA, que por final são utilizadas para sintetizar
polipeptídeos, os componentes básicos para todas as proteínas (READ, 2002).
A molécula de DNA não é estável e está sujeita à formação de lesões, as quais se
caracterizam como alterações químicas da molécula original. Tais alterações são
denominadas mutações que podem ser causadas por erros durante a duplicação do
DNA. Essas alterações químicas são diversas e resultantes de três causas principais:
lesões espontâneas devido à instabilidade inerente das ligações químicas específicas dos
nucleotídeos em condições fisiológicas de temperatura e pH; o ataque de espécies
reativas de oxigênio e nitrogênio; e, por fim, lesões ambientais resultantes de interações
da molécula de DNA com diferentes agentes físicos e compostos químicos presentes no
meio ambiente (HOEIJMAKERS, 2001).
A freqüência com que alterações espontâneas ocorrem no DNA é relativamente
alta: 25 mil bases por dia em uma célula humana contendo o seu genoma total (3 x
10
9
pb) (FRIEDBERG, 2001). Lesões persistentes no DNA acarretam o funcionamento
celular incorreto e em aumento da mutagênese devido a uma maior probabilidade de
ocorrere erros quando da replicação de um molde alterado do DNA. Muitas das
mutações não implicam em mudanças detectáveis na atividade metabólica da célula ou
do organismo e, portanto, passam despercebidas. Outras mutações podem determinar a
morte celular e, por conseqüência, também não são detectáveis. Apenas um pequeno
número de mutações como as que ocorrem em genes específicos e alteram o código
genético inicial podem resultar em processos de tumorigênese levando ao aparecimento
do câncer (TORNATELLI & HANAWALT, 1999).
A palavra câncer é de origem latina (Cancer) que significa “caranguejo”, a qual
deve ter sido empregada em analogia entre a morfologia do crustáceo e ao modo de
crescimento infiltrante do tumor (DE ALMEIDA, 2005).
23
Durante a vida do indivíduo, as células normais dividem-se rapidamente até
atingir a fase adulta do mesmo. Já as células cancerosas diferem das células normais,
pelo fato de continuarem a crescer e se dividir, não obedecendo ao controle biológico
natural do organismo (HANAHAN & WEINBERG, 2000). Dividindo-se rapidamente,
estas células adquirem novas características genéticas que as tornam mais agressivas,
determinando a formação de tumores primários ou neoplasias malignas ou câncer, com
propriedades de invasão e destruição do tecido adjacente, bem como de metastização
(HANAHAN & WEINBERG, 2000, INCA - Instituto Nacional do Câncer, 2007).
As evidências mais antigas referentes ao câncer foram encontradas em tumores
ósseos fossilizados de múmias humanas do antigo Egito. Os restos ósseos revelaram um
sugestivo crescimento tumoral ósseo ou destruição craniana óssea vista nos cânceres de
cabeça e pescoço. Já a descrição mais antiga para o câncer foi encontrada no Egito por
volta de 1600 a.C. O papiro de Edwin Smith descrevia oito casos de tumores ou
ulcerações da mama as quais eram tratadas com cauterização e relatadas como não
tendo tratamento.
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao
organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio
ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As
causas internas, na maioria das vezes geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à
capacidade do organismo de se defender das agressões externas (INCA, 2007). Os
fatores ambientais podem ser atribuídos a: hidrocarbonetos policíclicos, poluentes (no
ar, na água, no trabalho), dieta alimentar, agentes infecciosos, radiações ionizantes,
entre outros. Já os fatores genéticos tais como: mutações espontâneas, diferenças
herdadas de genes envolvidos com a proliferação celular, apoptose e/ou sistema de
reparo do material genético, ou ainda alterações somáticas na expressão destes genes,
entre outros, agem em conjunto com os fatores ambientais e com a susceptibilidade para
o desenvolvimento do câncer (PERERA, 1997)
Nesse âmbito, o câncer é uma doença genética complexa cuja iniciação e
progressão envolvem passos em que o DNA acumula uma série de lesões. Essas
alterações simultâneas geralmente ocorrem em genes relacionados à proliferação,
diferenciação e morte celular. Dentre as evidências experimentais que corroboram esta
teoria está o fato de que a célula cancerosa é capaz de transmitir as suas características
fenotípicas às células “filhas” (BALMIAN et al., 2003). O processo de oncogênese
24
resultante destas alterações culmina com o crescimento de sucessivas populações ou
clones celulares nos quais as mutações se acumularam em um processo denominado
expansão clonal (SILVA, 2004). A figura 1 mostra esquematicamente como esse
processo ocorre.
Na tentativa de evitar que o câncer se espalhe, existem três tipos principais de
tratamento; cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Com o objetivo de erradicar o câncer,
normalmente se utiliza mais de um tipo de tratamento. A massa tumoral originada a
partir de um único clone celular é constituída por uma população de células
heterogêneas. As subpopulações de células diferem em relação a vários atributos
fenotípicos, como cariótipo, responsividade hormonal e suscetibilidade a agentes
antineoplásicos. Por exemplo, tumores com baixa fração de crescimento como o câncer
de mama e de colo do útero possuem uma menor suscetibilidade à quimioterapia, bem
como a ausência de antigenicidade das células proporciona uma maior resistência ao
ataque imunológico (KUMMAR et al., 2004). Assim, no âmbito da quimioterapia, cujo
objetivo primário é destruir as células neoplásicas preservando as células normais,
apesar do considerável arsenal de drogas já existentes para o tratamento do câncer, em
muitos casos, o sucesso terapêutico não é alcançado por causa de falhas nos esquemas
terapêuticos, altos índices de recidivas e redução da sobrevida. Como os agentes
quimioterápicos em sua maioria possuem um mecanismo de ação não específico,
lesando células neoplásicas e normais, o aparecimento de efeitos colaterais como
náuseas, perda de cabelo e susceptibilidade maior às infecções, torna-se comum. E
ainda que o organismo se recupere após o tratamento, faz-se necessário que os
benefícios sejam confrontados com a toxicidade, na procura de um índice terapêutico
favorável uma vez que esse reflete a segurança relativa de um medicamento
estimulando, assim, a procura por novos fármacos (SALMONM, 1998).
25
Figura 1: Esquema das bases moleculares da formação do câncer. Kummar, 2004 adaptado.
Célula
Agentes que
causam lesão
no DNA
Ativação de
oncogenes
Alterações de genes que
alteram a apoptose
Inativação dos genes
supressores tumorais
Expressão de produtos gênicos alterados e perda de
produtos gênicos reguladores
Mutações herdadas em:
-Genes que afetam o
reparo do DNA;
-Genes que afetam o
crescimento ou apoptose
celular
Lesão no DNA
Muta
ç
ão em células somáticas
Reparo bem sucedido do DNA
Incapacidade de Reparo do DNA
26
Mesmo considerando a diversidade de tratamentos e de quimioterápicos
antineoplásicos em uso clínico, a mortalidade decorrente do câncer continua
inaceitavelmente alta. No Brasil, segundo o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS), a morbidade hospitalar de neoplasias malignas (CID 10-
032-052) no período de agosto de 2006 a julho de 2007 foi 547.790 casos (DATASUS,
2007), o que reflete uma alta incidência de câncer na população brasileira, uma vez que
este se apresenta como a terceira causa de morte, precedido apenas pelas mortes
ocasionadas por acidentes e pelas doenças cardiovasculares. Os dados o Instituto do
Câncer mostram como se comporta a distribuição dos casos de câncer no Brasil (Figuras
2a e 2b).
Homens
197,59 a 389,67
119,25 a 197,58
87,89 a 119,24
50,04 a 87,88
Figura 2a: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100.000 homens, estimadas para o
ano 2006, segundo a Unidade da Federação (todas as neoplasias, exceto pele não melanoma).
27
Figura 2b: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100.000 mulheres, estimadas para o
ano 2006, segundo a Unidade da Federação (todas as neoplasias, exceto pele não melanoma)
As primeiras observações de regressão tumoral induzida por fármacos datam do
início da década de 1940 e foram feitas com as mostardas nitrogenadas. Com o passar
do tempo, novos fármacos quimioterápicos foram adicionadas ao arsenal da terapia
antineoplásica. Apesar de maior atividade antitumoral e menor toxicidade, o
fundamento racional da ação dessas novas moléculas estava baseado em conceitos
relativamente antigos do ciclo celular. A ação se caracterizava por interromper ou
perturbar etapas importantes de proliferação celular, levando as células em fase de
duplicação à morte. Atualmente uma nova geração de fármacos tem-se desenvolvido
rapidamente. Esses agentes, atuando na membrana celular ou no ambiente intracelular,
induzem a morte da célula neoplásica com pouco ou nenhum efeito deletério sobre
outras células. Fazem parte dessa nova classe, fármacos como anticorpos monoclonais,
inibidores da enzima tirosino-quinase, entre muitos outros (SAMPAIO FILHO et al.,
2006).
A investigação pelo mecanismo de ação de fármacos com atividade anticâncer
tem sido objeto de muita atenção. A literatura revela muitas vias que são estudadas para
atacar a célula neoplásica (KOVACIC, 2007). Contudo, a variedade dos tipos de
Mulheres
180,46 a 341,88
116,75 a 180,45
86 a 116,74
56,29 a 85,99
Fonte: www.inca.
g
ov.br
acessado em 11.11.07
28
compostos quimioterápicos é tão grande que Chabner e Calabresi (1995) fizeram uma
classificação no mecanismo de ação dos quimioterápicos nas diferentes etapas da
síntese do DNA, transcrição e tradução (Figura 3). Entretanto, muitos autores discordam
desta classificação, pois, outros fármacos, como por exemplo, agentes hormonais e
produtos naturais ciclo-celular específicos, não são classificados dessa forma.
Figura 3: Classificação de antineoplásicos segundo Chabner e Calabresi (1995) adaptado.
Enzimas
(inibe síntese protéica)
Alcalóides vegetais e taxóis
(inibe polimerização
de microtúbulos)
Antimetabólitos
(inibe síntese de
TMP
)
Hidroxiuréia, PALA
(inibe ribonucleosídeo redutase
e inibe biosíntese de pirimidina)
Agentes alquilantes
(formam derivados com
DNA
)
Dactinomicina e derivados
(intercalação no DNA e
inibição da RNA
polimerase)
Antagonistas purínicos
(inibem síntese purínica)
29
Pela diversidade de mecanismos existentes na transformação da célula normal
em célula maligna, a compreensão do ciclo celular se torna indispensável, haja vista que
há correlação aproximada dos ciclos metabólicos com os agentes antineoplásicos mais
comuns como demonstrado na figura 4.
Figura 4: Atividade dos agentes quimioterápicos antineoplásicos, dependendo da fase do ciclo celular.
Fonte: De almeida, 2005.
O ciclo celular é regulado por sinais extracelulares como fatores de crescimento
e disponibilidade de nutrientes. A célula que não está se replicando, apresenta-se na fase
G
0
ou está em quiescência. Em G
0
o DNA apresenta-se super-enovelado, com atividade
nuclear baixa. Quando as células passam para a fase G
1
, ocorre à preparação da célula
para a multiplicação, com a produção de fatores de crescimento celulares que são
essenciais para a formação da nova célula, além de preparação para a síntese de DNA,
que ocorrerá na fase subseqüente, fase S. Na fase G
2
há a síntese de componentes para a
mitose (divisão celular com manutenção do número de cromossomos específico da
espécie) como a produção do fuso mitótico que é feita na fase M. Após a divisão do
material nuclear há a citocinese (que é a separação da célula mãe, formando as duas
células filhas com suas organelas e demais constituintes celulares), finalizando o ciclo
de replicação celular (retorna à fase G
0
). A célula tumoral ou transformada não finaliza
o ciclo de replicação celular (não retorna à fase G
0
), assim passa da fase M para nova
fase G
1
.
Nas fases do ciclo celular, diversos fármacos irão atuar afetando a multiplicação
celular, esses fármacos que exercem sua ação sobre as células que se encontram no ciclo
celular, são denominados ciclo-celular específicos. Outro grupo de agentes
30
denominados de ciclo-celular não específico tem a capacidade de agir sobre as células
tumorais independentes de estarem atravessando o ciclo ou de estarem em repouso (fase
G
0
).
Considerando as características químicas e os mecanismos farmacológicos dos
agentes antineoplásicos, podemos considerá-los fármacos tão heterogêneos quanto os
tumores envolvidos. Os agentes antineoplásicos mais antigos e mais usados são
conhecidos como agentes alquilantes que interagem com o DNA e não são ativos
somente no processo de divisão celular. Ainda que outros alvos sejam estudados como
fármacos antitumorais, o DNA ainda é um dos alvos mais estudados (de ALMEIDA et
al., 2005).
O estudo da interação de fármacos com o DNA é considerado um dos mais
importantes aspectos em descoberta de fármacos e em processos de desenvolvimento
farmacêutico. A primeira possibilidade de interação ocorre pelo controle dos fatores de
transcrição e de polimerases, nos quais os fármacos interagem com proteínas que se
ligam ao DNA. A segunda possibilidade faz-se através da ligação com RNA tanto com
a dupla hélice do DNA, formando tripla hélice, ou com a fita simples, com a formação
de híbridos, que podem interferir na atividade de transcrição. Na terceira e última
possibilidade, há interação de pequenas moléculas diretamente com a estrutura do DNA.
A interação promovida por uma modificação covalente do DNA por agentes citotóxicos
representa uma lesão bioquímica grave. Nesse caso, as interações podem ser
eletrostáticas, geralmente inespecíficas, com o envolvimento do arcabouço negativo
(açúcar-fosfato), via intercalação entre os pares de bases e/ou interação covalente
(RAUF et al., 2005). A habilidade em medir níveis de modificação covalente de DNA
in vivo pode ser vista como uma forma eficiente de monitorar a eficiência terapêutica de
fármacos. (RAUF et al., 2005) (Figuras 5 e 6).
31
Figura 5: Representação do DNA, em fita dupla e em fita simples, evidenciando suas bases constituintes,
guanina (G), adenina (A), citosina (C) e timina (T).
Figura 6: Estrutura química do dsDNA à direita. Bases púricas (guanina – G ; adenina – A) e pirimídicas
( timina – T e citosina – C); açúcares – S e grupamentos fosfatos – P.
Estudos em biossensores de DNA (de ABREU, BRETT & GOULART, 2002;
RAUF et al., 2005) são um dos modelos úteis para clarificar o mecanismo biológico de
ação de fármacos que atuam interagindo com o DNA, uma vez que nos últimos anos, os
eletrodos modificados com DNA foram aplicados com sucesso tanto como superfícies
modificadas para determinação eletroanalítica de fármacos (RAUF et al., 2005), quanto
para o estudo da interação dos mesmos com o ácido desoxirribonucléico (DE-LOS-
SANTOS-ÁLVAREZ et al., 2004; RAUF et al., 2005). Eles permitem avaliar e predizer
interações com prejuízos celulares, através de experimentos eletroquímicos (voltametria
32
de pulso diferencial e de onda quadrada, em eletrodos de carbono vítreo modificados
com DNA em fita dupla e simples) baseados na observação da ligação das moléculas-
teste com ácidos nucléicos, tornando-se uma ferramenta para pesquisa de novas
moléculas, como os antineoplásicos que interagem com o DNA (Figura 7).
Figura 7: Representação do modo de operação do biossensor de DNA. O analito entra entre as fitas do
DNA, modifica sua conformação, o que leva à exposição de suas bases, passíveis de oxidação anódica.
33
Modelos experimentais utilizados no desenvolvimento de novos fármacos
antineoplásicos
Para se obter informações a cerca da farmacodinâmica, farmacocinética e da
toxicologia dos fármacos em desenvolvimento, é necessário que vários testes não
clínicos sejam realizados para que se possa estimar uma dose inicial a ser administrada
em seres humanos e identificar parâmetros que devam ser monitorados para identificar
prováveis efeitos adversos (DORATO & BUCKLEY, 1998).
Grande número de moléculas candidata a fármacos não são aprovados nessa
triagem, uma vez que os riscos detectáveis nesses ensaios não clínicos são muitas vezes
inaceitáveis para serem testados em seres humanos. Esses parâmetros, no entanto, para
serem mensurados devem ser aplicados em modelos animais adequados, levando–se em
consideração as similaridades e diferenças entre o perfil farmacocinético no animal e no
homem.
A quimioterapia do câncer no século XX foi dominada pelo desenvolvimento de
drogas genotóxicas, iniciadas pelo descobrimento de propriedades anticâncer da
mostarda nitrogenada nos anos de 1940 e da aminopterina, derivada do ácido fólico
(BAGULEY, 2002).
Nos anos de 1930-1960, foi reconhecido que modelos tumorais eram mais
produtivos se fossem induzidos em linhagens de camundongos puros, e o
desenvolvimento de linhagens puras de camundongos levou ao uso de tumores
transplantados para o screening de um amplo número de compostos, naturais e
sintéticos (CORBETT et al., 1997).
Tumores transplantáveis de hamsters, porco da índia, camundongos, coelhos e
ratos foram durante muitos anos fornecidos pelo National Cancer Research Center no
National Cancer Institute (NCI) na divisão de tratamento de câncer, Frederick Research
Center em Frederick, MD. Porém, ao longo dos anos, o camundongo se tornou
claramente o animal favorito na descoberta de drogas, o custo e a necessidade de
grandes quantidades de agentes caros, eliminaram os roedores maiores da maioria dos
programas de pesquisa nos anos de 1970 inclusive no programa do NCI (CORBETT et
al., 1997).
As técnicas de cultura de células, por sua vez, exercem um papel chave no
desenvolvimento de drogas anticâncer pela imposição adicional de limitações pela
captação e efluxo das drogas, interação com outros receptores celulares e metabolismo
celular. Ensaios clonogênicos, integrando múltiplas vias de morte celular, são
34
particularmente usados na mensuração da sobrevivência celular seguida pela exposição
a drogas citotóxicas. Por outro lado, microculturas, combinadas com outros métodos
colorimétricos na avaliação de efeitos antiproliferativos, têm sido à base do screening
em grande escala de drogas citotóxicas e citostáticas. O programa do NCI tornou
possível utilizar 60 ou mais linhagens celulares para comparar os perfis de inibição de
crescimento celular de novas drogas potenciais com os das dezenas de milhares de
compostos previamente testados, fornecendo informações sobre mecanismo de ação e
atividade antiproliferativa. No entanto, tais ensaios refletem tanto mudanças
citocinéticas como efeitos citotóxicos, e esforço adicional é necessário para desenvolver
métodos de cultura adequados para modelar as características de sobrevivência dos
tumores sólidos submetidos à ação de fármacos antitumorais in vivo. Algumas das
novas abordagens mais promissoras incluem a utilização de culturas celulares
tridimensionais para permitir a medida das taxas de difusão de drogas, bem como a
avaliação da sensibilidade dos efeitos das drogas sobre as células e o microambiente
tumoral (BAGULEY et al, 2002).
Com o passar dos anos, as pesquisas in vitro e in vivo, passaram por constantes
adequações às exigências do mercado farmacêutico, que constantemente traz novas
drogas que se inserem melhor no cotidiano das pessoas, com drogas que melhoram a
sobrevida dos pacientes, aumentando a expectativa de vida da população (LUCCHESE,
2001). Porém, juntamente a esse processo, há necessidade de avaliação dos riscos que
estão inseridos nesse avanço tecnológico e dessa forma, as agências regulatórias norte-
americana (FDA – Food and Drug Admnistration) e européia (EMEA European
Medicines Agency), exigem a avaliação toxicológica de estudos não clínicos de
fármacos antineoplásicos, pois com o auxílio das regulamentações observa-se um
evidente progresso na pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. No Brasil,
no entanto, não existe um processo acelerado de regulamentação como no FDA ou
EMEA, o que faz com que seja necessário seguir guias específicos oriundos de agências
regulatórias internacionais ou outras entidades como a Organização Mundial de Saúde.
35
1. 2. PRODUTOS NATURAIS
As primeiras descrições de plantas medicinais remontam das primeiras escrituras
e o papiro de Ebers, o qual enumera mais ou menos 100 doenças e descreve um grande
número de drogas de natureza animal e vegetal. Antes da era cristã, a “história natural”
foi relatada por vários filósofos. Sobressaíram-se Hipócrates, o pai da medicina, que se
consagrou por tomar a natureza como guia na escolha dos remédios (Natura
medicatrix), e Treosfato, discípulo de Aristóteles, que escreveu vários livros sobre a
história e utilização das plantas, como o uso da Papaver sonniferum, cujo princípio
ativo é a morfina (VALLE, 1978).
No século I da era cristã, Diascórides, médico grego, lança sua obra sobre
medicina e farmácia intitulada De Materia Medica, usada há mais de 15 séculos, em
cinco volumes, com mais de 500 produtos de origem vegetal, descrevendo o emprego
terapêutico de muitas delas que serviu como ensinamento até a época do Renascimento
(MAHRAN, 1977).
Claudius Galenus, Galeno, nascido em Pérgamo, Ásia Menor, em meados de
161-180 d.C iniciou sua carreira como médico dos gladiadores em Alexandria, e mais
tarde foi o médico particular do Imperador Marco Aurélio, em Roma. Considerado o
“pai das ciências farmacêuticas”, desenvolveu a ciência de preparação de
medicamentos. Até os nossos dias, preparações de origem natural são classificadas
como “galênicas” (GUILLÉM, 1987; MARGOTTA, 1998).
Os árabes, que foram os primeiros a distinguir a medicina da farmácia,
contribuíram muito para a difusão de diversas plantas medicinais nas costa do
Mediterrâneo (França, Itália e Espanha). Dentre os principais médicos árabes que se
ocuparam das plantas medicinais estão, Avicena (978-1036), que se tornou tão famoso
quanto Hipócrates e Galeno, e Ibn Baithar, que em sua obra Kitabal-Dschamial Kabu
(grande compilação de medicamentos e alimentos simples) trata de 1.400 drogas, das
quais 200 citadas ineditamente. Deve-se aos árabes os primeiros cultivos de açafrão,
cana-de-açúcar, arroz, algodão e algarroba (GUILLÉM, 1987).
Desde a colonização do Brasil, os europeus, principalmente médicos portugueses
que aqui estiveram, foram obrigados a perceber a importância dos remédios indígenas,
os quais foram chamados de “as árvores e ervas da virtude”, por Gabriel Soares de
Souza, em “Tratado Descritivo no Brasil” de 1857 (PINTO, 1995).
36
Em 1808, a “Abertura dos portos às nações amigas” e a vinda da Corte Real para
o Brasil estão entre os primeiros marcos históricos na ciência brasileira. Foi a partir do
decreto de D. João VI que começaram a chegar ao Brasil às primeiras expedições
científicas, cujo principal objetivo era dar conhecimento da exuberância da fauna e flora
brasileiras (FREEDBERG, 1986).
De fato, por ser o detentor da maior floresta equatorial e tropical úmida do
mundo, o Brasil, não pode abrir mão de estudar os produtos naturais que fazem parte de
seu vasto território (PINTO et al., 2002).
O primeiro alcalóide natural isolado, na história da química, sob a forma pura foi
a cinchonina. O médico que a isolou a partir das cascas da quina foi Bernardino Antônio
Gomes, que prestou serviço durante vários anos no Brasil na armada Portuguesa. Na
mesma expedição em que se encontrara Bernardino Antônio Gomes, o médico Carl
Friedericj von Martius e o zoólogo Johann Baptist Spix, iniciaram o estudo sistemático
da flora e fauna do Brasil. Através de von Martius, o jovem farmacêutico alemão
Theodoro Peckolt, em 1847, veio ao Brasil estudar sua flora, ganhando, então, o título
de pai da fitoquímica, através de um estudo fantástico executado na época. Dentre seus
muitos trabalhos, destaca-se o isolamento da substância da Plumeia lancifolia,
denominada agoniadina, primeiro iridóide a ser isolado na natureza em forma pura.
Ainda, Ezequiel Correia dos Santos obteve o primeiro alcalóide puro a ser isolado no
Brasil, a pereirina (COSTA 1986; MYERS et al., 2000).
Ao final do século XIX o desenvolvimento da química de produtos naturais
abriu caminho para a pesquisa dos princípios farmacológicos ativos obtidos de fontes
naturais (PINTO et al., 2002).
Já no século XX, após a criação da Academia Brasileira de Ciências (1916),
começaram a ser fundadas as Sociedades Científicas, como por exemplo, a primeira
Sociedade Brasileira de Química (homônima da atual) 1922, tendo sido, os anos 20,
considerada a década da “criação” e das mudanças (RHEINBOLDT, 1955).
O desenvolvimento de novos fármacos e as indústrias química e agroquímica
exigem uma completa investigação da eficácia e segurança das substâncias por elas
estudadas. O potencial de risco e benefício dessas substâncias é cuidadosamente
considerado, de modo que os benefícios do uso da nova molécula superem os efeitos
colaterais existentes (KRISHNA et al., 1998). O entusiasmo em relação ao estudo de
plantas medicinais e seus extratos vêm crescendo na assistência à saúde em função de
37
sua fácil aceitabilidade, disponibilidade e baixo custo. Grande parte da população
mundial utiliza a medicina popular para seus cuidados primários em relação à saúde, e
se presume que a maior parte dessa terapia tradicional envolve o uso de extratos de
plantas ou seus princípios ativos (FARNSWORTH et al., 1985; KAUR et al., 2005).
As plantas constituem uma importante fonte de compostos para a terapia do
câncer e cerca de 60% dos agentes anticâncer utilizados na clínica, sejam as moléculas
puras ou derivados sintéticos ou semi-sintéticos, são obtidos de fontes naturais,
incluindo as plantas, organismos marinhos e microorganismos (CRAGG et al., 2005;
NEWMAN et al., 2003). A pesquisa com plantas como fonte de agentes anticâncer
iniciou-se na década de 50 com o descobrimento e o desenvolvimento de alcalóides da
vinca, vimblastina e vincristina e o isolamento das podofilotoxinas. Como resultado, o
Instituto de Câncer dos Estados Unidos (NCI) iniciou uma extensa coleção de plantas
em 1960, focada principalmente nas regiões temperadas, estendendo-se mais tarde,
1986, a uma nova coleção de plantas e outros organismos, desta vez oriundos de regiões
tropicais e subtropicais (CASSADY e DOUROS, 1980; CRAGG e NEWMANN, 2005).
Isso levou ao descobrimento de vários quimiotipos com atividades citotóxicas como os
taxanos e camptotencinas. A Tabela 1 mostra os agentes anticâncer derivados de
plantas. É interessante, no entanto, ressaltar que após o encerramento dessas coletâneas,
nenhum novo agente derivado de planta, encontra-se em uso clínico, porém apenas em
desenvolvimento pré-clínico (CRAGG e NEWMAN, 2005).
De acordo com Cragg & Newman (2007), nos últimos 25 anos, os
medicamentos anticâncer utilizados na clínica médica podem ser divididos a partir de
sua origem de acordo com a figura abaixo:
38
Figura 8: Distribuição da origem dos medicamentos anticâncer que estão no mercado nos últimos 25
anos. Fonte: dados obtidos de Newmann & Cragg, 2007.
Categorias usadas para definir a origem dos medicamentos anticâncer
B – Uso biológico, como peptídeos ou proteínas isolados de algum organismo ou linhagem
celular.
N – Produto Natural
ND – Derivado de produto natural por modificação semi-sintética
S – Totalmente sintético
S/NM – São derivados sintéticos que imitam os produtos naturais
S* - Totalmente sintético, mas na farmacopéia diz ser de origem natural
S*/NM – São derivados sintéticos que imitam os produtos naturais
V – Vacina
B
17%
N
9%
N
D
25%
S
18%
S/NM
12%
S*
11%
S*/NM
6%
V
2%
39
Tabela 1 - Agentes anticâncer utilizados na clínica derivados de plantas.
