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EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS
NA ETIOPATOGENIA DO LINFOMA
GÁSTRICO MALT
CARMEN SILVIA VIEITAS VERGUEIRO
Tese de Doutorado apresentada à Fundação
Antônio Prudente para a obtenção do Grau de
Doutor em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Augusto
Soares
São Paulo
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Vergueiro, Carmen Silvia Vieitas
Expressão de proteínas envolvidas na etiopatogenia do linfoma
gástrico MALT / Carmen Silvia Vieitas Vergueiro São Paulo, 2008.
119p.
Tese (Doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências-Área de Concentração:
Oncologia.
Orientador: Fernando Augusto Soares
Descritores: 1. LINFOMA MALT. 2. IMUNOHISTOQUÍMICA. 3.
HELICOBACTER PYLORI. 4. CÂNCER GÁSTRICO. 5. PROTEINAS
REGULADORAS DA APOPTOSE. 6. NF-KAPPA B. 7. RESPOSTA IMUNE
DE MUCOSA. 8. ÓXIDO NÍTRICO SINTETASE. 9. ANTÍGENOS HLA-DR.
10. PROTEINAS S100.
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DEDICATÓRIA
Ao Marcelo,
fonte de apoio, criatividade, tolerância e
respeito;
pela expressão constitutiva de amor.
Renata e Helena,
por trazerem outra dimensão para minha
vida.
Fernando e Carmen,
Por tudo que plantaram em mim.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa foi integralmente financiada pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP registrada sob o número de
processo 2006/52879-2.
AGRADECIMENTOS
De tudo, a possibilidade de freqüentar o ambiente comprometido e
capacitado a desenvolver pesquisa científica com qualidade, foi o ganho
maior do período em que freqüentei a Pós-Graduação do Hospital do Câncer.
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, instituições
que me acolheram, fornecendo os meios necessários para meu crescimento,
devo-lhes grande parte da minha formação.
Ao Prof. Dr. Fernando Augusto Soares, agradeço a incansável
disposição. Disposição em aceitar uma pós-graduanda clínica, desconhecida
e impertinente. Disposição ao rever milhares de vezes as lâminas deste
trabalho. Disposição para oferecer seu conhecimento e método. Aceitar e
viabilizar meu projeto. Obrigada por ser esta pessoa preparada e disposta a
aceitar sempre mais um desafio.
Ao Prof. Dr. Carlos Sérgio Chiattone, mestre e amigo, por todos os
ensinamentos da especialidade, mas sobretudo pelo exemplo de retidão de
caráter, princípios e valores.
Ao Prof. Dr. Roberto Pinto Paes e ao Departamento de Anatomia
Patológica da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pelo
auxílio no desenvolvimento do projeto e disponibilização de material para
este estudo.
Ao Prof. Dr. Luiz Fernando Lima Reis, que talvez não saiba da
importância que tem seu modelo para todos nós, pós-graduandos do
A.C.Camargo. Agradeço a seriedade com que conduz nossas atividades, a
transparência de suas colocações e a ampla visão de ensino e pesquisa.
Ao Prof. Dr. José Humberto Tavares Guerreiro Fregnani pela
orientação e dedicação na análise dos resultados.
À Profa. Dra. Dulciene Queiroz, agradeço as sugestões muito
oportunas e enriquecedoras. Obrigada pela atenção e contribuição que deu
à esta aluna.
Às amigas e sobrinho, Julia, Renata, Mara, Clhoé e Arthur, pela
leitura criteriosa, sugestões e sobretudo, pela amizade.
Aos técnicos do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital do
Câncer e do Instituto Ludwig: José Ivanildo Neves, Sueli Nonogaki, Carlos F.
Nascimento, Severino da Silva Ferreira pela presteza e habilidade no
preparo das lâminas e reações imunoistoquímicas.
Às bibliotecárias do Hospital do Câncer, agradeço a seriedade,
tolerância e competência que demonstraram ao longo destes anos - minha
gratidão eterna.
Aos amigos que ficaram após à Pós: que viva nossa amizade!
Aos colegas da Hematologia da Santa Casa de São Paulo agradeço o
companheirismo, as trocas de informações e experiências.
Aos colegas do Laboratório de Histocompatibilidade da Santa Casa
de São Paulo, a seriedade com que vocês exercem seu trabalho, permitiu-
me a tranqüilidade para este estudo.
Aos colegas da Associação da Medula Óssea-AMEO, agradeço a
compreensão da minha ausência e a inestimável amizade.
Aos meus irmãos, sobrinhos e familiares, agradeço o constante
estímulo e confiança que depositam no meu trabalho.
Aos amigos da vida, reservo o direito de tê-los sempre presentes,
como fonte de amor e inspiração.
Ao Prof. Dr. Marcelo Mercadante, pela leitura, sugestões, correções e
participações especiais, obrigada, obrigada, obrigada.....
RESUMO
Vergueiro CSV. Expressão de proteínas envolvidas na etiopatogenia do
linfoma gástrico MALT. São Paulo; 2007 [Tese de Doutorado-Fundação
Antônio Prudente ].
INTRODUÇÃO: O linfoma gástrico do tecido linfóide associado à mucosa
(MALT) representa o tipo mais freqüente de linfoma MALT e é associado à
infecção crônica pelo Helicobacter pylori. A infecção da mucosa gástrica pelo
Helicobacter pylori occorre em mais da metade da população mundial
determinando cursos clínicos extremamente variáveis: gastrite assintomática,
úlcera péptica, carcinoma gástrico e linfoma MALT. A diversidade da
manifestação clínica é determina por fatores do hospedeiro e da bactéria
cuja interação determina padrões distintos de resposta. OBJETIVO:
Determinar o padrão de expressão de proteínas envolvidas na via extrínseca
de apoptose, na resposta imune e inflamatória e na via de sinalização NF-κB
do linfoma gástrico MALT e compará-lo com o padrão encontrado nas
gastrites e no estômago normal. MATERIAL e MÉTODOS: Descrevemos a
expressão de proteínas envolvidas nas vias de apoptose (FAS, FAS-L,
Caspase 8 e Granzima B), na resposta imunológica e inflamatória (HLA-DR,
STAT-1, S-100 e NOS-2) e das proteínas que participam da via de ativação
do NF-κB (Bcl-10 e c-rel), do linfoma gástrico MALT, avaliadas por
imunoistoquímica. Avaliamos fragmentos de biópsia representativos de 56
casos de linfoma gástrico MALT, 28 de gastrite e 35 de mucosa gástrica
normal. O teste não paramétrico de Kruskal Wallis foi utilizado para
comparar a intensidade de expressão dos marcadores entre os 3 grupos
(alfa=5%). Para as comparações múltiplas adotou-se o teste de Mann-
Whitney com a correção de Bonferroni para o erro alfa (alfa=1,67%).
RESULTADOS: Observamos diminuição da expressão do FAS-L e do FAS
no tumor, quando comparados à gastrite (p<0,001, p<0,001 respectivamente)
e ao tecido normal (p<0,001, p<0,001 respectivamente). O linfoma apresenta
áreas claramente negativas para o FAS. A expressão da Caspase-8 foi mais
freqüente nas gastrites comparando ao linfoma MALT e ao normal (p=0,006,
p=0,04 respectivamente). A Granzima B foi mais freqüente no MALT,
havendo diferença estatística em relação ao normal (p<0,001) e às gastrites
(p=0,014).
A expressão de HLA-DR, STAT-1, S-100 foi mais freqüente no tumor quando
comparadas ao normal (p<0,001, p<0,001, p<0,001, respectivamente) e à
gastrite (p<0,001, p<0,01, p<0,001, respectivamente). A expressão da NOS-
2 foi menos frequente no grupo do linfoma MALT e a diferença em relação
às gastrites e ao normal foi significante (p<0,001 e p=0,001 respectivamente).
O c-Rel foi mais freqüente no MALT quando comparado ao normal (p<0,001)
e à gastrite (p<0,001). A expressão predominantemente nuclear do Bcl-10
com forte intensidade só foi observada no tumor, em 11 das 54 amostras
avaliadas. CONCLUSÃO: No linfoma MALT o padrão de expressão das
proteínas estudadas difere dos grupos controle. Nossos resultados sugerem
comprometimento da via extrínseca de apoptose nos linfomas MALT devido
à reduzida expressão de FAS-FAS-L e ausência de sinais de ativação da
caspase-8. As proteínas envolvidas na apresentação de antígenos estão
muito expressas no MALT, (HLA-DR, STAT-1 e S-100), o que pode ser
conseqüência da estimulação antigênica e determinante da proliferação de
células B. Encontramos intensa expressão do c-Rel nos linfomas MALT, o
que pode significar que esta subunidade do NF-κB participe da gênese do
processo neoplásico, seja por indução da proliferação, seja por estar
envolvida na gênese de inibidores da apoptose.
SUMMARY
Vergueiro CSV. [Protein expression involved in the etiopathogenesis of
gastric MALT lymphoma]. São Paulo; 2007 [Tese de Doutorado-Fundação
Antônio Prudente ].
Introduction: The gastric lymphoma of the mucosal associated lymphoid
tissue (MALT) represents the most frequent MALT lymphoma and is
associated with chronic Helicobacter Pylori infection. The gastric mucosal
infection by Helicobacter pylori occurs in more than half of the world
population, thus leading to a broad spectrum of clinical presentations
including asymptomatic gastritis, peptic ulcer, gastric carcinoma, and MALT
lymphoma. The diverse clinical manifestations are determined by host factors
and bacterial interactions leading to different types of responses. Objective:
To determine the pattern of protein expression involved in the extrinsic
apoptotic pathway, in the immune and inflammatory responses, and in the
signaling pathway of NF-κB of the Gastric MALT Lymphoma and to compare
it with the standard pattern found in gastritis and the normal stomach.
Material and methods: We described the expression of proteins involved in
the apoptotic pathways (FAS, FAS-L, Caspase 8 and Granzime B), in the
immune and inflammatory responses (HLA-DR, STAT-1, S-100 and NOS-2),
as well as the proteins that participate in the activation of NF- κB (Bcl-10 and
c-Rel), in the MALT Gastric Lymphoma via Immunohistochemistry. We
analyzed 56 biopsy specimens of gastric MALT lymphoma, 28 biopsy
specimens of gastritis, and 35 normal gastric tissues. The Kruskal Wallis non
parametric test was used to compare the intensity of marker expression
amongst the three groups (α=.05). For the multiple comparisons, the Mann-
Whitney test was used with the Bonferroni correction for alpha error
(α= .0167). Results: We observed a decrease in the expression FAS-L and
FAS in the tumor when compared to gastritis and normal mucosa (p<0,001,
p<0,001 respectively). The lymphoma has areas that are clearly negative for
FAS. The expression of Caspase-8 was more frequent in gastritis than in
MALT lymphoma and in normal tissue (p=0,006, p=0,04 respectively). The
presence of Granzime B in the MALT lymphoma was more frequent with
statistic significance when compared with normal tissue (p<0,001) and
gastritis (p=0,014). The expression of the HLA-DR, STAT-1, S-100 was more
frequent in the tumor than the normal mucosa (p<0,001, p<0,001, p<0,001
respectively) and gastritis (p<0,001, p<0,01, p<0,001 respectively). The
presence of NOS-2 expression was less frequent in the group with MALT
lymphoma and the difference between gastritis and normal mucosa was
statistically significant (p<0,001 and p=0,001). c-Rel expression was higher in
MALT lymphoma compared to normal tissue (p<0,001) and gastritis
(p<0,001). The predominantly nuclear and intense expression of Bcl-10 was
only observed in the tumor in 11 of the 54 specimens that were analyzed.
CONCLUSION: In the MALT lymphoma, the patterns of protein expression
differ from the control groups. Our results suggest a compromised extrinsic
apoptotic pathway in the MALT lymphomas due to a reduced expression of
the FAS-FAS-L and the absence of activation signals of caspase-8. The
proteins involved in antigen presentation (HLA-DR, STAT-1 and S-100) are
highly expressed in MALT lymphoma, which may be a consequence of
antigenic stimulation and may be responsible for B cell proliferation. We
found intense expression of c-Rel in the MALT lymphomas, suggesting that
this NF-Kβ subunit participates in the initiation of the neoplastic process,
either through induction of proliferation or through the synthesis of inhibitors
of apoptosis.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 As translocações mais frequentes no linfoma MALT 10
Figura 2 Imunopatologia da úlcera péptica induzida pelo HP
(Helicobacter pylori) e mediada por células T
19
Figura 3 Representação esquemática da indução de regulação
cruzada da resposta Th1 e Th2.
23
Figura 4 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para o
Helicobacter pylori em mucosa gástrica. 53
Figura 5 Fotomicrografia da reação imunoistoquímica para FAS-L
em mucosa gástrica. 56
Figura 6 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para FAS
em mucosa gástrica. 59
Figura 7 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para o
Caspase-8 (sub-unidade p-18) em mucosa gástrica. 62
Figura 8 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para a
Granzima B em mucosa gástrica.
65
Figura 9 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para STAT-
1 em mucosa gástrica
68
Figura 10 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para HLA-
DR na mucosa gástrica. 72
Figura 11 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para HLA-
DR no tumor. 73
Figura 12 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para NOS-2
na mucosa gástrica. 76
Figura 13 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para S-100
na mucosa gástrica.
79
Figura 14 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para c-Rel
na mucosa gástrica.
82
Figura 15 Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para Bcl-10
na mucosa gástrica. 85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Número e percentual das amostras segundo a expressão
do Helicobacter pylori. 51
Tabela 2 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do FAS-L. 55
Tabela 3 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do FAS. 57
Tabela 4 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica da Caspase 8.
60
Tabela 5 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica da Granzima B.
63
Tabela 6 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica da STAT-1.
67
Tabela 7 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do HLA-DR no epitélio. 70
Tabela 8 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do HLA-DR nos linfócitos. 71
Tabela 9 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do NOS 2. 74
Tabela 10 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do S-100.
78
Tabela 11 Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do c-Rel.
81
Tabela 12 Número e percentual das amostras segundo o padrão de
expressão protéica do Bcl-10. 84
Tabela 13 Intensidade de expressão imunohistoquímica dos
marcadores biomoleculares segundo os três grupos de
estudo: análise considerando todos os pacientes. 86
Tabela 14 Valores dos níveis descritivos do teste de Mann-Whitney
para múltiplas comparações dois a dois (com correção de
Bonferroni): análise considerando todos os pacientes. 87
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Anticorpos utilizados, seus clones, diluições de trabalho,
concentração protéica inicial, origem e tecido utilizado
como controle positivo. 44
Quadro 2 Escala de gradação imunoistoquímica para FAS e FAS-L,
Caspase 8, STAT-1, HLA-DR, S-100, NOS-2 e c-Rel.
45
Quadro 3 Escala de gradação imunoistoquímica para Granzima B. 45
Quadro 4 Escala de gradação para o Bcl-10. 46
LISTA DE ABREVIATURAS
API-2 Proteína inibidora da apoptose
Bcl-2 Bcell CLL/linfoma2, família de proteínas antiapoptose
Bcl-10 Bcell CLL/linfoma10, molécula que contém CARD e ativa NF-
κB
BCR Receptor de célula B
Bfl-1 Similar ao Bcl-2 (proteína A1 relacionada ao Bcl-2)
Bid Molécula pró-apoptose
Cag-A Citotoxina associada ao gene A
CARD Domínio recrutador de caspase
CD Designação clonal
CD Célula Dendrítica
CIITA Transativador de Classe II
COX-2 Ciclo - oxigenase 2b
c-Rel Proteína proto - oncogênica (semelhante ao v-Rel da
reticuloendoteliose aviária)
DC-SIGN Receptor de células dendríticas
DHL Desidrogenase lática
DNA Ácido Deóxidoribonucleico
FADD Molécula adaptadora do domínio de morte
FAS APO1/CD95, receptor de morte da família TNF
FAS-L Ligante do receptor de morte FAS
FOXP-1 Forkhead Box P-1
HL Doença de Hodgkin
HLA Antígeno Humano Leucocitário
HP Helicobacter pylori
IFN Interferon
IGH Imunoglobulina de cadeia pesada
I-KB Inibidor de NF-κB
IL Interleucina
iNOS Sintetase induzível de óxido nítrico (NOS2)
JAK Janus Kinase
LCDL Linfoma difuso de grandes células B
LPS Lipopolisacaride
LTβR Receptor de Linfotoxina β
MAMP Padrão Molecular associado ao micróbio
MALT Tecido linfóide associado à mucosa
MALT-1 MALT associated translocation protein
Mcl-1 Sequência 1 da célula da leucemia mielóide (proteína
relacionada ao Bcl)
MM Mieloma Múltiplo
NAP Proteína ativadora de neutrófilos
NF-κB Fator Nuclear-κB
NK Natural Killer
NOS Sintase de óxido nítrico
PAI-Cag Ilha patogênica Cag
PCR Reação em cadeia da polimerase
ROS Espécies de oxigênio reativas
STAT-1 Tradutor e ativador da transcrição de sinal
SIGN “ICAM-grabbing non integrin”
TCR Receptor de célula T
TNF Fator de necrose tumoral
Th T helper
Vac-A Citotoxina vacuolizante-A
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Linfoma MALT: o conceito 2
1.2 Manifestação Clinica e Diagnóstico 4
1.3 Patogênese 8
1.4 Resposta Imune e inflamatória ao Helicobacter pylori 12
1.5 Fatores Moleculares 24
1.5.1 FAS-L 24
1.5.2 FAS 25
1.5.3 Caspase-8 26
1.5.4 Granzima B 27
1.5.5 STAT-1 28
1.5.6 HLA-DR 29
1.5.7 S-100 31
1.5.8 NOS-2 32
1.5.9 c-Rel 33
1.5.10 Bcl-10 36
2 OBJETIVOS 38
3 CASUÍSTICA, MATERIAL E MÉTODOS 40
3.1 Casuística 41
3.2 Amostra 42
3.3 Fatores moleculares – Imunoistoquímica 43
3.4 Análise microscópica dos fatores moleculares 44
3.5 Análise estatística 46
4 RESULTADOS 48
4.1 Imunoistoquimica 51
4.1.1 Helicobacter pylori 51
4.2 Fatores moleculares envolvidos na via extrínsica da apoptose 54
4.2.1 FAS-L 54
4.2.2 FAS 57
4.2.3 Caspase-8 60
4.2.4 Granzima B 63
4.3 Fatores moleculares envolvidos na resposta imune adaptativa
e no processo inflamatório 66
4.3.1 STAT-1 66
4.3.2 HLA-DR 69
4.3.3 NOS-2 74
4.3.4 S-100 77
4.4 Fatores moleculares envolvidos na via de ativação NF-KB 80
4.4.1 c-Rel 80
4.4.2 Bcl-10 83
5 DISCUSSÃO 88
5.1 Helicobacter pylori e o câncer 89
5.2 A resposta imunológica e inflamatória 90
5.3 A via extrínseca da apoptose 97
5.4 Ativação do NF-kB 101
5.4.1 c-Rel 101
5.4.2 Bcl-10 103
6 CONCLUSÕES 105
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÄFICAS 107
ANEXOS
Anexo 1 Comparação dos sistemas de estadiamento propostos para
o linfoma gástrico MALT
Anexo 2 Protocolo de reações imunoistoquímicas
1
INTRODUÇÃO
2
1 INTRODUÇÃO
1.1 LINFOMA MALT: O CONCEITO
Os linfomas não-Hodgkin são um grupo heterogêneo de neoplasias
do tecido linfóide. O diagnóstico de linfoma nos remete imediatamente à
clinica de um paciente com adenomegalias. Entretanto, o linfoma não-
Hodgkin pode ter início em qualquer localização do organismo, existindo ou
não um tecido linfóide organizado no órgão acometido. Aproximadamente
40% dos linfomas têm início em sítios que não são os orgãos linfóides e
estes recebem a denominação de linfomas extranodais, enquanto os
linfomas que se originam nos órgãos linfóides são designados linfomas
nodais. A diferença entre os linfomas nodais e extranodais não reside
apenas na questão anatômica, o comportamento biológico é diferente
(ISAACSON e WRITE 1984).
