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NÁDIA KUNKEL
ASSOCIAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PESO E QUALIDADE DE VIDA
RELACIONADA À SAÚDE EM ADOLESCENTES DE FLORIANÓPOLIS
Florianópolis, SC
2007
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NÁDIA KUNKEL
ASSOCIAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PESO E QUALIDADE DE VIDA
RELACIONADA À SAÚDE EM ADOLESCENTES DE FLORIANÓPOLIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, na
área de concentração Epidemiologia, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Saúdeblica.
Orientador: Professor Dr. Marco Aurélio de Anselmo Peres
Co-orientador: Professor Dr. Walter Ferreira de Oliveira
Florianópolis, SC
2007
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KUNKEL,dia
Associão entre excesso de peso e qualidade de vida relacionada à saúde em
adolescentes de Florianópolis/ Nádia Kunkel. – Florianópolis: UFSC, 2007.
88f.: 1il; 31 cm.
Orientador: Marco Aurélio de Anselmo Peres
Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Área de Concentração: Epidemiologia.
Qualidade de vida; saúde do adolescente; sobrepeso; obesidade, epidemiologia.
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A todas crianças e adolescentes que de alguma forma sofrem com o estigma da
obesidade.
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AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo carinho e palavras de incentivo. Em especial ao Fábio, meu
marido, pela paciência e apoio, sempre com carinho e muito afeto.
Ao professor orientador Marco Aurélio Peres, pela paciência, estímulo e inestimável
ajuda.
Ao professor Walter Ferreira de Oliveira, pela amizade e confiança depositada no meu
trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFSC pela oportunidade.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa
de estudo.
Aos colegas de turma, pelas trocas de idéias e conhecimentos.
Aos membros da banca de qualificação, profª Jane Philippe e Vera Blank e da banca
de defesa, profª Eleonora d’Orsi e profº Francisco de Assis Guedes Vasconcelos que
participou nos dois momentos.
À direção e professores do plantão do Instituto Estadual de Educação pelo apoio e aos
alunos e pais pela participação.
Ao Mapi Research Institute pela autorização do uso do PedQL-4.0 – Questionários
Pediátricos sobre Qualidade de Vida.
A todos que, com carinho e compreensão, me incentivaram nessa trajetória.
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“Nós devemos atribuir o mais alto valor não em viver, mas em viver bem”.
(Sócrates)
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KUNKEL,dia. Associação entre excesso de peso e qualidade de vida relacionada à
saúde em adolescentes de Florianópolis.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
RESUMO
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de adolescentes e analisar
sua associação com o excesso de peso. Método: Estudo transversal analítico com uma
amostra de 467 adolescentes menores de 18 anos do ensino médio de uma escola pública de
Florianópolis, SC. Sobrepeso e obesidade foram definidos pelo índice de massa corporal
(IMC) por sexo e idade, com base nos padrões propostos pela International Obesity Task
Force (IOTF). A combinação de sobrepeso e obesidade foi denominada excesso de peso. A
QVRS foi verificada através do questionário genérico sobre qualidade de vida pediátrica
(PedsQL 4.0) na versão adolescente e pais. Além da estatística descritiva, foi desenvolvido
um modelo de regressão logística e estimadas as razões de chances brutas e ajustadas por
posveis variáveis de confusão. Resultados: A prevalência de sobrepeso e obesidade foi de
12,2% e 3,6% respectivamente. O grupo com excesso de peso obteve menores escores de
QVRS que o grupo sem excesso de peso, exceto para o domínio emocional nos adolescentes e
na saúde psicossocial para os pais. A chance de um adolescente com excesso de peso ter baixa
qualidade de vida foi 3,54 vezes (IC95% = 1,94-6,47) maior que um adolescente sem excesso
de peso após o ajuste. Adolescentes do sexo feminino apresentaram escores mais baixos de
QVRS tanto no grupo com excesso de peso como no grupo sem excesso de peso. Conclusão:
A QVRS foi significativamente mais baixa em adolescentes com excesso de peso quando
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8
comparados a adolescentes sem excesso de peso. Os resultados encontrados concordam com
estudos anteriores realizados fora do Brasil. O instrumento usado para avaliar a QVRS pode
nos dar um quadro global de como o obeso percebe sua saúde e seu bem-estar, constituindo-se
importante instrumento para um melhor e mais completo entendimento deste importante
problema de saúde pública.
Palavras-chave: qualidade de vida; saúde do adolescente; sobrepeso; obesidade,
epidemiologia.
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9
KUNKEL,dia. Association between weight excess and health-related quality of life in
adolescents of Florianópolis, Southern Brazil
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
ABSTRACT
Objectives: To evaluate the adolescents health- related quality of life (HRQL) and to analyze
its association with weight excess. Method: Analytical cross-sectional study with a sample of
467 adolescents up to 18 years, enrolled in a public school in Florianopolis, Southern Brazil.
Overweight and obesity were defined according to the body mass index (BMI) by sex and
age, based on the standard proposed by the International Obesity Task Force (IOTF). The
combination of overweight and obesity was called weight excess. The HRQL was assessed
using a pediatric quality of life inventory, the generic core scale PedsQL 4,0. Descriptive
statistics and simple and adjusted logistic regression analyses were performed. Results: The
prevalence of overweight was 12.2% and obesity was 3.6%. The group consisting of
adolescents presented weight excess showed a lower HRQL when compared with those who
were not weight excess, except for the emotional domain in the adolescents, and in the
psychosocial health domain for the parents` reports. Adolescents presented weight excess
showed 3.54 (95% CI= 1,94-6,47) times of presenting a low quality of life than those who
were not weight excess. Female adolescents had lower HRQL scores in the group with weight
excess as well as in the group without weight excess. Conclusion: The HRQL was
significantly lower in weight excess adolescents when comparing with adolescents without
weight excess. The results agree with previous studies outside Brazil. The HRQL may provide
a global picture of how obese adolescents perceive their health and well-being. The
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10
instrument used to assess the QVRS is an important tool for a better and more complete
understanding of this important public health problem.
Keywords: Quality of life; adolescents; overweight; obesity, epidemilogy.
.
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mesa
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes entre 10 e 19 anos
de idade, por sexo, no Brasil total e na Região Sul – período de 2002-2003..............
21
LISTA DE QUADROS
Quadro1: Variáveis do estudo..................................................................................... 31
mesa
12
12
SUMÁRIO
PARTE 1: Contextualização da pesquisa
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 16
2.1 A obesidade na adolescência.................................................................................. 16
2.1.1 Diagnóstico e prevalência de sobrepeso e obesidade na adolescência............... 18
2.2 Qualidade de vida: aspectos conceituais................................................................ 22
2.2.1 Instrumentos para avaliação da qualidade de vida.............................................. 24
2.3 Qualidade de vida e obesidade............................................................................... 25
3 OBJETIVOS................................................................................................................ 27
3.1 Geral....................................................................................................................... 27
3.2 Específicos............................................................................................................. 27
4 METODO.................................................................................................................... 28
4.1 Tipo de estudo........................................................................................................ 28
4.2 Local do estudo...................................................................................................... 28
4.3 População do estudo e amostra.............................................................................. 28
4.4 Critérios de inclusão............................................................................................... 29
4.5 Critérios de exclusão.............................................................................................. 29
4.6 Coleta de dados/ Instrumentos............................................................................... 30
4.6.1 Instrumentos........................................................................................................ 30
4.6.2 Pré-teste............................................................................................................... 33
4.6.3 Estudo piloto....................................................................................................... 33
4.6.4 Coleta de dados................................................................................................... 34
4.7 Análise dos dados................................................................................................... 35
4.8 Aspectos éticos....................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 37
PARTE 2 : Artigo Científico
5 ARTIGO CIENTÍFICO................................................................................................ 43
PARTE 3: Apêndices e Anexos
Apêndices..................................................................................................................... 69
Anexos.......................................................................................................................... 78
f
13
PARTE 1: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
14
1 INTRODUÇÃO
O excesso de peso (sobrepeso e obesidade combinados) na infância e na adolesncia
está se tornando um problema cada vez mais freqüente. A obesidade é uma patologia que
pode levar a graves conseqüências clínicas para o futuro desses jovens, além das dificuldades
emocionais, tanto da baixa auto-estima quanto da discriminação sofrida por parte de colegas.
O obeso com muita freqüência recebe apelidos, sofre com brincadeiras e é excluído de muitas
atividades.
O fato de terem auto-estima baixa e um possível sentimento de fracasso frente a
expectativas da sociedade parece fazer do adolescente obeso um forte candidato ao
desenvolvimento de psicopatologias diversas.
Os instrumentos que buscam aferir qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS)
fornecem informações de como o processo de doença interfere no bem estar do paciente, em
várias áreas de sua vida, e podem direcionar para poticas de saúde que visem à melhoria da
qualidade de vida da população. Além disso, podem fortalecer as políticas públicas para
prevenção e tratamento da mesma.
O sucesso clínico do tratamento da obesidade é normalmente avaliado pela perda do
peso e controle das comorbidades, entretanto, os efeitos psicossociais e a limitãosica
resultantes da obesidade prejudicam a qualidade de vida (QV) do obeso e esta deveria ser
também um fator considerado para o sucesso do tratamento. Assim, torna-se essencial não
apenas estudar as causas e tratamentos para obesidade, mas também sua associão com a QV
com o objetivo de tornar este instrumento parte da avaliação antes, durante e após o
tratamento.
A avaliação da QV possui uma aplicabilidade extensa, tanto na saúde pública como na
clínica. O profissional de saúde, ao avaliar de forma mais ampla a vida do paciente, é capaz
15
de escolher tratamentos mais efetivos, deixando de levar em consideração apenas ausência ou
presença de sintomas.
Será o excesso de peso um fator associado à baixa QVRS na adolescência? Esta é a
pergunta que pretendemos responder ao final deste estudo. Nossa hipótese é de que a QVRS é
mais baixa entre adolescentes que apresentam excesso de peso quando comparados com seus
colegas sem excesso de peso. Este tema foi escolhido em virtude das graves conseqüências
que a obesidade pode acarretar no presente e futuro dos adolescentes e também pelo fato desta
relação ser ainda pouco estudada em adolescentes brasileiros. Portanto, o presente estudo tem
como objetivo avaliar a QVRS de adolescentes e analisar sua associação com o excesso de
peso.
O volume da dissertação compreende três partes: a primeira contextualiza a pesquisa,
apresentando o referencial trico pertinente ao tema, abordando a problemática da obesidade
na adolescência, seu diagnóstico e prevalências nesta faixa etária. Na seqüência são
apresentados aspectos conceituais sobre QV e finalmente a relação da medida da QVRS com
o sobrepeso e a obesidade. Finalizam a parte um os objetivos e método do estudo. Na parte 2,
os resultados e a discussão são apresentados na forma de um artigo científico, conforme o
regimento do Programa des-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de
Santa Catarina. O artigo científico será submetido à Revista de Saúde Pública (RSP). A parte
3 inclui os anexos: instrumentos utilizados na pesquisa, aprovação do projeto no comitê de
ética e a acusação de recebimento do artigo pela RSP.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A Obesidade na Adolescência
A obesidade é uma doença crônica definida como um acúmulo excessivo de tecido
adiposo num nível que compromete a saúde dos indivíduos
1
. Sua prevalência vem
aumentando em crianças, adolescentes, adultos e idosos, tornando-se um grande problema de
saúde pública, já detectado a algum tempo tanto em países ricos como nos países em
desenvolvimento
2,3,4,5,6
.
Adolescentes obesos serão provavelmente adultos obesos, com grandes chances de
sofrerem as conseqüências dessa situação de risco, como a associação com Diabetes Mellitus,
doenças cardiovasculares, doença aterosclerótica, hipertensão arterial, transtornos ortopédicos
e articulares, doenças de pele, maior risco cirúrgico, entre outras complicações
2,7
. De acordo
com Vanhala et al.
8
, estima-se que metade das crianças obesas tornam-se adultos obesos.
