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UCS
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO
A PRÁTICA DO TURISMO DE NATUREZA EM HOTÉIS DE SELVA
DO ESTADO DO AMAZONAS E SUA RELAÇÃO COM AS AÇÕES
ESTRATÉGICAS DA POLÍTICA NACIONAL DE ECOTURISMO
MARIA ADRIANA SENA BEZERRA TEIXEIRA
CAXIAS DO SUL
2006
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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO
MARIA ADRIANA SENA BEZERRA TEIXEIRA
A PRÁTICA DO TURISMO DE NATUREZA EM HOTÉIS DE SELVA DO ESTADO
DO AMAZONAS E SUA RELAÇÃO COM AS AÇÕES ESTRATÉGICAS DA
POLÍTICA NACIONAL DE ECOTURISMO
Dissertação apresentada ao curso de s-Graduação
em Turismo da Universidade de Caxias do Sul, como
requisito à obtenção dotulo de Mestre em Turismo.
ORIENTADORA: PROFA. DRA. ROSANE LANZER
CAXIAS DO SUL
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
TEIXEIRA, Maria Adriana Sena Bezerra
A Prática do Turismo de Natureza em Hotéis de Selva do
Estado do Amazonas e sua relação com as ações estratégicas da
política nacional de ecoturismo/ Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira
– Caxias do Sul, 2006.
Dissertação (Mestrado) Universidade de Caxias do Sul.
Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo.
1. Turismo de Natureza. I. Universidade de Caxias do Sul.
Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo.
DEDICATÓRIA
Ao meu pai (em memória), a minha mãe, aos
meus irmãos, sobrinhos, a minha filha Mauriane, ao
meu esposo Amaury pelo incentivo e compreensão,
aos amigos de Manaus, do mestrado, à escola
Sevigné, aos professores do mestrado e à
orientadora Rosane Lanzer. Todos foram
importantes para a realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares em especial o Amaury e
Mauriane que deixaram os seus deveres em Manaus para
poder vir me acompanhar durante a fase do mestrado;
Aos colegas e professores da instituição que
contribuíram com novos conhecimentos;
À Prof. Dra. Rosane Lanzer, pela sua dedicada
orientação, auxiliando no desenvolvimento deste trabalho;
Aos amigos de Manaus que me incentivaram a
fazer o Mestrado como tamm colaboraram na
construção do trabalho;
Aos amigos da escola Sevigné que nos
receberam muito bem;
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram
na execução deste trabalho;
A Deus, por tudo.
A consciência do mundo é a consciência de si como ser
inacabado necessariamente inscreve o ser consciente de
sua inconclusão num permanente movimento de busca.
(Paulo Freire)
RESUMO
Prática do turismo em áreas naturais vem se elevando nos últimos anos.
Esta atividade vem atraindo um número significativo de visitantes nas regiões
detentoras de recursos naturais que antes se deslocavam para localidades
litorâneas. A rego Amazônica é detentora de imponente floresta e de um grandioso
rio, por isso foi a primeira a construir estabelecimentos hoteleiros em áreas naturais.
Entretanto, nos últimos anos, novos complexos surgem na região e não se tem
conhecimento a respeito se estes hotéis adotam as Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994) que visa garantir às populações locais
melhores condições de vida e a manutenção dos recursos naturais. Não se sabe se
os estabelecimentos têm características de hotéis lodges ou ecolodges. Nesse
sentido o estudo visa a identificar o uso das ações estratégicas nos hotéis de selva
como suas características.
Palavras-Chaves: Políticas de Ecoturismo. Hotéis de Selva. Região
Amazônica.
ABSTRACT
The practice of the tourism in natural areas is rising in the last years. This
activity is attracting a significant number of visitors in regions with natural resources,
that before were dislocated to littoral localities. The Amazon region is the detainer of
an imponent forest and a huge river; that is the reason it was the first one to
construct hotel establishments in natural areas. However, in the last complex new
years they have appeared in the region, and there is no information if these hotels
adopt the Strategical Actions of the National Politics of Ecoturism (EMBRATUR,
1994), in order to guarantee to the local populations, better conditions of life and the
maintenance of the natural resources. It is not known if the establishments have
characteristics of hotel lodges or ecolodges. In this case, the research wants to
identify the use of the strategical actions in the forest hotels, as its characteristics too.
Key-words: Politics of Ecoturismo. Forest Hotels. Amazon Region.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização do Estado do Amazonas................................... 52
Figura 2: Empreendimento Aldeia dos Lagos, Município de Silves,
Amazonas..............................................................................
60
Figura 3: Placa de identificação do empreendimento Aldeia dos
Lagos, Silves, Amazonas...................................................... 61
Figura 4: Hotel de selva Ariaú, Município de Iranduba, Amazonas......
62
Figura 5: Chalé com piscina privativa do hotel Ariaú, Município de
Iranduba, Amazonas.............................................................
62
Figura 6: Unidades Habitacionais do hotel Ariaú, Município de
Iranduba, Amazonas.............................................................
63
Figura 7A: Atrativos (carros de golfe e piscina), Município de Iranduba,
Amazonas..............................................................................
63
Figura 7B: Atrativos (carros de golfe e piscina), Município de Iranduba,
Amazonas..............................................................................
63
Figura 8A: Atrativos (heliporto, pirâmide e bicicletas), Município de
Iranduba, Amazonas.............................................................
64
Figura 8B: Atrativos (heliporto, pirâmide e bicicletas), Município de
Iranduba, Amazonas.............................................................
64
Figura 8C: Atrativos (heliporto, pirâmide e bicicletas), Município de
Iranduba, Amazonas.............................................................
64
Figura 9: Empreendimento Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
65
Figura 10: Bangalôs e leitos do Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
65
Figura 11 Píer do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.... 66
Figura 12: Praia privativa do Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
67
Figura 13: Restaurante do Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
67
Figura 14: Piscina natural do Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
67
Figura 15: Aves regionais, Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas..............................................................................
68
Figura 16: Empreendimento Guanavenas, Município de Silves,
Amazonas..............................................................................
69
Figura 17: Chalés, complexo Guanavenas, Município de Silves,
Amazonas..............................................................................
70
10
Figura 18: Unidades Habitacionais do Complexo de Selva, Município
de Silves, Amazonas.............................................................
70
Figura 20: Piscina do Empreendimento Guanavenas, Município de
Silves, Amazonas..................................................................
70
Figura 20: Lago do Canaçari, frente à ilha de Silves, Município de
Silves, Amazonas..................................................................
71
Figura 21: Hotel Tiwa, Município de Iranduba, Amazonas..................... 72
Figura 22: Chalés do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas..............................................................................
72
Figura 23: Unidades Habitacionais do Empreendimento Tiwa,
Município de Iranduba, Amazonas........................................ 73
Figura 24: Anfiteatro do Empreendimento Tiwa, Município de
Iranduba, Amazonas............................................................. 73
Figura 25: Piscina do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas..............................................................................
74
Figura 26: Caminhadas nas trilhas do Empreendimento Tiwa,
Município de Iranduba, Amazonas........................................ 74
Figura 27: Animais silvestres, Empreendimento Tiwa, Município de
Iranduba, Amazonas............................................................. 75
Figura 28: Município de Silves................................................................
77
Figura 29: Comunidade de Ariaú............................................................
77
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico1: Distribuição dos entrevistados pelo gênero nas localidades
de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú........................
78
Gráfico 2: Distribuição dos entrevistados por idade nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú............................
78
Gráfico3: Distribuição dos entrevistados por tempo de residência nas
localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.....
79
Gráfico 4: Distribuição dos entrevistados por habitação nas
localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.....
79
Gráfico 5: Distribuição dos entrevistados por renda mensal por família
nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e
Ariaú...................................................................................... 80
Gráfico 6: Distribuição dos entrevistados por grau de escolaridade
nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e
Ariaú...................................................................................... 80
Gráfico 7: Distribuição dos entrevistados por vínculos empregatícios
nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e
Ariaú...................................................................................... 81
Gráfico 8: Distribuição dos entrevistados por origem da renda familiar
nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e
Ariaú...................................................................................... 81
Gráfico 9: Distribuição dos entrevistados por conhecimento a respeito
de Ecoturismo nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú.........................................................
82
Gráfico 10: Distribuição dos entrevistados por visitantes nas
localidades. nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã,
Caniço e Ariaú....................................................................... 82
Gráfico 11: Distribuição dos entrevistados quanto aos benefícios
gerados pelos empreendimentos de selva nas localidades
de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú........................
83
Gráfico 12: Distribuição dos entrevistados quanto à participação no
planejamento do hotel nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú........................................................ 83
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Quantidade de estabelecimentos urbanos e de selva no
Estado do Amazonas (2004)...................................................
45
Quadro 2: mero atribuído dos hotéis de selva da região Amazônica
escolhidos para o estudo.......................................................
51
Quadro 3: Características dos empreendimentos definidos como
Lodges e Ecolodges baseadas em Russel et al. ...................
53
Quadro 4: Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo ........
56
Quadro 5: Conceito atribuído às Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo..........................................................
56
Quadro 6: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 1, 2 e 4 da Potica
Nacional de Ecoturismo..........................................................
57
Quadro 7: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 7 e 8 da Política
Nacional de Ecoturismo..........................................................
58
Quadro 8: Classificação do envolvimento das comunidades com os
hotéis de selva, baseado na Ação Estratégica 9 da Política
Nacional de Ecoturismo..........................................................
59
Quadro 9: Classificação geral dos empreendimentos de natureza com
base nas Ações Estratégicas da Política Nacional de
Ecoturismo..............................................................................
59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Oferta de UHs e leitos nos estabelecimentos hoteleiros de
selva no Amazonas no ano de 2003.....................................
45
Tabela 2: Quantidade de hóspedes, taxa de ocupação das unidades
de hospedagens (UHS), leitos e permanência média nos
anos de 2001, 2002 e 2003...................................................
46
Tabela 3: Quantidade de hóspedes, taxa de ocupação das unidades
de hospedagens (UH’s), leitos e permanência média nos
anos de 2002, 2003 e 2004...................................................
47
Tabela 4: Perfil dos turistas nacionais para os complexos de selva.....
48
Tabela 5: Perfil dos turistas estrangeiros para os complexos de
selva......................................................................................
49
Tabela 6: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 1, 2, e 4 da
Política Nacional de Ecoturismo – Embratur (1994) que
foram avaliadas por meio da opinião dos gestores dos
cinco hotéis de selva pesquisados no estado do
Amazonas..............................................................................
84
Tabela 7: Conceito atribuído aos cinco empreendimentos de selva
quanto à Ação Estratégica 3 da Política Nacional de
Ecoturismo – Embratur (1994) que está baseada à
formação e capacitação de recursos humanos dos
empreendimentos..................................................................
86
Tabela 8: Conceito quanto às Ações Estratégicas 7 e 8 da Política
Nacional de Ecoturismo – Embratur (1994) que foram
avaliadas em cinco hotéis de selva do estado do
Amazonas..............................................................................
88
Tabela 9: Conceito quanto à Ação Estratégica 9 da Política Nacional
de Ecoturismo – Embratur (1994), nesta ação ressalta-se o
envolvimento das comunidades (Iranduba, Silves, Caniço,
Ariaú, Tarumã) com as atividades de cinco hotéis de selva
do estado do Amazonas........................................................
92
Tabela10: Classificação geral dos cinco hotéis de selva pesquisados
no estado do Amazonas, com base nas Ações Estratégicas
da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR,
1994).....................................................................................
94
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................15
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA..........................................................................16
1.2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................16
1.3 OBJETIVOS...................................................................................................18
1.3.1 Objetivo Geral...............................................................................................18
1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................18
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................19
2.1 O PAPEL DO ECOTURISMO E A SUA FUNÇÃO NOS MEIOS
DE HOSPEDAGEM........................................................................................19
2.1.1 Importância do planejamento nos empreendimentos ecoturísticos........28
2.2 RELEVÂNCIA DA COMUNIDADE NO DESENVOLVIMENTO DO
ECOTURISMO ...............................................................................................31
2.2.1 Estudo de caso bem sucedido de turismo de natureza com participação
da comunidade local...............................................................................................33
2.3 O MÉRITO DAS DIRETRIZES ECOTURÍSTICAS NO PROCESSO DA
SUSTENTABILIDADE ...................................................................................37
2.4 CARACTERÍSTICAS DOS HOTÉIS DE SELVA DA REGIÃO
AMAZÔNICA..................................................................................................40
2.4.1 Características dos hóspedes que visitam os hotéis de selva.................47
2.4.1.1 Características dos hóspedes brasileiros, segundo os estados
emissores para Manaus em 2004...........................................................47
2.4.1.2 Características dos hóspedes estrangeiros, segundo os países
emissores para Manaus em 2004...........................................................48
3 METODOLOGIA.............................................................................................50
3.1 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................50
3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA.............................................................................51
3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA .................................................................54
4 RESULTADOS...............................................................................................60
4.1 DESCRIÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS....................................................60
4.2 PERFIL DAS LOCALIDADES DO ARIAÚ, CANIÇO, IRANDUBA, SILVES E
TARUMÃ.........................................................................................................75
4.3 ANÁLISE DOS EMPREENDIMENTOS DE NATUREZA COM BASE NAS
AÇÕES ESTRATÉGICAS ECOTURÍSTICAS................................................84
4.4 CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS EMPREENDIMENTOS DE NATUREZA....94
4.5 DISCUSSÃO ..............................................................................................1000
CONCLUSÃO .........................................................................................................105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................109
ANEXO E APÊNDICE........................................................................................... 114
1 INTRODUÇÃO
Um dos segmentos turísticos que mais vem se expandindo nos últimos anos
é o ecoturismo. Esse aumento, segundo alguns especialistas em turismo, deve-se
ao crescente desejo das pessoas, em seus momentos de lazer, de procurar
desfrutar de locais com natureza exuberante e fugir da agitação e do estresse dos
grandes centros urbanos. Nas décadas de 70, 80 e 90 do século passado, era muito
comum à venda de pacotes de cidades litorâneas. A partir do século XXI, esse tipo
de turismo continua em evidência, porém o turismo de natureza vem ganhando
destaque, possibilitando ao ser humano um contato maior com o ambiente natural.
O Brasil é um país rico em atrativos naturais, exemplificado pelos litorais
extensos e por possuir uma das maiores riquezas naturais do planeta que é a
Floresta Amazônica. Os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de
368.982.221 ha, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia, Roraima e uma pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e
Mato Grosso. A Floresta Amazônica ocupa 40% da superfície da América do Sul,
representa 56% das florestas tropicais, sendo reconhecida como a maior floresta
tropical existente e o maior banco genético do planeta. Contém 1/5 da
disponibilidade mundial de água doce e um patrimônio mineral não mensurado
(VANDERLEI, 2004).
Diante destas premissas o Estado do Amazonas é referência para o turismo
ecológico e vem se destacando na atividade do turismo de natureza, sendo o
primeiro a criar empreendimentos hoteleiros em áreas naturais. A atividade turística
de natureza deve estar em harmonia com os recursos naturais e proporcionar uma
melhor qualidade de vida aos habitantes das comunidades, princípios que estão
inseridos nas Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo do Instituto
Brasileiro de Turismo – EMBRATUR (1994).
O estado do Amazonas considera o turismo uma das principais opções de
desenvolvimento, que esta atividade permite preservar o ecossistema amazônico
por meio da propagação da cultura e da preservação do patrimônio natural,
garantindo uma melhor qualidade de vida às pessoas envolvidas.
Perante a Secretária de Turismo do Amazonas (AMAZONASTUR, 2004) os
estabelecimentos de selva estão se propagando no Estado. Desta forma, é
16
importante avaliar e compreender a atividade turística praticada pelos complexos de
selva, para verificar se estes empreendimentos estão promovendo um turismo de
natureza compatível com o meio natural onde estão inseridos, ou seja, atendendo as
Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo que formam as diretrizes de
ecoturismo (EMBRATUR, 1994).
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo da
EMBRATUR (1994) são utilizadas na prática das atividades turísticas de
natureza em hotéis denominados de selva no estado do Amazonas?
1.2 JUSTIFICATIVA
O turismo de natureza no estado do Amazonas tem atraído um número
significativo de visitantes que desejam conhecer as belezas naturais da região,
motivo pelo qual houve um aumento do número de unidades habitacionais, segundo
a Secretaria de Turismo do Estado do Amazonas (AMAZONASTUR 2004). Mesmo
com todo este crescimento no setor turístico, este ainda não promoveu o
desenvolvimento econômico esperado nas comunidades próximas, isto porque,
segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA 2005), 98% do
volume arrecadado com o tributo são gerados em Manaus, e somente 2% no
interior.
Os estabelecimentos de selva estudados se localizam junto a áreas naturais,
sendo alguns localizados na copa das árvores e outros a margens de rios,
possuindo comunidades situadas próximo a estes complexos. É imprescindível que
estes empreendimentos tragam benefícios econômicos à natureza e à sociedade,
uma vez que pesquisadores da área de ecoturismo, como tamm as Ações
Estratégicas da Potica Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994), enfatizam que
a atividade ecoturística visa a promover um turismo sem interferências ao ambiente
17
natural, como também possibilitar um desenvolvimento econômico e social para as
populações vizinhas.
Segundo Vanderlei (2004), 60% da população do estado do Amazonas
reside na capital e os demais habitantes vivem em povoados, vilas e cidades, em
sua maioria, nas margens de rios e são conhecidos como “ribeirinhos”, os quais
vivem em condições difíceis, pois a economia destas localidades é gerada pelos
empregos originados pelas prefeituras, pela pesca, pelas pequenas plantações de
banana, melancia, jerimum, mandioca e pela infinidade de frutas silvestres.
Próximas de algumas localidades do estado do Amazonas existem alguns
estabelecimentos hoteleiros denominados de selva, portanto acredita-se que estes
complexos tenham promovido um desenvolvimento econômico e social nas
localidades próximas, que estes devem seguir os princípios da filosofia do
ecoturismo (NELSON; PEREIRA, 1994). O país criou as Ações Estratégicas da
Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994), portanto acredita-se que estas
Ações Ecoturísticas estejam sendo utilizadas como instrumento de apoio para
administrar os empreendimentos de selva no estado do Amazonas. Pois, as Ações
Ecoturísticas existem mais de doze anos, logo se conclui que estas tenham
alcançado os seus objetivos propostos comunidade, melhores condições de vida
e reais benefícios; ao meio ambiente, uma poderosa ferramenta que valoriza os
recursos naturais; a nação, uma fonte de riqueza, divisas e geração de empregos;
entre outros) principalmente em regiões turísticas detentoras de patrimônio natural.
Desta forma, o estudo visa verificar se as Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994) contribuíram para desenvolvimento
econômico, social e ambiental das localidades próximas dos estabelecimentos
denominados de Selva. Espera-se que a população que vive próxima aos
empreendimentos na selva tenha melhores condições de vida e os recursos
faunísticos e florísticos estejam bem conservados.
18
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a prática do turismo de natureza em complexos de selva no estado
do Amazonas com base nas Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo
(EMBRATUR, 1994).
1.3.2 Objetivos Específicos
Identificar com os gestores o apoio dos órgãos de turismo para o
desenvolvimento da atividade na região;
Verificar se aos funcionários e à população do entorno são oferecidos
cursos de capacitação na área ambiental;
Analisar se a construção dos empreendimentos é compatível com o meio
ambiente;
Avaliar se os guias promovem uma conscientização ambiental nos
visitantes;
Identificar o tipo de relação das comunidades próximas com os hotéis;
Classificar os empreendimentos de selva segundo o grau de
cumprimento das Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo
(EMBRATUR, 1994).
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O PAPEL DO ECOTURISMO E A SUA FUNÇÃO NOS MEIOS
DE HOSPEDAGEM
Existem inúmeros países com belíssimas riquezas naturais os quais
possuem grandes atrações, tanto para os habitantes dos países aos quais as áreas
pertencem como para turistas de todo o mundo. Desde meados dos anos 80 (LEITE,
2003) essas áreas têm atraído um mero significativo de pessoas que desejam
desfrutar desses ambientes naturais. Por essa razão, que surgiu o ecoturismo na
busca de promover um turismo sustentável que causasse menos interferências
naturais, sociais, culturais, entre outros.
Os anseios por um turismo “diferente” e “alternativo” sucedem por volta de
1970, onde a sensibilização crescente, diante das questões relacionadas com os
impactos socioeconômicos, culturais e ambientais, passa a ser debatida em eventos
(seminários e encontros internacionais), alguns países europeus estavam
descontentes com o turismo de massas que se desenvolveu durante as décadas de
1950 e 1960 que foram períodos de grande expansão desenvolvimentista e de
enorme incremento mundial nas viagens, principalmente com o fim da Segunda
Guerra Mundial. Após este acontecimento novos padrões socioeconômicos e
culturais se elevaram e o turismo desencadeou conseqüências negativas sobre a
estrutura social, econômica e natural das localidades receptivas (SAMYRA, 1999).
A difusão e o aumento das informações sobre problemas ambientais como
os da poluição e da contaminação do ambiente e o da destruição de ecossistemas
vitais originaram os movimentos ambientalistas, que se organizaram numa frente de
reação ao sistema econômico. Uma das primeiras reuniões para se debater a
respeito de meio ambiente ocorreu em Roma,
1
passando a ser chamado de Clube
de Roma, que teve como necessidade urgente buscar meios para a conservação
dos recursos naturais e controlar o crescimento da população, além de investir em
1
Em 1968 foi realizada em Roma uma reunião de cientistas dos países desenvolvidos para discutir o
consumo, as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população mundial
até meados do século XX.
20
uma mudança radical na mentalidade de consumo e procriação. Um dos méritos dos
debates do Clube de Roma foi colocar o problema ambiental em nível planetário, e,
como conseqüência, a Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em
Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano
(NELSON; PEREIRA, 2004).
O grande tema em discussão na conferência de Estocolmo foi a poluição
ocasionada principalmente pelas indústrias. O Brasil não tinha a concepção de uma
mudança no turismo, pois viviam, na época, de "milagres econômicos", defendiam a
idéia de que "a poluição é o que se paga pelo progresso", tendo em vista que este
havia possibilitado a instalação de indústrias multinacionais poluidoras, impedidas ou
com dificuldades de continuarem operando nas mesmas condições que operavam
em seus respectivos países (NELSON; PEREIRA, 2004).
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura) é o organismo da ONU responsável pela divulgação e realização dessa
nova perspectiva educativa, que realiza seminários regionais em todos os
continentes, procurando estabelecer os seus fundamentos filosóficos e pedagógicos.
A partir dcomeça a organizar-se em entidades o-governamentais que, como
tais, passam a atuar basicamente em frentes de ações ideológicas e políticas,
denunciando e promovendo a conscientização da opinião pública em relação aos
problemas ambientais que a afetam; outra, mais pragmática e operativa, numa frente
de ações tangíveis, como a viabilização de financiamentos para a elaboração e
implementação de projetos para a proteção da natureza, especialmente nas reges
subdesenvolvidas do mundo (SAMYRA, 1999).
Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, foi realizada a reunião de
especialista em educação, biologia, geografia e história, entre outros, em que se
definiram os objetivos da educação ambiental, publicados no que se convencionou
chamar "A Carta de Belgrado".
Em Tibilissi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, realizou-se o primeiro
Congresso Mundial de Educação Ambiental, onde foram apresentados os primeiros
trabalhos que estavam sendo desenvolvidos em rios países. Dez anos depois,
ocorreu em Moscou o segundo Congresso de Educação Ambiental. Nessa época, a
então União Soviética vivia o início da Perestroika e da glasnost, temas como
desarmamento, acordos de paz entre URSS e os EUA, democracia e liberdade de
opinião permeavam as discussões (SAMYRA, 1999).
21
A Conferência da OMT (Organização Mundial do Turismo) de 1980, em
Manila, parece ter refletido para dentro do turismo esse momento de mudança na
mentalidade em relação à sociedade e ao modelo de crescimento, passando a
considerar que o turismo só deveria existir se seu principal objetivo fosse melhorar a
qualidade de vida das populações (NELSON; PEREIRA, 2004).
Nesse mesmo período, a primeira ministra norueguesa, Gro-Brundtland,
patrocina reuniões em rias cidades do mundo, inclusive São Paulo, para se
discutir os problemas ambientais e as soluções encontradas após a conferência de
Estocolmo (SAMYRA, 1999).
As conclusões foram publicadas em várias línguas. O livro O nosso futuro
comum, também conhecido como relatório Brudtland, forneceu os subsídios
temáticos para a ECO-92 que foi uma Conferência das Nações Unidas sobre meio
ambiente e desenvolvimento, realizado em 1992, no Rio de Janeiro. Esta
Conferência teve como finalidade reorientar todo o processo de desenvolvimento
sob a ótica da sustentabilidade, constituindo-se num plano de ação de médio e longo
prazo (DIAS, 2003).
Na ECO-92, os países participantes assumiram o compromisso de
elaborarem suas Agendas 21 no âmbito nacional. A agenda 21 é o documento mais
significativo assinado pelos chefes de Estado de 179 países. O capítulo 28 dessa
Agenda esclarece que muitos dos problemas e soluções ambientais tratados na
agenda 21 têm suas raízes nas atividades locais com participação e cooperação das
autoridades locais. Agenda 21 Agenda de ação para atingir o desenvolvimento
sustentável, em 1997, uma nova reunião no Rio de Janeiro, a Rio + 5, envolvendo os
protagonistas da Rio 92, discutiu e analisou os encaminhamentos indicados por essa
conferência, revelando o que foi e o que não foi realizado na Agenda 21. Em 2002,
ocorreu a conferência de Johannhesburgo, na África do Sul, também conhecida
como Rio +10, onde ocorreu um reordenamento da Agenda 21 (PIRES, 2002).
Esses eventos ambientalistas ajudaram a propagar vários tipos de turismo
com menos impactos naturais e culturais. A partir daí, surgiram várias determinações
para este tipo de turismo como: turismo alternativo, turismo participativo, turismo
ambiental, turismo sustentável, ecológico e ecoturismo. Para Serrano (1999) todas
estas determinações visam a desenvolver uma atividade sem grandes interferências
à natureza, ou seja, uma prática sustentável, seus princípios básicos podem ser
assim resumidos:
22
uso sustentável dos recursos;
redução do consumo supérfluo e do desperdício;
manutenção da biodiversidade;
introdução do turismo no planejamento (global e local);
suporte às economias locais;
envolvimento das comunidades locais;
consulta ao público e às instituições e não governamentais
capacitação de mão-de-obra; marketing turístico responsável.
A ECO-92, no Rio de Janeiro, sem dúvida, foi um dos eventos ambientalistas
mais repercutido no mundo, o qual propiciou uma releitura ambientalista do conceito
da atividade até então difundida como turismo ecológico, cujo conteúdo era
basicamente inspirado na imagem poética da contemplação das belezas naturais. A
partir daí surge então o ecoturismo, com o qual passou a exprimir claramente toda
uma ética conservacionista, que passa ser chamada de desenvolvimento
sustentável” das regiões ecologicamente privilegiadas e economicamente
desenvolvidas (DIAS, 2003).