A distribuição anatômica e a estrutura dos linfonodos são adaptadas
para receber antígenos trazidos ao linfonodo pelas vias linfáticas aferentes
que drenam linfa de regiões distantes. As mucosas, especialmente do trato
gastrintestinal e do trato respiratório, estão constantemente expostas a
antígenos do meio ambiente e desenvolvem um sistema imunológico próprio,
natural, denominado tecido linfóide associado à mucosa, ou MALT, com
características morfológicas específicas diferentes do tecido linfóide do baço
e dos linfonodos. Alguns órgãos desenvolvem este tecido depois de
3
exposição a estímulos antigênicos crônicos ou à exposição a auto-anticorpos,
como a tireóide quando agredida por anticorpos na tireoidite de Hashimoto, o
estômago através da infecção crônica pelo Helicobacter pylori ou da gastrite
auto-imune, as glândulas salivares agredidas por anticorpos na Síndrome de
Sjoegren (ISAACSON e WRITE 1984).
Em 1983 ISSACSON e WRITE observaram que certos linfomas de
células B de baixo grau do trato gastrintestinal exibiam características
morfológicas do tecido linfóide associado à mucosa (MALT), cujo padrão
histológico é similar ao das placas de Peyer, com folículos linfóides
apresentando zona marginal proeminente. A descrição foi feita inicialmente
no estômago e posteriormente em outros órgãos: tireóide, pulmão, pele,
glândulas salivares, conjuntiva ocular, intestino delgado e fígado
(ISAACSON e WRITE 1983, 1984).
WOTHERSPOON et al. (1991) observaram que o linfoma gástrico
poderia originar-se do processo inflamatório crônico desencadeado pelo
Helicobacter pylori. De fato, a causa mais comum de gastrite crônica é a
infecção pelo Helicobacter pylori, que determina com freqüência um padrão
histológico muito semelhante ao linfoma de células B da zona marginal
extranodal do tecido linfóide associado à mucosa (linfoma MALT), com
presença de grau variável de infiltrado linfoplasmocitário, podendo
apresentar-se com pequenos agregados linfóides até folículos linfóides. Em
decorrência destas observações e da verificação de que em 92% dos 101
pacientes com diagnóstico de linfoma gástrico foi detectada a presença do
Helicobacter pylori, os autores formularam a hipótese de que a infecção
4
seria uma condição necessária a partir da qual poderia desenvolver-se o
linfoma gástrico MALT.
O conceito de que a neoplasia estaria relacionada à presença do
Helicobacter pylori foi sustentado por algumas evidências. Em primeiro lugar,
pelo achado de positividade para Helicobacter pylori na maioria dos
pacientes com diagnóstico de linfoma gástrico do tipo MALT, em segundo,
pela evidência epidemiológica de que nas regiões da Itália em que a
prevalência de Helicobacter pylori é alta, há maior número de casos de
indivíduos acometidos pelo linfoma gástrico MALT e em terceiro lugar pela
evidência de regressão do linfoma MALT depois da erradicação do
Helicobacter pylori com antibioticoterapia (WOTHERSPOON et al. 1991;
DOGLIONI et al. 1992; WOTHERSPONN et al. 1993; ROGGERO et al.
1995). O novo conceito contribuíu muito para que antigos dogmas fossem
reformulados. A hipótese de que o estímulo antigênico crônico fosse
responsável pelo desenvolvimento de um clone de células neoplásicas e de
que estas células permaneciam por um longo período responsivas ao
estímulo antigênico era inédita (HUSSELL et al. 1993).
1.2 MANIFESTAÇÕES CLINICAS E DIAGNÓSTICO
O linfoma da zona marginal extranodal B do tecido linfóide associado
à mucosa (linfoma MALT) foi reconhecido como uma entidade clinica isolada
na classificação da Organização Mundial de Saúde em 2001, encontrando-
se entre as neoplasias de células B periféricas. O linfoma MALT é extranodal
5
e representa 8% das neoplasias linfóides B. Clinicamente tem
comportamento indolente, permanecendo localizado por muito tempo e
desenvolvendo-se lentamente ao longo dos anos (ISAACSON et al. 2001).
Este fenômeno é conhecido como “homing”, as células linfomatosas,
guiadas por suas moléculas de adesão, tendem a se instalar nos tecidos que
apresentem seus ligantes (KUNKEL e BUTCHER 2002; SACKSTEIN 2005).
Curiosamente, a disseminação, quando ocorre, compromete outros sítios
extranodais e a medula óssea. A maior parte dos linfomas MALT acomete o
trato gastrointestinal (50%), sendo o estômago o sítio mais freqüente (85%).
Outros sítios freqüentes são: pulmão (14%), olhos e anexos (12%), pele
(11%), tireóide (4%) e mama (4%). Em muitos casos de linfoma MALT existe
um precedente de um processo inflamatório crônico, freqüentemente de
doença auto-imune, que resulta no desenvolvimento do tecido linfóide
extranodal (ISAACSON et al. 2001).
A apresentação clínica dos linfomas MALT varia de acordo com o sítio
envolvido na apresentação, mas existem algumas caracteríscas em comum.
A maior parte dos pacientes, ao diagnóstico, apresenta-se em bom estado
geral, sem perda de peso, febre ou sudorese noturna; os marcadores
biológicos, desidrogenase lática (DHL) e β2-microglobulina, estão dentro da
normalidade em 80% dos casos. A doença é localizada na maioria dos
pacientes, mas múltiplas localizações estão presentes em 34 a 37% dos
pacientes. O envolvimento da medula óssea é freqüente, detectado em 20%
dos casos. A disseminação da doença ocorre para outros sítios de mucosas
ou, mais freqüentemente para o baço, medula óssea e fígado. O linfoma
6
gástrico MALT tem algumas manifestações próprias: acomete indivíduos
entre 50 e 60 anos de idade, com predomínio no sexo feminino (1:1,7). Os
sintomas iniciais são relacionados ao local de manifestação do linfoma, o
estômago, o que determina dor epigástrica ou abdominal, dispepsia, náusea,
vomito e perda de peso em 30% dos casos. A anemia por deficiência de
ferro é multifatorial, a perda oculta de sangue nas fezes ocorre em 30% dos
casos ao diagnóstico. Sangramento maciço e perfuração não são freqüentes,
mas podem ser o primeiro sintoma da doença. A obstrução intestinal pode
ocorrer em tumores muito volumosos. Dentro do estômago a localização
mais freqüente é o antro (41%), seguido do corpo gástrico (12%) e do fundo
(11%); o comprometimento é multifocal em um terço dos casos. O
acometimento de linfonodos peri-gástricos é encontrado em metade dos
pacientes e relaciona-se com a profundidade de infiltração do linfoma na
parede gástrica (THIEBLEMONT e COIFFIER 2004).
O método diagnóstico de escolha é a endoscopia digestiva, que
permite múltiplas biópsias de cada região do estômago e de todas as áreas
comprometidas. A presença do Helicobacter pylori deve ser sempre
investigada pela coloração histológica. Quando a histologia é negativa, a
pesquisa da bactéria por outra metodologia, como cultura, teste respiratório
e teste sorológico se impõem. A avaliação da extensão local da doença se
torna muito melhor com a realização da ultrassonografia endoscópica, que
permite a avaliação do grau de comprometimento da parede gástrica e
identifica pacientes com risco de sangramento ou de perfuração. A
disseminação da doença é avaliada por exame físico completo, tomografia
7
computadorizada de tórax, abdômen e pélvis, que podem evidenciar
aumento de linfonodos, baço, fígado, ou presença de nódulos tumorais
nestes e em outros órgãos. A biópsia de medula óssea é realizada
sistematicamente. O estadiamento proposto em Ann Arbor para o linfoma de
trato gastrintestinal é o mais utilizado embora exista controvérsia sobre a
melhor forma de estadiamento. Vários são os sistemas de estadiamento
propostos além deste, o de Musshoff (1977), e a modificação proposta por
Rohatiner (1994) em Lugano, citados por THIEBLEMONT e COIFFIER (2004,
p.69). Quando há disponibilidade de ultrassonografia endoscópica, o sistema
de estadiamento TNM proposto para o carcinoma gástrico pode ser utilizado
(Anexo 1).
Histologicamente, o linfoma MALT é um linfoma extranodal,
caracteriza-se por apresentar um grupo heterogêneo de linfócitos, incluindo
células da zona marginal (“centrocitos-like”), linfócitos pequenos B, células B
com citoplasma abundante, conferindo um aspecto monocitóide, com
presença de centroblástos e imunoblastos em grau variável. Alguns casos
apresentam diferenciação plasmocitóide. As células neoplásicas proliferam
na zona marginal dos folículos linfóides B reacionais. Nos tecidos epiteliais,
as células neoplásicas podem infiltrar o epitélio, levando à lesão
característica linfo-epitelial. As células do linfoma expressam os antígenos
associados à zona marginal CD21 e CD35. Não há um marcador
característico imunoistoquímico para definir o linfoma MALT até o presente.
As células tumorais expressam tipicamente IgM, menos freqüentemente IgA
ou IgG e mostram restrição de cadeias leves (ISAACSON et al. 2001).
8
O diagnóstico diferencial entre a gastrite e o linfoma MALT pode ser
particularmente difícil, principalmente no material obtido por biópsia
endoscópica devido à pequena quantidade de amostra tecidual. A
demonstração da restrição de cadeias leves é informativa, mas não define o
diagnóstico. A análise de rearranjo do gene da imunoglobulina por reação
em cadeia da polimerase (PCR) para detecção de monoclonalidade pode
falhar em mais de 15% dos casos podendo produzir resultados falso
positivos. A monoclonalidade isoladamente não é suficiente para definir a
neoplasia: células B monoclonais foram encontradas em pacientes que não
apresentavam linfoma, sendo frequentes os relatos de “gastrites
monoclonais” (WÜNDISCH et al. 2003; ISAACSON e DU 2005;
GEORGOPOULOS et al. 2005).
1.3 PATOGÊNESE
Apesar de tratar de uma entidade reconhecida do ponto de vista
clinico e histológico, a compreensão da participação dos fatores
citogenéticos e moleculares na patogenia do linfoma MALT só vêm sendo
esclarecida recentemente. Nos últimos anos várias alterações citogenéticas
comuns aos linfomas MALT têm sido identificadas. As trissomias do 3, 12 e
18, mutações do p53/LOH, e deleção do p16 podem estar presentes
isoladamente ou associadas. Algumas alterações citogenéticas são
mutuamente exclusivas e vêm sendo correlacionadas especificamente ao
linfoma MALT: t(11;18)(q21;q21), t(1;14)(p22;q32) e t(14;18)(q32;q21). A
9
translocação (11;18)(q21;q21) funde o N-terminal do transcrito API-2 ao
Carboxi-terminal do transcrito MALT-1 e gera um produto funcional
denominado API-2-MALT1. As translocações t(1;14)(p22;q32) e
t(14;18)(q32;q21) colocam os genes BCL10 e o MALT1, respectivamente,
próximos ao da imunoglobulina IGH e desregulam sua expressão. Acredita-
se que os transcritos derivados das translocações citogenéticas, resultem na
ativação de uma via comum, a ativação do fator nuclear Kappa B (NF-κB) via
receptor de antígenos (ISAACSON e DU 2005; FARINHA e GASCOYNE
2005).
10
Legenda: A sinalização fisiológica durante a infecção pelo Helicobacter pylori (HP) no
estômago ocorre através da ativação dependente de antígeno e de células T, do receptor de
antígeno da célula B, produzindo a oligomerização do complexo BCL10-MALT-1 junto com o
receptor associado ao TNF (TRAF-6). Este ativa a Iκ-B kinase-γ (IKK-γ), que por sua vez
fosforila a Iκ-B, preparando-a para a degradação e permitindo a translocação do NF-κB livre
para o núcleo. Desta forma há aumento da regulação dos genes responsivos ao NF-κB. As
translocações t(1,14) e t (1,18) aumentam a expressão de BCL10 e MALT1 respectivamente.
A translocação t(11,18) resulta na proteína de fusão API2-MALT-1, que é capaz de
sobrepor-se a ativação normal e ativar o IKK diretamente. A translocação da proteína BCL-
10 para o núcleo ocorre tanto na t(1,14) como na t(1,18) e parece ser importante na biologia
do MALT, embora o mecanismo exato seja desconhecido. A importância das duas novas
translocações identificadas, FOX-P1 e BCL6 não é completamente compreendida, mas as
duas sendo fatores de transcrição, provavelmente agem no núcleo. Ainda não é claro se
agem na via NF-κB. Casp = caspase; CARD= domínio recrutador de caspase; Bir
baculovirus inibidor repetido de apoptose; PKC-β= proteína-kinase C Beta; TA
CI=ativador transmembrana; TAK1= fator de crescimento da kinase B ativada;
NEMO=modulador essencial NF-κB.
Fonte: FARINHA e GASCOYNE (2005).
Figura 1 - As translocações mais frequentes no linfoma MALT.
11
O NF-κB é um fator de transcrição que tem importância crucial na
inflamação, na imunidade, na proliferação celular e na apoptose. Encontra-
se normalmente inativo no citoplasma da célula, ligado a uma molécula
inibitória (I-κB). A fosforilação e degradação da molécula inibitória I-κB
determina a ativação do NF-κB, sua migração para o núcleo onde exerce a
função de fator de transcrição, aumentando a expressão de genes
responsivos (FARINHA e GASCOYNE 2005).
Em circunstâncias normais, a sinalização através do receptor de
antígenos (TCR e BCR) promove a interação entre Bcl10 e MALT1, que
agem sinergicamente para ativar o fator de transcrição NF-κB. A expressão
das duas proteínas é descrita primariamente nos tecidos linfóides,
predominantemente no citoplasma de células B ativadas do centro
germinativo. O linfoma MALT, quando comparado ao tecido linfóide normal,
mostra padrões variáveis de expressão destas duas proteínas, dependendo
da translocação subjacente. Na gastrite associada ao Helicobacter pylori e
durante as fases iniciais do linfoma MALT, os antígenos do Helicobacter
pylori e as células T auxiliadoras específicas sinalizam através do receptor
de antígenos das células B policlonais e promovem a interação das
proteínas normais Bcl10 e MALT1, levando à ativação do NF-κB. Com a
evolução do processo, pode surgir um subclone com uma das translocações
características do linfoma MALT, que teria uma vantagem proliferativa. Nesta
etapa, depois da ocorrência da translocação, os transcritos promovem a
estimulação contínua, constitutiva do NF-κB, eliminando a necessidade da
infecção persistente para a manutenção do estímulo (Figura 1). Neste
12
estágio a doença não é mais responsiva ao estímulo antigênico do
Helicobacter pylori (FARINHA e GASCOYNE 2005; VIATOUR et al. 2005;
LIN e WANG 2004).
Evidências neste tema encontram-se em publicações recentes que
estudaram a expressão imunoistoquímica do Bcl-10, do MALT-1 e do NF-κB
nos linfomas gástricos MALT. A expressão destas moléculas está
particularmente alterada naqueles linfomas que não são responsivos ao
tratamento do Helicobacter pylori cuja alteração citogenética leva à formação
de um transcrito que propicia constitutivamente, a proliferação da célula B
tumoral através da via do NF-κB (YEH et al. 2005; INAGAKI et al. 2004).
Recentemente a t(3;14)(p13;q32) foi identificada em linfomas MALT
de tireóide, órbita e anexos, pele e estômago, assim como nos linfomas
difusos de grandes células. Nos dois subtipos de linfoma a freqüência da
translocação é baixa e o significado do rearranjo do gene FOXP-1 ainda não
é claro (STREUBEL et al. 2005).
1.4 RESPOSTA IMUNOLÓGICA E INFLAMATÓRIA AO
HELICOBACTER PYLORI
O pré-requisito para a gênese do linfoma gástrico de baixo grau é o
desenvolvimento do tecido linfóide, MALT, secundário ao processo
inflamatório desencadeado pelo Helicobacter pylori.
O Helicobacter pylori é uma bactéria gram negativa que está presente
em 50% dos estômagos da população mundial. A infecção pelo Helicobacter
13
pylori ocorre na primeira infância e em geral permanece ao longo da vida.
Em todos indivíduos infectados há instalação de um processo inflamatório
cuja evolução é extremanente variável. A maior parte dos indivíduos
acometidos são assintomáticos, no entanto, há uma percentagem que
desenvolve gastrite sintomática, úlcera duodenal, úlceras gástrica,
adenocarcinoma gástrico e linfoma MALT (MARSHALL e WINDSOR 2005).
Certamente existem vários fatores que interagem no processo
inflamatório, características de virulência da bactéria e de resposta do
hospedeiro, que são variáveis e acabam por determinar a evolução do
processo inflamatório.
O Helicobacter pylori possui uma série de características que
possibilitam sua orientação espacial e movimentação no muco, adesão às
células epiteliais da mucosa gástrica, evasão da resposta imunológica,
colonização persistente e transmissão. A bactéria é ingerida por via oral.
Depois de ser ingerida ela deve se proteger do meio ácido inóspito e
penetrar no muco gástrico. A produção de urease e a motilidade são
essenciais para este primeiro passo da infecção. A urease hidroliza a uréia
em dióxido de carbono e amônia permitindo que a bactéria sobreviva ao
meio ácido. A presença de flagelos possibilita a orientação e motilidade da
bactéria através do muco, até a superfície das células epiteliais
(SUERBAUM e MICHETTI 2002).
