Download PDF
ads:
Existˆencia e Multiplicidade de Solu¸oes
para uma Classe de Equa¸oes El´ıpticas
Quase Lineares sobre R com Perturba¸ao
Maria Jos´e Alves
Belo Horizonte 07 de mar¸co de 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
universidade federal de minas gerais
instituto de ci
ˆ
encias exatas
departamento de matem
´
atica
Maria Jos´e Alves
Existˆencia e Multiplicidade de Solu¸oes para uma Classe de
Equa¸oes El´ıpticas Quase Lineares sobre R com Perturba¸ao
Belo Horizonte
2008
ads:
Maria Jos
´
e Alves
Existˆencia e Multiplicidade de Solu¸oes para uma Classe de
Equa¸oes El´ıpticas Quase Lineares sobre R com Perturba¸ao
Tese apresentada ao corpo docente
de os Gradua¸ao em Matem´atica do
Instituto
de Ciˆencias Exatas da Universidade
Federal de Minas Gerais, como parte
dos requisitos para obten¸ao do t´ıtulo
de Doutor em Matem´atica
Orientador:
Ol´ımpio Hiroshi Miyagaki
Universidade Federal de Vi¸cosa
Co-orientador:
Paulo C´esar Carri˜ao
Universidade Federal de Minas Gerais
Aos meus pais, Anonio e Ana.
Ao meu esposo, Roberto.
`
A minha filha, Bruna.
ii
Agradecimentos
Acima de tudo agrade¸co a Deus, por estar sempre comigo dando-me sa´ude e for¸cas
para realizar este trabalho.
Aos meus orientadores, Paulo C´esar Carri˜ao e Ol´ımpio Hiroshi Miyagaki, por me
aceitarem como aluna de doutorado, pela amizade, compreens˜ao e dedica¸ao em todos
os momentos. Expresso tamb´em a minha admira¸ao pela competˆencia profissional
que possuem, com o qual conduziram com seguran¸ca, determina¸ao e paciˆencia este
trabalho, de forma excepcional.
Aos professores que compuseram minha banca, Daniel Cordeiro de Morais Filho,
Emerson Alves Mendon¸ca de Abreu , Gast˜ao de Almeida Braga e Jesus Carlos da
Mota, pelas sugest˜oes apresentadas.
Aos professores, funcion´arios e colegas do Departamento de Matem´atica da UFMG
pelo carinho e respeito que sempre demonstraram por mim. Em especial ao Professor
Ronaldo Brasileiro Assun¸ao pelas in´umeras sugest˜oes, corre¸oes e cr´ıticas.
´
A minha fam´ılia, que sempre me incentivou e me apoiou. Em particular, agrade¸co
aos meus queridos pais, ao meu esposo e a minha filha, aos quais dedico este trabalho,
que me incentivaram, vibraram comigo em cada vit´oria, pela paciˆencia e amor com
que suportaram os momentos dif´ıceis, sempre ao meu lado e se abdicaram por vezes
do pouco conforto para permitirem que eu me concentrasse nos estudos.
iii
Resumo
Neste trabalho estamos interessados em obter um resultado de existˆencia de pelo
menos uma solu¸ao positiva ( no caso homogˆeneo ) e de duas solu¸oes positivas
( no caso ao homogˆeneo ) para uma classe de equa¸oes el´ıpticas quase lineares
em R envolvendo o operador p-Laplaciano, com uma perturba¸ao ao autˆonoma.
O resultado de existˆencia de solu¸ao do caso homogˆeneo ´e obtida como sendo um
m´ınimo na variedade de Nehari. Para o caso ao homogˆeneo, a primeira solu¸ao
´e obtida como sendo um m´ınimo local em uma vizinhan¸ca da origem e a segunda
solu¸ao por argumentos do passo da montanha. Este problema ´e complexo pelo fato
do operador ao ser linear e de estarmos trabalhando em um sub-espa¸co de Banach
de W
1,p
(R). Devido a este fato, tivemos de provar a convergˆencia q. t. p. em R da
sequˆencia dos gradientes .
Palavras-chave: Perturba¸ao ao autˆonoma, equa¸ao de Schr¨odinger, p-Laplaciano,
m´etodo variacional.
iv
Abstract
This paper is concerned with the existence of one positive solution ( in the
homogeneous case ) and of two positive solutions ( in the nonhomogeneous case )
for a class of quasilinear elliptic equations in R involving the p-Laplacian, with a non
autonomous perturbation. By The existence of solution result in the homogeneous
case is obtained as a minimum in the Nehari’s manifold. In the nonhomogeneous
case, the first solution is obtained as a local minimum in a neighborhood of 0 and
the second one by a mountain-pass argument. The special features of the problem
here is the ”complex”structure of the nonlinear part which, in particular, oblige to
work in the space W
1,p
(R). The main difficulty is the convergence of the sequences
of derivatives u
n
u
.
Keywords: Non autonomous perturbations, Schr¨odinger equation, p-Laplacian,
variational method.
v
Nota¸oes
igualdade por defini¸ao
q. t. p. quase todo ponto
¯
B(0, R) bola fechada centrada em 0 e com raio R
|S| medida do conjunto S
p
p
p1
expoente conjugado de p
p
u(x) [|u
(x)|
p2
u
(x)]
operador p-laplaciano
X
espa¸co dual do espa¸co X
C
0
(R) espa¸co das fun¸oes de classe C
com suporte
compacto em R
u
n
u convergˆencia forte (em norma)
u
n
u convergˆencia fraca
L
p
(R)
u : R R mensur´avel :
R
|u(x)|
p
dx < ,
1 p < ∞}
munido da norma |u|
p
R
|u(x)|
p
dx
1/p
W
1,p
(R) {u L
p
(R) | existe g L
p
(R) tal que
R
=
R
gϕ para toda ϕ C
0
(R)
, munido
da norma u =
R
(|u(x)|
p
+ |u
(x)|
p
) dx
1
p
C
+
cone positivo das fun¸oes do espa¸co dual (L
s
(R))
L
s
(R), s 1 definido por:
f L
q
(R) \ {0} :
R
f(x)u(x)dx 0, para todo
u W
1,p
(R), u(x) 0 q. t. p sobre R,
onde
1
q
+
1
p
= 1
(P S)
c
sequˆencia de Palais-Smale para o funcional I no
n´ıvel c R: ´e uma sequˆencia (u
n
) W
1,p
(R) tal que
lim
n→∞
I(u
n
) = c e lim
n→∞
I
(u
n
)
(W
1,p
(R))
= 0.
C
1
(R) conjunto formado pelas fun¸oes u : R R,
de classe C
1
, cuja derivada ´e h¨older cont´ınua
com expoente α, α R (0, 1).
vi
Sum´ario
Introdu¸ao 1
1 Minimiza¸ao sobre a variedade de Nehari 7
1.1 Introdu¸ao 7
1.2 Lemas auxiliares 8
1.3 Prova do Teorema 0.1 24
2 Multiplicidade de solu¸oes 34
2.1 Introdu¸ao 34
2.2 Preliminares para o Teorema 0.2 38
2.3 Prova do Teorema 0.2 44
2.4 Preliminares para o Teorema 0.3 52
2.5 Prova do Teorema 0.3 54
3
´
Orbitas homocl´ınicas para o problema autˆonomo 65
4 Conclus˜ao 73
Referˆencias Bibliogr´aficas 74
A Apˆendice 78
A.1 Desigualdades 78
A.2 Lema de Br´ezis e Lieb 79
A.3 Princ´ıpio Variacional de Ekeland 79
A.4 Teorema de Poincar´e-Bendixson 79
A.5 Teorema do Passo da Montanha 80
A.6 Princ´ıpio do M´aximo de V´azquez 81
A.7 Teorema de Arzel´a-Ascoli 82
A.8 Teorema de Hewitt-Stromberg 82
A.9 Lema de Concentra¸ao e Compacidade 83
A.10 Teorema de convergˆencia em L
p
(R) 83
A.11 Defini¸ao da variedade de Nehari 83
A.12 Defini¸ao de solu¸ao fraca e regularidade do funcional I 83
1
Introdu¸ao
Neste trabalho estudaremos os problemas de existˆencia e multiplicidade de solu¸oes
positivas para uma classe de equa¸oes diferenciais el´ıpticas quase lineares sobre R,
envolvendo o operador p-Laplaciano, da forma
Lu + V (x)|u|
p2
u = |u|
q2
u + g(x), em R,
u W
1,p
(R), u 0 em R,
(0.0.1)
onde o operador L ´e definido por
Lu [|u
|
p2
u
]
K
0
{[(|u|
β
)
]
p1
}
|u|
β2
u, (0.0.2)
K
0
> 0, β > 1, p > 1, q p β, g L
s
(R), para algum s 1 e V : R R ´e uma
fun¸ao potencial satisfazendo a condi¸ao b´asica
(V
0
) existe uma constante α
0
> 0 tal que inf
R
V (x) α
0
> 0.
Equa¸oes quase lineares do tipo
n
i=1
x
i
|∇u|
p2
u
x
i
+ V (x)|u|
p2
u = f(x, u), em R
n
,
aparecem, naturalmente, como modelo de arios fenˆomenos f´ısicos relacionados a
arios tipos de fun¸oes f. Alguns destes problemas em de diferentes ´areas da
Matem´atica Aplicada e F´ısica. Por exemplo, surgem na teoria de elasticidade ao
linear, rea¸oes e difus˜oes, glaciologia, teoria de combust˜ao, biologia das popula¸oes,
leis de fluxos ao lineares, sistemas de equa¸oes diferenciais parciais de Monge-
Kantorovich e no estudo de fluidos ao Newtonianos. Veja por exemplo, [21, 23,
27, 36, 48] e suas referˆencias.
No caso onde p = β = 2, a equa¸ao (0.0.1) descreve a existˆencia de solu¸oes
estacion´arias para equa¸oes de Schr¨odinger quase lineares da forma
2
iz
t
= z + V (x)z h(|z|
2
)z K
0
f(|z|
2
)f
(|z|
2
)z em R
n
, (0.0.3)
onde V ´e uma fun¸ao potencial dada, K
0
´e uma constante real, h e f ao fun¸oes
reais. O caso em que f(s) = s, foi usado na obten¸ao da equa¸ao da membrana
de superfluido em F´ısica dos Plasmas por Kurihura em [33]. Para f(s) = (1 + s)
1
2
,
a equa¸ao (0.0.3) modela a canaliza¸ao de um laser ultra curto de alta potˆencia na
mat´eria, veja Borovskii e Galkin[15] e De Bouard, Hayashi e Saut [16]. A equa¸ao
(0.0.3) tamem aparece em F´ısica dos Plasmas e Mecˆanica dos Fluidos (veja [8, 46]),
em Mecˆanica e Teoria da Mat´eria Condensada (veja [28, 40], respectivamente).
Equa¸oes do tipo (0.0.1) aparecem tamb´em quando procuramos a existˆencia
de ondas solit´arias em equa¸oes ao lineares do tipo Klein-Gordon ( [9, 54] ) ou
Schr¨odinger ( [34, 45]).
O caso semilinear de (0.0.1), ou seja quando p = β = 2, correspondente a K
0
= 0,
tem sido intensivamente estudado nos ´ultimos anos, considerando arios tipos de
fun¸oes g, veja por exemplo [9, 26, 31], bem como as suas referˆencias. Sendo mas
preciso, Rabinowitz em [47] (veja tamb´em [7, 19]) estudou o caso quando V satisfaz
a condi¸ao de coercividade do tipo
(V
1
) lim
|x|→∞
V (x) = +.
A situa¸ao no qual V ´e limitado e satisfaz a condi¸ao de periodicidade
(V
2
) V (x + p) = V (x), x R, p Z,
foi estudada, ainda no caso semilinear, por exemplo, por Coti-Zelati e Rabinowitz
[20], Kryszewski e Szulkin [32] e Montecchiari [41]. Outra situa¸ao, quando V tende
assintoticamente a uma constante
V sup
xR
V (x), isto ´e,
(V
3
) lim
|x|→∞
V (x) =
V , e V V ,
3
onde a ´ultima desigualdade ´e estrita sobre um subconjunto de R
n
de medida positiva,
foi estudada por Noussair, Swanson e Yang em [42].
O problema (0.0.1) em R
n
, com 1 < p < n, K
0
= 0 e g = 0, tamb´em foi
considerado por Zhu e Yang [58].
Alves, Carri˜ao e Miyagaki em [1] trataram o problema (0.0.1) quando K
0
= 0,
g = 0 e V tende assintoticamente a uma fun¸ao peri´odica V
p
, isto ´e,
(V
3
) lim
|x|→∞
[V (x) V
p
(x)] = 0 e V (x) V
p
(x) ,
onde a ´ultima desigualdade ´e estrita sobre um subconjunto de R
n
de medida positiva.
Ainda no caso K
0
= 0, adulescu e Smets em [49] obtiveram um resultado de
multiplicidade de solu¸oes para o problema (0.0.1) quando g = 0 e β = p = 2.
O caso semilinear correspondente a K
0
= 0 e 4 q + 1
4n
n2
se n 3 e
q 3 se n = 1, 2, foi estudado, por exemplo, em [5, 37, 38, 39, 45]. Sendo mais
espec´ıfico, Liu, Wang e Wang em [39] estabeleceram a existˆencia de solu¸ao, tanto
com um ´unico sinal quanto nodal do tipo ”ground states”, usando o etodo de Nehari.
Poppenberg, Schmitt e Wang em [45] e Liu e Wang em [37], usando um argumento
de minimiza¸ao, obtiveram uma solu¸ao do problema (0.0.1), considerando g = 0 e
com um multiplicador de Lagrange associado ao termo n˜ao linear. Em verdade, eles
usaram o princ´ıpio de concentra¸ao e compacidade, devido a P.L. Lions, e o m´etodo
de multiplicador de Lagrange e obtiveram uma solu¸ao positiva (u, θ), da equa¸ao
u

+ V (x)u K
0
(u
2
)

u = θ|u|
p1
u , x R. (0.0.4)
Em seguida, Liu, Wang e Wang em [38] usando mudan¸ca de vari´aveis, reduziram o
problema quase linear (0.0.1) em R
n
com p = β = 2 e g = 0 a um semilinear e seus
resultados ao dependia mais da constante θ. Para n = 1, usando uma t´ecnica de
aproxima¸ao variacional perturbativa, Ambrosetti e Wang em [5], tamem retiraram
o multiplicador de Lagrange. Este argumento, usando mudan¸ca de vari´aveis, tamb´em
foi utilizado por Colin e Jeanjean em [17], quando p = β = 2 e V = 0 e Severo [50],
para n p > 1, β = 2, p = 2 e g = 0. Note que no caso K
0
= 0 e n = 1, as id´eias
de Severo em [50] n˜ao se aplicam diretamente. Estes autores provaram a existˆencia
de solu¸oes aplicando um resultado cl´assico dado por Berestycki e Lions [13], quando
4
n = 1 ou n 3 e Berestycki, Gallou¨et e Kavian em [10], quando n = 2. Vale ressaltar
que todos os artigos mencionados anteriormente consideraram os potenciais descritos
acima. Ainda considerando n = 2, a equa¸ao (0.0.1) ( sem o termo com expoente q ),
para p = β = 2 e g satisfazendo uma condi¸ao de crescimento envolvendo exponencial
e o expoente cr´ıtico, foi tratada por exemplo, em [43].
Para provar a existˆencia e multiplicidade de solu¸oes estritamente positivas para
problema (0.0.1), enfrentamos as seguintes dificuldades:
Ao trabalhar com este operador envolvendo o p-Laplaciano, vemos que
surgem de forma natural in´umeras dificuldades de ordem bastante t´ecnicas,
essencialmente pelo fato deste operador ao ser linear e de estarmos trabalhando
em um sub-espa¸co de Banach de W
1,p
(R).
Tivemos que provar uma desigualdade, do tipo Br´ezis e Lieb, isto ´e,
Sejam u
n
u fracamente em W
1,p
(R), quando n e v
n
= u
n
u. Ent˜ao
lim inf
n→∞
|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
lim inf
n→∞
|v
n
|v
n
|
β1
|
p
p
+ |u
|u|
β1
|
p
p
.
O caso p = 2, foi provado por Poppenberg, Schmitt e Wang em [45]. Para
p = 2, as id´eias de Poppenberg, Schmitt e Wang ao se aplicam diretamente e
para obter este resultado tivemos que utilizar teoremas importantes da teoria
de An´alise, por exemplo, o Teorema de Arzel´a Ascoli e o Teorema Hewitt-
Stromberg ( veja Apˆendice A ).
Para o caso p = 2, tivemos tamem de provar a convergˆencia da sequˆencia das
derivadas, isto ´e,
u
n
u
q.t.p em R, quando n ,
para uma sequˆencia limitada (u
n
) em um sub-espa¸co de Banach de W
1,p
(R).
Esta convergˆencia foi obtida usando alguns argumentos obtido por Boccardo e
Murat.
No Cap´ıtulo 1, vamos estudar o problema
Lu + V (x)|u|
p2
u = |u|
q2
u, em R,
u W
1,p
(R), u > 0 em R,
(0.0.5)
5
que corresponde ao problema (0.0.1) no caso onde g(x) = 0.
Usando a ecnica desenvolvida por Ambrosetti and Wang em [5] e combinando
o princ´ıpio de concentra¸ao e compacidade devido Lions, com um processo de
minimiza¸ao, vamos provar a existˆencia de uma solu¸ao estritamente positiva para
problema (0.0.5). Precisamente, obteremos o seguinte resultado
Teorema 0.1. Sejam β > 1, p > 1 e q p β e suponha a condi¸ao (V
0
). Se
V satisfaz uma das condi¸oes (V
1
), (V
2
) ou (V
3
) ent˜ao o problema (0.0.5) tem no
m´ınimo uma solu¸ao estritamente positiva.
O Teorema 0.1 estende o artigo do Ambrosetti e Wang nos seguintes sentidos:
Ele fez para g(x) 0, p = 2, β = 2 e q = r + 1.
Ele considerou V assint´otico a uma constante e n´os consideramos V assint´otico
a uma fun¸ao peri´odica.
O Cap´ıtulo 2, foi motivado pelo artigo do adulescu e Smets em [49], este autores
fizeram uma extens˜ao do trabalho de Tarantello em [55], para dom´ınios ilimitados
e operadores mais gerais, e provaram a existˆencia de duas solu¸oes positivas para o
problema
div (|x|
α
u) = |u|
2
α
2
u, em ,
R
n
, n 2 , α (0, 2), 2
α
=
2n
n2+α
.
Neste Cap´ıtulo, vamos aplicar o m´etodo variacional, considerando o caso K
0
= 1
e provaremos a existˆencia de duas solu¸oes estritamente positivas para o problema
(0.0.1) ( veja tamb´em Assun¸ao, Carri˜ao e Miyagaki [6] e Jeanjean em [30] ). Nossos
resultados s˜ao os seguintes:
Teorema 0.2. Seja V uma fun¸ao potencial limitada satisfazendo a condi¸ao (V
0
) e
uma das condi¸oes (V
2
) ou (V
3
). Suponha K
0
= 1, β > 1, p > 1 e q p β ent˜ao
o problema (0.0.1) tem no m´ınimo uma solu¸ao se g = 0 e |g|
s
for suficientemente
pequena. Al´em disso, se g C
+
ent˜ao esta solu¸ao ´e estritamente positiva.
Teorema 0.3. Seja V uma fun¸ao potencial limitada satisfazendo a condi¸ao (V
0
) e
uma das condi¸oes (V
2
) ou (V
3
). Suponha K
0
= 1, β > 1, p > 1 e q p β ent˜ao
para cada f C
+
o problema (0.0.1) com g = f tem no m´ınimo duas solu¸oes
estritamente positivas, para todo > 0 suficientemente pequeno.
6
No Cap´ıtulo 3, seguindo argumentos utilizados por Arnold em [4] e Sotomayor em
[52], vamos generalizar a potˆencia q, retirando a sua dependˆencia de β, precisamente,
q > p e vamos mostrar que a equa¸ao
Lu + |u|
p2
u = |u|
q2
u, em R, (0.0.6)
ter´a duas solu¸oes distintas.
Vamos provar o seguinte resultado
Teorema 0.4. Para cada β > 1, K
0
> 0, p > 1 e q > p a equa¸ao (0.0.6) possui
uma solu¸ao estritamente positiva e uma solu¸ao estritamente negativa.
—1—
Minimiza¸ao sobre a variedade de
Nehari
1.1 Introdu¸ao
O objetivo deste cap´ıtulo ´e demonstrar o Teorema 0.1. Vamos considerar o problema
(0.0.5), a saber,
Lu + V (x)|u|
p2
u = |u|
q2
u, em R,
u W
1,p
(R), u > 0 em R,
onde o operador L ´e definido pela igualdade (0.0.2), K
0
> 0, β > 1, p > 1, q e
V : R R ´e uma fun¸ao potencial satisfazendo a condi¸ao b´asica (V
0
).
Vamos demonstrar que este problema possui uma solu¸ao positiva no subespa¸co
de W
1,p
(R) definido por
X
u W
1,p
(R) :
R
V (x)|u|
p
dx < +
,
com a norma dada por
u
p
R
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
]dx.
Devido a condi¸ao (V
0
) obtemos que X est´a continuamente imerso em W
1,p
(R).
Observao 1.1. Recordemos que a imers˜ao de W
1,p
(R) dentro de L
s
(R) para s =
ou para s p ´e cont´ınua, veja [13].
O funcional energia I : X R, associado a equa¸ao (0.0.1) ( veja Apˆendice,
se¸ao A12) ´e dado por,
7
8 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
I(u)
R
1
p
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
] +
β
p1
p
K
0
|u|
p(β1)
|u
|
p
1
q
|u|
q
dx.
Temos que I C
1
(X, R) ( veja Apˆendice, se¸ao A12 ) e sua derivada de Fr´echet ´e
dada por
I
(u) · v =
R
|u
|
p2
u
v
dx +
R
V (x)
|u|
p2
u
vdx
+ K
0
R
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
vdx
+ K
0
R
β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
v
dx
R
|u|
q2
u
vdx,
onde conclui-se que
I
(u) · u = u
p
+ β
p
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
|u|
q
q
, u X.
Seja M a variedade de Nehari definida no Apˆendice, se¸ao A11.
Vamos provar na pr´oxima se¸ao ( veja Lema 1.2-(d) ) que os pontos cr´ıticos do
funcional I restrito a variedade de Nehari M ao precisamente solu¸oes fracas ( veja
a defini¸ao no apˆendice, se¸ao A12 ) do problema (0.0.5) .
Para provar o Teorema 0.1 vamos precisar de alguns resultados preliminares
descritos nos lemas abaixo.
1.2 Lemas auxiliares
Lema 1.2. Suponha β > 1, p > 1 e q p β. Ent˜ao
(a) M ´e uma variedade e M = .
(b) Para qualquer u X\{0} com I
(u) · u < 0, existe um ´unico 0 < λ < 1 tal que
λu M.
(c) existe ρ > 0 tal que u ρ, para todo u M.
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 9
(d) Se ¯u M ´e um ponto cr´ıtico de I restrito a M, ent˜ao I
(¯u) = 0 e ¯u ´e uma solu¸ao
do problema (0.0.5).
(e) m = inf
uM
I(u) C > 0, onde C ´e uma constante.
Prova:
(a) Vamos provar que M ´e de fato uma variedade. Para u M temos que
β
p
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
= |u|
q
q
u
p
. (1.2.1)
Usando a igualdade (A.12.5) ( veja Apˆendice, se¸ao A12 ) obtemos que
I

