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UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA
FILHO”
CAMPUS DE BOTUCATU
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
FERNANDA DE CÁSSIA ISRAEL
BUSCANDO A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA: PERCEPÇÃO DO
ACOMPANHANTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
BOTUCATU – SP
2008
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FERNANDA DE CÁSSIA ISRAEL
BUSCANDO A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA: PERCEPÇÃO DO
ACOMPANHANTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Dissertação apresentada
ao Departamento de
Enfermagem, Campus
de Botucatu/UNESP,
para obtenção do título
de Mestre em
Enfermagem.
Orientadora: Profª Drª Maria de Lourdes da Silva Marques Ferreira
Co-orientadora: Profª Drª Ione Correa
BOTUCATU – SP
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS.
E TRAT. DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO -
CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA
VICENTE
Israel, Fernanda de Cássia.
Buscando a assistência humanizada: percepção do acompanhante
em Unidade de Terapia Intensiva / Fernanda de Cássia Israel.
Botucatu : [s.n.], 2008.
Dissertação (mestrado)
Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista, 2008.
Orientador: Profª. Drª. Maria de Lourdes da Silva Marques Ferreira
Co-orientador: Profª. Drª. Ione Correa
Assunto CAPES: 40405001
1. Enfermagem. 2. Unidade de Tratamento Intensivo. 3.
Humanização na saúde.
CDD 610.73689
Palavras chave: Acompanhantes; Humanização; Unidade de Terapia
Intensiva.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Fernanda de Cássia Israel
BUSCANDO A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA: PERCEPÇÃO DO
ACOMPANHANTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Dissertação apresentada
ao Departamento de
Enfermagem, Campus
de Botucatu/UNESP,
para obtenção do título
de Mestre em
Enfermagem.
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora
Profa. Dra. Maria de Lourdes da Silva Marques Ferreira
Instituição: Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP Departamento de
Enfermagem
Assinatura:______________________________________________________
Profa. Dra. Ilda de Godoy
Instituição: Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP Departamento de
Enfermagem
Assinatura:______________________________________________________
Profa. Dra. Maria José Sanches Marin
Instituição: Faculdade de Medicina de Marília/FAMEMA Departamento de
Enfermagem
Assinatura:_____________________________________________________
edico este trabalho a Deus nosso Senhor, por ter me colocado nessa
vida, nesse caminho, nessa oportunidade, perto de pessoas muito especiais
com as quais compartilhei, desfrutei e vivencei essa grande experiência.
Novamente, Senhor, me permitiste confirmar que sou uma de tuas filhas, e por
isso agradeço muito. Se hoje concluo esse trabalho, Senhor foi através de sua
infinita misericórdia. Muito obrigada!
“E agora, eis o que diz o Senhor,
Aquele que te criou, Jacó, e te formou, Israel:
Nada temas, pois eu te resgato,
Eu te chamo pelo nome, és meu.
Se tiveres de atravessar a água, estarei contigo.
E os rios não te submergirão;
Se caminhares pelo fogo, não te queimarás,
E a chama não te consumirá.
Pois eu sou o Senhor, teu Deus,
O Santo de Israel, teu salvador.
Dou o Egito por teu resgate,
A Etiópia e Sabá em compensação.
Porque és precioso aos meus olhos,
Porque eu te aprecio e te amo,
Permuto reinos por ti,
Entrego nações em troca de ti.
Fica tranqüilo, pois estou contigo,
Do oriente trarei tua raça,
E do ocidente eu te reunirei.
(Isaías 43, 1-5)
D
D
todos os familiares que aceitaram em fazer parte deste estudo, meu afeto.
A
A
edicatória
Dedico este estudo a pessoas que têm um significado especial em
minha vida:
Aos meus amados pais, Manoel e Aparecida, pela força, apoio e amor,
que, mesmo distantes, puderam proporcionar. Agradeço por todas as vezes
que me socorreram e me acolheram nos momentos difíceis e por me amarem,
sempre e incondicionalmente. Pelas vezes que se ausentaram de seus lares e
vieram ficar comigo, me auxiliando nas viagens e cuidando de tudo para mim,
sendo companheiros sem medir esforços.
Ao meu noivo, Jean, pelo amor, carinho, paciência e auxílio destinados a
mim e ao meu trabalho.
Às minhas irmãs, sobrinhos e cunhados, por todo apoio e auxílio,
acreditando sempre que a conclusão deste trabalho seria possível.
A todos os amigos, que cientes ou não, colaboraram de alguma forma
para que este momento acontecesse.
D
D
gradecimentos
A todos os professores da Pós Graduação em Enfermagem da
Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP, pela oportunidade de estar
inserida no programa e por todo o embasamento teórico e prático que
possibilitou a realização desse trabalho.
Agradeço também a todos os professores da graduação que me
orientaram e prepararam para a realização do curso de mestrado.
Ao Departamento de Enfermagem, pela possibilidade de crescimento
profissional.
Ao Hospital das Clinicas da UNESP de Botucatu, por proporcionar meios
para que este trabalho pudesse ser realizado.
À Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, pela iniciativa.
Agradeço a Supervisora cnica do Complexo-Uti do HC Unesp,
enfermeira Meire Cristina Novelli e Castro, por sempre me apoiar neste
trabalho, sendo amiga e por estar presente colaborando com meu
aprendizado.
A todos os enfermeiros da UTI-Adulto da Faculdade de Medicina de
Botucatu/UNESP, por todo incentivo, auxílio e colaboração para meu curso de
mestrado.
Aos enfermeiros Reginaldo Ribas de Alcântara e Rosa Maria T.
Zanvettor, coordenadores do Pronto Socorro Adulto do Hospital Municipal Dr.
Mário Gatti de Campinas, meu eterno agradecimento por todas às vezes que
possibilitaram minhas ausências para a conclusão desse mestrado,
acreditando em cada enfermeiro e proporcionando que cada um de nós cresça
profissionalmente.
Aos colegas enfermeiros do Pronto Socorro Adulto do Hospital Municipal
Dr. Mário Gatti de Campinas, muito obrigada por todos os plantões que vocês
trocaram para facilitar minhas viagens a Botucatu para a conclusão desse
trabalho. Sem o auxílio de vocês, esse mestrado não seria possível.
Ao amigo e colega de profissão, Maykon Diego de Melo, pelas
importantes contribuições ao meu trabalho.
A
A
Agradeço a aluna e futura enfermeira, Ana Carolina Garcia Bráz, pela
colaboração e parceria nesse estudo.
Aos profissionais do Departamento de enfermagem e Pós-graduação,
por todo auxílio durante esse processo.
A Professora Margareth, por corrigir minhas incontáveis falhas da ngua
portuguesa.
As bibliotecárias Meire, Rose, Selma e Taíss, pelas correções da
bibliografia e ficha catalográfica.
A Adnice e Abílio pela criatividade e competência ao encadernar essa
dissertação.
Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente, colaboraram para a
conclusão deste trabalho.
gradecimentos
speciais
Agradeço a minha orientadora, Maria de Lourdes da Silva Marques
Ferreira, pelos ensinamentos, carinho e pela paciência ao me orientar, fazendo
com que vislumbrasse novos horizontes.
Agradeço a minha co-orientadora, Ione Correa, pela dedicação e
valorização ao meu mestrado, sempre acreditando e me aconselhando sobre
os caminhos a seguir.
A
A
E
E
Lista de Siglas
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
MS – Ministério da Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
RPA – Recuperação Pós-Anestésica
AC – Alojamento Conjunto
OMS – Organização Mundial de Saúde
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
UNESP – Universidade Estadual Paulista
DRS – Divisão Regional de Saúde
HC – Hospital das Clínicas
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
BI – Boletim de Informação
Lista de Quadros
Quadro I - Quadro síntese das categorias e unidades de significados emergidas
das
narrativas...........................................................................................................44
Lista de Figuras
Figura 1 Mapa do Estado de São Paulo, com destaque para o município de
Botucatu.............................................................................................................31
Resumo
Israel FC. Buscando a assistência humanizada: percepção do acompanhante
em unidade de terapia intensiva.129f. Dissertação [Mestrado] Departamento
de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. 2008.
A humanização é vista como um conjunto complexo de atitudes e ações
motivadas por pensamentos éticos, humanísticos, sociais e holísticos. Hoje, a
proposta de humanização em UTI tem um horizonte mais amplo, englobando
desde o ambiente físico até as relações entre as equipes de saúde. Dessa
forma, valorizar a presença de acompanhantes na instituição hospitalar e
apreender sua percepção é um processo fundamental para o alcance de uma
prática assistencial realmente humanizada. Assim, esse estudo tem o objetivo
de analisar a percepção do acompanhante de pacientes que estão em
processo de hospitalização, na busca da assistência humanizada em Unidade
de Terapia Intensiva. É uma pesquisa de abordagem qualitativa, sendo
entrevistados os acompanhantes nas UTIs pediátrica e coronariana do HC da
Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP. Os depoimentos foram
analisados através da Técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin
(96)
.
As categorias identificadas foram: acolhimento e ambiente da UTI: estrutura
física e profissionais de saúde. As percepções dos familiares em ser
acompanhante refletem uma não diferenciação em ser acompanhante e ser
visitante, porém enfatizam que a presença da família, mesmo nos horários de
visitas, auxilia na recuperação do paciente, como também os tranqüilizam. Os
acompanhantes consideram as informações fornecidas pelos profissionais de
saúde, adequadas e verdadeiras. O atendimento das unidades é percebido
como satisfatório, porém revelam ser necessário um repensar sobre as normas
e rotinas das unidades, principalmente em relação aos horários de visitas. A
percepção sobre acomodação reflete a possibilidade de estar próximo ao
paciente, porém revelam a dificuldade por não ter um local apropriado para se
acomodar que se localize próximo a UTI. Percebem ainda que o HC seja um
local apropriado e com recursos humanos e tecnológicos satisfatórios para
atender o paciente crítico. Frente à percepção dos acompanhantes identifica-se
as necessidades dos mesmos. A necessidade de propor estratégias de
informação sobre os direitos dos usuários, o preparo da equipe de saúde para
receber e acolher o acompanhante, a efetivação das práticas de ações
humanizadas referentes ao ambiente físico, regras e equipe multiprofissional.
Palavras chave: humanização, acompanhantes, unidade de terapia
intensiva
Abstract
Israel FC. Seeking humanized care: perceptions of patient companions at an
intensive care unit. 129f. Dissertação [Mestrado] Departamento de
Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. 2008.
Humanization is viewed as a set of complex attitudes and actions motivated by
ethical, humanistic, social and holistic thoughts. Today, the proposal of
humanization at ICUs has a broader horizon which includes the physical
environment as well as relations between health care teams. Hence, valuing the
presence of companions in hospitals and apprehending their perceptions is a
fundamental process for accomplishing an actually humanized care provision
practice. Therefore, this study aimed at analyzing the perceptions of
companions of patients undergoing the hospitalization process in the search for
humanized care at an Intensive Care Unit. It is a qualitative study in which
companions of patients hospitalized at the pediatric and coronary ICUs of the
Botucatu School of Medicine University Hospital UNESP were interviewed.
The reports were analyzed through the Content Analysis Technique proposed
by Bardin
(96)
. The identified categories were: patient reception and the ICU
enviroment - physical structure and health care professionals. Family members’
perceptions of being companions reflected a non-differentiation between being
a companion and being a visitor; however, they emphasized that the presence
of relatives, even if only at visiting hours, helped patients’ recovery as well as
made them calm. Companions considered the information provided by health
care professionals to be adequate and truthful. The care given at the units was
perceived as satisfactory although the respondents reported the need to
reconsider the units’ rules and routine, especially as concerns visiting hours.
The perception concerning acommodation reflected the possibility of being
close to the patient; however, they revealed the difficulty of not having an
appropriate accomodation area near the ICU. They also perceived that the
University Hospital was an adequate place that provided satisfactory human
and technological resources to assist critical patients. In face of the
companions’ perceptions, their need were identified. The need to propose
strategies for providing information concerning users’ rights, the preparation of
the health care team to receive and welcome companions, the implementation
of humanized action practice related to the physical environment, rules and the
multiprofessional team.
Key words: humanization, companions, intensive care unit
Resumen
Israel FC. Buscando la asistencia humanizada: percepción del acompañante
en unidad de terapia intensiva. 129f. Dissertação [Mestrado] Departamento
de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. 2008.
La humanización es vista como un conjunto complejo de actitudes y acciones
motivadas por pensamientos éticos, humanísticos, sociales y holísticos. Hoy, la
propuesta de humanización en Unidad de Terapia Intensiva (UTI) tiene un
horizonte más amplio y abarca desde el ambiente físico hasta las relaciones
entre los equipos de salud. De esa forma, valorar la presencia de
acompañantes en la institución hospitalaria y aprehender su percepción es un
proceso fundamental para el alcance de una práctica asistencial realmente
humanizada. Así, ese estudio tiene el objetivo de analizar la percepción del
acompañante de pacientes que están hospitalizados para que haya una
asistencia humanizada en Unidad de Terapia Intensiva. Es una investigación
de enfoque cualitativo. Se entrevistó a los acompañantes en las UTI pediátrica
y coronaria del HC de la Facultad de Medicina de Botucatu UNESP. Se
analizaron los testimonios con la Técnica de Análisis de Contenido propuesta
por Bardin
(96)
. Las categorías identificadas fueron: acogida y ambiente de la
UTI: estructura física y profesionales de salud. Las percepciones de los
familiares en ser acompañantes reflejan una no diferenciación en ser
acompañante y ser visitante, pero enfatizan que la presencia de la familia, aun
en los horarios de visitas, auxilia en la recuperación del paciente y lo
tranquiliza. Los acompañantes consideran las informaciones fornecidas por los
profesionales de salud adecuadas y verdaderas. La atención de las unidades
es percibida como satisfactoria, pero revela ser necesario repensar las normas
y rutinas de las unidades, sobre todo en relación con los horarios de visitas. La
percepción sobre acomodación refleja la posibilidad de estar próximo al
paciente, pero revela la dificultad de no tener un local apropiado para
acomodarse que esté cerca de la UTI. Perciben aun que el HC es un local
apropiado y con recursos humanos y tecnológicos satisfactorios para atender al
paciente crítico. Frente a la percepción de los acompañantes se identifican sus
necesidades: la necesidad de proponer estrategias de información sobre los
derechos de los usuarios, la preparación del equipo de salud para recibir y
acoger al acompañante, la puesta en marcha de pcticas de acciones
humanizadas referentes al ambiente físico, reglas y equipo multiprofesional.
Palabras clave: humanización, acompañantes, unidad de terapia intensiva
Sumário
Prefácio ...........................................................................................................................1
Introdução.......................................................................................................................4
O processo de hospitalização....................................................................................5
A unidade de Terapia Intensiva ...............................................................................14
Humanização da Assistência em UTI ......................................................................20
Objetivo Geral...............................................................................................................28
Procedimentos Metodológicos ...................................................................................29
Tipo de Estudo.........................................................................................................29
Campo de Estudo ....................................................................................................30
Local do Estudo .......................................................................................................31
Caracterização da UTI Pediátrica ............................................................................31
Caracterização da UTI Coronariana ........................................................................33
Participantes do Estudo ...........................................................................................34
Considerações Éticas ..............................................................................................34
Coleta de Dados ......................................................................................................35
Análise dos Dados ...................................................................................................35
Resultados e Discussões ............................................................................................41
Caracterização dos Sujeitos – UTI Pediátrica..........................................................41
Caracterização dos Sujeitos – UTI Coronariana......................................................42
Análise das Categorias e Temas .............................................................................44
Considerações Finais ..................................................................................................65
Referências Bibliográficas ..........................................................................................68
Anexo 1 .........................................................................................................................85
Anexo 2 .........................................................................................................................86
Anexo 3 .........................................................................................................................87
Anexo 4 .........................................................................................................................88
Entrevistas - UTI-Pediátrica .....................................................................................88
Entrevistas UTI-Coronariana....................................................................................94
Anexo 5 .......................................................................................................................101
Anexo 6 .......................................................................................................................114
Prefácio
Ao concluir a graduação, fui atuar como enfermeira assistencial na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a que se refere o estudo, permanecendo
nela por três anos. Ao vivenciar a unidade, surgiu a preocupação com a
separação do paciente de sua família, e que mudanças na rotina familiar
seriam inevitáveis.
Várias reflexões foram realizadas nesse sentido e pude perceber e me
certificar acerca da importância de acolher o paciente e sua família com ações
humanizadas.
Ser uma profissional de saúde implica em vivenciar, além de momentos
gratificantes e compensadores, também momentos difíceis, como o
adoecimento de um ser humano. Quando uma pessoa adoece, sua qualidade
de vida fica alterada, podendo necessitar de cuidados intra-hospitalares para
sua recuperação. Sentimentos de medo, insegurança e angústia surgem na
iminência de uma hospitalização, pois além de todo o estresse causado pela
internação, o indivíduo também sofre com a ausência do contato integral com
sua família.
No momento de uma internação em unidades críticas, percebe-se que,
para o familiar que aguarda do lado de fora da unidade é um momento muito
angustiante, pois ele não tem certeza do que pode vir a acontecer. Dessa
forma, apesar da intensa rotina da unidade, a qual se intensifica na admissão
de um paciente, cabe ao profissional de saúde se dirigir até o familiar, explicar
os motivos pelos quais o paciente deverá permanecer na unidade, informar-lhe
brevemente o funcionamento de uma UTI, o porquê do número maior de
recursos humanos e tecnológicos que a mesma comporta em relação a uma
unidade de internação, explicitar os cuidados que serão prestados, assim como
a rotina e horários de visita. Nesse momento, a comunicação entre a equipe de
saúde e a família é essencial para a criação de vínculos; é o momento para
que o profissional esteja acolhendo o familiar, estabelecendo com ele uma
relação de confiança, segurança e empatia. A comunicação é o início, para que
os indivíduos interajam entre si e com o ambiente hospitalar. Ela possibilita a
aproximação da equipe com o paciente e sua família, garantindo o primeiro
contato entre eles e criando vínculos, os quais perpetuarão durante todo o
período de hospitalização. É neste contexto que se estabelece o compromisso
de assistir a família, assim como o paciente, respeitando suas necessidades,
fragilidades e, sobretudo, sua individualidade.
Atuando na UTI, foi possível perceber que quando se cria um vínculo
com uma família, ele se torna um meio facilitador para uma boa interação. Ao
acolhermos o paciente e seus familiares, podemos conhecer sua história de
vida, suas fragilidades e necessidades individuais. Com esse vínculo, eles se
tornam seres únicos e o cuidado fica individualizado e direcionado para as
necessidades de cada paciente e de seu grupo familiar. Perante tal reflexão,
surgem questionamentos acerca de ações humanizadas na saúde
contemplando o acompanhante do paciente hospitalizado na UTI, tais como: -
Porque as famílias têm que ficar distantes na assistência ao paciente crítico? -
Quais são as dificuldades do acompanhante em permanecer com o paciente na
UTI em tempo integral? - Quais o as percepções do familiar em ser
acompanhante na unidade de terapia intensiva como membro participante do
cuidado?
Neste contexto, os componentes familiares tamm expressam os
mesmos sentimentos de medo e insegurança sentidos pelo paciente. A
internação hospitalar pode ocorrer em qualquer período da vida, causando
mudanças na rotina familiar. A família é o primeiro grupo social no qual somos
inseridos desde que nascemos. Ela nos prepara para enfrentar situações
difíceis do mundo exterior, nos apresenta a uma comunidade da qual
passaremos a fazer parte, para interagirmos e formarmos novas famílias.
Durante o processo de hospitalização, cada família apresenta
necessidades individuais. Assim sendo, percebe-se uma preocupação cada
vez maior dos profissionais de saúde em oferecer uma assistência com ões
humanizadas, contemplando o usuário e sua falia.
A humanização surgiu como proposta do Ministério da Saúde (MS), em
2001, com a criação da Política Nacional de Humanização. Ela tem como
princípios norteadores: - a valorização em todas as práticas de atenção e
gestão no Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo o compromisso com os
direitos dos usuários; - o fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional;
- a construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a
produção de saúde e com a produção de sujeitos, entre outros.
De acordo com a Política Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar (PNHAH), a necessidade de criar uma rede de apoio aos
usuários das instituições de saúde, principalmente em instituições do Sistema
Único de Saúde. Torna-se necessário ainda, zelar para que essa rede de apoio
seja efetiva e funcionante nas instituições.
Percebe-se ainda que não é rotina o acompanhante em unidades
críticas por tempo integral. Assim, o que se fala atualmente é em uma maior
flexibilidade nos horários de visita e quanto ao número de visitantes, alguns
defendem a importância de se deixar alguns objetos pessoais com o paciente,
a fim de manter a individualidade e particularidade do mesmo.
Muitas são as questões a serem respondidas, as vivências analisadas,
visto ser um tema de necessidade urgente para a assistência em saúde hoje.
Precisamos de um cuidar humanizado, um entrosamento maior ao assistir um
paciente crítico, precisamos nos educar para realizar um cuidado holístico. É
necessário que haja humanização nas ações de saúde.
Convivendo e prestando assistência a pacientes graves, fragilizados
pela doença, bem como pelo ambiente em que se encontram e pelo
afastamento social, despertou-nos o interesse de analisar a percepção do
acompanhante na UTI, como membro participante do cuidado, na busca por
uma assistência humanizada.
1. Introdução
Com a finalidade de melhor organizar o conteúdo teórico desta pesquisa,
optou-se por trazê-lo dividido em três temas:
O primeiro, “o processo de hospitalização”, com o intuito de
discutir sobre a mesma e a vivência para o paciente e sua família
durante este processo. Com o processo de hospitalização, a
dinâmica familiar fica alterada, podendo desencadear situações
difíceis para o paciente e sua família. Este momento pode tornar-
se um período de medos e angústias pela insegurança dos fatos
que podem estar ocorrendo e pelas intervenções que poderão ser
necessárias.
O segundo, “a unidade de terapia intensiva”, delineando sobre o
surgimento das unidades críticas, seus objetivos e como está a
UTI hoje. Este tema aborda sobre o paciente internado em UTI e
seus familiares.