O Helicobacter pylori raramente penetra na célula, é uma bactéria
extracelular que adere às células epiteliais através de vários componentes
de superfície, denominados fatores de adesão. Dentre estes, a adesina mais
14
caracterizada é a Bab A, que é uma proteína de membrana de 78-kD que se
liga ao antígeno do grupo sanguíneo Lewis B fucosilado. Uma das
descobertas mais interessantes dos projetos que sequenciaram o genoma
do Helicobacter pylori é a descoberta de uma família de 32 proteínas de
membrana externa, na maior parte adesinas, cujos genes podem ser
“ligados” ou “desligados”. As proteínas codificadas por estes genes, que têm
variação de fase, incluem enzimas que promovem modificação da estrutura
antigênica de moléculas de superfície, controlam entrada de DNA externo na
bactéria e influenciam na motilidade (SUERBAUM e MICHETTI 2002). É
possível que esta capacidade de alterar sua estrutura antigênica,
especialmente a do antígeno Lewis, permita que a bactéria module o padrão
de resposta imune das células T auxiliadoras (Th) do hospedeiro, entre
resposta Th1 induzida por interleucina-12 (IL-12) e Th2 induzida por
interleucina-4 (IL-4) (BERGMAN et al. 2006).
A maioria das cepas do Helicobacter pylori expressa VacA, uma
citotoxina vacuolizante. A exotoxina se insere na membrana da célula
epitelial e forma um canal anium seletivo através do qual o bicarbonato e
ânions orgânicos podem ser liberados, possivelmente provendo a bactéria
com nutrientes. A citotoxina vacuolizante, VacA atinge a membrana
mitocondrial formando poros que causam a liberação do citocromo c e
induzem à apoptose. Outras propriedades da VacA incluem a interação com
proteínas do citoesqueleto, aumento da permeabilidade entre células
epiteliais, formação de vacúolos intracelulares e supressão da função
imunológica (BLASER e ATHERNON 2004; D'ELIOS et al. 2007).
15
Muitas cepas de Helicobacter pylori possuem um fragmento genômico
que contém 29 genes denominado “ilha de patogênicidade cag” (cag-PAI).
Vários destes genes formam um aparato de secreção que insere a proteína
CagA dentro da célula do hospedeiro. Depois de entrar na célula do
hospedeiro, a CagA é fosforilada e interage com uma série de vias de
transdução de sinais afetando o fenótipo, a proliferação e a apoptose celular.
As células epiteliais e os macrófagos, em resposta à introdução da CagA,
produzem citocinas. A resposta inflamatória ao Helicobacter pylori e a
produção de interleucinas (ILs) é mais pronunciada nas cepas CagA
positivas (BLASER e ATHERTON 2004).
A resposta do hospedeiro é desencadeada pela adesão do patógeno
à célula epitelial. As alterações que ocorrem nas células epiteliais dependem
da translocação das proteínas codificadas pela cag-PAI, da urease, das NAP,
das proteínas do choque térmico (hsp), das porinas e do VacA. A célula
epitelial produz IL-8, quimiocina inflamatória, em resposta à proteína CagA,
que tem papel quimiotático potente na ativação de neutrófilos, os quais
ampliam a cascata inflamatória. A resposta inflamatória inicial consiste no
recrutamento de neutrófilos seguidos por linfócitos T e B, células plasmáticas
e macrófagos (D'ELIOS et al. 2003).
A produção de IL-8 pelas células epiteliais atrai e ativa neutrófilos que
liberam espécies reativas de oxigênio (ROS) e óxido nítrico (NO). Estas
espécies não só agridem o patógeno, como podem induzir dano oxidativo do
DNA, causando uma grande variedade de danos genéticos e podem
contribuir para a aquisição das alterações citogenéticas do linfoma MALT
16
(ISAACSON e DU 2004). Sugere-se que o Helicobacter pylori seja capaz de
limitar a produção de NO bactericida, o que lhe possibilita a sobrevivência
em condições de stress oxidativo (ISRAEL e PEEK 2006).
A infecção pelo Helicobacter pylori induz uma resposta imunológica
humoral sistêmica e localizada da mucosa, com produção de anticorpos
pelas células linfóides B. A produção de anticorpos não leva à erradicação
da infecção mas pode contribuir com o dano tissular. Alguns pacientes
infectados têm uma resposta com formação de auto-anticorpos diretamente
contra H
+
/K
+
-ATPase das células parietais gástricas, que se correlacionam
com a atrofia do corpo gástrico (D'ELIOS et al. 2004).
A células T que infiltram a mucosa são essenciais para a defesa
contra o patógeno. As células T auxiliadoras são ponto chave da resposta
imunológica e podem expressar padrões distintos de secreção de citocinas e
padrões de resposta: Th1 ou tipo 1 e Th2 ou tipo 2.
O padrão Th1 estabelece-se quando o antígeno é um microrganismo
intracelular, como vírus, fungos e micobactérias. Estes microrganismos
apresentam padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs) que são
percebidos como sinal de alarme pelas células apresentadoras de antígeno
(APCs). As APCs discriminam o patógeno pela interação dos PAMPs com
seus receptores tipo Toll. Vários receptores são indutores de resposta
inflamatória com padrão Th1, sendo o TLR4 (do inglês, “Toll Like Receptor 4)
o mais conhecido. As APCs assim ativadas, além de apresentar antígenos e
moléculas co-estimulatórias, produzem um sinal polarizador representado
pela IL-12. A IL-12 induz as NK e células T CD4+, CD8+ a produzir
17
interferon-γ (IFNγ) dirigindo a resposta inflamatória para o padrão Th1
(MUSATTI et al.2006).
As células Th1 produzem IFNγ e TNF (fator de necrose tumoral) são
fundamentais na defesa contra microorganismos intracelulares. O IFNγ leva
à ativação de macrófagos e induz a expressão de moléculas HLA de Classe
II nestes e em células B, favorecendo a apresentação de antígenos para os
linfócitos T CD4+. Favorece a eliminação de células infectadas por vírus,
aumentando a expressão de moléculas HLA de Classe I. Estimula a
produção de imunoglobulinas de subclasse IgG1 pelas células B adequadas
para mediar a fagocitose por macrófagos. O TNF, cuja principal fonte
produtora é o macrófago, além de células NK e T ativadas, em conjunto com
IFN determina o padrão Th1 (MUSATTI et al. 2006).
O padrão Th2 é predominantemente humoral e se estabelece quando
o antígeno é um microorganismo extracelular, sendo desencadeado
preferencialmente por parasitas intestinais e por alérgenos. Neste caso, os
sinais percebidos pelas APCs levam à produção de IL-4 (MUSATTI et al.
2006).
As células Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-13 que agem como fatores de
crescimento e diferenciação para célula B. Desta forma a produção humoral
é ampla, com produção característica de IgM, IgG e IgE, liberação de um
grande número de substâncias farmacológicamente ativas pelos mastócitos.
O componente celular é representado por eosinófilos, importante na
destruição de ovos de parasitas (MUSATTI et al. 2006).
18
A polarização para um ou outro padrão de resposta será determinada
por estímulos do meio ambiente, do patógeno e por fatores genéticos.
Nas análises das biópsias de ulcera péptica, o padrão predominante
foi de IL-12, IFNγ e TNF, ou seja Th1, enquanto que nas gastrites sem
úlcera, foram encontrados IL-4 e IFN-γ, padrão misto. A gravidade das
lesões pode ser relacionada com a secreção in situ de IFNγ e TNF,
correspondendo ao padrão Th1 (D'ELIOS et al. 2005).
A especificidade das células Th derivadas de pacientes com úlcera
péptica mostra, em metade dos casos, reatividade específica para a proteína
CagA e em um quarto, para urease. Estes dados sugerem que CagA seja o
antígeno imunodominante específico para a resposta de células T na úlcera
péptica. A grande maioria dos clones Helicobacter pylori específicos e
particularmente aqueles específicos para CagA, mostram resposta com
padrão Th1, com produção alta de IFNγ e sem IL-4 (Fig.2). Por outro lado,
nas gastrites sem complicações a maior parte dos clones mostra padrão de
resposta misto ocorrendo polarização para Th1 em apenas um terço dos
casos. Até o presente, os resultados sugerem que o padrão misto Th1-Th2
está associado com menor índice de complicações e as citocinas IL-4 e IL-
10 são importantes em regular e diminuir os efeitos deletérios da resposta
polarizada para Th1 (D'ELIOS et al. 2005). No linfoma MALT o padrão
predominante de resposta relatado é o Th2 (YAMASAKI et al. 2004), embora
alguns autores descrevam o padrão misto, Th1-Th2 e a presença de células
Th0 (D'ELIOS et al. 2003).
19
Legenda: HP e seus antígenos (Hp-Ag), como proteínas ativadoras de neutrófilos(NAP),
CagA ou VacA induzem as células epiteliais a expressar IL-8, citocina inflamatória capaz de
atrair leucócitos polimorfonucleados(PMN). Macrófagos ativados pelo HP (MØ) iniciam a
produção de IL-12, IL-17 e IL-18. Este grupo de citocinas induz células Th1, HP específicas.
Se não for modulada por citocinas Th2, a resposta das células T é polarizada para o padrão
Th1, com secreção autócrina de IFNγ. As células Th HP específicas dão auxílio para a
produção gástrica de opsonina e anticorpos fixadores de complemento pelas células B. O
IFN e TNF secretados cronicamente pelas células Th1 podem levar à úlcera péptica porque
as duas citocinas são capazes de induzir alterações funcionais das células gástricas e afetar
a integridade da célula epitelial.
Fonte: D'ELIOS et al. (2003)
Figura 2 - Imunopatologia da úlcera péptica induzida pelo HP (Helicobacter
pylori) e mediada por células T
A
tivação de células Th1
Lumen
gástrico
IFN
TNF
Aumento da secreção
ácida e TF
Imunopatolo
g
ia relacionada
a Th1 e úlcera p
éptica
H.pylori
Produção de Ig
PMN
IL-8
Células Th1
HP-
Ag
NAP
VacA
CagA
Cél. B
IFN
TNF
IL-18
IL-17
IL-12
IL-8
Lumen
g
ástrico
20
No linfoma MALT, as células tumorais são linfócitos B de memória,
responsivas aos sinais de diferenciação, CD40 e citocinas produzidas por
células Th específicas para o Helicobacter pylori. HUSSELL et al. (1993),
demonstraram que células Th específicas para o Helicobacter pylori que
infiltravam o tumor eram responsáveis pela estimulação constante do clone
de células B tumorais in vitro e a retirada dessas células da suspensão de
células tumorais levava à redução da proliferação. Os clones de células Th
derivados de linfomas MALT respondem com proliferação quando semeados
em cultura com extrato do Helicobacter pylori e não respondem à CagA,
VacA e à urease. Estes dados sugerem que existem antígenos do
Helicobacter pylori importantes envolvidos na ativação das células T e na
proliferação de células B ainda não identificados que participam da
patogenia do linfoma MALT (D'ELIOS et al. 2005). Existem vários estudos
procurando determinar o estímulo antigênico e o padrão de resposta
imunológica predominante no linfoma gástrico MALT. De acordo com PEEK
e BLASER (2001), a importância do gene cagA na fisiopatologia do linfoma
MALT não é tão evidente quanto é para a fisiopatologia do adenocarcinoma
gástrico. YAMASAKI et al. (2004) descrevem que a proteína de choque
térmico 60 (hsp60) nas células mononucleares periféricas de pacientes com
MALT é capaz de estimular, in vitro, a expressão do ligante de CD40 (CD40L)
em células T CD4+ e IL-4, mas não o faz nas células de indivíduos normais
ou de pacientes com gastrite. A produção de IL-4 e coexpressão de CD40L
induz um perfil de resposta dominante Th-2 nos pacientes com MALT. Este
padrão de resposta não ocorre em indivíduos normais. Assim sendo, os
21
autores propõem que no linfoma MALT, fatores genéticos do hospedeiro,
como o sistema HLA e a consequente ativação de células T, seriam
responsáveis pela susceptibilidade individual e determinariam em indivíduos
susceptíveis resposta imunológica adaptativa específica para a hsp60,
predominantemente Th2.
O mecanismo proposto para a evolução do processo inflamatório ao
linfoma é baseado na observação de que nestes pacientes há estímulo para
proliferação de células B e, simultaneamente, um controle deficiente da
proliferação. Na gastrite, a função auxiliadora exercida pelos linfócitos Th
aos linfócitos B, é regulada negativamente pela ação citolítica sobre as
células B. As células T do linfoma MALT são incapazes de modular o auxílio
que prestam as células B. Nenhum dos clones de células T foi capaz de
expressar a citotoxicidade mediada pela perfurina contra as células B
autólogas. Na gastrite não complicada há indução de apoptose mediada por
FAS e FAS-Ligante (Fas-L). Tanto a citotoxicidade mediada pela perfurina
como a indução da apoptose pelo FAS-FAS-L estão reduzidos nas células T
que infiltram o linfoma MALT. Assim sendo, acredita-se que há uma
exacerbação da apresentação de antígenos e proliferação de células B e
concomitantemente uma deficiência no controle da proliferação. A razão
para que as células T gástricas do linfoma exerçam sua função auxiliadora,
mas não tenham controle sobre a proliferação das células B, é obscura.
Sabe-se que a citotoxina VacA inibe a apresentação de antígenos e a
ativação de células T, mas não interfere com a liberação de grânulos das
células NK. Possivelmente mecanismos ainda desconhecidos afetam os
22
mecanismos citotóxicos das células T permitindo um acúmulo de células B
(D'ELIOS et al. 1999).
Durante a resposta imunológica ao Helicobacter pylori, as células
epiteliais da mucosa gástrica passam a apresentar moléculas de HLA Classe
II, juntamente com moléculas B7-1 coestimulatórias o que sugere que elas
possam se comportar como células apresentadoras de antígenos para as
células T (ARCHIMANDRITIS et al. 2000).
As células dendríticas têm papel central na apresentação de
antígenos e no desencadeamento da resposta imunológica celular. São elas
que fazem o processamento de antígenos bacterianos e os apresentam por
meio das moléculas HLA para os linfócitos T. O papel das células dendríticas
no contexto do linfoma MALT ainda é pouco esclarecido. Recentemente, foi
demonstrado seu papel na apresentação de antígenos às células T e
produção de IL-12, induzida pelo Helicobacter pylori, mostrando que podem
participar da resposta Th1 (HANSSON et al. 2006). Em um modelo
interessante proposto por BERGMAN et al. (2006), as células dendríticas
têm na sua superfície um receptor, DC-SIGN, que captura e internaliza
antígenos. A ligação do Helicobacter .pylori ao receptor DC-SIGN bloqueia a
polarização da população de células T imaturas (CD4+CD45RA) para o
padrão de resposta Th1, enquanto a ausência de ligação promove o perfil
Th1. O Helicobacter pylori pode, através da variação de fase na expressão
de antígenos do grupo sanguíneo Lewis, levar a um balanço entre a
resposta Th1 e Th2, determinando uma imunomodulação que facilite a
persistência da colonização (BERGMAN et al. 2006). Este modelo, proposto
23
para explicar a persistência da infecção em seres humanos é aplicável ao
que conhecemos da evolução da infecção para o desencadeamento do
linfoma gástrico MALT, onde a resposta celular tem padrão Th1 e Th2.
Legenda: Células dendríticas envolvidas na apresentação de antígenos dão às células T
sinais co-estimulatórios diferentes na presença, ou na ausência de IL-12. Na presença de
IL-12 a produção autócrina de IL-4 pelas células T CD4+ “naïve” é inibida e a IL-12 dirige a
diferenciação destas células para a resposta Th1 que produz IFNγ e ativa a função dos
macrófagos. Neste modelo de ativação de célula T, IL-12 inibe o desenvolvimento
concomitante de células Th2. Na ausência de IL-12 as células T CD4+ são dirigidas pela IL-
4 autóloga a diferenciar em células efetoras Th2, que induzem a diferenciação de células B
e inibem a função dos macrófagos. Através dos estímulos de sinais co-estimulatórios e
citocinas inibitórias como a IL-10 as células dendritícas ativam células T regulatórias
CD4+CD25+ (Treg) e estas diminuem as respostas das células T e dos macrófagos por
mecanismos diferentes, sinais solúveis e de membrana.
Fonte: BERGMAN et al. (2006)
Figura 3 - Representação esquemática da indução de regulação cruzada da
resposta Th1 e Th2.
Inibição de células
Th1 e macrófagos
Inibição de células Th2
Sinais co-estimulatórios
Sinais co-estimulatórios
Sinais co-estimulatórios
Célula Th1
Célula Th2
Célula Treg
Célula
Dendrítica
Célula CD4+
Imatura
Regulação
IFN-γ
IL-4
IL-10
IL-12
Desenvolve-se
em
Produz
24
1.5 FATORES MOLECULARES:
As evidências de estudos científicos apontam para dois mecanismos
principais envolvidos no desenvolvimento do linfoma MALT: a contínua
proliferação de células B determinada pela resposta imunológica ao estímulo
antigênico e a deficiência no controle da proliferação seja por
comprometimento da via extrínsica da apoptose (FAS e FAS-L) ou da ação
citotóxica dos linfócitos T e células NK (granzima B). Os fatores moleculares
escolhidos para este estudo: STAT-1, HLA-DR, proteína S-100, NOS-2, c-
Rel e Bcl-10, mapeiam etapas importantes de mecanismos relacionados à
resposta inflamatória e imunológica ao antígeno do Helicobacter pylori,
enquanto o FAS e FAS-L, Caspase-8 e Granzima B, as vias de controle da
proliferação.
1.5.1 FAS-L
FAS Ligante (FAS-L/CD95L) é uma proteína transmembrana
homotrimérica, expressa na superfície de células T ativadas e células NK,
junto com o receptor FAS, participa na regulação e hemostasia das células T
e B periféricas e induz a apoptose de células infectadas por vírus e células
neoplásicas. O FAS-L pode ser clivado e encontrado em forma solúvel, a
qual está especialmente elevada nas hepatites virais, AIDS e em alguns
tumores. Embora as formas solúveis possam desencadear a apoptose, sua
capacidade de induzi-la é mil vezes inferior à forma ligada à membrana
(GUICCIARDI e GONES 2003).
25
1.5.2 FAS
FAS (CD95/APO-1) é uma proteína glicosilada de superfície celular
expressa em vários tecidos, particularmente abundante no timo, coração, rim,
fígado, nos linfócitos maduros ativados e em linfócitos transformados por
vírus. Embora a forma ligada à membrana seja a predominante, existem
formas solúveis e intracitoplasmáticas, particularmente no Complexo de
Golgi (GUICCIARDI e GONES 2003).
A ligação do FAS ao seu ligante fisiológico FAS-L leva à formação de
um complexo de sinalização intra-celular com trimerização do FAS,
recrutamento do FADD e da procaspase-8. Quando recrutada a este
complexo, a procaspase-8 é ativada por autoclivagem levando a apoptose e
morte celular (GUICCIARDI e GONES 2003).
A apoptose induzida por FAS é responsável pela seleção negativa de
linfócitos B no centro germinativo, tendo um papel importante na eliminação
de células B auto-reativas e na regulação da homeostase dos linfócitos
periféricos. Suspeita-se que o Fas possa ter um papel importante na
supressão de tumores. Aproximadamente 20% dos linfomas de células B
derivados do centro germinativo, ou pós-centro germinativo, apresentam
mutações somáticas no gene Fas (Folicular, MALT, Linfoma Difuso de
Grandes Células B, Mieloma Múltiplo, Doença de Hodgkin). A maior parte
das mutações somáticas são deletérias, comprometendo o domínio de morte,
levando à formação de proteínas mutantes que se comportam como formas
negativas dominantes (SÁNCHES-BEATO et al. 2003). Mutações da
linhagem germinativa do gene Fas são associadas à síndrome
26
linfoproliferativa auto-imune e predispõem ao desenvolvimento de linfomas
de células B (VAN DEN BERG e MAGGIO 2002; POPPEMA et al. 2004).
