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Denis Porto Renó
CARACTERÍSTICAS COMUNICACIONAIS DO
DOCUMENTARISMO NA INTERNET: ESTUDO DE CASO
SITE PORTA CURTAS
Universidade Metodista de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
São Bernardo do Campo, 2006
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Denis Porto Renó
CARACTERÍSTICAS COMUNICACIONAIS DO
DOCUMENTARISMO NA INTERNET: ESTUDO DE CASO
SITE PORTA CURTAS
Dissertação apresentada em cumprimento parcial às
exigências do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social, da UMESP - Universidade
Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião Carlos de Morais
Squirra
Universidade Metodista de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
São Bernardo do Campo, 2006
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FOLHA DE APROVAÇÃO
A Dissertação de Mestrado sob o título “Características comunicacionais do
documentarismo na Internet: estudo de caso site Porta Curtas”, elaborada por Denis
Porto Renó, foi defendida e aprovada em 15 de dezembro de 2006, perante a banca
composta por Sebastião Carlos de Morais Squirra (Presidente), Vinícius do Vale
Navarro e Sidney Ferreira Leite.
Assinatura do orientador: ......................................................................
Nome do Orientador: Prof. Dr. Sebastião Carlos de Morais Squirra
Data: São Bernardo do Campo, 15 de dezembro de 2006.
Visto do coordenador do Programa de Pós-Graduação:.....................................................
Área de concentração: Processos Comunicacionais
Linha de pesquisa: Comunicação Especializada
Projeto temático:__________________________________________________________
Dedico essa pesquisa aos meus filhos, Pedro e Júlia, e
à minha esposa Rose, pela carinhosa compreensão, e
aos meus avós Milton e Henriqueta, pela inspiração
póstuma aos estudos.
Os documentários não adotam um conjunto fixo de técnicas, não tratam de
apenas um conjunto de questões, não apresentam apenas um conjunto de formas
ou estilos. Nem todos os documentários exibem um conjunto único de
características comuns. A prática do documentário é uma arena onde as coisas
mudam.
Bill Nichols
Agradecimentos
Agradeço aos que torceram para mim, e que acreditaram que eu poderia chegar lá,
especialmente meus filhos e minha esposa, que nunca reclamaram das minhas ausências
causadas por economia forçada, pois foram gastas muitas cifras em passagens entre
Ribeirão Preto e São Paulo. Também agradeço especialmente aos que não acreditaram em
mim, pois adoro desafios. Aos que me motivaram a entrar no Mestrado, como a minha
sempre professora Fabíola Oliveira, a quem muito admiro. Aos que me motivaram durante
o curso, como novamente minha esposa ou como minha amiga Paula Melani, coordenadora
do curso em que sou docente, e meu orientador, Sebastião Squirra, com quem tive muitos
momentos de aprendizado, científico e de vida. Agradeço ao meu pai, que sempre esteve
presente quando o assunto era tradução para o inglês e de quem ganhei o excelente livro
McLuhan por McLuhan, e à minha mãe, sempre preocupada com meu sucesso. Agradeço
também à minha avó Ruth, que torceu sempre para que tudo desse certo, mesmo que em
dias errados (adiantados, na maioria das vezes), à minha sogra D. Ude por ficar acordada
para fazer companhia à minha esposa pelas madrugadas para me buscar na rodoviária e
pelo interesse em minhas conquistas, e ao meu avô Oscar, pela torcida, silenciosa, mas
sempre acompanhada de certa vibração. Por fim, agradeço aos meus irmãos, para quem
tentei servir de exemplo para um futuro melhor.
RESUMO
O projeto de pesquisa “Características comunicacionais do documentarismo na
Internet: estudo de caso site Porta Curtas” apresenta as características encontradas na
exibição de documentários na Internet com as atuais tecnologias disponíveis. Tal gênero
audiovisual migrou para a Internet junto a outros gêneros audiovisuais, como o
telejornalismo, a telenovela e os filmes de ficção, todos com características específicas. Foi
definido como corpus do trabalho o site Porta Curtas, especializado em produção
audiovisual e que disponibiliza aos usuários da Internet diversas produções documentais e
ficcionais gratuitamente. Espera-se, a partir deste trabalho, que adota a metodologia estudo
de caso do site Porta Curtas, especializado em exibição de vídeos dos gêneros ficção e
documentário, provocar novos estudos no sentido de possibilitar um maior
desenvolvimento de estudos sobre a produção de documentários para as novas tecnologias
que estão cada vez mais presentes no cotidiano dos processos comunicacionais,
possibilitadas pelos efeitos da convergência tecnológica, assim como oferecer à
comunidade científica detalhes analíticos sobre o objeto da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE
Documentário, Novas tecnologias, convergência tecnológica, Internet, comunicação.
RESUMEN
El proyecto de investigación “Características de las comunicaciones del cine
documento en la Internet: estudio del caso sitio Porta Curtas” presenta las características
miradas en la exhibición de cine documentos en la Internet con las actuales tecnologías
disponibles. Tal género audiovisual migró para la Internet yunto con los otros géneros
audiovisuales, como el tele periodismo, la telenovela y los cines de ficción, todos con sus
características específicas. Fue definido como corpus del trabajo el sitio Porta Curtas,
especializado en producciones audiovisuales y que oferta a los usuarios de la Internet
muchas producciones documentales y de ficción gratuitamente. Espera-se, a partir de este
trabajo, que adopta la metodología estudio del caso del sitio Porta Curtas, especializado en
las exhibiciones de cines de los géneros ficción y documental, provocar nuevos estudios en
el sentido de posibilitar un mayor desenvolvimiento de estudios sobre la producción del
cine documentos para las nuevas tecnologías que están cada vez mas presentes en el
cotidiano de los procesos de comunicación, posibilitadas por los efectos de la convergencia
tecnológica, así como ofrecer a la comunidad científica los detalles analíticos sobre el
objeto de la investigación.
PALABRAS-CLAVE
Cine documento, Nuevas tecnologías, convergencia tecnológica, comunicación.
ABSTRACT
The research project “The internet communicational documentary characteristic: the
Porta Curtas case study site” presents the founded characteristics at documentary exhibition
at internet with the available technologies. Such audiovisual kind has migrated into internet
together with the other audiovisuals kinds, as the journalism, the soap opera on TV and the
fiction films, all of them with their specific characteristics. It was defined, as the production
corpus, the site Porta Curtas that is an audiovisual production specialist and offers to the
internet users several documentary and fictional productions free of charge. It is intended,
with this production that adopts the site Porta Curtas case study methodology, to provoke
new studies towards to a greater development of studies on documentary production with
the new technologies that are more present each moment at the quotidian of the
communicational processes, allowed by technological convergence affects and to offer, to
the scientific community, the analytics details about the research object.
KEYWORD
Documentary, New technology, technological convergence, communication.
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................................... 12
2. Metodologia ................................................................................................................. 17
3. O documentário ........................................................................................................... 21
3.1. Traços e retratos históricos .............................................................................. 21
3.1.1. Histórias e definições .......................................................................... 21
3.1.2. Percalços do documentário brasileiro .................................................. 28
3.2. Uma nova era para o documentário brasileiro.................................................. 29
3.2.1. O DOCTV abre espaço para documentários na televisão.................... 29
3.2.2. Kiko Goifman e o tele-documentário brasileiro .................................. 30
3.2.3. As leis de incentivo e os resultados na prática .................................... 32
4. A Internet como um novo ambiente comunicacional .................................................. 36
4.1. Reflexos da mudança ....................................................................................... 36
4.2. Traços tecnológicos ......................................................................................... 38
4.3. A geração participativa .................................................................................... 39
4.3.1. O homem e a comunicação invisível ................................................... 39
4.3.2. A tecnologia e o homem ...................................................................... 42
4.3.3. A geração participativa ........................................................................ 44
4.3.4. A dependência da participação ............................................................ 47
5. A convergência tecnológica no audiovisual ................................................................ 49
6. Porta Curtas: o cine-clube da web................................................................................ 54
6.1. Uma breve história e traços tecnológicos ........................................................ 54
6.2. Os gêneros oferecidos ...................................................................................... 57
6.3. O acesso aos documentários ............................................................................ 58
6.4. Um inventário do acervo documental .............................................................. 62
6.5. Problemas na atual transmissão ....................................................................... 67
6.6. Opiniões de quem acessa ................................................................................. 68
6.7. O Porta Curtas por seu gestor .......................................................................... 71
7. Conclusões da pesquisa ............................................................................................... 74
Referências .................................................................................................................. 79
Anexos ......................................................................................................................... 82
12
1. INTRODUÇÃO
Pesquisar sobre documentarismo sempre foi motivo de fascínio, por acreditar que o
gênero representasse um importante papel dentro da comunicação que, por sua vez, possui uma
difícil tarefa social e cultural, a de contribuir com a educação da grande massa. Isso sempre foi
motivo de obstinação para que essa pesquisa fosse desenvolvida por crer que com a oferta de
melhores produtos audiovisuais, em maior quantidade e de caráter educativo, arestas da
educação brasileira poderiam ser sanadas. Afinal, o Brasil possui um índice de analfabetismo
funcional que foge aos padrões dos países de seu eixo.
Por outro lado, os processos comunicacionais estão em constante mutação, em parte
provocados pelo desenvolvimento tecnológico e a conseqüente convergência das mídias para
plataformas e ferramentas digitais. Com a chegada da Internet, o que era consolidado desde
Gutenberg passou a ser diferente, como ocorreu com a escrita, com a estrutura textual (agora
hipertextual) ou mesmo com as formas de inspiração e atração nos caminhos do comunicar.
Agora não basta um bom texto. É preciso interagir. Mas vale lembrar que mesmo a invenção de
Gutenberg causou revolução, pois o acesso ao conhecimento era restrito a poucos, assim como a
escrita. E essa migração para a qual o audiovisual acena também gera resistência em alguns
grupos conservadores que acreditam no audiovisual como produto de qualidade somente em
salas de projeção. Porém, tal resistência reforça a justificativa da necessidade de se investigar a
respeito, como defende Marshall McLuhan na epígrafe deste trabalho.
Esta pesquisa aborda a exibição de obras audiovisuais do gênero documentário, oriundos
do vídeo ou do cinema, na Internet. Para tanto, foi definido como objeto de pesquisa o site Porta
Curtas, veículo que oferece ao ambiente virtual uma expressiva coleção de obras de ficção e
documentários gratuitamente, com limitações que a tecnologia impõe no momento em que as
observações foram realizadas, mas que em um curto espaço de tempo poderão ser minimizadas,
como aconteceu com diversos outros processos comunicacionais. Analisou-se o site de forma
detalhada, oferecendo à comunidade científica um trabalho descritivo sobre o Porta Curtas,
desde seu funcionamento como instituição, com apoios financeiros, até os procedimentos de
seleção de obras e a oferta das mesmas na Internet. A partir dessa análise, chegou-se a um
retrato maximizado do site, podendo este trabalho servir como base de informação e reflexão
para futuros estudos sobre o audiovisual na Internet.
13
A discussão teórica deste estudo apoiou-se em opiniões diversas e em áreas distintas,
tanto do cinema quanto da tecnologia. Sobre cinema, foram adotadas teorias de Nichols e Luca,
mas com contribuições de outros teóricos, como Leite, Gervaiseau e Bernardet. O teórico Bill
Nichols (2005) aborda questões históricas do documentário, atentando-se, porém, às escolas
inglesa e norte-americana. Seu trabalho oferece uma visão bastante densa a respeito do gênero,
assim como diversos olhares a respeito da estrutura e da ética do mesmo. Já o brasileiro Luiz
Gonzaga de Luca (2004) oferece à ciência dados significativos que discutem o cinema digital e
os processos de convergência tecnológica que a sétima arte vem vivendo, tanto no que se refere
ao mercado quanto à tecnologia empregada nos processos de produção e distribuição. Porém, o
autor se atenta mais profundamente no que se refere às salas de projeção com tecnologia digital
por ser esta a sua área de formação e atuação.
Ao lado destes teóricos, caminharam os dados históricos contribuídos por Sidney Leite
(2005), que desenvolveu uma extenso e profundo trabalho sobre o cinema no Brasil, trazendo à
tona valiosos olhares a este momento da pesquisa, apresentando dados sobre a “cavação” ou
mesmo traços de Canuto Mendes e Humberto Mauro como peças fundamentais para se pensar
em documentário no Brasil. Em seguida, Gervaiseau (2000) apresenta dados históricos do
documentário no mundo, decorrentes de sua pesquisa de Doutorado. Tais informações
complementaram as fornecidas por Nichols (2005) que, ao lado de Bernardet (2003) e Xavier
(2005), contribuiu fundamentalmente para que o papel do documentário pudesse realmente ser
compreendido nesta pesquisa.
Um olhar sobre o documentário foi fundamental para construir o alicerce da pesquisa,
pois era preciso, antes de analisar o gênero, conhecê-lo, e as dificuldades foram acumulativas,
por se tratar de mais de cem anos de história e consolidação teórica, apesar de dinâmico como
qualquer processo cultural. Definidas as linhas teóricas de maior preocupação deste trabalho,
especialmente a francesa, a norte-americana e a inglesa, observou-se a história do documentário
desde seu surgimento e chegou-se aos dias de hoje, com a convergência tecnológica, para
perceber em que sentido caminha a produção, especialmente no Brasil.
Num segundo momento, investigou-se sobre a Internet. Conhecer o ambiente, assim
como seus efeitos e, conseqüentemente, a comunidade que a utiliza foi fundamental para que a
convergência tecnológica pudesse ser discutida, e o estudo de caso pudesse ser realmente
observado. Esse momento da pesquisa foi difícil por se tratar de uma temática nova e, portanto,
14
frágil em conhecimento e conclusões a respeito. Com uma bibliografia ainda escassa, os estudos
sobre Internet se viram em meio a teóricos fundamentais para essa discussão, como McLuhan,
Wiener e seus conceitos de ligação entre o homem e a máquina.
McLuhan (2005) aborda em suas pesquisas uma visão futurista para a época em que a
obra foi escrita, porém realista para os dias atuais, quando o homem e a máquina realmente
atuam como se fossem somente um, uma extensão um do outro. Neste momento da pesquisa,
desenvolveu-se uma discussão bastante ampla sobre a geração multimídia, que exige da Internet
uma maior participação nos processos comunicacionais, com a interatividade. Foi preciso
dedicar um significativo volume de estudos para que conceitos pudessem ser compreendidos e
interligados a outros, e a discussão oferecesse dois alicerces conceituais aos leitores leigos ou
mesmo contribuir com a compreensão das análises do estudo de caso desenvolvido no trabalho.
Percebeu-se, nesta fase da pesquisa, a tamanha contribuição de McLuhan e suas “profecias”
sobre o futuro da sociedade com a tecnologia.
Porém, a discussão neste campo foi longa, apoiando-se em diversos outros teóricos,
como Vilches, Squirra, Thompson e Lévy, que discutem entre si ou revelam cumplicidades em
conceitos e idéias sobre o novo ambiente que surge: a Internet e sua linguagem binária de zero e
um, com a presença ou ausência de impulsos elétricos.
Lorenzo Vilches (2003) apresenta em sua obra uma leitura bastante rica sobre a
convergência digital, contemplando com maior ênfase a televisão digital, apesar da mesma
dividir espaço no campo da convergência com a Internet e com os diversos campos
comunicacionais que tentam descobrir as melhores formas de adaptação no novo ambiente
multimidiático e participativo. Já Squirra (1998) apresenta dados e olhares fundamentais para se
compreender a Internet e, claro, a convergência de hábitos, mesmo sendo proveniente de um
momento em que pouco se conhecia sobre o ambiente, tanto no mundo quanto no Brasil. Para
complementar essas duas visões, somam-se Thompson (2004) e Lévy (1999), que discutem a
sociedade com o novo ambiente cibernético proporcionado pela Internet e suas ferramentas
comunicacionais.
A estrutura do trabalho, a partir deste ponto, apresenta uma seqüência capitular
semelhante à seguida durante a pesquisa, quando a busca incessante por informações e conceitos
teve de ser contida para que a curiosidade não provocasse uma desordem na obtenção de
conhecimento. Definiu-se, inicialmente, os procedimentos metodológicos adotados, justificados
15
com o apoio de teóricos e de argumentos práticos de execução no capitulo Direcionamentos
metodológicos. Neste, é informada a forma com que o trabalho foi realizado e os motivos que
direcionaram a pesquisa para tais direções.
Em seguida, no capítulo O documentário, a pesquisa divide-se em dois sub-capítulos,
intitulados Traços e retratos históricos e O documentarismo no Brasil. Em ambos,
apresenta-se, com base em dados históricos, um conceito de documentário como gênero,
trazendo para o leitor leigo um entendimento básico sobre o documentarismo, pois o trabalho
não tem a pretensão de aprofundar-se em relatos históricos ou metodológicos desta forma de
produção audiovisual.
O capítulo seguinte, intitulado de A Internet como um novo ambiente
comunicacional, propõe um olhar analítico sobre as nuances da rede internacional de
computadores como espaço comunicacional. Dividido em três sub-capítulos, Reflexos da
mudança, Traços tecnológicos e A geração participativa, o capítulo apresenta olhares
diversos sobre o tema, agora discutido dentro dos preceitos tecnológicos da comunidade
científica, especificamente na linha de idéias de Marshal McLuhan, tendo uma atual
participação de seu filho, Eric Marshal McLuhan, em determinado momento. Tal discussão
possui neste trabalho uma importância substancial, pois discutir cinema e Internet, com
abordagens de caráter misto, audiovisual e tecnológica, exige um breve entendimento de ambos
ambientes, e ao menos uma pequena compreensão sobre os usuários atuais, e futuros, que
possuem hábitos diferentes daqueles que sofreram um mais ríspido processo de conversão para
a recente era da tecnologia digital.
Na seqüência do trabalho apresenta-se o capítulo A convergência tecnológica no
audiovisual. Os efeitos desta convergência encontram-se no cotidiano da sociedade como um
todo, da escolha por um celular ao invés do telefone convencional à opção pelo forno de
microondas em substituição ao alimentado a gás. Porém, para atender às expectativas da
pesquisa de forma objetiva e direta, definiu-se uma discussão somente no que permeia o
audiovisual e a chegada das novas tecnologias digitais, desde a captação e compressão de
imagens até o envio e a disseminação de produtos audiovisuais pela Internet. Tais discussões
possuem uma pequena bibliografia disponível, pois poucos permeiam por esse ambiente, ainda
abundante em armadilhas conceituais.
16
Em seguida, o trabalho entra numa discussão pré-conclusiva, com o capítulo de análise
do objeto da pesquisa, intitulado de Porta Curtas: o cine-clube da web. Neste momento são
desenvolvidos discursos que revelam a história do site, sua viabilidade econômica e olhares
descritivos sobre a estrutura do mesmo, além de dados fornecidos pelos gestores do veículo por
intermédio de entrevistas e de relatórios disponíveis publicamente, pois trata-se de um site
financiado por leis de incentivo, ou seja, graças à renuncia fiscal que viria a se transformar em
dinheiro público. Para complementar a análise, foram tabuladas questões apresentadas a um
grupo de 20 estudantes de pós-graduação participantes de uma disciplina sobre produção e
transmissão de cinema e vídeo digital, pertencentes a dois perfis de formação profissional:
Comunicação e Engenharia da Computação. As questões abordam a navegabilidade e a
qualidade das imagens oferecidas pelo site Porta Curtas, assim como seu papel no que tange a
contribuição para a educação.
Por fim, apresenta-se o capítulo Conclusão, que traz de forma direta e sucinta os
resultados apresentados após quase três anos de intensa pesquisa. Neste, são destacados os
gráficos relacionados com a análise ou com as entrevistas aos usuários, revelando um perfil do
Porta Curtas de forma simples e objetiva. Os dados conclusivos foram amarrados com os
conceitos e as teorias adotadas no trabalho, de forma linear.
17
2. DIRECIONAMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa em questão desenvolveu-se com o objetivo de analisar, através de pesquisas
bibliográfica e estudo de caso, a Internet como plataforma de exibição de documentários,
levando em conta quesitos tecnológicos do ambiente e os processos de convergência provocados
por essa migração. A escolha pelo estudo do documentário na Internet é motivada pela
coincidente e destacada vocação de ambos: informação e conhecimento. Ambos carregam
dentre outras tarefas, a de educar, informar, juntamente com o entretenimento. O documentário
assume historicamente essa responsabilidade com mais ênfase (LEITE, 2005, p.35), porém não
sozinho. A Internet também é um ambiente propício ao conhecimento, pois pode ensinar através
de seu conteúdo e de seus recursos hipertextuais. A preocupação em delinear a existência de
mais um ambiente comunicacional utilizado também como suporte educacional motivou a
escolha do corpus desta pesquisa. Tal preocupação também é justificada por Bill Nichols
(2005), que ressalta o poder do documentário nos processos educacionais, assim como sua inter-
relação com outros ambientes, como a Internet, nesses processos. Como defende Nichols (2005,
p.23):
As formas digitais de representação somam-se aos vários meios que satisfazem esses
critérios. Alguns verão uma expansão do documentário em mídias como CD-ROMs
ou websites interativos dedicados a questões históricas e organizados segundo
convenções de representação documental. (...) Algum dia, os websites, como a
fotografia antes deles, merecerão história e teoria próprias.
A história de websites que hospedam documentários passou a ser escrita também por
essa pesquisa devido ao corpus definido. A Internet já hospeda produtos audiovisuais, dentre
eles os do gênero documentário, mas alguns questionamentos com relação a esse novo ambiente
ainda precisam ser respondidos. Para isso, seguiu-se por objetivos específicos, como observar,
através de pesquisas bibliográficas, a história do gênero documentário, para poder, a partir
disso, desenvolver análises sobre o objeto da pesquisa.
Outro objetivo desenvolvido foi o de estudar a Internet como um ambiente propício às
exibições de documentários, tendo como estudo de caso o site Porta Curtas
1
, que oferece ao
1
Disponível em www.portacurtas.com.br. O site Porta Curtas recebe o apoio cultural da Petrobras e reúne obras
tradicionais e de grande importância para o audiovisual brasileiro, como o documentário de Jorge Furtado “Ilha das
18
usuário a exibição de obras documentais e ficcionais, gratuitamente. Desenvolver um
levantamento histórico do site, e suas relações comerciais que viabilizam seu funcionamento, foi
uma das propostas desenvolvidas na pesquisa. Nela, foram levantados dados sobre a
representatividade do gênero documentário dentro do acervo virtual do Porta Curtas, assim
como questões relacionadas à seleção de obras para exibição e o papel do site nas questões
educacionais. Tal vocação da Internet na educação é defendida por Vilches (2003, p.10), para
quem “o processo migratório gerado pela televisão e pela Internet não se esgota na produção de
programas de espetáculos e, em conseqüência, será gerada uma grande capacidade de serviços
dirigidos a novas demandas para o conhecimento e a educação”.
Para isso, considerou-se a pesquisa como de caráter exploratório, abrindo novas
discussões sobre a Internet como ambiente de difusão de obras audiovisuais, em especial do
gênero documentário. Como define Gil (1999, p.43), “pesquisa exploratória tem como principal
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a formulação
de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Espera-se, com
a conclusão apresentada, contribuir com novas pesquisas sobre cinema na Internet e apresentar à
comunidade científica detalhes sobre o site Porta Curtas, objeto de estudo deste trabalho.
Dentro da pesquisa, foram adotados diferentes procedimentos metodológicos. O
primeiro deles foi a pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (1999, p.65), “a principal vantagem da
pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Isso foi
necessário, pois o tema era bastante abrangente e pouco explorado. A busca por informações
relacionadas à história de obras audiovisuais do gênero documentário e a presença em diversos
ambientes de exibição em sua trajetória até a Internet justificam a utilização desse método.
Além da questão histórica que personaliza o documentário como gênero, foram
estudadas literaturas relacionadas à convergência tecnológica presente no âmbito
comunicacional desde a chegada da Internet, atingindo também o campo audiovisual e
limitando-o. Vale ressaltar que essa limitação é atual, modificando-se com o tempo, e deve-se a
fatores econômicos e para a grande massa, não sendo um expressivo impedimento para
pequenos grupos mais abastados economicamente.
flores”. Além dessa obra, podem ser encontradas diversas outras obras, desde que possuam curta ou média duração.
O site Porta Curtas será estudado num capítulo específico nesta pesquisa.
19
Para esse procedimento metodológico foram adotados com destaque os teóricos Bill
Nichols (2005), Sidney Leite (2005), Ismail Xavier (1997), Jean-Claude Bernardet (2003),
Henri Gervaiseau (2000) Hélio Godoy de Souza (2001) e Roger Odin (1984) no campo da
história do documentário e assuntos correlatos. No campo da tecnologia e da convergência
tecnológica, apoiou-se em McLuhan (2005), Luiz Gonzaga Assis de Luca (2005), Lorenzo
Vilches (2003) e Sebastião Squirra (1998), quando também desenvolveram-se as análises do
estudo de caso. Porém, diversos outros teóricos contribuíram com a pesquisa, como Straubhaar
& LaRose (2004), Briggs & Burke (2004), Castells (1999) e Bernardet (2003). Tais
contribuições foram de fundamental importância, pois trouxe novos olhares ao objeto em
questão e possibilitou um entendimento sobre a convergência tecnológica que tem abarcado
mudanças significativas aos meios de comunicação.
O segundo método empregado foi o estudo de caso, neste trabalho sobre o recorte do site
Porta Curtas, que disponibiliza gratuitamente vídeos documentários e de ficção para seus
usuários, atuando como um cine-clube virtual. Foram analisadas as características das obras
documentais disponíveis no objeto de estudo, através de entrevistas com seus gestores, assim
como sua participação naquele ambiente. Além disso, foi realizado um levantamento histórico
do site e os recursos que o viabilizam tecnologicamente e financeiramente. Também foram
investigados os parâmetros adotados para disponibilizar uma obra documental em seu acervo,
seus serviços e sua missão social. Para compor o capítulo, realizou-se uma entrevista informal
com o idealizador do Porta Curtas, Julio Worcman, que revelou detalhes importantes para um
melhor conhecimento do objeto de pesquisa.
Por fim, foi realizado um inventário sobre todos os recursos, as ferramentas, com 30
obras selecionadas aleatoriamente e os serviços oferecidos pelo site à comunidade virtual que o
acessa, regularmente ou eventualmente, apresentando dados estatísticos e tabulados sobre os
resultados obtidos, apesar de não se tratar de uma pesquisa que caracterize estudo de recepção
ou estética audiovisual.
Também foram realizadas entrevistas com 20 alunos de pós-graduação a distância do
curso de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, participantes da
disciplina Produção e Transmissão de Cinema e Vídeo I, realizado pela Universidade Interativa
COC
2
, sobre questões tecnológicas sobre a qualidade audiovisual do material oferecido. Para
2
A instituição funciona em ambiente virtual. Disponível em http://www.unicoc.com.br.
20
estes, foram direcionadas perguntas também a distância sobre a qualidade do site e suas
opiniões a respeito do mesmo. Vale salientar que todos tiveram acesso ao site Porta Curtas, até
pelo mesmo ter sido utilizado como ambiente de consulta fílmica para análise de estética da
disciplina da qual participaram, e somente um participante da entrevista atua em produções
audiovisuais, este como editor de imagens. O grupo é formado por cinco jornalistas, dois
publicitários e 13 engenheiros de computação, todos formados recentemente, no ano de 2005.
A utilização do estudo de caso como método em projetos de pesquisa deve ser
acompanhada de cuidados e riscos, como o de manipular os resultados de acordo com interesses
perceptíveis ou não. Como define Carvalho (1988, p.161):
Como em outras técnicas em que há intervenção direta do pesquisador, no estudo de
caso corre-se o risco de distorção dos dados apresentados, risco que aumenta na
medida em que o pesquisador se aprofunda no processo ou “conhece bem” a pessoa
estudada, podendo ocorrer um envolvimento emocional indesejável.
De acordo com o recorte dessa pesquisa, tais riscos foram cuidadosamente minimizados,
pois o objeto de estudo de caso é uma pessoa jurídica virtual que não possui nenhum vínculo
com o pesquisador, salvo a ciência de sua existência e uma razoável quantidade de visitas ao
site. As análises foram realizadas com o intuito de compreender a presença do documentário na
Internet, o que descartou a possibilidade de envolvimento pessoal ou uma “miopia” científica
por conhecer o objeto estudado.
Através da pesquisa bibliográfica e do estudo de caso, desenvolveu-se um comparativo
com a realidade do objeto estudado, apresentando um panorama e suas reais características.
Com isso, chegou-se a resultados que podem vir a contribuir com futuros estudos e o
desenvolvimento do documentarismo na Internet, assim como o desenvolvimento de novos
espaços comunicacionais na web que contemplem a exibição e a divulgação de obras de caráter
documental e que ofereçam à comunidade virtual o acesso a essas obras, gratuitamente.
21
3. O DOCUMENTÁRIO
3.1. Traços e retratos
3.1.1. Histórias e definições
Os primeiros sinais do documentário surgiram junto ao cinema, num momento em
que não existiam discursos cinematográficos ainda definidos. O próprio cinema era algo
muito novo, o que permitia a qualquer um inventar seu discurso, assim como seu estilo de
produção. Neste momento, os irmãos Lumière traziam às telas cenas de trem chegando à
Gare de Vincenes, causando espanto e temor à platéia, de tão real que era a cena. Em
seguida, na mesma fase artística, os pioneiros cineastas franceses reproduziram saídas dos
operários da Usina Lumière, mostrando de forma ampliada o registro de diferentes
situações. Como definiu Aumont (2004, p.31):
Primeiro ponto, portanto, que nos será indicado pelas reações dos primeiros
espectadores de Lumière. Pelo que lemos de tais reações, nos relatos da imprensa,
o que sidera os espectadores e os críticos é, ainda e sempre, ao longo das
projeções, uma única coisa: a profusão dos efeitos de realidade. Fala-se sempre da
famosa reação dos espectadores de A chegada de um trem à estação, de seu pavor,
de sua fuga desvairada.
Apesar de ainda não serem caracterizados como documentários, esses fragmentos de
não-ficção produzidos pelos irmãos Lumière são os primórdios do gênero documentário, que
explorava imagens reais para, inicialmente, encantar os que assistiam. Para Nichols (2005,
p.118):
Essas primeiras obras serviram tipicamente como “origem” do documentário ao
manter uma “fé na imagem”; uma fé do tipo que o influente crítico francês André
Bazin admirou quando tentou responder à pergunta “o que é cinema?”, em uma série
de importantes ensaios na década de 1940.
No princípio da história cinematográfica, cenas cotidianas provocavam espanto e
interesse. Porém, com o tempo, a busca pela mensagem ficcional, proporcionada de forma
22
intensa pela literatura, tornou-se a busca constante dos cineastas. Segundo Odin (1984), tal
mudança deve-se ao fato dos espectadores manifestarem certo interesse pela ficção. Para o
pesquisador, as pessoas preferem sempre “viver” momentos diferentes da realidade,
construindo, com a ficção, “um eu de origem fictivisante”, teoria também compartilhada por
Augé (1998, 33), para quem “os indivíduos sempre tiveram dificuldade em se identificar
unicamente com seu corpo, sempre tentados, ao contrário, em pensar nele como um limite a
ser rompido ou defendido”. Mas, nesse momento histórico e artístico, quando se
experimentavam diversos formatos e conteúdos, ainda era comum costurar os dois gêneros,
desconhecidos e indefinidos pelos amantes da nova arte: ficção e documentário.
Em outro momento, Nichols (2005, p.26) desenvolve uma discussão interessante
sobre o que é documentário e o que é ficção. Para o teórico norte-americano, existem
somente filmes documentários, divididos entre documentários de satisfação (filmes de
ficção) e desejo e documentários de representação social (filmes documentários),
justificando tal teoria em “mesmo a mais extravagante das ficções evidencia a cultura que a
produziu e reproduz a aparência das pessoas que fazem parte dela”. Tal pensamento associa-
se à definição de Odin (1984, p.263), que defende uma maior preferência pela ficção por
este oferecer imagens fora do mundo real, mas dentro do que desejamos. Para ele, “todo
filme de ficção pode ser considerado, de um certo ponto de vista, como um documentário”.