(u).u.u = p(1 β)u
p
+ ( q)|u|
q
q
.
Como β > 1 e q concluimos que
I

(u) · u · u < 0 (1.2.2)
e portanto 0 ´e um valor regular. Logo M ´e uma variedade.
Para provar que M = , fixe u X\{0} e defina
Ψ(t) = I(tu) =
t
p
p
u
p
+
β
p1
p
t
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
1
q
t
q
|u|
q
q
.
Enao
Ψ
(t) = t
p1
u
p
+ β
p
t
p(β1)
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
t
qp
|u|
q
q
= t
p1
f(t),
onde
f(t) = u
p
+ β
p
t
p(β1)
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
t
qp
|u|
q
q
. (1.2.3)
10 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
(b)
Caso 1 : se q > . Observe que
f
(t) = p(β 1)β
p
t
p(β1)1
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
(q p)t
qp1
|u|
q
q
.
Como q > p, impondo a condi¸ao f
(t) = 0, obtemos que
ˆ
t
p(β 1)β
p
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
(q p)|u|
q
q
1
q
satisfaz f
(
ˆ
t) = 0. Desde que f
(t) < 0 para t >
ˆ
t e f
(t) > 0 se 0 < t <
ˆ
t ent˜ao
ˆ
t
´e o ´unico ponto critico ( de m´aximo ) para f.
Como f(0) = u
p
> 0 e f(t) > 0, para valores pequenos t e f(t) < 0, para valores
grandes de t, enao existe um ´unico
¯
t > 0 ( pois f tem um ´unico ponto cr´ıtico ) tal
que f(
¯
t) = 0 e segue que
¯
tu M.
Al´em disso, desde que f(0) = u
p
> 0 e f (1) = I
(u) · u < 0 ent˜ao 0 <
¯
t < 1.
Case 2 : se q = . Afirmamos que para todo > 0 existe uma fun¸ao Φ
W
1,p
(R)
tal que
R
|Φ
|
p
dx = 1 e
R
|Φ
|
p
dx =
p
. Basta considerar a fun¸ao φ : R R, de
classe C
(R) tal que
o suporte da φ est´a contido em [1, 1],
1
1
|φ(x)|
p
dx = 1 e
1
1
|φ
(x)|
p
dx = ε
p
, para todo x R.
Defina
Φ
(x)
1
p
φ(x).
Tomando as fun¸oes |u
|
β
Φ
(x), obtemos que
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 11
||u
|
β1
u
|
p
p
=
p
β
p
e |u
|
p
p
= 1.
Correspondendo a tais u
encontramos
f(t) = u
p
+ β
p
t
p(β1)
K
0
p
β
p
t
qp
= u
p
+ t
qp
(K
0
p
1).
Escolhendo
p
<
1
K
0
obtemos que
f
(t) = (q p)t
(qp)1
(K
0
p
1) < 0, para todo : t > 0.
Portanto f ´e decrescente. Desde que f(0) = u
p
> 0 e f(t) < 0 quando t ,
enao existe um ´unico
¯
t tal que f (
¯
t) = 0. Da igualdade (1.2.3) obtemos que
f(1) = I
(u) < 0. Assim 0 <
¯
t < 1. Segue tamb´em que
¯
tu
M.
(c) Desde que u M, da Observao 1.1, segue que
u
p
= K
0
β
p
|u
|u|
β1
|
p
p
+ |u|
q
q
|u|
q
q
Cu
q
e
u
1
C
1
qp
ρ > 0.
(d) Seja χ(u) I
(u) · u. Desde que ¯u M ´e um ponto cr´ıtico de I restrito a M,
segue de [24, Theorem 1.4.2], que existe λ R tal que I
(¯u) = λχ
(¯u). Portanto
0 = I
(¯u) · ¯u = λχ
(¯u) · ¯u.
Por outro lado, como I satisfaz a desigualdade (1.2.2), tamb´em obtemos que
χ
(¯u) · ¯u = I

(¯u) · ¯u · ¯u < 0 e assim concluimos que λ = 0. Logo I
(¯u) = 0 e ¯u ´e uma
solu¸ao da equa¸ao ( 0.0.5).
(e) Para cada u M, da igualdade (1.2.1) obtemos que
I|
M
(u) =
β 1
u
p
+
q
pqβ
|u|
q
q
. (1.2.4)
12 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
Desde que β 1 > 0, q > 0 and u > ρ ( Lema 1.2-(c)), concluimos que
I|
M
(u)
β 1
ρ
p
> 0.
Portanto
m = inf
uM
I(u) > 0.
No lema a seguir usaremos a seguinte defini¸ao:
Defini¸ao 1.3. Dizemos que uma sequˆencia (u
n
) M ´e minimizante para I se
I(u
n
) m quando n .
Lema 1.4. Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I. Ent˜ao
(a) u
n
´e limitada em X e existe u X tal que u
n
u fracamente em X, quando
n ,
(b) lim
n→∞
|u
n
|
q
q
> 0,
(c) seja v
n
= u
n
u. Ent˜ao I
(u) · u + lim inf
n→∞
I
(v
n
) · v
n
0 de onde conclui-se
que I
(u) · u 0 ou lim inf
n→∞
I
(v
n
) · v
n
0.
Para provar este Lema usaremos a seguinte proposi¸ao, cuja demonstra¸ao ser´a feita
posteriormente.
Proposi¸ao 1.5. Sejam u
n
 u fracamente em W
1,p
(R), quando n e
v
n
= u
n
u. Ent˜ao
lim inf
n→∞
|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
lim inf
n→∞
|v
n
|v
n
|
β1
|
p
p
+ |u
|u|
β1
|
p
p
.
Observamos que no caso p = 2, este resultado foi provado em [45].
Assumindo esta Proposi¸ao, vamos concluir a prova do Lema 1.4, como segue.
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 13
Prova do Lema 1.4:(a) Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I. Ent˜ao
dado > 0 existe n
0
N tal que
|I(u
n
) m| < , para todo n n
0
.
Disto concluimos que
m
β 1
u
p
+
q
pqβ
|u|
q
q
m + .
Portanto u
n
p
e |u|
q
q
ao limitadas em X. Enao podemos assumir que u
n
u
fracamente em X, quando n .
(b) Desde que u
n
M para todo n, do Lema 1.2-(c) obtemos que
|u
n
|
q
q
= u
n
p
+ β
p
K
0
|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
u
n
p
ρ
p
> 0.
(c) Seja v
n
= u
n
u. Como I
(u
n
) · u
n
= 0 segue que
|u
n
|
q
q
u
n
p
= β
p
K
0
|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
.
Tomando o limite inferior na igualdade acima, usando o Lema de Br´ezis e Lieb ( veja
Apˆendice, Lema A.2 ), o fato da sequˆencia (u
n
) M e a Proposi¸ao 1.5, concluimos
que
lim
n→∞
|v
n
|
q
q
+ |u|
q
q
v
n
p
u
p
β
p
K
0
lim inf
n→∞
|v
n
|v
n
|
β1
|
p
p
+ β
p
K
0
|u
|u|
β1
|
p
p
.
Desde que
0 lim
n→∞
||v
n
||
p
lim
n→∞
|v
n
|
q
q
+ β
p
K
0
lim inf
n→∞
|v
n
|v
n
|
β1
|
p
p
+ I
(u)u,
enao
14 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
lim inf
n→∞
I
(v
n
).v
n
+ I
(u).u 0.
Lema 1.6. Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I tal que u
n
u f racamente em X, quando n . Se u M ent˜ao I(u) = m.
Prova: Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I. Do Lema 1.4-(a) segue
que u
n
u fracamente em X, quando n . De (1.2.4) concluimos que
m + o(1) = I(u
n
) =
q p
pq
u
n
p
+
(q )
pq
β
p1
||u
n
|
β1
u
n
|
p
p
.
Da Proposi¸ao 1.5 e usando o fato da norma ser semi-continua inferiormente obtemos
que
m = lim inf
n→∞
I(u
n
)
q p
pq
u
p
+
(q )
pq
β
p1
K
0
||u|
β1
u
|
p
p
+
(q )
pq
β
p1
lim inf
n→∞
||v
n
|
β1
v
n
|
p
p
q p
pq
u
p
+
(q )
pq
β
p1
K
0
||u|
β1
u
|
p
p
= I(u).
Assim I(u) m. Como u M, segue que I(u) = m.
Para provar a Proposi¸ao 1.5, usaremos o seguinte lema:
Lema 1.7. Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I tal que u
n
u
fracamente em W
1,p
(R), quando n . Ent˜ao
u
n
u
q. t. p. em R, quando n .
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 15
A prova deste Lema segue adaptando alguns argumentos usados por Boccardo e Murat
em [11] (veja tamb´em, [6] e [44] ).
De fato, defina a fam´ılia de fun¸oes
τ
η
(s) =
s, se |s| η
η
s
|s|
, se |s| > η.
Fixe um conjunto compacto K R e tome uma fun¸ao corte φ
K
: R R satisfazendo
φ
K
C
0
(R), 0 φ
K
1 em R e φ
K
= 1 em K.
Considere a fun¸ao teste φ
K
τ
η
(u
n
u) W
1,p
(R). Desde que (u
n
) M ´e uma
sequˆencia minimizante para I, pelo Princ´ıpio Variacional de Ekeland (veja Apˆendice,
Teorema A.3 e [57]), podemos supor que u
n
satisfaz
I(u
n
) m e I
(u
n
) 0, quando n .
Portanto,
o(1) = I
(u
n
)φ
K
τ
η
(u
n
u) I
(u)φ
K
τ
η
(u
n
u)
=
R
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
+
R
V (x)
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+ K
0
R
β
p1
(β 1)
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+ K
0
R
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
R
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx.
Adicionando e subtraindo o termo |u
n
|
p(β1)
|u
|
p2
u
dentro da quarta integral
concluimos que
16 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
o(1) = I
(u
n
)φ
K
τ
η
(u
n
u) I
(u)φ
K
τ
η
(u
n
u)
=
R
1 + K
0
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
+
R
V (x)
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+K
0
R
β
p1
(β 1)
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+K
0
R
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
R
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx. (1.2.5)
Afirmativa 1.8. Afirmamos que
(a) Se V (x) ´e limitado ent˜ao
K
V (x)
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
= o(1).
(b)
K
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
= o(1).
(c)
K
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
= o(1).
(d)
K
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
Cη.
(e)
lim sup
n→∞
g
n
Cη,
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 17
onde
g
n
K
1 + β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
.
Assumindo a Afirmativa acima, concluimos a prova do Lema 1.7. De fato, defina as
fun¸oes e
n
por
e
n
(x) =
1 + K
0
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(τ
η
(u
n
u))
.
Desde que
1 + K
0
β
p1
|u
n
|
p(β1)
> 0, da desigualdade ( veja Apˆendice, Lema A.1 e
tamb´em [44, 51] )
|x|
p2
x |y|
p2
y
(x y)
C
|xy|
2
(|x|+|y|)|
2p
se 1 < p < 2
C|x y|
p
se p 2, x, y R
n
,
(1.2.6)
concluimos que e
n
0. Afirmamos tamb´em que
R
e
n
(x)dx < .
De fato, pela desigualdade de H¨older segue que
R
1 + β
p1
K
0
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(τ
η
(u
n
u))
R
1 + β
p1
K
0
|u
n
|
p(β1)
p
p1
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
p
p1
dx
p1
p
R
τ
η
(u
n
u)
p
dx
1
p
.
18 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
Usando a Observao 1.1 e a desigualdade (a + b)
p
2
p1
(a
p
+ b
p
) concluimos que a
primeira integral ´e limitada. A segunda integral ´e tamb´em limitada porque a fun¸ao
τ
η
(u
n
u) ´e limitada em X.
Fixe θ com 0 < θ < 1. Considere um conjunto compacto K R e defina
S
η
n
= {x K/|u
n
u| η} e G
η
n
= {x K/|u
n
u| > η}.
Usando a desigualdade de H¨older obtemos
K
e
θ
n
(x)dx =
S
η
n
e
θ
n
(x)dx +
G
η
n
e
θ
n
(x)dx
S
η
n
e
θ
n
(x)
1
θ
dx
θ
S
η
n
dx
1θ
+
G
η
n
e
θ
n
(x)
1
θ
dx
θ
G
η
n
dx
1θ
=
S
η
n
e
n
(x)dx
θ
|S
η
n
|
1θ
+
G
η
n
e
n
(x)dx
θ
|G
η
n
|
1θ
.
Agora fixe η; ent˜ao |G
η
n
| 0 quando n porque u
n
u uniformemente em K e
q. t. p., quando n . Da limita¸ao uniforme de (e
n
) em L
1
(R) obtemos que
lim sup
n→∞
K
e
θ
n
(x)dx (Cη)
θ
|S
η
n
|
1θ
.
Fazendo η 0 conseguimos que e
θ
n
0 em L
1
(K), quando n . Portanto,
cobrindo R por uma sequˆencia de conjuntos compactos encaixantes, isto ´e, R = K
i
,
K
1
K
2
K
3
..., o termo dentro da integral tende a zero q. t. p. em R, quando
n . Usando a desigualdade (1.2.6) e o fato de
1 + β
p1
K
0
|u
n
|
p(β1)
> 0
concluimos que
u
n
u
q. t. p. em R, quando n .
Prova da Afirmativa 1.8:
(a) Desde que τ
η
(u
n
u) ´e limitada em X, pelo Teorema de Arzel´a-Ascoli obtemos
que τ
η
(u
n
u) 0 em conjuntos compactos de R, quando n . Portanto, como
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 19
V ´e limitada, o item (a) segue porque
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u ´e limitada em L
p
p1
(R).
De fato, usando que u and u
n
L
p
(R), a imers˜ao W
1,p
(R) em L
p
(R) ´e cont´ınua, a
desigualdade de H¨older e a desigualdade (a + b)
p
2
p1
(a
p
+ b
p
) obtemos que
K
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u
p
p1
dx
p1
p
2
p
p1
1
p1
p
2
p1
p
1
K
|u
n
|
p2
u
n
p
p1
dx
p1
p
+
K
|u|
p2
u
p
p1
dx
p1
p
=
K
|u
n
|
p
dx
p1
p
+
K
|u|
p
dx
p1
p
C[u
n
p1
+ u
p1
].
(b) Temos que a sequˆencia u
n
´e uniformente equicont´ınua. De fato, usando que u
n
´e
limitada em K e a desigualdade de H¨older obtemos que
|u
n
(x) u
n
(y)| =
y
x
|u
n
(s)
|ds
y
x
(|u
n
(s)
|
p
ds
1
p
y
x
ds
p1
p
M|x y|
p1
p
.
Portanto segue do Teorema de Arzel´a-Ascoli que existe uma subsequˆencia de (u
n
)
( que denotaremos tamb´em por (u
n
) ) que converge uniformemente para u, em K,
quando n .
Por outro lado, u
n
e u L
(R), u
n
e u
L
p
(R) e τ
η
´e cont´ınua em K e portanto
τ
η
(u
n
u) 0 uniformemente quando n . Logo dado > 0 existe N > 0 tal
que |τ
η
(u
n
u)| < em K, se n N. Assim
I :
K
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
K
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
dx M.
20 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
Desde que ´e arbitr´ario segue que I = o(1), quando n .
(c) Note que pelo teorema de Arzel´a-Ascoli obtemos que
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
0,
uniformemente em conjuntos compactos , quando n . Agora, usando este fato e
a desigualdade de H¨older, concluimos que
K
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
β
p1
K
|u
n
|
p(β1)
u|
p(β1)
|u
|
p2
u
p
p1
dx
p1
p
K
τ
η
(u
n
u)
p
dx
1
p
M
K
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
p
p1
|u
|
p
dx
= o(1), para algum M > 0.
(d) Usando a desigualdade de older, a limita¸ao de φ
K
e a Observao 1.1, obtemos
que
K
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
η
K
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
q
q1
dx
q1
q
η
2
q
q1
1
q1
q
2
q1
q
1
K
|u
n
|
q2
u
n
q
q1
dx
q1
q
+
K
|u|
q2
u
q
q1
dx
q1
q
= η
K
|u
n
|
q
dx
q1
q
+
K
|u|
q
dx
q1
q
ηN[u
n
q1
+ u
q1
] := Cη, para algum C > 0 e N > 0.
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 21
(e) Este item segue tomando o limite superior na equa¸ao (1.2.5) e usando os itens
anteriores, de (a) `a (d), da Afirmativa 1.8 .
Prova da Proposi¸ao 1.5:
Desde que v
n
= u
n
u, obtemos que
|u
n
|
β1
u
n
p
p
=
R
|v
n
+ u
|
p
|v
n
+ u|
p(β1)
dx.
Considere a desigualdade
|A + B|
p
|A|
p
+ |B|
p
µ
|B|
p1
|A| + |A|
p1
|B|
,
onde A, B R
+
e µ = µ(p) ´e uma constante positiva ( veja Apˆendice, se¸ao A.1 ).
Usando esta desigualdade, colocando os expoentes p e p(β 1), obtemos que
|u
n
|
β1
u
n
p
p
R
|v
n
|
p
+ |u
|
p
µ
|u
|
p1
|v
n
| + |v
n
|
p1
|u
|