Origem Princípio Ativo Estrutura química Mecanismo de ação
Campthoteca acuminata Camptotencina
Inibição da enzima
Topoisomerase I
(DA SILVA, et al, 2003)
Derivado da
camptotencina
Topotecano
Inibição da enzima
Topoisomerase I
(DA SILVA, et al, 2003)
Derivado da
camptotencina
Irinotenaco
Inibição da enzima
Topoisomerase I
(
LI et al, 2006)
Catharantus roseus
Vimblastina
Vincristina
Inibição do fuso mitótico,
interrompendo a divisão
celular na metáfase
(DE ALMEIDA et al, 2005)
Taxus breviflora
Taxus canadensis
Taxus baccata
Paclitaxel
Impede a despolimerização
da tubulina
(SOUZA, 2004)
Conversão semi-sintética
do taxol
Docetaxel
Impede a despolimerização
da tubulina
(SOUZA, 2004)
Podophyllum pelatum
Podophyllum emodii
Podofilotoxina
Bloqueio das fases S e G
2
do ciclo celular e inibição
da enzima topoisomerase II
(DE ALMEIDA et al, 2005)
Derivado semi-sintético
da epipodofilotoxina
(isômero da
podoxfilotoxina)
Etoposídeo
Inibição da enzima
Topoisomerase II
(MCCLENDON & OSHEROFF,
2007)
Derivado semi-sintético
da epipodofilotoxina
(isômero da
podoxfilotoxina)
Tenoposídeo
Inibição da enzima
Topoisomerase II
(MCCLENDON & OSHEROFF,
2007)
Bleekeria vitensis Elliptinum
Intercalação com o DNA
(DUGUE, et al 1986)
Cephalotaxus
harringtonia
Homoharringtone
Inibição da síntese de
proteínas e indução de
diferenciação
(
KANTARJIAN et al, 2001)
40
1.3. NAFTOQUINONAS
As quinonas representam uma ampla e variada família de metabólitos de
distribuição natural (THOMPSON, 1997). Destaca-se sua importância em processos
bioquímicos vitais e em estudos farmacológicos, nos quais elas têm apresentado
variadas atividades, sobressaindo-se as propriedades antitumorais, microbicidas,
tripanomicidas, viruscidas e inibidoras de sistemas celulares reparadores atuando de
diferentes formas como, por exemplo, ao induzirem a formação deletéria endógena de
espécies bioativas derivadas do oxigênio, levando ao estresse oxidativo celular. Outra
atividade marcante dessas moléculas tem sido a inibição do complexo das
topoisomerases (DA SILVA et al., 2003). As topoisomerases são enzimas que modulam
o estado topológico do DNA através da quebra transitória de uma ou ambas as fitas da
dupla hélice do DNA, e vem sendo estudada como um alvo para várias drogas usadas
no tratamento do câncer (POMMYER et al., 2003).
Quimicamente as quinonas podem ser divididas em vários grupos por suas
diferenças moleculares, usando–se como critério o tipo de anel quinonoídico:
benzoquinonas – um anel benzênico; naftoquinonas – um anel naftalênico;
antraquinonas – uma anel antracênico linear ou angular (Figura 9). Em decorrência de
diferentes arranjos isoméricos, pode-se ter com um mesmo anel e com carbonilas em
diferentes posições, diferentes quinonas. Estas formas isoméricas diferem muito em
suas propriedades físicas, químicas e quanto à sua atuação biológica. Numa observação
mais apurada sobre a importância das quinonas, pode-se citar o grande número de
drogas neste grupo que possuem aplicações práticas reconhecidas (DA SILVA et al.,
2003). Algumas, inclusive, chegaram à produção industrial, como por exemplo, a
vitamina K, as mitomicinas e as antraciclinas (RUTTIMANN, 1986).
41
Figura 9: A) 1,4 p- benzoquinona; B) 1,4-naftoquinona; C) 9,10-antroquinona.
A citotoxicidade das quinonas leva à especulação de que existe uma propriedade
química intrínseca na unidade quinonoídica, associada a outros fatores estruturais, que
são responsáveis pela intensidade das atividades antitumorais (BRAND AND FISHER,
1990). Foi observado que muitas quinonas possuem um grupo de saída que pode ser
ativado por redução das carbonilas quinonoídicas, gerando intermediários alquilantes
(LIN, 1984) (agentes antineoplásicos biorredutores). De acordo com vários autores, o
estresse oxidativo levando a danos no DNA e alquilação de nucleófilos celulares
nucleares são os dois principais mecanismos da citotoxicidade das quinonas (BOLTON
et al., 2000).
As naftoquinonas, representadas, principalmente, pela β-lapachona e pelo
lapachol, que é conhecido desde 1858 e pode ser considerado um dos principais
representantes do grupo de quinonas das tabebuias, têm sido encontradas como
constituintes de várias plantas das famílias Bignoniaceae, Verbenaceae e Proteaceae e
constituem um grupo promissor devido as suas propriedades citotóxicas e antitumorais.
Lima e colaboradores (1972) estudaram e demonstraram a existência da atividade
antitumoral de várias outras naftoquinonas, como a juglona, lawsona e plumblagina
(Figura 10).
O
O
O
O
O
O
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
A
B C
42
Figura 10: Estrutura química das naftoquinonas: A) Lapachol, B) Beta-lapachona, C)Alfa-Lapachona, D)
Juglona, E)Plumbagina e F) Lawsona
O
O
O
Me
Me
OH
CH
3
CH
3
O
O
A
O
O
O
Me
Me
C
O
CH
3
OOH
E
O
OH
O
F
B
OH O
O
D
43
A Capraria biflora L. (figura 11 A) é uma planta variável, herbácea ou
arbustiva, cujo caule é ramoso, até 150 cm de altura, ereto; possui ramos alternos,
cilíndricos, pubescentes ou hirsutos. Suas folhas são alternas, oblongo-lanceolado-
agudas, irregularmente serradas, inteiras na base, cuneadas e estreitando para o pecíolo,
até 8 cm de comprimento, peninervadas, sendo a nervura média saliente na página
inferior, a planta possui flores pediceladas, auxiliares, germinadas, raramente solitárias
ou fasciculadas, pequenas, brancas campanuladas; seu fruto possui cápsula ovado-
oblonga, glabra, contendo sementes escuras oblongo-cuneadas, rugosas (CORRÊIA
1984).
Fig
A Capraria bifloria é uma espécie pertencente à família Schrophulariaceae,
originária das Antilhas e América do Sul, que habita zonas temperadas e áreas de clima
tropical. A espécie é amplamente distribuída no continente americano. Na América do
Sul é encontrada em países como Venezuela, Peru, Guiana Francesa e Brasil (encontra-
se nos estados de Goiás, Minas Gerais e na faixa litorânea entre o Piauí, até o Espírito
Santo). Na América Central pode ser encontrada em El Salvador, Trinidad-Tobago,
Bahamas, Panamá, Curaçao, Guatemala e Porto Rico; na América do Norte: Estados
Figura 11: A) Capraria biflora L.; B) raízes da C. biflora.
A
B
44
Unidos e México; na Ásia: Índia e China. No continente europeu é muito usada como
ornamento. (CORREA, 1931; MATOS, 1988).
Esta planta é conhecida no Brasil como: balsaminha, chá-da-balsaminha, chá-do-
méxico, chá-da-martinica, chá-de-goteira, chá-do-rio, chá-das-antilhas, chá-de-lima,
chá-do-maranhão, chá preto, chá-de-boi, chá-bravo, chá-de-calçada, chá-da-terra, chá-
da-américa, chá-de-marajó (CORRÊIA, 1984; LORENZI & MATOS, 2002).
As folhas secas e raízes da Capraria biflora são usadas na medicina popular para
substituir o chá-da-índia em problemas estomacais ou no tratamento de desordens
dermatológicas em geral, afecções do aparelho urinário, febrífuga e estimulante,
vômitos, recuperação de parto, diarréia e inflamações, bem como analgésico,
especificamente em dores menstruais e pós-parto, contra otite, desordens reumáticas e
hemorróidas. Evita-se fazer infusão em doses elevadas podendo provocar debilidade.
Além disso, suas raízes possuem propriedades anti-sépticas e antimicrobianas
(AYENSU, 1981; HONYCHURCH, 1986; MATOS, 2002; MORAIS et. al., 1995,
SCOFIELD 2002).
O infuso das folhas e extremidades florais é utilizado, principalmente no Brasil,
no combate a dores estomacais, como sudorífero, febrífugo e para afecções do trato
urinário (LORENZI & MATOS, 2002). Em países da América do Sul, como Trinidad,
Peru e Guiana Francesa, o infuso das folhas de C. biflora é empregado para combater a
febre, gripe, dismenorréia, urticária, vômitos, sarampo e para lavagens oftálmicas
(LUU, 1975). O seu decocto, por via oral, é utilizado como estimulante, colagogo,
adstringente, estupefaciente e na cura de feridas e paralisia muscular (LUU,1975;
RAMIREZ et al.,1988).
Além desses usos, a decocção das folhas, em países das Américas Central e do
Norte, como Guatemala, Bahamas, Curaçao e México, são indicados para o tratamento
de edemas e câimbras nas pernas. A infusão das folhas é indicada em casos de
indigestão, diarréia e afecções ovarianas. O extrato aquoso quente das folhas é utilizado
para diabetes, diarréia, gonorréia, debilidade geral e para perda de memória (MORTON,
1968). Na Índia, usa-se o extrato quente para casos de febre, diarréia e dismenorréia
(AYENSUN, 1981). A infusão e decocção das folhas são usadas para diabetes e no
intuito de apressar o parto, diminuindo a dor (MORTON, 1968).
O extrato aquoso das folhas de C. biflora, usado em camudongos no teste da
chapa quente nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/kg, revelou a existência de uma
45
relativa propriedade analgésica da planta quando comparada com a morfina na dose de
3 mg/kg (ACOSTA et al., 2003a).
Acosta e colaboradores (2003b) demonstraram também, que o extrato aquoso
das folhas possui uma forte atividade antiinflamatória na concentração de 200 mg/kg em
relação à indometacina no teste do edema de pata induzido por carragenina. O edema
foi significativamente reduzido nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/kg, para 38,75,
35,96 e 27,94% respectivamente. A peritonite induzida por carragenina também
confirmou a atividade antiinflamatória. Na concentração de 200 mg/kg a inibição da
inflamação foi de 58,76%.
Além da utilização de partes da planta, há relatos do emprego de C. biflora em
associação a outras plantas, como diurético, calmante, bem como para o tratamento de
afecções no aparelho urinário (CORDEIRO et al., 1996).
Como referido anteriormente, a propriedade antimicrobina da C. biflora é
oriunda de suas raízes, de onde, Gonçalves de Lima e colaboradores (1953) isolaram um
princípio ativo que denominaram de biflorina.
A biflorina, objeto de nosso estudo, (Figura 12) é uma
ο
-naftoquinona (6,9-
dimetil-3-(4-metil-3-pentenil)nafta[1,8-bc]-piran-7,8-diona) prenilada de origem natural
que pode ser facilmente obtida das raízes da Capraria biflora L. (Figura 11 B), foi
isolada pela primeira vez em 1953 por Gonçalves de Lima e colaboradores e seus dados
de RMN
de
13
C foram registrados pela primeira vez por Fonseca e colaboradores (2002).
Figura 12: Estrutura química da biflorina (6,9-dimetil-3-(4-metil-3-pentenil)nafta[1,8-bc]-piran-7,8-
diona).
O
O
O
46
A biflorina mostrou como primeira atividade relatada, um potencial
antimicrobiano frente a bactérias Gram-positivas, álcool-ácido-resistentes e alguns
fungos (GONÇALVES DE LIMA et al., 1958, 1962, SERPA 1958).
A atividade da biflorina contra microorganismos foi testada por Gonçalves de
Lima e colaboradores (1958), que verificaram que a pureza da substância, estava
diretamente relacionada com sua atividade. Em 1958, os dois ensaios realizados com
diferentes graus de pureza da substância, mostraram que com a biflorina mais pura o
valor da Concentração Mínima Inibitória (CMI) era menor. Em 1962, Gonçalves de
Lima e colaboradores, com um novo método de extração da biflorina, demonstraram
que ocorreu um aumento da CMI para vários microorganismos testados. Este fato pode,
no entanto, estar associado à fotossensibilidade da biflorina, cujos dois produtos de sua
degradação (um solúvel e o outro insolúvel em éter de petróleo), também possuem
atividade antimicrobiana menor, em relação à própria biflorina. Outros ensaios frente a
fungos dermatófitos e leveduras, utilizando principalmente cepas de Candida albicans,
revelaram uma atividade dose-dependente frente aos microorganismos sobre os quais
ela possui alguma atividade (LYRA JÚNIOR, 1999).
Ainda em 1958, há registro de um relato de caso, onde foi preparada uma pasta
com 1% de biflorina cristalizada, que foi utilizada num paciente de 14 anos, do sexo
masculino, que apresentava uma “lesão eritematosa peribucal, abrangendo a parte
externa dos lábios, a qual se estendia para cima até a altura do nariz, para baixo em toda
a região mentoniana e lateralmente, sobre a face, até uns 5 cm além da comissura labial.
A pele da área atingida apresentava-se edematosa com uma coloração vermelho forte e
deixava exudar constantemente líquido claro e de cheiro pútrido em face do que o
paciente mantinha constantemente um lenço sobre a lesão. No caso, o paciente
queixava-se de forte sensação de ardência e prurido na zona afetada” (SERPA, 1958).
A pasta de biflorina a 1% foi usada duas vezes ao dia. Após dois dias de
tratamento, a pele que se apresentava edematosa de coloração vermelha forte, com
exudato constante de coloração clara e odor fétido, já se encontrava com coloração
rósea, sem exudação de líquido e sem odor. No sexto dia de aplicação da pasta a pele já
possuía um aspecto quase normal. Coletas em pontos diferentes da área edematosa
possibilitaram isolar o fungo Trichosporon margaritipherum. Inicialmente, o paciente
usou a pasta veiculada em vaselina e lanolina, posteriormente por possuir uma melhor
penetração, o veículo foi trocado por polietilenoglicol, onde se constatou que em uma
47
semana não havia sequer vestígio de eritema (SERPA, 1958). Não existem relatos
posteriores a esse.
Levando-se em consideração o fato dessa planta ser estudada, nos seus aspectos,
fitoquímicos e ter conhecida atividade antimicrobiana, desde a década de 50. Faz-se
necessário que os estudos farmacológicos sejam continuados. Em particular no caso de
uma naftoquinona propõe-se avaliar suas propriedades, citotóxicas, antitumorais e
genotóxicas, tomando por base as demais quinonas amplamente estudas e conhecidas na
literatura como é o caso principalmente do Lapachol e Beta-lapachona, como descrito
anteriormente. É de suma importância caracterizar a biflorina em relação a outras
bioatividades.
48
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL
Avaliar o potencial antineoplásico da biflorina em modelos tumorais e não
tumoaris in vitro e in vivo.
2.2 ESPECÍFICOS
2.2.1 Avaliar a citotoxicidade da biflorina em linhagens tumorais humanas e murina in
vitro;
2.2.2 Avaliar o potencial antimitótico da biflorina em ovos de ouriço-de-mar;
2.2.3 Avaliar a atividade hemolítica da biflorina em eritrócitos de camundongos;
2.2.4 Avaliar o mecanismo de ação da biflorina em células de melanoma murino in
vitro;
2.2.5 Avaliar o potencial antitumoral da biflorina nos modelos animais murinos,
sarcoma 180, carcinoma de erlich e melanoma;
2.2.6 Avaliar a sobrevida dos animais transplantados com melanoma B16;
2.2.7 Avaliar o potencial imunoadjuvante da biflorina;
2.2.8 Avaliar a atividade antioxidante da biflorina em modelos in vitro;
2.2.9 Estudar o potencial genotóxico e mutagênico da biflorina em células V79 e
linfócitos in vitro e em Salmonella thiphymurium, Saccharomices cereviseae e medula
óssea de camundongos;
49
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. MATERIAIS UTILIZADOS
EQUIPAMENTOS
Agitador de placa MLW modelo Thys 2
Agitador Vortex – AD8850
Aquário Marinho
Balança Analítica GEHAKA AG200
Balança pra pesar animais – Filizola
Banho-Maria – MOD. 105 DI DELLTA
Centrífuga Centimicro FANEM Modelo 212
Centrífuga de lâminas Shandon Shoutern Cytospin
Centrífuga de placas Eppendorf Modelo Centrifuge 5403
Centrífuga Excelsa Baby I FANEM Modelo 206
Citômetro de fluxo Guava EasyCyte Mini
Contador Manual – Blood Cell Counter Export – DB – Division of Bexton, Dickinson
and Company
Cuba de Eletroforese – Bio Rad (DNA sub cell gel)
Deonizador de água Mili-Q
Espectrofotômetro de placas – DTX 880 multimode detector, Beckman Coulter
Fluxo Laminar VECO
Fonte Modelo 250 – Life technologies
Forno de Microondas – Panasonic
Freezer – Prosdócimo
Geladeira – Prosdócimo
High-throuput screeing - biomek 3000 - Beckman Coulter
50
Incubadora de células (CO
2
Water-Jacket Incubator) NUAIRES TS Autoflow
Microscópio de Fluorescência Olympus BX41
Microscópio óptico de inversão Nikon Diaphot
Microscópio óptico Metripex Hungray PZO-Labimex Modelo Studar lab
Micrótomo – SLEE - MANZ BR1
Milli Q – Millipore
Potenciostato/Galvanostato mod. AutoLab PGSTAT20
Shaker PSU-2T Plus
Termomixer eppendorf
51
SOLUÇÕES
NOMES CONCENTRAÇÕES MARCA
Acridina laranja
100 µg/mL Fluka
Água do mar filtrada
-
-
Anticorpo anti-BrdU
1 µL de anticorpo anti-BrdU
Anticorpo Anti - BrdU
BSA 5% q.s.p. 500 µL de solução
Sigma
Dako
Azul de tripan
10% Sigma
BrdU
10mM Sigma
Brometo de etídio
100 µg/mL Sigma
Diaminobenzidina (DAB)
5µL DAB
1 mL de Tris-Hcl (Tris 0,05M)
pH=7,6
2 µL de H2O2
Imunotech
Proquímios
Proquímios
DMSO
10% Vetec
Eosina
0,5% Vetec
Estreptavidina -peroxidase
1 µL em BSA 5% q.s.p.100 µL de
solução
Dako
Dako
Etanol
70%
Formalina neutra
10% Vetec
Gentamicina
5mg/mL
Hematoxilina
0,1% Doles
Iodeto de propídeo (PI)
50 µg/mL Sigma
Iodeto de propídeo (PI)
50 µg/mL + triton X-100 0,2% e
citrato de sódio 0,1%
Sigma
KCl
0,5M Labsynth
Meio de cultura de células
RPMI 1640
Diluído em água deionizada, filtrado
e complementado com 10% SBF,
1% glutamina, 1% de antibióticos,
1% de bicarbonato de sódio (0,75%)
e 25mM de HEPES
Cultilab
MTT
5 mg/mL Sigma
Penicilina – estreptomicina
Penicilina 10.000 U.I/mL
Streptomicina 10mg/mL
Cultilab
52
NOMES CONCENTRAÇÕES MARCA
Rodamina 123
1 mg/mL Sigma
Solução desnaturante (para
análise de incorporação de
BrdU)
Formamida 70%
2x SSC (pH=6,5-7,5 a 70ºC)
Vetec
Solução salina
0,85% + CaCl
2
10mM Vetec
Solução salina
0,9% Vetec
Soro fetal bovino
-
Cultilab
SSC 10X
Cloreto de sódio 1,5M
Citrato de sódio 0,15M
H
2
O
Labsynth
Grupo Química
Tampão fosfato (PBS)
8,766 g de Cloreto de sódio
2,14 g de NaHPO4.7H2O
0,276 g de NaHPO4.H20
H2O q.s.p. 1 L de solução (pH = 7,2)
Labsynth
Tampão Tris (TBS) 10X
Cloreto de sódio 1,5 M
Tris 0,5 M (pH= 7,6)
H
2
O
Tripsina
0,25% Cultilab
Triton X -100
1% Isofar
53
REAGENTES
Ácido Acético – Merck
Ácido Oléico – Merck
Ácido Clorídrico – Merck
Ácido 2,5 – dihidroxibenzóico – Acros Organics
Ácido 2,3 – dihidroxibenzóico – Acros Organics
Agarose baixo ponto de fusão – Gibco
Agarose ponto de fusão normal – Gibco
Alamar Blue – Sigma
Bicarbonato de Sódio – Dinâmica
Butilhidroxitolueno – Acros Organics
Brometo de Etídio – Sigma
Cloreto de sódio – Vetec
DMSO – Vetec
Etanol – Vetec
Etilmetanosulfonato – Sigma
Ficoll – Sigma
Formaldeído – Dinâmica
Hipoxantina – Merck
Formamida – Vetec
Laranja de Acridina – Sigma
Metilmetanosulfonato – Sigma
Parafina – Synth
Peróxido de Hidrogênio – Merck
Vitamina C – Acros Organics
Xantina Oxidase – Merck
Xileno P.A. – Vetec
1,1 – difenil – 2- picrilhidrozil – Acros Organics
FÁRMACOS
5 – Fluorouracil – Sigma
Dacarbazina – Eurofarma Laboratórios Farmacêuticos
Doxirrubicina – Sigma
54
3.2. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
3.2.1. Obtenção da Biflorina
Coleta e informações sobre a planta
A planta foi coletada em 2001, em uma plantação no município de Fortaleza, foi
identificada pelo professor Edson de Paula Nunes (Universidade Federal do Ceará). A
exsicata (nº 30.849) foi depositada no Herbário Prisco Bezerra, Departamento de
Biologia, Universidade Federal do Ceará, Ceará, Brasil.
Obtenção dos extratos das raízes de Capraria biflora O (CH
2
CH
3
)
2
(EEE), éter de
petróleo (EEP), CHCl
3
(ECR) e EtOH (EER).
As 450g de raízes secas e moídas foram divididas em duas partes de 225g, onde
foi extraída com éter etílico em aparelho soxhlet à 50°C(EEE), obtendo 200 mg e a
outra com éter de petróleo (EEP) à frio, obtendo 90 mg, ambos na ausência de luz.
Os 90 mg obtidos a partir do extrato éter de petróleo foram aquecidos à 60°C e
posteriormente recristalizados e filtrados à vácuo, obtendo-se cristais agulha de cor
vermelho-escuro, solúveis em CHCl
3
, com ponto de fusão variando de 154-158°C
(FONSECA et al., 2003). Esse procedimento foi realizado várias vezes para a obtenção
da biflorina.
Figura 13: Fluxograma da obtenção da biflorina das raízes de Capraria biflora.
RAÍZES SECAS
(450g)
(1)
EEP (90mg)
(2)
EEE (150mg)
1. Éter de Petróleo a frio
2. Soxlhet à 50ºC em éter etílico
55
3.2.2. ESTUDO DA CITOTOXICIDADE IN VITRO
3.2.2.1. Linhagens celulares utilizadas
As linhagens celulares utilizadas estão listadas quanto ao tipo histológico,
origem e fonte na tabela 2.
Tabela 2: Linhagens celulares tumorais utilizadas nos ensaios de citotoxicidade in
vitro.
Linhagem Tipo Histológico Origem Fonte
HL-60
Leucemia humano
Children’s Mercy Hospital
de Kansas City – USA
CEM Leucemia humano
Children’s Mercy Hospital
de Kansas City – USA
K 562 Leucemia humano NCI
MCF-7 Mama humano
Children’s Mercy Hospital
de Kansas City – USA
MDA MB 231 Mama humano NCI
MX 1 Mama humano NCI
NCI H266
Pulmão humano NCI
NCI H23 Pulmão humano NCI
M14 Pele humano NCI
UACC – 257 Pele humano NCI
UACC – 62 Pele humano NCI
MDA MB 435 Pele humano NCI
B16 Pele murino NCI
HCT-8 Cólon humano
Children’s Mercy Hospital
de Kansas City – USA
PC3 Próstata humano NCI
SF295 Sistema Nervoso humano NCI
56
3.2.2.2. Manutenção das Células
As linhagens celulares foram cultivadas em garrafas para cultura de células (75
cm
3
, volume de 250 mL), os meios utilizados foram RPMI 1640 e/ou DMEM,
suplementados com 10% de soro bovino fetal e 1% de antibióticos
(penicilina/estreptomicina). As células foram mantidas em incubadoras com atmosfera
de 5 % de CO
2
a 37º C. Diariamente acompanhava-se o crescimento celular com a
utilização de microscópio de inversão. O meio era trocado sempre que o crescimento
celular atingia confluência necessária para renovação de nutrientes. Para a manutenção
de células aderidas utilizou-se tripsina (0,25%) para que as células despregassem-se das
paredes das garrafas.
3.2.2.3. Teste de citotoxicidade in vitro – Ensaio do MTT
As células em suspensão ou monocamadas foram distribuídas em multiplcas de
96 cavidades numa densidade de 0,3 x 10
6
células/mL, para células suspensas e 0,6 x
10
5
células/mL para células aderidas. A substância teste foi incubada durante 72 horas
juntamente com a suspensão de células. A doxorrubicina foi utilizada como controle
positivo. Após o período de incubação, as placas foram centrifugadas (1500
rpm/15min), e o sobrenadante foi descartado. Cada cavidade recebeu 200 µL da solução
de MTT (10% de meio RPMI 1640) e foi reincubada por 3 horas, em estufa a 37ºC e a
5% de CO
2
. Após esse período, as placas foram novamente centrifugadas (3000 rpm/10
min), o sobrenadante foi desprezado, e o precipitado foi ressuspendido em 150 µL de
DMSO. Para a quantificação do sal reduzido nas células vivas, as substâncias foram
lidas com o auxílio de um espectrofotômetro de placa, no comprimento de onda de 550
nm (figura 14). Essa técnica tem a capacidade de analisar a viabilidade e o estado
metabólico da célula, sendo, bastante útil para avaliar a citotoxicidade (MOSMANN,
1983).
Análise dos dados
As drogas foram testadas em diluição seriada, em triplicata. Foi registrado o
gráfico absorbância X concentração e determinados suas CI
50
(concentração inibitória
média capaz de provocar 50% do efeito máximo) e seus respectivos intervalos de
57
confiança (IC 95%) realizado a partir da regressão não-linear utilizando o programa
Prism versão 4.0 (GraphPad Software).
Contagem
Incubação com as
amostras
69 h
69 h
3 h
3 h
MTT
Contagem
Incubação com as
amostras
69 h
69 h
3 h
3 h
MTT
Figura 14: Esquema representativo do método MTT.
3.2.3. Avaliação da atividade antimitótica nos ovos do ouriço-do-mar
Foram utilizados exemplares da espécie Lytechinus variegatus coletados na praia
da Lagoinha, litoral cearense. Esses animais são facilmente coletados e mantidos em
aquários no laboratório. Além disso, apresenta ovos não muito pigmentados, facilitando
a visualização dos estágios de desenvolvimento. Esse teste pode dar uma visão geral
sobre o mecanismo de ação da droga, dependendo do estágio em que a droga inibe o
desenvolvimento dos ovos (como descrito em JIMENEZ et al., 2003).
Procedimento Experimental
A eliminação dos gametas foi induzida pela injeção de até 3 mL de KCl 0,5M na
cavidade celômica (perivisceral) dos ouriços. Após o término da eliminação dos
gametas, os óvulos foram lavados em uma proveta com água do mar filtrada. Esse
processo foi repetido por mais duas vezes, para remoção da camada gelatinosa que
envolve o óvulo. Após a última lavagem, os óvulos foram ressuspendidos em 50 mL de
58
água do mar filtrada. Os espermatozóides concentrados foram coletados e mantidos em
baixa temperatura, 4º C, até o momento do uso. A fecundação foi realizada pela adição
de 1 mL da suspensão de espermatozóides (0,05 mL de suspensão concentrada dos
espermatozóides/2,45 mL de água do mar) à suspensão de óvulos (50mL). Após cerca
de dois minutos, a fecundação foi confirmada pela presença da membrana da
fecundação através da observação de uma amostra das células em microscópio óptico.
Os ovos (1 mL) foram distribuídos numa placa de 24 cavidades, contendo a biflorina em
diferentes concentrações (1, 3, 10, 30 e 100 µg/mL). A doxorrubicina foi utilizada como
controle positivo do experimento nas concentrações de 0,1, 0,3, 1, 3, e 10 µg/mL. Os
ovos forma incubados num volume final de 2 mL, mantidos à temperatura ambiente (26
± 2ºC) sob agitação constante. Nos intervalos correspondentes a primeira e terceira
divisões foram fixadas alíquotas de 0,2 mL em formalina 10%. Já na blástula, 0,1 mL de
formaldeído foi adicionado ao volume restante na placa . Cem embriões foram contados
em cada amostra para obtenção da porcentagem de células divididas (figura 15) (como
descrito por JIMENEZ et al., 2003).
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média dos
experimentos. Os cálculos da CI
50
(concentração inibitória média capaz de provocar
50% do efeito máximo) e seu respectivo intervalo de confiança (IC) 95% foi realizado a
partir de regressão não-linear utilizando o programa Prism 4.0 (GraphPad Software).
Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os
dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida de Student
Newman Keuls (p<0,05).
59
Extração dos
gametas (KCl 0,5M)
Liberão dos
gametas
fêmea
macho
Fecundação
Visualização
Plaqueamento
Fixação
(formalina 10%)
Contagem
Extração dos
gametas (KCl 0,5M)
Liberão dos
gametas
fêmea
macho
Fecundação
Visualização
Plaqueamento
Fixação
(formalina 10%)
Contagem
Figura 15: Esquema representativo do método antitimitótico em ovos de ouriço-do-mar.