Existe uma série de estudos recentes que avalia a expressão das proteínas
envolvidas na apoptose, em linfoma.Os resultados são controversos, em
alguns a expressão de FAS e FAS-L foi associada à evolução favorável do
subtipo de linfoma difuso de grande células do centro germinativo (ESER et
al. 2006, KOJIMA et al. 2006), outros não encontraram tal associação
(ANDRADE e SOARES 2006). VASSALLO e al. (2004) compararam a
imunoexpressão de FAS em material parafinado de pacientes com gastrite e
linfoma gástrico MALT e encontraram expressão mais fraca nos linfomas,
sugerindo que a baixa densidade das proteínas reguladoras da apoptose
poderia estar envolvida na patogênese do linfoma MALT. Outros autores
sugerem que ao menos um subgrupo de linfomas MALT,
independentemente da translocação (11;18)(q21;21), escapa da via de
controle do Fas por mutação ou inativação deste (SEEBERGER et al. 2001;
GREINER et al. 1999).
1.5.3 Caspase-8
As caspases são proteases que usam a cisteína como grupo
nucleofílico para substrato de clivagem, clivam ligações peptídicas na região
carboxi-terminal do ácido aspartico. São sintetizadas na forma de
proenzimas inativas que requerem processamento de resíduos internos para
desempenhar sua atividade catalítica completa. Estruturalmente, as
caspases são organizadas em um prodomínio, uma unidade grande e uma
27
pequena. Depois da sua ativação, as subunidades grande e pequena se
separam do prodomínio e sofrem nova clivagem. As caspases são
geralmente tetrâmeros, com duas subunidades grandes e duas pequenas,
possuindo dois sítios ativos. A Caspase-8 é uma caspase iniciadora, por ter
um prodomínio longo e é recrutada por moléculas ativadoras de caspase,
como o FADD. Após a ativação da caspase-8, uma cascata de ativação de
caspases se segue e a proteólise de um grande número de proteínas
celulares que determina a morte celular programada (MURPHY e MARTIN
2003). SCHRANTZ et al. (2001) mostraram em células da linhagem BL41 do
linfoma de Burkitt, que é possível que outras vias, independentemente do
FADD, estejam envolvidas na apoptose dos linfomas de células B.
1.5.4 Granzima B
Linfócitos T citotóxicos e células NK (natural killer) possuem grânulos
que são liberados na superfície de células alvo. Estes grânulos contêm uma
variedade de enzimas citotóxicas; destas, as de maior interesse são a
Granzima B e a perfurina. A perfurina forma poros na superfície celular,
facilitando a entrada de outros grânulos na célula alvo. A Granzima B é uma
serino-protease que cliva os resíduos de aspartato; desta forma a Granzima
B é capaz de ativar Caspases-8 e 3 em células intactas e ativar o Bid,
levando à liberação do citocromo c e desencadeando a apoptose por via
mitocondrial (MURPHY e MARTIN 2003).
A ação citolítica das células T é mediada por duas vias: liberação de
perfurina, com granzimas e ativação de receptores de morte. A resistência à
28
ativação da via de apoptose, mediada pelos receptores de morte, foi descrita
em alguns linfomas de células B. A expressão do inibidor de protease-9 (PI-
9), que inativa seletivamente a ação da granzima B, é considerada por
alguns autores um mecanismo de escape da resposta imunológica em
linfomas. No entanto, este assunto é debatido por outros autores que
acreditam que a importância da Granzima B como efetora na morte de
células tumorais encontrada in vitro não se reproduz in vivo (GODAL et al.
2006; BOTS et al. 2006; GODAL et al. 2006).
1.5.5 STAT-1
As citocinas são mediadores da resposta imunológica. Elas controlam
muitas funções celulares incluindo proliferação, diferenciação, apoptose e
expressão de numerosos genes. Existem várias citocinas sintetizadas a
partir de estímulos diversos, por células que participam da resposta
imunológica inata, como macrófagos, monócitos, células dendríticas e da
resposta adaptativa como linfócitos T e B. Independentemente da ação
fisiológica, o meio da citocina exercer seu papel é agindo através de
receptores específicos. A maquinaria que é responsável pela resposta
biológica às citocinas é complexa e envolve a transdução do sinal. A via
mais conhecida da sinalização intracelular é composta por duas famílias de
moléculas: JAK e STAT. Diferentes receptores de citocinas utilizam varias
combinações de JAKs e STATs para transdução de seus sinais (FULOP et
al. 2006).
29
Os STATs , fatores de transdução e ativadores de transcrição de sinal,
são uma família de fatores citoplasmáticos latentes que mediam a
sinalização intracelular iniciada pela ligação da citocina ao receptor de
superfície e transmitem o sinal ao núcleo. STAT-1 é ativado pelo interferon-
γ (IFN-γ). Após a sua ativação, STAT-1 migra para o núcleo e se liga a um
promotor específico que regula a expressão gênica. Os genes regulados
pelos STATs incluem o receptor Fc-γ , a sintetase de óxido nítrico induzida
(iNOS), o complexo maior de histocompatibilidade classe II e a molécula de
adesão intercelular 1 ( ICAM-1) (GONGORA et al. 2000).
Nas leucemias mielóides crônicas, JAKs e STATs podem regular a
proliferação e diferenciação celular. A inibição da proliferação pode ser
observada pelo uso de indometacina (ZHANG e FU 2006). Nas leucemias de
células T associadas ao HTLV-1, estudos in vitro mostram que há uma
fosforilação constitutiva da Janus kinases e das proteínas transdutoras de
sinais e ativadoras de transcrição (STATs) e mostram associação entre a
ativação de JAK3, STAT-1, STAT-3, STAT-5 e a progressão do ciclo celular
(TAKEMOTO et al. 1997). A STAT-1 tem papel importante na apoptose,
pode mediar o aumento da expressão de FAS e FAS-L em tecidos
isquêmicos e depois de exposição ao IFN- γ (STEPHANOU e LATCHMAN
2003).
1.5.6 HLA-DR
As moléculas de HLA Classe II são glicoproteínas de superfície
celular de grande importância na resposta imunológica adaptativa por
30
apresentarem peptídeos, derivados principalmente de proteínas
extracelulares, ao receptor de antígenos de células T CD4+. A apresentação
de antígenos mediada por moléculas de HLA Classe II é essencial para: o
processo de seleção positiva e negativa que ocorre durante o
desenvolvimento de células T CD4+ no timo e determina o repertório do
receptor de células T (TCR), manter a homeostasia da população de células
T CD4+ maduras na periferia, para iniciar, amplificar e regular a resposta
imunológica protetora aos patógenos e tumores. Ainda é de fundamental
importância na manutenção de tolerância, assim como na quebra de
tolerância que ocorre em doenças auto-imunes.
A expressão de moléculas HLA de Classe II é restrita à células
epiteliais tímicas e células especializadas na captura e apresentação de
antígenos extracelulares. Estas designadas coletivamente, células
apresentadoras de antígenos (APCs), incluem células linfóides B,
macrófagos e monócitos, células dendríticas e no homem, células linfóides T
ativadas. Existe uma regulação bem definida para modular a expressão das
moléculas de Classe II: há um aumento da expressão em células linfóides B
estimuladas por IL-4 e lipopolissacarídes (LPS) e nos macrófagos
estimulados por IFN-γ. Por outro lado, a diferenciação de células linfóides B
em plasmócitos e a maturação das células dendríticas determina a
interrupção de síntese de novas moléculas de Classe II. Outras células como:
astrócitos, fibroblastos, células endoteliais e células epiteliais, não
expressam moléculas HLA Classe II a menos que sejam expostas a
31
estímulos específicos, particularmente ao IFN-γ, que é produzido durante a
infecção, inflamação ou trauma (REITH et al. 2005).
A análise experimental de arranjo tecidual de tecido gástrico de
camundongos BALB/c infectados por Helicobacter felis mostra os genes
MHC de classe I e II, além de outros receptores de superfície e moléculas
sinalizadoras, hiperexpressos em lesões pré-malignas e malignas de células
B linfóides, mas não nas células B normais (MUELLER et al. 2005). A
expressão de moléculas HLA-DR foi correlacionada ao prognóstico de
pacientes com linfomas MALT, em estudo realizado por DAROM et al. (2004,
2006). Embora outros estudos indiquem o aumento da expressão de
moléculas HLA no linfoma MALT, seu significado não foi correlacionado ao
prognóstico.
1.5.7 S-100
A proteína S-100 é uma fração heterogênea de polipeptídeos
diméricos (subunidades α e β) que pode ser encontrada em vários tecidos e
apresentar formas e combinações diferentes. A maior parte das células do
sistema linforeticular que são positivas para a proteína S-100 são células
dendríticas envolvidas na resposta imunológica: células reticulares
interdigitantes, células de Langerhans, células foliculares dendríticas, células
dendríticas intersticiais e células do sistema fagocítico mononuclear S-100
positivas.
As células dendriticas não foliculares têm origem na medula óssea e
dividem as etapas iniciais de maturação com os monócitos; a origem das
32
células foliculares dendríticas ainda é controversa. A coloração
imunoistoquímica para a proteína S-100 pode ser útil para o estudo de
certas doenças malignas do sistema imunológico, por caracterizar o
microambiente de alguns linfomas e por auxiliar a classificação das doenças
proliferativas de células dendríticas e de macrófagos (CARBONE et al. 1986;
PILERI et al. 2002).
O Helicobacter pylori interage com as células dendríticas,
promovendo sua maturação, migração e induzindo resposta imunológica e
produção de citocinas (HAFSI et al. 2004; KAO et al. 2006). As células
dendríticas respondem prontamente aos estímulos desencadeados por
produtos bacterianos e têm papel central na apresentação de antígenos
(WILSON e CRABTREE 2007). A participação de células dendríticas na
infecção crônica pelo Helicobacter pylori e na patogenia do linfoma gástrico
MALT tem sido pouco estudada, embora estas células estejam
numericamente aumentadas e possam representar o ponto chave de
interligação da resposta imunológica inata e da resposta adaptativa
(KRAUSS-ETSCHMANN et al. 2005; MUELLER et al. 2005).
1.5.8 NOS-2
O óxido nítrico é produto de uma reação catalizada pela sintetase do
óxido nítrico (NOS). Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que podem
levar a danos no DNA são produzidas por neutrófilos ativados presentes na
mucosa gástrica inflamada. Estas espécies reativas não agridem somente a
mucosa, como também têm potencial para agredir organismos infectantes.
33
Estudos recentes mostraram que o Helicobacter pylori é capaz de induzir a
produção de iNOS(indutor da sintetase de óxido nítrico) e ao mesmo tempo
produzir arginase e RocF que competem com a iNOS ou com a espermina
que inibe a sintetase de óxido nítrico induzível, possibilitando assim sua
permanência na mucosa gástrica (ISRAEL e PEEK 2006). LI et al. (2004)
observaram aumento da expressão imunoistoquímica para iNOS e COX-2
nos linfomas gástricos MALT e sugeriram que as duas proteínas podem
contribuir em sinergia para o desenvolvimento do linfoma gástrico MALT.
1.5.9 c-Rel
A família de fatores de transcrição NF- κB têm sido foco de
investigação há duas décadas. Sua participação na regulação das respostas
celulares de adaptação e plasticidade aos estímulos do meio ambiente se dá
através da regulação da expressão de diversos genes. O papel mais
importante do NF- κB é na regulação da expressão de genes do sistema
imunológico, no qual regula a expressão de citocinas, fatores de crescimento,
enzimas efetoras produzidas em resposta à ligação de receptores envolvidos
na resposta imunológica como: receptor de célula T (TCR), receptor de
célula B (BCR), receptor do fator de necrose tumoral (TNF-R), CD-40,
BAFFR, LTβR, e a família Toll/IL-1R. A família NF- κB regula a expressão de
outros genes, influenciando múltiplos aspectos da fisiologia normal e da
patologia (HAYDEN e GHOSH 2004).
Os cinco membros da família NF- κB: p-65 (Rel-A), RelB, c-Rel,
p50/105 (NF- κB1) e p-52/p100 (NF- κB2) , encontram-se no citoplasma das
34
células não estimuladas na forma de homodímeros ou heterodímeros,
ligados a um membro da família I-κB. A característica das proteínas da
família NF-κB é possuir um domínio homólogo Rel (RHD) de 300
aminoácidos conservados, localizado no N terminal da proteína, responsável
pela dimerização, interação com as proteínas I-κB e ligação ao DNA. As
proteínas inibitórias da família I-κB impedem a translocação do complexo
NF-κB /I-κB ao núcleo, mantendo o NF-κB inativo no citosol. As proteínas
p105 e p100, precursoras do p50 e p52, por possuirem um domínio
semelhante ao da I-κB, podem atuar como proteínas inibitórias. A ativação
do complexo e transporte do NF-κB ao núcleo exige a degradação do I-κB,
ou da p105 e p100, que ocorre por proteólise mediada pela ubiquitina
(HAYDEN e GHOSH 2004).
Os membros da família NF-κB têm funções específicas na linfopoese.
O complexo que predomina nas células linfóides precursoras é o p50/p65.
As células linfóides B maduras expressam constitutivamente c-Rel no núcleo,
além do p50/p65, enquanto os plasmócitos e as células B estimuladas por
LPS expressam todas as isoformas (p52, RelB, c-Rel, p50 e p65). A
expressão do c-Rel nas linhagens linfóides maduras é a principal
responsável pela ativação, expansão clonal e pelas funções efetoras (LIOU
e HSIA 2003).
A zona marginal de células B do folículo linfóide é o local onde os
antígenos microbianos são reconhecidos levando à diferenciação de células
B maduras para plasmócitos e a produção de anticorpos. Em camundongos,
a formação da zona marginal pode estar completamente ausente na
35
ausência de p50, ou muito prejudicada na ausência de c-Rel e p65 (LIOU e
HSIA 2003).
O c-Rel é crucial para manter a viabilidade das células B e promover
a progressão do ciclo celular. A deleção do c-rel nas células B promove a
diminuição da expressão do gene das interleucinas IL-6, IL-10, e IL-15, o
que favorece a sobrevida dos linfócitos. Por outro lado, o c-Rel também está
envolvido na expressão do Bcl-xL, Bfl-1 e Mcl-1, genes antiapoptóticos. Nas
células linfóides T, ele é crítico para a expressão de IL-2, IL-3, GM-CSF e
IFN-γ. Existem funções biológicas que são específicas do c-Rel. Foi
demonstrado que células B sem c-rel são sensíveis a estímulos apoptóticos
como irradiação gama, dexametasona e sinalização antigênica (LIOU e
HSIA 2003).
A participação dos fatores de transcrição da família NF- κB vem
sendo amplamente estudada no desenvolvimento do câncer. As alterações
nos genes nf-κb ou i κb foram descritas inicialmente em algumas neoplasias
linfóides, em outras neoplasias, foram descritas disfunções relacionadas às
vias de sinalização e ativação do NF-κB (NERI et al. 1991; FRACCHIOLLA
et al. 1993; TURCO et al. 2004). A ativação do NF- κB pode determinar uma
vantagem proliferativa interferindo na apoptose, induzindo a expressão de
inibidores da caspase e membros da família bcl-2.
Notavelmente a única subunidade do NF-κB oncogênica é o c-Rel. A
amplificação do c-Rel é a descrita em linfomas de células B humanos. O c-
Rel é o gene correspondente ao v-Rel, que causa leucemias e linfomas
agressivos em camundongos transgênicos. A amplificação do c-Rel é
36
descrita em mais de 20% dos Linfomas de Grandes Células, nos linfomas de
Hodgkin clássicos e em alguns linfomas foliculares e de mediastino. Nos
linfomas de Hodgkin, há uma correlação da alteração do gene c-Rel com a
expressão da proteína no núcleo celular, sugerindo uma ativação constitutiva
do fator de transcrição (BARTH et al. 2003; TURCO et al. 2004; GILMORE et
al. 2004).
A proteína de fusão, API-2 MALT-1, encontrada nos linfomas MALT
com translocação (11;18) (q21;q21) também tem sido relacionada com a
ativação de NF- κB. HO et al. (2005) demonstraram experimentalmente, que
em células B humanas (BJAB), a superexpressão do API-2-MALT1 e do
MALT-1 determina aumento da atividade das subunidades do NF-κB e da
ativação da I-κB kinase (IKK), induzida pelo estímulo do CD40.
Simultaneamente, a expressão dos mesmos transgenes protege a célula
BJAB da morte induzida por FAS (CD95), determinando uma vantagem
proliferativa.
1.5.10 BCL-10
Alguns autores identificaram superexpressão do Bcl-10 em linfomas
MALT t(1,14)(p22;32) e demonstraram que as formas mutantes do Bcl-10
não estavam envolvidas com a apoptose, como ocorre com a forma
selvagem, mas conferiam uma vantagem proliferativa ao tumor (ZHANG et al.
1999).
A translocação t(1;14)(p22;32) leva à justaposição do gene Bcl-10 ao
gene da cadeia pesada da imunoglobulina, com subsequente
37
superexpressão do Bcl-10. O Bcl-10 contém um domínio recrutador de
caspase que, nos linfócitos T e B faz a conecção entre os receptores de
antígenos (TCR e BCR) e a ativação dos fatores NF- κB (NERI et al. 1991;
FRACCHIOLLA et al. 1993). Acredita-se que a superexpressão do Bcl-10
possibilite a oligomerização deste com o domínio CARD, sem que seja
necessário o estímulo antigênico e assim ocorra a oligomerizacão do MALT-
1 e a ativação aberrante do NF-κB. No linfoma MALT com t(14,18)(q32;21),
MALT-1 é superexpresso. A oligomerizacão do MALT1 é dependente do Bcl-
10, levando à ativação do NF-κB. Nos linfomas MALT com t(14,18)(q32;21),
o Bcl-10 e o MALT-1 estão superexpressos no citoplasma (ISAACSON e DU
2004).
Neste estudo avaliaremos os fatores moleculares acima referidos em
fragmentos de biópsias de pacientes com diagnóstico de linfoma gástrico
MALT, procurando identificar o padrão de expressão no linfoma e as
diferenças entre o padrão de expressão no tumor, nas gastrites e nos
estômagos normais.
38
OBJETIVOS
39
2 OBJETIVOS
Baseado no conhecimento atual da etipatogenia do Linfoma MALT, o
presente estudo tem o objetivo de analisar a expressão protéica por
imunoistoquímica de moléculas ligadas à (1) via extrínseca da apoptose, (2)
resposta imunológica adaptativa e inflamatória e (3) a via de sinalização do
NF-κB, comparando casos humanos agrupados com processo inflamatório
mínimo (estômago normal), gastrite crônica e linfoma MALT gástrico. As
proteínas avaliadas são:
1 via extrínseca da apoptose: FAS, FAS-L, caspase-8 e granzima B;
2 resposta imunológica adaptativa e inflamatória: STAT-1, HLA-DR, S-
100, sintase do óxido nítrico induzida (NOS-2);
3 a via de sinalização do NF-κB: Bcl10.
