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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E PRODUÇÃO ANIMAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DA
DIGESTIBILIDADE APARENTE DA PROTEÍNA PARA ELABORAÇÃO DE
SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERROS
CURITIBA
2005
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MARIA CONSTANZA RODRIGUEZ
AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DA
DIGESTIBILIDADE APARENTE DA PROTEÍNA PARA ELABORAÇÃO DE
SUCEDÂNEOS DO LEITE PARA BEZERROS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias da
Universidade Federal do Paraná para a
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária, Área de Concentração Nutrição
Animal.
Orientador: Prof. Dr. Jose Luciano Andriguetto
CURITIBA
2005
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ii
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
MARIA CONSTANZA RODRIGUEZ, nascida em 02 de junho de 1976, em
Rosário, SF, Argentina, é Médica Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica
do Paraná –PUC-PR, em fevereiro de 2000. Trabalhou como responsável pelo
rebanho em fazendas leiteiras dos EUA de 2000 a 2002, onde adquiriu
conhecimentos nas áreas de reprodução, manejo e clínica de grandes animais.
Em janeiro de 2003 prestou consultoria para a empresa Kleffman & Partners,
fazendo entrevistas na região sudoeste do Estado de São Paulo e leste do estado
do Mato Grosso do Sul, sobre seus esquemas de vacinação, medicamentos usados,
quantidades, modos de aplicação e finalidades; assim como toda a parte econômica,
local de compra, quantidade e preços.
De 2003 a 2004 trabalhou como tutora no Curso de Especialização em
Agronegócio da UFPR. Tendo adquirido experiência em treinamento de alunos em
Learning Space -software para cursos de especialização à distância- assim como
tabulação de dados, atendimento a alunos e esclarecimento de dúvidas e manejo de
equipamentos de teleconferência.
Em 2004 fez prática de docência nas matérias de Bovinocultura Leiteira, com
o Professor Paulo Piekarski e na parte prática de Nutrição Animal, com o Professor
Luciano Andriguetto. Em um total de 32 horas e 16 horas respectivamente.
Em janeiro de 2005 prestou serviços para o SENAR, Serviço Nacional de
Treinamento Rural, entrevistando produtores rurais da região noroeste do Paraná,
sobre o Programa de Empreendedor Rural.
Desde 2002 vem traduzindo as notas sobre bezerras escritas pelo
pesquisador Dr. Jim Quigley, Ames – IOWA, para o espanhol e português. Tendo
traduzido até o momento mais de 30 notas.
Tendo dado início ao Mestrado em Ciências Veterinárias na Universidade
Federal do Paraná, sob a orientação do Professor Doutor José Luciano Andriguetto
em março de 2003.
iii
AGRADECIMENTOS
A CNPq pela bolsa de Mestrado, fundamental para a realização deste
trabalho.
Ao Professor Dr. Luciano Andriguetto por compartilhar de todo seu
conhecimento, pela paciência, por acreditar em mim e pela ajuda no
desenvolvimento deste trabalho muito importante para a criação de bezerras e para
melhorar a bovinocultura no Brasil e no mundo.
Aos professores da Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFPR pelos
valiosos ensinamentos transmitidos durante a realização deste curso.
A minha mãe Felicitas e meu pai Miguel (in memorian) pelo apoio
incondicional e pela educação.
A Beto pelo amor compartilhado.
Ao Professor Dr. Paulo Rossi Junior pela disposição todas as vezes que
precisei de ajuda. Por todas as informações fundamentais para o andamento deste
trabalho.
A Eliezer por permitir que este trabalho fosse realizado em sua fazenda com
seus animais que tanto adora, respeita e cuida com carinho e dedicação.
A Edílson de Oliveira da EMBRAPA-Florestas e ao Professor Doutor Iglenir
João Cavalli do Departamento de Genética da UFPR por terem sido os consultores
estatísticos.
Ao Professor Ferrari pela grande disposição e agilidade na primeira parte do
projeto.
Ao Professor Dr. Alex Maiorka e Marcelo por permitir que as análises
bromatológicas fossem realizadas no laboratório de Análises Bromatológicas da
UFPR.
Ao Professor Alexandre Sampaio da FCAV/UNESP, Jaboticabal, pelas
leituras do óxido de cromo.
Ao Sr. Orlando da FCAV/UNESP pelas digestões das fezes para leitura do
óxido de cromo.
A Ana Paula de Oliveira Sader da FCAV/UNESP pela disposição e atenção
com as amostras em Jaboticabal.
A Maria, Mauricio e Antonio da fazenda CAMPOLAT pela receptibilidade.
iv
A Hair pela disposição e vontade, todas as horas, em ajudar não só a mim
mas a todos os alunos que precisam de ajuda, por ter todos os atributos que um
bom professor precisa ter.
A Aldo e Cleusa do laboratório de nutrição pela alegria e bom humor, sempre.
Pela agilidade que apenas muitos anos de prática podem dar.
A Michelly Túlio da Empresa Vetnil pelos sais eletrolíticos.
A Nuvital por fornecer algumas amostras de matérias-primas para serem
testadas, melhorando dessa forma os bancos de dados disponíveis.
A Pós-Graduação em Ciências Veterinárias por fornecer os reagentes
necessários para as análises bromatológicas e o óxido de cromo.
A Edson Morozowski por disponibilizar seus conhecimentos e por emprestar a
balança de precisão.
A Dr. Jim Quigley por servir de consultor sempre com a maior simplicidade e
modéstia, mesmo sendo um dos maiores estudiosos de bezerras do mundo.
A Dr. Howard Tyler pela amizade e ajuda em esclarecer dúvidas e por ter o
dom de simplificar as informações difíceis, o que o torna um professor extraordinário.
A Arturo da Purina por doar dois pacotes de sucedâneo do leite, incentivando
assim a pesquisa neste país.
A Carina por ser minha parceira de todas as horas, sempre com a maior
disposição e organização.
A Louise por emprestar um de seus bezerreiros para o bezerro piloto.
A Javier, meu irmão, pela ajuda com o manejo dos bezerros.
v
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS......................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... ix
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................. x
RESUMO............................................................................................................ xii
ABSTRACT........................................................................................................ xiii
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 3
2.1 CUSTOS DA CRIAÇÃO DE BEZERROS............................................... 3
2.2 SUCEDÂNEOS DO LEITE...................................................................... 3
2.2.1 Fontes Protéicas de Origem Animal ................................................... 4
2.2.2 Fontes Protéicas de Origem Vegetal .................................................. 6
2.2.3 Problemas da Utilização de Sucedâneos de Leite para
Bezerros................................................................................................. 8
2.2.4 Substituição da Proteína Láctea por Vegetal..................................... 9
2.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DIGESTIVO DO BEZERRO
JOVEM.........................................................................................................11
2.4 REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS DO BEZERRO JOVEM...............11
2.4.1 Fases da Função Digestiva de Bezerros ............................................12
2.4.1.1 Fase de alimentação líquida..............................................................12
2.4.1.2 Fase de transição ..............................................................................12
2.4.1.3 Fase ruminal ......................................................................................12
2.4.2 Requerimentos Protéicos de Bezerros...............................................13
2.4.3 Requerimentos Energéticos de Bezerros...........................................16
2.4.3.1 Bezerros jovens de reposição alimentados apenas com leite
ou sucedâneo de leite........................................................................16
vi
2.5 DIGESTIBILIDADE .................................................................................18
2.5.1 Digestibilidade Aparente e Balanço do Nitrogênio ...........................19
2.5.2 Estimando as Perdas Endógenas de Nitrogênio...............................20
2.5.2.1 Métodos para estimar o nitrogênio endógeno...................................20
2.5.2.1.1 Método direto ..................................................................................20
2.5.2.1.2 Método de regressão ......................................................................22
2.5.2.1.3 Método de proteção da lisina..........................................................22
2.5.2.1.4 Proteína completamente digestível.................................................22
2.6 MÉTODO QUANTITATIVO PARA FEZES (COLETA TOTAL)...............23
2.7 MÉTODO DE INDICADOR .....................................................................25
2.8 APROXIMAÇÃO DIRETA E POR DIFERENÇA (INDIRETA).................26
2.9 COLETA TOTAL VERSUS MÉTODO DE INDICADOR.........................28
3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................32
3.1 LOCAL.....................................................................................................32
3.2 ANIMAIS E MANEJO ..............................................................................32
3.3 DIETAS EXPERIMENTAIS .....................................................................33
3.4 PERÍODO DE COLHEITA DE AMOSTRAS ...........................................34
3.5 COLHEITA PARA O MÉTODO DE INDICADOR ..................................34
3.6 ANÁLISE QUIMÍCO-BROMATOLÓGICA ..............................................35
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.........................................................................35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................37
4.1 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS................................................37
4.2 COMPARACÃO DOS CDAN E VERDADEIRO DO NITROGENIO.......39
5 CONCLUSÕES.......................................................................................42
6 IMPLICAÇÕES........................................................................................43
REFERÊNCIAS..................................................................................................45
vii
APENDICE.........................................................................................................53
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - REQUERIMENTOS PROTÉICOS E ENERGÉTICOS DIÁRIOS DE
BEZERROS JOVENS DE REPOSIÇÃO ALIMENTADOS APENAS COM
LEITE OU SUCEDÂNEO DO LEITE ................................................................ 15
TABELA 2 - EXEMPLO DE CÁLCULO DO BALANÇO DE NITROGÊNIO .............................. 19
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO E NIVEL DE NUTRIENTES (GRAMAS) DOS
INGREDIENTES PARA CADA UMA DAS DIETAS EXPERIMENTAIS ............ 33
TABELA 4 - COEFICIENTES DE DIGESTIBILIDADE APARENTE ATRAVÉS DOS
MÉTODOS DE INDICADOR E COLETA TOTAL............................................... 37
TABELA 5 - COEFICIENTES DE DIGESTIBILIDADE APARENTE VERDADEIRA DO
NITROGÊNIO DAS DIETAS PELO MÉTODO DA COLETA TOTAL................. 40
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DA MATÉRIA SECA DE
ALIMENTOS PARA SUÍNOS. OS DADOS DO TRITICALE E DO MILHO
FORAM PEGOS DO ADEOLA et al. (1986a) E O AMIDO DE MILHO E
FARINHA DE SOJA DE JORGENSEN et al. (1984)........................................... 29
FIGURA 2 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DIGESTÍVEL DE ALIMENTOS PARA
SUÍNOS. OS DADOS DO TRITICALE E DO MILHO FORAM PEGOS DO
ADEOLA et al. (1986a) E RAÇÃO COMPLETA DE THOMPSON &
WISEMAN (1998)................................................................................................ 30
FIGURA 3 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DO NITROGÊNIO DE
ALIMENTOS PARA SUÍNOS. OS DADOS DO TRITICALE E DO MILHO
FORAM PEGOS DO ADEOLA et al. (1986a), RAÇÃO COMPLETA DE
JAGGER et al. (1992) E FARINHA DE SOJA DE JORGENSEN et al. (1984)..... 31
FIGURA 4 - PORCENTAGEM DE EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO DO INDICADOR
(ERI) POR ANIMAL ............................................................................................ 38
FIGURA 5 - PORCENTAGENS MÉDIAS DE DIGESTIBILIDADE VERDADEIRA DO
NITROGÊNIO E APARENTE DO NITROGÊNIO E DA MATÉRIA SECA
(MS), POR ANIMAL.............................................................................................. 40
x
LISTA DE ABREVIATURAS
AGVs Ácidos Graxos Voláteis
ARC Agricultural Research Council
BN Balanço de Nitrogênio
CDAP Coeficiente de Digestibilidade Aparente da Proteína
CDV Coeficiente de Digestibilidade Verdadeira
CHOT Carboidratos Totais
CPS Concentrado Protéico de Soja
Cr
2
O
3
Óxido Crômico
CT Coleta Total
D
1
Dieta Um
D
2
Dieta Dois
DAP Digestibilidade Aparente da Proteína
DIP Dieta Isenta de Proteína
ED Energia Digestível
EL
G
Energia Liquida para Ganho
EM Energia Metabolizável
g Gramas
GPV Ganho de Peso Vivo
HEP Hidrolisado Enzimático de Peixe
IPS Isolado Protéico de Soja
kg Quilograma
LPD Leite em Pó Desnatado
Mcal Mega Calorias
Ml Mililitros
MS Matéria Seca
N Nitrogênio
NDHEP National Dairy Heifer Evaluation Program
NRC National Research Council
PB Proteína Bruta
PD Proteína Ruminal Degradável
PND Proteína Ruminal Não Degradável
xi
PV Peso Vivo
RE Requerimentos Energéticos
SPS Solúvel de Peixe Seco
USDA United States Department of Agriculture
VB Valor Biológico
xii
RESUMO
RODRIGUEZ, M.C. Avaliação de Metodologias para Determinação da
Digestibilidade Aparente da Proteína para Elaboração de Sucedâneos do Leite
para Bezerros. [Evaluation Methodologies to Determine the Protein Apparent
Digestibility for Calf Milk Replacer Formulations.]. Dissertação (Mestrado em
Ciências Veterinárias) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba 2005.
O presente trabalho teve como objetivo comparar o indicador óxido de cromo
com o método da coleta total para a determinação do coeficiente de digestibilidade
aparente da proteína (CDAP) em animais alimentados com duas dietas onde
variaram as fontes protéicas. As dietas foram fornecidas a bezerros machos recém
nascidos da raça holandesa, com peso médio de 40 quilos a partir dos quatro dias
de vida, em um total de nove animais escolhidos aleatoriamente. A dieta 1 foi
constituída de protenose e a dieta 2 de soja micronizada, ambas com
suplementação mineral e complemento vitamínico. O experimento teve duração de
11 dias sendo os sete primeiros dias para adaptação ao óxido crômico e os três
últimos para colheita de fezes e urina (uma vez ao dia) através de gaiolas
metabólicas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso. Os
coeficientes de digestibilidade obtidos com o marcador óxido crômico foram
significativamente diferentes (p<0,05) dos resultados obtidos pelo método de coleta
total de fezes, pelo teste F. O óxido de cromo subestimou os valores de
digestibilidade sendo a eficiência de recuperação do indicador em média 68,18 para
a dieta 1 e 51,65 para a dieta 2. A média do CDAP da dieta 1 não diferiu da média
do CDAP da dieta 2 pelo teste F (p>0,05) pelo método da coleta total, porém diferiu
estatisticamente pelo método de indicador óxido crômico.
Palavras-chave: coleta total, óxido crômico, protenose, soja micronizada.
xiii
ABSTRACT
RODRIGUEZ, M.C. Evaluation Methodologies to Determine the Protein
Apparent Digestibility for Calf Milk Replacer Formulations. [Avaliação de
Metodologias para Determinação da Digestibilidade Aparente da Proteína para
Elaboração de Sucedâneos do Leite para Bezerros.] Dissertação (Mestrado em
Ciências Veterinárias) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba 2005.
