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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
NÍVEL: MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ENDODONTIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ANÁLISE COMPARATIVA “IN VITRO” DA EFICÁCIA DE
DIFERENTES TÉCNICAS DE DESOBTURAÇÃO DE CANAIS
RADICULARES, ATRAVÉS DA TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA
CRISTINA DALL’AGNOL
CANOAS – RS
2005
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CRISTINA DALL’AGNOL
ANÁLISE COMPARATIVA “IN VITRO” DA EFICÁCIA DE DIFERENTES
TÉCNICAS DE DESOBTURAÇÃO DE CANAIS RADICULARES, ATRAVÉS DA
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação
em Odontologia do curso de Odontologia da Universidade
Luterana do Brasil como parte dos requisitos para
obtenção de grau de Mestre na área de Endodontia.
Linha de Pesquisa: Condutas preventivas, restauradoras
e cirúrgicas em Odontologia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Branco Barletta
CANOAS – RS
2005
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária Responsável: Gabriela Pinheiro Souto CRB/10-1549
D144a Dall’Agnol, Cristina
Análise comparativa “in vitro” da eficácia de diferentes técnicas de
desobturação de canais radiculares, através da tomografia computadorizada.
/
Cristina Dall’Agnol. – Canoas, 2005.
135 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Luterana do Brasil,
2005.
Orientação: Fernando Branco Barletta
1. Odontologia - prevenção 2. Endodontia. 3. Cirurgia odontológica.
4. Avalião “in vitro”. 5. Desobturação. 6. Canais radiculares. 7. Dente -
retratamento. 8. Tomografia computadorizada - raios X. Barletta, Fernando
Branco. II. Título.
CDU 616.314-089
4
DEDICATÓRIA
Aos meus adorados pais Ijair e Izabel,
Pelo exemplo de dignidade, honestidade, batalha e força de vida que sempre
transmitiram.
Sem o constante apoio e amor de vocês esta trajetória teria sido muito mais difícil.
Não tenho palavras para expressar todo meu reconhecimento e gratidão...
Ao meu querido irmão Vinícius,
Por toda ajuda que me deste nos momentos mais difíceis, muitas vezes abdicando
de suas próprias tarefas.
Tens um enorme coração!
Ao meu amado namorado Marcos,
Por todo amor, compreensão e confiança em mim depositados.
Juntos, já superamos vários obstáculos e agora, mesmo separados pela distância,
estamos rumo a uma nova etapa!
Você me dá forças para continuar a caminhada...
À vocês dedico este trabalho.
Muito obrigada por tudo, amo vocês!!!
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao meu prezado orientador Prof. Dr. Fernando Branco Barletta,
Pelos inúmeros momentos de aprendizagem e de crescimento que me
proporcionaste nesta trajetória.
Podes ter certeza que as tuas exigências e críticas foram muito construtivas e tua
disponibilidade inesquecível.
És modelo de responsabilidade, dedicação e profissionalismo impecáveis!
Obrigada pelo incentivo e pela confiança!
AGRADECIMENTOS
A Deus,
pelo dom da vida e pelas oportunidades e pessoas colocadas no meu caminho.
Muito obrigada!
Aos queridos Elaine, Roberto e Marcelo Rodrigues,
por terem me acolhido em sua família, pelos agradáveis momentos que passamos
juntos e pelos conselhos de vida. Adoro vocês!
Ao estimado Prof. Marcos Túlio Mazzini Carvalho,
pelas palavras sábias e conselhos nos momentos de dúvida e por toda confiança
em mim depositada. Todo meu respeito e gratidão...
Ao prezado Prof. Dr. Elias Pandonor Motcy de Oliveira,
pelas ponderações e conselhos recebidos ao longo do curso e pelas valiosas
dicas na ocasião da defesa do projeto deste trabalho. Você é uma pessoa muito
educada e íntegra. Foi um prazer tê-lo conhecido!
Aos meus colegas de mestrado Flávia e Mateus,
pelos momentos alegres e difíceis, pela amizade, trocas de idéias e crescimento
que tivemos juntos durante este período. Vou sentir saudades...
Aos colegas de mestrado Alex, Carlos e Graziele,
pela troca de conhecimentos e ajuda mútua. Embora não fôssemos da mesma
turma, nossa união tornou-se visível logo nos primeiros dias. Boa Sorte!
Ao querido Prof. Dr. José Antônio Poli de Figueiredo,
apesar do pequeno convívio que tivemos, pude aprender muito com você. Com
certeza, terá sucesso onde estiver!
Ao Prof. Dr. Orlando Limongi,
por permitir-nos acompanhar as aulas da especialização e por mostrar-se solidário
ao emprestar o motor para a execução deste experimento. Muito obrigada!
Aos demais Professores do Curso de Pós-graduação da ULBRA,
pelo agradável convívio e conhecimento proporcionados. Muito obrigada!
Ao Médico Radiologista Sandro Bertani,
por possibilitar, em meio aos seus inúmeros afazeres, a análise tomográfica deste
trabalho. São poucas as pessoas que têm a sua boa vontade e senso de humor.
Muito obrigada por tudo!
À Prof
a
. Dra. Vânia Fontanella,
pelas fundamentais contribuições proferidas na defesa do projeto deste trabalho.
Muito obrigada!
Ao Prof. Dr. Mário Wagner,
pelo profissionalismo e competência com que conduziu a análise estatística deste
trabalho. Muito obrigada!
Aos meus amigos e colegas de consultório Gerson e Fernando Barth,
por terem compreendido a minha pouca disponibilidade e driblado este período da
melhor maneira possível. Agora vamos com força total!
Ao amigo e colega Irany Sartori Filho,
por todo apoio e confiança. Serei sempre grata...
Aos meus amigos e colegas Luciene Machado e Regênio Segundo,
pelas produtivas trocas de experiências e de idéias. Sucesso!
À todos que de alguma maneira apoiaram a execução deste trabalho ou estiveram
presentes nesta trajetória, meus sinceros agradecimentos.
“Aqueles que se lançam à prática sem possuírem a ciência, são como o piloto que
embarca sem timão nem bússola e que jamais saberá com certeza para onde está
indo.”
Leonardo da Vinci
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar “in vitro” a eficácia de diferentes
técnicas empregadas na remoção de material obturador do interior de canais
radiculares, através da tomografia computadorizada.
Sessenta raízes mesiais de molares inferiores humanos extraídos foram
selecionadas para esse estudo. Os canais radiculares foram preparados e, então,
obturados com o cimento AH Plus e guta-percha através de compactação termo-
mecânica. Após um período de envelhecimento de seis meses, os dentes foram
divididos aleatoriamente em três grupos e receberam as seguintes técnicas de
desobturação com auxílio do solvente eucaliptol: Grupo A – manual com limas tipo
K; Grupo B oscilatória com limas tipo K acopladas a contra-ângulo NSK
acionado por motor elétrico; Grupo C rotatória com limas ProTaper associadas a
contra-ângulo NSK acionado por motor elétrico. Foram feitas imagens
tomográficas para avaliar o volume de material obturador encontrado no interior
dos canais radiculares antes e após a desobturação, possibilitando o cálculo da
porcentagem de material obturador removido pelas cnicas em estudo. As
informações foram analisadas pela análise de variância (ANOVA) e pelo teste Qui-
quadrado de tendência linear.
Nenhuma das técnicas de desobturação estudadas foi capaz de remover
eficazmente o material obturador do interior dos canais radiculares. A comparação
das médias das porcentagens de material obturador removido, pela análise de
variância (ANOVA), o demonstrou diferença estatisticamente significativa (P=
0,36) entre os três grupos estudados. Analisando a associação do percentual de
material obturador removido (baixo ou alto) com as diferentes técnicas de
desobturação, através do teste Qui-quadrado de tendência linear, encontrou-se
uma diferença estatisticamente significativa (P=0,015), com maior número de
casos com menos de 50% de seu material obturador removido (baixa remoção) no
grupo da técnica oscilatória.
Palavras chave: guta-percha retratamento - tomografia computadorizada
por raios X
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate in vitro” the efficacy of different
techniques for removing filling material from root canals, using computed
tomography.
Sixty mesial roots of extracted human lower molars were selected for this
study. The root canals were prepared and filled with AH Plus sealer and
thermomechanical compaction of gutta-percha. After a six-month aging period, the
teeth were randomly separated into three groups and the filling material was
removed with the eucalyptol solvent. The removal techniques were the following:
group A hand instrumentation with K-type files; group B reciprocating
instrumentation with NSK handpiece and K-type files associated to an electric
machine; grupo C - rotary instrumentation with NSK handpiece and ProTaper
system associated to an electric machine. Tomographic images were made to
verify the volume of filling material inside the root canals before and after its
removal, allowing assessment of the percentage of filling material through the
different techniques. The data were analysed by means of one-way ANOVA and
Chi-square test for linear trend.
None of the studied techniques have proven to be effective to remove filling
material from the root canals. The comparison of the averages of percentages of
the filling material removed, when submitted to variance analysis (ANOVA), did not
identify any statistically significant difference (P=0,36) between the three groups
studied. The analysis of the association of the filling material removal percentage
(high or low) with the different techniques for filling material removal, through Chi-
square test for linear trend, showed a statistically significant difference (P=0,015),
with the greater number of cases presenting less than fifty percent of filling material
removed (low removal) in group B (reciprocating technique).
Key words: gutta-percha – retreatment – tomography, X-ray computed
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................. 9
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16
2 ANÁLISE DE LITERATURA............................................................................... 19
2.1 SUCESSO X FRACASSO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO: FATORES
A SEREM CONSIDERADOS NA DECISÃO DO RETRATAMENTO................. 20
2.2 ÍNDICES DE SUCESSO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO .................. 23
2.3 FATORES ASSOCIADOS AO INSUCESSO DO TRATAMENTO
ENDODÔNTICO................................................................................................ 25
2.3.1 Fatores microbianos.............................................................................. 26
2.3.1.1 Infecção intra-radicular ................................................................... 26
2.3.1.2 Infecção extra-radicular .................................................................. 28
2.3.2 Envolvimento microbiano em situações especiais ................................ 30
2.3.2.1 Sobreobturação .............................................................................. 30
2.3.2.2 Selamento coronário....................................................................... 30
2.3.3 Fatores não-microbianos....................................................................... 32
2.4 ÍNDICES DE SUCESSO DO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO NÃO
CIRÚRGICO ...................................................................................................... 33
2.5 FATORES ASSOCIADOS AO INSUCESSO DO RETRATAMENTO
ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO.................................................................. 37
2.6 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO X CIRURGIA
PARENDODÔNTICA......................................................................................... 38
2.7 ÍNDICES DE SUCESSO DA CIRURGIA PARENDODÔNTICA................... 41
2.8 TÉCNICAS DE RETRATAMENTO ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO .... 42
2.9 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RETRATAMENTO
ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO.................................................................. 48
2.9.1 Tomografia computadorizada................................................................ 50
3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................... 55
4 METODOLOGIA................................................................................................. 57
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ....................................................................... 58
4.2 LOCAIS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA................................................. 58
4.3 SELEÇÃO E PREPARO DA AMOSTRA ..................................................... 58
4.4 ESVAZIAMENTO DOS CANAIS RADICULARES E OBTENÇÃO DO
COMPRIMENTO REAL DE TRABALHO........................................................... 60
4.5 PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO DOS CANAIS RADICULARES............. 61
4.6 OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES............................................. 63
4.7 ARMAZENAMENTO DOS DENTES............................................................ 64
4.8 ANÁLISE TOMOGRÁFICA DAS OBTURAÇÕES DOS CANAIS
RADICULARES ................................................................................................. 65
12
4.9 DEFINIÇÃO DOS GRUPOS........................................................................ 68
4.10 TÉCNICAS DE DESOBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES .......... 69
4.10.1 Grupo A – Técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K ... 70
4.10.2 Grupo B – Técnica oscilatória com limas tipo K acopladas a contra-
ângulo NSK acionado por motor elétrico........................................................ 70
4.10.3 Grupo C – Técnica rotatória com limas ProTaper associadas ao contra-
ângulo NSK acionado por motor elétrico........................................................ 71
4.11 METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA DESOBTURAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 72
4.11.1 Método clínico ..................................................................................... 72
4.11.2 Análise tomográfica após a desobturação dos canais radiculares...... 72
4.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................ 75
5 RESULTADOS................................................................................................... 76
6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 83
7 CONCLUSÕES ................................................................................................ 110
8 REFERÊNCIAS................................................................................................ 112
9 ANEXOS .......................................................................................................... 129
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01 – Imagem tomográfica do material obturador (setas) no interior dos
canais radiculares previamente à desobturação – vista vestíbulo-lingual ............. 67
FIGURA 02 - Imagem tomográfica do material obturador selecionado e seu
volume calculado em cm
3
previamente à desobturação – vista vestíbulo-lingual . 68
FIGURA 03 – Imagem tomográfica do material obturador remanescente (setas) no
interior dos canais radiculares após a desobturação– vista vestíbulo-lingual ....... 73
FIGURA 04 - Imagem tomográfica do material obturador remanescente (setas) no
interior dos canais radiculares após a desobturação – vista oclusal..................... 74
FIGURA 05 - Imagem tomográfica do material obturador remanescente
selecionado e seu volume calculado após a desobturação – vista vestíbulo-lingual
.............................................................................................................................. 74
FIGURA 06 - Gráfico Dotplot representativo da disposição dos espécimes em
relação à porcentagem de material obturador removido em cada grupo estudado
.............................................................................................................................. 79
FIGURA 07 – Gráfico representativo do percentual de espécimes que
apresentaram baixa remoção de material obturador (inferior a 50%) nas diferentes
técnicas estudadas................................................................................................ 80
FIGURA 08 – Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo A (técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K)........................ 81
FIGURA 09 – Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo B (técnica oscilatória com limas tipo K acopladas a contra-ângulo NSK
acionado por motor elétrico).................................................................................. 81
FIGURA 10 – Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo C (técnica rotatória com limas ProTaper associadas ao contra-ângulo NSK
acionado por motor elétrico).................................................................................. 82
LISTA DE TABELAS
TABELA 01- Média e desvio padrão da porcentagem total de material obturador
removido do interior dos canais radiculares através das diferentes técnicas............77
TABELA 02 – Valores absolutos e relativos da quantidade de espécimes nos
diferentes grupos considerando a quantidade de material obturador removido.........78
TABELA 03 – Controle de curvatura das raízes, do comprimento real do canal
radicular e do comprimento real de trabalho para o preparo químico-mecânico,
obturação e desobturação dos canais radiculares....................................................131
TABELA 04 Grupo A (técnica manual de ampliação reversa): volume inicial e final
de material obturador e porcentagem de material obturador removido dos canais
radiculares..................................................................................................................133
TABELA 05 Grupo B (técnica oscilatória): volume inicial e final de material
obturador e porcentagem de material obturador removido dos canais radiculares.134
TABELA 06 Grupo C (técnica rotatória): volume inicial e final de material obturador
e porcentagem de material obturador removido dos canais radiculares..................135
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
°C: graus Celsius
CRT: comprimento real de trabalho
cm: centímetro
cm
3
: centímetro cúbico
dpi.: pontos por polegada
EDTA: ácido etileno diamino tetra acético
et al.: e outros
ºGL: graus Gay-Lussac
kV: quilovolt
Ltda.: limitada
mA:miliampere
ml: mililitro
mm: milímetro
mm
2
: milímetro quadrado
mm
3
: milímetro cúbico
µm: micrômetro
: número
N/cm: newtons por centímetro
Ni-Ti: níquel-titânio
p.: página
P:vel de significância
rpm.: rotações por minuto
S.A.: sociedade anônima
v.: volume
%: porcentagem
°: grau
1 INTRODUÇÃO
17
A Endodontia atual apresenta inúmeros avanços técnicos que permitem um
preparo químico-mecânico do canal radicular com menor tempo operatório, menor
fadiga do operador e com um resultado final de qualidade alicerçado pelos altos
índices de sucesso dos tratamentos realizados. No entanto, muitas vezes, o
profissional depara-se com situações desfavoráveis representadas por sinais e
sintomas de ausência de reparo tecidual, evidenciando o fracasso do tratamento
instituído.
As causas para a ocorrência de fracassos após o tratamento endodôntico
podem ser atribuídas ao próprio profissional, que não seguiu corretamente os
princípios biológicos e mecânicos que regem o tratamento endodôntico, ou às
adversidades decorrentes da anatomia dentária e de fatores microbianos que fazem
parte da clínica diária daqueles que exercem a especialidade.
Existem muitas divergências, ainda hoje, em relação ao diagnóstico de casos
clínicos que não são considerados bem sucedidos após o tratamento endodôntico e
que necessitam uma nova abordagem. Porém, a literatura tem sido conclusiva em
afirmar que, frente ao insucesso constatado, a primeira opção de tratamento é o
retratamento endodôntico não cirúrgico, ficando a cirurgia parendodôntica restrita
àquelas situações em que o acesso aos canais radiculares está impossibilitado ou
esse oferece riscos à manutenção do elemento dentário.
Para os casos nos quais o retratamento endodôntico não cirúrgico foi
selecionado pelo profissional através de uma análise criteriosa e com o
consentimento do paciente, sabe-se, através de estudos, que ainda não foi
encontrada nenhuma técnica capaz de remover totalmente o material obturador do
interior dos canais radiculares, principalmente quando a obturação desses foi
tecnicamente bem realizada.
Os remanescentes de material obturador ficam impregnados nas paredes do
canal radicular e acredita-se que esse seja o ponto crítico do retratamento, pois
esses remanescentes podem recobrir restos de tecido necrótico e/ou bactérias, bem
como prejudicar o selamento adequado do canal radicular com o material obturador
18
inserido durante a reobturação. Esses fatores podem influenciar no reparo tecidual
após o retratamento, justificando, talvez, o insucesso encontrado após aplicada essa
terapia.
Uma vez que as limas de níquel-titânio e as técnicas mecanizadas de preparo
dos canais radiculares estão cada vez mais difundidas entre os profissionais que
exercem a especialidade, elas têm sido o foco dos estudos de retratamento
endodôntico mais recentes na tentativa de encontrar a técnica de desobturação
capaz de remover mais eficazmente o material obturador do interior dos canais
radiculares.
A evolução dos estudos de retratamento endodôntico não cirúrgico não se
apenas em relação aos tipos de técnicas de desobturação e de limas utilizadas, mas
também ocorre ao se considerar os métodos de avaliação da eficácia das técnicas
utilizadas. Assim, os métodos de clivagem da estrutura dentária, bem como os
métodos fotográficos e radiográficos, entre outros, vêm sendo substituídos por
recursos mais acurados como a tomografia computadorizada, por exemplo. Esse
recurso de diagnóstico caracteriza-se por não ser invasivo, permitindo uma avaliação
tridimensional da estrutura estudada.
Na área da Endodontia, a tomografia computadorizada vem sendo utilizada
principalmente nos estudos de preparo de canais radiculares, comparando as
características desses antes e após a instrumentação. Porém, esse método tem sido
pouco explorado em estudos de retratamento endodôntico, em que é possível obter
o volume de material obturador encontrado no interior do canal radicular previamente
e posteriormente a sua desobturação.
2 ANÁLISE DE LITERATURA
20
2.1 SUCESSO X FRACASSO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO: FATORES A
SEREM CONSIDERADOS NA DECISÃO DO RETRATAMENTO
Quando o tratamento endodôntico é realizado corretamente, dentro dos
princípios biológicos e técnicos que regem a sua terapia, o índice de sucesso desse
tratamento é bastante elevado. No entanto, fatores independentes da ação do
profissional podem levar ao fracasso e à necessidade de instituição de um novo
tratamento.
Como considerar sucesso no tratamento endodôntico?
Existem opiniões divergentes em relação ao que se constitui sucesso ou
fracasso no tratamento endodôntico. De acordo com Bender et al. (1966), os critérios
clínico-radiográficos que elucidam o sucesso do tratamento endodôntico são a
ausência de dor e edema, a ausência de drenagem e o fechamento de fístula, o
dente em função e com fisiologia normal e o desaparecimento de rarefação óssea
periapical.
Seltzer (1988) sugeriu o termo “adequada função clínica” para o sucesso do
tratamento endodôntico, indicando a retenção satisfatória do dente sem sinais ou
sintomas clínicos, mesmo que o preenchimento radicular não pareça tecnicamente
perfeito ao exame radiográfico.
Embora existam muitas divergências, a maioria dos profissionais concorda
que, após uma restauração apropriada, idealmente o paciente deve retomar a sua
mastigação de forma confortável, exibir ausência clínica de patologias e,
eventualmente, ter evidência radiográfica de estruturas ósseas periapicais normais.
Porém, até os especialistas mais habilidosos deparam-se, ocasionalmente, com
falhas no tratamento realizado, essas podendo não ser inerentes de sua parte
(técnica), mas sim decorrentes do sistema endodôntico. Quando uma falha no
tratamento endodôntico é evidenciada, tratamento adicional (cirúrgico ou não
cirúrgico) deve ser considerado (HOEN e PINK, 2002).
21
Aliado ao diagnóstico e ao planejamento corretos, é fundamental conduzir
adequadamente o tratamento. O descuido em alguma das etapas técnicas, as quais
são interdependentes, pode levar ao insucesso. Da mesma forma, fratura de
instrumentos, perfurações, incorreta obturação do sistema de canais radiculares,
dentre outros, devem ser evitados. A ocorrência desses fatos não leva,
necessariamente, ao insucesso, porém aumenta as chances de fracasso,
principalmente quando esses erros ocorrem em dentes infectados (SIQUEIRA
JÚNIOR, 2001).
O surgimento de uma radiolucência periapical ou a sua persistência são
critérios, geralmente, utilizados para constatar fracasso do tratamento endodôntico e
tornam-se motivo para a realização do retratamento cirúrgico ou não cirúrgico
(STRINDBERG, 1956). Esse conceito, que afirma que um dente com lesão
periapical persistente deve ser retratado é bastante aceito entre os endodontistas
acadêmicos suecos. Entretanto, esse fato não parece servir como guia normativo
para ação entre os cirurgiões-dentistas em geral (KVIST, 2001).
De acordo com Petersson et al. (1989) e Reit e Gröndahl (1988), o mero
achado de uma radiolucência periapical nem sempre resulta em sugestão para
retratamento. Tem sido sugerido que a ausência de dor é o único critério requerido
para o sucesso do tratamento endodôntico e que radiolucência que não cura não é
um indicativo de falha (CARROTE, 2001). Porém, segundo o referido autor, a
adoção desse conceito pode vir a causar problemas futuros, pois a periodontite
periapical é virtualmente o mesmo processo de doença que a periodontite marginal:
os mesmos microrganismos estão envolvidos, a mesma destruição óssea ocorre e
os efeitos sistêmicos podem ser idênticos, ou seja, em breve poderá ser afirmado
que o tratamento endodôntico fracassado está associado com doenças sistêmicas.
Segundo Friedman e Stabholz (1986), Lewis e Block (1988) e Stabholz e
Friedman (1988), a presença ou a ausência de radiolucidez periapical e os sinais e
sintomas clínicos somados à qualidade radiográfica do preenchimento radicular
podem ser utilizados como meio de avaliar o resultado do tratamento endodôntico.
22
Esses autores afirmam que o retratamento endodôntico é claramente indicado
quando uma lesão periapical, sinais e sintomas clínicos são encontrados.