40
CASUÍSTICA E MÉTODOS
41
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
Este é um estudo retrospectivo descritivo, onde foram avaliados casos
diagnosticados como linfoma gástrico do Hospital do Câncer e da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo, no período de 1980-2004. Os casos
foram identificados pelo registro do Departamento da Anatomia Patológica e
pela revisão de prontuários. Os blocos de parafina foram resgatados dos
arquivos dos Departamentos de Anatomia Patológica e, aqueles que se
encontravam disponíveis e em boas condições deram origem a novos cortes.
O primeiro corte de cada bloco foi corado pela técnica tradicional de
hematoxilina-eosina (HE). As lâminas obtidas foram revisadas e o material
foi classificado segundo os critérios da O.M.S. 2001 (JAFFE et al. 2001)
Os prontuários foram obtidos através do registro hospitalar. Os dados
demográficos dos pacientes, registrados nos prontuários, foram tabulados e
categorizados quanto a idade, cor da pele, sexo e estadio (Anexo 1). Este foi
definido de acordo com dados do prontuário médico, seguindo o
estadiamento de Ann Arbor (Anexo 2).
A revisão anatomo-patológica associada à revisão dos prontuários
médicos possibilitou a seleção de casos com diagnóstico de linfoma MALT,
cujo sítio de comprometimento primário foi o estômago. Foram incluídos
casos que após o diagnóstico não foram acompanhados no serviço. Foram
42
excluídos os casos de linfoma gástrico cujo material era inadequado para o
estudo e aqueles nos quais o componente de grandes células predominava.
Os linfomas negativos para o anticorpo CD-20 ou CD-20 positivos com
positividade para ciclina D1 e/ou CD5 foram excluídos.
O grupo controle foi constituído por amostras de biópsias
endoscópicas encaminhadas seqüencialmente para exame anátomo-
patológico no Departamento de Anatomia Patológica do Hospital A.C.
Camargo. Um grupo de 35 pacientes submetidos à biópsia gástrica com
gastrite mínima, sem atividade ou atrofia, denominado estômago normal
(grupo normal) e outro de 28 pacientes com diagnóstico de gastrite intensa e
lesão tecidual (grupo gastrite) foi selecionado para análise comparativa. O
grupo gastrite selecionado foi constituído de material de biópsia de 17
gastrites crônicas sem atividade evidente, 8 gastrites crônicas atróficas com
metaplasia intestinal, 2 gastrites atróficas e 1 gastrite crônica em atividade.
Assim o estudo foi realizado com o material obtido de três grupos: o primeiro,
controle sem lesão tecidual, denominado doravante normal; o segundo,
controle denominado gastrite e o terceiro, linfoma gástrico, denominado
MALT.
3.2 AMOSTRAS
Foram analisadas 56 amostras de linfomas gástricos MALT, das quais
38 foram obtidas por endoscopia com biópsia gástrica e 18 por gastrectomia.
Para otimizar o material e facilitar a análise, os cortes histológicos dos
43
blocos destes 56 linfomas MALT foram organizados em 18 conjuntos e
fixados em 18 lâminas.
As amostras do grupo MALT, do grupo normal e das gastrites foram
organizadas da mesma forma, em conjuntos e fixadas em 13 lâminas.
3.3 FATORES MOLECULARES – IMUNOISTOQUÍMICA
Todos os casos foram avaliados quanto à presença de
Helicobacter.pylori através das colorações de hematoxilina-eosina, Giensa
modificado e também utilizando o anticorpo policlonal obtido de coelho
(CMA433, Cell Marque). Empregamos anticorpos comerciais para avaliar
proteínas associadas à apoptose, FAS (sc715,Santa Cruz), FAS-L
(sc834,Santa Cruz), Caspase-8 (NCL-Casp8, Novocastra) e Granzima B
(M7235, DakoCytomation), proteínas associadas à apresentação de
antígenos e ao processo inflamatório, STAT-1 (sc346, Santa Cruz), HLA-DR
(NCL-LN3, Novocastra), S-100 (Z0311, DakoCytomation) e NOS-2
(N32020,BD Biosciences); e proteínas que participam da via de ativação do
NF-κB (Bcl-10 e c-Rel). As características de cada anticorpo estão descritas
abaixo no Quadro 1 e o protocolo das reações imunoistoquímicas no Anexo
3.
44
Quadro 1 - Anticorpos utilizados, seus clones, diluições de trabalho,
concentração protéica inicial, origem e tecido utilizado como controle positivo.
Antícorpos Clones Títulos Concentração
Proteica
Fabricantes/código Controle da
reação
Helicobacter.
Pylori
Policlonal
feito em
Coelho
1:100 Sem
informação
Cell Marque, Corp, Hot
Spring, EUA, cod #
CMC433
Mucosa
gástrica
infectada
FAS (C20) Policlonal
feito em
Coelho
1:300 200 μg/ml Santa Cruz cod # sc715 Amígdala
FAS-L (N20) Policlonal
feito em
Coelho
1:300 200 μg IgG/ml Santa Cruz cod # sc834 Amígdala
Caspase 8 11B6 1:50 Sem
informação
Novocastra, cod # NCL-
Casp8
Carcinoma
lobular de
mama
Granzima B GrB7 1:200 60 mg/ml DakoCytomation, cod #
M7235
Baço,
amígdala
STAT-1 p84-p91 Policlonal
feito em
Coelho
1:3000 200 μg/ml Santa Cruz cod # sc346 Amigdala
HLA-Class II (DR) LN-3 1:100 Sem
informação
Novocastra, New Castle,
Reino Unido, cod # NCL-
LN3
amígdala ou
linfonodo
Proteína S-100 Policlonal
feito em
Coelho
1:3000 4,5g/L DakoCytomation, Glostrup,
Dinamarca, cod# Z0311
Linfonodo,
cérebro,
pele
NOS type II (i-
NOS)
Ac feito
em
Coelho
1:50 250 μg/ml BD Biosciences, San Jose,
EUA, cod # N32020
pulmão
c-Rel (N466) Policlonal
feito em
Coelho
1:200 200 μg/ml Santa Cruz Biotechnology,
Santa Cruz, EUA, cod #
sc272
amígdala
Bcl10 151 1:1000 184 μg/ml Zymed, San Francisco,
EUA, Cod# 18-0275
amígdala
3.4 ANÁLISE MICROSCÓPICA DOS FATORES MOLECULARES-
A presença de Helicobacter pylori foi considerada como positividade,
independentemente do número de bactérias.
A leitura das lâminas foi realizada em microscópio óptico e os
resultados dos demais anticorpos classificados em relação ao número de
células positivas.
45
As reações para avaliar a expressão protéica de FAS, FAS-L,
caspase 8, STAT-1, HLA-DR, S-100, NOS-2 e c-Rel foram agrupadas à
semelhança da escala proposta por VASSALLO et al. (2004) descrita no
Quadro 2.
Quadro 2 - Escala de gradação imunoistoquímica para FAS e FAS-L,
Caspase 8, STAT-1, HLA-DR, S-100, NOS-2 e c-Rel.
Gradação Percentual de células reativas
0 Sem reatividade
+1 Até 10% de células reativas
+2 >10 a 40% de células reativas
+3 >40 a 90% de células reativas
+4 >90% de células reativas
Para a gradação da intensidade da reação da Granzima B, contamos
o número de células com grânulos citoplasmáticos corados nos locais de
maior infiltrado inflamatório em cinco campos de grande aumento (Quadro 3).
Quadro 3 - Escala de gradação imunoistoquímica para Granzima B.
Gradação Percentual de células reativas/ cinco
campos
0 Sem reatividade
+1 Até 10 células reativas
+2 >10 a 50 células reativas
+3 >50 de células reativas
O padrão de reatividade para o Bcl-10 foi escalonado de acordo com
sua localização e intensidade (Quadro 4).
46
Quadro 4 - Escala de gradação para o Bcl-10.
Gradação Padrão de reatividade
0 Sem reatividade
+1 Coloração apenas citoplasmática
+2 Coloração nuclear fraca
+3 Coloração nuclear forte
As leituras foram realizadas por dois observadores (FAS e CSVV),
que avaliaram o conjunto com todos os casos, por anticorpo. Pacientes e
controles foram observados no mesmo dia, para possibilitar menor
variabilidade. A partir destas leituras foram descritos o padrão e o percentual
de reatividade para cada anticorpo.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A casuística foi caracterizada através da estatística descritiva (média,
mediana e proporções). A comparação da média de idade entre os três
grupos foi realizada através da Análise de Variância (ANOVA), adotando-se
o teste de Tukey HSD para as comparações múltiplas (post-hoc). Para
verificar a associação de cor da pele e de gênero entre os grupos do estudo
foi empregado o teste de qui-quadrado.
A comparação de prevalência de Helicobacter pylori entre os três grupos foi
realizada pelo teste de qui-quadrado (alfa=5%). Para as múltiplas
comparações dois a dois adotou-se a correção de Bonferroni estabelecendo-
se o erro alfa em 1,67%.
47
A intensidade da expressão imunoistoquímica (variável ordinal) dos
marcadores biomoleculares foi caracterizada através da mediana e também
através da média dos postos obtida nas análises não paramétricas.
O teste não paramétrico de Kruskal Wallis foi utilizado para comparar
a intensidade de expressão dos marcadores entre os 3 grupos (alfa=5%).
Para as comparações múltiplas adotou-se o teste de Mann-Whitney com a
correção de Bonferroni para o erro alfa (alfa=1,67%)
48
RESULTADOS
49
4 RESULTADOS
A casuística foi composta por uma combinação de casos recolhidos
dos registros dos Departamentos de Anatomia Patológica do Hospital do
Câncer AC Camargo e da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
No banco de dados do Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital do Câncer AC Camargo foram registrados 130 casos com
topografia “estômago” e diagnóstico de “linfoma” no período de 1984 à 2004.
Após a revisão anátomo-patológica, 49 casos foram caracterizados como
linfoma extranodal de células B da zona marginal do tecido linfóide
associado à mucosa, ou linfoma gástrico do tipo MALT. Os demais 81 casos,
excluídos do estudo, distribuíam-se em: 54 casos de linfoma difuso de
grandes células, 3 casos de linfoma de Burkitt, 2 casos de linfoma folicular, 1
linfoma linfocítico, 1 linfoma esplênico da zona marginal, 1 linfoma T
anaplásico de grandes células, 1 linfoplasmablástico e 18 casos não
puderam ser avaliados por inadequação do material disponível. Dos 49
casos diagnosticados como linfoma gástrico do tipo MALT, 25 tinham blocos
disponíveis e foram incluídos no estudo.
No Departamento de Anatomia Patológica da Santa Casa de São
Paulo, o banco de dados continha 45 casos de linfoma gástrico registrados
de 1991 a 2002, dos quais 24 blocos foram selecionados com diagnóstico de
linfoma gástrico do tipo MALT. Além dos casos do Hospital Central da Santa
Casa de São Paulo, sete casos de linfoma gástrico do tipo MALT, oriundos
50
dos Hospitais de Guarulhos e Santa Isabel, pertencentes à Irmandade de
Misericórdia da Santa Casa de São Paulo, foram incluídos no estudo.
A casuística dos dois serviços possibilitou a avaliação de 56 casos de
linfoma gástrico do tipo MALT, 28 do gênero masculino e 28 do gênero
feminino. A idade variou de 25 a 85 anos (média= 55,84, DP=13,54,
mediana=52). A cor da pele branca foi descrita em 89% dos pacientes
(n=50), amarela em 7% (n=4) e preta em 4% (n=2). Em 34 casos havia
descrição do estádio ao diagnóstico. Destes 47% (n=16) encontravam-se no
estádio IE, 15% (n=5) estádio IIE, 11,7% (n=4) no estádio IIIE e 26,4% (n=9)
no estádio IV E (Anexo 1).
O grupo controle normal foi constituído por 35 casos, a idade variou
de 22 a 76 anos (média=52,76, DP=15,83, mediana=55),15 casos do gênero
masculino e 18 do feminino, dois casos não foram avaliados quanto ao
gênero. A cor da pele foi descrita em 25 casos do grupo normal, sendo
branca em 88% (n=22), amarela em 2% (n=1) e preta em 8% (n=2).
O grupo controle de gastrites foi constituído por 28 casos, a idade
variou de 37 a 87 anos (média=63,08, DP=13,97, mediana=60), 15 casos do
gênero masculino e 13 do feminino. A cor da pele foi descrita em 25 casos
do grupo de gastrites, sendo branca em 92% (n=23) e preta em 8% (n=2).
Não houve diferenças entre os grupos quanto à cor da pele (p=0,998),
gênero (p=0,816) e tampouco quando comparamos as idades do grupo
MALT e do normal (p=0,591) e do grupo MALT com o grupo gastrite
(p=0,089). A idade do grupo gastrite foi superior à do grupo normal (p=0,019).
51
4.1 IMUNOISTOQUÍMICA
4.1.1 Helicobacter pylori
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para o
Helicobacter pylori encontram-se na Tabela 1 e as fotos representativas, na
Figura 3.
A presença do Helicobacter pylori pôde ser vista com a marcação
imunoistoquímica em 41 dos 56 casos de linfoma gástrico MALT (73%). No
normal, o Helicobacter pylori foi identificado em 3 de 35 casos (8,6%); na
gastrite, em 12 dos 28 casos avaliados (42,86%).
A gradação para o Helicobacter pylori foi baseada no achado de
bactéria nos cortes corados por imunistoquímica: 0 na ausência de bactérias
visíveis (Tabela 1, Figura 4 A) e 1 na presença de bactérias (Figura 4 B e 4
C).
Tabela 1 - Número e percentual das amostras segundo a expressão do
Helicobacter pylori.
NORMAL(n) % GASTRITE (n) % MALT(n) %
HP* neg0 31 88,57% 15 53,57% 14 25%
HP* pos1 3 8,57% 12 42,86% 41 73,21%
NA** 1 2,86% 1 3,57% 1 1,79%
Total (n) 35 100% 28 100% 56 100%
*HP= Helicobacter pylori , **NA= não avaliável
A análise estatística dos dados mostrou diferença na freqüência de
Helicobacter pylori (p<0,0001). Foi estatisticamente significante a diferença
52
de positividade para o Helicobacter pylori entre os grupos normal e gastrite,
normal e MALT e entre o grupo gastrite e MALT (considerando erro alfa de
1,67%; p=0,0022; p<0,0001 e p= 0,0149 respectivamente).
53
4 A – Reação imunoistoquímica negativa, 400x.
4 B – Reação imunoistoquímica positiva, 400x.
4 C – Reação imunoistoquímica positiva, 40x.
Figura 4 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para o Helicobacter
pylori em mucosa gástrica.
54
4.2 FATORES MOLECULARES ENVOLVIDOS NA VIA
EXTRÍNSECA DA APOPTOSE
4.2.1 FAS-L
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para o FAS-L
encontram-se na Tabela 2. Os dados da análise estatística encontram-se
nas Tabelas 13 e 14.
O marcador imunoistoquímico para o FAS-L/CD95L apresentou
padrão de coloração citoplasmática com reforço de membrana. No estômago
normal, as poucas células inflamatórias coraram moderadamente. As células
do processo inflamatório, na gastrite, tiveram marcação intensa e as células
dendríticas e os plasmócitos que permeiam o processo inflamatório eram
igualmente marcados. A coloração no interstício era intensa e difusa
(“background”) o que dificultou a análise (Figura 5A).
No grupo de pacientes com linfoma MALT, a marcação do FAS-
L/CD95L foi vista com grande intensidade nas células do processo
inflamatório e era positiva no centro germinativo reacional (Figura 5B). No
entanto, as células tumorais apresentaram coloração fraca (Tabela 2).
55
Tabela 2 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
do FAS-L.
NORMAL(n)
%
GASTRITE(n)
%
MALT(n)
%
FAS-L +1 0 0% 0 0% 36 64,29%
FAS-L +2 7 20% 1 3,57% 13 23,21%
FAS-L +3 22 62,86% 6 21,43% 7 12,50%
FAS-L +4 4 11,43% 18 64,29% 0 0%
NA* 2 5,71% 3 10,71% 0 0%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA =não avaliável
Para realizar a análise estatística excluímos os casos não avaliáveis.
Houve diferença estatisticamente significante da marcação para o FAS-L
entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). Na análise de múltiplas
comparações foram observadas diferenças entre MALT e normal, MALT e
gastrite, normal e gastrite (p<0,001, p<0,001, p<0,001 respectivamente).
56
5 A – Reação inflamatória com agregado linfóide, 400x.
5 B – Células linfóides do tumor negativas, com raros linfócitos e plasmócitos
Corados, 400x.
Figura 5 - Fotomicrografia da reação imunoistoquímica para o FAS em
mucosa gástrica.
57
4.2.2 FAS
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para o FAS
encontram-se na Tabela 3. Os dados da análise estatística, nas Tabelas 13
e 14.
A reação para o FAS/CD95 tem expressão de membrana e
citoplasmática. A coloração foi extremamente intensa em todas as células
inflamatórias, sendo muito forte nas gastrites (Figura 6A).
No linfoma MALT houve marcação moderada para o FAS/CD95 nas
células tumorais, alguns agregados linfóides não coraram, existia faixas de
tumor no meio do processo inflamatório claramente negativas (Figura 6B e
6C). Nas células epiteliais da superfície da mucosa gástrica havia
positividade moderada, com maior intensidade na zona proliferativa da
glândula gástrica (Tabela 3).
Tabela 3 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
do FAS.
NORMAL(n) % GASTRITE(n) % MALT(n) %
FAS +1 0 0% 0 0% 3 5,36%
FAS +2 2 5,71% 0 0% 3 5,36%
FAS +3 3 8,57% 3 10,71% 29 51,78%
FAS +4 29 82,86% 24 85,72% 20 35,71%
NA 1 2,86% 1 3,57% 1 1,79%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA =não avaliável
58
Para a análise estatística foram excluídos os casos não avaliáveis.
Houve diferença estatisticamente significante da expressão protéica de FAS
entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). Na análise de múltiplas
comparações foram observadas diferenças entre MALT e normal, MALT e
gastrite (p<0,001, p<0,001 respectivamente).Não houve diferença
significante entre o grupo gastrite e o grupo normal.
59
6 A – Padrão da reação nas células inflamatórias da gastrite, 400x.
6 B – Áreas tumorais que não coram, 40x.
6 C – Marcação moderada para o anticorpo no tumor, 40x.
Figura 6 – Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para o FAS em
mucosa gástrica.
60
4.2.3 Caspase-8
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para a
Caspase-8 encontram-se na Tabela 4, Figura 7. Os dados da análise
estatística nas Tabelas 13 e 14.
