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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
Laurise Martha Pugues
ESTUDO SOBRE O PERFIL DOS EGRESSOS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
São Leopoldo
2008
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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
Laurise Martha Pugues
ESTUDO SOBRE O PERFIL DOS EGRESSOS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr. Ernani Ott
São Leopoldo
2008
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Laurise Martha Pugues
ESTUDO SOBRE O PERFIL DOS EGRESSOS DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada à Universidade do Vale
do Rio dos Sinos UNISINOS, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Ciências Contábeis.
Aprovado em 17 de janeiro de 2008
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcelo Coletto Pohlmann PUCRS
Prof. Dr. Adolfo Alberto Vanti - UNISINOS
Prof. Dr. Claudio Damacena - UNISINOS
_______________________________________
Orientador: Prof. Dr. Ernani Ott
Visto e permitida a impressão
São Leopoldo,
_______________________________________________
Prof. Dr. Ernani Ott
Coordenador Executivo PPG em Ciências Contábeis
4
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS, que sempre está ao meu lado e por ter me
concedido a oportunidade de concluir mais este desafio.
Aos meus pais, Daniel e Laura Pugues, pela confiança, carinho e esforço que fizeram para
me educar. Às minhas irmãs Simone e Claudine, aos meus parentes e amigos, que sempre me
deram força para a realização deste trabalho.
Meu especial agradecimento ao professor Dr. Ernani Ott, que sempre me apoiou e esteve
disposto a dedicar horas para me orientar, com competência, incentivo e persistência.
Agradeço a todos os professores do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ciências
Contábeis pelos ensinamentos que me proporcionaram, sempre seguidos de dedicação e
profissionalismo.
Às amigas Aline, Daiane, Letícia e Mirna pelo convívio e amizade necessários à
realização do curso. Os meus agradecimentos se estendem, também aos demais colegas de curso,
que serão lembrados com carinho.
Às funcionárias da secretaria do Programa de Pós-Graduação pelo auxílio nas diversas
situações em que precisei.
Ao Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, por me conceder o
afastamento parcial, e em especial, aos contadores, Enory Luiz Spinelli e Rogério Costa
Rokembach, pela confiança e por acreditarem no meu trabalho. Aos demais colegas de trabalho
do Conselho pelo apoio constante que me deram durante os diferentes momentos desta pesquisa.
Os meus agradecimentos também a contadora Neusa Monser, pelo carinho, amizade e
incentivo para a realização deste curso.
Meus sinceros agradecimentos a todos que de forma direta ou indireta colaboraram nas
várias etapas desta pesquisa, contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento e, em
especial, aos contadores e contadoras que dispuseram de alguns minutos de seu tempo para
responder ao questionário.
5
"Nossas ações são as melhores
interpretações de nossos pensamentos."
John Locke
6
RESUMO
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de conhecer o perfil pessoal, acadêmico e
profissional de egressos dos cursos de ciências contábeis de Instituições de Ensino Superior do
Rio Grande do Sul. Para tal foi conduzida uma pesquisa de campo mediante encaminhamento de
questionário por meio eletrônico, respondido por uma amostra de 448 egressos, sendo 242 do
sexo masculino e 206 do sexo feminino, que fizeram seus registros profissionais no Conselho
Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul no período compreendido entre 1996 e 2005.
Como principais resultados podem se destacados: a) a maioria optou pelo curso por vocação e por
representar melhores oportunidades de emprego; b) um número razoável de egressos está
engajado num processo de educação continuada, o que lhes permite manter-se atualizados e
oferecer serviço de qualidade aos usuários; c) a maior parte se dedica à prestação de serviços
contábeis na condição de empregados, merecendo destaque a atuação na área de controladoria,
revelando uma mudança no perfil profissional na medida em que há uma maior aproximação com
a gestão das entidades; d) há um bom nível de satisfação com a profissão e com a remuneração
percebida, observando-se que a maior parte dos respondentes atua na área entre 7 e 15 anos; e) os
elementos entendidos como fundamentais para o sucesso na profissão são: responsabilidade;
competência; dedicação e atualização permanente.
Palavras-chaves: Perfil Pessoal; Perfil Acadêmico; Perfil Profissional; Egresso.
7
ABSTRACT
This study aims for a better understanding of the personal, academic and professional profile of
egress students from Higher Education Institutions of Rio Grande do Sul. A field research was
carried out through a survey sent by e-mail to a sample of 448 professionals, 242 males and 206
females certified by the Regional Council of Accountancy of Rio Grande do Sul between 1996
and 2005. The main outcomes indicate that: a) the majority chose this professional based on
vocation and also on the fact that it represents better job opportunities; b) a considerable number
are engaged in some kind of continued educational process, in order to update and improve the
quality of services; c) a great number dedicate to accounting services as employees, mainly as
controllers, which points to a change in the professional profile, as it tends to approach
management; d) there is a good level of satisfaction regarding profession and salary, bearing in
mind the variation of 7 to 15 years in the respondents’ working time experience; e) the elements
understood as being crucial to succeed in this area are: responsibility, competence, dedication
and constant update.
Key-words: Personal Profile; Academic Profile; Professional Profile; Egress.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Número de cursos de Ciências Contábeis no Brasil....................................................... 24
Figura 2: Resumo das alternativas de atuação profissional do contador ....................................... 37
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição de amostra por sexo ................................................................................. 58
Gráfico 2: Tipo de IES em que se formou..................................................................................... 60
Gráfico 3: Forma de atuação profissional...................................................................................... 72
Gráfico 4: Setor de Atividade Econômica em que Atua................................................................ 73
Gráfico 5: Comparativo do Nível de Satisfação com a Área......................................................... 77
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Cursos de Ciências Contábeis no Rio Grande do Sul................................................... 28
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resultados gerais do Exame de Suficiência por semestre ............................................. 30
Tabela 2: Resultados gerais do Exame de Suficiência no Estado do Rio Grande Sul................... 30
Tabela 3: Contadores registrados no CRCRS................................................................................ 31
Tabela 4: Sociedades contábeis e escritórios individuais de contabilidade................................... 41
Tabela 5: Contadores ativos por gênero e Região outubro de 2007 ........................................... 47
Tabela 6: Contadores registrados no CRCRS de 1996 a 2005 ...................................................... 50
Tabela 7: Ano de conclusão do curso ............................................................................................ 59
Tabela 8: Identificação das IES ..................................................................................................... 60
Tabela 9: Motivos para a escolha do curso de ciências contábeis................................................. 62
Tabela 10: Aspectos do curso de ciências contábeis que influenciaram os profissionais ............. 63
Tabela 11: Dificuldades em relação ao aproveitamento do curso de ciências contábeis .............. 64
Tabela 12: Aspectos que podem melhorar o curso de ciências contábeis ..................................... 66
Tabela 13: Formação complementar ............................................................................................. 68
Tabela 14: Formação complementar por cursos............................................................................ 68
Tabela 15: Formação complementar X IES Particulares e Públicas ............................................. 69
Tabela 16: Forma de atuação x formação complementar.............................................................. 70
Tabela 17: formação complementar x Remuneração .................................................................... 71
Tabela 18: Forma de atuação x Sexo ............................................................................................. 73
Tabela 19: Área funcional ............................................................................................................. 75
Tabela 20: Relação Área funcional x Sexo.................................................................................... 76
Tabela 21: Nível de Satisfação com a Área Contábil .................................................................... 76
Tabela 22: Época em que começou a trabalhar na área contábil................................................... 77
Tabela 23: Época em que começou a trabalhar na área contábil x IES particular e pública......... 78
Tabela 24: Tempo de atuação na área contábil.............................................................................. 79
Tabela 25: Tempo de atuação x Época em que o profissional começou a trabalhar na área contábil
....................................................................................................................................................... 80
Tabela 26: Tempo de Atuação x Sexo .......................................................................................... 80
Tabela 27: Tempo de Atuação x IES Particular e Pública............................................................. 80
Tabela 28: Tempo de atuação x Forma de atuação........................................................................ 81
Tabela 29: Cargo ocupado atualmente .......................................................................................... 81
Tabela 30: Cargo ocupado x Sexo ................................................................................................. 82
Tabela 31: Faixa de remuneração mensal...................................................................................... 83
Tabela 32: Remuneração x Sexo .................................................................................................. 83
Tabela 33: Remuneração x IES particular e pública ..................................................................... 84
Tabela 34: Remuneração x Forma de atuação............................................................................... 84
Tabela 35: Remuneração x Setor de atividade econômica onde desempenha suas atividades ..... 85
Tabela 36: Remuneração x Época em que o profissional começou a trabalhar na área contábil .. 85
Tabela 37: Exercício da profissão após a conclusão do curso....................................................... 86
Tabela 38: Exercício da profissão após conclusão do curso x Forma de atuação......................... 87
Tabela 39: Exercício da profissão após a conclusão do curso x IES Pública e Particular ............ 87
Tabela 40: Nível de preparação para atuar na área contábil após o término do curso .................. 88
Tabela 41: Fatores que influenciam o sucesso na profissão .......................................................... 89
Tabela 42: Participação em eventos da classe contábil................................................................. 91
Tabela 43: Participação em eventos da classe contábil x Sexo ..................................................... 92
10
Tabela 44: Participação em eventos da classe contábil x Formação complementar ..................... 92
Tabela 45: Eventos do CRCRS e participação dos profissionais .................................................. 94
Tabela 46: Participação em eventos da classe contábil x Remuneração ....................................... 94
Tabela 47: Publicação de trabalhos na área contábil ..................................................................... 95
Tabela 48: Natureza dos trabalhos publicados .............................................................................. 95
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 12
1.2 OBJETIVOS 14
1.2.1 Objetivo Geral 14
1.2.2 Objetivos Específicos 14
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 15
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 15
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO 19
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 19
2.1.1 O Curso de Ciências Contábeis no Brasil 22
2.1.2 O Curso de Ciências Contábeis no Rio Grande do Sul 24
2.1.3 O Estudante do Curso de Ciências Contábeis 28
2.2 A PROFISSÃO CONTÁBIL 32
2.2.1 Campo de Atuação do Profissional Contábil 36
2.2.2 A atuação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Contabilidade 44
2.2.3 Perspectivas da Profissão Contábil 46
3 MÉTODO DE PESQUISA 48
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 48
3.1.1 Quanto à Natureza 48
3.1.2 Quanto à Forma de Abordagem do Problema 48
3.1.3 Quanto aos Objetivos 49
3.1.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos 49
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA 50
3.3 COLETA DE DADOS 52
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS 56
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO 56
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 58
4.1. IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONDENTES 58
4.2 INFORMAÇÕES ACADÊMICAS 61
4.3 INFORMAÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO PROFISSIONAL 71
4.4 INFORMAÇÕES GERAIS 88
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 97
5.1 CONCLUSÃO 97
5.1 RECOMENDAÇÕES 100
REFERÊNCIAS 101
APÊNDICE 106
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A história evidencia que o ensino da contabilidade no Brasil começa com a chegada da
família real em torno do ano de 1800, no Rio de Janeiro. Em 1846 foi criada a Escola Central de
Comércio, em 1856 foi criado o Instituto Comercial do Rio de Janeiro e em 1902 foi fundada a
Escola Prática de Comércio (RODRIGUES, 1986; SCHMIDT, 2000; GONÇALVES;
CARVALHO, 1976).
Segundo Marion e Robles (2003), com a instituição do Decreto Federal 1.339, em 1905,
os diplomas expedidos pela Escola Prática do Comércio, primeira escola de contabilidade no
Brasil, foram reconhecidos, sendo instituídos dois cursos: um que se chamava geral e outro
superior. Contudo, apenas em 1931 institui-se o curso de contabilidade, que tinha a duração de
três anos e formava o chamado “perito-contador”. Além disso, esse curso permitia ainda o título
de guarda-livros a quem completasse dois anos de estudos.
Outras leis e decretos foram surgindo ao longo dos anos e alterando o ensino da
contabilidade. Em 1945 foi criado o curso de ciências contábeis e atuariais, porém foi com o
advento da Lei 1.401, em 1951, que o curso de ciências contábeis foi realmente criado, pois nesta
data houve a separação do curso de ciências contábeis do curso de ciências atuariais.
Desde a criação do primeiro curso de ciências contábeis, muitas Instituições de Ensino
Superior passaram a oferecê-lo, e segundo dados do MEC (2007) existem 1002 cursos de ciências
contábeis em todo o Brasil, sendo 68 na região norte, 190 no nordeste, 414 no sudeste, 118 no
centro oeste e 212 no sul, demonstrando que o número de cursos vem crescendo
significativamente.
No ano de sua criação (1945) já se instalava na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) o curso de ciências contábeis, seguido da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS) que criou o curso de ciências contábeis em 1952. Hoje já são 67 cursos
no Estado, sendo 11 na capital. Nos últimos sete anos (2000 a 2007) foram criados 22 cursos, ou
seja, 33% do total dos cursos existentes atualmente foram constituídos recentemente (MEC/INEP
2007).
13
Dado o significativo número de cursos existentes, muitos são os egressos a cada ano.
Estes egressos tornam-se bacharéis em ciências contábeis e somente podem exercer a profissão
de contador (a) no momento em que solicitam o registro profissional no Conselho Regional de
Contabilidade de seu estado.
Até 30-09-2007, segundo dados do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande
do Sul, existiam 10.161 contadores e 7.465 contadoras com registro no referido órgão. Além da
categoria de contadores, constam registrados 8.958 técnicos em contabilidade homens e 5.472
mulheres, totalizando 32.056 profissionais registrados no CRCRS.
No Brasil, conforme dados do Conselho Federal de Contabilidade, até outubro de 2007
estavam registrados 399.736, sendo 63% de homens e 37% de mulheres, em ambas categorias
(contadores e técnicos em contabilidade). A região que possui maior quantidade de profissionais
registrados é a sudeste, com 210.705, sendo a cidade de São Paulo o local com maior quantidade
de registros (109.986). A região Sul é a segunda colocada com 72.277 registrados, sendo 32.127
no Rio Grande do Sul, possuindo o maior número de registros nessa região.
A quantidade de profissionais registrados nos Conselhos Regionais de Contabilidade em
todo o Brasil é um número expressivo e esses profissionais devem estar preparados para atuar no
mercado de trabalho. O profissional deve estar atento às mudanças que ocorrem no dia a dia,
visando apresentar um serviço de qualidade para seu cliente.
Figueiredo e Fabri (2000, p. 24) destacam que o perfil do profissional da contabilidade
deve incluir:
o domínio da linguagem dos negócios, pois é o responsável pelo ambiente de geração de
informações fundamentais ao processo decisório/estratégico das organizações.
Caracteriza-se como um profissional crítico, ético e lúcido, solidamente capacitado para
planejar, organizar, liderar e dirigir as atividades de controle do gerenciamento contábil
das empresas.
Marion (2005) sugere que o contador deve ser o profissional mais bem informado de toda
a empresa, pois sua atuação exige que conheça as operações realizadas, faça o seu registro e
apresente as informações resultantes do processo contábil na forma de relatórios para a
administração da empresa, afim de que esta possa tomar decisões. As decisões tomadas, por sua
vez, podem ocasionar retornos positivos ou negativos para a empresa e influenciar quem dela
depende. Nessas circunstâncias, o contador assume verdadeiramente uma responsabilidade social.
Com base no exposto verifica-se a importância da formação dos futuros profissionais, que
tem início nas Instituições de Ensino Superior (IES) e que, segundo Marion (1998, p. 1),
14
constituem o “local adequado para a construção de conhecimento para a formação da
competência humana”. Estas IES devem proporcionar aos seus alunos uma formação adequada
visando colocar profissionais no mercado que sejam capazes e competentes para atuarem nas
diversas áreas da profissão contábil.
O perfil do egresso do curso de Ciências Contábeis está relacionado com alguns aspectos
que devem ser atendidos durante o curso, como: satisfação das expectativas enquanto alunos;
aquisição de competência técnico-profissional; desenvolvimento do modo de pensar criticamente
as questões apresentadas; possibilidade de obter melhores oportunidades de emprego; adequação
às necessidades da realidade sócio-econômica da região, entre outras.
Dentro desse contexto, o CFC realizou pesquisa sobre o perfil dos Contadores e Técnicos
em Contabilidade, em nível nacional, buscando examinar os aspectos social, econômico e cultural
do profissional contábil brasileiro, além de indicar alternativas para uma atuação eficaz do
Sistema CFC/CRC’s. Diante do exposto, surge a questão de pesquisa Qual o perfil pessoal,
acadêmico e profissional dos egressos dos cursos de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral desta pesquisa é analisar o perfil pessoal, acadêmico e profissional de
egressos dos cursos de ciências contábeis de Instituições de Ensino Superior do estado do Rio
Grande do Sul.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para atingir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos devem ser alcançados:
15
1. Descrever e caracterizar o ensino superior de Ciências Contábeis, a profissão
contábil e o egresso do curso de ciências contábeis.
2. Identificar características pessoais, acadêmicas e profissionais dos egressos dos
cursos de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul.
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O presente estudo se desenvolve junto a egressos dos cursos de ciências contábeis das
Instituições de Ensino Superior do Estado do Rio Grande do Sul, que fizeram os seus registros
profissionais no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul nos últimos dez anos
(1996 2005).
No estudo são abordados aspectos como: o curso de ciências contábeis no Rio Grande do
Sul e no Brasil; o estudante do curso de ciências contábeis, identificando dificuldades
encontradas no curso, motivos para sua escolha, e compromisso com o processo de educação
continuada; o campo de atuação do profissional, identificando a área e o setor de atividade em
que atua, qual o nível de satisfação em relação à profissão, cargo ocupado e tempo de atuação,
além das perspectivas da profissão.
Não pertencem ao objeto de estudo: a análise dos cursos de ciências contábeis oferecidos
pelas Instituições de Ensino, assim como os seus docentes, currículos e métodos de ensino.
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A cada ano cresce o número de estudantes que se formam nos cursos de ciências contábeis
e buscam colocação no mercado de trabalho. No Brasil, segundo dados do Ministério da
Educação (MEC/INEP, 2007), existem 1002 cursos de ciências contábeis, sendo 67 no Estado do
Rio Grande do Sul.
As competências e habilidades exigidas dos profissionais contábeis vêm se modificando
com o passar dos anos. Atualmente, estes devem ter uma formação mais ampla, tanto pessoal
quanto profissional, conforme descrevem Oliveira e Arruda (2004, p. 3).
16
Atualmente, o profissional da contabilidade deve possuir além da capacitação técnica,
um conjunto de habilidades (como domínio de tecnologias, espírito científico,
pensamento reflexivo, conhecimento de línguas estrangeiras, redação própria,
habilidades matemáticas, raciocínio lógico, informação e atualização) e capacidades (de
liderar, trabalhar em equipe, criar, participar no desenvolvimento da sociedade, motivar
a si próprio e aos outros, comunicar, negociar, resolver problemas, criar alternativas,
buscar soluções, gerenciar a própria carreira, ser flexível, desejo permanente de
aperfeiçoamento cultural e profissional, dentre outras).
Daí surge a importância de identificar se as Instituições de Ensino Superior estão
envolvidas nesse processo, uma vez que o egresso dessas instituições é o profissional que faz
parte deste cenário. Essa preocupação não é recente. O Conselho Federal de Contabilidade nos
anos de 1995/1996 realizou uma pesquisa em nível nacional com os profissionais da
contabilidade (técnicos em contabilidade e contadores) visando conhecer esse universo, com o
objetivo de realizar uma administração voltada aos interesses da classe contábil.
Considera-se, pois, relevante identificar o perfil dos egressos dos cursos de ciências
contábeis do Rio Grande do Sul, pelos seguintes motivos:
oferece às Instituições de Ensino Superior elementos para balizar suas atuações na
formação profissional de seus acadêmicos, inseridos em um contexto de mudanças
tecnológicas que obriga a uma constante revisão de conceitos e metodologias de
ensino, habilitando o profissional da contabilidade para os desafios da sociedade e
para as novas tendências do mercado de trabalho;
auxilia no planejamento dos eventos promovidos pelo Conselho Regional de
Contabilidade do Rio Grande do Sul, direcionando os objetivos dos seminários,
encontros, simpósios, congressos e convenções, para temáticas relacionadas às
necessidades atuais, uma vez que o Conselho tem se preocupado com o processo de
educação continuada, sendo o seu principal interesse a constante atualização do
profissional;
traz benefícios para o profissional, uma vez que este poderá avaliar a sua inserção na
sociedade, as necessidades de mercado que estão sendo atendidas e as que não estão,
pois quem melhor para falar de sua profissão senão o próprio profissional;
traz também uma série de informações que poderão permitir um melhor entendimento
pela sociedade da atuação do profissional contábil.
17
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No primeiro capítulo dessa dissertação apresenta-se uma contextualização do tema, o
problema de pesquisa; os objetivos divididos em geral e específicos; a delimitação e a relevância
do estudo desenvolvido.
No capítulo 2, destinado ao referencial teórico, são abordados os tópicos: a) o curso de
ciências contábeis no Brasil e no Rio Grande do Sul; e b) o estudante do referido curso. São
tratados, ainda: a) o campo de atuação do profissional contábil; b) a atuação do Conselho Federal
de Contabilidade e dos Conselhos Regionais de Contabilidade; e c) as perspectivas da profissão
contábil.
No capítulo 3 descreve-se como a pesquisa está classificada quanto à sua natureza, forma
de abordagem do problema, objetivos e procedimentos técnicos. Neste capítulo também é
identificada a composição do universo e da amostra do estudo, a coleta, tratamento e análise dos
dados, além das limitações da pesquisa.
No capítulo 4 consta a análise e apresentação dos dados, com base nos questionários
respondidos pelos profissionais, ou seja, aqueles que fizeram seu registro profissional no CRCRS
no período de 1996 a 2005.
Por fim, no capítulo 5 são apresentadas a conclusão do estudo e as recomendações que
visam contribuir para a realização de novos estudos sobre o mesmo assunto, além das referências
e apêndices.
2 REFERENCIAIS TEÓRICO
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
Embora não seja possível precisar quando começou a contabilidade, têm-se registros
que o seu início confunde-se com a origem da civilização, evidenciando que o homem
primitivo já praticava uma contabilidade rudimentar, com a contagem de seus instrumentos de
pesca e caça, além do seu rebanho (SCHMIDT, 2000).
Para Sá (1997), existem fortes indícios de que o homem primitivo realizava registros
dos fatos relativos à sua riqueza patrimonial, demonstrando que já estava preocupado em
controlar e registrar seu patrimônio. Povos como os egípcios, fenícios, gregos, romanos, entre
outros, deixaram sua marca para o desenvolvimento da contabilidade.
Na Mesopotâmia surgiram os primeiros registros patrimoniais que deram origem ao
Diário. Sá (1997, p. 24) menciona que “grandes historiadores especializados, como Bonfante,
entendem que as bases da civilização ocidental repousam em tudo o que ocorreu na
Mesopôtamia e no Egito e a Contabilidade não foge dessa conclusão”.
Conforme Lucena (2003), pesquisas confirmam que os primeiros registros contábeis
foram realizados pelos egípcios. Com estes surgiu a utilização do papiro, que propiciou um
avanço para a contabilidade, pois toda a movimentação contábil passou a ser registrada.
Schmidt (2000) cita que a criação da escrita alfabética pelos fenícios em 1100 a.C., foi
um marco para o crescimento cultural dos povos. Com a expansão do comércio, a
contabilidade cresceu em importância. Para Melis (1950 apud SCHMIDT, 2000, p. 23), “o
século XIII foi o período que marcou o fim da era da Contabilidade Antiga e o início da era da
Contabilidade Moderna”.
Na Grécia, conforme Schmidt (2000, p. 22), constatou-se uma “maior necessidade de
controle sobre o recebimento de impostos e a prestação de contas à população. Tal
necessidade estimulou o desenvolvimento da contabilidade”.
Em Roma houve uma dedicação, principalmente, à Contabilidade pública, tendo em
vista que a extensa dimensão do império romano exigia um rígido controle (SÁ, 1997). Ainda
sobre a importância do contador nessa época, Sá (1997, p. 31) menciona que “o Contador
Geral era o homem mais bem remunerado da administração pública de Roma, com honorários
20
de 300.000 sestércios ao ano, sendo o único trecenarius (denominação dada a quem tinha tal
remuneração).”
Os árabes também contribuíram para a contabilidade. Sá (1997) menciona que a
contabilidade foi influenciada pela obra Liber Abaci de Leonardo Pisano ou Fibonacci, como
era conhecido, profundo conhecedor da cultura árabe e que introduziu os números arábicos na
Itália. Para Mellis (apud SÁ, 1997), a obra de Fibonacci foi relevante, pois permitiu um
processo de renovação, contribuindo para a consolidação das partidas dobradas. Neste
período, o surgimento dos números arábicos e da álgebra foram básicos para o
desenvolvimento de todo esse processo, evidenciando a importância do povo árabe.
No final da Idade Média surge o renascimento. Nessa época, em torno dos séculos
XIII e XIV, conforme Hendriksen e Van Breda (1999), tem início o sistema de escrituração
por partidas dobradas no norte da Itália, evidenciando as primeiras práticas desse sistema.
