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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
HEMERSON IURY FERREIRA MAGALHÃES
ATIVIDADE ANTITUMORAL (IN VITRO e IN VIVO) DAS FISALINAS ISOLADAS DE
PHYSALIS ANGULATA LIN.
FORTALEZA
2005
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ii
HEMERSON IURY FERREIRA MAGALHÃES
ATIVIDADE ANTITUMORAL (IN VITRO E IN VIVO) DAS FISALINAS ISOLADAS DE
PHYSALIS ANGULATA LIN.
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Farmacologia do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia da Universidade Federal do Ceará como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em Farmacologia.
Orientadora:
Prof
a
Dr
a
Cláudia do Ó Pessoa
FORTALEZA
2005
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iii
HEMERSON IURY FERREIRA MAGALHÃES
ATIVIDADE ANTITUMORAL (IN VITRO E IN VIVO) DAS FISALINAS ISOLADAS DE
PHYSALIS ANGULATA LIN.
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Farmacologia do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará como
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em
Farmacologia.
Aprovada em: 09/09/2005
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
Dr
a
Cláudia do Ó Pessoa (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará-UFC
Prof
a
Dr
a
. Geanne Matos de Andrade Cunha
Universidade Federal do Ceará-UFC
Prof
a
Dr
a
Letícia Veras Costa Lotufo
Universidade Federal do Ceará-UFC
iv
Deus
v
À minha mãe pelo exemplo de coragem.
Aos meus pais por estarem sempre ao meu lado.
À Dra.Cláudia do Ó Pessoa por toda ajuda e paciência.
vi
AS TRÊS ÁRVORES
Havia no alto de uma montanha três árvores que sonhavam o que seriam depois de
grandes. A primeira olhando as estrelas disse: Eu quero ser o baú mais precioso do mundo,
cheio de tesouros. A segunda, olhando o riacho suspirou: Eu quero ser um navio grande para
transportar reis e rainhas. A terceira, olhou o vale e disse: Quero ficar aqui no alto da
montanha e crescer tanto que quando me olhares ao levantarem os olhos e pensem em Deus.
Muitos anos se passaram e, certo dia, três lenhadores cortaram as árvores que
estavam ansiosas em ser transformadas naquilo que sonhavam. Mas os lenhadores não
costumavam ouvir ou entender de sonhos... Que pena...!!!
A primeira árvore acabou sendo transformada em um cocho de animais coberto de
feno. A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.
A terceira foi cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito.
Então, desiludidas e tristes, as três perguntaram: Por que isso? Entretanto, numa
bela noite, cheia de luz e estrelas, uma jovem mulher colocou seu bebê recém-nascido naquele
cocho de animais e, de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do
mundo. A segunda árvore estava transportando um homem que acabou por dormir no barco
em que se transformara. E quando a tempestade quase afundou o barco, o homem levantou-se
e disse: Paz!
E num relance, a segunda árvore entendeu que estava transportando o rei do céu e
da terra. Tempos mais tarde, numa sexta feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas
foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel.
Mas logo no domingo seguinte, o mundo vibrou de alegria. E a terceira árvore percebeu que
nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade, e que as pessoas sempre
se lembrariam de Deus e de seu filho ao olharem para ela.
As árvores haviam tido sonhos e desejos, mas, sua realização foi mil vezes maior
do que haviam imaginado.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter-me concedido saúde e paz estando ao meu lado, mesmo nas “noites
traiçoeiras” e em todos os momentos imprescindíveis nessa maravilhosa jornada que é a
vida;
Aos meus pais Maria da Paz e Raimundo Nonato Magalhães, os quais muito amo;
À grande amiga e orientadora Dra. Cláudia do Ó Pessoa por ter-me aceitado e acreditado
em meu trabalho desde o início sem nenhuma restrição, sempre indicando o melhor
caminho a seguir;
À amiga Dra. Letícia Veras Costa Lotufo pela paciência, pelo apoio científico, incentivo e
pela amizade;
À Dra. Otília Deusdênia Loiola Pessoa pelos auxílios e colaborações desde a época da
iniciação científica no Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, sempre disposta
a colaborar no desenvolvimento dos trabalhos executados;
Ao Departamento de Química Orgânica e Inorgânica na pessoa dos Doutores Edilberto
Rocha Silveira e Francisco de Queiroz Monte e demais pesquisadores, colaboradores
importantes para muitos projetos desenvolvidos no Departamento de Fisiologia e
Farmacologia da UFC;
À Maria Leopoldina Veras pela amizade (desde os tempos de UECE) e grandioso trabalho
através do isolamento das fisalinas testadas;
Ao Dr. Manoel Odorico de Moraes pela contribuição à pesquisa no Laboratório de
Oncologia Experimental;
À Profa. Ana Paula Negreiros, pelos esclarecimentos sobre patologia e análise
histopatológica;
À Dra. Telma Leda Gomes de Lemos pela orientação e por ter-me concedido uma chance
de ingressar na iniciação científica e pela amizade;
À professora Tereza Carvalho do Departamento de Farmácia pelo incentivo e exemplo de
dedicação;
viii
Ao amigo Dr. Hélio Vitoriano Nobre Júnior, pelo companheirismo e atenção, auxiliando-
me como um irmão;
À Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes, coordenadora do Programa de Pós-Graduação
em Farmacologia, pela colaboração, sempre disposta a ajudar a todos os pós-graduandos;
As amigas Alessandra de Paula Sousa (a coxinha) e Márcia Rocha que sempre esteve
disposta a auxiliar-me em vários experimentos;
Aos companheiros do LOE : pós-graduandos: André Viana, Bruno Coelho Cavalcanti,
Diego Wilke, Gardênia Carmen, Ivana Nogueira Dantas (pelo auxílio nas traduções),
Marne Vasconcelos (a estressada), Márcio Roberto, Patrícia Maçal, Patrícia Bonavides,
Raquel Montenegro, Raimundo Pajon, Rômulo Feio, e pela ajuda todos os dias e pela
amizade; alunos da graduação que participam das atividades do LOE: Ana Raquel,
Andrew Sá, Carla Sombra, Elthon Góes, Érika Bastos, Fernanda Castro, Hidelbrando
Filho, Juliana Régia, Marcelle Nogueira, Lícia Pachêco, Lidiane Arruda, Lorena Maria,
Michele Libério (a tipo), Nailana Cordeiro, Ryuga Tigre, Sabrina Ramos, pela amizade;
Aos pós-graduandos Daniel Pereira Bezerra (o grande doquinha), Paula Christine
Jimenez, Paulo Michel Ferreira (o homem limão), pelo auxílio nas traduções;
Aos amigos Pacífica Pinheiro, Adriano Cunha pela colaboração e por todo incentivo e a
todos que compõem a Unidade de Farmacologia Clínica (UNIFAC);
Aos técnicos Silvana França, cuja dedicação é essencial para o laboratório, Fátima
Teixeira e David Gonçalves pela ajuda constante;
À minha tia Hilnar Ferreira por todo o apoio desde meus primeiros passos na jornada do
conhecimento;
Aos meus avós Maria das Dores e Walter Cabral (in memorian) meus sobrinhos, Lucas
Vinícius e Ley Júnior e minhas irmãs Helaine Iara e Hérica Iris pelo incentivo;
À minha amiga e namorada Telma Alves por toda paciência e coragem;
Às funcionárias do Departamento de Fisiologia e Farmacologia Aura Rhanes, Sílvia
Azevedo, Rose Ferreira e Irismar Ferreira, que tentam resolver ou indicar o melhor
caminho para os problemas do dia a dia;
À FUNCAP pelo apoio concedido através da bolsa de pós-graduação;
Às instituições: Instituto Claude Bernard, BNB, CNPq e FINEP pelo financiamento da
pesquisa no laboratório de oncologia experimental.
ix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 01
1.1 Os Produtos Naturais e o Câncer.......................................................................
01
1.2 O Gênero Physalis............................................................................................. 05
1.2.1 Physalis angulata Lin. ...................................................................................
07
1.2.2 Descrição botânica de Physalis angulata Lin. ............................................... 09
1.2.3. Formação dos metabólitos secundários.......................................................... 10
1.2.4 Constituintes químicos isolados do gênero Physalis ..................................... 11
1.2.5 As fisalinas...................................................................................................... 13
1.2.6 Alguns constituintes químicos isolados do gênero Physalis .......................... 14
1.2.7 Padrões de morte celular (Apoptose e Necrose) ............................................ 16
1.2.8 O Ciclo Celular e o Câncer ............................................................................ 20
Os reguladores do ciclo celular ..................................................................... 20
A ciclina D .................................................................................................... 21
O gene p 53 ................................................................................................... 21
1.2.9 Proliferação celular x indicadores de proliferação ......................................... 21
1.2.10 Sarcoma 180 e Oncologia Experimental...................................................... 24
1.2.11 Justificativa do estudo .................................................................................. 25
2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 26
2.1 Objetivo geral..................................................................................................... 26
2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 26
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 28
3.1. Equipamentos ................................................................................................... 28
3.2 Soluções e Reagentes......................................................................................... 29
3.2.1 Modelos biológicos experimentais ................................................................. 31
3.3
Principais constituintes químicos isolados da espécie Physalis angulata Lin ............. 34
3.4 Métodos......………………………………………………………………........ 38
3.4.1 Avaliação da atividade antiproliferativa em células tumorais in vitro............ 38
3.4.2 Avaliação da atividade antimitótica em ovos do ouriço-do-mar.................... 40
3.4.3 Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos
M
us
musculus Swiss........................................................................................................
43
3.4.4 Viabilidade celular - Exclusão por Azul de Tripan......................................... 44
x
3.4.5 Coloração diferencial por brometo de etídio/laranja de acridina ................... 45
3.4.6 Avaliação da atividade antitumoral (in vivo).................................................. 46
3.4.6.1 Obtenção e manutenção dos animais ......................................................... 46
3.4.6.2 Avaliação do efeito das fisalinas B e D em camundongos transplantados
com Sarcoma 180. ...................................................................................................
47
3.4.7 O marcador Ki-67 ......................................................................................... 48
3.4.7.1 Descrição da imunohistoquimica pelo Ki-67 ............................................ 49
3.4.8 Analise morfológica e histopatológica 50
4 RESULTADOS ................................................................................................... 52
4.1 Avaliação da citotoxicidade em células tumorais.............................................. 52
4.2 Avaliação do potencial antimitótico em ovos de ouriço do mar Lytechinus
variegatus.................................................................................................................
57
4.3 Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos
M
us
musculus Swiss .......................................................................................................
59
4.4 Viabilidade celular pelo método de exclusão da coloração azul de tripan ....... 60
4.5 Avaliação do padrão de morte celular por apoptose ou necrose ....................... 63
4.6 Determinação da atividade antitumoral (in vivo)............................................... 68
4.7 Avaliação da atividade proliferativa pelo método imunohistoquímico com
Ki-67........................................................................................................................
71
4.8 Avaliação histopatológica de órgãos e tumor.................................................... 72
5 DISCUSSÃO ...................................................................................
77
6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 89
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 90
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição geográfica no Brasil de Physalis angulata Lin. 08
Figura 2 - Physalis angulata Lin. 09
Figura 3 - Estrutura básica das fisalinas 13
Figura 4 - Principais diferenças de apoptose e necrose.
(A); Características
da Necrose (B); Características da Apoptose (C).
18
Figura 5 - Expressão do Ki-67 e PCNA na progressão do ciclo celular 23
Figura 6 - Fotomicrografias das primeiras fases do desenvolvimento
embrionário do ouriço do mar – Lytechinus variegatus.
42
Figura 7 - Ação das fisalina B e D (30 µg/mL) isoladas do extrato etanólico
de Physalis angulata sobre o desenvolvimento de ovos do ouriço
do mar Lytechinus variegatus.
59
Figura 8 - Avaliação da viabilidade, pelo método de exclusão por azul de
tripan, em células viáveis HL-60.
61
Figura 9 - Avaliação da viabilidade, pelo método de exclusão por azul de
tripan, em células não viáveis HL-60.
62
Figura 10 - Efeito das fisalinas D (PA-1) e fisalina B (PA-2) sobre o padrão
apoptótico em cultura de células da linhagem de leucemia
promielocítica (HL-60).
64
Figura 11 - Efeito das fisalinas F (PA-3) e diidrofisalina B (PA-4) sobre o
padrão apoptótico em cultura de células da linhagem de
leucemia promielocítica (HL-60).
65
Figura 12 -
Efeito das fisalinas B (PA-2) 5,10 e 15 µg/mL (9,7, 19,6 e 29,4
µM); fisalina D (PA-1) 5,10 e 15 µg/mL (9,2, 18,4 e 27,5 µM),
doxorrubicina 0.3 µg/mL (5,5 µM) sobre o padrão apoptótico em
cultura de células da linhagem linfocítica HL-60.
66
Figura 13 -
Efeito das fisalinas F (PA-3) 5,10 e 15 µg/mL (9,5, 19 e 28,5
µM); 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) 5,10 e
15 µg/mL (8.7, 17,5 e 26,2 µM), doxorrubicina 0.3 µg/mL (5,5
µM) sobre o padrão apoptótico em cultura de células da
linhagem linfocítica HL-60.
67
Figura 14 - Determinação do volume tumoral nos animais inoculados com o
tumor Sarcoma 180, após 7 dias de tratamento com 5-
fluorouracil (25 mg/kg), fisalina B (10 e 25 mg/kg) e fisalina D
(10 e 25mg/kg).
70
Figura 15 - Detecção do anticorpo Ki-67 sobre as células tumorais de
Sarcoma 180 expostos ao 5-FU, fisalina B e fisalina D (25
mg/kg/dia) durante 7 dias de tratamento.
72
Figura 16 - Histopatologia dos fígados dos camundongos transplantados
com células tumorais de Sarcoma 180. (A) Grupo controle; (B)
Grupo tratado com 5-FU (25 mg/kg); (C) Grupo tratado com
fisalina B (25 mg/kg); (D) Grupo tratado com fisalina D (25
mg/kg).
75
Figura 17 - Histopatologia de células tumorais de Sarcoma 180 removidas
no 10° dia após tratamento com 5-FU (25 mg/kg/dia), fisalina B
(25 mg/kg/dia) e fisalina D (25 mg/kg/dia).
76
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Espécies do gênero Physalis com uso farmacológico.
06
Tabela 2 - Principais constituintes químicos encontrados na família
Solanaceae.
12
Tabela 3 - Diferenças básicas entre apoptose e necrose
19
Tabela 4 - Constituintes químicos isolados da Physalis angulata Lin. 36
Tabela 5 - Linhagens tumorais utilizadas no ensaio de citotoxicidade in
vitro
38
Tabela 6 - Determinação das CI
50
dos diferentes extratos e frações da
Physalis angulata L. em diferentes linhagens de células
tumorais humana, obtidos por regressão não-linear.
54
Tabela 7 - Atividade citotóxica das fisalinas B, D e F nas linhagens de
células tumorais humana. A Doxorrubicina foi usada como
controle positivo.
55
Tabela 8 - Atividade citotóxica das fisalinas Diidrofisalina B, fisalina
E e Diidrofisalina B
(Hidrogenada) nas linhagens de células
tumorais humana. A doxorrubicina foi usada como controle
positivo.
56
Tabela 9 -
Atividade antimitótica das fisalinas B (PA-2) , D (PA-1), F
(PA-3), diidrofisalina B (PA-4), fisalina E (PA-5) e
diidrofisalina B (PA-4 H
2
- Hidrogenada) na concentração de
100 µg/mL sobre o desenvolvimento embrionário de ovos de
ouriço do mar Lytechinus variegatus, nas fases de 1ª divisão,
3ª divisão e blástula mostrando suas CI
50
com seus
respectivos IC de 95% obtidos por regressão não-linear.
58
Tabela 10 - Determinação dos pesos dos órgãos (fígado, rins e baço) e do
percentual de inibição tumoral dos animais tratados com o 5-
Fluorouracil (25 mg/Kg) e com as fisalinas: PA-1 (10 e 25
mg/Kg) e PA-2 (10 e 25 mg/Kg), durante 7 dias
consecutivos (n = 8). (
a
representa p < 0,05). 60
xiii
LISTA DE FLUXOGRAMAS
Fluxograma 1A formação de alguns metabólitos secundários em plantas 10
Fluxograma 2 – Possíveis rotas biossintéticas para a formação das fisalinas pelas
Solanaceaes 15
Fluxograma 3 – Isolamento dos constituintes químicos da Physalis angulata Lin. 34
xiv
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
% Porcentagem
& E
χ
2
Teste do qui-quadrado
µL
Microlitro
µM
Micromolar
o
C Graus Celsius
[ ] Concentração
< Menor que
> Maior que
AcOEt Acetato de etila
ANOVA Analisys of Variance (Análise de variância)
BrdU Bromodeoxiuridina
CI
50
Concentração inibitória média
CO
2
Dióxido de carbono (gás carbônico)
DAB Diaminobenzidina
DMSO Dimetilsulfóxido
DNA Ácido desoxirribonucleico
H
2
O
2
Peróxido de hidrogênio
EHPA Extrato hexânico da P. angulata L.
EEPA-H Extrato etanólico da P. angulata L. – fração hexânica
EEPA-D Extrato etanólico da P. angulata L. – fração diclorometano
EEPA-AE Extrato etanólico da P. angulata L. – fração acetato de etila
EEPA-M Extrato etanólico da P. angulata L. – fração metanólica
EEPA-Dp Extrato etanólico da P. angulata L. – precipitado da fração
diclorometano.
EEPA Extrato etanólico da P. angulata L.
CCD Cromatografia em camada delgada
EtOH Álcool etílico
g Grama
h Hora
H/E Hematoxilina/Eosina
H
2
O Água destilada
xv
IC Intervalo de confiança
INC Instituto Nacional do Câncer
L Litro
M Molar
MeOH Álcool metílico
mg Miligrama
min Minuto
MHz Megahertz
mL Mililitro
mM Milimolar
MTT 3-(4,5-dimetiltiazol-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H tetrazolina
bromido
nM Nanomolar
n
o
Número
PBS Phosphate buffer solution (Tampão fosfato)
pH Potencial hidrogeniônico
PI Iodeto de propídeo
q.s.p. Quantidade suficiente para
RNM Ressonância Magnética Nuclear
rpm Rotações por minuto
TBS Tris buffer solution (Tampão tris)
US-NCI United States National Cancer Institute (Instituto Nacional
do Câncer dos Estados Unidos)
x Vezes
5-FU 5-Fluorouracil
PA-1 Fisalina D
PA-2 Fisalina B
PA-3 Fisalina F
PA-4
5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina
B
PA-4H
2
5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B
PA-5 Fisalina E
Ki-67 Anticorpo de marcação de proliferação tumoral
xvi
RESUMO
MAGALHÃES, H. I. F. Potencial antitumoral (in vitro e in vivo) das physalinas B e D
isoladas de Physalis angulata Lin. 2005. 117 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de
Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
Physalis angulata L. (Solanaceae) é uma planta considerada daninha conhecida popularmente como
Camapu, dispersa em vários estados do Brasil e em vários continentes. O presente trabalho relata o
estudo fitoquímico dos extratos: clorofórmico e acetato de etila, oriundos do extrato etanólico das
partes aéreas de Physalis angulata L. A cromatografia em sílica gel resultou na separação de cinco
vitaesteróides (fisalinas D, B, F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B, E, e uma fisalina semi-
sintética denominada de
5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B). As cinco fisalinas
foram avaliadas quanto ao potencial citotóxico em 9 linhagens de células tumorais (CEM, HL-60, PC-
3, HCT-8, MDA-MB-231, MDA-MB 435, K-562, MCF-7, B-16), sobre o desenvolvimento de
embriões de ouriço do mar e quanto à sua capacidade hemolítica. A atividade antitumoral in vivo para
as fisalinas B e D foi avaliada em camundongos inoculados com o tumor sarcoma 180. As fisalinas
apresentaram uma promissora atividade citotóxica, sendo que a fisalina D foi a mais ativa sobre as
células tumorais com uma CI
50
< 3,0 µg/mL. As fisalinas D, B, F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B, inibiram o desenvolvimento embrionário em uma concentração < 30 µg/mL,
entretanto, na 1ª. divisão e na blástula, a fisalina D (PA-1), novamente foi a mais ativa, com CI
50
=
4.786 e 5.498 µg/mL, respectivamente. Na 3ª divisão, a fisalina B (PA-2) mostrou uma CI
50
de 5.308
µg/mL. Nenhuma fisalina apresentou atividade hemolítica na máxima concentração testada (200
µg/mL). O estudo dos efeitos das frações sobre a viabilidade (exclusão por azul de tripan), e indução
de morte (coloração por BE/LA) nas células HL-60 demonstrou que principalmente a fisalina B e D
(10 µg/mL) foram as mais fortes indutoras do fenômeno apoptótico. Porém, fisalina D (15 µg/mL)
apresentou elevado perfil na indução de necrose celular. As fisalinas D e fisalina B nas doses de 10 e
25 mg/Kg apresentaram potencial de inibição do crescimento tumoral correspondente a 45% em
ambas as doses para a fisalina D e de 44 e
52%,
respectivamente para a fisalina B. Esta atividade
antitumoral in vivo foi relacionada à inibição da taxa de proliferação do tumor, como observado pela
marcação através do anticorpo Ki-67. A análise de histopatológica de rim e fígado mostrou que ambos
os órgãos foram moderadamente afetados após o tratamento com as fisalinas, mas de uma maneira
reversível
.