|v
n
|
p(β1)
+ |u|
p(β1)
ν
|u|
p(β1)1
|v
n
| + |v
n
|
p(β1)1
|u|

dx
j=16
j=1
I
j
,
onde as integrais I
j
ao definidas abaixo.
I
1
=
R
v
n
|v
n
|
β1
p
dx,
I
2
=
R
v
n
|u|
β1
p
dx,
I
3
= ν
R
|v
n
|
p
|u|
p(β1)1
|v
n
|dx,
I
4
= ν
R
|v
n
|
p
|v
n
|
p(β1)1
|u|dx,
22 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
I
5
=
R
u
|v
n
|
β1
p
dx,
I
6
=
R
u
|u|
β1
p
dx,
I
7
= ν
R
|u
|
p
|v
n
|
p(β1)1
|u|dx,
I
8
= ν
R
|u
|
p
|u|
p(β1)1
|v
n
|dx,
I
9
= µ
R
|u
|
p1
|v
n
|
p(β1)
|v
n
|dx,
I
10
= µ
R
|u
|
p1
|u|
p(β1)
|v
n
|dx
I
11
= µν
R
|u
|
p1
|u|
p(β1)1
|v
n
||v
n
|dx,
I
12
= µν
R
|u
|
p1
|v
n
|
p(β1)1
|v
n
||u|dx,
I
13
= µν
R
|v
n
|
p1
|u|
p(β1)1
|v
n
||u
|dx,
I
14
= µν
R
|v
n
|
p1
|v
n
|
p(β1)1
|u||u
|dx,
I
15
= µ
R
|v
n
|
p1
|v
n
|
p(β1)
|u
|dx
e
I
16
= µ
R
|v
n
|
p1
|u|
p(β1)
|u
|dx,
onde ν = ν(p(β 1)) e µ = µ(p) s˜ao contantes positivas.
Claramente, desde que I
j
0 se j = 2, 5, 11, 12, 13 e 14, a Proposi¸ao estar´a
provada se demonstrarmos que as outras integrais convergem para zero, quando
n , exceto para j = 1 e j = 6.
Desde que u W
1,p
(R) enao
dado ε > 0 existe R > 0 tal que |u(x)| < ε se |x| > R. (1.2.7)
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 23
Como a sequˆencia (v
n
) ´e limitada em X, pelo Teorema de Arzel´a-Ascoli ( veja
Apˆendice, se¸ao A.7, Teorema A.8 ) tamb´em temos que v
n
0 uniformemente em
conjuntos compactos de R, quando n . Portanto, dado ε
1
=
ε
2
concluimos que
|v
n
(x)| <
ε
2
se |x| R. (1.2.8)
Usando (1.2.7) e (1.2.8) e o fato de {v
n
} ser limitado em L
(R), obtemos que
I
3
R
|v
n
|
p
|u|
p(β1)1
|v
n
|dx
|u|
p(β1)1
ε
2
|x|≤R
|v
n
|
p
+ εC
|x|>R
|v
n
|
p
.
Portanto I
3
0 quando n . Analogamente, I
4
0 quando n .
Desde que u
L
p
(R) e usando o mesmo argumento acima obtemos que I
7
, I
8
0 quando n .
Como antes, |v
n
|
´e limitado e juntamente com (1.2.8) e a desigualdade de older
concluimos que
I
9
R
|u
|
p1
|v
n
|
p(β1)1
|v
n
|dx
ε
2
C
1
|x|≤R
|u
|
p
dx
p
p1
|x|≤R
|v
n
|
p
dx
1
p
+ C
|x|>R
|u
|
p
p
p1
|x|>R
|v
n
|
p
1
p
.
Desde que u
L
p
(R) ent˜ao dado ε > 0, podemos escolher R tal que
|x|>R
|u
|
p
dx < ε.
Logo I
9
0 quando n .
Recordando que u L
(R), pelo Lema 1.7 temos que v
n
0 q. t. p. em R
quando n . Desde que |u
|
p1
L
p
p1
(R) e v
n
0 fracamente em L
p
(R) quando
24 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
n , pelo Teorema A.9 ( veja Apˆendice, se¸ao A.8 ) concluimos que
I
10
R
|u
|
p1
|u|
p(β1)1
|v
n
|dx
tende a zero, quando n .
Argumentando como no caso I
10
e usando o fato que |v
n
|
p1
´e tamem limitado
em L
p
p1
(R) e v
n
0 fracamente em L
p
p1
(R), quando n , obtemos que
I
15
, I
16
tendem a zero, quando n .
1.3 Prova do Teorema 0.1
Seja (u
n
) M uma sequˆencia minimizante para I. Do Lema 1.4-(a), u
n
´e limitada
em X e portanto u
n
u fracamente em X, quando n . Provaremos o Teorema
0.1 distinguindo as trˆes condi¸oes que o potencial V satisfaz.
Caso I (V
1
´e assumido). De (V
0
) e (V
1
) temos que X est´a continuamente e
compactamente imerso no espa¸co L
s+1
(R), para todo s p ( veja Bartsh e Wang em
[7] ). Assim u
n
u em L
q
(R), quando n . Usando o Lema 1.4-(b) segue que
u = 0.
Seja v
n
= u
nu
. Vamos provar que lim
n→∞
v
n
p
= 0 e ent˜ao u
n
u em X,
quando n .
Suponha por contradi¸ao que lim
n→∞
v
n
p
l > 0. Ent˜ao temos, passando a
uma subsequˆencia,
I
(v
n
) · v
n
= v
n
p
+ β
p
K
0
|v
n
|v
n
|
β1
|
p
p
|v
n
|
q
q
v
n
p
|v
n
|
q
q
.
Tomando o limite inferior, quando n , de ambos os lados e usando o fato do
lim
n→∞
|v
n
|
q
q
= 0, concluimos que
lim inf
n→∞
I
(v
n
) · v
n
> 0.
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 25
Do Lema 1.4-(c) temos que I
(u) · u < 0. Desde que u = 0, pelo Lema 1.2-(b) existe
0 < λ < 1 tal que λu M. Usando o Lema de Br´ezis e Lieb A.2 ( veja Apˆendice,
se¸ao A.2 ), obtemos que a sequˆencia (u
n
) satisfaz
u
n
p
p
= v
n
p
p
+ u
p
p
+ o(1), quando n (1.3.1)
e
|u
n
|
q
q
= |v
n
|
q
q
+ |u|
q
q
+ o(1), quando n . (1.3.2)
Segue de (1.3.1), (1.3.2) e da defini¸ao de m dado pelo Lema 1.2-(e) que
m + o(1) = I(u
n
)
=
β 1
v
n
p
+
β 1
u
p
+
q
pqβ
|v
n
|
q
q
+
q
pqβ
|u|
q
q
+ o(1)
β 1
λ
p
λu
p
+ λ
q
q
pqβ
|λu|
q
q
+ o(1).
Desde que 0 < λ < 1 ent˜ao
m >
β 1
λu
p
+
q
pqβ
|λu|
q
q
= I(λu)|
M
,
que contradiz o fato de λu M. Portanto lim
n→∞
v
n
p
= 0.
Caso II (V
2
´e assumido). Desde que u
n
satisfaz o Lema 1.4-(b) enao u
n
ao
converge para zero em L
q
(R), n . Logo por um resultado devido a Lions, veja
Apˆendice, se¸ao A.9, Lema A10 (veja tamb´em [57, Lema 1.21]) afirmamos que existe
γ, r > 0 e y
n
R tal que
lim inf
n→∞
y
n
+r
y
n
r
|u
n
(x)|
p
dx γ > 0. (1.3.3)
Podemos assumir que y
n
´e um m´ultiplo inteiro do per´ıodo p de V , se necess´ario,
tome a constante r suficientemente grande em (1.3.3).
Defina
u
n
(x) u
n
(x + y
n
). Desde que V ´e peri´odico enao (u
n
) ´e tamb´em uma
sequˆencia minimizante, limitada em X e satisfaz (1.3.3) para y
n
= 0. Isto implica
26 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
que u
n
u fracamente em X, quando n . Portanto u = 0.
Vamos provar que I
(u) · u = 0. O resultado segue dos Lema 1.6 e Lema 1.2-(d).
Suponha por contradi¸ao que I
(u) · u = 0.
Se I
(u) · u < 0, do Lema 1.2-(b) existe 0 < λ < 1 tal que λu M . Desde que
(u
n
) ´e uma sequˆencia minimizante para I, argumentando como no caso I chegamos
a uma contradi¸ao.
Se I
(u) · u > 0, do Lema 1.4-(c) concluimos que lim inf
n→∞
I
(v
n
) · v
n
< 0. Assim,
passando a uma subsequˆencia, lim
n→∞
I
(v
n
) · v
n
< 0. Enao para n suficientemente
grande, do Lema 1.2-(b) existe 0 < λ
n
< 1 tal que λ
n
v
n
M. Al´em disso, tem-se
que lim sup
n→∞
λ
n
< 1.
De fato, se lim sup
n→∞
λ
n
= 1, tomando uma subsequˆencia tal que, λ
n
1
quando n , concluimos que
I
(v
n
) · v
n
= I
(λ
n
v
n
) · λ
n
v
n
+ o(1), quando n .
Logo lim
n→∞
I
(v
n
)·v
n
= 0. Mas isto ´e uma contradi¸ao porque lim
n→∞
I
(v
n
)·v
n
< 0.
Portanto lim sup
n→∞
λ
n
< 1.
Argumentando como no caso I, encontramos que
m + o(1) =
β 1
v
n
p
+
β 1
u
p
+
q
pqβ
|v
n
|
q
q
+
q
pqβ
|u|
q
q
+ o(1)
β 1
v
n
p
+
q
pqβ
|v
n
|
q
q
+ o(1)
=
β 1
λ
p
n
λ
n
v
n
p
+ λ
q
n
q
pqβ
|λ
n
v
n
|
q
q
+ o(1).
Desde que lim sup
n→∞
λ
n
< 1, segue que
m >
β 1
λ
n
v
n
p
+
q
pqβ
|λ
n
v
n
|
q
q
= I(λ
n
v
n
)|
M
,
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 27
que ´e uma contradi¸ao porque λ
n
v
n
M. Portanto I
(u) · u = 0.
Caso III (V
3
´e assumido). Seja
I
p
(u) =
R
1
p
[|u
|
p
+ V
p
(x)|u|
p
] +
β
p1
p
K
0
||u|
β1
u
|
p
1
q
|u|
q
dx.
vamos usar as nota¸oes m
p
, M
p
, I
p
e
¯
λ
u
para este caso.
Do Caso II sabemos que I
p
tem um ponto cr´ıtico ¯u M
p
, onde
M
p
=
u X \ {0} : I
p
(u) · u = 0
.
A prova de que ¯u > 0 em R, vai ser feita no final deste cap´ıtulo. Demonstraremos
este fato aplicando o Princ´ıpio do aximo de azquez. Veremos que esta prova
independe das condi¸aoes impostas sobre o potencial V . Enao a partir de agora
vamos asssumir que ¯u > 0.
Se V ao ´e constante, de (V
3
) concluimos que I
(¯u) · ¯u < I
p
(¯u) · ¯u = 0. Portanto
do Lema 1.2-(b) existe um ´unico 0 < λ
¯u
< 1 tal que λ
¯u
¯u M.
Por outro lado, usando novamente (V
3
) temos que
I(λ
¯u
¯u) =
β 1
λ
p
¯u
R
[|¯u
|
p
+ V (x)|¯u|
p
] dx + λ
p
¯u
q
pqβ
|¯u|
q
q
<
β 1
λ
p
¯u
R
[|¯u
|
p
+ V
p
(x)|¯u|
p
] dx + λ
p
¯u
q
pqβ
|¯u|
q
q
= I
p
(¯u) = m
p
.
Logo
m I(λ
¯u
¯u) < m
p
. (1.3.4)
Seja (u
n
) uma sequˆencia minimizante para I. Pelo Lema 1.4-(a) u
n
u
fracamente em X, quando n . Vamos provar que u = 0 e I
(u) · u = 0 e o
28 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
resultado segue do Lema 1.6 e Lema 1.2-(d).
Suponha que u 0. De (V
3
), dado > 0, existe R > 0 tal que
|V (x) V
p
(x)| ε se |x| > R, (1.3.5)
e
|V (x) V
p
| 2|V
p
| se |x| R. (1.3.6)
Desde que u
n
u 0 fracamente em X, quando n , ent˜ao |u
n
|
p
p
0,
quando n , em partes compactas de R. Logo
|u
n
|
p
p
ε
R
if |x| R, para algum R > 0. (1.3.7)
Segue de (1.3.5), (1.3.6) e (1.3.7) que
I(u
n
) I
p
(u
n
) =
R
1
p
[V (x) V
p
] |u
n
|
p
dx
2N
p
|x|≤R
|u
n
|
p
dx +
ε
p
|x|>R
|u
n
|
p
dx
4NR
p
ε
R
+
ε
p
u
n
p
, para algum N > 0.
Portanto,
lim
n→∞
I
p
(u
n
) = lim
n→∞
I(u
n
) = m. (1.3.8)
Analogamente, temos que
lim
n→∞
I
p
(u
n
) · u
n
= lim
n→∞
I
(u
n
) · u
n
= 0. (1.3.9)
Enao existe uma subsequˆencia (n
k
) e
¯
λ
n
k
> 0 tal que
¯
λ
n
k
u
n
k
¯
λ
n
u
n
M
p
.
Vamos provar que
¯
λ
n
´e limitado. Observe que
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 29
0 =
¯
λ
p
n
u
n
p
+ β
p
¯
λ
n
K|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
¯
λ
q
n
|u
n
|
q
q
+ o(1).
Disto obtemos que
u
n
p
=
¯
λ
p(β1)
n
¯
λ
q
n
|u
n
|
q
q
β
p
K|u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
+ o(1). (1.3.10)
Como u
n
p
e |u
n
|u
n
|
β1
|
p
p
ao limitadas, usando o Lema 1.4-(b) deduzimos que
¯
λ
n
´e
limitado.
Por outro lado,
¯
λ
n
ao converge para zero, quando n ; caso contr´ario,
0 < m I(
¯
λ
n
u
n
)
=
β 1
¯
λ
p
n
u
n
p
+
¯
λ
q
n
q
pqβ
|u|
q
q
0, quando n ,
que ´e uma contradi¸ao.
Usando (1.3.8), a propriedade da variedade de Nehari, isto ´e, I(λu) I(u), para todo
u M, λ > 0 e o fato de u
n
M, concluimos que
m
p
I
p
(
¯
λ
n
u
n
) = I(
¯
λ
n
u
n
) + o(1)
I(u
n
) + o(1) = m + o(1),
onde na primeira desigualdade foi usado que
¯
λ
n
´e limitado. Mas esta desigualdade
contradiz (1.3.4). Portanto u = 0.
Seja v
n
= u
n
u. Agora vamos provar que
0 lim inf
n→∞
I
p
(v
n
) · v
n
+ I
(u) · u. (1.3.11)
De fato, do Lema 1.4-(c) concluimos que
30 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
0 lim inf
n→∞
I
(v
n
) · v
n
+ I
(u) · u
= lim inf
n→∞
R
(V (x) V
p
(x))|v
n
|
p
dx
+
R
[|v
n
|
p
+ V
p
(x)|v
n
|
p
] dx +β
p1
||v
n
|
β1
v
n
|
p
p
|v
n
|
q
q
+ I
(u) · u
= lim inf
n→∞
I
p
(v
n
) · v
n
+
R
(V (x) V
p
(x))|v
n
|
p
dx
+ I
(u) · u.
Por (V
3
) e aplicando o Teorema de Arzel´a-Ascoli obtemos que
R
(V
p
V ) [|u
n
|
p
|u|
p
] dx
=
|x|≤R
(V
p
V ) ||u
n
|
p
|u|
p
| dx +
|x|>R
(V
p
V ) ||u
n
|
p
|u|
p
| dx = o(1).
Portanto
R
(V
p
V )|v
n
|
p
dx
= o(1), quando n
e
0 lim inf
n→∞
I
p
(v
n
).v
n
+ I
(u).u.
Se I
(u) · u < 0, do Lema 1.2-(b) existe 0 < λ < 1 tal que λu M. Desde que (u
n
)
´e uma sequˆencia minimizante e u = 0, argumentando como no Caso I chegamos a
uma contradi¸ao.
Se I
(u)·u > 0, de (1.3.11) concluimos que lim inf
n→∞
I
p
(v
n
)·v
n
< 0. Assim, passando
uma subsequˆencia, lim
n→∞
I
p
(v
n
) · v
n
< 0. Agora vamos argumentar como na prova
do Caso II, onde obtemos, do Lema 1.2-(b), para n suficientemente grande, que
existe 0 < λ
n
< 1 tal que λ
n
v
n
M
p
. Al´em disto, tem-se que lim sup
n→∞
λ
n
< 1.
Caso contr´ario, se lim sup
n→∞
λ
n
= 1, passando a uma subsequˆencia, λ
n
1 quando
n , concluimos que
I
p
(v
n
) · v
n
= I
p
(λ
n
v
n
) · λ
n
v
n
+ o(1).
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 31
Portanto lim
n→∞
I
p
(v
n
) · v
n
= 0 e isto ´e uma contradi¸ao. Logo lim sup
n→∞
λ
n
< 1.
Observe que
m + o(1) = I(u
n
)
R
β 1
λ
p
n
[|λ
n
v
n
|
p
+ V
p
(x)|λ
n
v
n
|
p
] dx
+
R
β 1
λ
p
n
[V (x) V
p
(x)|λ
n
v
n
|
p
] dx
+λ
q
n
q
pqβ
|λ
n
v
n
|
q
q
+ o(1).
Desde que lim sup
n→∞
λ
n
< 1, por (V
3
) segue que
m >
β 1
λ
n
v
n
p
+
q
pqβ
|λ
n
v
n
|
q
q
= I
p
(λ
n
v
n
)|
M
p
,
que ´e uma contradi¸ao porque λ
n
v
n
M
p
. Portanto I
(u).u = 0.
Logo provamos que o problema (0.0.5) possui uma solu¸ao u = 0 se uma das
condi¸oes V
1
, V
2
ou V
3
for satisfeita.
Temos que (|u
n
|) ´e tamb´em uma sequˆencia minimizante para I, pois m = I(u
n
) =
I(|u
n
|). Assim u 0.
Resta mostrar que u > 0. Vamos provar este fato aplicando o Princ´ıpio do
aximo de azquez ( veja Apˆendice, Teorema A.7 ). Para aplicar azquez, temos
que fazer uma mudan¸ca de vari´aveis para eliminar o termo ao linear ( o termo que
´e multiplicado por K
0
) do operador L, definido pela igualdade (0.0.2). Vamos usar
um argumento desenvolvido por Liu, Wang e Wang em [38] (veja tamb´em [17] para
p = 2 e Severo em [50] para p = 2, β = 2 e n p > 1).
Vamos fazer a mudan¸ca de vari´aveis u = f(v), onde f : R R ´e definido por
f(0) = 0, f(t) = f(t) em (−∞, 0]
e
f
(t) =
1
[1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
]
1
p
em [0, ).
32 1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari
Observao 1.9. A fun¸ao f existe pois ´e solu¸ao de uma equa¸ao diferencial
ordin´aria. De fato, defina a fun¸ao
g(t, f) =
1
[1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
]
1
p
.
Temos que g ´e limitada em [0, ) e portanto f ´e lipschitziana em todo sub-intervalo
de (−∞, 0]. Devido a um resultado de EDO (Sotomayor, Proposi¸ao 4, pag.15), o
problema
f
(t) = g(t, f), f(0) = 0,
tem uma ´unica solu¸ao φ(t) definida no intervalo [0, b], tal que φ(0) = 0. Agora,
considere o problema
f
(t) = g(t, f), f(b) = φ(b).
Usando novamente o fato de f ser lipschitiziana, podemos estender φ(t) para todo t
pertencente a [0, c], com c > b. Logo, podemos estender φ(t) para todo t em [0, ).
Al´em disso, como f ´e ´ımpar, a solu¸ao φ(t) vai estar definido em toda reta.
Al´em disso, f ´e C
2
(R) e invert´ıvel. De fato, provamos acima que a fun¸ao f ´e
unicamente definida. Portanto f ´e invert´ıvel. Como f
´e de classe C
1
no intervalo
[0, ) ent˜ao f ´e de classe C
2
.
Portanto se u ´e uma solu¸ao cl´assica do problema (0.0.5), fazendo a mudan¸ca de
vari´aveis u = f(v), obtemos a seguinte equa¸ao
p
v (|v
|
p2
v
)
=
1
[1 + β
p1
|f(v)|
p(β1)
]
1
p
H(x, v), x em R, (1.3.12)
onde
H(x, v) = V (x)|f(v)|
p2
f(v) + |f(v)|
q2
f(v).
Logo
1 Minimizac¸
˜
ao sobre a Variedade de Nehari 33
(|v
|
p2
v
)
+
V (x)|f(v)|
p2
f(v)
f
(v) = f
(v)
|f(v)|
q2
f(v)
, x em R.
Como u = 0 ent˜ao v = 0. Desde que f
> 0 e f ´e crescente, obtemos que
(|v
|
p2
v
)
+
V (x)|f(v)|
p2
f(v)
f
(v) 0, q. t. p. em R.
Defina, como em V´azquez ( veja Apˆendice, se¸ao A6 )
β(s)
V (x)|f(v)|
p2
f(v)
f
(v).
Pelo Lema 2.1-(c), (e) temos que
[β(s)s]
1
p
1
β
f(s)|f(v)|
p2
f(v)
1
p
=
1
f(s)
1
|s|
.
Portanto
1
0
[β(s)s]
1
p
ds = .
Enao, aplicando o Princ´ıpio do aximo de azquez obtemos que v > 0 em R. Como
f ´e crescente u = f(v) ´e tamb´em estritamente positiva em R.
—2—
Multiplicidade de solu¸oes
2.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo estudaremos uma perturba¸ao n˜ao autˆonoma do problema (0.0.5),
a saber,
Lu + V (x)|u|
p2
u = |u|
q2
u + g(x), em R,
u W
1,p
(R), u 0 em R,
onde o operador L ´e definido pela igualdade (0.0.2), K
0
> 0, β > 1, p > 1, q ,
g : R R, g L
s
(R) para algum s 1 e V : R R ´e uma fun¸ao potencial
satisfazendo a condi¸ao b´asica (V
0
).
Considerando K
0
= 1, vamos provar, via o etodo variacional, a existˆencia de
duas solu¸oes positivas para o problema (0.0.1).
Seja I : W
1,p
(R) R o funcional energia associado ao problema (0.0.1),
I(u)
R
{
1
p
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
] dx +
R
β
p1
p
|u|
p(β1)
|u
|
p
dx
R
1
q
|u|
q
g(x)u(x)}dx (2.1.1)
e sua derivada de Fr´echet dada pela express˜ao
34
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 35
I
(u) · z =
R
|u
|
p2
u
z
dx +
R
V (x)
|u|
p2
u
zdx
+
R
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
zdx
+
R
β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
dx
R
|u|
q2
u
zdx
R
g(x)z(x)dx. (2.1.2)
Vamos mostrar mais adiante que solu¸oes fracas do problema (0.0.1) ao obtidas
como limite fraco de uma determinada sequˆencia. Devido a segunda integral na
express˜ao de I, bem como a segunda integral na express˜ao de I
, possuir termo com a
potˆencia cr´ıtica da imers˜ao de Sobolev, n˜ao podemos usar teoremas de convergˆencia
para obter o resultado.
Para contornar essa dificuldade, vamos usar a mudan¸ca de vari´aveis definida no
final do Cap´ıtulo 1 para eliminar o termo ao linear do operador L ( o termo que ´e
multiplicado por K
0
). Seja u = f(v), onde a fun¸ao f ´e dada por
f(0) = 0, f(t) = f(t) em (−∞, 0]
e
f
(t) =
1
[1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
]
1
p
em [0, ).
Temos tamb´em que f satisfaz as seguintes propriedades dadas no lema abaixo
Lema 2.1.
(a) f ´e unicamente definida, C
2
(R) e invert´ıvel.
(b) |f
(t)| 1, para todo t R.
(c) |f(t)| |t|, para todo t R.
(d)
f(t)
t
1, quando t 0.
(e) Para t 0 temos que
1
β
f(t) tf
(t) f(t).
36 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
(f) |f(t)| β
1
|t|
1
β
, para todo t R.
(g)
f(t)
t
1
β
C > 0, quando t .
Prova
(a) Foi demonstrado na Observao 1.9.
A prova do item (b) ´e imediata e a do item (c) segue do teorema do valor m´edio.
(d) Como uma consequˆencia do teorema do valor edio para integrais, vemos que
f(t) =
t
0
1
[1 + β
p1
|f(s)|
p(β1)
]
1
p
ds = t
1
[1 + β
p1
|f(ξ)|
p(β1)
]
1
p
onde ξ (0, t). Desde que f(0) = 0 concluimos que
lim
t0
f(t)
t
= lim
ξ0
1
[1 + β
p1
|f(ξ)|
p(β1)
]
1
p
= 1.
(e) Para provar a primeira desigualdade definimos a fun¸ao H : R
+
R por
H(t) = βt
1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
1
p
f(t). Desde que H(0) = 0 e usando a defini¸ao
de f obtemos que
H
(t) = (β 1)
1
1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
= (β 1) [f
(t)]
p
0 para todo t 0.
Logo H ´e uma fun¸ao ao decrescente e a primeira desigualdade est´a provada. A
segunda desigualdade ´e obtida de modo semelhante.
(f) Para mostrar (f), integramos f
(t)
1 + β
p1
|f(t)|
p(β1)
1
p
= 1 e obtemos
t
0
f
(s)
1 + β
p1
|f(s)|
p(β1)
1
p
ds = t, para t > 0.
Usando a mudan¸ca de vari´avel y = f(s), obtemos
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 37
t =
f(t)
0
1 + β
p1
y
p(β1)
1
p
dy β
p1
p
f(t)
0
y
β1
dy = β
p1
p
f(t)
β
β
= β
1
p
f(t)
β
.
Portanto o item (f) est´a provado para t 0. Para t < 0 usamos o fato que f ´e
´ımpar.
(g) A desigualdade (e) implica que para todo t > 0,
d
dt
f(t)
t
1
β
=
βf
(t)t f(t)
t
β+1
β
0.
Logo a fun¸ao
f(t)
t
1
β
´e ao decrescente para t > 0. Este fato juntamente com a
estimativa (f), mostra o item (g).
Portanto se u ´e uma solu¸ao cl´assica do problema (0.0.1), fazendo a mudan¸ca de
vari´aveis u = f(v), obtemos a equa¸ao (1.3.12), a saber,
p
v (|v
|
p2
v
)
=
1
[1 + β
p1
|f(v)|
p(β1)
]
1
p
H(x, v), x em R,
onde
H(x, v) = V (x)|f(v)|
p2
f(v) + |f(v)|
q2
f(v) + g(x).
O funcional energia associado a equa¸ao (1.3.12) dado por
J(v)
R
1
p
[|v
|
p
+ V (x)|f(v)|
p
]
1
q
|f(v)|
q
g(x)f(v)
dx
(2.1.3)
e sua derivada de Fr´echet
38 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
J
(v) · w =
R
|v
|
p2
v
w
dx +
R
V (x)
|f(v)|
p2
f(v)f
(v)
wdx
R
|f(v)|
q2
f(v)f
(v)
wdx
R
g(x)f
(v)wdx, (2.1.4)
ao bem definidos no espa¸co W
1,p
(R), devido a Observao 1.1 do Cap´ıtulo 1, a fun¸ao
f satisfazer os itens (b) e (c) do Lema 2.1 e o fato do potencial V ser limitado.
Para provar o Teorema 0.2 e o Teorema 0.3, motivado por argumentos usados
em Tarantello [55], Rˇadulescu e Smets [49], Assun¸ao, Carri˜ao and Miyagaki em [6],
necessitaremos de alguns preliminares que ser˜ao descritos pelos lemas abaixo.
2.2 Preliminares para o Teorema 0.2
Lema 2.2. Seja (u
n
) W
1,p
(R) uma sequˆencia (P S)
c
limitada para o funcional I.
Ent˜ao existe uma subsequˆencia de (u
n
) ( tamb´em denotada por (u
n
)) tal que
(a) u
n
u, fracamente em W
1,p
(R), quando n .
(b) u
n
u q. t. p em R, quando n .
(c) u
n
u
q. t. p em R, quando n .
Prova:
Como (u
n
) W
1,p
(R) ´e sequˆencia limitada, existe uma subsequˆencia (ainda
denotada da mesma forma) fracamente convergente para uma fun¸ao u W
1,p
(R).
Portanto, vale o item (a).
Usando o item (a) e passando a uma subsequˆencia, temos a convergˆencia em quase
todo ponto em R. Logo, vale o item (b).
A prova do item (c) segue adaptando argumentos usados em Boccardo e Murat [11]
(veja tamb´em, [6] e [44]) e ser´a feita a seguir.
Defina a fam´ılia de fun¸oes
τ
η
(s) =
s, se |s| η
η
s
|s|
, se |s| > η.
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 39
Fixe um conjunto compacto K R e tome a fun¸ao corte φ
K
: R R, satisfazendo
φ
K
C
0
(R), 0 φ
K
1 em R e φ
K
= 1 em K.
Considere a fun¸ao teste φ
K
τ
η
(u
n
u) W
1,p
(R). Desde que (u
n
) ´e uma sequˆencia
(P S)
c
para o functional I obtemos que
o(1) = I
(u
n
)φ
K
τ
η
(u
n
u) I
(u)φ
K
τ
η
(u
n
u)
=
R
1 + β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
+
R
V (x)
|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+
R
β
p1
(β 1)
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
+
R
β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx
R
|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx
R
g(x)φ
K
τ
η
(u
n
u)dx. (2.2.1)
Afirmativa 2.3. Afirmamos que
(a) Se V (x) ´e limitado ent˜ao
|
K
V (x) [|u
n
|
p2
u
n
|u|
p2
u] φ
K
τ
η
(u
n
u)dx| = o(1).
(b) |
K
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
φ
K
τ
η
(u
n
u)dx| = o(1).
(c) |
K
|u
n
|
p(β1)
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx| = o(1).
(d) |
K
[|u
n
|
q2
u
n
|u|
q2
u] φ
K
τ
η
(u
n
u)dx| Cη.
(e) |
R
g(x)φ
K
τ
η
(u
n
u)dx| = o(1).
40 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
(f) lim sup
n→∞
g
n
Cη,
onde
g
n
|
K
1 + β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p2
u
n
|u
|
p2
u
(φ
K
τ
η
(u
n
u))
dx|.
Assumindo a Afirmativa 2.3, a prova do item (c) do Lema 2.2 ´e an´alogo a prova
do Lema 1.7 do Cap´ıtulo 1.
Prova da Afirmativa 2.3:
A prova dos itens (a) at´e (d) seguem como no Lema 1.7 do Cap´ıtulo 1 (veja
tamb´em, [2, Lema 4.2]). A conclus˜ao do item (e) segue do fato de g L
s
(R), para
algum s 1 e (u
n
) ser limitada em W
1,p
(R). O item (f) ´e obtido tomamando o limite
superior na equa¸ao (2.2.1) e usando os itens de (a) at´e (e).
Lema 2.4. (v
n
) W
1,p
(R) ´e uma sequˆencia (P S)
c
limitada para o funcional J
definido em (2.1.3) se e somente se u
n
= f(v
n
) W
1,p
(R) ´e tamb´em uma sequˆencia
(P S)
c
limitada para o funcional I definido em (2.1.1). Al´em disso, v
n
v
q. t. p.
em R, quando n .
Prova: Para concluir a primeira parte do Lema vamos provar que
(a) I(u
n
) = J(v
n
);
(b) Se a sequˆencia (v
n
) ´e limitada em W
1,p
(R) enao a sequˆencia (u
n
)
´e tamb´em limitada em W
1,p
(R);
(c) Toda sequˆencia (P S)
c
para o funcional J ´e limitada em W
1,p
(R).
Usando que u
n
= f
(v
n
) · v
n
, o item (a) segue porque
|v
n
|
p
= |u
n
|
p
+ β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p
.
De fato,
|u
n
|
p
+ β
p1
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p
= |f
(v
n
) · v
n
|
p
+ β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
|f
(v
n
) · v
n
|
p
= |f
(v
n
) · v
n
|
p
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
= |f
(v
n
) · v
n
|
p
|f
(v
n
)|
p
= |v
n
|
p
.
O item (b) segue do Lema 2.1-(c). De fato,
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 41
u
n
= f(v
n
) v
n
M.
Prova o item (c): Usando o Lema 2.1-(e), a desigualdade de older, (V
0
) e a
Observao 1.1 do Cap´ıtulo 1, obtemos que
1
β
c
1
+
1
q
|J
(v
n
)|
(W
1,p
(R))
· v
n
+ 1
1
β
J(v
n
)
1
q
J
(v
n
) · v
n
=
1
1
q
R
[|v
n
|
p
+ V (x)|f(v
n
)|
p
dx]
1
β
1
qβ
R
g(x)f(v
n
)dx
1
1
q
R
[|v
n
|
p
+ V
0
|f(v
n
)|
p
dx]
1
β
1
qβ
R
g(x)f(v
n
)dx
C
1
1
1
q
v
n
p
1
β
1
qβ
|g|
s
|v
n
|
s
C
1
1
1
q
v
n
p
C
1
β
1
qβ
|g|
s
v
n
.
Portanto v
n
´e limitada em W
1,p
(R).
Agora vamos provar que v
n
v
. Recordemos que u
n
u
, u
n
u q. t. p. em
R quando n ( Lemma 2.2) e [f
1
]
(u
n
) ´e continua, porque
f
1
(t) =
1
f
(f(t))
=
1 + β
p1
t
p(β1)
1
p
quando t 0.
Usando estes fatos concluimos que
v
n
=
f
1
(u
n
)u
n
f
1
(u)u
= v
q. t. p. em R, quando n .
A pr´oxima proposi¸ao diz que toda solu¸ao fraca da equa¸ao (1.3.12) ´e uma solu¸ao
fraca da equa¸ao (0.0.1).
42 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
Proposi¸ao 2.5. Seja u = f (v). Ent˜ao v ´e um ponto cr´ıtico do funcional J se e
somente se u ´e um ponto cr´ıtico do funcional I. Al´em disso, se v W
1,p
(R) ent˜ao
u W
1,p
(R) C
1
(R).
Prova:
Temos pelo Lema (2.1)-(b), (c) que |u|
p
|f(v)|
p
|v|
p
and |u
|
p
|f
(v)v
|
p
|v
|
p
. Portanto u =
R
(|u|
p
+ |u
|
p
) dx
1
p
v . Desde que v ´e um ponto
cr´ıtico do funcional J ent˜ao v ´e uma solu¸ao fraca do problema (1.3.12). Usando o fato
que f C
2
(R) e que v C
1
(R) ( veja [22, 51] ), concluimos que u = f (v) C
1
(R).
Logo u W
1,p
(R) C
1
(R).
A prova da equivalˆencia: v ´e um ponto cr´ıtico do funcional J se e somente se u ´e
um ponto cr´ıtico do funcional I, segue se provarmos que
I
(u) · z = J
(v) · w, se z = f
(v) · w. (2.2.2)
Para provar a igualdade (2.2.2), usaremos novamente que u
= f
(v) · v
e
z
= [f
(v)]
· w + f
(v) · w
, onde
f

