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LUIZ GUSTAVO DE REZENDE RAGGI
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SISTEMAS DE
TRATAMENTO DE ÁGUA EM RECIRCULAÇÃO NO
DESCASCAMENTO E DESMUCILAGEM DOS
FRUTOS DO CAFEEIRO
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2006
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
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LUIZ GUSTAVO DE REZENDE RAGGI
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SISTEMAS DE
TRATAMENTO DE ÁGUA EM RECIRCULAÇÃO NO
DESCASCAMENTO E DESMUCILAGEM DOS
FRUTOS DO CAFEEIRO
APROVADA: 26 de julho de 2006
Prof. Paulo Roberto Cecon
(Co-orientador)
Prof. Adílio Flauzino de Lacerda Filho
Prof. Mauri Martins Teixeira Dr. Sérgio Maurício Lopes Donzeles
Prof. Antônio Teixeira de Matos
(Orientador)
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
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ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida e pela minha família.
À Universidade Federal de Viçosa, em especial ao Departamento de
Engenharia Agrícola, pela oportunidade de realizar a pós-graduação.
Ao professor Antonio Teixeira de Matos, pela orientação responsável e
segura e pela amizade.
Aos meus co-orientadores, professores Haroldo Carlos Fernandes e
Paulo Roberto Cecon, pelos ensinamentos e pela participação.
Ao Laboratorista Simão, pela ajuda e dedicação ao trabalho.
Aos colegas de laboratório, Katiane e Ronaldo, pela ajuda e amizade.
Aos colegas da Fazenda Braúna, Afonso, Sérgio e Fátima, pela
oportunidade e apoio ao desenvolvimento desse trabalho.
Aos meus colegas do CEDEF, pela amizade e convívio durante estes
últimos anos.
A minha esposa Carolina e meu filho Felipe pela compreensão e
paciência e apoio.
Aos meus pais e à minha irmã, pelo apoio, conforto e amizade nas
horas difíceis.
A todos os colegas de mestrado e a todos aqueles que, de alguma
forma, contribuíram para realização deste trabalho.
iii
BIOGRAFIA
LUIZ GUSTAVO DE REZENDE RAGGI, filho de Luiz Aurélio Raggi e Maria
das Dores Teixeira de Rezende Raggi, nasceu em Viçosa, Minas Gerais, no
dia 01 de outubro de 1976.
Em 2002 graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal de
Viçosa (UFV), em Viçosa, Minas Gerais.
Em março de 2004, iniciou o Curso de Mestrado em Engenharia
Agrícola da UFV, concentrando estudos na área de Manejo e Tratamento de
Resíduos Agroindustriais, submetendo-se à defesa da tese em julho de 2006.
iv
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS ..................................................................... v
LISTA DE QUADROS ................................................................... vi
RESUMO ................................................................................... viii
ABSTRACT ................................................................................ x
1. INTRODUÇÃO ..................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................... 5
2.1. Separação sólido/líquido em águas residuárias ............... 8
2.1.1. Peneiramento ................................................... 8
2.1.2. Filtração .......................................................... 11
2.1.3. Sedimentação .................................................. 16
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................ 18
3.1. Descri
ç
ão do sistema convencional de processamento via
úmida dos frutos do cafeeiro instalado na Fazenda Braúna
18
3.2. Introdu
ç
ão da peneira pressurizada de malha no sistema
tradicional ..................................................................
20
3.3. Opera
ç
ão do sistema de recircula
ç
ão da á
g
ua no
processamento dos frutos do cafeeiro ............................
22
3.4. Amostra
g
em da á
g
ua em recircula
ç
ão e avalia
ç
ão do
desempenho da peneira pressurizada de malha ...............
24
3.5. Eficiência na separação sólido/líquido ............................. 27
3.6. Análise estatística dos dados ........................................ 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. 29
5. RESUMO E CONCLUSÕES ...................................................... 44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................ 46
APÊNDICE ................................................................................. 50
v
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 – Caixa d’água de abastecimento .................................... 19
Figura 2 – Vista da grade metálica da moega receptora .................. 19
Figura 3 – Detalhe do lavador mecânico ....................................... 19
Figura 4 – Detalhe das máquinas de descascamento e desmucilagem
19
Figura 5 – Vista frontal do tanque de decantação ......................... 19
Figura 6 – Esquema do sistema de beneficiamento de frutos do
cafeeiro utilizado na avaliação da peneira pressurizada de
malha ......................................................................
21
Figura 7 – Vista da peneira pressurizada avaliada .......................... 22
Figura 8 – Variação da qualidade da água em recirculação, sem
passagem pela peneira pressurizada, no circuito curto .....
32
Figura 9 – Variação na qualidade do Afluente (AT) e efluente (DT) do
tanque de decantação, sem passagem pela peneira
pressurizada de malha ................................................
33
Figura 10 –
Variação na qualidade do afluente (AP) e efluente (DP) da
peneira pressurizada de malha, no circuito curto .............
36
Figura 11 –
Variação na qualidade do afluente da peneira (AP), do
efluente da peneira (DP) e do efluente do tanque de
decantação (DT), no circuito longo ................................
38
vi
LISTA DE QUADROS
Página
QUADRO 1 - Volume de água e de frutos do cafeeiro usados na
operação do sistema para a coleta de amostras do
efluente das águas residuárias ................................
29
QUADRO 2 - Modelos de regressão ajustado às variáveis físicas e
químicas do efluente das águas residuárias do
descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro obtido
na recirculação da água, em circuito curto, como
função do tempo e coeficientes de determinação ......
30
QUADRO 3 - Teste para comparação de médias, circuito longo,
sem passagem do efluente pela peneira pressurizada,
mas pelo tanque de decantação, de variáveis de
qualidade de água amostrada antes do tanque (AT) e
depois do tanque (DT) ...........................................
35
QUADRO 4 - Teste para comparação de médias das variáveis
obtidas de amostras coletadas antes da peneira
pressurizada (AP) e depois da peneira (DP) ..............
37
QUADRO 5 - Teste para comparação de médias, circuito longo,
passa-gem do efluente pela peneira pressurizada e
pelo tanque de decantação, coleta das amostras antes
da peneira (AP) e depois da peneira (DP) e depois do
tanque (DT) .........................................................
39
QUADRO 6 - Teste para comparação de médias, circuito longo,
passagem do efluente pela peneira pressurizada e
pelo tanque de decantação, coleta das amostras antes
da peneira (AP) e depois do tanque (DT) ..................
41
QUADRO 7 - Eficiência na remoção, em percentagem, entre as
concentrações afluentes e efluentes de sólidos e carga
orgânica das águas residuárias do descascamento/
despolpa dos frutos do cafeeiro ...............................
41
vii
página
QUADRO A1 - Dados obtidos a partir das análises das amostras,
utilizando-se o circuito curto, sem a passagem do
efluente pela peneira pressurizada de malha .............
51
QUADRO A2 - Resultados das análises feitas nas amostras coletadas
antes (A T) e depois do tanque de decantação (D T),
no circuito longo, sem passagem pela peneira
pressurizada de malha ...........................................
52
QUADRO A3 - Dados obtidos a partir das amostras coletadas antes
da peneira pressurizada (AP) e depois da peneira
pressurizada (DP), utilizando-se o circuito curto ........
53
QUADRO A4 - Dados das amostras obtidas quando se utilizou o
circuito longo com coletas antes da peneira
pressurizada (AP), depois da peneira pressurizada e
antes do tanque (DP) e depois do tanque de
decantação (DT) ...................................................
54
viii
RESUMO
RAGGI, Luiz Gustavo de Rezende, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
julho de 2006. Avaliação do desempenho de sistemas de
tratamento de água em recirculação no descascamento e
desmucilagem dos frutos do cafeeiro. Orientador: Antonio Teixeira de
Matos. Co-Orientadores: Haroldo Carlos Fernandes e Paulo Roberto
Cecon.
Este trabalho foi realizado no Setor de Beneficiamento de Frutos do
Cafeeiro da Fazenda Braúna, situada no Município de Araponga, MG. O
objetivo foi analisar o desempenho de uma peneira pressurizada de malha na
remoção de sólidos e de material orgânico, quando adicionada ao processo
tradicional de processamento dos frutos do cafeeiro, por via úmida. O
sistema de recirculação da água foi operado de duas formas: em circuito
curto, em que o efluente das máquinas de processamento foi direcionado a
uma caixa d’água de 1.000 litros, de onde, então, foi bombeada até a caixa
d’água de 3.000 litros que alimentava o sistema, reiniciando-se o processo;
ou em circuito longo, em que o efluente das máquinas de processamento foi
direcionado a um tanque de decantação, com capacidade para 12.000 litros,
de onde foi bombeado até a caixa de 3.000 litros, reiniciando-se o processo.
A peneira de malha pressurizada, objeto de avaliação deste trabalho, foi
instalada após as máquinas de processamento, visando-se o tratamento do
efluente o qual foi direcionado, ora à caixa de 1.000 litros, ora ao tanque de
decantação. Em ambos os casos, o efluente foi bombeado para a caixa
d’água de 3.000 litros situada no início do processo para recirculação. Nas
amostras coletadas foi medida a condutividade elétrica (CE) e o potencial
hidrogeniônico (pH) e foram quantificadas as concentrações de sólidos
ix
suspensos (SS), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química
de oxigênio (DQO). Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que:
a) Quando o sistema foi operado em circuito curto, houve diferença
estatística (em nível de 10%) na concentração afluente e efluente de ST,
DBO e DQO na peneira pressurizada. No entanto, a peneira apresentou uma
baixa eficiência de remoção de CE (8%), ST (15%), SS (15%), DBO (26%) e
DQO (27%), não proporcionando qualidade de água suficiente para
permanecer por uma jornada diária de 8 horas de trabalho; b) Quando o
sistema foi operado em circuito longo, houve diferença estatística (em nível
de 10%) na concentração afluente e efluente de SS, DBO e DQO na peneira
pressurizada. Porém, a peneira apresentou baixa eficiência na remoção de
CE (8%), ST (14%), SS (18%), DBO (12%) e DQO (23%). Assim, como foi
observado no circuito curto, a peneira não apresentou efeitos significativos
na qualidade da água em recirculação; c) O tanque de decantação foi mais
eficiente na remoção de CE (88%), ST (75%), SS (77%), DBO (66%) e DQO
(74%) da água em recirculação do que a peneira pressurizada de malha.
x
ABSTRACT
RAGGI, Luiz Gustavo de Rezende, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
July, 2006. Evaluation of the performance of systems in the
treatment of water in recirculation for coffee bean hulling and
mucilage removal. Adviser: Antonio Teixeira de Matos. Co-Advisers:
Haroldo Carlos Fernandes and Paulo Roberto Cecon.
