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ANGELA KWIATKOWSKI
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, QUALIDADE E COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DOS GRÃOS DE HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO DOCE
MARINGÁ
PARANÁ - BRASIL
NOVEMBRO – 2007
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ii
ANGELA KWIATKOWSKI
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, QUALIDADE E COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DOS GRÃOS DE HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO DOCE
MARINGÁ
PARANÁ - BRASIL
NOVEMBRO – 2007
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual de Maringá, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Agronomia, área de concentração em
Produção Vegetal, para obtenção do título de
Mestre.
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ANGELA KWIATKOWSKI
CARACTERÍSTICAS AGRONOMICAS, QUALIDADE E COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DOS GRÃOS DE HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO DOCE
______________________________ ______________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto de Bastos Andrade Prof. Dra. Ornella Maria Porcu
_________________________________
Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini
_________________________________
Prof. Dr. Edmar Clemente
(Orientador)
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual de Maringá, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de
concentração em Produção, para
obtenção do título de Mestre.
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter iluminado o meu caminho e permitido completar mais esta
etapa da minha vida.
À Universidade Estadual de Maringá - UEM.
Ao Prof. Dr. Edmar Clemente pela orientação e apoio.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Scapim pelo importante auxílio, para que este
trabalho se realizasse.
Aos Professores e Funcionários do Programa de Pós Graduação em
Agronomia da UEM.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pela concessão de bolsa de estudo.
Em especial à Maria Tereza Alflen Kwiatkowski, minha mãe, e José
Edmundo Kwiatkowski, meu pai, pelo carinho, apoio e compreensão durante todos
os dias de realização desse estudo.
À Ana Paula Kwiatkowski dos Santos e Edson Bevenuto dos Santos pelo
imenso carinho.
À Max Alves da Silva pelo carinho e compreensão em todos os momentos.
À Marcos de Araújo Rodovalho, Rafael Reccanello Barreto e os funcionários
da Fazenda Experimental da UEM em Iguatemi FEI, pela colaboração e apoio na
condução do experimento.
Aos técnicos do Laboratório de Agroquímica e Meio Ambiente (UEM) e ao
Laboratório de Análise de Alimentos e Água (UEM).
Aos verdadeiros amigos que estiveram ao meu lado em todas as ocasiões.
A todos que contribuíram de alguma maneira para realização deste trabalho.
iii
BIOGRAFIA
Angela Kwiatkowski, filha de José Edmundo Kwiatkowski e Maria Teresa
Alflen Kwiatkowski, nasceu em 10 de junho de 1981, na cidade de Campo Mourão,
Paraná.
Diplomou-se em 22 de outubro de 2004, em Tecnologia em Alimentos pelo
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná CEFET, Unidade de Campo
Mourão, atual Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com a defesa
do trabalho de diplomação intitulado “Utilização de farinha de batata inglesa
(Solanum tuberosum L.) para produção de empanado de frango” orientada pela
professora Ailey Aparecida Coelho Tanamati.
Durante a graduação foi estagiária do Centro Integrado de Ensino Superior,
atual Faculdade Integrado de Campo Mourão, onde posteriormente foi efetivada
como técnica de laboratório.
Em março de 2006 ingressou no Curso de Mestrado em Agronomia, Área de
Concentração em Produção Vegetal, na Universidade Estadual de Maringá.
iv
ÍNDICE
RESUMO ...................................................................................................................ix
ABSTRACT ...............................................................................................................xi
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................3
2.1 Características do Milho Doce...........................................................................3
2.2 A Planta do Milho Doce.....................................................................................4
2.3 Manejo da Cultura..............................................................................................5
2.4 Manuseio Pós-Colheita.......................................................................................6
2.5 Qualidade e Composição Química do Milho Doce............................................7
2.5.1 Carboidratos.................................................................................................9
2.5.1.1 Genes mutantes do endosperma que afetam a síntese de
carboidratos..............................................................................................................10
2.5.2 Extrato etéreo.............................................................................................12
2.5.3 Proteínas.................................................................................................... 12
2.5.4 Fibras..........................................................................................................13
2.5.5 Material mineral (cinzas) ...........................................................................14
2.6 Utilização e Industrialização do Milho Doce...................................................14
2.7 Melhoramento Genético e Avaliação de Cultivares no Brasil.........................16
2.8 Análise Dialélica ..............................................................................................17
2.9 Tipos de Híbridos.............................................................................................20
2.9.1 Híbrido simples ..........................................................................................23
2.10 Heterose..........................................................................................................23
3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................25
3.1 Material ............................................................................................................25
3.2 Condução do Experimento...............................................................................25
3.3 Avaliações de Campo.......................................................................................26
3.3.1 Altura média de planta e espiga (m) ..........................................................27
v
3.3.2 Massas das espigas sem palha....................................................................27
3.4 Análises de Composição Química....................................................................27
3.4.1 Determinação de açúcares redutores, açúcares totais e amido...................28
3.4.2 Determinação de proteínas.........................................................................29
3.4.3 Determinação de extrato etéreo..................................................................29
3.4.4 Determinação de fibras ..............................................................................29
3.4.5 Determinação das cinzas (material mineral)..............................................30
3.5 Correção e Transformação dos Dados .............................................................30
3.6 Análises Estatísticas.........................................................................................31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................31
4.1 Análise de Variância ........................................................................................32
4.2 Análise da Capacidade Combinatória ..............................................................40
4.3 Estimação dos Efeitos das Capacidades de Combinação.................................42
4.3.1 Estimação dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC)...........42
4.3.2 Estimação dos efeitos da capacidade de específica de combinação (CEC)45
5. CONCLUSÕES.....................................................................................................51
6. REFERÊNCIAS ....................................................................................................52
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Composição química de cultivares comerciais de milho doce e
super doce....................................................................................
09
Tabela 2 Tipos de híbridos de milho .........................................................
21
Tabela 3 Dados de temperaturas e precipitação pluvial em Iguatemi,
Distrito do Município de Maringá, no período de Outubro/2006
à Abril/2007.................................................................................
26
Tabela 4 Quadrados médios da Análise de Variância de cinco caracteres
de 21 híbridos simples de milho doce, no delineamento de
blocos completos com os tratamentos ao acaso, com quatro
repetições, instalado em Iguatemi-PR, em 2006/2007, média
geral dos tratamentos e coeficiente de variação para cinco
caracteres, avaliados na cultura e em sementes de milho
doce..............................................................................................
32
Tabela 5 Quadrados médios da Análise de Variância de cinco caracteres
de 21 híbridos simples de milho doce, no delineamento blocos
completos com os tratamentos ao acaso, com quatro repetições,
instalado em Iguatemi-PR, em 2006/2007, média geral dos
tratamentos e coeficiente de variação, avaliados em sementes de
milho doce...............................................................................
33
Tabela 6 Médias observadas de cinco caracteres de híbridos simples de
milho doce, em Iguatemi-PR, 2006/2007....................................
36
Tabela 7 Médias observadas de cinco caracteres de composição química
de híbridos simples de milho doce, em Iguatemi-PR,
2006/2007....................................................................................
38
Tabela 8 Quadrados médios das capacidades combinatórias geral e
específica Método 4 de Griffing Modelo Fixo (1956), quadrado
médio do erro e médias dos quadrados dos efeitos das
capacidades geral e específica para cinco caracteres de milho
doce obtidos em nível de média na parcela..................................
40
vii
Tabela 9 Quadrados médios das capacidades combinatórias geral e
específica Método 4 de Griffing Modelo Fixo (1956), quadrado
médio do erro e médias dos quadrados dos efeitos das
capacidades geral e específica para cinco caracteres de milho
doce obtidos em nível de média na parcela..................................
41
Tabela 10
Estimativa dos efeitos da capacidade geral de combinação (
i
G
ˆ
)
de sete linhagens de milho doce, para cinco caracteres e desvio-
padrão (D.P.) ................................................................................
43
Tabela 11
Estimativa dos efeitos da capacidade geral de combinação (
i
G
ˆ
)
de sete linhagens de milho doce, para cinco caracteres e desvio-
padrão (D.P.) ...................................................................
44
Tabela 12 Estimativas dos efeitos da capacidade específica de combinação
(
ij
S
ˆ
) para cinco caracteres e desvio-padrão (D.P.) ......................
47
Tabela 13 Estimativas dos efeitos da capacidade específica de combinação
de (
ij
S
ˆ
) para cinco caracteres e desvio-padrão (D.P.)
......................................................................................................
49
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Técnica para obtenção de linhagens puras de milho por
autofecundação (LERAYER, 2006).............................................
21
Figura 2 Esquema de cruzamento para obtenção de híbrido simples de
milho (LERAYER, 2006)............................................................
23
ix
RESUMO
KWIATKOWSKI, Angela, M.S. Universidade Estadual de Maringá, novembro de
2007. Características agronômicas, qualidade e composição química dos grãos
de híbridos simples de milho doce. Professor Orientador: Dr. Edmar Clemente.
Professor Conselheiro: Dr. Carlos Alberto Scapim.
O milho doce (Zea mays L.) possui ampla versatilidade, além de agregar valor ao
produto. Este tipo de milho vem sendo consumido em diversos países na forma de
espiga cozida “in natura”, congelada ou como grãos enlatados. No Brasil, várias
agroindústrias fomentam a produção e comercialização do milho doce enlatado em
conserva. Dessa forma, seu cultivo vem crescendo gradativamente, atraindo a
atenção dos produtores de milho verde. O presente trabalho possui como objetivos:
avaliar caracteres agronômicos, a qualidade e a composição química dos grãos de
híbridos simples de milho doce apropriados para consumo "in natura" e, também,
pela indústria de milho verde em conserva. As sete linhagens foram selecionadas e
fornecidas para o cruzamento dialélico pelo Programa de Melhoramento Genético da
Universidade Estadual de Maringá, sendo obtidos os 21 híbridos simples. O
delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com quatro
repetições. As características avaliadas no campo foram: altura de plantas, altura de
inserção das espigas e massa das espigas sem palha (kg ha
-1
). As avaliações químicas
realizadas foram: determinação de açúcares redutores e totais, amido, proteínas,
extrato etéreo, fibras e cinzas. Para as análises estatísticas, foi utilizada a análise de
variância e na comparação das médias foi utilizado o teste de agrupamento Scott-
Knott (1974) com probabilidade mínima de 5%. Para a análise de combinação entre
as linhagens genitoras e os híbridos simples obtidos (capacidade geral de
combinação CGC - e capacidade específica de combinação - CEC) foi utilizado o
método 4 de Griffing e o modelo fixo (1956). Os resultados médios obtidos indicam
que, para a avaliação da altura de plantas e espigas, não houve diferença significativa
x
(P>0,05), e para a composição química, houve diferença significativa (P<0,05) pelo
teste de agrupamento de médias de Scott-Knott (1974) entre os híbridos avaliados.
Na análise combinatória, as linhagens de milho doce que se destacaram para os
cruzamentos realizados foram as linhagens L4 e L5. Os híbridos L4xL5 e L3xL7 são
os mais indicados para produção, quando se objetiva a maior concentração de
açúcares e menor teor de amido na composição.
Palavras-chave: Zea mays L., milho doce, híbridos simples, composição química.
xi
ABSTRACT
KWIATKOWSKI, Angela, M.S. State University of Maringá, November, 2007.
Agronomic characteristics, quality and chemical compound of simple hybrids
grains of sweet corn. Major Professor: Dr. Edmar Clemente. Advisor: Dr. Carlos
Alberto Scapim.
Sweet corn (Zea mays L.) possesses wide versatility, besides adding value to the
product. This corn type has been consumed in natura’ in several countries, in form
of cooked ears, or in frozen or canned grains. In Brazil, several agribusinesses
foment the production and commercialization of canned sweet corn. Thus, its
cultivation has been growing gradually, attracting the attention of green corn
producers. The present paper has as objective to evaluate the agronomic characters,
the quality and the chemical composition of the grains of sweet corn, simple hybrids,
appropriate for consumption ‘in natura’, and the corn to be used in the green corn
industry. Seven lineages were selected and supplied for the dialectic crossing by the
Program of Genetics Improvement of the State University of Maringá, thus obtaining
21 simple hybrids. The experimental outlining occurred by using complete
randomized blocks with four replications. The characteristics appraised in the
cultivars were: height of plants, height of ear insertion and mass of corn ears, without
straw (kg ha
-1
). The chemical evaluations carried out were the ones regarding:
determination of reducer and total sugars, starch, proteins, ethereal extract, fibers and
ashes. Variance analysis was used for the statistical analyses, whereas Scott-Knott
cluster test (1974) was used in the comparison of averages, with a minimum
probability of 5%. For the combining analysis, between the genitor lineages and the
simple hybrids obtained (usual combination capacity - UCC - and specific
combination capacity - SCC), both, method 4 and the fixed model by Griffing (1956)
were used. The average results obtained showed that there was no significant
difference when the evaluating the height of plants and corns ears (P>0.05), but on
xii
the other hand, of chemical composition showed significant difference (P<0.05) in
the test regarding average clustering, by Scott-Knott (1974) for the hybrids
appraised. But L4 and L5 sweet corn lineages were the ones highlighted for the
crossings accomplished in the combining analysis. Both, L4xL5 and L3xL7 hybrids
were the most suitable for production, when aiming at obtaining the largest
concentration of sugars, together with the smallest content of starch, in its
compound.