(v) = β
p1
(β 1)|f
(v)|
p+2
|f(v)|
p(β1)2
f(v)v
.
Temos que
|u
|
p2
u
z
+ β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
+ β
p1
(β 1)|u|
p(β1)1
|u
|
p
z
= |f
(v)v
|
p2
f
(v)v
z
1 + β
p1
|f(v)|
p(β1)
+β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)1
|f
(v)v
|
p
z
= |f
(v)v
|
p2
f
(v)v
z
|f
(v)|
p
+ β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)1
|f
(v)v
|
p
z
= z
|v
|
p2
v
|f
(v)|
1
+ β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)1
|f
(v)v
|
p
z
= |v
|
p2
v
|f
(v)|
1
β
p1
(β 1)|f
(v)|
p+2
|f(v)|
p(β1)2
f(v)v
w
+f
(v)w
] + β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)1
|f
(v)v
|
p
f
(v)w
= |v
|
p2
v
w
.
Portanto a igualdade (2.2.2) est´a provada.
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 43
Agora vamos provar que o limite fraco de uma sequˆencia de Palais-Smale para o
funcional J, no n´ıvel c R, ´e uma solu¸ao fraca do problema (1.3.12).
Lema 2.6. Seja (v
n
) W
1,p
(R) uma sequˆencia de Palais-Smale para o funcional J
no n´ıvel c R. Se a sequˆencia (v
n
) converge fracamente para algum v
0
W
1,p
(R)
quando n ent˜ao v
0
´e uma solu¸ao fraca do problema (1.3.12).
Prova:
Considere uma fun¸ao arbitr´aria φ : R R, φ C
0
(R). Desde que J
(v
n
) ·φ 0
quando n vamos provar que J
(v
0
) · φ = 0. Portanto, por argumento de
densidade, concluimos que J
(v
0
) · w = 0, para todo w W
1,p
(R). Logo J
(u
0
) = 0 e
u
0
´e uma solu¸ao fraca do problema (0.0.1).
Prova de que J
(v
0
) · φ = 0, para φ C
0
(R):
0 = lim
n→∞
J
(v
n
) · φ
= lim
n→∞
R
|v
n
|
p2
v
n
φ
dx
R
|f(v
n
)|
q2
f(v
n
)f
(v
n
)
φdx
+
R
V (x)
|f(v
n
)|
p2
f(v
n
)f
(v
n
)
φdx
R
g(x)f
(v
n
)φdx
.
Denotemos as integrais acima por J
1
(v
n
) · φ, J
2
(v
n
) · φ, J
3
(v
n
) · φ e J
4
(v
n
) · φ,
respectivamente. Vamos provar que J
i
(v
n
) · φ J
i
(v
0
) · φ quando n , para
todo i = 1, 2, 3, 4.
Temos que |v
n
|
p2
v
n
´e limitado em L
p
(R) onde p
=
p
p1
. Usando este fato
juntamente com o Lema 2.4, obtemos que |v
n
|
p2
v
n
|v
0
|
p2
v
0
quando n .
Desde que φ
´e limitado em L
p
(R), pelo Teorema A.9 ( veja apˆendice, sec˜ao A.8 )
concluimos que J
1
(v
n
) · φ J
1
(v
0
) · φ, quando n .
Note que (v
n
) converge fracamente para algum v
0
W
1,p
(R) quando n
enao, pelo Lema 2.2, v
n
v
0
q. t. p. em R, quando n . Segue que f(v
n
) f(v
0
)
e f
(v
n
) f
(v
0
) q. t. p. em R, quando n ( porque f C
2
(R) ). Como antes,
desde que V (x) ´e limitado ´e suficiente provar que |f(v
n
)|
p2
f(v
n
)f
(v
n
) ´e limitado em
L
p
(R) para concluir que J
3
(v
n
) · φ J
3
(v
0
) · φ, quando n .
De fato, pelo Lema 2.1 obtemos que
44 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
R
V (x)|f (v
n
)|
p2
f(v
n
)f
(v
n
)
p
p1
dx|
M
R
|f(v
n
)|
p
|f
(v
n
)|
p
p1
dx
R
|v
n
|
p
dx v
n
p
< .
Argumentando como no caso J
3
e usando a Observao 1.1, tamb´em provamos
que
|f(v
n
)|
q2
f(v
n
)f
(v
n
) ´e limitado em L
q
q1
(R). Portanto, segue que J
2
(v
n
)·φ J
2
(v
0
)·φ
quando n .
A convergˆencia da integral J
4
segue diretamente do Teorema da Convergˆencia
Dominada , porque g L
s
(R) para algum s 1 e f
´e continua.
2.3 Prova do Teorema 0.2
Vamos provar que existe um n´umero c < 0 e R > 0 tal que o funcional J possui uma
sequˆencia (v
n
), (P S)
c
, limitada, isto ´e
||v
n
|| R, J(v
n
) c e J
(v
n
) 0, quando n ,
onde
c = inf
J(v)/v W
1,p
(R) e v
¯
B
R
,
¯
B
R
=
v W
1,p
(R)/v R
.
Vamos mostrar que c ´e assumido para algum v
0
W
1,p
(R) e J
(v
0
) = 0.
Usando o Princ´ıpio Variacional de Ekeland ( veja Apˆendice, Teorema A.3 )
obtemos a seguinte resultado:
Afirmativa 2.7. Existe uma sequˆencia (v
n
) W
1,p
(R)
¯
B
R
tal que
J(v
n
) c, J
(v
n
) 0 em (W
1,p
(R))
quando n ,
Assumindo esta Afirmativa, temos que a sequˆencia (v
n
) ´e limitada em W
1,p
(R)
¯
B
R
e portanto v
n
v converge fracamente, quando n e v
n
v q. t. p. em R,
quando n . Pelo Lema 2.6, obtemos que v ´e uma solu¸ao do problema (1.3.12)
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 45
e J
(v) = 0.
Observe tamb´em que pela defini¸ao de c e usando que g = 0, conclui-se que
c < J(0) = 0.
Agora vamos provar que J(v
0
) = c. Temos que (v
n
) satisfaz
c + o(1) = J(v
n
)
=
1
p
R
[|v
n
|
p
+ V (x)|f(v
n
)|
p
] dx
1
q
R
|f(v
n
)|
q
dx
R
g(x)f(v
n
)dx
e, para todo w W
1,p
(R),
0 = J
(v
n
) · w
=
R
|v
n
|
p2
v
n
w
dx +
R
V (x)
|f(v
n
)|
p2
f(v
n
)f
(v
n
)
wdx
R
|f(v
n
)|
q2
f(v
n
)f
(v
n
)
wdx
R
g(x)f
(v
n
)wdx.
Escolhendo w = w
n
=
f(v
n
)
f
(v
n
)
obtemos que
w
n
= f
(v
n
)v
n
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
1
p
+f(v
n
)β
p1
1
p
p(β 1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
1
p
1
|f(v
n
)|
p(β1)2
f(v
n
)f
(v
n
)v
n
= v
n
+ β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
|f
(v
n
)|
p
v
n
= v
n
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
.
Observe que w
n
´e limitada ( pelo Lema 2.1-(e) ) e portanto
0 = J
(v
n
) · w
n
=
R
|v
n
|
p
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
dx +
R
V (x)|f (v
n
)|
p
dx
R
|f(v
n
)|
q
dx
R
g(x)f(v
n
)dx.
46 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
Concluimos que
1
q
R
|f(v
n
)|
q
dx =
1
q
R
|v
n
|
p
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)
dx
1
q
R
V (x)|f(v
n
)|
p
dx +
1
q
R
g(x)f(v
n
)dx.
Assim
c + o(1) = J(v
n
)
=
R
1
p
1
q
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)

|v
n
|
p
dx
+
1
p
1
q
R
V (x)|f(v
n
)|
p
dx +
1
q
1
R
g(x)f(v
n
)dx.
Vamos provar que c J(v). Usando este fato, a defini¸ao de c e o fato que v
¯
B
R
concluimos que J(v) = c.
Denotaremos as integrais acima por J
1
(v
n
), J
2
(v
n
) e J
3
(v
n
), respectivamente. Para
provar a desigualdade c J(v) usaremos o Lema de Fatou nas integrais J
1
(v
n
) e
J
2
(v
n
).
De fato, se definirmos
h
1
n
(x) =
1
p
1
q
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)

|v
n
|
p
,
desde que v
n
v q. t. p. em R, v
n
v
q. t. p. em R, quando n e f ´e continua,
temos que
h
1
n
(x)
1
p
1
q
1 +
β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v)|
p(β1)

|v
|
p
q. t. p. em R.
Usando a observao 1.1 e o Lema 2.1-(c) obtemos que
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 47
R
h
1
n
(x)dx
R
1
p
+
1
q
1 + β
p1
(β 1)v
n
p(β1)
|v
n
|
p
dx Cv
n
p
< ,
ou seja, h
1
n
L
1
(R). Definindo a β
p1
|f(v)|
p(β1)
afirmamos que
1 +
(β 1)a
1 + a
< 1 + β 1 = β
e portanto
h
1
n
(x) =
1
p
1
q
1 +
β
p1
(β 1)|f(v
n
)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v
n
)|
p(β1)

|v
n
|
p
1
p
1
q
β
|v
n
|
p
=
q
pq
|v
n
|
p
0.
Pelo Lema de Fatou obtemos que
lim
n→∞
inf J
1
(v
n
)
R
1
p
1
q
1 +
β
p1
(β 1)|f(v)|
p(β1)
1 + β
p1
|f(v)|
p(β1)