Segundo Pires (2002, p. 139), o ecoturismo surge:
como uma “rotulação” ampla e indiscriminadamente utilizada para
representar um conjunto variado e não bem definido de atividades e atitudes
no campo das viagens turísticas, que se posicionam na interface turismo-
ambiente, este último compreendendo ambientes naturais pouco alterados e
culturas autóctones presentes em seu entorno.
Na avaliação de Neiman e Mendonça (2000), o ecoturismo surgiu como um
meio de alcançar o desenvolvimento sustentável das regiões que ainda hoje
apresentam importantes conjuntos naturais de grande valor ecológico e paisagístico
e como estratégia de conservação de culturas tradicionais. Já para Vale (2003),
ecoturismo não contém um fim em si, não existe para desenvolver-se a si mesmo,
mas sim para possibilitar a inserção destas regiões detentoras de potenciais naturais
que, comumente, foram afastadas do desenvolvimento regional.
23
Entende-se que o ecoturismo surge para preservar os recursos naturais e
culturais das regiões detentoras de grande biodiversidade. Isto porque esta prática
de turismo se elevou no Brasil e, por esta razão, se percebeu a necessidade de
preservar os recursos naturais (ABREU, 2001). para Bruhns (2005) o ecoturismo
surge:
como necessidade imperiosa para a salvação da própria humanidade, numa
tentativa de “salvar as sobrasdo mundo selvagem devastado, em certos
casos, de forma irreversível. Veio também beneficiar especialmente as
populações urbanas (para as quais o mito é mais persistente em razão da
perda de contato com o meio rural).
Perante Vale (2003) a prática do ecoturismo é uma tendência mundial em
crescimento e responde a várias demandas que vai desde a prática do esporte
radical ao estudo científico dos ecossistemas. Portanto esta atividade deve visar aos
seguintes aspectos:
promover e desenvolver turismo com bases cultural e ecologicamente
sustentáveis;
promover e incentivar investimentos em conservação dos recursos
culturais e naturais utilizados;
fazer com que a conservação beneficie materialmente as comunidades
envolvidas, pois somente servindo de fonte de renda alternativa, estas se
tornarão aliadas de ações conservacionistas;
ser operado de acordo com critérios de mínimo impacto para ser uma
ferramenta de proteção e conservação ambiental e cultural;
educar e motivar pessoas, por meio de participação, em atividades que
possa perceber a importância de área natural e culturalmente
conservada.
Conforme a Embratur (1994), em agosto de 1994, o governo, por meio do
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da Indústria e Comércio e
Turismo (MICT) criaram um grupo de trabalho interministerial formado por técnicos
da EMBRATUR e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA e por ONGs e
empresas de consultoria que vinham atuando no setor. Eles passaram a definir
diretrizes para orientar a política nacional do ecoturismo. A metodologia de trabalho
24
envolveu ainda outras reuniões com a participação de representantes do Sebrae, da
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), da Unesco, da
Associação Brasileira de Ecoturismo e do Senac Nacional. Após um processo
subseqüente de aperfeiçoamento, o resultado final do trabalho foi publicado no início
de 1995 sob o título de Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, onde
foram traçadas nove ações estratégicas.
Segundo a EMBRATUR (1994), existiam vários motivos para a criação das
diretrizes: uma das quais é incentivar os turistas nacionais e estrangeiros a usufruir
do ecossistema, sem que o prejudiquem, e possibilitar o desenvolvimento
sustentável das regiões detentoras do patrimônio ambiental, outra razão para
implementação das diretrizes é que o turismo de natureza vem a ser dos segmentos
mais procurados nos últimos anos. Em vista disso, Ferretti (2002, p. 110) salienta
que alguns empreendimentos realizam essa atividade de forma desordenada,
impulsionada quase que, exclusivamente, pela oportunidade mercadológica,
deixando, a rigor, de gerar os benefícios socioeconômicos e ambientais esperados e
comprometendo, não raro, o conceito e a imagem do produto ecoturístico brasileiro
nos mercados interno e externo.
Fazer a regulamentação desta atividade é importante, pois assim o Brasil
poderá competir com alguns países que se destacam nesta atividade (Costa Rica,
África, Peru, Austrália, Estados Unidos). A EMBRATUR (1994) afirma que o
ecoturismo é uma atividade vantajosa, pois se tem como referência o sistema de
parques nacionais dos Estados Unidos, considerado como a maior rede de atração
turística natural do mundo, em que recebeu mais de 270 milhões de visitantes em
1989, enquanto os parques estaduais atraíram mais de 500 milhões.
Um exemplo bem sucedido de ecoturismo é na Costa Rica, que propagou
esta atividade em 1992 e, atualmente, recebe um mero significativo de turista
maior que o Brasil que possui superfície de 8.511.596,3 km
²
(SOARES, 2006). Este
crescimento não se deve às belezas naturais que este país possui. A população
local merece destaque por se preocupar com a conservação das riquezas naturais,
já que sabem que dependem desta para sobreviver, e um dos exemplos destacados
por Falzoni (2005) é a preservação dos 20 parques nacionais, 9 refúgios silvestres,
13 reservas biológicas e 11 reservas florestais criados nos finais da década de 80,
quando o governo se voltou para a preservação da grande biodiversidade costa-
riquense.
25
Ferreti (2002, p. 104) salienta que o turismo de natureza é essencial à
economia de muitas ilhas tropicais do Caribe, Pacífico e Índico. Segundo este
mesmo autor, essa atividade deu a Ruanda e a Belize um lugar de destaque no
mapa, a Costa Rica se sobressai por originar um turismo com menos impactos e
obter 336 milhões de renda com esta atividade.
Gouvêa (2005) destaca que o sucesso do ecoturismo na Costa Rica deve-se
à existência de uma política de ecoturismo consistente e de longo prazo associada a
uma boa infra-estrutura e mão-de-obra qualificada que fazem desse país uma
referência para a indústria do ecoturismo no hemisfério. Este país mostrou que uma
parceria estratégica com o setor privado e universidades locais amplificam os
esforços governamentais. Gouvêa (2005) afirma que a criação de sinergias com o
setor educacional, o setor privado e o governo tem sido uma parceria estratégica
para o setor em rios países, sendo tripé da estratégia-chave para o crescimento
sustentável da indústria turística.
Tanto a Costa Rica como o México, que recebem mais de 20 milhões de
turistas ao ano, leva esta atividade com desvelo, por isso, adota políticas rias e
consistentes a respeito do turismo. Gouvêa (2005) enfatiza que este é um dos
motivos de estarem colhendo os frutos dessas políticas de longo prazo.
Endres (1998, p. 38) enfatiza que é preciso políticas sólidas, pelo fato de o
ecoturismo ser uma atividade econômica que utiliza a natureza como matéria-prima
e dela dependem para o sucesso contínuo da atividade.
Nelson e Pereira (2004) afirmam que faltas de políticas eficientes podem
causarrios estragos num ambiente natural que é desenvolvido o ecoturismo,
todavia a fragilidade dos ecossistemas naturais, muitas vezes, o comporta um
número elevado de visitantes e, menos ainda, suporta o tráfego excessivo de
veículos pesados. A infra-estrutura necesria, se não atendidas as normas
preestabelecidas, pode comprometer de maneira acentuada o meio ambiente, com
alterações na paisagem, na topografia, no sistema hídrico e na conservação dos
recursos naturais florísticos e faunísticos (EMBRATUR 1994). Para incitar estas
afirmações (WEARING; NEIL, 2001, p. 39) enfatiza que:
a política governamental, por ser capaz de fazer cumprir as
regulamentações ambientais, define os padrões gerais da indústria e,
portanto, pode ajudar a reduzir ao mínimo os impactos negativos e,
conseqüentemente, detém um papel importante a desempenhar na
promoção das práticas sustenveis do ecoturismo. A importância da
26
política e do planejamento governamental no ajuste do ecoturismo
sustentável reside em sua capacidade de administrar eficazmente diretrizes
e padrões consistentes, levando em consideração suas possíveis
conseqüências.
Wearing e Neil (2001) citam que, entre as principais ferramentas adotadas
pela política governamental para o saneamento dos problemas ambientais relativos
ao turismo, encontram-se: legislação, regulamentação (incluindo arrecadação e
redistribuição de renda), controle, infra-estrutura, incentivos e planejamento e
promoção entre os âmbitos local e nacional de empreendimentos de ecoturismo.
Wearing e Neil (2001) mencionam o caso da política governamental
australiana que tem a sobrevivência do ecoturismo fundamentado na
regulamentação da proteção ambiental. Essa estratégia sublinha a importância do
papel do governo em estabelecer as necessárias diretrizes pela qual o ecoturismo
pode ser desenvolvido de acordo com os princípios da sustentabilidade. Pela
elaboração de uma ampla estrutura que promova o ecoturismo sustentável, o
governo federal possivelmente tem uma grande parcela de influência na
determinação da direção futura desse tipo de turismo e, portanto, na sua
sustentabilidade. Contudo, desde a mudança de governo na Austrália após a eleição
nacional de 1996, a estratégia nacional de ecoturismo não foi promovida ou
reconhecida como válida pelo governo eleito. Nesse caso, o apoio do governo
federal para a implantação dessa estratégia diminuiu, deixando o impulso de
quaisquer outras ações para o setor de turismo e os governos estaduais. Alguns
estados australianos acabaram desenvolvendo suas próprias estratégias
ecoturísticas ou de turismo baseado na natureza.
Conclui-se que, para evitar interferências desastrosas na área do
ecoturismo, é fundamental que governo não fomente leis. É necessário que ele
cumpra e fiscalize como determina a ação número 4 das Ações Estratégicas da
Política Nacional de Ecoturismo do Brasil EMBRATUR (1994).
É também dever do setor privado, por meio da atuação do empresariado, ser
parte preponderante na consolidação do ecoturismo como instrumento de
crescimento econômico, cabendo promover as medidas indispensáveis à qualidade
dos serviços a serem prestados, além de, em resposta aos esforços do Governo,
contribuir na melhoria da infra-estrutura e na capacitação de recursos humanos.
(EMBRATUR, 1994, p. 33).
27
Ferretti (2002, p. 67) enfatiza que:
O ecoturismo, considerado componente essencial do desenvolvimento
sustentável, necessita de abordagem sistêmica multidisciplinar,
planejamento cuidadoso (tanto físico como gerencial), com diretrizes e
regulamentos gidos, que garantam um funcionamento estável. Somente
por meio de um sistema intersetorial, o ecoturismo poderá, de fato, alcançar
seus objetivos. Os governos, as empresas privadas têm um importante
papel a desempenhar.
Fennell (2002) enfatiza que os estabelecimentos que se mantiverem
ecoturísticos devem adotar as diretrizes, por conseguinte conseguirão perdurar essa
atividade por longos anos.
Fennell (2002) salienta que a Sociedade de Ecoturismo destaca que quando
os estabelecimentos adotam o regimento do ecoturismo, eles podem promover uma
experiência educacional e participatória para os visitantes e, ao mesmo tempo,
conseguem manter os recursos naturais equilibrados.
Para Lindberg e Hawkins (2002, p. 28), as instalações físicas adequadas nas
áreas naturais e, em suas proximidades, são fundamentais para o desenvolvimento
eficaz do ecoturismo.
Lindberg e Hawkins (2002, p. 28) destacam que os empreendimentos em
áreas naturais devem ser bem planejados, pois são necessários que estes sejam
acolhedores, pedagogicamente apropriados e fáceis de operar e manter, sempre de
acordo com as realidades socioeconômicas no qual estão inseridos. Uma vez que
muitas áreas protegidas se situam em lugares de difícil acesso e distantes dos
serviços tradicionais, é prudente empregar o que se conhece informalmente como
“ecotécnicas” – tais como energia solar (para aquecimento da água da chuva,
reciclagem do lixo e ventilação natural e procurar utilizar as técnicas e matérias de
construção nativas).
Lindberg e Hawkins
(2002. p. 218) destaca:
proporcionar um alojamento confortável, com baixo impacto ecológico, é a
chave para o sucesso de instalações ecoturísticas, porém estas deveriam
também servir como janelas para o mundo natural e como meio para
conhecer e compreender a natureza. Cabe aos empreendedores do
ecoturismo serem cuidadosos ao projetar e construir as instalações, pois
essa é sua oportunidade de demonstrar verdadeiro interesse pelo meio
ambiente e de oferecer um exemplo para os turistas.
28
Não se deve esquecer que ecoturismo surgiu como um desejo de usufruir a
paisagem, seguido pela preocupação e conscientização com o meio ambiente, e
visa à responsabilidade com a sustentabilidade, a educação do visitante por meio da
interpretação da natureza e os benefícios às comunidades locais (VIOLI, 2005). Este
mesmo autor enfatiza que, para prevenir a área protegida de impactos ambientais, é
necessário que se elabore um planejamento para o local como objetivo de alcançar
um desenvolvimento sustentável para o patrimônio natural.
Segundo Sylvia (2003), o ecoturismo caracteriza-se por desenvolver suas
atividades de maneira sustentável e desta forma a concepção dos seus
equipamentos deve ter coerência com os propósitos econômicos e culturais.
Nelson e Pereira (2004, p. 324) ressaltam que os empreendimentos devem
ser desenvolvidos num novo ramo de arquitetura, denominados de arquitetura
sustentável ou ambiental, a diferença entre arquitetura sustentável e a tradicional
está no fato de que a sustentável cria projetos que não alteram o meio natural, mas
ao contrário, mantêm os ecossistemas existentes no local, procurando se adaptar a
eles.
Conforme Lindberg e Hawkins, (2002, p. 36) as diretrizes o excelentes
instrumentos de apoio para os empreendedores de ecoturismo, pois desta maneira
eles manterão seus ambientes estáveis como tamm é uma forma positiva e eficaz
de incentivar as pessoas a se conscientizarem de seu próprio comportamento e
incentivá-las a contribuírem para a conservação e para o desenvolvimento
sustentável do turismo no mundo inteiro. Este autor salienta a importância do
planejamento na edificação de empreendimentos ecoturísticos, que este facilita
uma melhor adequação do empreendimento com o ambiente natural, ou seja,
minimizar as interferências ambientais.
2.1.1 Importância do planejamento nos empreendimentos ecoturísticos
Perante o Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável – CBTS (2006) a
atividade ecoturística é um dos segmentos que mais cresce no setor turístico. Os
amantes da natureza como também os simpatizantes estão visitando com mais
freqüência estabelecimentos ecoturísticos, novos roteiros estão se expandindo.
29
Em vista deste crescimento, é necessário que os empreendimentos estejam
preparados, pois se não ocorrerá uma saturação rápida do empreendimento, já que
os recursos naturais estarão deteriorados. Lindberg e Hawkins, (2002, p. 34)
enfatizam que o “planejamento ajuda a encontrar pontos comuns entre o ecoturismo,
à conservação e ao desenvolvimento e ainda ajuda achar forma de minimizar custos
e maximizar benefícios”.
Wearing e Neil (2001, p. 38) atribuem que o planejamento eficaz aumenta a
possibilidade do desenvolvimento sustentável do ecoturismo: a proteção e a
manutenção da qualidade ambiental o fundamentais para os objetivos da
conservação ambiental e da sustentabilidade dos recursos. Segundo Dowling (1991,
p. 128), para alcançar esses objetivos, é necessário planejamento que se baseia na
proteção e na melhoria do ambiente, mas que tamm promova a concretização do
potencial turístico”.
Entende-se que o planejamento visa a equilibrar as demandas do
desenvolvimento com as ofertas do meio ambiente, procurando administrar
possíveis benefícios atuais e futuros, através da reestruturação e/ou a revitalização
econômica do local.
O planejamento é uma premissa essencial nas áreas ecoturisticas, pois
ajuda aumentar a diversidade de experiências aos visitantes e, além de tudo, auxilia
a balancear corretamente a questão do gênero no receptivo turístico sem
preconceitos e sem limites preestabelecidos. (DALE, 2005)
A Organização Mundial de Turismo-OMT (1995) salienta que o turismo
sustentável será viável nos lugares onde haja uma conservação dos recursos
naturais, para isto é necessário um planejamento.
Bregolin (2005, p. 52) destaca que o planejamento é fundamental na
implantação de destinos turísticos o qual deve incorporar os princípios da
sustentabilidade para evitar que os recursos turísticos locais sejam usados em
benefícios mercadológicos, impossibilitando assim que a comunidade anfitriã colha
os frutos” da atividade em longo prazo.
Bregolin (2005) menciona que os esforços em prol de um turismo mais
sustentável conduzem, obrigatoriamente, ao planejamento dos destinos turísticos
com base na compreensão do sistema turístico e na criação de superestruturas que
permitam um adequado desenvolvimento do setor.
30
Ferretti (2002, p. 118) enfatiza que, se as áreas onde estão os
estabelecimentos hoteleiros não tiverem um controle intenso e um bom
planejamento, poderá haver sérias conseqüências. Um desses danos está
relacionado às espécies de animais que poderão ter seus hábitos modificados, em
função da presença constante de seres humanos.
Alguns trabalhos apresentados no Simpósio Internacional sobre Ecoturismo
e Desenvolvimento Sustentável dos Países da Bacia Amazônica ECOTUR
Amazônia (2001) salientaram que o ecoturismo provoca expectativas e ao mesmo
tempo risco, quando não planejamento. Esses perigos podem ser piores, pois as
pessoas chegam eufóricas em lugar recentemente descoberto e conhecido pelas
suas riquezas naturais e, depois de um tempo, abandonam-no e deterioram-no.
O principal desafio do ecoturismo é acertar o equilíbrio entre a conservação
e o turismo. que este é considerado componente essencial do desenvolvimento
sustentável e que precisa de abordagem sistêmica multidisciplinar e planejamento
cuidadoso (tanto físico como gerencial), com diretrizes e regulamentos rígidos,
podem garantir um funcionamento estável. Para isto necessitam do apoio das
instituições blicas e privadas que tem papéis importantes para fomentação do
ecoturismo (LINDBERG; HAWKINS, 2002, p. 26).
Caso não haja um estudo minucioso da atividade ecoturística, poderá haver,
segundo Ruschmann (1993), impactos negativos nos ambientes naturais e
socioculturais, tais como:
a) acúmulo de lixo nas margens dos caminhos e das trilhas, nas praias,
montanhas, rios e lagos;
b) uso de sabonetes e de detergentes pelos turistas que contaminam as
águas dos rios e lagos, comprometendo sua pureza e a vida dos peixes
e da vegetação aquática;
c) contaminação das fontes e mananciais de água doce e do mar, perto dos
alojamentos, provocada pelo lançamento de esgoto e lixo in natura nos
rios e no oceano;
d) poluição sonora e ambiental provocadas pelos motores dos barcos e
pelos geradores, que provêm energia elétrica para os lodges;
e) coleta e quebra dos corais no mar e das estalactites estagmites das
grutas e cavernas para serem utilizados como souvenires;
f) alteração da temperatura das cavernas e grutas e o aparecimento de
fungos nas rochas, causados pelos sistemas de iluminação;
g) pintura e rasura nas rochas ao ar livre e dentro das cavernas e grutas,
onde os turistas querem registrar a sua passagem;
h) coleta e destruição da vegetação nas margens das trilhas e nos
caminhos da floresta;
i) erosão de encostas devido ao mau traçado e falta de drenagem das
trilhas;
j) alargamento e pisoteio da vegetação das trilhas e caminhos;
31
k) desmatamento para a construção dos lodges e de equipamentos de
apoio.
Em vista dessas possíveis interferências um planejamento turístico é de
suma importância, porém o planejamento não envolve o processo de construção
do estabelecimento hoteleiro e nem só cuidados com os meios naturais. Outra
cautela importante, ao se fazer um planejamento ecoturístico, é ter o apoio da
comunidade local, pois a população local interagindo com o desenvolvimento
turístico de natureza se sentirá mais responsável pelos meios naturais
2
(MOLINA,
2005, informação informal).
2.2 RELEVÂNCIA DA COMUNIDADE NO DESENVOLVIMENTO DO
ECOTURISMO
A participação da comunidade é de grande valor, pois, segundo a
EMBRATUR (1994), inserir a comunidade no planejamento é essencial, visto que
eles são muito mais do que meros beneficiários desta atividade são, na verdade,
atores importantíssimos no processo, portanto elementos que devem ser integrados
ao desenvolvimento do ecoturismo desde seu estágio mais preliminar de
planejamento até sua implementação e operação.
Reimberg (2005) relata que, quando um bom relacionamento entre
empreendedores turístico e a comunidade, quem se beneficia são os visitantes, pois
estes passam a manter um bom relacionamento com a comunidade, a qual está
sensibilizada com a atividade ecoturística, criando, assim, um ambiente agradável.
Endres (1998, p. 48) destaca que:
a participação da comunidade é de suma importância na medida em que se
pode possibilitar um planejamento de dentro para fora, ou seja, desenvolver
práticas que não agridam seus modos de vida, mas adequá-las a uma nova
realidade, de forma satisfatória, com vistas a manter e proporcionar o seu
bem-estar.
2
Informação obtida através da Palestra a respeito de Turismo e Ecologia, ministrada por Sérgio
Molina no III Seminário de Pesquisa em Turismo no Mercosul.
32
Segundo Cavalcante (2001) os complexos de selva devem trabalhar em
harmonia com a comunidade local. Isto é uma opção interessante não para o
turista, que quer saber como vivem as pessoas da localidade, mas também para a
comunidade local que pode produzir artesanatos e cultivar parte dos neros
alimentícios do hotel (peixe, frango, ovos, farinha de mandioca, frutas, legumes,
tempero, raízes, verduras) onde o hotel de selva deve dar a preferência por ocasião
da compra.
Fennell (2002, p. 203) considera salutar a participação da comunidade, já
que a população local é a primeira a reconhecer os benefícios de conservar sua
base de recursos naturais – muito mais do que os grandes empreendedores que não
vivem na área. Além de tudo, os projetos de turismo voltados à natureza estão
sendo considerados um meio de incentivar as pessoas a administrar as áreas
naturais e a vida selvagem de forma sustentável, uma vez que os benefícios
econômicos distribuídos às comunidades dependem de uma gestão bem orientada.
Lindberg e Hawkins (2002, p. 231) salientam que o envolvimento da
comunidade no projeto poderá ser um poderoso instrumento para a conservação,
através da geração de benefícios à população local.
Quando se trabalha com turismo ecológico, entende-se que é uma prática de
turismo que concentra a maior parte de suas atividades na natureza. Vale (2003)
declara que esta forma de exploração turística apresenta amplas possibilidades de
contribuir para a economia das comunidades, onde estes meios de hospedagem são
instalados, podendo, além de maximizar a difusão do desenvolvimento sustentável,
contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade de vida da população local.
Dale (2005) declara:
que a inclusão da comunidade local na atividade ecoturística traz benefício
não só para quem visita, mas também para o visitado. Isto porque o
ecoturismo permite trazer ao ecoturista uma ampla visão daqueles objetos,
territórios, ambientes e povos visitados. para os visitados um
enriquecimento através da visão do mundo.
Dale (2005) assegura que este tipo de tempero é essencial para garantir, na
prática da visita, aspectos conceituais fundamentais do ecoturismo, pois, se houver
um modelo conservacionista que despreze a presença humana e a cultura como
elementos fundamentais para a preservação, haverá distorções e desequilíbrios que
33
podem ser notados pelos visitantes durante atividades de entretenimento como, por
exemplo, uma caminhada na mata (BRUHNS, 2005).
Um estudo de caso citado por Lindberg e Hawkins (2002, p. 232) que
relatam à participação da comunidade no processo do turismo em Belize nos anos
80 e 90, onde a chegada de turistas aumentou cerca de 55%. Por essa razão, o
governo de Belize estabeleceu uma política de turismo séria, no qual tinha vários
objetivos importantes que valorizam a vida selvagem, a conservação florestal e a
estabilidade econômica da comunidade que pode se beneficiar por meio da
utilização de guias locais, do fomento ao artesanato e do turismo de pousadas. Este
mesmo autor enfatiza que é possível, em alguns lugares turísticos de Belize, ter
unidades habitacionais em residências locais, podendo os turistas fazer as refeições
nessas residências como tamm utilizarem guias locais em barcos ou a cavalo.
Relatos como estes tornam a atividade turística bem significativa, não
para o visitante que almeja desfrutar dos recursos naturais, mas também para
população a qual desfruta de uma melhor qualidade de vida (econômica e social).
Wearing e Neil (2001, p. 119) ressaltam:
as características do ambiente natural e cultural e das comunidades
hospedeiras apoiantes são os alicerces de uma indústria bem-sucedida. A
negligência em relação às questões de conservação e qualidade de vida
ameaça a própria base das populações locais e a indústria turística vvel e
sustentável.
Wearing e Neil (2001, p. 129) acentuam que a população local possui não só
o “conhecimento prático e ancestral das características naturais” da região, mas
tamm estímulo para se dedicar ao ecoturismo em funções como a de guarda-
florestal, que sua subsistência depende em grande parte da preservação
sustentada das qualidades naturais do meio ambiente”.
2.2.1 Estudo de caso bem sucedido de turismo de natureza com a
participação da comunidade local.
Pousada da Floresta Tropical de Sakau, Malásia.
34
Os estudos de caso são estudos feitos por Wearing e Neil (2001) que
relatam que a Pousada da Floresta Tropical de Sakau (SRL, Sakau Rainforest
Lodge) foi criada com a intenção de misturar o meio sociocultural e físico da região,
criando uma fonte alternativa de emprego para as populações locais, especialmente
aquelas afetadas pela indústria de exploração da madeira. A pousada localiza-se a
uma distância de 130 km de Sandakan (região nordeste da Malásia). ainda uma
viagem de barco através do rio Kinabatangan até Sakau, com 15 minutos de
duração. Uma área de 2,8 ha foi adquirida em uma remota localidade às margens
desse rio, mas, para minimizar os danos à vegetação natural, a área construída
limitou-se a 3.000 m
2
.
A administração contratou pessoal da região para as funções de barqueiro,
jardineiro, ajudante geral e auxiliar de cozinha. Todos os barcos usados para
transportar os passageiros são construídos pelos pescadores locais. O material
necessário para o cais e para a mobília foi adquirido dos comerciantes próximos. No
caso de a pousada funcionar com capacidade máxima, barcos locais são alugados
para transporte de passageiros.
A projeção de slides para os funcionários foi o primeiro instrumento usado
para melhorar a capacidade interpretativa da população local, transmitir as políticas
conservacionistas da empresa e do governo, além das necessidades dos turistas,
naturalmente.
A pousada situa-se a 30 metros do rio, separando-se dele por uma proteção
de árvores, para impedir a erosão do solo e minimizar os efeitos do barulho nas
áreas próximas. A SRL foi construída sobre estacas, 1,5 metros acima do solo, o
forro do teto de 3 metros para facilitar a circulação e a refrigeração do ar. Para
maximizar os benefícios do local, a iluminação solar e um gerador adicional são
usados sempre que possível. A água da chuva e do rio é coletada para os banhos
de chuveiros, toaletes de uso doméstico, sem que haja estes despejos no rio.
