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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DECon - Departamento de Economia e Contabilidade
DEAg - Departamento de Estudos Agrários
DEAd - Departamento de Estudos da Administração
DEJ - Departamento de Estudos Jurídicos
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO
JAIME FOLLE
O MUNICÍPIO DE PINHALZINHO: UM CASO DE DESENVOLVIMENTO
GERADO PELA AÇÃO EMPREENDEDORA
Ijuí/RS
2008
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1
JAIME FOLLE
O MUNICÍPIO DE PINHALZINHO: UM CASO DE DESENVOLVIMENTO
GERADO PELA AÇÃO EMPREENDEDORA
Ijuí/RS
2008
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JAIME FOLLE
O MUNICÍPIO DE PINHALZINHO: UM CASO DE DESENVOLVIMENTO
GERADO PELA AÇÃO EMPREENDEDORA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Desenvolvimento da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI,
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Desenvolvimento, área de concentração:
Gestão de Organização e do Desenvolvimento.
Orientadora: Profª Doutora Lurdes Marlene
Froemming.
Ijuí/RS
2008
3
UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado
A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação
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elaborada por
JAIME CLAUDINO FOLLE
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Desenvolvimento
Banca Examinadora:
Profª. Drª. Lurdes Marlene Seide Froemming (UNIJUÍ): __________________________
Prof. Dr. Jaime Jose Zitkoski (UFRGS): _______________________________________
Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen (UNIJUÍ): ______________________________________
Ijuí (RS), 17 de julho de 2008.
4
DEDICATÓRIA
O município de Pinhalzinho abriu suas portas para que eu pudesse mostrar meu trabalho
e realizar esta pesquisa, que foi árdua, mas que, com o apoio de inúmeras pessoas ligadas aos
setores público e privado, além dos agentes empreendedores que emprestaram suas vivências
através das entrevistas e que não mediram esforços para dar as informações necessárias, pode
ser concretizado.
Por isso, faço questão de dedicar meu estudo a este município que acreditou no
profissionalismo e na consideração que venho dedicando-lhe, desde o início deste longo
trabalho. Posso dizer, com alegria, que considero Pinhalzinho como minha segunda casa.
5
AGRADECIMENTOS
Inicio agradecendo a Deus, pois sem a Sua bênção não poderia proceder com estes
estudos, tampouco teria coragem para iniciá-los.
Agradeço, em segundo lugar, à Sandra, Suelen e Joline, esposa e filhas, que, pelo
simples fato de existirem em minha vida, recebo força e determinação para prosseguir.
Não poderia deixar de agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Lurdes
Marlene Froemming, pessoa a quem admiro e respeito, pela significativa contribuição, através
de seu vasto conhecimento, e pela dedicação dispensada a este estudo.
Agradeço também à Roberta, colega de trabalho, que esteve presente assessorando e
contribuindo para a o desenvolvimento do tema em questão.
Sou também eternamente grato à Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho
ACIP, na pessoa do seu atual Presidente, Sr. Darci Fiorini, e da incansável secretária
executiva, Sra. Salete
Ao Sr. Prefeito Municipal, Anecleto Gallon, e em nome de seus secretários, cito uma
pessoa de imensurável dedicação, Sr. David Klein, registro aqui meu sincero agradecimento.
O que fica longe da mente, com certeza, estará mais próximo do coração. Aos que não
nominei aqui, deixo o mais efusivo agradecimento, pois sabem que também contribuíram para
este trabalho.
Finalmente, registro meus sinceros agradecimentos a todos os cidadãos pinhalenses que
participaram deste estudo e que, em nenhum momento, alienaram-se em suas contribuições, e
estiveram, incansavelmente, informando, elencando dados, concedendo entrevistas, enfim,
disponibilizando tempo para compartilhar com a pesquisa.
6
RESUMO
O município de Pinhalzinho-SC é destaque em todo o oeste catarinense e norte riograndense,
pelo acelerado desenvolvimento, causado principalmente pela expansão no ramo industrial.
Tamanho crescimento vem acontecendo devido à implantação de inúmeras indústrias,
abrangendo todos os setores, desde a agricultura até a fabricação de duchas eletrônicas,
passando pela indústria de fogões, de estofados, enfim, uma enorme área de abrangência. O
objetivo deste trabalho foi identificar fatores que levaram o município de Pinhalzinho-SC, a
se configurar como um centro de desenvolvimento e identificar as ações que os agentes
empreendedores desenvolveram e que se constituíram como papel fundamental na
alavancagem do desenvolvimento local e regional. O suporte metodológico desta pesquisa
toma por base a abordagem exploratória qualitativa, pois trata-se de uma pesquisa
investigativa, que interpretou o posicionamento dos agentes empreendedores e alocou-o com
o referencial bibliográfico aqui descrito. Os dados obtidos foram analisados e interpretados
com base na pesquisa documental, através de históricos de iniciação de empresas, dados a
respeito do funcionamento destas, bem como as ações desenvolvidas por seus gestores,
objetivando manter suas empresas com alto nível de produção e vendas. Também foram
colhidas informações por meio da Prefeitura Municipal de Pinhalzinho, que concedeu dados a
respeito das ações empreendedoras pertinentes ao setor público e de seu investimento no ramo
industrial. Os resultados evidenciaram, positivamente, o potencial empreendedor presente nos
sujeitos atuantes no município, assim como as atitudes arrojadas do setor público, que deu
início à era industrial, por meio do espírito de coletividade e cooperação presentes nestes
agentes, que despenderam investimentos no município, visando a permanência das empresas
ali instaladas. Também caracterizou-se como positivo o espírito empreendedor presente na
atual administração pinhalense, que prima pelo contínuo desenvolvimento da comunidade,
traçando projetos a longo prazo e enfatizando o setor industrial. Assim, evidencia-se o
potencial empreendedor do município, que provou seu poder, pois trouxe benefícios como
emprego, projeção de futuro, qualidade de vida e desenvolvimento econômico e tecnológico.
Palavras-chave: empreendedorismo, desenvolvimento local, planejamento coletivo, ação
empreendedora.
7
ABSTRACT
The municipality of Pinhalzinho-SC is prominent throughout the west and north riograndense
Catarina, for accelerated development, caused mainly by expansion in the industry. Size
growth is happening because of the deployment of many industries, covering all sectors, from
agriculture to manufacturing of electronic showers, from industry, stoves, upholstered, finally,
a huge area of coverage. The research aimed to identify factors that led the municipality
Pinhalzinho-SC, is set as a centre of development and identify the actions that officials and
entrepreneurs which have developed as a key role in leveraging local and regional
development. The methodological support of this research takes a basis of exploratory
qualitative approach, because it is an investigative search, which interpreted the positioning of
officials and entrepreneurs assigned to him the bibliographic reference herein. The data were
analyzed and interpreted on the basis of documentary research, through centre of initiation of
businesses, data regarding the operation of these and the actions taken by their managers, to
keep their businesses with a high level of production and sales. Also information was
collected through the City of Pinhalzinho, which provided data about the entrepreneurial
activities relevant to the public sector and its investment in the industry. The results showed,
positively, the potential entrepreneur in this subject working in the municipality and the bold
attitudes of the public sector, which initiated into the industrial age, through the spirit of
collectivity and cooperation in these agents, who spent investments in the municipality,
seeking the permanence of companies installed there. It is also characterized as positive the
entrepreneurial spirit in this current administration pinhalense, which press the continuous
development of the community, outlining a long-term projects and emphasizing the industrial
sector. Thus, evidence is the entrepreneurial potential of the council, which has already
proven its power because it has brought benefits such as employment, projection of future,
quality of life and economic development and technology.
Word-keys: Entrepreneurship, local development, planning, collective, entrepreneurial action.
8
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................................06
ABSTRACT………………………………...………………………………………..……....07
LISTA DE QUADROS………………………………………..........……………………….10
GLOSSÁRIO……......…………………………....………………………………………….11
INTRODUÇÃO…………………….………….....................……………………....…….....12
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................15
1.1 Apresentação e delimitação do tema.........………………………………………..........15
1.2 Objetivos...................................................................……………………..……….....16
1.3 Justificativa..................................................................................................................16
2 REFERENCIAL TEÓRICO......……………………….....................................................20
2.1 Resumo histórico do empreendedorismo.........................……….............................20
2.2. Definições de Empreendedor e Empreendedorismo.......................………............22
2.2.1 As pesquisas de McClelland......................................................................................24
2.2.2 O talento empreendedor.... ……..................................……………………..............27
2.2.3 Características do empreendedor..............................................………….................33
2.2.4 O perfil do comportamento empreendedor................................................................35
2.3 Histórico do Empretec Desenvolvimento de programas de Treinamento para
Empreendedores......................................................................................................................37
2.3.1 Determinação de critérios e medições do sucesso do Empretec................................40
2.4 Desenvolvimento Local e Regional…………..................……….............................41
2.4.1 O mundo em tempos de desenvolvimento.................................................................41
2.4.2 Do conceito de Progresso à abrangência do Desenvolvimento.................................44
2.4.3 O Desenvolvimento Local como um processo de endogenia....................................48
9
2.4.4 Interação entre Desenvolvimento Local Sustentável e Globalização........................50
3 METODOLOGIA..................………………………………………………………..........55
3.1 Tipo de Estudo.......…………………………………………...………………..........55
3.2 Métodos de Pesquisa……...……………...……………………..……………..........56
3.2.1 Pesquisa Bibliográfica..............................................................................................56
3.2.2 Pesquisa Documental................................................................................................57
3.2.3 Pesquisa de Campo...................................................................................................57
3.2.4 População e Amostra................................................................................................62
3.3 Tratamento dos Dados ……………………...……....……………………...............63
3.4 Divulgação dos Dados....…………………………….........…………………...........64
4 O MUNICÍPIO DE PINHALZINHO: UM CASO DE DESENVOLVIMENTO
GERADO PELA AÇÃO EMPREENDEDORA.................................................................66
4.1 A saga desenvolvimentista e empreendedora do município de Pinhalzinho/SC..68
4.2 Do Povoado do Pinhal à emancipação do Município de Pinhalzinho...................69
4.3 O início da era Industrial.........................................................................................72
4.4 A continuidade dos trabalhos no ramo da indústria..............................................80
4.5 Pinhalzinho: o centro industrial nos dias de hoje...................................................83
4.6 Os benefícios que o desenvolvimento trouxe à comunidade pinhalense...............95
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................101
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................106
ANEXOS................................................................................................................................110
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DO EMPREENDEDORISMO E DO
TERMO EMPREENDEDOR...................................................................................................21
QUADRO 2 CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR,
SUGERIDAS POR McCLELLAND........................................................................................25
QUADRO 3 EMPREENDEDORES DOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO, QUE
CONCEDERAM ENTREVISTAS...........................................................................................62
QUADRO 4 – PERFIL DOS PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP................................63
QUADRO 5 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS SUGERIDAS POR HISRICH
E PETERS (2004), McCLELLAND (1951) E DRUCKER (1991)........................................67
QUADRO 6 COMPARATIVOS ENTRE OS FATORES DE DESENVOLVIMENTO NOS
ANOS DE 1982/83 E 2007.............................................................................................89
QUADRO 7 COMPARATIVO ENTRE O MERO DE EMPRESAS NOS RAMOS DE
INDÚSTRIA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO E PROFISSIONAIS AUTÔNOMOS, NOS
ANOS DE 1982/83 E 2007...............................................................................................89
QUADRO 8 PERCENTUAIS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOS DA AMOSC, DA
SDR DE MARAVILHA E DA AMERIOS.........................................................................90
QUADRO 9 PERCENTUAIS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOS DO LITORAL
DE SANTA CATARINA....................................................................................................91
11
GLOSSÁRIO
ACARESC – Associação de Crédito e Assistência Social de Santa Catarina
ACI – Associação Comercial e Industrial
ACIP – Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho
ADI - Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
AMERIOS - Associação dos Municípios do Entre Rios
CEAG - Centro de Apoio Gerencial
EFACIP – Exposição Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Pinhalzinho.
PADEM – Plano de Desenvolvimento Municipal
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRODER – Programa de Desenvolvimento Regional
SDR - Secretarias de Estado do Desenvolvimento Regional
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI – Serviço Nacional da Indústria
UDESC – Universidade Estadual de Santa Catarina
UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development
UNOESC – Universidade do Oeste do Estado de Santa Catarina
12
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa, relativa ao Programa de Pós Graduação Strictu Sensu da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI, teve como
objetivo identificar fatores que levaram o município de Pinhalzinho a se configurar como um
centro de desenvolvimento e identificar as ações que os agentes empreendedores
desenvolveram e que se constituíram como papel fundamental na alavancagem do
desenvolvimento local e regional.
O tema Empreendedorismo vem crescendo consideravelmente nos últimos anos; é
um dos segmentos mais evolutivos que reflete o incessante interesse nacional e internacional
no processo de empreender e no impacto que este causa em uma economia.
O empreendedorismo é a dinâmica de produzir riquezas e está à mercê de indivíduos
que se dispõem a correr riscos calculados, disponibilizando, para isso, tempo,
comprometimento e patrimônio. Esta atitude arrojada requer um sujeito organizado, criativo e
que se submeta ao novo, ou seja, que esteja disposto a sair da zona de conforto
1
e abrir novos
caminhos, dentro de sua área profissional.
Utilizando um dos conceitos de Hisrich e Peters (2004), empreender é criar algo
novo, atribuindo o esforço necessário, submetendo-se a riscos financeiros, morais e sociais, e
preparando-se para receber os resultados, adquiridos através de muito trabalho e realização
pessoal e profissional.
Partindo destas idéias e acreditando fielmente em tais afirmações, é que surgiu o
questionamento acerca do município de Pinhalzinho: sua origem, seu povo, sua história
evolutiva, sua principal fonte de renda e desenvolvimento.
1
Estado de acomodação pelo qual o ser humano está, inconscientemente, sempre em busca.
13
Iniciando o estudo a partir de aspectos históricos, entende-se o município de
Pinhalzinho como uma pequena comunidade dependente do corte da madeira e da agricultura,
culturas que apresentavam leves rastros de estagnação e declíneo das atividades, resultando
em desemprego, baixa renda e, conseqüentemente, qualidade de vida.
No entanto, graças à visão empreendedora de alguns agentes preocupados com este
declínio na economia do município, surgem as primeiras iniciativas em busca de uma
reversão na situação de Pinhalzinho. A partir de uma ação coletiva, que uniu idéias,
oportunidades e investimentos, o município deu alguns passos, estes que seriam os primeiros
de uma série de investimentos e realizações que expandiriam o nome de Pinhalzinho, como
sendo destaque regional por seu desenvolvimento e pelas iniciativas deliberadas e arrojadas
de seus agentes empreendedores.
A fim de investigar a história deste município, e também o papel de seus
empreendedores, realizou-se uma pesquisa de caráter exploratório/qualitativa, no intuito de
estudar o principal meio de crescimento do município em questão, tomando por base o
trabalho empreendedor dos setores público e privado.
A grande questão circundava o papel destes agentes de desenvolvimento e suas
desbravações, visionárias a longo prazo, com metas claras e mensuráveis.
Para tanto, estudou-se a história do município, bem como entrevistou-se as principais
lideranças responsáveis por esta história, e buscou-se dados concretos, concedidos pela
própria população local, que confirmaram a evolução deste cenário distinto e próspero.
Por ser a indústria o principal meio evolutivo de Pinhalzinho, elencou-se os dados e
informações apuradas, por pesquisa de campo, e estruturou-se um capítulo envolvendo, desde
a origem do município, sua emancipação, passando pelo início da era industrial, pelas
primeiras atitudes de seu administrador, e também as primeiras indústrias.
14
Elaborou-se também um texto que contemplou a continuidade deste processo
industrial, chegando a um histórico do município nos dias atuais, ou seja, como os jovens
munícipes são preparados para atuar neste centro industrial, e que visão de futuro têm os
atuais empreendedores, preocupados com o contínuo desenvolvimento.
15
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
A demonstração e apresentação da verdade consolidam-se através do método
científico, que reúne processos capazes de investigar e analisar a história e os acontecimentos
de um determinado meio (Cervo e Bervian, 1996). A partir desta afirmação, utiliza-se o
método científico para estudar o papel do empreendedor como agente de desenvolvimento
local, tendo como foco o município de Pinhalzinho-SC. Neste capítulo, apresentam-se e
delimitam-se o tema da pesquisa, os objetivos e a justificativa.
1.1 Apresentação e delimitação do Tema
O presente estudo tem como tema “O papel do empreendedor como agente de
desenvolvimento local e regional, tendo como foco a cidade de Pinhalzinho-SC” e busca
entender e analisar, através de estudo de caso, qual o papel dos empreendedores como agentes
de desenvolvimento local e regional, com narrativas de histórias de vida, casos de sucesso
destes agentes na cidade de Pinhalzinho, estado de Santa Catarina, no contexto do
desenvolvimento da comunidade e também da região, num período de duas décadas, através
de suas ações que propiciaram o alto nível econômico, social e cultural deste município.
Isto se torna compreensível na figura do agente empreendedor, sua maneira de
idealizar, seu estilo de liderança e modelo de gestão; na busca de narrativas que são analisadas
e que evidenciaram a importância destas iniciativas na inovação sistemática para a economia
local e regional, favorecendo uma crescente melhoria da qualidade de vida geral dos seus
cidadãos, não só do município de Pinhalzinho, como dos seus arredores.
16
1.2 Objetivos
Objetivo Geral
O Objetivo Geral deste estudo consiste em identificar fatores que levaram o município
de Pinhalzinho-SC a se configurar como um centro de desenvolvimento e identificar as ações
que os agentes empreendedores desenvolveram e que se constituíram como papel fundamental
na alavancagem do desenvolvimento local e regional.
Objetivos Específicos:
- Descrever a história nas últimas duas décadas, identificando fatores que geraram o
desenvolvimento e quais os atores envolvidos;
- Analisar fatores locais e regionais, as características econômicas, sociais, políticas,
ambientais, bem como variáveis favoráveis ou desfavoráveis, buscando subsídios para um
melhor entendimento da questão;
- Mapear fatores que provocaram os agentes empreendedores, atores do fenômeno e
suas características comportamentais que os configura como empreendedores, confrontando
com as características ditadas pela literatura.
1.3 Justificativa
Partindo do pressuposto de que o Empreendedorismo, como tema conceitual, tem
crescido consideravelmente nos últimos anos, e sendo Pinhalzinho um caso atípico da região
17
do oeste de Santa Catarina pelo seu potencial evolutivo, é importante fazer um estudo de caso,
gerar subsídios para uma pesquisa mais avançada neste município e, com isto, contribuir para
que outros municípios tomem o exemplo de Pinhalzinho como motivação para gerar
desenvolvimento.
O estudo se justifica pela importância que os empreendedores tiveram em todo o
processo de desenvolvimento da comunidade de Pinhalzinho-SC e, conseqüentemente, das
regiões circunvizinhas em função de determinações de coragem e ousadia, com atitudes que
se diferenciam dos outros habitantes. Características que vieram ao encontro dos propósitos
do pesquisador e que também ampliaram o conhecimento deste, uma vez que a compreensão
do termo ‘desenvolvimento’ apresenta-se com uma gama muito grande de especificações; este
estudo comprovou que toda a teoria do empreendedorismo que explica o poder que um
município tem de se desenvolver é possível, mediante ações empreendedoras que não medem
esforços para fazer acontecer.
Neste contexto, os estudos ligados ao desenvolvimento, neste caso, alavancados pelo
empreendedorismo, trazem grandes contribuições para o âmbito acadêmico, uma vez que
concretizam a importância da ação empreendedora e do envolvimento dos agentes municipais,
preocupados com o destino industrial que o município conquistou, diante de um crescimento
embasado pela endogenia. E confirmando mais especificamente os meios de desenvolvimento
do município, expõem-se alguns exemplos de evolução, levantados preliminarmente para este
propósito.
O desenvolvimento de Pinhalzinho divide-se em três categorias: econômica, social e
cultural. Economicamente citando, são mais de duzentas indústrias exportando para mais de
trinta países, o que garante um comércio atuante, diminuindo os índices de desemprego. Já no
âmbito social, por não haver desemprego, um equilíbrio no controle de imigração,
esgotando possibilidades de formação de favelas. Existe, ainda, uma preocupação acerca da
18
quantidade de adolescentes e jovens que permanecem na cidade. Para tanto, um processo
de desenvolvimento e criação de faculdades e centros culturais que garantem um nível
educacional elevado para estes jovens.
Estes são apenas alguns exemplos que comprovam uma pequena fatia do
desenvolvimento municipal, que foram colhidos antecipadamente, e que, de certa forma,
foram impulsionadores desta pesquisa.
Afinal, o que de tão misterioso junto a estes agentes de desenvolvimento que os
fazem desbravadores, com visão de longo prazo e metas claras e mensuráveis?
Conforme Hisrich e Peters (2004):
“Confrontado com situações cotidianas estressantes e outras
dificuldades, a possibilidade de que o empreendedor estabeleça um
equilíbrio entre exigências éticas, prudência econômica e responsabilidade
social, um equilíbrio que difere do ponto em que o administrador comum
toma sua posição moral.”
Vislumbram oportunidades em situações de caos e conflitos, sendo perceptivos às
diferenças em regiões distantes umas das outras, como é o caso da realidade em cenários
distintos ao se comparar às diferentes cidades e regiões do estado e do país. Enquanto no
nordeste do estado de Santa Catarina os municípios foram atingidos pelo êxodo rural, em que
seus emigrantes invadiram as cidades ou se mudaram para outras regiões ou outros estados, e
se caracterizam pela extrema precariedade nas condições de vida de sua população; o oeste de
SC, em especial Pinhalzinho, alcança índices de qualidade de vida invejáveis para a maioria
da população e é destacado centro econômico da região. Distinção esta que não se traduz
somente e basicamente no centro urbano, mas também no meio rural onde a ação das agro-
indústrias tem alavancado com firmeza a manutenção do homem no campo e um excelente
meio de vida com padrão de qualidade na cidade.