The objective of this experiment was to compare the external marker chromic
oxide with the total collection method to determine the protein apparent digestibility
coefficients (PADC) in animals fed two different protein source diets. The diets were
fed to four day-old Holstein bull calves, with the average weight of 40 Kg, in a total of
9 animals randomly chosen. Diet number one contained corn gluten meal and
number two micronized soybean, both with vitamins and mineral mix. The experiment
lasted 11 days, the first seven days for adaptation followed by three days for urine
and feces collection using metabolic cages (once a day). The experimental design
used was completely randomized. The
digestibility coefficients obtained with the
external marker chromic oxide were significantly different (p<0,05) than the ones
obtained with the total collection method, by the F test. The chromic oxide
underestimated the digestibility coefficients, it was observed a chromic oxide
recovery of 68,18 for diet number 1 and 51,65 for diet number two. The average
PADC of diet number 1 wasn’t different (p>0,05) of the one from diet number 2 by the
F test when the total collection method was used, however it was statistically different
when the chromic oxide method was used.
Key-words: total collection, chromic oxide, corn gluten meal, micronized soybean.
1
1 INTRODUÇÃO
Uma das fases mais importantes da produção leiteira é a alimentação e o
manejo de bezerros. Estatísticas revelam que mais de 20% dos bezerros morrem de
fraquezas ou doenças antes de atingirem a maturidade. Com um manejo adequado
estas perdas podem diminuir para 3 a 5%, muitos bezerros morrem devido à nutrição
deficiente. Um plano cuidadoso e a execução de programas de alimentação são
necessários para produzir bezerros vigorosos, saudáveis e com crescimento
adequado (ENSMINGER, 1990). Isto é especialmente verdadeiro para bezerros
menores de três semanas de idade, quando a função digestiva está menos
desenvolvida do que nos bezerros mais velhos (SILVA, 1986).
Sucedâneos do leite são alimentos de alta qualidade fornecidos a bezerros
antes do desmame para reduzir os custos do produtor e tornar o leite total disponível
para venda. Segundo o USDA Projeto Nacional de Avaliação de Novilhas Leiteiras
(National Dairy Heifer Evaluation Project- NDHEP), conduzidos nos Estados Unidos
da América em 1991 e 1992, a maior parte dos produtores norte-americanos (>
60%) alimentam seus bezerros com sucedâneos do leite em pelo menos uma parte
do período pré-desmame (QUIGLEY, 1999).
Muitas fontes protéicas de origem vegetal têm sido utilizadas em sucedâneos
do leite para reduzir custos, contudo sucedâneos do leite baseados em soro ou leite
desnatado são os parâmetros pelos quais todos os outros sucedâneos do leite são
medidos. A substituição de proteínas do soro por proteínas vegetais em sucedâneos
do leite resulta em diminuição do desempenho do bezerro. Proteína de soja
quimicamente modificada, isolado e concentrado de soja são bons substitutos, mas
como todas as proteínas vegetais são menos digestíveis e mais alergênicas que as
do leite (TYLER & ENSMINGER, 2005).
A literatura sobre sucedâneos é vasta e somente algumas conclusões com
respeito ao uso de gordura e lactose foram obtidas, enquanto alguns aspectos da
nutrição protéica ainda dependem de estudos mais detalhados (ORSKOV, 1992;
BANYS, 2001).
A determinação dos valores de digestibilidade de nutrientes específicos e/ou
de rações experimentais é comumente realizada por meio de ensaios nutricionais,
2
através do uso de gaiolas metabólicas que permitem o controle individual do
alimento consumido e o total de fezes excretado. Entretanto por este ser um método
bastante oneroso, surgiram novas metodologias que permitem estimar a
digestibilidade dos nutrientes através de métodos indiretos, com o uso de
marcadores dietéticos, que reduzem os custos e o período de experimentação
(OETTING, 2002). SILVA (1968) citou que esta substância índice ou indicadora, ao
ser ingerida na dieta, deve ser totalmente recuperada nas fezes.
Alguns estudos têm sido conduzidos com o indicador externo óxido crômico
(Cr
2
O
3
), em bezerros no período do pré-desmame para medir a eficiência de
absorção do marcador pelo intestino, porém não há estudos para comparação dos
métodos de coleta total com o método de indicador para animais tão jovens.
O objetivo deste experimento foi comparar os valores de digestibilidade
aparente da proteína de uma dieta composta por protenose e outra dieta composta
por soja micronizada obtidas através do indicador externo óxido crômico, com
aqueles obtidos pelo método de coleta total. Outro objetivo deste trabalho foi
comparar a digestibilidade aparente da proteína com a digestibilidade verdadeira da
proteína para ambas dietas.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CUSTOS DA CRIAÇÃO DE BEZERROS
O aumento populacional, característico de países em desenvolvimento como
o Brasil, têm elevado consideravelmente a demanda de alimentos, principalmente as
proteínas de origem animal, as do leite e da carne. Por outro lado, embora a
produção e a produtividade do rebanho leiteiro brasileiro tenha aumentado na última
década, a maioria dos produtores não tem conseguido melhorar sua rentabilidade,
principalmente por causa da redução do preço do leite e da elevação dos custos de
produção.
Com a intenção de reduzir os custos de produção e aumentar a
disponibilidade de leite para comercialização, muitos produtores descartam os
bezerros machos nos primeiros dias de vida. A criação de bezerros é caracterizada
por ter até 80% do custo total dos gastos com leite integral e de índices de
mortalidade e morbidade, que podem chegar a 20% (LIZIEIRE & CAMPOS, 1992).
Na realidade, o que ocorre é que a maioria dos produtores depende quase que
exclusivamente da receita garantida com a venda do leite. O bezerro, durante a fase
de aleitamento, requer uma quantidade de leite que, se não for vendida, diminuirá a
receita do produtor (BIONDI et al., 1984). Sistemas mais econômicos de criação
podem possibilitar tanto a melhor criação dos animais de reposição, quanto o
aproveitamento de bezerros para a produção de carne.
O controle da quantidade de leite fornecida aos bezerros, a substituição do
leite por sucedâneos e a utilização de concentrados iniciais têm sido apontados
como práticas eficientes na redução dos custos com a alimentação (ORSKOV,
1992). Na Europa, a tendência de redução do nível de produtos lácteos nos
sucedâneos tem levado a um crescente interesse por fontes protéicas vegetais
(LALLÈS et al., 1993).
2.2 SUCEDÂNEOS DO LEITE
A composição dos sucedâneos do leite influencia o desempenho dos bezerros
no pré-desmame. Um dos fatores mais importantes inclui fonte e quantidade de
4
proteína, energia, vitaminas e suplementação mineral. Outro fator importante é a
inclusão de aditivos nutricionais como emulsificantes (QUIGLEY, 1998). No quesito
fonte de proteína, a fonte primária de proteína da maioria dos sucedâneos do leite é
o soro do leite, o qual é bem digerido e utilizado pelos bezerros. Fontes alternativas
de proteínas incluem: proteínas de origem animal e fontes de origem vegetal, sendo
estas utilizadas em diferentes quantidades nos sucedâneos do leite (HEINRICHS,
1995).
Fatores diversos, como idade, sexo e o genótipo, determinam a capacidade
teórica de deposição de proteína. Mas, para que esta capacidade se manifeste, é
necessário que haja um aporte de aminoácidos na dieta. Por sua vez, este aporte
adequado de aminoácidos está representado realmente pela absorção de uma certa
quantidade de aminoácidos essenciais pelo aparelho digestivo. Quando comparadas
entre si, as diferentes recomendações das necessidades de aminoácidos essenciais
para suínos em crescimento e engorda apresentam grandes diferenças. O mesmo
ocorre com bezerros durante as primeiras semanas de vida, quando podem ser
considerados basicamente monogástricos. Estas discrepâncias se devem a diferente
digestibilidade dos aminoácidos contidos nas matérias-primas (KNABE &
TANKSLEY, 1984).
Ingredientes comuns nos sucedâneos do leite incluem, soro, soro de
proteínas concentrado, gordura animal e vegetal, vitaminas, minerais e aminoácidos.
Fontes alternativas de proteínas, incluindo soja, trigo e proteína da batata têm sido
utilizadas nos últimos anos (QUIGLEY, 1999).
2.2.1 Fontes Protéicas de Origem Animal
Dentre as proteínas de origem animal mais estudadas estão as do leite, ovo,
peixe e sangue.
As proteínas que predominam na fração protéica do leite são: alfa-caseina,
beta-caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina. Estas quatro proteínas são
encontradas somente no leite e constituem mais de 90% da proteína do leite. Todas
elas são formadas a partir de aminoácidos livres precursores no sangue. A kapa-
caseína evita que as micelas formem coágulos. A função primária da caseína é
fornecer uma proteína balanceada para o bezerro. A alfa-lactoalbumina e a beta-
5
lactoglobulina são solúveis. A alfa-lactoalbumina tem um papel importante na
produção de lactose. A beta-lactoglobulina é a proteína predominante do soro.
O segundo grupo de proteínas é constituído pelas proteínas da fração
remanescente. Este grupo contém imunoglobulinas, albumina sérica, e gama-
caseína. Estas proteínas não são sintetizadas pela glândula mamária. Elas são
absorvidas intactas do sangue e passadas para o leite (TYLER & ENSMINGER,
2005).
Quanto às proteínas do soro do leite, existem várias formas. Soro seco, o qual
provém do líquido drenado na produção do queijo e depois seco. Contém proteínas
como a lactoalbumina (12% proteína) e é rico em lactose. Leite desnatado seco, a
gordura do leite é removida e o que sobra de proteínas (34% proteína), lactose e
minerais é seco. Soro sem lactose, a lactose é removida do soro resultando em altos
níveis de proteína e minerais (20-26% proteína). Concentrado de proteínas do soro
seco são as proteínas primárias do leite desnatado (85% proteínas) concentrado por
coagulação do leite (USDA APHIS, 1998).
Em muitas regiões do País onde a produção de queijos é mais intensa,
normalmente existe uma abundância deste subproduto, na maioria das vezes
oferecido quase gratuitamente a quem possa retirá-lo do laticínio. É em função disso
que muitos produtores manifestam o desejo de utilizá-lo, se possível, em
substituição ao leite.
Porem é preciso salientar que a substituição total do leite por soro é
impossível. Embora o soro seja derivado do leite, sua composição é totalmente
distinta, não permitindo a correta nutrição de bezerras em fase de amamentação.
Uma das diferenças é que o soro praticamente não possui gordura (0,8% da matéria
seca), embora possua alto valor energético. Esta energia é oriunda de uma alta
concentração de lactose (65-70% da matéria seca), o carboidrato do leite. O excesso
de lactose provoca diarréia em bezerros (por fermentar no intestino) o que, por si só,
já impediria a substituição completa do leite. Esta possibilidade de diarréia é
agravada pela alta concentração mineral (desbalanceada) em sua composição.
Outro inconveniente é seu baixo teor protéico (10-12% da matéria seca, na forma de
albuminas e globulinas), insuficiente para atender às exigências de bezerros recém-
nascidos, muito embora a digestibilidade desta proteína seja semelhante à da
caseína, a proteína do leite.
Devido a esta alta digestibilidade de sua proteína, o soro seco é muitas vezes
6
concentrado de diversas formas por processos mais sofisticados (soro delactosado
ou proteínas concentradas de soro com 35 a 70% de proteína bruta), o que permite
seu uso principalmente na formulação de sucedâneos lácteos de boa qualidade. Nas
nossas condições práticas, no entanto, quando disponível, o soro encontra-se em
sua forma líquida, que tem a desvantagem adicional de possuir teor muito baixo de
matéria seca (5-6%). Mesmo com todas as limitações mencionadas, parece existir a
possibilidade de aproveitamento deste alimento (AGRONET, 2002).
2.2.2 Fontes Protéicas de Origem Vegetal
Até meados deste século havia a crença de que animais monogástricos
somente se desenvolviam, ou produziam a contento, se houvesse uma fonte de
proteína animal na dieta. Aos poucos a crença foi se diluindo com a descoberta ou
identificação dos fatores que favoreciam a “superioridade” da proteína animal; por
exemplo: Ca e P, fornecidos pelos resíduos de ossos nas farinhas; vitaminas do
complexo B, particularmente a riboflavina (presente no soro e no leite desidratado), e
a B
12
(presente em todos os produtos animais, mas não nos subprodutos vegetais);
os aminoácidos metionina e lisina, presentes em quantidades bem maiores nos
produtos animais; elementos essenciais ultratraços, somente descobertos após os
anos 50 e provavelmente mais disponíveis nos produtos animais; e, ainda, a
presença de inibidores de enzimas digestivas, antivitaminas e ligantes de minerais
nos produtos vegetais. Inúmeros experimentos demonstraram que, desde que
contornadas as limitações, as proteínas vegetais davam resultados idênticos ou
superiores às farinhas animais, possibilitando que a indústria de rações se
expandisse consideravelmente, dado que a produção de farinhas animais é limitada
e, por isto mesmo, de custo elevado (NUNES, 1998).
Os produtos mais utilizados são os derivados da soja, por causa de seu alto
teor protéico, bom equilíbrio de aminoácidos e disponibilidade comercial. Dentre os
derivados da soja, os principais são o isolado e o concentrado protéico. Quando a
farinha de soja desengordurada com uma umidade específica é submetida a altas
forças de pressão e temperatura em uma extrusora, obtém-se um produto com uma
estrutura laminar peculiar, a qual propicia a inativação dos princípios alergênicos.
Após a hidratação, esse produto apresenta uma textura elástica e mastigável, tipo
7
carne, conhecido como proteína texturizada de soja – PTS, tendo valor protéico mais
alto quando obtido pela extrusão do concentrado protéico - 50-70 % de proteína
bruta - (BERK, 1992). A soja micronização pode ser obtida mediante exposição da
soja integral ao vapor indireto e à radiação infravermelho, sob temperatura de 150 a
180°C, por 2 a 3 minutos, seguida de floculação.
Muitas fontes protéicas já tiveram a sua digestibilidade amplamente estudada
em bezerras, como por exemplo a soja. Existem várias formas ou tipos de proteínas
da soja as quais podem ser usadas nos sucedâneos do leite. Farinha de soja,
farinha de soja modificada, proteína da soja concentrada e soja isolada são alguns
exemplos. Farinha de soja é uma farinha finamente moída e contém
aproximadamente 50% de proteína. Proteína da soja concentrada é a porção
protéica da soja concentrada pela remoção dos carboidratos solúveis, contém
aproximadamente 66% de proteína. Proteína isolada da soja com maior teor de
proteína aproximadamente 85 a 86% e tem a fração de carboidratos removida. A
soja isolada não tem a fibra bruta mensurada. Outra preocupação da soja é o perfil
de aminoácidos comparado ao do leite. A soja é deficiente em metionina, portanto
faz se necessária à inclusão deste aminoácido no substituto composto com soja
(QUIGLEY, 1997).
A proteína da soja é comumente usada nos Estados Unidos, mas existe
pouca informação para outras proteínas não degradáveis, como, por exemplo, o
glúten de trigo (GT), que pode ser usado para minimizar os custos com alimentação.