3.2.4. Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos Swiss
A avaliação da atividade hemolítica permitiu avaliar o potencial da biflorina em
causar lesões na membrana plasmática da célula, seja pela formação de poros ou pela
ruptura total da membrana (DRESCH et al., 2005).
Procedimento Experimental
Foi coletado o sangue de três camundongos (Mus musculus Swiss) por via
orbital (animais previamente anestesiados com éter etílico) sendo diluído em 1:30 de
solução salina (NaCl 0,85 + CaCl
2
10mM). Os eritrócitos foram lavados 2 vezes em
solução salina por centrifugação (5000 rpm/3 min.) para redução da contaminação
plasmática e ressuspendidos em solução salina para obtenção de uma suspensão de
eritrócitos (SE) a 2%. Os ensaios foram realizados em placas de 96 cavidades. Cada
poço da 1ª fileira recebeu 100 µL da solução salina. Na 2ª, os poços receberam 50 µL da
solução salina e 50 µL do veículo de diluição da substância teste, neste caso, DMSO.
Aos poços da 3ª fileira, foram adicionados 100 µL de solução salina e 100 µL de
biflorina em suspensão com DMSO. Da 4ª fileira em diante os poços receberam 100 µL
da solução salina, excetuando-se os da última fileira, que receberam 80 µL de solução
salina e 20 µL de Triton X – 100 a 1% (controle positivo). As diluições foram feitas da
3ª à 11ª cavidade, retirando-se 100 µL da solução da cavidade anterior e transferindo
60
para a seguinte de modo que as concentrações foram sempre diluídas pela metade,
variando de 1,56 a 200 µg/mL. Em seguida, 100 µL da suspensão de eritrócitos foram
plaqueados em todos os poços. Após incubação por 1 hora. Sob agitação constante à
temperatura ambiente (26 ± 2ºC), as amostras foram centrifugadas (5000 rpm/3min.) e o
sobrenadante transferido para uma outra placa para a leitura da absorbância da
hemoglobina no espectrofotômetro de placas a 540 nm (figura 16). A atividade da
biflorina foi determinada de maneira relativa ao valor dos controles positivo e negativo.
Sangria
Centrifugação
Ressuspensão
em salina
SE 4%
Centrifugação
Plaqueamento das
substâncias
Plaqueamento do
sangue
c- b c+
1 h
Transferência do
sobrenadante
Sangria
Centrifugação
Ressuspensão
em salina
SE 4%
Centrifugação
Plaqueamento das
substâncias
Plaqueamento do
sangue
c- b c+
1 h
Transferência do
sobrenadante
Figura 16: Esquema representativo do método de hemólise em eritrócitos de camundongos.
3.3. ESTUDO DO MECANISMO DE AÇÃO NO MODELO DE MELANOMA
MURINO IN VITRO
Para os estudos in vitro na linhagem B16, as células, na concentração de
(0,5x10
5
) foram incubadas por 24 horas com biflorina e examinadas ao microscópio de
inversão. A concentração utilizada foi estimada a partir da CI
50
encontrada no método
do MTT nesta linhagem celular.
3.3.1. Viabilidade celular – Exclusão por azul de tripan
O teste de exclusão por azul de tripan permitiu quantificar separadamente as
células viáveis das células mortas pela substância testada. O corante penetra em todas as
61
células, porém somente as células viáveis conseguem bombear o tripan para fora, sendo
possível dessa maneira, observar uma coloração azulada nas células metabolicamente
inativas.
Procedimento experimental
A alíquota de 90 µL da suspensão de células adicionam-se 10 µL do azul de
tripan. As células viáveis e as não viáveis foram diferenciadas e contadas em câmara de
Newbauer, contando-se as células de dois quadrantes diagonalmente opostos (figura
17). A Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (Renzi et al., 1993).
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de 3
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls, com nível de significância de 5% (p<0,05).
Azul de Tripan
Inviável
Viável
90µL de célula
10µL de Tripan
Azul de Tripan
Inviável
Viável
90µL de célula
10µL de Tripan
Figura 17: Esquema representativo do método de exclusão por azul de tripan.
62
3.3.2. Análise morfológica – Coloração diferencial por hematoxilina/eosina
A coloração por hematoxilina/eosina permite a análise da integridade nuclear,
bem como alterações existentes no citoplasma. A hematoxilina é um corante alcalino
que tem afinidade por ácidos e pelas proteínas nucleares, conferindo ao núcleo uma
coloração azul e a eosina por sua vez, é um corante basofílico e liga-se ao citoplasma
conferindo-lhe uma coloração rósea.
Procedimento experimental
Para observar a morfologia celular, foi utilizada uma alíquota de 50 µL da
suspensão celular, a qual foi adicionada a uma centrífuga de lâminas (cytospin). Após a
adesão das células nas lâminas elas foram fixadas em etanol absoluto por 1 min., sendo
seu excesso retirado em água corrente antes de efetuar a coloração com hematoxilina,
seguido de eosina (figura 18).
Análise dos dados
As lâminas foram analisadas em microscópio óptico, para avaliação de suas
características morfológicas e comparadas ao controle (não-tratadas). O registro das
alterações celulares foi feito por fotografia.
Fixação
HEMATOXILINA
EOSINA
Coloração
Basofílica
Coloração
Acidofílica
Metanol 100%
lula não corada lula corada com
hematoxilina
lula corada com
hematoxilina e
contracorada com eosina
Fixação
HEMATOXILINA
EOSINA
Coloração
Basofílica
Coloração
Acidofílica
Metanol 100%
lula não corada lula corada com
hematoxilina
lula corada com
hematoxilina e
contracorada com eosina
Figura 18: Esquema representativo do método de coloração hemtaoxilina/eosina.
63
3.3.3. Análise morfológica – Coloração diferencial por Laranja de Acridina /
Brometo de Etidio
O método de contagem diferencial laranja de acridina /brometo de etídio
(MCGAHON et al., 1995) permite diferenciar células viáveis daquelas em processo de
morte por apoptose ou necrose através da contagem diferencial por fluorescência. Este
método baseia-se na revelação das células (controle e tratadas) com a coloração por
brometo de etídio (BE) e laranja de acridina (LA) no núcleo. A laranja de acridina
intercala-se ao DNA, conferindo aparência verde ao núcleo celular, sendo capaz de
atravessar membranas intactas. O brometo de etídio é incorporado majoritariamente por
células não viáveis (com instabilidade de membrana), intercalando-se ao DNA corando-
o de laranja; ligando-se fracamente ao RNA, que se mostrará com uma coloração
vermelha. As células viáveis com membrana intacta apresentam núcleo uniformemente
corado de verde pela LA. O BE marca muito fracamente e às vezes não marca, pois não
atravessa a membrana íntegra. As células em apoptose inicial (membrana ainda intacta)
apresentam manchas verdes brilhantes no núcleo (condensação da cromatina) e não são
marcadas por BE. Foram observadas as alterações da membrana em decorrência da
formação de corpúsculos apoptóticos. As células em necrose (lesão na membrana)
apresentaram um padrão de coloração uniforme, laranja-avermelhada e não há formação
de corpos apoptóticos. Possivelmente as membranas plasmáticas permaneçam intactas
durante o fenômeno apoptótico até os últimos estágios quando são permeáveis aos
solutos normalmente retidos (KUMMAR et al., 2004).
Procedimento experimental
A suspensão de células controle ou tratadas com biflorina foi transferida para um
tubo eppendorf e centrifugada por 3 min em baixa rotação. O sobrenadante foi
descartado e as células foram ressuspendidas em 20 µL de solução de PBS. Em seguida,
1 µL da solução de BE:LA foi adicionado a cada tubo e uma alíquota dessas células foi
transferida para uma lâmina e montado com lamínula para, em seguida, ser contada
considerando cada evento celular de interesse (figura 19) (como descrito em GENG et
al., 2003).
64
Análise dos dados
Foram contadas 300 (trezentas) células, em duplicata, cada amostra para
quantificação percentual de cada evento celular (viáveis, necróticas e apoptóticas). As
lâminas foram montadas e fotografadas para registro visual dos efeitos. Para verificação
de ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados foram
comparados por análise de variância (ANOVA) seguida de Student Newman Keuls
(p<0,05).
Plaqueamento
(B16)
24h
Incubação
BE
LA
Contagem
Células viáveis
Células apoptóticas
Células necróticas
Plaqueamento
(B16)
24h
Incubação
BE
LA
Contagem
Células viáveis
Células apoptóticas
Células necróticas
Figura 19: Esquema representativo do método de coloração laranja de acridina/brometo de etídio.
3.3.4. Inibição da síntese de DNA por incorporação de BrDU
A bromodeoxiuridina (BrDU) é uma base nitrogenada análoga da Timina.
Quando as células estão sintetizando DNA o BrDU é incorporado no lugar da timina. A
detecção de BrDU incorporado nas células é feita por técnicas de imunohistoquímica.
65
Procedimento experimental
O BrDU é adicionado 3h antes do término do período de incubação com a droga
(21h), para que seja incorporado ao DNA das células em mitose. Após o período de três
horas, lâminas foram preparadas e colocadas para secar ao ar livre por 2h. Após o
período de secagem foram fixadas em metanol:ácido acético (7:1,5) por 5 minutos. As
células foram lavadas com tampão Tris (TBS) e incubadas em solução desnaturante
(formamida) por 90 minutos a 60ºC e pH 7,4. Após uma segunda lavagem com TBS, as
células foram circuladas com caneta hidrofóbica e incubadas com anticorpo primário e
deixadas na geladeira durante a noite em câmara úmida. As células foram incubadas
com anticorpo biotinado por 20 minutos e, em seguida, com a solução de estreptavidina-
fluoresceína por mais 20 minutos. Foi adicionado o cromógeno diaminobenzidina
(DAB) por 1-5 minutos e em seguida, removido com água destilada (figura 20). A
contracoloração foi realizada com hematoxilina de Harrys a 0,1% (Pera et al., 1977).
Análise dos resultados
Foram contadas as 200 (duzentas) primeiras células observadas em microscópio
óptico. Consideraram-se positivas para proliferação as células de núcleo corado com
DAB (coloração marrom) as que incorporaram o BrDU e, negativas as células de núcleo
corado com hematoxilina (coloração azul). A proporção de células marcadas em
marrom e não-marcadas entre os diferentes grupos foi comparada pelo teste do Qui-
quadrado com nível de significância de 5% (p<0,05).
66
BrdU
Montar placa
Anticorpos Primário e
Secundário
Estreptavidina-
Peroxidase
DAB
DNA
Síntese de
DNA
Desnaturação
BrdU
Montar placa
Anticorpos Primário e
Secundário
Estreptavidina-
Peroxidase
DAB
DNA
Síntese de
DNA
Desnaturação
Figura 20: Esquema representativo do método do BrDU.
3.3.5. Análises por citometria de fluxo
Os estudos utilizando citometria de fluxo (figura 21) foram realizados em
células B16 não tratadas ou tratadas por 24h com biflorina (1,5, 3 ou 6 µg/mL) ou
doxorrubicina (0,3 µg/mL).
3.3.5.1. Integridade da membrana plasmática
As células em apoptose mantêm suas membranas íntegras durante quase todo o
processo até a sua morte, diferentemente daquelas necróticas. Este ensaio se baseia na
capacidade de o iodeto de propídeo (PI), hidrofílico, penetrar apenas nas células cujas
membranas estejam rompidas e emitir alta fluorescência vermelha somente quando
excitado pelo laser de argônio (488 nm) e estiver ligado ao DNA. As células cujas
membranas permanecem íntegras emitem menor fluorescência. Deste modo, este
método permite avaliar a viabilidade celular através da verificação da integridade da
membrana plasmática.
67
Procedimento Experimental
Alíquotas de 100 µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foram
incubadas com 100 µL de uma solução de PI a 50 µg/mL (diluído em PBS). Após 5
minutos, as amostras foram analisadas por citometria de fluxo. Foram obtidas
informações acerca da integridade da membrana celular utilizando-se o filtro para o
espectro do vermelho.
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida por Teste de Dunnet, com nível de significância de 5% (p < 0,05) no programa
GraphPad Prism versão 5.0.
3.3.5.2. Ciclo celular e fragmentação de DNA
Esse ensaio igualmente se baseia na capacidade de o iodeto de propídio (PI) se
ligar ao DNA. Inicialmente a membrana plasmática foi lisada para que o PI pudesse se
ligar a todo o DNA das células. A intensidade de fluorescência emitida é diretamente
proporcional a quantidade de DNA existente na célula, permitindo assim diferenciar
DNA celular (e suas diferentes nas fases do ciclo - G1, S e G2) de DNA fragmentado.
Procedimento experimental
Alíquotas de 100 µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foram
adicionadas 100 µL de uma solução de PI a 50 µg/mL (diluído em PBS) contento triton
X-100 a 0,2% e citrato de sódio a 0,1%. Após 30 minutos de incubação na ausência de
luz, as amostras foram analisadas por citometria de fluxo utilizando o filtro vermelho.
68
Análise dos dados
Os histogramas de ciclo celular plotados como intensidade de fluorescência
vermelha (eixo x) versus número de células (eixo y) foram analisados no programa
ModFit LT 3.1 com a ferramenta syncronization wizard.
3.3.5.3. Determinação do potencial transmembrânico da mitocôndria
A mitocôndria é responsável pela iniciação da via intrínseca da apoptose. A
rodamina 123, um corante fluorescente nucleofílico, é seqüestrado pra dentro da
mitocôndria quando esta apresenta seu potencial transmembrânico inalterado. Assim, as
células viáveis emitirão alta fluorescência verde devido à maior quantidade de rodamina
123 ligada às cargas positivas internas, enquanto que as mitocôndrias despolarizadas
terão menor afinidade pelo corante, gerando eventos que emitirão menor fluorescência.
Deste modo, este ensaio foi utilizado para a investigação da ativação da via apoptótica
intrínseca por parte da substância em estudo através da observação da alteração do
potencial transmembrânico mitocondrial.
Procedimento experimental
A uma alíquota de 100µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foi
adicionado 200µL de uma solução de rodamina 123 diluída na concentração de 1
µg/mL (diluído em PBS). Após 15 minutos de incubação na ausência de luz a 37ºC, as
amostras foram lavadas com PBS, reincubadas por 30 minutos e então analisadas por
citometria de fluxo utilizando o filtro verde.
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida por Teste de Dunnet, com nível de significância de 5% (p < 0,05) no programa
GraphPad Prism versão 5.0.
69
Laser de íon argônio
(488 nm)
C
C
é
é
lulas
lulas
Filtros:
FSC
SSC
Detectores:
Vermelho
Verde
Amarelo
525 nm
680 nm
583 nm
100
100
µ
µ
m
m
Laser de íon argônio
(488 nm)
C
C
é
é
lulas
lulas
Filtros:
FSC
SSC
Detectores:
Vermelho
Verde
Amarelo
525 nm
680 nm
583 nm
100
100
µ
µ
m
m
Figura 21: Esquema representativo do citômetro de fluxo.
70
3.4. ATIVIDADE ANTITUMORAL EM MODELOS ANIMAIS IN VIVO
3.4.1. Avaliação do efeito da biflorina em camundongos transplantados com os
tumores Sarcoma 180 e Carcinoma de Erlich
A avaliação da atividade antitumoral está relacionada à regressão total de
tumores nos animais, à redução no crescimento dos tumores sensíveis ao composto ou
ao aumento da expectativa de vida durante o tratamento, comparando-se aos não
tratados. Ficou demonstrado que o melhor resultado desses fatores depende do
procedimento do tratamento, que deverá ser começado até 48 h após o transplante.
Neste período, as células tumorais já teriam iniciado a formação do nódulo tumoral
(SCHABEL et al., 1977). Um dos tumores utilizados, o Sarcoma 180, foi descoberto em
1914 no Crocker Laboratory (Columbia Univrsity, New York). Originalmente, este é um
tumor sólido, surgido espontaneamente na região axilar de camundongos e foi
primeiramente classificado como carcinoma mamário. Após vários transplantes
subcutâneos, assumiu a forma sarcomatosa, por volta de 1919. O carcinoma de Erlich na
forma sólida foi detectado em 1907, em Frankfurt, por Paul Erlich, que relatou a
existência de diversos tumores transplantáveis. O tumor traplantável de Erlich atual não
provém de neoplasma primário único como fonte, embora a maioria dos tumores seja
derivada de glândula mamária.
Procedimento Experimental
A avaliação da atividade antitumoral foi realizada utilizados os tumores sólidos
Sarcoma 180 e Carcinoma de Erlich, com 10 dias de implantação na região axilar
direita. O animal doador, ou da manutenção, foi sacrificado por deslocamento cervical,
sendo realizada uma assepsia com álcool iodado. Em seguida, foi retirado o líquido
ascítico da cavidade abdominal, tendo sido preparado uma suspensão de células com
5,0mL de solução de Ringer-lactato, 0,2mL de gentamicina (5mg/mL) e 0,5mL do
líquido ascítico, para posterior contagem de células. Nos animais receptores, foram
injetadas 2 x 10
6
céls/0,5mL na região axilar esquerda dos camundongos (Mus
musculus Swiss). Nestes experimentos, foram utilizados 10 animais por grupo, num
total de 6 grupos para cada tumor, sendo todas fêmeas, apresentando massa corpórea
variando entre 25-30 g. Vinte e quatro horas após a inoculação do tumor foi iniciado o
71
tratamento por 7 dias consecutivos utilizando as doses de 25 ou 50 mg/kg de biflorina,
10 ou 25 mg/kg do quimioterápico 5 - Fluorouracil, a associação de 25 mg/kg de
biflorina com 10 mg/kg de 5 – Fluorouracil e o veiculo de diluição das substâncias
(DMSO 10%). Vinte e quatro horas após o termino do tratamento os animais foram
sacrificados e retirados os tumores, rins, fígado e baço para pesagem e análise
histológica (figura 22).
O percentual de inibição do crescimento tumoral (IT) foi calculado pela fórmula:
IT (%) = [(A-B)/A] x 100
Onde:
A = média dos pesos dos tumores no grupo controle.
B = média dos pesos dos tumores nos animais tratados.
Análise dos resultados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls, com nível de significância de 5% (p<0,05).
Esquema de tratamento com a biflorina:
Esquema de tratamento com a biflorina:
dia 0 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 dia 6 dia 7 dia 8
Inoculação
do tumor
sacrifíciotto 1 tto 2 tto 3 tto 4 tto 5 tto 6 tto 7
diluição
10
6
cels/mL
Implante
intramuscular
das células
Solução
de ringer
lactato
Contagem
de células
Tumor
Liver
Kidneys
Spleen
Esquema de tratamento com a biflorina:
Esquema de tratamento com a biflorina:
dia 0 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 dia 6 dia 7 dia 8
Inoculação
do tumor
sacrifíciotto 1 tto 2 tto 3 tto 4 tto 5 tto 6 tto 7
dia 0 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 dia 6 dia 7 dia 8
Inoculação
do tumor
sacrifíciotto 1 tto 2 tto 3 tto 4 tto 5 tto 6 tto 7
diluição
10
6
cels/mL
Implante
intramuscular
das células
Solução
de ringer
lactato
Contagem
de células
Tumor
Liver
Kidneys
Spleen
Tumor
Liver
Kidneys
Spleen
Figura 22: Esquema representativo dos protocolos antitumorais em camundongos.
72
3.4.2. Efeito na biflorina na sobrevida de animais transplantados com o tumor
Melanoma B16
O Melanoma B16 no início dos anos de 1970 foi estabelecido como modelo
tumoral em pesquisa de mestátase em animais e foi quando começou a ser cultivado in
vitro. O desenvolvimento e uso do melanoma B16 foi incorporado a um amplo escopo
da pesquisa oncológica (TEICHER, 1997).
Procedimento Experimental
As células de Melanoma B16 foram mantidas e crescidas em incubadoras com
atmosfera de 5 % de CO
2
e temperatura de 37º C em garrafas para cultura Corning 75
cm
3
em meio de cultura RPMI 1640 suplementado com 10% de soro fetal bovino e 1%
de antibióticos (penicilina/estreptomicina). O crescimento celular foi acompanhado
d
iariamente com a utilização de microscópio de inversão. O meio de cultura foi trocado
sempre que o crescimento celular atingia confluência necessária para a renovação de
nutrientes. Para expansão da cultura e remoção das células da garrafa, foi utilizado
solução de tripsina 0,25% para soltá-las das paredes. O transplante do tumor foi
realizado pela inoculação de 10
6
células/0,5mL subcutaneamente na região axilar de
camundongos Mus musculus B57CL/6.
Para este experimento, foram utilizados 10 animais por grupo, num total de 4
grupos, sendo todas fêmeas, apresentando massa corpórea variando entre 25-30 g. Vinte
e quatro horas após a inoculação do tumor foi iniciado o tratamento por 10 dias
consecutivos utilizando as doses de 25 mg/kg de biflorina, 25 mg/kg do quimioterápico
Dacarbazina, a associação de 25 mg/kg de biflorina com 25 mg/kg de Dacarbazina e o
veiculo de diluição das substâncias (DMSO 10%). Ao término do tratamento, os
animais foram deixados com água e alimento ad libidum e observados diariamente para
monitoramento dos animais e registro dos óbitos, até o último, vindo a morrer ao 66º dia
após a inoculação do tumor (figura 23). Outros parâmetros avaliados, além da
sobrevida, foram o volume do tumor e a variação de peso do animal durante o período
de tratamento.
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
73
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls, com nível de significância de 5% (p<0,05). Para
análise de sobrevida foi realizada a análise de Kaplan-Meyer, e a ocorrência de
diferenças significativas foi verificada através do teste do χ
2
(qui-quadrado).
Esquema de tratamento com a biflorina:
Esquema de tratamento com a biflorina:
dia 0 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 dia 6 dia 7 dia 8
dia
9
dia
10
Inoculação
do tumor
Morte
natural
tto 1 tto 2 tto 3 tto 4 tto 5 tto 6 tto 7
tto
8 tto 9 tto 10
Esquema de tratamento com a biflorina:
Esquema de tratamento com a biflorina:
dia 0 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 dia 6 dia 7 dia 8
dia
9
dia
10
Inoculação
do tumor
Morte
natural
tto 1 tto 2 tto 3 tto 4 tto 5 tto 6 tto 7
tto
8 tto 9 tto 10
Figura 23: Esquema representativo do protocolo de sobrevida dos animais transplantados com melanoma
B16.
3.4.3. Atividade Imunoadjuvante
Para avaliar se a biflorina tem alguma atividade imunoadjuvante, foi realizado o
experimento de imunização subcutânea em animais para se obter o soro dos
camundongos imunizados e submetê-los a quantificação de anticorpos totais (Ig Total).
Procedimento experimental
Esse ensaio foi realizado duas vezes, a primeira vez em camundongos saudáveis
Swiss e a segunda em camundongos B57CL/6 transplantados com melanoma B16.
Ambos os ensaios tiveram dois grupos experimentais, um grupo tratado com biflorina e
outro com biflorina e ovalbumina. No primeiro caso se utilizou 1mg de biflorina por
animal e 50µg de ovalbumina, no segundo caso, os animais receberam 25mg/Kg de
biflorina e 50µg de ovalbumina. Os animais saudáveis foram sangrados com 7, 14 e 21
dias após imunização única. Os animais com tumor foram imunizados por 10 dias e
foram sangrados apenas no 21
o
dia. O sangue foi obtido pelo plexo orbital dos animais
74
para se obter o soro dos animais. Os anticorpos Ig total (IgM, IgA e IgG) foram
detectados por reação enzimática através do ensaio de imunoabssorbância (ELISA).
Cinqüenta microgramas (50 µg) de ovalbumina purificada foram diluídos em solução
salina e um volume de 100 µL foi usado e colocado em placas de 96 poços. As placas
foram incubadas a 37
o
C por 1 h, lavadas três vezes com 0,05% de tween-PBS. As
placas foram bloqueadas com 5% de leite desnaturado em 10 mM de PBS, pH7,2, com
0,9% de NaCl por 2h a 37
o
C, foram lavados novamente e o soro diluído em PBS (1:10-
1:1280) foi adicionado (100 µL) e a placa foi reincubada por 2 h a 37
o
C. As placas
foram então, novamente lavadas com Tween-PBS e tratadas com imunoglobulinas
conjugadas anti-mouse rabbit (100 µL/poço, diluição final 1:1000) por 2 h a
temperatura ambiente. As placas foram subsequentemente lavadas com Tween-PBS. A
reação foi desenvolvida pela adição de orto-fenilenediamina seguido de incubação por
20 min a 37
o
C. O resultado da intensidade de coloração foi lida a 450 nm (figura 24).
Análise dos dados
As leituras foram analisadas pelo programa Prisma 4.0. Os dados de n animais
foram analisados pelo teste ANOVA-Newman Keuls (p<0,05).
Dia 1
SANGRIA
7º, 14ºe 21º dias após o 1º dia de
tratamento
Extra
Extra
ç
ç
ão do Soro
ão do Soro
Soro
ELISA
INDIRETO
1
1
ª
ª
Etapa
Etapa
2
2
ª
ª
Etapa
Etapa
Dia 1
SANGRIA
7º, 14ºe 21º dias após o 1º dia de
tratamento
Extra
Extra
ç
ç
ão do Soro
ão do Soro
Dia 1
SANGRIA
7º, 14ºe 21º dias após o 1º dia de
tratamento
Extra
Extra
ç
ç
ão do Soro
ão do Soro
Soro
ELISA
INDIRETO
1
1
ª
ª
Etapa
Etapa
2
2
ª
ª
Etapa
Etapa
Soro
ELISA
INDIRETO
Soro
ELISA
INDIRETO
1
1
ª
ª
Etapa
Etapa
2
2
ª
ª
Etapa
Etapa
Figura 24 – Esquema representativo do método imunoadjuvante em animais.
75
3.5. AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DA BIFLORINA COM O DNA
3.5.1. Interação com DNA por eletroquímica
Foram realizados estudos eletroquímicos da Biflorina através de voltametria
cíclica, voltametria de pulso diferencial e voltametria de onda quadrada. A avaliação
eletroquímica foi realizada previamente aos estudos em biossensor de DNA para
determinação do perfil eletroquímico da o-naftoquinona.
Os estudos voltamétricos da biflorina foram realizados utilizando-se um sistema
de três eletrodos – eletrodo de trabalho, auxiliar e de referência: carbono vítreo (BAS,
área 7.065 mm
2
), platina e Ag/AgCl/Cl
-
0,1 molL
-1
(em um tubo com capilar, Luggin,
com Vycor
®
na extremidade), respectivamente. Foi utilizado N
2
em todas as análises
(borbulhado na solução nos intervalos entre cada medida voltamétrica) para garantir a
retirada do O
2
dissolvido no meio. Os experimentos foram carreados em meio prótico
(solução aquoso-etanólica (7:3, v/v) tamponada, pH aparente de 4,5). Utilizando-se uma
concentração de 3 mmol L
-1
de biflorina. A análise dos dados foi realizada a partir de
gráficos obtidos nos experimentos, utilizando o programa Origin 6.0.
A técnica empregada para análise do comportamento eletroquímico do dsDNA e
ssDNA é a Voltametria de Pulso Diferencial (VPD). As medidas eletroquímicas foram
realizadas com o uso do equipamento AUTOLAB PGSTAT20 interligado a um
microcomputador.
Biossensores são definidos como dispositivos analíticos incorporados a um
material biológico (tecidos, microrganismos, organelas, enzimas, ácidos nucléicos, etc.),
a um material derivado biologicamente ou material similar, intimamente associado ou
integrado com um transdutor, que pode ser óptico, eletroquímico, termométrico,
piezoelétrico ou magnético.
O dsDNA (DNA nativo, “double-strand” ou fita dupla) sempre apresenta
menores correntes de eletrooxidação quando comparado ao ssDNA (DNA
desnaturado,“single-strand” ou fita única), desnaturado termicamente (Figura 25), não
só pelo fato de os sítios de oxidação estarem protegidos, porque envolvidos em ligações
hidrogênio, como também por sua menor flexibilidade e maior dificuldade de adsorção.
76
Figura 25: Voltamograma de Pulso Diferencial (Carbono Vítreo) para a mistura das bases guanina e
adenina (2.10
-5
molL
-1
); timina e citosina (2.10
-4
mol L
-1
). Tampão fosfato pH 7,4.
ν
= 5 mV s
-1
,
amplitude 50 mV
3
.
