Download PDF
ads:
Avaliação In Vitro do Acabamento Superficial de Cerâmicas Odontológicas
Carlos Roberto Corrêa Fernandes DMD
a
, Myriam Kapczinski, Phd
b
a Professor, Departamento de Prótese, Universidade Luterana do Brasil( ULBRA ),
Torres, Brasil. Aluno do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, vel
mestrado, do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil, Canoas,
Brasil.
b Professora Doutora do Programa de Graduação e Pós Graduação do Departamento
de Prótese, Universidade Luterana do Brasil ( ULBRA), Canoas, Brasil
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação do Curso de Odontologia da
Universidade Luterana do Brasil, Canoas, Brasil, como requisito para obtenção do
Grau de Mestre na área de Prótese Dental, Janeiro de 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
RESUMO
Proposição: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o acabamento
superficial de cerâmicas odontológicas de cobertura através do teste pino-sobre-disco.
Materiais e Métodos: 10 amostras de esmalte dental (controle positivo) e 20
amostras de três cerâmicas (Vitadur Alpha VA/controle negativo, IPS Empress 2 /EM
e IPS Eris/ER) foram utilizadas, sendo 10 polidas e 10 glazeadas. As amostras foram
submetidas ao teste de pino-sobre-disco, sem lubrificação, gerando o coeficiente de
fricção () com os seguintes parâmetros: carga 5N, 120RPM, 600s. As amostras
foram caracterizadas quantitativamente através testes de dureza vickers (50g durante
15s), rugosidade (R
a
) e qualitativamente através de microscopia eletrônica de
varredura. Análise estatística foi feita através dos testes ANOVA e Scheffé com
α=.05. Resultados: as amostras das cerâmicas VAG (0.600±0,038) apresentaram
resultados mais elevados no pino-sobre-disco, as cerâmicas ERP (0.266±0,113) os
menores e as cerâmicas EMP (0.477±0,056), EMG (0.450±0,031), ERG
(0.412±0,029) e VAP (0.420±0,115) não apresentaram diferença estatística
significante (p>.05). Para a dureza vickers as cerâmicas EMG (206,3HV±16,3)
apresentaram os menores valores e entre as cerâmicas ERG (407,2HV±22,0), ERP
(405,5HV±19,0), VAG (418,1HV±20,5), VAP (417,7HV±29,8) e EMP(440,9
HV±18,5) não houve diferença estatisticamente significante(p>.05). Para rugosidade,
as cerâmicas ERG (0.26m±0,04), ERP (0.13m±0,09) e o ESM (0.21m±0,13),
apresentaram os menores valores médios entre todas as demais amostras e as
cerâmicas EMG(0.85m±0,50) os maiores. Conclusões: O tipo de acabamento de
superfície o influenciou somente para as cerâmicas IPS Empress 2 nos resultados
ads:
do PSD e as cerâmicas ERP e VAP apresentaram valores dios menores que as
mesmas glazeadas.
PALAVRAS CHAVE
Cerâmicas dentais, pino-sobre-disco, dureza, desgaste, rugosidade
INTRODUÇÃO
O desgaste do esmalte em contato oclusal com as cerâmicas, têm sido um dos
principais problemas na indicação destes materiais, principalmente em regiões
posteriores
1,2
. Um dos fatores que poderia ser relacionado ao processo de desgaste é a
dureza
3,4
. Porém, alguns estudos in vitro questionam esta relação ao concluírem que
cerâmicas de dureza menor poderiam ser mais abrasivas ao esmalte do que cerâmicas
mais duras.
5-7
Os fabricantes de cerâmicas odontológicas empregam os valores de dureza
como referência para seu potencial de desgaste, entretanto, este não é o único fator
que influencia esta propriedade
8
. Testes de dureza deveriam ser vinculados a outros
ensaios físicos como testes tribológicos.
Quando dois materiais em contato deslizam um contra o outro, a resistência ao
movimento varia dependendo das propriedades superficiais e estruturais de contato e
do ambiente
2,9
. A análise da resistência superficial de um material a forças de
deslizamento pode ser realizada através de um ensaio de pino-sobre-disco (PSD),
onde o pino e o disco constituem um par tribológico
10
. O índice obtido a partir deste
processo é o coeficiente de fricção e este pode ser influenciado por carga, textura
forma e área das superfícies em atrito
2
. O teste de PSD deve ser entendido como
instrumento que avalia as condições de resistência ao deslizamento sob carga entre
duas superfícies. O desgaste entre dois corpos pode ser aumentado quando um dos
materiais em deslizamento sofre trincas e fraturas e o material gerado se interpõe entre
os dois passando agir como um terceiro corpo interposto
11
. Quando há irrigação
durante o teste, elimina o contato da esfera com os fragmentos provenientes deste
atrito, promovendo uma alteração dos resultados.