A proximidade com as idéias de Odin são claramente manifestadas por Nichols (2005,
p.26):
Os documentários de satisfação de desejos são o que normalmente chamamos de
ficção. Esses filmes expressam de forma tangível nossos desejos e sonhos, nossos
pesadelos e temores. Torna concretos – visíveis e audíveis – os frutos da imaginação.
Expressam aquilo que desejamos, ou tememos, que a realidade seja ou possa vir a ser.
Apesar de tanto desconhecimento, começava-se a perceber o interesse cada vez maior
dos espectadores pelo desconhecido, o que alavancava produções mistas que procuravam
revelar histórias reais, situações vividas por personagens que interpretavam o mesmo roteiro
no dia-a-dia, em suas comunidades ou seus grupos sociais, como pode ser percebido em
Nanuk, o esquimó”
3
e “Viva México”
4
, obras de Flaherty e Eisenstein, respectivamente.
3
Nanuk, o esquimó, sob o título original de Nanook of the North, foi finalizado em 1922 pelo diretor Robert
Flaherty.
23
Essas produções foram consideradas marcos revolucionários nesse tipo de produção,
utilizando protagonistas que reviviam a rotina da comunidade assistida, trazendo às salas de
projeção uma realidade ficcional, híbrida na aparência, apesar de homogênea na recepção.
O homem do gelo (re) produzido por Flaherty sob a neve do ártico pode ser
considerado um novo marco na história do cinema, quando se utiliza da arte para mostrar ao
mundo, de forma semi-real, uma cultura diferente da tradicionalmente conhecida. Um
conteúdo aguçado pelo interesse cada vez mais representativo pelas regiões desconhecidas
do planeta.
Nos países da Europa, assiste-se a uma difusão inédita de imagens de terras e
países longínquos. Essa difusão tem um papel essencial no desenvolvimento da
indústria do turismo. A realidade de lugares distantes parece assumir uma
qualidade mais tangível ao público a partir do momento em que se pode constatar
com os próprios olhos – graças à imagem fotográfica – que é possível visitá-los.
(GERVAISEAU, 2000, p.50)
Flaherty rompia o tradicional filme de viagens de exploradores, definido claramente
por Gervaiseau (2000) como registro etnográfico de exploradores. “Nanuk, o esquimó”
trouxe ao cinema uma nova produção, resultado da mistura de cenas documentais com
encenações realizadas por um esquimó de verdade, que estava apenas revivendo situações de
seu cotidiano. Para isso, Flaherty construiu um laboratório para revelar os negativos e
assistir os fragmentos registrados enquanto dava continuidade à história imaginada. Com
isso, pôde mergulhar-se numa produção sem roteiro, procurando, apenas reproduzir o mais
real possível do cotidiano dos esquimós, misturando fragmentos cinematográficos reais com
reconstituições, como acontece numa cena em que constrói-se um iglu cortado pela metade.
A família real de Nanuk deita-se na neve e, como se o ambiente estivesse aquecido pelo óleo
de foca utilizado para revestir a parede gelada, encenam naturalmente, enfrentando uma
temperatura negativa. Flaherty modificava, definitivamente, a história do filme, com se
estivesse reinventando a arte.
Para nossos espectadores de 1923, Nanuk era a própria vida. Em meio à confusão
do grupo de vanguarda, nós que lutávamos contra o filme artístico, literário,
4
Viva México, sob o título original de ¡Que viva México, foi finalizado em 1932 por Grigori Alexandrov e dirigido
por Serguei Eisenstein. Trata-se de uma composta pela seqüência de filmes documentários e ficcionais.
24
teatral, compreendíamos que a solução que buscávamos estava ali, com toda a
poesia do verdadeiro drama cinematográfico. Uma lição bastante oportuna.
(CAVALCANTI apud GERVAISEAU, 2000, p.54)
Simultaneamente às obras de Flaherty, outra produção é realizada, influenciada pela
mistura de realidade com ficção de “Nanuk, o esquimó”. O russo Serguei Eisenstein, com a
obra Viva México (1932), recupera de forma exemplar o estilo explorado em Nanuk,
utilizando-se de atores locais e reconstituindo gestos cotidianos com essências que
caracterizam a cultura retratada. Na produção, Eisenstein revela o México sob diversos
olhares, construindo uma obra que segue uma alternância de filmetes documentários e
ficcionais, demonstrando-se fielmente influenciado por Flaherty. O próprio cineasta
declarou-se seguidor de tal estilo cinematográfico. Para Eisenstein (apud GERVAISEAU,
2001, p.54), “nós, russos, aprendemos com Nanuk mais do que com qualquer outro filme
estrangeiro. Nós gastamos o filme de tanto estudá-lo. Em certo sentido, era, para nós, um
início”.
Eisenstein apresenta ao espectador uma série de filmetes documentários que revelam
a crença religiosa mexicana, mostrando sua relação com a religiosidade, a morte, as
pirâmides ou mesmo com o casamento. Em seguida, ele apresenta uma ficção sobre o
domínio feudal no país, utilizando-se de atores locais e amadores para interpretar tais
críticas sociais.
Outra obra que se utiliza da duplicidade de linguagem (ficcional e real) é o
documentário “Cabra marcado para morrer”
5
, de Eduardo Coutinho. O filme teve suas
filmagens iniciadas em 1964 com a proposta de desenvolver um enredo fictivisante sobre o
assassinato de um líder das Ligas Camponesas com o título original de “Cabra”, utilizando-
se de atores amadores representando seus próprios papéis. Depois de ter as filmagens
interrompidas pelos militares, que também confiscaram os originais já produzidos, Coutinho
deixou o projeto de lado. Porém, vinte anos depois, utilizando-se de alguns originais que
não foram confiscados, retomou a produção, desta vez sob o título de “Cabra marcado para
morrer”. A obra tornou-se um documentário que utiliza-se do resgate da memória, a mesma
5
Cabra marcado para morrer foi finalizado em 1984. A obra, de caráter documental, é fruto de uma produção
híbrida interrompida em 1964 durante a Ditadura Militar. Os dois projetos foram produzidos por Eduardo
Coutinho.
25
técnica utilizada por Claude Lanzmann no documentário “Shoah
6
, em 1986. Nas duas
versões, Coutinho apóia-se no estilo híbrido de produção, utilizando atores amadores em
seus papéis reais na primeira produção e imagens fictivisantes na segunda versão, esta com
um papel documental.
Cabra marcado para morrer deve ser lembrado como um caso raro de
documentário iniciado como filme de ficção. Se a filmagem não tivesse sido
interrompida pelo golpe militar de 1964, o filme de Eduardo Coutinho teria sido
uma experiência contemporânea e similar aos O bandido Giuliano e A batalha de
Argel, por sua proposta de reencenar eventos reais recentes nos próprios locais
em que ocorreram, com participantes interpretando seus próprios papéis, além de
atores não profissionais. (ESCOREL, 2005, p.266)
Tanto a primeira versão iniciada por Coutinho em 1964 quanto a última, concluída
em 1984, podem ser consideradas como produções híbridas. Porém, a primeira utilizou-se
de forma mais acentuada da mistura dos dois gêneros para envolver o espectador de forma
mais abrangente e eficaz.
As primeiras cenas de realidade foram produzidas na França pelos irmãos Lumière,
quando os mesmos registraram a saída dos operários da usina Lumière por diversos dias, ou
mesmo a chegada do trem à Gare de Vincenes. Mas o documentarismo francês foi muito maior
do que os “filmetes” não-ficcionalizantes produzidos em caráter experimental pelos irmãos
Lumière. O gênero passou por mãos que o modificaram a cada dedilhar de câmera, a cada
planejar de roteiro, a cada sede por desafios. Um dos grandes nomes dessa construção
documental foi Jean Rouch, que levou ao espectador o olhar de participante da cena, com
recursos de câmera de mão. Um dos exemplos dessa habilidade de Jean Rouch pode ser
observado no documentário etnográfico Les maître fous, em 1956, quando o documentarista
parece participar do transe junto à tribo africana. O olhar da realidade é tão forte que a sensação
de quem assiste é de estar dentro da cena, sendo quase “possuído”.
O método de Rouch e de Leacock são formas de aproximação da realidade através do
documentário, utilizando-se equipamentos portáteis com som síncrono. O método do
Cinémà Verité” (de Rouch) implicava em alguma medida uma interferência
assumida pelos realizadores sobre os acontecimentos, um envolvimento com o
assunto. (SOUZA, 2001, p.260)
6
Shoah, dirigido por Claude Lanzmann, foi finalizado em 1986 após 11 anos de produção.
26
Mas Jean Rouch foi precedido por outros grandes nomes, como Georges Roquiet, que
em 1942 filmou o documentário Le Tonnelier, que mostra como é construído um tonel. A obra
utiliza animações que, para a época, eram o máximo em efeitos especiais. Além disso, o
documentarista utiliza elementos de mise en scène, como recurso de contextualização no roteiro.
Ao mesmo estilo de produção da obra de Roquiet foi o filme Les sabotier du val de
Loire, de Jacques Demy, em 1956. A obra mostra como são fabricados os tamancos de madeira
tradicionais na região do vale, misturando ficção, emoção e realidade.
Outro grande exemplo da produção documental francesa foi a obra Oh saisons, Oh
chateaux, de Agnès Varda, em 1956. O filme utiliza intensamente os recursos de mise en scène,
a começar na cena de abertura, quando jardineiros apresentam um “ballet” com seus carrinhos
de mão e seus rastelos na tarefa de juntar as folhas dos gramados. A obra serviu como uma
ferramenta de divulgação turística, mostrando ao mundo os castelos da França. O filme foi
financiado pelo Governo da França e era destinado à exibição em salas especiais, que podem ser
comparadas à televisão dos dias atuais.
A França possui uma das mais importantes indústrias de produção documental do
mundo. Suas obras são quase totalmente financiadas através de concursos públicos, e destinadas
à exibição em emissoras de televisão e em circuitos especiais destinados às obras documentais.
Seus produtos audiovisuais ainda servem de modelo para os novos movimentos e seus teóricos
alimentam diversas pesquisas que acontecem, simultaneamente, em vários centros de pesquisas
acadêmicas sobre a produção audiovisual documental.
Outra escola que marcou presença na história do documentário foi a inglesa, que trouxe
à tona importantes nomes, como John Grierson. Seus métodos de captação de recursos seguiram
pelo espaço da iniciativa privada, tendo diversas empresas ocupando a posição de financiadoras
dessas obras. Uma de suas obras importantes para o cenário do audiovisual foi no filme Night
Mail, produzido pelo grupo experimental GPO – General Post Office Unit, criado em 1936 pela
Empresa Britânica de Correios e Telégrafos. O documentário mostra literalmente como é o
percurso da distribuição de correspondências na Inglaterra, como um olhar de dentro do vagão.
O trem atravessa a Inglaterra de Londres a Glasgow durante a noite, separando e entregando as
cartas. Em um de seus artigos, o brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhou na obra ao lado de
Grierson, comenta o efeito Night Mail como um fenômeno do cinema documental. Segundo
Cavalcanti (1972, p.74), “só na Grã-Bretanha mais de mil cinemas passam Night Mail, e os
27
espectadores aplaudem longamente, enquanto o filme comercial, que o acompanha, termina
numa indiferença e num silêncio completo”.
Com o desenvolvimento da ficção e, conseqüentemente, o surgimento de diversos estilos
e estéticas, o documentário ganhou basicamente duas definições de estilos: o cinema direto
7
e o
cinema vérité
8
, ambos documentais. Tais definições referem-se às formas de captação de
informação, com a participação ou não do entrevistador.
Com o tempo, ainda na década de 1920, o documentário passa a ganhar um ar poético
consistente, o que possibilita ao gênero uma nova voz. As produções documentais passam a ter
um caráter de entretenimento, além de ser responsável por registros históricos e informativos.
Mas, como define Nichols (2005, p.123), “o potencial poético do cinema, no entanto, continua
quase totalmente ausente no ‘cinema de atrações’, em que a ‘exibição’ tem prioridade sobre a
‘fala poética’”. Grierson influenciou diversos movimentos documentaristas, inicialmente na
Inglaterra e posteriormente no documentário canadense, apesar de estar paralelo,
cronologicamente, ao russo Dziga Vertov e os movimentos artísticos audiovisuais que seu país
vivia.
John Grierson tornou-se o principal inspirador dos movimentos britânico e, mais
tarde, canadense, no campo documentário. Apesar do exemplo valioso de Dziga
Vertov e do cinema soviético em geral, foi Grierson quem assegurou um nicho
relativamente estável para a produção de documentários. (NICHOLS, 2005, p.119)
Ao mesmo tempo em que a poética chega ao documentário, o mesmo ganha caráter
educativo, como as obras realizadas entre 1922 e 1931 pelo brasileiro Canuto Mendes
(SALIBA, 2003), seguido por Humberto Mauro, que esteve à frente do INCE
9
, criado em 1936.
Segundo Leite (2005, p.39):
O novo órgão começou a funcionar no mesmo ano, com a colaboração do mais
importante diretor de cinema nacional, Humberto Mauro, que, na condição de
7
Cinema direto é o estilo adotado pelos Estados Unidos para a realização de produções documentais, onde o
equipamento é leve e móvel e possui como características marcantes a ausência do cineasta e de narração (Winston
apud Mourão & Labaki, 2005, p.16).
8
Cinéma Vérité (cinema de verdade) tem sua origem na França simultaneamente ao surgimento do cinema direto
nos Estados Unidos (NICHOLS, 2005, p.155). É marcado por uma equipe enxuta e a permissão do cineasta e de
seu equipamento nas imagens, como pode ser percebido em “Cabra marcado para morrer”, de Eduardo Coutinho.
9
O INCE – Instituto Nacional de Cinema Educativo foi fundado em 24 de fevereiro de 1936. Seu primeiro diretor
foi Roquete Pinto.
28
funcionário do órgão, produziu e dirigiu Brasilianas, uma das principais series de
documentários realizadas no país.
Outro estilo, dentre vários, empregado e fortemente presente no documentário é o
jornalístico ou expositivo, o mais comum, onde o documentarista utiliza-se de técnicas
jornalísticas para produzir sua argumentação. Tal estilo pode ser comprovado nos primórdios do
Globo Repórter, que contou com a participação de Eduardo Coutinho, dentre outros cineastas
brasileiros. O documentário expositivo possui a objetividade característica das apurações
jornalísticas, assim como seu distanciamento com relação ao julgamento do que está sendo
falado, assim como a lógica e o caráter informativo. Nichols (2005, p.143) defende que “os
documentário expositivos dependem muito de uma lógica informativa transmitida verbalmente”,
ou seja, a presença do entrevistador e de seus entrevistados.
3.1.2. Percalços do documentário brasileiro
Apesar da força do cinema internacional, o documentário sobreviveu, até mesmo por
causa dos movimentos internacionais, que preferiam explorar a produção ficcional. Um dos
grandes pólos que foi Hollywood, que dedicou-se fortemente ao gênero, restando ao cinema
nacional apenas o documentário. Além disso, a produção de documentários requer menos
investimentos devido à sua estética e sua narrativa.
Neste período, um dos métodos de produção foi intitulado como “método da cavação”,
onde cineastas se dedicavam à produção de obras encomendadas por governantes ou
empresários com fins de fortalecimento perante a opinião pública. Com o lucro da obra
“vendida”, o cineasta dedicava-se às produções que realmente queria realizar, de forma
ficcional. Com isso, o cinema nacional sobreviveu à força de Hollywood. Como revela Leite
(2005, p.32):
Ao longo dos anos 1920, a produção de cinejornais e documentários foi fundamental
para manter o cinema nacional. No entanto, a situação não era confortável, pois
faltavam apoio e estrutura. O cinema brasileiro continuou a sobreviver por meio de
ações desconexas, fruto da dedicação de alguns abnegados que descobriram o
“método cavação” para continuar a desenvolver seus projetos. A cavação consistia
em realizar filmes institucionais e cinejornais, denominados filmes naturais, e, com os
29
lucros obtidos nesses projetos, realizar projetos cinematográficos pessoais: os filmes
de ficção.
Tal estilo assemelha-se à obra “o triunfo da vontade,” de Leni Reifensthal, encomendado
por Hitler para mostrar à nação e aos seus oponentes o poderio e o convencimento que o
movimento nazista possuía naquele momento. A obra foi financiada pelo governo alemão, que
buscava naquele momento apoio da população aos planos preparados por Hitler. No Brasil, o
mesmo efeito ocorreu com o “método da cavação”, que contou com diversas produções, dentre
elas a de José Medina, que produziu diversos cinejornais retratando as realizações do governo
paulista, de 1921 a 1930, e no Rio de Janeiro pelos irmãos Alberto e Paulinho Botelho (LEITE,
2005, p.32).
3.2. Uma nova era para o documentário brasileiro
3.2.1. O DOCTV abre espaço para documentários na televisão
O fomento à produção audiovisual no Brasil não segue, simplesmente, uma tendência
natural, apesar de alguns acreditarem ser esse um movimento resultante de mudanças na
linguagem dos filmes de realidade. Diversos projetos, dentre eles o DOCTV, empurram a
produção documental para a ascensão.
O DOCTV, um projeto lançado em agosto de 2003 através de uma parceria entre a TV
Cultura de São Paulo (Fundação padre Anchieta), o Ministério da Cultura e a ABEPEC -
Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, nasceu com o objetivo de
incentivar documentaristas de todo o Brasil em produções regionais que retratassem os Estados
brasileiros. Sob a coordenação do secretário do Audiovisual, do Ministério da Cultura, Orlando
Senna, o projeto beneficiou projetos escolhidos com verba de produção e estrutura.
Logo no primeiro ano, o projeto recebeu apoio da ABED – Associação Brasileira de
Documentaristas e conseguiu finalizar o ano com 26 documentários produzidos, em co-
produções de emissoras públicas e produtoras independentes. Dessa forma, regiões até então
desconhecidas pelo resto do país, evidentemente fora do eixo audiovisual Rio – São Paulo,
ganharam espaço no arsenal de informações de pessoas que puderam assistir às suas exibições
30
na televisão aberta, pois, com as obras em mãos, foi programada uma série documental pra
exibir todos os filmes. A série “Brasil Imaginário” apresentou os 26 filmes de 20 Estados
diferentes durante o ano, estendendo a programação para a maioria das emissoras públicas do
país. Através desse projeto, diversas regiões puderam ser retratadas em massa, transformando-os
em novas informações para o resto da população, realizando, assim, o principal objetivo do
filme documentário: o de documentar.
Não é senão à base do documentário, tratando de temas utilitários, que o nosso
cinema representará o seu papel na vida do Brasil, como devem representar a
imprensa, o rádio e a televisão. (...) Sem o cinema, não pode existir, hoje, uma grande
nação (CAVALCANTI, 1972, p.75).
O projeto acabou sendo considerado uma saída para o fomento do documentarismo
brasileiro, e repetiu-se em 2004 com o mesmo número de produções finalizadas. A iniciativa se
assemelha bastante com a produção audiovisual francesa, que recebe o envolvimento da TV5 e
de órgãos governamentais no financiamento, na produção e, posteriormente, na exibição.
3.2.2. Kiko Goifman e o tele-documentário brasileiro
Mineiro de Belo Horizonte, Kiko Goifman contribuiu com mudanças sobre o olhar
documental brasileiro da atualidade com a obra 33, um documentário multimídia que teve como
aporte o jornalismo, a televisão e a Internet.
Goifman relata seus 33 dias à procura de sua mãe biológica, uma luta contra o tempo,
marcada por frustrações e ilusões. Enquanto isso, imagens e situações reais são registradas, com
enquadramentos que lembram, em alguns momentos, de um voyeur, um observador. E, a todo o
momento, o objeto observado por Kiko Goifman é ele mesmo à procura de seu passado.
Um filme como ‘33’ supõe --por parte do documentarista-- um risco grande, porque
realmente ele não sabe que filme ele vai poder fazer. É só no final da filmagem que
ele vai conhecer o resultado de seu material. É um documentário que trabalha com o
princípio da incerteza.O que é diferente do documentarista tradicional, que opera
sobre situações estáveis e que vai dispor delas -- documentários sobre um quadro, o
ateliê de um pintor, pessoas na rua etc.-- durante todo o tempo da realização do seu
filme. (BERNARDET, 2004)
31
Mas o que Kiko Goifman realiza, além de uma nova linguagem que mistura a ficção com
a realidade, claramente misturada, está na estrutura tecnológica utilizada. A obra possui fatores
interessantes que servem como um divisor de águas dentro do documentarismo brasileiro.
Goifman utiliza durante todo o período de filmagem uma câmera digital, algo que vai se chocar
com as tradições documentais no Brasil, que ainda alimentam o romantismo da película. Outra
novidade que Kiko Goifman traduz na obra é a secundagem. O documentário, de caráter
híbrido, foi produzido pensando em salas de cinema, mas com a possibilidade de ser exibido na
televisão. Para isso, Goifman, além de projetar um filme com captação limitada a 33 dias,
finalizou a edição com exatos 52 minutos, o que possibilitou a exibição em canais de televisão
aberta com uma hora de programação. Ou seja, enquanto todos os grandes documentaristas
constroem seus roteiros com secundagem livre graças à intenção de exibi-los em salas
alternativas de cinema, Goifman pensou em dividir a obra com as pessoas que não possuem
acesso a essas salas, restritas às capitais e que atingem pouca bilheteria. Esse formato cada vez
mais presente na produção audiovisual de documentários resulta de uma movimentação do
mercado de produção audiovisual da década de 70, impulsionado pela British Broadcast
Corporation (BBC), passando a utilizar equipamento analógico com sistema de vídeo Hi8,
antecessor do atual Hi8D.
Os ecos da experimentação continuam soando até os dias atuais. Em setembro de
1994, a British Broadcast Corporation (BBC) concordou com a produção de uma
série intitulada “Russian Wonderland” que merece um destaque pela inovação
tecnológica introduzida. Adam Alexander elaborou contrato de produção com a BBC,
baseado nas potencialidades do sistema de vídeo Hi8, um equipamento analógico
com uma fita de 8mm de largura, compacto e com grande possibilidade.(...)
Tecnologicamente, é possível perceber os ecos da década de 70, agora nas
transformações trazidas pelos sistemas digitais. (SOUZA, 2001, p.258)
Apesar dessa nova visão, 33 acabou sendo aceito pela comunidade cinematográfica
brasileira da mesma forma que seria se tivesse sido captado em película. Venceu concursos
importantes, como o Festival É Tudo Verdade, na edição de 2003, concorrendo com diversas
obras captadas em 35mm de igual para igual. A obra, no entanto, foi finalizada com um custo
inferior às produzidas em película, o que viabilizou a produção com poucos apoios financeiros e
32
permitiu que suas experiências fossem transmitidas na totalidade. O documentário “33” foi,
certamente, um divisor de águas para o documentarismo nacional.
Chego a ter a impressão --possivelmente errada-- de que talvez "33" seja a única
produção brasileira que realmente realize isso. Dessa forma, eu o vejo um pouco
como um filme-manifesto que deve ser levado em conta pelos outros
documentaristas. Para mim, ‘33’ representa novos horizontes para o cinema
documentário. (BERNARDET, 2004)
Sua obra foi financiada por empresas, com o apoio das leis de incentivo à cultura, do
Ministério da Cultura. Mas a maior condição de viabilidade do projeto está no suporte de
captação digital, que proporcionou a Goifman uma maior mobilidade na produção, além de uma
melhor edição final dentro dos custos possibilitados pelas leis de incentivo. Como um de seus
destinos foi a televisão, a produção digital não representou, em momento algum, obstáculo para
exibição, pois estava dentro da qualidade esperada pelo meio.
Provavelmente deve haver alguma diferença em termos de filmes eletrônicos (vídeo),
principalmente considerando-se que existem diferenças significativas de preços entre
os diferentes formatos de sistemas de vídeo, bem como entre as formas de finalização
escolhidas (linear ou não-linear). (SOUZA, 2001, p.267)
A iniciativa de Kiko Goifman em produzir um documentário tendo em vista a tela da
televisão foi tão louvável quanto a transparência em expor sua intimidade familiar, e em
utilizar-se da mídia para envolver ainda mais os futuros espectadores, numa produção
multimídia que envolveu produção digital, Internet, jornal impresso e televisão, todos em busca
de sua mãe biológica, ou de pistas que pudessem aproximá-lo da revelação.
3.2.3. As leis de incentivo e os resultados na prática
O incentivo à cultura tem movimentado o mercado audiovisual no Brasil. Desde a
publicação das leis de incentivo à cultura
10
, o cinema nacional ganhou novo aporte de
financiamento. Através dessas leis, o Governo Federal promove uma renúncia fiscal de parte
10
Esse benefício apóia-se nas Leis no. 8.685/93, Art. 39 e 41 da Medida Provisória no. 2.228-1/01, Lei no.
10.179/01 e na Lei no. 8.313.
33
dos impostos a receber, e as empresas interessadas em apoiar projetos deixam de pagar parte de
seus impostos à Receita Federal, direcionando essas cifras a projetos previamente aprovados
pelo Ministério da Cultura.
Uma das vantagens vistas pelas empresas, ao financiarem um projeto cultural, é a
visibilidade da marca. Ao invés de investir em espaços publicitários convencionais, a
visibilidade fica estampada, de certa forma gratuitamente, em produtos culturais, ou seja, em
produtos que agregam valores, de fato. Porém, essa realidade é combatida por críticos da lei,
que consideram uma apropriação de valores e imagens. Segundo Leite (2005, p.134):
Os críticos da Lei do Audiovisual advertem que empresas privadas investem no
cinema brasileiro por meio de mecanismos de renúncia fiscal, ou seja, dinheiro
público. Assim a produção de filmes é feita com capital oriundo de impostos que são
direcionados pelas empresas, as quais emprestam apenas a sua grife. Além desse fato,
grande parte do patrocínio ao cinema nacional vem de empresas estatais, como a
Petrobras.
Apesar dessas críticas, o Ministério da Cultura, sob intermédio de relatório de projetos
ativos
11
(anexo 13) publicado em seu site e desenvolvido pela ANCINE – Agência Nacional do
Cinema, apresenta dados que fortalecem as leis de incentivo à cultura como um agente
propulsor do cinema nacional na fase em que vive. Segundo dados apresentados, entre 1995 e
2005, período pesquisado, foram aprovados 689 projetos audiovisuais, sendo que 58,2% ainda
estão em fase de captação, o equivalente a 401. Esta etapa é considerada, aliás, uma das mais
difíceis, pois envolve contatos, propostas e experiências na tarefa. Em palestra na agência sede
do Sebrae São Paulo, em julho de 2003, representantes do Ministério da Cultura declararam que
o momento da captação é o mais crítico do processo, pois exige do representante da obra uma
maior visão mercadológica, ao invés de um entusiasmo cultural. Para isso, empresas paulistanas
se especializam em formatação de projetos e captação de recursos para produtos culturais, a fim
de atender essa demanda de mercado.
Outra estatística que reforça esse problema refere-se aos valores aprovados. Desde 1995,
foram aprovados projetos que somam uma renúncia fiscal de R$ 1,4 bilhão de reais. Porém,
11
Disponível em http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3243&sid=811. Acessado em
13/07/2006.
34
desse total, apenas 23,4% foram captados. O restante ainda disputa empresas que se interessem
pelas oportunidades oferecidas pelas leis de incentivo à cultura.
Dados apresentados no relatório também reforçam que a maior parte dos projetos é
constituída por longas-metragens, o equivalente a 79,5% do total. Além disso, o gênero de
maior participação dentre os projetos ativos, que totalizam 297, atualmente, o equivalente a
59,9% são do gênero ficção, contra 36% do gênero documentário e 4,1% constituído de
animações. Esses números refletem um crescente interesse pela Rede Globo de Televisão,
através da Globo Filmes, pelo cinema nacional. Tal interesse é comentado por Leite (2005,
p.136), para quem:
O cinema nacional vive uma nova fase. Neste contexto, pode-se afirmar que
experimenta uma etapa peculiar no processo de retomada que teve início com as leis
de incentivo fiscal. Depois de um período de “deslumbramento” em relação ao
mercado, isto é, uma fase em que qualquer um poderia fazer cinema, desde que
conseguisse obter patrocínio, emergiu um novo contexto: de um lado o cinema que
necessita sobreviver num mercado enxuto de investimentos da iniciativa privada, de
outro, um cinema de sucesso e grande bilheteria, produzido principalmente pela
Globo Filmes.
Apesar desse crescimento de mercado e da participação da Globo Filmes, empresa ligada
à Rede Globo de Televisão, neste processo, apenas uma pequena parte das produções nacionais
utiliza recursos tecnológicos digitais. O restante utiliza estrutura cinematográfica destinada a
salas de cinema, ao invés de apostar e experimentar uma convergência tecnológica. Segundo
dados apresentados no relatório, dos 110 projetos já finalizados no período analisado, apenas 17
foram destinados a televisão ou home vídeo. O restante, a maioria de 93 obras, destinou-se a
salas de cinema, o que demonstra, de certa forma, uma resistência às novas tecnologias
oferecidas.
As estatísticas apresentadas representam um monopólio nas produções audiovisuais, que
beneficia os que possuem aproximação com os novos “detentores do poder cultural“ no Brasil:
os homens do marketing das empresas, como cita Leite (2005, p.134):
É esse profissional que decide o projeto que deve ser aprovado. O que condiciona a
sua decisão é, principalmente, a imagem institucional da empresa – esta nem sempre
caminha lado a lado com um bom filme. Alguns casos são reveladores: Nelson
Pereira dos Santos, por exemplo, não consegue financiamento para produzir seus
filmes e Arnaldo Jabor não só não consegue como desistiu de fazer filmes. O
35
“homem do marketing” substituiu, na prática, a figura do produtor, uma peça da
indústria cinematográfica fundamental para que ela exista como tal.
No período estudado pela ANCINE, o correspondente a 24,5% do montante captado foi
destinado a obras de apenas cinco empresas, que lideram o ranking financeiro do relatório.
Mas esse monopólio também pode ser visto no que se refere à concentração de
produções geográficas do cinema nacional, atualmente. De acordo com o relatório divulgado
pela Ancine, 89,7% dos projetos com valores captados são provenientes da região sudeste,
transformando o cinema nacional em um cinema da cultura sudeste. Desse total, 62,3%
corresponde a obras realizadas por produtores do Rio de Janeiro, seguido de 27,4%
correspondente às obras de São Paulo.
36
4. A INTERNET COMO UM NOVO AMBIENTE
COMUNICACIONAL
4.1. Reflexos da mudança
O mundo vem sofrendo modificações substanciais desde o surgimento da rede
internacional de computadores, a Internet. O que era considerado espaço vinha ao lado de uma
delimitação física, visível ou não, mas de forma existencialista. Com as mudanças, o que era
delimitado passou a ser virtual. Esse espaço recebeu o nome de ciberespaço, algo ainda
estudado, mas com uma definição praticamente consolidada. Essa definição parece obvia para
os que nasceram na geração multimídia, e de fato é, pois essas pessoas desconhecem o espaço
sem a cibercomunicação. Segundo Lévy (1999, p.92):
Eu defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão
mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o
conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes
hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações
provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação
digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e
tratável em tempo real, hipertextual, interativo.
Para compreender o ciberespaço, deve-se pensar num mundo sem a rede de
computadores, sem a tecnologia binária conectando pessoas, culturas e mensagens. Um mundo
que vivia uma relação de comunicação tradicional, onde as mensagens transmitidas pelos meios
de comunicação conseguiam, no máximo, uma lenta ou limitada interatividade (refere-se a uma
interatividade parcial e precária, conseguida pelo telefone). Para se obter maiores recursos de
comunicação, o melhor era a televisão, um dos maiores inventos da humanidade (Vilches,
2001).
Mas a busca incessante do homem pela superação fez com que um novo ambiente de
comunicação surgisse. Um meio em que a rapidez nas mensagens, a dupla, tripla e, muitas
vezes, polidireção serviriam a humanidade de uma estrutura mais rápida, avançada e eficaz de
envio e recepção de informações e dados. Um espaço em que a realidade tomou uma dimensão
maior do que ela mesma, quando o real tornou-se possível em tudo o que estivesse dentro das
37
limitações tecnológicas e da crescente necessidade humana. Com defende Vilches (2001,
p.134):
Ao contrário do que muitos pensam e divulgam, o ciberespaço não é apenas o
território dos sonhos das tribos ciberpunks, nem se origina exclusivamente das
tecnologias e da informática; trata-se, sim, de um novo espaço social de
comunicação, que afeta a concepção do eu e do outro. Esse novo espaço de
pensamento (o contexto da ubiqüidade informática) e a percepção da dimensão
humana estão delimitados pelo discurso dos meios e pela coabitação com as novas
formas, ou hiper-realidade.
O ciberespaço provém do sonho humano. Quando se pensava em ficção científica, em
tele-transporte, na comunicação audiovisual em tempo real de dentro da própria casa o homem
já expunha suas maiores expirações, seus maiores desejos. Filmes como “2001: uma odisséia no
espaço” e “Tron” mostram de forma clara o que o homem esperava, e ainda espera, da evolução
tecnológica. E tudo isso demonstra que a sociedade ainda tem muito o que descobrir deste novo
espaço de vida, desse campo virtual.
Percebem-se dificuldades atuais de se compreender o que é o ciberespaço, um mundo
novo, virtual, hiper-real, presente em diversos momentos. Uma viagem aparentemente sem fim
por fios condutores, ondas provenientes das teorias de Hertz e Maxwell, presentes na
comunicação wireless. Um mundo novo e aparentemente semelhante aos já existentes e
presentes no cotidiano. Mas de que forma o receptor decodifica as informações binárias que
navegam por esse emaranhado de circuitos, isso ainda não se sabe ao certo.
A compreensão imersiva do ciberleitor difere de todas as outras. Uma leitura não
seqüencial, livre, de mão dupla. Uma comunicação interativa, exigida pelo usuário do mundo
digital. Essa nova forma de se comunicar construiu um perfil moderno, ajustado de acordo com
as exigências da rede. Nela, mente e corpo trabalham juntos, realizando diversas tarefas ao
mesmo tempo, como ouvir música, se alimentar, ler um livro digital e, simultaneamente,
responder a um contato feito em tempo real por janelas virtuais do tipo ICQ ou MSN. O novo
receptor/emissor passou a ser multimídia. Para Santaella (2004, p.33):
Não é mais tampouco um leitor contemplativo que segue as seqüências de um texto,
virando páginas, manuseando volumes, percorrendo com passos lentos a biblioteca,
mas um leitor em estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos, num roteiro
multilinear, multidisciplinar multiseqüencial e labiríntico que ele próprio ajudou a
38
construir ao interagir com os nós entre palavras, imagens, documentação, música,
vídeo etc.
Tal versatilidade exige novos caminhos para se conseguir realizar processos de
comunicação. E, para burlar as dificuldades de se comunicar nesse versátil ambiente, surge a
interatividade. Com ela, o usuário passa a interagir no processo de forma mais observada, com
decisões que podem modificar a condução dos sinais. A interatividade é uma característica nata
do usuário digital, que espera participar de todo o processo, expressando desejos e decisões.
Mas não basta, para o usuário, um processo interativo que se utilize apenas dos
recursos tradicionais textuais. É preciso imagem, áudio, audiovisual. É preciso ter opções que
integrem todas essas ferramentas de comunicação do ciberespaço. Através delas, o usuário
constrói sua leitura e responde de sua própria maneira, participando ativamente do processo da
informação. Com o audiovisual na Internet, aumenta-se a possibilidade de aproximação do real,
do reconhecido pelo usuário em seu ambiente natural, da vida.
4.2. Traços tecnológicos
O processo é novo e evolutivo e ainda pouco se conhece desse novo usuário,
naturalmente multimídia. Ao mesmo tempo, convive-se com limitações tecnológicas que
determinam a utilização ou não dos recursos existentes. Segundo definições do português
Deusdado
12
, “a Internet como plataforma de integração, incorpora, cada vez mais, uma miríade
de equipamentos estruturais e terminais que vão respondendo, quase sempre em défice, às
necessidades de computação e mobilidade da sua comunidade
.
Apesar da difusão da banda larga, ainda se convive com complicadas conexões
tradicionais via telefone, com altos custos e lentos processos. Além disso, depara-se com
equipamentos obsoletos sendo utilizados pelos usuários, ainda excluídos da alta tecnologia
oferecida.
12
Disponível em: http://wiki.di.uminho.pt/wiki/pub/Doutoramentos/SDDI2004/SergioDeusdado-
SimposioDoutoraldoDIjan2005.pdf Acessado em 22/05/2005.
39
Um vídeo de dois minutos, salvo na extensão WMV, a mais utilizada, chega a possuir
quase 4 mb de tamanho. O mesmo vídeo, em Quicktime, que oferece melhor qualidade de áudio
e vídeo, apesar de pouco comum, chega a obter 6 mb. Arquivos como esses, transmitidos via
banda larga de 128 kbps, demoram algo em torno de seis minutos para que o processo seja
completado. Obras de 26 minutos inviabilizam, hoje, o seu processo de recepção devido ao
tamanho de arquivo.
A tecnologia de transmissão streaming, por sua vez, limita o processo, apesar de
agilizar a recepção do arquivo. Tal tecnologia ainda não é oferecida por todas as empresas de
hospedagem. Com a tecnologia streaming, o download é realizado, mas ao mesmo tempo em
que a imagem é exibida.
Uma das aplicações que, no passado recente, mereceu maior atenção da indústria e da
academia foi o streaming de vídeo, com aplicações diversas desde a Internet TV, as
videoconferências e o video-on-demand (VOD), e que se coaduna completamente
com os fundamentos das comunicações multicast
13
.
Outro grande fator limitador está na tecnologia de produção. O áudio de materiais
produzidos em extensões para a Internet costuma ser de baixa qualidade, perdidos no processo
de renderização do material, aliado ao vídeo, também limitado pela definição de imagem.
4.3. A geração participativa
4.3.1. O homem e a comunicação invisível
A lembrança do dia em que a Internet apareceu é marcada pela sala de bate-papo. Como
era estranho e, ao mesmo tempo, fascinante conversar com alguém que não conhecia. Aquela
forma de relacionamento era nova
e, ao mesmo tempo, promissora. A partir daquele momento o
homem iniciava um ciclo de descobrir coisas, lugares, pessoas, enfim, ganhava uma extensão de
seu espaço de vida.
13
Disponível em: http://wiki.di.uminho.pt/wiki/pub/Doutoramentos/SDDI2004/SergioDeusdado-
SimposioDoutoraldoDIjan2005.pdf Acessado em 22/05/2005.
40
A reação foi comum a de muitas outras pessoas que viveram o mesmo momento, ou de
outros momentos da humanidade, pois a tecnologia provoca surpresa e fascínio com suas
constantes reformulações. O novo já surge obsoleto, tamanha a velocidade da evolução
tecnológica, fazendo com que cidadãos de um mundo mecânico ou elétrico sejam “atropelados”
por tais mudanças nas formas de agir e pensar, ou mesmo de medir distâncias, se é que elas
existam a partir de um pensamento virtualmente claro e, muitas vezes, com relativa realidade.
Tal rapidez é definida por McLuhan (2005, p.12), para quem:
Hoje, as tecnologias e seus ambientes conseqüentes se sucedem com tal
rapidez que um ambiente já nos prepara para o próximo. As tecnologias
começam a desempenhar a função da arte, tornando-nos conscientes das
conseqüências psíquicas e sociais da tecnologia.
No final do século XIX, com a criação da cadeia de “rádios”, chamada Wireless
Telegraph and Signal Company, do italiano Guglielmo Marconi (BRIGGS & BURKE, 2004,
p.190), o mundo passou a se comunicar em tempo real a distâncias cada vez maiores, passando,
assim, a obter os primeiros contatos com uma relação virtual que substituía as tradicionais
cartas, que demoravam a chegar. Através da rede de rádios impulsionada por Marconi, as
pessoas ficaram próximas e começaram a viver virtualmente, criando e imaginando os
personagens do rádio e suas vozes de ouro.
Tempos depois, em 1948, com a chegada da televisão (STRAUBHAAR & LAROSE,
2004, p.93), essa comunicação virtual ganhou imagem e movimento, desconstruíndo alguns
sonhos e “materializando” outros. A partir da televisão, a sociedade passou a ter contato, mesmo
à distância, com
realidades ou sonhos presentes no cotidiano. Através dela, a comunicação
ganhou movimento, cor e vida, diferente, inclusive, à proporcionada pelo meio antecessor, o
cinema, impossibilitado de exibir imagens em tempo real. Apesar disso, os receptores da
comunicação televisiva daquela época, mesmo com tantos avanços, eram capazes apenas de
imaginar a comunicação em apenas uma via e, claro, com as limitações de interatividade e de
recursos.
O desenvolvimento tecnológico causou medo e deslumbre nas gerações que assistiam
seu surgimento, ao mesmo tempo em que conviviam naturalmente com as novas gerações, que
cresciam simultaneamente. A árvore adulta não consegue se acomodar facilmente à disputa
41
espacial, enquanto as duas mais novas se ajeitam e convivem entre si com maior elasticidade.
Da mesma forma, a televisão foi inicialmente motivo para pessoas relutarem em aceitá-la,
desconfiadas sobre seus efeitos e suas conseqüências, como é ilustrado no filme Quiz Show – a
verdade dos bastidores
14
, em que um dos mais importantes escritores daquele contexto recusa-se
a sequer assistir à televisão numa mistura de medo e desconfiança com relação àquela caixa de
imagens que surgira para invadir seu cotidiano mais íntimo: a sala de estar.
Com o surgimento da televisão a cabo no fim da década de 1970 (STRAUBHAAR &
LAROSE, 2004, p.99), outra revolução foi criada, desta vez com menor intensidade. A partir
disso, surgiram nas telas imagens e culturas provenientes de outras nacionalidades, intervindo
no cotidiano do espectador com mais força que a tradicional televisão aberta, por mais
importado que fosse seu conteúdo. Ainda assim, a relação homem/máquina existia de forma
limitada, e a transmissão de dados estava próxima de um salto quase tão violento quanto à
descoberta da energia elétrica: a descoberta dos poderes do silício e seu subproduto, o chip.
Com essa minúscula peça, capaz de armazenar milhões de códigos binários, a sociedade
passou, gradativamente, a conviver de forma necessariamente íntima com o computador, suas
ferramentas e possibilidades.
Do simples equipamento pessoal e seus disquetes enormes, surgiu a comunicação inter-
computadores pessoais, com a inicial utilização da linha telefônica e interfaces cada vez mais
diferentes, adequando-se através de múltiplas tentativas ao olhar humano e sua capacidade de
busca num novo campo. Graças a esta interligação de equipamentos, surgia a comunicação
virtual entre civis que, a bordo de seus computadores pessoais, passaram a navegar e se inter-
relacionar com pessoas na outra, ou nas outras pontas, do canal comunicacional criado pela rede
internacional de computadores. Aqui quebra-se o contrato estabelecido pela comunicação face-
a-face definida por Thompson (1995, p.78). O indivíduo se vê dentro de um outro espaço,
virtual, que não depende do espaço ou do tempo, virtualmente ilimitados, assim como o direito
de ir e vir, virtualmente, para os que possuem acesso à Internet. Acompanhando o dinamismo o
indivíduo cria uma nova língua, repleta de abreviações e de novas combinações de letras que
14
O filme Quiz Show - a verdade dos bastidores, de 1994, retrata os bastidores de um programa de televisão e
como ele se relacionava com os cidadãos da época. Dirigido por Robert Redford, a obra também faz uma crítica às
práticas excessivamente manipuladoras que atingiam a sociedade, assustando-a em alguns casos mais
conservadores.
42
agilizam a comunicação. Em meio a essa nova onda cultural nasce, perpetuando-se em uma
nova geração de cidadãos, agora mundiais, a geração multimídia.
4.3.2. A tecnologia e o homem
O homem vem se relacionando com a tecnologia desde que deixou de ser a presa para se
tornar o caçador, quando descobriu que um bastão poderia derrubar seu adversário e que a
madeira ou a pedra, quando friccionadas, poderiam provocar uma chama luminosa capaz de
aquecer o ambiente. O espanto esteve presente, junto ao fascínio de ver o novo surgir. Do
contrário, todas essas acidentais invenções teriam sido deixadas de lado, e o homem talvez
estivesse fugindo de seus predadores.
Quando pensamos em tecnologia, temos em mente algo transformador, diferente e que
sirva para substituir ou aliviar determinada tarefa antes executada pelos seres humanos de forma
rudimentar. A tecnologia funciona como se substituísse ou fosse relacionadas ao corpo humano.
Como define Wiener (1956, p.33), “(...) são máquinas para realizar alguma tarefa ou tarefas
específicas, e, portanto, devem possuir órgãos motores (análogos aos braços e pernas dos seres
humanos) com os quais possam realizar essas tarefas”.
Tanto Wiener quanto McLuhan (2005) definem a tecnologia como extensões do corpo
humano. O homem descobriu tais tecnologias para substituí-lo ou capacitá-lo a fazer algo que
suas limitações naturais o deixavam incapazes de executá-las. Podemos aqui incluir o
computador, já que, com ele, as pessoas podem chegar a lugares distantes, “materializar” algo
virtual ou antever cenas que ainda inexistem. Ainda não conseguimos fazer com que estas
máquinas possam substituir a emoção, o raciocínio ou o livre arbítrio, características marcantes
que, provavelmente, foram responsáveis pela evolução humana. Mas a evolução da tecnologia
já é capaz de simular tais características. Para McLuhan (2005, p.17):
Estamos nos aproximando rapidamente da fase final das extensões do homem: a
simulação tecnológica da consciência, pela qual o processo criativo do conhecimento
se estenderá coletiva e corporativamente a toda a sociedade humana, tal como já se
fez com nossos sentidos e nossos nervos através dos diversos meios e veículos.
43
A tecnologia cibernética a qual parte da sociedade está diretamente ligada é
correlacionada constantemente com o sistema nervoso, não somente quando comparadas por seu
funcionamento lógico, mas também no mapeamento de redes, ou da grande rede internacional
de computadores, a Internet. Nela, os nós do caminho, como ocorrem nas ligações neurais, são
citados como estrutura básica de uma ligação em rede, onde cada nó é a bifurcação do caminho
por onde percorre a informação. O computador foi criado para ser semelhante ao cérebro
humano. Segundo Morais (1988, p.143):
Na verdade o computador é um meio artificial de pensamento, criado que foi para ser
o apêndice mais veloz da mente humana. Ele não está limitado a apenas calcular, mas
raciocina também. (...) Contudo, todos os ciberneticistas são unânimes em afirmar
que não se deve admitir a ingenuidade de se supor a máquina de pensar feita para
substituir o homem.
A tecnologia não veio para substituir, e sim para somar, integrar valores e facilidades.
Da mesma forma, se relacionarmos tal citação de McLuhan (2005) com nosso cotidiano e a
realidade tecnológica em que vivemos, podemos perceber que somos realmente “estendidos”
pela tecnologia. Os sentidos podem ser, até certo ponto, expostos, quando entramos numa sala
de bate-papo com câmera e som, ou quando nos relacionamos virtualmente com uma
comunidade virtual. Porém, descobertas revolucionárias sempre provocaram revoltas e
rejeições, com a formulação da teoria da evolução da espécie de Charles Darwin,
desmistificando a teoria bíblica de Adão e Eva, ou a teoria de Cristóvão Colombo de que o
planeta Terra era arredondado, e que navegar pelos mares longínquos não era motivo de temor.
Mesmo nos dias atuais, para alguns teóricos, a tecnologia não é vista com olhos amistosos.
Santos (1999), por exemplo, nos faz interpretar o século XX como o período das promessas não
cumpridas. Para ele:
O século XX ficará na história (ou nas histórias) como um século infeliz. (...). Eu
próprio escrevi que o século XX corria o risco de não começar nunca ou, em todo o
caso, de não começar antes de terminar. Com outras palavras e metáforas a mesma
convicção ou preocupação tem estado presente, consciente ou inconscientemente, nos
muitos balanços do século que, um pouco por toda a parte, se tem vindo a fazer.
(SANTOS,
1999, p.75)
44
Tal insatisfação pode ser proveniente, em parte, de uma expectativa não correspondida
referente à democratização da comunicação. Porém, outro motivo possível do descontentamento
de Santos pode ser resultado de uma incompreensão dessas “promessas”, ou mesmo de uma
inabilidade para conviver com o cumprimento já existente. A mesma crítica não ocorre com as
novas gerações, que nasceram em meio às novas tecnologias, e que convivem naturalmente com
elas. A democratização gradativa aconteceu com a televisão, que no começo estava ao alcance
de poucos, mas hoje marca presença na maioria das casas como parte da família.
4.3.3. A geração participativa
As brincadeiras de rua ficaram esquecidas, o shopping é o parque preferido, a melhor
paquera é a do MSN. Assim pode ser percebida a geração multimídia, um grupo formado por
pessoas que nasceram numa época de mudança, onde valores foram alterados, gostos e hábitos
reconstruídos e ferramentas criadas. Cidadãos que não viram, ou eram pequenos demais para
terem percebido, a difusão do celular, a mudança da televisão de tubo para as novas de tela
plana, ou mesmo de plasma. Computador com mais de 2 gigabytes de disco rígido ou mesmo
um pen drive com a capacidade de quase mil disquetes juntos não são motivo de surpresa para
essas pessoas, que convivem naturalmente com tudo o que vimos atualmente, e veremos em
breve.
Por outro lado, é estranho e difícil para os que não nasceram nesta geração conviverem
com uma tela de computador à frente e diversas janelas do mensageiro instantâneo abrindo, com
várias pessoas querendo conversar ao mesmo tempo e, claro, ouvindo música, lendo, escrevendo
e comendo ao lado do teclado, vivendo “no computador”. A cognição dos nascidos em tempos
passados, os que viram a televisão colorida ser popularizada ou mesmo utilizaram com prazer os
celulares enormes que invadiram o Brasil nos anos 90, é naturalmente limitada para estes
recursos. Não se consegue integrar tudo ao mesmo tempo, sem que algum resultado fique
comprometido, o que não acontece com os pertencentes à geração multimídia, onde isso é um
simples exercício do cotidiano, pois estes cidadãos cresceram convivendo com essa pluralidade
de ações.
45
Num texto publicado na revista Superinteressante, Perillo (2005) constrói uma cena que
demonstra com clareza tal situação, bastante comum na geração multimídia. Uma situação de
harmônica convivência do celular, fonte multimidiática, com seu usuário. Segundo Perillo
(2005, p.14):
Numa danceteria qualquer, o celular vibra. Ele olha, vê a foto da mulher dos seus
sonhos. Eles se encontram. Conversam. Saem. Ele pega o celular e paga a conta. Sem
tirar o aparelho das mãos, programa as músicas que vão tocar ao som do carro, abre a
porta da casa, controla o DVD e, mais tarde, tira uma foto da mulher incrível para ele
poder gabar-se com seus amigos. E, enquanto ela toma banho, ele joga Dragon Quest
em rede.
Parece simplista, mas mostra o quanto a geração multimídia está ligada diretamente e
naturalmente com as tecnologias atuais. Uma geração que não ficou impressionada com a
criação ou mesmo a evolução do chip. Para ela, o chip é tão comum quanto o palito de dente ou
a escova de cabelo. Já para gerações anteriores, tudo isso causou, e ainda causa outras
impressões, como é descrito por Siqueira (1987), quando o mesmo relata uma experiência
pessoal de descoberta tecnológica e da existência de uma nova geração, integrada com os novos
recursos disponíveis. Segundo o autor:
No Japão, eu vi crianças de 3 a 5 anos brincando como computador em jardins da
infância e escolas maternais, descobrindo as funções das telas e comandos que dão
respostas alegres, musicadas com canções de roda a diversos tipos de perguntas ou
jogos coloridos. Milhares de garotos com menos de 10 anos de idade já sabem
programar microcomputadores, e não apenas operá-los (SIQUEIRA, 1987, p.23).
Essa realidade que tanto impressiona os nascidos em gerações anteriores, ou mesmo
intermediárias, é fruto de uma convergência não somente tecnológica, mas também
comportamental. Mas, antes de tudo, é preciso entender o que é essa convergência tecnológica
para, em seguida, compreender como a mudança comportamental está presente nos jovens
cidadãos multimidiáticos. Tal integração tecnológica ocorre em um ambiente comum, e tem o
poder de selecionar entre os cidadãos, dividindo-os em dois grupos básicos: os que têm e os que
não têm acesso à tecnologia digital.
Estudos apresentados pela vice-presidente da Sun Microsystems, a norte-americana Kim
Jones e realizados por sua empresa, revelam uma realidade daquele país com relação à
utilização dos recursos multimidiáticos que demonstra o quanto eles fazem parte dessa nova
46
geração, denominada por ela de geração participativa. Segundo os estudos, atualmente, 92% dos
jovens estudantes norte-americanos acessam a Internet regularmente, e 69% possuem telefone
celular. Ainda de acordo com Jones, fazem parte deste grupo os nascidos entre meados de 1985
e que têm hoje entre 19 e 20 anos, são eles, parte da geração mais conectada, indivíduos
responsáveis pela nova era. A era da participação. Tal realidade outrora foi percebida por
McLuhan, (2005, p.11), para quem “hoje, o jovem estudante cresce num mundo eletricamente
estruturado. Não é um mundo de rodas, mas de circuitos, não é um mundo de fragmentos, mas
de configurações estruturais. O estudante, hoje, vive miticamente e em profundidade”.
Ainda, segundo os estudos, os jovens ficam em média quatro horas em frente aos
computadores, conectados a um ou mais sites, e exigem ferramentas que possibilitem
interatividade nestes endereços eletrônicos, o que demonstra uma geração não somente
multimídia, mas também exigente de participação no processo comunicacional. Mas, com a
convergência tecnológica, essa situação tem se modificado.
A realidade brasileira é um pouco diferente da norte-americana. Em pesquisa publicada
pelo Inep/MEC (Enade 2004)
15
, revela-se que 94,4% dos alunos de universidades privadas
brasileiras concluintes têm acesso à Internet e que 93,4% dos alunos de universidades públicas
brasileiras concluintes têm acesso à rede. Com o crescimento do contato com o ciberespaço nas
escolas, os processos interativos passam a fazer parte de um número ainda maior de cidadãos.
Ao mesmo tempo, tais processos comunicacionais que empregam a interatividade passam a
fazer parte cada vez mais do cotidiano dessa geração, através de programas de entretenimento
exibidos por canais de televisão ou emissoras de rádio e, algumas vezes, através de endereços
eletrônicos publicados por jornais e revistas. Tais processos de interatividade passaram, com
isso, a serem compreendidos naturalmente pelos usuários. Segundo Vilches (2003, p.23-24):
No computador, a interface permite que a máquina se apresente ao usuário de modo
que ele possa compreendê-la. Aqui começa a ação interativa. O modo humano de
aproximar-se da máquina permite uma experiência de gestão, por meio de uma série
de objetos visualizáveis, preparados para interagir. A interface não é um
complemento do ato de ver, como o controle remoto; é o centro da interação a
verdadeira zona de produção das novas relações sociais que regeram o uso da
comunicação digital. Desse modo, a interatividade permite aos usuários usarem as
mídias para organizar seu espaço e seu tempo, e não o inverso, como acontecia com
os meios tradicionais baseados na manipulação das imagens e dos sons, a partir de
um centro emissor.
15
Disponível em http://www.inep.gov.br/informativo/informativo104.htm. Acessado em 06/09/05.
47
Agora, com a interatividade, a comunicação de mão dupla se ampliou e a hegemonia
monopolizadora dos processos comunicacionais tende a sofrer danos. Os usuários possuem
acesso aos blogs, aos fóruns e a diversas outras formas de comunicação para grandes grupos.
Essas novas mudanças remetem à idéia apresentada por Eric McLuhan (2005), durante sua
conferência magistral na V Bienal Ibero-americana de Comunicação, realizada na Cidade do
México, México. O autor definiu o tempo em que vivemos como mais um período de
renascimento. Para ele, um dos maiores da história da humanidade. Um período em que se
tornou desnecessário o contato face a face para que haja interatividade, comunicação de mão
dupla. Sabe-se, apenas, que os nascidos na geração multimídia terão seu lugar garantido.
4.3.4. A dependência da participação
A tecnologia digital está fortemente presente em nosso cotidiano. Não podemos mais
evitar sua penetração em nossa vida, se transformando, inclusive, num critério de seleção entre
quem convive com ela ou não consegue compreendê-la. Porém, para os que nasceram nesta
geração, tudo é mais fácil. Eles já nasceram com a tecnologia como extensão do corpo, e os
recursos multimidiáticos como extensão do cérebro.
Ouvem-se críticas de pesquisadores em congressos, questionando o futuro da fotografia,
por exemplo, com o advento da captação e do armazenamento digital. Segundo eles, graças à
facilidade de apagar e selecionar as imagens, fazendo com que os mesmos deixem de existir. O
mesmo acontece com certas correntes do pensamento educacional que acreditam no videogame
como o responsável pela violência ou mesmo à alienação dos jovens, questionando sobre as
conseqüências futuras que tais ferramentas poderão provocar.
Ao mesmo tempo, existem estudos acadêmicos que tentam provar os poderes da Internet
na evolução cognitiva, responsável pela amplitude do conhecimento. Através dela, pode-se
visitar museus do outro lado do planeta, por exemplo, e isso ocorre com naturalidade na geração
multimídia. Ela sabe procurar, navegar e absorver o que as tecnologias multimidiaticas
oferecem. McLuhan (2005, p.13) dizia que “nós estamos entrando na nova era da educação, que
passa a ser programada no sentido da descoberta, mais do que no sentido da instrução”.
48
Sabe-se, porém, que a alteração, senão evolução, é inevitável. Já vivemos num mundo
em que o delivery de compras é comum, e que diversos setores da sociedade já adotaram a
virtualidade como algo fundamental. Percebemos, através do Orkut
16
ou do Messenger
17
, o
quanto a geração multimídia consegue criar, alimentar e participar de comunidades virtuais,
muitas vezes possibilitando um relacionamento real, tanto profissionalmente quanto
culturalmente. E conseguem realizar tudo isso ao mesmo tempo, como se estivesse participando
de uma real discussão coletiva.
Ainda não se sabe os limites dessa geração multimídia. Porém, deve-se estar atento, e
não arredio a essas mudanças, pois elas são inevitáveis, e já fazem parte do cotidiano. O certo é
que devemos nos ajustar a essas alterações, adotando-as ao nosso comportamento, colhendo os
frutos desta realidade.
16
Comunidade virtual disponibilizada na Internet.
17
Comunicador on-line gratuito para usuários dos sites MSN e Hotmail.
49
5. A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA NO SEGMENTO
AUDIOVISUAL
É comum um novo processo sofrer barreiras para ser implantado, pois sugere novas
situações e, conseqüentemente, a necessidade de adaptações a elas. Isso tem ocorrido com a
comunicação desde a chegada da tecnologia digital, seja através da Internet, seja pelos meios de
registro de imagens estáticas (fotografia) ou em movimento (vídeo). Discussões são alimentadas
em congressos com o objetivo de tentar compreender o destino desses temas, pois agora é
preciso conviver com novos suportes tecnológicos e, conseqüentemente, inovadores recursos.
Squirra (2005) define a convergência tecnológica como o surgimento de novas oportunidades de
ação. Para o autor:
A convergência tecnológica deve ser entendida como a chegada de um vasto cenário
de instrumentos sobretudo digitais que desempenham -ou podem desempenhar-
funções técnicas assemelhadas ou complementares. Nascida na área tecnológica, logo
recebeu amplitude com o linguajar deslumbrado e futurista dos tecnólogos
comunicacionais e das empresas midiáticas. Encontra-se hoje razoavelmente
assimilada nos distintos cenários científicos e comerciais pela concordância de que as
tecnologias -sobretudo as da comunicação- devem se enxergar, possibilitar conexões
e acoplagens e trocar dados entre si, permitindo que os consumidores tenham pleno e
fácil acesso aos enlaces digitais que passaram a ser disponibilizados . (SQUIRRA,
2005, p.80)
As definições de Squirra com relação ao real entendimento do termo convergência
tecnológica estão diretamente ligadas às características do site Porta Curtas, como será visto
adiante no capítulo 6. Nele, o usuário escolhe o que quer assistir dentre o acervo do site, e ainda
pode comentar o que achou da obra com a curadoria do Porta Curtas ou mesmo com o diretor da
obra. Essas condições de não escravidão de uma programação audiovisual são comentadas por
Squirra (2005), que acredita numa alforria com a chegada da convergência tecnológica.
(...) a “mão única” da emissão -com a formatação unilateral dos seus estilos e
conteúdos- não permite a seleção e muito menos a interação com o que está sendo
transmitido. Neste mundo de autoritarismo e unidirecionamento programático-
televisivos, assiste-se ao que o dono da emissora (e seus setores de marketing)
entende ser bom para todos, de forma massificada. No universo tecnológico da
máxima convergência, isto não mais atrofiará os desejos já que se antevê amplas
possibilidades de pleno atendimento das vontades individualizadas dos usuários.
(SQUIRRA, 2005, p. 83)
50
Porém, é inevitável que momentos de convergência sofram resistências, historicamente.
Tal resistência ocorreu com a chegada do som sincrônico ao cinema, em 1929, ou mesmo a
sonorização e o filme colorido, em 1939, apesar de uma reagente massificação da mídia
(LUCA, 2005, p.182). Com a televisão, na década de 50, novas mudanças, desta vez nos hábitos
do público. Acostumados a sentarem em confortáveis poltronas em uma sala de projeção com
sua grande tela, os espectadores passaram a assistir obras audiovisuais em suas salas, com a
comodidade de receber a diversão sem custo, rompendo com os padrões até então vigentes.
Segundo Luca (2005, p.191):
Se, como veículo de comunicação, a televisão viria a se firmar como mais uma
alternativa de transmissão de filmes, como alternativa da exibição coletiva, ela
representou uma ruptura dentro do sistema tradicional da indústria cultural.
Primeiramente, a exibição do filme passou a ser dividida, mesmo que para um
veiculo nascente e de baixa qualidade.
Novamente inovando, a indústria da tecnologia lança o vídeo-cassete, no final da década
de 70 (LUCA, 2005, p.194). Considerado o cinema doméstico, ele veio a alterar novamente o
comportamento do espectador, agora acostumando-se também a interagir com a programação,
definindo-a ele próprio. Esse era um grande passo para alcançar o que tem-se hoje: o
computador pessoal, funcionando com tecnologia digital, que oferece ao usuário/espectador a
oportunidade de definir a sua programação e ainda armazenar suas obras preferidas.
Com a chegada da tecnologia digital, houve uma expansão dos meios de comunicação de
massa, além de sua aceleração, tornando determinadas formas comunicacionais instantâneas e
acopladas a recursos e ferramentas que facilitaram a comunicação, como o e-mail. Hoje é
possível enviar dados, documentos, informações, fotos ou mesmo vídeos por e-mail, e o
destinatário recebe instantaneamente, substituindo, assim, a tradicional carta. Da mesma forma,
tornou-se possível delimitar e monitorar uma gama de usuários de determinado veículo. A
publicidade e o jornalismo tiveram de aprender a conviver com essa mudança, descobrindo,
inclusive, novas formas de operacionalizar seus serviços.
Hoje é inimaginável, como define Squirra (1998) a existência de um jornalista ou
publicitário atuante no mercado que não conheça um mínimo de recursos tecnológicos
relacionados ao computador pessoal ou mesmo à Internet, pois desde o surgimento destes o
51
mercado foi adaptado ou selecionado. E, com a chegada desses recursos, criticas foram dirigidas
à tecnologia, simultaneamente aos elogios. Como defende Luca (2005, p.19):
Se substituições de aparelhos domésticos por modelos que sucedam com concepções
tecnológicas que alteram a lógica analógica pela digital são encaradas pelos
consumidores tradicionais como de difícil entendimento, mais complexas elas se
manifestam quando se processam no âmbito das utilizações profissionais.
Squirra (1998), em seu livro Jornalismo Online, revela um contentamento pela
tecnologia oferecida na ocasião, válido até os dias de hoje, quando a convergência tecnológica
está mais presente no cotidiano. Como diz o pesquisador:
As fantásticas conquistas tecnológicas na área da informática têm proporcionado
crescentes – e cada vez mais rápidas – condições de expansão aos diversos meios de
comunicação de massa. Boa parte do globo está conectado e isto proporciona aos
meios eletrônicos primazia na divulgação de eventos e na conquista – a distancia –
dos espectadores. (SQUIRRA, 1998, p.7)
Da mesma forma que Squirra demonstrou-se entusiasmado com relação às inovações
tecnológicas conhecidas durante pesquisas internacionais, outros teóricos, ou mesmo cidadãos
comuns, sem relações às buscas do conhecimento, ficaram impressionados com as constantes
novidades tecnológicas que surgiram. Porém, muitas dessas tecnologias surgiram com tamanha
rapidez e com tal teor inovador que determinados grupos sociais tiveram dificuldades para se
acostumarem com elas, ou mesmo aceitá-las, como ocorreu com a invenção da prensa por
Gutenberg, o cinema falado ou mesmo a chegada da televisão.
Dentre as inovações surgidas nos últimos anos, a que interessa à pesquisa em questão é a
do campo audiovisual. Uma delas, de grande importância, relaciona-se com a transmissão de
dados via Internet. Segundo dados apresentados por Squirra (1998, p.43-44), cada segundo
exibido na televisão, o equivalente a 30 quadros no cinema, são enviadas 240 megabits de
informação digital. Complementando essas informações, Luca (2005, p.60) apresenta dados
referentes ao armazenamento e à compressão de vídeos digitalizados. Segundo ele, o MPEG-1
possui, para vídeos padrão NTSC, uma resolução de 352 linhas por 240 pontos a 30 quadros por
segundo. Já o MPEG-2 apresenta soluções mais avançadas de captura e compressão de imagens,
podendo transformar duas horas de vídeo de alta resolução, o equivalente a 144 GB de
52
memória, em apenas 4,7 GB de memória, produzindo, assim, uma compressão equivalente a
32:1.
Outra inovação com relação ao audiovisual na era digital está na transmissão de dados.
Segundo Luca (2005), o crescente desenvolvimento da tecnologia de transmissão de dados tem
provocado um aumento de aquisição de obras audiovisuais, piratas ou não, através da Internet. E
apresenta dados contundentes:
Jack Valenti, o então todo-poderoso presidente da MPA (Motion Picture
Association), instituição que congrega todos os setores da indústria cinematográfica,
expôs no Showest de 2004, em seu discurso de aposentadoria do cargo ocupado por
quase trinta anos, que a atividade está em risco de extinção, caso não ocorra um
rápido e efetivo esforço de conscientização do consumidor, estimando que um
número intermediário entre 400.000 e 600.000 filmes está sendo “baixado”
ilegalmente na Internet. (LUCA, 2005, p.78)
Tais números revelam uma significativa mudança nos hábitos dos admiradores de obras
audiovisuais, e isso graças a uma inevitável convergência tecnológica do analógico para o
digital. Porém, essas novas plataformas possuem uma identidade histórica com o usuário. Como
argumenta Vilches (2003, p.17), “essa nova fronteira, que alguns chamam de ciberespaço, é um
novo espaço de pensamentos e de experiências humanas, formado pela coabitação de antigos
meios e novas formas de hiper-realidade”. Essas novas formas de hiper-realidade são, para
Vilches (2003), a interatividade.
A interatividade, contudo, pode ser real e efetiva, ainda que, obviamente, não se
circunscreva à televisão. Sua função no âmbito audiovisual é o ponto de arranque da
nova comunicação. No computador, a interface permite que a máquina se apresente
ao usuário de modo que ele possa compreendê-la. Aqui começa a interatividade.
(VILCHES, 2003, p.23-24)
A interatividade definida por Vilches (2003) vai além, e compara um provável resultado
da convergência tecnológica que envolve tanto a televisão quanto a Internet, ambas com
processos interativos presentes, com as previsões de McLuhan (2005), que dizia ser os meios de
tecnologia extensões do nosso corpo. Vilches defende um discurso semelhante, porém
atualizado, com relação ao que será dos meios de comunicação audiovisuais no adiantar do
processo de convergência. Para ele:
53
O modelo que se seguirá na convergência da televisão e da Internet será parecido ao
que se desenvolveu nas redes comerciais dos produtos materiais. Com a diferença de
que, agora, as empresas de redes irão produzir, encaixotar e comercializar o tempo e
as experiências dos próprios usuários. A mercantilização das experiências humanas,
por meio de formatos midiáticos, significará que cada usuário poderá ter uma
extensão de seu tempo na rede. Por sua vez, a rede será a extensão dos usuários.
(VILCHES, 2003, p.43)
Tais argumentos revelam uma expressiva alteração nos hábitos e nos valores dos
usuários com a convergência tecnológica. Essas mudanças poderão contribuir com o
desenvolvimento cultural e, conseqüentemente, uma globalização dessas culturas, através do
audiovisual. Para Vilches (2003, p.101), a digitalização de informações escritas e visuais, como
o audiovisual, possibilitará o acesso generalizado e universal a conglomerados culturais,
existentes, que segundo Luca (2005, p.67), ocorre graças à capacidade atual de armazenamento
de imagens no computador.
.
54
6. PORTA CURTAS: O CINE-CLUBE DA WEB
6.1. Uma breve história
No dia 8 de abril de 2000 abria-se o caminho para o surgimento do site Porta Curtas,
especializado em disponibilizar curtas-metragens na Internet. O que motivou inicialmente o
projeto foi uma encomenda da UOL – Universo Online, o maior provedor de conteúdo do
Brasil, para a empresa Synapse Produções, especializada em comercializar produções nacionais
e internacionais audiovisuais para canais de televisão. Na ocasião, em homenagem ao ex-goleiro
Barbosa, falecido naquele período, o provedor de conteúdo e acesso acertou com a Synapse a
veiculação online do curta-metragem Barbosa, dirigido por Ana Luíza Azevedo e o premiado
Jorge Furtado, diretor de Ilha das Flores, por uma semana. O valor investido pela UOL foi de
R$1.000,00, exibindo um link logo abaixo do lead da matéria (1º parágrafo). O resultado
impressionou Julio Worcman, representante da Synapse, que se encantou com as 27.654
exibições contabilizadas nos sete dias de exposição
18
. Como citado no projeto oficial do Porta
Curtas
19
, “comprovou-se assim o potencial da Internet para difusão do curta-metragem
brasileiro, e a grande vantagem de se explorar sua distribuição através de promoção localizada e
segmentada”.
Logo após a experiência, os idealizadores do projeto Porta Curtas, o jornalista Julio
Worcman e o cineasta e especialista em Internet Bruno Vianna, começaram a pensar no projeto
como algo maior, que pudesse oferecer ao internauta cultura e entretenimento gratuitamente,
tudo financiado por patrocinadores que teriam seu retorno devido à alta visibilidade da marca
através das exibições, provenientes de acessos nacionais ou internacionais.
A partir da experiência relatada anteriormente [a comercialização com a UOL],
refletindo sobre maneiras de potencializar a difusão de filmes curtos via Internet, e
acompanhando experiências diversas ao redor do mundo, chegamos ao projeto Porta
Curtas, um poderoso instrumental de marketing para atrair e instigar o espectador em
potencial ao contato sistemático e participativo com o curta-metragem brasileiro
.
20
18
Dados publicados no projeto Porta Curtas (anexo 1), disponibilizado no site da empresa em
http://www.portacurtas.com.br/relatorios/files/portacurtas_3.pdf
. Acessado em 07/07/2006.
19
Idem, p.02.
20
Ibidem, p.03.
55
Para eles, a visibilidade dos curtas-metragens poderia estar em diversos momentos
através de links, desde uma matéria sobre os indicados ao Oscar de melhor curta-metragem até
em sites específicos e segmentados, como de história, onde seriam ofertadas exibições sobre a
temática discutida no texto.
Inicialmente, o site Porta Curtas, que já contava com o apoio da Petrobras Cinema graças
às leis brasileiras de incentivo à cultura, ofertou aos usuários apenas alguns recursos. Um deles
foi a busca de filmes no site, utilizando-se filtros por título, por diretor, por autores ou algum
dos nomes constantes nas fichas técnicas, pelas premiações, palavras-chave ou mesmo frases
presentes nos textos dos filmes (o diálogo ou a narração do roteiro é arquivado na íntegra nos
bancos de dados do Porta Curtas).
Além disso, foram oferecidos aos usuários os recursos de pré-seleção de filmes e a
difusão viral das obras, ou seja, por indicação boca-a-boca. O usuário pôde assistir filmes pré-
selecionados e armazenados em sua própria pasta dentro do site Porta Curtas, criando, assim,
um vínculo de interatividade e fidelidade. Ao mesmo tempo, o usuário teve a possibilidade de
enviar obras por e-mail, provocando, assim, uma difusão viral do Porta Curtas, processo
conhecido como marketing viral.
Os filmes, distribuídos no menu do site em editorias por gêneros, foram oferecidos,
ainda, no formato VHS para os usuários que se interessassem por quaisquer dos
disponibilizados para exibição. Nem todos os títulos estavam disponíveis, como ainda ocorre,
pois muitos estão arquivados apenas sob a forma de sinopses. Porém, o Porta Curtas possui um
canal aberto com o usuário para receber sugestões de títulos destinados à exibição. Esse canal
faz parte desde a criação do site de seus processos interativos, que ampliam-se à formação de
comunidades, publicação de comentários sobre as obras, podendo ser respondidos pelos
idealizadores das mesmas.
O projeto ofertou para exibição cerca de 100 filmes curtos, a maioria de reconhecimento
nacional e internacional, premiados em festivais e concursos ou mesmo lançamentos, devido ao
interesse do público pelos mesmos.
Inicialmente, os diretores das obras foram remunerados para que seus filmes ficassem
disponíveis no site. O valor inicial ofertado foi de R$ 500,00 por filme, adiantando 60% do
valor e concluindo a operação proporcionalmente ao sucesso da obra no site
21
. Dessa forma, o
21
Valores publicados no projeto Porta Curtas (anexo 1).
56
diretor era remunerado de acordo com a “bilheteria” alcançada por IPs
22
diferentes, evitando,
assim, fraudes de acessos.
Logo no primeiro relatório consolidado entregue ao patrocinador
23
, a Petrobras, que
avaliou o período de 26 de agosto de 2002 a 30 de junho de 2003, o total de 336.193 visitas ao
site Porta Curtas,, numa curva de acessos crescente. No período, o mês com menor acesso foi o
inicial, agosto de 2002, com 6.741 visitações, e o de maior acesso foi o mês de abril de 2003,
totalizando 53.784 acessos, um crescimento considerável num curto espaço de tempo, com o
ápice de permanência em 18,36 minutos por usuário
24
, também em abril de 2003.
Na ocasião, já estavam catalogadas aproximadamente 1.500 obras, todas encontradas
pelos recursos disponibilizados pelo site, como trechos de frases de diálogo ou mesmo dados da
obra, como nome do diretor ou autor. O site foi programado originalmente em PHP (Linux) e
mySQL, alterando em seguida para ASP e SQL por motivos de custo operacional
25
.
Os serviços de conversão das obras para as tecnologias Windows Media e Real Media,
utilizadas pelo Porta Curtas, foi adquirido uma unidade tecnológica especifica para o processo,
composta de uma máquina Betacam SP, um computador de alta performance e uma placa de
captura Osprey 220, além de contratada uma consultoria para a realização da tarefa
26
.
Segundo dados fornecidos pelo Porta Curtas
27
, existem atualmente 75.902 usuários
cadastrados, sendo 55.389 assinantes do informativo Curta-Clube. Até o momento, o site conta
com um total de 5.702.767 exibições de curtas, a maior parte acessada diretamente do Porta
Curtas (3.535.716). Foram enviadas 104.161 obras por e-mail e realizados 122.492 votos aos
curtas pelos usuários. Dentre as pesquisas de busca respondidas aos usuários, um total de
5.040.012, destacam-se a busca por obra completa pelo nome, somando-se 4.132.159 consultas,
seguida das buscas genéricas, com 780.576 consultas. Foram realizados 62.937 downloads de
roteiros para leitura, o que revela interesses diversos pelo site além do produto audiovisual.
22
IP é o endereço virtual de uma máquina na Internet, identificada por códigos numéricos.
23
Dados publicados no tópico visitação ao site e exibição de filmes do primeiro relatório consolidado entregue ao
patrocinador (anexo 2). Disponível em http://www.portacurtas.com.br/relatorios/consolidado1ano/6-
exibicaoevisitas.html. Acessado em 07/07/2006.
24
Idem.
25
Dados publicados no tópico tecnologia e desenvolvimento do primeiro relatório consolidado entregue ao
patrocinador (anexo 3). Disponível em http://www.portacurtas.com.br/relatorios/consolidado1ano/10-
tecnologia.html. Acessado em 07/07/2006.
26
Idem nota 20.
27
Dados publicados na estatística on-line do serviço Porta Curtas (anexo 4). Disponível em
http://www.portacurtas.com.br/estatisticas1.asp
. Acessado em 07/07/2006.
57
Hoje, estão disponíveis par consulta os dados de 3.880 curtas. Deste total, estão disponíveis para
exibição 410 obras divididas nos gêneros animação, documentário, experimental e ficção.
O site Porta Curtas possui hoje uma equipe de dez pessoas e seus dados estatísticos são
auditados pela empresa Darse & Arimatéia Auditores LTDA. O patrocínio continua a cargo da
Petrobras Cinema, departamento da estatal responsável pelo apoio a projetos culturais de caráter
audiovisual.
Outra estatística que demonstra bons resultados no projeto refere-se ao papel pedagógico
do site Porta Curta. Segundo o mais recente relatório fornecido ao patrocinador
28
, já somam-se
24.829 acessos pedagógicos, com a adesão de 200 novos cadastros de professores no mês de
abril de 2006.
Além de oferecer obras audiovisuais para exibição gratuita, o site Porta Curtas
disponibiliza aos usuários indicações de diversos sites que discutem a mesma temática
audiovisual e notícias sobre o assunto. Também possibilita que os vídeos disponíveis em seu
acervo possam ser exibidos por outros sites através de recursos hipertextuais.
6.2. Os gêneros oferecidos
No audiovisual existem diversos gêneros, que por sua vez dividem-se em subgêneros.
Um grupo de filmes pode pertencer ao gênero ficção, subdividindo-se em western, aventura,
romance, suspense, etc. Da mesma forma, os documentários se dividem em subgêneros, como
defende Nichols (2005, p.135):
No cinema, as vozes individuais prestam-se a uma teoria do autor, ao passo que as
vozes compartilhadas, a uma teoria do nero. O estudo dos gêneros leva em
consideração os traços característicos dos vários grupos de cineastas e filmes.
No vídeo e no filme documentário, podemos identificar seis modos de
representação que funcionam como subgêneros do gênero documentário
propriamente dito: poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e
performático.
28
Dados publicados no relatório estatístico de 1 de dezembro de 2005 a 31 de março de 2006 (anexo 5). Disponível
em http://www.portacurtas.com.br/relatorios/2006_1/5-aplicabilidadespedagogicas/5-3-resultados.htm
. Acessado
em 07/07/2006.
58
Ainda, segundo Nichols (2005), esses estilos não possuem uma estrutura inflexível, pois
cada documentarista impõe em sua obra o seu estilo próprio, além de não conseguir definir
totalmente um formato, pois o resultado vai além de um roteiro previamente definido. Sabe-se o
que produzir e qual o argumento da obra, mas desconhece-se as reações dos entrevistados.
No Porta Curtas, são oferecidos quatro gêneros cinematográficos de curtas metragens,
cada um com a sua participação quantitativa de forma desproporcional. Estão disponíveis para
exibição 61 obras do gênero animação, 25 do gênero experimental, 192 do gênero ficção e o
montante de 119 obras do gênero documentário, o segundo na lista dos mais ofertados,
totalizando um acervo para exibição de 401 obras audiovisuais
29
.
O ambiente é bastante propício à exibição de documentários, como já foi defendido neste
trabalho anteriormente (vide página 49), por sua utilização tanto no entretenimento quanto no
conhecimento, e de forma gratuita. O site Porta Curtas tem sido utilizado como ferramenta
pedagógica, totalizando 24.829 acessos, segundo dados apresentados pelos auditores do site
30
.
6.3. O acesso aos documentários
As formas de acesso aos gêneros no site Porta Curtas são iguais para todos, porém o que
interessa a este trabalho é a forma de acesso às obras do gênero documentário, que por sua vez
possui, como foi visto no sub-capítulo anterior, seis estilos de produção.
No Porta Curtas, o usuário pode encontrar documentários específicos pelas ferramentas
de busca interna. Localizado no campo superior da página, o campo de busca oferece pesquisa
pelo nome da obra, de forma completa ou incompleta, diretamente. Para isso, basta informar o
nome ou trecho deste e clicar em OK.
No mesmo campo, logo abaixo e à esquerda, pode-se definir a busca por trechos de
diálogos. Por esse caminho, o usuário consegue encontrar uma obra através das narrações e
diálogos cadastrados no site. Muitas vezes, lembra-se apenas uma cena de um filme, ou mesmo
29
Dados publicados no relatório estatísticas on-line do serviço Porta Curtas (anexo 4). Disponível em
http://www.portacurtas.com.br/ estatisticas1.asp
. Acessado em 07/07/2006.
30
Dados publicados no relatório estatístico de 1 de dezembro de 2005 a 31 de março de 2006 (anexo 5). Disponível
em http://www.portacurtas.com.br/relatorios/2006_1/5-aplicabilidadespedagogicas/5-3-resultados.htm
. Acessado
em 07/07/2006.
59
busca-se uma obra que fale sobre tal temática. Através dessa ferramenta, consegue-se encontrar
uma relação de opções a respeito.
Ao lado do campo, oferece-se a opção da busca detalhada. Para isso, basta clicar na
opção, destacada em negrito, e uma diversidade de opções de filtro abre-se abaixo, na mesma
tela. Nesta opção, são ofertados seis espaços de busca detalhada, cada um com espaços para
escolher o campo, a relação e o termo, além de definir se os três estão correlacionados um com
o outro (e) ou se são seletivos (ou). No espaço campo, as opções dividem-se em:
Ano – Nesta campo, o usuário pode selecionar obras produzidas em determinado ano. Com isso,
pode-se analisar obras resultantes de reflexos sociais e políticos, ou mesmo para delimitar
correntes de produção.
Bitola - Neste campo, pode-se selecionar as obras pelo suporte de produção. Com isso, separa-
se em grupos as produções realizadas em formato 8 mm, 16 mm, 35 mm ou em vídeo. Dessa
forma, as produções podem ser selecionadas de acordo com a tecnologia empregada na
produção.
Copyright Holder – Através desta possibilidade de busca, pode-se filtrar obras de acordo com
seu copyright, ou seja, por seu registro de direitos autorais, inclusive de acordo com o país de
origem de produção.
Cor – No Porta Curtas, as obras podem ser selecionadas por qualidade de imagem em preto e
branco ou coloridas. Com isso, os admiradores das cenas em dois tons (preto e branco) podem
definir as obras a serem assistidas ou consultadas.
Cotação – Esta opção oferece uma consulta de acordo com a quantidade de estrelas recebidas
pela obra, tanto pelos curadores do site Porta Curtas quanto pelos usuários que votam nos filmes
assistidos. Dessa forma, a crítica do filme recebe a participação de quem assiste também.
60
Diálogos – Por essa opção, o usuário pode encontrar obras informando apenas trechos de
diálogos. Todos os filmes do Porta Curtas possuem cadastrados o roteiro e a narração na íntegra,
o que permite tal consulta
31
.
Disciplinas/Tema – Neste campo de consulta, o usuário pode filtrar obras que abordem
determinado tema ou que possuam vocação para determinada disciplina pedagógica.
Diretor – A busca por diretor é uma das mais usuais. Através desta opção, pode-se descobrir a
filmografia disponível de determinado diretor, tendo a oportunidade de assistir sua trajetória e
os diferentes momentos de sua carreira.
Duração – Através dessa opção de busca consegue-se filtrar obras de acordo com o tempo de
exibição. Dessa forma, o usuário pode escolher entre as obras que estão dentro de sua
disponibilidade de assistir.
Elenco – Pode-se, através desta opção de busca, selecionar as obras disponíveis que tiveram a
participação de determinado ator no elenco. Com isso, é possível observar a trajetória
profissional destes.
Faixa etária – Não se trata de uma censura, mas de uma observação importante, pois
determinados filmes não são apropriados para determinadas idades, tanto com relação á
discussão quanto ao ritmo ou à história desenvolvida.
Festival – Com essa opção de filtro é possível selecionar as obras disponíveis que tiveram
premiações em determinado festival, pois pode ser somente essa a informação para encontrar
um determinado título.
Ficha técnica – Dessa forma, é possível encontrar obras através de qualquer informação
constante na ficha técnica do filme, que reúne dados a respeito da equipe de produção, edição,
31
Dados publicados no projeto Porta Curtas (anexo 1), disponibilizado no site da empresa em
www.portacurtas.com.br
. Acessado em 07/07/2006.
61
participantes em depoimentos (no caso de obras do gênero documentário), realização e
produtora, dentre outras.
Gênero – Com essa opção de busca pode-se relacionar todas as obras do gênero documentário
disponíveis no Porta Curtas, oferecendo ao usuário objetividade no processo de busca.
Nível de ensino – Essa opção relaciona-se diretamente com o caráter pedagógico do site Porta
Curtas, facilitando o processo de consulta do usuário professor, que pode utilizar o acervo como
apoio em sala de aula.
Parecer pedagógico – Com essa busca, é possível descobrir obras com pareceres pedagógicos
específicos, que as tornam indicadas ou não á utilização em sala de aula.
Prêmios – O quesito premiação é outra forma de filtro das obras disponíveis no site Porta
Curtas. Através dessa busca, o acervo passa a ser destacado de acordo com determinado prêmio,
tanto nacional quanto internacional.
Relatos de professores – Filtra-se, também, o acervo de acordo com os relatos de professores.
Para isso, utiliza-se o mesmo procedimento da busca por diálogo, escrevendo trecho ou palavra
que deva ser encontrada dentre os relatos publicados.
Sinopse – Muito comum na escolha de filmes, a busca por sinopse também está disponível no
campo de busca do site Porta Curtas. Para isso, é preciso definir palavra ou frase para que o
filtro seja utilizado.
Tema/palavra-chave – Através da palavra-chave ou do tema é possível selecionar obras dentro
do acervo do site Porta Curtas.
Título – Essa opção de busca é indicada para obras em que o nome é conhecido pelo usuário. A
mesma opção pode ser realizada na busca direta, acima da página do Porta Curtas (vide página
56).
62
Com essas opções de busca, encontrar uma obra dentre o acervo do site Porta Curtas,
que soma um total de 3.880 curtas para pesquisa
32
, tornou-se simples e direto.
6.4. Um inventário do acervo documental
A pesquisa em questão não tem como objetivo estudar a recepção dos documentários,
nem os padrões estéticos utilizados. Porém, para enriquecer os dados e oferecer ao trabalho uma
abordagem maior sobre o objeto pesquisado, considerou-se que um breve inventário das obras
oferecidas atualmente para exibição poderia contribuir com pesquisas futuras sobre o tema.
O acervo do site Porta Curtas possui hoje 928 obras do gênero documentário
cadastradas, onde se misturam obras para exibição e consulta. Mas, apesar de possuir este total,
a maioria é composta de sinopses sem obras disponíveis para exibição. Neste acervo, apenas
119 obras podem ser assistidas pelo usuário, de onde foram extraídas aleatoriamente 30 obras
para serem analisadas no trabalho.
Neste grupo, encontram-se séries de obras de curtíssima duração, como o Som da Rua,
de Roberto Berliner, e vídeos mais extensos, como A figueira do inferno, de 25 minutos, eleito
o melhor documentário na Curta Cinema 2004, e apresenta um registro etno-botânico da flora
nordestina, com seus nomes e suas indicações.
Barbosa, a obra que deu origem ao Porta Curtas, possui 12 minutos e conta com a
presença do próprio ex-goleiro Barbosa, à frente do gol da Seleção brasileira na copa de 1950,
no Brasil. Dirigido por Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado (Ilha das Flores), o documentário
possui cenas de ficção interpretadas por Antonio Fagundes intercaladas por cenas documentais e
entrevistas com o próprio Barbosa. O áudio atende as limitações da Internet, mas as legendas
são ilegíveis em alguns momentos.
Belmonte, documentário de 11 minutos disponível no Porta Curtas, retrata a história do
cartunista de mesmo nome, um dos mais importantes do país na década de 1920. A obra conta
com fotos de Renata Falzoni e direção de Ivo Branco. Criador do personagem Juca Pato na
32
Dados publicados no relatório estatísticas on-line do serviço Porta Curtas (anexo 4). Disponível em
http://www.portacurtas.com.br/ estatisticas1.asp
. Acessado em 07/07/2006.
63
Folha da Noite, em 1925, Belmonte foi perseguido pelo Estado Novo. A obra apresenta bom
áudio e legenda compatível.
Cartas da Mãe, de 28 minutos, conta a história da vida do cartunista Henfil e as cartas
que o mesmo enviou para sua mãe. A obra conta com a narração de Antonio Abujamra e com
depoimentos descontraídos de amigos do cartunista, dentre eles o atual presidente da República
Luis Inácio Lula da Silva. Apesar de produzida em 35 mm, a obra não apresenta limitações de
exibição, como legendas reduzidas. Ele é produzido em preto e branco, o que melhora ainda
mais a qualidade das imagens na Internet.
Coruja, um documentário de 15 minutos, conta a história de Bezerra da Silva e sua
relação com os compositores descobertos por ele. Produzido em 35 mm, a obra possui limitação
de áudio quando o entrevistado aparece. Porém, quando as músicas do mesmo são executadas, a
qualidade melhora. Lançado em 2001, o documentário é dirigido por Márcia Derraik e
Simplício Neto.
Criaturas que nasceram em segredo, lançada em 1995, conta a história de cinco anões
que moram na cidade de São Paulo. A obra, que possui limitações de áudio no computador,
revela em 21 minutos de produção em 16 mm as dificuldades que os anões convivem na capital
paulista.
Enquanto a tristeza não vem, dirigida por Marco Fialho, revela pensamentos de Sérgio
Ricardo, compositor brasileiro que participou de festivais com irreverência e compôs trilhas
para o cinema novo. Na obra, Sérgio Fialho conta sobre os bastidores que viveu na música
popular brasileira. Produzida em vídeo no ano de 2003, a obra possui qualidade de áudio e vídeo
em sua exibição no site Porta Curtas.
Uma obra de grande valor cinematográfico e pedagógico encontrada no acervo do Porta
Curtas é o documentário Ilha das Flores, de Jorge Furtado. Produzido em 1989, tendo 13
minutos em película 35 mm, o filme possui qualidade suficiente para atender às necessidades
impostas atualmente para exibição na Internet, não apresentando, inclusive, problemas com
legenda ou áudio.
Lotado, de Luanda Lopes, produzido em vídeo no ano de 2004, discute em 18 minutos a
questão da superlotação nas penitenciárias do Rio de Janeiro. Na obra, a diretora utiliza
depoimentos de um ex-presidiário, dois ex-diretores do DESIPE, de mulheres de presos, um
agente penitenciário e um jornalista policial. Como se tivesse sido produzido para atender à
64
Internet, o vídeo não apresenta problemas de áudio ou de legenda, que precisam ser maiores do
que na televisão ou no cinema pelo tamanho e a definição da imagem, inclusive.
Em Maracatu, maracatus, de 1995, Marcelo Gomes apresenta em 14 minutos
produzidos em película as diferenças culturais entre as gerações dos integrantes de grupos de
maracatus nordestinos. A obra apresenta limitações de áudio e legenda, apesar da qualidade de
produção, pois foi produzida para outros ambientes de exibição, como televisão e cinema.
Mestre Humberto, produzido em 2005 por Rodrigo Savastano, apresenta nos 20
minutos captados em 35 minutos a vida de mestre Humberto, que fala de questões culturais,
religiosos e musicais de sua vida. Possui qualidade de conteúdo e de exibição.
Nelson Sargento, produzido em 35 mm por Estevão Ciavatta Pantoja no ano de 1997, é
uma biografia do músico, que viveu no morro da Mangueira, no Rio de Janeiro. Na obra,
Sargento conta suas histórias e recebe a participação de Carlos Cachaça e Paulinho da viola.
Apesar de ter problemas de áudio, a obra conta com legendas apropriadas para a exibição na
Internet, atualmente.
O dia em que o bambu quebrou no meio, produzido em vídeo no ano de 2005, revela
em 10 minutos como foi o velório de Bezerra da Silva. A obra, apesar de ter sido produzida
recentemente, apresenta limitações com relação ao tamanho de legenda. O áudio, por outro lado,
atende as necessidades da exibição, oferecendo ao usuário uma coerente qualidade.
O jaqueirão do Zeca é um documentário que apresenta os bastidores do compositor
Zeca Pagodinho, que em sua casa, sob uma jaqueira, organiza rodas de samba para escolher
repertórios e promover seus parceiros de samba raiz. Os 20 minutos obra, produzida em 35 mm
no ano de 2004, apresentam boa qualidade de áudio e de imagem. Mas suas legendas são
ilegíveis, pois foram formatadas para outros ambientes de exibição, como a televisão e o
cinema.
O documentário O mundo é uma cabeça, produzido no ano de 2004 em 35 mm,
apresenta 17 minutos o movimento Manguebeat, em Recife, com a interrompida trajetória de
Chico Science, seu maior líder. Na obra não há limitações de áudio. Produzido por Cláudio
Barroso e Bidu Queiroz, a limitação encontra-se novamente na legenda, que possui
configuração pequena.
A obra Por longos dias, produzida em 1998 por Mauro Giutini, apresenta em 16 mm um
lado poético do Movimento dos Sem Terra e da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, tendo
65
como inspiração os textos de José Saramago. Com boa fotografia e áudio de qualidade
compatível com a Internet, o documentário apresenta problemas na legenda, legível nos créditos
iniciais mas sem leitura durante a exibição da obra.
O Museu Christiano Câmara é protagonista do documentário Rua da escadinha 162,
produzido em 2003 por Márcio Câmara, que utilizou suporte 35 mm para a obra. Na narrativa, o
diretor apresenta a coleção de fotografias, discos de vinil, enciclopédias e revistas que
transformaram o endereço num verdadeiro museu. Nela, Christiano Câmara discute questões de
cultura brasileira. A obra apresenta excesso de volume nas falas do entrevistado e problemas de
legenda, apesar de uma fotografia apropriada.
De forma inusitada, Petrônio Lorena e Tiago Scorza apresentam em Santa Helena em
Os Phantasmas da Botija uma interessante discussão que revelam as histórias da cidade de
Santa Helena – PB e de seus fantasmas sobre a busca do outro, o imperialismo americano e a
rica poesia de cordel. A obra, produzida no ano de 2004 em 35 mm, utiliza 18 minutos para
esboçar as histórias da cidade, com bom áudio e legendas apropriadas.
Senhoras, de Alan Ribeiro, é uma obra que discute questões da Terceira Idade feminina
na cidade do Rio de Janeiro. Produzido em 2001 com o apoio da Universidade Federal
Fluminense, o vídeo de 17 minutos apresenta soluções, propositais ou casuais, que contornam
limitações de legenda. Os créditos são dados pelos próprios entrevistados, que contam com uma
boa qualidade de áudio para a Internet.
Caju e Castanha, da série Som da Rua, foi produzido em 1997 e conta com três
minutos de película 16 mm. A obra, de Roberto Berliner, conta o surgimento da dupla que fez
sua história com a embolada nordestina. A obra utiliza boa qualidade de áudio e legenda
compatível com a qualidade da Internet, apesar de não foi produzida para esse ambiente.
