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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Eliana Lemos Pommé
O vínculo mãe – bebê: primeiros contatos e a
importância do holding
Mestrado em Psicologia
SÃO PAULO
2008
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
como exigência parcial para obtenção do título
de Mestre em Psicologia Clínica
pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, sob a
orientação da Profª. Do
utora Ceres Alves de
Araújo
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Pommé, Eliana Lemos
O vínculo mãe – bebê: primeiros contatos e a importância do
holding / Eliana Lemos Pommé. - 2008
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC
– SP. Programa de Pós – graduação em Psicologia Clínica.
1.Vínculo 2.Mãe 3.Bebê 4.Puérperas 5.Holding 6.Recém nascido 7.Ciclo
grávido puerperal 8.Família.
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Banca Examinadora:
______________________
______________________
______________________
Agradecimentos
Aos meus filhos Luana, Naila e Petrus por me oferecerem a oportunidade
de vivenciar uma experiência tão gratificante quanto o vínculo entre mães e
bebês e abrirem as portas para meu caminho profissional.
À Mônica Caspari que há vinte e cinco anos atrás me colocou em contato
com os trabalhos corporais para gestantes e me estimulou a iniciar as
pesquisas em vínculo mãe bebê.
Aos meus amigos reichianos Vera, Homero, Cristina, Cláudia e Cláudio
que me propiciaram tantos debates quantos necessários para que eu pudesse
empreender este estudo.
Às amigas e companheiras de projetos no Amparo Maternal, Elô, Kátia e
Maiana que compartilharam comigo momentos de reflexão sobre a produção de
conhecimento em cima de nossas práticas.
Às amigas de longa data, Jussara, Márcia, Dani, Alda e Nadéia que tanto
colaboraram nos momentos finais da elaboração desta Dissertação.
Às professoras da escola de Enfermagem da USP, Maria Alice, Dulce,
Malú, Isabel, Emília, Amélia, que me ensinaram muito sobre a relação mãe-
bebê, assim como o valor das relações de amizade.
À Regina Favre que me ofereceu holding nos momentos decisivos desta
tarefa.
Aos meus colegas da PUC que me acompanharam todos estes anos
com amizade e companheirismo.
A todos os meus amigos do Instituto de Biodinâmica que sempre
estiveram estimulando meu trabalho profissional em prevenção de neurose a
partir do nascimento.
À Renata, Carol, Gisele e Maria Helena, colaboradoras da Natura
Cosméticos que participaram e acompanharam com entusiasmo de inúmeros
momentos do desenvolvimento deste estudo.
À Eliete e Maurício, meus irmãos que me ofereceram holding na medida
certa.
À Vilma que forneceu a infra-estrutura no lar para que eu pudesse me
dedicar integralmente.
A todas as mães e bebês que passaram por minha história profissional e
pessoal que sem o saberem foram co-autoras desta dissertação.
A todos os funcionários do Amparo Maternal especialmente às auxiliares
de enfermagem que colaboraram com extensa coleta de dados.
Ao Sr. Emílio, Ir. Enir, Eneida, Mercedes, Marli, Paulo, Ruth que tantos
acessos me propiciaram aos corredores do Amparo Maternal.
RESUMO
Este estudo trata das manifestações de comportamento de vínculo mãe-
bebê em puérperas que tiveram seus bebês em Centro de Parto no Amparo
Maternal, na cidade de São Paulo. Têve como objetivos: descrever as
manifestações de comportamento de vínculo mãe-bebê no primeiro encontro
após o parto e analisar a função do holding na promoção do vínculo. O termo
holding é utilizado como contexto de acolhimento, suporte e cuidados tanto da
mãe para com o recém nascido, como da família em relação à mãe. Os
referenciais teóricos utilizados são os conceitos psicanalíticos sobre o ciclo
grávido puerperal (Winnicot, Maldonado, Szejer) os teóricos contemporâneos
do bebê (Stern, Lichtenberg) e a abordagem psicorporal de prevenção em
saúde de Wilhelm Reich.
Para obtenção dos dados foram utilizadas gravações em vídeo da
relação mãe-bebê e entrevista clínica semidirigida com as puérperas. Dos
resultados emergiram dois grupos de mães heterogêneos com relação ao
holding, em duas situações: de interação mãe-bebê e interação da mãe com o
ambiente familiar. O estudo aponta para a importante função do holding que a
família oferece à mulher durante a gestação e a perspectiva de obter holding
durante o pós-parto na promoção do vínculo mãe bebê.
Este estudo contribui na compreensão da importância da assistência
psicológica como forma de promoção de vínculo, ampliando o universo de
intervenção no ciclo grávido-puerperal para as famílias.
Palavras chaves: Vínculo, Mãe, Bebê, Puérperas, Holding, Recém
nascido, Ciclo grávido puerperal, Família.
ABSTRACT
This study focus the binding behaviors between mother and baby in
puerperal women, who has delivered her babies in the Labor Center of Amparo
Maternal, in the city of São Paulo. His main goal is to describe the
manifestations of binding behavior between mother and baby in the first time
they're together after the labor and to analyse the function of holding in
promoting this bind. The term holding is used as a context of caring and support
the mother gives to her newborn baby, as well as the mother's family gives to
herself. The psychoanalytical concepts about the puerperal-pregnant
cycle(Winnicot,Maldonado,Szejer),the baby's contemporary theorists(Stern,
Lichtenberg) and the body-mind approach of Wilhelm Reich in the prevention of
health are the theoretical basis of this study.
The data was obtained through video recording the mother-baby
relationship and through semi directed clinic interviews with the puerperals.From
the results, two different groups of mothers aroused, in respect to the holding, in
two situations : From the interaction mother-baby, and from the interaction of the
mother with her family. The study points out to the very important function of the
family holding throughout pregnancy and how having holding after the labor
promotes the binding between mother and the baby.
This study contributes to the comprehension of the psychological
assistance as a path to promote the biding, therefore widing the universe
of interference in the pregnant-puerperal cycle to the families.
Key Words: Binding, Mother, Baby, Puerperals, Holding, Newborn,
Pregnant-puerperal cycle, Family
Sumário
Página
Resumo ........................................................................................................ i
Abstract ........................................................................................................ ii
Introdução .................................................................................................... 1
Capítulo 1 - Objetivos................................................................................... 11
Capítulo 2 - Revisão da literatura ................................................................ 13
2.1. A natureza do vínculo ................................................................ 14
2.2. Breve histórico sobre os estudos da relação mãe e filho .......... 15
2.3. O vínculo materno fetal.............................................................. 18
2.4. A experiência do parto ............................................................... 22
2.5. A relação mãe-bebê .................................................................. 25
Capítulo 3 - O holding como fator de promoção do vínculo......................... 28
Capítulo 4 - Método ..................................................................................... 33
4.1. Tipo de estudo ........................................................................... 34
4.2. Local........................................................................................... 34
4.3. Amostra ..................................................................................... 36
4.4. Instrumentos .............................................................................. 37
4.4.1 Ficha de Identificação.................................................... 37
4.4.2 Gravação em DVD......................................................... 37
4.4.3 Roteiro de observação das manifestações de
comportamento de vínculo mãe-bebê................................... 37
4.4.4. Entrevista clínica semidirigida...................................... 42
4.5. Procedimentos .......................................................................... 43
4.6. Cuidados éticos ........................................................................ 44
Capítulo 5 – Resultados e Discussão ........................................................ 45
5.1. Caracterização da população ................................................... 46
5.2. Dados sobre a experiência materna......................................... 50
5.2.1. As emoções e o holding durante a gestação............... 50
5.2.2. O holding durante o parto ........................................... 54
5.2.3. A experiência do encontro............................................ 56
5.2.4. Perspectiva de holding no pós-parto............................ 58
5.3. Dados sobre as manifestações de comportamento da mãe,
indicadores de interação mãe e filho........................................... 62
5.4. Discussão................................................................................... 67
Capítulo 6 – Considerações finais................................................................ 70
6.1. Conclusão................................................................................... 71
6.2. Proposta de intervenção para promoção do vínculo mãe-bebê. 72
Referências .................................................................................................. 75
Anexos.......................................................................................................... 80
Anexo I Termo de consentimento livre e esclarecido ........................ 81
Anexo II - Ficha de Identificação........................................................ 83
‘Anexo III- Roteiro da Entrevista Semidirigida ................................... 84
Anexo IV - Roteiro de observação...................................................... 87
Anexo V - Autorização da Instituição Amparo maternal..................... 89
Anexo VI - Aprovação pelo Comitê de Ética da PUC ....................... 90
LISTA DE ILUSTRAÇÕES: TABELAS E GRÁFICOS
TABELAS:
Tabela 1 Distribuição da População segundo faixa etária .............................. 47
Tabela 2 Distribuição da amostra segundo o sexo do bebê.............................49
Tabela 3 Grupos de mães de acordo com os comportamentos de vínculo..... 62
GRÁFICOS:
Gráfico 1 Distribuição da população segundo faixa etária ............................... 48
Gráfico 2 Distribuição das puérperas com relação a paridade ........................ 49
Gráfico 3 Distribuição das puérperas quanto ao planejamento da gestação... 50
Gráfico 4 - Distribuição da Amostra em grupos de acordo com a
homogeneidade dos comportamentos............................................................. 63
Gráfico 5 Distribuição da posição de cada mãe nos Grupos em relação
às dimensões................................................................................... 65
Gráfico 6 - Correlação entre as Dimensões de comportamentos de vínculo... 66
1
2
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade, diversos foram os significados
atribuídos às fases da vida e à relação entre as mães e seus filhos. Fatores
históricos, sociais, culturais e científicos influenciaram na configuração das
relações familiares, na relação mãe bebê e nos procedimentos que envolvem o
parto.
O vínculo primitivo na relação mãe bebê começa a se constituir desde a
gestação e continua a se estabelecer e se fortalecer durante o ciclo grávido
puerperal e infância. A forma como nascemos e como somos recebidos no
mundo, são fatores importantes na direção que nossa história pessoal pode
tomar. A qualidade do vínculo mãe-filho, importante ligação afetiva, imprime
marcas no desenvolvimento da personalidade de uma pessoa e nas relações
que ela estabelece em seu cotidiano e com o mundo, portanto deveria ser
considerada uma questão primordial em saúde pública.
A partir desta constatação é pertinente a identificação dos fatores de
promoção de vínculo e bebê nos primeiros contatos e a importância do
holding no ciclo grávido puerperal. O termo Holding deriva do verbo to hold,
que significa sustentar, conter, dar suporte. Winnicott (2001) definiu holding
como a provisão ambiental fornecida pela mãe que permite ao bebê a
experiência de confiabilidade. Refere-se à forma total do relacionamento mãe-
filho, quando o bebê se sente compreendido em suas necessidades
específicas e atendido de modo adequado, o que inclui: o suporte físico e
psicológico, o segurar físico do bebê, a rotina completa dos cuidados, levando
em conta a sensibilidade cutânea do lactente, protegendo-o da agressão
fisiológica. Nos primeiros estágios do bebê, uma das principais funções da mãe
suficientemente boa, é o holding que pressupõe a capacidade empática da
mãe de se identificar com seu bebê. (Winnicott A família e o desenvolvimento
individual pg. 26) Neste estudo o termo holding será utilizado também como
contexto de acolhimento, aceitação, suporte e cuidados à mãe durante o ciclo
grávido puerperal.
3
O contato com gestantes, mães, pais, bebês e profissionais de saúde
da mulher, em minha atuação profissional, assim como a vivência da
maternidade vem reforçando a idéia de que é imprescindível mais dedicação
aos momentos iniciais do desenvolvimento do indivíduo, trazendo a importância
do holding nos primeiros contatos entre a mãe e seu bebê.
A escolha deste tema de estudo tem uma conotação especial
relacionada aos caminhos que a minha vida profissional tomou em
consonância com minha vida pessoal. Para explicitar os motivos da direção
seguida, achei necessário retomar as experiências e vivências do passado.
A Psicologia como escolha profissional chegou junto com a
adolescência, eliciada por uma experiência com a orientadora pedagógica do
Colégio Estadual, onde cursei o ensino fundamental e médio. Meus conflitos
inerentes ao momento adolescente foram compreendidos e encaminhados de
forma impecável; encantei-me com sua atuação, e como acreditava que ela
fosse psicóloga, naquele momento escolhi a psiquê como objeto de trabalho.
Os Ginásios Vocacionais fizeram parte de um Projeto Educacional coordenado
pela Dra. Prof.ª Maria Nilde Macelani, experiência implantada em cinco
unidades de Ensino Público no Estado de São Paulo e que trazia em sua
estrutura uma pedagogia inovadora. Esta experiência de vanguarda em
pedagogia construtivista foi importante em minha formação, colocando-me
possibilidades de autonomia de pensamento, crítica e ação no mundo;
apontando a educação como instrumento de transformação do jovem,
prevenção de neurose e promoção de saúde.
No Instituto de Psicologia da USP, cheguei com a intenção de direcionar
minha formação para a área escolar e da educação. Participações no Centro
Acadêmico me apresentaram a política, e a psicologia tomou dentro de mim,
dimensões sociais. Durante a graduação adquiri um grande desejo de interferir
nessa realidade social; não bastavam as incursões no movimento político
estudantil da década de 1970, queria “politizar o cotidiano”, desejava uma
4
atuação que agregasse meus desejos de transformar. Questionava-se a clínica
individual e particular, como alienada das questões sociais e “psicologia de
elite”. Realmente poucos tinham acesso aos consultórios particulares. Em
1979, as aulas de Filosofia, com a Prof. Dra. Marilena Chauí, colocaram-me
diante de Wilhelm Reich e suas idéias através da leitura e discussão do livro “A
revolução sexual”. Os contatos com o Prof. Dr. Norberto Abreu e Silva, suas
explanações sobre as teorias de Reich e indicações de trabalhos corporais
levaram-me a estudar a abordagem que começava a germinar no Brasil. Na
mesma época, fui convidada para ser Monitora da disciplina “Psicologia
aplicada à Enfermagem”. Anos mais tarde em salas de parto, ao lado das
obstetrizes, trabalhando como Doula, resignifiquei a experiência.
A gestação e o nascimento de minha primeira filha, em 1982, foram
vivências determinantes para meu futuro profissional. Durante a gravidez
participei de trabalhos corporais, yoga, eutonia, antiginástica, massagem, e
psicoterapia reichiana. Estes cuidados possibilitaram-me viver a experiência da
gravidez de forma gratificante. Um parto tranqüilo, e um vínculo muito bom com
o bebê, inspiraram as intenções de trabalhar com esta fase da vida. A
experiência com
a Prof.ª Mônica Caspari, orientadora de trabalho corporal,
participando de seus grupos de gestantes me tocou profundamente sobre a
importância de um trabalho neste momento. Supervisionada por ela, passei a
trabalhar com gestantes e puérperas, transformando minha clínica em espaço
de profilaxia.
A preparação para o nascimento, como um fator importante na
prevenção da neurose e na qualidade de vida do Homem, passou a fazer parte
de meus interesses. O trabalho na clínica, atendendo gestantes, casais, es
e pais, tornou-se um foco importante de intervenção clínica e espaço para
experimentações em uma área onde poucas pesquisas são desenvolvidas.
Os trabalhos em grupo propiciavam uma troca intensa de experiências e
preparavam as gestantes e seus companheiros a se conhecerem melhor para
receber seus bebês. Relaxamento, exercícios de consciência corporal,
respiração, faziam parte dos encontros. Ensinar Shantala (massagem para
bebês praticada na Índia e divulgada no Ocidente por Fréderick Léboyer)
5
passou a fazer parte do meu projeto clínico. Encontrava um caminho diferente
da clínica da época, que privilegiava as psicoterapias individuais, voltando-me
para os grupos de grávidas, mães, casais, e profissionais da saúde ligados ao
nascimento.