|v
|
p
dx. (2.3.1)
Agora vamos definir
h
2
n
(x) =
1
p
1
q
V (x)|f (v
n
)|
p
.
Observe que, quando n ,
h
2
n
(x)
1
p
1
q
V (x)|f (v)|
p
q. t. p em R,
porque v
n
v q. t. p. sobre R e f ´e continua.
Desde que
h
2
n
(x) 0 e h
2
n
L
1
(R),
48 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
novamente usando Lema de Fatou, concluimos que
lim
n→∞
inf J
2
(v
n
)
1
p
1
q
R
V (x)|f(v)|
p
dx. (2.3.2)
Note que a prova da convergˆencia da integral,
J
3
(v
n
) J
3
(v), (2.3.3)
segue direto aplicando o Teorema da Convergˆencia Dominada porque g L
s
(R) para
algum s 1 e f ´e continua. Tomando o limite inferior na igualdade (2.7), usando
(2.3.1), (2.3.2) e (2.3.3) concluimos que c J(v).
Observao 2.8. Desde que g C
+
, a fun¸ao v pode ser substituido por |v| e ent˜ao
obtemos uma solu¸ao ao negativa para o problema (0.0.1). Al´em disso, do fato de
g C
+
temos tamb´em que g 0 q. t. p em R. Ent˜ao aplicando o Teorema de
azquez concluimos que v ´e estritamente positiva. Portanto a prova do Teorema 0.2
est´a completa.
Prova da Afirmativa 2.7:
Pelo Lema 2.1-(d), existem constantes R
1
> 0 e C
1
= C
1
(R
1
) > 0 tais que
|f(v)| C
1
|v| se |v| R
1
. (2.3.4)
Usando a desigualdade de older, (2.3.4), Lema 2.1-(c), a condi¸ao (V
0
) e a
Observao 1.1 obtemos que
J(v) =
R
1
p
[|v
|
p
+ V (x)|f(v)|
p
]
1
q
|f(v)|
q
g(x)f(v)
dx
R
1
p
[|v
|
p
+ V
0
C
1
|v|
p
] dx
C
2
q
v
q
R
g(x)f(v)dx.
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 49
Seja C = C(R
1
) min{1, V
0
C
p
1
}. Pela desigualdade de Young, concluimos que
J(v)
1
p
Cv
p
C
2
q
v
q
C
3
|g|
s
v
1
p
(C
p
)v
p
C
2
q
v
q
C
|g|
p
s
.
Fixando (0, 1), tome n´umeros reais R < R
1
, δ
1
> 0, ρ
1
> 0 tais que J(v) ρ
1
se
v = R e |g|
s
< δ
1
. Portanto J ´e limitado inferiormente sobre
¯
B
R
.
Vamos provar que J ´e semi-continuo inferiormente em
¯
B
R
. Relembrando que J ´e
semi-continuo inferiormente em
¯
B
R
, se e somente se, para todo z
n
tal que z
n
z em
¯
B
R
, quando n , obt´em-se que lim inf
n→∞
J(z
n
) J(z).
Observe que
lim inf
n→∞
J(z
n
) = lim inf
n→∞
1
p
R
|z
n
|
p
dx +
1
p
R
V (x)|f(z
n
)|
p
dx
1
q
R
|f(z
n
)|
q
dx
R
g(x)f(z
n
)dx
.
(2.3.5)
Denotaremos as integrais acima por J
1
(z
n
), J
2
(z
n
), J
3
(z
n
) and J
4
(z
n
),
respectivamente. Desde que | · |
p
´e semi-continua inferiormente enao
lim inf
n→∞
R
|z
n
|
p
dx
R
|z
|
p
dx. (2.3.6)
Usando o Lema 2.1-(b), o Teorema do Valor M´edio e a Observao 1.1, concluimos
que
R
|f(z
n
) f(z)|
p
dx
M
R
|z
n
z|
p
Cz
n
z
p
0, quando n .
50 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
Portanto f(z
n
) f (z) in L
p
(R), quando n . Logo, pelo Teorema A.11 ( veja
Apˆendice, se¸ao A10 ), existe uma subsequˆencia de (f (z
n
)) ( que denotaremos tamb´em
por (f(z
n
)) ) e h L
p
(R) tal que
f(z
n
) f(z) q. t. p. em R, quando n
e
|f(z
n
)| h(x), para todo n e h L
p
(R).
Desde que V ´e limitado, pelo Teorema da Convergˆencia Dominada, temos que
R
V (x)|f (z
n
)|
p
dx
R
V (x)|f(z)|
p
dx quando, n . (2.3.7)
Analogamente, provamos que
R
|f(z
n
)|
q
dx
R
|f(z)|
q
dx, quando n . (2.3.8)
E como g L
s
(R), para algum s 1, obtemos que
J
4
(z
n
)
R
g(x)f(z)dx, quando n . (2.3.9)
Assim, usando (2.3.6), (2.3.7), (2.3.8), (2.3.9) na igualdade (2.3.5), concluimos que
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 51
lim inf
n→∞
J(z
n
) = lim inf
n→∞
1
p
R
|z
n
|
p
dx +
1
p
R
V (x)|f(z
n
)|
p
dx
1
q
R
|f(z
n
)|
q
dx
R
g(x)f(z
n
)dx
= lim inf
n→∞
1
p
R
|z
n
|
p
dx +
1
p
R
V (x)|f (z)|
p
dx
1
q
R
|f(z)|
q
dx
R
g(x)f(z)dx
1
p
R
|z
|
p
dx +
1
p
R
V (x)|f(z)|
p
dx
1
q
R
|f(z)|
q
dx
R
g(x)f(z)dx = J(z).
Portanto J ´e semi-continuo inferiormente em
¯
B
R
.
Desde que J ´e semi-continuo inferiormente e limitado sobre
¯
B
R
, pelo Princ´ıpio
Variacional de Ekeland ( veja Apˆendice, Teorema A.3 ), obtemos que para qualquer
n inteiro positivo, existe uma sequˆencia (v
n
) tal que
c J(v
n
) c +
1
n
(2.3.10)
e
J(w) J(v
n
)
1
n
v
n
w, para todo w
¯
B
R
. (2.3.11)
Afirmamos que v
n
< R, para todo n suficientemente grande. Caso contr´ario, se
v
n
= R para infinitos n, podemos assumir, sem perda de generalidade, que
v
n
= R para todo n 1. Disto segue, pela escolha de ρ
1
que J(v
n
) ρ
1
> 0.
Combinando este resultado com a desigualdade (2.3.10) e fazendo n concluimos
que 0 < ρ
1
lim I(v
n
) = c < 0 e isto ´e uma contradi¸ao.
Finalmente vamos provar que J
(v
n
)
(W
1,p
(R))
0, n .
De fato, para qualquer v W
1,p
(R) tal que v = 1, vamos definir w
n
= v
n
+ tv.
Para um n fixado temos que w
n
v
n
+ t < R, se t ´e suficientemente pequeno.
Usando a desigualdade (2.3.11) obtemos que
52 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
J(w
n
) = J(v
n
+ tv) J(v
n
)
|t|
n
v.
Portanto
J(v
n
+ tv) J(v
n
)
|t|
1
n
v =
1
n
.
Fazendo t 0
+
concluimos que
J
(v
n
) · v
1
n
.
Usando um argumento similar para t 0
, obtemos que J
(v
n
) · v
1
n
, para todo
v W
1,p
(R) com v = 1. Portanto
J
(v
n
)
(W
1,p
(R))
= sup
v=1
|J
(v
n
) · v|
1
n
0, quando n
e (v
n
) ´e uma sequˆencia (P S)
c
.
2.4 Preliminares para o Teorema 0.3
Vamos definir o funcional energia I
0
: X R do problema (0.0.5) pela igualdade
(2.1.1), com g 0 ( que corresponde ao funcional I do problema (0.0.1) sem a
perturba¸ao g ). Pelo Teorema 0.1 ( veja tamb´em Alves, Carri˜ao e Miyagaki em [2]
) sabemos que este problema tem uma solu¸ao positiva ¯u, tal que I
0
(¯u) = m onde
m = inf
uM
I
0
(u)
e M ´e a variedade Nehari associada ao funcional I
0
, definida no Apˆendice, se¸ao A11.
Agora vamos provar que I possui a geometria do passo da montanha.
Lema 2.9. ( Geometria do Passo da Montanha ). O funcional I satisfaz
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 53
(a) I(0) = 0,
(b) existe uma constante positiva ρ e R tal que I(u) ρ se u = R,
(c) existe uma constante positiva R
1
> R e z W
1,p
(R) tal que
I(z) < 0 = I(0) se z > R
1
.
Prova: O item (a) ´e imediato. Usando desigualdade de older, desigualdade de
Young ( veja Apˆendice A.1, desigualdade 3 ) , a condi¸ao (V
0
) e a Observao 1.1 do
Cap´ıtulo 1, obtemos que
I(u)
R
1
p
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
] +
R
β
p1
p
K
0
|u|
p(β1)
|u
|
p
R
1
q
|u|
q
R
g(x)u(x)dx
C
1
p
u
p
C
2
q
u
q
C
3
|g|
s
u
C
1
p
u
p
C
2
q
u
q
p
p
u
p
C
[|g|
s
]
p
=
C
1
p
p
p
u
p
C
2
q
u
q
C
[|g|
s
]
p
.
Fixando (0, 1), podemos encontrar R > 0, δ
1
> 0 suficientemente pequeno e ρ > 0
tal que I(u) ρ se u = R e |g|
s
< δ
1
. Portanto o item (b) est´a provado.
Para provar o item (c), ´e suficiente observar que I
0
(t¯u) −∞, quando t
( porque q > p ). Enao existe t
0
> 0 tal que I
0
(t¯u) < 0 se t t
0
. Deste fato,
juntamente com g C
+
, obtemos que
I(t¯u) = I
0
(t¯u) t
R
g(x)u(x)dx < 0, se t t
0
.
Defina z t¯u W
1,p
(R), segue que para todo t t
0
, z > R e I(z) < 0.
Observao 2.10. Segue do Lema 2.9, aplicando uma vers˜ao do Teorema do Passo
da Montanha de Ambrosetti e Rabinowitz em [3], feita por Br´ezis e Nirenberg [14](
veja Apˆendice Teorema A.5 ), que existe uma sequˆencia (z
n
) W
1,p
(R), (P S)
c
1
tal
que
54 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
I(z
n
) c
1
, I
(z
n
) 0 em (W
1,p
(R))
, quando n ,
onde
c
1
= inf
hΓ
sup
uh
I(u) > 0,
com
Γ =
h C([0, 1], W
1,p
(R)) : h(0) = 0 e h(1) = t
0
¯u
.
2.5 Prova do Teorema 0.3
Recordemos que v
0
´e uma solu¸ao para o problema (1.3.12), dada pelo Lema 2.6, tal
que J(v
0
) = c. Enao segue da prova do Lema 2.4-(a) que I(u
0
) = J(v
0
) = c, onde
u
0
= f (v
0
) ´e uma solu¸ao fraca para o problema (0.0.1), dada pela Proposi¸ao 2.5.
Pelo Lema 2.9 e a Observao 2.10, existe uma sequˆencia ao negativa, (P S)
c
1
,
(u
n
) W
1,p
(R) ( porque g C
+
, podemos considerar a sequˆencia |u
n
| ) tal que
I(u
n
) c
1
, I
(u
n
) 0 em (W
1,p
(R))
, quando n .
Usando a desigualdade de older, a condi¸ao (V
0
) e a Observao 1.1, concluimos
que
c
1
+
1
q
|I
(u
n
)|
(W
1,p
(R))
· u
n
+ 1 I(u
n
)
1
q
I
(u
n
) · u
n
=
1
p
1
q
R
[|u
n
|
p
+ V (x)|u
n
|
p
dx] +
β
p1
p
β
p
q
||u
n
|
β1
u
n
|
p
p
1
1
q
R
g(x)u
n
(x)dx
1
p
1
q
R
[|u
n
|
p
+ V
0
|u
n
|
p
dx]
1
1
q
R
g(x)u
n
(x)dx
C
1
1
p
1
q
u
n
p
1
1
q
|g|
s
|u
n
|
s
C
1
1
p
1
q
u
n
p
C
1
1
q
|g|
s
u
n
.
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 55
Portanto a sequˆencia (u
n
) ´e limitada em W
1,p
(R). Pelo Lema 2.4, (v
n
) ´e tamb´em
uma sequˆencia (P S)
c
1
e limitada para o funcional funcional J. Portanto v
n
v
1
fracamente em W
1,p
(R), quando n e do Lema 2.6, v
1
´e uma solu¸ao fraca do
problema (1.3.12). Pela Proposi¸ao 2.5, u
1
f (v
1
) ´e uma solu¸ao fraca do problema
(0.0.1). Pela Observao 2.8 temos que v
1
´e estritamente positiva. Como f ´e crescente
enao u
1
´e tamb´em estritamente positiva. Vamos provar que u
0
= u
1
mostrando que
I(u
0
) = I(u
1
). Faremos isto argumentando como Rˇadulescu e Smets em [49].
Lema 2.11. Seja (u
n
) W
1,p
(R) a sequˆencia (P S)
c
1
para o funcional I dada acima,
tal que u
n
u
1
, fracamente em W
1,p
(R), quando n . Ent˜ao ou a sequˆencia (u
n
)
converge fortemente em W
1,p
(R) ou c
1
m + I(u
1
).
Assumindo este Lema por enquanto, segue que ou u
n
u
1
em W
1,p
(R), quando
n e neste caso concluimos que
I(u
1
) = lim
n→∞
I(u
n
) = c
1
> 0 > c = I(u
0
);
ou
c
1
= lim
n→∞
I(u
n
) I(u
1
) + m.
Supondo I(u
1
) = I(u
0
) = c, obtemos que c
1
c + m e isto contradiz o Lema seguinte.
Lema 2.12. Sejam c, c
1
e m definidos anteriormente e a fun¸ao f C
+
que
satisfazendo |f|
L
s
(R)
= 1. Ent˜ao existem umeros reais R > 0 e δ
2
= δ
2
(R) tais
que c
1
< c + m para toda fun¸ao g = f sempre que < δ
2
, onde R ´e dado na prova
da Afirmativa 2.7.
Portanto o Teorema 0.3 fica provado se escolhermos 0 < < δ onde δ = min{δ
1
, δ
2
}.
Prova do Lema 2.11:
Pelo Lema 2.6 e a Proposi¸ao 2.5, se u
n
u
1
quando n , pela continuidade
do funcional I, obtemos que u
1
´e um ponto cr´ıtico de I e I(u
1
) = c
1
.
Por outro lado, se a sequˆencia (u
n
) ao converge fortemente em W
1,p
(R), definimos
z
n
= u
n
u
1
e obtemos que z
n
0, fracamente em W
1,p
(R), quando n . Assim
podemos assumir que
56 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
z
n
γ > 0, quando n . (2.5.1)
Temos que u
n
u
1
, fracamente em W
1,p
(R), quando n e g L
s
(R) para algum
s 1, enao segue disto juntamente com a Observao 1.1 e o Teorema A.9 ( veja
Apˆendice, se¸ao A.8 ) que
R
g(x)z
n
(x)dx 0, quando n .
Assim
I(z
n
) = I
0
(z
n
) + o(1).
Temos tamb´em que
lim inf
n→∞
[I(u
n
) I(u
1
) I(z
n
)] = lim inf
n→∞
1
p
u
n
p
+
β
p1
p
||u
n
|
β1
u
n
|
p
p
1
q
|u
n
|
q
q
R
gu
n
dx
1
p
u
1
p
β
p1
p
||u
1
|
β1
u
1
|
p
p
+
1
q
|u
1
|
q
q
+
R
gu
1
dx
1
p
z
n
p
β
p1
p
||z
n
|
β1
z
n
|
p
p
+ |z
n
|
q
q
+
R
gz
n
dx
.
Usando a Proposi¸ao 1.5 do Cap´ıtulo 1 ( para p = 2 veja [45]), isto ´e,
lim inf
n→∞
|u
n
u
β1
n
|
p
p
lim inf
n→∞
|z
n
z
β1
n
|
p
p
+ |u
1
u
β1
1
|
p
p
,
e as identidades dadas pelo Lema de Br´ezis e Lieb ( veja Apˆendice, Lema A.2 ),
||u
n
||
p
||u
1
||
p
||z
n
||
p
= o(1), quando n ,
|u
n
|
q
q
|u
1
|
q
q
|z
n
|
q
q
= o(1), quando n , (2.5.2)
obtemos que
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 57
lim inf
n→∞
[I(u
n
) I(u
1
) I(z
n
)] 0.
Portanto tomando uma subsequˆencia, se necess´ario, segue que
lim
n→∞
[I(u
n
) I(u
1
) I(z
n
)] 0,
onde conclui-se que
c
1
+ o(1) = I(u
n
) I(u
1
) + I(z
n
) + o(1) = I
0
(z
n
) + I(u
1
) + o(1). (2.5.3)
Analogamente, usando o Lema 2.6 e a Proposi¸ao 2.5, obtemos que
o(1) = I
(u
n
) · u
n
I
(u
1
) · u
1
+ I
(z
n
) · z
n
+ o(1) = I
0
(z
n
) · z
n
+ o(1).
Logo
I
0
(z
n
) · z
n
o(1). (2.5.4)
Se lim
n→∞
I
0
(z
n
) · z
n
< 0, enao, para n suficientemente grande, pelo Lema 1.2
existe λ
n
]0, 1[ tal que λ
n
z
n
M. Al´em disso temos que
lim sup
n→∞
λ
n
< 1. (2.5.5)
Caso contr´ario, se lim sup
n→∞
λ
n
= 1, enao ao longo de uma subsequˆencia, temos
que λ
n
1, quando n . Portanto
I
0
(z
n
) · z
n
= I
0
(λ
n
z
n
) · λ
n
z
n
+ o(1).
58 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
Assim lim
n→∞
I
0
(z
n
) · z
n
= 0. Mas isto ´e uma contradi¸ao. Logo lim sup
n→∞
λ
n
<
1.
Desde que λ
n
z
n
M, pela desigualdade (2.5.3) temos que
c
1
+ o(1) = I(u
n
) I
0
(z
n
) + I(u
1
) + o(1)
=
R
1
p
[|z
n
|
p
+ V (x)|z
n
|
p
] +
R
β
p1
p
|z
n
|
p(β1)
|z
n
|
p
R
1
q
|z
n
|
q
+ I(u
1
) + o(1)
λ
p
n
R
1
p
[|λ
n
z
n
|
p
+ V (x)|λ
n
z
n
|
p
] +
R
β
p1
p
λ
n
|λ
n
z
n
|
p(β1)
|λ
n
z
n
|
p
λ
q
n
R
1
q
|λ
n
z
n
|
q
+ I(u
1
) + o(1)
=
β 1
λ
p
n
R
1
p
[|λ
n
z
n
|
p
+ V (x)|λ
n
z
n
|
p
] + λ
q
n
q
pqβ
|λ
n
z
n
|
q
q
+ I(u
1
) + o(1).
Usando a desigualdade (2.5.5) e tomando o limite superior na desigualdade acima
obtemos que
c
1
β 1
R
1
p
[|λ
n
z
n
|
p
+ V (x)|λ
n
z
n
|
p
] +
q
pqβ
|λ
n
z
n
|
q
q
+ I(u
1
)
= I
0
(λ
n
z
n
)|
N
+ I(u
1
) + o(1) = m + I(u
1
)
e o Lema 2.11 est´a provado.
Agora, vamos estudar o caso onde lim
n→∞
I
0
(z
n
)·z
n
= 0. Desde que a desigualdade
(2.5.3) ´e satisfeita, basta provar que
I
0
(z
n
) m + o(1). (2.5.6)
Vamos definir
χ
n
I
0
(z
n
).z
n
,
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 59
ϕ
n
R
[|z
n
|
p
+ V (x)|z
n
|
p
] ,
θ
n
R
β
p
|z
n
|
p(β1)
|z
n
|
p
e
ψ
n
R
|z
n
|
q
.
Portanto
0 = lim
n→∞
I
0
(z
n
).z
n
= lim
n→∞
χ
n
= lim
n→∞
[ϕ
n
+ θ
n
ψ
n
] . (2.5.7)
Usando que V satisfaz a condi¸ao (V
0
), obtemos que
ϕ
n
Cz
n
p
γ > 0. (2.5.8)
Note tamb´em que
ψ
n
e θ
n
ao n´umeros finitos e n˜ao negativos. (2.5.9)
Segue da igualdade (2.5.7) que
(a) χ
n
= 0, exceto um n´umero finito de ´ındices n, ou
60 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
(b) existe uma subsequˆencia (χ
n
j
) tal que χ
n
j
0, quando n e χ
n
j
= 0 para
todo j.
Se ocorrer o item (a), obtemos que z
n
M e portanto m I
0
(z
n
). Assim a
desigualdade (2.5.6) ´e verificada.
Se ocorrer o item (b), a prova da desigualdade (2.5.6) segue adaptando alguns
argumentos usados por Rˇadulescu e Smets em [49] ( veja tamb´em [1] e [6] ).
Necessitamos da seguinte a afirmativa:
Afirmativa 2.13. Existe uma sequˆencia (t
n
) R tal que
lim
n→∞
t
n
= 1
e
I
0
(t
n
z
n
) · t
n
z
n
= 0.
Admitindo essa Afirmativa por enquanto, obtemos que
lim
n→∞
[I
0
(z
n
) I
0
(t
n
z
n
)] =
1
p
(1 t
p
n
) +
β
p1
p
(1 t
n
)|z
n
|
β1
z
n
p
p
1
q
(1 t
q
n
)z
n
q
q
= 0.
E desde que t
n
z
n
M, conseguimos que
I
0
(z
n
) = I
0
(t
n
z
n
) + o(1) m + o(1).
Isto completa a prova do Lema 2.11 .
Prova da Afirmativa 2.13:
Seja t = 1 + τ, onde τ > 0 ´e suficientemente pequeno. Usando a defini¸ao de
χ
n
, ϕ
n
, θ
n
, e ψ
n
obtemos que
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 61
I
0
((1 + τ)z
n
).(1 + τ)z
n
= (1 + τ)
p
ϕ
n
+ (1 + τ)
θ
n
(1 + τ)
q
ψ
n
= ϕ
n
(1 + τ)
p
+ (1 + τ)
θ
n
(1 + τ)
q
(ϕ
n
+ θ
n
χ
n
)
= [(1 + τ)
p
(1 + τ)
q
] ϕ
n
+
(1 + τ)
(1 + τ)
q
θ
n
(1 + τ)
q
χ
n
= τ (p q)ϕ
n
+ ϕ
n
o(τ) + ( q)τ θ
n
+ θ
n
o(τ) + (1 + τ)
q
χ
n
= τ [(p q)ϕ
n
+ ( q)θ
n
] + ϕ
n
o(τ) + θ
n
o(τ) + (1 + τ)
q
χ
n
.
Defina
τ
n
K|χ
n
|
ϕ
n
(q p) + θ
n
(q )
, onde K > 1 ´e uma constante.
Usando (2.5.7), (2.5.8) e (2.5.9) concluimos que
lim
n→∞
τ
n
= 0.
Observe que
I
0
((1 + τ
n
)z
n
) · (1 + τ
n
)z
n
=
K|χ
n
|
ϕ
n
(q p) + θ
n
(q )
[(p q)ϕ
n
+ ( q)θ
n
]
+ϕ
n
o(τ
n
) + θ
n
o(τ
n
) +
1 +
K|χ
n
|q
ϕ
n
(q p) + θ
n
(q )
+ o(τ
n
)
χ
n
= K|χ
n
| + χ
n
+
K|χ
n
|q
ϕ
n
(q p) + θ
n
(q )
+ ϕ
n
o(τ
n
) + θ
n
o(τ
n
) + χ
n
o(τ
n
).
Usando que K > 1, o lim
n→∞
τ
n
= 0, (2.5.8) e (2.5.9), concluimos que
I
0
((1 + τ
n
)z
n
) · (1 + τ
n
)z
n
< 0, para n suficientemente grande.
Analogamente,
I
0
((1 τ
n
)z
n
) · (1 τ
n
)z
n
> 0, para n suficientemente grande.
Portanto existe t
n
(1 τ
n
, 1 + τ
n
) tal que
62 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
I
0
(t
n
z
n
).t
n
z
n
= 0.
Prova do Lema 2.12:
A prova deste Lema segue usando a seguinte afirmativa.
Afirmativa 2.14. sup
t0
I(t¯u) < m + c, onde ¯u ´e a solu¸ao do problema (0.0.1),
considerando g(x) = 0.
Prova: Necessitamos provar que c + m > 0, para δ
1
> 0 e R > 0 dados na prova do
Teorema 0.2. De fato, seja u uma solu¸ao do problema (0.0.1) obtida pelo Teorema
0.2. Desde que I
(u).u = 0 tem-se que
c = I(u) =
1
p
1
q
R
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
] + K
0
β
p1
q
pq
||u|
β1
u
|
p
p
1
1
q
R
g(x)u(x)dx.
Usando o fato do segundo termo ser positivo, a condi¸ao (V
0
), a desigualdade de
older e a Observao 1.1, concluimos que
c
1
p
1
q
Cu
p
1
1
q
|g|
s
u,
onde C ´e uma constante. Aplicando a desigualdade de Young, encontramos que
c
1
p
1
q
Cu
p
λ
p
p
u
p
M
p
λ
p
1
1
q
p
|g|
p
s
,
p
=
p
p1
.
Agora tomando a constante λ
1
p
q
1
p
e argumentando como [49] ( veja tamem
[6] ) tem-se que
2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes 63
λ
p
p
=
1
p
1
p
q
=
1
p
1
q
e
M
p
λ
p
1
1
q
p
=
M
p
λ
p.
p
p
1
1
q
p
=
M
p
q 1
q
p
1
1
p
q
1
p1
µ > 0.
Enao
c
1
p
1
q
Cu
p
1
p
1
q
Cu
p
µ|g|
p
s
= µ|g|
p
s
. (2.5.10)
Escolhendo |g|
s
suficientemente pequeno, obtemos que o umero negativo c tende a
zero e desde que m > 0 concluimos que c + m > 0.
Como c + m > 0 = I(0) e o funcional I ´e cont´ınuo, existe t
> 0 e
> 0,
satisfazendo 0 < |g|
s
<
, tal que
sup
t[0 , t
]
I(t¯u) < m + c, se |g|
s
<
< δ
1
.
Assim, para concluir a Afirmativa (2.14) basta provar que
sup
tt
I(t¯u) < m + c, se |g|
s
´e suficientemente pequena.
Mas, desde que I(¯u) = m, usando uma propriedade da variedade de Nehari para o
funcional I
0
, precisamente, I
0
(λu) I
0
(u), para todo u pertencente a variedade e
λ > 0, temos que
64 2 Multiplicidade de soluc¸
˜
oes
I(t¯u) sup
tt
I(t¯u)
sup
tt
R
t
p
p
[|¯u
|
p
+ V (x)|¯u|
p
] +
β
p1
p
K
0
t
||¯u|
β1
¯u
|
p
p
t
q
q
|¯u|
q
q
t
R
g(x)¯u(x)dx
= sup
tt
I
0
(t¯u) t
R
g(x)¯u(x)dx
sup
t0
I
0
(t¯u) t
R
g(x)¯u(x)dx
I
0
(¯u) t
R
g(x)¯u(x)dx
= m t
R
g(x)¯u(x)dx = m t
a
0
,
onde a
0
=
R
f(x)¯u(x)dx ´e positivo porque f C
+
, |f|
s
= 1 e g = f. De (2.5.10) e
do fato que |g|
s
=
s
|f|
s
=
s
< with

segue que
c µ|g|
p
s
> µ
p
.
Escolhendo

> 0, suficientemente pequeno, tal que t
a
0
< µ
p
, for all <

,
concluimos que
I(t¯u) < m + c.
Para terminar a prova do Lema 2.12 basta tomar δ
2
= min{
,