Palavras chave: Physalis-efeitos adversos. Physalis-toxicidade. Physalis-quimica. Ensaios de
Seleção de Medicamentos Antitumorais.
xvii
ABSTRACT
MAGALHÃES, H. I. F. M. In vitro and in vivo antitumor activity of physalins B and D
isolated from physalis angulata Lin. 2005. 117 f. (Master’s Dissertation) - Departamento de
Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
The present study describes the phytochemical analysis of the chloroform and ethyl
acetate partitions obtained from the ethanol extract of Physalis angulata L. (Solanaceae). The
sílica gel chromatography resulted on the separation of 5 whytaesteroids (physalina D, B, F,
5-α-etoxi-6-β-hidroxi-5,6-dihidrophysalin B, E and a semi-synthetic physalin named as 5-α-
etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrophysalin B). The physalins were evaluated for their
cytotoxic potentials on 9 tumor cell lines (CEM, HL-60, PC-3, HCT-8, MDA-MB-231,
MDA-MB 435, K-562, MCF-7, B-16), on the embryogenesis of sea-urchin eggs and for its
lytic capacity in erythrocytes. Antitumoral activity in vivo was observed on a mouse model
inoculated with Sarcoma 180. The physalins showed a promising cytotoxic effect, being
physalin D the most active on the cell lines (IC
50
< 3,0 µg/mL). The physalins D, B, F, 5-α-
etoxi-6-β-hidroxi-5, 6-dihidrophysalin B inhibited the progression of the sea-urchin embryo’s
cell cycle within a concentration under 30 µg/mL. On the 1
st
cleavage and blastulae stages,
physalin D showed to be the most active, with the respective IC
50
of 4.786 and 5.498 µg/mL.
On 3
rd
cleavage, physalin B presented an IC
50
of 5.308 µg/mL. None of the physalins showed
any sings of lytic activity in concentrations as high as 200 µg/mL. The study about the
physalins effects upon cell viability (trypan blue daye) and death mechanisms on HL-60 cells
(EB/AO staining) suggests that physalins B and D were the strongest inducers of apoptosis.
Physalin D also induced cellular necrosis on a rather intense level. Physalin B, on doses of 10
and 25 mg/Kg, inhibited tumor growth on 44 e
52%,
respectively, while physalin D inhibited
tumor growth on 45% in both treatments. The antitumor activity in vivo was related to the
lowest proliferation rate, as evaluated by the Ki-67 antibody marker. The histopathological
analysis of kidney and liver suggests that those organs are affected, in a reversible manner, on
mice treated with physalins.
Keywords: Physalis angulata L. Whitaesteroids. Physalins. Antitumor.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Os produtos naturais e o câncer
A Utilização de produtos naturais com propriedades terapêuticas é tão antiga
quanto à civilização humana e, por um longo período, minerais, vegetais e animais
constituíam as principais fontes de drogas utilizadas no tratamento de diversas enfermidades,
há pelo menos mil anos antes de Cristo, Erbes já citava em seus papiros, o uso de plantas para
o tratamento do Câncer (KINGSTON, 1996). Inúmeras plantas possuem um papel vital na
prevenção e no alívio sintomático de doenças. A origem de tal prática remonta ao surgimento
da civilização humana e é anterior aos registros escritos, com evidências documentais de que
nas antigas civilizações Egípcia e Mesopotâmica, bem como, Indiana e Chinesa; preparados
de plantas já eram utilizados como curativos há pelo menos 5.000 anos. Milênios depois o uso
de produtos naturais passou a ser compilado em respeitáveis farmacopéias, desde pelo menos,
2.000 anos a.C. (KINGSTON, 1996).
O advento da Revolução Industrial e o desenvolvimento da química orgânica,
resultaram no uso de produtos sintéticos com atividade farmacológica. A razão para isso foi
que compostos puros foram facilmente obtidos e modificações estruturais permitiram a
produção de drogas cada vez mais potentes e seguras, com a rápida ascensão econômica das
companhias farmacêuticas. Além disso, durante todo o desenvolvimento da cultura humana, o
uso de produtos naturais tinha um significado mágico-religioso e cada cultura detinha
diferentes pontos de vista em relação aos conceitos de saúde e doença. Obviamente, essa
abordagem contrariava o novo modo de vida das sociedades ocidentais industrializadas, onde
as drogas oriundas de fonte naturais eram consideradas como uma opção de tratamento tanto
para pessoas de baixa renda e pouca educação, assim como, eram consideradas superstições
religiosas sem valor farmacológico (RATES, 2001). As plantas gradualmente, vêm sendo
reconhecidas por sua extraordinária habilidade em produzir vários metabólitos secundários
(LUCKNER, 1990; CRAGG et al., 1999; MANN, 2002). Metabólitos secundários são
biosintetizados pelas plantas por diferentes razões, que incluem a regulação do crescimento
vegetal, interações inter e intra-específicas, infecções e defesa contra predadores, etc. Muito
desses metabólitos têm mostrado atividades biológicas e farmacológicas interessantes e são
usados como agentes quimio-terapêuticos e/ou servem como ponto de partida no
2
desenvolvimento dos fármacos (VERPOORTE, 1998). Além disso, servir de modelos para
novos compostos, através do desenho e planejamento racional de novas drogas, atuando no
desenvolvimento da síntese biomimética e na descoberta de novas propriedades terapêuticas
não atribuídas aos compostos conhecidos (HAMBURGER; HOSTETTMANN, 1991;
MANN, 2002).
Dessa forma, a fitoquímica deixou de ser o alvo e foram necessários estudos mais
abrangentes sobre a função, alvo molecular, regulação e a natureza desses produtos naturais.
A biossíntese, reconhecida de muitas classes, foi o elo de transição para o entendimento de
novos processos moleculares, levando a uma corrida vertiginosa por novos protótipos de
fármacos, gerando as já conhecidas “fábricas de descoberta de produtos bioativos”, onde
centenas de extratos poderiam ser testados em um dia. Nesse propósito, diversos grupos de
pesquisas têm feito uso de diversos programas de screening de extratos de plantas para poder
detectar metabólitos secundários com atividades biológicas relevantes (HOSTETTMANN,
1991).
A revisão publicada no Natural Products in Drug Discovery and Development
(CRAGG et al., 1997), é possível avaliar o inestimável valor que os produtos naturais
exercem no tratamento de várias doenças, especialmente no câncer e nas doenças infecciosas.
Assim, é indiscutível a importância dos vegetais como fonte para a descoberta de novas
drogas, colaborando para um dos mais antigos sonhos da humanidade, o do controle e
combate de doenças e epidemias. Historicamente, a quantidade de medicamentos a base de
produtos naturais tem aumentado a cada ano, principalmente no tocante aos princípios ativos
presente em prescrições médicas. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que nas
receitas dispensadas entre 1959 à 1980, um percentual de 25% das prescrições apresentavam
princípios ativos oriundos de plantas medicinais encontradas em 90 espécies importantes em
um ou mais países (CRAGG; NEWMAN, 1999).
No início da década de 90, o faturamento com medicamentos produzidos a base de
plantas, foi de cerca de US$ 15,5 bilhões de dólares (PEZZUTO, 1997). Já em 1999, das vinte
drogas mais vendidas, nove eram desenvolvidas ou derivadas a partir dos produtos naturais, e
o total anual de vendas foi superior a 16 bilhões de dólares (HARVEY, 2000).
3
A importância do câncer na área de saúde pública vem aumentando à medida que
ocorre o controle progressivo de outras doenças. Estudos realizados por PARKIN et al.
(2001), estimaram, para o ano de 2000, 5,3 milhões de novos casos em homens e 4,7 milhões
em mulheres. A incidência mundial tem atingido mais de 10 milhões de novos casos de
câncer no mundo, dentre os quais, 53% dos casos tem ocorrido nos países em
desenvolvimento (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2004). No Brasil, estima-se que
em 2005 surgirão mais 467.440 novos casos (BRASIL, 2005).
Porém, considerando-se grupos específicos, notadamente mulheres com idade
entre 35 e 74 anos, o câncer surge como a doença responsável pelo maior índice de
mortalidade. Segundo estatísticas apresentadas pela American Cancer Society, verificou-se
que surgiram 1,3 milhões de casos de câncer em 1997, o que correspondeu a uma morte por
minuto devido ao desenvolvimento de tumores malignos.
A importância crescente das neoplasias malignas no quadro sanitário do Brasil
tem ampliado a discussão sobre o controle desse grupo de doenças, incluindo-as como uma
das prioridades do setor de saúde. Apesar de ainda existirem áreas obscuras na compreensão
da etiologia do câncer, hoje, já se tem conhecimentos suficientes para afirmar que a
quimioterapia utilizada no tratamento do câncer é primordialmente oriunda de recursos
naturais (PINKEL, 2000; DREWS, 2000).
Ao lado da radioterapia, a quimioterapia ainda continua sendo a principal forma
de tratamento de tumores malignos. A importância da identificação de novos princípios ativos
que inibam a proliferação celular torna-se evidente diante da perspectiva de sua aplicação
terapêutica. O atual interesse na busca de novos agentes antimitóticos, por exemplo, é
conseqüência de sua importância para o tratamento de diferentes formas de tumores
malignos. Além dos esforços contínuos do US-NCI (United States National Cancer Institute -
Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos) ao longo de quase quarenta anos buscando
novos agentes antitumorais de origem natural (SUFFNESS; DOUROS, 1982; CRAGG;
NEWMAN, 1999). Revisões recentes listam mais de 20 quimiotipos (substâncias de origem
natural com específica origem biogenética) distintos, que apresentam seletiva atividade
antimitótica. Podemos citar, entre outros, terpenos (taxol e derivados), alcalóides (rizoxina,
vincristina, vinblastina e derivados), peptídeos (criptoficinas e dolastatinas), lignanas
4
(podofilotoxinas), policetídeo (discodermolida), bem como substâncias de origem biogenética
mista (curacinas e epotilonas) (HAMELL, 1996).
Atualmente, há uma grande tendência do mercado internacional em substituir os
produtos de origem sintética por outros de origem natural, principalmente no que se refere
aos medicamentos e cosméticos. Esse fato tem estimulado freqüentemente os casos de
biopirataria praticados na Região Norte do país, levando a uma exploração e comercialização
ilegal de plantas e de material genético na Amazônia. Pois, historicamente a bioprospecção
está inserida no conflito entre os países ricos, porém pobres em biodiversidade, do
Hemisfério Norte, que buscam explorar a rica biodiversidade dos países pobres do
Hemisfério Sul, principalmente os países tropicais. Contudo, tendo conhecimento que a
composição total da biodiversidade brasileira não é conhecida e talvez nunca venha a ser, tal
a sua magnitude e complexidade, e que o território nacional na plataforma continental e nas
águas jurisdicionais brasileiras apresentam inúmeras espécies, tanto terrestres como marinhas,
ainda não identificadas no Brasil, podendo alcançar valores da ordem de dezenas de milhões,
se pode inferir sem medo, o quão relevante é conhecer as propriedades terapêuticas da nossa
biodiversidade (SANT’ANA, 2002). Deste modo, com o desenvolvimento da biotecnologia
foi possível observar a importância da diversidade da vida para o desenvolvimento dos mais
variados produtos, principalmente os farmacológicos.
Estima-se que o número total de espécies vegetais seja de 250.000 a 500.000, dos
quais apenas 5-15% foram estudados quanto à química e farmacologia de seus constituintes
(RATES, 2001; MONKS et al., 2002). Sendo assim, há um vasto potencial para descoberta de
novas drogas oriundas de fontes naturais. A seleção das espécies para estudos fitoquímicos e
farmacológicos que podem levar a descoberta de potenciais agentes terapêuticos deve partir
de dados etnofarmacológicos ou quimiossistemáticos. (MANS et al., 2000).
Plantas da família Solanaceae têm sido usadas como medicamentos desde a
antigüidade como: Mandragora officinarum e Atropa belladonna. Espécies do gênero
Physalis (Solanaceae), têm sido amplamente utilizadas na medicina popular devido as suas
propriedades anticancer, antileucêmicas, Chiang et al. (1992a, 1992b), imunomodulatórias,
Lin et al. (1992), dermatite e reumatismo, Pietro et al. (2000); Ismail e Alam (2001),
5
antipiréticas, antimicrobiana, Lorenzi et al. (2002), antiinflamatória, Soares et al. (2003), para
o tratamento de malária, asma e hepatite, Wu et al. (2004).
1.2 O Gênero Physalis
O taxon Physalis abrange cerca de cento e vinte (120) espécies com caracteres
principalmente herbáceos, que se distribuem pelas zonas temperadas do globo terrestre,
especialmente nas Américas Central e do Sul, cujos principais centros de diversidade
taxonômica encontram-se nos Estados Unidos e México (HAWKES et al., 1991;
TOMASSINI et al., 2000).
O nome Physalis origina-se do grego onde “physa” significa bolha ou bexiga,
referindo-se ao cálice que envolve os frutos, principal característica das plantas que compõem
este taxon (HAWKES et al., 1991).
O gênero é constituído por diversas plantas de reputado valor etnofarmacológico,
as quais são utilizadas para diversas finalidades e em vários sistemas de medicina tradicional
do mundo. Dada à importância medicinal, algumas espécies de Physalis têm sido
domesticadas, como por exemplo: P. philadelphica, P. peruviana e P. pubescens. Na Tabela
1, encontram-se listadas algumas espécies de Physalis e seus respectivos usos em medicina
popular (HAWKES et al., 1991).
6
Tabela 1 - Espécies do gênero Physalis com uso farmacológico
Espécies Emprego etnofarmacológico Referências
P
. an
g
ulata
No tratamento de diabetes, malária, hepatite,
doenças de pele e reumatismo. É utilizada ainda
como diurético, antiinflamatório, desinfetante,
sedativo, antifebril e antivomito.
LORENZI, 2002.
WU et al., 2004
TOMASSINI
et al., 2000.
P
. alkeken
gi
Expectorante, antitussígeno, diurético e anti-
tumoral.
BASEY
et al., 1992.
P
. chenopodi
f
olia
Contra infecções gástricas e respiratórias, febres
e diabetes.
MALDONADO et
al., 2004.
P
. minima
Recomendada como diurético, tônico e purgativo
e no tratamento de inflamações da pele.
SINHÁ
et al., 1987.
. philadelphica
No tratamento de desordens gastrintestinais,
lepra, purificação do sangue e como um antídoto
contra veneno.
SU et al., 2002.
P
. pubescens
No tratamento de diabetes, malária, hepatite,
doenças de pele e reumatismo. É utilizada ainda
como diurético, antiinflamatório, desinfetante,
sedativo, antifebril e antivômito.
LORENZI, 2002.
P
. peruviana
Indicada no tratamento de câncer, leucemia,
malária, asma, hepatite, dermatites, reumatismo e
como um agente antimicrobiano, diurético e
antipirético.
WU et al., 2004.
7
1.2.1 Physalis angulata Lin.
Physalis angulata Lin. (sinonímia: Physalis dubia Link, Physalis linkiana Nees.,
Physalis ciliata Sieb. et Zucc.) é popularmente conhecida como camapum, palavra de origem
tupi que significa “estalo do peito” em virtude do som reproduzido quando estalado contra o
peito. Por ser uma planta amplamente dispersa em vários estados do Brasil, também é
conhecida por outras denominações como bucho-de-rã, joa-de-capote, camapú, camambu,
camaru, mata-fome, bate-testa, joá, juá-poca, balão-rajado e balão (LORENZI, 2002).
É uma planta anual e herbácea, cuja reprodução se dá por sementes. Nativa de
quase todo o Brasil cresce espontaneamente formando pequenas populações. É considerada
planta daninha, capaz de infestar lavouras agrícolas, pomares e terrenos baldios. Suas
sementes apresentam grande poder germinativo e seus espécimes habitam preferencialmente
solos semi-úmidos e sombreados. Seus frutos de sabor doce ou insípido são comestíveis,
sendo apreciados tanto pelo homem, especialmente aqueles que habitam as zonas rurais, como
por animais em geral (BRAGA, 1976; LORENZI, 2002).
P. angulata Lin. é, sem dúvida, a mais representativa das espécies do gênero
Physalis, considerando seu valor medicinal. Integra o elenco de plantas curativas de diversos
sistemas de medicina tradicional de varias partes do planeta, inclusive do Brasil, cujas
propriedades medicinais são amplamente difundidas, especialmente no Nordeste do Brasil e
Amazônia. Seu uso como medicinal remonta a antigas épocas, quando os índios já lançavam
mão da infusão de suas folhas com fins diuréticos. O chá da planta é recomendado na forma
de banho para o tratamento de reumatismo e males do fígado. Seus frutos são utilizados como
desobstruentes e diuréticos. As folhas são aplicadas contra inflamações da bexiga, do baço e
contra icterícia. Sendo ainda empregadas no tratamento de malária e hepatite. O suco é
considerado calmante e depurativo, sendo empregado contra reumatismo e dores do ouvido.
Algumas tribos indígenas Colombianas consideram as folhas e frutos com propriedades
narcóticas, e em uso externo, o decocto destas partes é utilizado como antiinflamatório e
desinfetante para doenças de pele em geral. No sistema de medicina tradicional do Peru, as
raízes deixadas em repouso no rum são empregadas no tratamento de diabetes (LORENZI,
2002).
Figura 1 - Distribuição geográfica no Brasil de Physalis angulata Lin.
8
1.2.2 Descrição botânica de Physalis angulata Lin.
Planta herbácea, glabra, ramosíssima, de caules angulosos. Folhas pecioladas,
ovado-oblongas, irregularmente serreado-denteadas. Flores solitárias, pequenas, amarelas,
sem mácula, com anteras azuladas ou violáceas. Baga globosa, amarelo-esverdeada,
envolvida completamente pelo cálice, que é ovóide, 4-anguloso, papiráceo, pendente,
lembrando pequena lanterna. Frutos doces ou insípidos, comestíveis (Figura 2).
Figura 2 - Physalis angulata Lin.
9
1.2.3 Formação dos metabólitos secundários
Uma das características dos seres vivos é a presença de atividade metabólica. O
metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior das
células. No caso dos vegetais, o metabolismo costuma ser dividido em primário e secundário
(Fluxograma 1).
Fluxograma 1 - A formação de alguns metabólitos secundários em plantas.
