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Primeiro, é preciso compreender o que significa informação; depois, porque se
informar se tornou uma necessidade tão premente em nossos dias. Informação significa
dados, instrução, conteúdo a se informar, orientação, conhecimento sobre algo, etc. Nas
palavras de Patrick Charaudeau (2006a, p.33), informação é
(...) numa definição empírica mínima, a transmissão de um saber, com a ajuda
de uma determinada linguagem, por alguém que o possui a alguém que se
presume não possuí-lo. Assim se produziria um ato de transmissão que faria
com que o indivíduo passasse de um estado de ignorância a um estado de
saber, que o tiraria do desconhecido para mergulhá-lo no conhecido, e isso
graças à ação, a priori benévola, de alguém que, por essa razão, poderia ser
considerado um benfeitor.
A informação em si, como um signo isolado, fora da estrutura do sistema, não
tem valor. Ela só passa a ser significativa a partir de alguém, quando valorada por
alguém que a considere importante e a disponibilize através do sistema lingüístico de
comunicação, do processo de transmissão de saber, do ato de informar. E informar
implica em um “processo de produção de discurso em situação de comunicação”
(CHARAUDEAU, 2006a, p.34), independente do tipo de informação.
Grosso modo, podemos dizer que, dentro deste processo, temos: a informação
em si, o sujeito responsável por sua transmissão e o receptor. A informação em si, ou a
fonte de informação, “pode ser a própria realidade, ou qualquer indivíduo ou organismo
dispondo de informações” (CHARAUDEAU, 2006a, p.34). O receptor é o sujeito capaz
de registrar e decodificar a informação. Entre a informação em si e o receptor, temos a
mídia
2
, que toma para si a responsabilidade de mediador. O acesso à informação é um
direito inerente à condição de vida em sociedade, pois a informação é pertencente ou
destinada ao povo
3
. E se este direito é legítimo, o exercício de comunicar, de transmitir
aquilo que é de interesse social e coletivo pautado pela real ocorrência dos fatos também
é legítimo. A mídia, então, amparada por esse contrato social estabelecido pelo
empirismo, passa a ser o “espelho” da realidade; o condutor das “verdades”, o insone
cão de guarda que ladra aos cantos do mundo toda vez que fareja abusos
governamentais e demais abusos contra a sociedade.
2
O dicionário Aurélio registra mídia como o conjunto dos meios de comunicação, e que inclui,
indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema,
outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anúncio em site da Internet, etc. No
nosso caso, mídia significa apenas as atividades voltadas para o jornalismo.
3
Baseado no Código de Ética dos jornalistas brasileiros. Votado em Congresso Nacional dos Jornalistas,
o código entrou em vigor desde 1987 e fixa normas de atuação profissional, suas relações com a
comunidade, com as fontes de informação e entre jornalistas.