A grande questão é que nesta condição que tem pouca sustentabilidade em outras
regiões devido ao processo de esvaziamento dos meios rurais por falta de oportunidade,
19
Pinhalzinho gira em sentido contrário. Este abandono das áreas rurais quase não existe neste
município, que tem gerado um desenvolvimento local em bases sustentáveis, à medida que se
direciona para o aumento de monoculturas, de dependência das agro-indústrias que estão
instaladas no município concomitantemente com outros segmentos industriais: metal-
mecânico, madeira, serviços em geral, desenvolvendo o campo e a cidade.
Segundo Strieder (2000, apud Hisrich e Peters, 2006),
“a transformação do agricultor, de produtor familiar para produtor integrado,
com tecnologia organizacional, com redimensionamento de valores, de
conceitos, concepções de tempo, de espaço e de ser humano, acenam como um
avanço e indicam novos graus e outros patamares de conquistas e de lutas
destes empreendedores”.
Enfim, as áreas urbana e rural de Pinhalzinho fazem parte deste processo
tecnológico que se apresenta como avanço global, inseridos em um contexto de
desenvolvimento preocupado com a estagnação do município, e que caminha paralelamente
com as grandes evoluções mundiais.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Empreender é criar, inovar, modificar sem medir tempo ou esforço, ou seja, partir
para uma nova realidade esperando quaisquer resultados, ainda que sejam negativos.
Conforme Hisrich e Peters (2004), o empreendedor precisa assumir riscos, sejam eles no
sentido econômico, sejam eles psicológicos, pois o fato de algo novo estar sendo criado exige
doação total.
Na construção do referencial teórico, apresenta-se uma síntese dos autores
pesquisados e sua abordagem sobre os agentes empreendedores, suas ações e conquistas, bem
como o conceito de empreendedorismo em um âmbito mais abrangente. Dá-se uma
construção de conhecimento acerca do que é um empreendedor, como age e o que o
diferencia dos demais. Ainda, suas características marcantes, que os fazem tão arrojados, e o
papel que exercem no desenvolvimento local.
2.1 Resumo histórico do empreendedorismo
Baseando-se em Hisrich e Peters (2004), apresenta-se um histórico do
empreendedorismo e das definições de empreendedor.
Período inicial – Um exemplo inicial da primeira definição de empreendedor é
Marco Pólo, que tentou estabelecer rotas comerciais para o Extremo Oriente. Marco Pólo
assinava contrato de risco com pessoas de recursos para vender suas mercadorias.
Idade média – Na Idade Média, o termo empreendedor foi usado para descrever tanto
um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção. Em tais projetos,
esses indivíduos não corriam riscos, administravam o projeto usando os recursos do governo
do país. Exemplos de empreendedores da Idade Média eram os Clérigos, sujeitos
21
encarregados das obras arquitetônicas, como castelos, fortificações, prédios públicos e
catedrais.
Século XVII A reemergente conexão de risco com empreendedores que eram as
pessoas que ingressavam em um acordo contratual com o governo para desempenhar um
serviço ou fornecer produtos. Como o valor dos contratos era fixo, qualquer situação de lucros
ou prejuízos era por conta e risco do empreendedor.
Século XVIII - O empreendedor começou a ser diferenciado das pessoas
fornecedoras de capital; a diferença era a capacidade de correr risco do empreendedor. Uma
das causas para tal diferenciação foi a industrialização.
Século XIX E XX No final do século XIX, não se distinguiam empreendedores de
gerentes, e eram vistos a partir de uma perspectiva econômica. Desta forma, o empreendedor
organizava e operava uma empresa para sua realização e lucro pessoal. Pagava os preços
atuais pelos materiais consumidos no negócio, pelo uso da terra, pelos serviços de pessoas que
empregava e pelo capital de que necessitava. Contribuía com sua própria iniciativa, habilidade
e engenhosidade no planejamento, organização e administração de empresas. Assumia as
possibilidades de lucro e prejuízo e tornava-se responsável no desenvolvimento da
comunidade onde vivia.
No quadro 1 apresenta-se sínteses e conceitos de diversos autores sobre o termo
Empreendedor:
QUADRO 1 - DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DO EMPREENDEDORISMO E DO
TERMO EMPREENDEDOR
Empreendedor origina-
se do francês:
significa aquele que está entre ou estar entre.
Idade Média: participante e pessoa encarregada de projetos de produção em
grande escala.
Século XVII: pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato
de valor fixo com o governo.
1725: Richard Cantillon pessoa que assume riscos é diferente da que
fornece capital.
1803: Jean Baptiste Say lucros do empreendedor separados dos lucros
do capital.
22
1876: Francis Walker distinguiu entre os que forneciam fundos e
recebiam juros e aqueles que obtinham lucro com habilidades
administrativas.
1934: Joseph Schumpeter o empreendedor é um inovador e desenvolve
tecnologia que ainda não foi testada.
1961: David McClelland o empreendedor é alguém dinâmico que corre
riscos moderados.
1964: Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades
1975: Albert Shapero o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns
mecanismos sociais e econômicos e aceita riscos de fracasso.
1980: Karl Vésper o empreendedor é visto de modo diferente por
economistas, psicólogos, negociantes e políticos.
1993: Gifford Pinchot o intra-empreendedor é um empreendedor que
atua dentro de uma organização já estabelecida.
1985: Robert Hisrich o empreendedorismo é o processo de criar algo
diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário,
assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais
correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da
satisfação econômica e pessoal.
Fonte: Robert D. Hisrich, “Entrepreneurship and Intrapreneurship: Methods for Creating New
Companies That Have an impact on the Economic Renaissance of an Area”. In
Entrepreneurship, Intrapreneurship and Venture Capital. End Robert D. Hisrich (Lexington
Books, 1986), p.96, apud Hisrich e Peters (2004), pág 27.
2.2 Definições de Empreendedor e Empreendedorismo
Hisrich e Peters (2004, p. 29) identificaram que as bases do empreendedor surgiram
refletidas, praticamente, em três definições:
1. Sujeito que possui uma espécie de comportamento que inclui: (1) tomar iniciativa,
(2) organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e
situações para proveito próprio, (3) aceitar o risco ou o fracasso.
2. Para os economistas, um empreendedor é aquele que combina recursos, trabalho,
materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes; também é aquele que
introduz mudanças, inovações e uma nova ordem comunitária. Para os psicólogos, os
empreendedores são impulsionados por certas forças – tipo necessidade de obter ou conseguir
algo, experimentar, realizar, ou talvez escapar da autoridade de outros. Para alguns homens de
23
negócio, segundo Hisrich e Peters (2004), um empreendedor aparece como uma ameaça, um
concorrente agressivo, enquanto, para outros, o mesmo empreendedor pode ser um aliado,
alguém que gera e cria riquezas e desenvolve comunidades, produzindo empregos e renda.
3. Ser empreendedor é atuar em um processo dinâmico de criar mais riquezas,
assumir os principais riscos em termos de patrimônio, tempo e/ou comprometimento com a
carreira ou que provêem valor para algum produto ou serviço, e este valor deve ser, de algum
modo, infundido por este sujeito.
Embora cada uma dessas definições configure os empreendedores de uma
perspectiva ligeiramente distinta, todas contêm noções semelhantes, como novidade,
organização, criação, riqueza e risco. Ainda assim, cada definição é um pouco restritiva,
que os empreendedores são encontrados em todas as profissões educação, medicina,
pesquisa, direito, arquitetura, engenharia, igrejas. Para incluir todos os tipos de
comportamento empreendedor, a seguinte definição de empreendedorismo contempla melhor
o conjunto (Hisrich e Peters, 2004, p.29):
“Empreendedorismo é o processo de criar algo novo, com valor,
dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos financeiros,
psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes
recompensas da independência econômica satisfação e realização pessoal”.
Cada autor, a seguir enumerado, entende de empreendedorismo e de crescimento
econômico à sua maneira. Respeitando os períodos históricos e a visão clássica de cada um,
passa-se a analisar suas convicções:
Max Weber (2003) entende que a ética protestante foi a responsável pelo
desenvolvimento do capitalismo na Europa. A questão, portanto, na visão de Max Weber, é
ideológica.
Hutington (1915, apud Hisrich e Peters, 2004) defende que os países mais ricos
estavam em uma faixa de clima temperado, “energético”. O clima seria o responsável pelo
estímulo dos negócios e no desenvolvimento de determinadas regiões.
24
Fanfani (1935) pensa que indivíduos de determinadas raças que possuíam um crânio
mais alongado teriam maior vocação para os negócios.
Schumpeter entende que o desenvolvimento depende dos empreendedores, os quais
são capazes de reunir recursos humanos e materiais e transformá-los em bens e riquezas. O
perfil empreendedor traçado por Schumpeter (1982, p.114) sugere:
“O sonho e a vontade de achar um reino particular (...) a
vontade de conquistar; o impulso para lutar, para provar sua
superioridade para com os outros, para ter sucesso não pelos frutos
do sucesso, mas sim pelo próprio sucesso (...), a alegria de criar, de
mandar fazer as coisas, ou simplesmente exercendo sua energia e
criatividade (...) um tipo que procura dificuldade, a mudança para
mudar, se delicia com aventuras, (para quem) o ganho pecuniário é
a expressão muito exata do sucesso”.
Toynbee (1947) coloca que as condições geográficas e sociais geram estímulos. Isso
levaria grupos humanos ao desenvolvimento econômico.
Muller (1909) acredita que o desenvolvimento surge a partir de uma combinação
fortuita de fatores.
McClelland (1951)
sugere, especificamente, que os fatores sociais e ambientais,
inclusive o treinamento, podem ser particularmente importantes na “excitação” de motivos
latentes e no estímulo da tradução de estados de disposição em padrões específicos de
comportamento. Identificou um elemento psicológico que denominou motivação para a
realização ou desejo de melhorar. Os empreendedores de sucesso concentram sua energia
na satisfação da necessidade de se superarem.
2.2.1 As pesquisas de McClelland
David McClelland pesquisou as características desde os anos 60, em vários países
(vide quadro 2). Após estas descobertas, elaborou sua tese sobre o impulso para melhorar a
motivação de realização.
25
A partir desta análise inicial, McClelland (1951) elaborou testes em mais de quarenta
países, os quais tinham como objetivos analisar os empreendedores em seu nível da
motivação para realização e aprender a reconhecê-las, utilizar e compreender suas próprias
características e utilizá-las para fixar metas realistas e desenvolver suas características de
motivação empresarial. Após isso, ele observava que os empreendedores elaboravam planos
com o objetivo de cumprir as metas.
Em anos de pesquisa, McClelland, juntamente com as bases de estudos da MSI-
Management Systems International - e McBer empresa do Dr. David McClelland - concluiu
que era a motivação do comportamento e a prática de novos comportamentos que os
empreendedores chegavam ao ápice de suas metas, pois ficou claro que os comportamentos,
podem ser criados, extintos e modificados, ou seja, podem ser mensurados no ser humano,
porém, a motivação não se pode mensurar.
Em 1982, tiveram início as pesquisas junto aos empreendedores de sucesso em várias
culturas e situações econômicas diferentes, para identificar quais as características, com o
desenvolvimento de vários testes dos potenciais empreendedores e a aplicação dos
conhecimentos, para testar e desenvolver novas propostas de capacitação dos
comportamentos.
A principal base dos estudos da MSI e McBer Company foi além da motivação, do
comportamento e da possibilidade de modificação dos comportamentos na prática.
Ultrapassando estes itens, foram descobertos vários comportamentos empreendedores,
agrupados em características que são chamadas de Características dos Comportamentos
empreendedores, explicadas no quadro a seguir:
QUADRO 2 CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR,
SUGERIDAS POR McCLELLAND (1951).
CARACTERÍSTICAS DO
EMPREENDEDOR
DEFINIÇÃO
Busca de Oportunidade e Iniciativa
- Aproveita novas oportunidades de
negócios;
26
- Age para expandir seu negócio a novas
áreas, produtos ou serviços.
Busca de Informações
- Dedica-se pessoalmente a pesquisar como
fornecer um produto ou serviço;
- Assume pessoalmente pesquisas e análises
de mercado.
Planejamento e Monitoramento Sistemático
- Planeja dividindo uma tarefa de grande
porte em subtarefas;
- Desenvolve planos que prevêem
obstáculos;
- Usa uma abordagem lógica e sistemática
para as atividades.
Estabelecimento de metas claras e objetivas
- Estabelece metas e objetivos que são
desafiantes e que têm significado pessoal;
- Estabelece metas de curto prazo,
mensuráveis, e objetivos de longo prazo,
claros e específicos.
Correr riscos calculados
- Avalia alternativas e calcula riscos
deliberadamente;
- Age para reduzir riscos e controlar
resultados;
- Coloca-se em situações que implicam
desafios ou riscos moderados.
Exigência de Qualidade e eficiência
- Procura maneiras para fazer as coisas mais
rápido e com custo menor;
- Usa informações ou ferramentas de gestão
para aumentar a eficiência;
- Age de maneira a fazer as coisas que
satisfazem ou excedem padrões de
excelência.
Persistência
- Age rapidamente ou muda para uma
estratégia alternativa para enfrentar um
desafio ou superar um obstáculo;
- Despende esforço pessoal para completar
uma tarefa.
Comprometimento
- Assume responsabilidade pessoal pelo
desempenho ao atingimento de metas e
objetivos;
- Esmera-se em manter os clientes satisfeitos
e coloca em primeiro lugar a boa vontade em
longo prazo acima do lucro em curto prazo.
Independência e Auto-confiança
- Busca autonomia em relação a normas e
controles dos outros;
- Expressa confiança na sua própria
capacidade de completar uma tarefa difícil.
Persuasão e Rede de contatos - Utiliza estratégias deliberadas para
influenciar ou persuadir os outros;
- Utiliza pessoas chave como agentes para
atingir seus próprios objetivos.
Fonte: Morales (2004, p.82).
27
Tais características podem ser comparadas àquelas sugeridas por Hisrich e Peters
(2004), citadas o item 2.2, que também referem-se ao empreendedor como um ser que
assume-se como organizador, criativo, desafiador, comprometido, confiante. Entende-se,
portanto, que a linha de pensamento destes autores - McClelland (1951) e Hisrich e Peters,
(2004) assemelham-se, ou seja, caracterizam e definem o empreendedor de forma
semelhante.
2.2.2 O talento empreendedor
Segundo Cury (2003), as crianças, na sua maioria, são empreendedoras natas até os
cinco anos de idade, e este talento empreendedor parece que começa a se perder ou acabar
quando entram para a escola. Após esta idade, a maioria passa a ser cidadão comum, vivendo
o quadrado mental onde são moldadas a fazer as coisas de acordo com o princípio dos outros
e começam a perder sua criatividade, aprendem a ter medo e ficam restritas ao mundo
tecnicista dos adultos, que lhes corta a capacidade de criar, de ter iniciativa, de buscar
autonomia, de desenvolver sua independência e autoconfiança.
Substituem a iniciativa e a coragem que têm até esta idade pelo medo de errar, de
fracassar, de reprovar, de perder, e desenvolvem, no lugar destas características, o pavor por
não conseguirem resolver todos os problemas que lhes são impostos. Conseqüentemente,
passam a ser obedientes e retraídas no mundo que molda sua capacidade de agir e pensar,
tirando destas crianças a coragem e a vontade de romper barreiras e, ao invés de dar passos
para frente, começam a cair num processo de entropia, isto é, dar passos para trás, retroceder,
se auto-decompor, procurando buscar a zona de conforto ou uma falsa segurança através do
emprego ou outra atividade estável, a não ser o próprio negócio.
28
E isto pode vir a ocorrer em função de um sistema familiar, escolar, religioso e
tecnológico que tolhe, na maioria das crianças, o poder de realizar e de fazer as coisas do jeito
que querem e pensam. É claro que existe o processo educativo e que as crianças precisam
saber os seus limites, porém, normalmente este sistema vertical molda-as para serem
obedientes, colocando-as em seus limites.
Cury (2003) comenta que formar crianças e adolescentes livres e empreendedoras é
um belo desafio nos dias de hoje, devido à problemática em que os pais escondem seus
sentimentos dos filhos e os filhos escondem suas lágrimas dos pais, e os professores se
ocultam atrás do giz. A produção de conhecimento se multiplicou, mas as novas gerações não
estão sendo formadas para pensar e ter iniciativa empreendedora, e sim para repetir
informações. Os seres humanos tornam-se máquinas de trabalhar e transformam as crianças
em máquinas de aprender, sem um sentido claro ou um objetivo específico.
Baseando-se nestas afirmações, Cury (2003) apresenta questionamentos:
a) Aprender o quê?
b) Por quê?
c) Por que estudar?
d) Aonde se quer ir com o aprendizado?
Todo jovem idealiza o ensino superior, porém, poucos sabem por que o estão
cursando. O que querem com a faculdade? E a grande maioria acaba disputando miseráveis
empregos públicos ou subempregos privados com o sonho da estabilidade plena.
Como afirma Cury (2003), o processo educativo deveria ser como pensam os
professores fascinantes, ao contrário dos outros:
“Os professores fascinantes objetivam que seus alunos sejam líderes de si
mesmos proclamam de diversas formas em sala de aula aos seus alunos:
- Que vocês sejam grandes empreendedores.
- Se empreenderem, não tenham medo de falhar.
- Se falharem, não tenham medo de chorar.
- Se chorarem, repensem as suas vidas, mas não desistam.
- Dêem sempre uma nova chance a si mesmos. ”
29
Quando as dificuldades abatem seus alunos, quando a economia do país está em
crise, quando os problemas sociais e políticos se avolumam, eles novamente proclamam:
“Os perdedores vêem os raios, os vencedores vêem a chuva, e com ela, a
oportunidade de cultivar. Os perdedores paralisam-se diante de suas perdas e
frustrações, os empreendedores de sucesso vêem a oportunidade de mudar tudo
de novo e o fracasso é a forma de mudança para o sucesso. Nunca desistem de
seus sonhos e de suas metas” (Cury, 2003, p.75).
O autor enfatiza a importância de preparar os filhos e os alunos para explorarem o
desconhecido, para não terem medo de falhar. Ensinar a conquistar experiências originais
através da observação de pequenas mudanças e da correção de grandes rotas. Novos estímulos
estabelecem uma relação com a estrutura cognitiva prévia, gerando novas experiências, assim
se formam e atuam os empreendedores de sucesso.
Piaget (1996, apud Cury, 2003) apregoa que novas experiências propiciam um
crescimento intelectual e levam os jovens a ter flexibilidade no trabalho e na vida, poisnão
muda de idéia quem não é capaz de produzi-la. O autor aposta na lágrima como uma lição de
vida. Se a educação não for reconstruída, as sociedades modernas se tornarão um grande
hospital psiquiátrico e pouco haveria de progresso no desenvolvimento de comportamentos
empreendedores.
Dolabela (1999) afirma que, para o senso comum, as características empreendedoras
do ser humano são inatas e, portanto, uma minoria eleita nasceria com esse dom, enquanto
uma maioria menos privilegiada estaria fadada a submeter-se às vontades e ordens de
terceiros.
Felizmente, um trabalho difícil, solitário e muitas vezes anônimo de profissionais
que acreditam ser possível formar empreendedores e empresários de sucesso a partir de
técnicas especiais, oriundas de aprendizado e são estes profissionais natos ou adquiridos no
aprendizado que tornam possível o desenvolvimento com sucesso de instituições públicas e
30
privadas, realizando uma verdadeira revolução econômica e social, por vezes silenciosa, para
a maior parte da população e, infelizmente, também para os formadores de opinião.
Portanto, é possível formar um empreendedor, mesmo não tendo nascido com tais
características, pois isso depende muito da formação inicial da criança e do jovem. Mesmo
que a pessoa não possua tais características comportamentais, é possível desenvolvê-las
conscientemente. O movimento do empreendedorismo traz um novo perfil para o
desenvolvimento, ainda mais nessa fase vindoura de mudanças político-estruturais no
governo, beneficiando a população tanto no aspecto social, através da geração de empregos,
quanto no aumento de divisas. Os empreendedores são as molas propulsoras em qualquer país
do mundo (McClelland, 1951).
O autor identificou um elemento psicológico que denominou “motivação” para a
realização ou desejo de melhorar. McClelland (1951) verificou que os elementos motivadores
podem realizar mais e fazer acontecer coisas consideradas, por muitos, impossíveis; ele
definiu, ainda, três bases motivacionais que impulsionam os empreendedores:
a) Realização: é a satisfação do empreendedor de ver as coisas feitas, segundo sua
vontade, seus princípios e sua visão.
b) Afiliação: é o altruísmo, a busca do bem estar das outras pessoas, de acordo com
suas obras;
c) Poder: é a capacidade de influenciar os outros e usar a rede de contatos para
atingir seus próprios objetivos, de controlar opiniões públicas para que as coisas sejam feitas
do modo como o empreendedor quer.
Além dos empreendedores, existem os intra-empreendedores, que trabalham num
nível de motivação diferente, em que sua realização está mais nas bases do poder e na
afiliação (Hisrich e Peters, 2004). São bases motivacionais, em que o foco gira em torno de
atingir seus objetivos, usando pessoas e suas redes de contato, onde os que têm a base
31
afiliativa ficam neutros, não gostam muito de ser destaque e de aparecer em público na mídia
e, normalmente, prestam um grande serviço comunitário. O bem-estar dos outros é a sua
realização pessoal.
Enquanto os que têm a base forte no poder usam as pessoas, agregam grupos e se
utilizam deles para atingir seus objetivos. Neste contexto, normalmente se enquadram os
políticos de um modo geral.