This work was carried out at the Coffee Bean Processing Sector of the
Brauna Farm located in the municipality of Araponga, MG, to analyze the
performance of a pressurized mesh screen for removal of solids and organic
material combined with the traditional coffee bean processing via the wet
method. The recirculation of water was operated in two ways: under short
circuit, with the effluent from the processing machine being delivered to a
1.000 liter water tower, and then pumped up to a 3.000 liter water tower
that fed the system, reinitiating the process; or, under long circuit , with the
effluent from the processing machine being delivered to a 12.000 liter
decantation tank, from where it was pumped up to a 3.000 liter water tower
reinitiating the process. The pressurized mesh screen evaluated was installed
after the processing machines used to treat the effluent which was
alternately delivered to the 1.000 liter water tower and to the decantation
tank. In both cases, the effluent was pumped to the 3.000 liter water tower
used at the start of the water recirculation process. Electric conductivity (EC)
and hydrogenionic potential (pH) were measured and the concentration of
total solids (TS), suspended solids (SS), oxygen biochemical demand (BOD)
and oxygen chemical demand (COD) were quantified in the samples
collected. Based on the results obtained , it could be concluded that: a)
When the system was operated under short circuit, a statistical difference (at
xi
a level of 10%) was observed in the affluent effluent concentration of TS,
OBD and OCD in the pressurized screen. However, the screen showed low
efficiency in removing EC (8%), TS (15%), SS (15%), BOD (26%) and COD
(27%), with insufficient water qualitybeing provided for a 8-hour working
day shift; b) when the system was operated under long circuit a statistical
difference ( at a level of 10%) was observed in the affluent effluent
concentration of SS, BOD and COD in the pressurized screen .However, the
screen showed low efficiency in the removal of EC (8%), TS (14%), SS
(18%), BOD (12%) and COD (23%). Thus, as observed in the short circuit,
the screen did not present significant effects on recirculating water quality;
c) The decantation tank was more efficient in the removal of EC (88%), TS
(75%), SS (77%), BOD (66%) and COD (74%) from the recirculating water
than the pressurized mesh screen.
1
1 . INTRODUÇÃO
Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de grãos de café,
sendo responsável por 30% do mercado internacional, o que corresponde
a um volume equivalente ao da soma da produção obtida nos outros seis
maiores países produtores. É, também, o segundo mercado consumidor,
ficando atrás somente dos Estados Unidos. As áreas cafeeiras estão
concentradas no centro-sul do país, onde se destacam os quatro maiores
estados produtores: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. Na
Região Nordeste, existem plantações de cafeeiros na Bahia e na Região
Norte destacando-se o Estado de Rondônia como produtor emergente
(ABIC, 2005).
Em Minas Gerais, as principais regiões produtoras são: Cerrado
Mineiro, Sul de Minas, Matas de Minas e Jequitinhonha. A altitude média
do Cerrado Mineiro é de 800 metros, condição que favorece o cultivo do
café arábica, com predominância de plantas das variedades Mundo Novo e
Catuaí. O Sul de Minas também produz, predominantemente, frutos de
café arábica e a altitude média regional é, aproximadamente, de 950
metros. As variedades mais cultivadas do café arábica são a Catuaí e o
Mundo Novo, mas também existem lavouras das variedades Icatu, Obatã
e Catuaí Rubi. As regiões das Matas de Minas e de Jequitinhonha estão em
altitude média de 650 metros e possuem lavouras de café arábica das
variedades Catuaí (80%), Mundo Novo, dentre outras (ABIC, 2005).
A qualidade é o fator fundamental para valorização do grão de café
e está associada, principalmente, à condução adequada dos
procedimentos após a colheita. A adoção de tecnologia mais avançada no
processamento do fruto do cafeeiro visa à obtenção de melhorias
qualitativas e maior retorno econômico nas atividades de produção de
grãos de café. Sabe-se que o processamento pós-colheita constitui-se de
2
operações unitárias que influenciam diretamente a qualidade e, por
conseqüência, o valor econômico dos grãos de café (NOGUEIRA, 1996).
Segundo CABANELLAS (2004), a política tarifária praticada pelas
companhias municipais e estaduais de saneamento e a implementação
das estruturas de outorga e cobrança, tanto na tomada de água como no
lançamento de águas residuárias nos corpos d’água, têm levado muitos
produtores a recircular a água da lavagem e descascamento/despolpa dos
frutos do cafeeiro, minimizando o uso deste recurso.
As águas residuárias do cafeeiro (ARC) resultantes da lavagem e
descascamento/despolpa dos frutos são ricas em material orgânico,
nutrientes e sais minerais e, se dispostas de forma inadequada no
ambiente, constituem-se de alto potencial poluente para o solo e lençol
freático (MATOS et al., 1999). Segundo esses autores, o principal efeito
desse tipo de poluição em corpos d’água é a diminuição da concentração
de oxigênio dissolvido, utilizado por bactérias aeróbias em suas reações
metabólicas de degradação do material orgânico lançado. Com a
diminuição do oxigênio dissolvido na água, poderá haver morte de
organismos aeróbios e danos à flora. Além disso, a disposição de água
residuária rica em nutrientes pode causar a eutrofização dos corpos
d’água, possibilitando o desenvolvimento excessivo de plantas aquáticas e
algas, colocando em risco a qualidade das águas.
Segundo MATOS et al. (2001), geralmente são gastos, no
descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro, de 3 a 5 litros de água
para cada litro de fruto descascado. Com a recirculação da água, este
volume pode chegar a menos de 1 litro de água para cada litro de fruto
processado. Porém, com o processo de recirculação da água, ocorre
aumento expressivo na concentração de material suspenso e em solução,
podendo comprometer a qualidade final do produto.
Considerando a deterioração da água em recirculação, usada no
processo de beneficiamento dos frutos do cafeeiro, torna-se necessário a
implementação de sistemas que possam promover a sua depuração, ainda
3
que parcial, de forma a não prejudicar o desempenho das máquinas
usadas no processamento e, principalmente, a qualidade dos grãos
produzidos.
Outros estudos a respeito de tratamento da água residuária do
descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro têm sido desenvolvidos e
estão disponíveis na literatura, objetivando fornecer informações que
possibilitem a diminuição do impacto negativo dos resíduos gerados por
essa atividade ao meio ambiente, com o propósito de minimizar o gasto
da água utilizada no processo. O uso de peneiras pressurizadas, de malha,
pode ser uma boa opção para o tratamento de águas recirculadas para o
processamento do fruto do cafeeiro. Entretanto, pouco se sabe sobre sua
eficiência na remoção de contaminantes que possam vir a prejudicar a
qualidade dos grãos processados, bem como sobre a viabilidade de seu
uso.
O processo de peneiramento sempre foi muito utilizado com o
intuito de separar produtos em diferentes granulações e formatos, bem
como de retirar impurezas, adequando produtos às especificações
exigidas. O peneiramento é um processo muito importante no tratamento
de minérios e na separação de grãos de cereais, de uma forma geral. No
entanto, são poucos os trabalhos relacionados à utilização desse processo
de tratamento de água residuária, tão comum em todo o mundo
(CARVALHO, 2005).
Com a realização do presente trabalho, teve-se como objetivo geral
avaliar o desempenho de sistemas de tratamento de água em recirculação
no descascamento e desmucilagem dos frutos do cafeeiro.
Especificamente, pretendeu-se:
a) Avaliar o uso da peneira pressurizada de malha na remoção de
sólidos e carga orgânica, presentes no efluente da água residuária,
como elemento adicional no processo tradicional de processamen-
to dos frutos do cafeeiro, por via úmida;
4
b) Avaliar o uso de tanque de decantação no sistema de recirculação
de água usada no processamento de frutos do cafeeiro, quando
associado à peneira pressurizada de malha.
5
2 . REVISÃO DE LITERATURA
O processamento do fruto do cafeeiro pode ser feito por “via seca”
ou por “via úmida”. Por via seca os frutos são lavados e então separados
os de maior e menor massa específica. Nesta condição os frutos,
separadamente, são secados constituindo-se a categoria de café natural.
Por via úmida, os frutos são lavados, separados, descascados/despolpados
e, em alguns casos, desmucilados. No processamento via seca, são
obtidos os cafés naturais, fundamentando-se na secagem dos frutos com
casca, polpa, mucilagem, pergaminho e grão. O processamento por via
úmida facilita e diminui os custos de secagem dos grãos, obtendo-se um
produto com melhor qualidade para ser comercializado no exterior, um
mercado exigente em qualidade de bebida (CABANELLAS, 2004).
O processamento por via úmida é recomendado para produção de
grãos de café de melhor qualidade em regiões de clima úmido, pois a
lavagem e descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro reduzem a
probabilidade de fermentação do grão e o tempo de secagem do mesmo.
Porém, se mal conduzida, pode prejudicar a qualidade e sua aceitação no
mercado exterior. Essa forma de processamento dá origem aos grãos de
café lavados/descascados ou despolpados ou lavados/descascados/
desmucilados (CABANELLAS, 2004).
O descascamento/despolpamento do fruto do cafeeiro consiste na
retirada da casca do fruto maduro, por meio mecânico, seguido ou não da
remoção da mucilagem na lavagem final dos grãos. Logo após o
descascamento, os grãos podem ser levados diretamente para o terreiro,
permanecendo a mucilagem aderida aos grãos durante a secagem, dando-
lhes características únicas como: padrão e uniformidade, características
de corpo, acidez e doçura de café descascado. O processamento do café
por via úmida apresenta, ainda, algumas vantagens como a diminuição da
6
área de terreiro, devido a diminuição do volume, e do tempo necessário
para a secagem. Com a utilização desses processos, o volume ocupado
pelos grãos é até 40% menor nos secadores, silos e tulhas (BARTHOLO et
al., 1989). Entretanto, com a aplicação das técnicas de processamento
pós-colheita por via úmida, os produtores de café têm deparado com o
problema da geração de águas residuárias no processo.
DELGADO e BAROIS (1999) citam que, no processamento por via
úmida tradicional, são geradas, aproximadamente, três toneladas de
subprodutos e são requeridas quatro toneladas de água para produzir uma
tonelada de grãos processados.
Estima-se que 39% do peso do fruto do cafeeiro seja devido à
casca, resíduo sólido a ser separado em peneiras ou grades e que exige
destinação especial, por ser altamente poluente para o meio ambiente
(MATOS, 2003).
Segundo VASCO (1999), a distribuição dos macrocomponentes dos
frutos do cafeeiro do tipo “cereja”, desde o inicio do processamento pós-
colheita até a sua infusão, permitem constatar que somente 6% do peso
do fruto fresco são aproveitados na preparação da bebida. Os 94%
restantes, constituídos por água e subproduto do processo, na maioria dos
casos não recuperados, podem ser fonte de contaminação do meio
ambiente.
MATOS (2003) encontrou nas águas residuárias da lavagem e
descascamento/despolpa do fruto do café tipo arábica, em condições de
recirculação, valores de 10.500 a 14.340 mg L
-1
de Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO), de 18.600 a 29.500 mg L
-1
de Demanda Química de
Oxigênio (DQO) e valores de 14.000 a 18.200 mg L
-1
de sólidos totais.
Segundo o mesmo autor, os elevados valores de DBO e DQO indicam que
estas águas residuárias são possuidoras de grande carga orgânica e
elevada concentração de sólidos totais, dos quais a maior parte é volátil
(STV), podendo ser removida por tratamento biológico. No que se refere
ao valor, como fertilizante para culturas agrícolas, pode-se verificar que
7
essas águas apresentam concentrações relativamente elevadas de
nitrogênio e, principalmente, de potássio. Se lançadas em curso d’água
sem tratamento prévio, podem resultar em enriquecimento dessas águas,
proporcionando o desenvolvimento de plantas aquáticas que podem vir a
prejudicar a manutenção de outras formas de vida aquática. Ainda
segundo esse autor, o valor dessas águas, como fertilizante, é forte
indicativo para utilização de sistemas solo-planta como forma de
possibilitar a disposição ou tratamento dessas águas residuárias.
Para possibilitar a preservação da qualidade do produto e utilização
da água por mais tempo no descascamento/despolpa dos frutos do
cafeeiro, torna-se necessário um tratamento prévio da água em
recirculação no processo de descascamento/despolpa dos frutos do
cafeeiro, uma vez que as águas vão adquirindo, à medida que vão sendo
submetidas a novas recirculações, grande quantidade de sólidos solúveis e
em suspensão. Por esta razão, torna-se necessário o desenvolvimento de
tecnologia que possibilite a remoção, em curto período de tempo, de
sólidos em suspensão nessas águas, de forma a possibilitar a obtenção de
um produto de boa qualidade, com economia de água de processamento
(CABANELLAS, 2004).
