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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Avaliação agronômica da cana-de-açúcar submetida a métodos de
colheita para produção animal
Ana Luiza Bachmann Schogor
Dissertação apresentada para obtenção do tulo
de Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Ciência Animal e Pastagens
Piracicaba
2008
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Ana Luiza Bachmann Schogor
Zootecnista
Avaliação agronômica da cana-de-açúcar submetida a métodos de colheita para
produção animal
Orientador:
Prof. Dr. LUIZ GUSTAVO NUSSIO
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens
Piracicaba
2008
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A todos os integrantes da Equipe de Qualidade e Conservação de
Forragens, e ao meu orientador, Professor Luiz Gustavo Nussio, sem os
quais seria impossível a realização deste trabalho, DEDICO.
Aos meus pais, Tereza e Francisco, por todo amor e total apoio em
cada instante, em cada passo da minha vida, OFEREÇO.
4
5
AGRADECIMENTOS
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), pela
oportunidade. Dois anos de experiência profissional e pessoal que transformaram
minha vida.
Ao Professor Dr. Luiz Gustavo Nussio, pela orientação, por todos os
conhecimentos profissionais e principalmente pessoais que me trouxe, como tanto
preza. Eles serão eternos.
Ao Professor Dr. Gerson Barreto Mourão, por toda ajuda, por todos os
ensinamentos, pela paciência e prestatividade que sempre teve comigo.
Aos Professores: Dr. Sila Carneiro da Silva, Dr. Carlos Guilherme S. Pedreira, ao
querido Professor Dr. Wilson R. S. Mattos, e à Professora Dra. Patrícia M. Santos, pela
colaboração e atenção que sempre me deram.
À Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Instituto Agronômico de
Campinas, IAC) – Pólo de Ribeirão Preto, SP, em especial ao Dr. Marcos Guimarães de
Andrade Landell e ao Dr. Ivan Antônio dos Anjos, pela oportunidade e atenção dada a
mim e minha equipe, durante nossa pesquisa em Ribeirão Preto.
Às empresas Menta Mit Máquinas Agrícolas e Valtra, pelo fornecimento de
máquinas e implementos para realização do trabalho.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela
bolsa de estudos e financiamento do projeto.
À Equipe de Qualidade e Conservação de Forragens, em especial à Maity
Zopollato, Patrick Schmidt, José Leonardo Ribeiro, Lucas José Mari, Oscar Cézar
Muller Queiroz, Mateus Castilho Santos, Vanessa Pillon dos Santos, José Guillermo M.
Maldonado, Jhones Onorino Sarturi, Rodrigo Dener R. T. Thiago, Gisele Bonato Muraro,
Sergio Gil de Toledo Filho, Thiago F. Bernardes, Rodrigo S. Goulart, Bruna C. Matos,
Rafael Camargo do Amaral e João Luiz P. Daniel. Muitos se foram (e existem os
“mais antigos ainda”), outros chegaram depois, mas foram/são vocês os responsáveis
pela realização desse trabalho. Obrigado pela ajuda, amizade, pela autenticidade, pelos
exemplos, pela oportunidade que me deram de convivência e aprendizado.
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Aos demais colegas da pós-graduação, em especial aos amigos/colegas Renata
Nave, Bruno Pedreira, Márcio Lara, Diego N. L. Pequeno, Felipe Tonato, Vitor D.
Guarda, Salim J. de Souza Jr., Rafael C. Araújo, Adilson Gastadello, Marcos V. Biehl,
Arlindo Pacheco Jr., Leandro Grecco, também algumas vezes requisitados para viagens
à Ribeirão.
À todos os estagiários que passaram pela equipe, em especial à Mariana P. C.
Gallo, ao William Souza Filho, e hoje colega de pós-graduação Marlon Richard H. da
Silva. Espero ter de alguma forma retribuído toda ajuda que me deram.
À minhas amigas Renata Nave, Gisele Muraro e em especial à Vanessa P. dos
Santos, quem me acolheu desde meu primeiro dia em Piracicaba. À família Mourão:
Luciana, Gerson e Gabriel, pelo carinho, acolhimento, por tudo que fizeram por mim,
Deus sabe o quanto. Vocês moram no meu coração.
Agradeço a todos meus amigos de longa data! Ao mesmo tempo que estivemos
longe, estivemos perto... Em especial, ao Rafael André, obrigado pela força.
Às meninas da república”: Bárbara, Ciça, Bruna, Carol, Pri, e a Tica (nosso
bichinho). Vocês foram valiosas durante essa jornada. Meu agradecimento especial a
Bá, minha amiga e companheira, parceira mesmo! Obrigado por todos os momentos!
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia, em especial ao Sr. Laureano,
por todo apoio dado a Equipe. E à Taninha, pelos cuidados.
Ao meu querido professor de inglês Antônio Augusto Bianchi, pelo exemplo de
profissionalismo, determinação, por toda sua alegria, por minha conquista através de
seus ensinamentos, e por sempre acreditar no potencial de seus alunos.
Aos meus queridos Professores da UFPR, em especial ao meu Professor e
amigo Paulo Rossi Junior. Especialíssimo em minha vida. Obrigada pela amizade, por
todos os ensinamentos, pela oportunidade profissional que me deu, e por todo incentivo
em ingressar na carreira acadêmica. Um dos meus maiores exemplos.
Aos meus familiares, em especial aos meus pais Tere e Chicão, à Tia Ju, e aos
meus primos Zé, Lu, PH, Vivi, Julio, Renan e a Binha.
Ao Ricardo Garrier, quem sempre me apoiou incondicionalmente. Exemplo de
crescimento, mudança e disposição em minha vida.
E, por último, mas não menos importante... À Deus, por tornar tudo isso possível!
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As we sail through life, don’t avoid storms and rough waters.
Just let it pass...
Just sail...
Always remember,
Calm seas never make skillful sailors”
Author unknown
“Assim como navegamos através da vida, não evite tempestades e águas agitadas.
Apenas deixe-as passar...
Apensa navegue...
Sempre se lembre,
Mares calmos nunca fazem marinheiros habilidosos
Autor desconhecido
8
9
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................13
ABSTRACT ....................................................................................................................15
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................17
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................21
LISTA DE SIGLAS .........................................................................................................23
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................25
Referências ....................................................................................................................26
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................29
2.1 Aspectos da cultura de cana-de-açúcar ...................................................................29
2.1.1 Composição morfológica.......................................................................................29
2.1.2 Composição químico-bromatológica .....................................................................31
2.1.3 Manejo agronômico da cultura para produção animal...........................................32
2.2 Análise de crescimento em plantas forrageiras........................................................35
2.3 O ciclo de crescimento da cultura de cana-de-açúcar..............................................37
2.4 Ciclo fenológico e composição morfológica da cana-de-açúcar...............................39
2.4.1 Ciclo fenológico da cana-soca...............................................................................40
2.5 Métodos de colheita da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal ...............43
2.5.1 Colheita manual ....................................................................................................43
2.5.2 Colheita mecânica.................................................................................................43
2.5.3 Perdas ocorridas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar..............................45
2.5.4 Rebaixamento de soqueiras..................................................................................47
2.6 Hipótese e objetivos .................................................................................................48
Referências ....................................................................................................................49
3 PERDAS DAS FRAÇÕES DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDA À MÉTODOS DE
COLHEITA .....................................................................................................................57
Resumo..........................................................................................................................57
Abstract ..........................................................................................................................58
3.1 Introdução ................................................................................................................58
3.2 Material e métodos...................................................................................................60
3.2.1 Local e período experimental ................................................................................60
10
3.2.2 Área experimental................................................................................................. 61
3.2.3 Clima e solo .......................................................................................................... 62
3.2.4 Variedade ............................................................................................................. 63
3.2.5 Tratamentos.......................................................................................................... 63
3.2.6 Estimativa de produtividade.................................................................................. 64
3.2.7 Avaliação de danos às touceiras .......................................................................... 66
3.2.8 Quantificação de perdas....................................................................................... 66
3.2.9 Composição morfológica – avaliação destrutiva (biometria)................................. 68
3.2.10 Delineamento experimental ................................................................................ 68
3.3 Resultados............................................................................................................... 70
3.4 Discussão ................................................................................................................ 75
3.4.1 Produtividade colhida, forragem disponível e perdas de colheita ......................... 75
3.4.2 Danos de colheita ................................................................................................. 79
3.5 Conclusões .............................................................................................................. 81
Referências.................................................................................................................... 81
4 PERFILHAMENTO E DENSIDADE POPULACIONAL DE PERFILHOS DA
VARIEDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR IAC86-2480 SUBMETIDA A MÉTODOS DE
COLHEITA..................................................................................................................... 85
Resumo ......................................................................................................................... 85
Abstract.......................................................................................................................... 86
4.1 Introdução................................................................................................................ 87
4. 2 Material e métodos ................................................................................................. 88
4.2.1 Local e período experimental................................................................................ 88
4.2.2 Área experimental................................................................................................. 89
4.2.3 Clima e Solo ......................................................................................................... 89
4.2.4 Variedade ............................................................................................................. 91
4.2.5 Tratamentos.......................................................................................................... 92
4.2.6 Avaliação do perfilhamento e da densidade populacional de perfilhos................. 93
4.2.7 Delineamento experimental e análise estatística.................................................. 94
4.3 Resultados............................................................................................................... 96
4.3.1 Perfilhamento total, basal e aéreo ........................................................................ 97
11
4.3.2 Densidade populacional de perfilhos...................................................................100
4.4 Discussão...............................................................................................................106
4.4.1 Abordagem estatística dos dados .......................................................................106
4.4.2 Condições ambientais durante período experimental .........................................107
4.4.3 Evolução do número de perfilhos totais, aéreos e basais na fase inicial de
rebrotação e taxas de aparecimento e mortalidade .....................................................108
4.4.4 Padrão demográfico de perfilhamento ................................................................112
4.4.5 A variedade IAC86-2480 frente às diferentes condições de crescimento e à outras
variedades de cana-de-açúcar.....................................................................................114
4. 5 Conclusão .............................................................................................................116
Referências ..................................................................................................................116
5 ACÚMULO DE BIOMASSA E COMPOSIÇÃO MORFOLÓGICA DA VARIEDADE DE
CANA-DE-AÇÚCAR IAC86-2480 SUBMETIDA A MÉTODOS DE COLHEITA............121
Resumo........................................................................................................................121
Abstract ........................................................................................................................122
5.1 Introdução ..............................................................................................................123
5.2 Material e Métodos.................................................................................................124
5.2.1 Local e período experimental ..............................................................................124
5.2.2 Área experimental ...............................................................................................124
5.2.3 Clima e Solo ........................................................................................................125
5.2.4 Variedade............................................................................................................126
5.2.5 Tratamentos ........................................................................................................127
5.2.6 Acúmulo de biomassa .........................................................................................128
5.2.7 Composição morfológica destrutiva (biometria) ..................................................129
5.2.8 Composição morfológica não destrutiva (biometria) ...........................................130
5.2.9 Taxa de crescimento absoluto.............................................................................131
5.2.10 Cálculo do índice de área foliar e índice de maturação da cana-de-açúcar......131
5.2.11 Delineamento experimental...............................................................................132
5.3 Resultados .............................................................................................................134
5.3.1 Acúmulo de biomassa e taxa de crescimento absoluto.......................................134
5.3.2 Composição morfológica.....................................................................................138
12
5.4 Discussão .............................................................................................................. 150
5.4.1 Condições climáticas durante o período experimental........................................ 150
5.4.2 Acúmulo de biomassa e taxa de crescimento absoluto ...................................... 150
5.4.3 Composição morfológica .................................................................................... 151
5.4.4 Padrão de crescimento....................................................................................... 155
5.5 Conclusões ............................................................................................................ 157
Referências.................................................................................................................. 158
6 CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................................................... 163
Referências.................................................................................................................. 164
7 CONCLUSÕES......................................................................................................... 165
13
RESUMO
Avaliação agronômica da cana-de-açúcar submetida a métodos de colheita para
produção animal
Os objetivos desta pesquisa foram estudar as perdas de colheita, a composição
morfológica, as dinâmicas de acúmulo e perfilhamento e, a densidade populacional de
perfilhos sobre a variedade de cana-de-açúcar IAC86-2480 submetida a três métodos
de colheita. No corte manual (MAN), as plantas foram colhidas por meio do corte com
podão na base da planta. Para o corte mecanizado (MEC), a colhedora de forragem,
regulada para altura de corte de 20 cm, foi tracionada por trator provido de sistema
redutor, seguida por vagão forrageiro. Para o corte mecanizado seguido de
rebaixamento manual (MEC+MAN), seguiu-se o mesmo procedimento do corte MEC,
entretanto, após o corte, os tocos remanescentes foram recepados rente ao solo com
uso de podão. A área experimental (0,34 ha) foi constituída por seis blocos, com 3
parcelas cada. As parcelas eram formadas por 8 linhas de plantio com 15 m de
comprimento em espaçamento entrelinhas de 1,3 m. A produtividade colhida e a massa
de forragem disponível no início do experimento (em t MV e MS/ha) foram similares
entre os tratamentos (P>0,05). As perdas totais foram superiores (P<0,05) para o
tratamento MEC+MAN, atingindo 18,5% da MV em relação à produtividade colhida.
Entretanto, as perdas se tornaram similares (P>0,05) quando relativas à produtividade
colhida em MS, variando de 17,7 a 25,7% para os tratamentos MAN e MEC+MAN,
respectivamente. As perdas quantitativas e relativas das frações palha e cana ponta
foram semelhantes entre os tratamentos (P>0,05), sendo a fração colmo responsável
pela diferenças entre os tratamentos, gerando valores de perdas relativas à
produtividade colhida em MV de 1,5% para MAN, 7,6% para o corte MEC, e de 12,7%
para MEC+MAN. O número de toletes danificados foi superior (P>0,05) para o corte
MEC+MAN, de um a cada 0,7 m. O número de plantas inteiras deixadas a campo foi
superior (P>0,05) para o corte MEC, de uma a cada 1,5 m. As perdas totais geradas
pelo corte MEC+MAN aumentaram em 8 unidades percentuais as perdas em MS,
quando comparadas aos outros métodos. Sendo assim, o comportamento da colheita
mecanizada (com ou sem rebaixamento) foi considerado satisfatório. Não houve
diferença (P>0,05) entre a biomassa acumulada em MV e MS entre os tratamentos. O
número final de perfilhos por metro foi de 16 para o tratamento MAN, 14 para MEC e 15
para MEC+MAN, e não diferiu (P>0,05) entre os tratamentos. Os perfilhos basais e de
primeira ordem foram os principais componentes da população final de perfilhos. O
perfilhamento aéreo apresentou valor máximo de 5 perfilhos/m para o corte MEC e
perdurou por até 90 dias após colheita. Não houve diferença (P>0,05) entre os
tratamentos para as variáveis de peso de planta inteira e colmo, altura, diâmetro,
número de nós, número e peso de folhas verdes, senescentes e mortas, índice de
maturação e grau brix. Os métodos de colheita não alteraram a composição
morfológica, o padrão de crescimento e de perfilhamento das variáveis durante o
primeiro ciclo de avaliação.
Palavras-chave: Colheita manual; Mecanização; Perdas de colheita; Perfilhamento
14
15
ABSTRACT
Agronomic traits of sugarcane (Saccharum spp.) under different harvesting
methods for animal production
This research aimed to study harvesting losses, morphologic composition,
dynamics of tillering and accumulation and, tiller density of sugarcane IAC86-2480
variety under three harvesting methods. In manual harvesting (MAN), plants were
harvested to ground level, using a cutter. For mechanical harvesting (MEC), the
harvester (adjusted for 20 cm from the ground) was pulled by a tractor and had a wagon
attached to it to accommodate the harvested material. For mechanical harvesting
followed by manual (MEC + MAN), the same procedures for mechanical harvesting were
followed, however, after cutting, the remaining stalks were cut to ground level with a
cutter. Experimental units (plots) (0.34ha) were composed in complete randomized block
design, with six replications. Each plot corresponded to eight 15 m-long rows spaced 1.3
m from each other. The losses were expressed in moisture and dry matter. Productivity
and available forage (in t FM and DM/ha) were similar among the treatments (P>0.05).
Total losses were higher (P<0.05) for MEC+MAN treatment, showing 18.5% of FM in
relation to productivity. Nevertheless, losses became similar (P>0.05) when compared to
productivity of DM harvesting, ranging from 17.7 to 25.7% for MAN and MEC+MAN
treatments, respectively. Quantitative losses and losses related to straw and stalk
fractions were similar among the treatments (P>0.05), stalk fractions accounted for the
differences, generating values of relative losses in FM of 1.5% for MAN, 7.6% for MEC,
and of 12.7% for MEC+MAN. The number of damage stalks was higher (P>0.05) for
MEC+MAN treatment (one each 0.7 m). The number of whole plants left on the field was
higher for MEC treatment (one each 1.5 m). Thus, the transit of the harvester over the
crop, in the first cycle, determined the losses and damages increase to the harvest,
although it was considered satisfactory. During regrowth and plant growth in the
subsequent cycle, characteristics were evaluated monthly, as follows: No difference
(P>0.05) was found between accumulated biomass in FM and DM among the
treatments. MAN harvesting showed DM accumulation rates higher than the others
(P<0.05). The final number of tillers by meter was 16 for MAN treatment, 14 for MEC
and 15 for MEC+MAN, no difference (P>0.05) reported among treatments. Basal and
linear tillers were the main components of the final population of tillers, being that the
aerial tillering remained alive until 90 days after harvesting, and presented 5 tillers/meter
maximum for the MEC harvesting. No difference (P>0.05) was registered among the
treatments in relation to whole plant and stalk weights, height, diameter, knots number,
number and weight of green, senescent and dead leaves, maturation rate and brix.
Harvesting methods presented no changes in morphologic composition, tillering and
growth standards of the variables analyzed during the first cycle of evaluation.
Keywords: Manual harvesting; Mechanical harvesting; Harvesting losses; Tillering
16
17
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas .........................................................................61
Figura 3.2 - Precipitação (mm), temperatura média (oC) e umidade relativa do ar (UR,
%) do município de Ribeirão Preto, SP, no mês de novembro de 2006..62
Figura 3.3 - Coleta de material remanescente após imposição do sistema de colheita.67
Figura 4.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas .........................................................................89
Figura 4.2 - Balanço hídrico diário da cultura de cana-de-açúcar do período de 02
novembro de 2006 a 15 de novembro de 2007 (CAD = 40 mm). ............91
Figura 4.3 - Evolução do número total de perfilhos por metro linear da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de forragem...97
Figura 4.4 - Evolução do número de perfilhos aéreos por metro linear da cana-de-
açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de
forragem ..................................................................................................98
Figura 4.5 - Evolução do número total de perfilhos basais por metro linear da cana-de-
açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de
forragem ..................................................................................................99
Figura 4.6 - Evolução do número total de perfilhos de primeira ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem..............................................................................101
Figura 4.7 - Evolução do número total de perfilhos de segunda ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem..............................................................................101
Figura 4.8 - Evolução do número total de perfilhos de terceira ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem..............................................................................102
Figura 4.9 - Evolução do número total de perfilhos de quarta e quinta ordens, por metro
linear, em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos
de colheita de forragem.........................................................................102
18
Figura 4.10 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita manual de
forragem................................................................................................ 104
Figura 4.11 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita mecânica de
forragem................................................................................................ 105
Figura 4.12 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita mecânica de
forragem seguida de rebaixamento manual dos tocos remanescentes 105
Figura 5.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas....................................................................... 124
Figura 5.2 - Balanço hídrico diário da cultura de cana-de-açúcar do período de 02
novembro de 2006 a 15 de novembro de 2007 (CAD = 40 mm) .......... 126
Figura 5.3 - Biomassa acumulada, em t MV/ha, da cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, na safra 2006/2007, representada por valores observados (pontos)
e o ajuste da função logística, de acordo com o método de colheita.... 134
Figura 5.4 - Biomassa acumulada, em t MS/ha, da cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, na safra 2006/2007, representada por valores observados (pontos)
e o ajuste da função logística, de acordo com o método de colheita.... 135
Figura 5.5 - Taxa de crescimento absoluto em matéria verde, da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480, durante a safra 2006/2007, de acordo com o
método de colheita................................................................................ 137
Figura 5.6 - Taxa de crescimento absoluto em matéria seca, da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480, durante a safra 2006/2007, de acordo com o
método de colheita................................................................................ 137
Figura 5.7 - Peso da planta inteira e peso do colmo (kg) da variedade IAC86-2480, de
acordo com a função logística proposta para cada método de colheita 141
Figura 5.8 - Diâmetro dos colmos da variedade IAC86-2480, de acordo com a função
logística proposta para cada método de colheita.................................. 142
Figura 5.9 - Peso e número de folhas verdes por planta, da variedade de cana-de-
açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita................ 143
19
Figura 5.10 - Número de folhas em expansão por planta, da variedade de cana-de-
açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita ................143
Figura 5.11 - Número de folhas expandidas por planta, da variedade de cana-de-açúcar
IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita ............................144
Figura 5.12 - Peso e número de folhas senescentes por planta, avaliados pelo método
destrutivo (lado esquerdo) e não-destrutivo (lado direito) da variedade de
cana-de-açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita ..144
Figura 5.13 - Peso e número de folhas mortas por planta, avaliados pelo método
destrutivo (lado esquerdo) e não-destrutivo (lado direito) da variedade de
cana-de-açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita ..145
Figura 5.14 - Área foliar (m2) da cultura de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480, ao
longo do ciclo da cultura, em função do modelo logístico proposto para
cada método de colheita........................................................................146
Figura 5.15 - Índice de área foliar (IAF) da cultura de cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, ao longo do ciclo de produção, de acordo com o método de
colheita ..................................................................................................146
Figura 5.16 - Número de nós dos colmos de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480,
avaliados por meio de análise destrutiva (esquerda) e não-destrutiva
(direita) em função do modelo logístico proposto para cada método de
colheita ..................................................................................................147
Figura 5.17 - Altura das plantas da variedade de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480,
em função do modelo logístico proposto para cada método de colheita
..............................................................................................................148
Figura 5.18 - Graus brix da cana-de-açúcar, variedade IAC86-2480, ao longo do ciclo da
cultura, em função do modelo proposto para cada tratamento .............149
Figura 5.19 - Índice de maturação da cana-de-açúcar, variedade IAC86-2480, ao longo
do ciclo da cultura, em função do modelo proposto para cada tratamento
..............................................................................................................149
20
21
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Composição média a amplitude de variação de amostras de cana-de-
açúcar analisadas no Laboratório de Bromatologia da USP/ESALQ entre
os anos de 2000 e 2006...........................................................................31
Tabela 3.1 - Características de algumas colhedoras de forragem nacionais utilizadas
para a cana-de-açúcar .............................................................................60
Tabela 3.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP............................................................................62
Tabela 3.3 - Características biométricas e morfológicas das plantas da área
experimental antes da aplicação dos tratamentos ...................................70
Tabela 3.4 - Produtividade colhida, disponibilidade de forragem e perdas de colheita das
frações palha, folhas verdes e colmos remanescentes, em t MV/ha........71
Tabela 3.5 - Perdas de colheita das frações palha, folhas verdes e colmos
remanescentes, em porcentagem da MV em relação à produtividade
colhida......................................................................................................72
Tabela 3.6 - Produtividade colhida, disponibilidade de forragem e perdas de colheita das
frações palha, folhas verdes e colmos remanescentes, em t MS/ha........73
Tabela 3.7 - Perdas de colheita das frações palha, folhas verdes e colmos
remanescentes, em porcentagem da MS em relação à produtividade
colhida......................................................................................................73
Tabela 3.8 - Danos causados às linhas de touceiras, em número de toletes
remanescentes danificados, arrancados, e o número de plantas inteiras
deixadas no campo, de acordo com o método de colheita utilizado ........74
Tabela 4.1 - Dados meteorológicos de Ribeirão Preto de novembro de 2006 a novembro
de 2007 ....................................................................................................90
Tabela 4.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP
1
..........................................................................90
Tabela 4.3 - Resumo dos valores da probabilidade obtida por meio do teste F para
verificação do efeito dos métodos de colheita sobre os parâmetros das
22
equações ka e km, relativas ao perfilhamento da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480............................................................................. 96
Tabela 4.4 - Taxas médias diárias de aparecimento (k
a
) e de mortalidade (k
m
) do
número total de perfilhos por metro da variedade IAC86-2480 de cana-de-
açúcar, submetida a métodos de colheita de forragem ........................... 99
Tabela 4.5 - Taxas médias diárias de aparecimento (k
a
) e de mortalidade (k
m
) dos
perfilhos basais da variedade IAC86-2480 de cana-de-açúcar, quando
submetida a métodos de colheita de forragem...................................... 100
Tabela 4.6 - Freqüência de ocorrência (%) dos perfilhos aos 365 DAC em cana-de-
açúcar submetida a diferentes métodos de colheita, segundo a hierarquia
de perfilhamento .................................................................................... 104
Tabela 4.7 - Valor da probabilidade encontrada para análises de contrastes realizadas
entre os parâmetros dos modelos representados pelas taxas médias
diárias de aparecimento (k
a
) e taxas médias diárias de mortalidade (k
m
) de
perfilhos totais........................................................................................ 112
Tabela 5.1 - Dados meteorológicos de Ribeirão Preto durante o período experimental
............................................................................................................... 125
Tabela 5.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP ......................................................................... 126
Tabela 5.3 - Parâmetros das equações preditivas para acúmulo de biomassa,
representados pelo valor assintótico da variável (a
MV
e a
MS
), taxa média
diária de acúmulo em toneladas de MV (K
MV
) e MS (K
MS
), e da
probabilidade para esses parâmetros das equações, relativas a variedade
IAC86-2480 de cana-de-açúcar, quando submetida a métodos de colheita
de forragem ........................................................................................... 136
23
LISTA DE SIGLAS
AF – Área foliar
CAD – Capacidade de água disponível
DAC – Dias após colheita
DDP – Densidade populacional de perfilhos
IAF – Índice de área foliar
IM – Índice de maturação
IMI – Índice de maturação inferior
IMS – Índice de maturação superior
MAN – Tratamento corte manual
MEC – Tratamento corte mecânico
MEC+MAN Tratamento mecânico seguido de rebaixamento manual
MS – Matéria seca
MV – Matéria verde
NPM – Número de perfilhos por metro
TCA – Taxa de crescimento absoluto
24
25
1 INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é uma gramínea perene da família das Poaceaes, pertencente
ao gênero Saccharum (TEIXEIRA, 2004). É uma planta de metabolismo fotossintético
C
4
, com principal característica a elevada taxa fotossintética, sendo altamente eficiente
na conversão de energia radiante em energia química (OLIVEIRA et al., 2004). Essa
planta possui, classicamente, quatro fases distintas de crescimento: germinação (ou
brotação), perfilhamento, crescimento e maturidade (VAN DILLEWINJ, 1952), sendo
uma de suas principais características o perfilhamento abundante na fase inicial de
crescimento, e, o acúmulo de sacarose no interior dos colmos, na fase de maturação.
Quando cultivada em sistema extensivo e antrópico, a cultura da cana-de-açúcar
passa a ser classificada como semi-perene, ou seja, usualmente requer novo plantio
após quatro a cinco colheitas (SUGUITANI, 2006). Isso porque, o efeito das máquinas e
veículos durante o período de cultivo e, principalmente na colheita, além de prejudicar
diretamente a touceira remanescente, compacta o solo. Estas ações podem prejudicar
tanto a brotação como o crescimento normal do sistema radicular, comprometendo a
nutrição da planta. Com o avançar dos ciclos, pode haver gradual diminuição do
número de plantas e menor crescimento das restantes (socas), levando à queda na
produção até limiares ditos antieconômicos (BARBOSA; SILVEIRA, 2006).
A cana-de-açúcar se destaca entre as gramíneas de clima tropical pelo alto
potencial de produção de MS e energia por unidade de área em um único corte anual
(TEIXEIRA, 2004). O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar (Saccharum spp.)
mundial. A área cultivada supera 5 milhões de hectares. Estima-se informalmente que
10% destes sejam destinados à produção animal (NUSSIO et al., 2006; LANDELL et al.,
2002).
Percebe-se, portanto, que o principal foco da exploração da cana-de-açúcar é
direcionado à industrialização da planta, sendo que características particulares à esta
finalidade têm preponderância sobre as variáveis relacionadas ao valor nutricional.
Entretanto, Matsuoka e Hoffmann (1993) relataram que mesmo sendo reconhecida
tempos como recurso forrageiro, estudos específicos sobre valor nutricional e manejo
agronômico da cana-de-açúcar para uso como forragem foram poucos e descontínuos.
26
Sendo assim, mesmo com a consolidação do uso da cana como alimento e, de
estar dentre as melhores opções de alimento volumoso suplementar para rebanho de
corte e leite principalmente, a grande aceitação da cana-de-açúcar em propriedades
pecuárias pode ser relacionada ao avanço no setor científico, com o desenvolvimento
de opções tecnológicas para expandir e adequar seu cultivo e utilização nas diferentes
condições (SCHMIDT, 2008). Segundo Nussio et al. (2006), os benefícios advindos da
utilização da cana para alimentação animal foram notados mais intensamente por meio
de índices de desempenho zootécnico que no manejo agronômico propriamente dito.
Portanto, esforços conjuntos de pesquisa devem ser convergidos também no sentido de
exploração de técnicas agrícolas (manejo agronômico) que possam expandir a
longevidade e produtividade dos talhões destinados à produção animal.
Dentro deste contexto, os objetivos do presente trabalho foram, em sua primeira
etapa, quantificar as perdas, danos e impacto de três métodos de colheita adotados e,
em sua segunda etapa, avaliar o acúmulo de biomassa, o perfilhamento e densidade
populacional, e as características morfológicas da cana-de-açúcar durante seu quarto
ciclo de crescimento, nesses talhões submetidos aos métodos de colheita.
Referências
BARBOSA, M.H.P.; SILVEIRA, L.C.I. Cana-de-açúcar: variedades, estabelecimento e
manejo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DE PASTAGEM, 2006,
Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, 2006. p. 245-276.
LANDELL, M.G.A.; CAMPANA, M.P.; RODRIGUES, A.A.; CRUZ, G.M.; BATISTA,
L.A.R.; FIGUEIREDO, P.; SILVA, M.A.; BIDOIA, M.A. A variedade IAC86-2480 como
nova opção de cana-de-açúcar para fins forrageiros: manejo de produção e uso na
alimentação animal. Campinas: IAC, 2002. 36 p.
MATSUOKA, S.; HOFFMANN, H.P. Variedades de cana-de-açúcar para bovinos. In:
SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 5., 1993, Piracicaba. Anais...
Piracicaba: FEALQ, 1993. p. 17-36.
27
NUSSIO, L.G.; SCHMIDT, P.; SCHOGOR, A.L.B.; MARI, L.J. Cana-de-açúcar como
alimento para bovinos. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA
PASTAGEM, 3., 2006, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, DZO, 2006. p. 277-328.
OLIVEIRA, R.A.; DAROS, E.; ZAMBON, J.L.C.; WEBER, H.; IDO, O.T.; ZUFFELLATO-
RIBAS, K.C.; KOEHLER, H.S.; SILVA, D.K.T. Crescimento e desenvolvimento de três
cultivares de cana-de-açúcar, em cana-planta, no estado do Paraná. Scientia Agraria,
Curitiba, v. 5, n. 1/2, p. 87-94, 2004.
SCHMIDT, P. Aditivos químicos e biológicos no tratamento da cana-de-açúcar para
alimentação de bovinos. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
FORRAGENS CONSERVADAS, 3., 2008, Maringá. Maringá: Masson, 2008. p. 117-
151.
SUGUITANI, C. Entendendo o crescimento e produção da cana-de-açúcar:
avaliação do modelo Mosicas. 2006. 60 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
TEIXEIRA, C.B. Determinantes da degradabilidade entre clones de cana-de-açúcar
no rúmen de bovinos. 2004. 72 p. Dissertação (Mestrado em Produção de
Ruminantes) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2004.