Processo metabólico Produtos do metabolismo Metabólitos secundários
Primário do carbono primário correspondentes
Fonte: Robbers et al. (1997)
Carboidratos
Cefalosporinas
Proteínas
CO
2
Fotossíntese
Glicosídeos
Polissacarídeos
complexos
Antibióticos
aminoglicosídeos
Açúcares
Glicólise
Eritrose
PO
4
Fosfoenol
p
iruvato
Ácido chi
q
uímico
Piruvato
Aminoácidos aromáticos
Aminoácidos alifáticos
Alcalóides
Peptídeos
Penicilinas
Fenilpropanóides
Acetil-CoA
Ciclo dos ácidos
tricarboxílicos
Malonil-CoA
Ácidos g
(Lipíd
raxos
ios)
Gorduras e ceras
CO
2
Iso
p
reno
Esqualeno
O
2
Esteróides
(Vitaesteróides)
Antraquinonas
Tetraciclinas
Eritromicinas
10
11
Enquanto o metabolismo primário é responsável por executar funções essenciais
dos vegetais como fotossíntese e respiração do vegetal, o metabolismo secundário origina
compostos formados a partir da interação da planta com o meio ambiente, dentre estes
compostos podem ser citados: terpenos (sesquiterpenos como os vitaesteróides), compostos
fenólicos e alcalóides (SIMÕES et al., 2002).
1.2.4 Constituintes químicos isolados do gênero Physalis
Os vitaesteróides constituem uma classe de compostos químicos bioativos
denominados lactonas esteróidais (C-
28
) naturais, que reproduzem o esqueleto intacto ou
modificado do ergostano. Estes metabólitos secundários geralmente contêm ligação dupla e
na grande maioria são polioxigenados (Figura 2). Estas peculiaridades conduzem a várias
modificações da cadeia carbocíclica, bem como da cadeia lateral, resultando em compostos de
exóticas e complexas feições estruturais. Como resultado desta diversidade estrutural, os
vitaesteróides foram subdivididos em seis grupos principais: vitanolídos (I), vitafisalinas (II),
fisalinas (III), acnistinas (IV), ixocarpalactonas (V) e perulactonas (VI), os quais podem
apresentar os anéis A ou D aromatizados (Tabela 2).
Os vitanolídos são os mais abundantes e são considerados os precursores dos
grupos III - IV. Doze membros da família Solanaceae são as principais fontes destes
compostos: Acnistus, Datura, Deprea, Iochroma, Jaborosa, Lycium, Nicanda, Salpichroa,
Tubocapsicum, Witheringia, Withania e Physalis. Sendo os dois últimos gêneros os maiores
biosintetizadores destes produtos naturais. Entretanto, é importante ressaltar que os
vitaesteróides são também produzidos por alguns membros das famílias Taccaceae e
Leguminosae, e a partir de alguns organismos marinhos (CÁRDENAS et al., 1994; VERAS et
al., 2004).
Tabela 2 – Principais constituintes químicos encontrados na família Solanaceae
Vitanolídos
Vitafisalinas
Fisalinas
Acnistinas
Ixocarplactonas
Principais grupos de vitaesteróides
Perulactonas
OO
Vitanolído (I)
OO
O
O
Vitafisalina (II)
O
OO
H
O
O
O
O
HO
Fisalina (III)
O
O
OH
Acnistina (IV)
O
O
Isocarpalactona (V)
O
O
Perulactona (VI)
Fonte: Tomassini et al. (2000)
12
1.2.5 As fisalinas
São vitaesteróides encontrados no gênero Physalis. Quimicamente são
denominadas de lactonas sesquiterpênicas esteroidais. Constituem-se como moléculas de
estruturas bastante complexa, pois além da lactona apresentam uma outra γ lactona fundida ao
anel D. São derivados esteroidais do tipo 13,14 – seco 16,24 ciclo ergostano, carbonilados em
C -15.
10
5
1
4
2
3
8
7
9
6
13
12
11
17
23
24
22
16
20
O
14 15
18
O
27
25
O
26
OH
O
O
CH
3
28
OH
OR
O
H
H
H
O
O
CH
3
21
H
CH
3
19
D
C
B
A
Figura 3 – Estrutura básica das fisalinas
13
14
1.2.6 Alguns constituintes químicos obtidos do gênero Physalis
Como conseqüência da importância etnofarmacológica conferida por algumas
espécies de Physalis, várias delas têm sido investigadas quimicamente, tendo sido isolados
flavonóides, alcalóides, esteróides e ceramidas (BASEY et al., 1992; ISMAIL et al., 2001; SU
et al., 2002). No entanto, um grupo de metabólitos secundários majoritários caracterizados
como vitaesteróides, tem sido encontrado em raízes e folhas da P. angulata Lin. sendo
denominadas de fisalinas (SOARES et al., 2003).
Os vitaesteróides, como por exemplo as fisalinas podem ser originados nas plantas
do gênero Physalis a partir de reações de oxidação e/ou hidratação que ocorreriam na própria
planta. Segundo ROW et al. (1980), as plantas do gênero Physalis são promotoras de algumas
possíveis rotas boissintéticas, as quais seriam responsáveis pela formação de alguns
metabólitos secundários, dentre eles as fisalinas como: fisalina F, J, E, I, D, além de outros
componentes (fluxograma 2).
Muitas fisalinas tem sido descritas como substâncias potencialmente citotóxicas e
a elucidação de suas estruturas tem contribuído bastante para o conhecimento das
propriedades farmacológicas como a fisalina L a qual foi descrita por SEN et al. (1995),
porém, somente foi definida por ROW et al. (1995). (fluxograma 2).
Fluxograma 2 – Possíveis rotas boissintéticas para a formação das fisalinas pelas
Solanaceaes.
[O] [O] [O]+ H
2
O
Fisalina E
Fisalina J
O
O
OH
O
O
O
O
O
CH
3
CH
3
CH
3
OH
H
CH
3
OH
Fisalina L
Fisalina F
Fisalina D
Fisalina B
Fonte: Adaptado de Row et al. (1980)
15
16
1.2.7 Padrões de morte celular (Apoptose e Necrose)
Apoptose é um fenômeno singular no qual milhões de células do nosso organismo
morrem a todo o momento. De acordo com pesquisas, há indicadores de que a saúde de todos
os organismos multicelulares, incluindo os seres humanos, depende não somente da
capacidade do corpo de produzir novas células, mas também da capacidade de cada célula se
autodestruir quando tornam-se enfermas. John Kerr, Andrex Wylie e Alaister Currie, autores
que introduziram o termo em 1972, adotaram a palavra grega apoptosis para designar esse
tipo de morte celular, com significado de “decaimento”, como o fenômeno que ocorre na
queda das pétalas de uma rosa ou das folhas de uma árvore (DUKE et al., 1996).
A morte celular programada ou apoptose é um mecanismo controlado
geneticamente, o qual possui um importante papel na homeostase celular (WU et al., 2004). O
fenômeno apoptótico é desencadeado por vários fatores, porém o início do processo ocorre a
partir da liberação do citocromo c; o qual pode ser encontrado comumente nas membranas
internas e externas da mitocôndria. Após um estímulo apoptótico, o citocromo c é liberado
para citossol onde atuará como um dos principais ativadores, induzindo a atividade
proteolítica da caspase 3 por ativação da caspase 9. Neste mecanismo, o citocromo c forma
um complexo com duas proteínas citossólicas, Apaf-1 e Apaf-3 (apoptotic protease-
activating factor), e o complexo formado ativa a caspase 3, que fatalmente, culminará com
apoptose. Os oncogenes Bcl-xL e Bcl-2 encontram-se na membrana externa da mitocôndria
para suprimir a apoptose bloqueando a liberação do citocromo c e ligando-se a Apaf-1 para
prevenir a ativação da caspase 9 (EVAN, 2001).
Na via mitocondrial são descritos outros fatores de promoção de morte, incluindo,
AIF (apoptotic initiating factor), SMAC (second mitochondria-derived activator of caspases)
também conhecida por DIABLO, Endonuclease G e HtrA2 (heart-inducible serine protease)
também conhecida como OMI. AIF e Endonuclease G aparecem como aptas a direcionarem a
causa do dano nuclear e ao DNA (WU et al., 2004).
Um dos possíveis alvos na terapêutica seria a modulação da apoptose no
tratamento de inúmeras doenças como o câncer, inflamação, imunodeficiências, doenças
degenerativas nas quais, a apoptose leva à morte celular. Em algumas circunstâncias as
“ferramentas” para o controle de regulação indutora ou inibidora da apoptose poderão ser
17
utilizados na tentativa de uma modulação do mecanismo de morte celular programada
(WALKER et al., 1991; WEIL et al., 1996).
Por outro lado, a necrose é uma outra expressão morfológica da morte celular e
está relacionada a uma gama de modificações que se seguem à morte celular, em grande parte
acionada pela ação gradativa e progressiva de enzimas sobre a célula letalmente lesionada,
levando a uma série de alterações morfológicas que surgem após a morte celular em um
tecido vivo. Um mesmo agente etiológico pode provocar tanto necrose quanto apoptose
(Figura 4 e Tabela 3); sendo que a severidade da agressão parece ser o fator determinante do
tipo de morte celular. Vários agentes etiológicos são conhecidos como indutores de apoptose,
entre eles podem ser citados: alguns vírus, isquemia, hipertermia e também algumas toxinas
(KUMMAR et al., 2005).
A morte por necrose é freqüentemente atribuída a diversas perturbações
metabólicas ou mesmo oriunda de injúrias mecânicas, onde há uma rápida desestabilização da
membrana plasmática, sendo relacionada com a resposta inflamatória. Muitos agentes
indutores de apoptose como: patógenos, citocinas, calor, isquemia e irradiação contribuem
para que células de uma mesma população morram por necrose. Constatou-se também que o
processo necrótico ocorre como morte celular programada durante a resposta imune,
regeneração tecidual e no desenvolvimento embrionário. A resposta inflamatória causada pela
necrose possui função adaptativa como sinal de emergência sob certas condições patológicas.
O equilíbrio entre os processos de morte por apoptose e/ou necrose é de fundamental
importância para o organismo, uma perturbação do balanço entre os dois processos pode
induzir ao desenvolvimento de doenças (SERGEY et al., 2003).
Morfologicamente, a necrose é um pouco diferente do fenômeno apoptótico
clássico. Durante a necrose, a célula primeiro aumenta de tamanho, em seguida é observada a
lise da membrana plasmática. Características bioquímicas presentes durante a apoptose como:
ativação de proteínas específicas, não são encontradas em células em processo de necrose.
Entre os agentes que podem induzir necrose estão vários vírus, bactérias e protozoários. A
necrose pode ser ativada por toxinas bacterianas, Dong et al. (1997); Warny et al. (2000) e
componentes de defesa, como complemento, células natural killer ativadas, Blom et al.
(1999) e macrófagos peritoneais, Arantes et al. (2000).
A
B
Necrose
C
A
poptose
Figura 4 – Principais diferenças de apoptose e necrose (A); Características da Necrose (B);
Características da Apoptose (C).
Fonte: Bioagency, 2004.
18
19
Tabela 3 - Diferenças básicas entre apoptose e necrose
APOPTOSE X NECROSE
Estímulo
Fisiológico (Ativação de vias bioquímicas,
geneticamente reguladas) ou patológico.
Patológico (Ambiente hostil ou agressão).
Ocorrência
Acomete células individuais,
desencadeando a eliminação seletiva de
células patológicas.
Acomete um grupo de células. Fenômeno
degenerativo, conseqüência de lesão celula
r
severa e irreversível.
Reversibilidade
Fenômeno torna-se irreversível após o
“ponto de retorno”, com a deposição de
material floculento e amorfo na matriz
mitocondrial (liberação do citocromo c).
Irreversível, após ativação de
endonucleases.
Liberação de enzimas lisossômicas
Ausente Presente
Características bioquímicas
Processo envolvendo ativações e muitas
vias enzimáticas.
Perda de regulação iônica com severas
alterações homeostáticas.
Dependente de energia (ATP).
Processo Passivo (sem necessidade de
energia).
Fragmentação de DNA definida. Digestão do DNA por endonucleases.
Pré-fragmentação de DNA Pós-fragmentação de DNA
Características morfológicas
Membrana plasmática intacta; a estrutura
encontra-se alterada, especialmente a
orientação dos lipídios.
Membrana plasmática danificada com
conseqüente perda de integridade.
Agregação da cromatina à membrana
celular.
Floculação da cromatina.
Condensação celular (encolhimento
celular).
Inchaço da célula seguido de lise (edema).
Formação de vesículas com membrana
(corpos apoptóticos).
Lise completa sem formações de
vesículas.
Sem desintegração das organelas. Desintegração das organelas.
Características fisiológicas
Morte de células individuais induzida
p
or estímulos fisiológicos;(atividade
p
rogramada).
Morte de grupos celulares evocado po
r
distúrbios não fisiológicos.
Fagocitose por células adjacentes ou
macrófagos.
Fagocitose por macrófagos.
Resposta não inflamatória. Resposta inflamatória freqüente.
Fonte: Adaptado de Kummar et al. (2005)
20
1.2.8 O ciclo celular e o câncer
1.2.8.1 O ciclo celular
Basicamente, o ciclo celular é o programa para o crescimento e a divisão
(proliferação) celular. Existem 4 fases no ciclo celular: G1, S, G2 e M. A fase G1 é
caracterizada por expressão de genes e síntese de proteínas. Isto permite à célula crescer e
produzir todas as proteínas necessárias para a síntese de DNA. Durante a próxima etapa, a
fase S, a célula replica seu DNA possuindo, então, 2 fitas completas de DNA, entrando na
terceira fase do ciclo celular: G2. Durante a fase G2, a célula novamente cresce e sintetiza
proteínas necessárias ao processo de divisão celular. Completada esta fase, a célula finalmente
entra na quarta fase do ciclo celular: M. Durante a fase M, a célula passa por um processo
denominado citocinese, originando 2 células filhas, estando o ciclo celular completo. No ciclo
de divisão celular, o alvo de fármacos capazes de atuarem na estabilização dos microtúbulos é
a metáfase, impedindo a fase G2-M na anáfase, podendo ocorrer a morte celular ou a
resistência das células aos fármacos utilizados, sobrevivendo e continuando a se multiplicar
(FIGUEIREDO et al., 2003).
Os reguladores do ciclo celular
O ciclo celular é desencadeado quando um fator de crescimento atua sobre as
células em repouso, induzindo a sua divisão. Os principais componentes do sistema de
controle que determina a progressão celular por meio do ciclo celular é composto de duas
famílias de proteínas: ciclinas e ciclinas-quinases dependentes (cdks, cyclin dependent
kinases) e inibidores das cdks. As cdks são formadas por um grupo de proteíno-quinases do
tipo serina-treonina, sendo expressas de modo constitutivo na célula, porém na forma inativa;
Existem 8 grupos de ciclinas (as principais são A, B, D e E), as quais podem ser ativadas por
meio de fosforilação (RANG; et al., 2005).
Por outro lado, as cdks, são sintetizadas apenas nas fases específicas do ciclo
celular, enquanto às ciclinas, estimulam as cdks; De forma contrária seus inibidores exercem
efeito inibitório no controle do ciclo celular (KUMMAN et al., 2005).
21
Sendo assim, os fatores de crescimento estimulam a produção de dois tipos de
transdutores de sinais:
9 Reguladores positivos do ciclo celular, os quais controlam as alterações
necessárias para a divisão celular, como por exemplo: a ciclina D;
9 Reguladores negativos, que controlam os reguladores positivos, como por
exemplo: o gene p53.
A Ciclina D
A ciclina D regula a proliferação celular e progressão da fase G1 para S do ciclo
celular. Alguns estudos relatam apenas deficiência in situ de ciclina D1, confundindo com
diferenças não significativas entre melanomas primários e melanomas metastáticos. Estudos
confirmam a utilidade da ciclina D no diagnóstico como um marcador melanocístico
(FIGUEIREDO et al., 2003).
O Gene p53
O gene p53, denominando o “guardião do genoma”, codifica um fator de
transcrição protéico, a proteína p53. É um gene supressor tumoral encontrado em células
normais em baixa quantidade, podendo ser detectado em concentrações normais em muitos
tumores malignos e benignos; este tem a função primária de manter as células em estado de
repouso após um dano no DNA. O gene p53 pode ainda iniciar o processo de apoptose caso o
defeito do DNA não seja reparado (RANG et al., 2005).
1.2.9 Proliferação celular x indicadores de proliferação
A ação proliferativa desencadeada por um tumor ou tecido é ordenada pela fração
de crescimento, na qual um determinado número de células encontra-se em ciclo e pelo tempo
levado por estas células para completar seu ciclo celular. Existem evidências correlacionando
22
a taxa de proliferação tumoral e achados clínicos, principalmente em tumores sólidos
(BROWN; GATTER, 1990). Novos achados sobre os mecanismos reguladores do ciclo
celular têm levado cada vez mais à descoberta de vários antígenos celulares [PCNA
(Proliferation Cell Nuclear Antigen) e Ki-67], expressos em células apresentando estado de
proliferação que podem ser identificados por métodos imunohistoquímicos.
O marcador Ki-67 foi descrito por Gerdes et al. (1983). Esta molécula é um
anticorpo monoclonal que identifica um antígeno nuclear presente na maioria das células em
proliferação. A expressão deste antígeno está intimamente associada com o ciclo celular,
podendo ser usada para medir a fração de crescimento das células. Sua expressão ocorre
durante a fase G1 e progride durante o ciclo celular, alcançando o máximo em G2 e M,
diminuindo rapidamente após a mitose, não sendo expresso em G0 (Figura 5) (QUINN;
WRIGHT, 1990; FLENGHI et al., 1988).
O Antígeno Nuclear de Proliferação Celular (PCNA) é uma proteína de 36kDa
acessória de polimerase, presente em todas as fases no ciclo celular, tendo seu pico de
expressão em G1 tardio e S precoce. Bhawan et al. (2002), mostraram que o PCNA
imunologicamente maculado é maior em melanomas metastáticos. Porém, em alguns tumores,
a sua escolha como marcador de atividade proliferativa ainda é, muitas vezes, questionada.
G
G
0
0
G
G
2
2
G
G
1
1
KI-67
PCNA
M
M
S
S
DIFERENCIAÇÃO
Figura 5 - Expressão do Ki-67 e PCNA na progressão do ciclo celular: o ciclo celular possui
4 fases (G1-S-G2-M) onde o PCNA é mais expresso no final de G1 e início de S e o Ki-67
mais no final da fase S, não sendo expresso em G0 e início de G1. Esquema retirado da
dissertação de mestrado de Montenegro (2003).
23
24
1.2.10 Sarcoma 180 e a oncologia experimental
A descoberta de inúmeros compostos utilizados no tratamento clínico de
neoplasias tem ocorrido devido à evolução da oncologia experimental (POTT et al.,
1987). A quimioterapia do câncer, seja em animais experimentais ou em humanos, tem
como objetivo a redução do número de células neoplásicas viáveis, abaixo do qual, as
células que sobrevivam ao tratamento com uma determinada droga não sejam capazes
de restabelecer a doença (PESSOA, 2000).
O Sarcoma 180 foi inicialmente identificado no Croker Laboratory
(Columbia University, New York) em 1914. É um tumor de natureza sólida, que foi
inicialmente classificado como carcinoma mamário, por surgir espontaneamente na
região axilar de camundongos. Em 1919, após muitos transplantes subcutâneos, assumiu
a forma sarcomatosa e manteve-se sem alterações até os dias atuais. A forma sólida
caracteriza-se por ter um rápido crescimento, atingindo uma média de 18 x 14 x 10 mm
por volta de sete dias de transplante. Pode causar metástase para os pulmões o que pode
ocorrer quando os tumores estão com mais de quatro semanas de evolução (SCHABEL
et al., 1977).
Foi observado que muitos tumores a partir da 3ª semana de implante
desenvolvem necrose, sendo a morte dos animais ocasionada geralmente por
desnutrição, toxemia e septicemia. Em 1951, após inoculação intraperitoneal de fluido
leitoso de Sarcoma 180 (sólido) em camundongos Swiss, Charlotte Friend desenvolveu
a forma ascítica do tumor nos animais; Pessoa et al. (2000), descrevem que inicialmente
são inoculados aproximadamente 1 milhão de células tumorais e após 10 dias, tem-se
aproximadamente 75 a 150 milhões de células tumorais por mL. Esta metodologia tem
sido largamente utilizada pelo Laboratório de Oncologia Experimental (LOE) da
Universidade Federal do Ceará (UFC) como screening de novas drogas anticâncer, em
que muitos agentes antitumorais empregados na clínica são submetidos a testes
(PESSOA et al., 2000).
25
1.2.11 Justificativa do estudo
A busca de substâncias promissoras por meio de screening racional de
produtos naturais como fonte de drogas antineoplásicas como subsídio alternativo para
o tratamento do câncer tem norteado inúmeras pesquisas para obtenção de novos
fármacos (HAUNAUSKE, 1996; ISHIOKA et al., 1998).
Após a descoberta e o sucesso do paclitaxel, a busca de novos produtos
naturais, com atividade anticâncer por mecanismos de ação similar ao deste fármaco ou
por outras vias de ação, recebeu atenção especial por parte de diferentes grupos de
pesquisa. Isso pode ser confirmado pelo número de promissores compostos naturais
isolados de diferentes fontes (SOUZA, 2003).
26
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar o potencial antitumoral das fisalinas B e D, bem como determinar o
potencial citotóxico das fisalinas: B, F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B, e
fisalina E isoladas da Physalis angulata Lin., coletada no município de Pentecoste,
interior do Ceará, a partir da determinação de suas atividades citotóxicas em modelos in
vitro e da avaliação antitumoral in vivo.
2.2 Objetivos específicos
9 Determinar e comparar as atividades citotóxicas das fisalina D (PA-1), fisalina B
(PA-2), fisalina F, (PA-3), 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4), 5-α-
etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B (PA-4H
2
) e fisalina E (PA-5) em
células tumorais e no desenvolvimento embrionário do ouriço do mar Lytechinus
variegatus;
9 Determinar a capacidade hemolítica das fisalinas: fisalina D (PA-1), fisalina B (PA-
2), fisalina F, (PA-3), 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4), fisalina E
(PA-5);
9 Avaliar a atividade antitumoral in vivo no Sarcoma 180 dos animais tratados com as
fisalinas D (PA-1) e fisalina B (PA-2), salina (controle negativo) e 5 fluorouracil
(controle positivo), através da determinação do percentual de inibição do
crescimento tumoral;
9 Analisar o peso e as características histomorfológicas dos órgãos (rins, fígado e
baço) e dos tumores obtidos ao final do 10º dia de inoculação do tumor tratados por
7 dias com as fisalinas B e D, salina (controle negativo) e 5 fluorouracil (controle
positivo);
27
9 Determinar o índice de proliferação celular no tumor, através da análise
imunohistoquímica pelo Ki-67, dos animais tratados com as fisalinas B e D, salina
(controle negativo) e 5 fluorouracil (controle positivo);
9 Avaliar o padrão de morte (apoptose ou necrose) nas células tumorais HL-60,
previamente incubadas com as fisalinas D (PA-1), B (PA-2), F, (PA-3) e 5-α-etóxi-
6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4).
28
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Equipamentos
Agitador de placa MLW Modelo Thys 2
Aquário marinho
Centrífuga Centrimicro FANEN Modelo 212
Centrífuga Excelsa Baby - I FANEN Modelo 206
Centrífuga de placas - Eppendorf Modelo Centrifuge 5403
Centrífuga de lâminas - Shandon Southern Cytospin
Deionizador de água Milli-Q
Espectrofotômetro de placas - Packard Spectra Count
Fluxo laminar - VECO
Frascos para cultura de células- Corning
Incubadora de células (CO
2
Water-Jacket Incubator) - NUAIRE TS Autoflow
Microscópio de fluorescência Olympus Modelo BX41
Microscópio óptico - Metrimpex Hungary/PZO-Labimex Modelo Studar lab
Microscópio óptico de inversão - Nikon Diaphot
29
3.2 Soluções x reagentes
NOMES CONCENTRAÇÕES MARCA
Ácido Acético 32 N REAGEN
Ácido Clorídrico 0,1 N VETEC
Água do mar filtrada - -
Álcool Etílico 70% VETEC
Anticorpo secundário biotinilado anti-
imunoglobulina de camundongo
1 µL de anticorpo biotinilado
DAKO
1 µL de anticorpo anti-Ki-67
DAKO Anticorpo monoclonal Anti - Ki-67
BSA 5% q.s.p. 50 µL de solução
DAKO
4 mg de Azul de tripan SIGMA Azul de tripan 4%
PBS q.s.p. 100 mL de solução -
1mg de Brometo de etídeo SIGMA
Brometo de etídio 100 µg/mL
PBS q.s.p 10 mL de solução -
5 µL de DAB
I
MMUNOTECH
1 mL de Tris-Hcl (Tris 0,05M) pH=7,6
PROQUIMIOS
Diaminobenzidina (DAB)
2 µL de H
2
O
2
PROQUIMIOS
Doxorrubicina
0,3 µg/mL
ZODIAC
0,5 g de Eosina DOLES
80 mL de EtOH VETEC
0,5 mL de Ácido acético VETEC
Eosina 0,5%
20 mL de H
2
O -
Estreptavidina – peroxidase
1 µL de Estreptavidina – peroxidase
DAKO
Estreptavidina – peroxidase
BSA 5% q.s.p. 100 µL de solução
DAKO
30
100 mL de Formaldeído 37% VETEC
4 g de Fosfato de sódio monobásico LABSYNTH
6,5 g Fosfato de sódio dibásico LABSYNTH
Formalina neutra 10%
H
2
O q.s.p. 900 mL -
5- Fluorouracil 250 mg/10 mL
ICN
FARMACÊUTICA
0,5 g de Hematoxilina DOLES
10 mL de Glicerina LABSYNTH
25 g de Sulfato de alumínio LABSYNTH
Hematoxilina 0,1%
0,1 g de Iodeto de potássio LABSYNTH
37,3 g de Cloreto de potássio LABSYNTH KCl 0,5M
H
2
O q.s.p 1 L de solução. -
Laranja de Acridina
1g de laranja de acridina (100µg/mL) FLUKA
H
2
O q.s.p. 10mL de solução -
50mg de MTT SIGMA MTT (5mg/mL)
PBS q.s.p. 10 mL de solução -
Meio de cultura de células RPMI
1640
Diluído em água deionizada e
esterilizada, filtrado em filtro millipore
0,22 mm – e complementado com
10% SBF, 1% de glutamina, 1% de
antibióticos, 1% de bicarbonato de
sódio (0,75%) e 25 mM de HEPES.
Cultilab
Penicilina 10.000 U.I./mL CULTILAB
Penicilina – estreptomicina
Estreptomicina 10 mg/mL CULTILAB
8,5 g de Cloreto de sódio (0,85%) LABSYNTH Solução salina (para hemólise)
1,11 g de Cloreto de cálcio (10 mM) REAGEN
31
H
2
O q.s.p 1 L de solução -
Soro fetal bovino - CULTILAB
Cloreto de sódio 1,5 M LABSYNTH
Citrato de sódio 0,15 M
GRUPO
QUÍMICA
SSC 10X
H
2
O -
32
8,766 g de Cloreto de sódio LABSYNTH
2,14 g de NaHPO4.7H
2
O LABSYNTH
0,276 g de NaHPO4.H
2
0 LABSYNTH
Tampão fosfato (PBS)
H
2
0 q.s.p. 1 L de solução (pH = 7,2) -
Cloreto de sódio 1,5 M LABSYNTH
Tris 0,5 M (pH= 7,6) PROQUÍMIOS
Tampão Tris (TBS) 10X
H
2
O
-
50 mL de Tripsina 2,5% CULTILAB
0,125 g de EDTA PROQUÍMIOS
Tripsina 0,25%
500 mL de PBS -
1 mL de Triton X-100 ISOFAR Triton X -100 1%
H
2
O q.s.p. 100 mL de solução -
3.2.1 Modelos biológicos experimentais
Camundongos Mus musculus Swiss
Ovos do ouriço-do-mar Lytechinus variegatus
Linhagens celulares tumorais cultivadas (Tabela 5)
3.3 Principais constituintes químicos isolados da espécie Physalis angulata Lin.
Vários espécimes de uma mesma população de Physalis angulata Lin. foram
coletados na comunidade de Cipó, município de Pentecoste - Ceará em junho de 2003,
pelo Prof. Dr. Manoel Andrade Neto, do Departamento de Química Orgânica e
Inorgânica da Universidade Federal do Ceará. O material botânico foi identificado pelo
33
Prof. Edson Paula Nunes do Departamento de Biologia, sua exsicata encontra-se
depositada no Herbário Prisco Bezerra, sob a inscrição 33.576, na UFC.
Quanto ao isolamento e purificação dos fitocompostos oriundos da P.
angulata Lin., este foi coordenado pela Prof(a) Dra. Otília Desudênia Loiola Pessoa e
realizado pela doutoranda em química orgânica Maria Leopoldina Veras. Todo o
procedimento químico foi realizado no Departamento de Química Orgânica e
Inorgânica da UFC.
As partes aéreas de P. angulata (4,3 Kg) foram secas a temperatura
ambiente, trituradas e submetidas à extração exaustiva com n-hexano, seguido de
extração com etanol, obtendo-se o extrato etanólico de P. angulata (EEPA). Em
seguida, o EEPA foi submetido a fracionamento cromatográfico em sílica gel,
utilizando como eluentes o n-hexano, CH
2
Cl
2
, AcOEt e MeOH. Ao final da eluição com
CH
2
Cl
2
ocorreu à precipitação de 2 gramas de um material sólido, amorfo branco, com
ponto de fusão entre 287-290 °C. Este precipitado foi filtrado a vácuo resultando em 2,0
g de material, codificado por (Extrato Etanólico de Physalis angulata – Diclorometano
precipitado - EEPA-Dp), de onde posteriormente foi isolada e identificada a fisalina D,
sendo denominada por PA-1.
Partindo-se da fração CH
2
Cl
2
foi obtida: a fisalina B, caracterizando-se como
um sólido amorfo branco com ponto de fusão entre 263-267 °C, sendo denominada de
PA–2. O metabólito secundário denominado fisalina F também foi isolado como um
sólido amorfo, com ponto de fusão variando entre 295 – 297 °C, sendo posteriormente
denominada de PA–3 e a substância PA-4 a qual foi denominada 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-
5,6-diidrofisalina B também como as demais, apresentou-se como um sólido amorfo
branco, com ponto de fusão variando entre 229-230,8 °C.
A partir da fração AcOEt, obtida por eluição como CH
2
Cl
2
/AcOEt (4:6)
obteve-se um material sólido branco, contendo um pequeno percentual de impurezas,
mas apresentando ponto de fusão variando entre 302-305 °C Assim, este material foi
recristalizado em acetona fornecendo 1,2 g de sólido amorfo branco, após analise dos
dados espectrais e comparação com dados descritos na literatura foi identificada como a
fisalina E, denominada por PA-5 (Fluxograma 3).
Fluxograma 3 - Isolamento dos constituintes químicos de Physalis angulata Lin.
34
EHPA
Resíduo
1. Extração com n-hexano
2. Evaporação do solvente
1. Extração com Etanol
2. Evaporação do solvente
Parte aérea
Metanol
Hexano
Acetato de Etila
Diclorometano
Vale salientar que todos os compostos isolados foram caracterizados segundo
seus pontos de fusão e também por análises espectrais de RMN
1
H e
13
C, uni e
bidimensionais, como também em cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de
massa (CG/EM). Os resultados foram compatíveis aos descritos na literatura (CHIANG
et al., 1992a, 1992b; MAKINO et al., 1995). Sendo assim, todos os compostos químicos
isolados a partir de partes aéreas da P. angulata Lin. mostraram-se quimicamente
purificados (Tabela 4).
35
Tabela 4 - Constituintes químicos isolados da Physalis angulata Lin.
EEPA
Substância Massa
Molecular
36
Ponto de
Fusão (°C)
Estrutura química
EEPA-Dp
(PA-1)
544,5
287-290
Fisalina D
(PA-2)
510,5
263-267
Fisalina B
(PA-3)
526,5
295-297
Fisalina F
EEPA-D
(PA-4)
572,6
229-230.8
Fisalina 5 α-etóxi-6β-hidroxi-5,6-
diidrofisalina B
37
38
EEPA Substância Massa
Molecular
Ponto de
Fusão (°C)
Estrutura química
EEPA-D
(PA-4H
2
)
574,6
229-230.8
Fisalina 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-
2,3,5,6-tetrahidrofisalina B
EEPA-A
(PA-5)
544,5
302 -305
Fisalina E
Fonte: Chiang et al. (1992a, 1992b); Makino et al. (1995)
3.4 MÉTODOS
39
3.4.1 Avaliação da atividade antiproliferativa em células tumorais in vitro.
A citotoxicidade avaliada através do método do MTT, Mosmann (1983)
utilizando as seguintes linhagens celulares (Tabela 5): CEM (leucemia – humana), HL-
60 (leucemia – humana), HCT-8 (cólon – humana), MCF-7 (mama – humano), B-16
(melanoma – murino), PC-3 (próstata), MDA-MB-231 e MDA-MB-435 (mama) e K-
562 (eritroleucemia) obtidas através de doação do Instituto Nacional do Câncer dos
Estados Unidos (NCI). O ensaio consiste em uma análise colorimétrica baseada na
conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-brometo de tetrazolium (MTT)
para formazan, pela atividade da enzima succinil-desidrogenase presente na mitocôndria
da célula viável (MOSMANN, 1983), permitindo dessa forma, quantificar a
porcentagem de células vivas e definir facilmente o perfil citotóxico de uma
determinada substância, porém apenas o teste do MTT não é capaz de elucidar
mecanismo de ação (BERRIDGE et al., 1996).
Tabela 5 - Linhagens tumorais utilizadas no ensaio de citotoxicidade in vitro
LINHAGEM CELULAR TIPO DE NEOPLASIA ORIGEM
CEM Leucemia linfocítica Humana
HL-60 Leucemia promielocítica Humana
K-562 Eritroleucemia Humana
HCT-8 Cólon Humana
MCF-7 Mama Humana
MDA-MB 231 Mama Humana
MDA-MB 435 Mama Humana
PC-3 Próstata Humana
B-16 Pele Murina
3.4.1.1 Procedimento experimental
40
As linhagens celulares foram cultivadas em frascos plásticos para cultura
(Corning, 25cm
2
, volume de 50mL para células aderidas e 75cm
2
, volume de 250mL
para células em suspensão); utilizando o meio de cultura RPMI 1640 complementado
com 10% de soro fetal bovino e 1% de antibióticos (penicilina/estreptomicina). As
células foram incubadas em estufa a 37°C com atmosfera de 5% de CO
2
, seguido da
observação do crescimento celular com ajuda de microscópio de inversão a cada 24
horas, quando necessário às células foram repicadas em meio de cultura novo, em uma
concentração de 0,5-1,0 x 10
6
céls/ mL (BUTLER; DAWSON, 1992).
As células em suspensão ou monocamadas foram plaqueadas em multiplacas
de 96 cavidades numa densidade de 0,3 x 10
6
células/mL, para células suspensas (CEM,
HL-60 e K-562), 0,7 x 10
5
células/mL para HCT-8 e MCF-7, 0.1 x 10
6
(MDA-MB,
PC3), e 0,6 x 10
5
células/mL para B16. As substâncias testes, (Fisalinas B, D, E, F, 5α-
etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B e 5α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-tetrahidroxifisalina
B), foram incubadas durante 72 horas juntamente com a suspensão de com
concentrações variando de 0,39 a 25 µg/mL. A doxorrubicina foi utilizada como
controle positivo com concentrações variando de 0,003 a 0,25 µg/mL. Após o período
de incubação, as placas foram centrifugadas (15 g/15 min. correspondente a 1500
rpm/15 min.), e o sobrenadante foi descartado. Cada cavidade recebeu 200 µL da
solução de MTT (10% em meio RPMI 1640) e foi reincubada durante 3 horas, em
estufa a 37°C e a 5% CO
2
. Após esse período, as placas foram novamente centrifugadas
(30 g/10 min correspondente a 3000 rpm/10 min.), o sobrenadante foi desprezado, e o
precipitado foi resuspendido em 150 µL de DMSO. Para a quantificação do sal reduzido
nas células vivas, as absorbâncias foram lidas com o auxílio do espectofotômetro de
placa, no comprimento de onda de 550 nm. Essa técnica tem a capacidade de analisar a
viabilidade e o estado metabólico da célula, sendo assim, bastante útil para avaliar a
citotoxicidade.
3.4.1.2 Análise dos dados
41
As drogas foram testadas em diluição seriada, em duplicata ou triplicata. Foi
plotado o gráfico: absorbância x concentração, e determinado suas CI
50
(concentração
inibitória média capaz de inibir o crescimento celular em 50%) e seus respectivos
intervalos de confiança (IC 95%) realizado a partir de regressão não-linear utilizando o
programa Prism versão 4.0 (GraphPad Software). Para verificação da ocorrência de
diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados foram comparados por
análise de variância (ANOVA) seguida de Student Newman Keuls (p<0,05).
3.4.2 Avaliação da atividade antimitótica em ovos do ouriço-do-mar.
Foram utilizados exemplares da espécie Lytechinus variegatus, coletados na
praia da Lagoinha, litoral cearense. Esses animais são facilmente coletados e mantidos
em aquários no laboratório de Ecotoxicologia - LABOMAR. Eles têm como vantagem
apresentarem ovos não muito pigmentados, facilitando a visualização dos estágios de
desenvolvimento embrionário e desse modo eles podem sugerir uma visão geral sobre o
mecanismo de ação da droga, dependendo do estágio em que a droga inibe o
desenvolvimento do ovo (COSTA-LOTUFO et al., 2002).
3.4.2.1 Procedimento experimental
A eliminação dos gametas foi induzida pela injeção de até 3 mL de KCl 0,5
M na cavidade celômica (perivisceral) dos ouriços. Após o término da eliminação dos
gametas, os óvulos foram lavados em uma proveta com água do mar filtrada. Esse
processo foi repetido por mais duas vezes, para remoção da camada gelatinosa que
envolve o óvulo. Após a última lavagem, os óvulos foram resuspendidos em 50 mL de
água do mar filtrada. Os espermatozóides concentrados foram coletados e mantidos em
baixa temperatura, 4ºC, até o momento do uso. A fecundação foi realizada pela adição
de 1 mL da suspensão de espermatozóides (0,05 mL de suspensão concentrada dos
espermatozóides/ 2,45 mL de água do mar) à suspensão de óvulos (50 mL). Após cerca
42
de dois minutos, a fecundação foi confirmada pela presença da membrana da
fecundação (figura 6b), através da observação de uma amostra das células em
microscópio óptico. Os ovos (1 mL) foram distribuídos numa placa com 24 cavidades,
contendo as substâncias teste em diferentes concentrações (1, 3, 10, 30 e 100 µg/mL). A
doxorrubicina foi utilizada como controle positivo do experimento nas concentrações de
0,1, 0,3, 1, 3 e 10 µg/mL. Os ovos foram incubados num volume final de 2 mL,
mantidos à temperatura ambiente (26 ± 2°C) sob agitação constante. Nos intervalos
correspondentes a aproximadamente 1 h e 2h após a fecundação, correspondentes
respectivamente à primeira e terceira divisões (figuras 6c e 6e) foram fixadas alíquotas
de 0,2 mL em formalina 10%. Já a blástula (figura 6f), foi fixada com 0,1 mL de
formaldeído adicionado ao volume restante na placa 3h30 min após a fecundação. Cem
embriões foram contados em cada amostra para obtenção da porcentagem de células
divididas (JIMENEZ et al., 2003).
Figura 6 - Fotomicrografias das primeiras fases do desenvolvimento embrionário do
ouriço Lytechinus variegatus. A - óvulo; B - ovo com membrana de fecundação; C - 1
a
.
divisão; D - 2
a
. divisão; E - 3
a
. divisão; F - blástula.