Do ponto de vista etiológico, a gênese da obesidade parece ser determinada por
ltiplos fatores
9
. Ocorre na obesidade um desequibrio crônico entre o que é ingerido e o
que é gasto em termos energéticos, sendo que o excedente se armazena na forma de
triglicérides, no tecido adiposo
2
. As causas da obesidade estão ligadas ao excesso de ingestão,
ao gasto reduzido de energia ou a déficits na regulação desse equilíbrio energético. Tanto
fatores genéticos como ambientais parecem influenciar no desequilíbrio desse balanço
10
.
É bastante claro um aspecto familiar na obesidade. A presença de vários obesos numa
mesma família, o que não é incomum, parece refletir tanto uma predisposição genética para
obesidade, quanto a coexistência de fatores comportamentais relacionados à ingestão
alimentar e hábitos sedentários (ambiente obesonico familiar)
11
.
17
Hábitos alimentares errôneos e alimentação irregular são relatados em vários trabalhos
como fatores predisponentes à obesidade. Os adolescentes são particularmente vulneráveis à
enorme propaganda consumista, muito expostos à cultura da comida rápida e pronta, na qual
predominam refeições mal balanceadas, com excesso de gorduras e ingeridas de maneira
muito irregular. Uma atitude muito comum entre adolescentes é o hábito de omitir refeições,
atitude esta, referida como risco nutricional para a obesidade
2,11
.
Fisberg
2
cita o desmame precoce e inadequado na infância como fator determinante
para o estabelecimento da obesidade na infância e adolescência, assim como a relação
familiar conflituosa, a baixa auto-estima, o sedentarismo, excesso de lanches rápidos e mal
balanceados e a forte suscetibilidade do adolescente à propaganda consumista.
Além das conseqüências sicas que o obeso adolescente poderá sofrer no futuro, e
muitas das vezes no presente, ainda existem as conseqüências emocionais de não possuir o
tiposico culturalmente aceito e francamente estimulado pela mídia. O obeso passa a ser
considerado um pária, sofre preconceito físico de seus pares, é alvo de apelidos e ódios, sofre
marginalização e é afastado do convívio social e esportivo
2,12
.
Ferriani et al.
13
, a partir de estudo conduzido em Recife, argumentaram que uma
característica importante em pacientes obesos é a depreciação da própria imagem física,
sentindo-se inseguros em relação aos outros e imaginando que estes os vêem com hostilidade
e desprezo. Além disso, as discriminações sofridas por adolescentes com sobrepeso
freqüentemente interferem em seus relacionamentos sociais e afetivos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a adolescência como o período da
vida correspondente a idade entre os 10 aos 19 anos completos. A adolescência é uma etapa
da vida que apresenta intensas transformações no processo de crescimento e desenvolvimento,
sendo por isso que a obesidade nesta fase de vida é ainda mais problemática
13
. De acordo com
Muller
14
, um dos momentos mais críticos para o aparecimento da obesidade é o início da
18
adolescência. O adolescente apresenta constante preocupação com seu peso, visando um ideal
de beleza imposto pelo corpo magro, e a não aceitação de seu corpo o leva a sentir-se
marginalizado na sociedade
15
. A adolescência é, antes de tudo, uma fase de preocupação com
a aparência física, sendo valorizado o fato de ser fisicamente atraente
13
. Dessa forma,
alterações físicas como as causadas pela obesidade podem significar imperfeição,
complicando o aparecimento de uma identidadesica e sexual segura e de um conceito
positivo de si próprio. Esses conflitos podem levar o adolescente à fuga da participação social
e prejudicar o desenvolvimento dos relacionamentos significativos com companheiros de
ambos os sexos, retardando ou distorcendo o desenvolvimento psicossocial sadio
12
.
Segundo Tiba
16
, a identidade dos adolescentes se organiza através de identificações,
inicialmente com os pais, professores e ídolos, mas depois com o “grupo de iguais”, que
constitui um importante modelo de identificação, pois é na turma que o adolescente
compartilha e troca experiências. No entanto, quando se trata de adolescente obeso, esse se
percebe diferente do “grupo de iguais”, o que lhe ocasiona sentimentos de estranheza,
negação do próprio corpo e impactos negativos na auto-estima e imagem corporal.
2.1.1 Diagnóstico e Prevalência de Sobrepeso e Obesidade na Adolescência
A avaliação do estado nutricional na adolescência é muito mais complexa do que na
infância, principalmente em decorrência da grande variabilidade do crescimento e das
dimensões corporais, que dependem não só do estado nutricional, mas também do
desempenho do crescimento nas idades anteriores e de fatores hormonais relacionados ao
processo da maturação sexual
17
. Contudo, a OMS recomenda o uso do Índice de Massa
Corporal para idade (IMC= peso/altura
2
) para triagem de adolescentes com sobrepeso e
obesidade por ser de fácil obtenção, bem correlacionado com a gordura corporal, ter
19
referências para comparações e ainda permitir uma continuidade do critério utilizado na
avaliação de adultos
17
.
As principais divergências no uso do IMC se dão em relação aos diferentes critérios de
classificação. Não há consenso e os diferentes critérios produzem estimativas variadas de
prevalência de sobrepeso e obesidade, dificultando a comparação entre os estudos.
Há duas alternativas que são mais freqüentemente usadas para se realizar o diagnóstico
do sobrepeso e da obesidade a partir do IMC-para-idade. Uma propõe critérios baseados em
uma distribuição de referência baseada na distribuição do IMC da população americana de
adolescentes, recomendada por um comitê de especialistas convocado pela OMS em 1995.
Adolescentes com excesso de peso seriam aqueles cujo IMC fosse superior ao percentil 85 da
distribuição americana de referência para a idade e sexo enquanto adolescentes obesos, além
do IMC superior ao percentil 85, teriam dobras cutâneas (tricipital e sub-escapular) superior
ao percentil 90 da mesma distribuição americana
17
. O Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional brasileiro adota esta alternativa para diagnosticar o excesso de peso,
denominando-o sobrepeso
18
.
O outro critério foi proposto pela International Obesity Task Force (IOTF), atualmente
considerado como referência internacional para classificação de sobrepeso e obesidade em
adolescentes. O critério foi recomendado por um comitê de especialistas de várias associações
cientificas internacionais em 2000. Propõe valores de corte do IMC equivalentes na
adolescência aos valores de corte do IMC tradicionalmente utilizados para diagnosticar o
sobrepeso e a obesidade em adultos. Estes níveis de corte, em cada população, seriam
equivalentes ao percentil da distribuição do IMC que corresponda na idade adulta ao IMC de
25 kg/m2 e 30 kg/m2, respectivamente
19
.
Para o diagnóstico da obesidade o ideal seria considerar não apenas o excesso de peso,
como nos permite o IMC, mas sim, o excesso de gordura corporal. Porém, os métodos mais
20
adequados para aferição da gordura corporal, como absortometria de raio X de dupla energia
(DEXA), pesagem hidrostática e bioimpedância elétrica, são complexos e caros. Sendo assim,
em estudos populacionais, a obesidade é diagnosticada operacionalmente a partir do
parâmetro IMC.
Estudo de Vieira
20
, analisando o desempenho de pontos de corte do IMC de diferentes
referências na predição de gordura corporal, concluiu que o critério internacional IOTF
apresentou melhor sensibilidade que os demais para adolescentes mais velhos e as referências
americanas, para os mais jovens. Segundo os autores, é provável que o melhor desempenho
do critério IOTF para os adolescentes mais velhos se dê em virtude de os pontos de corte de
IMC, com base neste critério, serem equivalentes a valores pré-estabelecidos para adultos (>
25kg/m
2
). Estudo realizado em Pelotas (RS), com adolescentes de idade entre 15 a 16 anos,
avaliou o desempenho de diferentes pontos de corte para o IMC e concluiu que
provavelmente os pontos de corte para adultos já possam ser utilizados para adolescentes
acima dos 15 anos, sem grandes erros de classificação
21
.
Para fins de comparação, nos limitaremos a expor as taxas de prevalências de estudos
que usaram o IOTF como parâmetro. A prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado
muito, em um peodo curto de tempo. Vários estudos no mundo todo têm demonstrado este
femeno.
A prevalência de sobrepeso (incluindo obesidade) em crianças e adolescentes de 6 a 18
anos nos Estados Unidos aumentou de 15,4% em 1971-1974 para 25,6% em 1988-1994
22
. No
Canadá em 1981, 11% dos meninos e 13% das meninas tinham sobrepeso ou obesidade de
acordo com a refencia IOTF, enquanto que em 1996 essas prevalências subiram para 33% e
27% para meninos e meninas respectivamente
23
.
No Chile, dois grandes inquéritos com crianças de 6 anos mostraram um aumento de
sobrepeso (incluindo obesidade) nos meninos de 12% em 1987, para 26% em 2000 e de 14%
21
para 27% em meninas nos mesmos anos
24
. Na Bolívia, estudo de 2003, mostrou uma
prevalência de sobrepeso (incluindo obesidade) de 15,6% para meninos e 27,5% para
meninas, ambos com idade entre 14 e 17 anos
25
.
Na Grécia, em 2003, a prevalência de sobrepeso (incluindo obesidade) em
adolescentes de 13 a 17 anos, foi de 29,6% nos meninos e 16,1 nas meninas
25
. Na Espanha,
inquérito de 1998-2000 revelou uma prevalência de 27% em crianças e adolescentes
25
.
No Brasil, a prevalência de sobrepeso (incluindo obesidade) em adolescentes de 10 a
19 anos, aumentou de 2,6% para 11,8% nos meninos e de 5,8% para 15,3% nas meninas no
período entre 1975 e 1997
5
. Estudo de base populacional realizado em Pelotas no ano de 2006
mostrou uma prevalência de 21,8% de sobrepeso e 4,5% de obesidade em adolescentes de 10
a 19 anos. No estudo não houve diferença significativa entre os sexos
26
. Segundo estudo
realizado com adolescentes do ensino médio de Florianópolis no ano de 2003, 12% dos
escolares da faixa etária entre 15 e 18 anos apresentou quadro de sobrepeso
27
.
A tabela 1, adaptada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
28
, mostra
as prevalências de sobrepeso e obesidade de adolescentes urbanos brasileiros, encontradas na
recente Pesquisa de Orçamentos Familiares.
Tabela 1. Prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes entre 10 e 19 anos de idade,
por sexo, no Brasil total e na Região Sul – período de 2002-2003.
Brasil (urbano) Região Sul (urbano) Indicador
Masculino Feminino Masculino Feminino
Sobrepeso* 19,5 15,9 23,6 17,1
Obesidade* 2,0 3,1 3,3 2,9
* Critério IOTF
22
2.2 Qualidade de Vida: aspectos conceituais
Foi na década de 50 do século passado que o conceito de QV, até então usado quase
que prioritariamente como medida de aquisição de bens materiais, começou a ser ampliado,
passando a considerar, além do crescimento econômico, o desenvolvimento social, incluindo
saúde, educação, moradia, transporte, lazer, trabalho e crescimento individual
29
.
Na década de 60, mesmo diante da importância dos diversos indicadores para
avaliação e comparação da QV entre países, regiões e cidades (qualidade de vida objetiva),
verificou-se que estes eram insuficientes para medir a QV dos indivíduos, sendo necessário e
fundamental avaliar como as pessoas a percebiam, isto é, avaliar o quanto estavam satisfeitas
ou insatisfeitas com a qualidade de suas vidas (qualidade de vida subjetiva). Passou-se a
avaliar, então, a QV a partir da indicação / opinião dos indivíduos
29,30
.
O termo QV abrange muitos significados constituídos por uma diversidade de fatores,
objetivos e subjetivos, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e
coletividades, em um contexto cultural, social e histórico
31
. Os indicadores objetivos referem-
se a aspectos globais da vida, cujas referências são a satisfação das necessidades básicas e das
necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada
sociedade, e avaliam itens como renda, emprego, desemprego, população abaixo da linha de
pobreza, consumo alimentar, moradia com disponibilidade de água encanada, sistema de
esgoto e energia elétrica, transporte, qualidade do ar, concentração de moradores por
domicílio, entre outros. Os indicadores de natureza subjetiva, indicam como as pessoas
sentem ou pensam suas vidas, ou ainda, como percebem o valor dos componentes materiais,
reconhecidos como base social da qualidade de vida
31
. Minayo et al.
31
definem QV nestes
termos:
23
É uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de
satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria
estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos
os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-
estar (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000, p. 8).