Segundo Iudícibus (2004), a contabilidade passou a ter um maior desenvolvimento nas
cidades de Veneza, Gênova, Florença e Pisa, tendo em vista a influência da intensa atividade
mercantil, econômica e cultural destas cidades, consideradas importantes pontos de comércio,
o que possibilitou o desenvolvimento das práticas contábeis.
Nesse período, em 1494, é publicado na cidade de Veneza o livro Summa de
arithmetica, geometria, proportioni et proportionalitá, escrito pelo frei franciscano Luca
Pacioli. A obra é um tratado de matemática, porém, continha um capítulo relativo ao sistema
de escrituração por partidas dobradas (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999).
Com relação a obra de Pacioli, Schmidt (2000, p. 36) esclarece que
a Summa foi impressa em duas partes, cada uma com paginação própria. A
primeira parte é praticamente dedicada à aritmética e à álgebra. Essa primeira
parte, que inclui alguns cálculos comerciais, foi dividida em oito títulos e
apresentada nas primeiras 150 páginas. O restante da primeira parte, com 74
páginas, consiste do nono título, que tem 12 tratados, entre os quais o famoso
Tratado XI. A segunda parte da Summa é composta de 76 páginas e é
dedicada à geometria.
Esta obra apresenta uma importante descrição sobre o uso do método de partidas
dobradas, tendo sido difundida em toda a Europa. Além disso, foi a primeira obra impressa a
tratar do assunto. Schmidt (2000) esclarece, ainda, que Veneza ficou conhecida em todo o
mundo devido, principalmente, a publicação desta obra que demonstrava o mecanismo do
sistema contábil.
Com relação ao seu texto, Hendriksen e Van Breda (1999, p. 39) afirmam que “seus
comentários sobre a contabilidade são tão relevantes quanto há quase 500 anos”, ou seja, o
conteúdo apresentado nesta obra é tão importante que continua sendo aplicado, embora já
21
tenham se passado mais de 500 anos. Isso demonstra que os profissionais da contabilidade
não descobriram outro método tão eficaz quanto o método das partidas dobradas para ser
utilizado na contabilidade.
A publicação da obra de Pacioli gerou uma grande revolução no pensamento contábil
da época, sendo necessário um período de adaptação a essa nova realidade. Consta na história,
que no período entre os anos de 1494, que coincide com a publicação da obra de Pacioli, e
1840, publicação da obra La Contabilità Applicata Alle Ammnistrazioni Private e Pubbliche,
de Francesco Villa, a contabilidade viveu um período conhecido como “Era da Estagnação”.
Para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 45) o termo “Era da Estagnação” não é muito
adequado, pois “esse período se iniciou como uma era de descobrimento e encerrou-se como
uma era de revolução”. Na verdade, houve uma grande revolução em termos mundiais
provocando alterações na contabilidade.
Um grande desenvolvimento na contabilidade como ciência ocorreu com a Revolução
Industrial, no período entre 1780 a 1840. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 46) consideram-
na o segundo importante avanço da contabilidade neste período, marcado por grandes
transformações, uma vez que os detentores do poder, ou seja, os empresários da época
começaram a fazer grandes investimentos e, por outro lado, houve a necessidade de
contratação de mão-de-obra para trabalhar por mais tempo nas empresas e não por um período
determinado.
Desta forma surgiu a preocupação dos proprietários das empresas em desenvolver uma
atividade que perdurasse por um período mais longo, requerendo um maior controle gerencial,
que passou a ser obtido a partir das informações geradas na contabilidade.
Hendriksen e Van Breda (1999) esclarecem que, além da necessidade de mensurar os
custos do processo de produção, também houve um aumento no volume de capital, sendo
necessário distinguir investidores e administradores. A partir desse momento, os mecanismos
de planejamento e controle das empresas foram aperfeiçoados e, conseqüentemente, criados
novos relatórios com base nos dados da contabilidade, que serviram para atender aos donos do
negócio que não estavam presentes no dia a dia da empresa.
No Brasil, a vinda da família real portuguesa permitiu o início do desenvolvimento da
ciência contábil. Conforme Silva (1980 apud ANDREZO, 2000), Dom João VI publicou em
1808 um alvará que obrigava os contadores gerais a adotarem o método das partidas dobradas.
Em 1850 foi promulgado o Código Comercial Brasileiro, o qual estabelecia a
obrigatoriedade de escrituração e de manutenção de determinados livros por todos os
comerciantes. A partir dessa exigência, o uso da contabilidade passou a ter maior importância,
22
sendo mais utilizada. Conforme Andrezo (2000, p. 21), “durante muito tempo, o Código
Comercial representou a única legislação referente à Contabilidade no Brasil, além do Alvará
de D. João VI”.
2.1.1 O Curso de Ciências Contábeis no Brasil
Com a vinda da família real teve início o ensino da contabilidade no Brasil. Conforme
Rodrigues (1986), a primeira aula de comércio da corte foi realizada em 1810 no Rio de
Janeiro. Também foi nomeado o primeiro professor de contabilidade no Brasil, o Deputado da
Real Junta de comércio José Antônio Lisboa.
O ensino da contabilidade precisou acompanhar a evolução das atividades comerciais
que aconteciam na época, surgindo com isso a necessidade de profissionais capacitados para
atender essa demanda.
Rodrigues (1986) menciona, ainda, que em 1846 foi criada a Escola Central de
Comércio, sendo que a palavra “central” significava “Escola Superior”, “Nacional” ou
“Federal”, e uma das disciplinas do referido curso era a “prática das principais operações e
atos comerciais”.
Dez anos mais tarde, ou seja, em 1856, foi criado o Instituto Comercial do Rio de
Janeiro que, segundo Schmidt (2000), era um dos primeiros passos em direção à formação do
profissional contábil.
Em 02 de junho de 1902 foi fundada a Escola Prática de Comércio, com o objetivo de
preparar os profissionais da época para o crescimento industrial que estava ocorrendo no País
(GONÇALVES; CARVALHO, 1976).
No dia 09 de janeiro de 1905 foi instituído o Decreto Federal n.º 1.339 que, de acordo
com Marion e Robles (2003, p.01), “reconheceu, em caráter oficial, os diplomas expedidos
pela ‘Escola Prática de Comércio’ e providenciou sobre a organização dos cursos, dividindo-
os em dois: geral e outro superior”. O curso geral permitia aos profissionais o desempenho
das funções de guarda-livros, perito judicial empregado de Fazenda, enquanto que o curso
superior, permitido apenas àqueles que concluíam o curso geral, proporcionava o exercício
das funções de agentes consulares, funcionários do Ministério das Relações Exteriores,
23
atuários de companhia de seguros, chefe de contabilidade de estabelecimentos bancários e de
grandes empresas comerciais.
Com a Lei Estadual n.º 969, de 01 de dezembro de 1905, a Escola Prática de Comércio
passou a chamar-se Escola de Comércio de São Paulo. Gonçalves e Carvalho (1976)
mencionam que o Conde Antônio de Álvares Leite Penteado fez a doação de um terreno para
construção de um prédio para a Escola de Comércio, tendo em vista a importância dessa
instituição. Em 05 de janeiro de 1907 passou a chamar-se Escola de Comércio “Álvares
Penteado”, sendo a primeira escola especializada em contabilidade no Brasil.
Mais tarde, em 1926, com a instituição do Decreto Federal n.º 17.329, de 29 de maio,
ficou estabelecida a fiscalização dos estabelecimentos de ensino comercial, visando a
padronização nos cursos comerciais, permitindo que se adequassem à realidade do momento.
O Decreto n.º 20.158, de 30 de junho de 1931, por sua vez, apresentava uma estrutura
mais adequada e um currículo mais flexível. No artigo 2º do referido decreto está indicado
que “o ensino comercial constará de um curso propedêutico e dos seguintes cursos técnicos:
de secretário, guarda-livros, administrador-vendedor, atuário e de perito-contador e, ainda, de
um curso superior de administração e finanças e de um curso elementar de auxiliar de
comércio”. O termo propedêutico tem o sentido de introdução.
No ano de 1939, o Decreto-Lei n.º 1.535 altera a denominação do curso de perito-
contador que constava no decreto n.º 20.158 para curso de contador. Em 22 de setembro de
1945, por meio do Decreto-Lei 7.988, é criado o curso de Ciências Contábeis e Atuariais.
Porém, foi com o advento da Lei n.º 1.401, de 31 de julho de 1951, que o curso de Ciências
Contábeis foi efetivamente constituído, uma vez que houve a separação destes dois cursos.
(PASSOS, 2004).
Também no ano de 1945, por meio do decreto-lei n.º 8.191, de 20 de dezembro de
1945, foram definidas as categorias profissionais que vigorariam após a criação do Curso de
Ciências Contábeis e Atuariais, sendo estabelecido que as categorias de Guarda-Livros,
Atuários, Contadores, Peritos-Contadores e Bacharéis seriam agrupadas em apenas duas, ou
seja, Técnico em Contabilidade, para os profissionais de nível médio, e Bacharel, para os de
nível superior (MOURA; SILVA, 2003).
Desde a criação do Curso de Ciências Contábeis, a quantidade de Instituições de
Ensino Superior que oferecem o referido curso tem crescido de forma bastante significativa.
Na figura 1 consta a evolução dos cursos de Ciências Contábeis no Brasil, nos anos de 1973,
1976, 1986, 1996, 2002 e 2007, com base em dados do MEC/INEP (2007).
24
Figura 1: Número de cursos de Ciências Contábeis no Brasil
Fonte: MEC/INEP (2007)
A partir dos anos 1990 houve uma significativa expansão no número de cursos de
Ciências Contábeis no País. De 1996 a 2007 foram criados 618 cursos, enquanto que no
período de 1973 a 1986, ou seja, em 13 anos, haviam sido criados apenas 63 cursos.
Esta expansão se justifica em grande parte pela elevada quantidade de Instituições de
Ensino Superior que foram autorizadas a funcionar, e muitas das quais passaram a oferecer o
Curso de Ciências Contábeis. Esse fato preocupa, uma vez que não se sabe se os acadêmicos
estão sendo preparados de forma adequada para atender as necessidades do mercado.
A este propósito, Marion e Marion (1998) identificam a necessidade de se ter um
feedback dos profissionais que se formam e buscam um lugar no mercado de trabalho, com o
objetivo de fazer uma reavaliação dos cursos.
2.1.2 O Curso de Ciências Contábeis no Rio Grande do Sul
O primeiro curso de ciências contábeis no Estado do Rio Grande do Sul foi implantado
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1945, sendo que o segundo
curso surgiu somente em 1952, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS).
Desde o ano em que surgiu o primeiro curso, em 1945, até o ano de 1985, ou seja, em
um período de quarenta anos, somente vinte e cinco novos cursos de ciências contábeis foram
criados no Estado. No período de 1990 a 2000 surgiram vinte e três novos cursos, e nos
últimos sete anos (2000 a 2007) dezenove novos cursos. Portanto, em um período de
dezessete anos 42 novos cursos foram implantados, representando um crescimento
considerável.
131
166
194
384
641
1002
0
200
400
600
800
1000
1200
1973 1976 1986 1996 2002 2007
nº de cursos
25
O aumento no número de cursos no Estado do Rio Grande do Sul coincide com o
crescimento em nível nacional, o que traz à tona a preocupação relativa à preparação desses
futuros profissionais.
Os cursos atualmente em funcionamento no Estado do Rio Grande do Sul estão
identificados no quadro 1 a seguir:
IES Cidade Turno Início Funcionamento/Autorização
do Curso
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
UFRGS
Porto Alegre Integral 1945
Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do
Sul PUCRS
Porto Alegre Noturno 1952
Universidade Católica de
Pelotas
UCPEL
Pelotas Noturno 1963
Universidade de Santa Cruz
do Sul UNISC
Santa Cruz do Sul Noturno 1964
Universidade do Vale do Rio
dos Sinos UNISINOS
São Leopoldo Noturno 1966
Universidade Federal de
Santa Maria
UFSM
Santa Maria Noturno 1967
Universidade Federal de
Santa Maria
UFSM
Santa Maria Tarde 1967
Universidade de Caxias do
Sul UCS
Caxias do Sul Noturno 1968
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
Santana do Livramento Noturno 1969
Centro Universitário
Univates UNIVATES
Lajeado Noturno 1969
Universidade Passo Fundo
UPF
Passo Fundo Matutino/Noturno 1969
Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões
URI
Santo Angelo Noturno 1969
Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do
Sul PUC
Uruguaiana Noturno 1969
Centro Universitário
FEEVALE
Novo Hamburgo Manhã/Noturno 1970
Faculdades Integradas
Machado de Assis FIMA
Santa Rosa Noturno 1970
Faculdade de Ciências
Contábeis e Administrativas
São Judas Tadeu FCCASJT
Porto Alegre Noturno 1970
Faculdade Camaqüense de
Ciências Contábeis e
Administrativas
FACCCA
Camaquã Noturno 1970
Continua
26
Continuação
IES Cidade Turno Início Funcionamento/Autorização
do Curso
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
Bagé Noturno 1971
Faculdade Porto-Alegrense
de Ciências Contábeis e
Administrativas FAPCCA
Porto Alegre Noturno 1971
Universidade Luterana do
Brasil
ULBRA
Canoas Noturno 1974
Fundação Universidade
Federal do Rio Grande
FURG
Rio Grande Noturno 1975
Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul
Unijuí
Ijuí Noturno 1975
Faculdade de Ciências
Contábeis e Administrativas
de Taquara FACCAT
Taquara Noturno 1976
Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões
URI
Frederico Westphalen
Noturno 1985
Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões
URI
Erechim Noturno 1985
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP Caçapava
Caçapava Noturno 1990
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
São Gabriel Noturno 1991
Universidade Passo Fundo
UPF
Soledade Noturno 1991
Universidade Passo Fundo
UPF
Palmeira das Missões Noturno 1991
Universidade Passo Fundo
UPF
Lagoa Vermelha Noturno 1992
Universidade Passo Fundo
UPF
Carazinho Noturno 1993
Universidade de Caxias do
Sul UCS
Bento Gonçalves Noturno 1994
Universidade Passo Fundo
UPF
Casca Noturno 1994
Faculdades Riograndenses
FARGS
Porto Alegre Noturno 1994
Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões
URI
Cerro Largo Noturno 1994
Universidade de Cruz Alta
UNICRUZ
Cruz Alta Noturno 1995
Continua
27
Continuação
IES Cidade Turno Início Funcionamento/Autorização
do Curso
Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões URI
Santiago Noturno 1995
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
Alegrete Noturno 1997
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
São Borja Noturno 1997
Universidade de Caxias do
Sul UCS
Farroupilha Noturno 1997
Universidade de Caxias do
Sul UCS
Vacaria Noturno 1997
Instituto Cenecista de Ensino
Superior de Santo Ângelo
IESA
Santo Angelo Noturno 1998
Universidade de Santa Cruz
do Sul UNISC
Sobradinho Noturno 1998
Universidade Católica de
Pelotas UCPEL
Piratini Noturno 1999
Centro Universitário
Franciscano UNIFRA
Santa Maria Noturno 1999
Fundação Universidade
Federal do Rio Grande
FURG
Rio Grande Matutino 2000
Centro Universitário La Salle
UNILASALLE
Canoas Noturno 2000
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS
Porto Alegre Noturno 2000
Universidade da Região da
Campanha
URCAMP
Itaqui Noturno 2001
Faculdade de Administração
do Planalto FAPLAN
Passo Fundo Noturno 2003
Faculdade Dom Bosco de
Porto Alegre
Porto Alegre Manhã/Noturno 2003
Faculdade Dom Alberto -
FDA
Santa Cruz do Sul Manhã/Noturno 2003
Faculdade São Francisco de
Assis UNIFIN
Porto Alegre Noturno 2003
Faculdade Monteiro Lobato -
FATO
Porto Alegre Manhã/Noturno 2003
Universidade de Caxias do
Sul UCS
Nova Prata Noturno 2004
Faculdade de Getúlio Vargas
- IDEAU
Getúlio Vargas Noturno 2004
Faculdade Inedi CESUCA Cachoeirinha Noturno 2004
Faculdade dos Imigrantes
FAI
Caxias do Sul Noturno 2005
Faculdade Portal Passo Fundo Noturno 2005
Faculdade Serra Gaúcha
FSG
Caxias do Sul Noturno 2005
Continua
28
Continuação
IES Cidade Turno Início Funcionamento/Autorização
do Curso
Centro Universitário
Metodista
IPA
Porto Alegre Noturno 2005
Escola Superior de
Administração, Direito e
Economia
ESADE
Porto Alegre Manhã/Noturno 2006
Faculdade Cenecista Nossa
Senhora dos Anjos
FACENSA
Gravataí Noturno 2006
Faculdade Cenecista de Nova
Petrópolis FACENP
Nova Petrópolis Noturno 2006
Faculdade Anglo-americana
de Caxias do Sul - FAACS
Caxias do Sul Noturno 2006
Universidade de Caxias do
Sul - UCS
São Sebastião do Caí Noturno 2007
Faculdade Rio Claro Ijuí Noturno 2007
Quadro 1: Cursos de Ciências Contábeis no Rio Grande do Sul
Fonte: MEC (2007)
No quadro 1 observa-se que há 67 cursos oferecidos pelas Instituições de Ensino
Superior no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que em Porto Alegre existem 11 cursos, 5
dos quais foram criados a partir do ano 2000.
2.1.3 O Estudante do Curso de Ciências Contábeis
Nas Instituições de Ensino Superior, o professor deve ser o condutor do processo de
ensino-aprendizagem, posicionando o aluno como um participante ativo na construção de seu
saber e não como um mero ouvinte do conteúdo repassado. Também deve levar em
consideração aquilo que o estudante já sabe, além de valorizar o questionamento investigativo
em uma perspectiva interdisciplinar.
Refletindo sobre esse assunto, Laffin (2002, p. 15) pondera que
uma prática que pressupõe apenas o fazer sem integrar os procedimentos de reflexão
mediante as teorias que fundamentam esse fazer, assim como não possibilita análises
com outras perspectivas, acaba por reduzir o ensino ao saber fazer excluindo do
processo a interpretação e a intervenção como requisito de investigação intencional.
Lagioia et al. (2007) realizaram uma pesquisa sobre as expectativas profissionais dos
estudantes e o seu grau de satisfação em relação ao curso de ciências contábeis, sendo
29
observado que as principais expectativas visadas pelos discentes são, em ordem de
preferência: prestar concurso público, trabalhar em empresas de terceiros e abrir negócio
próprio. A pesquisa foi realizada com 324 estudantes, divididos em três grandes grupos: a)
grupo 1, aqueles que estão cursando do primeiro ao terceiro período; b) grupo 2, aqueles que
estão cursando do quarto ao sexto período; e c) grupo 3, aqueles que estão cursando do sétimo
ao nono período.
Peleias (2006) menciona que a democratização da educação fez com que na década de
1960 surgissem no Brasil os cursos noturnos. Portanto, os cursos noturnos já existem há
bastante tempo e não estão concentrados apenas nos cursos de ciências contábeis, sendo uma
realidade para o estudante que precisa trabalhar durante o dia e ao mesmo tempo dedicar-se
aos estudos, com a intenção de obter um crescimento profissional.
O autor sugere que as estratégias de ensino sejam diferenciadas para os alunos dos
cursos noturnos, tornando as aulas mais dinâmicas, de forma que os alunos possam participar
mais ativamente, evitando o modelo tradicional no qual o professor expõe o conteúdo e os
alunos escutam. Entre as estratégias de ensino apresentadas por Peleias (2006, p. 268) estão:
aula expositiva;
seminários;
excursões e visitas;
dissertações ou resumos;
ensino em pequenos grupos;
aulas orientadas;
jogos de empresa;
estudo de caso;
escritório, laboratório ou empresa-modelo;
palestras; e
ensino à distância.
Visando avaliar os egressos dos cursos de ciências contábeis para fins de registro
profissional, em 28/07/1999 o Conselho Federal de Contabilidade instituiu por meio da
Resolução n.º 853 o Exame de Suficiência, de tal forma que os egressos do curso técnico em
contabilidade e de ciências contábeis somente poderiam obter o registro profissional com a
aprovação nesse exame.
De acordo com Koliver (2006, p. 81), o termo Exame de Suficiência é um “título
extremamente adequado, uma vez que evidencia comprovação de preparo suficiente para a
fase inicial do exercício profissional”, isto é, se os estudantes de nível médio e superior da
área contábil realmente estavam preparados para o exercício da profissão.
O primeiro exame de suficiência ocorreu no dia 26 de março de 2000 e o último em
setembro de 2004. Em março de 2005, época em que seria realizada a décima primeira edição
30
do referido exame, uma Decisão Judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
suspendeu em nível nacional a sua realização.
Em uma análise dos fundamentos do veto ao projeto da Lei que instituiria o Exame de
Suficiência, Koliver (2006) comenta que em virtude de algumas manifestações contrárias à
aplicação do exame de suficiência, foi elaborado o Projeto de Lei nº 2485-2003 de autoria do
Deputado Atila Lira, que estabelecia em seus artigos que para a obtenção do registro
profissional nos Conselhos Regionais de Contabilidade, o bacharel em Ciências Contábeis e o
Técnico em Contabilidade deveriam ser aprovados em prévio Exame de Suficiência. O
projeto de Lei passou por todas as instâncias cabíveis, porém no dia 15 de dezembro de 2005
o mesmo foi totalmente vetado pela Presidência da República.
Durante o período em que foi aplicado o exame de suficiência, 77.257 profissionais
realizaram as provas em todo o Brasil, sendo que o índice de aprovação foi de 61%, enquanto
que 39% foram reprovados, conforme demonstrado na tabela 1, a seguir apresentada:
Tabela 1: Resultados gerais do Exame de Suficiência por semestre
Exame de Suficiência Participantes % Aprovados % Reprovados %
1º Semestre 2000 1.547 2 1.358 88 189 12
2º Semestre 2000 4.025 5 2.563 64 1.462 36
1º Semestre 2001 8.120 10 5.991 74 2.129 26
2º Semestre 2001 8.132 10 4.866 60 3.266 40
1º Semestre 2002 11.425 15 6.742 59 4.683 41
2º Semestre 2002 10.015 13 5.079 51 4.936 49
1º Semestre 2003 10.911 14 7.202 66 3.709 34
2º Semestre 2003 8.916 12 4.488 51 4.428 49
1º Semestre 2004 7.193 10 3.605 51 3.588 49
2º Semestre 2004 6.973 9 5.053 72 1.920 28
Total 77.257 100 46.947 61 30.310 39
Fonte: Adaptado do CFC (2006)
Observa-se que no 1º semestre de 2000, ou seja, na primeira vez em que o exame foi
realizado, o número de participantes foi pequeno, comparando-se com as edições seguintes.
Foi também o exame que apresentou o maior número de aprovados. No segundo semestre de
2003 e 1º semestre de 2004 houve uma queda no número de participantes, e o número de
aprovados foi de apenas 51%. No 2º semestre de 2004 o número apresentou uma queda ainda
maior, porém o nível de aprovação subiu para 72%.
Na tabela 2 são apresentados os resultados relativos ao estado do Rio Grande do Sul.
Tabela 2: Resultados gerais do Exame de Suficiência no Estado do Rio Grande Sul
Exame de Suficiência Participantes Aprovados % Reprovados %
1º Semestre 2000 140 135 96 5 4
2º Semestre 2000 332 263 79 69 21
1º Semestre 2001 636 539 85 97 15
2º Semestre 2001 574 416 72 158 28
1º Semestre 2002 799 518 65 281 35
Continua
31
Continuação
2º Semestre 2002 715 442 62 273 38
1º Semestre 2003 806 604 75 202 25
2º Semestre 2003 555 310 56 245 44
1º Semestre 2004 877 478 55 399 45
2º Semestre 2004 826 620 75 206 25
Total 6.260 4.325 69 1.935 31
Fonte: CFC (2006)
No estado do Rio Grande do Sul, 6.260 candidatos participaram do exame de
suficiência, representando cerca de 8% do total nacional, com um índice de aprovação de
69%. Estes dados revelam um melhor aproveitamento dos estudantes do Rio Grande do Sul,
na comparação com os resultados obtidos pelos estudantes em nível nacional.
Dados divulgados pelo Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul
permitem constatar que no ano de 2005, período em que o exame de suficiência foi suspenso,
houve um crescimento significativo de bacharéis que fizeram sua inscrição, fato também
observado em 1999, quando houve a divulgação de que a partir de 2000 haveria a realização
do exame, conforme pode ser observado na tabela 3.
Tabela 3: Contadores registrados no CRCRS
Ano Registros por ano
1999 1.317
2000 351
2001 481
2002 584
2003 513
2004 686
2005 2.045
Fonte: CRCRS (2006)
Os dados evidenciam que no ano de 1999, anterior a exigência do exame de
suficiência, e no ano de 2005, após a suspensão do exame, o número de bacharéis que
solicitaram inscrição no CRCRS foi bastante elevado, sendo 1.317 em 1999 e 2045 em 2005.