Para minimizar os efeitos das excursões promovidas pelas pousadas ao
longo do rio, todos os barcos são pintados de verde e equipados com motor de
pequena potência (15 HP). Quando a excursão estaciona para observação da vida
selvagem, obm-se energia com uma bateria solar conectada a um motor elétrico.
Em 1996, a administração da SRL reservou 1.000 quartos/noite para obrigar
voluntários cuja missão era remover ervas daninhas no lago Kelananp, próximo dali,
já que animais selvagens, pássaros e peixes estavam sendo afetados pela praga.
35
Trabalhando em cooperação com a Universidade da Malásia e estudantes
estrangeiros, o problema das ervas daninhas foi resolvido.
Finalmente, a SRL começou a levantar fundos de operadoras turísticas
estrangeiras e o dinheiro é destinado a uma ONG local, a Associação de Proteção
Ambiental Sabah, e usado para pesquisa. Em breve, uma área próxima da foz do rio
Kinbatangan será oficialmente considerada santuário da vida selvagem. A
administração está usando essa pousada com características sustentáveis como
catalisador e incentivo para a preservação do meio natural e cultural, estimulando o
fim da atividade de desmatamento e do suborno dos funcionários governamentais
encarregados da proteção, em favor da prática do ecoturismo sustentável, em que
os moradores locais recebem benefícios a longo prazo.
Reserva Santa Elena - Costa Rica
A Costa Rica localiza-se em área de 52.000 km² na América Central, sendo
limitada, ao norte, pela Nicarágua, ao sul, pelo Oceano Pacífico. É um país
extremamente diversificado na paisagem, flora e fauna, devido, em grande parte, à
sua geografia, que constitui uma ponte entre dois continentes, comportando a
transição de espécies entre a América do Norte e América do Sul.
Uma série de cadeias vulcânicas corta o país desde a fronteira
nicaragüense, na região noroeste, até a fronteira panamenha, na região sudeste,
dividindo o território em dois. No centro da região montanhosa da Costa Rica, situa-
se a Meseta Central. Essa planície, em sua maior parte situada entre 1.000 e 1.500
metros acima do vel do mar, constitui-se na base para quatro das cinco maiores
cidades da Costa Rica, incluindo San José, a capital.
O projeto da Reserva Santa Elena de Floresta Tropical (SERR) está em
andamento, tendo como base estimular a economia na comunidade que é formada
por pessoas de baixa renda e a conservação dos recursos naturais da área. O
ecoturismo atraiu a imaginação da comunidade local de Santa Elena por causa da
renda auferida na vizinha Reserva Monte Verde de Floresta de Altitude (MCFP).
Atualmente, as divisas turísticas é a segunda fonte de receita para os residentes
locais, depois da indústria de laticínios.
Em 1989, na Costa Rica, o emprego no setor do turismo representava
apenas 5,3% da mão-de-obra, mas esse mero cresceu junto com as atividades
baseadas no ecoturismo. O Projeto de Santa Elena fornece cursos de biologia,
36
inglês e hospitalidade para a população local. Estes cursos visam capacitar à
comunidade.
A receita da reserva de Santa Elena pode ser destinada tanto para a criação
de infra-estrutura urbana quanto para atividades administrativas e instalações de
interpretação. Esta infra-estrutura apropriada pode ser desenvolvida continuamente.
Segundo o governo da costa-riquense, torna-se evidente que a biodiversidade não
podia ser objeto de conservação sem o envolvimento da comunidade. Embora seja
necessário reconhecer os parques nacionais e as áreas de proteção como
elementos integrantes da biodiversidade e do ecoturismo, essa modalidade de
turismo tamm deve corresponder às preocupações das comunidades locais, como
a administração das áreas de proteção, o grau de envolvimento e os benefícios e os
impactos socioculturais.
Hoje, a Reserva Santa Elena recebe 7.000 visitantes por ano e gera U$$
40.000 anualmente para a comunidade. Dois habitantes locais foram contratados
para funções administrativas permanentes mediante pagamento de salário.
Mas, para que a atividade ecoturística ocorra de forma eficaz como nos
casos mencionados acima, é necessário, segundo Tulik (1993, p. 27), que haja
vontade dos governantes, empresários e apoio das comunidades receptoras. É bom
deixar claro que o ecoturismo não é somente uma viagem orientada para a natureza,
mas também constitui nova concepção da atividade, tanto prática social como
econômica (PINHEIRO, 2004, p. 55).
Para Dias e Aguiar (2002, p. 60), o objetivo do ecoturismo é melhorar as
condições de vida das populações receptoras, ao mesmo tempo em que preserva os
recursos de vida das populações compatibilizando a capacidade de carga e a
sensibilidade de um meio ambiente natural e cultural com a prática turística.
Infelizmente nem sempre isso acontece, pois muitos hoteleiros estão preocupados
na atividade mercadológica e esquecem de cuidar do meio ambiente e de inserir a
população receptora na atividade.
Vila de Jao Mai – Thailand
Cooper et al. (2001, p. 197) citam o exemplo de uma atividade ecoturística
que não é praticada de forma adequada. Este caso ocorre na vila Jao Mai que está
localizada na bela praia de Hat Yao na província de Trang que é a porta de entrada
de muitas ilhas virgens. Os moradores da Vila de Jao Mai reivindicam melhores
37
condições de vida e, principalmente, uma melhor conservação para o meio
ambiente. A Tourism Authority of Thailand (TAT) lançou o conceito de ecoturismo
alguns anos e até agora as companhias parecem ter uma idéia delas do que
significa ser verde. Os moradores relatam que as atividades praticadas pelos
operadores de turismo são desleais com os moradores e com o meio natural, pois
pouco envolvimento da comunidade, os agentes colocam os turistas nos grandes
resorts confortáveis, ignoram os serviços e os alojamentos da comunidade. E, além
do mais, vão para as ilhas no barco dos resorts e comem nos restaurantes dos
resorts, jogando o lixo no mar que os moradores se esforçam para preservar.
Os moradores se dizem inquietos, pois o número de turistas tem aumentado
a cada ano. Isto significa que está havendo mais pressão na natureza e nas
comunidades locais. Cooper et al (2001, p. 197) mencionam Meeya Hawa, a
moradora da vila, a qual salienta se não houver uma verdadeira revolução na
consciência ambientalista entre os operadores de turismo e turistas, o ecoturismo
permanecerá apenas sendo uma estratégia de marketing e uma atividade de pouca
durabilidade na região, já que as agências só exploram o ecossistema.
Esse estudo mostra que, sem a participação da comunidade e do apoio do
governo, é impossível constituir uma atividade turística sustentável para localidade.
Molina (2005, informação informal) acentua que ter uma política justa e sensata e
uma economia equilibrada faz dos moradores locais cios e beneficiários da
conservação, e não seus inimigos implacáveis.
Para Lindberg e Hawkins (2002, p. 37) a criação de diretrizes é eficaz por
incentivar as pessoas a se conscientizarem de seu próprio comportamento e a
contribuírem para a conservação e para o desenvolvimento sustentável do turismo
no mundo inteiro.
2.3 O MÉRITO DAS DIRETRIZES ECOTURÍSTICAS NO PROCESSO DA
SUSTENTABILIDADE
A criação das diretrizes Ecoturísticas foi algo essencial para manutenção da
biodiversidade, pois, segundo a EMBRATUR (1994, p. 9), ela surgiu para organizar
a atividade no setor turístico, que eram impulsionadas, quase que exclusivamente,
38
pela oportunidade mercadológica que comprometiam o meio ambiente. O
surgimento das diretrizes veio ser um instrumento de apoio junto à Constituição
Federal 1988 que afirma, no artigo 225, que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os
presentes e futuras gerações.
As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo que formam as
diretrizes servem para fazer o ordenamento da atividade ecoturística, que é uma
atividade que depende dos recursos naturais. Entretanto esses recursos precisam
de devidos cuidados, já que eles não comportam, muitas vezes, um número elevado
de visitantes e, menos ainda, suporta o tráfego excessivo de veículos pesados. Para
EMBRATUR (1994, p. 8) a infra-estrutura necessária, se não atendidas normas
preestabelecidas, pode comprometer de maneira acentuada o meio ambiente, com
alterações na paisagem topográfica, no sistema drico e na conservação dos
recursos naturais concernentes à flora e à fauna.
Outro fator relevante a ser dito é que nenhuma empresa pode funcionar seja
ecoturística ou não, se não estiver licenciada junto à Empresa Brasileira de Turismo
Embratur. Segundo o Decreto n. 84.910 de 15 de julho de 1980, no artigo 3 do
Ministério da Indústria e Comércio e do Turismo-MICT, ressalta que somente
poderão explorar ou administrar Meios de Hospedagem de Turismo, restaurantes de
turismo e acampamentos turísticos no país, empresas ou entidades registradas na
Empresa Brasileiro de Turismo-EMBRATUR (MICT, 1970).
O mesmo Decreto salienta, no artigo 19: as pessoas físicas que infrinjam as
disposições deste Decreto e dos atos dele decorrentes ou contribuam para a prática
de ato punível ficam sujeitas à penalidade nos incisos do artigo 5, da lei n. 6.505 de
13 de dezembro de 1977, que ressalta:
Art. - O não cumprimento de obrigações contratadas pelas empresas de
que trata esta Lei, e a infringência de dispositivos legais e dos atos
reguladores ou normativos baixados para sua execução, sujeitarão os
infratores às penalidades seguintes:
I - advertência por escrito;
II - multa de valor equivalente a até Cr$ 391.369,57 (trezentos e noventa e
um mil trezentos e sessenta e nove cruzeiros e cinqüenta e sete centavos)
(Redação dada pela Lei nº. 8.181, de 1991);
Ill - suspensão ou cancelamento do registro;
IV - interdição do local, veículo, estabelecimento ou atividade.
39
A criação das Ações Ecoturísticas (EMBRATUR,1994) junto às leis e aos
decretos são excelentes suportes para o empresariado do ramo turístico. Eles
devem respeitar todos esses segmentos, tomarem medidas de acordo com as
normas estabelecidas. E aqueles que adotam a atividade ecoturística devem ser
partes preponderantes na conscientização do ecoturismo como instrumento de
crescimento econômico, cabendo-lhe promover as medidas indispensáveis à
qualidade dos serviços a serem prestados, além de, em resposta aos esforços do
governo, contribuir para a melhoria de infra-estrutura e capacitação de recursos
humanos (EMBRATUR 1994, p. 12).
Entendem que o surgimento das diretrizes do ecoturismo serve de suporte,
principalmente, para as pessoas que desenvolvem um turismo voltado para natureza
os quais utilizam à denominação de ecoturismo ou turismo sustentável. Ambos os
termos possuem os mesmos objetivos que é promover um turismo sem
interferências à natureza. De acordo com Swarbrooke (2000, p. 22), o turismo
sustentável está intimamente ligado a três dimensões: o respeito com o ambiente, à
igualdade social e à viabilidade econômica. As nove ações estratégicas que formam
as diretrizes de ecoturismo no país, tamm, enfatizam estas dimensões que visam
assegurar (EMBRATUR 1994, p. 10):
à comunidade: melhores condições de vida e reais benefícios;
ao meio ambiente: uma poderosa ferramenta que valorize os recursos
naturais;
à nação: uma fonte de riqueza, divisas e geração de empregos;
ao mundo: a oportunidade de conhecer e utilizar o patrimônio natural
dos ecossistemas onde convergem a economia e a ecologia, para o
conhecimento e uso das gerações futuras.
Não como negar que os objetivos das diretrizes ecoturísticas são viáveis,
principalmente, no país como Brasil que é detentor de uma beleza natural
inigualável. Por isto, alguns estados como Mato Grosso, Pará entre outros, com
potencial faunístico e florístico vêm desenvolvendo esta prática denominando de
ecoturismo. Um exemplo disto é a região Amazônica que desenvolve um turismo
baseado na natureza através de empreendimentos de selva, conhecida como hotéis
de selva.
40
2.4 CARACTERÍSTICAS DOS HOTÉIS DE SELVA DA REGIÃO AMAZÔNICA
A região amazônica é conhecida mundialmente por possuir belezas naturais
exuberantes, através dos recursos faunísticos e florísticos que possui. Sendo assim,
os cenários naturais da Amazônia são favoráveis ao turismo de natureza.
O turismo de natureza se inicia em 1980 na região amazônica, mas a
propagação ocorreu a partir de 1990 segundo Leite (2003, p. 11) o qual afirma que
isto ocorreu a partir do enfraquecimento da capacidade de resposta da Zona Franca
de Manaus aos problemas econômicos da região. O turismo desponta como uma
solução alternativa, haja vista ser uma inclinação econômica, em função não de
sua vasta riqueza em santuários ecológicos de águas e florestas, bem como de sua
fauna e de sua diversidade cultural.
Esta prática de turismo é desenvolvida por empreendimentos de selva que
são alojamentos fixos nas margens dos rios ou lagos, alguns estão em terra firme,
outros estão em terra várzea (hotéis flutuantes que acompanham o nível do rio).
Alguns hotéis são bastante confortáveis, pois possuem sala de jogos, ar-
condicionado nos quartos, computador, banheiro privativo, lugar para meditação,
entre outros. Outros são mais rústicos e oferecem a oportunidade de acompanhar o
estilo de vida de uma parte dos ribeirinhos amazônicos. Ou seja, o visitante fica em
dormitório com iluminação de lamparinas e redes cobertas por mosquiteiros.
hotéis que possuem unidades habitacionais na copa das árvores.
A maioria desses hotéis busca promover a interação do homem com a
natureza. As atividades desses hotéis se concentram na observação de pássaros,
caminhada na floresta, pescaria, passeio de canoa, focagem de jacaré entre outros.
Grande parte dos hotéis de selva se localiza na região do Rio Negro, com acesso
feito, geralmente, por barco a partir de Manaus.
Conforme a EMBRATUR (1992), o Amazonas foi o pioneiro a ofertar esse
tipo de hospedagem, conhecido por hotéis de selva. O termo hotéis de selva foi
originado pela EMBRATUR e pelo Conselho Nacional de Turismo-CNTur através da
resolução normativa n. 23 de 1987 que substitui o termo ecolodge por hotéis de
selva o qual se integrava dentro da classificação de hospedagem ambiental e
ecológico, porém esta resolução foi revogada pela Deliberação Normativa n. 360, de
41
16 de abril de 1996, que cancelou os conceitos de meio de hospedagem ambiental e
ecológico, ou seja, a atual matriz hoteleira do Brasil não prevê essa conceituação de
meios de hospedagem. Compreende-se que os hotéis de selva devem ter as
mesmas características de sua antiga denominação – ecolodges.
Nelson e Pereira (2004) ressaltam:
Muitos empreendimentos de selva na região Amazônica se denominam de
lodges e ecolodges. Pois o vocábulo “lodge”, considerado isoladamente,
significa alojamento, porém, quando acrescido da partícula eco, adquire um
significado mais restrito. Conforme Russell, Bottrill e Meredith (1995 apud
NELSON, op cit, p. 321) “lodge” é um termo genérico e engloba os hotéis
tradicionais localizados em áreas de belezas naturais (nature-based lodge)
como hotéis de pesca, hotéis em estações de esqui, resorts de luxo, entre
outros. “ecolodge” (nature-dependent tourist lodge) é uma rotulação
utilizada para identificar os hotéis que baseiam suas atividades na natureza,
seguindo a filosofia e os princípios do ecoturismo. Portanto, é essencial
compreender que o fato de o estabelecimento estar localizado numa área
natural ou ser denominado lodge/hotel ecológico/hotel de selva não é
suficiente para fazê-lo ecoturístico.
Nelson e Pereira (2004) ressaltam que não existem critérios para os
ecolodges, porém Halkins, Epler Wood e Bittmans (1995) concordam que muitas
características pertinentes a estes equipamentos já são bem conhecidas:
os ecolodges precisam ser projetados em harmonia com o ambiente
natural e cultural da localidade, com base nos princípios da arquitetura
sustentável;
devem trabalhar em harmonia com a comunidade local oferecendo
empregos e firmando contratos com fornecedores locais. Ressalta-se
que tais empregos englobam, inclusive, funções que impliquem maior
responsabilidade;
devem minimizar o uso de fontes de energia não renováveis: sol, vento,
água, entre outras;
o ideal é que sejam construídos com matérias-primas locais. Quando
possível, devem usar materiais reciclados. O uso de materiais não
renováveis deve ser evitado;
devem oferecer atividades baseadas na educação ambiental, com
programas interpretativos para orientar e ensinar os visitantes sobre o
ambiente natural e cultural local.
Outro dado relevante citado por Nelson e Pereira (2004, p. 325) é que os
ecolodges, enquanto equipamentos ecoturísticos, devem ser projetados de acordo
com as premissas da arquitetura sustentável. Seus projetos precisam conciliar um
meio de vida menos consumista, e nem por isso menos confortável, com a proteção
dos recursos, demonstrando que desenvolvimento e conservação podem andar
juntos. Isto que dizer que os prédios devem ser esteticamente prazerosos,
42
misturando-se, harmoniosamente, com o entorno, enfatizando a utilização de
ecotécnicas. Quando isso acontece, o ecolodge e, conseqüentemente, o
empreendedor, tem a ganhar: a utilização da arquitetura sustentável protege o
meio operacional do ecolodge, o que é vital para a operação. E, na opinião de
Lindberg e Hawkins (2002), é essa proteção que vai determinar a segurança em
longo prazo do investimento, a apreciação do visitante e a imagem do destino.
Reimberg (2005) destaca:
O ecolodge é um hotel de lazer que apresenta características específicas e
adota uma filosofia particular, a qual o distingue dos demais. Os serviços
oferecidos pelo ecolodge vão além da alimentação, da hospedagem e das
atividades de lazer convencionais. Estas, em vez de serem realizadas em
estruturas construídas pelo homem, como piscina, quadras poli esportivas e
sauna, em geral acontecem no meio ambiente natural. O diferencial do
produto ecolodge baseia-se, portanto, na construção e na ambientação do
ecolodge, no caráter educacional e informativo das atividades de lazer
oferecidas e na postura ética adotada ao ser administrado.
Vale (2003) afirma que os complexos de selva devem maximizar a difusão
do desenvolvimento sustentável e contribuir efetivamente para a melhoria da
qualidade de vida da população local. Os hotéis de selva costumam privilegiar o
meio em que estão inseridos com objetivo de minimizar os impactos sobre o
ambiente. Este tipo de complexo deve se esforçar muito para manutenção dos
recursos naturais, uma vez que estão inseridos no meio ambiente natural, com
peculiaridades específicas de cada localidade (CAVALCANTE, 2001).
Cavalcante (2001) descreve que os hotéis de selva são de pequeno e médio
porte e operam com pouca sofisticação e sua localização deve ser uma área de
mata preservada. E destaca que este tipo de hotel é mais comum na Região
Amazônica, em especial no Estado do Amazonas, pelas peculiaridades específicas
da região.
Para a EMBRATUR (2002, p. 27):
hotéis de selva é um tipo de meio de hospedagem localizado em área
densa ou de belezas naturais preservadas, construído com materiais
característicos da região e com instalações simplificadas, que visa
principalmente à integração do turista com o meio.
Andersen (2002) ressalta que empreendimentos ecoturísticos como hotéis
de selva o devem possuir suítes excessivamente luxuosas, pela própria natureza
43
ecológica do produto. Estes empreendimentos devem ser projetados em harmonia
com o ambiente natural e cultural local, utilizando os princípios do planejamento
sustentável, minimizando o uso dos recursos energéticos e materiais de construção
não-renováveis, dando preferência, sempre que possível, à utilização de materiais
reciclados (REIMBERG, 2005).
Os hotéis de selva apresentam tipicidades estruturais que devem conjugar o
conforto exigido, por grande parte dos turistas, com as características adequadas a
um empreendimento ecoturístico. Assim, convencionou-se que hotéis dessa
categoria devem obedecer a alguns princípios básicos, como afirma Vale (2003):
a) utilização de técnicas, matérias e conceitos culturais compatíveis com o
ambiente na construção;
b) instalação e fabricação de mobília e acessórios preferencialmente com
madeiras provindas do processo de manejo;
c) utilização máxima da ventilação natural e fontes de energia alternativas,
como a energia solar ou a eólica;
d) movimentaçãonima da terra para a instalação de tubulações;
e) remoção de lixo e dejetos orgânicos ambientalmente de forma
adequada;
f) tratamento de água, antes de ser novamente lançadas aos rios.
Para Cavalcante (2001) os alojamentos de selva devem contribuir muito com
as questões ecológicas, assumindo papel de agente educador, estimulando e
promovendo um movimento ambientalista correto nos visitantes e funcionários, a
partir de práticas ambientais corretas. Este mesmo autor declara que os hotéis de
selva devem informar aos turistas de assuntos sobre a fauna e a flora, ecossistema,
desmatamento, população local, situação-política-econômica do Estado, história e
geografia, sendo os guias os responsáveis por esta transmissão.
Na definição de Nascimento (1999, apud VALE, 2003), os hotéis de selva
são meios de alojamentos alternativos mais dispendiosos e, normalmente, mais
confortáveis que os parques de campismo, constituídos por diversas unidades
habitacionais, os quais devem dispor de camas, armários/estantes, banheiros,
abastecimento de água de energias e lixeiras, baseando suas atividades na
natureza, seguindo a filosofia e os princípios do ecoturismo. Este mesmo autor
salienta que os produtos de hotéis de selva são serviços voltados ao ecoturismo, os
quais podem ser definidos, em linhas gerais, como sendo: o pernoite com vários
serviços adicionais, os quais procuram não aproximar os turistas da natureza,
mas tamm trazer uma mensagem de respeito e de conservação ambiental.
44
De acordo com orientações da OMT (1997, p. 29):
Os empreendimentos ecoturísticos devem assegurar o tratamento das
águas servidas, construindo estações de depuração e evitar o lançamento
de esgotos nos rios; limpar, proteger e conservar as áreas ecoturísticas;
desenvolver estudos de impactos do turismo nos espaços naturais;
determinar sua capacidade de carga, evitando as grandes aglomerações de
turistas e as concentrações dos equipamentos.
A AMAZONASTUR (2004) salienta que os hotéis de selva se encontram em
franca expansão, tendo a desvalorização do real em relação ao dólar o maior motivo
do incremento do setor. Abreu (2001) argumenta que o crescimento dos hotéis de
selva na região deve-se à elevação da atividade ecoturística no Brasil, despertando
a atenção para a necessidade de preservação do meio ambiente. Entretanto,
segundo o autor, ainda é insuficiente o tratamento dado às questões ambientais por
estes estabelecimentos.
Reimberg (2005) ressalta que os hotéis de selva no Amazonas são bonitos e
estão se expandindo, porém alguns complexos de selva não estão exercendo
atividades coerentes com o meio natural o qual estão inseridos, pois detectou:
acúmulo de lixo dentro da área do hotel, sem o devido tratamento, uso
indiscriminado de sabonetes e detergentes contaminando o solo e os rios,
poluição sonora decorrente dos motores de barcos e dos geradores
utilizados para o fornecimento de energia elétrica, uso de materiais (de
construção e decoração) contrastantes e estranhos ao ambiente, ritos,
lendas e costumes transformados em shows e explorados pelos hotéis,
nenhuma participação da comunidade durante o processo de idealização do
empreendimento, pouco ou inexistente retorno financeiro para a
comunidade.
Para que os empreendimentos funcionem dentro dos padrões ecológicos, é
necessário, segundo Vale (2003), que o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR)
organize uma normatização específica sobre gestão hoteleira, em meios de
hospedagem ambiental e ecológico, exigindo um modelo adequado a essas
especificações. Pois, segundo a autora, essa falta de norteamento estimula a
experimentação e os descuidos quanto ao ambiente natural.
Abreu (2001) percebe pelos estudos que a implantação de equipamentos e
os programas baseados no uso de recursos naturais, em sua maioria, são
desenvolvidos sem o necessário controle de fiscalização, por isso alguns deles
45
causam uma série de impactos ao meio ambiente, comprometendo a sobrevivência
de alguns ecossistemas.
Para evitar interferências desastrosas ao ambiente, Violi (2005) afirma que é
necessário adotar medidas de controle para proteger os recursos naturais, porque o
turismo de natureza se encontra em franca expansão, principalmente, em áreas
como a Região Amazônica que vem atraindo um mero significativo de turistas
principalmente para os estabelecimentos de selva (AMAZONASTUR, 2004).
AMAZONASTUR (2004) enfatiza que os alojamentos de selva se localizam
em municípios vizinhos a Manaus. Segundo esta empresa, existem nove
estabelecimentos de selva cadastrados pela EMBRATUR. A AMAZONASTUR
(2004) não informou o mero de complexos de selva não cadastrados pela
EMBRATUR.
ESTABELECIMENTOS
HOTELEIROS
NÚMERO DE
ESTABELECIMENTOS
UNIDADES
HABITACIONAIS
LEITOS
Hotéis Regularizados 26 2.315 4.412
Hotéis Não Regularizados 64 1.165 2.360
Alojamentos de Selva
Regularizados
9 459 1.163
TOTAL 99 3.939 7.935
Quadro 1: Quantidade de estabelecimentos urbanos e de selva no Estado do Amazonas (2004).
Fonte: Boletim de Ocupação Hoteleira-BOH (AMAZONASTUR, 2004).
Já no ano de 2003 existiam aproximadamente dez estabelecimentos de
selva cadastrados pela EMBRATUR e nove não são cadastrados (AMAZONASTUR,
2003).
Tabela 1: Oferta de UHs e leitos nos estabelecimentos hoteleiros
de selva no Amazonas no ano de 2003.
ESTABELECIMENTOS HOTELEIROS
NÚMERO DE
ESTAB
UNIDADES
HABITACIONAIS
LEITOS
Alojamentos de Selva Cadastrados (1) 10 402 850
Alojamentos de Selva Não Cadastrados (2) 09 252 659
TOTAL 19 654 1.509
Fonte:
Boletim de Ocupação Hoteleira – BOH (AMAZONASTUR, 2003).
Dados da pesquisa da AMAZONASTUR (2003) referentes aos
estabelecimentos de selva mostram que, no ano de 2003, o número de turistas
registrados nos Hotéis e Alojamentos de Selva foi de 16.452, o que correspondeu a
46
um decréscimo de 35,26%, quando comparado com o mesmo período de 2002. No
entanto, há uma aparente superestimação no período anterior a agosto de 2002.
A Taxa de Ocupação das Unidades Habitacionais-UH foi de 15,54%, a Taxa
de Ocupação de Leitos foi de 12,74% e a permanência média desses turistas foi de
2 dias. Neste ano, foi inserida, neste segmento, a relação hóspede por unidade
habitacional (RH), que está em 1,88 hóspedes por UH.
Estes números indicam que a taxa de ocupação de unidades habitacionais
cresceu 12,45% em relação ao ano anterior. A taxa de ocupação de leitos também
cresceu a 2,17% e, na permanência média, decresceram 7,41% (AMAZONASTUR,
2003).
Tabela 2: Quantidade de hóspedes, taxa de ocupação das unidades de hospedagens (UHS), leitos e
permanência média nos anos de 2001, 2002 e 2003.