VAN DILLEWINJ, C. Botany of sugarcane. Waltham: The Chronica Botanica, 1952.
371 p.
28
29
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aspectos da cultura de cana-de-açúcar
2.1.1 Composição morfológica
A cana-de-açúcar quando colhida para o fornecimento aos animais na forma in
natura ou para posterior conservação, tem toda sua parte aérea colhida (colmo e
folhas), sendo que as raízes permanecem nas touceiras remanescentes após o corte. O
colmo é a porção de armazenamento de açúcares e fibra, as folhas quando secas
compõem a fração palha, e quando verdes representam o ponteiro da cana. Segundo
Ripoli e Ripoli (2001) o ponteiro, ou cana ponta, é a parte apical do colmo de cana-de-
açúcar, constituído de internódios em formação recobertos pelas bainhas das folhas.
As diferenças em composição da cana-de-açúcar são resultantes da diversidade
varietal, longevidade do talhão, maturidade fisiológica, variações ambientais e aos
tratamentos a que essa forragem é submetida (NUSSIO et al., 2006), idade cronológica
e fisiológica da cultura, época de amostragem, estágio de corte, sanidade das plantas,
condições climáticas durante o desenvolvimento e maturação, adubação, irrigação, e
tipo de solo (BARBOSA; SILVEIRA, 2006).
Os colmos o compostos por nós, que possuem as gemas, e os entrenós.
Diferem quanto à cor, comprimento, diâmetro e forma do entrenó e das gemas e, as
folhas apresentam diferenças de tamanho, coloração e formato entre as variedades.
Quando cortados transversalmente, nos colmos são visíveis a casca dura, polpa interna
(macia) e fibras. A casca dura é formada por camadas de células lignificadas. As fibras
são feixes vasculares, sendo nos entrenós quase paralelos uns aos outros, e nos nós
freqüentemente separadas (CASTRO; CHRISTOFFOLETTI, 2005). Os colmos de
algumas variedades de cana são mais frágeis e mais facilmente quebrados por
implementos ou ventos fortes do que os outros. Esta característica es associada à
qualidade, a distribuição e ao menor teor de fibras de algumas variedades (CASTRO;
CHRISTOFFOLETTI, 2005; BARBOSA; SILVEIRA, 2006).
30
Até recentemente, havia a recomendação por variedades que apresentassem
alta proporção de folhas e palmitos em relação à massa verde total, o que sugeria que o
ideotipo dessa espécie deveria assemelhar-se às outras forrageiras utilizadas
comumente como pastagens (BOIN et al., 1987).
As pontas, encaradas como subproduto da cultura, hoje são consideradas como
opção importante do ponto de vista econômico no aproveitamento da cana-de-açúcar
como forragem (PEIXOTO, 1986) podendo ter sua utilização direcionada para
alimentação animal (NUSSIO et al., 2007). Para obtenção da massa de pontas, palmito
e folhas são separados dos colmos por meio da quebra na região da última gema,
conhecido como ponto de quebra (SILVA et al., 2004).
Nussio et al. (2007) comentaram que o segmento de pesquisa já começou a
imprimir esforços no sentido de avaliar o valor nutritivo da ponta em variedades
modernas de cana-de-açúcar e oferecer estratégias de colheita e conservação dessa
fonte de forragem, com o objetivo de que nas grandes áreas de colheita mecanizada a
ponta da cana fosse separada do restante da planta, picada e acondicionada para ser
utilizada verde ou mesmo conservada na própria região. Com isso a colheita da ponta
seria bem facilitada, superando as dificuldades de coleta (manual), manipulação e
transporte desse produto que já foi constatada no passado, mostrando-se inviável.
Além dessas folhas vivas ou já em estádio de senescência que o ponteiro possui,
a planta como um todo pode apresentar folhas mortas e secas, aderidas aos seus nós,
as quais após a colheita são comumente denominadas de palha residual. Essa palha é
constituída fundamentalmente pelos mesmos compostos anatômicos e estruturais das
folhas, porém sem atividade fisiológica, havendo concentração da fração fibra e alto
teor de lignina.
Townsend (2000) sugeriu que no momento do corte as folhas secas deveriam
ser retiradas e deixadas nas entrelinhas, servindo como cobertura de solo, auxiliando
no controle de plantas invasoras e na retenção de umidade. Além disso, essas folhas
secas apresentam baixo valor nutritivo, quando ofertada aos animais. Os ponteiros e as
folhas verdes devem ser mantidos na massa colhida, que contribuem para aumentar
o consumo pelos animais.
31
2.1.2 Composição químico-bromatológica
Quando descrita sob o ponto de vista nutricional, a cana integral é caracterizada
por apresentar baixos teores de proteína, extrato etéreo, e da maioria dos minerais
essenciais, além da fibra de baixa digestibilidade e degradabilidade (LANDELL et al.,
2002; MANZANO et al., 2004; TEIXEIRA, 2004; GROSSI; NÓBREGA, 2006;
BARBOSA; SILVEIRA, 2006).
Entretanto, o alto teor de úcar (sacarose) é o ponto favorável da cana-de-
açúcar (MANZANO et al., 2004). Na Tabela 1 são apresentados os valores médios de
composição da cana-de-açúcar.
Tabela 2.1 - Composição média a amplitude de variação de amostras de cana-de-
açúcar analisadas no Laboratório de Bromatologia da USP/ESALQ entre
os anos de 2000 e 2006
Variável n Média Valor mínimo Valor máximo
Matéria seca (%) 21 27,7 20,4 33,9
Proteína bruta (% MS) 33 2,73 1,19 4,43
Fibra bruta (% MS) 26 25,4 19,9
1
36,4
Extrato etéreo (% MS) 26 0,73 0,31 1,28
Matéria mineral (% MS) 33 3,10 0,81
1
6,42
Extrativo não-nitrogenado (% MS) 26 68,0 53,3 75,5
NDT estimado (%) 26 64,5 53,9 69,5
FDA 23 30,0 23,8 41,8
FDN 23 47,3 37,9
1
63,9
Celulose (% MS) 23 25,3 20,0 35,6
Lignina (% MS) 23 4,73 3, 56
2
6, 93
3
pH da forragem fresca 7 6,16 4,07 9,80
1
Variedade IAC86-2480, hidrolisada com 1% de CaO
2
Cana-de-açúcar de variedade forrageira
3
Cana-de-açúcar após florescimento
Fonte: Nussio et al. (2006)
O ponto de maturação buscado pela indústria sucroalcooleira, em termos de
compostos químicos como sacarose, representada pelo ºBrix da cana, POL, níveis de
açúcares redutores (AR) e açúcares redutores totais (ART), pouco contribuem para
caracterização dessa planta em composição nutricional. Segundo Leme Filho (2005), o
POL da cana-de-açúcar é definido como a sacarose aparente por cento de caldo; o brix
como sendo a quantidade de sólidos solúveis por cento de caldo; os AR são compostos
pela glicose e frutose, sendo que estes açúcares em meio alcalino têm a capacidade de
32
reduzir os íons cúpricos e cuprosos e; os ART, definidos pelos AR somados à sacarose,
invertendo-se a sacarose através de tratamento ácido à quente.
O parâmetro mais avaliado por melhoristas de cana com vistas à nutrição animal
é a relação FDN/Pol. Entretanto, muitas das variáveis analisadas pela indústria não
apresentam correspondência na área de produção animal, sendo a recíproca
verdadeira. Parece razoável o empenho em pesquisas que permitam a integração do
conhecimento, gerando indicadores comuns que possam ser utilizados como critério na
seleção de novas variedades e na aplicação prática de cana-de-açúcar na formulação
de ração para animais.
Quando descritos por técnicas de avaliação industrial, os colmos são
constituídos por caldo e fibra (sólidos insolúveis em água). O caldo contém a água
(71,1%) e os sólidos solúveis totais (açúcares e não-açúcares) representados pelo Brix
(18%), e a fibra corresponde aos 10,9% restantes, formada por celulose, hemicelulose,
lignina e pentosanas. O caldo possui em sua composição basicamente sacarose
(15,5%), a glicose e a frutose, que juntas apresentam teor de 0,5%. Ainda, 2% são
compostos não-açúcares (HORII, 2004; BARBOSA; SILVEIRA, 2006), propostos por
César e Silva (1993) como outros compostos orgânicos como aminoácidos, gorduras,
ceras, pigmentos e diversos minerais que também compõe o caldo absoluto. A fibra
corresponde cerca de 10 a 16% do total, formada por celulose, hemicelulose, lignina,
pectina e outros componentes da parede celular (BARBOSA; SILVEIRA, 2006; CÉSAR;
SILVA, 1993).
2.1.3 Manejo agronômico da cultura para produção animal
A cana-de-açúcar é utilizada como alimento volumoso sendo submetida ao corte
verde uma ou mais vezes por ano, e segundo Peixoto (1986), a condução dessa cultura
de cana forrageira pouco deveria diferir daquela realizada para fins industriais. Seu uso
atualmente é muito difundido no país e, provavelmente, a alimentação animal é o
destino principal das lavouras que não são cultivadas para industrialização.
A grande difusão dessa cultura para áreas tradicionais de pastagens tem sido
fator de estímulo para o uso dessa planta na alimentação animal. O desenvolvimento
33
tecnológico propiciou o lançamento de variedades industriais também apropriadas para
a produção animal e favoreceu o posicionamento desses materiais aos diversos
ambientes de produção. Estes fatores, aliados aos aspectos já consagrados entre os
produtores, como facilidade de cultivo e viabilidade econômica ajudaram na expansão
desse volumoso para os sistemas de produção animal (NUSSIO et al., 2007).
As vantagens sobre o uso da cana-de-açúcar como recurso forrageiro são
amplamente discutidas na literatura. Manzano et al. (2004) apontaram os principais e
mais discutidos pontos que justificam a utilização de cana-de-açúcar na alimentação
animal: a simplicidade operacional para manutenção e condução da cultura; o pico de
produção e o valor nutritivo coincidirem com o período de escassez de forragens verdes
nos pastos; a manutenção do valor nutricional por longo espaço de tempo após atingir
sua maturidade; o desenvolvimento de tecnologia para seu cultivo, com trabalhos
intensos e constantes de melhoramento genético devido à produção de açúcar e álcool;
para pequenas e médias propriedades a cultura dispensa investimentos com máquinas
e implementos agrícolas e; o baixo custo por unidade de matéria seca produzida.
A escolha da variedade de cana-de-açúcar a ser utilizada para fins forrageiros
deve ser estabelecida com base em alguns critérios. Segundo Barbosa e Silveira
(2006), esta escolha deve considerar a produtividade de massa (colmos e folhas),
qualidade nutricional e facilidade de colheita. Manzano et al. (2004), além de sugerirem
a escolha com base em alta produção, adicionaram que a variedade deve apresentar
bom perfilhamento após o corte e, alta concentração de açúcar (sacarose) na matéria
seca.
A produção pecuária no Brasil vem tradicionalmente rejeitando a idéia de
explorar mais de um corte de cana ao longo do ano, com base no fato da cana ser
freqüentemente recomendada como forrageira para utilização em um corte anual
realizado no período seco, de baixa disponibilidade de pastagens. Esta estratégia de
utilização facilitou a recomendação de cultivares industriais para uso animal, que a
indústria sempre buscou o corte da planta neste mesmo período de baixa pluviosidade,
também conciliado com maximização da produtividade anual de sacarose (TEIXEIRA,
2004).
34
A seleção das variedades de cana-de-açúcar para finalidade forrageira considera
além do teor de úcares e da produtividade de massa verde, o teor de fibra (FDN).
Outras características adicionais são desejadas, tais como: porte ereto de touceiras,
uniformidade biométrica dos colmos, período de utilização mais longo e resistência às
doenças e pragas de importância econômica (LANDELL et al., 2002). Este porte ereto
deve favorecer tanto a colheita manual como a mecanizada, além de ser dada
preferência por variedades que apresentem despalha natural e sem joçal (BARBOSA;
SILVEIRA, 2006). Atualmente, já se encontram no mercado variedades adaptadas para
colheita mecanizada e em determinadas situações esses equipamentos têm operado
com bom desempenho mesmo em canaviais acamados (BALSALOBRE et al., 1999).
Barbosa e Silveira (2006) destacaram que de nada adianta o fato da variedade
apresentar perfil forrageiro se não for indicada para a produção em determinada
condição de manejo ou ambiente de produção, sob pena de comprometer a
produtividade de massa e inviabilizar economicamente o sistema de produção.
Apesar da intensa procura da cana-de-açúcar para fins forrageiros, sua
produtividade vem sendo baixa se comparada com aquela destinada às similares da
indústria, devido ao manejo aplicado em variedades normalmente selecionadas para o
setor agroindustrial (SILVA et al., 2004). Essa baixa produtividade se deve a não-
aplicação dos recursos tecnológicos disponíveis, usados com sucesso na cana que se
destina à agroindústria, e também ao tímido investimento que se faz em
desenvolvimento de estratégias adequadas ao cultivo de cana-de-açúcar para fins
forrageiros (LANDELL et al., 2002).
Apesar de alguns aspectos relacionados principalmente ao planejamento e ao
manejo da cultura para produção animal ainda serem limitantes, a cana-de-açúcar na
alimentação de bovinos tem ocupado importância cada vez maior. Nussio et al. (2007)
afirmaram que quando comparada a outras fontes de forragens, a cana-de-açúcar tem
se apresentado como alternativa economicamente viável na maioria das simulações de
custo de produção e, mais que isso, tem gerado coeficientes de desempenho animal
tão satisfatórios quanto qualquer outra fonte de alimento volumoso tradicional.
35
2.2 Análise de crescimento em plantas forrageiras
Desde 1984, Luchesi dissertando sobre a utilização prática da análise de
crescimento de vegetais, afirmou que as técnicas utilizadas para se obter os dados
sobre o crescimento das plantas e a escolha dos dados que deveriam ser avaliados
variavam bastante, sendo que cada mensuração realizada deveria ser feita em função
das características particulares da espécie em questão. O mesmo autor afirmou que por
meio da análise quantitativa de crescimento vegetal (a qual estima a produtividade
biológica das comunidades vegetais), podem ser avaliados os efeitos dos diferentes
tratamentos que estão sendo efetuados, visto que esse tipo de análise fundamenta-se
na medição seqüencial de acúmulo de matéria orgânica, em uma ou várias fases de
crescimento, podendo ser realizada durante o ciclo todo da planta que está sendo
avaliada.
Entretanto, para realização de avaliações de massa produzida, são necessárias
análises destrutivas de material, o que necessita de bom planejamento na
experimentação científica. Por outro lado, são possíveis de serem realizadas análises
de medidas repetidas no tempo, avaliando-se quantidade e medidas lineares de
componentes das mais diversas espécies vegetais.
O crescimento da planta como um todo, em termos de aumento de volume, de
massa, de dimensões lineares, de unidades estruturais, ocorre em função do que a
planta armazena e produz em termos de material estrutural. A análise de crescimento
permite avaliar o crescimento final da planta como um todo e a contribuição dos
diferentes órgãos para o crescimento total. A partir dos dados de crescimento, pode-se
inferir sobre a atividade fisiológica, isto é, estimar de forma precisa, as causas de
variações de crescimento entre plantas geneticamente diferentes ou entre plantas
semelhantes crescendo em ambientes diferentes (BENINCASA, 2003). De acordo com
Gava et al. (2001), a análise de crescimento da cana-de-açúcar tem permitido avaliar os
efeitos de diferentes formas de adubação e tratos culturais, sendo realizada por meio de
avaliações seqüenciais do acúmulo de fitomassa ou de índices fisiológicos dela obtidos.
Segundo Gomide (1994), o crescimento vegetal pode ser expresso em termos
lineares, em que se mede o aumento em altura, por exemplo, ou ponderal, quando se
36
mede o acúmulo de matéria seca. Esta última forma é considerada por este autor mais
objetiva, por representar ganhos reais de substância orgânica, devendo ser preferida.
Entre as dimensões lineares, podem ser citadas: altura da planta, comprimento
do caule, comprimento e largura de folhas, comprimento de ramificações, diâmetro de
caules, comprimento de entrenós, comprimento e diâmetro de inflorescência e
infrutescências. Além disso, podem ser descritas as unidades estruturais morfológicas
ou anatômicas, como ramificações, folhas, flores, frutos e raízes. Estas medidas podem
fornecer informações importantes quanto à fenologia e são, muitas vezes, usadas para
detectar diferenças entre os tratamentos estabelecidos (BENINCASA, 2003). As
variáveis a serem mensuradas devem depender do objetivo da pesquisa, da
possibilidade de freqüência de avaliações, do tamanho da área ou disponibilidade de
unidades experimentais, entre outros fatores.
Outra avaliação importante em comunidades de plantas é o acompanhamento do
perfilhamento das espécies, e do comportamento dos mesmos ao longo do tempo,
definindo como a densidade populacional dos perfilhos. Esta marcação de perfilhos
individuais, para entendimento das variáveis morfogênicas e estruturais das plantas foi
considerada por Nascimento Junior et al. (2002), como uma fonte importante de
conhecimento, devido ao estudo da morfologia e da dinâmica de folhas e perfilhos
fornecerem conhecimentos que podem auxiliar na tomada de decisões relacionadas ao
manejo das pastagens.
Vários métodos de monitoramento da dinâmica de perfilhamento têm sido
empregados nos estudos sobre demografia de perfilhos. No caso mais simples, são
utilizadas as contagens do número de perfilhos por planta ou da população de perfilhos
em tempos regulares. Para estudos mais detalhados, o monitoramento de perfilhos
marcados permite que mudanças na densidade populacional sejam explicadas a partir
da morte e do aparecimento de perfilhos (SBRISSIA, 2004).
Adicionalmente, maior detalhamento pode ser obtido por meio do monitoramento
da sobrevivência de gerações sucessivas de perfilhos marcados em áreas fixas ao
longo de um dado período de tempo. Como refinamento, para uma análise demográfica
completa, é necessário também a organização hierárquica das gerações de perfilhos
surgidas. Esta técnica requer geralmente o corte de perfilhos das áreas de
37
monitoramento, o que exige número muito grande de áreas de amostragem
(MATTHEW et al., 2000).
2.3 O ciclo de crescimento da cultura de cana-de-açúcar
Trabalhos que utilizam a análise de crescimento como ferramenta para avaliação
de tratamentos testados, durante fases distintas ou ao longo de todo ciclo de produção
da cana-de-açúcar são realizados com os mais diferentes intuitos e são amplamente
encontrados na literatura. Entretanto, pode-se perceber que além de falta de
padronização de métodos para estas análises, muitos dos resultados apresentados
possuem comportamentos semelhantes, porém, as abordagens das análises
estatísticas e matemáticas diferem muito entre os autores.
Gava et al. (2001) utilizaram a análise de crescimento, com base nas análises de
taxa de produção de MS (TPMS) e da taxa de crescimento relativo (TCR), para avaliar a
utilização de nitrogênio e a influência da palhada na produtividade da cana-de-açúcar. A
variedade SP80-1842 de terceiro corte foi colhida mensalmente para estimativa da
produção de fitomassa, sendo que os autores não encontraram alteração de acúmulo
de massa nos diferentes estádios de crescimento e na colheita final da cana-de-açúcar.
Em estudos semelhantes e complementares, Oliveira et al. (2004, 2005) também
estimaram a TPMS, a TCR, além da taxa de elongação da cultura (TEC), o número de
perfilhos por metro linear e quadrado, o diâmetro e a estatura média dos colmos e o
índice de área foliar (IAF) em cana planta, das variedades RB72454, RB855536 e
RB855113. Por meio de análises destrutivas do material (nove colheitas durante o ciclo
de produção de 497 dias), foram detectadas, por meio das análises de crescimento
realizadas, diferentes curvas para as taxas de crescimento (descritas por função
polinomial de segundo grau), bem como fases distintas de crescimento entre as
variedades avaliadas. Em outro ensaio semelhante para avaliação de cinco cultivares
de cana de primeira soca, no noroeste do Paraná, Silva et al. (2005) utilizaram a análise
de crescimento para estimativa de TCR, número de perfilhos por metro, área foliar
específica, razão de área foliar e, taxa de assimilação quida. Os resultados
38
encontrados não diferenciaram os cultivares entre si quanto aos comportamentos das
curvas dos índices estimados.
Hermann e Câmara (1993), com o intuito de gerar a possibilidade de análise de
área foliar por meio de medidas não-destrutivas, propuseram uma fórmula para sua
estimativa. Atualmente, esta vem sendo muito utilizada como variável resposta da
cultura de cana-de-açúcar, frente a diversos tipos de tratamentos. Diversos autores têm
apresentado resultados de correlação positiva entre a análise da área foliar da cana e
seu padrão de crescimento e produtividade (LEME et al., 1984; ALVAREZ; CASTRO,
1999; OLIVEIRA et al., 2007; FARIAS et al., 2008).
Em uma abordagem distinta com uso da análise de crescimento da cana-de-
açúcar, Simões et al. (2005), estimaram a produtividade, a altura, o IAF e o número de
perfilhos por metro da variedade SP80-1842, com o objetivo de verificar qual curva
melhor descreveu o crescimento dessa variedade em dois ciclos de produção
subseqüentes, sendo o modelo de Gompertz, de curva sigmoidal, o modelo que melhor
se ajustou para descrever e estimar a produtividade.
Marques et al. (2005), com o objetivo de testar seis cultivares de cana
submetidos às condições edafoclimáticas semelhantes, utilizaram a avaliação das
variáveis: número de perfilhos por metro, diâmetro e altura do colmo, para verificar
diferença no comportamento do desenvolvimento desses cultivares, na região de
Presidente Prudente, SP. Os autores não detectaram diferenças no desenvolvimento
entre os cultivares durante os oito meses de avaliação. As curvas elaboradas para
descrição do crescimento da planta foram funções polinomiais de terceiro grau para
número de perfilhos por metro, diâmetro e altura média do colmo e, uma curva de
função linear para número de folhas totais por perfilho.
Silva et al. (2004) utilizaram os dados de número de colmos por metro linear,
altura e diâmetro médio dos colmos, estimativas de produtividade total, produtividade de
colmos e ponteiros e análises químicas, para avaliar sete variedades de cana-de-açúcar
e detectar quais delas apresentariam melhor desempenho como recurso forrageiro. As
variedades IAC86-2480 e IACSP95-3028 se diferenciaram das demais, apresentando
valores mais interessantes para características voltadas à produção animal. Entretanto,
a avaliação entre cultivares se deu pontualmente, na colheita destes materiais.
39
Avaliando o crescimento de cana em dois ciclos consecutivos de produção,
submetidas a colheita crua e mecanizada, e colheita manual após a queima, Alvarez e
Castro (1999) compararam o padrão de crescimento e as influências climáticas sobre o
cultivar SP70-1143. O número de perfilhos por metro, o número de folhas por colmo, o
diâmetro e altura do colmo, o IAF, além da % de MS das folhas e dos colmos, foram as
variáveis mensuradas. Os dados de diâmetro e número de folhas geraram curvas
polinomiais de quarto grau, e os dados de % de MS da folha e do colmo, bem como IAF
foram ajustados para curva de Gompertz. Estes modelos foram os que melhor
descreveram o comportamento das variáveis ao longo dos ciclos de produção. De
acordo com os autores, a curva de crescimento foi semelhante para ambos os
tratamentos no primeiro ciclo avaliado, se diferenciando no segundo, onde o
crescimento foi maior para cana crua no início do ciclo, enquanto que no final do ciclo
foi maior para cana queimada. Além disso, a presença da palha nos ciclos
subseqüentes da cana não gerou diferença quanto ao perfilhamento, sendo que a
presença da palha não foi prejudicial à rebrota do canavial. E ainda, que os fatores
climatológicos não provocaram mudanças entre as variáveis analisadas para cana
colhida crua ou queimada.
Ramesh e Mahadevaswamy (2000) avaliaram o efeito da seca severa, moderada
e condições ideais de cultivo sobre a mortalidade de perfilhos, características
morfológicas, produtividade e qualidade de quatro cultivares de cana-de-açúcar na
Índia. Por meio da contagem do número de perfilhos em quatro fases distintas de
aparecimento e da mensuração das características morfológicas após a colheita das
variedades analisadas, os autores afirmaram que o déficit hídrico durante a fase
vegetativa reduziu o número de colmos viáveis para colheita, causou diminuição na
altura, no número de internódios e no peso das plantas.
2.4 Ciclo fenológico e composição morfológica da cana-de-açúcar
A fenologia é o estudo dos fenômenos periódicos da vida de uma planta (ou
cultura) em relação às condições ambientais (LUCHESI, 1984). Larcher (2006)
acrescenta que este estudo pode ser realizado por meio de observações dos estádios
40
de desenvolvimento externamente visíveis (fenofases) como, por exemplo, a
germinação de sementes, emergência de gemas, desenvolvimento de folhas, floração,
senescência. Entretanto, devido a diferentes condições climáticas, a duração de cada
fenofase pode ser modificada, sendo que cada região ou unidade de produção deve
realizar estudos para avaliação no comportamento de variedades de cana-de-açúcar
em diferentes sistemas de produção.
2.4.1 Ciclo fenológico da cana-soca
O processo de perfilhamento é regulado pela auxina, sintetizada na gema apical
da planta, sendo seu transporte feito do topo em direção à base em um fluxo contínuo.
Induz a elongação de tecidos, podendo inibir a emergência das gemas laterais por meio
da dominância apical. Este hormônio, no ápice da planta, promove carreamento
preferencial de carboidratos para essa região, em detrimento às gemas laterais. Com
alta luminosidade, o fluxo de auxina diminui e observa-se então decréscimo no grau de
inibição das gemas laterais, o que resulta em maior formação de perfilhos
(CASAGRANDE, 1991; CASTRO; CHRISTOFFOLETTI, 2005).
No ciclo da cana-soca, a fase de germinação é substituída pela fase de brotação
da soqueira remanescente após a colheita. O ciclo fenológico da cana-soca dura
aproximadamente 12 meses, e apresenta as fases de perfilhamento, acúmulo inicial de
sacarose e maturação (CÂMARA, 1993; SEGATO et al., 2006).
A nova brotação é denominada soqueira, a qual se desenvolve a partir da
brotação das gemas da base dos colmos colhidos na safra anterior, sob a superfície do
solo, sendo o comportamento da rebrota distinto daquele da cana-planta (MATSUOKA;
HOFFMANN, 1993). Segundo Suguitani (2006), esse perfilhamento durante a
rebrotação varia de espécie para espécie, varia dentro da mesma espécie e de acordo
com o manejo cultural adotado.
A fase de perfilhamento inicia-se logo após o corte, sendo que entre 20 a 30
dias, observa-se intensa brotação de colmos primários das soqueiras. O perfilhamento
persiste com a brotação de gemas basais localizadas nos colmos primários, originando
sucessivos perfilhos, de 2ª, ordem, podendo chegar a ordem ou mais (CÂMARA,
41
1993; SEGATO et al., 2006). Matsuoka (1996) comentou que, dada a grande
quantidade de gemas nos rizomas, ocorre normalmente grande quantidade de perfilhos
primários em uma mesma touceira, diferentemente da cana-planta, que, além da
grande quantidade de perfilhos, se desenvolve com mais rapidez. No final do ciclo, o
número de colmos acaba sendo maior na soca do que na cana-planta, devido a maior
velocidade de brotação e precocidade na formação de perfilhos e maturação da
soqueira.
Segato (2006) afirmou que grande relação da produtividade da cana com a
brotação (dos toletes e das soqueiras) e o perfilhamento, existindo variedades com alta
e baixa capacidade de perfilhar. No entanto, relação entre o perfilhamento, o vigor
das raízes e a boa brotação das socas. A formação de perfilhos na cana-de-açúcar se
torna importante devido à sua contribuição na produção final da cultura, devido a sua
função de armazenamento da sacarose. Algumas variedades perfilham precoce e
profusamente, sendo que maioria dos seus perfilhos pode não sobreviver. Os perfilhos
mais tardiamente formados podem morrer ou não maturar adequadamente, afetando a
qualidade do caldo (RAMESH; MAHADEVASWAMY, 2000).
A fase de perfilhamento intenso da touceira se quando é atingido o ponto
máximo de produção de perfilhos, chegando algumas variedades a produzir 25 ou mais
colmos por touceira. A partir do ponto máximo de perfilhamento, a competição entre os
perfilhos pelos fatores de crescimento como luz, espaço, água e nutrientes acentua-se,
de maneira que se constata a diminuição e paralisação deste processo, além da morte
dos perfilhos mais novos (CÂMARA, 1993; SEGATO et al., 2006).
De acordo com Castro e Christoffoletti (2005), a fase de perfilhamento pode
ocorrer até quatro meses após o plantio, e apresentar de 10 a 20 perfilhos por metro.
Os mesmos autores comentaram que cultivares de perfilhamento mais intenso, à
exemplo da Saccharum spontaneum, produzem colmos mais finos. Cultivares de
perfilhamento mais reduzido, com caracteres de S. officinarum, por produzirem colmos
mais grossos devem ser plantados com menor espaçamento, para se aumentar o
número de colmos industrializáveis por área. Rocha (1984) observou que as diferenças
entre o máximo perfilhamento e o número de colmos nas colheitas são maiores em
42
solos sob condições mais favoráveis às plantas, indicando ocorrência de perfilhamento
mais acentuado.
A partir do final do perfilhamento, os colmos mais desenvolvidos continuam seu
crescimento em altura e espessura. Quando os perfilhos mais desenvolvidos atingem
em torno de 50 cm de altura (folha +1), inicia-se intensa competição por luz, água e
nutrientes entre as plantas. A tendência é de estabilização do número de perfilhos e,
mais tarde, com o crescimento dos colmos dominantes, o número decresce com a
eliminação dos mais fracos, doentes e mal posicionados (BALIEIRO, 1995). À medida
que o amadurecendo, os colmos que sobrevivem à forte competição da fase de
perfilhamento, devido à diminuição do dreno fisiológico dos colmos mais jovens
(CÂMARA, 1993), continuam seu crescimento e desenvolvimento, acumulando cada
vez mais sacarose em seus internódios. Ao atingir o seu tamanho final, constituem-se
colmos industrializáveis, passando a acumular mais intensamente a sacarose produzida
pela fotossíntese.
De acordo com Scarpari et al. (2007) a maturação fisiológica da cana-de-açúcar
se dá em função de diversos fatores climáticos, fisiológicos, enzimáticos, genéticos e de
manejo. Entretanto, o atual conhecimento sobre a influência de alguns destes fatores é
escasso, o que torna a modelagem da maturação da cana-de-açúcar uma ferramenta
para um planejamento estratégico da melhor época de colheita.
A diminuição da temperatura do ar tem papel fundamental na maturação da cana-
de-açúcar, responsável pela redução no ritmo de desenvolvimento vegetativo para o
acúmulo de sacarose no colmo (SCARPARI; BEAUCLAIR, 2004). Na fase de
maturação é que se processa a colheita do canavial, devidamente monitorado por
análises específicas. Durante um intervalo de tempo, a planta conserva seu ponto
máximo de maturação com valor quase inalterado. Esse intervalo é denominado de
período útil de industrialização (PUI) (CÂMARA, 1993; SEGATO et al., 2006).
43
2.5 Métodos de colheita da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal
2.5.1 Colheita manual
O corte manual é realizado por operadores munidos de facões ou podões de
corte, de diferentes tipos, formatos e tamanhos (FURLANI NETO, 1993). É realizado na
base dos colmos, rente ao solo (BARBOSA; SILVEIRA, 2006). Em propriedades de
pequeno a médio porte, a colheita é geralmente realizada pelos próprios funcionários,
não tendo nenhuma ligação com a sazonalidade de mão-de-obra do setor canavieiro.
Como a cana-de-açúcar tem capacidade de manter seu valor nutritivo durante
um período de 4-6 meses após a maturação, essa característica a torna conveniente
para pequenas propriedades, que podem utilizá-la fresca, colhida diariamente. Porém
em propriedades que exigem grandes volumes, o corte diário é inviável e dificulta muito
os tratos culturais, tendo em vista que sempre haverão plantas em diferentes estádios
de desenvolvimento (MURARO, 2007), apresentando limitações por dificultar a
homogeneidade de rebrotação podendo resultar em menor longevidade do canavial
(SANTOS et al., 2006).