Procedimento experimental
O DNA utilizado foi do tipo I, altamente polimerizado de calf thymus (timo de
bezerro), contendo 6,2% de Na e 13% de H
2
O, dessecado e armazenado à 8ºC. Usou-se
pinça para sua fragmentação e pesagem. Para preparação do gel de dsDNA, 25 mg de
dsDNA foram colocados em um microtubo juntamente com 2,0 mL de tampão acetato
(pH 4,5). O gel foi armazenado sob refrigeração por 24 horas, para completa dissolução
do DNA e formação do gel (o dsDNA não pode ser submetido ao ultra-som para não
comprometer a integridade da dupla hélice). 20 µL do gel foram colocados sobre a
superfície limpa e condicionada do eletrodo de carbono vítreo (BAS 3 mm) e então seco
com auxílio de um fluxo contínuo de nitrogênio. O eletrodo de carbono vítreo, após
polimento com pasta de diamante (1 micra) e alumina (3 micra), foi condicionado em
técnica de VPD (E
aplic.
= 0 a 1,4 V) a uma velocidade de 5 mV s
-1
em vários ciclos até a
completa estabilização da superfície do eletrodo (organização da dupla camada).
Imediatamente após secagem do gel de DNA, sobre a superfície do eletrodo modificado,
0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6
citosina
Timina
Adenina
Guanina
NH
N
NH
2
O
NH
NH
O
H
3
C
O
NH
2
N
N
NH
N
HN
N
NH
N
O
H
2
N
5 µ A
E / V vs Ag/AgCl
77
foram adicionados 20 µL da solução (10
-4
mol L
-1
) da substância-teste dissolvida em
etanol, prosseguiu-se o mesmo procedimento de secagem e então se analisou o
biossensor na região de E= 0 a 1,4 V usando a técnica de voltametria de pulso
diferencial. Foi realizado um branco (controle), em triplicata, adicionando apenas etanol
(20 µL) ao gel, para verificar se o etanol poderia interagir com o DNA. A medida
eletroquímica foi realizada utilizando um eletrodo apropriado para acondicionar a pasta
de carbono (Metrohm) modificada.
3.5.1. Inibição da enzima Topoisomerase I
Os efeitos inibitórios da biflorina (5, 10 e 30 µg/mL) em Topoisomerase I foram
mensurados usando o kit para screening de drogas (TopoGEN, Inc.). Duzentos e
cinquenta nanogramas (250 ng) de DNA foram incubados com 4 unidades de Topo I a
37 ºC por 30 min em tampão de relaxamento e na ausência e presença de biflorina (5, 10
e 30 µg/mL). Camptotencina (0,1mM) foi usada como controle positivo. A reação foi
terminada pela adição de 10% de SDS (2 µL) e proteinase K (50 µg/mL) e incubada a
37ºC por 30 min. As amostras foram submetidas a eletroforese em gel de agarose por 90
min, a temperatura ambiente, e visualizadas com brometo de etídio.
3.6. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CITOTÓXICO, GENOTÓXICO E
CLASTOGÊNICO IN VITRO EM LINFÓCITOS HUMANOS
3.6.1. Teste de citotoxicidade in vitro – Ensaio do Alamar Blue
O alamar blue, recentemente identificado como resazurina (O'BRIEN et al.,
2000), é um indicador fluorescente/colorimétrico com propriedades redox. Como com
os sais de tetrazólio, o alamar Blue reduz-se em células em proliferação. A forma
oxidada é azul (não fluorescente/célula não viável) e a forma reduzida é rósea
(fluorescente/célula viável). Este foi inicialmente utilizado para indicar crescimento
e/ou viabilidade celular no monitoramento de proliferação de linfócitos (AHMED et al.,
1994) e atualmente apresentas várias aplicações.
78
Procedimento Experimental
Com o intuito de se investigar a seletividade da biflorina em célula normal, foi
realizado o teste do Alamar Blue com linfócitos isolados de sangue periféricos de
doadores saudáveis. Os linfócitos obtidos foram isolados a partir de uma amostra de
cerca de 5 mL de sangue, acrescida de 5 mL de PBS. As etapas até o isolamento
incluíram a adição de 3 mL de Ficoll, seguida por 30 minutos de centrifugação a
1500rpm, e feita aspiração dos linfócitos, presentes na região intermediária entre as
hemácias e o soro (“nuvem de linfócitos”). A suspensão de linfócitos foi transferida
para um outro tubo ao qual foi acrescido PBS até o volume de 11 mL, sendo
centrifugado por 20 min a 1000 rpm. O sobrenadante foi descartado e o pellet de
linfócitos foi ressuspendido em 2 mL de PBS. Os linfócitos foram contados em câmara
de neubauer e expostos a droga por 72 h. Os linfócitos foram plaqueados em placas de
96 cavidades (2x10
4
células/poço em 100µL de meio). Após 24 h, (0,009-25 µg/mL) de
biflorina foi dissolvida em DMSO e adicionada em cada poço (usando o HTS-high-
throughput screening) e incubado por 72 h. A Dox foi usada como controle positivo
(0,009-5 µg/mL). Os grupos controle receberam a mesma quantidade de DMSO. Vinte e
quatro horas antes do final do tempo de incubação, 10 µL da solução estoque de Alamar
blue foi adicionado a cada poço da placa (figura 26).
Análise dos dados
A absorbância foi medida usando um leitor de placas. O efeito da droga foi
quantificado como a porcentagem da absorbância de controle em 570 nm e em 595 nm.
A absorbância do Alamar blue no meio de cultura e a absorbância do meio de cultura
sozinho é medido em um comprimento de onda mais alto e em um comprimento de
onda mais baixo. A absorbância do meio sozinho é subtraída da absorbância do meio
mais alamar blue lido no comprimento de onda mais elevado. Esse valor é chamado
AOHW. A absorbância do meio sozinho é subtraída da absorbância do meio mais
alamar blue, lido no comprimento de onda mais baixo. Esse valor é chamado AOLW. O
fator de correção R0 pode ser calculado pelo AOWH e AOLW, onde R0 =
AOLW/AOHW. A porcentagem da redução do alamar blue é expressa por: % reduzida
= AOLW – (AOHW x R0) x 100.
79
Linfócitos [ 2x10
4
cél/poço/100µL]
Meio RPMI 1640
SBF 209% e ANTB
Fito 4%
Plaqueamento 72 h
Leitura no
espectofotômetro
Absorbância em 570nm
e 595nm
Linfócitos [ 2x10
4
cél/poço/100µL]
Meio RPMI 1640
SBF 209% e ANTB
Fito 4%
Plaqueamento 72 h
Leitura no
espectofotômetro
Absorbância em 570nm
e 595nm
Absorbância em 570nm
e 595nm
Figura 26– Esquema representativo do método Alamar Blue.
3.6.2. Teste Cometa
A análise do cometa alcalino (SINGH et al., 1988), avalia a extensão da quebra
ao DNA após exposição de linfócitos a drogas suspeitas de potencial genotóxico. O
desenho experimental do estudo do cometa é determinado pela proposta da análise
levando em consideração a investigação do dano.
Procedimento Experimental
Os linfócitos foram obtidos de 4 voluntários saudáveis e isolados a partir de uma
amostra de cerca de 3mL de sangue, acrescida de 5mL de PBS. As etapas até o
isolamento incluíram a adição de 3 mL de Ficoll, seguida por 30 minutos de
centrifugação a 1500 rpm, e feita aspiração dos linfócitos, presentes na região
intermediária entre as hemácias e o soro (“nuvem de linfócitos”). A suspensão de
linfócitos foi transferida para um outro tubo ao qual foi acrescido com PBS até o
volume de 11 mL, sendo centrifugado por 20 min a 1000rpm . O sobrenadante foi
descartado e o pellet de linfócitos foi ressuspendido em 2 mL de PBS.
80
Foram usadas as concentrações de 15 e 30 µg/mL de biflorina. Como controle
positivo foi utilizado doxorrubicina (0,3 µg/mL), incubada com linfócitos por quarenta
minutos. Como controle negativo foram utilizados linfócitos sem a exposição de
qualquer droga.
Das amostras dos linfócitos tratados com biflorina e as dos controles positivo e
negativo, foi retirada uma alíquota de 10 µL de linfócitos, a qual foi adicionada a 110
µL de agarose 1,5%.
As lâminas foram previamente cobertas com 110 µL de agarose (NMP) a 60° C,
sendo mantida a temperatura ambiente por 24h até a solidificação da agarose.
As amostras estudadas foram colocadas sobre a lâmina, sendo, em seguida,
cobertas com lamínulas para uniformizar a distribuição do material e mantidas a 4°C
para solidificação da agarose.
As lâminas foram removidas da solução de lise, e neutralizadas por 15min na
solução de neutralização. Em seguida foram dispostas horizontalmente na cuba de
eletroforese e preenchida com tampão de corrida por 40min para permitir o
desempacotamento do DNA. A eletroforese foi conduzida em baixa luminosidade por
20 min, usando 20 V (volts) e a corrente de 300 mA. Após eletroforese as lâminas,
foram retiradas e mergulhadas na solução de neutralização durante 5 min, para
neutralizar a alcalinidade.
As lâminas foram fixadas em etanol 100%. Posteriormente, aplicou-se 30µL da
solução de Brometo de Etídio (20µg/mL) e foram cobertas com lamínula, sendo
analisadas em microscópio de fluorescência (figura 27).
Análise dos dados
A análise foi realizada de acordo com o padrão de escores previamente
determinados pelo tamanho e intensidade da cauda do cometa (figura 28). Foram,
contados 50 cometas/lâmina e classificados, de acordo com a percentagem de DNA na
cauda do cometa, indicando o grau de quebra do DNA, de acordo com a figura 28.
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida por Teste de Turkey, com nível de significância de 5% (p < 0,05) no programa
GraphPad Prism versão 4.0.
81
Figura 27– Esquema representativo do método do cometa.
0 = sem danos (<5%)
¾ 1 = baixo nível de danos (5 – 20%)
¾ 2 = médio nível de danos (20 – 40%)
¾ 3 = alto nível de danos (40 – 95%)
¾ 4 = dano total (95%)
O índice de dano (ID) foi obtido em pela seguinte fórmula: ID = 400 - Scores
S
S
i
i
n
n
g
g
h
h
(
(
1
1
9
9
8
8
8
8
)
)
,
,
P
P
o
o
o
o
l
l
-
-
Z
Z
o
o
b
b
e
e
l
l
(
(
1
1
9
9
9
9
4
4
)
)
,
,
S
S
p
p
e
e
i
i
t
t
(
(
1
1
9
9
9
9
5
5
)
)
.
.
Figura 28: Tipos de cometas: Representação dos cometas corados com brometo de etídeo e visualizados
mo microscópio de fluorescência, sendo indicado o escore atribuído para cada cometa de acordo com o
dano.
0 1 2
3 4
Análise da Cauda
82
3.6.3. Avaliação de Aberrações cromossômicas em linfócitos de sangue periférico
Existem três níveis de mutações, as mutações gênicas, as aberrações
cromossômicas estruturais como as deleções, duplicações, inversões e translocações e as
aberrações cromossômicas em número (KIRSCH-VOLDERS
et al., 2002). As
aberrações cromossômicas estão intimamente relacionadas a doenças como neoplasia,
na qual se verifica uma correlação positiva entre a freqüência de aberrações
cromossômicas nos linfócitos e o desenvolvimento do câncer e, com cerca de 50% dos
abortos espontâneos, os quais apresentam algum tipo de aberração cromossômica
(NATARAJAN, 2002).
Procedimento Experimental
Os linfócitos foram obtidos de 4 voluntários adultos saudáveis, dos quais foram
coletados 10mL de sangue periférico, em tubos heparinizados. Desse sangue foram
feitas culturas em meio apropriado, suplementado com 20% de soro bovino fetal e 4%
de fitoemaglutinina, o mitógeno que estimula o crescimento e divisão dos linfócitos,
que foram colocados em garrafas de cultura mantidas a 37
0
C em estufa de CO
2
. A ação
da biflorina foi avaliada nas fases G
1
, G1/S, S e G
2
do ciclo celular. As células em
cultura foram tratadas após 48 horas de estimulação com fitoemaglutinina.
Aproximadamente 90 minutos antes do término das incubações foi adicionada uma
solução de colchicina (0,016%) para interromper a divisão celular em metáfase. Após o
término do tempo de incubação, as culturas foram centrifugadas e fixadas (3 metanol: 1
ácido acético) para a confecção das lâminas. As lâminas foram coradas com Giemsa
diluído em tampão fosfato 0,06 M, pH 6,8, foram analisadas, sempre, em teste cego
(figura 29).
Análise dos dados
A análise foi realizada em metáfases bem espalhadas, sem sobreposição e em
células com 21±1 cromossomos. Foram analisadas pelo menos 100 metáfases por
cultura em microscópio de luz e em objetiva de imersão. Foram feitas duplicatas de
cada concentração, além dos controles negativo (veículo da preparação) e positivo
(Doxorrubicina 0,01µg/mL). Os dados foram analisados a partir da média e do erro
padrão da média de n experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças
83
significativas entre os diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de
variância (ANOVA) seguida por Teste de Turkey, com nível de significância de 5% (p
< 0,05) no programa GraphPad Prism versão 4.0.
Colchicina - 70h Cultura das células
Visualização
Colchicina - 70h Cultura das células
Visualização
Figura 29: Esquema representativo do método de aberrações cromossômicas em linfócitos.
3.7. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE
3.7.1. Autoxidação do Ácido oléico
A oxidação do ácido oléico [ácido 9(Z)-octadecenóico], um ácido de gordura
monoinsaturado, o maior constituinte dos triglicerídeos, foi monitorado por seis dias,
como descrito por Masuda e colaboradores (1992).
Procedimento experimental
Dois miligramas de biflorina foram diluídos em 4,0 mL de EtOH, 4,1 mL de
ácido oléico(2,53%) diluido em RtOH, 8,0mL de tampão fosfato e 3,9mL de água
destilada foi colocada em um frasco de 50mL com tampa e colocado em um forno a 40º
C no escuro. A oxidação do ácido oléico foi monitorada da seguinte forma: para 0,1mL
da amostra foi adicionada 9,7mL de EtOH (75%), 0,1mL de tiocianato de amônio
(30%) e 0,1mL de cloreto ferroso (0,2nM) diluido em HCl (3,5%) para misturar a
reação e após exatamente 3 min, foi lida a absoirbância em 500nm, por dia durante seis
dias.
84
3.7.2. Atividade antioxidante para determinação da remoção de radicais livres por
DPPH (Método do radical livre DPPH)
O ensaio do DPPH é uma das metodologias antioxidantes mais conhecidas e
frequentemente utilizada. O DPPH (1,1-difenill - 2-picrilhidrazyil) é um radical livre
estável devido sua deslocalização de elétrons ao longo da molécula. Essa deslocalização
promove uma coloração violeta em torno de 520nm. Quando uma solução de DPPH é
misturada a um substrato agindo como um doador de hidrogênio o DPPH é obtido pela
mudança simultânea da cor violeta para amarelo pálido (MOLYNEUX &
SONGKLANAKARIN,2004).
Procedimento experimental
O efeito antioxidante da biflorina, assim como do Trolox® (vitamina E
hidrosolúvel), Butl hidroxitolueno (BHT) e Vitamina C (ácido ascórbico) foi avaliado
pela intensidade de emissão de fluorescência de DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil).
DPPH a 60
µM foi misturado a três concentrações de Biflorina (250, 125 and 62.5
µg/mL) e incubado por 30 minutos a temperatura ambiente. A absorbância foi então
medida a 520nm. A biflorina e o DPPH foram, então, dissolvidos em etanol e a
porcentagem do efeito redutor foi obtida por comparação da absorbância da solução
teste à solução controle. Trolox
®
, BHT
®
e Vitamina C foram usados como controles
positivos.
3.7.3. Hipoxantina/xantina oxidase
Procedimento experimental
Este ensaio foi utilizado para também avaliar o potencial antioxidante in vitro da
biflorina e se baseou no método descrito por Owen
et al., 1996. Biflorina doi dissolvida
no tampão experimental (1,0 mL - hypoxanthine, Fe (III), EDTA and salicylic acid)
adicionado a hexano 2% e testads nas concentrações de 0,1 a 2 mg/mL. O hexano foi o
diluente de escolha por o DMSO tem uma pronunciada ação antioxidativa. Um alíquota
de 5µL de xantina oxidade (18mU) dissolvida em 3,2 M NH
4
SO
4
foi utilizada para
iniciar a reação. Após incubação por 3h a 37 °C, 30µL da mistura reacional foi
analisada por CLAE usando uma coluna cromatográfica C18 de fase reversa eluída com
gradiente de metanol/água/ácido acético. A produção de dihidroxifenol (ácido 2,5-
85
dihidroxibenzóico e ácido 2,3-dihidroxibenzóico) pela reação de ácido salicílico aos
radicais hidroxi (OH
) liberados foi detrminado por curvas padrão dos respectivos
dihidroxifenóis.
3.8. ATIVIDADE BIOLÓGICA E GENOTÓXICA EM CÉLULAS V79
3.8.1. Cultura de células V79
Fibroblastos de hamster chinês (células V79) foram cultivadas sob condições
padrão em meio MEM com sais de Earle, suplementado com 10% de soro fetal bovino,
2 mM de L-glutamina e 1% de antibticos (100 IU/mL penicillina e 100 lg/mL
estreptomicina). As células foram mantidas em frascos de cultura (Nunc, 25 cm
2
) a
temperatura de 37 ºC e atmosfera umidificada a 5% CO
2
e resgatadas com tripsina
0,15% e EDTA 0,08% diluídos em PBS. 3 x 10
5
células foram plaqueadas com 5% de
meio completo e crescidas por 2 dias antes do início do tratamento. A biflorina foi
testada em 2,5, 5,0, 10,0 e 30,0 µg/mL na ausência ou presença de peróxido de
hidrogênio (100 mM). A concentração final de DMSO no meio foi mantida constante e
inferior a 0,5% (v/v).
3.8.2. Avaliação da citotoxicidade a partir da sobrevivência clonal
Uma cultura logarítimica de células V79 foi crescida de acordo com o protocolo.
Em seguida, as células foram tripsinizadas e 500 células foram plaqueadas em placas de
60 mm para determinar a habilidade de formação de colônia. Biflorina foi adicionada ao
meio após a adesão das células. Após 5 dias de incubação, as células foram fixadas em
etanol e as colônias com 50 ou mais células foram coradas com Giemsa, contadas e a
porcentagem de sobrevivência foi calculada relativa ao controle.
3.8.3. Avaliação da peroxidação lipídica
A indução de peroxidação lipídica por biflorina foi avaliada a partir da reação de
TBA com malondialdeído (MDA), um produto de peroxidação lipídica. Células V79
(3x10
6
cells) foram incubadas com biflorina em diferentes concentrações por 3h em
meio livre de FBS, após lise com Tris-HCl (15mM por 1h). Dois mililitros (2 mL) de
TBA (0,4 mg/mL) e HCl 0,25M foram adicionados ao lisado. Após incubação com
TBA 6,7 mg/mL por 15 minutos a 100 ºC, a mistura foi centrifugada por 10 minutos a
750G. TBA reage com produtos de peroxidação lipídica, distintos de MDA. Os
86
resultados foram expressos nos termos de escies reativas de tiobarbitúricos (TBARS)
como determinadas pela absorbância a 523 nm. TMP hidrolizado foi usado como
padrão. Os resultados foram normalizados pelo conteúdo de proteínas.
Análise dos dados
Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando o teste ANOVA-
Tukey, comparando-se os tratamentos com o controle negativo. Foi considerado
estatisticamente significativo P < 0,05.
3.8.4. Teste Cometa
Células V79 foram incubadas por 3h com diferentes concentrações de biflorina
(2,5, 5,0, 10,0 and 30,0 µg/mL) com ou sem peróxido de hidrogênio (incubado por 1h)
ou com uma pequena modificação, foram tratadas com ou sem as enzimas EndoIII e
Fpg. As células foram lavadas com PBS gelado, removidas com 100 µL de tripsina
0,15% e ressuspensas em meio completo. Em seguida, 20 µL da suspensão de células (2
x10
6
cells/mL) foi dissolvido em 0,5% em agarose com baixo ponto de fusão e
imediatamente espalhada sobre uma lâmina pré-tratada com 1% de agarose com baixo
ponto de fusão. O ensaio do cometa foi realizado como descrito anteriormente. A
análise foi realizada por coloração com nitrato de prata e as células foram contadas em
microscópio óptico.
3.9. POTENCIAL GENOTÓXICO EM DIFERENTES SISTEMAS
BIOLÓGICOS
3.9.1 Detecção da atividade citotóxica, mutagênica e antimutagênica em
Saccharomyces cerevisiae
A levedura S. cerevisiae é um fungo unicelular do tipo ascomicete, com ciclo
eucariótico típico e completo, e notavelmente semelhante às células de mamíferos no
que se refere às macromoléculas, organelas e proteínas com homologia a proteínas
humanas, tornando-a uma ferramenta importante nas pesquisas sobre mutagênese,
reparo do DNA e mecanismos que respondem ao estresse oxidativo (COSTA E
FERREIRA, 2001), podendo ser cultivado facilmente em condições adequadas, tanto na
87
fase haplóide como na diplóide. Em geral, o tempo de duplicação das leveduras a 28-30
o
C, tendo glicose como fonte de carbono, é de aproximadamente 90 minutos.
Procedimento Experimental
Para os ensaios de mutagênese e antimutagênese em leveduras foi utilizada a
linhagem XV185-14c e para o ensaio de recombinogênese foi utilizada a linhagem
XS2316 de
S. cerevisiae. O crescimento das células de Saccharomyces cerevisiae foi
feito em meio líquido completo (YEL) contendo 1% de extrato de levedura, 2% de
bactopeptona e 2% de glicose. Para determinação do número de células viáveis, ou seja,
unidades formadoras de colônias foram feitas semeaduras em meio YEPD solidificado
com 2% de bacto-agar.
Em frasco de Erlenmeyer contendo 30 mL de YEL foi inoculada uma colônia
isolada dessa linhagem e colocada para crescer em ‘shaker’, a 180 rpm e 30
o
C, durante
48 horas, para atingir a fase estacionária. As culturas assim mantidas atingiram uma
concentração de 2 a 4 x10
8
céls/mL. Posteriormente, esta suspensão foi passada para um
tubo Falcon de 50 mL e centrifugada por 5 minutos a 5000 rpm. Após esta primeira
centrifugação, o sobrenadante foi desprezado e foram adicionados 20 mL de solução
salina, seguida de centrifugação para lavagem das células. As células foram contadas
em câmera de Neubauer no microscópio óptico e foram feitas as diluições necessárias
para se obter a concentração celular desejada para o tratamento. Uma suspensão celular
de 2x10
8
células/mL em fase estacionária foi incubada durante 20 horas a 30
o
C, sob
agitação a 180 rpm, com doses crescentes (50-500 µL/mL de suspensão celular) da
amostra
. Foi determinada a sobrevivência através de semeadura em meio rico YEPD,
após 3-5 dias de crescimento em estufa a 30
o
C. Para a detecção de mutação induzida
(revertentes LIS, HIS ou HOM) as células foram incubadas em meio mínimo seletivo,
durante 3-5 dias a 30
o
C. As células foram tratadas na presença e ausência de peróxido
de hidrogênio para avaliar a capacidade antimutagênica da biflorina, quando as células
após pré-tratamento com biflorina, fossem expostas aos danos induzidos pelo peróxido
de hidrogênio. A mutação
his1-7 é um alelo de sentido incorreto ou missense, do tipo
não supressivo, e, portanto, as reversões são a conseqüência de mutações no próprio
lócus. Entretanto, o alelo
lys1-1 corresponde a uma mutação do tipo ocre sem sentido
(
nonsense), a qual pode ser revertida de forma lócus específico ou através de mutação
para frente (mutação forward) em um gene supressor. A diferença entre as reversões
88
verdadeiras e mutações supressoras (
forward) no lócus lys1-1 está bem descrita por
Schüller e Von Borstel (1974), onde o conteúdo de adenina reduzido no meio SC-lys
mostra reversão no lócus quando as colônias são vermelhas e mutações supressoras
quando as colônias ficam brancas. Acredita-se que
hom3-10 contenha mutação do tipo
deslocamento do quadro de leitura ou
frameshift, devido a sua resposta a uma série de
agentes sabidamente mutagênicos.
Para avaliar a recombinogênese, a suspensão de (2 x10
7
células / mL) de células
diplóides na fase exponencial, foi incubada durante 18 horas a 30 ° C em PBS com
diferentes concentrações de biflorina. Após o tratamento, as células foram diluídas em
PBS, plaqueadas, em três diferentes meios de cultura (SC, SC - leu e SC + cyh) e
incubadas durante 5-7 dias a 30º C. Quando o efeito protetor foi investigado, as células
foram incubadas com biflorina, lavadas e expostas a 4 mM peróxido de hidrogênio a
30°C em PBS no escuro sob agitação. Após a exposição, as células foram contadas,
diluídas e plaqueadas em meio específico. As colônias cultivadas em meio SC indicam
a sobrevivência e as colônias de células cultivadas em SC - leu e SC + cyh indicam
recombinação mitótica intragênica (transformação genética) e recombinação intergênica
(crossing-over), respectivamente. A fim de medir a exata frequência de crossing-over
para eliminar a possibilidade de que alguma colônia reistente a cicloheximida resultar
em reversão no lócus CYH2 legitimidade, bem como de monossomia do cromossomo
VII. Portanto, as colônias resistentes a cycloheximida foram plaquedas sobre uma série
placas com meio SC - lys, SC - se reuniu e SC -, com posterior triagem desses
marcadores para cyh2. Ensaios foram realizados em quatro placas em triplicata para
cada dose.
Análise dos dados
Os ensaios com S. cerevisiae, os resultados foram analisados estatisticamente
utilizando o teste ANOVA-Dunett, comparando-se os tratamentos com o controle
negativo. Foi considerado estatisticamente significativo P < 0,05.
3.9.2. Teste em
Salmonella thiphymuriumteste de Ames
O teste
Salmonella/microssoma, desenvolvido pelo Dr. Bruce Ames e
colaboradores na década de 70 (AMES 1975; 1979), é um ensaio bacteriano de curta
89
duração que busca identificar substâncias causadoras de danos genéticos que possam
levar a mutações (MARON e AMES, 1983 e MORTELMANS E ZEIGER, 2000).
O teste usa linhagens de
Salmonella typhimurium com mutações pré-existentes
onde a bactéria fica impossibilitada de sintetizar o aminoácido histidina e não forma
colônias na sua ausência no meio de cultura. Observa-se, porém que novas mutações
nos sítios das mutações pré-existentes podem restaurar a função do gene para a síntese
de histidina e formar colônias, conseqüentemente as células mutadas passam a crescer
na ausência de histidina. Por esta razão este teste é referido como de mutação reversa
(MARON e AMES, 1983; MORTELMANS e ZEIGER, 2000).
Procedimento Experimental
Foram utilizadas as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535 de
Salmonella typhimurium. Para cada experimento, as culturas das linhagens-teste
cresceram pelo período de uma noite em caldo nutriente Oxoid N
o
2, até a densidade de
1-2x10
9
unidades formadoras de colônias (UFC)/mL. As culturas foram colocadas em
agitador (100rpm) a 37
0
C, ao abrigo de luz, por 11-14 horas. As doses foram
selecionadas por um ranging find na cepa TA100. Onde foram escolhidas 5 doses para o
teste, as amostras foram de 66,00 a 333,30 µg/placa. Foi utilizada a fração microssomal
- S9 que é composta por um homogenato de fígado de células de rato. A fração S9 é
acrescida de co-fatores adequados e necessita de condições de pH específicas para que
as reações de metabolização possam ocorrer. Para avaliar a atividade mutagênica foi
utilizado o teste de incorporação em placas, que consiste na exposição da (s) linhagem
(s) testadora (s) e a amostra a testar em placa de Agar glicose mínimo na presença e
ausência de sistema de avaliação metabólica S9 (0,5 mL). Os diferentes componentes
foram, primeiramente, adicionados aos tubos de teste esterilizados contendo 2 mL de
Agar de superfície líquido suplementado com histidina e biotina, mantendo-os a
temperatura de 45
0
C. Os conteúdos dos tubos foram misturados, homogeneizados e
vertidos sobre a superfície de uma placa contendo Agar mínimo. Após solidificação do
Agar de superfície, as placas foram incubadas invertidas e ao abrigo da luz, por 48h, a
37
0
C. O ensaio foi realizado em triplicata (GATEHOUSE et al., 1994). Procedeu-se,
então, a contagem do número de revertentes em todas as placas.