Shin & Johnson
32
sugeriram que a QV consiste na possessão dos recursos necessários
para a satisfação das necessidades e desejos individuais, participação em atividades que
permitam o desenvolvimento pessoal, a auto realização e uma comparação satisfatória entre si
mesmo e os outros.
Cadman
33
, entende que QV só pode ser descrita e medida em termos individuais. Ele
sugere que QV é o produto da interação entre as expectativas e realizações de um indivíduo.
Assim, quanto menor for a capacidade de um indivíduo para realizar suas expectativas, mais
pobre será a sua QV.
Padilla et al.
34
identificaram em um estudo de revisão sobre QV os seguintes atributos
principais: bem-estar psicológico (satisfação com a vida, significado e alcance dos objetivos
da vida e felicidade); bem-estar sico (atividades da vida diária, apetite, sono); bem-estar
social, interpessoal, material e financeiro.
Embora só nas últimas décadas do século 20 perceba-se um crescente interesse no
construto QV no campo da saúde, o discurso sobre QV e saúde já existe desde o nascimento
da medicina social nos séculos XVIII e XIX, embora inespecífico e generalizante
31
.
O termo QVRS refere-se aos donios físico, psicológico e social, e constitui área
distinta que é influenciada pelas experiências, crenças, expectativas e percepções de um
indiduo
35
.
24
Como mencionado, o conceito de QV é bastante complexo e apresenta diversos
significados, diversas correntes de pensamento que se complementam, o que se reflete nos
inúmeros instrumentos existentes para sua avaliação.
Embora não haja um consenso a respeito de seu conceito, o grupo de especialistas em
QV da OMS afirma haver concordância entre os pesquisadores acerca de algumas
características do constructo: subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões
positivas e negativas. A OMS define QV como “a percepção do indivíduo de sua posição na
vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”
30
.
O conceito de QV adotado neste estudo será o da OMS, uma vez que o instrumento
que será utilizado foi baseado neste conceito.
2.1.1 Instrumentos para Avaliação da Qualidade de Vida
De acordo com o tipo de desfecho que pretendem aferir, existem duas formas de medir
QV, através de instrumentos genéricos e instrumentos específicos
31
. Os genéricos abordam o
perfil de saúde ou não, ou seja, medem a QV geral ou a QVRS. Podem ser usados para
estudar indivíduos da população geral ou de grupos específicos, como portadores de doenças
crônicas. Permitem comparar QV de indivíduos sadios com doentes ou de portadores da
mesma doença, vivendo em diferentes contextos sociais e culturais. Têm como grande
desvantagem não serem sensíveis na detecção de aspectos particulares e específicos da QV de
uma determinada doença
36
. Já os instrumentos específicos, que em saúde medem a qualidade
de vida ligada a uma doença específica, suprindo a principal limitação dos gerais, conseguem
detectar particularidades da QV em determinadas situações, como as funções físicas, o sono, a
25
fadiga, etc.m como desvantagem a dificuldade de compreensão do fenômeno e a
dificuldade de validar as características psicométricas do instrumento
36
.
A preocupação na avaliação da QV é de importância inestimável em tempos onde a
necessidade da introdução de elementos humanísticos nos cuidados de saúde é fato
inquestionável. Ela valoriza parâmetros mais amplos que o controle dos sintomas, a
diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida, assim como, permite que
tanto a avaliação como o tratamento sejam focados no doente e não na doença
37
.
Hubert
38
apud Minayo et al
31
cita como principal e mais séria crítica às técnicas criadas
para medir a QV o fato de não levarem em conta o contexto cultural, social, de história de
vida e do percurso dos indivíduos cuja QV pretendem medir . Minayo et al.
31
, reconhecem
que embora acrescente pouco à reflexão, dizer que o conceito de saúde deve estar mais
próximo da noção de QV, que saúde não é mera ausência de doença, já é um bom começo,
porque manifesta a insatisfação com o reducionismo médico.
2.3 Qualidade de Vida e Obesidade
Constituindo-se a obesidade como uma enfermidade crônica, diminui
consideravelmente a QV, e vai aos poucos afetando vários sistemas do organismo
39
.
Um estudo de Schwimmer et al.
40
, avaliou QVRS em crianças e adolescentes
estadunidenses obesos, comparando-os com crianças e adolescentes saudáveis de peso normal
e crianças comncer, usando como instrumento o PedsQL 4.0. Os resultados mostraram que
crianças e adolescentes obesos tiveram uma chance 5,5 vezes maior de terem baixa QV que
crianças e adolescentes com peso normal e os resultados foram similares aos com crianças
com câncer.
26
Larsson et al
41
mostraram na Suécia, em estudo com homens e mulheres entre 16 a 64
anos com obesidade e/ou sobrepeso, que a saúde sica tem um maior impacto na
determinação da baixa QV do que a saúde mental. Por outro lado, estudo realizado na
Inglaterra, que estratificou a amostra segundo comorbidades associadas à obesidade, sugeriu
que estas interferem na determinação da saúde mental muito mais que a obesidade em si
42
.
Vários estudos têm demonstrado o sexo feminino como um importante determinante
da baixa QV na população obesa
41,43
. Esse fato pode ser explicado pela maior preocupação da
mulher com sua imagem corporal
44
.
Sieberer et al
43
, concluem em seu estudo que a avaliação da QV em crianças obesas
deve servir como importante parâmetro para avaliação do sucesso do tratamento.
Há que se considerar a dificuldade de se estabelecer um ponto de corte que distinga
QV “boa” ou “ruim”
37
. Como é um conceito que implica em subjetividade, é difícil expressá-
lo em termos de quantidade, fato esse que justifica o grupo controle de adolescentes não
sobrepesos/obesos usados neste estudo, evitando assim comparações externas.
27
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde de adolescentes e analisar sua
associação com o excesso de peso.
3.2 Específicos
Avaliar se a qualidade de vida relacionada à saúde na amostra difere segundo sexo,
idade, cor/etnia e situação de convivência (com quem o adolescente mora).
Analisar a diferença entre os níveis de saúde física e psicossocial de adolescentes com
e sem excesso de peso.
Verificar a percepção dos pais quanto à qualidade de vida relacionada à saúde dos
adolescentes pesquisados.
28
4 METODO
4.1 Tipo de Estudo
Estudar o desfecho QVRS e comparar seus escores em adolescentes com e sem
excesso de peso consiste num objetivo que pode ser contemplado através de uma investigação
do tipo transversal analítica. Os estudos analíticos estão usualmente subordinados a uma ou
mais questões científicas, as “hipóteses”, que relacionam eventos: uma suposta “causa” e um
dado “efeito”, ou “exposição” e “doença”, respectivamente. São estudos que procuram
esclarecer uma dada associação entre uma exposição, em particular, e um efeito específico.
Nos estudos transversais, a exposição e o efeito são observados simultaneamente em uma
população bem definida. Dentre as principais vantagens relacionadas ao desenho citado,
destacam-se o baixo custo, alto potencial descritivo (subsídio ao planejamento de saúde),
simplicidade anatica, rapidez, objetividade na coleta dos dados e facilidade de obter amostra
representativa da população
45
.
4.2 Local do Estudo
A pesquisa foi desenvolvida no Instituto Estadual de Educação de Florianópolis
(IEE), o maior colégio público estadual de SC, localizado em Florianópolis, Santa Catarina,
Brasil.
4.3 População do Estudo e Amostra
29
O IEE possui atualmente um quadro discente de cerca de 7000 alunos, dos quais
aproximadamente 2400 são estudantes do ensino médio (2º grau), os quais constituíram a
população de referência do presente estudo.
O cálculo do tamanho da amostra foi efetuado através do programa EpiInfo versão
6.04b, de outubro de 1997, produzido pelo Centers for Disease Control and Prevention
(CDC), Atlanta, Georgia, USA, considerando uma relação de expostos/não expostos de 1:4
(com excesso de peso / sem excesso de peso) e QVRS negativa nos não expostos (sem
excesso de peso) de 15% e 30% entre os expostos (com excesso de peso). Ao resultado foi
acrescido 20% para compensar eventuais perdas e recusas, totalizando uma amostra de 470
adolescentes. A amostra tem um poder de 80% (erro tipo II = 20%) para identificar as
diferenças descritas com um nível de confiança de 95% (erro tipo I = 5%).
O processo de amostragem se deu através dolculo da representatividade de cada ano
no número global de alunos e posterior cálculo da proporção dentro da amostra. Os 2400
alunos do ensino médio estavam assim divididos: 41% no 1º ano, 32% no 2º ano e 27% no 3º
ano. Proporcionalmente à amostra ficou assim dividida: 194 alunos do 1º ano, 150 alunos do
2º ano e 126 do 3º ano. A amostra foi dividida entre os turnos matutino e vespertino. E
finalmente foi feita uma amostra sistemática em cada turma, sendo “5” o intervalo de seleção.
4.4 Critérios de Inclusão
Fizeram parte da pesquisa estudantes do ensino médio do IEE menores de 18 anos
matriculados na escola. Limitou-se a idade em 18 anos pelo fato do instrumento avaliar a QV
de adolescentes até esta idade.
4.5 Critérios de Exclusão
30
Foram excluídos as gestantes e os adolescentes com incapacidade física que
impossibilitasse ou comprometesse a tomada das medidas antropométricas.
4.6 Coleta de Dados / Instrumentos
4.6.1 Instrumentos
O questionário genérico sobre qualidade de vida pediátrica (PedsQL 4.0) foi usado
para avaliar a QVRS, variável dependente deste estudo. A autorização do uso do instrumento
para fins acadêmicos e não lucrativos foi concedida pelo Instituto Mapi de Pesquisas (Mapi
Research Institute). É um instrumento modular, desenhado para medir ou avaliar a QVRS de
crianças e adolescentes com idades entre 2 e 18 anos
46
. O PedsQL 4.0 foi idealizado para
medida de pontuação das dimensões de saúde física, mental e social, como delineadas pela
Organização Mundial da Saúde, levando-se em consideração também o papel da função
escolar
47
. É um instrumento genérico que tem como principal vantagem na comparação com
os módulos para doenças específicas, a possibilidade da comparação cruzada entre
populações, neste caso com e sem excesso de peso
46
. A versão utilizada foi especifica para
adolescentes (entre 13 e 18 anos). O PedsQL 4.0 compreende 23 itens divididos em 4
domínios : domínio físico (8 itens); domínio emocional (5 itens); domínio social (5 itens);
domínio escolar (5 itens). É compreendido por dois formatos paralelos de questionário, um
para o adolescente e outro para os pais (ANEXOS A e B), sendo este último desenhado para
avaliar a percepção dos pais quanto à QVRS de seus filhos. Os itens para cada uma das
formas são essencialmente idênticos, diferindo na linguagem, utilizando-se a primeira ou a
terceira pessoa
46
. O referido questionário foi validado para o uso no Brasil
48
.
31
Para a coleta das variáveis independentes, foram elaborados questionários
complementares para o adolescente e os pais (APÊNDICES A e B). O questionário do
adolescente contemplava as seguintes variáveis independentes: sexo, idade, cor da pele auto-
referida e situação de convivência (com quem mora). Enquanto que as variáveis pesquisadas
junto aos pais foram: escolaridade do chefe da família, morbidade do filho(a), renda familiar e
mero de moradores no domicílio.
Ambos os instrumentos são auto-aplicáveis, os quais se caracterizam por serem de
fácil administração, eficientes e econômicos na avalião de grande número de indivíduos
49
.
As varveis estudadas são mostradas no Quadro 1:
Variáveis Instrumento Natureza Categorias
Demográficas
Sexo Questionário Independente.
De controle
Qualitativa
nominal
Masculino
Feminino
Idade Questionário Independente.
De controle
Quantitativa
discreta
15 anos ou menos
16 anos
17 anos
18 anos
Com quem mora Questionário Independente.
De controle
Qualitativa
nominal
Sozinho
Com o pai e a e
Com o pai apenas
Com a mãe apenas
Com outros que não o pai
e a mãe
Socioeconômicas
Renda familiar per capita Questionário Independente.
De controle
Quantitativa
contínua
Escolaridade chefe família
(pessoa que paga todas ou a
maioria das despesas da
falia)
Questionário Independente.