Carnaval em Angola, também da série Som da Rua, apresenta em dois minutos o
carnaval dos angolanos. A obra possui áudio de qualidade e não enfrenta problemas com
legenda, pois utiliza-se de recursos artísticos que apresentam os créditos em destaque.
Produzido por Roberto Berliner no ano de 1997 em 16 mm, o documentário adota uma
linguagem própria, sem a intervenção do documentarista, salvo na edição.
Maracatu estrela brilhante é outra obra da série Som de Rua, produzida em 1997 por
Roberto Berliner. A obra, também em 16 mm, possui 3 minutos de história contada por Olga
Santana Batista, que assim como seus antepassados lidera um grupo de maracatu. Berliner
66
utilizou a mesma estética em suas obras da série Som da rua, o que solucionou acidentalmente
os problemas de legenda apresentados por diversas obras do Porta Curtas.
Com outro olhar africano, o documentário Operários, produzido em Angola por
Roberto Berliner para a série Som da Rua, apresenta nos dois minutos produzidos em 16 mm as
músicas dos irmãos Jacinto, Paulo e Miguel, da aldeia Melanje, que se transformaram de
agricultores a operários. A obra possui áudio compatível com a exibição pela Internet e segue a
mesma estética da série, o que soluciona problemas de legendas.
Praças da Paraíba, outra obra da série Som da Rua, apresenta artistas de rua que se
apresentam nas praças da capital daquele Estado. De forma divertida e alegre, o documentário
de Roberto Berliner, de 1997, produzido em 16 mm e três minutos de duração, não possui
problemas de legenda ou de áudio, pois utiliza o mesmo padrão adotado nas outras produções da
série.
Outro da série Som da Rua, Samba de véio, segue o mesmo padrão estético das outras
obras de Roberto Berliner. O roteiro apresenta cantorias tradicionais da ilha de Massangango,
no Rio São Francisco. O samba de véio é tradicionalmente cantado pela comunidade da ilha no
dia de Reis, visitando propriedades e é acompanhada por Maria da Conceição do Nascimento
Souza, que canta, dança e toca tamborete.
Canoa veloz, produzido por Joe Pimentel e Tibico Brasil no ano de 2005, apresenta 14
minutos de filme em 35 mm sobre a comunidade pesqueira do município de Icapuí, no litoral do
Ceará, e seus jangadeiros. Na obra, o áudio oferecido é de boa qualidade e não há créditos de
legenda. Os nomes dos entrevistados são colocados em claquetes que aparecem antes dos
depoimentos.
O documentário Copacabana, de Flávio Frederico, foi realizado em 1999 em bitola 35
mm. Os treze minutos da narrativa apresentam os festejos de fim de ano nas areias da praia de
Copacabana, no Rio de Janeiro. Diversos personagens do último dia do ano são despertados na
obra, com entrevistados sem legenda, imagens em preto e branco e uma linguagem leve, sem
intervenção de narração. A história é contada pelos personagens.
O documentário Na cama com King revela conceitos de um cidadão da cidade de Itu e
pensa em concorrer a prefeito. Durante desfile da parada gay de 2002, King apresenta suas
idéias nada convencionais sobre sexualidade, racismo e comportamento. Na obra, a diretora
Paola Prestes apresenta 13 minutos em vídeo o cidadão King e sua diversidade de depoimentos.
67
Apresenta áudio com qualidade compatível com exibição na Internet, mas possui problemas de
leitura das legendas.
O documentário Rota ABC, de Francisco César Filho, apresenta em 11 minutos as
perspectivas dos jovens do subúrbio do ABC, chegando à banda punk Garotos Podres. A obra,
concluída em 35 mm no ano de 1991, carrega problemas de áudio e de legenda para exibição na
Internet.
Em Adão ou somos todos filhos da Terra, de 1999 com bitola 35 mm, o quarteto
formado por Walter Salles, João Moreira Salles, Kátia Lund e Daniela Thomas apresenta Adão
Xalebaradã, morador da favela de Cantagalo, no Rio de Janeiro, que possui mais de 500 músicas
de sua autoria que nunca foram gravadas. O áudio e as legendas utilizadas são compatíveis com
a exibição pela Internet, e o ritmo da obra é ideal para tal exibição.
Em Território vermelho, Kiko Goifman apresenta a reação de pedintes e vendedores
que ao verem câmeras pedem para serem entrevistados nos cruzamentos de São Paulo. De
flanelinhas a personagens gays, Goifman se diverte e passa para esses cidadãos a tarefa de
entrevistar os motoristas. O áudio e as legendas atendem às limitações da atual exibição na
Internet. São 12 minutos produzidos em 35 mm no ano de 2004.
6.5. Problemas observados na atual exibição
A transmissão de dados via Internet vive um rápido processo de desenvolvimento, com
novas tecnologias surgindo a cada momento. Segundo Luca (2005, p.67), “a melhoria das
características das memórias de computação, principalmente no que se refere à capacidade de
armazenamento de dados, tem ocorrido de forma rápida e gradativa”. Porém, os recursos
tecnológicos disponíveis atualmente para o usuário comum, pertencente à grande massa de
conectados, ainda são acompanhados de limitações de memória e transmissão de dados, assim
como as tecnologias disponíveis para estes no que se refere a equipamentos de visualização
(monitores) e utilização.
Com a pesquisa, observou-se uma relação de características que prejudicam a qualidade
de acesso e exibição dos vídeos disponíveis no site Porta Curtas. Tais problemas podem, em um
curto espaço de tempo, ser solucionados. Porém, no momento de desenvolvimento desta
68
pesquisa tais limitações existem. Limitações no que se refere à qualidade de imagem ou mesmo
na transmissão de dados via tecnologia streaming (vide página 38).
Sabe-se que a qualidade de definição das imagens transmitidas pela Internet a usuários
da grande massa possui uma limitação de definição tanto do áudio quanto do vídeo por questões
de tecnologia disponível. O vídeo, para que o arquivo possua uma extensão menor, possui uma
qualidade mais baixa, o que provoca uma pigmentação ou um embaçamento da imagem. O
áudio, por sua vez, sai muitas vezes com a qualidade diminuída e de certa forma com a
compreensão prejudicada pelos mesmos motivos do vídeo. As pesquisas sobre transmissão de
vídeos pela Internet não são recentes e acompanham o desenvolvimento e a popularização da
Internet. No Brasil, uma das primeiras experiências sobre transmissão de vídeo foi realizada
pelo jornal O Estado de São Paulo, com exibição de curtas-metragens pela Internet. Segundo
Luca (2005, p.67), “a todo o instante, eram anunciados testes operacionais da exibição de filmes
na Internet, seja na Inglaterra, na Suécia e ou nos Estados Unidos. Até no Brasil anunciava-se a
exibição de curtas-metragens no site Estadao.com.br”.
Outro problema de transmissão refere-se à plataforma disponível. Apesar do sistema
operacional Windows ocupar a maior parte do mercado e do Porta Curtas oferecer versão do
Windows Media Player para computadores com o sistema operacional Mac OS, percebe-se uma
tendência inversa ao mercado internacional, que tem adotado vídeos em plataforma Quicktime,
por possuir melhor qualidade audiovisual, apesar de uma extensão maior que a do Windows
Media Player num mesmo arquivo.
Por fim, percebe-se que determinados vídeos apresentam uma estética destinada às telas
do cinema ou da televisão, diferentes das telas de computador. Algumas obras exploram o uso
de legendas e créditos com tamanho que se tornam ilegíveis no monitor de computador, e isso
em alguns casos compromete o resultado final da exibição.
6.6. Opiniões de quem acessa
A proposta da pesquisa não abrange análise de recepção, mas considerou-se que um
breve relato de um pequeno grupo de entrevistados sobre o Porta Curtas poderia contribuir com
o resultado desta e a elaboração de pesquisas futuras. Para tanto, foram apresentadas cinco
69
perguntas fechadas, mas com espaço para comentário, se considerado oportuno. Para que os
entrevistados pudessem responder às questões, foi preciso que os mesmos assistissem obras
escolhidas aleatoriamente no acervo do site Porta Curtas. Com essa experiência, as respostas
foram enviadas, revelando algumas características consideradas problemáticas.
Apesar dos problemas levantados por essa pesquisa, apresentados anteriormente no
inventário do acervo, percebe-se nos dados estatísticos divulgados nos relatórios do site Porta
Curtas que diversas opiniões de usuários contrariam a existência dessas limitações, o que
ocorreu também na pesquisa aplicada aos 20 alunos do curso de pós-graduação a distância
Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, participantes da disciplina
Produção e Transmissão de Cinema e Vídeo I, proposto na metodologia. O grupo de alunos do
curso de pós-graduação é composto por cinco jornalistas, dois publicitários e 13 engenheiros de
computação.
Conforme publicado no relatório Porta Curtas Petrobras, referente ao período de 01 de
dezembro de 2005 a 31 de março de 2006, foram selecionados 21 elogios referente ao site, por
pessoas que enviaram a informação pela Internet e quatro provenientes dos realizadores
audiovisuais que possuem obras disponíveis no Porta Curtas (anexo 6).
Da mesma forma, o site Porta Curtas recebeu elogios da maioria dos 20 participantes da
pesquisa sobre qualidade de transmissão das obras audiovisuais. Dos entrevistados, apenas três
participantes não utilizavam banda larga para conexão à Internet, e destes apenas um
entrevistado reclamou sobre qualidade de conexão discada, o que representa 15% de
descontentamento com relação à conexão ao site Porta Curtas (anexo 7).
Outro questionamento apresentado ao grupo abordou a qualidade audiovisual das obras,
tendo em vista as limitações tecnológicas existentes atualmente. Apesar de todos comentarem
sobre a limitação da qualidade, comparando a exibição oferecida com a da televisão
convencional, apenas dois entrevistados consideraram a qualidade prejudicial, o que representa
apenas 10% do universo entrevistado (anexo 8).
O terceiro questionamento referiu-se ao acervo apresentado. A aprovação foi uniforme,
atingindo 100% dos entrevistados, que comentaram, inclusive, que nunca poderiam ter acesso a
tais obras pelos meios convencionais (cinema, televisão e vídeo-locadora), mesmo para os que
tiveram opiniões negativas nas duas perguntas anteriores (anexo 9).
70
O quarto questionamento sobre o site Porta Curtas abordou as ferramentas disponíveis
no mesmo. Apesar de importantes, dos 20 entrevistados, 11 disseram que as opções de acesso
existem em excesso, e que isso prejudica a escolha e a busca. Tal opinião contrária à gama de
ferramentas de busca oferecidas representou 55% dos entrevistados, que responderam
considerar a qualidade ruím (anexo 10).
Por fim, a quinta pergunta dirigida aos participantes da pesquisa on-line referiu-se á
importância do gênero documentário na Internet como ferramenta pedagógica. O resultado foi
diversificado, porém a maioria colocou-se a favor do documentário como recurso pedagógico na
Internet. Dos 20 entrevistados, três consideraram a Internet como um veículo limitado e para
alguns, com a observação de que a tecnologia não está disponível para todas as escolas, o que
transforma-a em uma ferramenta ineficaz pedagogicamente. O resultado deste questionamento
representou 15%, contra 85% a favor do gênero documentário na Internet como recurso
pedagógico (anexo 11). Vale ressaltar que o grupo participante da entrevista não relaciona-se
profissionalmente com educação, tampouco academicamente. Trata-se de um grupo
heterogêneo no que diz respeito à formação acadêmica, porém todos atuam no mercado de
trabalho nas áreas práticas de suas profissões, não possuindo, assim vivencia pedagógica.
Com relação aos elogios apresentados no último relatório Porta Curtas Petrobras
referente ao período de 01 de dezembro de 2005 a 31 de março de 2006, observou-se um total
de nove elogios referente ao uso pedagógico do site selecionados entre especialistas convidados
e professores usuários (anexo 12). Destes, apenas um não pertence a cursos de ensino superior
ou pós-graduação, que considera inicialmente os curtas oferecidos destinados ao ensino
fundamental, e comenta que precisa descobrir como usar tais obras no ensino médio, área em
que atua. Tais resultados demonstram uma necessidade de reflexão dos curadores do Porta
Curtas com relação à aplicabilidade do acervo como recurso pedagógico, ou a oferta de um
treinamento on-line aos professores no que se refere à essa aplicabilidade. Porém, os números
de acesso apresentados por usuários cadastrados como professores neste relatório (vide página
55) representam uma evolução na aceitação do ambiente por educadores, o que demonstra uma
possível futura reversão no que se refere à utilização das obras audiovisuais de curta-metragem
em outros níveis educacionais e/ou acadêmicos, assim como a aplicabilidade desse recurso em
instituições de ensino público.
71
6.7. O Porta Curtas por seu gestor
Conhecer o site Porta Curtas em detalhes foi fundamental para a realização desta
pesquisa. Para isso, foram enviadas perguntas para o gestor do projeto, o produtor audiovisual
Julio Worcman, idealizador do Porta Curtas e à frente desde então. As perguntas, enviadas por
e-mail, revelam detalhes e conceitos adotados pela equipe, e revelam o compromisso do mesmo
com a difusão do audiovisual para um maior numero de pessoas, com a melhor qualidade
possível. Da mesma forma, Worcman expõe uma preocupação com a difusão de obras até então
“esquecidas na prateleira”, pois o mercado limitava a circulação das mesmas. A entrevista foi
publicada na íntegra (anexo 14).
Na primeira pergunta, sobre a Internet como ambiente exibidor de conteúdo audiovisual,
Worcman foi categórico ao responder que pela web consegue-se um relacionamento direto com
o espectador final. Sua trajetória no audiovisual, anteriormente ao Porta Curtas, foi no campo de
distribuição. Agora, com o Porta Curtas, segundo Worcman, o contato passou a ocorrer sem o
intermédio de salas de cinema, distribuidores de DVD ou mesmo canais de televisão.
Em seguida, indagado sobre quais os critérios de seleção dos filmes para o acervo Porta
Curtas, Julio Worcman declarou que existem critérios específicos no que tange quesitos
técnicos, narrativos e conceituais para a escolha de uma obra. A qualidade é um quesito
fundamental, assim como a categoria da obra, que deve ser necessariamente curta-metragem.
Por fim, um critério seletivo é o tecnológico, que deve suportar o ajuste de áudio e vídeo para as
condições da Internet, ou seja, deve proporcionar ao usuário condições de compreensão devido
ao tamanho da área de projeção (240x180 pixels) e às limitações de áudio.
Sobre a importância do documentário no acervo do Porta Curtas no que se refere a
conteúdo, Worcman disse que o gênero tem crescido consideravelmente no cinema brasileiro,
inclusive na categoria curta-metragem. Com isso, torna-se fundamental a presença de
documentários curtas no site Porta Curtas, pois faz parte das ações de difusão da categoria. Para
isso, é tomado o cuidado de semanalmente, quando ocorre a atualização da página principal do
site, disponibilizar ao menos um documentário como atração principal. A aprovação do gênero,
segundo o gestor, já foi mensurada em pesquisas diversas.
72
Worcman ainda declarou que a Petrobras financia apenas 57% do projeto. O restante do
valor de financiamento é captado através de acordos e permutas realizadas, o que tem garantido
ao site a sua sobrevivência. Uma das fontes de renda do Porta Curtas é a comercialização das
obras audiovisuais existentes, em qualidade Betacam ou em DVD. Dessa forma, o Porta Curtas
tornou-se também uma vitrine audiovisual.
Indagado sobre o tempo de duração do projeto do Porta Curtas, que possui apoio de leis
de incentivo à cultura, Worcman justificou o tempo de permanência desses incentivos, assim
como o patrocínio da Petrobras, com a publicação trimestral de relatórios de acessos e de
resultados. Além disso, justifica-se pelo fato do Porta Curtas ser um dos poucos portais do
Brasil que enfoca o curta-metragem e, segundo ele, o que realiza a tarefa com maior
compromisso qualitativo com o espectador/usuário. Julio Worcman também acredita que a
permanência do projeto deve-se ao fato de exibir seus filmes por diversos sites, e não somente
em seu endereço, através de parcerias e em alguns casos por cessão de direitos.
Quando perguntado sobre o valor do projeto, Worcman disse que a Petrobras prefere não
divulgar o valor do patrocínio. Sabe-se, porém, que a Petrobras é um dos mais importante
financiador de projetos audiovisuais do Brasil.
A última pergunta da entrevista abordou o futuro do audiovisual com a disponibilidade
dos recursos multimidiáticos na Internet, apesar de ainda em movimento. Worcman foi otimista
para ambas as extremidades do mercado audiovisual. Para ele, o mercado profissional não
sofrerá impacto, continuando a existir como sempre. Porém, não foi comentada pelo
entrevistado a questão estética do audiovisual, que sofre limitações em comparação com a tela
do cinema, e isso foi percebido durante a análise dos vídeos exibidos no Porta Curtas.
Mas Worcman citou a existência de ambientes de difusão do audiovisual amador, como
o Youtube. Esses ambientes poderão influenciar o mercado, e têm provocado um novo mercado
profissional no campo da Tecnologia da Informação – TI.
Para ele, apesar dessa “competição” entre profissional e amador, o vídeo on-demand
poderá oferecer aos espectadores uma programação audiovisual profissional. Com isso, as obras
audiovisuais poderão ser distribuídas de forma mais democrática, gratuitamente, como ocorre
no Porta Curtas. Esse desenvolvimento no campo da produção multimídia provocará, para
Worcman, uma adoção do audiovisual pela publicidade.
73
Para finalizar, Julio Worcman se coloca numa posição diferente do mainstream, que
olhou para as inovações tecnológicas com preocupação e pessimismo. E, para ele, as mudanças
acontecem no suporte, mas o conteúdo continua intacto.
74
7. CONCLUSÃO
A pesquisa teve como ponto de partida a curiosidade em avaliar como o documentário se
comporta na Internet e qual a sua participação neste ambiente. Para isso, escolheu-se como
corpus da pesquisa o site Porta Curtas, ambiente virtual especializado em exibição de obras de
curta-metragem, dentre eles os do gênero documentário. O site Porta Curtas é uma iniciativa
nacional e foi idealizado a partir de 8 de abril de 2000, quando a empresa Synapse Produções foi
procurada pelo portal UOL – Universo Online para fornecer o documentário Barbosa para
exibição durante uma semana num especial de uma matéria em homenagem ao ex-goleiro da
Seleção brasileira Barbosa, falecido naquele período. A partir deste momento, os idealizadores
do Porta Curtas, Julio Worcman e Bruno Vianna, começaram a planejar a criação do site.
Para a pesquisa, classificou-se como objeto de estudo de caso o site Porta Curtas, de
onde foram extraídas informações e observações a respeito de seu surgimento e dados referente
á evolução do mesmo no mercado digital. Conseguiu-se, no próprio site, informações
interessantes para contextualizar a pesquisa, como o projeto original do site Porta Curtas,
apresentado em reuniões para captação de parcerias e para o apoiador máster do projeto, a
Petrobras Cinema, empresa do Grupo Petrobras.
Mas, para que a pesquisa pudesse ser realizada, considerou-se necessário o
levantamentos de dados bibliográficos que fundamentaram a construção de um histórico sobre o
documentário como gênero cinematográfico, no Brasil e no mundo, apoiando-se nos teóricos
Leite (2005), Luca (2004) e Nichols (2005), especialmente. Através da pesquisa, desenvolveu-
se um capítulo que discute o gênero como produto como vocação para atividades pedagógicas,
inclusive, além de sua adoção no entretenimento. Num breve e superficial relato, delineou-se as
diferentes escolas do documentário, suas definições e retratos do documentário brasileiro. Em
seguida, num salto temporal proposital, pois não era o objetivo do trabalho aprofundar-se num
panorama histórico do documentário, aborda-se uma nova fase do gênero no Brasil, com
projetos de incentivo á exibição do gênero na televisão, produções realizadas em sistema digital
do cineasta Kiko Goifman e, por fim, dados estatísticos sobre resultados provenientes das leis de
incentivo á cultura no Brasil divulgados em relatório oficial pelo Ministério da Cultura, entre
1995 e 2005 (anexo 13). Com esses dados, percebeu-se uma real vocação do documentário para
fins pedagógicos, o que justificou a relevância da pesquisa realizada como fundamento para que
75
pesquisas futuras possam ser direcionadas especificamente ao tema de educação digital,
inclusive com a chegada da televisão digital no Brasil.
Num segundo momento da pesquisa, pesquisou-se sobre a Internet e as características de
seus usuários, tendo como destaque as teorias desenvolvidas por McLuhan (2005), Squirra
(1998) e Vilches (2003), que abordaram tanto questões tecnológicas quanto de comportamento
humano. Nesta fase, fez-se um breve relato histórico sobre a Internet e o audiovisual e suas
características tecnológicas, por considerar-se uma discussão importante, apesar de não
pertencer diretamente ao objetivo proposto pelo trabalho. Também abordou, segundo preceitos
fundamentados por McLuhan (2005), as características dos usuários conectados, apoiando-se
em outros teóricos, como Siqueira (1987) e Jones (2005), que comentam sobre a independência
do jovem conectado em suas atitudes e sua simultânea dependência à participação nos processos
comunicacionais oriundos dos ambientes digitais. Percebeu-se, neste momento, que a Internet
possui vocação para os processos comunicacionais voltados aos produtos que fomentam o
aprendizado, como o documentário. Simultaneamente, a Internet pode vir a ser um importante
ambiente de exibição dos produtos audiovisuais, o que novamente remete ao documentário
como produto.
Em seguida, a pesquisa chegou ao ponto fundamental para a continuidade dos trabalhos:
a convergência tecnológica, ou seja, a junção do audiovisual com a Internet, aparentemente
diferentes, mas intimamente ligados, historicamente. Com o auxílio dos teóricos Luca (2004),
Squirra (2005) e Vilches (2003), esse momento da pesquisa chegou à conclusão de que é
inevitável a convergência tecnológica, seja ela ligada ao equipamento ou ao comportamento,
remetendo tais conceitos às teorias de McLuhan (2005) sobre a tecnologia e o homem.
Percebeu-se também, nesta discussão, que novos produtos audiovisuais podem ser criados e
novos ambientes para exibição, como o site Porta Curtas, podem ser criados, ampliando o
acesso à cultura para a sociedade, restrito ainda aos conectados.
Num terceiro momento, aprofundou-se no estudo de caso, metodologia empregada na
pesquisa em questão. Neste momento, foi fundamental conhecer a fundo o objeto de estudo, o
site Porta Curtas, onde foi realizada uma minuciosa investigação. Dentro do próprio site,
descobriu-se importantes informações, como relatórios estatísticos ou mesmo o seu projeto
originário, o que possibilitou conhecer a fundo a sua história, ponto fundamental para se abordar
na pesquisa. No que se refere a este estudo, chegou-se à conclusão de que o Porta Curtas surgiu
76
com uma vocação direcionada à Internet, mas com objetivos iniciais que permearam a
comercialização das obras audiovisuais exibidas. Vale ressaltar que essa é a atividade principal
da Synapse Produções, e seu surgimento veio do caminho inverso, com o relacionamento
comercial com o portal UOL. Mas, com o tempo, percebeu-se uma vocação destinada
diretamente ao entretenimento gratuito, o que remete aos dados fornecidos por Luca (2004) com
relação ao acesso a produtos audiovisuais pela Internet, que delimitam, ainda segundo o autor,
como um forte concorrente das salas de cinema num futuro próximo. Também avaliou-se
algumas características tecnológicas do Porta Curtas, percebendo-se inclusive, uma necessidade
inicial de convergência tecnológica para a conversão de obras audiovisuais em cinema e vídeo
para extensões digitais. Também levantou-se estatisticamente os gêneros oferecidos pelo site,
chegando-se à conclusão de que o documentário ocupa o segundo lugar no ranking do acervo,
com 928 obras para pesquisa, pois o Porta Curtas possui cadastrados inúmeros dados de todas as
obras disponibilizadas, o equivalente a 23,91% do total cadastrado (3.880 obras). Sua
participação no quesito obras disponíveis para exibição assemelha-se à anterior, com 119 obras,
o equivalente a 29,67% do total disponível para exibição (401 obras), ficando atrás somente do
gênero ficção. Neste momento, chegou-se à confirmação das vocações do Porta Curtas para fins
pedagógicos, com a divulgação de dados referente ao acesso pedagógico e ao crescimento de
cadastros de professores.
A observação descritiva seguinte abordou as formas de acesso às obras no Porta Curtas,
inclusive para selecionar os documentários em meio ao acervo de obras cadastradas. Levantou-
se detalhadamente todas as formas de filtro disponíveis no site e descreveu-as na pesquisa, a fim
de oferecer à comunidade científica subsídios para futuras pesquisas sobre o tema. Com esse
levantamento, chegou-se à conclusão de que o Porta Curtas é destinado a usuários leigos, que
muitas vezes desconhecem até mesmo o nome de um ator participante, informação que pode ser
substituída apenas por um trecho do diálogo desenvolvido no filme, mas também destina-se a
um público especializado, que conhece informações técnicas, como a bitola do filme,
informação irrelevante para o público em geral. Concluiu-se com esse levantamento, que o
Porta Curtas possui um grande número de filtros de informações, e que o cadastramento de
obras, por sua vez, é um processo cheio de detalhes e informações.
Em seguida, desenvolveu-se uma outra observação no site Porta Curtas, desta vez no
acervo de documentários. Como existem 119 obras disponíveis para exibição, selecionou-se
77
aleatoriamente 30 documentários e assistiu-se a todos, realizando uma seqüência de sinopses
dessas obras e considerações referente aos problemas decorrentes da convergência da obra para
a Internet. Do total analisado, apesar do trabalho não ter como objetivo análise estética,
considerou-se que tais observações sobre a qualidade de áudio e de legendas nos créditos seria
fundamental para fornecer a pesquisas futuras informações às limitações atuais do ambiente.
Chegou-se à conclusão, com a observação, que 80% das obras apresenta boa qualidade de
áudio, contra os problemas apresentados nos outros 20%. Apesar do índice superior ter sido o de
boa qualidade, conclui-se que a preocupação com a qualidade de áudio em obras audiovisuais
deve ser reforçada para exibição na Internet. Com relação às legendas das obras, percebeu-se
que 66,66% das obras apresenta boa qualidade de legenda, o que não ocorre com os 33,34%
restantes. A legenda ilegível devido à obra ter sido produzida para exibição no cinema e na
televisão foi o problema mais comum na avaliação.
Ainda sobre o Porta Curtas, apresentou-se o resultado da pesquisa aplicada aos 20 alunso
do curso de Produção e Transmissão de Cinema e Vídeo I, do programa de pós-graduação a
distância da Universidade Interativa COC. O grupo, formado quase que em sua totalidade por
profissionais não-ligados do segmento de produção audiovisual, avaliou o Porta Curtas de forma
semelhante aos elogios apresentados pelo site em relatórios específicos (anexos à pesquisa).
Percebeu-se, porém, que 55% dos entrevistados considera as ferramentas de busca ineficazes
por sua exagerada quantidade de filtros. Isso, de fato, pode ocorrer, pois determinados filtros
disponíveis são direcionados apenas a um pequeno grupo, o que pode vir a confundir o usuário
comum.
Através da pesquisa, concluiu-se que o documentário pode ser exibido na Internet,
apesar das limitações tecnológicas existentes atualmente. Tais limitações, porém, devem ser
solucionadas num curto espaço de tempo, assim como diversos outros problemas de cunho
tecnológico (LUCA, 2004). Percebe-se, também, que a exibição de obras no monitor de
computador pode não ser desgastante quando se trata de curtas. Nestes casos, o tempo de
permanência em frente ao monitor passa a se dividir em curtos espaços de tempo. As estatísticas
apresentadas nos relatórios do Porta Curtas apresentam o tempo médio de 18,36 minutos de
permanência no site para cada usuário, o que determina a exibição de uma ou duas obras numa
seqüência única. Talvez seja esse o tempo médio que um usuário suporta para assistir a uma
obra audiovisual no computador. Porém, com a criação de obras audiovisuais interativas, esse
78
período de permanência pode aumentar, pois será atendida uma exigência cada vez maior entre
os usuários, que refere-se à interatividade. Deve-se, ainda, observar que os dados apresentados
referem-se a levantamentos amplos, em que não se conhece o perfil do usuário, e que uma nova
geração aproxima-se dos acessos ao Porta Curtas: a geração participativa.
Contudo, a tendência da comunicação é a convergência de ambientes e a Internet não se
limita a computadores conectados, mas também a aparelhos multimidiáticos que podem oferecer
num só espaço diversas ferramentas, dentre elas a da navegação. Com isso, a exibição dos
documentários disponíveis no site Porta Curtas poderão num curto espaço de tempo, estar ao
alcance dos usuários do futuro Sistema Brasileiro de Televisão Digital através do controle
remoto de uma televisão com conversor, ao menos. Com isso, a qualidade de áudio e a limitação
de legenda passarão a inexistir.
Vale ressaltar que no momento da conclusão deste trabalho, um novo ambiente para
hospedagem e exibição de documentários na Internet ganhava força: o site Youtube
33
, que reúne
diversos documentários em seu acervo, gratuitamente. Nele, qualquer usuário previamente
cadastrado pode hospedar vídeos de até 10 minutos de exibição, com o máximo de 100 Mb, mas
a maioria das obras possui duração de 4 minutos. Na conclusão deste, o Youtube ganhou
notoriedade graças às suas estatísticas, com um total de 100 milhões de vídeos exibidos
diariamente, o equivalente a quase 3 bilhões de exibições por mês, em todo o mundo. Tais
dados justificam futuras pesquisas relacionadas ao tema, pois o documentário tende a mudar e a
ganhar força com esse novo espaço de exibição.
33
Disponível em http://www.youtube.com. Acessado em 14/09/2006.
79
REFERÊNCIAS
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IP SSM com QoS adaptativa. Disponível em:
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a
ed.
XAVIER, Ismail. A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
82
ANEXOS
Anexo 1 – Projeto Porta Curtas ............................................................................................. 83
Anexo 2 – Visitação ao site e exibição de filmes .................................................................. 100
Anexo 3 – Tecnologia e desenvolvimento ............................................................................. 102
Anexo 4 – Estatísticas On-line do serviço do Porta Curtas ................................................... 104
Anexo 5 - O Porta Curtas como ferramenta pedagógica ....................................................... 106
Anexo 6 - Elogios de usuários e parceiros ............................................................................. 107
Anexo 7 - Questionário aplicado – pergunta 1 ...................................................................... 110
Anexo 8 - Questionário aplicado – pergunta 2 ...................................................................... 111
Anexo 9 - Questionário aplicado – pergunta 3 ...................................................................... 112
Anexo 10 - Questionário aplicado – pergunta 4 .................................................................... 113
Anexo 11 – Questionário aplicado – pergunta 5 .................................................................... 114
Anexo 12 – Comentários de especialistas e usuários sobre o Porta Curtas ........................... 115
Anexo 13 – Situação dos projetos audiovisuais ativos na ANCINE (em 31/12/2005) ......... 117
Anexo 14 – Entrevista com Julio Worcman .......................................................................... 139
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0101
0101
01
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 02
PORTA CURTAS....................................................................................................................... 03
o “front” para exibição eletrônica de curtas-metragens
CURTABRASIL.COM.BR......................................................................................................... 07
um poderoso cyber-engenho interativo
A SELEÇÃO DE FILMES ......................................................................................................... 10
sugestões de títulos para o projeto Porta Curtas
POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DE DIREITOS DOS FILMES ............................................ 12
RETORNOS DO PATROCINADOR ......................................................................................... 13
CRÉDITOS E CONTATOS ........................................................................................................ 16
SUMÁRIO
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0202
0202
02
INTRODUÇÃO
Sábado 8 de abril de 2000 – A notícia de
falecimento do goleiro Barbosa –
associado ao gol da histórica derrota
brasileira na Copa de 1950, contra o
Uruguai – amanhece estampada nas
manchetes dos grandes jornais, e também
nas
homes
dos principais websites
noticiosos da Internet brasileira.
A empresa Synapse acerta com o UOL a
colocação de um link para exibição do
curta-metragem Barbosa, dirigido por Ana
Luiza Azevedo e Jorge Furtado
diretor
premiado por Ilha das Flores
e estrelado
por Antônio Fagundes e pelo próprio
Barbosa, ao pé do
lead
da notícia na área
de esportes do portal, que contabiliza uma
média de cinco milhões de
page-views
de leitores por semana.
O UOL pagou R$ 1.000,00 pela licença de
exibição via Internet, por uma semana,
período no qual foram registradas nada
menos que
27.65427.654
27.65427.654
27.654 exibições do curta,
solicitadas pelos internautas.
Através da experiência, aproximou-se um
filme de alta qualidade técnica e artística,
vencedor de diversos prêmios, do grande
público de esportes, que certamente, até
então, desconhecia sua existência.
Comprovou-se assim o potencial da
Internet para difusão do curta-metragem
brasileiro, e a grande vantagem de se
explorar sua exibição através de pro-
moção localizada e segmentada.
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0303
0303
03
PORTA CURTAS
O “FRONT” PARA EXIBIÇÃO ELETRÔNICA DE CURTA-METRAGENS
A partir da experiência relatada ante-
riormente, refletindo sobre maneiras de
potencializar a difusão de filmes curtos via
Internet, e acompanhando experiências
diversas ao redor do mundo, chegamos
ao projeto Porta Curtas, um poderoso
instrumental de marketing para atrair e
instigar o espectador em potencial ao
contato sistemático e participativo com o
curta-metragem brasileiro.
Imaginem um internauta interessado em
cinema, procurando informações sobre os
indicados ao Oscar 2001, no início do
último mês de março. Ele percorre
avidamente as páginas dos sites
de cinema de portais como UOL,
Terra, Ig, e de sites como Telecine,
Revista do Cinema, do próprio prêmio
Oscar, etc.
Nas páginas que visita, ele depara
frequentemente com um
banner
(inserção
publicitária) intitulado
Porta CurtasPorta Curtas
Porta CurtasPorta Curtas
Porta Curtas, que
lhe propõe: “ASSISTA AQUI AO CURTA
BRASILEIRO INDICADO AO OSCAR”,
contendo o link para o filme Uma História
de Futebol, de Paulo Machline.
É muito provável que, pela grande
afinidade entre o oferecido e o que estava
procurando, o internauta clicaria,
solicitando a experiência de assistir ao
filme indicado à premiação.
Num outro exemplo, para pessoas
visitando sites de humor ou de histórias
em quadrinhos, o Porta Curtas oferecerá
o curta de animação As Cobras, baseado
nas tiras de L. F. Veríssimo, realizado por
Otto Guerra e José Maia.
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0404
0404
04
Em sites de tráfego intenso e generalizado,
o Porta Curtas poderá seduzir o internauta
oferecendo filmes de ficção com atores
famosos, como O Pulso, com Letícia
Spiller, ou A Origem dos Bebês Segundo
Kiki Cavalcanti estrelado por Marisa Orth.
Em um site de literatura, o Porta Cur-
tas apresentará curtas com roteiros
adaptados como, por exemplo, o excelente
Os Moradores da Rua Humboldt, de Julio
Cortazar, dirigido por Luciano Moura, com
Paulo José e Pedro Cardoso no elenco, ou
ainda A Princesa Radar, adaptado por
Roberto Moura da obra de Oswald de
Andrade.
Nos sites de saúde e regimes, promove-
se A Revolta dos Carnudos, de Eliane
Fonseca, com Edson Celulari; nos sites
voltados para crianças, diversas ani-
mações infantis; em uma página de po-
lítica nacional, em tempo de eleições,
O Macaco e o Candidato, de Henrique
Freitas Lima; numa página erótica, a
recente animação para adultos, Almas em
Chamas; de Arnaldo Galvão.
O Porta Curtas não limita aO Porta Curtas não limita a
O Porta Curtas não limita aO Porta Curtas não limita a
O Porta Curtas não limita a
presença da exibição digital depresença da exibição digital de
presença da exibição digital depresença da exibição digital de
presença da exibição digital de
curtas ao portal UOL, Tcurtas ao portal UOL, T
curtas ao portal UOL, Tcurtas ao portal UOL, T
curtas ao portal UOL, T
erra ouerra ou
erra ouerra ou
erra ou
Zip.Net, ou outro qualquerZip.Net, ou outro qualquer
Zip.Net, ou outro qualquerZip.Net, ou outro qualquer
Zip.Net, ou outro qualquer
, pois, pois
, pois, pois
, pois
poderá estar simultaneamente empoderá estar simultaneamente em
poderá estar simultaneamente empoderá estar simultaneamente em
poderá estar simultaneamente em
todos, sempre buscando astodos, sempre buscando as
todos, sempre buscando astodos, sempre buscando as
todos, sempre buscando as
afinidades de conteúdo de cadaafinidades de conteúdo de cada
afinidades de conteúdo de cadaafinidades de conteúdo de cada
afinidades de conteúdo de cada
página com os filmes a serempágina com os filmes a serem
página com os filmes a serempágina com os filmes a serem
página com os filmes a serem
oferecidos ali.oferecidos ali.
oferecidos ali.oferecidos ali.
oferecidos ali.
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0505
0505
05
A mesma idéia pode ser aplicada em sites
internacionais, promovendo o curta-
metragem brasileiro mundo à fora.
Pensem em curtas brasileiros sele-
cionados para os grandes Festivais
Internacionais, como Cannes ou Berlim.
O Porta Curtas poderá estar presente nos
sites desses festivais oferecendo outros
curtas brasileiros vencedores de outros
prêmios. Isto também poderá acontecer
nos websites de revistas especializadas
em cinema, como Variety, Screen, Moving
Pictures. Ou ainda, em sites internacionais
de exibição de curtas.
O Porta Curtas permite a maisO Porta Curtas permite a mais
O Porta Curtas permite a maisO Porta Curtas permite a mais
O Porta Curtas permite a mais
ampla difusão do filme curtoampla difusão do filme curto
ampla difusão do filme curtoampla difusão do filme curto
ampla difusão do filme curto
Brasileiro, com a vantagem deBrasileiro, com a vantagem de
Brasileiro, com a vantagem deBrasileiro, com a vantagem de
Brasileiro, com a vantagem de
um custo relativamente baixo: oum custo relativamente baixo: o
um custo relativamente baixo: oum custo relativamente baixo: o
um custo relativamente baixo: o
de veiculação das janelasde veiculação das janelas
de veiculação das janelasde veiculação das janelas
de veiculação das janelas
promocionais na Internet, empromocionais na Internet, em
promocionais na Internet, empromocionais na Internet, em
promocionais na Internet, em
média R$ 27,00 por cada milmédia R$ 27,00 por cada mil
média R$ 27,00 por cada milmédia R$ 27,00 por cada mil
média R$ 27,00 por cada mil
inserções inserções
inserções inserções
inserções
(page views)(page views)
(page views)(page views)
(page views)
..
..
.
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0606
06
E, por trás das janelas Porta Curtas,
está a operação editorializada do
website curtabrasil.com.br, fun-
cionando como base para ca-
talogação, pesquisa de informações
de filmes, exibição, estatísticas de
uso para realizadores e patro-
cinadores, emanação das ações de
marketing, e principalmente a for-
mação de uma comunidade de fãs
da produção brasileira de curta-
metragens, trabalhando com as
mais modernas tecnologias dis-
poníveis para internet, e permitindo
uma comunicação pro-ativa com
os usuários.
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0707
07
CURTABRASIL.COM.BR
UM PODEROSO CYBER-ENGENHO INTERATIVO
O site curtabrasil.com.br funciona como base para ‘aterrissagem’ dos internautas
conquistados através dos Porta Curtas promocionais,
mas
também tem operacionalidade
em si, como um centro de atividade da comunidade de amantes do curta-metragem:
O funcionamento das ferramentas abaixo descritas já pode ser demonstrado através de
apresentações do protótipo que foi desenvolvido para testar a operacionalidade das
mesmas.
1.1.
1.1.
1.
Busca de filmesBusca de filmes
Busca de filmesBusca de filmes
Busca de filmes: O sistema organiza
as informações dos curtas em banco
de dados, permitindo a busca de
filmes por título, por diretor, atores ou
quaisquer nomes nas fichas técnicas,
pelos prêmios que recebeu, por
palavras-chave de suas temáticas, e
até mesmo por palavras ou frases
presentes nos textos dos filmes (pois
o banco de dados contém a integra
dos diálogos e/ou narrações dos
filmes). Por exemplo, pode-se buscar
filmes que contenham a frase “eu te
amo”.
2.2.
2.2.
2.
Pré-seleção de filmes e difusão viralPré-seleção de filmes e difusão viral
Pré-seleção de filmes e difusão viralPré-seleção de filmes e difusão viral
Pré-seleção de filmes e difusão viral:
o sistema permite ao usuário assistir
aos filmes ou pré-selecionar conjun-
tos de curtas, armazenando-os em
pastas próprias (dispositivo “Curta
TV”) para assistir depois, ou ainda
enviar suas pré-seleções para amigos
via e-mail (atividade que provoca o
que se chama atualmente de
‘marketing viral’).
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0808
0808
08
3.
Seleções de curtas em VHSSeleções de curtas em VHS
Seleções de curtas em VHSSeleções de curtas em VHS
Seleções de curtas em VHS: o sistema
pode calcular automaticamente os
custos de laboratório e de direitos
autorais caso o usuário pretenda
adquirir, em VHS, uma de suas pré-
seleções de curtas armazenadas na
área “Curta TV”.
4.4.
4.4.
4.
Interatividade, participação e forInteratividade, participação e for
Interatividade, participação e forInteratividade, participação e for
Interatividade, participação e for
--
--
-
mação de comunidademação de comunidade
mação de comunidademação de comunidade
mação de comunidade: o usuário
pode dar cotações aos filmes, ler e
acrescentar comentários críticos aos
filmes (que ficam armazenados no
banco de dados). Os comentários são
assinados com o e-mail do remetente,
de forma que outros usuários ou o
próprio realizador do filme possam
responder. O sistema poderá ainda
incorporar listas de discussão, murais
e enquetes.
5.5.
5.5.
5.
Estatísticas automáticas de uso doEstatísticas automáticas de uso do
Estatísticas automáticas de uso doEstatísticas automáticas de uso do
Estatísticas automáticas de uso do
sistema:sistema:
sistema:sistema:
sistema:
Informações como “filmes
mais vistos”, “mais cotados”, “mais
comentados” e “filmes novos” são
fornecidas automaticamente pelo
sistema, na homepage, incentivando
sua exibição.
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
0909
0909
09
6.6.
6.6.
6.
Editoria:Editoria:
Editoria:Editoria:
Editoria: em seus canais de informação, o site editorializa a disponibilização dos filmes
de modo a despertar maior interesse da mídia e do público visitante. Serão or-
ganizadas estréias periódicas e mostras temáticas, acompanhadas de material
informativo (entrevistas, reportagens, bastidores de produções e fichas completas
dos novos filmes por vir).
7.7.
7.7.
7.
Marketing e lançamentosMarketing e lançamentos
Marketing e lançamentosMarketing e lançamentos
Marketing e lançamentos: além das campanhas baseadas nas veiculações de Porta
Curtas, a equipe do site também buscará, jornalisticamente - à exemplo do caso
Barbosa no UOL -, conseguir colocações (gratuitas) de links
para filmes diretamente
relacionados ao material redacional de outros sites. Um exemplo: um link para assistir
ao premiado curta AMOR!, de José Roberto Torero, colocado no “pé” de reportagem
sobre endocrinologia e sensações físicas da paixão, publicadas no site de saúde
planetavida.com.br
8.8.
8.8.
8.
Articulação com outras iniciativas ligadas aos curtas:Articulação com outras iniciativas ligadas aos curtas:
Articulação com outras iniciativas ligadas aos curtas:Articulação com outras iniciativas ligadas aos curtas:
Articulação com outras iniciativas ligadas aos curtas: o site oferecerá ainda links
para outras páginas e sites, com comentários editorializados sobre tudo que exista
relacionado ao curta metragem brasileiro, na Internet e fora dela.
9.9.
9.9.
9.
Acompanhamento por patrocinadores:Acompanhamento por patrocinadores:
Acompanhamento por patrocinadores:Acompanhamento por patrocinadores:
Acompanhamento por patrocinadores: o sistema permite que patrocinadores tenham
acesso
on line
, à qualquer tempo, à relatórios automáticos sobre as exibições dos
filmes e as várias formas de exposição de sua marca (ver detalhes no item “Retornos
dos Patrocinadores”).
10.10.
10.10.
10.
Acompanhamento por realizadores: Acompanhamento por realizadores:
Acompanhamento por realizadores: Acompanhamento por realizadores:
Acompanhamento por realizadores:
o sistema propicia aos diretores e produtores o
acompanhamento
on line
do desempenho de seus curtas através de senhas próprias
de acesso aos relatórios.
11.11.
11.11.
11.
Exibição dos filmes:Exibição dos filmes:
Exibição dos filmes:Exibição dos filmes:
Exibição dos filmes:
a exibição dos filmes, seja a partir dos Porta Curtas ou do website,
acontece sempre em sistema de
streaming video
(não permite a gravação do filme no
HD, preservando o direito autoral).
12.12.
12.12.
12.
Exibição em banda larga: Exibição em banda larga:
Exibição em banda larga: Exibição em banda larga:
Exibição em banda larga:
dois formatos básicos de
streaming
video
serão
disponibilizados: para modems de linha discada, com até 56kbps; ou turbinado, para
usuários de banda larga, com até 300kbps, este com qualidade próxima ao do VHS,
cujo acesso está se disseminando rapidamente no Brasil
(veja tabela em anexo, sobre (veja tabela em anexo, sobre
(veja tabela em anexo, sobre (veja tabela em anexo, sobre
(veja tabela em anexo, sobre
penetração da banda larga no Brasil, preparada pela Morgan Stanley)penetração da banda larga no Brasil, preparada pela Morgan Stanley)
penetração da banda larga no Brasil, preparada pela Morgan Stanley)penetração da banda larga no Brasil, preparada pela Morgan Stanley)
penetração da banda larga no Brasil, preparada pela Morgan Stanley)
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1010
1010
10
O projeto prevê a contratação, cata-
logação e disponibilização de 100 filmes
curtos ao longo de seu primeiro ano de
operação.
Propõe-se concentração, na constituição
do catálogo inicial, em filmes de reco-
nhecido sucesso no exterior e no Brasil,
curtas premiados em festivais, do-
cumentários relevantes, lançamentos
recentes, e filmes experimentais (novas
linguagens).
Será estabelecida uma comissão curadora
para indicação dos filmes a serem
contratados, formada por pessoas e
instituições indicadas pelos coorde-
nadores e pelos patrocinadores do projeto.
Produtores/realizadores de quase 80
curtas já foram contactados pelos
organizadores deste projeto, e se
mostraram interessados na inclusão de
seus filmes.
A SELEÇÃO DOS FILMES
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1111
1111
11
OBS. A LISTA INCLUI ALGUNS DOCUMEN-
TÁRIOS DE MÉDIA OU LONGA-METRAGEM
DOS QUAIS PODEREMOS EXTRAIR TRECHOS
CURTOS PARA EXIBIÇÃO NO PROJETO
1. ALMAS EM CHAMAS
Arnaldo Galvão / Curta - Animação
2. DEUS É PAI
Allan Sieber / Curta - Animação
3. A GAROTA DAS TELAS
Cao Hamburguer / Curta - Animação
4. FRANKESTEIN PUNK
Eliana Fonseca e Cao Hamburguer / Curta -
Animação
5. TZUMBRA TZUMA
Flávio Del Carlo / Curta - Animação
6. SQUICH!
Flávio Del Carlo / Curta - Animação
7. VENETA
Flávio Del Carlo / Curta - Animação
8. ANIMANDO
Marcos Magalhães / Curta - Animação
9. MÃO-MÃE
Marcos Magalhães / Curta - Animação
10. TEM BOI NO TRILHO
Marcos Magalhães / Curta - Animação
11. PRECIPITAÇÃO
Marcos Magalhães / Curta - Animação
12. MEOW
Marcos Magalhães / Curta - Animação
13. AS COBRAS
Otto Guerra / Curta - Animação
14. NOVELA
Otto Guerra / Curta - Animação
15. O ARRAIAL
Otto Guerra / Curta - Animação
16. O NATAL DO BURRINHO
Otto Guerra / Curta - Animação
17. ROCKY E HUDSON
Otto Guerra / Curta - Animação
18. TREILER - A ÚLTIMA TENTATIVA
Otto Guerra / Curta - Animação
19. O REINO AZUL
Otto Guerra, José Maia, Lancast Mota e Eloar
Guazzelli Filho / Curta - Animação
20. TROPEL
Eduardo Nunes / Curta - Ficção
21. O VENDEDOR
Alberto Salvá / Curta - Ficção
22. A ORIGEM DOS BEBÊS SEGUNDO KIKI
CAVALCANTI
Anna Muylaert / Curta - Ficção
23. GERALDO VOADOR
Bruno Vianna / Curta - Ficção
24. ROSA
Bruno Vianna / Curta - Ficção
25. DEDICATÓRIAS
Eduardo Vaisman / Curta - Ficção
26. ESCONDE-ESCONDE
Eliana Fonseca / Curta - Ficção
55. COPA MIXTA
José Joffily / Documentário
56. MAKING OF "QUEM MATOU PIXOTE"
José Joffily / Documentario
57. O CINEASTA DA SELVA
Aurélio Michiles / Documentário
58. CRIATURAS QUE NASCIAM EM
SEGREDO
Chico Teixeira / Documentário
59. UM OLHAR SOBRE BARCELONA
Helvécio Ratton / Documentário
60. JENNY HOLZER - PROTEJA-ME DO QUE EU
QUERO
Marcelo Dantas / Documentário
61. ITEM NÚMERO ZERO - Peter Greenaway
Marcelo Dantas / Documentário
62. BILL VIOLA - TERRITÓRIO DO INVISÍVEL
Marcelo Dantas / Documentário
63. DIB
Márcia Derraik / Documentário
64. ANTÁRTIDA, O ÚLTIMO CONTINENTE
Monica Schmiedt / Documentário
65. WILL EISNER
Paulo Serran / Documentário
66. ATLÂNTICO NEGRO - NA ROTA DOS
ORIXAS
Renato Barbieri / Documentário
67. RUDIMENTOS
Renato Barbieri / Documentário
68. MOÇAMBIQUE
Renato Barbieri e Fabiano Maciel /
Documentário
69. NO RIO DAS AMAZONAS
Ricardo Dias / Documentário
70.
Ricardo Dias / Documentário
71. OS CALANGOS DO BOIAÇU
Ricardo Dias / Documentário
72. O VELHO, A HISTÓRIA DE LUIZ CARLOS
PRESTES
Toni Venturi / Documentário
73. FRUTAS DO BRASIL
Helena Tassara / Documentários (Série)
74. ENTREVISTA COM AMARAL NETO
Marcelo Dantas / Entrevista
75. ENTREVISTA COM EDUARDO COUTINHO
Marcelo Dantas / Entrevista
27. A REVOLTA DOS CARNUDOS
Eliana Fonseca / Curta - Ficção
28. DILÚVIO CARIOCA
Estevão Ciavatta / Curta - Ficção
29. ELIXIR DO PAJÉ
Helvécio Ratton / Curta - Ficção
30. ALÔ TETÉIA
José Joffily / Curta - Ficção
31. O PULSO
José Pedro Goulart / Curta - Ficção
32. AMOR!
José Roberto Torero / Curta - Ficção
33. A ALMA DO NEGÓCIO
José Roberto Torero / Curta - Ficção
34. NOS TEMPOS DO CINEMATÓGRAFO
Kika Lopes / Curta - Ficção
35. VOX POPULI
Marcelo Laffitte / Curta - Ficção
36. NUMA BEIRA DE ESTRADA
Marcos Gutman / Curta - Ficção
37. VICENTE
Marcos Gutman / Curta - Ficção
38. DIZEM QUE SOU LOUCO
Miriam Chnaiderman / Curta - Ficção
39. A MULHER DO ATIRADOR DE FACAS
Nilson Villas Boas / Curta - Ficção
40. VOU TE ENCONTRAR VESTIDA DE
CETIM
Pedro Alves / Curta - Ficção
41. POSTAL BRANCO
Philippe Barcinski / Curta - Ficção
42. A DESFORRA DA TITIA
Reinaldo Pinheiro / Curta - Ficção
43. CHEQUE MATE
Ricardo Bravo / Curta - Ficção
44. A MÁ CRIADA
Sung Sfai / Curta - Ficção
45. FLORES ÍMPARES
Sung Sfai / Curta - Ficção
46. OS PENÚLTIMOS SERÃO OS
SEGUNDOS
Sung Sfai / Curta - Ficção
47. PEQUENAS ESTÓRIAS
Helvécio Ratton / Curta - Ficção (Série)
48. BREVÍSSIMA HISTÓRIA DAS
GENTES DE SANTOS
André Klotzel / Curta - Documentário
49. ABROLHOS
Augusto Seva / Curta - Documentário
50. CARTAS ITALIANAS
Chico Faganello / Curta - Documentário
51. FRONTEIRA
Chico Faganello / Curta - Documentário
52. HISTORIAS DO OESTE
Chico Faganello / Curta - Documentário
53. NELSON SARGENTO
Estevão Ciavatta / Curta - Documentário
54. ONDE A CORUJA DORME
Marcia Derraik e Simplício Neto /
Documentário
LISTA PRELIMINAR
SUGESTÕES DE TÍTULOS PARA O PROJETO PORTA CURTAS
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1212
1212
12
Os direitos de exibição dos curtas via
Internet serão contratados de forma a
manter uma semelhança com os pro-
cedimentos contratuais correntes no
mercado cinematográfico, e também como
indicativos de sucesso de um filme neste
mercado.
Sites internacionais de curta-metragens,
como a Atom Films, têm oferecido, para
realizadores brasileiros, contratos com
adiantamentos sobre receitas futuras de
US$ 500,00 (quinhentos dólares), para três
anos de exploração exclusiva em todo o
Mundo.
Propomos uma provisão de R$ 500,00
(quinhentos reais) iniciais por cada novo
curta-metragem brasileiro a ser dis-
ponibilizado na Internet através deste
projeto.
Será oferecido aos curta-metragistas, na
forma de “adiantamento” ou “garantia
mínima”, 60% do valor médio provisionado
por filme, ou seja R$ 300,00 (trezentos
reais) no ato de sua contratação.
Ao final do primeiro ano de operações, o
saldo (40%) da provisão de direitos será
distribuído proporcionalmente entre os
filmes efetivamente assistidos, e conforme
o número de exibições de cada filme.
Desta forma o sucesso de um filme junto
ao público será efetivamente premiado.
Visando prevenir distorções, não serão
contabilizadas repetidas veiculações de
um título solicitadas a partir de um mesmo
endereço IP.
POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DE
DIREITOS DOS FILMES
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1313
1313
13
RETORNOS DO PATROCINADOR
QUALQUER
PAGE VIEW
RELACIONADA AO PROJETO ASSOCIA A(S)
MARCA(S) DO(S) PATROCINADOR(ES) AO OFERECIMENTO DOS SERVIÇOS.
São os seguintes os processos de inserção:
1) Porta Curtas
(banners)
– orçado para 4 mi-
lhões de
page views
;
2) janelas de exibição e interatividade – estimado
em 2 milhões de
page views
, no 1º ano;
3)
pre-rolls
antecedendo a exibição dos fil-
mes – estimado 1 milhão, no 1º ano;
PORTA CURTAS
(banners)
O projeto está dimensionado/orçado para
permitir, no 1º ano de operação, quatro
milhões de inserções
(page views)
de
Porta CurtasPorta Curtas
Porta CurtasPorta Curtas
Porta Curtas nos mais diferentes portais,
sites e páginas da Internet.
Importante: essas inserções tem retorno
qualitativo bastante diferenciado *
JANELAS DE EXIBICÃO E
INTERATIVIDADE
Ao clicar num
Porta CurtasPorta Curtas
Porta CurtasPorta Curtas
Porta Curtas para assistir
ao filme, o usuário visualiza uma janela de
exibição e interatividade, onde também se
insere a marca de patrocinador. Estima-
se em pelo menos 5%, ou 200 mil
page
views
das janelas de exibição, entre as
geradas apenas a partir dos cliques nos
Porta Curtas veiculados
** **
** **
**.
****
****
** Importante observar: as janelas de exibição
e interatividade são geradas não apenas a
partir dos Porta Curtas, mas também a partir
de qualquer link para exibição de filmes,
estejam no próprio site curtabrasil.com.br, ou
editorialmente colocados/oferecidos junto
ao conteúdo jornalístico de outros sites
(lembramos: como no caso Barbosa) .
1)
2)
4) e-mails trocados entre usuários contendo
links de filmes – a ser auditado; e
5) páginas visualizadas do site curtabra-
sil.com.br – inestimável, a ser auditado.
Os locais de inserção de marca(s) são:
**
**
* De acordo com o Millward Brown Interactive
Report, o
click thru rate
de banners com
oferecimentos de videos é cinco vezes maior
que a média, e o
recall
das marcas asso-
ciadas ao
streaming
video
é 160% maior que
o habitual (ver detalhes desse estudo em
anexo).
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1414
1414
14
PRE-ROLL
PRECEDENDO AS EXIBIÇÕES DE FILMES
A exibição de todos os filmes é precedida de mensagem
pre-roll
do patrocinador (um
filmete na linha “este filme é oferecido por…”). Temos aqui, igualmente, outras 200 mil
inserções de mensagens
pre-roll
geradas apenas a partir dos cliques nos quatro milhões
de Porta Curtas veiculados. O valor da mídia
pre-roll
na Internet no Brasil é estimado em
cerca de R$ 180,00 por cada mil inserções.
E-MARKETING VIRAL
O usuário pode mandar para amigos links dos filmes que gostou via e-mails que levam a
marca do patrocinador.
EFEITO MULTIPLICADOR
Ainda, as janelas de exibição disponibilizam vários links de interatividade que levam os
internautas a outras áreas e páginas do sistema, provocando um processo de
retroalimentacão contínua do uso do serviço e da exposição das marcas dos
patrocinadores.
3)
4)
5)
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
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15
RELATÓRIOS
ON LINE
DISPONIBILIZADOS AOS PATROCINADORES
contabilizações e estatísticas sobre o número de
page views
das páginas do site
contendo suas logomarcas;
sobre o número de inserções de banners de
Porta Curtas Porta Curtas
Porta Curtas Porta Curtas
Porta Curtas promocionais exibindo sua marca;
o número de cliques nesses
banners
(re-direcionando para seus websites);
número de exibições efetuadas de cada filme; e
número de exibições das mensagens
pre-roll
antecedendo a exibição de cada filme.
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1616
1616
16
EMPRESA PROPONENTEEMPRESA PROPONENTE
EMPRESA PROPONENTEEMPRESA PROPONENTE
EMPRESA PROPONENTE
Synapse Producões Ltda
Rua Benjamim Batista, 34 / 302 22461-120 – Rio de Janeiro, RJ
Tel: 537 1211 Fax: 537 4876
DIRETORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETODIRETORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETO
DIRETORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETODIRETORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETO
DIRETORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETO
Bruno VIANNA, cineasta e especialista em Internet ([email protected])
Julio WORCMAN, produtor e distribuidor ([email protected])
CONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIAL
CONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIAL
CONSELHO EDITORIAL
Zita Carvalhosa, diretora do Festival Internacional de Curtas de SP;
Adriana Rattes, diretora do Grupo Estação e da Mostra Premiere Brasil; e
Moema Muller, difusão de curta-metragens da Funarte
BREVE CURRÍCULO DA SYNAPSE PRODUÇÕESBREVE CURRÍCULO DA SYNAPSE PRODUÇÕES
BREVE CURRÍCULO DA SYNAPSE PRODUÇÕESBREVE CURRÍCULO DA SYNAPSE PRODUÇÕES
BREVE CURRÍCULO DA SYNAPSE PRODUÇÕES
A Synapse Produções, fundada pelo jornalista Julio Worcman, atua há mais de 10 anos
no mercado brasileiro e internacional de programação para TV. A empresa já firmou mais
de 230 contratos envolvendo direitos de exibição curtas metragens e documentários
brasileiros através de emissoras de TV no Brasil, como TV Cultura e Globosat, e no exterior,
como Channel 4, Arte/LaSept, Canal+, SBS Austrália e muitas outras.
Na via inversa, a distribuidora importa e produz as versões brasileiras de uma média de
150 horas anuais de documentários e programação educativa, abastecendo emissoras
de TV brasileiras como TV Cultura, TVE, TV Globo, GNT, Multishow, TV Senac, TV Câmara,
Eurochannel, MultiRio e TV Escola (MEC).
Atuando também na área de produção e co-produções internacionais, a Synapse é
responsável por documentários como: Hermeto Pascoal, Músico da Natureza, de Ricardo
Lua e Belisário Franca, em co-produção com o Canal +; A Guerra dos Meninos, de Sandra
Werneck, em co-produção com a emissora francesa FR3. Atualmente a empresa prepara
Imigrantes , o Brasil do Século XX, de José Roberto Torero, em parceria como Museu da
Pessoa, de São Paulo.
CRÉDITOS E CONTATOS
Projeto Porta Curtas / www.curtabrasil.com.br |
1717
1717
17
BRUNO VIANNABRUNO VIANNA
BRUNO VIANNABRUNO VIANNA
BRUNO VIANNA, 29, estudou cinema
pela Universidade Federal Fluminense e
Engenharia de Computação pela PUC-Rio.
Em 1997, mudou-se para Nova York, onde
cursou o Mestrado em Telecomunicações
Interativas da Escola de Artes da New
York University. Desde 2000 está baseado
novamente no Rio.
Realizou dois curtas metragens: Geraldo
Voador, em 1994, ganhador de 12 prêmios
em festivais nacionais e internacionais,
incluindo melhor curta dos festivais de
Gramado e do Rio. Rosa, de 1997, recebeu
o prêmio de roteiro da Riofilme.
Desde 1995, vem trabalhando em diversos
sites brasileiros como o do Jornal O
Globo, Estação Virtual e do Festival de
Curtas de São Paulo.
No período em que residiu no exterior,
trabalhou em sites como Cartoon Network
e empresas de desenvolvimento de
internet como Organic e R/GA. Em 1998
trabalhou na prestigiada Interval
Research, centro de pesquisa de Paul
Allen no vale do silício. Em 1999, trabalhou
como consultor em tecnologia para
internet wireless
na Cluster Consulting,
baseada em Barcelona, Espanha.
Desde sua volta, vem desenvolvendo
projetos pessoais de Internet e cinema no
Rio de Janeiro.
JULIO WORCMANJULIO WORCMAN
JULIO WORCMANJULIO WORCMAN
JULIO WORCMAN, 44, estudou agro-
nomia e depois formou-se em jornalismo,
em 1983. Estagiou e trabalhou, desde 1979,
no Centro de Documentação da TV Globo,
tornando-se responsável pelo arquivo da
área de comunicação e pelo clipping
semanal, dirigido à diretoria da Rede
Globo, reunindo artigos da imprensa
nacional e estrangeira especializada em
televisão e novas tecnologias de
comunicação.
Posteriormente trabalhou por oito anos
como repórter/redator em redações como
JB, Folha de São Paulo, Revista Info,
Revista de Domingo, Revista Videomagia,
Revista Dados e Idéias e outros títulos da
imprensa nacional. Assinou, por cinco
anos, a coluna dominical Videomania, da
Editoria de Projetos Especiais do JB,
dedicada à produção independente de
vídeo, novas tecnologias de comunicação
e informática.
No período 1980/81 viveu em Nova Iorque,
onde trabalhou em canal de TV a cabo e
fez cursos livres em nível de mestrado na
New School, como
Cable television Pro-
gramming & Services
.
Durante a segunda metade do curso de
jornalismo, desenvolveu por dois anos
projeto próprio de pesquisa, sob orien-
tação do Prof. Muniz Sodre, da ECO/UFRJ,
sobre o potencial das novas tecnologias
para democratização das comunicações,
tendo publicado vários trabalhos no
período.
Em 1987, criou a distribuidora Synapse,
onde atua até hoje, sendo o principal
responsável e assinando todas as ações,
articulações e produções mencionadas
acima, no breve histórico da empresa.
100
Anexo 2
6 - Visitação ao Site e Exibição de Filmes
6.1 – Visitas ao Site
O total de visitas feitas ao site Porta-Curtas Petrobras, de 26 de agosto de 2002 a 30 de junho de 2003,
foi de 336.193.
6.1.1 Visitas ao Porta-Curtas Petrobras
Abaixo observamos que a evolução mensal da duração média das visitas ao serviço, assim como do número
médio de páginas visualizadas em cada visita demonstram uniformidade ao longo dos meses e revelam um
elevado grau de interação qualitativa dos usuários com o serviço Porta-Curtas Petrobras. Ambos as
médias situam-se acima da média da maioria dos serviços de Internet.
6.1.2. Média de páginas visualizadas por visita
101
6.1.3 Duração Média das Visitas, em minutos
102
Anexo 3
10 - Tecnologia e Desenvolvimento
Desde a sua concepção, o Porta-Curtas Petrobras tem sido um projeto pioneiro, inovador e
tecnologicamente avançado, tendo se tornado em um dos serviços online mais complexos do país.
Exibir 100 filmes com média de 10 minutos de duração na Internet para um número imenso de usuários
com computadores e conexões extremamente variadas não é uma tarefa simples e de fácil execução.
Além disso, é importante lembrar que o sistema de catalografia e referência do site é, provavelmente, o
mais avançado no país: catalogando fichas de 1.500 filmes de curtas-metragens, permite buscas por
palavras ou frases nos diálogos, sinopses e títulos dos filmes, além de apresentar a obra completa de
qualquer nome associado (em hipertexto) a cada um dos filmes.
Em nenhum outro recurso online encontra-se tanta informação tão bem inter-relacionada quanto no Porta-
Curtas Petrobras. Pode-se afirmar que o sistema é comparável e em alguns aspectos supera em
usabilidade um dos principais repositórios de informação sobre cinema da Internet mundial, o Internet
Movie DataBase.
O sistema do Porta-Curtas Petrobras foi desenhado para ser aproveitado na catalogação de informações
de vários gêneros, podendo - alias, devendo - ser utilizado em projetos futuros. Foi essa infra-estrutura de
informação que permitiu toda a interatividade examinada em capítulos anteriores do relatório,
demonstrando que, se a fundação é oferecida, o usuário sabe e quer construir uma relação rica e
apaixonada com o conhecimento.
Os dois grandes vencedores nesse jogo são o usuário e a cultura nacional, que sai reforçada e reconhecida.
O preço desse pioneirismo e sofisticação tecnológica foram alguns percalços ao longo do empreendimento.
Foi necessário o desenvolvimento de soluções em regime de emergência para suprir necessidades pontuais,
mas a equipe do Porta-Curtas Petrobras foi capaz de solucionar os problemas conseguindo, em certos
aspectos, inclusive aperfeiçoar algumas etapas do processo planejado.
O Porta-Curtas Petrobras já é referência de tecnologia - mas está sempre buscando maneiras de
proporcionar uma experiência sempre melhor, tanto para os curtametragistas quanto para os usuários.
Cada obstáculo tem sido invariavelmente superado e transformado em mais uma experiência de
aprendizado, permitindo a acumulação de mais know-how que será de vital importância em futuras
empreitadas.
Abaixo apresentamos um resumo dos obstáculos encontrados e o que foi feito para superá-los.
- Programação das funcionalidades e do banco de dados
Foi originalmente projetado um sistema em PHP (Linux) e mySQL, mas terminou-se optando por ASP e
SQL, em função de custo de desenvolvimento e maior disponibilidade de programadores. Foi contratada a
empresa paulista Desempenho, de Antônio Frederico de Oliveira Gil, experimentada na área de sistemas
bancários.
Como é usual na área de desenvolvimento de sistemas, e especialmente no caso do Porta-Curtas
Petrobras, em função da complexidade e inovações de algumas ferramentas projetadas, o conjunto
recebido deixa a desejar, carecendo de aprimoramento, notadamente os módulos Administrativo, de
relatórios (contabilização de performance de parcerias com sites exibidores) e de CRM (Customer
Relationship Management).
103
Os proponentes entendem que o orçamento para desenvolvimento de tecnologia era de fato insuficiente
para atender todas as demandas, sendo necessária complementação dos serviços.
- Codificação e hospedagem de Arquivos-Filme
Foi contratada uma subsidiária brasileira da empresa norte-americana Primestream para a realização dos
serviços de: a)codificação dos curtas-metragens nas tecnologias Windows Media e Real Media; e
b)hospedagem dos arquivos-filme em servidores ligados aos principais backbones da Internet do Brasil,
com capacidade para transmissão simultânea de 1,8 Mbits, baseado na estimativa de que seriam
executadas até 12 exibições simultâneas do conjunto de filmes disponibilizados no projeto Porta-Curtas
Petrobras.
Em função da constrição do mercado brasileiro no período, em especial no setor de serviços para Internet,
a empresa Primestream não cresceu e não ampliou seus quadros como esperado. Assim, o ritmo de
entregas de arquivos-filme digitalizados passou a não satisfazer as necessidade do projeto. Por outro lado,
a limitação de banda de transmissão contratada (restrição orçamentária do projeto junto à Petrobras) não
atendia o crescimento de demanda de exibições por usuários do Porta-Curtas Petrobras.
A Synapse-Brazil encontrou as seguintes soluções para evitar por em risco o sucesso do projeto:
- Investimento em equipamentos – uma máquina Betacam SP, um computador de alta performance e uma
placa de captura Osprey 220 – e consultoria para realizar internamente os serviços de codificação;
- Celebrou um contrato cedendo direitos audiovisuais e publicitários à empresa BRTI, pertencente ao grupo
Brasil Telecom e operadora do portal de banda larga BRTurbo
- Transferiu ao projeto Porta-Curtas Petrobras a contrapartida em serviços adquirida da BRTI em função
da sessão de direitos audiovisuais e publicitários acima mencionada, a saber: serviços de hospedagem de
arquivos-filme Windows Media em até 20Gbits e de transmissão Internet para até 160 exibições
simultâneas de filmes em banda modem ou banda larga, mais de 10 vezes a capacidade de transmissão
originalmente contratada à Primestream.
- A grande capacidade de transmissão adquirida da BRTI foi o que permitiu à Synapse-Brazil estabelecer as
parcerias com portais de enorme afluência de público, como o líder brasileiro UOL, que passou a promover
vários curtas do projeto em sua página principal, elevando o serviço Porta-Curtas Petrobras aos níveis
de disseminação e popularidade hoje desfrutados.
104
Anexo 4
Estatísticas On-Line do Serviço do Porta Curtas
Usuários Cadastrados:
75.911
Assinantes informativo Curta-Clube: 55.396
Co-exibidores sites profissionais cadastrados: 309
Co-exibidores páginas pessoais cadastrados: 3.828
Exibições de curtas até o momento: 5.703.755
Exibições a partir do Porta-Curtas:
3.536.328
Exibições por outros sites profissionais:
1.967.795
Exibições por outros sites pessoais:
199.631
Envios de curtas por usuários via e-mail (torpedos): 104.166
Comentários aos filmes postados por usuários: 2.331
Votos (rating) de usuários aos curtas: 122.504
Pastas de cinemateca com curtas arquivados: 39.864
Nº de usuários com curta(s) arquivado(s) em cinemateca: 35.660
Curtas arquivados em pastas de cinemateca: 128.560
Fichas do acervo com alguma interação por usuários: 3.165
Pesquisas respondidas: 5.042.625
Por Obra Completa de um nome em ficha técnica:
4.134.526
Buscas genéricas respondidas:
780.788
Buscas detalhadas respondidas: 37.156
Buscas respondidas na janela de exibição: 90.155
Visualizações de Fichas Completas de curtas: 2.295.599
Downloads de roteiros para leitura:
62.941
Curtas Para Pesquisar: 3.884
Curtas Para Assistir: 401
105
Animação 61
Documentário 119
Experimental 25
Ficção 192
Artistas e Técnicos: 16.187
Atores 5370
Diretores 3.033
Fotografia 2.208
Animadores 284
106
Anexo 5
5.3 - Resultados
5.3.1 - Cadastramento de professores
Durante o mês de abril foram contabilizados aproximadamente 200 novos cadastros de
professores no site, que passarão a receber newsletter sobre os filmes com pareceres de uso
pedagógico disponíveis e poderão comentá-los e relatar suas experiências com o uso dos filmes em
sala de aula.
5.3.2 - Evolução do número de acessos aos curtas com pareceres de uso
pedagógico publicados pelos especialistas convidados
Observou-se uma evolução do número de acessos aos filmes com parecer de uso pedagógico
publicado por especialistas convidados. Em fevereiro ocorreram 18 085 acessos, quando não
apresentavam tais pareceres; já no mês de abril, até a data do fechamento desse relatório,
contabilizou-se 24.829 acessos, constatando-se uma ampliação de 6.744 exposições da marca de
patrocinador nesse período.
107
Anexo 6
6.1 Elogios de usuários e parceiros no período deste relatório (seleção)
“Este site é maraaaaaaavilhoso!!!!!! Parabéns pela idéia, Petrobras. Divulgarei.”
Danielle Barros
“Estou encantado com este site, são tantos filmes de qualidade que desejamos tê-los em
nossos arquivos, pois nem sempre temos acesso à internet.”
Lindomar Lopes
“Primeiramente, devo confessar que curto muito os curtas do porta curtas!! Nos seria uma
honra ter filmes publicados no site Porta Curtas Petrobras!”
Daniel Choma
“Grato por sempre me enviarem informações dos curtas. Da enormidade do talento
brasileiro.Da beleza da vida e do ser humano.”
Abrahão Ferreira Feitosa
“A todos que trabalham para fazer do Porta Curtas Petrobrás este maravilhoso site da
cultura brasileira, no cinema nacional, o meu muito obrigado”
Julio César G. Silva
“Fantástico o site e os filmes. Parabéns!”
Marco Antônio Vieira Gomes
“Obrigado por manter-me informado dos curtas! Valeu! Cordiais Considerações!!’
Renato Dias
“O trabalho de vocês como curadores e dos autores é de extrema importância para a
cultura do mundo.”
Gigio Venturelli
“Fico feliz em receber de vocês as dicas dos curtas. Curto os filmes, documentários, amo o
site. Parabéns!”
Jovinature Menezes
“Parabenizo vocês pelo porta curtas, sou fã incondicional e sempre entro no site para
assistir os vídeos, garanto que ainda vou assistir a todos. Sou fã também dessa
modalidade de cultura, é incrível como num espaço de tempo tão pequeno, assistimos
verdadeiras obras primas que as vezes um longa metragem não conseguiria transmitir.”
Luiz Zaniboni
“Entro no site pelo menos duas vezes por semana para ver os curtas, gosto muito e
sempre estou assistindo.”
Ricardo José Cardoso
108
“Parabenizo toda a equipe pelo ótimo espaço destinado ao audiovisual”.
Fernanda Correio
“Por quê iria querer deixar de receber os e-mails do curta clube? Podem continuar
mandando, que gosto muito.’
Rosemary Lopes
“(...) Aproveito para parabenizá-los pelo trabalho e filmes selecionados!”
Juliana Meireles
“Olá. Antes de tudo, parabéns pelo site. A idéia é excelente e os curtas são de grande
qualidade.”“.
Mateus Coelho
“Conheci o site através da reportagem do "Segundo Caderno" do jornal "O
Globo" deste domingo e gostei muito de saber desta iniciativa.”
Augusto Miranda
“Olá, parabéns pelo site, achei deveras interessante.”
Daniel Pereyron
“Parabéns pelo excelente trabalho com o site Porta Curtas Petrobrás.”
Marcos Buccini
“Na verdade esse e-mail é apenas um elogio.Muito, mas muito bom mesmo o site de
vocês. A velocidade é boa, o acervo ótimo e o objetivo nobre: divulgar os curta-metragens
brasileiros. Parabéns. Já me diverti bastante nos últimos dias no site de você.”
Flávio Marinho Ferreira
“Eu sou fã do site!!!”
Natalia Parizotto
“Parabéns pelo site. Excelente!”
Renato Bellote
6.2 - Elogios de realizadores no período deste relatório (seleção)
“Estou recebendo os comentários e achando muito legal esse retorno das pessoas.
Valeu!!!”
Luigi De Franceschi, diretor de “O Tubo
“Meu nome é Larissa Bracher e adoro o Porta Curtas Petrobras . Tenho visto coisas ótimas
aí.”
Larissa Bracher, atriz de “
Ópera Curta
“Acompanhamos a votação através do Porta Curtas Petrobras e achamos interessantíssimo
o formato do site para divulgação dos curtas brasileiros.”
Jorge Martins Rodrigues, diretor de “
O Boi Mamulengo
109
“(...) parabenizando pelo excelente site, e declaro o meu apreço.”
Adilson Maghá, diretor de “A Idade do Homem”
110
Anexo 7
Questionário aplicado a 20 participantes do curso de pós-graduação a distância do curso
de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
Pergunta: Como é a qualidade de transmissão de imagens apresentada pelo site Porta Curtas?
0
5
10
15
20
Resultado
Boa
Ruím
111
Anexo 8
Questionário aplicado a 20 participantes do curso de pós-graduação a distância do curso
de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
Pergunta: Como você considera a qualidade de sons e imagens no site Porta Curtas?
0
5
10
15
20
Resultado
Boa
Ruím
112
Anexo 9
Questionário aplicado a 20 participantes do curso de pós-graduação a distância do curso
de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
Pergunta: Como você qualifica o acervo disponível no site Porta Curtas?
0
5
10
15
20
Resultado
Boa
Ruím
113
Anexo 10
Questionário aplicado a 20 participantes do curso de pós-graduação a distância do curso
de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
Pergunta: O que você acha da oferta de ferramentas de busca disponíveis no site Porta Curtas?
0
2
4
6
8
10
12
Resultado
Boa
Ruím
114
Anexo 11
Questionário aplicado a 20 participantes do curso de pós-graduação a distância do curso
de Máster em Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
Pergunta: Qual a importância da oferta do gênero documentário na Internet para fins
pedagógicos?
0
5
10
15
20
Resultado
Importante
Sem importância
115
Anexo 12
5.4 - Comentários de especialistas e usuários
Foram recebidos comentários de especialistas convidados e professores usuários do front, elogiando a
iniciativa da criação do módulo Curta na educação. Conheça alguns dos comentários, na seleção
abaixo:
Comentários selecionados de especialistas convidados:
“Terei muito prazer em fazê-lo!”
Eduardo O. C. Chaves - Professor de Filosofia, Universidade Estadual de Campinas/SP (UNICAMP) e
Consultor do Programa "Sua Escola a 2000 por Hora" do Instituto Ayrton Senna.
"Tenho muito prazer em poder colaborar com o projeto pois sou usuário dos curtas. Assim nessa
situação posso retribuir o uso que tenho feito..."
José Armando Valente - Coordenador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação, UNICAMP –
SP
"Agradeço tanto pelo convite como pelo seu interesse pelos meus trabalhos, e nesta área estou a
disposição...Quanto ao fato de eu realizar uma "sugestão", de ações, aplicabilidade, e atividades,
posso fazê-lo com o maior prazer...Vamos em frente! Grande abraço, e parabéns pela iniciativa."
Liliane de Queiroz Antonio - Laboratório de Pesquisa em Processos Químicos e Gestão
Empresarial/FEQ/UNICAMP
"Nem imagina o quanto é gostoso ler isso!! Eu é que agradeço a oportunidade"
Beatriz Ansarah Rizek - Coordenadora Pedagógica da Escola do Futuro da USP - SP
“É um imenso prazer receber tal convite, gostaria sim de participar, pois mesmo nas aulas de
informática que ministro acredito em outros olhares, que não sejam somente passar conteúdos
técnicos, afinal estamos também formando cidadãos.”
Profa. Vera Forbeck - Professora da UNIBAN - SP, Instituto Madre Mazarello, Escola Teresa Martin e
consultora em EAD e Tecnologias Educacionais pela Inteos.
Comentários selecionados de professores usuários:
"O formato curta-metragem é ideal para o trabalho pedagógico porque sobra espaço para as
discussões e mediações no tempo da aula/curso. Utilizamos o vídeo Ilha das Flores na formação
docente aqui no NTE, abordando tanto o conteúdo, quanto a linguagem do vídeo que é fantástica!
No primeiro caso, após a exibição pedimos para os professores escolher temas do vídeo que podem
ser articulados com as disciplinas. No segundo caso, utilizei durante uma disciplina (Tecnologia na
Educação) após a exibição, começamos a construir uma rede de idéias e significados coletivamente e
introduzimos a questão da linguagem hipertextual das TIC e a especificidade da linguagem dos
vídeos....”
Maria Sigmar Coutinho Passos
“Adorei. Será uma ótima indicação para apresentar no meu projeto de formação continuada de
professores, cujo titulo é A Construção do Cidadão em Seu Meio Ambiente, do curso de pós-
116
graduação. Espero mais. Parabéns pelo trabalho.”
Isabel Regina de Oliveira
“Sou professor de Ensino Médio e a proposta de parecer pedagógico é voltada para o ensino
fundamental, mas me fez refletir em como o curta pode ser bem utilizado. Vou pensar em propostas
e quem sabe também venha publicar!”
Rafael Mendonça
“Achei muito interessante a proposta de analisar as propagandas partindo do curta e as sugestões
pedagógicas dão uma idéia de que caminhos seguir. O Curta pode contribuir para que o aluno
entenda como o capitalismo predomina. É uma ótima oportunidade
de aprendizado.”
Ana Maria Prado
AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA
Situação dos Projetos Cinematográficos e
Audiovisuais Ativos na ANCINE
(em 31/12/2005)
1
INDICE ANALÍTICO
1 – O universo dos Projetos analisados .........................................................................................................4
2 – Características dos Projetos Analisados ..................................................................................................4
2.1 – Características Gerais.................................................................................................................... 4
Tabela 1 - Projetos de Produção - valores autorizados e captados por etapa
de produção
...........................................................................................................................5
Tabela 2 - Número de Projetos Autorizados e COM Valores Captados por
Etapa de Produção .............................................................................................................5
Tabela 3 - Projetos Ativos com Valores Captados - por Etapa de Produção..6
2.2 – Duração...........................................................................................................................................6
Tabela 4 - Projetos de Produção por Duração - Valores Autorizados e
Captados ................................................................................................................................6
2.3 – Gênero............................................................................................................................................. 7
Figura 1 - Número de Projetos Com Captação por Gênero e por Etapa de
Produção
................................................................................................................................7
Figura 2 - Valores captados por gênero (R$ mil) .....................................................8
3 – Projetos por Etapa de Produção ..............................................................................................................8
3.1 – Projetos Em Captação..................................................................................................................8
Tabela 5 - Etapa “ em captação” – quadro geral....................................................9
Tabela 6 - Etapa “ em captação” –sem valores captados, por ano de
aprovação...............................................................................................................................9
Tabela 7 - Etapa “ em captação” –com valores captados, por ano de
aprovação............................................................................................................................ 10
3.2 – Projetos em Preparação .............................................................................................................10
Tabela 8 - Etapa “em preparação” – quadro geral.............................................. 11
3.3 – Projetos em Finalização .............................................................................................................11
Tabela 9 - Etapa “ em finalização” – por ano de liberação de recursos........ 11
Tabela 10 - Etapa “ em finalização” – por ano de aprovação.......................... 12
3.4 – Projetos Finalizados....................................................................................................................12
Tabela 11 - Filmes Finalizados por Ano de Liberação ........................................ 13
Tabela 12 - Etapa "finalizados" - por segmento de exibição ........................... 13
4 – Projetos por Ano de Aprovação e de Liberação de Recursos ..........................................................14
Tabela 13 - Número de Projetos Ativos por Ano de Aprovação e de
Liberação ............................................................................................................................ 14
Tabela 14 - Número de Projetos Ativos por Ano de Aprovação e Etapa de
Produção ............................................................................................................................. 14
Tabela 15 - Número de Projetos Ativos por Ano de Liberação e Etapa de
Produção ............................................................................................................................. 15
4 – Empresas Produtoras................................................................................................................................15
Figura 3 - Projetos por produtora – projetos ativos.............................................. 16
Figura 4 - Projetos com efetiva captação de recursos, por produtora............ 16
Figura 5 - Concentração de Valores Captados por ranking de empresas
produtoras
........................................................................................................................... 17
Tabela 16 - As maiores Produtoras por número de projetos com captação.18
4.1 – Unidade da Federação................................................................................................................18
Tabela 17 - Projetos por Região .................................................................................. 19
Tabela 18 - Projetos por Região com captação...................................................... 19
2
4.2.2 – Valores Autorizados e Valores Captados ............................................................................20
Tabela 19 - As 30 maiores Produtoras por valores autorizados....................... 20
Tabela 20 - As 30 maiores Produtoras por valores captados ............................ 21
3
1 – O universo dos Projetos analisados
O objetivo deste trabalho é analisar o perfil dos projetos que se encontram sob a supervisão da
ANCINE e que têm autorização para captação de recursos incentivados pelas Leis de Incentivo
Federais
1
. Foram excluídos da base de dados projetos em fase de prestação de contas, cujo
período de captação está encerrado. Foram analisados apenas os projetos de produção de obras
audiovisuais, excluindo os demais, como projetos de distribuição, mostras e festivais
internacionais, infra-estrutura técnica e desenvolvimento de projetos.
O universo analisado constituiu-se assim de 689 projetos de produção de obras cinematográficas
e videofonográficas, que tiveram sua aprovação entre os anos de 1995 e 2005.
2 – Características dos Projetos Analisados
2.1 – Características Gerais
Os 689 projetos de produção encontram-se em uma das 5 etapas de produção a seguir:
Em captação - em fase inicial de levantamento de recursos
Em preparação – recursos captados já liberados ou prestes a dar início às filmagens
Em filmagem
Em finalização – filmagens encerradas, em pós-produção
Finalizados – prontos, lançados ou não.
A Tabela 1 mostra que 58,2% dos projetos ativos na ANCINE ainda se encontram em etapa de
captação.
Os valores totais autorizados para captação através das leis de incentivo federais ultrapassam R$
1,4 bilhão . No entanto, apenas 23,4% desse montante foram captados
2
.
1
A ANCINE autoriza a captação de recursos para projetos nas Leis nº 8.685/93, Art. 39 e 41 da Medida Provisória nº 2.228-
1/01, Lei nº 10.179/01 e na nº Lei 8.313. Esta última quando obras de longa-metragem, telefilmes e obras seriadas, além de
curta e médias-metragens quando o pedido de aprovação contemplar outras leis.
4
2
Os valores de autorização e de captação correspondem não apenas ao ano de 2005, mas a todos os anos desde a aprovação
inicial do projeto. Portanto, se um projeto teve aprovação inicial em 2001 e foi prorrogado para 2005, por exemplo, os valores
listados incluem o total inicialmente aprovado e os valores captados desde sua aprovação inicial (ou seja, desde 2001, e não só
os valores captados em 2005).
Tabela 1 - Projetos de Produção - valores autorizados e captados por etapa de
produção
Etapa de
Produção
Núm.
Projetos
%
Valores
Autorizados
(
R$ mil
)
A
%
Valores
Captados
(
R$ mil
)
B
%
Captado/
Autorizado
B/A
Em
Captação
401 58,2% 878.588,6 58,8% 16.269,5 4,7% 1,9%
Em
preparação
68 9,9% 121.180,0 8,1% 42.882,9 12,3% 35,4%
Em
filmagem
4 0,6% 6.359,8 0,4% 2.270,3 0,6% 35,7%
Em
finalização
106 15,4% 194.113,1 13,0% 97.558,9 27,9% 50,3%
Finalizados
110 16,0% 294.321,8 19,7% 190.519,1 54,5% 64,7%
Total
689 100,0% 1.494.563,25 100,0% 349.500,73 100,0% 23,4%
FONTE: SALIC - projetos ativos - posição 31/12/2005.
Do total de 689 projetos ativos, 297 projetos já conseguiram captar parte dos recursos
necessários para produção, conforme indicam tabelas 2 e 3.
Tabela 2 - Número de Projetos Autorizados e COM Valores Captados por Etapa de
Produção
Etapa de
Produção
Núm.
Projetos
Autorizados
Núm. Projetos COM
Valores Captados
Em Captação 401 50
Em preparação 68 58
Em filmagem 4 4
Em finalização 106 83
Finalizados 110 102
Total 689 297
5
Tabela 3 - Projetos Ativos com Valores Captados - por Etapa de Produção
Etapa de
Produção
Proje
tos
%
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
(A)
%
Valores
Captados
(R$ mil)
(B)
%
Captado/
Autorizado
(B/A)
Em Captação
50 16,8% 150.468,1 20,8% 16.269,5 4,7% 10,8%
Em preparação
58 19,5% 105.926,3 14,6% 42.882,9 12,3% 40,5%
Em filmagem
4 1,3% 6.359,8 0,9% 2.270,3 0,6% 35,7%
Em finalização
83 27,9% 175.818,0 24,3% 97.558,9 27,9% 55,5%
Finalizados
102 34,3% 286.349,5 39,5% 190.519,1 54,5% 66,5%
Total
297 100,0% 724.921,6 100,0% 349.500,7 100,0% 48,2%
2.2 – Duração
Analisando apenas os 297 projetos com captação percebe-se que a grande parte (79,5%), é de
filmes de longa-metragem , mas os mesmos têm uma performance de captação bem inferior aos
demais tipos de projetos, já que os seus orçamentos de produção mais elevados (47,1%). Deve-se
ressaltar que os projetos de curta e média metragem aprovados pela ANCINE são apenas os que
utilizam a Lei do Audiovisual ou o Art. 39 da MP 2228-1/01 como, pelo menos, um dos
mecanismos de captação.
No entanto, se observarmos o total de valores captados, os longa metragens apresentam a
melhor performance: 89,5% dos recursos captados.
Tabela 4 - Projetos de Produção por Duração - Valores Autorizados e Captados
Duração Projetos %
Valores
Autorizados
(R$ mil)
(A)
%
Valores
Captados
(R$ mil)
(B)
%
Captado/
Autorizado
(B/A)
Longa 236 79,5% 663.552,4 91,5% 312.762,4 89,5% 47,1%
Série 26 8,8% 45.567,3 6,3% 27.694,3 7,9% 60,8%
Média 21 7,1% 10.174,2 1,4% 5.212,5 1,5% 51,2%
Prog. TV 6 2,0% 2.743,5 0,4% 2.447,3 0,7% 89,2%
Telefilme 6 2,0% 2.562,0 0,4% 1.221,0 0,3% 47,7%
Curta 2 0,7% 322,1 0,0% 163,3 0,0% 50,7%
Total 297 100,0% 724.921,6 100,0% 349.500,7 100,0% 48,2%
* incluídos os programas de TV (Lei Rouanet ou Art. 39 MP 2.228-1/01)
6
2.3 – Gênero
Dividindo os 297 projetos em três gêneros (ficção, documentário ou animação), percebe-se
ligeira predominância das ficções (59,9%) em relação aos documentários (36%) no número de
projetos autorizados pela ANCINE para captação, conforme Figura 1.
Figura 1 - Número de Projetos Com Captação por Gênero e por Etapa de Produção
0
10
20
30
40
50
60
70
Em Captação Em preparação Em filmagem Em finalização Finalizado
Animação Documentário Ficção
Animação
222
Documentário
15 26 1 37 34
Ficção
35 30 3 44 66
Em Captação Em preparação Em filmagem Em finalização Finalizado
No entanto, quando se comparam os valores captados, há clara predominância dos projetos de
ficção, que concentram 85,3% dos recursos (figura 2). Esse fato decorre da própria característica
dos documentários, que em geral com um orçamento mais reduzido, como se observa nos
valores autorizados. Em média, o valor aprovado para um projeto de ficção é de R$ 3,2 milhões
contra R$ 860 mil para um de documentário, levando em consideração os projetos ativos com
captação.
7
Figura 2 - Valores captados por gênero (R$ mil)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ficção Animação Documentário
Documentário
3.589,6 1.037,0 12.020,9 12.148,4 19.372,2
Animação
0,0 0,0 564,0 1.560,0 963,9
Ficção
12.679,9 1.233,3 84.974,0 29.174,5 170.183,0
Em Captação Em filmagem Em finalização Em preparação Finalizado
3 – Projetos por Etapa de Produção
3.1 – Projetos Em Captação
A Tabela 5, a seguir, separa os 401 projetos em fase de captação, classificando-os da seguinte
forma: com captação (realizada) e os sem captação. Deste conjunto, 87,5% (351 projetos) não
possuem valores captados, e apenas 12,5% (50 projetos) tiveram alguma captação efetivada.
8
Os projetos sem captação de recursos podem ter duas justificativas diferentes: a) são projetos
aprovados bem recentemente, sem que houvesse tempo hábil para a realização da captação (por
exemplo, projetos aprovados no segundo semestre de 2005); b) são projetos mais antigos, que
não conseguiram atrair investidores interessados na realização do projeto. Estes últimos são
“projetos caducos”, que provavelmente não serão realizados.
Tabela 5 - Etapa “ em captação” – quadro geral
Projetos em fase de
Captação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
(R$ mil)
%
Captado/
Autorizado
COM valores captados
50 12,5% 150.468,1 17,1% 16.269,5 100,0%
SEM valores captados
351 87,5% 728.120,5 82,9% 0 0,0%
TOTAL (em fase de
captação)
401 100,0% 878.588,6 100,0% 16.269,5 100,0%
As Tabelas 6 e 7 comprovam que a primeira hipótese é mais plausível, já que dos 351 projetos
sem captação, 159 projetos foram aprovados no ano de 2005, e 115 aprovados em 2004, o que
representa 78,1% do total de projetos aprovados.
Tabela 6 - Etapa “ em captação” –sem valores captados, por ano de aprovação
Ano de
Aprovação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
Autorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
2002
11 3,1% 21.641,0 3,0%
0
2003
66 18,8% 115.347,7 15,8%
0
2004
115 32,8% 242.467,2 33,3%
0
2005
159 45,3% 348.664,7 47,9%
0
Total de
projetos em
captação SEM
valores
captados
351 100,0% 728.120,5 100,0%
0
9
A Tabela 7 desagrega os projetos na etapa “em captação” com parte dos recursos captados. São
os 50 projetos segundo o ano de aprovação do projeto. Existem 4 projetos aprovados
anteriormente a 2002 ainda em fase de captação, com captação de R$ 1 milhão. Por outro lado,
18 projetos que permanecem em fase de captação foram aprovados em 2004 ou 2005. Deve-se
lembrar que o total dos valores captados (no caso, R$ 16,3 milhões para 50 projetos) permanece
bloqueado, não estando liberado para a utilização dos recursos por parte das produtoras.
Tabela 7 - Etapa “ em captação” –com valores captados, por ano de aprovação
Ano Aprovação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
2000
1 2,0%
800,0
0,53%
30,0
0,2%
2001
3 6,0%
2.943,4
1,96%
1.018,7
6,3%
2002
5 10,0%
11.945,0
7,94%
1.509,8
9,3%
2003
23 46,0%
89.345,3
59,38%
8.403,9
51,7%
2004
14 28,0%
41.141,6
27,34%
4.497,9
27,6%
2005
4 8,0%
4.292,9
2,85%
809,1
5,0%
Total de projetos
em captação
COM valores
captados
50 100,0% 150.468,1 100,00% 16.269,5 100,0%
Núm. Projetos Valores Autorizados Valores Captados
% de projetos
com captação
realizada em
relação ao total
de projetos "em
captação"
12,5% 17,1% 100,0%
3.2 – Projetos em Preparação
A Tabela 8 analisa os 68 projetos em preparação, sendo 53 projetos com liberação de recursos
(autorização para movimentação de conta-corrente) e 15 projetos na iminência do início das
filmagens.
10
Dos 68 projetos, a maior parte (40 projetos) teve recursos liberados apenas em 2005, o que
justificaria ainda não terem avançado para as etapas de produção posteriores. Por outro lado,
dois projetos já tiveram recursos liberados há mais de dois anos, mas ainda não atingiram a etapa
de filmagens, já que 40% dos valores autorizados para esses projetos foram captados.
Tabela 8 - Etapa “em preparação” – quadro geral
Ano
Liberação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao
total
Valores
Autorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao
total
Valores
Captados
(R$ mil)
% em
relação
ao
total
Captado /
Autorizado
(%)
1995
1 1,5% 2.067,6 1,7% 657,0 1,5% 31,8%
2003
1 1,5% 515,1 0,4% 302,8 0,7% 58,8%
2004
11 16,2% 17.392,4 14,4% 7.795,8 18,2% 44,8%
2005
40 58,8% 74.758,4 61,7% 31.983,2 74,6% 42,8%
SEM
Liberação
15 22,1% 26.446,5 21,8% 2.144,1 5,0% 8,1%
Total de
projetos em
preparação
68 100,0% 121.180,0 100,0% 42.882,9 100,0% 35,4%
3.3 – Projetos em Finalização
As Tabelas 9 e 10 apresentam os projetos em finalização, segundo o ano de liberação e de
aprovação. Dos 106 projetos em finalização, 59 tiveram recursos liberados nos anos de 2003 e
2004. Além desses, 12 projetos tiveram liberação de recursos em ano anterior a 2003 e em
princípio já deveriam estar concluídos. Existem 29 projetos sem liberação de recursos, atingindo
esta etapa de produção com recursos não-incentivados. 5 tiveram liberação de recursos entre os
anos de 2001 e 1999, sendo atípica sua não-conclusão. Considerando o tempo requerido pelas
etapas de preparação e filmagem, bem como a necessidade de captar recursos que possibilitem
sua finalização, os filmes nesta etapa com recursos liberados há menos de 2 anos estão dentro
dos prazos considerados razoáveis para sua execução.
O conjunto de projetos “em finalização”, sobretudo ao que têm liberação de recursos anterior a
2002 vem sendo objeto de acompanhamento pela Superintendência de Desenvolvimento
Industrial.
Tabela 9 - Etapa “ em finalização” – por ano de liberação de recursos
11
Ano
Liberação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Captado/
Autorizado
(%)
1999 1 0,94% 2.850,0 1,5% 2.541,3 2,6% 89,2%
2000 1 0,94% 728,6 0,4% 234,0 0,2% 32,1%
2001 3 2,83% 2.250,8 1,2% 984,3 1,0% 43,7%
2002 7 6,60% 11.848,0 6,1% 7.872,9 8,1% 66,4%
2003 6 5,66% 10.525,7 5,4% 6.479,5 6,6% 61,6%
2004 28 26,42% 67.962,9 35,0% 41.276,6 42,3% 60,7%
2005 31 29,25% 75.701,2 39,0% 37.899,6 38,8% 50,1%
SEM Liberação 29 27,36% 22.245,9 11,5% 270,7 0,3% 1,2%
Total de
projetos em
finalização
106 100,00% 194.113,1 100,0% 97.558,9 100,0% 50,3%
Em relação ao ano de aprovação, existe 1 projeto autorizado para captação desde 1999 que ainda
não conseguiu ser finalizado. Em relação aos projetos aprovados entre os anos de 2000 e 2003,
17 se encontram nesta etapa de realização. Em média, os projetos de finalização captaram 50,3%
(tabela 9) do valor autorizado, havendo ainda a necessidade do prosseguimento da captação para
a conclusão das etapas posteriores.
Tabela 10 - Etapa “ em finalização” – por ano de aprovação
Ano de
Aprovação
Núm
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Captado/
Autorizado
(%)
1997 4 3,8% 13.170,4 6,8% 8.393,4 8,6% 63,7%
1998 2 1,9% 4.919,1 2,5% 3.539,0 3,6% 71,9%
1999 4 3,8% 3.731,2 1,9% 1.277,2 1,3% 34,2%
2000 8 7,5% 17.464,6 9,0% 11.232,7 11,5% 64,3%
2001 10 9,4% 32.464,3 16,7% 17.645,5 18,1% 54,4%
2002 19 17,9% 28.012,0 14,4% 15.742,2 16,1% 56,2%
2003 27 25,5% 43.814,3 22,6% 21.415,6 22,0% 48,9%
2004 22 20,8% 43.209,7 22,3% 16.707,6 17,1% 38,7%
2005 10 9,4% 7.327,6 3,8% 1.605,6 1,6% 21,9%
Total de
projetos em
finalização
106 100,0% 194.113,1 100,0% 97.558,9 100,0% 50,3%
3.4 – Projetos Finalizados
De 110 projetos finalizados, 93 são de cinema e apenas 17 para TV/Homevideo, conforme a
Tabela 12. Dos projetos para cinema, 51 já foram lançados, e 42 não foram lançados até
31/12/2005. Destes, no entanto, 18 possuem distribuidora, indicando, portanto uma
possibilidade concreta de lançamento. 24 projetos finalizados permanecem sem distribuidora,
gerando incerteza sobre seu efetivo lançamento no circuito de salas de exibição.
12
Dos 93 filmes finalizados para o mercado de cinema, o valor médio captado por filme é de R$1,8
milhão. No entanto, se considerarmos apenas os filmes lançados (51 projetos), este número sobe
para R$2,1 milhões. Em média, os filmes finalizados captaram 62,9% do valor autorizado para a
captação.
Na Tabela 11 percebe-se que 56 projetos finalizados obtiveram liberação dos recursos captados
no período entre 1998 e 2002.
Tabela 11 - Filmes Finalizados por Ano de Liberação
Ano Liberação
Núm.
Projetos
% em
relação
ao total
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Valores
Captados
(R$ mil)
% em
relação
ao total
Captado/
Autorizado
(%)
1997
1 0,9% 5.156,8 1,8% 1.292,0 0,7% 25,1%
1999
2 1,8% 6.703,8 2,3% 4.609,4 2,4% 68,8%
2000
2 1,8% 4.120,5 1,4% 3.042,6 1,6% 73,8%
2001
9 8,2% 39.796,3 13,5% 28.150,3 14,8% 70,7%
2002
10 9,1% 25.415,4 8,6% 16.854,1 8,8% 66,3%
2003
18 16,4% 56.579,5 19,2% 39.471,1 20,7% 69,8%
2004
41 37,3% 116.268,2 39,5% 77.848,4 40,9% 67,0%
2005
18 16,4% 32.133,0 10,9% 19.075,2 10,0% 59,4%
SEM Liberação
9 8,2% 8.148,4 2,8% 176,0 0,1% 2,2%
Total de
projetos
finalizados
110 100,0% 294.321,8 100,0% 190.519,1 100,0% 64,7%
É importante notar (Tabela 12) que o valor médio captado por filme sem distribuidora é de
apenas R$908 mil, contra R$1,3 milhão dos filmes com distribuidora e R$ 2,4 milhões dos filmes
lançados. O que sugere a existência de uma preferência do mercado por filmes com orçamento
mais elevado.
Tabela 12 - Etapa "finalizados" - por segmento de exibição
CINEMA
Número
de
Filmes
Valores
Autorizados
(R$ mil)
Valores
Captados
(R$ mil)
%
captado
Valor Captado
por Filme
(R$ mil)
Filmes Finalizados
93
269.362,6 169.436,6
62,9% 1.821,9
Filmes Lançados
51
192.980,4 123.416,8
45,8% 2.419,9
Filmes não-lançados
42
76.382,2 46.019,8
17,1% 1.095,7
Filmes COM distribuidora
18
36,7 24,2
0,0% 1.344,9
Filmes SEM distribuidora
24
39.708,9 21.812,1
8,1% 908,8
13
TV / HOME VIDEO
Número
de
Filmes
Valores
Autorizados
(R$ mil)
Valores
Captados
(R$ mil)
%
captado
Valor Captado
por Filme
(R$ mil)
Finalizados 17
24.959,2 21.082,5
84,5% 1.240,1
Exibidos 12
16.951,5 14.281,5
57,2% 1.190,1
Não Exibidos 5
8.007,7 6.801,0
27,2% 1.390,2
4 – Projetos por Ano de Aprovação e de Liberação de Recursos
A Tabela 13 apresenta os projetos ativos por ano de aprovação e de liberação. Dos 689 projetos
ativos em 31/12/2005, 455 não movimentaram recursos até o final de 2005. Dos 234 projetos
com liberação de recursos, 170 (72,6%) tiveram liberação nos últimos dois anos, mantendo-se
ativos. Por outro lado, 8 projetos obtiveram liberação em data anterior a 1º de janeiro de 2001,
ou seja, há mais de 5 anos, e permanecem ativos.
Tabela 13 - Número de Projetos Ativos por Ano de Aprovação e de Liberação
Ano Liberação
Ano
Aprovação
Sem
Liberação
1995 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total
1995 1 1
1996 1 2 1 4
1997 6 2 2 10
1998 1 2 1 3 1 1 9
1999 1 1 3 3 1 1 10
2000 1 5 5 3 14
2001 3 2 6 10 5 26
2002 19 7 7 17 10 60
2003 102 3 28 23 156
2004 147 19 28 194
2005 183 22 205
Total 455 1 1 3 3 14 17 25 80 90 689
A seguir, a Tabela 14 apresenta as etapas de produção dos projetos ativos segundo o ano de
aprovação. Dos 689 projetos ativos, 399 (57,9%) foram aprovados nos últimos dois anos. Por
outro lado, 48 projetos (6,9%) tiveram aprovação há mais de 5 anos. No entanto, destes 48
projetos, 23 se encontram finalizados e outros 18 projetos estão em etapa de finalização.
Tabela 14 - Número de Projetos Ativos por Ano de Aprovação e Etapa de Produção
14
Etapa de Produção
Ano
Aprovação
Em
Captação
Em
preparação
Em
filmagem
Em
finalização
Finalizado Total
1995 1 1
1996 4 4
1997 1 2 4 3 10
1998 1 2 6 9
1999 1 4 5 10
2000 1 8 5 14
2001 3 2 1 10 10 26
2002 16 5 19 20 60
2003 89 16 27 24 156
2004 129 22 22 21 194
2005 163 19 1 10 12 205
Total 401 68 4 106 110 689
A Tabela 15 apresenta os projetos ativos segundo o ano de liberação de recursos. Nessa tabela,
podemos constatar que, dos 8 projetos cuja primeira liberação ocorreu há mais de 5 anos, apenas
1 não realizou as filmagens. Os outros 7 projetos encontram-se em finalização ou concluídos.
Tabela 15 - Número de Projetos Ativos por Ano de Liberação e Etapa de Produção
Etapa de Produção
Ano
Liberação
Em
Captação
Em
preparação
Em
filmagem
Em
finalização
Finalizado Total
sem
liberação
401 15 1 29 9 455
1995 1 1
1997 1 1
1999 1 2 3
2000 1 2 3
2001 2 3 9 14
2002 7 10 17
2003 1 6 18 25
2004 11 28 41 80
2005 40 1 31 18 90
Total 401 68 4 106 110 689
4 – Empresas Produtoras
Esta seção irá contemplar os projetos ativos na ANCINE tendo como foco as empresas
produtoras. No total, os 689 projetos analisados neste estudo foram apresentados por 410
produtoras distintas. Dos 689 projetos, apenas 297 projetos têm valores captados. As empresas
proponentes destes projetos são em número de 218.
15
Quase 2/3 das produtoras (64,1%) possuem um único projeto ativo para captação. Das 410
empresas proponentes com projetos ativos na ANCINE, apenas 17 (4,1%) apresentam 5
projetos ou mais. Esses números comprovam a grande dispersão da produção cinematográfica
geralmente realizada por empresas que administram um único projeto por vez.
Figura 3 - Projetos por produtora – projetos ativos
1 projeto; 263
produtoras; 64,1%
2 projetos; 88
produtoras; 21,5%
3 projetos; 37
produtoras; 9,0%
4 projetos; 5
produtoras; 1,2%
5 projetos ou mais; 17
produtoras; 4,1%
Quando se analisam apenas os projetos com valores captados (297 projetos), os números são
ainda mais significativos. 81% das produtoras com projetos com captação (ou 178 empresas
de um total de 218) possuem apenas um único projeto ativo com captação, e apenas 4
empresas possuem valores captados para 5 projetos ou mais.
Figura 4 - Projetos com efetiva captação de recursos, por produtora
16
1 projeto; 178
produtoras; 81%
3 projetos; 8
produtoras; 4%
4 projetos; 5
produtoras; 2%
2 projetos; 23
produtoras; 11%
5 projetos ou mais; 4
produtoras; 2%
Apenas 17 empresas possuem mais de 2 projetos com valores captados (Tabela 16). A Diler
& Associados Ltda com 20 projetos autorizados para captação, tem apenas 11 projetos com
valores captados. Os números não deixam de refletir uma situação natural de mercado: as
empresas produtoras acabam priorizando, em sua demanda, projetos cuja etapa de produção
está mais avançada, ou que tem mais capacidade de captação.
Na Figura 4, viu-se que 218 produtoras possuem projetos com valores captados. A Figura 5
revela que cinco produtoras concentram 24,5% dos recursos. As 10 produtoras que mais
captaram concentram 33,1% dos recursos captados. Ou seja, os dados comprovam que, além
de um grande número de produtoras em processo de captação, os valores captados estão
concentrados em poucas produtoras, já que se aumentarmos nosso universo constatamos
que 30 produtoras captaram 58,2% dos recursos.
Figura 5 - Concentração de Valores Captados por ranking de empresas produtoras
58,2%
33,1%
19,2%
24,5%
100,0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3 mais 5 mais 10 mais 30 mais Total (218
empresas)
24,5% dos valores captados
foram captados para as 5
principais empresas produtoras.
17
Tabela 16 - As maiores Produtoras por número de projetos com captação
# Produtora UF
Número
de
projetos
com
captação
Valores
Captados
(R$ mil)
1 Diler & Associados Ltda. RJ 11 35.388,3
2 TV Zero Produções Audiovisuais Ltda RJ 7 2.479,4
3 Filmes do Equador Ltda. RJ 6 12.957,7
4
Raccord Produções Artísticas e
Cinematográficas Ltda.
RJ 5 5.600,9
5 Bananeira Filmes Ltda. RJ 4 728,0
6 Conspiração Filmes Entretenimento Ltda. RJ 4 18.737,1
7
Grifa Comércio e Prod. Cinematográficas,
Audiovisuais e Artísticas Ltda.
SP 4 2.521,3
8 Grupo Novo de Cinema e TV Ltda. RJ 4 4.214,0
9 Ravina Produções e Comunicações Ltda. RJ 4 8.473,6
10 Canal Azul Produções Culturais Ltda. SP 3 1.798,0
11 Casa de Cinema de Porto Alegre Ltda RS 3 5.981,6
12 Dezenove Som e Imagens Produções Ltda. SP 3 4.862,0
13 Videofilmes Produções Artísticas ltda. RJ 3 5.160,3
14 Gullane Filmes Ltda SP 3 5.186,8
15 Laz Audiovisual Ltda PR 3 1.670,3
16 Morena Filmes Ltda. RJ 3 5.288,9
17 Raiz Produções Cinematográficas Ltda. SP 3 1.709,1
4.1 – Unidade da Federação
A Tabela 17 apresenta o total de projetos (689) segundo a região geográfica da empresa
proponente. Os dados comprovam a concentração na região Sudeste, que detém 85,9% dos
projetos e 81,2% das empresas proponentes. Quando se observam os valores captados, os
números são ainda mais expressivos: 92,0% da captação foi destinada a empresas da região
Sudeste.
18
A concentração é mais expressiva se analisarmos os dados do eixo Rio-São Paulo. Só no Rio de
Janeiro estão 43,4% das produtoras e 62,3% dos valores captados. Em São Paulo, estão 32,7%
das produtoras e 27,4% dos valores captados. Ou seja, só no Rio e em São Paulo, estão 76,1%
das produtoras e 89,7% da captação.
A região Sul abrange 5,4% da captação e 9,3% do número de produtoras. As produtoras do
estado do Rio Grande do Sul (18) obtiveram 3,7% dos valores captados, são responsáveis pelo
bom desempenho desta região.
Não há nenhum projeto autorizado para captação de uma produtora da Região Norte do país,
provavelmente por falta de demanda pelas produtoras locais.
Tabela 17 - Projetos por Região
Região
Número de
Empresas
Proponentes
%
Número
de
Projetos
%
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
%
Valores
Captados
(R$ mil)
%
N
0
0,0%
0
0,0% 0,0 0,0% 0,0 0,0%
CO
20
4,9%
25
3,6% 41.670,0 2,8% 4.271,5 1,2%
NE
19
4,6%
20
2,9% 26.135,7 1,7% 4.776,2 1,4%
S
38
9,3%
52
7,5% 94.137,2 6,3% 18.758,7 5,4%
SE
333
81,2%
592
85,9% 1.332.620,4 89,2% 321.694,3 92,0%
Total
410
100,0%
689
100,0% 1.494.563,3 100,0% 349.500,7 100%
RJ/SP
312
76,1%
563
81,7% 1.295.094,1 86,7% 313.605,6 89,7%
Considerando apenas projetos com valores captados, apresentado na Tabela 18, o quadro de
concentração de produtoras no eixo Rio-São Paulo não se modifica, sendo os percentuais por
regiões bastante semelhantes.
No Rio de Janeiro, das 178 empresas proponentes com 336 projetos, apenas 103 empresas e 152
projetos possuem valores captados. Ou seja, menos de 60% das empresas (57,9%) e menos da
metade dos projetos (45,2%) conseguem realizar alguma captação de recursos. No caso de São
Paulo, o panorama é o mesmo: 72 entre as 134 empresas proponentes do estado possuem
valores captados (53,7%), e 96 dos 227 projetos (42,3%).
Tabela 18 - Projetos por Região com captação
19
Região
Número de
Empresas
Proponentes
%
Número
de
Projetos
com
captação
%
Valores
Autorizados
(R$ mil)
%
Valores
Captados
(R$ mil)
%
N 0 0,0% 0 0,0% 0,0 0,0% 0,0 0,0%
CO 5 2,3% 6 2,0% 9.312,0 1,3% 4.271,5 1,2%
NE 9 4,1% 9 3,0% 8.976,0 1,2% 4.776,2 1,4%
S 21 9,6% 25 8,4% 44.872,0 6,2% 18.758,7 5,4%
SE 183 83,9% 257 86,5% 661.761,5 91,3% 321.694,3 92,0%
Total 218 100,0% 297 100,0% 724.921,6 100,0% 349.500,7 100,0%
RJ / SP 175 80,3% 248 83,5% 645.168,4 89,0% 313.605,6 89,7%
4.2.2 – Valores Autorizados e Valores Captados
As Tabelas 19 e 20 apresentam as 30 empresas com os maiores valores autorizados para
captação e com maiores valores captados. A Diler & Associados Ltda é a primeira empresa
tanto em relação aos valores autorizados para captação (R$ 98,4 milhões para 20 projetos)
quanto aos valores captados (R$ 35,4 milhões para 11 projetos). A Conspiração, a segunda
empresa em ambos os critérios (R$ 37,7 milhões autorizados para 6 projetos, captando R$
18,7 milhões com 4 projetos) Em seguida, vem a Filmes do Equador, com 7 projetos com
autorização de recursos de R$ 28,0 milhões, sendo que 6 deles captaram recursos no
montante de R$ 13,0 milhões.
Por outro lado, existem empresas que integram o ranking das 10 empresas com maiores
valores captados, com um único projeto, como é o caso da Natasha Enterprises Ltda. e Tietê
Produções Cinematográficas Ltda.
Tabela 19 - As 30 maiores Produtoras por valores autorizados
20
# Produtora UF
Num. Proj.
Autorizados
Valores
A
utorizados
(R$ mil)
Valores
Captados
(R$ mil)
%
1 Diler & Associados Ltda. RJ 20 98.369,7 35.388,3 36,0%
2
Conspiração Filmes
Entretenimento Ltda.
RJ 6 37.748,1 18.737,1 49,6%
3 Filmes do Equador Ltda. RJ 7 28.044,4 12.957,7 46,2%
4 Total Entertainment Ltda. RJ 5 24.628,8 5.863,2 23,8%
5
Casa de Cinema de Porto
Alegre Ltda
RS 6 23.772,0 5.981,6 25,2%
6
RPJ Produtores Associados
Ltda.
SP 5 23.374,3 0,0 0,0%
7
O2 Produções Artísticas e
Cinematográficas Ltda
SP 6 20.985,0 10.171,0 48,5%
8
Raccord Produções
Artísticas e
Cinematográficas Ltda.
RJ 8 20.518,4 5.600,9 27,3%
9 Scena Filmes Ltda RJ 2 18.546,0 4.107,2 22,1%
10 Ravina Produções e RJ 5 16.921,0 8.473,6 50,1%
Comunicações Ltda.
11 Natasha Enterprises Ltda RJ 2 16.302,8 6.379,1 39,1%
12 Gullane Filmes Ltda SP 4 15.929,4 5.186,8 32,6%
13
Master Shot Produções
Cinematográficas Ltda
SP 4 14.993,0 517,0 3,4%
14
Interfilmes do Brasil
Produções Artísticas e
Cinematográficas Ltda
RJ 1 13.776,2 800,0 5,8%
15 Barra Filmes Ltda. RJ 1 13.248,9 0,0 0,0%
16
Grupo Novo de Cinema e
TV Ltda.
RJ 6 12.877,7 4.214,0 32,7%
17 Usina de Kyno S/C Ltda. RJ 4 11.508,3 3.081,8 26,8%
18
Raiz Produções
Cinematográficas Ltda.
SP 6 11.480,1 1.709,1 14,9%
19
Studio Uno Produções
Artísticas Ltda.
RJ 4 11.420,2 1.554,0 13,6%
20
Francisco Ramalho Junior
Filmes Ltda.
SP 2 11.204,0 3.102,0 27,7%
21
Movi&Art Produções
Cinematográficas Ltda.
SP 3 10.759,8 2.100,0 19,5%
22
Zazen Produções
Audiovisuais Ltda.
RJ 6 10.372,8 1.095,0 10,6%
23 Regina Filmes Ltda RJ 4 10.055,9 2.446,5 24,3%
24 Bossa Produções Ltda RJ 3 9.711,2 1,4 0,0%
25
Luz Mágica Produções
Audiovisuais Ltda.
RJ 1 9.661,8 2.840,0 29,4%
26
Planifilmes Produções Ltda -
ME
SP 2 9.595,2 5.343,5 55,7%
27 Bananeira Filmes Ltda. RJ 5 9.546,7 728,0 7,6%
28
Dezenove Som e Imagens
Produções Ltda.
SP 3 9.302,8 4.862,0 52,3%
29
Grifa Comércio e Prod.
Cinematográficas,
Audiovisuais e Artísticas
Ltda.
SP 8 9.236,0 2.521,3 27,3%
30
Filmes do Rio de Janeiro
Ltda.
RJ 2 9.075,7 800,0 8,8%
Total Global 689 1.494.563,3 349.500,7
23,4%
Tabela 20 - As 30 maiores Produtoras por valores captados
21
# Produtora UF
Número
de
Projetos
COM
captação
Valores
A
utorizados*
(R$ mil)
Valores
Captados
(R$ mil)
%
1
Diler & Associados Ltda.
RJ 11 63.321,7 35.388,3 55,9%
2
Conspiração Filmes
Entretenimento Ltda.
RJ 4 27.071,7 18.737,1 69,2%
3
Filmes do Equador Ltda.
RJ 6 26.934,7 12.957,7 48,1%
4
O2 Produções Artísticas e
Cinematográficas Ltda
SP 2 11.689,8 10.171,0 87,0%
5
Ravina Produções e
Comunicações Ltda.
RJ 4 15.876,6 8.473,6 53,4%
6
Natasha Enterprises Ltda
RJ 1 6.804,3 6.379,1 93,8%
7
Tietê Produções
Cinematográficas Ltda
RJ 1 7.667,9 6.237,5 81,3%
8
Casa de Cinema de Porto Alegre
Ltda
RS 3 12.774,6 5.981,6 46,8%
9
Total Entertainment Ltda.
RJ 2 9.510,6 5.863,2 61,6%
10
Raccord Produções Artísticas e
Cinematográficas Ltda.
RJ 5 11.988,7 5.600,9 46,7%
11
Planifilmes Produções Ltda - ME
SP 2 9.595,2 5.343,5 55,7%
12
Toscana Audiovisual Ltda.
RJ 1 7.067,5 5.290,0 74,8%
13
Morena Filmes Ltda.
RJ 3 8.039,4 5.288,9 65,8%
14
Gullane Filmes Ltda
SP 3 10.578,1 5.186,8 49,0%
15
Videofilmes Produções Artísticas
Ltda.
RJ 3 7.721,8 5.160,3 66,8%
16
Caos Produções
Cinematográficas Ltda
SP 1 5.309,4 4.955,0 93,3%
17
Vagalume Produções
Cinematográficas Ltda
SP 1 6.436,2 4.870,0 75,7%
18
Dezenove Som e Imagens
Produções Ltda.
SP 3 9.302,8 4.862,0 52,3%
19
Lagoa Cultural e Esportiva Ltda
RJ 1 6.089,2 4.797,9 78,8%
20
Spectra Mídia Produções e
Comércio
SP 2 8.367,4 4.754,8 56,8%
21
Cinelândia Brasil Produções
Artísticas Ltda
RJ 1 5.928,6 4.354,5 73,4%
22
Grupo Novo de Cinema e TV
Ltda.
RJ 4 8.839,3 4.214,0 47,7%
23
Scena Filmes Ltda
RJ 1 8.421,6 4.107,2 48,8%
24
Lereby Produções Ltda.
RJ 1 5.817,1 3.900,9 67,1%
25
Quimera Ltda.
MG 2 5.422,3 3.770,0 69,5%
26
Elimar Produções Artísticas Ltda
RJ 1 7.000,0 3.680,4 52,6%
27
Prole de Adão Produções
Artísticas Ltda.
RJ 1 6.644,1 3.555,6 53,5%
28
RWR Comunicações Ltda.
SP 2 3.370,0 3.370,0 100,0%
29
Francisco Ramalho Junior Filmes
Ltda.
SP 1 4.721,0 3.102,0 65,7%
30
Ypearts Audiovisual Ltda
RJ 1 4.167,7 3.088,3 74,1%
Total Global 297 724.921,6 349.500,7 48,2%
* Valores Autorizados apenas para os projetos com captação de recursos.
.*.*.*.*.
22
Os dados deste relatório têm como fonte o Sistema de Acompanhamento de Projetos
Audiovisuais da ANCINE (SALIC), alimentado pela Superintendência de Desenvolvimento
Industrial (SDI).
139
Anexo 14
Entrevista realizada por e-mail ao idealizador do Porta Curtas, Julio Worcman, em agosto
de 2006, durante o desenvolvimento desta pesquisa.
O que significa para você a Internet como ambiente exibidor de conteúdo
audiovisual, já que sua participação em outros ambientes, como a televisão, é
visível há muito mais tempo?
Julio Worcman: Significa a realização da possibilidade de relacionamento direto com
o espectador final, sem a intermediação seletiva (sempre subjetiva) de pré-
selecionadores ou programadores de TV, distribuidores de DVD ou exibidores salas
de cinema.
Quais os critérios para se definir que filme vai ao ar ou não? Qualquer
produtor pode submeter suas obras a fim de publicá-las gratuitamente?
Julio Worcman Há critérios técnicos, narrativos e, digamos, ‘conceituais’ para definir
se um filme fará parte do acervo de curtas disponíveis para exibição pelo Porta
Curtas.
Como o Porta Curtas tem como um de seus objetivos o de cultivar e aumentar o
público interessado em curta-metragem, a seleção dos títulos para exibição segue uma
linha de qualidade que não permite que qualquer realizador disponibilize seus filmes.
O primeiro critério é o de adequação técnica para a Internet: áudio e vídeo
suficientemente claros para que não prejudiquem a exibição do filme, já que a mesma
ainda ocorre em uma pequena tela 240 X 180 pixels e as caixinhas de computadores
pessoais têm geralmente baixa qualidade.
140
Qual a importância do documentário no acervo do Porta Curtas, não
numericamente, mas como formadora de conteúdo?
Julio Worcman O documentário tem tido crescente importância no cinema brasileiro,
e isto se confirma nos filmes de curta-metragem. Para alcançar o objetivo do Porta
Curtas de não apenas entreter, mas também de apresentar um panorama da produção
de curtas no país, é essencial a presença de documentários entre os filmes
contratados. Estão disponíveis para exibição dos documentários mais lúdicos ao
quase jornalísticos, e é uma obrigação da editoria apresentar, a cada mudança da
home do site (o que acontece uma vez por semana), ao menos um documentário. A
reação dos espectadores, observada especialmente através dos comentários postados,
costuma ser de encantamento e a receptividade cada vez maior a histórias de um
Brasil pouco conhecido reafirmam a importância da difusão do formato.
E os recursos, são provenientes somente da Petrobras? Quais modalidades
das leis de incentivo à cultura vocês utilizam?
Julio Worcman: O aporte da Petrobras financia pouco mais da metade dos custos do
projeto (57%), e através de acordos e permutas conseguimos até o momento manter a
operação com todos os recursos existentes.
Os projetos de incentivo à cultura costumam possuir tempo final de
execução. Como o Porta Curtas faz para manter esse incentivo à cultura por
tanto tempo?
Julio Worcman: O Porta Curtas é dos poucos portais no Brasil a enfocar a difusão do
curta-metragem, e provavelmente o que encara isso com maior ênfase no
aprimoramento da relação com o espectador final, assim como com o patrocinador.
Através de um sistema de parcerias automatizadas, o Porta Curtas exibe filmes
por toda a web, mantendo sua janela padrão de exibição. Aumenta assim as chances
de exibição, tendo atualmente uma média de 150 mil exibições mensais. O número de
filmes acessíveis gratuitamente online (já passam dos 400 em agosto de 2006), assim
141
como os catalogados (mais de 4.000), além dos diversos serviços aos usuários
(criação de cinematecas, comentários, etc) tornam o site único em sua proposta e bom
funcionamento.
Três vezes por ano, entregamos ao patrocinador um relatório completo das
atividades, com detalhamentos de números, retorno de marca, retorno do público, etc.
Este relatório está disponível para ser acessado por qualquer um no endereço
http://www.portacurtas.com.br/relatorios
e ajuda a manter o nível de seriedade e
clareza necessários para a continuidade de qualquer projeto patrocinado.
Qual o valor do projeto Porta Curtas? Esse montante é financiado
totalmente pela Petrobras? (se não estiver à vontade, não responda a esta
questão)
Julio Worcman: A Petrobras prefere não divulgar diretamente o valor do patrocínio.
Para você, qual o futuro do audiovisual, com a Internet e dos recursos
multimidiáticos?
Julio Worcman: O futuro (destino) do audiovisual profissional, na minha opinião, não
sofrerá grande impacto em conseqüência da Internet e outros "veículos" de
transmissão partícipes do processo de integração de mídias que hoje podemos
antecipar. Ele continuará a existir da forma como conhecemos. Os volumes de
produção e fruição são mais conseqüência do crescimento demográfico.
Os grandes impactos por mim esperados serão os provenientes da
horizontalização do acesso aos meios de produção e difusão do audiovisual amador
(com fenômenos como Youtube e outros).
O vídeo on-demand colocará aos poucos, finalmente, a programação do
audiovisual profissional também nas mãos dos espectadores finais, fazendo sair das
prateleiras e circular permanentemente todo o acervo de produção audiovisual já
realizada.
Os avanços das técnicas de produção multimídia serão notadamente utilizados
pelas áreas de publicidade (anúncios com metadata interativos) e games interativos.
142
É uma visão um pouco diferente do mainstream, por certo, que faz grande alarde
de impacto para cada nova tecnologia introduzida. Já assisti a incorporação no
cotidiano urbano de várias tecnologias revolucionárias, mas os conteúdos, os
conteúdos persistem.
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