39
surfactantes mais lipofílicos para a sua estabilidade em uma emulsão água em óleo. Dessa
forma observou-se neste trabalho, que a mistura de tensoativos de baixo e alto valores de
EHL aplicou-se para o óleo de amendoim, mas não para o de buriti.
Zanin e colaboradores (2002), trabalhando com 16 óleos diferentes de origem
vegetal (óleos de amêndoa doce, abacate, apricot, avelã, gergelim, girassol, gérmen de
trigo, macadâmia, prímula, borragem, rosa mosqueta, jojoba, camelina, semene de
maracujá, semente de uva e coco), demonstraram os valores de EHL variando entre 6,76 e
7,79. Estes valores não corresponderam aos encontrados com os óleos de amendoim e
buriti aqui estudados, provavelmente devido a variações nas concentrações dos óleos, dos
tensoativos e metodologias adotadas.
Segundo Griffin (1949) um óleo ou uma mistura de óleos pode ter dois valores de
EHL: um valor mais baixo, correspondendo ao valor para formar a emulsão água em óleo e
um outro mais alto, correspondendo ao valor para formação de emulsão óleo em água.
Tanto para o óleo de amendoim quanto o de buriti, os EHLs utilizados corresponderam a
emulsões do tipo água em óleo. Na emulsão água em óleo, as pequenas gotículas de água
são estabilizadas por surfactante em uma fase de óleo contínua, ou seja, antígenos solúveis
em água podem ser emulsionados com óleo (BECHER, 1965). Este tipo de emulsão é
preferencial para uma liberação gradual do antígeno durante um longo período de tempo
(ALEXANDER e BREWER, 1995). Apesar da emulsão feita com o óleo de buriti
representar uma emulsão do tipo água em óleo, não foi observado efeito adjuvante superior
ao encontrado com a vacina que não recebeu adjuvante. Segundo Mota (2006), o efeito
depósito dos adjuvantes oleosos não deve ser o único mecanismo responsável pela ação
adjuvante de emulsões lipídicas. Ao estudar ação adjuvante do óleo de arroz comercial
comestível e óleo de amendoim da marca Sigma quando associados a uma proteína
(ovalbumina) e utilizando camundongos “swiss” como modelo experimental, Mota (2006)
verificou que o óleo de arroz apresentou a emulsão mais estável e, portanto, com maior
efeito depósito, no entanto este óleo não foi o melhor adjuvante em todas as etapas
testadas. Ainda em seus estudos, o óleo de amendoim da marca Sigma apresentou emulsão
menos estável e efeito adjuvante melhor. No presente trabalho, observou-se uma emulsão
estável macroscopicamente para o óleo de buriti e uma separação de fases de 2,8 %, para o
óleo de amendoim. No entanto, o óleo de amendoim exerceu melhor atividade adjuvante
que o óleo de buriti quando associados a antígenos inativados do parvovírus suíno, embora
esta atividade não tenha sido persistente (Figura 8).