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SILVIA BEATRIZ SERRA BARUKI
ESTADO NUTRICIONAL E ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES
DE 7 A 10 ANOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CORUMBÁ MS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição,
para obtenção do título Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2004
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SILVIA BEATRIZ SERRA BARUKI
ESTADO NUTRICIONAL E ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES
DE 7 A 10 ANOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CORUMBÁ MS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição,
para obtenção do título Magister Scientiae.
APROVADA: 13 de julho de 2004.
______________________________ ______________________________
Prof.Gilberto Paixão Rosado Profª.
Rita de Cássia Lanes Ribeiro
(Conselheiro) (Conselheira)
______________________________ ______________________________
Dr
. João Carlos Bouzas Marins Drª. Cristina Maria Ganns Chaves Dias
__________________________________________
Profª Lina Enriqueta Frandsen Paez de Lima Rosado
(Orientadora)
ads:
ii
Aos meus pais Wilson e Dinorah.
Ao meu tio Salomão (in memoriam).
À minha irmã Sueli.
iii
AGRADECIMENTOS
À Deus.
Aos meus pais, exemplos diários de amor, trabalho e fé, pelo compromisso de
educar com responsabilidade e simplicidade, deixando aos filhos uma grande
herança, a realização profissional e a dignidade.
Ao meu esposo e companheiro Urbano, pelo carinho, pela paciência, pelo
incentivo, e por me proporcionar a realização deste curso.
Aos meus irmãos Sérgio e Paulo, e às minhas irmãs Sandra e Solange, que me
acompanharam mais de perto, pela acolhida nas constantes idas e vindas ao Rio de
Janeiro. Em especial, à minha irmã Sueli, pela doação incondicional ao assumir a
nossa empresa com extrema eficiência durante esses últimos 4 anos em que estive
ausente. A ela devo muito pela conclusão dessa etapa na minha vida.
À professora e orientadora Lina Enriqueta Frandsen Paez de Lima Rosado,
pela atenção, pela paciência, pelos ensinamentos e pelas sugestões sempre coerentes,
os quais viabilizaram este trabalho. Com tranqüilidade, compartilhou os momentos
de ansiedade e estresse, me incentivando durante o curso e na fase de pesquisa.
Ao professor e conselheiro Gilberto Paixão Rosado, pela amizade, pela
simpatia, pelo apoio concedido desde o início, no ingresso ao Mestrado, e pela
prontidão em atender às nossas solicitações técnicas e burocráticas.
À professora e conselheira Rita de Cássia Lanes Ribeiro, pelo constante
sorriso, pela serenidade em nos ensinar, pelas sugestões e pelos conhecimentos na
área de estatística, que foram fundamentais para a realização desta pesquisa.
Ao professor João Carlos Bouzas Marins, colega de profissão, pela sabedoria
em transmitir seus conhecimentos, com humildade e seriedade, acrescentando muito
para a minha formação profissional.
À professora Sylvia Franceschini, pelo dom de ensinar e pelo carinho que
sempre me disponibilizou nos momentos de dúvidas e dificuldades, no decorrer do
curso e durante a pesquisa.
iv
À professora Josefina Bressan Monteiro, pela competência e pelos
ensinamentos valiosos que foram importantes para essa pesquisa e para a minha vida
profissional.
Aos colegas da Nutrição, pela amizade, atenção e pelo empenho em me
ajudar a “encarar” as disciplinas, e superar muitos e muitos obstáculos.
Aos funcionários do Departamento de Nutrição e Saúde, que direta ou
indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Em especial à querida
Solange, pelo bom humor e eficiência nas resoluções burocráticas da vida acadêmica.
À Secretária Municipal de Educação de Corumbá, Profª Julieta Gouveia
Gonzalez, pela permissão para a realização desta pesquisa nas escolas municipais. E
à nutricionista responsável pela merenda escolar Laura Maria Vinagre Lima Aguilar.
Aos funcionários e professores das escolas, em especial às diretoras Edma
Galharte Pinto Dias, Maria Amélia de Souza Neiva, Maria da Graça de Souza Ferri e
Mirane Franco Reis, pelo carinho e envolvimento na pesquisa em função do
compromisso educacional com as crianças. E aos colegas e professores de Educação
Física, Gilson e Jerry, pela colaboração na coleta de dados e na “lida” com as
crianças.
Ao Secretário Municipal de Saúde de Corumbá, Dr. Mário Sérgio Lombardi
Kassar, pelo financiamento dos exames clínico e bioquímico e por disponibilizar a
sua equipe técnica: as enfermeiras Socorro de Maria Nogueira Alves Pinho e Márcia
Ribeiro, exemplos de amor e dedicação ao trabalho, e de carinho com as crianças.
