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que não resistiram aos anos 80, dentre outros fatores, em função das novas leis do mercado.
São elas: Escrita
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, Ficção, Inéditos, Almanaque
41
, Através
42
, Arte em Revista
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e as
sofisticadas José
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e Anima. Vários de seus colaboradores, entretanto, reapareceram em outras
publicações, principalmente nos anos 90.
A gaúcha Oitenta
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, da L&PM Editores, na década que lhe deu nome, também
sucumbiu às agruras do mercado. Assim também sucedeu com a Leia Livros da Editora
Brasiliense – título mais tarde abreviado para Leia nas mãos de outros donos. Ao contrário de
Novos Estudos, editada a partir de 1981 pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o
CEBRAP – onde o sociólogo Fernando Henrique Cardoso ostentou, pela primeira vez, o título
de presidente (A REVISTA NO BRASIL, 2000, p.121).
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Escrita
−
revista mensal de literatura, surgiu em 1975 e saiu de circulação em 1988, depois de algumas
quebras no curso de sua existência. Criada em São Paulo pelo poeta Wladyr Nader, reunindo nomes como
Hamilton Trevisan e Antonio Hohlfeldt, autodenominava-se alternativa e tinha como proposta inicial veicular a
produção literária realizada nos quatro cantos do Brasil. Nesse sentido, na opinião de Camargo (1997, web),
“talvez Escrita seja uma das menos provincianas ao dar notícias das províncias”. De acordo com a pesquisadora,
a revista buscou efetivamente cobrir o que acontecia em todo o país e relacionar-se, especialmente, com outros
países sul-americanos.
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A Editora Brasiliense, de São Paulo, publicou Almanaque - cadernos de literatura e ensaio durante sete anos
(1976-1982), num total de quatorze números, sem periodicidade fixa. A revista teve como editores dois
professores da USP (Bento Prado Jr. e Walnice Nogueira Galvão) e em suas páginas circularam
predominantemente professores da mesma instituição, como Roberto Schwarz, Marilena Chauí, Paulo E.
Arantes, Rubens Rodrigues Torres Filho e Lígia Chiappini Moraes Leite.
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Entre os anos 1978 e 1979, a Livraria Duas Cidades publicou três números da revista Através sob a
coordenação de Décio Pignatari, Boris Schnaiderman, Leyla Perrone-Moisés e Lucrécia Ferrara. Quatro anos
mais tarde, em janeiro de 1983, reapareceu um único número do periódico, dessa vez uma publicação da Livraria
Martins Fontes, com uma diagramação bastante diferenciada, novamente com número um e sob a mesma
coordenação anterior. Segundo Boris Schnaiderman, esse número publicado em 83 é considerado como o n.4 da
revista e, conseqüentemente, o último. Semiótica era um tema recorrente e era explícita a vinculação de seus
membros ao concretismo.
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Arte em Revista foi uma revista cultural, publicada no período de 1979 a 1984 pelo Centro de Arte
Contemporânea - CEAC, São Paulo, sob a coordenação de Otília Arantes, Celso Favaretto e Matinas Suzuki Jr.,
com colaborações de Ferreira Gullar, Sérgio Ferro, Helio Oiticica e João Adolfo Hansen. A revista foi editada
até o número sete pela Editora Kairós, sendo que o oitavo número foi publicado pelo CEAC com colaboração
parcial da FAPESP. Tratou-se de uma revista monográfica, que dedicava cada número a uma determinada
temática.
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José - Literatura, Crítica & Arte, lançada no Rio de Janeiro em julho de 1976, com a pretensão não atingida
de periodicidade mensal, encerrou-se no 10° número, em julho de 1978. O periódico, dirigido pelo poeta Gastão
de Holanda, com colaborações de Sebastião Uchôa Leite, Jorge Wanderley, Benedito Nunes, Luiz Costa Lima,
Silviano Santiago e Augusto de Campos, pode ser lido como um dos últimos suspiros do modernismo brasileiro.
Antonio Dimas sugere que José seria a publicação de um grupo pernambucano, nascido nos anos 30, que foi
forçado a deixar o estado na ocasião do golpe de 64 e que pela identidade regional, a afinidade com a esquerda e
a literatura se uniu para fazer a revista.
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A revista cultural Oitenta foi lançada em nov./dez. de 1979, em Porto Alegre. Seus editores foram José
Antônio Pinheiro Machado, José Onofre, Jó Saldanha, Jorge Polydoro, Suely Bastos, Xico Marques da Rocha,
Antônio Aliardi, Ivan Gomes Pinheiro Machado e Paulo de Almeida Lima. A revista surgiu como uma
publicação de caráter trimestral, condição mantida nos nove primeiros meses, diminuindo a periodicidade nos
anos subseqüentes. Além de estar voltada para os acontecimentos mundiais, também abriu espaço à participação
de nomes significativos da intelectualidade sulina. Nas suas páginas compareceram textos de Luis Fernando
Veríssimo, Cyro Martins, Tabajara Ruas, José Onofre, Josué Guimarães, Tarso Fernando Genro, Antônio
Hohlfeldt, Tânia Franco Carvalhal, Sérgio Caparelli e Moacyr Scliar.