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Alberto Pinho Neves (ex-superintendente da Funalfa). A falta de inserção na mídia nacional
contribui para que alguns projetos não dêem certo, como David Chaves, sem querer, revela:
Esse ano [2007], por exemplo, a Feliz Lembrança está, hoje, homenageando o César
Romero no qual o César Romero está ajudando a escola […]. Não é tanto quanto o
Rio de Janeiro, mas é uma fórmula de ajudar. Já fizemos vários... o ano passado o
nosso enredo foi sobre Tiradentes, a cidade de Tiradentes. […] o Prefeito veio duas
vezes aqui na quadra recebeu homenagem fomos lá, mas no fim deu em nada. Olha só
a controvérsia: no ano anterior o Governo de Minas ajudou a Mangueira em 3 milhões
de reais, olha só a diferença. Você ser ajudado e não ser ajudado. Então, nós mesmos,
mineiros não queremos que o carnaval de Juiz de Fora cresça, não justifica você... está
certo é um direito... temos as leis pra poder mandar as verbas, mas é um dos
paragrafos maior, nós fizemos um carnaval falando de Minas, São João D’El Rei,
falando no avô dele, Tancredo Neves e, no entanto, nem um agradecimento; olha só;
como você vai falar da sua terra? então é preferível falar de um cara lá da China. Se
ele não ajudar, pelo menos, tudo bem.
Estabelecidas as justificativas e meios de se contornar as dificuldades no âmbito privado das
Escolas, passamos a entrar no terreno pouco iluminado da relação entre a Prefeitura de Juiz de
Fora e as agremiações. Para a Liga existe uma parceria com o poder público, mas que não
suprime as dificuldades financeiras:
[…] realmente tem sim, essa dificuldade. As Escolas do grupo 1A […] receberam 55
mil e tem mais alguma coisa em termos de cerveja, barracas. Algum dinheiro, com
certeza, ainda vem, mas pouca coisa e eu tenho certeza: as Escolas vão fazer um
carnaval aí na faixa de 70 [mil reais], de 80 e tudo; […] o poder público, nosso
principal parceiro, ele tem a infra-estrutura toda do carnaval pra ser feito, […] ou seja,
a logística do carnaval é por conta do poder público e [mais] essa ajuda em dinheiro.
A diferença é que se você ganha 20 mil lá no grupo B e o seu carnaval é de trinta,
trabalhe o ano inteiro, pra arrumar dinheiro pra cobrir essas diferenças, você tem que
pôr sua quadra pra funcionar, você tem fazer show, baile, festa, churrasco, vender rifa,
bingo, eu não sei, o que for legal. O que a lei permitir você tem que fazer, pra você
poder arrumar um dinheiro extra. Vai buscar seus patrocinadores, qual o problema? A
Escola tem que gerar seus próprios recursos, faz as fantasias, aluga as fantasias depois
do carnaval a pessoa te devolve, você vende as fantasias pra frente... como muita
gente faz aí. Então, claro, não é você receber 50 mil do poder público e fazer um
carnaval de 50 mil. A idéia é essa mesma, você recebe 50 e faz o carnaval de 60/70.
Eu quando estive à frente da Unidos do Ladeira, por exemplo, até carro, fizemos rifa
de carro, não foi um nem dois não, rifamos uns 4 carros pra poder angariar recursos. A
gente precisava de mais dinheiro. Na época as Escolas recebiam do poder público 30
mil eu quando fui presidente do Ladeira o meu último carnaval lá ficou em 100 mil
reais... e numa Escola que nem quadra tem, nós temos um salão de festa (TOSTES).
A possibilidade da busca de um patrocínio é recente, pois o carnavalesco da Turunas
do Riachuelo, Paulo Berberick
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relata que a Escola já perdeu pontos em desfiles por conta de
merchandising indevido: “ele me entra na escola pra desfilar com uma camisa escrito
Turunas, mas não era uma camisa que foi feita pra que ele desfilasse, escrito Passional
Malhas nas costas. Nessa época a Liga das Escolas de Samba penalizava com a perda de 5
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Entrevista concedida ao autor em fevereiro de 2007.