O terceiro tema, “humanização da assistência hospitalar na UTI”,
com referencial histórico de como se iniciou à proposta de
acolhimento dos pacientes, proposto por Florence Nithingale.
Nesta época, estas ações não eram reconhecidas como possíveis
ações de humanização e sim uma atuação voltada para o
ambiente, limpeza e conforto do paciente. Este terceiro tema
também aborda sobre a humanização da assistência em UTI,
onde a prática do cuidar deve estar centrada no paciente e sua
família. Salientamos, ainda sobre a percepção do acompanhante
em unidade de terapia intensiva.
1.1. O processo de hospitalização
Falar em processo de hospitalização, em adoecimento implica em
refletirmos sobre a criação dos hospitais, o processo saúde-doença e a
necessidade da hospitalização.
Antigamente, os tratamentos e cuidados a pacientes eram realizados no
próprio domicílio, uma vez que não existiam locais apropriados para receberem
pacientes. Porém, com o aparecimento das doenças e a necessidades de
cuidados mais complexos, surgiram lugares para abrigar os doentes, a fim de
tratarem de suas moléstias. Os primeiros locais destinados para assistência a
doentes ficaram conhecidos como as Casas de Saúde, estas eram casas que
surgiram para o tratamento das doenças existentes na época e eram
conduzidas por voluntários. Após as Casas de Saúde, foram criadas as Santas
Casas de Misericórdia. Esta ordem foi instituída em Portugal em 1498, tendo
como objetivo principal a prática de obras de caridade. No Brasil, a primeira
Santa Casa foi fundada no ano de 1543, no povoado que originaria a Vila de
Santos, na Capitania de São Vicente. Após a fundação da Santa Casa de
Santos, outras muitas foram fundadas no Brasil, atualmente, encontramos
muitos hospitais que se originaram a partir da ordem das Santas Casas. A
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é a mais antiga instituição
assistencial e hospitalar em funcionamento na cidade de São Paulo, acredita-
se que sua criação tenha ocorrido no ano de 1560
(1,2)
.
Assim como conhecer sobre a história da criação dos hospitais é
importante para entendermos a trajetória do processo de hospitalização,
entender o movimento entre a saúde e a doença, é essencial para
compreender o processo de adoecimento dos indivíduos. O processo de
transição entre a saúde para a doença também pode ser denominado de
continuum saúde-doença por alguns estudiosos
(3)
. Para melhor entendimento,
importa saber sobre a normalidade, ou seja, sobre a saúde. A saúde ou bem-
estar não é meramente ausência de doença, essa definição é difícil, pois cada
pessoa tem um conceito pessoal de saúde
(3)
. Ela está diretamente relacionada
aos valores de cada ser humano. Para o Ministério da Saúde, “saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”
(4)
.
O adoecimento é um processo onde a atuação do indivíduo está
diminuída ou prejudicada, onde o mesmo não consegue manter um equilíbrio
entre seu bem-estar físico, emocional, intelectual, social e espiritual
(3)
. O
adoecer proporciona ao paciente um sentimento de tensão, onde serão
avaliadas suas condições de saúde, podendo acarretar em complicações
mediante a avaliação médica. Este processo inicia-se com a necessidade da
hospitalização e se estende durante todo o período o qual o paciente estiver na
instituição hospitalar recebendo cuidados para sua recuperação. O processo de
internação é muito doloroso, um período de medos e incertezas
(5)
.
A vulnerabilidade do comportamento do indivíduo durante o adoecer é
explicitada cientificamente pelos estágios do comportamento do ser quando
doente
(3)
. Saber sobre estes estágios propicia ao profissional de saúde um
ótimo relacionamento com o doente, dependendo do momento o qual se
encontra. São cinco estágios que caracterizam o processo de hospitalização:
Percepção do sintoma: O primeiro estágio do adoecer é a
percepção do sintoma, onde o indivíduo percebe uma sensação
física ou uma limitação no seu funcionamento. A percepção do
sintoma inclui o alerta para uma alteração física, a avaliação desta
mudança, o reconhecimento de uma provável doença e respostas
emocionais.
Aceitação do papel de doente: O segundo estágio é a aceitação
do papel de doente, neste o indivíduo assume a doença e
compartilha com seus familiares e grupo social a confirmação da
mesma. Podem surgir alterações físicas e emocionais, como o
isolamento e a depressão.
Contato com o cuidado médico: No terceiro estágio é que ocorre
o contato com o cuidado médico. Após a não resolutividade dos
sintomas com remédios caseiros, o indivíduo procura outros
recursos, para a confirmação da doença e para o início de um
tratamento, além de uma explicação para as possíveis causas do
adoecer.
O papel de cliente dependente: O quarto estágio se caracteriza
pela dependência do doente em relação aos recursos médicos
para alívio dos sintomas. Observa-se, neste estágio, que o doente
fica liberado de suas responsabilidades do dia-a-dia, onde este se
afasta de suas relações sociais e familiares.
Recuperação e reabilitação: O quinto estágio é marcado pela
recuperação e reabilitação do indivíduo, assim, ele inicia suas
atividades para o retorno ao convívio de suas redes sociais e
familiares, reatando suas funções e responsabilidades.
Assim como nos adultos, o processo de enfrentamento tamm aparece
no adoecer de uma criança. Com a mesma finalidade, a proteção de si mesmo,
a criança apresenta reações que irão caracterizar os estágios do adoecimento.
Nas crianças, observa-se uma vulnerabilidade frente a crises de doenças e
hospitalização, uma vez que, crianças possuem um número limitado de
mecanismos de enfrentamento para resolver os estressores da situação
(6)
. Os
estágios do comportamento frente a uma hospitalização diferem de acordo com
a fase do desenvolvimento da criança.
Fase de protesto: Na metade da fase de lactância até o final do
período pré-escolar, o principal estressor é a ansiedade típica da
separação. Durante a fase de protesto, as crianças reagem de
maneira agressiva à separação dos pais. Apresentam choros e
gritos por seus pais, recusando a atenção de qualquer pessoa
diferente, ficando inconsoláveis.
Fase de desespero: Nesta fase, a criança cessa o choro e a
depressão fica evidente. A criança apresenta-se muito menos
ativa, fica desinteressada por jogos, brincadeiras e alimentos.
Isola-se dos demais.
Fase de desligamento: Este terceiro estágio pode ser chamado
também de fase de negação. Aparentemente, a impressão que
temos da criança é que ela superou as perdas. Porém, seu
comportamento é resultado de resignação. O esforço da criança
para se desligar dos pais é muito grande, assim, ela se empenha
para formar novos relacionamentos e fixa sua atenção em objetos
materiais. É o estágio mais grave, pois a reversão desses
comportamentos pode ser incerta.
Vale ressaltar que o ser humano, diante de situações adversas, pode
apresentar-se de maneira defensiva, fazendo uso de estratégias para o
enfrentamento da situação. A este conjunto de estratégias é dado o nome de
Coping
(7)
. Pesquisadores dividem o coping em duas categorias: coping
focalizado no problema e coping focalizado na emoção. Em 1984, o coping foi
definido por autores como sendo um conjunto de esforços, cognitivos e
comportamentais, utilizado pelo indivíduo com o objetivo de lidar com
demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de
estresse e podem ser avaliadas como sobrecargas ou mesmo exceder seus
recursos pessoais
(8)
. As estratégias de coping podem mudar de momento para
momento, durante os estágios de uma situação estressante. Estas podem ser
classificadas em dois tipos, dependendo de sua função. O coping focalizado na
emoção é definido como um esforço para regular o estado emocional que é
associado ao estresse, ou é o resultado de eventos estressantes. Estes
esforços de coping são dirigidos a um nível somático e/ou a um nível de
sentimentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. Por
exemplo, fumar um cigarro, tomar um tranqüilizante, se distrair assistindo a
uma comédia na TV, sair para comer, beber, conversar com amigos, correr,
são exemplos de estratégias dirigidas a um nível somático de tensão
emocional. A função destas estratégias é reduzir a sensação física
desagradável de um estado de estresse. O coping focalizado no problema
constitui-se em um esforço para atuar na situação que deu origem ao estresse,
tentando mudá-la. A função desta estratégia é alterar o problema existente na
relação entre a pessoa e o ambiente que está causando a tensão. A ação de
coping pode ser direcionada internamente ou externamente. Quando o coping
focalizado no problema é dirigido para uma fonte externa de estresse, inclui
estratégias tais como negociar para resolver um conflito interpessoal ou
solicitar ajuda prática de outras pessoas. O coping focalizado no problema, e
dirigido internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por
exemplo, a redefinição do elemento estressor
(9)
.
As estratégias de enfrentamento ou o coping, o muito utilizados no
contexto hospitalar, podendo ser desempenhadas pelos pacientes e familiares,
como também pela equipe de saúde
(3)
.
Para os profissionais de saúde, o estresse é um fato que vem
desempenhando um importante papel no processo de trabalho-saúde-doença
(10)
. Este pode ser associado à necessidade de manter-se sempre em
equilíbrio diante de situações estressoras, como cuidar de pacientes graves,
com pouca proposta terapêutica, com necessidades de cuidados intensivos e
prolongados e a elevada proximidade com o familiar
(11,12)
. Para o
enfrentamento destas, cada indivíduo utiliza-se de um processo de coping. A
escolha do tipo de coping deve ser individual, visto que difere de cada ser
humano a concepção do que é relaxante para si próprio. O respeito a essa
escolha é o mais importante
(11,13,14)
.
Assim, como o tipo de enfrentamento dos profissionais é individualizado,
o mesmo ocorre em relação a todos os indivíduos. Nos pacientes adultos,
várias estratégias são utilizadas diante de situações estressoras, como no caso
da hospitalização. Muitos pacientes recorrem à negação, ao estresse e a
depressão quando hospitalizados e outros diante de prognósticos definitivos,
como as lesões raquimedulares, podem recorrer ao uso de drogas ilícitas e ao
abuso do álcool, principalmente quando se tratam de pacientes jovens
(15)
.
Para as crianças, as estratégias de enfrentamento variam de acordo
com a fase do desenvolvimento. Reações como gritos, choros, isolamento,
depressão e afastamento dos pais são comuns em crianças hospitalizadas
(6)
.
Estas passam por um processo de adaptação a novos horários, a um ambiente
e pessoas diferentes, a ausência das atividades escolares, adaptar-se a tomar
remédios, injeções, ou seja, a uma nova rotina, caracterizando o período de
hospitalização e proporcionando estratégias para o enfrentamento dessa
situação
(16)
.
No contexto do processo de hospitalização, a família também expressa
inquietações, e possui os seus mecanismos de enfrentamento diante do
adoecer. As relações sociais experenciadas pelos seres humanos iniciam-se
com a família, onde esta é considerada o primeiro grupo social
(3,17,18,19)
. Cada
família é responsável pela formação de cada ser, influenciando em sua
formação psicológica e moral. Os familiares, geralmente acompanhando o
paciente direta ou indiretamente, também sofrem com a incerteza do
diagnóstico médico e com a possibilidade de ficar distante do paciente, caso o
mesmo necessite de alguma intervenção
(15,20)
. O familiar pode vir a demonstrar
sentimentos semelhantes ao do paciente, compartilhando com ele o momento
da hospitalização
(3)
.
A vivência de uma internação acomete o paciente e sua família,
causando mudanças na rotina familiar, algo que vai interferir na tranqüilidade
desta, gerando uma situação de angústia, permeada por medo e insegurança
(15,20)
. De acordo com autores, uma internação hospitalar é um momento
acompanhado por crises familiares, onde os membros da mesma têm que se
mobilizar para acompanhar o paciente no hospital, atendendo suas
necessidades e ainda tentar manter a rotina de trabalho e os cuidados com os
demais membros da família. Esse fenômeno é acompanhado pelos valores e
costumes das famílias, ou seja, não é possível compreender as reações de
cada indivíduo sem antes considerar a cultura em que foi educado e suas
formas culturais de organização social frente a situações específicas.
(21,22)
.
Assim como todas as situações adversas vivenciadas pelos indivíduos,
durante o processo de adoecimento, algumas pessoas se demonstram mais
sensíveis em relação a outras. Independente para aquelas que vivenciam uma
situação grave, uma emergência, ou para aquelas que se deparam com um
tratamento menos complexo e eletivo, quando surge a necessidade de uma
intervenção em algo tão complexo e sensível como a vida humana, surgem
uma gama de possibilidades que podem vir a ocorrer, onde os resultados, se
positivos ou negativos, infelizmente ainda são incertos
(23)
.
Importa salientar que durante o estar doente e o processo de
hospitalização, o ser humano apresenta-se emocionalmente vulnerável, pois o
adoecer propicia no afastamento de ser humano da sociedade em qualquer
momento da vida, deixando assim, de exercer suas relações e funções sociais
e familiares. Durante a internação, a pessoa passa a vivenciar um ambiente de
rigidez de horários, rigidez de normas, um espaço físico limitado, a
impessoalidade de roupas e objetos, o afastamento dos familiares e a ausência
de membros de sua rede social
(3,13)
.
A internação hospitalar pode estar contribuindo para o sentimento de
ruptura da rotina diária e com a perda da autonomia do paciente. Em
internações longas, o paciente pode vir a ser reconhecido através de sinais e
sintomas ou da patologia existente, muitas vezes ter sua identidade anulada,
reduzindo suas necessidades individuais, sendo assistido através de cuidados
padronizados
(19,24)
.
À medida que as complicações do paciente se agravam, aumentam as
proporções de medo, insegurança e angústia sentidas por ele, tornando-se
difíceis de serem resolvidas. O indivíduo, quando em processo de
hospitalização, focaliza toda sua atenção e entendimento para os comentários,
as informações acerca de seu caso clínico. O paciente passa a observar a
equipe de saúde, podendo reconhecer quando a mesma está preservando-o de
informações sobre seu prognóstico. Dessa forma, o paciente pode se sentir
inseguro, angustiado, podendo considerar uma piora em seu estado clínico,
acarretando em momentos de desesperança e desânimo, não importando o
tipo de patologia ou procedimento que está sendo submetido, mas sim o modo
que o paciente vivencia esse momento
(25)
.
As reações familiares diante da internação hospitalar são evidenciadas
de diferentes formas, visto que cada familiar apresenta necessidades
individualizadas diante de situações adversas, as quais devem ser identificadas
pela equipe de saúde. Assim, cabe aos profissionais um olhar individualizado
para o familiar, respeitando o momento vivenciado e suas necessidades
(22)
.
Esse olhar deve ser focado o somente nas informações dos familiares
acerca do paciente, como também, o profissional de saúde deve atentar para
detalhes de como estar auxiliando o paciente e o familiar, seja num
acolhimento maior da equipe, seja na compreensão das informações a respeito
do paciente entre outras.
Vale enfatizar que, durante a hospitalização, o papel do familiar deve
estar centrado no paciente, integrado a equipe de saúde, como participante do
cuidado
(26,27)
. No entanto, este familiar deve realizar atividades apenas para o
conforto e tranqüilidade do paciente, não devendo desempenhar atividades
específicas da equipe de saúde
(28)
.
No ambiente hospitalar, a assistência ao paciente é de responsabilidade
da equipe de saúde, visto que o mesmo pode vir a necessitar de auxílios
tecnológicos ou farmacológicos e será imprescindível um profissional treinado
para atender suas necessidades. As orientações à família, além de preparar
para o cuidado domiciliar, visam integrar esse familiar ao cuidado prestado
durante a hospitalização. Encorajar o familiar a tocar o paciente e proporcionar-
lhe momentos de conforto por meio de massagens, mudança de decúbito,
exercícios passivos, devem ser ações incentivadas pela equipe de saúde, visto
a importância do toque, da interação entre o familiar e o paciente
(29)
.
A internação na unidade de terapia intensiva e suas particularidades são
experiências também vivenciadas pelo núcleo familiar
(20,30)
. Para estes que
acompanham uma internação, a UTI pode ser reconhecida como um ambiente
altamente agressivo, desconfortável, onde muitas vezes o medo de perda do
familiar acaba sendo manifestado. Isto se deve à intensidade das situações e a
iminência dos fatos que podem estar ocorrendo. As unidades críticas podem
ser consideradas como um ambiente frio, assustador, hostil, criando barreiras
maiores para os familiares, acentuando toda a preocupação e insegurança
sentidas. Essas barreiras criam um distanciamento da equipe e família e da
família com o paciente, pelo medo que o ambiente e pessoas desconhecidas
geram nos familiares
(25)
. A rotina e a acelerada dinâmica das equipes atingem
diretamente a família podendo acarretar um desequilíbrio na estrutura familiar
(31)
.
Na vivência da internação, mudanças bruscas podem estar ocorrendo
com o paciente, alterações em sua identidade, fragilidade e dificuldade ao
exercer sua autonomia, suas relações podem se demonstrar mais fgeis,
distantes, com perdas, podendo se tornar em um receptor de cuidados, de
procedimentos, sendo assistido por outros ou por máquinas, podendo também
ficar isolado, aguardando e confiando em recursos médicos, tecnológicos e
farmacológicos para sua recuperação e volta ao convívio com os seus
(32)
.
As perdas vivenciadas pelo paciente podem ser entendidas pela
privação significativa de algo, que podem ser objetos, ambiente, pessoas ou a
própria vida. Na UTI, o paciente vivencia este processo de perda, onde
geralmente fica distanciado de seu ambiente de costume, seus objetos
pessoais e de sua rede familiar e social. Cada pessoa tem uma maneira de
reagir diante de uma perda e isso pode influenciar no seu grau de angústia
(3)
.
Como discutido, o processo de hospitalização é um momento
caracterizado pela insegurança e medo para os pacientes e seus familiares. É
um processo difícil, podendo ser longo, que pode resultar na recuperação do
paciente ou em sua perda, devido complicações da patologia. Na UTI, este
processo ocorre de maneira mais intensa, visto que as unidades críticas são
destinadas para o atendimento de pacientes mais graves, que necessitem de
suporte tecnológico, farmacológico e humanos específicos e treinados, onde as
reações do paciente e sua família acerca do medo da hospitalização se
demonstram de maneira mais clara. Podem surgir as chamadas “síndromes de
UTI”, que são reações intensas demonstradas por pacientes com dificuldade de
adaptação a ambientes complexos, emergindo diversos sentimentos como a
tensão, tristeza, desespero, medo, depressão, alucinação e delírio. As crianças
também demonstram reações diversas quando hospitalizadas em unidades
críticas, comportamentos como apreensão, negativismo e ansiedade podem
surgir nesta fase
(24,6,33)
.
1.2. A unidade de terapia intensiva
A UTI tem suas origens nas salas de recuperação pós-anestésica (RPA),
onde os pacientes submetidos à procedimentos anestésico-cirúrgicos tinham
monitorizadas suas funções vitais, sendo instituídas medidas de suporte
quando necessário até o término dos efeitos residuais dos agentes anestésicos
(34)
. Estas unidades surgiram na tentativa de otimizar recursos necessários
para restaurar a saúde e manter a vida
(35)
. Vários nomes
(34)
se destacaram na
história e origem das unidades de terapia intensiva, entre eles:
Florence Nigthingale, a primeira enfermeira que cuidou de
pacientes graves na Guerra da Criméia em 1854;
Walter Eduard Dandy, médico, o qual deixou contribuições
importantes para a neurocirurgia ;
Peter Safar, primeiro médico intensivista, nascido na Áustria.
Este preconizou o atendimento de urgência e emergencia,
colaborando com outras contribuições para este tema.
O processo de implantação e implementação em nível nacional das UTIs
foi lento e substanciado de forma mais consistente pelas práticas americanas
na área da atenção à saúde. A alta tecnologia e capacitação necessariamente
diferenciada desta área assistencial chamaram a atenção de grupos
farmacêuticos, fornecedores de tecnologia médico-hospitalar e grupos
hospitalares
(36)
. No âmbito da saúde, a criação das UTIs foi de extrema
importância, pois o cuidado Intensivo dispensado a pacientes críticos, tornou-
se mais eficaz ao ser desenvolvido em unidades específicas, propiciando
recursos e facilidades para a sua progressiva recuperação
(37)
.
As UTIs surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e
concentração de recursos materiais, humanos e tecnológicos para o
atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como
recuperáveis. Nesta unidade se faz necessária a observação constante,
assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os pacientes em
um núcleo especializado
(38)
. O objetivo da UTI é prestar assistência
permanente a pacientes clínicos graves, com capacidade de recuperação da
saúde.
As unidades críticas sempre foram percebidas pela população leiga e por
outros profissionais da saúde que não possuem experiência com UTis como
um ambiente de sofrimento, frio, altamente agressor e pouco acolhedor
(39)
.
Todo o aparato tecnológico e de recursos humanos existentes na unidade e as
rotinas muito intensas podem causar um distanciamento das relações,
desumanizando as ações de cuidar
(40,41)
. Na literatura, encontramos autores
que defendem que o afastamento da equipe multiprofissional e do usuário pode
ocorrer pela utilização dos recursos tecnológicos e pelo descompromisso
da equipe, refletindo em uma mecanização da assistência, com ações
relacionais cada vez mais distantes e frias, descaracterizando o cuidado como
ação humana
(42,43,44,45,)
.
Para o Ministério da Saúde, segundo o regulamento técnico para o
funcionamento dos serviços de tratamento intensivo, a UTI é um conjunto de
elementos funcionalmente agrupados, destinados ao atendimento de pacientes
graves que necessitem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas,
além de recursos humanos e materiais especializados
(46)
. É o local onde se
concentram tecnologias e recursos humanos especializados e treinados para
este fim, uma vez que nas UTIs é freqüente o lidar com os limites entre a vida e
a morte, sentimentos tão próximos daqueles que, por uma razão ou outra, se
tornam em algum momento pacientes, familiares ou mesmo interlocutores
profissionais destas unidades de tratamento intensivo. Dessa forma, espera-se
destes setores muito mais que tecnologia, medicamentos, recursos humanos
tecnicamente capacitados, processos organizacionais e administrativos
próximos da perfeição e muito mais que fortes vínculos com outras unidades
assistenciais da instituição hospitalar
(36)
. Espera-se atenção, carinho,
capacidade de compreender o ser humano, diálogo, conforto, compromisso e
respeito às famílias que estão perdendo ou perderam os seus, capacidade em
compreender que a informação e o esclarecimento o direitos do paciente e
seus familiares e que informar e esclarecer é dever dos profissionais que os
assistem e enfim anseia-se por um processo assistencial humanizado e
humanizador enquanto instrumento claro e concreto de qualificação e bem
estar do nosso meio
(36)
.
