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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Bioquímica Médica
Programa de Bioquímica e Biofísica Celular
Efeitos do 2,4 dinitrofenol na memória de
roedores avaliação do aprendizado em
diferentes idades
Ana Paula Wasilewska Sampaio
Rio de Janeiro
Setembro de 2008
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UFRJ
Ana Paula Wasilewska
Sampaio
Efeitos do 2,4 dinitrofenol na memória
de roedores avaliação do aprendizado
em diferentes idades
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Ana Paula Wasilewska Sampaio
Efeitos do 2,4 dinitrofenol na memória de roedores avaliação do aprendizado em
diferentes idades
Tese de doutorado apresentada ao programa de
Pós-Graduação de Bioquímica e Biofísica celular no
Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para obtenção de título de doutor em
Química Biológica, modalidade médica
Orientadora: Fernanda Guarido De Felice
Co-orientador: Sérgio T. Ferreira
Rio de Janeiro
2008
Ana Paula Wasilewska Sampaio
Efeitos do 2,4 dinitrofenol na memória de roedores avaliação do aprendizado em
diferentes idades
Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2008
Fernanda Guarino De Felice
(Orientadora- Professora adjunta do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ)
Sérgio T. Ferreira
(Co-orientador- Professor titular do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ)
Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek
(Professora titular do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ)
Antonio de Pádua Carobrez
(Professor adjunto do Centro de Ciências Biológicas, UFSC)
Fernando Garcia de Mello
(Professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ)
Flávia Carvalho Alcantara Gomes
(Revisora- Professora adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ)
Andrea Thompson DaPoain
(Professora adjunta do Instituto de Bioquímica Médica, UFRJ)
Aos meus queridos pais
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores Sérgio e Fernanda.
A minha querida revisora Flávia Gomes.
Aos professores Antonio de Pádua, Vivian Rumjanek, Fernando Mello e Andrea
Da Pioan, por fazer parte da banca.
Ao “Mestre” Ivan Izquierdo e ao Martín.
Aos amigos do Laboratório do Prof. Rafael Linden.
Aos amigos do Laboratório do Prof. Fernando Mello.
As meninas do Biotério, Paula e Giane. Dona Teresa secretária.
A todos os amigos do Centro de Memória.
A todos os amigos do Instituto de Bioquímica Médica.
Aos amigos Andrea Autista, Adriano Fofys, Claudinha Darling, Joana Joscy
Theresa Traki, Samantha Shigue, Sofia Sori, Fabio Glia, Rodrigo Madeiro,
Mariângela Mariola, Charles Cabeça de Amendoim, Helena Catarina, Vivian Marri,
Mariana Silveirinha, Marcelo Marcelitcho, Rogério Rogeroso, Margaret Maguinha,
Léo 02, Leonardo, Jordano Jovem, Juliana Jujubel, Adriana Bolota, Júnior
Juniores, Clarissa Classuda, Ana Paula Anete Pinto, Carolina Carolzinha, Donato
Donatelo, Leandro Insolente, Letícia da Cor do Pecado, Luisa Lully, Milena Mille,
Mariana Nana, Brian, Mona Lisa, Janine Nine, Juliana Jú PoA, Pâmela Pam Pam
Pam, Ramón Ramôndegas, Fernando Fer, José Zé, Rose Rosilda, Nilson, Gisele
Seu Barriga, Omar Omarelinho, Montanha, Luciana Lu patinadora.
A minha aluna Axa Paula Axita.
Aos meus pais, Mario Lucio e Ladislava, e minhas irmãs, Lucia e Rafa, pelo
constante apoio. E ao Pedrinho pelas brincadeiras.
A melhor forma de manter viva cada memória
em particular é recordando-a.
Como isso nem sempre é possível, e certamente não desejável,
devemos nos aprimorar na prática da arte de esquecer.
Iván Izquierdo
RESUMO
A memória é uma das funções cognitivas mais impressionantes de várias
espécies. As memórias são constantemente formadas e muitas vezes apagadas
ou reforçadas. Durante o envelhecimento, a memória e o aprendizado estão
notadamente afetados. Neste trabalho, analisamos os efeitos do composto 2,4
dinitrofenol (DNP) em roedores de diferentes idades (ratos de 2-4 meses, 10
meses, 18-24 meses; camundongos de 2 meses e 8 meses) utilizando as
seguintes tarefas comportamentais: labirinto aquático de Morris (LAM),
reconhecimento de objetos (RO), medo condicionado (MC) e campo aberto. Os
resultados mostraram que o DNP melhorou a memória de ratos de meia idade (10
meses) no teste do LAM e do RO e a memória de camundongos de meia idade (8
meses) no LAM, e não teve efeito nos testes realizados com animais adultos
jovens (2-4 meses). Verificamos também que o DNP provocou déficit de memória
em ratos idosos (18-24 meses) submetidos ao LAM. Testes adicionais mostraram
que o DNP não alterou o comportamento dos animais experimentais no teste de
campo aberto, indicando ausência de efeitos locomotores e na capacidade
exploratória. Estes resultados indicam que os efeitos do DNP na memória de
roedores são dependentes da idade. Os níveis da proteína tau e das formas
fosforiladas das proteínas ERK (“extracellular signal regulated kinase”; pERK) e
CREB (“cAMP-response element binding protein”; pCREB) se encontraram
elevados no hipocampo de animais tratados com DNP em relação aos níveis no
hipocampo de animais controle. O bem conhecido envolvimento de pERK e
pCREB em processos relacionados à formação e consolidação de memórias
sugere, portanto, um possível mecanismo molecular pelo qual o DNP favoreça a
memória em animais de meia idade. Estudos adicionais revelaram ausência de
efeitos do DNP nos níveis totais de CREB, do antígeno nuclear neuronal NeuN, do
marcador pré-sináptico sinaptofisina e do marcador pós-sináptico PSD-95.
Estudos prévios de nosso grupo mostraram que o DNP estimula a neuritogênese
in vitro e previne o impacto do peptídeo beta-amilóide, a principal neurotoxina da
doença de Alzheimer (DA), em células neuronais. Os efeitos benéficos do DNP na
memória aqui descritos podem ser de interesse para o desenvolvimento de novas
abordagens terapêuticas na DA e em outras doenças neurodegenerativas que
causem comprometimento da memória.
ABSTRACT
Memory represents one of the most extraordinary cognitive functions of various
species. Memories are constantly being formed and often forgotten or reinforced.
Memory and learning are notably affected by aging. In this work, we analyzed the
effects of the compound 2,4-dinitrophenol (DNP) in rodents of different ages (2-4,
10 and 18-24 months old rats; 2 and 8 months old mice), using the Morris water
maze (MWM), object recognition (OR), fear conditioning (FC) and open field tests.
Animals received intraperitoneal injections of vehicle or DNP during 14 days prior
to behavioral tests. The results showed that DNP enhanced the memory of middle-
aged (10 months old) rats in both MWM and OR tasks, as well as the memory of
middle-aged (8 months old) mice in MWM. DNP had no effect on the performance
of young (2-4 month old) rats or mice in MWM test. Unexpectedly, DNP caused
cognitive deficits in old (18-24 month old) rats in the MWM test. Additional tests
showed that DNP did not affect the behavior of rodents in the open field test,
indicating lack of effects on locomotor and exploratory activities. These results
indicate that the effects of DNP on the memory of rodents are dependent on age of
the animals. Levels of tau, MAP2 and of the phosphorylated forms of both ERK
(extracellular signal regulated kinase, pERK) and CREB (cAMP-response element
binding protein, pCREB) were elevated in hippocampi from DNP-treated middle-
aged rats compared to control animals. The well-known involvement of pERK and
pCREB in both processing and consolidation of memory suggest a possible
mechanism by which DNP enhances the memory of middle-aged animals.
Additional studies showed lack of effects of DNP on total hippocampal levels of
CREB, NeuN (neuronal nuclear antigen), synaptophysin (pre-synaptic marker) and
PSD95 (post-synaptic marker). Previous studies from our group showed that DNP
stimulates neuritogenesis in vitro and prevents the neuronal impact of beta-amyloid
peptide, the main neurotoxin in Alzheimer's disease (AD). The memory-enhancing
effects of DNP described here may be useful to the development of novel
therapeutic approaches in AD and in other neurodegenerative diseases that cause
memory impairment.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Anatomia básica do hipocampo
19
Figura 2: Áreas associadas ao hipocampo
24
Figura 3: Sistemas de memória
27
Figura 4: Taxonomia da memória de longa duração e estruturas
cerebrais associadas
29
Figura 5: Circuitos básicos do hipocampo
35
Figura 6: Indução da Potenciação de longa duração
37
Figura 7: Eventos celulares envolvidos na regulação de CREB
40
Figura 8: Labirinto aquático de Morris
52
Figura 9: Paradigma reconhecimento de objetos
55
Figura 10: Aparato do medo condicionado
56
Figura 11: Campo aberto
57
Figura 12: Teste do Labirinto Aquático de Morris realizado com ratos
de 4 meses de idade
62
Figura 13: Falta de efeito do DNP na tarefa do reconhecimento de
objetos em ratos de 2 meses
63
Figura 14: A administração mais prolongada de DNP não altera o
aprendizado de ratos no LAM
65
Figura 15: Aprendizado reverso de ratos de 2 meses de idade após
administração prolongada de DNP
66
Figura 16: DNP melhora o desempenho e a memória de ratos de 10
meses de idade no Labirinto Aquático de Morris
68
Figura 17: DNP não altera o comportamento de ratos de 10 meses de
idade no aprendizado reverso
70
Figura 18: DNP melhora a memória de reconhecimento de objetos
em ratos de 10 meses de idade
72
Figura 19: DNP não interfere no aprendizado do Teste do Medo
Condicionado
73
Figura 20: DNP provoca déficit de memória em ratos de 18-24 meses
no Labirinto Aquático de Morris
75
Figura 21: Aprendizado reverso de ratos de 18-24 meses
76
Figura 22: Falta de efeito do DNP na tarefa do Reconhecimento de
Objetos em ratos de 18-24 meses
78
Figura 23: DNP melhora a memória de camundongos BALB/C de 8
meses de idade testados no Labirinto Aquático de Morris
80
Figura 24: DNP não afeta atividades locomotora e exploratória de
ratos de 10 meses e camundongos de 8 meses e nem a memória de
habituação
85
Figura 25: Efeitos do DNP nos níveis das proteínas tau e MAP2 em
ratos de 10 meses de idade que foram submetidos aos testes de RO
e LAM.
87
Figura 26: Efeitos do DNP nos níveis das proteínas pCREB e CREB
em ratos de 10 meses de idade que foram submetidos aos testes de
RO e LAM.
89
Figura 27: Efeitos do DNP nos níveis de pERK em ratos de 10 meses
de idade que foram submetidos aos testes de RO e LAM
90
Figura 28: Ausência de efeitos do DNP nos níveis das proteínas
Sinaptofisina em ratos de 10 meses de idade que foram submetidos
aos testes de RO e LAM
91
Figura 29: Ausência de efeitos do DNP nos níveis da proteína PSD95
em ratos de 10 meses de idade que foram submetidos aos testes de
RO e LAM
92
Figura 30: Efeitos benéficos do 2,4 dinitrofenol
110
LISTA DE TABELAS
82
99
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPA receptores do tipo ácido alpha-amino-3-hydroxy-5-methyl-4-
isoxazolepropionic
ATP adenosina trifosfato
A - peptídeo beta amilóide
BCA ácido bicinconico
BDNF brain derived neurotrophic factor (fator neurotrófico derivado
de cérebro)
BSA bovine serum albumin (soro de albumina bovina)
CaMKII - proteína cinase Ca
+2
/calmodulina-dependente do tipo II
cAMP adenosina monofosfato cíclica
CBP - cAMP binding protein (proteína ligadora de cAMP)
CKII - caseína cinase II
CPFm córtex pré-frontal medial
CREB cAMP responsive element binding
d2 índice de discriminação
DA Doença de Alzheimer
DNP 2,4-dinitrofenol
EDTA ácido etileno diamino tetraacetico
EPAC - exchange protein directly activated by cAMP
EPSPs - excitatory post-synaptic potentials (potenciais pós-
sinápticos excitatórios)
ERK extracellular regulated kinase (kinase regulada por sinal
extracelular)
EROs espécies reativas de oxigênio
GEF - guanine nucleotide exchange factor
IgG Imunoglobulina G
LAM labirinto aquático de Morris
LTD long term depression (depressão de longa duração)
LTM long term memory (memória de longa duração)
LTP - long term potentiation (potenciação de longa duração)
MAP2 microtubule associated protein 2 (proteína associada a
microtúbulo 2)
MAPK - Proteína cinase ativada por mitógeno
MC medo condiocionado
NaCl cloreto de sódio
NGF nerve growth factor (fator de crescimento de nervo)
NMDA receptores do tipo N- metil- D -aspartato
PKA Proteína cinase dependente de cAMP
PKC Proteína cinase dependente de cálcio
PKG -Proteína cinase dependente de cGMP
PSD 95 post sinaptic density 95 (densidade pós- sináptica 95)
RO reconhecimento de objetos
SDS-PAGE sódio duodecil sulfato poliacrilamida gel eletroforese
STM - short-term memory (memória de curta duração)
TBI traumatic brain injury (injúria cerebral provocada por truma)
TBS-T- -tampão tris - HCl tween 20
Tris-HCl tris ácido clorídrico
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
15
1.1. Aprendizado e memória
15
1.2. Hipocampo e estruturas relacionadas com a formação da
memória
16
1.3. Tipos e classes temporais da memória
20
1.4. Extinção da memória ou esquecimento?
29
1.5. Mecanismos celulares e moleculares da formação da memória
32
1.5.1. Plasticidade sináptica
32
1.5.2. Potenciação de longa duração
34
1.5.3. AMP cíclico e o fator CREB
38
1.6. Envelhecimento e memória
41
1.7. Doença de Alzheimer e memória
42
1.7.1. DNP: um desacoplador clássico da fosforilação oxidativa
44
1.7.2. Efeitos benéficos do DNP
45
2. OBJETIVOS
48
3. METODOLOGIA
49
3.1. Labirinto aquático de Morris
50
3.2. Reconhecimento de objetos
52
3.3. Medo Condicionado
55
3.4. Teste do campo aberto
56
3.5. Western Blotting
58
4. RESULTADOS
60
4.1. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos adultos
jovens
60
4.2. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos de meia idade
67
4.3. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos idosos
74
4.4. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de camundongos de
meia idade
79
4.5. Efeitos do DNP nas atividades locomotora e exploratória de ratos
e camundongos de diferentes idades
81
4.6. Efeitos do DNP nos níveis das proteínas tau, pCREB, pERK e
MAP2 no hipocampo de ratos
86
5. DISCUSSÃO
93
5.1. DNP melhora a memória de ratos e camundongos de meia idade
93
5.2. DNP não interfere na memória de ratos de 2-4 meses de idade
101
5.3. Ratos idosos (18-24 meses) apresentaram déficit cognitivo após
o tratamento com DNP
103
5.4. Ratos de meia idade tratados com DNP apresentaram um
aumento dos níveis de proteínas relacionadas com a formação da
memória
105
6. CONCLUSÕES
111
REFERÊNCIAS
113
ANEXO
135
15
1) INTRODUÇÃO
1.1. Aprendizado e memória
Tanto a capacidade de estocar uma informação adquirida pela experiência
quanto a sua evocação, quando necessária, são funções altamente complexas
exercidas pelo cérebro. Sem essas habilidades, outras funções cognitivas não
seriam possíveis. O aprendizado é o processo pelo qual uma nova informação é
adquirida pelo sistema nervoso e a memória compreende os mecanismos de
estocagem e recuperação dessa informação. Segundo Eric Kandel, o aprendizado
pode ser definido como o processo pelo qual adquirimos conhecimento sobre o
Mundo (Kandel, 2000). Essa definição muito ampla pode ser complementada por
outra, que descreve aprendizado como um processo no qual mudanças mais ou
menos permanentes no comportamento ocorrem como resultado da prática, que
consiste na repetição de algo (Kimble, 1961). O aprendizado pode também ser visto
como um fortalecimento diferencial de uma dentre várias respostas evocadas pela
circunstância, ou seja, pela situação. Um novo estímulo pode levar ao fortalecimento
de uma reposta já existente e também à formação de novas respostas (Hull, 1943).
Parece, portanto, que aprendizado ainda não possui uma definição conclusiva, mas
pode ser geralmente descrito como o fortalecimento de uma resposta existente ou a
formação de uma nova resposta a um estímulo, que acontece por causa da prática
ou da repetição (Kandel, 2000). O aprendizado e a memória são os dois
mecanismos mais importantes pelos quais o ambiente altera o comportamento. A
memória compreende um conjunto de diversas capacidades cognitivas pelas quais
humanos e vários outros animais retêm informação e reconstituem experiências
16
passadas, normalmente para um propósito presente (Gazzaniga e cols., 2006).
Apesar da grande quantidade de informação guardada em nosso cérebro, ainda
somos capazes de continuamente adquirir novas informações e guardar novas
memórias. A memória pode ser considerada uma fase do aprendizado. O
aprendizado ocorre e pode ser aperfeiçoado pela prática de uma tarefa ou pela
simples exposição continuada à informação (Gazzaniga e cols., 2006). O
aprendizado possui três principais estágios: i) Codificação da informação, momento
no qual a ação é memorizada. Nessa fase, a informação deve ser registrada em
arquivos sensoriais; ii) Retenção dessa nova aquisição por um determinado tempo.
Ocorre o armazenamento, que mantém e cria um registro da informação
consolidada, iii) Evocação, quando é reproduzido aquilo que foi aprendido (Muller e
cols., 1900; Izquierdo e Medina, 1997; Lent, 2004; Dudai e Eisenberg, 2004;
Stickgold e Walker, 2007).