A primeira experiência de formação para profissionais aconteceu em
1991, em curso realizado no consultório particular, onde a presença de
algumas docentes da Escola de Enfermagem da USP propiciou uma parceria
fundamental, minhas propostas de atuação interdisciplinar começaram a se
viabilizar Em revisão bibliográfica, grande parte dos artigos sobre o vínculo
mãe/bebê é produzida por profissionais da área da enfermagem. Em 1992
passei a oferecer o curso de expansão “Abordagem Reichiana no Atendimento
ao Ciclo grávido-puerperal”, no Instituto Sedes Sapientiae. Durante este
período tive a oportunidade de estar na Escola de Enfermagem da USP,
oferecendo cursos de expansão, participando como professora convidada nos
cursos de graduação e especialização do Departamento de Enfermagem
Psiquiátrica e Materno-infantil. Ao mesmo tempo, as docentes da USP
participavam do curso que eu coordenava no Sedes. As atividades em parceria
com as enfermeiras obstetras, tanto na Universidade quanto no Instituto,
ampliaram a visão do universo profissional em saúde nesta área e reforçaram a
importância da interdisciplinaridade.
O “Serviço de Atendimento a Gestantes e Puérperas” da Clínica
Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae, foi criado por mim em 1995, (sob
minha coordenação até 1999) e encontra-se em funcionamento até hoje. O
Serviço contempla mães de baixa renda que não têm acesso a este tipo de
atendimento. Em parceria com a FEBEM, oferecíamos assistência psicológica
a adolescentes grávidas e mães desta instituição. No Serviço de Pré-Natal do
Amparo Maternal, (a partir de 1999) trabalhei com grupos de vivência corporal
para gestantes que aguardavam pela consulta em sala de espera. Esta
atuação se ampliou com a criação do “Projeto Saúde Emocional no Amparo
Maternal”. Um grupo de psicólogas sob minha coordenação reuniu-se em torno
do Projeto e passou a realizar intervenções no Berçário Clínico, no Centro
Obstétrico, na Maternidade, no Alojamento Social e junto aos funcionários.
6
A criação e realização do Projeto “Oficinas de Vínculo” oferecido para a
Empresa Natura Cosméticos, a partir de 2005, visa abordar consultoras,
vendedoras autônomas, das capitais e do interior dos Estados brasileiros para
informar a importância do vínculo mãe-filho no desenvolvimento saudável do
bebê e vivenciar a linguagem dos sentidos, sensibilização e massagem. Nas
quarenta oficinas já realizadas em cidades brasileiras, pode-se observar a
carência de preparação e conhecimento sobre os temas que envolvem a
gestação, o parto, o nascimento, a maternidade, a paternidade e as condições
fundamentais para que o vínculo mãe, bebê e pai se fortaleçam.
Durante todos estes anos os princípios que nortearam minha prática
foram os ensinamentos de Wilhelm Reich, Eva Reich, seus seguidores e
companheiros de profissão empenhados na prevenção a partir do princípio da
vida. Portanto torna-se necessário introduzir o leitor em algumas questões
desta abordagem que motivaram minha prática clínica e a escolha do tema.
Reich publicou um livro em 1952, para o qual deu o titulo de “Crianças
do Futuro” onde declara suas preocupações com o futuro da humanidade que
está nas mãos de nossos bebês, e propõe uma estratégia de prevenção a
partir do nascimento; pois está no princípio da vida a chave para predispor as
crianças e os futuros adultos à saúde emocional. Sua indignação apresentada
em um recorte da Introdução transcrita a seguir, continua pertinente nos dias
de hoje guardando-se a ressalva de que os bebês não recebem mais um tapa
quando nascem e ficam uma média de seis horas afastados de suas mães em
berços aquecidos.
Quando nasce, uma criança sai de um útero caloroso, a 37 graus centígrados,
para um espaço frio, entre 18 e 20 graus. Isto é bastante desagradável. O choque do
nascimento... bastante desagradável. Mas, até que poderia se sobreviver a isto se não
acontecesse o seguinte: Assim que o bebê sai de sua mãe, ele é pendurado pelas
pernas e leva um tapa nas costas. Este é o primeiro presente que ganha. O próximo
presente é ser afastado da mãe... Preste atenção nisso... Soará como algo
inacreditável daqui a cem anos... Ele é separado da mãe. A mãe não deve tocar ou ver
o bebê. O bebê não tem nenhum contato corporal, após nove meses de contínuo
contato corporais com a mãe, numa temperatura alta - o que nós chamamos de contato
corporal de energia orgonótica - o campo de ação entre eles, o calor e aquecimento.
7
Em outro trecho deste mesmo texto Reich comenta sobre os reflexos do
sofrimento das crianças com o afastamento da mãe e outros procedimentos
invasivos no seu desenvolvimento:
Então o que esta criança irá fazer? Como ela reage a isto? Como ela reagirá a
isto bioenergeticamente? Ela não pode ir até você e dizer: "Ei, eu estou sofrendo
muito". Ela não pode dizer "não" em palavras, você entende? Mas esta é sua situação
emocional. E nós orgonomistas, sabemos disso. Nós extraímos isto de nossos
pacientes; extraímos isto de suas estruturas emocionais e de seu comportamento, não
de suas palavras. Palavras não podem expressar isso. Aqui, bem no início, o rancor se
desenvolve. Aqui o "não" se desenvolve, o grande "NÃO" da humanidade. E então
você se pergunta por que o mundo está tão confuso. “
Reich dedicava-se intensamente, a procurar meios para prevenir as
neuroses e o sofrimento humano, chegando à conclusão de que tudo é
princípio e começo, ou seja, traumas já podem acontecer na gestação, no parto
e na primeira infância. Em 1935, sua amizade com Alexander Neill, fundador da
Escola Summerhill em Londres, eliciou um grande interesse pela criança.
Começava a se esboçar o conceito de auto-regulação, (capacidade de
perceber as necessidades e desejos e buscar a satisfação) Em 1942, o
nascimento de seu terceiro filho acirrou seu interesse pelos bebês, levando-o a
fazer a seguinte afirmação:
Eu lhe asseguro que, após vinte e cinco anos de trabalho psiquiátrico intenso e
extenso, estou descobrindo, pela primeira vez, como um estudante calouro em
psiquiatria, a verdadeira natureza de um bebê recém nascido. É surpreendente e
assustador como é pequeno o conhecimento deste psiquiatra metido a sabido sobre as
coisas mais primitivas da vida humana. (REICH, 1992)
Em 1949, Reich realizou uma pesquisa de observação e tratamento da
mãe, durante a gestação, acompanhamento durante o parto e atendimento
psicológico para a dupla mãe-bebê no pós-parto. Passou a estudar a criança
saudável e pesquisar intervenções de caráter preventivo da neurose. Seus
recursos financeiros foram destinados, após sua morte em 1957, ao “Fundo de
Crédito para Bebês Wilhelm Reich”, entidade envolvida com estudos sobre a
infância. (BOADELLA, 1999)
Educação e promoção de saúde permeiam a obra reichiana,
atravessaram também minhas indagações em psicologia durante meu percurso
8
de vida pessoal e profissional. O interesse pelo princípio da vida e a prevenção
da neurose a partir da gestação e parto são fundamentais no legado que Reich
nos deixou. Estudar a criança saudável foi um de seus objetos de estudo em
uma época em que a atenção sobre elas voltava-se para os efeitos da privação
em órfãos da II Guerra Mundial. (Bowlby, Brazelton, Spitz) Na mesma época
Winnicott palestras sobre a criança saudável onde faz considerações muito
parecidas com as colocações de Reich, embora nunca tenham se encontrado.
Alguns estudiosos contemporâneos têm direcionado sua atenção ao
estudo da criança saudável. A comunicação, entre mãe e filho, serve de base
para a intuição, sobre o que emana de outros seres humanos e nossos
próprios sentimentos, perante eles. A história é guardada em esquemas de
“estar de uma determinada maneira”, com o outro e consigo mesmo. STERN
(1992). É como formamos dentro de nós, nossas próprias maneiras de
interagir, vivenciando sensações e afetos, que aos poucos vão sendo
expressas através da linguagem corporal. Elas aparecem tanto na relação com
o mundo, como nas contrações e expansões que o corpo faz. REICH (1952).
Os conceitos da pesquisa moderna, possíveis por conta do avanço tecnológico,
apontam na direção das proposições de Reich acerca das primeiras relações
mãe-bebê.
Os primeiros estágios do desenvolvimento são permeados pela
integração que torna o bebê um ser unitário, torna possível o “eu sou”. É a
tarefa que circula e interfere em todas as fases de desenvolvimento. A parceria
psicossomática, a sensação de unidade funcional corpo e afeto são a grande
tarefa de amadurecimento propiciada pela mãe nos cuidados diários dedicados
ao bebê, como segurar, banhar, alimentar ou massagear. (POMMÉ, 2005)
Em nenhum outro momento da vida, há possibilidade de observar tão
claramente a unidade funcional psicossomática como em uma mulher no ciclo
grávido puerperal e na relação com seu bebê recém nascido. Em nenhum outro
momento de nossas vidas, fomos tão auto-regulados e expressivos como
quando recém nascidos. A formação do caráter e a prevenção ao aparecimento
das couraças encontram neste momento seu campo mais fértil. A unidade
9
funcional, o princípio da auto-regulação, a formação do caráter e das couraças
são pilares da abordagem psicossomática de Reich e serão explicitados no
Capítulo 2.
Precisamos compreender melhor como esta ligação acontece; ela é
fundamental para o desenvolvimento saudável da criança e cumpre importante
papel na incidência de violência em fases posteriores do desenvolvimento,
adolescência e juventude. (SILVA, 2006) A discussão deste momento da vida,
quando está se formando o vínculo mãe bebê, tem ganhado nos últimos vinte
anos cada vez mais espaço no campo das práticas em saúde materno-infantil
tomando forma em diferentes esferas da sociedade. Este tema está
diretamente relacionado às políticas públicas mais recentes no Brasil com
relação às práticas de parto, uma vez que tem como fundamento a garantia
dos direitos da mulher, da criança e do adolescente, previstos pela constituição
federal/89 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A atual Política
Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde apresenta diretriz e
propostas de humanização, como política transversal no atendimento à saúde
dos pacientes e a constituição de uma rede democrática de troca de saberes
entre os diferentes profissionais. A PNH tem como um dos princípios sicos a
valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e
gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito, às questões, de gênero, etnia, raça, orientação
sexual e às populações específicas. O compromisso com a democratização
das relações de trabalho, valorização dos profissionais de saúde, estimulando
processos de educação permanente é também uma das metas das novas
diretrizes. No Brasil, a situação sócio-econômica da maior parte da
população encontra-se na faixa da miséria e da pobreza. Como conseqüência,
a preocupação com a sobrevivência se sobrepõe ao “cuidar”. Nascem em
nosso país três milhões de bebês por ano, em sua maioria filhos das classes
menos privilegiadas. Sabemos como nosso sistema de saúde é deficitário e
quando falamos em saúde emocional, a situação é mais alarmante. Apesar dos
avanços, a relação que se estabelece entre o corpo e a emoção, não é ainda
algo intrínseco e generalizado na prática de todos àqueles que lidam com a
mulher e o bebê no ciclo grávido-puerperal.
10
O primeiro direito que uma criança tem ao chegar ao mundo é o de ser
acolhida, recebida e cuidada por sua família. Primeiro por sua mãe, que
constitui com seu bebê uma relação primordial de amor, denominada vínculo
primitivo ou amor fundamental. Desta ligação, depende grande parte do
desenvolvimento psicorporal desta pessoa. Os pais também exercem papel
importante no que tange aos cuidados afetivos que a mãe precisa e no
estabelecimento de ligação com seus filhos. A educação de nossas crianças
começa com os cuidados no princípio da vida com o nculo fundamental e
primitivo entre mãe e filho.
A necessidade de realizar estudos sobre o vínculo mãe-bebê, que
considerem a realidade brasileira e promover saúde a partir do nascimento, são
os eixos que norteiam esta pesquisa.
O caráter desta dissertação é descrever os comportamentos nos
primeiros momentos de estabelecimento do vínculo mãe e filho e verificar a
importância da função do holding na promoção do vínculo.
No capítulo 1 apresentarei os objetivos
No capítulo 2 farei uma discussão da natureza do vínculo e um breve
histórico dos estudos que tratam da relação mãe bebê, bem como alguns
apontamentos teóricos para uma abordagem do vínculo nas várias fases do
ciclo grávido-puerperal. No capítulo 3 apresentarei a relação do holding com o
vínculo mãe-bebê.
No Capítulo 4 descreverei o método utilizado para a pesquisa e no
capítulo 5 apresentarei os resultados e a discussão. No capítulo 6 faço as
considerações finais e conclusão.
11
CATULO 1. OBJETIVOS
12
Capítulo 1
OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral:
Estudar as manifestações de comportamento de nculo mãe-bebê em
puérperas que tiveram seus bebês em Centro de Parto Normal.
2.2. Objetivos Específicos
2.2.1. Descrever as manifestações de comportamento de vínculo mãe-
bebê, no primeiro encontro após o parto no Puerpério,
2.2.2. Analisar a importância da função do holding na promoção do
vínculo.
13
CATULO 2. REVIO D
E LITERATURA
14
Capítulo 2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Natureza do vínculo mãe e filho
A natureza do vínculo, mãe e filho, vem sendo questionada e estudada por
alguns autores, a partir da segunda metade do século passado, quando a
criança passou a ser objeto de interesse acadêmico. Diferentes foram as
abordagens e os aspectos considerados pelos autores para a análise do nculo
mãe e filho. Badinter (1985) considera que o amor materno não é instintivo, mas
exclusivamente determinado pelas necessidades sócio-históricas, levando em
conta apenas as condições do meio como influência no tipo de vínculo que se
estabelece, entre a mãe e seu filho. Ela descreve momentos da história em que
era comum o desinteresse das es por seus bebês, levando-as a abandoná-
los ou deixar que outras mulheres cuidassem dele, amas de leite no século IX e
XX, o que socialmente era aceito.
Beauvoir (1982) defende a idéia de que o nculo entre a mãe e seu filho
não tem nenhuma relação com os instintos e são os recursos psíquicos e da
representação que o bebê ocupa no psiquismo da mãe que vão definir o caráter
que o amor materno vai adquirir para aquela relação.
Hrdy, (1999), aponta reações instintivas como fatores predisponentes para
o estabelecimento do nculo, a existência de uma predisposição de base
biológica, hormônios e genes que, em intersecção com as circunstâncias
ecológicas e historicamente produzidas, influenciam as mães nos limiares para
responder aos sinais infantis. Muitos eventos endócrinos acontecem no ciclo
grávido puerperal. A alta produção de estrogênio e progesterona, durante o
último trimestre de gestação, prepara a mãe para cuidar do filho. Durante a
gestação, o nculo entre a e e o feto já se esboça em expectativas, nas
projeções e através da íntima comunicação corporal que entre eles. Quando
15
o bebê nasce, uma brusca queda destes hormônios, que predispõem a mãe
ao cuidado. A ão da oxitocina e da prolactina é indispensável para dispor a
mãe para o contato com seu bebê. Pouco antes do nascimento, aglomera-se no
cérebro o receptor da oxitocina. Algumas horas após o parto, a mulher encontra-
se em um período chamado de sensitivo, período crítico, no qual ela está muito
sensível e regredida. Ela precisa deste tempo, para poder iniciar um “diálogo”
com seu filho e uma seqüência de interações sensoriais e de comportamentos
durante esse período
parece ser eliciador da ligação.