O glúten de trigo é uma proteína derivada do trigo ou da farinha de trigo através de
processamento por água ou moinho. Quando a farinha de trigo é misturada e lavada
com água, a hidratação deixa uma mistura viscoelástica de dois componentes:
glutenina, que tem alta massa molecular e elasticidade, e gliadina, que contribui em
extensibilidade. O glúten de trigo tem sido utilizado freqüentemente na indústria de
panificação, principalmente para melhorar as características dos produtos de baixa
qualidade. Estudos recentes com leitões em amamentação mostraram melhora
significativa no desempenho quando glúten de trigo seco foi incluído em 6 a 8% na
dieta (RICHERT, 1992). Além disso, leitões que foram alimentados com glúten de
trigo seco tiveram melhor desempenho que leitões controle quando ambos os grupos
foram alimentados com a mesma dieta após o período de tratamento. TERUI et al.,
(1996) avaliaram os efeitos da substituição parcial da proteína do leite por glúten de
trigo solúvel, com modificação enzimática, em sucedâneos do leite em bezerros
8
holandeses machos de três a seis semanas de idade e o efeito da substituição
parcial da proteína de soja por glúten de trigo seco (GT) em rações iniciadoras em
bezerros leiteiros. Eles encontraram valores similares no crescimento dos bezerros
alimentados com sucedâneos do leite contendo 20% de PB sem GT quando
comparados aos bezerros que receberam de 30 a 50% da PB total de GT.
2.2.3 Problemas da Utilização de Sucedâneos de Leite para Bezerros
O excesso de amido e fibra, a baixa qualidade e inadequada incorporação de
gorduras e a utilização de fontes protéicas de baixo aproveitamento ou que
provocam transtornos digestivos aos bezerros, acarretando menores taxas de
crescimento, aumento na incidência de problemas respiratórios e maior mortalidade,
são os maiores problemas da utilização de sucedâneos de leite para bezerros
(LIZIEIRE & CAMPOS, 1992). Concentrações que ultrapassam a ingestão de 1,6%
do peso vivo em quantidade de matéria seca, por meio do sucedâneo, restringem o
consumo de alimentos sólidos (STOBO et al., 1979) e concentrações de sólidos
totais no sucedâneo entre 10 e 20% levam à incidência de diarréia em 33 a 100%
dos bezerros (HUBER, citado por LUCCI, 1989). A boa coagulação no abomaso
influi positivamente na digestão da gordura que, retida em pequenas porções,
permite uma ação mais prolongada da esterase pré-gástrica sobre os ácidos graxos
e evita o processo de sensibilização provocado pela absorção, no intestino delgado,
de moléculas protéicas não cindidas (STORRY & FORD, 1982). A caseína do leite
tem a propriedade única de coagular-se no abomaso, na presença de renina. O
bezerro, apesar de mamar apenas duas a três vezes por dia, tem um suprimento
contínuo de proteína. Há aumento na quantidade e tipo de enzima produzida pelo
aparelho digestivo dos bezerros, ao longo de seu desenvolvimento (ORSKOV,
1992). Entretanto, quando alimentados com substitutos do leite, que contenham
fontes protéicas não-lácteas, há redução na secreção pancreática de tripsina e
quimotripsina (TERNOUTH & ROY, 1978), em razão de essas proteínas não
apresentarem coagulação adequada. Portanto, deve-se observar um período de
adaptação gradativa dos bezerros à dieta e os substitutos de leite devem ser
fornecidos mais vezes. YUANGKLANG et al. (2004) testaram a hipótese de que os
efeitos inibitórios da proteína de soja da dieta versus a caseína na digestão das
gorduras em vitelos seriam menores quando as dietas fornecidas tivessem altos
9
níveis de cálcio ao invés de baixos. O estudo mostrou pela primeira vez que a
proteína da soja versus a caseína diminui a digestão das gorduras e aumenta a
excreção de ácidos biliares fecais em vitelos.
2.2.4 Substituição da Proteína Láctea por Vegetal
A substituição das fontes de proteínas nos sucedâneos do leite significa troca
por alternativas mais econômicas, freqüentemente acarretando ingredientes menos
digestíveis. Muitas alternativas têm sido avaliadas. Tipicamente são determinados o
desempenho (crescimento, ingestão, eficiência alimentar) e a digestibilidade dos
sucedâneos.
Redução da digestibilidade é a principal preocupação em bezerros menores
de três semanas de idade. Estes têm menor secreção de enzimas pancreáticas,
quando comparados com animais mais velhos, e menor atividade proteolítica do
suco pancreático, conseqüentemente a digestibilidade tende a ser menor. Isto cabe
às proteínas que não são provenientes do leite em geral, as quais não são tão bem
digeridas por bezerros muito jovens.
A fonte de proteína de origem vegetal (farelo de soja e outras) pode substituir
parte da proteína láctea para animais jovens, sendo que animais mais velhos
toleram maiores níveis de substituição. Existem, porém, problemas adicionais ao uso
de proteínas de origem vegetal, relacionados ao conteúdo indesejável de alcalóides,
inibidores tripsínicos e suas propriedades que causam reações alérgicas no trato
gastrintestinal, por produção de anticorpos específicos contra proteínas globulares
imunologicamente ativas (glicinina, ß-conglicinina e um composto aromático que
atua como antígeno, o benzil-isocianato), com espessamento da parede intestinal e
aumento da velocidade de passagem dos produtos da digestão, prejudicando a
absorção dos nutrientes no intestino (ORSKOV, 1992; MATOS & RODRIGUES,
1983; SEEGRABER & MORRIL, 1979). NÖRNBERG & PEIXOTO (1988)
observaram que a digestibilidade aparente da proteína e da energia foi de 70,8% e
74,8%, respectivamente, correspondendo a 4,76 Mcal de energia/kg MS do
concentrado, quando substituíram 20% do leite desnatado em pó por concentrado
protéico de soja (CPS). Foram encontradas diferenças nos primeiros períodos (1-6
semanas), mas não nos últimos ou no período total (7-16 e 1-16 semanas),
10
recomendando uma avaliação econômica em relação à taxa de crescimento
desejada e à proteína láctea ou outros subprodutos. Para avaliar a influência do
isolado protéico de soja (IPS) na secreção enzimática do pâncreas, KHORASANI et
al. (1989) testaram um sucedâneo com 100% de leite em pó desnatado (LPD) e
substituições com 50% e 100% de IPS e observaram que houve redução na
digestibilidade da proteína e da maioria dos aminoácidos. A inclusão de IPS não
afetou o volume de secreção do suco pancreático, proteína ou quimo tripsina, mas
decresceu a secreção de tripsina, provavelmente responsável pela baixa
digestibilidade dos substitutos.
Bezerros alimentados com substitutos contendo farelo de soja tostado, como
única fonte protéica, em comparação com bezerros recebendo substituto comercial à
base de proteína láctea, permitiram observar que o valor nutritivo do farelo pode ser
aumentado com o seu tratamento ácido (pH 4,0 por cinco horas a 37ºC; COLVIN &
RAMSEY, 1968). GOMES & PEIXOTO (1982) testaram dietas líquidas com leite
integral, leite desnatado em pó com 20% de gordura de frango e 20% de extrato de
soja, em substituição ao leite desnatado em pó, e concluíram que é possível a
inclusão da gordura de frango na composição de sucedâneos para bezerros em
regime de desaleitamento precoce e que a inclusão de 20% de extrato de soja
resultou em desempenho satisfatório. HUBER & CAMPOS (1982) testaram
diferentes fontes protéicas (proteína láctea -PL, concentrado protéico de soja - CPS,
hidrolisado enzimático de peixe - HEP e solúvel de peixe seco - SPS) em diferentes
combinações e concluíram que a substituição de 33% da proteína dietética com
CPS, ou suas combinações, produz 14% a menos de ganho de peso em relação a
PL (416 g/animal/dia), e 33% de substituição com HEP reduz em 27% o ganho,
piorando a conversão alimentar de 1,72 obtida com PL para 2,16 obtida com 33% de
HEP.
Na avaliação da performance de bezerros recebendo fontes protéicas
provenientes de proteína láctea, concentrado protéico de soja, glúten de trigo
enzimaticamente modificado e proteína plasmática de suíno, em diferentes
combinações no sucedâneo, TOMKINS, SOWINSKI & KEITH (1994) não verificaram
diferenças significativas entre os tratamentos, e os ganhos médios oscilaram de 354
a 486 g/dia.
11
2.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DIGESTIVO DO BEZERRO JOVEM
Fisiologicamente, o bezerro recém nascido não é um ruminante funcional. O
abomaso, que representa a maior porção do estomago do bezerro recém-nascido, é
a primeira unidade funcional da região gástrica. O reflexo de sucção permite que o
colostro ou leite não entrem no rúmen e retículo rudimentares, pois fecha a goteira
esofágica levando o leite ou sucedâneo diretamente ao abomaso (TYLER &
ENSMINGER, 2005). Alem disso, ele é submetido a grandes mudanças psicológicas
e metabólicas desde o nascimento até o desmame no consumo de alimento seco
(NRC, 2001). Durante o estágio de pré-ruminante a digestão e metabolismo são
similares aos dos animais não ruminantes em vários aspectos. Portanto os
requerimentos dietéticos são melhor alcançados através de dietas líquidas de alta
qualidade, formuladas com fontes de carboidratos, proteínas e gorduras que sejam
digeridas de forma eficiente. O período mais crítico correspondente às primeiras três
semanas de vida. Durante este período o sistema digestivo do bezerro é imaturo,
porém desenvolvendo-se rapidamente devido a secreções digestivas e atividade
enzimática (NRC, 2001).
2.4 REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS DO BEZERRO JOVEM
Bezerros criados para outros propósitos, que não a produção de vitelos,
devem ser encorajados a consumir alimento seco em idades precoces para
estimular o desenvolvimento de um rúmen funcional. O desenvolvimento do tecido
epitelial ruminal, que é responsável pela absorção de ácidos graxos voláteis (AGVs),
depende da presença de ácidos graxos voláteis, principalmente o butirato (NRC
2001). A composição química e forma fisiológica das rações iniciadoras são
características importantes. A ração iniciadora deve ser relativamente alta em
carboidratos rapidamente fermentáveis, porém adequada em fibra digestível para
suportar a fermentação necessária para o crescimento correto do tecido ruminal. O
rúmen e a população ruminal são imaturos neste estágio (ANDERSON et al., 1987)
e a digestibilidade da celulose no rúmen é limitada (WILLIAMS & FROST, 1992).
Conseqüentemente feno longo não é tão efetivo quanto os concentrados no
desenvolvimento de um rúmen funcional e limita a ingestão de energia metabolizavel
12
em bezerros jovens (STOBO et al., 1966). Feno longo não deve ser fornecido a
bezerros até depois do desmame (QUIGLEY, 1996). Contudo, o tamanho de
partícula da ração iniciadora deve ser adequado, seja peletizado, moído ou
texturizado, é importante prevenir o desenvolvimento anormal e queratinização das
papilas ruminais e para prevenir a impactação de partículas finas entre as papilas
(NRC 2001).
2.4.1 Fases da Função Digestiva de Bezerros
Em relação aos requerimentos do bezerro, três fases de desenvolvimento
relacionadas com a função digestiva são admitidas (DAVIS & CLARK, 1981):
2.4.1.1 Fase de alimentação líquida
Essencialmente todos os requerimentos nutritivos são alcançados através do
leite ou sucedâneo do leite. A qualidade destes alimentos é preservada por uma
goteira esofágica funcional, a qual leva os alimentos líquidos diretamente ao
abomaso desta forma evitando a intervenção microbiana no retículo rúmen
(ORSKOV, 1972 citado pelo NRC 2001).
2.4.1.2 Fase de transição
Dieta líquida e ração iniciadora - ambas contribuem para alcançar os
requerimentos nutricionais do bezerro.
2.4.1.3 Fase ruminal
O bezerro deriva seus nutrientes de alimentos sólidos, principalmente pela
fermentação ruminal no retículo rúmen.
13
2.4.2 Requerimentos Protéicos de Bezerros
Os requerimentos são divididos em componentes de manutenção e ganho. A
manutenção se refere às perdas obrigatórias de nitrogênio nas fezes e urina,
enquanto o ganho é o nitrogênio armazenado nos tecidos. O requerimento protéico é
expresso em termos de digestibilidade aparente da proteína (DAP) e é computado
da seguinte forma:
Fonte: NRC 2001
Onde, VB = valor biológico (discutido a seguir). Nitrogênio urinário endógeno
(E, g/d) é computado como 0,2 PV
0,75
(NRC USA, 1980) onde o peso vivo (PV) esta
em kg. Este valor às vezes é mais alto do que o (0,165 PV
0,75
) computado com a
fórmula (2,75 g de proteína líquida por PV
0,5
) dado em 1989 pela publicação do NRC
EUA; de qualquer forma ambos estão dentro da variação de valores da Literatura
Científica (BLAXTER & WOOD, 1951; CUNNIGHAM & BRISSON, 1957; ROY , 1970
citados pelo NRC 2001). Assume-se que a quantidade de nitrogênio de ganho (G) é
constante 30g N/kg GPV, o qual está entre a variação de valores reportada por
outros (BLAXTER & WOOD, 1951; ROY, 1970; DONNELLY & IIUTTON, 1976; NRC,
1978; DAVIS & DRACKLEY, 1998 citados pelo NRC 2001). Um número insuficiente
de dados está disponível para descrever as mudanças no conteúdo de N do ganho
de peso vivo em função do aumento da taxa de crescimento. O N metabólico fecal
(M) é estabelecido como 1,9 g/kg de matéria seca consumida (D) através do leite ou
sucedâneo de leite e 3,3 g/kg de MS de ração iniciadora consumida (ROY, 1980
citado pelo NRC 2001); estes valores são adicionados para bezerros alimentados
com ambos leite e ração iniciadora.
A edição do NRC de 2001 ignorou a perda de nitrogênio de revestimentos
(pêlo e pele). A edição de 1989 calculou a perda de N como 0,032 g para um
bezerro de 50 kg. Na prática esta perda é compensada pelo maior valor de perdas
endógenas de nitrogênio na edição de 2001 (3,76 g de N para um bezerro de 50 kg)
do que na edição de 1989 (3,10 g de N).
Para o valor biológico (BV) das proteínas do leite, que equaciona a eficiência
de uso do N para crescimento acima da manutenção, é admitido um valor de 0,80
DAP, g/d = 6.25 [1/VB (E + G + M X D) – M X D]
14
(DONNELLY & IIUTTON, 1976). Assume-se que o mesmo fator se aplica para
eficiência do uso de proteínas da dieta para funções de manutenção. Este valor foi
determinado através da limitação da ingestão de proteína e assume que a dieta
fornecida está devidamente balanceada para todos os nutrientes essenciais e essa
ingestão de energia é suficiente para suportar a síntese protéica. A ingestão de
proteínas não deve exceder aquela requerida para o ganho desejado permitido
através da ingestão de energia. O valor biológico (VB) decresce à medida que a
ingestão de proteína for incrementada nos estudos de DONNELLY & IIUTTON
(1976a). A publicação do NRC de 1978 usava o valor 0,77. Estudos recentes de
TEROSKY et al. (1997) encontraram o valor biológico aparente para sucedâneos de
leite contendo 21% de PB proveniente de proteína de leite desnatado, proteína do
soro concentrada ou mistura dos dois valores variando entre 0,692 a 0,765.