No período de 2000 a 2004, época em que ocorriam os exames, o número médio de registros
foi de 147 egressos.
Diante da evidência dos dados relativos ao período de 2000 a 2004, em que houve uma
acentuada queda na realização dos registros parece fazer sentido a reflexão de Koliver (2006),
de que a realização do exame de suficiência seria o único caminho para identificar a
existência de preparo suficiente para o início do exercício profissional evitando, assim, as
disparidades qualitativas evidenciadas pelos cursos existentes.
Contudo, esse não é o foco dessa pesquisa e a realização do Exame de Suficiência
permanece suspensa.
32
2.2 A PROFISSÃO CONTÁBIL
No item anterior descreveu-se, brevemente, a trajetória da contabilidade desde o
período do homem primitivo até os dias atuais, verificando-se que o pensamento contábil
evolui na medida em que ocorram modificações no cenário econômico das nações.
No início houve uma maior participação de determinados povos, porém, rapidamente,
as novas idéias eram disseminadas em todo o mundo, tendo em vista a expansão das
atividades comerciais. Isto ocorria pelo fato de que os comerciantes precisavam ter o controle
de seus patrimônios, evidenciando a importância da contabilidade.
Com as transformações ocorridas em todo o mundo nas áreas política, social,
econômica, tecnológica e cultural, os negócios passaram a ser mais complexos e o ambiente
dos negócios mais desafiador, exigindo uma permanente atualização dos profissionais da área
contábil.
O profissional que aprimorar seus conhecimentos com a finalidade de cumprir com
suas atribuições de maneira competente, tem certamente um significativo campo de atuação.
Além disso, deve pautar o desempenho de suas funções com atitudes éticas, adquirindo a
confiança dos empresários e da sociedade.
As questões relacionadas com o curso de ciências contábeis; o estudante de ciências
contábeis; e o campo de atuação dos profissionais; vêm sendo objeto de pesquisas, a saber:
a) Em 1997, Frey realizou uma pesquisa para conhecer e analisar a atuação
profissional dos egressos do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Santa Cruz do
Sul UNISC. O estudo foi feito com os bacharéis diplomados pela instituição no período de
1967 a 1994, tendo sido enviados 818 questionários e obtida resposta de 32%. Os principais
resultados da pesquisa foram:
a.1) apenas 32% do total dos egressos estão habilitados para atuarem na profissão
contábil, ou seja, fizeram seu registro no Conselho Regional de Contabilidade. Este fato foi
ocasionado pelo desconhecimento dos pesquisados em relação a amplitude das prerrogativas
profissionais do contabilista;
a.2) foi constatado que 62,9% dos profissionais trabalham em atividades afins da
contabilidade, exercendo diversos cargos (desde auxiliares de contabilidade até diretores).
Destes, 30,7% exercem o cargo de contador (empregado ou empregador);
33
a.3) a maior parte dos profissionais atuam no setor de serviços (41,8%) e na indústria
(38%);
a.4) a maioria dos bacharéis em contabilidade diplomados pela UNISC são do sexo
masculino (67,4%);
a.5) a principal dificuldade enfrentada pelos egressos foi a falta de experiência prática,
seguido pela remuneração não compatível com a função. Também foi identificado que os
principais fatores que levam os bacharéis a procurarem outras opções são a falta de
experiência (30,2%) e o problema do mercado escasso e concorrido (27,2%);
a.6) em torno de 65% dos profissionais que atuam em atividades afins da contabilidade
buscam formação complementar, por meio de cursos de atualização, aperfeiçoamento e
especialização.
b) Visando discutir os desafios impostos à formação à prática do bacharel em ciências
contábeis, bem como as possibilidades de sua atuação, considerando a realidade econômica,
produtiva e social em que ele se insere, Moreto et al. (2005) realizaram uma pesquisa com
profissionais da Mesorregião Noroeste Rio-Grandense, composta de 13 cidades nos quais se
destacam os municípios de Passo Fundo, Erechim, Santo Ângelo e Ijuí. A pesquisa de campo
foi realizada com uma amostra que totalizou 1.476 egressos, tendo havido um retorno de 333
questionários no prazo de dois meses. Os principais resultados obtidos na pesquisa foram:
b.1) o profissional está assumindo um papel de maior relevância frente as rápidas
transformações tecnológicas;
b.2) há uma necessidade de inclusão de disciplinas na grade curricular do curso que
focalizem o controle e o gerenciamento de atividades direcionadas para a prestação de
serviços, comércio, indústria e agropecuária, direcionando, principalmente, para a
implementação de controle de caixa e fluxo de caixa, ferramentas de análises de concessão de
crédito, métodos de formação de preço de venda, além de outras ferramentas de controladoria.
A pesquisa identificou lacunas nas estruturas curriculares, que podem ser adaptadas
conforme a realidade local, contribuindo para o crescimento da região e consequentemente
permitem um desenvolvimento social.
c) O Conselho Federal de Administração também sentiu a necessidade de conhecer o
perfil do seu profissional, e realizou uma pesquisa nacional em 2006 intitulada: “Perfil,
Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador”. Houve um retorno de
10.552 questionários, englobando administradores, empregadores e professores dos cursos de
administração de Instituições de Ensino Superior. A pesquisa concluiu, entre outros:
34
c.1) os alunos escolhem o curso de administração pelo interesse na instalação de um
negócio próprio e na formação generalista e abrangente, e não o escolhem por vocação;
c.2) houve uma melhora no desempenho dos cursos de administração, porém existe
uma preocupação com o crescimento desordenado dos cursos;
c.3) desde a pesquisa realizada em 2003, os professores e administradores insistem que
para o exercício da função gerencial deve ser exigida a graduação em Administração, porém a
maior parte dos empregadores não concorda;
c.4) existe uma avaliação favorável dos administradores em comparação com os
demais empregados da empresa, na opinião dos empregadores;
c.5) o setor de serviços continua sendo o de maior concentração de administradores,
seguido do industrial. Entre as áreas mais promissoras estão a consultoria empresarial,
turismo e lazer;
c.6) foi sugerida às IES a implementação de novos conteúdos para integrarem suas
disciplinas e melhor formarem os alunos dentro da realidade de mercado, tais como: o
desenvolvimento do empreendorismo, gestão de micro e pequenas empresas, gestão ambiental
e o desenvolvimento sustentável, além da ética empresarial.
d) O Conselho Federal de Contabilidade, em 1996, também procurou traçar o perfil
sócio-econômico-cultural do contabilista brasileiro, além de obter indicativos para orientar a
atuação do próprio Conselho. Na época em que a pesquisa foi realizada constavam 318.592
profissionais (contadores e técnicos em contabilidade) registrados no Conselho Federal de
Contabilidade. O retorno dos questionários totalizou 19.335 questionários respondidos,
portanto, uma amostra significativa. Das conclusões do estudo, destacam-se:
d.1) a grande maioria dos profissionais da classe contábil pertence ao sexo masculino
(72,55%);
d.2) os setores que mais empregam os profissionais são: serviços (68,9%), comércio
(26,9%) e indústria (22,4%);
d.3) a maior parte dos profissionais são empregados (52,8%), autônomos (27,4%) e
empregadores (19,7%);
d.4) as atividades desempenhadas pelos contabilistas são em maior percentual: chefe
de contabilidade (27,5%) e empresário de contabilidade (25,6%);
d.5) entre as principais dificuldades encontradas pelos contabilistas está a constante
mudança na legislação (24,4%), falta de valorização profissional (13,3%) e baixa
remuneração (13,06%);
35
d.6) em torno de 73% dos profissionais expressou elevado grau de satisfação com a
profissão;
d.7) existe grande interesse por parte dos profissionais em participar de programas de
treinamento (70,6%), com preferência por cursos de curta duração;
d.8) a grande maioria fez o curso em instituições de ensino particulares;
d.9) em torno de 68% dos contabilistas têm uma graduação. Dos que possuem outra
graduação, esta é em direito, administração ou processamento de dados.
e) No ano de 2006, Guimarães traçou o perfil profissional requerido pelo mercado de
trabalho da Região Metropolitana de São Paulo dos profissionais de contabilidade, expresso
em ofertas públicas por meio de anúncios de emprego. O referido trabalho foi baseado nos
periódicos “Folha de São Paulo”, o “Estado de São Paulo” e “Gazeta Mercantil”, no período
de março/2004 a junho/2005. Foram coletados 4.017 anúncios, porém foram utilizados 2.560,
pois alguns não mencionavam qualquer habilidade profissional como pré-requisito para o
candidato disputar a vaga. Os anúncios foram divididos em grupos de conhecimentos:
experiência profissional; conhecimentos diversos; idiomas; contabilidade gerencial e gestão
empresarial; contabilidade societária, tributária e legislação; administração, Economia e
Finanças; Tecnologia da Informação; Normas Contábeis Internacionais. Estas habilidades
foram comparadas com a exigência de níveis hierárquicos, tendo-se constatado:
e.1) as empresas buscam um profissional de contabilidade que demonstre capacidade
de participação na gestão das empresas e que acompanhe, em termos de qualificação
profissional, as mudanças que ocorrem no cenário macroeconômico;
e.2) a regulamentação da legislação profissional é outro fator que faz com que as
empresas busquem um profissional da contabilidade que possua um perfil que atenda tanto às
necessidades técnicas quanto aos princípios éticos e morais;
e.3) a habilidade mais requerida para todos os níveis hierárquicos foi a experiência
profissional, demonstrando que as empresas buscam um bacharel em ciências contábeis já
experiente;
e.4) o profissional deve complementar seus estudos por meio da educação profissional
continuada;
e.5) embora algumas habilidades não tenham sido muito requeridas pelas empresas, o
profissional deve buscá-las para que apresente um perfil adequado às necessidades do
mercado de trabalho.
36
2.2.1 Campo de Atuação do Profissional Contábil
Com o desenvolvimento econômico das últimas décadas, o contador deixou de ser,
simplesmente, um guarda-livros, denominação alterada pela Lei n.º 3.384, de 28/04/1958,
para ser um profissional de fundamental importância seja para as empresas ou para o governo,
pois ele é o detentor das informações geradas na contabilidade como resultado das ações dos
gestores. Tal fato vem modificando sua imagem perante a sociedade.
Segundo Marion (2003), a imagem do contador em outros países é totalmente
diferente do Brasil, embora por aqui aos poucos esteja mudando. Com relação à imagem do
profissional contábil, Marion (2003, p. 1) menciona que
a certificação do contador na Inglaterra é dada pela rainha. Nos Estados Unidos, se
você perguntar qual a vocação que alguém quer para seu filho, aparecem as
profissões de médico, advogado e contador. Em alguns estudos americanos o
contador é o mais bem remunerado entre as profissões liberais.
Durante muito tempo a imagem do contador esteve associada a arrecadação de
recursos para o governo, ou seja, o profissional restringia-se a preencher guias e a realizar a
escrituração contábil. Essa idéia vem sendo modificada, pois não existe mais espaço para o
profissional que se dedica apenas a essa atividade.
O contador deve prestar um serviço diferenciado para seu cliente, atuando no
planejamento tributário, na análise de mercado, nas decisões financeiras das empresas,
auxiliando seu cliente no gerenciamento das atividades da empresa.
Conforme Sousa (2003, p. 20), é importante que
as empresas contábeis invistam em técnicas avançadas de gestão. Aquelas que
possuírem um sistema de gestão eficiente e capaz de fornecer informações úteis aos
gestores estarão certamente aptas para garantir sua sobrevivência e continuidade
nesse cenário de mudanças e incertezas.
Isso independe do profissional atuar como autônomo, empregado ou empregador, pois
em qualquer forma de atuação ele pode apresentar um serviço diferenciado.
Figueiredo e Fabri (2000, p. 20) definem que a função principal do profissional da
contabilidade é
executar a contabilidade geral, financeira e gerencial, na área agrícola, bancária,
comercial, hospitalar, industrial, imobiliária, pastoril, pública e de seguros, além de
todas as outras atividades a ela pertinentes, bem como gerar informações referentes a
todos os atos relativos à gestão econômica das organizações.
Os autores esclarecem que existem outras áreas em que esse profissional pode atuar:
custos, auditoria, contabilidade pública, contabilidade societária, perícia, controladoria,
37
legislação tributária e fiscal, planejamento e orçamento, contabilidade ambiental,
contabilidade social, contabilidade internacional, mediação e arbitragem, entre outras. Desta
forma, visualiza-se um considerável leque de opções para os profissionais que decidem se
dedicar à contabilidade.
Marion (2003) cita alternativas para atuação dos profissionais contábeis, entre elas:
contabilidade financeira, de custos, gerencial, auditoria, perícia contábil, consultorias
contábeis, análise financeira, docência e pesquisa. Outras alternativas de atuação do contador
estão resumidas por Marion (2005, p. 29), conforme figura 2:
Figura 2: Resumo das alternativas de atuação profissional do contador
Fonte: Adaptado de Marion (2005, p. 29)
CONTADOR
Órgão Público
Ensino
Independente
Empresa
Contador geral, contador de custo
s,
Controller
Auditor Interno
Cargos administrativos
Auditor independe
nte
Consultor
Perito Contábil
Escritório de Contabilidade
Professor
Pesquisador
Escritor
Contador Público
Fiscal de Tributos
Tribunal de Contas
38
Com base na figura, percebe-se que o contador possui realmente várias alternativas,
podendo atuar em empresas, na área do ensino, em órgãos públicos e também de maneira
independente.
a) atuação na empresa
Contador Geral. Toda empresa possui ou deve possuir um departamento de contabilidade
onde se faz o registro das operações e se fornece informações aos administradores,
investidores, bancos, governo, e a quem estiver interessado. Conforme Marion (2005, p. 27),
existem diversas especializações: agrícola, bancária, comercial, hospitalar, imobiliária,
hoteleira, seguros, entre outras.
Contador de Custos. A contabilidade de custos, segundo Martins (2003), surgiu da
contabilidade financeira, devido à necessidade de avaliar estoques na indústria. Contudo,
Martins (2003, p. 21) argumenta que com a evolução das empresas a “contabilidade de custos
assumiu duas funções relevantes: a de controle e a ajuda às tomadas de decisões.” Tendo em
vista que conhecer custos é indispensável para as empresas, destaca-se a importância desta
área.
Auditor Interno. É o profissional que possui vínculo com a empresa e sua principal função é
organizar e zelar pelo cumprimento dos controles internos na empresa. Auxiliar os gestores
fornecendo análises, apreciações, recomendações e informações relativas às atividades
examinadas. Essa é uma atribuição do contador que vem crescendo. Conforme pesquisa do
CFC (1996), 9% dos contadores optavam por atuar em auditoria interna.
Cargos Administrativos. O contador por ser o profissional que possui mais informações na
empresa, pode assumir funções de significativa relevância na mesma, conforme Marion
(2005).
b) atuação no ensino
Docente. O profissional pode atuar na função de docente em Instituições de Ensino Superior
nos cursos de ciências contábeis, administração ou economia, além de outros cursos que
possuam disciplinas relacionadas com a contabilidade.
Pesquisador. Essa ainda é uma área pouco explorada, conforme Marion (2005), e se refere ao
profissional que atua em turno integral em Instituições de Ensino Superior, dedicando-se a
realizar pesquisas na área de Ciências Contábeis.
Escritor. É outra área que tem espaço para crescer, pois ainda são poucos os escritores na
área contábil.
39
c) atuação em órgãos públicos
Esse espaço da profissão está direcionado para os contadores que se preparam para concurso
público e buscam atuar nas esferas de governo (Municipal, Estadual ou Federal).
d) atuação independente
Auditor Independente. Ao contrário do auditor interno, este não possui vínculo empregatício
com a empresa em que é feita a auditoria. Além disso, apenas o contador, ou seja, aquele que
concluiu o curso de graduação em Ciências Contábeis, devidamente registrado no Conselho
Regional de Contabilidade, pode atuar nessa área.
Desde 2002, com base na Resolução CFC 945/02, que aprovou a NBC P 4 - Normas
Profissionais de Educação Continuada, o contador que atua na área de auditoria deve cumprir
uma série de exigências para continuar a exercer essa atividade. O item 4.1.1 da referida
Resolução estabelece que a
Educação Profissional Continuada é a atividade programada, formal e reconhecida
que o contador, na função de Auditor Independente, com registro em Conselho
Regional de Contabilidade, inscrito no Cadastro Nacional de Auditores
Independentes (CNAI), e aquele com cadastro na Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), aqui denominado Auditor Independente, e os demais contadores que
compõem o seu quadro funcional técnico devem cumprir, com o objetivo de manter,
atualizar e expandir seus conhecimentos para o exercício profissional.
Essas exigências surgiram devido a constante evolução e a crescente importância da
auditoria independente, que exigem atualização e aprimoramento técnico e ético, visando a
realização de um trabalho com elevado nível de qualidade.
A educação continuada é de extrema importância para os profissionais que devem
estar atualizados e expandir seus conhecimentos. Koliver (2006, p. 81) acredita que “a
obrigatoriedade da educação continuada na profissão contábil deve, mais cedo ou mais tarde,
expandir-se gradativamente para outras áreas do nosso exercício profissional.”
O exercício da auditoria independente exige constante dedicação dos contadores,
especialmente a partir da obrigatoriedade destes participarem de um processo de educação
continuada permanente, que deve ser adequadamente comprovada, em cumprimento à
exigências da CVM e do CFC.
A Resolução CFC 945/02 já sofreu alterações, porém o item 4.1.1 permanece
inalterado. Atualmente, está em vigor a Resolução CFC 1.074/06, que aprova a NBC P 4
Norma para a Educação Profissional Continuada, cujo item 4.2.1 determina que
o Auditor Independente e os demais Contadores que compõem o seu quadro
funcional técnico devem cumprir 96 pontos de Educação Profissional Continuada
por triênio calendário, definido o primeiro triênio para o período 2006 a 2008, e os
pontos calculados conforme tabelas do Anexo I desta Resolução.
40
A NBC P 5 instituiu o Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro
Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do CFC, sendo este um dos requisitos para a
inscrição do Contador no CNAI, com vistas à atuação na área da Auditoria Independente. A
Instrução CVM n.º 308, de 14 de maio de 1999, estabelece em seu artigo 2º, que o registro de
auditor independente compreende duas categorias:
I Auditor Independente - Pessoa Física (AIPF), conferido ao contador que satisfaça
os requisitos previstos nos arts. 3º e 5º desta Instrução;
II Auditor Independente - Pessoa Jurídica (AIPJ), conferido à sociedade profissional,
constituída sob a forma de sociedade civil, que satisfaça os requisitos previstos nos
arts. 4º e 6º desta Instrução. (www.cvm.gov.br)
O artigo 3º da referida Instrução da CVM estabelece que para fins de registro na
categoria de Auditor Independente - Pessoa Física, deverá o interessado atender às seguintes
condições:
I. estar registrado em Conselho Regional de Contabilidade, na categoria de
contador;
II. haver exercido atividade de auditoria de demonstrações contábeis, dentro do
território nacional, por período não inferior a cinco anos, consecutivos ou não,
contados a partir da data do registro em Conselho Regional de Contabilidade, na
categoria de contador, nos termos do art.
III. estar exercendo atividade de auditoria independente, mantendo escritório
profissional legalizado, em nome próprio, com instalações compatíveis com o
exercício da atividade, em condições que garantam a guarda, a segurança e o
sigilo dos documentos e informações decorrentes dessa atividade, bem como a
privacidade no relacionamento com seus clientes;
IV. possuir conhecimento permanentemente atualizado sobre o ramo de atividade,
os negócios e as práticas contábeis e operacionais de seus clientes, bem como
possuir estrutura operacional adequada ao seu número e porte; e
V. ter sido aprovado em exame de qualificação técnica previsto no art. 30.
Portanto, este exame é uma das exigências para a inscrição do contador que pretende
atuar no mercado de valores mobiliários, cabendo ao CFC estimular o profissional a buscar o
aperfeiçoamento na execução de seus trabalhos nesta área.
O processo de educação continuada não acontece somente no Brasil, a Internacional
Federation of Accountants (IFAC), uma organização mundial para a profissão contábil, é
composta por mais de 160 organizações-membros em 120 países, representando mais de 2,5
milhões de contadores empregados na prática pública; indústria e comércio; e área acadêmica.
O papel da IFAC é, portanto, estabelecer e promover a aderência às normas internacionais
para facilitar a colaboração e cooperação com as organizações-membros, e servir como um
porta-voz internacional para a profissão contábil em questões de relevante política pública.
Essa organização possui um programa de educação continuada (Continuing
Professional Development) para os profissionais da contabilidade, com o intuito de manter a
constante atualização dos profissionais; realiza testes de desempenho para desenvolver e
41
manter a competência profissional; além de monitorar e forçar o desenvolvimento continuado
e manutenção da competência profissional, com o intuito de que estes profissionais
proporcionem um serviço de alta qualidade para clientes, empregadores e stakeholders.
(www.ifac.org, 2007).
Percebe-se nitidamente que a preocupação em ter-se um profissional competente
ocorre no mundo inteiro.
Consultor. Para Marion (2005), a consultoria é um campo de atuação que está crescendo e
não está restrita apenas a área contábil-fiscal, mas existe consultoria na área tributária,
informática, recursos humanos, entre outros.
Perito contábil. Conforme a Resolução CFC 858/99, que reformula a NBC T 13 da Perícia
Contábil, item 13.1.1,
a perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos
destinado a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à
justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial
contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação
específica no que for pertinente.
Portanto, o contador que atua na função de perito pode ser contratado pelas partes ou
indicado pelo juiz para elaborar laudos sobre uma determinada situação, sendo essencial para
a solução de litígios na Justiça.
O perito contábil também possui um bom campo de atuação, uma vez que existem
muitas demandas judiciais que exigem a presença deste profissional.
A perícia, da mesma forma que a auditoria, somente pode ser exercida pelo
profissional que concluiu o curso de graduação em Ciências Contábeis, devidamente
registrado no Conselho Regional de Contabilidade.
Escritório de Contabilidade. Um grande número de profissionais possui empresas contábeis
ou são autônomos (escritórios individuais). A posição em 30/09/2007 era a seguinte:
Tabela 4: Sociedades contábeis e escritórios individuais de contabilidade
Sociedades Contábeis % Escritórios Individuais
% Total
Brasil 22.127 33% 44.817 67% 65.776
Rio Grande do Sul 1.521 16% 7.927 84% 9.448
Fonte: Adaptado dos sites CFC e CRCRS
Pelo que se observa, o número de profissionais que se dedicam a ter a sua própria
empresa contábil é significativo, uma vez que do total de 17.616 profissionais ativos até
30/09/2007 no CRCRS, 9.448 são escritórios individuais e sociedades contábeis,
representando 54%.
42
Portanto, essas são algumas perspectivas de atuação do contador. Por esse motivo não
existe mais espaço para o profissional que presta ao seu cliente um serviço básico. Existe um
novo cenário que exige um contador que deve ter um comportamento ético, que atue com
dedicação, competência, perseverança e responsabilidade, além de conhecer plenamente a
contabilidade e manter-se atualizado em relação à legislação pertinente.
No tocante ao campo de atuação profissional, o Conselho Federal de Contabilidade,
por meio da Resolução CFC n.º 560, de 28 de outubro de 1983, dispõe sobre as prerrogativas
profissionais, que são tratadas no seu artigo 3º, sendo que no §1º deste mesmo artigo são
definidas as atribuições privativas dos contadores, ou seja, aquelas que não podem ser
realizadas pelos técnicos em contabilidade nem por profissionais de outras áreas. Algumas das
atribuições privativas dos contadores são, por exemplo:
1) avaliação de acervos patrimoniais e verificação de haveres e obrigações, para
quaisquer finalidades, inclusive de natureza fiscal;
2) avaliação dos fundos do comércio;
3) apuração do valor patrimonial de participações, quotas ou ações;
4) reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo da moeda
sobre o patrimônio e o resultado periódico de quaisquer entidades;
5) apuração de haveres e avaliação de direitos e obrigações, do acervo patrimonial
de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão, expropriação no
interesse público, transformação ou incorporação dessas entidades, bem como em
razão de entrada, retirada, exclusão ou falecimentos de sócios, quotistas ou
acionistas;
6) concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e exaustão dos
bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais, inclusive de valores
diferidos;
7) regulações judiciais ou extrajudiciais, de avarias grossas ou comuns; 19) análise
de custos e despesas, em qualquer modalidade, em relação a quaisquer funções
como a produção, administração, distribuição, transporte, comercialização,
exportação, publicidade, e outras, bem como a análise com vistas à racionalização
das operações e do uso de equipamentos e materiais, e ainda a otimização do
resultado diante do grau de ocupação ou do volume de operações;
8) controle, avaliação e estudo da gestão econômica, financeira e patrimonial das
empresas e demais entidades;
9) análise de custos com vistas ao estabelecimento dos preços de venda de
mercadorias, produtos ou serviços, bem como de tarifas nos serviços públicos, e a
comprovação dos reflexos dos aumentos de custos nos preços de venda, diante de
órgãos governamentais;
10) análise de balanços;
Contudo, as demais profissões também estão evoluindo e, em alguns casos, ocupando
espaços que poderiam ser dos contadores.