A reação para a Caspase 8, quando positiva, conferiu padrão
citoplasmático granular. No grupo controle, estômago normal, foram poucas
as células que coraram para Caspase 8. À medida em que aumentava o
processo inflamatório, nas gastrites foi visto maior número de células
coradas (Figura 7A). Nas células necróticas do processo inflamatório a
marcação podia ser identificada no núcleo. No centro germinativo do folículo
linfóide existiam algumas células coradas. No tecido tumoral a expressão foi
variável, marcando intensamente o citoplasma das células de alguns
tumores e fracamente de outros (Tabela 4, Figura 7B)
Tabela 4 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
da Caspase 8.
NORMAL(n)
%
GASTRITE(n)
%
MALT(n)
%
*casp-8 +1 10 28,57% 6 21,43% 26 46,43%
*casp-8 +2 14 40% 4 14,29% 13 23,21%
*casp-8 +3 10 28,57% 14 50% 15 26,78%
*casp-8 +4 0 0% 2 7,14% 1 1,79%
NA* 1 2,86% 2 7,14% 1 1,79%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
*caspase-8, ** NA =não avaliável
61
Foram excluídos os casos não avaliáveis para a análise estatística.
Houve diferença estatisticamente significante na marcação para a Caspase-
8 entre os grupos (p=0,017). A análise de múltiplas comparações mostrou
diferença significante apenas entre o MALT e a gastrite (p=0,006).
62
7 A – Padrão de reação citoplasmático granular, corando intensamente as
células inflamatórias da gastrite, 400x.
7 B – Células tumorais mostrando fraca reatividade para o anticorpo, 400x.
Figura 7 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para o Caspase-8
(sub-unidade p-18) em mucosa gástrica.
63
4.2.4 Granzima B
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para a
Granzima B podem ser observados na Tabela 5. Os dados da análise
estatística nas Tabelas 13 e 14.
A reação positiva para a Granzima B teve padrão granular
citoplasmático. No controle da reação, realizado em tecido de amígdala, uma
célula em meio a muitos linfócitos caracterizava a positividade, com fácil
identificação devido ao padrão granular e intensidade moderada.
Para a gradação da freqüência da reação, contávamos o número de
células com grânulos citoplasmáticos corados em cinco campos de grande
aumento, nos locais com maior infiltrado inflamatório. No grupo normal, eram
raras as células linfóides isoladas positivas (Figura 8A). Não foi observada
positividade aumentada para anti-Granzima B nos processos inflamatórios
mais intensos das gastrites (Tabela 5, Figura 8B). No grupo MALT a
positividade aumentava significativamente (Figura 8C).
Tabela 5 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
de Granzima B.
NORMAL(n) % GASTRITE(n) % MALT(n) %
Granzima B +1 14 40% 5 17,86% 7 12,50%
Granzima B +2 19 54,28% 20 71,43% 25 44,64%
Granzima B +3 1 2,86% 2 7,14% 7 12,50%
Granzima B +4 0 0% 0 0% 12 21,43%
NA* 1 2,86% 1 3,57% 5 8,93%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA =não avaliável
64
Para a análise estatística foram excluídos os casos não avaliáveis.
Houve diferença estatisticamente significante da marcação para a Granzima
B entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). A análise de múltiplas
comparações mostrou diferença significante entre o MALT e o normal
(p<0,001) e entre o MALT e a gastrite (p=0,014). Não houve diferença
significante entre a gastrite e o normal.
65
8 A – No estômago normal, com raras células positivas, 400x.
8 B – Reatividade fraca para Granzima B nas gastrites com processo
Inflamatório, 400x.
8 C – No tumor o padrão de reatividade é citoplasmático e granular,
expressando-se com maior intensidade, 400x.
Figura 8 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para a Granzima B
em mucosa gástrica.
66
4.3 FATORES MOLECULARES ENVOLVIDOS NA RESPOSTA
IMUNOLÓGICA ADAPTATIVA E NO PROCESSO INFLAMATÓRIO
4.3.1 STAT-1
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para a
expressão protéica de STAT-1 podem ser observados na Tabela 6, Figura 9.
Os dados da análise estatística nas Tabelas 13 e 14.
A reação para STAT-1 teve padrão citoplasmático de expressão. Os
fibroblastos marcavam fortemente para STAT-1 e serviram de controle
positivo interno (Figura 9A). O epitélio normal aparecia corado, mas as
bases das criptas não se coravam.
No grupo normal, a STAT-1 expressava-se em células epiteliais e
células linfóides, o padrão era citoplasmático forte. Na medida em que o
processo inflamatório aumentava nas gastrites, a coloração para STAT-1
ganhava maior intensidade (9B). O agregado linfóide corava muito
intensamente. Não foi observado padrão nuclear, nem mesmo nas gastrites
com agregado linfóide.
No grupo do MALT, a intensidade da coloração para STAT-1 era
muito mais intensa que a do processo inflamatório (figura 9C). A coloração
tinha padrão citoplasmático. O padrão nuclear podia ser visto nas células
com características de grandes células. Os folículos coraram no centro
germinativo e não coraram na zona do manto (Tabela 6).
67
Tabela 6 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
de STAT-1.
NORMAL(n) % GASTRITE(n) % MALT(n) %
STAT-1 +1 3 8,57% 0 0% 0 0%
STAT-1 +2 10 28,57% 3 10,71% 0 0%
STAT-1 +3 18 51,43% 12 42,86% 1 1,79%
STAT-1 +4 3 8,57% 12 42,86% 53 94,64%
NA* 1 2,86% 1 3,57% 2 3,57%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA =não avaliável
Para a análise estatística foram excluídos os caso não avaliáveis.
Houve diferença estatisticamente significante da marcação para STAT-1
entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). Na análise de múltiplas
comparações observamos diferença significante entre o MALT e a gastrite
(p<0,001), entre o MALT e o normal (p<0,001) e entre o normal e a gastrite
(p=0,001).
68
9 A – Gastrite com fibroblastos e alguns linfócitos que reagem com o anticorpo,
400x .
9 B – Processo inflamatório mais intenso, com maior número de células
coradas, 400x.
9 C – No tumor há padrão de reatividade muito intenso, 400x.
Figura 9 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para STAT-1 em
mucosa gástrica.
69
4.3.2 HLA-DR
Os resultados da coloração pelo anticorpo anti-HLA-DR foram
avaliados em dois aspectos: o primeiro comparando a coloração das criptas
do epitélio (Tabela 7) e em seguida, comparando os linfócitos que infiltravam
o tecido e os linfócitos tumorais (tabela 8). Os dados da análise estatística
encontram-se nas Tabelas 13 e 14.
O critério adotado para avaliação do epitélio foi baseado na marcação
vista na base das criptas do epitélio. Foi considerado positivo o colo da
glândula corado, não o corpo.
A coloração imunoistoquímica para o HLA-DR, quando positiva, corou
a membrana da célula.
No estômago normal, foram raros os linfócitos positivos, com
coloração membranosa. As células parietais apresentavam coloração
inespecífica, os plasmócitos eram negativos e as criptas não coravam. As
poucas células dendríticas coravam intensamente, com padrão membranoso.
Nas gastrites (Figura 10A), quando cursaram com organização de
tecido linfóide, a marcação do anti-HLA-DR ficava mais intensa, sendo
observada nos agregados linfóides e nos centros germinativos de folículos
linfóides. Os centros germinativos das gastrites coravam mais intensamente
que o da amígdala, utilizada como controle. As criptas mostravam intensa
coloração na base, que se tornava mais intensa quanto maior o processo
inflamatório (Tabela 7, Figura 10B).
No MALT a expressão do anti-HLA-DR identificada pelo padrão
membranoso de coloração, era intensa no tumor e nas células do centro
70
germinativo (Tabela 8). A positividade estava presente na superfície (células
epiteliais) da mucosa gástrica, expressando-se nas membranas das células
foveolares em intensidade de fraca a moderada (Figura 10C). A expressão
nas glândulas era variável: mais intensa no colo da glândula e seguia
perdendo a intensidade até ficar negativa na superfície basal. No epitélio
regenerativo a expressão do HLA-DR foi negativa.
As Figuras 11A e 11B mostram o agregado linfóide fortemente corado.
A Figura 11C mostra o tumor fortemente corado.
Tabela 7 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
de HLA-DR no epitélio.
NORMAL GASTRITE MALT
*Epit 0 16 45,71% 7 25% 22 39,29%
*Epit +1 16 45,71% 13 46,43% 23 41,07%
*Epit +2 1 2,86% 5 17,86% 7 12,50%
NA** 2 5,72% 3 10,71% 4 7,14%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
*Epitélio **NA= não avaliável
Para fazer a análise estatística excluímos os casos não avaliáveis.
Não houve diferença estatisticamente significante da marcação para o HLA-
DR no epitélio entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p=0,132).
71
Tabela 8 - Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
do HLA-DR nos linfócitos.
NORMAL (n)
%
GASTRITE (n)
%
MALT (n)
%
HLA-DR +1 28 80% 4 14,29% 0 0%
HLA-DR +2 6 17,14% 8 28,57% 0 0%
HLA-DR +3 0 0% 12 42,86% 3 5,36%
HLA-DR +4 0 0% 2 7,14% 52 92,85%
NA * 1 2,86% 2 7,14% 1 1,79%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
*NA= não avaliável
Os casos não avaliados foram excluídos para a análise estatística.
Houve diferença da marcação para o HLA-DR nos linfócitos entre os grupos
(teste de Kruskal-Wallis p<0,001). Na análise de múltiplas comparações
observamos diferença significante entre o MALT e o normal (p<0,001), entre
o MALT e a gastrite (p<0,001) e entre o normal e a gastrite (p<0,001).
72
10 A – Gastrite mostrando coloração na base da cripta da mucosa, 40x.
10 B – As criptas mostram coloração mais intensa, quanto maior o processo
inflamatório, 400x.
10 C – No tumor há positividade intensa na superfície epitelial, 400x.
Figura 10 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para HLA-DR na
mucosa gástrica.
10 A
10 B
10 C
73
11 A – Gastrite com agregado linfóide fortemente corado, 40x.
11 B – Agregado linfóide com reatividade intensa, 400x.
11 C – Tumor fortemente corado, 40x.
Figura 11 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para HLA-DR no
tumor.
74
4.3.3 NOS-2
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para a NOS
2 encontram-se na Tabela 9. Os dados da análise estatística nas Tabelas 13
e 14.
A coloração positiva para NOS-2 era de padrão citoplasmático
granular. O tecido utilizado como controle foi a amígdala, sendo identificada
a positividade na coloração dos macrófagos.
O estômago normal apresentava poucas células linfóides coradas
(Figura 12A). No processo inflamatório, gastrite, as células linfóides tinham
maior positividade para anti-NOS 2 (Figura 12 B); no entanto, os agregados
linfóides não coraram. No centro germinativo do folículo a coloração foi
pouco intensa e na zona do manto negativa. No linfoma MALT, havia
positividade para anti-NOS 2, porém com intensidade menor que a do
processo inflamatório (Tabela 9, Figura 12C).
Tabela 9 Número e percentual das amostras segundo a expressão protéica
do NOS 2.
NORMAL (n) % GASTRITE (n) % MALT (n) %
NOS-2 +1 17 48,57% 0 0% 44 78,57%
NOS-2 +2 9 25,71% 18 64,29% 10 17,86%
NOS-2 +3 6 17,15% 8 28,57% 0 0%
NOS-2 +4 2 5,71% 0 0% 0 0%
NA* 1 2,86% 2 7,14% 2 3,57%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA= Não avaliável
75
Para a análise estatística, excluímos os casos não avaliáveis. Houve
diferença estatisticamente significante da marcação para NOS-2 entre os
grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). Na análise de múltiplas variáveis
observamos diferença significante entre o MALT e a gastrite (p<0,001), entre
o MALT e o normal (p=0,001) e entre o normal e a gastrite (p=0,005).
76
12 A – Estômago normal, com poucas células coradas, 400x.
12 B – Gastrite com células linfóides, com maior reatividade para NOS-2,
400x
12 C – Tumor com a reatividade moderada para NOS-2, 400x.
Figura 12 – Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para NOS-2 na
mucosa gástrica.
77
4.3.4 S-100
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para S-100
podem ser observados na Tabela 10. Os dados da análise estatística nas
Tabelas 13 e 14.
No estômago normal a reação para S-100 marcou a membrana dos
nervos e das raras células dendríticas que permeavam a mucosa (Figura
13A). O padrão de coloração foi membranoso e intenso, possibilitando a
visualização dos prolongamentos citoplasmáticos das células que infiltravam
a mucosa (Figura 13B).
Nas gastrites inflamatórias agudas o padrão de marcação era
semelhante ao do tecido normal. Nas gastrites em que ocorria a formação de
tecido linfóide, o agregado linfóide marcou para o S-100 as células
dendríticas e o centro germinativo. Este, quando organizado, apresentou
marcação para células foliculares dendríticas ao seu redor e, na medida em
que aumentava a intensidade da gastrite, as células dendríticas infiltravam o
centro germinativo (Tabela 10).
No linfoma MALT a reação para S-100 marcou células dendríticas que
estavam presentes em grande número nas mucosas gástricas (Figura 13C)
e pouco presentes no tumor. No folículo, as células foliculares dendríticas do
centro germinativo estavam coradas.
78
Tabela 10 - Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do S-100.
NORMAL % GASTRITE % MALT %
S-100 +1 33 94,28% 17 60,71% 12 21,43%
S-100 +2 0 0% 10 35,71% 39 69,64%
S-100 +3 0 0% 0 0% 4 7,14%
NA* 2 5,70% 1 3,57% 1 1,78%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
NA= Não avaliável
Os casos não avaliados foram excluídos para a análise estatística.
Houve diferença significante da marcação para o anticorpo S-100 entre os
grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001). A análise de múltiplas
comparações mostrou diferença entre o MALT e a gastrite (p<0,001), entre o
MALT e o normal (p<0,001) e entre o normal e a gastrite (p<0,001).
79
13 A – Estômago normal, com marcação de membranas dos nervos e das
raras células dendríticas, 400x.
13 B – Visualização dos prolongamentos citoplasmáticos das células que
infiltram a mucosa gástrica, 400x.
13 C – Tumor mostrando marcação intensa nas células dendríticas, 40x.
Figura 13 – Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para S-100 na
mucosa gástrica.
80
4.4 FATORES MOLECULARES DA VIA DE ATIVAÇÃO NF-κB
4.4.1 c-Rel
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para o c-Rel
encontram-se na Tabela 11. Os dados da análise estatística nas Tabelas 13
e 14.
No tecido utilizado como controle, amígdala, o c-Rel apresentou
reatividade intensa nas células do centro germinativo e não corou as células
da zona do manto. No estômago normal houve fraca reatividade para c-Rel
(Figura 14A). Nas gastrites, as células do processo inflamatório
apresentaram fraca positividade para anti-c-Rel. Não foi observada
marcação nuclear para c-Rel em pacientes e nos controles (Figura 14B).
Nas amostras tumorais do linfoma MALT, as células do centro germinativo,
assim como as células tumorais apresentaram intensa positividade para o c-
Rel, com padrão citoplasmático (Figura 14C). Os linfócitos com morfologia
de grandes células estavam fortemente corados (Tabela 11).
81
Tabela 11 - Número e percentual das amostras segundo a expressão
protéica do c-Rel.
NORMAL % GASTRITE % MALT %
c-Rel 0 9 25,72% 0 0% 0 0%
c-Rel +1 16 45,71% 2 7,14% 0 0%
c-Rel +2 3 8,57% 13 46,43% 2 3,57%
c-Rel +3 6 17,14% 11 39,29% 13 23,22%
c-Rel +4 0 0% 0 0% 39 69,64%
NA* 1 2,86% 2 7,14% 2 3,57%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
NA= Não avaliável
Os casos não avaliados foram excluídos para a análise estatística.
Houve diferença estatisticamente significante na marcação para o c-Rel
entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p<0,001).A análise de múltiplas
comparações mostrou diferença significante entre o MALT e a gastrite
(p<0,001), entre o MALT e o normal (p<0,001) e entre o normal e a gastrite
(p<0,001).
82
14 A – Estômago normal, com fraca reatividade, 400x.
14 B – Reatividade com padrão citoplasmático de expressão, 400x.
14 C – No tumor há intensa reatividade para o c-Rel. 400x
Figura 14 - Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para c-Rel na
mucosa gástrica.
83
4.4.2 Bcl-10
Os resultados em relação à coloração imunoistoquímica para o Bcl-10
encontram-se na Tabela 12. Os dados da análise estatística nas Tabelas 13
e 14.
No tecido linfóide normal (amigdala) o Bcl-10 foi encontrado no
citoplasma das células do folículo linfóide, sendo abundante no centro
germinativo, moderado na zona marginal e pouco intenso na zona do manto
(Figura 15 A). Independentemente da maturação do linfócito, o Bcl-10 foi
visualizado no citoplasma, o que dificultou a interpretação das lâminas pois o
citoplasma estava corado em todo o material (Figura 15 B).
No grupo normal, o Bcl-10 marcou as células epiteliais no núcleo e
citoplasma. Na maioria dos linfócitos presentes no tecido normal e nas
gastrites a marcação do Bcl-10 foi positiva no citoplasma e existiam
eventuais núcleos marcados fracamente. O núcleo, quando corado estava
borrado, o que tornou a interpretação difícil.
No MALT além da marcação citoplasmática havia ocorrência de
marcação nuclear, que em alguns casos foi intensa (Figura 15 C).
84
Tabela 12 - Número e percentual das amostras segundo o padrão de
expressão protéica do Bcl-10.
NORMAL % GASTRITE % MALT %
Bcl-10 1 17 48,57% 9 32,14% 27 48,21%
Bcl-10 2 17 48,57% 16 57,14% 16 28,57%
Bcl-10 3 0 0 0 0% 11 19,64%
NA* 1 2,86% 3 10,71% 2 3,57%
Total 35 100% 28 100% 56 100%
* NA= Não avaliável
Os casos não avaliáveis foram excluídos para a análise estatística.
No MALT, só pacientes Helicobacter pylori positivos apresentaram o
padrão nuclear forte (n=11), nenhum MALT com Helicobacter pylori negativo
apresentou este padrão. Esta diferença mostrou-se estatisticamente
significante (p=0,047).
Não houve diferença significante entre os grupos aplicávamos o teste
de Kruskal-Wallis.
85
15 A – No tecido linfóide normal a marcação é forte no centro germinativo,
moderada na zona marginal e fraca na zona do manto, 40x.
15 B – Marcação moderada no núcleo e no citoplasma, 400x.
15 C – Tumor mostrando intensa reatividade para o Bcl-10, 400x.
Figura 15 – Fotomicrografias da reação imunoistoquímica para Bcl-10 na
mucosa gástrica.
86
Tabela 13 - Intensidade de expressão imunohistoquímica dos marcadores
biomoleculares segundo os três grupos de estudo. Análise considerando
todos os pacientes.