No tratamento de águas residuárias são utilizados usualmente
quatro níveis de tratamento: preliminar, primário, secundário e terciário
(VON SPERLING, 1996). Nos dois primeiros visa-se, primordialmente, à
remoção de sólidos, enquanto, nos subseqüentes, remove-se material
orgânico em suspensão, parte dos sólidos dissolvidos e patógenos.
No tratamento preliminar, tem-se como objetivo a remoção de
sólidos grosseiros. Segundo CABANELLAS (2004), a remoção de sólidos
grosseiros é normalmente feita por grades ou peneiras. Nesta etapa do
tratamento, ficam retidos os materiais de dimensões maiores do que as
dimensões utilizadas nas barras ou malhas. Segundo MATOS et al. (2001),
a grade ou peneira a ser inserida no canal de condução da água
proveniente do pré-processamento dos frutos do cafeeiro deve ter a
8
malha de, no máximo, 5 mm, devendo ser instalada numa inclinação de
45° com a horizontal.
No tratamento primário, visa-se à remoção de sólidos sedimentáveis
e parte de matéria orgânica (VON SPERLING, 1996), ocorrendo por
processos predominantemente físicos de separação sólido/líquido.
2.1 - Separação sólido/liquido em águas residuárias
Os processos de separação sólido/líquido incluem sedimentação,
peneiramento, centrifugação e filtração (HUIJSMANS e LINDLEY, 1984).
Segundo VON SPERLING (1996), a sedimentação é um processo físico de
separação de partículas sólidas com massa específica superior à do líquido
circulante. Em tanque em que a velocidade da água é baixa, as partículas
tendem a ir para o fundo, formando assim uma camada de lodo e
tornando o líquido sobrenadante clarificado. Outras formas de separação
sólido/líquido são o peneiramento e filtração.
2.1.1 - Peneiramento
As peneiras caracterizam-se por disporem de aberturas pequenas,
de 0,25 a 5,00 mm, sendo usadas para remoção de sólidos muito finos ou
fibrosos. Até as décadas de 1970 e 1980, essas unidades eram usadas
praticamente apenas no tratamento de dejetos industriais, na indústria
agro-alimentar, têxtil, de celulose e papel, de curtumes e química que,
por apresentarem pequena capacidade e por exigirem elevado nível de
mecanização, tornavam-se inadequadas, técnica e economicamente, em
instalações de esgoto doméstico (JORDÃO e PESSÔA, 1995). Segundo os
autores, a evolução para modelos de auto-limpeza e grau de mecanização
simplificado estabeleceu ampla aplicabilidade dessas unidades, pois
reduziram o custo e a área necessária para as unidades de tratamento
subseqüentes.
9
As peneiras podem ser constituídas por chapas metálicas, malhas de
arame ou nailon. As chapas metálicas possuem orifícios, que podem ser
redondos, oblongos, retangulares ou triangulares. As peneiras de malha
são formadas por tramas de arame ou de nailon, geralmente com
aberturas de formato quadrado ou retangular, podendo ser classificadas
em estáticas, vibratórias e rotativas (CARVALHO, 2001).
As peneiras estáticas são as mais simples, apresentando menor
eficiência em relação às demais. Segundo MERKEL (1981), o maior
problema encontrado no uso de peneiras estáticas é a formação de uma
fina camada de sólidos na superfície da peneira, o que requer sua limpeza
periódica. A principal vantagem está no fato de não requererem energia,
apresentando baixo custo de operação e manutenção (JORDÃO e PESSÔA,
1995).
As peneiras vibratórias realizam movimentos oscilatórios tangencial
e vertical, com remoção contínua dos resíduos. A vantagem da peneira
vibratória é a de apresentar baixa tendência ao entupimento, compor-
tando crivos de diâmetro menor do que a estática e, com isso, reter maior
quantidade de partículas finas (GILBERTSON e NIENABER, 1978).
As peneiras rotativas são fabricadas em diversos modelos, podendo
ser classificadas, dependendo da direção do fluxo afluente, em: de fluxo
tangencial e de fluxo axial (MERKEL, 1981). A vantagem das peneiras
rotativas é a sua operação de forma contínua, com pequena ou nenhuma
obstrução dos crivos e com capacidade de remover partículas grosseiras e
finas (VERLEY e MINER, 1974).
Segundo JORDÃO e PESSÔA (1995), as peneiras de fluxo tangencial
surgiram em 1973, quando foram amplamente usadas em diversas
instalações industriais. A simplicidade de operação e manutenção, aliada à
grande capacidade de processamento do efluente líquido justificaram sua
utilização no Brasil. Avaliando peneiras de fluxo tangencial com
espaçamento de 1,5 mm entre barras, em instalações de condicionamento
prévio de esgotos para lançamento subaquático, em Santos – SP, os
10
autores obtiveram remoções médias de 7,0% na Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), 6,0% na Demanda Química de Oxigênio (DQO), 3,0% na
concentração de Sólidos em Suspensão (SS), 6,0% de sólidos
sedimentáveis (SP) e de 70,0% de material flutuante.
As peneiras de fluxo axial, com concepção idêntica às de fluxo
tangencial, diferem-se destas apenas em relação à forma de admissão do
líquido e à remoção do material retido (JORDÃO e PESSÔA, 1995).
Segundo esses autores, encontram-se publicadas em Hult Valley, Nova
Zelândia, informações sobre eficiência desse modelo de peneira, quando
instalado para executar pré-condicionamento de esgoto doméstico para
disposição oceânica. São citados valores de remoção média de 9,9% de
resíduos não filtráveis, 23,4% de SP e 93,2% de material flutuante, para
um espaçamento entre barras de 1,0 mm. E, para um espaçamento entre
barras de 0,5 mm, valores de remoção média de 16,7% de resíduos não
filtráveis, 56,7% de SP e de 96,4% de material flutuante.
Segundo IMHOFF (1986), a capacidade de remoção de sólidos por
peneiras é menor do que a obtida em decantadores. Em trabalho realizado
com o peneiramento de água residuária de criatório de animais, alguns
autores obtiveram eficiência de 24% na remoção de sólidos totais. BELLI
FILHO e CASTILHO (1990), trabalhando com dejetos de suíno, avaliando
peneiras com malhas de 800 e 500 µm, obtiveram eficiências de remoção
de sólidos totais da ordem de 40 e 49%, respectivamente.
Segundo CARVALHO (2001), as máquinas utilizadas no Brasil,
destinadas à separação de sólidos, ainda dispõem de tecnologia
inadequada ou rudimentar, fato este que incrementa o baixo rendimento
médio observado, em termos de produtividade. Segundo o mesmo autor,
a ausência de tecnologia aplicada na separação sólido-líquido do efluente
da lavagem e descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro deve-se ao
fato dessa forma de processamento ser recente e das exigências legais
para o tratamento de água residuária serem relativamente novas. Alem
disso, citou que os países desenvolvidos detentores das mais avançadas
11
tecnologias, não têm as lavouras comerciais de cafeeiro, não havendo,
assim, interesse por parte desses países, no desenvolvimento de
maquinaria destinada a esse tipo de processamento.
2.1.2 - Filtração
A filtração é um processo físico de retenção de partículas, cuja
eficiência está diretamente relacionada ao diâmetro efetivo e à
uniformidade do material filtrante utilizado (METCALF e EDDY, 1991).
A filtração é realizada quando a água residuária passa por uma
camada de filtro composta de material granular, com ou sem a adição de
substâncias químicas coagulantes. Na camada filtrante, a remoção dos
sólidos suspensos contidos na água residuária é realizada por um processo
complexo, envolvendo um ou mais mecanismos de remoção, como tensão
superficial, interceptação, impactação, sedimentação e adsorção
(METCALF e EDDY, 1991).
De acordo com POVINELLI e MARTINS (1973), a ação mecânica de
eliminação dos sólidos em suspensão por filtração está baseada no
princípio de que um meio poroso pode reter impurezas de dimensões
menores do que as dos poros da camada filtrante. No entanto, esses
mecanismos de remoção são temporários ou finitos, tendo em vista a
obstrução gradativa dos poros do leito filtrante, com o conseqüente
aumento na perda de carga no filtro. O fim da operação do filtro é
alcançado quando os sólidos suspensos provocam interrupção completa do
fluxo do líquido em tratamento.
A base do conhecimento de que se dispõe atualmente sobre os
princípios da filtração foi desenvolvida a partir do uso da areia como
material filtrante. James Peacock, citado pela EMARP (2004), demonstrou,
em 1971, que a água podia ser filtrada deixando-a infiltrar-se num leito
de areia.
12
Em 1829, o método de tratamento da água pelo processo de
filtragem foi apresentado pela primeira vez em Londres, quando o inglês
James Simpson apresentou um filtro de areia para ser usado na redução
da turbidez da água, alcançando tal sucesso que se tornou de uso
generalizado e, até mesmo, obrigatório naquela cidade em 1855. O
processo consistia em fazer a água atravessar lentamente uma camada de
areia, disposta sobre uma camada de cascalho (MAGALHÃES, 2005).
O filtro de areia passou, então, a ser constituído de várias camadas
de partículas de tamanhos ou texturas diferentes. As camadas de areia
sobrepõem-se a uma camada de cascalho mantida por uma tela de
arame, que serve de suporte para a coluna filtrante. Após aplicar sobre o
filtro água impura ou barrenta, as impurezas ficam retidas nos poros dos
materiais componentes do filtro. O processo descrito passou a ser
denominado de filtração (MAGALHÃES, 2005).
Desde então, o uso da areia, como material filtrante, passou a ser
difundido no mundo inteiro como um processo de tratamento no qual se
faz passar água por um meio poroso capaz de reter alguns tipos de
impurezas. De acordo com SANTOS et al. (2004), a filtração consiste na
passagem de um afluente líquido através de um meio filtrante granular,
onde, por intermédio de mecanismos de transporte e adesão, as partículas
presentes podem ficar retidas. Contudo, é controvertido o uso desse
dispositivo como a última barreira sanitária capaz de reter eventuais
partículas, até mesmo microrganismos presentes na água. Há argumentos
contrários à sua utilização, como tratamento único, em virtude da baixa
eficiência e irregularidade na remoção da turbidez e de patógenos, da
formação de uma película biológica em tomo do elemento filtrante, na
qual pode ocorrer o desenvolvimento de patógenos oportunistas, pelo fato
de não ser hábito a filtração domiciliar da água, em países desenvolvidos.
A filtração é, geralmente, considerada como última etapa do
processo de tratamento da água antes da sua desinfecção, podendo
também ser aplicada no pós-tratamento de esgoto sanitário. Segundo
13
KAMINSKI et al. (1997), partículas menores que 1 mm são transportadas
por difusão até a superfície dos grãos do meio filtrante, enquanto as
demais são transportadas pela ação da gravidade. Não obstante, a real
compreensão do comportamento das partículas dentro dos filtros continua
ainda incompleta, dada à complexidade do processo (LAWLER, 1997).
SANTOS et al. (2004) afirmaram que, em estações de tratamento de
água e de esgoto, os atributos comumente usados no monitoramento de
sistemas de filtração são: a perda de carga nos filtros, o tempo de
duração da filtração, a concentração de sólidos suspensos totais (SST) e a
turbidez do efluente. Contudo, de acordo com KOBLER e BOLLER (1997),
tanto a concentração de SST como a turbidez são medidas que
contemplam, principalmente, partículas maiores do que 10 mm, sendo,
essas, as que mais contribuem para a massa e o volume total de sólidos
presentes em efluentes.