Enfatizamos que o Ministério do Estado da Saúde assegura a todos os
cidadãos idosos e crianças/adolescentes, o direito da presença de
acompanhantes durante o processo de hospitalização. Isso se deve ao
reconhecimento da presença dos familiares, visto ser uma ação muito
importante e fundamental para o bem-estar do indivíduo hospitalizado,
considerando a melhoria de sua qualidade de vida
(47)
.
Diante do exposto, importa ressaltar que o paciente internado em UTI
necessita de cuidados de excelência, dirigidos não apenas para os problemas
fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e
familiares que se tornam intimamente ligadas à doença física
(38)
. Durante a
hospitalização, torna-se necessário considerar o paciente como um todo,
incluindo suas redes de apoio e suas necessidades. Assim, o paciente, sua
família, suas necessidades físicas, psíquicas, suas aspirações, fragilidades e
sentimentos devem ser respeitados diante da hospitalização. A qualidade da
assistência é reconhecida quando as ações são individualizadas, garantindo ao
paciente seus direitos.
Nas unidades de terapia intensiva, a rotina do paciente é acompanhada
diretamente pelo familiar, é ele que estará ciente da evolução do paciente e de
todas as propostas de tratamento. Dessa maneira, a família é acometida por
todo o processo de tomada de decisões, pelo estresse do momento e pelo
impacto que isto poderá provocar no paciente. Essa vivência é dividida com a
equipe multidisciplinar, porém para o familiar é um momento de grande
angústia
(48)
. Percebe-se então, que a visão do familiar coincide com a visão
que a sociedade tem em relação a UTI. É um local em que o morrer ocorre com
maior predominância, que os pacientes são graves e dependentes de cuidados
complexos e recursos sofisticados para o tratamento e manutenção de suas
necessidades básicas
(49)
. Neste cenário, a hospitalização em UTI proporciona
alterações na dinâmica familiar, justificada pela forma aguda e inadvertida a
qual ocorre, restando pouco tempo para que a família consiga se estruturar
(50)
.
A hospitalização de um indivíduo em UTI é uma questão difícil para os
familiares, pois muitas vezes uma dificuldade grande em aceitar o
adoecimento das pessoas, surgindo o medo de perdas
(51)
.
Para o familiar, todas as tecnologias e recursos humanos existentes nas
UTIs refletem em conforto e segurança, porém também são responsáveis pelo
distanciamento e isolamento submetidos pelo paciente
(19)
. Os familiares
desejam estar próximos ao doente, contribuindo com sua presença, ficando
perto e participando do tratamento. Porém, todos os equipamentos da UTI, o
dinamismo da unidade e a iminência de intercorrências, podem causar um
distanciamento do acompanhante em relação ao paciente
(19)
.
Além de refletir em segurança e conforto ao familiar, a presença de
equipamentos nas unidades críticas pode também ser uma das causas de
ruídos incessantes em UTIs. Os ruídos são provocados por alarmes dos
aparelhos, que tem a finalidade de avisar à equipe multiprofissional na
mudança de alguma condição vital do paciente, ou seja, são essenciais nas
unidades. Porém, o ruído destes, associados a outros alarmes, conversas entre
a equipe e entre essa com os pacientes, movimentação de móveis e outras
ações produtoras de ruídos, estão associadas a um aumento de estresse na
equipe e nos pacientes, denotando uma oposição a um ambiente que deveria
ser silencioso e calmo
(52)
.
É importante lembrar, que a UTI não é apenas um serviço com
equipamentos tecnológicos específicos e avançados. Nessa, o relacionamento
interpessoal é fator primordial, à medida que os recursos tecnológicos
existentes serão melhor aproveitados se aliados a recursos humanos que
ofereçam segurança e apoio emocional aos usuários
(53)
.
Em trabalho realizado sobre a necessidade de aproximação entre
familiares e profissionais de saúde, foi evidenciado que o repensar na vivência
do familiar pode trazer subsídios para os profissionais refletirem sobre sua
prática, envolvendo o acolhimento, incorporando a família como foco
importante do cuidar
(54)
. A família deve estar presente durante a hospitalização
e o reconhecimento de suas necessidades são de responsabilidade dos
profissionais da saúde, devendo esta prática existir em todos os hospitais,
sendo eles de rede pública ou privada, não devendo essa estratégia ser
ignorada em locais relacionados à assistência à saúde
(55)
.
Atualmente, uma intensa preocupação com a inserção do
acompanhante na UTI por tempo integral. A necessidade de reflexão das
práticas profissionais no gerenciamento da unidade consideram o
acompanhante como elemento importante no auxílio à recuperação do
paciente, intensificando a importância de estar inserindo o tema para discussão
e conscientização junto aos membros da equipe de saúde
(56)
.
Assistir familiares de pacientes internados, além de ser um ato de
solidariedade é também um conjunto de estratégias e intervenções testadas e
fundamentadas cientificamente que devem fazer parte do processo de
formação de todo profissional de saúde de UTI. A presença do familiar na
unidade é importante para o paciente e para a interação com a equipe. Essa
deve acolher os familiares de pacientes internados de maneira individualizada,
solidária e, sobretudo, holística
(57)
.
Cuidar é mais que um ato é uma atitude que abrange mais que um
momento de atenção, de zelo, de desvelo. Representa uma atitude de
ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o
outro
(58)
. O cuidado em saúde não pode diferir do aspecto humanístico e
relacional, não pode ser apenas uma ação técnica, pois é relacional. No
entanto e infelizmente, dentro de uma terapia intensiva são a tecnologia e o
tecnicismo que predominam, o cuidar, por sua vez, fica desprovido do
sentimento dos pacientes e de seus familiares
(22)
.
Vale ressaltar que uma comunicação adequada é conversar e receber
informações sobre o que se quer saber é entender o que o outro diz e sentir-se
bem atendido. As famílias, nos horários de visita, solicitam informações aos
profissionais e esperam receber informações claras, concisas, de fácil
entendimento, com carinho e atenção. Torna-se importante a comunicação
enquanto prática terautica, a importância do toque na comunicação não-
verbal e a necessidade de alguém da equipe de saúde ser referência aos
familiares, alguém a quem possam recorrer e sentir-se tranqüilizados diante de
esclarecimentos e orientações
(59)
. O trabalho em equipe se define como uma
modalidade de trabalho coletivo, configurado na interação dos agentes de
diferentes áreas profissionais e nas múltiplas intervenções técnicas. Essa
articulação entre os profissionais se dá através da mediação simbólica da
linguagem, ou seja, a comunicação
(60,61)
.
A comunicação desenvolve um relacionamento interpessoal entre o
usuário e a equipe de saúde, transmitindo confiança para ambos. Inicialmente,
a comunicação se apenas uma breve interação social, que após um maior
contato, poderá tornar-se uma parceria, onde a meta é auxiliar o usuário a
sentir-se confortável em compartilhar suas atitudes e sentimentos
(60)
.
O foco primordial do cuidar em UTI abrange o paciente, sua família, e a
equipe de saúde, sendo essa fundamental para um bom desempenho das
ações. Ao que refere à assistência em saúde, não podemos distanciar a equipe
multiprofissional deste contexto. Uma equipe satisfeita em seu ambiente de
trabalho estará transmitindo essa jovialidade ao cuidar de seus clientes.
Principalmente em unidades fechadas e complexas como as UTIs são
necessários não o conhecimento tecnológico como também o preparo para
com as perdas, a dor, o sofrimento e a morte do ser humano
(39)
.
Na rotina hospitalar, o principal objetivo é de assumir os cuidados para
com as pessoas doentes que necessitam de cuidados complexos. A equipe de
saúde, principalmente a equipe de enfermagem tem principal responsabilidade
para o desempenho da função de prover cuidados contínuos aos usuários, em
período integral. Assim, essas equipes o acometidas por um alto grau de
estresse, onde o ambiente de trabalho muitas vezes fica cerceado por
situações difíceis e ainda a equipe pode partilhar com o estresse de outras
pessoas: pacientes, famílias ou colegas, intensificando o estresse sentido pelos
profissionais de saúde
(14,39)
.
1.3. Humanização da assistência em UTI
Ao se falar em humanização, em qualidade em saúde, não se pode
deixar de salientar a atuação de Florence Nigthingale. Enfermeira, que durante
a Guerra da Criméia, em 1954, implantou o primeiro modelo de melhoria
contínua da qualidade em saúde, como forma de reduzir os efeitos negativos
do meio hospitalar sobre os pacientes. Assim, utilizava-se da limpeza, da
individualidade do cuidado, do isolamento, da dieta adequada, da diminuição
do número de leitos por enfermaria e da diminuição da circulação de pessoas
estranhas ao serviço. Florence Nigthingale, “a dama da lâmpada” como era
conhecida, praticava ações de humanização muito antes de todos os
programas e propostas que existem atualmente. Em seu livro “Notes on
hospitals”, enfatiza que a enfermagem deve propiciar o uso do ar puro,
iluminação, aquecimento, limpeza, silêncio e seleção adequada da dieta, não
no preparo, mas também na distribuição destas aos pacientes
(62)
. Vê-se
que a preocupação de Florence caracterizava ações humanitárias para
pacientes internados, sendo considerada uma precursora da enfermagem,
cujas ões hoje são consideradas princípios básicos para a humanização da
assistência.
Na história da humanização, a primeira estratégia surgida foi o
Alojamento Conjunto (AC)
(63)
. Antigamente, mães eram separadas de seus
filhos logo após o nascimento. Essa prática era embasada na justificativa da
diminuição de infecção hospitalar no neonato. Na década de 40, começou-se a
pensar nos desajustes afetivos que tal ação acarretaria no núcleo familiar.
Porém, essa proposta foi extinta e somente na década de 70, foi novamente
discutida. Nesse momento, organizações respeitadas como a OMS
(Organização Mundial de Saúde) e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para
a Infância) apoiaram essa proposta de manter o neonato junto à mãe desde o
nascimento até o momento de alta. O alojamento conjunto, desde então, foi
sendo disseminado pelas instituições de saúde e atualmente, já existe um
grande número de hospitais que compartilham dessa estratégia de
humanização
(63,64)
.
O direito integral de assistência à saúde deve ser garantido a todos os
cidadãos pelo Governo Federal. Assim, temos estatutos que enumeram os
direitos e deveres dos usuários em relação à saúde contemplando várias ações
de humanização e bem-estar do usuário
(4)
. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA)
(65)
traz em seu primeiro capítulo, o direito à vida e a saúde,
onde contempla que: a criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e
à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência; no hospital, é direito do neonato manter alojamento conjunto,
possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe; receberão atendimento
especializado a criança e o adolescente portadores de deficiência; os
estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos
casos de internação de criança ou adolescente; é obrigatória a vacinação das
crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.
As ações de humanização sempre estiveram relacionadas em duas
fases do ser humano: aos neonatos e aos adultos
(66)
. Para os neonatos, a
instituição do alojamento conjunto foi à proposta de humanização. Além disso,
outras ações humanitárias eram dominadas por uma visão “adultocêntrica”, a
qual relaciona a criança a um futuro adulto. A mudança neste paradigma foi
relativa ao processo de brincar das crianças, o qual, de acordo com estudiosos,
tem uma importante função na constituição humana
(67,68,69)
.
Outro marco importante na história da humanização para crianças foi o
surgimento das brinquedotecas. Para o Ministério da Saúde, entende-se por
brinquedoteca o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a
estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar, contribuindo para a
construção e/ou fortalecimento das relações de vínculo e afeto entre as
crianças e seu meio social
(70)
. A Lei 11.104, de 21 de março de 2005, tem
por objetivo a obrigatoriedade, por parte dos hospitais que ofereçam
atendimento pediátrico em regime de internação, de contarem com
brinquedotecas em suas dependências
(70)
.
As brinquedotecas surgiram a fim de resgatar o brincar espontâneo como
elemento essencial para o desenvolvimento de crianças. Primeiramente, as
brinquedotecas existiam nas escolas, tanto públicas como privadas. Após
experiências positivas, estas passaram a existir também em hospitais, onde
seus objetivos foram se adequando a realidade da instituição, a demanda e a
análise do contexto a qual está situada
(66,71)
.
Na história da humanização, outro importante fato ocorrido foi à
implantação do Método Mãe-Canguru aos recém-nascidos de baixo peso. Esse
se deu em dezembro de 1999
(68,72)
. O método Mãe-Canguru é uma tecnologia
humana de cuidado dos bebês prematuros e de baixo peso onde mãe e o
recém-nascido ficam em contato pele-a-pele, trocando calor, amor e
possibilitando uma amamentação em livre demanda
(73)
. A "posição canguru"
foi idealizada na Colômbia em 1979 com o objetivo de diminuir a mortalidade
neonatal elevada naquele país. A idéia era de que a colocação do recém-
nascido contra o peito da mãe promoveria maior estabilidade térmica,
substituindo as incubadoras, permitindo alta precoce, menor taxa de infecção
hospitalar e conseqüentemente melhor qualidade da assistência com menor
custo para o sistema saúde
(72)
.
No Brasil, os primeiros hospitais a trabalhar com a posição canguru,
foram os hospitais Guilherme Álvaro em Santos e em seguida o Instituto
Materno e Infantil de Pernambuco, na cidade do Recife. Atualmente, vários
hospitais brasileiros realizam as posturas de colocação do recém-nascido
sobre o peito da mãe
(72)
. Para a implantação do método Mãe-Canguru, foram
realizados, de 2000 a 2005, diversos cursos de capacitação e também
elaborado um Manual Técnico para as instituições que aderiram à estratégia. O
Ministério da Saúde, atualmente lança pesquisas com o objetivo de verificar a
adesão das maternidades em relação ao método Mãe-Canguru. Essas não têm
o objetivo de punir ou fiscalizar, mas sim, de orientar e ajudar a encontrar
soluções para viabilizar a implantação dessa estratégia
(74)
.
Mais recentemente, no Brasil, Wanda Horta, a partir de suas
experiências cotidianas com o ser humano, difundiu um modelo de atendimento
de enfermagem que disponibilizou aos pacientes/clientes um tratamento que
permite o auto cuidado sem se desvincular do acompanhamento da
enfermagem. Essa visão também pode ser entendida como uma busca da
humanização no atendimento de enfermagem, uma vez que tenta colocar o
enfermeiro a par do potencial do próprio paciente/cliente e, holisticamente,
compreendê-lo como um todo. Contudo, apesar de sua crescente importância,
a humanização da assistência de enfermagem ainda é um assunto pouco
pesquisado e pouco aplicado no Brasil
(75)
.
Visando a uma mudança desse panorama, o Ministério da Saúde criou,
em 2001, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
(76)
,
com o objetivo de humanizar a assistência hospitalar prestada aos pacientes
atendidos nos hospitais públicos, e, em 2003, juntamente com os demais
programas de humanização preexistentes, o PNHAH transforma-se em uma
Política Nacional de Humanização, o Humaniza - SUS
(73)
, abrangendo a saúde
pública como um todo, na tentativa de melhorar a qualidade e eficácia dos
serviços prestados pelas instituições de saúde. A proposta do PNHAH é de
buscar melhorias na instituição hospitalar e na formação educacional de seus
profissionais, tendo como objetivo fundamental aprimorar as relações entre
clientes e profissionais, entre profissionais entre si, e da comunidade com o
hospital, apontando para uma requalificação dos hospitais públicos, na
intenção de se tornarem mais modernos, dinâmicos e solidários, contemplando
as expectativas de seus gestores e da comunidade
(76)
.
Tendo em vista estratégias de humanização, o Ministério da Saúde,
instituiu no Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
(2001), propostas de atendimento ao pré-natal, parto e pós-parto. Nesse,
um incentivo para que sejam criados centros de atendimento ao parto normal,
que funcionem de acordo com as propostas de humanização
(77)
. A
humanização do parto promove situações que inibem o mal-estar da mulher e
também reduzem riscos para ela e para o bebê, ao mesmo tempo em que
possibilita conforto e segurança para o acompanhante
(78)
.
Para os adultos, a proposta de humanização lançada pelo Ministério da
Saúde que merece destaque, é o Estatuto do Idoso
(79)
. Esse garante direitos a
todos os usuários. Em seu artigo 16 ao idoso internado ou em observação é
assegurado o direito de acompanhante, devendo o órgão de saúde
proporcionar as condições adequadas para sua permanência em tempo
integral”. Quanto à equipe “cabe ao profissional de saúde, responsável pelo
tratamento, conceder autorização para acompanhamento do idoso, ou no caso
de impossibilidade, justificá-la por escrito. Também as Leis Estaduais/SP
(80,81)
,
garantem ao paciente internado em Unidade de Saúde, sob a responsabilidade
do estado, a presença de um acompanhante”. também em nossa
constituição, programas específicos que protegem a mulher em diferentes
fases da vida, como por exemplo, na fase reprodutiva, onde a mulher muitas
vezes recorre à assistência hospitalar
(82)
.
A preocupação com os idosos no Brasil pode ser justificada pelo aumento
da expectativa de vida da população e conseqüentemente, pelo aumento da
parcela populacional acima de 60 anos. O último Censo Demográfico feito pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(83)
, acusou que, no Brasil,
a população com idade igual ou superior a 60 anos soma mais de 14,5 milhões
de pessoas, 8,56% da população total. São números populacionais
significativos, merecendo atenção para o bem-estar dessa demanda em
relação à manutenção da saúde. Com o aumento da expectativa de vida, as
instituições hospitalares terão que se atualizarem para receber o idoso e
oferecer uma assistência adequada as suas necessidades. Para os idosos, o
Estatuto do Idoso foi recebido com otimismo, para os profissionais, com
expectativa. Na prática, o Estatuto do Idoso está trazendo resultados positivos
na assistência ao idoso institucionalizado
(84)
.
Segundo o Ministério da Saúde, “humanizar é garantir à palavra a sua
dignidade ética
(76)
. Ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou
de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto que as palavras
que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito
precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento. Pela linguagem
fazemos as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro, sem
o que nos desumanizamos reciprocamente”
(27)
.
A participação da comunidade e o reconhecimento da universalidade do
direito à saúde foram instituídos na Constituição Cidadã de 1988
(85)
, sendo
também estabelecido o princípio estruturante do Sistema Único de Saúde.
Liberdade pessoal de expressão, religião e movimentação; direitos políticos,
como os eleitorais e de associação; e direitos sociais, referentes às condições
de saúde, educação, trabalho, condições de vida e de assistência em situações
de risco social estão inclusos nos direitos de cidadania, os quais o estado
garante a cada cidadão
(73)
.
O processo de humanização do trabalho hospitalar implica uma série de
dimensões organizacionais, institucionais, profissionais e pessoais, e cabe a
nós usuários do Sistema Único de Saúde, questionar e avaliar as regras que
restringem o acesso e a participação de famílias e usuários, proporcionando
formas mais abertas e livres de interação com o hospital, pois “muitas das
restrições que os modernos hospitais colocam a seus usuários e familiares em
termos de regras, horários, etc. não obedecem a razões técnicas, porém
constituem parte de uma longa herança, de cunho autoritário”
(76)
.
É nesse contexto que também se faz necesrio enfocar a humanização
nas Unidades de Terapia Intensiva. Na atualidade, vê-se um panorama nas
UTIs que nos conduz para a urgência da preocupação com o resgate da
humanização. Há uma maior preocupação com o aperfeiçoamento da técnica,
valorizando o modo-de-ser-trabalho, em detrimento do modo-de-ser-cuidado
(86)
.
Nas unidades de terapia intensiva, alguns aspectos relacionados aos
cuidados de enfermagem contribuíram para a humanização, assim como a
privacidade do paciente, a personalização do atendimento, o preparo para a
cirurgia e a visita dos familiares
(20)
. Hoje, a proposta de humanização em UTI
tem um horizonte mais amplo, englobando desde o ambiente físico até as
relações entre as equipes de saúde
(76)
. Mesmo que ainda tímida, a filosofia da
humanização vem ganhando espaço na percepção das unidades de terapia
intensiva pelos leigos, sendo mais compreendida como um local que possibilita
a recuperação dos pacientes e não um lugar destinado a pacientes sem
chances de sobrevivência.
Estar em uma unidade crítica pode ser uma experiência negativa tanto
para os adultos como para crianças/adolescentes. Percebe-se, pela literatura, o
uso do brinquedo terapêutico para crianças nessas situações, que através de
estratégias lúdicas, o profissional de saúde possibilita uma melhor aceitação da
hospitalização, colaborando com a recuperação da mesma
(5,16,87)
.
O respeito aos direitos dos pacientes na prática cotidiana em terapia
intensiva, passa pelo questionamento dos próprios pacientes e familiares e
pela abertura de espaços para diálogo com os próprios profissionais de saúde,
tornando essa ptica mais humanizada. Mais uma vez é importante
lembrarmos que a construção de uma assistência humanizada em UTI é um
processo impulsionado por medidas de avaliação e da capacidade de aprender
com a própria experiência e a dos outros. Entendemos que enquanto todos
nós, profissionais da saúde, não nos empenharmos em prestar uma assistência
com ações humanizadas, colocando-nos sempre na situação do “outro”,
fragilizado, dependente, carente, a procura de um tratamento de respeito, não
conseguiremos atender os princípios da humanização proposto pelo Ministério
da Saúde
(76)
.
No cenário hospitalar, ao analisarmos o compromisso com o usuário que
sofre e com os cuidadores, veremos que humanizar a assistência hospitalar
implica em dar lugar tanto à palavra do usuário quanto à dos profissionais de
saúde, criando uma rede de diálogo, a fim de promover ações, programas,
campanhas, políticas assistenciais a partir de solidariedade, respeito,
reconhecimento mútuo e dignidade ética
(76)
.