3.4.2.2 Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. O cálculo da CI
50
(concentração inibitória média capaz de provocar 50%
do efeito máximo) e seu respectivo intervalo de confiança (IC) 95% foi realizado a
partir de regressão não-linear utilizando o programa Prism versão 4.0 (GraphPad
Software). Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls (p<0,05).
3.4.3 Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos Mus musculus
Swiss.
43
44
Esta metodologia, segundo descrita por Costa-Lotufo et al. (2002); Dresch et
al. (2005), permitiu avaliar o potencial das substâncias-teste em causar lesões na
membrana plasmática da célula, seja pela formação de poros ou pela ruptura total.
3.4.3.1 Procedimento experimental
Foi coletado o sangue de três camundongos (Mus musculus Swiss) por via
orbital, sendo diluído em 30 volumes de solução salina (NaCl 0,85% + CaCl
2
10 mM).
Os eritrócitos foram lavados 2 vezes em solução salina e centrifugados (15 g/3 min.
correspondente a 1500 rpm/3 min.) para redução da contaminação plasmática e
ressuspensos em solução salina para obtenção de uma suspensão de eritrócitos (SE) a
2%. Os ensaios foram realizados em multiplacas com 96 cavidades. Cada poço da 1ª
fileira recebeu 100 µL da solução salina. Na 2ª, os poços receberam 50 µL da solução
salina e 50 µL do veículo de diluição da substância teste, neste caso, DMSO 10%. Aos
poços da 3ª fileira, foram adicionados 100 µL de solução salina e 100 µL das
substâncias teste em solução [fisalina D (PA-1), fisalina B (PA-2), fisalina F, (PA-3), 5-
α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4), 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-
tetrahidrofisalina B (PA-4H
2
) e fisalina E (PA-5)]. Da 4ª fileira em diante os poços
receberam 100 µL da solução salina, excetuando-se os da última fileira, que receberam
80 µL de solução salina e 20 µL de Triton X – 100 1% (controle positivo). As diluições
foram feitas da 3ª à 11ª cavidade, retirando-se 100 µL da solução da cavidade anterior e
transferindo para a seguinte de modo que as concentrações foram sempre diluídas pela
metade, variando de 1,5 a 200 µg/mL. Em seguida, 100 µL da suspensão de eritrócitos
foram plaqueados em todos os poços. Após incubação de 1 hora, sob agitação constante
à temperatura ambiente (26 ± 2ºC), as amostras foram centrifugadas (50 g/3 min.
correspondente a 5000 rpm/3 min.) e o sobrenadante transferido para uma outra placa
para a leitura da absorbância no espectofotômetro de placas a 540 nm. A atividade do
extrato foi determinada de maneira relativa ao valor dos controles positivo e negativo.
45
3.4.4 Viabilidade celular - Exclusão por Azul de Tripan
O teste de exclusão por azul de tripan permite quantificar separadamente as
células viáveis das células mortas pela subsncia testada. O corante penetra em todas as
células, porém somente as células viáveis conseguem bombear o tripan para fora, sendo
possível desta forma, observar uma coloração azulada nas células mortas (JIMENEZ et
al., 2003).
3.4.4.1 Procedimento experimental
Células da linhagem HL-60, na concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, foram
incubadas por 24h com as substâncias e examinadas ao microscópio de inversão. A
concentração utilizada foi estimada a partir do valor da CI
50
(5, 10 e 15 µg/mL)
encontrada no método do MTT para esta mesma linhagem celular. Retirou-se 90 µL da
suspensão de células e foi adicionado a 10 µL do azul de tripan (tripan a 10%). As
células viáveis e as não viáveis foram diferenciadas e contadas em câmara de
Newbauer. A Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (VERAS et
al., 2004).
3.4.4.2 Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls, com nível de significância de 5% (p<0,05).
46
3.4.5 Coloração diferencial por brometo de etídio/laranja de acridina
O método de coloração pelo brometo de etídio / laranja de acridina,
McGahon et al. (1995), permite diferenciar células viáveis daquelas em processo de
morte por apoptose ou necrose através da coloração diferencial por fluorescência e
baseia-se na revelação das células (controle e tratadas) com a coloração de brometo de
etídio (BE) e laranja de acridina (LA) ao nível do núcleo. A laranja de acridina
intercala-se ao DNA, conferindo aparência verde ao núcleo celular, sendo capaz de
atravessar membranas intactas.
O brometo de etídio é incorporado majoritariamente por células não viáveis
(com instabilidade de membrana), intercalando-se ao DNA corando-o de laranja;
ligando-se fracamente ao RNA, que se mostrará com uma coloração vermelha. As
células viáveis com membrana intacta apresentaram núcleo uniformemente corado de
verde pela LA; O BE marca muito fracamente ou muitas vezes não marca, pois não
atravessa à membrana não lisadas. As células em apoptose inicial (membrana ainda
intacta) apresentaram manchas verdes brilhantes no núcleo (condensação da cromatina)
e não são marcadas por BE; morfologicamente observam-se alterações da membrana em
decorrência da formação de corpúsculos apoptóticos.
As células em necrose (lesão de membrana) apresentam um padrão de
coloração uniforme, laranja-avermelhada e não há formação de corpos apoptóticos.
Possivelmente, as membranas plasmáticas permaneçam intactas durante o fenômeno
apoptótico até os últimos estágios quando se tornam permeáveis aos solutos
normalmente retidos (KUMMAR et al., 2005).
47
3.4.5.1 Procedimento experimental
Células da linhagem HL-60, plaqueadas na concentração de 0,3 x 10
6
cél/mL, foram incubadas por 24h com as drogas. As concentrações utilizadas (5, 10 e 15
µg/mL) foram estimadas a partir do valor da CI
50
encontrada no método do MTT para
esta mesma linhagem celular. A suspensão de células foi transferida para um tubo
eppendorf e centrifugada por 5 min em baixa rotação (10 g/5 min. correspondente a
1000 rpm/5 min.). O sobrenadante foi descartado e as células foram ressuspendidas em
20 µL de solução de PBS. Em seguida, 1 µL da solução de BE:LA foi adicionado a cada
tubo e uma alíquota dessas células transferido para uma lâmina e montado com lamínula
e em seguida levadas ao microscópio de fluorescência para observação dos eventos
celulares. A Doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo (GENG et al.,
2003).
3.4.5.2 Análise dos dados
Foram contadas 300 células, em duplicata, cada amostra para a quantificação
percentual de cada evento celular (viáveis, necróticas e apoptóticas) e montadas em
lâminas que foram fotografadas para o registro visual dos efeitos. Para verificação da
ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados foram
comparados por análise de variância (ANOVA) seguida de Student Newman Keuls
(p<0,05).
3.4.6 Avaliação da atividade antitumoral (in vivo)
3.4.6.1 Obtenção e manutenção dos animais
Os testes para avaliação da atividade antitumoral in vivo foram realizados
utilizando camundongos (Mus musculus Swiss) machos pesando entre 20-25g oriundos
do biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC, mantidos com água
48
e alimento ad libitum. O manejo dos animais foi realizado procurando seguir a todos
princípios éticos, de forma a amenizar ao máximo o sofrimento dos animais.
O animal de manutenção ou doador foi anestesiado com éter etílico e sacrificado
por meio de deslocamento cervical. Fez-se o procedimento asséptico com álcool iodado
e em seguida coletou-se o líquido ascítico da cavidade abdominal, tendo sido preparada
uma suspensão de células com 4,0 mL de Ringer lactato, 0,5 mL de gentamicina (5
mg/mL) e 0,5 mL do líquido ascítico, para posterior contagem das células. Conforme
aprovado pelo comitê de ética de pesquisas em animais da UFC (CEPA).
3.4.6.2 Avaliação do efeito das fisalinas B e D em camundongos transplantados com
Sarcoma 180.
A avaliação da atividade antitumoral está relacionada à regressão total de
tumores nos animais, à redução no crescimento dos tumores sensíveis ao composto ou
ao aumento da expectativa de vida durante o tratamento, comparado com os não
tratados. Ficou demonstrado que o melhor resultado desses fatores depende do
procedimento do tratamento, que deverá ser começado até 48 h após o transplante.
Neste período, as células tumorais já teriam iniciado a formação do nódulo tumoral
(SCHABEL et al., 1977). O tumor utilizado foi o Sarcoma 180 o qual foi descoberto em
1914 no Crocker Laboratory (Columbia Univrsity, New York), é originalmente um
tumor sólido, surgido espontaneamente na região axilar de camundongos, e foi
inicialmente classificado como carcinoma mamário. Após vários transplantes
subcutâneos, assumiu a forma sarcomatosa, por volta de 1919, e mantêm-se sem
alterações até os dias de hoje.
3.4.6.3 Procedimento experimental
Para o teste de atividade antitumoral, foi utilizado o tumor sólido do tipo
Sarcoma 180, com 8 dias de implantação na região axilar direita. O animal doador, ou
da manutenção, foi sacrificado por deslocamento cervical, sendo realizado assepsia com
49
álcool iodado. Em seguida, foi retirado o líquido ascítico da cavidade abdominal, tendo
sido preparado uma suspensão de células com 5,0 mL de Ringer lactato, 0,2 mL de
gentamicina (5mg/mL) e 0,5 mL do líquido ascítico, para posterior contagem de células.
Os animais receptores ou utilizados para o experimento de atividade antitumoral, foram
inoculados com 4 x 10
6
células/0,2 mL na região axilar dos camundongos e o tratamento
foi iniciado 24 horas após o implante dos tumores e continuou durante 7 dias
consecutivos, com as fisalinas B e D nas doses de 10 e 25 mg/kg, 5-Fluorouracil (5FU)
– 25 mg/Kg (controle positivo) e solução salina (controle negativo). Todos os grupos
foram tratados por via intraperitoneal. No terceiro dia após o termino do tratamento os
animais foram sacrificados, sendo em seguida retirados os tumores, rins, fígado e baço
para pesagem, análise histológica e realização da imunohistoquímica dos tumores
através do marcador para proliferação tumoral: Ki-67.
O percentual de inibição do crescimento tumoral (IT) foi calculado pela
fórmula:
IT (%) = [(A-B)/A] x 100
Onde:
A = média dos pesos dos tumores no grupo controle.
B = média dos pesos dos tumores nos animais tratados.
3.4.6.4 Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de n
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida de Student Newman Keuls, com nível de significância de 5% (p<0,05).
50
3.4.7 O marcador Ki-67
O marcador denominado Ki-67 foi descrito por GERDES et al., em 1983. A
quantificação deste antígeno é útil para avaliar proliferação celular. A expressão deste
antígeno está intimamente associada com o ciclo celular, podendo ser usado para medir
a fração de crescimento das células. Sua expressão ocorre durante a fase G1 e progride
durante o ciclo celular, alcançando o máximo em G2 e M, diminuindo rapidamente após
a mitose, não sendo expresso em G0 (FALINI et al., 1989; QUINN; WRIGHT, 1990).
3.4.7.1 Descrição da imunohistoquímica pelo Ki-67
3.4.7.2 Procedimento experimental
Após o sacrifício dos animais, ocorreu a retirada e pesagem de órgãos e
tumores, os quais foram armazenados em formol a 10%. As peças foram retiradas do
formol, seccionadas em pequenas fatias e montadas em parafina para posterior
preparação das lâminas: controle negativo (Salina), controle positivo (5-FU, 25 mg/Kg),
animais tratados com fisalinas B e D (10 e 25 mg/kg). O material foi fixado em formol a
10% por 24 horas, desparafinizado em xilol por 15 minutos, e desidratado em
concentrações crescentes de álcool até 70% (mergulhando-se rapidamente as lâminas),
sendo posteriormente reidratado, sendo lavadas em água destilada até ter sido removido
todo o álcool. Posteriormente uma parte dessas lâminas foi corada com
Hematoxilina/Eosina, sendo analisadas com ajuda do microscópio.
Uma outra parte foi seguida, sendo as lâminas acondicionadas em jarras
plásticas de Colpe (furadas no fundo) com tampão citrato em pH 6,0 cobrindo todas as
lâminas dentro de um becher. O becher foi levado ao microondas em potência máxima
por 10 minutos até atingir ebulição, a partir dai deixou-se por mais 7 minutos. Retirou-
se o becher com o material sendo deixado por 20 minutos em temperatura ambiente. O
tampão citrato foi descartado e as lâminas foram lavadas com TBS (de forma indireta e
com cuidado para não remover os cortes histológicos).
51
Acrescentou-se peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) a 3% em metanol com a
finalidade de bloquear a peroxidase endógena (interferente do experimento) por 10
minutos. As lâminas foram novamente lavadas com TBS e enxugando-as em seguida e
retirando o excesso de parafina oriunda do processo de fixação. As lâminas foram
circundadas com caneta hidrofóbica adicionando o TBS sobre a região circundada.
Posteriormente, o TBS foi aspirado e as lâminas foram incubadas em câmara úmida
com soro normal de coelho – BSA (1:5) por 20 minutos (70 µL de soro/lâmina). O BSA
foi aspirado e o material foi incubado novamente em câmara úmida com anticorpo
primário (1:5), sendo mantido em overnight (16-24 horas) em refrigerador (± 8ºC).
Após o período determinado, o material foi retirado da geladeira deixando-se
por 15 minutos em temperatura ambiente. Removeu-se o anticorpo primário, lavando-se
o material com TBS (deixando-se por 5 minutos) sendo retirado, e em seguida incubou-
se novamente as lâminas com anticorpo secundário (coelho anti-mouse biotinilado),
onde foi deixado por 30 minutos; As lâminas foram lavadas com TBS, acrescentou-se
então Estreptavidina e 30 minutos depois o material foi lavado com TBS por 5 minutos
em borel vertical com ranhura.
Adicionou-se o fotoreagente (DAB) por 3 minutos (ou até os fragmentos
adquirirem coloração mais escura). Retirou-se então o DAB e corou-se o material em
hematoxilina na concentração de 1:1, deixando-se o material secar a temperatura
ambiente. Posteriormente as lâminas foram lavadas 3 vezes em etanol absoluto 100% e
em xilol 100% para desidratação. Finalmente as lâminas foram montadas com Bálsamo
do Canadá.
3.4.7.3 Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da contagem
de células Ki67 positivo presente em cada 4-6 campos por lâmina de cada grupo. Para
verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os
52
dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida de Student
Newman Keuls (p < 0,05).
3.4.8 Analise morfológica e histopatológica
O método de coloração por hematoxilina e eosina (H/E) permite diferenciar o
citoplasma do núcleo, possibilitando, assim, a análise de algumas estruturas celulares. A
análise morfológica e histopatológica de tecidos dos animais tratadas permitem
identificar alterações que possam estar ocorrendo e fornecer subsídios para sugerir os
efeitos tóxico causados pela droga.
3.4.8.1 Procedimento experimental
Após o sacrifício dos animais, ocorreu a retirada e pesagem de órgãos e
tumores, os quais foram armazenados em formol a 10%. As peças foram retiradas do
formol e seccionadas em pequenas fatias para posterior preparação das lâminas. O
material foi fixado em formol a 10% por 24 horas, desparafinizado em xilol por 15
minutos, e desidratado em concentrações crescentes de álcool até 70% (mergulhando-se
rapidamente as lâminas), sendo posteriormente lavadas em água destilada até ter sido
removido todo o álcool. Posteriormente as lâminas foram coradas com Hematoxilina
0,1%.
3.4.8.2 Análise dos dados
As lâminas contendo as células coradas foram levadas ao microscópio para
avaliação das suas características morfológicas e comparadas ao controle (Salina). Em
seguida as alterações celulares foram registradas por fotografia.
53
4 RESULTADOS
4.1 Avaliação da citotoxicidade em células tumorais
A atividade antiproliferativa foi inicialmente avaliada para os extratos e as
frações da P. angulata Lin. pelo método do MTT e estão representados na Tabela 6. O
destaque deu-se para o precipitado obtido do extrato diclorometano que apresentou
elevada citotoxicidade com CI
50
correspondente a 8,4 (6,9-10,1), 6,1 (5,2-7,1), 3,6 (2,7-
4,7), 5,8 (2,2-15,2) e 5,2 µg/mL (4,4-6,2) nas linhagens CEM, HL-60, HCT-8, MCF-7,
Melanoma-B-16 (murino) respectivamente, enquanto o precipitado oriundo do mesmo
extrato apresentou um elevado potencial citotóxico, cujas CI
50
foram < 0,8 µg/mL em
todas as linhagens testadas: leucemia humana (CEM e HL-60), cólon (HCT-8), mama
(MCF-7) e pele (B-16). Também a fração acetato de etila apresentou uma citotoxicidade
nas linhagens CEM, HL-60, HCT-8, MCF-7, Melanoma-B-16 (murino), cuja CI
50
foi <
8,0 µg/mL em todas as linhagens .
A partir do precipitado diclorometano foi obtido o fitocomposto,
denominado por fisalina D, o qual apresentou potencial citotóxico, tendo demonstrado
elevada citotoxicidade na maioria das linhagens testadas. Partindo-se da fração
diclorometano foram isoladas três fisalinas, as quais foram denominadas por fisalina B,
fisalina F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B, enquanto a partir da fração
acetato de etila obteve-se a fisalina E.
Dentre as seis fisalinas obtidas, a 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-
tetrahidrofisalina B e a fisalina E não apresentaram citotoxicidade, cujas CI
50
foram > 6
µM nas células CEM, HL-60, HCT-8 e B-16. Por outro lado, a fisalina D e F mostraram
perfil citotóxico semelhante cujas CI
50
foram < 1.5 µM (1,0 µg/mL) nas células CEM,
HL-60, HCT-8 e B16 (Tabela 8). Enquanto, a fisalina B e a fisalina 5-α-etóxi-6-β-
hidróxi-5,6-diidrofisalina B, também apresentaram elevado potencial citotóxico, cujos
54
valores das CI
50
variaram entre 1,7 e 3,4 µM respectivamente nas células HL-60
(Tabelas 7 e 8).
Desse modo, a fisalina D e B mereceram destaque por seus potenciais
citotóxicos, sendo por isso, selecionadas e correlacionadas em seus perfis citotóxicos
em 9 linhagens celulares. Podemos observar que a fisalina D foi potencialmente
citotóxica nas linhagens CEM, HL-60, K-562, HCT-8, MCF-7, MDA-MB-231, MDA-
MB-435 e B-16 com CI
50
< 1,40 µM, porém foi observado uma moderada capacidade
citotóxica nas células PC-3 cuja CI
50
foi de 4,47 µM (Tabela 7). Já a fisalina B
mostrou baixa citotoxicidade para as linhagens MDA-MB-435, MDA-MB-231, PC-3
cujas CI
50
foram de 15,53; 13,82; 29,76 µM respectivamente, porém apresentou
citotoxicidade para as linhagens CEM, HL-60, HCT-8, MCF-7, e B-16 com CI
50
< 1,72
µM (Tabela 7).
Dessa maneira, fazendo-se uma correlação em µM com as fisalinas B e D
(através da razão das fisalinas B/D), observou-se uma variação no espectro de atividade
citotóxica, onde a fisalina D foi de 1,69 à 20,16 vezes mais ativa do que a fisalina B
(valores entre parênteses na Tabela 7). Comparando-se a fisalina B com a F podemos
observar uma superioridade no grau citotóxico da fisalina F variando de 1,14 à 2,40
vezes mais ativa que a fisalina B. Fazendo-se ainda uma analogia do grau de
citotoxicidade das fisalinas D e F podemos observar uma certa equivalência entre os
efeitos citotóxicos de ambas as fisalinas, com uma pequena vantagem para a fisalina F,
onde os valores variam de 0,67 à 1,14 mais ativa que a fisalina D nas linhagens HL-60,
HCT-8 e B-16, enquanto para a linhagem celular CEM ambas as fisalinas mostraram-se
igualmente citotóxicas. Sendo assim, as fisalina D e F foram as mais citotóxicas dentre
as fisalinas testadas no MTT, com CI
50
< 3,0 µg/mL (5,5 µM para fisalina D e 5,7 µM
para a fisalina F para as linhagens HL-60, HCT-8 e B-16 e CEM). Vale a pena salientar
que enquanto as linhagens CEM, HL-60 e B-16 foram mais sensíveis às fisalinas B, D
e F, a linhagem PC-3 mostrou uma maior resistência para ação destas substâncias
(Tabela 7).
55
A análise realizada com a doxorrubicina (controle positivo) para o MTT,
apresentou valores que variaram entre 0,06 µM para a linhagem melanoma B-16 à 0,83
µM para a linhagem MDA-MB 435. Quando é feita uma analogia entre as fisalinas B,
D e F com a doxorrubicina (controle positivo) é possível observar uma equivalência no
potencial citotóxico para a fisalina D na linhagem MDA-MB 435 (com 0,83 µM para a
doxorrubicina e 0,77 µM para a fisalina D). É importante ressaltar que considera-se uma
substância potencialmente citotóxica aquela que possui CI
50
< 20 µg/mL (em µM varia
de acordo com do peso molecular da substância) (Tabela 7).
Tabela 6 - Determinação das CI
50
dos diferentes extratos e frações da Physalis angulata
Lin. em diferentes linhagens de células tumorais humana, obtidas por regressão não-
linear.
Extratos
Linhagem celular
CEM HL-60 HCT-8 MCF-7 B16
Hexânico 52,3
(45,0-60,8)
33,1
(29,4-37,1)
67,9
(63,9-72,2)
59,4
(54,8-64,3)
37,2
(27,2-50,7)
Etanólico 7,9
(3,6-17,4)
6,4
(5,3-7,7)
6,4
(5,9-6,9)
5,5
(4,6-6,6)
7,5
(6,4-8,7)
Frações
Hexânica > 50 > 50 > 50 42,04
(38,4-46,0)
> 50
Diclorometano 8,4
(6,9-10,1)
6,1
(5,2-7,1)
3,6
(2,7-4,7)
5,8
(2,2-15,2)
5,2
(4,4-6,2)
Precipitado obtido da
F. diclorometano
< 0,8 < 0,8 < 0,8 < 0,8 < 0,8
Ac. de etila 7,1
(5,4-9,3)
7,9
(6,3-9,9)
6,7
(5,5-8,3)
3,7
(2,5-4,6)
3,6
(2,7-4,9)
Metanólica > 50 > 50 > 50 21,2
(13,1-34,3)
40,1
(35,1-45,8)
Cada amostra foi testada em triplicata, e as análises foram realizadas em duas
determinações. CI
50
corresponde à concentração que inibe 50% do crescimento celular
(média – Intervalo de confiança)
CI
50
(µg/mL, Intervalo de confiança).
56
Fisalina D
/Fisalina F
CI
50
(***)
1 (1,02)
0,67 (0,67)
_
1,25 (1,24)
_
_
_
_
1,10 (1,14)
Fisalina B
/Fisalina F
CI
50
(***)
2,25 (2,46)
1,07 (1,14)
_
2,14 (2,28)
_
_
_
_
2,17 (2,40)
Fisalina B
/Fisalina D
CI
50
(***)
2,25 (2,41)
1,58 (1,69)
6,26 (6,67)
1,70 (1,83)
2,39 (2,55)
18,85 (20,16)
11,94 (12,79)
6,24 (6,65)
1,96 (2,10)
Fisalina F
CI
50
µg/mL(µM)
0,28 (0,50)
0,24 – 0,33
0,81 (1,5)
0,67 – 0,97
_
0,27 (0,50)
0,23 – 0,31
_
_
_
_
0,28 (0,50)
0,21 – 0,36
Fisalina D
CI
50
µg/mL(µM)
0,28 (0,51)
0,25 – 0,31
0,55 (1,01)
0,42 – 0,74
0,75 (1,38)
0,67 – 0,85
0,34 (0,62)
0,30 – 0,39
0,43 (0,79)
0,35 – 0,53
0,42 (0,77)
0,28 – 0,63
0,59 (1,08)
0,47 – 0,75
2,43 (4,47)
2,17 – 2,68
0,31 (0,57)
0,25 – 0,37
Fisalina B
CI
50
µg/mL(µM)
0,63 (1,23)
0,54 – 0,73
0,87 (1,71)
0,59 – 1,29
4,70 (9,21)
2,88 – 7,67
0,58 (1,14)
0,39 – 0,86
1,03 (2,02)
0,98 – 1,08
7,92 (15,53)
6,13 – 10,22
7,05 (13,82)
5,23 – 9,49
15,18 (29,76)
12,46 – 18,50
0,61 (1,20)
0,54 – 0,70
Doxo (**)
CI
50
µg/mL(µM)
0,02 (0,04)
0,02 – 0,03
0,02 (0,03)
0,01 – 0,02
0,14 (0,24)
0,09 – 0,23
0,01 (0,02)
0,01 – 0,02
0,20 (0,34)
0,17 – 0,24
0,48 (0,83)
0,34 – 0,66
0,10 (0,17)
0,07 – 0,13
0,24 (0,41)
0,21 – 0,27
0,03 (0,06)
0,02 – 0,04
A/B (*)
CEM
HL-60
K-562
HCT-8
MCF-7
MDA-MB
435
MDA-MB
231
PC-3
B-16
Tabela 7 - Atividade citotóxica das fisalinas B, D e F nas linhagens de células tumorais humana. A doxorrubicina foi usada com
o
co
n
t
r
o
l
e
pos
i
t
i
vo.
Cada amostra foi testada em triplicata, e as análises foram realizadas em duas determinações. CI
50
corresponde à concentração que inibe 50% do crescimento celular
(média – Intervalo de confiança) CI
50
(µg/mL, Intervalo de confiança).
(*) A – Linhagens celulares B - Substâncias (**) Doxorrubicina (***) Nº de vezes mais potente que a substância do numerador
Tabela 8 - Atividade citotóxica das fisalinas E, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-
2,3,5,6-tetrahidrofisalina B (PA-4H
2
) nas linhagens de células tumorais humanas. A doxorrubicina foi usada como controle
positivo.
PA-4 /PA-4H
2
CI
50
(***)
13,52
(13,50)
5,29
(5,31)
5,90
(6,10)
22,90
(23,10)
PA-4H
2
CI
50
µg/mL (µM)
9,33 (16,20)
6,48 – 13,45
10,70 (18,60)
7,96 – 14,37
3,54 (6,10)
2,28 – 5,49
13,32 (23,10)
11,50 – 15,43
PA-4
CI
50
µg/mL (µM)
0,69 (1,20)
0,61 – 0,78
2,02 (3,50)
1,54 – 2,65
0,60 (1,00)
0,51 – 0,69
0,58 (1,00)
0,47 – 0,71
PA-5
CI
50
µg/mL (µM)
> 25
(> 45,90)
> 25
(> 45,90)
> 25
(> 45,90)
> 25
(> 45,90)
Doxo (**)
CI
50
µg/mL (µM)
0.02 (0.04)
0.02 – 0.03
0.02 (0.03)
0.01 – 0.02
0.01 (0.02)
0.01 – 0.02
0.03 (0.06)
0.02 – 0.04
A/B (*)
CEM
HL-60
Cada amostra foi testada em triplicata, e as análises foram realizadas em duas determinações. CI
50
corresponde à concentração que inibe 50%
do crescimento celular. (média – Intervalo de confiança) CI
50
(µg/mL, Intervalo de confiança).
(*) A – Linhagens celulares B - Substâncias
PA-4 - 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B PA-4H
2
- 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B
(**)Doxorrubicina (***) Nº de vezes mais potente que a substância do numerador
B-16
HCT-8
57
58
4.2 Avaliação do potencial antimitótico em ovos de ouriço do mar Lytechinus
variegatus.
O ensaio avaliou o desenvolvimento embrionário do ouriço do mar,
determinando o potencial antimitótico das fisalinas (vitaesteróides) isoladas da Physalis
angulata Lin. Foram avaliadas as fisalinas B, D, E, F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B, e a 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B.
As fisalinas B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B inibiram o
desenvolvimento embrionário em concentração menor que 52 µM, porém a fisalina D
foi a que teve a menor CI
50
na 1ª divisão e na blástula, correspondentes a 8,7 µM e 10
µM respectivamente, e na 3ª divisão foi de 13,4 µM, tendo demonstrado o seu elevado
potencial antimitótico. Enquanto a fisalina B mostrou-se a mais ativa na 3ª divisão com
uma CI
50
correspondente 10,5 µM, valores esses menores do que os encontrados na 5-
α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B e fisalina E; Por outro lado, fisalina 5-α-etóxi-
6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B não apresentou potencial antimitótico, uma vez
que a sua CI
50
foi maior do que 174 µM em todas as divisões (Tabela 9). Já os
controles doxorrubicina e etoposide tiveram uma CI
50
de 10,8 e 13,3 na 1ª divisão
respectivamente, valores esses superiores ao encontrado com a fisalina D. Vale ressaltar
que ambos os controles positivos foram mais ativos que as seis fisalinas testadas para a
3ª divisão e blástula.
A ordem decrescente de atividade para as fisalinas na 1
a
divisão foi: fisalina
D > B > F > 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B > E > 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-
2,3,5,6-tetrahidrofisalina. Na 3ª divisão foi: fisalina B > D > F > 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-
5,6-diidrofisalina B > E > 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B e a na fase
blástula a ordem foi: fisalina D
> F > B > 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B > E
> 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B. A Figura 7, mostra o efeito da
ação das fisalina B (58,8 µM) e D (55,1 µM) correspondente as fases de 3ª divisão e
blástula do desenvolvimento embrionário dos ovos do ouriço. Pode-se observar que as
fisalinas B e D inibiram completamente as clivagens observadas na terceira divisão
evoluindo para ocorrência de divisões anômalas na fase de blástula.
59
Tabela 9 - Atividade antimitótica das fisalinas D (PA-1/183,0 µM), B (PA-2/195,9 µM),
F (PA-3/189,9 µM), 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4/174,6 µM), E
(PA-5/183,7 µM) e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B (PA-4 H
2
/ 174,0
µM) no intervalo de concentração de 1 à 100 µg/mL. Os controles positivos
doxorrubicina e etoposide na concentração de 58,0 µg/mL correspondendo (106,7 µM)
para a doxorrubicina e (92 µM) para o etoposide sobre o desenvolvimento embrionário de
ovos de ouriço do mar Lytechinus variegatus, nas fases de 1ª divisão 3ª divisão e blástula
com as CI
50
e com seus respectivos intervalos de confiança de 95% obtidos por regressão
não-linear.
(PA - 1) - 183,0 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 4,786 (8,70) 3,556 – 6,424
3ª Divisão 7,323 (13,4) 5,579 – 9,613
Blástula 5,498 (10,0) 5,498 – 7,374
(PA - 2) – 195,9 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 6,431 (12,5) 3,405 – 12,15
3ª Divisão 5,308 (10,5) 4,232 – 6,657
Blástula 7,631 (14,9) 6,356 – 9,649
(PA - 3) – 189,9 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 8,284 (15,7) 6,479 – 10,59
3ª Divisão 7,572 (14,3) 5,872 – 9,765
Blástula 7,281 (13,8) 6,077 – 8,723
(PA - 4) – 174,6 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 16,54 (28,8) 10,68 – 25,63
3ª Divisão 29,48 (51,4) 19,24 – 45,17
Blástula 10,51 (18,3) 8,181 – 13,51
(PA - 5) – 183,7 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão > 100 (> 183,6)
3ª Divisão 72,28 (132,7) 33,43 - >100
Blástula 15,40 (28,2) 11,55 – 20,55
(PA - 4 H
2
) – 174,0 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão > 100 (174)
3ª Divisão > 100 (174)
Blástula > 100 (174)
(Doxorrubicina) – 106,7 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 6,28 (10,84) 4,34 – 9,09
3ª Divisão 0,34 (0,66) 0,16 – 0,73
Blástula 0,54 (0,94) 0,27 – 1,07
(Etoposide) – 92 (µM*) Fase da divisão CI
50
-
µg/mL(µM) IC 95%
1ª Divisão 7,85 (13,34) 1,210 – 48,84
3ª Divisão 0,30 (0,52) 0,200 – 0,460
Blástula 0,85 (1,44) 0,530 – 1,370
(*) – Valor correspondente em µM a 5, 10 e 15 µg para as fisalinas e 58 µg para
doxorrubicina e etoposide.
Figura 7 - Ação das fisalina B (58,8 µM) e D (55,1 µM), correspondente a 30 µg/mL,
isoladas do extrato etanólico de Physalis angulata sobre o desenvolvimento de ovos do
ouriço do mar Lytechinus variegatus. Em A – Controle na terceira divisão, B – fisalina
B, C – fisalina D, D – Controle na blástula, E – fisalina B e F – fisalina D. As
substâncias foram adicionadas 2 min após a fecundação.
A
C
B
F
E
D
4.3 Avaliação da atividade hemolítica em eritrócitos de camundongos Mus musculus
Swiss
Na aplicação metodologia, foi observada ausência de atividade hemolítica
das seis fisalinas nas concentrações testadas na curva ( 200 µg/mL ou < 392 µM). Para
este ensaio, foram consideradas ativas aquelas substancias que apresentaram CE
50
< 200
µg/ml.
60
61
4.4 Viabilidade celular pelo método de exclusão do azul de tripan
Nesse ensaio, as células HL-60 foram diferenciadas em células viáveis
(transparente) e células não-viáveis (azul), o que permitiu quantificar a redução da
viabilidade nas células tratadas, sugerindo uma diminuição do crescimento. As fisalinas
B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B reduziram de forma significativa o
número de células viáveis em todas as concentrações testadas (5, 10 e 15 µg/mL),
quando comparadas ao controle negativo (p < 0,05). Na concentração de 15 µg /mL
(27,5 µM), a fisalina D foi o composto mais ativo, quando comparada aos controles
negativo e positivo, com redução do número de células viáveis em 98,5 %, e em torno
de 75% o número de células consideradas não viáveis (Figuras 8 e 9), seguida pela
fisalina F 94,5 %, fisalina B 93,3 % enquanto 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina
B reduziu em apenas 64 % (P < 0,05) (Figura 8). A doxorrubicina foi testada como
controle positivo na concentração de 58,0 µg/mL (106,7 µM) causando 85,5 % de
redução no número de células viáveis (Figura 9).
Figura 8 - Avaliação da viabilidade, pelo método de exclusão por azul de tripan, em
células HL-60 controles (C) e tratadas com as frações selecionadas nas concentrações 5,
10 e 15µg/mL. Fisalinas D (PA-1), fisalina B (PA-2), fisalina F (PA-3) e 5-α-etóxi-6-β-
hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) células viáveis. Os dados correspondem à média ±
E.P.M. de três experimentes independentes. a, p < 0,05 comparado com o controle
negativo por ANOVA seguido por Student Newman Keuls.
Células HL - 60 viáveis
PA-1 PA-2 PA-3 PA-4
0
30
60
90
Controle (-)
Doxorrubicina
5 µg/mL
10 µg/mL
15 µg/mL
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Fisalinas
de células viáveis
(x 10
4
células/mL)
62
Figura 9 - Avaliação da viabilidade, pelo método de exclusão por azul de tripan, em
células HL-60 controle (C) e tratadas com as frações selecionadas nas concentrações 5,
10 e 15µg/mL. Fisalinas D (PA-1), fisalina B (PA-2), fisalina F (PA-3) e 5-α-etóxi-6-β-
hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) células não viáveis. O gráfico apresenta o número
de células não viáveis. (C -), controle negativo e (C +), doxorrubicina 0,3 µg/mL. Os
dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. a, p < 0,05
comparado com o controle negativo por ANOVA seguido por Student Newman Keuls.
Células HL - 60 Não Viáveis
PA-1 PA-2 PA-3 PA-4
0
10
20
30
40
Controle (-)
Doxorrubicina
5 µg/mL
10 µg/mL
15 µg/mL
*
*
*
Fisalinas
de células não viáveis
(x 10
4
células/mL)
63
64
4.5 Avaliação do padrão de morte celular por apoptose ou necrose
Em relação ao padrão de morte celular estudado neste trabalho, foram
selecionadas apenas as fisalinas B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B,
por terem exibido atividade no tocante ao potencial citotóxico das mesmas. A fisalina D
nas concentrações de 5 e 10 µg/mL (9,2 e 18,4 µM respectivamente) apresentou um
padrão dose-resposta para apoptose inicial, sendo verificado um baixo número de
células em apoptose tardia (Figuras 10 A e 12). Na concentração de 15 µg/mL (27,5
µM) verificou-se um grande aumento no número de células em processo de necrose. O
tratamento das células com a fisalina B indicou um número crescente de células
apoptóticas em estágio inicial, segundo as respectivas concentrações de 5 e 10 µg/mL
(9,79 e 19,6 µM, respectivamente), sendo mais evidente esta ação na concentração de
15 µg/mL (29,4 µM), (Figura 10 B e 12). Em relação ao tratamento das células com a
fisalina F nas concentrações de 10 e 15 µg/mL (19,6 e 29,4 µM, respectivamente) foi
observado um elevado número de células em fase inicial de apoptose, enquanto a
concentração de 15 µg/mL (28,5 µM) induziu a uma discreta elevação na quantidade de
células em apoptose tardia e necrose (Figuras 11 A e 13). Por outro lado, a 5-α-etóxi-6-
β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B mostrou uma maior quantidade de células em apoptose
inicial na concentração de 10 µg/mL (17,5 µM), enquanto na concentração de 15 µg/mL
(26,2 µM) foi observado um discreto aumento de células em apoptose tardia e também
em estágio de necrose (Figuras 11 B e 13).
65
Figura 10 (A) - Efeito da fisalina D (PA-1) e (B) Efeito da fisalina B (PA-2) sobre o
padrão apoptótico em cultura de células da linhagem de leucemia promielocítica (HL-
60). As células foram cultivadas e pré-incubadas com as fisalinas D (PA-1) nas
concentrações de 5, 10 e 15 µg/mL (9,2, 18,4 e 27,5 µM respectivamente) e fisalina B
(PA-2) nas concentrações de 5, 10 e 15 µg/mL (9,7, 19,6 e 29,4 µM respectivamente),
permanecendo em incubação por 24 horas. Doxorubicina (0,3 µg/mL) foi usada como
controle positivo. O padrão apoptótico foi evidenciado pela coloração laranja de
acridina/brometo de etídio. Os experimentos foram realizados em 3 dias diferentes,
sendo contadas 300 células por lâmina. Os valores estão expressos como média ± EPM,
a vs controle, (dentro de cada padrão morfológico) (p < 0.05, ANOVA e teste de
Turkey).
CON
T
ROL
E
DOXORRUBICINA
g/
m
L
µ
P
A1
5
g/mL
µ
PA1 10
g
/m
L
µ
P
A1
15
0
100
200
300
viáveis
apoptose inicial
apoptose tardia
necrose
a
a
a
a
a
a
a
a
a
Nº de células/campo
A
CONTROLE
D
OX
O
RR
U
BI
C
IN
A
g/m
L
µ
PA
2
5
g/
mL
µ
PA
2
10
g/m
L
µ
PA
2
15
0
100
200
300
viáveis
apoptose inicial
apoptose tardia
necrose
a
a
a
a
a
a
a
a
a
de células/campo
B
Figura 11 (A) - Efeito da fisalinas F (PA-3) e (B) 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B (PA-4) sobre o padrão apoptótico em cultura de células da linhagem de
leucemia promielocítica (HL-60). As células foram cultivadas e pré-incubadas com as
fisalinas F (PA-3) nas concentrações de 5, 10 e 15 µg/mL (9,5, 19,0 e 28,5 µM
respectivamente) e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) nas concentrações
de 5, 10 e 15 µg/mL (8,7, 17,5 e 26,2 µM respectivamente), permanecendo em
incubação por 24 horas. Doxorubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo. O
padrão apoptótico foi evidenciado pela coloração laranja de acridina/brometo de etídio.
Os experimentos foram realizados em 3 dias diferentes, sendo contadas 300 células por
lâmina. Os valores estão expressos como média ± EPM, a vs controle, (dentro de cada
padrão morfológico) (p < 0.05, ANOVA e teste de Turkey).
CONT
ROLE
D
OXORRUBICIN
A
g/mL
µ
P
A4
5
g/mL
µ
PA
4 10
g/mL
µ
PA4 15
0
100
200
300
viáveis
apoptose inicial
apoptose tardia
necrose
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
de células/campo
C
O
NTR
O
LE
DOXOR
R
UBICINA
g/mL
µ
PA3 5
g/mL
µ
PA
3 10
g
/
mL
µ
PA3 15
0
100
200
300
viáveis
apoptose inicial
apoptose tardia
necrose
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
de células/campo
B
A
66
Figura 12 – Efeito das fisalinas B (PA-2) 5,10 e 15 µg/mL (9,7, 19,6 e 29,4 µM);
fisalina D (PA-1) 5, 10 e 15 µg/mL (9,2, 18,4 e 27,5 µM), doxorrubicina 0,3 µg/mL (5,5
µM) sobre o padrão apoptótico em cultura de células da linhagem linfocítica HL-60.
Após 24 horas do tratamento o padrão apoptótico foi avaliado pela técnica da laranja de
acridina/brometo de etídio. Seta larga fechada ( ) :corpúsculos apoptóticos, seta larga
aberta ( ): células necróticas. Microscópio de fluorescência (40 X).
Controle
Doxorrubicina
PA-1 (5)
PA-1 (10)
PA-1 (15)
PA-2 (5)
PA-2 (10)
PA-2 (15)
PA-2 (10)
67
Figura 13 – Efeito das fisalinas F (PA-3) 5, 10 e 15 µg/mL (9,5, 19 e 28,5 µM); 5-α-
etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (PA-4) 5, 10 e 15 µg/mL (8,7, 17,5 e 26,2 µM),
doxorrubicina 0,3 µg/mL (5,5 µM) sobre o padrão apoptótico em cultura de células da
linhagem linfocítica HL-60. Após 24 horas do tratamento o padrão apoptótico foi
avaliado pela técnica da laranja de acridina/brometo de etídio. Seta larga fechada ( )
:corpúsculos apoptóticos, seta larga aberta ( ) : células necróticas. Microscópio de
fluorescência (40 X).
PA-3 (5)
Controle
Doxorrubicina
PA-3 (10)
PA-4 (5)
PA-3 (15)
PA-4 (10)
PA-4 (15)
68
69
4.6 Determinação da atividade antitumoral (in vivo)
A atividade antitumoral in vivo das fisalinas B e D foram determinadas
utilizando o modelo experimental do Sarcoma 180 transplantados em camundongos
Mus musculus Swiss. Foi observado que ambas as fisalinas B e D inibiram o
crescimento tumoral de forma significativa. No 10º dia após o implante das células de
Sarcoma 180, os tumores foram retirados e em seguida, realizado o processo de
pesagem. O peso dos tumores para os camundongos do grupo controle (salina) foi de
3,42 ± 0,24g, enquanto na presença da fisalina B foi de 1,90 ± 0,40 e 1,68 ± 0,24g para
as doses de 10 e 25 mg/kg/dia/ respectivamente; O tratamento dos animais com a
fisalina D mostrou valores de 1,86 ± 0,47 e 1,89 ± 0,29 g para as mesmas dosagens
realizadas com a fisalina B. Os percentuais para inibição do crescimento tumoral foram
de 44,44 % na dose de 10 mg/kg e 50,87% na dose de 25 mg/kg para a fisalina B,
enquanto a fisalina D inibiu em 45,61 e 44,73% nas mesmas doses respectivamente
(Figura 14 e Tabela 10). Dessa maneira, não ocorreu nenhuma diferença significativa
entre as fisalinas nas diferentes doses testadas. Já o 5 fluorouracil (5-FU, 25mg/kg),
induziu uma inibição tumoral de 71,05% no tumor no sarcoma 180 (Tabela 10).
Após o tratamento com as fisalinas B e D (25 mg/kg), o peso dos rins estava
reduzido significativamente (p < 0.05), enquanto o peso dos fígados e baços não
mostrou diferença em nenhuma das doses utilizadas (10 e 25mg/kg) (Tabela 10). Porém
com o 5-Fluorouracil todos os pesos dos órgãos foram reduzidos significativamente (p <
0,05) em relação ao controle (Tabela 10).
70
Tabela 10 - Determinação dos pesos dos órgãos (fígado, rins e baço) e do percentual de
inibição tumoral dos animais tratados com o 5-Fluorouracil (25 mg/kg), fisalinas: B e D (10 e
25 mg/kg), durante 7 dias consecutivos (n = 10). (
a
representa p < 0,05).
Droga Dose
(mg/Kg/dia)
Fígado
(X ± E.P.M)
(g)
Baço
(X ± E.P.M)
(g)
Rins
(X ± E.P.M)
(g)
Tumor
(X ± E.P.M)
(g)
Inibição
Tumoral
(%)
N
C (*)
-
2,00 ± 0,13 0,29 ± 0,02 0,42 ±0,02 3,42 ± 0,24
- 10
5-FU
25
1,53 ± 0,10
a
0,16 ± 0,02
a
0,32 ± 0,01
a
0,99 ± 0,25
a
71,05 8
Fisalina
B
10
1,87 ± 0,08 0,28 ± 0,03 0,40 ± 0,01 1,90 ± 0,40
a
44,44 11
25
1,81 ± 0,09 0,25 ± 0,03 0,31 ± 0,01
a
1,68 ± 0,24
a
50,87 9
Fisalina
D
10
1,89 ± 0,09 0,32 ±0,04 0,40 ± 0,02 1,86 ± 0,47
a
45,61 11
25
1,76 ± 0,12 0,29 ± 0,02 0,35 ± 0,02
a
1,89 ± 0,29
a
44,73 8
Os dados estão apresentados como a média ± erro padrão da media S.E.M. para um n de
experimentos. Diferenças significantes para o grupo controle foram avaliadas por ANOVA
seguido por Student Newman Keuls: um, p < 0,05. (*) controle negativo.
71
4
25 25
(mg/Kg)
*
*
*
*
*
C 10 25
0
10
3
2
1
Volume Tumoral (g)
5-FU
Fisalina B
Fisalina D
Figura 14 - Determinação do volume tumoral nos animais inoculados com o tumor
Sarcoma 180, após 7 dias de tratamento com 5-Fluorouracil (25 mg/kg), fisalinas B e D
(10 e 25mg/kg), Os valores correspondem à média ± E.P.M. de dez animais. (
*
representa p < 0,05) comparado com o grupo controle negativo por ANOVA seguido
por Student Newman Keuls.
72
4.7 Avaliação da atividade proliferativa pelo método imunohistoquímico com Ki67
Ki67 é um marcador para proliferação de células tumorais. Utilizou-se este
marcador para análise em tumores removidos dos animais controle, tratados com 5-FU
(25 mg/kg), fisalina B (25 mg/kg) e fisalina D (25 mg/kg), os quais foram sacrificados
no 10º dia após o inicio do experimento.
Observou-se uma marcação nuclear eficaz e com boa preservação de
detalhes morfológicos em todas as secções de tumores marcados com o anticorpo Ki67.
Em algumas das amostras examinadas, foi possível destacar células em mitose, além de
uma positividade citoplasmática forte. A Figura 15 mostra a quantidade de células
positivas marcadas com Ki67, onde podemos observar um número relativo de células
tumorais positivas para Ki67. Foi observado que os tumores analisados dos grupos
tratados com 5-FU, fisalina B e fisalina D, apresentaram uma quantidade de células
positivas correspondentes a 1,2; 3,0 e 1,8 respectivamente. Esse percentual foi
substancialmente menor quando comparado com os tumores do grupo controle, tendo a
fisalina D percentual semelhante ao 5-FU, não havendo diferença significativa (p
<0.05).
73
*
* *
Controle
Fisalina B
5-FU
20
15
10
5
0
Fisalina D
Células positivas para Ki67/campo
Figura 15 – Detecção do anticorpo Ki-67 sobre as células tumorais de Sarcoma 180
tratadas com 5-FU, fisalina B e fisalina D (25 mg/kg/dia) durante 7 dias de tratamento.
Os valores correspondem à média ± E.P.M. da contagem de células Ki67 positivas de 4-
6 campos/ tumor. a, p < 0,05 comparado com o grupo controle negativo por ANOVA
seguido por Student Newman Keuls.
74
4.8 Avaliação histopatológica de órgãos e tumor
As análises histopatológicas dos rins de animais tratados com as fisalinas B e
D mostraram discretas alterações no epitélio tubular proximal, com preservação da
estrutura glomerular. As alterações epiteliais observadas são sugestivas de
reversibilidade, não indicando quadro de nefrotoxicidade. Por outro lado, a análise
histopatológica do fígado demonstrou moderada toxicidade frente as fisalinas em ambas
as doses, sendo que a B (Figura 16 C) apresentou mudanças histológicas mais
significativas quando comparadas ao tratamento com a fisalina D em ambas as doses.
Tais aspectos histológicos incluíram hiperplasia das células de Kupffer, áreas de
congestão venosa centrolobular, infiltrado local de células inflamatórias crônicas,
intensa tumefação turva de hepatócitos, graus variados de esteatose em microgotas e
hemorragia sinusoidal (Figura 16 D).
Em relação aos animais tratados com 5-Fluorouracil (5-FU), resultou em
intensa diminuição dos pesos do fígado, baço e rim (p < 0.05; Figura. 16 B e Tabela 10).
As análises histopatológicas realizadas nos rins após tratamento com 5-FU
apresentaram discretas áreas de tumefação turva do epitélio tubular. Enquanto no fígado
foram observadas: congestão da veia portal e da veia centrolobular, tumefação turva dos
hepatócitos (indicando intenso trabalho do fígado para a metabolização da droga),
hiperplasia das células de Kupffer, além de muitos focos inflamatórios. Estas alterações
indicam discreta hepatotoxicidade, porém de natureza reversível.
Os animais do grupo controle apresentaram o rim com estrutura glomerular
preservada e sem maiores peculiaridades. Em relação ao fígado foram observados focos
inflamatórios, trechos com tumefação turva dos hepatócitos e hiperplasia das células de
Kupffer.
As análises histopatológicas dos tumores retirados de camundongos do
grupo controle negativo mostraram neoplasia constituída por células redondas e
poligonais, com núcleos hipercromáticos, exibindo por vezes binucleação e graus
75
variados de pleomorfismo celular e nuclear (Figura 17 C). Foram visualizadas mitoses,
invasão muscular. Nos tumores dos animais tratados com 5-FU, fisalinas B e D as áreas
de necrose de coagulação eram mais extensas do que as observadas no grupo controle,
demonstrando morte celular (Figuras 17 B, 17 C e 17 D).
A B
A
Congestão Portal
Congestão Portal
D
B
C
Figura 16 – Histopatologia dos fígados de camundongos transplantados com células
tumorais de Sarcoma 180, tratados com: (A) Grupo controle; (B) Grupo tratado com 5-
FU (25 mg/kg); (C) Grupo tratado com Fisalina B (25 mg/kg); (D) Grupo tratado com
Fisalina D (25 mg/kg). Esteatose microvesicular induzida pelo tratamento com fisalina
B, mostrado no detalhe da Fig C. As setas em preto mostram hiperplasia das células de
Kupffer. As setas em branco apresentam degeneração de hepatócitos (40X).
76
Necrose
B
A
C D
Células tumorais
Necrose
Necrose Células tumorais
Figura 17 – Histopatologia de células tumorais de Sarcoma 180 removidas no 10° dia
após tratamento com (A) Tumor não tratado, (B) tratamento com 5-FU (25 mg/kg/dia),
(C) tratado com fisalina B 25 mg/kg/dia) e (D) camundongos tratados com fisalina D
(25 mg/kg/dia).
77
78
5 DISCUSSÃO
As plantas têm sido a principal fonte altamente efetiva na obtenção de
drogas para o tratamento de muitas formas de câncer. Os compostos freqüentemente
isolados de plantas podem não servir como as drogas, porém servem de caminhos para o
desenvolvimento de novos agentes com potencial terapêutico. Como novas tecnologias
foram desenvolvidas, alguns dos agentes que falharam precocemente em estudos
clínicos tem se tornado alvos de interesse na busca de renovadas ferramentas
farmacológicas (CRAGG; NEWMAN, 2005).
A habilidade para ligar os agentes a carreadores de moléculas dirigidas para
tumores específicos apresenta-se como promessa altamente efetiva de alvos de produtos
naturais citotóxicos para os tumores tentando evitar os possíveis efeitos colaterais
tóxicos em tecidos saudáveis. Com a rápida identificação de novas proteínas, as quais
têm significante efeito regulatório no ciclo de progressão de células tumorais, e a
conversão destas nos alvos para screening, moléculas isoladas de plantas e outros
organismos naturais estão provando ser importantes fontes de novos inibidores da ação
destas proteínas chave, e possuem o potencial para desenvolvimento de agentes
anticâncer seletivos (CRAGG; NEWMAN 2005).
A Physalis angulata é uma erva amplamente distribuída ao longo do Brasil,
possuindo grande valor popular devido a suas propriedades medicinais informadas,
inclusive atividade de anticâncer (CHIANG et al., 1992a, 1992b; TOMASSINI et al.,
2000; LORENZI et al., 2002; SOARES et al., 2003; WU et al., 2004). Seus extratos tem
sido objeto de diversos estudos biológicos como antimicrobiano, antiinflamatório,
imunomoduladora, antitumoral, tripanossomicida, antihepatoma, antinociceptivo etc.
(TOMASSINI et al., 2000; CHOI; HWANG, 2003; WU et al., 2004). Este amplo
espectro de atividades é sem dúvida uma conseqüência da grande diversidade estrutural
e funcionalização apresentada pelos vitaesteróides, lactonas esteróidais as quais são
consideradas marcadores quimiotaxonômico, não só do gênero Physalis, como de
outros gêneros da família Solanaceae (CÁRDENAS et al., 1994). O reputado potencial
79
biológico apresentado pelos extratos de P. angulata Lin. tem sido atribuído as fisalinas,
constituintes químicos majoritários.
As lactonas sesquiterpênicas esteroidais são grupos de metabólitos
secundários, que apresentam potencial para utilização na medicina, evidenciando-se as
atividades citotóxica e antitumoral, antibacteriana, antiinflamatória, antimalárica,
antifúngica, além de efeitos no sistema nervoso central e cardiovascular (RÜNGELER
et al., 1999). Neste grupo de substâncias destacam-se os vitaesteróides. Os
vitaesteróides são substâncias que reproduzem o esqueleto intacto ou modificado do
ergostano, possuindo função lactônica no carbono C-26 (VASINA, et al., 1986;
PURUSHOTHAMAN et al., 1988). Estes derivados do ergostano são constituintes
polioxigenados presentes, preponderantemente, nas espécies de Solanaceae
(TOMASSINI et al., 2000).
O presente trabalho avaliou, inicialmente, a citotoxicidade dos extratos de P.
angulata, num painel de cinco linhagens de células tumorais. Essa determinação tem se
mostrado eficaz na descoberta de novos agentes antitumorais (CRAGG; NEWMAN,
2005). A análise citotóxica in vitro tem provado ser eficiente na prospecção de potentes
agentes antitumorais, entretanto alguns compostos somente tornam-se ativos após
formação de metabólitos, sendo, portanto efetivos após testes in vivo, a exemplo da
ciclofosfamida, que mostra atividade após ser transformada em metabólitos alquilantes
ativos pelas enzimas microssomais do fígado (DOLFINI et al., 1973; CHING et al.,
1991).
Nesse estudo a determinação da atividade das enzimas mitocondriais foi
utilizada como ferramenta para se determinar a viabilidade celular, sendo um ótimo
modelo para avaliar o potencial citotóxico de substâncias (GUANGJUN et al., 2002). A
determinação do potencial citotóxico foi avaliada em dois extratos da P. angulata,
sendo um hexânico e outro etanólico. O extrato hexânico apresentou baixa
citotoxicidade frente às linhagens estudadas, cuja CI
50
foi > 30 µg/mL, por outro lado o
extrato etanólico apresentou uma CI
50
< 8,0µg/mL em todas as linhagens celulares, o
que determinou o seu elevado potencial citotóxico (Tabela 6). Uma vez que foi
considerado extrato com potencial citotóxico, aquele que apresentou CI
50
menor que 20
80
µg/mL, em mais de duas linhagens estudadas (FÁVARO, 1990), foi priorizado o estudo
químico e farmacológico do extrato etanólico (Fluxograma 3).
Os resultados iniciais obtidos em nossa pesquisa concordam com dados
prontamente publicados para esta espécie, cujos principais fitocompostos isolados
foram fisalinas B, D, E e F descritos por Row et al. (1978a, 1978b) em seu trabalho
“New physalis from Physalis angulata and Physalis lancifolia. Part1 Physalins from
Physalis angulata and Physalis lancifolia.” Inicialmente, Chiang et al. (1992a, 1992b),
demonstraram que o extrato etanólico de P. angulata Lin. possui atividade citotóxica
em várias linhagens leucêmicas, incluindo a HL-60 utilizada no presente estudo, bem
como contra tumores sólidos, cujas CI
50
variam de 3,63 a 10 µg/mL nas células HeLa
(útero) e Calu (pulmão), respectivamente. Recentemente, Wu et al. (2004),
demonstraram que o extrato etanólico de P. angulata e P. peruviana inibiram o
crescimento de linhagens de células tumorais de fígado humano, com CI
50
variando de
10,67 a 41,60 µg/mL para Hep G2 e PLC/PRF/5, respectivamente.
Estudos prévios já tinham demonstrado que fisalina B (PA-2), mas não
fisalina D (PA-1), foi citotóxica para um painel de células tumorais em cultura
(CHIANG et al., 1992a, 1992b). Em nosso estudo, foi mostrado que as fisalinas B, D,
F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina
B hidrogenada foram citotóxicas de maneira concentração dependente, principalmente
com as fisalinas B, D e F, frente a um painel de 4 linhagens celulares (CEM, HL-60,
HCT-8, B16).
Posteriormente as fisalinas B e D foram avaliadas em mais 5 linhagens
celulares, (K-562, MCF-7, MDA-MB 231, MDA-MB 435, PC-3), tendo identificado
que a D foi a mais citotóxica frente as linhagens estudadas, não tendo porém
demonstrado citotoxicidade para a PC-3.
As propriedades citotóxicas e antitumorais das fisalinas e vitanolídeos tem
sido intensivamente investigadas por: Kupchan et al. (1969); Tomassini et al. (2000);
Minguzzi et al. (2002); Veras et al. (2004). Vários estudos têm demonstrado que a
presença da dupla ligação entre os carbonos C-2 e C-3 no anel A (Figura 3) é
81
fundamental para essas ações (TOMASSINI et al., 2000; VERAS et al., 2004). Esse
fato corrobora com os nossos achados citotóxicos, uma vez que as fisalinas B, D, F e 5
diidrofisalina B foram citotóxicas, tendo as mesmas em sua estrutura a presença da
dupla ligação entre os carbonos C-2 e C-3 do anel A (Tabela 4).
Por outro lado, com o intuito de determinar a importância da dupla ligação
presente entre os carbonos C-2 e C-3 contidos no anel A da estrutura (Tabela 4), foi
realizada uma reação de hidrogenação a partir do composto 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B originando um componente semi-sintético 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B hidrogenada, que não apresentava mais a dupla ligação (VERAS et al.,
2004; TOMASSINI et al., 2000). O composto semi-sintético obtido mostrou-se menos
ativo frente às linhagens das células tumorais estudadas, quando comparado ao
composto original (Tabela 8). Este resultado mostra-se de acordo com os achados de
Makino et al. (1995), demonstraram a ausência de atividade antitumoral da fisalina L
por não possuir este pré-requisito estrutural (Fluxograma 2).