Estimativas do valor biológico verdadeiro (corrigido para perdas de N endógeno e N
metabólico fecal) daquele estudo estão com excesso de 0,80.
A conversão de PB para DAP foi assumida como 93% para proteínas do leite
(Agricultural Research Council, 1980), o qual é levemente mais alto do que o valor
de conversão de PB da dieta para aminoácidos absorvíveis (91%) usados em uma
edição anterior a esta publicação (NRC, 1978). Deve-se perceber que os
requerimentos de DAP e PB foram estabelecidos com base em dietas contendo
proteínas do leite com alta digestibilidade e VB, os bezerros não utilizaram proteínas
alternativas, não-lácteas nos sucedâneos do leite com estas altas eficiências e
ajustes apropriados podem precisar ser feitos quando tais fontes de proteínas são
utilizadas para assegurar um suprimento adequado de aminoácidos para
crescimento (DAVIS & DRACKLEY, 1998). Além disso, pelo fato da digestão até de
proteínas do leite de alta qualidade ser prejudicada durante as primeiras duas
semanas de idade (ARIELI et al., 1995; TEROSKY et al., 1997), o valor das
proteínas do leite pode ser superestimado durante o período de alimentação líquida.
O valor biológico de proteínas absorvidas através da ração iniciadora é
estabelecido em 0,70 (NRC,1978 citado pelo NRC 2001). Os bezerros alimentados
com leite mais ração iniciadora e bezerros desmamados (alimentados apenas com
ração iniciadora) derivam um pouco das suas necessidades protéicas da proteína
microbiana produzida no rúmen. Contudo, houve insuficiência de dados disponíveis
para permitir o cálculo da quantidade de proteína ruminal degradável (PRD) ou
proteína ruminal não degradável (PRND) suplementadas com qualquer grau de
15
confiança, então, a aproximação fatorial usando DAP foi adotada para bezerros
pesando acima de 100 kg. Os requerimentos também são apresentados em termos
de PB. Assume-se que a conversão de PB para DAP é 75% para ração iniciadora e
rações de crescimento (NRC, 1980). QUIGLEY et al., (1985) encontraram que em
média 58% da proteína que chega ao abomaso de bezerros desmamados era de
origem microbiana; o fluxo de N ao abomaso não foi reportado. Assume-se que o VB
e conversão de DAP para PB para bezerros alimentados com ração iniciadora e leite
ou ração iniciadora e sucedâneo do leite são adicionais com base nas quantidades
relativas de PB fornecidas pela ração iniciadora e leite (ou sucedâneo de leite).
Exemplos de requerimentos de DAP e PB para bezerros alimentados apenas
com leite ou sucedâneo de leite são encontrados na Tabela 1 a seguir.
TABELA 1 - REQUERIMENTOS PROTÉICOS E ENERGÉTICOS DIÁRIOS DE BEZERROS JOVENS
DE REPOSIÇÃO ALIMENTADOS APENAS COM LEITE OU SUCEDÂNEO DO LEITE
Energia Proteína
Peso vivo
(kg)
Ganho
(g)
Ingestão de MS
a
(kg)
EL
m
b
(Mcal)
EL
g
c
(Mcal)
EM
d
(Mcal)
ED
e
(Mcal)
PDA
f
(g)
PB
g
(g)
Vitamina A
h
(UI)
30
0 0,27 1,10 0 1,28 1,34 21 23 3.300
200 0,36 1,10 0,28 1,69 1,76 68 73 3.300
400 0,47 1,10 0,65 2,22 2,31 115 124 3.300
40
0 0,34 1,37 0 1,59 1,66 26 28 4.400
200 0,43 1,37 0,31 2,04 2,13 73 79 4.400
16
400 0,55 1,37 0,72 2,63 2,74 120 129 4.400
45
0 0,37 1,49 0 1,74 1,81 28 30 4.950
200 0,46 1,49 0,32 2,21 2,30 76 81 4.950
400 0,59 1,49 0,75 2,82 2,94 123 132 4.950
600 0,74 1,49 1,21 3,50 3,64 170 183 4.950
A
Ingestão de matéria seca necessária para alcançar os requerimentos de EM para bezerros alimentados com
sucedâneo do leite composto primeiramente com proteínas lácteas e contendo EM de 4,75 Mcal/kg de MS.
b
EL
m
(Mcal) = 0,086 PV
0,75
, onde PV (peso vivo) esta em kg.
c
EL
g
(Mcal) = (0,84 PV
0,355
X GPV
1,2
) X O,69, onde PV e GPV (ganho de peso vivo) estão em kg.
d
EM (Mcal) = 0,1 PV
0,75
+ (0,84 PV
0,355
X GPV
1,2
), onde PV e GPV (ganho de peso vivo) estão em kg.
e
ED (Mcal) = ME/0,96.
f
PDA (Proteína Digestível Aparente, g/d) = 6,25 [ 1/VB (E/G/M X D) M X D]. Assume-se que o VB (valor
biológico) é 0,8. Assume-se 0,2 PV
0,75
/d para E (nitrogênio endógeno urinário), onde PV esta em kg. Quanto ao
M (nitrogênio metabólico fecal) é 1,9g/kg de ingestão de matéria seca (D). Finalmente G (nitrogênio no ganho de
peso vivo) é 30g/kg de GPV.
g
PB (proteína bruta) = DAP/0,93. Assume-se que a digestibilidade de proteínas lácteas desnaturadas seja 93%.
h
Vitamina A (UI)= 110 UI/kg de PV.
Fonte: NRC, 2001.
2.4.3 Requerimentos Energéticos de Bezerros
Os requerimentos energéticos de bezerros podem ser expressos de várias
formas. Independente do sistema preferido é muito importante compreender onde as
maiores perdas de energia ocorrem à medida que os componentes produtores de
energia passam pela digestão e metabolismo. Se a eficiência de conversão de
energia bruta para energia digestível ou metabolizavel e de conversão de energia
metabolizavel para energia líquida (ambas ELm e ELg) forem conhecidas, quem usa
pode selecionar o sistema que melhor atende suas necessidades.
Os dados de requerimentos energéticos são organizados com bezerros de
reposição alimentados apenas com leite ou sucedâneo de leite (Tabela 1). A quantidade
de alimento líquido (leite ou sucedâneo) oferecido para bezerros de reposição é restrita
17
para encorajar a ingestão de alimento seco (ração iniciadora), mas bezerros criados
para vitelo são alimentados com leite ou sucedâneo de leite quase à vontade.
2.4.3.1 Bezerros jovens de reposição alimentados apenas com leite ou sucedâneo
de leite
Os requerimentos energéticos de bezerros jovens alimentados apenas com
leite ou sucedâneo de leite e pesando de 25-50 kg estão na Tabela 1.
A EL
M
é estimada como 0,086 Mcal/kg
0,75
de peso vivo (PV) por dia. Isto se
iguala razoavelmente bem com estimativas do metabolismo rápido de bezerros
jovens alimentados com leite os quais tem suas atividades limitadas. A eficiência do
uso de energia metabolizavel (EM) proveniente do leite ou sucedâneo do leite para
alcançar os requerimentos de manutenção é estimada em 86 por cento.
Conseqüentemente, a EM de manutenção é delineada em 0,1 Mcal/kg
0,75
por dia. O
Agricultural Research Council (ARC) especificou um requerimento de 0,102
Mcal/kg
0,75
por dia, com eficiência de uso de EM para manutenção de 85% (ARC,
1980). Os requerimentos de EM foram calculados através da equação derivada por
TOULLEC (1989) a seguir:
Onde, o peso vivo (PV) e o ganho de peso vivo diário eso em quilogramas. A
primeira porção da equação determina os requerimentos de energia metabolizavel para
manutenção em 100 kcal/kg
0,75
por dia. A segunda porção da equação é usada para
derivar os requerimentos de EM por GPV, o qual é uma função de ambos, tamanho
corporal e taxa de ganho de peso. Esta equação foi derivada com base em eficiência de
conversão de EM para EL
G
de 69%para bezerros alimentados apenas com leite ou
sucedâneo do leite, que é consistente com a maioria dos valores. O conteúdo
energético do GPV previsto pela equação acima é 1556 kcal/kg de GPV para um
bezerro de 40 kg com ganho diário de 200 gramas e 2567 Kcal/kg de GPV para um
bezerro de 75 kg ganhando 800 gramas por dia. Os valores previstos por esta equação
são similares aqueles da Edição de 1989 desta publicação para bezerros menores com
baixas taxas de ganho de peso (1460 kcal/kg de GPV para um bezerro de 40 kg
ganhando 200 gramas por dia), porém são substancialmente mais altos que os da
Requerimentos de EM (Mcal/d) = 0,1 PV
0
,
75
+ (0,84 PV
0
,
355
)(GPV
1
,
2
)
18
Edição de 1989 para bezerros maiores com taxas de ganho mais altas (1869 kcal/kg
GPV para um bezerro de 75 kg ganhando 800g/dia). Dados de composição de GPV
para bezerros leiteiros de genótipos comuns seriam úteis para um refinamento futuro de
requerimentos para crescimento.
Os requerimentos de EM dados na Tabela 1 para bezerros pesando de 30-60
kg e ganhando diferentes taxas de peso estão muito próximos da maior parte dos
dados publicados. Os valores de energia digestível (ED) na Tabela 1 são calculados
pela EM, assumindo uma eficiência de 96% na conversão de ED para EM
(NEERGARD, 1976; NRC, 1989; TOULLEC, 1989; GERRITS et al., 1996 citados
pelo NRC 2001).
Deve-se estar atento aos valores dos requerimentos de EM para manutenção
que podem ser subestimados durante a primeira semana de vida por causa das altas
e variáveis taxas metabólicas basais observadas durante este período (ROY et al.,
1957; VERMOREL et al., 1983; OKAMOTO et al., 1986; SCHRAMA et al., 1992;
ORTIGUES et al., 1994; ARIELI et al., 1995 citados pelo NRC 2001). Além disso,
pelo fato do trato digestivo ser imaturo e desenvolver-se rapidamente, a
metabolização das dietas pode ser mais baixa durante esse período (SCHRAMA et
al., 1992; ARIELI et al., 1995) portanto superestimando a energia suprida pela dieta.
O resultado líquido desses efeitos é que o GPV dos bezerros durante a primeira
semana de vida pode ser consideravelmente menor do que os ganhos de energia
permitidos previstos mostrados na Tabela 1. À medida que mais dados sejam
disponibilizados pode se tornar possível modelar estes efeitos em edições futuras.
2.5 DIGESTIBILIDADE
Quando os alimentos atravessam o tubo digestivo não são utilizados
integralmente, uma parte é expulsa para o exterior sem ter subministrado nada ao
organismo. Portanto torna-se fundamental a avaliação destas perdas para a
avaliação da digestibilidade (ANDRIGUETTO, 1986). Em princípio, a determinação
das frações digestíveis de um alimento é muito simples: se 100 unidades de uma
fração contida no alimento são ingeridas e 25 unidades desta fração são
recuperadas nas fezes, assume-se que 75 unidades da fração foram digeridas e
absorvidas, ou seja, que esta fração apresenta 75% de digestibilidade ou, ainda, que
19
o coeficiente de digestão é de 75%:
Se o princípio para a determinação da digestibilidade é simples, a
quantificação das fezes provenientes do alimento já não é (NUNES, 1998). No caso
da digestibilidade protéica, é necessário calcular a digestibilidade real e a aparente,
sendo a primeira igual a segunda menos as eliminações orgânicas (restos celulares,
bacterianos e de enzimas) (ANDRIGUETTO, 1986). As perdas basais endógenas
associadas com o funcionamento normal do intestino são consideradas perdas não
específicas. Elas são independentes da composição da dieta, mas elas variam com
a ingestão de matéria seca. As perdas endógenas totais aumentam com a inclusão
de alguns constituintes na dieta, como fibras e fatores antinutricionais. A diferença
entre perdas totais e não especificas foram chamadas de perdas especificas. Elas
resultam de interações entre constituintes da dieta e o intestino. Um aumento nas
perdas endógenas, devido a presença de perdas especificas, pode implicar numa
maior utilização das proteínas pelo intestino e conseqüentemente maiores
requerimentos de aminoácidos e energia (MONTAGNE et al., 2001).
2.5.1 Digestibilidade Aparente e Balanço do Nitrogênio
Devido a ausência de dados em bezerros as discussões passarão a ser feitas
com o uso de dados obtidos com suínos. A digestibilidade do nitrogênio de um
alimento e o balanço em suínos pode ser determinada pela alimentação destes
animais durante um período de tempo e coleta de fezes e urinas excretadas. Tanto as
fezes quanto a urina são processadas. Amostras do alimento e das fezes secas são
moídas para passar por peneira de 1mm e analisadas para o nitrogênio usando o
método Kjeldahl ou processo de combustão. Amostras de urina (aproximadamente
5ml, dependendo da concentração de nitrogênio) também são analisadas para
nitrogênio (ADEOLA, 2001). Um exemplo de cálculo para o balanço de nitrogênio
pode ser visto na Tabela 2.
TABELA 2 - EXEMPLO DE CÁLCULO DO BALANÇO DE NITROGÊNIO
Coeficiente de digestão = Quantidade ingerida – Quantidade excretada nas fezes
X 100
Quantidade ingerida
20
Peso do suíno (kg) 24,5
Ingestão de alimento (IA) (g/dia) 1000
Matéria Seca (MS) 88
Ingestão de Matéria Seca (IMS) (g/dia) (88/100)X1000 880
Nitrogênio no Alimento (%com base MS) 1,44
Ingestão de Nitrogênio (IN) (g/dia) (1,44/100)X880 12,67
Peso das fezes coletadas em 5 dias (g) 1890
Matéria Seca das fezes (%) 30,6
Excreção de fezes secas (g/dia) (30,6/100)X1890÷5 116
Nitrogênio nas fezes (% com base na MS) 2,49
Excreção de Nitrogênio nas fezes (ENF) (g/dia) (2,49/100)X116 2,89
Volume de urina coletado em 5 dias (ml) 6760
Nitrogênio na urina (g/100ml) 0,046
Excreção de nitrogênio na urina (ENU) (g/dia) (0,046/100)X6760 3,11
Nitrogênio Digerido (ND) (g/dia) IN – ENF 12,67 – 2,89 9,78
Digestibilidade do Nitrogênio (%) 100X(IN – ENF) ÷ IN 100X(9,78) ÷ 12,67 77,1
Balanço de Nitrogênio (BN) IN – ENF – ENU 12,67 – 2,89 – 3,11 6,67
Utilização líquida de proteína (%) 100XNB ÷IN 100X6,67÷12,67 52,6
Valor Biológico da Proteína do Alimento (%) 100XNB ÷ND 100X6,67÷9,78 68,2
Fonte: ADEOLA (2001).