Uma das vertentes do Programa Nacional de Humanização da
Assistência Hospitalar faz referência à equipe multiprofissional. Esse aborda a
articulação existente entre a equipe, o usuário e a instituição de saúde. Dessa
maneira, ao refletir sobre humanização, necessariamente temos que incluir os
profissionais de saúde, uma vez que a empatia, o acolhimento, a execução dos
cuidados, o conforto e o bem-estar do paciente e sua família, entre outros
fatores, dependem diretamente da equipe multiprofissional de saúde
(76)
.
Na atualidade e com os conhecimentos sobre humanização, houve a
necessidade de promover um ambiente que transmitisse bem-estar,
privacidade, respeitando a integridade física e mental e favorecendo
proximidade da família e o paciente. A família é de grande valia para a equipe e
o paciente, pois auxilia no planejamento da assistência a ser prestada, pelas
informações oferecidas
(88)
.
Ressalta-se ainda, que a humanização no ambiente hospitalar deve ser
entendida não só na perspectiva do cuidado e tecnologias disponibilizadas
pelos profissionais e serviços de saúde. Estratégias como a escuta
compreensiva, a comunicação verbal e não-verbal, a otimização das
informações entre a equipe e a família, e do paciente, adulto ou criança, com a
família, devem ser valorizadas pela equipe de saúde. Dessa forma, frente a
ações humanizadas, de parceria entre a equipe e familiares, possibilitam que
opiniões, percepções, reclamações e sugestões sejam expressas de forma
democrática, livre, cidadã aos membros da equipe de saúde.
(89)
Na atualidade a humanização é vista como um conjunto complexo de
atitudes e ações motivadas por pensamentos éticos, humanísticos, sociais e
holísticos
(90)
. Dessa forma, valorizar a presença de acompanhantes na
instituição hospitalar e apreender sua percepção é um processo fundamental
para o alcance de uma prática assistencial realmente humanizada.
2. Objetivo Geral
Analisar a percepção do acompanhante de pacientes que estão em
processo de hospitalização, na busca da assistência humanizada em Unidade
de Terapia Intensiva.
2.1. Objetivos Específicos
Identificar como o acompanhante percebe o seu acolhimento
durante a hospitalização de seu familiar;
Identificar como o acompanhante percebe a unidade de terapia
intensiva.
3. Procedimentos Metodológicos
3.1. Tipo de Estudo
Trata-se de uma pesquisa descritiva na abordagem qualitativa, uma vez
que se procurou compreender os significados e as características de uma
situação específica.
A pesquisa qualitativa "trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis"
(91)
. Esta tem suas raízes nas
práticas desenvolvidas pelos antropólogos, seguidas pelos sociólogos em
estudos sobre a vida em comunidades. Essa prática surgiu da necessidade de
uma avaliação mais ampla de informações sobre a vida dos povos, dados
estes que não poderiam ser somente quantificados
(92)
.
A abordagem qualitativa, além de permitir desvelar processos sociais
ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a construção
de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias
durante a investigação. É caracterizada pela empiria e pela sistematização
progressiva de conhecimento até a compreensão da lógica interna do grupo ou
do processo em estudo. Por isso, é tamm utilizada para a elaboração de
novas hipóteses, construção de indicadores qualitativos, variáveis e tipologias
(91)
.
O que os fatos, fenômenos, manifestações e sentimentos representam
na vida dos indivíduos passam a ser compartilhados culturalmente pela
organização ou grupo social, refletindo nos significados em outro nível. Na área
da saúde, em particular, conhecer o significado dos fenômenos do processo
saúde doença é essencial para realizar melhorias na qualidade da relação
profissional paciente-família-instituição; promover maior adesão dos pacientes
e da população diante dos tratamentos ministrados individualmente e das
medidas implementadas coletivamente, entender mais profundamente certos
sentimentos, idéias e comportamentos dos doentes, bem como de seus
familiares e mesmo da equipe de saúde
(91)
.
A pesquisa qualitativa pode ser distinguida, ainda, por cinco grandes
características: a fonte direta dos dados é o ambiente natural, constituindo o
investigador o instrumento principal, pois não é possível separar o ato, a
palavra ou o gesto do ser contexto, sem perder de vista o significado; uma
ênfase nas palavras e imagens; os investigadores tendem a analisar os dados
de forma indutiva (do particular para o geral) e interessam-se mais pelos
processos do que pelos resultados e por último que o significado é de
importância vital, ou seja, são os participantes da pesquisa ou sujeitos que
adquirem destaque, com os significados que atribuem ou
percepções/representações que elaboram
(93)
.
Com esta abordagem pretendeu-se buscar uma compreensão detalhada
da percepção do acompanhante acerca da busca da assistência humanizada
em unidade de terapia intensiva.
Dentre as abordagens qualitativas, a análise de conteúdo foi a utilizada
para análise dos dados dessa pesquisa.
3.2. Campo de Estudo
A investigação foi realizada no município de Botucatu, localizado no
interior do Estado de São Paulo. A cidade dispõe de uma população com 121
mil habitantes, e comporta a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (UNESP), responsável pela migração de parte do povoado jovem para o
município. Na saúde, Botucatu se destaca por possuir um hospital terciário, de
ensino, que é vinculado à Faculdade de Medicina. O hospital compõe a Divisão
Regional de Saúde (DRS) VI, constituída por 68 municípios, sendo ainda
referência para a maioria dos casos de doença da região.
Figura 1 Mapa do Estado de São Paulo, com destaque para o
município de Botucatu.
3.3. Local do Estudo
A presente pesquisa foi desenvolvida nas Unidades de Terapia Intensiva
Pediátrica e Unidade de Patologias Coronarianas, ambas fixadas ao Hospital
das Clínicas (HC) da UNESP.
3.4. Caracterização da UTI Pediátrica
A Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica foi fundada no ano de 1988,
com o objetivo de oferecer assistência adequada a crianças graves, dispondo
de equipamentos e recursos humanos capacitados para tal. Localiza-se no
térreo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP,
próximo às Unidades de Terapia Intensiva Coronariana e de Adultos.
Possui sete leitos de internação, sendo um destinado ao isolamento, em
casos de patologias infectocontagiosas. Atende, em média, 25 crianças por
mês, predominantemente menores de cinco anos de idade.
As paredes são de cor clara, neutra e há figuras ilustrativas em algumas
delas, como no corredor de acesso, próximos aos leitos, inclusive no
isolamento e no posto de enfermagem.
Os leitos são dispostos em duas salas, uma em cada lateral do posto de
enfermagem. Este se localiza no centro da unidade, propiciando a visualização
de todos os leitos, que apesar de não serem separados por paredes ou
cortinas, dispõem de espaços adequados para facilitarem a transição da equipe
e de familiares, além de comportarem equipamentos hospitalares e uma
cadeira de conforto nos horários de visitas.
As salas onde se localizam os leitos possuem portas e janelas de vidro,
facilitando a visualização das crianças, caso os familiares não queiram se
aproximar. Cada sala dispõe ainda de um aparelho de televisão, fixados na
parede e voltados para os leitos.
A unidade do paciente é constituída por uma cama ou um berço, monitor
multiparamétrico mantido em suporte fixo na parede acima do leito, suporte de
soro com bombas de infusão, criado-mudo com ficha de controle do paciente, e
placa com identificação da criança. Na UTI, encontramos também carrinho de
emergência e equipamentos para situações emergenciais, ambos encontrados
no posto de enfermagem, próximo aos leitos.
No posto de enfermagem estão instaladas pias para lavagem das mãos,
bancadas para o preparo dos medicamentos, dois refrigeradores (um para
guarda de dietas e outro para acondicionar medicamentos), múltiplos armários
com portas para a guarda de materiais, computador para a retirada e consulta
de exames diversos e outras bancadas para a anotação das informações, pela
equipe de saúde.
Ainda nesta UTI, próximo ao corredor principal, encontramos uma sala
destinada aos trabalhos administrativos, a sala da chefia de enfermagem, uma
sala com função de armazenar equipamentos danificados e um armário
grande, fechado, reservado aos artigos respiratórios, como os circuitos de
ventiladores mecânicos, CPAPs, entre outros itens. No corredor de acesso aos
leitos, encontramos um local destinado para a rouparia. Encontramos os
expurgos anexos em cada sala e um outro ao quarto de isolamento.
Na unidade observa-se ainda um ambiente de copa para a equipe, uma
sala médica para discussão clínica dos casos, assim como quartos de conforto
para os mesmos e uma sala de estudos e pesquisas.
A unidade pediátrica é composta por uma equipe que dispõe de
profissionais médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em
seu quadro funcional. Contudo, têm-se também estudantes-internos da
Faculdade de Medicina, residentes dicos, aprimorandos de Enfermagem,
Fisioterapia, Nutrição e Psicologia.
3.5. Caracterização da UTI Coronariana
A Unidade de Terapia Intensiva Coronariana foi inaugurada no ano de
2004, como resultado de investimentos realizados pelo Governo do Estado de
São Paulo em parceria com a Universidade Estadual Paulista e o Ministério da
Saúde. A nova unidade, com seis leitos de UTI e dois de semi-intensivo e
equipamentos de última geração, tem como objetivo, garantir atendimento
especializado para uma ampla região de saúde. Situa-se no térreo do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP, em frente a UTI
de Adultos.
Sua área física é ampla, agradável, com paredes de cores alegres e
tonalidades diferentes, tornando o ambiente harmônico. Os leitos são divididos
por quartos, sendo três quartos individuais, e uma suíte. Os dois leitos
restantes ficam em um mesmo quarto, porém, maior em relação aos demais.
Em cada quarto uma cama elétrica que possibilita diversas posições
anatômicas, conferidas a partir de um controle-remoto; criado-mudo, monitor
multiparamétrico, além de outros objetos que a família pode deixar na unidade,
como: televisão, rádio, livros, entre outros.
Os leitos relacionados aos cuidados semi-intensivos, também são
quartos individuais, todavia, carecem de monitores multiparamétricos.
O posto dico e de enfermagem situam-se no centro da UTI,
possibilitando a visualização de todos os leitos. Há um computador central
ligado a todos os monitores dos pacientes, o qual sinaliza o início de qualquer
alteração física; e outro computador que permite a consulta de exames.
O posto de enfermagem desta unidade não difere daquele descrito na
UTI Pediátrica.
Os demais ambientes de trabalho são semelhantes aos da UTI
Pediátrica, porém com o acréscimo de banheiros masculinos e femininos para
os pacientes e rouparia.
O quadro funcional da Unidade Coronariana conta com os profissionais
médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, e ainda há a presença de
estudantes do sexto ano da Faculdade de Medicina, residentes de Cardiologia,
e também os aprimorandos de Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e
Psicologia.
3.6. Participantes do Estudo
Os participantes do estudo foram constituídos por acompanhantes de
pacientes hospitalizados nas unidades de terapia intensiva pediátrica e
coronariana. Os critérios de inclusão dos familiares participantes da unidade
coronariana foram:
Ser acompanhante responsável pelo paciente no hospital,
indicado pelo próprio paciente após ter sido submetido ao mini-
exame do estado mental de Folstein
(94)
;
Realizar visita ao menos uma vez durante a internação;
O mini-exame do estado mental de Folstein tem a finalidade de obter
clareza e segurança em sua resposta. O paciente é considerado consciente
quando obtém nota entre 27 a 30 neste teste (Anexo 3).
Para pacientes pediátricos, considerou-se acompanhante, o familiar que
permaneceu durante o processo de hospitalização.
3.7. Considerações Éticas
Após elaboração do projeto, o mesmo foi encaminhado ao Comi de
Ética em Pesquisa (CEP), para avaliação e aprovação de acordo com a
Resolução CNS 196/96
(95)
que incorpora, sob a ótica do indivíduo e das
coletividades, os referenciais básicos da Bioética: autonomia, não maleficência,
beneficência e justiça.
As entrevistas iniciaram-se após o projeto ser aprovado pelo CEP. Foi
elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (Anexo 1),
o qual foi explicado aos sujeitos da pesquisa e assinado pelos mesmos,
previamente ao início da entrevista. O conteúdo do TCLE contempla a
participação voluntária dos sujeitos e a gravação das entrevistas, bem como a
segurança de interrompê-la quando desejado. Informa sobre a transcrição das
falas e o total anonimato dos participantes, seja no momento das entrevistas,
como também na publicação dos resultados. Salientamos que esse termo foi
preparado em duas vias de igual teor, e ambas assinadas pelos participantes e
pelo investigador da pesquisa, sendo que uma via permaneceu com a
entrevistadora da pesquisa e a outra com o participante.
3.8. Coleta de Dados
Visando a adequação e validação da questão norteadora na coleta de
dados, foi aplicado um estudo piloto nas unidades de terapia intensiva
pediátrica e coronariana. O teste foi aplicado com três acompanhantes, onde
se considerou válido pela clareza e entendimento da pergunta, sendo incluído
nos resultados finais do estudo.
As entrevistas foram realizadas pela própria pesquisadora, utilizando-se
de um gravador e de um instrumento (Anexo 2) que continha dados de
identificação dos sujeitos e a pergunta norteadora da pesquisa.
Importa salientar que durante o período de coleta dos dados, a
pesquisadora não estava mais atuando na instituição do estudo, evitando,
assim interferências nos resultados da pesquisa.
3.9. Análise dos Dados
Utilizamos neste estudo para a análise dos dados, a técnica de análise
de conteúdo proposta por Bardin
(96)
, em 1979.
A análise de conteúdo se caracteriza por ser uma técnica de análise do
material qualitativo e fazer parte de uma histórica busca teórica no campo das
investigações sociais
(91)
. A análise de conteúdo se define como um conjunto
de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção destas mensagens
(96)
.
Esta alise trabalha a palavra e as significações, ou seja, a prática da
língua realizada por emissores identificáveis, procurando conhecer aquilo que
está por trás das palavras sobre as quais se debruça, é uma busca de outras
realidades através de mensagens. Ela visa o conhecimento de variáveis de
ordem psicológica, sociológica, histórica, entre outros, por meio de um
mecanismo de dedução com base em indicadores reconstruídos a partir de
uma amostra de mensagens particulares.
A análise de conteúdo funciona ainda com unidades de significação
simples, a palavra, as quais são classificadas através da freqüência com a qual
aparecem durante as mensagens estudadas. Ao domínio desse tipo de análise
pertencem todas as iniciativas que, a partir de um conjunto de técnicas
parciais, mas complementares, consistam na explicitação e sistematização do
conteúdo das mensagens e da expressão deste conteúdo, com o contributo de
índices passíveis ou não de quantificação, a partir de um conjunto de técnicas
que embora parciais sejam complementares.
Esta abordagem tem por finalidade efetuar deduções lógicas e
justificadas referentes à origem das mensagens tomadas em consideração.
A análise de conteúdo
(91)
desdobra-se em três etapas:
1- Pré-análise: É a etapa de organização propriamente dita. É
um período de intuições, porém tem por objetivo tornar
operacionais e sistematizar as idéias iniciais, de maneira a
conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das
operações sucessivas, num plano de análise. A pré-análise é
uma primeira leitura também denominada leitura flutuante.
Determina a escolha dos documentos a serem analisados, o
universo para análise, apesar de ser um período de intuições,
deve ser preciso. Para o desenvolvimento correto da pré-
análise, o pesquisador deve obedecer a três missões: 1) a
leitura flutuante: é uma leitura superficial, deixando-se invadir
por impressões e orientações, que pouco a pouco, vai se
tornando mais precisa; 2) a escolha dos documentos: os
documentos podem ser determinados e assim determinar os
objetivos ou os objetivos são conhecidos e devemos
escolher o universo de documentos suscetíveis para fornecer
informações sobre o problema levantado, 3) a formulação de
hipóteses e de objetivos: uma hipótese é uma afirmação
provisória que nos propomos verificar, recorrendo aos
procedimentos de análise. Trata-se de uma suposição cuja
origem é a intuição e que permanece em suspenso enquanto
não for submetida à prova de dados seguros. O objetivo é a
finalidade geral a que nos propomos o quadro teórico e/ou
pragmático, no qual os resultados obtidos serão utilizados.
Estas três missões não precisam necessariamente obedecer a
essa ordem, mas obrigatoriamente, estão interligadas entre si.
Embora a pré-análise seja composta por atividades não
estruturadas (abertas), por oposição à exploração sistemática
dos documentos, ela tem por objetivo a organização.
2- Exploração do material: essa segunda etapa, também
conhecida como análise ou exploração do material, nada mais
é do que a administração sistemática das decisões tomadas
durante a fase da pré-análise. Após o primeiro contato com os
documentos a serem analisados, os elementos do texto
deverão ser classificados em um sistema de categorias e
reunidos de acordo com o seu significado. As categorias são
rubricas ou classes, que rnem um grupo de elementos sob
um tulo genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos
caracteres comuns destes elementos. Classificar os
elementos em categorias impõe a investigação do que cada
um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu
agrupamento é a parte comum existente entre eles. A partir do
momento em que a análise de conteúdo decide codificar o seu
material, deve produzir um sistema de categorias. A
categorização tem como primeiro objetivo fornecer, por
condensação, uma representação simplificada dos dados
brutos. Salientamos que a divisão dos componentes das
mensagens em categorias não é uma etapa obrigatória de
toda análise de conteúdo, porém a maioria dos procedimentos
de análise se organiza através de um processo de
categorização. Esta é uma fase longa que consiste
essencialmente de operações de codificação, desconto ou
enumeração, em função de regras previamente formuladas
que farão parte do tratamento dos resultados.
3- Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: os
resultados brutos serão tratados de maneira a serem
significativos e válidos. Uma vez tendo à sua disposição
resultados significativos, os analistas poderão propor
interferências e adiantar interpretações a propósito dos
objetivos previstos ou que digam respeito a outras
descobertas inesperadas. Tratar o material é codificá-lo. “A
codificação é o processo pelo qual os dados brutos são
transformados sistematicamente e agregados em unidades, as
quais permitem uma descrição exata das características
pertinentes ao conteúdo”
(47)
. A codificação é possível por
recorte, agregação e enumeração. Ao se fazer o recorte,
pressupõe-se a escolha das unidades de significação a
codificar, as quais correspondem ao segmento de conteúdo a
considerar como unidade de base. A agregação ou
classificação, diz respeito à escolha das categorias e a
enumeração, à escolha das regras de contagem.
Dentro da análise de conteúdo, existem várias modalidades técnicas de
investigação: a) análise lexical; b) análise de expressão; c) análise de relação;
d) análise temática; e) análise de enunciação. Para esta pesquisa, utilizou-se a
análise temática, por ser considerada apropriada para as investigações
qualitativas em saúde
(91)
.
Optou-se ainda neste estudo pela análise temática, por considerar o
tema como uma unidade de significação que pode ser extraída das descrições
que estamos nos propondo analisar
(91,96)
. O tema é geralmente utilizado como
unidade de registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de
valores, de crenças, de tendências, entre outras. As respostas a questões
abertas, as entrevistas individuais ou de grupo, de inquérito ou de psicoterapia,
os protocolos de testes, as reuniões de grupos, os psicodramas, as
comunicações de massa, podem ser eo freqüentemente, analisados tendo o
tema por base. Fazer uma análise temática consiste em descobrir as “unidades
de significado” que comem a comunicação e cuja presença, ou freqüência de
aparição, pode significar alguma coisa para o objeto analítico escolhido.
A análise temática, como o próprio nome evidencia, é a análise através
de um tema. Ela comporta um feixe de relações e pode ser graficamente
representada através de uma palavra, de uma frase, de um resumo
(91)
. O tema
é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado
segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura
(96)
.
Como instrumento para a coleta de dados desta pesquisa, foi
empregado a técnica de entrevista. A entrevista é acima de tudo uma conversa
a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador,
destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e
abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes tendo em vista
este objetivo. Considera-se a entrevista a estratégia mais utilizada no processo
de trabalho de campo
(91)
.
A indagação aplicada aos participantes deste trabalho durante o ato da
entrevista foi:
“Qual a sua percepção em ser acompanhante em Unidade de
Terapia Intensiva?”
Após reunir as respostas apresentadas, as mesmas foram codificadas e
em seguida separadas por categorias de acordo com os trechos mais
significativos que emergiram das falas. A codificação corresponde a uma
transformação – efetuada segundo regras precisas – dos dados brutos do
texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite
atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão suscetível de
esclarecer o analista acerca das características do texto, as quais podem servir
de índices
(96)
. Em nosso estudo, utilizou-se para a codificação: A para
acompanhantes, seguida da letra P de pediatria ou C de coronariana; estas
foram acompanhadas de números, os quais foram relativos à numeração das
entrevistas. Em alguns casos, surgiram outras numerações acompanhadas por
hífens, que se referem à seqüência de unidades de significados surgidas nas
respostas. Para exemplificar a codificação utilizada, segue: AP6-3: esta
codificação refere-se à terceira unidade de significado emergida na sexta
entrevista respondida por um acompanhante entrevistado na UTI-Pediátrica.
A categorização, por sua vez, é uma operação de classificação de
elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por
reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente
definidos. Os critérios de categorização podem ser: semânticos, sintáticos,
léxicos e expressivos
(96)
.
Após a codificação e categorização das falas, os dados obtidos foram
tratados de acordo com as metodologias da análise temática e análise de
conteúdo
(96)
.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados são apresentados a seguir em dois momentos:
caracterização dos sujeitos e análise das categorias e temas.
4.1. Caracterização dos Sujeitos
Foram entrevistados 21 acompanhantes, sendo nove familiares da
unidade de terapia intensiva pediátrica e 12 da unidade de terapia intensiva
coronariana do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Botucatu/UNESP.
Após as entrevistas, caracterizamos os familiares separadamente, de
acordo com as unidades nas quais foram entrevistados.
4.1.1 UTI-Pediátrica
A amostra da UTI-Pediátrica constituiu-se de nove acompanhantes, os
quais possuíam de um a três dias de permanência na unidade em estudo. Vale
ressaltar que eles têm o direito de acompanhar seus filhos, de acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente, embora suas acomodações sejam
distantes da unidade
(65)
.