2.5.2 Colheita mecânica
Inicialmente, a colheita mecanizada de cana teve por base o uso de colhedoras
utilizadas para ensilagem de milho e sorgo, sendo que embora ainda com timidez, nos
últimos anos tem havido melhora no desempenho dos equipamentos utilizados para a
colheita da cana (BALSALOBRE et al., 1999). Os equipamentos disponíveis no
mercado sofreram grandes avanços nos últimos anos, apresentando maior robustez, o
que vem facilitando a adoção de corte totalmente mecanizado (MANZANO et al., 2004).
Esses equipamentos são normalmente acoplados ao sistema hidráulico do trator
e acionadas pela tomada de potência. Trabalham no campo colhendo e picando a
planta forrageira, que é transportada ao silo ou cocho por uma carreta ou vagão
forrageiro (SILVEIRA, 1997). As mais comuns são as colhedoras tratorizadas,
montadas na lateral do trator, cujo sistema picador apresenta grande variação de
44
modelos no mercado, desde o tipo de cilindro adiscos com 16 facas (BALSALOBRE
et al., 1999). Volpato et al. (2002) comentaram que os cortadores de base atualmente
utilizados nas colhedoras de cana-de-açúcar e forragens, estão rigidamente fixados à
estrutura do equipamento sem recursos adequados para acompanhar a altura do solo
durante o processo de colheita. E, que apesar do conjunto cortador basal possuir
acionamento hidráulico, para permitir a variação na altura do corte, para cortar colmos
em um ponto acima do nível do terreno, a touceira deveria estar sobre um leve
caramalhão, para melhorar a eficiência de corte. Além disso, em relação à colheita e
levando-se em consideração que não se consegue nível zero de compactação, deve-se
insistir para que haja adequado controle de tráfego sobre os talhões, objetivando evitar
o tráfego na entrelinha da cana (DEMATTÊ, 2004).
Máquinas colhedoras de forragens classificadas como de corte preciso dispõem
de sistema de colheita e picagem composto por disco ou de tambor, que incorporam
determinado tipo de facas que picam o material em tamanhos reguláveis. O disco pode
ser localizado na posição horizontal ou vertical. As colhedoras são montadas no
sistema hidráulico do trator e colocadas de lado, e muitas delas possuem uma roda de
apoio, empregada também para regulagem da altura de corte. Duas guias orientam os
caules das plantas diretamente contra o equipamento e ajudam a levantar as plantas
tombadas no solo, permitindo maior rendimento de massa verde colhida (SILVEIRA,
1997). As máquinas forrageiras apresentam como característica a pequena abertura da
boca de colheita. Obviamente esse espaço na boca de colheita está associado com
outras características, como capacidade do sistema picador e capacidade de
lançamento do material picado pelo rotor e, posteriormente, pela bica (BALSALOBRE et
al., 1999).
De acordo com Balsalobre et al. (1999) uma cultura de cana-de-açúcar ideal para
corte mecanizado deveria apresentar menor densidade de colmos na linha de plantio, e
não possuir tendência ao acamamento. Para cortes mecanizados, a eficiência do
processo de colheita deveria ser representada pelo peso do colmo e não pelo número
de perfilhos, pois com menor perfilhamento, um reduzido número de colmos seria
cortado por unidade de tempo. No entanto, o menor número de perfilhos pode favorecer
45
aparecimento de colmos mais grossos e, portanto, maior dificuldade de corte pela
máquina (BALSALOBRE et al., 1999).
O aproveitamento da cana-de-açúcar a ser colhida depende da regulagem da
altura do dispositivo de corte. Em áreas com preparo de solo precário, onde o relevo se
torna irregular, e também em áreas onde o sulco de plantio é profundo, deve se
aumentar a altura de corte, o que prejudica o aproveitamento da planta forrageira
(BALSALOBRE et al., 1999). Na colheita mecanizada o corte dos colmos ocorre acima
do nível do solo, aproximadamente à 10 cm de altura (BARBOSA; SILVEIRA, 2006).
Balsalobre et al. (1999) relataram que devido aos equipamentos disponíveis no
mercado não apresentarem sistemas de corte eficientes, a altura onde o colmo é
cortado pode chegar a 50 cm, sendo comum o corte a 20 cm do solo. A altura de corte
do colmo em relação ao solo será maior quanto pior o sistema de cultivo da lavoura.
A falta de um equipamento de maior autonomia de corte e a não adaptação de
tratores para corte da cana, leva, na maioria das vezes, à decisões por reduzir as doses
de adubação. Dessa forma, a produção da cana seria menor e, portanto, a colheita
mecanizada seria favorecida. Obviamente essa é uma decisão adaptada ao mercado,
porém questionável (BALSALOBRE et al., 1999).
Empreendimentos com elevadas demandas desse volumoso deverão utilizar o
processo de colheita totalmente mecanizada (MANZANO et al., 2004), exigindo a
convivência com as dificuldades impostas por esse método.
2.5.3 Perdas ocorridas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar
Devido ao maior avanço tecnológico no setor sucro-alcooleiro, equipamentos e
implementos agrícolas para colheita da cana para usinas, possuem mecanismos de
regulagem de corte e controle de perdas bem desenvolvidos. Entretanto, o setor não
se descuida em avaliações sobre o desempenho do maquinário, no que diz respeito ao
corte basal e perdas de colheita. Salvi et al. (2007) comentaram que na colheita
mecanizada de cana-de-açúcar existem algumas peculiaridades relacionadas às
interações solo-planta-máquina, que têm causado preocupações, como as perdas de
cana no campo, a redução na qualidade da matéria prima e a redução da longevidade
46
do canavial. E ainda, que existem perdas de campo, constituídas de massa deixada no
campo, sendo que a população de colmos também pode ser reduzida por duas razões:
soqueiras destruídas por dano mecânico ou removidas e, por deterioração, devido aos
danos por cisalhamento dos tocos, o que facilita a ocorrência de pragas e doenças.
Quando colhida com fins industriais, crua e mecanicamente, as perdas da cana-
de-açúcar podem ser divididas em perdas visíveis e invisíveis, em que as primeiras são
aquelas que podem ser detectadas visualmente no campo após a colheita, podendo ser
colmos inteiros e/ou suas frações, rebolos e tocos resultantes no corte basal. as
perdas invisíveis são constituídas por caldo, pequenas partículas de cana que ocorrem
em razão da ação dos mecanismos rotativos que cortam, picam e limpam a cana
durante o processamento interno nas colhedoras (NEVES et al., 2004).
Souza et al. (2005) comentaram que no sistema de colheita mecanizada sem
queima, as folhas, bainhas, ponteiros, além de quantidade variável de pedaços de
colmos são cortados, triturados e lançados sobre a superfície do solo, formando uma
cobertura de resíduo vegetal denominada palha ou palhada.
Neves et al. (2004) trabalhando com cana para fins industriais sugeriram um
sistema de classificação das perdas de cana e de palha. Os tocos são as frações do
colmo cortadas acima da superfície do solo, com comprimento menor ou igual a 0,2 m,
sendo comprimentos maiores considerados pedaços; a cana inteira é a fração de cana
com tamanho igual ou superior a 2/3 do comprimento médio estimado dos colmos do
local, sendo que este colmo pode estar ou não preso ao solo pelas raízes; a cana ponta
é a fração de colmo deixada no solo agregada ao ponteiro; os rebolos são as frações do
colmo com corte característico do facão picador ou do corte de base, em ambas as
extremidades; as lascas são fragmentos de cana dilacerados e; pedaços, que são todas
as variações visíveis de colmos sem as características que definam tocos, colmos
inteiros, rebolos, lascas e cana ponta e que, portanto, não se encaixam em nenhuma
das definições anteriores.
Balsalobre et al. (1999) sugeriram que o corte da cana realizado acima do nível
do solo promoveria perdas de produção de duas formas: redução do perfilhamento e
perda de material (toco) não retirado da área. relatos de fazendas que realizaram a
coleta dos tocos após o corte, em que a quantidade de material foi por volta de oito t/ha.
47
Como recomendação técnica, Manzano et al. (2004) indicaram que para fins de
planejamento do estabelecimento da cultura na propriedade, deve-se considerar perda
de 20% do material durante as operações de corte, transporte, fornecimento e sobra de
alimentos no cocho, devendo ser aumentada a área de plantio para esta compensação.
Cada sistema de colheita possui vantagens e desvantagens relacionadas às
perdas de material, alteração na estrutura do solo, danos à soqueira, exigência de mão-
de-obra qualificada, condições climáticas para realização do corte, relação custo
benefício. Entretanto, as perdas relativas à colheita mecanizada, visando a utilização da
cana-de-açúcar para alimentação animal, dificilmente são quantificadas (MURARO,
2007).
2.5.4 Rebaixamento de soqueiras
O perfilhamento descrito anteriormente ocorre normalmente nas soqueiras de
cana-de-açúcar, quando a colheita é realizada rente ao solo, independente do método
de colheita empregado. Entretanto, quinas colhedoras de forragem cortam a planta
em alturas de 10 a 20 cm acima da superfície do solo (BALSALOBRE et al., 1999;
BARBOSA; SILVEIRA, 2006). A estrutura remanescente desencadeia uma série de
processos bioquímicos e fisiológicos na planta, levando à perda da dominância apical,
sendo estimulada a emergência das gemas laterais. Concomitantemente com a perda
da dominância apical e ocorrência de perfilhamento aéreo, ocorre na base da touceira
aumento na luminosidade incidente, uma vez que praticamente toda parte aérea da
planta foi removida. Esse aumento de luminosidade, por outro lado, reduz
gradativamente o fluxo de auxina que foi ativado por ocasião do corte, e observa-se
então a inibição da atividade das gemas laterais, resultando em nova e maior formação
de perfilhos basais, ocorrendo o novo perfilhamento das soqueiras.
Dados da literatura sugerem que o corte rente ao solo, ou o rebaixamento das
soqueiras, devem ser realizados principalmente devido a problemas fitossanitários, pois
a soqueira remanescente favorece a podridão, contaminação de fungos, também é uma
fonte de perda de matéria prima e pode dificultar as operações com tratos culturais
(TOWNSEND, 2000). Essa fração remanescente e sugestões de que pode interferir
48
no padrão de perfilhamento, entretanto, são escassas as informações sobre o manejo
correto a ser realizado no canavial após corte. Um único dado encontrado atualmente
na literatura é de Barbosa e Silveira (2006), os quais comentaram que, mesmo se
deixando os tocos nas soqueiras após a colheita mecânica, na fase seqüencial de
rebrotação da cana, prevalecem os perfilhos oriundos das gemas do rizoma da planta.
E ainda, que aqueles perfilhos que porventura brotam de gemas localizadas nos tocos
remanescentes morrem posteriormente, e por sua vez, os tocos apodrecem até a
próxima colheita.
Quando a colheita do canavial é realizada mecanicamente, a altura do corte
efetuado pela colhedora não é rente ao solo e, dessa forma, uma porção residual do
colmo permanece na base da touceira. Tradicionalmente, a recomendação técnica tem
sido pela eliminação do colmo remanescente, e essa opção é realizada manualmente
com uso de um podão. O corte de uniformização, quando adotado, é realizado rente ao
solo, visando garantir que a rebrota do canavial seja proveniente de algumas gemas
basais e não das gemas localizadas no colmo (gemas laterais). Esse procedimento é
considerado, até o presente momento, importante, pois acredita-se que as plantas
provenientes de gemas basais são bem mais produtivas e persistentes do que as
plantas provenientes das gemas laterais (MANZANO et al., 2004).
2.6 Hipótese e objetivos
A resposta funcional das plantas de cana-de-açúcar ao tipo de corte imposto
poderá revelar um padrão de resposta dessa comunidade de plantas e de suas
unidades de crescimento (perfilhos) similar para diferentes alturas de corte. Com isso,
formula-se a hipótese de que o mesmo padrão de resposta seria seguido,
independentemente do tipo de corte imposto aos perfilhos, variando a ordem de
grandeza e a velocidade dos processos fisiológicos envolvidos em função das
características específicas desses perfilhos e do ambiente onde se desenvolverão.
Com base na importância de se gerar um número de informações integradas
sobre o cultivo de cana-de-açúcar, destinada à alimentação animal, os objetivos do
presente estudo foram: avaliar as perdas e danos de colheita em talhões submetidos
49
aos métodos de colheita manual, mecânico, e mecânico seguido de rebaixamento
manual, e, em seu ciclo de crescimento subseqüente, avaliar o acúmulo de biomassa
da cultura, o perfilhamento, a densidade populacional de perfilhos e, a composição
morfológica da cultura, por meio de análise de crescimento do vegetal, com vistas a
elucidar questionamentos atuais sobre o impacto do método de colheita sobre a
produtividade e capacidade de rebrotação da cana-de-açúcar.
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56
57
3 PERDAS DAS FRAÇÕES DE CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDA À MÉTODOS DE
COLHEITA
Resumo
O presente experimento teve por objetivo avaliar o efeito dos métodos de
colheita sobre as varáveis de perdas e danos de colheita da cana-de-açúcar,
compostas por perdas totais, e das frações palha, cana ponta e colmo, e, de danos
causados às touceiras quanto ao número de toletes danificados, arrancados, e ao
número de plantas inteiras deixadas à campo após a colheita. As avaliações foram
realizadas na variedade de cana IAC86-2480, de terceiro corte, no mês de novembro de
2006. Os tratamentos avaliados foram corte manual basal (MAN), corte mecanizado por
meio de colhedora de forragem (MEC) e corte mecanizado seguido de rebaixamento
manual basal (MEC+MAN). A área experimental foi composta por seis blocos,
constituídos por três métodos de colheita como tratamentos impostos às parcelas. Cada
parcela possuía 8 linhas de plantio com 15 m de comprimento em espaçamento de 1,3
m. Para corte manual, as plantas foram colhidas na base com uso de podão, e
amontoadas ao lado das mesmas para posterior transporte. Para o corte com colhedora
de forragem, esta foi tracionada por trator provido de sistema redutor, seguida por
vagão forrageiro para acondicionamento do material, sendo sua plataforma regulada
para altura de corte de 20 cm. Para o corte MEC+MAN, seguiu-se o mesmo
procedimento do corte MEC, porém, após a passagem da colhedora, os tocos
remanescentes foram recepados rente ao solo com uso de podão. O material recolhido
após colheita foi pesado e separado nas frações colmos, cana ponta e palha. Após a
separação e pesagem, alíquotas foram secas para estimativa da MS do material. Para
avaliação dos danos causados pelos métodos de colheita, foram realizadas contagem
do número de toletes danificados, arrancados e o número de plantas inteiras deixadas
nas seis linhas centrais de cada parcela. A produtividade colhida e a massa de
forragem disponível (em t MV e MS/ha) foram similares entre os tratamentos (P>0,05).
As perdas totais da MV em ralação a produtividade colhida diferiram entre os
tratamentos e foram superiores (P<0,05) para o tratamento MEC+MAN, de 18,5%, de
12,3% para tratamento MEC e 6,5% para tratamento MAN. Entretanto, as perdas se
tornaram similares entre os tratamentos (P>0,05) quando relativas à produtividade
colhida em MS, variando de 17,7 a 25,7% para os tratamentos MAN e MEC+MAN,
respectivamente. As perdas quantitativas e relativas das frações palha e cana ponta
foram semelhantes entre os tratamentos (P>0,05), sendo que a fração colmo
apresentou diferenças entre os tratamentos, gerando valores de perdas relativas à
produtividade colhida em MV de 1,5% para MAN, 7,6% para o corte com MEC, e de
12,7% para MEC+MAN. O número de toletes danificados foi superior (P>0,05) para o
corte MEC+MAN, de um a cada 0,7 m. O mero de plantas inteiras deixadas a campo
foi superior (P>0,05) para o corte MEC, de uma a cada 1,5 m. As perdas totais geradas
pelo corte MEC+MAN incrementaram em somente 8% das perdas em MS, quando
comparadas aos outros métodos. Sendo assim o comportamento da colheita
mecanizada (com ou sem rebaixamento) foi considerado satisfatório.
Palavras-chave: Colheita manual; Colheita mecânica; Perdas de colheita
58
3 SUGARCANE LOSSES SUBMITTED TO THREE HARVESTING METHODS
Abstract
This experiment evaluated the effects of harvesting methods on sugarcane losses
and damage. Total losses included straw, green leaves and stalk fractions; damage
included the number of damaged or uprooted remaining stalks, and the number of whole
plants left on the field after harvest. Measurements were performed on a three-year-old
crop of the IAC86-2480 variety, in November of 2006. The three harvesting methods
were: manual (MAN), mechanical (MEC) and mechanical followed by manual
(MEC+MAN). The experimental area comprised six blocks, each one containing all three
harvesting methods. Each plot within a block consisted of eight 15 meters-long rows
spaced 1.3 m from each other. Manual harvest was performed through the use of
cutters, and plants were cut to ground level, pilled up and hauled to a processing site.
Mechanical harvest was accomplished with a tractor pulled harvester with a cutting
height adjusted to 20 cm height. The cut material was stored in a wagon. In the
mechanical and the manual harvest procedure, the remaining stubbles after the
mechanical harvest were manually cut to ground level. The evaluation of damage
caused by harvesting methods was accomplished by counting the number of damaged
or remaining uprooted stalks, and the number of whole plants left on the field in the six
central rows of each plot. The harvested yield (t FM) and available biomass (DM/ha)
were similar among treatments (P>0.05). Total losses in regard to harvested yield were
different among methods, with 18.5% for MEC+MAN, 12.3% for MEC and 6.5% for
MAN. However, losses became similar among treatments (P>0.05) when DM harvested
yield was considered, ranging from 17.7% to 25.7%, in MAN and MEC+MAN,
respectively. Straw and green leaves fractions either total amount and relative losses
were similar among methods (P>0.05). Stalk fraction losses relative to FM harvested
yield were different among a method, that is, 1.5% for MAN, 7.6% for MEC, and 12.7%
for MEC+MAN. The number of damaged stalks was higher (P<0.05) in the MEC+MAN
method (one every 0.7 m). The number of whole plants left in the field was higher in the
MEC method (one every 1.5 m) as compared to the control. The harvester transit over
the crop, in the first evaluation cycle, caused an 8% increase in DM losses compared to
the manual method. Thus the mechanical method is considered satisfactory and should
be recommended for large scale operations.
Keywords: Tropical grass; Mechanical cutting; Manual cutting; Dry matter losses
3.1Introdução
A colheita da cana-de-açúcar para alimentação animal é considerada um
processo dinâmico. Pode ser realizada com diferentes objetivos e métodos, pois
envolve o planejamento desde a época de corte até o fornecimento da cana aos
animais ou sua conservação na forma de silagem.
59
Tradicionalmente, o uso da cana-de-açúcar baseia-se no corte diário e
fornecimento imediato da forragem fresca no cocho para posterior consumo pelos
animais (NUSSIO et al., 2007). Entretanto, no momento da colheita, o produtor pode
optar pelo corte manual e picagem mecanizada, ou pelo corte e picagem totalmente
mecanizados. A escolha de um ou outro método depende do número de animais a
serem suplementados (MANZANO et al., 2004, MURARO, 2007), uma vez que se opte
por fornecimento de forragem fresca. Outra opção seria a ensilagem de cana-de-
açúcar, sendo uma ferramenta para situações onde o corte diário é dificultado, ou
quando necessidade de liberação de áreas em curto espaço de tempo (SCHMIDT,
2006).
Independentemente do método de colheita a ser adotado em uma propriedade,
particularmente cada um deles apresentam suas vantagens e desvantagens. O corte
manual tem como principal vantagem o custo reduzido, porém como desvantagens a
desuniformidade de talhões durante a rebrotação, o que dificulta os tratos culturais
posteriores, e o tempo gasto para colheita da planta, geralmente realizada por
funcionários das próprias propriedades. Por outro lado, o corte mecanizado é capaz de
promover maior eficiência do sistema, pela capacidade de corte, sendo uma opção
interessante em fazendas que apresentam maior demanda por alimento. Entretanto, os
aspectos negativos desse método de colheita são representados pela aquisição e
manutenção dos equipamentos, além desse método ainda apresentar questionamentos
entre produtores. O manejo correto a ser adotado após o corte mecanizado ainda não
está bem estabelecido, pois não se sabe até que ponto os tocos remanescentes
poderiam influenciar a rebrotação das novas soqueiras, além de serem fonte de perda
de matéria prima.
A capacidade de corte de uma colhedora de forragem é influenciada pelo
tamanho da abertura da plataforma de colheita e pela velocidade e taxa de admissão.
Quanto maiores estes parâmetros, melhor é a capacidade de colheita do equipamento.
Porém, esta regulagem deve estar associada a sua própria capacidade interna,
principalmente no que diz respeito à capacidade de corte, picagem do material, e a
altura de corte, além da exigência em qualidade da cana-de-açúcar em relação ao
tamanho de partícula a ser cortada (BALSALOBRE et al., 1999). Atualmente, no
60
mercado brasileiro, encontram-se disponíveis alguns modelos e marcas de colhedoras
de forragens utilizadas para cana-de-açúcar, apresentados na Tabela 3.1.
Normalmente, a opção por equipamento em particular é realizada com base em seu
custo e disponibilidade local, sendo que a eficiência de corte é um fator secundário na
escolha do equipamento.
Tabela 3.1 - Características de algumas colhedoras de forragem nacionais utilizadas
para a cana-de-açúcar
Marca/Modelo
Capacidade
de colheita
(t/h)
Tamanho
de partícula
(mm)
Potência
mínima
exigida (cv)
Peso da
máquina
(kg)
Menta Colhiflex MFC 1
1
40 - 50 5, 8 e 12 86 1450
Menta Premium Doblo
1
20 - 35 4 a 18 80 700
Menta Robust Plus
1
30 - 75 -
Nogueira Pecus 9004 Super
2
20 - 30 5, 7, 10 e 14
55 740
Nogueira Pecus 9004 III
2
20 - 30 3, 4, 6 e 8 55 695
JF 92 Z4
3
23 7 a 25 40 -
JF 192 Z6
3
30 3 a 18 80 870
Jumil JM 50 Plus
4
20 3 a 18 60 550
Fonte:
1
Menta Máquinas Agrícolas;
2
Nogueira;
3
JF Máquinas Agrícolas;
4
JUMIL
Máquinas Agrícolas
Embora a opção por um ou outro método de colheita a ser adotado em um
canavial deva ser realizado com base em fatores de produção, como demanda ou tratos
culturais, ou relacionados ao custo, nenhum método de colheita é plenamente eficiente
em colher todo material disponível.
Com base nessas informações, o objetivo do presente estudo foi avaliar e
quantificar as perdas e danos causados pela adoção dos métodos mais tradicionais
para colheita da cana-de-açúcar, destinada à alimentação animal.
3.2 Material e métodos
3.2.1 Local e período experimental
O experimento foi conduzido em área do Centro Avançado de Tecnologia da
Cana, do Instituto Agronômico de Campinas, IAC (APTA, Agência Paulista de
61
Tecnologia dos Agronegócios) pólo Ribeirão Preto, SP. As coordenadas geográficas
aproximadas da área são: latitude 21º12’S, longitude 47º52’O; e, 640 m de altitude. A
estimativa de produtividade inicial do canavial, a aplicação dos tratamentos e a
quantificação de perdas durante a colheita ocorreram no mês de novembro de 2006.
3.2.2 Área experimental
A área experimental continha cerca de 3400 m
2
e foi dividida em seis blocos,
com dimensões de 9,1 m x 63 m (573,3 m
2
). Em cada bloco foram estabelecidas três
parcelas, e cada uma foi considerada uma unidade experimental, onde os tratamentos
foram impostos. A representação esquemática da parcela encontra-se na Figura 3.1.
Figura 3.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas
Cada parcela possuía oito linhas de plantio de 15 metros de comprimento
espaçadas 1,30 m uma da outra, totalizando 136,5 m
2
, e eram separadas por um
corredor de circulação de nove metros de largura, necessário para o trânsito de
máquinas agrícolas. As oito linhas de cada parcela receberam uma nomenclatura para
organização da coleta de material e dos dados no campo. As linhas de avaliação foram
utilizadas para demarcação de duas réguas transectas para avaliação do perfilhamento,
para análise de composição morfológica não-destrutiva, e as linhas de coleta foram
destinadas às colheitas mensais da planta para estimativa de produção e análises de
composição morfológica destrutiva, apresentadas nos capítulos subseqüentes.
62
3.2.3 Clima e solo
A classificação climática do município de Ribeirão Preto, segundo o método de
Köppen é Aw, caracterizado por elevada pluviosidade, embora apresente inverno seco
e verão úmido (ROLIM et al., 2007). O solo da área experimental é classificado como
Latossolo Vermelho Férrico
1
, de acordo com o sistema EMBRAPA (1999).
Os dados meteorológicos de Ribeirão Preto durante o mês de novembro de 2006
e a análise de solo da área experimental encontram-se na Figura 3.2 e Tabela 3.2,
respectivamente.
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Novembro / 2006
Precipitação (mm), Temperatura (
o
C)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
UR (%)
PPT Tmédia UR
Figura 3.2 - Precipitação (mm), temperatura média (
o
C) e umidade relativa do ar (UR,
%) do município de Ribeirão Preto, SP, no mês de novembro de 2006
Tabela 3.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP
2
pH
CaKCl
pH
H2O
MO V H+Al
Al
Ca
Mg
K SB CTC P
Res
---- % ---- -------------------- cmol
c
.dm
-3
-------------------- mg.cm
-3
5,1 5,8 1,5 51,35
3,6 0,1
3,0
0,7 0,10
3,84 7,46 15,1
Al = alumínio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; K = potássio; Na = sódio; P
res
= fósforo
(determinado por método de resina); MO = matéria orgânica; SB = soma de bases; CTC
= capacidade de troca catiônica; V = saturação por bases
1
Classificação APTA – Ribeirão Preto. Comunicação pessoal.
2
Classificação APTA – Ribeirão Preto
63
3.2.4 Variedade
A variedade de cana-de-açúcar utilizada foi a IAC86-2480, em seu terceiro corte.
Essa variedade se caracteriza por apresentar alto teor de sacarose, boa produtividade
agrícola, longevidade de soqueira, porte ereto, baixo teor de FDN, baixa relação
FDN/Pol, boa digestibilidade in vitro da matéria seca, boa conversão alimentar,
despalha espontânea, elevado rendimento de corte, resistência a carvão e ao
raquitismo da soqueira. Por outro lado, apresenta resistência intermediária à ferrugem e
pouca rusticidade, uma vez que possui exigência média a alta quanto à fertilidade de
solo e condições climáticas. Essa variedade de cana apresenta baixo teor relativo de
FDN dentre as variedades produzidas, e é atualmente cultivada por cerca de 100 mil
produtores rurais em todo o território nacional (LANDELL et al., 2002).
3.2.5 Tratamentos
Os tratamentos corresponderam a três métodos de colheita: corte manual (MAN),
corte mecanizado (MEC) e corte mecanizado seguido de rebaixamento manual
(MEC+MAN). A aplicação dos tratamentos às parcelas foi realizada em 11 de novembro
de 2006, por ocasião da colheita de toda a cana contida nas parcelas experimentais. O
tratamento relativo ao corte manual foi efetuado na região do colo da planta, rente ao
solo, com uso de podão. Após o corte, o material colhido foi manipulado
cuidadosamente para evitar remoção e perda de estruturas da planta, sendo organizado
em feixes, fora das parcelas, para posterior recolhimento.
No caso do corte mecanizado, foi utilizada uma colhedora de forragem (marca
Menta
®
modelo Colhiflex MFC 1) regulada para altura de corte de 20 cm. Esta foi
tracionada por trator de 88 cv de potência, com acoplamento hidráulico e acionada pelo
sistema de tomada de potência. Com o objetivo de reduzir a velocidade de
deslocamento desse equipamento e evitar danos à soqueira, o trator foi equipado com
sistema de redução de rotação para assegurar a captação e corte preciso dos colmos.
A velocidade média de deslocamento do conjunto trator-colhedora durante a colheita foi
2,4 km/h, utilizando primeira marcha reduzida e rotação de 1700 RPM no motor. O
64
conjunto de facas da colhedora foi afiado no início do corte das parcelas pertencentes a
cada tratamento. Inicialmente foram colhidas as parcelas com aplicação do corte
mecanizado exclusivo e, na seqüência, aquelas referentes ao tratamento de corte
mecanizado seguido por rebaixamento manual.
O terceiro tratamento foi aquele em que as plantas foram submetidas ao
procedimento de corte mecanizado, conforme descrito acima e, na seqüência, a porção
remanescente do colmo (toco) foi cortada rente ao solo com o uso de podão, de forma
semelhante àquela descrita para o método de corte manual. O objetivo desse
tratamento foi o de simular o rebaixamento do colmo remanescente após corte
mecanizado com o propósito de estimular o perfilhamento basal e a uniformidade de
rebrotação, mantendo, porém, o impacto de trânsito da colhedora de forragem sobre o
talhão.
A combinação de tratamentos foi planejada de forma a permitir que os diferentes
impactos causados às áreas colhidas por meio dos diferentes métodos de colheita
(manual vs. mecanizado) pudessem ser avaliados, assim como se o rebaixamento ou
não do toco remanescente na touceira após colheita mecânica afetava a rebrotação da
cana-de-açúcar. Com isso, ao confrontar os tratamentos MAN com MEC, estabeleceu-
se a possibilidade de comparações entre os métodos de colheita (manual vs.
mecanizado), sendo que no corte MEC o toco permaneceu na touceira. A comparação
do MEC com MEC+MAN permitiu inferir sobre o efeito do rebaixamento do colmo
remanescente após a colheita mecanizada, e a comparação entre MAN e MEC+MAN
gerou a oportunidade para explorar o efeito do corte e deslocamento da colhedora
somado à ação do podão sobre os talhões de cana-de-açúcar.
3.2.6 Estimativa de produtividade
Antecedendo o corte de uniformização, para imposição dos tratamentos, foi
realizada a contagem do número total de perfilhos das seis linhas centrais de cada
parcela experimental.
Após essa contagem, foram identificados e colhidos ao acaso, 20 perfilhos
adultos de cada uma das seis linhas centrais da parcela, representativos da população
65
total, de acordo com o tratamento imposto à parcela. No caso do corte manual a
colheita foi realizada na região do colo da planta com uso de podão, segundo método
descrito por Furlani Neto (1993), entretanto sem a retirada do ponteiro. Para os
tratamentos submetidos ao corte mecanizado da forragem e corte mecanizado seguido
de rebaixamento manual, foi efetuado o corte manual, de forma a reproduzir com
fidelidade a altura de trabalho estabelecido pela colhedora mecânica. É importante,
entretanto, ressaltar que essa amostragem não teve o objetivo de impor às parcelas o
efeito direto da ação da colhedora, mas o de simular a altura de corte determinada pela
mesma.
Após a colheita, esses perfilhos foram retirados das parcelas, acondicionados em
lonas plásticas para que mantivessem suas estruturas intactas e, pesados em balança
de campo do tipo célula de carga com precisão de 200g.
O número de colmos e a produtividade foram calculados por meio das equações
1 e 2, respectivamente:
n
o
de colmos/ha = (n
o
de colmos/parcela x 10.000) / área da parcela (m
2
) (1)
Produção ton MV/ha = (n
o
de colmos/ha x peso médio do colmo (kg)) / 1.000) (2)
Após a pesagem, 10 perfilhos por parcela foram retirados ao acaso do montante
colhido e levados ao laboratório, para análise morfológica a fim de se caracterizar o
perfil morfológico das plantas oriundas da área experimental em seu ciclo anterior de
produção.
Do restante dos perfilhos colhidos para estimativa de produção, uma amostra
adicional de plantas inteiras foi destinada à picagem em unidade estacionária (marca
Menta, modelo Super 20T
®
), e posterior homogeneização. Na seqüência, as amostras
foram secas em estufa de circulação forcada de ar regulada para 65º C, por 48 horas.