Os cálculos mostrados na Tabela 2 são chamados aparente porque todo o
nitrogênio das fezes não tem origem apenas no alimento. Enzimas digestivas,
secreções biliares, células de descamação do trato gastrintestinal e produtos da
atividade microbiana intestinal são denominados coletivamente de perdas
endógenas. Estes produtos não são diretamente de origem alimentar, mas eles
contribuem para o nitrogênio nas fezes. Corrigindo o nitrogênio das fezes para estas
perdas obtemos a digestibilidade verdadeira do nitrogênio.
2.5.2 Estimando as Perdas Endógenas de Nitrogênio
A digestibilidade aparente estimada não diferencia o nitrogênio endógeno do
não digerido e não absorvido de origem alimentar. A proteína e aminoácidos
endógenos consistem em proteínas das secreções gástrica, pancreática e biliar,
células de descamação da mucosa e amônia e uréia endógena. Para a obtenção da
digestibilidade verdadeira do nitrogênio é necessário fazer a correção do nitrogênio
fecal para o nitrogênio endógeno. Em um suíno de 30 kg, aproximadamente 90%
dos componentes nitrogenados secretados no lúmen do trato gastrintestinal é
21
digerido e absorvido, deixando apenas uma pequena porção nas fezes (FULLER &
REEDS, 1998). As perdas endógenas de nitrogênio são afetadas pelos inibidores de
proteases da dieta (ex: inibidor da tripsina), gordura, fibra, pectina e níveis de
proteína.
2.5.2.1 Métodos para estimar o nitrogênio endógeno
2.5.2.1.1 Método direto
Neste método animais são alimentados com uma dieta isenta de nitrogênio e
as fezes são coletadas e analisadas para nitrogênio. Implícito no uso de uma dieta
livre de nitrogênio para estimar a perda endógena de nitrogênio está a suposição de
que o nitrogênio da dieta não afeta a recuperação do nitrogênio endógeno. Esta
suposição, logicamente, é contrariada por evidências muito fortes de que dietas com
altos níveis de nitrogênio provocam maiores perdas de nitrogênio endógeno. Usando
o método direto de alimentação com uma dieta livre de nitrogênio para estimar o
nitrogênio endógeno nas fezes, ADEOLA et al. (1986) reportaram um valor de
0,0012g nitrogênio/g de ingestão de matéria seca. No exemplo calculado na Tabela
1, a ingestão diária de nitrogênio de 12,67 g traduzida para 0,0144g nitrogênio/g de
ingestão de matéria seca (12,67 ÷ 880) e a excreção diária de nitrogênio nas fezes
de 2,89 g traduzidas para 0,0033 g nitrogênio/g de ingestão de matéria seca (2,89 ÷
880). Corrigindo essa excreção diária de nitrogênio nas fezes para perdas de
nitrogênio o endógeno nas fezes fornece 0,0021 g nitrogênio/g de ingestão de
matéria seca (0,0033 – 0,0012). Portanto, a digestibilidade verdadeira de nitrogênio
neste exemplo é: 100X (0,0144 – 0,0021) ÷ 0,0144 = 85,4%, comparada com a
digestibilidade aparente do nitrogênio de 77,1%.
MONTAGNE et al. (2001) realizaram um experimento sobre a digestão
intestinal de proteínas da dieta e endógenas ao longo do intestino de bezerros
alimentados com soja e batata. Neste trabalho são apresentadas as seguintes
formulas para digestibilidade aparente, verdadeira e real:
22
Onde, PB
digesta
é o fluxo de proteína bruta na digesta em gramas por dia; a
PB
ingerida
esta em gramas por dia; a PB
endogena não especifica
é o fluxo endógeno não
específico de proteína bruta em gramas por dia, conforme o determinado em
estudos anteriores utilizando uma dieta isenta de proteína e a PB
endógena total
é a
proporção da proteína bruta endógena total na digesta (não especifica mais a
especifica) estimada usando o método de DUVAUX et al. (1990) citado por
MONTAGNE, 2001, método matemático baseado na comparação da composição
das digestas com base nas proteínas da dieta, endógenas e microbianas para obter
as proporções destas frações na digesta.
A digestibilidade verdadeira de nitrogênio é sempre maior ou igual a
digestibilidade aparente, enquanto a digestibilidade aparente de nitrogênio é afetada
pelo nível de nitrogênio na dieta, a digestibilidade verdadeira de nitrogênio não é
(ADEOLA, 2001).
2.5.2.1.2 Método de regressão
Este método envolve a alimentação com três ou mais níveis de nitrogênio na
dieta e regressão da concentração de nitrogênio nas fezes (expresso por unidade de
ingestão de matéria seca) contra a concentração de nitrogênio na dieta (expresso
por unidade de ingestão de matéria seca). O nitrogênio endógeno nas fezes é obtido
por extrapolação para dieta com zero de nitrogênio. Assim como no caso do
fornecimento de dieta isenta de nitrogênio, este método também assume que a
quantidade de nitrogênio na dieta não afeta a recuperação do nitrogênio endógeno,
100X
PB
PB
1aparenteidadeDigestibil
ingerida
digesta
=
100X
PB
PBPB
1verdadeiraidadeDigestibil
ingerida
daespecificanãoendógena
digesta
=
100X
PB
PBPB
1realidadeDigestibil
ingerida
totalendógena
digesta
=
23
ou que há uma excreção constante de nitrogênio endógeno sem importar a ingestão
de proteína na dieta (ADEOLA, 2001).
2.5.2.1.3 Método de proteção da lisina
Envolve o tratamento das proteínas da dieta com O-metilisouréia para a
conversão dos resíduos da lisina em homoargininas (ADEOLA, 2001). Parcialmente
transformando a lisina da dieta em homoarginina, a qual é absorvida porém não esta
presente na proteína endógena do intestino, desta forma servindo como marcador
para a ingestão de lisina. Pela determinação de ambas, lisina e homoarginina da
digesta ideal, coletada após a alimentação do animal com uma dieta lisina protegida,
o fluxo endógeno de lisina pode ser determinado (RUTHERFURD & MOUGHAN,
1990). Presumido no uso de proteínas protegidas para a estimulação de perdas
endógenas de nitrogênio estão que as modificações de proteínas não afetam a
digestão, não existe secreção endógena seletiva de homoarginina no lúmen e a
homoarginina é absorvida na mesma proporção que outros componentes
nitrogenados da dieta e dessa forma serve de marcador de nitrogênio não digerido.
O método de proteção da lisina pode ser útil para digestibilidade determinada no
final do íleo, mas a exposição da homoarginina ao metabolismo de microrganismos
do intestino grosso faz com que o método seja impróprio para a digestibilidade
determinada através das fezes (ADEOLA, 2001).
2.5.2.1.4 Proteína completamente digestível
Proteína Completamente digestível pode ser fornecida a suínos. Assume-se,
portanto que todo o nitrogênio coletado nas fezes tem origem endógena (ADEOLA,
2001).
Pela sua relativa simplicidade, o método direto de fornecimento de dieta
isenta de proteína continua sendo o mais comumente usado para estimar as perdas
de nitrogênio endógeno (ADEOLA, 2001).
24
2.6 MÉTODO QUANTITATIVO PARA FEZES (COLETA TOTAL)
O método quantitativo para determinação da digestibilidade do alimento e de
um determinado componente de um alimento fornecido é essencialmente uma
operação de coleta e anotação de dados. Ele requer um controle acurado de
ingestão de alimento para determinar a quantidade de alimento ingerido, assim
como um controle acurado das fezes excretadas para determinar a quantidade do
componente excretado. Um problema técnico durante um estudo de digestão é
medir satisfatoriamente as fezes que foram provenientes da ingestão do alimento. As
fezes pertencentes a um alimento fornecido são usualmente identificadas através do
uso de marcadores, os quais são componentes coloridos consumidos como parte da
primeira alimentação marcando o início do período de coleta do estudo de digestão
e consumida uma segunda vez como parte da refeição marcando o final do período
de coleta do estudo de digestão. O marcador colore as fezes e a colheita fecal se
inicia com a aparência das primeiras fezes coloridas. A cor vai esvaecendo à medida
que a colheita fecal progride. A colheita fecal finaliza-se com a segunda coleta de
fezes tingidas. A quantidade de fezes coletadas é tomada para representar a
excreção fecal proveniente da dieta consumida da primeira vez que o marcador foi
fornecido até a última refeição não marcada (antes do segundo marcador ser
fornecido). Substâncias comumente usadas como marcadores são: óxido férrico,
óxido de cromo, carmine vermelho ou carmine índigo. A consideração fundamental
no uso de um marcador é que o marcador se movimenta juntamente com a digesta
no lúmen do trato gastrintestinal e que ele não se difunde na digesta não marcada
adjacente. Às vezes esta consideração não é verdadeira e conseqüentemente a
separação das fezes não é acurada. Contudo com alimentação programada e uma
ingestão diária constante ao longo de um período de adaptação longo, a excreção
fecal diária deve permanecer relativamente constante (ADEOLA, 2001).
ADEOLA, (2001) citou que uma vez que o suíno estiver sobre o estrado, é
fundamental que ele seja adequadamente adaptado e que alimento seja fornecido.
O período de adaptação, geralmente é de três a sete dias, é seguido por um período
de coleta de quatro a seis dias para suínos (ADEOLA, 2001). A Universidade de
Purdue usualmente pratica cinco dias de adaptação seguidos de cinco dias de
coleta.
25
KANJANAPRUTHIPONG (1998) utilizou um período de adaptação de seis
dias e três dias para coleta de fezes e urina em bezerros mestiços Holandês-Zebu
com idade variando de cinco a sete semanas
Para cães adultos, ARTHUR (1970) utilizou um período de pré-coleta de pelo
menos cinco dias para aclimatar os animais testados à dieta e ajustar a ingestão de
alimento, o necessário para manter o peso corporal. A segunda fase, o período de
coleta total, de pelo menos cinco dias (120 horas).
Durante a coleta de fezes é fundamental que os recipientes de
armazenamento sejam marcados duas vezes e de forma bem visível. As etiquetas
devem conter o número do animal, numero da dieta e dias das coletas. Alíquotas
das fezes de três dias diferentes devem ser coletadas. Todos os esforços devem ser
feitos para evitar a coleta de pelos (ARTHUR, 1970).
As fezes devem ser homogeneizadas e pesadas, tomando-se uma alíquota.
LOPES et al. (1998) utilizou uma alíquota de 10%, seca em estufa a 60±5ºC durante
72 horas, moída e acondicionada em frasco de vidro para posteriores análises. As
fezes podem ser colocadas em bolsas plásticas e armazenadas em freezer a -18ºC,
(ADEOLA, 2001).
Quanto à coleta de urina, ARTHUR (1970) citou que deve ser coletada no
mesmo dia das fezes, com o mínimo de contaminação em um container com ácido
sulfúrico para estabilização e prevenir perdas de nitrogênio. Após a determinação do
volume total de urina for determinado, alíquotas das amostras devem ser congeladas
em recipientes apropriados.
Para um estudo do balanço de nitrogênio, urina é coletada com preservativos,
os quais seguram a amônia. Estes preservativos incluem: formaldeído, ácido
hidroclórico e ácido sulfúrico.
LOPES et al., (1998) adaptou funis coletores e baldes às gaiolas metabólicas
contendo 50ml de HCl 1:1, para a coleta total da urina, realizada a cada 24 horas,
nos mesmos períodos das coletas de fezes, em seu estudo com bezerros mestiços
Holandês-Zebu.
O volume de urina é amostrado (alíquotas de 10 a 30%) e armazenadas em
freezer a -18ºC. As amostras são peneiradas para remover materiais não
pertencentes (ADEOLA, 2001).
Liofilização (secagem pelo freezer) ou secagem em estufa de 55 a 60ºC
fornece resultados similares tanto para fezes, quanto para urina, com perda mínima
26
de componentes voláteis. Já em estufa a 70ºC há perda significativa dos
componentes voláteis. Em experimentos clássicos desenvolvidos para examinar os
efeitos do armazenamento no nitrogênio e perdas de energia após colheita
proveniente de fezes e urina de suínos, FULLER & CADENHEAD (1965), citados por
ADEOLA, 2001 demonstraram que o armazenamento de fezes e urina após 8 dias a
1ºC não resultou em nenhuma perda significativa de nitrogênio e energia,
comparada com fezes e urina processadas logo após serem excretadas. Em outro
estudo que examinava o método de preparação de fezes na digestibilidade do
nitrogênio, JORGENSEN et al. (1984), demonstraram que a secagem por forno ou
por freezer não afetou a digestibilidade de nitrogênio quando comparada com fezes
frescas. Portanto, uma vez que cuidado adequado é tomado para congelar fezes e
acidificar urina, as perdas de nitrogênio e energia devem ser mínimas (ADEOLA,
2001).
2.7 MÉTODO DE INDICADOR
A necessidade de registros de ingestão alimentar e para coleta quantitativa de
fezes podem ser evitados algumas vezes pelo uso de componentes de indicador.
Estes componentes deveriam ter os seguintes atributos: quimicamente fáceis de
analisar, não absorvíveis, não essenciais, não tóxicos, completamente inertes
(indigestíveis), regularmente e completamente excretados através das fezes e
misturar-se uniformemente com o alimento e fezes. Portanto, a quantidade do
componente de indicador no alimento e a quantidade excretada nas fezes deveria
ser similar ao longo de períodos de tempo similares. Óxido crômico ou cinza
insolúvel ácida misturadas uniformemente na dieta de 0,1 a 0,5% são comumente
utilizadas como componentes de indicador. Outros componentes de indicador que
têm sido avaliados incluem dysprosium (KENNELLY et al., 1980; ADEOLA, 2001),
metais de terra raros (POND et al., 1986, ADEOLA, 2001) e óxido de titânio
(JAGGER et al., 1992). O uso do método de indicador não requer alojamento de
suínos em estrados para digestão, contudo, cuidados devem ser exercidos para
assegurar que o componente de indicador não seja reciclado através de coprofagia.
Amostras coletadas são processadas da mesma forma que para coleta total.
Adicionando-se apenas as análises químicas para a concentração do componente
27
de indicador nas fezes e alimento. A digestibilidade é calculada da seguinte forma
(ADEOLA, 2001):
2.8 APROXIMAÇÃO DIRETA E POR DIFERENÇA (INDIRETA)
A digestibilidade de um componente de uma matéria-prima testada é
determinada tanto pela determinação direta quanto pela diferença (indireta). Na
determinação direta, a dieta é formulada de tal forma que todo o componente de
interesse é ministrado sozinho. Em outras palavras, nenhuma outra matéria-prima
na dieta (exceto a matéria-prima testada) fornece o componente. Dietas formuladas
dessa forma são oferecidas a suínos e a digestibilidade do componente é
determinada usando tanto a coleta total quanto os métodos de indicador descritos
acima (ADEOLA, 2001).