A faixa etária predominante em relação ao acompanhante entrevistado
compreendeu o intervalo de 17-58 anos, havendo totalidade do sexo feminino,
predominantemente de mães. Esse dado vem de encontro com os já existentes
em outras pesquisas, ao relatarem o predomínio da figura materna como
acompanhante durante o processo de hospitalização, uma vez que a
separação do binômio mãe-filho nesta fase, principalmente entre crianças
menores de cinco anos, pode provocar uma rie de dificuldades emocionais
(97,98,103)
.
Reforçam ainda que o familiar acompanhante se autodesigna a cuidar, e
quase sempre ele é mulher, “o que faz parte de um comportamento feminino na
nossa cultura prevalente. Tanto a mulher avalia-se como mais preparada para
cuidar, com esta habilidade é socialmente reconhecida nela”
(15)
.
É fundamental compreender a família como mediadora da
criança/adolescente no hospital, que, ela é porta-voz das preocupações e
sentimentos daqueles que acompanham, transmitindo à equipe sinais e as
mensagens enviadas pela criança/adolescente
(99,100)
.
Em relação à procedência, a maioria das entrevistadas informou morar
na abrangência da Divisão Regional de Saúde VI, e apenas uma delas mora
em outra DRS.
Ao serem indagados em relação à escolaridade a maioria respondeu ter
o segundo grau completo seguido de três entrevistadas com ensino
fundamental incompleto.
4.1.2 UTI-Coronariana
A amostra da UTI-Coronariana somou-se num total de 12
acompanhantes. O tempo de permanência do familiar na unidade variou de
dois a seis dias, e assim como entre as crianças e adolescentes, é importante
ressaltar aqui também que pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, têm
o direito de possuírem acompanhantes em período integral durante a
hospitalização, conforme a Constituição do Estatuto do Idoso
(79)
. Na UTI-
Coronariana não existem acomodações específicas para os acompanhantes na
unidade por tempo integral. Nestes casos especiais, determinados pela equipe
da unidade, os acompanhantes permanecem em cadeiras, tendo pouco espaço
físico para sua acomodação. A maioria dos acompanhantes podem ver e
acompanhar o estado de saúde de seu familiar internado somente durante as
visitas.
No entanto, ainda por parte da equipe de saúde, uma resistência em
aceitar acompanhantes para os adultos e idosos, destacando-se, entre os
motivos, a crença de que a presença de familiares seria mais estressante para
os pacientes graves, ou um aumento de risco de infecção causado pelos
acompanhantes
(21,101)
.
A necessidade da presença do acompanhante junto ao idoso é
essencial, pois a hospitalização o distancia do convívio familiar, fazendo com
que o paciente se sinta desamparado. Além de tudo, o acompanhante do idoso
hospitalizado atuará como um membro participante nos procedimentos básicos
de enfermagem, além de poder esclarecer-se quanto aos cuidados que serão
realizados nos domicílios.
Em relação à idade dos acompanhantes, predominante no estudo,
obteve-se a faixa etária de 25-68 anos, sendo a maioria deles do sexo
feminino. Esse dado vem de encontro com os existentes na literatura,
quando relata que um predomínio da figura feminina como acompanhante
durante o processo de hospitalização
(102,103)
.
Quanto à procedência, a maioria dos entrevistados também informou
residir na abrangência da Divisão Regional de Saúde VI, e apenas uma delas
em outra DRS.
Tanto este resultado sobre a procedência dos acompanhantes da UTI-
Coronariana, como àquele da UTI-Pediátrica, nos remete à compreensão de
que toda esta clientela tem o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
como referência para tratamento na região.
Em se tratando do vel de escolaridade a maioria possui o segundo
grau completo e apenas cinco entrevistados com ensino fundamental
incompleto.
4.2 Análise das Categorias e Temas
Para orientar a análise, realizou-se um quadro síntese, contendo as
categorias e as unidades de significados para fins didáticos, pois durante a
discussão das temáticas estes resultados serão evidenciados para que o leitor
identifique o conteúdo apresentado.
CATEGORIAS
UNIDADES DE SIGNIFICADOS
1- Possibilidade de ver e ficar junto
do seu familiar
2- Possibilidade de melhora do
paciente na presença da família
ACOLHIMENTO
3- Informações da equipe
profissional
1- Bom atendimento
2- Horários de visitas
3- Acomodação para
acompanhante
AMBIENTE DA UTI – ESTRUTURA
FÍSICA E PROFISSIONAIS DE
SAÚDE
4- Recursos da UTI do HC
Quadro I: Quadro síntese das categorias e unidades de significados emergidas das
narrativas.
As categorias e unidades de significados elencadas no quadro I referem-
se às duas populações do estudo, ou seja, englobam acompanhantes da UTI
pediátrica e coronariana. Essa opção é justificada pela semelhança encontrada
nas categorias e unidades de significados, emergidas nas narrativas dos
sujeitos das duas unidades em estudo.
I - ACOLHIMENTO DURANTE O PROCESSO DE HOSPITALIZAÇÃO:
PERCEPÇÃO DO ACOMPANHANTE
A análise da percepção do acompanhante na busca da assistência
humanizada inicia-se com a discussão da categoria acolhimento durante o
processo de hospitalização na UTI.
É importante destacar que o termo acompanhante em sua significação
assemelha-se a palavra família, uma vez que na Medicina Intensiva, o familiar
é quem acompanha diretamente a evolução do paciente, tendo ou não grau de
parentesco, uma vez que é sobre ele que pesará o processo de tomada de
decisões, mesmo estando somente na condição de acompanhante, membro
familiar ou não
(48)
.
Os acompanhantes de ambas as unidades de terapia intensiva
pediátrica e coronariana, revelam sua condição de acompanhante como a
possibilidade de ver e ficar junto do paciente. O ato de ver e permanecer
junto ao paciente pode estar relacionado ao que se considera família enquanto
núcleo social, que necessita manter suas relações familiares mesmo em
situações adversas, como a hospitalização
(50)
. Para esses familiares, o ato de
ser acolhido torna-se muito importante no momento da hospitalização,
permitindo o encontro, o relacionamento, o estar presente com seus familiares.
Além disso, promove a criação de nculos com os trabalhadores da saúde,
possibilitando ações humanizadas entre quem cuida e quem é cuidado
(104)
.
Nos depoimentos abaixo, podemos identificar que a possibilidade de ver e
ficar junto do paciente é favorável para os acompanhantes, que acreditam
proporcionar tranqüilidade, calma e ânimo para os pacientes.
“AC2-1: É muito bom poder ver ele, ele fica tranqüilo, fala
bastante, quer saber das coisas, ele é muito esperto, quer
saber da vida, dos negócio dele [...]”
“AC11-1: [...] Então estar perto dele, acompanhando ele, é
muito bom [...] fica calmo comigo [...]”
“AC10-1: [...] poder ficar um pouquinho durante a visita, pra
gente é muito bom, ele gosta, fica animado, conta tudo,
até acho que ele fica emocionado [...]”
Analisando as características do ser humano, percebe-se que no
processo de enfrentamento de situações adversas, o indivíduo busca artifícios
para poder conduzir melhor a situação. A hospitalização pode ser considerada
um momento adverso e a família desempenha um papel fundamental no
enfrentamento da situação. É a família, enquanto rede de apoio ao indivíduo
que vai auxiliá-lo nesse contexto, dividindo a sobrecarga que podem advir
deste processo
(19,89)
.
A família é uma unidade que cuida de si, possui demandas e
necessidades específicas no contexto hospitalar
(105)
. É o primeiro elemento de
apoio ao paciente, e muitas vezes sua ansiedade advém da separação
paciente-família no momento da hospitalização, pois estes acreditam que junto
aos acompanhantes sentir-se-ão mais seguros
(106,107)
, conforme trecho
abaixo:
“AP5-2: E eu me sinto mais segura, toda hora que eu quero
ele, eu vou , aperto ali (interfone) e elas deixam eu ver
ele, não toda hora, mas quando não tem nenhum problema
dentro, eles deixam eu ver.”
No processo de hospitalização, a família passa a enfrentar a realidade
movida pela crença de que o familiar irá melhorar, mostrando-se disposta a
estar com o paciente seja qual for à situação
(108)
, mesmo enfrentando eventos
estressores, encontra recursos em si mesma ou no seu ambiente para retornar
a um estado de equilíbrio
(109
.
Ao aliar-se a familia, a equipe de saúde consegue garantir a
continuidade do cuidado instituído, além de promover interações humanas com
esta e com o paciente
(110)
.
“AP6-2: [...] eu posso ficar com ele, ficar perto, saber dele
[...]. E com certeza, estou junto dele e vou ficar perto dele.”
O interesse no paciente, sentimento de co-responsabilidade para
recuperação, oportunidade de aprender, respeito ou simplesmente por querer
estar junto estão dentre os muitos motivos da família querer permanecer junto
ao paciente durante a hospitalização
(111)
, conforme trechos abaixo:
“AC8-1: [...] é porque eu acho muito bom porque a gente ta
com ele, [...]. Então, é bom, eu vou lá, vejo ele, converso,
conto as coisa de casa, ele gosta de saber, as coisa
boa, né!”
“AP2-2: Ah, aqui na UTI, eu posso ver ela, [...] o bom é que a
gente pode estar sempre vendo ela, ficar mais junto dela.”
“AC1-2: Aqui é bom, é bom estar aqui com ele [...]”
“AC5-1: É bom ficar com ele [...]”
Na unidade pediátrica, o acompanhante mais encontrado foi a mãe.
Estudo sobre a percepção do acompanhante de crianças hospitalizadas em
uma unidade pediátrica corrobora com este nosso resultado, o qual verificou
que quase a totalidade dos acompanhantes também foi constituída pela mãe
(89)
. De modo geral, cuidar é uma atividade regida pelo gênero tanto no âmbito
do mercado de trabalho como na vida pessoal. Essa presença torna-se muito
importante para os indivíduos, principalmente para crianças, pois a mãe é uma
figura de confiança e que pode dar atenção e carinho em tempo integral
(112)
.
Para as mães que acompanham seus filhos, estar próximas a eles é a
oportunidade de compartilhar a experiência da hospitalização, apoiando e
compartilhando as dificuldades
(113,114)
.
“AP8-1: Eu acho que é melhor eu ficar com ele. Eu acho que
ele se sente mais seguro, ele fica mais calmo, é muito
importante pra ele, a mãe ficar junto [...] é bom o hospital
deixar eu estar ficando. Ele fica diferente de eu estar aqui [...]
Quando eu não estou lá, ele chora a noite e eles vem me
chamar para ele acalmar.”
Dessa maneira, observa-se a prevalência de mulheres que expressam
muito o desejo de estar ao lado do filho, sendo freqüentemente encontradas no
ambiente hospitalar, quando tem seus filhos hospitalizados.
A condição de acompanhante do filho propicia a mãe momentos
importantes na manutenção do vínculo, essenciais na relação mãe-filho, por
meio da diminuição da distância.
“AP4-3: [...] a gente pode ficar um pouco mais com ele,
pegar ele, aqui é diferente, onde ele tava, não podia pegar,
olhar pelo vidro, aqui eu pego na mão dele, faço carinho,
ele sabe quando eu falo com ele, tá espertinho [...]
Em estudo sobre a interação familiar em UTI Neonatal, a figura materna
também foi a mais encontrada. Entretanto, foi enfatizado a necessidade da
figura do pai em oferecer sustento à mãe, amparando-a e compartilhando todo
o período de hospitalização, dividindo as responsabilidades nas tomadas de
decisões, apoiando a mãe na interação com o bebê e planejando o momento o
qual mãe e bebê voltarão para casa. A equipe, nesse momento, tem que estar
preparada para acolher essa família, apoiando tanto a mãe como o pai nos
planejamentos e cuidados ao bebê, desenvolvendo ações humanizadas para
com essa família
(115)
.
Durante a hospitalização, o familiar assume o papel de visitante ou de
acompanhante dependendo das situações encontradas. Torna-se familiar
visitante em situações em que não consegue romper com as barreiras
normativas da visita hospitalar ou quando não pode deixar suas atividades
diárias ou quando o paciente não demonstra a necessidade de estar sendo
acompanhando, preservando assim, seu núcleo familiar
(116)
.
Nesta condição de familiar visitante, a oportunidade de ver e ficar junto
ao paciente durante a visita é considerada importante e valorizada, como
evidencia os depoimentos a seguir:
“AP1-1: [...] é bom porque tempo de eu ver ela. Eu venho,
daí eu pego a visita das dez pras 11, daqui eu vou embora pra
casa e ainda consigo ver ela ainda, às três horas. Eu vejo
duas vezes por dia, só a noite que eu não consigo ver, né,”
“AP3-3: [...] a gente também pode visitar ela, ficar um pouco
com ela, eu achei que por ser UTI, não ia poder nem olhar,
então é bom.”
A família pode tornar-se um acompanhante na unidade quando seu
familiar se encontra mais dependente de cuidados para suprir suas
necessidades sicas ou quando um membro desta família tem disponibilidade
de estar junto integralmente ou ainda quando há permissão da unidade
hospitalar para que o familiar seja inserido como acompanhante
(116)
.
“AC3-2: [...] eu acho que ele até queria nós com ele. [...] Ele
fica mais tranqüilo com a família aqui A gente vai ficar com
ele, pra ele se sentir melhor com acompanhante, mais
calmo com acompanhante. Pra ele se sentir melhor.”
“AP5-3: É bom porque eu posso ver ele, [...]; quando elas
precisam, elas vem me chamar pra ficar com ele, acalmar
ele. A vantagem é de ficar mesmo, de acompanhar.”
“AC10-1: É muito importante estar acompanhando, saber
como ele está [...]”
Além da possibilidade de ver e ficar junto de seu familiar, os
acompanhantes relatam em seus depoimentos sobre a possibilidade de
melhora do paciente na presença de alguém da família. Pelos trechos das
narrativas, podemos evidenciar que os acompanhantes percebem que o
paciente senta-se melhor quando acompanhado por alguém conhecido e que
seu período de hospitalização possa até ser reduzido.
“AC12-1: [...] eu acredito que a gente poder ficar com ele aqui,
ele vai se recuperar mais rápido [...] com a gente aqui com
ele, ele tranqüiliza, dorme, então deve estar sendo melhor
pra recuperação dele [...]”
“AC6-1: [...] estar junto, perto da pessoa para que haja
melhora da pessoa [...]”
“AC7-1: [...] é que pelo menos, a pessoa se sente mais calma
e segura com uma pessoa da família dando atenção [...]”
“AC9-1: E, sabe, eu cuidando dele, ele fica bem mais
tranqüilo, estou participando de cuidar dele, ele gosta, fica
calmo, dorme (risos). Se eu não tivesse perto, ele ia ficar
nervoso [...]”
Há estudos que corroboram com nossos achados ao referirem-se o
acompanhante como fonte de conforto e segurança para o paciente, podendo
tornar o ambiente hospitalar mais agradável
(21)
.
“AC4-2: [...] a gente pode ficar com ele, é ajuda pra ele, ele
fica menos chateado, mais seguro [...] acalma a gente
também, a gente gosta de estar vendo ele, é bom pra nós,
mas melhor pra ele [...]”
A percepção da mãe revela que ser acolhido como acompanhante é
estar oferecendo a oportunidade de estar junto do filho, participando do
cuidado e proporcionando um ambiente favorável a sua recuperação. Algumas
mães enfatizam nas descrições que a presença de alguém da família
proporciona à criança a calma, tranqüilidade e segurança e verbalizam
acreditar que seus filhos fiquem melhor com a presença de um acompanhante.
“AP7-1: Ai, para mim é melhor aqui, porque eu posso
vendo ele na hora da visita, tá vendo como ele tá, fico perto
dele [...] Eu acho que até pra criança, sentir a presença da
mãe ajuda até no tratamento.”
“AP9-2: Eu acho que meu irmão melhora com a nossa
presença [...]”
A presença da família traz segurança afetiva ao paciente, possibilitando
um equilíbrio biopsicossocioespiritual a este, colaborando para uma melhor
resposta ao tratamento instituído
(117)
, além de ser um ato de humanização
estar favorecendo o paciente com a presença de um familiar acompanhante.
Há estudos que evidenciam a presença de acompanhantes como o
método mais efetivo para diminuir os traumas psicológicos e emocionais da
hospitalização
(118,119)
.
Um momento muito importante percebido pelos acompanhantes nas
unidades em estudo são as informações da equipe profissional.
Sabe-se que a falta de informação e a incerteza constituem importantes
fontes de ansiedade em pacientes e em seus acompanhantes. A incerteza
normalmente causa apreensão e ansiedade na família, que esperam aflitos o
momento da visita para retirarem as suas dúvidas e, de preferência, receberem
boas notícias. As boas notícias são esperadas pelos acompanhantes com
expectativas muito grandes, porém cabe ao profissional de saúde um
comportamento ético em fornecer informações verdadeiras, não se objetivando
apenas a satisfazer os familiares
(50)
. Ouvir a família neste momento é muito
importante, visto que é a maneira pela qual os familiares diminuem suas
dúvidas e ansiedades, além de ser um cuidado humanizado estar atento às
necessidades das famílias
(120)
.
Os acompanhantes ficam aguardando o momento em que serão
passadas as informações acerca do tratamento e evolução de seus familiares.
Desta maneira, é através das informações da equipe que os familiares podem
acompanhar o tratamento realizado, muitas vezes diminuindo o medo, a
angústia e até o desespero, podendo ter esses sentimentos amenizados à
medida que recebem orientações e confiam na equipe de saúde
(121)
.
“AP6-3: [...] ficar sabendo do tratamento, [...] o que vai ser
feito, com certeza isso é muito bom [...]”
“AC5-2: [...] saber que está melhor. [...] Então, é bom saber
dele [...]”
“AP7-2: [...] é muito bom acompanhar o tratamento dele.”
A importância da informação oferecida ao familiar também é evidenciada
em estudo que corrobora os nossos achados, enfatiza que é por meio dela que
o acompanhante se sente seguro dos cuidados prestados ao seu familiar e que
a ansiedade e a desconfiança inicial do acompanhante podem ser amenizadas
por meio de informações recebidas pela equipe de saúde
(122)
.
Importa salientar que a comunicação efetiva não somente é aquela
estabelecida presencialmente, muitas vezes, é possível receber uma
informação por telefone e ser esclarecedora e tranqüilizadora.
“AP1-2: [...] mas daí eu ligo, falo com o médico mesmo e ele
me passa as informações [...] Daí, deixa a gente mais
tranqüila.”
Importantes dados são evidenciados em estudo que aborda sobre a
percepção de familiares e profissionais de saúde a respeito do boletim
informativo (BI) em UTI. Entretanto, esses dados vêm de encontro com nossos
achados, pois a autora enfatiza sobre a necessidade e importância das
informações serem transmitidas através de uma comunicação presencial,
realizada por um profissional capacitado, buscando entendimento e
confiabilidade das informações
(123)
.
Os familiares consideram que a comunicação adequada é aquela em
que as informações sobre o estado do paciente acontecem nos horários da
visita e são transmitidas de uma maneira simples, clara e objetiva, sem o uso
de termos difíceis, para a compreensão até de pessoas com menos
escolaridade
(59,124)
.
“AP3-5: [...] tudo que eu pergunto, eles falam, ontem eles me
deram atenção muito bem, os médicos explicaram tudinho
[...], não teve problema, não.”
“AC8-3: às 18:30h horas, no horário da visita, eles vem, tem
diagnostico médico e a gente pergunta como ele passou a
noite [...]”
Os acompanhantes demonstram sentirem-se calmos e menos ansiosos
quando obtém informações sobre seus familiares internados, sentindo-se
respeitados pelas dúvidas esclarecidas
(125)
.
“AP5-2: [...] tudo que a gente pergunta, eles respondem [...].”
“AC7-2: [...] os médicos são atenciosos e explica como está o
paciente [...]”
“AP6-1: [...] eu consigo ter informações, a informação maior
vou ter agora [...]”
Alguns acompanhantes relataram estar dispostos a saber sobre o
estado de seu familiar e enfrentar a situação:
“AC1-3: [...] eles falam da pessoa, o escondem nada, eles
são realistas, mas é bom, a gente se sente preparado. Todas
as vezes que eu tive aqui, a gente sabe que o caso dela era
grave, a médica conversava com a gente [...]”
“AP9-3: Está sendo difícil porque a gente quer que ele consiga
melhorar [...], o médico disse que é grave [...]”
É direito tanto da família quanto do paciente estar ciente de seu
diagnostico, prognóstico e tratamento de maneira clara e verdadeira, a fim de
que possa tomar suas próprias decisões, exercendo o princípio da autonomia
(126)
. Este direito faz parte do Código de Ética dos profissionais de Enfermagem
(127)
, devendo prestar informações adequadas aos pacientes e suas famílias.
II – AMBIENTE DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - ESTRUTURA
FÍSICA E PROFISSIONAIS DE SAÚDE: PERCEPÇÃO DO ACOMPANHANTE
O ambiente da unidade de terapia intensiva, assim como todos os locais
da instituição de saúde, deve ser planejado de maneira a serem agradáveis
aos usuários, familiares e equipe de saúde. Assim, a planta sica, o mobiliário,
as cores, entre outros são importantes para criar um ambiente agradável
(128)
.
Em instituições de saúde, atualmente se investe bastante no ambiente, na
tentativa de amenizar momentos difíceis que o próprio local acaba gerando nos
indivíduos. Assim como a estrutura física, os profissionais de saúde também
compõem o ambiente das instituições, fazendo parte dos recursos humanos.
Nesse estudo, as narrativas revelaram a percepção do acompanhante
acerca do ambiente incluindo a estrutura física e profissionais de saúde, o bom
atendimento realizado pelos profissionais de saúde foi percebido pelos
acompanhantes.