}.
—3—
´
Orbitas homocl´ınicas para o
problema autˆonomo
Neste cap´ıtulo vamos demonstrar o Teorema 0.4. Para isto consideraremos o
problema autˆonomo (0.0.6), a saber
Lu + |u|
p2
u = |u|
q2
u, em R,
onde o operador L ´e definido pela igualdade (0.0.2), β > 1, K
0
> 0, p > 1 e q > p.
Renomeando
u
= |v|
p+2
p1
v, (3.0.1)
obtemos que
|u
|
p2
u
= |v|
p2
p1
|v|
p+2
p1
v = v.
Enao
v = |u
|
p2
u
(3.0.2)
e portanto
v
=
|u
|
p2
u
. (3.0.3)
Note que
{[(|u|
β
)
]
p2
(|u|
β
)
|u|
β2
u =
β|u|
β2
uu
p2
β|u|
β2
u
|u|
β2
u
=
β
p1
|u|
β2
u
p1
|u
|
p2
u
|u|
β2
u
=
|u|
β2
u
p1
v
|u|
β2
u
= β
p1
|u|
β2
u
(p 1)
|u|
β2
u
p2
(β 1)|u|
β2
u
v
+
|u|
β2
u
p1
v
.
65
66 3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo
Reescrevendo a equa¸ao (0.0.6) e usando que v = |u
|
p2
u
, obtemos o seguinte sistema
sobre R
2
u
= |v|
p+2
p1
v
v
=
1 + K
0
β
p1
|u|
β2
u
p
1
[|u|
p2
u |u|
q2
u
K
0
(p 1)(β 1)β
p1
|u|
p(β2)
p1
u
p1
v
p
p1
].
(3.0.4)
Note que (1, 0), (0, 0) e (1, 0) s˜ao pontos singulares do sistema (3.0.4).
Defina a fun¸ao energia E : R
2
R por
E(u, v) =
1
p
1 + K
0
β
p1
|u|
β2
u
p
|v|
p
p1
+
1
p 1
1
q
|u|
q
1
p
|u|
p
.
Vamos mostrar que E(γ(t)) ´e constante ao longo das ´orbitas γ(t) (u(t), v(t))
C
1
\{(0, 0)} do sistema (3.0.4).
De fato, temos que
d
dt
E(u, v) = E
u
· u
+ E
v
· v
= K
0
|v|
p
p1
β
p1
|u|
β2
u
p1
(β 1)|u|
β2
u
+
1
p 1
|u|
q2
u |u|
p2
u
u
+
1
p 1
1 + K
0
β
p1
|u|
β2
u
p
|v|
p
p1
2
vv
= K
0
|v|
p
p1
β
p1
|u|
β2
u
p1
(β 1)|u|
β2
u
+
1
p 1
|u|
q2
u |u|
p2
u
u
+
1
p 1
|u|
p2
u |u|
q2
u K
0
(p 1)(β 1)β
p1
|u|
p(β2)
p1
u
p1
|v|
p
p1
|v|
p+2
p1
v
= K
0
β
p1
(β 1)
|u|
p(β2)
p1
u
p1
|v|
p
p1
u
+
1
p 1
|u|
q2
u |u|
p2
u
u
+
1
p 1
|u|
p2
u |u|
q2
u K
0
(β 1)(p 1)β
p1
|u|
p(β2)
p1
u
p1
|v|
p
p1
|v|
p+2
p1
v.
Usando a igualdade (3.0.2) obtemos que
d
dt
E(u, v) = 0.
Note que sobre a ´orbita α(t) (0, 0), a fun¸ao energia E(α(t)) = E((0, 0)) = 0.
3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo 67
Agora, considere uma ´orbita γ(t) (u(t), v(t)) = (0, 0) tal que E(γ(t)) =
E((u(t), v(t))) = 0. Desde que E ´e constante ao longo das ´orbitas γ(t), obtemos
que
|v|
p
p1
=
p
p 1
1
p
|u|
p
1
p
q
|u|
qp
1 + K
0
β
p1
(|u|
β2
u)
p
.
Portanto
v = ±|u|
p1
1
p
q
|u|
qp
p1
p
{(p 1) [1 + K
0
β
p1
(|u|
β2
u(t))
p
]}
p1
p
. (3.0.5)
Vamos analisar a ´orbita γ distinguindo dois casos:
Caso 1: u > 0.
Neste caso, pela equa¸ao (3.0.5) obtemos que no plano uv, a ´orbita γ ´e sim´etrica em
rela¸ao ao eixo
0u e corta esse eixo em u(t) = a
q
p
1
qp
> 1. No ponto (a, 0), por
(3.0.4) e usando o fato que q > p, obtemos que o vetor γ
(t) = (u
, v
)|
(a,0)
= (0, v
),
tangente a ´orbita γ(t) possui v
negativo e ´e perpendicualar ao eixo
0u. Como q > p,
obtemos que a fun¸ao energia ´e positiva para u > a, por exemplo veja figura 3.3 e
figura 3.4. Al´em disso a curva formada por α(t) γ(t), com u > 0 conem o ponto
(1, 0) no seu interior, por exemplo veja figura 3.1 e figura 3.2.
Al´em disso, analisando a fun¸ao E, observamos que a energia nos pontos interiores
a curva α(t) γ(t) ´e negativa, por exemplo veja figura 3.3.
Note que a ´orbita γ(t) est´a contida no compacto K α(t) γ(t) e portanto tem
a seguinte propriedade
γ(t) = (u(t), v(t)) 0, quando |t| .
E pelo sistema (3.0.4) vemos tamb´em que
γ
(t) = (u
(t), v
(t)) 0, quando |t| .
68 3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo
Deste dois fatos concluimos que a ´orbita γ ´e homocl´ınica.
Caso 2: u < 0.
Como o gr´afico da fun¸ao v(t) ´e sim´etrico em rela¸ao a origem, de modo an´alogo a
Caso 1 obtemos uma ´orbita θ(t), com u(t) < 0 para todo t R que ´e homocl´ınica
e a curva θ(t) α(t), com u(t) < 0 para todo t R, conem o ponto (1, 0) no seu
interior, por exemplo veja figura 3.2 e figura 3.4.
Portanto, o Teorema 0.4 segue do Caso 1 e Caso 2.
Observao 3.1. Note que a regi˜ao interior a curva α(t)γ(t) possui somente ´orbitas
fechadas. De fato, seja P um ponto interior a curva α(t)γ(t) tal que E(p) = E(1, 0)
e E(p) = E(0, 0). Se a ´orbita que passa por P ao ´e fechada, pelo Teorema de
Poincar´e-Bendixson, ( veja Apˆendice, Teorema A.4 ), esta ´orbita tende aos pontos
singulares (1, 0) ou (0, 0). Como a energia ´e constante ao longo das ´orbitas, conclui-
se que E(p) = E(1, 0) ou E(p) = E(0, 0), que ´e uma contradi¸ao. Portanto todas
´orbitas no interior da curva α(t) γ(t) ao fechadas.
Observao 3.2. Desde que q > p obtemos que a fun¸ao energia restrita ao segmento
compreendido entre os pontos (1, 0) e (a, 0), isto ´e, E(0, v) =
1
p1
1
q
|u|
q
1
p
|u|
p
´e
uma fun¸ao negativa e crescente. Aem disso, temos tamb´em que E(u, 0) = |v|
p
p1
> 0
para todo v R, v = 0. Destes dois fatos e usando que a energia ´e constante sobre as
´orbitas, concluimos que na regi˜ao exterior e muito pr´oxima a curva α(t) γ(t) ao
existe nenhuma ´orbita em que a energia seja zero sobre ela. Portanto a ´orbita γ ´e
isolada.
3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo 69
1
2
1
2
112
Figura 3.1: Gr´afico da ´orbita γ(t) = (u(t), v(t)) com u > 0, p = 2, β = 3 e q = 6.
70 3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo
1
2
1
2
112
Figura 3.2: Gr´aficos: ´orbita γ(t) = (u(t), v(t)) com u > 0 e ´orbita θ(t) = (u(t), v(t)) com
u < 0, no caso p = 2, β = 3 e q = 6.
3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo 71
x
y
z
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
Figura 3.3: Gr´afico da superf´ıcie E(u, v) com p = 2, β = 3 e q = 6.
72 3
´
Orbitas homocl
´
ınicas para o problema aut
ˆ
onomo
x
y
z
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
1.0
2.0
3.0
-1.0
-2.0
Figura 3.4: Gr´afico da superf´ıcie E(u, v) com p = 2, β = 3 e q = 6.
—4—
Conclus˜ao
Neste trabalho, mostramos a existˆencia de duas solu¸oes positivas para o problema
(0.0.1). A garantia da existˆencia dessas duas solu¸oes ´e devido a presen¸ca da
perturba¸ao g, com norma |g|
s
suficientemente pequena, que faz com que funcional
energia possua dois pontos cr´ıticos, um com energia negativa ( obtida pelo Princ´ıpio
Variacional de Ekeland ) e outro com energia positiva ( dado pela Geometria do Passo
da Montanha ).
Para provar existˆencia da primeira solu¸ao, Teorema 0.2, tivemos que demonstrar
que solu¸oes fracas do problema (0.0.1) foram obtidas como limite fraco de uma
determinada sequˆencia (PS)
c
( Lema 2.6 ) e esse resultado foi conseguido usando o
teorema de convergˆencia, Teorema A.9 ( veja Apˆendice ). Pelo fato das express˜oes
do funcional energia associado I e de sua derivada de Fechet I
terem termos
com a potˆencia cr´ıtica da imers˜ao de Sobolev, ao pudemos aplicar esse teorema
de convergˆencia diretamente no funcional I e I
. Por isso foi necess´ario fazer uma
mudan¸ca de vari´avel, obtendo um problema equivalente ao anterior ( no sentido da
Prosi¸ao 2.5 ), cujo o funcional energia associado n˜ao possuisse termos com potˆencia
cr´ıtica da imers˜ao de Sobolev na sua express˜ao .
Para obter a segunda solu¸ao, Teorema 0.3, tivemos de provar primeiro a existˆencia
de solu¸ao positiva, Teorema 0.1, para o problema (0.0.5), sem a perturba¸ao g, e em
seguida, provamos os Lema 2.11 e Lema 2.12, os quais fazem uma compara¸ao entre
os n´ıveis de energia, da primeira solu¸ao, da segunda solu¸ao e o n´ıvel de energia
(positivo) do caso g = 0.
No Cap´ıtulo, usando problemas autˆonomos, obtivermos uma generaliza¸ao na
potˆencia q, retirando a sua dependˆencia de β, precisamente q > p, e conseguimos
provar que a equa¸ao (0.0.6) admite duas solu¸oes distintas. Vale ressaltar que, para
fazer essa generaliza¸ao, usamos uma ferramenta poderosa de Sistemas Dinˆamicos,
que n˜ao se aplica para problemas n˜ao autˆonomos.
73
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] C. O. Alves, P. C. Carri˜ao e O. H. Miyagaki, Nonlinear perturbations of a periodic
elliptic problem with critical growth, J. Math. Anal. Appl. 260 (2001), 133-146.
[2] M. J. Alves, P. C. Carri˜ao e O. H. Miyagaki, Soliton solutions for a class of
quasilinear elliptic equations on R, Adv. Nonl. Studies 7 (2007), 579-597.
[3] A. Ambrosetti e P. H. Rabinowitz, Dual variational methods in critical point
theory and applications, J. Funct. Anal. 14 (1973), 349-381.
[4] V. Arnold, Equations Differentialles Ordinaires, Ed. MIR, Moscou, 1974.
[5] A. Ambrosetti e Z. Q. Wang, Positive solutions to a class of quasilinear elliptic
equations on R, Discrete Cont. Dynamical Syst. 9 (2003), 55-68.
[6] R. B. Assun¸ao, P. C. Carri˜ao e O. H. Miyagaki, Critical singular problems via
concentration -compactness lemma, J. Math. Anal. Appl. 326(2007), 137 -154.
[7] T. Bartsh e Z. Q. Wang, Existence and multiplicity results for some superlinear
elliptic problems on R
n
, Comm. P.D.E. 20 (1995), 1725 -1741.
[8] F. Bass e N. N. Nasanov, Nonlinear electromagnetic spin waves, Physics Reports
189 (1990), 165-223.
[9] H. Berestycki e P. L. Lions, Nonlinear scalar field equations I: existence of a
ground state, J. Math. Anal. Appl. 82 (1983), 313-346.
[10] H. Berestycki, T. Galou¨et e O. Kavian, Equations de champs scalaires euclidiens
non lin´eaires dans le plan, C. R. Acad. Sci. Paris S´er. I Math. 297 (1983), 307-
310.
[11] L. Boccardo e F. Murat, Almost everywhere convergence of the gradients of
solutions to elliptic and parabolic equations, Nonlinear Anal. 19 (1992), 581-597.
[12] H. Br´ezis, Analyse functionnelle - Th´eorie et applications, Masson, Paris, 1983.
[13] H. Br´ezis e E. Lieb, A relation between pointwise convergence of functions and
convergence of functionals, Proc. Amer. Math. Soc. 88 (1983), 486-490.
74
Referˆencias Bibliogr´aficas 75
[14] H. Br´ezis e L. Nirenberg, Positive solutions of nonlinear elliptic equations
involving critical Sobolev exponents, Comm. Pure Appl. Math. 36 (1983), 437-
477.
[15] A. Borovskii e A. Galkin, Dynamical modulation of an ultrashort high-intensity
laser pulse in matter, JETP 77 (1983), 562-573.
[16] A. De Bouard, N. Hayashi e J. Saut, Global existence of small solutions to a
relativistic nonlinear Schr¨odinger Equation, Comm. Math. Phys 189 (1997), 73-
105.
[17] M. Colin e L. Jeanjean, Solutions for a quasilinear Schr¨odinger Equation: A dual
approach, Nonlinear Anal. 56 (2004), 213-226.
[18] J. B. Conway, A course in functional analysis, secund edition, Springer-Verlag,
New York, 1990.
[19] D. G. Costa, On a class of elliptic systems in R
n
, Elect. J. Diff. Eqns, 7 (1994),
1-14.
[20] V. Coti-Zelati e P. H. Rabinowitz, Homoclinic type solutions for a semilinear
elliptic PDE on R
n
, Comm. Pure Appl. Math. 45 (1992), 1217-1269.
[21] J. I. D´ıaz, Nonlinear partial differential equations and free boudaries. Vol.1.
Elliptic equations. Research Notes in Mathematics, 106. Pitman, Bostom, MA,
1985.
[22] E. Di Benedetto, C
1
Local regularity of weak solutions of degenerate elliptic
equations. Nonlinear Analysis. Theory, Methods and Applications, 7(8)(1983),
827-850.
[23] P. Dr´abek, A. Kufner e F. Nicolosi, Quasilinear elliptic equations with
degeneratios and singularities, Walter de Gruyter , Berlim (1977).
[24] I. Ekeland, On the variational principle, J. Math. Anal. Appl. 47(1974), 324 -353.
[25] L. C. Evans, Partial differential equations, Graduate Studies in Mathematics,
American Mathematical Society, Providence, Rhode Island, vol. 19, 1998.
[26] A. Floer e A. Weinstein, Nonspreading wave packets for the cubic Schr¨odinger
with a bounded potential. J. Funct. Anal. 69, (1986), 397-408.
[27] R. Glowinski e J. Rappaz, Approximation of nonlinear elliptic problem arising
in a non-Newtonian fluid flow model in glaciology. Math. Model. Numer. Anal.
37, (2003), 175-186.
[28] R. W. Hasse, A general method for the solution of nonlinear soliton and kink
Schr¨odinger equation, Z. Physik B, 37 (1980), 83-87.
76 Referˆencias Bibliogr´aficas
[29] E. Hewitt e K. Stromberg, Real and abstract analysis, Springer-Verlag, Berlin
Heidelberg, 1955.
[30] L. Jeanjean, Two positive solutions for a class of nonhomogeneous elliptic
equations, Diff. Int. Eqns. 10 (1997), 609-624.
[31] L. Jeanjean e K. Tanaka, A positive solution for a nonlinear Schr¨odinger equation
on R
n
, Indiana Univ. Math. 54 (2005), 443-464.
[32] W. Kryszewski e A. Szulkin, Generalized linking theorem with an application to
semilinear Schr¨odinger equation, Adv. Differential Equations 3 (1998), 441-472.
[33] S. Kurihura, Large-amplitude quasi-solitons in superfluid films, J. Phys. Soc.
Japan 50(1981), pp. 3262-3267.
[34] H. Lange, M. Poppenberg e H. Teismann, Nash-Moser methods for the solution
of quasilinear Schr¨odinger equations, Comm. P. D. E. 24 (1999), 1399-1418.
[35] P. L. Lions, The concentration-compactness principle in the calculus of
variations: the locally compact case, Ann. I. H. P. Anal. Nonlin. 1 (1984), 109-145
and 223-283.
[36] C. Liu, Weak solutions for a viscous p-laplacian operator. Elect. J. Diff. Eqns
(63) (2003), 1-13.
[37] J. Q. Liu e Z. Q. Wang, Soliton solutions for quasilinear Schr¨odinger equations
I, Proc. Amer. Math. Soc. 131 (2003), 441-448.
[38] J. Q. Liu, Y. Q. Wang e Z. Q. Wang, Soliton solutions for quasilinear Schr¨odinger
equations II, J. Diff. Eqns. 187 (2003), 473-493.
[39] J. Q. Liu, Y. Q. Wang e Z. Q. Wang, Solutions for quasilinear Schr¨odinger
equations via the Nehari Method, Comm. P.D.E. 29 (2004), 879-901.
[40] V. G. Makhankov e V. K. Fedyanin, Nonlinear effects in quasi-one-dimensional
models of condensed matter theory, Physics Reports 104 (1984), 1-86.
[41] P. Montecchiari, Multiplicity results for a class of semilinear elliptic equations
on R
n
, Rend. Sem. Mat. Univ. Padova 95 (1996), 217-252.
[42] E. S. Noussair, C. A. Swanson e J. Yang, Quasilinear elliptic problems with
critical exponentes: The critical exponential case, Nonlinear Anal. 20 (1993),
285-301.
[43] J. M. do
´
O, O. H. Miyagaki e S. H. M. Soares, Soliton solutions for quasilinear
Schr¨odinger equations: The critical exponential case, Nonlinear Anal. 67 (2007),
3357-3372.
[44] I. Peral, Multiplicity of solutions for the p-Laplacian, Second school on nonlinear
functional analysis e appl. diff. eqns., I.C.T.P.I., Trieste, 1997.