Assim, os valores de produtividade também puderam ser expressos em base seca e em
proporção ao conteúdo original de biomassa.
66
3.2.7 Avaliação de danos às touceiras
Após a aplicação dos tratamentos foram realizadas avaliações quanto ao método
de colheita e seu efeito na touceira remanescente. Para tanto, foram contabilizados, nas
seis linhas centrais de cada parcela, o número de toletes danificados (dilacerados,
esmagados), o número de toletes arrancados (apresentando sistema radicular solto
acima da superfície do solo) e o número de plantas inteiras deixadas a campo.
Particularmente nas parcelas onde o corte mecanizado foi realizado, foram
tomadas as medidas de altura e número de entrenós de 10 tocos remanescentes,
aleatoriamente ao longo de cada uma das seis linhas centrais. O objetivo foi conferir a
precisão da altura de corte observada de acordo com a regulagem pretendida para a
altura da plataforma da colhedora.
3.2.8 Quantificação de perdas
Com vistas a estimar as perdas de frações dos perfilhos ocasionadas por
impacto mecânico decorrente do trânsito e operação da colhedora, após o corte de
uniformização, foram lançados quatro retângulos de 1 m
2
em cada parcela, para coleta
de material remanescente, segundo o método proposto por Penati et al. (2005) (Figura
3.3). Dentro de cada área descrita pelo retângulo foram coletados todos os resíduos
presentes, acondicionados em sacos plásticos, deixando o solo coberto somente com
material orgânico em fase de decomposição.
Para padronização da classificação das perdas de colheita, foi utilizada a
terminologia definida por Neves et al. (2004), porém considerando somente as
seguintes frações para a discussão dos dados: palha, cana ponta, toco e planta inteira.
Imediatamente após a coleta destas amostras, o material foi levado ao
laboratório para que fossem separadas as frações: palha, folhas verdes e colmo. Essas
foram posteriormente quantificadas em balança com precisão de 5 gramas, para
expressar a participação em relação ao conteúdo original de biomassa de acordo com o
tratamento imposto à parcela. Após a pesagem das frações, o material foi novamente
acondicionado em sacos plásticos para posterior secagem em estufa de circulação
67
forcada de ar regulada para 65º C, por 48 horas, e posterior pesagem. Assim, os
valores também foram apresentados em base seca em relação ao conteúdo original de
biomassa.
Figura 3.3 - Coleta de material remanescente após imposição do sistema de colheita
De acordo com Landell e Silva (2004), os componentes de produção
determinantes para o potencial agrícola são: a altura do colmo, o número de perfilhos e
o diâmetro dos colmos. Considerando a densidade do colmo igual a um, o valor de
tonelada de cana por hectare (TCH) pode ser estimado pela equação 3:
TCH = (0,007854 x d
2
x h x C) /E (3)
Em que:
d = diâmetro médio dos colmos (cm)
h = altura média dos colmos (cm)
C = perfilhamento (n
o
colmos / m linear)
E = espaçamento entre sulcos (m)
Com base nas medidas tomadas a campo relativas à altura dos tocos após a
colheita mecânica, e da análise biométrica dos colmos antes do corte de uniformização,
esta equação foi adaptada, para a representação da perda da fração toco
remanescente (na soqueira da cana). O uso dessa equação permitiu além da
quantificação das perdas, também a ampliação da discussão dos dados quanto à
diferença entre os procedimentos metodológicos avaliados.
68
3.2.9 Composição morfológica – avaliação destrutiva (biometria)
Dos feixes colhidos para estimativa de produção (item 3.2.6), 10 plantas foram
retiradas ao acaso do montante para análise de composição morfológica, realizada no
laboratório do Centro de Pesquisa de Cana (APTA – Ribeirão Preto).
Foram realizadas as seguintes medidas:
- comprimento dos colmos (altura da planta): mensurado com uso de trena
metálica com precisão de 1 mm, sendo o comprimento definido como a distância entre
a base da planta (colo) e a última região auricular visível da folha +1, segundo método
Küijper (VAN DILLEWINJ, 1952).
- diâmetro médio dos colmos: avaliado com uso de paquímetro, obtendo-se as
medidas em centímetros, realizada no internódio central do colmo, de acordo com
método proposto por Zacarias (1977).
- número de internódios e de nós: foi realizada a contagem do número de
internódios e de nós presentes nos perfilhos, considerando como internódio aquele
delimitado nas duas extremidades por nós e sem a presença da folha bandeira, de
acordo com metodologia proposta por Teixeira (2004).
- número de folhas: as folhas foram contadas e classificadas como verdes,
senescentes e mortas, conforme descritas por Sbrissia (2004);
- peso do colmo: após separação morfológica, os colmos foram pesados em
balança de precisão de cinco gramas.
- peso folhas verdes, senescentes e mortas.colmo
-1
: após separação
morfológica, cada categoria de folha foi pesada isoladamente em balança com precisão
de 5 gramas.
3.2.10 Delineamento experimental
Para a análise estatística das variáveis de perdas de colheita, da produtividade
colhida, da forragem disponível em valores absolutos ou relativos, e, da altura do toco e
número de nós remanescentes nas touceiras, foi utilizado o modelo matemático que
incluiu os efeitos fixos de bloco e de tratamento, além do efeito aleatório de resíduo,
69
utilizando-se procedimento MIXED do programa SAS, versão 9.3.1, conforme descrito
pela equação 4 a seguir.
y
ijk
= µ+ b
j
+ t
i
+ ε
ijk
(4)
Em que:
y
ijk
= valor observado no j-ésimo bloco do i-ésimo tratamento;
µ= média geral;
b
j
= efeito fixo associado ao j-ésimo bloco, j = 1, ..., 6;
t
i
= efeito fixo do i-ésimo tratamento; i = 1, ..., 3;
ε
ij
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco do i-ésimo tratamento, assumindo ε
ij
~ N
(0, Iσ
2
ε
), sendo que Iσ
2
δ
é a matriz identidade de variância e covariância, pois se
assume independência dos resíduos.
Para as análises das variáveis de danos da colheita (número de toletes
danificados, arrancados e número de plantas inteiras deixadas por linha) foi utilizado
modelo matemático misto que incluiu o efeito fixo de tratamento, além dos efeitos
aleatórios de bloco e resíduo, utilizando-se procedimento GLIMMIX do programa SAS,
sob a metodologia dos modelos lineares generalizados considerando a distribuição de
Poisson, com função de ligação logarítmica de acordo com Nelder e Wedderburn
(1972). Adicionalmente, considerou-se a correção para heterogeneidade de variâncias
dos tratamentos. O modelo utilizado está descrito pela equação 5 a seguir.
y
ijk
= µ+ β
j
+ t
i
+ ε
ijk
(5)
Em que:
y
ijk
= valor observado no j-ésimo bloco do i-ésimo tratamento;
µ= média geral;
β
j
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco, j = 1, ..., 6;
t
i
= efeito fixo do i-ésimo tratamento; i = 1, ..., 3;
ε
ij
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco do i-ésimo tratamento, assumindo ε
ij
~ N
(0, Iσ
2
ε
), sendo que Iσ
2
δ
é a matriz identidade de variância e covariância, pois se
assume independência dos resíduos;
70
Os melhores modelos foram identificados utilizando-se como critério a estatística
de verossimilhança, além dos critérios de AIC e BIC (LITTELL et al., 1998).
As comparações entre médias para os efeitos estudados foram realizadas por
meio do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, exceto para as características
biométricas e morfológicas das plantas que sofreram corte de uniformização e, altura e
número de entrenós nos tocos remanescentes, sendo as comparações realizadas por
meio do teste de t ao nível de 5% de probabilidade.
3.3 Resultados
As características biométricas e morfológicas das plantas disponíveis na área
experimental para aplicação do corte de uniformização são apresentadas na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 - Características biométricas e morfológicas das plantas da área
experimental antes da aplicação dos tratamentos
Variáveis MAN MEC
MEC+MAN
EP
Altura, cm
153,4ª 137,8
b
127,4
c
7,41
Diâmetro, cm
2,6 2,5
2,5
0,04
Número de nós
19,5 18,8
18,1
0,80
folhas verdes/planta
7,7 7,0
7,1
0,34
folhas senescentes/planta
0,2 0,3
0,3
0,08
folhas mortas/planta
1,9 0,9
1,1
0,20
Peso planta inteira, kg
1,028ª 0,880
b
0,799
b
0,0463
Peso folhas verdes/planta, kg
0,165 0,163
0,149
0,0051
Peso folhas senescentes/planta, kg
0,004 0,003
0,003
0,0013
Peso folhas mortas/planta, kg
0,013ª 0,005
b
0,005
b
0,0017
Peso colmo/planta, kg
0,846ª 0,709
b
0,637
b
0,0443
Número de plantas por metro
13,5 13,3
12,4
0,50
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
A análise estatística das características biométricas e morfológicas foi realizada
com o intuito de verificar se, particularmente, o diâmetro e número de plantas por metro
diferiam entre as parcelas onde foi realizado o corte de uniformização, constatando que
não houve diferenças (P>0,05) entre os tratamentos. Sendo assim, pôde-se considerar
que os tratamentos foram realizados em parcelas uniformes quanto ao número de
71
plantas por metro e diâmetro das mesmas, características facilitadoras de corte pela
colhedora de forragem, como sugerido por Balsalobre et al. (1999).
Na Tabela 3.4 estão apresentados os dados de produtividade da área
experimental e das perdas de colheita (totais e das frações estudadas), em t MV/ha, de
acordo com os tratamentos. Na Tabela 3.5 estão apresentados os dados de perdas
totais de colheita e das frações estudadas, em porcentagem da MV em relação à
produtividade colhida.
A produtividade colhida foi àquela correspondente a análise realizada a campo. A
massa de forragem disponível correspondeu à produtividade colhida somada as perdas
totais, representando a quantidade de biomassa que poderia ser retirada do campo se
qualquer um dos métodos de colheita fosse plenamente eficiente.
Tabela 3.4 - Produtividade colhida, disponibilidade de forragem e perdas de colheita das
frações palha, folhas verdes e colmos remanescentes, em t MV/ha
Variáveis MAN MEC MEC+MAN
t MV/ha
EP
t MV/ha
EP
t MV/ha
EP
Forragem disponível
2
94,4
4,30
90,9
4,30
85,8
4,30
Produtividade colhida
1
88,8
4,26
80,8
4,26
72,5
4,26
Perdas totais
5,6
b
0,91
10,1
ab
0,91
13,3
a
0,91
Palha
3,2
0,20
2,9
0,20
2,9
0,20
Cana ponta
1,0
0,15
0,9
0,15
1,1
0,15
Colmos
1,4
b
0,85
6,4
a
0,85
9,1
a
0,85
1
:produtividade estimada a campo;
2
: produtividade somada às perdas totais;
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
72
Tabela 3.5 - Perdas de colheita das frações palha, folhas verdes e colmos
remanescentes, em porcentagem da MV em relação à produtividade
colhida
MAN MEC MEC+MAN
EP
Variáveis
%
Perdas totais 6,5
c
12,3
b
18,5
a
1,27
Frações das perdas
Palha 3,7 3,6 4,0 0,31
Cana ponta 1,3 1,1 1,5 0,24
Colmos 1,5
c
7,6
b
12,7
a
1,03
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
As massas de cana-de-açúcar representadas pelas produtividades colhidas
variaram entre 72,5 e 88,8 t MV/ha, e não diferiram entre si (P>0,05) de acordo com os
tratamentos testados. O mesmo comportamento pôde ser observado para os valores de
forragem disponível, os quais variaram entre 85,8 e 94,4 t MV/ha, também não
apresentando diferenças entre si (P>0,05) de acordo com os tratamentos testados.
Na Tabela 3.6 estão apresentados os dados de produtividade da área
experimental, e as perdas de colheita de acordo com os tratamentos impostos, em t
MS/ha. Os valores de massa de forragem disponível e de produtividade colhida
(t MS/ha) não diferiram entre os tratamentos (P>0,05). Na Tabela 3.7 estão
apresentados os dados de perdas de colheita, expressos em porcentagem da MS em
relação à produtividade colhida.
73
Tabela 3.6 - Produtividade colhida, disponibilidade de forragem e perdas de colheita das
frações palha, folhas verdes e colmos remanescentes, em t MS/ha
Variáveis MAN MEC MEC+MAN
t MS/ha
EP
t MS/ha
EP
t MS/ha
EP
Forragem disponível
2
29,9
2,73
33,0
1,37
31,2
1,37
Produtividade colhida
1
25,7
2,55
27,8
1,28
24,8
1,28
Perdas totais 4,1
b
0,37
5,1
ab
0,37
6,3
a
0,37
Palha 2,8
0,17
2,5
0,17
2,5
0,17
Cana ponta 0,9
0,14
0,8
0,14
1,0
0,14
Colmos 0,4
b
0,24
1,9
a
0,24
2,8
a
0,24
1
:produtividade estimada a campo;
2
: produtividade somada às perdas totais;
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
Tabela 3.7 - Perdas de colheita das frações palha, folhas verdes e colmos
remanescentes, em porcentagem da MS em relação à produtividade
colhida
Variáveis MAN MEC MEC+MAN
%
EP
%
EP
%
EP
Perdas totais 17,7
3,66
18,4
1,83
25,7
1,83
Palha 13,1
1,75
9,0
0,87
10,3
0,87
Cana ponta 3,2
0,90
2,9
0,45
4,1
0,45
Colmos 1,3
b
2,23
6,5
ab
1,11
11,3
a
1,11
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
As perdas totais foram superiores (P<0,05) para o tratamento MEC+MAN, em t
MV/ha, e em t MS/ha (Tabelas 3.4, 3.6 respectivamente), quando comparadas ao
tratamento MAN. Quando comparadas em porcentagem da produtividade colhida, as
maiores perdas foram encontradas para o tratamento MEC+MAN, seguido pelo
tratamento MEC e MAN, nesta ordem (P<0,05).
Na Tabela 3.8 são apresentados os dados de número de toletes danificados e
arrancados por linha, e o número de plantas inteiras deixadas à campo, por linha
74
avaliada (15 m de comprimento cada), após a colheita da cana-de-açúcar com
colhedora de forragem.
Tabela 3.8 - Danos causados às linhas de touceiras, em número de toletes
remanescentes danificados, arrancados, e o mero de plantas inteiras
deixadas no campo, de acordo com o método de colheita utilizado
Variáveis
MAN
MEC
MEC+MAN
Linha de
15 m
EP
Linha de
15 m
EP
Linha de
15 m
EP
n
o
de toletes danificados 6,9
c
1,39
11,8
b
1,01
22,1
a
1,04
n
o
de toletes arrancados 2,5
b
0,45
6,7
ab
1,51
11,7
a
2,14
n
o
de plantas deixadas 1,4
b
0,35
10,2
a
1,91
2,0
b
1,18
Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P>0,05)
O número de toletes danificados, por linha de plantio de 15 m, foi superior
(P<0,05) para as áreas submetidas ao tratamento MEC+MAN, sendo que o valor de
22,1 toletes danificados por linha de 15 m equivaleu a aproximadamente 1,5 tolete
danificado por metro de linha de plantio. Nas áreas submetidas ao corte mecanizado e
corte manual (MEC e MAN), o número de toletes danificados por metro foi menor, e
equivalente a 0,8 tolete danificado por metro para o tratamento MEC, e 0,5 tolete
danificado por metro para o tratamento MAN. Esses valores sugerem o efeito aditivo de
dano no tratamento MEC+MAN, uma vez que o valor de 1,5 tolete danificado
representa aproximadamente a soma algébrica de 0,8 (MEC) mais o dano de 0,5 tolete
danificado (MAN).
O número de toletes arrancados também foi superior (P<0,05) nas áreas
submetidas ao tratamento MEC+MAN, quando comparado ao tratamento MAN,
entretanto, foi considerado semelhante ao efeito do tratamento MEC. A soma algébrica
dessas médias também sugere efeito aditivo no arranquio dos toletes no tratamento
MEC+MAN.
75
3.4 Discussão
3.4.1 Produtividade colhida, forragem disponível e perdas de colheita
De acordo com os dados das características biométricas e morfológicas
apresentadas na Tabela 3.3, mesmo havendo diferenças de até 20 cm para a altura da
planta, de até 230 gramas para peso de planta inteira, e, de até 209 gramas para peso
do colmo, essas diferenças não foram suficientes para tornar a produtividade colhida
distinta para cada tratamento, conforme dados apresentados na Tabela 3.4.
Os valores de produtividade colhida (Tabela 3.4) foram inferiores ao reportado
por Landell et al. (2002), de 94,3 t MV/ha para terceiro corte, em um ciclo de 12 meses,
em situação similar a do presente experimento. Demais autores encontraram valores de
produtividade superiores para a mesma variedade. Silva et al. (2004) reportaram o valor
de 136,5 t/ha, em cana planta em espaçamento de 1,5 m. Schmidt (2006) encontrou o
valor de 144,3 t/ha em espaçamento de 1,2 m e ciclo de 15 meses em cana-soca.
Esses valores sugerem que maiores produtividades poderiam ter sido atingidas para
esta mesma variedade de cana forrageira. Entretanto, devem ser analisados o contexto
do manejo e as recomendações agronômicas reportadas por estes autores, bem como
analisar as variáveis meteorológicas dos anos agrícolas em questão, para estabelecer
base de comparação.
O tratamento MAN, apresentou teor aproximado de 29% de MS, enquanto os
tratamentos MEC e MEC+MAN apresentaram teor aproximado de 34% de MS. Esses
valores inicialmente já sugerem que, diferentes proporções de partes das plantas
participaram na estimativa da produtividade em t MS/ha (Tabela 3.6), e que devido a
maior participação da fração colmo no tratamento MAN, essa foi considerada como o
primeiro indicador de que diferentes proporções das frações poderiam ser encontradas
nas perdas, como será discutido a seguir.
Contudo, conforme descrito na metodologia, o tratamento MEC+MAN
contabilizou as perdas das frações palha, cana ponta, e colmos composta por tocos e
plantas inteiras. Para o tratamento MEC, contabilizaram-se as perdas da fração palha,
cana ponta, e colmos compostos apenas por plantas inteiras que ficaram a campo, pois
76
nesse caso não houve rebaixamento do toco. Com isso, pode-se inferir que as perdas
totais foram semelhantes quando foi realizada a colheita mecânica (com rebaixamento
ou não das soqueiras), e que os valores do tratamento MEC+MAN devem ser
considerados como sendo os que melhor representam as perdas de colheita
mecanizada da cana-de-açúcar, uma vez que a diferença entre as perdas dos
tratamentos MEC e MEC+MAN somente considerou os tocos que foram deixados nas
touceiras.
Deve-se ressaltar que as perdas totais de colheita foram semelhantes entre os
tratamentos se comparadas em porcentagem de MS colhida (P>0,05), havendo efeito
de tratamento somente sobre a fração colmo (P<0,05), variando entre 1,3% para
tratamento MAN, a 11,3% para o tratamento MEC+MAN, em relação à MV colhida
(Tabela 3.7). Estes resultados indicam que o método de colheita da forragem não
modificou a susceptibilidade da planta em perder algumas de suas folhas verdes (fração
cana ponta) ou de suas folhas secas (fração palha). De fato, observou-se que as perdas
em quantidade de palha e cana ponta foram similares (P>0,05) entre os tratamentos
testados (Tabelas 3.4 e 3.6) e, que as plantas perderam praticamente todas suas folhas
secas durante o processo de colheita, como pode ser observado na Tabela 3.3. Após
passar por análise biométrica, o peso médio obtido da palha por planta variou entre
0,005 e 0,013 kg enquanto que o número de folhas secas por planta variou de 0,9 a 1,9,
não diferindo entre os tratamentos testados (P>0,05). Esta susceptibilidade da perda de
palha pela variedade IAC86-2480, constatada no presente trabalho, evidencia a
característica de despalha espontânea, como reportado por Landell et al. (2002).
Portanto, estas perdas ocorreram independentemente do método de colheita adotado
no canavial, e podem ser consideradas intrínsecas ao processo de colheita desta
variedade.
Devido ao fato de que as perdas das frações de palha e cana ponta foram
uniformes em quantidade ou na participação relativa entre tratamentos testados
(Tabelas 3.4, 3.5, 3.6 e 3.7) e, que houve variação entre os tratamentos somente na
participação relativa à MS da fração colmo (Tabela 3.7), duas situações distintas foram
consideradas. A primeira foi que, as menores perdas totais que ocorreram durante o
processo de colheita da cana-de-açúcar foram na ordem de 6,5% em relação à
77
produtividade colhida em MV (Tabela 3.5) ou de 17,7% em relação à produtividade
colhida em MS (Tabela 3.7), referentes ao corte manual da cana. Por outro lado,
quando observado o maior valor de perda em colmo, referente ao tratamento
MEC+MAN, houve perdas de 18,5% em relação à produtividade colhida em MV (Tabela
3.5) ou de 25,7% em relação à produtividade colhida em MS (Tabela 3.7). Isso sugeriu
que, mesmo quando o método mais eficiente de colheita foi adotado (tratamento MAN),
houve no mínimo, perdas totais na ordem de 6,5 % em relação à produtividade colhida
em MV (equivalente a 17,7% em relação a produtividade colhida em MS), e que quando
se optou pela colheita mecânica, houve acréscimo de 12 unidades percentuais com
base na MV ou de 8 unidades percentuais com base na MS.
O maior valor de perdas totais reportado neste trabalho foi de 13,3 t MV/ha, onde
9,1 t do total são referentes à perda em colmos (tocos e plantas inteiras). Esse valor é
superior ao reportado por Balsalobre et al. (1999), que relataram perdas de até 8 t
MV/ha em tocos deixados no campo após colheita com colhedora de forragem. Muraro
(2007) avaliou perdas da fração toco, simulando colheita mecanizada de cana cultivada
sob espaçamentos de plantio de 0,9 e 1,3 m, e um ou dois cortes por ano, encontrando
perdas de toco de 11,79 a 31,27 t MV/ha. Considerando a perda da fração toco de
11,79 t/ha, referente ao espaçamento análogo de 1,3 m cortado uma vez ao ano, os
valores encontrados por esta autora foram numericamente superiores aos do presente
trabalho. Provavelmente, isso ocorreu devido ao maior potencial produtivo do canavial
por ela estudado (189,01 t MV/ha), da variedade RB72-454. Além disso, a perda da
fração toco em valores relativos encontrados pela autora, representou 6,23% da
produtividade colhida, inferior ao presente estudo, onde o valor apresentado foi de
12,7% (Tabela 3.5). Esse fato sugere que quanto maior a produtividade da cultura,
menor deveria ser a participação relativa do toco remanescente, como resultado da
diluição dessa fração na maior massa de forragem.
Neves et al. (2004) quantificaram as perdas de massa remanescente em
lavouras de cana submetidas à colheita por meio de colhedora automotriz, operando
sob as rotações de 1.200 rpm e 1.500 rpm do ventilador do extrator primário desse
equipamento. As maiores perdas foram encontradas para a maior velocidade, sendo de
5,68% para perdas totais (correspondente a perdas em rebolos, tocos, colmos, pedaços
78
e lascas) e de 17,38% para as perdas de massa foliar, num total de 23,06%, em relação
à base úmida. para menor velocidade as perdas foram de 2,51% para as mesmas
perdas totais e de 10,74% para perdas de massa foliar, num total de 13,25%. Dentro
das perdas totais, a fração toco correspondeu a somente 0,08% para 1.500 rpm e
0,14% para 1.200 rpm.
Vitti et al. (2007) comentaram que após a colheita mecanizada de canaviais sem
queima prévia (cana-crua), pode permanecer sobre o solo a massa de resíduos
culturais ou palhada de 10 a 25 t/ha de material seco da cultura, sendo que os valores
encontrados variaram de 6,5 a 9,4 t MS/ha de palhada residual. Franco et al. (2007)
também reportaram valor de 9,4 t MS/ha de palhada residual em um canavial submetido
à colheita por meio de automotriz operando sem queima prévia.
Os valores relatados sugerem que as perdas que ocorrem durante a colheita
com máquinas tradicionalmente utilizadas para colheita de cana com fins industriais
podem ser consideradas elevadas, e ainda, superiores às encontradas no presente
estudo (6,3 t MS/ha), com a utilização de colhedoras de forragem (Tabela 3.6).
Contudo, as diferentes formas de colheita geram diferentes participações das frações
de perdas da matéria-prima.
A maior fração das perdas ocorridas durante a colheita com colhedora automotriz
correspondeu à massa foliar (MV), variando de 10 a 17%, enquanto que no presente
trabalho, as mesmas perdas se apresentaram entre 1,1 e 1,5% (Tabela 3.5). Isso se
deve ao fato de que as colhedoras automotrizes dispõem de dispositivo de corte do
ponteiro da cana, uma vez que este material é considerado indesejável durante o
processo de moagem realizado nas usinas de açúcar e álcool. Situação oposta ocorre
quando se colhe a cana para fins de alimentação animal, pois as folhas são desejáveis
na composição da massa colhida e são bem aproveitadas como alimento.
a fração de perdas totais, em matéria verde, referentes às perdas em
diferentes formas do colmo, foram menores na colheita realizada com colhedoras
automotrizes (5,6%), quando comparadas a colheita com colhedora de forragem
(18,5%).
As menores perdas da fração colmo da cana-de-açúcar quando a colheita é
realizada por colhedoras automotrizes se devem à maior preocupação que o setor
79
sucroalcooleiro mantém em apresentar maior eficiência de colheita dos colmos,
apresentando dispositivos que controlam a altura de corte, além de diminuir o
recolhimento de impurezas na matéria-prima colhida. Salvi et al. (2007) avaliaram o uso
de dispositivos de controle da altura de corte automático ou controle manual da altura
de corte de colhedoras automotrizes de cana, e verificaram que o equipamento
automático não foi eficiente em manter a altura de corte desejada. As médias
encontradas por estes autores variaram entre 2,8 e 4,0 cm. Entretanto, o uso do
equipamento promoveu menor incidência de tocos arrancados e deixados no campo,
variando de 0,5 a 1,7%. Estes autores ainda comentaram que os tocos arrancados
reduziram a longevidade do canavial e, quando incorporados com a matéria-prima
colhida para indústria, poderiam aumentar o teor de impureza mineral.
3.4.2 Danos de colheita
Houve superioridade dos valores observados para os danos causados à touceira
remanescente pelo efeito da colheita mecanizada, e, o rebaixamento praticamente
dobrou os danos causados a estas touceiras. Entretanto, essa avaliação foi somente
descritiva, sendo que sua discussão poderá ser realizada quando estes dados foram
analisados conjuntamente com os dados de rebrotação do canavial após a aplicação
dos tratamentos (corte de uniformização).
O número de plantas inteiras não coletadas por linha de plantio, foi superior
(P>0,05) para as áreas submetidas ao tratamento MEC, sendo que não houve diferença
(P<0,05) entre os tratamentos MAN e MEC+MAN. Estes valores equivaleram a afirmar
que foi deixada uma planta inteira a cada 10,7 m para a colheita manual, uma planta a
cada 1,5 m para colheita mecânica, e uma planta a cada 7,5 m para colheita mecânica
seguida de rebaixamento manual. Esses dados enfatizam, de outra maneira, os dados
de perdas da fração colmo, sendo superiores para o corte mecanizado, conforme dados
apresentados nas Tabelas 3.4 e 3.6. Isso se refletiu em melhor eficiência de colheita da
cana quando o corte manual foi realizado, ou mesmo o quando rebaixamento das
soqueiras, uma vez que houve a oportunidade da retirada de parte dos plantas inteiras
não captadas pelo equipamento de colheita.
80
Para caracterização da precisão da altura de corte nas parcelas que sofreram
corte mecanizado (tratamento MEC), foram tomadas medidas da altura e número de
entrenós dos tocos remanescentes. Os valores observados para altura variaram entre
18,5 e 22,7 cm (EP = 1,05), e não houve diferença (P>0,05) entre blocos, sendo que o
valor médio estimado da altura de corte foi de 20,9 cm. O número de entrenós
remanescentes no campo variou entre 1,2 a 1,8 (EP = 0,09), também não apresentando
diferença entre blocos (P>0,05).
Devido à tomada de dados das alturas dos tocos remanescentes, do diâmetro
médio dos colmos anterior ao corte, e da contagem do número médio de perfilhos por
metro (Tabela 3.3), foi possível o cálculo de estimativa da produção de colmo por
hectare (TCH) dos tocos remanescentes (equação 3), contabilizados como perda, de
acordo com a fórmula proposta por Landell e Silva (2004).
Considerando os dados médios obtidos previamente ao corte de 13,0 perfilhos
por metro; 2,5 cm de diâmetro médio dos colmos; 20,9 cm a altura média do toco
remanescente pós corte de uniformização, e; 1,3 m do espaçamento entrelinhas, o valor
estimado de TCH foi de 10,26, deixadas à campo. Vale ressaltar que, a TCH estimada
pelo uso da fórmula somente leva em consideração as variáveis que a compõe. No
método adotado para estimativa de perdas de acordo com a massa recolhida do campo
após colheita, a fração colmo contabilizou além dos tocos, as plantas inteiras deixadas
a campo, assim não correspondendo exatamente às mesmas estruturas.
Entretanto, se tomado o maior valor encontrado de perdas da fração colmo, de
9,1 t MV/ha, este pôde ser considerado semelhante à TCH estimada, devido ao erro
padrão correspondente à esta estimativa de 0,91 (Tabela 3.4). Devido aos resultados
obtidos, pode-se inferir que, tanto a metodologia proposta por Penati et al. (2005)
quanto a fórmula sugerida para cálculo de TCH indicada por Landell e Silva (2004)
podem ser utilizadas para estimativa de perdas da fração colmo para colheita
mecanizada.
81
3.5 Conclusões
Nenhum dos métodos avaliados foi plenamente eficiente em colher toda a
forragem disponível no campo. Sendo assim, o comportamento da colheita mecanizada
da cana seguida ou não de rebaixamento manual dos tocos remanescentes foi
considerado satisfatório, uma vez que as perdas geradas por este método foram
superiores à colheita manual em somente 12% e 8% no total de perdas relativas à
produtividade colhida em MV e MS, respectivamente.
As perdas quantitativas e relativas correspondentes às frações palha e à ponte
de cana foram semelhantes entre os métodos de colheita avaliados. A fração colmo,
entretanto, foi a que apresentou diferença entre os tratamentos, gerando valores de
perdas relativas à produtividade colhida em MS de 1,3% para o corte manual, 6,5%
para o corte com colhedora de forragem, e de 11,3% para o corte mecanizado seguido
de rebaixamento manual.
Embora a colheita mecânica tenha gerado valores superiores de perdas e danos
na colheita, as perdas totais geradas pelo corte MEC+MAN foram superiores em
somente 8% da MS em comparação aos outros métodos. Sendo assim, o
comportamento da colheita mecanizada (com ou sem rebaixamento) foi considerado
satisfatório.