Key words: Zea mays L., sweet corn, simple hybrids, chemical compound.
1
1. INTRODUÇÃO
O milho doce (Zea mays L.) é muito popular nos Estados Unidos, Canadá e
Europa, sendo, habitualmente, consumido “in natura” na alimentação. O Brasil,
como um dos maiores produtores de milho do mundo, possui, também, potencial
para a produção de milho doce (PARENTONI et al., 1990; MAGGIO, 2006).
No Brasil, estimou-se em 2002, uma área cultivada de milho doce em torno
de 12.000 ha, com uma produção de, aproximadamente, 84.000 t de espigas verdes
(ARAGÃO, 2002). Em 2005, a área de cultivo aumentou para 36.000 ha, sendo
praticamente 100% da produção destinada ao processamento industrial. Este
seguimento tem crescido nos últimos anos e a tendência é a manutenção deste
crescimento, visando, principalmente, o mercado para a exportação (BARBIERI et
al., 2005).
O milho verde enlatado em grãos vem sendo vendido no país muito
tempo, sendo utilizado, em sua maioria, o produzido a partir do milho comum.
Poucas indústrias utilizam o milho doce, em virtude da falta de cultivares
adequados. São conhecidos apenas alguns híbridos plantados comercialmente
(GAMA; PARENTONI; LEMOS, 1992).
Tem-se observado no mercado de milho verde, comercializado com e sem
palha, muita desuniformidade. Isso mostra que o produtor ainda necessita de
muitas informações a respeito de cultivares apropriadas para esse segmento de
mercado cada vez mais promissor e exigente (PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002).
No Brasil, algumas empresas m desenvolvendo programas de
melhoramento para produção de cultivares de milho doce adaptados às nossas
condições e que apresentam endosperma com conversão reduzida de açúcar em
amido (GAMA et al., 1983; PARENTONI et al., 1991; FORNASIERI FILHO,
1992; SCAPIM; CRUZ; ARAÚJO, 1995).
2
Em face da crescente demanda de cultivares de milho doce, que reúnam as
características requeridas pelos produtores e pelas indústrias enlatadoras e
consumidores, faz-se necessária a obtenção de informações quanto aos controles
genéticos de caracteres de qualidade e rendimento (TEIXEIRA et al., 2001).
A qualidade do milho doce é avaliada pela sua composição química,
principalmente pela concentração dos carboidratos. Portanto, para analisar os
resultados obtidos pelo melhoramento genético, a composição química do
material, em avaliação, deve ser determinada (SCAPIM, 1994).
O presente trabalho teve como objetivos: avaliar caracteres agronômicos, a
qualidade e a composição química dos grãos de híbridos simples de milho doce,
contendo o gene sugary-1 (su
1
), para consumo “in natura” e para uso pela indústria
de enlatamento, fornecendo, assim, informações sobre os melhores híbridos
simples de milho doce a serem cultivados.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Características do Milho Doce
O milho doce (Zea mays L.) é classificado como especial. Destina-se,
exclusivamente, ao consumo humano, possui alto valor nutricional e é utilizado,
principalmente, como milho verde tanto “in natura” como para processamento
(PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002; OLIVEIRA JR.; PEREIRA; BRESSAN-
SMITH, 2006).
Difere-se do milho comum, não por características taxonômicas, mas pelo
alto teor de açúcares e baixo teor de amido. Na fase de grãos leitosos, isto é, milho
verde, os grãos são tenros e apresentam maior teor de açúcares em relação ao
milho verde comum (STORCK; LOVATO, 1991; SILVA, 1994). Devido a esse
baixo teor de amido, não é indicado para elaboração de pratos como pamonha e
curau (VALENTINI; SHIMOYA; COSTA, 2002).
Do ponto de vista botânico, grãos são frutos de cereais, como o milho. A
semente é o óvulo maduro, do qual pode haver um ou mais desenvolvidos dentro
do ovário de uma leguminosa, porém não mais de uma em uma gramínea
(TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977).
Parentoni et al. (1990) apresentam uma classificação para o milho doce em
dois grupos básicos: o milho doce contendo o gene sugary (su) e o milho super
doce contendo o gene brittle (bt), shrunken (sh) ou sugary enhancer (se). Os grãos
de milho doce sugary possuem um alto teor de polissacarídeo solúvel em água
(WSP = water soluble polysaccharide) - um carboidrato de cadeia ramificada,
responsável pela melhor estrutura do grão (ARAGÃO, 2002).
O milho doce padrão é homozigoto para o gene recessivo (su
1
), o que
resulta em um aumento nos níveis de polissacarídeos solúveis em água em seu
endosperma (primariamente fitoglicogênio) (WANN; BROWN; HILLS, 1971). O
fitoglicogênio é altamente ramificado, sendo acumulado em quantidades
4
significativas no endosperma do milho doce (su
1
). É mais ramificado do que a
amilopectina - componente do milho com endosperma amiláceo (PEAT;
WHELAN; TURVEY, 1956).
Os grãos de milho doce, em geral, possuem menor porcentagem de
germinação quando comparadas ao milho comum (WATERS; BLANCHETTE,
1983). Esse desempenho inferior é atribuído, principalmente, a algumas
características que as diferenciam. Entre essas estão: as menores quantidades de
amido, a cristalização de açúcares no endosperma e a formação de espaços
internos entre a camada de aleurona e o pericarpo das sementes, que ocorrem
durante a desidratação, fazendo com que estas apresentem aspecto enrugado, o que
torna o pericarpo mais frágil e mais suscetível a danos mecânicos e a entrada de
patógenos (DOUGLAS; JUVIK; SPLITTSTOESSER, 1993).
2.2 A Planta do Milho Doce
A botânica e a reprodução do milho doce o idênticas as do milho comum
(ARAGÃO, 2002). É originário da América, mais especificamente, nos países do
México e Guatemala. A mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do
Tehucan, datada de 7.000 a.C. Neste local, hoje se localiza o México (LERAYER,
2006). A planta apresenta porte médio de 1,30 a 2,50 m de altura, caule ereto,
cilíndrico, fibroso, separado em porções por gomos e, geralmente, recoberto por
uma parte da folha, denominada bainha (KUROZAWA, 2007).
As folhas dessa planta são de tamanho médio a grande, cor verde-escura a
verde-clara, flexíveis e tem uma nervura central branca, lisa e bem visível. A
planta produz flor masculina (flecha ou pendão), na sua parte mais alta, que produz
os grãos de pólen e a flor feminina (espiga) à meia altura. Cada fio que sai da
espiga é responsável pela produção de um grão, depois de fecundada. O milho
doce produz bem em épocas do ano com média à alta temperatura e boa
5
disponibilidade de água no solo durante todo o ciclo da planta (PAIVA et al.,
1992; KUROZAWA, 2007).
2.3 Manejo da Cultura
A cultura do milho doce deve atender alguns atributos que favoreçam uma
boa produção, tais como: ter possibilidade de plantio durante o ano todo e
produtividade em campo acima de 12 t ha
-1
. O ciclo da cultura pode variar entre 90
e 110 dias com uniformidade de maturação das espigas. O manejo do milho doce,
em relação à densidade, espaçamento, controle de pragas e plantas daninhas,
adubação de plantio e cobertura e escalonamento de plantio e colheita, seguem o
mesmo procedimento do milho comum. A colheita pode ser mecanizada ou
manual, sendo que a colhedora rende ao redor de 100 t em 12 horas de serviço e a
manual necessita de 8 a 10 homens por dia ha
-1
(PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002).
Essa cultura exige maior precaução contra pragas, que são atraídas pela
maior quantidade de açúcares nos grãos, e quanto ao maior número de sementes
por metro linear, pois possuem poder germinativo inferior comparado ao milho
comum (TOLEDO, 2001). Deve ser tolerante a algumas pragas, como lagarta-da-
espiga e lagarta-do-cartucho, e ser resistente às principais doenças, como a mancha
de Phaeosphaeria, ferrugem, helmitosporiose e enfezamento (PEREIRA FILHO;
CRUZ, 2002).
A colheita das espigas é realizada quando os grãos estão em estado leitoso.
Os grãos maduros quando secos ficam vítreos, devido à cristalização dos açúcares
e ficam totalmente enrugados pelo baixo teor de amido na sua composição
(PEREIRA FILHO; CRUZ, 2002). A denominação vítreo refere-se ao aspecto dos
endospermas nos grãos quando sujeitos à luz. No endosperma farináceo, os
espaços vagos permitem a passagem da luz, conferindo opacidade ao material. De
forma oposta, a ausência de espaços entre os grânulos de amido e a matriz protéica
6
promove a reflexão da luz, resultando em aspecto vítreo ao endosperma observado
nessas condições (PAES, 2006).
2.4 Manuseio Pós-Colheita
O milho doce é altamente perecível, em virtude de sua elevada taxa
metabólica no período pós-colheita (BRAZ et al., 2006). A perda da doçura é
rápida devido à hidrólise de sacarose que, no endosperma imaturo, é metabolizada
para amido pela enzima sacarose-glucosil-transferase (TOSELLO, 1987). A ação
dessa enzima e outras enzimas pode ser inativada com o processo de
branqueamento e posterior armazenamento refrigerado. O branqueamento é um
processo térmico de curto tempo de aplicação e é usado em hortaliças antes de
serem submetidas a outros processos de conservação. Pode ser realizado com água
quente ou vapor de água, seguido de um rápido resfriamento (ROMERO;
BARRETT, 1997; EVANGELISTA, 2001).
Após a colheita, o milho doce passa por um processo de seleção, no qual
são descartadas as espigas que apresentam danos externos aparentes (brocas,
podridões, entre outros), e, as demais são classificadas tomando por referência o
tamanho da espiga. Após a seleção, é feito o resfriamento do produto. Quanto mais
rápido ocorrer o resfriamento, após a colheita, maior será a vida útil do produto.
As técnicas mais empregadas para o resfriamento são o vácuo e o hidro-
resfriamento (MORETTI; HENZ, 2003).
O armazenamento deve ser realizado em baixas temperaturas. Podem ser
usadas temperaturas próximas de 0ºC, mas nunca menores que -0,6ºC, sob o risco
de congelamento do produto. A temperatura de armazenamento afeta a velocidade
de degradação dos açúcares. Altas temperaturas de armazenamento aceleram o
metabolismo do produto, reduzindo significativamente o teor de açúcares. O milho
doce pode perder a14% do seu teor de açúcares, quando armazenado a 20ºC por
três horas (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
7
A utilização de híbridos melhorados para o consumo “in natura” e a adoção
de técnicas de armazenamento apropriadas influenciam na vida de prateleira desse
produto, permitindo a manutenção da qualidade do mesmo por períodos mais
prolongados, beneficiando tanto o produtor quanto o consumidor final (BRAZ et
al., 2006).
2.5 Qualidade e Composição Química do Milho Doce
Na área de produtos alimentícios, observa-se, além das exigências comuns
aos demais produtos, preocupação crescente com a qualidade voltada para o valor
nutricional do produto, com a aparência e com as características sensoriais ideais.
A composição química é um aspecto importante para se conhecer as características
do material em avaliação (MARCOS et al., 1999; FRANCO et al., 2002).
A composição dos grãos é definida em função das espécies e cultivares. Os
atributos de qualidade têm sido melhorados pelo uso da genética e da
biotecnologia (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Visando a finalidade a que se
destina a espécie, para consumo “in natura” ou para processamento industrial,
pesquisadores vêm realizando trabalhos para modificar os teores de determinadas
substâncias no milho (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000).
O grão de milho é formado por quatro principais estruturas físicas: o
endosperma, o gérmen, o pericarpo (casca) e a ponta, que diferem em composição
química e, também, na organização dentro do grão.
O endosperma representa aproximadamente 83% de massa seca do grão,
consistindo em carboidratos (açúcares e amido), proteínas de reserva (8%) e
carotenóides (zeaxantina, luteína, beta-criptoxantina, alfa e beta carotenos). O
gérmen representa 11% do grão de milho e concentra quase a totalidade dos
lipídeos leo e vitamina E) e dos minerais do grão, além de conter determinadas
quantidades de proteínas (albuminas, globulinas e glutelinas) e açúcares.
8
O pericarpo, parede do ovário, representa, em média, 5% do grão, sendo a
estrutura que protege as outras estruturas do grão da elevada umidade do ambiente,
insetos e microrganismos. No milho, o pericarpo está presente juntamente com o
tegumento (originário do óvulo).