Em alguns casos de avaliação de matérias-primas, a matéria-prima testada
não pode ser fornecida por um período de tempo longo o bastante para determinar a
digestibilidade do componente de interesse. Também, pode ser impossível, com o
componente disponível, formular a dieta com a matéria-prima testada isolada e
suplementar todos os componentes de interesse. As dietas são então formuladas em
conjunto com outras matérias-primas que também suplementam o componente de
interesse. Estas dietas são oferecidas a suínos em estudos de digestibilidade que
usam tanto a coleta total quanto os métodos de indicador descritos acima (ADEOLA,
2001). Porém já que não é só a matéria-prima testada que suplementa o
componente de interesse da dieta, a digestibilidade do componente de interesse é
calculada usando o método da diferença (determinação indireta). A digestibilidade
determinada usando a diferença assume que as matérias-primas suplementando o
mesmo componente na dieta total não interagem uma com a outra para melhorar ou
deprimir a digestibilidade daquele componente, ex: não existem efeitos associativos
=
entolimano
componentedoãoconcentraç
fezesnas
componentedoãoconcentraç
X
fezesnasindicadorde
componentedoãoconcentraç
entolimanoindicadorde
componentedoãoconcentraç
X100100idadeDigestibil%
28
entre matérias-primas suplementando o mesmo componente na dieta total.
Um de três métodos é freqüentemente utilizado na determinação por
diferença. Um método é fornecer uma dieta basal para um grupo de suínos e
determinar a digestibilidade desta dieta basal. Simultaneamente, outro grupo de
suínos é alimentado com uma dieta basal mais uma quantidade conhecida do
alimento testado e para determinar a digestibilidade da mistura. A digestibilidade do
componente no alimento testado é calculado como segue:
Onde: T é a % de digestibilidade do componente na dieta total (dieta basal mais o alimento
testado);
t é a quantidade do componente na dieta total consumida (dieta basal mais o
alimento testado);
B é a % de digestibilidade do componente na dieta basal; b é a
quantidade do componente na dieta basal consumida; e
a é a quantidade do componente no
alimento testado adicionado a dieta basal
t=b+a. A digestibilidade da dieta basal, B, e a dieta
total (dieta basal mais o alimento testado),
T, são determinados usando tanto o método de
coleta total ou o De indicador descritos acima.
Outro método é fornecer uma dieta basal para um grupo de suínos e
simultaneamente alimentar outro grupo de suínos com uma dieta que tem uma
proporção da dieta basal substituída pelo alimento testado. A digestibilidade do
componente no alimento testado é calculado da seguinte forma:
Onde: A, T e B são definidos como acima: B
P
é a proporção, %, do componente na dieta total
contribuída pela dieta basal:
A
P
é a proporção, %, do componente na dieta total contribuído
pelo alimento testado;
T
P
= B
P
+ A
P
= 100%. Novamente, as digestibilidade B e T são
determinados usando tanto o método de coleta total ou o De indicador descritos.
Um terceiro método é fornecer uma dieta basal para um grupo de suínos e
simultaneamente alimentar outro grupo de suínos com dietas que possuam pelo
menos duas proporções do componente na dieta basal substituído pelo alimento
testado. Regressão da digestibilidade do componente contra proporções do
componente substituído e extrapolação para 100% de substituição é utilizada para
estimar a digestibilidade. Existe sempre o perigo de extrapolação fora da variação
dos níveis de substituição testados e os erros associados são inversamente
=
a
)bxB()txT(
X100%,A,entolimanotestadacomponentedoidadeDigestibil
=
p
pxpx
A
)BxB()TxT(
X100%,A,entolimanotestadacomponentedoidadeDigestibil
29
relacionados com o nível da dieta basal substituída pelo alimento testado.
2.9 COLETA TOTAL VERSUS MÉTODO DE INDICADOR
O uso de métodos de indicador para determinar a digestibilidade evita a
necessidade de registros quantitativos da ingestão de alimento e excreção fecal. A
questão então é se ambos os métodos de determinação fornecem valores similares.
Esta questão foi direcionada nos experimentos reportados por JORGENSEN et al.
(1984), ADEOLA et al. (1986), JAGGER et al. (1992), MROZ et al. (1996) e
THOMPSON & WISEMAN (1998). Para dietas compostas por milho, amido ou
farinha de soja, o uso de óxido crômico como componente de indicador forneceu
valores de digestibilidade da matéria seca similares aos obtidos pela coleta total
(Figura 1).
FIGURA 1 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DA MATÉRIA SECA DE ALIMENTOS PARA
SUÍNOS. OS DADOS DO TRITICALE E DO MILHO FORAM OBTIDOS DE ADEOLA et
al. (1986a) E O AMIDO DE MILHO E FARINHA DE SOJA DE JORGENSEN et al. (1984)
Para farinha de soja, disprósio como componente de indicador também
30
forneceu valores de digestibilidade da matéria seca similares aos da dieta total.
Porém, nas dietas compostas de triticale, o óxido de cromo como componente de
indicador, os valores de digestibilidade foram subestimados (Figura 1).
O uso de óxido de cromo como indicador também subestimou a
digestibilidade energética comparada com a coleta total em uma dieta composta de
triticale (Figura 2). Para uma dieta de milho ou alimento completo (trigo, farinha de
soja e farinha de peixe), o uso de óxido crômico ou óxido de titânio como
componentes de indicador forneceram valores similares da digestibilidade energética
que a coleta total (Figura 2). Como mostra a Figura 3, a coleta total e os métodos de
indicador forneceram valores similares para digestibilidade do nitrogênio exceto para
óxido de cromo em dietas compostas de triticale e disprósio em dietas compostas de
farinha de soja como única fonte de nitrogênio. O triticale herda as características
aderentes de seu parente centeio, em produzir digesta viscosa. Por esse motivo, o
óxido crômico pode não se misturar uniformemente com a digesta a medida que ela
passa através do trato digestivo, o que poderia contar para a baixa estimativa da
digestibilidade relativa a coleta total. Pelo que vimos anteriormente, parece que a
natureza do alimento tem conseqüências importantes na escolha do uso de métodos
de indicador (usando óxido de cromo) ou coleta total.
FIGURA 2 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DIGESTÍVEL DE ALIMENTOS PARA SUÍNOS. OS
DADOS DO TRITICALE E DO MILHO FORAM PEGOS DO ADEOLA et al. (1986a) E
RAÇÃO COMPLETA DE THOMPSON & WISEMAN (1998)
31
FIGURA 3 - COMPARAÇÃO DA COLETA TOTAL E DO MÉTODO DE INDICADOR NA
DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DO NITROGÊNIO DE ALIMENTOS PARA
SUÍNOS. OS DADOS DO TRITICALE E DO MILHO FORAM OBTIDOS DO ADEOLA et
al. (1986a), RAÇÃO COMPLETA DE JAGGER et al. (1992) E FARINHA DE SOJA DE
JORGENSEN et al. (1984)
32
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 LOCAL
O experimento foi realizado nas dependências da Fazenda Nossa Senhora da
Conceição no município de Bateias, Estado do Paraná. Propriedade leiteira com
média de 371 animais em lactação.
3.2 ANIMAIS E MANEJO
Foram utilizados nove bezerros da raça Holandesa, com idade de quatro dias
de vida e peso médio de 40 kg, sendo escolhidos aleatoriamente três animais para
constituir as repetições experimentais (três por tratamento, dois tratamentos). Cada
animal com três avaliações consecutivas em dias sucessivos constituindo 9 parcelas
por dieta (três animais com três parcelas por animal para cada dieta).
Os animais permaneceram em gaiolas metabólicas (1x1,5) equipadas com balde
recebendo água a vontade. As coletas de fezes e urina foram realizadas uma vez ao
dia. Receberam duas alimentações diárias as 8 e 16:30 horas, através de mamadeira.
Os bezerros que não mamaram receberam a dieta através de sonda esofágica.
Durante os primeiros quatro dias de vida, os animais receberam colostro
através de mamadeira, em torno de 3,5 litros por dia, sendo que do segundo dia de
vida em diante foi acrescido 8g de óxido de cromo para garantir sete dias de
consumo do marcador externo.
Os primeiros quatro a sete dias de fornecimento da dieta foram para
adaptação dos animais às dietas e para preenchimento do trato gastrintestinal com a
dieta experimental.
A colheita de fezes e urina foi feita durante três dias, mesmo período utilizado
por RAMOS et al., 2003, em seu trabalho com monogástricos da espécie eqüina.
Para a colheita de fezes foram utilizados coletores de fezes e para a colheita de
urina baldes plásticos. As fezes foram pesadas e então homogeneizadas para a
amostragem de 40% do total, com 24 horas de intervalo entre uma colheita e outra.
A seguir os volumes foram guardados em bolsas plásticas, previamente
identificados, sob congelamento (15ºC negativos), para posterior determinação de
33
sua PB e umidade.
A coleta das fezes foi realizada com bolsas especiais de couro durante os três
dias consecutivos. As fezes foram homogeneizadas e pesadas, tomando-se uma
alíquota de 10%, seca em estufa a 65ºC durante 72 horas, moídas e acondicionadas
em bolsas plásticas para posteriores análises. Para matéria seca definitiva as
amostras foram colocadas em estufa a 105ºC durante três horas.
O nitrogênio das fontes protéicas foi medido usando o método Kjeldahl e os
dados foram expressos com base na proteína bruta usando o fator de conversão
6,25.
Para a coleta da urina diária total, foram adaptadas, as gaiolas metabólicas,
baldes plásticos contendo 50ml de HCl 1:1, para coleta total de urina, realizada a
cada 24 horas, nos mesmos períodos da coleta total de fezes. Após cada coleta a
urina foi pesada, tomando-se alíquotas de 5%, acondicionadas em frasco de plástico
e refrigeradas para posteriores análises.
A consistência fecal foi medida por escore qualitativo uma vez ao dia,
utilizando-se a escala: 1) consistência fecal normal, 2) consistência fecal levemente
líquida, 3) consistência fecal moderadamente líquida e 4) consistência fecal
primariamente líquida (diarréia severa).
As temperaturas retais foram determinadas quando o escore foi >1. Se a
temperatura retal fosse maior que 39,4ºC os bezerros receberiam tratamento
antibiótico e reposição eletrolítica (QUIGLEY et al., 2002).
3.3 DIETAS EXPERIMENTAIS
As dietas foram constituídas de 100g de proteína bruta, 10g de sais, 28g de
complexo vitamínico e 8g de óxido de cromo. A quantidade de proteína bruta foi
determinada de acordo com os requerimentos para um ganho de 300g/dia para um
animal de 40kg de PV (NRC, 2001). Estes ingredientes constituíram as dietas cuja
variação foi à fonte de proteína; D
1
: dieta com protenose e D
2
: dieta com soja
micronizada (Tabela 3).
Uma dieta isenta de proteína (DIP) foi fornecida para o cálculo da
digestibilidade verdadeira. Esta se constituiu de 100g de gordura vegetal, 250g de
carboidrato, 10g de sais, 8g de óxido de cromo e 28g de complexo vitamínico
34
(Tabela 3). Esta dieta foi formulada para conter 2,0 Mcal de energia metabolizavel
(EM), quantidade necessária para um ganho de 200g/dia para um bezerro de 40 kg.
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO E NIVEL DE NUTRIENTES (GRAMAS) DOS INGREDIENTES PARA
CADA UMA DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
Ingredientes Dietas Experimentais
D
1
D
1
DIP
Protenose (g)
162 - -
Soja micronizada (g)
- 250 -
Maltodextrina (g)
- - 263
Sais minerais (g)
10 10 10
Complexo vitamínico (g)
28 28 28
Óxido de cromo (g)
8 8 8
Óleo de soja (g)
- - 100
Lecitina de soja (g)
- - 2
MS (%)
9 12,7 9
Quantidade (g)
179 381 268
PB (g)
100 0 100
N (g)
16 0 16
V (g)
28 28 28
SH
f
10 10 10
EE
d
(g) 4 100 4
EM
e
(Mcal/dia) 0,59 1,95 0,80
a
D
1
: dieta com protenose;
b
DIP: dieta Isenta de proteína;
c
D
2
: dieta com soja micronizada;
d
EE: extrato etéreo calculado a partir das tabelas do NRC (2001);
e
EM: energia metabolizável calculada a partir das tabelas de NUNES (1998) e do NRC (2001);
f
SH: sais hidratantes.
3.5 COLHEITA PARA O MÉTODO DE INDICADOR
Foram fornecidos 8g de óxido de cromo puríssimo (Cr
2
O
3
) da marca VETEC
por animal/dia misturados a dieta líquida, durante um período de sete dias pré-coleta
e nos três dias de coleta. O óxido de cromo utilizado apresentava teor de pureza
mínimo de 99%.
As concentrações de cromo nas fezes foram determinadas por
35
espectrofotometria de absorção atômica nas amostras colhidas. As digestões foram
realizadas no laboratório de Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia
da UNESP, Campus de Jabuticabal e as leituras realizadas no Laboratório Central,
segundo a técnica descrita por WILLIAMS et al. (1962).
Para calcular a eficiência de recuperação do indicador foi utilizada a fórmula
citada por RAMOS (2003) que pode ser observada abaixo:
Onde:
ERI é a eficiência de recuperação do indicador;
IF
g
é a presença do indicador nas fezes em gramas (g);
IC
g
é a presença do indicador no alimento consumido em gramas (g).
3.6 ANÁLISE QUIMÍCO-BROMATOLÓGICA
As amostras de fezes e as matérias-primas foram analisadas para proteína
bruta em aparelho Kjeldahl e para matéria seca definitiva, em estufa a 105ºC durante
três horas. A urina foi analisada para proteína bruta em aparelho Kjeldahl.
As fezes foram homogeneizadas, retirando-se uma alíquota, seca em estufa a
65ºC e posteriormente moída em moedor FRITSCH pulverisette 14 para um
tamanho de partícula de 0,5mm.
A urina também foi homogeneizada, retirando-se uma alíquota de 5ml.
Nos alimentos, fezes e urina foram determinados: matéria seca (MS) e
proteína bruta (PB) segundo os métodos descritos no Laboratory Procedures in
Animal Nutrition Research A&M, da divisão de Agricultura da Universidade do Texas
e do Research and Extension Center A&M, da cidade de Amarillo, Texas. Estas
análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade
Federal do Paraná.
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso com parcelas
g
g
IC
IF
ERI=
36
subdivididas. As parcelas foram constituídas de um animal com três avaliações em
dias sucessivos, sendo utilizados três animais por dieta. As subparcelas foram
constituídas pelos dois métodos de avaliação, testados em cada animal. O programa
utilizado foi o SANEST.
Para o estudo da digestibilidade aparente do nitrogênio comparado com a
digestibilidade verdadeira do nitrogênio o delineamento foi inteiramente ao acaso
com três repetições (animais) sendo efetuadas três coletas em dias sucessivos, para
cada animal. Os tratamentos foram a dieta 1, a base de protenose e a dieta 2 a base
de soja micronizada.
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE COLETA TOTAL E COM
MARCADORES
A Tabela 4 mostra os valores do coeficiente de digestibilidade aparente do
nitrogênio obtidos através do método de coleta total e do método de indicador.