53,54
O desgaste causado por estas
partículas abrasivas depende do tamanho, forma, dureza, rugosidade superficial e
pressão de contato empregada sobre a superfície.
12-14
A rugosidade superficial das cerâmicas que depende do tipo de acabamento
de superfície
15,16
também está relacionada ao processo de desgaste, pois quanto
menor a presença de defeitos superficiais, mais fácil será o deslizamento de uma
superfície contra a outra e menor será o potencial de desgaste.
17
As cerâmicas devem apresentar um grau de rugosidade superficial
biologicamente aceitável
18
e o mais semelhante possível ao esmalte dentário
humano
19
a fim de não danificá-lo. O aumento da rugosidade superficial contribui
para o desgaste do antagonista
20-31
, além de facilitar um maior acúmulo de placa
bacteriana.
32,33
Alguns estudos foram elaborados com o objetivo de avaliar a melhor forma de
polimento para promover uma superfície tão lisa quanto à superfície glazeada.
34,35
Os
métodos de análise são variados e os resultados obtidos são divergentes. Enquanto
alguns autores consideraram as superfícies glazeadas mais lisas que as polidas
36-41
,
outros não encontraram diferenças significantes entre os grupos
42-46
ou concluíram
que superfícies polidas foram mais lisas que as Glazeadas
47-50
. Nesse sentido parece
que o melhor método de promover uma superfície cerâmica menos agressiva ao
esmalte dental ainda não foi estabelecido.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o acabamento superficial de duas
cerâmicas odontológicas de baixa fusão através da análise do seu coeficiente de
fricção, comparando-as com o esmalte dental e uma cerâmica convencional. A
hipótese deste estudo é que o coeficiente de fricção não seja influenciado pelo tipo de
acabamento superficial das cerâmicas estudadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Seleção da Amostra
O presente estudo avaliou o Esmalte Dental e três cerâmicas odontológicas de
cobertura descritas na tabela 1:
CERÂMICA FABRICANTE LOTE QUEIM
A
GLAZE FORNO
Vitadur Alpha Vita-Zahnfabrik, Bad
Sackingen, Germany
5407 960
o
C 920
o
C Queramat
I
Ips Empress 2 Ivoclar Vivadent AG,
Schaan/Liechtenstein
A22717 800
o
C 780
o
C 780
o
C
Ips Eris Ivoclar Vivadent AG,
Schaan/Liechtenstein
E22049 755
o
C 725
o
C 725
o
C
Tabela 1. Cerâmicas utilizadas no estudo
Processamento do Material
Vinte discos de cada cerâmica com dimensões de 8mm de diâmetro por 3mm de
espessura, foram modeladas em uma matriz de polivinilsiloxano (Elite Double 8,
Zhermack, Badia Polesine, Rovigo Itália Figura 1) e confeccionadas a partir de
apenas uma queima, seguindo as normas dos fabricantes.
Uma das faces das amostras de cerâmica foi desgastada até sua planificação em
uma politriz de bancada (DP9, Struers; Copenhagem, Denmark), com lixas d’água de
granulação 100(NORTON; Saint-Gobain Abrasivos, Guarulhos, São Paulo, Brasil)
em 300 rotações por minuto. A mesma face foi polida empregando lixas d’água de
granulação 400, 600, 1000(NORTON; Saint-Gobain Abrasivos, Guarulhos, São
Paulo, Brasil) e feltros com pasta diamantada (KG Sorensen, Barueri, São Paulo,
Brasil) com granulação 6µm específica para cerâmicas e lubrificação com água
corrente
17,51
. Após a sequência de polimento, as amostras foram divididas em 2
grupos, sendo que dez (10) amostras mantiveram-se polidas e as outras dez (10) foram
glazeadas. O grupo controle negativo foi constituído pela cerâmica Vitadur Alpha.
Para confecção das amostras de esmalte (controle positivo) foram utilizadas
coroas de incisivos centrais superiores de acordo com o descrito por Monaski e Taylor
20
. Foram preparadas as faces vestibulares seguindo as etapas de polimento adotadas
para as cerâmicas, com o objetivo de obter-se uma superfície plana de esmalte.
