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UMIDIFICAÇÃO E AQUECIMENTO DAS VIAS
AÉREAS NAS UTIs DA CIDADE DE SÃO
PAULO: ANÁLISE DOS DISPOSITIVOS
UTILIZADOS
VALÉRIA LOURENÇO BORBA
Dissertação apresentada à Fundação Antônio
Prudente para obtenção do título de mestre
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Dr. Mauro Roberto Tucci
São Paulo
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Borba, Valéria Lourenço
Umidificação e aquecimento das vias aéreas nas UTIs da cidade
de São Paulo: análise dos dispositivos utilizados / Valéria Lourenço
Borba -- São Paulo, 2008.
59p.
Dissertação (Mestrado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências - Área de concentração:
Oncologia.
Orientador: Mauro Roberto Tucci
Descritores: 1. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. 2. VENTILAÇÃO
MECÂNICA. 3. VENTILAÇÃO PULMONAR. 4. CALOR. 5. UMIDADE.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus pela minha vida e por permitir que
pessoas tão nobres façam parte de minha vida.
Aos meus pais e irmãos por todo incentivo, apoio e por não me
deixarem desistir frente às dificuldades.
Ao Léo (meu namorado) pela paciência, compreensão, dedicação e
pela ajuda de uma forma muito especial na realização deste trabalho.
Ao Dr.Mauro (meu orientador) pelos ensinamentos e pela imensa
colaboração no desenvolvimento desta pesquisa.
A minha secretária Keila pelos inúmeros mapas e percursos feitos
com tanto carinho que facilitaram minha chegada aos hospitais.
Aos amigos (Ana Carolina Serigatto, Yone Onuma, George Jerre
Vieira, Juliana Franzotti e Lívia Lamounier) pela ajuda na coleta de dados.
RESUMO
Borba VL. Umidificação e aquecimento das vias aéreas nas UTIs da
cidade de São Paulo: análise dos dispositivos utilizados. São Paulo;
2008. [Dissertação de Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
Introdução. Pacientes que estão em uso de ventilação mecânica invasiva
(VM) requerem a utilização de dispositivos de umidificação para promover
uma adequada umidificação e aquecimento dos gases inalados. Para isso,
podem ser utilizados os Umidificadores Aquecidos (UA) ou os Trocadores de
Calor e Umidade (HME). No entanto, existem algumas contra-indicações ao
uso dos HMEs, sendo nestes casos indicado a utilização dos UA. Objetivo.
Avaliar de forma sistematizada os perfis de uso dos dispositivos de
umidificação nas UTIs da cidade de São Paulo e o conhecimento dos
profissionais sobre o assunto. Métodos. O estudo foi realizado através da
aplicação de um questionário aos profissionais responsáveis pelo controle
da umidificação nas UTIs da cidade de São Paulo. Resultados. Nas 62 UTIs
analisadas, o HME foi mais utilizado do que o UA (89% x 63%). 54% das
UTIs possuía os dois dispositivos e 38% dispõe apenas de HME. Em 93%
das UTIs o fisioterapeuta é o profissional responsável pela umidificação
durante a VM. Mais da metade dos profissionais desconhece as contra-
indicações ao uso do HME e somente 40% das UTIs dispõe de um protocolo
de umidificação. Conclusão. O HME foi o dispositivo mais frequentemente
utilizado e, em algumas UTIs era o único dispositivo disponível. O
fisioterapeuta é o profissional responsável pelo controle da umidificação na
maioria dos hospitais. As contra-indicações de uso ao HMEs são pouco
conhecidas e/ou respeitadas. Poucas unidades possuem protocolos de
atendimento bem definidos o que pode reduzir a segurança para o paciente
crítico.
SUMMARY
Borba VL. [Airway heating and humidification in the ICUs of São Paulo
city: analysis of the utilized devices]. São Paulo; 2008. [Dissertação de
Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
Introdution: Mechanical ventilation of critically ill patients requires adequate
airway heating and humidification to provide an adequate heating and
humidification of the inhaled gases. Such conditioning may be obtained either
with heated humidifiers (HHs) or with heat and moisture exchangers (HMEs).
However there are some contraindications that may restrict the use of HMEs.
In this case the use of HHs is indicated. Objective: to evaluate more
extensively the utilization patterns of HMEs and HHs in critically ill
mechanically ventilated patients in the ICU of São Paulo city and the
professionals knowledge about this subject. Methods: the study was design
with the application of a questionnaire to the ICU professionals that are
responsible for humidification management in the ICUs of São Paulo city.
Results: 62 ICUs were analysed. The HMEs were used more often than HHs
(89% vs 63%). In 54% of the ICUs both devices were used and in 38% the
HMEs were exclusively used. Only 17% of the professionals choose the
device based on patients diagnosis. In 93% of the ICU the respiratory
therapist is responsible for humidification management in critically ill
mechanically ventilated patients. More than 50% of the professionals do not
know the contraindications to the use of the HMEs and only 40% of the ICUs
use a humidification protocol. Conclusions: The HMEs were used more
often than HHs; in some ICUs only HMEs were used; the respitarory
therapist is the professional responsible for humidification management in
most of the hospitals; the contraindications to the use of HMEs were not
respected; few ICUs used a protocol for humidification management and it
may reduce the critically ill patients safety.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Gráfico da porcentagem de UTIs com fisioterapeuta 24 horas
por dia 22
Figura 2 Gráfico dos dispositivos de umidificação disponíveis nas UTIs 23
Figura 3 Gráfico do tipo de HME disponível nas UTIs 24
Figura 4. Gráfico da escolha de compra do HME 25
Figura 5 Gráfico do profissional responsável pelo controle da
umidificação durante a ventilação mecânica
26
Figura 6 Gráfico do dispositivo de umidificação escolhido para iniciar a
VM
28
Figura 7 Gráfico do uso de dispositivo de umidificação durante VNI 33
Figura 8 Gráfico do qual dispositivo é usado durante VNI 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição das UTIs por região da cidade de São Paulo 20
Tabela 2 Classificação dos hospitais quanto à esfera administrativa 20
Tabela 3 Classificação acadêmica dos hospitais 20
Tabela 4 Fonte mantenedora dos hospitais 21
Tabela 5 Classificação das UTIs 21
Tabela 6 Relação leitos por UTI; Enfermeiro(a) por leitos e
Fisioterapeutas por leitos 22
Tabela 7 Profissional que escolhe o HME a ser comprado 25
Tabela 8 Ajuste da temperatura ambiente 27
Tabela 9 Protocolo de umidificação nas UTIs 27
Tabela 10 Critério para escolha do dispositivo de umidificação a ser
utilizado 29
Tabela 11 Tempo que o paciente em VM permanece com o dispositiv 29
Tabela 12 Tempo de uso padronizado para troca do HME 29
Tabela 13 Monitorização da temperatura do umidificador aquecido 30
Tabela 14 Temperatura ajustada do UA e local de monitorização, nas
UTIs que monitorizam temperatura do UA 30
Tabela 15 Monitorização do desempenho do HME 31
Tabela 16 Motivos citados para não usar Umidificador Aquecido 31
Tabela 17 Motivos citados para não usar HME 32
Tabela 18 Opinião dos profissionais sobre dispositivos de
umidificação
32
Tabela 19 Motivos de troca de HME para umidificador aquecido na
UTI
33
Tabela 20 Congressos sobre ventilação mecânica 34
Tabela 21 Aulas assistidas sobre umidificação 35
Tabela 22 Artigos lidos sobre umidificação 35
LISTA DE ABREVIATURAS
AMIB Associação de Medicina Intensiva Brasileira
ARDS Acute Respiratory Distress Syndrome
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CO
2
Dióxido de carbono
CREFITO Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
HME Trocador de calor e umidade (Heat and Moisture Exchangers)
LAP Lesão Pulmonar Aguda
PaCO
2
Pressão parcial arterial de dióxido de carbono
PAV Pneumonia associada à ventilação mecânica
SARA Síndrome da Angustia Respiratória Aguda
T Temperatura
UA Umidificador aquecido
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VM Ventilação mecânica
VMI Ventilação mecânica invasiva
VNI Ventilação não invasiva
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Umidificação das Vias Aéreas 3
1.2 Dispositivos para Umidificação e Aquecimento 4
1.2.1 Umidificadores Aquecidos (UA) 5
1.2.2 Trocadores de Calor e Umidade (HME) 6
1.3 Umidificação durante a Ventilação Mecânica Invasiva 9
1.4 Umidificação durante a Ventilação Mecânica Não-Invasiva 10
1.5 Avaliação das condições de umidade e aquecimento dos gases
medicinais durante a ventilação mecânica invasiva 11
1.6 Controle da umidificação e aquecimento nas UTIs brasileiras 12
2 OBJETIVO 14
3 MÉTODO 15
3.1 Amostra 15
3.2 Variáveis a serem estudadas 15
3.3 Elaboração do questionário 16
3.4 Aplicação do questionário 17
3.5 Análise estatística 18
4 RESULTADOS 19
4.1 Classificação dos Hospitais 19
4.2 Classificação das UTIs 21
4.3 Dispositivos de umidificação disponíveis nas UTIs 22
4.4 Controle da umidificação na UTI 26
4.5 Conhecimento dos profissionais sobre os dispositivos 32
5 DISCUSSÃO 36
5.1 Coleta dos dados 37
5.2 Perfil dos hospitais e das UTIs 38
5.3 Profissional responsável pela umidificação 39
5.4 Dispositivos de umidificação utilizados 40
5.5 Protocolos de atendimento 45
5.6 Monitorização da eficácia dos dispositivos 47
5.7 Conhecimento sobre as contra indicações 48
5.8 Uso dos dispositivos durante a VNI 50
6 CONCLUSÃO 52
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
ANEXOS
Anexo 1 UTIs a serem pesquisadas e situação da resposta aos
questionários
Anexo 2 Questionário do Hospital
Anexo 3 Questionário para o profissional responsável pela escolha
do tipo de umidificador a ser comprado
Anexo 4 Questionário para o profissional responsável pelo controle
da umidificação
Anexo 5 Solicitação de autorização ao chefe do setor
Anexo 6 Questionário - Instruções para preenchimento
1
1 INTRODUÇÃO
A utilização de suporte ventilatório invasivo requer aquecimento e
umidificação adequados dos gases inalados com a finalidade de assegurar a
integridade de toda a via aérea superior e inferior, pois os gases
provenientes da rede hospitalar são secos e frios, podendo provocar danos
ao trato respiratório do paciente. Já na utilização da ventilação mecânica não
invasiva, quando usada por curtos períodos ou em pacientes sem grande
demanda ventilatória, não há necessidade de umidificação destes gases,
pois normalmente, os mecanismos de troca de umidade e calor das vias
aéreas superiores estão preservados (SHELLY 1992).
Para umidificar e aquecer as vias aéreas, podem ser utilizados os
Umidificadores Aquecidos (UA) ou os Trocadores de Calor e Umidade
(HMEs, do inglês Heat and Moisture Exchangers) (HESS 2000). Ainda não
existe um protocolo bem definido para escolha entre um tipo ou outro de
umidificador em pacientes em ventilação mecânica invasiva (VMI), sendo
que alguns pontos sobre este tópico ainda são motivos de debate entre os
pesquisadores (RICARD et al. 2002).
Os HMEs teriam algumas vantagens em relação aos UAs, entre elas
o menor custo e a facilidade de uso. Os UAs determinam maior trabalho
para os profissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e poderiam estar
associados, pela condensação de água no circuito, a maior risco de
infecção. No entanto, sabe-se que os HMEs não podem ser utilizados em
2
algumas situações, como em caso de hipotermia grave (< 32º C); volume
minuto alto (> 10l/min.); volume corrente baixo; hipersecreção das vias
aéreas e pacientes com fístula bronco-pleural (AARC 1992).
Um estudo Franco-Canadense (RICARD et al. 2002) que avaliou as
preferências entre os UAs e os HMEs em pacientes submetidos à VMI
relatou que os franceses utilizam mais os HMEs e os canadenses utilizam
mais os UAs. Sabe-se que algumas UTIs do Brasil utilizam somente os UAs
e outras somente usam os HMEs (FLAUTO et al. 2004), mas,
provavelmente, poucas são as UTIs que possuem um protocolo para
escolha do dispositivo baseado nas características do paciente. De uma
forma geral, parece que a escolha do sistema de umidificação não segue
critérios definidos.
É de suma importância que os profissionais de UTI responsáveis pelo
controle da umidificação e aquecimento dos gases inspirados, tenham o
conhecimento das contra-indicações ao uso do HME e, saibam avaliar a
eficiência da umidificação observando a necessidade de troca do HME por
UA quando a umidificação não estiver adequada.
Existem estudos (RICARD et al. 2000; THOMACHOT et al. 2002a;
THIERY et al. 2003) confirmando que é possível utilizar o mesmo HME por
um tempo maior do que o recomendado pelos fabricantes, os quais
geralmente recomendam a troca dos HMEs a cada 24 horas. No entanto, a
escolha do tempo de uso (2 a 7 dias) fica a critério de cada unidade, sendo
que muitas parecem ainda fazer a troca a cada 24 horas.
3
Não há, até o momento, estudos realizados no Brasil que avaliem, de
modo mais detalhado, qual dispositivo é utilizado nas UTIs, que critérios
utilizam-se para troca dos umidificadores e nem qual o tempo de troca.
Desta forma, de modo semelhante ao estudo comparando a França com o
Canadá (RICARD et al. 2002), o presente estudo pretende: avaliar as
preferências de uso dos dispositivos de umidificação de vias aéreas nas
UTIs paulistanas; os responsáveis pelo controle da umidificação dos
pacientes e o conhecimento desses profissionais sobre os dispositivos de
umidificação; os critérios de utilização (forma de uso) dos dispositivos de
umidificação e o tempo de uso do dispositivo.
1.1 UMIDIFICAÇÃO DAS VIAS AÉREAS
Uma das funções das vias aéreas superiores é aquecer, umidificar e
filtrar o ar inspirado e reter, em certo grau, calor e umidade na expiração.
Nos pacientes em ventilação mecânica invasiva essas funções são perdidas
devido à presença do tubo traqueal tornando necessário a umidificação e
aquecimento dos gases inspirados (THIERY et al. 2003).
A insuficiência de umidificação e aquecimento pode causar destruição
e desorganização do epitélio ciliar, espessamento do muco e diminuição da
atividade ciliar levando à retenção de secreções e obstrução de vias aéreas,
o que favorece a ocorrência de atelectasia e infecção (SHELLY 1992).
Segundo BRANSON et al. (1996), distúrbios estruturais e funcionais das vias
aéreas podem ocorrer após um período de 10 minutos de ventilação com
4
gás seco. LORENTE et al. (2006) sugerem que algum grau de disfunção
mucociliar pode ocorrer dentro de 24 a 48 horas com umidade absoluta
menor do que 32mgH
2
O/L.
Umidade e temperatura excessivas também são deletérios aos
pulmões, podendo causar aquecimento e até queimadura do trato
respiratório. O aumento da temperatura ocasiona um aumento na
quantidade de vapor de água contido no gás inspirado, provocando
alterações na viscosidade do muco e aumento no volume das secreções. A
atividade do surfactante diminui rapidamente na presença de temperaturas
excessivas, podendo ocorrer inibição na sua produção, inativação ou
substituição do surfactante por fluido intra-alveolar (SHELLY 1992).
Por isso, cabe ao profissional de UTI estar atento, utilizando
parâmetros clínicos ou medidas objetivas, para avaliar se a umidificação e o
aquecimento estão adequados para os pacientes submetidos à ventilação
mecânica invasiva.
1.2 DISPOSITIVOS PARA UMIDIFICAÇÃO E AQUECIMENTO
Uma adequada umidificação e aquecimento dos gases medicinais em
pacientes em ventilação mecânica podem ser obtidos ativamente, com o uso
de Umidificadores Aquecidos (UA) ou passivamente através dos Trocadores
de Calor e Umidade (HME, do Inglês Heat and Moisture Exchangers),
também conhecidos como “Nariz Artificial”.
5
1.2.1 Umidificadores Aquecidos (UA)
Os UAs são capazes de promover adequado aquecimento e
umidificação do gás inspirado (BRANSON et al. 1993; RICARD et al. 1999;
THIERY et al. 2003). Este gás frio e seco proveniente do ventilador
mecânico passa através de uma câmara (jarra) preenchida parcialmente
com água aquecida ativamente (por eletricidade) sendo umidificado e
aquecido (SHELLY 1992).
Em relação ao controle da temperatura, os UAs podem ser não
servocontrolados ou servocontrolados. Os não servocontrolados ajustam e
mantêm a temperatura no aquecedor. Desta forma, a temperatura do gás
pode variar de acordo com a temperatura ambiente, fluxo inspiratório e tipo
de circuito respiratório utilizado (BONASSA 1997). Os servocontrolados
empregam um sensor de temperatura na via aérea, geralmente próximo ao
paciente, e regulam a temperatura no aquecedor para manter constante a
temperatura ajustada (RICARD et al. 2000).
Apesar de bastante eficazes os UAs apresentam algumas
desvantagens quando comparado aos HMEs como (KOLLEF et al. 1998;
THOMACHOT et al. 2002a; LACHERADE et al. 2005; RICARD et al. 2006):
alto custo, necessidade de energia elétrica, pessoas treinadas para seu
manuseio, reposição constante do suprimento de água e possibilidade de
acumular água condensada no circuito, aumentando o risco de infecção para
o paciente (SHELLY 1992; THOMACHOT et al. 2002a; KOLA et al. 2005).
Os UAs também podem promover umidificação excessiva se a temperatura
6
não estiver bem ajustada, o que pode causar danos ao epitélio e ao sistema
mucociliar (RICARD et al. 2000).
1.2.2 Trocadores de Calor e Umidade (HME)
Os trocadores de calor e umidade (HMEs) são dispositivos colocados
entre o tubo endotraqueal / traqueostomia e o “Y” do circuito do ventilador do
paciente e basicamente retêm a umidade e o calor durante a expiração,
simulando o funcionamento das vias aéreas superiores, sendo, por isso,
também chamados de nariz artificial.
Os HMEs representam algumas vantagens em relação aos UAs
descritas na literatura como: diminuição do risco de contaminação do vapor
da água condensado e baixo custo comparando-se ao UA (THIERY et al.
2003). Além disso, ocorre uma simplificação do circuito do ventilador e não é
necessária uma fonte de energia elétrica (MARTIN et al. 1992; DREYFUSS
et al. 1995; BRANSON et al. 1996; KOLLEF et al. 1998).
Os HMEs podem ser divididos em três categorias: higroscópicos,
hidrofóbicos e mistos (SHELLY 1992; RICARD et al. 2000).
Os higroscópicos possuem um condensador de condutividade térmica
(papel ou espuma), impregnado com um sal higroscópico (normalmente
cloreto de lítio ou cálcio). Durante a expiração ocorrem condensação e
retenção de água aquecida e durante a inspiração o gás é umidificado e
aquecido com a água previamente retida (BONASSA 1997).
Os hidrofóbicos possuem um material repelente a água, que impede
sua passagem pelo filtro durante a expiração, sendo que o gás inspirado é
7
umidificado e aquecido com a água retida na superfície interna do filtro. Os
HMEs hidrofóbicos são filtros contra bactérias (SHELLY 1992).
Os mistos representam a união entre os hidrofóbicos e os
higroscópicos e apresentam tanto propriedade de filtro contra bactérias
como satisfatória capacidade de umidificação (RICARD et al. 2000).
Devido ao menor risco de infecção e menor custo, os HMEs têm sido
bastante utilizados como sistemas de umidificação em pacientes ventilados
mecanicamente. No entanto, a utilização do HME gera um aumento do
espaço morto, o que em algumas situações pode gerar aumento da PaCO
2
e
do trabalho respiratório. Apesar de PELOSI et al. (1996) ter mostrado que
em certas situações esses problemas podem ser compensados com ajustes
nos parâmetros ventilatórios, existem situações onde o uso dos HMEs está
contra-indicado, sendo recomendado a utilização dos UAs (AARC 1992;
BRANSON et al. 1993).
As seguintes situações são contra-indicações para o uso dos HMEs:
1 Hipersecreção nas vias aéreas: a umidificação inadequada das
secreções pode levar à formação de tampões (rolhas) e atelectasias,
além de serem necessárias trocas freqüentes do dispositivo por
contaminação com secreções;
2 Pacientes com volume minuto alto (> 10L/min ou volume corrente >
1100mL), pois há perda da eficácia de umidificação;
3 Pacientes com volume minuto muito baixo (<300mL): o espaço-morto
causado pelo HME pode ser crítico se o volume corrente for baixo
8
levando a retenção de CO
2
;
4 Pacientes com baixa reserva ventilatória em respiração espontânea,
pois a presença do HME pode determinar aumento do trabalho
respiratório resistivo que, por sua vez, pode levar a fadiga ou
dificuldade no desmame;
5 Pacientes com fístulas: uma grande porcentagem do ar inspirado é
perdida na fístula e não há retenção da umidade e temperatura pelo
HME;
6 Pacientes hipotérmicos (T < 32ºC);
Os HMEs também não devem ser utilizados conjuntamente com
umidificadores ou com administração de fármacos por nebulizadores, sob
risco de aumento da resistência. E um estudo (PRIN et al. 2002) demonstrou
que a troca de HME por UA em pacientes com ARDS diminuiu o nível da
PaCO
2
, devido à diminuição do espaço morto.
O período de troca mais adequado dos HMEs ainda é controverso na
literatura. Os fabricantes recomendam a troca a cada 24 horas, ainda que
esta recomendação não seja sustentada por informações objetivas (THIERY
et al. 2003). Alguns estudos observaram que a troca desses dispositivos
pode ser estendida para 48 horas ou até uma semana, sem provocar risco
ao paciente (DAVIS et al. 2000; RICARD et al. 2000; THOMACHOT et al.
2002a).
9
1.3 UMIDIFICAÇÃO DURANTE A VENTILAÇÃO MECÂNICA
INVASIVA
Como já vimos anteriormente, pacientes com intubação endotraqueal
ou traqueostomia em ventilação mecânica respirando gases secos e frios,
perdem a capacidade de umidificação e aquecimento realizados pelas vias
aéreas superiores, podendo determinar lesão do epitélio traqueal,
hipotermia, espessamento das secreções e atelectasia. Estas alterações
podem ser minimizadas através da utilização dos UAs ou HMEs, desde que
respeitadas as contra-indicações ao uso dos HMEs (BRANSON et al. 1993;
THOMACHOT et al. 2002a).
Em um estudo realizado por NAKAGAWA et al. (2000) foi observado
que à mesma temperatura (32°C) ambos dispositivos (UA e HME)
apresentam efeitos semelhantes nas propriedades do muco, no entanto, o
transporte pela tosse diminui após 72 horas no grupo do HME.
Alguns estudos têm avaliado a utilização dos dispositivos de
umidificação e a incidência de pneumonia associada à ventilação (PAV).
Dois estudos recentes (DAVIS et al. 2000; LORENTE et al. 2006) que,
diferente dos estudos anteriores, avaliaram a questão com uma amostra
adequada e com método diagnóstico com maior acurácia (cultura
quantitativa) não mostraram superioridade do HME, sendo que um deles
(DAVIS et al. 2000) sugeriu maior incidência de PAV com o uso do HME.
10
1.4 UMIDIFICAÇÃO DURANTE A VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO-
INVASIVA
Na utilização da ventilação não invasiva (VNI), a função de
umidificação das vias aéreas superiores está preservada, não sendo a
princípio obrigatória a utilização de umidificação externa. Contudo, nem
sempre os pacientes são capazes de aquecer e umidificar adequadamente
os gases secos inspirados, principalmente aqueles pacientes com sintomas
em via aérea superior e que necessitam de uso prolongado de VNI ou altos
fluxos inspiratórios (LELLOUCHE et al. 2002). Nestes casos, a umidificação
e aquecimento dos gases inalados podem ser necessários na tentativa de
aliviar estes sintomas (SHELLY 1992).
Dois trabalhos (JABER et al. 2002; LELLOUCHE et al. 2002)
demonstraram que o uso de HME, quando comparado ao uso do UA, pode
reduzir a eficiência da VNI em pacientes com insuficiência respiratória
aguda, pois determina aumento da freqüência respiratória, do trabalho
respiratório e da PaCO
2
. Estes trabalhos sugerem que quando necessário,
seja utilizado o UA em vez do HME.
BRANSON (2006) também aponta duas desvantagens ao uso dos
HMEs em pacientes utilizando VNI: aumento do espaço morto, que pode
reduzir a eficiência da VNI pela ocorrência de reinalação de CO
2
, e
vazamento ao redor da máscara de VNI que pode causar ineficiência do
HME devido ao seu mecanismo de funcionamento.
11
1.5 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE UMIDADE E
AQUECIMENTO DOS GASES MEDICINAIS DURANTE A
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Até o presente momento, não existem dispositivos específicos para
realizar uma avaliação rotineira e objetiva da umidificação e aquecimento
dos gases inspirados durante o uso de VMI.
Quando é utilizado UA, a falta de dispositivos específicos para
avaliação objetiva da umidificação e aquecimento dos gases inspirados não
chega a ser um problema, pois como esse dispositivo umidifica o ar a 100%,
caso seja controlada a temperatura na entrada do tubo traqueal (ou
traqueostomia) e ela esteja dentro dos valores recomendados (30 a 34º C)
(BRANSON et al. 1993; THIERY et al. 2003) tem se a certeza que a
umidificação está adequada. Infelizmente, nem sempre a monitorização da
temperatura é realizada.
No caso dos HMEs, para suprir a falta de dispositivos para avaliar de
forma objetiva a umidade, foram desenvolvidas escalas que avaliam a
umidificação através da umidade no tubo traqueal (RICARD et al. 1999)
demonstrando boa correlação com a umidade absoluta medida por um
psicrômetro (instrumento que avalia temperatura e umidade). Também são
utilizadas escalas que avaliam a consistência e a quantidade das secreções
pulmonares (BRANSON et al. 1993; BEYDON et al. 1997). No entanto, na
prática, não é do conhecimento dos autores, UTIs nacionais que utilizem
essas escalas de modo sistemático.
12
1.6 CONTROLE DA UMIDIFICAÇÃO E AQUECIMENTO NAS UTIS
BRASILEIRAS
Não há dúvidas sobre a importância dos dispositivos para
umidificação e aquecimento das vias aéreas em pacientes em ventilação
mecânica invasiva.
No entanto, uma pesquisa nacional (FLAUTO et al. 2004) que avaliou,
em algumas UTIs de 8 estados do país, como era escolhido o tipo de
umidificação em pacientes submetidos a VMI, mostrou que o controle da
umidificação e aquecimento dos gases medicinais está longe de ser ideal.
Nesse estudo, 35% das UTIs usavam somente o UA, 35% usavam somente
o HME e 29% usavam ou um ou o outro dispositivo, sendo que poucas
tinham um protocolo explícito para escolha do dispositivo baseado nas
características do paciente. Isto é, de uma forma geral, o uso do sistema de
umidificação foi escolhido para todos os pacientes sem critérios definidos,
desconsiderando assim as recomendações da literatura para situações
clínicas que contra-indicam o uso do HME.
Provavelmente a falta de um dispositivo específico para avaliar
objetivamente a umidificação e a falta de treinamento sobre a importância da
umidificação, levem muitos profissionais de UTIs a instalar um dispositivo de
umidificação e aquecimento sem se preocupar em avaliar a eficiência da
umidificação das vias aéreas (FLAUTO et al. 2004). Por isto é possível que
as escolhas dos dispositivos a serem usados sejam bem diferentes entre
determinados países (RICARD et al. 2002) ou mesmo entre regiões de um
13
mesmo país (FLAUTO et al. 2004). Estas atitudes podem prejudicar a
evolução clínica do paciente
Diante desses dados, o nosso estudo foi direcionado a avaliar de
forma mais sistematizada os perfis de uso dos dispositivos de umidificação
nas UTIs da cidade de São Paulo e o conhecimento dos profissionais sobre
o assunto.
Nossa hipótese é que iríamos observar que: alguns serviços
escolhem o dispositivo apenas pelo custo ou por praticidade; as contra-
indicações de uso de HMEs possivelmente não são conhecidas pela maioria
dos profissionais; a avaliação da eficácia da umidificação não é realizada de
forma rotineira; e as UTIs não têm protocolos definidos para conduzir a
umidificação.
Acreditamos que os resultados de nosso estudo poderão servir para
nortear ações educativas tanto por parte das entidades formadoras como por
parte das sociedades de especialistas.
14
2 OBJETIVOS
1. Identificar quais dispositivos (HMEs ou UA) são utilizados nas UTIs
paulistanas;
2. Identificar nas UTIs paulistanas os profissionais responsáveis pelo
controle da umidificação e aquecimento das vias aéreas durante o uso
da ventilação mecânica e verificar se essas UTIs seguem protocolos
de umidificação;
3. Verificar se os profissionais avaliados possuem conhecimento claro
sobre as contra-indicações para o uso do HME;
4. Verificar se os profissionais das UTIs avaliadas monitorizam a eficácia
da umidificação de forma sistematizada em pacientes em ventilação
mecânica invasiva.
15
3 MÉTODO
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fundação Antônio
Prudente – Hospital A.C.Camargo.
O estudo foi realizado através da aplicação de dois questionários: um
ao profissional responsável pelo controle da umidificação e, outro, ao
responsável pela escolha do HME (Trocador de Calor e Umidade) a ser
comprado. Os questionários ofereceram meios objetivos de coletar
informações sobre o perfil das UTIs e da equipe multiprofissional que
trabalha no hospital, incluindo os conhecimentos, comportamentos, opiniões,
atitudes e procedimentos desses profissionais.
3.1 AMOSTRA
Todas as UTIs dos hospitais da Cidade de São Paulo listadas pelo
censo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) foram
convidadas a participar da pesquisa sendo excluídos apenas as UTIs
neonatais e pediátricas (ORLANDO e MILANI JÚNIOR 2003) (Anexo 1).
3.2 VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS
Partindo de discussões focalizando as principais variáveis
relacionadas ao controle da umidificação e aquecimento nas UTIs
16
paulistanas e baseando-se no estudo franco-canadense realizado por
RICARD et al. (2002), elaborou-se um questionário que engloba os
seguintes domínios:
(a) classificação geral do hospital: atendimento público e privado; hospital
universitário ou não; número total de leitos da UTI; classificação das
UTIs em clínica, cirúrgica, coronariana, mista, geral ou outras;
(b) dados pessoais do profissional: sexo e data de nascimento;
(c) formação: ano de conclusão, tempo de exercício em UTI, curso de
especialização em UTI e maneira como o profissional se mantém
atualizado;
(d) uso do dispositivo de umidificação na unidade de terapia intensiva:
quais dispositivos estão disponíveis e quais são utilizados; quem é o
responsável pela escolha do HME que é comprado e como é feita
esta escolha; quem é responsável pela troca dos dispositivos e como
ela é feita; presença de protocolo escrito para cuidado da umidificação
das vias aéreas; tempo de uso de um mesmo HME; se o quadro
clínico do paciente é levado em consideração para escolha do
dispositivo; indicações e contra-indicações para o uso dos
dispositivos.
3.3 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
17
A partir destas variáveis elaborou-se um questionário inicial (Anexos
2, 3 e 4), que foi aprimorado segundo recomendações da literatura a
respeito do desenvolvimento e validação de questionários (WALL et al.
2002).
O modelo inicial foi aplicado a um grupo de 04 profissionais da saúde,
medindo-se o tempo de preenchimento e avaliando-se posteriormente os
itens que geraram dúvidas, ajustando-se desta forma, o questionário para
facilitar seu preenchimento.
Após o início da aplicação dos questionários foram feitas novas
alterações decorrentes de algumas dúvidas encontradas, sendo assim,
reaplicamos alguns poucos questionários aos profissionais que já haviam
respondido inicialmente.
3.4 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
A pesquisadora visitou os hospitais listados pelo censo da AMIB,
entregando uma carta aos responsáveis (Anexo 5) pelo serviço solicitando a
participação do hospital na pesquisa e acesso as UTIs. Explicou a pesquisa
(e entregou um informe explicativo para preenchimento - Anexo 6) aos
profissionais responsáveis pelo controle dos dispositivos, e entregou os
questionários e o termo de consentimento (conforme orientação do CEP)
(ORLANDO e MILANI JÚNIOR 2003).
18
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram armazenados em planilha eletrônica (Microsoft Excel)
e analisados utilizando-se o pacote estatístico SPSS versão 11, sendo
realizada uma análise descritiva. Os dados categóricos foram expressos em
porcentagem. As variáveis quantitativas foram testadas para normalidade e
como eram não-paramétricas foram relatadas como mediana (intervalo
interquartil).
19
4 RESULTADOS
O nosso estudo teve como objetivo avaliar as 79 UTIs listadas na
relação das UTIs do censo da AMIB (ORLANDO e MILANI JÚNIOR 2003).
Deste total, 6 UTIs não estão mais em funcionamento, restando 73 UTIs.
Além das UTIs listadas no censo foram incluídas uma UTI de um hospital
que não constava no censo e 3 UTIs de hospitais que constavam no censo,
porém apresentavam mais de uma UTI. Do total de 77 UTIs, 62
responderam ao questionário, representado um total de 59 hospitais (Anexo
1), determinando uma taxa de resposta de 80%. Dos 15 questionários não
respondidos, 2 hospitais não consentiram em participar da pesquisa, 9 não
entregaram o questionário respondido apesar de algumas solicitações dos
pesquisadores e em 4 a administração do hospital (todos hospitais públicos
municipais) não havia definido se permitiria que o profissional da UTI
respondesse ao questionário.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS
Das respostas obtidas, há predomínio de UTIs situadas na zona sul
da cidade de São Paulo (Tabela 1). Em relação à gestão, 41% das UTIs
pertencem a hospitais que tem gestão pública (Tabela 2), sendo a principal
fonte mantenedora o governo do estado 30% (Tabela 3). As UTIs
pertencentes a hospitais privados correspondem a 59% sendo que destas
20
38% são cadastradas no Ministério da Saúde como empresas privadas e
22% como entidades sem fins lucrativos. Predominaram UTIs não
relacionadas com a universidade mas com residência médica 43% (Tabela
4).
Tabela 1 - Distribuição das UTIs por região da cidade de São Paulo
N
°
Hospitais N° Hospitais (%)
Centro 5 9
Zona Norte 2 3
Zona Sul 27 47
Zona Leste 10 17
Zona Oeste 14 24
Total
58 100
Tabela 2 - Classificação dos hospitais quanto à esfera administrativa
N° Hospitais N° Hospitais (%)
Público
24 41
Privado
34 59
Total
58 100
Tabela 3 - Fonte mantenedora dos hospitais
N° Hospitais N° Hospitais (%)
Estadual
17 30
Municipal
4 7
Sem fins lucrativos
13 22
Privado
22 38
Federal
2 3
Total
58 100
21
Tabela 4 - Classificação acadêmica dos hospitais
N° Hospitais N° Hospitais (%)
Universitário
5 9
Afiliado à Universidade
8 14
Não Universitário
20 34
S/ vínculo à Univ. c/
residência médica
25 43
Total
58 100
4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS UTIS
As UTIs foram divididas em clínica, cirúrgica, clínica/cirúrgica,
cardiológica e geral. Das UTIs participantes, 62% foram classificadas como
clínica/cirúrgica, 27% como geral e apenas duas (3%) foram classificadas
como cardiológicas (Tabela 5).
Tabela 5 - Classificação das UTIs
N° UTIs N° UTIs (%)
Clínica
1 2
Cirúrgica
4 6
Clínica / Cirúrgica
38 62
Cardiologia
2 3
Geral
17 27
Total
62 100
Na Tabela 6 temos as medianas do número de leitos por UTI, da
relação de leitos por enfermeiro(a) e da relação de leitos por fisioterapeuta.
Existe uma grande porcentagem (29%) de UTIs sem fisioterapia 24 horas
(Figura 1).
22
Tabela 6 - Relação leitos por UTI; Enfermeiro(a) por leitos e Fisioterapeutas
por leitos.
Mediana
Intervalo
interquartil
Sem resposta
Número de leitos da UTI
15
10-23
0
Relação Enfermeira/Paciente 7 5-9 2
Relação Fisio/Paciente 10 8-14 2
29%
71%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Sim Não
Porcentagem
Figura 1 - Gráfico da porcentagem de UTIs com fisioterapeuta 24 horas por
dia.
4.3 DISPOSITIVOS DE UMIDIFICAÇÃO DISPONÍVEIS NAS UTIS
Em relação aos dispositivos de umidificação nas UTIs, 54% tem os
dois dispositivos disponíveis (Figura 2). Muito importante notar que 38% das
UTIs não dispõe de umidificador aquecido. Em 5 UTIs (8%) só estava
disponível o umidificador aquecido (Figura 2).
23
Figura 2 - Gráfico dos dispositivos de umidificação disponíveis na UTI
Das 56 UTIs que dispõe de HME, predomina o modelo misto (38% -
21 UTIs). Duas UTIs (4%) dispõem de mais de um tipo de HME (Figura 3).
Umidificador Aquecido HME Ambos
Porcentagem
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
8% (5)
38% (23)
54% (33)
24
Figura 3 - Gráfico do tipo de HME disponível nas UTI
Em relação a qual profissional escolhe o dispositivo HME a ser
comprado (Tabela 7), em 36% (22) a escolha é feita por uma comissão (com
participação ou não do setor de compras e um ou mais profissionais da UTI:
enfermeira, fisioterapeuta ou médico) e em 32% (20) a escolha é feita pelo
setor de compra e baseada somente no critério preço.
Em relação ao critério utilizado para a escolha do HME, o critério mais
citado isoladamente foi o critério “preço” em 28% (17) dos casos, sendo que
em 39% (24) é usado mais de um critério. Na Figura 4 podemos ver que o
critério mais citado para escolha do dispositivo é o preço 67% (37) e em
segundo lugar testes realizados 31% (17).
Higroscópico Hidrofóbico Misto Mais de um Desconhece
Porcentagem
0%
10%
20%
30%
40%
30% (17)
23% (13)
38% (21)
5% (3)
4% (2)
25
Tabela 7 - Profissional que escolhe o HME a ser comprado.
Freqüência (%) (%)
Enfermeira
5 8
Fisioterapeuta
9 14
Setor de compras
20 32
Comissão
22 36
UTIs que não tem HME
5 8
Não respondeu
1 2
Total
62 100
Figura 4 - Gráfico da escolha de compra do HME.
C
u
s
t
o
I
n
d
i
c
a
ç
ã
o
F
i
l
t
r
o
c
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n
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b
a
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o
e
s
t
u
d
o
s
T
e
s
t
e
s
O
u
t
r
o
s
Porcentagem
0
20
40
60
80
67% (37)
15% (8)
16% (9)
27% (15)
31% (17)
7% (4)
26
4.4 CONTROLE DA UMIDIFICAÇÃO NA UTI
Das 62 UTIs analisadas, o fisioterapeuta normalmente é o profissional
responsável pelo controle da umidificação das vias aéreas (Figura 5).
Figura 5 - Gráfico do profissional responsável pelo controle da umidificação
durante ventilação mecânica.
A maioria das unidades dispõe de ar condicionado, mas muitos não
sabem como ele é ajustado (Tabela 8). Dos que conheciam os valores
ajustados, alguns citaram valores bem baixos de temperatura ambiente.
Fisioterapeuta Enfermeira
0%
20%
40%
60%
80%
100%
93% (58)
7% (4)
27
Tabela 8 - Ajuste da temperatura ambiente
Ajuste da temperatura Freqüência (%) Freqüência (N)
Sem ar condicionado
8%
5
Desconhece temperatura 44% 27
Conhecido 48 % 30
Temperatura ajustada
15°
3%
1
18° 3% 1
20° 23% 7
21° 28 % 8
22° 23 % 7
23° 13% 4
24° 7 % 2
Somente 40% das UTIs (Tabela 9) dispõe de um protocolo escrito
para o controle da umidificação dos pacientes em VM.
Tabela 9 - Protocolo de umidificação nas UTIs
Freqüência (N) (%)
Sim
25 40
Não
36 58
Não Respondeu
1 2
Total
62 100
Em relação ao dispositivo utilizado no inicio da ventilação mecânica
invasiva houve predomínio importante do HME 80% (50) (Figura 6). Em
somente 10% (6) das UTIs a escolha era variável (ou o HME ou o
umidificador aquecido).
28
Figura 6 - Gráfico do dispositivo de umidificação escolhido para iniciar a
ventilação mecânica.
Na Tabela 10 está representado como o profissional escolhe o
dispositivo de umidificação: 58% (36) escolhem sempre o mesmo dispositivo
para todos os pacientes, ou seja, mais da metade dos profissionais
entrevistados não levam em consideração a patologia do paciente na hora
da escolha do dispositivo.
Umidificador Aquecido HME Variavel
0%
20%
40%
60%
80%
10% (6)
10% (6)
80% (50)
29
Tabela 10 - Critério para escolher o dispositivo de umidificação a ser
utilizado.
Critério para escolha do dispositivo de
umidificação
Freqüência (%) Freqüência (N)
Sempre o mesmo dispositivo
58%
36
O que estiver disponível 21 % 13
Patologia do paciente 17 % 11
Conforme o tempo de VM 2% 1
Patologia do paciente + Tempo de VM 2% 1
Na Tabela 11 podemos verificar que em 50% das UTIs utiliza-se o
mesmo tipo de dispositivo de umidificação durante todo tempo que o
paciente permanecer na ventilação mecânica, independente do quadro
clínico do paciente.
Tabela 11 - Tempo que o paciente em VM permanece com o dispositivo.
Freqüência (%)
Até a necessidade de Troca
24
39
Por todo tempo de VM
31
50
Por tempo Indeterminado
1
2
Não usa
6 9
Total
62 100
Tabela 12 - Tempo de uso padronizado para troca do HME.
Freqüência de troca Freqüência (%) Freqüência
Diária
40%
25
A cada 2 dias 32 % 20
> 2 dias 17 % 10
não usa HME 8% 5
Não respondeu 3% 2
Total
100% 62
30
Das UTIs analisadas, 40% (25) (Tabela 12) ainda fazem a troca do
HME diariamente, seguindo as recomendações dos fabricantes.
Tabela 13 - Monitorização da temperatura do umidificador aquecido.
Monitoriza temperatura? Freqüência (%) Freqüência (%)
Não usa UA
37%
23
Sim 23 % 14
Não 40 % 25
Não há como monitorizar
16 % 10
Não é rotina do serviço 24 % 15
Quanto à utilização dos UA, 37% (23) das UTIs nunca usam UA
(Tabela 13). Das 63% (39) que utilizam este dispositivo, 40% (25) não
monitorizam a temperatura. Na Tabela 14 podemos observar como é
ajustada a temperatura do umidificador aquecido nas 14 UTIs que fazem a
monitorização.
Tabela 14 - Temperatura ajustada do UA e local de monitorização, nas UTIs
que monitorizam temperatura do UA.
Local de
monitorização
Temperatura ajustada Freqüência % (N)
24 7% (1)
25 22% (3)
35 15% (2)
No jarro
Não sabe 7% (1)
24 7% (1)
30 7% (1)
32 7% (1)
33 7% (1)
34 7% (1)
37 7% (1)
No Y
Não sabe 7% (1)
31
Em relação a monitorização da umidificação e aquecimento das vias
aéreas durante o uso do HME (Tabela 15), podemos verificar que em 42%
das UTIs (26) esta monitorização não é realizada.
Tabela 15 - Monitorização do desempenho do HME.
Monitoriza o desempenho? Freqüência em porcentagem (N)
Não usa HME
10 % (6)
Não monitoriza 42 % (26)
Avalia aspecto da secreção 6 % (4)
Avalia condensação no tubo 14 % (9)
Avalia ou condensação ou aspecto da
secreção
28 % (17)
Em relação aos motivos para não usar o umidificador aquecido, 17%
(11) dos respondedores citaram que acreditavam que o UA é mais inseguro
para o paciente (Tabela 16).
Tabela 16 - Motivos citados para não usar Umidificador Aquecido.
Motivos Freqüência em porcentagem (N)
Usa o umidificador Aquecido
46% (29)
Porque não tem na UTI 24 % (14)
Porque é inseguro para o paciente 17 % (11)
Porque é mais trabalhoso p/o profissional 3 % (2)
Outros 10% (6)
O HME é o mais utilizado (89% - 56 UTIs) e um dos poucos motivos
da não utilização deste dispositivo foi o maior custo (5%) (Tabela 17).
32
Tabela 17 - Motivos citados para não usar HME.
Motivos Freqüência em porcentagem (N)
Usa o HME 89 % (56)
Porque não tem na UTI 5 % (3)
Porque é inseguro para o paciente 1 % (1)
Porque tem maior custo 5 % (3)
* Nesta Tabela existem 63 respostas, pois um profissional assinalou mais de uma opção.
4.5 CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS SOBRE OS
DISPOSITIVOS
Em relação ao conhecimento dos profissionais sobre o uso dos
dispositivos, 49% (30) relacionaram o uso do UA com maior risco de
pneumonia, 27% (17) sabem que este assunto é controverso na literatura e
55% (34) acreditam que é possível realizar a umidificação de todos os
pacientes usando somente HME (Tabela 18). Na Tabela 19, que relaciona
as contra-indicações ao uso do HME, podemos observar que somente 19%
(11) realizam a substituição do HME pelo UA nos casos de hipotermia; este
valor é de apenas 2% (1) na presença de fístula broncopleural.
Tabela 18 - Opinião dos profissionais sobre os dispositivos de umidificação
Pergunta Sim Não
Não
sabe
Contro-
verso
Risco de pneumonia é maior com o UA?
49% (30)
10% (6)
14% (9)
27% (17)
Risco de pneumonia é maior com o HME? 2% (1) 61% (38) 13% (8) 24% (15)
É possível fazer umidificação em todos
pacientes somente com HME?
55% (34) 26% (16) 5% (3) 14% (9)
É possível fazer umidificação em todos
pacientes somente com HME?
53% (33) 25% (15) 11% (7) 11% (7)
33
Tabela 19 - Motivos de troca de HME para Umidificador Aquecido na UTI.
Motivo para trocar Troca
Não
troca
Não
sabe
Não usa
HME
Hipotermia (< 32°C)
19% (11)
64% (40)
7% (4)
10% (6)
Presença de fístula broncopleural 2% (1) 81% (50) 7% (4) 10% (6)
Secreção abundante e espessa 42% (26) 42% (26) 6% (3) 10% (6)
Ventilação com volume corrente baixo 13% (8) 71% (44) 6% (3) 10% (6)
Volume minuto > 10L/min 3% (2) 78% (48) 9% (8) 10% (6)
Pneumonia 2% (1) 82% (51) 6% (3) 10% (6)
SARA / LPA 3% (2) 81% (54) 6% (3) 10% (6)
Com relação à ventilação não invasiva, a Figura 7 mostra que 50%
(31) dos profissionais utilizam algum tipo de dispositivo, sendo que 65% (34)
escolhem o HME (Figura 8).
Nunca Sempre Eventualmente
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
16% (10)
34% (21)
50% (31)
Figura 7 - Gráfico do uso de dispositivo de umidificação durante VNI.
34
Umidificador aquecido HME Ambos
0%
20%
40%
60%
23% (12)
12% (6)
65% (34)
Figura 8 - Gráfico do qual dispositivo é usado durante VNI
A Tabela 20 ilustra a participação dos profissionais em congressos ou
simpósios nos últimos 2 anos. Observamos que a maioria dos profissionais
participou de 2 ou mais congressos nos últimos 2 anos.
Tabela 20 - Congressos sobre ventilação mecânica.
N
o
Fisioterapeutas N° Fisioterapeutas (%)
Nenhum
3 5
1 congresso
12 19
2 congressos
21 34
3 congressos
14 23
4 ou + congressos
12 19
Total
62 100
35
Em relação a aulas assistidas (Tabela 21) e artigos lidos (Tabela 22)
sobre umidificação, podemos observar que 45% dos profissionais não
assistiram a nenhuma aula e 42% não leram nenhum artigo sobre
umidificação das vias aéreas nos últimos dois anos.
Tabela 21 - Aulas assistidas sobre umidificação das vias aéreas.
Fisioterapeutas Fisioterapeutas (%)
Nenhuma
28 45
1 aula
11 18
2 aulas
16 26
3 aulas
4 6
4 ou + aulas
3 5
Total
62 100
Tabela 22 - Artigos lidos sobre umidificação.
No Fisioterapeutas N° Fisioterapeutas (%)
Nenhum
26 42
1 artigo
12 19
2 artigos
8 13
3 artigos
9 15
4 ou + artigos
7 11
Total
62 100
36
5 DISCUSSÃO
A umidificação das vias aéreas é essencial durante a VM invasiva.
Existem dúvidas em relação a alguns tópicos relacionados à umidificação
das vias aéreas nas UTIs, mas existem algumas questões bem
estabelecidas, sendo que algumas delas são negligenciadas no dia-a-dia da
UTI (RICARD 2007). Nosso objetivo foi analisar, nas UTIs da cidade de São
Paulo, como é realizada a umidificação das vias aéreas em pacientes
intubados e em pacientes em ventilação não invasiva para comparar com os
achados de outros países e verificar se algumas sugestões dos especialistas
e consensos são observadas.
Em nossa análise pudemos verificar que o HME é o dispositivo mais
utilizado, sendo que muitas UTIs só possuem HME como dispositivo de
umidificação e aquecimento para os pacientes em VM. Não é realizada uma
adequada monitorização da umidificação quando utilizado o HME ou mesmo
durante a utilização do UA. Na grande maioria das UTIs o fisioterapeuta é o
profissional responsável pela umidificação dos pacientes sob ventilação
mecânica. No entanto, estes profissionais não seguem protocolos de
umidificação e aquecimento das vias aéreas, pois a maioria das UTIs
paulistanas não tem protocolos definidos. As contra-indicações para o uso
dos HMEs definidas pelos especialistas da área não são respeitadas nas
UTIs, provavelmente por falta de conhecimento dos profissionais sobre elas.
37
5.1 COLETA DOS DADOS
O nosso estudo visou avaliar todas as UTIs da cidade de São Paulo
listadas no censo da AMIB de 2002/2003 excluindo-se apenas as UTIs
neonatais e pediátricas. Dessas UTIs algumas foram fechadas e algumas
não deram consentimento para realizar a pesquisa. Nossa taxa de resposta
foi de 80%. Na maioria dos questionários não respondidos o profissional que
recebeu o questionário foi contatado algumas vezes, mas não preencheu o
questionário (ORLANDO e MILANI JÚNIOR 2003).
Um problema que tivemos na coleta foi a necessidade, exigida pelo
CEP (Comitê de Ética em Pesquisa), de que houvesse uma autorização
escrita, por parte da diretoria do hospital ou chefia do setor, para que o
questionário fosse preenchido pelo profissional na UTI. Esta autorização, em
alguns hospitais, tornou-se muito difícil, principalmente em alguns hospitais
públicos, onde a autorização foi encaminhada para níveis superiores da
gestão pública o que acabou inviabilizando a autorização (já que não
conseguimos obter resposta positiva ou negativa sobre a nossa solicitação –
esses casos foram computados como “não respondeu” no Anexo 1).
Por ser um estudo com questionário também encontramos algumas
limitações como: interpretação distorcida das questões, já que a grande
maioria dos questionários foram respondidos pelos profissionais na ausência
do pesquisador. Nós havíamos tentado corrigir isto através de um piloto
aplicado a um grupo de profissionais. Foram feitas algumas correções, mas
aparentemente talvez tenha persistido algumas questões dúbias.
38
Durante a análise dos questionários pudemos observar que houve
viés em algumas respostas, pois o profissional respondia o que
corresponderia ao “ideal” e não a realidade do que ocorria na sua UTI.
Algumas respostas também se contradiziam com outras respostas a
perguntas prévias.
5.2 PERFIL DOS HOSPITAIS E DAS UTIS
A maioria das UTIs paulistanas que participaram do estudo foram
classificadas como clínica/cirúrgica, e pertenciam à hospitais privados. As
UTIs tinham uma mediana de 15 leitos, onde cada enfermeiro(a) era
responsável por 7 leitos (mediana), variando de 4 a 15 leitos. Os
fisioterapeutas ficavam responsáveis por 10 leitos (mediana), variando de 2
até 28 leitos. Apenas em uma UTI cada fisioterapeuta era responsável por 2
leitos e, acreditamos que nesta UTI foi computado o número de estagiários
de fisioterapia junto ao número de profissionais contratados. Segundo as leis
do CREFITO - Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
cada fisioterapeuta não pode ser responsável por mais de 10 leitos de UTI.
No entanto, encontramos em nosso estudo 14 UTIs onde o fisioterapeuta é
responsável por mais de 10 leitos. Em 29% das UTIs ainda não existe o
serviço de fisioterapia 24 horas.
A maior parte destas UTIs possuía ar condicionado, no entanto muitos
profissionais não souberam informar qual era a temperatura ajustada, sendo
que alguns referiam valores bem baixos de temperatura ambiente, podendo
39
desta forma estar comprometendo a umidificação dos pacientes. Existem
estudos (RICARD et al. 1999; THIERY et al. 2003; LELLOUCHE et al. 2004)
que sugerem que tanto a temperatura ambiente quanto a temperatura
corporal do paciente podem interferir na umidificação, podendo, em
determinados casos, promover uma umidificação insuficiente, causando
danos ao paciente como diminuição da atividade ciliar e espessamento do
muco, podendo levar à retenção de secreções e até mesmo obstrução das
vias aéreas.
5.3 PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA UMIDIFICAÇÃO
Na grande maioria das UTIs (93%), o fisioterapeuta é o profissional
responsável pelo controle da umidificação das vias aéreas nos pacientes em
ventilação mecânica. Conforme dissemos anteriormente, ainda existem
muitas UTIs sem o serviço de fisioterapia 24 horas. Isto pode determinar um
controle inadequado da umidificação nessas UTIs podendo colocar em risco
a segurança dos pacientes. A realização de uma umidificação adequada
requer uma avaliação constante dos dispositivos utilizados, da temperatura
corporal e patologia dos pacientes, da presença de secreção abundante ou
espessa e de sinais de aumento da resistência das vias aéreas. Sendo
assim, para que o fisioterapeuta seja o profissional responsável pela
umidificação dos pacientes sob ventilação mecânica seria necessário sua
presença dentro da UTI 24 horas por dia.
40
5.4 DISPOSITIVOS DE UMIDIFICAÇÃO UTILIZADOS
Em nosso estudo pudemos observar que o HME é o dispositivo
disponível com maior freqüência nas UTIs paulistanas (92%), sendo 38%
das UTIs utilizam somente o HME, 8% somente o UA e 54% das UTIs
dispõe dos dois dispositivos. O HME é, também, o dispositivo escolhido na
maioria destas UTIs ao ser iniciada a ventilação mecânica (80%).
Muito importante notar que 38% das UTIs não dispõe de umidificador
aquecido o que pode determinar um atendimento de qualidade inferior ao
paciente, já que ele terá de usar o HME mesmo quando este está contra-
indicado (pois é pouco eficaz) ou em situações onde é menos indicado.
Como existem situações onde o HME está contra-indicado, como na
presença de hipotermia grave (< 32°C), volume minuto alto (>10l/min),
volume corrente baixo, hipersecreção das vias aéreas e pacientes com
fístula bronco-pleural (THOMACHOT et al. 2002b), torna-se necessário a
existência de UA em todas as UTIs. Além disso, a falta do UA na UTI pode
determinar um maior custo para o tratamento do paciente, pois em situações
onde são necessárias trocas freqüentes do HME (mais de uma vez ao dia,
como por exemplo, nos pacientes hipersecretivos ou com hemoptise) o custo
da manutenção da umidificação pode ser elevado (custo unitário do HME no
Brasil está na faixa de 10 dólares americanos).
No estudo franco-canadense (RICARD et al. 2002), 63% das UTIs
francesas utilizavam mais o HME e em 65% destas UTIs o HME era o
dispositivo escolhido ao ser iniciada a VM.
41
O estudo realizado por FLAUTO et al. (2004) relatou presença do
HME como dispositivo único em 35% das UTIs brasileiras analisadas; 30%
dispunha de ambos os dispositivos e os outros 35% dispunham
exclusivamente do UA.
Em nosso estudo, nas UTIs que utilizam os HMEs, houve um
predomínio do HME do tipo misto. No entanto, pudemos observar que as
pessoas não sabiam relacionar corretamente o tipo de HME com a marca
relatada, apresentando assim, respostas incorretas em relação ao tipo de
HME utilizado. Quando o profissional citava o modelo utilizado pudemos
corrigir a informação, mas em alguns casos não era citado o modelo que era
usado (mas sim apenas a marca). Esta dificuldade em identificar o tipo do
HME poderia levar a equívocos como usar um HME puramente higroscópico
(sem propriedade de filtro contra bactérias) em uma situação onde isso seria
desejável ou usar HME puramente hidrofóbico em pacientes que
apresentam sinais de umidificação insuficiente (secreção espessa ou
formação de secreção rolhosa), pois há dados relatando uma pior
performance de umidificação com esses HMEs, o que pode determinar
maior ocorrência de oclusão dos tubos endotraqueais (RICARD et al. 1999).
Com relação à escolha do dispositivo a ser comprado, o nosso estudo
verificou que em 36% das UTIs esta escolha é feita por uma comissão com a
participação de um ou mais profissionais da UTI e em 32% esta escolha é
feita apenas pelo setor de compras, sendo que o critério mais citado para
escolha do dispositivo foi o “preço” e em seguida a avaliação de estudos
científicos. Esses dados demonstram um problema que alguns hospitais tem
42
para criar modos de selecionar os melhores equipamentos/dispositivos para
suas UTIs, já que o profissional de compras , isoladamente, geralmente não
será capaz de identificar os dispositivos de melhor qualidade.
Interessante notar que o segundo critério mais citado para escolha do
HME era a realização de testes em 31% (17) das UTIs. Os “testes” referidos
pelos profissionais foram diversos: presença de gotículas na cânula, aspecto
da secreção, gasometria, tamanho do HME, resistência ao fluxo de ar etc.
Infelizmente, além de geralmente serem fornecidas poucas unidades para
teste, o que é um problema, pois a eficácia da umidificação é variável
conforme o quadro clínico do paciente e a temperatura ambiente, sabemos
que esses parâmetros não são confiáveis para identificar o real desempenho
(eficácia da umidificação e do aquecimento) do dispositivo, o que sugere que
esses “testes” realizados talvez tenham pouca utilidade em avaliar a
eficiência do produto.
Em relação ao dispositivo utilizado no início da ventilação mecânica
invasiva houve predomínio importante do HME 80% (50). O correto seria que
a escolha fosse variável ou que fosse escolhido o UA (para o qual não existe
contra-indicação), pois não faria sentido iniciar o uso com HME num
paciente com contra-indicação ao seu uso. No entanto, infelizmente, a
escolha das duas opções mais corretas ocorreu somente em 20% das UTIs.
Alguns estudos relatam que a freqüência de contra-indicações pode
ser alta. No estudo realizado por BRANSON et al. (1993), 40% dos
pacientes necessitaram de UA já no início da ventilação mecânica devido ao
protocolo estabelecido ou à presença de contra-indicações ao uso do HME.
43
Na comparação realizada por RICARD et al. (2002) entre os padrões
de usos de dispositivos no Canadá e na França, em 93% das UTIs francesas
os HMEs são utilizados por todo o tempo que o paciente permanecer na
ventilação mecânica. Nas UTIs paulistanas esta freqüência é de 50%. No
Canadá 35% referiam que usavam os HMEs, sendo que, geralmente, o
tempo máximo deste dispositivo era de 5 dias quando eram substituídos pelo
UA. Isto provavelmente se deve a estudos norte americanos mais antigos
que relacionaram a utilização do HME por um período maior do que 5 dias
com a ocorrência de alterações no epitélio respiratório dos pacientes em
ventilação mecânica. Contudo já foi verificado por HURNI et al. (1997) que
estas alterações ocorrem nos pacientes em ventilação mecânica por mais de
5 dias mesmo quando utilizado UA. Atualmente existem várias evidências
(DREYFUSS e DJEDAINI 1995; RICARD et al. 2000; RICARD et al. 2002)
de que os HMEs podem ser utilizados por longos períodos de ventilação
mecânica, desde que respeitadas as contra-indicações ao seu uso.
Apesar de vários estudos (RICARD et al. 2000; THOMACHOT et al.
2000; THOMACHOT et al. 2002a; BOYER et al. 2003) mostrarem que os
HMEs podem ser utilizados por um período maior do que 24 horas podendo
chegar até 7 dias sem causar danos aos pacientes, o nosso estudo mostrou
que muitas UTIs paulistanas (40%) ainda realizam as trocas dos HMEs a
cada 24 horas, seguindo as recomendações dos fabricantes destes
dispositivos e não baseando-se nos dados publicados. No estudo franco-
canadense (RICARD et al. 2002) esta porcentagem é ainda maior, sendo
que 65% dos respondedores, em ambos os países, realizavam as trocas dos
44
HMEs a cada 24 horas. Desta forma, aumentam significativamente os gastos
com a umidificação das vias aéreas nas UTIs. Este padrão de uso parece
um aparente contra-senso com o fato de que 67% das UTIs paulistanas
referirem que levam em consideração o preço do dispositivo na hora da
escolha do HME: quer dizer, haveria maior economia se prolongassem o
tempo de uso. Em relação à questão do custo, é importante frisar que nas
UTIs que não dispõe de umidificador aquecido o custo pode tornar-se muito
elevado, como nas situações onde há secreção abundante ou hemoptise
que pode determinar a necessidade de diversas trocas diárias do HME por
contaminação por secreções que determina aumento da resistência e
desconforto respiratória.
Existem diversos estudos internacionais (BRANSON et al. 1993;
KOLLEF et al. 1998; THOMACHOT et al. 2002b; LACHERADE et al. 2005;
RICARD et al. 2006) demonstrando que a utilização dos HMEs gera menos
gastos do que os UA. Mesmo assim, alguns estudos (RICARD et al. 2000;
BOYER et al. 2003; LACHERADE et al. 2005) sugerem que o menor custo
dependerá principalmente da freqüência de troca destes dispositivos, da
marca e tipo dos dispositivos utilizados.
No Brasil não existem trabalhos comparando-se os custos entre o uso
dos HMEs e UA. Como possuímos uma prática diferente do exterior, pois
muitas UTIs usam circuitos respiratórios reesterilizados, diferente de outros
países onde os circuitos são descartáveis isso pode determinar uma redução
do custo da umidificação aquecida (os circuitos para umidificação aquecida
tem preço mais elevado). Além disso, poucas UTIs usam circuito com fio
45
aquecido que é o tipo geralmente avaliado nos estudos publicados e tem um
custo superior ao do circuito respiratório sem fio aquecido. Por fim, é
importante considerar que o preço dos HMEs no Brasil pode chegar a ser o
dobro do preço de venda no exterior. Seria interessante a realização de um
estudo comparado custo dos HMEs e UA em nosso país.
5.5 PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO
No nosso estudo, somente 40% das UTIs dispõe de um protocolo
escrito para o controle da umidificação dos pacientes em ventilação
mecânica. Nós acreditamos que este valor é ainda menor, pois pudemos
observar que muitos respondedores afirmavam presença de protocolo para
umidificação, no entanto, estavam relacionando isto com a presença de uma
padronização do dispositivo. Estas são duas coisas bem diferentes, pois
padronizar o dispositivo significa utilizar o mesmo dispositivo sempre para
todos os pacientes, e utilizar um protocolo de umidificação, significa respeitar
as contra-indicações ao uso do dispositivo, definir tempo de uso e critérios
de troca de um HME por um umidificador aquecido.
A padronização de atendimento para diversos procedimentos em UTI
pode estar associada com uma melhora da qualidade do atendimento e
maior segurança para o paciente. Algumas práticas foram estabelecidas por
estudos randomizados mostrando benefícios na redução da mortalidade ou
morbidade para os pacientes de UTI, como a utilização de ventilação
mecânica com estratégia protetora para pacientes com SARA (RUBENFELD
46
et al. 2004; YOUNG 2006); uso da elevação do decúbito dos pacientes em
ventilação mecânica determinando redução de pneumonia associada à
ventilação mecânica (COMBES 2006); utilização de protocolo de sedação
com interrupção diária da sedação dos pacientes em ventilação mecânica
determinando redução do tempo de VM e de internação (DEVLIN et al.
2006); protocolo de atendimento para sepse grave em pronto socorro
(CARLBOM e RUBENFELD 2007).
Alguns estudos já observaram que após a publicação dessas
estratégias, que beneficiam os pacientes, poucas UTIs passam a realmente
utilizá-las rotineiramente (KALHAN et al. 2006; CARLBOM e RUBENFELD
2007).
Um dos modos de aumentar a adesão dos profissionais a esses
procedimentos benéficos para os pacientes é estabelecer protocolos de
atendimento (SHORR et al. 2004; WOLTHUIS et al. 2005; SINUFF et al.
2007). No entanto, não basta apenas definir o protocolo para que ele seja
seguido. São necessárias diversas estratégias para aumentar a adesão aos
protocolos como educação continuada de toda a equipe da UTI, uma
interação interprofissional com comunicação aberta e freqüente, utilização
de recursos de comunicação como lembretes e informações eletrônicas etc
(WOLTHUIS et al. 2005).
47
5.6 MONITORIZAÇÃO DA EFICÁCIA DOS DISPOSITIVOS
Quando avaliamos a monitorização da umidificação dos dispositivos,
observamos que a maioria das UTIs que utilizam UA não monitorizam a
temperatura (25 das 39 que utilizam este dispositivo) e, mesmo aquelas que
monitorizam, mencionaram valores bem diferentes dos relatados na
literatura, mostrando que estes profissionais desconhecem como realizar a
monitorização da temperatura e quais as conseqüências que a umidificação
excessiva pode causar para os pacientes. Se durante a utilização do UA, a
temperatura for controlada e estiver dentro dos valores recomendados pelos
especialistas, certamente a umidificação das vias aéreas do pacientes estará
adequada, pois este dispositivo umidifica o ar a 100%. Os autores divergem
quanto aos valores de temperatura ideal para uma adequada umidificação.
Para alguns, o valor a ser ajustado no “Y” do circuito seria em torno de 32ºC
(SHELLY et al. 1988; BRANSON et al. 1996; BOYER et al. 2003) e para
outros (LAWRENCE 1998; RYAN et al. 2002) este valor deveria estar entre
35ºC e 37ºC. A temperatura a ser ajustada no jarro tem de ser bem superior
(maior do que 40 a 50°C, dependendo do fluxo inspiratório) para permitir a
entrega do gás com temperatura entre 30 a 34°C no “Y” do ventilador.
Em relação aos HMEs, o nosso estudo mostrou que em 40% das
UTIs paulistanas não se realiza nenhum tipo de monitorização da
umidificação das vias aéreas quando se utiliza os HMEs, e que quando esta
monitorização é realiza é feita de forma subjetiva através da avaliação do
aspecto da secreção e /ou presença de condensação no tubo endotraqueal.
48
Alguns estudos (BRANSON et al. 1993; BEYDON et al. 1997; RICARD et al.
2000) sugerem uma correlação entre o aspecto da secreção e a
umidificação encontrada. No entanto é importante lembrar que estas são
formas subjetivas de avaliação, podendo não corresponder com uma
umidificação eficiente dos HMEs (RICARD et al. 2000). A única forma
objetiva de avaliação da umidificação dos HMEs é através do
termohigrômetro, instrumento não disponível para uso na prática clínica
rotineira (RICARD et al. 1999). Em nosso estudo não encontramos nenhuma
UTI que utilize termohigrômetro.
5.7 CONHECIMENTO SOBRE AS CONTRA-INDICAÇÕES
Nós verificamos que a maioria dos profissionais não possuía
conhecimento sobre as contra-indicações ao uso dos HMEs. A presença de
secreção abundante e espessa foi à contra-indicação mais citada (42%) para
troca do HME pelo UA. Em relação às outras contra-indicações menos de
20% dos profissionais têm conhecimento sobre elas.
É de fundamental importância que estes profissionais tenham
conhecimento sobre as contra-indicações ao uso dos HMEs, pois de uma
forma geral, o nosso estudo mostrou que estes profissionais escolhem
sempre o mesmo dispositivo para todos os pacientes, não realizam a troca
do HME por UA na presença das contra-indicações ao uso dos HMEs e
acreditam que os UA são inseguros para os pacientes.
49
Em nosso estudo 49% dos profissionais associam o uso do UA com
aumento do risco de incidência de pneumonia. Vários estudos foram
realizados na tentativa de comparar se existe diferenças entre os
dispositivos em relação à incidência de pneumonia em pacientes em
ventilação mecânica (PAV). Um estudo realizado por DREYFUSS et al.
(1995) mostrou que não houve diferença usando-se HME ou UA.
Posteriormente duas metanálises (HESS et al. 2003; KOLA et al. 2005)
relataram uma redução no risco de pneumonia nestes pacientes quando
utilizado o HME. Este resultado é um contra-senso com o mecanismo
fisiopatológico mais aceito para a PAV que é aspiração de material
contaminado das vias aéreas superiores para a via aérea inferior (SIEMPOS
et al. 2007). No entanto, uma metanálise que incluiu estudos mais recentes e
comparou a associação de pneumonia associada à VM com o uso dos
umidificadores passivos (HME) e umifidicadores ativos (UA) não encontrou
diferenças significativas entre os dois dispositivos.
Os estudos que associam uma maior ocorrência de PAV nos
pacientes que utilizam umidificação aquecida relatam que a condensação de
água no circuito favorece a colonização de bactérias aumentando o risco de
pneumonia neste grupo. Contudo, esta metanálise de SIEMPOS et al. (2007)
mostrou que houve um discreto aumento na incidência de pneumonia em um
subgrupo que utilizou umidificação sem aquecimento.
Também foi possível perceber em nosso estudo que grande parte dos
profissionais (76%) havia participado de 2 ou mais congressos (ou
simpósios) nos últimos 2 anos, mostrando estar atualizados. No entanto, a
50
maioria deles não havia assistido a nenhuma aula (45%) e nem lido nenhum
artigo (42%) sobre umidificação nestes últimos 2 anos. Esses dados podem
sugerir, que talvez seja necessário investir em educação continuada sobre a
questão da umidificação de vias aéreas durante a VM, seja a nível local (na
UTI) ou através de aulas e artigos de revisão nos congressos ou revistas das
sociedades de especialistas.
5.8 USO DOS DISPOSITIVOS DURANTE A VNI
A utilização de dispositivos de umidificação em pacientes em uso de
ventilação não invasiva é controversa na literatura. Sabe-se que na maioria
dos pacientes que não apresentam sintomas de ressecamento e congestão
das vias aéreas, o uso de um dispositivo de umidificação geralmente não é
necessário. No entanto, alguns estudos (LELLOUCHE et al. 2002; ELLIOTT
2005) demonstram que quando estes pacientes são submetidos a longos
períodos de VNI e/ou a altos fluxos inspiratórios, podem apresentar sintomas
de desconforto das vias aéreas, sendo então indicado o uso de um
dispositivo de umidificação. No nosso estudo observamos que mais da
metade dos profissionais utiliza sempre o HME como dispositivo de
umidificação, porém alguns estudos (JABER et al. 2002; LELLOUCHE et al.
2002) demonstram que a utilização do HME pode reduzir a eficiência da VNI
em pacientes com insuficiência respiratória aguda, pois promovem um
aumento da PaCO
2
, da freqüência respiratória e do trabalho respiratório.
Estes estudos sugerem que, quando necessário, seria mais conveniente
51
utilizar o UA para pacientes em VNI. Um outro autor (BRANSON 2006)
sugere que o aumento do espaço morto causado pelo volume do HME, pode
reduzir a eficiência da VNI devido à reinalação de CO
2
, e que o vazamento
ao redor da máscara de VNI também pode prejudicar a eficiência do HME.
52
6 CONCLUSÕES
1. Em relação ao uso dos dispositivos de umidificação:
a. 54% dispõe tanto do UA quanto do HME, 8% dispõe apenas do UA e
38% somente do HME o que sugere que pelo menos um terço das
UTIs utilizam HME mesmo quando ele está contra-indicado;
b. O dispositivo utilizado quando iniciada a ventilação mecânica
invasiva é o HME em 80% das UTIs avaliadas, sendo que somente
em 17% das UTIs é avaliado o quadro clínico do paciente para
escolher o dispositivo o que, em verdade, deveria ser feito sempre.
2. Nas UTIs paulistanas avaliadas o profissional responsável pelo
controle da umidificação e aquecimento das vias aéreas durante o
uso de ventilação mecânica é predominantemente o fisioterapeuta
(93%); 40% das UTIs referiam que tinham protocolo escrito para
controle da umidificação e aquecimento das vias aéreas durante VM;
3. Mais da metade dos profissionais avaliados desconhece quase todas
as contra-indicações do HME o que pode determinar risco para o
paciente em VM;
4. Em relação à monitorização da eficácia da umidificação, 42% dos que
usam o HME não a monitorizam; esta porcentagem é similar para o
UA (40%).
53
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4.
Anexo 1 - UTIs pesquisadas e situação da resposta aos questionários.
Hospital
Presente
no censo?
Situação
1 ASSOCIAÇÃO BENEFICÊNCIA DOS HOSPITAL
SOROCABANA
Sim
Não
respondido
2 HOSPITAL GERAL DO GRAJAÚ Sim Respondido
3 HOSPITAL MUNICIPAL PROF. WALDOMIRO DE
PAULA
Sim
Não
respondido
4 HOSPITAL NOSSA SENHORA DA PENHA Sim Respondido
5 HOSPITAL SÃO CAMILO
Sim
Não
respondido
6 HOSPITAL ESCOLA WLADIMIR ARRUDA Sim UTI fechada
7 HOSPITAL GERAL DE ITAIM PAULISTA
Sim
Não
respondido
8 HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA
Sim
Não
respondido
9 HOSPITAL SÃO LUIZ GONZAGA
Sim
Não
respondido
10 CLÍNICA INFANTIL DO IPIRANGA Sim Respondido
11 HOSPITAL JESUS TEIXEIRA DA COSTA –
GUAIANASES
Sim Respondido
12 HOSPITAL SÃO MATHEUS Sim Respondido
13 HOSPITAL BRIGADEIRO Sim Respondido
14 INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMILIO RIBAS Sim Respondido
15 ASSOCIAÇÃO CONGREGAÇÃO SANTA CATARINA Sim Respondido
16 CENTRO DE REF. E SAÚDE DA MULHER,
NUTRIÇÃO, ALIM.
Sim UTI fechada
17 HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Sim Não consentiu
18 HOSPITAL BANDEIRANTES Sim Respondido
19 HOSPITAL CENTRAL - SANTA CASA DE Sim Respondido
20 HOSPITAL DO CÂNCER – A.C. CAMARGO Sim Respondido
21 HOSPITAL DO CORAÇÃO - ASS. DO SANATÓRIO
SÍRIO
Sim Respondido
22 HOSPITAL E MATERNIDADE MODELO
TAMANDARÉ
Sim
Não
respondido
23 HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO - HGESP Sim Respondido
24 HOSPITAL NOVE DE JULHO Sim Respondido
25 HOSPITAL PAULISTANO Sim Respondido
26 HOSPITAL SANTA CECÍLIA Sim Respondido
27 HOSPITAL SANTA HELENA Sim Respondido
28 HOSPITAL SANTA IZABEL Sim Respondido
29 HOSPITAL SÃO LUCAS Sim UTI fechada
30 HOSPITAL SÃO LUIZ - UNIDADE MORUMBI Sim Respondido
31 REAL E BENEMERITA SOCIEDADE
BENEFICIÊNCIA PORTUGUESA
Sim Respondido
32 HOSPITAL AVICCENA S/A Sim Respondido
33 HOSPITAL CRISTO REI Sim UTI fechada
34 HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO CRISTÓVÃO Sim Respondido
35 HOSPITAL MUNICIPAL DR. ALÍPIO CORREA NETO Sim Respondido
36 HOSPITAL MUNICIPAL IGNÁCIO PROENÇA DE
GOUVÊA
Sim Respondido
37 HOSPITAL SANTA MARCELINA Sim Respondido
38 HOSPITAL MUN. DR. CARMINO CARICCHIO –
TATUAPÉ
Sim
Não
respondido
39 HOSPITAL DE AERONÁUTICA DE SÃO PAULO Sim Respondido
40
HOSPITAL GERAL DE VILA NOVA CACHOEIRINHA Sim
Não
respondido
41 HOSPITAL GERAL DE VILA PENTEADO Sim Respondido
42 INTER HOSPITAL PARI Sim UTI fechada
43 SOCIEDADE HOSPITALAR SAMARITANO Sim Respondido
44
COMPLEXO HOSPITALAR DO MANDAQUI Sim
Não
respondido
45 HOSPITAL ESTADUAL DE VILA ALPINA Sim Respondido
46
HOSPITAL GERAL DE TAIPAS - Sim
Não
respondido
47 CENTRO HOSPITALAR DOM SILVÉRIO GOMES
PIMENTA
Sim
Não
respondido
48 HCFMUSP INCOR Sim Respondido
49 HCFMUSP – INSTITUTO CENTRAL Sim Respondido
50 HCFMUSP – INSTITUTO DE ORTOPEDIA Sim Respondido
51 HOSPITAL ALBERT SABIN Sim Respondido
52 HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO CAMILO Sim Respondido
53 HOSPITAL IGUATEMI Sim Respondido
54 HOSPITAL METROPOLITANO Sim Respondido
55 HOSPITAL PANAMERICANO Sim Respondido
56 AACD – HOSPITAL ROBERTO DE ABREU SODRÉ Sim Respondido
57 HOSP. DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL Sim Respondido
58 HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN Sim Respondido
59 HOSPITAL SÃO PAULO Sim Respondido
60
CASA DE SAÚDE SANTA RITA Sim
Não
respondido
61 HOSPITAL ALVORADA Sim Respondido
62 HOSPITAL AMICO VILA MARIANA Sim UTI fechada
63 HOSPITAL E MATERNIDADE ALVORADA DE
SANTO AMARO
Sim Respondido
64 HOSPITAL E MATERNIDADE NOSSA SENHORA DE
LOURDES
Sim Respondido
65 HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA MARINA Sim Respondido
66 HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO LUIZ Sim Respondido
67 HOSPITAL EDMUNDO VASCONCELOS - FMAEN Sim Respondido
68 HOSPITAL GERAL DE PEDREIRA Sim Respondido
69 HOSPITAL JARAGUÁ SOCIEDADE CIVIL LTDA Sim Respondido
70 HOSPITAL SANTA PAULA Sim Não consentiu
71 HOSPITAL ADVENTISTA DE SÃO PAULO Sim Respondido
72 HOSPITAL BOSQUE DA SAÚDE – HBS Sim Respondido
73 HOSPITAL HELIÓPOLIS Sim Respondido
74 HOSPITAL IPIRANGA Sim Respondido
75 HOSPITAL MUNICIPAL DR. ARTHUR RIBEIRO DE
SABOYA
Sim Respondido
76 HOSPITAL MUN. DR. FERNANDO MAURO PIRES
DA ROCHA
Sim Respondido
77 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA USP Sim Respondido
78 HOSPITAL DO SEPACO Sim Respondido
79 INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA Sim Respondido
80 HOSPITAL ESTADUAL DE SAPOPEMBA (Fora do
Censo)
Não Respondido
81 HOSPITAL SANTA MARCELINA (2°UT) Não Respondido
82 HCFMUSP NEUROCIRURGIA Não Respondido
83 HCFMUSP – INCOR ( 2° UTI) Não Respondido
Anexo 2 - Questionário do Hospital
Data da Avaliação: _______/_______/_______.
Nome do hospital:______________________________________________
Nome da UTI: _________________________________________________
1. Classificação do Hospital
( ) público ( atende somente SUS)
( ) privado ( atende somente convênios e particulares)
( ) misto (atende SUS, convênios e particulares)
2. Classificação acadêmica do Hospital
( ) universitário ( ligado diretamente à universidade)
( ) afiliado à universidade ( convênio com universidade)
( ) não universitário ( sem qualquer vínculo com universidade)
( ) sem vínclulo à universidade mas com residência médica
3. Qual a fonte mantenedora do Hospital?
( ) estadual
( ) municipal
( ) fundação / entidade sem fins lucrativos / entidade filantrópica
( ) privado
( ) outros. qual? ___________________________________
4. Classificação da UTI:
( ) clínica
( ) cirúrgica
( ) clínica/cirúrgica
( ) cardiológica (unidade coronariana)
( ) geral
( ) outra. Especifique:____________________
5. Número de leitos na UTI: ________
6. Por quantos leitos de UTI cada enfermeiro(a) é responsável? ________________
7. Por quantos leitos de UTI cada fisioterapeuta é responsável?________________
8. Existe assistência fisioterapêutica 24 horas/dia nesta UTI? ( ) sim ( ) não
Anexo 3 - Questionário para o profissional responsável pela escolha do tipo
de umidificador a ser comprado
Data da Avaliação: _______/_______/_______.
Iniciais do nome:_______Idade:_____sexo: (M) ou (F) Ano de conclusão:______
Tempo de exercício em UTI: ( ) < 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 5 anos ( ) > 5 anos
Curso de especialização em UTI: ( ) Não ( ) Sim: qual: ______________________
1. Qual o profissional responsável pela escolha do HME a ser comprado:
( ) enfermeiro ( ) fisioterapeuta ( ) médico ( ) setor de compras
2. Quais dispositivos estão disponíveis nesta UTI:
( ) umidificador aquecido (UA) ( ) trocadores de calor e umidade (HME) ambos ( )
quais as marcas e modelos dos HMEs:____________________________________
3. Qual tipo de HME é utilizado nesta UTI?
( ) higroscópico
( ) hidrofóbico
( ) misto
( ) mais de um tipo: ( ) higroscópico ( ) hidrofóbico ( ) misto
( ) desconhece
( ) não disponível nesta UTI
4. Como o profissional responsável escolhe o HME a ser comprado?
( ) pelo custo
( ) por indicação. De quem: __________________
( ) por ser filtro contra bactéria
( ) avaliação de estudos científicos
( ) testes realizados na unidade (vide pergunta 5)
( ) outros, quais:_______________________________________________
( ) não é utilizado HME nesta UTI
5. Quando realiza testes, qual o critério utilizado no teste para avaliar o HME?
Anexo 4 - Questionário para o profissional responsável pelo controle da
umidificação
Data da Avaliação: _______/_______/_______
Iniciais do nome:_________Idade:_______sexo: (M) ou (F)
Ano de conclusão da graduação:________
Tempo de exercício em UTI: ( ) < 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 5 anos ( ) > 5
anos
Curso de especialização em UTI ou respiratória: ( ) Não ( ) Sim
qual: _________________________
Formação: ( ) enfermeiro(a) ( ) médico(a) ( ) fisioterapeuta ( )outros_______
1. Esta UTI tem ar condicionado? ( ) não ( ) sim.
Se sim, qual a temperatura média ajustada?________ ( ) não sabe
2. Nos pacientes sob ventilação mecânica invasiva, qual dos dispositivos é utilizado
nesta UTI ao ser iniciada a ventilação mecânica:
( ) umidificador aquecido (UA) ( ) trocador de calor e umidade (HME)
( ) variável. Explique: ______________________________________________
3. Existem protocolos definidos (escrito) para umidificação das vias aéreas durante
ventilação mecânica invasiva nesta UTI:
( ) Não ( ) Sim
4. Como é feita a escolha do dispositivo de umidificação para VM invasiva nesta UTI:
( ) sempre o mesmo dispositivo para todos os pacientes
( ) dispositivo disponível
( ) patologia do paciente
( ) tempo de VM
( ) outros; qual?_________________________________________
5. Qual a freqüência de troca do HME (trocador de calor e umidade) nesta UTI:
( ) diariamente ( ) a cada ______dias ( ) não é usado nesta UTI ( )
incerto
Se incerto,
em que se baseia a troca: ___________________________________
6. Por quanto tempo o paciente sob ventilação mecânica invasiva permanece com HME
(trocador de calor e umidade) nesta UTI?
( ) por até 5 dias e depois troca pelo umidificador aquecido
( ) até que ele apresente alguma indicação de troca pelo umidificador aquecido
( ) durante todo período que ele permanecer em ventilação mecânica invasiva
( ) por tempo indeterminado
( ) nesta UTI não se usa HME
7. Nesta UTI, quando se utiliza o umidificador aquecido (UA) é realizada a
monitorização da temperatura do gás inspirado? (responder como é feito nesta UTI)
( ) não ( )sim ( ) nesta UTI não se usa umidificador aquecido
Se não, explique o motivo:
( ) o ventilador ou o umidificador não monitoriza a temperatura
( ) é possível monitorar a temperatura mas não é rotina do serviço fazer isso
Se sim:
Qual a temperatura ajustada?_______
Em qual local ajusta-se a temperatura? ( ) no Y ( ) no jarro ( ) não sabe
Qual a marca do UA?_____________________________________ ( ) não sabe
8. Quando usando o HME, o controle da temperatura e a eficácia da umidificação nesta
UTI é feito através:
( ) nesta UTI não se usa HME
( ) não é realizado este controle nesta UTI
( ) subjetivamente - por avaliação do aspecto da secreção
( ) subjetivamente - através da presença de condensado no tubo flexível
( ) objetivamente - através de psicrômetro ou termohigrômetro digital
9. Você concorda com a seguinte afirmação: “O risco de pneumonia associado ao
ventilador mecânico é maior nos pacientes usando umidificador aquecido do que nos
que usam o HME” (assinale a opção que achar mais correta)
( ) Sim ( ) Não ( ) Não tem opinião formada ( ) este é um tópico controverso na
literatura sobre o assunto
10. Você concorda com a seguinte afirmação: “O risco de pneumonia associado ao
ventilador mecânico é maior nos pacientes usando HME do que nos que usam o
umidificador aquecido” (assinale a opção que achar mais correta)
( ) Sim ( ) Não ( ) Não tem opinião formada ( ) este é um tópico controverso na
literatura sobre o assunto
11. Você concorda com a seguinte afirmação: “é possível realizar a umidificação das
vias aéreas de qualquer paciente de UTI usando somente o HME” (assinale a opção
que achar mais correta)
( ) Sim ( ) Não ( ) Não tem opinião formada ( ) este é um tópico controverso na
literatura sobre o assunto
12. Você concorda com a seguinte afirmação: “é possível realizar a umidificação das
vias aéreas de qualquer paciente de UTI usando somente o umidificador aquecido”
(assinale a opção que achar mais correta)
( ) Sim ( ) Não ( ) Não tem opinião formada ( ) este é um tópico controverso na
literatura sobre o assunto
13. Por que nesta UTI
não se usa o HME?
( ) o HME é utilizado nesta UTI
( ) não disponível nesta UTI
( ) é mais trabalhoso para o profissional
( ) é mais inseguro para o paciente
( ) é mais caro
( ) outro: ______________________
14. Por que nesta UTI não se usa o umidificador aquecido?
( ) o umidificador aquecido é utilizado nesta UTI
( ) não disponível nesta UTI
( ) é mais trabalhoso para o profissional
( ) é mais inseguro para o paciente
( ) é mais caro
( ) outro: ______________________
15. Assinanle abaixo a(s) situação(ões) clínica(s) onde, nesta UTI
, se indica a troca do
HME pelo umidificador aquecido (responda como é feito na prática clínica desta UTI)?
Obs.: se esta UTI não usa HME deixe em branco
Presença de hipotermia ( < 32° C) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Pneumonia ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Presença de secreção abundante e espessa ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Volume minuto espontâneo alto ( >10l/min.) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Presença de fístula bronco-pleural ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Ventilação com volume corrente baixo ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
SARA / LPA ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
16. Em sua opinião, quais das situações abaixo, segundo os especialistas no
assunto, são contra-indicações (absolutas ou relativas) ao uso do HME (quer dizer,
estaria indicada a troca por um umidificador aquecido):
Presença de hipotermia ( < 32° C) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Pneumonia ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Presença de secreção abundante e espessa ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Volume minuto espontâneo alto ( >10l/min.) ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Presença de fístula bronco-pleural ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
Ventilação com volume corrente baixo ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
SARA / LPA ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
17. Nesta UTI utiliza-se algum tipo de umidificação para ventilação mecânica não-
invasiva?
( ) Sempre ( ) Nunca ( ) Eventualmente
Se usa, qual tipo utiliza
? ( ) umidificador aquecido ( ) HME ( ) os dois
Se usa o umidificador aquecido, você liga o aquecedor
?
( ) não, deixo aquecedor desligado
( ) uso a mesma temperatura usada para VM invasiva
( ) uso temperatura menor do que usada para VM invasiva
( ) outro: _____________________________
18. Nos últimos 2 anos:
Quantos congressos/simpósios nacionais (ou internacionais) na área de UTI você
participou?
( ) nenhum ( ) 1 congresso ( ) 2 congressos ( ) 3 congressos ( ) 4 ou mais
Quantas palestras/aulas sobre umidificação em ventilação mecânica você assistiu?
( ) nenhuma ( ) 1 aula ( ) 2 aulas ( ) 3 aulas ( ) 4 ou mais
Quantos artigos científicos sobre umidificação em ventilação mecânica você leu?
( ) nenhum ( ) 1 artigo ( ) 2 artigos ( ) 3 artigos ( ) 4 ou mais
Anexo 5 - Caro Chefe, Diretor (a) ou Responsável pelo serviço de
fisioterapia
Estamos realizando um estudo que busca avaliar as preferências no uso
de dispositivos de umidificação e aquecimento das vias aéreas por
profissionais de UTIs da cidade de São Paulo. Trata-se de um trabalho de
dissertação de mestrado para obtenção de título de mestre em oncologia
pela Fundação Antônio Prudente – Hospital do Câncer.
Gostaríamos de distribuir os questionários aos profissionais responsáveis
neste serviço pelo controle dos dispositivos de umidificação. O Questionário
consta de 23 questões que abordam aspectos relacionados ao uso dos
dispositivos de umidificação na prática clínica. A identidade dos
respondedores e de suas respectivas instituições será preservada.
Solicitamos, através desta, autorização formal para distribuição deste
questionário.
Agradecemos desde já a colaboração,
Valéria Lourenço Borba - fisioterapeuta - mestranda em oncologia pela FAP
Mauro Roberto Tucci - doutor e orientador na área de Câncer de pulmão
FAP
Eu,____________________________________, autorizo a distribuição do
questionário para avaliar as preferências no uso de dispositivos de
umidificação e aquecimento das vias aéreas entre os responsáveis na UTI
do Hospital_________________________
Anexo 6 - Questionário – Instruções para preenchimento
Caro profissional,
Este questionário foi desenvolvido para avaliar as preferências no uso de
dispositivos de umidificação e aquecimento das vias aéreas por profissionais
de UTIs da cidade de São Paulo. Este estudo faz parte de uma dissertação
de mestrado. A identidade dos respondedores e de suas respectivas
instituições será preservada.
Consiste de 23 questões, onde algumas questões aceitam mais de uma
resposta. Pedimos que as mesmas sejam respondidas o mais fielmente
possível. Por favor, assinalem a resposta que mais se aproxime de sua
realidade.
Ao final do preenchimento, se julgar necessário, deixe seu comentário,
sugestões ou críticas a respeito deste questionário.
Após completar o questionário favor entregar ao responsável.
Obrigado,
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