“AP2-1: Ah, é que aqui o atendimento é muito bom, os
enfermeiros, os médicos [... ]”
Corroborando com nossos achados, em trabalho realizado com mães de
crianças que estiveram internadas em UTIs, houve grande parcela dessas
mães-acompanhantes que revelaram opiniões positivas quanto ao atendimento
na UTI relacionado com os cuidados dispensados pelos profissionais de saúde,
principalmente pelo profissional médico
(129)
.
“AP3-2: Na UTI, eu achei muito bom, achei bom o
atendimento, as enfermeiras todas foram muito atenciosas
com ela. Eu achei muito bom [...]”
“AP6-1: Para mim o atendimento está tudo bom [...]”
“AC4-3: Como eu disse, estão tratando ele direitinho, ta
cuidando muito bem. Aqui, em forma de atendimento, está
sendo muito bem atendido”.
“AC6-2: Mas, em relação ao tratamento, aqui esmuito bom,
o atendimento, o cuidado, muito bom [...]”
“AC2-5: [...] mas aqui é bom. Qualquer dorzinha eles tão
em cima[...]”
“AC1-5: [...], olha, é a primeira vez que eu venho aqui e eu não
tenho do que reclamar. Ela mesmo falou que eles são bons,
estão sempre aqui, ela mesmo falou: “qualquer ai, já estão
aqui!!“.
“AC4-1: Ah, pra mim, é mais bom pra ele, dele estar sendo
bem tratado [...]”
Os acompanhantes percebem como bom atendimento a forma de
interação com os profissionais, as informações relativas ao paciente e seu
tratamento, revelando que também o acompanhante necessita de cuidados.
Independente do ambiente, as ações de assistência devem ser baseadas na
essência humana
(43)
. As ações de humanização devem ser aplicadas a todo
instante neste contexto, pois o paciente e sua família carecem de atenção
individualizada para sua recuperação. Assim, a assistência à saúde na busca
de humanização, implica em que os profissionais de sde assistam seus
pacientes com mais cuidados, atentando para a dimensão subjetiva das
necessidades individuais de cada ser humano
(76)
, sendo um passo
fundamental para a humanização da assistência a saúde
(130)
.
“AP4-2: Ele está melhorando aqui. sendo mais bem
cuidado[...]
“AP1-5: Mas eu tranquila, porque ela tá bem cuidada aqui
[... ]”
“AC3-1: Pra mim, tudo ta sendo bem atendida. Eu não
preciso fazer nada pra ele, pro meu pai, as enfermeiras cuida
bem dele, eu fico tranqüila, porque ele ta sendo bem cuidado
[...]”
“AP9-1: Aqui ele está sendo bem cuidado, ele precisa
melhorar , eu fico tranqüila com isso[...].”
“AP7-4: tá bem cuidado.
Ainda nas narrativas, outra unidade de significação emergida da
categoria ambiente da UTI, foi o horário de visitas. Pelas descrições dos
acompanhantes percebemos que esta unidade de significação designa a
necessidade da flexibilização tanto nos horários das visitas, quanto na duração
das mesmas e no número de pessoas que podem visitar o paciente.
Nesse contexto, estudos que corroboram com nossos achados,
acreditando não ser suficiente a entrada do familiar na UTI, mas que é
necessário um repensar nas normas e rotinas hospitalares, principalmente
sobre aquelas que dizem respeito aos horários de visitas e ao tempo de
permanência dos familiares junto aos pacientes, possibilitando aos
acompanhantes estar com maior freqüência próximos ao paciente
(39)
. Dentro
da UTI, a flexibilização das rotinas das visitas é fundamental para o
estreitamento dos laços afetivos entre as famílias e seus pacientes. Assim,
flexibilizar uma regra é promover a aproximação das famílias, permitindo a
recuperação do estado de saúde dos pacientes junto com seus vínculos
interpessoais
(131)
.
Ainda neste contexto, evidencia-se uma política de visitação aberta e
uma sala para que as famílias possam receber as informações, fatores
importantes para a humanização da assistência à saúde. Assim, esses
resultados corroboram com nossos achados, intensificando a importância de
horários mais flexíveis e adequados às necessidades das famílias
(132,133)
.
“AC7-3: Mas, se a parte da tarde, o horário fosse mais
prolongado [...], o horário de almoço é difícil pra quem
trabalha, e a noite é difícil pra ir embora [...]”
AP8-3: Eu preferia eu ficar o tempo todo lá junto com ele. Acho
o horário restrito.”
“AC2-3: Agora, aqui tem uma coisa, poderia estar
melhorando o horário de visita, melhorar o horário de visita.
O horário à tarde é muito pouco, entra duas pessoas e só. A
família é grande. O horário é fogo [...]. o horário é difícil
[...]eu não tenho queixas, só o horário que é fogo.”
“AC12-2: A dificuldade maior é o horário. Por que às vezes
não certo pra gente vir no horário, se perde é difícil de
entrar mais tarde, às vezes, eles não deixam [...], é a rotina
deles, né? Mas, é muito corrido pra gente estar se adequando
aos horários da unidade, seria mais fácil um horário flexível,
onde eu pudesse entrar quando eu saísse do serviço [...].”
“AC10-2: E eu acho que o tempo da visita é muito curto [...]”
“AC6-3: Mas, eu acho que o horário de visita devia aumentar
na hora do almoço [...].
Ainda com relação ao horário, os acompanhantes consideram que o
número estabelecido de visitantes por horário é restrito, impossibilitando que
todos os membros da família consigam visitar o paciente. Isso demonstra uma
rigidez em relação às visitas e acompanhantes, determinando-se horários,
números de pessoas que podem visitar, favorecendo assim, a instituição de
saúde, não o doente
(21)
.
“AC10-2: [...] a família é grande, não nem pra conversar
bem com ele. Hoje mesmo, agora são duas pessoas, e eu
trouxe o meu filho pra ver também, somos em três, tivemos
que negociar pra deixar ele entrar também, e ele ficou tão feliz
em ver o vô, ele chama meu irmão de vô, o de tio, mas
ficaram tão felizes os dois, dá até dó [...]”
“AC6-3: Hoje mesmo, hoje é domingo, hoje mesmo veio o
irmão dela e não pode entrar, ela ficou sabendo, pediu pra
ver, ficou chateada, quase chorou [...]. Eu tenho dó, mas não
sabia que ele vinha, se o horário aumentasse um pouco e
pudesse entrar mais gente, seria muito melhor, sei lá, talvez
só nos domingos, fins de semana, eu sei que é difícil pra vocês
da área, mas o paciente, coitado [...]”
As narrativas dos acompanhantes demonstram a rigidez das normas
institucionais no estabelecimento de regras e a conformidade perante estas.
Neste contexto, estudo que fundamenta nossos achados quando discute
que para os acompanhantes, romper com as normas institucionais significa
estar transcendendo normas e comprometendo o relacionamento com a
equipe. Assim, a família apresenta-se conformada e aceita as rotinas da
unidade, porém não se sentindo acolhida pela equipe de saúde em suas
particularidades, apenas se adequando as normas e rotinas da unidade de
saúde
(116)
.
“AP1-3: O que eu acho ruim, é não poder ficar mais, não
poder ficar mais tempo, a gente tem que respeitar o horário,
né, porque tudo tem horário, né.” Eu gostaria de ficar com
ela, de manhã se tivesse um período maior de visitas, né”
“AP7-3: Mas aí, já tinha acabado o horário de visita,[...] ”
“AC1-3: Os horários de visita são bons, mas às vezes tem tanta
gente pra visitar, que não dá pra gente entrar.”
“AC1-6: [...] esperando o horário, correndo o risco de ter um
monte de gente e não dar pra entrar, mas [...] é regra, né?”
A acomodação do acompanhante também foi identificada como
unidade de significado pelas narrativas dos entrevistados. Esse dado foi mais
evidenciado em relação aos acompanhantes da UTI-pediátrica. Isso se deve ao
fato que sempre foi mais evidente a presença de acompanhantes entre as
crianças durante a história da hospitalização, porém, a partir da implantação do
Estatuto do Idoso, é que adultos com idade igual ou maior que 60 anos,
começaram a ter este direito legalizado.
A necessidade de acomodação para os acompanhantes foi uma
estratégia revelada para possibilitar a proximidade com seu familiar. Nas
descrições percebemos que ter um local de acomodação no hospital, significa
estar próximo ao doente durante todos os momentos de visitas e quando for
necessário. Na atualidade, nos deparamos com estudo que traz em sua
discussão a necessidade das UTIs possuírem um local apropriado para os
acompanhantes poderem descansar, comer e até compartilhar a solidão. A
visão de familiares em corredores, nas portas das UTIs, deve ser substituída
por outro cenário, diferente da realidade atual, um cenário mais humano
(134)
.
“AP7-2: Então, pra mim é bem melhor tá acompanhando ele. E
muito bom eu poder ficar aqui no hospital, porque se eles
não deixassem eu ficar, pra mim seria muito difícil, muito
mesmo [...]Mas, pra mim, é bom ficar pra ficar perto dele,
mesmo não tendo ele junto comigo, eu posso ver ele na hora
da visita.”
“AC2-4: O melhor é ficar acompanhando, mas aqui não é certo,
não pra ficar [...]. Quando eu podia ficar na enfermaria, eu
ficava a tarde toda, se aqui pudesse, ele ia gostar, eu acho
que era mais melhor, ele ia ficar sossegado.”
Os relatos revelam ainda sobre as dificuldades de obter um local com
um mínimo de conforto durante o período de hospitalização de seus familiares
e os enfrentamentos para ficar próximo ao paciente. Dados semelhantes foram
encontrados em estudo sobre unidades de internações pediátricas,
evidenciando a importância da presença do acompanhante durante a
hospitalização, porém para tal é fundamental que existam acomodações
adequadas para que os acompanhantes possam estar no hospital, próximos de
seus familiares
(135)
.
“AP1-4: Se tivesse um lugar melhor pra eu ficar, eu ficaria.”
“AP2-4: Quando nós chegamos, uma coisa difícil é que não
tinha nenhuma vaga pra pessoa ficar aqui quando ela
chegou. Vaga?[ Entrevistador] É, não tinha vaga pro
acompanhante na pediatria. Mas [...], isso! Outro dia, eu
fiquei na pediatria e foi difícil de conseguir, não tinha ontem e
eles falaram: “Vai ter pra a manhã!”. Mas lá, eu fiquei no
quarto, junto com as crianças, fiquei naquelas cadeiras que
deita [..]”
“AP3-4: A casa de apoio deram cobertura e foi muito bom
passar a noite.”
“AP4-4: Até agora difícil, acho que é ficar aqui. A mãe dele
ficou posando aqui no corredor, eu sou tia. Mas a dificuldade
é posar no corredor. A mãe dele ficando no final, aqui é
muito grande, no final, em uma salinha com as crianças.
na Pediatria?[Entrevistador]. É, acho que é na pediatria. No dia
em que ele veio, ela posou numa cadeira. Não sei se vai
continuar na cadeira, parece que vão arrumar, eu não sei, um
bicama! No primeiro dia quando ela veio, era meia-noite, ela
não tomou banho, ficou desde cedo com ele no hospital e não
comeu nada!!”
“AP8-2: Mas é difícil porque eu moro muito longe, não tem
como eu trocar de roupa e descansar.”
Ter um ambiente adequado para o descanso e permanência daqueles
que vão acompanhar o tratamento de seus familiares, integra o Projeto de
Humanização do SUS preconizado pelo Ministério da Saúde
(76)
. Assim, a
humanização deve fazer parte de uma das metas da equipe de enfermagem,
entendendo que humanizar é uma medida que visa tornar efetiva a assistência
ao indivíduo criticamente doente, todavia não deve ter esse olhar apenas para
o paciente, pois humanização também se estende à equipe multiprofissional,
ao ambiente e à família
(43)
.
A última unidade de significado emergida das categorias denominou-se
de recursos da UTI do HC. Os acompanhantes consideram vantajoso estarem
com seus familiares na UTI da instituição do estudo, visto considerarem esta
um ambiente avançado, com melhores recursos humanos e tecnológicos em
relação a outras instituições secundárias. Corroborando com nossos achados,
importa salientar que nas UTIs são concentrados recursos materiais e
humanos necessários para um adequado atendimento a pacientes graves, que
necessitem de recursos para sua recuperação
(136)
.
"AP3-1: Foi uma boa coisa que fizeram com minha neta,
porque no hospital lá, ela não teria recursos, para
tentar descobrir o que é que foi, [...]“
“AP4-1: Aqui é melhor, porque lá não tem recurso [...]”
“AC1-1: Ah, eu sei que aqui são muito bom, né? [...] ela
muito bem cuidada.”
“AC2-2: Mas aqui, é um lugar apropriado [...]”
“AP7-4: Olha, sinceramente, ele tem vantagem de estar na UTI,
tem tudo ali perto, mas se ele estivesse comigo, estaria
melhor porque estava perto, mas eu tenho que reconhecer
que na UTI ele tá bem lá[...]”
“AC2-5: [...] o melhor lugar do hospital que tem é aqui, tem
médico 24 horas, equipamentos, todos bem atenciosos [...]”
Foi também observado em depoimento que o acompanhante revelou
sentir-se mais seguro e tranqüilo em estar com o paciente na UTI,
relacionando a isso o mero maior de profissionais em relação às unidades
de internação. A presença de profissionais em quantidade suficiente e
equipamentos adequados ao atendimento dos pacientes o fatores que
propiciam tranqüilidade e segurança para as famílias. Essas se sentem
motivadas em estar na UTI com seus pacientes, pois a elas são destinados
um sentimento de segurança concreto, fazendo com que as famílias sintam-
se bem ao ter seus familiares na UTI e confiem no tratamento, cooperando
com os profissionais de saúde, a ação de cuidar
(137)
.
“AP2-3: [...] eu fico mais tranqüila com a UTI, porque aqui é
mais seguro ainda [...]. Aqui também tem bem mais gente e o
médico fica 24 horas, fica todo mundo aí,né?.”
Ainda nesta unidade de significado, alguns acompanhantes revelam
pelas narrativas uma comparação da instituição do estudo com outros
hospitais, reconhecendo a assistência como favorável. O hospital a que se
refere o estudo é atualmente referência terciária para a DRV VI e desde sua
criação em 1967, observou-se um aumento importante de sua área de
abrangência e de indivíduos que recorriam à instituição para tratamento e
resolução de agravos à saúde
(138)
, tal fato corrobora com nossos achados e
fundamenta os depoimentos a seguir dos acompanhantes:
AP5-1: Isso não acontece em todos os lugares [...]”
“AP4-1: [...] porque lá na cidade onde eu moro não tem isso
não, não tem esse tratamento [...]”
Em nosso estudo, podemos reconhecer pelos achados obtidos que o
exposto nas categorias e unidades de significação traduzem, não além de que
a necessidade de ações humanizadas na assistência em saúde, principalmente
nas unidades de terapia intensiva. A humanização deve permear todas as
ações de saúde, envolvendo o usuário, os profissionais e as instituições de
saúde.
O cuidado em saúde deve ter como base as ões de humanização, a
qual deve estar inserida nessa área e ser inerente aos profissionais.
Ser considerado humano, nada mais é do que reconhecer-se no outro,
ter empatia com os indivíduos e fazer do cuidado um ato de amor e
solidariedade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da humanização no âmbito da saúde hoje é incontestável,
é ela quem norteia as relações entre o usuário, a equipe e a instituição de
saúde. A humanização, cada vez mais, ocupa importante posição entre os
paradigmas da saúde.
A humanização tem a finalidade de assegurar ao usuário, equipe e
instituição, relações mais respeitosas, mais humanas na área da saúde.
Porém, ao olhar para as relações em saúde hoje e considerarmos o
questionamento realizado em nosso estudo, evidenciamos que as famílias
dos pacientes internados na UTI desconhecem muitos de seus direitos frente
a hospitalização, possuem uma percepção equivocada em ser
acompanhante, percepção esta de visitante. O familiar não percebe a
diferença entre ser acompanhante e ser visitante, o que contribui para o não
cumprimento de seus direitos. Acreditam que estão acompanhando seus
familiares mesmo estando longe. A percepção de ser acompanhante está
relacionada ao tratamento realizado e não o de estar em tempo integral com
o seu familiar internado na UTI.
Entretanto, é revelado pelos acompanhantes que, mesmo estando
longe, e vendo o paciente somente nos horários de visitas, ficam mais
tranqüilos, e que seu familiar internado, quando na presença da família seja
por pouco tempo, fique mais calmo e colabore para o tratamento.
Os acompanhantes consideram importantes as informações da equipe
profissional, e enfatizam ser fundamental a honestidade dos profissionais de
saúde nas informações, não escondendo nada a respeito do tratamento de
seus familiares.
Foi evidenciado que os acompanhantes percebem o atendimento das
unidades estudadas como satisfatório, porém quanto aos horários de visitas
das unidades, acreditam na necessidade de serem melhorados, adequados
às necessidades das famílias, flexibilizando os horários, a duração desses e
o número de visitantes de acordo com cada grupo familiar, individualizando a
família e o paciente.
A percepção de ser acompanhante contemplou a acomodação das
famílias, revelando a necessidade de poder ficar no hospital como estratégia
para estar próximo ao familiar. Porém, consideram difícil o tipo de
acomodação que a instituição dispõe, sendo distante das UTIs, portanto,
distante dos pacientes.
Os acompanhantes revelam em seus depoimentos que a UTI do HC é
considerada um local com muitos recursos, tanto tecnológicos quanto
humanos, quando comparada a outras instituições. Dessa forma, se sentem
mais tranqüilos em estar com seu familiar na unidade. O HC em estudo é
referência como hospital terciário na região e por se encontrar na condição
de hospital-escola comporta maiores rendas destinadas ao ensino,
possibilitando uma melhor capacitação em termos de equipamentos e
recursos humanos.
Diante dos resultados obtidos, acreditamos que outros fatores devem ser
repensados para transpor uma prática empírica e rotineira e transformá-la
em uma prática fundamentada nas propostas atuais de humanização, de
forma consciente e responsável, tendo como elemento norteador o ser
humano.
Assim, apresentamos propostas baseadas nas vertentes do PNHAH de
acordo com nossos resultados:
A necessidade de propor estratégias de informação dos usuários
sobre seus direitos como acompanhante e usuário do Sistema
Único de Saúde;
Preparar e atualizar a equipe de saúde para receber e acolher o
acompanhante nas unidades críticas, uma vez que essa realidade
está cada vez mais próxima;
A necessidade de que as instituições de saúde forneçam
subsídios para que se efetivem as práticas de ões
humanizadas, no que se refere ao ambiente físico, regras das
UTIs e equipe multiprofissional.
Frente às necessidades percebidas pelos usuários surgem questões que
refletem um paradigma difícil de ser resolvido, porém de caráter urgente.
Uma aproximação das vertentes do PNHAH poderá trazer subsídios para
uma prática mais segura, individualizada, que considera cada indivíduo um
ser único, e também, que tem na figura do acompanhante, um membro
participante junto ao cuidado.
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Anexo 1
TERMO DE CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA –
acompanhante
“Buscando a Assistência Humanizada: percepção do acompanhante
em Unidade de Terapia Intensiva”
Convidamos você para participar do estudo intitulado “Buscando a
Assistência Humanizada: percepção do acompanhante em Unidade de
Terapia Intensiva”, cujo objetivo será analisar a percepção do acompanhante
na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Coronariana. Salientamos que
sua participação é voluntária e não afetará suas relações atuais e futuras
com o hospital e com a universidade. Caso decida participar, você tem o
direito de interromper sua participação em qualquer momento. Afirmamos
que esta pesquisa não apresenta desconforto, risco ou inconveniência para
ninguém. As entrevistas serão realizadas pela própria pesquisadora através
de gravador e as mesmas serão deletadas após a transcrição das falas,
estas transcrições ficarão em poder do orientador da pesquisa por um
período de 5 anos, juntamente com o termo de consentimento livre e
esclarecido dos participantes da pesquisa. A transição e análise das
mesmas serão de responsabilidade da investigadora. Garantimos que
mesmo depois de analisadas as respostas nada será identificado, de forma
a garantir o total anonimato. Isso também se estende aos resultados, mesmo
quando publicados ou apresentados em reuniões científicas.
Esse estudo será feito para obtenção do grau de Mestre no
Departamento de Enfermagem – UNESP Botucatu onde Fernanda de
Cássia Israel é a investigadora principal e a Profª Ass.Drª Maria de Lourdes
da Silva Marques Ferreira e a Profª Ass. Drª Ione Corrêa são
respectivamente a orientadora e a co-orientadora do referido projeto.
De acordo com o conteúdo deste termo, relato que me foi dado à
oportunidade de fazer perguntas e que estas foram respondidas com
satisfação. Assino abaixo como demonstrativo de que concordo em
participar da pesquisa e de que recebi uma cópia de igual teor para ser
consultada ou guardada por mim se assim desejar.
Data:...../...../.....
Assinatura do
Paciente:........................................................................................
Nome do
Paciente:...............................................................................................
Assinatura do Investigador
Principal:...................................................................
Caso queira retirar dúvidas você poderá contatar a Pesquisadora Principal:
Fernanda de Cássia Israel – e-mail: fe_israel@yahoo.com.br
R: Bernardino Martins Filho, 275, apto 12, Bloco O. Jd. das Bandeiras II – Campinas – SP
Tel. (019) 32275314
Ou a Orientadora do Estudo:
Drª Maria de Lourdes da Silva Marques Ferreira – e-mail: malusa@fmb.unesp.br
Rua João de Oliveira, 440. Jd Paraíso II – Botucatu – S.Paulo
Tel. (014) 38138622 ou ( 014) 81198061
Anexo 2
ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM FAMILIARES
1- Identificação
2- Pergunta norteadora
“Qual a sua percepção em ser acompanhante em Unidade de
Terapia Intensiva?”