As empresas precisam de profissionais que conheçam o mercado, que saibam utilizar
as novas tecnologias, e que participem do processo decisório. O contador é o profissional
indicado para tal, pois é ele que gera as informações e sabe como podem ser usadas para a
obtenção de resultados positivos na empresa.
43
Complementando sobre a importância de constante atualização do profissional, Moura
e Silva (2003, p. 3) mencionam que “as empresas estão procurando profissionais cada vez
mais especializados, que possuam uma visão generalista e sejam capazes de conectar fatos,
acontecimentos em várias áreas e ajudar as empresas na consecução dos seus objetivos”.
Guimarães (2006) analisou anúncios coletados em três jornais de São Paulo,
identificando habilidades e competências requeridas no mercado de trabalho da Região da
Grande São Paulo, sendo identificados os seguintes grupos de conhecimentos:
Contabilidade societária, legislação societária e tributária: inclui contabilidade geral,
legislação tributária e cumprimento de obrigações tributárias principais e acessórias.
Contabilidade gerencial e gestão empresarial: conhecimentos contábeis mais
complexos, como planejamento e controle, análise das demonstrações contábeis,
custos, entre outros.
Normas Contábeis Internacionais: conhecimentos sobre normas para conversão e
tradução das demonstrações contábeis em moeda estrangeira.
Tecnologia da Informação: conhecimentos da área de tecnologia.
Administração, Economia e Finanças: conhecimentos em áreas não específicas em
contabilidade.
Idiomas: domínio de outros idiomas
Conhecimentos diversos: envolvem habilidades pessoais (liderança, trabalho em
equipe, etc)
Experiência profissional: conhecimentos adquiridos anteriormente.
O autor identificou na pesquisa que experiência profissional, conhecimentos diversos,
idiomas, contabilidade gerencial e gestão empresarial, contabilidade societária, tributária e
legislação societária, administração, economia e finanças, são as características mais exigidas
pelas empresas, evidenciando que o profissional deve expandir seus conhecimentos. Portanto,
é possível compreender que o nível de exigência é cada vez maior e mais diversificado,
devendo o profissional estar preparado para atuar no mercado de trabalho.
A consultoria contábil e a análise financeira também são importantes áreas de atuação
para os contadores, conforme Marion (2003). A primeira devido à terceirização nas empresas,
o que ampliou essa oportunidade de trabalho em diversas áreas de especialização. A segunda,
pelo fato de que as negociações em bolsa de valores tendem a crescer, necessitando
profissionais preparados para desempenhar essa função, ou seja, que proporcionem um
44
suporte técnico adequado aos demais integrantes do mercado, com relação às questões do
risco e retorno esperados.
Outra área de atuação para os contadores é o campo da pesquisa e docência, pois são
poucos os pesquisadores na área contábil. Para Marion (2003), praticamente não existem
autores, docentes de carreira e pesquisadores disponíveis. Ressalta a importância destes
profissionais pelo fato de que eles são essenciais para o desenvolvimento dos futuros
contadores, que poderão atuar em todas as áreas que foram mencionadas anteriormente.
Além das áreas anteriormente mencionadas, Pohlmann (1989) menciona que
independente da existência de vários grupos, tanto em nível nacional, quanto internacional,
que se preocupam em discutir a natureza da contabilidade, assim como princípios e normas, já
existem outras preocupações. Neste sentido, Pohlmann (1989) ressalta que
a par dessa multiplicidade de grupos e posições, algumas tendências mais modernas
do comportamento social vêm ganhando espaço e utilizando-se do instrumental de
nossa Ciência para tomar forma e ganhar adeptos de suas novas idéias. Refiro-me ao
chamado BALANÇO SOCIAL, e num segundo plano, à CONTABILIDADE DE
RECURSOS HUMANOS.
Percebe-se que esses temas, assim como contabilidade ambiental e internacional, ainda
são assuntos recentes, mas que possibilitam muitos estudos e um vasto campo de atuação para
os futuros profissionais.
A lista de prerrogativas profissionais dos contadores é extensa, demonstrando que os
mesmos têm diferentes oportunidades de atuação.
2.2.2 A atuação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Contabilidade
O Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade
foram criados pelo Decreto-Lei n.º 9.295, de 27/05/1946. A estrutura, organização e
funcionamento estão normatizados pela Resolução CFC n.º 960/03, que aprova o
Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. O CFC tem sua sede no Distrito Federal
e tem por finalidade: orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por
intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade , cada um em sua base jurisdicional,
nos Estados e no Distrito Federal (CFC, 2007).
Ao CFC compete ainda elaborar, aprovar e alterar as Normas Brasileiras de
Contabilidade e os Princípios que as fundamentam, fixar o valor das anuidades devidas pelos
45
profissionais e organizações contábeis, disciplinar e acompanhar a fiscalização do exercício
da profissão em todo o país, zelar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização
da profissão e de seus profissionais, entre outras competências estabelecidas no artigo 17 da
Resolução CFC n.º 960, de 30/04/2003, que dispõe sobre o Regulamento Geral dos Conselhos
de Contabilidade.
Os Conselhos Regionais de Contabilidade estão subordinados ao Conselho Federal de
Contabilidade, estando localizados em cada Unidade da Federação, totalizando 27 CRCs.
Com relação aos Conselhos de Fiscalização, Frey (1997, p. 33) menciona que
antes da década de 1930, não existiam os Conselhos de Fiscalização de exercício de
profissões liberais, os quais começaram a aparecer a partir do momento em que as
profissões foram sendo regulamentadas. Das quatro primeiras profissões
regulamentadas no Brasil, a de contabilistas foi a quarta, após a dos advogados
(1930), dos médicos (1932) e dos engenheiros (1933).
Cabe destacar que as principais atribuições dos Conselhos Regionais são a fiscalização
do exercício profissional e a expedição do registro, tanto para os profissionais como para as
organizações contábeis. Portanto, o profissional somente poderá exercer a profissão após a
efetivação de seu registro no Conselho Regional de Contabilidade. As sociedades que
executam serviços técnicos contábeis também deverão estar registradas no Conselho.
Além dessas atribuições que são inerentes aos Conselhos Regionais, eles também
direcionam seus esforços na realização de um processo de educação continuada,
possibilitando aos profissionais a constante aquisição de novos conhecimentos e habilidades.
Esse processo envolve a realização de Seminários, Encontros, Congressos, Convenções e
outros eventos.
O Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul possui comissões de
estudos e grupos de trabalho, que foram instituídos pela Resolução CRCRS n.º 422, de
15/04/2001. As comissões de estudos e grupos de trabalho são órgãos de assessoria do
Conselho Diretor e do Plenário do CRCRS. O Conselho Diretor é um órgão de deliberação
coletiva, constituído pelo Presidente do CRCRS e pelos vice-presidentes de Gestão,
Fiscalização, Registro, Controle Interno, Desenvolvimento Profissional, Relações Sociais e
Relações com o Interior.
As comissões de estudos são constituídas por profissionais de renome da classe
contábil, que se reúnem uma vez por mês para discutir assuntos relacionados à área de
atuação, possuem 5 componentes no mínimo, e 13 no máximo, sendo o período de mandato
dos integrantes de dois anos, podendo ser renovado uma vez por igual período. Atualmente,
existem as seguintes comissões de estudos: área de acompanhamento do ensino superior,
46
auditoria interna, auditoria independente, contabilidade pública, equilíbrio de oportunidades,
organizações contábeis, perícia contábil, responsabilidade social e tecnologia da informação.
As comissões, além de discutir temas de interesse para a profissão, apresentam sugestões de
eventos que proporcionam a atualização dos profissionais, permitindo a educação profissional
continuada.
Os integrantes dos grupos de trabalho são nomeados para apresentarem propostas
sobre temas mais específicos, e sua atuação é extinta no momento em que o referido grupo de
trabalho apresenta o relatório final, conforme prazo fixado pela Presidência.
Os profissionais registrados no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do
Sul, em sua maioria, estão localizados no interior do Estado. Por esse motivo e com o intuito
de melhor atendê-los, o CRCRS criou o projeto de interiorização, que se constitui na
instalação de Delegacias e Escritórios Regionais em diversas cidades do Estado.
São 114 delegacias e 16 escritórios regionais localizados nas seguintes cidades: Bagé,
Cachoeira do Sul, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Ijuí, Lajeado, Novo Hamburgo, Passo
Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, São Leopoldo e
Uruguaiana.
Essa segmentação permite um melhor atendimento e maior aproximação do CRCRS
com os profissionais. Com esta proximidade, o Conselho pode conhecer melhor as
necessidades de cada região, identificando as carências dos profissionais para assim organizar
cursos, eventos e palestras direcionadas para cada público.
2.2.3 Perspectivas da Profissão Contábil
As perspectivas da profissão de contador estão relacionadas com o ambiente
empresarial altamente competitivo, que vem passando por mudanças cada vez mais rápidas e
constantes, e que exigem um profissional cada vez mais preparado e atualizado.
O contador, por ser o detentor de informações, tem condições de ser um profissional
de destaque em qualquer atividade, em empresas de nível nacional ou internacional, como
empresário da contabilidade ou atuando nos diversos segmentos da área.
A profissão de contador ainda não é tão valorizada como outras profissões, como é o
caso de medicina, direito, engenharia, entre outras. Marion (2003) menciona que é comum os
47
alunos do primeiro semestre dos cursos de medicina, direito e administração já saberem em
que área de atuação pretendem se especializar, enquanto que para os alunos do curso de
ciências contábeis isso não ocorre com tanta freqüência. Por esse motivo é importante que os
alunos do primeiro semestre já conheçam as diversas opções que o curso de contabilidade
proporciona, sendo essa uma tarefa que deve ser desempenhada pelos professores das
disciplinas iniciais do curso de ciências contábeis.
A profissão de contador é bastante valorizada nos países de primeiro mundo, porém no
Brasil ainda é preciso desenvolver essa cultura, demonstrando a importância desse
profissional para as empresas e para a sociedade. Atualmente, os profissionais da
contabilidade já estão sendo reconhecidos pela importância de seu trabalho para as empresas,
porém ainda é necessária uma longa luta para modificar a visão geral que se têm do contador.
É importante modificar a idéia de que o contador é um agente do governo e do fisco,
trabalhando de forma indireta para estes Entes Públicos, sendo responsável apenas pelo
preenchimento de guias e formulários.
O contingente de profissionais que possuem registro nos Conselhos Regionais de
Contabilidade em todo o País e que estão habilitados para desempenhar as atribuições que
lhes são conferidas é bastante amplo, conforme dados do CFC (2007) apresentados na tabela 5
a seguir.
Tabela 5: Contadores ativos por gênero e Região outubro de 2007
Regiões Contadores % Contadoras % Total
Norte 6.251 48 6.810 52 13.061
Centro-Oeste 10.758 58 7.666 42 18.424
Nordeste 16.854 57 12.996 43 29.850
Sudeste 64.220 62 39.408 38 103.628
Sul 24.812 61 15.596 39 40.408
Total 122.895 60 82.476 40 205.371
Fonte: Adaptado CFC (2007)
O total de profissionais em todo o País é de 205.371, portanto, bastante significativo.
Unidos podem ter muita força e modificar a visão que a sociedade tem do contador. A
valorização do contador deve ter seu início na graduação, ou seja, os estudantes devem ser
orientados sobre as perspectivas de atuação, evidenciando a importância do profissional para a
economia do País. Também pode possibilitar o desenvolvimento de novas lideranças na classe
contábil, pois faltam líderes políticos que possam atuar em defesa dos profissionais.
48
3 MÉTODO DE PESQUISA
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Neste capítulo é apresentado o método de pesquisa utilizado no estudo. Pesquisa, para
Silva e Menezes (2001, p.20), “é um conjunto de ações propostas para encontrar a solução
para um problema que tem por base procedimentos racionais e sistemáticos”.
As pesquisas podem ser classificadas considerando-se os seguintes aspectos:
quanto à natureza;
quanto à forma de abordagem do problema;
com relação aos objetivos; e
quanto aos procedimentos técnicos.
3.1.1 Quanto à Natureza
Com relação à natureza, as pesquisas podem ser classificadas: em pura ou aplicada,
segundo Gil (1999). A pesquisa pura gera novos conhecimentos, porém não tem aplicação
prática, enquanto que a pesquisa aplicada visa produzir conhecimentos para aplicação prática
com o objetivo de solucionar problemas específicos.
Esta pesquisa pode ser enquadrada como aplicada, pois visa com os seus resultados
contribuir para as Instituições de Ensino Superior, Conselho Regional de Contabilidade do
Rio Grande do Sul, demais Entidades da Classe Contábil e da sociedade de modo geral.
3.1.2 Quanto à Forma de Abordagem do Problema
O problema de pesquisa pode ter abordagem qualitativa ou quantitativa. Segundo Silva
e Menezes (2001), na pesquisa qualitativa existe uma interpretação dos fenômenos de forma
49
descritiva, pois não podem ser quantificados, enquanto que na pesquisa quantitativa as
opiniões e informações são traduzidas em números, sendo classificadas e analisadas.
Nesse sentido, a pesquisa é quantitativa, pois tem por base as informações fornecidas
pelos egressos dos cursos de ciências contábeis, obtidas por meio da utilização de
questionários, cujos dados foram quantificados e tratados estatisticamente.
3.1.3 Quanto aos Objetivos
Para Gil (1999, p.44), quanto aos objetivos as pesquisas podem ser descritivas,
exploratórias ou explicativas. “As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a
descrição das características de uma determinada população ou fenômeno, ou o
estabelecimento das relações entre variáveis”.
As pesquisas exploratórias visam desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
idéias, com base na formulação de problemas mais específicos, e as pesquisas explicativas
identificam fatores que são determinantes ou que contribuem para o acontecimento dos
fenômenos.
Como este estudo visa descrever o perfil pessoal, acadêmico e profissional dos
egressos dos cursos de ciências contábeis, com base em informações obtidas por meio de
respostas a questionários, enquadra-se como uma pesquisa descritiva.
3.1.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos
Quanto aos procedimentos técnicos, as pesquisas podem ser enquadradas como
documental, levantamento, bibliográfica, entre outras.
Em função do objetivo pretendido com este estudo, o procedimento técnico utilizado
na pesquisa é o levantamento, que segundo Silva (2003, p. 62), “consiste na coleta de dados
referentes a uma dada população com base em uma amostra selecionada”.
50
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA
O universo da pesquisa é composto pelo número de egressos dos cursos de ciências
contábeis registrados no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, no
período de 1996 a 2005 (dez anos). Foi escolhido esse período para se ter uma idéia melhor
acerca da atuação do profissional formado mais recentemente e daquele que já está há mais
tempo no mercado.
Na tabela 6 evidencia-se a quantidade de bacharéis que efetuaram seu registro no
período de 1996 a 2005:
Tabela 6: Contadores registrados no CRCRS de 1996 a 2005
Ano Contadores registrados
1996 564
1997 566
1998 640
1999 1.317
2000 351
2001 481
2002 584
2003 513
2004 686
2005 2.045
Total 7.747
Fonte: Departamento de Registro do CRCRS (2006)
Nos anos de 1999 e 2005 houve um aumento significativo nos registros, quando
comparados aos demais anos. Esse crescimento justifica-se da seguinte forma:
1999 período que antecedeu a realização do primeiro exame de suficiência que
ocorreu no dia 26 de março de 2000.
2005 período em que foi suspensa a realização da décima primeira edição do exame
de suficiência por Decisão Judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
O expressivo número de bacharéis em ciências contábeis que fizeram os seus registros
no período anterior e posterior ao exame de suficiência, pode demonstrar que os mesmos
ainda não se sentiam devidamente preparados para se submeter ao referido exame.
Optou-se por uma amostra probabilística para evitar qualquer tendenciosidade. Para
Silva (2003), uma vez definidos os elementos da população, todos possuem a mesma
probabilidade de serem incluídos na amostra e cada escolha pode ser independente da outra.
Este procedimento visa permitir a generalização dos resultados a todo o universo.
51
A relação com o total de 7.747 egressos registrados no Conselho foi lançada no
software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) para se determinar o tamanho e
seleção aleatória da amostra, considerando um nível de confiança de 95% e uma margem de
erro de 5%. O cálculo inicial foi de 368 profissionais, mas visando garantir o retorno da
quantidade necessária de questionários, a amostra foi duplicada totalizando 736 com
domicílio em todo o Estado do Rio Grande do Sul. A relação de todos os profissionais, bem
como seus endereços, telefones e respectivos e-mails, foi fornecida pelo Conselho Regional
de Contabilidade.
Inicialmente foram enviados por e-mail os questionários para os profissionais
selecionados na amostra. A remessa foi individual, tendo em vista que cada profissional
possuía um Código de Identificação que não era visualizado pelo respondente. Esse Código
de Identificação fez-se necessário, uma vez que a identificação do profissional era opcional,
mas importante para a pesquisa, pois permitiria saber quais os profissionais que responderam
a pesquisa, quantidade de homens e mulheres, além da região.
Dentre os profissionais selecionados se encontravam alguns residentes em outros
estados (Bahia, Santa Catarina, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso) devido a
mudança de domicílio, provavelmente em função da atividade profissional.
Foram recebidos 163 questionários respondidos, mesmo após todas as tentativas
descritas no tópico referente às limitações do método (3.6), número este aquém do esperado
para realização do estudo. Diante deste fato, foi enviado e-mail para 7.584 profissionais, ou
seja, todos os profissionais que haviam feito seu registro no Conselho Regional de
Contabilidade no período de 1996 a 2005, menos os 163 que haviam respondido. Com esta
providência foi possível obter um retorno de mais 285 questionários respondidos até o dia 19-
03-2007, totalizando 448 questionários, que passaram a compor a amostra final, nesse caso
por acessibilidade ou conveniência.
Os profissionais residentes em Porto Alegre foram os que mais responderam a
pesquisa, seguido dos profissionais que residem em Caxias do Sul, Passo Fundo e Santa
Maria. Essa situação é explicada pelo fato de serem cidades que concentram maior número de
profissionais (Apêndice 2)
52
3.3 COLETA DE DADOS
Os dados foram colhidos por meio de um questionário contendo 20 (vinte) perguntas
fechadas, enviado por e-mail aos sujeitos da pesquisa. O questionário, segundo Malhotra
(2005, p. 228), é “um conjunto formalizado de perguntas para obter informações do
entrevistado”, e atende a três objetivos específicos:
a) deve traduzir a informação desejada em um conjunto de perguntas específicas que
o entrevistado esteja disposto a responder e tenha condições de fazê-lo;
b) deve ser elaborado de maneira a minimizar as exigências impostas ao entrevistado;
c) deve minimizar os erros na resposta.
Antes do envio definitivo dos questionários foi realizada uma atividade conhecida por
Grupo de Foco, uma maneira crescente e popularizada de aprender mais sobre opiniões e
atitudes. Detalhes dessa atividade estão descritos no tópico 3.3.1.
Das 20 questões, 5 foram elaboradas utilizando-se a escala de Likert que, segundo
Malhotra (2005, p. 206), é
uma das escalas por itens mais amplamente utilizadas. Os pontos extremos de uma
escala de Likert são em geral ‘discordo muito’ e ‘concordo muito’. Os entrevistados
são solicitados a indicar seu grau de concordância ao checar uma das cinco
categorias de respostas.
Malhotra (2005) assinala que a escala de Likert possui diversas vantagens, entre elas, a
facilidade para construção e aplicação em relação ao pesquisador e, por outro lado, a
facilidade de compreensão por parte do respondente.
Malhotra (2005, p. 207) menciona ainda que a principal desvantagem está relacionada
ao tempo, pois quando comparada a outros tipos de escalas leva um tempo maior para ser
completada.
Na elaboração do questionário se tomou por base as questões elaboradas pelo
Conselho Federal de Contabilidade, Conselho Federal de Administração e Frey (1997), que
foram organizadas em questões fechadas e de múltipla escolha. Por esse motivo e com a
intenção de considerar a opinião dos respondentes foi utilizada a escala Lickert, e as demais
perguntas foram estruturadas de duas formas: perguntas de múltipla escolha (dez) e
dicotômicas (duas). Para Malhotra (2005, p. 237), nas perguntas de múltipla escolha “o
pesquisador oferece uma série de alternativas de resposta e pede que o entrevistado selecione
uma ou mais das alternativas fornecidas”. Na maior parte destas questões o respondente podia
53
escolher apenas uma alternativa, em apenas duas perguntas o profissional tinha a opção de
escolher mais de uma alternativa.
Com relação as perguntas dicotômicas, Malhotra (2005, p. 237) menciona que existe
apenas duas alternativas de respostas: sim ou não. No questionário elaborado constam duas
questões deste tipo.
As vantagens e desvantagens de ambas as perguntas são semelhantes. Para Malhotra
(2005, p. 237-8) as vantagens decorrem da facilidade do entrevistado ao responder , além de
serem mais fáceis para analisar e tabular. A desvantagem nas perguntas de múltipla escolha
está relacionada com a dificuldade de elaborar de forma eficaz opções de múltipla escolha.
Com relação às perguntas dicotômicas o principal problema pode estar no texto da pergunta,
que pode ter um efeito significativo nas respostas dadas.
A coleta dos dados foi feita mediante questionário enviado por e-mail aos profissionais
que se registraram no Conselho no período de 1996 a 2005, com o objetivo de reunir dados e
informações para atender aos objetivos da pesquisa. As 20 questões que compunham o
questionário foram divididas nos tópicos a seguir relacionados.
Questões de identificação: o principal objetivo destas questões iniciais era identificar o ano de
conclusão do curso e a Instituição de Ensino em que o profissional concluiu seus estudos.
Estes dados, juntamente com informações sobre sexo (feminino ou masculino), idade e região,
que não constam na pesquisa, mas foram identificados diretamente no cadastro de cada
profissional respondente, permitiram conhecer a quantidade de profissionais homens e
mulheres, relacionando com o ano de conclusão do curso, a Instituição de Ensino Superior,
além da idade e região.
Questões sobre informações acadêmicas: estas questões visaram conhecer os motivos que
levaram os profissionais a escolherem o curso de ciências contábeis, verificando se eles já
tinham conhecimento sobre o curso antes de ingressar, ou se foi no decorrer do mesmo que
perceberam as razões de sua escolha. Também visaram conhecer os pontos positivos que o
curso lhes proporcionou, assim como os aspectos negativos que dificultaram a realização do
curso e que podem ser melhorados pelas Instituições de Ensino Superior. Outro motivo para a
inclusão deste conjunto de questões foi a possibilidade de identificar se os profissionais têm
buscado aprofundar seus estudos após o término do curso de graduação ou simplesmente não
buscam maiores conhecimentos. Este item permite verificar se a evolução dos contadores está
relacionada aos ganhos salariais, função ocupada e forma de atuação (autônomo, empregado
ou empresário).
54
Questões sobre informações relativas à situação profissional: Esta é uma seqüência de
questões que permitem visualizar diversos fatores relacionados, principalmente, à atuação
profissional, remuneração, nível de satisfação e preparação para atuar no mercado. Também
visam conhecer os setores de atividade em que os contadores estão atuando, além das funções
que estão ocupando no mercado de trabalho.
Questões relativas a informações gerais: Em termos gerais, esse conjunto de questões tinha o
objetivo de conhecer as características que o profissional considera mais importantes para o
sucesso na profissão. Identifica ainda se o profissional tem participado de eventos da classe e
se tem contribuído para o desenvolvimento da ciência contábil com a produção de artigos.
3.3.1 Grupo de Foco
No Grupo de Foco ocorrem entrevistas qualitativas detalhadas com pequeno número
de pessoas, cuidadosamente selecionadas, agrupadas para discutir uma série de tópicos sobre
determinados assuntos (Scheuren, 2004). No caso em estudo, o interesse era verificar se as
questões e as alternativas propostas estavam adequadas, além de identificar as possibilidades
de outras alternativas em determinadas perguntas, que antes não estavam contempladas,
conferindo uma maior validade ao questionário.
a) Seleção das Pessoas para o Grupo de Foco
O tamanho ideal do Grupo de Foco é de 6 a 12 pessoas (SCHEUREN, 2004). A
amostra deve ser planejada, considerando-se a similaridade dos membros de um grupo. Nesse
caso, foi feita uma relação de 12 profissionais que estariam aptos a responder o questionário,
ou seja, egressos do curso de ciências contábeis com registro no Conselho Regional de
Contabilidade, seis dos quais se dispuseram a participar.
55
b) Procedimentos do Grupo de Foco
O Grupo de Foco reuniu-se no dia 06/10/2006, às 9h30min, na UNISINOS, com a
presença dos seis egressos e do orientador prof. Ernani Ott. O grupo foi organizado em círculo
e coordenado pela orientanda, sendo inicialmente esclarecido os propósitos e o motivo para o
qual os egressos foram selecionados para participar do mesmo. A reunião foi gravada em
áudio para que todas as informações ficassem registradas.