Reich não nega o papel desempenhado por fatores hereditários e
instintivos como determinantes dos modos de reação, afirmando estas
inclinações pré-existentes, mas reforça o fato de que o ambiente tem influência
importante e decisiva no desenvolvimento de uma tendência, que pode ser
fortalecida ou inibida, conforme a influência exercida pela educação. A ligação
afetiva mãe e bebê é a primeira ação educativa que uma criança recebe quando
nasce e é a partir deste aprendizado que ela vai construir todos os outros
nculos, assim seu caráter vai se formando a partir destes alicerces. (REICH
1989)
O reconhecimento da necessidade do contato, apego, afeto e cuidado para o
equilíbrio homeostático da relação mãe e filho contribui para, a saúde ou doença
da e e do bebê. A vinculação mãe-bebê se inicia desde o desejo de gerar
um filho, passando pelo vínculo intra-útero e alcançando seu desenvolvimento e
manutenção durante a infância. A Psicologia está começando a buscar um
trabalho profilático em hospitais e demais áreas, visando à estimulação do
nculo entre mãe-bebê, focando a importância das emoções da parturiente
emanadas ao filho e as influências do equilíbrio na gestação enquanto fator
estabilizador de sintomas negativos. (MIRANDA 2004)
2.2. Breve histórico sobre os estudos da relação mãe e filho.
As experiências afetivas têm uma manifestação facial distinta inata, uma
qualidade distinta de sentimentos. Estes padrões são sinais sociais
16
compreendidos por todos os membros, para aumentar a sobrevivência da
espécie. Darwin, em seu livro A expressão das emoções nos animais” escrito
em 1892, nos brinda com uma série de fotografias de animais e humanos, em
diversas etidas expressões emocionais. Até recentemente não se tinha a
clareza de que os recém-nascidos vinham ao mundo com tantas
competências, para expressar emoções. Eles nascem, já experimentando o
mundo ao seu redor, relacionando-se e emocionando-se com ele, através dos
sentidos e principalmente, atribuindo sentido às experiências. Os movimentos
expressivos do rosto e do corpo passaram a ser vistos como o primeiro meio de
comunicação entre a mãe e o bebê, e fundamentais para o bem estar.
[DARWIN, (1889) 2000]
Gesell (1968) publica, na década de 1930, 3200 fotos de bebês, nas
mais variadas situações, exprimindo toda uma gama de comportamentos,
sensações e emoções.
Em dezembro de 1940, em Nova York, Reich reúne-se, com cerca de
quarenta médicos, enfermeiras e assistentes sociais, para estudar as
qualidades da saúde emocional da criança recém-nascida. (BOADELA 1985).
Entre 1939 e 1949 um projeto é desenvolvido, culminando em 1949 com a
fundação do Centro Orgonômico para a Pesquisa sobre a Infância (OIRC).
Uma equipe multidisciplinar inicia a pesquisa sobre a criança saudável, limitada
aos recém-nascidos. As medidas rotineiras a que são submetidos os recém-
nascidos, principalmente o afastamento da e, são denunciadas como causa
de transtornos emocionais A capacidade da mãe, de criar uma empatia com as
necessidades do bebê, e um bom contato corporal, são apontadas como
condições fundamentais para o desenvolvimento de uma criança saudável.
(REICH 1952). Dez anos depois, Harlow confirma estas afirmações em sua
pesquisa com os macacos Rhesus; os filhotes preferem a mãe que oferece
aconchego, mesmo sem alimento, à mãe que oferece alimento, mas sem
acolhimento. (BOADELLA, 1985)
17
Eva Reich (1998), médica, filha de Reich, trabalha no Orgonômic Infant
Research Center e no Harlem Hospital em Nova York, em 1949 e 1950. Ela
desenvolve suas pesquisas, como Assistente no campo da observação de
bebês, do acompanhando pré-natal, atendimento a parturientes e puérperas.
Trabalha também no Maine (EUA), por dez anos (de 1952 a 1962), em seu
consultório, e constata que “é maravilhoso os bebês não serem separados de
suas mães” sic. Cria o Método da Bioenergética Suave, a Massagem da
Borboleta - Massagem para bebês - e desenvolve extenso trabalho de
divulgação de sua abordagem pelo mundo, de 1974 a 1991.
Spitz (1980) observa em abrigos, bebês nutridos e trocados
regularmente, mas não cuidados verdadeiramente; na maioria dos casos não
olhados. Os registros escancararam a angústia que aparecia em seus olhos.
Bowlby (1969), a serviço da Organização Mundial de Saúde, realiza pesquisa
no período pós-guerra, acerca da importância da presença confortadora da
mãe e os efeitos de sua privação. Ele estudou bebês, crianças e adolescentes
delinqüentes e em 1952, apontou como a presença de uma boa mãe
acolhedora pode prevenir distúrbios da personalidade e delinqüência.
Winnicot (1988) considera o ambiente como essencial para o bom
desenvolvimento do processo de formação do vínculo mãe-bebê, ressaltando
algumas condões facilitadoras; como a presença de um companheiro
continente, um ambiente familiar tolerante, um bebê saudável e desejado.
Introduz o conceito de holding e da mãe suficientemente boa.
Zazzo, (1970), especialista reconhecido, se interessa pelo nculo: a
criança nasce, tem fome, mas antes do alimento, ele tem necessidade de braços
que a envolvam. Brazelton, (1986), participa, em 1983, na França, de um
Congresso onde as palavras, “competência” e « interação » entram para o
vocabulário de todos os que se interessam pelos bebês. Na mesma época,
Herbinet, Busnel e col.(1983), observam as faces dos recém nascidos, o
batimento dos lios, os movimentos dos olhos. Depois pesquisam as
percepções pré-natais, o tato, a audição, o paladar e descobrem que os sentidos
surgem antes do nascimento.
18
Stern, (1992), enfatiza que os bebês nascem com todos os sentidos
aptos para serem ativados, e é durante os primeiros dias de vida que esta
comunicação sensorial se estabelece. Este é o canal através do qual o bebê
aprenderá a se relacionar com o mundo e as pessoas de sua convivência. O
vínculo primitivo se forma numa relação de mão dupla; os bebês nascem
com muitas possibilidades de comunicação e interferem na formação da
ligação com suas mães.
As pesquisas contemporâneas apontam para o fato de que o recém
nascido é um sujeito ativo e responde à mãe ajustando-se a ela, com
percepções afetivas, dialogando o tempo todo em um direto “contato pessoa-a-
pessoa”. (LICHTENBERG, 1983).
Neyde Sollitto (1972) realiza estudo sobre as interações mãe bebê durante
o banho e conclui que:
O nenê desde o início a vida é ativo. Ele inicia e mantém interações verbais. Do mesmo
modo que a e fornece estímulos eliciadores e reforçadores para o nenê, este fornece
estímulos eliciadores e reforçadores para a mãe. Na interação mútua estimulação e
reforçamento
A autora realiza estudo de observação em uma situação natural durante
três meses e reforça as teorias contemporâneas do campo da etologia e da
aprendizagem social.
2.3. O vínculo materno fetal
Para que uma pessoa nasça são necessários três elementos: a mãe, o
pai e o bebê, pressupondo um vínculo entre um homem e uma mulher. O
vínculo entre mãe e filho, esboça seus primeiros sinais antes mesmo da
concepção. A pré-história deste nculo começa quando o casal ou a mulher
começam a desejar um bebê. Quando a gravidez não é planejada e acontece
por acidente, em geral outros projetos de vida que são ameaçados pelo
novo membro da família. Uma gestação pode não ser planejada, mas fruto de
um desejo inconsciente, pois o ser humano é ambivalente em essência,
19
coexistem sentimentos díspares em muitas situações e o nascimento não
poderia passar incólume. (SZEJER, 2000)
O desejo de ter um bebê é a predisposição para o nculo, o que não
significa que ele ocorrerá sem problemas. Muitas intercorrências durante o ciclo
grávido puerperal podem interferir na formação de um vínculo positivo. Já
quando não planejamento ou desejo, a aceitação é a primeira tarefa para
que se inicie a formação de um bom vínculo. Pode se estabelecer um vínculo
negativo a princípio que posteriormente se torne forte ou a mãe pode passar
toda a gestação com uma ligação fraca ou ruim com o bebê. Este quadro pode
permanecer inalterado após o nascimento, ou algumas intervenções podem ser
benéficas para o estabelecimento de um vínculo forte e positivo com o bebê.
(NÓBREGA, 2002)
A cultura, a história pessoal de cada mulher, a condição econômica, o
ambiente familiar, sua relação com a própria mãe e com o pai da criança, m
grande influência na aceitação da gestação e no tipo de vínculo que irá se
estabelecer entre mãe e feto, que pode interferir no tipo de vínculo futuramente
estabelecido entre ela e o bebê. Por exemplo, em algumas culturas o sexo do
bebê é bastante importante na forma como a mãe vivencia a gravidez e o
nascimento, interferindo na formação do vínculo.
Quanto à condição econômica, sabemos que quando ela é deficitária,
se torna mais complexo o processo de constituição do vínculo, uma vez que
outros fatores como as condições materiais de suporte poderão influenciar. Um
trabalho efetivo de políticas públicas em prevenção durante a gestação é
premente em nosso país, onde as condições para o estabelecimento de um
vínculo positivo muitas vezes é atravessado pela necessidade da sobrevivência
e condições precárias de saúde emocional das famílias. Mader, (2002),
apresenta métodos e cnicas para o fortalecimento do vínculo mãe-feto,
aplicando como instrumento de avaliação a versão brasileira da Maternal-fetal
attachment Scale” para verificar a eficácia de algumas intervenções durante a
gestação em população carente. A intervenção é realizada no Programa
Einstein na Favela de Paraisópolis, em São Paulo, através de grupos de
20
grávidas. São desenvolvidas atividades de relaxamento, automassagem,
cantigas de ninar e infantis, discussões dos sentimentos, resolução de dúvidas
que emergem na gravidez, debates acerca da relação mãe/concepto e função
do pai. São também oferecidas aulas de massagem para bebês, fundamentada
na cnica Shantala. Informações sobre alimentação na gestação, aleitamento,
cuidados básicos com o lactante, gravidez, ovulação e modificações no
organismo materno são também temas abordados pela equipe multidisciplinar.
Avaliações do vínculo materno fetal, antes e após a intervenção realizada com
cerca de duzentas gestantes, comprovam a eficácia destes instrumentos como
fatores de promoção do nculo positivo da mãe-feto durante a gestação em
população de baixa renda.
uma intensa relação entre as experiências de uma pessoa com seus
pais, especialmente com suas mães, e sua capacidade para estabelecer
vínculos afetivos. (BOWLBY, 1983) Todos os membros da família têm um tipo
de vínculo projetado no bebê que vai nascer e a forma como vão se ligar a ele
está relacionado com suas próprias histórias de vida. Quando a mulher tem
em sua história pregressa um vínculo difícil com sua mãe, ela tende a
apresentar dificuldades na ligação com o feto, que o período de regressão a
estágios anteriores do desenvolvimento, inerente à gravidez, predispõe a
projeções e transferências de sentimentos antigos provenientes de outros
vínculos em que a relação foi semelhante. (MALDONADO, 1997).
O pai do bebê é uma figura importante para que a mulher sinta-se
acolhida, contida e protegida. Quando ele está ausente ou indiferente à
gestação, maior dificuldade da grávida para enfrentar as ambivalências e
estados regredidos e consequentemente, menos disposição para o vínculo com
o feto. Os pais passam por fases difíceis durante a gestação do filho; regridem
também para estágios anteriores do desenvolvimento, mas o fazem de forma
contida.
A gravidez na adolescência vem aumentando em nosso país. Hoje
temos 23% em média no Brasil de grávidas adolescentes. Estados em que
este índice chega a 29%, como na região nordeste. No Brasil, nasce quase um
21
milhão de bebês por ano cujas mães têm entre 12 e 19 anos. A grávida
adolescente passa por uma situação dupla de crise: está deixando de ser
criança para se tornar adulta e precocemente deixa de ser filha para ser mãe; o
que a torna mais transparente, mais frágil e sem o suporte importante a
qualquer mulher, com mais dificuldade para estabelecer um bom vínculo. A
existência de um ambiente familiar acolhedor é de suma importância, para que
o vínculo entre a mãe adolescente e seu bebê ocorra positivamente. A
adolescência é um momento de transformações físicas e emocionais, de
dúvidas sobre a identidade e angústias sobre o futuro. Além disso, a
adolescente contemporânea encontra-se solitária; não tem a atenção dos pais,
quase sempre ocupados com a manutenção financeira da família. A gestação é
inconscientemente desejada, e vem como pseudo-solução para a solidão e a
falta de perspectiva de reconhecimento social. (POMMÉ, 2003).
A ausência temporária ou permanente de companheiro dificulta a tarefa
materna na adolescência. Sari, (2002), trabalha em Porto Alegre, com a
relação mãe-bebê, em mães adolescentes, de quinze a dezessete anos,
utilizando o dispositivo do grupo de discussão e a observação, através dos
registros em vídeo das sessões. O grupo como matriz de apoio para as mães
adolescentes que não têm apoio da família ou prescindem do companheiro,
configura-se como importante dispositivo de acolhimento, interferindo
positivamente na maternagem e estabelecimento de um vínculo positivo.
Quanto mais o grupo familiar aceita e reconhece a gestação, melhor a
evolução para desempenhar a tarefa materna.
O acolhimento da família representa o “colo” materno no imaginário da
gestante, que está emocionalmente regredida e infantilizada. Quando um casal
está ligado e o pai pode exercer a “maternagem” com sua companheira, ela
poderá com mais facilidade receber, e assim dar ao filho. A reedição do vínculo
de cuidados primários na relação do casal pode ajudar a formar e fortalecer o
vínculo mãe e filho. Além disto, o homem poderá desenvolver suas
potencialidades de cuidador. Os pais estão participando cada vez mais dos
momentos importantes da gestação, consultas pré-natais, ultra-som; trabalho
de parto e parto de forma bastante ativa. Estreitamos vínculos afetivos através
22
das linguagens, da comunicação verbal/corporal, da sensibilização dos
sentidos com relação às necessidades do outro, do exercício da troca.
2.4. A experiência do parto
As pulsações produzidas pela oxitocina permitem que a mãe acolha o
filho, com uma disposição mista de alegria e melancolia. O hormônio do amor,
como é chamado por Odent, elicia o trabalho de parto e é essencial durante
este processo e a lactação, além de promover prazer e comportamentos
maternais. (ODENT, 2000).
Os limiares, para responder aos sinais infantis, tornando a mãe
suscetível em graus diferentes para responder a eles, podem estar sendo
preparados durante a gravidez e trabalho de parto, através do funcionamento
endócrino e neurológico. (HRDY, 1999). Em sabendo que o funcionamento
endócrino e neurológico está intrinsecamente ligado às experiências
emocionais, podemos dizer que estes limiares para iniciar a interação com o
filho dependem das vivências emocionais durante a gestação e parto.
O trabalho de parto também é um processo social e não se reduz a um
ato biológico; em muitas partes do mundo ele adquire significados particulares
com relação ao status que pode conferir. Em sociedades muito segmentadas o
parto é executado de diferentes formas, revelando o nível socioeconômico das
pessoas envolvidas. O parto assume em muitas culturas, procedimentos
constituídos por rituais e mitos, preceitos, proibições e tabus, com significados
particulares que expressam a sociedade e seus valores. (KTZINGER 1978)
O parto é uma experiência especial, com muitos sentidos, para a mãe,
para o bebê e para o pai. Especialmente para a e é quando a relação de
completa simbiose que ela vive com o bebê se rompe e sua história pessoal vai
se tornar presente no momento da separação através da fita de lembrança. (Eva
REICH 2000)
23
Quando o bebê nasce, a mãe também nasce. Segundo Szejer (2000)
cada mulher que esem trabalho de parto está dando à luz a si mesma, a
mulher arcaica surge, ela reúne todas aquelas contidas em sua história; a
menininha, a adolescente, a filha, etc. Se a mulher pode se deixar entregar ao
momento fisiológico e se desprender da educação recebida socialmente e de
todos os “não devesa que foi submetida, o parto pode acontecer com mais
harmonia. Todas as defesas se afrouxam e a mulher entra em um estado de
regressão máxima, a linha entre os conteúdos inconscientes e conscientes se
atenua, as couraças se desfazem e a mulher vive um estado de completa
harmonia com as pulsações biológicas. São estas as condições para que a
natureza faça seu papel.
No momento do parto, a musculatura pélvica deve estar relaxada e
alguns recursos podem propiciar estas condições. Tudo que puder propiciar
conforto, continente e relaxamento, fará o organismo da mãe trabalhar a favor da
natureza. A presença do pai neste momento costuma trazer mais confiança para
a mãe e a sua participação ativa tende a fazer do processo de parto um trabalho
menos estressante.