A ponta é a menor estrutura, 2% do grão, e é responsável pela conexão do
grão ao sabugo, sendo a única área do grão não coberta pelo pericarpo. Sua
composição é essencialmente de material lignocelulósico (TOLEDO; MARCOS
FILHO, 1977; PAES, 2006).
A composição química do grão de milho doce pode ser alterada por meio da
manipulação genética. Somente nos últimos anos é que melhoristas tem dado
maior atenção a este aspecto (ARAGÃO, 2002). Na Tabela 1, pode ser observada a
composição química de híbridos (BR 420 e BR 421) e cultivares comerciais (BR
401 e BR 402) de milho doce e super doce (BR 400). Os híbridos BR 420
(Docemel) e BR 421 (Lili) são os dois primeiros híbridos desenvolvidos pelo
programa de melhoramento da EMBRAPA (REIFSCHNEIDER; GAMA;
PARENTONI NETO, 2007).
9
Tabela 1 Composição química de híbridos e cultivares comerciais de milho doce
e super doce.
Componentes BR 420
(Docemel)
BR 421
(Lili)
BR 400
(Super doce)
BR 401
(Cristal-de-
ouro)
BR 402
(Doce-
cristal)
Sólidos Solúveis
(ºBrix)
22,0
17,0
20,8
22,3
17,7
Cinzas (%) - - 0,8 0,9 1,1
Proteínas (%) 10,0 9,0 11,6 11,0 10,8
Lipídeos (%) 4,0 4,0 3,7 4,4 4,5
Amido (%) - - 20,2 22,9 24,2
Açúcares
redutores (%)
-
-
2,1
1,9
1,6
Açúcares totais
(%)
-
-
5,2
4,6
4,3
Fonte: Pereira (1987) citado por Aragão (2002); Reifschneider, Gama e Parentoni Neto ( 2007).
2.5.1 Carboidratos
Os carboidratos o os constituintes bioqmicos mais importantes e
abundantes nos cereais. Eles são importantes fontes de energia e compõem a parte
estrutural das células (KAYS, 1991; CARVALHO; NAKAGAWA, 2000;
CECCHI, 2001).
No milho verde, os carboidratos simples como sacarose e frutose e o teor de
amido definem atributos de qualidade, devendo ser investigados nesse estádio para
melhor recomendação ao produtor e aceitação do consumidor (CANIATO et al.,
2004).
O milho doce, tanto in natura” como para processamento, difere do milho
comum pelo alto teor de açúcares e baixo teor de amido, ambos resultantes da ação
10
de genes recessivos individuais ou associados em combinações duplas ou triplas
(ARAUJO; CORREA; SILVA, 2001). Entre os açúcares encontrados no milho
doce estão a glicose, frutose, galactose, sacarose, entre outros (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000; CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Entre os polissacarídeos, o amido, composto por cadeias lineares e
ramificadas de glicose, representa o principal carboidrato de reserva na maioria
dos produtos vegetais (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
O milho doce possui baixo teor de amido no endosperma em face dos alelos
mutantes alterarem a rota metabólica da formação do amido, favorecendo o
acúmulo de açúcares. Enquanto o milho comum tem em média 71,5% de amido no
grão inteiro (TOSELLO, 1987), o milho doce tem 22,9% (para ‘Doce-de-Ouro’)
(PEREIRA, 1987). O amido se apresenta como grânulos com forma e tamanhos
dependentes de sua fonte botânica, e é composto por dois tipos de
macromoléculas, a amilose e a amilopectina (FRANCO et al., 2002). Convém
destacar que a deposição de amido aumenta com a evolução da maturação
(CANIATO et al., 2004).
,
2.5.1.1 Genes mutantes do endosperma que afetam a síntese de carboidratos
O milho doce é caracterizado por possuir pelo menos um dos oito genes
mutantes que afetam a biossíntese de carboidratos no endosperma, sendo os
principais: shrunken-2 (sh
2
), localizado no cromossomo 3; Brittle (bt), no
cromossomo 5; sugary enhancer (se), sugary (su) e brittle-2 (bt
2
), todos no
cromossomo 4. Existe, ainda, o dull (du), no cromossomo 10 waxy (wx), no
cromossomo 9, e amilose extender (ae), no cromossomo 5. Tais genes podem atuar
de forma simples ou em combinações duplas ou triplas. Entretanto, associadas a
este gene, estão algumas características indesejáveis, como a baixa produtividade e
a pouca resistência ao ataque de pragas e doenças, em virtude do maior teor de
açúcares, quando comparado ao milho comum (TRACY, 1994; OLIVEIRA
JUNIOR et al., 2006).
11
O gene waxy (wx) provoca aumento no conteúdo de açúcares totais e
polissacarídeos solúveis em água (WSP) em combinação com o gene sugary-1
(su
1
) (ANDREW; BRINK; NEAL, 1944).
Um gene mutante com o fenótipo similar ao shrunken-1 foi citado por
Creech (1968), como um mutante diferente do sh
1
. Este gene foi designado como
shrunken-2 (sh
2
). Laughnan (1953) trabalhou com o gene mutante shrunken-2
(sh
2
), e constatou que continha alta porcentagem de sacarose e menor teor de
amido do que o su
1
, mas, a quantidade de WSP era pequena. O duplo recessivo
su
1
sh
2
possuía mais açúcar e menos amido do o su
1
. O conteúdo de WSP do duplo
mutante foi similar ao mutante sh
2
sozinho 2%). O genótipo sh
2
apresenta uma
importante característica: após a colheita, a taxa de perda de açúcar é menor em
relação ao genótipo padrão de milho doce (su
1
su
1
SH
2
SH
2
) (SOBERALSKE;
ANDREW, 1978). O problema de germinação e vigor no campo tem limitado a
sua aceitação e, por causa disso, muitos estudos são conduzidos em níveis
fisiológicos, genéticos e de seleção massal (ANDREW, 1982; BELL; DARRAH;
ZUBER, 1983; STYER; CANTLIFFE, 1984).
Os efeitos dos genes brittle-1 (bt
1
) e brittle-2 (bt
2
) foram relatados por
Cameron e Teas (1954). Cada um destes genes aumentava o teor de açúcar e
reduzia o conteúdo de amido, sendo que nenhuma mudança no conteúdo de WSP
foi observada.
Vários mutantes como shrunken (sh) e brittle (bt) possuem duas vezes mais
sacarose do que o gene sugary (su
1
), mas o fitoglicogênio não é acumulado em
grandes quantidades em seus endospermas (CREECH, 1965; HOLDER;
GLOVER; SHANNON, 1974).
O mutante sugary enhancer (se), formado pelo genótipo recessivo
sesesu
1
su
1,
tem, aproximadamente, duas vezes mais açúcar que o genótipo padrão
de milho doce (su
1
), portanto similar ao shrunken-2 (sh
2
) e, também tem alto
conteúdo de fitoglicogênio como no mutante su
1
(ALEXANDER, 1988). Híbridos
com o genótipo su
1
su
1
Sh
2
sh
2
Sese segregam na proporção de 9/16, produzindo
grãos com teor de açúcar convencional e 7/16 com teor elevado de açúcar (sh
2
).
12
2.5.2 Extrato etéreo
O teor de extrato etéreo representa, em maior concentração, o teor de
lipídeos e outros componentes como carotenóides, vitaminas, esteróis, fosfatídeos,
óleos essenciais, entre outros que são extraídos na técnica de determinação direta
de lipídios com solventes. O termo lipídios é utilizado para gorduras e substâncias
gordurosas e são definidos como componentes dos alimentos que são insolúveis
em água e solúveis em solventes orgânicos. Normalmente, os cereais possuem de
3,5 a 5% (CECCHI, 2001; PAES, 2006). O teor de lipídios do milho possui
composição de ácidos graxos poliinsaturados, sendo o principal componente o
ácido graxo linoléico, contendo um pequeno percentual do ácido graxo linolênico
(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000; PAES, 2006).
2.5.3 Proteínas
As proteínas dos alimentos possuem, além da função nutricional,
propriedades sensoriais, principalmente de textura (CECCHI, 2001). O conteúdo
de proteínas em diferentes tipos de milho varia entre 6 a 12% na base seca, sendo
que 75% destes componentes estão contidos no endosperma (FAO, 2006). No
milho doce, a redução no acúmulo de polissacarídeos, principalmente amido, leva
a um aumento no teor de proteínas no endosperma (PAES, 2006).
As proteínas do grão de milho podem ser classificadas em seis frações, de
acordo com Laundry e Moureaux (1970): albumina, globulina, zeína, glutelina 1,
glutelina 2 e glutelina 3. As zeínas são proteínas do grupo das prolaminas e são as
mais abundantes em grãos de milho normais, chegando a atingir de 45 a 60% da
proteína total do endosperma (CAPOBIANGO et al., 2006). São deficientes em
dois aminoácidos essenciais: a lisina e o triptofano, o que resulta na baixa
qualidade nutritiva. Existem, no entanto, linhagens mutantes que contêm os genes
“opaco-2” e “floury” que reduzem a síntese de zeínas e, consequentemente,
13
aumentam a porcentagem de proteínas ricas em lisina e triptofano, no endosperma
(PAIVA et al., 1992; PAES, 2006).
O milho doce comparado com o milho comum apresenta, respectivamente,
34,7 e 68,7% de amido e 38,8 e 0,0% de proteínas solúveis em água na matéria
seca e, em relação à composição do amido, tem-se 32,6 e 25% de amilose e 67,4 e
75% de amilopectina, respectivamente (HEREDIA ZÁRATE; VIEIRA, 2003).
2.5.4 Fibras
As fibras incluem, teoricamente, materiais não digeríveis pelo organismo
humano e animal e são insolúveis em ácido e base diluídos em condições
específicas. Entre estes estão a celulose, pentosanas e lignina, responsáveis pela
estrutura celular das plantas (CECCHI, 2001). Esses compostos são
polissacarídeos estruturais presentes, normalmente, nas paredes vegetais
(CHITARRA; CHITARRA, 2005).
No milho, as fibras estão presentes em maior concentração nas camadas
externas dos grãos de milho, ou seja, no pericarpo e na ponta. As camadas de
células que compõem essa fração são constituídas de polissacarídeos do tipo
hemicelulose (67%) e celulose (23%), embora também contenham lignina (0,1%)
(PAES, 2006).
A presença de fibra alimentar nos alimentos é de interesse na área da saúde,
já que têm sido relatados numerosos estudos que relacionam o papel da fibra
alimentar com a prevenção de certas enfermidades, como o câncer de lon, a
obesidade, os problemas cardiovasculares e o diabetes (PARK; ARAYA, 2001).
14
2.5.5 Material mineral (cinzas)
Material mineral ou cinzas é o resíduo inorgânico que permanece após a
queima da matéria orgânica, que é transformada em CO
2
, H
2
O e NO
2
. Os
elementos minerais se apresentam nas cinzas sob a forma de óxidos, sulfatos,
fosfatos, silicatos e cloretos, dependendo das condições de incineração e da
composição dos alimentos (CECCHI, 2001).
Os minerais estão presentes no milho em um teor de 3 a 6%, e estão
concentrados no gérmen (78%), embora também estejam presentes na camada de
aleurona - a última camada do endosperma. O mineral encontrado em maior
abundância no milho é o fósforo (0,3 mg kg
-1
), na forma de fitatos de potássio e
magnésio. O enxofre ocorre no grão em quantidades significativas, embora na
forma orgânica, como parte dos aminoácidos sulfurados. Outros minerais estão
também presentes no milho, em quantidades menores, sendo os mais importantes:
cloro, cálcio, sódio, iodo, ferro, zinco, manganês, cobre, selênio, cromo, cobalto e
cádmio (PAES, 2006).
2.6 Utilização e Industrialização do Milho Doce
Nos Estados Unidos e Canadá o milho doce é tradicionalmente consumido
“in natura”. O Brasil, como um dos maiores produtores de milho do mundo,
possui, também, um grande potencial para a produção de milho doce. A produção
concentra-se nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás,
Distrito Federal e Pernambuco (GARCIA et al., 1978; PARENTONI et al., 1990).
São conhecidas apenas algumas variedades de milho doce plantadas
comercialmente. Esse tipo de material, geralmente, é de baixo rendimento.
Também apresentam problemas de entressafra e a falta de melhores cultivares para
o consumo "in natura" (PARENTONI et al., 1990; MACHADO; REYES; SILVA,
1990; GAMA; PARENTONI; LEMOS, 1992).
15
Para os produtores de hortigranjeiros, o milho doce pode ser uma fonte de
renda compensadora, em virtude do alto preço unitário das espigas, além de seu
aproveitamento da parte vegetativa, uma vez que pode ser usada como feno ou
silagem de alta qualidade (STORCK; LOVATO; COMASSETTO, 1984; SOUZA;
MAIA; ANDRADE, 1990).