De controle
Quantitativa
discreta
Até 4 anos
5-8 anos
9 ou mais
Cor/etnia Questionário Independente.
De controle
Qualitativa
nominal
Branca
Negra
Amarela
Indígena
Parda
32
Situação de Saúde
Morbidade do filho(a) Questionário Independente.
De controle
Qualitativa
nominal
ncer
Diabetes
Asma ou outra doença
respiratória
Osteoartrite
Transtorno alimentar
Outras
Não tem
Avaliação antropométrica
Peso corporal Mensuração
massa corporal
Independente,
exposição
principal
Quantitativa
contínua
Estatura Questionário Independente
exposição
principal
Quantitativa
contínua
Estado nutricional IMC Independente,
exposição
principal
Qualitativa
ordinal
Sem excesso de peso
Com excesso de peso
QVRS
Relato dos pais PedsQL Dependente
Quantitativa
discreta e
posteriormente
classificada
como qualitativa
nominal
QV boa
QV baixa
Relato do adolescente PedsQL Dependente
Quantitativa
discreta e
posteriormente
classificada
como qualitativa
nominal
QV boa
QV baixa
Quadro 1. Variáveis do estudo.
33
4.6.2 Pré-teste
O questionário para a coleta das variáveis independentes foi pré-testado com 25 alunos
do 2º ano do ensino médio do Colégio de Aplicação da UFSC. As modificações necessárias
de formato e de conteúdo foram realizadas antes do estudo piloto. As principais alterações se
deram no sentido de adequar a linguagem usada, tornando-a mais acessível, clara e precisa.
4.6.3 Estudo Piloto
Em novembro de 2006 foi desenvolvido o estudo piloto com o objetivo de testar a
metodologia proposta e observar os aspectos operacionais envolvidos, auxiliando no
planejamento do trabalho de campo. Tal estudo foi realizado com 130 adolescentes
matriculados em dois colégios estaduais da cidade de Florianópolis (Colégio de Aplicação e
Colégio Simão Hess), com duas formas operacionais distintas para posterior alise da mais
adequada. No Colégio de Aplicação os questionários e o termo de consentimento foram
entregues aos pais (através dos alunos) e no outro dia o aluno que estivesse com os
questionários e o termo assinado preenchia em sala de aula o seu questionário. Este método
teve uma taxa de não-resposta muito alta, 46%. No colégio Sio Hess, ambos questionários,
destinados aos pais e adolescentes, foram levados para responder em casa. A taxa de não-
resposta se manteve em 48%, porém o estudo foi prejudicado pelo fato do período letivo estar
acabando. Em ambos estudos, a pesquisadora retornou apenas uma única vez para o
recolhimento dos questionários.
Diante do exposto, optou-se por entregar ambos questionários para serem levados e
preenchidos em casa e insistir no recolhimento do material até obter o máximo posvel de
34
retorno. Ao questionário foi acrescido omero de telefone do adolescente para contato com
os pais em caso de não entrega.
4.6.4 Coleta de dados
A coleta de dados constituiu-se da aferição do peso dos adolescentes, aplicação do
PedsQL 4.0 em dois formatos (para o adolescente e para os pais), e de questionário
complementar para o adolescente e para os pais, elaborado pelos pesquisadores para a coleta
das variáveis independentes. Os dados foram coletados pela pesquisadora principal, autora
desta dissertação.
A pesquisadora coletou os dados do adolescente em sala de aula e na ocasião entregou
os questionários para os pais juntamente com o termo de consentimento para serem
devolvidos no dia posterior. A pesquisadora retornou a cada sala de aula em média 4 vezes
para recolher o material. A forma operacional planejada no estudo piloto teve que ser alterada
a pedido do IEE, que solicitou que ocupássemos o horário do plantão (atividades
complementares realizadas na falta do professor titular). O retorno dos questionários dos pais
foi prejudicado por problemas poticos internos no IEE. Na ocasião da coleta, devido a um
impasse na nomeação da nova direção, muitos professores paralizaram suas atividades e,
conseqüentemente, também os alunos não compareceram à escola, dificultando o retorno dos
questionários.
O peso dos adolescentes foi verificado através de balança digital da marca Tanita,
aferida regularmente, com capacidade para 150kg e graduação de 0,2kg. Os avaliados
permaneciam em posição ortostática, com roupas leves e preferencialmente descalços. Alguns
adolescentes se recusaram a tirar o calçado, sendo que nestes casos foi descontado um valor
35
de 500g para calçado masculino e 250g para o calçado feminino. A altura foi auto-referida
pelo adolescente. Foi calculado o índice de massa corporal (IMC) por sexo e idade, dividindo-
se o peso do adolescente em kilogramas pela sua altura ao quadrado. O critério de
classificação usado para o diagstico nutricional foi o proposto pela International Obesity
Task Force (IOTF)
19
.
4.7 Análise dos Dados
Os questionários depois de codificados e revisados, foram digitados utilizando-se o
programa Epi Data. A análise dos dados foi realizada com o programa SPSS for Windows
versão 10.0. Os adolescentes que preencheram menos de 50% do questionário sobre QV
foram excluídos no momento da análise.
A análise das associações foi realizada para a totalidade dos indivíduos e também
estratificada por sexo por entender-se que os determinantes da QV diferem segundo sexo.
A QV foi medida através da análise psicométrica, utilizando-se a Escala de Likert
(escala ordinal que permite a escolha entre 5 pontos de graduação para avaliar seu nível de
satisfação). A escala de respostas de Likert consta de 5 pontos: (0= nunca foi problema; 1=
quase nunca; 2 =algumas vezes; 3 = às vezes; 4 = sempre ). Os itens são contados, revertidos
e transformados linearmente para uma escala de 0 a 100 (0 = 100; 1= 75; 2=50; 3=25; e
4=0), e depois da soma dos itens foi feita a divisão pelo número de perguntas respondidas,
sendo que quanto maior o escore, melhor a QV
47
. Além do escore total descrito acima,
também foram computados os escores parciais de saúde física (subescala de saúde física) e de
sde psicossocial (média das subescalas de função emocional, social e escolar)
46
.
Foi realizada a estatística descritiva de todas as variáveis em estudo. Posteriormente
foram testadas associações entre o desfecho e as variáveis exploratórias através do teste do
36
qui-quadrado e ANOVA. As variáveis que obtiveram um valor de p (qui-quadrado) igual ou
menor que 0,20 entraram na modelagem múltipla. Esta consistiu na análise de regressão
logísticao condicional
50
. As variáveis foram inseridas no modelo segundo a significância
estatística apresentada quando do teste do qui-quadrado em ordem crescente. A QVRS foi
dicotomizada, sendo o ponto de corte adotado para QVRS baixa, um desvio padrão abaixo do
escore médio da população sem excesso de peso. A medida de efeito usada para medir a
chance de adolescentes com excesso de peso terem diferente QVRS do que adolescentes sem
excesso de peso, foi a Razão de Chances (Odds ratio - OR). Foram estimadas as razões de
chances brutas e ajustadas, sendo consideradas associadas significativamente as varveis com
um valor de p < 0,05 após o ajuste. Análise de correlação linear simples foi usada entre os
escores totais do PedsQL 4.0 relatados pelo adolescente e os valores de IMC para a amostra
como um todo e estratificada por sexo.
4.8 Aspectos Éticos
Este projeto, registrado sob o nº 286/2006, foi submetido e aprovado pelo Comitê de
Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, tendo atendido aos preceitos
éticos de direitos humanos dos participantes da pesquisa.
Ao estabelecimento de ensino foi solicitada autorização prévia para a realização da
pesquisa (APÊNDICE C).
Um termo de consentimento livre e esclarecido, garantindo o anonimato dos
participantes, previamente avaliado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal
de Santa Catarina, foi entregue aos pais dos adolescentes (APÊNDICE D).
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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42
PARTE 2: ARTIGO CIENTÍFICO
j
43
5 ARTIGO CIENTÍFICO
Excesso de peso e qualidade de vida relacionada à saúde em adolescentes de Florianópolis-
SC*
Weight excess and health-related quality of life in adolescents of Floriapolis, Southern
Brazil
Nádia Kunkel
1
Walter Ferreira de Oliveira
1
Marco Aurélio Peres
1
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
Universidade Federal de Santa Catarina/ Floriapolis, SC, Brasil
*Artigo baseado na dissertação de mestrado de Nádia Kunkel apresentada ao Programa de
s-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2007.
Endereço para correspondência:
Nádia Kunkel
Universidade Federal de Santa Catarina
CCS, Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública
Campos Universitário Trindade, Florianópolis / SC / Brasil, CEP: 88040-970
E-mail: nadiakunkel@gmail.com
Telefone: 55 48 3234-2909 Fax: 55 48 3721-9542
Título abreviado:
Excesso de peso e qualidade de vida
44
Resumo
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de adolescentes e analisar
sua associação com o excesso de peso. Método: Estudo transversal analítico com uma
amostra de 467 adolescentes menores de 18 anos do ensino médio de uma escola pública de
Florianópolis, SC. Sobrepeso e obesidade foram definidos pelo índice de massa corporal
(IMC) por sexo e idade, com base nos padrões propostos pela International Obesity Task
Force (IOTF). A combinação de sobrepeso e obesidade foi denominada excesso de peso. A
QVRS foi verificada através do questionário genérico sobre qualidade de vida pediátrica
(PedsQL 4.0) na versão adolescente e pais. Além da estatística descritiva, foi desenvolvido
um modelo de regressão logística e estimadas as razões de chances brutas e ajustadas por
posveis variáveis de confusão. Resultados: A prevalência de sobrepeso e obesidade foi de
12,2% e 3,6% respectivamente. O grupo com excesso de peso obteve menores escores de
QVRS que o grupo sem excesso de peso, exceto para o domínio emocional nos adolescentes e
na saúde psicossocial para os pais. A chance de um adolescente com excesso de peso ter baixa
qualidade de vida foi 3,54 vezes (IC95% = 1,94-6,47) maior que um adolescente sem excesso
de peso após o ajuste. Adolescentes do sexo feminino apresentaram escores mais baixos de
QVRS. Conclusão: A QVRS foi significativamente mais baixa em adolescentes com excesso
de peso. O instrumento usado para avaliar a QVRS constitui-se em importante instrumento
para um melhor e mais completo entendimento deste importante problema de saúde pública.
Descritores: qualidade de vida; saúde do adolescente; sobrepeso; obesidade; epidemiologia.
45
Abstract
Objectives: To evaluate the adolescents health- related quality of life (HRQL) and to analyze
its association with weight excess. Method: Analytical cross-sectional study with a sample of
467 adolescents up to 18 years, enrolled in a public school in Florianopolis, Southern Brazil.
Overweight and obesity were defined according to the body mass index (BMI) by sex and
age, based on the standard proposed by the International Obesity Task Force (IOTF). The
combination of overweight and obesity was called weight excess. The HRQL was assessed
using a pediatric quality of life inventory, the generic core scale PedsQL 4,0. Descriptive
statistics and simple and adjusted logistic regression analyses were performed. Results: The
prevalence of overweight was 12.2% and obesity was 3.6%. The group consisting of
adolescents presented weight excess showed a lower HRQL when compared with those who
were not weight excess, except for the emotional domain in the adolescents, and in the
psychosocial health domain for the parents` reports. Adolescents presented weight excess
showed 3.54 (95% CI= 1,94-6,47) times of presenting a low quality of life than those who
were not weight excess. Female adolescents had lower HRQL scores in the group with weight
excess as well as in the group without weight excess. Conclusion: The HRQL was
significantly lower in weight excess adolescents when comparing with adolescents without
weight excess. The instrument used to assess the QVRS is an important tool for a better and
more complete understanding of this important public health problem.
Keywords: Quality of life; adolescents; overweight; obesity; epidemilogy.
46
INTRODUÇÃO
A obesidade é um problema de saúde pública em muitas partes do mundo, atingindo
crianças, adolescentes, adultos e idosos
22
. No Brasil, a prevalência de excesso de peso
(sobrepeso e obesidade combinados) em adolescentes aumentou de 2,6% para 11,8% nos
meninos e de 5,8% para 15,3% nas meninas no período entre 1975 e 1997
20
.