Cada participante fez um breve relato de apresentação, informando seu nome, ano de
conclusão do curso, Instituição de Ensino Superior em que concluiu o curso, área de atuação,
tempo de atuação na área, setor de atuação e cargo ocupado.
A partir desta apresentação, a mediadora iniciou com as perguntas que constavam
numa versão preliminar do questionário e os participantes apresentaram seus entendimentos a
respeito. Registra-se que aos participantes não foi divulgado que as perguntas que estavam
sendo formuladas faziam parte da versão preliminar do questionário.
Os depoimentos dos participantes e as discussões paralelas que se seguiram,
permitiram à mediadora constatar que as questões formuladas no questionário eram
pertinentes, bem como oportunizaram pequenas reformulações e inclusões de novas questões,
como na questão relacionada com a melhoria do currículo do curso, na qual foi incluída a
“visão multidisciplinar e proatividade.
c) Vantagens e Desvantagens dos Grupos de Focos
Existem algumas vantagens e desvantagens na adoção desta técnica como segue:
(Scheuren, 2004)
c.1) Vantagens
Ampla variedade de informações pode ser reunida num curto período de tempo.
56
O mediador pode explorar tópicos relativos mas não previstos, à medida que eles
surjam na discussão.
Grupos de Focos não requerem técnicas complexas de amostragem.
c.2) Desvantagens
A amostragem não é randômica, nem representativa de uma população-alvo, portanto,
os resultados não podem ser generalizados ou tratados estatisticamente.
A qualidade dos dados é influenciada pelas habilidades e motivações do mediador.
Grupos de Focos se prestam a diferentes tipos de análises que poderiam ser efetivadas
com resultados de pesquisa. Em pesquisas a ênfase está na contagem e na medida,
enquanto que no Grupo de Foco prevalece a codificação, classificação e organização.
As contribuições colhidas no Grupo de Foco foram levadas em consideração na
revisão do questionário. Após a realização destas alterações foi feito um teste de compreensão
do instrumento junto a um grupo composto por doze egressos que obtiveram o registro
profissional no período de 1996 a 2005, com o objetivo de verificar se ainda existiam dúvidas
relacionadas com às questões propostas, porém nada mais foi identificado.
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados coletados por meio dos questionários foram tratados utilizando-se os
conceitos de estatística básica, ou seja, freqüência, médias e percentagens (software SPSS).
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
O maior problema ocorrido se deu quanto ao retorno de e-mails, seja por endereços
eletrônicos incorretos, incompletos ou pela inexistência destes no cadastro dos profissionais.
57
Após três tentativas feitas por e-mail, os profissionais que não responderam ao questionário
foram contatados por telefone. Muitos se comprometeram a responder o questionário, porém
não o fizeram. Em alguns casos o contato ficou prejudicado pelo fato de não constar o número
do telefone de alguns profissionais na relação ou pela existência de números de telefones
incorretos ou que não completavam a ligação. Foi feito ainda contato com os Delegados
Regionais para verificar se poderiam colaborar, contatando os profissionais e solicitando que
os mesmos respondessem ao questionário, ou ainda informando um número de telefone para
contato.
Outro fator que dificultou o contato com os profissionais foi o período em que os
questionários foram enviados, ou seja, na segunda semana do mês de dezembro foi feito o
primeiro envio dos questionários, pois o período em que a pesquisa foi realizada compreendeu
os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, época de recesso entre o natal e ano novo, além do
período de férias.
Por último cabe referir que, na medida em que a amostra não é probabilística, não há
como generalizar os resultados da pesquisa para toda a população. Portanto, os resultados
encontrados são exclusivos para a amostra identificada no estudo (448 egressos).
58
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa de campo, com base nos
questionários respondidos pelos egressos que fizeram seu registro no Conselho Regional de
Contabilidade no período de 1996 a 2005, num total de 448.
4.1. IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONDENTES
Visando conhecer o perfil pessoal dos respondentes, obteve-se junto ao Conselho
Regional de Contabilidade uma relação na qual constavam os nomes, endereços e telefones,
assim como o ano em que o bacharel realizou seu registro naquele órgão. Os únicos dados que
não se dispunham eram o ano de conclusão do curso e a Instituição de Ensino em que haviam
concluído seus cursos de graduação.
4.1.1 Sexo
A quantidade de profissionais do sexo feminino e masculino que compõem a amostra
do estudo está identificada no Gráfico 1.
Gráfico 1: Distribuição de amostra por sexo
54
46
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
masculino feminino
sexo
percentual
59
Observa-se que os questionários foram respondidos por 46% de profissionais do sexo
feminino e 54% do sexo masculino. Portanto, atingiu-se uma distribuição relativamente
equilibrada.
4.1.2 Ano de Conclusão do Curso
A resposta a esta questão era opcional, por isso o número de respondentes foi de 402,
ou seja, nem todos responderam esse item da pesquisa. A tabela 7 apresenta a quantidade de
respondentes por ano de conclusão do curso e por sexo masculino e feminino.
Tabela 7: Ano de conclusão do curso
Ano Quantidade Masculino Feminino
1.955 1 1
1.979 1 1
1.981 2 2
1.982 1 1
1.984 2 1 1
1.985 1 1
1.986 2 2
1.988 1 1
1.989 3 2 1
1.990 1 1
1.991 6 4 2
1.992 10 5 5
1.993 15 9 6
1.994 20 16 4
1.995 30 12 18
1.996 31 20 11
1.997 30 18 12
1.998 34 18 16
1.999 36 12 24
2.000 35 13 22
2.001 45 20 25
2.002 36 19 17
2.003 30 21 9
2.004 20 16 4
2.005 7 3 4
2.006 2 2
Total 402 217 185
A maior concentração de egressos dos cursos de ciências contábeis que responderam
esta questão é observada no período de 1995 a 2003, totalizando 307, o que equivale a uma
média de 34 em cada ano. Cabe salientar que na pesquisa considerou-se os profissionais que
60
se registraram no órgão de classe no período de 1996 a 2005, independente de terem obtido
sua formação em período anterior, como pode ser observado na tabela.
4.1.3 Instituição de Ensino em que se Graduou
As Instituições de Ensino em que os respondentes concluíram seus cursos de ciências
contábeis constam no gráfico 2, onde são identificadas Instituições de Ensino Superior
particulares e públicas, e na tabela 8 onde aparecem as denominações das IES.
Gráfico 2: Tipo de IES em que se formou
Há uma nítida prevalência das IES particulares sobre as públicas. Esse fato pode ser
explicado pela quantidade de Instituições de Ensino Superior Privadas existentes no Estado,
que totalizam 67, e apenas 3 públicas: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul),
UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e FURG (Fundação Universidade de Rio
Grande).
Na pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração também foi observada
essa tendência, ou seja, a maior parte dos profissionais eram egressos de Instituições
Particulares de Ensino. O motivo deve ser o mesmo apontado anteriormente.
Do total da amostra (448 respondentes), 406 identificaram a Instituição de Ensino em
que concluíram seu curso, conforme apresentado na tabela 8 a seguir:
Tabela 8: Identificação das IES
IES Quantidade
UNISINOS 50
PUCRS 43
UFRGS 41
UPF 37
URI 36
UNIJUI 28
UCS 24
continua
Instituições de Ensino
18%
82%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Particular Pública
61
continuação
FAPA 22
UFSM 21
FAC SAO JUDAS 17
ULBRA 11
UNIVATES 11
FURG 10
UNISC 10
UCPEL 9
URCAMP 9
OUTRAS 27
Total 406
Dos 82% (333) que obtiveram sua formação em instituições privadas, 50 fizeram o
curso na UNISINOS e 43 na PUCRS, seguido da UFRGS, que é uma instituição pública, com
41 respondentes. O fato da maior quantidade de respostas ser proveniente destas três
Instituições de Ensino se justifica por serem as mais antigas do Estado e contam com um
expressivo número de alunos já formados.
4.2 INFORMAÇÕES ACADÊMICAS
Para compor o perfil acadêmico dos respondentes, buscou-se conhecer os motivos que
os levaram a escolher o curso de ciências contábeis; verificar o que pensam sobre o curso e se
o fato de cursá-lo provocou mudanças em suas vidas. Também se considerou oportuno
conhecer as dificuldades enfrentadas, assim como questionar sobre o que pode ser feito para
melhorar o aproveitamento no curso e melhorar o currículo, visando uma maior qualificação
dos futuros profissionais.
4.2.1 Razões para a Escolha do Curso
O objetivo desta questão é conhecer os motivos que levaram os respondentes a
escolher o curso. Na tabela 9 são apresentadas as respostas obtidas.
62
Tabela 9: Motivos para a escolha do curso de ciências contábeis (%)
Discordo
plenamente
Discordo Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Por Vocação 3,3 12,7 31,5 38,4 14,1
Porque era adequado à função que eu exercia 13,4 22,1 12,5 33,9 18,1
Pelas Perspectivas salariais 6,0 23,2 30,6 35,3 4,9
Porque era o curso de mais fácil acesso 23,7 34,2 16,7 17,6 7,8
Pela Influência de amigos e familiares 20,5 34,4 15,8 22,1 7,1
Por possibilitar trabalhar e estudar 5,4 13,4 12,9 44,4 23,9
Pela formação anterior compatível 25,4 26,8 12,5 20,5 14,7
Porque não havia outra opção na área 42,4 36,8 13,6 5,4 1,8
A possibilidade de trabalhar e estudar foi o fator que mais influenciou os respondentes
da pesquisa a escolherem o curso de ciências contábeis, obtendo uma concordância em torno
de 68%, seguido por vocação com uma concordância de 52,5%. A adequação à função
exercida na época pelos profissionais e as perspectivas salariais apresentaram uma
concordância por parte dos respondentes de 55% e 40,2%, respectivamente.
As aulas da maior parte dos cursos de ciências contábeis oferecidos pelas Instituições
de Ensino Superior ocorrem no turno da noite, ou seja, das 67 instituições que oferecem o
curso, apenas 5 mantêm oferta diurna além da noturna: FURG (Fundação Universidade
Federal de Rio Grande); UFSM (Universidade Federal de Santa Maria); Faculdade Dom
Alberto; em Santa Cruz do Sul, Faculdade Dom Bosco e Monteiro Lobato, as duas últimas
localizadas em Porto Alegre. Esse fato justifica porque a maior parte dos respondentes
escolheu a opção “possibilidade de trabalhar e estudar”.
A vocação, entendida nesse contexto como um ato de escolha ou tendência para
determinada atividade, representou o segundo maior motivo na escolha do curso, permitindo
inferir que grande parte dos respondentes está satisfeita com a profissão escolhida, e mais da
metade respondeu que escolheram o curso por ser adequado à função que exerciam, ou seja,
começaram a trabalhar antes de ingressar no curso ou mesmo durante, e acabaram fazendo a
opção certa.
A questão salarial também influenciou na escolha, porém não foi fundamental, pois o
profissional que gosta do que faz acaba tendo sucesso e, consequentemente, obtendo uma boa
remuneração.
63
4.2.2 Influência do Curso de Ciências Contábeis
Indagados se após a conclusão do curso identificaram mudanças, tanto em termos
pessoais quanto profissionais, os respondentes assim se manifestaram (tabela 10).
Tabela 10: Aspectos do curso de ciências contábeis que influenciaram os profissionais (%)
Discordo
plenamente
Discordo Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Possibilitou melhores oportunidades de emprego 2,9 15,4 54,0 27,7
Aumentou a capacidade de pensar criticamente 1,3 6,3 16,1 58,3 18,1
Proporcionou condições de realizar-
me
profissionalmente
1,1 9,2 20,1 44,0 25,7
Motivou para a profissão 1,3 9,2 15,8 54,0 19,6
Proporcionou competência técnico-profissional 2,0 10,0 11,4 61,2 15,4
Ampliou satisfatoriamente a minha cultura geral 1,1 10,7 17,6 54,2 16,3
Correspondeu às minhas expectativas 1,6 13,6 17,4 56,7 10,7
Esteve adequado às necessidades da realidade sócio-
econômica da região
1,8 12,1 28,3 50,7 7,1
Influenciou minha presença e atuação na comunidade 3,1 15,8 32,6 36,6 11,8
Para 82% dos respondentes a possibilidade de melhores oportunidades de emprego
representou o aspecto de maior influência, seguido de 76% dos profissionais que concordam
que o curso aumentou a capacidade de pensar criticamente, além de proporcionar condições
de realização profissional (70%).
Os cursos superiores, de maneira geral, possibilitam a troca de experiências entre
alunos e professores, além do que a realização de trabalhos e a busca de conhecimentos
tornam possível o desenvolvimento do espírito crítico. A possibilidade de realização
profissional é conseqüência das melhores oportunidades de emprego e de uma maneira mais
crítica de tomar atitudes diante de determinadas situações.
Neste sentido, Koliver (2005, p. 242) esclarece que a missão primeira da Universidade
é a formação integral do indivíduo, possibilitando ao contador uma visão ampla. O curso
superior permite a realização de pesquisa, formulação de raciocínios abstratos e juízos críticos
e de valor, sendo essas características essenciais para as atividades contábeis que objetivam
uma atuação mais direcionada ao processo de tomada de decisões.
Em torno de 70% concordam ainda que o curso motivou-os para a profissão, o que
demonstra que este atendeu suas expectativas. A correspondência das expectativas foi
assinalada por cerca de 65% dos respondentes, o que pode indicar que os cursos de ciências
contábeis estão bem próximos da realidade profissional.
64
A competência técnico-profissional também foi uma escolha bastante representativa, o
que pode indicar que há um bom equilíbrio entre teoria e prática nos cursos. A existência de
disciplinas humanísticas e de áreas afins pode estar contribuindo para o entendimento por
parte dos respondentes de que o curso ampliou satisfatoriamente a sua cultura geral (70,5%)
Outro aspecto que obteve uma boa concordância dos respondentes (57,8%) é o fato
dos cursos estarem adequados às necessidades da realidade sócio-econômica da região. Numa
escala um pouco menor (48,4%) os respondentes entendem que o curso teve influência em sua
atuação na comunidade.
Na pesquisa conduzida por Frey (1997), o quesito “possibilitou melhores
oportunidades de emprego” foi o mais destacado e, conforme mencionado pela autora (1997,
p. 87), “as oportunidades de trabalho e emprego na área contábil sempre foram e continuam
sendo muito amplas”. Esse comentário ainda é atual, uma vez que para os respondentes dessa
pesquisa esse ponto também foi o mais relevante.
4.2.3 Dificuldades no Aproveitamento do Curso
Durante a realização do curso podem surgir dificuldades que precisam ser superadas
pelos estudantes e que influenciam no seu aproveitamento. O objetivo desta questão é
identificar quais são essas dificuldades e verificar se existe possibilidade de superá-las. A
tabela 11 reflete as opiniões externadas pelos respondentes em relação a este tópico.
Tabela 11: Dificuldades em relação ao aproveitamento do curso de ciências contábeis (%)
Discordo
plenamente
Discordo Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Falta de incentivo à pesquisa e trabalhos práticos 3,1 16,7 12,7 47,3 20,1
Disciplinas com programas distanciados da
realidade
4,7 25,4 17,9 40,6 11,4
Falta de melhor formação/Qualificação do corpo
docente
3,3 25,4 24,3 37,1 9,8
Falta de tempo para dedicação às disciplinas do
curso.
7,6 25,2 19,6 41,5 6,0
Falta de base no curso de nível médio (2º Grau) 12,7 35,7 13,8 32,1 5,6
Dificuldades impostas pelo empregador (trabalho)
10,7 40,8 23,2 22,5 2,7
Turmas com alunos de cursos distintos 13,6 47,5 22,1 12,1 4,7
Mais de 2/3 (67,4%) concordam ou concordam plenamente que a falta de incentivo à
pesquisa e trabalhos práticos é uma das maiores dificuldades em termos de aproveitamento do
curso. Uma das razões pode estar vinculada ao fato de que os cursos predominantemente
65
funcionam à noite e os alunos na sua maioria trabalham durante o dia, o que pode inibir os
professores de propor atividades extra-classe, especialmente, relacionadas com a pesquisa.
Outra razão pode estar relacionada ao fato de que é ainda representativo o quadro de
professores composto basicamente por profissionais que trabalhavam durante o dia e lecionam
à noite. Com a exigência, porém, de que, pelo menos, um terço do corpo docente deva ter
titulação acadêmica de mestre ou doutor (LDB nº 9.394), entende-se que vai ocorrer maior
incentivo à pesquisa, além de permitir a qualificação do quadro docente, uma vez que esses
profissionais são preparados para a docência. Isso também contribuirá para reduzir o
percentual de respondentes (47%) que concordam ou concordam plenamente de que há falta
de qualificação no corpo docente.
As disciplinas com programas distanciados da realidade foi outra dificuldade apontada
por 52% dos respondentes. Contudo, é preciso ter claro que a Instituição de Ensino Superior
não é local de exercício da prática, mas um espaço que contribui para o desenvolvimento do
pensamento crítico dos estudantes.
Embora a falta de base no curso de nível médio (2º grau) e as dificuldades impostas
pelo empregador tenham sido citadas, os percentuais indicam que suas influências no
aproveitamento do curso não são significativas. Muitos estudantes já são formados em nível
médio no curso técnico em contabilidade, por esse motivo a questão relativa a falta de preparo
em nível médio pode não ter sido relevante. Com relação aos empregadores pode existir
algumas dificuldades, porém o baixo percentual atribuído pode ser um indício de que estes
acreditam ser importante ter profissionais qualificados atuando em suas empresas. Isso se
confirma pelo alto percentual de discordância dos respondentes (51,5%) de que os
empregadores impõem dificuldades que determinam problemas em seus desempenhos
escolares.
A falta de tempo para dedicação ao curso pode estar relacionada ao fato de que a
grande maioria dos cursos é noturna e o aluno trabalha durante o dia, em torno de 8 horas,
sobrando pouco tempo para dedicar-se aos estudos. A possível existência de turmas com
alunos de cursos distintos não chega a influenciar negativamente no aproveitamento do curso,
conforme indicam os respondentes.
66
4.2.4 Fatores que Podem Auxiliar na Melhoria do Curso
Essa questão tinha por objetivo identificar os fatores que podem auxiliar na melhoria
do currículo do curso de ciências contábeis. As respostas obtidas estão evidenciadas na tabela
12.
Tabela 12: Aspectos que podem melhorar o curso de ciências contábeis (%)
Discordo
plenamente
Discordo Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Ter mais aulas práticas 0,2 2,9 3,3 43,5 50,0
Introduzir mais disciplinas contábeis 0,4 9,6 9,6 45,3 35,0
Visão multidisciplinar e proatividade 0,7 3,6 18,3 50,0 27,5
Exigir estágio obrigatório 2,5 11,8 13,4 36,4 35,9
Adequar o currículo à realidade regional 2,0 8,7 15,0 45,1 29,2
Exigir a elaboração de trabalho de conclusão 3,6 12,7 17,2 36,8 29,7
Introduzir mais disciplinas de formação geral 4,9 31,3 23,0 31,9 8,9
Ter maior carga horária nas disciplinas de
matemática e estatística.
6,5 33,7 25,4 26,1 8,3
Ampliar a carga horária do curso 5,4 35,9 29,2 19,2 10,3
Dos respondentes, 93,5% concordam ou concordam plenamente que o curso deve ter
mais aulas práticas. Isso decorre possivelmente da relativa fragilidade do ensino médio, onde
a prática deveria ser privilegiada, cabendo à Universidade (ensino superior) desenvolver o
espírito crítico nos alunos preparando-os para serem líderes. Por outro lado não existe tempo
hábil para desenvolver teoria e prática ao mesmo tempo, o que certamente exigiria a
ampliação da carga horária do curso, fato que não está muito claro para os respondentes, pois
mais de 40% discordam dessa possibilidade.
Na pesquisa realizada por Frey (1997), o interesse por mais aulas práticas também foi
observado na medida em que a maior parte dos respondentes assim se manifestou. A esse
respeito Iudícibus e Marion (2007, p. 21) mencionam que o “profissional da contabilidade
dispõe muito mais do conhecimento prático-mecânico da contabilidade do que de raciocínio
contábil.” Entendem os autores que isso faz com que muitas vezes os profissionais encontrem
dificuldades para explicar aspectos contábeis que, com base na teoria seriam simples, e
questionam se esses problemas seriam mesmo tão complexos ou seria falta de embasamento
teórico.
Outro quesito abordado foi a introdução de mais disciplinas contábeis, que obteve a
concordância de 80,3% dos respondentes. Já em relação à introdução de mais disciplinas de
formação geral há uma concordância de 52%, o que reforça o interesse dos estudantes para
67
um curso mais voltado para a prática, sem disciplinas que possam desenvolver outras
habilidades esperadas de um futuro profissional.
A visão multidisciplinar e a proatividade obtiveram 77,5% de concordância dos
respondentes, o que dá a entender que percebem a necessidade de obter conhecimentos de
outras áreas correlatas e ao mesmo tempo desejam ser mais participativos ou ativos no
processo de aprendizagem. A preferência expressa em relação a obterem uma visão
multidisciplinar de certa forma contradiz o que foi mencionado pelos respondentes em relação
a uma maior carga de disciplinas contábeis.
A exigência de estágio obrigatório é vista pela maioria dos respondentes (72,3%)
como um elemento importante para sua formação, possivelmente porque entendem que o
estágio representa uma oportunidade de colocar em prática os ensinamentos teóricos
recebidos em sala de aula.
Adequar o currículo à realidade regional é um aspecto que 74,3% dos respondentes
concordam que deva ser atendido pelas IES na organização da grade curricular dos cursos.
Tendo em vista que o Estado do Rio Grande do Sul abrange diversas regiões e cada uma tem
suas peculiaridades, é importante que as instituições levem em consideração esse fato, o que,
aliás, é recomendado pelo MEC/INEP.
Outra questão que obteve um alto percentual de concordância (66,5%) se refere à
obrigatoriedade de elaborar um trabalho de conclusão ao final do curso, o que nem todas as
IES exigem. Entende-se que a elaboração de um trabalho de final de curso constitui uma
oportunidade do aluno se envolver mais com a pesquisa, o que pode despertar seu interesse
em seguir estudos em níveis mais elevados. Um trabalho de conclusão bem elaborado também
pode significar uma credencial importante para o aluno na disputa por emprego no mercado
de trabalho.
Em relação ao aumento da carga horária para as disciplinas de matemática e
estatística, os respondentes mostram-se divididos em suas opiniões. O fato é que estas
disciplinas são importantes para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos estudantes, e a
carga reduzida das mesmas nas grades curriculares do curso de ciências contábeis pode trazer
prejuízos na sua formação, determinando em alguns casos a preferência por outros
profissionais para atuarem em áreas como, por exemplo, custos e finanças.
Por último os respondentes foram solicitados a se manifestar sobre a ampliação da
carga horária do curso, tendo-se observado uma divisão de opiniões, significando que estes
não têm opinião formada a respeito. Atualmente a carga horária do curso é de 2.700 horas e
68
deverá passar para 3.000 horas, conforme a Resolução CNE/CES nº 2/2007
(www.portal.mec.gov ).
4.2.5 Formação Complementar
A inclusão desta questão objetivou identificar se os egressos dos cursos de ciências
contábeis participantes da amostra têm procurado aperfeiçoar-se na área contábil ou em outras
áreas, seja em cursos de extensão, de especialização, outra graduação, mestrado ou doutorado.
As respostas obtidas são apresentadas na tabela 13.
Tabela 13: Formação complementar
Formação complementar Quantidade % % de casos
Cursos de extensão (menos de 360 horas-aula) 157 31,2% 43,4%
Curso de especialização (360 horas-aula) 227 45,1% 62,7%
Outro curso de graduação - concluído 32 6,4% 8,8%
Outro curso de graduação - não concluído 25 5,0% 6,9%
Mestrado 56 11,1% 15,5%
Doutorado 6 1,2% 1,7%
Total 503 100,0% 139,0%
Nas respostas a este quesito, os egressos podiam indicar mais de uma opção. A maior
preferência é por cursos de especialização (62,7%), seguida de cursos de extensão (43,4%). O
interesse por outros cursos de graduação, cursos de mestrado e doutorado pode ser visualizado
na tabela 14.
Tabela 14: Formação complementar por cursos
Profissionais cursos
Outro curso de graduação - concluído 32 Administração - 10
Direito - 7
Gestão empresarial - 5
Outros – 10
Outro curso de graduação - não concluído
25 Direito – 12
Administração – 7
Outros - 6
Mestrado 56 Ciências contábeis – 25
Administração – 10
Outros – 21
Doutorado 6 Ciências contábeis – 2
Engenharia da produção – 2
Administração – 1
Integração Latino Americano - 1
Total 119
69
Com relação a outros cursos de graduação, observa-se um interesse dos egressos por
administração e gestão empresarial, seguida por direito. Denota a preferência por uma atuação
profissional mais próxima da gestão de um lado e, de outro, mais direcionada para as questões
fiscais e tributárias, muito presentes na atuação profissional do contador. Isso faz sentido, pois
os cursos de administração e direito são bastante próximos e complementares ao curso de
ciências contábeis. Também deve ser considerado o fato de que ao se matricular nestes cursos
os egressos eliminam diversas disciplinas mediante aproveitamento de estudos, reduzindo o
tempo de obtenção de outro diploma de bacharelado.