2001 2002 2003
MESES
Nº de
Turistas
UHs
(%)
Leitos
(%)
P.M.
(dias)
Nº de
Turistas
UHs
(%)
Leitos
(%)
P.M.
(dias)
Nº de
Turistas
UHs
(%)
Leitos
(%)
P.M.
(dias)
R.H.
JANEIRO 2.024 11,02
10,4 1,19 3.072 17,2 15,8 1,40 1.638 17,72
12,79
1,77 1,65
FEVEREIRO
3.283 19,85
18,7 2,05 3.655 22,0 20,1 1,35 1.248 14,79
11,74
1,89 1,81
MARÇO 3.392 18,63
17,4 1,92 2.909 17,2 14,9 1,35 1.426 13,28
11,20
1,71 1,93
ABRIL 2.882 16,70
15,3 1,95 2.607 15,2 13,8 1,29 998 11,24
9,49 1,96 1,93
MAIO 2.930 16,70
15,1 2,18 2.334 13,2 12,0 1,51 722 8,76 7,40 2,12 1,93
JUNHO 3.366 19,40
17,9 2,11 2.266 12,1 10,3 1,41 1.084 9,72 8,19 1,58 1,92
JULHO 3.303 18,20
17,0 2,00 3.821 20,0 16,8 1,60 1.894 20,36
16,69
1,92 1,87
AGOSTO 2.790 14,80
14,3 1,58 2.770 19,47
17,3 1,37 1.398 21,46
16,89
2,47 1,80
SETEMBRO
2.111 12,60
11,20
1,56 894 8,64 7,13 1,55 1.583 14,98
12,74
1,68 1,94
OUTUBRO 3.038 17,00
15,60
1,53 212 6,39 5,30 4,91 2.074 18,88
15,91
1,66 1,92
NOVEMBRO
3.256 18,50
17,30
1,29 186 6,01 4,91 4,89 1.235 16,45
13,87
2,28 1,93
DEZEMBRO
2.267 13,30
11,60
1,41 687 8,43 11,27
3,34 1.152 18,82
16,01
2,93 1,94
TOTAL
ANUAL
34.642 16,39
15,15
1,73 25.413 13,82
12,47
2,16 16.452 15,54
12,74
2,00 1,88
Fonte: Boletim de Ocupação Hoteleira – BOH (AMAZONASTUR, 2003).
no ano de 2004, o número de turistas registrados nos Hotéis e
Alojamentos de Selva foi de 17.872 que, comparando com o mesmo período do ano
anterior, houve um acréscimo de 8,63%. Na tabela abaixo, podemos observar os
índices TOH (Taxa de Ocupação das Unidades Habitacionais), TOL (Taxa de
Ocupação dos Leitos), TMP (Tempo Médio de Permanência) e RHH (Relação de
Hóspedes por Unidade Habitacional).
47
Tabela 3: Quantidade de hóspedes, taxa de ocupação das unidades de hospedagens (UH’S), leitos e
permanência média nos anos de 2002, 2003 e 2004.
2002 2003 2004
MESES
Nº de
hóspedes
TOH TOL TMP RHH
Nº de
hóspedes
TOH TOL TMP RHH
Nº de
hóspedes
TOH TOL TMP RHH
JAN. 3.072 17,20
15,80
1,40 1,48 1.638 17,72 12,79 1,77 1,65 1.585 14,45 14,05 2,75 2,21
FEV. 3.655 22,00
20,10
1,35 1,44 1.248 14,79 11,74 1,89 1,81 1.550 19,08 16,62 2,79 1,98
MAR. 2.909 17,20
14,90
1,35 1,38 1.426 13,28 11,20 1,71 1,93 1.322 13,35 11,15 2,31 1,90
ABR. 2.607 15,20
13,80
1,29 1,30 998 11,24 9,49 1,96 1,93 1.245 16,53 14,24 2,50 1,96
MAIO 2.334 13,20
12,00
1,51 1,31 722 8,76 7,40 2,12 1,93 1.184 13,46 11,49 2,09 1,94
JUN. 2.266 12,10
10,30
1,41 1,38 1.084 9,72 8,19 1,58 1,92 1.433 12,40 10,44 2,25 1,91
JUL. 3.821 20,00
16,80
1,60 1,42 1.894 20,36 16,69 1,92 1,87 1.957 16,97 14,15 2,27 1,90
AGO. 2.770 19,47
17,30
1,37 1,38 1.398 21,46 16,89 2,47 1,80 2.487 15,95 13,30 2,07 1,90
SET. 894 8,64
7,13
1,55 1,42 1.583 14,98 12,74 1,68 1,94 948 11,87 9,87 2,20 1,89
OUT. 212 6,39
5,30
4,91 1,30 2.074 18,88 15,91 1,66 1,92 1.298 15,53 13,10 2,24 1,92
NOV. 186 6,01
4,91
4,89 1,32 1.235 16,45 13,87 2,28 1,93 1.604 22,50 19,72 2,54 1,99
DEZ. 687 8,43
11,27
3,34 1,38 1.152 18,82 16,01 2,93 1,94 1.259 20,81 17,81 3,03 1,95
MÉDIA 2.118 13,82
12,47
2,16 1,38 1.371 15,54 12,74 2,00 1,88 1.489 16,08 13,83 2,42 1,95
Fonte: Boletim de Ocupação Hoteleira – BOH (AMAZONASTUR, 2004).
A tabela três mostra o mero total de turistas em 2002, 2003 e 2004, e os
índices utilizados em respectivo estudo são distribuídos por mês. O volume total de
turistas nos alojamentos de selva em 2004 foi de 1.489 hóspedes, um pouco
superior ao ano de 2003, porém bem abaixo da quantidade registrada em 2002. A
Taxa de Ocupação das Unidades Habitacionais (TOH) foi de 16,08 ocupações, valor
superior do que foi registrado em 2003 e 2002. Taxa de Ocupação de Leitos (TOL)
foi de 13,83% também superando os anos de 2003 e 2002. A Permanência Média
desses turistas foi de 2,42 dias, levemente superior a 2003 e 2002. A Relação
Hóspede por Unidade Habitacional (RH) foi de 1,95 hóspede por UH.
2.4.1 Características dos hóspedes que visitam os hotéis de selva
2.4.1.1 Características dos hóspedes brasileiros, segundo os estados
emissores para Manaus em 2004
Entre os 2.989 hóspedes nacionais, 44% o provenientes do Estado de
São Paulo. Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Estes são os estados emissores
48
que mais enviaram turistas para os hotéis de selva do Amazonas. A Permanência
Média desses hóspedes nacionais foi de 2,5 dias, a idade média foi de 41 anos e
um equilíbrio entre sexo masculino (51%) e feminino (48%), ressaltando que alguns
hóspedes não fornecem esta informação, por isso a soma não alcança os 100%.
A viagem por motivo turístico corresponde a 89%, ou seja, a ampla maioria
dos hóspedes nacionais que viaja para o Amazonas é para ficar nos hotéis de selva
(AMAZONASTUR, 2004).
O meio de transporte mais utilizado é o avião com 75%, devido às
dificuldades para se chegar à região por outro meio. A maioria dos hóspedes que
visita o Amazonas nesse segmento são estudantes (12% dos hóspedes), 9% são
engenheiros e 6,5% professores.
Tabela 4: Perfil dos turistas nacionais para os complexos de selva.
SEXO
RESIDÊNCIA
PERMANENTE
HÓSP.
P.M.
IDADE
MASC
FEM
MOTIVO
TRANSP PROFISSÃO
São Paulo 1.315 2,45
40,08
51,3 48,4
Turismo
Avião Estudante
Rio de Janeiro 530 2,84
40,37
51,3 48,5
Turismo
Avião Estudante
Paraná 194 3,13
41,42
53,1 46,9
Turismo
Avião Estudante
Minas Gerais 168 2,61
42,03
51,8 47,6
Turismo
Avião Engenheiro
Distrito Federal 135 2,27
40,76
47,4 52,6
Turismo
Avião Funcionário Público
Rio Grande do Sul 130 2,10
44,09
60,8 39,2
Turismo
Avião Estudante
Santa Catarina 79 3,13
42,80
41,8 55,7
Turismo
Avião Empresário
Ceara 61 2,72
42,32
47,5 50,8
Turismo
Avião
Empresário/Aposentado
Bahia 60 2,55
44,41
50,0 50,0
Turismo
Avião Estudante
Pernambuco 46 2,26
40,84
47,8 50,0
Turismo
Avião Professor
Outros 271 1,78
40,47
51,3 47,6
Turismo
Avião Estudante/Empresário
TOTAL 2.989 2,49
41,03 51,3 48,3 Turismo
Avião Estudante
Fonte: Ficha Nacional de Registro de Hóspedes-FNRHs (AMAZONASTUR, 2004).
2.4.1.2 Características dos hóspedes estrangeiros, segundo os países
emissores para Manaus em 2004
Os Estados Unidos permanecem como o país que mais turistas envia para o
Amazonas, sendo responsável por 19,59% dos hóspedes internacionais da Hotelaria
de Selva no Amazonas. A Itália é o segundo maior emissor (12,19%); em seguida
Portugal (9,01%) dos hóspedes internacionais.
49
Tabela 5: Perfil dos turistas estrangeiros para os complexos de selva.
SEXO
RESIDÊNCIA
PERMANENTE
P.M. IDADE
MASC.
FEM.
MOTIVO
TRANSP
PROFISSÃO
Estados Unidos 1.581 3,69 43,78 51,2 48,2 Turismo
Avião Estudante
Itália 984 2,53 46,00 54,4 44,8 Turismo
Avião Aposentado
Portugal 727 2,93 45,55 47,2 52,5 Turismo
Avião Estudante
Espanha 640 2,43 40,21 54,1 45,3 Turismo
Avião Médico
Inglaterra 485 2,90 40,07 56,1 42,7 Turismo
Avião Estudante
França 431 3,06 48,50 52,9 45,5 Turismo
Avião Aposentado
Alemanha 355 2,98 43,44 55,2 39,4 Turismo
Avião Estudante
Japão 270 1,97 43,55 46,3 53,0 Turismo
Avião Doméstica
Cana 221 3,15 51,89 46,6 52,9 Turismo
Avião Aposentado
Áustria 221 2,30 41,07 48,9 44,3 Turismo
Avião Aposentado
Outros 2.154 2,68 41,68 50,2 46,8 Turismo
Avião Estudante
TOTAL 8.069 2,88 42,12 51,4 46,9 Turismo
Avião
Aposentado
Fonte: Ficha Nacional de Registro de Hóspedes–FNRHs (AMAZONASTUR, 2004).
A Permanência Média desses turistas foi de 2,88 dias; a Idade Média é de
42,12 anos e um equilíbrio entre sexo masculino (51%) e feminino (47%),
ressaltando que alguns hóspedes não fornecem esta informação, por isso a soma
não alcança os 100%.
O principal Motivo de Viagem dos hóspedes estrangeiros é o Turismo
(92,16%); o Meio de Transporte mais utilizado é o avião (63,08%) e os aposentados
votaram a ser maioria entre os emissores internacionais com 9,20% dos hóspedes,
em segundo os estudantes (8,11%) e os Professores (5,70%).
O Público estrangeiro procura visitar a região amazônica de abril a
novembro, pois durante este período uma diminuição no volume de chuvas. O
turista estrangeiro passa mais tempo nas localidades com recursos naturais do que
na própria capital do estado do Amazonas. Para reverter esta situação o governo do
estado do Amazonas vem provendo atrações como: Festival de Ópera, Festival de
Cinema, entre outros.
3 METODOLOGIA
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A região Amazônica situa-se em zona tropical, sendo caracterizada por uma
floresta densa e exuberante, com alta pluviosidade. Ela integra o maior bioma
brasileiro e se estende por quase todo território nacional (49,29%). O estado do
Amazonas possui alguns dos maiores rios brasileiros como o Negro, o Solimões e o
Amazonas, tendo este último 6.8885 km de extensão, despejando, no oceano, 20%
de toda a água doce do planeta (VANDERLEI, 2004). Segundo Sioli (1990) existem
cerca de 1,5 a 2 milhões de espécies vegetais e animais, das quais foram descritas
e classificadas no máximo 500.000, que representam um dos ecossistemas mais
diversificados e mais complexos que se conhece sobre a Terra.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA 2006) destaca que os
ecossistemas da região Amazônica são: matas de terra firme
3
, florestas inundadas,
várzeas
4
, igapós
5
, campos abertos e cerrados. Conseqüentemente, a Amazônia
abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: três mil espécies de peixes;
950 tipos de pássaros; e ainda insetos, répteis, anfíbios e mamíferos. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (MMA 2006) espécies da fauna que se encontra
em extinção na região, como no grupo das aves as quais são denominadas
popularmente de: Maçarico-esquimó, Trinta-reis-real e Bicudo e entre os mamíferos:
Gato-do-mato, Cachorro-vinagre, Gato-maracajá, Onça-pintada, Ariranha, Macaco-
aranha, Macaco-de-cheiro, Uacari-branco, Peixe-boi-da-Amazônia, entre outros.
O IBAMA (2006) destaca que o uso e a ocupação do solo da Amazônia são
caracterizados pelo extrativismo vegetal e animal, incluindo a extração da madeira,
3
Terra Firme - Situadas em terras altas, distantes dos rios, sujeitas a alterações. São formadas por
árvores alongadas e finas, apresentando espécies como a castanha-do-pará, o cacaueiro e as
palmeiras. Possuem grande quantidade de espécies de madeira de alto valor econômico.
4
Várzea - São próprias das áreas periodicamente inundadas pelas cheias dos rios. Apresentam
maior variedade de espécies. É o habitat da seringueira e das palmáceas. São próprias das áreas
periodicamente inundadas pelas cheias dos rios. Apresentam maior variedade de espécies. É o
habitat da seringueira e das palmáceas.
5
Iga - Situam-se em áreas baixas, próximas ao leito dos rios, permanecendo inundadas durante
quase o ano todo. As árvores são altas, com raízes adaptadas às regiões alagadas. A vitória-régia
é muito comum nestas matas.
51
pela pecuária, por madeireiras e pela agricultura de subsistência, bem como pelo
cultivo de espécies vegetais arbustivo-arbóreas. A produção de grãos recobre
parcelas contínuas expressivas. A mineração e o garimpo (atividades pontuais) e a
infra-estrutura regional (atividades pontuais e lineares) também são responsáveis
pela alteração dos ecossistemas naturais. Nos arredores de núcleos urbanos e
áreas de ocupação mais antigas, uma boa parte das terras, outrora desmatadas,
encontra-se recoberta ou por capoeiras ou por florestas nativas em seus vários
estágios de crescimento e regeneração. Estima-se que 15% da
Amazônia foi
desmatada. Nessa região, existe a maior diversidade étnica do Brasil, com
aproximadamente trezentas etnias.
3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA
O estado do Amazonas, pela abundância e diversificação dos recursos
naturais, foi um dos pioneiros no país a implantar complexos hoteleiros de selva.
Estes hotéis foram criados no final da cada de 70 e início dos anos 80 do culo
XX. Atualmente, existem nove empreendimentos considerados hotéis de selva os
quais estão cadastrados na EMBRATUR, segundo a Secretaria de Turismo do
Estado do Amazonas (AMAZONASTUR, 2004). Desses nove hotéis, cinco foram
selecionados para a pesquisa (Aldeia dos Lagos, Ariaú, Ecopark, Guanavenas e
Tiwa). A escolha destes empreendimentos foi efetuada tendo como critério o uso do
termo hotel de selva em meios de divulgação (sites na internet, revistas, jornais e
Folhetins) (Anexo 1, 2, 3, 4 e 5). Aos hotéis selecionados foram atribuídos números
(Quadro 2) e serão mencionados por estes ao longo do texto.
EMPREENDIMENTO NÚMERO
Aldeia dos Lagos 1
Ariaú 2
Ecopark 3
Guanavenas 4
Tiwa 5
Quadro 2: Número atribuído aos hotéis de selva da região Amazônica escolhidos para o
estudo.
52
Figura 1: Localização do Estado do Amazonas.
Fonte: Retirado de www.transportes.gov.br/bit/estados/port/am.htm - 1k. Acesso 29 set 2006.
O termo hotel de selva foi criado pela EMBRATUR e pelo Conselho Nacional
de Turismo-CNTur através da resolução normativa n. 23 de 1987 que substitui o
termo ecolodge a ser usado para todo empreendimento com classificação de
hospedagem ambiental e ecológica. Esta resolução foi, entretanto, revogada pela
Deliberação Normativa n. 360, de 16 de abril de 1996, que cancelou os conceitos de
meio de hospedagem ambiental e ecológico (Anexo 6). A atual matriz hoteleira do
Brasil não prevê mais a classificação de meios de hospedagem ambiental e
ecológica (VALE, 2003). A Secretaria de Turismo do Estado do Amazonas-
AMAZONASTUR (2004), entretanto, continua utilizando a classificação ambiental e
ecológica para cadastramento dos empreendimentos, mesmo após ter sido
revogada pela Deliberação Normativa n. 360.
Russel, Botrill e Meridth (1995, apud REIMBERG, 2005) salientam que
ecolodges são alojamentos turísticos que estão em harmonia com o meio natural,
oferecendo ao turista uma experiência educacional e participativa que é
desenvolvida e administrada de uma maneira ambientalmente sensível, para
proteger o ambiente em que opera. Nelson e Pereira (2004) afirmam que ecolodges
é uma rotulação utilizada para identificar os hotéis que baseiam suas atividades na
natureza, seguindo a filosofia e os princípios do ecoturismo.
53
A definição de lodges e ecolodges apresentada em Russel et al. (1995, apud
REIMBERG, 2005) foi incorporada pelo mercado turístico e, desta forma, as
características de hotéis ecolodges será adotada neste estudo para definir hotéis de
selva, pelo motivo de não existir um sistema de classificação de meios de
hospedagem ambiental. Aqueles que não atendem a estas características serão
classificados como lodges, que conforme Russell, Bottrill e Meredith (1995 apud
NELSON, op cit, p. 321) lodge” é um termo genérico e engloba os hotéis
tradicionais localizados em áreas de belezas naturais (nature-based lodge) como
hotéis de pesca, hotéis em estações de esqui, resorts de luxo, entre outros.
“ecolodge” (nature-dependent tourist lodge) é uma rotulação utilizada para identificar
os hotéis que baseiam suas atividades na natureza, seguindo a filosofia e os
princípios do ecoturismo. As características de hotéis lodges e ecolodges
especificadas por Russel et al. (1995, apud REIMBERG, 2005) são mostradas no
Quadro 3.
LODGES ECOLODGES
1.
Luxo 1. Conforto básico necessário
2.
Estilo genérico 2. Estilo de características únicas
3.
Foco em descanso e lazer 3. Foco em atividades educacionais
4.
Atividades baseadas nos
equipamentos; p. ex.: golfe, tênis,
piscina, ginásios.
4. Atividades baseadas na natureza e recreação;
p.ex. caminhadas, mergulho, cavalgadas,
canoagem.
5.
Desenvolvimento isolado 5. Desenvolvimento integrado ao meio local
6.
Propriedade de grupos/consórcios 6. Propriedade individual
7.
Lucratividade baseada na alta
capacidade, serviços e preços.
7. Lucratividade baseada em projeto arquitetônico
estratégico, localização baixa capacidade, serviços
e preços.
8.
Investimento de grande porte 8. Investimento pequeno e moderado
9.
Principais atrativos são os
equipamentos e o entorno
9. Principais atrativos são o entorno e os
equipamentos
10.
Refeições gastronômicas, serviços
e apresentação.
10. Serviços e refeições bom-caseiros,
freqüentemente com influência cultural.
11.
Adota marketing de grupo/cadeia
de hotéis
11. Marketing individual
12.
Os guias e intérpretes da natureza
não existem ou representam uma
parte menor da operação
12. Os guias e intérpretes da naturezao os focos da
operação.
Quadro 3: Características dos empreendimentos definidos como Lodges e Ecolodges baseadas em
Russel et al. (1995, apud REIMBERG, 2005).
Fonte: Adaptado de Russell, Bottril e Meredith (apud REIMBERG, 2005).
O tamanho dos empreendimentos foi determinado neste estudo como hotéis
de pequeno porte aqueles que possuem de 1 a 30 Unidades Habitacionais (UH),
médio porte 31 a 60 UH e grande porte acima de 61 UH.
54
3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA
Esta pesquisa é descritiva de caráter qualitativo e os procedimentos técnicos
são consulta bibliográfica, documental e estudo de caso. O inventário em campo foi
feito em duas etapas: a primeira foi realizada em dezembro de 2004, janeiro e
fevereiro de 2005 e a segunda efetuada em fevereiro e março de 2006. Os
instrumentos utilizados nestas etapas foram: bloco de anotações, gravador, máquina
fotográfica e entrevistas estruturadas.
As informações a respeito das atividades dos hotéis, obtidas na primeira
etapa por meio de visita in loco (Apêndice 1) aos cinco empreendimentos, foi feita a
partir da observação do próprio pesquisador. Durante a visita foram investigados os
seguintes aspectos: tamanho do complexo, destino dos resíduos, identificação dos
gestores, análise das atividades de entretenimento, verificando se estão baseadas
na natureza e se são educacionais. Nesta primeira etapa foi possível realizar uma
avaliação prévia dos habitantes das comunidades do entorno que incluiu os
municípios de Silves, Iranduba, comunidade do Tarumã que fica no município de
Manaus e comunidade do Ariaú o qual fica na divisa do município de Iranduba e
Manacapuru. Durante a visita in loco nestas localidades, procurou-se identificar os
aspectos econômicos e culturais e avaliar como se procedia a integração das
comunidades com os estabelecimentos hoteleiros ao entorno, como base para
elaborar o instrumento de pesquisa.
Na segunda etapa foi feita a entrevista estruturada com gestores (Apêndice
2), acrescida de conversa informal onde se questionou a respeito das Ações
Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo, o entrosamento dos
empreendimentos com as localidades ao entorno, entre outros. Os gestores
entrevistados foram os proprietários dos hotéis 2, 3 e 4 e os gerentes dos hotéis 1 e
5 (Quadro 2). Nesta entrevista foram obtidas informações sobre o complexo, o
relacionamento com as comunidades do entorno, a procedência e treinamento dos
funcionários, tipo de construção, problemática dos resíduos, perfil dos turistas,
atividades de entretenimento e Ações Estratégicas de Ecoturismo. Com os
funcionários foi feito um questionamento informal, onde foi avaliado o tipo de
trabalho que eles desempenham no hotel, cidade de origem, grau de satisfação,
capacitação e conhecimento a respeito de ecoturismo. Foram contatados quatro
55
funcionários em cada empreendimento, os quais desempenham funções de guias,
camareiras, recepcionistas, cozinheiros, entre outros. Nesta segunda etapa foi
possível, ainda, rever os itens avaliados nos complexos quando da visita in loco,
realizada na primeira etapa.
Durante a segunda etapa, questionou-se a respeito do entrosamento da
comunidade com o hotel e com os turistas, do conhecimento sobre ecoturismo, se
possuíam curso profissionalizante na área de turismo e a origem da renda familiar,
entre outros (Apêndice 3). A amostra foi probabistica aleatória em residências e
estabelecimentos comerciais (mercearias, bares e lanchonetes) e reuniões de
amigos em praças públicas. As pessoas entrevistadas eram maiores de idade e a
maioria chefes de família. Foi entrevistado um total de 88 pessoas, sendo 28
habitantes do município de Silves, 15 da comunidade do rio Ariaú, 15 na
comunidade do Tarumã, 15 na comunidade do Caniço e 15 no município de
Iranduba.
Por meio da análise feita nas duas etapas foi realizada uma descrição dos
complexos de selva, mencionando localização, tamanho, tipo de construção,
atrativos e outros. As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo
(EMBRATUR, 1994, p.24) foram empregadas como critério de classificação e
avaliação dos hotéis do estudo.
A partir dos inventários em campo, visita in loco e entrevistas com gestores,
funcionários e a comunidade do entorno, foi avaliado o grau de adequação que os
hotéis adotam em relação às Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo
(Quadro 4).
1. Regulamentação do Ecoturismo: Dotar o segmento do ecoturístico de estrutura legal
própria harmonizada com as esferas federais,
estaduais e municipais, e de critérios e parâmetros
adequados;
2. Fortalecimento e Interação
Interinstitucional:
Promover a articulação e o intercâmbio de
informações e de experiências entre os órgãos
governamentais e entidades do setor privado;
3. Formação e Capacitação de Recursos
Humanos:
Fomentar a formação e a capacitação de pessoal
para o desempenho de diversas funções
pertinentes à atividade de ecoturismo;
4. Controle de Qualidade do Produto
Ecoturístico:
Promover o desenvolvimento de metodologias,
modelos e sistemas para acompanhamento,
avaliação e aperfeiçoamento da atividade de
ecoturismo, abrangendo
o setor público e privado;
56
5. Gerenciamento de Informações: Realizar o levantamento de informações, a nível
nacional e internacional, visando à formação de um
banco de dados e a obtenção de indicadores para o
desenvolvimento do ecoturismo;
6. Incentivos ao desenvolvimento do
ecoturismo:
Promover e estimular a criação e a adequação de
incentivos para o aprimoramento de tecnologias e
de serviços, a ampliação da infra-estrutura existente
e a implementação de empreendimentos
ecoturísticos;
7. Implantação e Adequação de Infra-
Estrutura:
Promover e estimular a criação e a adequação de
incentivos para o aprimoramento de tecnologias e
de serviços, a ampliação da infra-estrutura existente
e a implementação de empreendimentos
ecoturísticos;
8. Conscientização e Informação do
Turista:
Divulgar aos turistas atividades inerentes ao
produto ecoturístico e orientar a conduta adequada
nas áreas visitadas;
9. Participação Comunitária: Buscar o engajamento das comunidades
localizadas em destinos ecoturísticos, potenciais e
existentes estimulando-as a identificar no
ecoturismo uma alternativa econômica viável.
Quadro 4: Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994).
Fonte: EMBRATUR (1994).
As ações 5 e 6 (Quadro 4) foram desconsideradas neste estudo, uma vez
que estas ações se referem aos deveres ecoturísticos das esferas federal, estadual
e municipal.
A classificação foi determinada através de atribuição de conceito às Ações
Estratégicas 1, 2, 3, 4, 7 e 8 da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994)
como segue no (Quadro 5).
CONCEITOS DESCRIÇÃO
3 = A
A ação vem sendo cumprida de forma adequada pelo complexo;
2 = AP
A ação vem sendo cumprida parcialmente;
1 = NA
Esta ação não vem sendo cumprida.
Quadro 5: Conceito atribuído às Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo.
Fonte: EMBRATUR, 1994.
As ações 1, 2 e 4 (Quadro 4) foram analisadas por meio da opinião dos
gestores dos hotéis. O somatório dos conceitos (Quadro 5) atribuídos às ações 1, 2
e 4 possibilita classificar os empreendimentos conforme o (Quadro 6).