VARIÁVEL
NORMAL GASTRITE MALT P *
C-REL Mediana 1 2 4 < 0,001
Média de postos 23,9 45,3 84,5
Nº de casos (n) (34) (26) (54)
FAS Mediana 4 4 3 < 0,001
Média de postos 70,9 74,0 43,2
Nº de casos (n) (34) (27) (55)
FAS-L Mediana 3 4 1 < 0,001
Média de postos 72,5 94,4 32,2
Nº de casos (n) (33) (25) (56)
Caspase-8 Mediana 2 3 2 0,017
Média de postos 57,6 72,7 51,3
Nº de casos (n) (34) (26) (55)
NOS-2 Mediana 1,5 2 1 < 0,001
Média de postos 62,0 87,8 40,1
Nº de casos (n) (34) (26) (54)
STAT-1 Mediana 3 3 4 < 0,001
Média de postos 27,2 51,6 80,6
Nº de casos (n) (34) (27) (54)
HLA-DR Mediana 1 3 4 < 0,001
Média de postos 20,6 46,4 86,6
Nº de casos (n) (34) (26) (55)
Epitélio HLA-DR Mediana 1 1 1 0,132
Média de postos 49,0 64,4 55,4
Nº de casos (n) (33) (25) (52)
Grazima B Mediana 1 1 1 < 0,001
Média de postos 41,1 52,9 68,7
Nº de casos (n) (34) (27) (51)
BCL-10 Mediana 0,5 1 0,5 0,635
Média de postos 53,0 58,1 59,0
Nº de casos (n) (34) (25) (54)
S-100 Mediana 1 1 2 < 0,001
Média de postos 31,5 52,1 76,8
Nº de casos (n) (33) (27) (55)
* Teste de Kruskal-Wallis.
Em vermelho estão destacadas as diferenças que são estatisticamente significativas (alfa =
5%).
Há um paciente no grupo MALT sem informação sobre a o status do Helicobacter pylori.
Este paciente foi incluído na análise.
87
Tabela 14 - Valores dos níveis descritivos do teste de Mann-Whitney para
múltiplas comparações dois a dois (com correção de Bonferroni). Análise
considerando todos os pacientes.
NORMAL GASTRITE MALT
VARIÁVEL
P * P * P *
C-REL Normal - < 0,001 < 0,001
Gastrite < 0,001 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
FAS Normal - 0,629 < 0,001
Gastrite 0,629 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
FAS-L Normal - < 0,001 < 0,001
Gastrite < 0,001 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
Caspase-8 Normal - 0,040 0,302
Gastrite 0,040 - 0,006
MALT 0,302 0,006 -
NOS-2 Normal - 0,005 0,001
Gastrite 0,005 - < 0,001
MALT 0,001 < 0,001 -
STAT-1 Normal - 0,001 < 0,001
Gastrite 0,001 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
HLA-DR Normal - < 0,001 < 0,001
Gastrite < 0,001 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
Grazima Normal - 0,051 < 0,001
Gastrite 0,051 - 0,014
MALT < 0,001 0,014 -
S100 Normal - < 0,001 < 0,001
Gastrite < 0,001 - < 0,001
MALT < 0,001 < 0,001 -
* Teste de Mann-Whitney.
Em vermelho estão destacadas as diferenças que são estatisticamente significativas
(considerando alfa de Bonferroni = 1,67%).
88
DISCUSSÃO
89
5 DISCUSSÃO
5.1 HELICOBACTER PYLORI E O CÂNCER
A associação entre a infecção pelo Helicobacter pylori e o linfoma
gástrico MALT é referida em mais de 90% dos relatos na literatura, nos quais
a replicação do Helicobacter.pylori é praticamente referência universal. A
associação causal é bem estabelecida pois além da presença do
Helicobacter pylori na maioria dos pacientes, o tratamento da bactéria
determina a mudança da história natural do tumor, havendo regressão do
processo proliferativo.
Identificamos o Helicobacter pylori pela imunoistoquímica em 73%
dos pacientes de linfoma MALT por nós avaliados. Por tratar-se de estudo
retrospectivo, o método utilizado no diagnóstico da infecção não seguiu
padronização. Para a investigação da bactéria recomenda-se realizar de 8 a
10 fragmentos de biópsias endoscópicas, proceder o teste rápido da urease,
a cultura, a istoquímica , sorologia e reação em cadeia da polimerase (PCR).
Com o emprego destes testes, além da análise morfológica criteriosa
realizada por oito patologistas, LEHOURS et al. (2003) identificaram a
presença de Helicobacter pylori em 97,5% dos pacientes por sorologia, 95%
por histologia, 52,5% com a cultura e 50% por PCR. O reduzido material
disponível para estudo, na maioria dos casos um fragmento de biópsia por
paciente, provavelmente influenciou na acurácia dos resultados. A
90
positividade que encontramos para o Helicobacter pylori é menor do que a
referida na literatura, provavelmente porque o desenho do estudo não
permite seguir os critérios preconizados para o diagnóstico do. Helicobacter
pylori. Mesmo assim a positividade presente no grupo MALT foi
significativamente maior quando comparada às gastrites e ao grupo normal
(73%,43% e 9% respectivamente).
5.2 A RESPOSTA IMUNOLÓGICA E INFLAMATÓRIA
A resposta imunológica ao Helicobacter pylori foi avaliada através da
marcação das proteínas S-100 (que identifica células dendríticas), da
Granzima B. (presente em linfócitos T citotóxicos e células NK), da
expressão de moléculas de HLA DR e da STAT-1.
A interação do Helicobacter pylori com as células epiteliais da mucosa
gástrica, desencadeia a primeira linha de defesa da resposta imunológica
inata. Como resultado da interação, uma série de citocinas inflamatórias e
quimiocinas são liberadas, atraindo monócitos, neutrófilos e linfócitos para o
local da inflamação. As células dendríticas, ainda não condicionadas,
originadas dos monócitos, assim como as células residentes, são sensíveis
a dois sinais: aos padrões moleculares específicos associados aos micróbios
(MAMPs do inglês “microbe-associated molecular pattern”) e ao sinal das
citocinas produzidas pela célula epitelial. Consequentemente, em resposta
aos padrões moleculares, à interação com receptores, ao efeito dos
91
mediadores derivados do estroma e das células apresentadoras de antígeno
será estabelecido o padrão da resposta imunológica (FRITZ et al. 2007).
A célula dendrítica é de fundamental importância na determinação do
padrão de resposta imunológica desencadeado pelo patógeno. O
Helicobacter pylori induz preferencialmente a produção de IL-12 pelas
células dendríticas, favorecendo o padrão de resposta Th1. A ligação da
bactéria ao receptor específico de células dendríticas, SIGN ( do inglês,
“ICAM-3-grabbing nonintegrin”) via o antígeno do grupo Lewis, presente no
LPS da bactéria pode, no decorrer da inflamação promover um balanço
Th1/Th2 favorecendo a persistência do patógeno (FERRERO 2005).
Recentemente vários estudos sugerem que o Helicobacter pylori possa
estimular a resposta Th17 nas células dendríticas, proposta reforçada pelo
achado de IL-17 e pela produção de IL-8 pelas células epiteliais. Este padrão
inflamatório de resposta ainda não foi completamente estudado na infecção
pelo Helicobacter pylori e no linfoma MALT (FERRERO 2005; ALGOOD et al.
2007; AUJLA et al. 2007; CARUSO et al. 2007; HUNTER 2005).
Em nosso estudo observamos a presença de grande número de
células dendríticas na mucosa gástrica nas amostras do tumor, havendo
diferença significante em relação ao padrão presente no estômago normal e
na gastrite.
MUELLER et al. (2005), estudaram o papel das células acessórias na
patogênese do linfoma MALT usando como modelo o Helicobacter felis
infectando camundongos. O terceiro componente celular do tumor em ordem
de freqüência, depois das células linfóides B e dos linfócitos T CD4+ são as
92
células dendríticas CD11c+, que representam 1/5 a 1/3 da massa tumoral.
Essas não expressam marcadores mielóides ou linfóides, mas expressam S-
100. Os autores observaram que as células dendríticas desaparecem no
camundongo tratado que evoluiu para remissão e reaparecem em grande
número quando há recidiva. As células T e os macrófagos, não
demonstraram correlação com a evolução clínica.
Embora nosso estudo não avalie a função celular, o grande número
de células dendríticas encontradas no grupo MALT, assim como a evidência
de que elas desaparecem após a regressão do tumor nos camundongos,
sugere haver participação importante na indução da proliferação celular.
Estes achados apontam para a necessidade de outros estudos investigando
o papel das células dendríticas na fisiopatologia do linfoma MALT.
O aumento da expressão de moléculas HLA nos pacientes infectados
por Helicobacter pylori é descrito por vários autores. Observa-se com
frequência a presença de moléculas HLA Classe II no epitélio da mucosa
gástrica. A apresentação de moléculas HLA pelas células epiteliais
provavelmente é induzida pelas citocinas IFN-γ e TNF-α produzidas pelas
células T ativadas presentes na lâmina própria (ARCHIMANDRITIS et al.
2000; SUERBAUM e MICHETTI 2002; MUELLER et al. 2005).
Observamos presença de marcação para o HLA-DR na superfície de
células epiteliais das bases das criptas da mucosa gástrica, entretanto não
houve diferença entre os grupos. Especula-se qual seria o papel da
apresentação de antígenos pelas células epiteliais, pois uma vez que elas
não são células apresentadoras de antígenos profissionais, não teriam a
93
capacidade de sinalizar e induzir a ativação de linfócitos T por não possuir
moléculas co-estimulatórias adequadas. A sinalização fraca, sem sinais co-
estimulatórios, poderia induzir à tolerância. ARCHIMANDRITIS et al. (2000)
encontraram evidências de expressão de moléculas HLA-DR, moléculas
coestimulatórias B7-1, B7-2 em células gástricas epiteliais dos pacientes
com gastrite e infecção por Helicobacter pylori, o que sugere que as células
epiteliais possam adquirir propriedades de células apresentadoras de
antígenos por estimulação de citocinas produzidas no processo inflamatório
induzido pelo Helicobacter pylori.
Tipicamente observada na superfície do endotélio e do parênquima
de vários órgãos durante a rejeição de aloenxertos, assim como em doenças
auto-imune e inflamatórias, a indução de expressão de moléculas de HLA de
Classe II por células não hematopoiéticas é relacionada com respostas
imunológicas patológicas. A expressão de moléculas HLA de Classe II no
epitélio da mucosa gástrica de indivíduos infectados por Helicobacter pylori
pode estar relacionada com a fisiopatologia da gastrite auto-imune e não à
resposta imunológica protetora (REITH et al. 2005). Patógenos que
produzem infecção crônica tem inúmeros mecanismos que permitem a
colonização e a persistência no hospedeiro. O mimetismo molecular é uma
situação na qual os patógenos expressam padrões moleculares antigênicos
compartilhados pelo hospedeiro. Este mecanismo favorece a persistência do
patógeno, dada à tolerância do sistema imunológico a auto-antígenos.
Vários antígenos do Helicobacter pylori tem semelhança aos antígenos
humanos, dentre eles os epítopos das células parietais gástricas H(+)K(+)-
94
ATPase e antígenos Lewis expressos na superfície da mucosa gástrica
(SUAREZ et al. 2006). Acredita-se que células B auto-reativas passem a
produzir anticorpos contra antígenos do Helicobacter pylori, agredindo
simultâneamente a mucosa gástrica.
A coloração imunoistoquímica para móleculas HLA DR no MALT é
pouco estudada (DAROM et al. 2004, 2006). As células do MALT no nosso
estudo mostraram marcação intensa para o HLA-DR, com maior expressão
no tumor quando comparado aos linfócitos do grupo das gastrites e do
estômago normal.
Em alguns tumores a expressão de moléculas HLA está diminuida.
Acredita-se que este seja um mecanismo de evasão tumoral e que as
células tumorais possam desta forma escapar do reconhecimento pelo
sistema imunológico. A idéia de que a maior expressão de moléculas de
HLA de Classe II possa aumentar a imunogenicidade tumoral, levou alguns
pesquisadores à estimular células tumorais a aumentar a expressão de
moléculas HLA Classe II com uso de vetores CIITA (do inglês, “Classe II
transativator”). Embora esta estratégia não tenha dado bons resultados num
modelo de câncer de pulmão, ela resultou em aumento de imunogenicidade
e da rejeição. Promoveu ainda células de memória com especificidade para
antígenos tumorais em camundongos com adenocarcinoma mamário
(REITH et al. 2005).
No linfoma MALT evidênciamos aumento de expressão de moléculas
HLA de Classe II. Sendo esta observação confirmada, uma estratégia
95
promissora seria o desenvolvimento de anticorpos monoclonais específicos
para os alelos HLA envolvidos.
Nossa opinião é de que a apresentação dos antígenos pelas
moléculas HLA de Classe II pode estar envolvida na fisiopatologia deste
processo. Devido ao grande polimorfismo e diversidade deste sistema seria
compreensível que apenas uma pequena parcela de indivíduos infectados
desenvolvessem quadros clínicos tão distintos da gastrite, como o
adenocarcinoma e o linfoma gástrico. Embora existam poucos estudos,
alguns autores encontraram associação entre adenocarcinoma gástrico e
alelos de HLA de Classe II (HLA-DR e HLA-DQ) (MAGNUSSON et al. 2001;
PERRI et al. 2002; LI et al. 2005; QUINTERO et al. 2005). Há um relato
sobre associação do haplótipo HLA DQA*0103 – HLADQB*0601 no MALT,
no entanto a casuística é pequena e os dados do estudo precisam ser
confirmados (KAWAHARA et al. 2005).
A STAT-1 fosforilada (84-91KDa) está intensamente expressa no
grupo MALT. A ativação de STAT-1 é induzida pelo IFN-γ. Quando a STAT-1
é ativada ela é transportada para o núcleo onde promove a expressão de
uma série de genes, dentre eles o CIITA, responsável pela expressão de
moléculas HLA de Classe II. Portanto, o aumento de expressão de STAT-1 é
compatível com a expressão de moléculas HLA de Classe II e indica a
presença de IFN-γ (REITH et al. 2005). Observação interessante é a relação
da ativação do c-Rel com a expressão de STAT-1. Uma série de genes têm
expressão alterada nas células transformadas pelo v-Rel (dímero homólogo
ao c-Rel existente em células linfóides transformadas de aves), dentre eles o
96
fator de transcrição para citocinas STAT-1 (GILMORE et al. 2004). Se esta
correlação existe no linfoma MALT ainda não está relatada.
As hipóteses para o estabelecimento do linfoma MALT propõem que
nas fases iniciais a proliferação de células B ocorra dependente da presença
do antígeno e que durante o processo ocorram danos ao DNA,
determinando alterações genéticas com conseqüente proliferação
independente da presença do estímulo antigênico. O potencial oncogênico
das espécies reativas de oxigênio liberadas pelas células envolvidas na
resposta inflamatória têm sido estudado em várias neoplasias e no linfoma
MALT (LI et al. 2004).
A NOS-2 (iNOS) é uma molécula produzida por macrófagos, células
dendríticas e células NK ativados por citocinas que induz síntese de óxido
nítrico. A expressão da NOS-2 nos processos infecciosos e inflamatórios é
bem caracterizada e aceita como um componente vital da resposta
adaptativa do hospedeiro ao estímulo nocivo e virulento dos patógenos. O
óxido nítrico pode contribuir para a lesão tecidual por ser citotóxico e
citostático, não só para os organismos invasores como também para as
células produtoras de NOS e células circunvizinhas (TRIPATHI e TRIPATHI
2007).
LI et al. (2004), estudaram a expressão imunistoquímica de NOS-2
(iNOS) e COX em 32 biópsias gástricas de pacientes com diagnóstico de
MALT e compararam com fragmentos de tecidos dos mesmos pacientes
retirados de regiões de tecido gástrico não comprometido pelo tumor. Os
autores encontraram aumento de expressão de NOS-2 e COX nos tecidos
97
neoplásicos, concluindo que a sucessão daqueles eventos poderiam
contribuir para a transformação neoplásica. Estudamos a expressão de
NOS-2 nos linfomas MALT objetivando avaliar sua participação na
fisiopatologia do MALT. Observamos expressão intensa de NOS-2 nas
gastrites, com diferença significante em relação aos grupos MALT e normal.
A expressão de NOS-2 no MALT foi menor do que a observada nas gastrites
e também menor do que observamos no grupo normal. Os nossos achados
indicam que a participação de NOS-2 não é evidente nos linfomas, ao
menos na fase avançada do processo.
5.3 A VIA EXTRÍNSECA DA APOPTOSE
As proteínas FAS/CD95, FAS-L/CD95L e a protease Caspase 8
participam da via extrínseca de apoptose. O FAS-L/CD95-L é um ligante
presente em linfócitos T periféricos. O receptor do FAS-L/CD95L é o
FAS/CD95, receptor de morte celular que está presente em tecidos linfóides
T, B e células dendríticas. Ao ligar-se, o FAS/CD95 recruta caspases
determinando a clivagem da Caspase 8. Esta ao clivar-se leva à formação
da subunidade p18. A presença da subunidade p18 advém da ativação da
via extrínseca de apoptose, resultando em morte celular.
O estudo imunoistoquímico de FAS/CD95 mostrou expressão menor
no tecido tumoral do que a observada nas células da gastrite e no estômago
normal. A gastrite é o grupo que expressa mais intensamente o FAS/CD95.
98
O anticorpo utilizado para Caspase 8 marca a subunidade da
Caspase (p18). A marcação para p18 foi mais intensa na gastrite, o MALT
apresentou expressão semelhante ao tecido normal. A ativação da Caspase
8 no MALT, que indica a morte por apoptose, não é diferente da observada
no estômago normal, mas é diferente da gastrite.
Em relação aos marcadores moleculares da via extrínseca de
apoptose, os grupos se comportam diferentemente e o MALT mostrou
claramente padrão diferenciado de expressão. A evidência de baixa
expressão do FAS/CD95 e do ligante FAS-L/CD95L, somada à marcação da
subunidade p18 da Caspase 8, sugere que a apoptose via FAS-FAS-L está
inibida ou modulada negativamente no grupo MALT.
As formas de inibição da via de apoptose FAS-FAS-L descritas na
literatura incluem a presença de inibidores solúveis, FAS-L solúvel, c-flip-
inibidor da Caspase e as mutações do gene Fas. Em 20% dos linfomas são
descritas mutações somáticas que são especialmente freqüentes no gene
Fas, gerando proteínas que podem se comportar como formas dominantes
negativas. As mutações do gene Fas são associadas à doença
linfoproliferativa auto-imune, sendo raramente descritas no linfoma gástrico
MALT. A expressão reduzida de FAS-L foi descrita nos linfomas de grandes
células caracterizando um grupo de pior prognóstico (KOJIMA et al. 2006).
Nos linfomas MALT gástricos VASSALLO et al. (2004) observaram menor
expressão de FAS comparando-os com um grupo de gastrites crônicas.
A modulação da expressão do gene Fas pode estar envolvida na
inibição desta via. Neste aspecto, um estudo interessante de SEEBERGER
99
et al. (2001) demonstra que comparando as células B de memória às células
tumorais do linfoma MALT, existe baixa expressão de CD95 (FAS) no MALT.
Quando colocadas em cultura de células e estimuladas com linfócitos T
ativados, há aumento da expressão de FAS nos dois tipos celulares, mas o
linfoma persiste com baixa expressão de FAS. Outros experimentos
empregando anticorpo anti-FAS demonstram que as células do linfoma são
resistentes à morte estimulada pela via FAS (GREINER et al. 1999; GODAL
et al. 2006).
As translocações relacionadas ao linfoma MALT envolvendo MALT1 e
BCL10 atuam via de sinalização do CD40, induzindo atividade aumentada
do NF-κB e bloqueiam a apoptose induzida por FAS. HO et al. (2005)
demonstraram a importância funcional da superexpressão dos transcritos
API-MALT e BCL10 nas células de linfomas B. Os resultados deste estudo
sustentam a hipótese de que os transcritos conferem às células tumorais
uma vantagem proliferativa ao estimular a proliferação via NF-κB e que por
outro lado, há resistência das células tumorais à morte induzida por FAS.
Esta resistência é supostamente determinada pelo estímulo da ativação da
via NF-κB (HO et al. 2005). Em linha com estes achados, FERCH et al.
(2007) demonstraram a participação de MALT1 e Bcl-10 na indução de
expressão de fatores anti-apoptóticos membros da família Bcl-2, o API-1 e o
Bcl -x
L,
além do c-Flip em células B após sua ativação.
A indução de fatores
anti-apoptóticos pode explicar a resistência à morte por apoptose encontrada
nos linfomas MALT. O comprometimento da expressão de FAS/FAS-L
permanece por ser esclarecido.
100
Assim sendo, embora a imunoistoquímica não seja um método
funcional, nossas observações favorecem a hipótese de que a via de
apoptose FAS-FASL esteja inibida nos linfomas MALT. Dentre os
mecanismos já descritos, nossos dados apontam para a baixa expressão do
FAS e FAS-L, que podem ou não estar relacionados à presença de
inibidores solúveis, mutações somáticas e outros mecanismos moduladores
da expressão gênica e protéica. A análise quantitativa do FAS e do FAS-L
poderia ser verificada em estudo prospectivo fazendo uso de Westtern Blot
ou quantificando a expressão protéica por PCR em tempo real.
A Granzima B esteve expressa em maior percentagem nos indivíduos
com linfoma MALT. A morte celular via Granzima B é induzida pelas células
T e células NK. Este mecanismo é um alvo potencial para desenvolvimento
de terapêuticas anti-tumorais, através de vacinas com células T citolíticas.
Na nossa casuística, embora o grupo MALT tenha apresentado maior
expressão de Granzima B, a apoptose, representada pela expressão de
Caspase-8 (p18) não esteve aumentada em relação ao grupo normal.
Existem estudos que demonstram a ineficácia deste mecanismo de morte
nos linfomas, indicam que as células tumorais não induzem a degranulação
e liberação das granzimas das células NK, talvez por falta de ligantes
capazes de ativar as células. Portanto, apesar da presença das células
capazes de induzir a apoptose via granzima B, não há o aumento esperado
da indução de morte celular (GODAL et al. 2006).
101
5.4 ATIVAÇÃO DO NF-ΚB
5.4.1 c-Rel
Das subunidades do NF-κB, o c-Rel é a única que é correlacionada
com o desenvolvimento de processos linfoproliferativos. O c-Rel é expresso
em todos estágios de maturação das células B, e tem maior expressão nas
células B maduras.
Observamos intensa marcação para o c-Rel no citoplasma dos
linfócitos B do tumor. Curiosamente, nossa observação mostrou expressão
de c-Rel no citoplasma das células linfóides B e o padrão nuclear não foi
identificado no grupo MALT nem nos controles. O anticorpo que utilizamos
para esta análise, c-Rel (N-466): SC-272, mostra em suas referências o
mesmo padrão de expressão que observamos: quando positivo têm padrão
citoplasmático. Provavelmente o anticorpo não é capaz de reagir e identificar
a forma ativa nuclear do c-Rel. Esta observação foi descrita por outros
autores, que ao estudar v-Rel ou Rel, observaram por imunofluorescência o
padrão citoplasmático (GILMORE 1999; STARCZYNOWSKI et al. 2003). A
hipótese dos autores para justificar os achados foi de que o método
empregado não tivesse sensibilidade suficiente para identificar o c-Rel no
núcleo e que estas proteínas estejam constantemente entrando e saindo do
núcleo, tendo maior concentração nuclear apenas nas primeiras etapas da
transformação neoplásica (GILMORE et al. 2004). Desta forma acreditamos
que a forte expressão do c-Rel identificada no citoplasma dos linfomas
MALT possa indicar a ativação da via do NF-κB, descrita e correlacionada
102
por vários autores ao MALT. Nosso método no entanto, não permite avaliar a
função ou a atividade da proteína.
As proteínas Bcl-10 e MALT-1, que estão expressas
diferenciadamente nos linfomas MALT, têm funções comuns e distintas na
sinalização de células B. Em vários contextos, foi demonstrada a
cooperação destas duas moléculas: na diferenciação das células B da zona
marginal e na ativação do NF-κB. Na ausência das moléculas Bcl-10 e
MALT1, as células B em repouso morrem mais rapidamente do que as
células B selvagens. O mesmo é observado nas células B deficientes de p50
ou Rel-A e c-Rel, mostrando que a atividade NF-κB é importante para a
manutenção da sobrevida das células B (FERCH et al. 2007).
Recentemente foi descrita uma bifurcação da via NF-κB, mostrando
que existem ao nível do Bcl-10 e MALT-1, mecanismos distintos para o
controle de Rel A e c-Rel. O Bcl-10 é essencial para a ativação de Rel A e c-
Rel. Não está envolvido só com a proliferação, como também com a inibição
da apoptose pela via extrínsica, participando da indução do c-flip e de
membros da família Bcl-xl e com a indução da divisão celular depois da
estimulação do BCR, induzindo a expressão de reguladores do ciclo celular.
Em contraste o MALT-1 induz apenas um subprograma levando à expressão
seletiva da subunidade c-Rel. O c-Rel participa da formação de membros da
família Bcl, inibindo a apoptose e promovendo a manutenção da sobrevida
de células B. Os autores propõem uma via específica ligada ao BCR, Bcl-10-
MALT-1-c-rel, que mantenha a sobrevida de células B maduras. A ativação
específica desta cascata promoveria uma função dominante na gênese do
103
linfoma (FERCH et al. 2007). A hipótese da existência da via específica para
a ativação do c-Rel é interessante por vir de encontro com os nossos
achados e de outros autores que encontram o c-Rel e não encontram o Rel-
A hiperexpresso nos linfomas.
5.4.2 Bcl-10
O Bcl-10 é expresso normalmente em grande quantidade nas células
B do centro germinativo, de forma moderada na zona marginal e fracamente
na zona do manto. Indepedentemente do estágio de maturação da célula B,
a expressão predominante do Bcl-10 é no citoplasma. Nos linfomas gástricos
MALT, YE et al. (2000) descreveram a distribuição diferencial do Bcl-10: uma
pequena parcela dos casos apresenta o núcleo intensamente marcado, um
segundo grupo tem o núcleo e o citoplasma moderadamente marcados e o
terceiro grupo marca o citoplasma. Descreveram expressão forte e nuclear
do Bcl10 em 6 dos 123 linfomas gástricos (4,9%). De acordo com os autores,
a localização subcelular do Bcl-10 está freqüentemente alterada no linfoma
MALT em comparação com os tecidos linfóides normais e a expressão
nuclear forte do Bcl-10 é muito indicativa da existência da t(1;14)(p22;q32).
Nos 54 casos de MALT que avaliamos, encontramos pequena parcela
com o padrão de expressão nuclear forte do Bcl-10, correspondente à 11
pacientes (19,64% dos casos), o que não foi observado nos tecidos normais
e nas gastrites. Este grupo pode corresponder a aqueles com a translocação
t(1;14)(p22;q 32) descritos por YE et al. (2003). A confirmação desta
hipótese será feita por técnica de FISH em trabalho posterior.
104
Os fatores moleculares estudados, não apenas confirmam achados
de outros autores, como ampliam o conhecimento da expressão
imunistoquímica das proteínas estudadas no linfoma gástrico MALT. A via
extrínseca de apoptose apresenta-se diferencialmente expressa, não
sómente pela fraca expressão de FAS, como também pela expressão de
FAS-L e caspase-8.
As proteínas envolvidas na resposta imunológica estão fortemente
expressas no MALT (HLA-DR, STAT-1, S-100). Destaca-se em particular, o
grande número de células dendríticas marcadas por S-100 na mucosa dos
pacientes com linfoma MALT e especula-se se as células dendríticas não
seriam importantes na fisiopatologia do linfoma. Sugere-se a possibilidade
de estudar mais profundamente as proteínas envolvidas na resposta
imunológica como alvo terapêutico.
Finalmente há hiperexpressão e expressão diferenciada de fatores
envolvidos na via de sinalização NF-κB avaliada pela expressão de c-rel e
Bcl-10. Confirmando os dados de literatura e indicando a necessidade de
novos estudos neste campo.
105
CONCLUSÃO
106
6 CONCLUSÃO
Concluímos o estudo demonstrando que a expressão protéica por
imunoistoquímica de fatores associados à via extrínseca de apoptose, à
resposta imunológica e inflamatória e à via de sinalização NF-κB, têm no
linfoma MALT padrões diferentes dos padrões observados nas gastrites e
nos tecidos normais:
1 Na via extrínseca de apoptose observamos menor expressão de FAS
e FAS-L no linfoma MALT. A Caspase-8 apresenta maior expressão
nas gastrites, quando comparada ao linfoma MALT e ao normal;
2 Na resposta imunológica e inflamatória observamos maior expressão
de HLA-DR, STAT-1 e S-100 no linfoma MALT. A expressão da NOS-
2, relacionada com a resposta inflamatória é maior nas gastrites,
seguida em intensidade por aquela do tecido normal e tem menor
expressão no linfoma MALT;
3 Na via de sinalização NF-κB observamos maior expressão do c-Rel
no linfoma MALT quando comparado ao tecido normal e à gastrite. O
Bcl-10 apresenta padrão nuclear de expressão em 11 pacientes
(19,64%), padrão específico do linfoma MALT, que não foi observado
na gastrite e no estômago normal.
107
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ANEXOS
Anexo 1 - Distribuição dos pacientes portadores de linfoma gástrico MALT
por idade, gênero, cor e estádio ao diagnóstico,
Casos Idade Cor Gênero Estadio
1 48 Br Fem I
2 49 Am Masc II
3 54 Br Masc NI*
4 65 Br Fem I
5 58 Br Masc NI*
6 46 Br Fem III
7 54 Br Masc NI*
8 66 Br Masc IV
9 47 Br Masc NI*
10 52 Neg Fem NI*
11 60 Br Masc NI*
12 50 Br Fem IV
13 46 Br Masc NI*
14 33 Br Fem II
15 80 Br Masc NI*
16 84 Br Masc NI*
17 30 Br Fem NI*
18 75 Br Masc I
19 43 Br Masc I
20 46 Br Masc I
21 41 Br Masc I
22 40 Br Masc I
23 71 Br Masc NI*
24 52 Br Fem I
25 50 Br Masc NI*
26 59 Br Fem III
27 54 Am Masc I
28 52 Br Fem IV
29 82 Br Masc IV
30 55 Br Fem IV
31 37 Br Masc I
32 43 Br Fem III
33 27 Br Masc II
34 64 Br Fem IV
35 80 Br Fem I
36 54 Br Fem II
37 56 Br Masc I
38 50 Br Masc NI*
39 72 Br Fem II
40 67 Br Fem NI*
41 36 Br Fem NI*
42 85 Br Fem IV
43 57 Br Masc NI*
44 44 Br Masc I
45 68 Br Fem NI*
46 49 Br Fem NI*
47 52 Br Fem I
48 57 Br Fem I
49 56 Br Fem NI*
50 59 Br Fem NI*
51 48 Br Masc IV
52 70 Am Fem NI*
53 50 Neg Fem IV
54 65 Br Fem III
55 70 Br Fem I
56 69 Am Masc NI*
Legenda: Am=amarela, Br=branca, Neg=negra, Masc=masculino, Fem=feminino, NI*=não
informado.
Anexo 2 - Comparação dos sistemas de estadiamento propostos para o
linfoma gástrico MALT.
Extensão do Tumor Ann
Arbor
Musshoff Sistema de
Lugano
TNM adaptado
para Carcinoma
gástrico
Confinado ao Trato
Gastrintestinal
Mucosa e submucosa IE IE I T1N0M0
Muscular IE IE I T2N0M0
Serosa IE IE I T3N0M0
Extensão para o abdomen
Linfonodos perigástricos IIE IIE1 II1 T4N0M0
Linfonodos regionais mais
distantes
IIE IIE2 II2 T1-3N2M0
Invasão de estruturas adjacentes IE IE IIE T4N0M0
Disseminação em linfonodos
supradiafragmáticos ou
envolvimento intranodal
Linfonodos dos dois lados do
diafragma
IIIE IIIE IIIE T1-4N1M0
Disseminação em outros sítios
nodais ou extranodais
IVE IVE IVE T1-4N03M1
Fonte: BERTONI e ZUCCA (2004)
Anexo 3 - Protocolo de Reações Imunoistoquímicas.
Anticorpos utilizados para as reações imunoistoquímicas, seus
protocolos de recuperação antigênica e sistemas de amplificação.
Quadro 1 - Protocolo de recuperação de antígenos e sistema de
amplificação.
Antícorpos Recuperação de
antígenos
Sistema de
Amplificação
H. pylori Protocolo II Protocolo C
FAS (C20) Protocolo II Protocolo B
FAS-L (N20) Protocolo II Protocolo B
Caspase 8 Protocolo II Protocolo B
STAT-1 p84-p91 Protocolo II Protocolo B
HLA-Class II (DR) Protocolo II Protocolo B
Proteína S-100 Protocolo I Protocolo C
c-Rel (N466) Protocolo II Protocolo B
NOS type II (i-NOS) Protocolo II Protocolo B
Granzima B Protocolo III Protocolo B
Bcl10 Protocolo III Protocolo A
Descrição da técnica de Imunoistoquímica:
1 Desparafinização dos cortes de 3 μm de espessura, do material
incluído em parafina, em lâminas previamente tratadas com 3-
aminopropyltriethoxy - silano (Sigma, A-3648, EUA), e deixadas por
24 horas em estufa 60
o
C;
2 Xilol a 60
o
C por 20 minuto;
3 Xilol à temperatura ambiente por 20 minutos;
4 Etanol 100% 30segundos;
5 Etanol 95% 30 segundo;
6 Etanol 70% 30 segundo;
7 Lavar as lâminas em água corrente e destilada;
8 Recuperação de antígenos.
A recuperação de antígenos é feita seguindo o protocolo indicado no
Quadro 1.
a. Protocolo I – sem recuperação de antígenos - (Vai para o bloqueio
da peroxidase endógena);
b. Protocolo II - Ferver a solução tampão citrato 10 mM pH 6.0 em
panela de pressão (Eterna
®
, Nigro) destampada, mergulhar as
lâminas e lacrar a panela com a válvula de segurança aberta;
c. Protocolo III – Ferver a solução Tampão de Tris – EDTA 1mM pH 9.0
em panela de pressão (Eterna
®
, Nigro) destampada, mergulhar as
lâminas e lacrar a panela com a válvula de segurança aberta.
9 Após a saída do vapor saturado, abaixar a válvula de segurança e
aguardar a pressurização total. Contar 4 minutos após esse sinal;
10 Deixar a panela fechada sob água corrente por 10 minutos.
Destampar a panela com as lâminas e deixar por mais 10 minutos à
temperatura ambiente;
11 Lavar as lâminas em água corrente e destilada;
12 Proceder ao bloqueio da peroxidase endógena com H
2
O
2
3%, (água
oxigenada 10 vol.) com 4 trocas de 5 minutos cada;
13 Lavar em água corrente e destilada;
14 Lavar com solução salina tamponada com fosfatos (PBS-phosphate
buffered saline) 10mM pH 7.4 por 5 minutos;
15 Incubar as lâminas com o anticorpo primário diluído em título pré-
estabelecido conforme tabela abaixo em tampão PBS contendo
albumina bovina (BSA) 1% (Sigma, A9647, EUA) e azida sódica
(NaN
3
) 0,1%, por 18 horas a 4
o
C em câmara úmida;
16 Lavar em tampão PBS com 3 trocas de 3 minutos cada;
17 Sistemas de Amplificação.
O sistema de amplificação segue o protocolo indicado no Quadro 1.
a. Protocolo A – Incubar por 30 min a 37° C com Post Primary Block
(NovoLink Max Polymer cod # RE7260-k, Reino Unido);
Lavar com tampão PBS com 3 trocas de 3 min cada.
Incubar com o NovoLink Polymer por 30 min a 37° C
b. Protocolo B - Incubar com o anticorpo secundário biotinilado-
reagente C (Biotinylated goat anti-mouse/rabbit Ig) do kit
StreptABComplex/HRP Duet (mouse/rabbit) (Dako A/S, cod# K492,
Dinamarca) no título pré-estabelecido de 1:200, diluído em PBS, por
30 minutos a 37
o
C.)
Lavar em tampão PBS com 3 trocas de 3 minutos cada.
Incubar com o complexo - reagente A (Streptavidin) e reagente B
(Biotinylated peroxydase) nos títulos pré-estabelecidos de 1:200,
diluído em PBS, por 30 minutos a 37
o
C.
c. Protocolo C – Incubar com EnVision Plus System Labelled Polymer –
HRP anti-Rabbit (DakoCytomation, cod # K4003, Carpinteria, EUA),
por 30 min a 37° C.
18 Lavar em tampão PBS com 3 trocas de 3 minutos cada;
19 Incubar as lâminas em solução substrato: 3,3’ Diaminobenzidine
Tetrahydrochloride (DAB) 60 mg% (Sigma, D-5637, EUA); 1 mL de
Dimetilsulfóxido (DMSO); 1 mL de H
2
O
2
6% (água oxigenada 20 vol);
100 mL de PBS; por 5 minutos a 37ºC, ao abrigo da luz;
20 Observar ao microscópio, nas lâminas controles, o desenvolvimento
de precipitado castanho dourado, como produto final da reação;
21 Lavar em água corrente e água destilada por 3 minutos;
22 Contracorar com Hematoxilina de Harris por 1 minuto;
23 Lavar bem em água corrente e destilada;
24 Imergir 2 vezes em água amoniacal (solução de hidróxido de amônio
0,5%), lavando em seguida em água corrente e destilada;
25 Desidratar as lâminas em: Etanol 80%, 30 segundos; Etanol 95%, 30
segundos; Etanol 100% 2 vezes, 30 segundos cada; Xilol 4 vezes, 30
segundos cada;
26 Montagem das lâminas em Entellan neu (Merck, 1.07961, Alemanha)
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