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ANEXO 25
Folha Ilustrada – São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006
Neon faz show com Marilyns tropicais
Modelos da grife paulistana desfilaram sobre saída de ar, deixando o vento
levantar os vestidos superestampados
Cavalera apresentou sua coleção masculina no autódromo de Interlagos, ao
som do grupo Secos e Molhados
Alcino Leite Neto – Editor de moda
Vivian Whiteman – Da reportagem local
Já que asfalto é praia de paulista, a Cavalera levou os fashionistas à pista do
autódromo de Interlagos para mostrar sua coleção de verão masculina, no último dia da
São Paulo Fashion Week. Embalados por clássicos da banda Secos e Molhados, um
batalhão de 53 meninos caminhou sob o sol na longa "passarela" a céu aberto da pista
de carros.
Deixando para trás os excessos de coleções passadas, o time de designers da
Cavalera apostou num streetwear bem brasileiro e de espírito relax. Os destaques foram
os microshorts, os moletons confortáveis e os macacões jeans, que imitavam os usados
por pilotos.
A Cavalera abriu o último dia da SPFW, e também fechou a semana de moda, com
o desfile feminino, que contou na passarela com beldades seminuas fingindo tomar sol
em montinhos de areia. A coleção, porém, foi menos feliz que a masculina. Reverberando
idéias do inverno passado, quando fez um de seus melhores desfiles, a Cavalera repetiu
idéias e modelagens. Os balonês e os volumes em camadas de babados e as mangas
longas deixaram tudo pesado demais para o verão, roubando o frescor da coleção. Os
melhores looks surgem quando as formas são mais leves, como no delicado macaquinho
com efeito patchwork floral.
No último dia, a São Paulo Fashion Week recuperou o humor e a sensualidade que
estavam faltando ao evento -graças, sobretudo, ao delicioso desfile da Neon. A grife de
Dudu Bertholini e Rita Comparato levou as modelos para passearem sobre um palco todo
branco com saída de ar. Enquanto elas atravessavam o espaço, um vento safado
levantava os vestidos vaporosos, num momento Marilyn Monroe tropical.
As estampas, mais uma vez, foram destaque: pavões, grafismos étnicos e ícones
da cidade de São Paulo enfeitavam as modelagens apuradas da dupla de designers. A
moda praia, com tops amarrados atrás do pescoço e elegantes maiôs com cavas
altíssimas, serve de exemplo para outras grifes de que é possível ter uma identidade
forte mesmo na areia.
O estilista paranaense Jefferson Kulig fez uma reviravolta em seu estilo -para
melhor. Reduziu o excesso de exibicionismo artístico que o levava em geral para um
território fora da moda e concentrou sua criatividade nas próprias roupas. Apresentou
uma coleção em que dosou com desenvoltura a invenção estética das formas, o trabalho
com os materiais e a praticabilidade das peças.
Não todas, claro, mas uma boa parte delas, como as calças skinny, os colants
estampados e mesmo as blusinhas transparentes desconstruídas. Os vestidos com
relevos de cordas feitas de tururi, uma fibra amazônica, chamaram a atenção. A ousada
saia balonê em xadrez, que lembrava a recente coleção punk do inglês Alexander
McQueen, também.
A paulistana Fábia Bercsek mostrou uma das coleções mais francamente sexies da
São Paulo Fashion Week, nesta temporada em que predominaram as silhuetas recatadas
e o questionamento do "estilo gostosona" (leia a respeito à esquerda). Bercsek criou um
conjunto de peças em que alternou a leveza da lingerie e o peso de tachinhas coloridas