No Brasil, a Lei nº. 10.241 de 17 de março de 1999, no parágrafo XVI,
assegura a presença do pai da criança nos exames pré-natais e no momento
do parto. A parturiente pode ser acompanhada não pelo companheiro ou
pessoa de sua confiança, mas também por uma doula. Segundo Nolan (1995)
doula é uma mulher sem formação técnica na área da saúde que orienta e
acompanha a nova mãe durante o parto e nos cuidados do bebê, seu papel é
segurar a mão da mulher, respirar com ela, prover encorajamento e
tranqüilidade. A doula presta constante apoio à parturiente e a seu
acompanhante, esclarece a respeito da evolução do trabalho de parto,
aconselha as posições mais confortáveis durante as contrações, promove
técnicas de respiração e relaxamento, proporciona contato físico e, ainda,
oferece apoio psicológico.
Ter um acompanhante no parto é extremamente confortador, por conta
deste estado infantilizado em que a mulher se encontra. É importante que seja
alguém com quem a parturiente tenha um bom nculo afetivo. Para um casal,
24
estar juntos no trabalho de parto e parto pode ser profundamente
transformador para esta nova família que nasce e das novas relações que se
estabelecem. Se por alguma razão o homem não pode estar o próximo ou
seu vínculo com a mulher não é o positivo, é importante que a ela tenha
alguém que exerça este papel de acolhimento e cuidados durante o parto.
Quanto mais confortável for para a mãe o momento do parto, mais
tranqüilo será para o befazer esta transição. (BOADELLA, 1985). A dor no
trabalho de parto aparece como uma vivência de intensos significados que se
ligam à cultura, à história pessoal, ao atendimento recebido na maternidade,
grau de preparo durante a gestação e o lugar desta criança na vida desta
mulher e da família. Szejer (2000) afirma que, inconscientemente, o sentimento
ambivalente pode estar atuando e a mulher precisa “decidir entre guardá-lo
dentro de si ou deixá-lo viver”; tornando as contrações mais ou menos
dolorosas.
A dinâmica do parto está associada à dinâmica de funcionamento do
sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático), portanto ao grau de
tensão e relaxamento. O mecanismo simpático é responsável por contrair e está
relacionado ao medo; o parassimpático é responsável pelo relaxamento e pelas
emoções de prazer. O trabalho de parto envolve os dois subsistemas, que
devem funcionar em harmonia. Se a parturiente está relaxada, o trabalho de
parto pode ser mais rápido e menos dolorido. (BOADELLA-1985) Deve-se
considerar que o sentimento ambivalente e a tensão no útero estão ligados,
sendo a expressão de um conflito que é resolvido compulsoriamente” com o
nascimento. Como toda gestação e parto envolvem a vivência da ambivalência,
acredita-se que o parto sempre vai estar permeado pela experiência de dor e a
grande questão é como cada mulher vai lidar com isto. Kitznger (1986) aponta a
importância de um trabalho durante a gestação que inclua aprender a lidar com a
“dor do parto”, através do auto-conhecimento e do aprendizado de recursos para
diminuir as tensões inerentes ao parto.
25
2.5. A Relação mãe-bebê.
Em algumas dezenas de anos, o bebê que se acreditava estar dormindo, se revela acordado,
alerta, prestes a ser seduzido e a nos sorrir”. (MONTAGNER, 1993)
Quando nasce um bebê, mãe e filho formam um sistema, uma díade, na
qual um relaciona-se com o outro, criando um sistema de troca recíproca. No
transcorrer do seu desenvolvimento, após três a quatro semanas, vemos a
organização da seqüência de eventos, que é familiar para ambos os parceiros.
A mãe tem uma importante função reguladora, onde está implícito o quanto ela
deseja se ajustar ao ritmo da criança. Se ocorrer uma natural correspondência,
uma natural permissão para a criança se desenvolver é cultivada. Nas
experiências de confirmação pela mãe, o bebê passa a confiar na validade de
suas percepções. Este processo é o fundamento da confiança da criança, tanto
em si como nos outros. (STERN, 1998) Formamos as próprias maneiras de
interagir, vivenciando afetos que, aos poucos, vão sendo expressos através da
linguagem corporal, reconhecidas no outro.
Nossa história vai ficando guardada em esquemas de “estar de uma
determinada maneira”, com o outro e consigo mesmo, expressas tanto na
relação com o mundo, como nas contrações e expansões que o corpo faz. O
vínculo entre os seres humanos se inicia antes mesmo do nascimento, que
os “equipamentos” para relacionar-se, os sentidos, vão se formando e
recebendo estímulos. Ao nascer, todos os sentidos se colocam a serviço da
relação com o cuidador - geralmente a mãe e posteriormente compartilhado
com o pai. Portanto, o vínculo primitivo, o vínculo fundamental forma-se, a
partir da inter-relação mãe-bebê, onde o bebê tem um papel fundamental e
todos os seus sentidos estão voltados para a vida e, para ela, sentido.
(STERN, 1992).
Os recém nascidos são naturalmente dotados de considerável
competência cognitiva, manifestam prefencias, discriminam uma coisa da
outra, buscam estímulos sensoriais, possuem preferências distintas, têm uma
tendência para formar e testar hipóteses sobre o que está ocorrendo no mundo e
26
o estão sempre avaliando. Freud, (1996), descreveu um bebê narcisista e
onipotente, que vive mais dentro de seu mundo interno e fantasioso. O bebê das
investigações contemporâneas apresenta-se com muitas competências.
(BOWER, 1974, MELTZOFF E BORTON, 1979, LEWCOWICS E TURKEWITZ,
1980, MELTZOFF E MOORE, 1977 STERN 1998,).
Durante o estado de inatividade alerta, perguntas podem ser feitas aos
recém-nascidos e as respostas podem ser discernidas, a partir de sua atividade
em processo como sugar, olhar ou virar a cabeça. (WOLFF, 1966).
Os bebês estão prontos e dispostos a se relacionar e se ligar às
pessoas, o que está fundamentado, nas seguintes constatações:
O recém-nascido reage seletiva e ativamente àquelas freqüências de
som que existem nas gamas da voz humana.
Seu olhar é atraído para objetos, que estão a uma distância de
aproximadamente vinte centímetros, o que permite um foco mais
acurado. Esta distância costuma corresponder àquela dos olhos da mãe
enquanto amamentando.
Recém-nascidos olham para linhas desenhadas de faces humanas, por
mais tempo do que para pontos.
A partir da segunda semana de vida, eles tendem a olhar para a face da
mãe por períodos maiores do que para a face de outras pessoas.
Gravações em filmes mostram que recém-nascidos têm especial
receptividade pelos balbucios da mãe para eles, reagindo aos mesmos
como que dialogando com ela.
Recém-nascidos olham corretamente para a direção em que um barulho
é produzido.
Field e col. (1982) relatam que recém nascidos de dois dias de vida
imitam com segurança, um modelo adulto tanto sorrindo, franzindo a testa ou
mostrando a expressão de surpresa. A criança é impressionada com a qualidade
do afeto, com que o educador a trata, antes de desenvolver a percepção das
ações formais. (Stern, 1992)
27
O vínculo nasce da interação entre a mãe e o filho, numa dança gestual e
expressiva entre os dois, eliciado por alguns desencadeantes inatos (contato
olho-a-olho, choro...) ele é aprendido nas “conversas”, através da linguagem dos
sentidos, quando olhar, ouvir, tocar, falar, chorar e amamentar vão adquirindo
significados especiais. A interação precoce ajuda os pais a se tornar
sintonizados mais rapidamente ao filho e percebê-lo como uma pessoa
diferenciada. Os bebês que têm um bom nculo com sua mãe tendem a ter o
sistema imunológico fortalecido, o organismo funcionando mais
harmonicamente, dorme melhor, alimenta-se melhor, têm menos cólicas.
Tendem também a serem crianças mais independentes, afetivas e carinhosas.
28
CAPÍTULO 3. O HOLDING COMO FATOR DE PROMOÇÃO DO VÍNCUL
O
29
Capítulo 3
O HOLDING COMO FATOR DE PROMOÇÃO DO VÍNCULO
Algumas condições especiais interferem na relação mãe-bebê e
constituem-se fatores de promoção do vínculo materno infantil. Elas vêm sendo
apontadas pelos órgãos públicos como fatores de garantia e incentivo do
processo de humanização do nascimento nas maternidades brasileiras. Entre
as instruções publicadas pelo Ministério da Saúde estão:
O incentivo ao parto natural, a presença de familiares com as parturientes durante o
trabalho de parto e o parto, a adaptação do ambiente hospitalar próximo do ambiente
familiar, a não separação imediata do recém-nascido de sua mãe, o acompanhamento da
parturiente por mulheres que possam orientá-la nesse momento e redução, na medida do
possível, de intervenção medicamentosa, técnica e cirúrgica. (JUNQUEIRA, 2006)
O incentivo ao parto natural
Quando o parto acontece, através de uma cesariana, os efeitos dos
medicamentos e da situação de passividade da mãe diminuem a produção de
oxitocina, o que gera condições boas para que os sentimentos de “cuidar”
apareçam mais devagar. (ODENT. 2000) Rocha, Simpionato e Mello, (2003),
em estudo comparativo do apego entre mães de parto normal e Cesariano,
apontam para as influências culturais, os valores e as expectativas da mãe e
do observador e as estruturas políticas de assistência, como fatores que
podem modificar os resultados das pesquisas sobre o apego mãe e filho.
Indicam a importância de considerar o período sensitivo, mantendo mãe e bebê
juntos, logo após o nascimento o que pode estimular mecanismos sensoriais,
fisiológicos, imunológicos e comportamentais que facilitam o vínculo mãe-bebê.
O método narrativo é utilizado como instrumento de observação. Os autores
recortam alguns indicadores de vínculo: tom de voz da mãe, forma de acariciar
30
o recém nascido, olhar e falar com ele. Concluem que em ambos os tipos de
parto, as verbalizações e as carícias, aumentam com o tempo. As mães que
passaram por Cesariana precisaram de mais atenção da equipe durante a
amamentação. Ambos os grupos apresentaram intensidade no olhar, mas a
verbalização é mais rápida em mães que tiveram partos normais. As mulheres
foram alertadas pela equipe para as competências dos bebês. A partir deste
estudo, consideram que a enfermeira deve cuidar do binômio mãe/filho
funcionando como facilitadora da relação de apego.
A presença de familiares com as parturientes durante o trabalho de parto e o
parto.
O parto constitui um dos pontos fundamentais da vida psicossexual da
mulher. Assim, quando é vivenciado com dor, angústia, medo e isolamento
podem levar a distúrbios psicológicos, afetivos e emocionais. O acompanhante,
por ser uma pessoa de sua escolha, representa o suporte psíquico e emocional
da presença reconfortante, do contato físico, para dividir o medo e a ansiedade,
para somar forças, para estimular positivamente a parturiente nos momentos
mais difíceis durante o trabalho de parto. 1. Brasil. Ministério da Saúde. Parto,
aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília:
MS/FEBRASGO/ABENFO; 2001.
O acompanhamento da parturiente por mulheres que possam orientá-la nesse
momento, Doulas.
Estudos com primigestas acompanhadas por doulas apontam redução
do tempo em trabalho de parto, do uso de analgésicos, do número de fórceps e
cesarianas. O seguimento de puérperas revelou maior número de mulheres
amamentando, com mais auto-estima, menos depressão e maior interação com
seus filhos, quando comparadas com parturientes que não foram
acompanhadas por doula. (KLAUS,M, 1997)
)
A não separação imediata do recém-nascido de sua mãe,
31
O bebê deve ser deixado logo após o parto com sua mãe e permanecer
com ela durante toda a internação em um sistema chamado alojamento
conjunto. Toda a corrente de sinais e produção de hormônios é apenas um
campo fértil para a ligação mãe-bebê acontecer, é preciso que estejam
próximos para que a comunicação seja iniciada. Manter mãe e filho juntos, logo
após o nascimento e no período s-parto, inicia e estimula mecanismos
sensoriais, hormonais, fisiológicos, imunológicos e comportamentais, que
vincula os pais ao bebê. A mãe toca, olha nos olhos, fala com o bebê
(geralmente em tom agudo), se expressa com movimentos, respeita seu ritmo,
transmite através de seu leite anticorpos, exala cheiros que podem se
reconhecidos pelo bebê, e transmite calor. O bebê também conversa com ela;
faz contato olho a olho, seu choro provoca mudança fisiológica na mãe, elicia a
secreção de hormônios maternos (oxitocina), seu toque no seio provoca a
produção de prolactina, após 3 ou 4 dias pode ser reconhecido pelo seu cheiro,
emite “respostas” movimentando-se no ritmo da fala de seus pais. Os bebês
nascem com todos os sentidos aptos para serem ativados e é durante os
primeiros dias de vida que esta comunicação sensorial se estabelece.
Perspectiva de holding no pós-parto.
O pós-parto é uma incógnita para mães primigestas; muitos fantasmas
permeiam as fantasias das mulheres, desde um pós-parto extremamente
maravilhoso, até uma ameaça de desestruturação total do ego, dependendo de
sua história de vida, cultura e aceitação do papel materno. Mas se a família tem
uma atitude acolhedora e se prepara para ajudar, muitos destes fantasmas se
esvaecem e a segurança para enfrentar as mudanças na vida aumenta. Ao se
sentir cuidada nos primeiros momentos de retorno à vida familiar ela adquiri mais
potência para cuidar e o vinculo tem aí um campo fértil para se desenvolver.
Outro aspecto importante é a possibilidade de obter apoio dentro da
família para retomar as atividades profissionais, o que interfere no grau de
ansiedade com relação ao manejo da função materna em consonância com os
outros papéis que a mulher desempenha nos dias atuais. Em estudo qualitativo
realizado por Gonçalves, Pereira, Ohy, Leite, KiKuchi e Emílio (2006) concluem
32
que as relações no âmago da família têm sofrido mudanças de caráter
econômico, social e psicológico e as mulheres entrevistadas demonstraram
interesse em voltar ao mercado de trabalho o mais rápido possível, expressando
a necessidade de retomada da atividade profissional. As preocupações
apontadas o no sentindo da manutenção do padrão de vida e reinserção no
mercado de trabalho, pois o trabalho da mulher tornou-se atualmente importante
contribuição no orçamento familiar. O papel profissional também tem o caráter
de realização pessoal o que se torna importante fator para a manutenção de sua
auto-estima.
Histórico de holding por parte da família e companheiro durante a gestação.
Durante a gestação o vínculo materno fetal sofre interferências do
ambiente familiar, quanto melhor a grávida for acolhida pela família, melhor
poderá acolher seu bebê. Quando a família e o companheiro aceita aquela
gravidez, a gestante experimenta um cuidado que a prepara para cuidar do
filho. Durante a gestação, o estado regredido em que a mulher se encontra,
pede mais cuidados e atenção para que ela possa lidar com as intensas
transformações emocionais e corporais. Observa-se que os sintomas físicos
tornam-se mais intensos quando a família rejeita a gravidez ou quando o
companheiro está ausente ou expressa sua rejeição pela situação de ter um
filho.
33
CAPÍTULO 4.
TODO
34
Capítulo 4
MÉTODO
4.1. Tipo de estudo
Estudo descritivo sobre as manifestações de comportamento de vínculo
entre mãe e recém-nascido, baseado em observação do primeiro encontro da
mãe e do bebê após o parto normal.
4.2. Local
A pesquisa foi realizada no Amparo Maternal, instituição filantrópica,
situada na região centro-sul do Município de São Paulo, que se mantém com
recursos financeiros provenientes do Sistema Único de Saúde do Ministério da
Saúde (SUS), da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e doações
particulares.
O Amparo Maternal mantém um Serviço de Assistência Pré-Natal, uma
Maternidade, um Alojamento que acolhe mulheres grávidas em situação de
abandono e um Serviço de Atendimento Psicológico. Este último, denominado
“Projeto Cuidando de quem cuida”, é de caráter voluntário, cuja coordenação
está a cargo da pesquisadora. O Projeto, que existe desde 1999, inclui
intervenções nos Setores de Pré-Natal, Centro de Parto Normal, Puerpério e UTI
Neonatal. Atendimentos em grupos, aberto, fechado, de sala de espera;
atendimentos individuais e trabalhos interdisciplinares são dispositivos utilizados
pelos profissionais que participam do Projeto. No Amparo Maternal nasce por
ano uma média de 1300 bebês por ano, em 2006, ano da coleta de dados,
nasceram 12.943 bes
A Rotina de Atendimento à gestante que chega à Instituição,
supostamente em trabalho de parto, começa no Setor de Recepção, quando
35
ela é encaminhada para o Setor de Triagem, sendo imediatamente examinada
por um dos membros da equipe de médicos obstetras. Após o exame clínico,
se for constatado início ou franco trabalho de parto, a parturiente é
encaminhada para o Centro de Parto Normal. As mulheres que têm indicação
de cesariana são encaminhadas para o Centro Cirúrgico. Em caso de gravidez
de risco, ela é direcionada ao Hospital São Paulo, localizado na região. Em
situações onde não indícios de trabalho de parto, a mulher é instruída a
retornar à sua residência.
Após a admissão no Centro de Parto Normal, ela recebe um avental e é
encaminhada para uma das salas de pré-parto. Durante todo o trabalho de
parto, ela é assistida por uma equipe de enfermeiras obstetras e o parto é
realizado sem intervenções, denominado parto natural.
Algumas têm o acompanhamento de uma Doula (palavra de origem
grega que significa mulher que serve”), termo que denomina mulheres que
oferecem suporte físico e emocional durante a gestação, parto e pós-parto
(DUARTE 2005). No Amparo Maternal, a Doula faz parte do Serviço de
Voluntárias da Instituição, recebe treinamento técnico e tem a função de
acompanhar a parturiente, oferecendo apoio emocional e intervenções
facilitadoras do parto.
A parturiente pode ter um acompanhante durante o parto, podendo ser o
companheiro, marido, mãe ou qualquer pessoa de sua escolha. O parto é
realizado por enfermeiras obstetras em salas denominadas “PPP” (Pré-Parto-
Pós), todas com banheiros e chuveiro e não é ministrada anestesia, como parte
dos procedimentos do parto natural. duas banheiras de hidromassagem,
disponíveis para serem utilizadas durante o trabalho de parto.
Logo após o nascimento, o bebê é colocado no colo da mãe, se for
autorizado pelo pediatra, quando não houver necessidade de intervenção
imediata no recém-nascido. A puérpera ainda permanece algum tempo no
PPP, aguardando a saída da placenta e os procedimentos de sutura no
períneo, caso tenha sido feita a episiotomia, Após este procedimento ela
36
aguardará em uma maca para ser levada ao Puerpério, enfermaria onde as
mães permanecem durante a internação. Enquanto aguarda, poderá tomar um
lanche. Enquanto isto, o bebê permanece no Berçário, dentro do Centro de
Parto Normal. Após o parto, elas permanecem no Centro de Parto Normal, em
média, uma ou duas horas até serem levadas para os quartos. O be
geralmente é encaminhado para junto de sua mãe, no quarto, uma ou duas
horas após o nascimento. O bebê permanece em berço ao lado da cama de
sua mãe durante todo período de internação, procedimento denominado
Alojamento Conjunto. As enfermarias contêm, em sua maioria, dois leitos. Nos
casos de parto normal, o período de internação é de vinte e quatro horas, em
casos de cesariana, quarenta e oito horas.
4.3. Amostra
A Amostra é constituída por quarenta 40 puérperas, 22 de mulheres que
estão tendo o primeiro filho (primíparas Grupo A) e 18 daquelas que já
possuíam outro(s) filho(s) (multíparas – Grupo B ).
3.3.1. Critérios de inclusão:
Parto normal.
Bebê liberado para o Alojamento Conjunto.
Pai conhecido.
3.3.2. Critérios de exclusão:
Pai desconhecido.
Múltiplos pais.
Presença de indícios de doença mental grave, no primeiro contato
com a puérpera.
Presença de ocorrências patológicas no pós-parto.
37
4.4. Instrumentos.
4.4.1. Ficha de Identificação
A Ficha de Identificação é utilizada para identificar os dados sociais,
demográficos, situação familiar e ocorrências durante o trabalho de parto e
parto. (Anexo II).
4.4.2. Gravação em DVD.
Instrumento utilizado para registrar o momento de encontro mãe-bebê no
Puerpério.
4.4.3. Roteiro de observação das manifestações de comportamento de vínculo
mãe-bebê.
Para registro e análise dos dados obtidos nas gravações, foi utilizado um
Roteiro adaptado pela pesquisadora, com base nos Instrumentos propostos por
Funke, Irby (1978), Avant (1979) e Reiser (1981). (Anexo IV)
O instrumento permite o registro das manifestações de comportamento
da mãe, do bebê e da auxiliar de enfermagem, que entrega o bebê à mãe. O
Roteiro contém cinco categorias de manifestações do comportamento de
vínculo mãe-bebê:
1. Contato visual: direção ou ausência do contato visual e expressões que
o acompanham; tanto da mãe, quanto do bebê.
2. Tato: manifestações de toque da mãe no bebê, tipos de toque, ausência
e reações do bebê ao contato.
3. Vocalização: verbalizações e expressões sonoras da mãe e do bebê.
4. Audição: registro das reações da mãe ao choro do bebê.
38
5. Amamentação: registro dos movimentos expressivos da mãe e do bebê,
durante a amamentação, caso ocorra.
As manifestações de comportamento materno e do recém nascido foram
definidas previamente, utilizando as definições de Kimura (1993) explicitadas
abaixo.
Comportamento materno:
Contato face a face: a mãe posiciona seu rosto de modo que seus olhos
fiquem no mesmo plano vertical com os do bebê. Os olhos do bebê podem
ou não estar abertos.
Sorrir: a mãe apresenta os lábios distendidos, com as comissuras voltadas
para cima por alguns segundos, enquanto mantém o olhar voltado para o
bebê.
Caretas: a e modifica a expressão facial, contraindo os músculos da
face, tendendo estimular ou imitar a mímica facial do bebê, excluindo o
sorrir.
Beijar: a e coloca sua boca ou lábios em contato com qualquer parte do
corpo do recém nascido, mesmo sobre a roupa, podendo ou não emitir
sons.
Abraçar: a mãe envolve o recém nascido com os braços, mantendo contato
entre a parte anterior (ventral) do bebê com a parte anterior do seu corpo
posição ventre a ventre. A mãe pode estar segurando ou apoiando o bebê.
Tocar: contato da mão ou dedo da mãe com a pele ou roupa do recém
nascido, sem apresentar movimentos da mão ou dedo.
Segurar: a mãe sustenta o bebê nos braços ou mãos, podendo estar em
qualquer posição.
Apoiar: a mãe sustenta a cabeça ou parte do corpo do bebê em um dos
braços, mantendo-o sobre suas pernas.
39
Acariciar: a mãe mantém contato da mão ou dedo com a roupa ou pele do
bebê, realizando movimentos de deslizamento, podendo repeti-los quantas
vezes achar necessário.
Embalar: a mãe segura ou apóia o bebê realizando movimentos repetidos e
cadenciados de um lado para o outro ou para frente e para traz.
Dar pancadinhas: bater levemente com a palma e dedos das mãos em
alguma parte do corpo do bebê.
Comportamento do recém nascido:
Contato olho a olho: o bebê dirige o olhar para os olhos maternos; a mãe
deve estar em posição face a face.
Sorriso reflexo: o bebê apresenta os lábios distendidos com os cantos
voltados para cima, independentemente da direção do olhar do bebê e da
mãe.
Estado de sono: o bebê mantém os olhos fechados e os estímulos externos
não provocam respostas e nem a sucção.
Sonolência: os olhos podem estar abertos ou fechados, ou alternados, a
atividade motora é variável, reativo a estímulos externos, por vezes
demorados.
Vigil: os olhos estão abertos, atentos, rosto imóvel, respiração regular.
Alerta: o bebê mantém os olhos abertos, parece concentrar-se nos
estímulos externos, responde imediatamente a estímulos adicionais;
atividade motora generalizada.
Agitação: o bebê apresenta atividade motora intensa com movimentos de
extremidades impulsivos, alguns “sustos espontâneos”, reativos a
estimulação externa, pode ou não estar chorando.
40
Os comportamentos das auxiliares de enfermagem são registrados segundo as
categorias:
Coloca o bebê no berço.
Coloca o bebê no colo.
Vocalização: Dê o seio.
Não fala nada.
Para análise das manifestações, os comportamentos maternos foram
classificados em quatro dimensões com base nos estudos de Hales e al.(1977),
Pedro (1985) e Norr, Roberts; Freese (1989):
Manifestação de afetividade;
Manifestação de proximidade;
Manifestação de cuidados com o recém nascido;
Manifestação de atenção materna.
Manifestação de dificuldades.
Na dimensão da afetividade, são considerados os comportamentos de
beijar, sorrir, vocalizar, olhar para o bebê, posição face a face, caretas, tocar,
acariciar, cheirar e embalar, apresentadas pela mãe em interação com o bebê.
Em proximidade estão todos os comportamentos maternos que incluem
contato físico e o modo como a mãe pega o bebê no colo.
Na dimensão cuidados com o recém nascido, estão manifestações que a
mãe utiliza para estimular o bebê a mamar, cuidar da higiene, cobrir, ajeitar a
roupa, mudar a posição do bebê e atender ao choro.
Atenção materna compreende as manifestações verbais maternas
dirigidas às pessoas próximas ou presentes no momento da observação.
Na dimensão Dificuldades estão todas as manifestações de
afastamento, vocalizações de caráter negativo, expressões faciais de
41
descontentamento e irritação, assim como as posturas tensas e rígidas ao
fazer contato com o bebê.
1. Afetividade
o Mãe estabelece contato face a face com o bebê.
o Mãe olha para a face do bebê.
o Mãe olha para o bebê, não para a face.
o Mãe concentra o olhar no bebê ou na sucção a maior parte do
tempo.
o Mãe sorri para o bebê
o Mãe faz caretas para o bebê ou para o ambiente.
o Mãe chora emocionada.
o Mãe cheira o bebê
o Mãe beija o bebê.
o Mãe toca o bebê com aponta dos dedos.
o Mãe toca o bebê com a palma da mão.
o Acaricia
o Dá pancadinhas.
o Mãe fala com o bebê acalmando ou brincando.
o Canta para o bebê
o Chama o bebê pelo nome
o Chama o bebê de ele ou ela
o Conversa
2.Proximidade
o Mãe segura o bebê com os braços.
o Embala.
o Segura o bebê no antebraço próximo ao corpo.
3.Atenção materna
o Mãe desvia o olhar para o ambiente até três vezes a cada cinco
minutos.
o Mãe mantém o olhar para o ambiente a maior parte do tempo.
4.Cuidados com o recém nascido
o Mãe interrompe e recomeça a amamentação
o Mãe força a sucção através dos movimentos da cabeça.
o Interrupção da amamentação
o Muda a posição para conforto.
o Muda a posição do bebê para amamentar.
5. Dificuldades
42
o Mãe com expressão de indiferença.
o Mãe com expressão de aborrecimento.
o Mãe não olha para o bebê
o Retraída e contraída
o Postura rígida e tensa.
o Mantém o bebê distante do corpo
o Toque áspero.
o Ordens
o Crítica
o Coisa ou objeto
o Mãe fala criticando ou desaprovando
o Irritação.
Repostas indicativas de distanciamento do bebê ou desaprovação,
rejeição e afastamento.
Para a análise do comportamento do recém nascido, as manifestações
foram classificadas em:
Respostas ao toque,
Comportamentos paraverbais,
Padrões de sucção
Estados de vigília e sono.
4.4.4. Entrevista clínica semidirigida. (ANEXO IV)
A descrição da experiência materna foi obtida em Entrevista Clínica
semidirigida.
Os tópicos abordados na Entrevista foram:
Evolução da gestação
Parto
Experiência do encontro com o bebê
Volta para casa
Os dados sobre a experiência materna, coletados na entrevista, estão
agrupados no programa SPAD.
43
4.5. Procedimentos:
A coleta dos dados foi realizada pela pesquisadora.
O contato com a puérpera foi efetuado na Enfermaria no Setor do
Puerpério, ocasião em que foi esclarecida sobre os procedimentos da pesquisa
e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A Ficha de Identificação foi preenchida, baseada em consulta ao
Registro Hospitalar (RH). Optou-se por recolher estes dados através do RH,
para que a mulher não seja incomodada no período do pós-parto imediato com
questões objetivas. Retirar a mãe de sua introspecção neste período tende a
alterar a produção do hormônio oxitocina (ODENT, 2000).
As gravações em DVD foram realizadas por uma estagiária de
Psicologia e Cinegrafista, conforme a conveniência da pesquisadora, em
plantões realizados no período de 11/03/2006 a 4/07/2006, na freqüência
média de três vezes por semana.
A entrevista clínica semidirigida foi realizada, após a gravação da
interação e-bebê. O papel desempenhado pela pesquisadora foi
interveniente. Optou-se por este procedimento, com a finalidade de oferecer
um ambiente acolhedor e responder à demanda de escuta, facilitando a
confiança na percepção, a descoberta do saber interior e a auto-regulação.
O Protocolo “Roteiro das manifestações de comportamento de vínculo
mãe-bebê” foi preenchido, através da observação das gravações em DVD.
A atitude da auxiliar de enfermagem é registrada no momento da
entrega do bebê à mãe.
44
As puérperas receberam através do correio, em sua residência, um DVD
com o registro do encontro e uma fotografia do momento de interação com seu
bebê, retirada da gravação.
4.6. Cuidados Éticos
4.6.1. Aprovação pelo Comitê de Ética da PUC São Paulo. (Anexo VI)
4.6.2. Autorização da Instituição Amparo Maternal. (Anexo V)
4.6.3. Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. (Anexo I)
45
CAPÍTULO 5. RESULTADOS E DISCUSS
ÃO
46
Capítulo 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados foram agrupados, considerando a freqüência absoluta e
percentual. São apresentados em tabelas, gráficos, ilustrações e na forma
descritiva.
Os dados de Identificação foram utilizados para caracterização da
população de estudo segundo faixa etária, primiparidade e multiparidade,
planejamento da gestação e sexo do bebê.
Os resultados e a discussão são apresentados nos seguintes tópicos:
5.1Caracterizações da população
5.2 Dados sobre a experiência materna
5.3 Dados sobre as manifestações de comportamento de vínculo
5.4 Discussão dos dados
5.1. Caracterização da População
Para a caracterização das puérperas foram considerados os dados referentes
à idade, escolaridade, paridade, planejamento da gestação e sexo do bebê.
Os gráficos e Tabelas apresentados a seguir retratam aos dados das
quarenta mães deste estudo.
A distribuição das puérperas, segundo faixa etária está apresentada na
Tabela que se segue:
47
Tabela 1 - Distribuição da População segundo faixa etária
DiDistDiDissstribuição Distribui
1
2,5
2,5
2,5
1
2,5
2,5
5,0
1
2,5
2,5
7,5
4
10,0
10,0
17,5
5
12,5
12,5
30,0
1
2,5
2,5
32,5
4
10,0
10,0
42,5
2
5,0
5,0
47,5
2
5,0
5,0
52,5
1
2,5
2,5
55,0
4
10,0
10,0
65,0
1
2,5
2,5
67,5
1
2,5
2,5
70,0
2
5,0
5,0
75,0
2
5,0
5,0
80,0
3
7,5
7,5
87,5
1
2,5
2,5
90,0
2
5,0
5,0
95,0
1
2,5
2,5
97,5
1
2,5
2,5
100,0
40
100,0
100,0
14
15
16
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
32
34
35
40
Total
Valores
Frequência
Percentual
Percentual
Válido
Percentual
cumulativo
48
Gráfico 1- Distribuição da População segundo a Faixa Etária
Distribuição da População segundo Faixa Etária
30%
20%
50%
14 a 19anos
19 a 29
anos
30 a 40
anos
A maior parte da população estudada é composta de mães jovens,
com idade inferior a 30 anos, sendo 30% delas adolescentes, quase o índice
de mães adolescentes na região do nordeste brasileiro no ano de 2006 (29%).
Consideramos os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo
o qual, a adolescência inicia-se aos 10 anos e termina aos 20 anos completos
de vida. Metade da população está na faixa dos 20 aos 29 anos de idade,
juventude segundo a OMS. O Amparo Maternal realizou em 2006 xxxx partos
, sendo 30.64% cujas mães são adolescentes e 50,04 de mães jovens. A
49
amostra estudada é representativa da população atendida no Amparo Maternal
com relação à faixa etária, se comparamos com os índices de gestantes
atendidas na Instituição em 2006, apresentados na 30,64% adolescentes
O Gráfico apresentado a seguir mostra a distribuição das puérperas com
relação ao número de parto, nas categorias primiparidade e multiparidade.
Gráfico 2 – Distribuição das puérperas quanto à paridade
Gráfico 2 - Distribuição das puérperas quanto á paridade
45%
55%
multiparas
primíparas
Quanto ao nero do recém nascido, 52,5% são do sexo feminino e
47,5% masculino, permitindo a análise das manifestações de comportamento
associadas ao sexo do bebê. (Tabela IV)
Tabela 2 - Sexo do bebê
Sexo
19 47,5 47,5 47,5
21 52,5 52,5 100,0
40 100,0 100,0
masculino
feminino
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulative
Percent
50
Gráfico 3 - Distribuição das puérperas com relação ao planejamento da
gestação.
1. Gestações planejadas
2. Gestações acidentais
5. 2. Dados sobre a experiência materna
Os dados encontrados acerca da experiência materna são apresentados
em quatro temas: as emoções e o holding durante a gestação, a dor e o
holding no parto, o encontro com o bebê e perspectivas de holding no pós-
parto.
5.2.1. As emoções e o holding durante a gestação
O primeiro aspecto encontrado é o relato das emoções e dos sintomas
físicos sempre acompanhados de adjetivos superlativos absolutos indicando
Planejamento da gestação
65
%
35
%
1
2
51
que as experiências psicorporais são experimentadas durante esta fase como
intensas e supervalorizadas, como observa-se em alguns recortes:
- No final da gravidez estava muito aflita.
- ... Durante a gravidez eu tinha muito medo de dar alguma coisa errada,
muito medo mesmo!
- Na ultima semana de gravidez fiquei muito ansiosa e não conseguia
dormir
- Fiquei muito deprimida
- Na ultima semana de gravidez fiquei muito ansiosa e não conseguia
dormir
- Fiquei muito feliz
- Tive muito medo
- Foi muito difícil
- Até os seis meses fiquei muito desanimada
- Fiquei muito aflita no começo
- Durante a gravidez fiquei muito nervosa e irritada
- Foi uma gravidez muito legal
- No final da gravidez eu não ficava muito ansiosa.
- A gravidez foi muito boa
Junto com o relato da intensidade das emoções durante a gestação,
encontramos nas falas das mães indicativos da importância da existência de
Holding durante este período. A maior parte da amostra (72,5%) relata nas
entrevistas que obteve holding durante a gestação, apontando a importância
destes cuidados. Uma parte da amostra (28,5%%) relata não ter recebido
holding. Algumas colocações exemplificam uma questão que permeia a
gravidez “fora de hora” com relação a família de origem.
- Meu marido vai fazer quarenta anos e está muito contente. a avo esta
babando.
- A família aceitou numa boa, meu companheiro também! .
52
- Eu gosto muito do meu marido; ele e muito carinhoso, tudo que eu
quero, ele me dá. Fiquei morando na casa da minha mãe, eu e meu
marido, porque ele ficava com medo de eu ficar sozinha.
- No começo a família não gostou muito, mas depois acabaram
gostando. - Minha mãe e que ficou mais brava que o meu pai!
- Foi planejado e muito esperado por todos!
- A família ficou super feliz.
- ... E ele foi muito desejado pela família toda
- Meu marido gostou muito, pra ele tanto faz ser homem ou mulher.
fiquei muito aflita no começo!
- Meu marido e bem legal, ele adorou tudo!
- Todo mundo esta aguardando com muita alegria a chegada dela.
- Minha mãe queria que eu casasse de véu e grinalda, mas não
pressionou, ela entendeu a situação. tenho uma boa relação com ela.
- O pai e um amor, tava mais ansioso que eu,.o pai queria uma menina,
mas o nene foi super desejado por todos
- Tive depressão no começo. Meu pai não aceitava. Quando meu
namorado ficou sabendo, disse que ia assumir a menina.
- Minha mãe amou a gravidez, um pouquinho é corujisse ...o meu marido
também é coruja.
- Quando eu soube da gravidez, a família toda fez festa, todo mundo está babando
- O Paulinho (marido) esta muito feliz.
- Meu namorado sumiu, fiquei chateada, mas o apoio da família me
ajudou, - - o resto é secundário.
- Tenho o Anderson de quinze anos e a Josiane de 13. eles estão
contentes, vão me ajudar muito, todo mundo torceu muito
- Meu marido queria mais do que eu e foi muito legal comigo gestação
- Meu marido aceitou logo, bem diferente de mim e isso me ajudou
bastante
- Minha madrasta me ajudou muito! Meu marido ficou feliz desde o
começo
- A gravidez foi planejada há três anos e esta sendo muito esperado este
nenê por toda a família
53
- A gente quis muito engravidar e o maridão também. Ele já tem um filho,
com 13 anos. Eu me dou muito bem com ele!
- Meu marido se da muito bem com a minha família. A mãe dele morreu
de ciúmes dele, não queria que a gente casasse agora ela aceita. Meu
pai chama ele de filho.
- Durante a gestação passei muito bem, foi ótima, não tive nenhum
problema. a família ficou muito contente.
- Foi planejado, meu marido e quem mais queria, mais que eu e no
fundo eu não queria os avos adoraram!
- A família ta aceitando legal, e muito querido esse nenê.
- Meu marido ficou muito contente
Uma parte da amostra (28,5%%) relata não ter recebido holding. Fazem
parte destes recortes a rejeição pior parte do marido ou namorado, da própria
família de origem, da família do namorado e a situação econômica precária.
Algumas colocações exemplificam uma questão que permeia a gravidez “fora
de hora” com relação à família de origem.
- A família dele não gosta muito de mim. Estamos brigados desde o
carnaval e eu não sei se eu gosto mesmo dele. Não sei se ele vai me
ajudar, mas eu não estou nem ai.
- A gravidez aconteceu! Foi um acidente! Pensei logo na minha mãe
falando: “quem vai olhar esse menino?” a minha filha mora com a minha
mãe na Bahia, então já viu né!
- No começo ela ficou muito brava. ... A mãe não falou nada. Fui
pegando as coisas pra ir embora. Meu pai nem ligou quando me viu indo
embora. Não gostou. Eu assumi meu erro. Minha mãe acha que e um
erro. Ele (o marido) entrou em depressão com sete meses de gravidez.
- Minha mãe e meio pancada ela e muito pirada. Não deu pra contar
muito com ela.
- No começo meu marido também não aceitou, levou meses para
aceitar.
54
- Eu nunca tive muita amizade com meu pai, nunca demonstrou carinho.
Quando ele soube, brigamos, eu sai de casa chorando e fui pra casa do
meu namorado. Minha mãe sofreu
- Quando a família dele soube da gravidez, rejeitou, foi um impacto! O
pai dela (o bebê) é malandro.
- A família pirou! Não gostou
- Tudo que as pessoas me falavam, eu me ofendia , fiquei muito mal
com a família! Fiquei muito deprimida. Hiperemese perda anterior
- A gestação foi complicada porque a família dele não gosta de mim,
parece né! Eu não tive muito apoio deles e sabe... Tive que conviver
moro junto com eles!
- A família do pai não queria aceitar. No começo da gravidez foi duro. O
pai tem 17 anos e não trabalha. Os pais dele ajudam financeiramente e
acharam a maior irresponsabilidade ter um filho nestas condições.
Durante um bom tempo fiquei muito deprimida, muito triste. Minha mãe
também não aceitou, era um exercito contra mim, todo mundo contra!
5.2.2. A dor e o holding no parto
O parto é experimentado por grande parte das parturientes como uma
experiência de dor, a maior parte relata a dor como uma vivência difícil do
parto, grande parte delas primíparas, as multíparas relatam a intensidade da
dor, mas em menor grau. Todas as mães referem-se ao parto em sua maioria
relatando algum valor acerca da dor, a maior parte da amostra relata o trabalho
de parto como uma experiência dolorosa e intensa, o parto como alívio ou
indolor e uma pequena porcentagem refere-se ao parto como uma vivência
menos dolorida em geral relacionando-o a outros nascimentos anteriores.
- Dói muito As contrações foram muito doloridas e eu me senti muito
cansada
- O trabalho de parto foi horrível.
- Foi bom!
- Senti muita dor no parto
- Não reclamei da dor
55
- Muita dor.
- Tudo que eu sofri no parto pra ganhar ela.
- Com muita dor.
- Sai a dor que você sentiu a sensação é maravilhosa. O parto foi muito
dolorido. Senti aquela dor forte de que todo mundo fala
- Ai que dor. As dores foram difíceis
- Eu jantei ontem e quando foi meia noite comecei a sentir dor de barriga.
Dor muito forte. A dor é muito forte. No parto foi uma emoção tão grande
- Eu me senti mais forte sozinha.
- Eu queria que a dor passasse Completei nove meses e comecei a
sentir dor.
- Na sexta tava com dor de novo. De sexta pra sábado senti muita dor
- O parto foi um sucesso
- Eu sofri muito no paro. O parto foi muito longo. É uma dor.
- O parto foi rápido. Não senti dor
- Tive menos dor que dos outros partos.
- Mas senti muita dor
- No parto sofri muito.
- O parto foi muito bom, não sofri muito.
O
parto foi bom, tranqüilo.
- Dói, mas passa
- O parto foi bom, rápido, nasceu no banheiro. A bolsa estourou uma hora
da madrugada e as contrações ficaram fortes depois das sete horas.
- O parto foi muito ruim.
- Este parto foi mais rápido do quem o primeiro O parto foi rápido.
- Este parto foi diferente dos outros
Em 11 dos quarenta relatos a colocação com relação á dor é positiva,
muitas vezes comparando com partos anteriores. Das 22 primigestas uma
delas não colocou a dor como uma dificuldade no parto, 95,46% aponta a dor
do parto como muito intensa. Das 18 mães multíparas, 10 (55%) não
colocaram a dor como uma dificuldade no parto, 45% apontou a sensação de
dor no parto como uma experiência intensa.
56
A presença do companheiro, da mãe ou de uma doula como importantes
no sentido de oferecer suporte emocional durante o parto é colocado pela
maior parte da amostra, na maior parte dos relatos explicitando que o holding
foi muito importante. Alguns recortes das falas das mães indicam a importância
desta presença acolhedora no enfrentamento da dor:
- Minha mãe acompanhou o parto
- Minha mãe chorou também
- Minha mãe veio comigo
- Minha mãe ficou comigo no parto
- Mas tive calma porque minha mãe estava lá comigo
- Acompanhada pela minha mãe
- Quando a gente tem filho sente falta da mãe
- Minha mãe esteve no parto
- A mãe em primeiro lugar sinto falta dela queria que ela
- A minha mãe me trouxe e ficou no parto
- Ser mãe agora é diferente quando você já é mãe
- Vim para a maternidade com meu tio e minha mãe
- Eu fui a única mãe que o marido não ficou
5.2.3. A Experiência do encontro
A experiência do encontro com o bebê é descrita como muito positiva
em quase todas as falas das mães aparece A experiência aparece como muito
prazerosa e gratificante. Estar próxima ao filho, tê-lo nos braços aparece em
todos os relatos. Recortes destas falas expressam a intensidade do encontro:
- Estou me sentindo bem muito Mas muito bem. Estou achando este
encontro uma maravilha
57
- Estou bem agora que ela esta comigo
- Eu estou me sentindo muito, muito feliz
- Muito gratificante estar agora com ela
- Estou achando muito bom tudo isso
- Muito boa a sensação agora. Muito boa mesmo
- Mas foi muito rápido. Estou muito feliz.
- Estou muito feliz,
- Eu estou muito feliz Não tem sensação mais gostosa no mundo
- Este encontro agora to achando maravilhoso
- Foi bom encontrar o bebê. Eu estou be
m graças a Deus
- Quando o bebê ta aqui nos braços da gente é mais amoroso do que
quando está na barriga
- Estou muito feliz com meu filhinho Eu adoro amamentar e é muito bom
poder curtir isso agora depois de tant
o tempo
- Estou me sentindo a mulher mais feliz do mundo
- Eu estou muito feliz com meu filho homem Este encontro esta sendo
muito bom
- Este encontro está sendo uma maravilha
- Eu estava muito ansiosa. Estou muito feliz de ter o bebê nos braços
agora
- Estou muito feliz de ter o bebe nos braços
- Estou achando maravilhoso tudo isso aqui. Estar com ela nos braços e
maravilhoso!
- Eu gosto muito de ser mãe
- Ta muito gostoso
Sentimentos ambivalentes estão presentes em algumas falas;
insegurança e sensações de estranhamento são expressões comuns ao lado
de manifestações de prazer e alegria.
- Eu estou muito feliz. Dá um pouquinho de tristeza. Estou amando o
encontro
Estou insegura, mas feliz.
58
- É uma coisa minha. A sensação é gostosa e única. A sensação de ser
mãe é maravilhosa
- Eu estou me sentindo estranha.
A mãe completamente identificada com o bebê expressa-se assim:
- É maravilhoso estar com ela agora eu queria minha mãe agora.
5.2.4. Perspectiva de holding no pós-parto
Todos os relatos referentes ao pós-parto apontam para a importância da
existência de um suporte familiar e a sensação de segurança que esta
perspectiva ou para a preocupação com a falta de holding para enfrentar este
período. A maior parte da amostra (70%) faz relatos indicativos da existência
de holding durante o puerpério, 30% das falas indicam dificuldades no
puerpério com relação ao holding.
- Quando for para casa, minha irmã vai me ajudar. Quero recomeçar os
estudos e recomeçar minha vida.
- Quando eu chegar em casa, vai ta assim cheio de gente. Moro com
minha mãe, vou tirar licença, ela vai ajudar. Não vejo a hora de ir pra
casa, quero minha cama.
- Quando eu voltar pra casa acho que vai ser tranqüilo. Meu marido vai
ajudar. - Não pretendo pedir ajuda da sogra, não quero depender de
ninguém. Minha mãe vai fazer comida pra mim.
- Meu marido vai ajudar bastante!To tranqüila!
- Acho que vou continuar como sempre vivi; que vou dar mais atenção
pra ela. Moro em quintal de família, primos, cunhadas, minha mãe vai
ajudar... - - - - Vou me dedicar só pra ela.
- Minha mãe, a sogra e a cunhada. vou parar de trabalhar e ficar um ano
com meu bebe.
- Em casa vou ter ajuda de minha tia e da minha irmã. Conto bastante
com a minha família.
- Quando eu voltar pra casa, meu marido e minha vizinha vão me ajudar
59
- Quando eu for pra casa, minha mãe vai ajudar... muito!Vai me apoiar
muito
- Minha mãe vai me ensinar a cuidar dela; eu não sei nem o que fazer!
Nos vamos ficar uns três meses na casa dela, e ai vou ficar bem, vou
aprender a cuidar com ela. Todo mundo vai ajudar. O marido, a mãe, o pai
do marido!
- Muita gente vai ajudar, minha mãe, minha irmã, eu quero minha cama,
minha casa, minha comida, sabe como e?! Como o ET: “minha casa”
- Em casa o Paulinho vai pagar uma menina para me ajudar, mas minha
mãe vem de Itanhaém para ficar comigo e vai ser bom.
- Não sei como vai ser quando voltar para casa, mas minhas irmãs vão me
ajudar. Tenho quatro irmãs e três irmãos que moram comigo e todos o
dar uma forca!
- Ah em casa, não to preocupada não, minha mãe e minha irmã vão
ajudar!
- Eu gosto de fazer as coisas sozinha, vou ficar na minha casa e vou me
virar. Moro distante da minha família. To com saudades do meu filhão
Jonatan, ele vai me ajudar muito!
- Em casa minha mãe vai ajudar, tirou ate ferias. O irmãozinho está
ansioso para ver o Mateus, foi bem preparado e está muito amoroso. Vai
ser o paizao.
- Em casa minha mãe vai me ajudar, minha sogra, uma irmã e duas
cunhadas, mas um bebe quando está do seu lado e o está cagado,
mijado, mamado; ele não da trabalho, dorme bem. O Gustavo (três anos)
que vai ficar com ciúmes. Vou ficar dividida. Ele vai ficar triste quando eu
amamentar a nenê. Ele não mamou, ela com certeza eu vou amamentar.
- Quando eu voltar, quem vai ajudar e minha mãe, eu moro em cima da
casa dela, então ta tudo bem, estou tranqüila!
- O pai e um babão adora crianças, umbigo e banho o tarefas dele, e
com ele mesmo, ninguém pode chegar perto! Meu marido vai me ajudar
quando voltar pra casa. Vou ficar em casa ate ele fazer quatro ou cinco
meses, depois vou trabalhar e colocar uma menina para me ajudar e olhar
ele.
60
- Em casa, minha mãe e irmãs vão ajudar. Todo mundo estava ansioso
para ela nascer logo!
- Em casa: não faço a mínima idéia como vai ser quando chegar em casa.
Quem vai me ajudar é minha sogra, muito! Tem que chamar a super
nanny!!!
- Em casa minha mãe vai ajudar, eu moro em cima da casa dela.
- Em casa vou ter ajuda de minha irmã.
- Bom. Em casa, minha mãe vai ficar quinze ou vinte dias, são os mais
importantes; o resto eu posso me virar sozinha.
- Em casa vou ter ajuda da sogra, tenho um bom relacionamento com ela,
sempre que ganho nenê ela vem me ajudar, ela gosta muito desta fase e
me da à maior mão!Quero trabalhar depois que ela desmamar!
- Quando eu for para casa, minha mãe vai ficar comigo e me ajudar por
um mês. Depois que ela for embora, eu não sei como vai ser... Depois vou
colocar na creche, eu vou levar e meu marido vai buscar.
- Em casa, vai ser fogo, vão ser três meninos... Eu vou me dar bem! Minha
mãe vai ajudar minha madrasta também, quero dormir comer bem, quero
minha casa e meus meninos, que eu já to com saudades!
Os seguintes recortes da experiência materna indicam ausência de
holding no pós-parto:
- não sei como vai ser quando voltar pra casa,... Ha. Minha mãe vai
ajudar, vai ficar um mês comigo. E eu não sei se é suficiente!
- morro de vontade de voltar a estudar; quero ser alguém na vida. Parei de
estudar por causa do namoro, me arrependi! Mas eh maravilhoso.... Em
casa, sabe to perdida!
- Estou preocupada com a volta pra casa, minha mãe trabalha e não pode
ficar comigo... a família dele não vai com a minha cara!
- Meu marido trabalha de noite e vai ficar com o nenê para eu trabalhar,
sou caixa de loja. Minha mãe também vai ajudar a ficar com ela de vez em
quando... Vou me virar como dá, vai ser difícil!
61
- Em casa, minha mãe vem me ajudar e me ensinar também. Não sei
quanto tempo ela vai ficar, mas acho que quero que fique pra sempre!!!Tô
com medo
- Quando eu voltar pra casa... Quem vai me ajudar e a vó dele. Eu não sei
a reação das pessoas... Estou aflita... será que vão gostar?...Vizinhos,
cunhados vão querer pegar!
- Quando eu voltar para casa, vou ter ajuda do meu marido, das pessoas
de boa vontade....sabe deus!
- Quando eu for para casa, minha mãe vai ficar comigo e me ajudar por
um mês. - - - Depois que ela for embora, eu não sei como vai ser...
- A família dele chama minha filha de magrela. Estou com medo que eles
não gostem dele, to torcendo pra gostarem. “cegue esse povo deus”
espero que gostem dele. Em casa: eu moro em cima da casa da minha
sogra, minha mãe vai me ajudar, vai ficar comigo três meses. ninguém
gosta da minha mãe.
- Estou preocupada com meu filho, sabe, dependendo financeiramente do
sogro, com filho de outro casamento! O Everton, meu marido, brinca
bastante com ele, tem uma boa ligação com ele, pelo menos isso! Mas
ajuda mesmo não vou ter!
- Meus parentes moram distante, são todos do nordeste, não tem ninguém
pra ajudar. Meu marido pediu uns dias de folga para me ajudar e cuidar do
menino.
- Estou muito preocupada com minha filha, sabe... Com os ciúmes!
Dos quatro temas abordados nas entrevistas semidirigida, a experiência
do parto e a experiência do encontro não apresentaram diferenças
significativas nas vivências com relação aos pontos abordados e com relação
ao holding,
Com relação ao parto a maioria dos relatos indica a sensação de dor
como uma vivência intensa e o holding vivenciado no parto como essenciais
para amenizar a ansiedade e o medo. Quando pelo acompanhamento do parto
pelo companheiro ou por uma doula,
62
Quanto a experiência do encontro com o be todas as mães
manifestaram nos relatos aspectos positivos, expressando a forte emoção
desta vivência.
Com relação aos temas: vivência da gestação e a perspectiva no s-
parto, obtivemos relatos significativamente heterogêneos abordando o holding
nestas duas situações.
5.3. Dados sobre as manifestações de comportamento da mãe,
indicadores de interão mãe e filho.
A Amostra recebeu o tratamento estatístico de homogeneidade
(correlação de Pearson) e as mães foram agrupadas em três grupos
heterogêneos com relação aos comportamentos de vínculo, de acordo com
cada dimensão. A análise dos grupos com relação à faixa etária constatou
homogeneidade entre eles. A escolha do nome de cada grupo se fez em
função da dimensão em que o mesmo obteve a maior média.
Tabela 3 – Grupos de mães de acordo com os comportamentos e
vínculo
16
404
404
4ppp
p0,0
13
32,5
11
27,5
40
100,0
Atenção
materna
Afetos
Proximidade
Total
Frequência
Percentual
Grupos de mães de acordo co
m os comportamentos de vínculo
63
Gráfico 4 - Distribuição da Amostra em grupos de acordo com a
homogeneidade dos comportamentos intra grupo
0,26
0,23
0,44
0,05
0,47
0,58
0,10
0,41
0,20
0,35
0,49
0,03
0,82
0,25
0,23
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
médias
Atenção materna Afetos Proximidade
grupos
Afetuosidade Dificuldades Proximdade Cuidados com o recém nascido Atenção materna
As mães foram distribuídas em três grupos, que se comportam de
maneira semelhante intra-grupo e heterogênea entre eles, de acordo com as
médias em cada dimensão. Estão no grupo de atenção materna 40% das
mães, no grupo dos afetos, 32,5% e no grupo de proximidade 27,5%.
Grupo de atenção materna
64
O Grupo de atenção materna caracteriza-se por ter mais necessidade da
atenção do ambiente, poucas manifestações de afetuosidade, quase não
manifesta ações de cuidado com o recém nascido e o índice mais alto de
dificuldades em relação aos outros grupos. Com relação à proximidade tem
uma média semelhante ao grupo dos afetos e menor do que a média desta
dimensão no grupo da proximidade. Faz parte deste grupo 40% da amostra, 16
duplas e bebê de meros: 1, 3, 4,6, 7, 11, 13, 16, 18, 24, 26, 28, 30, 33,
37, 38. Os bebês Grupo de atenção materna
Grupo dos afetos
Caracteriza-se por ter o índice mais alto de manifestações de
afetuosidade e poucas dificuldades. Em relação ao grupo de atenção materna,
apresenta mais cuidados com o recém nascido e índice semelhante de
manifestações de proximidade. Com relação à necessidade de atenção
materna, tem um índice menor do que o grupo de proximidade e maior que o
grupo de atenção materna. Faz parte deste grupo 32,5% da Amostra, 13
duplas mãe bebê de números: 2, 5, 8, 9, 10, 17, 19, 20, 27, 34, 36, 39, 40. A
maior parte das mães, 96%%, contam com holding no pós-parto.
Grupo de proximidade
Entre os três grupos de mães, este apresenta o maior índice de
proximidade (0,8), e um índice bem próximo a zero de dificuldades. Com
relação à necessidade de atenção materna tem índice baixo (0,2) O grupo
apresenta mais manifestações de afetuosidade do que o grupo de atenção
materna e menos do que o grupo dos afetos. Tem o maior índice de cuidados
com o recém nascido. Faz parte deste grupo 27,5% da amostra, 11 mães de
números 12, 14,15, 21, 22, 23, 25, 29, 31, 32,35. Os bebês deste grupo
apresentam uma correlação significativa de respostas ao toque e os cuidados
dispensados a ele. Estes bebês também manifestaram comportamentos
paraverbais em correlação alta com os cuidados que recebeu. Isto significa que
95% das integrantes deste grupo têm a perspectiva de holding no retorno a sua
casa durante o pós-parto
65
No gráfico abaixo as mães estão distribuídas conforme sua posição em
relação às dimensões de comportamentos de vínculo.
Gráfico 5 - Distribuição da posição de cada mãe nos Grupos em relação às
dimensões.
Os resultados foram tratados por uma análise fatorial e encontramos
uma grande correlação entre as variáveis cuidados com o recém nascido e
proximidade. Atenção materna e dificuldades também estão correlacionadas
conforme gráfico abaixo.
66
Gráfico 6 - Correlação entre as Dimensões de comportamentos de vínculo.
Foi aplicado o coeficiente de produto momento de correlação Pearson (r
de Pearson) que indicou a relação entre os comportamentos das mães e dos
bebês e as correlações entre os comportamentos diferentes do grupo de mães
e do grupo de bebês
Dados sobre as respostas dos bebês
Obtivemos um grau significativo de relação entre as mães com índice
alto de afetuosidade e as respostas que os bebês apresentaram. (+0,476) Grau
significativo de correlação entre as variáveis cuidados com o recém nascido e
67
os comportamentos paraverbais do recém nascido (0,429). Os cuidados com o
bebê também se relacionam significativamente seus estados de vigília e sono.
5.4. Discussão
O holding tanto é o fundamento da interação mãe bebê como parece ter
a função de promovê-lo quando a mãe o tem assegurado do ambiente familiar.
Os cuidados que a mãe recebe durante a gestação e a perspectiva de
cuidados no pós-parto têm a função de oferecer o continente necessário para
que durante a gestação a mulher possa ir desenvolvendo o vínculo materno
fetal, através do contato sensorial com o feto. O fundamento para que o
primeiro aconteça. As experiências do parto e do encontro com o bebê não
apresentaram diferenças significativas nas vivências com relação aos pontos
abordados e com relação ao holding.
Com relação ao parto a maioria dos relatos indica a sensação de dor
como uma vivência intensa e o holding vivenciado no parto como essenciais
para amenizar a ansiedade e o medo,
Quanto à experiência do encontro com o be todas as mães
manifestaram nos relatos aspectos positivos, expressando a intensidade de
emoção que esta vivência oferece.
Com relação aos temas: vivência de holding na gestação e a perspectiva
no pós-parto, obtivemos resultados significativamente heterogêneos.
Relatos sobre a opinião e a atitude do marido ou namorado e da
aceitação da família, especialmente dos pais da puérpera, ilustram o lugar que
o acolhimento familiar ocupa durante a gestação. Os dados da experiência
materna durante a gestação dividem a amostra em dois grupos, aquele que
viveu a experiência de holding durante a gravidez e aquele que não vivenciou.
Quando cruzamos os dois grupos obtidos com os três grupos que encontramos
de comportamentos indicativos de interação, verificamos que o grupo que teve
holding pode oferecer holding durante os primeiros contatos com o bebê
68
No grupo da proximidade 90,9% das mães contaram com familiares e
principalmente com os maridos durante a gestação, Estas mesmas mulheres
contam com apoio da família, mãe, pai, sogra, marido, tias, cunhadas e
vizinhas, no período do pós-parto, indicando que o fato de obterem holding
familiar nestes dois períodos do ciclo grávido puerperal, gestação e pós-parto,
é uma variável importante na quantidade de manifestações de vínculo nos
primeiros contatos após o parto.
A mulher durante todo o ciclo grávido puerperal encontra-se em estado
de regressão a estágios primitivos do desenvolvimento, infantilizada e
fragilizada, precisa de suporte emocional e cuidados físicos, ela é o que eu
posso chamar de uma mãe recém nascida, precisando de holding. Ela está
revivendo no nível emocional o bebê que ela foi, está experimentando a
necessidade de ser compreendida, maternada e necessita de colo. Este colo
deve ser oferecido à mãe pelo ambiente, do qual fazem parte o marido ou
namorado, os pais, a família dela e do pai da criança, os outros filhos
Apesar de aparecerem nos relatos da experiência da gestação
dificuldades de aceitação, a depressão e os incômodos físicos, todas as
colocações incluem o marido e da família como importantes figuras de
aceitação e incentivo para o empreendimento de ter um filho.
As observações realizadas pela pesquisadora indicam que os
comportamentos que expressam as dificuldades na relação com o filho estão
sempre acompanhados de expressões e posturas contraídas. Estas es
estão enrijecidas, encouraçadas e impedidas de deixar que o funcionamento
biológico cumpra sua função. Sem um ambiente continente, sem holding
durante a gestação e pós-parto, as dificuldades são mais presentes.
A maior parte da amostra esteve acompanhada durante o parto pelo
marido, namorado, mãe ou por uma Doula. O acompanhamento do parto por
uma pessoa da escolha da parturiente ou por doulas, conforme revisão
69
bibliográfica, tem se mostrado um suporte importante para a mulher que está
nascendo como mãe, um bom holding.
70
CAPÍTULO 6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
71
Capítulo 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. Conclusão
O estudo das manifestações de comportamento de vínculo mãe-be
em 40 puérperas que tiveram seus bebês em Centro de Parto Normal foram
divididas em dois grupos homogêneos com relação à existência de holding, e
posteriormente, distribuídas em três grupos homogêneos em relação ao
comportamento de vínculo, permitindo de acordo com os resultados obtidos,
concluir que:
As manifestações de comportamento de vínculo mãe-bebê, no primeiro
encontro após o parto no puerpério tiveram maior intensidade naquelas
mulheres que faziam parte do grupo com existência de holding, estabelecendo
uma relação significativa entre o vínculo estabelecido entre mãe-bebê e a
existência do holding no pré e pós-parto.
A partir da análise das manifestações de comportamento da mãe e das
reações do bebê, pode-se estabelecer o papel do holding para a mulher como
promotora do vínculo mãe-bebê e, portanto, do holding para o bebê, reforçando
a importância do holding no pré e pós-parto tanto na perspectiva da mãe como
do bebê.
72
6.2. Propostas de intervenção para a promoção do vínculo mãe-bebê
Após a realização deste estudo, reforça-se a premência da implantação
de Serviços de Psicologia hospitalar direcionados às gestantes, es e aos
profissionais da saúde envolvidos no atendimento hospitalar. O objetivo desta
intervenção é a melhoria da qualidade do atendimento às mães e grávidas,
valorizando todos os sujeitos implicados no processo, propiciando apoio
psicológico durante a gestação e no pós-parto e capacitação aos funcionários e
estagiários, para lidar com os aspectos emocionais dos envolvidos
O enfoque é a saúde emocional, porém sem perder de vista que o
individuo é formado por corpo e mente, assim, esse cuidado com a psique
também deve ocorrer na maternidade, que é uma instituição hospitalar onde
o pressuposto do cuidar do físico, e o encontro de vários profissionais da
saúde voltados para o mesmo fim. Entendemos o bebê como sujeito de
cuidados, pois estamos focando o binômio mãe–filho, propiciando e
estimulando o vinculo mãe-bebê, vinculo que é referência para todas as
relações que este indivíduo vai estabelecer no decorrer de sua vida.