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85
4 PERFILHAMENTO E DENSIDADE POPULACIONAL DE PERFILHOS DA
VARIEDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR IAC86-2480 SUBMETIDA A MÉTODOS DE
COLHEITA
Resumo
O presente experimento teve por objetivo avaliar o efeito de métodos de colheita
sobre o perfilhamento e a densidade populacional de perfilhos de cana-de-açúcar. As
avaliações foram realizadas na variedade IAC86-2480 de cana, de terceiro corte, no
período de novembro de 2006 a novembro de 2007. Os tratamentos consistiram de
métodos de colheita e corresponderam a corte manual basal (MAN), corte mecanizado
por meio de colhedora de forragem (MEC) e corte mecanizado seguido de
rebaixamento manual basal (MEC+MAN). Estes foram alocados às unidades
experimentais (parcelas) segundo um delineamento de blocos completos casualizados
com seis repetições. Cada parcela possuía 8 linhas com 15 m de comprimento e
espaçamento de 1,3 m. Para corte manual, as plantas foram colhidas na base por meio
de corte com podão, amontoadas e transportadas. Para corte com colhedora de
forragem (plataforma de corte regulada para altura de corte de 20 cm), esta foi
tracionada por trator provido de sistema redutor e acoplada a vagão forrageiro para
acondicionamento do material. Para o corte mecanizado seguido de rebaixamento
manual basal, seguiu-se o mesmo procedimento do corte MEC, porém, após a
passagem da colhedora, os tocos remanescentes foram recepados rente ao solo com
uso de podão. Após a aplicação dos tratamentos foram marcadas aleatoriamente,
contíguas às bordaduras de cada parcela, duas réguas de um metro para avaliação do
perfilhamento. A avaliação da emissão de perfilhos, basais e aéreos, se deu aos 11, 19,
33, 42 e 60 dias após colheita das áreas (DAC) e foram denominadas de ordens
formadoras da população de perfilhos (de primeira a quinta ordem). No dia da avaliação
os novos perfilhos foram identificados com uso de fitas metálicas de cores distintas e
contados. O balanço entre o total de novos perfilhos surgidos e de perfilhos mortos foi
utilizado para o cálculo da densidade populacional. Após a paralisação da emissão de
novos perfilhos, a contagem passou a ser quinzenal até o final do ciclo de 365 dias. O
número final de perfilhos por metro (NPM) foi 14 para MAN, 15 para MEC e 16 para
MEC+MAN, os quais não diferiram entre si (P>0,05). Também não foram detectadas
diferenças (P>0,05) no perfilhamento total e nas diferentes ordens de perfilhamento ao
longo do ciclo da cultura. Perfilhos de primeira ordem foram os principais formadores da
população final de perfilhos, contribuindo com mais de 70% do total. As taxas médias
diárias de aparecimento e morte de perfilhos foram superiores (P<0,05) para o corte
MEC, entretanto, não grande o suficiente para gerar diferenças no NPM no final do
ciclo. Os perfilhos aéreos emergidos no corte MEC sobreviveram somente até 90 DAC.
Embora os métodos de colheita tenham alterado o padrão inicial de perfilhamento, eles
não modificaram a densidade populacional final e nem a rebrotação da variedade
estudada, sugerindo que a recomendação do rebaixamento das soqueiras após corte
MEC deveria ser analisada cuidadosamente, uma vez que os resultados deste primeiro
ciclo de avaliação indicaram que ele pode ser um procedimento desnecessário.
Palavras-chave: Colheita manual; Colheita mecânica: Perfilho aéreo; Rebaixamento
86
4 TILLERING AND TILLER POPULATION DENSITY OF IAC86-2480 SUGARCANE
VARIETY SUBJECTED TO HARVESTING METHODS
Abstract
The objective of this experiment was to evaluate the effect of harvesting methods
on the tillering and tiller population density of sugarcane. Measurements were performed
on a three year old crop of the IAC86-2480 variety, from November 2006 to November
2007. Treatments corresponded to three harvesting methods: manual (MAN),
mechanical (MEC) and mechanical followed by manual (MEC+MAN), and were
allocated to experimental units (plots) according to a complete randomised block design,
with six replications. Each plot corresponded to eight 15 m-long rows spaced 1.3 m from
each other. For the manual harvest, plants were cut to ground level using cutters and
the material was pilled up and transported for later processing. For the mechanical
harvest, a harvester was used with cutting height adjusted for 20 cm. The machine was
pulled by a tractor and had a wagon attached to it to accommodate the harvested
material. For the mechanical followed by the manual harvest, crop was originally
harvested by MEC and then with cutters to cut stubble to ground level. After treatments
were imposed, two 1 m-long transect lines, contiguous to plot border, were randomly
marked per plot for measuring tiller demography. Evaluations regarding tiller appearance
and death of basal and aerial tillers were performed at 11, 19, 33, 42 and 60 days after
harvesting day (DAC), and were denominated as orders of newly formed tillers (first to
fifth order). At each measurement day new tillers were marked with metallic ribbons of
different colours. The balance between the total of new formed and dead tillers was
used to calculate tiller population density (tillers per linear meter). Once tillering had
ceased, tiller counts were made at 15-day intervals until the end of a 365-day crop cycle.
The final number of tillers per linear meter (NPM) was 14 for MAN, 15 for MED and 16
for MEC+MAN, which were similar (P>0.05). No differences (P>0.05) were recorded in
tillering as well as in tiller orders throughout the crop cycle. First order tillers were the
main constituents of the final tiller population, contributing with over 70% of the total.
Rates of tiller appearance and death were higher for MEC than MAN and MEC+MAN
(P<0.05), but not large enough to generate differences in NPM at the end of the
experiment. Aerial tillers produced with the MEC treatment remained alive only until 90
DAC. Although harvest methods had an initial effect on the pattern of tillering, they did
not affect either final tiller population or sugarcane regrowth, suggesting that the usual
recommendation for cutting stubbles to ground level manually after mechanical harvest
need to be carefully considered, since the results from this single year experiment
indicated that it may be an unnecessary procedure.
Keywords: Manual harvest; Mechanical harvest; Aerial tiller; Topping
87
4.1 Introdução
Devido a grande utilização da cana-de-açúcar para a produção de forragem, tem-
se sugerido que novas variedades sejam adaptadas para colheita quando esta é
realizada com uso de colhedora de forragens. Nesse contexto, o número e o peso de
perfilhos por metro linear passam a ter importância na avaliação da variedade, uma vez
que essas características definem a densidade da cultura por metro linear
(BALSALOBRE et al., 1999). Após o corte (mecânico ou manual) da cana-planta,
permanecem no solo as soqueiras de cana-de-açúcar. O corte possibilita a renovação
da parte aérea da cultura e, também, do sistema radicular. O ciclo da cana-soca dura
aproximadamente 12 meses, sendo que a primeira fase do ciclo fenológico é o
perfilhamento, oriundo da intensa brotação das soqueiras e que ocorre durante os
primeiros 20 a 30 dias após o corte (SEGATO et al., 2006). O processo de
perfilhamento caracteriza-se pela emissão de brotos a partir da porção subterrânea de
uma mesma planta, os quais recebem a denominação de perfilhos.
O padrão de perfilhamento varia entre variedades de uma mesma espécie e
entre espécies, além de ser influenciado por condições de ambiente e tratos culturais
adotados (SUGUITANI, 2001). Variedades com maior influência genética da espécie
Saccharum oficinarum apresentam baixo perfilhamento, enquanto que variedades com
maior influência genética da espécie S. spontaneum apresentam perfilhamento mais
intenso. Apesar do grande destaque da cultura de cana-de-açúcar, diversos aspectos
sobre a ciência da ecofisiologia dessa cultura permanecem pouco esclarecidos,
principalmente os relacionados à brotação pós-corte e à maturação (CRUSCIOL, 2008).
Os fatores relacionados ao ambiente que afetam o perfilhamento da cana-de-
açúcar são: luz, temperatura, umidade, vento, pragas, doenças e plantas daninhas
(VAN DILLEWINJ, 1952). Já aqueles relacionados com o manejo são: adubação,
controle de plantas invasoras, espaçamento entrelinhas, época de plantio e de colheita
da cana-planta ou das socas (SEGATO et al., 2006) e métodos de colheita.
Resultados oriundos da investigação sobre alguns desses fatores são
amplamente encontrados na literatura. Entretanto, são informações advindas de
pesquisa do setor sucro-alcooleiro, sendo que as características das plantas
88
selecionadas para a indústria diferem daquelas desejadas para melhorar a qualidade da
planta como forragem, uma vez que trabalhos relacionados com produção animal
investigam principalmente valores e características nutricionais da planta, e pouco se
sabe sobre manejo da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal. Em especial,
sobre os diferentes efeitos ou conseqüências, a curto, médio ou longo prazo, que os
métodos de colheita atualmente utilizados trazem para as áreas cultivadas de cana-de-
açúcar destinadas à alimentação animal.
O corte manual é adotado quando a demanda diária por alimento na propriedade
é pequena, enquanto que para grandes demandas, o corte mecanizado se torna muito
conveniente. O fato de o impacto de cada um dos métodos de colheita ser distinto, e,
além disso, de o corte mecanizado deixar nas linhas de plantio parte da base do colmo,
dependendo da altura de corte utilizada para regulagem da plataforma da colhedora,
gera dúvidas quanto ao tipo de influencia que os diferentes métodos possam ter sobre a
rebrotação do canavial.
Com base no exposto, o presente experimento teve como objetivo avaliar o
perfilhamento e a dinâmica populacional de perfilhos em áreas de cana-de-açúcar
submetidas à colheita manual, mecânica e mecânica seguida de rebaixamento manual.
4. 2 Material e métodos
4.2.1 Local e período experimental
O experimento foi conduzido em área do Centro Avançado de Tecnologia da
Cana, do Instituto Agronômico de Campinas, IAC (APTA, Agência Paulista de
Tecnologia das Agronegócios) pólo Ribeirão Preto, SP. As coordenadas geográficas
aproximadas da área são: latitude 21º12’S, longitude 47º52’O; e, 640 m de altitude. O
experimento foi iniciado em novembro de 2006, após corte e remoção da cana da área,
e se estendeu até novembro de 2007, por ocasião do novo corte e colheita da cana.
89
4.2.2 Área experimental
A área experimental media 3400 m
2
e foi dividida em seis blocos, com dimensões
de 9,1 m x 63 m (573,3 m
2
). Em cada bloco foram estabelecidas três parcelas, e cada
uma foi considerada uma unidade experimental, onde os tratamentos foram impostos. A
representação esquemática da parcela encontra-se na Figura 4.1.
Figura 4.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas
Cada parcela possuía oito linhas de plantio de 15 metros de comprimento
espaçadas de 1,30 m uma da outra, totalizando 136,5 m
2
. As parcelas eram separadas
por um corredor de circulação de nove metros de largura, necessário para o trânsito de
máquinas agrícolas. As oito linhas de cada parcela receberam uma nomenclatura para
organização da coleta de material e dos dados no campo. As linhas de avaliação foram
utilizadas para demarcação de duas réguas transectas para avaliação do perfilhamento
e para análise de composição morfológica por meio de método o-destrutivo (Cap. 5).
as linhas de coleta foram destinadas às colheitas mensais da planta para estimativa
de produção e análise de composição morfológica por meio de método destrutivo (Cap.
5).
4.2.3 Clima e Solo
A classificação climática do município de Ribeirão Preto, segundo o método de
Köppen, é Aw, caracterizado por elevada precipitação, embora apresente inverno seco
90
e verão úmido (ROLIM et al., 2007). O solo da área experimental é classificado como
Latossolo Vermelho Férrico
3
, de acordo com o sistema EMBRAPA (1999). Os dados
meteorológicos de Ribeirão Preto durante o período experimental e a análise de solo da
área experimental são apresentados nas Tabelas 4.1 e 4.2, respectivamente. O balanço
hídrico da área foi calculado para uma CAD de 40 mm, e encontra-se apresentado na
Figura 4.2.
Tabela 4.1 - Dados meteorológicos de Ribeirão Preto de novembro de 2006 a novembro
de 2007
Tmáx Tmín Tmédia
Mês / ano
o
C
Precipitação
mm
URmédia
(%)
Novembro / 2006 30,2 17,4 23,8 113,7 82,9
Dezembro / 2006 29,8 19,9 24,8 301,1 92,8
Janeiro / 2007 28,7 20,4 24,5 466,5 96,8
Fevereiro / 2007 30,9 20,0 25,5 109,7 87,5
Março / 2007 30,7 19,8 25,3 136,0 85,7
Abril / 2007 30,7 19,1 24,9 15,6 86,8
Maio / 2007 35,4 14,6 25,0 105,9 86,1
Junho / 2007 27,4 15,2 21,3 1,7 81,7
Julho / 2007 26,3 14,8 20,5 78,0 77,8
Agosto / 2007 29,5 16,6 23,0 0,0 69,7
Setembro / 2007 32,3 19,7 26,0 0,0 58,0
Outubro / 2007 33,0 21,1 27,0 42,7 67,7
Novembro / 2007 28,7 21,0 24,8 45,0 91,8
T – temperatura; UR – umidade relativa
Fonte: APTA – Ribeirão Preto (SP).
Tabela 4.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP
1
pH
CaKCl
pH
H2O
MO V H+Al
Al
Ca
Mg
K SB CTC P
Res
---- % ---- -------------------- cmol
c
.dm
-3
-------------------- mg.cm
-3
5,1 5,8 1,5 51,35
3,6 0,1
3,0
0,7 0,10
3,84 7,46 15,1
Al = alumínio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; K = potássio; Na = sódio; P
res
= fósforo (determinado por
método de resina); MO = matéria orgânica; SB = soma de bases; CTC = capacidade de troca catiônica; V
= saturação por bases
Em dezembro de 2006, depois de passado um mês do corte de uniformização,
foi realizado o cultivo e a adubação da área experimental com o fertilizante 05-20-20 na
3
Classificação APTA – Ribeirão Preto. Comunicação pessoal.
91
dosagem de 500 kg.ha
-1
, aplicado em filete contínuo incorporado na entrelinha. O
controle de plantas daninhas foi realizado por meio de roçada manual.
-5
5
15
25
35
45
55
65
75
2 17 32 47 62 77 92 107 122 137 152 167 182 197 212 227 242 257 272 287 302 317 332 347 362 377
DAC
mm
Deficiência Excedente
Figura 4.2 - Balanço hídrico diário da cultura de cana-de-açúcar do período de 02
novembro de 2006 a 15 de novembro de 2007 (CAD = 40 mm).
4.2.4 Variedade
A variedade de cana-de-açúcar utilizada foi a IAC86-2480, em seu terceiro corte.
Essa variedade se caracteriza por apresentar alto teor de sacarose, boa produtividade
agrícola, longevidade de soqueira, porte ereto, baixo teor de FDN, baixa relação
FDN/Pol, boa digestibilidade in vitro da matéria seca, boa conversão alimentar,
despalha espontânea, elevado rendimento de corte, resistência a carvão e ao
raquitismo da soqueira. Por outro lado, apresenta resistência intermediária à ferrugem e
pouca rusticidade, uma vez que possui exigência média a alta quanto à fertilidade de
solo e condições climáticas. Essa variedade de cana apresenta baixo teor relativo de
FDN dentre as variedades produzidas, e é atualmente cultivada por cerca de 100 mil
produtores rurais em todo o território nacional (LANDELL et al., 2002).
92
4.2.5 Tratamentos
Os tratamentos corresponderam a três métodos de colheita: corte manual (MAN),
corte mecanizado (MEC) e corte mecanizado seguido de rebaixamento manual
(MEC+MAN). A aplicação dos tratamentos às parcelas foi realizada em 11 de novembro
de 2006, por ocasião da colheita de toda a cana contida nas parcelas experimentais. O
tratamento relativo ao corte manual foi efetuado na região do colo da planta, rente ao
solo, com uso de podão. Após o corte, o material colhido foi manipulado
cuidadosamente para evitar remoção e perda de estruturas da planta, sendo organizado
em feixes, fora das parcelas, para posterior recolhimento.
No caso do corte mecanizado, foi utilizada uma colhedora de forragem (marca
Menta
®
modelo Colhiflex MFC 1) regulada para altura de corte de 20 cm. Esta foi
tracionada por trator de 88 cv de potência, com acoplamento hidráulico e acionada pelo
sistema de tomada de potência. Com o objetivo de reduzir a velocidade de
deslocamento desse equipamento e evitar danos à soqueira, o trator foi equipado com
sistema de redução de rotação para assegurar a captação e corte preciso dos colmos.
A velocidade média de deslocamento do conjunto trator-colhedora durante a colheita foi
2,4 km/h, utilizando primeira marcha reduzida e rotação de 1700 RPM no motor. O
conjunto de facas da colhedora foi afiado no início do corte das parcelas pertencentes a
cada tratamento. Inicialmente foram colhidas as parcelas com aplicação do corte
mecanizado exclusivo e, na seqüência, aquelas referentes ao tratamento de corte
mecanizado seguido por rebaixamento manual.
O terceiro tratamento foi aquele em que as plantas foram submetidas ao
procedimento de corte mecanizado, conforme descrito acima e, na seqüência, a porção
remanescente do colmo (toco) foi cortada rente ao solo com o uso de podão, de forma
semelhante àquela descrita para o método de corte manual. O objetivo desse
tratamento foi o de simular o rebaixamento do colmo remanescente após corte
mecanizado com o propósito de estimular o perfilhamento basal e a uniformidade de
rebrotação, mantendo, porém, o impacto de trânsito da colhedora de forragem sobre o
talhão.
93
A combinação de tratamentos foi planejada de forma a permitir que os diferentes
impactos causados às áreas colhidas por meio dos diferentestodos de colheita
(manual vs. mecanizado) pudessem ser avaliados, assim como se o rebaixamento ou
não do toco remanescente na touceira após colheita mecânica afetava a rebrotação da
cana-de-açúcar. Com isso, ao confrontar os tratamentos MAN com MEC, estabeleceu-
se a possibilidade de comparações entre os métodos de colheita (manual vs.
mecanizado), sendo que no corte MEC o toco permaneceu na touceira. A comparação
do MEC com MEC+MAN permitiu inferir sobre o efeito do rebaixamento do colmo
remanescente após a colheita mecanizada, e a comparação entre MAN e MEC+MAN
gerou a oportunidade para explorar o efeito do corte e deslocamento da colhedora
somado à ação do podão sobre os talhões de cana-de-açúcar.
4.2.6 Avaliação do perfilhamento e da densidade populacional de perfilhos
A avaliação do perfilhamento e da densidade populacional de perfilhos foi
realizada em réguas transectas demarcadas nas parcelas logo após a imposição dos
tratamentos experimentais. Foram demarcadas, de forma aleatória, duas réguas de um
metro linear cada por parcela, as quais foram delimitadas e identificadas por meio de
estacas. A estrutura da planta considerada como perfilho foi aquela que, após a fase de
brotação, emitiu pelo menos uma folha que, geralmente, era de limbo foliar pequeno,
devido ao tamanho dos perfilhos primários emitidos pela planta (VAN DILLEWIJN,
1952).
A identificação de cada ordem de perfilhos foi realizada da seguinte maneira: em
cada régua foram marcados todos os perfilhos que emergiram até a data de cada
avaliação por meio de fitas metálicas coloridas, amarradas de modo a não restringir o
crescimento da planta à medida que esta se desenvolvesse. Foram convencionadas
fitas da cor amarela para perfilhos surgidos na primeira avaliação (primeira ordem),
vermelha para perfilhos da segunda avaliação (segunda ordem), rosa para perfilhos da
terceira avaliação (terceira ordem), verde para perfilhos da quarta avaliação (quarta
ordem) e marrom para perfilhos da quinta avaliação (quinta ordem). A mesma
convenção foi seguida para emissão dos perfilhos aéreos, porém com uso de uma
94
etiqueta plástica junto à fita colorida para identificação do perfilho aéreo (adaptado de
ROCHA, 1984).
A avaliação da densidade populacional dos perfilhos foi realizada aos 11, 19, 33,
42 e 60 (dias após o corte) DAC por meio de contagem do número de perfilhos emitidos
e do número de perfilhos que senesceram ao longo do tempo. Dessa forma foi possível
realizar o balanço entre o total de perfilhos surgidos e o total de perfilhos mortos para
cada uma das réguas de avaliação. Após a paralisação da emissão de novos perfilhos,
a contagem passou a ser quinzenal. Essas avaliações permitiram a descrição do
número total de perfilhos por metro linear ao longo do ciclo da cultura, além de permitir
estimar a participação de perfilhos basais e aéreos na densidade populacional final.
Permitiu, também, a quantificação da participação de cada ordem de perfilhos dentro da
população total, assim como de seu padrão de variação ao longo do experimento.
4.2.7 Delineamento experimental e análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados,
com seis repetições. Os dados colhidos foram submetidos à análise para medidas
repetidas no tempo, por meio de 25 avaliações não-destrutivas. O perfilhamento total e
a densidade populacional de perfilhos foram estudados com uma função não-linear, que
seguem a distribuição de Poisson, tendo o logaritmo natural como função de ligação,
utilizando-se a teoria de modelos lineares generalizados proposta por Nelder e
Wedderburn (1972), sob um modelo misto no qual além dos parâmetros da função para
cada tratamento, foram incluídos os efeitos aleatórios de bloco e resíduo, analisados
com o procedimento NLMIXED, por meio do programa estatístico SAS, versão 9.1.3.
Para estimativa do perfilhamento total e basal, em número de perfilhos por metro
linear, foi utilizado o modelo não-linear referente à equação 6.
Y = exp [ i + c
(exp – k
a
* DAC) – exp (-k
m
* DAC)] (6)
Em que:
c: constante de integração;
i: intercepto;
k
a
: taxa média diária de aparecimento;
95
k
m
: taxa média diária de mortalidade;
DAC: dias após a colheita.
Para estimativa do perfilhamento total de acordo com a ordem dos perfilhos, foi
utilizado o modelo logístico referente à equação 7.
Y = exp [ i + c * exp (-k
m
* DAC)] (7)
Em que:
c: constante de integração;
i: intercepto;
k
m
: taxa média diária de mortalidade;
DAC: dias após a colheita.
Adicionalmente, para o perfilhamento aéreo, foram consideradas as médias das
contagens obtidas até os 90 DAC, devido à morte de todos os perfilhos aéreos após
essa data. Foi utilizado o modelo matemático que incluiu os efeitos fixos de tratamento
e DAC, além dos efeitos aleatórios de bloco, bloco*tratamento e resíduo, utilizando-se
procedimento MIXED do programa SAS, versão 9.3.1, conforme a equação 8 a seguir.
y
ijk
= µ+ β
j
+ t
i
+ δ
ij
+d
k
+ (td)
ik
+ ε
ijk
(8)
Em que:
y
ijk
= valor observado no k-ésimo DAC, do j-ésimo bloco no i-ésimo tratamento;
µ= média geral;
β
j
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco, j = 1, ..., 6;
t
i
= efeito fixo do i-ésimo tratamento; i = 1, ..., 3;
δ
ij
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco no i-ésimo tratamento, assumindo δ
ij
~ N
(0, Iσ
2
δ
), sendo que Iσ
2
δ
é a matriz identidade de variância e covariância, pois se
assume independência dos resíduos;
d
k
= efeito fixo do k-ésimo DAC; k = 9, 17, 31, 40, 59, 77, 91;
(td)
ik
= efeito da interação do i-ésimo tratamento com o k-ésimo DAC;
ε
ijk
= erro aleatório associado ao k-ésimo bloco, no i-ésimo tratamento e k-ésimo DAC,
assumindo ε
ijk
~ V(0, Vσ
2
ε
), sendo que Vσ
2
ε
é a matriz de variância e covariância que foi
modelada com uma estrutura auto-regressiva de primeira ordem, pois se assume
dependência de erros.
96
Os melhores modelos foram identificados utilizando-se como critério a estatística
de verossimilhança, além dos critérios de AIC e BIC (LITTELL et al., 1998). As
comparações entre médias para as variáveis estudadas, quando necessárias, foram
realizadas por meio do teste de t de Student e nível de significância de 5%. As
comparações entre os parâmetros dos modelos foram realizadas por meio de contraste,
utilizando-se o teste de F e significância de 5%.
4.3 Resultados
Na Tabela 4.3 estão apresentados os valores de probabilidade obtidos, por meio
do teste F, para verificação do efeito dos tratamentos sobre as variáveis estudadas.
Pôde-se observar que houve diferença entre os tratamentos somente para o número de
perfilhos totais por metro. Sendo assim, os parâmetros das equações referentes a essa
variável, bem como a comparação entre os mesmos será apresentada a seguir.
As demais variáveis analisadas foram apresentadas somente em caráter
descritivo ao longo do ciclo de produção, e tal abordagem pode ser justificada pelo
tratamento estatístico dos dados, que permitiu a elaboração de modelos bem ajustados,
auxiliando na interpretação do comportamento de crescimento da planta.
Tabela 4.3 - Resumo dos valores da probabilidade obtida por meio do teste F para
verificação do efeito dos métodos de colheita sobre os parâmetros das
equações k
a
e k
m
, relativas ao perfilhamento da cana-de-açúcar variedade
IAC86-2480
Variável k
a
k
m
Número de perfilhos totais / metro 0,0246 0,0146
Número de perfilhos basais / metro 0,0942 0,0637
Perfilhos 1ª ordem / metro - 0,5230
Perfilhos 2ª ordem / metro - 0,4568
Perfilhos 3ª ordem / metro - 0,0512
Perfilhos 4ª ordem / metro - 0,8336
97
4.3.1 Perfilhamento total, basal e aéreo
Na Figura 4.3 está apresentada a evolução do número de perfilhos totais por
metro linear da cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 durante a safra 2006/2007, bem
como a respectiva função logística gerada para cada tratamento.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos totais / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
TOT MAN
= exp {2,7818 + 246 [ exp (-0,0249 * DAC) - exp (-0,0252)]}
P
TOT MEC+MAN
= exp {2,6242 + 129 [ exp (-0,0268 * DAC) - exp (-0,0275)]}
P
TOT MEC
= exp {2,7192 + 148 [ exp (-0,0287 * DAC) - exp (-0,0295)]}
Figura 4.3 Evolução do número total de perfilhos por metro linear da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de forragem
No final do quarto ciclo de produção (terceira soca), que correspondeu a 365
dias, o número de perfilhos por metro linear foi 16, 14 e 15 para os tratamentos MAN,
MEC e MEC+MAN, respectivamente, os quais não diferiram entre si (P>0,05). O pico de
perfilhamento ocorreu entre 31 e 35 DAC para todos os tratamentos, os quais não
diferiram entre si quanto ao número total de perfilhos por metro (P>0,05), atingindo
cerca de 60 perfilhos. Depois de atingido o pico de perfilhamento, houve duas fases
distintas de redução da população de perfilhos. Inicialmente, sob queda mais
acentuada, até cerca de 120 DAC, e em seguida, outra menos intensa até a
estabilização do número final de perfilhos por metro linear. Essa estabilização foi
atingida primeiramente pelo tratamento MEC, seguida pelos tratamentos MEC+MAN e
MAN, nessa ordem.
98
Na Figura 4.4 está apresentada a evolução do número de perfilhos aéreos por
metro linear da cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 durante a safra 2006/2007.
Embora não tenha sido detectada diferença entre tratamentos quanto ao número de
perfilhos por metro linear, o maior número de perfilhos na parcelas submetidas ao
tratamento MEC, em qualquer momento da avaliação, se deveu à participação de
perfilhos aéreos que ocorreram nesse tratamento. Porém, como pode ser observado na
Figura 4.4, todos os perfilhos aéreos haviam senescido após 90 DAC.
0
1
2
3
4
5
6
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos aéreos / metro
MAN MEC+MAN MEC
Figura 4.4 - Evolução do número de perfilhos aéreos por metro linear da cana-de-
açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de
forragem
Na Tabela 4.4 estão apresentados os valores para taxa de aparecimento (k
a
) e
mortalidade (k
m
) de perfilhos totais para os métodos de colheita avaliados. Uma vez que
houve efeito dos tratamentos sobre essas taxas, conforme apresentado na Tabela 4.3,
essas taxas de aparecimento e morte de perfilhos se apresentaram maiores para o
tratamento MEC (P<0,05) relativamente ao MAN, os quais não diferiram do tratamento
MEC+MAN, que apresentou valores intermediários.
99
Tabela 4.4 - Taxas médias diárias de aparecimento (k
a
) e de mortalidade (k
m
) do
número total de perfilhos por metro da variedade IAC86-2480 de cana-
de-açúcar, submetida a métodos de colheita de forragem
Método de colheita k
a
EP k
m
EP
MAN 0,0249
b
0,00091 0,0252
b
0,00092
MEC 0,0287
a
0,00088 0,0295
a
0,00090
MEC+MAN 0,0268
ab
0,00081 0,0275
ab
0,00084
Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
Na Figura 4.5 está apresentada a evolução do número de perfilhos basais por
metro linear da cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 durante a safra 2006/2007, de
acordo com as funções propostas para cada método de colheita.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos basais / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
BAS MAN
= exp {2,7727 + 257 [ exp (-0,0244 * DAC) - exp (-0,0248)]}
P
BAS MEC+MAN
= exp {2,6184 + 150 [ exp (-0,0264 * DAC) - exp (-0,0270)]}
P
BAS MEC
= exp {2,7079 + 165 [ exp (-0,0274 * DAC) - exp (-0,0280)]}
Figura 4.5 - Evolução do número total de perfilhos basais por metro linear da cana-de-
açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de colheita de
forragem
O número final de perfilhos basais por metro linear não foi influenciado pelo
método de colheita (P>0,05), e foi equivalente ao número de perfilhos por metro total
(de acordo com funções apresentadas na Figura 4.3), visto que no final do ciclo de
produção somente foram encontrados perfilhos basais nas touceiras.
100
Tabela 4.5 - Taxas médias diárias de aparecimento (k
a
) e de mortalidade (k
m
) dos
perfilhos basais da variedade IAC86-2480 de cana-de-açúcar, quando
submetida a métodos de colheita de forragem
Método de colheita k
a
EP K
m
EP
MAN 0,0244
b
0,00091 0,0248
b
0,00092
MEC 0,0274
a
0,00088 0,0280
a
0,00090
MEC+MAN 0,0264
ab
0,00081 0,0270
ab
0,00084
Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
De maneira semelhante ao ocorrido com os perfilhos totais, as taxas de
aparecimento e morte de perfilhos basais foram superiores (P<0,05) para o corte MEC
quando comparadas ao corte MAN, os quais não diferiram do tratamento MEC+MAN,
apresentando valores intermediários.
4.3.2 Densidade populacional de perfilhos
Nas Figuras 4.6, 4.7, 4.8 e 3.9 estão apresentadas as evoluções dos perfilhos
das diferentes ordens e suas respectivas funções logísticas propostas para cada
tratamento. Devido ao número reduzido de perfilhos emitidos na quinta avaliação, os
dados do número de perfilhos emitidos na quarta e quinta avaliações (quarta e quinta
ordens) foram agrupados para a realização das análises estatísticas.
101
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos 1a ordem / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
1 MAN
= exp [2,4391 + 1,0809 * exp (-0,0085 * DAC)]
P
1 MEC+MAN
= exp [2,2563 + 1,1425 * exp (-0,0074 * DAC)]]
P
1 MEC
= exp [2,4335 + 1,2402 * exp (-0,0102 * DAC)]
Figura 4.6 Evolução do número total de perfilhos de primeira ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos de 2a ordem / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
2 MAN
= exp [-5,1016 + 8,4279 * exp (-0,0023 * DAC)]
P
2 MEC+MAN
= exp [-1,9191 + 5,5309 * exp (-0,0037 * DAC)]
P
2 MEC
= exp [-2,1182 + 5,7925 * exp (-0,0046 * DAC)]
Figura 4.7 Evolução do número total de perfilhos de segunda ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem
102
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos de 3a ordem / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
3 MAN
= exp [0,0079 + 3,6539 * exp (-0,0108 * DAC)]
P
3 MEC+MAN
= exp [-3,5199 + 6,9476 * exp (-0,0052 * DAC)]
P
3 MEC
= exp [-0,7251 + 4,7121 * exp (-0,0094 * DAC)]
Figura 4.8 Evolução do número total de perfilhos de terceira ordem, por metro linear,
em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos de 4a e 5a ordem / metro
MAN MEC+MAN MEC
P
4 MAN
= exp [-0,2710 + 3,8597 * exp (-0,0095 * DAC)]
P
4 MEC+MAN
= exp [-0,8731 + 4,2470 * exp (-0,0094 * DAC)]
P
4 MEC
= exp [-1,7252 + 5,5093 * exp (-0,0081 * DAC)]
Figura 4.9 – Evolução do número total de perfilhos de quarta e quinta ordens, por metro
linear, em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a métodos de
colheita de forragem
103
A curva descritiva para cada ordem teve início a partir do DAC em que foi
identificada. Sendo assim, o comportamento para cada uma delas correspondeu ao
decréscimo no número de perfilhos desde o início da identificação e durante o
monitoramento. Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para o número de
perfilhos por metro linear, os quais foram semelhantes dentro da mesma ordem para
cada tratamento.