57
CONCEITOS DESCRIÇÃO
9 até 7= A
As estratégias estão sendo alcançadas totalmente no que competem as
esferas federal, municipal e estadual, ou seja, significa que os gestores se
mostram satisfeitos;
6 até 4 = AP
As estratégias vêm sendo desenvolvidas parcialmente no que competem
às esferas federal, municipal e estadual, ou seja, significa que os gestores
não se mostram plenamente satisfeitos.
3 = NA
As estratégias o vêm sendo desenvolvidas no que compete às esferas
federal, municipal e estadual, ou seja, significa que os gestores não estão
satisfeitos.
Quadro 6: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 1, 2 e 4 da Política Nacional de Ecoturismo.
Fonte: EMBRATUR, 1994.
À ação 3 (Quadro 4) foi atribuído o conceito de 1 a 3, como referido no
Quadro 5. Esta ação compete tamm às esferas públicas, pois estas têm o papel
de capacitar os funcionários, como também criar programas educativos, seminários
e cursos técnicos voltados para área de ecoturismo. Entretanto, no estudo, buscou-
se avaliar se os gestores procuram capacitar os seus funcionários como tamm as
comunidades a aprimorar seus conhecimentos a respeito da atividade ecoturística.
As ações 7 e 8 (Quadro 4) serviram de base para identificar as estratégias
que competem aos gestores como: os estabelecimentos foram construídos em
harmonia com o meio natural e se as atividades que desenvolvem repassam
conhecimento a respeito da conservação ambiental. É fundamental que os
complexos tenham suas construções de acordo com o local onde estão inseridos
Estes estabelecimentos devem promover um clima acolhedor, que corresponda às
expectativas dos turistas, cujo objetivo seria o de usufruir um cenário natural e
selvagem. As instalações podem ajudar juntamente com o cenário natural a
transmitir uma mensagem de respeito e conservação ambiental. A análise das ações
7 e 8 foram avaliadas observando os itens básicos seguintes, os quais foram
levantados durante a visita in loco aos empreendimentos na primeira e na segunda
etapa.
a) promovem e incentivam investimentos na conservação dos recursos
culturais e naturais utilizados;
b) impulsionam e desenvolvem turismo com bases sustentáveis cultural e
ecologicamente;
58
c) empregam técnicas, matérias e conceitos culturais compatíveis com o
ambiente na construção;
d) instalam e fabricam mobílias e acessórios preferencialmente com
madeiras provindas do processo de manejo;
e) utilizam sistema de ventilação natural e fontes de energia alternativas,
como a energia solar ou a eólica;
f) removem o lixo e dejetos orgânicos de forma ambientalmente adequada;
g) fazem com que a conservação beneficie as comunidades envolvidas;
h) contribuem para a conscientização ambiental dos turistas por meio das
instalações dos complexos e das atividades de recreação;
i) os guias que trabalham nestes estabelecimentos prestam
esclarecimentos prévios ao turista quanto ao respeito ao meio natural,
assim como a comunidade a ser visitada.
O somatório (Quadro 5) atribuído aos itens (a, b, c, d, e, f, g, h, i)
salientados no parágrafo acima classificam os empreendimentos conforme o Quadro
7.
CONCEITOS DESCRIÇÃO
27 até 22 = A
O empreendimento se encontra dentro dos padrões
ecoturísticos.
21 até 16 = AP
O empreendimento se encontra parcialmente dentro
dos padrões ecoturísticos.
Abaixo de 15 = NA
O empreendimento se encontra fora dos padrões
ecoturísticos.
Quadro 7: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 7 e 8 da Política Nacional de Ecoturismo.
Fonte: EMBRATUR, 1994.
A ação 9 (Quadro 4) ressalta o envolvimento da comunidade com a atividade
ecoturística e foi avaliada pela entrevista feita aos membros das comunidades
(Anexo 5). Esta ação foi classificada com base em Ashley e Roe (1998 apud
NELSON e PEREIRA, 2004, p. 192). O Quadro 8 apresenta os níveis de
participação da comunidade em relação aos hotéis.
59
CONCEITO DESCRIÇÃO
Passiva
A comunidade o participou do sistema de elaboração do
empreendimento como também não participa do sistema de
operação, ou seja, não existe uma integração dos gestores e dos
turistas com a comunidade.
Ativa
A comunidade não participou do sistema de elaboração do complexo,
mas participa parcialmente do sistema operacional do
empreendimento, ou seja, nem todas as pessoas desta comunidade
o integradas. Entretanto, a comunidade sabe da importância de se
preservar o meio ambiente.
Efetiva
A comunidade participou do processo de elaboração do
empreendimento e integrada no sistema operacional e há um sistema
de participação dos gestores e dos turistas com a comunidade.
Quadro 8: Classificação do envolvimento das comunidades com os hotéis de selva, baseado
na Ação Estratégica 9 da Política Nacional de Ecoturismo.
Fonte: EMBRATUR, 1994.
Os conceitos atribuídos aos hotéis de selva (Quadros 5, 6, 7, 8) com base
nas ações estratégicas (Quadro 4) permitiram identificar, no Quadro 9, em que grau
os empreendimentos de selva estudados adotam as Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994) e possuem características de hotéis de
selva.
CONCEITO DESCRIÇÃO
3A + Efetiva
O empreendimento só trabalha com base nas ações estratégicas
e sua característica é de hotel de selva;
2A + 1AP + Efetiva
O empreendimento procura adotar as ações ecoturísticas, porém
os usos de algumas não dependem só do complexo e sim do
trabalho dos órgãos turísticos. O perfil do empreendimento é de
hotel de selva;
2AP + 1A + Ativa
ou
3AP + Ativa
O empreendimento procura trabalhar parcialmente dentro das
ações ecoturísticas e possui padrões hotéis lodges e de selva;
2AP + 1NA + Passiva
O empreendimento não utiliza devidamente as ações
ecoturísticas e possui padrões lodges;
Quadro 9: Classificação geral dos empreendimentos de natureza com base nas Ações Estratégicas
da Política Nacional de Ecoturismo.
Fonte: EMBRATUR, 1994.
60
4 RESULTADOS
4.1 DESCRIÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS
Empreendimento 1 – Hotel Aldeia dos Lagos
Figura 2: Empreendimento Aldeia dos Lagos, Município de Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B.Teixeira.
Este complexo de selva fica localizado no município de Silves que é uma ilha
situada a 350 km de Manaus, no lago do Canaçari, formado pela confluência de
cinco tributários do rio Amazonas: Rio Urubu, Rio Itabani, Rio Sanabani, Igarapé do
Açu e IgaraPonta Grossa. Este município está localizado numa região de várzea,
nome usado para designar a área à margem dos rios que fica inundada durante a
estação das cheias (janeiro a junho). Na seca (julho a dezembro) as águas baixam e
as belas praias de areia branca aparecem. O município de Silves é um dos mais
antigos da Amazônia, sendo originário de uma missão indígena fundada em 1663.
61
Figura 3: Placa de identificação do empreendimento Aldeia dos Lagos, Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Este empreendimento foi inaugurado em 1996 e contou com o apoio da
World Wide Foundation (WWF), uma organização não-governamental e do governo
da Áustria. Este complexo é pequeno, com condições de alojar até 40 pessoas
que as unidades habitacionais são grandes, podendo abrigar mais leitos. Ele possui
um módulo central, com administração, loja, lavanderia, cozinha e restaurante; dois
módulos para hóspedes com seis suítes cada.
No próprio hotel está localizada a sede da Associação de Silves pela
Preservação Ambiental e Cultural-ASPAC. Esta associação é uma organização o-
governamental criada pela comunidade local a qual administra o hotel dentro dos
padrões ecoturísticos com auxílio da Cooperativa de Turismo da Amazônia-
COOPTUR, que foi criada com apoio da ASPAC.
As atividades de entretenimento do hotel estão relacionadas às seis opções
de passeios em canoa motorizada para observar os igapós, fauna e flora aquática,
caminhadas nas trilhas, visita às casas da população local onde o visitante vivencia
os costumes por meio da gastronomia, lendas amazônicas, pesca artesanal e
fabricação de farinha. O público que mais visita o empreendimento, segundo o
gestor, são Italianos.
62
Empreendimento 2 – Hotel Ariaú
Figura 4: Hotel de selva Ariaú, Município de Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O complexo está localizado na região do Para do Ariaú, que faz uma
ligação entre o Rio Negro e o Solimões. Está localizado a 60 km de Manaus por via
fluvial e este está instalado no município de Iranduba.
A idéia para implantação do hotel se originou quando o gestor conversava
com o documentarista Jacques Cousteau, que esteve na região na década de 80 e
ficou, aproximadamente, um ano para fazer um documentário a respeito da
Amazônia. Estas conversas no terraço do hotel Mônaco, do mesmo proprietário do
empreendimento de selva 2, onde o documentarista estava instalado, ajudou o
empreendedor do hotel 2 a implantar um empreendimento de selva que aproximasse
o homem e o meio ambiente. O projeto arquitetônico foi idealizado pelo próprio
gestor com ajuda de um de seus administradores que trabalha no complexo mais
de vinte anos. Este hotel de selva está em constante evolução segundo o
empreendedor.
Figura 5: Chalé com piscina privativa do hotel Ariaú, Município de Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
63
Figura 6: Unidades Habitacionais do hotel Ariaú, Município de Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Este estabelecimento é um dos maiores empreendimentos referidos como
hotel de selva da região Amazônica, com 365 unidades habitacionais (UH), sendo
que algumas delas possuem piscina privativa. As UH ficam divididas por torres e
chalés. Nas torres, estão distribuídos os apartamentos e as suítes. Os apartamentos
são equipados com camas, ventilador, frigobar, banheiro com chuveiro, pequena
varanda, armário e sofá. As suítes são mais confortáveis, pois possuem banheiros
maiores, televisor, frigobar, sofá-cama. Existe, ainda, uma suíte denominada de
suíte cósmica que possui televisor, computador, fax, bar, sofá-cama, estante,
aparelho de som e alguns instrumentos de ginástica.
Figura 7A e 7B: Atrativos (carros de golfe e piscina), Município de Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
64
Figura 8A, 8B e 8C: Atrativos (heliporto, pirâmide e bicicletas), Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Além do mais o complexo possui dois restaurantes, sendo que um é
especializado em comidas internacionais, uma capela, 8 km de passarela de
concreto para transitarem carros de golfe e bicicletas, orquidário, uma pirâmide para
ajudar os hóspedes a meditar, dois heliportos, piscinas, auditório, quadra
poliesportiva, duas torres de observação, entre outros. O estabelecimento possui
oito torres que são ligadas por passarelas que conduzem à administração central.
As atividades de entretenimento oferecidas pelo hotel são: caminhadas nas
trilhas, passeios de canoa, focagem de jacaré, pescaria, passeio de helicóptero,
entre outros.
Entre o público que visita este estabelecimento predominam os estrangeiros.
O complexo chegou a receber 1.600 turistas por mês e várias personalidades
importantes como os monarcas da Holanda, da Suécia e Espanha, astros de
Hollywood, as pessoas mais ricas do mundo e rios artistas nacionais. O hotel
tamm serviu de espaço para sediar o programa Big Brother espanhol durante três
meses.
65
Empreendimento 3 – Hotel Ecopark
Figura 9: Empreendimento Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Este hotel de selva fica localizado às margens do igarapé Tarumã Açu,
afluente da margem esquerda do Rio Negro. Fica a aproximadamente uma hora do
aeroporto de Manaus (incluindo 30 minutos de navegação) e está em plena floresta
Amazônica, sendo uma das vantagens, pois os turistas não precisam esperar nos
hotéis urbanos, podendo ir direto para o empreendimento.
As atividades do empreendimento iniciaram em 1997, nos últimos anos
(2005 e 2006) o hotel recebeu grandes personalidades do mundo econômico que
exigem exclusividade no empreendimento, segurança, serviços de cama e banho
novos e discrição.
Figura 10: Bangalôs e leitos do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
66
O empreendimento 3 possui 60 UH distribuídas em 20 bangalôs com
capacidade de alojar até 120 pessoas, tendo ao redor diferentes tipos de vegetação,
córregos com águas mpidas e dez quilômetros de trilhas de selva. Estas UH estão
equipadas com camas de solteiro ou de casal, ventilador, ar-condicionado, armário e
banheiro.
O complexo possui um píer (atracadouro para barcos de pequeno, médio e
grande porte); uma recepção com área para check-in e check–out separadas com
sala de estar, banheiro feminino e masculino, bar panorâmico (que atende tamm a
praia), um restaurante em forma de uma grande maloca indígena com capacidade
para até 140 pessoas, um lugar para descanso conhecido como reidário, loja de
souvenires, cozinha industrial (aberta à visitação dos hospedes), quatro piscinas
naturais, praia privativa (única da região que permanece fora do rio mesmo durante
a cheia) e um orquidário (aproximadamente 70 espécies, 250 orquídeas), assim
como canteiro de plantas medicinais e de hortaliças.
Figura 11: Píer do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
67
.
Figura 12: Praia privativa do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Figura 13: Restaurante do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Figura 14: Piscina natural do Hotel Ecopark, Município de Manaus, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
68
Figura 15: Aves regionais, Hotel Ecopark, Município de Manaus,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
As atividades de lazer oferecidas pelo empreendimento são: caminhadas
nas trilhas, focagem de jacaré, passeio de canoa, banho nas piscinas naturais,
pescaria, visita à casa de ribeirinhos, passeio na ilha dos macacos.
6
As aves
regionais embelezam o cenário natural, pois algumas aves conhecidas
popularmente como araras estão sempre sobrevoando próximo dos turistas.
A culinária é bastante variada, mas a administração procura oferecer
produtos da região. No ca é servido tapioca, bolo de macaxeira, banana frita,
mingau de banana pacovam (banana típica da região), tucumã e pupunha (frutas
típicas da Amazônia) entre outras. no almoço e jantar são oferecidos pratos à
base de peixe e também carnes e frangos. Caso o turista o aprecie a culinária
local, os cozinheiros estão preparados para servir pratos da cozinha internacional.
Segundo o proprietário, o público-alvo são os estrangeiros (99%) e apenas
1% são turistas brasileiros. A maioria dos turistas internacionais provém da
Alemanha, Itália, Índia, França e EUA.
6
Estes macacos o apreendidos pelo IBAMA e o levados para esta ilha onde são tratados por
biólogos e veterinários. Esta ilha não fica próxima das UH.
69
Empreendimento 4 – Hotel Guanavenas
Figura 16: Empreendimento Guanavenas, Município de Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O estabelecimento de selva fica localizado no município de Silves que é uma
ilha que está situada a 350 km de Manaus. Partindo de Manaus, a viagem até o
complexo dura em média quatro horas, sendo realizada por vias terrestre e fluvial.
As duas primeiras horas são por estrada pavimentada, posteriormente mais uma
hora e meia em estrada de barro e, por último, uma travessia (30 minutos), em balsa
ou barco, pelo lago Canaçari.
A idéia para a implantação do empreendimento começou quando o
proprietário era um aviador, que levava os turistas para um passeio aéreo pela
Floresta Amazônica. Por meio deste trabalho, ele percebeu que estes turistas
gostariam de estar mais próximo da biodiversidade Amazônica. Então, no ano de
1978, o empreendedor vendeu alguns bens em Manaus e iniciou a construção do
hotel no município de Silves, o qual não tinha nem energia elétrica que veio a
existir quando o gestor do empreendimento foi prefeito do município na década de
90. No ano de 1982, o hotel entrou em funcionamento, sendo um dos pioneiros
nesse tipo de empreendimento na região.
70
Figura 17: Chalés, complexo Guanavenas, Município de Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana. S. B. Teixeira.
Figura 18: Unidades Habitacionais do Complexo de Selva, Município de Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O empreendimento é considerado de grande porte, possuindo 70
apartamentos triplos divididos em chas e um prédio central. Todas as UH possuem
o mesmo nível de conforto tendo ar-condicionado, banheiro, armário e frigobar.
Figura 19: Piscina do Empreendimento Guanavenas, Município de Silves,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
71
Este empreendimento possui uma torre de observação de 30 (trinta) metros
de altura, auditório, academia de ginástica, duas piscinas, salas de jogos e TV,
campo de recreação, loja de souvenires e um restaurante amplo.
Figura 20: Lago do Canaçari frente à ilha de Silves, Município de Silves, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O Hotel é cercado por lagos, igarapés e floresta. E suas atividades estão
voltadas para a natureza como: pescaria de piranha, focagem de jacaré, visita à
casa de ribeirinhos, passeio pelos igapós e caminhadas na floresta.
Perante o gestor o público que mais visita o complexo é formado por turistas
estrangeiros, de diversas localidades do mundo.
72
Empreendimento 5 – Hotel Tiwa
Figura 21: Hotel Tiwa, Município de Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O empreendimento 5 fica localizado próximo de Manaus, mais sua área fica
no território do município de Iranduba. Da capital do Amazonas até o complexo são
aproximadamente 30 minutos de lancha. Este hotel é de propriedade de um grupo
holandês.
Figura 22: Chalés do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
73
Foto 23: Unidades Habitacionais do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O estabelecimento é de grande porte e possui 62 UH, todas construídas em
forma de chalés, com madeira tropical, sob palafitas à beira de um lago. Estas UH
possuem varanda, banheiro, ar-condicionado e guarda-roupa.
Figura 24: Anfiteatro do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
74
Figura 25: Piscina do Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O empreendimento 5 conta com uma praia de água doce, píer, piscina,
restaurante especializado tanto na gastronomia nacional como tamm na
internacional, áreas de recreação, biblioteca, sala de vídeo e apresentações, um
“Bar Pirata”, internet, café e um anfiteatro para 200 pessoas.
Figura 26: Caminhadas nas trilhas do Empreendimento Tiwa, Município de
Iranduba, Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
75
Figura 27: Animais silvestres, Empreendimento Tiwa, Município de Iranduba,
Amazonas.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
O empreendimento oferece as seguintes opções de lazer: caminhadas nas
trilhas, focagem de jacaré, pescaria, passeio de canoa, passeio ao encontro das
águas
7
, entre outros. O público-alvo deste estabelecimento são os estrangeiros.
4.2 PERFIL DAS LOCALIDADES DO ARIAÚ, CANIÇO, IRANDUBA, SILVES E
TARUMÃ.
O estado do Amazonas possui uma população estimada em 2.812.557
habitantes. Todas as localidades entrevistadas estão em áreas próximas da capital
do estado do Amazonas.
A localidade do Ariaú situa-se entre a divisa do município de Iranduba e
Manacapuru. A economia desta localidade gira entorno do setor primário; plantação
de mandioca e atividade pesqueira (atividades de subsistências); setor secundário
através das fábricas de tijolos; setor terciário destaca-se o comercio varejista. O
complexo 2 fica próximo desta localidade.
A localidade do Caniço vive da pesca, fabricação de artesanato, turismo,
plantação de mandioca (subsistência). Quanto á localização fica próximo da capital
do estado do Amazonas, o acesso é feito por via fluvial.
7
Encontro das Águas É o encontro do rio Negro gua escura) e Solimões (água barrenta) que
unem na frente da capital do Estado do Amazonas e formam o Rio Amazonas.
76
O lazer dos habitantes da comunidade do Arie do Caniço está ligado à
pescaria, passeios de canoa, nos diálogos entre vizinhos, realizados na frente das
residências ou na praça, nos cultos e missas.
As origens da localidade de Iranduba se prendem à Manaus. A capital do
estado conheceu época de grande prosperidade na última década do culo com o
auge da era da borracha. Passado este fastígio, Manaus experimentou período de
estagnação e até retrocesso. Com a implantação da Zona Franca e do Distrito
Industrial, reativou-se a economia do município, florescendo em sua periferia rios
núcleos populacionais. Entre eles está Iranduba, que, sobretudo a partir de 1976,
veio prosperar com melhorias na infra-estrutura. Os aspectos econômicos giram
entorno do setor primário através da plantação da mandioca, repolho, pepino, alface,
feijão de metro, pesca, pecuária; setor secundário por meio das indústrias (olarias,
laticínios, frigoríficos); setor terciário comércio, serviços (hotéis, pensões, mercado
municipal, matadouro). As manifestações culturais de Iranduba ocorrem em praças
públicas, casas de show (forró). Nesta localidade se localiza o estabelecimento
hoteleiro 5.
No município de Silves estão localizados os complexos 1 e 4, a economia
desta localidade é dependente do setor primário através da plantação de mandioca
(principal cultura alternativa, mesmo assim, praticada mais como atividade de
subsistência) e da Pesca (atividade de subsistência). no setor terciário a
localidade de Silves se destaca com: comércio varejista e serviços:
oficinas e
consertos de máquinas e motores, agências bancárias, hotéis, pensões, mercado
municipal, matadouro. As atividades de lazer da população de Silves estão ligadas
às manifestações culturais realizadas em praças públicas, passeios de canoas, entre
outros.
A localidade do Tarumã esta localizado em uma área rural da capital do
estado do Amazonas, sua economia depende do comercio e dos empregos gerados
pela Zona Franca de Manaus.
A comunidade do Tarumã, por ser próxima da capital, tem sua atividade de
lazer ligada aos acontecimentos de Manaus como: shoppings, casas de show,
balneários, entre outros.
77
Figura 28: Município de Silves.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
Figura 29: Comunidade do Ariaú.
Foto: Maria Adriana S. B. Teixeira.
No que se referem aos entrevistados das localidades do entorno dos
complexos de selva eram pessoas muito humildes tendo hábitos e costumes
simples, alguns habitavam em pequenas residências próximas às margens dos rios.
A participação do sexo feminino nas entrevistas realizadas nas localidades
foi superior ao sexo masculino. O município de Silves e a comunidade do Ariaú
tiveram uma participação mais acentuada do gênero feminino nas entrevistas. A
entrevista com sexo feminino aconteceu mais nas residências e reuniões em praças
públicas. a entrevista com os homens aconteceu em suas respectivas
residências, estabelecimentos comerciais, praças públicas. O gráfico 1 menciona
quanto ao gênero dos entrevistados.
78
57%
43%
Feminino
Masculino
Gráfico 1: Distribuição dos entrevistados pelo gênero nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú.
Todos os entrevistados eram maiores de idade, no município de Iranduba foi
onde mais se entrevistou pessoas com idade entre 18 a 25 anos. Nas demais
localidades, a faixa etária é bem variada, conforme demonstra o gráfico 2.
34%
23%
43%
18 a 25 anos
26 a 30 anos
acima de 30 anos
Gráfico 2: Distribuição dos entrevistados por idade nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú.
A maioria dos entrevistados reside nos municípios acima de dez anos,
característica que predominou nas localidades de Silves, Tarumã e Caniço onde se
acredita que o município de Silves tenha se destacado em razão da infra-estrutura,
da abundância em pescado e pelos empregos gerados pela prefeitura, comércio e
hotéis. a do Caniço pelo entrosamento com o hotel 3 e pela proximidade com a
capital. A comunidade do Tarumã pela adjacência com a capital. Nas demais
localidades, houve bastante transição de habitantes, onde muitos se dirigem à
capital em busca de melhores condições de vida (Gráfico 3).
79
27%
22%
51%
1 a 4 anos
5 a 10 anos
Acima de 10 anos
Gráfico 3: Distribuição dos entrevistados por tempo de residência nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
Nas localidades do Ariaú e Caniço, várias pessoas habitando em uma
mesma resincia. O gráfico 4 demonstra que 46% dos entrevistados relataram que
habitam de cinco a dez pessoas em suas residências, 44% afirmaram que residem
de um a quatro pessoas e somente 10% relataram que moram acima de dez
pessoas numa mesma casa.
44%
46%
10%
1 a 4 pessoas
5 a 10 pessoas
Acima de 10 pessoas
Gráfico 4: Distribuição dos entrevistados por habitação nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú.
A renda da população das localidades do entorno dos hotéis de selva não é
alta e situa-se entre um a quatro salários mínimos por residência. Isto porque são
poucas pessoas que trabalham na família. Observou-se que as famílias que tinham
um padrão de vida regular eram aquelas que possuíam um salário fixo originado por
algumnculo empregatício ou por aposentadoria. Aqueles que dependiam da pesca
ou agricultura viviam em condições bem simples. O gráfico 5 demonstra a renda
mensal por família.
80
6%
52%
40%
2%
Menos de um salário
nimo
1 a 2 salários mínimos
3 a 4 salários mínimos
Acima de 4 salários
nimos
Gráfico 5: Distribuição dos entrevistados por renda mensal por família nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
Nas localidades de Tarumã e Silves, os entrevistados apresentaram maior
nível escolar. nas demais comunidades uma paralisação nos estudos em
função do trabalho, família, entre outros motivos. O grau escolar dos entrevistados é
demonstrado no gráfico 6.
36%
23%
28%
7%
6%
Ensino Fundamental (1
a 4 Série)
Ensino Fundamental (5
a 8 Série)
Ensino Médio Completo
Ensino Médio
Incompleto
Alfabetização
Gráfico 6: Distribuição dos entrevistados por grau de escolaridade nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
O maior número de pessoas empregadas formalmente está nos municípios de
Silves e do Tarumã. Silves se destaca pelos empregos gerados na prefeitura,
comércio e pelos hotéis. A comunidade do Tarumã tem empregos gerados na capital
(indústrias, comércios, órgãos públicos, entre outros). A maioria dos entrevistados
afirma que duas pessoas trabalham em suas famílias, ficando os restantes
distribuídos entre uma a mais de três pessoas trabalhando por família (Gráfico 7).
81
26%
51%
23%
1 Pessoa
2 Pessoas
Acima de 3 pessoas
Gráfico 7: Distribuição dos entrevistados por vínculos empregatícios nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
Grande parte da renda familiar gerada nas localidades se origina tanto do
comércio formal como do informal. A maior parte dos entrevistados trabalha em
atividades como: carregador de tijolos, vigilância, caseiro, pedreiro, zelador,
vendedor de picolé, motoboy, industriários, atendentes, entre outros. Os demais
dependem da aposentadoria da atividade pesqueira. Uma pequena parte trabalha no
serviço público e na agricultura (Gráfico 8).
49%
23%
17%
6%
5%
Outras
Aposentadoria
Atividade Pesqueira
Servo Público
Agricutulra
Gráfico 8: Distribuição dos entrevistados por origem da renda familiar nas localidades de
Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
A presença de pessoas com conhecimento a respeito de ecoturismo foi
constatada no município de Silves e algumas na comunidade do Caniço. O gráfico 9
demonstra que boa parte dos entrevistados não tem conhecimento de ecoturismo.
82
40%
60%
Sim
o
Gráfico 9: Distribuição dos entrevistados por conhecimento a respeito de Ecoturismo nas
localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú
.
Silves e Caniço são as localidades onde há uma circulação maior de turistas.
Nas demais comunidades dificilmente há turistas (Gráfico 10).
38%
62%
Sim
Nâo
Gráfico 10: Distribuição dos entrevistados por visitantes nas localidades de Iranduba, Silves,
Tarumã, Caniço e Ariaú.
As localidades do Ariaú, Iranduba, Tarumã enfatizaram que os complexos de
selva não proporcionam benefícios. Contudo, o município de Silves e a comunidade
do Caniço destacaram que a atividade turística promoveu melhorias sociais como:
emprego, infra-estrutura urbana, entre outros (Gráfico 11).
83
39%
61%
Sim
Nâo
Gráfico 11: Distribuição dos entrevistados quanto aos benefícios gerados pelos
empreendimentos de selva nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã,
Caniço e Ariaú.
A maioria dos entrevistados não participou do planejamento dos
empreendimentos a não ser alguns habitantes de Silves que afirmaram ter
participado (Gráfico 12).
26%
74%
Sim
o
Gráfico 12: Distribuição dos entrevistados quanto à participação no planejamento do hotel
nas localidades de Iranduba, Silves, Tarumã, Caniço e Ariaú.
84
4.3 ANÁLISE DOS EMPREENDIMENTOS DE NATUREZA COM BASE NAS
AÇÕES ESTRATÉGICAS ECOTURÍSTICAS
Tabela 6: Conceito atribuído às Ações Estratégicas 1, 2, e 4 da Política Nacional de Ecoturismo
Embratur (1994) que foram avaliadas por meio da opinião dos gestores dos hotéis de selva 1, 2, 3, 4,
5.
CONCEITOS
EMPREENDIMENTOS
DIRETRIZES
1 2 3 4 5
1. Regulamentação do Ecoturismo que visa a adotar o
segmento do ecoturístico de Estrutura legal própria harmonizada
com as esferas federais, estaduais e municipais, e de critérios e
parâmetros adequados.
2 1 1 1 1
2. Fortalecimento e Integração Interinstitucional Promover a
articulação e o intercâmbio de informações e de experiências
entre os órgãos governamentais e entidades do setor privado.
2 2 2 2 2
4. Controle de Qualidade do Produto Ecoturístico Promover o
desenvolvimento de metodologias, modelos e sistemas para
acompanhamento, avaliação e aperfeiçoamento da atividade de
ecoturismo, abrangendo o setor público e privado.
2 2 2 2 2
TOTAL 6 5 5 5 5
O conceito geral atribuído pelos gestores quanto às ações das esferas
relacionadas acima é AP, significando que estas ações vêm sendo atingidas
parcialmente, eles o se mostram satisfeitos plenamente quanto ao exercício
destas ações que competem às esferas referidas. Entretanto, se buscou alguns
relatos importantes dos gestores para justificar o conceito dado a estas ações.
Empreendimento 1 relatou que a maior parte do apoio para desenvolver e
regulamentar a atividade na região veio da organização WWF que ajudou a
implantar o hotel e formar a Associação de Silves pela Preservação Ambiental e
Cultural-ASPAC, as maiores instruções a respeito de ecoturismo vieram desta
organização. Informaram que têm o apoio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente-
IBAMA para proteger os recursos naturais. A administração destaca que busca o
apoio dos órgãos governamentais e dos órgãos não-governamentais para aprovação
de projetos. Segundo a administração, ausência destes órgãos para classificar
estabelecimentos que trabalham sem provocar danos ambientais, pois, se houvesse
este empreendimento, seria mais competitivo.
Os empreendimentos 2 e 4 afirmam que não existe tanta interação dos
órgãos turísticos, principalmente os estaduais e federais para regulamentar a
atividade ecoturística na região, pois a maioria dos incentivos provém de iniciativa
85
própria. Os gestores relataram, ainda, que pagam impostos altos, iguais aos grandes
empreendimentos hoteleiros tradicionais da capital, por isto sentem dificuldades em
desenvolver a atividade na região e que, poucas vezes, foram fiscalizados pelas
esferas federais e estaduais. Além do mais, as estratégias ecoturísticas foram
implantadas sem a opinião destes gestores que são os mais antigos na região que
possuem empreendimentos de natureza, e por isto, se perguntam como podem
implantar ações estratégicas ecoturísticas sem procurar ouvir todos os atores que
trabalham com turismo de natureza, principalmente, numa região que é detentora de
grandes recursos naturais como a Região Amazônica?
O gestor do complexo 4 mencionou que não acredita nas ações estratégicas
de ecoturismo, pois elas estão fora da realidade local. As pessoas que criaram
essas ações não conhecem muito das atividades turísticas da Região Amazônica.
Ele salientou, ainda, que as estratégias o contribuem muito, o que vai ajudar
mesmo é se o governo vai investir mais em educação e, principalmente, numa
educação que mude o pensamento do ser humano em relação ao ecossistema. No
momento o homem destrói o seu habitat natural, e afirma que daqui alguns anos
a Amazônia estadestruída”. Para ele as ações são utopias, pois, desde o início
da atividade do hotel, ele emprega a comunidade, oferece cursos de acordo com a
necessidade dos funcionários.
O empreendimento 3 narrou que a maioria dos incentivos para desenvolver
a atividade vem de iniciativas próprias, pois procura trabalhar sem grandes
interferências na natureza e, por isto, fundou uma fundação conhecida como
Floresta Viva para proteger os animais próximos aos empreendimentos,
principalmente, macacos e aves que são comuns naquela área. O maior apoio que
recebe vem do IBAMA, um órgão público, que faz parte da esfera federal. Este
procura fiscalizar a área próxima do estabelecimento e levar os animais capturados
para esta fundação. O objetivo das ações que competem a estas esferas é carente.
É preciso que haja uma reavaliação destas estratégias junto a todos os envolvidos
com turismo de natureza na região. O responsável afirmou que já pensou em
abandonar a atividade, já que os custos são muito altos e não grandes incentivos
dos órgãos turísticos.
O empreendimento 5 o soube informar bem a respeito das respectivas
ações, pois o gerente geral assumiu a administração do hotel pouco tempo. Por
isto não se integraram bem a respeito destas ações, afirmaram que a maioria das
86
ações para qualificar atividades turísticas de natureza procede de iniciativa própria,
já que uma das metas do hotel é trabalhar sem causar danos ambientais, pois os
turistas que procuram o estabelecimento o gostam de fazer atividades que
impactam o ambiente. Afirmaram que o hotel tem apoio do órgão estadual,
entretanto só não souberam afirmar que tipos de apoio recebem.
Tabela 7: Conceito atribuído aos cinco empreendimentos de selva, quanto à Ação Estratégica 3 da
Política Nacional de Ecoturismo – Embratur (1994) que está baseada à formação e capacitação de
recursos humanos dos empreendimentos.
CONCEITOS
EMPREENDIMENTOS DIRETRIZES
1 2 3 4 5
3. Formação e Capacitação de Recursos Humanos - Fomentar
a formação e a capacitação de pessoal para o desempenho de
diversas funções pertinentes à atividade de ecoturismo.
3 2 2 2 2
TOTAL 3 2 2 2 1
O conceito ao empreendimento 1 é A, em razão de capacitar os funcionários
como também a população local a respeito da atividade do ecoturismo, oferecendo
cursos tais como: guias nacionais e internacionais, de gestão ambiental, barqueiros,
entre outros. Constatou-se que este complexo não habilita os atores somente
quando necessita, mas constantemente, pois, segundo a administração, por ser um
hotel que trabalha em prol da comunidade, é necessário que capacitem em outras
atividades também como: artesanato, gastronomia e pesca entre outros, para não
ficar dependendo somente do turismo que tem que dar suporte ao próprio turismo e
tamm à conservação.
Os funcionários do hotel 1 confirmaram que, constantemente, estão sendo
habilitados e que a ASPAC sempre está promovendo cursos de qualificação. Os
passeios e os serviços oferecidos pelo empreendimento 1 mostram que a mão-de-
obra do estabelecimento possui conhecimento amplo a respeito da atividade de
ecoturismo. O visitante recebe uma aula a respeito da cultura local como tamm de
educação ambiental. Verificou-se que os funcionários são polivalentes, ou seja,
conseguem efetuar qualquer função dentro do estabelecimento. Um exemplo disto é
a cozinheira que exerce a função de guia e administradora quando necessário.
O conceito atribuído ao complexo 2 é AP, pois, segundo o gestor, procuram
capacitar
os funcionários somente quando há necessidade. Ele afirmou tamm que
os funcionários chegam a ser treinados até duas vezes ao ano. Esta afirmação foi
87
confirmada por alguns funcionários que exercem função de barqueiro, recepcionista,
motorista e guia, os quais recebem instruções para orientar o turista a não jogar lixo
no rio. Os cursos oferecidos pelo complexo se referem tanto à preservação
ambiental como também aos cursos de idiomas, pinturas, entre outros. Quanto á
comunidade do entorno, esta afirmou que desconhece algum tipo de treinamento
oferecido pelo empreendimento.
O empreendimento 3 obteve o conceito AP. Segundo o administrador,
oferecem treinamento aos funcionários quando há necessidade, porém, segundo os
funcionários (recepcionista, cozinheiro, guia e barqueiro), existe certo tempo que não
é oferecido algum curso, mas sabem que devem trabalhar sem causar dano
ambiental, pois eles têm que serem exemplos para os turistas. Afirmaram que
recebem orientações a respeito da preservação da natureza. Segundo a
administração, é necessário melhorar a qualificação dos funcionários e estender
cursos de capacitação a respeito de meio ambiente, entre outros para as
comunidades ao entorno. Das duas comunidades, que ficam próximas do
empreendimento, uma delas afirmou que desconhece os cursos oferecidos pelo
complexo e a outra afirmou que recebe instruções para conscientizar os turistas a
respeito do meio ambiente.
Quanto ao empreendimento 4 se atribui o conceito AP, pois, segundo o
gestor, ele capacita os funcionários somente quando necessidade, mas
instruções a respeito de preservação ambiental recebem com freqüência, que os
funcionários são os que mais interagem com os hóspedes e, por isto, é primordial
que estes tenham uma postura exemplar, pois a satisfação dos visitantes depende
deles como também o sucesso da empresa. Os funcionários afirmaram que o
complexo oferece curso pelo menos duas vezes ao ano e as explicações a respeito
de meio ambiente são freqüentes. A população local afirma que recebeu algum
tipo de treinamento por parte da administração do complexo, porém relatam que faz
algum tempo que não recebem.
O empreendimento 5 obteve conceito NA, os administradores mencionam
que faz tempo que não oferecem algum tipo de treinamento aos funcionários, porém
garantem que a qualificação dos empregados é uma das metas da nova
administração, pois sabem que o sucesso da empresa depende dos serviços
oferecidos pelos funcionários. Os gestores desconhecem algum curso oferecido
pelos administradores anteriores para comunidade ao entorno, porém a nova
88
administração tem intenção de habilitar as comunidades próximas com cursos de
meio ambiente, artesanato entre outros.
Os funcionários do hotel 5 entrevistados não trabalhavammuito tempo no
empreendimento, por isto afirmaram que não tinham conhecimento sobre algum tipo
de curso oferecido pelo complexo, somente um recepcionista disse que recebeu
treinamento oferecido pelo hotel. Notou-se que alguns funcionários como barqueiros
e atendentes não tinham delicadeza de interagir com o turista, bem diferente do
guia, pois era uma pessoa que desempenhava bem o seu serviço, logo se notou que
o hotel devia oferecer treinamentos constantes não relacionados com o
ecoturismo como tamm de relações humanas.
Tabela 8: Conceito quanto às Ações Estratégicas 7 e 8 da Política Nacional de Ecoturismo –
Embratur (1994) que foram avaliadas em cinco hotéis
de selva do estado Amazonas.
DIRETRIZES
CONCEITOS
EMPREENDIMENTOS
7. Implantação e Adequação de Infra-Estrutura - Promover e
estimular a criação e a adequação de incentivos para o aprimoramento
de tecnologias e de serviços, a ampliação da infra-estrutura existente e
a implementação de empreendimentos ecoturísticos, tais como:
1 2 3 4 5
a)promovem e incentivam investimentos em conservação dos recursos
culturais e naturais utilizados;
3 2 3 2 2
b)impulsionam e desenvolvem turismo com bases cultural e
ecologicamente sustentáveis;
3 2 3 2 2
c)utilizam de técnicas, matérias e conceitos culturais compatíveis com
o ambiente na construção;
3 2 3 2 3
d)Instalam e fabricam mobílias e acessórios preferencialmente com
madeiras provindas do processo de manejo;
3 1 3 1 -
e)empregam ventilação natural e fontes de energia alternativas, como
a energia solar ou a eólica;
1 1 1 1 1
f)removem o lixo e dejetos orgânicos ambientalmente de forma
adequada;
3 1 3 2 2
g)fazem com que a conservação beneficie materialmente as
comunidades envolvidas;
3 1 3 3 1
8. Conscientização e Informação do Turista - Divulgar aos turistas
atividades inerentes ao produto ecoturístico e orientar a conduta
adequada nas áreas visitadas;
h)averiguar se as instalações dos complexos como também as
atividades de recreação transmitem uma mensagem de
conscientização para os turistas;
3 2 3 3 3
i)apurar se os guias que trabalham nestes estabelecimentos prestam
esclarecimentos prévios ao turista respeito do meio natural como
também da comunidade a ser visitada.
3 3 3 3 3
TOTAL 25
15
25
19
17
Os empreendimentos 1 e 3 obtiveram o conceito A, pois as construções
destes estabelecimentos estão em harmonia com o ambiente natural onde estão
89
inseridos; são hotéis onde houve um planejamento que envolveu a participação de
equipes multidisciplinares como engenheiros, arquitetos, biólogos, turismólogos,
entre outros, mas alguns fatores precisam ser melhorados, como a instalação de
energia alternativa.
O empreendimento 1 obteve conceito A, pois é um hotel de pequeno porte,
que procura trabalhar dentro dos padrões ecológicos. A madeira provém do
processo de manejo, pois os guias são da localidade do entorno e, por isto, em
todas as atividades de lazer buscam promover uma conscientização aos turistas. Os
passeios de barco promovem uma consciência ambientalista para os visitantes, isto
porque o empreendimento oferece mais de seis opções de passeios em canoa
motorizada para observar aves, flora e fauna aquática, inclusive, o tour dos igapós
uma experiência rica numa floresta inundada que se pode sentir, tamm, a força da
correnteza do rio.
O hotel 1 promove caminhada nas trilhas que permite que os visitantes
tenham conhecimento da flora, fauna e da localidade que demonstra um pouco de
sua cultura e seus costumes através de práticas como: fabricação da farinha, pesca
artesanal e medicina florestal, entre outros. Nestas visitas o turista tem a
possibilidade de ouvir histórias e lendas amazônicas. Segundo a administração,
promover uma reflexão ambiental é importante, principalmente, na região amazônica
detentora de grandes potenciais naturais.
O sistema de coleta de lixo do empreendimento 1 é bom, no que se refere
ao lixo orgânico utilizado para compostagem e os inorgânicos que são doados para
as comunidades. Outra postura exemplar é quanto à utilização da água da chuva,
que é utilizada para lavar as dependências do hotel, para regar plantas e hortas.
Quanto aos lixos que não servem para reciclagem tem um tratamento indevido, pois
são enterrados no terreno do próprio hotel ou queimados.
A atribuição do conceito A ao empreendimento 3 destaca-se por ter
implantado uma fundação conhecida como Floresta Viva que protege os recursos
faunísticos e florísticos. Esta fundação trata os animais capturados pelo IBAMA e,
depois de 90 dias, solta em áreas florestais seguras de predadores.
O estabelecimento 3 está localizado em uma área de floresta secundária,
mas o dá para perceber que esta área um dia foi devastada pelo homem, pois
se percebeu um cuidado da administração para proteger os recursos naturais,
inclusive, o complexo obtém um orquidário com aproximadamente 70 espécies
90
formando um total de 250 orquídeas, possui um canteiro de plantas medicinais e de
hortaliças. Vale destacar que os funcionários deste complexo se mostram satisfeitos
com a função que desempenham, pois, segundo eles, a administração procura ouvir
a opinião deles quanto aos novos projetos e atividades desenvolvidas no hotel.
O hotel 3 possui 20 (vinte) bangas, as madeiras para construção do
empreendimento vieram da apreensão do IBAMA, outras provêm de árvores que são
derrubadas pelos ventos. Os guias, por meio das atividades de lazer como
caminhadas na trilhas, buscam promover uma experiência educacional e
interpretativa para os turistas, fazendo com que eles valorizem os recursos naturais.
O sistema de energia do empreendimento 3 provém da capital e a coleta de
lixo orgânico é efetuada em uma embarcação própria do hotel que leva para uma
marina onde o caminhão do lixo do município de Manaus passa diariamente. o
lixo reciclável é doado para a comunidade do Caniço.
O empreendimento 2 obteve conceito NA, pois é um dos empreendimentos
mais antigos, talvez seja por isto que não esteja adequado ao ambiente natural,
pois, na época em que foi construído, não se salientava o turismo sustentável.
O hotel 2 foi planejado pelo próprio gestor e não contou com apoio de
equipes multidisciplinares (engenheiros, arquitetos, biólogos e etc.). Este complexo
possui 365 unidades habitacionais, é confortável e está erguido na copa das
árvores, possuindo uma passarela de concreto com 8 km de extensão para transitar
as bicicletas e os carros de golfe, o que não é compatível com o ambiente natural, já
que estes provocam poluição sonora.
Quanto ao sistema de lixo e ao tratamento de resíduos não se obteve
explicações detalhadas, mas ressaltaram que o lixo inorgânico é queimado em área
próxima do hotel e os destinos dos efluentes vão para caixas de fossas forradas com
borracha a fim de não vazarem durante as cheias do rio. Porém, não se
compreendeu o motivo de algumas tubulações do hotel se direcionarem para o rio.
Verificou-se que os guias procuram promover uma conscientização ambiental nos
turistas.
Questionou-se com o gestor do empreendimento 2 se o tamanho do hotel
não era prejudicial à natureza. Ele respondeu que não, pois o hotel é apenas
diferente de todos os outros complexos de selva, pois possui oito torres. Parecem
com oito hotéis diferentes no mesmo lugar, todos são ligados por passarelas que
levam à administração central.
91
O gestor do hotel 2 salientou que qualquer empreendimento como, por
exemplo, de 30 apartamentos, não sobrevive, pois não arrecada o necessário para
pagar os funcionários como também para preservar a natureza, porque, na selva,
tudo é difícil, pois tem que transportar os alimentos, bebidas, combustível, pagar o
transporte que leva os turistas do aeroporto à beira do rio e vice-versa. Em vista
disto, os custos são altos. É por isso que muitos empreendimentos pequenos não
sobrevivem, chamados de empreendimentos primários.
Outro esclarecimento feito pelo gestor do empreendimento 2 foi a respeito
do tamanho do complexo. Ressalta que os hóspedes que se hospedam no
empreendimento de selva desejam o mesmo conforto de sua residência, por isso
querem estar com o seu celular, sua internet, enfim, um alojamento confortável.
Muitos turistas que visitam a região são empresários. Então ao mesmo tempo em
que visitam a floresta, têm contato com os negócios. Em vista disso, deve se fazer
um empreendimento organizado, no qual venha ser rentável, que os custos para
manter este tipo de empreendimento são altos.
Aos empreendimentos 4 e 5 atribuiu-se o conceito AP. Apesar do complexo
5 estar localizado em um cenário natural exuberante, notou-se a ausência de
incentivo de conservação ambiental, pois as trilhas e passarelas não se
encontravam em boa manutenção e, neste estabelecimento, encontrou-se um
pequeno lixão de resíduos gerados pelo hotel. Os administradores se retrataram ao
dizer que os gestores anteriores não estavam destinando corretamente o lixo, mas
que eles já estavam executando este serviço.
O empreendimento 4 é de grande porte e muito luxuoso, possui academia
de ginástica, sala de jogos, piscina, entre outros. Este empreendimento foi
construído no final da década de 70 e, segundo o gestor, não se falava em turismo
sustentável, mas mesmo assim este complexo foi construído por um arquiteto.
Quanto ao sistema de efluentes, o tratados antes de serem despejados no rio,
porém o hotel precisa fazer a separação do lixo, uma vez que é a comunidade que
recolhe e faz a separação.
Salienta-se que ambas as atividades de lazer como os trabalhos
desenvolvidos pelos guias dos hotéis 4 e 5 integram e conscientizam os turistas a
valorizar o meio natural, porém os complexos precisam utilizar energia alternativa.
Dentre todos os itens pesquisados acima, o trabalho desenvolvido pelos guias
ambientais foi o que chamou mais atenção, justamente porque eles visam a ampliar
92
a consciência do visitante quanto à questão ambiental. Cabe destacar que os guias
não impõem uma mudança de atitude nos visitantes. Estes sabem que boa parte
dos turistas vem usufruir do lazer e por isto promovem atividades de entretenimento
que causem satisfação, para que, no futuro, estes turistas retornem.
Tabela 9: Conceito quanto à Ação Estratégica 9 da Política Nacional de Ecoturismo – Embratur
(1994), nesta ação ressalta-se o envolvimento das comunidades (Iranduba, Silves, Caniço, Ariaú,
Tarumã) com as atividades dos cinco hotéis de selva do estado do Amazonas.
CONCEITOS
EMPREENDIMENTOS DIRETRIZES
1 2 3 4 5
AÇÃO
PASSIVA ___ ___
ATIVA ___ ___
9. Participação Comunitária - Buscar o
engajamento das comunidades
localizadas em destinos ecoturísticos,
potenciais e existentes estimulando-as a
identificar no ecoturismo uma alternativa
econômica viável.
EFETIVA ___
O Empreendimento 1 possui uma ação efetiva, pois a população local é
envolvida com a atividade do empreendimento. Algumas pessoas da localidade
participam do planejamento do hotel. A seleção da mão-de-obra, que trabalha no
empreendimento, vem da Cooperativa dos Trabalhadores de Turismo-COOPTUR,
que auxilia a ASPAC a qual coordena a atividade do hotel.
Parte da renda obtida com o ecoturismo é aplicada em ações para a
conservação ambiental da várzea e dos lagos do município, a partir do planejamento
do uso (zoneamento), estabelecendo diferentes categorias: lagos santuários para
proteção, lagos de pesca de subsistência e lagos de pesca comercial –, e da
fiscalização da população local que tem o apoio do IBAMA.
A administração salienta que trabalham em prol da população local e são
estes que promovem uma experiência diferente para os visitantes, pois procuram
mostrar a sua cultura através da pesca, culinária, danças, narração de histórias e
lendas. O hotel destina alguns recursos para melhorar os serviços turísticos
oferecidos na localidade.
A população de Silves está totalmente integrada com as atividades
ecoturísticas do município. Isto foi comprovado durante a pesquisa, pois os
habitantes comentavam, em tom de entusiasmo, a respeito da melhoria causada
pela atividade turística e, principalmente, na mudança de comportamento na própria
comunidade em relação à degradação dos recursos naturais.
93
O empreendimento 2 possui uma ação passiva, em razão de não ter
envolvido a comunidade na fase de implantação e nem no planejamento atual. Não
existe uma comunidade específica que é integrada nas atividades do hotel, pois
associam habitantes das comunidades do Ariaú, Praia Grande, Manaus,
Manacapuru e de outras áreas vizinhas, não do município onde está integrado.
Este hotel emprega 300 pessoas, incluindo as que trabalham na agência na capital.
Quanto à comunidade entrevistada, a do rio Ariaú, verificou-se que o
participaram do processo de planejamento e implantação do hotel e nem nos
planejamentos atuais, mas relatam que conhecem o gestor em razão deste circular
esporadicamente pela comunidade. Constatou-se que poucos habitantes
trabalhavam no hotel, apenas 03 dos 15 entrevistados.
A ocupação dos habitantes de Ariaú no hotel divide-se em auxiliar de
cozinha e camareira, sendo as funções de guias, recepcionistas e atendentes
ocupadas, na maioria, por pessoas da capital.
O gestor menciona que promove um ambiente de trabalho agradável para os
funcionários do hotel, relatando que oferece café, almoço, janta, alojamento, salário
de acordo com a função, carteira assinada e assistência médica.
O empreendimento 3 produz uma ação ativa, pois este complexo possui
relação com duas comunidades: Tarumã e Caniço, sendo que possui uma ação
mais ativa com a do Caniço em razão de integrar tal comunidade com os turistas. Os
habitantes desta comunidade são avisados com antecedência e procuram mostrar
sua cultura através de rituais indígenas, culinária, lendas e músicas, entre outros. A
administração contribui com a comunidade na forma de melhorias na infra-estrutura
e doação de cesta básica.
Contudo, as comunidades não são integradas no sistema ocupacional do
hotel. Apenas duas pessoas de cada comunidade trabalham no empreendimento,
com as seguintes funções: canoeiro, guia, auxiliar de cozinha, recepcionista.
Constatou-se durante as entrevistas realizadas na comunidade do Tarumã
que os habitantes têm conhecimento a respeito do empreendimento, mas
desconhecem o que seja ecoturismo. A comunidade do Caniço tem maior
conhecimento a respeito de ecoturismo em que seus habitantes resumem ser uma
atividade turística ligada à natureza e que não causa interferências ambientais.
O empreendimento 4 apresenta ação ativa, que este não incluiu a
comunidade no planejamento do hotel, mas a integra no sistema operacional com
94
função de canoeiro, guia, cozinheiro, recepcionista, porteiro, jardineiro e garçom. A
mão-de-obra é do município onde está localizado o complexo, com exceção do
gerente que é do Rio Grande do Sul. O município é pequeno e a população tem
consciência de promover o bem-estar dos visitantes sem causar dano ambiental.
As mudanças na infra-estrutura do município e a melhoria na qualidade de
vida das pessoas ocorreram quando o gestor do empreendimento foi prefeito, pois,
no município, não existia luz elétrica, com problemas de saneamento básico. Era
impossível dos turistas circularem nas ruas, ficando os visitantes restritos às
atividades de entretenimento do hotel.
O conceito dado ao empreendimento 5 é passivo, pois o hotel não envolveu
a população do município onde está inserido, nem na fase de planejamento nem no
sistema operacional do hotel, pois a mão-de-obra é ocupada por pessoas vindas de
Manaus. Isto se deve à localização do hotel, pois está próximo da capital, embora
esteja situado no município de Iranduba.
4.4 CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS EMPREENDIMENTOS DE NATUREZA
Tabela 10: Classificação geral dos hotéis (Aldeia dos Lagos, Ariaú, Ecopark, Guanavenas, Tiwa)
com base nasões Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994).
EMPREENDIMENTO CONCEITO GERAL PERFIL
1
2A + 1AP + Efetiva
Hotel de Selva
2
2AP + 1NA + Passiva
Lodge
3
2AP + 1A + Ativa
Lodges e Hotel de Selva
4
3 AP + Ativa
Lodges e Hotel de Selva
5
2AP + 1NA + Passiva Lodges
Hotel: “1” Aldeia dos Lagos, “2” Ariaú, “3” Ecopark, “4” Guanavenas, “5” Tiwa
O empreendimento 1 obteve um dos melhores conceitos por suas atividades
estarem baseadas nas Ações Estratégicas Ecoturísticas da Política Nacional de
Ecoturismo (EMBRATUR, 1994). É um estabelecimento de pequeno porte e adota
característica de hotel de selva, procurando empregar procedimentos adequados ao
meio natural. Este complexo se destaca principalmente no que se refere ao
envolvimento com a localidade para poder desenvolver atividades na região. Notou-
se uma preocupação da administração em promover outras fontes de renda para a
95
população local. Isto porque o empreendimento 1 não consegue absorver todos os
habitantes na atividade do hotel.