Na tabela 14 também se observa que dos 119 egressos que responderam esta questão,
62 (52%) estão cursando ou cursaram mestrado (56) ou doutorado (6), havendo uma
prevalência do mestrado em ciências contábeis, indicado por 25 egressos. Pode-se considerar
que todos têm ligações com o mestrado em Ciências Contábeis da UNISINOS, único no
estado. O reduzido número de doutores em ciências contábeis (2) se explica pela existência de
apenas 1 (um) programa de doutorado em funcionamento no Brasil, na Universidade de São
Paulo (USP). No mês de julho de 2007 a Capes divulgou a aprovação de mais 1 (um)
doutorado, na Universidade de Brasília UNB (CAPES, 2007).
Um fato positivo decorrente da formação de mestres e doutores é que estes egressos
possivelmente, na sua maioria, estão se vinculando ou buscarão vincular-se às IES na
qualidade de docentes, o que certamente contribuirá para a melhoria da qualidade do ensino
na graduação de ciências contábeis. Em nível de Brasil existem atualmente 17 programas de
mestrado em Ciências Contábeis e 2 doutorados. Em 31/12/2006 existiam 1.513 mestres e 153
doutores formados nestes programas (www.anpcont.com.br).
Com o objetivo de identificar se os profissionais que aprimoraram seus conhecimentos
foram os que se formaram em instituições de ensino particular ou pública, apresenta-se a
tabela 15.
Tabela 15: Formação complementar X IES Particulares e Públicas
Instituições de Ensino
Formação complementar
particular % pública %
Total
Cursos de extensão 98 31,5% 27 33,3% 125
Curso de especialização 151 48,5% 37 45,7% 188
Outro curso de graduação 17 5,5% 4 5,0% 21
Mestrado 41 13,2% 11 13,6% 52
Doutorado 4 1,3% 2 2,4% 6
Total 311 100% 81 100% 392
70
A pesquisa revela que 80% dos respondentes fizeram cursos de extensão e
especialização, com predomínio dos cursos de especialização, independente de sua formação
ocorrer em universidade pública ou privada. Os que cursaram mestrado representam pouco
mais do que 13%. A formação em doutorado é mínima.
A necessidade de atualização dos profissionais é constante. Tal fato pode ser
identificado pelas respostas apresentadas na questão que aborda os fatores que influenciam no
sucesso profissional, sendo que a maioria concorda que a constante atualização em relação à
legislação e à realização de cursos, seminários e congressos são imprescindíveis para o
sucesso na profissão.
Na pesquisa feita por Frey (1997) foi evidenciado que 86% dos egressos do curso de
ciências contábeis da UNISC identificaram a necessidade de seguir seus estudos em níveis
mais elevados.
No curso de nutrição também foi feita uma pesquisa por Alves, Rossi e Vasconcelos
(2003) com os egressos do curso, constatando-se que 35,8% dos nutricionistas possuem título
de especialista, 16,8% de mestre e 9,2% são doutores.
Os dados das pesquisas evidenciam que a preocupação em manter-se atualizado é
essencial e já acontece há vários anos, não somente na área contábil, mas em outras
profissões, como é o caso da nutrição.
Com o objetivo de complementar o aspecto relativo a forma de atuação (empregados,
empregadores e autônomos), procurou-se identificar qual deles buscou formação
complementar após a conclusão do curso. Na tabela 16 constam os dados que foram obtidos
na pesquisa.
Tabela 16: Forma de atuação x formação complementar
Formação complementar autônomo % empregado % Empregador % Total
Cursos de extensão 31 19,7% 98 62,4% 28 17,8% 157
Curso de especialização 30 13,2% 163 71,8% 34 14,9% 227
Outro curso de graduação 4 16% 19 76% 2 8% 25
Mestrado 6 10,7% 40 71,4% 10 17,8% 56
Doutorado 0 0,0% 6 100% 0 0,0% 6
Pelo observado, o maior número de profissionais está atuando na categoria de
empregados, constatando-se que estes foram os que fizeram maior quantidade de cursos de
especialização, mestrado e outro curso de graduação.
Para apresentar uma atuação diferenciada é importante a constante atualização. Sendo
assim, buscou-se identificar a relação entre a formação complementar obtida pelos
profissionais e a remuneração. Na tabela 17 constam os dados sobre essa questão.
71
Tabela 17: formação complementar x Remuneração
Remuneração
Formação complementar
até 10 SM 11 ou mais
Total
Cursos de extensão 109 46,6% 48 37,5% 157
Curso de especialização 134 57,3% 93 72,7% 227
Outro curso de graduação 16 6,8% 9 7,0% 25
Mestrado 21 9,0% 35 27,3% 56
Doutorado 0 0,0% 6 4,7% 6
Observa-se que os profissionais que recebem salários maiores buscam uma
qualificação por meio de especializações, mestrados e doutorados, enquanto que os
profissionais com renda até 10 SM qualificam-se, principalmente, por meio de cursos de
extensão. Os cursos de especialização, mestrado e doutorado são cursos que demandam mais
tempo e, consequentemente, um desembolso maior, enquanto que os cursos de extensão são
mais rápidos e mais acessíveis.
Relacionando o tópico formação complementar com o tempo de atuação dos egressos
na área contábil, constata-se que os cursos de extensão são procurados pelos recém formados,
ou seja, por aqueles que estão no mercado a menos de um ano, ao passo que os cursos de
especialização são mais procurados pelos egressos que estão no mercado de 4 a 10 anos.
Por outro lado os cursos de extensão são mais freqüentados por egressos que atuam no
setor agrícola, de informática e no comércio, ao passo que os cursos de especialização são
mais freqüentados por egressos que desempenham atividades profissionais em instituições
financeiras, no serviço público e que se encontram vinculados a área de informática.
A procura pela especialização por parte dos proprietários que estão atuando em
instituições financeiras e no serviço público pode estar vinculada à possibilidade de promoção
no plano de carreira.
4.3 INFORMAÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO PROFISSIONAL
Na identificação do perfil profissional dos respondentes considerou-se pertinente
analisar as questões relativas ao exercício da profissão, a saber: (a) forma de atuação do
profissional (autônomo, empregado ou empregador); (b) setor de atividade econômica em que
desempenha suas atividades; (c) área em que atua; (d) nível de satisfação com as atividades
desenvolvidas; (e) tempo de atuação na área; entre outras informações relevantes para esse
estudo.
72
4.3.1 Forma de Atuação Profissional
Com esta questão objetivou-se conhecer como os respondentes atuam
profissionalmente; se como autônomos; empregados ou empregadores, entendendo-se por
empregadores o empresário de serviços contábeis. As respostas obtidas estão refletidas no
gráfico 3, a seguir:
Gráfico 3: Forma de atuação profissional
Mais de 2/3 dos respondentes atuam como empregados (70%), 17% são autônomos e
13% são empregadores. Estes dados se aproximam dos apurados na pesquisa efetuada pelo
CFC (1996), na qual se constatou que 60% dos respondentes atuavam como empregados, 22%
como autônomos e 18% como empregadores.
Conforme apontado no capítulo 2 (figura 2), o profissional possui diversas
possibilidades de atuação. Pode ser empregado, empregador ou autônomo e pode atuar em
empresas, órgãos públicos, área do ensino e de maneira independente. Nesta última
modalidade, o profissional pode ser autônomo ou empregador, sendo apresentadas quatro
possibilidades (auditor independente, consultor, perito e proprietário de escritório contábil),
enquanto que para empregado foram citadas nove alternativas, sendo considerado normal que
a quantidade de contadores atuando na função de empregado seja maior que as outras duas.
A identificação dos profissionais do sexo masculino e feminino que atuam como
empregados, autônomos ou empregadores é apresentada na tabela 18.
17%
70%
13%
autônomo
empregado
empregador
73
Tabela 18: Forma de atuação x Sexo
Sexo
Forma de atuação
Masculino Feminino
Total
Empregado 64,2% 75,5% 69,4%
Autônomo 18,2% 17,2% 17,7%
Empregador 17,6% 7,4% 12,9%
Total 100% 100% 100%
Observa-se um maior número de profissionais do sexo feminino atuando como
empregado. O exercício de atividade autônoma mostra-se bem equilibrado entre homens e
mulheres, e há um número mais representativo de homens na função de empregadores.
A maior quantidade de egressos que atuam como empregadores (60%) é oriunda da
PUC-RS, UPF, UNISINOS, UFSM e UCS. Dos egressos que atuam como empregados o
maior percentual é de formados na UNISINOS, UFRGS e PUC-RS, e cerca de 40% dos que
atuam como autônomos são formados na UNISINOS, UPF e URI.
4.3.2 Setor de Atividade Econômica em que Atua
Indagados a respeito dos setores de atividade econômica em que atuam, os
respondentes assinalaram o que consta no gráfico 4.
Gráfico 4: Setor de Atividade Econômica em que Atua
9%
16%
1%
5%
33%
1%
18%
11%
6%
Comércio
Indústria
Agricultura
Instituição Financeira
Prestação Serv. Cont.
Informática
Serviço Público
Ensino
Outro
74
Cerca de 1/3 dos respondentes (33%) atuam na prestação de serviços contábeis,
seguidos de 18% que desempenham suas atividades na área pública e 16% que atuam no setor
industrial. Também merece destaque a área de ensino, indicada por 11% dos respondentes.
A grande quantidade de profissionais que atuam na prestação de serviços contábeis é
explicada pela expressiva quantidade de organizações contábeis e escritórios individuais
existentes no Rio grande do Sul. Dos 31.894 técnicos em contabilidade e contadores
registrados no CRCRS, 9.448 atuam com escritórios individuais e/ou sociedades
(www.crcrs.org.br, 2007).
Na pesquisa do CFC (1996), os resultados indicam que 24% dos respondentes se
dedicavam à prestação de serviços; 25% atuavam no setor público e 23% no setor industrial.
Embora os percentuais sejam diferentes, os setores preferenciais para atuação profissional
coincidem nas duas pesquisas.
Guimarães (2006) analisou a oferta de vagas por ramo de atividade, considerando
serviço, indústria, comércio e financeiro, com base em anúncios publicados. Em sua pesquisa
constatou que o maior número de vagas é para o profissional da contabilidade (serviço), com
54% dos anúncios, seguido da indústria (32,4%), do comércio (9,4%) e financeiro (4,1%).
Desta forma, constata-se que os resultados obtidos na pesquisa realizada com os egressos que
compõem a amostra deste estudo são semelhantes aos identificados por Guimarães (2006).
Confrontando a quantidade de homens e mulheres e o setor de atividade econômica
em que esses profissionais desempenham suas atividades, percebe-se que, basicamente, existe
um equilíbrio entre a quantidade de profissionais do sexo masculino e feminino atuando em
cada setor de atividade. No setor da indústria há uma pequena prevalência das mulheres,
ocorrendo o contrário em relação à prestação de serviços contábeis, onde o percentual de
homens é ligeiramente superior.
Frey (1997) identificou que 41,8% dos egressos da UNISC atuavam na prestação de
serviços, 38% atuavam na indústria e apenas 14,6% atuavam no setor de comércio, revelando
praticamente a mesma tendência observada nesta pesquisa.
Fazendo-se uma relação entre os setores de atividade em que os egressos estão
atuando e as Instituições de Ensino superior onde estudaram, percebe-se:
a) Comércio: destacam-se os egressos da UNISINOS (15%), UPF (15%) e PUC-RS (12%).
b) Indústria: o maior destaque são os egressos da UCS (11%) e URI (10%).
c) Instituições Financeiras: nestas o maior percentual é formado por egressos da UPF (22%),
seguido da UNISINOS (13%) e PUC-RS (13%).
75
d) Prestação de serviços: dedicam-se à prestação de serviços de forma mais expressiva os
egressos da UNISINOS (15%) e da PUC-RS (12%).
e) Serviço Público: os egressos da UFRGS são os que em maior número estão vinculados ao
setor público, representando 30% do total.
f) Ensino: no que se refere ao ensino, há uma predominância dos egressos da URI (24%) e
da UNISINOS (20%).
4.3.3 Área de Atuação Funcional
Como complemento da questão anterior, esta questão objetivou conhecer as áreas de
atuação funcional dos respondentes, considerando os setores de atividade econômica que
indicaram. As respostas obtidas são demonstradas na Tabela 19.
Tabela 19: Área funcional
Área funcional Quantidade %
controladoria 73 16,3
contabilidade societária 59 13,2
legislação fiscal 39 8,7
contabilidade pública 38 8,5
auditoria 37 8,3
administrativa e financeira 34 7,6
contabilidade em geral 34 7,6
perícia 30 6,7
planejamento e orçamento 28 6,3
legislação tributária 27 6,0
custos 21 4,7
outra 16 3,6
pessoal 12 2,7
Total 448 100
O maior número de respondentes (73 ou 16,3%) menciona que a área em que atuam é
a controladoria, seguidos de 59 (13,2%) cuja área de atuação é a contabilidade societária, e de
legislação fiscal, contabilidade pública e auditoria, todas praticamente no mesmo patamar.
Estes dados revelam um maior envolvimento do profissional contábil com a gestão das
organizações, e mostram uma evolução na comparação com a pesquisa realizada em 1996
pelo CFC, na qual se apurou que 26% dos respondentes atuavam na função de chefe de
contabilidade, enquanto que a função de controller era desempenhada por apenas 6% dos
respondentes.
76
A quantidade de homens e mulheres que estão atuando nas diversas áreas funcionais
pode ser observada na tabela 20.
Tabela 20: Relação Área funcional x Sexo
Área funcional masculino feminino Total
controladoria 16,6% 18,4% 17,4%
contabilidade societária 11,8% 12,3% 12,0%
legislação fiscal 8,0% 9,2% 8,6%
contabilidade pública 8,0% 8,0% 8,0%
auditoria 9,1% 7,4% 8,3%
administrativa e financeira 8,0% 6,7% 7,4%
contabilidade em geral 7,0% 8,6% 7,7%
perícia 7,5% 6,7% 7,1%
planejamento e orçamento 7,0% 4,9% 6,0%
legislação tributária 5,3% 5,5% 5,4%
custos 4,8% 4,9% 4,9%
outra 4,3% 3,7% 4,0%
pessoal 2,7% 3,7% 3,1%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Como se observa, há um equilíbrio no que tange à atuação funcional de homens e
mulheres formados nos cursos de ciências contábeis do estado.
4.3.4 Nível de Satisfação com a Área Contábil
Os respondentes foram indagados a respeito do nível de satisfação com a profissão.
Justifica-se tal questionamento na medida em que se considera que somente um profissional
satisfeito com a profissão escolhida é capaz de apresentar uma atuação qualificada. O
posicionamento dos respondentes está expresso na Tabela 21.
Tabela 21: Nível de Satisfação com a Área Contábil
Nível de satisfação Quantidade %
1 (plenamente insatisfeito) 3 0,8
2 (insatisfeito) 44 12,0
3 (satisfeito) 249 67,7
4 (plenamente satisfeito) 72 19,6
As respostas revelam que pouco mais de 87% dos profissionais contábeis que
representam a amostra do estudo estão satisfeitos ou plenamente satisfeitos com a atuação na
área. Os insatisfeitos representam em torno de 13%. Esta situação é melhor do que a
observada na pesquisa realizada pelo CFC (1996), em que 74% dos questionados revelaram
77
estar satisfeitos ou plenamente satisfeitos em atuar na área contábil, enquanto 26% se
manifestaram insatisfeitos.
No gráfico 5 apresenta-se a comparação dos dados das duas pesquisas.
Gráfico 5: Comparativo do Nível de Satisfação com a Área
Observando-se o gráfico nº 5, percebe-se ainda, que houve uma redução na quantidade
de profissionais que se diziam insatisfeitos.
4.3.5 Época de Início na Atividade Contábil
Outra questão colocada aos profissionais que responderam a pesquisa visava conhecer
quando começaram a trabalhar na área contábil; se antes, durante ou após terem concluído o
curso; ou se não estão atuando na área. A tabela 22 contempla os dados obtidos nas respostas
a esta questão.
Tabela 22: Época em que começou a trabalhar na área contábil
Época em que começou a trabalhar na área contábil Quantidade %
Antes de ingressar no curso 151 33,7
Durante o curso 149 33,3
Após ter concluído o curso 92 20,5
Não trabalho na área contábil 56 12,5
Total 448 100,0
Observa-se que praticamente a mesma quantidade de respondentes iniciou suas
atividades na área contábil antes de ingressar no curso (33,7%) e durante o curso (33,3%),
13%
61%
26%
1%
67%
12%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
plenamente
satisfeito
satisfeito insatisfeito plenamente
insatisfeito
1996
2007
20%
78
sendo que 20,5% o fizeram após a conclusão do mesmo. A opção “não trabalho na área” foi
apontada por 12,5% dos respondentes.
A quantidade de profissionais que começaram a trabalhar antes de ingressar no curso e
durante é significativa, o que indica uma identificação com a área contábil e explica o alto
nível de satisfação assinalado na questão anterior (tabela 21).
Como a maioria dos cursos ocorre em período noturno e a maioria dos alunos trabalha
durante o dia, considera-se importante divulgar no início do curso as perspectivas que a
profissão oferece, bem como fazer ver àqueles que não estão atuando na área contábil que
procurem fazê-lo para que tenham um melhor aproveitamento no curso.
Examinando as informações referentes ao ano de conclusão do curso, chama a atenção
o aumento na percentagem dos profissionais que se formaram mais recentemente e que não
estão atuando na área. Tal fato pode ser explicado, conforme comentado no capítulo 2, pelo
significativo aumento no número de cursos no Estado do Rio Grande do Sul que,
consequentemente, gera um grande número de profissionais para atuarem no mercado, porém
esse número pode não estar sendo totalmente absorvido, resultando em profissionais que não
estão conseguindo colocação no mercado de trabalho.
Ao relacionar os profissionais que concluíram seus cursos em instituições de ensino
superior pública ou privada, com o momento em que começaram a atuar na área contábil,
obtém-se:
Tabela 23: Época em que começou a trabalhar na área contábil x IES particular e pública
Instituições de ensino
Época em que começou a trabalhar na área contábil
Particular pública
Total
Antes de ingressar no curso 35,7% 24,7% 33,7%
Durante o curso 31,5% 42,5% 33,5%
Após ter concluído o curso 19,8% 21,9% 20,2%
Não trabalho na área contábil 12,9% 11,0% 12,6%
100,0% 100,0% 100,0%
Percebe-se que os profissionais que fizeram seus cursos em instituições de ensino
particulares ingressaram na profissão antes de iniciar o curso, portanto, foi uma escolha
provavelmente influenciada por já estarem atuando no mercado de trabalho. A maioria dos
que começaram a atuar na área contábil durante o curso e após sua conclusão, são oriundos de
instituições de ensino pública. Não trabalham na área contábil em torno de 13 % dos que
fizeram o curso em instituições particulares e 11% na pública.
Como a grande maioria dos egressos começou a atuar na área contábil, antes, durante e
após o curso, e apenas um pequeno percentual de profissionais não se encontra trabalhando na
área, as respostas apresentadas são coerentes, na medida em que grande parte concorda que o
79
curso possibilitou melhores oportunidades de emprego; proporcionou condições de realização
pessoal; motivou para a profissão, conforme verificado na questão que tratou sobre os
aspectos que influenciaram na opção pela profissão.
Os egressos da UNISINOS representam o maior percentual daqueles que começaram a
trabalhar antes de ingressar no curso; os egressos da PUCRS, daqueles que começaram a
trabalhar durante o curso; após ter concluído o curso o percentual mais expressivo é formado
por egressos da UFRGS; e os egressos da UPF representam o maior percentual dentre os que
não trabalham na área contábil.
Frey (1997) constatou em relação aos egressos do curso de ciências contábeis da
UNISC que “54% dos bacharéis que atuam em atividades afins da contabilidade começaram a
trabalhar na área contábil antes de ingressar no curso, apenas 11,6% dos pesquisados
ingressaram após terem concluído o curso, sendo que 25,8% começaram a trabalhar na área
durante a realização do curso”.
4.3.6 Tempo de Atuação na Área Contábil
Indagados sobre o tempo que já estão se dedicando profissionalmente a área contábil,
386 respondentes manifestaram o que consta na tabela 24.
Tabela 24: Tempo de atuação na área contábil
Tempo de atuação Quantidade %
menos de 1 5 1,3
1 a 3 26 6,7
4 a 6 53 13,7
7 a 10 99 25,6
11 a 15 98 25,4
16 a 20 58 15,0
mais de 20 47 12,2
Total 386 100,0
O maior tempo de atuação se situa entre 7 e 15 anos (51%), seguido de 16 a 20 anos
(15%), demonstrando que o profissional que atua na área contábil tem uma tendência a
permanecer nessa atividade.
Uma relação entre a época em que o respondente começou a trabalhar na área contábil
e o tempo em que está atuando, pode ser observada na tabela 25.
80
Tabela 25: Tempo de atuação x Época em que o profissional começou a trabalhar na área
contábil
tempo atuação
Época em que você começou a trabalhar na
área contábil
até 10 anos 11 anos ou mais
Total
Antes de ingressar no curso 15,8% 57,1% 37,6%
Durante o curso 42,1% 34,0% 37,8%
Após ter concluído o curso 41,0% 7,4% 23,3%
Não trabalho na área contábil 1,1% 1,5% 1,3%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os dados revelam que o profissional que ingressou na área contábil antes de começar o
curso está atuando há mais tempo no mercado. Dos que ingressaram durante o curso, maior
parte vem atuando até 10 anos, o mesmo ocorrendo com aqueles que iniciaram na
contabilidade após terem concluído o curso.
Ao relacionar-se o tempo de atuação na área com a condição dos respondentes de
pertencerem ao sexo masculino e feminino, obtém-se:
Tabela 26: Tempo de Atuação x Sexo
Sexo
tempo atuação
masculino feminino
Total
até 10 anos 47,7% 50,4% 49,0%
11 anos ou mais 52,3% 49,6% 51,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os dados revelam que os homens atuam na área contábil há mais tempo que as
mulheres. Esses dados se justificam pelo fato de que o curso de ciências contábeis era
procurado em maior número pelos homens e mais recentemente começa a haver uma
tendência contrária.
A relação entre a quantidade de profissionais que se formaram em Instituições
públicas e particulares e que estão atuando até 10 anos no mercado ou estão com mais de 11
anos de atuação, revela o que consta na tabela 27
Tabela 27: Tempo de Atuação x IES Particular e Pública
Instituições de Ensino
tempo atuação
particular pública
Total
até 10 anos 46,2% 54,1% 47,6%
11 anos ou mais 53,8% 45,9% 52,4%
100,0% 100,0% 100,0%
Os egressos oriundos das universidades particulares estão trabalhando há mais tempo
na área contábil do que os oriundos das universidades públicas.
As Instituições que possuem profissionais atuando a mais tempo no mercado de
trabalho são: a UNISINOS, PUCRS e UFRGS, o mesmo ocorrendo em relação aos
81
profissionais que estão no mercado mais recentemente, até 10 anos. Tal situação se justifica
pois os egressos dessas Instituições de Ensino foram os que mais responderam à pesquisa.
Relacionando o tempo de atuação na área com a forma de atuação, percebe-se o que
consta na tabela 28.
Tabela 28: Tempo de atuação x Forma de atuação
tempo atuação
Forma de atuação
até 10 anos 11 anos ou mais
Total
autônomo 19,7% 16,3% 17,9%
empregado 70,5% 66,5% 68,4%
empregador 9,8% 17,2% 13,7%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os profissionais empregadores são os que apresentam o maior percentual dentre
aqueles que atuam a mais tempo na área. Chama também a atenção, a tendência dos egressos
que atuam há menos de 10 anos de exercerem suas atividades como autônomos.
4.3.7 Cargo Ocupado Atualmente
As respostas a esta questão permitem identificar o cargo ocupado pelos respondentes
na atualidade, como pode ser observado na tabela 29.
Tabela 29: Cargo ocupado atualmente
Cargo Ocupado Quantidade %
Supervisor/chefe 59 13,2
Autônomo 58 12,9
Gerente 41 9,2
Empresário 40 8,9
Contador 39 8,7
Assessor 35 7,8
Professor 32 7,1
Auxiliar 29 6,5
Controller 27 6,0
Analista 24 5,4
Consultor 20 4,5
Diretor 13 2,9
Auditor 10 2,2
Pesquisador 1 0,2
Outro 20 4,5
Total 448 100,0
Do total da amostra, a maior parte ocupa o cargo de supervisor/chefe (13,2%), seguido
de autônomo (12,9%). O cargo de gerente é ocupado por 9,2%, os empresários representam
8,9 %; os que ocupam o cargo de contador 8,7%; de assessor 7,8%; de professor 7,1%, de
auxiliar 6,5%; de controller 6%, ou seja, a maior parte dos profissionais da amostra ocupa
82
postos de destaque. Apenas um respondente se dedica à pesquisa, o que se entende por se
tratar de uma atividade nova na área contábil.