Todas as amostras foram embutidas em resina acrílica autopolimerizável (JET;
Clássico, São Paulo, Brasil) para facilitar o seu manuseio e submetidas à limpeza em
ultra-som(THORTON T7; Inpec Eletrônica, Vinhedo, São Paulo, Brasil) e álcool
etílico(Labsynth Products para Laboratórios, Diadema, São Paulo, Brasil) por 10
minutos, secas com papel absorvente e armazenadas.
Constituição dos Grupos
Cada amostra de cerâmica e esmalte dental foi numerada e distribuída em
grupos conforme o tipo de tratamento final de superfície:
TRATAMENTO
Vitadur
Alpha
Ips
Empress 2
MATERIAL
Ips
Eris
Esmalte
Dentário
TOTAL
Polidas 10 10 10 0 30
Glazeadas 10 10 10 0 30
Nenhum 0 0 0 10 10
TOTAL 20 20 20 10 70
Tabela 2. Distribuição das amostras.
Coeficiente de Fricção
Os ensaios do tipo pino-sobre-disco foram realizados utilizando um tribômetro
modelo TE79 (Plint & Partners, Berkshire, England ). Cada material testado foi
contraposto a uma esfera de alúmina (Figura 2), utilizando-se uma carga normal de
5N, velocidade de 120 RPM, em um traçado circunferencial com 2.5mm de raio por
um período de 10 minutos sem lubrificação e a temperatura ambiente.
17,52
Figura 1-Representação esquemática de um ensaio de Pino-sobre-disco, adaptado de
Kapczinski, 2000
Dureza Vickers
A dureza vickers foi realizada com o auxílio de um microdurômetro modelo
MVK-E3 (Mitutoyo, Tokyo, Japan). Para este ensaio utilizou-se 50g de carga por 15s,
obtendo-se um valor médio a partir de cinco mensurações realizadas em cada amostra.
Após, calculou-se a média geral para cada grupo de material.
Rugosidade de Superfície R
a
A medição da rugosidade de superfície foi realizada por um Perfilômetro
modelo Talysurf 5M ( Rank Taylor Hobson ) gerando o parâmetro R
a
.
14,18,35
Para a
sua realização foram empregadas as cinco amostras de cada grupo que apresentaram
os resultados mais próximos da média geral nos ensaios de coeficiente de fricção.
Microscopia Eletrônica de Varredura
A análise qualitativa da superfície das amostras foi realizada com um
microscópio XL20 (Philips, Eidhoven, Holland) com aceleração e voltagem de 20 Kv
com o aumento padronizado de 500vezes, para avaliar o trilho de desgaste gerado
após o teste PSD e a superfície vizinha a este.
Análise Estatística
Foi utilizada a análise de Variância (ANOVA One-Way) e o teste de
comparação múltipla de Scheffé com α=.05. A análise estatística utilizou o Software
Origin. (version 7.03, Originlab Corporation, Northampton USA).
RESULTADOS
Os resultados relativos ao coeficiente de fricção, dureza vickers e rugosidade
do Esmalte Dental e das cerâmicas estão apresentados na Tabela 3.
GRUPOS Dureza Vickers R
a
VAG
0,600
C
± 0,038 418,1
B
± 20,5 0,316
AB
± 0,211
VAP
0,420
A
± 0,115 417,7
B
± 29,8 0,332
AB
± 0,088
EMG
0,450
A
± 0,031 206,3
A
± 16,3 0,852
A
± 0,503
EMP
0,477
A
± 0,056 440,9
B
± 18,5 0,401
AB
± 0,154
ERG
0,412
A
± 0,029 407,2
B
± 22,0 0,260
B
± 0,041
ERP
0,266
BD
± 0,113 405,5
B
± 19,0 0,139
B
± 0,099
ESM
0,385
AD
± 0,068 277,1
C
± 38,0 0,216
B
± 0,133
Tabela 3. Resultados médios do coeficiente de fricção(), dureza vickers(HV) e rugosidade R
a
(m)com seu respectivo desvio padrão. As médias seguidas de mesma letra não apresentam diferença
estatística entre si. (P>.05)
Nas figuras da Microscopia Eletrônica de Varredura, pode-se observar que
havia ranhuras com aspecto quase contínuo revelando sinais evidentes da ocorrência
de desgastes com o trajeto da esfera, bem como regiões que se mantiveram intactas.