Na Tabela 4.5 estão apresentadas as taxas médias de mortalidade dos perfilhos
de acordo com sua ordem de aparecimento. Não houve diferença (P>0,05) entre
tratamentos dentro de ordem de perfilhos, exceto para a terceira ordem, situação em
que o tratamento MEC+MAN apresentou mortalidade mais baixa que os tratamentos
MAN e MEC (P<0,05).
Tabela 4.5 - Taxas médias diárias de mortalidade (k
m
) de acordo com a hierarquia de
perfilhos em cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 quando submetida a
métodos de colheita de forragem
1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª e 5ª ordens Método de
colheita
k
m
EP
k
m
EP
k
m
EP
k
m
EP
MAN 0,0085
0,00181
0,0023
0,00131
0,0108ª
0,00184
0,0095
0,00184
MEC 0,0102
0,00172
0,0046
0,00128
0,0094ª
0,00160
0,0081
0,00164
MEC+MAN 0,0074
0,00174
0,0037
0,00121
0,0052
b
0,00148
0,0094
0,00208
EP: erro padrão
Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
Na Tabela 4.6 está apresentada a freqüência de ocorrência das ordens distintas
de perfilhos aos 365 DAC. Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05).
Entretanto, quando avaliados dentro de cada tratamento, os perfilhos de primeira ordem
apresentaram maior freqüência de ocorrência que os demais, tendo sido os principais
componentes da população final de perfilhos no final do experimento.
104
Tabela 4.6 - Freqüência de ocorrência (%) dos perfilhos aos 365 DAC em cana-de-
açúcar submetida a diferentes métodos de colheita, segundo a hierarquia
de perfilhamento
Hierarquia de perfilhamento MAN
EP
MEC
EP
MEC+MAN
EP
1ª ordem 73,8ª
0,03
81,9ª
0,03
77,1ª
0,03
2ª ordem 6,3
b
0,02
7,7
b
0,02
13,3
b
0,03
3ª ordem 10,2
b
0,02
7,1
b
0,02
3,6
b
0,02
4ª e 5ª ordens 9,7
b
0,02
3,3
b
0,01
6,0
b
0,02
EP: erro padrão
Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si (P>0,05)
De acordo com os modelos matemáticos propostos para cada ordem de
perfilhos, foi possível a construção de gráficos do padrão demográfico de perfilhamento,
indicando a participação de cada ordem de perfilhos na composição do número de
perfilhos por metro para cada tratamento. Essas representações gráficas estão
apresentadas nas Figuras 4.10, 4.11 e 4.12.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
7
4
1
5
6
71
8
6
1
0
1
1
1
6
1
3
1
1
4
6
1
6
1
1
7
6
1
9
1
2
0
6
2
2
1
236
2
5
1
266
281
296
311
326
341
356
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos / metro
1a ordem 2a ordem 3a ordem 4a e 5a ordens
Figura 4.10 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita manual de
forragem
105
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
7
4
1
56
7
1
86
1
01
116
1
3
1
1
46
1
6
1
176
1
9
1
206
221
2
36
251
2
66
2
81
2
9
6
3
11
3
2
6
341
356
Dias após colheita (DAC)
mero de perfilhos / metro
1a ordem 2a ordem 3a ordem 4a e 5a ordens
Figura 4.11 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita mecânica
de forragem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
7
4
1
56
7
1
86
1
0
1
116
1
3
1
146
1
6
1
176
191
206
221
2
3
6
251
2
6
6
281
296
311
326
341
356
Dias após colheita (DAC)
Número de perfilhos / metro
1a ordem 2a ordem 3a ordem 4a e 5a ordens
Figura 4.12 - Padrão demográfico de perfilhamento (número de perfilhos/metro) da
cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 submetida a colheita mecânica
de forragem seguida de rebaixamento manual dos tocos remanescentes
As figuras acima representam o número de perfilhos por metro linear ao longo do
ciclo de produção para as ordens distintas que constituíram a população final. O
número de perfilhos por metro foi de 11,8; 1,0; 1,6; e 1,6 para tratamento MAN; 11,5;
1,1; 1,0 e 0,5 para tratamento MEC e 11,6; 2,0; 0,5 e 0,9 para tratamento MEC+MAN,
106
para a primeira, segunda, terceira e quarta+quinta ordens de perfilhos,
respectivamente. Assim como não foi observada diferença entre tratamentos para
freqüência de ocorrência do mero de perfilhos por metro de acordo com sua origem,
o mesmo comportamento foi registrado para o número desses perfilhos de acordo com
sua origem.
4.4 Discussão
4.4.1 Abordagem estatística dos dados
Os modelos matemáticos adotados para descrever os dados de perfilhamento
(equação 6 e equação 8) foram os que melhor se ajustaram para descrever o número
de perfilhos por metro linear e a participação das diferentes ordens de perfilhos na
composição da população final em relação ao número de dias após a colheita da
forragem. A interpretação dos parâmetros dos modelos foi semelhante à realizada por
McManus et al. (2003), porém estudando crescimento animal.
A adoção da modelagem deveu-se ao fato de que, primeiramente, os dados
(medidas longitudinais) seguiram a distribuição de Poisson, freqüentemente usada para
descrever dados de contagem. Essa distribuição é capaz de expressar a probabilidade
de certo número de eventos ocorrerem em um dado período de tempo, caso esses
eventos ocorram com uma taxa média conhecida e caso cada evento seja
independente do tempo decorrido desde o último evento (MILONE, 2006). Além disso, a
adoção da modelagem matemática fornece flexibilidade na interpretação biológica dos
parâmetros das equações propostas. Alguns dos trabalhos encontrados na literatura
para descrição do perfilhamento de cana-de-açúcar valeram-se de análises de
regressão linear (SUGUITANI, 2006), múltipla ou polinomial (ALVAREZ; CASTRO,
1999; PRADO et al., 2003; OLIVEIRA et al., 2005; SIMÕES et al., 2005; OLIVEIRA et
al., 2007), ou o modelo Gompertz de curva sigmoidal (SIMÕES et al., 2005). Os
modelos apresentados por esses autores foram testados para o presente estudo, porém
nenhum deles se ajustou aos dados de forma satisfatória. Além disso, as constantes de
107
multiplicação apresentadas pelos diversos autores não acompanhavam interpretação
biológica.
Outra consideração importante a ser realizada é que regressões simples e
múltiplas são estabelecidas com base em uma relação linear entre a variável
dependente e a variável independente da função e, para o presente trabalho, foram
utilizados métodos não-lineares para a determinação dos parâmetros das curvas.
Quando a relação é não-linear, o uso de uma regressão linear pode conduzir a
predições incorretas, sendo que, nesses casos, as variáveis independentes precisam
ser transformadas para tornar a relação mais linear (MILONE, 2006).
Portanto, a modelagem matemática permitiu, além de melhor ajuste das variáveis
a partir dos dados, a geração de taxas para as mensurações estudadas, posteriormente
comparadas entre si. Entretanto, devido às características intrínsecas da variedade
estudada, principalmente com relação ao rápido e intenso perfilhamento, e à época de
corte e fatores climáticos envolvidos, sugere-se que novos experimentos sejam
realizados com vistas à aplicação de abordagem estatística semelhante. Dessa forma,
os resultados de diferentes experimentos podem ser mais facilmente comparados e
complementados. Adicionalmente, com o avanço da tecnologia e desenvolvimento de
programas computacionais específicos para a cultura de cana-de-açúcar e de
programas estatísticos com maior poder de análise, a modelagem matemática tem se
tornado uma ferramenta importante para o estudo do crescimento da cultura canavieira,
permitindo a descrição do processo evolutivo do sistema. Segundo Da Silva e
Bergamasco (2001), os modelos matemáticos têm contribuído para o melhor
conhecimento dos mecanismos fisiológicos da cultura devido ao fato de estarem sendo
desenvolvidos de forma cumulativa e gradual, na medida em que a experimentação
agrícola avança.
4.4.2 Condições ambientais durante período experimental
A análise de solo revelou que a cultura foi desenvolvida em condições
satisfatórias para o atendimento de suas exigências nutricionais. A adubação de
cobertura efetuada foi recomendada com base na expectativa de extração de nutrientes
108
pela cultura e dos teores presentes no solo, segundo o Boletim 100 do IAC (RAIJ et al.,
1996).
A temperatura média entre os meses de novembro/2006 e abril/2007,
correspondentes aos primeiros 120 dias do ciclo da cultura, oscilou entre 23 a 25ºC,
sendo que as temperaturas máximas atingiram, em praticamente todos os meses,
valores superiores à 30ºC. A umidade relativa do ar não foi inferior a 80% (Tabela 4.1) e
o balanço hídrico para a cultura apresentou um curto e pequeno período de déficit
(Figura 4.2). Sendo assim, as condições ambientais que prevaleceram durante o
período experimental foram determinantes para a expressão da capacidade de
perfilhamento da variedade.
Segundo Casagrande (1991), o perfilhamento da cana-de-açúcar é favorecido
pelo aumento da temperatura, até seu potencial máximo, a valores por volta de 30ºC,
condição atingida no presente experimento. Além disso, não houve ocorrência de déficit
hídrico acentuado. De acordo com Ramesh (2000), a deficiência hídrica na fase de
perfilhamento poderia afetar o crescimento, a produção de MS e a produtividade final da
cultura. Após os 150 DAC houve ocorrência de déficit hídrico prolongado, como
acontece a partir do mês de abril no estado de São Paulo, porém pequeno para a
cultura (de até 3 mm) (Figura 4.2). No entanto, a partir desse estágio do ciclo de
produção, esse déficit não interferiu diretamente sobre a população de perfilhos para a
variedade estudada, mas possivelmente sobre outras características da cultura, que
serão discutidas no capítulo de acúmulo de biomassa e composição morfológica (Cap.
5).
4.4.3 Evolução do número de perfilhos totais, aéreos e basais na fase inicial de
rebrotação e taxas de aparecimento e mortalidade
No presente experimento, embora os métodos de colheita tenham alterado o
padrão inicial de perfilhamento, eles não foram capazes de modificar nem a rebrotação
e nem a densidade populacional final da variedade IAC86-2480. Os dados relativos à
evolução do número de perfilhos, principalmente na fase inicial de rebrotação,
109
proporcionou a constatação da ocorrência de alguns processos até hoje desconhecidos
quanto ao efeito do método de colheita sobre o perfilhamento da cultura.
No início da rebrotação, o tratamento MEC apresentou maior taxa média diária
de aparecimento de perfilhos totais (TMDap) quando comparado ao tratamento MAN
(Tabela 4.4). Entretanto, embora tenha apresentado maior TMDap, a diferença não foi
grande o suficiente para resultar em maior número de perfilhos por metro durante o pico
de perfilhamento, ocorrido entre 31 e 35 DAC para todos os tratamentos, nem ao final
do ciclo da cultura. Além disso, a TMDap para o tratamento MEC+MAN assumiu valores
intermediários entre MEC e MAN, não diferindo deles. Esse fato não seria esperado,
uma vez que esse método de colheita submeteu a planta à ação aditiva de dois
procedimentos: primeiramente, a área foi submetida a colheita mecânica e, portanto, ao
trânsito de máquinas; e, após esse procedimento, foi somada a ação do podão sobre a
soqueira, por ocasião do rebaixamento. Seria esperado que esses fatores
desencadeassem processos distintos de rebrotação entre esses dois tratamentos, ou,
ao menos, um comportamento para o tratamento MEC+MAN semelhante ao tratamento
MAN, representado por menores valores de TMDap.
Do mesmo modo, maiores valores de TMDap ocorreram de forma associada a
maiores valores de taxa média diária de mortalidade (TMDmo) de perfilhos totais
(Tabela 4.4). Entretanto, devido ao fato de não terem sido detectadas diferenças quanto
ao número de perfilhos gerados para os tratamentos, não se pode afirmar que a maior
mortalidade foi devida a uma maior quantidade de perfilhos. Nem mesmo o
perfilhamento aéreo, ocorrido em quantidade numericamente maior para o tratamento
MEC, foi suficiente para gerar diferença significativa entre tratamentos em termos de
número de perfilhos por metro. O maior número de perfilhos aéreos pôde ser observado
pelo incremento no pico de perfilhamento apresentado na Figura 4.3 para o tratamento
MEC, o qual foi detalhado na Figura 4.4, mostrando que o período em que o maior
número de perfilhos aéreos foi encontrado para o tratamento MEC coincidiu com o pico
do perfilhamento total para esse tratamento. A partir desse pico, o número de perfilhos
totais (basais e aéreos) foi sendo drasticamente reduzido, sendo que os perfilhos
aéreos desapareceram após 90 DAC.
110
A análise da evolução do número de perfilhos basais, apresentada na Figura 4.5,
sugere que, além de o número de perfilhos aéreos não ter sido suficientemente grande
para gerar diferença entre tratamentos, também não foi responsável pelo aumento em
TMDap e TMDmo para o tratamento MEC, uma vez que o padrão de variação em
aparecimento e morte de perfilhos foi idêntico, considerando-se a população total de
perfilhos (aéreos+basais) e apenas os perfilhos basais (Tabela 4.5). Em termos de
perfilhos basais apenas, o tratamento MEC também apresentou valores maiores de
TMDap e TMDmo em relação ao tratamento MAN, porém sem diferenças para o
tratamento MEC+MAN.
Um mecanismo de resposta fisiológica da planta, aliado aos danos que os
métodos de colheita ocasionaram às touceiras, poderia de alguma forma, justificar os
resultados observados. Primeiramente, devem ser desconsiderados os fatos comuns de
que, a intensidade luminosa aumentou na base do dossel por ocasião do corte, aliado a
perda de dominância apical pelas plantas antigas, fazendo com que o fluxo de auxina
na planta como um todo fosse diminuído. Assim, houve decréscimo no grau de inibição
das gemas laterais, ou no caso de corte rente ao solo, das gemas do rizoma das
plantas, ocasionando a rebrotação, para todos os tratamentos.
Entretanto, quando o tratamento MEC foi realizado, parte da base da planta e
alguns nós ficaram na touceira, os quais desencadearam o crescimento das gemas
laterais, as quais provavelmente começaram a produzir sua própria auxina, aumentando
seu alongamento (KERBAUY, 2004). Portanto, para este tratamento, foi concomitante o
perfilhamento basal e aéreo. Além disso, o toco remanescente poderia estar exercendo
a função de fonte de nutrientes para a emissão de novos perfilhos. Esses processos,
aliados aos danos nas touceiras causados por este tratamento, poderiam explicar a
maior taxa de perfilhamento para este tratamento, como será discutido a seguir.
O fato de o tratamento MEC+MAN ter apresentado taxa média diária de
perfilhamento intermediária aos tratamentos MAN e MEC, e não mais lenta ao
tratamento MAN, como esperado, poderia ser justificado pela severidade da colheita, a
qual para este tratamento foi superior aos demais, pois apresentou maior número de
toletes arrancados e danificados (Tabela 3.8). Em uma possível analogia com estudos
sobre plantas forrageiras, Lemaire (2001) observou que relvados com desfolha mais
111
severa tendiam a apresentar maior quantidade de perfilhos e folhas novas. Além disso,
segundo Gomide (1997), a recuperação de gramíneas cespitosas após o corte está
relacionada com características morfológicas da planta, como altura média do
meristema apical e o número de gemas basilares.
A relação seria de que, uma vez que as plantas foram submetidas a maior dano,
tiveram maior quantidade de gemas basilares danificadas, e a planta, por uma
estratégia de sobrevivência responderia a esses danos, usando de suas reservas para
emissão de um número máximo de perfilhos para aquela situação severa de colheita.
Assim, tal resposta poderia ter sido explicada, com base na alteração na taxa média
diária de aparecimento e mortalidade de perfilhos, pois, quanto maior o dano, maiores
taxas. Mesmo assim, esses processos fisiológicos não foram suficientes para explicar a
resposta das plantas, sendo possível que tenha ocorrido efeito de outros fatores não
controlados no presente trabalho.
Apesar da aparente contradição relativa dos resultados do tratamento
MEC+MAN, conforme constatado nas Tabelas 4.4 (perfilhos totais) e 4.5 (perfilhos
basais), os resultados podem ser considerados consistentes, uma vez que revelaram
coeficientes de variação médios de 3% nas Tabelas 4.4 e 4.5. Além disso, os dados
apresentados na Tabela 4.7 revelaram que a análise de contrastes também apontaram
para a posição relativa do tratamento MEC+MAN, não diferindo dos demais. O
comportamento das variáveis parece não apontar para um padrão definido de resposta
da rebrotação da cana quando submetida aos métodos de colheita avaliados, sendo
que não foi encontrada, na literatura consultada, explicação razoável para justificar o
fato.
112
Tabela 4.7 - Valor da probabilidade encontrada para análises de contrastes realizadas
entre os parâmetros dos modelos representados pelas taxas médias
diárias de aparecimento (k
a
) e taxas médias diárias de mortalidade (k
m
) de
perfilhos totais
k
a
k
m
Tratamentos
MAN MEC MEC+MAN MAN MEC MEC+MAN
MAN - 0,0074 0,1593 - 0,0042 0,0860
MEC 0,0074 - 0,1071 0,0042 - 0,1258
MEC+MAN 0,1593 0,1071 - 0,0860 0,1258 -
4.4.4 Padrão demográfico de perfilhamento
De acordo com as equações apresentadas nas Figuras 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9, que
demonstraram a evolução do número de perfilhos de acordo com sua ordem de
avaliação, foi possível a elaboração de gráficos descritivos sobre o padrão demográfico
de perfilhamento para cada tratamento, representados pelas Figuras 4.10, 4.11 e 4.12.
Ao final do ciclo de produção, a participação em número de perfilhos por metro, de
acordo com a ordem de avaliação, foi apresentada na Tabela 4.6. Os métodos de
colheita não modificaram a participação das diferentes ordens de perfilhos na
população final de plantas, nem dentro e nem entre tratamentos, sendo que os perfilhos
de primeira ordem representaram de dois terços a três quartos da população final de
plantas na área, e o restante foi formado pelas demais ordens.
Quando estimadas para cada ordem, as TMDmo não apresentaram diferenças
entre si, exceto para o tratamento MEC+MAN, para perfilhos de terceira ordem, a qual
pode ser considerada irrelevante (Tabela 4.5). Esses dados, com base em uma
abordagem estatística diferente, corroboraram os resultados da análise de variância
tradicional, conferindo consistência aos resultados obtidos. Pois, quando as equações e
seus respectivos parâmetros foram estimados um a um, para cada respectiva ordem,
passaram a não apresentar diferença entre os tratamentos, a qual foi anteriormente
113
verificada para os parâmetros das equações de perfilhamentos total (Tabela 4.4). De
alguma forma, o efeito dos tratamentos antes detectados, deixaram de existir.
A ausência de efeito para a análise de perfilhamento desdobrada para cada
ordem, de fato, sugeriu a reflexão de que o número de perfilhos avaliados tenha sido
insuficiente. Na Tabela 4.5, o coeficiente médio de variação, cerca de 25% e a
amplitude desses coeficientes (entre 17 e 56%) sugerem que para a avaliação do
perfilhamento desdobrado para cada origem seria necessária a ampliação do número
de perfilhos avaliados. Com isso, pode-se inferir que, tais avaliações conduzidas de
outra forma poderiam ter revelado alteração no padrão de perfilhamento em cada
ordem, de acordo com os tratamentos impostos. Nesse caso, provavelmente, poderia
haver similaridade desse padrão de resposta com aquela observada para o
perfilhamento total.
A mortalidade de perfilhos esteve associada à idade dos mesmos, de forma que
perfilhos mais velhos, surgidos ainda no início do processo de rebrotação, foram menos
susceptíveis à competição por fatores de crescimento que os mais novos, o que refletiu
em maior sobrevivência dos mesmos. O fato de a população final de perfilhos ser
formada em sua maioria por plantas mais velhas pode conferir, ao final do ciclo de
produção, maior qualidade do material colhido caracterizada por maior uniformidade de
maturação e maior acúmulo de sacarose. Essa resposta da planta em ter sua
comunidade final formada por perfilhos que foram mais precocemente emitidos na
rebrotação foi relatada por Ramesh e Mahadewaswamy (2000). Mesmo submetendo
variedades de cana-de-açúcar a níveis de déficit hídrico na fase inicial de perfilhamento,
84,5% da população de plantas disponíveis para a colheita foi formada por perfilhos
emitidos até os 60 dias após plantio (mesmo período monitorado no presente
experimento), sendo que perfilhos emitidos após esse período tiveram participação
insignificante.
114
4.4.5 A variedade IAC86-2480 frente às diferentes condições de crescimento e à
outras variedades de cana-de-açúcar
A variedade IAC86-2480 avaliada no presente experimento apresentou, em seu
quarto ciclo, sob condições favoráveis de crescimento, o pico de perfilhamento entre 31
e 35 DAC, ponto a partir do qual houve decréscimo acentuado na densidade
populacional até cerca de 120 DAC, que tendeu a estabilização por volta dos 230 DAC
para o tratamento MEC, 280 DAC para tratamento MAN, com valor intermediário para o
tratamento MEC+MAN. Esse padrão de comportamento é diferente daquele reportado
por diversos autores em trabalhos que descreveram de maneira generalizada o ciclo de
crescimento da cana-de-açúcar. Barbieri (1993) e Câmara (1993), em relatos distintos,
porém ambos estudando trabalhos sobre desenvolvimento e produtividade de cana-de-
açúcar, afirmaram que o pico da população de colmos ocorre entre o terceiro e quinto
mês após o plantio, sendo que 50% desses desaparecem, sendo a população
estabelecida por volta de nove meses de idade.
Malli et al. (1982) apud Rocha (1984) e Simões et al. (2005), observaram que o
número de perfilhos por planta aumentou continuadamente de 60 a 120 dias e
decresceu gradualmente a partir desse ponto pelo efeito de competição e
sombreamento. De forma semelhante, Ramesh e Mahadevaswamy (2000) encontraram
o mesmo período de 60 a 120 dias após o plantio para o período de máximo
perfilhamento em áreas submetidas à seca de intensidade severa ou moderada.
Entretanto, em condições hídricas ideais, os mesmos autores encontraram máximo
perfilhamento aos 90 dias após o plantio, sendo que após esse período ocorreu
decréscimo da população de perfilhos.
Balieiro (1995), avaliando o perfilhamento de três variedades de cana-de-açúcar
sob influência da época de corte, relatou estabilização no número de perfilhos por metro
linear após o sexto mês de perfilhamento, mesmo período relatado por Oliveira et al.
(2004), de até 182 dias após o plantio (mês de julho). O dado mais divergente ao
presente estudo foi relatado por Suguitani (2006), que encontrou estabilização da
população de plantas por metro linear próximo dos 87 dias após o plantio das
variedades estudadas.
115
Embora o perfil das curvas descritivas da evolução do número de perfilhos
apresentadas no presente experimento tenha sido semelhante a diversas outras
apresentadas na literatura, fatores como época de plantio/colheita, amplitude das
curvas e duração das mesmas foram diferentes entre os experimentos estudados.
Essas diferenças se devem, basicamente, a alguns fatores: à velocidade de
estabelecimento da população de plantas das diferentes variedades que,
conseqüentemente, possui relação com o tempo em que cada uma delas inicia seu
processo de competição por luz durante a fase de rebrotação; à amplitude dessa curva,
que pode ser modificada, em maior ou menor intensidade, devido a fatores climáticos,
como intensidade luminosa e déficit hídrico, por exemplo; e, principalmente, ao genótipo
ou variedade cultivada, pois uma vez sendo considerada como característica varietal, o
perfilhamento provavelmente só será alterado quando a planta for exposta a condições
muito favoráveis ou desfavoráveis de desenvolvimento. Sendo assim, pode-se inferir
que estratégias de manejo distintas devem ser adotadas levando-se em consideração o
perfil de crescimento e desenvolvimento de cada variedade de cana.
Finalmente, para o número de perfilhos por metro linear no final do ciclo de
produção, Silva et al. (2004), em experimento realizado para avaliação de sete
genótipos de cana-de-açúcar destinada à alimentação animal em condições
edafoclimáticas muito semelhantes ao presente experimento, relataram valor de 10,94
perfilhos por metro para a variedade IAC86-2480 para cana planta, o menor entre os
genótipos por eles avaliados. Já para ciclos subseqüentes da mesma variedade,
Landell et al. (2002) reportaram o valor de 12,52 perfilhos/m como média dos três
primeiros ciclos da cultura, também em condições edafoclimáticas semelhantes ao
presente experimento. Embora os autores não tenham mencionado os métodos de
colheita adotados nesses experimentos, o que se pode observar é que tendência de
aumento do número de colmos por metro ao longo dos ciclos de produção, o que é
acompanhado por uma alteração conjunta de suas características biométricas, como
será discutido no capítulo a seguir. De maneira geral, o aumento do número de perfilhos
por metro resulta em colmos mais leves e mais finos, características essas que podem
favorecer a colheita mecanizada das plantas.
116
4. 5 Conclusão
Os métodos de colheita adotados não prejudicaram a rebrotação das soqueiras,
demonstrando que o uso de equipamentos utilizados para colheita não interferiu no
restabelecimento da parte aérea das plantas, bem como a presença do toco
remanescente, ou o procedimento de rebaixamento de soqueiras. O fato sugere que a
recomendação de rebaixamento das soqueiras após corte MEC deveria ser analisada
cuidadosamente, uma vez que os resultados deste primeiro ciclo de avaliação
indicaram que ele pode ser um procedimento desnecessário.
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121
5 ACÚMULO DE BIOMASSA E COMPOSIÇÃO MORFOLÓGICA DA VARIEDADE DE
CANA-DE-AÇÚCAR IAC86-2480 SUBMETIDA A MÉTODOS DE COLHEITA
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o acúmulo de biomassa, a composição
morfológica e a maturação da cana-de-açúcar. As avaliações foram realizadas na
variedade de cana IAC86-2480, de terceiro corte, no período de novembro de 2006 a
novembro de 2007. Os tratamentos avaliados foram corte manual basal (MAN), corte
mecanizado por meio de colhedora de forragem (MEC) e corte mecanizado seguido de
rebaixamento manual basal (MEC+MAN). A área experimental foi composta por seis
blocos, constituídos pelos três métodos de colheita como tratamentos impostos às
parcelas. Cada parcela possuía 8 linhas de plantio com 15 m de comprimento em
espaçamento de 1,3 m entrelinhas. Para MAN, as plantas foram colhidas na base, por
meio de cortes com podão, amontoadas e transportadas. Para o corte MEC a
plataforma de corte foi regulada para altura de corte de 20 cm, e a colhedora foi
tracionada por trator provido de sistema redutor, acoplada a vagão forrageiro. Para o
corte MEC+MAN, seguiu-se o mesmo procedimento do corte MEC, porém, após a
passagem da colhedora, os tocos remanescentes foram recepados rente ao solo com
uso de podão. Após 30 dias do corte, mensalmente foram colhidas amostras de um
metro linear, nas duas linhas de coleta, por parcela, no total de 12 colheitas. Os colmos
foram colhidos manualmente, e levados ao laboratório para pesagem e contagem do
número de perfilhos e estimativa da produtividade. Desse total, 10 plantas tiveram sua
composição morfológica avaliada: peso da planta inteira, peso do colmo, peso e número
de folhas verdes, senescentes e mortas, altura, diâmetro, número de nós, brix inferior,
médio e superior, área foliar e o índice de área foliar. Não houve diferença (P>0,05)
para o acúmulo de biomassa em MV e MS entre os tratamentos, sendo os valores
atingidos de 81,8, 77,9 e 79,9 t MV/ha e de 29,6, 29,6 e 30,4 t MS/ha para os
tratamentos MAN, MEC e MEC+MAN, respectivamente, sendo que o acúmulo de MV
se estabilizou durante o ciclo, enquanto que para a MS o acúmulo ocorreu até o final do
ciclo. Não houve diferença (P>0,05) para nenhuma das características de composição
morfológica entre os tratamentos ao longo do ciclo de produção. O peso da planta
inteira foi de 736, 716 e 717 g e o peso do colmo foi de 662, 633 e 642 g para os
tratamentos MAN, MEC e MEC+MAN, respectivamente. A diferença entre essas
variáveis representou o peso das categorias de folhas, sendo representadas em sua
maioria por folhas verdes. O máximo IAF foi atingido aos 70 DAC para todos os
tratamentos. O acúmulo de sacarose, representado pelo grau brix e índice de
maturação mostraram que a variedade estudada entrou em período de utilização a
partir dos 300 DAC, para todos os tratamentos. Concluiu-se que, o trânsito de máquinas
sobre as soqueiras de cana-de-açúcar, bem como a presença ou não do toco
remanescente nas soqueiras, não alteraram o acúmulo de biomassa e de sacarose, a
massa e número de estruturas das plantas, ao longo do ciclo de produção.
Palavras-chave: Colheita manual; Colheita mecânica; Rebaixamento
122
5 SUGARCANE BIOMASS ACCUMULATION AND MORPHOLOGICAL
COMPOSITION, SUBMITTED TO THREE HARVESTING METHODS
Abstract
This trial evaluated biomass and sucrose accumulation, and morphological
composition of sugarcane. Measurements were performed on a three year old crop of
the IAC86-2480 variety, from November 2006 to November 2007. The three harvesting
methods were: manual (MAN), mechanical (MEC) and mechanical followed by manual
(MEC+MAN). The experimental area comprised of six blocks, each one containing all
three harvesting methods. Each plot within a block consisted of eight 15 meters-long
rows spaced 1.3 meters from each other. Manual harvest was performed through the
use of cutters, and plants were cut to ground level, pilled up and hauled to a processing
site. Mechanical harvest was accomplished with a tractor pulled harvester with a cutting
height adjusted to 20 cm height. The cut material was stored in a wagon. In the
mechanical and the manual harvest procedure, the remaining stubbles after the
mechanical harvest were manually cut to ground level. Thirty days after harvesting and
monthly thereafter, during 12 months, samples of 1-m linear, from two lines per plot
were collected along the production cycle. The remaining stalks were manually
harvested, pilled up and hauled to the laboratory for tiller weighing and counting. From
this total, 10 plants were randomly picked to evaluate their morphological composition:
whole plant weight, remaining stalks weight, weight and number of green, senescent
and dead leaves, height, diameter and knots number, high, medium and low brix. Foliar
area and foliar area index were also estimated. No differences (P>0.05) were found
regarding biomass accumulation in FM and DM among treatments; observed values
were 81.8, 77.9 and 79.9 t GM/ha and 29.6, 29.6 and 30.4 t DM/ha for treatments MAN,
MEC and MEC+MAN, respectively. FM accumulation stabilized during the cycle. No
differences (P>0.05) were found in any of the morphologic composition among
treatments along the production cycle. Whole plant weight was 736, 716 and 717 g and
stalk fractions weight was 662, 633 and 642 g for MAN, MEC and MEC+MAN,
respectively. Differences between these variables represented the weight of the distinct
leaf categories, being green leaves the majority. Maximum LAI was reached at 70 DAC
in all treatments. From the sucrose accumulation data it is suggested that this sugarcane
variety is ready to be harvested after 300 DAC. It is concluded that machine transit over
the crop, as well as the presence or not of stalk fractions did not change biomass or
sucrose accumulation, nor the weight and number of plant structures along the
production cycle.
Keywords: Manual harvesting; Mechanical harvesting; Topping
123
5.1 Introdução
A cana-de-açúcar é uma cultura de ciclo longo, a qual dura cerca de 12 meses
para atingir seu ponto de colheita. O longo ciclo de produção, intrínseco da espécie, é
devido também ao processo de maturação, que ocorre no terço final desse ciclo. O alto
teor de sacarose acumulado torna-se o ponto favorável da utilização da cana-de-açúcar
para alimentação animal. Soma-se a este fato, a obtenção de grande quantidade de
biomassa por unidade de área, sendo resultante de vários componentes fenológicos,
tais como o número de perfilhos, altura, diâmetro e densidade dos colmos (SUGUITANI,
2001), sua arquitetura e resistência ao acamamento. Esses componentes estão
relacionadas diretamente com a colheita mecanizada (CÂMARA, 1993).
De acordo com trabalhos já realizados pela comunidade científica, o crescimento,
a produtividade e características da cana-de-açúcar podem ser avaliadas por diferentes
métodos. Zacarias (1977) optou por avaliações morfogênicas para estimar parâmetros
de genótipo e fenótipo de cana e estudou as correlações destes com o melhoramento
genético das mesmas. Rocha (1984) utilizou a avaliação biométrica das plantas,
somado à densidade populacional de perfilhos para caracterizar variedades quanto à
sua produtividade. Alvarez e Castro (1999) realizaram avaliações biométricas na parte
aérea de cana, com o objetivo de encontrar diferenças de produtividade entre cana
colhida crua ou queimada. Silva et al. (2005), estudaram os índices de crescimento de
cultivares, utilizando-se de avaliações de área foliar e massa seca de folhas e de
colmos das plantas, com objetivo de caracterizar grupos comportamentais de
crescimento.
Sendo o conhecimento das características das plantas, quanto à sua composição
morfológica, ou biometria, fatores importantes para se avaliar a aptidão de
determinadas variedades, os objetivos deste trabalho foram avaliar o acúmulo de
biomassa, a maturação e a composição morfológica das plantas ao longo do ciclo de
produção, quando submetidas aos métodos de colheita manual, mecânica, e mecânica
seguida de rebaixamento manual.
124
5.2 Material e Métodos
5.2.1 Local e período experimental
O experimento foi conduzido em área do Centro Avançado de Tecnologia da
Cana, do Instituto Agronômico de Campinas, IAC (APTA, Agência Paulista de
Tecnologia das Agronegócios) pólo Ribeirão Preto, SP. As coordenadas geográficas
aproximadas da área são: latitude 21º12’S, longitude 47º52’O; e, 640 m de altitude. O
experimento foi iniciado em novembro de 2006, após corte e remoção da cana da área,
e se estendeu até novembro de 2007, por ocasião do novo corte e colheita da cana.
5.2.2 Área experimental
A área experimental de 3400 m
2
foi dividida em seis blocos, com dimensões de
9,1 m x 63 m (573,3 m
2
). Em cada bloco foram estabelecidas três parcelas, e cada uma
foi considerada uma unidade experimental, onde os tratamentos foram impostos. A
representação esquemática da parcela encontra-se na Figura 5.1.
Figura 5.1 - Representação esquemática das parcelas (8 linhas de plantio) e
nomenclaturas adotadas
As parcelas eram constituídas de oito linhas de plantio de 15 metros de
comprimento espaçadas 1,30 m uma da outra, totalizando 136,5 m
2
, e eram separadas
por um corredor de circulação de nove metros de largura, necessário para o trânsito de
máquinas agrícolas. As oito linhas de cada parcela receberam nomenclatura específica
125
para organização da coleta de material e dos dados de campo. As linhas de avaliação
foram utilizadas para demarcação de duas réguas transectas para avaliação do
perfilhamento (Cap. 4) e, para análise de composição morfológica não-destrutiva, e as
linhas de coleta foram destinadas às colheitas mensais da planta para estimativa de
produção e análises de composição morfológica destrutiva.
5.2.3 Clima e Solo
A classificação climática do município de Ribeirão Preto, segundo o método de
Köppen, é Aw, caracterizado por elevada precipitação, embora apresente inverno seco
e verão úmido (ROLIM et al., 2007). O solo da área experimental é classificado como
Latossolo Vermelho Férrico
4
, de acordo com o sistema EMBRAPA (1999). Os dados
meteorológicos de Ribeirão Preto durante o período experimental e a análise de solo da
área experimental são apresentados nas Tabelas 5.1 e 5.2, respectivamente. O balanço
hídrico da área foi calculado para uma capacidade de água disponível (CAD) de 40 mm,
e encontra-se apresentado na Figura 5.2.
Tabela 5.1 - Dados meteorológicos de Ribeirão Preto durante o período experimental
Tmáx Tmín Tmédia
Mês / ano
o
C
Precipitação
mm
URmédia
(%)
Novembro / 2006 30,2 17,4 23,8 113,7 82,9
Dezembro / 2006 29,8 19,9 24,8 301,1 92,8
Janeiro / 2007 28,7 20,4 24,5 466,5 96,8
Fevereiro / 2007 30,9 20,0 25,5 109,7 87,5
Março / 2007 30,7 19,8 25,3 136,0 85,7
Abril / 2007 30,7 19,1 24,9 15,6 86,8
Maio / 2007 35,4 14,6 25,0 105,9 86,1
Junho / 2007 27,4 15,2 21,3 1,7 81,7
Julho / 2007 26,3 14,8 20,5 78,0 77,8
Agosto / 2007 29,5 16,6 23,0 0,0 69,7
Setembro / 2007 32,3 19,7 26,0 0,0 58,0
Outubro / 2007 33,0 21,1 27,0 42,7 67,7
Novembro / 2007 28,7 21,0 24,8 45,0 91,8
T – temperatura; UR – umidade relativa
Fonte: APTA – Ribeirão Preto (SP).
4
Classificação APTA – Ribeirão Preto. Comunicação pessoal.
126
Tabela 5.2 - Análise de solo da área experimental situada no Centro de Cana, APTA-
IAC, Ribeirão Preto, SP
pH
CaKCl
pH
H2O
MO V H+Al
Al
Ca
Mg
K SB CTC P
Res
---- % ---- -------------------- cmol
c
.dm
-3
-------------------- mg.cm
-3
5,1 5,8 1,5 51,35
3,6 0,1
3,0
0,7 0,10
3,84 7,46 15,1
Al = alumínio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; K = potássio; Na = sódio; P
res
= fósforo (determinado por
método de resina); MO = matéria orgânica; SB = soma de bases; CTC = capacidade de troca catiônica; V
= saturação por bases
Em dezembro de 2006, depois de passado um mês do corte de uniformização,
foi realizado o cultivo e a adubação da área experimental com fertilizante 05-20-20 na
dosagem de 500 kg.ha
-1
, aplicado em filete contínuo incorporado na entrelinha. O
controle de plantas daninhas foi realizado por meio de capina manual.
-5
5
15
25
35
45
55
65
75
2 17 32 47 62 77 92 107 122 137 152 167 182 197 212 227 242 257 272 287 302 317 332 347 362 377
DAC
mm
Deficiência Excedente
Figura 5.2 - Balanço hídrico diário da cultura de cana-de-açúcar do período de 02
novembro de 2006 a 15 de novembro de 2007 (CAD = 40 mm)
5.2.4 Variedade
A variedade de cana-de-açúcar utilizada foi a IAC86-2480, em seu terceiro corte.
Essa variedade se caracteriza por apresentar alto teor de sacarose, boa produtividade
agrícola, longevidade de soqueira, porte ereto, baixo teor de FDN, baixa relação
FDN/Pol, boa digestibilidade in vitro da matéria seca, boa conversão alimentar,
127
despalha espontânea, elevado rendimento de corte, resistência a carvão e ao
raquitismo da soqueira. Por outro lado, apresenta resistência intermediária à ferrugem e
pouca rusticidade, uma vez que possui exigência média a alta quanto à fertilidade de
solo e condições climáticas. Essa variedade de cana apresenta baixo teor relativo de
FDN dentre as variedades produzidas, e é atualmente cultivada por cerca de 100 mil
produtores rurais em todo o território nacional (LANDELL et al., 2002).
5.2.5 Tratamentos
Os tratamentos corresponderam a três métodos de colheita: corte manual (MAN),
corte mecanizado (MEC) e corte mecanizado seguido de rebaixamento manual
(MEC+MAN). A aplicação dos tratamentos às parcelas foi realizada em 11 de novembro
de 2006, por ocasião da colheita de toda a cana contida nas parcelas experimentais. O
tratamento relativo ao corte manual foi efetuado na região do colo da planta, rente ao
solo, com uso de podão. Após o corte, o material colhido foi manipulado
cuidadosamente para evitar remoção e perda de estruturas da planta, sendo organizado
em feixes, fora das parcelas, para posterior recolhimento.
No caso do corte mecanizado, foi utilizada uma colhedora de forragem (marca
Menta
®
modelo Colhiflex MFC 1) regulada para altura de corte de 20 cm. Esta foi
tracionada por trator de 88 cv de potência, com acoplamento hidráulico e acionada pelo
sistema de tomada de potência. Com o objetivo de reduzir a velocidade de
deslocamento desse equipamento e evitar danos à soqueira, o trator foi equipado com
sistema de redução de rotação para assegurar a captação e corte preciso dos colmos.
A velocidade média de deslocamento do conjunto trator-colhedora durante a colheita foi
2,4 km/h, utilizando primeira marcha reduzida e rotação de 1700 RPM no motor. O
conjunto de facas da colhedora foi afiado no início do corte das parcelas pertencentes a
cada tratamento. Inicialmente foram colhidas as parcelas com aplicação do corte
mecanizado exclusivo e, na seqüência, aquelas referentes ao tratamento de corte
mecanizado seguido por rebaixamento manual.
O terceiro tratamento foi aquele em que as plantas foram submetidas ao
procedimento de corte mecanizado, conforme descrito acima e, na seqüência, a porção
128
remanescente do colmo (toco) foi cortada rente ao solo com o uso de podão, de forma
semelhante àquela descrita para o método de corte manual. O objetivo desse
tratamento foi o de simular o rebaixamento do colmo remanescente após o corte
mecanizado com o propósito de estimular o perfilhamento basal e a uniformidade de
rebrotação, mantendo, porém, o impacto de trânsito da colhedora de forragem sobre o
talhão.
A combinação de tratamentos foi planejada de forma a permitir que os diferentes
impactos causados às áreas colhidas por meio dos diferentes métodos de colheita
(manual vs. mecanizado) pudessem ser avaliados, assim como se o rebaixamento ou
não do toco remanescente na touceira após colheita mecânica afetava a rebrotação da
cana-de-açúcar. Com isso, ao confrontar os tratamentos MAN com MEC, estabeleceu-
se a possibilidade de comparações entre os métodos de colheita (manual vs.
mecanizado), sendo que no corte MEC o toco permaneceu na touceira. A comparação
do MEC com MEC+MAN permitiu inferir sobre o efeito do rebaixamento do colmo
remanescente após a colheita mecanizada, e a comparação entre MAN e MEC+MAN
gerou a oportunidade para explorar o efeito do corte e deslocamento da colhedora
somado à ação do podão sobre os talhões de cana-de-açúcar.
5.2.6 Acúmulo de biomassa
Para estimativa do acúmulo de biomassa, ou estimativa de produtividade,
mensalmente foram colhidos os perfilhos que estavam contidos em um metro linear, em
cada uma das duas linhas de coleta de cada parcela. Esta coleta foi iniciada em uma
das extremidades, respeitando-se a bordadura de 1,5 metro. A partir do ponto final de
coleta da primeira amostragem, iniciou-se a coleta da segunda no período subseqüente,
e assim sucessivamente, percorrendo a extensão disponível nas duas linhas de coleta
de 12 metros cada, possibilitando a colheita de 12 amostras (12 meses de avaliação).
A colheita foi realizada pelo método manual, rente ao solo, com uso de podão.
Após a colheita dos dois metros, os perfilhos foram cuidadosamente acondicionados e
enrolados em um feixe por parcela, enrolados por lonas plásticas para que se evitasse
a perda de suas estruturas e, imediatamente eram levados ao laboratório do Centro de
129
Pesquisa de Cana (APTA Ribeirão Preto). Cada feixe foi pesado, em balança com
precisão de 5 g e teve seu número de perfilhos contados.
O cálculo de produtividade foi realizado de acordo com as seguintes
especificações: o espaçamento foi de 1,30 m, conseqüentemente admitindo que 1 ha
(100 x 100 m) possui 7.692,3 m lineares de plantio. Portanto, a estimativa de
produtividade foi calculada pela seguinte equação (eq. 9):
P = ( NCM x PMC x MLP ) / 1000 (9)
Em que:
P = produtividade, em t MV / ha;
NCM = número médio de colmos / metro;
PMC = peso médio do colmo, em g;
MLP = metros lineares de plantio / ha;
Após a pesagem e contagem dos feixes, 10 exemplares de cada um deles foram
retirados ao acaso e foram levados ao laboratório para avaliação da composição
morfológica destrutiva, descrita a seguir.
5.2.7 Composição morfológica destrutiva (biometria)
A análise de composição morfológica destrutiva foi realizada mensalmente, em
um total de 12 meses de acompanhamento, pela mensuração de 10 plantas retiradas
ao acaso dos feixes colhidos para a estimativa de produção mensal, após estes terem
sido pesados e o número de perfilhos contados. Esta análise foi realizada no laboratório
do Centro Avançado de Tecnologia da Cana (APTA – Ribeirão Preto).
A análise de composição morfológica, destrutiva consistiu nas seguintes
avaliações:
- peso de planta inteira: os perfilhos foram pesados em sua estrutura íntegra em
balança de precisão de cinco gramas;
- número e peso folhas verdes, senescentes e mortas.colmo
-1
: cada categoria de
folha era contada e pesada separadamente, em balança com precisão de cinco gramas;
- peso do colmo: após separação morfológica, os colmos foram pesados em
balança de precisão de cinco gramas.
130
- folha verde: folha sem ou com lígula visível, expandidas ou não, podendo
apresentar sinais de senescência; folha senescente: folha que apresentava até 50% do
limbo foliar comprometido pela senescência; folha morta: folha que apresentar mais de
50% do limbo foliar comprometido pela senescência (SBRISSIA, 2004).
- comprimento dos colmos (altura da planta): mensurado com uso de trena
metálica com precisão de 1 mm, sendo o comprimento definido como a distância entre
a base da planta (colo) e a última região auricular visível da folha +1, segundo método
Küijper (VAN DILLEWINJ, 1952).
- diâmetro médio dos colmos: avaliado com uso de paquímetro, obtendo-se as
medidas em centímetros, realizada no internódio central do colmo, de acordo com
método proposto por Zacarias (1977).
- número de internódios e de nós: foi realizada a contagem do número de
internódios e de nós presentes nos perfilhos, considerando como internódio aquele
delimitado nas duas extremidades por nós e sem a presença da folha bandeira, de
acordo com metodologia proposta por Teixeira (2004).
Para estimativa de área foliar, as folhas +3 (segundo o método Küijper) das 10
plantas tiveram o comprimento e a largura mensurados e a área foliar foi estimada pela
fórmula proposta por Hermann e Câmara (1999).
Além da composição morfológica, a análise da maturação da cana-de-açúcar
também foi realizada. Para estimativa do índice de maturação, os colmos das 10
plantas foram analisados com uso de refratômetro de campo, segundo método proposto
por CONSECANA (2003). Foram tomadas as medidas do brix na base, porção dia e
superior dos colmos.
Todas essas avaliações permitiram dividir a planta em suas frações formadoras,
para posterior avaliação da composição morfológica e da maturação das plantas ao
longo do tempo.
5.2.8 Composição morfológica não destrutiva (biometria)
Aos 90 dias após a colheita, foram escolhidas cinco plantas em cada uma das
duas linhas de avaliação (Figura 5.1), para análise de composição morfológica, sendo
131
no total 10 por parcela. Foram escolhidas plantas que continham dois nós visíveis, com
vistas a analisar a composição morfológica de plantas sobreviventes após a fase de
intenso perfilhamento (aparecimento e senescência de perfilhos). Essas plantas foram
identificadas e numeradas ao longo da linha, para a tomada das medidas ao longo do
período experimental.
As medidas de altura da planta, número de nós e diâmetro do colmo foram
realizadas conforme descritas no item anterior. Entretanto, como se trataram de
medidas repetidas no tempo (análises não-destrutivas), a pesagem das estruturas
formadoras não foi realizada. E, as folhas de cada uma das plantas foram contadas e
classificadas como em expansão, expandidas, senescentes e mortas, conforme
descritas por Sbrissia (2004).
5.2.9 Taxa de crescimento absoluto
A partir dos modelos de predição apresentados para os dados de acúmulo de
biomassa em MV e MS, foi possível o cálculo da taxa de crescimento absoluto (TCA).
Esta foi calculada de acordo com Benincasa (2003), de acordo com a equação 10.
TCA = (P
1
– P
2
) / t
1
– t
2
(10)
Em que:
P
1
e P
2
: peso da MV ou MS entre duas amostragens sucessivas;
t
1
e t
2
: tempo de amostragem
5.2.10 Cálculo do índice de área foliar e índice de maturação da cana-de-açúcar
A partir dos modelos de predição apresentados para o dado de área foliar
específica (Figura 5.11), e do número de perfilhos por metro (Figura 4.3, Cap. 4), foi
possível o cálculo do índice de área foliar (IAF), de acordo com o proposto por
Giacomini (2007), representado na equação 11.
IAF = DDP * AF (11)
Em que:
DDP = densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m
2
), e;
132
AF = área foliar (m
2
).
A partir dos modelos de predição apresentados para os dados de índice de
maturação inferior e índice de maturação superior (equações de 15 a 20), foi possível a
elaboração do gráfico do índice de maturação (IM), em porcentagem, da cana-de-
açúcar, o qual foi calculado de acordo com CONSECANA (2003), representado pela
equação 12.
IM = IMS/IMI * 100 (12)
Em que:
IMS: índice de maturação superior (graus brix), e;
IMI: índice de maturação inferior (graus brix).
5.2.11 Delineamento experimental
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com seis
repetições, com as análises realizadas com o programa estatístico SAS, versão 9.1.3.
Para análise das variáveis de peso e número médio das diferentes categorias de
folhas (avaliações destrutivas e não-destrutivas), a distribuição dos dados foi
considerada normal, e o modelo matemático utilizado incluiu o efeito fixo de tratamento,
DAC e interação tratamento*DAC, além dos efeitos aleatórios de bloco,
bloco*tratamento e resíduo, realizada com uso do procedimento MIXED do programa ,
descrito pela equação 13.
y
ijk
= µ+ β
j
+ t
i
+ δ
ij
+d
k
+ (td)
ik
+ ε
ijk
(13)
Em que:
y
ijk
= valor observado no k-ésimo DAC, do j-ésimo bloco no i-ésimo tratamento;
µ= média geral;
β
j
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco, j = 1, ..., 6;
t
i
= efeito fixo do i-ésimo tratamento; i = 1, ..., 3;
133
δ
ij
= efeito aleatório associado ao j-ésimo bloco no i-ésimo tratamento, assumindo δ
ij
~ N
(0, Iσ
2
δ
), sendo que Iσ
2
δ
é a matriz identidade de variância e covariância, pois se
assume independência dos resíduos;
d
k
= efeito fixo do k-ésimo DAC; k = 11, 19, 31, 42, 61, 79, 93, 107, 121, 135, 156, 170,
185, 198, 213, 226, 249, 262, 275, 289, 310, 325, 338, 353, 365;
(td)
ik
= efeito da interação do i-ésimo tratamento com o k-ésimo DAC;
ε
ijk
= erro aleatório associado ao k-ésimo bloco, no i-ésimo tratamento e k-ésimo DAC,
assumindo ε
ijk
~ V(0, Vσ
2
ε
), sendo que Vσ
2
ε
é a matriz de variância e covariância que foi
modelada com uma estrutura auto-regressiva de primeira ordem, pois se assume
dependência de erros.
Para a análise dos dados de acúmulo de biomassa em MV e MS, peso da planta,
peso do colmo, área foliar, diâmetro, altura e graus brix, foi considerada a distribuição
normal dos dados. Para as análises do número de nós (dados de contagem), utilizou-se
metodologia dos modelos lineares generalizados, considerando uma distribuição de
Poisson com função de ligação logarítmica de acordo com Nelder e Wedderburn (1972).
O valor das variáveis foi estimado pelo procedimento NLMIXED por meio do modelo
referente à equação 14.
Y = a / [1+ exp (-c - k * DAC)] (14)
Em que:
a: valor assintótico, interpretado como a possível medida da variável à
maturidade;
c: constante de integração;
k: taxa média diária de incremento, de acordo com a unidade da variável;
DAC: dias após colheita.
Os melhores modelos foram identificados utilizando-se como critério a estatística
de verossimilhança, além dos critérios de AIC e BIC (LITTELL et al., 1998). As
comparações entre médias para as variáveis estudadas, quando necessárias, foram
realizadas por meio do teste de t de Student e nível de significância de 5%. As
134
comparações entre os parâmetros dos modelos foram realizadas por meio de contraste,
utilizando-se o teste de F e significância de 5%.
5.3 Resultados
5.3.1 Acúmulo de biomassa e taxa de crescimento absoluto
A Figura 5.3 apresenta o acúmulo de biomassa em toneladas de MV e, a Figura
5.4 apresenta o acúmulo de biomassa em toneladas de MS por hectare da cana-de-
açúcar durante o período experimental, bem como as respectivas equações preditivas
de produção de MV e MS para cada tratamento, de acordo com o método de colheita
adotado.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
Dias após colheita (DAC)
Biomassa acumulada ( t MV / ha )
MAN MEC MEC+MAN MAN observado MEC observado MEC+MAN observado
PMV
MAN
= 82,0046 / [1 + exp (2,7237 - 0,0244 * DAC)]
PMV
MEC
= 78,0023 / [1 + exp (2,2059- 0,0245 * DAC)]
PMV
MEC+MAN
= 80,0019 / [1 + exp (2,2423- 0,0212 * DAC)]
Figura 5.3 - Biomassa acumulada, em t MV/ha, da cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, na safra 2006/2007, representada por valores observados (pontos) e
o ajuste da função logística, de acordo com o método de colheita
135
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
Dias após colheita (DAC)
Biomassa acumulada ( t MS / ha )
MAN MEC MEC+MAN MAN Observado MEC Observado MEC+MAN Observado
PMS
MAN
= 29,8905 / [1 + exp (3,0312 - 0,0206 * DAC)]
PMS
MEC
= 31,0740 / [1 + exp (2,1292- 0,0141 * DAC)]
PMS
MEC+MAN
= 33,2512 / [1 + exp (2,1501- 0,0124 * DAC)]
Figura 5.4 - Biomassa acumulada, em t MS/ha, da cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, na safra 2006/2007, representada por valores observados (pontos)
e o ajuste da função logística, de acordo com o método de colheita
Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05) para o acúmulo de MV e
MS, representado pelo valor a
MS
e a
MV
, bem como entre as taxas médias diárias de
acúmulo de MV e MS (k
MS
e k
MV
) para a variedade estudada, de acordo com os dados
apresentados na Tabela 5.3. No final do ciclo de produção, as quantidades de biomassa
acumulada (ou produtividade) encontradas de acordo com a respectiva equação para
cada tratamento foram de 81,8 t MV/ha para corte MAN, de 77,9 t MV/ha para MEC e
de 79,9 t MV/ha para MEC+MAN. E para a variável MS, a quantidade de biomassa
acumulada foi de 29,6 t MS/ha para tratamentos MAN e MEC, e de 30,4 t MS/ha para
MEC+MAN (Figuras 5.3).
136
Tabela 5.3 - Parâmetros das equações preditivas para acúmulo de biomassa,
representados pelo valor assintótico da variável (a
MV
e a
MS
), taxa média
diária de acúmulo em toneladas de MV (K
MV
) e MS (K
MS
), e da
probabilidade para esses parâmetros das equações, relativas a
variedade IAC86-2480 de cana-de-açúcar, quando submetida a
métodos de colheita de forragem
Tratamento a
MS
EP
a
MV
EP
K
MS
EP
K
MV
EP
MAN 29,890
1,5488
82,004
3,4474
0,0206
0,03618
0,0244
0,00375
MEC 31,074
2,4674
78,002
3,3241
0,0141
0,00257
0,0246
0,00473
MEC+MAN 33,251
3,2168
80,001
3,9330
0,0124
0,00217
0,0212
0,00410
P > F 0,5782 0,5936 0,7979 0,1410
Nas Figuras 5.5 e 5.6 estão apresentados os valores da taxa de crescimento
absoluto (TCA) em MV e em MS, respectivamente, da cana-de-açúcar variedade
IAC86-2480 durante o período experimental (safra 2006/2007) de acordo com o método
de colheita adotado.
A partir do cálculo da TCA foi possível identificar a partir de que época e qual foi
o período de maior acúmulo para os diferentes tratamentos. Devido ao fato desse
cálculo ser efetuado em função do acúmulo de biomassa e das taxas referentes a estes
processos, pode-se inferir que as TCA seguiram o mesmo comportamento apresentado
para as taxas de acúmulo diário para MV e MS, dos tratamentos avaliados, sendo que
não houve diferença para o acúmulo em MV e MS (Tabela 5.3).
137
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
TCA (t / ha / dia)
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.5 - Taxa de crescimento absoluto em matéria verde, da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480, durante a safra 2006/2007, de acordo com o
método de colheita
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
0,140
0,160
0,180
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
TCA (t / ha / dia)
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.6 - Taxa de crescimento absoluto em matéria seca, da cana-de-açúcar
variedade IAC86-2480, durante a safra 2006/2007, de acordo com o
método de colheita
De maneira geral, as TCA mostraram crescimento gradual, e atingiram seus
maiores valores para os seguintes períodos: 0,500 t/ha/dia entre os 90 e 100 DAC para
138
corte MAN; de 0,480 t/ha/dia entre os 86 e 94 DAC para corte MEC; e, de 0,423 t/ha/dia
entre os 84 e 95 DAC para corte MEC+MAN para as TCA em MV (Figura 5.5). Os
maiores valores encontrados para TCA, em seu respectivo período, para a variável MS
foram de 0,154 t/ha/dia para corte MAN entre os 141 e 154 DAC; 0,109 t/ha/dia para
corte MEC entre os 140 e 164 DAC; e, 0,103 t/ha/dia para corte MEC+MAN entre os
160 e 187 DAC (Figura 5.6).
5.3.2 Composição morfológica
Os resultados apresentados relativos à composição morfológica estão
apresentados de acordo com a metodologia para sua obtenção. As análises destrutivas
foram iniciadas aos 31 DAC e as não-destrutivas aos 91 DAC, conforme descrito no
item 5.2 (Material e métodos). As análises não-destrutivas tiveram como objetivo
observar o crescimento e a composição morfológica daqueles perfilhos sobreviventes
após a fase de intenso aparecimento e senescência de perfilhos. O comportamento
dessas variáveis ao longo de ciclo de produção pouco se diferiu daquele observado
para as análises destrutivas, sendo que os métodos de colheita avaliados não alteraram
o padrão de crescimento das plantas, a quantidade ou massa das estruturas das
mesmas.
Os tratamentos não apresentaram diferenças entre si para as variáveis de
composição morfológica analisadas, verificadas pelo valor da probabilidade referente ao
efeito do tratamento sobre os parâmetros das equações preditivas para as variáveis
estudadas, de acordo com a Tabela 5.4.
139
Tabela 5.4 - Valor da probabilidade referente ao efeito do tratamento sobre os
parâmetros das equações preditivas, representadas pelo valor
assintótico da variável (a) e taxa média diária de acúmulo ou incremento
(k) para as variáveis estudadas
Variáveis a k
Peso de planta inteira, kg 0,7136 0,9320
Peso do colmo, kg 0,6238 0,8805
Diâmetro do colmo, cm 0,3741 0,1650
Área foliar, m
2
0,5888 0,9672
Graus brix 0,6210 0,3557
Índice de maturação superior 0,7074 0,4017
Índice de maturação inferior 0,9636 0,9545
Número de nós / planta (análise destrutiva) 0,0009 0,1684
Número de nós / planta (análise não-destrutiva) 0,9052 0,4956
Altura, cm (análise destrutiva) 0,6479 0,8057
Altura, cm (análise não-destrutiva) 0,3014 0,1187
De forma semelhante, não foram observadas diferenças entre as variáveis
analisadas por meio do teste de comparação entre médias. O valor da probabilidade
para os efeitos dos tratamentos e da interação tratamento*idade, encontram-se na
Tabela 5.5.
140
Tabela 5.5 - Valor da probabilidade referente ao efeito do tratamento e da interação
tratamento*idade sobre as variáveis de composição morfológica
estudadas da variedade de cana-de-açúcar IAC86-2480
Probabilidade > F
Variáveis
Tratamentos Tratamento*idade
Peso de folhas verdes / planta 0,6781 0,8315
Peso de folhas senescentes / planta (destrutiva) 0,3733 0,9978
Peso de folhas mortas / planta (destrutiva) 0,8781 0,9662
Número de folhas verdes / planta 0,4961 0,1455
Número de folhas senescentes / planta
(destrutiva)
0,1590 0,8549
Número de folhas mortas / planta (destrutiva) 0,6661 0,7885
Número de folhas em expansão / planta 0,7673 0,8452
Número de folhas em expandidas / planta 0,9147 0,5822
Número de folhas senescentes / planta (não-
destrutiva)
0,8960 0,4638
Número de folhas mortas / planta (não-
destrutiva)
0,8126 0,4372
141
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
kg
Peso planta inteira MAN Peso planta inteira MEC Peso planta inteira MEC+MAN
Peso do colmo MAN Peso do colmo MEC Peso do colmo MEC+MAN
Peso planta MAN = 0,7362 / [1 + exp (3,3502 - 0,0284 * DAC)]
Peso planta MEC = 0,7162 / [1 + exp (3,3002 - 0,0303 * DAC)]
Peso planta MEC+MAN = 0,7173 / [1 + exp (3,3899 - 0,0285 * DAC)]
Peso colmo MAN = 0,6655 / (1 + exp (2,7647 - 0,0218 * DAC)]
Peso colmo MEC = 0,6341 / (1 + exp (2,8702 - 0,0254 * DAC)]
Peso colmo MEC+MAN = 0,6454 / (1 + exp (2,8155 - 0,0223 * DAC)]
Figura 5.7 - Peso da planta inteira e peso do colmo (kg) da variedade IAC86-2480, de
acordo com a função logística proposta para cada método de colheita
O peso da planta inteira encontrado no final do ciclo de produção foi de 0,736 kg
para corte MAN, 0,716 kg para corte MEC e, 0,717 kg para corte MEC+MAN. O peso do
colmo estimado no final do ciclo de produção foi de 0,662 kg para corte MAN, 0,633 kg
para corte MEC e 0,642 kg para corte MEC+MAN. Não houve diferença entre os
tratamentos para ambas as variáveis, bem como entre os parâmetros das equações
(P>0,05), descritas na Figura 5.7.
Na Figura 5.8 apresenta o diâmetro dos colmos da cana-de-açúcar, bem como
as respectivas equações preditivas dessa variável para cada tratamento.
142
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Diâmetro (cm)
Diâmetro MAN Diâmetro MEC Diâmetro MEC+MAN
Diâmetro MAN = 2,1323 / [1 + exp (1,7201 - 0,0433 * DAC)]
Diâmetro MEC = 2,1067 / [1 + exp (0,8600 - 0,0323 * DAC)]
Diâmetro MEC+MAN = 2,0871 / [1 + exp (1,3700 - 0,0347 * DAC)]
Figura 5.8 - Diâmetro dos colmos da variedade IAC86-2480, de acordo com a função
logística proposta para cada método de colheita
O valor dessa variável se estabilizou por volta dos 120 DAC, em seu maior valor,
de aproximadamente 2,1 cm por planta, para todos os tratamentos.
Nas Figuras 5.9, 5.10 e 5.11 estão apresentados o peso e número de folhas
verdes, e o número de folhas em expansão e expandidas avaliadas pelo método não-
destrutivo das plantas, respectivamente, da cana-de-açúcar variedade IAC86-2480 ao
longo do ciclo da cultura, correspondentes à safra 2006/2007. O número e o peso de
folhas verdes, expandidas e em expansão foi semelhante entre os tratamentos, dentro
de cada uma das datas de avaliação ao longo do ciclo de produção (P>0,05).