Os empreendedores de sucesso concentram sua energia na satisfação da necessidade
de se superar. os intra-empreendedores necessitam de liberdade para trabalhar. Quando não
a tem, fundam seu próprio negócio. Os empreendedores sobrevivem em meio a milhões de
pessoas como alguém que se diferencia por suas idéias, iniciativa própria, capacidade de ouvir
e aprender em sua caminhada, e por não errar nos mesmos lugares que errou anteriormente
(Hisrich e Peters, 2004).
Barros, Fiúsa e Ipiranga (2006) indicam que as empresas que atuam dentro de um
contexto empreendedor apresentam características peculiares voltadas para uma estrutura
simplificada, com foco nas atividades operacionais que exigem uma gama maior de recursos e
de pessoas. Essas empresas são identificadas também pela presença de uma liderança única,
com uma visão definida e com objetivos claros e que estrutura essa organização de forma a
possibilitar a consecução de seus intentos pessoais. A sobrevivência e o sucesso sustentável
de um empreendimento requerem uma combinação de criatividade e de capacidade de
execução do dirigente. Segundo Bhide (1994, apud Barros, Fiúsa e Ipiranga, 2006) os
empreendedores não podem depender apenas de investimento em novos produtos ou da
antecipação de tendências. Precisam também executar bem, especialmente se seus conceitos
possam ser copiados facilmente. O empreendedor sempre está presente ou acompanha todas
as fases do negócio no intuito de garantir a implementação das ações adotadas, a fim de
alcançar seus objetivos visionários. A persuasão é um atributo presente na liderança
32
empreendedora e necessária para fazer fluir suas decisões dentro da empresa, na busca de sua
aceitação.
Schumpeter (1982) entende que os empreendedores não acumularam nenhum tipo de
bens, não criaram meios de produção, mas aproveitaram os já existentes e os empregaram de
maneira diferente, mais apropriada. E o autor diz que um empreendedor deixa de -lo à
medida que deixa de inovar e criar.
Drucker (1991) levou mais adiante, identificando o espírito empreendedor como a
própria administração. Dizendo que o ato de empreender é um ato de aceitação de risco. E a
empresa é uma instituição onde ele pratica suas ações comportamentais.
Ainda Schumpeter (1982) afirma que sem inovação não empreendedores, sem
investimentos empreendedores não retorno de capital e o capitalismo não se
propulsionaria.
Hisrich e Peters, (2004) consideram a visão da forma de estratégia dos
empreendedores desta maneira:
1. A estratégia existe na mente do empreendedor como perspectiva,
especificamente um senso de direção em longo prazo, uma visão do futuro
da organização.
2. O processo de formação da estratégia é, na melhor das hipóteses, semi-
consciente, enraizada na experiência e na intuição do líder, quer ele
conceba a estratégia ou a adota de outros e a interiorize em seu próprio
comportamento.
3. O líder promove a visão de forma decidida, até mesmo obsessiva, mantendo
controle pessoal da implementação para ser capaz de reformular aspectos
específicos, caso necessário.
33
4. Portanto, a visão estratégica é maleável e, assim, a estratégia
empreendedora tende a ser deliberada e emergente deliberada na visão
global e emergente na maneira pela qual os detalhes da visão se
desdobram.
5. A organização é igualmente maleável, uma estrutura simples, sensível às
diretivas do líder; quer se trate de uma nova empresa, uma empresa de
propriedade de uma pessoa ou uma reformulação em uma organização
grande e estabelecida, muitos procedimentos e relacionamentos de poder
são suspensos para conceder ao líder visionário uma ampla liberdade de
manobra.
6. A estratégia empreendedora tende a assumir a forma de nicho, um ou mais
bolsões de posição no mercado protegidos contra as forças de concorrência
direta.
O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa, o impulso
fundamental que aciona e mantém o motor capitalista. Nesse sentido, a relação entre
empreendedorismo e desenvolvimento econômico é representada pela inovação, seja pela
criação de novos produtos ou serviços, seja pela forma diferente de fornecê-los; pelo
desenvolvimento tecnológico e pela capacidade de gerar novos empregos, estimulando o
mercado de trabalho.
2.2.3 Características do empreendedor
Dolabela (1999) argumenta que as grandes perguntas que os pesquisadores se fazem
são: quais são as características dos empreendedores de sucesso? Eles têm algo que os
diferencia dos outros? Hoje, há muita concordância entre os pesquisadores e estudiosos sobre
34
as características dos empreendedores de sucesso: traços da personalidade, atitudes e
comportamentos que contribuem para alcançar o êxito nos negócios. Mas por que essa
preocupação em identificar o perfil do empreendedor de sucesso? Para que se possa aprender
a agir, adotando comportamentos e atitudes adequadas.
É importante ter-se a consciência, entretanto, de que ainda não se pode estabelecer
uma relação absoluta de causa e efeito. Ou seja, não se pode afirmar que uma pessoa dotada
de tais características irá, necessariamente, alcançar o sucesso como empreendedora. Pode-se
afirmar que, se determinada pessoa apresenta as características e aptidões mais comumente
encontradas nos empreendedores, mais chance terá de ser bem-sucedida.
Dolabela (1999) afirma ainda que a pesquisa sobre empreendedorismo é
relativamente recente e está ligada à grande importância que a pequena empresa exerce no
quadro econômico do mundo atual. Este ramo do conhecimento está ainda em uma fase pré-
paradigmática, já que não existem padrões definitivos, princípios gerais ou fundamentos que
possam assegurar de maneira cabal o conhecimento na área. Questões cruciais, como se é
possível ensinar alguém a ser empreendedor e quais as características determinantes no
empreendedor de sucesso não encontraram ainda respostas definitivas.
Muitas informações sobre empreendedores são encontradas nos Manuais do
EMPRETEC - Programa de Empreendedorismo das Nações Unidas, aplicado hoje no Brasil
através do Sebrae, em forma de treinamento. Este Programa é trabalhado com base em autores
como David McClelland, por meio de um direcionamento sistematizado, enfocando as
principais características dos empreendedores.
O Empretec constiui-se em reconhecido Programa de formação de Empreendedores,
atuando nos mais diversos municípios, incluindo Pinhalzinho e região; desta forma, inclui-se
sua apresentação neste Referencial Teórico.
35
2.2.4 O perfil do Comportamento Empreendedor
Drucker (1991) aponta algumas características que identificam o comportamento do
empreendedor:
a) Busca da mudança o empreendedor sempre está buscando a mudança e a
explora como uma fonte de oportunidade.
b) Capacidade de inovar contempla os recursos como uma nova capacidade de
criar riqueza, sendo o instrumento próprio do espírito empreendedor.
c) Senso de missão mantém um profundo senso de missão a cumprir,
estabelecendo-a através da definição dos produtos a serem produzidos e de quais mercados
serão atendidos.
d) Estabelecimento da cultura estabelecem e mantém a cultura de sua
organização através de suas ações, valores e crenças, mostrando o que deve ser feito e o que
não deve ser feito.
Conciliar as teorias de Hisrich e Peters (2004), McClelland (1951) e Drucker (1991)
é alinhavar um mesmo pensamento a respeito do conceito de empreendedor, uma vez que os
três autores configuram este sujeito com características como oportunidade, riscos, desafios,
criação, enfim, como identifica Morales (2004, p. 83), “o papel do ‘agente de mudança’, a
força que inicia e implementa o progresso material, hoje nós reconhecemos que tem sido, e
continuará sendo cada vez mais, o empreendedor”.
Morales (2004) reforçou o argumento de que o empreendedorismo faz a grande
diferença para a prosperidade econômica. Países sem altas taxas de criação de novas empresas
correm o risco de entrar em um processo de estagnação econômica, e os empreendedores são
responsáveis por novas empresas. Nesse contexto o “empreendedor foi quase transformado
numa espécie de herói moderno” (Lopes, 1999).
36
Existem várias outras referências à importância dos empreendedores no
desenvolvimento econômico e social na literatura, porém, não se questiona se o empreendedor
é ou não importante no desenvolvimento econômico (isto assume o papel de axioma na
atualidade), mas sim, como apoiá-lo na atividade empreendedora, o que tem justificado a
elaboração de inúmeros estudos sobre o tema. Esta proposição é reforçada por Baumol
(1968), que afirma que há muito tempo o empreendedor foi reconhecido no topo da hierarquia
dos fatores que determinam o comportamento da empresa, assumindo, conseqüentemente, um
papel fundamental no desenvolvimento econômico e social.
Em face disto, Baumol propôs que o empreendedor deveria ser estudado de forma
multidisciplinar, não somente pela perspectiva da economia ou da administração de empresas.
Dolabela (1999) afirma que “não se pode dissociar o empreendedor da empresa que
criou (...) pois a empresa tem a cara do dono”; também por esta colocação entende que os
“padrões de personalidade em um empreendedor exercem uma influência dominante no
sucesso subseqüente de seu empreendimento”. Em outras palavras, para entender o
comportamento da empresa é preciso compreender a personalidade do empreendedor.
Segundo Vesper (1982, apud Hisrich e Peters, 2004), no campo da psicologia, a
análise recai sobre o que move os empreendedores, o que os direciona e faz com que sejam
atraídos pela atividade independente, quais são suas características em termos de
comportamentos, suas atitudes mentais, e até mesmo que crenças e valores diferenciam os
empreendedores de outras pessoas.
A Psicologia procura, também, identificar se é possível construir instrumentos e
técnicas capazes de apontar potenciais empreendedores, assim como a possibilidade de se
desenvolver características empreendedoras e por quais metodologias. Mesmo analisando o
empreendedor apenas pela perspectiva da psicologia, o campo de estudo é amplo.
37
Quem é um empreendedor? O que é empreendedorismo? Essas perguntas que são
feitas com freqüência refletem o crescente interesse nacional e internacional nos
empreendedores, em quem eles são e como eles causam impacto em uma economia. Apesar
de todo este interesse, uma definição concisa e internacionalmente aceita ainda não surgiu. O
desenvolvimento da teoria do empreendedorismo é paralelo, em grande parte, ao próprio
desenvolvimento do termo. A palavra entrepreneur, conduzida para empreendedor, quer
dizer: indivíduo que se arrisca e dá início a algo novo.
2.3 Histórico do Empretec - Desenvolvimento de programas de Treinamento para
Empreendedores
O Projeto Empretec foi originalmente lançado pelo Centro de Corporações
Transacionais das Nações Unidas em 1988. Hoje, ele é conduzido pela Divisão de Governo,
Administração Pública e Finanças do PNUD, em conjunto com a UNCTAD. O projeto foi
implantado no Brasil no ano de 1990, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
tendo como entidades executoras o BADESUL (Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio
Grande do Sul) e o BADESC (Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina),
respectivamente.
A partir de agosto de 1993, o SEBRAE (Serviço de Apoio à Micro e Pequena
Empresa), por meio de parceria com o PNUD e com a ABC - Agência Brasileira de
Cooperação, passou a ser Entidade Executora em nível nacional, após a assinatura do Projeto
de Cooperação Internacional com as Nações Unidas e a ABC.
Por meio desta parceria, o SEBRAE absorveu o Projeto, que se destaca como um dos
de maior sucesso das Nações Unidas na área de apoio ao setor privado, por meio do
38
treinamento empresarial, da assistência técnica e da constituição de redes de serviços para
pequenas empresas de países em desenvolvimento.
Os estudos sobre empreendedorismo que levaram ao início do Programa Empretec
originaram-se a partir de uma análise da palavra “empreendedor”, que substituiu ‘pequeno
empresário”, na linguagem do dia-a-dia, e passou a ser ostentada com orgulho por pessoas
que consideravam outrora o “comércio” como o campo para os incapacitados a uma carreira
administrativa ou profissional. Nestes estudos, McClelland (1951) e outros pesquisadores, em
diversos países do mundo, buscaram sistematizar quais são as qualidades pessoais que
caracterizavam o empreendedor de sucesso, e montaram a base teórica do Programa
Empretec, que passou, então, a ser adotado por importantes instituições internacionais como
um eficaz instrumento de desenvolvimento empresarial.
Seminários de fim-de-semana e programas de treinamento têm florescido da mesma
maneira, e uma contagem recente identificou dez grandes institutos norte-americanos que
oferecem esses programas para enormes audiências, seja em vel nacional ou regional, de
candidatos a empreendedores.
Esses programas são enfáticos quanto à distinção que traçam entre desenvolvimento
da capacidade empreendedora e capacidades de administração empresarial. Embora nenhum
deles pareça ter por fundamento qualquer base sólida de pesquisa, e poucos se preocupem em
medir o seu impacto de alguma maneira sistemática, cada um deles se vangloria de um
número de realizações bem-sucedidas e cita testemunhos elogiosos de participantes.
Essa revolução não passou despercebida aos olhos dos governos e de pessoas do
mundo em vias de desenvolvimento. Frustrados por um decepcionante desempenho
econômico, perturbados pelo tamanho aparentemente crescente, assim como o desempenho
decrescente das empresas do setor público, além de preocupados com taxas de desemprego
perigosamente altas e impressionados pelo “milagre econômico” de lugares como Singapura,
39
Hong Kong e Coréia, muitos países estão procurando suas respostas no auto-emprego.
Projetos de pequenas empresas e outros geradores de renda têm crescido de maneira
substancial em relação aos projetos de infra-estrutura e seguridade social nos portfóhos da
maioria das agências de cooperação e de muitos governos dos países menos desenvolvidos.
Ao contrário da preocupação nos países desenvolvidos, que enfoca situações tais
como inovação tecnológica, a atenção dos países menos desenvolvidos focaliza as questões
mais básicas da aceitação em incorrer riscos, reunir recursos e engajar-se em transações
comerciais, ou seja, as questões associadas à criação de uma cultura de empresa particular.
As Agências de Cooperação, ao mesmo tempo em que proporcionavam componentes
importantes para promover o desenvolvimento da pequena empresa, no entanto, não
enfocavam o próprio empreendedor, sendo o empreendedor a pessoa que iria viabilizar a
obtenção de recursos, arriscá-los e administrá-los de maneira a estabelecer uma entidade
viável, sustentada e geradora de empregos. Não se encontrava ainda nenhuma maneira
confiável para identificar esse tipo de pessoas e não se sabia o bastante ainda sobre como
apoiar seus esforços. Essa era uma deficiência séria que impedia freqüentemente a
implementação eletiva de atividades existentes para o desenvolvimento de pequenas
erripresas nos países menos desenvolvidos.
Então, para que o Projeto alcançasse seus propósitos, ele foi dividido em etapas,
sendo que, na primeira, identificaram-se as características pessoais associadas a um
empreendedor bem sucedido em diversos contextos de países em desenvolvimento. A
segunda etapa referiu-se ao desenvolvimento de instrumentos capazes de prever aqueles
empreendedores mais aptos a ter sucesso nos negócios. Em um terceiro momento, foram
identificados e avaliados os programas de treinamento comportamental destinados a melhorar
o desempenho empresarial de empreendedores atuais e potenciais.
40
Para a consecução de todas as etapas dentro dessa pesquisa, uma primeira
investigação revelou apenas uma abordagem dominante do treinamento comportamental
(Treinamento em Motivação pela Realização) e essa abordagem havia sido extensivamente
avaliada. Essa mesma investigação indicou a forte preferência, por parte dos práticos, em
promover o treinamento comportamental mais avançado nesse Workshop para
Empreendedores.
Sendo assim, a partir da pesquisa da MSI - Management Systems International
2
, o
projeto passou a sofrer correções de rumo para incluir o desenvolvimento de um novo
programa de treinamento comportamental baseado numa pesquisa secundária, na revisão de
programas existentes e na pesquisa desenvolvida pela McBer & Company
3
. Deste modo,
foi possível proceder a aplicação desse programa no contexto de um país em vias de
desenvolvimento, assim como a realização de uma avaliação de seu impacto (Shumpeter,
2002).
2.3.1 Determinação de critérios e medições do sucesso do Empretec
Gerou-se uma considerável controvérsia em torno dos critérios do sucesso.
Concretamente, a discussão diz respeito à extensão com a qual vários indicadores apreendem
os benefícios mais importantes para um empreendedor ou a sociedade. Por exemplo, o
emprego (um possível índice) diminui freqüentemente com investimentos maiores, e uma
medição confiável da produtividade e dos lucros (outros índices possíveis) é difícil e ignora os
muitos outros meios através dos quais empreededores bem-sucedidos obtêm uma renda de
seus empreendimentos.
2
Empresa especializada no desenvolvimento e capacitação de empresários e pequenos negócios, sediada em
Washington, nos Estados Unidos.
3
Empresa do Dr. McClelland, localizada em Boston (EUA).
41
O fracasso é, no nimo, tão difícil de operacionalizar e medir quanto o sucesso. A
principal dificuldade implicada é a determinação do intervalo de tempo apropriado, no qual
apreender e verificar os lucros. O comportamento empreendedor é geralmente considerado
como sendo um processo que se manifesta com o tempo. Aqueles empreendedores que
acabam tendo sucesso conheceram usualmente vários fracassos.
Assim, pode-se questionar se um fracasso inicial constitui realmente um fracasso ou
um passa necessário no processo de empreender.
2.4 Desenvolvimento Local e Regional
Tem-se, hoje, a partir de uma nova concepção acerca do tema ‘desenvolvimento
local e regional’, uma visão complexa que combina as dimensões espacial, social e individual,
e que supera o acúmulo de bens, riquezas e crescimento.
O desenvolvimento local e regional deve-se à transformação do território em um
ambiente embasado pela coletividade, que passa por um processo de fortalecimento da
sociedade civil, entendida como comunidade. A localidade e a região são definidas, por
Barbosa e Miotto (2006, p.2), como um “território organizado que tem em si os fatores reais
ou potenciais de seu próprio desenvolvimento”.
2.4.1 O mundo em tempos de desenvolvimento
Os países desenvolvidos e em desenvolvimento vêm conhecendo, de duas décadas
para cá, uma realidade ainda instável de mudança estrutural com nível avançado.
Apresenta-se uma reestruturação tecnológica e organizacional que abala todas as formas de
42
produção, organização e gestão empresarial, assim como a própria estrutura do Estado, sua
regulação socioinstitucional e seu funcionamento.
Essa reestruturação tecnoeconomica e organizacional, na visão de Llorens (2001),
implica numa mudança de caráter social, cultural e econômico, já que surgem inovações que
vêm para evoluir no que diz respeito à produção, nascendo novos setores e atividades
econômicas. E não se pode deixar de mencionar o caráter transformador deste processo, com
movimentos de desestruturação e reestruturação, tendo em vista desinvestimento e, ao mesmo
tempo, reinvestimento de capitais, considerando o avanço tecnológico, o equilíbrio ambiental
e a extinção parcial de empregos.
Acredita-se que toda esta transformação seja possível, e é exatamente o que propõem
os estudiosos em Desenvolvimento Sustentável, que pode ser definido como: "equilíbrio entre
tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos
diferentes países na busca da equidade e justiça social" (Mendes, 2006).
Pode-se ainda mencionar que a freqüência e o ritmo destas mudanças, dentro deste
equilíbrio ambiental sugerido por Mendes (2006), mostram-se diferentes em cada caso, em
cada região, porém, tal transição é inevitável, pois se apresenta em escala mundial, com
efeitos diferenciados, segundo as circunstâncias e a localização de cada economia, o que gera
uma nova política com recursos suficientes para enfrentar tais desafios, a partir da
especificidade de cada território.
Mendes (2006) aponta para condições que vêm, significativamente, contribuindo
para esta remoção da base produtiva em variados sistemas econômicos territoriais:
* a transição para um sistema tecnológico avançado, que concretiza a atual revolução
tecnológica;
* a inserção praticamente definitiva da microeletrônica, que permite um processo
econômico de funcionamento em rede, trabalhando em tempo real;
43
* mudanças radicais nos métodos de gestão empresarial;
* a variedade e renovação constante nos produtos e a busca pela qualidade como
sendo uma estratégia de competitividade;
* a precisão na identificação da demanda de mercado;
Diante de tantas exigências, surge a necessidade de adotar medidas eficientes em
nível interno, ou seja, na reorganização e na modificação da oferta produtiva e da gestão
empresarial.
Acrescenta-se à tamanha mudança estrutural e tecnológica o fato de a economia
mundial fazer parte de uma crescente globalização de importantes setores de economia
internacional, num contexto caracterizado pela desregularização financeira, grande abertura
externa de todas as economias, urgência de blocos geoeconomicos, como refluxo ao
surgimento de tantas exigências competitivas. Ainda, tamanhas transformações lançam um
grande desafio à eficiência produtiva.
Ante as inúmeras e exigentes modificações, pode-se afirmar que o sistema produtivo
mundial está constituído por um conjunto heterogêneo de atividades, parte das quais integram
o núcleo globalizado no mesmo, junto a outros núcleos variados de atividades que se
desenvolvem em mercados locais, envolvidos por micro, pequenas e médias empresas
(Llorens, 2001).
Entretanto, não se pode confundir o processo de mudança estrutural com as
exigências da globalização, embora exista uma interdependência entre ambas, ou seja, o
avanço tecnológico tem muita influência no processo de globalização, da mesma forma que as
grandes exigências de competitividade nos mercados internacionais induzem a adotar
inovações para alcançar maiores níveis de eficiência produtiva. Assim, evidenciam-se esferas
diferentes a tais processos, sendo que as mudanças estruturais tratam essencialmente de
44
produção; a globalização refere-se, em suma, à circulação nos mercados internacionais e às
exigências relativas à competitividade.
Seria um grande erro simplificar as diferenças do sistema mundial, reduzindo-o,
unicamente, ao núcleo globalizado do mesmo. Como foi citado (Llorens, 2001), não existe
um único mercado globalizado. A lógica do funcionamento nos setores do núcleo globalizado
não é a mesma que caracteriza as diversas atividades que compõem a grande maioria da
produção mundial em diferentes territórios.