Observou-se também que havia diferenças nos tamanhos do trilho marcado pela
passagem da esfera no teste PSD.
As figuras 2 e 3 apresentam as imagens da MEV das cerâmicas VAG e VAP
respectivamente. As cerâmicas avaliadas mostram um aspecto bastante diferente entre
as duas formas de acabamento superficial desta cerâmica, pois nas imagens das
cerâmicas glazeadas é possível observar a ocorrência acentuada de trincas, fraturas
superficiais e perda de material, enquanto que nas imagens das cerâmicas polidas, o
trilho marcado pela passagem da esfera evidencia uma imagem compatível com o
desgaste de uma faixa de aproximadamente 100m.
As amostras das cerâmicas EMG e EMP (figuras 4 e 5 respectivamente)
apresentam imagens semelhantes entre si. Em ambas as imagens é possível observar
que os trilhos marcados pela esfera do teste são de tamanhos aproximadamente de 100
m.
Nas figuras 6 e 7 mostram as imagens de MEV das cerâmicas ERG e ERP
respectivamente e observa-se diferenças evidentes de comportamento das cerâmicas
entre as duas formas de tratamento de superfície, pois as polidas apresentam um
desgaste superficial inferior ao apresentado pelas amostras glazeadas de tamanho
maior que 100 m.
O esmalte observado na figura 8 revelou uma superfície lisa, homogênea,
elevado grau de polimento da superfície e com pequena perda de material em alguns
locais, porém de forma menos agressiva que as amostras de cerâmicas.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Testes de resistência ao desgaste, permitem que se conheça mais sobre
características sicas dos materiais e produzem dados que podem auxiliar seu
controle
6
. o um teste ideal in vitro que simule as condições bucais
13
. Os ensaios
foram realizados sem irrigação, pois o equipamento utilizado não permitia isto. A
presença de um lubrificante modificaria os resultados pela a remoção destes
fragmentos e maior interação entre os materiais, resultando em um menor coeficiente
de fricção associado à exposição a meios aquosos
53,54
. Para este ensaio, utilizou-se um
equipamento de alta precisão, onde todas as variáveis como velocidade, carga e tempo
de teste foram controlados por um sistema automatizado. Priorizou-se neste estudo a
busca por uma metodologia capaz de produzir resultados confiáveis e reproduzíveis.
A carga utilizada em alguns trabalhos
53-56
foi diferente e a falta de padronização das
variáveis se deve ao uso de outros equipamentos e condições de teste.
No ensaio de pino-sobre-disco, observou-se que a as cerâmicas VAG (0.600)
apresentaram uma súbita elevação nos primeiros 100s do ensaio e logo após atingiram
o coeficiente estabilizado (GRÁFICO 1). As cerâmicas ERP (0.266 ) demonstraram
o menor resultado médio durante os 600s entre todas as amostras. Os resultados
sugerem que esta cerâmica, quando polida, apresenta comportamento semelhante ao
apresentado pelo ESM(0.385 ) para movimentos de deslizamento. O coeficiente de
fricção das cerâmicas EMP (0.477), EMG (0.450), ERG (0.412) e VAP (0.420),
não apresentaram diferença estatística significante (p>.05). O tipo de acabamento de
superfície para as cerâmicas IPS Empress 2 não influenciou nos resultados do PSD,
entretanto, as cerâmicas ERP e VAP apresentaram os menores valores médios,
sugerindo ser menos abrasivas que as mesmas glazeadas, de acordo com alguns
trabalhos
24,26,57-59
Em um estudo
17
utilizando outros tipos de cerâmicas odontológicas em
condições de teste e parâmetros similares, concluiu-se no ensaio de PSD através do
coeficiente de fricção, que a superfície cerâmica glazeada teve resposta muito
semelhante à superfície do esmalte dental, sendo que o mesmo não ocorreu com as
amostras de cerâmicas polidas, que apresentaram valores mais elevados.
Os resultados de dureza vickers deste estudo, demonstraram ser diferentes aos
valores encontrados em outros trabalhos.
60-62
A variação dos valores pode estar
associada às características individuais de cada estrutura
63
ou porque foram
empregadas cargas diferentes nestes estudos. Em um estudo com compósitos
64
verificou-se que os valores da dureza vickers não dependem da carga aplicada, pois
todas as impressões são semelhantes entre si, não importando o tamanho do
penetrador
60
. Para os valores dios das cerâmicas ERG (407,2 HV), ERP (405,5
HV), VAG (418,1 HV), VAP (417,7 HV) e EMP(440,9 HV) não houve diferença
estatísticamente significante( p>.05).