143
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
0,090
0,100
31 59 93 120 154 183 211 247 272 308 336 365
DAC
Peso folhas verdes / planta (kg)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
Número de folhas verdes / planta
Peso folhas verdes MAN Peso folhas verdes MEC Peso folhas verdes MEC+MAN
Número folhas verdes MAN Número folhas verdes MEC Número folhas verdes MEC+MAN
Figura 5.9 - Peso e número de folhas verdes por planta, da variedade de cana-de-
açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
91 105 119 133 154 168 183 196 211 224 247 260 273 287 308 323 336 351 364
DAC
Número de folhas em expansão / planta
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.10 - Número de folhas em expansão por planta, da variedade de cana-de-
açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita
144
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
91 105 119 133 154 168 183 196 211 224 247 260 273 287 308 323 336 351 364
DAC
Número de folhas expandidas / planta
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.11 - Número de folhas expandidas por planta, da variedade de cana-de-açúcar
IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita
Nas Figuras 5.12 e 5.13 estão apresentados o peso e o número de folhas
senescentes e mortas por planta, respectivamente, avaliados pelo método destrutivo e
o número dessas folhas avaliado pelo método não destrutivo das plantas ao longo do
ciclo de produção.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
93 120 154 183 211 247 272 308 336 365
DAC
Número de folhas senescentes / planta
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
Peso de folhas senescentes / planta (kg)
Número de folhas senescentes MAN Número de folhas senescentes MEC
Número de folhas senescentes MEC+MAN Peso de folhas senescentes MAN
Peso de folhas senescentes MEC Peso de folhas senescentes MEC+MAN
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
91 105 119 133 154 168 183 196 211 224 247 260 273 287 308 323 336 351 364
DAC
Número de folhas senescentes / planta
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.12 - Peso e número de folhas senescentes por planta, avaliados pelo método
destrutivo (lado esquerdo) e não-destrutivo (lado direito) da variedade de
cana-de-açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita
145
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
93 120 154 183 211 247 272 308 336 365
DAC
Peso folhas mortas / planta (kg)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Número de folhas mortas / planta
Peso folhas mortas MAN Peso folhas mortas MEC Peso folhas mortas MEC+MAN
Número folhas mortas MAN Número folhas mortas MEC Número folhas mortas MEC+MAN
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
91 105 119 133 154 168 183 196 211 224 247 260 273 287 308 323 336 351 364
DAC
Número de folhas mortas / planta
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.13 - Peso e número de folhas mortas por planta, avaliados pelo método
destrutivo (lado esquerdo) e não-destrutivo (lado direito) da variedade de
cana-de-açúcar IAC86-2480, de acordo com os métodos de colheita
Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05) para o peso e número de
folhas senescentes e mortas dentro de cada uma das datas de avaliação, independente
do método de análise utilizado.
A área foliar (AF) da cultura se estabilizou por volta dos 120 DAC, em seu maior
valor, de 0,25 m
2
por planta, para todos os tratamentos, não havendo diferença entre os
tratamentos (P>0,05) para a variável, ao longo do ciclo da cultura, bem como entre os
parâmetros das equações, apresentados na Figura 5.14. O IAF foi calculado em função
do número de perfilhos e da área foliar, ambos expressos em m
2
, conforme
apresentado na Figura 5.15. Para a variável IAF não foi realizada análise estatística.
146
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Área foliar / planta (m
2
)
MAN MEC MEC+MAN
Área foliar MAN = 0,2836 / [1 + exp (3,6529 - 0,0637 * DAC)]
Área foliar MEC = 0,2793 / [1 + exp (3,3058 - 0,0624 * DAC)]
Área foliar MEC+MAN = 0,2707 / [1 + exp (3,3612 - 0,0588 * DAC)]
Figura 5.14 - Área foliar (m
2
) da cultura de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480, ao
longo do ciclo da cultura, em função do modelo logístico proposto para
cada método de colheita
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
IAF
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.15 - Índice de área foliar (IAF) da cultura de cana-de-açúcar variedade IAC86-
2480, ao longo do ciclo de produção, de acordo com o método de colheita
147
Não houve diferença (P>0,05) para o número de nós por planta entre os
tratamentos, bem como para os parâmetros das equações, apresentados na Figura
5.16, quando o método não-destrutivo foi considerado. Por outro lado, as avaliações
destrutivas geraram valores numericamente superiores para o número de nós por
planta quando comparadas por meio das avaliações não-destrutivas (P<0,05) (Tabela
5.4). Os valores médios encontrados foram de 19,2 nós para plantas submetidas ao
tratamento MAN, de 18 s para plantas submetidas ao tratamento MEC, os quais não
diferiram entre si e foram superiores quando comparados a 16,4 nós para MEC+MAN.
Apesar disso, tanto na Tabela 5.4 como na Figura 5.17, não foi evidenciada alteração
de altura das plantas em função dos tratamentos impostos, sugerindo que a diferença
encontrada para o número de nós tenha sido possivelmente decorrente de erro
experimental na tomada dessa medida.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Número de nós / planta
MAN MEC MEC+MAN
Número de nós MAN = exp (2,9573 / (1 + exp (3,7276 - 0,0319 * DAC)
Número de nós MEC = exp (2,8921 / (1 + exp (4,6584 - 0,0441 * DAC)
Número de nós MEC+MAN = exp (2,7998 / (1 + exp (4,4463 - 0,0407 * DAC)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Número de nós / planta
MAN MEC MEC+MAN
Número de nós MAN = exp (2,7469 / (1 + exp (3,0385 - 0,0244 * DAC)
Número de nós MEC = exp (2,7399 / (1 + exp (2,8219 - 0,0234 * DAC)
Número de nós MEC+MAN = exp (2,7556 / (1 + exp (2,7064 - 0,0222 * DAC)
Figura 5.16 - Número de nós dos colmos de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480,
avaliados por meio de análise destrutiva (esquerda) e não-destrutiva
(direita) em função do modelo logístico proposto para cada método de
colheita
Na Figura 5.17 esapresentada a altura das plantas, da variedade de cana-de-
açúcar IAC86-2480, bem como as equações preditivas para esta variável, obtida por
meio de análises destrutivas e não destrutivas do material. Não houve diferença entre
os tratamentos (P>0,05) ao longo do ciclo da cultura para esta variável, bem como entre
os parâmetros das equações.
148
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Altura da planta (cm)
MAN MEC MEC+MAN
Altura MAN = 165,00 / [1 + exp (3,3468 - 0,0311 * DAC)]
Altura MEC = 166,98 / [1 + exp (3,1737 - 0,0309 * DAC)]
Altura MEC+MAN = 167,94 / [1 + exp (3,1946 - 0,0291 * DAC)]
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
DAC
Altura da planta (cm)
MAN MEC MEC+MAN
Altura MAN = 164,90 / [1+ exp (2,5675 - 0,0240 * DAC)]
Altura MEC = 166,80 / [1 + exp (2,1139 - 0,0202 * DAC)]
Altura MEC+MAN = 167,88 / (1 + exp (2,2121 - 0,0223 * DAC)]
Figura 5.17 - Altura das plantas da variedade de cana-de-açúcar variedade IAC86-2480,
em função do modelo logístico proposto para cada método de colheita
O acúmulo de sacarose, expresso em graus brix da cana-de-açúcar, bem como o
índice de maturação, não diferiram entre os tratamentos (P>0,05) e estão apresentados
nas Figuras 5.18 e 5.19, respectivamente. O índice de maturação foi calculado por meio
das equações preditivas dos índices de maturação inferior (IMI) e superior (IMS) das
plantas, de acordo com o tratamento, avaliado ao longo do ciclo de produção, de acordo
com as equações 15, 16, 17, 18, 19 e 20. Não houve diferença para os IMI e IMS entre
os tratamentos (P>0,05) ao longo do ciclo da cultura, bem como entre os parâmetros
das equações.
IMI
MAN
= [27,1577 / 1 + exp (1,5819 – 0,0131 * DAC)] (15)
IMI
MEC
= [26,9621 / 1 + exp (1,7319 – 0,0139 * DAC)] (16)
IMI
MEC+MAN
= [27,2667 / 1 + exp (1,5605 – 0,0132 * DAC)] (17)
IMS
MAN
= [27,3918 / 1 + exp (2,5888 – 0,0126 * DAC)] (18)
IMS
MEC
= [29,4905 / 1 + exp (2,2724 – 0,0104 * DAC)] (19)
IMS
MEC+MAN
= [26,6895 / 1 + exp (2,7515 – 0,0137 * DAC)] (20)
149
0
5
10
15
20
25
30
112 142 172 202 232 262 292 322 352
DAC
Graus brix
MAN MEC MEC+MAN
Brix MAN = 26,4072 / [1 + exp (2,5600 - 0,0163 * DAC)]
Brix MEC = 26,4813 / [1 + exp (2,3967 - 0,0157 * DAC)]
Brix MEC+MAN = 25,7050 / [1 + exp (2,8668 - 0,0191 * DAC)]
Figura 5.18 - Graus brix da cana-de-açúcar, variedade IAC86-2480, ao longo do ciclo da
cultura, em função do modelo proposto para cada tratamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
122 152 182 212 242 272 302 332 362
DAC
Índice de maturação (%)
MAN MEC MEC+MAN
Figura 5.19 - Índice de maturação da cana-de-açúcar, variedade IAC86-2480, ao longo
do ciclo da cultura, em função do modelo proposto para cada tratamento
150
5.4 Discussão
5.4.1 Condições climáticas durante o período experimental
A análise de solo revelou que a cultura foi desenvolvida em condições
satisfatórias para o atendimento de suas exigências nutricionais. A adubação de
cobertura efetuada foi recomendada com base na expectativa de extração de nutrientes
pela cultura e dos teores presentes no solo, segundo o Boletim 100 do IAC (RAIJ et al.,
1996).
Nos primeiros quatro meses após a colheita, foram encontradas altas
temperaturas (Figura 5.1), e a umidade relativa do ar não foi inferior a 80% (Tabela 5.1).
Essas condições ambientais que prevaleceram no início do período experimental foram
determinantes para a expressão da capacidade de perfilhamento da variedade. De
acordo com Ramesh (2000), a deficiência hídrica na fase de perfilhamento poderia
afetar o crescimento, a produção de MS e a produtividade final da cultura, fato que não
ocorreu no período do presente experimento.
Além disso, o déficit hídrico reduzido que ocorreu no final do ciclo de produção,
provavelmente não alterou o crescimento das plantas, visto que mesmo em áreas
irrigadas, o objetivo é o de manter o armazenamento em água do solo acima de 80% da
CAD, por praticamente todo o ciclo de produção (SUGUITANI, 2006), o que sugere
oferta controlada de água para a planta manter suas funções fisiológicas.
5.4.2 Acúmulo de biomassa e taxa de crescimento absoluto
Os métodos de colheita não alteraram o acúmulo total de biomassa da cana-de-
açúcar, tanto expressos em MV (Figura 5.3), como em MS (Figura 5.4), bem como a
taxa média diária de acúmulo de MV e MS (Tabela 5.3).
Devido ao fato de as taxas de crescimento absoluto da cultura terem sido
calculadas a partir dos dados de acúmulo de biomassa, os quais não foram alterados
pelos métodos de colheita adotados e não apresentaram diferença entre os
tratamentos, pôde-se considerar que o mesmo comportamento foi observado para as
151
TCA, tanto expressos em MV como em MS (Figuras 5.5 e 5.6). O perfil das curvas de
TCA em MS da cana-de-açúcar foi semelhante ao observado por Gava et al. (2001)
para rebrotação de soqueira de cana-de-açúcar e por Oliveira et al. (2005) para
crescimento de cana planta, onde o valor máximo de TCA ocorreu por volta de 120 a
140 DAC, embora os autores não tenham apresentado o método de colheita adotado.
As demais variáveis de composição morfológica das plantas não apresentaram
diferenças entre os tratamentos, tanto para o valor atingido no final do ciclo de
produção, bem como entre os parâmetros das equações para cada variável e entre as
médias das mesmas dentro dos meses de avaliação. Assim, a semelhança entre os
tratamentos para o acúmulo de biomassa em MV e MS ficou evidenciada, visto que as
demais variáveis analisadas quando consideradas em conjunto, compõem a biomassa
total acumulada pelas plantas, como será discutido a seguir.
5.4.3 Composição morfológica
Os métodos de colheita adotados o alteraram o padrão de crescimento das
diferentes partes da planta, tanto em massa ou em quantidade das estruturas, avaliado
por meio da análise de crescimento e de composição morfológica das mesmas,
realizada mensalmente no presente experimento. Todavia, os processos de
crescimento e interação entre as variáveis puderam ser descritos ao longo do tempo.
Considerando-se o índice de maturação como referência para distinção das
fases do ciclo fenológico da cana-de-açúcar, pôde-se observar que foram intensos os
incrementos do peso da planta inteira e o peso do colmo (Figura 5.7), o aumento do
diâmetro da planta (Figura 5.8) e no número de nós (Figura 5.16) e, conseqüentemente
seu aumento em altura (Figura 5.17), em especial para o período entre 120 e 300 DAC,
embora o número de nós tenha aumentado intensamente desde o início do ciclo de
produção. O período referido seria relativo a fase de crescimento da cultura
(CARVALHO et al., 1993) correspondente ao índice de maturação variando entre 60 e
85% (CONSECANA, 2003), apresentado na Figura 5.19, embora o período de
maturação se inicie antes, em geral, ao período de crescimento intenso dos perfilhos
sobreviventes na touceira.
152
A altura das plantas determinada por ambas as análises (destrutiva ou não)
foram semelhantes entre si. Isso pode ser observado pela equivalência dos resultados
obtidos, e, pela comparação dos valores assintóticos dos parâmetros das equações
apresentadas na Figura 5.17.
O diâmetro das plantas foi pequeno, o que para este ciclo de produção seria
classificado, segundo Câmara (1993), como sendo fino. Balsalobre et al. (1999)
comentaram que menores diâmetros poderiam favorecer a colheita mecanizada da
cana-de-açúcar. Além disso, Teixeira (2004) estimou que o diâmetro dos colmos pouco
interfere sobre as características químicas e nutricionais da cana-de-açúcar, através de
análise de correlação entre essas características.
Uma vez atingido o IM superior a 85%, a partir do qual a cana-de-açúcar entrou
em seu período de utilização, com cerca de DAC, todas as variáveis mencionadas
anteriormente, bem como o acúmulo de sacarose expresso em graus brix (Figura 5.18)
tiveram seu incremento reduzido ou até mesmo estabilizado. Segundo Pereira (2008), o
período ou época do ano na qual a maturidade da planta é atingida, é uma
característica de interesse nutricional, pois mostra a habilidade da variedade de manter
alto teor de sacarose ao longo do tempo. Da mesma forma, comportamento semelhante
foi observado para o acúmulo de biomassa em MV, que manteve-se estável no final do
ciclo de produção (Figura 5.3).
Entretanto, a partir do momento em que a fase de crescimento foi cessada, o
acúmulo de MS ainda permaneceu crescente (Figura 5.4), devido principalmente ao
acúmulo de sacarose pela planta (Figura 5.18), na fase de maturação. A curva
descritiva para acúmulo de MS concorda com o observado por Machado (1987). De
acordo com as equações propostas para predição do índice de maturação inferior e
índice de maturação superior, e conseqüentemente o cálculo do IM, representado na
Figura 5.16, a variedade estudada atingiu o máximo valor para o IM de 93%, para todos
os tratamentos, aos 365 DAC (final do ciclo de produção).
Pôde-se observar que a curva que descreveu o peso do colmo apresentou o
mesmo comportamento da curva descritiva do peso da planta inteira (Figura 5.7).
Machado (1987) e Suguitani (2006) observaram resultado similar, afirmando que esse
comportamento é devido ao fato da massa seca de colmos representar porção
153
significativa da massa seca total da parte aérea, exceto nas primeiras semanas em que
a massa de folhas é mais significativa. Essas afirmações confirmam os dados
apresentados na Figura 5.9, onde o número de folhas verdes aparece somente nas
datas de 31 e 59 DAC devido ao fato de que as plantas até a segunda colheita eram
compostas por folhas, apresentado bainhas longas e que encobriam o colmo em
desenvolvimento. Sendo assim, o peso de folhas verdes foi equivalente ao peso da
planta inteira para estas duas avaliações. Além disso, até aos 59 DAC, as plantas eram
muito jovens e não apresentavam folhas em processo de senescência ou mortas. A
partir da colheita subseqüente (93 DAC, em fevereiro de 2007), para as estimativas de
produção e análises de composição morfológica, as plantas já foram separadas em
suas frações propostas. A partir desse momento, a diferença entre o peso da planta
inteira e peso do colmo, deveria representar a soma dos pesos das diferentes
categorias de folhas ao longo do ciclo (Figuras 5.9, 5.10, 5.11, 5.12 e 5.13). Esse valor
correspondeu a cerca de 100 g, a partir do sexto mês de crescimento da cultura.
Porém, a oscilação dos dados das diferentes categorias de folhas dificultou a estimativa
mais precisa da participação em quantidade e peso dessas estruturas, as quais
variaram de forma inconstante ao longo do tempo. Comportamento semelhante para o
número de folhas verdes por planta, ao longo do ciclo da cultura, foi reportado por
Suguitani (2006).
Embora classificadas de forma diferente, houve semelhança na oscilação do
número de folhas das diferentes categorias ao longo do ciclo. Pôde-se observar que a
soma do número de folhas em expansão (Figura 5.10) e expandidas (Figura 5.11) por
planta corresponderam a um valor próximo ou semelhante ao total de folhas verdes
(Figura 5.9), advindos da análise destrutiva, ao longo do ciclo. O mesmo
comportamento foi observado para o número de folhas senescentes por planta (Figura
5.12).
A maior variação encontrada para o número de folhas mortas por planta, além do
seu número reduzido (Figura 5.13) foi devido à despalha espontânea que a variedade
apresenta como uma de suas características (LANDELL et al., 2002), bem como ao
manuseio das plantas desde o momento da colheita até sua avaliação em laboratório.
De acordo com estas informações, pôde-se considerar que a descrição do número de
154
folhas mortas no presente experimento foi subestimada, sendo sugerido que para novos
estudos, cuidados adicionais sejam tomados para sua avaliação.
Embora a oscilação do número das folhas, em suas diferentes categorias, não
tenha possibilitado a modelagem dos dados ao longo do ciclo de produção, a
metodologia utilizada para estimativa da área foliar, e conseqüentemente do índice de
área foliar, permitiu a descrição dessas variáveis ao longo do tempo. A AF se
apresentou máxima e estável por volta dos 120 DAC, entre 0,27 e 0,28 m
2
por planta,
período considerado como de início da fase de crescimento (Figura 5.14). Esse
resultado evidenciou que as plantas estabilizaram seu aparato fotossintético nos
estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, com o objetivo de captar a energia solar
disponível (Machado, 1987). Por outro lado, o IAF da cultura (Figura 5.15) se tornou
estável (150 DAC) a partir do momento em que a população de perfilhos também se
tornou estável (150 DAC) (Figura 4.3), visto que seu cálculo foi feito em função dessa
variável.
O IAF máximo atingido, por volta dos 70 DAC (Figura 5.15), foi acompanhado por
incrementos intensos em altura (Figura 5.17) e diâmetro das plantas (Figura 5.8), bem
como de sua área foliar individual (Figura 5.14). A partir desse comportamento, pôde-se
inferir que primeiramente houve a competição dos perfilhos na linha e o pico de
perfilhamento foi atingido aos 45 DAC (Figura 4.3) e, somente a partir do momento em
que as plantas mais desenvolvidas iniciaram seu intenso crescimento é que o IAF
máximo foi atingido. A partir da estabilização do número de perfilhos por metro, o IAF
máximo foi de 4,6 para o tratamento MAN, 4,2 para o tratamento MEC e de 3,7 para o
tratamento MEC+MAN.
A estabilização observada para a AF sugere que o déficit hídrico ocorrido no final
do ciclo de produção da cultura não foi suficiente para alterar o número ou tamanho das
folhas das plantas, pois, segundo Taiz e Zeiger (2006), a resposta mais significativa das
plantas ao déficit hídrico é a ocorrência de decréscimo da produção de AF. E ainda, que
ocorre aceleração da senescência e da abscisão das folhas. Além de o déficit hídrico
ocorrido não ter alterado o aparato fotossintético das plantas, segundo Van Dillewinj
(1952), Scarpari e Beauclair (2002) e Andrade (2006), para a ocorrência do processo de
maturação da cana-de-açúcar, a planta exige temperaturas baixas e/ou déficit hídrico,
155
para que haja repouso fisiológico e maior acúmulo de sacarose nos colmos. Sendo
assim, a interação entre fatores intrínsecos da planta e fatores climatológicos permitiu
que a variedade estudada se desenvolvesse normalmente.
5.4.4 Padrão de crescimento
A biomassa produzida na safra 2006/2007 foi próxima a aquela encontrada no
ciclo anterior (item produtividade colhida, Tabela 3.4). As variações encontradas entre
as safras 2005/2006 e 2006/2007 foram de: -8% para áreas submetidas ao tratamento
MAN; -3,7% para áreas submetidas ao tratamento MEC, e; +7,4% para áreas
submetidas ao tratamento MEC+MAN. Silva et al. (1999) em avaliação para seleção de
clones de híbridos IAC de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, encontraram
variações da produtividade, em t MV/ha, entre o e 4º cortes entre -1,7% e -23,5%.
Mamede et al. (2002) estudaram o potencial produtivo de 25 clones da série RB86 e
cinco variedades de cana-de-açúcar mais plantadas no estado de o Paulo, e
encontraram variações entre o e 4º corte, entre variedades, de -9,3 a -25,9%, e entre
os clones da série RB86 variações entre +0,6% e -33,4%. Barbosa e Silveira (2006) em
um estudo sobre o custo de produção da tonelada de MV, de acordo com o número de
cortes realizados, consideraram queda de 15% para produção em t MV/ha entre o e
corte da cana-de-açúcar. O acompanhamento da queda de produtividade torna-se
importante devido ao fato de que, menores índices de decréscimo podem indicar
variedades com maior longevidade (SILVA et al. 1999), o que contribui principalmente
para diminuição dos custos de produção. O decréscimo de produção encontrado no
presente trabalho foi menor quando comparado aos dados reportados, sendo que, para
um dos tratamentos, houve inclusive pequeno aumento da produção em t MV/ha. Esse
fato sugere que áreas cultivadas da variedade IAC86-2480 podem apresentar maior
longevidade quando adequadamente manejados. Para se verificar se a resposta dessa
variedade a cortes seqüenciais apresenta realmente menor decréscimo de produção ao
longo dos ciclos, sugere-se o acompanhamento de uma mesma gleba ao longo de
diversos anos agrícolas.
156
Os valores observados de biomassa acumulada em ton MV/ha, são similares à
produtividade média registrada para o Brasil em 2007, de 77 ton/ha (IBGE, 2008),
embora os valores ainda estejam distantes do potencial produtivo biológico da cana-de-
açúcar (DARLI et al., 2008). Os valores de produtividade colhida foram inferiores ao
reportado por Landell et al. (2002), de 94,3 t MV/ha para terceiro corte, em um ciclo de
12 meses, em situação similar a do presente experimento. Outros autores encontraram
valores de produtividade superiores para a mesma variedade. Silva et al. (2004)
reportaram o valor de 136,5 t/ha, em cana planta em espaçamento de 1,5 m. Schmidt
(2006) encontrou o valor de 144,3 t/ha em espaçamento de 1,2 m e ciclo de 15 meses
em cana-soca. Apesar dos valores apresentados sugerirem que maiores produtividades
poderiam ter sido atingidas para esta mesma variedade de cana forrageira, devem ser
analisados o contexto do manejo e as recomendações agronômicas reportadas por
estes autores, bem como analisar as variáveis meteorológicas dos anos agrícolas em
questão, para estabelecer base de comparação.
As características morfológicas da variedade estudada estão de acordo com
dados reportados na literatura, embora de maneira geral, tenham sido inferiores a
diversas outras variedades estudadas. Isso se deve ao fato de que a produtividade
alcançada foi menor que muitos dos dados apresentados na literatura, uma vez que
essa produtividade, ou acúmulo de biomassa, é composto pelas diversas estruturas e
suas respectivas massas. De acordo com Landell e Silva (2004), os componentes
determinantes para o potencial agrícola são a altura e o diâmetro do colmo, além do
número de perfilhos.
Embora a altura e o diâmetro das plantas tenham sido inferiores quando
comparados a outras variedades, segundo Teixeira (2006) colmos menores apresentam
maior digestibilidade. Entretanto, a idéia de se produzir canas mais curtas para se obter
ganho em digestibilidade induziria perda na produção por área, o que poderia ser
questionado como estratégia de seleção de variedades. Silva et al. (2004) reportaram a
altura de 221 cm e diâmetro de 2,6 cm para a variedade IAC86-2480, em cana planta.
Landell et al. (2002) apresentaram dados médios dos três primeiros ciclos de produção
da variedade IAC86-2480 de 222,2 cm de altura e 2,47 cm de diâmetro. Observando
sobre o ponto de vista para colheita do material, Balsalobre et al. (1999) comentaram
157
que para cortes mecanizados, seria interessante que a produção fosse dependente do
peso e do diâmetro do colmo, uma vez que plantas maiores poderiam gerar dificuldade
de corte pela colhedora. Novamente, plantas menores poderiam trazer vantagens
quanto ao método de colheita adotado, porém, com aparente comprometimento da
produtividade.
De acordo com Hermann e Câmara (1999) o conhecimento da AF se faz
necessário toda vez em que a cana é submetida a avaliações onde, por exemplo, se
comparam condições de manejo da cultura que impliquem em alterações morfológicas.
No presente experimento, não houve efeito do método de colheita sobre a AF e IAF da
variedade estudada. O máximo IAF da cana-de-açúcar IAC86-2480 foi superior aos
reportados na literatura para diversas outras variedades, embora Alvarez e Castro
(1999) em estudo comparativo sobre o crescimento de cana variedade SP70-1143
colhida crua ou queimada em seus segundo e terceiro corte, encontraram o IAF da
cultura de aproximadamente 9, sendo o mais próximo ao presente trabalho. Beauclair
(2006), em revisão geral sobre cana-de-açúcar indicou que o IAF poderia apresentar
valores de até 7. Irvine e Benda (1980) apud Machado (1987) afirmaram que o IAF
máximo varia entre 2 e 8, dependendo da variedade, local de plantio, ambiente e
principalmente da densidade de plantio. Segundo Machado (1987), o IAF de 4 é
suficiente para interceptação de 95% da radiação solar incidente pela cana-de-açúcar.
Ainda, Bezuidenhout et al. (2003) encontraram 95% de interceptação luminosa para
cana-de-açúcar por volta de 120 DAC, similares ao período encontrado no presente
experimento para estabilização da AF. Pôde-se notar que, embora os valores máximos
atingidos tenham sido superiores à maioria dos dados reportados da literatura
consultada, as estabilizações da AF e do IAF para a variedade IAC86-2480 se
encontraram dentro do padrão de resposta já investigado para a espécie.
5.5 Conclusões
Os métodos de colheita adotados não alteraram o padrão de crescimento da
parte aérea e as características morfológicas da cana-de-açúcar, variedade IAC86-
158
2480, durante seu quarto ciclo de crescimento. Conseqüentemente, também não
modificaram sua produção final em MV e MS.
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Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1977.
163
6 CONSIDERAÇÕES GERAIS
De acordo com os resultados obtidos no presente experimento, somado às
escassas informações obtidas da literatura consultada sobre cana-de-açúcar para
pecuária, constatou-se que os métodos de colheita não promoveram alterações
suficientes para modificar características morfofisiológicas ou sobre o perfilhamento das
plantas durante esse ciclo de produção anual. Por outro lado, são amplamente
encontrados na literatura dados sobre fatores de manejo como adubações, irrigação e
espaçamento entrelinhas de plantio, capazes de influenciar de maneira mais evidente
essas variáveis, sendo que os fatores genéticos e ambientais são os preponderantes
em alterar estas características.
A investigação do efeito dos tratamentos realizada por meio da análise de
crescimento permitiu, ao menos em parte, confirmar a hipótese testada, de que os
métodos de colheita não alterariam o padrão de resposta da comunidade de plantas e
de seus perfilhos, independente da altura de corte. A variação da ordem de grandeza e
a da velocidade dos processos fisiológicos envolvidos não ficou completamente
evidenciada. Portanto, para se verificar o real efeito do tratamento sobre a velocidade
dos processos de rebrotação, seria interessante que fossem realizadas avaliações em
períodos mais curtos de tempo no início do perfilhamento, como sugerido por Rocha
(1984). Além disso, caso se queira investigar o crescimento de plantas individuais por
geração, sugere-se que maior número de plantas seja avaliado, devido à alta
mortalidade de perfilhos que ocorre principalmente no início do ciclo de produção. Por
outro lado, se houver opção de iniciar a avaliação em período mais tardio, após o corte
ou plantio, seria correta a escolha de plantas mais desenvolvidas, vigorosas e sadias,
pois apresentam mais chances de sobrevivência.
O fato de a estabilização do número final de perfilhos por metro não ter sido
sincronizada e ter ocorrido antecipadamente, em cerca de 50 dias, para o tratamento
mecanizado, frente aos demais tratamentos, não sugere que as plantas submetidas a
este tratamento possam ser colhidas precocemente. Isso se deve ao fato de que,
somente após a estabilização do número de perfilhos para todos os tratamentos é que
as plantas entraram em seu período de utilização de forma sincronizada entre os
164
tratamentos, mostrando que a maturação da cana-de-açúcar foi dependente de fatores
climáticos.
O período de intensa mortalidade dos perfilhos foi acompanhado,
concomitantemente, por intenso crescimento das plantas. No mesmo período em que
houve intensa redução do número de perfilhos por metro, entre 45 e 120 DAC, houve
grande incremento em peso da planta e do colmo, no número de nós por planta e,
conseqüentemente, sobre sua altura. Além disso, nesse período houve também maior
incremento na área foliar por planta e o maior índice de área foliar foi atingido, embora
tenha, na seqüencia, apresentado redução devido ao fato de ser calculado em função
do número de perfilhos por área. A visão conjunta dos dados de perfilhamento e
crescimento proporcionou a possibilidade de uma avaliação integrada da variedade
estudada, sendo que ambas avaliações convergiram para respostas similares das
plantas aos tratamentos avaliados.
As aparentes incoerências observadas no presente experimento sobre as taxas
médias diárias de acúmulo e de perfilhamento sugerem a necessidade de estudos
básicos mais aprofundados sobre a rebrotação no início do ciclo de produção. Além
disso, estudos mais prolongados deveriam ser realizados para acompanhar o impacto
dos métodos de colheita adotados ao longo de todo o ciclo produtivo da cultura com o
objetivo de permitir recomendação definitiva sobre a necessidade desse procedimento.
Referências
ROCHA, A.M.C. Emergência, perfilhamento e produção de colmos da cana-de-
açúcar (Saccharum spp) em função das épocas de plantio no estado de São
Paulo. 1984. 229 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1984.
165
7 CONCLUSÕES
Os métodos de colheita avaliados não se apresentaram plenamente eficientes
em colher toda a forragem disponível, sendo que no presente experimento o corte
mecanizado da cana-de-açúcar incrementou em 8 unidades percentuais as perdas de
MS quando comparado a colheita manual da planta forrageira.
Os métodos de colheita adotados em canaviais destinados à alimentação animal,
não alteraram o padrão de rebrotação da cana-de-açúcar variedade IAC86-2480, em
seu quarto ciclo de produção, não sendo constatadas alterações no número de perfilhos
por metro, na densidade populacional de perfilhos, e, os perfilhos aéreos emitidos no
início da rebrotação para áreas submetidas ao corte mecânico desapareceram aos 90
dias após a colheita. Também não alteraram o padrão de crescimento das plantas, bem
como sua produção final em matéria verde e seca, suas características biométricas e
morfológicas.
Sendo assim, o rebaixamento das soqueiras após o corte mecanizado deve ser
analisado cuidadosamente, uma vez que os resultados deste primeiro ciclo de avaliação
indicaram que essa recomendação pode ser um procedimento desnecessário do ponto
de vista morfofisiológico da cultura de cana-de-açúcar. Além disso, sua realização
poderia potencializar os danos causados nas linhas de plantio e aumentar o custo de
produção da forragem.
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