Sintetizando, este modelo puramente capitalista que se instala no contexto produtivo
e organizacional mundial leva as empresas a incrementar suas expectativas de rentabilidade
nos negócios e competitividade. Para tanto, aumenta a necessidade de aperfeiçoamento do
sistema produtivo e exige-se um modelo organizacional tecnológico que acompanhe e embase
estes distintos sistemas produtivos territoriais e locais (Llorens, 2001).
2.4.2 Do conceito de Progresso à abrangência do Desenvolvimento
Após o estudo de autores como Llorens (2001), Morales (2004), Mendes (2006),
acerca do tema Desenvolvimento local, que vem se concretizando de duas décadas pra cá, em
termos de produtividade e organização, e a globalização, que ocupa lugar de excelência no
vocabulário mundial, muito que se refletir sobre os paradigmas atuais do desenvolvimento,
comparados com as bases evolutivas mais antigas.
Ao se analisar a palavra "progresso", muito usada por integrantes do governo,
imediatamente vem à mente muitos significados: cidades, indústrias, usinas, estradas,
máquinas e tantos outros frutos do progresso, que ainda estão por vir e que nem se imagina
que existirão. Todo este processo de evolução traz muitas vantagens ao ser humano, pois
melhora a qualidade de vida, de uma forma ou de outra, trazendo algumas comodidades,
45
como o transporte, a comunicação, a saúde. Porém, volta-se para outro questionamento: com
tantas coisas boas, qual é o preço que a humanidade paga por tudo isso? Impossível pensar em
tantas vantagens, sem que haja preço algum (Mendes, 2006).
Da maneira como vem se expandindo, o progresso está comprometendo o ambiente,
de forma a contribuir para uma gradativa destruição do Planeta Terra. É por isso que o assunto
“desenvolvimento” não diz respeito somente a progresso, evolução, crescimento e
globalização. O conceito é muito mais abrangente e implica em muitas outras pesquisas, para
que, daqui a alguns anos, esta globalização não seja contribuinte para o processo de
degradação do planeta.
No entanto, retornando um pouco no tempo, percebe-se que o termo
“desenvolvimento” deixou para trás o simplismo e passou a ter um conceito muito mais
complexo.
Mendes (2006) aponta que, na década de 40, o conceito de desenvolvimento estava
intimamente ligado ao termo “crescimento”. Sinônimo um tanto elementar e restrito, que
afastava a definição de desenvolvimento de seu verdadeiro contexto. Mas, qual a diferença
entre crescimento e desenvolvimento? O termo crescimento diferencia-se pelo fato de não
conduzir, automaticamente, à igualdade nem à justiça social, já que o engloba nenhum
outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de bens e riquezas, ou seja, pensa na
evolução isoladamente, sem preocupar-se com as conseqüências que isso pode causar. Já o
desenvolvimento, por sua vez, considera a geração de riquezas, sim, mas tem o objetivo de
distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida da população, de expandir a produtividade e
aumentar a competitividade, primando sempre pela alta qualidade, não da produção, mas
também do planeta.
E o Desenvolvimento Sustentável está relacionado, hoje, a um construtivismo que
prima o subjetivo, o valórico, o sistêmico. E não se pode deixar de mencionar o marco
46
construtivista endógeno, ou seja, dependente da autoconfiança, primando pela capacidade de
criação, de mobilização interior. Mas é importante que fique claro que nos processos de
transformação estrutural e de avanço, é preciso combinar os fatores e recursos locais com os
externos. O que determina, de fato, o processo de desenvolvimento endógeno é justamente
essa capacidade que a localidade deve ter de controlar as mudanças ocorridas na região.
Então, os grandes grupos organizacionais, por si só, não têm grande influência no
desenvolvimento local, mas, se combinados com as estratégias previamente definidas, podem
ter papel vital neste processo (Mendes, 2006).
O termo “desenvolvimento local” relaciona-se ao contexto em desenvolvimento a
partir de suas potencialidades, pois se diz que uma comunidade está em desenvolvimento a
partir do momento que torna dinâmica suas potencialidades” (Franco, 2000, p.29). Usa-se a
palavra desenvolvimento baseando-se, assim, nos sinônimos aflorar, desenrolar, desdobrar,
desenfrear, ou seja, dinamizar uma potencialidade.
Associados ao desenvolvimento local estão as inovações e as mobilizações coletivas,
articuladas com as potencialidades locais.
“As comunidades procuram utilizar suas características específicas e
suas qualidades superiores e se especializar nos campos em que têm uma
vantagem comparativa com relação às outras regiões”
(Harvey, 1996,
apud Franco, 2000, p.29).
E nunca se apostou tanto nas potencialidades como atualmente, ou seja, nunca se
teve tantos recursos, riquezas e fartura. Em contraposição a isso, nunca se teve também, tanta
poluição, desequilíbrio ambiental e nunca se provocou tantas queimadas. Diante desta
constatação, nasce o Desenvolvimento Sustentável, que busca conciliar o desenvolvimento
econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo (Franco,
2000).
Entretanto, pôr em prática os potenciais e instigar um processo de desenvolvimento
considerando todos estes fatores, exige o envolvimento de muitos potenciais. Primeiro, quais
47
são as reais disposições para tomar iniciativas? Qual é o envolvimento da população e o senso
de responsabilidade de cada envolvido? Qual é a disposição e o poder local e do governo de
apostar nas mudanças? Impossível pensar em desenvolvimento sem provocar mudanças, tanto
ambientais como sociais, que somente acontecem a partir da influencia da sociedade.
Também estão em questão os investimentos externos, a relação com o meio ambiente,
alocados a todas estas potencialidades citadas acima.
Os integrantes do grupo de trabalho da Agenda 21 (1996, apud Mendes, 2006)
apontaram que:
"A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma
forma sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente
sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas
próprias necessidades"
.
Isto significa que iniciar um processo de desenvolvimento respeitando as limitações
ecológicas, preservando a harmonia entre as espécies é uma garantia de que as gerações
futuras poderão desfrutar de todas estas maravilhas que a natureza oferece, e que são de suma
importância para a sobrevivência no planeta, de acordo com as necessidades (melhoria da
qualidade de vida e das condições de sobrevivência). Trata-se de um equilíbrio entre os
avanços tecnológicos e a vida saudável no planeta.
Se o objetivo está voltado para o desenvolvimento sustentável, como foi citado,
existem muitos motivos para se enfatizar as dimensões econômicas, sociais e ambientais.
Econômicas, no sentido de conjugar os recursos públicos e privados; sociais, primando pela
eqüidade na distribuição da riqueza e do emprego; e ambientais porque é necessário este
equilíbrio ambiental (Barquero, 2001). Então, reitera-se a preocupação entre conjugar a
necessidade de se manter a vida saudável e associá-la ao processo de Desenvolvimento
Sustentável.
A estratégia é baseada no desenvolvimento que não perde de vista as probabilidades
de turbulência e os desafios. A prática preocupa-se com a melhoria da infra-estrutura, com o
48
aprimoramento de fatores como aprendizado, qualificação, avanço tecnológico e
informatização. O nível organizacional também é evidenciado, tendo em vista a capacidade de
planejamento e de fixação de metas.
Cada contexto em desenvolvimento exige um tratamento específico, baseado nas
necessidades locais, considerando os anseios de cada ambiente. Territórios diferentes
requerem instrumentos adequados que atendam às necessidades em busca do bom
funcionamento da economia local e que incremente a capacidade de competir entre as
empresas. A intenção é, cada vez mais, evidenciar as capacidades de inovar, de qualificar o
sistema produtivo, a capacidade humana e o relacionamento entre os agentes promotores do
desenvolvimento. Ainda, fomenta-se a valorização do meio ambiente e o resgate histórico e
cultural (Barquero, 2001).
Também é de vital importância que se releve a política de desenvolvimento
endógeno, que trabalha com uma gestão que a torna operacional pelo apoio recebido de
organizações intermediárias, que prestam serviço às empresas e organizações. Ao contrário
das políticas tradicionais, que estão a cargo do estado, e recebendo o apoio financeiro
destinado às empresas que preenchem os requisitos fixados pela lei de incentivos (Barquero,
2001).
2.4.3 O Desenvolvimento Local como um processo de endogenia
Uma região ou localidade cujo desenvolvimento provém de recursos exógenos, ou
seja, de investimentos oriundos de fora da região, corre o risco de desprezar a cultura
empresarial local, dispensando recursos humanos de alto nível local, que poderiam contribuir
expressivamente com a região ou município.
49
O conceito de exogenia implica na instalação de empresas cuja matriz não pertence à
região. Geralmente são empresas de médio/grande porte, que se instalam em função de algum
atrativo que a região ou o local oferece, seja por razões logísticas ou pela disponibilidade de
recursos humanos habilitados.
No entanto, quando uma comunidade garante seu desenvolvimento e entende-se
hábil em adaptar-se à sua dinâmica local, regional e nacional de economia de mercado, ela
insere-se em um contexto de desenvolvimento endógeno. Planejado de forma estratégica, o
desenvolvimento endógeno está sendo, cada vez mais, usado para fortalecer a capacidade
local das comunidades de uma região, garantir um bom ambiente para investimentos e
aumentar a produtividade e a competitividade nos negócios. (Swinburn, Goga e Murphy,
2006).
No intuito de melhorar a qualidade de vida da população, criar novas oportunidades
econômicas e combater a pobreza, a comunidade precisa mostrar-se capaz de entender os
processos de Desenvolvimento Local, agindo estrategicamente neste mercado flexível, que
está sempre à mercê de mudanças e que é cada vez mais competitivo (Swinburn, Goga e
Murphy, 2006).
O Desenvolvimento Local pode ser conceituado como um processo endógeno de
transformação, que promove uma dinâmica na economia e melhora a qualidade de vida da
comunidade (Buarque, 2001). A expressão chave do Desenvolvimento endógeno é a interação
e a convergência. Trata-se de um processo onde o contexto local atua ativamente na criação e
formação de estratégias que influenciam sua dinâmica econômica. Portanto, o contexto local
não é apenas um receptor passivo das determinações dos empreendedores, pois ocorre uma
interação entre os setores público e privado, fundamental para garantir um equilíbrio entre as
opiniões que geram o desenvolvimento.
50
Assim, o papel dos agentes locais, juntamente com as formas de capital,
transformam-se em um processo de desenvolvimento coletivo, que ocorre dentro de um
território. A este conceito de desenvolvimento local articulado e interativo, dá-se o nome de
endogenia (Barbosa e Mioto, 2006).
Para garantir sua consistência e sustentabilidade, o desenvolvimento local precisa
explorar as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais. Da mesma
forma, deve também garantir a conservação ambiental e de recursos naturais locais, pois são
fatores que asseguram a qualidade de vida da população (Buarque, 2001).
No entanto, sabe-se que este desenvolvimento endógeno demanda um movimento de
organização e mobilização da sociedade local, de forma a explorar as suas capacidades e
potencialidades próprias, criando raízes efetivas na matriz socioeconômica e cultural da
localidade (Buarque, 2001).
2.4.4 Interação entre Desenvolvimento Local Sustentável e Globalização
Impossível citar desenvolvimento local sustentável e suas vantagens sem mencionar
os atores locais e suas potencialidades. Uma vez evidenciadas as conseqüências ambientais do
desenvolvimento sustentável e apontadas maneiras de se manter um equilíbrio ecológico sem
abalar o avanço mercadológico e organizacional mundial, torna-se relevante mencionar a
amplitude da realidade na qual está inserido o desenvolvimento local e regional e as forças
positivas e negativas atraídas por ele. Daí a importância de se trabalhar estas influências e
aproveitar os fatores dinamizadores externos.
Diante deste processo avançado de globalização e intensa transformação, o contexto
local se relaciona, direta e indiretamente, com o desenvolvimento regional e nacional, o que
51
traz oportunidades e ameaças, exigindo especialização nos segmentos em que apresenta
vantagens competitivas (Buarque, 2001).
É evidente esta influência global com o mercado local, uma vez que processos de
mudança econômica, tecnológica, institucional e ambiental determinam suas dificuldades,
mas também suas oportunidades.
Buarque (2001) avança, afirmando que:
“(...) globalização e desenvolvimento local não são alternativas opostas e
excludentes. Na verdade, constituem dois pólos de um mesmo processo
complexo e contraditório, exercendo forças de integração e desagregação dentro
do intenso jogo competitivo mundial.”
Deste ângulo, não se pode julgar a globalização apenas como expansão do capital
internacional. Pela sua natureza, é a instalação de novos paradigmas de desenvolvimento,
alterando padrões de concorrência e competitividade e redimensionando o mercado
capitalista.
Com estes novos moldes evolutivos, deslocam-se as vantagens de abundância de
recursos naturais, dos baixos salários e das reduzidas exigências ambientais para o domínio do
conhecimento e da informação, para a qualidade de produtos e serviços, usando e abusando da
tecnologia e dos recursos humanos.
Sendo um processo histórico, a globalização gera problemas e controvérsias. Assim
como o debate mundial sobre o tema aponta para os benefícios, elevando a nova civilização e
as grandes mudanças sociais, também evidencia a desorganização de velhos paradigmas e as
grandes transições. Ainda na afirmação de Buarque (2001, p.21),
“É verdade que os resultados da globalização, positivos ou negativos se
distribuem de forma muito desigual no planeta e embora crie problemas também
nas nações desenvolvidas, tem acentuado a concentração”.
Ao mesmo tempo em que a globalização unifica e padroniza o mercado e os
produtos, diversifica a economia e os mercados locais, articulando o local ao global através da
interação dos valores globais com os padrões locais.
52
Existe, então, um processo que se faz conflitivo pelo fato de homogeneizar o
mercado e diversificar a economia, integrando e articulando o local ao global.
“O global se alimenta do local, se nutre do específico” (Chesnais, 1996, apud
Buarque, 2001, p.22), de maneira a trabalhar num contexto de diversidades e antagonismos,
simultaneamente às articulações globais. Da mesma forma, o local se globaliza e estrutura
alianças estratégicas, em um grande e variado mercado, multiplicando suas oportunidades.
Entendendo estas oportunidades como dinâmicas e seletivas, a competitividade local
pode inserir-se no mercado internacional. Entretanto, para isso, é necessária uma organização
e uma estrutura local que atenda às demandas locais e regionais, com uma infra-estrutura
econômica, logística e de recursos humanos e tecnológicos. Deste sucesso surgem os laços
com o mercado a nível global.
Analisando o entrelace da cultura local com a globalização, surgem duas
interpretações dicotômicas que devem ser consideradas: a primeira fala do declíneo das
identidades locais, no momento em que a globalização promove a padronização; a segunda
interpretação, em oposição, diz que a identidade local se preserva, no momento em que se
expressa em nível mundial (Albagli, 1998, apud Buarque, 2001).
Utilizando as palavras de Buarque (2001, p.22), “(...) a globalização estaria
provocando mais o aumento da diferenciação e da complexidade cultural que a
homogeneidade e uniformidade planetária”. Entende-se que com o fortalecimento das
identidades locais, forma-se uma base concreta que induz ao processo de globalização e uma
reação das matrizes culturais locais aos fluxos de bens e produtos culturais.
Em síntese, pode-se concluir que o termo Desenvolvimento Local Sustentável
implica em muitos fatores que não podem ser desconsiderados. O primeiro fator é o
ambiental, que apesar de parecer o menos complexo, na verdade, é o mais preocupante, tendo
em vista que se trata do equilíbrio ecológico a nível mundial. Não é um fator local ou
53
regional, e sim, uma questão de sobrevivência, de garantia de vida saudável para as gerações
futuras.
Um segundo fator de grande influência é a globalização. Esta, por sua vez, trata de
desenvolvimento em âmbito planetário, ou seja, é um processo muito avançado de
internacionalização do capital com conotações muito particulares que resultam de dois itens
básicos: em primeiro lugar a natureza e intensidade da revolução científica e tecnológica, que
modifica os paradigmas competitivos internacionais; em segundo lugar a integração dos
mercados de bens e serviços, incluindo tecnologia e informação.
Por sua vez, a globalização não é apenas um novo modelo instável de
desenvolvimento, mas é a implantação definitiva de um novo paradigma de competitividade,
que modifica as condições de acumulação de capital e revoluciona as bases competitivas
atuais, sejam elas locais ou regionais.
Um terceiro fator que surge em conseqüência do processo de globalização é a
tecnologia e a implementação de novos modelos de produção e geração de renda. Trata-se de
uma reorganização produtiva e estrutural, responsável pelo avanço das empresas locais,
considerando que são estas que resultam em transações internacionais e movimentos
exteriores.
Em suma, encarar o desenvolvimento sustentável é uma ousadia necessária, ou seja,
não se pode evitá-lo e, para ingressar nesta nova era de evolução, é preciso encarar as
transformações e transições, tanto no setor produtivo como no organizacional, e entender que
sem esta reestruturação a nível local não subsídios suficientes para se falar em
globalização. Pois, se as vantagens competitivas se formam a partir de potencialidades e
investimentos de cada localidade, os atores sociais têm uma responsabilidade fundamental
para fluir este desenvolvimento. São eles que definem prioridades e articulam iniciativas e
54
ações internas e externas, utilizando, assim, dos recursos e instrumentos do Estado (Buarque,
2001).
55
3 METODOLOGIA
Este capítulo tem como foco a explanação das formas metodológicas que foram
utilizadas na pesquisa, definindo-se os métodos e as estratégias, juntamente com os
procedimentos para a análise e interpretação dos dados, colhidos junto à população-alvo, além
de avaliar e discutir uma linha dorsal da metodologia implantada.
3.1 Tipo de Estudo
Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem exploratória/qualitativa, com estudo de
caso, pois não enfocou somente o levantamento de dados secundários, mas efetuou-se
também uma investigação e interpretação no posicionamento dos agentes empreendedores
responsáveis pelo desenvolvimento do município de Pinhalzinho-SC.
Como o estudo que aqui se compõe não procura esgotar o tema, mas apenas levantar
novas hipóteses para futuros trabalhos, a característica exploratória do estudo de caso
mostrou-se ideal para sua realização.
Buscando informações para este método tomou-se por base Triviños (1987, p. 109),
que, tratando-se de estudo de caso, afirma que estes “permitem ao investigador aumentar sua
experiência em torno de determinado problema”. Neste caso haverá necessidade do
aprofundamento de uma realidade específica em buscas de informações que dêem
qualificação à continuidade da execução e planejamento da pesquisa, proporcionando, com
isso, uma mudança de idéia ou de rumo das investigações.
Lakatos e Marconi (1986, p. 18) definem estudos exploratórios como a “formulação
de um problema com a finalidade de aumentar a familiaridade do pesquisador com um
ambiente, fato ou fenômeno, para realização de pesquisas futuras mais precisas, modificar ou
56
clarificar conceitos”. A pesquisa exploratória permitiu, assim, conhecer as inter-relações entre
as propriedades do ambiente estudado, a fim de atender aos objetivos definidos para o estudo.
A pesquisa não é um processo que acaba com as informações levantadas, ela
continua sempre buscando permanecer como um posicionamento que representa a visão do
contexto do desenvolvimento em sua continuidade, pois novidades acontecem e situações se
modificam.
No caso da pesquisa qualitativa, ela apresenta de forma mais adequada uma visão
melhor na compreensão do problema, pois se trata de uma pesquisa não estruturada, baseada
em amostras, em informações de dados primários e secundários.
“Dados secundários são aqueles que foram coletados para outra finalidade e
podem ser encontrados em algum lugar. Dados primários são aqueles que foram
reunidos para uma finalidade especifica ou para um projeto específico de
pesquisa”.(Kotler, 2000, p. 128).
3.2 Método de Pesquisa
A presente pesquisa estudou o empreendedorismo enfocando o papel dos
empreendedores enquanto agentes do desenvolvimento local, tendo como objeto de estudo o
município de Pinhalzinho-SC. Como método para a realização deste estudo, utilizou-se
Pesquisa Bibliográfica, Documental e de Campo, com Estudo de Caso.
3.2.1 Pesquisa Bibliográfica
Adotou-se como referencial para este projeto, vários trabalhos sobre
empreendedorismo, vistos anteriormente, e o comportamento dos agentes empreendedores
como responsáveis no crescimento e desenvolvimento da comunidade, que foram levantados
57
através de pesquisa de campo, formulando um compêndio teórico e pesquisa apta ao
entendimento da problemática, comparando e avaliando os estudiosos tanto na área do
comportamento como nas áreas sociais e econômicas, destacando entre outros autores:
Dolabela (1999), Cury (2003), McClelland (1951), Bhide (1994), Schumpeter (1982) e
(2002), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a partir de 1993, O
Projeto Empretec (2002), as bases de estudos da MSI e McBer&Company em 1982, US
Today "Global Entrepreneurship Monitor Edição de agosto 2005" Drucker (1991), Morales
(2004), Lopes (1999) e Hisrich e Peters(2004).
3.2.2 Pesquisa Documental
Para melhor comprovação dos dados neste processo de busca de informações,
também foram compilados documentos pertinentes ao tema central de estudo, resgatados no
próprio município, anteriores e posteriores aos anos de 1982/83, data que marcou a história de
Pinhalzinho pelo fato de ser o início da Era Industrial. A partir desta delimitação do estudo,
realizou-se um comparativo histórico nesta divisão de datas, levantando dados que foram
importantes na clarificação do estudo. Estes dados foram extraídos de documentos como
Tabelas de Percentuais de Desenvolvimentos, Planos de Marketing de Empresas Privadas,
CD-ROM com dados de pesquisas, entre outros. Todos os documentos são advindos dos
órgãos públicos e entidades de classes, além da iniciativa privada.
3.2.3 Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo configura-se como exploratória, com estudo de caso. Para
Richardson (1999, p. 91), são estudos básicos que pretendem a detecção de “alguns aspectos
58
importantes que possam contribuir para a explicação do problema”, ou seja, para esta
pesquisa, saber quais as ações tomadas pelos agentes empreendedores públicos e privados,
para chegar ao êxito de um desenvolvimento em todas as esferas, desde a cidade ao interior.
Outra forma de caracterizar este estudo como pesquisa de campo é pelo fato de envolver
investigações nas próprias empresas estudadas, na pessoa de seus proprietários/fundadores,
assim como na Prefeitura Municipal, por meio do próprio Prefeito, e também na Associação
Comercial e Industrial, como forma de chegar até seu atual e antigos Presidentes.
Tendo uma visão mais ampla, pode-se dizer que a construção desta pesquisa foi,
inclusive, uma etapa de descobertas. A fase exploratória constituiu-se, sem dúvida, como um
dos momentos mais importantes. Compreendendo várias fases de construção de uma trajetória
de investigação:
a) a escolha do tópico de investigação;
b) a delimitação do problema;
c) a definição do objeto e dos objetivos;
d) a construção do marco teórico conceitual;
e) a escolha dos instrumentos de coletas de dados;
f) a exploração de campo; faz-se importante destacar que uma fase exploratória
conduzida de maneira precária trará grandes dificuldades à investigação como um todo.
Para a pesquisa de campo, foi utilizada uma amostragem de conveniência, com
empreendedores selecionados da esfera pública e privada, nas áreas de comércio, indústria,
serviços e agricultura, que se aplica a este procedimento, pois seria inviável uma entrevista
com toda a população do município, mesmo sendo de pequeno porte.
59
Quando se trata de pesquisa qualitativa, freqüentemente as atividades que compõem
a fase exploratória, além de antecederem a construção do projeto, também a sucedem. Muitas
vezes, por exemplo, é necessária uma aproximação maior com o campo de observação para
um melhor delineamento de outras questões, tais como os instrumentos de investigação e o
grupo de pesquisa.
O estudo em questão aproximou-se de fatos históricos, dados e pessoas influentes,
tendo como referência uma pesquisa qualitativa, apresentando-se como uma possibilidade de
se conseguir não uma aproximação com aquilo que se deseja estudar, mas também de criar
um conhecimento, partindo da realidade presente no campo de estudo.
As informações pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa foram obtidas através de
entrevistas semi-estruturadas, com roteiros pré-definidos, os quais permitiram um
direcionamento dos assuntos a serem abordados durante a conversa. Desta forma, as
entrevistas permitem ao pesquisador guiar-se “por uma relação de pontos de interesse que o
entrevistador vai explorando ao longo de seu curso” (Gil, 1999, p.120).
Portanto, foram estruturados cinco roteiros diferentes (anexos A, B, C, D e E), cada
um contemplando seu público-alvo: Empresários, Secretariado da Prefeitura Municipal,
Prefeito atual e Ex-Prefeitos. Cabe salientar que, para cada ex-prefeito (dois), foi elaborado
um roteiro diferente de questões, visto que os objetivos para tais entrevistas eram
diferenciados.
As entrevistas foram agendadas antecipadamente, de acordo com a disponibilidade
dos sujeitos da pesquisa, gravadas com a autorização dos entrevistados, e tinham duração
média de uma hora; realizavam-se em locais considerados convenientes para os entrevistados,
primando sempre pela opção destes, uma vez que eram, em primeiro lugar, colaboradores do
presente estudo.
60
Outra forma de colher informações relevantes ao estudo em questão foi a realização
de um Focus Group, ou seja, uma Discussão de Grupo, que aconteceu em um espaço cedido
pela ACIP Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho-SC, a fim de entender a
opinião da comunidade pinhalense sobre o desenvolvimento do município, e também sobre as
ações destes sujeitos compreendidos como propulsores do crescimento comunitário.
O Focus Group consiste em uma técnica de pesquisa qualitativa que reúne de oito a
doze participantes, qualificados com o propósito de discutir sobre um tópico específico, neste
caso, sobre o desenvolvimento do município de Pinhalzinho-SC, através de questionamentos
feitos e coordenados por um moderador, a um grupo de pessoas reunidas (Redish, 1999).
De acordo com Redish (1999), Focus Group é uma excelente técnica para despertar as
opiniões dos sujeitos da entrevista. Entretanto, ressalta Redish, não é uma técnica que verifica
ou avalia a veracidade de fatos, apenas enriquece e contribui com a pesquisa.
Anteriormente à realização do Focus Group, estruturou-se um roteiro de questões que
embasaram a Discussão em Grupo, que reuniu funcionários de empresas, jovens empresários
e Secretários Executivos. Primeiramente foi entregue um questionário contendo sete questões
(Anexo F), o qual foi respondido por todos os 14 participantes; posteriormente iniciou-se um
debate verbal, com questões pré estabelecidas (Anexo G), o qual foi gravado, mediante
permissão dos componentes do grupo, porém, nesta fase, nem todos contribuíram com as
questões levantadas.
O estudo de caso permitiu uma investigação para se preservar as características
holísticas e significativas para os eventos da vida real (Yin, 2005). Desta forma, as
informações colhidas incidiam sobre o potencial trabalhado e os meios que os agentes
empreendedores de Pinhalzinho utilizaram para alavancar as mudanças no desenvolvimento
do município. Por tratar-se de um fenômeno na região, como cita Akao (1997, p. 32), “um
estudo de caso estuda os fenômenos contemporâneos dentro do seu contexto da vida real”. E
61
isso exige um comprometimento da sociedade como um todo, desde os agentes privados
como os da esfera pública, de forma persistente para chegar aos objetivos propostos.
A redação do caso fez-se imprescindível e exigiu muito esforço e habilidade. Um
bom relato começa a ser composto antes da coleta de dados na verdade, várias decisões
envolvendo a redação foram tomadas nas fases anteriores, para que aumentassem as chances
de produção de um estudo de qualidade (Yin, 2005). Como dito anteriormente, o formato
do relatório advindo do Estudo de Caso – monografia, dissertação – não carece de ser
apresentado no modo tradicional: introdução, questão de pesquisa, objetivo, hipótese, revisão
bibliográfica, metodologia, análise dos resultados e conclusões. Não um formato único. O
estilo de se construir o relatório dependerá da criatividade e engenhosidade do autor (Akao,
1997).
Dentro desta busca de informações e procurando estar o mais próximo possível do
fato real, o estudo de caso foi desenvolvido com entrevistas com os empreendedores
previamente selecionados no município de Pinhalzinho-SC, pesquisando, estudando e
caracterizando seus comportamentos e suas características no processo de desenvolvimento
econômico, social, político e cultural.
A partir dos dados levantados como base de fundamentação, identificou-se e
analisou-se os fatores motivadores desse desenvolvimento local e regional, identificando
possíveis áreas de ação que estes agentes empreendedores, tanto na esfera pública como
privada, que tiveram suas participações no desenvolvimento deste município e ofereceram
subsídios e espelhamento aos jovens empreendedores de Pinhalzinho-SC e em outras regiões
que queiram se basear neste estudo.
Porém, antes deste estudo de caso, fez-se necessária toda uma busca bibliográfica em
fontes de dados secundários, visando a contextualização de diversas teorias apresentadas por
inúmeros autores, além de um estudo acerca da história do município de Pinhalzinho, desde a
62
sua fundação, haja vista que a pesquisa focando o desenvolvimento trata apenas dos últimos
vinte e cinco anos.
Após os levantamentos coletados dos dados disponíveis em fontes bibliográficas com
grandes autores já citados, o segundo momento constituiu-se em uma pesquisa de campo.
3.2.4 População e Amostra
Para que a pesquisa fosse realizada de forma equilibrada, a ACIP Associação
Comercial e Industrial de Pinhalzinho/SC convidou algumas pessoas, consideradas ideais para
fazer parte do estudo sobre o desenvolvimento de Pinhalzinho-SC, que pudessem contribuir
significativamente com esta pesquisa por sua experiência de vida e pela atuação enquanto
agente de crescimento local.
Distribuídas no meio urbano e rural, foram entrevistadas 12 pessoas consideradas
destaque no município de Pinhalzinho-SC, por sua atuação enquanto empreendedores que
constituem o desenvolvimento de Pinhalzinho. A realização das entrevistas procedeu nas
seguintes datas, com os seguintes sujeitos:
QUADRO 3 EMPREENDEDORES DOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO, QUE
CONCEDERAM ENTREVISTAS.
Entrevistados
Datas
Ex-prefeitos Prefeito Secretariado
Público
Empresários
14/09/2007
Clênio
Razera
Anecleto Gallon Helena
Kronhardt
Anscar Shaeffer
Sergio Matte
Valdemar Schmitz
15/09/2007
Darci Fiorini David Klein
08/11/2007
Honório Fontana
Roberto Zagonel
Valmor Klein
Bento Worma de Souza
63
Compondo a prévia lista de entrevistados estava o Sr. Marcos Zordan, presidente da
Cooper Itaipú. No entanto, por motivos de tempo e distância, visto que o Sr. Zordan atende a
inúmeras atividades diárias e semanais, a entrevista não se realizou.
Em um segundo momento da Pesquisa de campo, realizou-se na ACIP o Focus
Group, na noite do dia 24 de janeiro de 2008, que contou com os seguintes cidadãos
pinhalenses:
QUADRO 4 – PERFIL DOS PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP
Codinome
Idade Sexo Função
A1 31 M Empresário
B2 21 M Consultor de vendas
C3 19 M Auxiliar de Escritório
D4 23 M Coordenador Administrativo
E5 46 F Secretária executiva
F6 39 M Gerente de Vendas
G7 41 M Gerente de Produção
H8 19 M Gerente Financeiro
I9 19 M Diretor Industrial
J10 18 M Gerente Financeiro
K11 20 M Vendas Diretas
L12 - -
M13 22 M Administrativo
N14 41 M Gerente Comercial
3.3 Tratamento dos Dados
O tratamento dos dados de uma pesquisa é trabalhoso e exige uma atenção minuciosa
aos elementos obtidos durante a fase de coleta das informações. De acordo com Roesch
(1996), organizar os dados é uma das etapas consideradas essenciais no desenvolvimento do
projeto da pesquisa.
Os dados foram analisados, seguindo considerações sobre os resultados obtidos e
suas implicações de acordo com a bibliografia consultada. Utilizou-se como base para
identificar as ações empreendedoras, as Características do Comportamento Empreendedor,
64
sugeridas por McClelland (1951), explanadas no quadro nº 2, que são: Busca de Oportunidade
e Iniciativa, Busca de Informações, Planejamento e Monitoramento Sistemático,
Estabelecimento de metas claras e objetivas, Correr riscos calculados, Exigência de Qualidade
e eficiência, Persistência, Comprometimento, Independência e Auto-confiança e Persuasão e
Rede de contatos.
Uma união entre os dados coletados na pesquisa de campo e as abordagens dos
principais autores mencionados na pesquisa bibliográfica é a base para a conclusão do
trabalho. Sem esta fusão de informações não há resultado significativo, pois não se conciliam
tais dados, pertinentes à comprovação de que o desenvolvimento gerado em Pinhalzinho
corresponde à teoria que explica o comportamento empreendedor.
Portanto, para que se elabore um texto linear e coerente para a organização dos
dados, são necessários vários estudos e análises, coletados em pesquisa de campo e
bibliográfica, havendo, assim, um relatório conclusivo que explanou o sentido da pesquisa,
conciliando teoria e prática.
A apresentação do caso atendeu aos requisitos propostos pelos autores (Akao, 1997;
Yin, 2005; Triviños, 1987) e busca contemplar a linha da história do município, o relato dos
sujeitos da pesquisa, o embasamento teórico e a percepção do pesquisador, organizando de
forma a permitir uma síntese coerente e encadeada.
3.4 Divulgação dos Dados
A divulgação é feita com a devida autorização dos agentes da pesquisa, pois é de
fundamental importância que os atores nela envolvidos estejam cientes do propósito do
estudo. Os entrevistados são identificados em virtude da anuência destes, uma vez que
65
assinaram o termo de consentimento (anexo J), permitindo que seus nomes sejam
mencionados durante a divulgação dos dados e resultados da pesquisa.
66
4 O MUNICÍPIO DE PINHALZINHO: UM CASO DE DESENVOLVIMENTO
GERADO PELA AÇÃO EMPREENDEDORA
Uma das definições de Hisrich e Peters (2004, p.29) a respeito das bases do
empreendedor reflete que “um empreendedor é aquele que (...) introduz mudanças, inovações
e uma nova ordem comunitária”. Tais características podem ser percebidas nos aspectos
levantados pelos participantes da pesquisa, quanto ao trabalho dos agentes empreendedores do
município de Pinhalzinho-SC.
Convém destacar que os sujeitos que constituíram a amostra desta pesquisa são
empreendedores das esferas privada e pública do município de Pinhalzinho, além de 14
pessoas da comunidade, que trabalharam no município e que participaram do focus group.
Este, além de entrevistas, pesquisa documental e de campo, foram os instrumentos utilizados
para constituir esta pesquisa.
O conceito relativo ao desenvolvimento de Pinhalzinho-SC está ligado a alguns
sujeitos, participantes das entrevistas, que constituíram a história deste município,
identificando-os como agentes empreendedores, o que demonstra que os mentores do
desenvolvimento de Pinhalzinho são reconhecidos pela sociedade, aqui representada por 14
cidadãos pinhalenses.
Mencionando as entrevistas, realizadas com os principais empreendedores do
município, pôde-se perceber a satisfação e o orgulho destes em falar de sua comunidade,
fazendo referência à sua contribuição e a dos demais envolvidos no processo de
desenvolvimento, uma vez que assim como estes agentes empreendedores expressam suas
ações em prol da sociedade, não deixam de reconhecer o trabalho dos demais parceiros, na
batalha pela busca do crescimento econômico, social e cultural do município.
67
Neste sentido, concretiza-se o espírito coletivo e de cooperação entre os
empreendedores que galgaram os primeiros passos para o desenvolvimento, e também dos
jovens empresários, tanto do setor privado como do público, que vêm dedicando-se à
continuidade e à permanência do centro industrial de Pinhalzinho.
Através da união entre as Características Empreendedoras citadas por McClelland
(1951), Drucker(1991) e Hisrich e Peters (2004) relembradas no quadro nº 5, e a avaliação das
informações coletadas, puderam-se identificar alguns fatores presentes no município, e que
vêm a somar em prol da comunidade: inovação, persistência, tecnologia, diversidade,
qualidade de vida, entre outros citados pelos participantes da pesquisa.
QUADRO 5 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS SUGERIDAS POR HISRICH
E PETERS (2004), McCLELLAND (1951) E DRUCKER (1991).
HISRICH E PETERS McCLELLAND DRUCKER
(1) toma iniciativa; (2)
organiza e reorganiza
mecanismos sociais e
econômicos a fim de
transformar recursos e
situações para proveito
próprio; (3) aceita o risco ou
o fracasso; (4) é aquele que
combina recursos, trabalho,
materiais e outros ativos para
tornar seu valor maior do que
antes; (5) introduz mudanças,
inovações e uma nova ordem
comunitária; (6) são
impulsionados por certas
forças tipo necessidade de
obter ou conseguir algo,
experimentar, realizar, ou
talvez escapar da autoridade
de outros; (7) um
empreendedor aparece como
uma ameaça, um concorrente
agressivo; (8) pode ser um
aliado, alguém que gera e cria
riquezas e desenvolve
comunidades, produzindo
empregos e renda; (9) é
“atuar” em um processo
dinâmico de criar mais
-Busca de Oportunidade e
Iniciativa.
-Busca de Informações.
-Planejamento e
Monitoramento Sistemático.
-Estabelecimento de metas
claras e objetivas.
-Correr riscos calculados.
-Exigência de qualidade e
eficiência.
-Persistência.
-Comprometimento.
-Independência e auto-
confiança.
-Persuasão e rede de
contatos.
-Busca da mudança.
-Capacidade de inovar.
-Senso de missão.
-Estabelecimento da Cultura.
68
riquezas, assumir os
principais riscos em termos
de patrimônio, tempo e/ou
comprometimento com a
carreira ou que provêem
valor para algum produto ou
serviço, e este valor deve ser,
de algum modo, infundido
por este sujeito.
Fonte: Quadro criado pelo autor, baseado nos autores Hisrich e Peters (2004), McClelland
(1951) e Drucker (1991).
Estudar o desenvolvimento do município de Pinhalzinho é analisar, principalmente,
estes três autores, que remetem-se às características empreendedoras como definições que,
concretizam-se na prática por meio de processos decisórios, iniciados coletivamente pelos
empreendedores que assumiram estas ações e resultaram em crescimento comunitário no
município de Pinhalzinho. Ainda, estudar este município é também verificar o trabalho dos
novos empreendedores, que objetivam continuar com este crescimento e manter este padrão
de desenvolvimento.
4.1 A saga desenvolvimentista e empreendedora do município de Pinhalzinho/SC
O propósito deste estudo encaminha-se através de uma pesquisa que contempla todo
o relato histórico do município de Pinhalzinho/SC, sua emancipação, crescimento geográfico
e desenvolvimento, embasado pela ação empreendedora e pela característica endógena de
crescimento, que permanece até os dias atuais.
69
4.2 Do povoado do Pinhal à emancipação do município de Pinhalzinho
No início da década de 40, o Povoado do Pinhal vinha se fortalecendo pelo
estabelecimento de empreendimentos agrícolas na região. Os pioneiros, que até então
trabalhavam no corte da madeira, tinham a certeza de que a serraria, que era seu meio de
sobrevivência, não poderia ser única e eterna, pois traziam de suas origens italianas e alemãs a
vocação agrícola e algumas técnicas, ainda que precárias, e precisavam implantá-las no
povoado (Eckert, 2002).
E foi com muita garra e com uma forte luta que este empreendimento dos pioneiros
motivou novos imigrantes a aderirem ao local, transformando-o cada vez mais. Então, surgem
os primeiros comerciantes, ainda na baixada. Vêm os prédios multifamiliares, o centro
administrativo; eis que apontam novidades no Pinhal
4
(Eckert, 2002).
O povoado do Pinhal pode contar com Hospital e Educandário, e os pioneiros
vencem a distância, quebram gelo com os pés descalços no inverno para assistir aos cultos na
capelinha, que se localiza lá no alto da vila.
Os espaços vinham sendo cada vez mais ocupados pelos imigrantes, a agricultura
começou a expandir-se e os colonos vendiam para outras cidades, pois a estrada já permitia
que lá chegassem os caminhões para o transporte dos produtos.
Nesta época, foram iniciados os trâmites legais para a criação dos Distritos de
Saudades e Modelo
5
, ocasião na qual os políticos e os administradores agilizaram também a
criação do Distrito de Pinhalzinho; todos os três distritos pertenciam ao município de São
Carlos.
O município de Pinhalzinho foi emancipado de acordo com o artigo 22 da
Constituição do Estado então vigente que, em conformidade com a resolução nº. 01/61, de 07
de dezembro de 1961, fez com que a Câmara Municipal de São Carlos promulgasse a Lei nº.
4
Nome dado ao Povoado onde, hoje, é o município de Pinhalzinho.
5
Municípios vizinhos a Pinhalzinho.
70
780, que criava o município de Pinhalzinho, sendo instalado oficialmente em 30 de dezembro
de 1961 (Eckert, 2002).
Da criação do Distrito de Pinhalzinho, em 1956, à emancipação do Município, em
1961, surgiram muitos problemas em relação à divisa, visto que Pinhalzinho era, e é até hoje,
rodeado pelos municípios de Saudades e Modelo. O mapeamento realizado com vistas à
criação do município teria sido equivocado, transferindo consideráveis áreas, até então
pertencentes a Pinhalzinho, para Saudades, deixando a população inquieta, crítica e curiosa.
Talvez esse tenha sido o maior problema que Pinhalzinho encontrou no momento de seu
desmembramento, quando passou a desenvolver-se com seus próprios meios (Eckert, 2002).
O município de Pinhalzinho foi se modificando, as ruas e passeios foram se
ampliando. Os primeiros administradores do município demonstraram o interesse e a
dedicação por fazer Pinhalzinho crescer, desenvolver-se. Muitos líderes e administradores
contribuíram para o visível aprimoramento do município, para a união dos partidos políticos,
pela visão de futuro e crença no município e em seus potenciais (Eckert, 2002).
O prefeito que administrou o município de 1963 à 1968, Sr. José Bruno Weber,
traçou a planta da cidade, trouxe um engenheiro e implantou o saneamento básico, a
drenagem e o calçamento em Pinhalzinho. Contou com total colaboração de empresários e
munícipes que contribuíram com valores altos, amparando a prefeitura e a administração da
cidade que vinha surgindo. Foi nesta época, por volta de 1966, que a empresa Fogões Clarice
dava início às suas atividades em Pinhalzinho, fundada pelo pai do entrevistado Sérgio Matte,
o Sr. Ireno Matte.
Já em meados de 1970-1971, foi implantada em Pinhalzinho a Escola de 2º Grau, que
marcou um grande avanço para os jovens da época, uma vez que tinham que se deslocar até
Maravilha ou Chapecó para concluir o Segundo Grau. Na época, a Escola de Grau Plínio
Arlindo De Nês representava tamanha importância, que poderia ser comparada a uma
71
faculdade, pois trazia pessoas das cidades vizinhas de Modelo, Nova Erechim, Saudades,
enfim, foi uma conquista incrível para o município, foi um grande passo para o
desenvolvimento da comunidade.
Também nesta época, por volta de 1971, instalava-se no município a Tipografia
Shaeffer, do entrevistado Anscar Shaeffer, provinda do município de São Carlos, na ocasião
iniciando as atividades da filial em Pinhalzinho. Como conta o próprio entrevistado, na
década de 70 não havia interferência do governo municipal, ou seja, não havia nenhuma
motivação da esfera pública em atividades particulares. Ainda, iniciava suas atividades, no
ramo de funilaria, o entrevistado Sr. Honório Fontana e sua Empresa, Fundição Pinhalense,
que se desmembrava da sociedade com o pai e o irmão, para trabalhar sozinho, na fabricação
e na manutenção de peças e motores.
por volta de 1977/80, o entrevistado Valdemar Schmitz começava os trabalhos
com a Serraria, que pertencia também a seu pai e mais um sócio, e que mais tarde se tornou
seu sogro. Nesta época iniciaram-se os trabalhos com madeira, o que originou a Serpil, fábrica
de estofados.
Em termos de desenvolvimento de entidades, Escolas, Clubes, e outros progressos,
como implantação da Praça Central, planta do município e calçamento das ruas, tudo ocorreu
neste período inicial de evolução, onde a grande preocupação era com a vista geral do
município. O município contava, por volta de 1980, com oito mil habitantes, e sua principal
fonte de renda era a agricultura, aspecto estável em Pinhalzinho. O comércio estava ainda em
fase embrionária, mas havia casas de comércio na região e Pinhalzinho buscava produtos
em São Paulo e revendia para o pequeno comércio da região.
Mas nenhuma indústria de médio/grande porte havia se implantado no município até
meados de 1980, pois até então não se imaginava uma cidade que teria como principal meio
de desenvolvimento, a indústria (Frozza, 2003).
72
4.3 O início da era industrial
O desenvolvimento da teoria do empreendedorismo é paralelo, em grande parte, ao
próprio desenvolvimento do termo. A palavra entrepreneur, conduzida para empreendedor,
quer dizer: indivíduo que se arrisca e dá início a algo novo (Hisrich e Peters, 2004).
Mencionar o termo Desenvolvimento implica relembrar uma afirmação de
Schumpeter (1982), o qual entende que para desenvolver uma comunidade é preciso sujeitos
empreendedores capazes de reunir recursos humanos e materiais e transformá-los em bens e
riquezas. Usa-se esta colocação deste conceituado autor para apresentar o início da era
industrial de Pinhalzinho, e também a visão empreendedora do então prefeito, Sr. Darci
Fiorini.
Morales (2004, p.53) identifica que:
“O progresso da humanidade das cavernas às torres de concreto tem sido
explicado de diversas maneiras. Mas tem sido central, em praticamente todas
essas teorias, o papel do “agente de mudança”, a força que inicia e implementa
o progresso material. Hoje nós reconhecemos que o agente de mudança na
história tem sido, e continuará sendo cada vez mais, o empreendedor”.
Em meados de 1983, um grande desastre ecológico, provocado por forças da
natureza, marcou para sempre o litoral de Santa Catarina. Foi uma forte enchente que abalou
toda a região, invadindo casas, indústrias, hospitais, enfim, deixando um rastro de destruição
por várias cidades, dentre as quais Gaspar, Rio do Sul, Blumenau, Indaial, Balneário
Camboriú e as demais cidades litorâneas.
Para aquela região, este feito foi desastroso, uma vez que desestruturou famílias e
empresas em nível regional. Porém, relembrando o pensamento de Toynbee (1947),
afirmando que condições geográficas e sociais geram estímulos, que levam grupos humanos
ao desenvolvimento econômico, para o Oeste de Santa Catarina, em especial o município de
Pinhalzinho, tal acontecimento parecia benéfico, pois o governo municipal da época, aliado à
73
Associação Comercial e Industrial, então liderada pelo entrevistado Sr. Anscar Schaeffer,
juntamente com o também entrevistado Sr. Honório Fontana e outros membros da
comunidade, tomaram conhecimento de que as indústrias estavam completamente arrasadas, e
convidou-as para se reestabelecerem-se em Pinhalzinho, dando continuidade aos seus
trabalhos, então em “chão seco”. Tais membros da ACIP local, com estas atitudes, assumiram
duas das dez Características do Comportamento Empreendedor, criadas por McClelland
(1951) e citadas na obra: Busca de Oportunidades e Iniciativa e Busca de Informações, no
momento em que se dispuseram a visitar o litoral catarinense, atingido pela enchente, e tentar
deslocar algumas estas empresas para Pinhalzinho-SC, visando uma nova oportunidade de
crescimento e desenvolvimento para o município.
...Sempre estão em busca de novas oportunidades, trazendo
para a nossa cidade o que o povo precisa...(G7)
Este depoimento aponta que a comunidade pinhalense reconhece todo este trabalho e
este esforço.
No entanto, nenhuma empresa aceitou o convite. Mesmo com dificuldades e
destruídas por causa da enchente, preferiram ficar por mesmo. Entretanto, ainda assim
Pinhalzinho mudou o rumo dos negócios. O ex-prefeito Sr. Darci Fiorini, durante a entrevista,
conta que nesta época, meados de 1982/83, não existia ainda a BR 282, havia mato no
local. Então, o governo estadual iniciou as obras para a construção do asfalto, e ali se
estabeleceram algumas empresas: uma trabalhava na abertura dos matos e a outra construía o
asfalto. Trabalhava também, em conjunto, o Batalhão que fiscalizava e auxiliava nas obras.
Pinhalzinho, que então era um município pequeno e com pouco movimento,
transformou-se num local agitado, com muitas pessoas novas, devido à construção do asfalto.
Como conta o Sr. Darci, o comércio estava saltitante por causa do elevado número de vendas.
74
Porém, em alguns meses, as empresas terminaram as obras do asfalto e partiram, e
Pinhalzinho voltou ao normal. O marasmo e o pouco movimento voltaram a tomar conta do
município. Desertificou-se a cidade, e o desânimo tomou conta do comércio.
No entanto, o ex-prefeito foi tomado por aquilo que David McClelland (1951)
denominou motivação para a realização ou desejo de melhorar. Na ocasião, o então prefeito
Darci Fiorinni entrou em contato com o SEAG, hoje SEBRAE, para fazer um trabalho no
município, a fim de implantar pequenas indústrias locais. O contador da Prefeitura, Sr. Clênio
Razera, que no mandato seguinte foi prefeito, nesta época, por volta de 1982/83, assumiu o
programa de implantação destas empresas comunitárias. A partir de uma das Características
do Comportamento Empreendedor desenvolvidas por McClelland (1951), Comprometimento,
entende-se que o Sr. Clênio Razera delegou a si a responsabilidade de implantar estas
empresas e vê-las em funcionamento, trazendo inúmeros benefícios ao município, dentre os
quais, emprego, avanço econômico, educação, saúde e aumento no índice de qualidade de
vida.
A administração municipal, em conjunto com a ACIP trabalhou para este objetivo,
que deu resultado. Segundo informações colhidas durante entrevista com o Sr. Anscar
Schaefer, e confirmadas mais tarde pelo Sr. Honório Fontana, eram realizadas reuniões entre
alguns líderes do governo municipal, mais alguns empresários que já estavam estabilizados no
município algum tempo. Segundo a concepção de Schumpeter (1982), o desenvolvimento
depende dos empreendedores, que são capazes de reunir recursos humanos e materiais e
transformá-los em bens e riquezas.
Os responsáveis pela ACIP Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho, e os
líderes políticos reuniam-se quase que diariamente para resolver o problema do desemprego e
da estagnação municipal. Reynolds (1999, apud Morales, 2004) reforça o argumento de que o
empreendedorismo faz a grande diferença para a prosperidade econômica. Países sem altas
75
taxas de criação de novas empresas correm o risco de entrar em um processo de estagnação
econômica, e empreendedores são responsáveis por novas empresas. Nesse contexto, o
“empreendedor foi quase transformado numa espécie de herói moderno” (Lopes, 1999).
E estes encontros mostraram-se positivos, pois estas atitudes marcaram, para sempre,
a era Industrial Pinhalense, sendo que nesta época, a partir de uma base motivacional e do
apoio recebido destes deres, foram implantadas mais de vinte indústrias pequenas, o que foi
considerado um exemplo nacional, e é embasado em comprovações como estas que
McClelland (1951) diz que os empreendedores o as molas propulsoras em qualquer país do
mundo.
Em mais um dos depoimentos colhidos surge esta preocupação dos líderes do
município:
...fator que influenciou a mudança foi a necessidade de fazer
algo para que a cidade não estagnasse: ajuda externa do
CEAG – agentes consultores (hoje SEBRAE)...(E5)
A Prefeitura Municipal ajudava com a terraplanagem, pagava o aluguel, trazia algum
técnico quando necessário, para auxiliar através de palestra, enfim, ajudava de alguma forma.
Os debates entre os administradores do município e os líderes da Associação Comercial
transcorriam acerca dos tipos de empresas que poderiam funcionar em Pinhalzinho. O Sr.
Fiorini garante que este pensamento coletivo é um dos diferenciais que contribuíram com a
evolução do município. Porém, como afirma o próprio ex-prefeito, não foram somente as
firmas, mas a maior obra talvez tenha sido incutir na cabeça dos jovens munícipes que este
poderia ser o ponto alto da economia do município. Fazendo uma ligação entre esta atitude do
então prefeito Fiorini com as pesquisas de McClelland (1951) pode-se atribuir a este agente
empreendedor uma das Características desenvolvidas por McClelland (1951): Busca de
Oportunidades e Iniciativa.
76
As indústrias seriam um determinante para o crescimento, visto que, até então, a
única fonte de renda de Pinhalzinho era a agricultura. E para dar suporte ao discurso do Sr.
Fiorini, o sócio-proprietário da Empresa Fogões Clarice, o Sr. Sergio Matte afirma que tal
prefeito preocupou-se com os investimentos dos empresários, por isso, no início de seu
mandato, a empresa recebeu muita motivação do órgão público para investir no seu
município. O entrevistado diz que o prefeito, com uma visão arrojada, sentiu a necessidade de
investir nas empresas locais, acreditando nas pessoas de Pinhalzinho. E é em função deste
desbravador que hoje o município tem o investimento de grandes empresas de fora, e isto é
reflexo deste trabalho motivacional e sedimentador do Prefeito Fiorini.
o empreendedor Valdemar Schmitz contribui falando que a grande semente
plantada na época foi a conscientização de que o município poderia dar certo. Como ele
mesmo diz,
As pessoas o as mesmas, que a partir do primeiro
mandato do prefeito Fiorini e dos primeiros projetos
implantados no seu governo é que fizeram a grande diferença
na mente das pessoas (Valdemar Schmitz).
Os agentes da mudança foram políticos e empreendedores da
época, como Darci Fiorini, (...), Valdemar Schmitz, Ireno
Matte...(B2)
Outro entrevistado continua a lista:
Darci Fiorini, Valdemar Schmitz, Honório Fontana, Anscar
Schaeffer, Ireno José Matte (E5).
Ele afirma que tudo deu certo e fluiu em função da crença dos munícipes, ou seja, o
primeiro passo é a mente conscientizada das pessoas, que acreditam no sucesso do seu
negócio e do seu investimento.
Em meados de 1986/87, surgia em Pinhalzinho, mais precisamente na mente de
Roberto Zagonel uma idéia de criação de uma ducha eletrônica, que acabou ganhando o
77
mercado por volta do ano de 1994/95, após algumas outras criações do mesmo autor, como
eletrificadores de cerca e bombas submersas. Eis que nasceu, em Pinhalzinho, uma empresa
chamada Eletro Zagonel, com pouquíssimos recursos e, principalmente, pouquíssima
credibilidade em seu produto. No entanto, ainda que com estes contras, acredita-se na idéia de
Vésper (1982, apud Hisrich e Peters, 2004), que afirma que no campo da psicologia, a análise
recai sobre o que move os empreendedores, o que os direciona e faz com que sejam atraídos
pela atividade independente, quais são suas características em termos de comportamentos,
suas atitudes mentais, e até mesmo que crenças e valores diferenciam os empreendedores de
outras pessoas.
Sem ajuda dos demais empresários municipais, com escassa ajuda da prefeitura,
Roberto Zagonel foi à luta, passou dificuldades financeiras, recebeu opiniões que
contradiziam seu produto, pois não acreditavam em seu potencial. Porém, com atitudes
arrojadas e com espírito empreendedor, e movido pela Persistência e pela Independência e
Auto Confiança (McClelland, 1951), Roberto superou as dificuldades e agiu de forma que seu
produto, hoje, ganhou espaço e é reconhecido nacionalmente. Este empreendedor agiu,
segundo Drucker (1991) de forma a aceitar situações de risco, e sua empresa foi a instituição
onde ele praticou suas ações comportamentais. Segundo o perfil empreendedor traçado por
Schumpeter (1982), o sonho e a vontade de achar um reino particular, a vontade de conquistar
o impulso para lutar, para provar sua superioridade para com os outros, para ter sucesso, não
pelos frutos do sucesso, mas pelo próprio sucesso.
Outro feito que trouxe muitos benefícios para o município foi a EFACIP, Exposição,
Feira Agroindustrial e Comercial de Pinhalzinho. Segundo o Sr. Fiorinni, as obras para a
exposição foram iniciadas e concluídas em um período de apenas seis meses, mas foi uma
decisão acertada e que trouxe muitos benefícios, desenvolvimento, enfim, foi o que deu o
salto para a evolução de Pinhalzinho, e caracterizou esta iniciativa arrojada com os
78
comportamentos de Planejamento e Monitoramento Sistemático e Correr riscos calculados
(McClelland, 1951).
A garra com que eles (os pioneiros) se dedicam, mesmo
correndo riscos, eles sempre estão em busca...(G7)
As pessoas visitavam a feira e ficavam encantadas, principalmente, com a exposição
moveleira, que foi o destaque. Meses depois da feira os fabricantes ainda recebiam pedidos de
pessoas de fora que haviam estado na exposição. Estes acontecimentos pós-feira é que
evidenciaram o resultado e o sucesso da EFACIP, e que motivaram os organizadores para
as futuras exposições.
No decorrer de seu depoimento a respeito do início da era industrial de Pinhalzinho,
o ex-prefeito, Sr. Darci Fiorini, relatou sobre a influência que a Prefeitura Municipal exercia
sobre as pessoas que objetivavam instalar uma fábrica, amparando com serviços como
terraplanagem, espaço sico, mão de obra especializada para auxiliar no início dos trabalhos,
enfim, “dava aquele “empurrãozinho” inicial, motivando os empresários a trabalhar com
confiança”(Darci Fiorini).
Uma história muito interessante que o Sr. Fiorini conta é que um dos funcionários da
prefeitura passava diariamente em frente à casa de um Sr. que consertava cadeiras de palha.
Certo dia resolveu indagar ao velho homem se não tinha vontade de botar uma pequena
fábrica de cadeiras. O Sr. respondeu que não tinha recursos, não tinha máquinas, enfim , não
podia.
Então o jovem funcionário da prefeitura explanou a idéia ao prefeito, Sr. Darci, que
mandou fazer uma máquina para fabricar cadeiras. Deu-se início aos trabalhos da fabriqueta
de cadeiras, fazendo três, cinco peças por dia.
79
Um jovem empreendedor
6
, com idéias criativas e inovadoras e determinado por
aquilo que McClelland (1951) definiu como Estabelecimento de Metas claras e específicas
ofereceu um bom valor para comprar daquele Sr. a fábrica de cadeiras, o qual aceitou a
proposta. A fábrica cresceu, e hoje é a empresa Cimetal, situada ainda em Pinhalzinho, que
produz cerca de 500 cadeiras/dia, produz também mesas e trabalha ainda com o ramo de
cimento. A empresa conta hoje com 60/70 funcionários, todos jovens de 18/19 anos, o que
evidencia que esta é também uma fábrica de especialistas, que tem muito a prosperar. Baumol
(1968) afirma que muito tempo o empreendedor foi reconhecido no topo da hierarquia dos
fatores que determinam o comportamento da empresa, assumindo, conseqüentemente, um
papel fundamental no desenvolvimento econômico e social. Em face disto, Baumol propôs
que o empreendedor deveria ser estudado de forma multidisciplinar, não pela perspectiva
da economia ou da administração de empresas.
A informação que eles buscam para seguir tendências de
maneira sólida, evoluir com pouco risco (K11).
O conhecimento acerca do negócio que você pretende iniciar é
muito importante, pois é com este conhecimento que você vai
calcular os riscos e prever as vantagens (Valdemar Schmitz).
Dessa forma é que se iniciaram as primeiras e pequenas indústrias em Pinhalzinho,
sempre com a ajuda da Prefeitura e dos membros da ACIP, que contribuíam com sua
experiência e incentivavam os idealizadores para que investissem neste ramo, visando o
crescimento pessoal e comunitário.
6
Hoje, proprietário da Empresa Cimetal.
80
4.4 A continuidade dos trabalhos no ramo da indústria
O passo inicial do setor industrial de Pinhalzinho foi dado pelo prefeito da década de
80, Sr. Darci Fiorini, e por toda a sua administração. Dentre estas pessoas que comporam a
administração municipal da época, estava o Sr. Clênio Razera, que no mandato seguinte foi
prefeito, assumindo sua administração no ano de 1989.
Em entrevista ao Sr. Razera, no dia 14/09/2007, ele descreveu como encontrou o
município em 1989:
O trabalho de implantação de pequenas empresas
comunitárias, que vinha sendo feito pelo Darci Fiorini estava
num estágio inicial, por isso, meu principal objetivo, na
oportunidade, era dar continuidade a este projeto, que estava
dando certo, embora fosse um tanto arrojado para a época
(Clênio Razera).
O ex-prefeito complementa:
Porém, o projeto passava por dificuldades no seguinte
sentido: as empresas estavam se instalando e não se tinha
pessoal preparado para trabalhar. A mão de obra era
completamente precária, então, alugamos uma casa em
Chapecó, amparada pela prefeitura de Pinhalzinho, e
instalamos os jovens empresários, para que fizessem um
curso Profissionalizante no Senai.
Este é apenas um exemplo citado pelo ex-prefeito, explanando que esta foi uma das
formas que utilizou para resolver o problema da carência de mão-de-obra.
A partir desta atitude deliberada, percebe-se que o ex-prefeito, bem como toda
administração municipal de 1989/90, assumia a Característica de Exigência de Qualidade e
Eficiência, sugerida por McClelland (1951) a respeito do Comportamento Empreendedor.
Outra forma que encontramos para solucionar tal problema,
e então havia déficit na mão-de-obra da indústria de vestuário,
foi fazer uma parceria com alguns municípios, dentre eles,
Pinhalzinho, Chapecó, São Carlos, Modelo e Campo Erê. Estes
municípios reuniram recursos e compraram uma carreta. o
81
SENAI, que foi um grande parceiro da época, disponibilizou
máquinas para criar cursos ambulantes. A carreta percorria os
municípios, instalando-se em pontos-chave, e passavam doze
horas por dia, treinando as costureiras e ensinando-lhes novas
costuras (Clênio Razera).
De acordo com a administração municipal da época, ainda na pessoa do prefeito
Clênio Razera,
Talvez este tenha sido o passo mais importante, pois de nada
adianta ter o capital, ter a matéria-prima e não ter a mão-de-
obra especializada.
Unindo recursos de outros municípios de forma a garantir o benefício da mão-de-
obra especializada para Pinhalzinho, o prefeito Razera utilizou a Persuasão e Rede de
Contatos, Característica do Comportamento Empreendedor (McClelland, 1951), para
solucionar o problema da carência de mão-de-obra de Pinhalzinho-SC, e acompanhou os
trabalhos desde o seu início até a conclusão. Conforme Morales (2004, p.38), com estas
características o empreendedor utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os
outros e também utiliza pessoas chave como agentes para atingir os objetivos da comunidade
onde atua. Assim, entende-se que a persuasão é um atributo presente na liderança
empreendedora e necessária para fazer fluir suas decisões dentro da empresa ou da
comunidade, na busca de sua aceitação.
Um trabalho importante desenvolvido pelo prefeito Clênio Razera, e que convém ser
mencionado por sua determinação e preocupação com os jovens pinhalenses, diz respeito às
áreas da educação, esporte, saúde, cultura. O ex-prefeito fez considerações a respeito de um
trabalho que continuou fazendo nas escolas do município, e que havia sido iniciado no
mandato do Sr. Darci Fiorini.
Tratava-se de uma pesquisa para saber o que os jovens
vislumbravam para o futuro; 90% destes jovens pensava em
ser: 1. Médico; 2. Engenheiro; 3. Advogado; 4. Dentista.
Então, dirigimos as seguintes perguntas a estes jovens: se
82
Pinhalzinho está se encaminhando para ser um pólo industrial,
quem serão os técnicos, os operadores, os eletricistas, os
responsáveis pela manutenção? É importante dizer que estas
são profissões tão nobres quanto os demais (Clênio Razera).
Eu posso agradecer aos primeiros empreendedores, pois
em relação a eles que tive a oportunidade de fazer o meu
investimento nesta cidade, e graças a Deus estou tendo sucesso
(A1).
Destacando a Persuasão e a Rede de Contatos (McClelland, 1951) da administração
de 1989/90, menciona-se o trabalho dos Clubes de Serviços de Pinhalzinho, entre eles, Lions
e Leo Clube, Rotaract, Interact e Rotary Clube e Câmara Junior. Entende-se que estes são
elementos fortíssimos dentro de uma sociedade. Suas reuniões servem de suporte e de
motivação, que fazem parte deste processo de organização de uma comunidade.
Em Pinhalzinho, os colaboradores destas entidades estão constantemente
contribuindo com recursos humanos, financeiros e sociais.
A partir destas declarações do ex-prefeito Clênio Razera, e também de alguns
membros participantes da pesquisa, entende-se que, nos últimos anos, Pinhalzinho
desenvolveu-se muito no ramo industrial, e este crescimento ocorreu com o ritmo acelerado
da globalização. A abertura econômica proporcionou às empresas o início das exportações,
trazendo significativo crescimento para o setor econômico regional.
Apoteótico, Pinhalzinho saiu da inércia e continua em
aceleração, há ofertas de empregos e um controle populacional
para que não se formem favelas (o que considero muito
importante) (K11).
Cada vez mais as grandes soluções para gerar o desenvolvimento passam pela
cooperação e parceria.
O município pensa muito no coletivo, e não pensa somente no
‘eu’, pensa no ‘nós’, e quer que o ponto alto continue sendo a
indústria ... (Valdemar Schmitz).
83
O Governo Municipal, juntamente com a Associação Comercial e Industrial, buscam
parcerias e alternativas viáveis que visam o desenvolvimento econômico, social e político
(Frozza, 2003).
4.5 Pinhalzinho: o centro industrial nos dias de hoje
Buscando manter o desenvolvimento na base da endogenia, as lideranças do município
mantêm-se envolvidas com o estabelecimento de empresas locais, que surgem através da
criação e da obra dos munícipes, uma vez cientes de que serão apoiados pela administração
local e pelos demais empreendedores.
O município de Pinhalzinho contempla, hoje, uma população média de 14 mil
habitantes (Fonte: censo do IBGE-2000), sendo 9.300 habitantes urbanos e 4.200 habitantes
da zona rural. A área territorial do município é de 128,298 Km² (IBGE)
,
estando localizado na
BR-282, cercado pelos municípios de Modelo, Cunha Porã, Maravilha, Nova Erechim,
Saudades, entre outros (mapa - Anexo J). Pinhalzinho
vem, gradativamente, expandindo-se
em função das novas empresas que estão iniciando suas atividades no município.
É uma cidade que, de alguns anos para cá, vem atraindo
capital e se desenvolvendo de forma profissionalizada e
competente. As empresas estão crescendo cada vez mais e se
diversificando a cada dia que passa. Externamente, diversas
companhias como a Aurora estão sendo atraídas para a cidade
devido ao espírito empreendedor dos deres do município
(M13).
Também pelo crescimento vantajoso das empresas já estabelecidas, que expandem-se
cada vez mais, o município inicia um processo de exportação, o que reafirma o incontestável
avanço econômico e tecnológico destas empresas.
A reunião trimestral que acontece entre os empresários tem a
finalidade de debater assuntos pontuais, muitas vezes buscando
soluções para pequenas empresas que se encontram em
84
dificuldade e que objetivam crescer e multiplicar suas
atividades (Sergio Matte).
Este depoimento enaltece a preocupação dos antigos empresários em manter as novas
empresas em funcionamento, pois são a garantia de contínuo desenvolvimento endógeno. Esta
preocupação existe em função de uma característica muito forte existente nos municípios com
alto índice de desenvolvimento: a estagnação. Sabe-se que a maioria das cidades que se
desenvolvem muito rapidamente tem grande chance de estancar seu crescimento e,
conseqüentemente, voltar a cair.
No município de Pinhalzinho, esta é uma constante preocupação dos administradores
públicos, principalmente devido ao grande número de novas empresas existentes ali. Seria um
grande desastre regional se todas estas novas empresas tivessem que fechar suas portas por
falência, justamente numa época em que seu município é destaque regional na esfera
econômica.
Pessoas jovens com idéias de mudanças, crescimento,
principalmente o poder público fundamentou a idéia de que
Pinhalzinho não poderia ficar estagnado (D4).
Este depoimento ressalta a preocupação do poder público com a implantação das
empresas e com sua permanência no município.
Para inteirar-se da preocupação com este problema, e também com as ações
pertinentes a ele, realizou-se uma entrevista no gabinete do atual prefeito de Pinhalzinho, Sr.
Anecleto Galon, que está em seu segundo mandato, sendo este iniciado no ano de 2002,
reafirmado no ano de 2005 e permanecendo nele até 2009.
A grande questão desta entrevista era acerca das primeiras iniciativas do prefeito
para manter este desenvolvimento. Para tanto, ele responde que o espírito empreendedor
está instalado nos cidadãos pinhalenses, e o município acredita muito na esfera industrial
85
como fator de desenvolvimento, por isso, não como não fortalecer este ramo dentro do
município, uma vez que o prefeito sente esta exigência da população.
Reafirmando a teoria que trata deste desenvolvimento, compreende-se que quando
uma comunidade garante seu desenvolvimento e entende-se hábil em adaptar-se à sua
dinâmica local, regional e nacional de economia de mercado, ela insere-se em um contexto de
desenvolvimento endógeno.
Como evidencia o próprio prefeito Gallon, Pinhalzinho está no pique de não deixar
nada para amanhã.
Foi pesquisado também acerca do trabalho educacional de Pinhalzinho, tendo em
vista a afirmação de Cury (2003), que diz que as crianças, na sua grande maioria, são
empreendedoras natas até os cinco anos de idade, e que este talento empreendedor parece que
começa a se perder quando entram para a escola, pois, a partir daí, passam a viver o quadrado
mental onde são moldadas a fazer as coisas de acordo com o princípio dos outros, perdendo a
criatividade.
Para entender esta questão dentro do município de Pinhalzinho, a Secretária de
Educação, Sra. Maria Helena Kronhardt, afirma que, apesar de o município trabalhar somente
com escolas do Ensino Fundamental, a educação está, sim, conjugada ao processo de
empreendedorismo, pois os jovens já são encaminhados para um futuro empreendedor, ou
seja, desde cedo vão aprendendo a importância do trabalho empresarial, e aprendendo
também que este é um ramo promissor.
A mentalidade dos jovens está voltada para a indústria, e
isso foi incutido no início da era industrial, pois o jovem
empresário tinha a oportunidade de ir até Chapecó para
especializar-se e então voltar e atuar em sua empresa. E esta
mentalidade continua ativa até hoje, pois um o outro
trabalhando e tendo sucesso, e isso motiva a andar no mesmo
rumo (Honório Fontana)
86
A secretária relata ainda que o município já dispõe de cursos técnicos, tendo em vista
que muitos alunos do Ensino Médio trabalham nas firmas, e que boa parte dos alunos do
Ensino Fundamental têm os pais inseridos, de alguma forma, nas empresas. Ainda utilizando
o pensamento de Cury (2003), formar crianças e adolescentes livres e empreendedores é um
belo desafio nos dias de hoje.
As crianças estão envolvidas em projetos como esporte,
cultura e lazer, e não há crianças pedintes nas ruas, porque
todas estão envolvidas nos diversos projetos que o governo
municipal oferece (Anecleto Gallon).
O Secretário de Administração e Planejamento de Pinhalzinho, Sr. David Klein
destaca como ponto positivo da administração pública o Planejamento Estratégico do
Município. Ele afirma que todos os prefeitos atuaram seguindo um projeto de
desenvolvimento, objetivando um crescimento coletivo, nunca pensando somente no
individual. Outro ponto de destaque deste órgão público, como afirma o Sr. Klein, é a parceria
que a prefeitura exerce para com seus munícipes e empresários. Como ele mesmo diz,
A prefeitura é o maestro e sua função é manter o ânimo das
pessoas que ali residem e trabalham (David Klein).
Neste contexto, a teoria do desenvolvimento explica que o papel dos agentes locais,
juntamente com as formas de capital, transformam-se em um processo de desenvolvimento
coletivo, que ocorre dentro de um território.
Outra importante contribuição do Secretário David é acerca de um Plano Diretor que
Pinhalzinho segue. Este Plano Diretor foi projetado para vinte anos, mas a velocidade dos
investimentos e o crescimento já ultrapassaram este projeto.
Em referência a esta afirmação sobre a visão de longo prazo do setor público, pode-
se destacar:
87
O desenvolvimento vem ao longo do tempo com pessoas de
visão de futuro, futuro este imaginando acima de 10 anos o que
vai acontecer (I9).
...conseguindo traçar metas para os dias de amanhã, como
vida mais tranqüila, como moradia decente, faculdades,
treinamentos em certas áreas (G7).
Para definir empreendedorismo, Hirisch e Peters (2004, p.29) identificaram um perfil
definido a partir de três comportamentos do indivíduo: (1) tomar iniciativa; (2) organizar e
reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e situações para
proveito próprio; (3) aceitar o risco ou o fracasso. E para comprovar esta afirmação destes
conceituados autores, pode-se iniciar citando a empresa Eletro Zagonel, fabricante de Duchas
Eletrônicas.
Conforme dados extraídos do Banco de Dados da própria empresa, em meados do
ano de 1999, a Eletro Zagonel tinha como objetivo aumentar a fatia de participação do
mercado nacional, na linha de chuveiros, e então adotou algumas estratégias, que estão
relacionadas a seguir:
1. Contratar novos representantes comerciais;
2. Montar rede de assistência técnica;
3. Abrir novos mercados;
4. Formar distribuidores para agilizar a distribuição;
5. Comprar um veículo furgão, a fim de economizar fretes;
6. Investir em marketing e materiais de divulgação (jornais, revistas especializadas,
folders, catálogos, banners, faixas, TV, rádio, feiras, etc.)
7. Fazer visitas a clientes, a cada 60 dias, juntamente com o representante comercial.
Com o cumprimento destas metas, a empresa conseguiu aumentar significativamente
o faturamento, elevando para 40% nos dois últimos anos. E isto pode comprovar o que dizem
os autores Barros, Fiúsa e Ipiranga (2006), que as empresas que atuam dentro de um contexto
88
empreendedor tendem a apresentar características de uma estrutura simplificada, focalizando
atividades operacionais que exigem uma estrutura com maior número de pessoas e recursos.
Identificam-se, também, pela presença de uma liderança única, com objetivos definidos e que
possibilita a esta organização a consecução de seus intentos pessoais.
A Eletro Zagonel, adotando a visão empreendedora, chegou ao estágio em que, hoje,
conta com cerca de 70 colaboradores em seu quadro funcional, além de mais 50
representantes em todo o território nacional. A Eletro Zagonel tem sede própria, com unidades
de produção em série e maquinários e equipamentos capazes de suprir as mais exigentes
necessidades de qualidade.
A partir destas informações sobre a empresa Eletro Zagonel, pode-se constatar a
importância das estratégias deliberadas, que se reafirma no momento em que se obtêm os
resultados. O espírito empreendedor presente nos líderes desta empresa não somente
enaltecem a qualidade do produto e do trabalho da Eletro Zagonel, como também divulgam o
município de Pinhalzinho e contribuem significativamente para o desenvolvimento da
comunidade pinhalense. Entende-se que os empreendedores desta empresa adotam
características como:
Persistência, comprometimento, inovadores, ativos, objetivo
principal definido, conhecem o mercado onde estão atuando
(B2).
E neste ranking de desenvolvimento está também a Empresa Fogões Clarice, que,
além de vender para o Brasil inteiro, exporta o seu produto. A Fogões Clarice, administrada
pelo sócio-proprietário Sergio Matte, também sujeito desta pesquisa, e fundada pelo seu pai,
Sr. Ireno Matte, que ainda contribui e colabora com as decisões pertinentes à fábrica de
fogões, afirmou na entrevista que fabrica 700 fogões/dia, cerca de 15.000 fogões/mês. E na
estação do inverno, são fabricados cerca de 300 fogões a lenha diários. Os produtos, além de
89
comercializados em todo o Brasil, também são exportados, o que significa que Inserção
no cenário estadual, nacional e internacional” (M13).
Dolabela (1999) afirma que “não se pode dissociar o empreendedor da empresa que
a criou (...) pois a empresa tem a cara do dono”; também pela colocação de Miner (1963, apud
Hisrich e Peters, 2004), os “padrões de personalidade em um empreendedor exercem uma
influência dominante no sucesso subseqüente de seu empreendimento”. Em outras palavras,
para entender o comportamento da empresa é preciso compreender a personalidade do
empreendedor.
No que se refere ao avanço econômico e social de Pinhalzinho, convém ressaltar que
o PIB (produto interno bruto), atinge um índice de 11.571,00 no ano de 2007, assim como o
setor empregatício, que no mesmo ano atingiu 366 novos empregos. Segundo dados do
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, neste
mesmo ano foram 1.692 demissões e 2.058 admissões em Pinhalzinho.
Apresenta-se, no quadro 5, um comparativo entre os anos de 1982/83 e 2007,
fornecido pela Prefeitura Municipal, a respeito de fatores de desenvolvimento como índice de
desenvolvimento humano, educação e saúde, nos respectivos anos.
QUADRO 6 COMPARATIVO ENTRE OS FATORES DE DESENVOLVIMENTO NOS
ANOS DE 1982/83 E 2007.
FATORES DE
DESENVOLVIMENTO
1982/83 2007
Índice de Desenvolvimento Humano
0,751 0,84
Educação (índice)
0,672 4,71
Saúde (índice)
0,629 0,84
Fonte: Prefeitura Municipal.
A respeito dos números que comprovam o crescimento do ramo empresarial, nos
diversos setores, também apresenta-se os dados fornecidos pela Prefeitura Municipal, no que
tange setores como Indústria, Indústria e Comércio e Profissionais Autônomos, ainda nos
anos de 1982/83 e 2007 (Quadro 6).
90
QUADRO 7 COMPARATIVO ENTRE O MERO DE EMPRESAS NOS RAMOS DE
INDÚSTRIA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO E PROFISSIONAIS AUTÔNOMOS, NOS
ANOS DE 1982/83 E 2007.
RAMO EMPRESARIAL 1982/83 2007
Indústria 32 114
Indústria e Comércio 104 310
Profissionais Autônomos 73 475
TOTAL 209 899
Fonte: Prefeitura Municipal.
E em comprovação a estes dados está a pesquisa do IBGE (quadro 6), fornecida pela
própria administração pinhalense, que comprova que Pinhalzinho é o único município do
oeste catarinense na lista de crescimento, ficando em 28º lugar, dentre os municípios
litorâneos, com 31,27% de desenvolvimento (Fonte: IBGE). E em pesquisa também realizada
pelo IBGE, relatando o nível de crescimento dos municípios da AMOSC, da SDR de
Maravilha-SC, e da AMERIOS, Pinhalzinho está em lugar, com 31,27% de
desenvolvimento.
QUADRO 8 – PERCENTUAIS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOS DA AMOSC, DA
SDR DE MARAVILHA/SC E DA AMERIOS.
91
Fonte: IBGE, através da Prefeitura Municipal.
92
QUADRO 9 - PERCENTUAIS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOS DO LITORAL DE
SANTA CATARINA.
Fonte: IBGE, através da Prefeitura Municipal.
uma grande preocupação da parte da Administração pública e dos Empresários
em melhorar estes índices, pois, como afirma o Secretário David, uma tendência de esta
93
evolução estagnar, e os munícipes não querem isso. O Desenvolvimento Local pode ser
conceituado como um processo endógeno de transformação, que promove uma dinâmica na
economia e melhora a qualidade de vida da comunidade (Buarque, 2001).
Enfim, atribui-se este potencial evolutivo do município de Pinhalzinho à variáveis de
desenvolvimento como a localização geográfica, o investimento dos setores público e privado
e as pessoas que atuam no município, que mudaram seu pensamento a partir do momento em
que viram fluir seus investimentos. A Administração Municipal acredita que nada teria
acontecido sem esta inicial transformação do pensamento das pessoas.
Na área da agricultura, conforme entrevistas com dois agricultores
7
que trabalham no
interior de Pinhalzinho, o investimento e o apoio provindo da esfera pública não é muito forte,
porém, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, juntamente com as Cooperativas
8
compradoras
de leite, implantadas no município, trabalham de forma a fortalecer o ramo agrícola, mais
especificamente na área do leite.
O papel desempenhado, tanto pelas Cooperativas quanto
pelo Sindicato, que toma frente às causas agrícolas,
beneficiaram muito os agricultores, que disponibilizam, hoje,
de todos os recursos necessários, e também a comunidade
pinhalense, que tem neste ramo agrícola um grande potencial
de desenvolvimento (Bento Worma de Souza).
Segundo entrevista com um dos agricultores, Sr. Bento Worma de Souza, que
trabalha exclusivamente com a produção leiteira, os agricultores e as Cooperativas estão
organizados de tal forma, que aqueles recebem recursos que vão desde investimentos em suas
áreas rurais, até construção e reforma de suas casas.
...temos a agricultura bem estruturada com apoio da
Cooperativa Rural (E5).
7
Sr. Bento Worma de Souza e Sr. Valmor Klein.
8
Tirol, Cooper Itaipú; em breve, Aurora e Cedrense.
94
Tamanha é a concorrência no preço do leite, devido ao número de empresas
compradoras, e o avanço nesta área da produção agrícola, que os agricultores aderiram muito
a este ramo, pois a produção de grãos, muito cultivada alguns anos, se tornou inviável
9
para as pequenas propriedades rurais. Devido a este motivo, alguns agentes de mudança
também preocuparam-se com a área agrícola, e graças a esta preocupação o ramo da
agricultura de Pinhalzinho superou-se e hoje investe em outras produções, como leite,
avicultura, suinocultura.
Os políticos e a Cooper Itaipu, assim como o último ciclo econômico da
agropecuária da região (K11) são confirmações de que a agricultura pinhalense está no rumo
certo.
Por este e outros motivos, visto que o desenvolvimento industrial, assim como o
desenvolvimento agrícola vem crescendo muito, as lideranças locais, juntamente com a
Associação Comercial, estão preparando um Plano de Desenvolvimento, que irá projetar
Pinhalzinho para o ano de 2030. Restando ainda cerca de um ano e três meses de gestão
político-administrativa do prefeito Anecleto Galon, nasce uma preocupação em deixar um
projeto de desenvolvimento para as próximas administrações, independente de quem será o
próximo prefeito.
O Sr. Anscar Schaefer, proprietário da Tipografia Schaefer, comentou sobre uma
possível regionalização, em que os municípios pensam em crescer em conjunto, fazendo um
trabalho regional, permitindo que cada município tenha vida própria, ou seja, que sejam
sustentáveis. E esse é o diferencial de Pinhalzinho, porque os munícipes têm essa visão
empreendedora de pensar no coletivo. O entrevistado coloca ainda que a visão egocêntrica
fragmenta as forças de trabalho, pois tudo se divide, nunca se soma. É preciso ter a certeza de
9
Conforme afirmação do entrevistado Sr. Valmor Klein.
95
que não se está sozinho para conseguir vencer. Afirma ainda que no Brasil isso ainda é muito
forte, pois as pessoas pensam muito individualmente, sem preocuparem-se com o conjunto.
4.6 Os benefícios que o desenvolvimento trouxe à comunidade pinhalense
O desenvolvimento de Pinhalzinho a partir das ações dos agentes empreendedores
da década de 80, que tomaram as iniciativas para implantar as primeiras indústrias no
município e garantir a sua permanência, e a dedicação dos atuais empreendedores que
investem no município, a fim de garantir o contínuo crescimento de Pinhalzinho-SC e a
geração de riquezas, é evidência de desenvolvimento endógeno, tendo em vista as
entrevistas e os depoimentos colhidos durante a pesquisa de campo deste estudo.
O desenvolvimento, por sua vez, considera a geração de riquezas, sim, mas tem o
objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida da população, de expandir a
produtividade e aumentar a competitividade, primando sempre pela alta qualidade, não da
produção, mas também do planeta (Mendes, 2006, p.2).
A partir deste apontamento de Mendes (2006), outro fator gera um questionamento
no que tange ao desenvolvimento de Pinhalzinho: os cidadãos pinhalenses estão tendo
benefícios com este crescimento e podem colher os frutos destes investimentos feitos pelos
empreendedores do município?
Para responder a esta pergunta, toma-se, inicialmente, como base o depoimento do
ex-prefeito, Sr. Darci Fiorini, concedido durante a entrevista do dia 15/09/2007, a respeito do
setor social, que afirma que, no início de sua administração:
Não tinha médicos e nem especialistas no município, e a
população não estava acostumada a ir a postos de saúde,
porque consultavam em particular, usando recursos próprios.
Foi que eu implantei postos de saúde e trouxe médicos pra
trabalhar ali.
96
De acordo com desta colocação, pode-se constatar que este foi o passo inicial que
beneficiou a área da saúde e naquela época a população colhia os frutos de uma
administração coerente e com visão de futuro, e que permanece até os dias atuais,
contemplando também outros setores, como de educação, de economia, de cultura, social.
Mais emprego, oportunidade para novos profissionais,
recursos para a saúde e trazendo para a cidade mais
faculdades, transformando Pinhalzinho em um pólo central de
crescimento (H8).
...não se pode ver somente a parte econômica de
Pinhalzinho, mas também a parte social, pois sem as pessoas
nada acontece, por isso, sua formação, sua cultura é que dão
continuidade a qualquer empreendimento. Pinhalzinho precisa
de visão social para que o futuro possa ser desta forma também
(Anscar Schaeffer).
Em se tratando de setor de educação, Pinhalzinho-SC conquistou e atraiu três
universidades, que contribuem para o avanço educacional do município, além de garantir
ensino superior para os jovens de toda a região.
Conforme declaração de um munícipe:
A vinda das Universidades contribuiu muito em novas
culturas, novas visões, com isso, abre-se grande possibilidade
de manter-se em desenvolvimento (E5).
No entanto, a população pinhalense entende que a instalação destas três
universidades em Pinhalzinho deve-se também à localização geográfica do município, que
favorece o acesso dos municípios vizinhos à Pinhalzinho, e também o acesso aos estados do
Rio Grande do Sul e Paraná.
Pinhalzinho deve parte de seu crescimento à construção da
BR 282, pois todo o movimento passa ali, e a cidade ficou muito
bem localizada (Darci Fiorini).
97
Fiorini diz que a diferença e a evolução em seu município tornou-se visível a partir
da construção da BR 282, unida à conscientização dos jovens munícipes da época, de que o
futuro do município estava justamente na indústria.
É neste contexto que a população acredita que o fato de a Horus Faculdades,
instalada em abril de 2003, a UNOESC e UDESC estarem instaladas em Pinhalzinho favorece
a vinda dos educandos, que se deslocam de outros municípios para graduarem-se em
Pinhalzinho.
Esta referência à opinião dos municies baseia-se na colocação de um deles, que
esteve presente no focus group e afirmou:
Três Universidades instaladas aqui devido à região
geográfica favorecer acesso a outros estados (E5).
...Fator que ajudou a desenvolver foi a localização
geográfica, principalmente pelo acesso asfáltico da BR 282, e o
próprio terreno convida a permanecer...(N14).
Neste sentido, compreende-se que a localização geográfica do município de
Pinhalzinho-SC é um fator que contribuiu com a instalação de novas empresas, favorecendo o
comércio, e contribui, atualmente, com as universidades, que optaram por prosseguir suas
atividades neste município, também devido à excelente posição do município, em termos de
centralização na BR 282.
Convém mencionar ainda a Característica de Independência e Auto-confiança
(McClelland, 1951), que levou o ex-prefeito, Sr. Darci Fiorini, a conscientizar os munícipes
de que um investimento no próprio município seria um bom negócio, reforçando as
características de desenvolvimento e crescimento endógeno atribuídas ao município.
O que estava acontecendo é que boa parte das pessoas
compravam apartamentos em Chapecó, Meia-Praia,
Florianópolis, investiam o dinheiro lá, porque tinha futuro
(Darci Fiorini).
...há algum tempo atrás, os empreendedores de Pinhalzinho
investiam muito em Chapecó e em cidades litorâneas, porém, o
98
desenvolvimento pinhalense fez com que estes mesmos
empresários trouxessem seus investimentos para cá. Hoje, os
jovens saem para estudar fora, mas retornam e trabalham em
Pinhalzinho (Honório Fontana).
O trabalho do Sr. Fiorini consistiu em incentivar um empresário a construir um
prédio em Pinhalzinho. A partir deste feito, as vendas dos apartamentos foram vantajosas e
motivaram outras pessoas a, igualmente, construir e comprar em seu próprio município
Pinhalzinho/SC.
Em referência ao processo de desenvolvimento nos departamentos de educação,
saúde, serviços, assistência social, atuais, dirigidos pelo prefeito Anecleto Gallon e por sua
atual administração, aquele expõe seu trabalho na antiga periferia da cidade. Antiga porque:
...hoje Pinhalzinho praticamente não tem mais periferia;
mais de 50% das famílias carentes que não tinham habitação já
receberam casa própria. para dar um exemplo, tinha um
bairro da periferia que não tinha água, luz e nem calçamento.
Hoje as pessoas que moram neste bairro têm água, têm luz e
têm calçamento, além de um posto de saúde, uma escola e uma
creche, e hoje este é um bairro tão nobre quanto os outros
(Anecleto Gallon).
A partir das citações de entrevistados, comprova-se esta questão infra-estrutural e
social, mencionada pelo prefeito, no que tange à população pinhalense atualmente:
...tem uma condição de vida melhor, moradias melhores,
educação de qualidade, atendimento na área da saúde, com
rendimento maior em seus empregos, e com a valorização dos
seus bens (F6).
Com o desenvolvimento temos hoje três faculdades na
cidade, baixo desemprego, baixa criminalidade e analfabetismo
(C3).
Mais emprego, oportunidade para novos profissionais,
recursos para a saúde e trazendo para a cidade mais
faculdades, transformando pinhalzinho em um pólo central de
desenvolvimento (H8).
99
Faz-se muito conveniente a declaração do empresário Honório Fontana, que
contribuiu de forma significativa para este estudo:
A era industrial deu uma virada de 360 graus em
Pinhalzinho, porque o emprego estava escasso e as empresas
que tinha aqui eram do ramo madeireiro, e que também
estavam terminando. As poucas empresas que tinha neste ramo
estavam desempregando, e eram poucos os recursos para
trabalhar. Hoje, tem muito pouca mão-de-obra, porque o índice
de desemprego é muito baixo. Não têm filas de pessoas pedindo
emprego, e só não trabalha quem não tem vontade.
A respeito da visão dos jovens acerca deste desenvolvimento no município, e
também da forma como estes são motivados a permanecer em Pinhalzinho e a, possivelmente,
investir no ramo industrial, entende-se que um trabalho muito importante da prefeitura,
dando condições para que os jovens que pretendem iniciar uma empresa possam contar com o
amparo do setor público.
Os próprios funcionários das empresas pioneiras vêem-se
motivados a montar seu próprio negócio, pois sabem que a
prefeitura este amparo e esta motivação, e que os
empresários já estabilizados dão força e contribuem para a
iniciação de novas empresas... (Sergio Matte).
Considerando os depoimentos do ex-prefeito Darci Fiorini, pioneiro deste
desenvolvimento, e também do atual prefeito Anecleto Gallon, bem como dos demais agentes
empreendedores e outros atores, nas diversas esferas deste município, acredita-se que a
transcorrência dos pontos positivos do desenvolvimento vem acontecendo naturalmente,
como conseqüência deste crescimento que ocorre de forma econômica, social e culturalmente.
De forma pessoal, ao desenvolver todo este trabalho, tanto nas pesquisas
bibliográficas quanto na extensão das pesquisas de campo, pôde-se sentir a satisfação de uma
comunidade feliz e orgulhosa por seu município. Independente da pessoa do entrevistado, ou
em uma simples conversa de encontro casual, percebeu-se que os munícipes de Pinhalzinho
falam com orgulho e discernimento, enaltecendo, sempre com muito otimismo, que moram
100
em grande município, onde o desenvolvimento acontece em todos os ângulos da sociedade,
desde o econômico, social e cultural. E em todo este contexto, uma grande repartição
despertou-me a atenção: a Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho, que vem
procurando agregar os demais municípios vizinhos para que este modelo de desenvolvimento
gerado pela ação empreendedora possa também ser estendido a toda região.
Isto demonstra a grandeza de um povo que não tem somente para si (de uma forma
egoísta) a centralização de um foco desenvolvimentista, e em conversas aleatórias com as
pessoas, que se comprovaram através desta pesquisa, pode-se verificar que a região toda está
se desenvolvendo nas mesmas bases e proporções do plano piloto de Pinhalzinho/SC.
Neste momento, sinto-me lisonjeado e agradecido por este povo, pela maneira como
me receberam, percebendo o orgulho em abrir suas portas para um trabalho de pesquisa
científica, para o qual o mediam esforço algum para ajudar, compilando dados de arquivos
públicos e de empresas privadas.
É um município que não possui nada a ocultar e este seu apogeu está demonstrando,
a quem quiser visitar Pinhalzinho, que poderá comprovar in loco este trabalho que ora deixo a
esta comunidade como prova concreta de que, quando os empreendedores colocam em ação
suas características na base da motivação daquilo que querem, com o desenvolvimento para
sua comunidade, não município neste mundo que não alcance um crescimento focado no
seu povo, na sua cultura e somado a tudo isso, está a ação destes agentes que, com certeza,
fizeram e sempre farão a diferença. De grato e de coração, dedico esta obra a todos os
habitantes de Pinhalzinho/SC.
101
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal conceito de desenvolvimento endógeno resume-se em coletivismo e em
uma visão voltada para um único foco: a comunidade. Trata-se de um processo onde o
contexto local atua ativamente na criação e formação de estratégias que influenciam sua
dinâmica econômica. Portanto, a comunidade pinhalense é o foco principal de dois setores:
público e privado, que atuam fundamentalmente para garantir um equilíbrio entre as opiniões
que geram o desenvolvimento.
No entanto, sabe-se que este desenvolvimento endógeno que abrange o município de
Pinhalzinho-SC demanda um movimento de organização e mobilização da sociedade local, de
forma a explorar as suas capacidades e potencialidades próprias, criando raízes efetivas na
matriz socioeconômica e cultural da localidade (Buarque, 2001).
O processo de desenvolvimento local, que procede a partir do trabalho empreendedor
e do envolvimento da comunidade, justifica-se pelo fato de que tais agentes vislumbram
oportunidades em situações de caos e conflitos (Hisrich e Peters, 2004), destinando o esforço
necessário e correndo riscos calculados, a partir de criação, de transformação e de mudanças
que impulsionarão toda uma população.
De acordo com Hisrich e Peters (2004):
“Confrontando com situações cotidianas estressantes e outras
dificuldades, a possibilidade de que o empreendedor estabeleça um
equilíbrio entre exigências éticas, prudência econômica e
responsabilidade social, um equilíbrio que difere do ponto em que o
administrador comum toma sua posição moral.”
A partir do estudo feito acerca do desenvolvimento local do município de
Pinhalzinho-SC, com o objetivo de identificar fatores que o levaram ao desenvolvimento e
identificar as ações que os agentes empreendedores desenvolveram e que se constituíram
como papel fundamental na alavancagem do desenvolvimento local, comprovou-se que o
102
trabalho coletivo realizado pelos empreendedores do município, tanto particulares como
públicos, resultou no centro industrial que Pinhalzinho é hoje. E este conceito de
desenvolvimento local que ocorre de forma articulada e interativa, conceitua-se como
endogenia (Barbosa e Mioto, 2006).
No decorrer do estudo de caso, através das entrevistas com empreendedores dos
setores público e privado, das entrevistas realizadas com cidadãos pinhalenses, e também
através de pesquisa documental, com dados fornecidos pelos próprios órgãos visitados, pôde-
se comprovar que as pessoas que estão à frente das organizações não têm medo do novo,
tampouco dos desafios.
O trabalho destes agentes empreendedores consiste em tomar decisões arrojadas,
sabendo que estas provocarão grandes mudanças. Ainda, desenvolve-se um trabalho coletivo
por parte das empresas privadas, uma vez que, conforme enfatizado em todas as entrevistas
deste setor, os empresários do município reúnem-se, periodicamente, para discutir os
problemas e as dificuldades, pois acreditam que o problema de um pode ser a solução de
outro. Assim, não medem esforços para proceder a uma ajuda mútua, no sentido de apoiarem-
se moralmente e, até, financeiramente, quando necessário.
Todos os empresários visitados e entrevistados confirmaram, a partir de sua história
de vida, que precisaram de muita coragem e de muito esforço para chegar onde estão. Ou seja,
nenhum deles teria alavancado sucesso se não carregasse consigo características
empreendedoras.
Focalizando os empreendedores Roberto Zagonel, empresário e Darci Fiorini
prefeito que iniciou a era do desenvolvimento industrial, exemplifica-se perfeitamente as
Características do Comportamento Empreendedor sugeridas por McClelland (1951), que
afirma que um empreendedor precisa correr riscos calculados, buscar informações e
oportunidades, ter iniciativa, comprometimento e persistência, precisa planejar-se e
103
monitorar-se sistematicamente a fim de alcançar suas metas previamente estabelecidas e
especificadas, além de manter a qualidade e a eficiência de sua empresa. Ainda, um
empreendedor de sucesso precisa utilizar sua rede de contatos de forma a ampliar seu negócio.
Percebe-se que, naturalmente, em busca de sucesso, Roberto Zagonel adotou todas
estas características para sair da ilusão e partir para a concretização do seu sonho.
Assim, como o exemplo citado, pôde-se caracterizar todos os grandes empresários
pinhalenses, que não pensaram somente no crescimento pessoal, mas investiram em grandes
negócios cientes de que isto reverteria em bens e riquezas para seu município.
E andando paralelamente a este espírito empreendedor do setor privado, esteve a
Prefeitura Municipal, que impulsionou e motivou os pequenos empresários sonhadores da
década de 80 a transformarem-se nos grandes empresários que são hoje.
A administração pública de Pinhalzinho, na década de 80, não contribuiu somente
com a infra-estrutura das novas empresas, mas, principalmente, apoiou e motivou os pequenos
empresários a doarem-se integralmente aos seus negócios.
Apoderando-se das palavras da Secretária da Educação, Sra. Maria Helena
Kronhardt, graças a esta motivação o índice de mão-de-obra no município é baixo, e é preciso
preparar os jovens para atuar nas inúmeras empresas do município, visando novos
empreendimentos para o município.
Preocupando-se com a possível estagnação do desenvolvimento municipal, os deres
públicos trabalham, hoje, sobre um Planejamento Estratégico
10
que prevê a situação de
Pinhalzinho para o ano de 2030. Ou seja, uma previsão para este desenvolvimento, de
forma a evitar uma possível decadência geral e que permite planejar as próximas
administrações, focalizando este ramo: a indústria.
10
Dado fornecido pelo Secretário de Administração e Planejamento, David Klein.
104
A partir de algumas características presentes nestes agentes, que podem ser
resumidas como coletividade, cooperação, busca de oportunidades, criatividade, desafio,
superação, planejamento, organização, pode-se concluir que o elevado índice de
desenvolvimento apresentado por Pinhalzinho está diretamente ligado àquelas que afirma
McClelland (1951) serem as principais Características do Comportamento Empreendedor
(Quadro 2), que fazem conotação ao espírito empreendedor dos agentes citados nesta
pesquisa, e também de outros que não foram mencionados, mas que não se deixaram envolver
pelo medo do fracasso e pela pobreza de idéias, liderando seu pensamento e traçando, a
passos largos, seu sucesso, superando dificuldades em todos os âmbitos, e vislumbrando, na
íntegra, suas realizações pessoais, que se transformaram em realizações profissionais e que,
unidas, expandiram o nome de Pinhalzinho para todo o Brasil e também para outros países
11
,
permitindo que este município cresça e se desenvolva, literalmente, a partir do trabalho
empreendedor nele implantado e por ele adotado.
Após este longo trabalho de incessantes viagens para buscar as mais diversas
informações junto ao povo de Pinhalzinho, mais diretamente focado em seus agentes
empreendedores, conseguiu-se construir um elo de sentimento e amizade com esta população,
que ensinou o arrojo e a iniciativa para a ação empreendedora, onde aprendeu-se que a derrota
nem sempre significa o fim, assim como a vitória, exige persistência e comprometimento.
O município de Pinhalzinho mudou sua forma de pensar em princípios do ano de
1983, quando viu o universo conspirando ao seu favor, com a visão de que o “pensar ser
possível” era a grande tônica a favor dos primeiros agentes empreendedores.
A pesquisa realizada em Pinhalzinho provou que o sucesso mora ao lado de quem se
arrisca, de quem tem iniciativa e acredita nas potencialidades locais do seu povo, dos
ambientes internos e externos e na busca de informações necessárias às demandas que o
11
Visto que inúmeras empresas citadas na pesquisa exportam seus produtos.
105
município requer. A união foi um dos elos muito fortes entre os que estavam com pendências,
por vezes, contrárias, mas o poder da persuasão e da rede de contatos utilizada por estes
agentes fez com que, ao final, todos se unissem em função de um mesmo objetivo: o
desenvolvimento que contemplasse todos os segmentos que uma sociedade necessitava.
Encerro esta dissertação com o sentimento de dever cumprido acerca de um trabalho
árduo, porém, sério e gratificante, em que as centenas de horas dedicadas acresceram
conhecimento, amizade e muita vontade de continuar lutando em prol da causa do
desenvolvimento que contemple o ser humano em todas as suas bases de vida.
106
BIBLIOGRAFIA
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Médicas, 1997.
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107
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___________________ Entrevista com Darci Fiorini. Pinhalzinho-SC: 2003.
___________________ .Entrevista com Clênio Razera. Pinhalzinho-SC: 2003.
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2003.
YIN. R. K. Estudo de Caso Planejamento e Métodos. Trad. Ricardo Lopes Pinto.
Bookman: São Paulo, 2005.
110
ANEXOS
111
ANEXO A Roteiro de Entrevista com o Ex-prefeito do município de Pinhalzinho-SC,
Sr. Darci Fiorini.
1. O que levou o Sr. a ser prefeito de Pinhalzinho?
2. Antes de ser prefeito, qual era sua atividade?
3. Como o Sr. encontrou o município de Pinhalzinho em 1983?
4. Quais foram suas primeiras iniciativas para a arrancada do desenvolvimento do município?
5. Como os empresários (empreendedores) se motivaram, junto com o órgão público, para
fazer os investimentos em Pinhalzinho?
6. Por que Pinhalzinho focou a área industrial?
7. Foi uma estratégia deliberada ou foi emergente?
8. Falar sobre o início da era industrial. Como foi este início?
9. Além do foco econômico, quais foram seus procedimentos também nas áreas da saúde e
educação?
10. Quais as bases motivacionais que o levaram a trabalhar com esta visão empreendedora
neste município?
11. Para finalizar, exponha seus sentimentos de como viu e como está vendo Pinhalzinho
hoje.
112
ANEXO B Roteiro de Entrevista com o Ex-prefeito do município de Pinhalzinho-SC,
Sr. Clênio Razera.
1. O que levou o Sr. a ser prefeito de Pinhalzinho?
2. Antes de ser prefeito, qual era sua atividade?
3. Como o Sr. encontrou o município de Pinhalzinho em 1989?
4. Quais foram suas primeiras iniciativas para continuar o desenvolvimento do município?
5. O que o órgão público fez para os empresários continuarem motivados a investir em
Pinhalzinho?
6. Por que Pinhalzinho continuou focando a área industrial?
7. Além do foco econômico, quais foram seus procedimentos também nas áreas da saúde e
educação?
8. Quais as bases motivacionais que o levaram a trabalhar com esta visão empreendedora
neste município?
9. Para finalizar, exponha seus sentimentos de como viu e como está vendo Pinhalzinho hoje.
113
ANEXO C - Roteiro de Entrevistas com o atual prefeito do município de Pinhalzinho-
SC, Sr. Anecleto Gallon.
1. Sabemos que o Sr., antes de ser prefeito, é um grande empreendedor do município. O que
levou o Sr. a ser prefeito de Pinhalzinho?
2. Quais foram suas primeiras iniciativas para continuar o desenvolvimento do município?
3. Quais as bases que o motivam a continuar este trabalho empreendedor no município?
4. E hoje, como está sendo conduzido este processo de desenvolvimento, em todas as esferas:
economia, indústria, serviços, assistência social, educação, cultura, saúde, agronegócio,
comércio?
5. Para finalizar, qual foi seu papel como prefeito/empreendedor para o desenvolvimento de
Pinhalzinho?
114
ANEXO D - Roteiro de Entrevistas com os Empreendedores de Pinhalzinho-SC.
1. Como empreendedor, qual foi seu pensamento ao iniciar os negócios em Pinhalzinho?
2. Qual foi a importância (interferência) do órgão público para a sua motivação?
3. Quais foram as suas iniciativas para dar início ao trabalho empresarial?
4. Usaste uma estratégia deliberada ou emergente?
5. Qual foi seu papel como empreendedor no desenvolvimento de Pinhalzinho?
6. Para finalizar, qual a importância do Sr., enquanto empreendedor, para o desenvolvimento,
de Pinhalzinho hoje?
115
ANEXO E - Roteiro de Entrevistas com a Secretária de Educação, Cultura e Esporte de
Pinhalzinho-SC, Sra. Maria Helena Kronhardt, e com o Secretário de Administração e
Planejamento de Pinhalzinho-SC, Sr. David Klein.
1. O que levou o(a) Sr(a). a trabalhar na esfera pública?
2. Antes de atuar nesta área, qual era a sua atividade?
3. Ao assumir esta Secretaria (Educação ou Administração), como encontrou este setor?
4. Quais foram suas primeiras iniciativas para contribuir com o desenvolvimento do
município, através da área em que trabalha?
5. Qual é a importância (interferência) do desenvolvimento econômico para sua motivação
enquanto secretário(a)?
6. Como viu a arrancada do desenvolvimento de Pinhalzinho a partir do prefeito Fiorini até o
atual prefeito?
7. Para finalizar, exponha seus sentimentos e fale de como seu setor (educação ou
administração) interfere no desenvolvimento de Pinhalzinho.
116
ANEXO F - Roteiro de Questões escritas para o Focus Group
1. Como você vê o desenvolvimento de Pinhalzinho?
2. Quem foram os agentes da mudança ocorrida na década de 80 para cá?
3. Na sua opinião, quem são os empreendedores de Pinhalzinho (nomes)?
4. Quais são as principais características destes empreendedores?
5. Na sua opinião, Pinhalzinho se mantém em desenvolvimento por causa dos
empreendedores?
6. O que a população de Pinhalzinho está ganhando com este desenvolvimento, sob o aspecto
econômico, social e cultural?
7. Outras considerações.
117
ANEXO G – Roteiro de Questões orais para entrevista.
1. Como vocês viam Pinhalzinho nos anos de 1982/83 e como vêem hoje?
2. Vocês acreditam que Pinhalzinho continua em desenvolvimento por causa das empresas?
3. Qual a influência do setor público neste desenvolvimento?
4. De que forma a população é beneficiada com este desenvolvimento?
5. Neste contexto de empreendedorismo, como está sendo a formação dos jovens?
6. E para finalizar, quais os pontos negativos deste desenvolvimento?
118
ANEXO H – Perfil dos Participantes do Focus Group
119
ANEXO I – Foto do Encontro para o focus group.
120
ANEXO J – Mapa da área regional onde se localiza o município de Pinhalzinho/SC.
121
ANEXO L – Termo de Consentimento entregue aos sujeitos das entrevistas.
TERMO DE CONSENTIMENTO
JAIME FOLLE
UNIVERSIDADE DE IJUÍ - UNIJUÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO
NÍVEL MESTRADO
Você foi convidado(a) a contribuir com um estudo acerca do desenvolvimento do
município de Pinhalzinho/SC, gerado pela ação empreendedora.
Sua participação foi através de entrevista, concedida por meio de gravação, e que teve
muita importância para o enriquecimento deste trabalho.
Seu consentimento com a contribuição nesta pesquisa não oferece nenhum risco e não
o(a) submeterá a situações constrangedoras, pois suas declarações vieram a aprimorar a
pesquisa realizada.
Solicitamos sua autorização para mencionar seu nome no trabalho e evidenciar as
excelentes contribuições que fez a este estudo.
Aproveitamos a oportunidade também para agradecê-lo pela atenção, pela dedicação e
pela alegria com que concedeu a entrevista.
Declaração de Consentimento
Tendo lido as informações acima e tendo sido esclarecido (a), concordo em contribuir
livremente com o estudo.
Nome:............................................................................................................................
Assinatura: ....................................................................
Contato com Jaime Folle
Av. Alcindo Silveira Carpes, 350 – CEP 98460-000
Iraí/RS
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