Observou-se que para as cerâmicas IPS Eris e Vitadur Alpha, o tipo de
acabamento da superfície não influenciou nos resultados médios da dureza vickers,
entretanto quando o acabamento superficial foi o polimento, não houve diferença
estatísticamente significante para as três cerâmicas. Os valores médios das três
cerâmicas apresentaram-se substancialmente mais elevados que os valores do esmalte
dental(277,1 HV) de acordo com outros trabalhos
60-62
(p>.05), porém os valores
médios das cerâmicas EMG (206,3 HV) são conflitantes, pois foram inferiores à todas
as amostras.
Para as amostras deste estudo não houve relação direta dos resultados médios
da dureza vickers com a resistência ao desgaste, representado pelos valores médios do
coeficiente de fricção, conforme alguns estudos
5,62,66
, pois as amostras que sugerem
ser mais abrasivas para o coeficiente de fricção, não foram as mesmas que
apresentaram maiores valores de dureza vickers.
Considerando as médias R
a
de rugosidade superficial obtida, verificou-se que
as cerâmicas ERG (0.26m), ERP (0.13m) e o ESM (0.21m), apresentaram os
menores valores entre todas as demais amostras e estatísticamente semelhantes entre
si (p>.05), sugerindo que as cerâmicas IPS ERIS são mais lisas que todas as demais
cerâmicas. Para as cerâmicas VAP (0.33m), VAG (0.36m), EMP (0.40m) os
resultados não foram significativamente diferentes (p>.05). Estes resultados estão de
acordo com alguns estudos
42-46
, pois não houve diferença significativa nos valores
médios dos diferentes tipos de acabamento superfícial para as cerâmicas IPS Eris e
Vitadur Alpha. As amostras das cerâmicas EMP apresentaram valores menores,
sugerindo ser mais lisas que as mesmas cerâmicas Glazeadas (0.85m) de acordo com
outros estudos
47-50
.
Nas imagens da MEV, para as amostras de cerâmica observou-se uma
superfície com arranjo irregular, presença de poros mais evidentes e menos
homogêneos que o Esmalte Dental. Nas amostras de cerâmicas VAG, que
apresentaram um elevado valor de coeficiente de fricção, observou-se uma acentuada
ocorrência de fraturas superficiais, grande perda de material e formação de
fragmentos provenientes do desgaste causado pelo ensaio PSD. As cerâmicas VAP,
EMG, EMP que apresentaram valores médios sem diferenças estatísticamente
significante nos ensaios de PSD, apresentaram trilhos com larguras semelhantes
marcados pela passagem da esfera no teste PSD. Nesse estudo, a MEV apresentou
uma relação direta com os resultados dos ensaios do PSD, discordando com outros
trabalhos,
39,66
que nas suas pesquisas verificaram que as amostras quando analisadas
pela MEV foram diferentes dos resultados dos ensaios aplicados nos seus estudos.
Neste estudo as imagens das cerâmicas VAG e ERG apresentaram fraturas
superficiais, perda de material e ocorrência de desgaste superficial superior ao
apresentado pelas mesmas amostras polidas. Nas imagens das cerâmicas EMP e EMG
é possível observar que os trilhos marcados pela esfera do teste são de tamanhos
semelhantes entre si, discordando com um outro estudo
17
em que as cerâmicas polidas
apresentaram um desgaste superficial superior às mesmas glazeadas.
CONCLUSÕES
Considerando as limitações da metodologia empregada neste estudo, conclui-se que:
O coeficiente de fricção não foi influenciado pelo tipo de acabamento
superficial somente nas cerâmicas IPS Empress 2, sendo que as cerâmicas Eris polidas
e Vitadur Alpha polidas apresentaram valores dios menores que as mesmas
cerâmicas glazeadas
A dureza vickers e a rugosidade R
a
, o foram influenciadas pelo tipo de
acabamento de superfície para as cerâmicas IPS Eris e Vitadur Alpha, porém as
amostras das cerâmicas IPS Empress 2 Polidas apresentaram maiores valores de
dureza vickers e menores de rugosidade Ra em relação às mesmas Glazeadas
Qualitativamente, as imagens de MEV confirmaram os achados do teste pino-
sobre-disco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Ramp, M. H.; Suzuki S; Cox CF; Lacefield WR; Koth DL. Evaluation
of wear: Enamel opposing three ceramic materials and gold alloy. J. Prosthet Dent
1997; 77: 523 – 530.
2. Oh, W. S.; Delong, R.; Anusavice, K. J. Factors affecting enamel and
ceramic wear. J Prosthet Dent 2002; 87: 451-459.
3. Evans, A. G.: Charles, E. A. Fracture toughness determinations by
indentation. J Am Ceram Soc 1976; 59: 371-372.
4. Chantikul, P. A critical evaluation of indentation techniques for
measuring fracture toughness: II Strenght method. J Am Ceram Soc 1981; 64: 539-
543.
5. Seghi, R. R.; Rosentiel, S. F.: Bauer, P. Abrasion of human enamel by
different dental ceramics in vitro. J Dent Res 1991; 70: 221 – 225.
6. Yap, A. U. J. ; Teoh,S.H.; Hastings, G.W.; Lu, C. S. Comparative wear
ranking of dental restorative materials utilizing different wear simulations modes. J
Oral Rehabil 1997; 24: 574-580.
7. Clelland, N.,L.; Agarwaia, V.;Knobloch, L.A.; Seghi, R.R. Wear of
enamel opposing low-fusing and conventional ceramic restorative materials. J
Prosthod 2001; 10: 8-15.
8. Kelly, J. R.; Nishimura, I.; Campbell,S.D. Ceramics in Dentistry:
Historical roots and current perspectives. J Prosthet Dent 1996; 75: 18-32.
9. Anusavice, K.J. Degradability of dental ceramics. Adv Dent Rest.
1992; 6: 82-9.
10. Kapczinski, M. P. Estudo comparativo da resistência superficial do
titânio comercialmente puro e do titânio nitretado em plasma. 2000. Tese (Doutorado
em Prótese Dentária)- Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.
11. Landsdown, A.R.; Price, A. Materials to wear: the pergamon materials
engineering pratice series. Great Britain: Pergamon Press. 1986. 125.
12. Stachwiak, G. B.; Stachwiak, G. W. The effects of particle
characteristics on three-body abrasive wear. Wear 2001; 249: 201-207.
13. Derand, P; Vereby, P. Wear of low-fusing dental porcelains. J Prothetic
Dent 1999; 81: 460-463.
14. Martinez-Gomis, J.; Bizar, J.; Anglada, J.M.; Samso, J.; Peraire, M.,
Comparative evaluation of four finishing systems on one ceramic surface. Int J Prosth
2003; 16: 74- 77.
15. Hulterstrom, A. K.; Bergman, M. Polishing systems for dental
ceramics. Acta Odontol Scand 1993; 51: 229-234.
16. Palmer D.S., Barco MT, Pellev GB, Mckinney JE. Wear human enamel
against a commercial castable ceramic restorative material. J Prosthet Dent 1991; 65:
383-388.
17. Schuh C., Estudo comparativo da resistência superficial e composição
de duas cerâmicas para restauração metalo-cerâmicas e esmalte dental. 2003. Tese (
Mestrado em Prótese Dentária)- Universidade Luterana do Brasil.
18. Finger, W. J.; Noack, M. D. Postadjustment polishing of CAD-CAM
ceramic with luminescence diamond gel. Am J Dent, San Antonio 2000; 13: 8-12.
19. Willems G, Lambrechts P, Braem M, Vuylsteke-Wauters M, Vanherle
G. The surface roughness of enamel – to – enamel contact áreas compared with the
intrinsic roughness of dental resin composites. J Dent Res 1991; 70: 1299-1305.
20. Monasky, G. E.; Taylor, D. F. Studied on the wear of porcelain,
enamel and gold. J. Prothetic Dent 1971; 25: 299 – 306.
21. Morrow, R. M. Evaluation of methods for polishing porcelain denture
teeth, J. Prosthet. Dent 1975; 26: 222- 224.
22. Schlissel, E. R. An evaluation of postadjustment polishing techniques
for porcelain denture teeth. J Prosthet. Dent 1980; 43: 258 – 265.
23. Willey, M. G. Effects of porcelain on occluding surfaces of restored
teeth. J Prosthet. Dent 1989; 61: 133 – 137.
24. Jacobi, R.; Shillinburg JR HT, Ducanson JR MG. A comparasion of the
abrasiveness of six ceramic surfaces and gold. J Prosthet Dent 1991; 65: 303-309.
25. Krejci, D. M. D. et al Wear ceramics inlays, their enamel antagonist,
and luting cements. J Prosthet. Dent 1993; 69: 425 – 430.