Segundo KAMINSKI et al. (1997), KOBLER e BOLLER (1997) e HALL
e CROLL (1997), a maioria dos sistemas de filtração não apresenta
remoções satisfatórias de partículas menores do que 10 mm, de modo que
seus efluentes podem conter grande quantidade de bactérias e
protozoários, mesmo apresentando baixas turbidez e concentração de
SST. Sendo assim, a utilização da distribuição de tamanho de partículas
na avaliação do desempenho de filtros, poderia servir como indicador de
risco sanitário.
HALL e CROLL (1997) avaliaram o desempenho de alguns filtros
rápidos na Inglaterra, usando a turbidez e a contagem de partículas como
atributos de controle sanitário e oocisto de Cryptosporidium como
microrganismo indicador, utilizado por apresentar tamanho entre 4 e 6
mm e serem resistentes à desinfecção. Os autores não observaram
qualquer correlação entre turbidez e contagem de partículas, porquanto
efluentes com pequena variação de turbidez (0,1 a 0,2 uT) apresentaram
grande variabilidade no número de partículas entre 2 mm e 5 mm (20 a
6000 partículas por mL).
14
Segundo MAGALHÃES (2005), o filtro de areia tem um
funcionamento semelhante ao dos filtros lentos das estações de
tratamento de água. De forma similar, a limpeza deste tipo de filtro deve
ser realizada por meio de raspagem da camada superficial da areia,
quando o filtro começar a perder sua capacidade de filtração, ou seja,
quando começar a “entupir”. Após a limpeza, o leito filtrante deve ter sua
espessura original reconstituída, ou seja, a camada de areia deve ser
completada novamente.
Com base no conhecimento já acumulado sobre os princípios de
filtração, já se utiliza hoje, além da areia, vários tipos de materiais
filtrantes. A exemplo de membranas filtrantes, usa-se também carvão
ativado, cartuchos em celulose aglomerada por resina melamínica, sendo,
este último, utilizado como filtro polidor que tem o objetivo de separar, da
água, as partículas que não puderam ser retidas nos filtros de areia e
carvão (MAGALHÃES, 2005).
Nas tecnologias de filtração em membranas, a vazão afluente é
separada em dois fluxos distintos, denominados permeado e concentrado.
Permeado é a parcela que passa através da membrana, enquanto o
concentrado é a parcela que fica enriquecida com solutos ou sólidos
suspensos retidos pela membrana. Segundo SCHNEIDER e TSUTIYA
(2001), nestes processos, a água é forçada a atravessar uma membrana
semipermeável pela aplicação de uma força motriz que pode ser, por
exemplo, decorrente de uma diferença de pressão. As tecnologias de
membranas filtrantes são aplicadas tanto no pós-tratamento de esgoto
sanitário como no tratamento de água para abastecimento.
De acordo com MAGALHÃES (2005) filtros de areia têm sido, de
modo geral, utilizados em sistemas de tratamento de água com finalidade
básica de remover qualquer arraste de partículas em suspensão ou ainda
flocos, provenientes do reator. Comumente, filtro de areia consta de um
leito filtrante de granulometria crescente no sentido descendente, e de um
distribuidor superior e de outro inferior, que objetivam um fluxo uniforme
15
de água em toda a área de filtração. O leito filtrante é geralmente areia ou
antracito e o sub-leito, de granulometria maior, é constituído por
cascalho. Um meio filtrante ideal deve ser constituído de partículas de
diâmetro e de um tipo de material que venham proporcionar um efluente
em condição satisfatória, retendo um máximo de quantidade de sólidos.
Materiais filtrantes mais finos deverão proporcionar a produção de
um efluente mais depurado. Entretanto produzirão, também, maior perda
de carga nas camadas superiores da coluna filtrante, proporcionando,
assim, pequeno período de operação do filtro. Materiais filtrantes mais
grosseiros vão permitir uma penetração de sedimentos mais profunda,
assim como um maior volume poroso para a remoção e o armazenamento
de partículas suspensas, maiores períodos de operação do filtro e limpeza
mais fácil por reversão do fluxo (MAGALHÃES, 2005).
MAGALHÃES (2002), avaliando a capacidade de remoção de sólidos
em suspensão e sólidos totais da água residuária da suinocultura dos
filtros de serragem de madeira e bagaço de cana-de-açúcar, encontrou
taxas de remoção de 90 a 99% de sólido em suspensão e de 43 a 57%
para sólidos totais e 81 a 96% para sólidos em suspensão e de 50 a 56%
para sólidos totais, para os respectivos filtros.
De acordo com Bispo e Bebrman, citados por METCALF e EDDY
(1991), a filtração deve ser baseada na compreensão das variáveis que
controlam o processo e no conhecimento pertinente do mecanismo ou
mecanismos responsáveis pela remoção de particulado de águas
residuárias.
Pela teoria da filtração, a área exposta do meio filtrante deve ser o
critério de dimensionamento. Entretanto, como essa área é função do
tamanho da partícula e da profundidade da coluna, o aumento no
diâmetro das partículas do meio filtrante vai requerer, por compensação,
aumento na profundidade da coluna.
De acordo com METCALF e EDDY (1991), as variáveis mais
importantes a serem consideradas no projeto de filtros para a remoção de
16
resíduos sólidos suspensos são: a natureza do efluente a ser filtrado; o
tamanho das partículas (granulometria) do material filtrante e a taxa de
filtração.
Filtros com pequena taxa de filtração proporcionam maior eficiência
na depuração de águas residuárias, contudo resultam em menor volume
filtrado. Por outro lado, taxas de filtração altas resultam numa capacidade
maior de filtragem do sistema com relação ao volume, porém, com menor
eficiência na remoção de poluentes.
Os filtros podem operar de forma intermitente ou contínua. A
operação intermitente dos filtros possibilita, aparentemente, maior
purificação e maior estabilidade no tratamento de águas residuárias, mas
não há regras exatas entre o período de descanso e a operação do
sistema (NIELSEN et al., 1993). Filtros intermitentes, embora possam ter
um período mais prolongado de operação do que os contínuos, devem,
também, ter seu material filtrante substituído.
2.1.3 – Sedimentação
A sedimentação ou decantação é uma operação unitária de grande
importância e faz parte do processo primário de tratamento de esgotos
(BOTELHO et al., 2001). Dependendo da natureza dos sólidos presentes
na suspensão, podem ser considerados quatro tipos de mecanismos ou
processos de sedimentação: a sedimentação discreta, sedimentação com
floculação, sedimentação por zonas e a sedimentação por compressão.
Na sedimentação discreta, as partículas que vão se depositando no
fundo do tanque mantêm sua individualidade, ou seja, não se submetem a
um processo de coalescência com outras partículas. Neste caso, as
propriedades fisicas das partículas (tamanho, forma, peso específico) não
se modificam durante o processo. A deposição de partículas de areia nos
desarenadores é um exemplo típico de sedimentação discreta (von
SPERLING, 1996).
17
Na sedimentação floculenta, as partículas aglomeram-se, formando
flocos, que tendem a crescer de tamanho à medida que sedimentam (von
SPERLING, 1996). A aglomeração das partículas vem acompanhada de
mudanças de massa especifica e na velocidade de sedimentação ou
precipitação. Segundo RAMALHO (1996), a velocidade de sedimentação
das partículas aumenta devido ao efeito de coalescência com outras
partículas. Como a floculação ocorre à medida que as partículas se dirigem
para o fundo, quanto mais chances de contato elas tiverem, maior é a
formação de flocos, assim sendo, a sedimentação floculenta tem a sua
eficiência aumentada com o aumento da profundidade e do tempo de
detenção. Para favorecer a floculação dos sólidos em suspensão, baixa-se
a velocidade da água no tanque, de forma a facilitar o crescimento dos
flocos, tomando-os, com isso, mais pesados. Na saída do floculador, tem-
se flocos pesados o suficiente para que a maioria deles possa ser separada
da água em tratamento, por sedimentação, no interior dos decantadores
(VIANNA, 2002). A sedimentação que ocorre nos clarificadores ou
sedimentadores primários é um exemplo deste processo.
Na sedimentação por zonas as partículas formam uma espécie de
manta que é sedimentada como massa coesa, apresentando interface
distinta com a fase líquida. Exemplos deste processo incluem a
sedimentação de lodos ativos nos clarificadores secundários e dos flocos
de alumínio nos processo de tratamento da água (VIANNA, 2002).
Caso a concentração de sólidos na água residuária seja muito
elevada, a sedimentação pode ocorrer por compressão da estrutura das
partículas. A compressão é exercida pelo peso das partículas de camadas
suprajacentes em sedimentação no líquido. Com a compressão exercida,
parte da água é removida da matriz do floco, reduzindo seu volume.
Exemplos deste processo ocorrem por gravidade no fundo de
decantadores secundários e adensadores (METCALF e EDDY, 1991).
18
3 . MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Processamento de Frutos do
Cafeeiro da Fazenda Braúna, situada no Município de Araponga, MG, no
período de 4 a 10 de agosto de 2005. A propriedade possui uma área de
300 ha, cultivada com cafeeiros das variedades Catucaí e Catuaí, onde
estão plantados 700.000 pés de cafeeiro, com produção média anual de
cerca de 4.500 sacas de café cereja.
3.1 – Descrição do sistema convencional de processamento via
úmida dos frutos do cafeeiro instalado na Fazenda Braúna
No sistema convencional usado para o processamento dos frutos do
cafeeiro da Fazenda Braúna realizam-se a lavagem e separação,
descascamento/despolpa e desmucilagem dos frutos, sendo constituído
dos seguintes elementos básicos:
a) Uma caixa dágua de fibra de vidro, com capacidade para 3000 litros,
que alimenta o sistema de beneficiamento (Figura 1);
b) Uma moega receptora dos frutos a serem processados, contendo, ao
fundo, uma grade metálica com dimensões de 6,5m x 1,3m e malha
quadrada com orifícios de 10cm X 10cm (Figura 2);
c) Um conjunto de máquinas processadoras contendo: um lavador/
separador (Figura 3), onde é feita a separação dos frutos tipo bóia
dos tipos cereja e verde, dois descascadores e dois desmuciladores,
sendo um para o fruto tipo cereja e outro para o fruto tipo bóia
(Figura 4);
d) Um tanque de decantação com capacidade para 12.000 litros,
localizado no final do sistema de pré-processamento e
processamento (Figura 5).
19
Figura 1 – Caixa d’água de Figura 2 – Vista da grade metálica
abastecimento da moega receptora
Figura 3 – Detalhe do lavador mecânico
Figura 4 – Detalhe das máquinas Figura 5 – Vista frontal do tanque
de descascamento e de decantação
desmucilagem
20
Nesse sistema convencional (Figura 6), os frutos colhidos na lavoura
são colocados na moega receptora, ficando retidas na grade metálica as
impurezas de dimensões maiores que as do fruto, como folhas, galhos e
pedras na grade metálica. Os frutos e impurezas que passam pela grade
são direcionados, por gravidade, ao conjunto de máquinas que utiliza a
água recirculada da caixa de 3000 litros.
Os frutos, ao passarem pelo lavador/separador, são lavados e
separados os cafés bóias dos cafés cerejas e verdes. Os frutos cerejas e
verdes são conduzidos para o descascador onde os frutos verdes são
separados dos frutos cerejas os quais são descascados e conduzidos aos
desmuciladores para a retirada da mucilagem.
A água residuária do processo é escoada por gravidade para o
tanque de decantação de onde é bombeada para a caixa de 3000 litros,
usando-se uma bomba de 1,472 KW (2 CV), iniciando-se o processo de
recirculação, conforme ilustrado no esquema apresentado na Figura 6. O
tanque de decantação possibilita um tempo de detenção hidráulica de 12
minutos.
3.2 – Introdução da peneira pressurizada de malha no sistema
convencional
O sistema alternativo de processamento caracteriza-se pela inclusão
ao sistema instalado, de uma peneira pressurizada de malha logo após o
conjunto de máquinas de lavagem e separação, descascamento/despolpa
e desmucilagem, para receber o efluente do processo. Esse efluente,
depois de processado na peneira vai para uma caixa d’água de fibra de
vidro de 1000 litros, de onde é bombeado, utilizando-se uma bomba de
1,104 KW (1,5 CV), (pede-se vazão e pressão) para a caixa d’água de
3000 litros, instalada no início do sistema, para recirculação (Figura 6).
21
2
MOEGA
RECEPTORA
1
CAIXA
D´ÁGUA
(3000 L)
3 MÁQUINAS DE
PROCESSAMENTO
(Separação/lavagem/descascamento/despolpa/
desmucila
g
em dos frutos do cafeeiro)
4
PENEIRA
DE MALHA
5 CAIXA
D´ÁGUA
(1000 L)
bomba
1,5 CV
P2
6
TANQUE DE DECANTAÇÃO
(12000 L)
bomba
2,0 CV
P3
Figura 6 – Esquema do sistema de beneficiamento de frutos do cafeeiro utilizado na
avaliação da peneira pressurizada de malha.
P1
1 – Caixa dágua de 3.000 litros;
2 – Moega receptora dos frutos do cafeeiro;
3 – Conjunto de máquinas processadoras;
4 – Peneira de malha sob pressão;
5 – Caixa dágua de 1.000 litros;
6 – Caixa de decantação de 12.000 litros;
P1, P2 e P3 – pontos de coleta das
amostras.
Circuitos possíveis:
1) curto sem peneira: 1, 3, 5, 1;
2) curto com peneira: 1, 3, 4, 5, 1;
3) longo sem peneira: 1, 3, 6, 1;
4) longo com peneira: 1, 3, 4, 6, 1.
22
O motor da peneira pressurizada de malha (Figura 7), tem 2,208
KW (3,0 CV) de potência, sendo ligado a uma rede com tensão de 380
volts. Na peneira foram utilizadas três peneiras de 30 cm de largura em
seqüência, sendo a malha da primeira de 120 µm e as malha da segunda
e da terceira de 100 µm de diâmetro de furo.
O equipamento recebe todos os resíduos do processo por gravidade,
os quais, posteriormente, são transportados por um conjunto helicoidal
que sucessivamente os empurram para dentro do elemento filtrante. A
separação é feita por meio do rotor horizontal, dotado de hastes que
comprimem a água residuária contra as malhas e por arrastadores que
raspam os resíduos, conduzindo-os até a saída da máquina.
Figura 7 – Vista da peneira pressurizada avaliada
3.3 – Operação do sistema de recirculação da água no proces-
samento dos frutos do cafeeiro
O sistema instalado para a recirculação da água no processamento
dos frutos do cafeeiro pode ser operado de duas formas:
23
Pelo circuito curto – neste caso, o efluente das máquinas de
processamento é direcionado à caixa d’água de 1000 litros, de
onde é bombeada até a caixa d’água de 3000 litros, utilizando-se
uma bomba de 1,104 KW (1,5 CV), reiniciando-se o processo.
Pelo circuito longo – neste caso, o efluente das máquinas de
processamento é direcionado ao tanque de decantação, de onde
é bombeado até a caixa de 3000 L, utilizando-se uma bomba de
1,472 KW (2,0 CV), reiniciando-se o processo.
A peneira pressurizada de malha, objeto de avaliação neste
trabalho, foi instalada visando-se o tratamento da água proveniente das
máquinas de processamento. O efluente dessas máquinas foi direcionado,
ora à caixa de 1000 litros, ora ao tanque de decantação, de onde, em
ambos os casos, foi bombeado para caixa d’água de 3000 litros, no início
do processo (Figura 6).
Visando-se à obtenção de dados que possibilitassem a avaliação do
sistema sem a inclusão da peneira pressurizada de malha, o sistema foi
também operado com a recirculação da água na forma convencional,
utilizando-se apenas o tanque de decantação localizado ao final do
sistema de beneficiamento.
Foram utilizados os seguintes circuitos para a recirculação da água
usada no processamento dos frutos do cafeeiro, conforme descrito na
Figura 6:
a) Circuito curto com passagem da água residuária pela peneira
pressurizada de malha;
b) Circuito curto sem a passagem da água residuária pela peneira
pressurizada de malha;
c) Circuito longo com passagem da água pela peneira pressurizada de
malha e pelo tanque de decantação;
24
d) Circuito longo sem passagem da água pela peneira pressurizada de
malha, mas com passagem pelo tanque de decantação.
3.4 – Amostragem da água em recirculação e avaliação do
desempenho da peneira pressurizada de malha
Amostras da água em recirculação, utilizadas no processamento dos
frutos do cafeeiro, foram coletadas em diferentes posições do circuito
hidráulico, ao longo de uma jornada diária de processamento.
No sistema com circuito longo de recirculação (item c), que incluiu a
peneira pressurizada de malha, foram coletadas amostras antes e depois
do peneiramento, nas posições P1, P2 e P3, conforme identificadas na
Figura 6. No sistema com circuito longo (item d), no qual a peneira
pressurizada não foi utilizada, foram coletadas amostras nas posições P1 e
P3.
No sistema com circuito curto de recirculação (item a), foram
coletadas amostras antes e depois da passagem da água pela peneira, ou
sejam, nas posições P1 e P2. No sistema em que a peneira não foi
utilizada (item b), foram coletadas amostras na posição P2, antes do
bombeamento da água para a recirculação. Neste caso, o objetivo foi
verificar dados relativos à incorporação de sólidos e a carga orgânica na
água utilizada durante o processo de recirculação. Cada amostra de água
tinha volume de 500 mL, tendo sido coletada em intervalos de 40 min, a
partir do início do processo.
Foram realizadas análises físicas e químicas nas amostras coletadas.
As análises físicas incluíram a quantificação da concentração de sólidos
totais (ST) e sólidos suspensos (SS) e a medição da condutividade elétrica
(CE); as análises químicas incluíram a quantificação da Demanda
Bioquímica de Oxigênio – DBO
5
e da Demanda Química de Oxigênio –
DQO e medição do potencial hidrogeniônico (pH). As amostras de águas
residuárias foram analisadas de acordo com o especificado no Standard
25
Methods for the Examination... (APHA, 1998). Todas as análises nas
amostras foram feitas no Laboratório de Qualidade da Água, do
Departamento de Engenharia Agrícola da UFV, e realizadas dentro do
prazo máximo de 24 horas, à exceção das análises de demanda química
de oxigênio (DQO), que foram realizadas em, no máximo, três dias, a
contar da data de coleta.
A concentração de sólidos em suspensão (SS) foi obtida filtrando-se
a amostra em funil Kitassato acoplado a uma mangueira plástica
conectada a uma bomba de vácuo. O filtro de separação utilizado foi de
papel filtro de fibra de vidro Whatman de 0,45 μm de diâmetro de poro
(APHA, 1998). Terminada a filtração de toda a alíquota, o filtro foi seco
em estufa, a 107,5±2,5°C, por duas horas e pesado em balança de
precisão, sendo a concentração de sólidos em suspensão determinada
utilizando-se a seguinte equação:
SS = (M
FD
– M
FA
) x 1000/V
am
(1)
em que,
SS – Sólidos em suspensão, mg L
-1
;
M
FD
– massa do conjunto funil/filtro após a filtragem (estufa 103 –
105°C), mg;
M
FA
- massa do conjunto funil/filtro antes da filtragem (estufa 103 –
105°C), mg;
V
am
– volume da amostra, mL.
Para a quantificação dos sólidos totais (ST), foram colocadas
cápsulas na mufla, sob temperatura de 550ºC, por um período de 1 hora.
Terminado este período, as cápsulas foram transferidas para o dessecador
até atingirem a temperatura ambiente quando, então, tiveram suas
massas determinadas. Foram colocados cerca de 100 mL de amostra da
26
água residuária na cápsula. Este foi o volume de amostra necessário para
produção de 10 a 200 mg de resíduo.
Para quantificação dos sólidos totais (ST), as amostras tiveram o
excesso de água eliminado em banho-maria, até ser atingida a
desidratação visual. Este procedimento teve duração de aproximadamente
90 min. Após a desidratação, o resíduo foi colocado em estufa a 103-
105ºC, por 2h, para secagem. Decorrido este período, a amostra foi
transferida para o dessecador, permanecendo neste recipiente até ser
atingida a temperatura ambiente quando, então, quantificou-se sua
massa.
O cálculo da concentração de sólidos totais foi realizado utilizando-
se a Equação (2):
ST = (M
S
- M
R
) . 1000/V
am
, (2)
em que,
ST = sólidos totais, mg L
-1
;
M
S
= massa da amostra seca a 103-105ºC mais a massa do
recipiente (cápsula), mg;
M
R
= massa do recipiente (cápsula), mg; e
V
am
= volume da amostra, mL.
Para a avaliação da eficiência de sistemas de tratamento de águas
residuárias, foi utilizado a variável Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) (VON SPERLING, 1996), de forma a se poder comparar com o que
está estabelecido na legislação ambiental. A Legislação Ambiental do
Estado de Minas Gerais (Deliberação Normativa COPAM n° 10/86)
estabelece que, para o lançamento de águas residuárias em corpos
hídricos, a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
, 20°C) seja de 60 mg
L
-1
ou que a eficiência do sistema de tratamento para a remoção da DBO
seja superior a 85% (CAMPOS et al., 1998), desde que não seja
27
suplantado algum padrão de qualidade da classe em que o curso d’água
esteja enquadrado.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) foi obtida pela
determinação do oxigênio dissolvido pelo método iodométrico, e a
Demanda Química de Oxigênio (DQO) pelo método do refluxo aberto
(APHA, 1995). A medição da condutividade elétrica (CE) foi realizada
utilizando-se o condutivímetro e, finalmente, o pH das amostras de águas
residuárias foi medido utilizando-se o método eletrométrico.
3.5 – Eficiência na separação sólido/líquido
A eficiência de peneiramento ou separação sólido/líquido do efluente
do sistema de lavagem e descascamento/despolpa de frutos do cafeeiro
foi obtida pela formula (3) que expressa a razão entre a diferença de
concentração de sólidos totais existente no afluente e efluente, pela
concentração de sólidos totais no afluente na água residuária.
E
p
(%) = 100 (1-Ce/Ca), (3)
em que,
E
p
= eficiência de peneiramento, %;
Ce = concentração efluente, g L
-1
; e
Ca = concentração afluente, g L
-1
.
A capacidade de peneiramento foi obtida dividindo-se o volume de
frutos processados pelo tempo de funcionamento da máquina e calculada
utilizando-se a equação:
C
p
= V/t, (4)
28
em que,
C
p
= capacidade de peneiramento, m
3
h
-1
;
V = volume de frutos do cafeeiro processado, m
3
; e
t = tempo de peneiramento, h.
3.6 – Análise estatística dos dados
Para avaliar a influência da peneira pressurizada no sistema de
beneficiamento dos frutos do cafeeiro, foi realizada a análise estatística
dos dados coletados antes e depois da passagem da água residuária pela
peneira, nas posições apresentadas no item 3.1 e mostradas na Figura 6.
Os dados foram analisados, utilizando-se o teste “t” de Student, para
dados pareados, em nível de 10% de probabilidade. Análise semelhante
também foi feita para a avaliação da influência do tanque de decantação
em sistema de tratamento da água para recirculação, sem o uso da
peneira pressurizada.
Para as variáveis CE, pH, ST, SS, DBO e DQO, os dados foram
analisados por meio de análise de regressão. Os modelos foram escolhidos
baseados na significância dos coeficientes de regressão, pelo teste t, no
coeficiente de determinação e no fenômeno biológico.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O volume de água utilizada e o volume de frutos processados,
individualizado por tipo de fruto e circuito usados no processamento, no
sistema para a coleta de amostras da água residuária, conforme ilustrado
na Figura 6, estão apresentados no Quadro 1. Foram considerados os
seguintes casos: circuito curto com uso da peneira pressurizada, CC-Cp;
circuito curto sem uso da peneira, CC-Sp; circuito longo com uso da
peneira pressurizada e do tanque de decantação, CL-Cp; e circuito longo
sem uso da peneira e com uso do tanque, CL-Sp.
A capacidade de peneiramento foi de 3,00 m
3
h
-1
,
quando o sistema
foi operado em circuito curto e de 3,08 m
3
h
-1
, quando o sistema operou
em circuito longo
QUADRO 1 – Volume de água e de frutos do cafeeiro usados na operação do
sistema para a coleta de amostras do efluente das águas
residuárias
Volume de frutos (L) Circuito Volume de
água (L)
Processados Cereja Verde Bóia
CC-Cp 5000 10020 1680 1440 6900
CC-Sp 5000 8520 1680 1140 5700
CL-Cp 15000 10260 1020 1620 7620
CL-Sp 15000 11460 1080 3180 7200
CC – Cp: Circuito curto com peneira; CC – Sp: Circuito curto sem peneira; CL – Cp: Circuito longo
com peneira; Cl – Sp: circuito longo sem peneira
Avaliando–se a distribuição dos frutos, por tipo, verificou-se que
cerca de 68% do total era constituído por frutos bóias, cerca de 11,5% de
cerejas e de 20,5% de verdes. No circuito curto (CC-Cp e CC-Sp) a
relação entre o volume de água gasto e o volume de frutos processados
foi de 0,55 e no circuito longo (CL-Cp e CL-Sp) foi de 1,4. A relação de 1,4
encontrada, quando se utilizou o circuito longo, está próxima da relação
citada por MATOS et al (2003) que foi de 1,8 litros de água gastos para
30
cada litro de fruto processado. Porém, a relação de 0,55, encontrada
quando se utilizou o circuito curto, é baixa, fazendo com que a água em
recirculação apresente elevada concentração de carga orgânica e material
em suspensão, podendo trazer prejuízos à qualidade final da bebida
produzida com estes grãos. O maior volume utilizado para o
beneficiamento utilizando-se o circuito longo deve-se à utilização do
tanque de decantação que, para ser operado, necessitou de um volume
mínimo de água de 12000 L.
Quando se utilizou o circuito curto foram feitas análises de regressão
para cada variável estudada, em função do tempo de recirculação, sem a
passagem do efluente pela peneira de malha, CC-Sp. O resultado é
mostrado no Quadro 2. As equações lineares ajustadas para todas as
variáveis, exceto pH, indicam que houve aumento proporcional na
concentração com o tempo de operação do sistema.
QUADRO 2 – Modelos de regressão ajustados às variáveis físicas e
químicas do efluente das águas residuárias do
descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro obtido na
recirculação da água, no circuito curto, em função do
tempo e coeficientes de determinação.
Modelo ajustado R
2
R
2
ajustado
CE = 708,125 + 10,335 T**
0,84 0,81
pH = 5,075 + 0,020 T
1/2
**– 0,001 T**
0,77 0,66
SS = 375,821 + 38,292 T**
0,90 0,88
ST = 5613,57 + 152,46 T**
0,87 0,85
DBO = 586,150 + 21,008 T**
0,56 0,47
DQO = 1212,79 + 47,233 T**
0,44 0,33
T = Tempo de recirculação da água; ** significativo a 1%, pelo teste t.
Desconsiderando-se o primeiro valor de pH apresentado, que
referiu-se ao da água “limpa”, ainda não utilizada no processo, verificou-
se que houve elevação seguido de decréscimo no pH com o período de
31
operação do sistema. A elevação do pH da água pode ser decorrente da
mistura da água do reservatório de 3000 L, possivelmente de maior pH. O
decréscimo no valor do pH foi decorrente da adição do material orgânico
dos frutos reconhecidamente de reação ácida. Na Figura 8 estão
apresentados os gráficos relativos a cada uma das variáveis analisadas.
No gráfico que fornece a Demanda química de oxigênio (DQO) em função
do tempo, a adição de água limpa no sistema pode explicar o
abaixamento não esperado dos níveis de DQO aos 120 e 200 min.
Na avaliação da qualidade da água em recirculação no sistema de
beneficiamento dos frutos do cafeeiro, verificou-se, a tendência de
aumento na concentração de SS e ST com o tempo, o que está associado
à entrada de maior quantidade de material particulado na água, à medida
que novos lotes de frutos foram processados. O aumento na concentração
de sólidos proporcionou aumento na DBO, DQO e CE, indicando que os
mesmos eram constituídos por material orgânico e íons em solução.
Na Figura 9 estão apresentadas as curvas de variação na qualidade
das amostras de água coletadas, antes do tanque de decantação (AT) e
depois do tanque (DT), quando se utilizou o circuito longo sem passagem
pela peneira pressurizada de malha e com passagem pelo tanque de
decantação, CL-Sp.
Os resultados obtidos indicam que o decantador cumpriu, com
eficiência, a sua função que é a de remover SS, e conseqüentemente, ST.
O aumento na concentração de SS no final do período de operação (200
min) é indicativo de que o sistema começou a entrar em colapso, ou seja,
por falta de descarga do lodo, a água em recirculação começou a carrear
lodo retido no decantador. Acredita-se que, caso o decantador
apresentasse tempo de detenção hidráulica tal como recomendado pela
literatura, que é de 60 – 150 min (JORDÃO e PESSÔA, 1995), os
resultados poderiam ser ainda melhores.
32
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 40 80 120 160 200 240
Tempo (min)
CE (uS/cm)
POTENCIAL HIDROGENIÔNIC
O
5
5,02
5,04
5,06
5,08
5,1
5,12
5,14
5,16
5,18
5,2
0 40 80 120 160 200 240
Tempo (min)
p
H
SÓLIDOS EM SUSPENSÃO
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 40 80 120 160 200 240
Tempo (min)
SS
(
m
g/
L
)
LIDOS TOTAIS
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
0 40 80 120 160 200 240
Tempo (min)
ST
(
m
g/
L
)
DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
04080120160200240
Tempo (min)
DBO
(
m
g/
L
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
0 40 80 120 160 200 240
Tempo (min)
D
Q
O
(
m
g/
L
)
Figura 8 – Variação da qualidade da água em recirculação, sem passagem pela
peneira pressurizada, no circuito curto. Gráficos relativos aos dados
do Quadro A1 (Apêndice).
33
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
40 80 120 160 200
Tempo (min)
CE (uS/cm)
AT DT
POTENCIAL HIDROGENI
Ô
NI C
O
0
1
2
3
4
5
6
7
40 80 120 160 200
Tempo (min)
p
H
A T D T
LIDOS EM SUSPENSÃO
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
40 80 120 160 200
Tempo (min)
SS
(
m
g/
L
)
A T D T
LIDOS TOTAIS
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
ST
(
m
g/
L
)
A T D T
DEMANDA BIOQU
Í
MICA DE OXIG
Ê
NI
O
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
DBO
(
m
g/
L
)
A T D T
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
D
Q
O
(
m
g/
L
)
A T D T
Figura 9 – Variação na qualidade do efluente (AT) e efluente (DT) do tanque
de decantação, sem passagem pela peneira pressurizada de malha.
Gráficos relativos aos dados do Quadro A2 (Apêndice).
34
As variações no pH efluente, em relação ao afluente, podem ser
explicadas pela liberação de cátions de reação básica, presentes no lodo
no fundo do decantador. Acredita-se que, com o passar do tempo,
formou-se uma nova camada de lodo sobre a camada existente, razão por
que essa liberação não mais ocorreu.
O sistema de decantação possibilitou significativa remoção de DBO
da água residuária. A remoção de DQO foi semelhante à obtida na DBO, à
exceção dos dados obtidos aos 200 min de operação do sistema, quando a
remoção de DQO foi mais alta do que as obtidas nos outros períodos.
Os resultados de análises das diferenças para verificar o efeito do
tanque de decantação na qualidade do efluente estão apresentados no
Quadro 3.
Na Figura 10 estão apresentados os dados de qualidade das
amostras do afluente (AP) e do efluente (DP) da peneira pressurizada,
quando foi utilizado o circuito curto.
Diferentemente ao que foi observado em relação ao tanque de
decantação (Figura 9) de uma forma geral, evidenciou-se pequena
alteração na qualidade da água em recirculação, em circuito curto, pelo
fato dela ter passado pela peneira pressurizada.
Os valores de condutividade elétrica foram semelhantes,
demonstrando a ineficácia da peneira pressurizada de malha na remoção
de sólidos dissolvidos.
A remoção de sólidos totais, bem como a de sólidos em suspensão,
potencialmente as maiores contribuições esperadas da peneira
pressurizada de malha, foi pequena. Os resultados obtidos não indicam a
obtenção de efeito compensador do equipamento na recirculação da água.
A remoção obtida, após 120 min de operação do sistema, na DBO
ficou na faixa de 15 – 20% e de DQO na faixa de 10 – 25%. Considerando
que o material orgânico presente é a principal razão de perda de
qualidade da água no descascamento do fruto, provocando, inclusive
35
maus odores, o efeito da peneira pressurizada de malha, também em
relação a estas variáveis, não foi satisfatório.
QUADRO 3 - Teste para comparação de médias, circuito longo, sem
passagem do efluente pela peneira pressurizada, mas pelo
tanque de decantação, de variáveis de qualidade de água
amostrada antes do tanque (AT) e depois do tanque (DT).
Variáveis Dados Médias
Desvios
T calc
GL Prob. Sign.
CE-AT 933,0000
477,6102
Diferença 5 780,8000
316,3307
5,519
4 0,0053 ***
CE-DT 152,2000
247,0145
PH-AT 5,1800
0,0957
Diferença 5 -0,5400
0,6694
-1,804
4 0,1456 NS
PH-DT 5,7200
0,7323
SS-AT 2337,0000
584,7606
Diferença 5 1496,6000
768,3051
4,356
4 0,0121 ***
SS-DT 840,4000
921,6728
ST-AT 11353,2000
4644,7340
Diferença 5 8511,0000
3550,1144
5,361
4 0,0058 ***
ST-DT 2842,2000
1526,6726
DBO-AT 3176,6000
2585,6812
Diferença 5 2049,9000
1431,0177
3,203
4 0,0328 ***
DBO-DT 1126,7000
1337,0556
DQO-AT 8771,2000
8985,6731
Diferença 5 6500,4000
7143,4134
2,035
4 0,1116 NS
DQO-DT 2270,8000
2211,3445
NS – não significativo em nível de 10%; *** - significativo em nível de 10%, pelo teste t.
Variáveis: CE-AT/CE-DT – condutividade elétrica medida antes e depois do tanque; PH-AT/PH-DT –
PH medido antes e depois do tanque; SS-AT/SS-DT – sólidos em suspensão medido antes e depois
do tanque; ST-AT/ST-DT – sólidos totais medidos antes e depois do tanque; DBO-AT/DBO-DT –
demanda bioquímica de oxigênio tomada antes e depois do tanque; DQO-AT/DQO-DT – demanda
química de oxigênio tomada antes e depois do tanque.