Referˆencias Bibliogr´aficas 77
[45] M. Poppenberg, K. Schmitt e Z. Q. Wang, On the existence of soliton solutions
to quasilinear Schr¨odinger equations, Cal. Var. P.D. E. 14 (2002), 329-344.
[46] G. R. W. Quispel e H. W. Capel, Equation of motion for the Heisenberg spin
chain, Physica 110A (1982), 41-80.
[47] P. H. Rabinowitz, On a class of nonlinear Schr¨odinger equations, ZAMP 43
(1992), 270-291.
[48] M. Ramaswamy e R. Shivaji, Multiple positive solutions for classes of p-laplacian
equations, Diff. Integ. Eqns 17 (11-12) (2004), 1255-1261.
[49] V. adulescu e D. Smets, Critical singular problems on infinite cones, Nonlinear
Anal. 54 (2003), 1153-1164.
[50] U. B. Severo, Existence results for quasilinear elliptic equations involving the
p-Laplacian in the whole R
n
, pre-print (2007).
[51] J. Simon, Regularit´e de la solution d’une equation non lin´eaire dans R
n
, Lectures
Notes in Math. N
0
665, Springer Verlag, Berlin, 1978.
[52] J. Sotomayor, Li¸oes de equa¸oes diferenciais ordin´arias, IMPA, Projeto
Euclides, Rio de Janeiro, 1979.
[53] D. W. Stroock, A Concise introduction to the theory of integration, second
edition, Birkh¨auser, Boston, 1994.
[54] W. Strauss, Existence of solitary waves in higher dimensions, Comm. Math.
Phys., 55 (1977), 149-162.
[55] G., Tarantello, On nonhomogeneous elliptic equations involving critical Sobolev
exponent, Ann. I. H. P. Anal. Nonlin. 9 (1992) 281-304.
[56] J. L. azquez, A strong maximun principle for some quasilinear elliptic
equations, App. Math. Optim 12 (1984), 191-202.
[57] M. Willem, Minimax theorems, Birkh¨auser, Boston, 1996.
[58] Z. Xiping e Y. Jianfu, On the existence of nontrivial solution of a quasilinear
elliptic boundary value problem for unbounded domains, Ata Math. Scientia 7
(1987), 341-359.
—A—
Apˆendice
A.1 Desigualdades
1. Sejam a, b R
+
, µ = µ(p) ´e uma constante positiva e p, p
expoentes conjugados,
isto ´e, 1/p + 1/p
= 1. Enao
|a + b|
p
|a|
p
+ |b|
p
µ
|b|
p1
|a| + |a|
p1
|b|
.
Refer
ˆ
encia. Stroock [53, p´ag. 122].
Desigualdades de Young : Sejam a, b R
+
e p, p
expoentes conjugados. Enao
2. ab
a
p
p
+
b
p
p
.
3. ab εa
p
+ C(ε)b
p
, onde ε > 0 e C(ε) = (εp)
p
p
(p
)
1
.
Refer
ˆ
encia. Evans [25, p´ag. 622].
4. Sejam a, b R
+
, a 0, b 0 e 1 p < . Enao
(a + b)
p
2
p1
(a
p
+ b
p
).
Lema A.1. Sejam x, y R
n
e seja ·, ·
e
o produto escalar usual em R
n
. Ent˜ao existe
uma constante C = C(p) tal que
|x|
p2
x |y|
p2
y, x y
e
C
|xy|
2
(|x|+|y|)
2p
se 1 < p < 2,
C|x y|
p
se p 2.
(A.1.1)
Refer
ˆ
encia. Peral [44, Lema A.0.5, p´ag. 78] e Simon [51, Lema 2.1].
78
A Ap
ˆ
endice 79
A.2 Lema de Br´ezis e Lieb
Lema A.2. (Br´ezis e Lieb). Sejam (Ω, µ) espco de medida e (f
n
) : C ( C ´e o
conjunto dos n´umeros complexos ) fun¸oes mensur´aveis. Suponha que
1. as fun¸oes f
n
, para n = 1, 2, 3, ..., , sejam uniformemente limitadas em L
p
(Ω),
para algum 0 < p < e
2. f
n
f q. t. p em .
Ent˜ao
lim
n→∞
|f
n
|
p
p
|f
n
f|
p
p
= |f|
p
p
.
Refer
ˆ
encia. Br´ezis e Lieb [13, Teorema 1, p´ag. 487].
A.3 Princ´ıpio Variacional de Ekeland
Teorema A.3. Seja (X, d) espco m´etrico completo com etrica d e seja J : X
R {+∞} uma fun¸ao semicont´ınua inferiormente. Suponhamos que J seja limitada
inferiormente e definamos
c inf
xX
J(x).
Ent˜ao, para todo ε > 0, existe u
ε
tal que
c J(u
ε
) c + ε
e para todo x X tal que x = u
ε
, temos
J(x) J(u
ε
) + εd(x, u
ε
) > 0.
Refer
ˆ
encia. Ekeland [24].
A.4 Teorema de Poincar´e-Bendixson
Sejam um subconjunto aberto do espa¸co euclidiano R
2
e X : ∆ R
2
um campo
vetorial de classe C
k
, k 1.
80 A Ap
ˆ
endice
Seja ϕ(t) = ϕ(t, p) a curva integral de X passando pelo ponto P definida no seu
intervalo aximo I
p
, I
p
= (ω
(p), ω
+
(p)). Se ω
+
(p) = define-se o conjunto
ω(p) {q ∆; existe uma sequˆencia (t
n
), com t
n
e ϕ(t
n
) q, quando n ∞} .
Analogamente, se ω
(p) = −∞ define-se o conjunto
α(p) {q ∆; existe uma sequˆencia (t
n
) com t
n
−∞ e ϕ(t
n
) q, quando n ∞} .
Os conjuntos ω(p) e α(p) ao chamados respectivamente de conjuntos ω limite e
α limite de p.
Vamos definir por γ
+
p
{ϕ(t, p); t 0} a semi-´orbita positiva conduzida pelo ponto
p.
Teorema A.4. Seja ϕ(t) = ϕ(t, p) a curva integral de X, definida para todo t 0,
tal que γ
+
p
esteja contida num compacto K . Suponha que o campo X possua um
umero finito de singularidades em ω(p). Tem-se as seguintes alternativas:
(a) Se ω(p) cont´em somente pontos regulares, ent˜ao ω(p) ´e uma ´orbita peri´odica.
(b) Se ω(p) cont´em pontos regulares e singulares, ent˜ao ω(p) consiste de um conjunto
de ´orbitas, cada uma das quais tende a um desses pontos singulares quando t ±∞.
(c) Se ω(p) ao cont´em pontos regulares, ent˜ao ω(p) ´e um ponto singular.
Refer
ˆ
encia. Sotomayor [52, Teorema (Poincar´e-Bendixson), p´ag. 248].
A.5 Teorema do Passo da Montanha
Teorema A.5. ( Sem a condi¸ao (P S)
c
). Sejam E espco de Banach e Φ : E R
fun¸ao de classe C
1
. Suponhamos que existam vizinhan¸ca U da origem em E e
constante ρ R
+
tais que Φ ρ, para todo u U,
A Ap
ˆ
endice 81
Φ(0) < ρ e Φ(v) < ρ, para algum v ∈ U.
Definimos
c inf
P ∈P
max
wP
Φ(w) > 0,
em que P denota a classe de caminhos cont´ınuos em E unindo a origem a v ∈ U.
Ent˜ao existe uma sequˆencia (u
n
) E tal que
Φ(u
n
) c e Φ
(u
n
) 0 em E
, quando n .
Refer
ˆ
encia. Br´ezis e Nirenberg [14, Teorema 2.2].
A.6 Princ´ıpio do M´aximo de V´azquez
Considere a equa¸ao
p
v(x) + β(v(x)) = h(x) em ,
onde ∆
p
v = div (|∇v|
p2
v), v ´e o gradiente de v, p > 1.
Defini¸ao A.6. Seja x
0
. Se existe uma bola aberta B
R
(x
1
) tal que
¯
B = {x
0
} ent˜ao podemos escolher um vetor unit´ario
ν =
x
1
x
0
|x
1
x
0
|
,
onde ν ´e um vetor unit´ario normal a no ponto x
0
apontando para o interior da
bola.
Teorema A.7. Seja v C
1
(Ω) com
p
v L
2
loc
(Ω), u 0 q. t. p. em ,
p
v β(v)
q. t. p em , com β : [0, ) R, cont´ınua, ao decrescente, tal que β(0) = 0.
Suponha que β(s) = 0, para algum s > 0 ou β(s) > 0, para todo s > 0 e satisfaz a
condi¸ao
1
0
[β(s)s]
1
p
ds = .
82 A Ap
ˆ
endice
Se v ao ´e identicamente nula em ent˜ao v ´e estritamente positiva em .
Al´em disso, se v C
1
(Ω {x
0
}), para algum x
0
satisfazendo u(x
0
) = 0 e a
defini¸ao A.6 ent˜ao
v
ν
(x
0
) > 0.
Refer
ˆ
encia. azquez [56, Teorema 5, p´ag. 200].
A.7 Teorema de Arzel´a-Ascoli
Teorema A.8. Suponha que (f
k
), k = 1, 2, 3, ..., ´e uma sequˆencia de fun¸oes,
f
k
: R
n
R tal que as fun¸oes f
k
sejam equicont´ınuas e
|f
k
(x)| M, para todo k = 1, 2, 3, ... e x R
n
, para alguma constante M.
Ent˜ao existe uma subsequˆencia (f
k
j
) (f
k
), j = 1, 2, 3, ... e uma de fun¸ao
cont´ınua f tal que
f
k
j
f uniformente em conjuntos compactos de R
n
.
Refer
ˆ
encia. Conway [18, Teorema 3.8, p´ag. 175] e Evans [25, p´ag. 622].
A.8 Teorema Hewitt-Stromberg
Teorema A.9. Suponha que 1 < p < e que a sequˆencia (f
n
) seja limitada em
L
p
(R). Se
f
n
f q. t. p. em R, ent˜ao f
n
f fracamente em L
p
(R), ou seja
lim
n→∞
E
f
n
g =
E
fg dµ, para toda g L
p
(E),
1
p
+
1
p
= 1.
Refer
ˆ
encia. Hewitt and Stromberg [29, Teorema 13.44, p´ag. 207].
A Ap
ˆ
endice 83
A.9 Lema de Concentra¸ao e Compacidade
Lema A.10. (P. L. Lions,1984). seja r > 0 e 2 q < . Se a sequˆencia (u
n
) ´e
limitada em W
1,p
(R) e
sup
yR
B(y,r)
|u
n
|
q
0, quando n ,
ent˜ao u
n
0 em L
p
(R) para todo 2 < p < .
Refer
ˆ
encia. Lions [35, Lema I.1, p´ag. 115].
A.10 Teorema de convergˆencia em L
p
(R)
Teorema A.11. Seja f
n
uma sequˆencia em L
p
(R) e f L
p
(R), para 1 p < ,
tais que |f
n
f|
p
0, quando n . Ent˜ao existe uma subsequˆencia (f
n
k
) da
sequˆencia (f
n
) tais que
(a) f
n
k
(x) f(x) q. t. p. em R, quando n .
(b) Existe uma fun¸ao h L
p
(R) tal que |f
n
k
(x)| h(x), q. t. p. em R, para todo k.
Refer
ˆ
encia. Br´ezis [12, Teorema IV.9), p´ag. 58].
A.11 Defini¸ao da variedade de Nehari
Seja I : W
1,p
(R) R, de classe C
1
(W
1,p
(R), R). Defina
M = {u X\{0} : I
(u) · u = 0} .
M ´e chamada de variedade de Nehari associada ao funcional I.
A.12 Defini¸ao de solu¸ao fraca e regularidade do
funcional I
Vamos considerar o problema (0.0.1), a saber,
Lu + V (x)|u|
p2
u = |u|
q2
u + g(x), em R,
u W
1,p
(R), u 0 em R,
84 A Ap
ˆ
endice
onde o operador L ´e definido por
Lu [|u
|
p2
u
]
K
0
{[(|u|
β
)
]
p1
}
|u|
β2
u,
K
0
> 0, β > 1, p > 1, q p β, g L
s
(R), para algum s 1 e V : R R ´e uma
fun¸ao potencial verificando a condi¸ao (V
0
).
Multiplicando a equa¸ao (0.0.1) por uma fun¸ao z C
0
(R), integrando por partes e
usando o fato que lim
|x|→∞
u(x) = 0 ( pois u W
1,p
(R) ), obtemos que
R
[|u|
q2
u]zdx +
R
g(x)zdx =
R
[|u
|
p2
u
]z
dx +
R
[V (x)|u|
p2
u]zdx
+
R
K
0
{[(|u|
β
)
]
p1
}[|u|
β2
uz]
dx.
Mas,
R
K
0
{[(|u|
β
)
]
p1
}[|u|
β2
uz]
dx
=
R
K
0
β
p1
(β 1)[|u|
p(β1)2
u|u
|
p
]zdx +
R
K
0
β
p1
[|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
]z
dx.
Portanto
R
[|u
|
p2
u
]z
dx +
R
[V (x)|u|
p2
u]zdx +
R
K
0
β
p1
(β 1)[|u|
p(β1)2
u|u
|
p
]zdx
+
R
K
0
β
p1
[|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
]z
dx
R
[|u|
q2
u]zdx
R
g(x)zdx = 0. (A.12.1)
Desde que o espa¸co das fun¸oes C
0
(R) ´e denso em W
1,p
(R), a igualdade (A.12.1) ´e
alida para todo z W
1,p
(R).
A Ap
ˆ
endice 85
Defina o funcional energia I : W
1,p
(R) R por
I(u)
1
p
R
[|u
|
p
+ V (x)|u|
p
] dx +
β
p1
p
K
0
R
|u|
p(β1)
|u
|
p
dx
1
q
R
|u|
q
dx
R
g(x)udx. (A.12.2)
Para mostrar a existˆencia da derivada de Fr´echet do funcional I, usamos o Teorema
da Convergˆencia Dominada de Lebesgue. O existˆencia da derivada de Fechet do
quarto termo da express˜ao de I ´e imediato. Vamos provar a existˆencia da derivada de
Fr´echet para o segundo termo da express˜ao de I. Os demais termos est˜ao provados
no livro do Willem, [57] em [57, Proposi¸ao 1.12, p´ag. 9].
Vamos definir J : W
1,p
(R) R por
J(u) =
β
p1
p
R
|u|
p(β1)
|u
|
p
dx.
Provaremos que
J
(u) · z =
R
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
zdx
+
R
β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
dx. (A.12.3)
Dado x R e 0 < |t| < 1, pelo Teorema do Valor M´edio, existe 0 < λ < 1 tal que
1
t
|u + tz|
p(β1)
|u
+ tz
|
p
|u|
p(β1)
|u
|
p
=
β
p1
(β 1)
|u + λtz|
p(β1)2
(u + λtz)|u
+ λtz
|
p
z
+β
p1
|u + λtz|
p(β1)
|u
+ λtz
|
p2
(u
+ λtz)
z
.
Usando a desigualdade 4 do Apˆendice, se¸ao A.1, a desigualdade de H¨older, o fato de
86 A Ap
ˆ
endice
0 < |t| < 1, 0 < λ < 1 e u, z W
1,p
(R) estarem continuamente imerso em L
(R),
obtemos que
1
|t|
|
|u + tz|
p(β1)
|u
+ tz
|
p
|u|
p(β1)
|u
|
p
|
C
1
|u
+ z
|
p
+ C
2
|u
+ z
|
p1
z
L
1
(R), (A.12.4)
onde C
1
e C
2
ao constantes positivas.
Vamos definir a fun¸ao p : R R, p(t) = J(u + tz). Note que p(0) = J(u),
p
(t) = J
(u + tz) · z e que J
(u) · z = p
(0) = lim
t0
1
t
[J(u + tz) J(u)]. Enao
J
(u) · z = p
(0) = lim
t0
1
t
β
p1
p
R
|u + tz|
p(β1)
|u
+ tz
|
p
dx
R
|u|
p(β1)
|u
|
p
dx
.
Enao
lim
t0
1
t
[J(u + tz) J(u) J
(u) · tz] =
lim
t0
R
1
t
β
p1
p
|u + tz|
p(β1)
|u
+ tz
|
p
dx
β
p1
p
|u|
p(β1)
|u
|
p
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
tz β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
tz
dx.
Usando a desigualdade (A.12.4), podemos aplicar o Teorema da Convergˆencia
Dominada e passar o limite para dentro do sinal de integra¸ao e obtermos que
lim
t0
1
t
[J(u + tz) J(u) J
(u) · tz] = 0
Logo a igualdade (A.12.3) segue .
Enao temos que a derivada de Fechet do funcional I ´e dada por
A Ap
ˆ
endice 87
I
(u) · z =
R
|u
|
p2
u
z
dx +
R
V (x)
|u|
p2
u
zdx
+ K
0
R
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
zdx
+ K
0
R
β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
dx
R
|u|
q2
u
zdx
R
g(x)zdx.
Defini¸ao A.12. Dizemos que u W
1,p
(R) ´e uma solu¸ao fraca do problema (0.0.5)
se u satisfaz a igualdade (A.12.1), isto ´e, I
(u) · v = 0, para toda v W
1,p
(R) .
Agora vamos provar que o funcional energia I ´e de classe C
1
(W
1,p
(R), R). Temos
que sua derivada de Fr´echet ´e dada por
I
(u) · z =
1=6
i=1
I
i
(u) · z,
onde
I
1
(u) · z =
R
|u
|
p2
u
z
dx,
I
2
(u) · z =
R
V (x)
|u|
p2
u
zdx,
I
3
(u) · z =
R
β
p1
(β 1)
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
zdx,
I
4
(u) · z =
R
β
p1
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
dx,
88 A Ap
ˆ
endice
I
5
(u) · z =
R
|u|
q2
u
zdx
e
I
6
(u) · z =
R
g(x)z(x)dx.
Seja u
n
u em W
1,p
(R), quando n . Vamos provar que
|I
i
(u
n
) · z I
i
(u) · z| 0, quando n , para todo n = 1, 2, ..., 6.
A continuidade dos termos I
1
(u) · z, I
2
(u) · z, I
5
(u) · z e I
6
(u) · z, seguem por
argumentos semelhantes, utilizados por Willem em [57, Proposi¸ao 1.12, p´ag. 9].
O termo I
3
(u) · z tamb´em ´e cont´ınuo. De fato, note que
|I
3
(u
n
) · z I
3
(u) · z| = C
1
R
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
zdx
.
Desde u
n
u em W
1,p
(R), quando n , obtemos que u
n
u em L
p
(R), quando
n . Al´em disso, |u
n
u
|
p
Mu
n
u, onde concluimos que u
n
u
em
L
p
(R), quando n . Portanto existe uma fun¸ao h pertecente a L
p
(R) tal que
|u
n
(x)| h(x) q. t. p. em R.
Defina
f
n
(x) =
|u
n
|
p(β1)2
u
n
|u
n
|
p
|u|
p(β1)2
u|u
|
p
z.
Note que f
n
0 q. t. p. em R. Usando o fato de W
1,p
(R) est´a imerso em L
(R)
e a Observao 1.1 obtemos que |f
n
| C [|h(x)|
p
+ |u
|
p
] L
1
(R) e o resultado segue
pelo Teorema da Convergˆencia Dominada.
Agora vamos provar a continuidade do termo I
4
. Observe que
A Ap
ˆ
endice 89
|I
4
(u
n
) · z I
4
(u) · z| = C
2
R
|u
n
|
p(β1)
|u
n
|
p
u
n
|u|
p(β1)
|u
|
p2
u
z
dx
.
Desde u
n
u em L
p
(R), quando n enao existe uma fun¸ao l pertecente a
L
p
(R) tal que |u
n
(x)| l(x) q. t. p. em R.
Defina
k
n
(x) =
|u
n
|
p(β1)1
|u
n
||u
n
|
p
u
n
|u|
p(β1)1
|u||u
|
p2
u
z
.
Observe que f
n
0 q. t. p. em R. Usando que W
1,p
(R) est´a imerso
em L
(R), a desigualdade de older e a Obsevao 1.1 obtemos que |k
n
|(x)
C [|h(x)|
p1
l(x) + |u
|
p1
u] L
1
(R) e o resultado segue novamente pelo Teorema da
Convergˆencia Dominada. Portanto I C
1
(W
1,p
(R), R).
Note que, se definirmos γ(u) I
(u) · u, desde que γ ´e cont´ınuo, podemos obter
γ
que ´e dado pela express˜ao abaixo.
γ
(u) · u (A.12.5)
pu
p1
+
p+1
K
0
|u
(β1)
u
|
p
q|u|
q
R
g udx.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo