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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
DANIEL SILVA E SOUZA
CARACTERIZAÇÃO DA PESCARIA DO BERBIGÃO Anomalocardia
brasiliana (GMELIN, 1791) (MOLLUSCA:BIVALVIA) NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA DO PIRAJUBAÉ (FLORIANÓPOLIS/SC):
SUBSÍDIOS PARA O MANEJO
ITAJAÍ
2007
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DANIEL SILVA E SOUZA
CARACTERIZAÇÃO DA PESCARIA DO BERBIGÃO Anomalocardia
brasiliana (GMELIN, 1791) (MOLLUSCA:BIVALVIA) NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA DO PIRAJUBAÉ (FLORIANÓPOLIS/SC):
SUBSÍDIOS PARA O MANEJO
Dissertação apresentada como requisito
final à obtenção do título de Mestre em
Ciência e Tecnologia Ambiental, Curso
de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciência e Tecnologia Ambiental, Centro
de Ciências Tecnológicas da Terra e do
Mar, Universidade do Vale do Itajaí.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo
Pezzuto
ITAJAÍ
2007
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i
A meus pais
ii
Agradecimentos
A meus pais e irmãos, por tudo.
A todos os pescadores da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé que auxiliaram, e
muito, para a realização desse trabalho.
Ao Dr. Paulo Ricardo Pezzuto e sua esposa, a Dra. Eliana dos Santos Alves por sua
amizade, inestimável ajuda e paciência nessa longa jornada.
Aos amigos da equipe MANGUE: Caroline Schio, Bruno Gonçalves Righetti, José Bicca
Larré Neto e Luis Augusto Ebert.
Ao DEINFRA/SC e ao CTTMar/UNIVALI pelo financiamento da parte operacional do
projeto, através do Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da Via Expressa
SC-SUL, Florianópolis, SC.
Ao Iate Clube Veleiros da Ilha pela inestimável cooperação na logística do projeto ao
longo destes anos.
iii
Sumário
1. Introdução ..........................................................................................................................1
2. Objetivos..........................................................................................................................12
2.1 Objetivo Geral............................................................................................................12
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................12
3. O recurso..........................................................................................................................13
4. Área de estudo .................................................................................................................17
4.1. - Aspectos Fisiográficos e Hidrodinâmicos da Baía de Florianópolis......................17
4.2 - Clima na Baía de Florianópolis ...............................................................................18
4.3 - Maré na Baía de Florianópolis ................................................................................18
4.4 - Saco dos Limões......................................................................................................18
4.5 - Baixio Principal e Praia da Base .............................................................................19
5. Metodologia.....................................................................................................................22
5.1 - Análise da distribuição espacial da biomassa e densidade explotável ....................22
5.2 - Análise da pescaria do recurso na reserva...............................................................24
5.2.1 - Esforço amostral...............................................................................................24
5.2.2 - Parâmetros ambientais......................................................................................25
5.2.3 - Número e posição dos pescadores....................................................................26
5.2.4 - Medição dos petrechos de pesca.......................................................................29
5.2.5 - Profundidade de enterramento da arte de pesca ...............................................30
5.2.6 - Acompanhamento da pescaria..........................................................................32
5.2.7 - Problemática do cascalho .................................................................................36
5.3 - Aspectos sócio-econômicos e tecnológicos da pescaria..........................................37
6. Resultados........................................................................................................................39
6.1 - Esforço amostral......................................................................................................39
6.2 - Análise da distribuição espacial da biomassa explotável........................................40
6.2.1 - Baixio Principal................................................................................................40
6.2.2 - Praia da Base ....................................................................................................40
6.2.3 - Variação temporal da abundância do recurso...................................................41
6.3 - Parâmetros ambientais.............................................................................................42
6.3.1 - Dados meteorológicos ......................................................................................43
6.3.2 - Nível da maré ...................................................................................................43
6.3.3 - Direção e intensidade do vento.........................................................................44
iv
6.3.4 - Influência na pesca ...........................................................................................44
6.4 - Arte de Pesca ...........................................................................................................45
6.4.1 - Descrição do petrecho de pesca........................................................................45
6.4.2 - Uso do petrecho na RESEX do Pirajubaé ........................................................48
6.4.3 - Explotação do recurso em marés “favoráveis”.................................................48
6.4.4 - Explotação do recurso em marés “desfavoráveis” ...........................................50
6.4.5 - Profundidade de arrasto da arte de pesca .........................................................51
6.4.6 - Seletividade da Arte de Pesca...........................................................................51
6.5 - O extrativista da RESEX do Pirajubaé....................................................................54
6.6 - Dia-a-dia na reserva.................................................................................................56
6.7 - Características econômicas da pescaria...................................................................57
6.7.1 - Berbigão descascado ........................................................................................58
6.7.2 - Berbigão in natura............................................................................................59
6.8 - Esforço de pesca......................................................................................................60
6.8.1 - Nível do esforço atuante...................................................................................60
6.8.2 - Alocação do esforço pesqueiro na reserva .......................................................62
6.9 - Problemática do cascalho ........................................................................................64
6.9.1 - Mapeamento da distribuição do cascalho.........................................................64
6.9.2 - Acompanhamento in situ da captura de cascalho.............................................65
7. Discussão .........................................................................................................................67
8. Referências Bibliográficas...............................................................................................77
9. Tabelas.............................................................................................................................85
10. Figuras .........................................................................................................................119
11. Anexos .........................................................................................................................209
v
Lista de tabelas
Tabela 1 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia
brasiliana no Baixio Principal da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé,
Florianópolis, SC. As estações 2, 25 e 26 são utilizadas para o monitoramento temporal das
densidades e biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da
distribuição do recurso no baixio.........................................................................................85
Tabela 2 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia
brasiliana na Praia da Base, Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, Florianópolis, SC.
As estações B1 e B3 são utilizadas para o monitoramento temporal das densidades e
biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da distribuição do
recurso no baixio..................................................................................................................86
Tabela 3 - Pontos cardeais e pontos do horizonte com os seus respectivos ângulos
utilizados nas visadas no presente trabalho. ........................................................................87
Tabela 4 - Densidades (ind./m
2
) e biomassas (g/m
2
) do berbigão Anomalocardia brasiliana
no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 e 2006. Valores
discriminados para a totalidade da população, bem como para as parcelas com
comprimento de concha menor e maior que 20 mm............................................................88
Tabela 5 - Densidades (ind./m
2
) e biomassas (g/m
2
) do berbigão Anomalocardia brasiliana
na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé, em abril de 2005 e de 2006. Valores discriminados
para a totalidade da população, bem como para as parcelas com comprimento de concha
menor e maior que 20 mm. ..................................................................................................92
Tabela 6 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da biomassa
(g/m
2
) explotável do recurso (i.e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm de
comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006. ............................................................95
Tabela 7 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da densidade
(ind./m
2
) explotável do recurso (i. e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm de
comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006. ............................................................96
Tabela 8 - Biomassas medianas (g/m
2
) e totais (t) do berbigão Anomalocardia brasiliana
no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos de 2001 e
2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por indivíduos com
comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre parênteses indicam os
limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%.....................................................................97
vi
Tabela 9 - Densidades medianas (ind./m
2
) e totais do berbigão Anomalocardia brasiliana
no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos de 2001 e
2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por indivíduos com
comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre parênteses indicam os
limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%. * Valores em milhões................................98
Tabela 10 - Temperatura da água, temperatura do ar C) e nível da maré (em cm) durante
a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na
Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). .........................................99
Tabela 11 - Percentual de ocorrência dos diferentes níveis de intensidade do vento durante
a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na
Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). .........................................99
Tabela 12 - Medidas do gradeamento, dos dentes e do tempo de uso dos petrechos de pesca
analisados durante o trabalho de monitoramento da pescaria de Anomalocardia brasiliana
na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20
de novembro de 2005.........................................................................................................100
Tabela 13 - Medições da largura, altura da boca, altura do fundo e profundidade dos
petrechos de pesca analisados durante o trabalho de monitoramento da pescaria de
Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................101
Tabela 14 - Resultados da Análise de Variância aplicada à largura média dos ganchos
utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com menos de
30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................102
Tabela 15 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura dia da boca dos
ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com
menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................102
Tabela 16 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura média do fundo dos
ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com
menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................103
Tabela 17 - Resultados da Análise de Variância aplicada à profundidade média dos
ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com
vii
menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................103
Tabela 18 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume interno médio dos
ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com
menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................104
Tabela 19 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média da boca dos
ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam
a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. .......104
Tabela 20 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao volume médio interno
dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam
a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. .......105
Tabela 21 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média do fundo dos
ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam
a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. .......105
Tabela 22 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio das capturas
obtidas por jovens (homens com menos de 30 anos), mulheres e adultos na explotação do
berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20
de novembro de 2005.........................................................................................................106
Tabela 23 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume capturado por área
arrastada em diferentes níveis de maré, na explotação do berbigão A. brasiliana, entre 15
de março e 20 de novembro de 2005. ................................................................................106
Tabela 24 - Profundidade de enterramento (em cm) dos ganchos analisados no
monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................107
Tabela 25 - Resultados do teste Kolmogorov-Smirnov aplicado à distribuição do número
dos berbigões Anomalocardia brasiliana capturados entre 15 de março e 20 de novembro
de 2005, durante o trabalho de monitoramento da pescaria desse molusco na Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Para os três trimestres em que se
desenvolveu o trabalho, foram comparadas as distribuições de freqüência das capturas dos
viii
ganchos com espaçamento do gradeamento maior e menor que 12,18 mm. Os valores em
negrito indicam diferenças significativas ao nível de 5%..................................................108
Tabela 26 - Medidas de posição e dispersão do comprimento de concha dos organismos
retidos pelos ganchos com espaçamento médio do gradeamento maior ou menor do que
12,18 mm no período de 15 de março e 20 de novembro de 2005, durante o trabalho de
monitoramento da pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)..........................................................................109
Tabela 27 - Número de extrativistas observados no Baixio Principal e Praia da Base
durante a realização do trabalho de monitoramento da pescaria de Anomalocardia
brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de
março e 20 de novembro de 2005......................................................................................110
Tabela 28 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número de pescadores
observados no Baixio Principal e Praia da Base, na explotação do berbigão A. brasiliana,
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................................................110
Tabela 29 - Estimativas de esforço e captura por unidade de esforço de pesca por
extrativista na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março a 20 de novembro de 2005. ..................................111
Tabela 30 - Estimativas anuais de captura de berbigão na RESEX do Pirajubaé e
percentuais de remoção da biomassa disponível. * Valor estimado a partir dos percentuais
de alocação do esforço de pesca observados em cada banco no ano de 2005. “n.d.” Dados
inexistentes.........................................................................................................................112
Tabela 31 - Índice de Morisita Padronizado (Ip) aplicado à distribuição do esforço
pesqueiro atuante no ano de 2005, e a distribuição dos valores de biomassa (g/m
2
) existente
em 2005 e 2006, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)........113
Tabela 32 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio da captura por
metro quadrado (kg/m
2
) em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do berbigão A.
brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de
novembro de 2005. ............................................................................................................113
Tabela 33 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número médio de organismos
capturados por metro quadrado em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do
berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20
de novembro de 2005.........................................................................................................114
Tabela 34 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao comprimento de concha médio
das capturas em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana
ix
na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
...........................................................................................................................................114
Tabela 35 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao peso médio da captura
por metro quadrado (kg/m
2
) em cada quadrante, no monitoramento da explotação do
berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20
de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada
comparação realizada entre os pares de anos examinados. ...............................................115
Tabela 36 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao mero médio de
organismos capturados por metro quadrado em cada quadrante, no monitoramento da
explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15
de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a
cada comparação realizada entre os pares de anos examinados........................................116
Tabela 37 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao comprimento de concha
médio das capturas em cada quadrante, no monitoramento da explotação do berbigão A.
brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de
novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação
realizada entre os pares de anos examinados.....................................................................117
Tabela 38 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao peso médio
coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso
em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ..........................118
Tabela 39 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao volume
coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso
em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ..........................118
x
Lista de figuras
Figura 1 - Imagem das Baías Norte (BN) e Sul (BS) e de Florianópolis, SC, com os
principais bancos do berbigão Anomalocardia brasiliana identificados por Tremel (2001).
D: Pontal da Daniela; C: Campinas; P: RESEX Marinha do Pirajubaé; I: Ponta do Imaruí;
T: Tapera e Taperinha; M: Passagem do Massiambú. Fonte: NASA................................119
Figura 2 - Pescador utilizando o petrecho de pesca denominado gancho” na Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). .....................................................120
Figura 3 - Molusco bivalve A. brasiliana em seu habitat natural......................................121
Figura 4 - Acima, Croa da Casca separando o Baixio Principal (ao fundo) da Praia da Base.
Abaixo, vista frontal da Croa da Casca..............................................................................122
Figura 5 - As croas do Baixio Principal em uma manhã de junho na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC). ............................................................................................................123
Figura 6 - Croas do Baixio Principal agindo como um verdadeiro trapeador de água
durante a vazante da maré em uma manhã de junho. ........................................................124
Figura 7 - Períodos de maré baixa no Baixio Principal.....................................................125
Figura 8 - Correntes formadas nas croas em enchentes ou vazantes da maré. ..................126
Figura 9 - Fotografia da Praia da Base na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), tirada
em um dia de maré baixa. Note a falta de Croas nesta região. ..........................................127
Figura 10 - Estações de amostragem definidas no Baixio Principal, RESEX do Pirajubaé.
A área triangular demarcada ao sul representa a região do manguezal.............................128
Figura 11 - Estações de amostragem definidas na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé. A
área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal............................129
Figura 12 - Caiaque utilizado como meio de transporte na reserva...................................130
Figura 13 - Modelo esquemático de uma visada. Nele, a unidade amostral “A”, o pescador-
alvo “B”, o ângulo da visada “a“, e a distância entre os dois pontos “b”, “x” e “y”.........131
Figura 14 - Medidas da altura da boca (H1), largura (L), altura do fundo (H2) e
profundidade (P) de um gancho.........................................................................................132
Figura 15 - Desenho esquemático de um gancho, dividido em dois sólidos A e B. H1 é a
altura da boca do aparelho, H2 a altura do fundo, L a largura da boca, P a profundidade e
“x” a diferença entre as alturas de boca e fundo................................................................133
Figura 16 - Diferentes partes de um gancho: A - Boca do gancho; B - Laterais; C - Fundo
do gancho; D - face superior; E - face inferior. .................................................................134
xi
Figura 17 - Modelo esquemático da medição com um transferidor da angulação dos dentes
do gancho em relação a boca do mesmo. Onde, “c” é o comprimento dos dentes, “a” é o
ângulo formado entre os dentes e a boca do aparelho; “p” é a profundidade de
enterramento do gancho no substrato (quando em repouso) e “90” a linha de 90 do
transferidor usado na medição. ..........................................................................................135
Figura 18 - Acima, o gancho em repouso. Abaixo, o gancho dragando o baixio. Observe o
ângulo formado entre a altura da boca e do fundo do aparelho nas duas figuras. .............136
Figura 19 - Figura representando o gancho em repouso (acima) e durante o arrasto
(abaixo). Note que o ângulo “b” entre a altura da boca (H1) e a altura do fundo do aparelho
(H2), é transferido no arrasto para o ângulo entre a face inferior do gancho (F) e o substrato
(S). Para melhor visualização do ângulo formado com a inclinação do gancho, manteve-se
perpendicular os dentes em relação a boca do aparelho. ...................................................137
Figura 20 - Representação da tomada do volume capturado a partir de uma ganchada, com
a medição da distância entre a boca do aparelho e o material capturado. .........................138
Figura 21 - Percentual mensal da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre
15 de março e 20 de novembro de 2005. ...........................................................................139
Figura 22 - Percentual diário da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre
15 de março e 20 de novembro de 2005. ...........................................................................140
Figura 23 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m
2
) do
berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que
20 mm) no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de
2006 (abaixo). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os
mapeamentos. A área triangular demarcada ao sul representa a região do manguezal.....141
Figura 24 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m
2
) do
berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que
20 mm) na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 esquerda) e abril de
2006 direita). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os
mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal.
...........................................................................................................................................142
Figura 25 - Latitude e longitude em graus e cimos de graus da densidade (ind./m
2
) do
berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que
20 mm) no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de
2006 (abaixo). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os
mapeamentos. A área triangular demarcada ao sul representa a região do manguezal.....143
xii
Figura 26 - Latitude e longitude em graus e cimos de graus da densidade (ind./m
2
) do
berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que
20 mm) na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 esquerda) e abril de
2006 direita). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os
mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal.
...........................................................................................................................................144
Figura 27 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de
biomassa explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006
(abaixo)..............................................................................................................................145
Figura 28 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de
biomassa explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006
(abaixo)..............................................................................................................................146
Figura 29 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de
densidade explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006
(abaixo)..............................................................................................................................147
Figura 30 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de
densidade explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006
(abaixo)..............................................................................................................................148
Figura 31 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm)
dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio
Principal, RESEX do Pirajubaé. ........................................................................................149
Figura 32 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm)
dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2004 e 2006 na Praia da Base,
RESEX do Pirajubaé..........................................................................................................150
Figura 33 - Comprimentos médios da concha (mm) e pesos médios individuais (g) (± E.P.)
dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio
Principal e na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé...........................................................151
Figura 34 - Cobertura de nuvens e presença/ausência de chuva entre 15 de março e 20 de
novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)....152
Figura 35 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura do ar durante o trabalho
de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................153
xiii
Figura 36 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da
temperatura do ar durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................154
Figura 37 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura da água durante o
trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................155
Figura 38 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da
temperatura da água durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................156
Figura 39 - Distribuição de freqüência dos valores do nível da maré por sobre os baixios
durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
...........................................................................................................................................157
Figura 40 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação dos níveis
da água nos baixios durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................158
Figura 41 - Direção e percentual de ocorrência dos ventos durante o trabalho de
monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ..................................159
Figura 42 - Percentual de ocorrência dos ventos ditos não relevantes (acima) e relevantes
(abaixo), durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva
extrativista Marinha do Pirajubaé, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005............160
Figura 43 - Intensidade dos ventos durante o trabalho de monitoramento da pescaria do
berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de
março e 20 de novembro de 2005......................................................................................161
Figura 44 – Método scree-plot aplicado ao mero de pescadores e dados ambientais
observados na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.........162
Figura 45 - Resultado gráfico da análise de componentes principais (PCA) aplicada ao
número de pescadores e dados ambientais observados na RESEX do Pirajubaé entre 15 de
março e 20 de novembro de 2005......................................................................................163
Figura 46 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% das medidas dos ganchos
utilizados na pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC) entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...................................164
xiv
Figura 47 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da largura dos ganchos
de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30
anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do
Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...................165
Figura 48 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura da boca dos
ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com
menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na
RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.166
Figura 49 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura do fundo dos
ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com
menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na
RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.167
Figura 50 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da profundidade dos
ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com
menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na
RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.168
Figura 51 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do volume interno dos
ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com
menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na
RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.169
Figura 52 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% das capturas do
berbigão Anomalocardia brasiliana por mulheres, adultos (homens maiores do que 30
anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005 na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC).............................................................170
Figura 53 - Acima, um pescador puxando o gancho no Baixio Principal (note como ele
utiliza as pernas na ganchada). Abaixo, fotografia subaquática mostrando os dentes do
gancho revolvendo o substrato em uma ganchada.............................................................171
Figura 54 - Acima, um pescador lavando o gancho em um dia de pesca. Abaixo, como é
feito o selecionamento do tamanho do berbigão capturado pelo gradeamento do gancho.
...........................................................................................................................................172
Figura 55 - Acima, pescador efetuando uma ganchada em “U” no Baixio Principal (note o
ângulo aproximadamente reto em relação a batera). Abaixo, marcas típicas de ganchadas
em “U”, caracterizadas por trilhas retas e paralelas entre si..............................................173
xv
Figura 56 - Pescador acomoda o material capturado no fundo do gancho com movimentos
verticais do cabo (indicado pelas setas). Observe os dentes do aparelho para entender
melhor o movimento..........................................................................................................174
Figura 57 - Pescador “lavando o gancho” no Baixio Principal, mantendo movimentos
pendulares constantes com o cabo do aparelho. ...............................................................175
Figura 58 - Fotografia de um ralo com a captura de uma (ou duas) ganchada (s). Na parte
inferior, em frente ao ralo, pode-se observar o local onde foi lavado o gancho ao final da
ganchada. ...........................................................................................................................176
Figura 59 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% do volume capturado por
área arrastada em diferentes veis de maré, variando entre patamares inferiores a 10 cm a
superiores aos 60 cm..........................................................................................................177
Figura 60 - Regressão linear por mínimos quadrados calculada entre o comprimento e a
largura da concha do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX Marinha do
Pirajubaé. ...........................................................................................................................178
Figura 61 - Espaçamento das grades dos ganchos utilizados na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. A linha indica o
espaçamento do gradeamento de 12,18 mm. .....................................................................179
Figura 62 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha (CC) das capturas
obtidas no período entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC). A linha vermelha representa o comprimento de concha de 20 mm...180
Figura 63 - Média e seus respectivos erros-padrão do comprimento de concha (mm) dos
organismos capturados no ano de 2005 (acima), e do comprimento de concha estimado a
partir do espaçamento dos ganchos analisados no monitoramento da pescaria (abaixo). .181
Figura 64 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha das capturas obtidas
com ganchos de espaçamento do gradeamento maior e menor a 12,18 mm. A linha
vermelha representa o comprimento de concha de 20 mm................................................184
Figura 65 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (em mm) dos
berbigões capturados comercialmente na RESEX do Pirajubaé entre junho de 1989 e julho
de 1994 (Tremel, 2001), e entre março e novembro de 2005 (no presente trabalho)........185
Figura 66 - Vista lateral de uma típica batera utilizada pelos pescadores da Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé na explotação do berbigão no ano de 2005.................186
Figura 67 - Diferentes meio de transporte para a RESEX do Pirajubaé. Acima à esquerda,
bateras movida à vela; acima à direita, batera movida à verga; Abaixo a esquerda, bote
dando carona para algumas bateras; Abaixo a direita, batera movida à motor (4 Hp)......187
xvi
Figura 68 - Acima, o molusco bivalve Trachicardium muricatum em seu habitat natural, e
abaixo, como parte da captura de um gancho....................................................................188
Figura 69 - Médias e seus respectivos desvios padrão do número de pescadores no período
matutino e vespertino, presentes na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de
março e 20 de novembro de 2005......................................................................................189
Figura 70 - Preços oferecidos pelo berbigão da RESEX Marinha do Pirajubaé pela empresa
Mar e Pesca e por peixarias da região, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ....190
Figura 71 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do número de
pescadores presentes no Baixio Principal e Praia da Base a cada dia de pesca analisado na
RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.191
Figura 72 - Acima, pescadores em uma manhã de outono. Abaixo, diferentes núcleos
formados pela distribuição dos errantes e dos seguidores no Baixio Principal e Praia da
Base em maio de 2005. As isolinhas representam valores de biomassa (g/m
2
) determinados
no mapeamento de abril de 2005. ......................................................................................192
Figura 73 - Distribuição do esforço pesqueiro em março de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................193
Figura 74 - Distribuição do esforço pesqueiro em abril de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................194
Figura 75 - Distribuição do esforço pesqueiro em maio de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................195
Figura 76 - Distribuição do esforço pesqueiro em junho de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................196
Figura 77 - Distribuição do esforço pesqueiro em julho de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................197
xvii
Figura 78 - Distribuição do esforço pesqueiro em agosto de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................198
Figura 79 - Distribuição do esforço pesqueiro em setembro de 2005, na Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos
pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em
cada quadrante. ..................................................................................................................199
Figura 80 - Distribuição do esforço pesqueiro em outubro de 2005, na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores
atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada
quadrante............................................................................................................................200
Figura 81 - Distribuição do esforço pesqueiro em novembro de 2005, na Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos
pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em
cada quadrante. ..................................................................................................................201
Figura 82 - Distribuição do esforço pesqueiro entre 15 de março e 20 de novembro de
2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição
geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de
pescadores em cada quadrante...........................................................................................202
Figura 83 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do peso capturado por
m
2
arrastado, do número de organismos capturado por m
2
arrastado, e do comprimento de
concha capturado nos diferentes quadrantes do Baixio Principal e Praia da Base............203
Figura 84 - Médias, erros-padrão e respectivos intervalos de confiança 95% do peso de
cascalho existente no Baixio Principal e Praia da Base, obtido nos mapeamentos das
concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005....................................................204
Figura 85 - Médias, erros-padrão e respectivos intervalos de confiança 95% do volume de
cascalho existente no Baixio Principal e Praia da Base, obtido nos mapeamentos das
concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005....................................................205
Figura 86 - Distribuição do peso de cascalho por amostra (g/0,031m
2
) no mapeamento de
abril de 2005 realizado no Baixio Principal (superior) e na Praia da Base (inferior), RESEX
do Pirajubaé. Os pontos representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos.
...........................................................................................................................................206
xviii
Figura 87 - Relação entre peso de cascalho por amostra (g/0,031m
2
) e biomassa (g/m
2
) do
berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que
20 mm) no Baixio Principal e na Praia da Base, a partir do mapeamento de abril de 2005.
...........................................................................................................................................207
Figura 88 - Relação entre volume de cascalho por amostra (ml/0,031m2) e densidade
(ind./m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de
concha maior que 20 mm) no Baixio Principal e na Praia da Base, a partir do mapeamento
de abril de 2005..................................................................................................................208
xix
Resumo
O molusco bivalve Anomalocardia brasiliana (berbigão) vem sendo explotado na Baía
Sul, no lado interno da Ilha de Santa Catarina, muitos anos. Junto a outros recursos a
explotação acentuada desta espécie provocou a implantação, em 1992, da Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé, visando proporcionar um uso sustentável dos recursos
existentes na região. Em 1996, foi autorizada uma dragagem no baixio de onde era extraído
o berbigão para a construção de uma Via Expressa que ligaria o centro ao sul da ilha, o que
reduziu a área para a explotação do berbigão e, conseqüentemente, a biomassa explotável
da espécie no meio. Com isso, o Plano de Utilização do berbigão até então vigente passou
a não estar mais em equilíbrio com o estoque e, em 1997, a pesca foi fechada em
decorrência da diminuição excessiva das densidades da espécie. Desde então, a reserva se
encontra em situação precária pela falta de fiscalização, facilitando a explotação do recurso
de forma descontrolada pelos extrativistas da região, que em sua maioria dependem da
explotação do berbigão como principal meio de subsistência. Este projeto teve como
objetivo analisar a dinâmica pesqueira do berbigão, como também o efeito desta nos níveis
de abundância e distribuição da sua biomassa disponível à pesca, a fim de fornecer
subsídios para a elaboração de um futuro Plano de Manejo da reserva. Para tanto, foi
realizado em abril de 2005 o mapeamento das biomassas e densidades explotáveis do
recurso nos bancos do berbigão e, concomitantemente num período de nove meses (entre
15 de março a 20 de novembro de 2005) foi realizado o acompanhamento in situ da
pescaria do recurso na reserva. Com isso, pôde-se observar que: (a) a pescaria é realizada
por um número variável de pessoas ao longo do ano, tendo seus valores dependentes das
leis de mercado; (b) que o esforço pesqueiro não corresponde a legislação em vigência que
regula a pescaria; (c) que o esforço atua principalmente sobre indivíduos adultos na reserva
e; (d) que o esforço se encontra elevado, depletando quase a totalidade da biomassa
explotável do recurso a cada ano. Sendo assim, torna-se evidente a necessidade de adoção
de medidas conservativas para a proteção do estoque, visando a recomposição da sua
biomassa original e a elevação da abundância do estoque desovante a níveis que assegurem
a manutenção do sucesso do recrutamento na área.
Palavras-chave: Anomalocardia brasiliana, reserva extrativista, pesca artesanal
xx
Abstract
The clam Anomalocardia brasiliana has been intensely exploited for many years on the
“Baía Sul”, located at the inner side of the Santa Catarina Island. This and other resources
forced the implementation, in 1992, of the “Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé”,
with the goal of providing the sustainable use of the resources in the area. In 1996, part of
the sandy bank where the mollusk was exploited was dragged for the construction of a
freeway connecting the downtown to the south of the island, thus reducing the exploitable
biomass of the species. As a consequence, the equilibrium between the stock and its
management plan was disrupted, and, in 1997, the fishery was officially closed due to the
low abundance of the species. Nevertheless, the fishery continued on an informal basis and
new management rules were established in 2004. Since 1997, weakness of enforcement by
the fishery authority has driven the reserve to a critical situation, characterized by an
uncontrolled exploitation of its resources by local fishermen; many of them rely on the
clam to live. This project had the goals of: a) analyzing how the mollusk fishery works, b)
studying its effects on the exploitable biomass and distribution and, c) giving advice for a
new management plan for the fishery. To accomplish this, a mapping of the clam biomass
and density was conducted in April 2005. In addition, the clam fishery was monitored in
situ during a nine month period (March 15
th
to November 20
th
2005). The results indicated
that: (a) the number of fishermen varies along the year, depending on the market; (b) the
rules that regulate the fishery are not respected; (c) the fishing is conducted primarily on
the mature portion of the stock and; (d) the fishing effort is excessively high, so that most
of the adult biomass is removed each year from the stock. This shows that new
management rules are necessary in order to protect the resource, in special, to rebuild its
original biomass and maintain its recruitment success in the area.
Keywords: Anomalocardia brasiliana, marine reserve, small scale shellfisheries
1
1. Introdução
A explotação artesanal de organismos bentônicos apresenta uma elevada
importância sócio-econômica para os países da América Latina, constituindo uma
expressiva fonte de renda e subsistência para as comunidades tradicionais da zona costeira
(Castilla & Defeo, 2001). Tais pescarias podem ser caracterizadas em seis fases distintas
de desenvolvimento (Castilla & Defeo, 2001):
(a) fase de explotação inicial: com uma incipiente explotação dos recursos
bentônicos, gerando baixas e constantes capturas. Nesta fase a pescaria é feita sem controle
e tem como destino unicamente o mercado doméstico;
(b) fase de expansão da extração: quando o aumento da demanda pelo produto gera
uma elevação nos níveis de captura dos recursos, influenciando na pescaria que tende a se
expandir;
(c) fase de sobrepesca: marcada pelo aumento excessivo das capturas com a forte
demanda do mercado externo, elevando as ofertas de emprego, renda e bem estar para os
pescadores. A intensidade da pesca apresenta uma elevação contínua, mesmo com a queda
das capturas, pela diminuição dos custos de operação das frotas. O crescimento do preço
das espécies explotadas (cada vez mais raras) e o cil acesso aos estoques, os quais
funcionam como verdadeiras áreas de livre acesso estimulam a entrada de novos
pescadores em um ciclo de retroalimentação que empurra os veis de abundância
exponencialmente para baixo. A capacidade da ciência de estudar as espécies não consegue
acompanhar tamanha velocidade de crescimento das pescarias. Assim, não são produzidas
medidas de manejo que sejam realmente adequadas para as espécies, o que leva muitas
pescarias ao colapso;
(d) fase do fechamento de pescarias: observada quando muitas pescarias se
encontram sobreexplotadas ou severamente explotadas pela pesca indiscriminada, tendo
que ser fechadas. Esta fase é caracterizada por grandes instabilidades sócio-econômicas
para as comunidades ligadas às pescarias com a queda nos rendimentos, emprego e
alimento disponível para as comunidades carentes;
(e) fase de estabilização da extração e institucionalização: caso uma pescaria não
venha a entrar na fase de sobrepesca ou fechamento, com o acúmulo de informações ao
longo dos anos formam-se condições para que o meio científico possa melhorar a
qualidade das medidas de manejo empregadas. Nessa fase, são implementadas medidas de
2
manejo, como a adoção do tamanho mínimo legal para os recursos a serem explotados e de
restrições quanto ao tamanho da malha de rede, da captura total permitida para cada
pescador e da captura total admitida em uma determinada área de pesca. Essa fase seria o
passo necessário para a fase de maturidade observada a seguir;
(f) fase da maturidade e consolidação das pescarias: na qual é alcançada a
explotação sustentável dos recursos em longo prazo.
A maioria das pescarias na América Latina atravessou as fases de explotação inicial
e expansão da extração estagnando nas fases de sobrepesca e fechamento de pescarias
(Castilla & Defeo, 2001). Isto devido a: (a) instabilidade política e social característica de
países do terceiro mundo; (b) carência de dados confiáveis sobre as espécies, pela ausência
de financiamentos que propiciem estudos mais prolongados dos estoques; (c) dificuldade
da implementação de planos de manejo para os recursos, dado à facilidade com que as
pessoas têm acesso ao mesmo (pela sua distribuição em extensas áreas de litoral e a falta
de uma fiscalização eficiente); (d) falta de comunicação entre pescadores, cientistas e
administradores e; (e) incertezas no campo econômico, como mudanças nos preços pagos
pelas espécies (com as variações naturais na abundância e acessibilidade do recurso) e
flutuações da demanda ao longo do tempo (Castilla & Defeo, 2001).
No litoral brasileiro, diversas espécies de moluscos bivalves de regiões estuarinas
são explotadas (Schaeffer-Novelli, 1989) de forma bastante rudimentar pelas comunidades
tradicionais, sem utilizar medidas de manejo que garantam um uso sustentável dos recursos
(Araújo, 2001). Dentre essas espécies, existem aquelas associadas às estruturas aéreas da
vegetação do mangue (como a Crassostrea rhizophorae, a Ostra-do-mangue) e espécies
que habitam os sedimentos de planícies de maré adjacentes a manguezais (Lacerda, 1999).
Mais de um terço do litoral brasileiro é coberto por áreas de mangue (Von Por,
1994). Destes, 85 % correspondem a regiões pouco habitadas do litoral Norte dos estados
do Amapá, Pará e Maranhão, ainda hoje se encontrando em bom estado de conservação
(Lacerda, 1999). Entretanto, nas regiões Sudeste e Sul do país a situação é bem diferente,
com a destruição crescente do ecossistema manguezal pelo avanço da urbanização e
industrialização (Lacerda, 1999). Com o crescimento das cidades e o conseqüente aumento
da poluição nessas regiões, as comunidades ribeirinhas vêm sofrendo fortes impactos, com
a destruição de habitats de diversas espécies de moluscos e outros organismos utilizados
como fonte de renda (Schaeffer-Novelli, 1989).
3
Idéias como o manejo compartilhado (co-management), que promovem a
participação das comunidades locais na administração das pescarias, são interessantes do
ponto de vista da conservação de áreas como os manguezais, pois congregam o manejo
controlado das espécies à preservação da tradição pesqueira das comunidades ribeirinhas.
Isso por que, quando as autoridades reconhecem determinados grupos como donos de um
local de pesca, essa área passa a não ser mais de livre acesso e a invasão por outros
pescadores tornar-se-á dificultada (Castilla & Defeo, 2001).
Além disso, com o direito de uso dado às comunidades locais, fica facilitada à
adoção de medidas conservativas por parte dos pescadores da região, e diminuem-se os
custos para a implantação de estratégias de manejo (com a fiscalização, por exemplo), haja
vista que o pescador irá zelar pela região, do mesmo modo que um proprietário zela pelo
seu patrimônio.
Cria-se também um sinergismo entre os conhecimentos empíricos acumulados
pelas comunidades tradicionais há anos atuando na pesca e os conhecimentos científicos da
academia, otimizando a eficiência dos planos de manejo apresentados ao moldá-los a cada
idiossincrasia das diferentes pescarias (Castilla & Defeo, 2001; Orensanz & Jamieson,
1998).
No Brasil, tradicionalmente, o manejo de recursos pesqueiros tem sido feito através
do uso de Portarias e Instruções Normativas que visam atender a casos específicos,
normalmente em caráter emergencial, sendo apenas soluções paliativas e não planos de
manejo propriamente ditos para as espécies (Dr. Paulo Ricardo Pezzuto, com. pess.).
No entanto, com o surgimento de Unidades de Conservação denominadas Reservas
Extrativistas, cuja idéia central apresenta muitas similaridades com o conceito geral das
áreas de manejo compartilhado, surgiu a possibilidade de se implantar no país tal idéia, o
que torna esse modelo de reservas naturais um interessante instrumento de gestão dos
recursos bentônicos das regiões de mangue no nosso litoral.
Segundo a Lei 9985
de 16 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), uma Reserva Extrativista pode ser definida como:
“[...] área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no
extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade”.
4
Elas surgiram da luta dos seringueiros na Amazônia, logo ultrapassando os limites
da floresta e vindo a ser implantadas em outros ambientes do território nacional, como
áreas marinhas e fluviais, beneficiando diversas outras comunidades tradicionais como
também ampliando em muito os limites da área de proteção ambiental existente no país
(Brasil, 2002).
O gerenciamento da reserva cabe aos próprios extrativistas, os quais participam
ativamente da estipulação de seu Plano de Utilização, que dita as modalidades de pesca
permitida, além das áreas abertas a explotação dos recursos e as sanções aos infratores
(Cardoso, 2003; Brasil, 2002). Os extrativistas são, portanto, co-autores do Plano de
Utilização e co-gestores da Reserva (Cardoso, 2003). Entretanto, mesmo esse modelo de
gestão apresenta deficiências.
A pescaria do molusco Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) na Reserva
Extrativista Marinha do Pirajubaé situada em Santa Catarina, é um exemplo extremamente
relevante dos benefícios e das fragilidades encontradas na utilização dessa modalidade de
reservas naturais no Brasil. No lado interno da Ilha de Florianópolis, existem diversas áreas
propícias à formação de bancos do berbigão (nome vulgar dado à espécie na região - ver
item 3), dentre as quais a enseada do Saco dos Limões (Figura 1). Nessa região, até o final
da década de 1980, a exploração do recurso pela população local se deu quase que
exclusivamente para fins de subsistência, até a chegada de uma arte de pesca denominada
“gancho” (Figura 2).
De certo modo a história da pesca comercial do berbigão na Enseada do Saco dos
Limões se confunde com o aparecimento do gancho na região. Ele foi trazido do Rio de
Janeiro no ano de 1987 pela Empresa Depuradora Maricá que tinha como objetivo a venda
do produto principalmente ao mercado do sudeste do país (Tremel, 2001).
A sua introdução na época gerou reclamações por parte das comunidades
ribeirinhas locais que temiam a redução da abundância do recurso na região, com a
diminuição da seletividade da pescaria (Tremel, 2001). Contudo, logo a animosidade para
com a novidade foi suplantada pelos claros benefícios trazidos por ela, fazendo com que
rapidamente o petrecho se tornasse peça fundamental na pescaria do recurso para fins
comerciais.
Com as mãos, um pescador leva mais de uma hora para encher uma lata de 18 litros
com berbigão (Tremel, 2001), enquanto que em uma ganchada de poucos minutos ele
consegue quantidades de captura muito superiores. Isso fez com que a pescaria comercial
que em tempos idos praticamente não existia pela dificuldade da captura do berbigão com
5
as mãos, pelo baixo preço do recurso e pela falta de mercado, passasse a ser viável com a
chegada do gancho e da empresa.
Desde então, o petrecho passou a ser usado de forma indiscriminada na enseada do
Saco dos Limões, guiado apenas pela lei da oferta e demanda. Esse fato gerou
preocupações na Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (a extinta SUDEPE-SC,
hoje IBAMA/SC) acabando por resultar na proibição do uso do referido aparelho por não
ser seletivo, provocar alterações no substrato e estar em desacordo com a Portaria nº 19, de
30 de maio de 1984 (Tremel, 2001).
Como mesmo assim o recurso continuava a ser explorado de forma desordenada
pela pesca comercial, com o objetivo de racionalizar sua exploração em 13 de outubro de
1988 a SUDEPE promoveu a criação experimental de uma fazenda marinha de berbigão na
forma de um projeto piloto coordenado pelo biólogo marinho Ernesto Tremel (von Behr,
1995; Tremel, 1994; Tremel, 2001). O projeto consistia na realização de estudos dos
aspectos biológicos, tecnológicos e econômicos da extração do berbigão, envolvendo 12
pescadores da comunidade (Tremel, 1994).
O local escolhido para a realização do projeto piloto foi o Baixio das Tipitingas
(Anexo 1), uma extensa planície de maré adjacente ao manguezal do Rio Tavares que na
época era pouco explorada pela população local, principalmente por ser acessível apenas
pelo mar (Tremel, 2001). Ao optar por uma área que não fazia parte da região comumente
utilizada para a exploração do recurso na enseada do Saco dos Limões, evitou-se conflitos
sociais que poderiam advir da instalação da fazenda marinha (Tremel, 2001).
No projeto piloto foram adotadas algumas diretrizes, dentre as quais se destacam a
(Tremel, 2001):
Criação de uma microempresa por parte de um dos pescadores, a qual
possuía uma licença da SUDEPE (em caráter experimental e renovável
semestralmente) para a explotação do recurso no baixio;
Adoção inicial de um tamanho de malha dos ganchos de 13 mm (e
posteriormente de 15 mm) para proporcionar o escape de indivíduos
menores do que 20 mm de comprimento de concha (quando os organismos
atingem a maturidade sexual);
Estipulação de 2 dias por semana para a extração do recurso no Baixio das
Tipitingas;
6
Autorização para a Empresa de Pescado Ibiraquera da cidade de
Imbituba/SC obter o monopólio da compra de todo produto capturado para a
depuração e posterior venda;
Permissão de no máximo 100 latas de berbigão capturadas por dia de pesca;
Promoção da rotatividade nas áreas de extração, permitindo a vários setores
do baixio passar por épocas de descanso do esforço de pesca, o que
facilitaria a recomposição do estoque;
Isso garantiu o uso sustentável do recurso na região. Então no ano de 1992, para
conseguir assegurar a continuidade do projeto com a garantia de apoio técnico e financeiro,
os pescadores em conjunto a Superintendência do IBAMA em Santa Catarina
reivindicaram junto ao CNPT (Centro Nacional de Populações Tradicionais e
Desenvolvimento Sustentável) a realização de um estudo visando a transformação da área
que compreendia todo o Baixio das Tipitingas, o manguezal do Rio Tavares e uma área
adjacente denominada Praia da Base em uma Reserva Extrativista (von Behr, 1995)
(Anexo 1).
Uma vez iniciado, o processo ocorreu muito rapidamente (cerca de 3 meses) e logo
a primeira Reserva Extrativista Marinha do Brasil, a Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé surgiu através do Decreto Lei 533 de 20 de maio de 1992. A reserva engloba
1.444 hectares, compreendendo 744 de manguezal e os demais 700 de baía, na qual se
localizava o Baixio das Tipitingas (com 240 hectares) em que se desenvolvia a captura do
berbigão (Pezzuto & Echternacht, 1999) (Anexo 1).
Em 1996, através da ação conjunta do poder público, dos moradores da região e dos
usuários diretos dos recursos da reserva, foi estabelecido, através da Portaria IBAMA nº 78
de 30 de setembro, o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé,
que visava uma explotação auto-sustentável mediante a regulamentação da utilização dos
recursos naturais e dos comportamentos a serem seguidos pela população extrativista, no
que diz respeito às condições técnicas e legais para a explotação racional e sustentável da
fauna marinha local (IBAMA, 1997).
Dos recursos da reserva dependiam 115 famílias, das quais 15 possuíam até
dezembro de 1997, uma autorização especial do IBAMA para executar a explotação do
berbigão respeitando o plano de utilização estabelecido (von Behr, 1995).
Este, por sua vez, baseava-se nas seguintes diretrizes:
7
Seletividade de tamanho de captura, possibilitando o escape dos indivíduos
imaturos com menos de 20 mm de comprimento da concha;
Limitação do esforço de pesca através da fixação do número máximo de
pescadores licenciados (12 a 18 pescadores), do número de dias por semana
em que a extração era permitida (dois dias), e da quantidade de berbigão
retirada por dia (5 a 8 latas de 18 kg por extrativista) e;
Promoção da rotatividade nas áreas de extração.
De maneira geral, as regras para a explotação do recurso na reserva permaneciam as
mesmas do projeto piloto iniciado em 1988, o que garantia uma relativa estabilidade à
pescaria.
As estatísticas referentes à explotação do berbigão da reserva no período entre 1989
e 1997 indicam produções anuais altamente significativas (Tabela 30), superando inclusive
as observadas para outras espécies na região (Tremel, 2001). De acordo com Tremel
(1994):
“Os resultados dos estudos até agora realizados demonstram a possibilidade de se elevar a produção.
Isso significa que se poderia aumentar a extração na área, sem prejudicar a renovação contínua do
estoque, em mais ou menos 60%, isto é, passando de 13 para 20 toneladas por mês. Considerando-se
a média anual de 156 toneladas, passar-se-ia para 250 toneladas, o que representa a extração de 22
milhões de berbigões selecionados por ano”
Então em meados de 1996, foi autorizada pelos órgãos competentes a dragagem de
uma parcela substancial do baixio de onde se extraía o berbigão, com o intuito de se obter
areia para a formação de um aterro sobre o qual foi construída a Via Expressa Sul, visando
facilitar o acesso ao sul da ilha (Pezzuto & Echternacht, 1999). Com esta dragagem, o
baixio de onde era explotado o berbigão foi reduzido de 240 para aproximadamente 140
hectares com a retirada de sete milhões de metros cúbicos de areia da sua porção norte
(Tremel, 2001). Como os empreendimentos causariam impactos não apenas à RESEX, mas
também às regiões de entorno (Saco dos Limões e Costeira do Pirajubaé), foi exigido,
como parte para o licenciamento ambiental da obra, a realização de um amplo programa de
monitoramento dos efeitos da mesma em toda a sua região de abrangência. Desde o início
de 1997, foi então estabelecido o “Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da
Via Expressa SC-SUL, Florianópolis, SC” realizado pela UNIVALI em convênio com o
8
DER/SC (hoje com o DEINFRA), para avaliar os impactos ao meio promovidos pela obra,
e sugerir eventuais medidas mitigadoras ou compensatórias aos mesmos.
Os primeiros resultados desse monitoramento indicaram que no fim de 1997, os
níveis de biomassa do berbigão no baixio atingiram patamares muito baixos possivelmente
por dois fatores (Pezzuto & Echternacht, 1999 e Pezzuto & Marchetti, 2000): (a) redução
no tamanho do estoque em decorrência da diminuição da área do baixio, aumentando o
esforço exercido sobre a espécie e; (b) o fato do recurso não se distribuir de uma forma
homogênea no Baixio das Tipitingas (estando as maiores biomassas no bordo externo do
mesmo), o que tornou a taxa real de redução do estoque muito maior do que a
originalmente considerada.
Além disso, a dragagem do bordo externo do Baixio das Tipitingas afetou também
a pescaria de muitos outros recursos na região, dentre eles os camarões branco e rosa que
têm no manguezal do Rio Tavares e Baixio das Tipitingas os estágios iniciais do seu ciclo
de vida (von Behr, 1995). Isso fez com que muitos pescadores que antes não pescavam
berbigão, passassem a fazê-lo por falta de opção.
Desse modo se gerou um forte impacto sobre o recurso, forçando a suspensão da
pescaria pelo IBAMA por tempo indeterminado até que as densidades do organismo
permitissem uma explotação sustentável, e até que o Plano de Manejo da RESEX do
Pirajubaé fosse estabelecido, conforme determina a Lei 9985
de 16 de julho de 2000,
que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Desde então a reserva permaneceu oficialmente fechada para a pescaria, embora na
prática isto não tenha ocorrido. Segundo estimativas de Carmo et al. (2002), apenas em
maio de 2001 teriam sido retiradas do baixio 90,72 toneladas de berbigão por 28
extrativistas. Comparando-se tais estimativas com os dados existentes sobre a explotação
do berbigão antes da construção do aterro (citados anteriormente) verifica-se que a
produção mensal de maio de 2001 foi maior do que toda a produção anual registrada nos
anos de 1989, 1994 e 1995.
Com isto, a história da explotação do berbigão, na área atualmente conhecida como
RESEX do Pirajubaé reúne em um único exemplo todas as fases das pescarias de
invertebrados bentônicos descritas por Castilla & Defeo (2001): muito antes da própria
criação da reserva, o recurso era explotado por moradores locais de forma incipiente, para
atender o mercado interno ou consumo próprio, garantindo a subsistência e fonte de renda
das comunidades locais (fase de explotação inicial). Depois, para atender um mercado
crescente aumentou-se o esforço sobre a espécie (fase de expansão), com riscos de
9
sobrepesca. Sem necessariamente haver um período de fechamento da pescaria, entre a
segunda metade da década de 1980 e início da década de 1990, houve a fase de
estabilização da extração e institucionalização da pescaria, com a própria criação da
RESEX, seguida por anos de consolidação da pescaria, caracterizada pela extração
controlada e sustentável obtida na primeira metade da década de 1990. O advento das
obras da Via Expressa Sul, iniciadas em 1996, fez regredir a pescaria para as fases de
sobrepesca e fechamento da pescaria, sendo que, atualmente, uma nova tentativa de
institucionalização encontra-se em curso.
Com o intuito de dar um novo rumo ao ordenamento da captura do recurso na
região adaptando-o a nova situação da reserva, em uma reunião no IBAMA (16 e 17 de
setembro de 2002) foram definidas as Diretivas para a Minuta de Portaria Emergencial de
Ordenamento da Captura do Berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé, que determinaram novas regras de explotação do recurso na região.
Dentre essas regras, foi adotada uma rotação na explotação entre o Baixio das
Tipitingas (Baixio Principal) e um baixio adjacente denominada Praia da Base a cada seis
meses do ano, protegendo a desova no outono e o recrutamento de juvenis no inverno
(Araújo, 2001; Pezzuto & Echternacht, 1999; Pezzuto et al. 2002), ao diluir o esforço em
dois bancos diferentes. Por outro lado, contraditoriamente, o número de dias de pesca, o
número de licenças e as quotas individuais de captura diária aumentaram em relação aos
valores adotados na primeira metade da década de 1990, quando a pescaria se encontrava
controlada e estável.
Levando-se em consideração que a abundância do recurso encontrava-se
significativamente reduzida e o número de extrativistas elevado, parece óbvio que as
normas da pescaria deveriam ser naquele momento mais restritivas do que aquelas
aplicadas antes da dragagem do baixio. Entretanto, a partir de pressões dos extrativistas, e
sob o argumento de que, por dia de pesca, somente um número relativamente pequeno de
indivíduos atuariam na área, foram liberadas 30 licenças de pesca, correspondendo a um
aumento de 66 a 150% no número de extrativistas com relação ao período de pesca
controlada (Pezzuto et al., 2002).
Além disso, sob a alegação de que o preço do recurso estaria muito reduzido no
mercado, e que a pescaria nos moldes da fase de pesca controlada (com 2 dias por semana
de explotação e com quotas individuais de no máximo 5 a 8 latas de 18 kg de berbigão por
dia) seria insuficiente para manter a subsistência das famílias dependentes da reserva, o
10
número de dias de pesca e as quotas foram ampliados para 4 dias e 13 latas de 18 kg de
berbigão, respectivamente.
Logo, dessa reunião foram estabelecidas as novas diretrizes para a pescaria do
recurso na região: (a) a rotatividade entre os dois baixios; (b) o espaçamento da malha do
gancho de 14 mm para o Baixio Principal e 13 mm para a Praia da Base (valores menores,
portanto, dos que os adotados na fase controlada); (c) um limite máximo de 65 cm de
largura de boca para os ganchos; (d) a permissão para 30 extrativistas explotarem o recurso
4 vezes por semana e; (e) o limite individual de retirada por dia de 13 latas de 18 kg. Ou
seja, a regulamentação de um aumento no esforço para uma pescaria já colapsada.
Todas as estratégias supracitadas, adotadas nas Diretivas para a Minuta de Portaria
Emergencial de Ordenamento da Captura do Berbigão Anomalocardia brasiliana na
Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, acabaram por se transformar na Instrução
Normativa Nº 19, que entrou em vigor dia 9 de março de 2004 (Anexo 2). Nas palavras do
corpo técnico da época (Pezzuto et al., 2002, p. 19):
“[...] embora a proposta dos extrativistas tenha sido a vencedora na reunião, inclusive com a falta
de posicionamento do IBAMA, é parecer do corpo técnico que tal medida representa um risco
perigoso e desnecessário à manutenção da parcela do estoque encontrada na Praia da Base, ao
mesmo tempo em que se configura numa medida absolutamente incoerente com a situação atual
do recurso no Baixio Principal da REMAPI”.
Através do “Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da Via Expressa
SC-SUL, Florianópolis, SC” foram coletadas extensas séries de dados sobre a dinâmica
populacional da espécie na reserva desde 1996. Além disso, foram feitos a partir do ano
2000, mapeamentos anuais da concentração de organismos adultos disponíveis a pesca na
região (Souza, 2003; Nandi, 2005), o que constitui uma base considerável de dados
relativos à distribuição espaço-temporal do recurso na RESEX do Pirajubaé, como também
uma excelente fonte para o entendimento da biologia da espécie e a projeção dos seus
níveis sustentáveis de captura na região.
Contudo, apesar de todo o embasamento técnico disponível até então, a falta de
dados científicos sobre o processo de pesca do berbigão na região pesou definitivamente
nas decisões tomadas sobre o manejo do recurso. Aliada à fragilidade institucional do
IBAMA na tomada de decisão, as alegações dos extrativistas sobre o processo de pesca
levaram a edição da Instrução Normativa em sua forma final.
11
Desta forma, fica evidente a necessidade da realização de estudos voltados à
dinâmica pesqueira do recurso na região, para que sejam preenchidas as lacunas do
conhecimento existentes, possibilitando a elaboração de estratégias de manejo mais
consistentes com a realidade do estoque e das características sócio-econômicas da
atividade extrativista.
12
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Estudar os padrões espaço-temporais de pesca dos extrativistas da RESEX do
Pirajubaé gerando subsídios para a otimização das propostas de manejo do recurso a partir
da conjugação de informações advindas da atividade de pesca e da análise espaço-temporal
da distribuição e abundância do estoque.
2.2 Objetivos Específicos
Descrever a atividade extrativista atualmente desempenhada, caracterizando os
usuários do recurso, seus meios de produção e comercialização da captura;
Analisar o modo de uso e seletividade do petrecho de pesca utilizado na explotação
do recurso;
Observar o padrão espaço-temporal de atividade dos pescadores identificando suas
áreas de atuação;
Determinar os fatores que influenciam no padrão de atividade dos extrativistas;
Estimar o esforço médio de pesca empregado;
Estimar por dia de pesca, a captura média dos extrativistas e verificar através dos
dados de distribuição da biomassa explotável do recurso se existe uma correlação
entre o padrão de atividade dos extrativistas, os rendimentos diários obtidos em
cada área e as respectivas biomassas estimadas nos locais.
Estimar a captura anual de berbigão nos dois bancos e os respectivos percentuais de
remoção da biomassa disponível à pesca;
13
3. O recurso
Segundo Rios (1994) Anomalocardia brasiliana pertence ao:
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Sub-classe: Lamellibranchia
Família: Veneridae
Gênero: Anomalocardia
Espécie: Anomalocardia brasiliana
A espécie possui valvas trigonais extremamente rígidas, levemente rostradas
posteriormente, com ligamento externo (tipo ferradura), margens internas crenuladas,
lúnula bem impressa, sino palial pequeno (Rios, 1990) e coloração variando entre um
amarelo vivo e branco, podendo ou não apresentar pequenas faixas radiais de coloração
roxa ou marrom, que podem vir a cobrir completamente as valvas do organismo (Figura 3).
Conhecido vulgarmente por diferentes nomes como “berbigão”, “sarro de pito”,
“mija-mija” ou “vôngole” (Narchi, 1972), o molusco A. brasiliana apresenta uma ampla
distribuição ocorrendo desde as Antilhas até o Uruguai (Rios, 1994). De acordo com Silva
& Solé-Cava (1994), a baixa estruturação populacional encontrada em diferentes
populações dessa espécie observadas ao longo de 2000 km da costa brasileira, sugere um
fluxo gênico (através da dispersão larval) capaz de minimizar a diferenciação das
freqüências alélicas em longas distâncias.
A. brasiliana é uma espécie bem aceita para alimentação humana, de fácil
localização e captura, sendo explorada artesanalmente em diversas regiões do país, tanto
para subsistência quanto para a comercialização (Pezzuto & Echternacht, 1999). De acordo
com análises realizadas por Maltz & Faerman (1958), A. brasiliana possui teores de
proteína cerca de 38% mais elevados do que o mexilhão Perna perna largamente cultivado
em Santa Catarina, o que ressalta suas qualidades nutricionais.
Por ser um bivalvo eurihalino (Leonel et al., 1983), euritérmico (Schaeffer-Novelli,
1976) com grande capacidade para suportar períodos prolongados de anoxia (Hiroki, 1971;
Schaeffer-Novelli, 1976) e com crescimento rápido (Pezzuto & Echternacht, 1999; Monti
et al., 1991), a espécie consegue formar bancos naturais com biomassas significativas em
14
habitats com elevada variabilidade temporal em parâmetros ambientais como salinidade,
temperatura e oxigênio dissolvido na água, como fundos areno-lodosos de enseadas, baías
e desembocaduras de estuários (Pezzuto & Echternacht, 1999; Rios, 1994).
O berbigão, como é conhecido o A. brasiliana em Santa Catarina, é típico da zona
intermareal, vivendo em águas rasas com pouca turbulência (Narchi, 1972). A quantidade
de material em suspensão na coluna d’água é um fator determinante para a formação de
grandes biomassas desse recurso no meio (Narchi, 1972; Souza, 2003), devido
principalmente a configuração simples dos tentáculos existentes no sifão inalante do
organismo (Narchi, 1972). Possuindo hábitos suspensívoros (Narchi, 1972), o berbigão
apresenta dificuldades em barrar a entrada de sedimentos para o seu interior em ambientes
com uma carga em suspensão elevada na coluna d’água, levando-o geralmente a asfixia e
morte em tais situações (Narchi, 1972).
Em alguns espécimes foram observadas incrustações de cracas (Cirripedia) e ovos
de Nassarius sp. (Prosobranchia) em suas valvas, o que sugere que esta espécie se enterra
muito pouco no substrato, mantendo a parte posterior de seu corpo e os sifões expostos
(Narchi, 1972). Outro fato que sugere que o berbigão é um escavador raso é a dimensão
dos sifões do organismo, que em um indivíduo adulto mede cerca de 4 mm, o que
impossibilitaria a sobrevivência dos organismos dessa espécie em profundidades maiores
no sedimento (Narchi,1972). No entanto, há registros ao longo da costa brasileira da
ocorrência de berbigões enterrados no sedimento a profundidades que variam de 5 a 10 cm
(Narchi, 1972, 1974; Schaeffer-Novelli, 1976, 1980; Silva & Silveira Jr., 1992), e até um
caso em que se observaram organismos a uma profundidade de 15 cm no sedimento
(Santin, 1987).
A. brasiliana é um organismo dióico com reprodução externa sexuada e com um
ciclo de vida complexo, caracterizado por um estágio planctônico larval relativamente
curto, de 11 a 30 dias (Moüeza et al., 1999; Righetti, 2006). A sobrevivência neste estágio
do ciclo de vida do organismo, como também na fase pós-larval é bastante alta (Moüeza et
al., 1999) e, uma vez assentados, os indivíduos adotam um estilo de vida séssil,
permanecendo em um mesmo lugar por longos períodos de tempo (Narchi, 1972).
O ciclo da gametogênese para a espécie mostra-se variável ao longo do litoral
brasileiro, apresentando uma “tendência na redução dos períodos de picos reprodutivos, à
medida que aumenta a latitude” (Boehs, 2000), o que concentra as desovas nas épocas de
maior produtividade ao longo do ano em cada região (Souza, 2003):
15
Grotta & Lunetta (1980 e 1982), observaram desovas contínuas no litoral do
estado da Paraíba, sem a presença de picos reprodutivos mais conspícuos ao
longo do ano.
Peso (1980) observou no litoral baiano desovas contínuas com períodos
mais intensos de eliminação de gametas na primavera, outono e início de
inverno.
Arruda Soares et al. (1982) registraram no litoral paulista a presença de
juvenis o ano inteiro, porém com um pico reprodutivo na primavera.
Narchi (1976) também no litoral paulista observou desovas contínuas com
dois períodos principais de desova na primavera e no outono.
Boehs (2000) no litoral do Paraná observou dois períodos de desova para a
espécie, sendo o primeiro na primavera e o segundo no outono, não havendo
repouso sexual entre os mesmos.
Na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, Araújo (2001) observou três picos
anuais de desova para o recurso: primavera, verão e outono, com um período de repouso
sexual no inverno. Contudo, desses apenas a desova de outono é capaz de gerar uma coorte
anual definida (Pezzuto & Echternacht, 1999; Souza, 2003).
De uma forma geral, ao recrutar a população no inverno de cada ano, os juvenis
com cerca de 1 mm de comprimento de concha apresentam um crescimento rápido
alcançando 6 a 8 mm ainda na primavera, 20 mm em cerca de oito a nove meses no
verão/outono do ano subseqüente (quando recrutam a pescaria), e 30 mm em 2 anos,
quando sua expectativa de vida cai drasticamente não ultrapassando os 3 anos de idade
(Pezzuto & Marchetti, 2000; Souza, 2003; Nandi, 2005).
No entanto, nos dois baixios onde se distribui o recurso na região (ver item 4.5), foi
observada para a referida espécie uma marcada variabilidade espaço-temporal nos níveis
de biomassa, longevidade e número de coortes existentes, fazendo com que a distribuição
do berbigão no meio não se dê de forma homogênea (Pezzuto & Echternacht, 1999;
Pezzuto & Marchetti, 2000; Souza, 2003; Nandi, 2005). Tal variabilidade possivelmente
está relacionada ao (Pezzuto & Marchetti, 2000; Souza, 2003; Nandi, 2005):
16
Tipo de sedimentologia do local: com os níveis de abundância apresentando
uma relação inversa a concentração de finos, sobretudo as concentrações de
argila e a;
Variabilidade temporal nos níveis de recrutamento, condicionada a fatores
relativos a mortalidade pe pós assentamento larval (Ólaffson et al., 1994;
Thorson, 1950; Woodin, 1976).
Tais fatos se tornam mais importantes do ponto de vista do manejo se for observado
que, embora estando próxima de vários outros bancos de berbigão dentro da Baía de
Florianópolis, a população do berbigão da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé se
comporta de uma forma mais fechada, estando o estoque desovante responsável por, pelo
menos, grande parte do recrutamento de novos organismos a cada ano (Souza, 2003).
17
4. Área de estudo
4.1. - Aspectos Fisiográficos e Hidrodinâmicos da Baía de Florianópolis
A Ilha de Florianópolis se encontra entre as latitudes 222’ e 27° 50’S e entre as
longitudes 48° 25’ e 48° 35’ W, se estendendo paralelamente ao continente na porção
mediana da costa do Estado de Santa Catarina (Zanim, 2003). Sua área insular é de
aproximadamente 410 km
2
, sendo 55 km o seu comprimento e 12 km sua largura máxima
(Silva, 2002).
O corpo d’água que separa a ilha do continente chama-se Baía de Florianópolis, o
qual é dividido por um estreitamento na porção central da Ilha em duas baías (Silva, 2002):
(a) a Baía Norte possui uma área de 145 km
2
(com comprimento de 19 km e largura
variando entre 0,5 e 12 km) e comunica-se com o oceano por uma embocadura de 10 km
de largura; (b) a Baía Sul, por sua vez, possui uma área total de 125 km
2
(com
comprimento e largura médios de 25 e 6,8 km, respectivamente) e um canal de ligação
com o oceano de apenas 830 m de largura.
A existência de duas embocaduras (ao norte e ao sul) faz com que a Baía de
Florianópolis se comporte como um canal, diferentemente da maioria das baías que têm
uma abertura para o mar (Huber, 2004). Como a embocadura da Baía Norte apresenta uma
largura bem maior, a quantidade de água que entra por ali é superior, fazendo com que a
maré seja sentida primeiramente na Baía Norte e somente quarenta minutos depois na Baía
Sul (Huber, 2004). Isto também faz com que o fluxo gerado pela maré que entra pela Baía
Norte seja mais rápido, encontrando o fluxo que vem do Sul ainda na Baía Sul, na foz do
Rio Cubatão, e gerando nessa área uma circulação d’água quase inexistente (Huber, 2004).
Esta zona de menor hidrodinâmica na Baía Sul gera condições propícias para a deposição
de sedimentos trazidos pelos rios, ao contrário do que ocorre na Baía Norte, onde a erosão
predomina, ficando a deposição restrita apenas a áreas abrigadas das correntes de marés,
vento, ou de ambas (Huber, 2004). Sendo assim, o padrão de circulação das águas nas
baías é fortemente influenciado pela largura da embocadura das Baías Norte e Sul (Figura
1).
18
4.2 - Clima na Baía de Florianópolis
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é caracterizado como sendo
mesotérmico úmido com verão quente. Apresenta chuvas distribuídas uniformemente ao
longo de todo o ano, e temperaturas variando no mês mais frio entre 18°C e –3°C e no mês
mais quente ultrapassando os 22°C (Macedo, 2003).
Os ventos predominantes são os do quadrante nordeste e norte, e o de maior efeito
sobre o clima da região (por mudar subitamente as temperaturas) os do quadrante sul
(Zanim, 2003). Estes, por sua vez, estão relacionados com a entrada de sistemas frontais (o
encontro de uma massa tropical e uma polar) que ocasiona grandes mudanças no tempo em
qualquer época do ano, controlando o ritmo da precipitação local (Silva, 2002).
4.3 - Maré na Baía de Florianópolis
A região de Florianópolis apresenta um regime de marés semidiurno, completando
um ciclo de enchente a cada 12 horas e vinte e cinco minutos (preamar, vazante e
baixamar) (Schettini et al., 2000). De acordo com Salles (1991), nas condições sinódicas
normais, com ventos fracos do quadrante norte e leste, as correntes de deriva geradas pelo
vento permanecem moderadas e, em maré de sizígia, são sobrepujadas pelas correntes de
maré. Entretanto, quando a entrada de ventos dos quadrantes noroeste (pré-frontais) e
sul (pós-frontais), ocorre uma dominância expressiva das correntes de deriva sobre as
correntes de maré na circulação de água local (Salles, 1991). A sobreposição dos efeitos do
vento e das marés ocorre quando a entrada de uma frente coincide com uma maré de
sizígia, provocando um empilhamento de água no interior da Baía com o incremento da
velocidade de elevação do nível d’água nas calhas norte e sul (Salles, 1991).
4.4 - Saco dos Limões
O Saco dos Limões, localizado no lado interno da Ilha de Florianópolis e dentro da
Baía Sul é uma enseada rasa com aproximadamente 7 km
2
.
No bordo sul, atinge
profundidades que não ultrapassam 1 m e, à medida que se vai para o norte, vai atingindo
19
profundidades maiores que não ultrapassam os 12 m (Schettini et al., 2002). O fundo
arenolodoso da região é recoberto por material biodetrítico autóctone (principalmente
fragmento de conchas, dado as grandes concentrações de moluscos bivalves ali existentes)
(Schettini et al., 2002).
É um ambiente que apresenta uma diversidade muito grande de habitats, e que é
cercado por regiões urbanizadas, com exceção da margem sul da enseada que compreende
o Manguezal do Rio Tavares, onde deságua um rio homônimo (Conceição, 2004). Este,
por sua vez, é o principal aporte de água doce, nutrientes e sedimento ao sistema (em
conjunto com os muitos pontos de drenagem pluvial - de origem antrópica - ao longo de
toda a enseada) (Schettini et al., 2002).
O Saco dos Limões é uma região relativamente protegida das ondas de deriva
geradas pelos ventos de norte, leste (predominantes na região) e sul (de maior intensidade)
que se formam dentro da Baía Sul. Uma exceção é quando da presença de ondas geradas
por ventos dos quadrantes sudoeste e noroeste (este de maior energia), que encontram uma
pista de vento de aproximadamente 12 km (dado o ângulo em que entram na Baía)
podendo gerar vagas de até 1m na região da enseada do Saco dos Limões (Salles, 1991).
4.5 - Baixio Principal e Praia da Base
A pescaria de Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé ocorre em duas regiões adjacentes, o Baixio das Tipitingas (ou Baixio Principal)
e a Praia da Base. As duas regiões nada mais são do que uma mesma planície de maré, que
se estende da desembocadura do Rio Tavares a ponta da Caiacanga Mirim (Anexo 1).
O Baixio Principal se estende da desembocadura do Rio Tavares até um grande
cordão arenoso conhecido na região pelo nome de Croa da Casca ou Croa Branca (Figura
4). Esse baixio é uma extensa planície de maré com um formato quase retangular que mede
aproximadamente 1580 metros de extensão no seu eixo leste-oeste e de 780 a 660 metros
no eixo norte-sul (Nandi, 2005). Sua área total é de aproximadamente 109 hectares
(1.089.722 m
2
).
Quase toda a sua extensão é bordejada por croas (bancos de sedimento arenoso com
elevada deposição de conchas de bivalves), fazendo com que a superfície do baixio seja
aproximadamente côncava, funcionando como um trapeador de águas e diminuindo
consideravelmente o tempo de exposição ao ar a que estão sujeitos os organismos ali
20
existentes em períodos de maré vazante (Figura 5 e 6). Contudo, isso não impede que
muito frequentemente os níveis de água se tornem ínfimos em maré vazante, chegando em
certos momentos a não ter a presença de água por sobre o baixio (Figura 7).
Um outro efeito interessante da presença das croas no Baixio das Tipitingas é a
proteção que elas proporcionam a ão das ondas (funcionando como verdadeiros quebra-
mares), e o aspecto amplificador que elas causam nas correntes de cheia e vazante das
marés nas regiões frontais do baixio, com o afunilamento da água que entra ou sai do
mesmo (Figura 8).
É interessante observar que a sedimentologia do Baixio Principal mostra uma certa
relação com a hidrodinâmica local comentada anteriormente. As áreas com um sedimento
mais bem selecionado, onde existe uma maior concentração de sedimentos arenosos e com
menor ocorrência de finos, encontram-se, sobretudo na parte frontal (onde existem várias
croas) e no bordo oeste do baixio (onde está situada a Croa da Casca) (Pezzuto &
Marchetti, 2000). As regiões internas do baixio, por sua vez, que teoricamente estariam
mais protegidas da ação das ondas e das correntes de maré atuantes na região, apresentam
elevados teores de argila (Pezzuto & Marchetti, 2000), mostrando um menor
selecionamento dos grãos.
O Baixio das Tipitingas é protegido dos ventos do quadrante sul pelo manguezal do
Rio Tavares e do vento leste, norte e nordeste pelos morros que circundam a enseada do
Saco dos Limões. Contudo, ele sofre um impacto direto de quase todos os ventos do
quadrante norte, sobretudo dos ventos de noroeste que, conseguindo uma pista de vento
maior dentro da Baía (ver item 4.4), geram mais ondulação na região.
A Praia da Base, por sua vez, faz limite ao sul com a Base Aérea da cidade de
Florianópolis (daí o nome Praia da Base) e a leste com o aeroporto Hercílio Luz (Anexo 1).
Se estendendo no sentido nordeste-sudoeste, a Base (como é comumente chamada na
região) possui 2330 metros de extensão (Nandi, 2005) desde a Croa da Casca até a Ponta
da Caiacanga Mirim. A largura máxima encontrada nessa planície de maré é de 424 metros
e a área total é estimada em 80 hectares (803,085 m
2
), um valor 26% menor que o
encontrado para o Baixio Principal (Nandi, 2005).
Na Base, a cota é sempre inferior à observada no Baixio Principal, fazendo com que
o nível de água sobre a Praia da Base se encontre, com raras exceções, alguns centímetros
acima do observado no Baixio Principal.
Ao contrário do Baixio das Tipitingas, na Praia da Base não existem croas (Figura
9). A declividade desse baixio é muito suave até o seu bordo externo, quando as
21
profundidades aumentam rapidamente. Isso a torna muito mais vulnerável a ondulação,
que pode se tornar bastante conspícua com a entrada de determinados ventos na região. Os
ventos de norte, noroeste, oeste e sudoeste são particularmente perigosos para a Base, pois
não proteção natural contra eles (principalmente os de sudoeste e noroeste, que
normalmente apresentam maior intensidade - ver item 4.4). Em contrapartida, os ventos
sul, sudeste, leste e nordeste são abrandados pelo manguezal do Rio Tavares e morros da
enseada do Saco dos Limões, gerando normalmente ondulações pouco significativas.
Para chegar à Base os pescadores precisam atravessar todo o Baixio Principal (1580
metros de leste para oeste). Considerando ainda que nas vazantes da maré de sizígia o nível
da água no Baixio Principal torna-se ínfimo (impossibilitando a navegação por sobre ele),
para se chegar a Praia da Base os pescadores têm que contornar o Baixio Principal, o que
quase dobra a jornada e força a navegação em águas mais profundas. Isso faz com que o
deslocamento dos ranchos de pesca para esse ponto de pesca torne-se bastante longo e
perigoso, aumentando sobremaneira o risco de naufrágio.
22
5. Metodologia
O presente trabalho é dividido em duas etapas distintas:
Análise da distribuição espacial da biomassa e densidade explotável e;
Análise da pescaria do recurso na reserva.
5.1 - Análise da distribuição espacial da biomassa e densidade explotável
Amostragem:
Esta etapa continuidade aos trabalhos de monitoramento da biomassa e
densidade explotável do recurso, realizados por Pezzuto & Marchetti (2000), Souza (2003)
e Nandi (2005). Para tanto, em abril de 2005 e de 2006 o Baixio Principal e a Praia da Base
foram subdivididos em “grids” (com o auxílio de um aparelho de GPS 12 XL da Garmin,
Datum SAD 64), e as amostras coletadas nas áreas de intersecção das linhas (Figura 10 e
11) (Tabelas 1 e 2).
Em abril de 2005 foram realizadas 60 estações de coleta no Baixio Principal e 50 na
Praia da Base. E no ano de 2006, 63 estações no Baixio Principal e 53 na Praia da Base.
Nas estações, as coletas (uma amostra por estação) foram efetuadas com um amostrador
cilíndrico de PVC com diâmetro interno de 20 cm. Considerando-se que a maioria dos
berbigões tende a se distribuir principalmente até os 10 cm na coluna de sedimento (Silva
& Silveira, 1992; Narchi, 1972; Schaeffer-Novelli, 1976 e 1980), a profundidade de coleta
do amostrador foi padronizada em 10 cm de profundidade.
Ainda no campo, o material proveniente de cada réplica foi separado do sedimento
mais fino através de peneiramento com malha de 2 mm de abertura, ensacado, etiquetado e
trazido imediatamente até o laboratório, onde permaneceu congelado em freezer a o
processamento. Devido a grande quantidade de cascalho existente no local, e à
impossibilidade de separar em campo este material dos berbigões vivos, as amostras foram
descongeladas em laboratório e cuidadosamente lavadas sobre uma peneira com abertura
de 2 mm para a retirada de resquícios de lama. Posteriormente, cada amostra foi triada,
separando-se manualmente os berbigões do cascalho remanescente.
23
Os indivíduos de cada uma das amostras foram contados e medidos (comprimento
da concha) com o auxílio de um paquímetro com 0,1 mm de precisão. Em seguida, as
conchas foram abertas e deixadas “escorrer” por no nimo 10 minutos, para que a água
presa no interior das valvas do organismo fosse eliminada. Foi então efetuada a pesagem
em balança com precisão de 0,01g, obtendo-se assim o peso úmido total de cada indivíduo.
As partes moles foram posteriormente separadas das conchas e o peso de ambas as partes
registrado. Após o processamento, as conchas foram acondicionadas em sacos plásticos
etiquetados e armazenadas para estudos futuros de determinação de idade e crescimento.
Análise dos dados:
A fim de avaliar a distribuição espacial do recurso e estimar os valores de biomassa
e densidade disponíveis a pesca para os anos de 2005 e 2006, cada amostragem foi
mapeada através de gráficos de isolinhas, elaborados com o auxílio do software Surfer -
Surface Mapping System, versão 6.03 (Copyright© 1993-96, Golden Software, Inc.). Em
cada um dos baixios, foi calculada a mediana dos valores de biomassa em gramas por
metro quadrado. Optou-se pelo cálculo das medianas ao invés de médias devido à natureza
altamente assimétrica dos dados nos anos analisados.
Intervalos de confiança para essas medianas foram então estimados através da
técnica de bootstrap, conforme Haddon (2001). Nesta análise, os diversos valores de
biomassa das estações amostradas anualmente no Baixio Principal (~63 valores/estações) e
na Praia da Base (~55 valores/estações) foram reamostrados aleatoriamente com reposição
por 3000 vezes para cada ano. Após o cálculo da mediana de cada uma das amostras
geradas pelo bootstrap, os percentis de 2,5 e 97,5% da distribuição das 3000 medianas
foram utilizados como limites de confiança percentis de 95% para a biomassa mediana
calculada na amostra original. As biomassas totais de indivíduos maiores que 20 mm em
cada ano (em toneladas) foram então calculadas multiplicando-se as biomassas medianas e
respectivos limites de confiança (em g/m
2
) pelas áreas do Baixio Principal (1.089.722 m
2
)
e da Praia da Base (803.085 m
2
), estimadas por Nandi (2005).
Para melhor visualização das variações da abundância do recurso no Baixio
Principal e Praia da Base entre os anos de 2005 e 2006, utilizando os valores de densidade
e biomassa (em m
2
) das estações de coleta foi calculado o percentual dos diferentes níveis
de concentração do recurso (de 0 a 5000 g/m
2
para biomassa, e de 0 a 1200 ind./m
2
para os
níveis de densidade) existentes a cada ano e em cada um dos baixios da reserva.
24
Como forma de compreender melhor a magnitude das variações da abundância do
recurso, foram comparados os resultados do presente trabalho com os obtidos por Souza
(2003) e Nandi (2005), através da confecção de gráficos de distribuição de freqüência das
classes de biomassa registradas nos mapeamentos da biomassa explotável entre os anos de
2001 e 2006 no Baixio Principal, e nos anos de 2004, 2005 e 2006 na Praia da Base.
A variação temporal do comprimento de concha e do peso individual médio dos
organismos foi analisada, conjuntamente com os dados de Souza (2003) e Nandi (2005),
através da evolução temporal das médias e respectivos erros-padrão dessas variáveis para
os anos de 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006.
5.2 - Análise da pescaria do recurso na reserva
5.2.1 - Esforço amostral
Os primeiros dias da fase de coleta de dados (segunda quinzena de fevereiro e as
duas primeiras semanas de março de 2005) foram utilizados como um período de
adaptação às condições de trabalho de campo, bem como de testes da metodologia aplicada
para a obtenção dos dados. Após concluída a etapa, iniciou-se o trabalho de
acompanhamento das atividades de pesca dos extrativistas da reserva, que ocorreu entre 15
de março e 20 de novembro de 2005.
Para garantir uma maior independência de movimentos ao pesquisador, o
deslocamento para a reserva foi feito em um caiaque aberto de polipropileno (modelo
Pingüim da marca Caiaker) (Figura 12), tendo como base de operações a sede do
DEINFRA, localizada no extremo oposto da enseada. Com isso, a cada dia de trabalho foi
necessário atravessar duas vezes toda a enseada do Saco dos Limões para ir e voltar à
reserva (cerca de 3,5 km em linha reta).
Uma vez na reserva, o monitoramento diário da pescaria consistiu em 3 etapas
distintas:
1. Coleta de dados ambientais;
2. Tomada do número e da posição dos pescadores presentes na reserva e;
3. Acompanhamento das atividades diárias de um pescador.
25
5.2.2 - Parâmetros ambientais
Amostragem:
A cada início e fim do trabalho diário com um pescador, foram coletados os
seguintes parâmetros ambientais:
Temperatura da água e do ar (em ºC);
Nível da água sobre o baixio (em cm);
Cobertura de nuvens: dividida em encoberto (se as nuvens cobrissem toda a
abóbada celeste), sol com nuvens (se as nuvens cobrissem mais de 50% da abóbada,
sem preenchê-la por completo) e sol (se as nuvens cobrissem menos de 50% da
abóbada);
Direção e intensidade do vento: utilizando os pontos cardeais N, S, E e W, e os
pontos do horizonte NE, NW, SE e SW para indicar a direção dos ventos na região,
e dividindo a intensidade dos ventos em forte e fraco (sendo utilizado como critério
a força necessária para produzir ondulações que viessem a prejudicar a pescaria);
Presença ou ausência de chuva no período do trabalho: anotando o horário do início
e fim de cada evento de chuva, e a intensidade das mesmas (chuva fraca ou chuva
forte).
Com isso, pôde-se observar quais as condições do ambiente quando da chegada e
saída dos pescadores na reserva, para posteriormente avaliar a sua influência sobre a
dinâmica do esforço pesqueiro na região.
Análise dos dados:
Os dados de cobertura de nuvens e ocorrências de chuva no período amostral foram
analisados calculando-se o percentual de ocorrência das variáveis: sol, sol com nuvens,
encoberto, sem chuva, chuva fraca e chuva forte.
Para a análise dos parâmetros nível de maré, temperatura da água e temperatura do
ar ao longo do período amostral, foram calculadas as medidas de posição (média, moda,
mediana, máximo e mínimo) e as medidas de dispersão (desvio padrão, erro padrão e
26
coeficiente de variação) dos dados, e construídas constridas distribuições de freqüência dos
parâmetros, relativos a todo o período analisado. A variação temporal dessas variáveis foi
analisada através da evolução temporal das médias e respectivos desvios padrão e
coeficiente de variação, entre os meses de março e novembro de 2005.
Para a análise dos ventos atuantes no período analisado, foi calculado o percentual
de ocorrência dos ventos N, S, E, W, NE, NW, SW e SE; como também dos ventos ditos
fortes e fracos.
Uma análise de componentes principais (ACP) foi realizada utilizando os dados de
cobertura de nuvens, chuva, maré, direção do vento, intensidade do vento, temperatura do
ar e o número de pescadores, com o intuito de averiguar se fatores ambientais poderiam
influenciar na decisão do dia-a-dia de cada pescador em ir ou não a reserva. Na análise
foram utilizadas 178 observações e 7 variáveis as quais, por serem heterogêneas (i.e.
apresentarem dados quantitativos e qualitativos), foram codificadas.
5.2.3 - Número e posição dos pescadores
Amostragem:
A cada início e fim de um dia de trabalho foram obtidas: (a) uma contagem da
quantidade de pescadores que se encontravam efetivamente pescando o recurso na região
com auxílio de um binóculo Offshore 21 - 7 x 50 mm da marca Tasco; (b) a posição
geográfica em que se encontrava a unidade amostral (definida como o pescador
acompanhado no dia da amostragem) com auxílio de um GPS 12XL da marca Garmin e, a
partir daí; (c) uma estimativa das coordenadas geográficas dos demais pescadores
existentes na região, para a qual foi preciso: verificar em que direção estava cada pescador
no baixio em relação à unidade amostral e, estimar a distância de cada pescador para com a
unidade amostral.
A orientação de cada um dos pescadores em relação à unidade amostral foi
estimada utilizando para tanto os pontos cardeais N, S, E e W, os pontos do horizonte NE,
NW, SE e SW, e os pontos NE/E, NE/N, NW/N, NW/W, SW/W, SW/S, SE/S e SE/E,
representados por diferentes ângulos (Tabela 3).
Por sua vez, para a obtenção das distâncias entre a unidade amostral e os demais
extrativistas usou-se mão do Levantamento Geral ou Expedito, o qual é empregado em
27
saídas de campo em geografia como forma de reconhecer preliminarmente os componentes
da paisagem não exigindo para tanto excessiva precisão (Duarte, 2002).
O cálculo utilizado para o levantamento expedito das distâncias entre a unidade
amostral e cada um dos pescadores no baixio tem como base o milésimo, uma unidade de
medida angular de grandeza que corresponde a 3’ 26’’ (ou 1/6283 da circunferência).
Um milésimo equivale ao ângulo formado por um objeto qualquer com um metro de altura,
visto à distância de um quilômetro (ou a um objeto de um milímetro, visto a distância de
um metro) (Duarte, 2002).
Com o auxílio de uma régua comum presa por um barbante a uma distância de 50
cm do rosto do pesquisador, verificou-se quantos milímetros correspondiam a figura do
pescador alvo da medição usando o dedo anular como indicador (Duarte, 2002). Uma vez
tendo obtido o valor em milímetros e, sabendo a altura média dos pescadores (1,75 m para
os homens e 1,65 para as mulheres), obteve-se uma estimativa das distâncias através da
seguinte equação (Duarte, 2002):
)2(
=
L
D
Distância (1)
onde D é a altura média do pescador (homem ou mulher) e L a leitura obtida dos
milímetros correspondentes à altura do pescador alvo. Ao multiplicar o valor da leitura da
régua (em milímetros) por dois têm-se os milésimos. Ao dividir a altura média do pescador
em questão (em metros) pelos milésimos, tem-se à distância desejada em quilômetros
(Duarte, 2002).
Sabendo então a coordenada geográfica de um ponto qualquer A (a unidade
amostral), a distância entre o ponto A e um ponto B (um pescador na região) e o ângulo
formado entre os dois pontos, pôde-se obter as distâncias nos eixos leste/oeste (x) e
norte/sul (y) entre os pontos através das seguintes equações:
abx cos
=
e
senaby
=
(2)
onde “b” é a distância entre o ponto A e B, “a” é o ângulo formado entre os dois pontos e
“x” e “y” as distâncias entre os dois pontos A e B nos eixos leste/oeste e norte/sul,
respectivamente (Figura 13).
28
Desse modo, conhecendo os valores dos eixos “x” e “y” e os minutos equivalentes
a distância entre as estações do grid regular do mapeamento da biomassa explotável do
recurso no Baixio Principal (Figura 10):
165,26 metros equivalem a 0,095’ no eixo leste/oeste e;
115,55 metros equivalem a 0,065’ no eixo norte/sul.
pôde-se facilmente inferir as latitudes e longitudes do ponto B, acrescentando ou
diminuindo os minutos equivalentes ao comprimento dos eixos “x e “y” à coordenada
geográfica (latitude e longitude) do ponto A.
Análise dos dados:
Com o intuito de avaliar a distribuição espaço-temporal do esforço pesqueiro e sua
relação com a distribuição da biomassa do recurso, os gráficos de isolinha da biomassa
para o ano de 2005 (ver item 5.1) no Baixio Principal e Praia da Base foram divididos em
12 quadrantes. Mensalmente, entre março e novembro de 2005, foi sobreposta aos gráficos
supracitados a posição geográfica dos pescadores avistados na reserva e construídas
distribuições de freqüência do percentual de alocação do esforço despendido em cada
quadrante (em número de pescadores no mês). Foram também calculadas as medidas de
posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e as medidas de dispersão (desvio
padrão, erro padrão e coeficiente de variação) do número de pescadores no Baixio
Principal e Praia da Base, e comparadas às médias em uma análise de variância unifatorial.
Concomitantemente, foi aplicado o Índice de Morisita Padronizado (Krebs, 1989) a
distribuição do esforço pesqueiro e dos níveis de biomassa do recurso em 2005 e 2006, a
fim de avaliar a eficiência dos pescadores em conseguir achar os “bons pontos de pesca”.
E, através da aplicação de uma análise de variância unifatorial as médias do comprimento
de concha, peso e número de organismos capturados a cada ganchada, avaliar qual motivo
leva um pescador a escolher um local determinado nos diferentes quadrantes.
A fim de quantificar a freqüência diária dos pescadores na reserva foram calculadas
as medidas de posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e as medidas de
dispersão (desvio padrão, erro padrão e coeficiente de variação) do mero de pescadores
nos períodos matutino e vespertino, como também na Praia da Base e Baixio Principal, e
suas médias comparadas em uma análise de variância unifatorial.
29
5.2.4 - Medição dos petrechos de pesca
Amostragem:
A medição dos ganchos foi feita apenas com os pescadores que participaram do
projeto. Normalmente, esse trabalho foi feito após o término de cada dia de trabalho. Todo
dia foi observado qual o petrecho de pesca utilizado pelo pescador, para que assim fosse
possível manter um registro fiel não apenas das medidas dos ganchos utilizados pelos
pescadores, mas também para se conhecer dentre outros aspectos: (a) a constância com que
um pescador usa um determinado petrecho; (b) se um único pescador tem mais de um
gancho e; (c) a vida útil dos aparelhos.
Cada gancho foi medido apenas uma vez em todo o período amostral, e todos os
ganchos dos pescadores que participaram do estudo da pescaria do berbigão foram
medidos. Para o presente trabalho, foram obtidos três tipos de medidas diferentes dos
ganchos: (a) volume da cesta metálica; (b) espaçamento do gradeamento; (c) profundidade
de enterramento.
Para a obtenção do volume da cesta metálica foram tomadas as seguintes medidas
com o auxílio de uma trena (Figura 14): (a) altura da boca do aparelho (H1); (b) largura da
boca do aparelho (L); (c) altura do fundo do aparelho (H2) e; (d) profundidade do aparelho
(equivalente ao comprimento da face superior do gancho) (P).
O formato da cesta metálica de um gancho qualquer pode ser descrito como a união
de dois sólidos A e B (Figura 15). O volume interno de A corresponde a:
(
)
2
HPLV
A
=
(3)
E o volume interno de B:
(
)
(
)
2
xPL
V
B
= (4)
Somando os dois volumes se obtêm o volume interno do gancho analisado:
30
BA
VVVolume +=
( )( )
(
)
(
)
+=
2
2
xPL
HPLVolume
(5)
Para o cálculo do espaçamento médio de cada um dos ganchos analisados, com
auxílio de um paquímetro (precisão 0,01 mm) foram tomadas aleatoriamente duas
medidas: (a) da face superior do gancho; (b) da face inferior do gancho; (c) de cada uma
das laterais do gancho e; (d) do fundo do gancho (Figura 16).
Análise dos dados:
Com o intuito de caracterizar o petrecho de pesca utilizado na explotação do
berbigão na RESEX do Pirajubaé, foram calculadas as medidas de posição (média, moda,
mediana, máximo e mínimo) e as medidas de dispersão (desvio padrão, erro padrão e
coeficiente de variação): (a) do tempo de vida; (b) do espaçamento do gradeamento e; (c)
das dimensões da cesta metálica: altura da boca, altura do fundo, largura da boca e
profundidade dos aparelhos utilizados.
Para verificar a possível existência de diferenças nos petrechos de acordo com
gênero e idade dos pescadores, foram divididos os ganchos em três categorias distintas: (a)
os utilizados por mulheres; (b) os utilizados por homens com idade superior a 30 anos e;
(c) os utilizados por homens com idade inferior a 30 anos. Com base nessas categorias,
foram comparadas em uma análise de variância unifatorial as médias e seus respectivos
intervalos de confiança (95%) dos valores de altura da boca, altura do fundo, largura da
boca, profundidade dos aparelhos utilizados, como também o peso da captura obtida a cada
ganchada. Uma vez detectada diferença significativa entre as médias observadas, um teste
a posteriori de Tukey para amostras com números distintos de réplicas foi aplicado,
visando discriminar as médias discrepantes (Zar, 1999).
5.2.5 - Profundidade de enterramento da arte de pesca
Amostragem:
31
A fim de obter a profundidade de arrasto dos ganchos utilizados na reserva no ano
de 2005, foram tomadas as seguintes medidas:
Medição do ângulo formado entre a boca e os dentes do aparelho: onde ao manter
um transferidor perpendicular ao aparelho com a linha dos 90º alinhada a parte
inferior da boca do mesmo, obteve-se o valor do ângulo a partir da base inferior do
dente. Foram efetuadas quatro medições por aparelho (Figura 17) e;
Medição do comprimento dos dentes com auxílio de um paquímetro (precisão 0,01
mm): na qual foram tomadas, de forma aleatória, quatro medidas do comprimento
dos dentes a partir da parte inferior da boca do aparelho.
Com isto, pôde-se gerar a seguinte equação, baseada no comprimento e inclinação
dos dentes do aparelho:
asenocomprimentdeprofundida =
(6)
onde, “profundidade” é a profundidade alcançada pelo dentes do aparelho, “comprimento”
o comprimento médio dos dentes e “a” o ângulo médio entre os dentes e a boca do
aparelho (Figura 17).
Contudo, durante cada ganchada, pôde-se observar que o petrecho permanece
inclinado de forma a manter igual à altura do fundo e da boca do aparelho (Figura 18).
Com isso, o ângulo formado entre a boca e o fundo quando o aparelho permanece em
repouso é transferido para os dentes durante o arrasto, aumentando concomitantemente a
profundidade de enterramento do mesmo (Figura 19), e alterando a equação 6 para:
(
)
basenocomprimentarrastodeprofundida +=
(7)
onde, “profundidade_arrasto” é a profundidade alcançada pelo dentes do aparelho durante
o arrasto, e “b” é o ângulo adicionado com a inclinação do petrecho.
Análise dos dados:
32
A fim de estimar a profundidade de enterramento no substrato dos ganchos
utilizados no ano de 2005 na RESEX do Pirajubaé, foram calculadas as medidas de
posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e as medidas de dispersão (desvio
padrão, erro padrão e coeficiente de variação) da profundidade alcançada pelos dentes do
aparelho quando em repouso e durante o arrasto.
5.2.6 - Acompanhamento da pescaria
Amostragem:
O trabalho de acompanhamento da pescaria do berbigão na reserva foi realizado
com apenas um extrativista por dia (chamado de unidade amostral). Para tanto, procurou-
se sempre um pescador com quem não se tivesse trabalhado recentemente, de maneira que
a cada mês se pudesse trabalhar com boa parte dos pescadores, deixando um intervalo de
semanas entre trabalhos com a mesma pessoa. Com isso, se aumentou a representatividade
da amostragem e evitou-se interferir muito na rotina diária de cada um dos pescadores.
Essa etapa do trabalho diário com os pescadores pode ser dividida em dois pontos
principais: (a) acompanhamento das ganchadas e; (b) coleta e biometria do material
capturado.
O acompanhamento das ganchadas teve início logo após a conclusão da etapa de
coleta dos dados ambientais e da tomada das coordenadas geográficas dos pescadores no
começo do trabalho. Foi acompanhada apenas uma fração das ganchadas realizadas pelo
extrativista no dia, haja vista que não era possível fazer o acompanhamento e biometria do
material de todas as ganchadas sem comprometer seriamente o trabalho do pescador. O
acompanhamento de cada ganchada consistiu dos seguintes passos:
Obtenção do horário de início e fim da ganchada;
Tomada das coordenadas geográficas (com um GPS 12 XL da marca Garmin) onde
ocorreu a ganchada;
Cronometragem do tempo total da ganchada com o auxílio de um cronômetro,
acionado no início da ganchada e parado apenas quando o pescador lançava a
captura na batera (ver item 6.5);
33
Cronometragem do tempo em que o pescador passou lavando o gancho (ver item
6.4.2) com o auxílio de um segundo cronômetro;
Medição do nível da água sobre o baixio durante a ganchada (com auxílio de uma
trena);
Medição da distância percorrida pelo petrecho na ganchada, através da contagem
dos passos que o pesquisador deu durante todo o percurso e a multiplicação desse
valor pelo número correspondente ao comprimento médio de um passo do
pesquisador;
Observação, no final da ganchada, do volume capturado pelo pescador, através da
medição da distância (na face superior do aparelho) entre a boca do gancho e o
material capturado (Figura 20).
Como o volume do gancho é conhecido (ver item 5.2.4), pode-se facilmente saber
qual o volume capturado utilizando a medida da distância entre a boca do aparelho e o
material capturado na equação 5 (que corresponde a profundidade do aparelho “P” na
fórmula).
Após cada ganchada analisada, teve início a biometria do material coletado, onde
foram seguidos os seguintes procedimentos:
Coleta no interior do gancho, com auxílio de um amostrador com volume
conhecido (350 ml), de duas amostras do material capturado pelo extrativista ao
final de cada ganchada. Uma amostra foi retirada na parte superficial do material
capturado e outra junto ao fundo do aparelho;
Medição do comprimento de concha dos berbigões capturados com auxílio de um
paquímetro com 0,1 mm de precisão e;
Pesagem dos berbigões capturados na amostra com o auxílio de um dinamômetro
(marca Pesola com precisão de 20 g);
Em um dia de trabalho, a tomada dos dados referentes ao acompanhamento das
ganchadas e biometria do material coletado era iniciada somente após a conclusão da
coleta de dados ambientais e das coordenadas geográficas dos pescadores. Ao término do
trabalho de acompanhamento da pescaria, era então retomada a tomada dos dados
ambientais e de posição dos pescadores para só então finalizar o trabalho do dia. É
34
interessante salientar que caso o acompanhamento do dia de pesca terminasse ainda no
período matutino, foi efetuada a tomada dos parâmetros ambientais e do número e posição
dos pescadores novamente no início do período vespertino (das 13 às 14 horas).
Análise dos dados:
A caracterização do esforço pesqueiro se deu através do cálculo das medidas de
posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e dispersão (desvio padrão, erro
padrão e coeficiente de variação): (a) do número de ganchadas em um dia de pesca; (b) da
distância arrastada em uma ganchada e; (c) do peso total capturado ao final de uma
ganchada. Com base nesses valores foram obtidas as medidas de posição e dispersão das
variáveis:
Área arrastada por ganchada: multiplicando a distância arrastada em uma ganchada
pela largura da boca do gancho utilizado na ação (ver item 5.2.4);
Área arrastada por dia de pesca: multiplicando a área média arrastada por um
pescador em uma ganchada, pelo número de ganchadas realizadas por ele no
período;
Peso capturado por dia: multiplicando o valor médio do peso capturado por
ganchada por um pescador em um dia de pesca, pelo mero de ganchadas
realizadas por ele no período.
Área total arrastada no Baixio Principal e Praia da Base em um ano, pelo produto
das variáveis: número de dias do ano, área arrastada média em um dia de pesca e
número médio de pescadores em cada baixio (com a soma da área arrastada nos
dois baixios obteve-se a área total arrastada na reserva em 2005) e;
O peso total capturado no Baixio Principal e Praia da Base em um ano, pelo
produto das variáveis: mero de dias do ano, peso capturado médio em um dia de
pesca e número médio de pescadores em cada baixio (com a soma do peso
capturado nos dois baixios obteve-se o peso total capturado na reserva em 2005).
A fim de determinar a magnitude de tais valores, esses foram comparados com:
35
Dados referentes ao controle estatístico oficial de produção, cujo funcionamento se
limitou ao período de pesca controlada (entre 1989 e 1998);
Dados obtidos por Salles (1996), em entrevistas realizadas com os extrativistas
atuantes na RESEX do Pirajubaé no mesmo ano;
Dados obtidos por Carmo et al. (2002), em entrevistas realizadas com os
extrativistas atuantes na RESEX do Pirajubaé em maio de 2001. Esses autores
obtiveram uma estimativa mensal de produção do grupo de extrativistas, que,
multiplicada por 12, forneceu uma aproximação da produção anual da reserva para
o período. O produto destas variáveis foi então multiplicado por 12 meses e pelo
número médio de pescadores observados no Baixio Principal (obtido no
monitoramento da pescaria in situ - ver item 5.2.3), para assim gerar uma
estimativa de captura anual nesse baixio.
A seletividade da arte de pesca utilizada na explotação do berbigão foi analisada
através da plotagem conjunta das médias e respectivos erros-padrão do comprimento de
concha dos organismos capturados e espaçamento do gradeamento dos diferentes ganchos
analisados.
Foram divididos os ganchos em dois grupos distintos (com espaçamento médio
inferior e superior a 12,18 mm) e geradas distribuições de freqüência do comprimento de
concha dos organismos capturados por cada grupo na reserva, nos três trimestres de
trabalho de acompanhamento da pesca: Março/Abril/Maio, Junho/Julho/Agosto e
Setembro/Outubro/Novembro. As distribuições foram comparadas através do teste não-
paramétrico Kolmogorov-Smirnov (nível de significância de 95%) (Zar, 1999), e
calculadas medidas de posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e dispersão
(desvio padrão, erro padrão e coeficiente de variação) da estrutura de tamanhos das
capturas nos trimestres e em todo o período.
Com o intuito de avaliar a estrutura de tamanhos dos organismos capturados antes e
depois da dragagem do Baixio Principal, foram plotadas a distribuição de freqüência do
comprimento de concha dos organismos capturados na reserva no ano de 2005 (presente
trabalho) com aquela referente ao período compreendido entre junho de 1989 a junho de
1994, quando a pescaria ocorria de forma controlada (Tremel, 2001).
36
5.2.7 - Problemática do cascalho
Amostragem:
Entende-se por cascalho tudo aquilo que é coletado por um pescador em uma
ganchada, e que não é um berbigão vivo. A problemática do cascalho foi incorporada ao
trabalho somente em 15 de maio de 2005 (três meses após o início da coleta de dados),
pois era desconhecida do pesquisador antes do início das atividades de campo. Ela se
resume a três fatores: (a) toda vez que um pescador lança a captura de uma ganchada
dentro de sua batera, estará preenchendo-a basicamente de berbigão e cascalho. Como
somente o berbigão é comercializado, quanto mais cascalho for capturado pelo gancho,
maior será a interferência deste nos lucros advindos da atividade; (b) o cascalho capturado
com tamanho superior ao espaçamento da peneira utilizada nos ranchos pelos pescadores
atrapalha em muito o bater do berbigão (ver item 6.6), aumentando os custos da pescaria e;
(c) existe uma crença entre os pescadores de que o cascalho “sufoca” o berbigão,
diminuindo a abundância deste quando em grande quantidade.
Como no ano de 2005 começou um movimento entre os pescadores para que
“limpassem” o Baixio Principal (i.e. retirar o acúmulo de cascalho em certas áreas da
região), passou-se a observar o percentual de berbigão e cascalho capturados a cada dia de
pesca para então estimar a extensão das perdas causadas pela captura acidental. Também
foi realizado, juntamente com o mapeamento das biomassas explotáveis do recurso de abril
de 2005, o mapeamento do volume de cascalho existente nos baixios da reserva, a fim de
verificar qual sua distribuição e magnitude.
Para a tomada dos volumes de cascalho capturados na pescaria, nas duas amostras
coletadas dentro do gancho durante o acompanhamento das ganchadas (ver item 5.2.6), foi
separado o berbigão do cascalho. Utilizando-se então de um paquímetro (0,1 mm de
precisão), mediu-se o volume correspondente de berbigão e cascalho capturado nas duas
amostras. Para tanto, foi medida a distância entre a boca do amostrador e o material
capturado, obtendo assim a altura (no amostrador) ocupada pela captura. Como o
amostrador possui uma altura de 8 cm e um volume de 750 ml, através de uma regra de
três simples obteve-se o volume capturado.
Para o mapeamento do volume de cascalho existente nos baixios da RESEX do
Pirajubaé, por sua vez, foi utilizada na coleta de dados a mesma metodologia empregada
no mapeamento das biomassas e densidades explotáveis (ver item 5.1). No laboratório, o
37
cascalho coletado em cada estação foi pesado e seu volume estimado pela variação do
nível da água de uma proveta de 2 litros, medido antes e depois do despejo do cascalho no
seu interior.
Análise dos dados:
As médias e seus respectivos erros-padrão e intervalos de confiança do peso e
volume de cascalho obtidos no mapeamento do Baixio Principal e Praia da Base foram
comparadas através de testes-t, ao nível de significância de 5%. A distribuição do cascalho
nos dois baixios foi obtida através de gráficos de isolinhas do peso de cascalho por
amostra, seguindo os mesmos métodos aplicados para o mapeamento das biomassas e
densidades explotáveis do berbigão (ver item 5.1).
A existência de uma possível relação entre o peso de cascalho e a biomassa do
berbigão foi investigada mediante a utilização de gráficos de dispersão dos valores
registrados para ambas as variáveis nas diversas estações. De maneira análoga foi
investigada a existência de uma possível relação entre o volume de cascalho e a densidade
de berbigão nas diferentes estações de coleta.
A análise do acompanhamento in situ das capturas de cascalho pelos pescadores foi
feita reunindo-se em um grupo os dados coletados no Baixio Principal e Praia da Base,
devido ao fato de existirem poucas observações realizadas nessa última. Foram, para tanto,
calculadas as medidas de posição (média, moda, mediana, máximo e mínimo) e dispersão
(desvio padrão, erro padrão e coeficiente de variação) do volume e peso de cascalho obtido
a cada ganchada, e determinados os percentuais de captura incidental de cascalho.
5.3 - Aspectos sócio-econômicos e tecnológicos da pescaria
Concomitantemente ao monitoramento da pescaria do berbigão na RESEX Marinha
do Pirajubaé foi realizada uma caracterização geral das relações sociais e comerciais
existentes, como também uma descrição das diferentes técnicas e tecnologias empregadas
na pescaria, utilizando a observação simples e a entrevista informal como métodos de
coleta de dados.
Ao utilizar a observação simples, mesmo estando presente no dia-a-dia dos
pescadores da reserva, o pesquisador permaneceu alheio a comunidade observando de
38
maneira espontânea (Gil, 2006): (a) quais as tecnologias empregadas na pescaria do
berbigão; (b) quais as técnicas de explotação do recurso nos baixios da reserva e; (c) como
são as relações sociais entre os pescadores dentro dos limites da reserva. Deste modo,
pôde-se obter todas as informações pertinentes, sem produzir querelas ou desconfianças na
comunidade local, aumentando a fidedignidade dos dados e não comprometendo o
andamento dos trabalhos.
A entrevista informal, por sua vez, foi utilizada na coleta das seguintes informações
pertinentes a questão econômica da pescaria: (a) quem vendia o berbigão capturado; (b)
como era comercializado o produto (se era descascado ou in natura); (c) qual o seu valor
de mercado; (d) para quem era vendido; (e) qual a peridiodicidade da venda e; (f) se o
valor pago era fixo ou variável (de acordo com os meses do ano, com o comprador, ou com
a forma como ele era ofertado).
Esse tipo de entrevista é a menos estruturada possível, se distinguindo de uma
conversação comum pelo fato do pesquisador ter como objetivo a coleta de dados (Gil,
2006). Isso possibilitou a obtenção de informações nas conversas com os pescadores
durante o trabalho de acompanhamento da pescaria, o que facilitou a coleta de dados e
garantiu uma maior espontaneidade das respostas.
39
6. Resultados
6.1 - Esforço amostral
Entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, a média mensal de dias monitorados
se manteve próxima aos 40%, com o acompanhamento da pesca em um total de 100 dias.
Isso se deu principalmente pelo fato da freqüência de visitas à reserva ter-se mantido
próxima ao patamar de 50% nos meses em que a entrada de sistemas frontais foi menos
freqüente, e inferior aos 39% nos meses de inverno (Figura 21), sobretudo em julho e
agosto. De fato, devido à distância do local de estudo e às limitações da embarcação em
épocas de mar muito ruim (causados principalmente por ventos do quadrante sul em
condições de entrada de sistemas frontais) ocorreu à redução dos dias monitorados,
sobretudo nos meses de inverno, quando houve entradas mais freqüentes de frentes na
região.
Foram percorridos em média 10 km diários no percurso de ida e volta à reserva e
nos deslocamentos dentro dela, perfazendo um total aproximado de 1000 km navegados. A
realização das atividades se concentrou entre as segundas e sextas-feiras, (perfazendo um
total de 81% das visitas), e apenas 19% das vezes nos sábados e domingos (Figura 22).
Foram acompanhados 26 pescadores, dos quais apenas 16 tinham autorização para
a pesca do recurso na reserva. É interessante salientar, que dos pescadores autorizados
pelos órgãos competentes, todos que se fizeram presentes na reserva ao longo do ano
participaram do presente trabalho.
Sempre ao chegar à reserva, o autor escolheu aleatoriamente um pescador para a
realização do trabalho. Contudo, o acompanhamento do dia de pesca se deu muito mais
com homens do que com mulheres, devido principalmente: (a) a maior freqüência deles na
reserva (sobretudo nos meses mais frios) e, (b) ao maior número de pescadores homens
trabalhando na pescaria do berbigão. Ao todo, trabalharam na reserva durante o período de
amostragem 22 homens e apenas 4 mulheres, 2 das quais costumam ir ao mar juntas.
Em média, o acompanhamento do dia de pesca dos extrativistas teve início às 8
horas e 30 minutos da manhã e término às 12 horas e 22 minutos, perfazendo um total de 3
horas e 48 minutos/dia. O tempo médio de permanência do pesquisador na reserva, por sua
vez, variou entre 5 e 6 horas diárias (de uma forma geral, se estendendo das 8 às 14 horas),
devido ao fato do mesmo permanecer na região até que o último extrativista fosse embora.
40
Durante o trabalho foi acompanhado um total de 215 ganchadas, foram percorridos
14736 metros acompanhando os pescadores ao longo das ganchadas monitoradas (em
média 66 metros por ganchada), e medido o comprimento de concha de 19670 berbigões
(em média 89 berbigões por ganchada), cujo peso totalizou 129 kg (em média 550 gramas
por ganchada).
6.2 - Análise da distribuição espacial da biomassa explotável
6.2.1 - Baixio Principal
A análise do mapeamento da biomassa e densidade explotável do recurso realizado
em 2005 e 2006 no Baixio Principal, mostrou como padrão para a distribuição desses
parâmetros, as maiores concentrações localizadas no bordo leste do baixio e em uma
extensa faixa que se inicia no bordo frontal e segue no sentido sudoeste até os limites com
a Praia da Base (Figuras 23 e 25).
Entre os dois anos, de-se observar uma redução dos valores máximos de
densidade (de 1431 ind./m
2
para 1049 ind./m
2
) e biomassa total do recurso (de 5733 g/m
2
para 4891 g/m
2
) (ver Tabela 4), concomitante a um acréscimo em 62 % no número de
estações em que não foi observada a presença de indivíduos maiores do que 20 mm de
comprimento de concha (de 8 em 2005 para 13 em 2006 - Tabela 4).
Contudo, ao observar a distribuição da biomassa e densidade do recurso nos dois
anos, ficou evidenciado um aumento da representatividade de áreas com valores superiores
a 1000 g/m
2
(Figura 27 e Tabela 6) e 300 ind./m
2
(Figura 29 e Tabela 7), respectivamente,
em detrimento da importância de áreas com até 500 g/m
2
e 200 ind./m
2
(Figura 27 e 29), o
que indica uma recuperação dos níveis de abundância do recurso entre os anos analisados.
6.2.2 - Praia da Base
No mapeamento da biomassa e densidade explotável realizado em 2005, os
principais pontos de concentração do berbigão foram: (a) uma extensa faixa no extremo
norte, que se desloca a sudoeste até a latitude -27,656’ e; (b) um núcleo bastante conspícuo
41
do recurso no bordo sul, que se estende praticamente até a porção média do baixio (Figuras
24 e 26).
No ano de 2006, esse quadro se modificou com a inversão das áreas de maior
concentração do bordo sul (em 2005) para o bordo norte, e com o deslocamento do núcleo
ao sul do baixio no sentido leste, formando uma faixa que se estende por toda a extensão
do baixio acompanhando a linha de costa (Figuras 24 e 26).
Isso se deu através de um aumento na representatividade de áreas com valores
maiores do que 1000 g/m
2
e uma concomitante redução daquelas com mais de 300 ind./m
2
,
sugerindo (Figuras 28 e 30; Tabelas 6 e 7): (a) uma maior homogeneização dos veis de
densidade no baixio com a depleção dos núcleos de maior concentração do recurso pela
pesca, aliado ao recrutamento de novos indivíduos a população no final de 2005, e; (b) um
aumento nos níveis de biomassa com o crescimento somático dos organismos
sobreviventes de um ano para o outro.
Isso fica evidente ao observar que ocorreu uma redução conspícua dos valores
máximos de densidade (de 1653 ind./m
2
para 731 ind./m
2
) e biomassa total do recurso (de
5781 g/m
2
para 2898 g/m
2
) entre os dois anos (Tabela 5), concomitante a uma diminuição
em 67 % no número de estações em que não foi observada a presença de indivíduos
maiores do que 20 mm de comprimento de concha (de 9 em 2005 para 6 em 2006 - Tabela
5).
6.2.3 - Variação temporal da abundância do recurso
A fim de compreender melhor a magnitude das variações da abundância do recurso
supracitadas, foram comparados os resultados do presente trabalho com os obtidos por
Souza (2003) e Nandi (2005).
Com isto, de-se evidenciar que o pico de biomassa mediana no Baixio Principal
ocorreu em 2001, alcançando o patamar de 1163,20 g/m
2
e biomassa total de 1267,56 t
(Tabela 8). Após isto, a biomassa do recurso decresceu conspicuamente (nunca
ultrapassando o limite de 1000 t), mantendo uma tendência de queda até 2005 quando
atingiu o seu menor valor (558,87 g/m
2
), 52% menor do que o observado em 2001 (Tabela
8). Apesar de ter sido verificado um incremento de 43% na biomassa mediana entre 2005 e
2006, seus níveis ainda mantiveram-se 31% inferiores ao maior valor registrado (Tabela 8),
estando, portanto muito aquém do que poderia ser alcançado.
42
A densidade mediana do recurso no Baixio Principal, por sua vez, apresentou um
comportamento irregular ao longo do tempo atingindo três picos definidos, em 2001, 2003
e 2006, os quais ocorreram junto aos maiores valores registrados de biomassa do recurso.
Nesses anos, a densidade mediana do recurso atingiu patamares de 191 ind./m
2
e densidade
total de 208 milhões de organismos, valores estes 49,73% superiores ao observado para o
menor valor registrado na série histórica (95 ind./m
2
e 104 milhões de organismos em
2002) (Tabela 9).
Concomitantemente, foi observada uma queda na classe modal do comprimento de
concha dos organismos de 28-30 mm em 2001 e 2002 para cerca de 22 mm nos anos
subseqüentes (Figura 31), refletindo uma diminuição no comprimento de concha médio
dos organismos de cerca de 26,5 mm em 2001 e 2002 para valores entre 22 e 23 mm nos
quatro anos seguintes (Figura 33) Fato este que resultou em uma redução em mais de 35%
no peso médio individual dos organismos, de 6 gramas nos dois primeiros anos para menos
de 4,5 gramas no período subseqüente.
Na Praia da Base a biomassa mediana entre os anos de 2004, 2005 e 2006,
apresentou um crescimento de 34,42 % entre os dois primeiros anos, saindo do patamar
mínimo de abundância (2004) para o máximo (2005) em um curto espaço de tempo, e
depois reduzindo em 10,36 % até o ano de 2006, quando atingiu 468,43 ind./m
2
e 376,19 t
(Tabela 8). Um padrão diferente do observado para a densidade mediana nos mesmos anos,
que apresentou um crescimento contínuo no período, atingindo seu patamar máximo em
2006 com 191 ind./m
2
e 153 milhões de organismos de densidade total (Tabela 9).
Durante o período, a classe modal dos comprimentos de concha subiu de 18 mm em
2004 para 24 mm em 2005 e 2006, resultando em uma elevação no comprimento médio
dos organismos de pouco menos de 20 mm em 2004 para cerca de 21,5 mm em 2006
(Figuras 32 e 33). Isso sugere certo grau de ligação entre os níveis de biomassa e densidade
do recurso na região, evidenciando que os níveis de abundância do recurso possam estar
relacionados mais com o número de organismos existentes do que com o seu peso ou
comprimento.
6.3 - Parâmetros ambientais
43
6.3.1 - Dados meteorológicos
Durante os trabalhos de coleta de dados, pôde-se observar que em
aproximadamente 40% dos dias em que a pesquisa foi realizada, o u estava claro com
sol. De fato, em cerca de 89% dos dias não houve a ocorrência de chuva na região (Figura
34).
A temperatura média do ar observada foi de 22,83ºC (e moda de 22ºC), com uma
pequena variação (18,47%) entre valores máximos e nimos de 36,6 e 12ºC,
respectivamente (Figura 35 e Tabela 10). Ao longo do tempo, a temperatura do ar
apresentou uma tendência de queda até os meses de inverno e uma elevação gradativa nos
seus valores a partir daí (Figura 36).
A temperatura da água, por sua vez, manteve um padrão muito similar à
temperatura do ar. Seu valor médio foi de 22,98ºC (e moda de 20ºC), variando pouco
(14,66%) entre 11 e 30ºC (Figura 37 e Tabela 10). Como observado para a temperatura do
ar, ao longo do tempo pôde-se observar também uma tendência de queda da temperatura da
água até os meses de inverno, e então uma elevação gradativa nos seus valores com a
aproximação da primavera (Figura 38).
6.3.2 - Nível da maré
O nível da maré nos baixios apresentou média de 33,12cm, moda de 20cm e
assimetria positiva (Figura 39 e Tabela 10). A variação em torno da média foi expressiva
(52,24%), com máximos e mínimos de 79 e 1cm, respectivamente (Tabela 10). Isso mostra
que embora a pesca tenha ocorrido em extremos de maré, ela ocorreu principalmente em
limites intermediários (de algumas dezenas de centímetros), não chegando a atingir o
joelho dos pescadores durante a explotação do recurso. De fato, entre os meses de coleta o
nível da maré médio em que se observou a utilização do petrecho variou pouco (Figura
40), indicando que a explotação do berbigão observada no trabalho ocorreu principalmente
em uma janela temporal pequena que corresponde a níveis da água de 20 a 50 cm (Figura
40).
44
6.3.3 - Direção e intensidade do vento
Para a análise dos ventos atuantes na região ao longo do período amostral,
dividiram-se os mesmos em dois grandes grupos: os relevantes e os não relevantes.
Os ventos relevantes seriam aqueles que mais freqüentemente causariam
transtornos à pescaria do berbigão na RESEX do Pirajubaé, gerando fortes ondulações ou
causando o empilhamento de água na costa, e o conseqüente aumento dos níveis de maré
(ver item 4.3). Dentre eles estariam o NW, SW, S e SE. Os ventos não relevantes, por sua
vez, seriam ventos que normalmente não atrapalham no andamento das atividades de pesca
dentro da reserva, dentre os quais o N, NE, W e E.
Ao longo do período amostral os ventos predominantes na região foram os ventos
não relevantes, com 60,31% das ocorrências (Figura 41). Dentre eles, os ventos de N
estiveram presentes em cerca de 80% dos casos, dominando completamente as observações
desse grupo (Figura 42). Os ventos relevantes, por sua vez, ocorreram em 39,69% das
observações realizadas ao longo do trabalho (Figura 41), com predominância dos ventos de
S e SE, associados a sistemas frontais, que juntos somaram 74% das observações (Figura
42).
No geral, a intensidade dos ventos dos dois grandes grupos permaneceu tendendo a
ventos fracos (Figura 43) embora, ao longo do período os ventos de N, SE, E e NE tenham
apresentado porcentagens maiores de ventos fortes (Tabela 11). Destes, somente o vento
SE é um relevante, o que sugere que no período amostral os ventos não influenciaram em
demasia no sucesso da pescaria do recurso.
6.3.4 - Influência na pesca
Com o intuito de averiguar se fatores ambientais poderiam influenciar na decisão
do dia-a-dia de cada pescador em ir ou não a reserva, foi realizada uma análise de
componentes principais (ACP) utilizando os dados ambientais (cobertura de nuvens,
chuva, maré, direção do vento, intensidade do vento e temperatura do ar) e o número de
pescadores (ver item 5.2.2).
Para tanto, a partir do método scree-plot se optou pela utilização de dois
componentes principais (Figura 44), que juntos explicaram 49,12% da variabilidade dos
dados. O componente principal 1 está mais intimamente relacionado com as variáveis,
45
direção do vento, intensidade do vento e maré, sendo então chamado de “Condições do
mar”. O componente principal 2, por sua vez, está mais relacionado com as variáveis
cobertura de nuvens, chuva e temperatura do ar, sendo, portanto definido pelas mesmas e
chamado de “Condições do tempo”. Na Figura 45, pôde-se observar que a variável número
de pescadores está mais intimamente relacionada ao componente principal 1, mostrando
uma relação inversa entre essa variável e as condições do mar”. Isso sugere que quanto
maior a intensidade dos ventos e o nível de água por sobre os baixios, menor o número de
pescadores presentes na reserva. E que a presença dos mesmos na região estaria
condicionada também a direção dos ventos, sendo maior em dias de N, NW, W e SW, e
menor em dias de S, SE, E e NE, fator este possivelmente relacionado a presença dos
ventos ditos relevantes nos dois grupos supracitados. Como no primeiro grupo os ventos
relevantes são o NW e o SW, e no segundo grupo S e SE, é provável que a maior
freqüência destes dois últimos no total dos dias amostrados tenha influenciado mais
pormenorizadamente no número de pescadores presentes na reserva (ver Figura 41).
6.4 - Arte de Pesca
6.4.1 - Descrição do petrecho de pesca
A arte de pesca utilizada na explotação do berbigão da RESEX do Pirajubaé é o
“gancho”, um equipamento rudimentar de arrasto que consiste em uma cesta metálica
presa a um cabo de madeira, e cuja operação assemelha-se à de um arado (Tremel, 2001).
Um gancho pode ser dividido em seis partes: cabo, boca, fundo, laterais, face superior e
face inferior (Figura 16).
O gradeamento da cesta metálica do gancho é feito com barras de ferro de 4 mm de
diâmetro, usadas comumente na construção civil, e o cabo de madeira de espécies como
Angelim, Eucalipto, Rabo-de-macaco ou Combatá. Os dois primeiros são cabos para
enxadas e outros utensílios encontrados no comércio local e os dois últimos (e os mais
indicados, segundo os extrativistas, por sua resistência e flexibilidade), são extraídos de
árvores da região.
O gancho foi introduzido na região da enseada do Saco dos Limões em 1987 por
uma empresa do Rio de Janeiro (Tremel, 2001). Naquela época, de acordo com pescadores
46
locais, a fabricação e manutenção dos ganchos eram feitas somente por empregados da
referida empresa. Entretanto, logo começaram a surgir ganchos feitos na região por pessoas
da comunidade e hoje em dia, a fabricação e manutenção dos ganchos fica a cargo de
alguns pescadores.
Em todo o período amostral, 23 pescadores utilizaram o seu próprio gancho para a
explotação do recurso, e 3 utilizaram aparelhos emprestados de outras pessoas
(normalmente parentes) para efetuar a tarefa. Normalmente os pescadores utilizam apenas
um gancho para a explotação do recurso, o qual é utilizado até a exaustão e depois
substituído. Contudo, foi observado um caso em que ocorreu a utilização, por um mesmo
pescador, de dois ganchos alternadamente ao longo do período amostral.
O tempo de uso médio observado para um gancho na reserva foi relativamente
pequeno (de 21 meses), embora se tenha observado petrechos com até 60 meses de uso
(aproximadamente 5 anos) (Tabela 12). Devido ao desgaste do material e ao preço elevado
da construção e manutenção do equipamento, foi comum observar pequenos consertos nos
ganchos, muitos deles efetuados ainda no mar com materiais como fios de cobre e sacos de
estopa para, por exemplo, a amarração do gradeamento do petrecho que porventura tenha
se partido. Esta prática por vezes mostrou-se danosa à seletividade da arte de pesca, ao
reduzir o espaçamento do gradeamento dos ganchos (e até, em certos casos, obstruir por
completo determinadas partes do mesmo).
Os reparos feitos nos ranchos como a troca de barras de ferro, nova soldagem do
gradeamento e troca de cabos foram muito observadas. Dos 31 petrechos, 21 haviam
passado por algum reparo desse tipo até o período em que foram medidos. Sobretudo, o
que se observou foram reformas na face inferior, fundo e dentes do aparelho, partes essas
que se mostraram mais vulneráveis ao desgaste.
Ao observar as medidas dos ganchos utilizados pelos pescadores durante o período
amostral, pôde-se evidenciar que os valores não apresentaram grande variação em torno da
média populacional, indicando uma padronização dos petrechos existentes no baixio
(Tabela 13 e Figura 46).
A largura da boca foi a maior medida encontrada, mostrando ser maior até do que a
profundidade dos ganchos analisados (Tabela 13). Dessa forma, conseguindo aumentar a
área dragada do baixio a cada ganchada sem precisar aumentar em demasia o volume do
petrecho, o que definitivamente seria um problema na hora de puxar o gancho.
47
As medidas das alturas da boca e do fundo dos aparelhos apresentaram a menor
variabilidade de todas, talvez pelo modo como é utilizado o petrecho, pois em um gancho
muito alto o pescador ficaria impossibilitado de declinar para trás (apoiando o peso do
corpo nas pernas), o que inviabiliza a ganchada (ver item 6.4.2, Tabela 13 e Figura 46).
Ao dividir o volume interno e as diferentes medidas dos ganchos em três grupos
distintos (mulheres, homens com menos e homens com mais de 30 anos), e compará-los
separadamente em cinco análises de variância unifatorial (Figuras 47 a 51 e Tabelas 14 a
18), pôde-se observar diferenças significativas entre os petrechos utilizados por mulheres e
homens apenas para as médias do volume interno, da altura da boca e do fundo dos
aparelhos (Figuras 48, 49 e 51, Tabelas 15, 16 e 18).
Um teste a posteriori de Tukey aplicado a essas medidas indicou que tanto as
médias de altura da boca, como o volume interno dos ganchos das mulheres foram
significativamente diferentes das médias dos ganchos utilizados por homens, sejam eles
jovens (com menos de 30 anos) ou adultos (Figuras 48 e 51, Tabelas 19 e 20). É
interessante salientar que o volume médio entre os ganchos dos homens manteve-se similar
independentemente da idade dos pescadores, e o volume médio dos ganchos das mulheres
foi cerca de 25% inferior ao encontrado no gancho dos homens. Ou seja, quatro ganchadas
de uma mulher equivaleriam a três ganchadas de um homem.
Para a altura do fundo dos ganchos, por sua vez, a única diferença significativa
detectada se deu entre os petrechos de jovens e mulheres (Figura 49 e Tabela 21). Isso
sugere que o fator que controlou o volume dos ganchos utilizados na reserva durante os
meses de monitoramento (i.e. a diferença entre os ganchos entre homens e mulheres) foi a
altura da boca e do fundo dos aparelhos, principalmente a primeira.
A partir das conversas com os pescadores, pôde-se levantar três hipóteses auto-
excludentes: (a) que os ganchos menores são melhores porque são mais leves, desgastando
menos quem os usa e, por conseguinte, garantindo um maior número de ganchadas ao
longo de um dia de pesca; (b) que ganchos com volume ou largura de boca maiores são
melhores, pois capturariam mais berbigão do que ganchos pequenos em um número igual
de ganchadas, permitindo ao pescador dar menos ganchadas em um dia de pesca e capturar
mais berbigão e; (c) que os ganchos pequenos e grandes geram resultados semelhantes,
pois enquanto um gancho maior captura mais berbigão por ganchada, ele desgasta mais o
extrativista que não consegue dar tantas ganchadas como com um gancho pequeno,
fazendo com que os benefícios anulem os custos.
48
Todavia, ao comparar o valor médio (em quilogramas) capturado a cada ganchada
nos três grupos distintos em uma análise de variância unifatorial, pôde-se verificar que não
houve diferenças significativas entre eles (Figura 52 e Tabela 22), mostrando que não
importa o quão varie o volume interno do gancho, as capturas vão variar muito pouco.
6.4.2 - Uso do petrecho na RESEX do Pirajubaé
O modo de uso do gancho é similar ao observado em outros petrechos existentes no
mundo, usados na explotação de moluscos bivalves em planícies de maré, como a “draga
de mão” na costa portuguesa (Gaspar et al., 2002). A face inferior da cesta metálica possui
uma fileira de dentes que fica em contato com o substrato, quando do uso do aparelho. Ao
puxar o gancho (dar uma ganchada), os dentes revolvem o sedimento, que vai sendo
capturado pela boca e indo parar dentro da cesta metálica com o movimento progradante
(Figura 53) (Tremel, 2001).
Na ganchada, o pescador usa principalmente as pernas para puxar o aparelho, pois
somente com os braços não seria possível suportar o peso do sedimento dragado (Figuras
53 e 2). Ele mantém o corpo um pouco inclinado, as pernas praticamente esticadas e usa os
calcanhares como apoio para efetuar a puxada, jogando o peso do corpo para trás no
processo (Figura 2). Em todo o trajeto, o pescador anda de costas ficando, portanto, de
frente para a boca do gancho (Figura 2). Com isto, evita-se o perigo da colmatação do
petrecho e a conseqüente perda de captura.
Para efetuar o selecionamento do material capturado o pescador “lava o gancho”,
fazendo movimentos com o gancho a fim de provocar o choque do material com as paredes
internas da cesta metálica. Com isso, tudo o que for menor do que o espaçamento do
gradeamento da cesta sairá, deixando apenas o material acima de um determinado tamanho
(Figura 54).
6.4.3 - Explotação do recurso em marés “favoráveis”
Ao chegar a uma área do baixio e ao longo do dia de pesca, a fim de saber qual a
abundância do recurso, cada pescador tira amostras do sedimento com as mãos ou uma
ganchada de pequena duração. De acordo com essas amostras ele decide se fica ou não no
49
local, e para onde vai direcionar o esforço (se as ganchadas serão dadas para o norte ou sul,
por exemplo).
A distância percorrida a cada ganchada depende basicamente da quantidade de
captura aprisionada ao longo do arrasto. Isso porque o excesso de material coletado
impossibilitaria a lavagem do gancho, aumentando a concentração de juvenis, sedimento e
cascalho no aparelho, o que diminuiria os rendimentos advindos da atividade.
Em condições de marés favoráveis (com nível de água entre 20 e 50 cm - ver item
6.3.2) uma ganchada pode ser realizada: (a) em “U” ou; (b) em sentido aleatório. As
ganchadas em “U” são de longe as mais freqüentes e consistem em fazer arrastos
ortogonais às laterais da batera (Figura 55). O pescador começa junto a um bordo da
embarcação, puxa o gancho até certa distância em linha reta e depois volta paralelamente a
sua própria ganchada (Figura 55). Com isto, é formado o “U”. Cada ganchada é dada
paralelamente uma a outra, e em cada bordo da embarcação, descrevendo assim uma área
dragada aproximadamente retangular em torno da mesma (aqui chamada de “quadrado”)
(Figura 55). Com isso, garante-se o máximo de rendimentos em cada área com o
aproveitamento completo do terreno. Ao longo de um dia de pesca é comum observar
pescadores mudando a posição de sua batera para aumentar a área dragada com a formação
de mais quadrados.
As ganchadas em U” podem ser divididas em um movimento de ida e outro de
volta. Na ida, o pescador costuma não lavar o gancho, se limitando apenas a realizar de
tempos em tempos movimentos verticais com o cabo do aparelho, de modo a manter a
extremidade inferior do fundo do gancho em contato com o substrato, e acomodar a
captura no fundo do mesmo (Figura 56). Com isso, ele faz com que o gancho fique mais
pesado, enterrando mais facilmente, e poupando assim energia.
Na volta, por sua vez, o pescador passa a lavar o gancho com freqüência, em dois
movimentos: (a) primeiramente, com o gancho disposto na vertical, faz suaves
movimentos pendulares com o cabo do aparelho a fim de manter a captura no fundo do
mesmo e então; (b) começa a lavagem do gancho propriamente dita com a intensificação
dos movimentos pendulares, a tal ponto que a extremidade inferior de uma lateral fique
aproximadamente alinhada a extremidade superior da outra duas vezes a cada período
descrito (Figura 57).
Normalmente os pescadores não usam calçados na pesca do recurso. Com isso, eles
podem literalmente sentir o berbigão sob os pés. Nas ganchadas aleatórias (praticadas por
poucos na região), o pescador vai sentindo o sedimento e seguindo as concentrações mais
50
conspícuas de berbigão, o que faz com que a mesma não siga um padrão definido,
lembrando em muito um traçado aleatório. Nesse tipo de ganchada o pescador também
inicia e termina o arrasto no bordo da batera, e o procedimento de lavagem do aparelho é
idêntico ao observado nas ganchadas em “U”.
6.4.4 - Explotação do recurso em marés “desfavoráveis”
Marés impróprias são definidas como aquelas com nível de água imediatamente
acima ou abaixo ao limite definido entre 20 e 50 cm de coluna de água (ver item 6.3.2).
Embora exista a pesca em níveis de maré tão extremos, normalmente ela se quando
não alternativa, como por exemplo, quando a maré desce/sobe subitamente durante o
dia de pesca ou ocorrem semanas inteiras de marés extremas, não dando escolha para quem
precisa cumprir acordos comerciais. Contudo, observou-se que os pescadores preferem
interromper a extração em níveis de maré superiores a 79 cm e inferiores a 1 cm (ver item
6.3.2).
A pescaria em níveis de água superiores aos 50 cm, se dá de forma análoga a
existente em marés favoráveis (ver item 6.4.3). No entanto, em níveis de água inferiores
aos 20 cm as ganchadas são feitas em apenas um sentido, similar ao movimento de volta
nas ganchadas em “U”, descritas no item 6.4.3. Como nessas condições as bateras se
encontram encalhadas, os pescadores utilizam-se de ralos (i.e. recipientes plásticos que
comportam cerca de 3 latas de berbigão de 18 litros) e sacos de estopa para auxiliar na
despesca das capturas obtidas a cada arrasto (Figura 58). Para tanto, um ralo é disposto em
paralelo a batera, e o pescador ganchadas entre os dois pontos despejando as capturas
ora na batera e ora no ralo. Todo o material colocado nos ralos é continuamente passado
para os sacos de estopa (a cada duas ou três ganchadas aproximadamente), a fim de
facilitar o transporte da captura para as bateras ao final do dia de pesca. Quando a maré
enche, os pescadores passam coletando os sacos com o recurso.
A partir do momento em que é completo o quadrado, o pescador utiliza dois ralos
para continuar efetuando as ganchadas, substituindo a batera por um deles.
Não foram observadas diferenças na lavagem dos aparelhos em extremos de maré,
com exceção da pescaria efetuada em níveis de água menores a 10 cm. Nesses casos, a
lavagem do gancho foi feita com o auxílio de uma cuia e com movimentos verticais do
51
cabo do aparelho, similar ao efetuado para acomodar a captura no fundo do mesmo em
marés favoráveis (Figura 56). Nesse caso o pescador usa a cuia para jogar água na captura
enquanto movimenta o gancho para o selecionamento do material.
Existe uma suspeita por parte dos pescadores de que em condições extremas, ocorra
uma diminuição na quantidade de captura por área arrastada, relacionada a três fatores: (a)
migração vertical do animal no sedimento em decorrência da subida ou descida da maré;
(b) dificuldade para enterrar o petrecho durante as ganchadas em níveis altos de maré, e;
(c) maior tempo de lavagem do petrecho nas pescarias realizadas em marés muito baixas,
relacionado a uma maior dificuldade em retirar a lama de dentro do aparelho com a falta de
água.
Contudo, em uma análise de variância unifatorial aplicada ao volume capturado por
área arrastada em diferentes níveis de maré, não foi evidenciada diferenças significativas
nas capturas a despeito do nível de água por sobre os baixios (Figura 59 e Tabela 23). As
diferenças no volume capturado variaram muito, e as médias decresceram com o aumento
do nível de água, o que não corrobora a percepção dos usuários do recurso.
6.4.5 - Profundidade de arrasto da arte de pesca
No presente trabalho pôde-se observar que, embora variando conspicuamente
(61,53%), a profundidade atingida pelos ganchos analisados (em repouso - ver item 5.2.5)
se mostrou muito baixa, alcançando em média 2 cm (Tabela 24). Isso significaria atingir,
em uma ganchada, menos da metade do volume de sedimento no qual se distribui o animal
no meio (ver item 3), expondo uma importante falha de eficiência do petrecho.
Contudo, foi observado que quando em uso, a profundidade de enterramento dos
ganchos aumenta significativamente com a inclinação do mesmo (ver item 5.2.5),
acrescendo 2,05 cm ao valor médio supracitado (correspondente a 102,5%), o que elevou a
média da profundidade de enterramento para 4,05 cm (Tabela 24). Isso condiz com as
observações de campo, de que os petrechos de pesca utilizados na reserva estariam atuando
em até 5 cm no sedimento, retirando do sedimento quase todos os berbigões ali existentes.
6.4.6 - Seletividade da Arte de Pesca
52
Em uma regressão linear simples entre a largura e o comprimento de concha de
berbigões capturados na RESEX do Pirajubaé feita por Souza (2003), pôde-se observar que
para o gradeamento do gancho deixar passar somente berbigões com comprimento de
concha maior que 20 mm, deve-se ter (teoricamente) um espaçamento igual ou maior a
12,18 mm entre as grades da cesta metálica (Figura 60).
Ao observar o espaçamento do gradeamento dos ganchos analisados na pescaria do
berbigão em 2005, pôde-se evidenciar que o espaçamento médio encontrado foi de 12,43
mm (Tabela 12). A variação em torno da média se mostrou pequena (CV%) e os máximos
e mínimos encontrados variaram entre 13,83 e 11,75 mm, respectivamente (Tabela 12).
Entretanto, em um mesmo gancho, pôde-se encontrar espaçamentos variando em mais de 2
mm, e em apenas 5 ganchos não foi observada nenhuma medida inferior a 12,18 mm, o
que ressalta a falta de precisão com que são feitos esses petrechos de pesca (Figura 61).
Ao todo, 6 ganchos apresentaram um espaçamento médio igual ou inferior ao
patamar dos 12,18 mm (Figura 61), o que perfaz um total de 19% dos ganchos utilizados
na região que teoricamente estariam capturando indivíduos menores que 20 mm de
comprimento de concha. Contudo, ao observar a distribuição de freqüência de tamanhos
dos organismos capturados ao longo de todo o período amostral, pôde-se evidenciar que os
organismos com comprimento de concha inferior a 20 mm representam menos que 2% de
todo o montante capturado (Figura 62). De fato, ao comparar o comprimento de concha
médio dos berbigões capturados no ano de 2005 com aquele estimado pela regressão
simples para cada gancho analisado, foi observada uma grande discrepância entre os
valores, indicando que embora os ganchos permitam capturar tamanhos menores de
berbigão há um direcionamento do esforço para tamanhos de comprimento de concha
superiores aos 23 mm (Figura 63).
Com o intuito de observar a seletividade dos ganchos ao longo da fase de
monitoramento in situ da pescaria, todos os petrechos utilizados na explotação do recurso
foram divididos em dois grupos (com espaçamento médio do gradeamento menor e maior
do que 12,18 mm), e analisados nos três trimestres do período amostral: março/abril/maio,
junho/julho/agosto e setembro/outubro/novembro (Figura 64). Para tanto, comparou-se em
cada trimestre, a distribuição de freqüência de tamanhos dos berbigões capturados pelos
dois grupos de ganchos (maiores e menores que 12,18 mm) existentes na RESEX do
Pirajubaé com o teste não-paramétrico Kolmogorov-Smirnov (nível de significância de
95%) (Zar, 1999).
53
A única diferença significativa encontrada entre as distribuições dos ganchos
maiores e menores se deu no primeiro trimestre do período amostral (Tabela 25). Os
ganchos com espaçamento menor que 12,18 mm apresentaram uma média do comprimento
de concha das capturas em torno de 25 mm e uma distribuição mais platicúrtica. Sua
distribuição mostrou assimetria e variação em torno da média (CV%) bem reduzida, com
comprimentos máximos e mínimos variando entre 35 e 3 mm (Tabela 26).
Os ganchos com espaçamento maior que 12,18 mm, por sua vez, apresentaram uma
média menor para o comprimento de concha das capturas (de aproximadamente 24 mm) e
comprimentos modais entre 23 e 24 mm. Sua distribuição mostrou leves variações de
assimetria e curtose (uma distribuição quase mesocúrtica), com uma variação em torno da
média (CV%) relativamente alta, com máximos e mínimos de 35 e 11 mm de comprimento
de concha, respectivamente (Tabela 26).
Contudo, tal discrepância entre as distribuições de freqüência dos dois grupos,
tendeu a diminuir gradativamente até o último trimestre, quando desapareceu
completamente (Tabela 26). Isso se deu concomitantemente à queda no montante das
capturas, e ao aumento dos valores de assimetria e curtose, o que sugere um efeito do
esforço pesqueiro sobre os organismos com maior comprimento de concha da população
(Figura 64 e Tabela 26).
De fato, a cada trimestre analisado, de-se observar um declínio da proporção de
indivíduos maiores que a média nas capturas e uma estabilização das modas em torno dos
23 mm de comprimento de concha, reduzindo com isso o tamanho médio dos berbigões
capturados (Figura 64). Ao final do período amostral pôde-se observar que os valores das
duas distribuições (dos ganchos com espaçamento maior e menor que 12,18 mm) parecem
padronizados, com tamanho médio das capturas em 24 mm, comprimento modal entre 23 e
24 mm e valores positivos de assimetria e curtose (os mais altos observados em todo o
período amostral) (Figura 64). Os incrementos na assimetria refletem a maior ocorrência
de indivíduos menores que 20 mm nas capturas, como pode ser observado na Figura 64.
De fato, para os ganchos maiores do que 12,18 mm, as porcentagens de indivíduos
menores que 20 mm nas capturas aumentaram de 0,81% no período março/maio para
4,23% entre setembro e novembro. Esse fato certamente está associado ao ciclo biológico
do berbigão na RESEX, o qual revela uma maior densidade de juvenis nos baixios durante
o quarto trimestre do ano e sua quase ausência nos demais períodos do ano (Souza, 2003).
Desta forma, pode-se concluir que a seletividade das capturas é influenciada não pelo
espaçamento do gradeamento, como também pela própria estrutura de tamanhos do
54
berbigão disponível à pesca, a qual varia de forma relativamente previsível ao longo do
ano.
Ao comparar a distribuição de freqüência relativa do tamanho dos berbigões
capturados comercialmente no período de junho de 1989 a julho de 1994, quando a
pescaria estava ocorrendo de maneira controlada (Tremel, 2001), com o período
monitorado no presente trabalho (entre 15 de março e 20 de novembro de 2005), pôde-se
observar claramente os efeitos danosos da explotação descontrolada do recurso sobre a
distribuição de tamanhos da população (Figura 65).
No período de pesca controlada na RESEX (1989/1994), monitorado pelo biólogo
Ernesto Tremel, o comprimento modal da distribuição de tamanhos da captura se
encontrava em 31 mm, sendo que 43,7 % dos organismos possuíam tamanhos maiores que
esse, chegando a comprimentos máximos de até 47 mm (Figura 65). Por sua vez, no
período monitorado no presente trabalho, o comprimento modal das capturas foi reduzido
para 23 mm, sendo que apenas 0,4% dos indivíduos capturados superaram os 31 mm,
sendo o tamanho máximo observado de 36 mm. Cabe destacar que enquanto a classe
modal de 23 mm responde por cerca de 17% dos indivíduos capturados atualmente, entre
1989 e 1994 esta mesma classe contribuía com menos de 2% das capturas (Figura 65).
6.5 - O extrativista da RESEX do Pirajubaé
Ao todo, 26 pessoas pescaram berbigão na RESEX do Pirajubaé em todo o período
correspondente a 15 de março e 20 de novembro de 2005. Dentre elas, existe o grupo de
pescadores ditos legais, os quais possuem permissão para extrair o recurso na região como
a principal fonte de subsistência. É um grupo formado por 14 homens e 2 mulheres,
composto quase todo por pessoas de baixa escolaridade (normalmente possuindo até o
grau), que possuem famílias de no mínimo 3 pessoas, e que moram dentro dos limites
(principalmente na foz do Rio Tavares) ou nas áreas adjacentes a reserva.
Junto aos pescadores legais, atuaram em todos os meses de trabalho pescadores que
serão aqui chamados de ilegais freqüentes. Eles são familiares de pescadores legais ou
pessoas que vivem na região e que possuem a extração do berbigão como principal fonte
de renda (tal qual os legais), mas que por um ou outro motivo não conseguiram a
permissão dos órgãos competentes para atuar na reserva.
55
Nos meses mais quentes, entretanto, juntam-se aos legais e ilegais freqüentes
pescadores que, segundo relatos, atuam durante o ano na pesca de espécies pelágicas ou se
ocupam de outras atividades não relacionadas com o mar (os ilegais esporádicos). A
maioria alega ter vivido exclusivamente do berbigão em tempos idos, passou a trabalhar
em outra atividade com o colapso da pescaria em 1997, e hoje usa do recurso como uma
espécie de meio de subsistência alternativo em épocas de “vacas magras”. Normalmente, a
razão apontada por eles para infringirem a lei é o desconhecimento das regras em vigência:
alguns dizem não saber que ali é uma reserva (e é interessante salientar que realmente não
nenhuma sinalização no local); outros utilizam autorizações antigas para a pesca do
berbigão na região; e muitos apelam para seus vínculos com a região usando antepassados
como um argumento válido para pescar berbigão na reserva. Entretanto, a maioria sabe da
existência da reserva e de leis que regulamentem a extração do recurso, mas apostam na
infração, pois até então tem valido a pena.
Na região, a pescaria do berbigão é feita exclusivamente com o uso de ganchos.
Todos os pescadores (legais ou não) utilizam-no como arte de pesca na exploração do
recurso, quando a principal função é a sua comercialização. A pesca para fins de
subsistência não foi observada na região e a pesca recreativa foi observada ocorrendo de
forma bastante esporádica. Normalmente, quando esta ocorre, são crianças ou mulheres
que vão para a reserva coletar berbigão com as mãos acompanhando pescadores que
utilizam ganchos, ou pessoas de localidades próximas que capturam algumas latas de
berbigão para comer vez ou outra. Em sua grande maioria, a pesca recreativa foi feita por
pescadores ilegais.
Na pesca do berbigão, a grande maioria dos pescadores utiliza pequenas
embarcações chamadas de “bateras” (Figura 66). As bateras são embarcações de madeira
feitas artesanalmente por pessoas da comunidade (em muitos casos, pelos próprios
extrativistas), que possuem cerca de 4 metros de comprimento total, são de fácil
manutenção, bastante resistentes, pouco onerosas e de fundo chato (que possibilita uma
maior capacidade de carga e flutuabilidade - fundamental na navegação em ambientes
rasos). Como são pequenas, e a quantidade capturada por dia de berbigão é expressiva, o
número de pescadores que navegam nelas é bastante reduzido, variando entre 1 e 2
pessoas. Nessa pescaria, as capturas obtidas por cada pescador são meticulosamente
divididas ainda nas bateras. Se ganha apenas o que se pesca, não havendo (fora casos
excepcionais) partilha em partes iguais entre os pescadores de uma mesma embarcação.
56
Observou-se um total de 20 bateras atuando na pescaria. Destas, 10 possuem
motores de combustão de 4 Hp, e 16 usam como propulsão a vela ou a verga (um bambu
com cerca de 2 a 3 metros de comprimento que é utilizado como forma de impulsionar a
batera no fundo lamoso da baía) (Figura 67). Seis pescadores que possuem bateras também
utilizam embarcações de maior porte denominadas de botes. São embarcações com
comprimento total superior (entre 5 e 6 metros), com motores de no mínimo 11 Hp, e que
não possuem fundo chato (apresentando uma maior estabilidade ao navegar em mares mais
revoltos). Os pescadores não as levam para dentro do baixio (pois a probabilidade de
encalhar é grande - ver item 4.5). Elas só servem para transportar as bateras para o baixio e
para ajudar no transporte da carga (como é chamada a captura) para os ranchos. Isso é
importante, pois as marolas formadas com os ventos do quadrante norte podem causar
naufrágios (observados pelo pesquisador em certas ocasiões), principalmente no retorno
para casa, quando as bateras vêm cheias.
É comum na região o hábito de “pegar carona” com os botes para ir ou voltar da
reserva. A carona ocorre quando a pescaria está acontecendo em regiões mais distantes do
porto (como na Praia da Base), ou quando o mar torna-se revolto e os pescadores pedem
ajuda (Figura 67). Entretanto, ela quase sempre se entre amigos, parentes ou parceiros
comerciais.
6.6 - Dia-a-dia na reserva
Durante o trabalho de monitoramento da pescaria pôde-se observar que em média,
os pescadores iniciam suas atividades diárias na reserva às 7 horas e 17 minutos (mín.
05:00 hs./máx. 11:50 hs) e encerram o dia de pesca às 12 horas e 22 minutos (mín. 09:00
hs./máx. 16:56), perfazendo um tempo diário médio de pesca de 4 horas e 40 minutos
(mín. 4 hs./máx. 5 hs. 6 min./desvio padrão: 1 hs. 29 minutos).
Em geral, no período vespertino não foi observada a pesca do recurso na reserva, o
que corrobora as informações obtidas nas conversas com pescadores da região. Segundo
eles, é no período matutino que ocorre a pescaria. O período vespertino é utilizado
normalmente para duas outras atividades: o ato de “bater o berbigão” e, o descasque
(descrito a seguir).
Quando voltam do mar (normalmente no início da tarde), os pescadores realizam
um trabalho que é conhecido como “bater o berbigão”. Esse trabalho é feito nos ranchos
57
após toda a captura do dia ter sido descarregada das bateras. Ele consiste da utilização de
uma peneira (cujo gradeamento é normalmente inferior ao utilizado no gancho do
pescador), para promover uma segunda seleção no material capturado, separando o
berbigão de todo o resto (chamado no trabalho de cascalho). Alguns pescadores
aproveitam do by-catch o molusco bivalve Trachicardium muricatum (Figura 68),
misturando sua carne com a carne do berbigão no descasque (ver a seguir), enquanto
muitos outros dão a esse molusco (e a outros organismos) o mesmo destino do restante do
cascalho, a cozinha (complementando a dieta da família) ou o lixo.
Após bater o berbigão, a captura é entregue diretamente ao comprador (no caso da
venda do produto in natura - ver item 6.7.2) ou é colocada em bacias plásticas dentro dos
ranchos, permanecendo ao ar livre e sem água por um período de 24 horas até então ser
cozida e descascada. O cozimento é feito normalmente pelo próprio pescador em um forno
a lenha, utilizando madeira comprada no comércio local ou retirada do próprio mangue.
Ao sair do cozimento o berbigão é mantido em bacias ao ar livre por cerca de 5 a 10
minutos até o descasque, realizado em mesas montadas nos ranchos ou no quintal da casa
dos pescadores. O trabalho manual é feito por aproximadamente 4 a 5 pessoas de rias
idades, na maioria mulheres, que podem ou não ser aparentadas dos mesmos. Elas são
contratadas, recebendo uma determinada quantia em dinheiro por quilo de berbigão
descascado. Após terminado o descasque, a carne do berbigão é colocada em sacos
plásticos e acondicionada em freezer para sua posterior venda.
Em casos excepcionais (como em longos períodos com marés desfavoráveis
associados à urgência da entrega de alguma encomenda do produto ou doenças na família)
foram observados pescadores indo pescar à tarde, embora em todos os casos eles tenham
tentado primeiro pescar o recurso no período da manhã. De fato, ao relacionar o número
diário de pescadores no Baixio Principal e Praia da Base com o período do dia, pôde-se
observar uma clara diferença entre o período matutino e o vespertino, com a freqüência
média no primeiro ficando entre 9 e 10 pescadores e a do segundo entre apenas 1 e 2
(Figura 69).
6.7 - Características econômicas da pescaria
Na região, foram observados dois tipos de comercialização do berbigão capturado:
in natura ou descascado.
58
6.7.1 - Berbigão descascado
A negociação do berbigão descascado foi a modalidade mais frequentemente
observada, envolvendo 24 dos 26 pescadores que participaram do presente estudo. Ela se
deu basicamente através de dois atravessadores: a Mar e Pesca (conhecida pelos
pescadores como “a Carga”) que era a principal empresa, do ponto de vista econômico, a
atuar na região e; (b) peixarias de propriedade de um senhor conhecido na região pelo
apelido de “Pesão”.
Quase toda a produção de berbigão descascado na reserva foi na época absorvida
pela Mar e Pesca. Essa empresa comprava o produto para então beneficiá-lo e vendê-lo ao
mercado de São Paulo preferencialmente.
Nem todos os pescadores podiam vender o berbigão capturado à referida empresa.
Ela trabalhava com um grupo fechado de pessoas, a qual considerava de sua confiança.
Desse grupo participavam 6 pessoas, as quais negociavam a carne do berbigão duas vezes
por semana (quarta e domingo), quando a empresa mandava um caminhão para a região.
Ele recolhia as capturas obtidas até aquela data e pagava pelos sacos com a carne do
berbigão, recolhidos em sua última visita, mantendo um ciclo contínuo ao longo do ano.
O preço pago pela carne do berbigão era referente ao peso da captura obtido na
fábrica, sem a presença dos pescadores. A negociação do produto se dava através de
encomendas semanais, as quais garantiam a cada pescador a certeza de que praticamente
toda sua captura seria negociada ao final da pescaria. Em contrapartida, as encomendas
seguiam as leis de mercado, podendo sofrer reduções, sobretudo nos meses mais frios: (a)
na quantidade encomendada; (b) no valor pago pelo produto ou; (c) na freqüência das
visitas do caminhão a comunidade. Isso fica evidente ao observar a Figura 70, com a queda
do preço do produto para 5 reais por quilograma da carne do berbigão entre abril e
setembro (quando, segundo os pescadores, a demanda cai consideravelmente), e com o
aumento dos preços para valores próximos a 6 reais, quando se aproxima o verão (a época
de maiores vendas).
A comercialização do produto pelo “Pesão”, por sua vez, destinou-se basicamente a
peixarias da região e ao Mercado Público de Florianópolis. Seu método de negociação com
os pescadores é análogo ao aplicado pela empresa Mar e Pesca, nos seguintes pontos: (a)
trabalha-se com encomendas semanais e; (b) paga-se por quilograma da carne do berbigão.
59
Contudo, por se tratar de um comércio local, os preços praticados foram sempre inferiores
aqueles obtidos nas negociações com a Mar e Pesca (Figura 70).
O pagamento pelo produto era feito na hora da entrega, sendo efetuado em certos
casos até mesmo em adiantado (facilidade essa reservada para poucos pescadores, que
eram fornecedores muitos anos). No entanto, tal qual com a empresa Mar e Pesca, a
quantidade negociada, o valor pago pelo produto e a freqüência com que ocorreram as
encomendas variaram ao longo do ano, fazendo com que nos meses mais frios, a
negociação do produto passasse a ser realizada somente com poucos pescadores (cerca de
3 ou 4 pessoas), e por preços bem reduzidos, que quase não compensavam (segundo os
mesmos) os gastos com a pescaria (Figura 70).
Os pescadores que não podiam vender o berbigão capturado para a Mar e Pesca
tinham praticamente duas opções: (a) vender berbigão para os extrativistas autorizados a
comercializar com a referida empresa (os quais funcionam como atravessadores) ou; (b)
vender para as peixarias da região (i.e. para o Pesão). Tudo dependia basicamente de qual
era o preço pago pelo produto por cada um dos compradores ao longo do ano.
Como a quantidade de recurso extraída da reserva por um pescador é limitada (ver
item 6.8.1), existia um pequeno mercado interno de compra e venda do excedente da
produção, principalmente nos meses de grande demanda. É interessante salientar que os
próprios pescadores que vendiam berbigão diretamente a Mar e Pesca, sempre estavam
abertos a outros negócios, para que assim não a tivesse como sua única compradora, pois
temiam depender somente da empresa e dos preços praticados por ela. De fato, muitas
vezes as encomendas do produto para um único pescador chegaram a atingir 200 kg de
carne de berbigão entre os dias de visita do caminhão, captura essa praticamente inviável
de ser obtida por ele em tão pouco tempo. Com isso, era prática comum à contratação
informal de outros pescadores para completar a carga”, por um preço médio de 3 a 4,5
reais a lata (18 litros) do produto. Esse tipo de negociação foi de extrema importância haja
vista que somente cerca de 10 pessoas (como visto anteriormente) tinham um comprador
preferencial para o seu produto.
6.7.2 - Berbigão in natura
O berbigão in natura é o produto ofertado de maior qualidade da reserva, pois nessa
modalidade de venda são aceitos moluscos frescos (capturados no dia da
60
comercialização) e com comprimentos de concha superiores aos 28-30 mm.
Diferentemente dos berbigões descascados, que apresentam comprimentos de concha bem
inferiores aos patamares supracitados (similares ao comprimento de concha das capturas
observadas no item 6.4.6), podendo permanecer por várias semanas em freezers até serem
comercializados.
A comercialização do berbigão in natura destina-se: (a) a empresas que exportam o
produto a outras cidades e estados da federação e; (b) ao mercado interno, com a venda de
porta em porta diretamente ao consumidor final. A venda direta ao consumidor foi
realizada por apenas 1 pescador (pertencente ao grupo dos legais) dentre os 26 que
participaram do estudo no ano de 2005 (ver item 6.5). Ele não tinha o berbigão como
principal fonte de renda, e por esse motivo trabalhava somente com encomendas, as quais
determinaram sua freqüência na reserva, nunca ultrapassando uma ou duas vezes por
semana.
Algumas empresas que vendem frutos do mar para o mercado externo
(principalmente São Paulo) compram o berbigão na reserva de maneira análoga,
encomendando esporadicamente o produto de um grupo fechado de pescadores, composto
por 5 pessoas. Todas elas pertencem ao grupo dos legais, vivendo da comercialização do
produto descascado para a empresa Mar e Pesca.
Embora as vantagens em vender o berbigão in natura sejam evidentes, existem
alguns entraves que impedem o maior desenvolvimento dessa modalidade de venda, como:
(a) a dificuldade de empresas em adquirir licença dos órgãos competentes para a
comercialização do produto in natura e, principalmente; (b) a pouca abundância de
organismos com tais comprimentos de concha (ver item 6.4.6 e Figura 62).
6.8 - Esforço de pesca
6.8.1 - Nível do esforço atuante
Ao relacionar o número total de pescadores observados a cada dia de pesca na Praia
da Base e Baixio Principal, pôde-se evidenciar uma diferença significativa entre os valores
nos dois baixios, (6 e 4 pessoas, respectivamente - Figura 71 e Tabelas 27 e 28). Isso
mostra que a explotação do recurso além de ocorrer preferencialmente em um período do
61
dia (ver item 6.6), também aconteceu de maneira diferenciada entre os dois bancos, com
uma tendência pelo Baixio Principal.
Um outro fator observado foi a expressiva dispersão dos dados em torno da média
do número diário de pescadores no Baixio Principal e na Praia da Base (superando os
60%), com valores máximos e mínimos variando entre 0 e 12 pessoas na Praia da Base e 0
e 17 no Baixio Principal (Tabela 27), o que condiz com os relatos obtidos na região.
Contudo, é interessante salientar que não apenas o número de pescadores, mas
também outras variáveis relacionadas à pesca variaram conspicuamente nos dias
monitorados, o que parece ser um reflexo da instabilidade das condições de pesca na região
relacionadas às variações nos níveis da maré, da abundância do recurso em um dado local e
da ocorrência de ventos fortes na região. De fato, tanto o número de ganchadas, como o
peso capturado e a área arrastada (por ganchada e ao longo do dia de pesca) apresentaram
níveis de variação próximos ao observado para o número de pescadores (Tabela 29).
Em um dia de pesca, cada pescador dá em média 13 ganchadas, com um grau
relativamente grande de variabilidade (CV%) (Tabela 29). A distância total média
percorrida a cada ganchada foi estimada em cerca de 66 metros (Tabela 29), com máximos
e mínimos de 163,62 e 4,05 metros, respectivamente, o que resulta ao final de um dia de
pesca, em um valor médio de aproximadamente de 858 metros percorridos por cada
pescador.
Em média, a área total arrastada por cada pescador em um dia de pesca atingiu
491,56 m
2
(cerca de 42,31 m
2
por ganchada), podendo variar entre 109,54 m
2
e 1117,80 m
2
(Tabela 29). O peso da captura, por sua vez, alcançou em média 329,71 kg por dia de pesca
(28,62 kg a cada ganchada), variando conspicuamente (CV%) entre máximos e mínimos de
893,42 e 81,71 kg, respectivamente (Tabela 29).
Ao longo dos 12 meses de 2005, a estimativa da área total varrida pelos pescadores
em ambos os baixios foi de 1.671.622,68 m
2
(167,16 ha), ou seja, cerca de 88,31 % da área
total dos dois bancos. Do montante arrastado, cerca de 974.640,56 m
2
(97,46 ha) se deu no
Baixio Principal abrangendo, portanto, 89,44 % da sua área. E na Praia da Base, esse valor
correspondeu a 696.982,12 m
2
(69,69 ha) ou 86,79 % da sua superfície.
A captura total para o ano de 2005, por sua vez, atingiu 947.414,31 kg (947,41 t),
correspondendo a uma remoção de 92,1 % da biomassa disponível à pesca estimada no
mapeamento de abril do mesmo ano (Tabela 30). Do Baixio Principal, estima-se que
tenham sido removidos 552.390,46 kg (552,39 t), ou 90,7 % da biomassa disponível,
62
enquanto na Praia da Base a captura acumulada no ano teria chegado a 395.023,86 kg
(395,02 t), perfazendo uma taxa de remoção de 94,13 % (Tabela 30).
Isso denota um claro excesso do esforço pesqueiro no ano de 2005, que removeu
dos baixios quase que a totalidade do recurso estimado nos mapeamentos da densidade e
biomassa explotável. De fato, ao comparar os valores obtidos no presente trabalho com
estimativas disponíveis de captura mensal para: (a) o período de estruturação da RESEX
Marinha do Pirajubaé e início da obra de dragagem entre 1989 a 1996 (CEPSUL/IBAMA,
1994; Salles, 1996; CNPT/IBAMA apud Salles, 1996; IBAMA, 1994); (b) o período já sob
influência da obra (entre 1997 e 1998) (CEPSUL/IBAMA, 1998) e; (c) a fase pós-
dragagem (Carmo et al., 2002; CEPSUL/IBAMA, 1999; CEPSUL/IBAMA, 2000); pôde-
se evidenciar que os valores encontrados no presente trabalho são muito superiores aos
registrados em quase todos os anos anteriores, equiparando-se apenas com aqueles
observados em maio de 2001 por Carmo et al. (2002), com o agravante de que entre 2001 e
2005 ocorreu um aumento excessivo da depleção da biomassa existente no Baixio
Principal (de 61,9 a 90,7% - ver Tabela 30).
6.8.2 - Alocação do esforço pesqueiro na reserva
Aplicando o Índice de Morisita Padronizado (Krebs, 1989) à distribuição do esforço
pesqueiro e dos níveis de biomassa do recurso nos anos de 2005 e 2006, pôde-se observar
que todos eles apresentam uma distribuição levemente agrupada (Tabela 31), o que denota
uma maior eficiência dos pescadores em conseguir achar os “bons pontos de pesca” (i.e.
áreas com concentrações elevadas do recurso). Tais resultados condizem com as
observações de campo, de que os pescadores sabem onde estão as melhores concentrações
do recurso, testando-as recorrentemente durante o ano a fim de construir um mapa mental
de sua distribuição. De fato, durante o presente trabalho foi observado que os pescadores
ao longo do dia de pesca passam por várias áreas do baixio (consideradas por eles como
boas para tirar berbigão), “testando o banco” ao dar pequenas ganchadas ou recolher um
pouco de sedimento com as mãos. De acordo com o tamanho e número dos organismos ele
sabe se voltará ou não para a área futuramente, e em quanto tempo aproximadamente
poderá obter boas capturas ali.
Esse mapa mental específico dos seus pontos preferidos de pesca é feito com base:
(a) em anos de experiência na pescaria; (b) na observação de bons pontos de outros
63
pescadores e; (c) nos testes realizados, ao longo de todo o ano, nos pontos prováveis de
pesca (descrito anteriormente). Ele varia de pescador para pescador, mas mantém um
padrão geral (talvez dado pela espionagem) garantindo assim certa homogeneidade nas
ações.
Contudo, um fator importante para explicar a alocação do esforço pesqueiro é a
existência de dois tipos de pescadores na reserva: (a) os Errantes e; (b) os Seguidores. Os
errantes são um grupo composto por pescadores mais experientes, que detém um
comportamento mais explorador. Pessoas que sempre estão a procura de novas áreas de
pesca (“áreas virgens”), que ainda não foram descobertas por outros pescadores. Já os
seguidores, são pessoas que têm o seu mapa mental das boas áreas da reserva, mas que em
muitos casos seguem outros pescadores quando estes conseguem bons rendimentos.
Como o tipo de pescador mais freqüentemente observado na região foi o seguidor,
observou-se nos baixios um ambiente altamente competitivo, em que cada um tentava
maximizar seus lucros escondendo seus bons rendimentos, enquanto tirava proveito dos
bons rendimentos dos outros, diminuindo assim a possibilidade da existência de ações de
cooperação entre pescadores, e definindo a distribuição do esforço no meio ao longo do
tempo.
De fato, ao observar a distribuição do esforço pesqueiro em 12 diferentes áreas (ou
quadrantes) do Baixio Principal e Praia da Base entre 15 de março e 20 de novembro de
2005, pôde-se evidenciar que a cada mês o esforço se concentrou em um ou dois
quadrantes, mas distribuiu-se em quase toda área dos baixios, garantindo assim que todas
elas estivessem sempre sendo avaliadas por alguém a cada época do ano (Figuras 73 a 81).
Embora no período amostral os quadrantes C, E, F, J e K tenham concentrado 61%
do esforço pesqueiro atuante na reserva (Figura 82), ao aplicar uma análise de variância às
médias do comprimento de concha, do peso e do número de organismos capturados a cada
ganchada nos diferentes quadrantes, não foi observado nenhum padrão que distinguisse os
quadrantes supracitados dos outros (Figura 83 e Tabelas 32 a 37). De fato, em muitos casos
se observou valores inferiores a quadrantes em que o esforço pesqueiro ao longo do ano foi
muito menor (Figuras 82 e 83 e Tabelas 32 a 37).
No trabalho de campo com os pescadores, pôde-se observar que o recurso se
distribui no baixio em “manchas” de algumas dezenas de metros (conhecida pelo nome de
“malhas” entre os pescadores). Uma hipótese que explicaria o padrão supracitado seria que
as áreas que se destacam por possuírem concentrações mais conspícuas nos mapeamentos
da distribuição da biomassa e densidade do recurso (Figuras 23, 24, 25 e 26) apresentariam
64
um maior número de malhas em comparação com outras áreas. Para que um pescador
então, deixe uma área com um maior número de malhas (onde o tempo de procura por
“bons pontos de pesca” é reduzido) por uma outra de menor número, as malhas dessa
última devem compensar os riscos com maiores biomassas, tamanho ou número de
organismos. Essa hipótese deve ser devidamente testada posteriormente.
6.9 - Problemática do cascalho
6.9.1 - Mapeamento da distribuição do cascalho
Em um teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao peso de cascalho nos
dois baixios da reserva (Figura 84 e Tabela 38), pôde-se observar que o valor médio
encontrado para o Baixio Principal (0,6194kg/0,031m
2
) foi significativamente superior ao
evidenciado na Praia da Base (0,3833kg/0,031m
2
). Em ambos os baixios foi observada
uma grande variabilidade em torno da média (42,67% no Principal e 34,56% na Base),
com valores variando entre mínimos e máximos de 0,185 e 1,435kg/0,031m
2
no Baixio
Principal e 0,170 e 0,720kg/0,031m
2
na Praia da Base.
De maneira similar pôde-se observar em um teste-t, ao nível de significância de
5%, que o volume de cascalho (Figura 85 e Tabelas 39) apresentou diferença significativa
entre os valores médios encontrados no Baixio Principal (286,88ml/0,031m
2
) e na Praia da
Base (175,83ml/0,031m
2
). Foi encontrada também nesse caso uma grande variabilidade em
torno da média (45,99% no Principal e 33,69% na Base), com valores variando entre
mínimos e máximos de 80 e 670 ml/0,031m
2
no Baixio Principal e 90 e 330 ml/0,031m
2
na
Praia da Base.
No Baixio Principal foi observada uma concentração baixa e uma distribuição
relativamente homogênea do cascalho em toda a porção central e oeste do baixio, exceto
pela presença de três pequenos núcleos onde os pesos por amostra variaram de 600 a 1000
g/0,031m
2
(Figura 86). Por outro lado, a leste, foi detectada a presença de uma faixa
altamente concentrada de cascalho orientada na direção sudeste-noroeste e estendendo-se
desde o manguezal até o limite do banco com o “buraco da draga” (Figura 86).
Na Praia da Base, por sua vez, pôde-se observar uma maior homogeneidade na
distribuição do cascalho, com a presença de núcleos menos conspícuos (nunca
65
ultrapassando o peso de 600g/0,031m
2
) do que os observados no Baixio Principal, no
bordo sul e nordeste da região (Figura 86).
A existência de uma possível relação entre o peso de cascalho e a biomassa do
berbigão foi investigada mediante um gráfico de dispersão dos valores registrados para
ambas as variáveis nas diversas estações. Da mesma forma foi investigada a existência de
uma possível relação entre o volume de cascalho e a densidade de berbigão nas diferentes
estações de coleta. Como resultado, não foi possível evidenciar qualquer correlação entre
os valores obtidos para berbigão e cascalho, embora se possa sugerir que:
No Baixio Principal: em locais onde o peso de cascalho superou as
1000g/0,031m
2
, não foram encontradas biomassas elevadas de berbigão (Figura
87), e em locais com mais de 500ml/0,031m
2
as densidades do recurso não
ultrapassaram os 100 ind./m
2
(Figura 88).
Na Praia da Base: não foi observada a presença de organismos em áreas com mais
de 700g/0,031m
2
(Figura 87), e em locais com mais de 300ml/0,031m
2
, as
densidades do recurso não ultrapassaram os 100 ind./m
2
(Figura 88).
6.9.2 - Acompanhamento in situ da captura de cascalho
Para o acompanhamento in situ da pescaria do recurso no ano de 2005, os dados
referentes ao peso e volume de cascalho capturado de forma incidental pelos pescadores
foram reunidos em um grupo (Baixo Principal e Praia da Base) devido ao fato de
existirem poucas observações feitas na Praia da Base.
O volume de cascalho obtido com o acompanhamento da pesca do recurso
apresentou média de 282,83ml/0,031m
2
, um valor muito próximo ao encontrado para o
Baixio Principal no mapeamento da distribuição do cascalho. A variabilidade observada
em torno da média, por sua vez, foi similar a encontrada no mapeamento para a Praia da
Base (34,94%), com valores variando entre máximos e mínimos de 580,68 e
51,70ml/0,031m
2
.
Em média 41,02% do total capturado pelos ganchos no período amostral refere-se à
captura incidental de cascalho. Isso significa que de 3206 latas capturadas em todas as
ganchadas analisadas no período amostral, apenas 1915 eram de berbigão. Uma perda
significativa de mais de 1291 latas. No entanto, foi observada uma grande variabilidade no
66
percentual de cascalho da captura (35,91%) entre os diferentes locais de explotação do
recurso, fazendo com que em determinadas áreas o volume de cascalho tenha atingido o
valor de 83,54% da captura, e em outras não tenha ultrapassado os 8,55% (cerca de 10%
do valor citado anteriormente).
De um modo geral, os pescadores atuaram sobre as áreas em que as perdas
advindas da presença do cascalho mantiveram-se entre 0 e 50%, o que perfaz um total de
78,71% dos locais explorados nos dois baixios. Isso sugere uma preferência por locais com
essas características, o que pode ser um indício da atuação recorrente em pontos
específicos dos baixios. De fato, como não uma relação clara entre a biomassa de
berbigão e a presença de cascalho (ver item 6.9.1), se a escolha de um local fosse apenas
baseada na abundância do recurso, seria pouco provável que os pescadores tivessem atuado
quase que 80% das vezes em locais com perdas advindas da presença de cascalho
inferiores a 50%.
67
7. Discussão
Os moluscos bivalves, de acordo com Orensanz & Jamieson (1998), são
classificados como espécies bentônicas sedentárias. As espécies deste grupo geralmente
apresentam as mesmas características biológicas como: fertilização externa, elevada
fecundidade e desenvolvimento larval planctônico (Jamieson, 1993), apresentando
populações que podem ser fechadas, nas quais o recrutamento está fortemente ligado ao
sucesso reprodutivo da própria população, ou abertas, onde o recrutamento não é
necessariamente condicionado pela população local, sendo controlado por processos de
transporte de larvas entre populações discretas da mesma espécie (Bertness, 1999).
Deste modo, a sobrevivência na fase larval planctônica apresenta uma grande
importância na determinação dos níveis de recrutamento existentes a cada ciclo
reprodutivo, contribuindo para a definição: (a) da estruturação de metapopulações, em
populações abertas, formadas com o intercâmbio de larvas entre diferentes sub-populações
(Sinclair, 1987; Orensanz & Jamieson, 1998) e; (b) das flutuações populacionais,
principalmente em espécies de baixa longevidade, com os sucessos e insucessos dos
recrutamentos a cada ciclo reprodutivo (Thorson, 1950) proporcionados por fatores de
mortalidade pré e pós-assentamento larval (Ólafsson et al., 1994; Thorson, 1950; Woodin,
1976).
Isso faz com que, cada pescaria desse tipo de recurso apresente características
singulares representando um desafio ao manejo, que deve se adaptar as variações
imprevisíveis da abundância populacional dos estoques, a estruturação espacial complexa
em tramas de sub-populações e a dificuldade de se entender o funcionamento das
metapopulações (Dr. Paulo Ricardo Pezzuto, com. pess.).
Um sistema de pesca pode ser dividido em três subsistemas interligados (Castilla &
Defeo, 2001): (a) o recurso; (b) os usuários do recurso (i.e. pescadores) e; (c) as medidas
de manejo adotadas.
O recurso explorado na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (como descrito
no item 3) é um organismo séssil, dióico, com reprodução externa sexuada e fase
planctônica larval (Narchi, 1976), que se distribui em uma área relativamente restrita de
189,28 ha (Nandi, 2005) e de fácil acesso (von Behr, 1995). Na região, ele apresenta três
picos de eliminação de gametas (na primavera, no verão e no outono) e um período de
repouso sexual no inverno (Araújo, 2001). Entretanto, a cada ano somente os recrutas
68
oriundos da desova de outono conseguem atingir os 20 mm de comprimento de concha, de
modo a gerar uma coorte anual definida (Pezzuto & Echternacht, 1999; Souza, 2003;
Nandi, 2005).
Embora possa fazer parte de uma metapopulação com os outros bancos existentes
na Baía de Florianópolis (ver Figura 1), foi observada no trabalho de Souza (2003) uma
relação positiva entre o estoque desovante local e o recrutamento, sugerindo que a
população se comporta de uma forma mais fechada, sendo responsável por pelo menos
grande parte dos novos recrutas gerados a cada ano (Souza, 2003).
O tempo de permanência das larvas do A. brasiliana no plâncton varia entre 11 e 30
dias (Moüeza et al., 1999; Righetti, 2006), fazendo com que os recrutas oriundos da desova
de outono assentem no baixio com cerca de 1 mm de comprimento de concha até o início
do inverno (Pezzuto & Echternacht, 1999; Souza, 2003; Nandi, 2005). Uma vez
assentados, os organismos crescem rapidamente atingindo os 6 a 8 mm na primavera e 20
mm após cerca de 8 a 9 meses no verão/outono do ano subseqüente, quando recrutam a
pescaria, sobrevivendo a partir daí no máximo cerca de 2 a 3 anos (Pezzuto & Echternacht,
1999; Souza, 2003).
Existem 4 tipos de perfis de concentração para um dado recurso pesqueiro (Hilborn
& Walters, 1992): (a) Tipo I, no qual são observados poucos locais com concentrações
altas do recurso; (b) Tipo II, no qual o recurso em questão se distribui homogeneamente no
meio; (c) Tipo III, onde as concentrações altas e baixas do recurso são pouco observadas
(i.e. o maior número de organismos se encontram em concentrações intermediárias) e; (d)
Tipo IV, em que quase todos os organismos se encontram em uma única concentração no
meio.
Os níveis de biomassa e densidade do molusco A. brasiliana na região mostraram
no ano de 2005 um perfil de concentração do Tipo I, apresentando uma distribuição
levemente agrupada no Baixio Principal e Praia da Base em núcleos definidos de maior
concentração do recurso, que se mantiveram: (a) no bordo leste do Baixio Principal e em
uma extensa faixa que se inicia no bordo frontal desse baixio seguindo no sentido sudoeste
até os limites com a Praia da Base e; (b) nos extremos norte e sul da Praia da Base.
Nesse ano, o berbigão foi explorado por uma forma característica de produção
pesqueira, definida no presente trabalho segundo classificação criada por Diegues (1983).
Segundo esse autor, existem 3 formas de produção pesqueira. Dessas, apenas duas são
condizentes com o meio de vida das comunidades tradicionais: (a) a pesca de auto-
69
subsistência ou primitiva e; (b) a pesca realizada dentro dos moldes de pequena produção
mercantil.
A pesca de auto-subsistência (ou primitiva) é realizada por pequenos grupos de
pessoas como índios e populações ribeirinhas, e tem como unidade de trabalho a unidade
familiar ou a própria tribo (Diegues, 1983). A pesca nesse caso é uma dentre outras
atividades no dia-a-dia (como a caça e a lavoura), destinando-se apenas a subsistência
(Diegues, 1983).
Na pesca realizada dentro dos moldes de pequena produção mercantil, por sua vez,
o pescado destina-se a venda. Nesse tipo de pesca surge a divisão de trabalho com
funções mais ou menos especializadas, tais como os artesãos fazedores de canoas
(Diegues, 1983). Esse tipo de pesca é caracterizado por atuar em um nicho ecológico
relativamente restrito e por utilizar tecnologias de baixo poder de predação (Diegues,
1983). Os instrumentos de produção utilizados são de propriedade individual ou de uma
mesma família, e as partilhas das capturas acontecem de acordo com o sistema de partilha
ou quinhão (Diegues, 1983). A pequena produção mercantil pode ser dividida em dois
subtipos:
A produção dos pescadores-lavradores (Diegues, 1983): que consiste em uma
atividade ocasional, ligada normalmente a períodos de safra (como a da tainha, por
exemplo) e realizada por indivíduos de uma mesma família ou grupo de vizinhança.
Nesse tipo de produção pesqueira o pescado serve para o consumo próprio e como
uma das principais fontes de dinheiro, predominantemente usada na produção de
valores de troca, para a aquisição de mercadorias essenciais ao dia-a-dia. O único
contato que esses trabalhadores têm com o mercado se através de
atravessadores, com os quais é mantida uma relação de dependência. A divisão de
trabalho é reduzida, sendo definida apenas pelo sexo e idade. Com isto, ficam as
mulheres com os afazeres domésticos e da roça, e os homens com o trabalho na
roça e, sazonalmente, nas pescarias. A remuneração pelo trabalho no mar se
através da partilha, cujo igualitarismo é evidente, motivado pelos laços familiares,
afetivos e também pelo baixo custo relativo dos instrumentos de trabalho. Dado que
as embarcações, não são motorizadas e, portanto, seu raio de ação é curto, as
pescarias se restringem a ambientes protegidos como recifes, lagunas, enseadas e
baías;
A pequena produção mercantil dos pescadores artesanais (Diegues, 1983): nesse
tipo de produção pesqueira, a pesca deixa de ser uma atividade complementar e
70
passa a ser a principal fonte de subsistência dos pescadores. Com isto,
conseqüentemente um aumento nos excedentes de produção, levando ao aumento e
modernização da frota, introdução de novas tecnologias de pesca (como redes e
linhas de nylon) e especialização da mão-de-obra envolvida com a pesca. Isso tem
reflexos na composição das tripulações, que deixam de ser compostas
principalmente por familiares, e nas partilhas, que passam a ser distribuídas em
parcelas menos igualitárias. Nesse cenário os atravessadores perdem espaço para as
firmas de compra e financiamento da produção, mas a relação de dependência
continua.
A pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, se adequa ao
modo de pequena produção mercantil, englobando características tanto da produção dos
pescadores-lavradores quanto da pequena produção mercantil dos pescadores artesanais
(Diegues, 1983).
De fato em 2005, boa parte dos pescadores observados na região atuou na pescaria
do berbigão em grupos familiares, nos quais normalmente os homens pescavam o recurso,
batiam o berbigão nos ranchos, e as mulheres e crianças ficavam com o trabalho do
cozimento e desconche, de maneira análoga a observada por Carmo et al. (2002) para a
pescaria do berbigão na reserva, no ano de 2001.
Nesses grupos, a tripulação das bateras era composta freqüentemente por membros
de uma mesma família ou por pessoas aparentadas, não sendo observada partilha das
capturas diárias entre a tripulação das bateras, mesmo entre pais e filhos. Isso talvez, por
causa de uma característica intrínseca da pescaria, ela é individual. Quando dois
pescadores vão fazer um cerco, por exemplo, as capturas advindas de tal atividade são
fruto do trabalho em equipe (Diegues, 2004). Entretanto, quando dois pescadores vão
pescar berbigão, cada um usa “o seu gancho” e captura “o seu pescado”.
Embora essa atividade ainda tenha sido realizada por grupos familiares, em muitos
casos foi observada a contratação, por parte dos pescadores, de mão-de-obra para funções
como: retirar berbigão do baixio, cozinhar o berbigão capturado e descascar a captura, algo
necessário quando a demanda pelo produto era elevada. Isso é interessante porque gera um
aumento da divisão de trabalho na região, fazendo surgir profissões como o descascador
de berbigão, antes inexistentes.
Os pescadores podem ser divididos em dois grupos (Salas & Gaertner, 2004): (a) os
generalistas e; (b) os especialistas. Os especialistas concentram-se em uma área, uma
espécie, ou em um método de pesca enquanto que os generalistas atuam em diferentes
71
modalidades de pesca, se engajando também em atividades outras que não estão ligadas a
pesca. Na RESEX Marinha do Pirajubaé, os pescadores são claramente especialistas, o que
significam níveis de investimento menos flexíveis, implicando em maiores riscos (Salas &
Gaertner, 2004).
Apesar de boa parte dos barcos utilizados na explotação do berbigão possuírem
motores a combustão, o raio de ação dos pescadores se restringiu aos limites da reserva.
Como a frota era composta quase que exclusivamente por bateras, as quais são feitas para a
navegação em águas rasas, essa tecnologia deu aos pescadores uma maior mobilidade
dentro da região, facilitando a pescaria do recurso. Contudo, no presente trabalho foi
observado que a pescaria do molusco bivalve A. brasiliana ocorreu em intervalos de
tempo exíguos ao longo do dia de pesca, correspondente ao período em que os níveis de
maré se encontram entre 20 e 50 cm por sobre os baixios. Fato este também observado em
outras pescarias de moluscos bivalves em regiões entremarés (Nishida et al., 2006;
Mendes, 2002).
As técnicas empregadas na explotação do recurso nos baixios, observadas no
presente trabalho, são condizentes com as observações de Salles (1996) e Carmo et al.
(2002) em anos anteriores na região, indicando que os procedimentos adotados pelos
pescadores para obter as capturas modificaram-se pouco ao longo do tempo.
O petrecho de pesca utilizado no ano de 2005 para a explotação do berbigão é
similar ao utilizado em outras pescarias de moluscos bivalves ao longo do mundo, como: a
draga de mão na costa portuguesa (Gaspar et al., 2002), o “short-rake” na costa norte-
americana (MacKenzie Jr. et al., 1999) e o carrinho no litoral nordestino (Nishida et al.,
2006). Embora não tenham apresentado modificações estruturais em relação aos petrechos
usados em tempos idos dentro da RESEX Marinha do Pirajubaé (Tremel, 2001), os
ganchos analisados no presente trabalho apresentaram-se maiores do que o gancho típico
do período de pesca controlada (Tremel, 2001).
O espaçamento médio do gradeamento dos ganchos também se alterou ao longo dos
anos, de 8 mm quando da introdução do gancho na enseada do Saco dos Limões (Tremel,
2001) para 13 e 15 mm, durante a explotação controlada do recurso entre 1989 e 1996
(Tremel, 2001), e 12,43 mm no ano de 2005. Isso mostra que o espaçamento dos ganchos
nesse ano se encontra inferior ao observado nos ganchos na fase controlada da pescaria,
não respeitando os limites mínimos estipulados nas Instruções Normativas 19 e 81 (Anexos
2 e 3) de 13 mm.
72
Entretanto, ao analisar o comprimento de concha das capturas foi observado que a
pescaria no ano de 2005 atuou quase que exclusivamente sobre indivíduos adultos (acima
de 20 mm de comprimento de concha), o que condiz com outras pescarias desse recurso
existentes no Brasil (Martins & Souto, 2006; Nishida et al., 2006).
Martins & Souto (2006), por exemplo, trabalhando com uma análise biométrica dos
bivalves coletados por marisqueiras no litoral baiano, observaram que apenas 6 % dos
organismos capturados estavam abaixo dos 20 mm de comprimento de concha. Os autores
relacionaram esse fato com duas hipóteses: (a) uma ecológica, na qual as marisqueiras
estariam deixando deliberadamente os juvenis e capturando os mais velhos para assim
garantir a sustentabilidade da pesca e; (b) uma econômica, que a pouca quantidade de
carne não compensaria o trabalho despendido.
Na RESEX do Pirajubaé a captura de organismos acima dos 20 mm de
comprimento de concha ocorreu por dois fatores: (a) o baixo rendimento advindo da
captura de juvenis (não compensando os custos da explotação para a venda do produto,
seja ele desconchado ou in natura) e; (b) a dificuldade no manuseio durante o
processamento da captura. Todos os dois relacionados à maximização dos lucros, com o
aumento da eficiência no descasque e a otimização dos ganhos por quilo de berbigão
capturado.
Deve-se atentar para o fato de que a pescaria em questão foi, no ano de 2005,
totalmente voltada à comercialização do recurso, não sendo observada a pesca de
subsistência na região. Como as negociações funcionaram por meio de encomendas, toda a
captura realizada dentro dos limites da reserva tinha como destino certo o mercado
consumidor (seja o local ou o externo), através do intermédio de atravessadores.
Isso, contudo fez com que os pescadores não tivessem acesso ao consumidor final
ficando a mercê das flutuações do mercado, e conseqüentemente das flutuações no
montante das encomendas e no preço pago pelo produto. O que fica evidente ao observar a
variação temporal do preço do produto ao longo do ano (Figura 70), cujo valor alcança os
maiores patamares nos meses quentes, quando a demanda pelo produto é maior.
Antes da dragagem de parte do Baixio Principal, todo o berbigão capturado era
vendido para uma microempresa de propriedade do então presidente da AREMAPI
(Associação dos extrativistas da Reserva Marinha Extrativista do Pirajubaé) (Tremel,
2001). Essa microempresa revendia o produto unicamente para a Empresa de Pescado
Ibiraquera, que o exportava para o mercado de São Paulo, preferencialmente (Tremel,
2001).
73
Existiam, portanto três atores na pescaria do recurso: (a) uma única empresa
atuando na reserva; (b) um único pescador habilitado a vender o berbigão capturado para a
empresa e; (c) outros pescadores que não tinham outra escolha a não ser vender suas
capturas para ele.
Como todos eram “funcionários” de uma microempresa, trabalhavam juntos, o que
garantia que tanto o esforço pesqueiro quanto a produção ficassem concentradas em um
mesmo ponto. Isso facilitava o manejo do recurso que tinha como estratégia básica
aumentar a ineficiência da explotação do recurso (com o controle da seletividade da malha
dos ganchos e a estipulação de um tamanho mínimo da captura) e limitar o esforço
pesqueiro (com o controle do número de licenças para a pesca, a promoção de revezamento
da explotação e a limitação do número de dias permissionados e das cotas diárias de
pesca).
Com o fechamento da reserva, a fiscalização se encerrou e a microempresa fechou
as portas, acabando com a exclusividade da Empresa de Pescado Ibiraquera (Tremel,
2001). Muitos pescadores que antes eram apenas fornecedores de berbigão passaram a
ocupar a posição da microempresa supracitada, o que abriu espaço para a entrada de outras
empresas na região aumentando o número de atravessadores (Tremel, 2001; Carmo et al.,
2001). Isso resultou em um conseqüente aumento no número de pescadores atuando nos
baixios da reserva, e o total descontrole da explotação do recurso.
Com isso, após a dragagem do baixio da reserva, a tomada de uma atitude
“preservacionista” não seria a saída mais gica para um pescador, haja vista que não
existem garantias de que os ganhos a longo prazo advindos de seu “sacrifício” não serão
absorvidos por outro pescador menos consciente, o que configura um dilema do prisioneiro
(Davis, 1970). Como não existe um sistema de gestão definido (Souza, 2003), qualquer
ação voltada a retomar uma explotação sustentável do recurso é vulnerável a ão de free
riders (ou caronas), que aproveitam os benefícios trazidos por uma dada ação sem se
envolver nos custos advindos da sua implementação (como os menores rendimentos
advindos da redução de dias trabalhados, por exemplo) (Feeny et al., 1996).
Isso fez com que cada pescador passasse a maximizar os seus lucros adotando
estratégias específicas de explotação do recurso, tais como: (a) o comportamento seguidor,
mais conservador, que maximiza os lucros minimizando as possíveis perdas advindas da
exploração em áreas menos abundantes e; (b) o comportamento errante que embora mais
arriscado, explora a maximização dos lucros advindos de grandes rendimentos obtidos com
a exploração de “áreas virgens” dos baixios.
74
Com isso, o esforço atuante passou a ser extremamente eficiente em encontrar (com
os errantes) e depletar (principalmente com os seguidores) os núcleos de maior abundância
do recurso, provocando no ano de 2005 a depleção de 90,7 e 94,1 % da biomassa
disponível a pesca no Baixio Principal e Praia da Base, respectivamente.
Uma pescaria que em outrora atuava, sobretudo em indivíduos com comprimentos
de concha de 34 mm, sendo voltada principalmente à venda do produto in natura com
maior valor comercial (Tremel, 2001), em 2005 atuou principalmente sobre organismos
com 23 mm de comprimento de concha gerando prejuízos financeiros com: (a) a menor
quantidade de carne por animal capturado (i.e. é preciso pescar cada vez mais para
conseguir um mesmo peso de carne); (b) a impossibilidade de comercializar o produto in
natura (diminuindo seu preço de mercado e aumentando o custo da pescaria com os gastos
com pessoal, material e tempo no processamento do berbigão) e; (c) o aumento no risco de
falhas no recrutamento anual com a diminuição do tamanho do estoque desovante, pois boa
parte da população somente se reproduzirá uma vez durante a vida.
Admitindo que a população de berbigão da reserva tenha um comportamento mais
fechado (Souza, 2003), uma falha natural no recrutamento anual relacionada a processos
que condicionam a mortalidade dos organismos nas fases pré e pós-assentamento larval
(Thorson, 1950; Underwood & Fairweather, 1989; Ólafsson et al., 1994) pode resultar em
sérias implicações para a pescaria e o recurso da reserva que, dado os valores elevados de
depleção anual do recurso, pode levar a um colapso da pescaria, fato este inadmissível em
se tratando de uma unidade de conservação federal.
No final de 2005, em posse dos dados preliminares do presente trabalho e da
monografia de graduação de Nandi (2005), foi revista a Instrução Normativa Nº 19 (Anexo
2) a fim de melhor adequá-la ao dia-a-dia dos pescadores na região. Isso gerou, em
novembro do mesmo ano a Instrução Normativa 81 (Anexo 3), em vigência até hoje,
que basicamente é uma modificação dos seguintes pontos de sua antecessora:
Redução do número de licenças;
Modificação do período de revezamento entre os dois bancos para proteger o
período de recrutamento das larvas no Baixio Principal dos possíveis impactos
deletérios da utilização do gancho;
Manutenção, em ambos os bancos, de apenas um espaçamento do gradeamento
para os ganchos, facilitando a fiscalização;
75
Extinção da estipulação de dias para a retirada do recurso na reserva dada à
variabilidade dos parâmetros ambientais na região;
Adoção de um horário fixo em que a pesca é admitida;
Extinção de cotas diárias de captura.
Como essa instrução normativa foi realizada com dados obtidos através da
observação in situ da pescaria na região, garantiu-se uma maior fidedignidade das medidas
de manejo para com as condições reais da pescaria, tornando mais fácil o cumprimento das
normas por parte dos pescadores. Contudo, embora sendo teoricamente uma área sob
manejo compartilhado, a reserva comporta-se atualmente como uma área de livre acesso
(Feeny et al., 1996) e as medidas de manejo utilizadas são baseadas apenas na garantia da
ineficiência da pescaria (com a promoção de uma seletividade da malha dos aparelhos e a
adoção de um tamanho mínimo de captura) e na limitação do esforço pesqueiro (com o
controle da liberação de licenças de pesca, alocação do esforço entre os dois bancos da
reserva e estipulação de um período do dia em que era permitida a pesca), o que vincula
sua efetividade a adoção de medidas que promovam uma fiscalização eficiente da área.
Isso gera problemas, haja vista que essa pescaria:
É realizada por diferentes grupos independentes, e muitas vezes concorrentes, o
que dificulta a alocação do esforço na reserva (tal qual a implementação de um
revezamento), como também a formulação de soluções conjuntas para a solução de
problemas comuns a todos na reserva;
Comporta um número variável de empresas e muitos atravessadores, o que causa
flutuações na oferta e demanda do produto, diminuindo a previsibilidade do
sistema e dificultando o controle da saída do recurso da reserva;
Apresenta grandes atrativos a população carente local, haja vista o baixo
investimento requerido para adentrar na atividade, a facilidade de acesso ao local,
e a rentabilidade, que para pessoas de baixa escolaridade é excelente em se
tratando de um emprego de meio período.
Em meio a tantos incentivos e dificuldades, o custo advindo de uma fiscalização
efetiva na reserva pode se tornar alto ou até proibitivo. O que reforça a necessidade urgente
de criar um Plano de Manejo Efetivo que não compreenda apenas o berbigão, mas também
76
outros recursos sejam eles pesqueiros ou não. Pois, ao proporcionar a possibilidade de
alternar entre diferentes recursos, é dada ao pescador a oportunidade de criar uma
diversidade econômica que alivie a pressão sobre espécies como o berbigão (Hilborn et al.,
2001), dessa forma, transformando especialistas em generalistas para tornar menos
tortuoso o caminho da tão almejada sustentabilidade.
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85
9. Tabelas
Tabela 1 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia
brasiliana no Baixio Principal da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé,
Florianópolis, SC. As estações 2, 25 e 26 são utilizadas para o monitoramento temporal das
densidades e biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da
distribuição do recurso no baixio.
# Latitude S
Longitude W
# Latitude S
Longitude W
1 27º38,280'
48º32,840' 43
27º38,345'
48º32,550'
2 27º38,397'
48º32,379' 44
27º38,410'
48º32,550'
3 27º38,280'
48º32,650' 45
27º38,475'
48º32,550'
4 27º38,280'
48º32,450' 46
27º38,540'
48º32,550'
5 27º38,280'
48º32,260' 47
27º38,605'
48º32,550'
.6
27º38,280'
48º33,030' 48
27º38,345'
48º32,650'
7 27º38,410'
48º32,840' 49
27º38,475'
48º32,650'
8 27º38,410'
48º32,650' 50
27º38,605'
48º32,650'
9 27º38,410'
48º32,450' 51
27º38,280'
48º32,745'
10
27º38,410'
48º32,260' 52
27º38,345'
48º32,745'
12
27º38,540'
48º33,030' 53
27º38,410'
48º32,745'
13
27º38,540'
48º32,840' 54
27º38,475'
48º32,745'
14
27º38,540'
48º32,650' 55
27º38,540'
48º32,745'
15
27º38,540'
48º32,450' 56
27º38,605'
48º32,745'
16
27º38,540'
48º32,260' 57
27º38,345'
48º32,840'
18
27º38,670'
48º33,040' 58
27º38,475'
48º32,840'
19
27º38,670'
48º32,840' 59
27º38,605'
48º32,840'
20
27º38,410'
48º33,030' 61
27º38,345'
48º32,935'
25
27º38,600'
48º32,250' 62
27º38,410'
48º32,935'
26
27º38,500'
48º32,500' 63
27º38,475'
48º32,935'
30
27º38,345'
48º32,260' 64
27º38,540'
48º32,935'
31
27º38,475'
48º32,260' 65
27º38,605'
48º32,935'
32
27º38,605'
48º32,260' 66
27º38,670'
48º32,935'
33
27º38,280'
48º32,355' 67
27º38,345'
48º33,030'
34
27º38,345'
48º32,355' 68
27º38,475'
48º33,030'
35
27º38,410'
48º32,355' 69
27º38,605'
48º33,030'
36
27º38,475'
48º32,355' 70
27º38,280'
48º33,125'
37
27º38,540'
48º32,355' 71
27º38,345'
48º33,125'
38
27º38,605'
48º32,355' 72
27º38,410'
48º33,125'
39
27º38,345'
48º32,450' 73
27º38,475'
48º33,125'
40
27º38,475'
48º32,450' 74
27º38,540'
48º33,125'
41
27º38,605'
48º32,450' 75
27º38,605'
48º33,125'
42
27º38,280'
48º32,550' 76
27º38,670'
48º33,125'
86
Tabela 2 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia
brasiliana na Praia da Base, Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, Florianópolis, SC.
As estações B1 e B3 são utilizadas para o monitoramento temporal das densidades e
biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da distribuição do
recurso no baixio.
# Latitude S
Longitude W
# Latitude S
Longitude W
B1 27°39,048'
48°33,637' B33
27°39,213'
48°33,797'
B3 27°39,593'
48°33,861' B34
27°39,213'
48°33,747'
B4 27°39,688'
48°33,827' B35
27°39,213'
48°33,697'
B5 27°39,593'
48°33,811' B37
27°39,118'
48°33,797'
B6 27°39,593'
48°33,761' B38
27°39,118'
48°33,732'
B7 27°39,783'
48°33,837' B39
27°39,118'
48°33,682'
B8 27°39,817'
48°33,776' B40
27°39,118'
48°33,632'
B9 27°39,709'
48°33,703' B43
27°39,023'
48°33,732'
B10
27°39,509'
48°33,663' B44
27°39,023'
48°33,667'
B11
27°39,224'
48°33,568' B45
27°39,023'
48°33,617'
B12
27°39,688'
48°33,927' B46
27°39,023'
48°33,567'
B13
27°39,103'
48°33,491' B48
27°38,928'
48°33,732'
B14
27°39,010'
48°33,402' B49
27°38,928'
48°33,667'
B15
27°39,593'
48°33,927' B50
27°38,928'
48°33,602'
B16
27°39,688'
48°33,877' B51
27°38,928'
48°33,537'
B17
27°39,783'
48°33,877' B52
27°38,928'
48°33,487'
B19
27°39,783'
48°33,927' B53
27°38,928'
48°33,437'
B20
27°39,498'
48°33,927' B56
27°38,833'
48°33,667'
B21
27°39,498'
48°33,862' B57
27°38,833'
48°33,602'
B22
27°39,498'
48°33,812' B58
27°38,833'
48°33,537'
B23
27°39,498'
48°33,762' B59
27°38,833'
48°33,472'
B24
27°39,403'
48°33,712' B61
27°38,738'
48°33,602'
B26
27°39,403'
48°33,812' B62
27°38,738'
48°33,537'
B27
27°39,403'
48°33,762' B63
27°38,738'
48°33,472'
B28
27°39,308'
48°33,862' B64
27°38,643'
48°33,602'
B29
27°39,308'
48°33,797' B65
27°38,643'
48°33,537'
B30
27°39,308'
48°33,747' B66
27°38,643'
48°33,472'
B31
27°39,308'
48°33,697'
87
Tabela 3 - Pontos cardeais e pontos do horizonte com os seus respectivos ângulos
utilizados nas visadas no presente trabalho.
Posição do pescador-alvo Angulo correspondente
Leste 0
Nordeste/Leste 22,5
Nordeste 45
Nordeste/Norte 67,5
Norte 90
Noroeste/Norte 112,5
Noroeste 135
Noroeste/Oeste 157,5
Oeste 180
Sudoeste/Oeste 202,5
Sudoeste 225
Sudoeste/Sul 247,5
Sul 270
Sudeste/Sul 292,5
Sudeste 315
Sudeste/Leste 335,5
88
Tabela 4 - Densidades (ind./m
2
) e biomassas (g/m
2
) do berbigão Anomalocardia brasiliana no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril
de 2005 e 2006. Valores discriminados para a totalidade da população, bem como para as parcelas com comprimento de concha menor e maior
que 20 mm.
Total Indivíduos menores que 20 mm Indivíduos maiores que 20 mm
Estação 2005 2006 2005 2006 2005 2006
Número Biomassa Número Biomassa Número Biomassa Número Biomassa Número Biomassa
Número
Biomassa
1 - - 32 60 - - 32 60 - - 0 0
2 699 2546 - - 477 2174 - - 477 2174 - -
3 699 2757 381 2103 127 105 95 97 572 2653 286 2006
4 32 118 64 288 0 0 32 17 32 118 32 271
5 - - 0 0 - - 0 0 - - 0 0
6 - - 0 0 - - 0 0 - - 0 0
7 127 300 636 3029 95 180 64 120 32 120 572 2908
8 32 86 381 1301 0 0 32 75 32 86 350 1226
9 64 297 0 0 0 0 0 0 64 297 0 0
10 64 189 509 2141 0 0 95 239 64 189 413 1902
12 381 1565 191 1107 32 60 0 0 350 1505 191 1107
13 604 1672 922 4187 318 539 159 334 286 1132 763 3853
14 445 2070 668 2954 95 242 191 347 350 1828 477 2608
15 127 624 509 1938 0 0 64 151 127 624 445 1787
16 223 873 509 2028 0 0 0 0 223 873 509 2028
18 159 415 223 687 64 99 127 279 95 316 95 408
89
19 191 790 95 249 32 48 64 108 159 742 32 141
20 159 536 127 800 0 0 0 0 159 536 127 800
25 1431 5733 - - 223 289 - - 223 289 - -
26 - - - - - - - - - - - -
30 350 2131 286 1296 0 0 32 10 350 2131 254 1286
31 223 940 350 1736 0 0 64 137 223 940 286 1600
32 509 1578 254 1188 127 182 64 178 381 1397 191 1010
33 64 364 0 0 0 0 0 0 64 364 0 0
34 64 227 95 340 0 0 0 0 64 227 95 340
35 477 1720 922 3235 159 303 64 160 318 1418 858 3075
36 95 472 64 277 0 0 32 69 95 472 32 208
37 191 965 223 907 0 0 0 0 191 965 223 907
38 159 486 350 1437 32 56 0 0 127 430 350 1437
39 32 203 32 89 0 0 32 89 32 203 0 0
40 95 350 159 472 32 71 32 42 64 279 127 430
41 32 278 64 349 0 0 0 0 32 278 64 349
42 95 128 191 628 64 30 64 17 32 98 127 610
43 64 417 318 1440 0 0 95 199 64 417 223 1241
44 318 1714 127 671 64 136 0 0 254 1578 127 671
45 32 81 191 533 32 81 64 148 0 0 127 386
46 191 1085 318 1071 0 0 32 73 191 1085 286 998
47 127 377 64 218 32 63 0 0 95 314 64 218
48 636 3185 445 1922 64 46 0 0 572 3139 445 1922
90
49 159 700 477 1398 64 141 223 451 95 559 254 947
50 318 1117 318 1293 64 146 95 586 254 972 223 708
51 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
52 127 304 1049 4891 64 37 0 0 64 267 1049 4891
53 858 2736 445 1687 191 214 64 94 668 2522 381 1593
54 223 804 381 1166 64 114 95 179 159 690 286 987
55 827 2975 254 903 286 480 127 226 540 2494 127 677
56 286 1175 318 1363 127 251 64 141 159 924 254 1222
57 159 622 32 76 32 72 32 76 127 550 0 0
58 350 1278 318 1303 127 240 127 306 223 1038 191 997
59 223 750 699 2798 64 131 254 429 159 619 445 2370
61 64 248 32 242 0 0 0 0 64 248 32 242
62 0 0 32 80 0 0 0 0 0 0 32 80
63 159 553 318 1793 64 150 32 66 95 403 286 1727
64 668 2762 731 2961 95 158 159 326 572 2604 572 2635
65 445 1950 254 1320 32 66 32 27 413 1884 223 1293
66 191 638 127 224 95 198 127 224 95 440 0 0
67 64 387 0 0 0 0 0 0 64 387 0 0
68 191 804 127 582 95 200 0 0 95 604 127 582
69 254 994 223 1454 32 51 0 0 223 944 223 1454
70 64 230 32 38 0 0 32 38 64 230 0 0
71 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
72 32 4 0 0 32 4 0 0 0 0 0 0
91
73 159 646 64 338 0 0 0 0 159 646 64 338
74 95 264 159 845 64 124 32 72 32 141 127 773
75 223 814 381 2012 64 130 64 147 159 684 318 1866
76 413 1487 381 1448 159 289 127 229 254 1198 254 1219
92
Tabela 5 - Densidades (ind./m
2
) e biomassas (g/m
2
) do berbigão Anomalocardia brasiliana na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé, em abril de
2005 e de 2006. Valores discriminados para a totalidade da população, bem como para as parcelas com comprimento de concha menor e maior
que 20 mm.
Total Indivíduos menores que 20 mm Indivíduos maiores que 20 mm
Estação 2005 2006 2005 2006 2005 2006
Número Biomassa mero Biomassa Número Biomassa Número Biomassa Número Biomassa Número Biomassa
B01 1653 5781 - - 636 1223 - - 1017 4558 - -
B02 - - - - - - - - - - - -
B03 477 2280 127 767 95 247 0 0 381 2065 127 767
B04 477 1875 159 901 159 280 0 0 318 1595 159 901
B05 731 3200 159 900 64 105 0 0 668 3095 159 900
B06 318 771 477 2190 159 201 95 175 159 570 381 2015
B07 286 1106 191 587 95 155 64 135 191 951 127 452
B08 731 2092 254 622 191 252 381 196 540 1840 127 427
B09 95 69 509 987 95 69 223 27 0 0 286 960
B10 64 108 572 1423 32 29 286 394 32 79 286 1028
B11 413 1326 254 697 95 130 127 232 318 1196 127 465
B12 191 863 64 548 64 155 0 0 127 708 64 548
B13 381 1051 445 976 127 247 286 373 254 805 159 603
B14 477 1555 509 1283 64 125 254 272 413 1430 254 1010
B15 32 130 0 0 0 0 0 0 32 130 0 0
93
B16 254 1141 32 213 64 119 0 0 191 1022 32 213
B17 159 653 32 179 64 101 0 0 95 553 32 179
B19 64 403 32 364 0 0 0 0 64 403 32 364
B20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
B21 159 488 32 203 95 246 0 0 64 242 32 203
B22 286 1644 64 411 0 0 0 0 286 1644 64 411
B23 191 594 223 1098 64 89 32 35 127 505 191 1063
B24 32 33 509 2521 32 33 95 149 0 0 413 2371
B26 32 151 0 0 0 0 0 0 32 151 0 0
B27 254 1182 64 345 32 57 0 0 223 1125 64 345
B28 32 113 32 93 0 0 32 93 32 113 0 0
B29 95 449 64 234 0 0 0 0 95 449 64 234
B30 159 651 191 647 32 54 95 148 127 597 95 499
B31 - - 95 267 - - 64 116 - - 32 151
B33 32 83 32 327 32 83 0 0 0 0 32 327
B34 191 841 64 258 64 142 32 83 127 699 32 175
B35 0 0 286 1488 0 0 32 87 0 0 254 1400
B37 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
B38 127 649 64 261 32 69 0 0 95 580 64 261
B39 0 0 191 880 0 0 0 0 0 0 191 880
B40 191 679 381 1529 64 106 95 180 127 573 286 1349
B43 0 0 64 472 0 0 0 0 0 0 64 472
B44 0 0 95 477 0 0 32 77 0 0 64 400
94
B45 191 821 413 1366 0 0 223 433 191 821 191 933
B46 731 1739 604 1748 445 553 286 443 286 1185 318 1305
B48 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
B49 0 0 64 199 0 0 32 5 0 0 32 194
B50 223 712 223 1315 127 223 32 69 95 489 191 1246
B51 668 1445 318 1226 413 482 64 134 254 963 254 1092
B52 318 569 318 1164 254 376 64 91 64 193 254 1074
B53 191 555 191 551 127 233 64 97 64 322 127 453
B56 32 38 64 237 32 38 0 0 0 0 64 237
B57 64 294 159 1079 32 95 32 91 32 199 127 989
B58 159 434 254 1273 95 171 64 151 64 262 191 1122
B59 286 760 572 2275 159 231 95 160 127 529 477 2115
B61 64 580 0 0 0 0 0 0 64 580 0 0
B62 0 0 95 607 0 0 0 0 0 0 95 607
B63 540 1734 731 2898 223 355 64 133 318 1378 668 2766
B64 32 84 64 558 0 0 0 0 32 84 64 558
B65 159 829 32 223 32 14 0 0 127 815 32 223
B66 381 1264 32 113 127 259 0 0 254 1005 32 113
95
Tabela 6 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da biomassa
(g/m
2
) explotável do recurso (i.e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm de
comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006.
Principal Base
Perfis
2005 2006 2005 2006
0 10,77 20,63 21,15 12,96
500 38,46 19,05 25,00 42,59
1000 24,62 19,05 32,69 20,37
1500 9,23 15,87 13,46 16,67
2000 6,15 11,11 5,77 0,00
2500 4,62 4,76 0,00 5,56
3000 4,62 4,76 0,00 1,85
3500 1,54 1,59 1,92 0,00
4000 0,00 1,59 0,00 0,00
4500 0,00 0,00 0,00 0,00
5000 0,00 1,59 0,00 0,00
96
Tabela 7 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da densidade
(ind./m
2
) explotável do recurso (i. e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm
de comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006.
Principal Base
Perfis
2005 2006 2005 2006
0 8,06 23,81 21,15 12,96
200 59,68 33,33 55,77 64,81
300 12,90 22,22 11,54 12,96
400 8,06 6,35 5,77 3,70
500 3,23 7,94 1,92 3,70
600 6,45 3,17 1,92 0,00
700 1,61 0,00 1,92 1,85
800 0,00 1,59 0,00 0,00
900 0,00 0,00 0,00 0,00
1000 0,00 0,00 0,00 0,00
1100 0,00 1,59 0,00 0,00
1200 0,00 0,00 0,00 0,00
97
Tabela 8 - Biomassas medianas (g/m
2
) e totais (t) do berbigão Anomalocardia
brasiliana no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos
de 2001 e 2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por
indivíduos com comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre
parênteses indicam os limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%.
Baixio Principal Praia da Base
Ano
Mediana (g/m
2
) Total (t) Mediana (g/m
2
) Total (t)
2001
1163,20
(845,30-1544,04)
1267,56
(921,14-1682,57)
- -
2002
658,69
(483,23-922,86)
717,79
(526,56-1005,66)
- -
2003
889,46
(536,77-1121,87)
969,26
(584,93-1222,53)
- -
2004
675,06
(478,44-937,01)
735,63
(521,37-1021,08)
342,70
(218,72-563,32)
275,22
(175,65-452,39)
2005
558,87
(402,78-741,98)
609,01
(438,92-808,55)
522,59
(251,94-639,30)
419,68
(202,33-513,41)
2006
799,52
(408,18-1106,61)
871,25
(444,80-1205,90)
468,43
(354,46-823,68)
376,19
(284,66-661,49)
98
Tabela 9 - Densidades medianas (ind./m
2
) e totais do berbigão Anomalocardia
brasiliana no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos
de 2001 e 2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por
indivíduos com comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre
parênteses indicam os limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%. * Valores em
milhões.
Baixio Principal Praia da Base
Ano
Mediana (ind./m
2
) Total* Mediana (ind./m
2
) Total*
2001
191
(127 - 254)
208
(139 - 277)
- -
2002
95
(64 - 95)
104
(69 - 104)
- -
2003
191
(95 - 223)
208
(104 - 243)
- -
2004
127
(95 - 223)
139
(104 - 242)
64
(32 - 127)
51
(26 - 102)
2005
127
(79 - 159)
139
(103 - 173)
95
(64 - 127)
77
(51 - 102)
2006
191
(95 - 254)
208
(104 - 277)
191
(95 - 254)
153
(77 - 204)
99
Tabela 10 - Temperatura da água, temperatura do ar (ºC) e nível da maré (em cm) durante a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março
e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
Média Mediana Moda Desvio padrão Erro padrão Máximo Mínimo
Coeficiente de variação
(%)
Temperatura da água 22,98 23,00 20,00 3,37 0,27 30,00 11,00 14,66
Temperatura do ar 22,83 22,00 22,00 4,22 0,34 36,60 12,00 18,47
Maré 33,12 31,00 30,00 17,30 1,17 79,00 1,00 52,24
Tabela 11 - Percentual de ocorrência dos diferentes níveis de intensidade do vento durante a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março
e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
Ventos não relevantes Ventos relevantes
Intensidade do vento
N NW W SW S SE E NE
Fraco 41,86 83,33 100,00 87,50 59,26 26,67 33,33 46,15
Forte 58,14 16,67 0,00 12,50 40,74 73,33 66,67 53,85
100
Tabela 12 - Medidas do gradeamento, dos dentes e do tempo de uso dos petrechos de pesca analisados durante o trabalho de monitoramento da
pescaria de Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005.
Média Mediana Moda Desvio padrão Erro padrão Máximo Mínimo
Coeficiente de
variação
(%)
Espaçamento do
gradeamento (mm)
12,43 12,42 12,33 0,40 0,07 13,83 11,75 3,22
Tempo de uso
(meses)
21,13 24,00 24,00 12,81 2,30 60,00 2,00 60,59
101
Tabela 13 - Medições da largura, altura da boca, altura do fundo e profundidade dos petrechos de pesca analisados durante o trabalho de
monitoramento da pescaria de Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e
20 de novembro de 2005.
Média Mediana Moda Desvio padrão Erro padrão Máximo Mínimo
Coeficiente de
variação
(%)
Largura da boca
(cm)
64,43 64,50 65,00 5,50 0,99 80,00 52,50 8,54
Altura da boca
(cm)
32,35 32,50 32,00 2,11 0,38 37,00 27,00 6,54
Altura do fundo
(cm)
22,05 22,00 23,50 1,58 0,28 26,50 18,50 7,17
Profundidade
(cm)
44,65 44,00 44,00 4,19 0,75 52,50 38,20 9,39
Volume interno
(l)
78,67 81,50 84,43 13,17 2,36 98,95 49,18 16,74
102
Tabela 14 - Resultados da Análise de Variância aplicada à largura média dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos
(adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre
15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
Quadrado médio
F p
Ganchos 146,59 2 73,30 2,693 0,085205
Erro 762,20 28 27,22
Tabela 15 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura média da boca dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30
anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
Quadrado médio
F p
Ganchos
37,01 2 18,51 5,335 0,010886
Erro 97,12 28 3,47
103
Tabela 16 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura média do fundo dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30
anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
Quadrado médio
F p
Ganchos
15,16 2 7,58 3,543 0,042479
Erro 59,88 28 2,14
Tabela 17 - Resultados da Análise de Variância aplicada à profundidade média dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30
anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
Quadrado médio
F p
Ganchos 83,78 2 41,89 2,645 0,088683
Erro 443,46 28 15,84
104
Tabela 18 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume interno médio dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30
anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
Ganchos
1656,0 2 828,0 6,5418 0,004665
Erro 3544,0 28 126,6
Tabela 19 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média da boca dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A.
brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade
associada a cada comparação realizada entre os pares examinados.
Adultos Jovens Mulheres
Adultos 0,858493
0,030730
Jovens
0,008315
Mulheres
105
Tabela 20 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao volume médio interno dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A.
brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade
associada a cada comparação realizada entre os pares examinados.
Adultos Jovens
Mulheres
Adultos 0,797573
0,017012
Jovens
0,003442
Mulheres
Tabela 21 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média do fundo dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A.
brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade
associada a cada comparação realizada entre os pares examinados.
Adultos Jovens Mulheres
Adultos 0,366517 0,315887
Jovens
0,041353
Mulheres
106
Tabela 22 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio das capturas obtidas por jovens (homens com menos de 30 anos),
mulheres e adultos na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
Quadrado médio
F p
Pescadores 430,06 2 215,03 1,7720 0,172481
Erro 25969,14 214 121,35
Tabela 23 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume capturado por área arrastada em diferentes níveis de maré, na explotação do
berbigão A. brasiliana, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
Volume 0,3143 5 0,0629 0,5523 0,736462
Erro 24,0123 211 0,1138
107
Tabela 24 - Profundidade de enterramento (em cm) dos ganchos analisados no monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX
do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Média Mediana Moda Desvio Erro Máximo Mínimo CV%
Gancho em repouso 2,00 2,21 0,00 1,23 0,22 4,42 0,00 61,53
Durante o arrasto 4,05 4,22 4,80 1,27 0,23 6,56 1,79 31,25
Diferença 2,05 1,94 1,86 0,53 0,10 3,17 0,66 25,72
108
Tabela 25 - Resultados do teste Kolmogorov-Smirnov aplicado à distribuição do número dos berbigões Anomalocardia brasiliana capturados
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, durante o trabalho de monitoramento da pescaria desse molusco na Reserva Extrativista Marinha
do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Para os três trimestres em que se desenvolveu o trabalho, foram comparadas as distribuições de freqüência das
capturas dos ganchos com espaçamento do gradeamento maior e menor que 12,18 mm. Os valores em negrito indicam diferenças significativas
ao nível de 5%.
Máxima
diferença
negativa
Máxima
diferença
positiva
p
Média
< 12,18 mm
Média
> 12,18 mm
Desvio padrão
< 12,18 mm
Desvio padrão
> 12,18 mm
Março/Abril/Maio
-0,34 0,00 p < .025 1500 5450 2732 10207
Junho/Julho/Agosto -0,20 0,00 p > .10 1065 4282 2030 8493
Setembro/Outubro/Novembro -0,17 0,00 p > .10 1560 4720 3103 9562
109
Tabela 26 - Medidas de posição e dispersão do comprimento de concha dos organismos retidos pelos ganchos com espaçamento médio do
gradeamento maior ou menor do que 12,18 mm no período de 15 de março e 20 de novembro de 2005, durante o trabalho de monitoramento da
pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
Março/Abril/Maio Junho/Julho/Agosto Setembro/Outubro/Novembro
Março a
Novembro
Menor 12,18 mm Maior 12,18 mm Menor 12,18 mm Maior 12,18 mm Menor 12,18 mm Maior 12,18 mm
Média 24,89 25,06 24,10 23,87 24,16 23,92 24,20
Máximo 36,00 35,00 36,00 34,00 31,00 35,00 35,00
Mínimo 3,00 3,00 11,00 7,00 3,00 5,00 8,00
Erro padrão 0,02 0,04 0,12 0,04 0,08 0,02 0,02
Intervalo de confiança 0,04 0,07 0,24 0,08 0,16 0,04 0,04
Variância 8,22 8,51 21,29 6,88 7,86 7,36 8,58
Desvio padrão 2,87 2,92 4,61 2,62 2,80 2,71 2,93
Coeficiente de variação 11,52 12,67 21,64 10,85 11,74 11,21 12,24
Assimetria 1,67 0,21 1,46 1,09 1,37 1,68 1,72
Curtose 1,51 -1,93 0,70 -0,21 0,50 1,75 1,81
110
Tabela 27 - Número de extrativistas observados no Baixio Principal e Praia da Base durante a realização do trabalho de monitoramento da
pescaria de Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005.
Média Mediana Moda Desvio padrão Erro padrão Máximo Mínimo
Coeficiente de
variação
(%)
Baixio Principal 6 5 5 4 0,40 17 0 62,67
Praia da Base 4 3 2 3 0,43 12 0 71,61
Tabela 28 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número de pescadores observados no Baixio Principal e Praia da Base, na explotação
do berbigão A. brasiliana, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
Número de
pescadores
74,84 1,00 74,84 6,80 0,0102
Erro 1375,21 125,00 11,00
111
Tabela 29 - Estimativas de esforço e captura por unidade de esforço de pesca por extrativista na explotação do berbigão Anomalocardia
brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março a 20 de novembro de 2005.
Média Mediana Moda Erro Padrão Desvio padrão Máximo Mínimo
Coeficiente de
variação
(%)
Número ganchadas/dia de pesca 12,91 11,00 10,00 0,86 6,11 39,00 4,00 47,29
Distância arrastada/ganchada (m) 66,08 63,18 59,94 4,42 29,02 163,62 4,05 43,92
Área arrastada/ganchada (m
2
) 42,31 40,34 51,07 2,83 19,80 117,81 2,41 46,81
Área arrastada/dia de pesca (m
2
) 491,56 466,07 561,69 32,92 203,54 1117,80 109,54 41,41
Peso capturado/dia de pesca (kg) 329,71 293,00 - 150,74 17,18 893,42 81,72 45,72
Peso capturado/ganchada (kg) 28,62 28,09 11,01 11,75 0,80 60,19 1,84 41,03
112
Tabela 30 - Estimativas anuais de captura de berbigão na RESEX do Pirajubaé e percentuais de remoção da biomassa disponível. * Valor
estimado a partir dos percentuais de alocação do esforço de pesca observados em cada banco no ano de 2005. “n.d.” Dados inexistentes.
Captura estimada (t) Percentual de remoção da biomassa disponível
Ano
P. Base B. Principal Total
Fonte
Praia da Base Baixio Principal Total
1989 n.d. n.d. 71,3 CEPSUL/IBAMA (1994) n.d. n.d. n.d.
1990 n.d. n.d. 153,4 CEPSUL/IBAMA (1994)
n.d. n.d. n.d.
1991 n.d. n.d. 178,9 CEPSUL/IBAMA (1994)
n.d. n.d. n.d.
1992 n.d. n.d. 170,2 CEPSUL/IBAMA (1994)
n.d. n.d. n.d.
1993 n.d. n.d. 185,4 IBAMA (1994) n.d. n.d. n.d.
1994 n.d. n.d. 68,7 CNPT/IBAMA-SC (apud Salles, 1996) n.d. n.d. n.d.
1995 n.d. n.d. 43,0 CEPSUL/IBAMA (1998) n.d. n.d. n.d.
1996 n.d. n.d.
94,7
1
225
2
1
CEPSUL/IBAMA (1998)
2
Salles (1996)
n.d. n.d. n.d.
1997 n.d. n.d. 104,6 CEPSUL/IBAMA (1999) n.d. n.d. n.d.
1998 n.d. n.d. 70,2 CEPSUL/IBAMA (2000) n.d. n.d. n.d.
2001 304,1* 784,5* 1088,6 Carmo et al. (2002) - 61,9* -
2005 395,0 552,4 947,4 Monitoramento das capturas in situ (este trabalho) 94,1 90,7 92,1
113
Tabela 31 - Índice de Morisita Padronizado (Ip) aplicado à distribuição do esforço pesqueiro atuante no ano de 2005, e a distribuição dos valores
de biomassa (g/m
2
) existente em 2005 e 2006, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
xi xi
2
Id
2
.975
2
.025
n Mu Mc Ip
Esforço pesqueiro 388 1108 2,32 423,06 544,73 483,00 0,85 1,16 0,50
Biomassa 2005 55573 90902225 1,82 41,30 84,48 62,00 1,00 1,00 0,51
Biomassa 2006 70896 151806873 1,90 42,13 85,65 63,00 1,00 1,00 0,51
Tabela 32 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio da captura por metro quadrado (kg/m
2
) em cada quadrante, no
monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
Peso
3115052 9 346117 5,2299 0,000002
Erro 13500789 204 66180
114
Tabela 33 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número médio de organismos capturados por metro quadrado em cada quadrante, no
monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
Número
77753 9 8639 4,3436 0,000034
Erro 405745 204 1989
Tabela 34 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao comprimento de concha médio das capturas em cada quadrante, no monitoramento
da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Soma de
quadrados
Graus de
Liberdade
MS F P
CC (mm)
40,47 9 4,50 6,3 0,000000
Erro 145,98 204 0,72
115
Tabela 35 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao peso médio da captura por metro quadrado (kg/m
2
) em cada quadrante, no
monitoramento da explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados.
A B C D E F G H J K
A 1,000000 0,999848 1,000000 0,999999 0,994804
0,000054 0,036260
0,995830 0,932657
B 0,999582 0,999999 1,000000 0,989872
0,000016 0,005795
0,987883 0,903469
C 0,998813 0,999998 0,999892
0,000022 0,015037
0,999963 0,980150
D 0,999940 0,987041
0,000094 0,048652
0,988905 0,902874
E 0,998311
0,000019 0,010296
0,998577 0,951800
F
0,000907
0,305526 1,000000 0,999796
G
0,393651
0,000124 0,048732
H
0,100314 0,941597
J
0,998466
K
116
Tabela 36 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao número médio de organismos capturados por metro quadrado em cada
quadrante, no monitoramento da explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de
novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados.
A B C D E F G H J K
A 1,000000 0,966600 0,999997 0,999999
0,017596
0,921702 0,999152 0,980586 0,999792
B 0,573998 1,000000 1,000000
0,000362
0,773698 0,983059 0,972599 0,996920
C 0,880772 0,397621
0,043481
0,999269 1,000000
0,032311
1,000000
D 1,000000
0,014963
0,823972 0,987649 0,999930 0,995775
E
0,000140
0,712942 0,964770 0,984653 0,993413
F
0,957069 0,169691
0,000016
0,429873
G 0,998272 0,319636 0,999358
H 0,582649 1,000000
J
0,844826
K
117
Tabela 37 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao comprimento de concha médio das capturas em cada quadrante, no
monitoramento da explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados.
A B C D E F G H J K
A 0,736096
0,000606
0,216543 0,097064
0,002090
0,999279 1,000000 0,859060
0,020147
B
0,026295
0,920738 0,906467 0,077252 0,493974 0,849730 1,000000 0,293152
C
0,999860 0,689612 0,999748
0,002923 0,001485 0,014369
0,999654
D 0,999975 0,994126 0,126299 0,296642 0,859834 0,993958
E 0,650380 0,086622 0,163266 0,803427 0,834540
F
0,003398 0,004203 0,049055
1,000000
G
0,997298 0,609917
0,013736
H
0,933678
0,032104
J
0,223601
K
118
Tabela 38 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao peso médio coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das
concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
Média 1 Média 2 t-value df F-ratio p
Baixio Principal vs. Praia da Base
0,6194 0,3833 5,8730 110 3,9816 0,0000
Tabela 39 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao volume coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das
concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
Média 1 Média 2 t-value df F-ratio p
Baixio Principal vs. Praia da Base
286,8757 175,8302 5,6363 110 4,9615 0,0000
119
10. Figuras
Figura 1 - Imagem das Baías Norte (BN) e Sul (BS) e de Florianópolis, SC, com os principais bancos do
berbigão Anomalocardia brasiliana identificados por Tremel (2001). D: Pontal da Daniela; C: Campinas; P:
RESEX Marinha do Pirajubaé; I: Ponta do Imaruí; T: Tapera e Taperinha; M: Passagem do Massiambú.
Fonte: NASA
D
P C
I
T
M
BN
BS
120
Figura 2 - Pescador utilizando o petrecho de pesca denominado “gancho” na Reserva Extrativista
Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
121
Figura 3 - Molusco bivalve A. brasiliana em seu habitat natural.
122
Figura 4 - Acima, Croa da Casca separando o Baixio Principal (ao fundo) da Praia da Base. Abaixo, vista
frontal da Croa da Casca.
123
Figura 5 - As croas do Baixio Principal em uma manhã de junho na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
124
Figura 6 - Croas do Baixio Principal agindo como um verdadeiro trapeador de água durante a vazante da maré em uma manhã de junho.
125
Figura 7 - Períodos de maré baixa no Baixio Principal.
126
Figura 8 - Correntes formadas nas croas em enchentes ou vazantes da maré.
127
Figura 9 - Fotografia da Praia da Base na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), tirada em um dia de
maré baixa. Note a falta de Croas nesta região.
128
Figura 10 - Estações de amostragem definidas no Baixio Principal, RESEX do Pirajubaé. A área triangular
demarcada ao sul representa a região do manguezal.
-48.552 -48.55 -48.548 -48.546 -48.544 -48.542 -48.54 -48.538
Longitude W
-27.646
-27.644
-27.642
-27.64
-27.638
L
a
t
i
t
u
d
e
S
1
2
3 4 56
7 8 9 10
12 13 14 15 16
18 19
20
25
26
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
129
Figura 11 - Estações de amostragem definidas na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé. A área triangular
demarcada a sudeste representa a região do manguezal.
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
Longitude W
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
L
a
t
i
t
u
d
e
S
B01
B03
B04
B05B06
B07
B08
B09
B10
B11
B12
B13
B14
B15
B16
B17B19
B20 B21B22B23
B24B26B27
B28 B29B30B31
B33B34B35
B37 B38B39B40
B43 B44B45B46
B48 B49 B50 B51B52B53
B56 B57 B58 B59
B61 B62 B63
B64
B65
B66
130
Figura 12 - Caiaque utilizado como meio de transporte na reserva.
131
Figura 13 - Modelo esquemático de uma visada. Nele, a unidade amostral “A”, o pescador-alvo “B”, o
ângulo da visada “a“, e a distância entre os dois pontos “b”, “x” e “y”.
132
Figura 14 - Medidas da altura da boca (H1), largura (L), altura do fundo (H2) e profundidade (P) de um
gancho.
H1
L
H2
P
133
Figura 15 - Desenho esquemático de um gancho, dividido em dois sólidos A e B. H1 é a altura da boca do
aparelho, H2 a altura do fundo, L a largura da boca, P a profundidade e “x” a diferença entre as alturas de
boca e fundo.
134
Figura 16 - Diferentes partes de um gancho: A - Boca do gancho; B - Laterais; C - Fundo do gancho;
D - face superior; E - face inferior.
C
E
D
A
B
135
Figura 17 - Modelo esquemático da medição com um transferidor da angulação dos dentes do gancho em
relação a boca do mesmo. Onde, “c” é o comprimento dos dentes, “a” é o ângulo formado entre os dentes
e a boca do aparelho; “p” é a profundidade de enterramento do gancho no substrato (quando em repouso)
e “90” a linha de 90 do transferidor usado na medição.
136
Figura 18 - Acima, o gancho em repouso. Abaixo, o gancho dragando o baixio. Observe o ângulo
formado entre a altura da boca e do fundo do aparelho nas duas figuras.
137
Figura 19 - Figura representando o gancho em repouso (acima) e durante o arrasto (abaixo). Note que o
ângulo “b” entre a altura da boca (H1) e a altura do fundo do aparelho (H2), é transferido no arrasto para
o ângulo entre a face inferior do gancho (F) e o substrato (S). Para melhor visualização do ângulo
formado com a inclinação do gancho, manteve-se perpendicular os dentes em relação a boca do aparelho.
138
Figura 20 - Representação da tomada do volume capturado a partir de uma ganchada, com a medição da
distância entre a boca do aparelho e o material capturado.
Distância
139
Figura 21 - Percentual mensal da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20
de novembro de 2005.
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
%
Dias aproveitados
Dias não aproveitados
140
Figura 22 - Percentual diário da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20
de novembro de 2005.
Segundas
Terças
Quartas
Quintas
Sextas
Sábados
Domingos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
%
Dias aproveitados
Dias não aproveitados
141
Figura 23 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m
2
) do berbigão
Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio
Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de 2006 (abaixo). Os pontos
representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada ao sul
representa a região do manguezal.
-48.554 -48.552 -48.55 -48.548 -48.546 -48.544 -48.542 -48.54 -48.538 -48.536
Longitude W
-27.646
-27.644
-27.642
-27.64
-27.638
L
a
t
i
t
u
d
e
S
-48.554 -48.552 -48.55 -48.548 -48.546 -48.544 -48.542 -48.54 -48.538 -48.536
Longitude W
-27.646
-27.644
-27.642
-27.64
-27.638
L
a
t
i
t
u
d
e
S
142
Figura 24 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m
2
) do berbigão
Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) na Praia da Base,
RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 esquerda) e abril de 2006 direita). Os pontos representam as
estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a
região do manguezal.
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
Longitude W
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
L
a
t
i
t
u
d
e
S
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
Longitude W
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
L
a
t
i
t
u
d
e
S
143
Figura 25 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da densidade (ind./m
2
) do berbigão
Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio
Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de 2006 (abaixo). Os pontos
representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada ao sul
representa a região do manguezal.
-48.554
-48.552
-48.55
-48.548
-48.546
-48.544
-48.542
-48.54
-48.538
-48.536
-27.646
-27.644
-27.642
-27.64
-27.638
-48.554
-48.552
-48.55
-48.548
-48.546
-48.544
-48.542
-48.54
-48.538
-48.536
-27.646
-27.644
-27.642
-27.64
-27.638
144
Figura 26 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da densidade (ind./m
2
) do berbigão
Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) na Praia da Base,
RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 esquerda) e abril de 2006 direita). Os pontos representam as
estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a região
do manguezal.
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
-48.564 -48.562 -48.56 -48.558
-27.662
-27.66
-27.658
-27.656
-27.654
-27.652
-27.65
-27.648
-27.646
145
Figura 27 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de biomassa
explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo).
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Biomassa (g/m
2
)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
%
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Biomassa (g/m
2
)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
%
146
Figura 28 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de biomassa
explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo).
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Biomassa (g/m
2
)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Biomassa (g/m
2
)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
147
Figura 29 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de densidade
explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo).
0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Densidade (ind./m
2
)
0
10
20
30
40
50
60
70
%
0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Densidade (ind./m
2
)
0
10
20
30
40
50
60
70
%
148
Figura 30 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de densidade
explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo).
0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Densidade (ind./m
2
)
0
10
20
30
40
50
60
70
%
0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Densidade (ind./m
2
)
0
10
20
30
40
50
60
70
%
149
Figura 31 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm) dos berbigões coletados
nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio Principal, RESEX do Pirajubaé.
2001
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2002
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2003
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2004
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2005
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2006
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
150
Figura 32 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm) dos berbigões
coletados nos mapeamentos realizados entre 2004 e 2006 na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé.
2004
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2005
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
2006
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
CC (mm)
0
5
10
15
20
25
30
%
151
Figura 33 - Comprimentos médios da concha (mm) e pesos médios individuais (g) (± E.P.) dos berbigões
coletados nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio Principal e na Praia da Base,
RESEX do Pirajubaé.
Baixio Principal
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
Comprimento da concha (mm)
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
Peso individual (g)
Comprimento
Peso
Praia da Base
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
Comprimento da concha (mm)
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
Peso individual (g)
Comprimento
Peso
152
Figura 34 - Cobertura de nuvens e presença/ausência de chuva entre 15 de março e 20 de novembro de
2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC).
43%
37%
20%
Sol Sol c/ nuvens Encoberto
5%
7%
88%
Sem chuva Chuva fraca Chuva forte
153
Figura 35 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura do ar durante o trabalho de
monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39
Temperatura do ar
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
154
Figura 36 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da temperatura do ar
durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15
de março e 20 de novembro de 2005.
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
16
18
20
22
24
26
28
30
Temperatura do ar
155
Figura 37 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura da água durante o trabalho de
monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39
Temperatura da água
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
156
Figura 38 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da temperatura da água
durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15
de março e 20 de novembro de 2005.
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
16
18
20
22
24
26
28
30
Temperatura da água
157
Figura 39 - Distribuição de freqüência dos valores do nível da maré por sobre os baixios durante o
trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Nível da maré (cm)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
%
158
Figura 40 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação dos níveis da água nos
baixios durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
10
20
30
40
50
60
70
80
Nível da maré (cm)
159
Figura 41 - Direção e percentual de ocorrência dos ventos durante o trabalho de monitoramento da
pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajub(Florianópolis/SC), entre 15 de março
e 20 de novembro de 2005.
0 10 20 30 40 50
N
NW
W
SW
S
SE
E
NE
160
80%
5%
3%
12%
Norte Oeste Leste Nordeste
39%
35%
10%
16%
Noroeste Sudoeste Sul Sudeste
Figura 42 - Percentual de ocorrência dos ventos ditos não relevantes (acima) e relevantes (abaixo),
durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva extrativista Marinha do
Pirajubaé, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
161
Figura 43 - Intensidade dos ventos durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na
Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005.
48%
52%
Fraco Forte
162
Figura 44 Método scree-plot aplicado ao número de pescadores e dados ambientais observados na
RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
26,38%
22,75%
15,84%
12,26%
9,23%
7,22%
6,32%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número de autovalores
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Autovalores
163
Figura 45 - Resultado gráfico da análise de componentes principais (PCA) aplicada ao número de
pescadores e dados ambientais observados na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro
de 2005.
Maré
Cobertura de nuvens
Direção do vento
Intensidade do vento
Chuva
Temperatura do ar
Número de extrativistas
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
Componente Principal 1 : 26,38%
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Componente Principal 2 : 22,75%
164
Figura 46 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% das medidas dos ganchos utilizados na
pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC) entre 15 de
março e 20 de novembro de 2005.
Largura/boca
Altura/boca
Altura/fundo
Profundidade
10
20
30
40
50
60
70
cm
165
Figura 47 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da largura dos ganchos de mulheres,
adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na
explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15
de março e 20 de novembro de 2005.
Adultos Jovens Mulheres
52
54
56
58
60
62
64
66
68
70
Largura do gancho (cm)
166
Figura 48 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura da boca dos ganchos de
mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados
na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre
15 de março e 20 de novembro de 2005.
Adultos Jovens Mulheres
27
28
29
30
31
32
33
34
35
Altura da boca do gancho (cm)
167
Figura 49 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura do fundo dos ganchos de
mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados
na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre
15 de março e 20 de novembro de 2005.
Adultos Jovens Mulheres
18,5
19,0
19,5
20,0
20,5
21,0
21,5
22,0
22,5
23,0
23,5
24,0
Altura do fundo do gancho (cm)
168
Figura 50 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da profundidade dos ganchos de
mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados
na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre
15 de março e 20 de novembro de 2005.
Adultos Jovens Mulheres
34
36
38
40
42
44
46
48
50
Profundidade (cm)
169
Figura 51 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do volume interno dos ganchos de
mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados
na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre
15 de março e 20 de novembro de 2005.
Adultos Jovens Mulheres
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
Volume interno do gancho (l)
170
Figura 52 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% das capturas do berbigão
Anomalocardia brasiliana por mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com
menos de 30 anos), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005 na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC).
Jovem Adulto Mulher
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
Peso da captura (kg)
171
Figura 53 - Acima, um pescador puxando o gancho no Baixio Principal (note como ele utiliza as
pernas na ganchada). Abaixo, fotografia subaquática mostrando os dentes do gancho revolvendo o
substrato em uma ganchada.
172
Figura 54 - Acima, um pescador lavando o gancho em um dia de pesca. Abaixo, como é feito o
selecionamento do tamanho do berbigão capturado pelo gradeamento do gancho.
173
Figura 55 - Acima, pescador efetuando uma ganchada em “U” no Baixio Principal (note o ângulo
aproximadamente reto em relação a batera). Abaixo, marcas típicas de ganchadas em “U”, caracterizadas
por trilhas retas e paralelas entre si.
174
Figura 56 - Pescador acomoda o material capturado no fundo do gancho com movimentos verticais do
cabo (indicado pelas setas). Observe os dentes do aparelho para entender melhor o movimento.
175
Figura 57 - Pescador “lavando o gancho” no Baixio Principal, mantendo movimentos pendulares
constantes com o cabo do aparelho.
176
Figura 58 - Fotografia de um ralo com a captura de uma (ou duas) ganchada (s). Na parte inferior, em
frente ao ralo, pode-se observar o local onde foi lavado o gancho ao final da ganchada.
177
Figura 59 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% do volume capturado por área arrastada em
diferentes níveis de maré, variando entre patamares inferiores a 10 cm a superiores aos 60 cm.
10 20 30 40 50 60
Nível maré (cm)
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
litros/m
2
178
Figura 60 - Regressão linear por mínimos quadrados calculada entre o comprimento e a largura da concha
do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX Marinha do Pirajubaé.
Comprimento da concha (mm)
Largura da concha (mm)
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Largura = -0,776+0,648 Comprimento
179
Figura 61 - Espaçamento das grades dos ganchos utilizados na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC),
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. A linha indica o espaçamento do gradeamento de 12,18
mm.
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Código ganchos
11,0
11,2
11,4
11,6
11,8
12,0
12,2
12,4
12,6
12,8
13,0
13,2
13,4
13,6
13,8
14,0
14,2
14,4
14,6
14,8
15,0
mm
180
Figura 62 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha (CC) das capturas obtidas no período
entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC). A linha
vermelha representa o comprimento de concha de 20 mm.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
Nº organismos capturados
181
Figura 63 - Média e seus respectivos erros-padrão do comprimento de concha (mm) dos organismos
capturados no ano de 2005 (acima), e do comprimento de concha estimado a partir do espaçamento dos
ganchos analisados no monitoramento da pescaria (abaixo).
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Código ganchos
19
20
21
22
23
24
25
26
CC (mm)
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Código ganchos
19
20
21
22
23
24
25
26
CC (mm)
182
Trimestre 1 - Gancho menor 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Nº organismos capturados
Trimestre 1 - Gancho maior 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Nº organismos capturados
183
Trimestre 2 - Gancho menor 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Nº organismos capturados
Trimestre 2 - Gancho maior 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Nº organismos capturados
184
Figura 64 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha das capturas obtidas com ganchos de
espaçamento do gradeamento maior e menor a 12,18 mm. A linha vermelha representa o comprimento de
concha de 20 mm.
Trimestre 3 - Gancho menor 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Nº organismos capturados
Trimestre 3 - Gancho maior 12,18 mm
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
CC (mm)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Nº organismos capturados
185
Figura 65 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (em mm) dos berbigões
capturados comercialmente na RESEX do Pirajubaé entre junho de 1989 e julho de 1994 (Tremel, 2001),
e entre março e novembro de 2005 (no presente trabalho).
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
Comprimento da concha (mm)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
%
1989 - 1994
2005
186
Figura 66 - Vista lateral de uma típica batera utilizada pelos pescadores da Reserva Extrativista Marinha
do Pirajubaé na explotação do berbigão no ano de 2005.
187
Figura 67 - Diferentes meio de transporte para a RESEX do Pirajubaé. Acima à esquerda, bateras movida
à vela; acima à direita, batera movida à verga; Abaixo a esquerda, bote dando carona para algumas
bateras; Abaixo a direita, batera movida à motor (4 Hp).
188
Figura 68 - Acima, o molusco bivalve Trachicardium muricatum em seu habitat natural, e abaixo, como
parte da captura de um gancho.
189
Figura 69 - Médias e seus respectivos desvios padrão do número de pescadores no período matutino e
vespertino, presentes na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de
2005.
Matutino Vespertino
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Número de pescadores
190
Figura 70 - Preços oferecidos pelo berbigão da RESEX Marinha do Pirajubaé pela empresa Mar e Pesca e
por peixarias da região, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
R$ / kg de carne
Mar e Pesca
Mercado Público
191
Figura 71 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do número de pescadores presentes no
Baixio Principal e Praia da Base a cada dia de pesca analisado na RESEX do Pirajubaé
(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.
Baixio Principal Praia da Base
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
Número de pescadores
192
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
L
a
t
i
t
u
d
e
S
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
Figura 72 - Acima, pescadores em uma manhã de outono. Abaixo, diferentes núcleos formados pela
distribuição dos errantes e dos seguidores no Baixio Principal e Praia da Base em maio de 2005. As
isolinhas representam valores de biomassa (g/m
2
) determinados no mapeamento de abril de 2005.
193
Figura 73 - Distribuição do esforço pesqueiro em março de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
A
B C D E F G H I J K L
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
L
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A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
194
Figura 74 - Distribuição do esforço pesqueiro em abril de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
L
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B C D E F G H I J K L
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
195
Figura 75 - Distribuição do esforço pesqueiro em maio de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
L
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2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
196
Figura 76 - Distribuição do esforço pesqueiro em junho de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
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16
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20
22
24
26
28
30
%
197
Figura 77 - Distribuição do esforço pesqueiro em julho de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
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22
24
26
28
30
%
198
Figura 78 - Distribuição do esforço pesqueiro em agosto de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
L
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4
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8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
199
Figura 79 - Distribuição do esforço pesqueiro em setembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
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28
30
%
200
Figura 80 - Distribuição do esforço pesqueiro em outubro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
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2
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10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
%
201
Figura 81 - Distribuição do esforço pesqueiro em novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do
Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo,
percentual observado do número de pescadores em cada quadrante.
-48.565 -48.56 -48.555 -48.55 -48.545 -48.54
Longitude W
-27.66
-27.655
-27.65
-27.645
-27.64
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30
%
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