Muitos estudos têm demonstrado amplas discordâncias interindividuais na
conduta em relação a lesões periapicais associadas a dentes tratados
endodonticamente. Essas variações não devem ser atribuídas apenas às diferenças
no diagnóstico radiográfico da lesão periapical ou à presença ou ausência de sinais
e sintomas clínicos (HÜLSMANN, 1994; REIT e GRÖNDHAL, 1988). A qualidade do
preenchimento do canal radicular, o tempo desde a obturação e a presença de pinos
(KVIST et al., 1994), bem como o tamanho da lesão periapical (REIT et al., 1985)
também têm um papel importante na escolha do tratamento. Vários outros fatores,
como a avaliação do risco, o contexto clínico, os fatores cognitivos, o plano de
tratamento e os valores pessoais também têm contribuído para essas variações de
prescrição dos retratamentos endodônticos (RAWSKI et al., 2003). A complexidade
dos procedimentos operatórios e a variedade de alternativas de tratamento
introduzem variações na escolha da terapia (KVIST et al., 1994; SMITH et al., 1981).
Características como a idade, a experiência clínica e o treinamento do
profissional também podem influenciar a tomada de decisão (REIT e GRÖNDHAL,
1987). O amplo número de fatores relevantes em cada caso e a complexidade do
processo de decisão tornam a análise e a interpretação das informações difíceis
(GERRITY et al., 1992; GREMBOWSKI et al., 1991).
Carrote (2001) afirmou que a avaliação do fracasso do tratamento
endodôntico não pode estar isolada da avaliação do dente como um todo e de sua
relação com a boca. Segundo esse autor, é essencial que o paciente esteja
envolvido nessa consideração e que o prognóstico seja cuidadosamente explicado.
Frente às informações acima apresentadas, percebe-se não haver uma
convergência de opinião dos autores sobre os fatores a serem considerados no
diagnóstico de sucesso ou fracasso endodôntico; por conseguinte, não uma
indicação precisa para o retratamento. O diagnóstico e o planejamento de cada caso
podem sofrer a influência da filosofia de cada instituição de ensino, como também
estão na dependência das diferenças interindividuais dos profissionais.
23
2.2 ÍNDICES DE SUCESSO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO
Analisando a literatura em relação aos índices de sucesso dos tratamentos
endodônticos, depara-se com uma ampla variação de valores.
Ao investigar essa variação, percebe-se uma ausência de uniformidade nas
metodologias de avaliação dos estudos. Enquanto alguns trabalhos baseiam-se
apenas em métodos clínicos e/ou radiográficos (SJÖGREN et al., 1990), existem
aqueles que recorrem aos exames histopatológicos como recurso complementar de
avaliação (NAIR et al., 1999), afastando os dados da realidade da rotina clínica.
Além da diferença dos recursos metodológicos utilizados, existem
discrepâncias substanciais nos resultados dos tratamentos endodônticos quando
são comparados estudos controlados conduzidos por especialistas ou estudantes
supervisionados com relação a estudos epidemiológicos baseados em vários grupos
populacionais tratados pela prática odontológica generalista. Estudos controlados
relatam taxas de sucesso em torno de 95% (KEREKES e TRONSTAD, 1979;
SJÖGREN et al., 1990; SUNDQVIST et al., 1998), enquanto os estudos longitudinais
de tratamento endodôntico em servos odontológicos generalistas apresentam um
alto número de obturações radiculares inadequadas associadas à doença periapical
(BUCKLEY e SPANGBERG, 1995; ERIKSEN et al., 1988; PETERSSON et al., 1986,
1989; SAUDERS et al., 1997). Esses estudos sugerem que os baixos padrões
técnicos afetam o resultado do tratamento endodôntico nesses serviços, tendo,
como conseqüência, a crescente demanda de retratamentos.
Como afirmado anteriormente, a literatura apresenta o estado pré-operatório
da polpa e dos tecidos periapicais como um fator que também influencia o
prognóstico do tratamento endodôntico. Assim, nos casos de polpa vital ou de
necrose pulpar sem lesão periapical, o índice de sucesso fica em torno de 96%
quando o tratamento endodôntico é realizado sob condições técnicas corretas.
Entretanto, uma vez constatada a presença de lesão na área perirradicular, esse
índice cai para 86% (SJÖGREN et al., 1990).
24
Fazendo um apanhado dos estudos que apresentam as taxas de sucesso de
tratamentos endodônticos convencionais, verificam-se valores que variam de 61 a
100% nos casos de dentes sem lesão periapical e valores que oscilam entre 38 e
84,3% em dentes com presença de radiolucência periapical (HOLLAND et al., 1983).
Apesar dessa ampla variação de valores, em um aspecto a literatura parece
unânime em concordar: dentes com ausência de lesão periapical m um índice de
sucesso mais elevado do que dentes que as apresentam.
Além do fator da metodologia de avaliação empregada, do tipo de estudo,
ainda há a questão de diferentes conceituações individuais dos critérios de sucesso
e insucesso, conforme citado anteriormente. A população em estudo, o tamanho
da amostra e o tempo de proservação também devem ser considerados.
Em relação ao tempo de proservação, Estrela (2004) sugere um controle
longitudinal avaliando sinais e sintomas e utilizando recursos radiográficos por um
período de aproximadamente um ano para os casos de polpa vital e de dois anos
para os casos de infecções endodônticas. Seltzer et al. (1963) acompanharam o
reparo de seus tratamentos endodônticos por seis meses, enquanto que Swartz et
al. (1983) acompanharam por um período de 20 anos. A Sociedade Européia de
Endodontia recomenda um período de proservação de seis meses a quatro anos
(EUROPEAN SOCIETY OF ENDODONTOLOGY, 1994).
Segundo Selden (2000), o tempo de avaliação é extremamente importante,
uma vez que os tratamentos endodônticos podem levar até cinco anos para
apresentar quadro clínico-radiográfico de insucesso e lesões periapicais podem estar
regredindo e acabar como uma escara. Por isso, o acompanhamento longitudinal, e
não apenas a avaliação em um determinado momento, é que propicia um quadro
mais fidedigno com a evolução e situação atual da lesão periapical.
Pode-se estar frente a um caso de cicatriz ou escara apical e confundi-la
radiograficamente com um sinal de tratamento endodôntico fracassado.
Para embasar essa afirmação, pode-se citar o estudo de Nair et al. (1999)
que realizaram cirurgia parendodôntica e biópsia em seis dentes que demonstraram
lesões periapicais persistentes cinco anos após o tratamento endodôntico
25
convencional. Dentre esses casos, dois corresponderam à cura periapical através da
formação de tecido cicatricial, cuja característica histológica corresponde a feixes de
fibras colágenas densas, sem sinais de inflamação.
2.3 FATORES ASSOCIADOS AO INSUCESSO DO TRATAMENTO
ENDODÔNTICO
Geralmente encontra-se a presença de infecção bacteriana e/ou variados
graus de inflamação quando os resultados desejados com o tratamento endodôntico
não são atingidos.
O insucesso do tratamento endodôntico, conforme explicado por Sjögren et al.
(1997), pode ser o resultado de bactérias não eliminadas do sistema endodôntico
previamente a sua obturação. Esse processo torna-se mais difícil de ser atingido
quando o tratamento, em casos de necrose, é realizado em sessão única, pois se
eliminam os benefícios antimicrobianos da medicação intracanal como, por exemplo,
o hidróxido de cálcio colocado entre as sessões por mais de sete dias.
Numerosos fatores técnicos também podem estar associados à falha do
tratamento endodôntico não cirúrgico, como perfuração radicular, canais
grosseiramente sobreinstrumentados ou sobreobturados, canais não preenchidos
adequadamente, cistos periapicais em desenvolvimento, cones de prata
inadvertidamente removidos, instrumentos fraturados, canais acessórios não
preenchidos, trauma constante, entre outros (INGLE e BAKLAND, 1994). Esses
erros não comprometem o resultado do tratamento do canal radicular, a menos que
uma infecção concomitante esteja presente. Na verdade, o acidente geralmente
impede ou torna impossível a execução de procedimentos endodônticos
apropriados. Dessa forma, um potencial de falha para o tratamento do canal
radicular quando um acidente técnico ocorre durante o tratamento de dentes
infectados (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
26
Alves et al. (1998) e Madison e Wilcox (1988)m, adicionalmente, sugerido a
infiltração coronal de bactérias ou de endotoxinas como causa potencial de falha do
tratamento endodôntico.
Situações em que o tratamento endodôntico seguiu os padrões técnicos mais
elevados ainda podem apresentar falhas. A evidência científica indica que alguns
itens, como os fatores microbianos, compreendendo as infecções intra e extra-
radiculares e os fatores não microbianos, extrínsecos e intrínsecos, podem estar
associados ao resultado não satisfatório dos casos bem tratados (LIN et al., 1992;
LOPES e SIQUEIRA NIOR, 1999; NAIR et al., 1990-a, 1990-b, 1993, 1999;
SJÖGREN, 1996).
2.3.1 Fatores microbianos
O maior fator associado à falha endodôntica é a persistência da infecção
microbiana no sistema de canais radiculares e/ou na área periapical (LIN et al., 1992;
NAIR et al., 1990-a).
2.3.1.1 Infecção intra-radicular
Möller et al. (1981), em um estudo em dentes de macacos, demonstraram
que apenas as polpas que estavam infectadas induziram lesões periapicais,
enquanto que as polpas desvitalizadas e não infectadas mostraram ausência de
mudanças patológicas nos tecidos periapicais. Sundqvist (1976) corroborou o papel
importante das bactérias nas infecções periapicais em um estudo utilizando dentes
humanos, nos quais as bactérias foram encontradas somente nos canais radiculares
de dentes despolpados com destruição óssea periapical.
As chances de que seja encontrado um resultado favorável com o tratamento
endodôntico são significativamente maiores se a infecção for erradicada
efetivamente antes de o sistema de canais radiculares ser obturado. Entretanto, se
as bactérias persistirem no canal radicular no momento da obturação ou se elas
penetrarem no canal após a obturação, um risco maior de que o tratamento
venha a falhar (BYSTRÖM et al., 1987; SJÖGREN et al., 1997). O risco de
reinfecção dependerá da qualidade da obturação do canal e do selamento coronário
27
(SAUDERS e SAUDERS, 1994). Em todos os casos em que bactérias viáveis
permanecerem no sistema endodôntico, um risco constante de que elas possam
perpetuar a inflamação periapical (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
A falha do tratamento endodôntico é o resultado de microrganismos
persistentes na porção apical do sistema de canais radiculares. Os estudos têm
demonstrado que parte do espaço do canal radicular permanece intocada durante o
preparo químico-mecânico, independentemente da técnica ou dos instrumentos
empregados (LIN et al., 1991; SIQUEIRA JÚNIOR e VENTURIM, 1997). As áreas
intocadas podem conter bactérias ou substrato de tecido necrótico mesmo que o
preenchimento do canal radicular pareça radiograficamente adequado (LIN et al.,
1991; NAIR et al., 1990-a). Na verdade, a radiografia de um dente que aparenta ter o
canal radicular bem tratado não necessariamente afirma a completa limpeza e/ou
preenchimento do sistema endodôntico (KERSTEN et al., 1987).
A microbiota associada aos casos de falha do tratamento endodôntico difere
amplamente da microbiota relatada para dentes não tratados endodonticamente.
Enquanto a última é uma infecção tipicamente mista, em que os microrganismos
anaeróbios estritos gram-negativos o predominantes, a primeira é, usualmente,
composta de uma ou de poucas espécies bacterianas gram-positivas geralmente
sem predominância aparente de anaeróbios facultativos ou de anaeróbios estritos
(SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
Dentes com um inadequado tratamento endodôntico apresentam uma
microbiota mais propensa a conter um grande número de espécies microbianas,
predominantemente anaeróbias estritas, e ser similar àquela encontrada em dentes
não tratados endodonticamente (SUNDQVIST et al., 1998). Isso ocorre
provavelmente porque os microrganismos que causaram a infecção primária
persistiram no canal radicular após a limpeza inadequada desse (SIQUEIRA
JÚNIOR, 2001).
28
2.3.1.2 Infecção extra-radicular
As lesões periapicais representam uma barreira dentro do organismo para
prevenir uma maior difusão das bactérias. Segundo Siqueira Júnior (1997), o tecido
ósseo é reabsorvido e substituído por um tecido granulomatoso contendo elementos
de defesa, como células (fagócitos) e moléculas (anticorpos e sistema
complemento). Uma parede densa composta por leucócitos ou, menos
freqüentemente, por um tampão epitelial está usualmente presente no forame apical,
bloqueando o ingresso de microrganismos no tecido periapical (NAIR, 1987). Poucos
endodontopatógenos podem avançar através de tais barreiras de defesa. Entretanto,
seus produtos bacterianos podem difundir-se através delas, induzindo e perpetuando
as lesões periapicais (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001). Recentemente, um interesse
considerável tem sido gerado em relação ao papel potencial dos microrganismos
persistentes na região extra-radicular na falha do tratamento endodôntico. Estudos
de microscopia e de culturas bacterianas relatam a ocorrência de infecções extra-
radiculares tanto em canais radiculares tratados quanto em canais radiculares não
tratados (IWU et al., 1990; LOMÇALI et al., 1996; SIQUEIRA JÚNIOR e VENTURIM,
1997; TRONSTAD et al., 1987, 1990; WAYMAN et al., 1992). Uma vez que os
microrganismos estabelecidos nos tecidos periapicais são inacessíveis aos
procedimentos de desinfecção, a infecção extra-radicular pode ser um fator de falha
na terapia endodôntica (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
Os patógenos desenvolveram mecanismos que permitiram a sua
sobrevivência em ambientes inóspitos. Por isso, eles podem escapar da ação das
células de defesa e de moléculas, defendendo-se da ação do sistema complemento,
evitando sua destruição por fagócitos, causando imunossupressão e induzindo a
proteólise de moléculas de anticorpos (SIQUEIRA JÚNIOR, 1997). Apesar disso,
poucos microrganismos orais têm a habilidade de superar esses mecanismos de
defesa do hospedeiro e induzir uma infecção extra-radicular. É reconhecido que
alguns microrganismos orais, como o Actinomyces spp. e a Propionibacterium
proprionicum, podem estar implicados nas infecções extra-radiculares (HAPPONEN,
1986; NAIR, 1984; SAKELLARIOU, 1996; SJÖGREN et al. 1988; SUNDQVIST e
REUTERVING, 1980).
29
Um dos mecanismos mais significantes de fuga do sistema de defesa do
hospedeiro é provavelmente o arranjo microbiano no biofilme apical. Esse pode ser
definido como uma população microbiana aderida a um substrato orgânico ou
inorgânico, cercado por produtos bacterianos extracelulares, que formam uma matriz
intermicrobiana (COSTERTON et al., 1987; SIQUEIRA JÚNIOR e LOPES, 1998).
Organizados em biofilmes, os microrganismos mostram resistência aumentada aos
agentes antimicrobianos e aos mecanismos de defesa (COSTERTON et al., 1987;
GILBERT et al., 1997). Ao examinar dentes com falhas no tratamento endodôntico,
Tronstad et al. (1990) relataram a ocorrência de biofilme apical adjacente ao forame
apical e de colônias bacterianas localizadas no interior de granulomas periapicais.
Esses achados sugerem que a organização bacteriana em biofilmes permite que
elas escapem das defesas do hospedeiro e, dessa forma, facilitem a persistência de
lesões periapicais.
Entretanto, foi encontrada uma baixa incidência de biofilme apical (4% dos
casos) em dentes não tratados endodonticamente com lesões nessa região
(SIQUEIRA JÚNIOR e LOPES, 2001). Esse achado indica que o biofilme apical pode
ocorrer, mas em uma pequena proporção de casos e, conseqüentemente, ser
responsável por uma baixa porcentagem de tratamentos endodônticos fracassados.
Sabe-se que os procedimentos de desinfecção do canal radicular ou os
antibióticos sistêmicos não agem facilmente nas bactérias localizadas fora do forame
apical. A colocação de medicamentos endodônticos nos tecidos periapicais para
eliminar os microrganismos e para decompor o biofilme apical parece não ser um
procedimento adequado. Isso se deve a dois fatores: primeiro, é difícil ou mesmo
impossível diagnosticar clinicamente infecções extra-radiculares; segundo, a maioria
dos medicamentos endodônticos são citotóxicos e/ou podem ter os efeitos
antibacterianos neutralizados após a extrusão apical. A opção por uma estratégia
não cirúrgica para combater biofilmes apicais parece questionável. Por isso, se as
infecções extra-radiculares estiverem presentes, elas devem ser tratadas através da
cirurgia periapical (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
30
2.3.2 Envolvimento microbiano em situações especiais
Algumas situações, como a sobreobturação e o selamento coronário dos
tratamentos endodônticos, devem ser consideradas quando se discute sobre
infecção bacteriana.
2.3.2.1 Sobreobturação
Segundo Barbosa et al. (1993) e Lopes e Siqueira Júnior (1999), a maioria
dos materiais utilizados na obturação do canal radicular são biocompatíveis ou
mostram citotoxicidade apenas antes da inserção. Por isso, é altamente improvável
que os materiais endodônticos sejam capazes de manter a inflamação periapical na
ausência de uma infecção endodôntica concomitante. Esse fato pode ser reforçado
pelas altas taxas de sucesso do tratamento em dentes sem lesões periapicais
mesmo nos casos de sobreobturação (LIN et al.,1992; SJÖGREN et al., 1997).
Assim, a falha associada ao dente sobreobturado é usualmente causada por
uma infecção intra-radicular concomitante e/ou por uma infecção extra-radicular. Na
maioria dos casos, o selamento apical é inadequado em canais radiculares
sobreobturados. A percolação de fluidos tissulares ricos em glicoproteínas no
sistema de canais radiculares pode oferecer um substrato para os microrganismos
residuais, que podem proliferar e alcançar um número suficiente para induzir ou
perpetuar uma lesão periapical (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
2.3.2.2 Selamento coronário
A qualidade do selamento coronário é um ponto relevante a ser considerado,
pois o selamento adequado protege a obturação do canal radicular do ambiente oral,
evitando a penetração de microrganismos para o seu interior, o que certamente
comprometeria o tratamento endodôntico (TRONSTAD et al., 2000).
A infiltração coronária pode ser uma causa importante de falha do tratamento
endodôntico (SAUNDERS e SAUNDERS, 1994). A recontaminação do sistema de
canais radiculares pela infiltração coronária pode ocorrer através da dissolução do
cimento endodôntico pela saliva, pela percolação de saliva na interface entre
cimento endodôntico e as paredes do canal radicular e/ou entre o cimento
31
endodôntico e a guta-percha. Além disso, falhas na obturação, que freqüentemente
não são detectadas radiograficamente, podem ser responsáveis pela rápida
recontaminação do sistema de canais radiculares (SIQUEIRA JÚNIOR et al., 1999).
Alguns estudos (SIQUEIRA JÚNIOR et al., 1999; TORABINEJAD et al., 1991)
revelaram que, apesar da técnica de obturação ou do material de preenchimento
utilizado, a recontaminação do canal radicular inteiro pode ocorrer após um curto
período de desafio microbiano. Uma vez que o selamento coronário é perdido, os
microrganismos, seus produtos e outros irritantes da saliva podem alcançar os
tecidos periapicais através do forame apical e dos canais laterais e comprometer o
resultado do tratamento endodôntico. Clinicamente, é impossível determinar se o
sistema endodôntico está recontaminado por completo após a exposição à saliva.
Por isso, do ponto de vista clínico, a exposição coronária da obturação do canal
radicular à saliva por um período de 30 dias ou mais pode ser considerada uma
indicação para o retratamento (SIQUEIRA NIOR, 2001). Segundo esse autor,
quando o preenchimento do canal radicular estiver realizado, uma restauração
provisória deve ser aplicada até a colocação da restauração permanente. Uma vez
que os cimentos endodônticos são solúveis à água e apresentam baixa resistência à
compressão, a restauração temporária deve ser trocada assim que possível por uma
restauração definitiva, idealmente na primeira semana após o retratamento.
Kopper (2002) estudou a infiltração bacteriana coronária em 80 canais
radiculares de dentes de cães que foram obturados com três cimentos endodônticos
e receberam preparo para pinos protéticos. Após 45 dias expostos ao ambiente
bucal, os resultados mostraram diferença estatisticamente significativa entre os
grupos, sendo que o cimento AH Plus mostrou melhor capacidade de selamento,
seguido pelo EndoFill e Sealer 26, respectivamente. Pereira (2005), seguindo a
mesma metodologia para a avaliação de selamento de cimentos endodônticos em
dentes de cães, constatou resultados coincidentes para o grupo AH Plus em relação
à infiltração de corante no remanescente de material obturador.
Gomes (2005) igualmente estudou a infiltração coronária em dentes de cães
que foram obturados com três diferentes cimentos endodônticos, preparados para
receber retentor intra-radicular e expostos ao ambiente bucal. Após 90 dias de
32
exposição ao ambiente bucal, todos os 64 canais radiculares estudados
apresentaram algum grau de infiltração microbiana e de inflamação na região
periapical. O cimento RoekoSeal mostrou a maior capacidade de resistir à infiltração,
enquanto que o AH Plus ofereceu as respostas teciduais mais favoráveis frente ao
desafio bacteriano.
2.3.3 Fatores não-microbianos
É comum que o insucesso no tratamento endodôntico esteja associado a
fatores microbianos, porém, algumas vezes, o fracasso pode ser atribuído à reação
de corpo estranho que ocorre nos tecidos periapicais devido a fatores não-
microbianos intrínsecos e extrínsecos.
Como fator intrínseco, tem sido demonstrado que os cristais de colesterol
podem ser a causa da inflamação crônica que não regride (NAIR et al., 1998). Se as
células gigantes multinucleadas não forem efetivas na remoção dos cristais, eles
continuam a acumular e podem manter a lesão periapical.
A questão de o desenvolvimento ou a presença do cisto periapical serem a
causa da falha do tratamento endodôntico ainda é um assunto controverso. Embora
se tenha sugerido que a maioria dos cistos periapicais cure após o tratamento
endodôntico convencional (MORSE et al., 1975), tem sido revelado que os cistos
verdadeiros, que contêm cavidades completamente fechadas por uma parede
epitelial, não cicatrizam (NAIR et al., 1993). Essa afirmação está baseada na teoria
de que os cistos verdadeiros são auto-suficientes em virtude da sua independência
da presença ou da ausência de irritantes provenientes do sistema de canais
radiculares. Teoricamente, os cistos que contêm cavidades revestidas por epitélio e
queo abertas ao canal radicular (cisto baía) têm um risco mais elevado de
tornarem-se infectados do que os cistos verdadeiros (NAIR, 1998).
Além das causas intrínsecas, fatores extrínsecos podem ser causadores de
falhas endodônticas. Alguns materiais de preenchimento do canal radicular contêm
substâncias insolúveis, tais como cones de guta-percha contaminados por talco, que
podem estimular uma reação de corpo estranho quando projetados no interior dos
tecidos periapicais e causar falha no tratamento (NAIR et al., 1990-b). Os
33
componentes de celulose das pontas de papel absorvente, do algodão e de
alimentos de origem vegetal também podem causar lesões periapicais persistentes
se colocados no interior dos tecidos periapicais (KOPPANG et al., 1989; SIMON et
al., 1982). A celulose é um polissacarídeo estável das paredes de células das
plantas e não é digerido pelo homem ou degradado pelas células de defesa. Como
resultado, esse polissacarídeo pode permanecer nos tecidos por longos períodos de
tempo e estabelecer uma reação de corpo estranho (SIQUEIRA JÚNIOR, 2001).
Percebe-se que inúmeros podem ser os fatores associados ao insucesso do
tratamento endodôntico, porém o diagnóstico de qual deles foi responsável por esse
insucesso é difícil ou, muitas vezes, inviável. Considerando que, como foi exposto,
na grande maioria das vezes, o fator etiológico do dano tecidual corresponde à
infecção intra-radicular, o respeito a todas as etapas referentes ao tratamento
endodôntico garante um índice mais elevado de sucesso a esse tratamento.
2.4 ÍNDICES DE SUCESSO DO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO O
CIRÚRGICO
Segundo Friedman (1998), o retratamento endodôntico geralmente tem um
índice de sucesso mais baixo do que o tratamento endodôntico primário, com os
piores resultados para os dentes que apresentam periodontite apical.
O tratamento preferencial para os insucessos no tratamento endodôntico é o
retratamento não cirúrgico. De acordo com Allen et al. (1989), Bergenholtz et al.
(1979), Friedman et al. (1995), Molven e Halse (1988) e Sjögren et al. (1990), esse
tratamento geralmente resulta em sucesso.
A taxa de sucesso do retratamento endodôntico não cirúrgico pode variar
geralmente entre 40 e 85%, conforme relatado por Gorni e Gagliani (2004) ou entre
40 e 100% (PAIK et al., 2004). Segundo Sjögren (1996), essa taxa de sucesso pode
atingir dois terços dos casos. Alguns estudos, entretanto, reportaram índices muito
baixos de sucesso para os casos de retratamento na presença de lesões periapicais,
como a taxa de sucesso de 28% relatada por Danin et al. (1996) para esses casos.
34
Essa amplitude de resultados dificulta a obtenção de informações
consistentes para os profissionais basearem suas escolhas de tratamento, pois, na
tentativa de oferecer aos seus pacientes modalidades de tratamento mais atuais,
mais previsíveis e com a mais alta qualidade, os profissionais devem estar bem
informados sobre os resultados do tratamento proposto. Em casos refratários ao
tratamento endodôntico inicial, em que foi tomada a decisão do retratamento
endodôntico não cirúrgico, o paciente tem o direito de saber o prognóstico do
tratamento proposto como um componente do consentimento informado. Os
profissionais devem ser capazes de prover esses dados baseados na melhor
informação disponível (PAIK et al., 2004).
Dentro desse contexto, é importante conhecer que, assim como no
tratamento endodôntico primário, o estado dos tecidos periapicais é um fator que
influencia as taxas de sucesso do retratamento endodôntico (ALLEN et al., 1989;
BERGENHOLTZ et al., 1979; FRIEDMAN et al., 1995; FRISTAD et al., 2004; GORNI
e GAGLIANI, 2004; MOLVEN e HALSE, 1988; SJÖGREN et al., 1990).
Para complementar essa afirmação, podemos citar o estudo de Friedman
(1998), que verificou, em estudos de acompanhamento longitudinal de casos
clínicos, que a freqüência de sucesso é diferente para os dentes que apresentavam
problemas patológicos e para aqueles que mostravam problemas técnicos, com uma
taxa de sucesso mais baixa, variando de 10-20% para o primeiro grupo.
A taxa de sucesso do retratamento endodôntico não cirúrgico de dentes com
patologia periapical também depende do padrão técnico do preenchimento radicular,
com a taxa mais baixa de sucesso quando o preenchimento do canal radicular se
estende além do ápice radicular (SJÖGREN et al., 1990).
Ainda em relação ao estado dos tecidos periapicais e aos fatores técnicos,
Engström et al. (1964) acompanharam 192 casos clínicos quatro a cinco anos após
o retratamento endodôntico não cirúrgico e relataram 50% de falha quando a
radiolucidez periapical inicial era maior que 5 mm de diâmetro, mas apenas 25%
quando o tamanho da lesão era menor que 5 mm. Os autores também chamaram
35
atenção para a associação entre a qualidade da obturação endodôntica prévia e o
resultado do retratamento cirúrgico.
Considerando apenas os fatores técnicos durante o retratamento, Gorni e
Gagliani (2004) realizaram um estudo longitudinal com dois anos de
acompanhamento. Nesse estudo, os 452 dentes estudados foram divididos em dois
grupos: dentes com a anatomia do canal radicular modificada pelo tratamento
endodôntico prévio e dentes sem mudanças anatômicas significativas no canal
radicular decorrentes do tratamento anterior. Embora o resultado médio de sucesso
tenha sido de 69,03%, o sucesso nos grupos cuja morfologia foi respeitada ficou em
86,8%, enquanto que o resultado no grupo cuja morfologia foi alterada ficou em 47%.
A variação encontrada nas taxas de sucesso nos estudos de retratamento
também depende de outros fatores, como os critérios de avaliação dos
pesquisadores, da mesma forma que os relacionados para o tratamento endodôntico
inicial. Assim, ao mesmo tempo em que os estudos de Danin et al. (1996) utilizaram
um tempo de proservação de um ano e Gorni e Gagliani (2004) de dois anos, Fristad
et al. (2004) estenderam esse tempo de acompanhamento para 20 a 27 anos.
A baixa taxa de sucesso (28%) encontrada no estudo de Danin et al. (1996)
pode ser explicada pelo período relativamente curto de proservação (um ano),
principalmente para as lesões periapicais extensas. Certamente, esse resultado
insatisfatório, decorrido um ano da realização do tratamento, justifica-se pelo
processo de reparo mais lento que ocorre com o tratamento endodôntico
convencional quando comparado com a intervenção cirúrgica (KVIST e REIT, 1999).
Fristad et al. (2004), através de um estudo longitudinal, verificaram uma
classificação de sucesso radiográfico em 95,5% das raízes retratadas
endodonticamente num período de proservação de 20 a 27 anos. Esse índice,
comparado com a taxa de sucesso de 85,7% obtida dez anos antes (MOLVEN e
HALSE, 1988) e com a taxa de sucesso de 64% obtida nos primeiros 3,5 anos
(MOLVEN, 1974) para os mesmos pacientes, indica resultados tardios favoráveis
para o retratamento, ou seja, quanto maior o tempo de proservação, maior a taxa de
sucesso encontrada. Em termos de diferenças percentuais, houve um índice de
36
sucesso levemente mais elevado em favor do grupo cuja origem do problema do
tratamento endodôntico inicial era técnica no controle de 10 a 17 anos, mudando
para valores mais altos em favor do grupo onde o problema inicial era de etiologia
patológica no acompanhamento de 20 a 27 anos. Esse fato indica uma tendência
favorável de sucesso tanto para as raízes sem sobreobturação, quanto para aquelas
que se apresentam sobreobturadas. Entretanto, a porcentagem mais elevada de
resultados bem sucedidos foi encontrada para as raízes sem sobreobturação.
A cura tardia e as mudanças radiográficas periapicais vistas no estudo de
Fristad et al. (2004), com períodos extensos de observação, podem ser explicadas
pela irritação duradoura do material extruído na área periapical e seu
desaparecimento ao longo do tempo. Por esse motivo, radiolucências periapicais
persistentes, por si mesmas, não indicam falhas endodônticas, uma vez que o
processo de reparação pode progredir por anos, parecendo não haver limite de
tempo definido para mudanças periapicais tardias ocorrerem em dentes
assintomáticos (MOLVEN et al. 2002; STRINDBERG, 1956).
Assim, o resultado tardio favorável ressalta a importância do mínimo de
irritação tecidual durante os procedimentos de instrumentação e de obturação. Os
melhores resultados a curto prazo são obtidos com o preenchimento do material
obturador terminando aquém do ápice radiográfico. Em casos de sobreobturação,
um período observacional estendido é necessário para verificar se a cura tardia pode
ser o resultado final.
Outro fator que deve ser levado em consideração em relação à grande
amplitude de valores encontrados nas taxas de sucesso dos retratamentos
endodônticos é que muitos dos estudos foram realizados há muitos anos (ALLEN et
al., 1989; BERGENHOLTZ et al., 1979; MOLVEN e HALSE, 1988; SJÖGREN et al.,
1990) e as técnicas de retratamento atuais são diferentes daquelas utilizadas
naquela época (GORNI e GAGLIANI, 2004).
Embora os estudos sobre as taxas de sucesso do retratamento endodôntico
apresentem valores que diferem entre si, percebe-se uma convergência quando se
considera que as taxas de sucesso encontradas para os casos de retratamento são
37
inferiores àquelas dos casos de tratamento endodônticos iniciais, principalmente na
presença de patologia periapical.
2.5 FATORES ASSOCIADOS AO INSUCESSO DO RETRATAMENTO
ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO
Assim como no insucesso do tratamento endodôntico primário, o maior fator
associado com a falha nos casos de retratamento não cirúrgico é a persistência da
infecção microbiana no sistema de canais radiculares e/ou na área periapical.
Segundo Molander et al. (1998), o prognóstico desfavorável dos
retratamentos endodônticos pode estar associado com dificuldades na eliminação da
microbiota específica encontrada nos dentes tratados endodonticamente. Como
citado anteriormente, a microbiota encontrada no canal radicular de dentes que
receberam o tratamento endodôntico primário geralmente é composta por uma ou
duas espécies bacterianas resistentes aos procedimentos químico-mecânicos. Entre
essas espécies bacterianas, o Enterococcus faecalis é a mais freqüentemente
encontrada. Essa bactéria tem a característica de ser extremamente resistente a
rios medicamentos, incluindo o hidróxido de lcio (JETT et al., 1994; SIQUEIRA
JÚNIOR e LOPES, 1999; SIQUEIRA JÚNIOR e UZEDA 1996). Por isso, quando ela
é encontrada nos canais radiculares, sua eliminação por métodos convencionais
pode ser extremamente difícil (MOLANDER et al., 1998).
Molander et al. (1998) sugeriram que o uso do hidróxido de cálcio como
medicação intra-canal pode ser uma das razões para a seleção do E. faecalis nos
canais radiculares, uma vez que tais bactérias o hábeis em sobreviver a altos
valores de pH (BYSTRÖM et al., 1985). Entretanto, Peciuliene et al. (2000)
encontraram uma alta freqüência de E. faecalis em dentes nos quais o hidróxido de
cálcio não havia sido utilizado, indicando que, antes do tratamento químico, é a
condição ecológica dos canais radiculares incompletamente preenchidos que é
importante para a presença desse microrganismo.
38
Waltimo et al. (1999) mostraram que o fungo Candida spp. também é
altamente resistente aos anti-sépticos e desinfetantes comumente utilizados na
terapia endodôntica, podendo sobreviver também aos procedimentos do
retratamento endodôntico não cirúrgico, mesmo quando a técnica é aplicada de
maneira adequada.
Além da presença de microrganismos resistentes ao tratamento endodôntico,
como exposto acima, nos casos de retratamento ainda se conta com alguns
agravantes. Entre eles, podemos citar a dificuldade técnica de remoção do material
obturador colocado no interior do canal radicular e a superação de um possível
problema técnico encontrado durante o tratamento endodôntico inicial (calcificação,
curvatura acentuada, por exemplo) ou criado pelo profissional que o realizou
(degrau, perfuração, por exemplo).
A impossibilidade de acessar todas as regiões do canal radicular ou de
remover completamente o material obturador colocado anteriormente pode levar à
permanência de microrganismos viáveis e restos de tecido necrótico, que podem
irritar a região periapical ou impedir a sua cura.
Percebe-se, assim, que a presença de microrganismos resistentes e as
dificuldades técnicas aumentadas justificam os índices de sucesso mais baixos
encontrados na literatura para o retratamento endodôntico quando comparado ao
tratamento endodôntico primário.
2.6 RETRATAMENTO ENDODÔNTICO O CIRÚRGICO X CIRURGIA
PARENDODÔNTICA
A avaliação do motivo pelo qual o retratamento tornou-se necessário leva a
recomendações que podem melhorar a taxa de sucesso clínico. Por exemplo, a
decisão por um tratamento cirúrgico ou não cirúrgico de uma falha endodôntica deve
incluir a expectativa de haver canais não preenchidos. Os retratamentos não
cirúrgicos são mais precisamente indicados em relação aos retratamentos cirúrgicos
39
para a eliminação da doença, uma vez que pouca chance de a cirurgia ter
sucesso se o sistema de canais radiculares não tiver sido bem saneado e obturado
(HOEN e PINK, 2002).
Existem determinadas situações em que o tratamento foi bem conduzido,
radiograficamente o canal parece estar bem obturado e, mesmo assim, estão
presentes sinais ou sintomas que não indicam sucesso. Devido às limitações dos
métodos de diagnóstico disponíveis e utilizados durante a proservação, torna-se
difícil, nesses casos, determinar qual foi o fator responsável pelo fracasso. Embora a
ausência de reparo possa estar relacionada a fatores imunológicos e não
microbianos, a grande maioria dos casos de insucesso está associada às infecções
persistentes ou secundárias (NAIR et al., 1990-a).
Frente ao insucesso endodôntico, qual deve ser a conduta profissional?
Segundo SIQUEIRA JÚNIOR (2001), uma vez que a infecção intra-radicular
persistente é a causa mais comum de falha, é válido retratar dentes com falhas
endodônticas antes de realizar a cirurgia para excluir tal possibilidade, principalmente
quando o tratamento anterior está longe de ter padrões técnicos aceitáveis.
Por muito tempo, a terapia de eleição para tratamento endodôntico
fracassado compreendia a cirurgia parendodôntica ou a exodontia. Graças à
evolução técnico-científica, hoje o retratamento não cirúrgico é considerado uma
opção viável de terapia para esses casos. Obviamente, cada situação clínica deve
ser avaliada individualmente para se estabelecerem parâmetros a fim de se instituir o
tratamento mais adequado, seja ele radical ou conservador. Na verdade, o
retratamento não cirúrgico compreende a primeira opção, devendo a cirurgia
parendodôntica ser realizada somente após o retratamento convencional do canal
radicular, salvo situações em que tal procedimento não possa ser realizado ou em
que o prognóstico do retratamento não seja favorável (MOISEIWITSCH et al., 1998).
Gutmann e Harrison (1991) e Lopes e Siqueira Júnior (1999) indicaram a
cirurgia parendodôntica para os casos em que o retratamento não cirúrgico é
impossível de ser realizado devido à fratura de instrumentos, degraus, material de
preenchimento impossível de remover, para os casos de falhas nos retratamentos,
40
para os casos em que o prognóstico do retratamento não cirúrgico é desfavorável e
para aqueles em que a biópsia é necessária.
Segundo Carrote (2001), a cirurgia parendodôntica pode ser indicada para as
situações em que o retratamento foi realizado sem sucesso quando o profissional
utilizou o máximo de seu conhecimento e da sua habilidade técnica, para os casos
em que foi decidido não remover a coroa retida a pino, para os casos em que o canal
está obstruído ou para aquelas situações em que a falha ocorreu devido a uma
perfuração que não pode ser corrigida pelo acesso interno.
El-Swiah e Walker (1996), além de indicar, buscaram classificar as razões
para a cirurgia parendodôntica. Assim, segundo tais autores, essas podem ser
divididas em biológicas, técnicas ou uma combinação das duas. As primeiras
incluem dentes com envolvimento periapical que não respondem favoravelmente ao
tratamento endodôntico apropriado ou necessitam remoção de fragmentos
calcificados. A necessidade de realização de biópsia também deve ser acrescida a
esses casos. As considerações técnicas incluem a presença de uma coroa ou de um
pino, bem como instrumentos fraturados ou cones de prata, que podem impedir o
acesso direto ao canal radicular. Canais extremamente curvos ou perfurações que
não possam ser reparadas pelo interior do canal também podem estar incluídos
nesse grupo.
Carrote (2001) acrescenta que a cirurgia parendodôntica deve ser sempre a
última opção de tratamento e reservada para aqueles casos em que foi provada a
impossibilidade de limpeza, de forma ou de preenchimento completo dos canais
radiculares. Além disso, esse autor afirma que a cirurgia parendodôntica não é o
método de escolha para resolver tratamento convencional inadequado. Segundo
Danin et al. (1996), a cirurgia parendodôntica deve ser restrita àqueles casos em que
o retratamento endodôntico falhou ou é impossível de ser realizado, enquanto a
extração deve ser considerada a última opção de tratamento. Entretanto, a decisão
final deve ser tomada após uma análise objetiva dos sinais e sintomas clínicos e
radiográficos e com consentimento do paciente.
41
A presença de uma obstrução coronária (coroa e/ou pino) deve ser
considerada e redefinida como relativa, dependendo do treinamento e da habilidade
do operador e da disponibilidade de instrumentos apropriados (ABRAMOVITZ et al.,
2002). Segundo esses autores, coroas sem pinos ou com pinos menores que 5 mm
não devem ser consideradas como obstáculos técnicos que não possam ser
seguramente transpostos.
Analisando a literatura atual em relação à indicação de retratamento não
cirúrgico e de cirurgia parendodôntica para os casos de fracasso do tratamento
endodôntico, percebe-se haver uma convergência dos estudos na tentativa de
posicionar o retratamento endodôntico como primeira opção de tratamento. Delega-
se, assim, a cirurgia parendodôntica àqueles casos em que o acesso direto ao canal
radicular é inviável ou quando todas as tentativas possíveis foram realizadas através
do retratamento não cirúrgico.
2.7 ÍNDICES DE SUCESSO DA CIRURGIA PARENDODÔNTICA
Nos casos em que a cirurgia parendodôntica foi escolhida, os índices de
sucesso relatados na literatura apresentam-se relativamente baixos, ficando em
torno de 50 a 60%, principalmente quando foi realizada apenas a cirurgia, visto que a
principal causa do fracasso, a infecção do sistema de canais radiculares, não foi
eliminada apenas com o tratamento cirúrgico (FRIEDMAN, 1991). De acordo com
Block et al. (1979), Nordenram e Svardstrom (1970) e Persson (1993), o prognóstico
para o tratamento cirúrgico é ainda mais baixo, ficando entre 30 a 40%.
Corroborando esses dados, Grung et al. (1990), Hepworth e Friedman (1997) e Ingle
e Barkland (1994) afirmaram que a taxa de sucesso da cirurgia parendodôntica é
mais baixa do que a taxa de sucesso do retratamento endodôntico.
Esses dados são explicados pelo pequeno valor que qualquer cirurgia
parendodôntica terá em um dente com material obturador inadequadamente
condensado ou em canais não tratados. Em tais casos, o procedimento cirúrgico
42
simplesmente irá transferir o forame apical para uma posição mais coronária, criando
um ápice “aberto”, que irá predispor o elemento dentário a uma infecção nova ou
recorrente, a uma lesão periapical e, conseqüentemente, ao insucesso do
tratamento (BERNABÉ e HOLLAND, 1998).
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos constatar que a falha no
tratamento cirúrgico também está associada a uma seleção inapropriada do caso, a
uma avaliação pré-cirúrgica inadequada ou a uma técnica precariamente realizada.
Outras causas de falha relatadas são o inadequado preparo e obturação do sistema
de canais radiculares, a infecção residual nos canais laterais e no delta apical, entre
outros (BERNABÉ e HOLLAND, 1998; CHALFIN et al., 1993).
Com a intenção de apresentar os resultados do retratamento cirúrgico
comparado com o retratamento não cirúrgico de dentes com insucesso no
tratamento endodôntico inicial, Kvist e Reit (1999) realizaram um estudo de quatro
anos de acompanhamento clínico e radiográfico após a reintervenção. Como
resultado, na rechamada após 12 meses, uma taxa de cura mais elevada e
estatisticamente significativa foi observada para os casos retratados cirurgicamente.
No exame final de 48 meses, nenhuma diferença foi encontrada. Segundo os
autores, esses achados podem ser explicados pela dinâmica de cura mais lenta no
grupo do retratamento não cirúrgico e pelo evento das falhas tardias no grupo
cirúrgico. Por esse motivo, mais uma vez constata-se que a extensão do período de
proservação é muito importante e pode influenciar fortemente as conclusões feitas.
Frente ao exposto pela literatura, pode-se concluir que o índice de sucesso da
cirurgia parendodôntica é diretamente proporcional ao grau de sanificação do
sistema endodôntico e à qualidade da obturação do canal radicular obtidos durante o
tratamento do canal radicular.
2.8 TÉCNICAS DE RETRATAMENTO ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO
Quando indicado o retratamento endodôntico não cirúrgico, atenção especial
deve ser dada à técnica empregada para a remoção do material obturador, visto que
43
a limpeza adequada do sistema de canais radiculares é fundamental para o sucesso
após o retratamento (FRIEDMAN et al., 1993). Os materiais obturadores que podem
ser encontrados no interior do canal radicular são os cimentos endodônticos, as
pastas obturadoras, os cones de prata e os cones de guta-percha, sendo esses
últimos os mais freqüentes (FRIEDMAN et al., 1989).
Nos casos em que a obturação se apresenta bem condensada, o emprego de
solventes pode facilitar a remoção do material e diminuir o risco de acidentes como a
fratura de instrumentos ou perfurações. Vários solventes podem ser utilizados, como
por exemplo, o clorofórmio, o halotano, o xilol, os óleos essenciais, tais como o
eucaliptol, a turpentina, o óleo de laranja, entre outros (DEZAN JÚNIOR et al., 1994;
LADLEY et al., 1991; MORAIS et al., 1995; SPANO et al., 1995; WHITWORTH e
BOURSIN, 2000). O efeito tóxico tanto do clorofórmio quanto do xilol já é conhecido.
Eles o considerados substâncias narcóticas e carcinogênicas, sendo seu uso,
portanto, contra-indicado para desobturação de canais radiculares, visto que os
óleos essenciais são também eficientes, menos irritantes e apresentam ainda
propriedades anti-sépticas (SPANO et al., 1995).
Inúmeras técnicas de desobturação têm sido propostas, incluindo a utilização
de instrumentos endodônticos, instrumentos aquecidos, solventes, aparelhos
mecânicos e ultra-sônicos (BRAMANTE e BETTI, 2000; FERREIRA et al., 2001;
FRIEDMAN et al., 1993; IMURA et al., 2000; LADLEY et al., 1991; LOPES E COSTA
FILHO, 1984; LOPES e GAHYVA, 1995; STAMOS et al. 1988; TANOMARU FILHO
et al., 1999; WILCOX e VAN SURKSUM, 1991). Entretanto, esses mesmos estudos
revelaram que, normalmente, não se obtêm paredes dentinárias completamente
limpas, livres de restos de material obturador.
De acordo com Wilcox e Swift (1991), quando a mesma técnica de preparo do
canal radicular aplicada no tratamento inicial é utilizada durante o retratamento, é
improvável que as áreas não trabalhadas previamente serão completamente
instrumentadas durante a reintervenção. Por isso, esses autores indicam diferentes
técnicas de instrumentação nos casos de retratamento para aprimorar a limpeza das
44
paredes do canal radicular e, teoricamente, aumentar os índices de sucesso após o
retratamento endodôntico.
Diante da importância da manutenção dos elementos dentários na cavidade
bucal em condições funcionais e, à medida que asseguramos que o retratamento
endodôntico é uma alternativa importante dentro da especialidade, a comunidade
científica busca, frente às inúmeras técnicas operatórias existentes, uma técnica
simples, segura, que possa ser realizada em menor tempo e cause menos estresse
ao profissional e ao paciente, mantendo um resultado final de qualidade. Dentro
desse contexto, os sistemas mecanizados surgem como uma alternativa para ser
utilizada nos casos de retratamento endodôntico não cirúrgico.
Uma nova geração de instrumentos endodônticos feitos de Ni-Ti foi
desenvolvida. Walia et al. (1988) compararam as propriedades torsionais e flexurais
desses instrumentos com as das limas K-File. Como resultado, as limas de Ni-Ti
mostraram duas ou três vezes mais flexibilidade elástica do que as limas de aço
inoxidável devido aos valores muito baixos do módulo de elasticidade. Elas também
apresentaram resistência superior à fratura torsional devido à ductibilidade do Ni-Ti.
Vários estudos confirmaram as vantagens das limas de Ni-Ti, incluindo a
manutenção da forma do canal, sem “zips” e degraus e um preparo
significativamente mais rápido quando comparado com o das limas de aço inoxidável
(BISHOP e DUMMER, 1997; ESPOSITO e CUNNINGHAM, 1995; GLOSSON et al.,
1995).
Vários estudos foram realizados para avaliar a eficácia de diferentes técnicas
de instrumentação na desobturação dos canais radiculares.
Hülsmann e Stotz (1997) removeram guta-percha com cinco diferentes
aparelhos e técnicas. As brocas Gates-Glidden e o removedor de guta-percha KGP
foram mais rápidos e relativamente mais seguros para a remoção de guta-percha de
canais retos; entretanto, a remoção completa não pôde ser atingida. Esses autores
concluíram que o uso de aparelhos rotatórios, calor ou solventes no retratamento
endodôntico deve ser seguido de instrumentação manual rigorosa para atingir um
grau de limpeza ótimo das paredes dos canais radiculares.
45
Sae-Lim et al. (2000) estudaram a eficácia das limas ProFile .04 com e sem
solvente clorofórmio e das limas manuais Hedström e K-Flex com clorofórmio na
desobturação de canais radiculares de dentes anteriores. Os resultados do estudo
mostraram que os grupos que utilizaram as limas rotatórias removeram o material
obturador mais eficazmente do que o grupo das limas manuais e que os escores do
terço apical tenderam a ser maiores (piores) que os do terço médio e cervical, exceto
para o grupo das limas ProFile .04 sem clorofórmio.
Dentro dessa mesma linha de pesquisa, Imura et al. (2000) buscaram
quantificar a guta-percha/ cimento endodôntico remanescente nas paredes de canais
radiculares de pré-molares inferiores quando dois instrumentos rotatórios (Quantec
LX e ProFile .04) e dois instrumentos manuais (limas K-File e Hedström) foram
utilizados associados ao solvente óleo de laranja. Como resultado desse trabalho,
verificou-se que, em todos os grupos, os terços cervicais e médios não mostraram
remanescente de material obturador. No terço apical foi verificado material obturador
em alguns espécimes. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi
encontrada entre os grupos, porém as limas Hedström mostraram um maior número
de amostras com remanescente de material obturador.
Ao comparar a eficácia da remoção da guta-percha utilizando as limas ProFile
.04 e as limas K-Flexofile, ambas com e sem clorofórmio, Ferreira et al. (2001) não
encontraram nenhuma diferença estatisticamente significativa em termos de limpeza
entre essas limas com e sem clorofórmio nos três níveis dos canais radiculares.
Para avaliar comparativamente os instrumentos rotatórios e manuais na
remoção de guta-percha do interior dos canais radiculares, Betti e Bramante (2001)
realizaram um estudo com dentes incisivos centrais superiores. Nesse estudo, os
dentes foram desobturados com limas Quantec SC sem solvente e com limas
Hedström com xilol. A avaliação visual direta das paredes dos canais radiculares
revelou que o grupo das limas manuais com solvente demonstrou melhor limpeza no
terço cervical e no canal inteiro.
Barletta e Lagranha (2002), buscando comparar a eficácia de diferentes
técnicas de desobturação de canais radiculares, realizaram um estudo em pré-
46
molares inferiores. Os grupos eram constituídos por limas manuais K-File, brocas
Gates-Glidden associadas a limas K-File, sistema rotatório ProFile .04 e sistema
oscilatório Pow-R. Como resultado, não foi encontrada diferença estatisticamente
significativas entre as técnicas de desobturação estudadas. O terço apical foi a
região que apresentou a maior quantidade de material obturador remanescente,
sendo estatisticamente diferente dos demais terços, independente da técnica
operatória utilizada. Apesar de não haver diferença estatisticamente significativa
entre as técnicas, os instrumentos rotatórios de Ni-Ti foram os que apresentaram as
menores médias no referido terço.
O estudo de Barrieshi-Nusair (2003) comparou a limpeza das paredes dos
canais radiculares depois do retratamento endodôntico utilizando também as limas
rotatórias de Ni-Ti ProFile .04 e as limas manuais de aço inoxidável K-Flex, ambas
associadas ao clorofórmio, em dentes caninos. O resultado do estudo mostrou que
não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. A porcentagem
média de remanescente de material obturador nos canais radiculares foi de 13,6%
para o grupo das limas de aço inoxidável e de 15,2% para o grupo das limas de Ni-
Ti.
Zanettini (2003) comparou a técnica manual utilizando as limas K-Flexofile e
os sistemas oscilatórios Endo-Gripper e INTRAmatic 29CH + INTRA-LUX 3LD,
ambos associados a limas K-Flexofile e acionados por ar comprimido e por motor
elétrico, na desobturação de canais radiculares de pré-molares inferiores. Como
resultado desse estudo, verificou-se que o terço cervical não apresentou diferença
estatisticamente significativa entre os cinco grupos estudados. o terço médio
apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos, sendo que o
Endo-Gripper no motor elétrico apresentou os melhores resultados quanto à
remoção do material obturador. O terço apical foi o que apresentou a maior
quantidade de material obturador remanescente, porém não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos avaliados no estudo.
Hülsmann e Bluhm (2004) estudaram quatro técnicas de desobturação de
canais radiculares com e sem solvente eucaliptol em dentes anteriores. Como
47
resultado dessa investigação, os autores verificaram que a limpeza dos canais
radiculares mostrou melhor resultado seguindo a seguinte ordem de grupos:
Flexmaster, Hedström, ProTaper e GT Rotary, todos associados ao solvente
eucaliptol.
Com a finalidade de avaliar diferentes técnicas de desobturação de canais
radiculares, Masiero e Barletta (2005) estudaram a técnica manual empregando
limas tipo K, a técnica rotatória com o sistema K3 e a técnica oscilatória com os
sistemas M4 e Endo-gripper, ambos associados a limas tipo K e acionados por
motor elétrico em pré-molares mandibulares. Como resultado desse estudo,
comparações múltiplas de porcentagem de material remanescente no canal inteiro
não revelaram qualquer diferença significativa entre os métodos de remoção de
material obturador. Entretanto, quando cada terço foi analisado separadamente,
percebeu-se que o terço apical foi o que apresentou a maior quantidade de detritos.
A comparação das técnicas revelou que os dentes desobturados com o sistema
rotatório K3 tiveram a menor taxa de material obturador remanescente nesse terço,
sendo que esta diferença foi estatisticamente significativa.
A fim de considerar outros artifícios utilizados na técnica da desobturação de
canais radiculares, Baldassari-Cruz e Wilcox (1999) avaliaram a eficácia do
microscópio cirúrgico no aprimoramento da remoção de guta-percha e na
identificação de deficiências no tratamento original durante o retratamento
endodôntico. Verificou-se não haver diferença estatisticamente significativa entre o
grupo em que foi utilizado o microscópio e o grupo em que não foi. Nas regiões
apical e cervical, houve mais remanescente de guta-percha nos dentes vistos sem o
microscópio e levemente mais remanescentes na região média daqueles vistos com
o microscópio.
Viducic et al. (2003) fizeram um estudo para examinar o uso do laser Nd:YAG
quando utilizado juntamente com o eucaliptol, dimetilformamida ou nenhum tipo de
solvente na remoção de guta-percha de canais radiculares. Concluiu-se que o laser
Nd:YAG é capaz de amolecer a guta-percha sozinho e a adição de solventes não
48
aprimorou o retratamento em termos de tempo ou de área de guta-percha
remanescente.
A remoção do cimento endodôntico das paredes dos canais e das
ramificações anatômicas pode ser inacessível aos métodos mecânicos. Nessas
circunstâncias, os solventes tornam-se essenciais na limpeza rigorosa dos materiais
obturadores residuais para a desinfecção efetiva e reobturação dos canais
radiculares (WHITWORTH e BOURSIN, 2000).
Analisando esses estudos, verifica-se que, ainda hoje, apesar de todo o
esforço de pesquisadores, não foi possível encontrar uma técnica que remova
completamente o material obturador do interior dos canais radiculares,
principalmente quando esse se encontra bem compactado.
2.9 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RETRATAMENTO
ENDODÔNTICO NÃO CIRÚRGICO
Ao fazer uma retrospectiva nos estudos de retratamento endodôntico
encontrados na literatura, verificou-se que esses utilizavam métodos invasivos e/ou
imagens bidimensionais, através de fotografias ou radiografias para avaliação de
material obturador remanescente.
Assim, pode-se citar o estudo de Sae-Lim et al. (2000) que sulcaram dentes
anteriores com discos de carborundum nas faces lingual e vestibular e os dividiram
longitudinalmente com auxílio de um cinzel. Ambas as metades foram medidas da
junção amelo-cementária até a porção apical e separadas em terços com auxílio de
um lápis-tinta. O escore foi realizado visualmente através de um microscópio óptico
com magnificação de quatro vezes. A quantidade de material obturador
remanescente nos três terços e no canal inteiro foi categorizada para ambas as
metades dos dentes. Os escores utilizados variavam de zero (ausência de
remanescente de material obturador) a três (muita quantidade de material obturador
residual).
49
Betti e Bramante (2001) realizaram radiografias de incisivos centrais maxilares
nos sentidos vestíbulo-lingual e mésio-distal e sulcaram longitudinalmente os
elementos dentários com um disco diamantado em baixa rotação, dividindo-os
verticalmente com um cinzel após a desobturação. Cada metade do dente foi
medida da junção amelo-cementária até o ápice e dividida em terços. O canal inteiro
e os terços foram avaliados separadamente. Ambas as metades de cada dente
foram visualizadas diretamente e radiograficamente utilizando uma lupa com
aumento de duas vezes e receberam um escore que variava de zero (ausência de
material obturador remanescente) até três (guta-percha e cimento endodôntico em
grande quantidade). Para a análise quantitativa do material obturador remanescente,
as radiografias de cada metade do canal foram digitalizadas por um scanner e o
material remanescente foi traçado e a área (mm
2
) foi calculada pelo software Sigma
Scan. O canal foi dividido em terços e cada terço foi analisado separadamente; o
canal inteiro também foi avaliado.
Barrieshi-Nusair (2003) também seccionou longitudinalmente dentes caninos
no sentido vestíbulo-lingual com discos ultrafinos e fotografou todas as amostras. O
autor traçou o espaço do canal radicular e do material obturador remanescente e
realizou a projeção dos diapositivos em um papel branco com um aumento de dez
vezes. Cada traçado foi dividido em terços cervical, médio e apical e os terços foram
medidos separadamente em cada metade do dente com auxílio de um digitalizador
sônico.
No estudo de Hülsmann e Bluhm (2004), dentes anteriores também foram
sulcados com uma broca diamantada, divididos longitudinalmente e ambas as
metades foram fotografadas por um microscópio eletrônico de transluminação. Os
diapositivos das metades das raízes foram projetados, o que resultou em uma
magnificação de 70 vezes. Os terços cervical, médio e apical de cada raiz foram
avaliados separadamente, utilizando-se sete categorias crescentes para o material
obturador remanescente (0-7).
Imura et al. (2000), ao contrário do que foi realizado nos estudos anteriores,
cortaram transversalmente os elementos dentários (pré-molares mandibulares) com
50
discos de aço nos terços cervical, médio e apical. Essas três secções foram
sulcadas longitudinalmente nas faces vestibular e lingual com discos de aço e
separadas com cinzel. A quantidade de material obturador residual nas paredes do
canal nos terços cervical, médio e apical de ambas as metades foi visualizada e
medida, em mm, utilizando um software de análise de imagens conectado ao
estereomicroscópio com cinco vezes de magnificação.
Barletta e Lagranha (2002), Masiero e Barletta (2005) e Zanettini (2003) não
utilizaram métodos invasivos para a avaliação do material obturador remanescente.
Nesses estudos, radiografias mésio-distais de pré-molares inferiores foram
digitalizadas através de um scanner e avaliadas através do software AutoCAD. As
paredes dos canais radiculares e o material obturador remanescente foram
identificados através da diferença de radiopacidade e delineados. Cada canal
radicular foi dividido em terços, que foram avaliados separadamente. Para uma
melhor visualização das áreas delineadas, as imagens foram avaliadas com uma
magnificação de 20 a 25 vezes e as áreas foram automaticamente medidas em
mm
2
.
Embora esses autores tenham procurado estudar a eficácia de sistemas
rotatórios recentes na remoção do material obturador do interior dos canais
radiculares, eles utilizaram métodos de avaliação através de imagens
bidimensionais. Frente a isso, constatou-se a necessidade de investigações
científicas, não somente no aprimoramento das cnicas de desobturação, mas
também dos métodos de avaliação do material obturador removido.
Os estudos utilizando a tomografia computadorizada na área da Endodontia
têm sido cada vez mais freqüentes na literatura.
2.9.1 Tomografia computadorizada
Essa técnica foi desenvolvida por Godfrey Hounsfield, em 1972, baseada nos
mesmos princípios físicos da radiografia convencional, ou seja, para a obtenção das
imagens são utilizados os raios X. Enquanto na radiografia convencional o feixe de
raios X é piramidal e a imagem obtida é uma imagem de projeção, na tomografia
computadorizada o feixe é emitido por uma pequena fenda e tem forma de leque. O
51
tubo de raios X gira 360° em torno do elemento a ser estudado e os detectores de
fótons, que estão em uma direção oposta, giram concomitantemente (LEITE et al.,
2005).
Os fótons captados dependem da espessura do objeto e da capacidade
desse de absorver os raios X. Os detectores de fótons da tomografia
computadorizada transformam os fótons recebidos em sinal analógico e depois
digital (LEITE et al., 2005). A imagem resultante é vista e pode ser ajustada no
monitor, sendo, então, impressa em filmes e/ou armazenada em meio magnético.
Dados numéricos de imagens contidos em cortes tomográficos adquiridos
seqüencialmente no plano axial permitem a reconstrução da imagem em outros
planos (PARKS, 2000).
Entre as características das imagens tomográficas, destacam-se os pixels, a
matriz, o campo de visão (field of view- fov), a escala de cinza e o limiar.
O pixel é o menor ponto da imagem que pode ser obtido. Assim, uma imagem
é formada por inúmeros pixels. O conjunto de pixels está distribuído em colunas e
linhas que formam uma matriz. o campo de visão (fov) representa o tamanho
máximo do objeto em estudo que ocupa a matriz.
Em relação às imagens, existe uma convenção para traduzir os valores de
voltagem detectados em unidades digitais. Dessa forma, temos valores variando de
1000 (mais escuro), em que o objeto não absorveu praticamente nenhum dos
fótons de raio X, a + 1000 (mais claro) ou mais, em que o objeto absorveu quase
todos os fótons de raio X. A escala de cinza é formada por um grande espectro de
representação de tonalidades entre branco, cinza e preto e sua unidade foi chamada
de Hounsfield (LEITE et al., 2005).
O isolamento de uma região volumétrica de interesse no estudo é realizado
através de um limiar (threshold). O valor do limiar corresponde a um número da
tomografia computadorizada que separa a estrutura de interesse da área vizinha,
estreitando a escala de tons de cinza de forma a adaptar a nossa capacidade de
visão aos dados obtidos pelo tomógrafo (NIELSEN et al., 1995).
52
As imagens tomográficas podem ser obtidas em dois planos básicos: o axial e
o coronal. Após obtidas as imagens, recursos computacionais permitem
reconstruções no plano sagital ou reconstruções tridimensionais (LEITE et al., 2005).
Uma vez que o dente é composto por tecidos com densidades radiográficas
distintas, a possibilidade de avaliá-lo pela técnica tomográfica. As informações
obtidas com a tomografia computadorizada permitem avanços significativos na
habilidade de reconstrução de tecidos dentários antes, durante e após trabalhos in
vitro. Utilizando a tomografia computadorizada, a informação detalhada de cada
elemento dentário antes e após a instrumentação (LIMONGI, 2005; TASDEMIR et
al., 2005) permanece totalmente intacta para avaliações futuras (NIELSEN et al.,
1995), possibilitando, dessa forma, os estudos em Endodontia (BERGMANS et al.,
2001).
Os estudos que avaliaram a aplicabilidade da tomografia computadorizada
em dentes humanos foram inicialmente sugeridos por Tachibana e Matsumoto
(1990). Naquele tempo, esse método de avaliação tinha apenas um uso limitado em
Endodontia devido ao seu alto custo e à inexistência de um software adequado.
Além disso, a resolução das imagens não era muito favorável para os estudos
experimentais, pois os cortes apresentavam 2 mm de espessura. Através desse
estudo de 1990, os referidos autores puderam verificar, nas imagens
perpendiculares ao longo eixo do dente, o número e a localização das raízes, as
configurações dos canais radiculares, as larguras buco-lingual e mésio-distal e a
presença ou ausência de preenchimento do canal radicular. O número de canais
radiculares dos pré-molares maxilares pôde ser visualizado, bem como os canais
radiculares das raízes mésio-vestibulares de molares superiores. Similarmente, os
dentes mandibulares anteriores com dois canais foram facilmente reconhecidos,
bem como os molares mandibulares com quatro canais. Foi difícil distinguir esmalte
de dentina e checar a espessura da última, a configuração dos ápices radiculares, a
curvatura dos canais radiculares e a localização dos assoalhos das câmaras
pulpares. Nas imagens tridimensionais, foi possível visualizar o grau de curvatura
das raízes, o número e a relação dos canais radiculares, bem como determinar a
profundidade em que os instrumentos e os materiais foram inseridos nesses, mas a
53
qualidade do preenchimento dos canais radiculares não pôde ser averiguada devido
à reflexão do raio X. Desse estudo, os autores Tachibana e Matsumoto (1990)
chegaram à conclusão de que a tomografia computadorizada, naquela época,
apresentava vantagens e desvantagens. Como vantagens, eles citaram que o
diagnóstico do corpo humano e a observação das estruturas difíceis de visualizar
com o raio X convencional eram possíveis com esse método e o scanner do
computador proporcionava imagens necessárias para as reconstruções
tridimensionais dos canais radiculares, das raízes e dos dentes. Como
desvantagens, os autores citaram que a dose de radiação era elevada e que o
procedimento de aquisição das imagens consumia muito tempo. Além disso, o
tomógrafo computadorizado era muito caro, ocupava muito espaço e a resolução
das imagens obtidas era inadequada para o diagnóstico detalhado de áreas
pequenas.
Hoje em dia, entretanto, os avanços na tecnologia levaram a estudos com
avaliações mais precisas através de uma forma miniaturizada chamada
microtomografia computadorizada. Esse exame foi introduzido como um método
acurado e não destrutivo para avaliar formas tridimensionais. Seu emprego permite
analisar a geometria dos canais radiculares, bem como os efeitos das técnicas de
instrumentação sobre esses com resolução de cortes de 34µm (BERGMANS et al.,
2001; GLUSKIN et al., 2001; PAQUÉ et al., 2005; PETERS et al., 2000, 2001-b;
RHODES et al., 2000). Essa inovação foi atingida, pois novos hardware e software
foram disponibilizados para avaliar a informação métrica criada pela microtomografia
computadorizada, permitindo, assim, a determinação mais detalhada de mudanças
geométricas em canais preparados (HÜBSCHER et al., 2003). Juntamente com os
avanços no software de imagens, a incorporação da microtomografia
computadorizada em pesquisas na Endodontia tem sido realizada principalmente
nos estudos de preparos químico-mecânicos dos canais radiculares (BJORNDAL et
al., 1999; DOWKER et al., 1997; GAMBILL et al., 1996; GARIP e GÜNDAY, 2001;
NIELSEN et al., 1995; PAQUÉ et al., 2005; PETERS et al., 2001-a, 2001-b, 2003;
RHODES et al., 1999, 2000).
54
Pode-se concluir que a tomografia computadorizada constitui-se uma técnica
não invasiva que possui a habilidade de permitir a visualização de características
morfológicas de uma maneira acurada e detalhada sem destruição do elemento
dentário. Isso é possível uma vez que nenhum seccionamento dos espécimes é
requerido e não há perda da estrutura radicular, o que poderia afetar o resultado das
pesquisas.
3 PROPOSIÇÃO
56
O presente estudo tem o objetivo de analisar comparativamente “in vitro” a
eficácia de diferentes cnicas utilizadas para a desobturação dos canais
radiculares: técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K, técnica
oscilatória com limas tipo K acopladas ao contra-ângulo TEP SUPER e técnica
rotatória com limas ProTaper acopladas ao contra-ângulo TEP SUPER, ambas
acionadas por motor elétrico com velocidade e torque controlados, utilizando a
tomografia computadorizada como recurso metodológico de avaliação quantitativa
de material obturador removido do interior dos canais radiculares.
4 METODOLOGIA
58
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O presente estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos e Animais da Universidade Luterana do Brasil -
Canoas - Rio Grande do Sul, recebendo o protocolo 2004-262H (em anexo).
4.2 LOCAIS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA
- A fase experimental do presente trabalho foi desenvolvida nos laboratórios
do curso de Odontologia e na Central de Laboratórios da Universidade Luterana do
Brasil - Campus de Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.
- As tomadas tomográficas e a leitura das imagens foram realizadas no
Hospital Ernesto Dornelles - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
4.3 SELEÇÃO E PREPARO DA AMOSTRA
Para a realização do experimento, foram selecionados 60 dentes molares
inferiores humanos, extraídos em função de cárie ou de doença periodontal, com
desenvolvimento radicular completo, obtidos em postos de saúde.
Todos os dentes adquiridos foram lavados em água corrente, com auxílio
de detergente líquido (Limpol Bombril S/A, São Bernardo do Campo, São Paulo,
Brasil) e esponja de limpeza (EsfreBom Bettanin, Canoas, Rio Grande do Sul,
Brasil), receberam raspagem das superfícies radiculares com curetas periodontais
tipo Gracey 1/2 (Hu-Friedy, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil), foram
esterilizados em autoclave a 121°C por 15 minutos (Biodont, São Paulo, São
Paulo, Brasil) e permaneceram hidratados em água destilada (Odontopharma
Indústria e Comércio Ltda., Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil), que foi
59
mantida em refrigerador (Brastemp, São Paulo, São Paulo, Brasil) e substituída
semanalmente (IMPARATO, 2003).
Realizaram-se tomadas radiográficas com filme radiográfico periapical
(Insight - Eastman Kodak Company, Rochester, New York, Estados Unidos) com
incidência cêntrica do feixe de raios X no sentido vestíbulo-lingual dos espécimes,
para verificação da anatomia interna dos elementos dentais e para avaliação do
grau de curvatura da raiz mesial. Tomaram-se alguns cuidados em relação à
padronização das imagens radiográficas: dois elementos dentários foram
posicionados com suas raízes mesiais voltadas para esquerda e porções
coronárias para cima e fixados com cera utilidade (Wilson - Polidental Indústria e
Comércio Ltda., São Paulo, São Paulo, Brasil) no filme radiográfico, cuja marca
identificadora foi posicionada para cima e para a esquerda. Todas as tomadas
radiográficas foram submetidas ao mesmo tempo de exposição de 0,7 segundo,
utilizando-se aparelho radiográfico com 60 kV e 10 mA (Spectro II - Dabi Atlante,
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil), distância focal de 40 cm e processamento pelo
método tempo-temperatura na sala de revelação do setor de radiologia da
faculdade de Odontologia da Ulbra, Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Descartaram-se os espécimes que apresentaram canais muito atresiados
ou muito amplos, reabsorções internas, calcificações difusas ou localizadas, bem
como os que possuíam tratamento endodôntico, pinos ou coroas protéticas.
Avaliou-se a curvatura da raiz mesial, que deveria estar compreendida entre 20° e
40°, de acordo com o proposto por Thompson et al. (1995), através da técnica
desenvolvida por Fontanella et al. (2004). As imagens radiográficas foram
digitalizadas em tamanho real, com auxílio de um scanner de mesa com leitor de
transparência (Perfection 2450 Epson, Califórnia, Estados Unidos) com
resolução de 300 dpi, no modo 8 bits. As medidas das imagens digitalizadas foram
obtidas através das ferramentas do programa Adobe Photoshop v. 7.0. Com a
ferramenta “lápis” com 1 pixel de espessura, foram traçadas 2 linhas, uma no
longo eixo do dente, de cor vermelha e outra do forame apical até o início da
curvatura, com a cor azul. O ângulo formado entre essas linhas foi obtido com a
ferramenta “medir”, clicando e arrastando o mouse sobre a linha azul, acionando a
60
tecla “alt” e mantendo-a acionada, à medida que o cursor percorria a linha
vermelha, sendo o ângulo obtuso verificado instantaneamente pelo programa.
Para se conseguir o ângulo agudo, o valor obtido foi subtraído de 18 e os
valores das curvaturas foram registrados (TABELA 03 - anexo).
Após a seleção dos espécimes, as porções coronárias desses foram
seccionadas axialmente ao nível da junção amelo-cementária e as raízes
separadas na região de furca com um disco diamantado de dupla face (KG
Sorensen Indústria e Comércio Ltda., Barueri, São Paulo, Brasil) em baixa rotação
com micro motor (N 270 - Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) e peça
reta (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, o Paulo, Brasil). Com o auxílio de um
paquímetro (Trident S.A. Indústria de Precisão Ltda., Itapuí, São Paulo, Brasil), as
raízes mesiais foram aferidas, sendo incluídas no experimento aquelas que
apresentaram entre 15 e 16 mm de comprimento.
As faces vestibulares e mesiais das raízes foram identificadas com uma
marcação em caneta de retroprojetor (Faber Castell, São Carlos, São Paulo,
Brasil). Todos os espécimes selecionados foram armazenados individualmente em
recipientes de vidro de 20 mL (A. Gália, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil),
identificados do 1 ao 60, com caneta de retroprojetor. Cada recipiente foi
preenchido com aproximadamente 10 mL de água destilada, que foi trocada
semanalmente e permaneceu sob refrigeração constante até a obturação dos
canais radiculares.
4.4 ESVAZIAMENTO DOS CANAIS RADICULARES E OBTENÇÃO DO
COMPRIMENTO REAL DE TRABALHO
O esvaziamento dos canais radiculares foi realizado com limas K-File de
calibre 10 (Dentsply - Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça). Penetrou-se
gradualmente terço a terço nos canais umidecidos com solução de hipoclorito de
sódio a 1% (Iodontec Indústria e Comércio de Produtos Odontológicos Ltda., Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) a observar que o instrumento havia
61
ultrapassado o forame apical, evidenciando-se a realização da patência apical. Em
seqüência, determinou-se o comprimento real do canal radicular (TABELA 03
anexo), que foi obtido quando a ponta de um instrumento de calibre 10 foi
visualizada justaposta à saída foraminal com o auxílio de uma lupa (MAPED S.A.,
Kunshan, Jiangsu Province, China) e ao tangenciar-se um cursor (Dentsply -
Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça) à superfície cervical radicular. Dessa
medida, subtraindo-se 1 mm, obteve-se o comprimento real de trabalho (TABELA
03 - anexo).
4.5 PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO DOS CANAIS RADICULARES
Os canais radiculares dos espécimes do experimento foram submetidos ao
preparo químico-mecânico através da técnica escalonada de recuo progressivo
programado (WALTON, 1976), utilizando-se manualmente as limas K-Flexofile
(Dentsply - Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça) e K-File (Dentsply -
Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça).
O preparo químico-mecânico de todos os canais radiculares foi realizado
pelo mesmo operador. Para facilitar a instrumentação, as raízes foram envoltas
em cera utilidade (Wilson - Polidental Indústria e Comércio Ltda., São Paulo, São
Paulo, Brasil) e presas verticalmente entre as garras de uma pequena morsa
(Ambika, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) com a face distal voltada para o
operador, simulando que o mesmo estivesse posicionado por trás do paciente.
Para a realização do preparo apical dos canais radiculares, foram utilizadas
as limas K-Flexofile de calibre 15, 20, 25 e 30, respectivamente, no CRT pré-
determinado. Após a confecção do stop apical, realizou-se o escalonamento
progressivo programado nos terços médio e cervical com mais 4 instrumentos
limas K-Flexofile 35 e 40 e limas K-File 45 e 50, respectivamente. Entre cada troca
de instrumento, o instrumento memória (lima K-Flexofile de calibre 30, no CRT
pré-determinado) foi reutilizado. Na medida em que se aumentava o diâmetro do
instrumento, diminuia-se 1 mm do CRT. As limas foram limpas em espuma de
62
poliuretano de densidade 38 Kg/m
3
(Castor Colchões, Passo Fundo, Rio Grande
do Sul, Brasil) inundada em hipoclorito de dio a 1% entre cada instrumentação.
A patência apical era confirmada ao final do preparo, ao ultrapassar-se uma lima
K-File de calibre 10 através do forame apical.
Padronizou-se o número limite de cinco usos para cada lima. Quando
verificava-se alguma alteração morfológica na parte ativa do instrumento antes de
completar os cinco usos, esse era substituído.
Como substância química auxiliar, utilizou-se o hipoclorito de dio a 1%
acondicionado em seringa de vidro tipo lüer lock de 5 mL (B-D Indústria Cirúrgica,
Curitiba, Paraná, Brasil), tendo-se o cuidado de controlar, em todos os espécimes,
o volume de irrigação em 2 mL de solução a cada troca de instrumento. Realizou-
se a irrigação com uma agulha hipodérmica metálica 25/4 (B-D Indústria Cirúrgica
Ltda., Curitiba, Paraná, Brasil), controlando-se o comprimento de sua penetração
a 3 mm do CRT com o auxílio de um cursor, utilizando-se a base da raiz como
ponto de referência. O movimento de irrigão foi de pequena amplitude, paralelo
ao longo do eixo da raiz, permitindo o refluxo da solução irrigadora, associado à
aspiração com cânula suctora (Können Indústria e Comércio Ltda., o Paulo,
São Paulo, Brasil) e nova inundação do canal radicular com hipoclorito de sódio a
1%.
Ao final do preparo, irrigou-se o canal radicular com 2 mL de EDTA
trissódico a 17% (Ulbra/ Farmácia-Escola, Rio Grande do Sul, Brasil) com auxílio de
uma seringa plástica de 5 mL (Plastipak - B-D Indústria Cirúrgica Ltda., Curitiba,
Paraná, Brasil) e agulha hipodérmica metálica 25/4, penetrando-se a 3 mm do
CRT, com o mesmo movimento descrito para a irrigação com o hipoclorito de
sódio. Manteve-se o EDTA trissódico durante 3 minutos no interior dos canais
radiculares e, após esse período, realizou-se irrigação final com 2 mL de
hipoclorito de sódio a 1%.
63
4.6 OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES
Concluída a fase do preparo químico-mecânico, todos os canais radiculares
foram aspirados com a cânula suctora e secos com cones de papel absorvente de
calibre 30 (Dentsply Indústria e Comércio Ltda., Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil).
A seleção do cone principal (Dentsply Indústria e Comércio Ltda., Petrópolis, Rio
de Janeiro, Brasil) foi auxiliada pelo uso de uma régua calibradora de cones
(Dentsply - Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça) e lâmina de bisturi11 (B-
D Indústria Cirúrgica, Curitiba, Paraná, Brasil) e confirmada pelos testes ctil e
radiográfico, os quais permitiram o controle da adaptação do cone ao limite apical
de trabalho pré-determinado. Com esse propósito, foram realizadas tomadas
radiográficas com incidência cêntrica do feixe de raios X no sentido mésio-distal
das raízes. Em cada filme radiográfico, que deveria apresentar a marca
identicadora voltada para cima e para a esquerda, foram fixadas, com cera
utilidade, três raízes com suas faces vestibulares voltadas para esquerda. Os
canais radiculares foram obturados através da Técnica Híbrida de Tagger
Modificada (TAGGER et al., 1984). Esta técnica consiste na condensação lateral
ativa no nível apical, associada à termoplastificação da guta-percha com a
utilização do compactador de McSpadden nos terços dio e cervical. Utilizou-se
o cimento endodôntico AH Plus (Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha),
manipulado segundo as recomendações do fabricante na proporção de 1:1,
utilizando-se, para esse fim, uma espátula metálica 24 (Duflex SS White
Artigos Dentários Ltda., Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil) e uma placa de
vidro polida (Iodontec Indústria e Comércio de Produtos Odontológicos Ltda.,
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil).
Para facilitar a realização dessa etapa, os espécimes foram envoltos em
cera utilidade e presos verticalmente entre as garras da morsa com a face distal
voltada para o operador. Introduziu-se o cone principal besuntado com cimento
endodôntico no canal radicular, de milímetro em milímetro, até ser posicionado no
CRT. Em prosseguimento, inseriram-se os cones acessórios de guta-percha XF
(Dentsply Indústria e Comércio Ltda., Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil) com
64
cimento endodôntico e, a cada inserção do cone acessório, com auxílio do
espaçador dígito-palmar RCSGP 1 (Hu-Friedy - Rio de Janeiro, Rio de janeiro,
Brasil), realizou-se a condensação lateral ativa até o completo preenchimento do
terço apical dos canais radiculares com o material obturador. O corte dos cones de
guta-percha foi realizado no nível do colo cervical com um calcador Paiva-
Antoniazzi 2 (Duflex - SS White Artigos Dentários Ltda., Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil) aquecido em lamparina (Können Indústria e Comércio Ltda., o
Paulo, São Paulo, Brasil). Em continuidade, utilizou-se o compactador de guta-
percha McSpadden 30 (Dentsply - Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça)
conforme a técnica Híbrida de Tagger Modificada. O compactador de McSpadden
foi ajustado no contra-ângulo com o cursor demarcando 5 mm aquém do CRT.
Esse compactador foi acionado em baixa rotação, no sentido horário, e introduzido
até o referido comprimento, permanecendo no interior do canal radicular a
observar-se que ele era expulso espontaneamente. Terminada a plastificação da
guta-percha, realizou-se a condensação vertical com os condensadores Paiva-
Antoniazzi de n° 1 e 2, respectivamente.
Após a obturação dos canais radiculares concluída, foram realizadas novas
tomadas radiográficas com incidência cêntrica do feixe de raios X no sentido
mésio-distal dos espécimes, que foram posicionados da mesma maneira descrita
para a verificação da adaptação do cone principal. A superfície cervical da raiz foi
limpa com um penso de algodão hidrófilo (York S/A Indústria e Comércio, São
Paulo, São Paulo, Brasil) embebido em álcool 95,0° GL (Coperálcool Cooper-
Rubi, Rubiataba, Goiás, Brasil) e a entrada do canal radicular selada com um
material restaurador provisório – Cavit W (Espe Dental, Medizin, Alemanha).
4.7 ARMAZENAMENTO DOS DENTES
Após a obturação dos espécimes, esses voltaram para seus respectivos
recipientes de vidro, que ficaram destampados. A numeração identificada na face
mesial da raiz e na superfície externa dos vidros feita com caneta de retroprojetor
65
foi reforçada. Os frascos de vidro foram distribuídos em 2 potes plásticos
tampados, com 22 cm de comprimento, 14,5 cm de largura e 6 cm de altura
(Sanremo S/A, Esteio, Rio Grande do Sul, Brasil). Entre os recipientes de vidro e a
tampa dos potes plásticos, colocou-se uma camada de 3 cm de espessura de
espuma de poliuretano de densidade 38 kg/m
3
saturada com água. Os potes
foram mantidos em estufa bacteriológica (Biomatic Aparelhos Científicos Ltda.,
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) a 37°C durante um período de 6 meses.
Foram feitas verificações semanais do grau de saturação de água das espumas,
quando necessário, essas eram novamente embebidas em água.
4.8 ALISE TOMOGRÁFICA DAS OBTURAÇÕES DOS CANAIS
RADICULARES
Para a realização da análise tomográfica, utilizou-se um tomógrafo
computadorizado de múltiplos detectores (General Electric Light Speed Plus -
Milwaukee, Wisconsin, Estados Unidos) regulado com 140 KV e 200 mA, tubo
com 0,8 rotações por segundo e filtro para tecido ósseo Bone Plus.
Os espécimes receberam cortes axiais de 1,25 mm de espessura com
incrementos de 0,6 mm no sentido do seu longo eixo e em toda a sua extensão.
Para a reconstrução das imagens, foram utilizados aplicativos do tipo “Maximum
Intensity Projection” (Projeção com Intensidade máxima) e “Volume Rendering”
(Reconstruções em Volume por Intensidade).
Como dispositivo de fixação de corpo de prova, utilizou-se uma folha de
papel ofício de tamanho A4 com os espaços dos dentes identificados em 4 fileiras
de acordo com a sua numeração. Os espécimes foram fixados com fita adesiva,
sendo dispostos lado a lado com a sua face vestibular voltada para o lado
esquerdo.
Para a análise do volume de material obturador localizado no interior dos
canais radiculares, utilizou-se o programa Volume Analysis 2 - Voxtool 3.0.54z da
66
General Electric. Na página inicial, selecionou-se “Head”, que corresponde à
cabeça no desenho do corpo humano representado. Dentro dos itens
apresentados na região da cabeça, selecionou-se ODONTO, cujas imagens do
material obturador estão representadas em verde. Uma vez visualizada a fileira de
dentes no visor superior esquerdo e os demais visores demarcados, selecionou-se
a função “3D Tools” e, dentro dessa, demarcou-se a ferramenta “Scapel/
Paintbrush” sendo utilizada a tesoura verde para selecionar o dente em questão.
Após a seleção do dente, clicou-se na função “Apply Cut” dentro da mesma
ferramenta e apenas esse dente foi visualizado no visor superior esquerdo. Em
seguida, clicou-se na letra “A” que aparece abaixo do visor para ter uma visão
vestíbulo-lingual do elemento dentário, definiu-se o FOV (“Field of View”) em 3,2 e
o MIP (“Maximum Intensity Projection”) em 8,3 e centralizou-se o dente na tela.
Para identificá-lo, selecionou-se a função “Display Tools” e a ferramenta “A”, que é
uma das opções que existem nessa função, cujo objetivo é escrever o número do
dente. Uma vez visualizada e identificada a imagem do dente com o material
obturador (FIGURA 01), essa foi salva. Em seguida, posicionou-se o cursor sobre
esse dente, apertou-se a tecla “Shift” e a imagem dele apareceu também nos
visores superior direito e inferior direito.
67
FIGURA 01 Imagem tomográfica do material obturador (setas) no interior dos
canais radiculares previamente à desobturação – vista vestíbulo-lingual
Para a seleção apenas do material obturador, demarcou-se o visor inferior
direito, selecionou-se a função “3D Tools” e, dentro dessa função, demarcou-se a
ferramenta “Threshold”, definiu-se o limite inferior em 2506 e o limite superior em
3071 e aplicou-se o “Threshold”. Uma vez que apenas o material obturador foi
selecionado nesse visor, clicou-se novamente na função “Display Tools”,
selecionou-se o ícone com desenho de um globo, e obteve-se o volume inicial do
material obturador. Em seguida, identificou-se o mero do dente, clicando na
ferramenta “A” da função “Display Tools” e salvou-se a imagem (FIGURA 02).
MV
ML
31
68
FIGURA 02 - Imagem tomográfica do material obturador selecionado e seu volume
calculado em cm
3
previamente à desobturação – vista vestíbulo-lingual
Essa análise foi realizada por um único operador treinado e supervionado
por um médico radiologista experiente. Os valores do volume de material
obturador encontrado no interior dos canais radiculares foram transformados de
cm
3
para mm
3
e registrados, previamente ao procedimento de desobturação
(TABELAS 04, 05 e 06 - anexo).
4.9 DEFINIÇÃO DOS GRUPOS
Após a tomada tomográfica inicial, os espécimes foram distribuídos
aleatoriamente em três grupos distintos. Cada grupo foi composto por 20 raízes e,
como critério de diferenciação, as seguintes técnicas de desobturação foram
empregadas: grupo A - técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K;
grupo B técnica oscilatória com limas tipo K acopladas ao contra-ângulo TEP
SUPER e grupo C - técnica rotatória com limas de Ni-Ti ProTaper acopladas ao
contra-ângulo TEP SUPER, ambos acionados por motor elétrico. Realizou-se a
MV
ML
31
69
divisão através de sorteio, utilizando-se a numeração estabelecida no momento da
seleção dos dentes.
4.10 TÉCNICAS DE DESOBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES
A desobturação dos canais radiculares foi realizada pelo mesmo operador
responsável pelo preparo químico-mecânico e obturação desses. Para facilitar o
trabalho de desobturação, envolveram-se as raízes em cera utilidade e essas
foram fixadas verticalmente entre as garras da morsa, com a face distal voltada
para o operador. Imediatamente antes de iniciar-se a desobturação, realizou-se,
em todos os espécimes, a remoção do selamento coronário com uma broca
esférica carbide n° 4 (KG Sorensen Indústria e Comércio Ltda., Barueri, São
Paulo, Brasil), em alta rotação (RS 350, Dabi Atlante, Ribeirão Preto, o Paulo,
Brasil) numa profundidade equivalente à ponta ativa da referida broca para se
obter acesso às obturações radiculares. O espaço criado pela remoção do
material restaurador provisório serviu de reservatório para o solvente do material
obturador. Nesse espaço, colocou-se uma gota de eucaliptol (Iodontosul, Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil) com auxílio de um conta-gotas (A. lia, Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil).
É importante destacar que, em todos os todos de desobturação,
independente da técnica empregada, a cada troca de instrumento, os canais
radiculares foram copiosamente irrigados com 2 mL de hipoclorito de sódio a 1%
acondicionado em seringa tipo lüer lock de vidro de 5 mL. Após a irrigação, os
canais foram aspirados com cânula suctora e uma nova gota de solvente foi
aplicada sobre o material obturador, com o auxílio de um conta-gotas. Quando os
instrumentos chegaram a aproximadamente 5 mm do forame apical, o solvente
não foi mais aplicado. As limas foram limpas em espuma de poliuretano de
densidade 38 Kg/m
3
inundada em hipoclorito de dio a 1% entre cada
instrumentação.
70
Nessa fase experimental, também padronizou-se o mero limite de cinco
usos para cada lima. Essas eram substituídas caso verificava-se alguma alteração
morfológica na sua parte ativa antes de completar os cinco usos.
4.10.1 Grupo A – Técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K
Para a desobturação dos canais radiculares sio-vestibulares e mésio-
linguais das raízes desse grupo, foi utilizada a cnica manual de instrumentação
com ampliação reversa (coroa-ápice).
Iniciou-se a remoção do material obturador com uma lima K-Flexofile de
calibre 25 que, com ação de ponta e auxílio do solvente, amoleceu a porção mais
superficial da obturação radicular e, em seguida, com trocas subseqüentes das
limas 20 e 15, respectivamente, penetrou-se lenta e gradualmente na massa
obturadora ao CRT previamente determinado. Com a guta-percha previamente
amolecida e o trajeto do canal radicular estabelecido na massa obturadora, foi
procedida a desobturação dos canais radiculares. Iniciou-se a desobturação com
uma lima K-File de calibre 50 e diminuiu-se o calibre das limas (K-File 45 e K-
Flexofile 40 e 35, respectivamente) na medida em que se avançou em direção
apical até atingir o CRT pré-determinado com uma lima K-Flexofile de calibre 30.
Todos os instrumentos foram introduzidos até encontrar resistência imposta pela
presença do material obturador ou pela anatomia interna. A cinemática de
emprego dos instrumentos consistiu em movimentos de penetração, rotação à
direita, rotação à esquerda e tração.
4.10.2 Grupo B Técnica oscilatória com limas tipo K acopladas a contra-
ângulo NSK acionado por motor elétrico
Nesse grupo, a técnica de desobturação também foi iniciada manualmente
através da criação de um trajeto no interior do material obturador dos canais
mésio-vestibulares e mésio-linguais, como descrito no grupo A.
Após essa etapa, foram utilizadas as limas tipo K associadas ao contra-
ângulo TEP SUPER (NSK Nakanishi Incorporation, Tochigi-ken, Japão) com
cabeça “push button” de giro alternado e redução de 16:1, acionado por motor
71
elétrico TC motor 3000 (Nouvag Ag, Suíça), com velocidade constante de 15.000
rpm, sendo a velocidade final de 935 rpm e o torque de 10 N/cm.
Realizou-se a desobturação dos canais radiculares através da cnica de
ampliação reversa, iniciando-se com a lima K-File de calibre 50 e diminuindo-se os
calibres das limas (K-File 45 e K-Flexofile 40 e 35, respectivamente) na medida
em que se avançava apicalmente, até a lima K-Flexofile de calibre 30 (instrumento
memória) atingir o CRT previamente determinado. Utilizou-se o contra-ângulo com
movimentos de pequena amplitude em direção ao longo eixo da raiz até encontrar
resistência imposta pela presença do material obturador ou pela anatomia interna,
direcionando-se o instrumento contra todas as paredes do canal radicular.
4.10.3 Grupo C Técnica rotatória com limas ProTaper associadas ao
contra-ângulo NSK acionado por motor elétrico
Assim como descrito nos grupos A e B, iniciou-se manualmente a
desobturação dos canais radiculares mésio-vestibulares e mésio-linguais das
raízes desse grupo, criando-se um trajeto dentro da massa de material obturador.
Uma vez o trajeto definido, o material obturador remanescente foi removido
com o sistema rotatório, utilizando-se o contra-ângulo TEP SUPER (NSK
Nakanishi Incorporation, Tochigi-ken, Japão) com cabeça de giro contínuo e
redução 16:1, acoplado a motor elétrico (TC motor 3000, Nouvag Ag, Suíça), em
uma velocidade constante de 4.000 rpm, sendo a velocidade final de 250 rpm e
torque 10 N/cm.
A remoção do material obturador foi realizada pela cnica de preparo dos
canais radiculares preconizada pelo fabricante das limas do sistema ProTaper
(Dentsply - Maillefer Instruments S.A., Ballaigues, Suíça). Iniciou-se a desobturação
com as limas S1 e SX, respectivamente, até o terço médio do canal radicular, ou
seja, aaproximadamente 5 mm do forame apical, utilizando-se, em seguida, as
limas S1, S2, F1, F2 e F3, respectivamente até o CRT previamente determinado.
A cinemática de instrumentação utilizada para as limas SX, S1 e S2 consistiu em
inserção do instrumento e tração desse contra as paredes do canal radicular
durante a sua remoção (“pincelamento” de dentro para fora do canal) e a
72
cinemática de instrumentação utilizada para as limas F1, F2 e F3 compreendeu
movimentos de inserção até o CRT e remoção do instrumento (MACHTOU e
WEBBER, 2001).
4.11 METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA DESOBTURAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Para a avaliação da desobturação dos canais radiculares foi utilizado o
método clínico e, para a análise tridimensional do volume de material obturador
remanescente no interior desses, utilizou-se o exame tomográfico
computadorizado.
4.11.1 Método clínico
Os critérios utilizados para determinar, clinicamente, a completa
desobturação consistiram em: 1 - observação visual de ausência de material
obturador nas estrias do instrumento endodôntico; 2 - ausência de resíduos de
material obturador durante as manobras de irrigação e aspiração; 3 - sensibilidade
táctil do operador em detectar paredes lisas, com o instrumento memória atingindo
o CRT pré-determinado.
4.11.2 Análise tomográfica após a desobturação dos canais radiculares
Concluída a desobturação dos canais radiculares, os espécimes foram
reposicionados da mesma forma e na mesma posição em que foram fixados na
tomada tomográfica inicial, como descrito anteriormente. Analisou-se o volume de
material obturador remanescente (FIGURA 05) utilizando-se o mesmo programa
Volume Analysis 2 Voxtool 3.0.54z da General Electric e a mesma metodologia
empregada para a obtenção dos valores dos volumes iniciais do material
obturador.
Essas análises foram realizadas pelo mesmo profissional que realizou as
análises tomográficas prévias, cego para as técnicas de desobturação que foram
empregadas nos canais radiculares de cada espécime.
73
Ao obter o volume de material obturador remanescente no interior dos
canais radiculares após a desobturação (TABELAS 04, 05 e 06 - anexo) foi
possível calcular o valor percentual de material obturador removido em cada
espécime dos grupos estudados (TABELAS 04, 05 e 06 - anexo).
FIGURA 03Imagem tomográfica do material obturador remanescente (setas) no
interior dos canais radiculares após a desobturação– vista vestíbulo-lingual
MV
ML
31
74
FIGURA 04 - Imagem tomográfica do material obturador remanescente (setas) no
interior dos canais radiculares após a desobturação – vista oclusal
FIGURA 05 - Imagem tomográfica do material obturador remanescente selecionado
e seu volume calculado após a desobturação – vista vestíbulo-lingual
MV
ML
MV
ML
31
31
75
4.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados obtidos para a realização da análise estatística dos resultados do
presente estudo foram baseados na proporção do volume de material obturador
removido sobre o volume inicial de material obturador contido no interior dos
canais radiculares. As proporções obtidas foram consideradas como desfecho
para a comparação das técnicas em relação à sua eficácia para a desobturação
de canais radiculares. Foram calculadas medidas descritivas incluindo média e
desvio padrão.
A análise comparativa entre os grupos A, B e C em relação à proporção de
material obturador removido do interior dos canais radiculares foi realizada pela
análise de variância (ANOVA). Aplicou-se o teste Qui-quadrado de tendência
linear para comparar a remoção de material obturador inferior a 50% (baixa
remoção) nos grupos estudados. O nível de significância utilizado foi de P=0,05
para ambos os testes. Os dados foram processados e analisados com o auxílio do
programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, Chicago, illinois,
Estados Unidos) versão 12.0.
5 RESULTADOS
77
A análise da porcentagem de material obturador removido do interior dos
canais radiculares dos espécimes avaliados em cada um dos grupos estudados,
cujos valores encontram-se nas TABELAS 04, 05 e 06 em anexo, demonstra que
nenhuma técnica foi capaz de removê-lo completamente.
Os valores das médias e desvios padrão dos três grupos avaliados
encontram-se descritos na TABELA 01.
TABELA 01 - Média e desvio padrão da porcentagem de material obturador
removido do interior dos canais radiculares através das diferentes técnicas
técnica n média desvio padrão
manual 20 65,74 11,96
rotatória 20 63,01 18,66
oscilatória 20 57,89 20,73
total 60 62,21 17,53
A comparação das médias das porcentagens de material obturador
removido durante a desobturação dos canais radiculares nos diferentes grupos
estudados, pela análise de variância (ANOVA), não demonstrou diferença
estatisticamente significativa (P= 0,36).
78
Considerando a porcentagem de material obturador removido, é importante
analisar, além das médias, os casos em que a sua remoção ficou abaixo de 50%
(baixa remoção). Verificou-se que um espécime do grupo manual ficou nessa
situação, correspondendo a 5% da amostra desse grupo; no grupo rotatório, três
espécimes, correspondendo a 15% da amostra e, no grupo oscilatório, sete
espécimes, correspondendo a 35%. Esses valores podem ser verificados na
TABELA 02.
TABELA 02 – Valores absolutos e relativos da quantidade de espécimes nos
diferentes grupos considerando a quantidade de material obturador removido
No gráfico da FIGURA 06, cada ponto corresponde a um espécime situado
conforme a porcentagem de material obturador removido. Percebe-se, abaixo da
linha demarcada, os espécimes que tiveram menos de 50% de seu material
obturador removido (baixa remoção), o que clinicamente é relevante.
Manual
Rotatória
Oscilatória
Total
Material
obturador
removido
n % n % n % n %
acima de
50%
19
95,0
17
85,0
13
65,0
49
81,7
abaixo de
50%
1
5,0
3
15,0
7
35,0
11
18,3
Total
20
100,0
20
100,0
20
100,0
60
100,0
79
FIGURA 06 - Gráfico Dotplot representativo da disposição dos espécimes em
relação à porcentagem de material obturador removido em cada grupo estudado
Analisando, através do teste Qui-quadrado de tendência linear, a
associação do percentual de remoção de material obturador (baixo ou alto) com as
diferentes técnicas de desobturação (manual, rotatória e oscilatória), encontra-se
uma diferença estatisticamente significativa (P=0,015), o que confirma que a
técnica oscilatória apresentou, nesse estudo, um maior número de casos de baixa
remoção de material obturador (inferior a 50%).
80
Através do gráfico representado na FIGURA 07, verifica-se a tendência
linear crescente que ocorreu entre os grupos para o número de espécimes com
baixa remoção de material obturador (inferior a 50%).
0
5
10
15
20
25
30
35
% de espécimes
Manual Rotatória Oscilatória
cnica
P=0,015
FIGURA 07 Gráfico representativo do percentual de espécimes que apresentaram
baixa remoção de material obturador (inferior a 50%) nas diferentes técnicas
estudadas
81
FIGURA 08 Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo A (técnica manual de ampliação reversa com limas tipo K)
FIGURA 09 Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo B (técnica oscilatória com limas tipo K acopladas a contra-ângulo NSK
acionado por motor elétrico)
57
MV
ML
57
MV
ML
O
54
MV
ML
54
MV
ML
82
FIGURA 10 Imagens tomográficas representativas do resultado encontrado no
grupo C (técnica rotatória com limas ProTaper associadas ao contra-ângulo NSK
acionado por motor elétrico)
26
MV
ML
26
MV
ML
6 DISCUSSÃO
84
Sempre que institui uma terapia endodôntica, o profissional competente
busca respeitar os princípios biológicos e técnicos que a regem, bem como utilizar
os recursos disponíveis mais atualizados para obter sucesso no seu tratamento.
Porém, ilude-se aquele que pensa que, seguindo todos os passos preconizados
pela técnica operatória, elimina-se totalmente a possibilidade de fracasso no
tratamento. Muitas vezes os sinais e sintomas não cessam ou reaparecem após
algum período do tratamento realizado.
Quais são as causas das falhas que ocorrem nos canais bem tratados?
Uma das causas mais comuns de falhas nos tratamentos endodônticos diz
respeito à infiltração coronária. O selamento restaurador provisório deve ser
substituído o mais breve possível após a obturação dos canais radiculares para
evitar a percolação bacteriana através da massa obturadora. Esse fato importante
está bem evidenciado em inúmeros estudos (GOMES, 2005; KOPPER, 2002;
PEREIRA, 2005).
Poucos profissionais que exercem a especialidade conscientizam seus
pacientes a respeito dessa necessidade, sob pena de ter feito o melhor tratamento
possível e colocá-lo a perder. Adicionado a isso, deve-se manter a assepsia
durante o tratamento restaurador ou protético como forma de evitar a infiltração
bacteriana nos canais já saneados e obturados.
Em face ao exposto, fica evidente que grande parte dos fracassos dos
tratamentos realizados poderiam ser evitados. Outra parte desses fracassos é
decorrente da complexidade anatômica dos canais radiculares, da presença de
bactérias resistentes aos procedimentos químico-mecânicos localizadas nos
túbulos dentinários ou organizadas na forma de biofilme apical, sendo inacessíveis
ao tratamento endodôntico convencional.
E frente aos casos de falha no tratamento endodôntico, como deve-se
proceder?
A decisão de quando realizar o retratamento é bastante controversa. A
situação precisa ser avaliada como um todo e discutida juntamente com o
85
paciente. Deve-se considerar os sinais e sintomas clínicos, a causa da falha, o
prognóstico e o plano de tratamento. A possibilidade de insucesso e as
dificuldades técnicas também devem ser esclarecidas ao paciente nesse momento
de decisão.
Tomada a decisão de realizar o retratamento, pode ser encontrada na
literatura base para afirmar que o retratamento não cirúrgico é o tratamento de
eleição. Quando todas as tentativas possíveis através do retratamento
endodôntico não cirúrgico foram mal-sucedidas e nos casos em que o acesso
direto aos canais radiculares é impossível, é que se recorre à cirurgia
parendodôntica.
Sabendo-se que o material obturador remanescente impede a remoção de
microrganismos e restos de tecido necrótico dos túbulos dentinários, inúmeros
estudos m sido realizados na tentativa de encontrar a técnica mais eficaz na
desobturação dos canais radiculares.
Nesse trabalho, buscou-se avaliar a eficácia de três diferentes técnicas de
desobturação em canais bem tratados para simular as situações clínicas mais
complexas de serem tratadas.
A fase experimental desse estudo foi efetuada utilizando-se dentes
humanos extraídos na tentativa de aproximar os dados do experimento in vitro da
situação clínica no que tange às características anatômicas dos canais
radiculares, ao desempenho dos instrumentos e ao comportamento dos materiais
obturadores quando em contato com as paredes dentinárias.
Optou-se por realizar esse experimento em canais radiculares de raízes
mesiais de molares inferiores humanos, uma vez que suas características
anatômicas, como curvatura acentuada e achatamento proximal, representam
desafios que fazem parte do cotidiano de profissionais que realizam a Endodontia.
Além desse aspecto, buscou-se diferenciar dos estudos anteriores dentro dessa
linha de pesquisa (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; MASIERO e BARLETTA,
2005; ZANETTINI, 2003), que se valeram de dentes pré-molares inferiores
86
humanos extraídos, cujos canais radiculares são mais amplos e não apresentam
curvaturas tão acentuadas como a dos molares inferiores.
Analisando os trabalhos encontrados na literatura, verifica-se o amplo
emprego de dentes monorradiculares em estudos de retratamento endodôntico.
Imura et al. (2000) avaliaram dentes pré-molares inferiores e Betti e Bramante
(2001) incisivos centrais maxilares. Bramante e Betti (2000) estudaram incisivos
centrais e Barrieshi-Nusair (2003) caninos, sem selecioná-los por arcadas,
enquanto Sae-Lim et al. (2000), Hülsmann e Bluhm (2004) empregaram diferentes
dentes monorradiculares. A não-padronização do grupo dentário representa uma
variável adicional em virtude da anatomia do canal radicular, podendo acrescentar
um fator de confusão, motivo pelo qual nesse estudo, selecionou-se apenas raízes
mesiais de molares inferiores.
Ao contrário dos dentes pré-molares humanos, que o freqüentemente
indicados para extração por motivos ortodônticos, os molares o o o. Porém,
como no Brasil, infelizmente, ainda existe uma grande parcela da população com
acesso restrito ao tratamento odontológico, sem poder financeiro para realização
de tratamento endodôntico e periodontal, ainda é possível obter dentes
pertencentes a esse grupo dentário, principalmente em postos de saúde.
O preparo dos elementos dentários através de lavagem com detergente e
esponja em água corrente, raspagem com curetas periodontais e seu
armazenamento em água destilada sob refrigeração com trocas semanais após a
esterilizaç ão seguiu o protocolo preconizado por Imparato (2003) e empregado no
Banco de Dentes Humanos da Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Paulo.
A autoclavagem foi o método de esterilização escolhido, pois representa um
dos meios mais eficazes para tal finalidade (IMPARATO, 2003). A eficácia da
autoclavagem dos dentes extraídos foi realmente comprovada por Tate e White
(1991), que verificaram que essa esterilizou tanto a superfície externa quanto a
superfície interna dos dentes.
87
Embora alguns estudos tenham verificado alterações bioquímicas (WHITE
et al., 1994) e de microdureza (PARSELL et al., 1998) na estrutura dentinária,
decorrentes do uso da autoclave, elas não interferem em estudos como esse, uma
vez que não se objetiva avaliar a microestrutura dentária através do microscópico
eletrônico de varredura ou testar a força de união de adesivos ou cimentos, por
exemplo, mas apenas simular uma situação clínica - o retratamento, em que essas
alterações não são detectáveis (IMPARATO, 2003).
A seleção prévia dos espécimes foi efetuada através de tomadas
radiográficas padronizadas realizadas com incidência cêntrica do feixe de raios X
no sentido vestíbulo-lingual dos elementos dentários, uma vez que, se elas fossem
realizadas no sentido mésio-distal, haveria sobreposição das raízes, impedindo a
sua diferenciação. Mesmo que, em alguns casos, houvesse alguma sobreposição
dos canais radiculares sio-vestibular e mésio-lingual na imagem radiográfica,
era possível verificar se ambos canais estavam presentes, se eram muito
atresiados ou muito amplos, se possuiam tratamento endodôntico, reabsorções
internas, calcificações difusas ou localizadas. Os espécimes nessas situações
foram descartados, bem como os que apresentaram coroas e pinos protéticos.
Houve preocupação em selecionar apenas os espécimes que
apresentavam dois canais na raiz mesial, independente da presença de algum
grau de fusionamento. Optou-se por essa condição para evitar espécimes que
apresentassem um único canal nessa raiz, uma vez que, nesses casos, haveria
um distanciamento do objetivo desse estudo, ou seja, avaliar a eficácia de
diferentes técnicas de desobturação em canais radiculares curvos e achatados.
Não houve preocupação em selecionar apenas molares inferiores com canais
mésio-vestibulares e mésio-linguais totalmente separados, com saídas foraminais
distintas, devido à dificuldade de obtenção de espécimes com essa característica,
mesmo porque, até nesses casos uma grande prevalência de istmos de união
entre eles, por onde o cimento obturador extravasa, o que impede a avaliação
desses canais radiculares de maneira isolada (FIGURA 09).
88
Por que a opção por trabalhar em ambos os canais da raiz mesial ao invés
de trabalhar em apenas um?
Exatamente por existir esse fusionamento entre os canais radiculares
mésio-vestibulares e mésio-linguais em grande parte dos molares inferiores, pode
ocorrer um extravasamento do material obturador para o outro canal, não havendo
oportunidade de removê-lo se a desobturação fosse aplicada apenas no canal
trabalhado, o que dificultaria sobremaneira a avaliação do material obturador
remanescente através da metodologia empregada nesse estudo.
Outro critério de seleção dos espécimes foi a curvatura da raiz mesial que,
para fins de padronização da angulação dos canais radiculares, deveria estar
compreendida entre 20
º
e 40
º
, de acordo com o proposto por Thompson et al.
(1995). Para esse fim, utilizou-se a técnica desenvolvida por Fontanella et al.
(2004), através da qual a imagem radiográfica é digitalizada em tamanho real e as
medidas das curvaturas são obtidas através do software Adobe Photoshop 7.0,
facilitando a obtenção das medidas pela eliminação do uso de réguas e
transferidores e obtendo medidas mais exatas, que são calculadas pelo próprio
programa.
Os dentes selecionados tiveram suas coroas seccionadas com disco
diamantado ao nível da junção amelo-cementária da mesma forma que os estudos
de Aun e Santos (1989), Barletta e Lagranha (2002), Masiero e Barletta (2005),
Moshonov et al. (1994), Santos (1990), Zanettini (2003), Zuolo et al. (1994).
Apesar de causar um certo distanciamento das situações clínicas, a secção da
porção coronária propicia uma maior padronização dos espécimes, pois eliminam-
se variáveis como a anatomia coronária ou o acesso aos canais radiculares, que
podem causar interferência à ação dos instrumentos endodônticos. Ao eliminarem-
se essas variáveis, apenas as técnicas de retratamento foram avaliadas,
possibilitando comparações mais confiáveis em estudos dessa área. Com esse
procedimento, pôde-se padronizar, também, o comprimento das raízes em 15-16
mm, eliminando diferenças que poderiam existir em decorrência de diferentes
alturas da porção coronária. Nesse experimento, seccionou-se, também, a raiz
89
distal, facilitando a manipulação dos espécimes em todas as fases experimentais,
inclusive na visualização e no trabalho das imagens durante a análise tomográfica.
Considerando a obtenção do comprimento real do canal radicular, justifica-
se o emprego de uma lupa para visualizar com mais precisão a ponta do
instrumento endodôntico na saída foraminal. Cabe ressaltar que dessa medida é
que se subtraiu 1 mm para a obtenção do comprimento real de trabalho e que,
muitas vezes, a saída foraminal encontrou-se lateralizada, ou seja, aquém do
ápice radicular, o que justificou comprimentos de trabalho inferiores aos esperados
quando se estipulou o comprimento das raízes.
A determinação do comprimento real de trabalho para a realização do
preparo químico-mecânico objetiva que as obturações fiquem todas a uma mesma
distância da saída foraminal. Nesse estudo, preocupou-se em estabelecê-lo 1 mm
aquém da saída foraminal em todos os canais radiculares; uma vez que alguns
autores relataram uma variação na quantidade de material obturador
remanescente no terço apical dos canais radiculares em detrimento de diferentes
comprimentos de trabalho, ou seja, da distância estabelecida em relação à saída
foraminal (AUN e SANTOS, 1989; LOPES e GAHYVA, 1995). Quando essa
distância não é padronizada, acarreta um fator de confusão quanto à remoção da
massa obturadora em trabalhos experimentais in vitro.
Todas as etapas clínicas desse experimento, desde a seleção dos
espécimes até a desobturação dos canais radiculares, foram realizadas pelo
mesmo operador. Esse fato raramente corresponde à realidade clínica, em que os
dentes indicados para o retratamento endodôntico normalmente foram tratados
por um outro profissional. Porém, encontram-se inúmeros estudos na literatura em
que um único operador foi responsável pelo experimento (BARLETTA e
LAGRANHA, 2002; BARRIESHI-NUSAIR, 2003; FRIEDMAN et al., 1992;
HÜLSMANN e BLUHM, 2004; MASIERO e BARLETTA, 2005; SAE-LIM et al.,
2000). Esse cuidado justifica-se pela padronização da obturação, tornando-a uma
variável controlada, o que é extremamente importante quando as cnicas de
90
desobturação são analisadas. Além disso, também se padroniza a habilidade do
profissional perante essas técnicas.
Esse estudo objetivou avaliar a eficácia de técnicas de desobturação e não
de cnicas de preparo de canais radiculares. Uma vez que a técnica de
ampliação reversa foi eleita para a desobturação desses, para o preparo químico-
mecânico dos canais radiculares nesse experimento, optou-se pela técnica
manual escalonada de recuo progressivo programado, pois segundo Wilcox e
Swift (1991), quando a mesma técnica de instrumentação do canal radicular
utilizada no preparo inicial é utilizada na desobturação desse, provavelmente as
mesmas áreas não instrumentadas inicialmente não serão trabalhadas durante o
retratamento. Desse modo, justifica-se a opção por técnicas distintas no preparo e
na desobturação dos canais radiculares nesse estudo.
Ao analisar a literatura, verificou-se uma ampla gama de soluções irrigantes
utilizadas em estudos de retratamento, como a água destilada (BETTI e
BRAMANTE, 2001; BRAMANTE e BETTI, 2000), o hipoclorito de sódio a 1%
(BARLETTA e LAGRANHA, 2002; MASIERO e BARLETTA, 2005; SAE-LIM et al.,
2000; ZANETTINI, 2003), o hipoclorito de sódio a 2,5% (BARRIESHI-NUSAIR,
2003; IMURA et al., 2000) e o hipoclorito de sódio a 5% (HÜLSMANN e BLUHM,
2004). Como solução irrigante empregada durante todas as etapas desse
experimento, utilizou-se o hipoclorito de sódio devido ao seu poder antimicrobiano,
sua capacidade de dissolução de tecidos orgânicos e de umectação das paredes
dos canais radiculares. Optou-se pela concentração de 1% por essa ainda ser a
mais utilizada e difundida nas instituições de ensino e entre os profissionais que
realizam a Endodontia.
Controlou-se o volume de irrigação em 2 mL de hipoclorito de sódio a cada
troca de instrumento, pois, além de se obter uma padronização, acredita-se ser
essa uma quantidade suficiente para que raspas de dentina sejam removidas do
interior dos canais radiculares, bem como para que as propriedades do hipoclorito
sejam aplicadas. Além disso, controlou-se a profundidade de penetração da
agulha de irrigação em 3 mm aquém do CRT, permitindo o refluxo da solução
91
irrigadora e procurando simular o que deve ser realizado durante os
procedimentos clínicos, uma vez que a extrusão de hipoclorito de sódio é nociva
aos tecidos periapicais.
Da mesma forma que Masiero e Barletta (2005), ao final do preparo
químico-mecânico, utilizou-se EDTA a 17% para que a porção inorgânica da
smear layer fosse removida das paredes dentinárias, permitindo uma melhor união
do cimento endodôntico com essas.
Durante a instrumentação dos canais radiculares, confeccionou-se o stop
apical com um diâmetro correspondente ao de uma lima K-Flexofile de calibre 30,
obtendo-se, assim, uma padronização do diâmetro apical dos canais em todos os
espécimes.
Não houve preocupação em se estabelecer o instrumento anatômico para
iniciar o preparo químico-mecânico, pois, de acordo com Vanni (2005), que avaliou
a influência do alargamento cervical na determinação do diâmetro anatômico
apical em raízes mesiais de molares superiores, o canal radicular apresenta
interferências no terço cervical que impedem a correta determinação do diâmetro
anatômico apical. Levin et al. (1999), mostraram que a determinação da constrição
apical por sensação táctil foi possível em 75% dos casos com os canais
preparados cervicalmente e em apenas 32,3% dos casos sem esse preparo
cervical prévio.
A partir da confecção do stop apical, foram utilizados mais quatro
instrumentos de calibres subseqüentes, diminuindo 1 mm do CRT à medida que
se aumentava o calibre do instrumento para obter um preparo cônico dos canais
radiculares, facilitando, posteriormente, a sua obturação e para que o volume de
material obturador fosse semelhante em todos os espécimes.
Padronizou-se o limite de cinco usos para os dos instrumentos
endodônticos no preparo e na desobturação dos canais radiculares devido à perda
da capacidade de corte que neles ocorre. Porém, se fosse percebida alguma
alteração morfológica nas estrias da parte ativa da lima antes de completar seus
cinco usos, essa era substituída para evitar fraturas indesejáveis.
92
Assim como Masiero (2002) e Biz et al. (2001), nesse estudo, observou-se
que muitos cones de guta-percha principais da marca Dentsply, ditos como tendo
calibre 30, correspondiam a calibres inferiores, sobrepassando o stop apical. Esse
fato justificou o emprego da régua calibradora de cones na seleção do cone
principal na tentativa de padronizar o volume do material obturador inserido no
terço apical e evitar o seu extravasamento após a condensação vertical.
Uma vez selecionado o cone principal, o travamento apical no CRT
determinado (1 mm aquém da saída foraminal) foi comprovado em todos os
espécimes através de teste táctil e radiográfico, demonstrando a padronização do
preparo químico-mecânico.
A escolha do cimento endodôntico resinoso AH Plus recaiu no fato de esse
estar sendo cada vez mais utilizado e difundido entre os endodontistas pelas suas
excelentes propriedades físico-químicas, como o excelente selamento e a
conseqüente reduzida infiltração bacteriana que vêm sendo comprovados através
de estudos in vivo (GOMES, 2005; KOPPER, 2002; PEREIRA, 2005).
Inúmeros são os trabalhos na área de retratamento endodôntico que
avaliaram a remoção de cimentos obturadores à base de óxido de zinco e eugenol
(BARLETTA e LAGRANHA, 2002; BETTI e BRAMANTE, 2001; BRAMANTE e
BETTI, 2000; MASIERO e BARLETTA, 2005; ZANETTINI, 2003); porém, são
escassos os que empregaram cimentos resinosos como o AH Plus (HÜLSMANN e
BLUHM, 2004), que apresenta uma maior aderência às paredes dentinárias
quando comparado com os cimentos endodônticos à base de óxido de zinco e
eugenol devido as suas propriedades físico-químicas.
No que tange à técnica de obturação, percebe-se que a literatura é farta em
estudos que utilizaram a técnica de condensação lateral (BARRIESHI-NUSAIR,
2003; BETTI e BRAMANTE, 2001; BRAMANTE e BETTI, 2000; HÜLSMANN e
BLUHM, 2004; IMURA et al., 2000; SAE-LIM et al., 2000; ZANETTINI, 2003).
Outros, como Tanomaru Filho et al. (1999), obturaram os canais radiculares
através da condensação vertical.
93
Assim como nos trabalhos de Barletta e Lagranha (2002) e de Masiero e
Barletta (2005), a cnica escolhida para a obturação dos canais radiculares no
presente estudo foi a Técnica Híbrida de Tagger Modificada. Optou-se por essa
técnica, uma vez que ela proporciona uma adequada obturação do sistema de
canais radiculares e, de acordo com Peters (1986), permite a incorporação do
cimento endodôntico e da guta-percha, formando uma única massa obturadora,
dificultando a dissolução do cimento e mantendo a qualidade da obturação. Essa
característica vem ao encontro do objetivo desse experimento, em que se buscou
reproduzir as dificuldades dos retratamentos endodônticos bem realizados.
Após a obturação dos canais radiculares, os espécimes foram selados com
material restaurador provisório e armazenados em estufa bacteriológica a 37°C
com 100% de umidade, a fim de simular a situação encontrada no meio bucal,
como relatado na literatura (BETTI e BRAMANTE, 2001; FRIEDMAN et al., 1992;
HÜLSMANN e BLUHM, 2004; IMURA et al., 2000; LADLEY et al., 1991; SAE-LIM
et al., 2000). Para que 100% de umidade fosse atingida, sobre os frascos de vidro
que continham os dentes foram colocadas espumas de poliuretano saturadas com
água, assim como fizeram Friedman et al. (1993) e Masiero e Barletta (2005). A
análise semanal do grau de saturação das esponjas foi realizada para manter a
umidade adequada. Optou-se por esse tipo de armazenamento, uma vez que a
estocagem dos espécimes a seco distancia-se da realidade clínica, propiciando
um endurecimento mais acentuado do material obturador, dificultando ainda mais
a sua remoção.
Em relação ao período de armazenamento dos dentes, verifica-se uma
ampla variação entre os estudos. Assim, os períodos de envelhecimento do
material obturador encontrados na literatura foram de sete dias (IMURA et al.,
1996; ZUOLO et al., 1994), 14 dias (FRIEDMAN et al., 1992; IMURA et al., 2000;
WILCOX et al.,1987); 28 dias (BARRIESHI-NUSAIR, 2003), dois meses
(HÜLSMANN e BLUHM, 2004), três meses (MOSHONOV et al., 1994; SAE-LIM et
al., 2000), quatro meses (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; LADLEY et al., 1991),
seis meses (ZANETTINI, 2003), oito meses (MASIERO e BARLETTA, 2005) até
12 meses (BETTI e BRAMANTE, 2001; BRAMANTE e BETTI, 2000).
94
Segundo a Sociedade Européia de Endodontia (1994), a conduta adequada
após o tratamento endodôntico demanda um período de proservação
compreendido entre seis meses a quatro anos para verificar o reparo em dentes
portadores de lesão periapical e avaliar a necessidade de uma reintervenção.
Nesse estudo, optou-se por um período de envelhecimento do material
obturador de seis meses, pois acreditou-se que esse período permite uma
avaliação mais próxima da realidade clínica. Além disso, esse tempo de espera
representa um período intermediário frente à ampla variedade encontrada na
literatura, pois períodos muito curtos poderiam tornar a remoção do material
obturador mais fácil e períodos de espera muito longos poderiam levar a uma
maior dificuldade na sua remoção.
Após esse período de espera, os espécimes foram tomografados para que
fosse obtido o volume de material obturador inserido no interior dos canais
radiculares (volume de material obturador inicial) previamente à sua desobturação.
Para tal, criou-se um dispositivo posicionador, permitindo que os espécimes
fossem colocados na mesma posição na tomada tomográfica inicial e na final.
Optou-se por definir a que grupos pertenceriam os espécimes no momento
mais tardio possível, ou seja, somente quando da desobturação dos canais
radiculares. Tomou-se esse cuidado para impedir que o fato de saber a que grupo
os espécimes pertenciam interferisse nas etapas anteriores do experimental. A
divisão das raízes foi realizada aleatoriamente, através de sorteio, não sendo
trocado nenhum espécime de grupo por terem ficado elementos da mesma
seqüência juntos.
Para a desobturação dos canais radiculares dos espécimes de todos os
grupos, optou-se por criar, inicialmente, um trajeto no interior do material obturador
até o comprimento real de trabalho com lima manuais K-Flexofile de calibres 25,
20 e 15, sucessivamente, associadas ao solvente de material obturador.
A criação desse trajeto facilita a chegada de instrumentos manuais e
mecanizados mais calibrosos ao comprimento real de trabalho, diminui o risco de
perfuração, de desvio do canal radicular, de fratura de instrumentos e de extrusão
95
de material obturador além do forame apical, o que pode, clinicamente, resultar
em patologia ou dor pós-operatória (FRIEDMAN e STABHOLZ, 1986). Esse trajeto
mostra-se extremamente importante, principalmente para aqueles casos em que o
material obturador está bem condensado e sofreu um longo período de
endurecimento.
O solvente empregado para auxiliar na criação do trajeto no interior do
material obturador em todos os grupos do experimento foi o eucaliptol, que é um
óleo essencial derivado do eucalipto.
Ao analisar a literatura, verifica-se que outros autores também utilizaram o
solvente eucaliptol (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; HÜLSMANN e BLUHM,
2004; MASIERO e BARLETTA, 2005, ZANETTINI, 2003). Elegeu-se esse solvente
uma vez que ele é bastante difundido entre os profissionais que realizam
Endodontia por ter um efeito xico menor que o do clorofórmio e do xilol
(PÉCORA et al., 1993), com valor de plastificação muito semelhante ao desses
solventes (MORAIS et al., 1995), embora necessite um maior período de ação.
Assim como no trabalho de Masiero e Barletta (2005), é importante
ressaltar que a quantidade de solvente aplicada foi controlada e quando o
instrumento aproximou-se da região apical durante a criação do trajeto, ele não foi
mais utilizado para evitar uma plastificação excessiva da guta-percha, o que
favoreceria a sua extrusão. Além disso, a não-utilização do solvente no terço
apical evita a impregnação do material obturador nas paredes do canal radicular
nesse terço, ponto crítico para a sua remoção (BARLETTA e LAGRANHA, 2002;
MASIERO e BARLETTA, 2005; ZANETTINI, 2003).
Para a desobturação dos canais radiculares, após a criação do trajeto no
interior da massa obturadora, promoveu-se a remoção do material obturador
através da técnica cérvico-apical embasada no princípio de ampliação reversa
(Marshall e Pappin, 1980) nos grupos da técnica manual e oscilatória. Essa
técnica foi utilizada nesses grupos, assim como nos estudos de Barletta e
Lagranha (2002), Barrieshi-Nusair (2003), Masiero e Barletta (2005), pois ela
permite a remoção de uma maior quantidade de material obturador antes de
96
chegar ao terço apical, levando a uma menor extrusão desse material através do
forame apical, o que clinicamente é muito importante.
No grupo em que foi realizada a desobturação através da cnica rotatória,
seguiu-se as recomendações do fabricante, ou seja, inicialmente “arrancou-se” o
material obturador dos terços cervical e médio e o material localizado no terço
apical foi removido por uma seqüência crescente de instrumentos.
Cabe citar, nesse momento, um procedimento que tem variado de acordo
com as metodologias dos estudos in vitro. Enquanto alguns autores realizaram
apenas a desobturação do canal radicular, sem ampliação do canal cirúrgico
(FERREIRA et al., 2001; HÜLSMANN e STOTZ, 1997; SANTOS, 1990;
ZANETTINI, 2003), outros ampliaram o seu diâmetro em continuidade aos
procedimentos de desobturação (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; HÜLSMANN e
BLUHM, 2004; IMURA et al., 1996, 2000; FRIEDMAN et al., 1993; MASIERO e
BARLETTA, 2005; MOSHONOV et al., 1994; TANOMARU FILHO et al., 1999).
Por que se optou, nesse estudo, em não se ampliar o diâmetro do canal
cirúrgico em continuidade com os procedimentos de desobturação?
Pelo fato de que se conhecia a qualidade dos preparos químico-mecânicos
dos canais radiculares, que foram realizados por um mesmo profissional, seguindo
um protocolo adequado de tratamento e atingindo uma ampliação satisfatória do
canal radicular, não havendo a necessidade de um maior desgaste de estrutura
dentária. Adiciona-se a isso o fato de os espécimes desse estudo tratarem-se de
raízes mesiais de molares, que geralmente são delgadas e achatadas e, ao
aumentar o diâmetro do canal radicular, incorre-se na probabilidade de causar
uma perfuração na zona de risco da raiz.
No grupo A, utilizou-se a técnica manual com limas tipo K como controle
para as demais técnicas de desobturação estudadas, uma vez que ela é, ainda, a
técnica de retratamento endodôntico mais amplamente difundida entre os
profissionais que realizam a Endodontia.
O grupo B caracterizou-se pela utilização das limas manuais tipo K
acopladas a um contra-ângulo oscilatório com redução 16:1 e 90° de giro acionado
97
por motor elétrico a uma velocidade de 15.000 rpm e final de 935 rpm com torque
de 10 N/cm.
A evolução técnico-científica das peças mecanizadas, impondo agilidade e
menor fadiga ao profissional e ao paciente, tanto nos casos de tratamentos
endodônticos como nos retratamentos, é um fato irreversível, porém necessita
adaptar-se à situação econômica da população brasileira. É nesse contexto que
se encaixam os sistemas oscilatórios, permitindo a adaptação de limas de aço-
inoxidável, que apresentam um custo mais acessível que as limas de Ni-Ti
empregadas na técnica rotatória, viabilizando tal tratamento. Esse fato levou-nos a
estudar esse tipo de técnica, bem como fizeram Barletta e Lagranha (2002),
Masiero e Barletta (2005), Zanettini (2003).
Sydney et al. (2000) relataram que os instrumentos mais indicados para
serem utilizados na técnica oscilatória são as limas Flex-R (Moyco Union Broach),
bem como as limas de Ni-Ti Ônix-R (Moyco Union Broach) e Ni-Ti Flex (Dentsply –
Maillefer), as quais possuem ponta inativa e permitem um preparo adequado e
seguro. Porém, em estudos de retratamento como esse, há a necessidade da
utilização de instrumentos que tenham ação de ponta para a remoção do material
obturador, motivo que nos levou à utilização de limas de aço inoxidável tipo K.
Os motores elétricos atualmente disponíveis no mercado foram
originalmente desenvolvidos para o preparo químico-mecânico com a utilização de
limas de Ni-Ti adaptadas a contra-ângulos que realizam giros contínuos. Nenhuma
menção é feita pelo fabricante desses motores elétricos em relação ao seu uso
nos casos de desobturação de canais radiculares ou em relação a sua utilização
com contra-ângulos que realizam movimentos oscilatórios associados a
instrumentos de aço inoxidável ou de Ni-Ti. Porém, os estudos de Barletta e
Lagranha (2002), Masiero e Barletta (2005), Zanettini (2003) que analisaram essa
associação entre limas de aço inoxidável, contra-ângulo oscilatório e motor elétrico
em estudos de desobturação de canais radiculares de pré-molares inferiores,
mostraram sua viabilidade de uso, não evidenciando diferença estatisticamente
significativa em relação às demais técnicas desobturadoras estudadas.
98
O emprego do contra-ângulo oscilatório associado ao motor elétrico nesse
estudo justifica-se, além da sua viabilidade comprovada pelos trabalhos dessa
linha de pesquisa, pelo fato de a pressão imposta pelo ar comprimido do equipo
odontológico o ser padronizada. Existem equipamentos cujas válvulas internas
permitem uma passagem exagerada de ar, o que não leva a problemas maiores,
uma vez que a ponta mecanizada possui redução. O problema ocorre se a
quantidade de ar comprimido for insuficiente, diminuindo a pressão para o
impulsionamento da peça mecanizada, o que resulta em uma velocidade final
reduzida, compromentendo a eficácia da técnica (ZANETTINI, 2003). Além disso,
o acionamento dos motores por ar comprimido não permite um controle de torque
(MASIERO, 2002).
Outro fator que também influenciou na utilização do motor elétrico nesse
grupo experimental foi o fato de o ruído produzido, quando o contra-ângulo
oscilatório é acionado por ar comprimido, ser bastante alto, diferentemente do
ruído praticamente desprezível produzido quando ele é associado ao motor
elétrico. Essa ausência de barulho diminui o estresse do profissional, que
permanece horas por dia utilizando esses equipamentos, bem como deixa o
paciente mais tranqüilo quando está sendo submetido a um tratamento
endodôntico (ZANETTINI, 2003).
Com relação à velocidade empregada no motor elétrico para o acionamento
do contra-ângulo oscilatório na desobturação dos canais radiculares, são
escassos os estudos que buscaram avaliar qual é a velocidade ideal para a
obtenção de uma desobturação eficaz com essa técnica. Masiero (2002), após a
aplicação de vários testes empregando diferentes velocidades nos contra-ângulos
Endo-gripper e M4, constatou que a velocidade final mínima que se mostrava
eficaz no sistema Endo-gripper para a remoção do material obturador foi de 600
rpm. Como esse contra-ângulo apresenta redução de 10:1, a velocidade do motor
elétrico foi ajustada em 6.000 rpm. A partir dessa constatação, a autora
determinou a mesma velocidade final para o sistema M4 (600 rpm); como esse
contra-ângulo apresenta uma redução de 4:1, a velocidade do motor elétrico foi
ajustada para 2.400 rpm. Porém, na análise dos resultados, a autora verificou que
99
no grupo em que o sistema Endo-gripper foi aplicado, houve empacotamento de
guta-percha, possivelmente em função da baixa velocidade aplicada pelo motor
elétrico, o que poderia levar à plastificação da massa obturadora e o conseqüente
extravasamento. A autora sugere que tal fenômeno tenha ocorrido devido à
dificuldade com que se deparou na definição da velocidade, optando pela
velocidade final mínima por considerá-la mais segura. Acompanhando essa
mesma linha de pesquisa, Zanettini (2003) verificou a necessidade de estudar
velocidades superiores nos sistemas oscilatórios; assim, utilizou a velocidade de
15.000 rpm nos contra-ângulos Endo-gripper (redução 10:1) e Intra Lux 3LD +
INTRAmatic 29CH (redução 7,4:1), obtendo velocidades finais de 1.500 rpm e de
aproximadamente 2.025 rpm, respectivamente. Verificou-se, nesse estudo, que
uma maior rotação aplicada foi fator determinante, auxiliando na remoção da
massa obturadora.
A partir dos resultados obtidos nos trabalhos de Masiero (2002) e de
Zanettini (2003), que compõem a mesma linha de pesquisa do presente estudo,
optou-se por empregar o contra-ângulo TEP SUPER da NSK Nakanishi
Incorporation com redução de 16:1 e com cabeça “push button”, que realiza
movimentos oscilatórios em 9, com uma velocidade de 15.000 rpm, respeitando
a orientação do fabricante, que recomenda não exceder a velocidade de 30.000
rpm. Assim, empregou-se uma velocidade final de 935 rpm.
O torque aplicado no motor elétrico consiste em um dos fatores que podem
influenciar a deformação e a fratura dos instrumentos endodônticos. Por isso,
quando os sistemas rotatórios são empregados para a instrumentação ou
desobturação do canal radicular, é fundamental determinar o valor do torque
empregado.
A instrumentação com torque reduzido aumenta a sensibilidade táctil e,
conseqüentemente, a percepção mental de instrumentação rotatória, fator
importante a ser considerado nos retratamentos endodônticos durante as
manobras de remoção do material obturador, diminuindo risco de degraus e
perfurações; a utilização de torques elevados pode exceder o limite de fratura
100
dos instrumentos (limite específico de torque). Por esses motivos, a
necessidade de utilização de motores elétricos que permitam um ajuste de torque
baixo para os instrumentos rotatórios de Ni-Ti (GAMBARINI, 2000).
Em relação ao torque empregado nesse experimento, tomou-se como base
o estudo de Masiero (2002), que, após vários testes, empregou um torque de 8
N/cm em todos os grupos mecanizados que estudou, verificando um
comportamento clinicamente eficaz, resultando em nenhuma fratura de limas.
Assim, utilizou-se, nesse estudo, um torque de 10 N/cm, uma vez que ele
representa o valor mais próximo ao torque empregado pela autora disponível no
motor elétrico TC motor 3000 - Nouvag .
No grupo C, estudou-se as limas de Ni-Ti ProTaper acopladas a um contra-
ângulo com redução 16:1 e cabeça de giro contínuo, acionado por motor elétrico a
uma velocidade final de 250 rpm com torque de 10 N/cm.
Optou-se por estudar as limas ProTaper, uma vez que essas são limas de
Ni-Ti desenvolvidas pela Dentsply relativamente recentes, sendo ainda pouco
utilizadas em estudos de retratamento (HÜLSMANN e BLUHM, 2004). Além disso,
buscou-se padronizar as marcas dos materiais utilizados, uma vez que as limas
tipo K e os materiais obturadores desse estudo eram todos dessa mesma
empresa.
As limas ProTaper apresentam uma secção transversal triangular de
arestas arredondadas e ângulo de corte ligeiramente negativo, bem como são
observadas várias conicidades em um instrumento. De acordo com o
fabricante, essa característica facilita a instrumentação na região apical de canais
radiculares. Por possuírem uma pequena conicidade no início da parte ativa,
esses instrumentos possuem excelente flexibilidade, sendo empregados
principalmente em canais longos e curvos (LEONARDO e LEONARDO, 2002)..
Com relação à seqüência de limas ProTaper utilizadas na desobturação dos
canais radiculares, seguiram-se as orientações do fabricante, ou seja, foram
utilizadas as limas S1 e SX até o terço médio do canal radicular para remover o
101
material obturador dessa região, facilitanto o acesso apical das limas S1, S2, F1,
F2 e F3, respectivamente, no CRT previamente determinado.
E por que se utilizou a lima F3 no CRT mesmo sabendo do risco de fratura
devido a sua grande massa metálica?
Decidiu-se utilizar a lima F3 no CRT, pois ela tem o diâmetro apical de
calibre 30, que corresponde ao calibre do instrumento memória utilizado durante o
preparo dos canais radiculares e ao diâmetro estabelecido para a desobturação
dos canais dos demais grupos desse experimento. Além disso, controlou-se o
risco de fratura torsional na medida em que se permitiu o trabalho dessas limas
com suas pontas livres, pois o terço cervical foi corretamente ampliado durante o
preparo químico-mecânico, o trajeto no interior da massa obturadora até o CRT
havia sido criado e os demais instrumentos desse sistema (SX, S1, S2, F1 e F2) já
haviam removido grande parte do material obturador. Dessa forma, procurou-se
evitar as barreira que impedissem a ação do instrumento F3. A fratura por fadiga
cíclica foi controlada uma vez que se padronizou em cinco vezes a utilização das
limas. Autores como Berutti et al. (2004) e Veltri et al. (2004) também utilizaram as
limas F3 no CRT em seus estudos. Cabe alertar, porém, que essa lima deve ser
utilizada no CRT apenas por profissionais treinados, que dominem a cnica de
instrumentação mecanizada para evitar o risco de fraturas torsionais ou flexurais
indesejadas.
Encontra-se uma ampla variação entre os estudos com relação à
velocidade empregada nos motores elétricos para a desobturação de canais
radiculares com sistemas rotatórios. Assim, verificam-se velocidades finais de
1.500 rpm (BETTI e BRAMANTE, 2001), 500 rpm (BARRIESHI-NUSAIR, 2003),
340 rpm (IMURA et al., 2000), 300 rpm (HÜLSMANN e BLUHM, 2004), 250 rpm
(BARLETTA e LAGRANHA, 2002) e 200 rpm (MASIERO e BARLETTA, 2005).
Nesse experimento, utilizou-se a velocidade final de 250 rpm com o sistema
rotatório, pois acreditou-se ser ela eficaz na remoção do material obturador, e um
torque de 10 N/cm, partindo das mesmas justificativas empregadas para a técnica
oscilatória e para fins de padronização para com ela.
102
Considerou-se concluída a etapa de desobturação dos canais radiculares
nesse estudo quando os critérios clínicos descritos por Lopes e Gahyva (1995) de
observação visual de ausência de material obturador nas estrias do instrumento
endodôntico, de ausência de resíduos durante as manobras de irrigação e de
aspiração e sensibilidade táctil do operador em constatar paredes lisas, com o
instrumento memória atingindo o comprimento de trabalho pré-determinado
estivessem satisfeitos. Esses critérios também foram adotados nos estudos de
Barletta e Lagranha (2002); Masiero e Barletta (2005) e Zanettini (2003).
Um
ponto fundamental a ser considerado diz respeito às metodologias de
avaliação dos estudos de desobturação. Ao analisar os trabalhos relatados na
literatura, verifica-se que uma gama deles utilizou a clivagem longitudinal dos
dentes para verificar a quantidade de material obturador remanescente (BETTI e
BRAMANTE, 2001; FRIEDMAN et al., 1989, 1993; MOSHONOV et al., 1994; SAE-
LIM et al., 2000), alguns associaram a clivagem longitudinal e transversal para
avaliação em terços (IMURA et al. 2000), enquanto outros aliaram a clivagem e o
registro através de fotografias (BARRIESHI-NUSAIR, 2003; HÜLSMANN e
BLUHM, 2004; WILCOX et al., 1987; ZUOLO et al., 1994).
Acredita-se que o método da clivagem apresenta limitações, pois, ao
seccionar-se o elemento dentário, juntamente com a estrutura dentária, material
obturador também é perdido e deslocado, fato que leva a questionar tal
metodologia de avaliação. Porém, isso não invalida os referidos trabalhos, que
foram um marco para a linha de pesquisa, norteando os trabalhos subseqüentes.
Alguns trabalhos, apesar da clivagem dos espécimes, buscaram utilizar
métodos de avaliação mais precisos, como a digitalização de imagens fotográficas
e/ou radiográficas e a sua avaliação através de programas computadorizados
(BETTI e BRAMANTE, 2001; BRAMANTE e BETTI, 2000; IMURA et al., 2000), ao
contrário de estudos que avaliaram o material obturador apenas através da
categorização visual dos espécimes clivados (HÜLSMANN e BLUHM, 2004; SAE-
LIM et al. 2000).
103
Barletta e Lagranha (2002), Masiero e Barletta (2005), Zanettini (2003) não
utilizaram todos invasivos para verificar o material obturador remanescente nos
espécimes. Radiografias foram realizadas, digitalizadas e avaliadas através do
programa de computador AutoCAD. O grande diferencial desses estudos está na
utilização de um método o-invasivo e de um programa computadorizado, porém
as imagens avaliadas apresentam-se apenas bidimensionalmente, dando somente
uma idéia de área e não de volume de material obturador remanescente.
Na tentativa de superar essa deficiência metodológica dos estudos de
desobturação, buscou-se estudar a tomografia computadorizada como um recurso
de avaliação da eficácia de diferentes técnicas de desobturação. A questão
metodológica é de extrema importância, uma vez que, quanto maior a
fidedignidade dos resultados, maior é a sua correlação com a realidade clínica.
É importante relatar que o tomógrafo computadorizado ainda é um aparato
caro e presente apenas em serviços de radiologia hospitalar. Dessa forma, sua
empregabilidade ainda se encontra em transpor os resultados de pesquisas que
utilizaram esse recurso metodológico para o dia-a-dia do cirurgião-dentista.
A tomografia computadorizada permite, através do estabelecimento dos
limites de densidades, que apenas a estrutura de interesse seja selecionada e
analisada. No caso desse trabalho, selecionou-se apenas a densidade
correspondente ao material obturador e o próprio programa do tomógrafo calculou
o volume do material, ou seja, tornou-se possível analisar tridimensionalmente o
que era limitado a duas dimensões nos demais estudos com imagens.
Através da avaliação tridimensional do tomógrafo computadorizado,
podemos, com o auxílio do programa de análise das imagens do próprio aparelho,
girar o elemento dentário em todos os sentidos e visualizar o material obturador,
que pode receber uma coloração destacada do restante da estrutura dentária.
Numa vista superior, consegue-se perceber visualmente em que paredes o
material remanescente permaneceu e a sua espessura (FIGURA 04),
diferentemente da imagem bidimensional, que pode induzir a uma idéia
equivocada, pois, muitas vezes, o material obturador está localizado ao longo da
104
parede, com uma pequena profundidade; porém, a única análise possível é a de
área, através do cálculo de base vezes altura, como citado na dissertação de
mestrado de Masiero (2002). O tomógrafo computadorizado, além da visualização
tridimensional, já fornece os dados calculados volumetricamente.
Entretanto, uma limitação foi imposta por esse recurso metodológico. Ao
contrário dos demais trabalhos inseridos nessa linha de pesquisa de desobturação
de canais radiculares (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; MASIERO e BARLETTA,
2005; ZANETTINI, 2003), que realizaram a avaliação da desobturação
segmentada em terços, no presente trabalho não foi possível essa distinção, pois
o programa de análise de imagens do tomógrafo computadorizado não apresenta
uma ferramenta que permita a divisão da estrutura a ser avaliada em porções
iguais. Dessa forma, analisou-se o volume do material obturador inicial e final
como um todo, não sendo possível verificar a eficácia das técnicas de
desobturação dos canais radiculares nos diferentes terços; todavia, visualmente
pôde-se perceber em que terço ficou material obturador remanescente.
A distinção entre o material obturador localizado no canal mésio-vestibular e
no canal mésio-lingual não foi possível de ser realizada, conforme o esperado,
uma vez que apenas 10% da amostra (6 espécimes) apresentaram imagem
tomográfica de material obturador localizado em canais radiculares totalmente
separados. Devido ao fato de o exame tomográfico ser um método de diagnóstico
mais preciso que o radiográfico, alguns espécimes pareciam ter o material
obturador localizado em canais totalmente separados na imagem radiográfica,
porém apresentavam algum grau de fusionamento na imagem tomográfica. Assim,
foi possível avaliar o material obturador localizado nesses canais como um
volume total, pois qualquer forma de divisão do material obturador fusionado seria
aleatória, uma vez que não se pode distinguir exatamente onde se inicia um canal
e termina o outro.
Nesse estudo, em função da cnica de obturação empregada, que
promove aquecimento da guta-percha e incorporação do cimento endodôntico,
considerou-se ambos como um material obturador único, diferentemente de
105
Santos (1990), que em seu método de avaliação considerou apenas a guta-percha
como material evidenciável no interior do canal radicular. Do ponto de vista clínico,
os dois materiais são considerados como um obstáculo que deve ser removido
para permitir a adequada sanificação do sistema de canais radiculares. Assim, foi
considerada como sujidade residual qualquer imagem destacada dentro dos
limites de densidade estabelecidos no tomógrafo computadorizado.
É válido registrar que os valores fornecidos pelo programa do tomógrafo
computadorizado para o material obturador encontrado no interior dos canais
radiculares estavam em cm
3
, tanto antes como depois da desobturação. Porém,
para aproximá-los de uma unidade mais utilizada em Endodontia e para facilitar os
cálculos estatísticos, esses valores foram transformados em mm
3
sem
comprometer os resultados obtidos.
Os dados obtidos para a realização da análise estatística foram baseados
no volume de material obturador removido dividido pelo volume inicial de material
obturador contido no interior dos canais radiculares. Esse procedimento foi
realizado, pois em um estudo utilizando dentes humanos como esse, é impossível
padronizar o volume inicial do material obturador em todos os canais e essa foi
uma maneira encontrada para corrigir a diferença de volume entre os canais
radiculares.
A análise dos valores percentuais de material obturador removido do interior
dos canais radiculares de cada espécime permitiu verificar que nenhuma das
técnicas estudadas - manual, oscilatória e rotatória - removeu completamente o
material obturador do interior dos canais radiculares, fato amplamente descrito
na literatura (BARLETTA e LAGRANHA, 2002; IMURA et al., 2000; MASIERO e
BARLETTA, 2005; SAE-LIM et al., 2000; ZANETTINI, 2003).
A comparação dos índices percentuais de material obturador removido após
a desobturação, pela análise de variância (ANOVA), não detectou diferença
estatisticamente significativa entre os 3 grupos estudados. Por esse motivo, não
foi aplicado nenhum teste Post Hoc.
106
Entretanto, quando foi analisado, através do teste Qui-quadrado de
tendência linear, o percentual de material obturador removido (superior ou inferior
a 50%), encontrou-se um resultado estatisticamente significativo (P=0,015).
Através desse teste, verificou-se uma tendência linear crescente entre os grupos,
sendo que o grupo manual apresentou apenas um espécime (5% da amostra) com
material obturador removido inferior a 50%; o grupo rotatório apresentou três
espécimes (15% da amostra) e grupo oscilatório sete espécimes (35% da
amostra).
Ao analisar as dias de material obturador removido em cada grupo e a
porcentagem de espécimes que tiveram a quantidade de material obturador
removido abaixo de 50%, verifica-se que os canais radiculares dos espécimes do
grupo da técnica oscilatória mostraram os piores resultados 57,89% e 35%,
respectivamente.
Mas o que justificaria tais resultados?
Durante a desobturação dos canais radiculares dos espécimes do grupo
oscilatório, percebeu-se clinicamente menor atrito da lima de aço inoxidável contra
as paredes dos canais em relação à técnica manual. Possivelmente, isso se deve
ao fato de que durante a instrumentação manual o instrumento pode ser mais
facilmente manipulado e direcionado contra as paredes desejadas, além de a
capacidade táctil estar aumentada, uma vez que se segura a lima mais próxima da
sua parte ativa, sem a interposição de uma peça de mão. Apesar de a técnica
oscilatória ter apresentado os piores resultados durante a desobturação dos
canais radiculares nesse estudo, não se pode descartar a sua utilização clínica.
Zanettini (2003) relatou uma maior comodidade durante seu uso em relação à
técnica manual por causar menor fadiga ao profissional e permitir a sua utilização
no motor elétrico, produzindo menor ruído e possibilitando o controle de torque e
de velocidade, além de ter um menor custo quando comparado aos instrumentos
de Ni-Ti do grupo rotatório.
Cabe ressaltar que, durante esse estudo, o foi utilizada a instrumentação
manual para a finalização e refinamento da desobturação com as cnicas
107
oscilatória ou rotatória para não haver uma interposição de técnicas, o que
impediria que fossem analisadas isoladamente. Porém, essa associação pode ser
aplicada na prática clínica, aproveitando a comodidade das cnicas mecanizadas
e a sensibilidade táctil da instrumentação manual.
Com relação à técnica rotatória, percebe-se uma média de remoção de
material obturador (63,01%) muito semelhante à encontrada com a técnica manual
(65,74%). Provavelmente, essa semelhança justifique-se pelo fato de os
instrumentos rotatórios, ao rotarem 360° no interior dos canais radiculares,
permitirem que o material obturador se enrole nas estrias dos instrumentos e seja
arrancado do interior dos canais radiculares.
É importante relatar que a grande dificuldade encontrada na realização
desse experimento ocorreu durante a criação do trajeto no interior do material
obturador. Mesmo com o auxílio do solvente, a resistência imposta pela massa
obturadora levou à inutilização de algumas limas, ainda nos primeiros usos, bem
como a fratura de oito instrumentos (dois no grupo manual, três no grupo
oscilatório e três no grupo rotatório). Conseguiu-se remover esses fragmentos
através de transposição e arrancamento e seguiu-se normalmente o experimento.
Provavelmente o cimento endodôntico utilizado (AH Plus), a técnica de
obturação empregada (híbrida de Tagger modificada) e o tempo de espera de
endurecimento do material obturador (seis meses) foram os responsáveis pela
dificuldade encontrada durante a confecção desse trajeto, simulando uma situação
real de desobturação quando os canais radiculares foram bem obturados.
Durante a desobturação dos canais radiculares dos espécimes dos grupos
manual e oscilatório, não ocorreu nenhuma fratura de limas. Porém, na
desobturação dos canais radiculares do grupo rotatório com as limas de Ni-Ti
ProTaper, ocorreu a fratura de dois instrumentos S1 em dois espécimes distintos.
Acredita-se que esse fato tenha ocorrido devido ao excesso de tensão empregada
sobre essa lima durante a desobturação, uma vez que ela é a primeira a alcançar
o CRT determinado, além de esse instrumento ter uma ponta pequena e fina
(PENG et al., 2005). Conseguiu-se transpor e remover os fragmentos das limas
108
fraturadas, fato que permitiu que esses espécimes permanecessem no
experimento.
Mesmo seguindo os critérios clínicos citados anteriormente, que indicam
quando a desobturação está concluída, deparou-se com uma grande quantidade
de material obturador remanescente no interior dos canais radiculares dos três
grupos avaliados.
A média geral da porcentagem de material obturador removido de 62,21% e
as dias 65,74%, 63,01% e 57,89% nos grupos manual, rotatório e oscilatório,
respectivamente ficaram muito aquém do que se considera clinicamente
satisfatório, uma vez que o ideal seria remover o material obturador na sua
totalidade ou, pelo menos, o mais próximo possível da sua totalidade pelos
motivos já amplamente discutidos.
Observando visualmente as imagens tomográficas obtidas após a
desobturação dos canais radiculares, percebeu-se que o material obturador
remanescente localizava-se predominantemente no terço apical dos canais
radiculares dos espécimes nos três grupos analisados (FIGURAS 03, 08, 09 e 10),
o que vem ao encontro dos achados de Barletta e Lagranha (2002), Masiero e
Barletta (2005), Zanettini (2003), que verificaram ser esse o ponto crítico para a
remoção do material obturador.
Notou-se também, em alguns espécimes, que quando se observava a
imagem tomográfica no sentido vestíbulo-lingual, tinha-se a impressão de que o
canal radicular estava repleto de material obturador. Porém, analisando o
espécime em uma vista superior, que corresponde a um exame radiográfico
oclusal, percebeu-se que esse material obturador estava localizado apenas nas
paredes dos canais radiculares, dando uma falsa idéia da quantidade de material
obturador removido que se tem quando apenas o exame radiográfico é realizado.
A partir dessa observação, acredita-se que o material encontrado ao longo
das paredes dos canais radiculares dos espécimes desse estudo trata-se do
cimento resinoso AH Plus. Esse cimento endodôntico apresenta uma maior união
à superfície dentinária quando comparado ao cimento de óxido de zinco e
109
eugenol, pois se impregna nas paredes dos canais radiculares de uma maneira
semelhante aos adesivos dentinários, ou seja, formando tags no interior dos
túbulos dentinários abertos pela utilização do EDTA.
Frente aos resultados desse estudo, depara-se com um questionamento
inevitável: mesmo o cimento AH Plus oferecendo tal dificuldade de remoção
durante a desobturação, seria indicada a sua utilização para a obturação dos
canais radiculares?
Acredita-se que sim, pois, uma vez que o profissional siga todos os
princípios que embasam o tratamento endodôntico, as chances de obtenção de
sucesso são muito altas, como relatado anteriormente. Nessas circunstâncias,
deve-se oferecer um material com ótima capacidade de selamento, evitando ao
máximo a infiltração bacteriana no espaço saneado, aumentando ainda mais as
chances de sucesso após o tratamento endodôntico.
Outro ponto que deve ser ponderado na baixa remoção de material
obturador observada nesse estudo consiste na seleção de canais radiculares
curvos e achatados para a execução do experimento, o que pode ter influenciado
sobremaneira os resultados obtidos devido às dificuldades técnicas impostas pela
anatomia radicular.
Considerando que a maioria dos trabalhos de retratamento endodôntico até
o presente momento utilizaram cimentos à base de óxido de zinco e eugenol e,
frente os achados desse estudo, sugere-se uma continuidade nessa linha de
pesquisa avaliando a eficácia de técnicas de desobturação de canais radiculares
na remoção de diferentes cimentos endodônticos que vêm sendo lançados no
mercado (ionoméricos, resinosos, adesivos, entre outros), utilizando a tomografia
computadorizada como recurso metodológico.
7 CONCLUSÕES
111
A análise e discussão dos resultados obtidos, de acordo com a metodologia
empregada no presente trabalho, permite concluir que:
Nenhuma das técnicas de desobturação estudadas foi capaz de
remover completamente o material obturador do interior dos canais
radiculares.
Não houve diferença estatisticamente significativa no percentual de
material obturador removido do interior dos canais radiculares
comparando as técnicas de desobturação estudadas.
Houve diferença estatisticamente significativa na porcentagem de
espécimes que tiveram baixa remoção de material obturador
(inferior a 50%), sendo a cnica oscilatória com limas de aço
inoxidável tipo K acopladas ao contra-ângulo TEP SUPER acionado
por motor elétrico a que apresentou maior número de espécimes
com baixa remoção e a técnica manual com ampliação reversa a
que apresentou o menor número de espécimes com baixa remoção.
O tomógrafo computadorizado mostrou-se um recurso metodológico
perfeitamente aplicável em estudos de retratamento endodôntico,
permitindo uma avaliação quantitativa acurada do volume de material
obturador removido do interior dos canais radiculares.
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9 ANEXOS
130
CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES
HUMANOS E ANIMAIS
131
TABELA 03 Controle de curvatura das raízes, do comprimento real do canal
radicular e do comprimento real de trabalho para o preparo químico-mecânico,
obturação e desobturação dos canais radiculares
Espécime
curvatura
CRC - mm
CRT - mm
1 30° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
2 20° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
3 30° MV=14/ ML=13,5 MV=13/ ML=12,5
4 35° MV=15/ ML=14,5 MV=14/ 13,5
5 27° MV= 12,5/ ML=13 MV=11,5/ ML =12
6 30° MV=13/ ML=13 MV=12/ ML=12
7 26° MV=13,5/ ML=13,5 MV=12,5/ ML=12,5
8 25º MV=14,5/ ML=14 MV=13,5/ ML =13
9 20° MV=13/ ML=13 MV =12/ ML =12
10 21° MV =15/ ML=14,5 MV=14/ ML =13,5
11 20° MV =13/ ML=13 MV =12/ ML=12
12 20° MV=15/ ML=14 MV=14/ ML =13
13 30° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
14 33° MV=15,5/ ML=15,5 MV=14,5/ ML=14,5
15 20° MV=14,5/ ML=13,5 MV=13,5/ ML= 12,5
16 24° MV=14/ ML=13 MV=13/ ML=12
17 27° MV=14,5/ ML =12 MV= 13,2/ ML=12
18 25° MV=14/ ML=15 MV=13/ ML=14
19 25° MV =14,5/ ML=15 MV=13,5/ ML=14
20 35° MV=14/ ML=14 MV =13/ ML=13
21 29° MV=15,5/ ML=15 MV =14,5/ ML=14
22 25° MV= 14,5/ ML= 13 MV=13,5/ ML=12
23 20° MV=15/ ML=13,5 MV=14/ ML=12,5
24 20° MV= 13/ ML=13 MV=12/ ML=12
25 25° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
26 20° MV= 14/ ML=12 MV=13/ ML=11,5
27 30° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
28 26° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
29 26° MV=14,5/ ML=14,5 MV=13,5/ ML=13,5
30 26° MV=14,5/ ML=14 MV= 13,5/ ML=13
Continua
132
Espécime
curvatura
CRC - mm
CRT - mm
31 22° MV=14,5/ ML=13 MV=13,5/ ML=12
32 34° MV=15/ ML=14 MV=11/ ML=11
33 29º MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
34 25° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
35 22° MV=14/ ML=13,5 MV=13/ ML=12,5
36 23° MV=14,5/ ML=14 MV=13,5/ ML=13
37 35° MV=11,5/ ML=15 MV=10,5/ ML=14
38 20° MV=15,5/ ML=14,5 MV=14,5/ ML=13,5
39 20° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
40 25° MV=14,5/ ML=14,5 MV=13,5/ ML=13,5
41 20° MV=16/ ML=15 MV=15/ ML=14
42 24° MV=15,5/ ML=14 MV=14,5/ ML=13
43 27° MV=14,5/ ML=14 MV=13,5/ ML=13
44 30° MV=13,5/ ML=13 MV=12,5/ ML=12
45 28° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
46 29° MV=15,5/ ML=15,5 MV=14,5/ ML=14,5
47 23° MV=15,5/ ML=15 MV=14,5/ ML=14
48 20° MV=15,5/ ML=15,5 MV=14,5/ ML=14,5
49 20° MV=15/ ML=15,5 MV=14/ ML=14,5
50 20° MV=13,5/ ML=13,5 MV=12,5/ ML=12,5
51 30° MV=13/ ML=13,5 MV=12/ ML=12,5
52 20° MV=15/ ML=15 MV=13, 5/ML=13,5
53 25° MV=15/ ML=16 MV=14/ ML=15
54 24° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
55 25° MV=14/ ML=14 MV=13/ ML=13
56 23° MV=13/ ML=13 MV=12/ ML=12
57 27° MV=12,5/ ML=12,5 MV=11,5/ ML=11,5
58 21° MV=14,5/ ML=14,5 MV=13,5/ ML=13,5
59 26° MV=15/ ML=15 MV=14/ ML=14
60 20° MV=14/ ML=12,5 MV=13/ ML=11,5
Conclusão
133
TABELA 04 Grupo A (técnica manual de ampliação reversa): volume inicial e
final de material obturador e porcentagem de material obturador removido dos
canais radiculares
Espécime
Volume inicial de
material
obturador -
mm
3
Volume final de
material
obturador -
mm
3
Porcentagem de
material
obturador
removido - %
3 46 13 71,74
10 36 14 61,11
11 38 08 78,95
14 62 23 62,90
15 48 19 60,42
18 82 38 53,66
23 47 04 91,49
32 36 11 69,44
37 50 13 74,00
39 32 18 43,75
44 42 13 69,05
45 64 26 59,38
46 52 07 86,54
48 53 13 75,47
50 25 09 64,00
51 48 18 62,50
52 30 14 53,33
53 44 20 54,55
56 27 08 70,37
57 23 11 52,17
134
TABELA 05 Grupo B (técnica oscilatória): volume inicial e final de material
obturador e porcentagem de material obturador removido dos canais radiculares
Espécime
Volume inicial de
material
obturador -
mm
3
Volume final de
material
obturador -
mm
3
Porcentagem de
material
obturador
removido - %
2 58 07 87,93
4 36 07 80,56
7 31 14 54,84
8 30 20 33,33
13 62 36 41,94
16 48 15 68,75
19 57 31 45,61
22 33 13 60,61
24 29 18 37,93
30 55 18 67,27
34 34 31 8,82
36 38 20 47,37
41 41 09 78,05
42 42 04 90,48
43 56 18 67,86
47 59 27 54,24
49 39 07 82,05
54 33 13 60,61
55 29 14 51,72
58 58 36 37,93
135
TABELA 06 Grupo C (técnica rotatória): volume inicial e final de material
obturador e porcentagem de material obturador removido dos canais radiculares
Espécime
Volume inicial de
material
obturador -
mm
3
Volume final de
material
obturador -
mm
3
Porcentagem de
material
obturador
removido - %
1 54 08 85,19
5 32 09 71,88
6 42 18 57,14
9 34 13 61,76
12 46 11 76,09
17 54 11 79,63
20 32 11 65,63
21 55 20 63,64
25 52 27 48,08
26 28 11 60,71
27 27 13 51,85
28 77 28 63,64
29 58 07 87,93
31 46 15 67,39
33 54 38 29,63
35 33 11 66,67
38 42 03 92,86
40 31 27 12,90
59 56 23 58,93
60 46 19 58,70
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