Na pesquisa realizada por Frey (1997), os profissionais ocupavam cargos desde
auxiliar administrativo até diretor, porém o cargo principal ocupado pelos egressos do curso
de ciências contábeis da UNISC era o de contador.
Os cargos ocupados por homens e por mulheres estão apresentados na tabela 30.
Tabela 30: Cargo ocupado x Sexo
Sexo
Cargo ocupado
Masculino Feminino
Total
Assessor 8,0% 8,6% 8,3%
Autônomo 12,3% 13,5% 12,9%
Auxiliar 4,3% 7,4% 5,7%
Consultor 5,3% 3,7% 4,6%
Diretor 2,7% 2,5% 2,6%
Empresário 12,8% 4,9% 9,1%
Gerente 11,8% 5,5% 8,9%
Pesquisador ,6% ,3%
Controller 7,0% 4,3% 5,7%
Professor 9,1% 7,4% 8,3%
Supervisor/chefe 10,2% 18,4% 14,0%
Analista 2,1% 8,6% 5,1%
Auditor ,5% 2,5% 1,4%
Contador 8,6% 9,2% 8,9%
Outro 5,3% 3,1% 4,3%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os homens representam a maioria dos que atuam como empresário ou ocupam cargo
de gerência, enquanto que as mulheres ocupam em maior número cargo de supervisão e/ou
chefia. Na atuação como autônomos praticamente há uma equivalência.
Os cargos de assessores, autônomos e gerentes são majoritariamente ocupados por
egressos de Instituições de Ensino Superior públicas, enquanto que nos demais cargos há uma
equivalência entre egressos de IES particulares e públicas.
4.3.8 Faixa de Remuneração Bruta Mensal
Os egressos foram questionados sobre o seu nível salarial mensal, tendo os mesmos se
situado nas faixas indicadas na tabela 31.
83
Tabela 31: Faixa de remuneração mensal
Salário Quantidade %
até 2 SM 17 3,8
3 a 6 169 37,7
7 a 10 107 23,9
11 a 15 68 15,2
16 a 20 48 10,7
21 a 25 22 4,9
26 a 30 9 2,0
mais de 30 8 1,8
A maior parte dos profissionais da amostra recebe em torno de 3 a 10 salários mínimos
(61,6%) e apenas 1,8% recebem mais de 30 salários mínimos mensalmente; cerca de 35% dos
egressos recebem entre 11 e 30 salários mínimos, o que significa que um bom número de
profissionais está sendo bem remunerado.
Pesquisa realizada por Silva (2002) abordou o perfil do profissional contábil sob a
ótica dos gestores das micro-indústrias da Região da Campanha do Rio Grande do Sul e sua
postura frente ao mercado globalizado. O autor revela que em suas entrevistas pode observar
que o “número de empresas que estão satisfeitas com seus contadores é coincidentemente o
mesmo número de empresas que recebem relatórios diariamente. E os empresários, na sua
grande maioria, estariam dispostos a aumentar a remuneração desses profissionais, desde que
agissem como fornecedores de informações, que contribuam de forma significativa para um
gerenciamento eficaz da empresa.”
Esse fato evidencia que o profissional contábil pode ser melhor remunerado, desde que
apresente uma atuação diferenciada. Conforme comentado no capítulo dois, ele detém a
informação contábil e pode auxiliar na gestão das empresas, independente da forma de
atuação.
Quanto à possível existência de distinção dos salários entre os profissionais do sexo
masculino e feminino, os dados do estudo revelam o que consta na tabela 32.
Tabela 32: Remuneração x Sexo
Sexo
Remuneração bruta
individual mensal
masculino feminino
Total
até 2 SM 1,1% 7,4% 4,0%
3 a 6 29,4% 45,4% 36,9%
7 a 10 23,5% 27,0% 25,1%
11 a 15 21,4% 11,0% 16,6%
16 a 20 12,8% 6,1% 9,7%
21 a 25 5,9% 1,2% 3,7%
26 a 30 2,7% 1,2% 2,0%
mais de 30 3,2% ,6% 2,0%
100,0% 100,0% 100,0%
84
Praticamente a metade dos profissionais do sexo feminino recebe entre 3 e 6 salários
mínimos, enquanto os profissionais do sexo masculino representam menos de 1/3. Na faixa de
salários mais elevados, entre 11 e 30 salários mínimos, a diferença ainda é maior, sendo que
46% dos profissionais são do sexo masculino e apenas 20% são mulheres. Essa diferença de
salários entre homens e mulheres não é percebida apenas entre os profissionais da
contabilidade, mas ocorre na sociedade em geral, evidenciando que as mulheres ainda
recebem tratamento desigual em determinadas circunstâncias, como é o caso dos rendimentos
salariais.
Comparar os salários recebidos pelos profissionais formados em instituições
particulares e públicas foi outro aspecto identificado na pesquisa e que está representado na
tabela 33.
Tabela 33: Remuneração x IES particular e pública
Instituições de Ensino
Remuneração
particular
pública
Total
até 10 SM
69,7%
56,2%
67,0%
11 SM ou mais
30,3%
43,8%
33,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os egressos de universidades públicas são melhor remunerados que os egressos de
universidades particulares. Não se dispõe de informações que permitam estabelecer relação
com a qualidade do ensino ministrado. Essa poderia ser uma explicação para a diferença na
remuneração.
Ainda neste tópico da remuneração é possível identificar quem recebe uma
remuneração melhor, se o profissional que atua como autônomo, empregado ou empresário.
Os dados constam na tabela 34.
Tabela 34: Remuneração x Forma de atuação
remuneração
Forma de atuação
até 10 SM 11 SM ou mais
Total
autônomo 20,5% 9,0% 16,5%
Empregado 69,3% 71,6% 70,1%
Empregador 10,2% 19,4% 13,4%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Tanto os empregados como os empregadores percebem salários maiores, se
comparados com os autônomos. É possível que os egressos que estão atuando na condição de
autônomos sejam os que se formaram mais recentemente e, portanto, são relativamente novos
no mercado.
85
Na pesquisa elaborada pelo Conselho Federal de Administração (2006), a
remuneração média estimada para os administradores era de 11,78 salários mínimos, havendo
uma certa equivalência com os contadores que atuam na condição de empregadores.
Dados da pesquisa elaborada pelo CFC (1996), revelam que os empregadores eram os
mais bem remunerados, fato também constatado nesta pesquisa.
Ao se estabelecer a relação entre os níveis de remuneração e os setores de atividade
econômica em que os egressos desempenham suas atividades, obtém-se os dados constantes
na tabela 35.
Tabela 35: Remuneração x Setor de atividade econômica onde desempenha suas atividades
remuneração
Setor de atividade econômica onde
desempenha suas atividades
até 10 SM 11 SM ou mais
Total
Comércio 10,9% 5,8% 9,2%
Indústria 14,7% 18,1% 15,8%
Agricultura 1,7% 1,1%
Instituição Financeira 5,5% 4,5% 5,1%
Prestação de Serviços Contábeis 33,8% 29,0% 32,1%
Informática 1,4% 0,6% 1,1%
Serviço Público 15,4% 23,9% 18,3%
Ensino 9,2% 14,8% 11,2%
Outro 7,5% 3,2% 6,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Os egressos que atuam na prestação de serviços contábeis, no setor público, no ramo
industrial e no ensino aparecem como melhor remunerados. Provavelmente isto está
relacionado com o tempo de serviço dos mesmos, dentro de uma lógica que quanto maior o
tempo de serviço, maior a remuneração.
Cotejando o elemento remuneração com a época em que o profissional começou a
trabalhar na área contábil (antes, durante ou após o término do curso), se obtém os dados
apresentados na tabela 36.
Tabela 36: Remuneração x Época em que o profissional começou a trabalhar na área contábil
Remuneração
Época em que começou a trabalhar na área contábil
Até 10 SM 11 SM ou mais
Total
Antes de ingressar no curso 30,7% 39,4% 33,7%
Durante o curso 33,8% 32,3% 33,3%
Após ter concluído o curso 21,5% 18,7% 20,5%
Não trabalho na área contábil 14,0% 9,7% 12,5%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
De certa forma estes dados reforçam a consideração feita anteriormente, pois verifica-
se que os profissionais que começaram a atuar na área contábil antes de ingressar no curso, ou
seja, que estão há mais tempo no mercado de trabalho recebem uma remuneração maior. Os
86
que começaram a trabalhar na área contábil após a conclusão do curso e atuam a menos tempo
no mercado contábil recebem salários menores.
Relacionando-se as variáveis: remuneração e cargo ocupado, observa-se que os
profissionais que ocupam os cargos de gerente, professor e empresário são os mais bem
remunerados.
Pouco mais da metade dos egressos que estão atuando no mercado de 1 a 10 anos
percebem uma remuneração mensal equivalente a 10 salários mínimos. Os egressos que estão
no mercado há mais tempo (entre 11 e mais de 20 anos) têm uma remuneração mensal
superior a 11 SM.
4.3.9 Exercício da Profissão após a Conclusão do Curso
Essa questão foi encaminhada para investigar se os egressos passaram a exercer a
profissão depois de concluído o curso. A tabela 37 reflete os resultados da pesquisa.
Tabela 37: Exercício da profissão após a conclusão do curso
Quantidade %
Sim 362 80,8
Não 86 19,2
Total 448 100,0
A grande maioria dos profissionais que compõem a amostra ingressou na profissão
após concluírem o curso, sendo que apenas 19% não buscaram atuar na área. Na questão em
que se indagou sobre a época em que o profissional começou a trabalhar na área contábil se
obteve a resposta de que a maioria iniciou sua atividade na área no período anterior ao início
do curso e durante a realização do mesmo, pode-se inferir que os cerca de 81% que
assinalaram a opção “sim”, estão atualmente exercendo a profissão contábil.
Na pesquisa feita por Frey (1997) foram encontrados resultados semelhantes, sendo
que 80% dos egressos começaram a trabalhar antes da conclusão do curso, enquanto que
apenas 12% após a conclusão, e uma parcela de 8% de egressos não responderam a essa
pergunta na referida pesquisa.
Também se procurou entender a relação existente entre o exercício da profissão após a
conclusão do curso e a forma de atuação dos profissionais. Na tabela 38 constam os resultados
obtidos.
87
Tabela 38: Exercício da profissão após conclusão do curso x Forma de atuação
Exercer a profissão após conclusão curso
Forma de atuação
Sim Não
Total
Autônomo 16,3% 17,4% 16,5%
Empregado 70,4% 68,6% 70,1%
Empregador 13,3% 14,0% 13,4%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
O percentual de profissionais que atuam como autônomos e empregadores e que
começaram a exercer a profissão antes da conclusão do curso é um pouco maior do que os que
começaram após a conclusão do curso. Já em relação aos empregados, o percentual dos
egressos que passaram a exercer a profissão após a conclusão do curso é um pouco maior do
que os que já estavam atuando antes ou durante o curso.
O fato de estarem exercendo a profissão após a conclusão do curso não alterou a faixa
de remuneração dos egressos, pois dos que passaram a atuar na área depois de concluído o
curso, 65% se encontram na faixa até 10 SM, mesmo percentual dos que já estavam atuando
antes ou durante o curso. Em ambos os casos a maior concentração se encontra na faixa entre
3 a 6 SM.
Constatou-se ainda que o percentual de egressos de IES particulares que começaram a
exercer a profissão antes da conclusão do curso foi um pouco maior do que dos que se
formaram em IES públicas. Esse fato pode ser explicado pelos horários diferenciados exigidos
em Instituições de Ensino Públicas, dificultando aos alunos exercerem atividades profissionais
concomitantemente. A tabela 39 apresenta os resultados.
Tabela 39: Exercício da profissão após a conclusão do curso x IES Pública e Particular
Instituições de Ensino
Exercer profissão após
conclusão curso
Particular pública
Total
Sim 83,2% 76,7% 81,9%
Não 16,8% 23,3% 18,1%
100,0% 100,0% 100,0%
Observou-se que os egressos da UFRGS, FURG e UFSM apresentaram um percentual
maior de profissionais que começaram a trabalhar após a conclusão do curso.
4.3.10 Nível de Preparação após a Conclusão do Curso
Perguntados sobre o nível de preparação em que se encontravam após a conclusão do
curso para atuar na área contábil, os egressos assinalaram as opções expressas na tabela 40.
88
Tabela 40: Nível de preparação para atuar na área contábil após o término do curso
Preparação Quantidade %
1 (pouco preparado) 110 24,6
2 (razoavelmente preparado) 166 37,1
3 (bem preparado) 129 28,8
4 (muito bem preparado) 30 6,7
5 (excelentemente preparado) 13 2,9
Total 448 100,0
Em torno de 62% dos respondentes consideram que estavam pouco ou razoavelmente
preparados para atuar profissionalmente após a conclusão do curso. Em torno de 38% se
consideravam de bem preparados a excelentemente preparados.
O fato de estar bem preparado ou não depende de diversos fatores como: interesse,
disciplina e participação dos alunos, atuação na área durante o curso, influência e preparação
dos professores, entre outros. De certa forma pode ser considerado positivo o fato de 66% dos
egressos ter manifestado que se sentiam razoalvemente e/ou bem preparados ao concluírem o
curso, diante das circunstâncias que envolvem o ensino de ciências contábeis no estado, isto é,
com alunos trabalhadores que estudam à noite e com professores cuja maioria atua
profissionalmente durante o dia e leciona à noite.
Em torno de 40% dos egressos da UNISC se manifestaram mal ou pouco preparados e
os que disseram que estavam bem e muito bem preparados totalizaram 52% (FREY, 1997).
Esses dados divergem dos encontrados nessa pesquisa, embora deva se destacar que a mesma
reúne em sua amostra egressos de praticamente todas as IES do Rio Grande do Sul e aquela os
egressos de uma única universidade.
4.4 INFORMAÇÕES GERAIS
Neste tópico são examinadas algumas questões mais gerais que complementam o
perfil do profissional, relacionadas ao sucesso na profissão, à formação complementar,
participação em eventos, assim como publicação de trabalhos na área contábil.
89
4.4.1 Sucesso na Profissão
Os egressos foram indagados sobre os fatores indispensáveis para o sucesso na
profissão. Para tanto, foram colocados à sua apreciação alguns elementos sobre os quais
manifestaram concordância ou discordância. A tabela 41 evidencia as respostas dadas.
Tabela 41: Fatores que influenciam o sucesso na profissão
Discordo
plenamente
Discordo Não discordo
nem discordo
Concordo
Concordo
plenamente
Média de
concordância
Responsabilidade 0,7 22,3 77,0 94,1
Competência 0,2 0,7 30,4 68,8 91,9
Dedicação 0,7 31,3 68,1 91,9
Atualização em relação a legislação
(fiscal, tributária, legal)
0,2 2,0 30,8 67,0 91,1
Constante atualização (cursos,
Seminários, congressos, etc.)
1,6 32,8 65,6 91,0
Comportamento ético 1,8 2,5 33,9 61,8 89,0
Perseverança, persistência 0,4 4,9 37,9 56,7 87,7
Conhecimento pleno de contabilidade 1,8 3,1 46,4 48,7 85,5
Para a maioria dos respondentes os itens relacionados com: responsabilidade,
competência, dedicação, constante atualização na legislação, atualização por meio de cursos e
comportamento ético, são decisivos para o sucesso profissional.
Esse tópico foi tratado no referencial teórico ao ser abordado o exercício da profissão
contábil, evidenciando que as transformações ocorridas nas áreas: política, social, econômica,
tecnológica e cultural, tornaram os negócios mais complexos exigindo um profissional melhor
preparado, e para isso é necessário a constante atualização em termos de legislação, além da
participação em cursos, seminários e congressos, que permitem um aprofundamento nos
conhecimentos.
O profissional de qualquer área de atuação deve considerar os elementos
anteriormente mencionados, porém para o contador que depende de atendimento a prazos e
trabalha com o patrimônio de terceiros, a responsabilidade é grande.
Sabe-se que a atualização em relação à legislação é essencial, pois a legislação
brasileira sofre muitas mudanças em pouco tempo, o que faz com que esta atualização seja
indispensável para o sucesso na profissão.
A permanente atualização por meio de cursos, seminários e congressos, possibilita a
troca de experiências, além da aquisição de conhecimentos. Ao mesmo tempo, agir com ética
é um dever e permite que os profissionais realizem suas atividades sem risco de
arrependimentos.
Na pesquisa realizada por Guimarães (2006), foi feita uma análise dos “grupos de
conhecimentos” que foram divididos em experiência profissional; conhecimentos diversos;
90
idiomas; contabilidade gerencial e gestão empresarial; contabilidade societária, legislação
societária e tributária; além de habilidades em áreas não específicas da contabilidade;
tecnologia da informação e normas contábeis internacionais. Por este aspecto, observou-se
que os egressos da pesquisa estão corretos em se preocupar com a constante atualização, uma
vez que pela pesquisa de Guimarães (2006) os itens contabilidade gerencial e gestão
empresarial e contabilidade societária, legislação societária e tributária, são itens bastante
exigidos pelas empresas que estão à procura de profissionais qualificados.
Além destes fatores que influenciam no sucesso da profissão, destaca-se o que foi
mencionado pelo The American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) sobre
algumas competências funcionais às quais o profissional contábil em início de carreira deve
estar atento (www.aicpa.org/edu/corecomp.htm):
Padronização de decisões ser capaz de usar abordagens estratégicas e críticas para a
tomada de decisões.
Análise de riscos principalmente, a auditoria, e refere-se ao risco existente de que o
auditor falhe em detectar informações incorretas, causadas por erros não intencionais
ou por fraudes.
Relatório um profissional contábil em negócios, indústria ou governo, deve analisar
operações ou fornecer informações à diretoria.
Competências pessoais estão relacionadas a atitudes e comportamento dos
indivíduos que estão se preparando para assumir a função de profissional contábil.
Reputação profissional a profissão contábil está comprometida com a manutenção de
uma reputação pública de excelência no desempenho de importantes papéis no âmbito
social e de negócios.
Solução de problemas e tomada de decisões os profissionais que estão iniciando a
carreira contábil devem demonstrar habilidades de solução de problemas e tomada de
decisões, boa percepção e julgamento, bem como pensamento criativo e inovador.
Interação os profissionais contábeis devem ser capazes de trabalhar em equipe para
alcançar objetivos.
Liderança capacidade de liderar efetivamente em situações apropriadas.
Comunicação está relacionada com as habilidades necessárias para fornecer e trocar
informações dentro de um contexto significativo e comunicação eficaz.
91
Atualização tecnológica para desenvolver e melhorar competências pessoais os
avanços tecnológicos influenciam diretamente na melhor atuação dos profissionais
para realização de suas atividades.
Competências de amplas perspectivas de negócios está relacionado com os
ambientes de negócios internos, quanto externos, ou seja, as realidades globais do
ambiente de negócios.
Pensamento estratégico/crítico habilidade do profissional relacionar dados,
conhecimentos e percepções relativos a vários aspectos a fim de fornecer informações
para a tomada de decisões.
Perspectiva global os profissionais contábeis devem estar aptos a identificar e
comunicar a variedade de riscos e oportunidades de fazer negócios no mundo todo.
Recursos de gerência reconhecer a importância de todos os recursos (humanos,
financeiro, físico, ambiental, etc) é essencial para o sucesso.
4.4.2 Participação em Eventos
Procurou-se saber se os profissionais têm participado em eventos da classe contábil,
pois isso os auxilia na aquisição de novos conhecimentos e, consequentemente, contribui para
que realizem um trabalho adequado e com menos riscos de erros, além de constituir-se em um
momento de convivência com colegas da profissão e da troca de experiências.
As respostas a esta questão constam na tabela 42.
Tabela 42: Participação em eventos da classe contábil
Quantidade %
Sim 340 75,9
Não 108 24,1
Total 448 100,0
A participação em eventos da classe contábil tem sido uma opção de ¾ dos
respondentes para aprimorar seus conhecimentos. Na pesquisa realizada pelo CFC (1996),
esse fato também foi observado, na medida em que 57% dos profissionais responderam que
participaram dos eventos. Na pesquisa de Frey (1997) essa questão também foi apresentada,
sendo que o percentual de egressos do curso de ciências contábeis da UNISC que participou
de eventos era de 50%.
92
Portanto, os dados dessa pesquisa revelam um aumento considerável no percentual de
egressos que estão participando em eventos da classe contábil. Isso demonstra que o
profissional cada vez mais busca atualização, seja por necessidade ou por interesse no
constante contato com assuntos da área contábil.
Há um equilíbrio entre profissionais do sexo masculino e feminino que participam dos
eventos, como pode ser observado na tabela 43.
Tabela 43: Participação em eventos da classe contábil x Sexo
Sexo Participação eventos da
classe contábil
Masculino % Feminino %
Total %
Sim 78,1 77,3 77,7
não 21,9 22,7 22,3
Total 100 100 100
Também se observa que os egressos que buscaram formação complementar ou mais
avançada são os que participam em maior número nos eventos, conforme consta na tabela 44.
Tabela 44: Participação em eventos da classe contábil x Formação complementar
Participação eventos da classe contábil
Formação complementar
Sim Não
Total
Cursos de extensão 124 79% 33 21% 157
Curso de especialização 185 81,5% 42 18,5% 227
Outro curso de graduação 21 84% 4 16% 25
Mestrado 52 42,8% 4 7,2% 56
Doutorado 6 100% 0 0,0% 6
A tabela 44 evidencia a quantidade de profissionais que participam em eventos,
relacionada com sua formação complementar. Constata-se que os profissionais que vão em
busca de formação complementar têm uma participação bastante significativa, principalmente,
entre os que fizeram mestrado e doutorado, ou seja, percebe-se que os profissionais que
continuam seus estudos estão sempre em busca de aperfeiçoamento, comprovando-se pela
participação em eventos.
Também se observa que os egressos que mais participam de eventos atuam como
autônomos (13,5%); ocupam cargos de supervisão/chefia (13,5%); e cargos de gerência
(9,7%).
Os seminários e cursos promovidos pelo CRCRS são os eventos que reúnem o maior
número de egressos, independente de atuarem como autônomos, empregados ou
empregadores. Isso pode ser explicado pela grande quantidade de seminários e cursos
realizados durante o ano em diversas localidades. A Convenção de Contabilidade realizada
pelo CRCRS de dois em dois anos é o segundo evento em termos de participação. Chama a
atenção pela baixa freqüência, o Congresso Brasileiro de Contabilidade promovido pelo CFC
93
de quatro em quatro anos, e o Encontro Estadual de Professores dos Cursos de Ciências
Contábeis, organizado anualmente pela Comissão de Estudos de Acompanhamento da Área
do Ensino Superior do CRCRS.
Os respondentes que se declaram empregados são os que participam em maior número
dos eventos (70%), seguidos dos autônomos (18%) e dos empregadores (12%).
Também se observa que os egressos que estão atuando no mercado de trabalho há
mais de 15 anos são os que mais participam dos seminários do CRCRS e da Convenção de
Contabilidade do Rio Grande do Sul.
Na pesquisa realizada pelo CFC (1996), os empregadores eram os que mais
participavam (67%), seguidos dos autônomos (64%) e dos empregados (54%). Conforme o
CFC (1996), “é importante observar que os profissionais mais presentes nesses eventos são
exatamente os que dispõem de menor tempo livre, pois são os que estão cumprindo maiores
jornadas de trabalho (empregadores e autônomos)”. Atualmente, devido a necessidade de
informações, está acontecendo uma mudança nessa situação, visto que todos os profissionais
que atuam em contabilidade devem buscar sempre a atualização, independente do cargo ou
forma de atuação (empregados, empregadores ou autônomos).
Levando em conta o setor de atividade econômica em que os egressos estão atuando,
percebe-se que se destacam pelo maior percentual de participação em eventos da classe os
egressos que prestam serviços contábeis e os que desempenham atividades no serviço público,
independente de terem concluído seus cursos em universidades públicas ou particulares.
Tanto a pesquisa realizada por Frey (1997) com egressos da UNISC, como a pesquisa
realizada pelo Conselho Federal de Contabilidade (1996), revelam um percentual em torno de
55% de egressos dos cursos de ciências contábeis que participavam de eventos da classe
contábil. Esse percentual é inferior ao apurado nessa pesquisa, em torno de 78% dos
respondentes.
Dentre os egressos que mais participam dos eventos encontram-se aqueles que já
trabalhavam na área contábil antes de ingressar no curso e os que começaram a trabalhar
durante o curso. Numa proporção um pouco menor estão os que começaram a trabalhar após a
conclusão do curso. A proporção de homens e mulheres que participam dos eventos é bastante
equilibrada.
Segundo dados apresentados no relatório de atividades publicado pelo CRCRS em
2006, o número de participantes nos eventos promovidos por aquele órgão cresceu de 33.169
em 2004 para 44.341 em 2006, com preponderância de profissionais do interior do estado,
como consta na tabela 45.