Um dos fatores que faz com o empreendimento 1 tenha característica de
hotel de selva é que este não visa ao mercadológico, enfrentando dificuldades no
período de baixa estação. A ASPAC busca recursos por meio da aprovação de
projetos para poder manter o hotel em funcionamento. Observou-se, na segunda
etapa da pesquisa, que o hotel tinha duas unidades habitacionais ocupadas e
estariam recebendo um grupo grande vindo da Itália, em março, enquanto o
empreendimento 3 estava com 80% das unidades habitacionais ocupadas. O
empreendimento 1 tem dificuldades em manter tanto as comunidades no período de
baixa estação como tamm em fazer a manutenção do hotel. Este estabelecimento
precisa de reparos como: pintura, corte da grama e algumas UH precisam de
manutenção.
A atividade desenvolvida pelo empreendimento visa a ter um turismo de
natureza sem grandes interferências na natureza. Em todas as suas atividades de
entretenimento buscam incentivar uma consciência ambiental nos turistas,
principalmente naqueles visitantes que não têm consciência sobre a preservação
ambiental. A administração fez um relato de um grupo de paulistas que chegou ao
complexo visando a somente pescar, foi então que a administração tentou executar
outros entretenimentos que visassem a uma consciência ambientalista como:
apresentação de dança, caminhadas nas trilhas, passeio nos igapós. Segundo a
administração, após todas estas atividades, estes saíram bem satisfeitos e
agradecidos pela aprendizagem que tiveram a respeito de meio ambiente.
O que caracteriza o hotel 1 como hotel de selva é que ele é de pequeno
porte, conforto básico necessário, atividades baseadas na natureza, o investimento
é pequeno, com marketing individual, refeições com influência cultural e os guias e
intérpretes da natureza são foco da operação.
Constatou-se que as dificuldades enfrentadas pelo hotel durante o período
de baixa estação não desestimula a comunidade nem os funcionários, pois estas
pessoas se mostram bem satisfeitas com a prática do turismo na região e estão
motivados em aprimorar esta atividade.
Acredita-se que, se houvesse um sistema de classificação de meios de
hospedagem ambiental, por parte dos órgãos turísticos, como tamm um maior
apoio destes órgãos para desenvolver as atividades ecoturísticas, assim como
96
especifica as Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR,
1994), este seria mais competitivo.
O empreendimento 2 não utiliza devidamente as ações, principalmente no
que se refere à construção; envolvimento com as comunidades do entorno e
tratamento de resíduos que estão ligados aos itens das ações 7 e 9. A ão 3 é
utilizada dependendo da necessidade do complexo, porém seu uso deve ocorrer
com freqüência de forma a proporcionar um ambiente prazeroso para os turistas.
O hotel 2 tem uma arquitetura bem diferente dos demais e chama atenção
dos visitantes, segundo seu gestor. É um estabelecimento que se encontra na copa
das árvores e adota características de hotel lodge como de grande porte, luxuoso,
com foco em descanso e lazer, atividades baseadas nos equipamentos,
investimento de grande porte e lucratividade baseada na alta capacidade, serviços e
preços. Este estabelecimento adota alguns perfis de hotéis de selva como estilo
único, atividades de lazer voltadas para a natureza e refeições com influência
cultural. Contudo, o hotel tem mais perfil lodge do que de hotel de selva, afirmação
feita pelo próprio gestor.
Constatou-se que as ações ecoturísticas no empreendimento 2 o o o
valiosas para prática do turismo de natureza, pois o empreendedor visa ao
mercadológico. De acordo com o gestor, manter um estabelecimento na selva não é
barato, e, em razão disto, construiu-se um hotel que oferecesse conforto igual aos
hotéis tradicionais. Ainda segundo o administrador, o governo federal toma algumas
medidas descabidas que dificulta o empreendedor investir na ampliação da atividade
turística na região como burocracia das leis ambientais por dificultar a entrada de
alguns equipamentos como os dos carros de golfe, solicitação de impressão digital
dos turistas americanos o que afetou o estabelecimento devido à queda de turistas
estrangeiros. Perante o administrador os turistas americanos, italianos, ingleses,
canadenses, japoneses, entre outros, são importantes, pois este público é
responsável pela ampliação do turismo de natureza na região amazônica.
O empreendimento 2 continua em expansão, pois, na segunda fase da
pesquisa, estava sendo construída uma tenda para pesca e um novo restaurante
internacional com aquário para expor os peixes da região. O estabelecimento já
possui dois restaurantes com capacidade para acomodar 350 e 150 pessoas,
respectivamente. Atestou-se que o trabalho dos guias incentiva a consciência
ambiental nos visitantes, por meio de passeio de canoa, caminhadas nas trilhas e no
97
empreendimento. Porém, devido à grandiosidade do complexo, a administração não
consegue dar uma orientação aos comportamentos indevidos de alguns visitantes.
Isto porque se observou atitudes inadequadas de alguns turistas: corridas com
carros de golfe, oferecimento de bebidas alcoólicas e de salgados para os “macacos
de cheiro” que ficam em grupos no interior das instalações. Acredita-se que a
presença excessiva desta espécie de animal no hotel deve-se à obtenção de
alimentos fáceis fornecidos pelos hóspedes.
O idealizador de todo o projeto arquitetônico do empreendimento 2 salientou
que pintou de verde o complexo para não afastar os animais e construiu o
estabelecimento sem derrubar nenhuma árvore. O hotel, por outro lado, emprega
alguns atrativos e possui equipamentos que não são compatíveis para o turismo
desenvolvido em áreas naturais como: viveiros de macacos que se encontra
abandonado; ovniporto”; campo de futebol; mais de um heliporto; mais de uma UH
com piscina; equipamentos como carros de golfe cujas buzinas provocam barulho
excessivo. A participação de profissionais (biólogos, arquitetos, engenheiros), no
planejamento e na execução do complexo, poderia tê-lo tornado melhor integrado
com o meio natural no qual está inserido. Alguns encanamentos ficam expostos nas
torres, deixando o ambiente feio e o direcionamento destes canos para a água indica
que os resíduos possam vir a ser despejados, diretamente, no rio, sem tratamento
prévio.
A respeito dos resíduos e do tratamento do lixo, existem fossas forradas de
borrachas, a fim de não vazarem durante as cheias do rio. As torres foram
construídas com base nas casas de palafitas dos ribeirinhos que são casas altas,
onde as suas colunas são de madeiras as quais sustentam este tipo de construção
que acompanha o vel do rio, porém, no período de seca, o assoalho das casas
assim, como no hotel 2, fica exposto de forma que foi observado a não ligação do
encanamento com as fossas. Observam-se somente os canos que se destinam ao
rio, semelhante às casas dos ribeirinhos que não têm fossas.
A madeira utilizada na construção do hotel 2 não provém do processo de
manejo, tendo sido empregada madeira local conhecida por Aquariquara que é uma
espécie resistente à ação da água. Este estabelecimento não utiliza energia
alternativa, sendo a energia elétrica proveniente de gerador. O envolvimento da
comunidade do entorno é incipiente, não havendo benefícios significativos
socioeconômicos para estas.
98
O empreendimento 3 possui perfil de hotel de selva e de lodge e é de médio
porte. É um hotel que sua construção está em harmonia com meio natural inserido e
a madeira utilizada provém de apreensão do IBAMA. A interação com as
comunidades do entorno acontece, porém, das duas comunidades próximas, só uma
recebe benefícios socioeconômicos por meio de doações de cestas básicas,
construção de flutuante (atracador de barcos) e venda de artesanato. O sistema de
lixo é separado e o reciclável doado para a comunidade do entorno. Quanto ao
sistema de efluentes tratamento antes do despejo no rio. Não existe o uso de
energia alternativa.
As características do hotel 3 são de hotel de selva por oferecer o conforto
básico necessário; por ter características únicas; atividades de lazer baseadas na
natureza; ser de propriedade individual; os principais atrativos são o entorno e os
tipos de equipamentos; oferece refeições com influência local e os guias e
intérpretes da natureza são os focos da operação. As características que o inclui nos
padrões lodge o sua lucratividade baseada na alta capacidade, serviços e preços;
por estar voltado para o descanso e lazer; apresentar refeições mais elaboradas
com especialidades em pratos internacionais.
As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR,
1994) são usadas parcialmente no complexo 3, pois o hotel precisa integrar ambas
as comunidades do entorno, adotar o uso de energia alternativa, procurar utilizar a
água da chuva para regar os jardins e aproveitá-la para limpeza das dependências
do hotel. Estes itens a serem melhorados pelo hotel deverão estar ligados às
observações feitas nas ações 7 e 9. No que se refere à ação 3 tamm precisa
aperfeiçoar, que os atores (funcionários e população local) necessitam,
constantemente, serem capacitados para oferecer uma atividade turística com
satisfação para os visitantes e visitados.
O empreendimento 4 é de grande porte e possui perfil de hotel lodge, em
algumas características: é luxuoso; focado em descanso e lazer; possui atividades
de lazer baseadas nos equipamentos como por exemplo, salas de jogos, sala de
ginástica, piscina; investimento de grande porte, lucratividade baseada na alta
capacidade, serviços e preços; apresentam refeições internacionais. Por outro lado,
este complexo tem outras características que os aproxima ao hotel de selva como: o
marketing é individual; os guias e os intérpretes da natureza são o foco da operação;
99
oferecem refeições com influência cultural; desenvolvimento integrado ao meio local.
Desta forma o empreendimento possui características de lodge e de hotel de selva.
As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR,
1994) são empregadas parcialmente pelo complexo. No que se refere à ação 3, ela
ocorre esporadicamente, na medida da necessidade, embora deva ser utilizada com
freqüência, pois quanto mais capacitados forem os funcionários e a comunidade
local, mais condições estes m de promover uma consciência ambiental nos
visitantes que serão capazes de minimizar as interferências à natureza, visto que
estarão mais conscientes sobre a importância de valorizar os recursos naturais.
os itens analisados na ação 7 precisam ser adequados corretamente, haja vista que
o complexo precisa melhorar seu sistema de coleta de lixo, utilizar energia
alternativa e fazer investimentos que conservem os recursos naturais e culturais. As
ações 8 e 9 se encontram melhor ajustadas, pois os serviços oferecidos pelos guias
possibilitam transmitir informações a respeito da biodiversidade. No que se refere à
ação 9 o hotel não envolveu a população local no planejamento, mas a integra no
sistema operacional.
O estabelecimento 5 se caracteriza por ser de grande porte e possuir o perfil
lodge, uma vez que suas atividades de lazer estão baseadas no equipamento, por
exemplo, piscina e quadra de esportes; direcionado no descanso e lazer;
propriedade de grupo; lucratividade baseada na alta capacidade, serviços e preços;
principais atrativos o os equipamentos e o entorno;
adota marketing de
grupo/cadeia de hotéis; desenvolvimento isolado.
As Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR,
1994) ainda não são adequadas devidamente nas atividades do complexo 5,
principalmente quanto à ação 3, pois os funcionários e a população próxima alegam
que os cursos de capacitação não ocorrem. Entretanto, a nova administração tem
consciência disto e afirma que pretende reverter esta situação. Sobre os itens
observados na ação 7 verifica-se que necessitam melhorias em conservação dos
recursos naturais e culturais utilizados; desenvolver turismo com base cultural e
ecologicamente sustentável. No que se refere ao sistema do recolhimento de lixo,
este é separado e levado numa embarcação própria para capital onde é
encaminhado para o lixão de Manaus, porém se constatou lixo próximo às trilhas. Os
efluentes o tratados e observou-se que os encanamentos das UHs não se
direcionam ao rio e sim para uma fossa séptica
.
100
A ação 8 permite classificar como excelentes as atividades de lazer assim
como o trabalho dos guias que repassam entendimento e respeito ao meio
ambiente. A relação do hotel com a população do entorno é incipiente, pois a
maioria da mão-de-obra para o hotel vem de Manaus e a atividade econômica das
pessoas da localidade próxima não é incentivada pela presença do
empreendimento.
4.5 DISCUSSÃO
A análise do emprego das Ações Estratégicas da Política Nacional de
Ecoturismo em empreendimentos considerados hotéis de selva no estado do
Amazonas obteve resultados insatisfatórios. Com exceção do complexo 1, que
procura utilizar as ações que o de responsabilidade do hotel, os demais
empreendimentos não as utilizam. Portanto, as Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo ainda não possibilitaram a organização das atividades no
setor ecoturístico e nem fez com que estas deixassem de ser impulsionadas pela
oportunidade mercadológica como previsto pela EMBRATUR (1994). Por
conseguinte, as referidas ações ainda não conseguem ser um instrumento de apoio
junto à Constituição Federal de 1988, que visa a garantir, no artigo 225, um
ambiente ecologicamente equilibrado a toda nação.
Abreu (2001) salienta que implantação de equipamentos e os programas
baseados no uso de recursos naturais, em sua maioria, são desenvolvidos sem o
controle necessário de fiscalização, por isso, alguns deles causam uma série de
impactos ao meio ambiente. Esta citação pode ser comprovada em alguns
estabelecimentos estudados, pois as construções não estão adequadas com meio
natural em que se inserem.
Não se pode apontar os gestores como causadores de interferências
ambientais na região, pois as ações que são de responsabilidade dos órgãos
públicos (federais, estaduais e municipais) o são cumpridas devidamente, pois
alguns itens ressaltados nas Ações Estratégicas 1, 2 4 da Política Nacional de
Ecoturismo deixam a desejar perante os administradores públicos tais como:
ausência de dispositivos legais para desenvolvimento do ecoturismo, falta de
101
mecanismo legais de fiscalização e controle, carência de um fórum permanente de
discussões sobre ecoturismo, entre outros.
Acredita-se na viabilidade de uma parceria das esferas turísticas do país
com os gestores de empreendimentos de selva, para que estes venham trabalhar de
forma organizada, ou seja, planejada sem causar grandes interferências à natureza
como determina Ferretti (2002).
Nelson e Pereira (2004) afirmam que a falta de políticas eficientes podem
causar rios estragos num ambiente natural onde é desenvolvido o ecoturismo. Os
empreendimentos denominados hotéis de selva no estado do Amazonas não deixam
de fundamentar suas atividades no ecoturismo, no sentido de usufruir dos recursos
naturais e culturais presentes na região. Entretanto, esses empreendimentos o
atendem adequadamente os cririos estabelecidos pelas Ações Estratégicas da
Política Nacional de Ecoturismo não devendo, assim, serem denominados de hotéis
de selva. Os complexos ecolodges visam a trabalhar com turismo em áreas naturais
seguindo os princípios do ecoturismo, conforme Russell, Bottrill e Meredith (1995
apud NELSON; PEREIRA, 2004). Nascimento (1999, apud VALE, 2003) salienta que
os hotéis de selva devem seguir a filosofia do ecoturismo.
Vale (2003) menciona que os complexos de selva devem maximizar a
difusão do desenvolvimento sustentável e contribuir efetivamente para a melhoria da
qualidade de vida da população local. Mas, no que se refere à cooperação dos
empreendedores com as localidades locais por meio de benefícios sociais e
econômicos ainda não ocorrem em todos os hotéis, pois, nos cinco hotéis
pesquisados, somente os complexos de 1 e 4 conseguem enquadrar a população
local no sistema ocupacional. Já o hotel 3 promove benefícios a uma comunidade do
entorno, porém o conseguem integrar esta comunidade no sistema ocupacional
do hotel.
Cavalcante (2001) descreve que os hotéis de selva devem ser pequenos e
de médio porte e com pouca sofisticação. Entretanto alguns hotéis no estado do
Amazonas possuem acima 300 UH. Portanto de se concordar com Nascimento
(1999, apud VALE, 2003) que enfatiza que, na região Amazônica, há hotéis de selva
muito confortáveis.
Cavalcante (2001) destaca que os hotéis de selva devem contribuir com as
questões ecológicas, assumindo papel de agente educador, estimulando e
promovendo um movimento ambientalista correto nos visitantes. Logo os hotéis da
102
região Amazônica conseguem efetuar estas atividades através dos guias que
conseguem promover uma consciência ambiental, fazendo com que os turistas
valorizem mais os recursos naturais e culturais tanto das regiões visitadas como da
região a qual pertencem. Os guias são peças-chaves no desenvolvimento do turismo
sustentável, às vezes, os estabelecimentos não estão dentro dos padrões
ecológicos e, por isto, não conseguem transmitir uma mensagem ecológica. Porém
os guias conseguem transmitir uma reflexão sobre a conservação e o manejo da
paisagem, fazendo com que os turistas não a contemplem, mas que sejam seus
protetores.
Vale (2003) ressalta que os hotéis de selva devem obedecer a alguns
princípios básicos em suas construções tais como: utilização de matérias e conceitos
culturais compatíveis com o ambiente na construção; instalação e fabricação de
mobília e acessórios preferencialmente com madeiras provindas do processo de
manejo; utilização máxima da ventilação natural e fontes de energia alternativas,
como a energia solar ou a eólica; movimentação mínima da terra para a instalação
de tubulações; remoção de lixo e dejetos orgânicos ambientalmente de forma
adequada; tratamento de água, antes de ser novamente lançada aos rios.
Por conseguinte, estes itens ressaltados pela autora do parágrafo acima
ainda não são utilizados em alguns hotéis, pois os hotéis 1 e 3 são os que estão em
melhor equilíbrio com ecossistema ao entorno, são complexos de pequeno e médio
porte onde houve um planejamento que envolveu a participação de equipes
multidisciplinares (engenheiros, arquitetos, biólogos, turismólogos, entre outros).
Estes empreendimentos tiveram o cuidado em utilizar madeiras originadas do
processo de manejo e de apreensão do IBAMA e, na questão do lixo, fazem a
separação dos resíduos orgânicos e inorgânicos, tratam os efluentes antes de serem
lançados ao rio. No que se refere ao uso de energia alternativa, não em nenhum
hotel, pois a energia utilizada vem dos municípios próximos ou de geradores que
ocasionam poluição sonora.
Reimberg (2005) ressalta que os hotéis de selva no Amazonas são bonitos e
estão se expandindo, porém alguns complexos de selva não estão exercendo
atividades coerentes com o meio natural o qual estão inseridos, pois destaca que
alguns empreendimentos de selva adotam procedimentos errôneos tais como:
acúmulo de lixo dentro da área do hotel, sem o devido tratamento; uso
indiscriminado de sabonetes e detergentes contaminando o solo e os rios; poluição
103
sonora decorrente dos motores de barcos e dos geradores utilizados para o
fornecimento de energia elétrica; uso de materiais (de construção e decoração)
contrastantes e estranhos ao ambiente; ausência de participação da comunidade
durante o processo de idealização do empreendimento, entre outros fatores.
Todavia, estes itens enfatizados pela autora continuam acontecendo em alguns
estabelecimentos de selva.
Abreu (2001) argumenta que o tratamento dado às questões ambientais
pelos estabelecimentos de selva da Amazônia é carente. O referido autor tem razão,
pois alguns hotéis da região não trabalham de forma harmoniosa com o meio natural
inserido, mas talvez seja pelo fato de alguns gestores desconhecerem as
características específicas de hotel de selva. Portanto seria conveniente que
houvesse um sistema de classificação hoteleira com estratégias específicas para as
categorias de selva. Desta maneira, alguns empreendimentos como o hotel 1
poderia se tornar competitivo. O que se percebe é que empreendedores abrem os
seus estabelecimentos de selva sem conhecimento específico a respeito da
atividade, apenas seguem o exemplo de outros empreendimentos que estão a mais
tempo no mercado. Muitos dos gestores antigos de selva construíram seus
complexos sem o menor cuidado com a natureza, que, na época, não se tinha
uma preocupação com o meio ambiente como se tem hoje.
A prática do turismo de natureza na Região Amazônica existe mais de
vinte anos e até hoje necessita de um modelo estruturado pelos órgãos turísticos,
especificando as características deste tipo de empreendimento. E, com o passar do
tempo, novos hotéis de selva vão surgindo com estruturas e procedimentos
inadequados para área onde estão localizados.
Um exemplo do descuido da fiscalização dos órgãos turísticos (federal e
estadual) é o fato de alguns hotéis da selva, que não são os pesquisados, estarem
funcionando sem o devido cadastramento nos referidos órgãos, conforme os
indicadores turísticos de 2003 do estado do Amazonas. Este procedimento vai de
encontro com o Decreto n. 84.910, de 15 de julho de 1980, que destaca que
nenhuma empresa turística pode funcionar se não estiver cadastrada na
EMBRATUR. Desta maneira, o país deixa de arrecadar tributos e gerar um turismo
em harmonia com meio natural em que promova benefícios sociais e econômicos às
populações próximas.
104
No que se refere ao não cadastramento de hotéis de selva na EMBRATUR,
as informações fornecidas pela AMAZONASTUR, entidade responsável pelo turismo
no Estado do Amazonas, são contraditórias, visto que este órgão informou, nos
indicadores de turismo (2003), que existem 10 (dez) empreendimentos cadastrados
e 09 (nove) não cadastrados. Nos indicadores de 2004 da AMAZONASTUR, existem
nove estabelecimentos de selva cadastrados, o informaram o número de
complexos de selva não cadastrados. que, no site da AMAZONASTUR (Anexo
7), existem 24 (vinte quatro) complexos referidos como hotéis de selva.
Se o país deseja promover uma atividade turística no qual proteja seus
recursos naturais, é preciso que as entidades turísticas (federal, estadual e
municipal) ajam com desvelo e competência o qual venham a servir de exemplo
para os administradores de hotéis e para sociedade em geral, fazendo com que as
leis, decretos e ações sejam cumpridos.
Conclui-se que os órgãos turísticos do país devem proporcionar caminhos
para que os administradores de hotéis de selva venham utilizar as Ações
Ecoturísticas como instrumentos de apoio, pois, desta maneira, eles manterão seus
ambientes estáveis como também será uma forma positiva e eficaz de incentivar as
pessoas a se conscientizarem de seu próprio comportamento e incentivá-las a
contribuírem para a conservação dos recursos naturais do país.
CONCLUSÃO
Os cenários naturais da Amazônia são os grandes incentivadores para
propagação do turismo de natureza na região. O estado do Amazonas foi o pioneiro
na implantação de empreendimentos de selva que visam a interagir o homem com a
natureza. Este tipo de complexo se intensificou na Região Amazônica, entretanto
não há muitos estudos científicos a respeito do desenvolvimento desta atividade.
Considerando-se a relevância de se estudar a prática da atividade turística
em hotéis de selva do estado do Amazonas com base nas Ações Estratégicas da
Política Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994) e identificando as
características destes empreendimentos, foi possível obter os seguintes
entendimentos com base nos objetivos propostos, tais como:
Não há integração das entidades turísticas (federal, estadual e municipal)
com os complexos de selva estudados. Por conseguinte, alguns gestores se
mostram desmotivados, pois, segundo estes, quaisquer providências tomadas, na
área ambiental, traz consigo o aumento de despesas e, conseqüentemente, o
acréscimo dos custos do processo produtivo. Logo, se que uma necessidade
de uma maior parceria daquelas entidades com os gestores.
As Ações Estratégicas 1, 2, e 4 da Política Nacional de Ecoturismo
(EMBRATUR, 1994), que compete aos órgãos turísticos, não são executadas
devidamente na Região Amazônica, porque as estratégias referidas a estas ações
são inoperantes como: mecanismos legais de fiscalização e controle; ausência de
dispositivos legais ao desenvolvimento do ecoturismo; falta de regulamentos
compatíveis com a realidade local; carência de um fórum permanente de discussões
a respeito de ecoturismo; inexistência de informações sobre ecoturismo; falta de
modelos de referência para os serviços e equipamentos ecoturísticos entre outros.
No que se trata à capacitação de funcionários e à população do entorno para
trabalhar com turismo de natureza, oferecida pelos administradores, ainda não é
freqüente. O hotel 1, freqüentemente, capacita seus funcionários. Logo em seguida,
pelo menos duas vezes ao ano ou quando necessidade, destacam-se os
empreendimentos 2, 3, 4. O procedimento no hotel 5 é desconhecido pelos
funcionários e pela população próxima, mas os novos administradores reconhecem
106
que precisam investir em cursos, por isso afirmaram que este procedimento será
executado com freqüência.
Os complexos 2, 4 e 5 o grandes, e suas construções não estão de
acordo com as características de complexos de selva, pois são empreendimentos
pomposos, iguais aos hotéis dos grandes centros urbanos. É necessário que órgãos
turísticos (federais, estaduais e municipais) criem um sistema de classificação para
ambientes de natureza, pois desta maneira as construções dos hotéis de selva
estarão mais compatível com meio natural, além de tudo garantirão a atividade
perdurável por longos anos, como tamm permitirá a manutenção dos recursos
naturais.
Quanto ao trabalho dos guias nos hotéis de selva identificou-se que estes
profissionais promovem um trabalho interessante, pois interagem os turistas com o
ambiente natural por meio das atividades de lazer tais como: caminhadas na selva,
visita às comunidades, pescaria, focagem de jacaré, passeio aos igapós (regiões
alagadas).
Os guias, também, por meio de suas atividades, conseguem promover uma
consciência ambiental, fazendo com que os turistas valorizem mais os recursos
naturais e culturais tanto das regiões visitadas como da região a qual pertencem.
Estas pessoas o peças-chaves no desenvolvimento de turismo sustentável. Às
vezes, os estabelecimentos não estão dentro dos padrões ecológicos e por isto não
conseguem transmitir uma mensagem ecológica. Porém, os guias preenchem esta
lacuna já que emitem uma reflexão sobre a conservação e o manejo da paisagem,
fazendo com que os turistas não só a contemplem, mas que estes sejam protetores.
O entrosamento das localidades do entorno com os hotéis de selva é
reduzida. Onde se observou que existe um bom relacionamento com a comunidade
foram nos empreendimentos 1, 3 e 4. Os complexos 1 e 4 se localizam no mesmo
município e se observou que a população local tem conhecimento das atividades
dos hotéis e sabem da importância que estes representam para a localidade, haja
vista que toda mão-de-obra ocupada no sistema operacional dos hotéis 1 e 4
provém do próprio município. Vale mencionar que algumas pessoas foram
integradas no planejamento do hotel 1.
Os gestores dos demais empreendimentos alegam que não contratam as
pessoas das comunidades do entorno em razão destas não terem qualificações
profissionais para as devidas ocupações. que tal afirmativa não justifica a
107
exclusão, porquanto são pessoas que querem ter uma ocupação profissional para
colaborar com economia da família e por isto estão dispostas em aprender.
O problema atribuído no parágrafo acima é de responsabilidade dos
gestores e dos órgãos turísticos que não promovem condições para qualificação
destas pessoas. Se o estado do Amazonas almeja ampliar a renda das populações
dos municípios, deveria estar perto destas localidades, oferecendo treinamentos
para que estas pessoas entrem no mercado de trabalho, sem que haja um
deslocamento da população do interior para a capital, como é de costume.
Ao se tratar das características dos hotéis de selva, somente o hotel 1
possui perfil de hotel de selva. Os hotéis 3 e 4 possuem perfil de hotel de selva e
lodges. Quanto aos demais complexos m características de lodges. Entretanto, é
concludente que alguns estabelecimentos de selva utilizam o termo inadequado para
prática da atividade que executam, em razão de serem pomposos iguais aos hois
localizados nos grandes centros urbanos e por visarem o mercadológico (alta
capacidade serviços e preços) entre outros.
Para que as Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo da
Embratur (1994) sejam utilizadas devidamente pelos hotéis de selva do estado do
Amazonas, é necessário que as esferas governamentais turísticas (federais,
estaduais e municipais) acompanhem melhor o trabalho dos complexos de selva da
região amazônica, retornando um sistema de classificação ambiental e ecológica
com características específicas para hotéis de selva; efetuar um sistema de
fiscalização eficaz nos estabelecimentos de selva; esclarecimento ambiental
constante aos gestores de hotéis de selva como tamm, as localidades do entorno.
Conclui-se que a pesquisa foi satisfatória em razão de se alcançar os
objetivos propostos. Foi uma tarefa árdua onde alguns gestores hoteleiros estavam
desconfiados e por isso não responderam algumas informações a respeito das
Ações Estratégicas da Política Nacional de Ecoturismo. Mas, com o passar da
entrevista, já estavam mais amigáveis e faziam questão de falar a respeito do
assunto ao qual estavam melindrados. Quanto à comunidade, na primeira etapa,
alguns pensavam que estávamos a serviço de algum político, mas depois foram
muito amáveis e falavam e questionavam a respeito da prática de turismo na região.
Apesar dos obstáculos enfrentados para se construir o trabalho dificuldade
de locomoção em alguns complexos, que alguns eram longe e outros o
dispuseram de locomoção.
108
Além dos obstáculos citados, convém enfatizar a dificuldade de se encontrar
trabalhos científicos que abordassem o assunto hotéis de selva”. Foi possível
localizar 3 (três) trabalhos, sendo um na Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior CAPES, de autoria da Mariana Lapiez Reimberg, que
analisou as reais contribuições dos hotéis de selva na Amazônia brasileira para o
desenvolvimento sustentável, e os demais na Universidade Federal de Santa
Catarina: Cavalcante (2001) tratou o processo de captação estratégica dos hotéis de
selva, e, por último, Vale (2003) debateu a respeito de gestão hoteleira em meios de
hospedagem ambiental e ecológica. Entretanto, em ambos os trabalhos enfatizados,
não se obtiveram esclarecimentos quanto ao uso das Ações Estratégicas da Política
Nacional de Ecoturismo (EMBRATUR, 1994) e do perfil destes empreendimentos.
Portanto, apesar de ter sido um trabalho difícil, foi satisfatório, isto porque se
conseguiu alcançar os objetivos propostos como também foi possível conhecer mais
sobre alguns costumes, tradições que não são executadas na capital.
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Barueri: Manole, 2005.
RUSCHMANN, Doris. Impactos ambientais do turismo ecológico no Brasil. Turismo
em Análise, São Paulo, v. 4, n. 1, maio 1993.
SAMYRA, Crespo. Origem e evolução do ecoturismo. Senac Educação Ambiental,
Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, jan.-abr. 1999.
SERRANO, Célia Toledo; BRUHNS, Heloisa (org.). Viagens à natureza. Campinas:
Papirus, 1999.
113
SIMPÓSIO Internacional sobre Ecoturismo e Desenvolvimento Sustentável dos
países da Bacia Amazônica. ECOTUR AMAZÔNIA. Manaus. Instituto Ambiental/Rio
de Janeiro: Biosfera, 2001.
SIOLI, Harald. Amazônia: fundamentos da ecologia da maior região de florestas
tropicais. Petrópolis: Vozes, 1990.
SOARES, Márcia. Programa de melhores práticas de ecoturismo–MPE.
Disponível em: www.mpefunbio.org.br/mpe. Acesso em: 15 jan. 2006.
SYLVIA, Mitraud. Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para
um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, 2003.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: conceitos e impacto ambiental.
Tradução Margarete Dias Pulido. São Paulo: Aleph, 2000.
TULIK, Olga. Recursos naturais e turismo: tendências contemporâneas. Turismo
em Análise, São Paulo, v. 4. n. 2, nov. 1993.
VALE, Maria Leônia. Modelo de gestão hoteleira para meios de hospedagem
ambiental e ecológico. Florianópolis: UFSC, 2003. Dissertação (Mestrado em
Engenharia da Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
VANDERLEI, Renato. Amazônia: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo:
Ícone, 2004.
VIOLI, Joseane. Estudo de impacto ambiental e capacidade de carga na Trilha do
Paraíso, situada na Serra do Japi, Jundiaí-SP Brasil. Turismo em Análise, São
Paulo, v. 12, n. 2, p. 221-41, nov. 2005.
WEARING, Stephen; NEIL, John. Ecoturismo: impactos, potencialidades e
possibilidades. Barueri: Manole, 2001.
ANEXO
ANEXO 1
Enviar
Você está em> Regiões Turísticas (Pantanal,
Nordeste, etc.) :Região Amazônica :Hospedagem
(hotéis, flats, pousadas, etc.)
Aldeia dos Lagos Hotel de Selva
- Localizado no município de Silves, 360 km de Manaus,
AM. Empreendimento de ecoturismo comunitário.
Conheça a floresta amazônica com quem mora e vive com
os recursos que ela oferece. Apoio e gerenciame nto
ASPAC e WWF. Silves, AM.
Ariaú Amazon Towers
- Hotel na selva amazônica. 210 apartamentos
construídos na copa das árvores, a 55 km de Manaus.
Guanavenas Pousada Jungle Lodge
- Hotel de selva, oferece serviços e hospedagens,
excursões ecológicas, fotos e descritivos dos pacotes.
Silves, AM.
Temas
Regiões Turísticas
Pantanal
Praias do Nordeste
Região Amazônica
Serra da Bocaina
Serras Gaúchas
Regão Serrana (RJ)
Serra da Mantiqueira
Estados
Agências
Cursos
Transportes
Órgãos Oficiais
Tempo/Temperatura
Livros Turismo
ANEXO 2
Fonte: DATO, Edimara. Hotel de Selva do Amazonas se destaca na Imprensa Internacional,
Manaus, 15 ago.1998. Caderno de Cidade, p. 6.
ANEXO 3
Fonte: SOARES, Eduardo. Hotéis de Selva. Amazon Best, Manaus, n. 03, ago.-set, 2004.
ANEXO 4
Fonte: SOARES, Eduardo. Hotéis de Selva. Amazon Best, Manaus, n. 03, ago.-set., 2004.
ANEXO 5
Fonte: SOARES, Eduardo. Hotéis de Selva. Amazon Best, Manaus, n. 03. ago.-set., 2004.
ANEXO 6
DELIBERAÇÃO N.º 360, DE 16 DE MARÇO DE 1996.
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO INSTITUTO BRASILEIRO
DE TURISMO.
A Diretoria da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo, no uso de suas atribuições
legais e estatutárias, e Considerando o atual comprometimento da credibilidade da informação
fornecida pelo sistema de classificação hoteleira vigente;
Considerando que o atual sistema de classificação hoteleira está com o seu modelo
exaurido, após ter cumprido, no passado, importante papel como referencial de qualidade para
empreendedores e consumidores;
Considerando que, em vista disto, urge restaurar o papel de referencial de qualidade do
sistema da classificação hoteleira, recuperando a credibilidade de suas informações para os
empreendedores e consumidores.
RESOLVE:
Art. - Fica cancelado o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de
Hospedagem de Turismo e revogadas as matrizes de classificação instituídas com base nas
referências normativas vigentes.
Parágrafo Primeiro - As classificações atribuídas com base no sistema ora canceladas
terão validade pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de entrada em vigor desta Deliberação
Normativa, findo o qual deverão os empreendimentos classificados providenciar a devolução dos
respectivos certificados, placas e plaquetas de classificação.
Parágrafo Segundo - Durante o prazo referido no parágrafo anterior, os empreendimentos
classificados continuarão com as seguintes obrigações:
a) o preenchimento de Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH e o envio do
Boletim de Ocupação Hoteleira - BOH ao Órgão Delegado competente;
b) a manutenção dos padrões correspondentes ao tipo e categoria em que estiverem
classificados, a serem verificados nas vistorias periódicas procedidas pelos Órgãos Delegados da
EMBRATUR
Parágrafo Terceiro - Até a instituição do novo Sistema Brasileiro de Classificação de Meios
de Hospedagem, a EMBRATUR solicitará as providências necessárias:
a) do Ministério de Administração e Reforma do Estado-MARE, para que não seja
exigida a comprovação da classificação, nesta Autarquia, como condição para participação em
processos de licitação promovidos pelos Órgãos do Governo Federal;
b) dos órgãos governamentais que administrem recursos destinados a apoiar e
estimular a atividade turística, para que continuem, nas análises dos projetos de implantação,
reforma, adaptação e melhoria de meios de hospedagem de turismo, a verificar, para fins de
preservação de direitos, o preenchimento dos itens estabelecidos no Anexo Único, desta Deliberação
Normativa.
Art. - A EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo apresentará, no prazo de 60
(sessenta) dias, contado da data da publicação desta Deliberação, um novo sistema de classificação
hoteleira, resultante de amplo processo de consulta às representações de âmbito nacional dos
consumidores, da classe hoteleira e de órgãos governamentais observados os seguintes princípios
básicos:
I - credibilidade junto ao mercado;
II - padrões de qualidade condizentes com a competitividade internacional do produto
turístico brasileiro.
Art. - Os requerimentos protocolados até a data da publicação desta Deliberação
Normativa, que digam respeito ao sistema de classificação ora cancelado, teria assegurado o direito
de serem regulamente instruídos, analisados e decididos com base nas normas que o regulam.
Art. - Revogam-se as disposições contidas na Resolução CNTur 1601, de 06/05/91,
Resolução Normativa CNTur 09, de 15/12/83, Resolução Normativa CNTur 23, de 09/04/87,
Resolução Normativa CNTur 24, de 04/06/87, Resolução Normativa CNTur 27, de 22/07/87,
Resolução Normativa CNTur 28, de 19/09/87, Resolução Normativa CNTur 31, de 19/03/88,
Deliberação Normativa nº 344 de 29/06/95, e as demais disposições em contrário.
Art. - A presente Deliberação Normativa entra em vigor na data de publicação no Diário
Oficial da União.
CAIO LUIZ CIBELLA DE CARVALHO Presidente
BISMARCK COSTA LIMA PINHEIRO MAIA Diretor de Economia e Fomento
JOSÉ WALTER VAZQUEZ FILHO Diretor de Administração e Finanças
ROSTON LUIZ NASCIMENTO Diretor de Marketing
ANEXO ÚNICO
1. Deve estar licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de
hospedagem.
2. Deve ser administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira.
3. Deve oferecer alojamento, para uso temporário peto hóspede! mediante contrato tácito ou
expresso de hospedagem, e sistema de cobrança de diária, válida para ocupação da unidade
habitacional a duas pessoas.
4. Devem ter áreas destinadas aos serviços de hospedagem, de portaria / recepção,
circulação, alimentação e bebidas.
5. Deve ter todas as unidades habitacionais com banheiros privativos.
6. Deve ter serviço de portaria / recepção durante 24 horas, apto a permitir a entrada e
saída, registro e liquidação de faturas dos hóspedes.
7. Deve ter áreas destinadas aos serviços de hospedagem independentes das que não
digam respeito à atividade, no caso de edificações que atendam a outros fins.
8. Deve ter todas as salas e quartos das unidades habitacionais com abertura para o
exterior para fins de ventilação e iluminação.
9. Deve ter todos os banheiros privativos das unidades habitacionais com abertura direta
para o exterior ou ventilação forçada través de duto.
1O. Deve ter serviços sicos de abastecimento de água, energia elétrica, comunicações,
esgoto e coleta do lixo.
11. Deve ter elevadores para passageiros e para carga/serviço em prédio de quatro ou mais
pavimentos, inclusive o térreo, ou conforme as posturas municipais.
12. Deve ter equipamentos e/ou instalações contra incêndio aprovados pelo Corpo de
Bombeiros local.
13. Deve ter vestiários, sanitários e local próprio para refeições dos funcionários conforme
legislação do órgão competente.
14. Deve ter local próprio para preparo de refeições.
15. Deve ter local próprio para guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes.
16. Deve possuir, no mínimo, corno mobiliário do quarto de dormir de todas as unidades
habitacionais: cama, meios para guarda de roupas e objetos pessoais, mesa de cabeceira e cadeira.
17. Deve possuir serviço diário de limpeza e arrumação das unidades habitacionais.
18. Deve possuir serviço de fornecimento de produtos básicos de higiene.
19. Deve possuir serviço de troca de roupas de cama e banho, no mínimo, duas vezes por
semana.
20. Deve possuir serviço de café da manhã.
21. Deve manter as instalações permanentemente imunizadas contra insetos e roedores.
ANEXO 7
LISTA DE HOTÉIS DE SELVA NO ESTADO DO AMAZONAS
MEIOS DE HOSPEDAGEM
Nome, Endereço, Telefone e E-mail
HOTELARIA DE SELVA
Amazon Ecopark (Hotel de Selva)
Rua Silva Ramos, 04 – GRP 203 – Praça Colégio Auxiliadora – Centro, CEP 69.025-090 –
Manaus-AM
(92) 3622-1950 / 3622-2612
ecopark@vivax.com.br
Amazon River Side (Hotel de Selva)
Rio amazonas, Gleba 01 – Lote 5 s/n – Lago do Jacinto, Puraquequara – Manaus-AM
(92) 3631-8491
cts@vivax.com.br
www.amazonriversidehotel.com
Amazon Jungle Cruise – Ibero Star (Hotel de Selva)
Rua Marques de Santa Cruz, 25 – Armazém 7- Centro - Manaus-AM – 69.010-080
(92) 2126-9900/2126-9911
contador@iberostar.com.br ou comercial@iberostar.com.br
www.iberostar.com.br
Amazon Acqua Park (Hotel de Selva)
Rodovia BR 174 – Km 101 Zona Rural, Presidente Figueiredo – Manaus-AM – 69.735-000
(92) 3233-0071
amazonacquapark@amazonacquapark.com.br
www.amazonacquapark.com.br
Arara Amazon Resort (Hotel de Selva)
Rua sitio São Pedro, Gleba 3 – Lote 28, s/n – Tarumã Cuieiras – Zona Rural – Margem Esquerda
do Igarapé do Arara Rio Negro – Manaus-AM Cep: 69.073-970
(92) 3642-4524 / 3245-1110
hotel@arararesort.com.br
www.arararesort.com.br
Ariaú Amazon Towers (Hotel de Selva)
Margem Direita do Paraná Ariaú, s/n – Lote 69 – CEP 69.405-000
(92) 2121-5098 / (92) 3622-6156
mowebeka@hotmail.com
Aracá Camp (Hotel de Selva)
Bacia do Rio Dememi, 100 km de Manaus Margem do Rio Aracá – Barcelos-AM Cep: 69.700-000
(11)3814-7488
eprada@aracacamp.com.br
www.aracacamp.com.br
Boa Vida Jungle Resort (Hotel de Selva)
Rodovia AM-010, KM 53 – Manaus-AM CEP: 69.045-600
(92)3245-1391 / 3231-1661
reservas@boavidahotel.com.br
www.boavidahotel.com.br
Búfalo Jungle Hotel Ltda (Hotel de Selva)
Rodovia Am 010, Km 72 - Rio Preto da Eva CEP: 69115-000 - (92) 3633-3773
sedra@uol.com.br
123
City Park (Hotel de Selva)
Rodovia Am 010, Km 27 - Flores - Manaus-Am - CEP: 69048-660
(92) 3086-2868 / Fax: (92)3633-8743
CunhãTur (Hotel de Selva)
Rodovia Am 010, Km 64 – Zona Rural - Rio Preto da Eva CEP: 69115-000
(92) 3328-1482
www.cunhahotel.com.br
Evanstour Hotel e Turismo (Hotel de Selva)
Rua Barroso, 1710 - Liberdade – Manacapuru - CEP: 69400-000
(92) 3361-3050 / 3361-4735
evanstou[email protected]m.br
Fazenda Marupiara (Hotel de Selva)
Ramal do Urub, s/n Km 12 _ Lote 32 – Zona Rural – Presidente Figueiredo - CEP: 69735-000
(92) 9997-2650/ 9994-0650
Iracema Falls Ecoresort (Hotel de Selva)
Rodovia BR-174, KM 115 – Zona Rural – Presidente Figueiredo-Am CEP 69.735-000
(92) 3234-5500
iracemafalls@iracemafalls.com.br
www.iracemafalls.com.br
Ilha Tauá Lodge (Hotel de Selva)
Margem Esquerda do Lago do Acajatuba, s/n – Cep: 69.405-000 – Iranduba – Am
(92) 3657-5433 Fax: (92)3657-5427
Juma Adventure Quest Hotel (Hotel de Selva)
Lago do Juma, s/n, lado esquerdo, Zona Rural – Autazes CEP 69.250-000
(92) 3232-2707 /9142-2708/ 3245-1177/(11)4789-8200 / 4789-2589 SP
juma@jumalodge.com.br
www.jumalodge.com.br
Jungle Othon Palace Hotéis Flutuantes (Hotel de Selva)
Rua Saldanha Marinho, 700 – Centro - CEP: 69010-040
Margem Esquerda do Rio Negro, Igarapé do Tatu –Tarumã – Manaus-Am – Cep: 69.020-282
(92)3087-8821/3633-6200/6300
junglepalace@internext.com.br / fmtur@internext.com.br
www.junglepalace.com.br
Liga de Eco-Pousadas do Amazonas Ltda (Hotel de Selva)
Rua 15 de janeiro, 08 – Mauazinho - CEP: 69075 -720
(92) 3615-1615
ligatur@globo.com
Malocas Jungle Lodge (Hotel de Selva)
Baixo Rio Preto da Eva, s/n - Rio Preto da Eva - CEP: 69115-000
(92) 3221-0628/3233-4746
malocas@osite.com.br
www.malocas.com
Pousada Amazônia (Hotel de Selva)
Estrada Manuel Urbano, s/n, km 36 – Zona Rural – Iranduba-Am - CEP 69.000-000
(92) 3231-1021/3234-3705/3245-1236
pousadaa[email protected]m.br
www.pousadaamazonia.com.br
124
Pousada dos Guanavenas Turismo Ltda (Hotel de Selva)
Estrada de Silves, 02 – Silves - Am - CEP: 69110-000
(92) 3528-2110
comercial@guanavenas.com.br
www.guanavenas.com.br
Pousada Uacari (Hotel de Selva)
Canal do Lago Mamirauá, s/n - CEP: 69.485-000 -Tefé-AM
(97) 3343-4672 Fax: 3343-2736
ecoturismo@mamiraua.org.br
www.mamiraua.org.br
Pousada Mamori Amazonas (Hotel de Selva)
Margem Direita do Lago do Mamori, s/n – Zona Rural - Careiro - Am - CEP: 69250-000
(92) 9981-2245
Sanctuary Lodge (Hotel de Selva)
Rodovia Am 240 – Km 12 / Md s/n - Zona Rural - CEP: 69.735-000
Presidente Figueiredo- Am
(97) 3238-6752
reservaecologica@cachoeirasantuario.com.br
www.cachoeirasantuario.com.br
Fonte: AMAZONASTUR (2006)
Dispovel em: http://www.amazonastur.am.gov.br/programas_02.php?cod=0148.
Acesso em: 10 ago. 2006.
125
APÊNDICE 1
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NOS EMPREENDIMENTOS IN – LOCO
Nome do Hotel:
1) Tamanho do Complexo:
( ) Pequeno ( ) Médio ( ) Grande
2) Tipo de construção:
( )Alvenaria ( ) Madeira ( ) Madeira e Alvenaria
Descrever:
3) O hotel emprega ventilação natural e fontes de energia alternativa, como energia solar ou
eólica?
( ) Sim Qual?..........................
( )Não Justifique:
4) O Empreendimento hoteleiro se encontra compatível com o meio natural?
( ) Sim
( )Não Justifique:
5) Os empreendimentos incentivam a conservação dos recursos naturais e culturais?
( ) Sim Quais?........................
( ) Não Justifique:
6) Existe uma manutenção assídua nas trilhas como também nas instalações do complexo?
( ) Sim
( ) Não
7) Ocorre um sistema de tratamento da água antes de ser despejada ao rio?
( ) Sim ( ) Não
8) Os lixos e os dejetos orgânicos são removidos de forma adequada?
( ) Sim ( ) Não
Descreva:
9) Os funcionários estão capacitados para desempenhar as devidas funções?
( ) Sim ( ) Não
Descreva:
10) As instalações promovem uma conscientização Ambiental aos Turistas?
( ) Sim Quais? ............................
( ) Não Justifique:
11) As atividades dos guias estimulam uma reflexão ambiental?
( ) Sim ( ) Não
Descreva:
12) A cultura local é valorizada e interagida nas atividades do hotel?
( ) Sim ( ) Não
Justifique:
APÊNDICE 2
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA DOS GESTORES DOS HOTÉIS DE SELVA
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS PROPRIETÁRIOS DOS HOTÉIS DE SELVA.
ESTE FORMURIO ESTÁ BASEADO NO MANUAL DO ECOTURISMO DE BASES
COMUNITÁRIAS DA WWF (2003).
Data:________________ Hora: _______Empreendimento:__________________
Proprietário:_______________________________________________________
1) Você conhece as diretrizes do ecoturismo?
( ) Sim ( ) Não.
Caso positivo justifique é enfatize a respeito da contribuição destas para o hotel:
2) Como você categoriza seu empreendimento de natureza?
( ) Sim ( ) Não.
Caso positivo justifique:
3) O hotel envolveu e ainda continua envolvendo a comunidade que se encontra em seu entorno no
processo do seu planejamento, desenvolvimento e manutenção?
( ) Sim ( ) Não ( ) +/– Se sim em quê:
Se não por quê:
4) O hotel foi construído de acordo com ambiente natural no qual se encontra inserido?
( ) Sim ( ) Não
5) O hotel quando foi construído contou com a participação de equipes multidisciplinares
(engenheiros, turismólogos, arquiteto ambiental, antropólogos, biólogos etc.)?
( ) Sim ( ) Não. Se sim quais:
Se não por quê
6) Os móveis utilizados no hotel foram fabricados de madeiras provindas do processo de manejo ou
de florestas plantadas?
( ) Sim ( ) Não
7) Como você classifica seu empreendimento?
( ) Ecolodges ( ) Lodges
8) O uso da energia e da água é feito através de técnicas naturais que promovem maior economia
de consumo?
( ) Sim ( ) Não
9) Há um sistema regular de coleta de lixo?
( ) Sim. Qual o destino do lixo?
( ) Não
10) Vocês trabalham com a separação do lixo?
( ) Sim ( ) Não
11) Qual a capacidade do hotel?
a) 1 a 30 UH ( )
b) 31 a 60 UH ( )
c) acima de 61 UH ( )
12) O hotel capacita os funcionários?
( ) Sim Quantas vezes ao ano? a) ( ) uma vez b) ( ) duas vezes c) ( ) acima de 3 vezes
( ) Não
13) Vocês informam para os turistas sobre a importância de se cuidar do meio ambiente?
( ) Sim ( ) Não
14) As madeiras utilizadas na construção do empreendimento, vêm do processo de manejo?
( ) Sim ( ) Não
15) Vocês recebem algum tipo de apoio das esferas federal, estadual e municipal principalmente no
que se refere ao ecoturismo?
( ) Sim. Se sim qual apoio?
( ) Não. Se não por quê?
APÊNDICE 3
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA DA COMUNIDADE
DO ENTORNO DOS HOTÉIS DE SELVA
FORMULÁRIO DE ENTREVISTAS PARA AS COMUNIDADES QUE VIVEM PRÓXIMAS DE
HOTÉIS DE SELVA NO ESTADO DO AMAZONAS. ESTE FORMULÁRIO ESTÁ BASEADO NO
MANUAL DO ECOTURISMO DE BASES COMUNITÁRIAS DA WWF (2003).
Data: ________________ Hora: _______Local: _________________
Próximo de qual empreendimento hoteleiro: _____________________
1) Dados Pessoais:
Gênero: Feminino ( )
Masculino ( )
2) Idade:
a) ( ) 18 a 25 anos
b) ( ) 26 a 30 anos
c) ( ) acima dos 30
3) Há quantos anos você reside neste local?
a) ( ) 1 a 4 anos
b) ( ) 5 a 10 anos
c) ( ) acima de 10 anos
4) Quantas pessoas residem em sua casa?
a) ( ) 1 a 4 pessoas
b) ( ) 5 a 10 pessoas
c) ( ) acima de 10 pessoas
5) A renda mensal da família é:
a) ( ) menos de um salário mínimo
b) ( ) 1 a 2 salários mínimos
c) ( ) 3 a 4 salários mínimos
d) ( ) acima de 5 salários mínimos
6) Qual sua escolaridade?
a) ( ) alfabetização
b) ( ) ensino fundamental I (1ª a 4ª Série)
c) ( ) ensino fundamental II ( 5ª a 8ª Série)
d) ( ) ensino médio completo
e) ( ) ensino médio incompleto
f) ( ) ensino superior
7) Quantas pessoas em sua casa trabalham?
a) ( ) 1 pessoa
b) ( ) 2 pessoas
c) ( ) acima de 3 pessoas
d) ( ) nenhuma pessoa
8) Qual a origem de sua renda familiar:
a) ( ) aposentadoria
b) ( ) atividade pesqueira
c) ( ) agricultura
d) ( ) atividade madeireira
e) ( ) serviço público
f) ( ) artesanato
g) ( ) outros
9) Possui algum curso profissionalizante na área do turismo?
( ) Sim Qual?__________________________________
( ) Não
10) Você sabe o que é ecoturismo?
( ) Sim Justifique:_______________________________
( ) Não
11) Os turistas chegam a visitar a comunidade de vocês?
( ) Sim ( ) Não
12) O hotel de selva melhorou a vida de vocês?
( ) Sim de que forma?________________________________
( ) Não
13) Você acha que os hotéis de selva trouxeram problemas para a comunidade?
( ) Sim a) ( ) barulho b) ( ) maus costumes c) ( ) lixo nos atrativos d) ( ) outros
( ) Não
14) Você acha que estes empreendimentos trouxeram mais benefícios do que problemas?
( ) Sim. Se sim quais os benefícios?
( ) Não. Se não por quê?
15) A família participou do processo de planejamento do hotel de selva?
( ) Sim ( ) Não
16) Algum membro da família trabalha no hotel de selva?
( ) Sim Qual?_________________________________
( ) Não
17) Você conhece as áreas do hotel de selva próximo de sua casa?
( ) Sim ( ) Não
18) Você conhece o proprietário do hotel?
( ) Sim ( ) Não
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