1.2. Hipocampo e estruturas relacionadas com a formação da memória
Existem várias evidências que demonstram a participação do hipocampo na
consolidação e formação da memória de longa duração (descrito com mais detalhes
adiante), incluindo estudos envolvendo infusões locais de drogas e lesões do
hipocampo com posterior verificação da integridade da memória através de tarefas
comportamentais (Siegel, 1999; Sweatt, 2004). Um dos mais famosos casos em
humanos que demonstra a importância dessa estrutura para a memória foi relatado
em 1966 por Brenda Milner e colaboradores. O paciente H. M. sofreu uma remoção
bilateral dos lobos temporais mediais, o que inclui o hipocampo, amígdala e parte da
área multimodal associativa para controlar uma epilepsia, até então sem tratamento.
17
Após a remoção, H. M. teve melhoras significativas das convulsões, porém,
apresentou déficits de memória irreparáveis H. M. estava profundamente
amnésico. Ele continuava sendo capaz de formar uma memória de curta duração
(item 1.3), mas não era mais capaz de guardar informações por mais de alguns
minutos. Entretanto, as memórias formadas antes da cirurgia permaneciam intactas.
Ele se lembrava de eventos que aconteceram na infância, continuava tendo domínio
da linguagem com um bom vocabulário, não apresentando mudanças em sua
personalidade ou motivação. Por outro lado, H. M. era incapaz de manter por mais
de um minuto uma informação sobre fatos, pessoa e lugares. Também apresentava
dificuldades para orientar-se espacialmente.
Para a formação de memórias declarativas (item 1.3), o hipocampo tem um
papel dependente do tempo. Gradualmente, as memórias se tornam independentes
desta estrutura, sendo transferidas para o neo-córtex para uma estocagem de longa
duração (Zola-Morgan e cols., 1986; Wiltgen e cols., 2004). As memórias mais
antigas causam uma forte ativação de áreas do neo-córtex frontal e temporal,
enquanto as mais recentes causam ativação do hipocampo (Bontempi e cols., 1999
Takashima e cols., 2006). Vários estudos têm demonstrado que o córtex pré-frontal
medial (CPFm) é crítico para a consolidação de memórias dependentes do
hipocampo. A expressão do immediate early gene zif268 é aumentada no CPFm
durante testes de memória remota mas não recente (Frankland e cols., 2004).
Adicionalmente, aplicação local de antagonistas NMDA no CPFm causa déficit na
consolidação de memória de longa duração (Takehara-Nishiuchi e cols., 2006).
Análises de imageamento funcional em humanos revelam que, quando os intervalos
de retenção aumentam, a recuperação da memória produz gradativas e intensas
18
ativações no CPFm, enquanto o oposto é visto no hipocampo (Takashima e cols.,
2006).
O hipocampo se encontra caudalmente entre o neo-córtex e o diencéfalo,
voltado para o lobo temporal (Martin e Clark, 2007). A formação hipocampal pode
ser dividida em regiões, baseadas na morfologia e no critério citoarquitetônico. As
sub-regiões são denominadas CA1, CA2, CA3, CA4 e giro denteado. Os principais
neurônios encontrados nessas regiões são piramidais glutamatérgicos (Swett, 2004).
O hipocampo recebe informações sensoriais polimodais, possuindo três vias
principais de projeções: i) via perfurante, que recebe projeções do córtex entorrinal
nas células granulares do giro denteado, ii) via das fibras musgosas, que contém os
axônios das células granulares do giro denteado que vão ao encontro das células
piramidais da região CA3 e iii) via dos colaterais de Schaffer, que consiste nas
projeções das células piramidais colaterais da região CA3 sobre as células da região
CA1 (Figura 1).
19
Figura 1: Anatomia básica do hipocampo (Modificado de Guilherme Neves, Sam F. Cooke e
Tim V. P. Bliss, Nature Neuroscience, 2008).
20
A informação sensorial de várias áreas corticais chega até o hipocampo via
córtices entorrinal e perirrinal. Suas eferências se projetam até o giro denteado e
para o hipocampo propriamente dito. Os neurônios eferentes do hipocampo são os
encontrados na região CA1. Seus axônios são glutamatérgicos e é a partir dessas
células piramidais que a informação é levada do hipocampo. Esses axônios se
projetam, principalmente, para os córtices entorrinal contra e ipsilateral, sendo que o
fórnix também recebe, contralateralmente, projeções da região CA1. Eferências
secundárias dos neurônios piramidais da CA1 também se projetam para regiões
sub-corticais, como a estriatura ventral (Squire e Zola-Morgan, 1991; Sweatt, 2004).
A formação hipocampal e os córtices adjacentes têm função essencial tanto na
formação da memória quanto no processamento cognitivo, sendo importante
ressaltar a ligação entre hipocampo e amígdala através do córtex entorrinal. O
hipocampo e o córtex pré-frontal também estão funcionalmente interconectados:
neurônios piramidais da região CA1 do hipocampo têm uma rota direta até os
neurônios do córtex pré-frontal (Sweatt, 2004; Neves e cols., 2008).
1.3. Tipos e classes temporais da memória
Em vertebrados, a memória pode ser dividida em duas fases: o primeiro traço
tem uma duração curta, de aproximadamente até 6 horas, independente de síntese
de RNA e de proteína e é chamado de memória de curta duração (STM, do inglês
―short-term memory). O segundo traço depende de síntese de RNA e proteína,
podendo perdurar por dias ou meses a chamada memória de longa duração
(LTM, do inglês -―long-term memory) (Izquierdo e Medina, 1997; Medina e cols.,
2008). O papel da memória de curta duração é manter a resposta do indivíduo ao
21
aprendizado recentemente adquirido, enquanto a memória de longa duração é
lentamente construída.
Existe ainda um tipo de memória ultra-rápida denominada de memória
sensorial (Lent, 2004; Gazzaniga e cols., 2006). A característica principal dos traços
de memória sensorial é o rápido decaimento. Ela contém uma representação da
informação com base em sensações. O indivíduo é apresentado rapidamente (50
milissegundos) a estímulos, como letras organizadas em fileiras. Imediatamente
após a exposição, o indivíduo não será capaz de relatar todas as letras de todas as
fileiras. Porém, se imediatamente após a apresentação do estímulo, for pedido o
relato das letras de somente uma fileira, o indivíduo será capaz de relatar
corretamente todos os itens.
Kandel e colaboradores foram os pioneiros na utilização de Aplysia
californica, um molusco marinho, como modelo de estudo dos eventos neuronais
associados com habituação, sensitização e condicionamento clássico. Alguns dos
achados com este organismo ajudaram a formular os mecanismos moleculares e
celulares do aprendizado, que revelaram mudanças nas conexões sinápticas
envolvidas na formação das memórias de curta e longa duração. A transmissão
sináptica pode tanto ser aumentada quanto diminuída pela atividade neuronal e
essas mudanças se apresentam em domínios temporais que vão desde
milissegundos até horas, dias e por toda uma vida (Baylei e cols., 1996, Siegel,
1999). Nos experimentos realizados com Aplysia, a memória de curta duração pode
ser avaliada através da utilização de um pequeno número de estímulos ou de
sessões de treino. Quando o número de sessões é aumentado, a memória se torna
mais rígida e mais prolongada (Kandel, 2000, Bailey e Kandel, 2008). Em roedores,
por exemplo, a memória de curta duração é formada durante as sessões de treino,
22
enquanto a de longa duração precisa ser consolidada e avaliada somente algumas
horas após o treino.
Vários estudos realizados em peixes, roedores e alguns invertebrados têm
mostrado que a formação da memória de curta duração e a de longa duração pode
ser distinguida pela susceptibilidade a agentes que bloqueiam a síntese protéica,
como anisomisina, cicloheximida e puromicina (Judge e Quartermain 1982;
Przybyslawski e Sara 1997; Nader e cols., 2000; Milekic e Alberini, 2002; Rossato e
cols., 2006). Algumas proteínas envolvidas no processo de formação da memória de
curta duração já foram descritas, como adenilato ciclase, proteína cinase A (PKA,
―protein kinase A‖), α-integrina e fasciclina II em Drosophila (Waddell e Quinn, 2001),
PKA e proteína cinase C (PKC ―protein kinase C‖) em Aplysia (Burrell e Sahley,
2001). Porém, o conhecimento acerca das bases moleculares requeridas para a
codificação da STM em mamíferos ainda é relativamente escasso e fragmentado
(Burrell e Sahley, 2001; Izquierdo e cols., 2002). A evocação da STM requer um
pequeno número de processos moleculares do hipocampo, sendo essa a natureza
intrínseca do papel da STM na cognição (Izquierdo e cols., 2001, Cammarota e
cols., 2005).
Uma visão prevalente descreve que memórias são inicialmente frágeis e se
tornam mais estáveis com o tempo, isto é, precisam de tempo para se estabilizar ou
consolidar. (McGaugh, 2000; Izquierdo e cols., 2007). A memória de longa duração
depende de mudanças na eficácia da transmissão de conexões sinápticas
relevantes e crescimento e reorganização dessas sinapses. Esse tipo de memória e
os mecanismos envolvidos na sua formação serão descritos com mais detalhes nos
tópicos seguintes.
23
Existem dois tipos fundamentalmente diferentes de memória: uma para
habilidades e outra para conhecimento (Squire, 2004). O que sabemos sobre
pessoas, lugares e coisas e seus significados é o que podemos denominar de
memória explícita. A memória explícita, também chamada de memória declarativa,
é recordada por esforço consciente e deliberado, sendo uma memória flexível e que
envolve a associação de várias informações. A formação da memória explícita
requer o hipocampo e áreas corticais associadas (Squire e Zola, 1996, Kandel, 2000
Squire, 2004).
Vários estudos com pacientes e também com animais experimentais sugerem
que o conhecimento retido como memória explícita é inicialmente adquirido através
do processamento em um ou mais dos três córtices associativos (pré-frontal, límbico
ou parieto-occipto-temporal), que sintetizam as informações visuais, auditivas e
somáticas (Kandel, 2000; Sweatt, 2004). Dessas áreas, a informação é conduzida
em seqüência para os córtices parahipocampal e perirrinal, para o córtex entorrinal,
giro denteado, hipocampo, subículo e, finalmente, de volta ao córtex entorrinal. A
partir daí, a informação é enviada de volta para os córtices parahipocampal e
perirrinal e, finalmente, para as áreas associativas polimodais do neocórtex (Kandel,
2000; Sweatt, 2004) (Figura 2).
24
A
B
Figura 2: Áreas associadas ao hipocampo. (A) Os componentes principais do
lobo temporal medial envolvidos no aprendizado e na memória. (B) Blocos em forma
de diagrama mostrando as vias aferentes e as eferentes da formação hipocampal.
(Modificado de Kandel, ER, JH Schwartz e TM Jessell (2000) Principles of Neural
Science. New York: McGraw-Hill.).
Córtex
parahipocampal
Córtex
entorrinal
giro
denteado
25
O córtex entorrinal possui duas funções principais. Uma delas é ser a fonte de
aferências para o hipocampo. Ele se projeta para o giro denteado através da via
perfurante e é por essa via que o que o hipocampo recebe informações polimodais
provenientes dos córtices associativos (Kandel, 2000; Sweatt, 2004; Neves e cols.,
2008). Por outro lado, o córtex entorrinal também é a principal saída do hipocampo.
As informações vindas do hipocampo para os córtices associativos convergem no
córtex entorrinal (Kandel, 2000; Sweatt, 2004; Neves e cols., 2008). Lesões na
amígdala não alteram a memória explicita. Embora a amígdala guarde componentes
de memória relacionados a emoções, ela não retém informação factual. Lesões
seletivas no hipocampo ou em áreas associativas polimodais no córtex temporal
com as quais o hipocampo se conecta córtices entorrinal e parahipocampal
produzem um déficit na memória explícita (Squire e Zola, 1996).
A memória é formada por quatro processamentos seqüenciais: codificação,
consolidação, estocagem e evocação (Figura 3) (Kandel, 2000, Lent, 2004).
- Codificação - A codificação é o processo pelo qual a nova informação aprendida
será processada. É o primeiro contato com um novo conhecimento, quando
identificamos uma nova informação e codificamos, por exemplo, uma imagem, uma
palavra ou um rosto. A intensidade e a natureza desse primeiro contato são críticas
para determinar o quanto essa informação será relembrada e estocada. Para que a
memória persista e seja relembrada, a nova informação recebida deve ser
completamente codificada. É importante integrar a nova informação com
conhecimentos prévios, que já foram estabelecidos na memória. Uma nova
informação adquirida, inicialmente sujeita a interferências do meio, pode ser
consolidada, isto é, pode ocorre a conversão de uma forma lábil numa forma mais
estável (Izquierdo e cols., 2004, 2006).
26
- Consolidação - A consolidação pode ser definida, por alguns neurocientistas,
como um processo duradouro, que pode acontecer dentro de poucas horas após a
aquisição, meses ou até mesmo pela vida toda (Izquierdo e cols., 2006). A
consolidação envolve a expressão de genes e a síntese de novas proteínas e
mudanças estruturais nas sinapses. Enquanto a codificação inicial da memória é um
processo rápido, que ocorre em milissegundos, a consolidação da memória é um
processo contínuo, que pode acontecer por horas ou até mesmo anos.
- Estocagem - A estocagem é o processamento da memória no qual esta será retida
pelo período em que será utilizada. A estocagem da memória de longa duração tem
uma capacidade quase ilimitada, enquanto a memória de curta duração é bastante
restrita.
- Evocação - A evocação ocorre quando a informação guardada é recuperada e
utilizada. Esse processo envolve a integração de diferentes informações, que são
estocadas separadamente em diferentes sistemas de estocagem.
27
Figura 3: Sistemas de memória (Lent, 2004).
A memória implícita é aquela que envolve a informação sobre o treinamento
de habilidades reflexas, motoras ou perceptuais. A memória implícita, ou não
declarativa, é recordada inconscientemente. Ela é rígida e fortemente conectada às
condições de estímulos originais sob as quais o aprendizado ocorreu (Kandel, 2000,
Lent, 2004; Squire, 2004; Gazzaniga e cols., 2006). Ela pode ser formada em várias
regiões do cérebro, incluindo cerebelo e neocórtex. A memória implícita pode ser
subdividida em associativa e não-associativa (Figura 4) (Kandel, 2000; Lent, 2004;
Squire, 2004; Gazzaniga e cols., 2006).
Habituação e sensitização são dois tipos de memória não-associativa muito
bem estudados. (Siegel, 1999; Kandel, 2000). A habituação é o decréscimo da
resposta a um estímulo benigno quando este estímulo é apresentado repetidas
vezes. Já a sensitização é um aumento da resposta a um estímulo que representa
uma experiência intensa e/ou nociva. Por exemplo, um animal pode ser acordado
28
por um ruído de baixa intensidade. Após várias repetições, o mesmo ruído não mais
afetará o comportamento do animal. Isso indica que houve uma habituação. No caso
da sensitização, podemos usar o exemplo da apresentação de um ruído de alta
intensidade a um animal antes de um estimulo que cause dano ou dor. Nesse caso,
o animal apresenta uma resposta mais vigorosa com a apresentação posterior de
vários ruídos de menor intensidade. No aprendizado associativo, dois estímulos
estão associados entre si, ou uma resposta está associada com um evento ou tem
uma conseqüência (Kandel, 2000). O condicionamento clássico, uma das
classificações do aprendizado implícito demonstrado por Pavlov em 1927,
estabelece um procedimento no qual interferências racionais podem fazer uma
relação entre mudanças do comportamento (aprendizado) e o meio ambiente
(estímulo). O paradigma de Pavlov pode se exemplificado pelos procedimentos
experimentais realizados com cães. A apresentação repetida de um estímulo não
condicionado, como o cheiro de carne, sem a intervenção de um experimentador,
provoca salivação no animal. Cada nova apresentação do estímulo provoca uma
resposta do animal. Caso uma sineta seja acionada antes da apresentação do
estímulo, o cão passa a associar a sirene ao cheiro da carne e, antecipadamente, já
inicia a salivação, sem mesmo sentir o cheiro de carne. Portanto, há uma resposta
não condicionada (salivação) a um estímulo não condicionado (apresentação do
cheiro de carne). Com a introdução de uma sirene, o estímulo passa a ser
classificado como condicionado, com uma resposta condicionada, isto é, após a
sirene o cão passa a salivar. O condicionamento clássico pode ser interpretado,
portanto, como um aprendizado que prevê eventos no meio ambiente (Pavlov, 1927;
Siegel, 1999; Kandel, 2000; Lent, 2004).
29
O condicionamento operante é o segundo maior paradigma de aprendizado
associativo (Siegel, 1999; Lent, 2004). O indivíduo aprende a utilizar uma alavanca
ou uma chave e recebe um reforço positivo ou negativo. Podemos citar como
exemplo, um rato numa caixa onde uma das paredes possui uma alavanca. Todas
as vezes que o rato acionar a alavanca, ele recebe um reforço positivo, como
comida. O oposto também pode acontecer: acionada a alavanca o indivíduo recebe
um reforço negativo.
Figura 4: Taxonomia da memória estruturas cerebrais associadas. Modificado
de Squire, 2004. Neurobiology of Learning and memory.
1.4. Extinção da memória ou esquecimento?
A expressão da informação gerada pelo processo de aprendizado é
denominada evocação da memória e o estabelecimento duradouro de uma memória
é o resultado de uma longa fase de consolidação, através da qual a informação
MEMÓRIA
30
adquirida se torna progressivamente mais estável e resistente a interferências
(Izquierdo, 1989; Kandel e Squire, 2000; Cammarota e cols., 2007).
Entretanto, a teoria da consolidação vem sendo modificada por achados que
descrevem que a evocação é um processo dinâmico que pode reforçar ou alterar
uma memória já consolidada (Nader e cols., 2000; Stickgold e Walker, 2007). A
evocação da memória pode iniciar dois processos opostos: a reconsolidação ou a
extinção (Pedreira e Maldonado, 2003; Suzuki e cols., 2004). A memória
consolidada pode ser levada novamente a um estado lábil (Nader e cols., 2000;
Sara, 2000) e neste momento a reativação da memória pode seguir dois caminhos:
ou um segundo processo de consolidação, chamado de reconsolidação (Nader e
cols., 2000; Sara, 2000) ou a memória pode sofrer extinção. É conhecido
classicamente, que a apresentação do estímulo condicionado sem a apresentação
do estímulo não condicionado leva à extinção da resposta ao aprendizado (Pavlov,
1927). Várias evidências sugerem que o hipocampo e a amígdala basolateral são as
áreas envolvidas no processo de extinção (Vianna e cols., 2001; Myers e Davis,
2007; Bahar e cols., 2004). Podemos citar como exemplo, o treinamento realizado
na esquiva inibitória. A partir da primeira vez que os animais são expostos ao
ambiente sem o choque, isto é, sem o estímulo não condicionado, o processo de
extinção se inicia (Rescorla, 2001; Cammarota e cols., 2005).
A extinção pode ser intensificada pela exposição aumentada ao componente
da memória que não causa medo (estímulo não condicionado). Ratos treinados na
esquiva inibitória (treinados por um dia), quando expostos ao aparato, no dia do
teste de retenção, sem a apresentação do choque, tem a extinção da memória
aumentada no final de cinco dias de exposição.
31
Portanto, uma das formas de se inibir a lembrança de uma memória, é
através do processo de extinção. Mas essa inibição pode acontecer também por
outro processo, através da repressão da memória (Anderson e cols., 2004). A
repressão foi descrita também por Freud (1962) e é um fenômeno ainda não bem
compreendido. As bases biológicas eram bastante desconhecidas até 2004, quando
Anderson e colaboradores verificaram, que áreas do córtex pré-frontal dorso-lateral
são ativadas durante o processo de repressão, áreas que se projetam para o
hipocampo, através do córtex entorrinal.
Tanto as memórias extinguidas como as reprimidas podem voltar à tona, quer
espontaneamente quer como conseqüência de estímulos específicos (Rescorla,
2001; Izquierdo e cols., 2002; Cammarota e cols., 2004). Porém, existem memórias
que duram pouco tempo, e se não repetidas, desaparecem por falta de uso. A falta
de uso causa atrofia das sinapses (Eccles, 1957), e isso explica desde há pelo
menos cinqüenta anos por que as memórias nunca lembradas, assim como os
movimentos não mais feitos ou os pensamentos nunca mais revisitados,
desaparecem (Izquierdo e cols., 2006).
Conforme citado anteriormente, durante a evocação a informação pode ser
reconsolidada. A memória de longa duração pode se tornar novamente vulnerável,
principalmente, quando farmacologicamente interceptada. (Judge e Quartermain
1982; Przybyslawski e Sara 1997; Nader e cols., 2000; Milekic e Alberini 2002) e
para persistir é necessária uma nova síntese protéica, para que essa nova fase (de
reconsolidação) fique estável (Sara, 2000; Duvarci e Nader 2003; Eisenberg e Dudai
2004; Lee e cols., 2004). Inicialmente restrita a uma forma particular de tarefa
motivada pelo medo, a reconsolidação atualmente tem sido descrita em diversos
paradigmas de aprendizado e com diferentes modelos animais (Debiec e cols.,
32
2002; Kida e cols., 2002; Eisenberg e cols., 2003; Gainutdinova e cols., 2005;
Rossato e cols., 2006). Porém, a reconsolidação ainda não é uma unanimidade.
Vários laboratórios têm fracassado na detecção desse processo em paradigmas já
bem estabelecidos (Squire e Zola, 1996; Biedenkapp e Rudy 2004; Cammarota e
cols., 2004; Hernandez e Kelley 2004).
1.5. Mecanismos celulares e moleculares da formação da memória
1.5.1 Plasticidade sináptica
Uma das mais importantes e fascinantes propriedades do cérebro dos
mamíferos é a sua plasticidade, isto é, a capacidade da atividade neural gerada por
uma experiência modificar a função de um circuito neural e seu subseqüente efeito
em pensamentos, sentimentos e no comportamento (Citri e Malenka, 2007). A
plasticidade sináptica se refere especificamente a mudanças da eficácia ou
intensidade da transmissão sináptica em sinapses pré-existentes (Citri e Malenka,
2007). Há muito tempo, tem sido proposto que a plasticidade exerce um papel
central na capacidade do cérebro de incorporar experiências transientes em traços
de memória permanente. A plasticidade do sistema nervoso também desempenha
uma importante função no desenvolvimento da rede neuronal e várias evidências já
demonstram que falhas nos mecanismos da plasticidade contribuem para o
desenvolvimento de desordens neuropsiquiátricas e neurodegenerativas (Citri e
Malenka, 2007).
A fosforilação de alguns tipos de proteínas pode ser vista como uma memória
molecular. O aprendizado e a memória são estabelecidos pelo acúmulo de vários
33
tipos de eventos de fosforilação que alteram o funcionamento de neurônios
individualmente e na rede neural a qual eles pertencem (Siegel, 1999). A fosforilação
de proteínas associadas a vesículas sinápticas regula a liberação de
neurotransmissores; a fosforilação de proteínas do citoesqueleto regula o transporte
axonal, o crescimento de neuritos, a forma, a sobrevivência e a elaboração da rede
neurítica. A fosforilação de fatores de transcrição também pode regular a expressão
de genes específicos induzindo, numa última etapa, a plasticidade neural (Siegel,
1999).
Diversas condições experimentais que influenciam no aprendizado também
podem provocar mudanças estruturais anatômicas e químicas no cérebro. Por
exemplo, quando ratos jovens são expostos a um ambiente enriquecido e são
treinados para aprender uma determinada tarefa, apresentam um melhor
desempenho que animais que não foram expostos ao ambiente enriquecido (Siegel,
1999). Esses estímulos induzem um aumento do número de sinapses e também da
complexidade das ramificações dendríticas dos córtices frontal e occiptal. Além das
mudanças neuronais, o cérebro apresenta uma maior área de superfície dos
astrócitos e vascularização. Observações de melhora no desempenho de tarefas
aprendidas também foram verificadas em ratos idosos (van Praag e cols., 1999,
2005). Quando submetidos a um ambiente enriquecido, ratos de mais de 20 meses
apresentam aumento na angiogênese e ramificações neuronais. Essas observações
enfatizam a importância da estimulação mental e da atividade física para a função e
plasticidade do cérebro (van Praag e cols, 1999, 2005). Portanto, mudanças no meio
ambiente podem evocar respostas da plasticidade sináptica.
De acordo com a hipótese mais aceita, a hipótese da plasticidade
sináptica, traços da memória são estocados no cérebro através de mudanças
34
estruturais das conexões sinápticas, com mudanças da eficiência sináptica e,
adicionalmente, a formação de um novo padrão da atividade neural (Hebb, 1949). As
implicações funcionais de alguns aspectos da plasticidade morfológica ainda não
foram muito bem estabelecidas. A teoria de Hebb foi primeiramente confirmada
quase duas décadas depois, através de experimentos nos quais a ativação rápida e
intensa de sinapses resulta no processo de potenciação de longa duração e no
fortalecimento de sinapses no hipocampo (Bliss e Lomo, 1973).
1.5.2. Potenciação de longa duração
Experimentos realizados por Timothy Bliss e colaboradores, em 1973,
descreveram pela primeira vez um possível modelo para a formação da memória, a
potenciação de longa duração (LTP -―long term potentiation‖). A aplicação de
estimulo elétrico de alta freqüência por poucos segundos provocava um aumento da
transmissão sináptica em hipocampos de coelhos. Mais recentemente, vários
progressos na compreensão dos mecanismos envolvidos na LTP têm sido feitos in
vitro utilizando-se fatias vivas de hipocampo (Kandel, 2000; Neves e cols., 2008;
Raymond, 2007).
Os dendritos das células piramidais da região CA1 formam uma banda
espessa (stratum radiatum) que recebe sinapses dos colaterais de Schaffer (os
axônios das células piramidais da região CA3). A estimulação elétrica dos colaterais
de Schaffer gera potencias pós-sinápticos excitatórios (EPSPs- ―excitatory post-
synaptic potentials) nas células pós-sinápticas da região CA1. Se os colaterais de
Schaffer são estimulados duas ou três vezes por minuto, o tamanho dos EPSPs
evocados na região CA1 permanece constante; se, entretanto, os estímulos são de
35
alta freqüência, ocorre um aumento da amplitude do EPSPs nos neurônios da região
CA1 do hipocampo. Essa facilitação, chamada LTP, pode ser evidenciada no
hipocampo e também em outras partes do córtex, cerebelo e amígdala (Figura 8)
(Lent, 2004; Neves e cols., 2008).
Figura 5: Circuitos básicos do hipocampo. O esquema mostra a facilitação
nos colaterais de Schaffer e as regiões CA1, CA2 CA3 e giro denteado (Lent,
2004).
Os terminais da via das fibras musgosas liberam glutamato como
neurotransmissor, que se liga tanto em neurônios NMDA (isto é, que apresentam
receptores de glutamato do tipo NMDA) quanto não NMDA nas células piramidais da
região CA3 do hipocampo. Sabe-se que o influxo de cálcio tem um papel
fundamental nas células pré-sinápticas. O influxo de cálcio ativa uma adenilato
ciclase dependente de cálcio/calmodulina, levando a um aumento dos níveis de
36
cAMP (adenosina monofosfato cíclica) (Kandel, 2000). Assim como as células da via
musgosa, os neurônios colaterais de Schaffer também são glutamatérgicos. Essa via
requer a ativação cooperativa de várias aferências e a LTP só ocorre quando os
canais NMDA são ativados, se tornando funcionais e conduzindo cálcio. Essa
condição ocorre quando glutamato se liga a receptores pós- sinápticos do tipo
NMDA e o potencial de membrana neuronal estiver suficientemente despolarizado.
Os receptores NMDA apresentam uma forte dependência de voltagem devido ao
seu bloqueio ocorrer por magnésio extracelular em potenciais de membrana
negativos. Como resultado, esse tipo de receptor pouco contribui para respostas
pós-sinápticas durante a atividade neuronal basal (Westbrook e Mayer, 1984;
Kandel, 2000).
Várias proteínas cinases e fosfatases têm sido implicadas na plasticidade
sináptica e já é conhecido que a atividade dessas proteínas apresenta uma diferente
sensibilidade ao aumento de cálcio (Lisman e Goldring, 1988). Muitas delas se
encontram próximas a receptores NMDA (Husi e cols., 2000), mediando uma
possível regulação da sinalização por ativação desses receptores. Para a LTP,
várias evidências demonstram o envolvimento de proteína cinase Ca
+2
/calmodulina-
dependente do tipo II (CaMKII), proteína cinase C (PKC), proteína cinase
dependente de cAMP (PKA), proteína cinase dependente de cGMP (PKG), caseína
cinase II (CKII), proteína cinase ativada por mitógeno (MAPK).
Um dos mecanismos de expressão da LTP na região CA1 do hipocampo
envolve o aumento do número de receptores glutamatérgicos do tipo AMPA na
densidade pós-sináptica (Malinow e Malenka, 2002; Song e Huganir, 2002; Bredt e
Nicoll, 2003; Derkach e cols., 2007). Esse tipo de receptor é permeável a cátions
37
monovalentes (Na
+
e K
+
) e a sua ativação provoca a entrada de corrente que gera a
resposta sináptica durante o potencial de membrana (Figura 6).
Figura 6: Indução da Potenciação de longa duração (Kandel, ER, JH
Schwartz and TM Jessell (2000) Principles of Neural Science. New York: McGraw-
Hill.).
Um evento oposto à LTP é a depressão de longa duração (LTD ―long- term
depression‖). A transmissão sináptica é enfraquecida pelo estimulo de baixa
freqüência (Siegel, 1999). O influxo de cálcio é requerido tanto na LTP quanto na
LTD. Influxos relativamente rápidos de cálcio produzem LTP enquanto influxos mais
baixos e prolongados induzem a LTD (Siegel, 1999). Portanto, um dos
determinantes para ocorrer a LTP ou LTD é a quantidade de cálcio na célula pós-
38
sináptica. A LTD, de maneira oposta à LTP resulta da ativação de fosfatases
dependentes de cálcio. A LTD tem sido implicada em processos de aprendizado
motor do cerebelo, que medeia a coordenação, aquisição e estocagem de
movimentos complexos (Siegel, 1999). A LTD faz decair a eficiência sináptica tanto
no cerebelo quanto no hipocampo.
1.5.3. AMP cíclico e o fator CREB
O AMP cíclico é produzido pela ação da enzima adenilato ciclase, que tem
sua atividade regulada por neurotransmissores, pela ativação de receptores e de
vias de sinalização intracelulares (Dash e cols., 1991; Carlezon e cols., 2005). O
maior alvo de ação do AMP cíclico, na maioria das células, é a proteína cinase
dependente de AMP cíclico (PKA) (Sánchez e cols., 2004) (Figura 7).
Dentre as proteínas que são fosforiladas pela PKA se encontra o fator de
transcrição CREB (cAMP response element-binding protein) (Carlezon e cols.,
2005). Os genes ativados por CREB são aqueles que possuem uma seqüência
consenso CRE (TGACGTCA) na região promotora (Carlezon e cols., 2005; McClung
e Nestler, 2007). CREB é expressa em todo o cérebro, apresentando-se em altas
concentrações no hipocampo e córtex (Carlezon e cols., 2005; McClung e Nestler,
2007). Os passos-chaves envolvidos na transcrição de genes mediada pelo CREB
incluem sua dimerização, ligação a elementos responsivos no DNA e fosforilação
(Shaywitz e cols., 1999; Mayr e Montminy, 2001; Carlezon e cols., 2005). É
importante notar que o aumento da fosforilação de CREB pode ser induzido por
fatores que aumentam os níveis intracelulares de cAMP. Sendo assim, fatores como
CREB são cruciais para o acoplamento estímulo-transcrição (Carlezon e cols.,
39
2005). Numerosas vias de sinalização intracelular estão envolvidas na transmissão
da informação iniciada por ações mediadas por receptores de membrana até o
núcleo celular, onde haverá interação com CREB para iniciar processos que irão
culminar com a transcrição gênica (Carlezon e cols., 2005). Uma grande variedade
de estudos tem demonstrado a capacidade da via de sinalização ser iniciada pela
interação de receptores acoplados a proteína G que estimulam a ativação da
adenilato ciclase.
Além do envolvimento da adenilato ciclase e do cAMP, a participação da
MAPK (mitogen activated protein kinase) tem sido foco de várias pesquisas
(Carlezon e cols., 2005). PKA, cinase dependente de Ca
+2
/calmodulina IV (CaMK IV,
Ca
+2
/calmodulin-dependent kinase) e cinase S6 (MAPK-activated ribosomal S6
kinases‖, RSKs) fosforilam a CREB na serina 133, o que estimula o recrutamento da
CBP (―cAMP binding protein‖) sinalizando a transcrição gênica (Dash e cols., 1991;
Deisseroth e cols., 1996). Em contraste, a CAMKII fosforila a CREB na serina 142,
que promove a dissociação do dímero da CREB, reduzindo assim, a transcrição
(Matthews e cols., 1994; Wu e cols., 2001) (Figura 7)
A conexão entre CREB e formação da memória foi inicialmente caracterizada
em Aplysia (Kaang e cols., 1993) e, posteriormente, em vários outros organismos,
usando métodos capazes de interferir com a função do fator. A indução de um
mutante dominante negativo ou deleção da forma chave da CREB em Drosophila e
em camundongos (Bourtchuladze e cols., 1994, Kwok e cols., 1994) resultou no
bloqueio da formação da memória de longa duração.
Em 1998, foi descrito outro alvo de ação do AMP cíclico, denominado EPAC
(―Exchange Protein Directly Activated by cAMP‖) (De Rooij e cols., 1998). Este fator
pertence à família dos GEFs (―guanine nucleotide exchange factors‖), que também
40
possui os membros Rap1GEF, C3G, PDZ-GEF, dentre outros (De Rooij e cols.,
1998; Bos e cols., 2003). As GEFs também medeiam a ativação de Rap-1 como
uma conseqüência da ativação de receptor tirosina cinase. É interessante ressaltar
que trabalhos muito recentes de indução da neuritogênese pela ativação de
integrinas em culturas de neurônios de retina de rato demonstraram efeitos da
elevação dos níveis de AMP cíclico de forma independente de ativação de PKA,
EPAC ou Rap-1, sugerindo a existência de um novo alvo de ação do AMP cíclico
(Ivins e cols., 2004). Um recente trabalho demonstrou que a sinalização promovida
pelo EPAC e por PKA juntas são requeridas na recuperação da memória (Ouyang e
cols., 2008).
Figura 7: Eventos celulares envolvidos na regulação de CREB (Carlezon e
cols., 2005).
41
1.6. Envelhecimento e memória
O processo de envelhecimento, tanto em humanos quanto em animais é
acompanhado por um declínio na capacidade de aprendizado, particularmente, na
memória espacial (Uttl e Graf, 1993; Mizumori e Kalyani, 1997; Wilson e cols., 2004).
Adicionalmente, esse declínio cognitivo está associado com a deterioração da
plasticidade e circuitaria hipocampal, sugerindo uma relação entre o declínio
associado com a idade e a deficiência do processamento da informação espacial
pelo hipocampo (Fischer e cols., 1992; Barnes, 1993). Vários dados experimentais
em modelos animais de envelhecimento têm demonstrado que os déficits de
memória são muito semelhantes àqueles induzidos por lesões do hipocampo
(Sutherland e cols., 1983; Jarrard, 1983; McNaughton e cols., 1989) e que as
mudanças morfológicas do hipocampo de ratos de diferentes idades correspondem
à diferença cognitiva encontrada (Kadar e cols., 1990).
A perda da memória e o envelhecimento estão estritamente associados
quando verificamos intensos déficits com o envelhecimento em patologias, como a
Doença de Alzheimer (DA). Essa enfermidade apresenta uma alta incidência em
indivíduos idosos que demonstram um quadro grave de perda de memória,
inabilidade de formação de novas memórias e ao dano de outras habilidades
cognitivas (Maurer e cols., 2006) e já está muito bem estabelecida a sua relação
com a atividade hipocampal diminuída (Chapman e cols., 1999; Liu e cols., 2008;
Frye e cols., 2008).
Alguns trabalhos indicam que a densidade neuronal permanece estável
durante a vida (Landfield e cols., 1981; Calhoun e cols., 1998; West, 2002; Keuker e
cols., 2003) e quando ocorre a diminuição, esta é restrita a região CA1 do
42
hipocampo (Kerr e cols., 1991; West, 2002; Miller e O'Callaghan, 2005). Ratos
idosos apresentam uma menor quantidade de acetilcolina no hipocampo, porém,
fator de crescimento de nervo (NGF) e BDNF permanecem com quantidades
constantes (Ypsilanti e cols., 2007).
Entretanto, as alterações cognitivas relacionadas com o envelhecimento são
muito variáveis dentro de uma mesma população. Podemos citar como exemplo, o
desempenho de animais idosos no labirinto aquático de Morris. Alguns trabalhos
mostram animais idosos cognitivamente deficientes, enquanto outros demonstram
um comportamento similar a indivíduos jovens (Gage e cols., 1988; Markowska e
cols., 1989; Rapp e Amaral, 1992; Gallagher e Nicolle, 1993; Bach e cols., 1999).
Tendo em vista essas variações, podemos verificar que cada tipo de memória não é
afetado da mesma forma. Com o passar dos anos a capacidade de escrever ou
dirigir não é esquecida e muitas vezes o vocabulário é enriquecido com o
envelhecimento (Erickson e Barnes, 2003).
1.7. Doença de Alzheimer e memória
Algumas considerações devem ser relacionadas a certos eventos
neuropatológicos que levam a desordens neurodegenerativas, como a doença de
Alzheimer (DA), e como esses eventos podem ser distinguidos de mudanças
neurológicas associadas como o envelhecimento normal. Na DA, as conexões
sinápticas são perdidas e neurônios seletivamente vulneráveis morrem e os circuitos
neuronais são deteriorados. Já no déficit de memória associado com a idade, a
perda da memória ocorre na ausência de uma perda significante de neurônios, e sim
devido a alterações nas espinhas sinápticas (Kelly e cols., 2006).
43
A Doença de Alzheimer (DA) é uma demência progressiva que tem como
principais características a disfunção sináptica e a neurodegeneração em áreas
específicas do cérebro, como o hipocampo e córtex, que levam a um quadro grave
de perda de memória, inabilidade de formação de novas memórias e ao dano de
outras habilidades cognitivas (Maurer e cols., 2006). Como principais características
neuropatológicas ocorrem a formação de placas amilóides extracelulares, que
contêm principalmente o peptídeo -amilóide (A ) e emaranhados neurofibrilares
intracelulares, formados pela proteína tau hiperfosforilada. Adicionalmente, a
distrofia neurítica e a perda de sinapses, assim como a morte neuronal, também são
características patológicas marcantes encontradas na DA (Selkoe, 2002; Lacor e
cols., 2004). É crescente o reconhecimento de que oligômeros solúveis do A são
formas neurotóxicas, encontradas em cérebros de pacientes de DA, causando
disfunções nas células nervosas. Esses oligômeros são ligantes patogênicos de
sinapses, que afetam, portanto, processos relacionados com a plasticidade sináptica
e a formação de memória (Klein e cols., 2001; Caughey e cols., 2003; Walsh e
Selkoe, 2004; Sweatt, 2004; Squire, 2004).
Há alguns anos, nosso grupo descreveu que o 2,4 dinitrofenol (DNP) funciona
como um composto neuroprotetor e antiamiloidogênico, pois protege culturas de
neurônios corticais contra a ação neurotóxica do A e bloqueia a formação de fibrilas
amilóides e de oligômeros solúveis de A (De Felice e cols., 2001, 2004). Mais
recentemente, nosso grupo descreveu que, em baixas concentrações, o DNP
promove neuritogênese, fenômeno verificado após análise morfométrica de neuritos
em culturas primárias neuronais, induz diferenciação neuronal em linhagem de
neuroblastoma N2A, aumenta os níveis da proteína tau na sua forma não fosforilada
44
e também os níveis intracelulares de AMP cíclico (cAMP) (Wasilewska-Sampaio e
cols., 2005, De Felice e cols., 2007).
1.7.1. DNP: um desacoplador clássico da fosforilação oxidativa
Desde o começo do século passado, várias substâncias, dentre as quais o
2,4-dinitrofenol (DNP), ficaram conhecidas pela sua capacidade de desacoplar o
transporte de elétrons da síntese de ATP (Liao e Oehme, 1980; Alberts e cols.,
2002). Perkins, em 1919, observou os primeiros efeitos tóxicos do DNP em
humanos, durante a primeira guerra mundial, em trabalhadores franceses que
manipulavam munições compostas por DNP e trinitrofenol. A adição desses
compostos às células interrompe a síntese de ATP pelas mitocôndrias sem bloquear
a captação de oxigênio (Harper e cols., 2001; Alberts e cols., 2002; Kadenbach,
2003). Na presença de um desacoplador, como o DNP, o transporte de elétrons e o
bombeamento de prótons continuam num ritmo acelerado, porém não há geração de
gradiente eletroquímico. Esses agentes desacopladores são ácidos fracos, solúveis
em lipídeos, que carreiam prótons (ionóforos de prótons) e fornecem uma rota
adicional para o fluxo de prótons através da membrana mitocondrial interna além da
ATP sintase (Alberts e cols., 2002). Com isso, a força próton-motriz é dissipada e
não há mais síntese de ATP.
Nas décadas de 1930-1940, o DNP foi amplamente utilizado no tratamento da
obesidade pelo seu poder desacoplador da fosforilação oxidativa, acelerando o
metabolismo (Liao e Oehme, 1980; Harper e cols., 2001). DNP diminui o gradiente
de prótons e a quantidade de ATP formada pelo transporte de elétrons, com o
conseqüente aumento do consumo de oxigênio e da temperatura corporal. Uma
45
série de estudos realizados na Universidade de Stanford, EUA, durante a década de
30 demonstrou que as respostas dos pacientes ao tratamento de obesidade eram
muito variáveis (Harper e col., 2001). Entretanto, existia uma relação entre a dose
administrada e o aumento da taxa metabólica. Doses acima de 0,5 mg/ kg eram bem
toleradas e esses pacientes relatavam um aumento da transpiração e calor.
Pacientes tratados com doses entre 5-10 mg/kg relatavam uma profunda sudorese,
mas sem evidências de aumento da temperatura corporal (Harper e cols., 2001).
Doses terapêuticas de DNP não afetavam a pressão sanguínea, nem tampouco a
freqüência cardíaca em pacientes normais em tratamento. A habilidade do DNP de
reduzir o peso sem a necessidade de uma dieta com restrição calórica causou o uso
indiscriminado desta droga para o tratamento da obesidade. Isso levou à ocorrência
de overdoses acidentais ou deliberadas, resultando no aparecimento de vários
casos de cataratas em pessoas que realizavam o tratamento, além da morte de
pacientes que utilizavam doses elevadas de DNP (Liao e Oehme, 1980; Harper e
cols., 2001).
1.7.2. Efeitos benéficos do DNP
A investigação dos processos de produção de espécies reativas de oxigênio
(EROs) tem bastante importância no estudo de várias doenças neurológicas, como
Alzheimer, Parkinson e Huntington, uma vez que essas espécies participam do dano
neuronal que ocorre nessas patologias. Um desacoplamento mitocondrial moderado,
com uma diminuição do gradiente eletroquímico, pode prevenir uma produção
excessiva de EROs e também o dano oxidativo em determinadas condições
patológicas. A mitocôndria é a maior produtora de EROs dentro da célula, tanto em
46
condições normais, quanto patológicas. A formação de EROs ocorre a partir da
redução monoeletrônica do oxigênio, gerando um íon ânion superóxido no lugar da
água na etapa final da fosforilação oxidativa. Esse superóxido, e outras espécies
reativas, estão presentes em concentrações aumentadas quando o gradiente
eletroquímico da membrana mitocondrial está alto (De Felice e Ferreira, 2006).
Tendo como foco seu efeito indutor de um desacoplamento moderado da
cadeia de transporte de elétrons, alguns trabalhos recentes têm descrito efeitos
neuroprotetores do DNP. Maragos e colaboradores (2003) demonstraram que o
DNP atua como agente neuroprotetor contra a toxicidade induzida por ácido
quinolínico no estriato de ratos adultos. Esse mesmo grupo demonstrou,
recentemente, que o DNP é capaz de proteger ratos contra injúria cerebral causada
por trauma (TBI traumatic brain injury), promovendo uma redução significativa do
dano cerebral e também evitando o déficit cognitivo causado pela injúria (Pandya e
cols., 2007). Outra característica importante dos desacopladores é o efeito na
longevidade. A restrição calórica aumenta o tempo de vida numa variedade de
espécies, como leveduras, ratos e camundongos (Sohal e Weindruch, 1996;
Partridge e Gems, 2002; Roth e cols., 2004), e um dos efeitos centrais é promover
mudanças nas taxas da respiração mitocondrial, diminuindo a formação de EROs
(Barros e cols., 2004; Tahara e cols., 2007). Um recente trabalho demonstrou que o
DNP, em baixas doses, promove efeitos benéficos de restrição calórica, incluindo a
redução de estresse oxidativo, e que um desacoplamento moderado aumenta
significativamente o tempo de vida de camundongos (Caldeira da Silva e cols.,
2008).
A capacidade do DNP de aumentar os níveis de cAMP é uma importante
propriedade deste composto (Wasilewska-Sampaio e cols., 2005, De Felice e cols.,
47
2007). O cAMP é um sinalizador intracelular, que afeta várias vias de sinalização, e
que a estimulação ou modulação de vias dependentes de cAMP apresentam uma
possível aplicação terapêutica no tratamento de doenças neurodegenerativas, como
a doença de Alzheimer, Parkinson e Huntington e outras desordens caracterizadas
pela distrofia neurítica, morte neuronal, déficits em múltiplas funções neuronais e
cognitivas e, em alguns casos, na presença de agregados amilóides. Podemos
implicar, portanto, que compostos como o DNP, que, simultaneamente, são capazes
de atacar os agregados amilóides, fortalecer a rede neuronal e modular vias
dependentes de cAMP são possibilidades para o controle e tratamento de doenças
neurodegenerativas, como a DA.
48
2) OBJETIVOS
Verificar os efeitos do 2,4-dinitrofenol na memória de ratos, utilizando animais
jovens (2-4 meses), de meia idade (10 meses) e idosos (18-24 meses),
realizando os testes de reconhecimento de objetos, labirinto aquático de Morris,
medo condicionado e campo aberto.
Verificar os efeitos do 2,4 dinitrofenol na memória de camundongos, utilizando
animais jovens (2 meses) e de meia idade (8 meses), através de tarefas de
labirinto aquático de Morris e campo aberto.
Verificar se o 2,4 dinitrofenol induz alterações nos níveis de proteínas
relacionadas à memória e à neuritogênese no hipocampo de ratos.
49
3) METODOLOGIA
Os testes comportamentais foram realizados no Centro de Memória, na PUC-
RS e no Laboratório de Doenças Neurodegenerativas, Instituto de Bioquímica
Médica, UFRJ.
Testes comportamentais
Animais: Foram utilizados ratos Wistar de faixas etárias diferentes: 2-4, 10 e
18-24 meses de idade, e camundongos BALB/C de 2 e 8 meses de idade. Os
animais foram divididos em dois grupos: um grupo controle, ao qual foi administrado
veículo, e outro grupo administrado com DNP. Foram utilizadas duas espécies
diferentes para analisar os efeitos do DNP, tendo em vista as diferenças
comportamentais apresentadas por cada uma delas. Os ratos são bons modelos de
aprendizado, enquanto camundongos BALB/C são considerados por vários
trabalhos da literatura como modelos pobres de aprendizado.
Drogas: Para os animais do grupo tratado, foram dadas injeções
intraperitoneais contendo DNP dissolvido em solução de hidróxido de sódio 0,007N
(pH final 9,2). No caso dos animais do grupo controle, estas injeções continham
apenas o veículo (hidróxido de sódio, 0,007N). O volume das injeções foi calculado
de acordo com o peso de cada animal, para que se alcançasse a dose de 5 mg
DNP/Kg (Maragos e cols. 2003). O período de tratamento foi de 14 ou 21 dias
consecutivos.
Manipulação dos animais: os animais foram manipulados por três dias
consecutivos antes da realização dos testes comportamentais. Todos os
50
procedimentos envolvendo animais foram analisados e aprovados pela Comissão de
Ética com Animais do CCS/UFRJ (CEUA-CCS; Protocolo # IBQM 020).
3.1. Labirinto aquático de Morris
O labirinto aquático de Morris (LAM) é um teste estabelecido para avaliar a
memória espacial. É uma tarefa sensível a danos causados no hipocampo (Morris e
cols., 1982) e no fórnix (Devan e White, 1999; Pouzet e cols., 1999) e parece
também envolver outras partes do cérebro, como os córtices entorrinal e perirrinal,
mostrando resultados variáveis nas tarefas de navegação e aprendizado espacial
(Aggleton e cols., 2000).O LAM é uma tarefa que requer também uma boa atividade
motora e sensorial, sendo o desempenho afetado por variações emocionais e
motivacionais. É um teste em que o aprendizado é aversivamente motivado e vários
estudos já demonstraram que o comportamento do animal depende do seu estado
de estresse (Holscher, 1999).
O teste do LAM foi realizado numa piscina circular de cor preta, com 2 metros
de diâmetro (para camundongos, o diâmetro da piscina foi diminuído pela colocação
de um cilindro com 1 metro de diâmetro), dividida em quatro quadrantes imaginários.
A temperatura da água é mantida entre 23-25ºC. Uma plataforma de escape foi
colocada no centro de um dos quadrantes, 2 cm abaixo do nível da água, ficando,
desta forma, submersa e invisível. Durante o teste, os animais aprendem a
localização da plataforma utilizando pistas visuais, que estão fora da piscina (Figura
8). O teste é iniciado quando os animais são colocados dentro da piscina, virados
para a parede, a partir de quatro pontos cardeais diferentes (N, S, L e O) de maneira
semi-randômica. Os ratos foram submetidos a seis ou quatro tentativas por dia,
51
durante cinco dias consecutivos, período em que a plataforma permaneceu sempre
na mesma posição. Essa fase é denominada fase de aquisição, na qual o rato é
treinado para nadar e encontrar a plataforma submersa. O animal teve 60 segundos
para encontrar a plataforma e permanecer sobre ela durante 30 segundos. Esse
tempo de permanência é importante para que o animal explore o ambiente e faça o
reconhecimento das pistas visuais. Vinte e quatro horas após o último dia de testes,
o animal teve sua memória declarativa de longa duração avaliada no teste
comprobatório, verificando-se, assim, a consolidação da informação. O teste
comprobatório foi realizado depois da retirada da plataforma da piscina. Os animais
nadam durante 60 segundos e o tempo que cada animal permaneceu em cada
quadrante é contado. O tempo de permanência do quadrante alvo de ser igual ou
maior que 40% do tempo total de exploração.
Aprendizado reverso: após o teste comprobatório, os ratos foram submetidos
ao aprendizado reverso. A plataforma foi colocada num novo quadrante, oposto ao
anterior. Os animais foram colocados na piscina a partir dos mesmos pontos
cardeais (N, S, L e O) por oito tentativas seguidas, durante apenas um dia, tendo
novamente 60 segundos para encontrar a plataforma e ficar sobre ela durante 30
segundos. O teste comprobatório foi realizado 24 horas depois do treino.
Cronograma de injeções durante o treino reverso
52
Todo o procedimento do LAM e do aprendizado reverso foi filmado por uma
câmera digital, registrando os desempenhos dos animais e os testes
comprobatórios. Os resultados foram analisados estatisticamente (ANOVA de duas
vias seguida de teste Bonferonni).
Figura 8: Labirinto aquático de Morris (Centro de Memória, PUC-RS).
Cronograma de administração prolongada de DNP
53
3.2. Reconhecimento de objetos
Os roedores possuem uma tendência natural a explorar novos objetos. Eles
exploram preferencialmente novos objetos a objetos já conhecidos, denominados
familiares. Esses animais tocam, cheiram e manipulam com suas patas dianteiras os
objetos, e esse comportamento pode ser facilmente quantificado e utilizado como
ferramenta de estudo da memória de reconhecimento. O teste de reconhecimento
de objetos (RO) é uma tarefa que mede o comportamento espontâneo do animal,
não requer o aprendizado espacial, deprivação de água ou comida e nem a
aplicação de um estímulo de reforço (comida ou choques, por exemplo). Da mesma
maneira, não requer treinamentos longos e não induz situações de estresse e nem
desafiadoras, permitindo sua aplicação em condições bem próximas daquelas em
que a memória de reconhecimento em humanos é medida (Dere e cols., 2007).
O teste de reconhecimento de objetos requer a recuperação de uma memória
relativa a uma prévia apresentação de objetos após um período de declínio da
retenção da memória (Prickaerts e cols., 2002). Essa tarefa é sensível tanto para a
verificação de modelos experimentais cognitivamente deficientes (Ennaceur e
Meliani, 1992; Puma e cols., 1998; Woolley e cols., 2003) quanto para modelos
cognitivamente aperfeiçoados (Ennaceur e cols., 1989; Puma e cols., 1998).
O teste de reconhecimento de objetos foi realizado em duas caixas
comportamentais medindo 50 cm x 50 cm x 39 cm. Três das quatro paredes e o
chão destas caixas eram de madeira revestida de rmica branca e uma das
paredes era feita de vidro. O teste foi realizado num ambiente de penumbra (Figura
9). Somente ratos foram submetidos a esta tarefa. O teste de reconhecimento de
objetos foi dividido em três fases: habituação, treinamento e teste.
54
Habituação: os ratos foram habituados à caixa comportamental durante 4 dias
consecutivos, 20 minutos por dia, na ausência de objetos.
Treinamento: após os dias de habituação, os ratos foram colocados nas
caixas comportamentais contendo dois objetos idênticos fixados ao chão (a1 e a2).
Cada rato permaneceu 5 minutos na caixa e o tempo em que explorava cada objeto
foi medido. A exploração é medida segundo o contato direto do animal sobre o
objeto, com as patas ou com o focinho.
Teste: vinte e quatro horas após o treino, os ratos foram colocados na caixa
comportamental contendo um objeto familiar (a1) e um objeto novo (B), ambos
fixados ao chão. Eles permaneceram na caixa durante 5 minutos, ao longo dos quais
o tempo que cada animal passou explorando cada objeto foi medido. Em seguida, o
Índice de descriminação é calculado de acordo com a fórmula: d2 = (Ba)/e2, onde:
B representa o tempo pelo qual o objeto B foi explorado (objeto novo),
a representa o tempo pelo qual o objeto a foi explorado (objeto familiar),
e2 representa o somatório do tempo de exploração de A e B.
As caixas foram limpas com álcool 70% entre a retirada de um rato e a
colocação de outro para que se assegurasse a ausência de estímulos olfatórios.
Após o fim dos testes, os resultados foram analisados estatisticamente (Teste t
student).
55
Figura 9: Paradigma reconhecimento de objetos (Centro de memória, PUC-
RS).
3.3. Medo Condicionado
O medo parece produzir um complexo padrão de respostas altamente
correlacionadas. Dentre elas, destacam-se a interrupção do comportamento motor,
dilatação da pupila, alteração da freqüência cardíaca, hipersensibilidade a estímulos
sensoriais, aumento da vigilância e atenção, dentre outras. Apesar desta
complexidade, o medo pode ser medido facilmente no laboratório. Durante a fase de
aquisição do medo condicionado, um estímulo neutro é pareado a um estímulo
aversivo, tornado-se assim um estímulo condicionado. Durante a fase de evocação,
o estímulo condicionado (que era inicialmente neutro) é apresentado sozinho,
passando a apresentar respostas condicionadas de medo, similares àquelas
produzidas pelo estímulo aversivo. O congelamento é uma das respostas mais
comuns produzidas por ratos e camundongos. O teste do medo condicionado avalia
56
uma importante característica cognitiva do circuito hipocampo-amígdala: a memória
emocional. O rato foi colocado na caixa comportamental (Figura 10) e o contexto
apresentado a ele por 3 minutos. O chão dessa caixa é formado por barras de metal
e, após o tempo de exploração, o rato recebeu choques de 0,8 miliamperes de
intensidade, por 2 segundos. Foram dados três choques, com intervalos de 30
segundos entre eles. Após dois minutos, o animal foi retirado da caixa. Desta
maneira, o rato forma uma importante relação entre a caixa e o estímulo. O rato
contextualiza o ambiente apresentado com o choque, algo desagradável. Vinte e
quatro horas após o treinamento foi realizada uma avaliação do seu comportamento.
O rato foi colocado novamente na caixa e o estado de congelamento medido por
cinco minutos.
Figura 10: Aparato do medo condicionado (Centro de Memória, PUC-RS)
57
3.4. Teste do campo aberto
Para analisar as atividades exploratória e locomotora, os animais foram
submetidos ao teste do campo aberto. A caixa comportamental foi a mesma utilizada
no teste RO. O piso da caixa foi dividido em 12 quadrantes e os ratos colocados na
caixa por cinco minutos, para explorar o ambiente livremente. O número de vezes
que os animais cruzam os quadrantes (cruzamentos) e que levantam o corpo
ficando apoiado somente nas patas traseiras (levantamentos, ou ―rearings‖, em
ingles) é contado, indicando suas atividades locomotora e exploratória,
respectivamente. Quando esse procedimento é feito por dois dias seguidos, avalia-
se a memória de habituação.
Figura 11: Campo aberto (Centro de memória, PUC-RS).
Cruzamentos
Levantamentos
58
Análises Bioquímicas
3.5. “Western Blotting”
Os animais foram sacrificados 24 horas após o último dia de teste. A cabeça
foi cortada com a utilização de uma guilhotina e o encéfalo retirado da caixa
craniana. Os passos seguintes do procedimento foram realizados sobre uma placa
de Petri mantida no gelo. Os hemisférios cerebrais foram separados e os
hipocampos dissecados e rapidamente congelados em nitrogênio líquido. Em
seguida, após a dissecção dos hipocampos de todos os animais, foi realizada a
homogeneização em tampão de amostra. O tampão é constituído por Tris-HCl 100
mM, pH 7,5, SDS 1%, NaCl 150 mM, EDTA 1 mM, pirofosfato de sódio 20 mM,
fluoreto de sódio 20 mM, ortovanadato de sódio 1 mM e um coquetel de inibidores
de protease.
A quantidade de proteína total presente em cada amostra foi dosada pelo
método de BCA. Para a separação por SDS-PAGE, aplicaram-se 80 µg de proteína
em cada poço, em géis de gradiente de 4 a 10% de poliacrilamida. A
eletrotransferência das proteínas para uma membrana de nitrocelulose foi realizada
segundo o método de Towbin. Em seguida, foi realizado o bloqueio por 16 horas das
membranas, usando solução composta por BSA 5% em TBS-T (Tris-HCl 10 mM, pH
7,2, NaCl 150 mM, Tween 20 0,1%). Em seguida, foi feita a incubação por 16 horas
a 4 °C com os anticorpos primários (anti-pCREB, origem camundongo, 1:1000; anti-
CREB, origem coelho, 1:2000; anti-pERK, 1:1000; anti-PSD-95, origem coelho,
1:2000; anti-MAP2, origem camundongo 1:1000 e anti-sinaptofisina, origem cabra,
1:1000, todas de Santa Cruz, Califórnia, EUA e anti-tau, coelho, 1:5000, Dako,
59
Glostrup, Dinamarca) e com anticorpo primário do controle de carregamento de
proteínas (anti-ciclofilina B, origem coelho, 1:10000, Zymed, San Francisco, EUA),
diluídos na solução de bloqueio. Em seguida, as membranas foram lavadas com
TBS-T e incubadas com anticorpos secundários conjugados à peroxidase (anti-IgG
de camundongo, anti-IgG de coelho ou anti-IgG de cabra) por duas horas. As
membranas foram reveladas com um kit quimioluminescente ―SuperSignal West
Femto‖, e a luminesncia foi capturada em um filme fotográfico T- mat Kodak . As
bandas reveladas foram, então, digitalizadas e as intensidades das bandas de
proteína foram quantificadas utilizando o programa Image J (NIH; versão para
Windows).
3.5. Análise estatística
Os dados são apresentados como média ± erro padrão. Para análise dos
resultados apresentados no LAM, foi utilizado o programa ―sigma plot‖, versão 3.1,
análise de variância (ANOVA) de duas vias, seguida pelo teste de Bonferonni. O
teste de RO e as intensidades das bandas foram analisadas pelo programa Excel,
versão 2007, teste ―T-student‖.
60
4) RESULTADOS
4.1. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos adultos jovens
Inicialmente, avaliamos o desempenho de ratos adultos jovens (de 2-4 meses
de idade) através do teste do labirinto aquático de Morris (LAM). Como descrito
anteriormente, o LAM é um teste que avalia memória hipocampal espacial (item 3.1).
Esse teste foi realizado com um treinamento de 4 tentativas diárias. Como mostra a
Figura 12A, os dois grupos (controle e tratado com DNP) adquiriram a informação
da localização da plataforma, apresentando desempenhos parecidos durante os
cinco dias de treinamento. Porém, no teste comprobatório, realizado 24 horas após o
quinto dia de treino, os dois grupos apresentaram tempos de permanência no
quadrante alvo menor que 40% do tempo total (Figura 12B). Isso indica que nem o
grupo tratado com DNP nem o grupo controle aprendeu efetivamente a localização
da plataforma, na medida em que os grupos não conseguiram reter esta informação
por um período de 24 horas pós-treino.
O paradigma de reconhecimento de objetos também foi feito em ratos adultos
jovens (2 meses de idade, administrados por 14 dias consecutivos). Quando
realizado com dois objetos idênticos (a1 e a2) durante a fase de treinamento e com
um intervalo entre o treino e o teste maior que 4 horas, o teste de RO tem como
finalidade avaliar possíveis efeitos de melhora da memória, pois neste protocolo
animais controle não aprendem a tarefa (Prickaerts e cols., 2004, 2005). Desta
forma, a possível ação de um determinado composto na melhora da memória
poderá ser bem determinada. Como podemos verificar na Figura 13A, ambos os
grupos exploraram os dois objetos durante o mesmo tempo (aproximadamente 50%
61
do tempo total cada objeto a1 e a2) durante a fase de treino. Vinte e quatro após, no
dia do teste, um dos objetos familiares é trocado por um objeto novo (a1 é mantido e
a2 trocado por b). Podemos observar que os dois grupos exploram igualmente os
dois objetos familiar e novo, demonstrando que o tratamento com DNP não afeta a
memória de reconhecimento de ratos de 2 meses.
Os resultados obtidos no teste de RO também podem ser avaliados através
da análise do índice de reconhecimento ou discriminação (d2). O índice d2 é
calculado a partir do tempo de exploração dos objetos, como descrito em
―Metodologia‖. Um índice d2 próximo a zero indica que o animal não aprendeu a
tarefa (ou seja, ele não é capaz de discriminar entre o objeto novo e o familiar). Por
outro lado, um índice d2 maior do que zero indica que o animal aprendeu a tarefa.
Podemos observar que o índice de reconhecimento d2 dos animais controle e
tratados com DNP foi bem próximo a zero, demonstrando que o DNP não afeta a
memória de reconhecimento de ratos de 2 meses de idade (Figura 13B)
62
Figura 12: Teste do Labirinto aquático de Morris realizado com ratos de 4 meses de
idade. Essa tarefa foi realizada com apenas 4 tentativas diárias na fase de
treinamento. (A) Curvas de desempenho dos grupos tratado (n = 10) e controle (n =
10). Os símbolos representam médias ± erro-padrão dos tempos de latência de
escape para a plataforma. (B) Teste comprobatório realizado 24 horas após o último
dia de treino na ausência da plataforma. As barras representam médias ± erro-
padrão das percentagens do tempo total de teste em que os animais permanecem
no quadrante-alvo, em que originalmente se encontrava a plataforma.
63
Figura 13: Falta de efeito do DNP na tarefa do reconhecimento de objetos em ratos
de 2 meses (A) Média (± erro padrão) do tempo de exploração dos objetos idênticos
(a1 e a2) durante o dia do treino e durante o dia do teste (a1 e b, objetos diferentes).
(B) Índice de discriminação (d2) representado como a média ± erro padrão. DNP n =
14; controle n = 17.
64
Nos testes descritos acima, a administração intraperitoneal de DNP foi
interrompida antes do início da realização dos testes, ou seja, foi realizada durante
14 dias prévios aos testes (conforme descrito em Metodologia). Com a finalidade de
verificar os possíveis efeitos da administração um pouco mais prolongada de DNP,
ratos de 2 meses de idade receberam administração intraperitoneal de DNP ou
veículo durante 21 dias consecutivos, sendo o teste do LAM iniciado no 15° dia de
administração. Os ratos foram treinados por cinco dias consecutivos, por seis
tentativas diárias. Mesmo com o tratamento mais prolongado com DNP, observamos
que ratos controle e ratos tratados com DNP apresentaram o mesmo desempenho
no LAM (Figura 14A), e o tempo de permanência no quadrante alvo foi bem próximo
a 40 % do tempo total (Figura 14B). Esses resultados indicam que a administração
prolongada de DNP não afeta a memória de ratos de 2 meses de idade.
Em seguida, foi feito o teste do aprendizado reverso, no qual ambos os
grupos apresentaram um bom desempenho durante o treinamento (como indicado
pelo fato de que os animais adquiriram a informação da nova localização da
plataforma já na segunda saída; Figura 15A). Porém, não consolidaram a
informação da nova localização da plataforma (como indicado pela observação de
que no teste comprobatório nenhum dos dois grupos apresenta preferência pelo
quadrante reverso; Figura 15B). Esses resultados indicam que nenhum dos dois
grupos aprendeu a nova localização da plataforma no aprendizado reverso.
65
Figura 14: A administração mais prolongada de DNP não altera o aprendizado de
ratos no LAM. (A) Labirinto aquático de Morris realizado com ratos de 2 meses de
idade que receberam (n = 8) ou não (n = 8) a administração de DNP por 21 dias. Os
testes foram iniciados no 15° dia de administração. Os símbolos representam medias
± erro-padrão dos tempos de latência de escape para a plataforma. (B) Teste
comprobatório realizado 24 horas após a última sessão de treinamento. As barras
representam medias ± erro-padrão das percentagens do tempo total de teste em que
os animais permanecem no quadrante-alvo, em que originalmente se encontrava a
plataforma.
66
Figura 15: Aprendizado reverso de ratos de 2 meses de idade após administração
prolongada de DNP. (A) Curva de aprendizado dos grupos tratado (n = 8) e controle
(n = 8). (B) Teste comprobatório realizado 24 horas após o aprendizado. As barras
representam médias ± erro-padrão das percentagens do tempo total de teste em que
os animais permanecem no quadrante-alvo, em que originalmente se encontrava a
plataforma, ou no quadrante oposto (reverso).
67
4.2. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos de meia idade
Em seguida, avaliamos o desempenho de ratos de 10 meses de idade que
receberam administração intraperitonial de DNP por 14 dias. Para analisar a
cognição desses animais, inicialmente realizamos testes com o LAM. Por se tratar
de um grupo de animais um pouco mais velho do que os jovens adultos utilizados
nos testes descritos na seção acima, esse teste foi realizado com um treinamento de
6 tentativas diárias. Observamos que tanto o grupo de ratos controle quanto o grupo
tratado com DNP adquiriram de forma semelhante a informação sobre a localização
da plataforma ao longo dos dias de treinamento (Figura 16A). No quinto dia de
treino, pela primeira vez, detectamos uma diferença estatisticamente significativa,
embora pequena, nos tempos de latência de escape entre os grupos DNP e
controle. Embora um efeito bastante modesto, esse foi um primeiro indício de que o
DNP poderia estar tendo um efeito benéfico no aprendizado de ratos de meia idade.
Em seguida, verificamos através do teste comprobatório que o grupo tratado com
DNP de fato passava mais tempo do que o grupo controle no quadrante alvo, em
que a plataforma estava originalmente localizada (p < 0,03) (Figura 16B). Esses
resultados sugerem que o tratamento com DNP melhora a consolidação da memória
em ratos de 10 meses de idade.
68
Figura 16: DNP melhora o desempenho e a memória de ratos de 10 meses de idade
no Labirinto aquático de Morris. (A) Curva de desempenho durante cinco dias de
treinamento. Os resultados estão representados como a média (± erro padrão) dos
tempos de latências de escape até a plataforma submersa das seis tentativas
realizadas em cada dia de treino para os animais da cada grupo. (B) Resultado do
teste comprobatório. As barras representam a média (± erro padrão) do percentual
do tempo total gasto no quadrante alvo. *Indica uma diferença estatisticamente
significativa (p < 0,03; Anova de duas vias seguida de teste Bonferonni). DNP n=16,
controle n=16
69
Em seguida, realizamos o treinamento do aprendizado reverso. Como
podemos verificar na Figura 17A, todos os ratos já apresentam tempos de latência
de escape bem baixos na segunda tentativa, adquirindo rapidamente a informação
sobre a nova localização da plataforma. Assim, observamos que os desempenhos
dos ratos tratados com DNP e dos ratos do grupo controle foram bem semelhantes.
O teste comprobatório foi realizado 24 horas após o treino do aprendizado reverso.
Neste teste, nenhum dos dois grupos permaneceu por pelo menos 40% do tempo
total no quadrante alvo, o que seria esperado de animais que aprenderam a
localização da plataforma (Bekinschtein e cols., 2007, Rossato e cols., 2006, Bonini
e cols., 2006; Ruiz-Opaz e cols., 2004). Como nem os ratos controle nem os ratos
tratados com DNP atingiram o tempo necessário de permanência no quadrante,
esses resultados indicaram que nenhum dos dois grupos aprendeu a nova
localização da plataforma (Figura 17B).
Como os resultados obtidos no teste do LAM indicavam que o DNP causava
uma melhora na memória de ratos de meia idade, fomos investigar, a seguir, os
efeitos do DNP utilizando outro paradigma, com o objetivo de verificar a melhora da
memória de longa duração. O teste escolhido foi o de reconhecimento de objetos
(RO).
70
Figura 17: DNP não altera o comportamento de ratos de 10 meses de idade no
aprendizado reverso. (A) Curva de desempenho do aprendizado reverso.
Representação da média (± erro padrão) dos tempos de latência até a plataforma no
quadrante reverso. (B) Teste comprobatório do aprendizado reverso realizado 24
horas após o treino. As barras representam a média (± erro padrão) do percentual do
tempo total gasto em cada quadrante. Alvo - quadrante alvo, Reverso - quadrante
reverso, Adj1 - quadrante adjacente 1 ao quadrante alvo, Adj2 - quadrante adjacente
2 ao quadrante alvo.
71
Resultados iniciais obtidos durante a fase de treino com o teste de RO
mostraram que ratos de 10 meses que receberam administração intraperitoneal de
DNP por 14 dias e ratos controle exploram do mesmo modo os objetos iguais (a1 e
a2) (Figura 18A) No dia do teste, quando um dos objetos familiares é trocado por
outro novo (a1 é mantido e a2 substituído por b), observamos que os animais
tratados com DNP exploram por mais tempo o objeto novo (65% do tempo total
explorando o objeto novo e 35% o objeto familiar), enquanto que o grupo controle
não apresenta esse comportamento, explorando igualmente os dois objetos (46% e
54% do tempo total de exploração gastos explorando os objetos a1 e b,
respectivamente) (Figura 18A).
Os animais tratados com DNP apresentaram um maior índice d2 quando
comparados com o grupo controle (Figura 18B). Animais controle, que não
aprenderam a tarefa, apresentaram um índice médio d2 = 0,089. Já no grupo de
animais tratados com DNP, o valor médio do índice encontrado foi d2 = 0,3, sendo a
diferença entre os grupos estatisticamente significativa (p<0,01, teste t de Student)
(Figura 18B). Portanto, podemos concluir que o DNP, quando administrado
intraperitonealmente durante 14 dias consecutivos, melhora a memória de
reconhecimento em ratos de 10 meses de idade.
72
Figura 18: DNP melhora a memória de reconhecimento de objetos em ratos de 10
meses de idade. (A) Os ratos foram apresentados a dois objetos idênticos (a1 e a2)
durante cinco minutos no dia 1 (treino). No dia 2 (teste), os ratos foram expostos a
um objeto familiar (a1) e a um novo objeto (b). Os resultados são apresentados
como a média (± erro padrão) do percentual do tempo de exploração de cada objeto
sobre o tempo total de exploração. * Indica uma diferença estatisticamente
significativa (p < 0,001; Teste t de Student). (B) Índice de discriminação (d2) entre o
objeto novo e o objeto familiar. ** Indica diferença estatisticamente significativa (p <
0,02; Teste t de Student). DNP n = 14; controle n = 14.
73
Dando continuidade à nossa investigação, realizamos, em seguida, o teste de
medo condicionado (MC), que avalia uma forma de aprendizado que envolve uma
relação emocional. Normalmente, o tempo que um animal permanece paralisado
neste tipo de paradigma é de aproximadamente 70-80% do tempo total do teste
(Abrari e cols., 2008; Bekinschtein e cols., 2007). Como podemos verificar, os ratos
controle ficam 75,7% do tempo em estado congelado e os tratados com DNP 82,9%.
Esses valores não são estatisticamente diferentes. Assim, nossos resultados
indicam que o DNP não interferiu no tempo em que o animal permaneceu
congelado, demonstrando que o tratamento não afeta o condicionamento provocado
pelo medo (Figura 19).
Figura 19: DNP não interfere no aprendizado do Teste do Medo Condicionado.
Ratos de 10 meses de idade controle (n = 10) e tratados com DNP (n = 10) por 14
dias consecutivos foram submetidos ao teste do medo condicionado (como descrito
em ―Metodologias‖). As barras indicam a média (± erro padrão) do percentual do
tempo de congelamento.
74
4.3. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de ratos idosos
Após observarmos que o DNP melhora a memória de ratos de meia idade, o
nosso próximo objetivo foi o de investigar se o DNP também teria um efeito benéfico
em ratos idosos (18 a 24 meses) Alguns trabalhos prévios já demonstraram que
ratos idosos apresentam déficit no aprendizado espacial e, com o avanço da idade,
várias espécies de roedores apresentam dificuldades de aprendizado em
determinadas tarefas comportamentais (Ruiz-Opaz e cols., 2004; Scali e cols.,
1997). Inicialmente, observamos o desempenho desses animais no LAM. Conforme
podemos observar na Figura 20A, ratos controle e ratos tratados com DNP
apresentaram o mesmo desempenho durante a fase de treinamento no LAM.
Durante o teste comprobatório, porém, verificamos que o grupo tratado com DNP
não aprendeu a localização da plataforma, pois permaneceu somente 25% do tempo
no quadrante alvo, enquanto que o grupo controle permaneceu, em média, 40% do
tempo total no quadrante alvo neste teste (Figura 20B). Isso indica que os animais
idosos tratados com DNP apresentaram um déficit na consolidação da memória.
Durante o treinamento no teste de aprendizado reverso (Figura 21A), ambos
os grupos apresentam um desempenho parecido. Podemos verificar pela
semelhança encontrada entre as duas curvas de aquisição. Entretanto, nenhum dos
dois grupos permaneceu tempo suficiente (aproximadamente 40 % do tempo total)
no quadrante reverso no teste comprobatório (Figura 21B). Assim, o teste de
aprendizado reverso indicou que animais controle e tratados com DNP não foram
capazes de aprender a nova localização da plataforma.
75
Figura 20: DNP provoca déficit de memória em ratos de 18-24 meses no Labirinto
aquático de Morris. (A) Curva de desempenho dos grupos tratado com DNP (n = 9) e
controle (n = 9), representando a média (± erro padrão) dos tempos de latência de
escape até a plataforma. (B) Teste comprobatório realizado 24 horas após a última
sessão de treino. As barras representam a média (± erro padrão) do tempo gasto
pelos animais no quadrante alvo. (* representa diferença estatisticamente
significativa, p < 0,05).
76
Figura 21: Aprendizado reverso de ratos de 18-24 meses. (A) Curva de
desempenho do aprendizado reverso. Representação da média (± erro padrão) dos
tempos de latência até a plataforma no quadrante reverso. (B) Teste comprobatório
do aprendizado reverso realizado 24 horas após o treino. As barras representam a
média (± erro padrão) do percentual do tempo total gasto em cada quadrante. Alvo -
quadrante alvo, Reverso - quadrante reverso, Adj1 - quadrante adjacente 1 ao
quadrante alvo, Adj2 - quadrante adjacente 2 ao quadrante alvo.
77
Em seguida, avaliamos a memória dos ratos idosos (com idade entre 18 e 24
meses) através do teste de RO. Conforme discutido no tópico 4.1, animais controle
não retêm a informação após um período de 24 horas e, durante a fase de teste,
exploram igualmente os objetos novo e familiar. A Figura 22A mostra que tanto
animais controle quanto animais tratados com DNP exploraram durante o mesmo
tempo os objetos iguais a1 e a2 durante a fase de treino. Na fase de teste, onde
objeto familiar (a1) é confrontado com objeto novo (b), ambos os grupos também
exploraram o objeto novo e o objeto familiar durante aproximadamente o mesmo
tempo, demonstrando que não aprenderam a tarefa. Isso pode ser confirmado pela
determinação do índice de discriminação d2, já que os valores médios encontrados
para ambos os grupos foram bem próximos de zero (Figura 22B). Esses resultados
indicam que animais idosos tratados com DNP não apresentam uma melhora no
aprendizado do teste do RO.
78
Figura 22: Falta de efeito do DNP na tarefa do reconhecimento de objetos em ratos
de 18-24 meses. (A) Média (± erro padrão) do tempo de exploração dos objetos
idênticos (a1 e a2) durante o dia do treino e durante o dia do teste (a1 e b, objetos
diferentes). (B) Índice de discriminação (d2) representado como a média ± erro
padrão. DNP n = 9; controle n = 9.
79
4.4. Efeitos do DNP no desempenho cognitivo de camundongos de meia
idade
Conjuntamente, os dados obtidos acima indicavam que o DNP é capaz de
melhorar apenas a memória de ratos de meia idade. A nossa próxima etapa foi
avaliar os efeitos do DNP em roedores de meia idade de outra espécie. Para isso,
utilizamos camundongos BALB/C de 8 meses de idade. Normalmente, esse não é
um modelo escolhido para testes de memória e alguns artigos descrevem esses
animais como modelos pobres de aprendizado (Buchanan e cols., 2008; Brown e
Wong, 2007). Justamente por esse motivo, entretanto, foi este o modelo escolhido
em nosso trabalho para verificarmos possíveis efeitos benéficos do DNP na
memória. Durante 14 dias seguidos, camundongos BALB/C de 8 meses de idade
receberam injeções IP de 5 mg/kg de DNP. Os animais não receberam injeções
adicionais de DNP durante o teste. A Figura 23A mostra o perfil comportamental de
camundongos controle, com uma curva típica de animais que não apresentam boa
aquisição da informação da localização da plataforma. Por outro lado, camundongos
que receberam DNP apresentaram tempos de latência bem menores do que os
camundongos controle, sendo capazes de adquirir a localização da plataforma
(Figura 23 A) No teste comprobatório observamos que os animais tratados com
DNP passaram significativamente mais tempo do que os animais controle
procurando a plataforma no quadrante correto (Figura 23B). Esses resultados
indicam que, assim como observado em ratos de meia idade, o tratamento com DNP
leva à melhora no aprendizado de camundongos BALB/C de meia idade.
80
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5
Controle
DNP
*
*
*
*
Latência de escape (s)
Dias de treinamento
A
Figura 23: DNP melhora a memória de camundongos BALB/C de 8 meses de idade
testados no labirinto aquático de Morris. (A) Curva de desempenho dos animais
tratados com DNP (n = 15) e controle (n = 14). Representação da média (± erro
padrão) dos tempos de latência até a plataforma no quadrante reverso (*) Indica
diferença estatisticamente significativa (p < 0,001). (B) Teste comprobatório realizado
24 após o último dia de treino. As barras representam a média (± erro padrão) do
percentual do tempo total gasto no quadrante alvo. (**) Indica diferença
estatisticamente significativa (p < 0,01).
10
20
30
40
50
60
Controle
DNP
**
81
4.5. Efeitos do DNP nas atividades locomotora e exploratória de ratos e
camundongos de diferentes idades.
Com a finalidade de analisar as atividades locomotora e exploratória de ratos
e camundongos BALB/C de diferentes idades utilizados nos testes descritos
anteriormente, contabilizamos os números de cruzamentos (―crossings‖) e
levantamentos (―rearings‖) realizados por aqueles animais durante o teste do campo
aberto. A Tabela 1 mostra que não há diferenças significativas neste teste entre os
grupos controle e tratados dentro de uma mesma faixa etária. Ratos adultos jovens
de 4 meses de idade e ratos de 10 meses de idade apresentaram número de
cruzamentos e levantamentos bem parecido, o que pode ser igualmente comparado
entre os grupos tratado com DNP e controle. Conforme alguns trabalhos da literatura
(Ruiz-Opazo e cols., 2004; Scali e cols., 1997), animais mais velhos, com idade
variando entre 18 e 24 meses, apresentam um menor número de cruzamentos do
que os animais mais jovens. Porém, não observamos diferença no número de
cruzamentos entre os nossos dois grupos experimentais. Embora apresentando um
menor número de cruzamentos, o número de levantamentos realizados pelos ratos
mais velhos é bem semelhante ao dos animais mais jovens, indicando que o
comportamento exploratório não foi alterado pelo envelhecimento. Da mesma forma
que com os cruzamentos, não houve diferença entre os grupos experimentais após
o tratamento.
82
Tabela 1: DNP não altera as atividades exploratória e locomotora de ratos e
camundongos de diferentes idades.
Cruzamentos
Levantamentos
Controle
DNP
Controle
DNP
Ratos de 4
meses
38,9 ± 6,0
(n =10)
43,9 ± 6,8
(n =10)
16,1 ± 2,5
17,0 ± 2,6
Ratos de 10
meses
44,3 ± 8,6
(n = 8)
41,6 ± 6,7
(n = 8)
19,7 ± 3
24,7 ± 4
Ratos de 18-24
meses
23,7 ± 4,7
(n = 8)
26,4 ± 4,6
(n = 8)
14,3 ± 2,5
13,7 ± 1,9
Camundongos
2 meses
159,1 ± 28
(n = 10)
171,1 ± 17
(n= 10)
27 ± 4,8
25,3 ± 3,6
Camundongos
8 meses
101,1 ± 10,6
(n = 14)
94,7 ± 11,6
(n = 15)
24,7 ± 3,7
33,0 ± 4,8
Os animais são colocados numa caixa de 50 cm x 50 cm x 39 cm para realização do
teste de campo aberto (veja ―Metodologia‖). O número de cruzamentos (―crossings‖)
e o número de levantamentos (―rearings‖) foram contados por 5 minutos (± erro
padrão).
83
Conjuntamente, esses resultados demonstraram que o tratamento com DNP
não interfere nas atividades locomotora e exploratória de ratos ou camundongos
BALB/C de diferentes idades. Este era um controle experimental importante para
que pudéssemos nos assegurar de que os resultados obtidos com DNP nos testes
de memória de fato refletissem alterações no aprendizado e não meramente na
capacidade exploratória ou na movimentação dos animais. Em seguida, buscamos
informações sobre a memória de habituação, outra informação que pode ser obtida
através do teste de campo aberto. A análise desse tipo de memória pode ser
realizada quando o animal é colocado na caixa de comportamento por dois dias
seguidos. O primeiro dia funciona como um dia de treino, enquanto o segundo
funciona como um dia de teste. É natural que o animal explore menos a caixa, uma
vez que o contexto já foi apresentado. Quanto maior o numero de dias de exposição
à caixa, menor o número de cruzamentos e levantamentos que o animal irá realizar.
Ratos com 10 meses de idade submetidos ao campo aberto por dois dias seguidos
apresentaram um menor número de cruzamentos (Figura 24A) e levantamentos
(Figura 24B) no dia de teste do que no dia de treino (*p < 0,04). Ratos de 2 meses e
18-24 meses também habituam ao teste do campo aberto e o tratamento com DNP
não afeta esse perfil (dados não mostrados). Esses resultados demonstram que os
ratos se habituam ao ambiente e exploram menos a caixa, sugerindo que o
tratamento com DNP não afeta a memória de habituação desses animais.
Por outro lado, camundongos BALB/C com 8 meses não apresentam esse
perfil comportamental. No dia de teste, tanto o número de cruzamentos (Figura 24C)
como o de levantamentos (Figura 24D) são bem similares àqueles encontrados no
dia do treino, demonstrando que os camundongos não apresentam memória de
habituação nessas condições. O tratamento com DNP não afetou o desempenho de
84
camundongos no campo aberto e nem na memória de habituação. Dados similares
foram encontrados em camundongos de 2 meses submetidos ao campo aberto por
dois dias seguidos, onde o tratamento com DNP não afetou a memória de
habituação e nem o número de levantamentos e o de cruzamentos (dados não
mostrados).
85
Figura 24: DNP não afeta atividades locomotora e exploratória de ratos de 10 meses
(A e B) e camundongos de 8 meses (C e D) e nem a memória de habituação. As
barras representam médias (± erro padrão) do número de cruzamentos e
levantamentos realizados no teste de campo aberto durante o treino (barras cinza) e
durante o teste (barras negras). (*) Indica diferença estatisticamente significativa (p <
0,04).
86
Análise Bioquímica
4.6. Efeitos do DNP nos níveis das proteínas tau, pCREB, pERK e MAP2 no
hipocampo de ratos
Como havíamos observado que o DNP melhora a cognição em ratos de meia
idade, o próximo passo de nosso projeto consistiu na análise dos níveis de algumas
proteínas já conhecidamente envolvidas com os processos de formação da memória
e também de outras proteínas que apresentam uma possível relação com esses
processos. Para isto, realizamos imunoblottings com extratos dos hipocampos dos
ratos de meia idade que foram submetidos aos testes comportamentais. De maneira
interessante, observamos que os hipocampos de ratos tratados com DNP
apresentaram níveis da proteína tau mais elevados do que os hipocampos de
animais controle (Figura 25A). O nosso grupo mostrou recentemente que o
tratamento com DNP aumenta os níveis da proteína tau em culturas primárias de
neurônios de hipocampo e córtex cerebral de ratos embrionários (Wasilewska-
Sampaio e cols., 2005) e foi importante fazermos essa correlação com os nossos
novos dados in vivo. Adicionalmente, investigamos os níveis de MAP2, outra
proteína associada a microtúbulos. Os níveis de MAP2 também se encontraram
aumentados nos hipocampos dos ratos de meia idade que receberam tratamento
com DNP (Figura 25B) Esses resultados sugerem que um dos mecanismos pelos
quais o DNP melhora a memória dos ratos de meia idade possa envolver o aumento
dos níveis de proteínas do citoesqueleto, resultando em um possível efeito
estimulador do crescimento e arborização dendríticos.
87
Figura 25: Efeitos do DNP nos níveis das proteínas tau (A) e MAP2 (B) em ratos de
10 meses de idade. Cada ponto do gráfico representa, para cada animal
experimental, a quantificação da intensidade da banda da proteína de interesse
normalizada pela intensidade do controle de carregamento (ciclo B). As barras
horizontais representam as médias das intensidades. ―Western blotting‖
representativo para tau (A) e para MAP2 (B).
88
Em seguida, investigamos os níveis de proteínas envolvidas em processos
relacionados à formação de memória. O possível impacto do DNP nos níveis da
forma fosforilada do fator CREB foi inicialmente investigado. Como podemos verificar
na Figura 26A, os níveis de pCREB nos extratos dos hipocampos dos animais
tratados com DNP foram maiores que no grupo controle, embora os níveis de CREB
total não tenham sido alterados pelo tratamento com DNP (Figura 26B). Esse
resultado nos indica que o tratamento com DNP modula a sinalização que envolve
fosforilação de CREB, um processo reconhecidamente importante nas etapas da
formação da memória.
A proteína ERK na sua forma fosforilada também está relacionada com
processos de formação da memória. Assim, resolvemos também investigar os níveis
de pERK no hipocampo dos animais. Conforme mostrado na Figura 27, os extratos
dos hipocampos dos ratos tratados com DNP apresentaram níveis aumentados de
pERK quando comparados com ratos controle. Em conjunto, esses resultados
indicam que o DNP aumenta in vivo os níveis de proteínas importantes para os
processos de formação da memória.
Em seguida, estendemos os nossos estudos e avaliamos os níveis das
proteínas sinaptofisina, NeuN e PSD95 nos hipocampos de ratos de meia idade
controle e tratados com DNP. Não observamos diferenças nos níveis totais dessas
proteínas nos dois grupos experimentais (Figuras 28 e 29, respectivamente).