Durante o tempo de internação na maternidade a mulher é observada e
ouvida, seus medos e angustias são validados, o que proporciona um holding
importante neste momento de formação do vínculo com seu e bebê. A mulher é
acolhida pelo profissional de saúde e por toda a Equipe de profissionais,
A escuta psicológica tem importante função para os pais que encontram
seus bebês internados no berçário patológico ou em UTI neonatal, cabe ao
psicólogo preparar para as visitas, aproximar a mãe e pai do bebê que muitas
vezes temem tocar seus filhos em incubadoras e ligados a maquinas, ajudam-
nos a reconhecer as respostas do bebê, ainda tem que prepará-los para
possíveis seqüelas ou óbito do bebê.
A equipe de profissionais; médicos, enfermeiras, assistentes sociais,
fisioterapeutas, devem realizar grupos com a finalidade de criar um espaço
onde possam refletir sobre a vivência com situações limite, vida e morte, e
poder desempenhar suas funções com maior tranqüilidade e equilíbrio, desta
maneira o atendimento oferecido às mulheres, bebês e familiares será de maior
qualidade.
73
O sistema público de saúde brasileiro há décadas sofre profundo
sucateamento, a demanda é maior do que a capacidade da estrutura hoje
existente e o raro nos deparamos com corredores hospitalares cheios de
pacientes a espera de atendimento. Este quadro atinge principalmente àquelas
pessoas oriundas das classes pobres que dependem deste sistema para
realizar consultas e procedimentos médicos, psicológicos etc. A falta de
estrutura, organização e financiamento aliados à falta de informação, muito
comum nas classes baixas, constituem um quadro calamitoso do atendimento
à saúde física e mental do brasileiro. Esta situação não é diferente no que se
refere ao amparo à mulher grávida, que além das dificuldades já ressaltadas da
realidade sócio-econômica se depara ainda com os desafios de se encontrar
num momento ímpar ainda carregado de tabus, apesar do grande avanço da
ciência
Uma proposta de atendimento de apoio à mulher grávida e puérpera
deve garantir que haja apoio psicológico à gestante a aos familiares durante a
gestação e no pós-parto e para os profissionais que estão envolvidos na
assistência à maternidade que devem estar resguardados com a devida
capacitação para lidar também com os aspectos emocionais da gestante,
garantindo que haja acolhimento e possibilitando a presença do holding.
Proposta de ações para uma intervenção que propicie o fortalecimento do
apoio à mulher possibilitando a promoção do vínculo- mãe-bebê:
1. Propiciar às gestantes e familiares, apoio psicológico durante a
gestação.
- Grupos Abertos de Apoio Psicológico para as grávidas e acompanhantes.
- Acompanhamento das consulta por outros profissionais; enfermagem,
nutrição, medicina, assistência social.
- Psicoterapia breve durante a gestação para os casos em que haja
necessidade. (depressão, histórico de perdas anteriores, luto, situações de
risco emocional)
- Elaboração e distribuição de material de apoio para todas as gestantes.
74
2. Propiciar às mães e familiares, apoio psicológico no pós- parto
- Visitas na Maternidade, visando acompanhamento psicológico de apoio para
a dupla mãe/bebê, logo após o nascimento e durante o período de internação
- Acompanhamento psicológico intensificado em casos graves; psicose,
depressão pós-parto, prematuridade e luto; oferecendo encaminhamento para
continuidade do atendimento.
- Curso de Shantala, Massagem para bebês, em grupo.
3. Oferecer aos profissionais de saúde, funcionários, estagiários e doulas;
capacitação para lidar com os aspectos emocionais dos pacientes e
familiares.
- Cursos de capacitação e reciclagem
- Grupos de reflexão/ação e supervisão, interdisciplinar.
- Grupos de Sensibilização e massagem freqüência: quinzenal.
- Elaboração de material gráfico pelo grupo de profissionais
- Cursos de Formação e Supervisão para a equipe de estagiários.
75
REFERÊNCIAS
76
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2006, vol.10, no.1, p.24-29. ISSN 1415-2762.
KLAUS, Marshal e KLAUS, Phyllis O surpreendente recém-nascido, Porto
Alegre, Artes Médicas, 1989.
KLAUS, Marshal e KENNELl, John Pais/Bebês, a formação do apego Porto
Alegre, Ed. Artes Médicas, 1992.
....................................................... The doula: an essential ingredient of
childbirth rediscovered. Acta Pediatr. 1997; 86(10): 1034-6.
MADER, Custódia V.N; NASCIMETO, Christianne L.; SPACA,Patrícia,V.;
NÓBREGA, J. F. Avaliação e Fortalecimento do Vínculo Materno–Fetal.
Revista Paulista Pediatria, 20, (5), outubro, 2002, p. 236-240. São Paulo
MIRANDA, A. A. José; GÓES, Ana Júlia. A importância do vínculo mãe-bebê
para o desenvolvimento infantil / Rev. NUFEN, Sér. diálogos divers;2(2):48-58,
ago.-dez. 2004.
MONTAGU, Asheley, Tocar, O Significado Humano da Pele, 3
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ed., São Paulo,
Summus, 1988.
MONTAGNER, Hubert, A criança, actor do seu desenvolvimento, Ed. Instituto
Piaget, 1993, Portugal.
NÓBREGA, J. F., Avaliação e Fortalecimento do Vínculo Materno –Fetal.
Revista Paulista Pediatria, 20, (5), outubro, 2002 p. 236-240. São Paulo.
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78
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maternal attachment behavior in a group off medically indigent primíparas. J.
Nursey Midwifery, v34, n.2, p 85-9, 1989
ODENT, Michel. Gênese do homem ecológico: Mudar a vida Mudar o
nascimento: O instinto reencontrado. São Paulo: Tao Editora, 1981.
... ,.......................A Cientificação do amor, São Paulo, Terceira Margem, 2000.
PEDRO, J.C.G. A relação mãe-filho: influência do contato precoce no
comportamento da díade. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985.
POMMÉ, ELIANA L. Gravidez na adolescência - Muitas histórias para
compreender e lidar com a sua história, São Paulo, Paulinas, 2003.
..................................Vínculo mãe/filho e saúde emocional - transtornos do
desenvolvimento, neurose e psicose, In Nóbrega, J.F., Vínculo mãe bebê, ed.
Revinter, 2005, p.89 a 97.
REICH, Eva. Prevenção da Neurose: Auto-regulação, a partir do nascimento.
Cadernos de Psicologia Biodinâmica. São Paulo: Summus, 1983.
...................... Energia vital pela Bioenergética suave, São Paulo, Summus,
1998.
REICH, Wilhelm, Análise do Caráter, São Paulo, Martins Fontes, 1999.
............................. Children of the future: On the prevention of sexual pathology.
Nova York, Farrar Straus Giroux, 1984.
ROCHA, Semiramis,M. M.; SIMPIONATO,Érica e MELLO, Débora,F. Apego
mãe-filho:Estudo comparativo entre mães de parto normal e cesária. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília, 2003, mar/abr; 56 (2) p. 125-129.
São Paulo (Estado). Lei n. 10.241 de 17 de março de 1999. Dispõe sobre os
direitos dos usuários dos serviços e das ações de saúde no Estado e outras
providências. Bol Inf ABENFO-SP 2000; 5(15): 2.
SARI, Admiro, A Interação na relação mãe-bebê em mães adolescentes.
Revista de Psiquiatria, Rio Grande do Sul. 24 (3) set/dez. 2002.
SENADO TV Audiência Pública das Comissões de Assuntos Sociais e de
Educação para instruir o Projeto que cria a Semana Nacional de Prevenção da
Violência na Primeira Infância” São Paulo, televisionada em 28/04/2006.
STERN, D. O mundo interpessoal do bebê, Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.
79
........................ A Constelação da Maternidade: O panorama da psicologia
pais/bebê.Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
VIEIRA,L M. T., O grupo-oficina de grávidas: trabalho preventivo no vínculo
mãe-bebê. Revista de Psicanálise, Vol VI, n. 2, agosto 1999, 257-266.
WIINNICOTT, D.W. Os bebês e suas mães, São Paulo, Martins Fontes, 1988.
................................. A criança e seu mundo, São Paulo, LTC, 1982.
................................ Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
................................. A Família e o Desenvolvimento individual. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
..................................A natureza humana, São Paulo, Imago, 1990.
1
ANEXO I
_______________________________________________________________
PUC Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96. De 10 de outubro de
1996).
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA
NOME:
__________________________________________________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE__________________
DATA DE NASCIMENTO:.../.../...
ENDEREÇO:
____________________________.N°_________Casa_______
APTO: ____________BAIRRO: ________________CEP:
________________
CIDADE: ______________________TELEFONE: DDD
(_______)__________
II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: “Vínculo mãe bebê”
Pesquisador: Eliana Lemos Pommé Mestranda do Núcleo de
Psicossomática e Psicologia Hospitalar do Programa de Estudos Pós
Graduados em Psicologia Cínica da PUCSP. INSCRIÇÃO CONSELHO
REGIONAL - CRP N° 06/17717
Orientador: Prof. Dra Ceres Alves de Araújo Docente e Orientadora do
Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar do Programa de Estudos
Pós Graduados em Psicologia Cínica da PUCSP.
III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DA PESQUISADORA ÀS MÃES
Esta pesquisa está sendo realizada para descrever os comportamentos
de vínculo mãe bebê e identificar os fatores que interferem em sua formação.
Todas as mães participarão de uma sessão de gravação em vídeo com
a duração de 15 minutos, realizada durante o momento de encontro mãe/bebê
no quarto. Após a gravação participarão de entrevista clínica.
2
Se assim desejar, a mãe receberá uma foto do momento de interação
com seu bebê. Os resultados da pesquisa serão utilizados na elaboração de
dissertação, como parte dos requisitos para que a pesquisadora obtenha o
título de mestre em Psicologia; e para futuras publicações.
IV ESCLARECIMENTOS DADOS PELA PESQUISADORA SOBRE
GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA:
1. Acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos
relacionados à pesquisa, assim como esclarecimento de dúvidas.
2. Salvaguarda da identidade, quando da publicação da dissertação,
podendo ser divulgada apenas com o consentimento expresso da
participante.
V - INFORMAÇÕES DE NOME. ENDEREÇO E TELEFONE DA
RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA
CONTATO:
Eliana Lemos Pommé ENDEREÇO: RUA ARAPIRACA, 7
(CONSULTÓRIO).
E-mail: [email protected] TELEFONE: 3813 22 61
VI – CONSENTIMENTO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pela pesquisadora e ter
entendido o que me foi explicado, consinto em participar da presente
Pesquisa.
São Paulo......... .de ...................................... de 2006.
_______________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa
_______________________________
Assinatura do pesquisador
3
Anexo II
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PUÉRPERA
Iniciais_______________ RH______________________ Grupo: A (...) B (...).
Data de nascimento:
_______________Idade_________________________________
Naturalidade:________________Escolaridade__________________________
____
Quantidade de partos___________
Condição conjugal__________________________
Tipos de partos __________________________Abortos
________________________
Idade dos outros filhos: ___________________________Sexo do bebê:
___________
Data: ____/____/____
Observações:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_____________________________
Assinatura do pesquisador
Carimbo do pesquisador
4
ANEXO III
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIDIRIGIDA
Entrevista no primeiro encontro mãe/bebê após o parto no
Puerpério.Data: ____/_____/______ Horário: _________
1 - Fez parte de algum Curso para gestantes?
________________________________________________________
________________________________________________________
- Era um esquema de aula ou vivência?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
- Fez relaxamento no curso?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
2. - Como você está?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
- O que está achando deste primeiro encontro com o bebê?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
3 - Como foi a gravidez? Desejada/Planejada
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
5
4 - Aceitação do grupo familiar/Aceitação do parceiro
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
Preparativos durante a gestação. Pré-natal?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
5 - Parto:
Como foi?
_________________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Sentimentos:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Teve acompanhante?_______________________________________
Teve contato com o bebê?___________________________________
Com quem veio à maternidade?______________________________
6 - Bebê:
Qual o nome?_______________________________________________
Quem escolheu? _____________________________________________
Com quem se parece?_________________________________________
6
7- Como vai ser quando voltar para casa?_______________________
- Alguém vai ajudá-la?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
7.Pesquisador: Percepções do pesquisador/contratransferência:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
7
Roteiro de Observação das manif
estações de comportamento de vínculo mãe/bebê durante as primeiras horas após o parto. Elaborada com base nos instrumentos propostos por Funke; Irby, (1978), Avant
Atitude da Auxiliar de Enfermagem: Coloca o bebê no colo ( ) No berço ( ) Verbalização da Enfermeira: Dê o seio ( ) Não fala nada ( )
Comportamento A B C D Observações
Continuação
Comportamento A B C D Observaçãoes
Vocalização Mãe
Fala com o bebê
acalmando ou
brincando com ele.
Canta para o bebê
Chama o bebê pelo
nome.
Bebê
Emite sons de
murmúrio.
Mãe
Refere-se ao
bebê como ele ou
ela.
Conversa com o
bebê.
Bebê
Choro esporádico
Mãe
Fala ao bebê
dirigindo-lhe
ordens.
Bebê
Choro
Mãe
Não fala com o
bebê.
Fala criticando
ou
desaprovando
Refere-se ao
bebê como
coisa ou trata
como objeto.
Voz de irritação
ou
desaprovação.
Audição
Mãe
Atende prontamente
ao choro do bebê
Mãe
Atende ao choro
após 1 a 2
minutos através
do tato ou
vocalização.
Mãe
Atende ao choro
após 3 a 4 minutos
através do tato ou
vocalização
Mãe
Não responde
ao choro do
bebê.
Amamentação
Mãe
Concentra o olhar no
bebê ou na sucção por
todo o período.
Bebê
Padrão de sucção
vigoroso.
Alerta, olhos abertos.
Vigil, olhos abertos.
Mãe
Desvia o olhar
para
acontecimentos
do ambiente até 3
vezes a cada 5
minutos.
Bebê
Padrão de sucção
vigoroso com
episódios de
descanso.
Ativo, episódios
de sonolência.
Mãe
Interrompe e
recomeça a
amamentar duas a
três vezes a cada 5
minutos.
Mantém o olhar
para os
acontecimentos do
ambiente.
Bebê
Apreende e solta o
mamilo duas a três
vezes a cada 5
minutos.
Sonolento
Agitado.
Mãe
Força o bebê a
sugar através
do controle dos
movimentos da
cabeça e
abertura da
boca.
Interrupção da
amamentação.
Bebê
Choroso
Agitado.
8
Continuação
Comportamento
A B C D Observaçãoes
Vocalização Mãe
Fala com o bebê
acalmando ou
brincando com ele.
Canta para o bebê
Chama o bebê pelo
nome.
Bebê
Emite sons de
murmúrio.
Mãe
Refere-se ao
bebê como ele ou
ela.
Conversa com o
bebê.
Bebê
Choro esporádico
Mãe
Fala ao bebê
dirigindo-lhe
ordens.
Bebê
Choro
Mãe
Não fala com o
bebê.
Fala criticando
ou
desaprovando
Refere-se ao
bebê como
coisa ou trata
como objeto.
Voz de irritação
ou
desaprovação.
Audição
Mãe
Atende prontamente
ao choro do bebê
Mãe
Atende ao choro
após 1 a 2
minutos através
do tato ou
vocalização.
Mãe
Atende ao choro
após 3 a 4 minutos
através do tato ou
vocalização
Mãe
Não responde
ao choro do
bebê.
Amamentação
Mãe
Concentra o olhar no
bebê ou na sucção por
todo o período.
Bebê
Padrão de sucção
vigoroso.
Alerta, olhos abertos.
Vigil, olhos abertos.
Mãe
Desvia o olhar
para
acontecimentos
do ambiente até 3
vezes a cada 5
minutos.
Bebê
Padrão de sucção
vigoroso com
episódios de
descanso.
Ativo, episódios
de sonolência.
Mãe
Interrompe e
recomeça a
amamentar duas a
três vezes a cada 5
minutos.
Mantém o olhar
para os
acontecimentos do
ambiente.
Bebê
Apreende e solta o
mamilo duas a três
vezes a cada 5
minutos.
Sonolento
Agitado.
Mãe
Força o bebê a
sugar através
do controle dos
movimentos da
cabeça e
abertura da
boca.
Interrupção da
amamentação.
Bebê
Choroso
Agitado.
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