26. Jagger D. C, Harrison A. An in vitro investigation into the wear effects
of unglazed, glazed, and polished on human enamel. J Prosthet Dent 1994; 72: 320 -
323.
27. Craig, R. G. cap ceramics. In: Restorative dental materials. 10. ed. St.
Louis: Mosby, 1997: 467-483.
28. O’brien, W. J. Dental materials and their selection. 2.ed Chicago:
Quintessence 1997:357 – 358.
29. Jefferies, S. R. The art and science of abrasive finishing and polishing
in restorative dentistry. Dent Clin North Am 1998; 4: 613-627.
30. Al-wahadni, A. M.; Martin, D. M. An in vitro investigation into the
wear effects of glazed, unglazed and refinished dental porcelain on an opposing
material. J Oral Reabil 1999; 26: 538 – 546.
31. Kevin H.; K. Yip; Med,B.D.S. Diferential wear of teeth and restorative
materials: Clinical Implications. Int J Prosthodontics 2004; 17: 350 – 356.
32. Koidis, P. T.; Schoeder K.; Johnson W.; Compagni W. Color
consistency, plaque accumulation and external marginal surface characteristics of the
collarless metal-ceramic restoration. J Prothet Dent 1991;65: 391 – 400.
33. Kawai, K.; Urano, M.; Ebisu, S. Effect of surface roughness of
porcelain on adhesion of bacteria and their synthesizing glucans. J Prosthet Dent
2000; 83: 664-667.
34. Campbell, S. D. Evaluation of surface roughness and polishing
techniques for new ceramic materials. J Prosthet Dent 1989; 61: 563-568.
35. Scurria, M. S.; Powers, J. M. S. Surface roughness of two polished
ceramic materials. J Prosthet Dent 1994; 71: 174-177.
36. Barghi, N.; Alexander, L.; Draughn, R. A. When to glaze- an electron
microscope study. J Prosthet Dent 1976; 35: 648-653.
37. Klausner, L. H.; Cartwright, C. B.; Charbeneau, G. T. Polished versus
autoglazed porcelain surfaces. J Prosthet Dent 1982; 47: 157-162.
38. Patterson, C. J. W. Refinishing of porcelain by using a refinish kit. J
Prosthet Dent 1992; 65: 383 – 388.
39. Fuzzi, M.; Zaccheroni, Z.; Vallania, G. Scanning electron microscopy
and profilometer evaluation of glazed and polished dental porcelain. Int J Prosthodont
1996; 9: 452-458.
40. Al-wahadni, A.; Martin,D.M. Glazing and finishing dental porcelain: a
literature review. J. Can Dent Assoc 1998; 64: 580-583.
41. Nishioka, R. S.; Bottino, M. A.; Trevisan, A. Análise comparativa
através da microscopia eletrônica de varredura da superfície da porcelana vitrificada e
tratada por conjuntos de polimento intra-oral. PGR: Pós-Grad. Ver. Fac. Odontol. São
José dos Campos; v. 2, n. 2, p. 7-14, jul-dez, 1999.
42. Sulik, W. D.; Plekavich, E. J. Surface finishing of dental porcelain. J.
Prosthet Dent 1981; 46: 217-221.
43. Brewer, J. D.; Garlapo, D. A.; Chipps, E. A.; Tedesco, L. A. Clinical
discrimination between autoglazed and polished porcelain surfaces. J Prosthet Dent
1990; 64: 631-634.
44. Grieve, A. R.; Jeffrey, I. W.; Sharma, S. J. An evaluation of three
methods of polishing porcelain by comparison of surface topography with the original
glaze. Restorative Dent 1991;7: 34-36.
45. Vieira, G. F.; Caroli, A.; Amorim, C. J.; Matson, E. The influence of
the surface treatment and saliva on the coloro f two porcelains. Dent Mater J 2001;
20: 127-134.
46. Jung, M. Finishing and polishing of a hybrid composite and a heat-
pressed glass ceramic. Oper Dent 2002; 27: 175-183.
47. Haywood, V. B.; Heymann, H. O.; Kusy, R. P.; Whitley, J. Q.;
Andreaus, S. B. Polishing porcelain veneers: an SEM and specular reflectance
analysis. Dent Mater 1998; 4: 116-121.
48. Haywood, V. B.; Heymann, H.O.; Scurria, M. S. Effects of water,
speed, and experimental instrumentation on finishing and polishing porcelain intra-
orally. Dent Mater 1989; 5: 185-188.
