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Moçambique é um país multicultural e multilingue, no qual para além da língua
portuguesa, que é a única língua oficial, existem várias línguas bantu. Decorrem ainda estudos
visando determinar com maior precisão o número de línguas bantu faladas no país. Estudos
efectuados pelo Núcleo de Estudo das Línguas Moçambicanas (1989) com base nos dados do
recenseamento geral da população de 1980, assinalam a existência de 14 línguas bantu:
Emakwa, Xitsonga, Cisena, Echuwabo, Shishona, Cinyanja, Cicope, Shimakonde, Gitonga,
Ciyao, Kimwani, Kiswahili, Zulu e Swazi.
Ngunga (1992) considera a existência em Moçambique de 18 línguas bantu, 13
maioritárias e 5 minoritárias.
Lopes (1999:88-89) com base nos dados do Inquérito Nacional aos agregados
familiares, sobre condições de vida (INE-1998) indica que em Moçambique coabitam com a
língua portuguesa as seguintes vinte línguas bantu: Emakhuwa, Cisena, Cishangana, Elomwe,
Echuwabo, Cishona, Citsuwa, Xironga, Cinyanja, Cinyungwe, Cicopi, Ciyao, Shimakonde,
Gitonga, Ekoti, Kimwani, Kiswahili, Swazi, Cisenga e Zulu.
Esta terra é habitada, maioritariamente, por povos de língua bantu. No passado, na
varanda imensa da sua costa, que se estende dos cabelos fluviais do Rio Rovuma aos pés
peregrinos do Rio Maputo, desenrolaram-se activas trocas e comunicações marítimas. Com
efeito, os dados históricos apontam que, por alturas do século VIII, os árabes assumiam a
hegemonia do comércio marítimo entre o oriente e o ocidente. Deles nos ficou para sempre,
entre outros traços, a religião islâmica predominante na zona litoral, sobretudo no Norte do país,
os temperos que marcam uma gastronomia típica, a língua árabe usada nos cultos islâmicos, que
por via de trocas linguísticas deixou muitos traços lexicais na língua Swahili, falada no norte de
Moçambique e em muitos países africanos, tais como: Tanzânia, Quénia, Congo, Burundi,
Ruanda entre outros. Abrindo as janelas dessa varanda voltada para o Indico, que é o seu litoral,
os habitantes desse território, que hoje se denomina Moçambique, viram chegar chineses,
indianos e indonésios movidos pelo comércio. Abrindo as janelas voltadas para o Indico, esses
habitantes viram partir, para as terras das Américas, da Ásia, da Europa, irmãos, primos, filhos,
pais, no auge do comércio de escravos. Nos finais do séc xv, estes habitantes viram chegar a
estas terras, vindos da Península Ibérica, os portugueses. Um sonho os movia: a conquista de
riquezas imensas, as rotas das especiarias. Partiam a caminho da Índia as caravanas de Vasco da
Gama, que se viram nestas terras entre 1497 e 1499. O sistema comercial iniciado pelos árabes e
indiano perdurou até ao séc xix, numa concorrência envolvendo árabes, indianos, portugueses,