Esses resultados indicam que o tratamento com DNP não afete os níveis de
proteínas relacionadas à formação de sinapses. O fato de não observarmos
aumento de todas as proteínas analisadas é um indício de que os efeitos do DNP
não são inespecíficos.
89
Figura 26: Efeitos do DNP nos níveis de pCREB (A) e CREB (B) em ratos de 10
meses de idade. Cada ponto do gráfico representa, para cada animal experimental,
a quantificação da intensidade de cada banda normalizada pelo controle de
carregamento (ciclo B). As barras horizontais representam as médias das
intensidades. ―Western blotting‖ representativo para pCREB (A) e para CREB total
(B).
90
Figura 27: Efeitos do DNP nos níveis de pERK em ratos de 10 meses de idade que
foram submetidos aos testes de RO e LAM. Cada ponto do gráfico representa, para
cada animal experimental, a quantificação da intensidade de cada banda
normalizada pelo controle de carregamento (ciclo B). As barras horizontais
representam as médias das intensidades. ―Western blotting‖ representativo para
pERK.
91
Figura 28: Ausência de efeitos do DNP nos níveis das proteínas Sinaptofisina (A) e
NeuN (B) em ratos de 10 meses de idade que foram submetidos aos testes de RO e
LAM. Cada ponto do gráfico representa, para cada animal, a quantificação da
intensidade de cada banda normalizada pelo controle de carregamento (ciclo B). As
barras horizontais representam as médias das intensidades. ―Western blotting‖
representativo para sinaptofisina.
92
Figura 29: Ausência de efeitos do DNP nos níveis da proteína PSD95 em ratos de
10 meses de idade. Cada ponto do gráfico representa, para cada animal
experimental, a quantificação da intensidade da banda da proteína de interesse
normalizada pela intensidade do controle de carregamento (ciclo B). As barras
horizontais representam as médias das intensidades. ―Western blotting‖
representativo para PSD95.
93
DISCUSSÃO
Os resultados apresentados nesta tese demonstraram que o DNP promove
melhora da memória de ratos de 10 meses de idade e que esses animais
apresentam aumento dos níveis das proteínas tau, MAP2, pCREB e pERK; Os
níveis de PSD95, sinaptofisina e NeuN permanecem inalterados em extratos de
hipocampo, quando comparados com animais controle. Podemos sugerir também,
que, segundo os dados encontrados nesta Tese, o tratamento de ratos idosos (18-
24 meses) afetou a consolidação da memória e que ratos adultos jovens, com idade
entre 2 e 4 meses não tiveram seu perfil comportamental alterado após o tratamento
com DNP. A memória de camundongos de 8 meses também foi avaliada e, mais
uma vez, o tratamento com DNP foi eficiente, melhorando a memória desses
animais. Por outro lado, o tratamento com DNP em camundongos de 2 meses de
idade não alterou o aprendizado desses animais.
5.1. DNP melhora a memória de ratos e camundongos de meia idade
Os efeitos na melhora da memória promovidos pelo DNP foram demonstrados
em ratos de 10 meses e em camundongos de 8 meses de idade. Algumas
diferenças foram encontradas, uma vez que os efeitos na memória espacial,
verificada pelo LAM, foram menores que os efeitos encontrado na memória de
reconhecimento nos ratos. Porém, quando o modelo utilizado passa a ser
camundongos BALB/C, o efeito do DNP aparece mais evidente no LAM, por se tratar
de um modelo com déficits no aprendizado.Esses resultados mostram que o
tratamento com DNP melhora também a memória de camundongos de 8 meses de
idade.
94
O teste de RO foi realizado utilizando um protocolo onde animais controle não
aprendem a tarefa quando o intervalo de tempo entre o treinamento e o teste é
superior a 4 horas e os objetos utilizados durante o treino são iguais (Ennaceur e
Delacour, 1988; Prickaerts e cols., 2002). Esse protocolo é muito útil para
experimentos onde a finalidade é a verificação de efeitos de tratamentos na melhora
da memória de roedores. Utilizamos em nosso modelo um intervalo de 24 horas,
importante para determinar que o aprendizado avaliado foi de longa duração. Não
podemos determinar em que fase do aprendizado o DNP atuou para promover seus
efeitos, uma vez que o tratamento foi contínuo, durante 14 dias antes do início dos
testes. Podemos sugerir que, devido à natureza da tarefa, onde a retenção não
passa de 4 horas em animais normais, o DNP possivelmente estaria atuando na
consolidação ou na retenção da memória de reconhecimento. Por outro lado, não
podemos determinar esse efeito na memória de camundongos BALB/C, uma vez
que o teste de RO não foi realizado nessa espécie.
Outros trabalhos já demonstraram efeitos de compostos na melhora de
roedores. Scali e colaboradores, em 1997, descreveram os efeitos de metrifonato,
um inibidor de colinesterase, na memória de ratos idosos (idade entre 22 e 24
meses) utilizando a tarefa de RO. Nesse trabalho, os efeitos do metrifonato foram
bem evidentes, mostrando uma melhora na memória de reconhecimento de ratos
idosos tratados. Utilizando também o paradigma do RO, Prickaerts e colaboradores,
em 2005, demonstraram que Donepezil, outro inibidor de colinesterase, e sildenafil,
um inibidor de fosfodiesterase, foram capazes de melhorar a memória de ratos com
idades entre 4 e 5 meses.
O teste de LAM utiliza um protocolo mais complexo onde os animais precisam
aprender a nadar, a encontrar a plataforma submersa e fazer as relações das pistas
95
visuais da sala de comportamento com a localização da plataforma. Ratos e
camundongos são nadadores natos, porém, só utilizarão essa habilidade após entrar
em contato com uma situação onde nadar é necessário. Os resultados apresentados
nesta Tese demonstram que o tratamento com DNP promove uma pequena
diferença no desempenho de ratos de meia idade no LAM, (quinto dia de treino) e,
adicionalmente, o melhor desempenho de camundongos de 8 meses tratados com
DNP foi bem evidente durante o treinamento (Figura 23). Essas diferenças
encontradas sugerem, portanto, que o DNP melhora a memória de ratos e
camundongos, atuando, possivelmente, na fase de aquisição do aprendizado do
LAM.
O teste comprobatório, realizado 24 horas após o último dia de teste,
demonstra que o DNP também melhora a consolidação da memória de longa
duração, o que pode ser evidenciado pela diferença do tempo de permanência no
quadrante alvo tanto nos ratos quanto nos camundongos tratados (Figuras 16B e
23B). Embora o desempenho dos camundongos tratados com DNP e controle
tenham sido bem diferentes, demonstrando que o grupo controle não adquire a
informação da localização da plataforma, não podemos desprezar o resultado
encontrado no teste comprobatório, onde o grupo controle passa aproximadamente
40% do tempo procurando a plataforma no quadrante alvo.
O LAM utiliza tanto estratégias de aprendizado alocêntricas quanto
egocêntricas (Morris e cols., 1982; Moghaddam & Bures, 1996; Wang & Spelke,
2002; Kealy e cols, 2008) O uso de pistas alocêntricas para aprender a tarefa já foi
muito bem descrito e vários estudos já demonstram que esta é a primeira estratégia
de aprendizado empregada pelos animais (Morris e cols., 1981; Maaswinkel e
Whishaw, 1999). Por outro lado, o papel das pistas internas (egocêntricas), como,
96
por exemplo, os movimentos gerados pelo próprio animal durante a navegação
espacial, permanecem pouco elucidados (Morris e cols., 1981; Kealy e cols, 2008).
Para aprender a tarefa do LAM, tipicamente, os animais utilizam a combinação
dessas duas estratégias: os indivíduos começam o aprendizado pela alocêntrica,
quando inicialmente aprendem a localização da plataforma; então, trocam para a
estratégia egocêntrica, o que acontece durante as sessões de treinamento da tarefa
(Chang & Gold 2003, Packard & McGaugh, 1996, Kealy e cols., 2008). Podemos
justificar o tempo de procura no quadrante alvo dos camundongos controle por esse
componente egocêntrico.
Camundongos BALB/C são modelos de aprendizado menos utilizados que
outras linhagens de camundongos, por apresentarem deficiência no aprendizado de
tarefas espaciais, como o LAM. Alguns trabalhos já descreveram que camundongos
BALB/C são modelos pobres de aprendizado em tarefas de habilidade espacial
devido a anormalidades morfológicas hipocampais (Schröder e Sund, 1984; Roullet
e cols, 1993; Sunyer e cols, 2007). Entretanto, podemos definir esse modelo como
sendo útil em protocolos onde o objetivo é a verificação da melhora da memória. De
maneira bem variável, o desempenho depende da linhagem e do teste
comportamental utilizados. Estudos com camundongos BALB/C, suíços, C57BL e
129/Sv e demonstraram que as três primeiras linhagens são bons modelos de
aprendizado no teste de RO (Sık e cols, 2003, De Bruin e Pouzet, 2006), enquanto
que no teste do LAM camundongos BALB/cByJ e BALB/cJ, apresentam um
desempenho muito inferior quando comparados com camundongos C57BL (Brown e
Wong, 2007). Barad e colaboradores (1998) descreveram os efeitos do rolipram na
melhora da memória de C57BL utilizando a tarefa do LAM. Camundongos C57BL de
97
3 meses e 19 meses submetidos a exercícios apresentaram uma melhora da
memória, também quando testados no LAM (van Praag e cols, 1999, 2005).
Devemos citar também que o teste do LAM é muito utilizado para verificação
da reversão de déficits cognitivos provocados por estresse (Nicholas e cols., 2006) e
também para verificar a influência de proteínas ou peptídeos neurotóxicos na
memória (De Rosa e cols., 2005; Rossato e cols, 2006; Yuossef e cols., 2008).
Em nosso modelo, verificamos que o treinamento reverso foi realizado com
sucesso, uma vez que ratos tratados e controle apresentaram o mesmo perfil
durante o processo de aquisição (Figura 17A). Porém, o teste comprobatório do
aprendizado reverso, realizado 24 horas após o treino, mostrou que nenhum dos
dois grupos aprendeu a nova localização da plataforma e não apresentou
preferência por nenhum quadrante. Podemos sugerir que esse protocolo não foi
eficiente para verificar esse tipo de aprendizado em animais com idade um pouco
mais avançada. Observamos que os animais tratados com DNP apresentaram uma
pequena diferença, porém não significativa, entre o tempo gasto no quadrante alvo e
reverso (Figura 17). Esses dados podem indicar que o tratamento com DNP poderia
estar levando a uma tendência de melhora na aquisição de uma nova informação (a
nova localização da plataforma) em ratos de meia idade. Entretanto, esse é um dado
não conclusivo, pois o tempo gasto no quadrante adjacente 1 foi bem semelhante ao
gasto no quadrante reverso (Figura 17B).
No aprendizado reverso, os animais continuam retendo o as informações do
procedimento (chegar a uma plataforma de escape), porém, esquecem ou
extinguem o aspecto declarativo (achar o quadrante correto usando as pistas
visuais) e substituem a memória por outro traço (a nova localização da plataforma)
(Izqueirdo e cols. 2004; Cammarrota e cols., 2004; Rossato e cols., 2006). No
98
resultado apresentado na Figura 17B, os ratos esqueceram (ou extinguiram) a
informação inicialmente adquirida e o DNP não alterou esse comportamento.
Nossos resultados indicam que o tratamento com DNP não afeta as
atividades locomotora e exploratória de ratos e camundongos de meia idade (Tabela
1) e podemos ressaltar que a velocidade de natação e a distância percorrida pelos
grupos controle e tratado com DNP não foram diferentes durante o teste
comprobatório (Tabela 2). O teste do campo aberto é um importante controle para
avaliar se os efeitos do tratamento verificados nos testes comportamentais ocorrem
devido a mudanças da ansiedade ou da capacidade motora, o que não foi
observado nos nossos experimentos. A avaliação da velocidade de natação
corrobora esses achados, uma vez que os grupos de meia idade controle e tratados
com DNP apresentam valores similares.
99
Tabela 2: Velocidades e distâncias percorridas pelos ratos durante o teste
comprobatório.
A velocidade de natação e a distância percorrida é medida durante o teste
comprobatório. As velocidades estão expressas em cm/segundo e as distâncias
percorridas em cm. * Indica diferença estatisticamente significativa entre os grupos
controle e tratados com DNP (p<0,003).
Outra informação fornecida pelo teste do campo aberto foi a memória de
habituação. A memória de habituação de ratos de meia idade não foi afetada pelo
tratamento com DNP (Figuras 24A e B). Podemos citar, também, que o tratamento
não afeta a memória de habituação de ratos de 2-4 meses e de ratos de 18-24
meses (dados não mostrados). Esse comportamento é bem descrito na literatura e
sabe-se que situações de estresse e intervenções farmacológicas afetam esse perfil
(Réus e cols., 2008; Mello e cols., 2008). A administração de doses acima de
5mg/kg de memantina, um antagonista não competitivo de receptores NMDA, afeta
Velocidade
(cm/segundo)
Distância percorrida
(cm)
Controle
DNP
Controle
DNP
Ratos de 2
meses
22 ± 1,56
24 ± 1,87
465 ± 121
605,4 ± 162
Ratos de 10
meses
26 ± 1,0
24 ±1,3
500 ± 62
569 ± 68
Ratos de 18-24
meses
27 ± 0,6
28 ± 0,8
602 ± 45*
395 ± 29*
100
a memória de habituação em ratos, tanto no número de cruzamento quanto o de
levantamentos (Réus e cols., 2007).
Podemos fazer uma interessante observação no teste do campo aberto
quanto ao número de cruzamentos e levantamentos dos animais com idade mais
avançada. Os dados apresentados mostram que os ratos mais velhos (18 -24
meses) e os camundongos mais velhos (8 meses) cruzam menos que os animais
mais jovens (Tabela 1). Porém, o número de levantamentos é bem parecido quando
comparamos ratos de 2-4 meses com ratos de 18-24 meses e também quando
comparamos camundongos de 2 meses com camundongos de 8 meses. Essas
observações interessantes podem sugerir que a vontade de explorar (uma
capacidade cognitiva) não está diminuída com a idade e sim, a atividade locomotora
está diminuída. No processo de envelhecimento, as habilidades físicas entram em
declínio, em geral, antes das cognitivas (Erickson e Barnes, 2003). Podemos,
portanto, explicar a diminuição da atividade motora dos animais idosos. Em geral, a
atividade em algumas regiões do cérebro de animais idosos está diminuída (Grady,
2008).
Uma busca na literatura nos mostrou que existem poucos trabalhos que
mostram a memória de habitação em camundongos BALB/C. Um deles descreve
que o estado de ansiedade naturalmente maior dessa linhagem afeta a memória de
habituação (Tang e cols., 2002). Porém, Sik e colaboradores descreveram em 2003,
que a tarefa do RO em camundongos BALB/C é muito bem aprendida. O
aprendizado desta tarefa depende da etapa de habituação, que neste trabalho foi
realizada por três dias consecutivos, duas vezes por dia. Portanto, uma maior
exposição à arena talvez seja necessária para uma melhor avaliação da memória de
habituação em camundongos BALB/C. Esse perfil pode ser interpretado como
101
favorável para a avaliação de melhora da memória de habituação, demonstrando,
assim, que o tratamento com DNP não afeta esse tipo de memória.
Os ratos tratados com DNP submetidos ao teste do medo condicionado não
apresentaram diferenças comportamentais quando comparados com ratos controle
(Figura 19). Esse dado nos fornece informações sobre outro tipo de aprendizado,
que envolve a memória implícita. De modo geral, o conjunto de resultados obtidos
através dos testes de LAM e RO (que avaliam memória explicita) e dos testes de
habituação e MC (que avaliam memória implicita), podemos formular uma hipótese
de que o DNP promove uma melhora da memória explícita de ratos de meia idade,
não interferindo na memória implícita.
5.2. DNP não interfere na memória de ratos de 2-4 meses de idade
Grupos de ratos adultos jovens controle ou tratados com DNP apresentaram o
mesmo perfil comportamental apresentando desempenhos semelhantes (Figuras
12, 13 e 15) nas tarefas de RO e LAM. Particularmente, na tarefa do LAM, o teste
comprobatório demonstrou que ambos os grupos não aprenderam a localização da
plataforma, passando menos que 40% do tempo no quadrante alvo.
É bem descrito na literatura que ratos de 2 a 4 meses de idade são ótimos
modelos de aprendizado (Morris e cols., 1982; Broadbent e cols., 2004, Clark e cols.,
2007, Tse e cols., 2007). Portanto, para que pudéssemos verificar um possível papel
do DNP na melhora da memória, o teste foi dificultado através da redução do
número de saídas por dia de treino (utilizamos 4 saídas, Figura 12). Como o grupo
controle não aprendeu a localização da plataforma, esse dado indica que o número
de saídas escolhido no teste de LAM não tenha sido suficiente para o treinamento
102
desses animais. Van Praag e colaboradores, em 2005, descreveram os efeitos
benéficos do exercício físico no aprendizado. O protocolo utilizado foi semelhante ao
nosso, utilizando 4 saídas por dia, durante 5 dias de treinamento. Naquele trabalho,
camundongos C57BL controle de 3 meses de idade permaneceram somente
aproximadamente 30% do tempo explorando o quadrante alvo durante o teste
comprobatório. Portanto, esse protocolo é útil para avaliação de tratamentos ou
intervenções para a melhora da memória. Sendo assim, podemos concluir que o
DNP não afeta a memória de ratos de 2-4 meses.
Quando o tempo de administração de DNP foi prolongado por 21 dias e o
LAM realizado, verificamos que os ratos de 2 meses de idade apresentaram o
mesmo desempenho (Figura 14A). Neste caso, o número de saídas foi maior (6
tentativas diárias), mostrando que ambos os grupos aprenderam a tarefa e o
tratamento continuado com DNP não afetou a aquisição da informação da
localização da plataforma e nem a consolidação (Figura 14B).