As espigas colhidas no estádio verde podem ser comercializadas com ou
sem palha. Geralmente CEASA’s e feirantes comercializam espigas com palha,
enquanto supermercados e estabelecimentos que comercializam hortaliças
embalam as espigas em bandejas protegidas com filme plástico (SANTOS et al.,
2005).
O milho verde enlatado em grãos vem sendo vendido no país há muito
tempo, sendo utilizado, em sua maioria, o produzido a partir do milho comum.
Poucas indústrias utilizam o milho doce, em virtude da falta de cultivares
adequados (GAMA; PARENTONI; LEMOS, 1992).
Segundo Pereira Filho e Cruz (2002), para que se possa atender tanto aos
interesses da indústria de envasamento quanto a produção para o uso in natura” e
ao próprio produtor, o milho doce deve contemplar alguns atributos para ter boa
aceitação:
possibilidade de plantio durante o ano todo;
produtividade em campo acima de 12 t ha
-1
;
tolerância às principais pragas, como a lagarta-do-cartucho e lagarta-da-
espiga;
tolerância às principais doenças: mancha de Phaeosphaeria e ferrugem;
ciclo variando entre 90 e 110 dias;
uniformidade no tamanho das plantas, facilitando o manuseio da cultura;
uniformidade de maturação das espigas;
longevidade no período de colheita;
plantas de porte médio;
espigas grandes;
16
espigas com bom empalhamento;
espigas bem granadas;
grãos com equilíbrio entre teores de açúcar e amido;
grãos profundos com coloração alaranjada ou amarelo-intenso;
rendimento industrial igual ou maior que 39%.
Além desses requisitos, outros podem ser exigidos pela indústria, a fim de
facilitarem o processamento, tais como: grãos do tipo dentado e longo, sabugo de
coloração branca, cabelo” da espiga claro e solto e grãos com endurecimento
relativamente lento (FORNASIERI FILHO, 1992). Esses e outros requisitos
avaliados para a comercialização do milho doce podem ser alcançados por meio do
uso de altas tecnologias que podem ser empregadas durante o cultivo e ainda, pelas
técnicas de melhoramento de plantas (TOSELLO, 1987).
2.7 Melhoramento Genético e Avaliação de Cultivares no Brasil
A partir do início do século XX, vários programas de melhoramento
genético usando bases científicas foram iniciados. O desenvolvimento de linhas
puras, ou linhagens, oriundas do processo de autofecundação (pólen da planta
fecundando a si própria) das plantas de milho por várias gerações, e do vigor
híbrido, ou heterose (resultante do cruzamento dessas linhagens) foram os
responsáveis pelo impulso que o melhoramento genético convencional tomou no
início do século passado (LERAYER, 2006).
Esse conhecimento permitiu que os programas de melhoramento
conseguissem introduzir novas características ao milho, tais como resistência a
doenças e pragas, maior proteção dos grãos por meio do melhor empalhamento,
maior resposta às práticas de manejo, melhor qualidade nutricional e menor
tombamento e quebramento de plantas. Esse conjunto de melhorias (cuja
participação de pesquisadores brasileiros foi de extrema importância) fez com que
17
o milho se adaptasse a diferentes regiões, condições de clima, solo e finalidade de
uso (LERAYER, 2006).
O melhoramento genético de plantas é normalmente atingido pela seleção
de genótipos com combinações de caracteres desejáveis, existentes na natureza ou
por hibridação. A seleção envolve tanto as variações genéticas das populações
naturais, quanto as variações conseguidas após a hibridação, para produção de
outros caracteres (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Depois de décadas com ênfase no desenvolvimento de novos cultivares para
aumentar o rendimento e melhorar características de qualidade, a prioridade atual é
a recuperação de genótipos com caracteres resistentes, ligados à adaptabilidade
ambiental, resistência às principais pragas e doenças das diferentes culturas e
qualidade química e sensorial (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Até 1978, dispunha-se de uma única variedade plantada comercialmente, a
Doce de Cuba, adaptada às nossas condições. Produtiva, mas de qualidade não
desejável por apresentar o pericarpo com textura grosseira (GARCIA et al., 1978).
Silva et al. (1978) relataram um tipo de milho doce, NUTRIMAIZ, que contém o
gene mutante sugary associado ao gene opaco-2, procurando, com essa
combinação, melhorar a qualidade protéica do milho doce para consumo.
Machado, Reyes e Silva (1990) estudaram um novo cultivar de milho, o
triplo mutante "Sugary-Opaque-2-Waxy" em relação aos cultivares "Sugary-
Opaque-2", "Waxy-Sugary" e "Opaque-2" e um cultivar de endosperma normal.
As características avaliadas foram: composição de carboidratos e acúmulo de
matéria seca. O triplo mutante apresentou acúmulo de matéria seca mais lento,
proporcionando um período mais prolongado de colheita como milho verde,
favorecendo o consumo "in natura".
2.8 Análise Dialélica
Os cruzamentos dialélicos são amplamente utilizados em quase todas as
espécies cultivadas, em razão do grande número de informações genética que
18
podem ser obtidas. Essas podem oferecer inferências sobre a capacidade
combinatória de genitores e híbridos (CRUZ; REGAZZI, 2004).
Ramalho et al. (1993), citados por Aragão (2002), relatam que uma parcela
importante do melhoramento genético é representada pela hibridação dos
cultivares e linhagens que possibilitam a recombinação da variabilidade existente
para produzir novos cultivares adaptados às diversas finalidades. Diante do grande
número de materiais disponíveis, a maior dificuldade reside na escolha dos mais
promissores para serem os genitores em um programa de hibridação. Dessa forma,
com o cruzamento entre indivíduos portadores de fenótipos diferentes, espera-se
gerar progênies superiores e, consequentemente, conduzir a uma maior eficiência
do programa (ALLARD, 1971).
Em programas de melhoramento em que se opta pela hibridação, o maior
problema ou dificuldade é a escolha dos genitores a serem cruzados para formação
da população brida, dado o grande mero de matérias disponíveis. Além disso,
o melhorista terá que definir como se realizada a hibridação e como as
populações segregantes serão conduzidas (ARAGÃO, 2002).
Uma técnica que auxilia na escolha de genitores, com base em seus valores
genéticos e a capacidade de se combinarem formando híbridos promissores, é a de
cruzamentos dialélicos. Este método tem como finalidade expressar um conjunto
de p(p-1)/2 bridos resultantes do acasalamento entre p genitores (ARAGÃO,
2002).
Segundo Aragão (2002), o conceito de análise dialélica foi introduzido por
Sprague e Tatum (1942), e desde então, foram propostos outros métodos para a
análise dialélica e, entre eles, os mais empregados são os métodos de Jinks e
Hayman (1953), Griffing (1956) e Gardner e Eberhart (1966). A literatura sobre
cruzamentos dialélicos no milho permite afirmar que não existe outra espécie em
que esse tipo de esquema seja tão utilizado (HALLAUER; MIRANDA FILHO,
1981).
As metodologias de análise dialélica tem por finalidade analisar o
delineamento genético definido e prover estimativas de parâmetros úteis na seleção
19
de genitores para hibridação e no entendimento da natureza e magnitude dos
efeitos genéticos na determinação dos caracteres (CRUZ; REGAZZI, 2004). Os
cruzamentos dialélicos são utilizados no melhoramento de plantas para estudos
sobre estrutura genética das populações, para a avaliação do potencial
heterozigótico e da capacidade de combinação (SCAPIM, 1994).
Sprague e Tatum (1942) criaram dois termos em relação ao comportamento
relativo das linhagens cruzadas. Os autores definiram a capacidade geral de
combinação (CGC), que expressa o comportamento médio de uma linhagem em
combinações híbridas e, a capacidade específica de combinação (CEC), que
expressa o comportamento de combinações híbridas específicas, dependendo do
que se poderia esperar com base na CGC das linhagens.
A análise dialélica proposta por Griffing (1956), permite estimar a CGC e a
CEC dos genitores envolvidos nos cruzamentos dialélicos. O método pode
apresentar variações de esquemas de cruzamentos, valendo-se de quatro métodos
experimentais: método 1, onde são avaliadas as n
2
combinações e inclui os
parentais, os cruzamentos entre esses parentais e seus recíprocos; método 2, são
avaliadas as n(n+1)/2 combinações correspondentes aos parentais e seus
cruzamentos entre esses parentais, excluindo-se os recíprocos; método 3, onde são
avaliadas as n(n-1) combinações que correspondem aos cruzamentos e aos
recíprocos, excluindo-se os parentais; e, método 4, no qual são avaliadas apenas as
n(n-1)/2 combinações correspondente aos cruzamentos dos n parentais. Cada um
desses métodos pode ser analisado, considerando um modelo fixo ou aleatório,
dependendo da natureza amostral dos genitores (SCAPIM, 1994).
Uma baixa estimativa de CGC, positiva ou negativa, indica que o valor de
CGC do genitor, obtida com base em suas populações híbridas, o difere muito
da média geral da população dialélica. Se os valores de CGC são altos, positivos
ou negativos, indícios de que o genitor em questão é muito superior ou inferior
aos demais genitores do dialelo, em relação ao desempenho médio das progênies.
Os efeitos da CEC estimados como desvio do comportamento em relação ao que
seria esperado com base na CGC, são medidas dos efeitos gênicos não aditivos.
20
São desejáveis aquelas combinações híbridas com estimativa de CEC mais
favoráveis, que envolvam pelo menos um dos genitores que tenha apresentado o
mais favorável efeito de CGC (CRUZ; REGAZZI, 2004).
2.9 Tipos de Híbridos
Em 1908, o botânico e geneticista norte-americano George Harrison Shull
criou o primeiro esquema para a produção de sementes híbridas de milho. Ele
indicou que, ao fecundar a planta com o próprio pólen (autofecundação), ilustrado
na Figura 1, eram produzidos descendentes menos vigorosos. Repetindo o
processo nas seis ou oito gerações seguintes, os descendentes fixavam
características agronômicas e econômicas importantes. Por meio da seleção, esses
descendentes tornavam-se semelhantes. As plantas que geravam filhos
geneticamente semelhantes, e também iguais às mães, passaram a ser chamadas de
linhas puras. Shull notou que duas linhas puras diferentes ao serem cruzadas entre
si produziam descendentes com grande vigor, chamado de vigor híbrido ou
heterose, dando origem ao milho híbrido (LERAYER, 2006).
A palavra híbrido requer sempre uma definição, principalmente quanto ao
tipo de parentais envolvido. Os híbridos são os indivíduos ou a população de
indivíduos resultantes do cruzamento entre indivíduos com diferentes constituições
genéticas, chamados de genitores (participam da fecundação e da fertilização, ou
seja, os pais) (RONZELLI JUNIOR, 1996). Esses genitores podem ser variedades,
linhagens, clones, entre outros. Pode-se incluir, além dos respectivos pais, os
híbridos recíprocos e, ou outras gerações relacionadas, tais como F
1
’s e
retrocruzamentos (ARAGÃO, 2002). No caso do milho, os híbridos produzidos
enquadram-se no modelo apresentado na Tabela 2.
21
Figura 1 Técnica para obtenção de linhagens puras de milho por autofecundação
(LERAYER, 2006).
Tabela 2 – Tipos de híbridos de milho.
Híbridos Parentais
Intervarietal Variedade A x Variedade B
Top cross Linhagem x Variedade
Híbrido simples (HS) Lin.
A x Lin. B
Híbrido simples modificado (HSm) (Lin. A x Lin. A’) x Lin. B
Híbrido duplo (HD) (Lin. A x Lin. B) x (Lin. C x Lin. D)
Híbrido triplo (HT) (Lin. A x Lin. B) x Lin. C
Híbrido triplo modificado (HTm) (Lin. A x Lin. B) x (Lin. C x Lin. C’)
Fonte: Paterniani e Campos (2005). Lin. (linhagem).
22
Os híbridos intervarietais o o cruzamento entre duas variedades. Os
híbridos intervarietais foram úteis nas primeiras constatações de heterose no milho
e na verificação de que nas próximas gerações dos produtos não se repetia o
comportamento da primeira geração. O híbrido top cross é resultado de um
cruzamento de uma variedade de polinização livre com uma linhagem
autofecundada. Esse cruzamento é empregado para avaliar a capacidade geral de
combinação das linhagens (RONZELLI JUNIOR, 1996; PATERNIANI;
CAMPOS, 2005).
O híbrido simples (HS) é o resultado entre duas linhagens autofecundadas,
esquematizado por Lin. A x Lin. B. O brido simples modificado (HSm) pode ser
obtido de duas formas. A primeira prea preparação da linhagem autofecundada,
que servirá como genitor masculino, por meio de uma hibridação afim, e, em
seguida, o resultante é cruzado com outra linhagem autofecundada (RONZELLI
JUNIOR, 1996).