90
Análise dos dados
Na análise do teste Salmonella/microssoma, os resultados são expressos em
revertentes/placas ou pela razão de mutagenicidade (RM), também denominada de
índice de mutagenicidade (IM) e o número de revertentes na placa-controle
(espontâneos), permitindo comparação de resultados entre diferentes linhagens. Para o
estudo da diferença entre doses e entre repetições, foi utilizada ANOVA, seguida de
análise de regressão linear da curva dose-resposta.
30ºC / 37ºC
Cepas Inóculo
Diluição
Plaqueamento
Contagem das colônias
30ºC / 37ºC
Cepas Inóculo
Diluição
Plaqueamento
Contagem das colônias
30ºC / 37ºC
Cepas Inóculo
Diluição
Plaqueamento
Contagem das colônias
30ºC / 37ºC
Cepas Inóculo
Diluição
Plaqueamento
Contagem das colônias
Figura 30: Esquema representativo dos testes em bactérias e leveduras.
3.9.3. Micronúcleos de medula óssea de camundongos
O teste do Micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo é amplamente
aceito pelas agências internacionais e instituições governamentais.
O teste do Micronúcleo é o ensaio
in vivo mais amplamente utilizado para
detecção de agentes clastogênicos (que quebram cromossomos), e de agentes
aneugênicos (que induzem aneuploidia ou segregação cromossômica anormal)
(MACGREGOR
et al., 1987; HAYASHI et al., 1994). Esse teste foi inicialmente
91
desenvolvido em eritrócitos de medula de camundongos, mas pode ser feito em medula
de ratos.
As características gerais do teste são (1) o efeito do agente químico é observado
em eritrócitos policromáticos anucleados (PCEs); (2) o eritrócito policromático tem um
tempo de vida relativamente curto, de modo que qualquer micronúcleo que ele contenha
deve ter sido gerado como resultado de danos induzidos recentemente; (3) os
micronúcleos são facilmente identificáveis e a sua distribuição é bem definida; e (4) a
freqüência de micronúcleo induzida em eritrócito policromático é dependente do tempo
de amostragem (figura 31).
Preparo dos animais para o teste do micronúcleo
Os animais foram expostos à substância teste por via intraperitoneal e
sacrificados nos tempos de 24 e 48 horas após o tratamento para a retirada da medula
óssea dos camundongos. Foram utilizados animais saudáveis, adultos jovens (entre 6 e 8
semanas de idade), distribuídos ao acaso, tanto para o grupo controle como para os
grupos tratados. Os animais, identificados individualmente, foram aclimatados às
condições do biotério por pelo menos 3 dias antes do início do estudo. A variação de
peso dos animais foi mínima, não excedendo a 20% do peso médio de cada sexo. Em
cada grupo controle e tratados com a substância teste, foram incluídos 5 animais de cada
sexo, a temperatura da sala de manutenção dos animais foi de 22
o
C (± 3
o
C) e um ciclo
de luz 12h claro/12h escuro. Os animais foram mantidos em caixa de polipropileno em
pequenos grupos (máximo 5), do mesmo sexo e em estantes ventiladas. Para a
alimentação, foi utilizada água filtrada e ração para camundongos oferecidos sem
restrição de quantidade. As substâncias foram dissolvidas em DMSO no momento do
tratamento dos animais. Grupos de animais controles negativo e positivo foram
incluídos em cada estudo e foram testados ao mesmo tempo em que os grupos tratados.
Os animais do grupo controle negativo foram tratados somente com o solvente/veículo.
Foi utilizado um grupo controle para cada tempo de amostragem.
92
Procedimento Experimental
Os animais foram tratados com a substância teste uma única vez, as amostras de
medula óssea foram coletadas em dois momentos após a administração da substância
teste: 24 e 48h. Como controle positivo foi utilizado etilmetanosulfonato (EMS, CAS
62-50-0), 200mg/kg. Após o sacrifício do animal, uma amostra do material de medula
óssea foi coletada dos fêmures, em uma pequena quantidade (3 mL) de soro bovino
fetal. As preparações celulares foram coradas adequadamente com Leishman e
analisadas para a presença de micronúcleos. Foram preparadas duas lâminas de cada
animal (figura 32).
Todas as lâminas, incluindo aquelas do controle positivo e negativo, foram
codificadas antes da análise. A proporção de eritrócitos imaturos (PCE) dentre o total de
eritrócitos (PCE + NCE) foi determinada contando-se pelo menos 200 eritrócitos (PCE
+ NCE) por animal. Para avaliação de células micronucleadas, foram analisados pelo
menos 2000 PCE por animal.
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
animais. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes
grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por
Teste de Turkey, com nível de significância de 5% (p < 0,05) no programa GraphPad
Prism versão 4.0.
93
ERITROBLASTO
ERITROBLASTO
ERITR
ERITR
Ó
Ó
CITO
CITO
POLICROM
POLICROM
Á
Á
TICO
TICO
ERITR
ERITR
Ó
Ó
CITO
CITO
NORMOCROM
NORMOCROM
Á
Á
TICO
TICO
HEM
HEM
Á
Á
CIA
CIA
24h (1 dia)
24h (1 dia)
PROCESSO DE MATURA
PROCESSO DE MATURA
Ç
Ç
ÃO ERITROCIT
ÃO ERITROCIT
Á
Á
RIO
RIO
MEDULA ÓSSEA
SANGUE
10
10
-
-
12 horas
12 horas
10
10
-
-
24 horas
24 horas
PCEs
PCEs
MACRÓFAGO
vasos
ERITROBLASTO
ERITROBLASTO
EXPULSÃO DO NUCLEO
EXPULSÃO DO NUCLEO
ERITROBLASTO
ERITROBLASTO
ERITR
ERITR
Ó
Ó
CITO
CITO
POLICROM
POLICROM
Á
Á
TICO
TICO
ERITR
ERITR
Ó
Ó
CITO
CITO
NORMOCROM
NORMOCROM
Á
Á
TICO
TICO
HEM
HEM
Á
Á
CIA
CIA
24h (1 dia)
24h (1 dia)
PROCESSO DE MATURA
PROCESSO DE MATURA
Ç
Ç
ÃO ERITROCIT
ÃO ERITROCIT
Á
Á
RIO
RIO
MEDULA ÓSSEA
SANGUE
10
10
-
-
12 horas
12 horas
10
10
-
-
24 horas
24 horas
PCEs
PCEs
MACRÓFAGO
vasos
ERITROBLASTO
ERITROBLASTO
EXPULSÃO DO NUCLEO
EXPULSÃO DO NUCLEO
94
Figura 31: Esquema representativo da formação de micronúcleos.
X
Após tratamento
24 e 48 h
RETIRADA
DO FÊMUR
soro
Centrifugação
Visualização
X
Após tratamento
24 e 48 h
RETIRADA
DO FÊMUR
soro
Centrifugação
Visualização
Figura 32: Esquema representativo do método de micronúcleos in vivo.
95
4.1. ATIVIDADE CITOTÓXICA IN VITRO
4. 1. 1. Teste de citotoxicidade em células de linhagens tumorais – Teste do MTT
A atividade citotóxica da biflorina foi avaliada pelo método do MTT e os
resultados estão representados na tabela 3. A biflorina mostrou-se inespecífica e com
uma atividade citotóxica variada, porém com CI
50
variando de 0,43 a 14,61 µg/mL.
Tabela 3 - Efeito inibitório da biflorina e da doxorrubicina (controle positivo) de
células em cultura em 16 diferentes linhagens tumorais. Os valores apresentados
referem-se a CI
50
(µg/ml) e o intervalo de confiança de 95% obtido por regressão
não linear.
LINHAGEM CELULAR
Biflorina
CI
50
µg/mL (µM)
Doxorrubicina
CI
50
µg/mL (µM)
Linhagens Leucêmicas
HL-60
1,95 (6,30)
1,26 – 2,69
0,02 (0,03)
0,01 – 0,02
CEM
1,02 (3,30)
1,24 – 1,96
0,02 (0,03)
0,01 – 0,02
K 562
2,43 (7,86)
1,41 –2,372
0,14 (0,24)
0,09-0,22
Linhagens de Mama
MCF-7
0,43 (1,30)
1,28 – 1,768
0,20 (0,34)
0,17 – 0,24
MDA MB 231
14,61 (47,26)
11,54-18,50
0,22 (0,37)
0,18-0,26
MX 1
1,11 (3,61)
0,98 –1,29
0,076 (0,13)
0,054-0,10
96
Linhagens de Pulmão
NCI H266
0,86 (2,80)
0,67 – 1,12
0,15 (0,26)
0,13-0,18
NCI H23
0,58 (1,88)
0,51 - 0,6584
0,065 (0,11)
0,058 – 0,074
Linhagens de Melanoma
M14
2,34 (7,02)
1,85-2,95
0,30 (0,15)
0,16-0,55
UACC – 257
1,48 (4,44)
n.d.
0,27 (0,45)
0,23-0,32
UACC – 62
1,67 (5,01)
1,55-1,8
0,09 (0,5)
0,08-0,99
MDA MB 435
0,65 (2,10)
1,726 – 3,451
0,47 (0,81)
0,34-0,65
B16 (murino)
10.12 (16.86)
6,98 -14,67
0,03 (0,05)
0,02 – 0,04
Outras Linhagens
PC3 (Próstata)
6,09 (19,7)
4,17-8,89
0,45 (0,77)
0,38-0,68
SF295 (SNC)
0,63 (2,02)
0,567 – 0,69
0,16 (0,27)
0,13-0,23
HCT-8 (Cólon)
0,88 (2,80)
4,73 – 12,5
0,04 (0,07)
0,03 – 0,05
n.d. – não determinado
97
4.1.2. Teste da atividade antimitótica em ovos de ouriço-do-mar
A biflorina não foi capaz de causar inibição do desenvolvimento de ovos de
ouriço-do-mar, diferente do que ocorreu com o controle positivo (doxorrubicina), que
inibiu o desenvolvimento embrionário em baixas concentrações (Tabela 4).
Tabela 4 - Atividade antimitótica da biflorina e da doxorrubicina (controle
positivo) em desenvolvimento de ovos de ouriço do mar (Lytechinus variegatus). Os
dados mostram os valores da IC
50
(µg/mL) e o intervalo de confiança (IC 95%) na
primeira e terceira clivagem e na blástula obtido por regressão não linear.
Substância
1
ª
clivagem
CI
50
µg/mL (µM)
3
ª
clivagem
CI
50
µg/mL (µM)
Blástula
CI
50
µg/mL (µM)
Biflorina
> 100,0 (194,5)
> 100,0 (194,5)
> 100,0 (194,5)
Doxorrubicina
6,28 (10,83)
4,34 – 9,09
0,34 (0,59)
0,16 – 0,73
0,54 (0,93)
0,27 – 1,07
4.1.3. Atividade hemolítica
O efeito hemolítico da biflorina foi avaliado em eritrócitos de camundongos Mus
musculus
. Neste ensaio, observou-se ausência de atividade hemolítica nas concentrações
testadas (1,5 a 200 µg/mL). São consideradas ativas aquelas substancias que
apresentaram CE
50
< 200 µg/mL.
98
4.2. ESTUDO DO MECANISMO DE AÇÃO NO MODELO DE MELANOMA
MURINO IN VITRO
A linhagem de melanoma murino (B16), foi utilizada como modelo para
avaliação de atividade do mecanismo de ação e inibição tumoral
in vitro e in vivo,
respectivamente, pela possibilidade de poder usar a mesma célula em ambos os
modelos.
4.2.1. Análise da Viabilidade celular – Exclusão por azul de tripan
Os experimentos foram realizados em células B16, 24 horas após a incubação de
biflorina, em concentrações correspondentes a 1,5, 3,0 e 6,0 µg/mL com base no seu
valor CI
50
após 24 horas incubação (2,95 µg/mL). A exclusão pelo teste de azul de
tripan foi realizada para avaliar a viabilidade celular (figura 33). Em todas as
concentrações, a biflorina reduziu a viabilidade celular (p <0,01). No entanto, a
biflorina não provocou aumento significativo no número de células não viáveis em
nenhuma concentração testada (Figura 16) A doxorrubicina foi usada como controle
positivo na concentração de 0,3 µg/mL causando redução de 65,5% das células viáveis
(figura 33).
0
5
10
15
20
25
Biflorina
(µg/mL)
C
D
1.5
3.0 6.0
*
**
**
**
Células Não Vveis
Células Vveis
mero de células
(X 10
4
/mL)
Figura 33: Determinação da viabilidade celular analisada por azul de tripan das células B16 tratadas com
biflorina após 24 h de incubação. Controle Negativo (C) foi tratado com o veículo usado para diluir a
substância. Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (D). Os dados são apresentados
como valor das médias ± D.P. em dois experimentos independentes em duplicata (n=4). *, p < 0,01 **
p<0,001 comparado ao controle pelo teste de ANOVA seguido pelo teste Student Newman-Keuls.
99
4.2.2. Análise morfológica – Coloração por hematoxilina/eosina
A análise morfológica das células B16, tratadas em relação às células não
tratadas, revelou alterações mediadas pela biflorina (Figura 34). As células tratadas com
biflorina, em todas as concentrações testadas (1,5, 3,0 e 6,0 µg/mL), apresentaram
morfologia compatível com apoptose, incluindo uma redução de tamanho das células,
vacúolos intracelulares e formação de “bleebings”. Além disso, a biflorina causou um
aumento do número de figuras mitóticas em diferentes fases do ciclo celular, sugerindo
um mecanismo de ação de droga, não-seletivo para as diferentes fases do ciclo celular.
A doxorrubicina também induziu redução das células, condensação de cromatina
nuclear e fragmentação, morfologia compatível com apoptose.
100
A
B
Metáfase atípica
Alinhamento
em fileira
D
Anáfase
Metáfase
Prófase
Metáfase
Anáfase
Metáfase tardia
Prófase
C
E
G
H
F
Figura 34: A – Controle: Células viáveis exibindo irregularidades na membrana plasmática, núcleos vesiculosos,
cromatina uniformemente distribuída. Células em metáfase. B - Dox: Rarefação celular / redução do tamanho das
células / vacúolos na periferia do citoplasma / irregularidades da membrana plasmática. Rarefação celular /
Vacúolos na periferia das células / Restos celulares. C, D: Biflorina 1,5µg/mL - Células com tamanho reduzido /
Células aglomeradas e em fileira / Aumento de “bleebings” / Vacúolos na periferia / Figuras mitóticas. E: Biflorina
3,0 µg/mL - Células paradas em fases diferentes do ciclo celular (predomina em metáfase tardia e anáfase) /
Diminuição do número de células / Aumento de células com “bleebings”/ Células com vacúolos periféricos. F:
vacúolos no citoplasma B 6,0 µg/mL – HE Diminuição do número de células / células com tamanho pequeno /
células em apoptose / vacúolos, bleebings/ células em metáfase tardia. G,H: células apoptóticas/ rarefação celular
101
4.2.3. Análise morfológica – Coloração diferencial por Laranja de Acridina/
Brometo de Etidio
A morfologia de células tratadas foi investigada utilizando LA / BE coloração
para microscopia fluorescente. Foi calculada a percentagem de células viáveis, células
apoptóticas e necróticas. Células uniformemente verdes com morfologia normal foram
observadas no grupo controle atingindo mais de 90% das células contadas. As células
tratadas com biflorina apresentaram um número crescente de células em apoptose nas
concentrações de 3,0 e 6,0 µg/mL (p <0,05, figura 35); apenas na maior concentração,
foram encontradas células necróticas. Além disso, as células tratadas com doxorrubicina
também mostraram características apoptóticas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
C
D
1,5 3,0 6,0
(µg/mL)
Biflorina
*
*
*
*
*
*
*
Viáveis
Apopticas
Necróticas
*
mero de células (%)
Figura 35: Determinação da viabilidade celular por laranja de acridina e bromteo de etídio (LA/BE) das
células B16 tratadas com biflorina utilizando coloração por microscopia de fluorescência. Controle
Negativo (C) foi tratado com o veículo usado para diluir a substância. Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi
usada como controle positivo (D). Os dados são apresentados como valor das médias ± D.P. em dois
experimentos independentes em duplicata (n=4). *, p < 0,05 comparado ao controle pelo teste de
ANOVA seguido pelo teste Student Newman-Keuls.
102
4.2.4. Síntese de DNA por incorporação de BrDU
Neste ensaio, foi avaliada a capacidade proliferativa das células tratadas em
comparação as não-tratadas pela incorporação de BrdU no DNA (figura 36). Em todas
as concentrações testadas, a inibição da síntese do DNA fo
i significativamente
diminuída (p <0,05) em relação ao controle negativo. A biflorina inibiu a incorporação
do BrdU em 33,02%, 29,95% e 43,16%,nas concentrações de 1,5, 3,0 e 6,0 µg/mL,
respectivamente. A doxorrubicina, que foi utilizado como controle positivo, e causou
inibição de síntese de DNA em 88,92% das células.
C D 1,5 3,0 6,0
0
10
20
30
40
50
60
(µg/mL)
Biflorina
*
*
*
*
BrdU-células
positivas (%)
Figura 36: Inibição do 5-bromo-2´-deoxyuridina (BrdU) incorporado pelas células B16 tratadas com
biflorina. Controle Negativo (C) foi tratado com o veículo usado para diluir a substância. Doxorrubicina
(0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (D). Os dados são apresentados como valor das médias ±
D.P. em dois experimentos independentes em duplicata (n=4), a porcentagem da positividade do BrdU
em 200 células. *, p < 0,05 comparado ao controle pelo teste de ANOVA seguido pelo teste Student
Newman-Keuls.
103
4.2.5. Análise do ciclo celular e fragmentação de DNA
A análise do ciclo celular das células tratadas com biflorina não evidenciou
interferência em nenhuma fase específica em relação às células não tratadas
(Figura 20). Contudo, foi observado um aumento na fragmentação de DNA de até
33,5 % na concentração de 6,0 µg/mL, enquanto havia 13% de DNA fragmentado
no controle negativo (figuras 37 e 38).
Figura 37: Histogramas de ciclo celular analisados no ModFit LT 3.1 pelo modelo Sync Wizard. Eixo x:
intensidade de fluorescência e eixo y: números de células 0,3 x 10
5
após 24 h de incubação. A, sem
tratamento; B, doxorrubicina a 0,3 µg/mL; C, D e E Biflorina nas concentrações de 1,5; 3,0 e 6,0 µg/mL
respectivamente. Valores representados pela média ± E.P.M.
Channels
(
RED-HLin-Red Fluorescence
(
RED-HLin
))
0 40 80 120 160 20
0
Number
0 50 100 150 200
Channels
(
RED-HLin-Red Fluorescence
(
RED-HLin
))
0 40 80 120 160 20
0
Number
0 30 60 90 120
Channels
(
RED-HLin-Red Fluorescence
(
RED-HLin
))
0 40 80 120 160 20
0
Number
0 80 160 240 320
Channels
(
RED-HLin-Red Fluorescence
(
RED-HLin
))
0 40 80 120 160 20
0
Number
0 60 120 180 240
Channels
(
RED-HLin-Red Fluorescence
(
RED-HLin
))
0 40 80 120 160 20
0
Number
0 40 80 120 160
A
B
C
D
E
Debris
G0G1
G2M
S-Phase
5,16% 30,41%
6,12%
10,68%
23,00%
104
C D 1,5 3,0 6,0
0
10
20
30
40
Biflorina
(µg/mL)
*
*
Fragmentação de DNA
Internucleossomal (%)
Figura 38: Determinação da fragmentação internucleossomal do DNA de células B16 por citometria de
fluxo usando iodeto de propídio, Triton X-100 e citrato após 24h de incubação com biflorina. Controle
Negativo (C) foi tratado com o veículo usado para diluir a substância. Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi
usada como controle positivo (D). Os dados são apresentados como valor das médias ± E.P.M. em três
experimentos independentes em triplicata (n=9). *, p < 0,05 comparado ao controle pelo teste de ANOVA
seguido pelo teste Student Newman-Keuls.
4.2.6. Potencial transmembrana da mitocôndria
A análise do potencial transmembrana da mitocôndria das células tratadas com
biflorina foi realizada por citometria de fluxo com coloração por rodamina 123.
Foi observada despolarização da mitocôndria em todos os tratamentos 1,5, 3,0 e
6,0µg/mL (figura 39).
105
Figura 39: Determinação do efeito da biflorina sobre o potencial transmembrana em células B16 por
citometria de fluxo usando rodamina 123 após 24 h de incubação. Controle Negativo (A) foi tratado com
o veículo usado para diluir a substância. Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (B).
(D) Dados das células tratadas com biflorina 1,5 µg/mL e (E) e (F) foram tratados com biflorina 3,0 e 6,0
µg/mL respectivamente. Cinco mil eventos foram analisados em cada experimento. Os dados são
apresentados como valor das médias ± E.P.M. em três experimentos independentes em triplicata (n=9). *,
p < 0,05 comparado ao controle pelo teste de ANOVA seguido pelo teste Student Newman-Keuls.
4.3. ATIVIDADE ANTITUMORAL EM MODELOS ANIMAIS IN VIVO
4.3.1. Modelo murino em animais transplantados com Sarcoma 180 e Carcinoma
de Erlich
Os efeitos nos animais, tratados com biflorina e com biflorina + 5FU por 7 dias
consecutivos, transplantados com Sarcoma180 e Carcinoma de Erlich, estão nas Tabelas
5 e 6. Foi observada uma significante redução do peso do tumor em animais tratados
com a biflorina em ambas as doses e em ambos os modelos tumorais (p<0,05). Pode-se
C
71
,
24%
24
,
55%
69
,
52%
28
,
84%
64
,
43%
35
,
09%
34,50%
67,65%
A
B
D
EF
C D 1.5 3.0 6.0
0
20
40
60
80
Biflori n a
(µg/ mL)
*
*
*
*
Despolarizão
M itocondrial (% )
80,15%
11,48%
106
observar que quando a biflorina foi administrada com uma dose baixa de 5-FU
(10mg/Kg), ocorreu um sinergismo entre os compostos, aumentando a inibição tumoral
quando da associação feita.
4.3.2. Toxicidade Sistêmica em camundongos Swiss
O valor referente ao peso corpóreo dos animais antes e após a administração da
substância não sofreu alteração. Apenas o valor do peso do baço na dose de 25 mg/Kg
nos animais transplantados com Sarcoma 180 e na dose de 50mg/Kg nos animais
transplantados com Carcinoma de Erlich, mostrou-se significativamente aumentado
quando comparado com o controle negativo, sugerindo a existência de alguma alteração
microscópica. O tumor e os órgãos (fígado, baço e rim) retirados dos animais
transplantados com os tumores foram retirados para análise histológica. Em ambos os
tumores, o grupo controle negativo apresentou células pleomórficas poligonais e
redondas com núcleos hipercromáticos e binucleados. Foram observados vários graus
de pleomorfismos nuclear e celular, além de mitoses, invasão muscular e necrose de
coagulação. Nos grupos tratados com biflorina 50mg/Kg, 5-FU 25mg/kg ou na
associação de biflorina 25mg/Kg + 5-FU 10mg/Kg, foram observadas extensas áreas de
necrose coagulativa enquanto que nos grupos tratados com biflorina 25mg/Kg e 5-FU
10mg/Kg isoladamente, houve apenas um discreto aumento das áreas de necrose
coagulativa.
A análise histopatológica dos rins dos animais tratados com 5-FU (10 e
25mg/Kg), biflorina (25 e 50mg/Kg) ou a associação da biflorina com 5-FU, revelou
degeneração hidrópica tubular proximal, mas a estrutura do glomérulo estava
essencialmente preservada. Por outro lado, a análise histopatológica dos fígados, de
todos os animais tratados inclusive o grupo controle negativo, apresentaram alterações
como hiperplasia das células de Kuppfer, intensa degeneração hidrópica dos hepatócitos
e congestão venosa centriolobular e portal. Além dessas alterações, os animais tratados
com 5-FU (10 e 25mg/Kg), biflorina (25 e 50mg/Kg) ou a associação da biflorina com
5-FU apresentaram também, esteatose microvesicular, hemorragia sinusoidal e um
infiltrado de células inflamatórias em foco crônico (Figura 40a).
No baço, a biflorina, mostrou um discreto aumento da polpa branca e ninhos de
megacariócitos, sugerindo uma possível atividade imunomodulatória (Figura 40b).
107
108
Tabela 5 – Taxa de inibição tumoral dos animais tratados com biflorina e 5-fluorouracil transplantados com Sarcoma 180
Os dados apresentados são representados pela média ± SD de n experimentos. As diferenças significativas foram analisadas pelo teste ANOVA seguido por Newman Keuls:
a) p<0,05 comparado com o grupo controle. b)p<0,05 comparado com o grupo da biflorina 25/Kg/dia. c)p<0,05 comparado com o grupo biflorina 25mg/Kg/dia e 5-FU
10mg/Kg/dia administrados independentemente.
Droga
Dose
(mg/kg/dia)
Fígado
(g/100g peso
corpóreo)
Baço
(g/100g peso
corpóreo)
Rins
(g/100g peso
corpóreo)
Tumor
(g)
Inibição
(%)
n
Controle -
5,21
± 0,16 0,65 ± 0,02 1,16 ± 0,04 1,78 ± 0,09
- 20
25
5,47
± 0,19 0,78 ± 0,03
a)
1,25 ± 0,05 1,51 ± 0,07
14,89 14
Biflorina
50
5,17
±
0,10 0,71
±
0,05 1,00 ± 0,04 0,88
±
0,14
a)
50,53 10
Biflorina +5-FU 25 + 10
4,57
± 0,28
b)
0,54 ± 0,04
a,b)
1,11 ± 0,13 0,61 ± 0,11
a,c)
65,83 10
10
5,73
± 0,30 0,50 ± 0,03ª
)
1,25 ± 0,06 1,07 ± 0,10
a)
39,84 10
5- FU
25
5,12
± 0,31
0,30 ± 0,03
a,b,c)
1,68 ± 0,08 0,46 ± 0,08
a)
74,19 13
109
Tabela 6 - Taxa de inibição tumoral dos animais tratados com biflorina e 5-fluorouracil transplantados com Carcinoma de Erlich
Os dados apresentados são representados pela média ± SD de n experimentos. As diferenças significativas foram analisadas pelo teste ANOVA seguido por Newman Keuls:
a) p<0,05 comparado com o grupo controle. b)p<0,05 comparado com o grupo da biflorina 25/Kg/dia. c)p<0,05 comparado com o grupo biflorina 25mg/Kg/dia e 5-FU
10mg/Kg/dia administrados independentemente. d) p<0,05 comparado com o grupo da biflorina 25mg/Kg/dia+5-FU 10mg/Kg/dia.
Droga
Dose
(mg/kg/dia)
Fígado
(g/100g peso
corpóreo)
Baço
(g/100g peso
corpóreo)
Rins
(g/100g peso
corpóreo)
Tumor
(g)
Inibição
(%)
n
Controle -
5,04
± 0, 18 0,78 ± 0,06 1,14 ± 0,03 1,89 ± 0,68
- 22
25
4,99
± 0,20 0,69 ± 0,05
0,99 ± 0,05 1,99 ± 0,38
12,29 7
Biflorina
50
5,92
±
0,15
a,c,d)
0,96
±
0,07
c,d)
1,32 ± 0,03 1,24
±
0,33
a)
45,39 9
Biflorina +5-FU 25 + 10
4,69
± 0,18 0,57 ± 0,05 1,13 ± 0,08 0,47 ± 0,19
a,c)
79,36 9
10
4,92
± 0,25 0,65 ± 0,07
1,26 ± 0,080 1,34 ± 0,51
a)
41,15 7
5- FU
25
4,09
± 0,35 0,23 ± 0,03
a,b,c,d)
1,12 ± 0,03 0,58 ± 0,26
a)
74,57 9
110
Figura 40a: Fígado dos animais tratados com A - DMSO 10% H/E 400X, B - 5 - FU H/E 400X,
C - Biflorina 25 mg/Kg/dia H/E 400X, D - Biflorina 25 mg/Kg/dia + 5 FU 10 mg/Kg/dia HE
400X.
DMSO 10%
Trato
p
ortal
5 FU 10mg
Hiperplasia das células
de kuppfer
Esteatose
microvesicular
Biflorina + 5FU
Trato portal
Hiperplasia das
células de ku
pp
fer
Hiperplasia das células de
kuppfer
Degeneração
hidrópica
Biflorina
CD
B
A
111
Figura 40b: Baço dos animais tratados com A - DMSO 10% H/E 100X, B - 5-FU 10 mg/Kg/dia H/E
200X, C - Biflorina 25mg/Kg/dia H/E 100X, D - Biflorina 25 mg/Kg/dia H/E 400X, E - Biflorina
25mg/Kg/dia H/E 400X, F - Biflorina 25 mg/Kg/dia + 5-FU 10mg/Kg/dia H/E 200X.