94
Tabela 45: Eventos do CRCRS e participação dos profissionais
Local Participantes - 2004 Participantes - 2005 Participantes - 2006
Capital 8.044 6.968 5.800
Interior 25.125 28.170 38.541
Total 33.169 35.138 44.341
Complementando os dados relativos a participação em eventos, fez-se uma relação
entre a remuneração dos profissionais e a participação em determinados eventos, para analisar
se os eventos da classe contábil estavam sendo freqüentados por todos os contadores,
independente dos salários, maiores ou menores. A tabela 46 evidencia os resultados obtidos.
Tabela 46: Participação em eventos da classe contábil x Remuneração
Remuneração
Participação em eventos
até 10 SM 11 ou mais
Total
Congresso Brasileiro 5 2,3% 13 10,6% 18
Convenção de Contabilidade 49 22,6% 53 43,1% 102
Fórum Nacional de Professores 2 0,9% 4 3,3% 6
Encontro Estadual de Professores 6 2,8% 12 9,8% 18
Seminários e cursos CRCRS 120 55,3% 80 65,0% 200
Eventos na área pública 5 2,3% 2 1,6% 7
Eventos empresa privada 6 2,8% 5 4,1% 11
Eventos de IES 5 2,3% 2 1,6% 7
Outros 4 1,8% 5 4,1% 9
Total 202 100% 176 100% 378
A maior parte dos profissionais participa dos seminários e cursos promovidos pelo
CRCRS, independente de receberem salários maiores ou menores. Isso acontece,
provavelmente, por que esses eventos são gratuitos à classe contábil e acontecem em todo o
estado do Rio Grande do Sul, permitindo a ampla participação dos profissionais. A
Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul tem a participação, principalmente, dos
que recebem acima de 11 SM (43,1%), possivelmente, por ser um evento que implica um
maior dispêndio financeiro.
4.4.3 Publicação de Trabalhos na Área Contábil
Com esta questão buscou-se verificar se os profissionais estão publicando trabalhos na
área contábil. As respostas obtidas constam na tabela 47.
95
Tabela 47: Publicação de trabalhos na área contábil
Quantidade %
Sim 78 17,4
Não 370 82,6
Total 448 100,0
Os dados revelam um baixo percentual de publicações na área (17,4%). Isso talvez se
deva ao fato de existir um único mestrado no estado, pois esses cursos impulsionam a
elaboração de publicações. Em termos nacionais 27% dos profissionais publicavam artigos,
conforme dados da pesquisa realizada pelo CFC (1996). Esse percentual é um pouco superior
ao verificado nessa pesquisa, o que pode ser explicado pela existência de mestrados em
diversos estados da federação, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro.
A publicação de artigos dos egressos dos cursos de ciências contábeis do Rio Grande
do Sul apresenta uma mesma proporção entre homens e mulheres, sobressaindo-se aqueles
que atuam no ensino (35%) e na prestação de serviços contábeis (31%), e que estão
envolvidos na área entre 7 e 15 anos.
O maior percentual de egressos que publicam trabalhos na área é formado por
especialistas e mestres, podendo-se inferir que quanto maior o nível de formação do egresso,
maior a quantidade de publicação.
4.4.4 Natureza dos Trabalhos Publicados
O objetivo dessa questão é identificar a natureza dos trabalhos publicados pelos
egressos. As respostas estão apresentadas na tabela 48.
Tabela 48: Natureza dos trabalhos publicados
Quantidade %
artigo em revista 43 35,5
artigo em Congresso, Convenção, etc. 35 28,9
artigo em jornal 27 22,3
livro 12 9,9
outros 4 3,3
Total 121 100
Observa-se que 64,4% dos artigos elaborados pelos egressos que responderam a
questão foram publicados em revistas técnicas e científicas e em anais de Congressos e/ou
96
Convenções. Embora a quantidade de artigos ainda seja relativamente pequena, mostra que há
interesse dos profissionais em escrever sobre a área.
Há um equilíbrio percentual na quantidade de publicações de egressos de instituições
de ensino pública e privada. Por outro lado há uma predominância na publicação de artigos
pelos egressos que atuam na condição de empregados.
97
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
O objetivo desta pesquisa foi conhecer o perfil pessoal, acadêmico e profissional dos
egressos dos cursos de ciências contábeis de Instituições do Ensino Superior do estado do Rio
Grande do Sul, que fizeram seus registros no Conselho Regional de Contabilidade no período
de 1996 a 2005, para identificar sua atuação profissional; seu nível de remuneração; o nível de
satisfação com a profissão; a sua preparação para atuar no mercado, os aspectos positivos e
negativos observados durante a realização do curso; se continuou estudando após o término
do curso, visando a busca por mais conhecimento; além de sua participação em eventos e
publicação de artigos. Esse conjunto de informações foi dividido em: aspectos relativos à
identificação dos profissionais; informações acadêmicas; informações sobre a situação
profissional e informações gerais, visando uma melhor apresentação e análise dos resultados.
Na identificação dos 448 respondentes, percebe-se que o número de homens que
responderam a pesquisa foi um pouco superior ao de mulheres, e que a maior parte dos
respondentes se formou no período de 1995 a 2003, salientando-se que a partir desse mesmo
ano o número de mulheres que se formaram começou a aumentar, sendo inclusive superior ao
número de homens, em alguns anos. Foi possível identificar, ainda, as Instituições de Ensino
Superior em que os profissionais concluíram seu curso, havendo uma supremacia das IES
particulares, fato que não poderia ser diferente em função do maior número de IES no Estado
serem particulares e não públicas.
Nas informações acadêmicas, observa-se que a principal razão para a escolha do curso
de ciências contábeis foi a possibilidade de trabalhar e estudar, seguido de vocação para a
profissão. A possibilidade de ter melhores oportunidades e o aumento da capacidade de
pensar criticamente foram aspectos do curso que influenciaram na vida dos egressos.
O aproveitamento no curso foi prejudicado pela falta de incentivo à pesquisa e
realização de trabalhos práticos, oferta de disciplinas com programas distanciados da
realidade, falta de melhor formação do corpo docente, poucas aulas práticas, poucas
disciplinas contábeis, falta de visão multidisciplinar e proatividade, além da exigência de
estágio obrigatório, todas estas questões que podem ser repensadas pelas Instituições de
Ensino Superior, no sentido de apresentar um ensino mais adequado a essa realidade, atuando
98
diretamente na formação profissional de seus acadêmicos. Ainda no tocante às informações
acadêmicas percebe-se que os profissionais, mesmo depois de ter concluído seu curso,
continuam buscando conhecimentos, principalmente, por meio de cursos de extensão e
especialização.
Outro destaque é para os egressos que estão cursando ou cursaram mestrado ou
doutorado, demonstrando que estão interessados em contribuir para a pesquisa na área
contábil. Os egressos que percebem salários maiores são os que mais se dedicam aos cursos
de mestrado e doutorado.
Nas informações sobre a situação profissional, constatou-se que os egressos atuam,
principalmente, como empregados, sendo representados em especial por mulheres. Os
profissionais que são empregadores, em sua maioria são homens. O setor de atividade
econômica em que os profissionais mais atuam é o setor de prestações de serviços contábeis,
uma vez que segundo dados do CRCRS, do total de profissionais registrados no Conselho
cerca de 29% atuam em escritórios individuais e sociedades contábeis. O serviço público e o
setor industrial também possuem boa representatividade. Nos setores de prestação de serviços
destacam-se os egressos da UNISINOS e PUC, no serviço Público a maior parte dos egressos
é da UFRGS, e na indústria os destaques são para os egressos da UCS e da URI. Diante deste
fato, os eventos promovidos pelo Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul
podem ser direcionados para os temas mencionados anteriormente, uma vez que uma das
preocupações do CRCRS é a educação continuada.
Na área de atuação funcional destaca-se a controladoria, que é uma área relativamente
nova e em expansão, demonstrando que os profissionais estão interessados em ocupar esse
espaço. O número de homens e mulheres que atuam nessa área é praticamente o mesmo,
observando-se ainda um equilíbrio entre homens e mulheres nas demais áreas de atuação.
A maioria dos egressos está satisfeita com a profissão escolhida, observando-se que
em relação a pesquisa feita pelo CFC, o número de profissionais satisfeitos com a profissão
aumentou, provavelmente, em função da melhoria de qualidade do ensino nestes últimos anos.
A maioria dos egressos também já atua na profissão entre 7 e 15 anos, demonstrando que o
profissional que atua na área contábil mantém-se por bastante tempo. O número de homens e
mulheres que atuam há mais de 11 anos é praticamente o mesmo, assim como os que estão a
menos tempo no mercado de trabalho.
O cargo ocupado pela grande maioria é de supervisor/chefe, seguido de autônomo.
Grande parte das mulheres ocupa cargos de supervisoras ou chefes, enquanto que na atuação
99
como autônomo há um equilíbrio entre homens e mulheres. Os homens destacam-se,
principalmente, nos cargos de empresários e gerentes.
No item relativo à remuneração bruta mensal identificou-se que em torno de 62% dos
profissionais da amostra recebem de 3 a 10 salários mínimos; e 35% recebem entre 11 e 30
salários mínimos, o que representa um bom percentual de profissionais que estão percebendo
salários melhores. Os homens percebem salários mais elevados que as mulheres, o que de
forma geral é identificado na sociedade como um todo. Os empregadores também são os que
recebem melhores salários. Também foi evidenciado que os profissionais que atuam no setor
público e na indústria têm salários mais elevados.
O nível de preparação dos egressos também foi examinado, verificando-se que 38%
dos respondentes entendiam que estavam bem preparados e 37% encontravam-se
razoavelmente preparados, sendo esta situação influenciada por diversos fatores, tais como:
interesse, disciplinas cursadas, participação dos alunos, ambiente da instituição de ensino,
entre outros.
No aspecto relativo às informações gerais, destacam-se: os fatores que influenciam o
sucesso da profissão; a participação em eventos; a publicação de trabalhos na área contábil, e
a natureza desses trabalhos. Com relação ao sucesso na profissão, praticamente todos os
aspectos apresentados foram destacados pelos egressos: responsabilidade; competência;
dedicação; e atualização em relação à legislação; assim como a constante atualização em
cursos, seminários e congressos; comportamento ético; perseverança; persistência e
conhecimento pleno de contabilidade, nessa ordem, elementos estes que estão alinhados ao
que foi mencionado pelo American Institute of Certified Public Accountants (AICPA).
Realmente todos os itens são de grande importância para os profissionais exercerem a
profissão, pois estão diretamente relacionados a um bom desempenho e à prestação de um
serviço de qualidade para os clientes.
A participação em eventos tem sido buscada pela maioria dos profissionais, tanto do
sexo masculino, quanto feminino. Além disso, os seminários e cursos do CRCRS são os
eventos que os egressos mais participam, demonstrando que a atuação do Conselho está
atendendo as expectativas dos profissionais, independente do nível salarial, forma de atuação,
função, setor em que atuam ou sexo a quer pertencem.
Observa-se que a participação de trabalhos na área contábil ainda é pequena,
sobressaindo-se os egressos que atuam na área do ensino, o que é uma situação aceitável, uma
vez que os contadores (as) que atuam no ensino necessitam de produção acadêmica. Os
100
trabalhos na área contábil são publicados, principalmente, em revistas editadas pelo CRCRS e
CFC, congressos e convenções organizados pelo CRCRS e CFC.
Em suma, o estudo revela um número significativo de egressos que estão atuando em
áreas de controladoria, gerência e assessoria. Destacam-se, ainda, os que estão atuando,
principalmente, como empresários da contabilidade ou autônomos. Essa situação mostra uma
ascensão do contador perante a sociedade, pois este tem se revelado um profissional mais
participativo na sua área e que acredita cada vez mais na importância de seu trabalho,
assumindo sua responsabilidade social.
5.1 RECOMENDAÇÕES
A presente pesquisa examinou elementos que compõem o perfil pessoal, acadêmico e
profissional de uma amostra composta por egressos do curso de ciências contábeis que se
registraram no CRCRS no período de 1996 a 2005, porém é possível realizar outros estudos
que lhe possam complementar ou oferecer subsídios para as entidades de classe e para as
instituições de ensino. Assim sugere-se:
Replicar esta pesquisa em outros estados, comparando os resultados encontrados.
Consultar o mercado em relação às expectativas que têm da atuação dos profissionais da
área contábil.
Analisar a qualidade do ensino ministrado pelas instituições de ensino superior nos cursos
de ciências contábeis, em nível regional e nacional.
Analisar se os egressos de universidades públicas percebem melhor remuneração que os
egressos de universidades particulares.
REFERÊNCIAS
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102
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________, Resolução nº 960, de 06 de maio de 2003, que aprova o Regulamento Geral dos
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_________, Resolução nº 1.077, de 29 de agosto de 2006. NBC P 5 Norma sobre o Exame de
Qualificação Técnica para Registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). www.cfc.org.br (alterada pela Resolução 1.109, de 06-12-2007)
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de Qualificação Técnica para Registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI)
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). www.cfc.org.br
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9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
www.portal.mec.gov.br
_________, Resolução CNE/CES nº 2, de 18 de junho de 2007, que dispõe sobre carga horária
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CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL - CRCRS. O
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projeto da lei instituidora. Revista do Conselho Regional de Contabilidade Rio Grande do
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Profissionais dos Estudantes e o seu Grau de Satisfação em relação ao Curso de Ciências
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PELEIAS, Ivam Ricardo. Didática do ensino da contabilidade: aplicável a outros cursos
superiores. São Paulo: Saraiva, 2006
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105
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SCHEUREN, Fritz. What is a survey? 2004. Disponível em www.amstat.org. Acesso em
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SILVA, André Luis Silva da. O perfil do profissional contábil, sob a ótica dos gestores, das
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mercado globalizado. Dissertação de Mestrado. Universidade Nacional de Rosário Argentina.
2002.
SOUSA, Tarcita Cabral Ghizoni. Modelo de Gestão por atividades para empresas contábeis.
Dissertação de Mestrado. UFSC. 2003
106
APÊNDICE
PESQUISA SOBRE O PERFIL DOS EGRESSOS DO CURSO DE CIÊNCIAS
CONTÁBEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
IDENTIFICAÇÃO (OPCIONAL)
1.1 Nome:________________________________________________________
1.2 Endereço:____________________________________________________
1.3 Telefone:_________________________________________
1.4 Ano de conclusão do Curso de Ciências Contábeis:________
1.5 Instituição de Ensino ________________________________ Campus: __________
INFORMAÇÕES ACADÊMICAS
Nas questões de número 1 a 4, indique quanto você concorda com cada afirmação ou quanto você
discorda dela colocando um X
1 - Você escolheu o curso de Ciências Contábeis:
Discordo
plenamente
Discordo
Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Por vocação
Porque era adequado à função que
eu exercia
Pelas perspectivas salariais
Porque era o curso de mais fácil
acesso
Pela influência de amigos e
familiares
Por possibilitar trabalhar e estudar
Pela formação anterior compatível
Porque não havia outra opção na
área
Outra: Especificar
2 - O curso de ciências contábeis, você considera:
Discordo
plenamente
Discordo
Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Correspondeu às minhas
expectativas
Proporcionou competência técnico-
profissional
Ampliou satisfatoriamente a minha
cultura geral
Aumentou a capacidade de pensar
criticamente
Possibilitou melhores
oportunidades de emprego
Esteve adequado às necessidades da
realidade sócio-econômica da
região
107
Proporcionou condições de realizar-
me profissionalmente
Influenciou minha presença e
atuação na comunidade
Motivou para a profissão
Outra: Especificar
3 - As dificuldades em relação ao aproveitamento no curso decorreram:
Discordo
plenamente
Discordo
Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Da falta de melhor
formação/qualificação do corpo
docente
Da falta de base no curso de nível
médio (2º Grau)
Da falta de tempo para dedicação às
disciplinas do curso
De disciplinas com programas
distanciados da realidade
Da falta de incentivo à pesquisa e
trabalhos práticos
Das dificuldades impostas pelo
empregador (trabalho)
Das turmas com alunos de cursos
distintos.
Outra: Especificar
4 - Para melhorar o currículo do curso faz-se necessário:
Discordo
plenamente
Discordo
Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Ter mais aulas práticas
Exigir estágio obrigatório
Adequar o currículo à realidade
regional
Introduzir mais disciplinas
contábeis
Ampliar a carga horária do curso
Exigir a elaboração de trabalho de
conclusão
Ter maior carga horária nas
disciplinas de matemática e
estatística
Introduzir mais disciplinas de
formação geral
Visão multidisciplinar e
proatividade
Outra: Especificar
108
5 - Que tipo de formação complementar você buscou para aprofundar seus estudos na área
contábil?
( ) Cursos de extensão (menos de 360 horas-aula)
( ) Curso de especialização (360 horas-aula ou mais)
( ) Outro curso de graduação concluído (Indique o curso: _______________)
( ) Outro curso de graduação - não concluído (Indique o curso: ______________)
( ) Mestrado (Indique o curso: __________________)
( ) Doutorado (Indique o curso: _________________)
INFORMAÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO PROFISSIONAL
6 - Qual a forma de atuação profissional?
( ) Autônomo ( ) Empregado ( ) Empregador (ou empresário)
7 - Qual é o setor de atividade econômica onde desempenha suas atividades?
( ) Comércio
( ) Indústria
( ) Agricultura
( ) Instituição Financeira
( ) Prestação de Serviços Contábeis
( ) Informática
( ) Serviço Público
( ) Ensino
( ) Outro: Especificar
8 - Em que área funcional exerce suas atividades?
( ) Custos
( ) Auditoria
( ) Legislação Tributária
( ) Contabilidade Pública
( ) Legislação Fiscal
( ) Pessoal
( ) Planejamento e orçamento
( ) Contabilidade societária.
( ) Perícia
( ) Controladoria
( ) Outro: Especificar
9 - Se você atua na área contábil, qual o seu nível de satisfação?
( ) Plenamente Insatisfeito
( ) Insatisfeito
( ) Satisfeito
( ) Plenamente satisfeito
10 - Qual a época em que você começou a trabalhar na área contábil?
( ) Antes de ingressar no curso
( ) Durante o curso
( ) Após ter concluído o curso
( ) Não trabalho na área contábil
11 - Há quantos anos trabalha na área contábil?
( ) Menos de 1 ano
109
( ) 1 a 3 anos
( ) 4 a 6 anos
( ) 7 a 10 anos
( ) 11 a 15 anos
( ) 16 a 20 anos
( ) Mais de 20 anos
12 - Cargo ocupado atualmente:
( ) Assessor
( )Autônomo
( ) Auxiliar
( ) Consultor
( ) Diretor
( ) Empresário
( ) Estagiário
( ) Gerente
( ) Pesquisador
( ) Controller
( ) Professor
( ) Supervisor/chefe
( ) Outro: Especificar
4. INFORMAÇÕES GERAIS
16 - O sucesso na profissão contábil depende de:
Discordo
plenamente
Discordo
Não discordo
nem concordo
Concordo Concordo
plenamente
Comportamento ético
Dedicação
Competência
Constante atualização (cursos,
seminários, congressos, etc.)
Conhecimento pleno da
contabilidade
Atualização em relação a legislação
(fiscal, tributária, legal)
Perseverança, persistência
Responsabilidade
17 - Você tem participado em eventos da classe contábil?
( ) sim ( ) não
18 - Assinale os eventos em que participou nos últimos três anos:
( ) Congresso Brasileiro de Contabilidade
( ) Congresso Brasileiro de Custos
( ) Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul
( ) Fórum Nacional de Professores
( ) Encontro Estadual de Professores dos cursos de CC
( ) Outro. Especificar:
19 - Você tem publicado trabalhos da área contábil?
( ) sim ( ) não
110
20 - Assinale a natureza dos trabalhos publicados:
( ) Artigo em revista
( ) Artigo em Congresso, Convenção, etc.
( ) Artigo em jornal
( ) Livro
( ) Outros. Especificar:
111
Cidades e Contadores selecionados por cidade
Cidade Estado Profissionais Cidade Estado Profissionais
Porto Alegre RS 208 Flores da Cunha RS 3
Caxias do Sul RS 37 Garibaldi RS 3
Passo Fundo RS 24 São Gabriel RS 3
Santa Maria RS 22 São Luiz Gonzaga RS 3
Canoas RS 19 Teutônia RS 3
Vacaria RS 14 Três Passos RS 3
Erechim RS 13 Uruguaiana RS 3
Santa Cruz do Sul RS 13 Serafina Correa RS 3
Novo Hamburgo RS 12 Soledade RS 3
Bento Gonçalves RS 10 Veranópolis RS 3
Cachoeira do Sul RS 10 Constantina RS 2
Ijuí RS 10 Augusto Pestana RS 2
Pelotas RS 10 Caçapava do Sul RS 2
Panambi RS 9 Entre Ijuis RS 2
São Leopoldo RS 9 Estância Velha RS 2
Cachoeirinha RS 8 S. Vicente do Sul RS 2
Rio Grande RS 8 Salvador BA 2
Camaquã RS 7 Salvador do Sul RS 2
Esteio RS 7 Guaíba RS 2
Santo Angelo RS 6 Guarani das Missões RS 2
Sant. do Livramento RS 6 Horizontina RS 2
Carazinho RS 6 Santo Augusto RS 2
Marau RS 6 Ibiraiaras RS 2
Frederico Westphalen RS 6 Ibirubá RS 2
Santa Rosa RS 5 São Borja RS 2
Viamão RS 5 São Marcos RS 2
Lajeado RS 5 São Paulo SP 2
Alvorada RS 4 São Pedro do Butiá RS 2
Bagé RS 4 Itaqui RS 2
Cruz Alta RS 4 Jaguarão RS 2
Palmeira das Missões RS 4 Julio de Castilhos RS 2
Farroupilha RS 4 Três de Maio RS 2
Gravataí RS 4 Tuparendi RS 2
Guaporé RS 4 Não me Toque RS 2
Montenegro RS 4 Nova Prata RS 2
Sapucaia do Sul RS 4 Selbach RS 2
Sarandi RS 4 Sobradinho RS 2
Venâncio Aires RS 4 Candiota RS 2
Lagoa Vermelha RS 3 Carlos barbosa RS 2
Brasília DF 3 Charqueadas RS 2
Cerro Largo RS 3
112
Cidades e Contadores selecionados por cidade
Cidade Estado Profissionais Cidade Estado Profissionais
Agudo RS 1 Maquiné RS 1
Ajuricaba RS 1 Minas do Leão RS 1
Alecrim RS 1 Morro Redondo RS 1
Alpestre RS 1 Nonoai RS 1
Antônio Prado RS 1 Nova Araça RS 1
Arroio do Tigre RS 1 Nova Bassano RS 1
Arvorezinha RS 1 Nova Hartz RS 1
Barra do Bugres MT 1 Nova Roma do Sul RS 1
Barra do Ribeiro RS 1 Orleans SC 1
Barracão RS 1 Osoório RS 1
Barros Cassal RS 1 Paim Filho RS 1
Belém PA 1 Paranaguá PR 1
Bom Jesus RS 1 Parobé RS 1
Brusque SC 1 Passo do Sobrado RS 1
Caibaté RS 1 Pejuçara RS 1
Campestre da Serra
RS 1 Pinheiro Machado RS 1
Campo Bom RS 1 Piratini RS 1
Canguçu RS 1 Porto Mauá RS 1
Capão do Leão RS 1 Progresso RS 1
Casca RS 1 Recife PE 1
Caseiros RS 1 Restinga Seca RS 1
Catuípe RS 1 Rio de Janeiro RJ 1
Chapecó RS 1 Rio Pardo RS 1
Chuí RS 1 Rodeio Bonito RS 1
Concórdia SC 1 Rolante RS 1
Condor RS 1 Rosário do Sul RS 1
Coxilha RS 1 S. Sebastião do Caí RS 1
Crissiumal RS 1 Salvador das Missões RS 1
Cruzaltense RS 1 Santiago RS 1
Curitiba PR 1 Santo Cristo RS 1
Encantado RS 1 São Francisco de Paula RS 1
Estrela RS 1 São José das Missões RS 1
Eugênio de Castro RS 1 São José do Ouro RS 1
Fagundes Varela RS 1 São Martinho RS 1
Feira de Santana BA 1 São Pedro da Serra RS 1
Getúlio Vargas RS 1 São Pedro do Sul RS 1
Giruá RS 1 São Valentim RS 1
Gramado RS 1 Sapiranga RS 1
Humaitá RS 1 Seberi RS 1
Igrejinha RS 1 Sto Antôn. Da Patrulha RS 1
Imbé RS 1 Tapejara RS 1
Indaial RS 1 Tapes RS 1
Ipe RS 1 Taquara RS 1
Itaara RS 1 Taquari RS 1
Ivoti RS 1 Tramandaí RS 1
Jaguari RS 1 Três Coroas RS 1
Liberato Salzano RS 1 Vila Nova do Sul RS 1
Lindolfo Color RS 1 Vista Alegre RS 1
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