O híbrido duplo (HD) é o resultado do cruzamento entre dois híbridos
simples. Este tipo de brido é o mais usado para produção de semente, com preço
economicamente viável, e, ainda, o mais difundido comercialmente no Brasil
(RONZELLI JUNIOR, 1996).
O híbrido triplo (HT) é obtido pelo cruzamento de um híbrido simples, em
geral na função de genitor feminino, com uma terceira linhagem autofecundada,
que deve ser vigorosa para atender às necessidades de produção de pólen. Da
mesma forma que comentado para o híbrido simples, o híbrido triplo também pode
ser obtido por via alternativa denominada híbrido triplo modificado (HTm). O
HTm é o resultado do cruzamento de um híbrido simples, também como genitor
feminino, com uma terceira linhagem autofecundada previamente, cruzada com
outra linhagem cruzada afim (RONZELLI JUNIOR, 1996).
23
2.9.1 Híbrido simples
O híbrido simples (HS) é o topo da pirâmide dos híbridos quanto à
uniformidade e produtividade. Este tipo de híbrido é o mais simples de ser obtido
como também o mais produtivo entre todos os híbridos de milho. Conforme
ilustrado na Figura 2, é o resultado entre o cruzamento de duas linhagens
autofecundadas (RONZELLI JUNIOR, 1996; PATERNIANI; CAMPOS, 2005).
Figura 2 - Esquema de cruzamento para obtenção de híbrido simples de milho
(LERAYER, 2006).
2.10 Heterose
Ronzelli Júnior (1996) relata que o termo heterose foi proposto por George
Harrison Shull (1908), para descrever o vigor de híbrido manifestado em gerações,
derivadas do cruzamento entre indivíduos genotipicamente divergentes, ou seja, a
expressão gênica dos efeitos benéficos da hibridação. Segundo o autor, o efeito
principal esperado, em geral, es relacionado a um aumento substancial de
produtividade.
24
Shull (1908) citado por Aragão (2002), descreve a existência de duas
hipóteses que procuram explicar esse fenômeno: a hipótese da dominância, que
considera os alelos dominantes favoráveis ao vigor, enquanto os alelos recessivos,
desfavoráveis; e a hipótese da sobredominância, que considera a existência de
alelos, com efeitos divergentes, porém favoráveis nos locos.
Conforme Aragão (2002), na primeira hipótese, a condição heterozigótica
não seria uma condição essencial para que a heterose se manifeste e admite a
possibilidade da ocorrência de indivíduos homozigotos tão vigorosos quanto os
heterozigotos. Na segunda hipótese, a condição heterozigótica seria essencial para
que a expressão do vigor se manifeste. Esta hipótese foi proposta,
independentemente, por Shull e East (1908) e, posteriormente, exposta por East
(1936), ambos citados por Aragão (2002), de forma ampliada, admitindo a
hipótese de que a heterose, por si só, é essencial à manifestação da heterose,
pressupondo a existência de alelos divergentes, no mesmo loco, que produzem
efeitos favoráveis embora diferentes. Nesses locos, os heterozigotos são superiores
a ambos homozigotos. Representando os dois alelos por a1 e a2, a combinação
a1a2 é superior a a1a1 e a2a2. A superioridade ocorre porque cada alelo tem uma
função e nele se somam as ações de a1 e de a2. Verifica-se maior vigor nos
indivíduos que têm maior número de locos heterozigóticos (ARAGÃO, 2002).
A heterose é função da diferença de freqüências alélicas dos materiais
envolvidos nos cruzamentos e, teoricamente, espera-se que quanto mais
divergentes forem os materiais, maior será a heterose. Na prática, nem sempre o
cruzamento de materiais mais divergentes resulta em maior heterose, pois esses
materiais podem diferir muito em adaptação e não apresentarem heterose em nível
esperado (FERREIRA, 1992).
A heterose está, normalmente, ligada a diferenças raciais e distância
genética entre as populações. As populações em combinação permitem que a
divergência genética entre elas seja explorada em prol de uma maior heterose, sem
que haja perdas significativas quanto à adaptação dos materiais delas gerados,
constituindo os “grupos heteróticos” (ARAGÃO, 2002).
25
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
As sete linhagens de milho doce foram fornecidas pelo Programa de
Melhoramento Genético da Universidade Estadual de Maringá. Para a seleção das
sete linhagens de milho doce (L1, L2, L3, L4, L5, L6, L7), contendo o gene
sugary-1 (su
1
), foram observadas as seguintes características: aparência fenotípica
(cor, tamanho e fileira dos grãos), maciez do pericarpo, avaliado por meio do teste
de mastigação (análise sensorial) e sólidos solúveis, com o uso de um refratômetro
de campo. O cruzamento dialelo foi realizado (p(p-1)/2), obtendo-se os 21 híbridos
simples de milho doce possíveis, sem os recíprocos, denominados: L1xL2, L1xL3,
L1xL4, L1xL5, L1xL6, L1xL7, L2xL3, L2xL4, L2xL5, L2xL6, L2xL7, L3xL4,
L3xL5, L3xL6, L3xL7, L4xL5, L4xL6, L4xL7, L5xL6, L5xL7 e L6xL7.
3.2 Condução do Experimento
Os experimentos de campo foram conduzidos na Fazenda Experimental da
Universidade Estadual de Maringá, no Distrito de Iguatemi, Município de Maringá
PR. O delineamento foi o de blocos completos com os tratamentos ao acaso com
quatro repetições. O plantio foi realizado em outubro de 2006. A parcela
experimental foi composta de uma fileira de 5 m, sendo semeadas 5 sementes m
-1
.
O espaçamento entre as parcelas foi de 0,9 m. A adubação consistiu em 60 kg de N
ha
-1
, 60 kg de P
2
O
5
ha
-1
e 40 kg de K
2
O ha
-1
.
Todos os outros tratos culturais e fitossanitários seguiram as recomendações
para a cultura do milho verde. A colheita das espigas foi realizada manualmente
em abril de 2007.
26
Os dados de precipitação pluvial, temperaturas médias, máxima e mínima,
referentes aos períodos de duração do experimento no campo, em Iguatemi,
Distrito de Maringá-PR, nos ano agrícola de 2004/05 e 2005/06, foram coletados
diariamente e são apresentados na Tabela 3, sendo dispostos pelas médias mensais.
Tabela 3 - Dados de temperaturas e precipitação pluvial em Iguatemi, Distrito do
Município de Maringá, no período de Outubro/2006 a Abril/2007.
Temperatura (ºC) Meses
Média Máxima Mínima
Precipitação pluvial
(mm)
Outubro/2006 25,5 30,2 19,4 95,7
Novembro/2006 25,8 30,6 19,9 86,4
Dezembro/2006 26,3 30,6 21,1 238,3
Janeiro/2007 25,3 29,4 21,4 271,5
Fevereiro/2007 26,0 30,5 21,0 207,4
Março/2007 26,3 31,6 21,0 150,0
Abril/2007 25,0 29,6 19,8 63,9
Fonte: Estação Climatológica Principal da Universidade Estadual de Maringá.
As análises de composição química dos híbridos simples de milho doce
foram realizadas no Laboratório de Bioquímica de Alimentos da Universidade
Estadual de Maringá.
3.3 Avaliações de Campo
Foi considerado como período para floração masculina e feminina, o
número de dias decorridos da semeadura ao dia em que 50% das plantas da área
útil de cada parcela apresentaram, respectivamente, pendões e estilo-estigma
emergidos, datada de 10 a 14 de abril de 2007. Marcados os dias da floração
27
feminina nas parcelas, os dados descritos, a seguir, foram coletados no momento
da colheita.
3.3.1 Altura média de planta e espiga (m)
A altura das plantas foi tomada ao acaso, com régua de madeira, em seis
plantas na parcela. Foram obtidas as medidas do nível do solo até o de inserção
do pendão, sendo a média aritmética da medida das seis plantas atribuídas à
parcela.
Para avaliar a altura média das espigas foram utilizadas as mesmas plantas
da medida anterior. As medidas foram tomadas do nível do solo até o nó de
inserção da espiga mais alta, sendo a média aritmética da medida das seis plantas
atribuída à parcela.
3.3.2 Massas das espigas sem palha
As massas das espigas (kg parcela
-1
) foram obtidas por meio da pesagem de
todas as espigas das parcelas sem palha. Após a pesagem os resultados foram
transformados para kg ha
-1
.
3.4 Análises de Composição Química
Após a obtenção das massas das espigas, foi realizado o branqueamento, em
água a temperatura de 100ºC, durante 5 minutos, e resfriado em água, a
aproximadamente 20
º
C, de 5 a 10 minutos, acondicionados em sacos plásticos e
congelados a -18ºC. Foram transportados em caixas de isopor para o Laboratório
de Bioquímica de Alimentos, onde foram realizadas as análises físico-químicas.
As espigas foram descongeladas e analisadas quimicamente. Foram
utilizadas quatro espigas por parcela, resultando na utilização de dezesseis por
tratamento. As análises químicas foram realizadas em triplicata. Os grãos foram
28
retirados das espigas com o auxílio de facas de aço inox. Posteriormente, o
material foi seco em estufa a 60ºC até peso constante (CECCHI, 2001).
Os grãos secos foram triturados em moinho de facas, obtendo-se uma
farinha integral de granulação 30 mesh. Essa farinha foi utilizada para a
quantificação dos teores de açucares redutores e totais, amido, proteínas, extrato
etéreo, fibras e material mineral ou cinzas e os resultados expressos em
porcentagem (%) com base na matéria seca.
3.4.1 Determinação de açúcares redutores, açúcares totais e amido
Os teores de açúcares redutores, totais e amido foram determinados
utilizando-se o todo de Lane-Eynon, segundo os Métodos Físico-Químicos para
Análises de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005). Para a análise de
açúcares redutores, foram pesados 2 g da amostra, transferindo e completando o
volume com água destilada em um balão volumétrico de 100 mL. A solução obtida
foi agitada e filtrada. O filtrado foi utilizado na bureta para titulação. Em um frasco
Erlenmeyer, foi adicionado 10 mL de cada solução de Fehling A e B com adição
de 40 mL de água. O frasco Erlenmeyer foi aquecido até ebulição e,
posteriormente, a solução foi adicionada ao conteúdo da bureta até que a solução
aquecida passasse de azul para incolor, com resíduo de Cu
2
O no fundo do frasco.
Para a análise de açúcares totais, procedeu-se como descrito acima, com prévia
digestão ácida com 5 mL de ácido clorídrico por amostra.
A análise de amido deu-se usando 5 g da amostra desengordurada em frasco
Erlenmeyer com adição de 100 mL de álcool 70%. A solução foi agitada e
aquecida em banho-maria a 85ºC, durante uma hora. Após o resfriamento da
solução, foram adicionados 50 mL de álcool e filtrado. O resíduo foi lavado com
álcool 70% e transferido para um frasco Erlenmeyer com auxílio de 150 mL de
água destilada. Foram adicionadas 5 gotas de NaOH 10% e aquecido por uma
hora. Em seguida, foram acrescentados 5 mL de ácido clorídrico e aquecido por
mais 30 minutos, sendo titulada como descrito para açúcares redutores.
29
3.4.2 Determinação de proteínas
Para a avaliação dos teores de proteínas das amostras, foi utilizado o
método de Kjeldahl, avaliando-se a porcentagem de nitrogênio total na amostra,
segundo os Métodos Físico-Químicos para Análises de Alimentos do Instituto
Adolfo Lutz (BRASIL, 2005), com modificações. Foi utilizado 0,1 g de cada
amostra com 1 g da mistura catalítica (2 g de selênio em pó, 4 g de sulfato de
cobre e 21,4 g sulfato de sódio), condicionada em tubos de ensaio com adição de 5
mL de ácido sulfúrico concentrado, e colocados em bloco digestor para a fase de
digestão da matéria orgânica. O aquecimento foi gradual até 250ºC e o material
permaneceu em digestão por 30 minutos após o clareamento das amostras. Na
seqüência, os materiais foram destilados em aparelho Semi-Micro-Kjeldahl, com a
utilização de solução de hidróxido de sódio a 40%. A amônia destilada foi
recolhida em solução de ácido bórico a 4% com os indicadores vermelho de metila
e verde de bromocresol, ambos em concentração de 0,1% em solução alcoólica. O
volume destilado foi titulado com solução de ácido clorídrico a 0,1 M. Para o
cálculo da conversão de nitrogênio em proteínas foi utilizado o fator 6,25.
3.4.3 Determinação de extrato etéreo
A determinação de extrato etéreo foi realizada em extração direta com
aparelho de Soxlet, usando éter de petróleo como solvente (BRASIL, 2005), com
refluxo de duas horas. Os resultados foram expressos em porcentagem de extrato
etéreo extraído, determinado por diferença de pesagem.
3.4.4 Determinação de fibras
Para determinação das fibras foi utilizado material previamente
desengordurado na determinação de extrato etéreo. A determinação foi realizada
com 2 g da amostra, fazendo uma hidrólise ácida com 200 mL de H
2
SO
4
a 0,255
30
M por 30 minutos e, na seqüência, uma hidrólise alcalina com 200 mL de NaOH a
0,313 M, também por 30 minutos. Após, o material foi levado para secagem em
estufa a 105ºC. Em seguida, o material foi incinerado em forno mufla, por duas
horas a 500ºC. A quantificação foi realizada por diferença de peso inicial e final
(SILVA; QUEIROZ, 2002).
3.4.5 Determinação das cinzas (material mineral)
A determinação das cinzas ou material mineral foi realizada em forno Mufla
segundo os Métodos Físico-Químicos para Análises de Alimentos do Instituto
Adolfo Lutz (BRASIL, 2005).
3.5 Correção e Transformação dos Dados
Antes das análises estatísticas, os dados envolvendo massa de grãos tiveram
seus valores iniciais corrigidos para uma umidade de 70%, valor estipulado de
umidade para colheita de milho doce, que pode variar, segundo Parentoni et al.
(1990), de 70 - 80% de umidade, pela seguinte fórmula:
MG=
)70,01(
)1(
UM
em que
MG = massa de grãos corrigidos para 70% de umidade;
M = massa de grãos não-corrigidas, ou massa de campo; e,
U = umidade observada (em decimais).
31
3.6 Análises Estatísticas
Os resultados obtidos foram analisados por meio da análise de variância
com probabilidade em nível de 1% e 5% de significância pelo teste F no Programa
Estatístico SAS da Universidade Estadual de Maringá UEM (SAS, 1999). Para a
comparação das médias foi utilizado o teste de agrupamento de Scott-Knott (1974)
a 5% de probabilidade. Com base nos dados obtidos de capacidade de combinação,
foi utilizado o método 4 de Griffing e o modelo fixo (1956), com a utilização do
programa computacional Genes da Universidade Federal de Viçosa UFV
(CRUZ, 2007).
32
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise de Variância
Nas Tabelas 4 e 5 encontram-se os quadrados médios para os tratamentos na
análise de variância para o delineamento de blocos completos casualizados para os
caracteres avaliados nos 21 híbridos simples de milho doce, cultivados em
Iguatemi, Distrito de Maringá - PR, em 2006/2007.
Tabela 4 Quadrados médios da análise de variância de cinco caracteres de 21
híbridos simples de milho doce, no delineamento de blocos completos
casualizados, com quatro repetições, instalado em Iguatemi-PR, em
2006/2007.
Quadrados Médios
Fontes de
Variação
G.L.
Altura de
planta (m)
Altura de
espiga (m)
Massa
(kg ha
-1
)
Cinzas
(%)
Fibras
(%)
Tratamentos 20 0,015
ns
0,016
**
3080091,4
*
0,333
*
1,580
*
Blocos 3 0,116 0,032 3611388,3 0,133 0,005
Resíduo 60 0,015 0,009 641297,1 0,042 0,018
Média - 1,49 0,78 4461,50 2,62 5,08
C.V. (%) - 8,14 12,13 17,95 7,83 2,67
* Significativo pelo teste F a 1% de probabilidade
** Significativo pelo teste F a 5% de probabilidade
ns Não significativo
O teste F indicou a existência de diferenças significativas a 5% de
probabilidade, exceto para altura de planta.
33
Tabela 5 Quadrados médios da análise de variância de cinco caracteres de 21
híbridos simples de milho doce, no delineamento blocos completos
casualizados, com quatro repetições, instalado em Iguatemi-PR, em
2006/2007.
Quadrados Médios
Fontes de
Variação
G.L.
Açúcares
Redutores
(%)
Açúcares
Totais
(%)
Amido
(%)
Proteínas
(%)
Extrato
Etéreo
(%)
Tratamentos 20 2,068
*
6,679
*
25,546
*
2,628
*
1,347
*
Blocos 3 0,018 0,014 0,062 0,050 0,061
Resíduo 60 0,010 0,010 0,086 0,045 0,026
Média - 3,67 8,40 26,28 11,67 4,62
C.V. (%) - 2,77 1,22 1,12 1,82 3,49
* Significativo pelo teste F a 1% de probabilidade.
Para o caráter altura de planta (Tabela 4), o coeficiente de variação (CV%)
foi de 8,14% e, para altura de inserção da espiga foi de 12,13%. Scapim (1994),
em seu experimento com genótipos e híbridos de milho doce, obteve valores de
CV% para altura de planta e inserção da espiga de 7,86 e 11,94%,
respectivamente. Valores esses menores que os determinados no presente trabalho.
Oliveira Júnior, Pereira e Bressan-Smith (2006), em híbridos e linhagens de milho
doce (su
1
), encontraram CV% para altura de planta e inserção da espiga de 5,8%,
valor também menor que o determinado no presente trabalho. Em relação ao
caráter altura de inserção da espiga, esses autores encontraram CV% de 12,8%,
uma variação maior que a encontrada (12,13%).
Aragão (2002) analisando híbridos simples de milho super doce obteve
CV% para altura de planta de 10,5%, valor também superior ao determinado. Para
o caráter altura de inserção da espiga o valor encontrado pelo mesmo autor foi de
8,26%, valor inferior ao encontrado neste trabalho.
34
Para avaliação da massa das espigas despalhadas, foi realizada a correção
do valor de umidade para 70%, pois o ponto ideal de colheita do milho doce está
entre 70 e 80% de umidade, na fase considerada de grãos leitosos. Assim, a
correção dos valores se fez necessária para permitir a validade de comparação
entre produtividades de milho verde (SAWASAKI et al., 1979; PARENTONI et
al., 1990).
A massa das espigas despalhadas apresentou um CV% de 17,95%. Scapim
(1994) obteve valor de CV% de 23,32%, maior que o obtido nesse experimento.
Esse valor de CV% encontrado é ligeiramente maior que o determinado por Santos
et al. (2005) de 17,20% e, é menor que o valor obtido no trabalho de Bordallo et al.
(2005) em genótipos e híbridos de milho doce (20,37%) e, também, na pesquisa de
Teixeira et al. (2001) em combinações de linhagens de milho doce (bt) (19,01%).
Os CV’s % apresentaram os menores valores para teor de amido (1,12 %),
açúcares totais (1,22%) e proteínas (1,82%). Trabalho realizado por Bordallo et al.
(2005), o CV% para o caráter proteína resultou em 8,07%, valor maior que o
obtido nesse experimento (1,82%).
O CV% obtido para açúcares redutores (2,77%) e açúcares totais (1,22%)
estão abaixo dos determinados por Scapim (1994) em híbridos de milho doce, ou
seja, 27,41 e 16,58%, de açucares redutores e totais, respectivamente. Os valores
de CV’s% encontrados neste trabalho são considerados baixos, indicando maior
confiabilidade nos resultados obtidos (SCAPIM, 1994).
As médias dos tratamentos estão apresentadas nas Tabelas 6 e 7. Pode-se
observar que para os caracteres de altura de planta e de inserção de espiga não foi
obtida diferença mínima significativa em nível de 5% pelo teste Scott-Knott
(1974). As alturas de plantas variaram de 1,39 a 1,60 m e as alturas da inserção das
espigas variaram de 0,66 a 0,89 m.
O híbrido simples de milho doce Tropical, comercializado pela Syngenta
Seeds (2007), possui porte de 2,35 m, valor maior que o obtido nesse experimento.
Para a cultura do milho doce não é interessante a produção de plantas altas. Os
híbridos e variedades existentes no mercado, apesar de terem boa produtividade,
35
apresentam plantas de porte elevado, característica que as tornam mais
susceptíveis ao acamamento, dificultando a colheita, que acaba sendo manual. O
acamamento, também, pode causar perdas por podridões na espiga, uma vez que
ficam em contato direto com o solo (ARAGÃO, 2002).
As massas das espigas despalhadas variaram de 2.693 a 6.350 kg ha
-1
.
Observa-se que os bridos L2xL4 e L4xL7 foram os que apresentaram maior
rendimento em kg ha
-1
e os híbridos L2xL3, L3xL6 e L5xL6 foram os que
apresentaram menor produção em kg ha
-1
.
Aragão (2002), avaliando o desempenho de 121 híbridos simples de milho
superdoce, com correção do estande, obteve produtividades de espigas com palha
variando de 10,3 a 32,8 t ha
-1
. Altas produtividades, não necessariamente, resultam
em espigas adequadas para a indústria (MAGGIO, 2006). O híbrido simples de
milho doce Tropical, comercializado pela Syngenta Seeds (2007), apresentou
produtividade em massa de espigas com palha de 17.500 kg ha
-1
e 5.950 kg ha
-1
de
espigas despalhadas. Esses valores de massa de espigas despalhadas são menores
que os obtidos nesse trabalho pelos híbridos simples L2xL4 e L4xL7. As
características de qualidade química e sensorial devem ser avaliadas em conjunto
com a produtividade. Para alcançar esse objetivo, Gama e Parentoni (1992)
recomendam a utilização de sementes de híbridos simples de milho doce. Pereira
Filho, Cruz e Gama (2003) recomendam a produtividade em massa de espigas com
palha maior que 12 t ha
-1
, para que um milho verde seja considerado produtivo.
36
Tabela 6 Médias observadas de cinco caracteres nos híbridos simples de milho
doce, em Iguatemi-PR, 2006/2007.
Médias
**
Híbridos
Altura de
planta (m)
Altura de espiga
(m)
Massa
(kg ha
-1
)
Cinzas
(%)
Fibras
(%)
L1xL2
*
1,54 a 0,80 a 4.306 c 2,81 c 5,48 c
L1xL3
1,54 a 0,81 a 4.533 b 2,44 d 5,08 d
L1xL4
1,47 a 0,79 a 4.103 c 2,39 d 4,84 e
L1xL5
1,40 a 0,66 a 4.167 c 2,61 d 5,16 d
L1xL6
1,50 a 0,80 a 4.769 b 2,57 d 4,81 e
L1xL7
1,51 a 0,86 a 5084 b 2,73 c 6,29 a
L2xL3
1,53 a 0,85 a 3.414 d 2,45 d 4,64 f
L2xL4 1,52 a 0,78 a 6.350 a 2,54 d 5,93 b
L2xL5 1,39 a 0,70 a 4.519 b 2,78 c 4,53 f
L2xL6 1,38 a 0,71 a 3.983 c 2,64 d 4,97 d
L2xL7 1,46 a 0,71 a 4.537 b 2,95 b 5,26 d
L3xL4
1,60 a 0,89 a 5.275 b 3,30 a 3,79 g
L3xL5
1,58 a 0,84 a 3.831 c 2,61 d 4,86 e
L3xL6
1,44 a 0,80 a 3.022 d 2,73 c 5,22 d
L3xL7
1,53 a 0,82 a 4.583 b 2,35 d 5,60 c
L4xL5
1,50 a 0,77 a 5.111 b 2,71 c 3,72 g
L4xL6
1,50 a 0,77 a 4.819 b 1,91 e 4,82 e
L4xL7
1,49 a 0,75 a 6.056 a 2,41 d 5,62 c
L5xL6
1,44 a 0,68 a 2.693 d 3,01 b 5,05 d
L5xL7
1,54 a 0,75 a 3.861 c 2,77 c 5,89 b
L6xL7 1,54 a 0,76 a 4.675 b 2,34 d 5,11 d
Média 1,49 0,78 4461,50 2,62 5,08
* L - Linhagens
** Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de agrupamento de
Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade.
37
Os resultados encontrados para os caracteres de composição química
expressam a qualidade das combinações de linhagens de milho doce testadas. Os
resultados médios dos teores de material mineral ou cinzas apresentaram diferença
significativa pelo teste de Scott-Knott (1974) aplicado a 5% de significância. A
média do teor de fibras variou de 1,91 a 3,30%. A Tabela 6 indica que o híbrido
simples L3xL4 obteve maior quantidade de minerais totais observado pela massa
de cinzas obtida.
As médias, determinadas para o teor de fibras dos híbridos simples de milho
doce, variaram de 3,72 a 6,29%, para os híbridos L4xL5 e L1xL7,
respectivamente. O teor de fibras no milho comum pode chegar até a concentração
de 9,0%. Isso indica que o milho doce, em geral, possui pericarpo menos fibroso
que o milho comum, aspecto muito importante que influencia na textura macia do
pericarpo do milho doce. Os híbridos com menor conteúdo de fibras em sua
composição foram das combinações L4xL5 (3,72%) e L3xL4 (3,79%).
Os resultados médios dos teores de açúcares redutores variaram de 2,14 a
4,96%. Pode ser observado, na Tabela 7, que os híbridos simples L3xL7 e L4xL5
apresentaram os maiores teores de açúcares redutores (frutose e glicose), e o
híbrido L6xL7 apresentou menores teores desses componentes. Os açúcares totais
variaram de 6,64 a 11,22%, sendo esses valores obtidos nos híbridos simples
L2xL6 e L4xL5, respectivamente. Segundo Silva (1994), o milho doce deve
possuir 9 a 14% de açúcares totais.
38
Tabela 7 Médias observadas de cinco caracteres de composição química nos
híbridos simples de milho doce, em Iguatemi-PR, 2006/2007.
Médias
**
Híbridos
Açúcares
Redutores (%)
Açúcares
Totais (%)
Amido
(%)
Proteínas
(%)
Extrato Etéreo
(%)
L1xL2
*
4,15 c 8,91 e 25,71 c 12,68 a 5,11 b
L1xL3
4,51 b 8,59 f 25,28 d 11,60 d 5,10 b
L1xL4
4,06 c 8,72 f 25,85 c 11,21 e 5,12 b
L1xL5
4,07 c 9,16 d 24,27 e 10,64 f 4,41 d
L1xL6
4,14 c 9,71 c 24,29 e 11,16 e 4,62 c
L1xL7
3,02 h 7,81 g 28,18 b 12,29 b 5,38 a
L2xL3
3,57 e 8,85 e 25,49 d 10,42 g 4,85 c
L2xL4 3,09 g 7,09 i 28,54 b 10,44 g 4,00 e
L2xL5 3,30 f 9,10 d 24,17 e 12,41 b 5,44 a
L2xL6 2,83 i 6,64 k 29,12 a 10,75 f 4,99 b
L2xL7 3,00 h 7,60 h 28,86 a 12,46 b 4,74 c
L3xL4
3,13 g 7,47 h 28,33 b 12,88 a 4,72 c
L3xL5
3,67 e 7,45 h 28,45 b 12,07 c 4,37 d
L3xL6
3,60 e 7,21 i 28,17 b 11,93 c 3,83 f
L3xL7
4,85 a 10,78 b 22,22 f 10,36 g 3,61 f
L4xL5
4,96 a 11,22 a 20,42 g 11,96 c 4,67 c
L4xL6
2,87 i 6,90 j 28,23 b 12,42 b 3,99 e
L4xL7
4,23 c 9,62 c 24,05 e 11,22 e 5,32 a
L5xL6
3,82 d 7,42 h 28,81 a 12,52 b 3,80 f
L5xL7
4,07 c 9,16 d 24,39 e 12,00 c 5,09 b
L6xL7 2,14 j 6,93 j 29,06 a 11,76 d 3,80 f
Média 3,67 8,40 26,28 11,67 4,62
* L - Linhagens
** Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de agrupamento de
Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade.
39
A diferença entre os açúcares totais e os redutores, resulta na quantidade
presente de açúcares não-redutores, sendo o principal a sacarose. Em um estádio
imaturo, os açúcares redutores estão presentes em concentração duas vezes maior
que a sacarose (2:1); no estádio considerado semimaduro, a concentração dos
açúcares redutores é ligeiramente superior; contudo, no estádio de maturação
ótimo, a concentração de sacarose é, normalmente, duas vezes maior que as de
açúcares redutores (1:2); e, após o ponto ótimo de maturação, começa um declínio
na quantidade presente de açúcares redutores, chegando em um milho
supermaduro, a concentrações três vezes maiores de sacarose (1:3). Assim, a
sacarose é principal componente responsável pela doçura do milho (GARCIA et
al., 1978; SCAPIM, 1994).
Os teores médios encontrados para o amido presente na composição dos
grãos variaram de 20,42 a 29,12%, sendo esses valores correspondentes,
respectivamente, aos híbridos simples L4xL5 e L2xL6 (Tabela 7). Pode-se
observar que os híbridos que obtiveram maior valor de amido, apresentaram menor
valor de açúcares em sua composição. A média obtida do caráter massa das
espigas despalhada (kg ha
-1
) do híbrido simples L4xL5 não deve ser considerada
baixa, percebe-se (Tabela 6) que esse pertence ao grupo de médias b pelo teste de
Scott-Knott (1974), com significância de 5%.
A indústria de enlatamento tem preferência por milho doce que possua em
sua composição maiores teores de açúcares e menor teor de amido. Oliveira Júnior
et al. (2006) avaliaram a preferência do consumidor com genótipos de milho doce
“in natura”. Os resultados da análise sensorial indicaram a preferência do
consumidor por genótipos com maior sensação de doçura. O autor relata que essa
sensação se deve a presença de maior teor de sacarose nas amostras de milho
avaliadas.
As médias obtidas para o teor de proteínas variaram de 10,36 a 12,88%,
para os híbridos L3xL7 e L3xL4, respectivamente. Segundo Paes (2006), milhos
com concentração superior que 12% podem ser considerados ricos em proteínas.
40
Misra, Mertz e Glover (1975) e Paes (2006) relataram que baixos teores de amido
em milho levam a um aumento no conteúdo de proteínas no endosperma.
Os teores encontrados de extrato etéreo variaram de 3,61 a 5,44%. Verifica-
se, na Tabela 7, que os híbridos simples L1xL7, L2xL5 e L4xL7 apresentaram
maiores valores de extrato etéreo nos grãos. Os híbridos simples obtidos e
analisados nesse trabalho não possuem alto teor de lipídios, quando comparados
com bridos de milho comum, que podem chegar a 7,5% de lipídios em sua
composição (PAES, 2006).
4.2 Análise da Capacidade Combinatória
Nas Tabelas 8 e 9 encontram-se os quadrados médios da capacidade geral
(CGC) e da capacidade específica (CEC) de combinação.
Tabela 8 Quadrados médios das capacidades combinatórias geral e específica
pelo método 4 de Griffing e modelo fixo (1956), quadrado médio do
erro e médias dos quadrados dos efeitos das capacidades geral e
específica para cinco caracteres de milho doce obtidos em nível de
média na parcela.
Fontes de
Variação
G.L.
Altura
de planta
(m)
Altura
de espiga
(m)
Massa
(kg ha
-1
)
Cinzas
(%)
Fibras
(%)
CGC 6 0,020
ns
0,041
**
6365289,622
*
0,181
*
2,530
*
CEC 14 0,012
ns
0,006
ns
1672196,994
*
0,397
*
1,166
*
Resíduo 60 0,015 0,009 641297,1 0,042 0,018
CGC - 0,0003 0,0016 286199,626 0,007 0,126
CEC - - - 257724,974 0,089 0,287
* Significativo pelo teste F a 1% de probabilidade
** Significativo pelo teste F a 5% de probabilidade
ns Não significativo
41
Os quadrados médios para CGC e CEC para os caracteres avaliados foram
significativos pelo F a 1% de probabilidade para quase todas as características
avaliadas, exceto para altura de planta que foi não significativo para CGC e CEC e
para altura da inserção da espiga para CGC, e para CEC que foi significativo a 5%
de probabilidade. Os quadrados médios significativos revelam a existência de
variabilidade, resultante da ação de efeitos aditivos e não-aditivos no controle da
expressão gênica.
Tabela 9 Quadrados médios das capacidades combinatórias geral e específica
pelo método 4 de Griffing e modelo fixo (1956), quadrado médio do
erro e médias dos quadrados dos efeitos das capacidades geral e
específica para cinco caracteres de milho doce obtidos em nível de
média na parcela.
Fontes de
Variação
G.L. Açúcares
Redutores
(%)
Açúcares
Totais
(%)
Amido
(%)
Proteínas
(%)
Extrato
Etéreo
(%)
CGC 6 2,765
*
7,292
*
25,573
*
0,572
*
1,981
*
CEC 14 1,775
*
6,425
*
25,523
*
3,507
*
1,084
*
Resíduo 60 0,010 0,010 0,086 0,045 0,026
CGC - 0,1377 0,3641 1,2743 0,0263 0,0978
CEC - 0,4412 1,6036 6,3592 0,8655 0,2644
* Significativo pelo teste F a 1% de probabilidade
42
4.3 Estimação dos Efeitos das Capacidades de Combinação
4.3.1 Estimação dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC)
As estimativas dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC) e da
capacidade específica de combinação (CEC) dependem do conjunto particular das
linhagens incluídas nos híbridos sob teste. Portanto, inferências válidas podem ser
feitas somente acerca do material experimental utilizado (GRIFFING, 1956).
Nas Tabelas 10 e 11 estão as estimativas dos efeitos de CGC, para cada
linhagem, e os desvios-padrão dos efeitos de duas linhagens genitoras. Adotou-se
como critério, considerar a existência de diferença entre dois genitores quaisquer,
quando essa diferença ultrapassar o valor de um desvio-padrão, sendo essa
diferença chamada de amplitude de variação.
Altas estimativas de
i
G
ˆ
, em valores absolutos, ocorrem, em geral, para os
genótipos cujas frequências de alelos favoráveis são consistentemente maiores ou
menores que a freqüência média dos alelos favoráveis em todos os genótipos
testados. Assim, esses valores constituem indicação de genes que são
predominantemente aditivos em seus efeitos (SPRAGUE; TATUM, 1942).
Para o caráter altura de planta (Tabela 8), pode-se observar que não
apresentou efeito da CGC. O efeito da CGC para o caráter altura de inserção de
espiga apresentou maior efeito positivo para a linhagem L3 e maior efeito negativo
para a linhagem L5. A amplitude de variação foi de 4,63 desvios-padrão entre
essas linhagens, indicando que a linhagem L3 foi a que mais contribuiu, em média,
para o efeito da altura de inserção da espiga. A linhagem L4 foi a que mais
contribuiu para menor altura de inserção da espiga.
43
Tabela 10 Estimativa dos efeitos da capacidade geral de combinação (
i
G
ˆ
) de sete
linhagens de milho doce, para cinco caracteres e desvio-padrão
(D.P.)
Linhagens
Genitoras
Altura de
planta (m)
Altura de
espiga (m)
Massa
(kg ha
-1
)
Cinzas
(%)
Fibras
(%)
L1
*
-0,0023 0,0245 38,5628 -0,0357 0,2371
L2 -0,0302 -0,0254 68,0028 0,0882 0,0651
L3 0,0497 0,0805 -422,1171 0,0303 -0,2568
L4 0,0217 0,0146 989,0028 -0,0937 -0,3528
L5 -0,0243 -0,0574 -517,4371 0,1523 -0,2528
L6 -0,0343 -0,0314 -561,3571 -0,1057 -0,0989
L7 0,0197 -0,0054 405,3429 -0,0357 0,6591
D.P. (
i
G
ˆ
)
0,0251 0,0195 165,7834 0,0425 0,0281
D.P. (
ji
GG
ˆ
ˆ
)
0,0384 0,0298 253,2384 0,0649 0,0429
* L - Linhagens.
Para o caráter massa das espigas despalhadas, o efeito da CGC, apresentou
maior efeito positivo para linhagem L4. A linhagem L6 foi a que menos contribuiu
para o caráter massa de espigas despalhadas. A amplitude de variação foi de 6,12
desvios-padrão (Tabela 10).
Os efeitos de CGC para o teor de cinzas (minerais) tiveram uma amplitude
de 3,98 vezes o desvio-padrão. Essa amplitude corresponde a L5 e a L6, linhagens
com maior resultado positivo e negativo, respectivamente.
Para o caráter de açúcares redutores, a linhagem L1 apresentou o maior
efeito positivo sobre a concentração desses componentes na composição. A
linhagem L6 foi a que mais contribui negativamente para a concentração destes. A
amplitude de variação foi de 28,35 desvios-padrão entre as linhagens L1 e L6. Para
os açúcares totais, a amplitude de variação foi de 53,86 vezes o desvio-padrão
entre L5 e L6, ou seja, as linhagens que apresentaram maior efeito positivo e
44
negativo, respectivamente. Pode ser observado que esse valor foi a maior
amplitude obtida (Tabela 11).
Com relação à concentração de amido nos grãos, a amplitude foi de 37,02
desvios-padrão entre L6 e L5, apresentando, respectivamente, o maior valor
positivo e negativo. Quanto ao teor de açúcares, pode ser concluído que a
linhagem L6 contribui para a redução do teor de açúcares e aumento no teor de
amido.
A amplitude de variação para o caráter fibras foi de 23,59 desvios-padrão
entre L7 e L4, linhagens que tiveram o maior efeito positivo e negativo,
respectivamente. Para esse caráter, a linhagem L4 é favorável ao menor teor de
fibras na composição do grão de híbridos simples de milho doce.
Tabela 11 – Estimativa dos efeitos da capacidade geral de combinação (
i
G
ˆ
) de sete
linhagens de milho doce, para cinco caracteres e desvio-padrão
(D.P.)