Data da entrevista e horário:...../...../....., às.......:.......horas
Identificação do acompanhante/visitante
Idade:
Sexo: ( )Fem ( )Mas
Procedência:
Grau de parentesco com o usuário:
Escolaridad
e:
ANEXO 3
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL DE FOLSTEIN
ORIENTAÇÃO TÊMPORO-ESPACIAL PONTOS
Qual o dia da semana? 1
Qual o dia do mês? 1
Qual é o mês? 1
Qual é o ano? 1
Que horas são? (hora aproximada) 1
Onde se encontra? 1
Qual é a instituição onde se encontra? 1
Qual é o bairro ou rua próximo de onde está? 1
Qual é a cidade? 1
Qual é o estado? 1
MEMÓRIA IMEDIATA PONTOS
Nomeie três objetos e peça para repetir 3
ATENÇÃO E CÁLCULO PONTOS
Peça para contar de trás para frente começando de 100, de
7 em 7, pare na 5ª resposta
5
MEMÓRIA RECENTE (EVOCAÇÃO) PONTOS
Peça para repetir as três palavras que foram informadas
anteriormente
3
LINGUAGEM PONTOS
Mostre um relógio e uma caneta. Peça para nomear 2
Peça para repetir: “nem aqui, nem ali e nem lá”. 1
Dê o seguinte comando: “pegue este papel com a mão
direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão”.
3
Peça para ler e fazer o que está escrito: “feche os olhos”. 1
Peça para escrever uma frase 1
Peça para copiar um desenho 1
TOTAL 30
VALORES: 27 a 30 NORMAL 26 a 24 FRONTEIRIÇOS Menor de
24 DEF. COGNITIVA
ANEXO 4
TRANSCRIÇÃO E CODIFICAÇÃO DAS ENTREVISTAS
UTI-PEDIÁTRICA
ENTREVISTA 1
Bom, AP1-1 é bom que dá tempo de eu vê ela. Eu venho, daí eu
pego a visita das dez pras 11, daqui eu vou embora pra casa e
ainda consigo ela ainda, às três horas. Eu vejo duas vezes por
dia, a noite que eu não consigo vê, né, que é das oito e meia às
dez e meia, AP1-2 mas daí eu ligo, falo com o médico mesmo e ele
me passa as informações [...] Daí, deixa a gente mais tranqüila.
AP1-3 O que eu acho ruim, é não poder ficar mais, não poder ficar
mais tempo, a gente tem que respeitar o horário, né, porque tudo
tem horário, né. Quando ela for para a pediatria, eu vou ficar lá.
Como eu moro perto, eu e venho, porque ficar (pediatria), não tem
aconchego, né. AP1-3 Eu gostaria de ficar com ela, de manhã se
tivesse um período maior de visitas, . Eu não gosto de ver ela com
aquele monte de aparelhos, ela chora quando eu falo com ela, mas
agora ela saiu do tubo e está no CPAP, então eu consigo carregar ela,
mas agora isso! Mas eu tenho medo, é muito fio. É mais ou menos
isso, né. AP1-4 Se tivesse um lugar melhor pra eu ficar, eu ficaria.
Mas eu tenho como vir, de final de semana eu venho com meu marido,
na semana, eu venho com ônibus da prefeitura, é cansativo, né. AP1-5
Mas eu tô tranqüila, porque ela tá bem cuidada aqui, eu tenho medo,
morro de medo, porque ela é desnutrida, tenho medo quando ela for
para a pediatria, porque lá que ela pegou pneumonia [...], ela é
fraquinha, então tenho medo [...].
ENTREVISTA 2
AP2-1 Ah, aqui o atendimento é muito bom, os enfermeiros, os
médicos [...], é muito bom, acho que é isso! AP2-2 Ah, aqui na UTI, eu
posso ver ela, AP2-3 eu fico mais tranqüila com a UTI, porque aqui
é mais seguro ainda AP2-2 e o bom é que a gente pode estar
sempre vendo ela, ficar mais junto dela. AP2-3 Aqui também tem
bem mais gente e o médico fica 24 horas, fica todo mundo aí, né?.
AP2-4 Quando nós chegamos, uma coisa difícil é que não tinha
nenhuma vaga pra pessoa ficar aqui quando ela chegou.
Vaga?[Entrevistador] É, não tinha vaga pro acompanhante na
pediatria. Mas [...], isso! Outro dia, eu fiquei na pediatria e foi
difícil de conseguir, não tinha ontem e eles falaram: “Vai ter pra
amanhã!”. Mas lá, eu fiquei no quarto, junto com as crianças, fiquei
naquelas cadeiras que deita [..], e foi disso de não ter onde ficar
[...]. Mas agora, tem o carro da prefeitura que vem cedo e volta cinco da
tarde, acho que nós vamos viajar agora [...]. E a mãe
dela?[Entrevistador]. A mãe dela teve nenê, por isso que eu ficando
[...], tenho que ficar [...]
ENTREVISTA 3
AP3-1 Foi uma boa coisa que fizeram com minha neta, porque lá no
hospital lá, ela não teria recursos, para tentar descobrir o que é
que foi, né?. AP3-2 Na UTI, eu achei muito bom, achei bom o
atendimento, as enfermeiras todas foram muito atenciosas com ela.
Eu achei muito bom, AP3-3 a gente também pode visitar ela, ficar
um pouco com ela, eu achei que por ser UTI, não ia poder nem
olhar, então é bom. Mas, de tudo que estamos passando, o que ta
dificultando é à distância, uma que a gente não pode deixar sempre ela
sozinha. Então, está sendo difícil a viagem, tem que ir e voltar. AP3-4
A casa de apoio deram cobertura e foi muito bom passar a noite. A
dificuldade é a viagem. E na casa de apoio fui bem recebida pelas
pessoas do trabalho e pessoas de lá. Aqui, na UTI, também não tenho
problemas, AP3-5 tudo que eu pergunto, eles falam, ontem eles me
deram atenção muito bem, os médicos explicaram tudinho [...], não
teve problema, não.
ENTREVISTA 4
AP4-1 Aqui é melhor, porque na cidade onde eu moro não tem
isso não, não tem esse tratamento. AP4-2 Ele está melhorando aqui.
sendo mais bem cuidado, AP4-3 a gente pode ficar um pouco
mais com ele, pegar ele, aqui é diferente, lá onde ele tava, não
podia pegar, olhar pelo vidro, aqui eu pego na mão dele, faço
carinho, ele sabe quando eu falo com ele, espertinho [...]
(emociona-se). AP4-4 Até agora, difícil, acho que é ficar aqui. A mãe
dele ficou posando aqui no corredor, eu sou tia. Mas a
dificuldade é posar no corredor. A mãe dele ficando lá no final,
aqui é muito grande, no final, em uma salinha com as crianças.
na Pediatria?[Entrevistador]. É, acho que é na pediatria. No dia
em que ele veio, ela posou numa cadeira. Não sei se vai continuar
na cadeira, parece que vão arrumar, eu não sei, um bicama! No
primeiro dia quando ela veio, era meia-noite, ela não tomou banho,
ficou desde cedo com ele no hospital e não comeu nada!! O pai dele
veio aqui, levou ela pra Lençóis e comprou alguma coisa para ela comer
e trazer pra cá. Então, a nossa dificuldade tá sendo ficar no hospital, a
gente tá vindo de ônibus, mas é difícil ficar aqui.
ENTREVISTA 5
A vantagem é que eu posso ver ele, [...] porque na cidade onde eu
moro não tem isso não, não tem esse tratamento. Aqui as
enfermeiras são muito educadas, os médicos também, muito
educados. AP5-1 Isso não acontece em todos os lugares, AP5-2
tudo que a gente pergunta, eles respondem [...]. E eu me sinto mais
segura, toda hora que eu quero ele, eu vou lá, aperto ali
(interfone) e elas deixam eu ver ele, não toda hora, mas quando não
tem nenhum problema dentro, eles deixam eu ver. AP5-3 È bom
porque eu posso ver ele; quando elas precisam, elas vem me
chamar pra ficar com ele, acalmar ele. É bom ficar mesmo, de
acompanhar. É uma boa coisa [...]. Mas sabe?, o difícil é[...] vir de lá, ah
[...] é longe! Todo dia: o meu marido traz eu cedo e vem me buscar a
noite, porque na UTI, , ele fica bem tratado à noite, então, porque eu
vou ficar sentada aqui fora? Aí, eu vou embora. Mas sei que cansa!
Você não vai ficar na pediatria?[Entrevistador] Eu não fiquei porque não
tinha nem graça eu ficar ocupando o lugar de outra pessoa, de outra
família, sendo que eu moro perto [...] e porque eu vou ficar a noite aqui,
se eu não posso ver ele?. Mas o difícil é o transporte.
ENTREVISTA 6
AP6-1 Para mim o atendimento está tudo bom, eu consigo ter
informações, a informação maior vou ter agora. Eu considero aqui
um hospital bom, que tem vantagens: AP6-2 eu posso ficar com ele,
ficar perto, saber dele, ver, AP6-3 ficar sabendo do tratamento, [...]
o que vai ser feito, com certeza isso é muito bom. E com certeza,
estou junto dele e vou ficar perto dele. Tenho dificuldade no momento
ele está desacordado, não posso entrar e ficar com ele. vou poder
ficar com ele, quando ele sair da intubação e eu nem entrei ainda no
horário de visita, porque ele não estava lá, foi no exame, eu
esperando [...]. É difícil ficar aqui esperando, eu queria ele melhor, posso
ver ele, mas queria ficar todo o tempo com ele, acho que ele vai ficar
com medo quando acordar, não conhece ninguém [...]
ENTREVISTA 7
AP7-1 Ai, para mim é melhor aqui, porque eu posso vendo ele
na hora da visita, tá vendo como ele , fico perto dele, porque se eu
for embora pra casa, é mais difícil, porque eu moro muito longe, não tem
como tá fazendo pra vim pra cá direto, então eu tando aqui, eu tô
acompanhando, pertinho, pra mim melhor, né?. AP7-2 Então,
pra mim é muito bom acompanhar o tratamento dele. Então [...] pra
mim, é bem melhor acompanhando ele. E muito AP7-3 bom eu
poder ficar aqui no hospital, porque se eles não deixassem eu ficar,
pra mim seria muito difícil, muito mesmo. AP7-1 Eu acho que até
pra criança, sentir a presença da mãe ajuda até no tratamento.
Então, pra mim é muito importante tá perto dele, eu percebo que ele
muda, [...] apesar de ele só ter quatro meses, que fez agora dia seis,
mas ele é espertinho, ele sente que eu lá. Apesar dele não estar
assim mamando, ele mama no peito, no peito que ele mamava e aí,
três dias atrás, o leite começou a secar, sabe?, a enfermeira falou
que foi nervoso, acho que foi nervoso, então começou a diminuir, eu
peguei e dava o meu peito até conseguir tirar, ele tava mamando 40
(ml), mas às vezes, não dava nem 40, aí eu dava primeiro o leite que eu
tirava, completava com Nan, pra ver se assim não faz mal pra ele,
porque nem o Nan certo. Aí, eles tava dando o Nan, eles mandou
por no seio pra ver se ele pegava, porque ele tava mamando pela
sonda, porque tava meio fraquinho, que ele não pega no peito, mas
ainda tô tentando, hoje de manhã mesmo a gente tentou, mas ele não
pegou, eu nem fiquei na visita, porque ele tava tomando Nan e meu
peito, graças a Deus, voltou o leite, eu spra tirar o leite pra ver se
dava tempo dele mamar naquela mamada, que não deu tempo, acho
que demorei um pouco tirando o leite, tinha mamado o outro. AP7-3
Mas aí, tinha acabado o horário de visita, [...]. mas agora, eu tirei
pra três mamadas e deixei lá. Agora, eu só vou nos horários de visita, aí,
eu vou oferecer o peito de novo, o leite tá lá, mas eu vou tentar de
novo, pra ele não beber o Nan, o certo é o da mãe. Hoje, eu achei ele
muito caidinho, com olhinho meio vermelho, eles falaram que ele passou
bem a noite, não sei se teve febre, da próxima vez (visita), vou perguntar
se ele teve febre. Agora, não sei, em Marília, ele mamava, mas depois
que tirou o cano da garganta, eu acho que dói pra mamar, então eu
creio que talvez seja isso que ele não quer pegar o peito [...]. Ah, mas eu
não vejo a hora do meu filho melhorar, eu não sei se ele vai fazer a
cirurgia, meio caidinho, com oxigênio, ficando roxinho [...],
quando chora, fica todo roxinho [...], mas já é problema do coração.AP7-
4 Olha, sinceramente, ele tem benefício de estar na UTI, tem tudo
ali perto, mas se ele estivesse comigo, estaria melhor porque
estava perto, mas eu tenho que reconhecer que na UTI ele tá bem
lá, ta bem cuidado. Agora, é ruim pra mim na parte de deixar as
crianças, o marido, minha casa. AP7-2 Mas, pra mim, é bom ficar pra
ficar perto dele, mesmo não tendo ele junto comigo, eu posso ver
ele na hora da visita. A distância é uma dificuldade muito grande, se eu
tivesse em casa, eu não ia vindo aqui todo dia, e realmente, é muito
importante eu tá aqui, eu agradeço muito a eles a oportunidade de estar
aqui com ele acompanhando. E não é a distância, eu não teria nem
dinheiro pra aqui, porque Tarumã é muito longe. Mas, mesmo se não
tivesse lugar aqui (Pediatria), eu ia ficar lá fora, eu ia posar na porta.
ENTREVISTA 8
AP8-1 Eu acho é melhor eu ficar com ele. Eu acho que ele se sente
mais seguro, ele fica mais calmo, é muito importante pra ele, a mãe
ficar junto [...] é bom o hospital deixar eu estar ficando. Ele fica
diferente de eu estar aqui [...] Quando eu não estou lá, ele chora a
noite e eles vem me chamar para ele acalmar. AP8-2 Mas é difícil
porque eu moro muito longe, não tem como eu trocar de roupa e
descansar. AP8-3 Eu preferia eu ficar o tempo todo lá junto com ele.
Acho o horário restrito. Vou ficar com ele até ele sair.
ENTREVISTA 9
AP9-1 Aqui ele está bem cuidado, ele precisa melhorar, eu fico
tranqüila com isso[...]. AP9-2 Eu acho que meu irmão melhora com
a nossa presença (emociona-se), ele precisa melhorar [...]. AP9-3 Está
sendo difícil porque a gente quer que ele consiga melhorar [...], o
médico disse que é grave [...]. É difícil, a minha mãe é fraca, não
consegue ficar aqui, eu queria ficar com ele, meu pai também, ele
estava bom, foi tudo tão rápido [...]. Se ele estivesse bom pra ficar junto
com a gente, ou se a gente conseguisse ficar lá dentro, mas é muito
triste ver ele entubado, não está mais conseguindo respirar (emociona-
se), talvez vá para cirurgia, o médico ainda ficou de falar pra nós.
Ninguém esperava isso [...], ele é o caçula [...]
UTI-CORONARIANA
ENTREVISTA 1
AC1-1 Ah, eu sei que aqui são muito bom, ? Eu tive a
oportunidade de levar minha mãe pra São Paulo e eu falei: “Lá é muito
mais difícil para conseguir pra conseguir um lugar para tratamento”, igual
aqui, AC1-1 ela ta muito bem cuidada. AC1-2 Aqui é bom, é bom
estar aqui com ele. AC1-3 Os horários de visita são bons, mas às
vezes tem tanta gente pra visitar, que não pra gente entrar. Eu
gostaria mesmo de estar ficando com ela, ia ser mais fácil, não ia ser o
transtorno de ir e vir. Eu vim pra ficar com ela, mas não pode, seria bom
se eu pudesse, bom pra ela, ela o gosta de ficar sozinha, ela gosta
muito de conversar, se eu ficasse aí, o tempo passava mais rápido e ela
ia distrair. Mas é bom, AC1-4 eles falam da pessoa, não escondem
nada, eles são realistas, mas é bom, a gente se sente preparado.
Pra mim, todas as vezes que eu tive aqui, a gente sabe que o caso
dela era grave, a médica conversava com a gente, mas, eu esperava
que ela ia viver, e foi bem, pra gente é uma alegria. A dureza da UTI é
de acompanhar, pra gente que mora longe, é uma dificuldade vir até
aqui. Eu venho todos os dias, aqui só tem eu e meu irmão, talvez
amanhã ele venha, se não vier, eu fico. Mas sabe, [...], AC1-5 olha, é a
primeira vez que eu venho aqui e eu não tenho do que reclamar. Ela
mesmo falou que eles são bons, estão sempre aqui, ela mesmo
falou: “qualquer ai, estão aqui!!”. Então, ficar aqui não é difícil,
visitar, o duro é estar vindo, AC1-6 esperando o horário, correndo o
risco de ter um monte de gente e não dar pra entrar, mas [...] é
regra, né?
ENTREVISTA 2
Uma das vantagens é deles ter socorrido o meu marido, acudiram ele
rápido. Eles ajudaram o meu marido que veio ruim, acudiram ele,
acudiram em tempo, ficou um pouco na Secor. O atendimento foi
rápido, ele foi para o hospital, depois veio para o pronto socorro. AC2-1
É muito bom poder ver ele, ele fica tranqüilo, fala bastante, quer
saber das coisas, ele é muito esperto, quer saber da vida, dos
negócio dele, [...]. AC2-2 Mas aqui, é um lugar apropriado, né, não
pode estar entrando muito, pode dar problema, eu quero ele bom e aqui
todos é legal, não pode atrapalhar. AC2-3 Agora, aqui tem uma coisa,
poderia estar melhorando o horário de visita, melhorar o horário de
visita. O horário à tarde é muito pouco, entra duas pessoas e só. A
família é grande. O horário é fogo [...]. o horário é difícil e não tem
lugar pra ficar e é difícil não ta em casa. Tem que ficar indo e vindo.
AC2-4 O melhor é ficar acompanhando, mas aqui não é certo, não
dá pra ficar. Mas eles aqui são muito bom. Quando eu podia ficar na
enfermaria, eu ficava a tarde toda, se aqui pudesse, ele ia gostar, eu
acho que era mais melhor, ele ia ficar sossegado, AC2-5 mas aqui é
bom. Qualquer dorzinha eles já tão em cima, o melhor lugar do
hospital que tem é aqui, tem médico 24 horas, equipamentos, todos
bem atenciosos, eu não tenho queixas, só o horário que é fogo.
ENTREVISTA 3
AC3-1 Pra mim tudo ta sendo bem atendida. Eu não preciso fazer
nada pra ele, pro meu pai, as enfermeiras cuida bem dele, eu fico
tranqüila, porque ele ta sendo bem cuidado. Elas dão comida, troca
ele, mas ele sente a companhia, sente nossa falta, [...], AC3-2 eu acho
que ele até queria nós lá com ele. [...] Ele fica mais tranqüilo com a
família aqui, Por isso acho que estão pedindo para nós, algum de nós
ficar com ele, eles tão pedindo para a família ficar. Aqui é estranho, né,
eles aceita a família ficar junto!. AC3-2 A gente vai ficar com ele, pra
ele se sentir melhor com acompanhante, mais calmo com
acompanhante. Pra ele se sentir melhor. As dificuldade todo mundo
tem, não basta o trabalho [...] Mas, em casos de doenças, a gente tem
que ficar junto, é o único tempo que a gente tem pra ficar junto. Difícil é,
mas [...] é a família, tem que fazer tudo de bom agora, tem que cuidar
agora [...]. apesar que, [...] somos em 18 irmãos e, como diz, um pai cria
20 filhos, mas 1 filho não cuida de um pai, e agora a gente tem que
cuidar [...]. Eu tenho medo, eles falaram que é perigoso dar outro infarte
por causa do nervoso, então a gente tente deixar ele calmo.
ENTREVISTA 4
(Silêncio). AC4-1 Ah, pra mim, é mais bom pra ele, dele estar sendo
bem tratado, AC4-2 a gente pode ficar com ele, ajuda pra ele, fica
menos chateado, mais seguro [...], toda vez que ele fica nervoso, a
pressão pode subir [...]. então, a vantagem é mesmo pra ele, AC4-2
acalma a gente também gosta de estar vendo ele, é bom pra nós,
mas melhor pra ele. Eles deixam mais no horário de visita, mas da
pra ficar um pouco, conversar, ficar ao lado dele um pouco. Aqui, estão
tratando ele direitinho, ta cuidando muito bem[...]. Agora, eu tenho uma
desvantagem (enfatizou), é a distância [...]. Hoje, não deu pra vir duas
vezes por causa do carro, a gente ocupa o carro, não é sempre que
pra gente ficar pegando, meus irmãos trabalha com o carro, o pai não
quer que eles fique sem o trabalho. AC4-3 Como eu disse, estão
tratando dele direitinho, ta cuidando muito bem. Aqui, em forma de
atendimento, está sendo muito bem atendido, mas tem essa
dificuldade de estar vindo, mas também, a gente não pode deixar de vir,
ele fica triste, ele espera todo dia [...] é bom ver como é que ele está [...]
ENTREVISTA 5
AC5-1 É bom ficar com ele, AC5-2 saber que está melhor. [...]. A
gente é muito unido, sabe? AC5-2 Então, é bom saber dele, chegar
aqui, e mesmo por ser uma UTI, a gente pode estar indo [...], no
quarto dele, agora tem um companheiro com a mesma [...] problema do
coração, então, agora ele fica conversando com o outro, parece que
passou um pouco todo o medo, o outro também teve a mesma coisa, ai
eles ficam conversando [...]. É bom, porque quando ele tava sozinho,
ficava triste e nois também, não podia ficar lá, só na visita, mas não ficar
junto, agora com o companheiro [...]. Mas, eu ainda acho bom, em forma
de atendimento, ele está muito bem atendido. Tá difícil pra nois ta sendo
a distância, é por causa da distância. Mas, a gente faz força um pouco
mais e vem. A dificuldade é a condução para estar vindo, às vezes não
muito certo vir com o carro da prefeitura, às vezes ta lotado, e tem
outras pessoas que também tem que vir para Rubião, então, tem dia que
não sobra lugar, ai, a gente tem que tentar de outro jeito, de ônibus,
emprestar um carro e alguém vir guiando, não é muito fácil, mas como
vamo deixar ele sem visita?, ele fica atento na hora e pra ver quem vem,
da dó [...]