Usando o mesmo
critério de classificação, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2002-3, mostrou uma prevalência de 23,6%
de sobrepeso e 3,3% de obesidade em adolescentes do sexo masculino e 17,1% de sobrepeso e
2,9% de obesidade entre as meninas na mesma faixa etária
nas regiões urbanas do Sul do
país
9
. Um estudo realizado em 2003 com adolescentes escolares de Florianópolis revelou uma
prevalência de sobrepeso de 12%
6
.
Estima-se que metade das crianças obesas torna-se adultos obesos
17
, com grandes
chances de sofrerem as conseqüências deste agravo, como diabetes mellitus, doenças
cardiovasculares, doença aterosclerótica, hipertensão arterial, transtornos ortopédicos e
articulares, doenças de pele, maior risco cirúrgico, dentre outras complicações
3
.
O grande aumento na prevalência de excesso de peso na infância e adolescência tem
gerado um maior interesse no estudo das conseqüências psicossociais destes agravos nesta
faixa etária, posto que as maiores conseqüências da obesidade na infância e adolescência
podem ser psicossociais
23
. Um dos momentos mais críticos para o aparecimento da obesidade
é o início da adolescência
11
,
etapa na qual o adolescente apresenta constante preocupação com
seu peso, visando um ideal de beleza imposto pelo corpo magro, sendo que a não aceitação de
seu corpo pode levá-lo a sentir-se marginalizado na sociedade
23
.
Estudos sobre qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) em indivíduos obesos
estão se tornando cada vez mais comuns. Embora a maioria dos estudos investigue adultos, os
poucos estudos com adolescentes mostram uma forte e consistente associação entre baixa
47
QVRS e obesidade
14,24,12
. No Brasil nota-se uma necessidade de mais estudos nesta área.
Pesquisa bibliográfica realizada em julho de 2006 nas bases de dados Medline, Lilacs e Scielo
utilizando-se como descritores de assunto "qualidade de vida”, e “obesidade” ou “sobrepeso”,
limitada a adolescentes, sem limite de tempo e ngua, não identificou nenhum estudo
brasileiro.
O objetivo do presente estudo foi avaliar a QVRS de adolescentes e sua associação
com o excesso de peso. Testou-se a hipótese de que a QVRS é mais baixa entre adolescentes
que apresentam excesso de peso quando comparados com seus colegas sem excesso de peso.
MÉTODO
Realizou-se um estudo transversal anatico com estudantes do ensino médio do
Instituto Estadual de Educação (IEE) de Florianópolis, o maior colégioblico estadual de
Santa Catarina. Da população total de aproximadamente 2400 alunos matriculados no ensino
médio neste estabelecimento, 470 foram sorteados para o estudo. A amostra foi calculada
considerando uma relação de expostos/não expostos de 1:4 (excesso de peso / não excesso de
peso) e QVRS negativa nos não expostos de 15% e 30% entre os expostos. Ao resultado foi
acrescido 20% para compensar eventuais perdas e recusas. A amostra apresenta um poder de
80% com um nível de confiança de 95%. A seleção da amostra foi proporcional ao número de
alunos matriculados em cada ano. Adotou-se amostragem sistemática em cada turma.
Foram considerados como critérios de inclusão estudantes com idade de até 18 anos
matriculados na escola. Foram excluídos as gestantes e os adolescentes com incapacidade
sica que impossibilitasse ou comprometesse a tomada das medidas antropométricas.
48
O desfecho foi a QVRS, medida através do questionário genérico sobre qualidade de
vida pediátrica (PedsQL 4.0), validado para o uso no Brasil
1
e cuja autorização de uso foi
concedida pelo Mapi Research Institute da França. Este é um instrumento modular, desenhado
para medir ou avaliar a QVRS de crianças e adolescentes com idades entre 2 e 18 anos
18
. Foi
idealizado para medida de pontuação das dimensões de saúde física, mental e saúde social,
assim como delineada pela Organização Mundial da Saúde, levando-se em consideração
também o papel da função escolar
19
. Utilizou-se a versão especifica para adolescentes (entre
13 e 18 anos), sendo auto-aplicável. O PedsQL 4.0 compreende 23 itens divididos em quatro
domínios: domínio físico (8 itens), domínio emocional (5 itens), domínio social (5 itens) e
domínio escolar (5 itens). É compreendido por dois formatos paralelos de questionários, um
para o adolescente e outro para os pais, sendo este último desenhado para avaliar a percepção
dos pais quanto à QVRS de seus filhos.
A qualidade de vida foi computada através da alise psicométrica, utilizando-se a
Escala de Likert (escala ordinal que permite a escolha entre cinco categorias de graduação
para avaliar seu nível de satisfação). A escala de respostas consta de cinco categorias: (0=
nunca foi problema; 1= quase nunca; 2 =algumas vezes; 3 = às vezes; 4 = sempre ). Os itens
foram calculados, revertidos e transformados linearmente para uma escala de 0 a 100 (0 =
100; 1= 75; 2=50; 3=25; e 4=0). Posteriormente realizou-se a soma dos itens e dividiu-se pelo
número de perguntas respondidas. Quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida
19
.
Além da escala total descrita acima, também foram computadas as escalas parciais de
saúde física (subescala de saúde física) e de saúde psicossocial (média das subescalas de
função emocional, social e escolar)
18
.
1
Klatchoian DA – Confiabilidade da versão brasileira do questionário genérico de qualidade de vida
pediatric quality of life inventory versão 4.0 (pedsql 4.0) (Tese de Doutorado). São Paulo: Universidade Federal
de São Paulo - UNIFESP; 2007.
49
A principal exposição, excesso de peso (sobrepeso combinado com obesidade), foi
medida através do índice de massa corporal (IMC= peso(kg) / altura (m
2
)) por sexo e idade. O
critério de classificação usado para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade foi o proposto por
Cole et al
4
, que é baseada no ponto de corte 25kg/m
2
do IMC para adultos. O peso foi
verificado através de balança digital da marca Tanita, aferida regularmente, com capacidade
para 150 kg e graduação de 0,2kg. Os avaliados permaneciam em posição ortostática, com
roupas leves e preferencialmente descalços. Foi subtraído do peso um valor de 500g para
calçado masculino e 250g para o calçado feminino em caso de recusa em retirar o calçado. A
altura foi auto-referida pelo adolescente
7,8
.
Variáveis independentes, de controle, foram coletadas através de questionários
complementares auto-aplicáveis e incluiu: sexo masculino e feminino; altura; idade em
anos completos; cor da pele auto referida - amarela, branca, indígena, preta ou parda; situação
de convivência (com quem mora) – sozinho, com os pais, com o pai apenas, com a mãe
apenas, com outros. As variáveis pesquisadas junto aos pais foram: escolaridade do chefe da
família (pessoa que paga todas ou a maioria das despesas da família) – em número de anos de
estudo, que depois foram categorizadas em até quatro anos, cinco a oito e nove anos e mais;
morbidade do filho(a) - câncer, diabetes, asma ou outra doença respiratória, osteoartrite,
transtorno alimentar, outras e não tem; condição sócio-ecomica - renda familiar, aferida
através dos rendimentos de todas pessoas que moram na casa do adolescente (em reais no mês
anterior à pesquisa). Somaram-se todas as rendas, dividiu-se pelo número de moradores do
domilio obtendo-se a renda per capita.
Os referidos questionários foram previamente padronizados e pré-testados com 25
alunos (e seus pais) do 2º ano do ensino médio do Colégio de Aplicação da UFSC,
Florianópolis. Realizadas as correções necessárias, conduziu-se o estudo piloto com 130
estudantes de duas escolas estaduais de Florianópolis (Colégio de Aplicação e Colégio
50
Estadual Simão Hess), a fim de testar a logística do trabalho. No piloto optou-se pela coleta
do peso medido (inicialmente seria auto referido) em função de grande parte dos adolescentes
não saberem quantificar esta medida.
Os adolescentes preencheram seus questionários em sala de aula, ocasião em que
foram entregues os questionários para os pais, solicitando-se a devolução no dia posterior. A
pesquisadora retornou a cada sala de aula em média quatro vezes para recolher o material.
Os questionários, depois de codificados e revisados, foram digitados utilizando-se o
programa Epi Data. A análise dos dados foi realizada com o programa SPSS for Windows
versão 10.0.
Os adolescentes que preencheram menos de 50% do questionário sobre QVRS foram
excluídos no momento da análise.
A QVRS baixa foi dicotomizada, sendo o ponto de corte adotado um desvio padrão
abaixo do escore médio da população sem excesso de peso
14
. Foi realizada a estatística
descritiva de todas as variáveis em estudo. Posteriormente foram testadas associações entre o
desfecho e as variáveis exploratórias através do teste do qui-quadrado e ANOVA. As
variáveis que obtiveram um valor de p (qui-quadrado) igual ou menor que 0,20 entraram na
modelagem ltipla. Esta consistiu na alise de regreso logística o condicional,
realizada para a amostra como um todo e estratificada por sexo. As variáveis foram inseridas
no modelo segundo a significância estatística apresentada quando do teste do qui-quadrado
em ordem crescente. A medida de efeito usada para verificar a chance de adolescentes com
excesso de peso ter diferente QVRS do que adolescentes sem excesso de peso foi a Razão de
Chances (Odds ratio - OR). Foram estimadas as razões de chances brutas e ajustadas sendo
consideradas associadas significativamente as variáveis com um p valor < 0,05 após o ajuste.
Análise de correlação linear simples foi usada entre os escores totais do PedsQL 4.0 relatados
pelo adolescente e os valores de IMC para a amostra como um todo e estratificada por sexo.
51
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal de Santa Catarina, atendendo aos preceitos éticos de direitos humanos dos
participantes da pesquisa, em acordo com a resolução CNS 196/96.
RESULTADOS
Participaram do estudo 467 adolescentes (99,4% da amostra). Todos os pais destes
adolescentes receberam o questionário, sendo que 251 retornaram-no (taxa de não resposta de
46,3%). Dois adolescentes foram excluídos antes de entrarem no estudo por incapacidade
física que limitou a tomada das medidas antropométricas e um adolescente foi excluído das
análises poro ter preenchido o mínimo de 50% do PedsQL.
As características demográficas e nutricionais dos adolescentes são apresentadas na
Tabela 1. A média (Desvio Padrão) de idade dos participantes foi de 15,90 (0,89) anos, sendo
que as meninas constituíram 62,96% da amostra estudada. A prevalência de sobrepeso e
obesidade foi respectivamente, de 12,2% e 3,6%. Os meninos apresentaram uma prevalência
maior de sobrepeso do que as meninas (17,9% e 8,8% respectivamente), enquanto que a
obesidade foi maior nas meninas (4,4% versus 2,3%), diferenças que não foram
estatisticamente significantes. Meninos e meninas não diferiram significativamente nas
variáveis idade, cor da pele e situação de convivência (com quem moram).
A variável escolaridade, relativa aos pais, mostrou que 2,8% dos chefes de família não
tinham instrução, 9,96% tinham até quatro anos de estudo, 28,29% até oito anos e 56,59%
nove anos ou mais. A média da renda per capita foi R$ 424,15.
A Tabela 2 mostra que adolescentes com excesso de peso relataram significativamente
menores escores de QVRS que os adolescentes sem excesso de peso, à exceção do domínio
emocional. Na perceão dos pais, o escore total e o físico também foram significativamente
mais baixos nos adolescentes com excesso de peso e no que se refere à saúde psicossocial
52
houve diferença, porém não significativa. Entre os escores totais dos adolescentes com
sobrepeso e sem excesso de peso, não houve diferença significativa.
As médias dos escores totais do PedsQL para ambos os relatos, do adolescente e dos
pais, na amostra total, sem e com excesso de peso, foram comparadas segundo sexo, idade,
cor da pele e situação de convivência (Tabela 3). Adolescentes do sexo feminino
apresentaram QVRS significativamente mais baixa que os meninos. Para os pais, a cor da pele
parda e preta dos filhos foi associada à baixa qualidade de vida.
Após a dicotomização da QVRS (ponto de corte: 65,43) em baixa e adequada,
verificou-se 13% de QVRS baixa na amostra sem excesso de peso e 29,3% na amostra com
excesso de peso. A Tabela 4 mostra os valores das razões de chance (OR) estratificados por
sexo e ajustados pela idade, cor da pele e situação de convivência. Adolescentes com excesso
de peso apresentaram significativamente mais chance de terem baixa qualidade de vida do que
adolescentes sem excesso de peso nas percepções deles próprios e também na percepção dos
pais, com exceção do domínio emocional no relato do adolescente e do donio escolar no
relato dos pais. Quando a análise foi estratificada por sexo, a significância permaneceu apenas
no escore total do relato dos meninos e no domínio sico segundo relato de seus pais. Já a
chance das meninas com excesso de peso apresentar baixa qualidade de vida em relação às
meninas sem excesso de peso, continuou significante em todos os donios segundo o relato
delas, com exceção do domínio emocional, e segundo os pais foi significante no escore total,
físico e social.
Os valores de IMC apresentaram correlação negativa com os escores totais do PedsQL
relatados pelos adolescentes (Figura 1). A maior correlação foi encontrada nas adolescentes (r
= - 0,256 nas meninas e r = - 0,067 nos meninos). Apenas o coeficiente de correlão entre
IMC e QVRS para a amostra total e para as meninas foi estatisticamente significativo
(p<0,01).
53
DISCUSSÃO
Os achados apontam uma associação significativa entre excesso de peso e baixa
QVRS em adolescentes escolares menores de 18 anos de Florianópolis, SC. Os escores de
QVRS, medidos através do PedsQL, foram decrescentes para adolescentes sem excesso de
peso, sobrepesos e obesos, respectivamente, sugerindo uma associão positiva entre a
gravidade do excesso de peso e a baixa qualidade de vida. Adolescentes com excesso de peso
apresentaram mais baixa QVRS não apenas no escore total, mas também nos domínios físico,
psicossocial, social e escolar em comparação aos seus pares sem excesso de peso, sugerindo
que o impacto desta condição é global, ocorre no dia a dia do adolescente. Os achados, com
exceção do domínio emocional concordam com recentes estudos estadunidenses
que usaram o
mesmo instrumento e demonstraram que crianças e adolescentes obesos em tratamento
apresentam QVRS mais baixa em todos os domínios (físico, emocional, social, e escolar)
comparados com seus pares de peso normal
14, 24
, e similares escores quando comparados com
crianças e adolescentes diagnosticados com câncer
14
. A diferença não significativa no
donio emocional pode estar relacionada ao fato da adolescência por si só ser um período de
intensas mudanças, conflitos e insegurança, o que coloca o adolescente como vulnerável
frente às contradições sociais e culturais que cercam as questões emocionais relativas à auto-
imagem.
Os pais relataram uma QVRS um pouco melhor que o auto-relato do adolescente em
ambos os grupos, com e sem excesso de peso. O escore total e o domínio físico obtido do
relato dos pais, também apresentaram valores significativamente menores para o grupo com
excesso de peso. Esses dados não concordam com os encontrados em estudos com amostras
clínicas de adolescentes obesos, onde a percepção dos pais sobre a QVRS de seus filhos foi
pior que o auto-relato dos filhos
14,24
. Estes estudos realizados nos Estados Unidos,
encontraram escores de todos domínios significativamente mais baixos no grupo de obesos,
54
segundo relato dos pais
14,24
. O resultado que encontramos é consistente com o encontrado em
estudo com crianças escolares, onde os pais relataram melhores escores de QVRS
21
. As
diferenças encontradas em amostras cnicas e escolares sugerem um maior nível de
preocupação, atenção e interesse nas rotinas diárias e no comportamento dos filhos por parte
dos pais depois do início do tratamento clínico.
A média no escore total da amostra com obesidade no nosso estudo foi muito similar
aos encontrados por Zeller e Modi
24
e Schwimmer et al
14
, ambos estudos realizados nos
Estados Unidos com amostras clínicas. Resultados que vão contra os achados de Williams et
al
21
, que em estudo de base populacional com crianças da escola primária em Victoria,
Austrália, demonstraram menores diferenças entre as crianças com sobrepeso e obesidade e as
com peso normal do que as encontradas em estudos com amostras clínicas. Não há estudos
com amostras cnicas locais que permitam uma comparação adequada. Porém, o
predominante número de adolescentes do sexo feminino na nossa amostra, com índices de QV
consideravelmente mais baixos que a amostra masculina provavelmente responde por parte
dos menores escores de QVRS encontrados neste estudo.
Quando as médias do escore total de QVRS auto relatada pelo adolescente e também
pelos pais foram estratificadas por sexo, foi observada uma diferença significativa. A
qualidade de vida nas meninas, quando comparada com os meninos, é mais baixa tanto na
amostra com excesso peso como na amostra sem excesso peso. Resultados esperados quando
se considera os vários estudos que mostram uma preocupação maior com a imagem corporal
em meninas
5,13
. Branco et al
2
, em estudo sobre percepção e satisfação corporal em
adolescentes e a relação com seu estado nutricional realizado em São Paulo, mostraram que a
insatisfação com a imagem corporal foi mais prevalente entre os adolescentes em sobrepeso e
obesidade, com destaque para as meninas, porém, encontraram também insatisfação entre os
adolescentes em eutrofia, também com destaque para o sexo feminino.
55
O relato dos pais também apresentou diferença significativa nas médias do escore total
segundo cor da pele. Os pais entendem que os filhos de cor não branca apresentam QVRS
mais baixa que os de cor branca. Resultado que pode sugerir, entre outros, uma maior
sensibilidade à discriminação por parte dos pais, que projetam isso em seus filhos, infencia,
porém, que não pode ser devidamente analisada no âmbito deste trabalho.
A medida da QVRS é um método usado para avaliar a função física e psicossocial
global
18,16
. Tais instrumentos genéricos não são projetados para explorar todos os domínios
que especificamente podem ser relacionados à obesidade, mas podem dar um quadro global
de como o obeso percebe sua saúde e seu bem-estar. Medidas de QVRS avaliam aspectos
importantes de saúde que não são detectados através de dimensões fisiológicas e clínicas
tradicionais.
Este estudo tem algumas limitações que precisam ser consideradas na análise dos
resultados. Erros de auto-referência da altura podem ter ocorrido, provavelmente
superestimando a altura e conseqüentemente subestimando o sobrepeso e obesidade. Por outro
lado, estudos têm indicado que medidas auto referidas de peso e estatura em adolescentes
representam medidas válidas
7,8
. A situação de morbidade do adolescente e seu estado sócio
econômico não foram controlados devido à baixa taxa de respostas dos pais, os responsáveis
por estas informações. O ambiente da sala de aula não foi o mais procio para a aplicação do
instrumento, tanto pelo índice de ruído, dificultando a concentração, como pela possível
inibição proporcionada pela presença dos colegas.
A comparação da distribuição do grau de escolaridade da população de Florianópolis,
em 1996
1
,
e do chefe de família da residência dos adolescentes mostrou grande semelhança.
Os dados do IBGE mostraram que, em 1996, 39,6% dos adultos entre 20 e 59 anos de idade
tinham até oito anos de estudo, comparados com 38,25% do presente estudo. A renda per
capita média de RS 424,15, ficou abaixo da média da populão de Florianópolis, que em
56
2000 era de R$ 701,40
10
. Este resultado sugere que a população estudada tem nível sócio-
econômico mais baixo que a média da população de Florianópolis, o que impede a
extrapolação dos resultados para a cidade como um todo.
Apesar destas limitações, o estudo traz importantes achados e confirma o que já vem
sendo demonstrado em estudos realizados no exterior: o excesso de peso interfere de forma
significativa na qualidade de vida em adolescentes, particularmente nas meninas. O
instrumento utilizado se mostrou de fácil utilização e de resultados consistentes. Os resultados
apontam para a importância da medida da QVRS na avalião antes, durante e após o
tratamento da obesidade. Esta medida pode servir como um importante critério para avaliação
do efeito do tratamento da obesidade, assim como pode ajudar a entender as conseqüências da
obesidade para os adolescentes e subsidiar as poticas públicas destinadas a esta população. A
aplicação do instrumento aos pais é um ótimo parâmetro para medir e estimular o
envolvimento familiar.
Para Sieberer et al
15
, as intervenções dirigidas às crianças obesas e suas famílias
deveriam ser feitas com base em uma melhor compreeno dos aspectos de sua vida que são
mais prejudicados pela obesidade. A medida da QVRS pode ajudar profissionais da saúde a
ter essa melhor compreensão. Os autores concluem em seu estudo que a avaliação da QV em
crianças obesas é parâmetro importante para avaliação do sucesso do tratamento.
Sugere-se pesquisar a QVRS em amostras clínicas e de base populacional de
adolescentes, além de estender as pesquisa a outras faixas etárias e avaliar a presença de
depressão na população estudada.
AGRADECIMENTOS
À direção e aos professores do plantão do IEE pelo apoio à pesquisa e aos alunos e
pais pela participação.
57
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa
de estudo.
Aos professores Drª Eleonora d’ Orsi e Dr Francisco de Assis Vasconcelos pelas
sugestões.
58
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61
Figuras
Tabela 1. Distribuição das variáveis demográficas e nutricionais segundo sexo entre
adolescentes do ensino médio de uma escola pública de Florianópolis-SC, 2007.
Nº (%) de participantes
Variáveis/categorias Total
(N = 467)
Meninos
(N= 173)
Meninas
(N=294)
p
Idade (anos)
0,532
*
15 187 (40,0) 69 (39,9) 118 (40,0)
16 164 (35,1) 56 (32,4) 108 (36,7)
17 93 (19,9) 39 (22,5) 54 (18,4)
18 23 (4,9) 9 (5,2) 14 (4,8)
Estado nutricional
0,291
*
Sem excesso de peso 393 (84,2) 138 (79,8) 255 (86,7)
Sobrepeso 57 (12,2) 31 (17,9) 26 (8,8)
Obeso 17 (3,6) 4 (2,3) 13 (4,4)
Cor da pele/ etnia
0,095
Branco/ amarelo 333 (71,5) 132 (76,3) 201 (68,6)
Indígena/ preto/ pardo 133 (28,5) 41 (23,7) 92 (31,4)
Com quem mora
0,974
Pais 321 (68,7) 121 (69,9) 200 (68,0)
Mãe apenas 114 (24,4) 41 (23,7) 73 (24,8)
Pai apenas 12 (2,6) 4 (2,3) 8 (2,7)
Outros que não pai e mãe 20 (4,3) 7 (4,0) 13 (4,4)
* p de tendência linear
62
Tabela 2. Distribuição de média (DP) dos escores totais e subescalas do PedsQL versão
adolescente e pais segundo estado nutricional de adolescentes do ensino médio de uma escola
pública de Florianópolis-SC, 2007.
Média (DP)
Amostra
total
Sem
excesso de
peso
Sobrepeso Obeso
Excesso de peso
P
*
Adolescente (N=467)
Escore Total 75,65 (11,9) 76,44 (11,0) 74,02 (14,3) 62,90 (14,9) <0,001
Saúde Física 80,61 (15,1) 81,76 (13,7) 78,30 (17,6) 61,79 (22,5) <0,001
Saúde Psicossocial 73,07 (12,1) 73,68 (11,5) 71,75 (14,4) 63,56 (12,9) 0,002
Emocional 61,06 (17,9) 61,30 (17,8) 61,56 (18,4) 53,82 (18,3) 0,237
Social 86,87 (13,5) 87,77 (12,6) 83,28 (17,3) 77,87 (13,8) 0,001
Escolar 71,17 (15,7) 71,86 (15,3) 70,00 (17,7) 59,12 (13,6) 0,004
Pais (N=251)
Escore Total 80,04 (13,3) 80,85 (12,4) 76,20 (16,9) 69,25 (18,0) 0,021
Saúde Física 82,56 (17,3) 83,83 (16,2) 76,06 (21,9) 67,41 (19,7) 0,006
63
Continuação
Saúde Psicossocial 78,71 (18,8) 79,25 (12,8) 76,52 (15,4) 70,24 (17,4) 0,141
Emocional 69,71 (18,8) 70,36 (18,5) 65,58 (21,2) 65,00 (21,4) 0,380
Social 89,60 (13,8) 90,23 (13,5) 87,02 (13,8) 80,00 (20,2) 0,093
Escolar 76,73 (16,7) 77,06 (16,1) 76,92 (21,3) 65,71 (17,9) 0,211
*ANOVA
64
Tabela 3. Distribuição de média (DP) dos escores totais do PedsQL versão adolescente e pais
segundo variáveis socioecomicas e demográficas de acordo com o estado nutricional de
adolescentes do ensino médio de uma escola pública de Florianópolis-SC, 2007.
Média (DP)
Variáveis/categorias Total Sem excesso de
peso
Com excesso de
peso
Escore total adolescente (N= 467)
Sexo
Masculino 79,47 (10,62)** 80,29 (9,57)** 76,22 (3,71)**
Feminino 73,40 (12,01) 74,35 (11,19) 67,20 (5,13)
Idade (anos)
15 76,16 (11,35)
ns
76,78 (10,80)
ns
72,34 (3,94)
ns
16 74,73 (12,26) 76,23 (10,74) 65,49 (6,63)
17 76,11 (11,88) 75,96 (11,78) 76,68 (2,58)
18 76,24 (13,42) 77,01 (12,55) 74,04 (6,74)
Cor da pele
Branca/Amarela 75,86 (11,65)
ns
76,29 (11,32)
ns
73,50 (3,17)
ns
Indígena/Preta/Parda 75,17 (12,47) 76,89 (10,23) 66,96 (18,14)
Com quem mora
Pais 76,09 (11,47)
ns
76,64 (10,78)
ns
72,71 (14,75)
ns
Mãe apenas 75,06 (12,17) 76,28 (11,01) 69,67 (15,55)
Pai apenas 73,80 (11,79) 77,64 (8,49) 68,42 (14,57)
Outros 73,07 (16,20) 73,53 (15,44) 70,47 (23,96)
65
Continuação
Escore total pais (N= 251)
Sexo
Masculino 85,51 (10,78)** 86,38 (9,57)** 81,50 (15,03)**
Feminino 77,77 (13,56) 78,73 (12,77) 70,32 (17,24)
Idade (anos)
15 82,13 (12,90)
ns
83,00 (11,59)
ns
71,17 (18,40)
ns
16 78,80 (12,90) 79,67 (12,28) 71,50 (17,29)
17 78,48 (13,58) 79,81 (12,85) 70,91 (16,19)
18 75,89 (16,68) 74,35 (16,71) 91,30 ( - )
Cor da pele
Branca 81,47 (12,68)** 81,82 (12,39)
ns
79,20 (14,52)*
o branca 76,40 (14,18) 78,47 (12,34) 62,79 (18,47)
Com quem mora
Pais 80,77 (12,60)
ns
81,45 (12,17)
ns
74,71 (15,58)
ns
Mãe apenas 78,70 (15,040 79,98 (13,64) 73,40 (19,50)
Pai apenas 79,35 (3,87) 80,43 (3,92) 76,09 ( - )
Outros 79,18 (10,43) 77,60 (9,7) 93,48 ( - )
* p < 0,05
** p < 0,01
ns
não significativo
66
Tabela 4. Associação entre qualidade de vida relacionada à saúde e excesso de peso em
adolescentes do ensino médio de uma escola pública de Florianópolis-SC, 2007.
OR Ajustado
#
(IC 95%)
Amostra total Meninos Meninas
Adolescente
(N=467)
Escore Total
3,54 (1,94-6,47)**
2,94 (1,12-7,73)*
4,59 (2,16-9,74)**
Saúde Física 3,67 (1,98-6,87)** 1,87 (0,73-4,79)
ns
3,08 (1,42-6,68)**
Saúde Psicossocial 3,48 (1,91-6,37)** 1,52 (0,64-3,63)
ns
3,14 (1,49-6,59)**
Emocional 1,91 (0,98-3,73)
ns
1,33 (0,54-3,26)
ns
2,32 (0,98-5,52)
ns
Social 2,77 (1,55-4,94)** 1,59 (0,65-3,91)
ns
3,33 (1,45-7,62)**
Escolar 1,86 (1,03-3,36)* 1,45 (0,61-3,47)
ns
2,32 (1,08-4,98)*
Pais (N=251)
Escore Total
5,18 (2,10-12,78)**
4,83 (0,88-26,5)
ns
2,59 (1,23-5,44)*
Saúde Física 6,03 (2,54-14,3)** 5,73 (1,2-27,43)* 2,78 (1,31-5,93)**
Saúde Psicossocial 3,08 (1,15-8,24)* 2,23 (0,42-11,8)
ns
2,04 (0,99-4,23)
ns
Emocional 3,10 (1,27-7,60)* 1,41 (0,29-6,89)
ns
2,01 (0,99-4,11)
ns
Social 3,17 (1,32-7,62)* 1,84 (0,36-9,40)
ns
2,28 (1,09-4,77)*
Escolar 1,49 (0,59-3,75)
ns
0,67 (0,10-4,38)
ns
1,89 (0,92-3,88)
ns
Na análise da amostra total ajustado por cor da pele, sexo e situação de convincia (com
quem mora).
# Na análise por sexo ajustado pela cor da pele e situação de convivência (com quem mora).
* p < 0,05 ** p < 0,01
ns
não significativo
67
68
PARTE 3: APÊNDICES E ANEXOS
j
69
APÊNDICE A – Questionário para o adolescente
70
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
QUESTIONÁRIO PARA O ADOLESCENTE
Prezado aluno(a):
Gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas relacionadas a sua qualidade de vida. Este
questionário não possui respostas certas ou erradas. As informações prestadas são de
caráter sigiloso e seu nome não será associado com qualquer uma das respostas.Sua
contribuição será muito importante. Muito Obrigado!
mero: __ __ __
Nome:_______________________________________________
Turma: _______________Turno: ( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno
Telefone para contato: ____________________________
“Em cada pergunta abaixo, escolha uma alternativa que serve para a sua resposta,
assinalando-a com um X que deve ser colocado no respectivo parêntese. Responda
à lápis e não deixe nenhuma questão em branco”.
A ser preenchido
pelo pesquisador
1. Qual o seu sexo?
( 1 ) masculino (2 ) feminino
sexo____
( ) ign
2. Qual a sua idade?
( ) 15 anos ou menos ( ) 16 anos ( ) 17 anos ( ) 18 anos
id ____
( ) ign
3. Qual a sua altura?
___, ___ ___ metros (ex: 1,65 m)
Altura __, __ __
( ) ign
4. Qual a cor da sua pele? Sua etnia?
( 1 ) amarelo
( 2 ) branco
( 3 ) indígena
( 4 ) negro
( 5 ) pardo
etnia___
( ) ign
5. Com quem você mora?
( 1 ) sozinho
( 2 ) com o pai
( 3 ) com a mãe
( 4 ) com o pai e a mãe
( 5 ) com outros que não o pai e a mãe
mora ___
( ) ign
j
71
APÊNDICE B – Questionário para os pais
j
72
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS
Prezado Sr.(a):
Gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas relacionadas à qualidade de vida de seu
filho(a). Este questionário não possui respostas certas ou erradas. As informações
prestadas são de caráter sigiloso e seu nome e de seu/sua filho(a) não serão associados com
qualquer uma das respostas. Muito Obrigado!
Número ___ ___ ___
Nome do(a) filho(a) que lhe trouxe o questionário:
____________________________________________________________
Telefone de contato : _________________________________________
Em cada pergunta abaixo, escolha uma alternativa que serve para a sua
resposta. Por favor, preencha à lápis e não deixe nenhuma questão em
branco
A ser
preenchido
pelo
pesquisador
1. A pessoa responsável pela casa estudou na escola? ( pessoa responsável é
aquela que paga todas ou a maioria das despesas da família). Marque um “x
na alternativa que serve para a sua resposta.
( ) 1. sim ( ) 2. não ( ) 9. não sei
(1) SIM
(2) NÃO
(9) IGN
2. Até que ano a pessoa responsável pela casa completou na escola?
________________________ ( ) não estudou
anesc | ___ |
(88) NSA
(99) IGN
3. Seu filho (a) tem algum problema de saúde?
( ) 1.sim ( ) 2.não ( ) 9.não sei
(1) SIM
(2) NÃO
(9) IGN
j
73
4. Qual problema de saúde seu filho(a) possui? (“se ele tiver mais que um, marque
apenas um “x”no problema mais grave”)
( 1 ) câncer
( 2 ) diabetes
( 3 ) asma ou outra doença respiratória
( 4 ) osteoartrite
( 5 ) transtorno alimentar
( 6 ) outro Qual? ______________________
( 8 ) não tem
( 9 ) não sei
Doença | ___ |
(8) NSA
(9) IGN
5. Quantas pessoas no total moram na sua casa?
__________ pessoas
npess |___ |
(99) IGN
6. Quanto você mais as outras pessoas da casa receberam em reais no mês
passado? (coloque a soma da renda de todos que moram na casa, considere
salário, pensões, mesadas, aluguéis, etc”).
R$ ____________
renda |_____ |
(99999,99) IGN
j
74
APÊNDICE C – Termo de consentimento para o diretor da unidade escolar
j
75
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
Campus Universitário - Trindade - CEP 88040-970 -
FLORIANÓPOLIS
Fone: (048) 3331-9847 - FAX.: (048) 3331-9542 - pgsp@ccs.ufsc.br
ASSOCIAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PESO E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE
EM ADOLESCENTES DE FLORIANÓPOLIS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DIRETOR(a) DA UNIDADE ESCOLAR
A Universidade Federal de Santa Catarina, através do Programa de Pós Graduação em Saúde
Pública do Centro de Ciências da Saúde, está realizando um estudo sobre a influência da
obesidade e sobrepeso na qualidade de vida de adolescentes de Florianópolis. A pesquisadora
irá se dirigir à escola e entregar ao aluno o termo de consentimento livre e esclarecido que
será entregue aos pais, juntamente com um questiorio simples sobre qualidade de vida de
seu filho (a). De posse do termo de consentimento assinado, o aluno responderá em sala de
aula ao questionário sobre qualidade de vida. Neste sentido, pedimos sua colaboração em
permitir que os alunos da escola dirigida por vossa senhoria participem da referida pesquisa.
Ressaltamos que tanto o nome da escola como do aluno não serão incldos no resultado final,
garantindo o anonimato. Além disso, sua participação é completamente voluntária, e caso não
queira participar ou queira retirar sua participação em qualquer tempo, isto é possível e não
lhe trará qualquer conseqüência.
Pesquisador responsável: Marco Peres
Pesquisadora principal: Nádia Kunkel
Endereço: Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde,
UFSC.
Telefone: (48) 3334-3688 E-mail: pgsp@ccs.ufsc.br
---------------------------------- ------------------------------------
Profº DrºMarco Peres Nutªdia Kunkel
Pesquisador responsável Pesquisadora principal
______________________________________________________________________
Ciente do exposto acima e estando suficientemente esclarecido (a), concordo que esta
unidade escolar, na qual sou diretor(a), participe deste estudo.
Florianópolis, ___/___/2006.
___________________________________
Assinatura do Diretor(a) da unidade escolar
j
76
APÊNDICE D – Termo de consentimento dos pais
j
77
Número ___ ___ ___
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
Campus Universitário - Trindade - CEP 88040-970 - FLORIANÓPOLIS
Fone: (048) 3331-9847 - FAX.: (048) 3331-9542 - pgsp@ccs.ufsc.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
SENHORES PAIS/ RESPONSÁVEIS:
Meu nome é Nádia Kunkel, sou nutricionista realizando o mestrado em Saúde Pública
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Estou desenvolvendo a pesquisa
Associação entre excesso de peso e qualidade de vida relacionada à saúde em
adolescentes de Florianópolis”. O estudo tem o objetivo de avaliar a relação da
obesidade/sobrepeso com a qualidade de vida de adolescentes, e assim buscar alternativas
para tornar a avaliação da qualidade de vida parte da avaliação do sucesso do tratamento da
obesidade.
Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento o Sr(a) poderá desistir de
participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação
com o pesquisador ou com a instituição que desenvolve a pesquisa
Se o Sr(a) estiver de acordo em participar, garanto o anonimato das informações
fornecidas e asseguro que elas apenas serão utilizadas neste trabalho. Os dados não serão
divulgados de forma a possibilitar a identificação dos participantes. Se o Sr(a) tiver alguma
dúvida em relação ao estudo poderá entrar em contato com a pesquisadora principal pelo
telefone (48) 32342909.
--------------------------------- -------------------------------------
Profº Drº Marco Peres Nutº Nádia Kunkel
Pesquisador responsável Pesquisadora principal
Eu, --------------------------------------------------, fui esclarecido sobre a pesquisa
Associação entre excesso de peso e qualidade de vida relacionada à saúde em
adolescentes de Florianópolis”. e concordo que meus dados e de meu filho(a), sejam
utilizados na realização da mesma.
Florianópolis, _____de______de 2006.
Assinatura _____________________________________
j
78
ANEXO A – PedsQL 4.0 relato do adolescente
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)
)
Instruções
A próxima página contém uma lista de coisas que podem ser um
problema para você. Por favor, conte-nos quanto cada uma destas
coisas têm sido um problema para você no últimos,
assinalando:
0 se nunca é um problema
1 se quase nunca é um problema
2 se algumas vezes é um problema
3 se freqüentemente é um problema
4 se quase sempre é um problema
Não existem respostas certas ou erradas.
Caso você não entenda alguma pergunta, por favor, peça ajuda
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0
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80
No último mês, quanto você tem tido problemas com...
Sobre a Minha Saúde e Atividades
(problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1.Para mim é difícil andar mais de um
quarteirão
0 1 2 3 4
2. Para mim é difícil correr 0 1 2 3 4
3.Para mim é difícil praticar atividades
esportivas ou exercícios
0 1 2 3 4
4.Para mim é difícil levantar alguma coisa
pesada
0 1 2 3 4
5.Para mim é difícil tomar banho de
banheira ou chuveiro sozinho
0 1 2 3 4
6.Para mim é difícil fazer as tarefas do dia-
a-dia da casa
0 1 2 3 4
7. Eu tenho dor ou machucado 0 1 2 3 4
8. Eu tenho pouca energia 0 1 2 3 4
Sobre os Meus Sentimentos
(problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1.Eu sinto medo ou fico assustado 0 1 2 3 4
2.Eu fico triste ou deprimido 0 1 2 3 4
3.Eu fico com raiva 0 1 2 3 4
4.Eu tenho dificuldade para dormir 0 1 2 3 4
5.Eu me preocupo com o que vai acontecer
comigo
0 1 2 3 4
Como eu Convivo com Outras Pessoas
(problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1. Eu tenho problemas em conviver com
outros adolescentes
0 1 2 3 4
2. Outros adolescentes não querem ser
meus amigos
0 1 2 3 4
3. Outros adolescentes me provocam. 0 1 2 3 4
4. Não consigo fazer coisas que outros
adolescentes da minha idade fazem
0 1 2 3 4
5. Para mim é difícil acompanhar os
adolescentes da minha idade
0 1 2 3 4
Sobre a Escola (problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1. É difícil prestar atenção na aula
0 1 2 3 4
2. Eu esqueço as coisas
0 1 2 3 4
3. Eu tenho problemas em acompanhar os
trabalhos da classe
0 1 2 3 4
4. Eu falto na escola por não estar me
sentindo bem
0 1 2 3 4
5. Eu falto na escola para ir ao médico ou hospital
0 1 2 3 4
PedsQL 4.0 (13-18) Not to be reproduced without permission Copyright © 1998 JW Varni. All rights reserved 01/00
j
81
ANEXO B PedsQL 4.0 relato dos pais
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82
P
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1
1
8
8
a
a
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s
s
)
)
Instruções
A próxima página contém uma lista de coisas que podem ser um
problema para seu (sua) filho (a). Por favor, conte-nos quanto cada
uma destas coisas têm sido um problema seu (sua) filho (a)
durante o último mês, assinalando:
0 se nunca é um problema
1 se quase nunca é um problema
2 se algumas vezes é um problema
3 se freqüentemente é um problema
4 se quase sempre é um problema
Não existem respostas certas ou erradas.
Caso você não entenda alguma pergunta, por favor, peça ajuda.
PedsQL 4.0 – Parent (13-18) Not to be reproduced without permission Copyright © 1998 JW Varni. All rights
reserved 01/00
j
83
No último mês, quanto seu filho (a) tem tido problemas com...
Capacidade Física (problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1.Andar mais de um quarteirão 0 1 2 3 4
2.Correr 0 1 2 3 4
3.Participar de atividades esportivas ou
exercícios
0 1 2 3 4
4.Levantar alguma coisa pesada 0 1 2 3 4
5.Tomar banho de banheira ou chuveiro
sozinho
0 1 2 3 4
6.Fazer as tarefas do dia-a-dia da casa 0 1 2 3 4
7.Ter dor ou machucado 0 1 2 3 4
8. Pouca energia 0 1 2 3 4
Aspecto Emocional (problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1.Sentir medo ou ficar assustado 0 1 2 3 4
2. Ficar triste ou deprimido 0 1 2 3 4
3. Ficar com raiva 0 1 2 3 4
4.Dificuldade para dormir 0 1 2 3 4
5. Ficar preocupado 0 1 2 3 4
Aspecto Social (problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1.Conviver com outros adolescentes
0 1 2 3 4
2. Outros adolescentes não querem ser
amigos dele (a)
0 1 2 3 4
3. Outros adolescentes provocam seu
filho (a)
0 1 2 3 4
4. Não consegue fazer coisas que
outros adolescentes da mesma idade
fazem
0 1 2 3 4
5. Acompanhar outros adolescentes
0 1 2 3 4
Atividade Escolar (problemas com...)
Nunca Quase
Nunca
Algumas
Vezes
Freqüen
temente
Quase
Sempre
1
1
.
.
P
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a
a
s
s
0 1 2 3 4
3.Acompanhar os trabalhos da classe 0 1 2 3 4
4.Faltar na escola por não estar se
sentindo bem
0 1 2 3 4
5.Faltar na escola para ir ao médico ou
hospital
0 1 2 3 4
PedsQL 4.0 – Parent (13-18) Not to be reproduced without permission Copyright © 1998 JW Varni. All rights
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ANEXO C – Aprovação do projeto no comitê de ética
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COMITÉ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES
HUMANOS
Parecer Consubstanciado Projeto n° 286/2006
- Identificação
Data de entrada no CEP: 06/10/2006
Título do Projeto: Prevalência de Obesidade e Associação com a Qualidade de Vida em
Adolescentes
do Ensino Médio Estadual em Florianópolis.
Pesquisador Responsável: Marco Aurélio de Anselmo Peres
Pesquisador Principal: Nadia Kunkel
Propósito: Mestrado
Instituição onde se realizará: Departamento de Saúde Publica - CCS - UFSC
II- Objetivos: Geral: Avaliar a associação da obesidade com a qualidade de vida à saúde
de adolescentes do ensino médio da rede estadual do município de Florianópolis, SC
Específicos: Estimar a prevalência de obesidade e sobrepeso em adolescentes.
- Verificar se as variáveis demográficas e comorbidades estão
associadas à baixa qualidade de vida Igada a saúde em adolescentes.
- Analisar a diferença entre os níveis de saúde sica e psicossocial
entre adolescentes obesos eo obesos.
- Avaliar a percepção dos pais quanto à qualidade de vida ligada à
saúde dos adolescentes pesquisados.
III- Sumário do Projeto: Este estudo será do tipo transversal, analítico e terá como sujeitos da
pesquisa todos os estudantes do ensino médio da rede estadual até a idade máxima de 18 anos
do município de Florianópolis, SC. Os autores referem que segundo a Secretaria de educação
de SC, a população total de adolescentes estudantes do ensino médio da rede de ensino estadual é
de 9190. Estes estudantes se dividem entre 25 escolas. Obteve-se uma amostra de 526
adolescentes, permitindo uma estimativa de prevancia de sobrepeso de 20,0%, com margem de
erro de +ou- 5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95,0%. À amostra acrescentou-se
um deff (efeito de desenho) de 2 e uma margem de 10% para possíveis perdas. O processo de
amostragem se dará através dolculo da representatividade de cada escola no número global
de escolares do ensino médio e posterior sorteio aleatório entre os estudantes de cada escola.
Neste estudo será utilizado o Questionário Genérico sobre Qualidade de Vida Pediátrica
(PedsQL 4.0) para avaliar a qualidade de vida ligada à saúde. Ao questionário para o
adolescente serão acrescidas as seguintes variáveis independentes: sexo, idade, cor da pele
(branca/não branca), assim como peso e altura para o cálculo do IMC. Ao questionário para os
pais serão acrescentadas as variáveis: nível ecomico (segundo Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa - ABEP -, que leva em consideração a posse de bens de consumo, grau de
instrução do chefe da família e presença de empregada mensalista, sendo a categoria "A"
considerada como de melhor nível económico, dados sobre morbidades do filho (câncer, diabetes,
asma ou outra doença respiratória, osteoartrite, transtorno alimentar e outra) e situação conjugal.
Os dados serão duplamente digitados utilizando-se o programa Epi Data,com checagem
automática de consistência e amplitude. A análise dos dados será realizada com o programa SPSS.
A análise das associões será feita no total dos indiduos e estratificada por sexo, etnia e
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condiçãocio-econômica. por entender-se que os determinantes da qualidade de vida diferem
entre essas variáveis. A medida de efeito usada para medir a chance de adolescentes obesos
terem diferente qualidade de vida ligada à saúde do que adolescentes saudáveis de peso normal
será o odds ratio (OR). Os testes de significância estatística utilizados serão o Qui-quadrado e o teste
T para amostras independentes. Os escores obtidos pelo PedsQL de adolescentes obesos com e
sem comorbidades associadas serão também comparados, por entender-se que as comorbidades
podem ser fatores de confusão. A qualidade de vida será medida através da análise
psicotrica (ramo da psicologia que se caracteriza por observar o fenómeno psicológico através
do número) utilizando-se a Escala de Likert, (escala ordinal que permite a escolha entre 5 pontos
de graduação para avaliar o seu nível de satisfação).
IV- Comentários: Trata-se de um projeto bem escrito, bem delineado, com o pesquisador
principal cabalmente qualificado. A documentação exigida pela legislação está presente e o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) está adequado.
V- Parecer: Pelo exposto, somos de parecer que projeto e o TCEE sejam aprovados por este
Comité. Aprovado ( x)
VI- Data da Reunião:
Florianópolis, 30 de outubro de 2006.
Vera Eúcia
Bosco
Coordenado
ra
Fonte: CONEP/ANVS - Resoluções 196/ 96 e 251/ 97 do CNS.
j
87
ANEXO D – Acusação do recebimento do artigo pela RSP
j
___________________________________
___________________________________________________________________________
Faculdade de Saúde Pública da Universidade deo Paulo
Av. Dr. Arnaldo, 715 – 01246-904 – São Paulo –SP
Telefone/fax: (55) 11 3068-0539 – E-mail: revsp@usp.br
www.fsp.usp.br/rsp
RSP/ 21 de novembro de
2007
Ilma. Sra.
Profa.Dra.
Nádia Kunkel
nadiakunkel@gmail.com
Senhora colaboradora
Acusamos o recebimento do seu manuscrito submetido à publicação nesta Revista, o
qual atendeu a todos os itens exigidos para esta finalidade.
Excesso de peso e qualidade de vida relacionada à saúde em adolescentes de
Florianópolis-SC”
de Registro: .- 07/7094 Este número é a chave para obter informações e
acompanhar o processo de julgamento. Portanto, mencione-o em toda
correspondência vinculada ao manuscrito.
Seu manuscrito será encaminhado à nossa assessoria para a primeira fase de
avalião, destinada a verificar se o trabalho atende à política da Revista, sobretudo quanto
às questões ligadas ao conteúdo, além de forma.
Agradecemos sua colaborão.
Nota: Favor informar-nos se há interesse em receber por e-mail as próximas
correspondências referentes ao seu manuscrito.
Atenciosamente
Maria Teresinha Dias de Andrade
Profa. Dra. Maria Teresinha Dias de Andrade
Editora Executiva
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