TABELA 4 - COEFICIENTES DE DIGESTIBILIDADE APARENTE DO N ATRAVÉS DOS MÉTODOS
DE INDICADOR E COLETA TOTAL
Dieta Coeficiente de Digestibilidade Aparente pelo Método
Coleta Total Indicador Externo Cr
2
O
3
1
20,29 a A -23,15 a B
2
23,88 a A -81,94 b B
Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem
pelo teste F ao nível de 5%.
A média do coeficiente de digestibilidade aparente da dieta 1 não diferiu da
média do coeficiente de digestibilidade da dieta 2 pelo teste F (p>0,05) pelo método
da coleta total. Já pelo método de indicador externo utilizando o óxido crômico, a
média do coeficiente de digestibilidade aparente da dieta 1 diferiu da média do
coeficiente de digestibilidade da dieta 2 (p<0,05).
O método da coleta total diferiu do método de indicador externo utilizando
óxido crômico pelo teste F na determinação da digestibilidade aparente das dietas
(p<0,05).
Problemas comuns associados ao método de indicador incluem perdas na
recuperação advindas da administração (CHURCH, 1988) e excreção irregular em
relação a digesta (CUDDERFORD & HUGHES, 1990). O presente trabalho
apresentou grandes perdas na recuperação advindas da administração, devido ao
fornecimento com mamadeiras, o que ocasionou grande perda de indicador externo
pela grande aderência na superfície e bico das mesmas. A concentração do
indicador não foi mensurada na ração e sim presumida. RAMOS (2003) também
utilizou a porcentagem presumida em seu ensaio com eqüinos.
38
JORGENSEN et al. (1984), ADEOLA et al. (1986), JAGGER et al. (1992),
MORZ et al. (1996) e THOMPSON e WISEMAN (1998) utilizando dietas compostas
por milho, amido de milho ou farelo de soja, encontraram valores de digestibilidade
da matéria seca similares para o método de indicador usando óxido crômico,
comparado ao método de coleta total. Porém para dietas compostas por triticale, o
óxido crômico subestimou a digestibilidade da matéria seca. Quanto a digestibilidade
do nitrogênio, a coleta total e o método de indicador (óxido crômico) forneceram
resultados similares exceto para dietas compostas por triticale. Em dietas compostas
por farelo de soja como única fonte protéica, o marcador externo disprosium também
não obteve resultados similares aos da coleta total. Parece que existe a necessidade
de se conhecer a natureza do alimento antes de escolher o uso do método de
indicador ou os métodos de coleta total (ADEOLA, 2001).
A eficiência de recuperação do indicador foi baixa para ambas as dietas,
como podemos observar na Figura 4.
FIGURA 4 - PORCENTAGEM DE EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO DO INDICADOR (ERI) POR
ANIMAL
ERI
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Venus
Te
rr
a
M
art
e
Ne
tu
no
Plutão
Me
r
c
u
r
io
Animal
Porcentagem de Recuperação
ERI
As médias da eficiência de recuperação do indicador foram de 68,18 e 52,28,
para as dietas 1 e 2 respectivamente. Ao contrário dos resultados obtidos através da
coleta total, a dieta 2 teve menor digestibilidade do que a dieta 1, uma possível
explicação pode ser o fato da eficiência de recuperação ter sido bem menor para a
dieta 2 do que para a dieta 1. OETTING (2002) em seu trabalho com suínos também
obteve uma média de recuperação do indicador baixa de 58,22 para o indicador
39
óxido crômico pela técnica nuclear de fluorescência de raios X por dispersão de
energia e um coeficiente de variação de 13,50. RAMOS (2003) em seu trabalho com
eqüinos reportou um valor da média de recuperação do indicador de 73,22 e um
coeficiente de variação de 14,21 usando a técnica de colorimetria.
Vários fatores influenciam na porcentagem de recuperação do indicador (taxa
ou eficiência de recuperação do indicador), como por exemplo, tempo de adaptação,
período de coleta, quantidade de indicador na ração (presumida ou analisada),
método de administração e teor de pureza do óxido de cromo.
Quanto ao tempo de adaptação, SCHIAVON et al. (1996) encontraram um
aumento progressivo na porcentagem de recuperação do cromo nas fezes de 90, 4
a 100,3% de recuperação com o aumento do período de sete para 28 dias de
adaptação.
O período de coleta também pode influenciar a porcentagem de recuperação
do marcador nas fezes. BAKER & JONGBLOED (1994) observaram que um
aumento do período de coleta de três para dez dias não resultou em diferenças
estatísticas entre as porcentagens de recuperação de cromo nas fezes (P>0,05),
porém encontraram uma redução de 10% no coeficiente de variação.
RAMOS (2003), em seu trabalho com eqüinos, citou que ao embrulhar o
indicador óxido de cromo em papel comum, pode-se influenciar negativamente a
taxa de recuperação, uma vez que, uma parcela deste indicador fica aderida ao
papel, e outra aderida ao cocho de alvenaria. CHURCH (1988) e CUDDERFORD &
HUGHES (1990) enfatizam que as perdas advindas da administração e a excreção
irregular são problemas comuns em ensaios de digestibilidade utilizando esse
indicador.
4.2 COMPARAÇÃO DOS COEFICIENTES DE DIGESTIBILIDADE APARENTE E
VERDADEIRA DO NITROGENIO
O gráfico com as médias dos valores de digestibilidade verdadeira e
aparente do nitrogênio e da matéria seca por animal, está representado na Figura 5.
40
FIGURA 5 - PORCENTAGENS MÉDIAS DE DIGESTIBILIDADE VERDADEIRA DO NITROGÊNIO E
APARENTE DO NITROGÊNIO E DA MATÉRIA SECA (MS), POR ANIMAL
* Os animais Vênus, Terra e Marte receberam a dieta 1 e os animais
Netuno, Plutão e Mercúrio a dieta 2.
TABELA 5 - COEFICIENTES DE DIGESTIBILIDADE APARENTE E VERDADEIRA DO
NITROGÊNIO DAS DIETAS PELO MÉTODO DA COLETA TOTAL
DIETA Coeficientes de Digestibilidade Aparente e Verdadeira do Nitrogênio
DAN
a
DVN
b
1
20,29 a A 29,21 a B
2 23,88 a A 32,77 a B
Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem
pelo teste F a nível de 5%.
A média do coeficiente de digestibilidade aparente do N da dieta 1 não diferiu
da média do coeficiente de digestibilidade da dieta 2 pelo teste F (p>0,05) pelo
método da coleta total. Já, a média do coeficiente de digestibilidade aparente da
dieta 1 diferiu da média do coeficiente de digestibilidade verdadeira da mesma
(p<0,05). O mesmo ocorrendo com o coeficiente de digestibilidade aparente da dieta
2 que também diferiu do coeficiente de digestibilidade verdadeira da dieta 2.
Os valores de digestibilidade aparente do nitrogênio encontrados foram muito
baixos quando comparados com outros valores da literatura. NÖRNBERG &
PEIXOTO (1988) observaram que a digestibilidade aparente da proteína foi de 70,8
%, quando substituíram 20% do leite desnatado em pó por concentrado protéico de
0
10
20
30
40
50
60
70
V
enu
s
Te
rr
a
Ma
r
te
Netuno
Plutão
Mer
c
ur
io
Animais
% de Digestibilidad
e
Digestibilidade Verdadeira
N
Digestibilidade Aparente
do Nitrogênio
Digestibilidade MS
41
soja (CPS). Foram encontradas diferenças nos primeiros períodos (1-6 semanas),
mas não nos últimos ou no período total (7-16 e 1-16 semanas). Segundo o NRC
(2001), o período mais crítico é o das primeiras três semanas de vida, durante o
período no qual o sistema digestivo dos bezerros é imaturo porem desenvolvendo-se
rapidamente devido às secreções digestivas e a atividade enzimática.
Sabe-se também que as proteínas de origem vegetal são menos digestíveis
para bezerros nas primeiras semanas de vida do que as de origem animal (BUSH et
al., 1992; LALLES et al., 1996; LOPES et al., 1998). Bezerros alimentados com
preparações à base de proteína de soja demonstram piores ganhos de peso
comparados com bezerros alimentados com proteínas do leite (NITSAN et al., 1971;
BEYNEN & VEM GILS, 1983; LALLES et al., 1995; XU et al., 1997).
YUANGKLANG et al. (2004) estudaram sucedâneos do leite contendo em
média 10% (air dry matter) de caseína com alta e baixa concentração de cálcio e
10% (air dry matter) de proteína isolada de soja com alta e baixa concentração de
cálcio. Encontraram valores de digestibilidade aparente da matéria seca de 96,6%
para sucedâneo do leite a base de caseína contendo baixa concentração de cálcio;
95,2% para sucedâneo do leite a base de caseína contendo alta concentração de
cálcio; 95,3% para sucedâneo do leite a base de proteína de soja isolada contendo
baixa concentração de cálcio e 95,2% para sucedâneo do leite a base de proteína
de soja isolada contendo alta concentração de cálcio.
A caseína do leite tem propriedade única de se coagular no abomaso, na
presença de renina (BANYS et al., 2001). Quando alimentados como substitutos do
leite, contendo fontes protéicas não-lácteas, há redução na secreção pancreática de
tripsina e quimotripsina (TERNOUTH & ROY, 1978), em razão de essas proteínas
não apresentarem coagulação adequada. Os baixos valores de digestibilidade
aparente do N encontrados neste estudo se devem a má coagulação destas
matérias-primas no abomaso nas primeiras semanas de vida. Segundo LUCCI
(1989), citado por MODESTO et al. (2002) o melhoramento da coagulação dos
sucedâneos do leite, no abomaso de bezerros jovens, pela quimiosina propiciou
melhor eficiência da digestão e da absorção dos nutrientes.
Novos trabalhos, com bezerros nas primeiras semanas de vida utilizando
marcadores internos e externos são necessários para melhor avaliar o uso de
indicadores e mais fontes protéicas devem ter suas digestibilidades determinadas
para melhorar a qualidade das rações iniciadoras de bezerros e sucedâneos do leite.
42
5 CONCLUSÕES
Com bases nas condições em que este trabalho foi desenvolvido e segundo o
modelo de avaliação efetuado, o indicador externo óxido crômico mostrou ser
inadequado para estimar a digestibilidade aparente da proteína das dietas
fornecidas, ambas apresentando coeficientes de digestibilidade muito baixos em
animais muito jovens.
A digestibilidade aparente do nitrogênio diferiu significativamente da
digestibilidade verdadeira do nitrogênio (p<0,05).
43
6 IMPLICAÇÕES
Até onde sabemos, este é o primeiro trabalho de bezerros alimentados com
fontes de proteína puras, soja micronizada e protenose, nas primeiras duas semanas
de vida. Segundo CHURCH (1988) o uso de dietas puras tem permitido que
compreendamos os requerimentos para a maioria dos nutrientes essenciais de
forma mais completa e a grande vantagem é que o nutricionista tem um maior
controle do que exatamente o animal esta consumindo. Existe grande interação
entre os diversos ingredientes da dieta, XU et al. (1997) reportaram que o baixo
ganho de peso de bezerros alimentados com proteína da soja, se deve pelo menos
em parte, a diminuição da digestibilidade da gordura. YUANGKLANG et al. (2004)
estudaram sucedâneos do leite com altas e baixas quantidades de cálcio, contendo
caseína ou proteína de soja isolada e encontraram pela primeira vez que a proteína
isolada de soja versus a caseína diminuiu a digestibilidade da gordura e aumentou a
excreção fecal de ácidos biliares em bezerros. BEYNEN & VAN GILS, (1983)
explicaram que esta menor digestibilidade da gordura induzida pela proteína da soja
foi atribuída a diminuição da coagulação no abomaso levando a uma maior
passagem da gordura e VAN KEMPEN & HUISMAN (1991) atribuíram esta menor
digestibilidade da gordura aos fatores antinutricionais causando dano à mucosa
intestinal. A alta quantidade ingerida de cálcio mostrou diminuir a digestibilidade da
gordura e aumentar a excreção de ácidos biliares em bezerros, o que pode ser
explicado pela formação de sedimento extra de fosfato de cálcio ao invés da
formação de ácidos graxos saponificados ligados ao cálcio (BEYNEN et al., 2002).
Vários trabalhos demonstraram a interação dos componentes da dieta sobre a
digestibilidade de cada componente. Porém para poder avaliar melhor a influencia
de um componente sobre a digestibilidade do outro é importante conhecer a
digestibilidade do componente isoladamente. Este trabalho teve o intuito de ser o
pioneiro neste tipo de determinação para bezerros.
Em termos de formulação, provavelmente é melhor escolher fontes protéicas
alternativas que sejam levemente menos digestíveis, mas que interajam menos com
o intestino, para minimizar as perdas endógenas de proteína no íleo (MONTAGNE et
al., 2001).
44
Segundo ALVES & LIZIERE (2001) outro aspecto que deve ser levado em
conta em sucedâneos de leite para vitelos é o seu conteúdo de ferro, que necessita
ser baixo. A disponibilidade de ferro pode diferir marcadamente entre as diferentes
fontes de proteína. WERDEN et al. (1977, 1978) citados por ALVES & LIZIERE
(2001), demonstraram que a disponibilidade de ferro em produtos de peixe é alta e
em concentrado de soja, baixa. Segundo os autores, é possível reduzir a
disponibilidade do ferro nestes alimentos, utilizando agentes especiais, como o
EDTA. Este é um dos motivos pela escolha de soja ao invés de peixe.
45
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53
APENDICE
DIGESTIBILIDADE APARENTE DO NITROGENIO
Os valores do coeficiente de digestibilidade aparente do nitrogênio
encontrados pelo método de indicador tiveram grande variação de animal para
animal recebendo a mesma dieta, como podemos ver na Tabela 1 .
TABELA 1 - MÉDIA DA DIGESTIBILIDADE APARENTE DO NITROGÊNIO POR ANIMAL PELO
MÉTODO DE INDICADOR EXTERNO ÓXIDO DE CROMO
PARA AS DIETAS 1, 2 E
MÉDIA POR DIETA
Animais (%) Digestibilidade Aparente do Nitrogênio
D
1
a
D
2
b
Vênus
- 35,14 -
Terra
- 9,86 -
Marte
- 24,45 -
Netuno
- - 58,76
Plutão
- - 116,16
Mercúrio
- - 94,72
Média
- 23,15 - 81,94
DP
c
12,69 29,00
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão.
Os cálculos dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes
obtidos pela técnica de indicadores foram realizados segundo a descrição de
CHURCH (1988) através da seguinte fórmula:
Onde: CDNA é o coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes; A é a concentração do
indicador No alimento dividido pela concentração do indicador nas fezes (%MS) e B é a
concentração do componente nas fezes dividido pela concentração do componente no
alimento (%MS). O componente no caso é o nitrogênio em gramas por dia.
A Tabela 2 a seguir mostra os dados referentes à eficiência de recuperação
do indicador por animal e o desvio padrão.
CDNA = 100 -100 (A*B)
54
TABELA 2 - PORCENTAGEM DE EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO DO INDICADOR PARA CADA
ANIMAL PARA AS DIETAS 1 E 2 E O DESVIO PADRÃO
Animais (%) Eficiência de Recuperação do Indicador (ERI)
D
1
a
D
2
b
Vênus
64,77 -
Terra
79,90 -
Marte
59,89 -
Netuno
- 60,31
Plutão
- 53,54*
Mercúrio
- 42,99
Média
68,18 52,28
DP
c
10,43 8,72
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão;
*Valor obtido com coleta de dois dias, período insuficiente, portanto não utilizado na média.
COLETA TOTAL DE FEZES
A análise bromatológica das amostras de fezes dos nove animais encontra-se
nas Tabelas 3, 4 e 5.
TABELA 3 - ANÁLISE DE MATÉRIA SECA (MS), PROTEÍNA BRUTA (PB) E NITROGÊNIO (N)
DAS FEZES OBTIDAS NO ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE COM BEZERROS NAS
PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA PARA A DIETA 1
Animal Dieta MS(%) PB(%) N(%)
Vênus 1
20,25 67,06 10,73
Terra 1
25,57 64,94 10,39
Marte 1
24,44 65,12 10,42
Média
23,42 65,70 10,51
DP
a
2,80 1,17 0,19
a
DP: desvio padrão.
55
TABELA 4 - ANÁLISE DE MATÉRIA SECA (MS) E PROTEÍNA BRUTA (PB) DAS FEZES OBTIDAS
NO ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE COM BEZERROS NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE
VIDA PARA A DIETA ISENTA DE PROTEÍNA (DIP)
Animal Dieta MS(%) PB(%) N(%)
Júpiter DIP
10,84 9,69 1,55
Saturno DIP
16,54 6,62 1,06
Urano DIP
10,17 15,12 2,42
Média
12,51 10,47 1,68
DP
a
3,50 4,30 0,69
a
DP: desvio padrão.
TABELA 5 - ANÁLISE DE MATÉRIA SECA (MS) E PROTEÍNA BRUTA (PB) DAS FEZES OBTIDAS
NO ENSAIO DE DIGESTIBILIDADE COM BEZERROS NAS PRIMEIRAS SEMANAS
DE VIDA PARA A DIETA 2
Animal Dieta MS(%) PB(%) N(%)
Netuno 2
20,88 49,25 7,88
Plutão 2
17,06 56,75 9,08
Mercúrio 2
20,77 59,00 9,44
Média
19,57 55,00 8,80
DP
a
2,17 5,10 0,82
a
DP: desvio padrão.
A partir da quantidade do nutriente consumido e das fezes excretadas durante os
três dias de coleta, calcularam-se os valores de digestibilidade aparente do
nitrogênio e matéria seca para o método da coleta total de fezes.
DIGESTIBILIDADE APARENTE DO NITROGÊNIO
Os dados referentes as digestibilidades aparentes do nitrogênio estão
apresentados na Tabela 5. A digestibilidade aparente do nitrogênio foi em média
maior para a dieta 2 do que para a dieta 1. A média foi 20,29% para a dieta 1 e
23,88% para a dieta 2. O desvio padrão foi de 7,99% para a dieta 1, protenose e
12,72% para a dieta 2, soja. Esta grande variação no desvio padrão da dieta 2 se
56
deve a média do animal Netuno ter sido consideravelmente mais baixa do que a dos
outros, e na dieta 1 devido ao animal Terra também ter apresentado uma média
menor. O peso vivo ao nascer foi maior que o dos outros (±30%) e o alimento foi
fornecido através de sonda esofágica ao contrario dos outros que receberam a dieta
através de mamadeira.
TABELA 6 - VALORES MÉDIOS DE DIGESTIBILIDADE APARENTE DO NITROGÊNIO POR
ANIMAL-DIETA E MÉDIA DAS DIETAS PELO MÉTODO DA COLETA TOTAL
Animais (%) Digestibilidade Aparente do Nitrogênio
D
1
a
D
2
b
Vênus
15,21 -
Terra
16,15 -
Marte
29,50 -
Netuno
- 11,98
Plutão
- 37,29
Mercúrio
- 22,36
Média
20,29 23,88
DP
c
7,99 12,72
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão.
DIGESTIBILIDADE APARENTE DA MATÉRIA SECA
A média do coeficiente de digestibilidade aparente da dieta 1 não diferiu da
média do coeficiente de digestibilidade da dieta 2 pelo teste F a nível de 1% pelo
método da coleta total.
57
TABELA 7 - VALORES DIOS DE DIGESTIBILIDADE APARENTE DA MATÉRIA SECA (MS)
POR ANIMAL-DIETA E MÉDIA DAS DIETAS
Animais (%) Digestibilidade Aparente da MS
D
1
a
D
2
b
Vênus
28,71 -
Terra
28,00 -
Marte
39,50 -
Netuno
- 33,53
Plutão
- 58,79
Mercúrio
- 50,85
Média
32,07 47,72
DP
c
6,44 12,91
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão.
DIGESTIBILIDADE VERDADEIRA DO NITROGÊNIO
Os dados referentes a digestibilidade verdadeira do nitrogênio estão
apresentados na Tabela 8.
TABELA 8 - VALORES MÉDIOS DE DIGESTIBILIDADE APARENTE DO NITROGÊNIO POR
ANIMAL - DIETA E MÉDIA DAS DIETAS
Animais (%) Digestibilidade Aparente do Nitrogênio
D
1
a
D
2
b
Vênus
15,21 -
Terra
16,15 -
Marte
29,50 -
Netuno
- 11,98
Plutão
- 37,29
Mercúrio
- 22,36
Média
20,29 23,88
DP
c
7,99 12,72
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão.
58
A média do coeficiente de digestibilidade aparente do nitrogênio da dieta 1
não diferiu da média do coeficiente de digestibilidade da dieta 2 pelo teste F a nível
de 1% pelo método da coleta total.
TABELA 9 - VALORES MÉDIOS DE DIGESTIBILIDADE VERDADEIRA DO NITROGÊNIO POR
ANIMAL PARA CADA DIETA
Animais (%) Digestibilidade Verdadeira do Nitrogênio
D
1
a
D
2
b
Vênus
24,13 -
Terra
25,07 -
Marte
38,42 -
Netuno
- 20,90
Plutão
- 46,21
Mercúrio
- 31,28
Média
29,20 32,79
DP
c
7,99 12,72
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão.
A média do coeficiente de digestibilidade verdadeira do nitrogênio da dieta 1
não diferiu da média do coeficiente de digestibilidade da dieta 2 pelo teste F a nível
de 1% pelo método da coleta total.
BALANÇO DE NITROGÊNIO
A partir da quantidade do nutriente consumido, fezes excretadas e urina
excretada durante os três dias de coleta, calcularam-se os valores do balanço do
nitrogênio e matéria seca para o método da coleta total de fezes.
A Tabela 10 apresenta os valores numéricos do balanço de nitrogênio por
animal para as dietas 1 e 2, e as médias de cada dieta, respectivamente.
59
TABELA 10 - VALORES MÉDIOS DO BALANÇO DE NITROGÊNIO
Animais Balanço de Nitrogênio
D
1
a
D
2
b
Vênus (g/dia)
-5,53 -
Terra (g/dia) -3,75 -
Marte
(g/dia) -6,11 -
Netuno (g/dia) - -8,13
Plutão (g/dia) - -12,92*
Mercúrio (g/dia) - -4,23
Média (g/dia) -5,13 -8,42
DP
c
(%) 1,23 4,35
a
D
1
: dieta com protenose;
b
D
2
: dieta com soja micronizada;
c
DP: desvio padrão;
* Valor obtido com um só dia de coleta, insuficiente.
O balanço de nitrogênio é uma estimativa da diferença entre a ingestão e a
excreção corporal de nitrogênio. Se o valor de excreção for maior do que o de
ingestão o balanço de nitrogênio é negativo. Quando os aminoácidos são utilizados
como fonte de energia, perdem seus grupos amina e permanecem com os
esqueletos de carbono que tem dois destinos principais: conversão a glucose no
processo de gliconeogenese ou oxidação a CO
2
via ciclo do ácido tricarboxilico
(LEHNINGER, 1975). Todas as médias foram negativas, Figura 6, o que indica
insuficiência de componentes na dieta para atender os processos metabólicos.
Como as dietas 1 e 2 eram ricas em proteínas (62,15 e 40,15%) e pobres em extrato
etéreo e carboidratos, a insuficiência de outras fontes de energia foi compensada
através da gliconeogenese. A dieta 1 forneceu 0,59 Mcal/dia de energia
metabolizavel (EM), valor menor do que o mínimo para a manutenção para os pesos
destes animais que seria de 1,59 Mcal/dia de EM (NRC, 2001). A dieta 2 forneceu
0,80 Mcal/dia de EM, valor menor que o mínimo para a manutenção de 1,59 Mcal/dia
de EM (NRC, 2001). A proteína nas dietas foi fixada pela quantidade de proteína
necessária para um ganho de 300g por dia de peso vivo (NRC, 2001). A Figura 6
apresenta os valores médios do balanço de nitrogênio em gramas por dia por
animal.
O desvio padrão encontrado para a dieta um foi 1,23% e para a dieta dois foi
4,35%, ambos valores altos. FLOSS et al. (2005) em seu estudo com ovinos machos
60
de um ano de idade recebendo silagem de aveia produzida com a forragem colhida
em 4 diferentes estágios de maturação ad libitum, também encontrou coeficiente de
variação extremamente alto devido à ocorrência de balanço de nitrogênio negativo
em 33% das observações, o desvio padrão encontrado por ele foi de 24,24. A
eficiência de retenção do nitrogênio absorvido tendeu a aumentar com o avanço do
estágio de maturação.
FIGURA 1 - VALORES MÉDIOS OBTIDOS PARA O BALANÇO DE NITROGÊNIO (g/dia), POR
ANIMAL
-10
-8
-6
-4
-2
0
Balanço de Nitrogênio
Venus
Terra
Marte
Netuno
Mercúrio
* Os animais Vênus, Terra e Marte receberam a dieta 1 e os animais
Netuno e Mercúrio a dieta 2.
A dieta 2 foi constituída de 0,80 Mcal/dia de EM enquanto a dieta 1 conteve
0,59 Mcal/dia. Mesmo que a dieta 2 tenha se aproximado mais do valor de energia
metabolizavel para a manutenção de 1,59 Mcal/dia, o balanço de nitrogênio foi mais
negativo do que o da dieta 1. Uma explicação pode ser a maior quantidade de
matéria seca na dieta 2, com soja micronizada, do que na dieta 1, com protenose.
Segundo SEVE & HENRY (1996), citado por MONTAGNE et al. (2001), as perdas
endógenas basais não específicas estão associadas ao funcionamento normal do
intestino e são independentes da composição da dieta mas variam com a ingestão
de matéria seca.
Quanto à dieta isenta de proteína, na qual já se esperava um balanço de
nitrogênio negativo, os valores encontrados estão na Tabela 7.
61
TABELA 11 - VALORES MÉDIOS DO BALANÇO DE NITROGÊNIO PARA CADA ANIMAL E MÉDIA
DO BALANÇO PARA A DIP
Animais Balanço de Nitrogênio
DIP*
Júpiter (g/dia) -9,99
Saturno (g/dia) -7,34
Urano (g/dia) -8,22
Média DIP (g/dia) -8,52
DP (%) 1,35
*DIP: dieta isenta de proteína.
Quanto à quantidade ingerida de MS, a dieta isenta de proteína foi a de maior
quantidade, o que pode ser observado na Tabela 8.
TABELA 12 - VALORES MÉDIOS DO BALANÇO DE NITROGÊNIO PARA AS DIETAS 1, 2 E DIP E
AS PORCENTAGENS DE MATÉRIA SECA (MS) DE FORNECIMENTO E A 65ºC
Balanço de NItrogênio
D
1
DIP D
2
MS% Fornecimento (g/dia)
179,00 381,00 268,00
MS% 65ºC (g) 167,50 356,92 253,50
BN (g/dia) -5,13 -8,52 -8,51
D
1
: dieta com protenose;
DIP: dieta isenta de proteína;
D
2
: dieta com soja micronizada.
TECNICA OPERATÓRIA DE IMPLANTAÇÃO DE FISTULA ILEAL EM
BEZERROS NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA
Na primeira parte do trabalho foram realizadas cirurgias de implantação de
fistula ileais. Estas cirurgias não foram utilizadas no trabalho.
As cirurgias foram realizadas no Hospital Veterinário da UFPR com dois
bezerros lactentes da raça holandesa com 10 dias de vida e peso médio de 40 kg.
Após a indução e anestesia com xilazina (0,1 mg/kg), cetamina (5 mg/kg) e lidocaína
(6 mg/kg), os animais foram contidos em decúbito lateral esquerdo para tricotomia,
anti-sepsia e incisão paracostal do flanco direito, 10 cm caudo-ventral ao último arco
62
costal. Na cirurgia 1 foi realizada sutura em bolsa de tabaco, seromuscular, na
região do íleo a ser incisada, e após incisão e introdução da cânula foi tensionada a
sutura em bolsa; pontos Wolff foram necessários para aproximar as bordas da ferida
à cânula. Na cirurgia 2 foi feita a incisão, introdução da cânula e sutura em bolsa de
tabaco ao seu redor, seguida de outra sutura em bolsa. Nas duas cirurgias, a cânula
foi exteriorizada pela incisão realizada na diérese e os músculos abdominais
suturados em dois planos: o primeiro, padrão Wolff no peritôneo e no transverso
abdominal, e o segundo, padrão Sultan no oblíquo interno e externo, ancorado no
primeiro plano. Para as suturas no íleo, peritôneo e musculatura foi usado fio Vicryl®
2/0. Na pele foi realizada sutura interrompida simples com fio mononáilon 1. No pós-
operatório, os bezerros receberam antibióticos, anti-espasmódicos e analgésico,
além de curativos diários com soluções de iodo na ferida cirúrgica. Na cirurgia 1,
após jejum de vinte horas, a luz intestinal reduziu dificultando os procedimentos; na
cirurgia 2, com jejum de sete horas, a luz ficou maior, facilitando a manipulação, a
incisão e a introdução da cânula. A sutura em bolsa de tabaco no íleo antes da
incisão, realizada na cirurgia 1, dificultou a colocação da cânula e aproximação das
bordas, e 48 horas após a cirurgia, o bezerro foi a óbito por extravasamento de
digesta para a cavidade abdominal. A realização de duas suturas em bolsa de
tabaco na cirurgia 2 favoreceu a justaposição das bordas do íleo à cânula e o
bezerro recuperou-se bem. A enteropexia e uma segunda incisão para exteriorizar a
cânula não foram realizadas e não se mostraram necessárias. Não houve obstrução
ou dificuldade relacionada às dimensões da cânula, no entanto a dieta era líquida e
pobre em fibra. A cânula foi mantida por 51 dias, sem sinais de desconforto ou
danos à saúde ou bem estar do bezerro, sugerindo que o tempo de permanência
poderia ser estendido.
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