ENTREVISTA 6
AC6-1 É muito bom participar bem do tratamento, estar junto, perto
da pessoa para que haja melhora da pessoa. Se precisar de algum
medicamento, estar por perto para auxiliar. Quando você fala em
acompanhante, mas aqui é só na hora da visita, não tem acompanhante
[...]. A minha mãe ta ficando lá, mas ela ta sozinha e ela tem mais de 60
anos, podia ter alguém da família com ela, mas a gente vem no
horário de visita, minha irmão até tentou conversar, mas disseram que
ela estava calma e que não precisava ficar ninguém. Você me pergunta
de acompanhante, eu acho que seria muito bom se pudesse ficar
acompanhante da família, mas aqui não pode, minha mãe mesmo, ela ia
adorar, ela fala muito e é muito ligada na gente, ela ta sentindo falta, da
pra perceber, mas agora ela está melhor, isso vai ser logo e dela
tem alta. AC6-2 Mas, em relação ao tratamento, aqui está muito bom,
o atendimento, o cuidado, muito bom [...]. AC6-3 Mas, eu acho que
o horário de visita devia aumentar na hora do almoço [...]. Hoje
mesmo, hoje é domingo, hoje mesmo veio o irmão dela e não pode
entrar, ela ficou sabendo, pediu pra ver, ficou chateada, quase
chorou [...]. Eu tenho , mas não sabia que ele vinha, se o horário
aumentasse um pouco e pudesse entrar mais gente, seria muito
melhor, sei lá, talvez só nos domingos, fins de semana, eu sei que é
difícil pra vocês da área, mas o paciente, coitado [...]. É algo a ser
pensado, ia ser muito bom pra ela, porque ela gosta e uma companhia
da família ia ser muito bom pra ela.
ENTREVISTA 7
Com o acompanhante, AC7-1 é que pelo menos, a pessoa se sente
mais calma e segura com uma pessoa da família dando atenção.
Ainda mais ela, não gosta de ficar sozinha, fica com medo, se alguém
ficasse com ela, ela ia tirar de letra essa internação e podia até ficar
melhor mais rápido, o medo também atrapalha, sendo que a segurança
e a calma dão assim, (gesticula com as mãos), uma segurança, um
alívio, a pessoa confia mais, acho que também partilha com o familiar o
momento e assim, fica melhor mais fácil. Quando for eu, nem penso em
ficar sozinho [...] (risos). Agora de bom aqui, é que AC7-2 os médicos
são atenciosos e explica como está o paciente e nos horários de
visita a gente pode conversar e perguntar como o paciente está. AC7-3
Mas, se a parte da tarde, o horário fosse mais prolongado [...], o
horário de almoço é difícil pra quem trabalha, e a noite é difícil pra
ir embora [...]
ENTREVISTA 8
A vantagem AC8-1 é porque eu acho muito bom porque a gente ta
com ele, a gente preocupa, mas entra lá e pode ver ele [...], tem
vantagem, eu tenho o nervo atacado e eu não ia acreditar que ele ta
melhorando se eu não visse ele [...]. AC8-1 Então, é bom, eu vou lá,
vejo ele, converso, conta as coisa lá de casa, ele gosta de saber, só
as coisa boa, né!. Não, é muito bom mesmo, é bom estar na visita, bom
pra ele também, tadinho [...] (emociona-se), ele fica esperando nois vim
ele, e pra gente é uma alegria poder entrar e ficar, mesmo que seja
um pouquinho, com ele [...]. Mas aqui, a gente fica com o sistema
nervoso atacado, eu fico, muito nervosa, fico até tremendo [..], o que
melhora é que AC8-3 às 18:30h horas, no horário da visita, eles vem,
tem diagnostico médico e a gente pergunta como ele passou a
noite [...]. É difícil como acompanhante na internação, eu trabalho. É
difícil deixar uma filha de três anos, ontem ela não queria dormir sem o
vô, queria ver o (emociona-se). Hoje, ela ta com a minha cunhada,
mas é difícil pra eu ficar aqui, puxa, trabalho a semana toda, no fim de
semana aqui, faz um tempo que ele está aqui, minha filha fica pela
mão dos outros [...], e ela tem tanta saudades do vô [...]
ENTREVISTA 9 – Esposa acompanhando o marido por tempo integral
É ótimo estar auxiliando ele [...]. Na casa, eu que cuido sempre dele,
tamo casado 42 anos [...], ele é forte, sabe?, nunca teve doente.
AC9-1 E, sabe, eu cuidando dele, ele fica bem mais tranqüilo, estou
participando de cuidar dele, ele gosta, fica calmo, dorme (risos). Se
eu não tivesse perto, ele ia ficar nervoso, e não é bom, não é?, no
caso dele assim [...], não pode o nervo, né? até bom estar aqui com
ele, é como eu falei, a vida inteira eu fiquei cuidando dele, então, se eu
não tiver perto, ele vai ficar mais nervoso [...]
ENTREVISTA 10
AC10-1 É muito importante estar acompanhando, saber como ele
está, falar, sentir [...]. Não é a primeira vez que meu irmão tem isso,
aliás, este é o infarto, ele sabe que o caso ta sério [...], e ele tem
medo, lógico, ele ainda é novo [...]. Então, AC10-1 poder ficar um
pouquinho durante a visita, pra gente já é muito bom, ele gosta, fica
animado, conta tudo, até acho que ele fica emocionado, deve ser
duro ficar no quarto sozinho, meu irmão sempre teve muitos amigos,
agora ficar sozinho, de repouso absoluto [...], ele fez “cate”, todo mundo
falando pra ele: “não pode mexer a perninha, toma cuidado, ainda tem
que ficar com o peso, se não sangra!”. Ele sabe de tudo isso, já está
acostumado, mas o é fácil [...]. Eu sei que ele tem medo, e por isso,
eu tenho dó,[...]. É bom acompanhar ele, mesmo daqui de fora, é bom
poder ver, esperar a notícia, ficar junto pra ele ir se acalmando. Ficar
junto com muito carinho (enfatizou), ele fica bem mais calmo. Mas, ele ta
bem ta tomando o remédio, mas [...] fica pensando na família. AC10-2 E
eu acho que o tempo da visita é muito curto, a família é grande, não
nem pra conversar bem com ele. Hoje mesmo, agora são
duas pessoas, e eu trouxe o meu filho pra ver também, somos
em três, tivemos que negociar pra deixar ele entrar também, e ele
ficou tão feliz em ver o vô, ele chama meu irmão de vô, não de tio,
mas ficaram tão felizes os dois, dá até dó [...]
ENTREVISTA 11
É a primeira vez que eu to vindo aqui. Eu nunca tinha vindo aqui antes,
então, AC11-1 então, é muito bom estar perto dele, acompanhando
ele. Acho que pra ele é bom, venho ficar com ele nas visitas, nós
combinamos, os filhos vem alguns dias e eu venho todos os dias e
fico com ele durante a visita, é pouco tempo, se vier muita gente, eu
nem fico com ele, e eu que sou a esposa (enfatizou), então, eu não abro
mão, venho todo dia e fico mesmo, fico o máximo que eu puder (risos).
Ele gosta, a gente conversa tanto, falei pra ele que voltamos a
namorar, então, não podemos ficar o tempo todo juntos, um
pouquinho, ele fica esperando (emocionou-se). Meu dia amanhece
todo voltado pra vir aqui, eu ajeito tudo logo pra vir, ele fica esperando,
fica contente quando eu chego, trago até flores pra ele, ele AC11-1 fica
calmo comigo, a gente sempre foi de conversar muito, acho que é isso
que ele sente falta. Eu quero o meu marido bom de novo, curado!
(enfatiza). Só tem coisas boas de eu estar acompanhando ele, e [...] eu
até acho o horário de visita bom, nesse horário ele fica bom.
ENTREVISTA 12
De vantagens AC12-1 eu acredito que a gente puder ficar com ele
aqui, ele vai se recuperar mais rápido, porque o médico tinha
falado dele ser nervoso, ter a pressão alta, então, com a gente aqui
com ele, ele tranqüiliza, dorme, então deve estar sendo melhor pra
recuperação dele. AC12-2 A dificuldade maior é o horário. Por que
as vezes não certo pra gente vir no horário, se perde é difícil de
entrar mais tarde, as vezes, eles não deixam [...], é a rotina deles,
né? Mas, é muito corrido pra gente estar se adequando aos
horários da unidade, seria mais fácil um horário flexível, onde eu
pudesse entrar quando eu saísse do serviço [...]. Porque, é difícil eu
não vir, eu acho até se eu tivesse mais com ele, seria melhor, a
recuperação seria melhor. Não vejo a hora dele ir para casa, daí eu
posso cuidar e distrair o tempo todo.
ANEXO 5 – Categorização
Categoria Acolhimento
1- Possibilidades de ver e ficar junto de seu familiar
Depoimentos
“AC2-1: É muito bom poder ver ele, ele fica tranqüilo, fala bastante, quer saber
das coisas, ele é muito esperto, quer saber da vida, dos negócio dele [...]”
“AC11-1: [...] Então estar perto dele, acompanhando ele, é muito bom [...] fica
calmo comigo [...]”
“AC10-1: [...] poder ficar um pouquinho durante a visita, pra gente já é muito
bom, ele gosta, fica animado, conta tudo, até acho que ele fica emocionado [...]”
“AP5-2: E eu me sinto mais segura, toda hora que eu quero ele, eu vou lá,
aperto ali (interfone) e elas deixam eu ver ele, não toda hora, mas quando não tem
nenhum problema lá dentro, eles deixam eu ver.”
“AP6-2: [...] eu posso ficar com ele, ficar perto, saber dele [...]. E com certeza,
estou junto dele e vou ficar perto dele.”
“AC8-1: [...] é porque eu acho muito bom porque a gente ta com ele, [...]. Então,
é bom, eu vou lá, vejo ele, converso, conto as coisa de casa, ele gosta de
saber, só as coisa boa, né!”
“AP2-2: Ah, aqui na UTI, eu posso ver ela, [...] o bom é que a gente pode estar
sempre vendo ela, ficar mais junto dela.”
”AC1-2: Aqui é bom, é bom estar aqui com ele [...]”
“AC5-1: É bom ficar com ele [...]”
“AP8-1: Eu acho que é melhor eu ficar com ele. Eu acho que ele se sente mais
seguro, ele fica mais calmo, é muito importante pra ele, a mãe ficar junto [...]
é bom o hospital deixar eu estar ficando. Ele fica diferente de eu estar aqui [...]
Quando eu não estou lá, ele chora a noite e eles vem me chamar para ele
acalmar.”
“AP4-3: [...] a gente pode ficar um pouco mais com ele, pegar ele, aqui é
diferente, onde ele tava, não podia pegar, olhar pelo vidro, aqui eu pego na
mão dele, faço carinho, ele sabe quando eu falo com ele, tá espertinho [...]”
“AP1-1: [...] é bom porque dá tempo de eu ver ela. Eu venho, daí eu pego a visita
das dez pras 11, daqui eu vou embora pra casa e ainda consigo ver ela ainda, às
três horas. Eu vejo duas vezes por dia, só a noite que eu não consigo ver, né,”
“AP3-3: [...] a gente também pode visitar ela, ficar um pouco com ela, eu achei
que por ser UTI, não ia poder nem olhar, então é bom.”
“AC3-2: [...] eu acho que ele até queria nós lá com ele. [...] Ele fica mais tranqüilo
com a família aqui A gente vai ficar com ele, pra ele se sentir melhor com
acompanhante, mais calmo com acompanhante. Pra ele se sentir melhor.
“AP5-3: É bom porque eu posso ver ele, [...]; quando elas precisam, elas vem
me chamar pra ficar com ele, acalmar ele. A vantagem é de ficar mesmo, de
acompanhar.”
“AC10-1: É muito importante estar acompanhando, saber como ele está [...]”
2- Possibilidade de melhora do paciente na presença da família
Depoimentos
“AC12-1: [...] eu acredito que a gente poder ficar com ele aqui, ele vai se
recuperar mais rápido [...] com a gente aqui com ele, ele tranqüiliza, dorme,
então deve estar sendo melhor pra recuperação dele [...]”
“AC6-1: [...] estar junto, perto da pessoa para que haja melhora da pessoa
[...]”
“AC7-1: [...] é que pelo menos, a pessoa se sente mais calma e segura com
uma pessoa da família dando atenção [...]”
“AC9-1: E, sabe, eu cuidando dele, ele fica bem mais tranqüilo, estou
participando de cuidar dele, ele gosta, fica calmo, dorme (risos). Se eu não
tivesse perto, ele ia ficar nervoso [...]”
“AC4-2: [...] a gente pode ficar com ele, é ajuda pra ele, ele fica menos
chateado, mais seguro [...] acalma a gente também, a gente gosta de estar
vendo ele, é bom pra nós, mas melhor pra ele [...]”
“AP7-1: Ai, para mim é melhor aqui, porque eu posso vendo ele na hora
da visita, vendo como ele tá, fico perto dele [...] Eu acho que até pra
criança, sentir a presença da mãe ajuda até no tratamento.”
“AP9-2: Eu acho que meu irmão melhora com a nossa presença [...]”
3- Informações da equipe profissional
Depoimentos
“AP6-3: [...] ficar sabendo do tratamento, [...] o que vai ser feito, com certeza
isso é muito bom [...]”
“AC5-2: [...] saber que está melhor. [...] Então, é bom saber dele [...]”
“AP7-2: [...] é muito bom acompanhar o tratamento dele.”
“AP1-2: [...] mas daí eu ligo, falo com o médico mesmo e ele me passa as
informações [...] Daí, deixa a gente mais tranqüila.”
“AP3-5: [...] tudo que eu pergunto, eles falam, ontem eles me deram atenção
muito bem, os médicos explicaram tudinho [...], não teve problema, não.”
“AC8-3: às 18:30h horas, no horário da visita, eles vem, tem diagnostico médico
e a gente pergunta como ele passou a noite [...]”
“AP5-2: [...] tudo que a gente pergunta, eles respondem [...].”
“AC7-2: [...] os médicos são atenciosos e explica como está o paciente [...]”
“AP6-1: [...] eu consigo ter informações, a informação maior vou ter agora [...]”
“AC1-3: [...] eles falam da pessoa, não escondem nada, eles são realistas, mas é
bom, a gente se sente preparado. Todas as vezes que eu tive aqui, a gente sabe
que o caso dela era grave, a médica conversava com a gente [...]”
“AP9-3: Está sendo difícil porque a gente quer que ele consiga melhorar [...], o
médico disse que é grave [...]”
Categoria Ambiente da UTI – Estrutura física e profissionais de saúde
1- Bom atendimento
Depoimentos
“AP2-1: Ah, é que aqui o atendimento é muito bom, os enfermeiros, os
médicos [... ]”
“AP3-2: Na UTI, eu achei muito bom, achei bom o atendimento, as
enfermeiras todas foram muito atenciosas com ela. Eu achei muito bom [...]”
“AP6-1: Para mim o atendimento está tudo bom [...]”
“AC4-3: Como eu disse, estão tratando ele direitinho, ta cuidando muito bem.
Aqui, em forma de atendimento, está sendo muito bem atendido”.
“AC6-2: Mas, em relação ao tratamento, aqui está muito bom, o atendimento, o
cuidado, muito bom [...]”
“AC2-5: [...] mas aqui é bom. Qualquer dorzinha eles já tão em cima[...]”
“AC1-5: [...], olha, é a primeira vez que eu venho aqui e eu não tenho do que
reclamar. Ela mesmo falou que eles são bons, estão sempre aqui, ela mesmo
falou: “qualquer ai, já estão aqui!!“.
“AP4-2: Ele está melhorando aqui. Tá sendo mais bem cuidado[...]
“AP1-5: Mas eu tô tranquila, porque ela tá bem cuidada aqui [... ]”
“AC3-1: Pra mim, tudo ta sendo bem atendida. Eu não preciso fazer nada pra
ele, pro meu pai, as enfermeiras cuida bem dele, eu fico tranqüila, porque ele ta
sendo bem cuidado [...]”
“AP9-1: Aqui ele está sendo bem cuidado, ele precisa melhorar , eu fico tranqüila
com isso[...].”
“AP7-4: tá bem cuidado.”
2- Horário de visitas
Depoimentos
“AC7-3: Mas, se a parte da tarde, o horário fosse mais prolongado [...], o horário de
almoço é difícil pra quem trabalha, e a noite é difícil pra ir embora [...]”
“AP8-3: Eu preferia eu ficar o tempo todo lá junto com ele. Acho o horário restrito.”
“AC2-3: Agora, aqui tem uma coisa, poderia estar melhorando o horário de visita,
melhorar o horário de visita. O horário à tarde é muito pouco, entra duas pessoas e
só. A família é grande. O horário é fogo [...]. o horário é difícil [...]eu não tenho
queixas, só o horário que é fogo.”
“AC12-2: A dificuldade maior é o horário. Por que às vezes não dá certo pra gente
vir no horário, se perde é difícil de entrar mais tarde, às vezes, eles não deixam
[...], é a rotina deles, né? Mas, é muito corrido pra gente estar se adequando aos
horários da unidade, seria mais fácil um horário flexível, onde eu pudesse entrar
quando eu saísse do serviço [...].”
“AC10-2: E eu acho que o tempo da visita é muito curto [...]”
“AC6-3: Mas, eu acho que o horário de visita devia aumentar na hora do almoço
[...].”
“AC10-2: [...] a família é grande, não dá nem pra conversar bem com ele. Hoje
mesmo, agora são duas pessoas, e eu trouxe o meu filho pra ver também,
somos em três, tivemos que negociar pra deixar ele entrar também, e ele ficou tão feliz
em ver o vô, ele chama meu irmão de vô, não de tio, mas ficaram tão felizes os dois,
dá até dó [...]”
“AC6-3: Hoje mesmo, hoje é domingo, hoje mesmo veio o irmão dela e não pode
entrar, ela ficou sabendo, pediu pra ver, ficou chateada, quase chorou [...]. Eu
tenho dó, mas não sabia que ele vinha, se o horário aumentasse um pouco e
pudesse entrar mais gente, seria muito melhor, sei lá, talvez só nos domingos, fins
de semana, eu sei que é difícil pra vocês da área, mas o paciente, coitado [...]”
“AP1-3: O que eu acho ruim, é não poder ficar mais, não poder ficar mais tempo, a
gente tem que respeitar o horário, né, porque tudo tem horário, né.” Eu gostaria de
ficar lá com ela, de manhã se tivesse um período maior de visitas, né”
“AP7-3: Mas aí, já tinha acabado o horário de visita,[...] ”
“AC1-3: Os horários de visita são bons, mas às vezes tem tanta gente pra visitar, que
não dá pra gente entrar.”
“AC1-6: [...] esperando o horário, correndo o risco de ter um monte de gente e não dar
pra entrar, mas [...] é regra, né?”
3- Acomodação para acompanhante
Depoimentos
“AP7-2: Então, pra mim é bem melhor acompanhando ele. E muito bom eu
poder ficar aqui no hospital, porque se eles não deixassem eu ficar, pra mim
seria muito difícil, muito mesmo [...]Mas, pra mim, é bom ficar pra ficar perto dele,
mesmo não tendo ele junto comigo, eu posso ver ele na hora da visita.”
“AC2-4: O melhor é ficar acompanhando, mas aqui não é certo, não pra ficar
[...]. Quando eu podia ficar na enfermaria, eu ficava a tarde toda, se aqui
pudesse, ele ia gostar, eu acho que era mais melhor, ele ia ficar sossegado.”
“AP1-4: Se tivesse um lugar melhor pra eu ficar, eu ficaria.”
“AP2-4: Quando nós chegamos, uma coisa difícil é que não tinha nenhuma vaga
pra pessoa ficar aqui quando ela chegou. Vaga?[ Entrevistador] É, não tinha
vaga pro acompanhante na pediatria. Mas [...], isso! Outro dia, eu fiquei na
pediatria e foi difícil de conseguir, não tinha ontem e eles falaram: “Vai ter pra a
manhã!”. Mas lá, eu fiquei no quarto, junto com as crianças, fiquei naquelas
cadeiras que deita [..]”
“AP3-4: A casa de apoio deram cobertura e foi muito bom passar a noite.”
“AP4-4: Até agora difícil, acho que é ficar aqui. A mãe dele já ficou posando aqui
no corredor, eu sou tia. Mas a dificuldade é posar no corredor. A mãe dele tá
ficando no final, aqui é muito grande, no final, em uma salinha com as
crianças. na Pediatria?[Entrevistador]. É, acho que é na pediatria. No dia em
que ele veio, ela posou numa cadeira. Não sei se vai continuar na cadeira,
parece que vão arrumar, eu não sei, um bicama! No primeiro dia quando ela veio,
era meia-noite, ela não tomou banho, ficou desde cedo com ele no hospital e não
comeu nada!!”
“AP8-2: Mas é difícil porque eu moro muito longe, não tem como eu trocar de
roupa e descansar.”
4-Recursos da UTI do HC
Depoimentos
“AP3-1: Foi uma boa coisa que fizeram com minha neta, porque lá no hospital lá,
ela não teria recursos, né para tentar descobrir o que é que foi, [...]“
“AP4-1: Aqui é melhor, porque lá não tem recurso [...]”
“AC1-1: Ah, eu sei que aqui são muito bom, né? [...] ela tá muito bem cuidada.”
“AC2-2: Mas aqui, é um lugar apropriado [...]”
“AP7-4: Olha, sinceramente, ele tem vantagem de estar na UTI, tem tudo ali
perto, mas se ele estivesse comigo, estaria melhor porque estava perto, mas eu
tenho que reconhecer que na UTI ele tá bem lá[...]”
“AC2-5: [...] o melhor lugar do hospital que tem é aqui, tem médico 24 horas,
equipamentos, todos bem atenciosos [...]”
“AP2-3: [...] eu fico mais tranqüila com a UTI, porque aqui é mais seguro ainda
[...]. Aqui também tem bem mais gente e o médico fica 24 horas, fica todo
mundo,né?.”
“AP5-1: Isso não acontece em todos os lugares [...]”
“AP4-1: [...] porque lá na cidade onde eu moro não tem isso não, não tem esse
tratamento [...]”
Anexo 6
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