49. El- karaksi, A. O.;Shehab, G. I.; Eskander, M.E. Effect of reglazing
and of polishing on the surface roughness of new ceramic restoration ( Hi Ceram).
Egypt Dent J 1993; 39: 485-490.
50. Ward, M. T.; Tate, W. H.; Powers, J. M. Surface roughness of
opalescent porcelain after polishing. Oper Dent 1995; 20: 106-110.
51. Nakasato, T.; Takahashi; Yamamoto, M.; Nishimura, F.; Kurosaki, N.
Effect of polishing on cyclic fatigue strength of CAD/CAM ceramics. Dent Mater J
1999; 18: 395-402.
52. Reeh, E. S.; Douglas, W. H.; Levine, M. J. Lubrification of saliva
substitutes at enamel-to-enamel contato in an artificial mouth. J Prosthet Dent 1996;
75: 649-656.
53. Tillitson, E. W.; Craig, R. G.; Peyton, F. A. Friction and wear of
restorative dental materials. J Dent Res 1971; 50: 149-154.
54. Koran, A.; Craig, R. G.; Tillitson, E. W. Coefficient of friction of
prosthetic tooth materials. J Prosthet Dent 1972; 27: 269-274.
55. Wassel, R. W.; McCabe, J. F.; Walls, A. W. G. A two-body frictional
wear test. J Dent Rest 1994; 73: 1546-1553.
56. Wassel, R. W.; McCabe, J. F.; WALLS, A. W. G. Wear rates of regular
and tempered composites. J Dent 1997; 25: 49-52.
57. Jagger, D. C.; Harrison, A. An vitro investigation into the wear effects
of selected restorative materials on enamel. J Oral Rehabil 1995; 22: 275-281.
58. Douglas H. B.; Moon, P. C. Eshleman, J.; Lutins, N. D. The occlusal
dimensional change upon glazing porcelain. J Dent Res 1981; 60: 828-829.
59. Hobo, S. Distortion of oclusal porcelain during glazing. J Prosthet Dent
1982; 47: 154-156.
60. Shortall, A. C.; Hu, X. Q.; Marquis, P. M. Potencial countersample
materials for in vitro simulation wear testing. Dent Mater 2002; 18: 246-254.
61. Forss, H.; Seppa, L.; Lapplainen, R. In vitro abrasion resistance and
hardness of glass-ionomer cements. Dent Mater 1991; 7: 36-39.
62. Mandikos, M. N. et al, A comparasion of the wear resistance and
hardness of indirect composite resins. J Prosthet Dent 2001; 85: 386-395.
63. Bartlett, D. W.; Smith, B. G.; Wilson, R. F. Comparison of the effect of
fluoride and non-fluoride toothpaste on tooth wear in vitro and the influence of
enamel fluoride concentration and hardness of enamel. Br Dent J 1984; 176: 346-348.
64. Wassel, R. W.; McCabe, J. F.; Walls, A. W. G. Subsurface deformation
associated with hardness measurements of composites. Dent Mater 1992; 8: 218-223.
65. Lappalainen, R.; Yli-urpo, A.; Serpa, L. Wear of dental restorative and
Prosthetic materials in vitro. Dent Mater 1989; 535-537.
66. Raimondo, R. L.; Richardson, J. T.; Wiedner, B. Polished versus
autoglazed dental porcelain. J Prosthet Dent 1990; 64: 553-557.
GRÁFICO
Gráfico 1-Comportamento das amostras no coeficiente de fricção
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
0 ,5
0 ,6
0 ,7
0 ,8
0 ,9
1 ,0
E sm alte d e n ta l
E m p re s s 2 G la z e a d a
E m p re s s 2 P olid a
V itad u r G la z e a d a
V itad u r P o lid a
E ris G la z e a d a
E ris P olid a
µ
- Coeficiente de Fricção
te m p o (s )
FIGURAS
Figura 2. MEV das amostras das cerâmicas Vitadur Alpha glazeadas
Figura 3. MEV das amostras das cerâmicas Vitadur Alpha polidas
Figura 4. MEV das amostras das cerâmicas IPS Empress 2 glazeadas
Figura 5. MEV das amostras das cerâmicas IPS Empress 2 polidas
Figura 6. MEV das amostras das cerâmicas IPS Eris glazeadas
Figura 7. MEV das amostras das cerâmicas IPS Eris polidas
Figura 8. MEV das amostras de Esmalte Dental
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo