RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar a resposta clínica periodontal e
a recolonização bacteriana do ambiente subgengival após a terapia de raspagem e
alisamento radicular (RAR) em indivíduos tabagistas e não-tabagistas com doença
periodontal crônica. Foram selecionados 30 indivíduos, sendo 15 tabagistas (Grupo
T) e 15 não-tabagistas (Grupo NT). Os indivíduos foram submetidos a exame clínico-
periodontal e microbiológico. Foram avaliados 6 sítios por dente para os parâmetros
de profundidade de sondagem (PS), nível clínico de inserção (NCI) e percentual de
sítios apresentando placa visível, sangramento gengival (ISG), sangramento à
sondagem (SS) e supuração. Amostras de biofilme subgengival foram coletadas de
seis sítios/indivíduo apresentando PS entre 5-7mm e NCI entre 5-10mm, e avaliadas
por meio do teste Checkerboard DNA-DNA Hybridization. Os procedimentos de RAR
foram iniciados na primeira consulta e não excederam 21 dias. Os indivíduos foram
acompanhados clinicamente no exame inicial, aos 90 e 180 dias pós-terapia, e
microbiologicamente no exame inicial, aos 42, 63 e 180 dias. A terapia de RAR
promoveu melhoras clínicas significativas em todos os parâmetros no grupo NT
(p<0,05). Para os indivíduos tabagistas a terapia também foi efetiva, no entanto não
foram observadas diferenças nas variáveis ISG e SS (p>0,05, Teste de Wilcoxon).
Os sítios com PS inicial entre 4-6mm (intermediários) dos indivíduos não-tabagistas
apresentaram resultados mais satisfatórios em relação a redução de PS e NCI em
comparação aos indivíduos tabagistas (p<0,05, Teste U de Mann-Whitney).
Considerando os dados microbiológicos, nos indivíduos não-tabagistas as espécies
benéficas passaram de 20,1% para 50,8% (p<0,05), e as patogênicas passaram de
72,6% para 27,3% (p<0,05). A análise dos resultados encontrados nos indivíduos
tabagistas demonstra algumas diferenças. Neste caso as espécies benéficas
passaram de 24,1% para 35,3% (p<0,05), porém as espécies patogênicas passaram
de 69,0% para 55,3% (p>0,05) aos 180 dias. Ainda que a terapia de RAR tenha
reduzido os níveis de várias bactérias no grupo T, os melhores resultados foram
observados no grupo NT. A diferença mais marcante em relação ao grupo T foi a
redução estatisticamente significante de uma e/ou mais espécies do complexo
vermelho em todos os tempos experimentais, sendo que P. gingivalis se manteve
em níveis inferiores (p<0,05) até os 180 dias após o término da RAR. E. nodatum e
P. micra apresentaram contagens reduzidas logo após a RAR e aos 63 dias,
enquanto P. intermedia apenas aos 180 dias, em comparação aos valores iniciais
(p<0,05). Em conclusão, a terapia de RAR promoveu melhoras clínicas e
microbiológicas nos indivíduos tabagistas e não-tabagistas. Após 180 dias, a
recolonização do ambiente subgengival pelos microrganismos patogênicos foi mais
evidente nos indivíduos tabagistas.
Palavras-chave: Doença periodontal, Tabagistas, Microbiota subgengival, Terapia.