O teste do aprendizado reverso mostrou que ambos os grupos não
aprenderam a nova localização da plataforma (tempo menor que 40% no quadrante
reverso, Figura 15B), mesmo apresentando um excelente desempenho, observado
pela curva do treino. (Figura 15A). Podemos explicar esse resultado observado
devido a uma possível extinção da memória, sem a substituição da nova informação
(Cammarota e cols., 2004; Rossato e cols., 2006).
Podemos confirmar ainda a ausência de efeitos do DNP pelos dados obtidos
no paradigma de RO (Figura 13). Mais uma vez, o protocolo foi utilizado com o
objetivo de verificar a melhora da memória (dois objetos iguais no dia do treino, com
um intervalo de 24 horas).
103
5.3. Ratos idosos (18-24 meses) apresentaram déficit cognitivo após o
tratamento com DNP.
Através do teste do LAM, verificamos que tanto o grupo tratado com DNP
quanto o grupo controle apresentaram o mesmo perfil durante o treinamento (Figura
20A). Porém, no teste comprobatório os ratos tratados com DNP permaneceram
somente 25% do tempo total no quadrante alvo (Figura 20B). Podemos sugerir que
o DNP não afeta a memória durante a fase de aquisição, porém, a consolidação e a
retenção da memória podem ter sido comprometidas pelo tratamento com DNP. O
perfil do treinamento reverso para ambos os grupos foi muito heterogêneo, tanto
para o grupo controle quanto para o grupo tratado com DNP, onde o podemos
perceber que ambos os grupo mais, uma vez, não aprenderam a localização da
plataforma (Figura 21).
De acordo com os valores de distância percorrida e velocidade dos ratos
idosos (Tabela 2) podemos concluir que o DNP não afeta a locomoção (também
confirmado pelo teste do campo aberto, Tabela 1) e sim o tempo de procura pela
plataforma no quadrante alvo. A distância percorrida pelo grupo controle é
significativamente maior que o grupo tratado, mostrando que o déficit provocado
pelo DNP provavelmente está ocorrendo na fase de consolidação da memória dos
ratos idosos.
Segundo a literatura, os estudos realizados com animais que foram
administrados com DNP por via oral são muito deficientes no protocolo experimental.
Faltam informações importantes como peso, idade, sexo e, ainda, o número de
animais utilizados. Podemos, também, descrever outras falhas nos estudos
realizados com humanos, como, por exemplo, a falta de testes estatísticos e de
104
grupo controle para comparação (De Felice & Ferreira, 2006). Em ratos, a
administração de DNP não provoca um significativo aumento da taxa metabólica em
doses orais de 10 mg/ kg. O aumento da taxa metabólica só é verificado em doses
acima de 10 mg/ kg (Liao & Oehme, 1980).
O teste do RO foi realizado nesses animais e mais uma vez não verificamos
efeitos na melhora de memória nos ratos tratados com DNP (Figura 22A e B).
Nesse teste, conforme citado anteriormente, animais controle não aprendem a tarefa
após intervalo de 24 horas. Esses dados apresentados sugerem que o DNP provoca
um déficit na memória espacial e análises complementares são necessárias para
avaliação dos seus efeitos na memória de reconhecimento de ratos idosos, assim
como uma melhor investigação da concentração usada e o tempo de administração.
Trabalhos realizados pelo grupo de Amy Arnsten têm demonstrado que a
ativação de vias de cAMP no córtex pré-frontal provoca déficits em ratos idosos
(Taylor e cols., 1999; Ramos e cols., 2003; Arnsten e cols., 2005). Mais
recentemente, o mesmo grupo mostrou que os efeitos benéficos de guanfacina, um
agonista de receptores adrenérgicos, resultam da inibição da sinalização
dependente de cAMP (Ramos e cols., 2006). Tendo em vista os efeitos in vitro do
DNP, aumentando os níveis de cAMP (Wasilewska-Sampaio e cols., 2005),
podemos relacionar os efeitos não benéficos provocados pelo DNP em animais
idosos com esses dados da literatura. O DNP poderia estar provocando um aumento
de cAMP em indivíduos idosos e causando um déficit de memória. Para confirmar
essa hipótese de acordo com os dados encontrados nesta Tese, devemos analisar o
hipocampo desses animais, relacionando assim, os níveis de proteínas associadas
com a formação da memória e o perfil comportamental. As relações entre os níveis
protéicos e o perfil comportamental serão mais discutidas adiante.
105
A memória de habituação analisada no campo aberto não foi alterada,
mostrando mais uma vez que o DNP não afeta a memória implícita (dados não
mostrados).
5.4. Ratos de meia idade tratados com DNP apresentaram um aumento
dos níveis de proteínas relacionadas com a formação da memória
O hipocampo é a parte do cérebro mais bem descrita envolvida em processos
de aprendizado que envolvem a formação de memória explícita (Squire e Zola,
1996, 2004; Kandel, 2000). Tanto no LAM quanto no RO, os ratos utilizam a rede
neural do hipocampo e áreas relacionadas para formar esse tipo de memória (Morris
e cols., 1982; Broadbent e cols., 2004; Brown e Aggleton, 2001, Hannesson e cols.,
2004). Verificamos o aumento dos niveis de tau, MAP2, CREB fosforilada e ERK
fosforilada nos hipocampos de ratos de meia idade tratados com DNP (Figuras 25 e
26A e 27). Por outro lado, PSD95, NeuN e Sinaptofisina não sofreram alteração nos
seus níveis protéicos quando comparados grupo tratado com grupo controle
(Figuras 28 e 29).
As proteínas tau e MAP2 são proteínas associadas a microtúbulos que
promovem a orientação da polimerização e concentração de microtúbulos. O
trabalho publicado pelo nosso grupo em 2005, onde culturas neuronais tratadas com
DNP apresentaram um aumento nos níveis da proteína tau quando comparadas com
culturas controle (Wasilewska-Sampaio e cols., 2005) já havia nos fornecido uma
informação importante quanto aos efeitos do DNP na neuritogênese in vitro, uma vez
que o aumento de tau nas culturas tratadas sugeriu um efeito do DNP no
fortalecimento da rede de microtúbulos. Seguindo os dados encontrados com a
106
utilização de culturas de neurônios, foi interessante observar que o DNP também
aumenta os níveis dessa proteína nos hipocampos dos ratos de meia idade. É
importante ressaltar que a proteína tau é uma proteína central na estabilização de
microtúbulos, funcionando como uma peça chave no alongamento e crescimento de
neuritos do sistema nervoso central (Drubin e Kirschner, 1986; Ávila e cols, 2004).
Em condições fisiológicas, tau é necessária para o estabelecimento da polaridade de
células neuronais. É determinante para o crescimento e transporte dos axônios e
manutenção de sua morfologia, sendo observado um aumento da expressão da tau
concomitante com a extensão de neuritos (Saragoni e cols., 2000).
Com o mesmo objetivo, os níveis de outra MAP também foram investigados.
É descrito que a imunoreatividade para MAP2 na região CA1 do hipocampo de ratos
e camundongos idosos está diminuída, sugerindo-se que os dendritos e axônios
desta região se encontram mais susceptível aos processos de envelhecimento
(Himeda e cols, 2005, Di Stefano e cols, 2001). Camundongos deficientes em
Collapsin Response Mediator Protein-1‖, uma fosfoproteína neuronal que tem o
papel de guiar os cones de crescimento, apresentam dendritos da região CA1 do
hipocampo formados de modo incorreto, onde a MAP2 não está bem distribuída, e
esses animais apresentam déficits de memória no LAM (Su e cols, 2007).
O crescimento e a retração de neuritos são muito importantes para a
plasticidade e regeneração neuronal. O estado dinâmico dos microtúbulos permite a
maturação dos neurônios com a retração de neuritos velhos e extensão de novos.
Essa trajetória de crescimento é determinada por uma estrutura especializada,
chamada de cone de crescimento, que recebe informações do meio extracelular que
promovem o alongamento axonal (Lent, 2002). O alongamento dos axônios e
dendritos no momento e direção corretos formam a base para a conectividade e,
107
conseqüentemente, para a atividade neuronal (da Silva e Dotti, 2003). Desta forma,
podemos formular a hipótese de que o DNP melhora a memória de animais de meia
idade, atuando na rede de microtúbulos in vivo, um processo importante para a
neuritogênese. Adicionalmente, esses resultados indicam que um dos mecanismos
pelos quais o DNP está agindo na melhora da memória de ratos pode envolver o
fortalecimento da rede de microtúbulos e também a polaridade neuronal.
Os níveis da proteína CREB também foram investigados. Vários trabalhos já
associaram a ativação do fator de transcrição CREB a processos de aprendizado e
memória e também em vias envolvidas na plasticidade sináptica (Kaang e cols,
1993; Gong e cols, 2004). Nesta Tese, verificamos que o DNP aumenta os níveis do
fator CREB na sua forma fosforilada no hipocampo de ratos de meia idade que
foram submetidos aos testes de RO e LAM (Figura 26A). Adicionalmente, foi
demonstrado que os níveis da CREB total não estão alterados entre os grupos
controle e tratado com DNP (Figuras 26A e B).
Um estudo recente demonstrou que a administração aguda de rolipram induz
o aumento de CREB fosforilada em camundongos modelo para DA, que foram
submetidos ao teste do LAM. Esses animais apresentam um melhor desempenho
quando comparados a animais controle (Gong e cols, 2004). O rolipram é um
inibidor específico de fosfodiesterase (PDE ―phosphodiesterase‖) tipo IV. Essa
enzima hidrolisa o cAMP em 5′-AMP, sendo responsável pelo retorno aos níveis
basais intracelulares de cAMP. Outro trabalho interessante demonstra que animais
que super expressam adenilato cilase, apresentam melhor desempenho em várias
tarefas comportamentais e que essa melhora é acompanhada de aumento nos
níveis de pCREB (Wang e cols., 2004). Dados prévios do nosso grupo mostram que
o DNP aumenta os níveis de cAMP em culturas neuronais (Wasilewska-Sampaio e
108
cols, 2005). Sendo assim, podemos sugerir que o DNP está agindo em processos de
formação da memória através da fosforilação do fator CREB em ratos de meia
idade.
O evento de fosforilação da CREB é descrito como um dos mecanismos da
formação da memória e sua ativação no processo de aprendizado no hipocampo
(Monti e cols, 2006, Genoux e cols, 2002, Bourtchuladze e cols, 1994; Dalley e cols,
1999; Kogan e cols, 2000) e também no córtex perirrinal (Warburton e cols, 2005).
Não podemos deixar de citar que a conexão entre CREB e memória de longa
duração já foi estabelecida em vários organismos (Carlezon e cols, 2005). Mutações
ou deleções de isoformas chaves de CREB bloqueiam a memória de longa duração
em Drosophila e também em camundongos (Yin e cols, 1994; Bourtchuladze e cols,
1994; Carlezon e cols, 2005).
A participação de ERK (extracellular regulated kinase) tem sido demonstrada
em processo de plasticidade, aprendizado e memória (Sweatt, 2001). Estudos
recentes utilizando animais transgênicos para MEK, a cinase que ativa ERK,
fosforilando-a, demonstram que esses animais apresentam déficits cognitivos no
LAM (Kelleher III e cols, 2004). Conforme visto pelo nosso grupo, o efeito do DNP in
vitro na diferenciação de linhagem de neuroblastoma N2A envolve a ativação de
ERK (Wasilewska-Sampaio e cols, 2005). Observamos que ratos de meia idade
tratados com DNP apresentaram níveis de ERK fosforilada maiores que os ratos
controle (Figura 27), sugerindo que os efeitos desse composto melhorando a
memória de ratos possam envolver a ativação dessa via.
PSD95 e sinaptofisina, que são importantes marcadoras pós- e pré-
sinápticas, respectivamente, não tiveram seus níveis modificados após o tratamento
com DNP. Podemos sugerir, então, que o tratamento com DNP não afeta os níveis
109
dessas proteínas em ratos de meia idade e que seus efeitos na melhora da
memória, possivelmente, não envolvem alterações nos níveis destas proteínas
sinápticas. Não houve mudança dos níveis de NeuN, uma proteína nuclear de
neurônios. Esse dado é um indício de que o DNP não está afetando a proliferação
neuronal. Porém, este é um evento que precisa ser confirmado por técnicas
imunohistológicas dos hipocampos desses animais.
Os cérebros dos animais idosos, que apresentaram déficit cognitivo, não
foram analisados por ―western blotting‖. Entretanto, podemos levantar uma hipótese
sobre as mudanças comportamentais encontradas e os níveis de proteínas
relacionadas com a memória. Como visto nos animais que tiveram uma melhora na
memória os níveis de pCREB, tau e MAP2 se encontraram aumentados, é possível
que a quantidade dessas proteínas nos hipocampos do animais idosos esteja
diminuída. Da mesma forma, podemos sugerir que os níveis protéicos nos
hipocampos dos ratos de 2-4 meses controle e tratados com DNP estejam
inalterados.
A Figura 30 apresenta aos efeitos benéficos do DNP encontrado pelo nosso
grupo, desde a caracterização inicial de composto neuroprotetor contra o peptídeo
beta amilóide até os achados descritos nesta Tese.
110
Figura 30: Efeitos benéficos do 2,4 dinitrofenol (DNP). a) O DNP bloqueia a
agregação do peptídeo beta-amilóide, impedindo a formação de oligômeros e fibras
amilóides (De Felice e cols., 2001, 2004). Desta forma, a ação neurotóxica dos
oligômeros e fibras amilóides é bloqueada, impedindo a degeneração neuronal
provocada por estes agregados. b) Em culturas neuronais saudáveis, o DNP
promove a neuritogênese, o que possivelmente está relacionado ao aumento nos
níveis de cAMP e da proteína estabilizadora de microtúbulos tau (Wasilewska-
Sampaio e cols., 2005). c) In vivo, o DNP tem um efeito benéfico na memória de
roedores de meia-idade, ao mesmo tempo em que induz aumentos nos níveis das
proteínas estabilizadoras de microtúbulos tau e MAP2, e das formas fosforiladas das
proteínas ERK e CREB (pERK e pCREB, respectivamente) nos hipocampos dos
animais experimentais.
111
6) CONCLUSÕES
Não podemos atribuir os efeitos do DNP na memória dos roedores analisando
as tarefas separadamente. O resultado encontrado no LAM para ratos de meia idade
não foi arrebatador. Observamos uma pequena diferença na última sessão e
também no teste comprobatório, que nos levou a investigar os efeitos do DNP em
outras tarefas que pudessem responder conclusivamente esses efeitos. Na tarefa do
RO, encontramos um efeito mais robusto. Logo, essas duas tarefas, em conjunto,
nos forneceram dados importantes sobre a ação do DNP na melhora da memória. A
avaliação da memória de camundongos de meia idade corrobora os dados
encontrados com ratos, e reforça os efeitos do DNP na melhora da memória.
De modo geral, acreditamos que o DNP aumenta a arborização neuronal,
aumenta os níveis de proteínas importantes relacionadas com a formação da
memória e que, como conseqüência, melhora a memória ratos de meia idade. Por
outro lado, o DNP não mostrou efeitos benéficos em ratos mais velhos. São
necessárias outras investigações para determinar a causa do déficit provocado pelo
tratamento e, mais ainda, a utilização de outras doses ou outros períodos de
tratamento.
Em ratos com idade entre 2-4 meses, o DNP não afetou o comportamento,
mesmo com a utilização de administração mais prolongada. Esses dados nos
fornecem uma informação importante: a melhora provocada pelo DNP não é um
efeito inespecífico. Ele acontece num sistema ainda bem funcional, como nos
animais de meia idade, que podem estar no início de um processo de declínio
comportamental.
112
Conjuntamente, os dados apresentados nesta Tese demonstraram efeitos
benéficos do DNP na memória de ratos e camundongos de meia idade, o que foi
bem evidenciado no teste do RO em ratos e no LAM nos camundongos. Concluímos
que o DNP melhora a memória desses animais e que essa melhora é acompanhada
pelo aumento dos níveis de tau, MAP2, CREB fosforilada e ERK fosforilada nos
hipocampos desses animais.
113
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CURRICULUM VITAE
Nome: Ana Paula Wasilewska Sampaio
Nascimento: 02/08/1976
Naturalidade: Rio de Janeiro
Formação acadêmica
- Graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998/2001)
- Mestrado em Química Biológica, área de concentração em Química Biológica, pelo Instituto
de Ciências Biomédicas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002/2004).
- Doutorado em Química Biológica, área de concentração em Química Biológica, pelo
Instituto de Bioquímica Médica, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004/2008).
Orientação de estudante
1-Axa Paula Baltazar da Motta Sales. Início: Jan/2007. Iniciação científica (Graduando em
Farmácia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro
2-Anna Carolina A P Barbosa. Início 2005 até 2007. (Biologia) - Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
Orientação em monografia
Efeitos do 2,4-dinitrofenol no aprendizado e memória de ratos e camundongos. 2007.
Monografia de conclusão de curso (Aperfeiçoamento/Especialização em Biologia) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Comunicação em congresso
6 comunicações em congressos nacionais
1 comunicação em congresso internacional
Publicações
De Felice, F. G., Wasilewska-Sampaio, A.P., Barbosa, A. C., Gomes, F. C., Klein, W. L.,
Ferreira, S. T. (2007) Cyclic AMP enhancers and Abeta oligomerization blockers as potential
therapeutic agents in Alzheimer's disease. Curr Alzheimer Res. 4(3):263-71.
Wasilewska-Sampaio, A. P., Silveira, M. S., Holub, O., Goecking, R., Gomes, F. C., Neto, V.
M., Linden, R. Ferreira, S. T., De Felice, F. G. (2005) Neuritogenesis and neuronal
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(2002) Evaluation of Different Carbon and Nitrogen Sources in the Production of
Rhaminolipids by a Strain of Pseudomonas aeruginosa. Applied Biochemistry and
Biotechnology. 98-100, 1025-35.
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