Linhagens
Genitoras
Açúcares
Redutores
(%)
Açúcares
Totais (%)
Amido
(%)
Proteína
(%)
Extrato
Etéreo
(%)
L1
*
0,3854 0,5034 -0,8205 -0,0942 0,406
L2 -0,4165 -0,4385 0,8414 -0,1783 0,286
L3 0,2614 -0,0065 0,0534 -0,1583 -0,244
L4 0,0634 0,1274 -0,4545 0,0157 0,022
L5 0,3734 0,6254 -1,4346 0,3097 0,016
L6 -0,5245 -1,1146 1,9974 0,0977 -0,534
L7 -0,1426 0,3034 -0,1826 0,0077 0,048
D.P. (
i
G
ˆ
)
0,0210 0,0211 0,0607 0,0439 0,0334
D.P. (
ji
GG
ˆˆ
)
0,0321 0,0323 0,0927 0,0670 0,0509
* L – Linhagens.
45
Levando-se em consideração o caráter teor de proteínas, o maior valor de
i
G
ˆ
positivo foi da L5 e o maior negativo para L2, resultando em uma amplitude de
variação de 7,28 vezes o desvio-padrão. A linhagem L5 é a que mais contribuiu
para aumento no conteúdo de proteínas nos híbridos simples de milho doce.
Em relação ao teor de extrato etéreo, a amplitude de variação foi de 18,47
desvios-padrão entre a L1 e a L6, linhagens que tiveram o maior valor positivo e
negativo de
i
G
ˆ
, respectivamente.
A linhagem L5 contribuiu positivamente para os caracteres de açúcares
totais e minerais, ao mesmo tempo em que contribuiu negativamente no aumento
de amido no endosperma dos híbridos de milho doce.
Para grande parte dos caracteres avaliados, pode-se observar que a L6 foi a
linhagem que contribuiu negativamente para o aumento no teor de açúcares,
minerais e extrato etéreo, fatores determinantes da qualidade dos híbridos de milho
doce, ao passo que contribuiu positivamente para o aumento da quantidade de
amido no endosperma de milho doce, caráter que deve ser reduzido nesse tipo de
milho. Essa linhagem foi também, a que menos favoreceu para o caráter massa de
espigas despalhadas (kg ha
-1
). Esses resultados o importantes para experimentos
posteriores que visem atender ao binômio rendimento-qualidade em populações
melhoradas, derivadas de cruzamentos destas linhagens genitoras de milho doce,
resultando em melhor estabilidade do conteúdo de açúcares com redução do teor
de amido, sem afetar o rendimento (SCAPIM, 1994).
4.3.2 Estimação dos efeitos da capacidade de específica de combinação (CEC)
As estimativas dos efeitos da CEC (
ij
S
ˆ
) e os desvios-padrão referentes aos
21 híbridos simples de milho doce estão apresentados nas Tabelas 12 e 13. Baixos
valores de
ij
S
ˆ
indicam que os híbridos avaliados comportam-se com base na sua
capacidade de combinação (SCAPIM, 1994; CRUZ; REGAZZI, 2004).
46
Altos valores (positivos ou negativos) de
ij
S
ˆ
indicam que o comportamento
de um cruzamento particular é relativamente melhor ou pior do que o esperado,
com base na capacidade geral de combinação das linhagens envolvidas. Valores de
ij
S
ˆ
próximos de zero indicam que a linhagem genitora difere um pouco da
freqüência média dos alelos favoráveis, de todas as linhagens genitoras envolvidas,
enquanto que valores de
ij
S
ˆ
afastados de zero indicam que maior é a divergência
do genitor em relação à freqüência média dos alelos favoráveis, de todas as
linhagens genitoras envolvidas (SCAPIM, 1994; CRUZ; REGAZZI, 2004).
As discussões serão voltadas para as combinações híbridas com estimativas
da capacidade específica de combinação mais altas, que envolverem pelo menos
uma das linhagens genitoras que tenha apresentado o efeito mais favorável da
capacidade geral de combinação (SCAPIM, 1994).
Na Tabela 12, são apresentadas as estimativas dos efeitos da capacidade
específica de combinação (
ij
S
ˆ
) para altura de planta e inserção da espiga. Todos os
híbridos simples apresentaram baixos valores de
ij
S
ˆ
para altura de planta e
inserção de espiga, próximos de zero. Isso era esperado, pois a fonte de variação
CEC não foi significativa (P>0,01) na análise de variância (Tabela 8) indicando
pouca importância da CEC para esses caracteres.
Entre os sete híbridos com médias de maior valor, para os caracteres altura
de planta e inserção da espiga, quatro tiveram como genitor comum a linhagem
L3, que teve o valor mais alto da estimativa de
i
G
ˆ
e apresentaram efeitos positivos
de
ij
S
ˆ
, mais próximos de zero.
47
Tabela 12 Estimativas dos efeitos da capacidade específica de combinação (
ij
S
ˆ
)
para cinco caracteres e desvio-padrão (D.P.)
Híbridos Altura de
planta (m)
Altura de
espiga (m)
Massa
(kg ha
-1
)
Cinzas
(%)
Fibras
(%)
L1xL2
*
0,0773
0,0213
-262,4467
0,136
0,0987
L1xL3
-0,0027
0,0053
455,3733
-0,176
0,0207
L1xL4
-0,0447
-0,0287
-1386,2467
-0,102
-0,1233
L1xL5
-0,0687
-0,0867
184,0933
-0,128
0,0967
L1xL6
0,0413
0,0273
830,7133
0,090
-0,4073
L1xL7
-0,0027
0,0613
178,5133
0,180
0,3147
L2xL3
0,0153
0,0153
-693,4667
-0,290
-0,2473
L2xL4 0,0333
0,0113
831,5133
-0,076
1,1287
L2xL5 -0,0507
0,0033
507,3533
-0,082
-0,3613
L2xL6 -0,0507
-0,0127
15,1733
0,036
-0,0753
L2xL7 -0,0247
-0,0387
-398,1267
0,276
-0,5433
L3xL4
0,0333
0,0153
246,6333
0,742
-0,6793
L3xL5
0,0593
0,0273
308,6733
-0,194
0,2907
L3xL6
-0,0707
-0,0287
-455,8067
0,184
0,4967
L3xL7
-0,0347
-0,0347
138,5933
-0,266
0,1187
L4xL5
0,0073
0,0333
178,0533
0,030
-0,7533
L4xL6
0,0173
0,0073
-69,7267
-0,512
0,1927
L4xL7
-0,0467
-0,0387
199,7733
-0,082
0,2347
L5xL6
0,0033
-0,0107
-689,8867
0,342
0,3227
L5xL7
0,0493
0,0333
-488,2867
0,032
0,4047
L6xL7
0,0593
0,0173
369,5333
-0,140
-0,5293
D.P. (
ij
S
ˆ
)
0,0496
0,0385
326,9294
0,0838
0,0554
D.P. (
ikij
SS
ˆˆ
)
0,0769
0,05969
506,4769
0,1298
0,0858
D.P. (
klij
SS
ˆ
ˆ
)
0,0666
0,0517
438,6219
0,1124
0,0743
* L – Linhagens.
48
Os híbridos de maiores efeitos positivos para o caráter massa das espigas
despalhadas, em ordem decrescente, foram L2xL4, L1xL6, L2xL5, L1xL3 e
L6xL7. A amplitude de variação foi de 2,74 vezes o valor do desvio-padrão entre
L2xL4 e L1xL4, maior valor positivo e negativo, respectivamente. Todos os
valores para esse caráter estão afastados de zero. Isso indica que maior é a
divergência do genitor em relação à freqüência média dos alelos favoráveis, de
todas as linhagens genitoras envolvidas no cruzamento dialélico.
Os híbridos de maiores efeitos positivos para o caráter cinzas, em ordem
decrescente foram L3xL4, L5xL6 e L1xL3. A amplitude de variação foi de 9,66
desvios-padrão entre L3xL4 e L4xL6, que apresentaram, respectivamente, maior
valor positivo e negativo. A linhagem presente no processo de cruzamentos
controlados em comum para dois dos três híbridos citados, que obtiveram maiores
efeitos positivos, foi a L3.
Para o caráter teor de fibras, os híbridos de maiores efeitos positivos, em
ordem decrescente, foram L2xL4, L3xL4 e L2xL7. A amplitude de variação foi de
21,93 desvios-padrão entre os híbridos L2xL4 e L4xL5. Dois desses três híbridos
simples obtidos, tiveram como genitora em comum a linhagem L2.
Os híbridos com maiores efeitos positivos para o caráter de açúcares
redutores e totais, em ordem decrescente, foram L3xL7, L4xL5, L4xL7, L1xL6 e
L1xL2 (Tabela 13). A amplitude de variação foi de 30,39 vezes o valor do desvio-
padrão para açúcares redutores e 53,87 vezes o desvio-padrão, entre o maior valor
positivo e negativo, respectivamente, para os dois caracteres. Entre as genitoras
desses híbridos, pode ser visualizado que dois deles possuem a L4, dois possuem a
L1 e mais dois híbridos possuem a L7 como genitoras em comum.
49
Tabela 13 Estimativas dos efeitos da capacidade específica de combinação de
(
ij
S
ˆ
) para cinco caracteres e desvio-padrão (D.P.)
Híbridos
Açúcares
Redutores
(%)
Açúcares
Totais (%)
Amido
(%)
Proteínas
(%)
Extrato
Etéreo
(%)
L1xL2
*
0,5107
0,448
-0,5913
1,2773
-0,1987
L1xL3
0,1927
-0,304
-0,2333
0,1773
0,3213
L1xL4
-0,0593
-0,308
0,8447
-0,3867
0,0653
L1xL5
-0,3593
-0,366
0,2447
-1,2507
0,6287
L1xL6
0,6087
1,924
-3,1673
-0,5187
0,1313
L1xL7
-0,8933
-1,394
2,9027
0,7013
0,3093
L2xL3
0,0547
0,898
-1,6853
-0,9187
0,1913
L2xL4 -0,2273
-0,966
1,8727
-1,0727
-0,9247
L2xL5 -0,3273
0,516
-1,5173
0,6033
0,5213
L2xL6 0,1007
-0,204
0,0007
-0,8447
0,6213
L2xL7 -0,1113
-0,662
1,9207
0,9553
-0,2107
L3xL4
-0,8653
-1,048
2,4507
1,3473
0,3253
L3xL5
-0,6353
-1,566
3,5507
0,2433
-0,0187
L3xL6
0,1927
-0,066
-0,1613
0,3153
-0,0087
L3xL7
1,0607
2,086
-3,9213
-1,1647
-0,8107
L4xL5
0,8527
2,070
-3,9713
-0,0407
0,0153
L4xL6
-0,3393
-0,510
0,3967
0,6313
-0,1147
L4xL7
0,6387
0,792
-1,5933
-0,4787
0,6333
L5xL6
0,3007
-0,488
1,9667
0,4373
-0,2987
L5xL7
0,1687
-0,166
-0,2733
0,0073
0,4093
L6xL7
-0,8633
-0,656
0,9647
-0,0207
0,3307
D.P. (
ij
S
ˆ
)
0,0415
0,0417
0,1196
0,0865
0,0658
D.P. (
ikij
SS
ˆˆ
)
0,0643
0,0646
0,1853
0,1340
0,1019
D.P. (
klij
SS
ˆˆ
)
0,0557
0,0559
0,1605
0,1161
0,0882
* L – Linhagens.
O teor de amido resulta em valores contrários no teor de açúcares, portanto,
os híbridos que possuem maior efeito positivo para esse caráter terem efeito
negativo para o caráter conteúdo de amido na composição. Os híbridos que mais
contribuíram no aumento dos teores de amido no endosperma dos grãos foram
50
L3xL5, L1xL7, L3xL4 e L2xL7. A amplitude de variação foi de 40,59 vezes o
desvio-padrão. Dentre esses híbridos, pode ser observado que dois deles possuem
as linhagens L3 e L7 como genitoras.
Os três híbridos que apresentaram maiores efeitos de
ij
S
ˆ
para proteínas
foram, em ordem decrescente, L3xL4, L1xL2 e L1xL5, ao passo que a amplitude
de variação foi de 18,75 desvios-padrão. Em dois dos três híbridos que obtiveram
maior efeito de
ij
S
ˆ
, a linhagem L1 foi umas das genitoras.
Para os teores de extrato etéreo nos grãos, os híbridos que mais
contribuíram positivamente para o aumento desse teor foram L4xL7, L2xL6 e
L2xL5, sendo que a amplitude de variação resultou em 15,29 vezes o desvio-
padrão. Em dois dos três híbridos citados, a linhagem L2 foi uma das genitoras.
51
5. CONCLUSÕES
Para o programa de melhoramento genético, as linhagens de milho doce que
se destacaram para os cruzamentos realizados foram L4 e L5, pois estas estiveram
presentes, positivamente, em quase todas as combinações para os caracteres
avaliados (massa, açúcares redutores, cinzas e proteínas) ou negativamente (fibras
e amido).
Os híbridos indicados para serem cultivados, com bons resultados de
rendimento em espiga para o produtor e qualidade para a indústria e o consumidor,
são os híbridos simples L3xL7 e L4xL5.
52
6. REFERÊNCIAS
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