36
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
CE (uS/cm)
AP DP
POTENCIAL HIDROGENIÔNIC
O
5,15
5,2
5,25
5,3
5,35
5,4
40 80 120 160 200
Tempo (min)
p
H
A P D P
S
Ó
LIDOS EM SUSPENSÃ
O
0
1. 00 0
2. 00 0
3. 00 0
4. 00 0
5. 00 0
6. 00 0
7. 00 0
8. 00 0
9. 00 0
10.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
SS(mg/L)
A P D P
SÓLIDOS TOTAIS
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
ST
(
m
g/
L
)
A P D P
DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
DBO
(
m
g/
L
)
A P D P
DEMANDA
Q
U
Í
MICA DE OXIG
Ê
NI
O
0
5. 000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
DQO(mg/L)
A P D P
Figura 10 – Variação na qualidade do afluente (AP) e efluente (DP) da peneira
pressurizada de malha, no circuito curto. Gráficos relativos aos
dados do Quadro A3 (Apêndice).
37
O resultado da avaliação estatística dos dados obtidos está
mostrado no Quadro 4. Verifica-se que, em nível de 10%, o uso da
peneira teve influência sobre as variáveis ST, DBO e DQO e não
apresentou diferença estatística para as demais variáveis.
QUADRO 4 - Teste para comparação de médias das variáveis obtidas de
amostras coletadas antes da peneira (AP) e depois da
peneira (DP).
Variáveis Dados Médias Desvios T calc GL Prob. Sig.
CE-AP 2326,6000
342,5898
Diferença 5 158,8000
175,0449
2,029 4 0,1124 NS
CE-DP 2167,8000
489,3763
PH-AP 5,3120
0,0487
Diferença 5 -0,0140
0,0483
-0,649 4 0,5520 NS
PH-DP 5,3260
0,0404
SS-AP 5630,0000
2736,7453
Diferença 5 661,4000
1349,0746
1,096 4 0,3345 NS
SS-DP 4968,6000
1657,8675
ST-AP 29997,6000
7333,6397
Diferença 5 4333,8000
4125,3041
2,349 4 0,0786 ***
ST-DP 25663,8000
9421,0977
DBO-AP 13443,4000
3613,7480
Diferença 5 3352,6000
1565,3510
4,789 4 0,0087 ***
DBO-DP 10090,8000
4128,2732
DQO-AP 29508,0000
8081,5543
Diferença 5 8076,0000
6502,7133
2,777 4 0,0500 ***
DQO-DP 21432,0000
9456,2318
NS – não significativo em nível de 10%; *** - significativo em nível de 10%, pelo teste t.
Variáveis: CE-AP/CE-DP – condutividade elétrica medida antes e depois da peneira; PH-AP/PH-DP –
PH medido antes e depois da peneira; SS-AP/SS-DP – sólidos em suspensão medido antes e depois
da peneira; ST-AP/ST-DP – sólidos totais medidos antes e depois da peneira; DBO-AP/DBO-DP –
demanda bioquímica de oxigênio tomada antes e depois da peneira; DQO-AP/DQO-DP – demanda
química de oxigênio tomada antes e depois da peneira.
Na Figura 11 estão apresentadas a dispersão na qualidade das
amostras coletadas, antes da peneira pressurizada (AP), depois da
passagem pela peneira e antes do tanque de decantação (DP) e depois do
tanque (DT), quando se utilizou o circuito longo com o uso da peneira
pressurizada, CL-Cp.
38
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
40 80 120 160 200
Tempo (min)
CE (uS/cm)
AP DP DT
POTENCIAL HIDROGENIÔNICO
4,6
4,8
5
5,2
5,4
5,6
5,8
6
6,2
40 80 120 160 200
Tempo (min)
p
H
A P D P D T
S
Ó
LIDOS EM SUSPENSÃ
O
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
40 80 120 160 200
Tempo (min)
SS(
m
g/
L
)
A P D P D T
LIDOS TOTAI
S
0
2. 000
4. 000
6. 000
8. 000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
ST
(
m
g/
L
)
A P D P D T
DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXINIO
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
DBO
(
m
g/
L
)
A P D P D T
DEMANDA QU
Í
MICA DE OXIG
Ê
NI
O
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
40 80 120 160 200
Tempo (min)
D
Q
O
(
m
g/
L
)
A P D P D T
Figura 11 – Variação na qualidade do afluente da peneira (AP), do
efluente da peneira (DP) e do efluente do tanque de
decantação (DT), no circuito longo. Gráficos relativos aos
dados do Quadro A4 (Apêndice).
39
Os resultados das análises estatísticas dos dados, avaliando-se
separadamente o efeito da peneira e do tanque de decantação, estão
apresentados no Quadro 5.
QUADRO 5 - Teste para comparação de médias, circuito longo, passagem do
efluente pela peneira pressurizada e pelo tanque de decantação,
coleta das amostras antes da peneira (AP) e depois da peneira
(DP) e depois do tanque (DT).
Variáveis Dados Médias
Desvios
T calc GL Prob. Sign.
CE-AP 1523,4000
214,7820
Diferença 5 122,0000
151,3588
1,802
4 0,1458 NS
CE-DP 1401,4000
190,0218
Diferença 5 1126,6800
266,3278
9,460
4 0,0007 ***
CE-DT 274,7200
367,7814
PH-AP 5,2980
0,0665
Diferença 5 -0,0560
0,0378
-3,311
4 0,0296 ***
PH-DP 5,3540
0,0568
Diferença 5 -0,0560
0,3477
-0,360
4 0,7370 NS
PH-DT 5,4100
0,3447
SS-AP 2866,0000
856,5293
Diferença 5 545,4000
246,5731
4,946
4 0,0078 ***
SS-DP 2320,6000
624,4412
Diferença 5 1885,2000
449,1132
9,386
4 0,0007 ***
SS-DT 435,4000
316,4187
ST-AP 14611,8000
3782,5830
Diferença 5 2309,2000
2625,3380
1,967
4 0,1206 NS
ST-DP 12302,6000
2298,4760
Diferença 5 10405,2000
2649,1177
8,783
4 0,0009 ***
ST-DT 1897,4000
2163,9137
DBO-AP 7937,6000
1238,4744
Diferença 5 934,2000
593,7632
3,518
4 0,0245 ***
DBO-DP 7003,4000
1390,0890
Diferença 5 4545,6000
2254,1162
4,509
4 0,0107 ***
DBO-DT 2457,8000
1972,8268
DQO-AP 20196,0000
7056,1378
Diferença 5 4752,0000
4105,8154
2,588
4 0,0608 ***
DQO-DP 15444,0000
6626,3474
Diferença 5 10114,0000
8397,5580
2,693
4 0,0545 ***
DQO-DT 5330,0000
4193,0538
NS – não significativos em nível de 10%; *** - significativos em nível de 10%, pelo teste t.
Variáveis: CE-AP/CE-DP/CE-DT – condutividade elétrica medida antes da peneira, depois da peneira e depois do
tanque; PH-AP/PH-DP/PH-DT – PH medido antes da peneira, depois da peneira e depois do tanque; SS-AP/SS-
DP//SS-DT – sólidos em suspensão medido antes da peneira, depois da peneira e depois do tanque; ST-AP/ST-
DP/ST-DT – sólidos totais medidos antes da peneira, depois da peneira e depois do tanque; DBO-AP/DBO-
DP/DBO-DT – demanda bioquímica de oxigênio tomada antes da peneira, depois da peneira e depois do
tanque; DQO-AP/DQO-DP/DQO-DT – demanda química de oxigênio tomada antes da peneira, depois da peneira
e depois do tanque.
40
Verifica-se neste quadro que as medidas tomadas antes e depois da
peneira pressurizada não foram significativas em nível de 10% de
probabilidade apenas para a condutividade elétrica e sólidos totais,
enquanto que para as medidas tomadas depois da peneira e antes do
tanque e tomadas depois do tanque não se mostrou não significativa em
nível de 10% apenas o PH.
No Quadro 6, apresenta-se os resultados das análises estatísticas
dos dados, avaliando-se o conjunto, peneira e o tanque de decantação.
CARVALHO (2001), trabalhando com água residuária da lavagem e
despolpa dos frutos do cafeeiro, utilizando peneira de fluxo axial de malha
28, obteve eficiência de remoção de 37,5% de ST e de 35% de DBO. De
forma semelhante ao que foi mostrado na Figura 10, a peneira
pressurizada pouco afetou a qualidade da água, ao passo que o
decantador sim, à exceção do valor de pH. Os resultados comprovam que
o decantador foi muito mais importante para a melhoria na qualidade da
água do que a peneira pressurizada de malha.
No Quadro 7 está representada a eficiência de separação
sólido/líquido e de remoção de carga orgânica do efluente do sistema de
lavagem e descascamento/despolpa de frutos do cafeeiro, obtida pela
diferença entre a razão entre as concentrações afluentes e efluentes de
sólidos e carga orgânica na peneira pressurizada de malha, no tanque de
decantação e a eficiência obtida pelo conjunto peneira de malha mais o
tanque de decantação.
41
QUADRO 6 - Teste para comparação de médias, circuito longo, passagem
do efluente pela peneira pressurizada e pelo tanque de
decantação, coleta das amostras antes da peneira (AP) e
depois do tanque (DT).
Variáveis Dados Médias Desvios T cal GL Prob. Sign.
CE-AP 1523,4000
214,7820
Diferença 5 1248,6800
369,2986
7,561
4 0,0016 ***
CE-DT 274,7200
367,7814
PH-AP 5,2980
0,0665
Diferença 5 -0,1120
0,3218
-0,778
4 0,4799 NS
PH-DT 5,4100
0,3447
SS-AP 2866,0000
856,5293
Diferença 5 2430,6000
678,1035
8,015
4 0,0013 ***
SS-DT 435,4000
316,4187
ST-AP 14611,8000
3782,5830
Diferença 5 12714,4000
4515,3275
6,296
4 0,0033 ***
ST-DT 1897,4000
2163,9137
DBO-AP 7937,6000
1238,4744
Diferença 5 5479,8000
2180,0107
5,621
4 0,0049 ***
DBO-DT 2457,8000
1972,8268
DQO-AP 20196,0000
7056,1378
Diferença 5 14866,0000
6614,3314
5,026
4 0,0074 ***
DQO-DT 5330,0000
4193,0538
NS – não significativo em nível de 10%; *** - significativo em nível de 10%, pelo teste t.
Variáveis: CE-AP/CE-DT – condutividade elétrica medida antes da peneira e depois do tanque; PH-AP/PH-DT –
PH medido antes da peneira e depois do tanque; SS-AP/SS-DT – sólidos em suspensão medido antes da
peneira e depois do tanque; ST-AP/ST-DT – sólidos totais medidos antes da peneira e depois do tanque; DBO-
AP/DBO-DT – demanda bioquímica de oxigênio tomada antes da peneira e depois do tanque; DQO-AP/DQO-DT
– demanda química de oxigênio tomada antes da peneira e depois do tanque.