Vale ressaltar, que apesar da fisalina E possuir uma dupla ligação no anel A
entre os carbonos 2 e 3 (Figura 3 e Tabelas 7 e 8), não exibiu potencial citotóxico. Isso
nos mostra que a presença da dupla ligação contida entre os carbonos C-2 e C-3 do anel
A da estrutura das fisalinas (Figura 3), realmente possui importância para o potencial
citotóxico das substâncias. Porém a presença da dupla ligação entre os carbonos C-2 e
C-3 do anel A na estrutura das fisalinas não deve ser considerada a única evidência
primordial envolvida com o potencial citotóxico destes compostos.
Esse fato foi confirmado por Antoun et al. (1981), quando demonstrou que o
anel epóxido localizado entre os carbonos 5 e 6 das fisalinas também era responsável
por aumentar a atividade antitumoral. Isto pôde ser observado na fisalina F (Tabela 4),
a qual foi potencialmente citotóxica, cuja CI
50
foi < 1,5µM em quatro linhagens
celulares testadas. Além disso, a fisalina D mostrou-se a mais citotóxica quando
comparada as outras fisalinas na linhagens: CEM, HL-60, HCT-8 e B-16 (Tabela 7),
apresentando CI
50
< 1,0µM, tendo na sua estrutura a presença de grupos hidroxilas nos
carbonos C-5 e C-6 sendo possivelmente um fator determinante para seu elevado
82
potencial citotóxico, mostrando-nos novamente que não só a dupla ligação entre os
carbonos C-2 e C-3 é fundamental.
Estudos anteriores acerca da relação estrutura-atividade antileucêmica das
fisalinas B (PA-2) e F (PA-3) sugerem que a primeira seria menos ativa, e que isso
poderia ser em decorrência da presença da dupla ligação entre C-5 e C-6 (CHIANG et
al., 1992b), esses achados refletem aos encontrados por nós, já que a fisalina F foi mais
citotóxica quando comparada à fisalina B nas linhagens leucêmicas CEM, HL-60, isso
decorre possivelmente pela presença de um grupamento epóxido entre os carbonos C-5
e C-6 na estrutura da fisalina F (Tabela 4).
Nesse estudo comparativo, podemos verificar que a presença do grupamento
epóxido entre os carbonos C-5 e C-6 da estrutura da fisalina F mostrou ser mais efetivo
do que a dupla ligação apresentada pela fisalina B nos respectivos carbonos, sugerindo
que o epóxido presente na fisalina F é uma espécie eletrofílica capaz de ligar-se de
forma irreversível a proteínas e ácidos nucléicos nas células podendo contribuir para a
morte celular (LEE; HOUGHTON, 2005).
De fato a fisalina B também foi citotóxica, pois, a dupla ligação presente
nesses carbonos, podem ser um possível sítio de oxidação formando espécies reativas e
epóxidos eletrofílicos (GIBSON; SKETT, 2001). Enquanto, a fisalina D que foi tão
citotóxica quanto a F possui dois grupamentos hidroxilas entre nos carbonos C-5 e C-6.
Tais grupamentos são considerados potencialmente reativos e tóxicos quando na forma
de radicais livres, sendo causadores de danos em estruturas celulares (SLATER et al.,
1995).
Na tentativa de esclarecer os mecanismos envolvidos na citotoxicidade das
fisalinas B e D, testamos esses compostos no desenvolvimento embrionário de ovos de
ouriço e em eritrócitos de camundongos. O ensaio com os ovos de ouriço do mar, de
metodologia bastante simplificada, é um modelo alternativo de um sistema celular que
dispensa qualquer tipo de meio de cultura especial ou aparelhagem sofisticada,
amplamente utilizado no estudo de drogas com efeitos citotóxicos, teratogênicos e
antitumoral (JACOBS; WILSON, 1986). Assim como ocorre em células tumorais, os
83
ovos dividem-se rapidamente e apresentam uma sensibilidade seletiva a certos tipos de
drogas, Munro et al. (1987), além de uma série de peculiaridades no seu ciclo de
desenvolvimento que o torna bastante elucidativo no estudo de drogas com potencial
antitumoral. De acordo com Munro et al. (1987), compostos que inibem a mitose em
ovos de ouriço do mar devem ser, a seguir, estudados em teste in vivo, pois os
resultados com esse bioensaio são bastante confiáveis. A inibição da divisão celular
pode estar relacionada a vários eventos envolvidos no processo, como síntese de ácidos
nucléicos (DNA e RNA), síntese protéica e polimerização de microtúbulos. No
bioensaio do ouriço do mar, esses processos podem muitas vezes serem analisados
individualmente (FUSETANI, 1987).
Compostos que inibem a síntese de DNA podem mostrar seus efeitos desde a
primeira clivagem, quando há um pico de produção de DNA (HAMMEL et al., 1995).
No entanto, também foi observado que, em alguns casos, ovos tratados com drogas com
este específico mecanismo de ação continuam a se dividir umas oito ou nove vezes
antes de morrer. Os efeitos de inibidores da síntese de DNA foram descritos como
retardo no desenvolvimento e o surgimento de blastômeros com tamanhos variados
numa única célula (FUSETANI, 1987).
A síntese de RNA, por sua vez, não ocorre nas primeiras divisões dessas
células, sendo todo o RNA utilizado na síntese protéica proveniente do gameta feminino
(BRANDHORST, 1985). Drogas como a actinomicina D, que bloqueiam este processo
somente inibem o desenvolvimento embrionário do ouriço a partir do estágio mórula,
quando novo RNA é sintetizado (FUSETANI, 1987). A actinomicina D liga-se a
radicais de guanina no DNA e bloqueia o movimento da RNA polimerase, impedindo,
assim, a transcrição do DNA (CHABNER et al., 2001).
Compostos que atuam no fuso mitótico da célula inibem, tão logo, a primeira
clivagem dos ovos. O tratamento com citocalasina B, um inibidor da polimerização dos
microfilamentos, induz ao aparecimento de embriões unicelulares polinucleados.
Manchas circulares esbranquiçadas, correspondentes à região nuclear, interrompem a
homogeneidade do citoplasma e aparecem duplicadas, quadruplicadas ou em maior
número numa única célula, padrão que pode ser facilmente observado ao microscópio
84
óptico. Isso sugere que houve a duplicação do núcleo sem a divisão do citoplasma
(FUSETANI, 1987).
Pela observação ao microscópio dos ovos tratados com as fisalinas B, D, E,
F, 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-
tetrahidrofisalina B, foi possível constatar que estes se apresentavam com citoplasma
homogêneo, sendo a inibição observada a partir da 1ª primeira divisão com
principalmente com fisalina D e a partir da 3ª terceira divisão inicialmente com a
fisalina B, e semelhantemente com as fisalinas D e F (Figuras 6, 7 e Tabela 9). Este
padrão está de acordo com Fusetani (1987), o qual sugere que a fisalina D poderá estar
agindo na polimerização de microtúbulos ou na síntese de DNA, um vez que,
interrompeu o desenvolvimento embrionário desde a primeira divisão celular. Enquanto
as fisalinas B e F poderão estar interferindo na síntese de ácidos nucléicos (RNA e
DNA) por estarem interferindo na terceira divisão do desenvolvimento embrionário.
Para verificar se a citotoxicidade às células tumorais estava envolvida com a
lise da membrana plasmática, um ensaio de atividade hemolítica foi realizado com
eritrócitos de camundongos, os quais possuem grande semelhança com os eritrócitos
humanos, principalmente quanto à sensibilidade (COSTA-LOTUFO et al., 2002). A
ausência de atividade hemolítica foi observada para todas as fisalinas testadas, na
concentração de 200 µg/mL, sugerindo possivelmente que o mecanismo de atividade
citotóxica desempenhado por estas substâncias, não esteja relacionado à indução de
dano na membrana plasmática, mais sim devido a sua possível interferência com o
DNA.
Essa interferência poderia estar levando ao fenômeno de morte celular, o
chamado processo apoptótico, o qual é de fundamental importância para a homeostase
em vários sistemas biológicos, desempenhando um papel essencial no na regulação da
resposta as drogas citotóxicas e na eliminação das células senecentes. A apoptose é
identificada por uma série de alterações morfológicas na célula: diminuição do volume
celular, perda de contato, condensação da cromatina, fragmentação do DNA e alteração
no potencial transmembrânico da mitocôndria (NAKAMURA et al., 2002; SIRAKI et
al., 2002; YANG et al., 2003, KUMMAR et al., 2005). Drogas que induzem morte
85
celular por apoptose em linhagens de células tumorais podem ser úteis na quimioterapia
(ZAMAI et al., 2001; BRADY 2004). A necrose ocorre por uma ação rápida da droga
na célula e é caracterizada pelo aumento do volume celular inicial e perda da
integridade da membrana plasmática, Darzynkiewicz et al. (1992), sendo
freqüentemente atribuída a diversas perturbações metabólicas ou mesmo oriunda de
injúrias mecânicas, onde há uma rápida desestabilização da membrana plasmática,
sendo relacionada com a resposta inflamatória sem atentar à sua função fisiológica.
Assim, a viabilidade celular por integridade da membrana plasmática foi
verificada pela incorporação do brometo de etídio e laranja de acridina, os quais foram
analisados em microscopia de fluorescência, onde, neste caso o brometo de etídio não
consegue atravessar a membrana intacta, penetrando apenas em células que apresentam
dano parcial ou total na membrana celular, característico respectivamente de apoptose
tardia e necrose, ligando-se ao DNA e emitindo fluorescência vermelha após incubação
das células HL-60 com as fisalinas B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B.
A laranja de acridina penetra na membrana plasmática mesmo que intacta, corando
principalmente células normais e em apoptose inicial e parcialmente células em
apoptose tardia com fluorescência verde.
Desse modo, o tratamento de células da linhagem leucêmica HL-60 com as
fisalinas B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B nas concentrações de 5, 10
e 15 µg/mL levaram a um aumento no número de células em apoptose inicial, necrose e
em menor magnitude, apoptose tardia. Esses dados enfatizam os resultados previamente
descritos por Ueda et al. (2002); Jin et al. (2002), os quais sugerem que algumas
substâncias podem agir como oxidantes e pró-oxidantes indutores de apoptose e/ou
necrose. De forma semelhante, as fisalinas: B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-
diidrofisalina B, podem estar agindo. Enfim, contínuos esforços têm sido desenvolvidos
para determinar se as fisalinas induzem a morte celular por apoptose ou necrose já que,
50 µg/mL de extrato etanólico de Physalis peruviana e da P. angulata, após 48 horas
de incubação com as células Hep G2 humanas, induziram apoptose (CHIANG et al.,
1992a, 1992b; ISMAIL; ALAM 2001; WU et al., 2004).
86
Em decorrência dos achados previamente descritos por Chiang et al. (1992a,
1992b); Ismail e Alam (2001); Wu et al. (2004), assim como também Ueda et al.
(2002); Jin et al. (2002) pode-se sugerir que a mitocôndria desempenha um grande
papel no processo apoptótico induzida pelo estresse oxidativo, especulando-se ainda que
o efeito pró-apoptótico de alguns compostos, como as fisalinas, por exemplo, podem
Ter como alvo a mitocôndria, visto que os esteróides (vitaesteróides), em oposição aos
flavonóides podem afetar a integridade mitocondrial por modular a homeostase do
cálcio e assim induzirem a apoptose (ISHIGE et al., 2001).
O ensaio de viabilidade celular por exclusão pelo azul de tripan é um ensaio
que quantifica as células capazes de drenar o corante ácido azul de tripan para fora da
célula em contraposição àquelas que não possuem essa capacidade. A absorção deste
corante é um forte indicativo de dano na membrana plasmática que culmina na morte
celular e fornece uma resposta sobre a viabilidade através da comparação do padrão de
crescimento das células tratadas e não tratadas pela contagem diferencial de células
viáveis e não viáveis (CHAROENPORNSOOK et al., 1998; HYNES et al., 2003;
MINERVINI et al., 2004).
Os resultados verificados no teste de exclusão por azul de tripan corroboram
satisfatoriamente com aqueles encontrados no ensaio do MTT. A partir das CI
50
encontradas em células HL-60 foram utilizadas as concentrações (5, 10 e 15 µg/mL)
para as fisalinas B, D, F e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B. Foi observado
uma redução significativa na contagem de células viáveis, para as concentrações
anteriormente citadas. Sendo este efeito bem pronunciado para a fisalina D (15 µg/mL).
Sabendo que o teste de exclusão por azul de tripan avalia o efeito direto de drogas sobre
as linhagens celulares em estudo, enquanto o teste do MTT analisa o metabolismo
celular de forma colorimétrica, nossos achados mostraram que a fisalina D foi a mais
ativa tanto no teste do MTT quanto no teste de exclusão pelo azul de tripan,
apresentando as menores CI
50
.
87
Todavia, a análise realizada em células não viáveis no teste de exclusão por
azul de tripan, não foram observadas muitas alterações, sendo que estas células foram
afetadas apenas na maior concentração 15 µg/mL para as fisalinas B (29.4 µM), D (27.5
µM), F (28.5 µM), 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B (26.2 µM). As CI
50
determinadas para cada uma das frações incubadas com as células HL-60 por 72 horas,
pelo teste do MTT foram de 2 a 4 vezes menores que aquelas obtidas com a incubação
por 24 horas (dados não mostrados). Isso demonstra que o aumento do tempo de contato
com as frações intensifica o efeito tóxico.
Na busca de reforçar os resultados in vitro foi realizado o teste de atividade
antitumoral in vivo, uma vez que os compostos citotóxicos in vitro podem ou não ser
ativos in vivo.
Apesar de muitos trabalhos terem enfocado o potencial anticâncer de
Physalis angulata Lin. e de seus fitocompostos isolados, poucos são os relatos de
trabalhos científicos, relacionados a esta espécie vegetal que demonstrem atividade in
vivo utilizando tumores sólidos. Neste trabalho, foi avaliada a atividade antitumoral das
fisalinas B e D em camundongos os quais foram inoculados com células tumorais de
sarcoma 180. O Sarcoma 180 é um tumor de origem murina e uma das linhagens
celulares mais freqüentemente utilizadas em pesquisas in vivo para atividade
antitumoral (ITO et al., 1997; LEE et al., 2003).
Tanto a fisalina B quanto a fisalina D inibiram o crescimento celular, tendo a
fisalina B regredido o tumor em 50.87% na dose de 25 mg/Kg e a fisalina D na mesma
dose em 44,73%, não tendo demonstrado diferença entre eles. A atividade antitumoral
in vivo para fisalina B foi demonstrada inicialmente em modelos de leucemia in vivo
(ANTOUN et al., 1981; CHIANG et al., 1992a). A atividade antitumoral foi constatada
também nos nossos resultados com o sarcoma 180. Porém, este é o primeiro relato da
atividade antitumoral in vivo para a fisalina D, onde seu potencial antitumoral foi
demonstrado, porém não de maneira dose dependente. Vale enfatizar, que a atividade
citotóxica obtida com as fisalinas B e D frente às linhagens celulares em ensaios in vitro
mostraram-se presentes com os resultados obtidos nos ensaios de atividade antitumoral
in vivo.
88
Além disso, alguns achados foram identificados através do ensaio
imunohistoquímico, onde utilizou um anticorpo de proteínas nucleares de células em
proliferação, a determinação da taxa de proliferação das células tumorais foi
quantificada. O anticorpo monoclonal Ki-67, descrito por Gerdes et al. (1983),
identifica um antígeno nuclear associado com as fases G1, S, G2 e M do ciclo celular.
Esta molécula é expressa ao longo de todo o ciclo celular, menos em G0 e início de G1
(GERDES et al.,1983). Assim, resultados obtidos pela marcação com Ki67 mostraram
que as atividades antitumorais de ambas as fisalinas B e D estão associadas com uma
redução na taxa de proliferação tumoral, possivelmente interferindo em uma das fases
G1, S, G2 e M do ciclo celular. É importante destacar que esta interferência no ciclo
celular, causado pelas fisalinas foi semelhante aos achados de inibição de proliferação
descritos por Wu et al. (2004), ocasião na qual foi demonstrada que após tratamento de
48 horas com o extrato etanólico da P. peruviana, células da linhagem HepG2
acumulavam-se na fase G1 do ciclo, enquanto uma diminuição no número de células na
fase S foi observada.
As análises histopatológicas dos órgãos removidos de animais tratados
sugerem que o fígado pode ser considerado como alvo em potencial da toxicidade das
fisalinas. As alterações hepáticas observadas após o tratamento com as fisalinas B e D
foram analisadas e consideradas como modificações de caráter reversível (McGEE,
1992; SCHEUER et al., 2000; KUMMAR et al., 2004); A fisalina B mostrou tendência
a uma maior toxicidade, pelo fato de promover esteatose microvesicular acompanhada
por tumefação turva de hepatócitos, enquanto a fisalina D mostrou alterações hepáticas
semelhantes, porém em menor intensidade que os efeitos apresentados pela fisalina B.
Sugere-se que essa indução do dano causado pela hepatotoxicidade intrínseca in vivo
ocorre quando é considerada a quantidade da dose administrada. A remoção das drogas
ou ajuste na dosagem normalmente poderá conduzir a uma melhora rápida (SCHEUER
et al., 2000). Além disso, os animais tratados com 5-FU também apresentaram
hiperplasia das células de Kupffer, o que sugere a toxicidade da droga (KUMMAR et
al., 2004). Muitos achados em biópsias sugerem que as drogas devem ser consideradas
como uma possível causa de qualquer lesão in vivo (SCHEUER et al., 2000).
89
As observações histopatológicas dos rins de animais tratados com as
fisalinas B e D mostraram discretas alterações no epitélio tubular proximal, com
preservação da estrutura glomerular. As alterações epiteliais observadas são reversíveis
não indicando quadro de nefrotoxicidade. Observamos desse modo, a boa tolerabilidade
na utilização das fisalinas.
Desta forma, os dados oriundos deste estudo (in vivo) reforçam e ratificam o
potencial anticâncer das fisalinas B e D estudadas. Além disso, os ensaios in vitro
também comprovaram o enorme potencial citotóxico principalmente das fisalinas: B, D
e F, onde o mecanismo de ação tóxico apesar de não elucidado neste estudo parece estar
relacionado com a indução de apoptose, segundo achados de Wu et al. (2004). No
entanto pode-se correlacionar a estrutura atividade das fisalinas: B, D, E, F, 5-α-etóxi-6-
β-hidróxi-5,6-diidrofisalina B e 5-α-etóxi-6-β-hidróxi-2,3,5,6-tetrahidrofisalina B, onde
a presença da dupla ligação entre os carbonos C-2 e C-3 do anel A parece ser um fator
preponderante para a atividade das fisalinas (B e D principalmente) segundo Tomassini
et al. (2000) e Veras et al. (2004).
Por tudo isso, estudos mais detalhados são necessários para elucidar o
mecanismo de ação das fisalinas bem como estudos de toxicidade mais detalhados
como, por exemplo, ensaios para determinação de genotoxicidade. Sendo este trabalho
apenas uma pequena contribuição na incansável busca de novas moléculas oriundas de
fontes naturais e que possam ser utilizadas de forma segura como alternativa terapêutica
no tratamento do câncer e muitas outras patologias.
90
6 CONCLUSÃO
As lactonas sesquiterpênicas esteroidais isoladas da P. angulata Lin. e
denominadas de fisalinas mostraram elevada atividade citotóxica (para CEM, HL-60,
K-562, HCT-8, MCF-7, MDA-MB 231, MDA-MB 435, PC-3 e B-16), em
experimentos in vitro, sendo as fisalinas B, D e F as mais ativas. Não foi observada
atividade hemolítica para as fisalinas B e D, tendo as mesmas demonstrado potencial
antimitótico em ovos de ouriço. As fisalinas, principalmente a B e a D comportaram-se
como substâncias pró-apoptóticas. No ensaio in vivo para determinação da atividade
antitumoral no Sarcoma 180, as fisalinas B e D demonstraram interessante atividade
antitumoral, sendo maior a atividade da fisalina D frente a fisalina B.
91
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