Biflorina+ 5 FU
Arteríola Central
Polpa branca
Biflorina + 5 FU
Megacariócitos
DMSO 10%
Folículos linfóides
5 FU 10
Folículos linfóides
Polpa branca
Biflorina
Megacariócito
Biflorina 25
B
A
C
D
E
F
112
4.3.3. Atividade imunoadjuvante em animais Swiss saudáveis
Para investigar a indução da resposta imune humoral da biflorina, os animais que
foram imunizados com ovalbumina (OVA) 50µg e com biflorina + OVA (1mg + 50µg),
tiveram os níveis de anticorpos (Ig Total) medidos no soro obtido no tempo 0, 7, 14 e 21
dias após a administração das substâncias. A quantidade de Ig Total no soro dos animais
tratados com biflorina aumentou significativamente (p<0,05) em relação ao controle
(OVA) (figura 41).
Preimmune 7 14 21
0.0
0.5
1.0
1.5
*
*
Ova
Ova + BIF
Dias após a imunização
Absorbância
Figura 41: Efeito da biflorina e OVA + biflorina. Os camundongos foram imunizados subcutaneamente
com OVA (50 µg) ou OVA (50 µg) + biflorina (1mg). O soro dos animais foi coletado antes da
imunização, 7, 14 e 21 dias após imunização. Os anticorpos foram detectados por ELISA e a diluição
usada foi de 1:40. Os dados são apresentados pela média ± E.P.M de 10 animais. *P< 0,05, ANOVA
seguido por teste de Newman Keuls.
3.3.4 Modelo murino em animais transplantados com Melanoma B16
3.3.4.1. Sobrevida dos animais e inibição tumoral
Os animais tratados com biflorina (25mg/Kg) tiveram uma sobrevida de até 66
dias, entretanto, os animais do grupo controle (DMSO 10%) sobreviveram apenas até o
Pré-Imune
113
38º dia e os grupos tratados com dacarbazina (25 mg/Kg) e dacarbazina mais biflorina
sobreviveram até 41 e 47 dias respectivamente (figura 42). A biflorina diminuiu
significativamente o tamanho do tumor dos animais tratados, em relação ao grupo
controle (figura 43).
0 10 20 30 40 50 60 70
0
25
50
75
100
125
Controle
Dacarbazina
Biflorina
Associado
Dias
Sobrevida (%)
Figura 42: Curva de sobrevida dos animais transplantados com células de melanoma B16 e tratados com:
Controle (DMSO 10%), Dacarbazina 25mg/Kg/dia; Biflorina 25 mg/Kg/dia e Associado: Biflorina
25mg/Kg/dia + Dacarbazina 25 mg/Kg/dia com p<0,05.
0 5 10 15 20 25 30
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
*
*
*
*
*
Controle
Biflorina
Dias após o implante do tumor
Volume Tumoral (cc
3
)
Figura 43: Efeito sobre o volume tumoral dos grupos controle e tratados com biflorina transplantados
com células B16 no experimento de sobrevida.
114
4.3.3.2 Atividade Imunoadjuvante
Nos animais transplantados com melanoma, também se pode investigar a
indução da resposta imune humoral da biflorina, os animais que foram imunizados com
ovalbumina (OVA) 50µg e com biflorina + OVA (25mg/Kg + 50µg), tiveram os níveis
de anticorpos (Ig Total) medidos no soro após 21 da administração das substâncias. A
quantidade de Ig Total no soro dos animais tratados com biflorina aumentou
significativamente (p<0,05) em relação ao controle (OVA) (Figura 44). Não se pode
concluir que essa resposta seja contra o tumor, mas sistemicamente o animal não
apresentou imunidade reduzida, o que pode ter colaborado a manter os animais vivos
por um período grande.
Figura 44: Efeito da biflorina e OVA + biflorina. Os camundongos foram imunizados subcutaneamente
com OVA (50 µg círculo fechado) ou OVA (50 µg) + biflorina (25mg). O soro dos animais foi coletado
antes da imunização e 21 dias após imunização. Os anticorpos foram detectados por ELISA e a diluição
usada foi de 1:320. Os dados são apresentados pela média ± E.P.M de 10 animais. *P< 0,05, ANOVA
seguido por teste de Newman Keuls.
Pré-imune OVA OVA + Biflorina
0.0
0.5
1.0
1.5
*
*
Absorbância 450nm
115
4.4. AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO DA BIFLORINA COM O DNA
A voltametria cíclica da biflorina em meio prótico (figura 45), na velocidade de
varredura (
ν) de 35 mVs
-1
, apresentou uma onda de redução em potencial Epc = - 0,302
V com sua correspondente anódica em
Epa = - 0,220 V, demonstrando que a redução
eletroquímica da biflorina, neste meio, tem características de reversibilidade, onde a
espécie reduzida na varredura catódica é oxidada em seguida.O mesmo comportamento
foi observado com a variação da velocidade de varredura, havendo apenas um discreto
deslocamento do potencial de redução, para valores mais negativos, assim como uma
maior variação entre potencial de pico anódico e potencial de pico catódico (
Epa – Epc)
(Tabela 7), o que poderia indicar diagnóstico de processo quase-reversível, entretanto
devem ser considerados fenômenos de queda ôhmica que possibilitam essas variações.
-1,5-1,2-0,9-0,6-0,30,0
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
-0,220 V
-0,302 V
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
35 mVs
-1
Figura 45: Voltametria cíclica da Biflorina (3mmol L
-1
) em meio prótico, solução aquoso-etanólica (7:3),
tampão acetato pH aparente de 4,5. ν = 35 mVs
-1
.
O comportamento voltamétrico da biflorina, avaliado pelas técnicas de onda
quadrada e pulso diferencial (figuras 46a e b e 47), manteve-se reprodutível.
116
Tabela 7: Valores de velocidade de varredura (ν), potenciais de pico catódico (Epc),
potenciais de pico anódico (
Epa) e variação entre potencial anódico e catódico (Epa –
Epc) da Biflorina.
Velocidade varredura
(ν)/Vs
-1
Epc I (V) Epa I (V) Epa – Epc
(mV)
0,035 -0,302 -0,221 81
0,050 -0,312 -0,214 98
0,075 -0,316 -0,208 108
0,100 -0,317 -0,213 104
0,200 -0,318 -0,204 114
0,300 -0,319 -0,200 119
0,400 -0,324 -0,197 127
0,500 -0,336 -0,174 162
0,750 -0,349 -0,162 187
1 -0,361 -0,141 220
-1.5-1.2-0.9-0.6-0.30.0
-90
-60
-30
0
30
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
Figura 46a: Voltametria de onda quadrada da biflorina (3mmol L
-1
), na frequência de 20 Hz.
117
-1.5-1.2-0.9-0.6-0.30.0
-50
-40
-30
-20
-10
0
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
Figura 46b: Voltametria de pulso diferencial da biflorina (3mmol L
-1
).
A varredura anódica da biflorina, no mesmo meio e sistema de eletrodos que foi
realizada a redução, utilizando-se técnica de pulso diferencial, apresentou uma onda de
oxidação em potencial muito positivo (
Epa = +1,1 V).
0.00.30.60.91.21.5
0
10
20
30
40
50
60
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
Figura 47: Voltametria de pulso diferencial da biflorina (3mmol L
-1
).
Conhecidos os parâmetros eletródicos da biflorina, caracterizou-se seu
comportamento frente ao DNA através do biossensor eletroquímico, uma vez que a
118
possibilidade de interação de quinonas com o DNA e largamente citada e comprovadas
(referências).
4.1. Fita Dupla dsDNA
A voltametria de pulso diferencial do biossensor de dsDNA (figura 48) em
presença de biflorina (20 µL de uma solução 3 mmol L
-1
) apresentou dois picos de
oxidação referentes às bases nitrogenadas guanina e adenina, respectivamente.
Demonstrando que houve interação da biflorina com o biossensor de
dsDNA, pois não é
possível observar sinais de oxidação relacionados às bases em
dsDNA (DNA de fita
dupla), pelo fato das mesmas estarem com seus sítios oxidáveis ocupados, mantendo
assim a integridade do ácido desoxirribonucléico. Quando uma substância interage com
o
dsDNA, pode haver uma mudaça na conformação do mesmo, e dessa forma, há uma
exposição das bases à superfície eletródica, permitindo suas oxidações, o que foi
observado com a biflorina.
0,20,40,60,81,01,21,4
0
5
10
15
20
25
30
dsDNA (branco)
dsDNA + 20 mL Biflorina 3 mmol L
-1
-0,984 V
-0,693 V
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
Figura 48: Voltametria de pulso diferencial do biossensor de dsDNA em presença da biflorina (3mmol L
-
1
).
119
4.4.2. Fita Simples ssDNA
O estudo eletroquímica da biflorina em solução de ssDNA (DNA de fita
simples) demonstrou que a biflorina também interage com o
ssDNA diretamente, uma
vez que houve uma diminuição da intensidade de corrente anódica quando da adição de
biflorina na solução de
ssDNA (figura 49).
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0
8
16
24
32
Corrente µA
E (V) vs Ag/AgCl/Cl
-
(0,1 mol L
-1
)
ssDNA
ssDNA + Biflorina (3 mmolL
-1
)
Figura 49: Voltametria de pulso diferencial do biossensor de ssDNA em presença da biflorina (3mmol L
-
1
).
4.4.3. Inibição de Topoisomerse I
O teste de inibição de topoisomerase I realizado em DNA purificado, foi
realizado em decorrência do fato de ter se verificado a interação da biflorina com as
fitas simples e duplas do DNA, entretanto, não é por inibição de topoisomerase I que
este fenômeno ocorre, uma vez que nas doses de 5, 10 e 30µg/mL o resultado foi
negativo.
120
4.5. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CITOTÓXICO, GENOTÓXICO E
CLASTOGÊNICO IN VITRO EM LINFÓCITOS HUMANOS
4.5.1. Avaliação da citotoxicidade pelo método do Alamar Blue
Os valores da CI
50
da biflorina obtidos pelo método do Alamar Blue em
linfócitos humanos isolados de doadores saudáveis após 72 h de incubação foram 5,12
µg/mL (4,28-6,12) e para doxorrubicina (controle positivo) foi de 0,96 µg/mL (0,52-
1,80). Os valores apontam uma atividade moderada da biflorina em linfócitos humanos
após 72 horas de exposição.
4.5.2. Avaliação da genotoxicidade – Teste Cometa
A atividade genotóxica foi avaliada através do teste cometa. Os linfócitos foram
isolados e incubados com 15 e 30 µg/mL de biflorina e 0,3 µg/mL de dox (controle
positivo). Em todos os tratamentos, a indução de dano ao DNA foi significativa em
relação ao controle negativo. A biflorina apresentou um aumento no índice de dano (ID)
de 4 a 6 vezes maior em relação ao controle negativo (ID
biflorina
= 69 ± 8,8 e 110 ± 7,3)
nas doses de 15 e 30 µg/mL respectivamente (figura 50a), além de nas mesmas
concentrações aumentar 4.1 e 13 vezes, respectivamente, a freqüência de dano em
relação ao controle negativo (figura 50b). Com base nos resultados obtidos, a biflorina
se revelou genotóxica em linfócitos humanos nas doses e tempo testados.
121
Controle Dox 15 30
0
25
50
75
100
125
150
175
*
*
Biflorina
(µg/mL)
*
A
Índice de Dano (%)
Controle Dox 15 30
0
25
50
75
100
125
150
175
(µg/mL)
*
*
*
B
Biflorina
Frequência de Dano (%)
Figura 50: Painel A – Índice de dano e Painel B – Freqüência de dando efeito da biflorina (15 e 30
µg/mL) ou doxorrubicina 0,3 µg/mL (DOX) no teste do cometa em linfócitos humanos. As barras
representam a media ± E.P.M. de três experimentos independentes. *p < 0,01 vs. controle (ANOVA,
Tukey test).
122
4.5.3. Avaliação da clastogenicidade - Teste de Aberrações Cromossômicas
Foi realizado, em linfócitos humanos obtidos a partir de sangue periférico de
voluntários saudáveis em, o teste de aberrações cromossômicas nas diferentes fases do
ciclo celular (G1, G1/S, S, G2 tabelas 8, 9,10 e 11) nas concentrações de 15 e 30 µg/mL
de biflorina e 0,1µg/mL de dox, com o objetivo de avaliar o seu potencial clastogênico.
No entanto, observou-se que a biflorina, não induz quebras crossomômicas ou
alterações numéricas nas concentrações testadas, porém diminui o índice mitótico da
fase S (Tabela 10), nos pulsos de 1 e 6 horas (p<0,05), o que sugere um potencial
citotóxico nesses tempos de tratamentos, uma vez que a diminuição foi significativa em
relação ao controle negativo. Todavia deve-se ressaltar que as doses testadas são três e
seis vezes maiores que a IC
50
da biflorina em linfócitos em uma exposição de 72 horas,
sugerindo que a substância em questão poderá ser considerada segura.
Tabela 8: Protocolos de tratamento da biflorina aplicados a linfócitos humanos em
curtos tempos de cultura.
Tratamento FITO Biflorina Lavagem COL RET. C
G1 0 h 0 h
- 50 h 52 h
G1/S 0 h 24 h
- 50 h 52 h
S
1
(1 h pulso) 0 h 24 h
25 h 50 h 52 h
S
6
(6 h pulso) 0 h 24 h
30 h 50 h 52 h
G2 0 h 69 h
- 70 h 72 h
FITO: fitohemaglutinina; COL: colchicina; RET. C: retirada da cultura
123
Tabela 9: Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de linfócitos
tratados com biflorina durante as fases G1 e G1/S do ciclo celular.
ACs
Tratamento
IM
(%)
Gaps Quebras Total
Polip
End
- Controle 2,8 4 0 4 0 0
G1
15,0
µg/mL
2,6 0 0 0 0
0
30,0 µg/mL
4,2 1 0 1 3
0
Dox 3,1** 5 4 9 2 4
- Controle 2,8 0 0 0 0 0
G1/S
15,0
µg/mL
3,6 0 0 0 0 0
30,0
µg/mL
3,4 1 0 1 0 0
DOX 3,2** 17 6 23 5 0
Polip: Células poliplóides; End: endoreduplicação; DOX: Doxorrubicina (controle
positivo). **p<0.01
Tabela 10: Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de linfócitos
tratados com biflorina durante a fase S do ciclo celular.
ACs
Tratamento
IM
(%)
Gaps Quebras Total
Polip
End
- Controle 2,8 0 0 0 0 0
1 h
15,0
µg/mL
0,94* 0 1 1 0 0
30,0 µg/mL
0,95* 2 2 4 0 0
Dox 2,4 10 7 17 1 1
- Controle 2,8 0 0 0 0 0
6 h
15,0
µg/mL
1,0* 3 0 3 0 0
30,0
µg/mL
0,8* 1 2 3 0 0
DOX 1,9 14 10 24 3 0
Polip: Células poliplóides; End: endoreduplicação; DOX: Doxorrubicina (controle
positivo). *p<0,05
124
Tabela 11: Aberrações cromossômicas (ACs) e índice mitótico em cultura de linfócitos
tratados com biflorina durante a fase G2 do ciclo celular.
ACs
Tratamento
IM
(%)
Gaps Quebras Total
Polip
End
- Controle 2,8 0 0 0 0 0
G2
15,0
µg/mL
2,9 0 0 0
0
0
30,0 µg/mL
2,6 1 0 0
0
0
Dox 5,2** 24 8 32
7
4
Polip: Células poliplóides; End: endoreduplicação; DOX: Doxorrubicina (controle
positivo). **p<0,01
125
4.6. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE
4.6.1. Autoxidação do ácido oléico
Para determinar as propriedades oxidativas da biflorina, a oxidação de ácido
oléico foi doseada pelo método do tiocianato. A biflorina mostrou atividade
antioxidante contra a autoxidação do ácido oléico no sistema água - álcool até quatro
dias de incubação, entretanto no quinto e sexto dia, não se mostrou mais eficiente
(figura 51). Estes dados sugerem fortemente que a citotoxicidade da biflorina não estava
relacionada com a geração de espécies reativas de oxigênio.
Figura 51: Efeito da biflorina na autoxidação do ácido oléico. A oxidação do ácido oléico foi realizada
pelo método do tiocianato, descrito na metodologia experimental.
126
4.6.2. Xantina Oxidase
A capacidade antioxidante de biflorina foi determinada pelo acompanhamento
da produção de ácido benzóico hidroxilado (DHBA) devido ao ataque de espécies
reativas de oxigênio (ROS) no ensaio da xantina oxidase/ácido salicílico na hipoxantina.
A redução do total dos produtos de oxidação assim como a quantidade de extrato
acrescentado no ensaio é apresentada na Figura 35. Desta forma, a biflorina revelou
uma significativa capacidade antioxidante de forma dose - dependente em
concentrações elevadas, devido à sua capacidade capturadora de radicais hidroxila.
Biflorina Solvente
0
25
50
75
100
% DHBA
Figura 52: Inibição da geração de espécies reativas de oxigênio pela biflorina no sistema hipoxantina-
xantina oxidase. Solvente (hexano) (círculo fechado) e biflorina (círculo aberto).
4.6.3. Efeito retirador de radicais livres pelo método DPPH
Os resultados do efeito capturador de radicais livres da biflorina no sistema
DPPH estão na tabela 12. Esses resultados demonstram uma atividade concentração-
dependente da atividade antioxidante. O efeito capturador da biflorina foi de 79,30% na
maior concentração (250µg/mL) e de 55,60 e 53,50% nas concentrações de125 e 62,5
µg/mL respectivamente.
127
Table 12: Atividade retiradora de radicais livres da biflorina no sistema DPPH. O efeito
foi medido pela absorbância do radical DPPH a 520 nm contendo uma amostra teste de
60
µM de DPPH.
Concentração (µg.mL
-1
)
Tratamento 0,25 0,125 0,0625
Atividade % Atividade % Atividade %
Controle
0,2938±0,00005 00,00 0,2938±0,00005 00,00 0,2938±0,00005 00,00
Trolox
®
0,0090±0,00004 96,94 0,0170±0,00005 94,21 0,0170±0,00005 94,21
BHT
®
0,0408±0,00005 86,12 0,0855±0,00005 70,91 0,1169±0,00005 60,22
Vitamin C
0,0080±0,00005 97,28 0,0160±0,00003 94,55 0,0180±0,00005 93,87
Biflorina
0,0649±0,00005 79,30 0,1306±0,00003 55,60 0,1364±0,00005 53,50
4.7. ATIVIDADE BIOLÓGICA E GENOTÓXICA EM CÉLULAS V79
128
4.7.1. Sobrevivência Clonogênica e Peroxidação Lipídica em células V79
As células V79 foram selecionadas em nosso estudo, porque é uma linhagem
normal, elas têm um cariótipo estável, duplicação em curto tempo e são fáceis de manter
em cultura, além de serem utilizadas com freqüência em estudos de citotoxicidade e
genotoxicidade (ROSA
et al.,2007). A sobrevivência clonogênica foi realizada a fim de
determinar o intervalo de concentrações citotóxicas da biflorina (figura 53). Abaixo de
10µg/mL a biflorina não se mostrou citotóxica, portanto se utilizaram as concentrações
de 1 a 10µg/mL para os experimentos subseqüentes. A análise da sobrevivência clonal
nas concentrações não tóxicas de biflorina foi feita para avaliar a capacidade da
biflorina em reduzir a toxicidade do peróxido de hidrogênio H
2
O
2.
A figura 54, mostra
que citotoxicidade induzida pelo H
2
O
2
foi significativamente suprimida pelo pré-
tratamento com biflorina nas concentrações de 5 e 10 µg/mL. Avaliou-se também os
danos oxidativos acionados pelo H
2
O
2
através da lipoperoxidação. Os resultados
mostraram que as células tratadas com H
2
O
2
tiveram um aumento dose-dependente na
produção de TBARS, contudo as células pré-tratadas com biflorina apresentaram uma
extensão menor de lipoperoxidação, sugerindo que sua capacidade antioxidante seja
responsável por esse efeito, além da biflorina isoladamente não ser capaz de gerar
aumento nos níveis de TBARS (figura 55).
129
0 5 10 15 20 25 30
10
100
Biflorina (mg/mL)
Habilidade de formação de colônia (%)
Figura 53: Sobrevivência clonogênica de células V79 após o tratamento com biflorina em diferentes
concentrações por 3 horas de incubação em meio sem SBF. Os resultados são expressos pela media±
E.P.M., n=9.
M
µ
150
2
O
2
H
1
mg/
m
L
5
m
g
/
m
L
10 mg
/
mL
0
25
50
75
100
*
*
Pré-tratamento biflorina
Sobrevivência (%)
Figura 54: Sobrevivência clonogênica de células V79 pré-tratadas com doses não tóxicas de biflorina por
3 h em meio sem SBF e exposto a H
2
O
2
(150µM) por 1 h a 37ºC no escuro. Os dados são apresentados
pela média ± E.P.M., n=9. * p<0,05, analisados pelo teste ANOVA seguido de Tukey’s multiple
comparison teste. As células pré-tratadas com biflorina foram comparadas com as células expostas a H
2
O
2
(150µM).
130
C
ontr
o
l
e
Negat
i
vo
M
µ 15
0
2
O
2
H
1
mg
/
mL
5 mg/mL
1
0 mg/mL
1 mg/
mL
5
mg
/
mL
10
mg
/
mL
0
10
20
30
40
Tratamento biflorina
Pré-tratamento com biflorina
mais exposição a H
2
O
2
*
*
*
*
Equivalentes (nmol MDA/mg protna)
Figura 55: Determinação de substâncias reativas a ácido tiobarbitúrico (TBARS) em células V79 pré-
tratadas com biflorina nas concentrações indicadas, por 3 h e subsequentemente submetidas à exposição a
H
2
O
2
(150µM). Os dados são apresentados pela média ± E.P.M., n=9. * p<0,05 analisados pelo teste
ANOVA seguido de Tukey’s multiple comparison teste. As células pré-tratadas com biflorina foram
comparadas com as células expostas a H
2
O
2
(150µM).
131
4.7.2. Potencial genotóxico em células V79
Para quantificar a indução e inibição de dano oxidativo, foi realizado o teste
cometa
in vitro versão alcalina (pH>13) em células V79, com enzimas que reconhecem
os sítios específicos de lesões oxidativas em bases púricas e pirimidínicas. A biflorina
quando avaliada isoladamente não induziu dano significativo nas doses mais baixas
(2,5; 5,0 e 10 µg/mL), apenas a concentração citotóxica de 30 µg/mL induziu danos
significativos em relação ao controle negativo (figura 56). Como esperado, as células
tratadas com 150 µM de H
2
O
2,
tiveram um significativo aumento nos índices de dano
(Figura 38). Quando as células foram pré-tratadas com biflorina e depois expostas a
H
2
O
2
, a extensão do dano oxidativo induzido pelo H
2
O
2
e reconhecidos pelas enzimas
EndoIII e Fpg, diminuiu significativamente, como indicado na tabela 13, tornando
evidente a atividade antioxidante da biflorina.
132
Controle
MMS
2.
5
5.
0
10.0
30.0
0
50
100
150
200
250
Biflorina
(µg/m L)
***
***
Índice de dano
Controle
M
µ
15
0
2
O
2
H
2
.
5
5.
0
10.
0
30.
0
0
50
100
150
200
250
300
350
Biflorina + H
2
O
2
150 µM
**
(µg/mL)
**
**
Índice de dano
Figura 56: Painel A: avaliação da genotoxicidade da biflorina usando teste cometa em células V79.
Todos os tratamentos foram comparados com o controle negativo. Painel B: Efeito do pré-tratamento com
biflorina por 3 h e exposição por peróxido (150µM) induzindo dano no DNA em células V79 pelo ensaio
cometa. As barras representam os valores das médias± E.P.M. de três experimentos independentes.
Células pré-tratadas com biflorina foram expostas a (150µM de H
2
O
2
). O símbolo * p<0,05, **P<0,01 e
***P<0,001, pelo teste de ANOVA seguido por Tukey teste.
133
Tabela 13: Dano ao DNA pelo teste cometa em células V79 expostas a biflorina
mais H
2
O
2
por 1h a 37ºC com subseqüente tratamento com tampão, endonuclease
III e formamidopirimidina DNA – glicosilase.
Agente Dose Índice de dano (ID)
Tampão EndoIII FPG
Controle Negativo
a
Biflorina 2,5 µg/mL
29,5
± 3,5 36,3 ± 6,5 37,5 ± 3,5
5,0 µg/mL
39,5
± 7,4 48,5 ± 1,7 48,5 ± 7,0
H
2
O
2
c
150 µM 187,5 ± 9,5 238,5 ± 2,5 269,5 ± 4,5
Biflorina +H
2
O
2
2,5 µg/mL 118,5 ± 4,5* 133,0 ± 8,3* 143,0 ± 1,0*
5,0 µg/mL 131,6 ± 1,52* 159,0 ± 3,4* 187,5 ± 3,5*
a
Controle negativo.
b
Os valores das médias e dos desvios padrão foram obtidos da contagem de 100 células por
experimento – um total de três experimentos por concentração testada.
c
Controle positivo.
* Dados significantes em relação ao controle positive (peróxido de hidrogênio). P<0,001 pelo teste
ANOVA seguido por Tukey.
134
4.8. POTENCIAL GENOTÓXICO EM DIFERENTES SISTEMAS
BIOLÓGICOS
4.8.1. Leveduras
Nos testes realizados em leveduras, a biflorina não induziu citotoxicidade nas
fases estacionária e exponencial de culturas haplóides em levedura do tipo selvagem
quando tratados em condições de não - crescimento até a concentração 0,25 mg/mL
(Tabela 14). No que diz respeito à avaliação do potencial mutagênico, a mutação de
ponto (HIS1 +, LYS1 +) e mutação frameshift (HOM3 +) durante o tratamento na fase
estacionária e crescimento exponencial em condições de crescimento e não -
crescimento não foi significativa (Tabela 14) o que indica ausência de mutagenicidade.
Neste sentido, foi escolhido trabalhar com células em fase estacionária nos
experimentos subseqüentes. Foi observado que no tratamento com biflorina em
concentrações não - citotóxicas 0,125 mg/mL e 0,25 mg/mL, houve diminuição da
freqüência de mutação induzida pelo peróxido de hidrogênio nos lócus his1, lys1 e
hom3, indicando um potencial antimutagênico devido à propriedade antioxidante
(Tabela 15). Os efeitos recombinogênicos da biflorina foram investigados em leveduras
diplóides realizada sob as condições de crescimento e não - crescimento (tabela 16). Os
resultados mostraram que a biflorina não induziu significativa a recombinogênese de
crossing over e conversão gênica nas concentrações empregadas. Como esperado, o pré
- tratamento com biflorina impediu a indução de eventos recombinogênicos pelo
peróxido de hidrogênio, quando as células foram tratadas nas concentrações de 0,125 -
0,5 mg/mL.
135
Tabela 14: Reversão para o ponto de mutação (his1-7), para o alelo (lys1-1) em mutação
frameshift (
hom3-10) na linhagem haplóide XV185-14c de S. cerevisiae após o
tratamento com biflorina por 3h a 30ºC.
Concentração
Sobrevivência
(%)
HIS1revertentes/
10
7
sobreviventes
a
LYS1revertentes/
10
7
sobreviventes
b
HOM revertentes/
10
7
sobreviventes
a
Tratamento em Condições de NÃO Crescimento em Fase Estacionária
CN
c
0 µg/mL 100 12,1 ± 2,0 1,3 ± 0,7
2,2 ± 0,7
CP
d
0,5 µg/mL 52,0 163,0 ± 11,6*** 15,1 ± 2,1*** 24,7 ± 0,6***
Biflorina 0 100 10,0 ± 0,0 3,0 ± 0,9 2,5 ± 0,1
0,125 mg/mL 88,5 14,1 ± 1,9 2,5 ± 0,1 1,2 ± 0,0
0,25 mg/mL 71,0 18,7 ± 0,9 1,8 ± 0,6 1,6 ± 1,0
0,5 mg/mL 50,2 9,7 ± 3,2 2,4 ± 0,9 2,7 ± 1,0
1 mg/mL 28,2 11,0 ± 1,4 3,3 ± 2,6 3,6 ± 1,3
2 mg/mL 15,3 16,0 ± 4,6 1,8 ± 0,4 3,6 ± 0,4
Tratamento em Condições de NÃO Crescimento em Fase Exponencial
CN
c
0 µg/mL 100 18,7 ± 0,9
8,1 ± 1,3
6,7 ± 0,3
CP
d
0,5 µg/mL 41,4 182,5 ± 8,0*** 34,2 ± 11,1*** 48,1 ± 0,7***
Biflorina 0 100 10,0 ± 1,0 7,8 ± 2,2 7,6 ± 0,4
0,125 mg/mL 87,4 11,2 ± 1,2 6,3 ± 0,9 7,4± 15
0,25 mg/mL 83,1 11,3 ± 1,0 6,8 ± 0,1 7,2± 0,4
0,5 mg/mL 55,7 10,0 ± 0,4 5,1 ± 0,1 6,0 ± 2,0
1 mg/mL 15,0 15,6 ± 1,5 4,5 ± 2,3 5,8 ± 0,1
2 mg/mL 3,1 10,6 ± 1,3 6,9 ± 0,3 6,8 ± 2,1
Tratamento em Condições de Crescimento
CN
c
0 µg/mL 100 10,3 ± 0,9
3,0 ± 0,5
4,8 ± 0,9
CP
d
0,5 µg/mL 51,4 160,5 ± 21,3*** 24,9 ± 0,9*** 26,3 ± 2,3***
Biflorina 0 100 11,0 ± 0,6 3,1 ± 0,9 3,8± 0,1
0,125 mg/mL 88,0 12,4 ± 1,6 4,9 ± 2,2 4,9± 1,7
0,25 mg/mL 60,9 10,1 ± 1,0 3,4 ± 0,6 4,8 ± 0,1
0,5 mg/mL 55,4 14,4 ± 0,6 5,1 ± 1,4 3,9 ± 0,0
1 mg/mL 38,6 13,2 ± 1,5 6,5 ± 2,3 5,1 ± 0,1
2 mg/mL 2,9 14,4 ± 2,9 3,5 ± 0,7 4,6 ± 1,8
a
Revertentes Lócus - especifico.
b
Revertentes Lócus não- especifico.
c
CN: controle negativo, dimetil sulfoxido usado como veículo.
d
CP: controle positivo, 4-nitroquinoleina-N-oxido 0,5 µg/mL,
Os dados estão apresentados pela média e D.P. de três experimentos independentes; *** Dado significante em relação ao controle
negativo, onde P<0,001, analisado pelo teste ANOVA seguido por
Tukey teste.
136
Tabela 15: Reversão para o ponto de mutação (his1-7), para o alelo (lys1-1) mutação frameshift (hom3-10) na linhagem haplóide XV185-14c de
S. cerevisiae após o tratamento com peróxido de hidrogênio em células na fase estacionária pré-incubadas com biflorina por 3h em condições de
não crescimento.
Concentração
Sobrevivência
(%)
HIS1 revertentes/
10
7
sobreviventes
a
LYS1 revertentes/
10
7
sobreviventes
b
HOM3 revertentes/
10
7
sobreviventes
a
CN
c
0 100 10,3 ± 0,9
e
3,0 ± 0,5
e
4,8 ± 0,9
e
H
2
O
2
4 mM 41,0 41,4 ± 1,3*** 37,7 ± 1,8*** 36,0 ± 0,9***
Biflorina (pré-tratamento mais
exposição a H
2
O
2
4 mM)
0,125 mg/mL 41,9 9,2 ± 0,5*** 4,1 ± 0,4 *** 5,1 ± 1,1**
0,25 mg/mL 40,8 14,1 ± 1,6** 5,5 ± 3,6*** 7,9 ± 1,0 ***
0,5 mg/mL 65,4 34,4 ± 7,9 43,4 ± 2,7 35,6± 3,7
1 mg/mL 78,6 42,4 ± 2,6 40,9 ± 0,2 31,8 ± 3,9
2 mg/mL 22,0 40,3 ± 6,9 37,9 ± 1,6 34,6 ± 1,8
a
Revertentes Lócus - especifico.
b
Revertentes Lócus não- especifico.
c
CN: controle negativo, dimetill sulfoxido usado como veículo.
Os dados estão apresentados pela média e D.P. de três experimentos independentes; Dado significante em relação ao controle negativo, onde *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001, analisado pelo
teste ANOVA seguido por
Tukey teste.
137
Tabela 16: Indução de crossing-over (/cyh2) e conversão gênica (leu1-1/leu1-12) na
linhagem diplóide XS2316 de
S. cerevisiae após pré-tratamento com biflorina durante a
fase de crescimento exponencial e o efeito do pré-tratamento sobre a indução de
recombinogênese pelo peróxido de hidrogênio.
Concentração Sobervivência (%)
Crossing over/ 10
5
sobreviventes
Conversão gênica/
10
5
sobreviventes
CN
0 µg/mL 100 9,1 ± 0,8 1,5 ± 0,2
CP
0,5 µg/mL 67,0 185,0 ± 26,6*** 49,0 ± 3,0***
Biflorina 0 100 12,1 ± 2,0 1,0 ± 0,4
0,125 mg/mL 94,0 10,8 ± 1,0 1,5 ± 0,6
0,25 mg/mL 91,0 9,7 ± 3,1 1,7 ± 0,3
0,5 mg/mL 89,2 8,5 ± 3,8 1,9 ± 0,8
1,0 mg/mL 86,5 12,4 ± 0,4 1,3 ± 0,6
2,0 mg/mL 73,3 13,0 ± 1,3 1,9 ± 0,5
H
2
O
2
4 mM 51,7 106,5± 18,4*** 43,4± 9,0 ***
Biflorina (pré-tratamento mais exposição a H
2
O
2
4 mM)
0,125 mg/mL 49,3 33,1 ± 9,3*** 9,9 ± 1,3***
0,25 mg/mL 63,0 55,0 ± 6,5*** 12,0 ± 3,3***
0,5 mg/mL 71,9 72,0 ± 8,4*** 25,1 ± 4,1** *
1,0 mg/mL 85,3 95,1 ± 9,0 38,1 ± 5,2
2,0 mg/mL 89,1 110,4 ± 22,1 46,5 ± 4,9
CN: controle negativo, dimetill sulfóxido usado como veículo.
CP: controle positivo, 4-nitroquinoleina-N-oxido 0,5 µg/mL,
Os dados estão apresentados pela média e D.P. de três experimentos independentes; *** Dado significante em relação ao
controle negativo, onde P<0,001, analisado pelo teste ANOVA seguido por
Tukey teste.
138
4. 8.2. Teste de Ames em Salmonella thyphimurium
As doses estabelecidas, na linhagem TA100, para a avaliação do potencial
mutagênico da biflorina em linhagens de
Salmonella thyphimurium, foram de 66,00;
133,50, 200,10; 266,70 e 333,30 µg/mL. Não foi observada mutagenicidade em
nenhuma das cinco linhagens (TA98, TA97a, TA100, TA102 e TA1535) testadas na
ausência ou presença de ativação metabólica, ou seja ela não induz mutação de
deslocamento do quadro de leitura ou substituição de pares de base nas condições
testadas, mostrando-se negativa para o teste de Ames.
139
Tabela 17: Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium pela biflorina com e sem atividade metabólica (S9 mix)
Substância TA98 TA97a
-S9 +S9 -S9 +S9
rev/placa
a
IM
b
rev/placa IM
rev/placa
a
IM
rev/placa
a
IM
CP
c
383,66±93,32
-
724,00±142,00
-
875,66±471,46
-
1630,50±265,16
-
CN
d
22,00±2,65 - 32,33±3,06 - 44,33±11,24 - 66,00±10,58 -
Dose (µg per placa)
66,60 21,33±4,16 0,96 46,67±2,31 1,44 50,00±5,66 1,13 102,33±10,79 1,55
133,50 21,67±7,37 0,98 34,33±6,03 1,06 39,00±1,41 0,88 82,33±8,62 1,25
200,10 25,00±6,08 1,13 32,67±5,03 1,01 21,00±14,80 0,47 79,33±17,90 1,20
266,70 21,00±2,00 0,95 27,67±1,53 0,85 28,00±1,00 0,63 71,50±2,12 1,08
333,30 23,00±6,08 1,04 41,67±12,50 1,28 48,00±8,49 1,08 87,00±33,05 1,32
a
Número de revertentes/placa: média de três experimentos independents ± DP;
b
IM: Índice Mutagênico (nº. de his+ induzida por amostra/nº. de espontâneas his+ no controle
negativo).
c
CP: controle positivo (-S9) 4-NQO (5,0 µg/placa); (+S9) aflatoxina B1 (0,5 µg/placa).
d
CN: controle negativo DMSO (25 µl) usado como solvente para biflorina.
140
Tabela 18: Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium pela biflorina com e sem atividade metabólica (S9 mix)
Substância TA100 TA102
-S9 +S9 -S9 +S9
rev/placa
a
IM
b
rev/placa IM
rev/placa
a
IM
rev/placa
a
IM
CP
c
1922,00±402,07 16,5
1530,33±113,50 11,19 2115,60±502,14 5,73 1934,33±279,01 4,20
CN
d
116,33±19,09 - 136,67±5,03 - 368,67±72,92 - 460,00±52,92 -
Dose (µg per placa)
66,60 123,33±8,50 1,06 144,00±17,09 1,05 331,33±38,70 0,90 493,33±77,18 1,07
133,50 98,00±20,00 0,84 138,00±22,54 1,01 329,33±63,79 0,89 565,33±74,22 1,23
200,10 104,67±8,08 0,90 127,33±20,82 0,93 425,33±16,17 1,15 516,67±122,84 1,12
266,70 106,00±10,82 0,91 166,33±12,66 1,22 384,00±24,98 1,04 484,00±52,46 1,05
333,30 131,33±29,14 1,13 130,67±37,17 0,96 378,67±59,37 1,02 429,33±84,13 0,93
a
Número de revertentes/placa: média de três experimentos independents ± DP;
b
IM: Índice Mutagênico (nº. de his+ induzida por amostra/nº. de espontâneas his+ no controle
negativo).
c
CP: controle positivo (-S9) 4-NQO (5,0 µg/placa) para TA102 e azida de sódio (5,0 µg/placa) para TA100 (+S9) aflatoxina B1 (0,5 µg/placa).
d
CN: controle negativo DMSO (25 µl) usado como solvente para biflorina.
Tabela 19: Indução de revertentes de his+ em linhagens de Salmonella typhimurium pela biflorina com e sem atividade metabólica (S9 mix)
141
Substância TA1535
-S9 +S9
rev/placa
a
IM
b
rev/placa
a
IM
PC
c
1595,00±220,53
-
105,60±1,15
-
NC
d
10,00±1,00 - 13,00±1,73 -
Dose (µg per placa)
66,60 11,33±2,89 1,13 11,33±5,13 0,87
133,50 11,67±4,04 1,16 15,00±3,61 1,15
200,10 11,67±0,58 1,16 12,67±2,52 0,97
266,70 6,67±3,06 0,66 16,33±4,04 1,25
333,30 12,33±5,51 1,23 10,33±5,51 0,79
a
Número de revertentes/placa: média de três experimentos independents ± DP;
b
IM: Índice Mutagênico (nº. de his+ induzida por amostra/nº. de espontâneas his+ no controle
negativo).
c
CP: controle positivo (-S9) azida de sódio (5,0 µg/placa); (+S9) aflatoxina B1 (0,5 µg/placa).
d
CN: controle negativo DMSO (25 µl) usado como solvente para biflorina.
142
4.8.3. Avaliação do potencial clastogênico da biflorina em medula óssea de
camundongo
Para completar a bateria de testes de mutagenicidade, a biflorina foi testada em
camundongos nos tempos de 24 e 48 horas de exposição. Após esse período, os fêmures
dos animais foram retirados para a análise dos eritrócitos normocromáticos (NCEs),
policromáticos (PCEs) e eritrócitos policromáticos micronucleados (PCEMNs). O Teste
do Micronúcleo foi considerado negativo para biflorina, uma vez não houve diferença
estatisticamente significante entres os grupos tratados e o grupo controle negativo em
relação à freqüência de PCEMNs em nenhum tempo de tratamento (Tabela 20). Os
resultados obtidos então sugerem que a biflorina não induz dano cromossômico
estrutural e/ou numérico nos eritrócitos dos camundongos Swiss, diferente do que
ocorreu com os animais do grupo controle positivo tratados com EMS (p< 0,01) (Figura
39).
Tabela 20 – Freqüência de eritrócitos policromáticos micronucelados (PCEMNs)
em medula óssea de camundongos Swiss de ambos os sexos tratados com duas
diferentes concentrações de biflorina.
Tratamentos
Número de
PCEs Analisados
PCEMNs
Relação
PCE/NCE
24 Horas
Nº %
DMSO 10%
a
20.000 57 0,28 4,01
EMS
b
20.000 402* 2,01 2,83*
Biflorina 25mg/kg 20.000 45 0,22 3,90
Biflorina 50mg/kg 20.000 51 0,25 3,94
Tratamentos
Número de
PCEs Analisados
PCEMNs
Relação
PCE/NCE
48 Horas
Nº %
DMSO 10%
a
20.000 41 0,20 3,92
EMS
b
20.000 360* 1,80 2,87*
Biflorina 25mg/kg 20.000 37 0,18 3,79
Biflorina 50mg/kg 20.000 41 0,20 3,84
a
Controle negativo,
b
Controle positivo.
* p < 0,01(ANOVA, Tukey test).
143
Controle EMS 25 50
0
10
20
30
40
50
60
Biflorina
(mg/Kg)
*
Nº de células micronucleadas
Controle EMS 25 50
0
10
20
30
40
50
60
Biflorina
*
(mg/Kg)
Nº de células micronucleadas
Figura 57 - Painel A – Freqüência de micronúcleos dos animais tratados com biflorina ou EMS por 24
horas. Painel B – Freqüência de micronúcleos dos animais tratados com biflorina ou EMS por 48 horas.
As barras representam a media ± E.P.M. de 10 animais por grupo, numa contagem de 2000 células
policromáticas. *p < 0,01 vs. controle (ANOVA, Tukey test).
A
B
144
Tabela 21 – Resumo dos resultados obtidos com a biflorina versus controles positivos.
ESTUDO BIF.
C +
Atividade citotóxica in vitro
Em células tumorais +++
+++
Em linfócitos humanos ++
+++
Inibição do desenvolvimento de ovos de ouriço-do-mar -
+++
Atividade Hemolítica -
n.d
Estudo do mecanismo de ação em células B16 in vitro
Viabilidade celular por exclusão de azul de tripan ++
+++
Morfologia diferencial por Hematoxilina/Eosina C.R. C.R.
Morfologia diferencial por Laranja de acridina/Brometo de etídeo C.R. C.R.
Inibição da síntese de DNA ++
+++
Análise do ciclo celular -
++
Indução de fragmentação de DNA ++
+++
Potencial transmembrana da mitocôndria ++
+++
Atividade in vivo
Efeito da biflorina sobre camundongos transplantados com Sarcoma 180 ++
+++
Efeito da biflorina sobre camundongos transplantados com Carcinoma de
Erlich
++
+++
Efeito da biflorina sobre camundongos transplantados com Melanoma
B16
+
-
Sobrevida avaliada em camundongos transplantados com Melanoma B16 +++
+
Atividade Imunoadjuvante em camundongos saudáveis +++
n.d
Atividade Imunoadjuvante em camundongos black (C57/BL) +++
n.d
Toxicidade sistêmica nos camundongos transplantados com células
tumorais
L S
Interação com o DNA
Por eletroquímica +++
n.d
Inibição de Topoisomerase I -
Genotoxicidade/Clastogenicidade em linfócitos humanos
Teste Cometa G
G
Teste de Aberrações Cromossômicas nas diferentes fases do ciclo celular N.C.
C
Potencial Antioxidante
Autoxidação de ácido oléico ++
n.d
Xantina oxidase ++
n.d
Atividade frente ao DPPH ++
n.d
Atividade Biológica e Genotóxica em Células V79
Sobrevivência clonogênica +
-
Peroxidação lipídica -
+++
Teste Cometa ++
+++
Genotoxicidade/Mutagenicidade em outros sistemas
Em Leveduras N.G.
G
Em Bactérias N.M.
M
Em Medula óssea de camundongos N.C.
C
(+) Fracamente ativa; (++) Ativa; (+++) Fortemente ativa; (-) Não ativa; (C.R.) – Corrobora os demais
resultados; (L) – Leve; (S) – Severa; (G) - Genotóxico; (C) Clastogênico; (M) Mutagênico; (N.G) – Não
genotóxico; (N.C.) – Não clastogênico; (N.M.) – Não mutagênico; (n.d) – Não Determinado
145
5. DISCUSSÃO
As quinonas são metabólitos amplamente distribuídos na natureza, apresentando
participação crucial em vários processos bioquímicos vitais como a cadeia respiratória e
a fotossíntese (DA SILVA
et al., 2003). Do ponto de vista farmacológico e terapêutico,
estas moléculas são utilizadas como medicamentos antitumorais, antibacterianos e
antimaláricos, e incluem drogas como antraciclinas, daunorrubicina, doxorrubicina,
mitomicina e mitoxantronas, amplamente utilizadas na terapia de tumores sólidos
(VERMA, 2006). Particularmente em relação às naftoquinonas, destacam-se moléculas
como a β – lapachona e o lapachol, que constituem um grupo promissor de compostos
com propriedades citotóxicas e antitumorias (ASCHE, 2005).
Nesse trabalho, nos propusemos a estudar a atividade antitumoral da biflorina,
uma
orto-naftoquinona, isolada das raízes de Capraria biflora, conhecida na literatura
por suas propriedades antimicrobianas (LIMA
et al., 1958). Vale ressaltar ainda que a
extração e o isolamento da biflorina envolvem procedimentos relativamente simples
(D’ALBUQUERQUE
et al., 1962), possibilitando sua obtenção em larga escala,
ressaltando seu potencial uso terapêutico.
Assim como o lapachol (2-hidroxi-3(3-metil-2-butenil)-1,4 naftoquinona e
outros agentes quimioterápicos, a biflorina mostrou uma forte atividade citotóxica
in
vitro
quando testada em linhagens tumorais humanas (HL60, CEM, K562, MCF-7, MX-
1, MDA MB 231, MDA MB 435, M14, UACC257, UACC62, NCI H266, NCI H23,
PC3, SF295 e HCT-8). A CI
50
variou de 0,43 µg/mL em células MCF-7 a 14,61 µg/mL
em células MDA-MB-431, ambas linhagens de mama. De acordo com a literatura,
compostos puros podem ser considerados promissores para justificar novos estudos,
quando apresentarem CI
50
menor que 1µg/mL (PESSOA et al., 2000). Considerando
este valor, a biflorina mostrou-se bastante citotóxica contra 8 linhagens e
146
moderadamente ou pouco citotóxica frente a outras 8 linhagens, não sendo possível
estabelecer nenhuma seletividade com relação a origem das células.
Em estudos anteriores com o extrato de
C. biflora, Nascimento e colaboradores
(1984) mostraram que esse extrato foi extremamente citotóxico contra células KB, com
uma CI
50
de 3µg/mL. Os autores sugeriram que a biflorina seria a molécula responsável
por esta atividade observada no extrato das raízes da planta. Nossos resultados
corroboram com essa hipótese.
De acordo com vários autores, na avaliação do potencial antitumoral de uma
droga, é de extrema importância a utilização de células normais a fim de se avaliar a
seletividade para célula normal ou tumoral (ZUCO
et al., 2002; ANAZETTI et al.,
2003). A biflorina foi testada em linfócitos periféricos humanos estimulados com
fitoemaglutinina, apresentando CI
50
de 5,12 (4,28 – 6,12) µg/mL. Este valor sugere uma
baixa seletividade da biflorina. A doxorrubicina, por sua vez, apresentou CI
50
neste
modelo de 0,96 (0,52 – 1,80) µg/mL.
Ainda para avaliar sua citotoxicidade, foram realizados experimentos
subseqüentes para investigar a atividade em ovos de ouriço-do-mar e a capacidade de
induzir hemólise em hemácias de camundongos. No ensaio do ouriço-do-mar, a
biflorina não foi capaz de inibir o desenvolvimento de embriões mesmo na concentração
mais alta testada (100µg/mL), diferentemente do que foi observado com o
quimioterápico doxorrubicina (controle positivo). Geralmente, substâncias citotóxicas
testadas em ovos de ouriço-do-mar e células tumorais têm se mostrado ativas em ambos
os ensaios, embora alguns compostos possam apresentar valores de CI
50
em ovos de
ouriço-do-mar maiores que em células tumorais, como observado para doxorrubicina e
etoposídeo (COSTA-LOTUFO
et al., 2003; MONTENEGRO et al., 2004).
147
O estudo de alterações no desenvolvimento embrionário de ouriço-do-mar é um
modelo adequado para avaliar atividade citotóxica, teratogênica e antineoplásica de
novos compostos (JACOBS & WILSON, 1986; COSTA-LOTUFO
et al., 2002). Esse
método pode detectar agentes seletivos como inibidores de síntese de DNA e RNA,
inibidores de síntese de proteínas e avaliação de inibidores de microtúbulos (JACOBS
et al., 1981; BRANDHORST, 1985; JACOBS & WILSON, 1986, FUSETANI, 1987,
GHISALBERTI, 1993).
No ensaio de hemólise, os resultados mostraram que a biflorina não causou dano
à membrana das hemácias, sugerindo que a citotoxicidade da biflorina não está
relacionada à ruptura inespecífica da membrana plasmática.
Uma vez avaliado o potencial citotóxico
in vitro da biflorina, iniciou-se uma
investigação mais detalhada para avaliar o mecanismo de ação citotóxica dessa
substância. Para esse fim, foi utilizada a linhagem de melanoma murino B16, cedida
pelo Instituto Norte Americano do Câncer (NCI-USA), uma vez que seria possível
avaliar os efeitos da biflorina tanto
in vitro quanto in vivo.
O melanoma é uma neoplasia com um crescente aumento de incidência na
população. Quando diagnosticado na fase inicial da doença, ele é curável. Porém
quando avançado, os melanomas metastáticos são quase sempre fatais, e os pacientes
com essa doença avançada têm sobrevida reduzida. Atualmente, a terapia
quimioterápica sistêmica ainda não é satisfatória, pois apenas a pequena minoria dos
pacientes responde de forma aceitável (GOGAS
et al., 2007). A literatura tem relatado a
dificuldade em se obter drogas com mecanismos contra o tumor que não tragam tantos
prejuízos aos pacientes. Em recente revisão, Gogas e colaboradores (2007) fizeram um
apanhado de informações à cerca do papel da quimioterapia citotóxica no tratamento do
melanoma metastático, discutindo os aspectos da quimioterapia de um único agente, da
148
quimioterapia combinada, das combinações da quimioterapia com agentes
imunomoduladores e a combinação da quimioterapia com alvos direcionados e
mostraram que os agentes em terapia única promovem <20% de respostas em pacientes
com melanoma metastático. A dacarbazina (DCTI) que é o único quimioterápico
citotóxico aprovado pela agência regulatória de medicamentos norte-americana (FDA)
para tratamento de melanoma metastático (GOGAS
et al., 2007), produz taxas de
resposta em 15-25% dos pacientes, com uma resposta média de 5 – 6 meses, mas apenas
<5% das respostas são completas. E o tratamento em longo prazo com DCTI tem
mostrado que <2% dos pacientes conseguem uma sobrevida de 6 anos. A temozolamida
(TMZ) via oral, um congênere da DCTI, foi eficaz contra vários tumores sólidos,
principalmente os tumores de sistema nervoso central (SNC) e tornou-se uma
alternativa a DCTI, uma vez que esta é ineficaz para mestástases no SNC. Em um
estudo randomizado com 305 pacientes com melanoma avançado, a TMZ mostrou-se
equivalente a DCTI em termos de taxa de resposta objetiva, tempo de progressão e
tempo livre de doença. Nesse estudo, pacientes com metástase no SNC foram excluídos.
O estudo foi desenhado para mostrar a superioridade da TMZ sobre a DCTI e de fato a
TMZ foi muito bem tolerada e mostrou vantagens em relação à qualidade de vida dos
pacientes, no entanto, o FDA não aceitou os resultados do ensaio para indicação de
aprovação para o tratamento de melanoma, eles acharam que a administração de TMZ
em múltiplas doses ao dia ou a sua administração prolongada pode como em algumas
quimioterapias levar a mecanismos de resistência.
Outros agentes como cisplatina e carboplatina mostraram modesta atividade em
pacientes com melanoma metastático, com sobrevida de 3 meses. Quando associados à
aminofostina a sobrevida foi só de 4 meses. As nitrosuréias (carmustina, lomustina e
semustina demonstraram grave mielosupressão (ATIKINS, 1997; KIRKWOOD &
149
ARGAWALA, 1993). Os alcalóides da vinca, particularmente vindesina e vimblastina
tem mostrado aproximadamente resposta em 14% (QUAGLIANA,
et al., 1984) dos
pacientes e os taxanos de 16 a 17% (AAMDAL
et al., 1994; BEDIKIAN et al., 1995).
Com base na DCTI nenhuma dessas drogas tem chegado a estudo de fase III, porque já
em fase II, as respostas são inferiores a DCTI. Essas drogas raramente são usadas em
tratamento como agentes únicos na terapia de melanoma metastático, mas são
frequentemente incorporadas em combinação de quimioterapia ou bioquimioterapia.
Com isso, têm sido feitas investigações com agentes citotóxicos em combinação com
agentes com mínima eficácia imunomoduladora, e resultados similares entre a
associação da DCTI com tamoxifen e DCTI com interferon
α tem sido observada. Uma
taxa de 28% de sobrevida com média de 41 semanas de DCTI e tamoxifen foi alcançado
em relação a 12% de sobrevida de DCTI sozinha e quando associada à interferon
α
foram encontradas12 repostas completas e 4 parciais em 30 pacientes e a DCTI sozinha
mostrou 2 respostas completas e 4 parciais. Isso ressalta a necessidade de uma maior
eficácia de agentes únicos, que, isoladamente ou em combinação com outros agentes
poderá anular a resistência e também a necessidade de novos agentes que possuam vias
que possam diminuir os efeitos colaterais com um impacto significativo nessa doença
(GOGAS
et al., 2007).
Baseado nisso, foi dado seguimento as investigações no modelo melanoma B16,
onde os resultados obtidos a partir da determinação da CI
50
(3,0 µg/mL) da biflorina
após 24 horas de exposição mostraram que a maioria das células B16 tratadas com
biflorina sofreu morte celular por apoptose, sendo esta avaliada por coloração
diferencial por Laranja de Acridina /Brometo de Etídio. A indução de apoptose de
células tumorais é um benefício para a quimioterapia antineoplásica (LOS
et al., 2003).
A apotose é a morte celular programada da célula que envolve o controle genético de
150
eventos bioquímicos e morfológicos das células, incluindo a externalização da
fosfatidilserina, liberação de citocromo c da mitocôndria, ativação de caspase, redução
de volume nuclear das células, condensação de cromatina e fragmentação de DNA
intranucleossomal (SCHULTZ & HARRINGTON, 2003). Alguns desses eventos
puderam ser observados nos experimentos realizados pela coloração diferencial por
hematoxilina/eosina. Ficou claro que a morfologia das células tratadas com diferentes
concentrações de biflorina (1,5; 3,0 e 6,0 µg/mL) é sugestiva de apoptose, uma vez que
podemos observar a redução do volume nuclear, condensação de cromatina, corpos
apoptóticos e várias invaginações. Essas alterações morfológicas também foram
observadas nas células tratadas com doxorrubicina (0,3 µg/mL).
As informações de fragmentação de DNA e redução de volume celular tanto por
observação direta por coloração diferencial H/E, quanto por citometria de fluxo,
sugeriram indução de morte celular por apoptose. Inicialmente, para caracterização do
tipo de morte celular causado pela biflorina, a avaliação da integridade de membrana
por citometria não exibiu aumento da percentagem de células não viáveis, ou seja,
daquelas coradas com iodeto de propídeo. As células não viáveis estão sujeitas ao
mesmo princípio de coloração pelo brometo de etídeo quando utilizado para avaliar as
células necróticas contadas na coloração com AL/BE. Essa diferença, embora não
esperada, pode ser explicada em parte pelas diferentes sensibilidades dos ensaios em
questão. Na citometria foram contadas 5.000 células para cada replicata, enquanto que
na coloração com AL/BE são contadas 300 células para cada amostra.
Em seguida, o efeito da biflorina foi avaliado nas células B16 através de
citometria de fluxo. Esta técnica foi utilizada por permitir uma quantificação mais
precisa e confiável de indução de apoptose e de outros parâmetros, como avaliar se
ocorre alguma interferência específica nas fases do ciclo celular das células (LECOEUR
151
et al., 1997). A análise do ciclo celular permitiu observar que a biflorina não promove
acúmulo de células em nenhuma das fases do ciclo celular.
A citometria de fluxo também confirmou as observações morfológicas a cerca da
fragmentação de DNA. Enquanto as células não tratadas apresentaram 5% de DNA
fragmentado, o tratamento com biflorina causou fragmentação de 23% na maior
concentração (6,0 µg/mL). Foi avaliada também a viabilidade celular por citometria
testando a integridade da membrana plasmática e contagem de células com morfologia
normal. O percentual de células viáveis não mudou significativamente até a maior
concentração testada (6,0 µg/mL).
Os estudos relacionados ao tipo de morte celular foram prosseguidos com
objetivo de melhor caracterizar a via apoptótica envolvida. A mitocôndria desempenha
papel chave na deflagração da apoptose em certas condições celulares. A via intrínsica
da apoptose é também conhecida como via mitocondrial, tendo como o principal
modulador dessa via, a proteína Bcl-2 da super família Bcl-2, que consiste de membros
pró-apoptóticos e anti-apoptóticos, e a interação do equilíbrio global entre o balanço
dessas proteínas pode determinar o destino da célula (ORRENIUS, 2004). A alteração
no potencial transmembrânico mitocondrial pode ser medida para verificação indireta da
ativação da via intrínseca. A biflorina alterou significativamente o potencial
mitocôndrial desde a concentração 1,5 µg/mL, sugerindo o envolvimento da ativação da
via apoptótica intrínseca. Modelos atuais sugerem que o Bax/Bak, que é um subgrupo
de moléculas (Bax, Bak, Bok e Bcl-x
5
), com função pró-apoptótica central, são
mantidas e verificadas pela proteína antiapoptótica Bcl-2. Essas moléculas são, por sua
vez, inativadas pela “BH3-only”, uma família de proteínas como a Bim, Bid, Bik, Noxa
e Puma. O “BH3-only” faz uma ligação hidrofóbica com as proteínas da família Bcl-2 e
atua como sensor celular que regula a ativação da morte celular por apoptose na via
152
intrínseca (STRASSER, 2005). Esta via é ativada por uma multiplicidade de estímulos,
incluindo drogas citotóxicas, estresse genotóxico, retirada de fatores de crescimento,
dano no DNA, perda de ancoragem e pelos chamados modificadores de resposta imune
como as imidazoquiloninas (LEVERKUS, 2004). Portanto, o controle das proteínas
Bcl-2 é um ponto crítico que precisa ser superado para o tratamento eficiente do câncer.
É importante que muitas proteínas sejam inativadas para expressão do Bax/Bak, para
que estas, por sua vez, conduzam o processo da apoptose através da mitocôndria
(CORY
et al, 2003). Os resultados obtidos sugerem que a indução de apoptose pela
biflorina, de fato, envolve as vias dependentes da despolarização da mitocôndria. Outros
estudos são necessários para averiguar de que forma a biflorina pode estar inativando as
proteínas anti-apoptóticas ou ativando as proteínas pró-apoptóticas e conduzindo essas
células à morte celular programada.
Os resultados da atividade citotóxica da biflorina nos levaram a investigar sua
atividade antitumoral para uma melhor análise a cerca do seu efeito em animais. A
literatura mostra vários trabalhos com o estudo de naftoquinonas contra tumores
sólidos. Lima e colaboradores em 1972 estudaram a atividade antitumoral de
naftoquinonas como a juglona, o lapachol, a lawsona e a plumbagina nos modelos
Sarcoma 180, mostrando que esses compostos, com exceção do lapachol, inibiram o
crescimento do tumor. Por outro lado, todas essas substâncias, inclusive o lapachol,
foram ativas contra o carcinoma de Erlich. A beta-lapachona foi ativa contra sarcoma
180
in vitro e em sarcoma de Yoshida e carcinossarcoma de Walker 256 in vivo
(SANTANA et al., 1968; DO CAMPO et al., 1979).
Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que a biflorina apresentou
atividade contra os tumores Sarcoma 180 e Carcinoma de Erlich com perfil bastante
similar às outras naftoquinonas. Em adição a atividade antitumoral observada pela
153
biflorina administrada isoladamente, esse composto foi capaz de aumentar a resposta
suscitada pelo 5-FU (P<0,05) em camundongos transplantados com sarcoma 180 e
carcinoma de Erlich. Esse resultado mostra-se interessante, pois possibilita uma opção
de melhora na eficácia da terapêutica antineoplásica cujo objetivo é desenvolver uma
combinação de drogas que possa reduzir os efeitos colaterais durante o tratamento.
A análise histopatológica do baço, rim e fígado retirados dos animais tratados
com biflorina revela apenas uma leve toxicidade, uma vez que os animais tratados
apenas com DMSO 10% (grupo controle) apresentaram um perfil morfológico
semelhante nesses órgãos. Algumas alterações como esteatose microvesicular
acompanhadas de degeneração hidrópica de hepatócitos foram observados nos animais
tratados com biflorina e com 5-FU. Esses efeitos, de acordo com a literatura, também
podem estar relacionados com uma leve hepatotoxicidade (KUMMAR, 2004; TORTI
et
al.,2001).
O fígado é um órgão com grande capacidade de regeneração por fenômeno
adaptativo como o aumento no retículo endoplasmático produzido por longo tempo de
tratamento com drogas anticonvulsivantes (KUMMAR, 2004).
A regeneração dos tecidos hepáticos ocorre em muitas doenças, com exceção
das mais deletérias. Mesmo quando a necrose hepatocelular está presente, mas o tecido
conjuntivo é preservado, a regeneração pode ser completa (KUMMAR, 2004). Além
disso, as alterações observadas nos rins dos animais tratados com biflorina também
podem ser consideradas discretas (SHULER & BENNET, 1995; TORTI
et al.,2001).
Pode-se dizer que a biflorina exibiu efeitos antitumorais sobre os tumores sem uma
expressiva toxicidade. Além disso, apesar da baixa potência observada para a utilização
de biflorina isoladamente, ela aumentou a eficácia do 5-FU e diminui a toxicidade
sistêmica induzida por 5-FU, quando a ele associada.
154
Os efeitos da biflorina no baço dos animais tratados incluíram aumento de peso
do órgão, aumento da polpa branca e de ninhos de megacariócitos, suscitando a hipótese
de que a atividade antitumoral desse composto possa estar relacionada a uma atividade
imunoestimulante, juntamente com a já descrita toxicidade direta frente a células
tumorais.
Para o estudo da atividade imunoadjuvante da biflorina, os animais foram
tratados com ovalbumina (controle) ou biflorina associada à ovalbumina para
investigação da síntese de anticorpos anti-OVA. Os resultados revelam um aumento da
produção de anticorpos totais (IgG, IgA e IgM) anti-OVA em camundongos imunizados
com ovalbumina em associação com a biflorina quando comparados ao grupo tratado
apenas com ovalbumina, o que indica uma atividade imunoadjuvante humoral desse
composto.
O sistema imunológico desempenha uma função de proteção do indivíduo contra
microorganismos patogênicos, mas também é responsável pela manutenção da baixas
taxas de crescimento de células neoplásicas ou lesões pré-cancerosas no organismo
(BRANDLEIN
et al., 2003a; 2003b; 2004; VOLLMERS & BRANDLEIN,
2005a,2005b). Chamamos esse evento contínuo que impede a formação de tumores pelo
sistema imunológico de vigilância imunológica. Com relação à imunidade humoral, a
IgM parece ser o anticorpo mais envolvido na vigilância imunológica, pois consegue
ligar-se em antígenos glicosilados que estão na superfície de células neoplásicas e ativar
uma série de ações como: ativação do sistema complemento e lise de células
cancerígenas, opsonização da célula alvo e quimiotaxia de células fagocíticas para o
tumor (VOLLMERS AND BRÄNDLEIN, 2007). O aumento da síntese de anticorpos
anti-OVA induzido pela biflorina, como demonstrado nos resultados desse trabalho,
pode sugerir também que esse composto é capaz de aumentar a síntese de anticorpos
155
contra o tumor. É possível que esse aumento de anticorpos induza as ações descritas
acima levando a diminuição da massa tumoral.
Um terceiro modelo tumoral foi utilizado com o intuito de avaliar se a biflorina
promoveria alguma ação benéfica em relação à sobrevida dos animais inoculados com o
tumor. Como vários cânceres, incluindo Melanoma, são conhecidos por serem sensíveis
à modulação imunitária (TUTHILL
et al., 2007), era de interesse avaliar os efeitos deste
composto no melanoma murino B16, uma vez que os resultados obtidos apontaram uma
atividade imunoadjuvante em animais suiços saudáveis.
Tuthill e colaboradores (2007), em estudo semelhante a esse realizado com a
biflorina, testaram o SCV - 07 (D - gama - glutamil - L - triptofano), um peptídeo
sintético com efeito imunoestimulante comprovado, e eficácia contra várias infecções
virais e bacterianas, em camundongos B57CL/6 transplantados com células B16. Os
resultados foram semelhantes aos obtidos com a biflorina, onde se observou redução do
volume tumoral em relação ao controle negativo e ausência de toxicidade sistêmica.
Além disso, também foi observada a sobrevida e a atividade imunoadjuvante nos
animais (B57CL/6) que receberam as células tumorais tratados com biflorina.
Novamente foi obtido mais um resultado interessante, pois a sobrevida dos animais
tratados com a
orto-naftoquinona foi maior quando comparado aos demais grupos,
inclusive em relação ao grupo controle positivo tratado com dacarbazina.
Nesse âmbito, buscando estudar qual seria o mecanismo de ação da
orto-
naftoquinona em estudo resolveu-se investigar as propriedades eletroquímicas da
biflorina, e se ocorre interação direta com o DNA através da análise por biossensor de
DNA. Sabe-se que quinonas podem exercer danos no DNA através de suas ações
eletrofílicas, resultando em aductos covalentes no centro nucleofílico do DNA
(PARDEE
et al., 2002; BENTLE et al.,2006).
156
As propriedades eletroquímicas de algumas biomoléculas fornecem informações
que podem, eventualmente, ser relacionadas às ações biológicas. A eletroquímica possui
um papel relevante quando ocorre transferência de elétrons seguida de estresse
oxidativo, gerando espécies oxigenadas reativas ou tóxicas, que podem gerar danos às
células. O estudo dos potenciais de redução pode ser útil no entendimento do modo de
ação de fármacos, enzimas e toxinas. O estudo em biossensores de DNA nos permite
avaliar e prever interações com o DNA com base na sua ligação a ácidos nucléicos
(KOVACIC
et al., 2000; ABREU et al, 2002).
De fato, o perfil eletroquímico mostrou que a biflorina sofre redução e interage
com o DNA de fita dupla e com o DNA de fita simples, sem a necessidade de nenhum
intermediário reativo, ou espécie oxigenada.
Esses resultados estimularam a pesquisa sobre uma possível inibição de
topoisomerase, bem como do potencial genotóxico da biflorina através da avaliação da
indução de dano ao DNA detectada pelo teste do cometa e pela avaliação de aberrações
cromossômicas em linfócitos de sangue periférico de voluntários saudáveis. Um
balanço entre os efeitos terapêuticos e toxicológicos de um composto é um importante
parâmetro quando avaliado seu potencial como droga farmacológica. A cultura celular
pode ser usada para avaliar a citotoxicidade basal e o alvo de toxicidade orgânica
(EKWALL & EKWALL, 1988; SEIBERT
et al., 1996).
A Topoisomerase I (Top I) está envolvida em múltiplos eventos envolvidos com
o DNA, como replicação do DNA, transcrição, condensação e descondensação
cromossômica e provavelmente na recombinação através da clivagem e religação do
DNA, que são normalmente acoplados para o relaxamento do DNA superespiralado
durante a transcrição e replicação da cromatina (POMMIER
et al., 2003). A biflorina,
no entanto, não causou inibição de topoisomerase, sugerindo que a interação que ocorre
157
com o DNA não é por esse mecanismo. Por outro lado, a beta-lapachona foi identificada
como uma potente candidata a inibidora por sua ação direta com a enzima (DEGRASSI
et al., 1993; LI et al., 1993). Lapachol e seus derivados apresentaram além da inibição
dose-dependente de inibição de crescimento do carcinoma de Erlich e células
leucêmicas K562 em cultura, inibição de topoisomerase I e II (ESTEVES-SOUZA,
2007). Esses resultados sugerem um mecanismo de ação para a biflorina diferente
daquele descrito para outras naftoquinonas.
Além disso, a biflorina não induziu aberrações cromossômicas em linfócitos,
porém em ambas as doses testadas, foi capaz de reduzir o índice mitótico na fase S do
ciclo celular, ressaltando sua citotoxicidade. Essas concentrações correspondem a
aproximadamente 3 a 5 vezes o valor da CI
50
em linfócitos, calculada pelo teste do
Alamar Blue, e ainda assim, não houve indução de efeito clastogênico pela biflorina.
Por outro lado, no teste cometa, nas mesmas concentrações houve um aumento
dos níveis em dano ao DNA. Os danos mensurados correspondentes a escores de 0 a 4
são passiveis de reparo (TICE
et al., 2000), mas o desenho do estudo não permitiu
predizer se esse processo de reparo ocorre. De fato, algumas outras naftoquinonas são
conhecidas por induzirem genotoxicidade. Vanni e colaboradoes (1998) demonstraram
que a β-lapachona é genotóxica em células CHO quando em eluição alcalina, causando
quebras nas fitas de DNA, sendo seletiva mediante citotoxicidade na fase S do ciclo
celular indicada pela análise em citometria de fluxo. Também foi encontrado que 2-
metil-1,4-naftoquinona pode causar quebras nas fitas de DNA nas fases tardias dos
estágios de desenvolvimento do camarão erva (KIM
et al., 2004).
O distúrbio do equilíbrio redox e a indução de dano ao DNA, principalmente
quebras de fita simples e dupla, podem resultar em potencial citotoxicidade em células
normais e células tumorais (ROSA
et al., 2007). De acordo com vários autores, o
158
estresse oxidativo levando ao dano do DNA e alquilação do nucleófilo celular são os
dois prováveis mecanismos de citotoxicidade das quinonas (BOLTON
et al., 2000).
Controversamente, a biflorina apresentou atividade antioxidante em baixas
concentrações, isso foi verificado em três metodologias diferentes. Na autoxidação do
ácido oléico, bem como o método utilizando o ensaio de hipoxantina/xantina oxidase e
o método do DPPH para avaliar a habilidade da biflorina em remover radicais livres
demonstraram que ao invés da biflorina apresentar atividade pró-oxidante como
lapachol e β-lapachona, ela provavelmente protege as células dos danos causados por
agentes oxidantes. Todos esses resultados somados fizeram com que outras perguntas
fossem suscitadas e então as investigações a cerca da existência de atividade
antioxidante, nos levaram a escolher outros modelos para explorar esse potencial.
As células V79 são bem caracterizadas e comumente utilizadas nos estudos de
citotoxicidade e genotoxicidade (BRADLEY
et al., 1981). A biflorina não induziu
citotoxicidade quando testada em doses baixas e teve efeito protetor contra o peróxido
de hidrogênio.
O peróxido de hidrogênio é uma substância com atividade genotóxica, capaz de
induzir danos oxidativos no DNA, incluindo quebra de fitas e modificação básica no
DNA. Os efeitos mutagênicos de ROS, em especial de H
2
O
2
, que induz lesões
semelhantes aos causados por radiação ionizante, estão bem documentados em células
V79 (LI
et al., 2000).
Células V79 quando foram expostas à biflorina na presença e ausência de
peróxido de hidrogênio mostraram a redução dos danos induzidos pela peroxidação
lipídica, mensurada pelos níveis de TBARS. A biflorina também foi capaz de diminuir
danos ao DNA e mutação, desencadeada pelo peróxido de hidrogênio em levedura.
Qualquer lesão detectável por uma enzima de reparo específica (que cliva o DNA
159
especificamente no seu sítio de lesão) pode ser avaliada pelo teste cometa (COLLINS
et
al, 1993). Ao empregar as enzimas endonuclease III (endoIII) e Formamidopirimidina
DNA-glicosilase (Fpg) para detectar danos oxidativos, através do ensaio cometa com
modificações, verificou-se que a biflorina não induz dano oxidativo. Ao contrário,
promoveu uma importante diminuição dos danos induzidos pelo peróxido de
hidrogênio. No entanto, relativamente pouco se sabe dos efeitos da biflorina sobre dano
oxidativo induzido por espécies reativas de oxigênio no DNA das células dos
mamíferos.
A razão para esta proteção por biflorina em doses baixas não é óbvia, mas
provavelmente reside na remoção de radicais livres. O H
2
O
2
gera radicais hidroxilas
pela reação de Fenton, que atacam DNA, conduzindo assim a quebra de fitas (VALKO
et al., 2007).
Para os ensaios de mutagênese, a biflorina não induziu atividade mutagênica na
linhagem XV185-14c de
S. cerevisiae nas doses testadas. Para os testes de
antimutagenicidade, a substância protegeu significantemente de lesões induzidas por
H
2
O
2
quando pré-tratadas, na dose de 0,25 mg/mL. Este efeito poderia ser atribuído a
uma atividade desmutagênica, onde os agentes protetores atuariam diretamente sobre a
ação do H
2
O
2
, inibindo a formação dos compostos que induzem mutações no DNA ou
seqüestrando as moléculas reativas, como o radical hidroxil. Por sua vez, Jamieson e
colaboradores (1994) testaram a naftoquinona plumbagina em células de
S. cerevisiae,
sugerindo que sua ação tóxica seria devido à produção de ânions superóxido, o que
ficou comprovado uma vez que na linhagen mutante no gene superóxido dismutase
Cu/ZnSOD (
SOD1) a plumbagina se mostrou extremamente sensível, inclusive 100
vezes mais sensível que na linhagem mutante em MnSOD (
SOD2) sendo indistinta
entre a
sod2 e o tipo selvagem.
160
Da mesma forma, na recombinogênese na linhagem XS2316, nas concentrações
de 0,125 a 0,5 mg/mL de biflorina, os efeitos do H
2
O
2
foram revertidos.
O padrão seguido internacionalmente para genotoxicidade,
Standard Battery for
Genotoxicity Testing of Pharmaceuticals – (ICH, 1997), recomenda uma bateria padrão
de testes a ser realizada para
a avaliação da genotoxicidade de drogas de um modo geral
e de drogas antineoplásicas. Essa bateria de testes é composta por um teste em mutação
genética de bactéria, um teste
in vitro com avaliação citogenética de dano cromossomal
com células de mamíferos e um teste
in vivo para danos cromossomais usando células
hematopoiéticas de roedores.
O teste de Ames é usado em primeira instância como
triagem para determinar o
potencial mutagênico de novos produtos químicos e drogas, os dados oriundos deste
teste são submetido às agências regulatórias para o registro de muitos químicos,
incluindo fármacos e biocidas (AULETTA
et al., 1993; FDA, 1993; KIRKLAND,
1993; SOFUNI, 1993). Os protocolos internacionais têm sido desenvolvidos para que as
empresas e laboratórios possam assegurar a uniformidade dos estudos (ICH, 1995;
OECD, 1997).
Com o intuito de contemplar as normas internacionais e descartar quaisquer
dúvidas em relação à genotoxicidade da biflorina foram ainda utilizados o teste de
micronúcleos em medula óssea de camundongo e o teste de mutação genética, com as
linhagens de
Salmonella typhimurium, ambos com o resultado negativo.
Estudos com a naftoquinona lawsona relatam que ela quando testada em medula
óssea de camundongo, não mostrou efeito clastogênico após 24 e 48h de tratamento,
porém após 72h observou-se um aumento da incidência de micronúcleos, os autores
ressaltam que existe essa hematotoxicidade no tempo de 72h que pode estar associada à
exposição ao veículo (DMSO), uma vez que a eritropoiese induzida por agentes
161
genotóxicos, leva a pequenos aumentos na freqüência de micronúcelos, os dados
sugerem que a resposta positiva produzida em 72h pela lawsona é consistente com a
estimulação de hematopoiese subseqüente a uma toxicidade hematológica da lawsona e
não ao mecanismo de reatividade com o DNA (KIRKLAND & MARZIN, 2003). Com
a biflorina, também não se observou clastogenicidade após 24 e 48h do tratamento. Não
foram realizadas análises após 72h do tratamento.
No teste com
Salmonella typhimurium os resultados obtidos com biflorina
mostraram-se negativos com e sem ativação metabólica em todas as linhagens testadas.
A literatura, no entanto, indica que quinonas não-substituídas normalmente não
apresentam mutagenicidade, ao contrário das quinonas derivadas com um ou mais
grupos hidroxila ou metila, as quais tem mostrado mutagenicidade nos testes com
bactéria na presença de ativação metabólica (MATSUSHIMA
et al., 1986). Vários
estudos foram feitos a cerca da mutagenicidade de quinonas pelo teste de Ames, e estas,
de um modo geral, mostraram-se não mutagênicas para algumas linhagens e
mutagênicas para outras, mas praticamente todas se mostraram negativas para as
mesmas linhagens testadas contra biflorina. Num estudo com cinco naftoquinonas
(chimafilina, 5,8-hidroxi-1,4-naftoquinona, juglona, plumbagina e menadiona) testadas
em relação ao potencial antimutagênico contra mutagenicidade induzida por 2-
nitrofurano, 3-nitrofluruaneto e 1-nitropireno, em
S. thyphimurium TA98, todas elas
foram potentes agentes antimutagênicos em relação à presença de função metil e
hidroxila, entretanto, a plumbagina, mostrou-se excepcionalmente antimutagênica
(EDENHARDER & TANG, 1997), o que vem a corroborar com Farr e colaboradores
(1985), que concluíram que a toxicidade da plumbagina é, em parte, função do dano
causado ao DNA, porém, esse dano é diferente do tipo causado pelo H
2
O
2
, sendo as
respostas celulares do H
2
O
2
e da plumbagina distintas.
162
Vários estudos de validação têm sido feitos para determinar a reprodutibilidade
dos resultados dos testes de Ames intra e inter-laboratoriais (DUNKEL
et al.,
1984,1985; MARGOLIN
et al., 1984; PURCHASE et al., 1978). A preocupação tem
sido a determinação da sensibilidade e a correlação do teste de Ames com estudos de
carcinogenicidade. Eles, de fato, têm sido estabelecidos para que se possa predizer a
correlação entre uma resposta mutagênica positiva e a carcinogenicidade em roedores
McCANN
et al., 1975; AMES & McCAN, 1976; SUGIMURA et al., 1976; TENNANT
et al., 1987 ZEIGER et al., 1988), que variam de 90 (McCANN et al., 1975) a 77%
(ZEIGER
et al., 1988), sendo as diferenças primárias, a composição química das
substâncias avaliadas.
A biflorina, não apresentou mutagenicidade, porém existe a possibilidade de
uma substância não genotóxica ser carcinogência, como é o caso, por exemplo, o
tetracloroetileno, 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, fenobarbital, pentaclorofenol e o
tetradecanoil forbol acetato (VAN DELFT
et al., 2004). No entanto, substâncias
carcinogênicas não genotóxicas, embora não causem mutações, podem estimular a
proliferação celular e desta forma estimulam a fixação de mutações espontâneas e
conseqüente expansão clonal, pela acelerada proliferação celular, resultando em um
segundo clone e assim por diante (GOMES-CARNEIRO
et al., 1997). Porém uma vez
que a biflorina mostrou-se genotóxica em linfócitos, mas essa genotoxicidade não
progrediu para uma mutação e o índice mitótico, indicativo de citotoxicidade diminuiu,
duas coisas podem estar acontecendo; a célula está sendo levada a morte,
provavelmente por apoptose ou o sistema de reparo da célula não está alterado, estando
em perfeito funcionamento. A lesão ao DNA pode ter sido reparada e o ciclo celular ter
continuado sem prejuízos, o que pode não ocorrer em linhagens tumorais, uma vez que
algumas linhagens possuem deficiência no seu sistema de reparo. Niaga e
163
colaboradores (2007) mostraram que as linhagens tumorais de mama humana MCF-7 e
HCC1937 são deficientes no sistema de reparo por excisão de quatro lesões induzidas
por danos oxidativos, isso, o que pode ser visto como algo benéfico para o tratamento
do câncer, na radioterapia, por exemplo, se as células tiverem os danos induzidos por
radioterapia, reparados, isso pode resultar em falência do tratamento e recorrência da
doença (JONES
et al., 2005).
Estudos realizados por Boorstein e Pardee (1983 e 1984) sugeriram que o co-
tratamento de beta-lapachona com 3-aminobenzamida, uma droga conhecida por inibir
PLD (“repair of potentially lethal damage”) (BURGMAN & KONINGS, 1989) inibem
o reparo de dano ao DNA, bloqueando a replicação do DNA e atividade da timidilato
sintase. Eles propuseram que a beta-lapachona inibe um passo de ligação do reparo do
DNA. Em estudos mais recentes, foi proposto que a beta-lapachona inibe a reparação
do DNA através da hiperativação do PARP-1. O PARP-1 é uma das mais abundantes
enzimas das células eucarióticas e serve como um apelido das moléculas de sinalização
que respondem a quebras das fitas do DNA, as duas porções terminais de zinco do
PARP – 1 reconhecem e se ligam com alta afinidade, às quebras de fitas simples e
duplas, contribuindo para facilitar a reparação das fitas pela via de reparo por excisão
de bases (BER), bem como pela via de reparo por recombinação homóloga (HR). (DE
MURCIA & MENISSIER DE MURCIA, 1994). A beta-lapachona, hiperativa o
PARP-1, que depleta NAD
+
e os níveis de ATP inativando a energia dependente do
processo de reparo. Esse resultado acumula dano no DNA causado por NQO1
dependente da formação de espécies reativas de oxigênio, levando a inibição do reparo
e morte celular.
164
Esses dados vêm descrevendo como as quebras de DNA de fita dupla e de fita
simples podem ser um alvo para a prevenção e tratamento do câncer e abrem uma nova
perspectiva de pesquisa em relação à investigação mecanismo de ação da biflorina.
Assim, pode-se estabelecer também que a biflorina interage diretamente com o
DNA de fita dupla e de fita simples, mas não é uma molécula inibidora de
Topoisomerase I. Dessa maneira, deixa-se em aberto boas perspectivas para futuros
estudos onde se possa averiguar se o modo de ação da biflorina seria pela alquilação
com o DNA, o que levaria a célula à morte, possivelmente por apoptose, sem, no
entanto, permitir que um processo de mutagênese se estabeleça, impedindo assim o
desenvolvimento da carcinogênese e tornando, esta molécula, um sério candidato à
terapia do câncer.
A biflorina é uma molécula com grande potencial farmacológico, como foi
demonstrado, e ainda é de fácil obtenção, com ênfase em ser esta uma molécula
essencialmente brasileira. Tal qual a maioria das quinonas conhecidas e estudadas
quanto à sua bioatividade, a biflorina é citotóxica
in vitro e possui relevante atividade
antitumoral
in vivo. No entanto, diferentemente delas, a biflorina demonstrou um
potencial imunoadjuvante e um significativo efeito antioxidante e protetor contra a
citotoxicidade, genotoxicidade, mutagenicidade e lipoperoxidação celular induzida por
H
2
O
2
. Entretanto, o achado que deve ter maior destaque, o que torna esta molécula
promissora, é o seu notável efeito no aumento significativo da sobrevida de animais
portadores de melanoma B16, sendo ainda mais eficaz que o próprio controle positivo.
165
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ο-naftoquinona apresentou potencial citotóxico que não parece estar
relacionado à ruptura de membrana ou a dano oxidativo. Quando avaliado seu
mecanismo de ação verificou-se que a biflorina se comporta como uma substância
citotóxica, não causa alterações no ciclo celular, mas inibe a síntese de DNA e interage
diretamente com DNA de fita simples e DNA de fita dupla e induz morte celular por
apoptose.
Em modelos tumorais
in vivo a biflorina inibiu o crescimento tumoral do
sarcoma 180 e do carcinoma de Erlich, bem como aumentou a sobrevida dos animais
transplantados com B16, o que parece estar relacionado ao potencial imunoadjuvante da
molécula.
Quando avaliada quanto ao potencial genotóxico, mostrou-se citotóxica e
genotóxica em linfócitos humanos, contudo sem causar mutação. Em células V79 e
S.
cereviseae apresentou potencial antimutagênico relacionado à remoção de radicais
hidroxil. Nos testes em
Salmonella thyphimurium e medula óssea de camundongos
igualmente não foi mutagênica, mostrando que quando metabolizada a biflorina também
não é mutagênica.
166
7. CONCLUSÃO
Considerando as atividades citotóxica, antitumoral e imunoadjuvante da
biflorina, e o seu potencial antineoplásico, coroado com o aumento da sobrevida dos
animais, tornam esta uma promissora molécula para a terapia do câncer.
167
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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