QUADRO 7 – Eficiência na remoção, em percentagem, entre as
concentrações afluentes e efluentes de sólidos e carga
orgânica das águas residuárias do descascamento/
despolpa dos frutos do cafeeiro
Eficiência CC-Cp CL-Cp CL-Sp
(P) (P) (T) (P+T) (T)
ST 15 14 85 86 75
SS 15 18 82 86 67
CE 8 8 82 83 88
DBO 26 12 65 69 66
DQO 27 23 60 74 74
(P) – Peneira da malha; (T) – Tanque de decantação; (P+T) – Conjunto: Peneira de malha e
tanque de decantação
42
No circuito curto, houve pequena influência da presença da peneira
nos valores de CE, que podem ser, também, interpretados como
concentração de SD nas águas em recirculação no processamento do fruto
do cafeeiro, o que já era, de certa forma, esperado, já que o sistema, tal
como proposto, tem na remoção física a sua principal característica. O
afluente e o efluente da peneira apresentaram pequena instabilidade, o
que pode ser considerado de ocorrência natural, no valor do pH (Figura
10). Por essa razão, considera-se que não houve efeito da peneira no
valor do pH das águas em recirculação.
Avaliando-se a qualidade da água, após passar pela peneira,
verificou-se resultados semelhantes aos obtidos no sistema de tratamento
longo, ou seja, naquele em que o decantador está incluído como unidade
de tratamento. A peneira proporcionou eficiência de 15% na remoção de
ST e SS, quando operou em circuito curto, e remoção de 14% de ST e
18% de SS, quando operou em circuito longo. De forma semelhante ao
que foi observado para os sólidos, verificou-se que a peneira não
proporcionou efeitos significativos na remoção da carga orgânica (DBO e
DQO), no circuito curto e no circuito longo. Os resultados obtidos indicam
que a peneira não proporcionou qualidade de água suficiente para que ela
possa permanecer por um período de 8h, em recirculação, no sistema
operado em circuito curto.
No tanque de decantação, há remoção de sólidos em suspensão e
não de sólidos dissolvidos, a não ser que sejam adicionadas substâncias
coagulantes à água residuária. Como isso não ocorre, neste trabalho, os
menores valores de CE observados no efluente do tanque de decantação,
indicativo de menor concentração de sólidos dissolvidos na água, estão
associados à diluição inicial da água residuária efluente da peneira de
malha no tanque de decantação, em virtude de já existir água “limpa” no
decantador. Os resultados obtidos para CE indicam que a peneira pouco
interferiu na CE ou concentração de SD na água, restringindo-se a
remover partículas sólidas mais grosseiras.
43
A remoção de SS da água com a utilização da peneira, tal como
observado para ST, não foi suficiente para proporcionar efeitos
significativos na qualidade da água, apesar de ser esta a principal função
da máquina de separação sólido/líquido. Verificou-se também que o uso
do tanque de decantação mostrou-se muito mais eficiente para a remoção
de sólidos (ST e SS) da água do que a peneira. Comparando-se os dados
relativos à eficiência na remoção de sólidos e carga orgânica, pelo tanque
de decantação, com e sem a presença da peneira no sistema, observou-se
que a presença da peneira proporcionou maior eficiência na remoção de
sólidos (ST e SS), porém, o mesmo não foi observado para DBO e CE.
Acredita-se que o fracionamento das partículas sólidas no processo, pela
pressão exercida sob a água residuária contra a malha, tenha aumentado
a concentração de SD na água residuária, e, conseqüentemente, a
concentração da DBO solúvel.
44
5. RESUMO E CONCLUSÕES
A política tarifária praticada pelas companhias municipais e
estaduais de saneamento e a implementação das estruturas de outorga e
cobranças pelo uso da água têm levado muitos produtores a recircular a
água da lavagem e descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro.
Entretanto com a recirculação, vão sendo incorporados sólidos dissolvidos
e partículas à água o que deprecia sua qualidade e prejudica o
desempenho das máquinas.
Com a realização do presente trabalho objetivou-se analisar o
desempenho de uma peneira pressurizada de malha na remoção de
sólidos e de material orgânico, quando adicionada ao processo tradicional
de processamento dos frutos do cafeeiro, por via úmida. O experimento
foi realizado no Setor de Beneficiamento de Frutos do Cafeeiro da Fazenda
Braúna, situada no Município de Araponga, MG.
O sistema tradicional de recirculação da água foi operado de duas
formas: em circuito curto, em que o efluente das máquinas de
processamento foi direcionado a uma caixa d’água de 1000 litros, de onde
foi bombeada até a caixa d’água de 3000 litros que alimentava o sistema,
reiniciando-se o processo, ou em circuito longo e, neste caso, o efluente
das máquinas de processamento foi direcionado a um tanque de
decantação, com capacidade para 12000 litros, de onde foi bombeado até
a caixa de 3000 litros, reiniciando-se o processo. Foram utilizados os
volumes de 5000 e 15000 litros, respectivamente, na operação do sistema
em circuitos curto e longo. A peneira pressurizada de malha, objeto de
avaliação deste trabalho, foi instalada visando-se o tratamento da água
proveniente das máquinas de processamento. O seu efluente foi
direcionado ora à caixa de 1000 litros, ora ao tanque de decantação, de
onde, em ambos os casos, foi bombeada para a caixa d’água de 3000
45
litros, no início do processo. Amostras da água em recirculação foram
coletadas em diferentes posições do circuito hidráulico, em intervalo de 40
minutos, a partir do inicio do processo de beneficiamento, ao longo de
uma jornada diária de processamento. No sistema com circuito curto de
recirculação foram coletadas amostras antes e depois da passagem da
água pela peneira. No sistema com circuito longo de recirculação foram
coletadas amostras antes e depois do peneiramento e depois do tanque de
decantação.
Nas amostras coletadas foi medida a condutividade elétrica (CE) e o
potencial hidrogeniônico (pH) e quantificadas as concentrações de sólidos
suspensos (SS), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda
química de oxigênio (DQO). Os dados foram analisados utilizando-se o
teste “t” de Student, para dados pareados, no nível de 10% de
probabilidade.
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que:
a) no circuito curto:
Houve diferença na remoção de ST, DBO e DQO, por efeito da peneira;
A peneira apresentou baixa eficiência na remoção de CE (8%), ST
(15%), SS (15%), DBO (26%) e DQO (27%);
A inclusão da peneira não proporcionou qualidade suficiente na água
em recirculação que possibilitasse a sua utilização por uma jornada
diária de 8 horas de trabalho.
b) no circuito longo:
Houve diferença na remoção de SS, DBO e DQO, por efeito da peneira;
Verificou-se que o tanque de decantação foi mais eficiente na remoção
de CE (88%), ST (75%), SS (77%), DBO (66%) e DQO (74%) da água
em recirculação;
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a peneira
pressurizada de malha, nas condições estudadas no presente trabalho,
não se mostrou adequada para o tratamento de águas recirculadas no
processamento do fruto do cafeeiro.
46
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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51
APÊNDICE
52
Quadro A1: Dados obtidos a partir das análises das amostras, utilizando-
se o circuito curto, sem a passagem do efluente pela
peneira pressurizada de malha
CE SS ST DBO DQO
Amostras
(µS.cm
-1
)
PH
(mg.L
-1
)
(mg.L
-1
)
(mg.L
-1
) (mg.L
-1
)
1* 84,5 5,07 176 395 2,4 226
2 1.677 5,18 3.380 19.523 1.514 4.700
3 1.637 5,15 2.690 16.064 4.000 9.400
4 2.220 5,13 4.500 26.109 2.427 2.820
5 2.150 5,13 4.955 24.416 4.467 8.460
6 2.940 5,14 9.375 39.935 1.922 3.760
7 2.930 5,1 9.720 40.923 7.418 18.800
Média 1948,36 5,13 4970,86
23909,29
3107,20 6880,86
* os dados relativos à primeira amostra foram considerados nas análises estatísticas
53
Quadro A2 - Resultados das análises feitas nas amostras coletadas antes (A T) e depois do tanque de
decantação (D T), no circuito longo, sem passagem pela peneira pressurizada de malha
CE(µS.cm
-1
) pH SS(mg.L
-1
) ST(mg.L
-1
) DBO(mg.L
-1
)
DQO(mg.L
-1
)
Amostras
A T D T A T D T A T D T A T D T A T D T A T D T
0* 31,1 6,47 10 138 77,7 40
1 999 35,3 5,16 6,2 1.545
172 8.341 525 153 90,5 1.484
358
2 498 40,1 5,24 6,22 1.950
700 5.648 2.200
2.185
254 5.940
1.005
3 459 44,5 5,28 6,34 2.440
540 10.847
3.286
1.792
302 3.762
693
4 1.091 47,1 5,03 4,92 2.850
340 16.934
4.400
5.630
1.823
8.514
4.150
5 1.618 594 5,19 4,92 2.900
2.450
14.996
3.800
6.123
3.164
24.156
5.148
Média 933 152,2 5,18 5,72 2337
840,4
9841 4354,4
3176,6
1126,7
8771,2
2270,8
* nas análises estatísticas não foram considerados os dados coletados no início do processo de circulação
54
Quadro A3: Dados obtidos a partir das amostras coletadas antes da peneira pressurizada (AP) e depois da peneira
pressurizada (DP), utilizando-se o circuito curto
CE (µS.cm
-1
) pH SS(mg.L
-1
) ST(mg.L
-1
) DBO(mg.L
-1
) DQO(mg.L
-1
) Amostra
T
empo
(min)
A. P D. P. A. P D. P. A. P D. P. A. P D. P. A. P D. P. A. P D. P.
0* 26,7 6,94 2 84 1,2 18,8
1* 0 896 5,56 1.415 9.109 5.051 8.460
2 40 2.050 1.729
5,24 5,31 1.665
3.230 20.335
17.369
9.700 6.764 19.740
16.920
3 80 1.953 1.600
5,32 5,27 4.875
3.465 28.003
16.744
11.646
5.732 28.200
9.400
4 120 2.610 2.660
5,29 5,33 5.395
4.948 37.145
36.949
15.754
13.815
35.720
31.960
5 160 2.280 2.240
5,36 5,34 7.290
6.160 26.936
23.073
11.563
9.209 24.400
18.800
6 200 2.740 2.610
5,35 5,38 8.925
7.040 37.569
34.184
18.554
14.934
39.480
30.080
Média 2326,6
2167,8
5,31 5,32 5630
4968,6 29997,6
25663,8
13443,4
10090,8
29508
21432
* nas análises estatísticas não foram considerados os dados coletados no início do processo de circulação
55
Quadro A4 – Dados das amostras obtidas quando se utilizou o circuito longo com coletas antes da peneira
pressurizada (AP), depois da peneira pressurizada e antes do tanque (DP) e depois do tanque
de decantação (DT)
CE
µS.cm
-1
pH SS
mg.L
-1
ST
mg.L
-1
DBO
mg.L
-1
DQO
mg.L
-1
Amostras
A P D P D T A P D P D T A P D P D T A P D P D T A P D P D T A P D P D T
0 50,3 6,4 175 223 38 198
1
1.153 1.115 55,6 5,32 5,33 6 1.750 1.570 175 9.363 8.968 223 6.214 4.743 758 7.920 5.940 1.900
2
1.702 1.322 46,6 5,33 5,41 5,39 2.765 2.130 260 18.670 11.894 564 7.732 7.327 4.331 23.760 13.860 9.900
3
1.543 1.457 25,4 5,34 5,36 5,29 2.855 2.298 182 14.662 13.121 975 7.782 7.588 1.189 21.780 21.780 1.980
4
1.620 1.507 362 5,32 5,4 5,26 4.160 3.300 790 17.688 15.330 2.193 9.660 8.473 1.140 25.740 21.780 2.970
5
1.599 1.606 884 5,18 5,27 5,11 2.800 2.305 770 12.676 12.200 5.532 8.300 6.886 4.871 21.780 13.860 9.900
Média 1523,4 1401,4 274,72 5,298 5,354 5,41 2866 2320,6 435,4 14612 12303 1897,4 7937,6 7003,4 2457,8 20196 15444 5330
* nas análises estatísticas não foram considerados os dados coletados no início do processo de circulação
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