Enfim, à todas as crianças, personagens imprenscindíveis, e suas respectivas
famílias, que participaram da pesquisa com disposição, alegria e respeito pelo
trabalho desenvolvido, contribuindo de forma exemplar para o conhecimento
científico.
v
BIOGRAFIA
Silvia Beatriz Serra Baruki, filha de Wilson Baruki e Dinorah Wiechert Serra
Baruki, nasceu em Corumbá, MS, no dia 28 de julho de 1965.
De fevereiro de 1985 a dezembro de 1988, foi estudante do curso de
Licenciatura Plena em Educação Física na Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), Rio de Janeiro, RJ.
Em abril de 1989, foi contratada, mediante concurso público, como
professora de Educação Física da Rede Estadual de Ensino do Estado de Mato
Grosso do Sul.
Em fevereiro de 1992, foi contratada, mediante concurso público, como
professora de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Corumbá (MS).
Em agosto de 2000, iniciou o curso de Pós-Graduação Lato-Sensu, na área de
Musculação em Academia, na Universidade Gama Filho/Rio de Janeiro-RJ,
concluindo o curso em agosto de 2001.
Em agosto de 2001, iniciou o curso de Pós-Graduação Lato-Sensu, na área de
Fisiologia do Exercício, na Universidade Gama Filho/Rio de Janeiro-RJ, concluindo
o curso em agosto de 2002.
Em setembro de 2002, iniciou o curso de Mestrado em Ciência da Nutrição,
na Universidade Federal de Viçosa MG, submetendo-se ao exame final de defesa
de tese em julho de 2004.
vi
CONTEÚDO
Página
RESUMO ........................................................................................................... viii
ABSTRACT……………………………………………………………………
x
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 01
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 05
2.1. Obesidade .......................................................................................... 05
2.2. Atividade física .................................................................................. 07
2.3. Renda familiar ................................................................................... 11
2.4. Escolaridade ...................................................................................... 12
2.5. Hábitos alimentares ........................................................................... 13
3. OBJETIVOS................................................................................................. 15
3.1. Objetivos gerais ................................................................................ 15
3.2. Objetivos específicos ......................................................................... 15
4. CASUÍSTICA E MÉTODO ......................................................................... 16
4.1. Desenho do estudo ............................................................................. 16
4.2. População e amostragem ................................................................... 16
4.3. Critérios de seleção .......................................................................... 17
4.4. Coleta e análise de dados .................................................................. 17
4.5. Variáveis de estudo .......................................................................... 17
4.5.1 Medidas antropométricas ....................................................... 17
4.5.2 Avaliação clínica e bioquímica .............................................. 19
4.5.3 Caracterização da atividade física ........................................ 19
4.5.4 Caracterização socioeconômica ............................................. 20
4.5.5 Caracterização dos hábitos alimentares ................................. 21
4.6. Análises estatísticas........................................................................... 21
4.7. Aspectos éticos ................................................................................. 22
4.8. Referência bibliográfica .................................................................... 23
vii
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................
5.1. Características da população .............................................................
5.1.1) Fatores socioeconômicos ........................................................
5.1.2) Avaliação clínica e bioquímica .........................................
......
5.1.3) Hábitos alimentares .................................................................
5.1.4) Atividade física .......................................................................
5.1.5) Estado nutricional ....................................................................
24
24
29
32
34
36
5.2. Estado nutricional e Atividade física .................................................
5.2.1) Atividade Física Total .............................................................
5.2.2) Atividade Física Específica .....................................................
47
47
50
5.3. Atividade física e nível sócioeconômico ........................................... 56
6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 58
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 61
ANEXOS ............................................................................................................ 71
viii
RESUMO
BARUKI, Silvia Beatriz Serra, M.S., Universidade Federal de Viçosa, Julho de
2004. Estado Nutricional e Atividade Física em escolares de 7 a 10 anos da
Rede Municipal de Ensino de Corumbá - MS. Orientadora: Lina Enriqueta
Frandsen Paez de Lima Rosado. Conselheiros: Gilberto Paixão Rosado e Rita de
Cássia Lanes Ribeiro.
A obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das
doenças crônicas não transmissíveis como infarto, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Presente em idade precoce, a
obesidade infantil pode persistir e aumentar a incidência de morbidade e mortalidade
em adultos. As causas da obesidade envolvem uma combinação da predisposição
genética com um estilo de vida caracterizado pela inatividade física e ingestão
excessiva de alimentos de alta densidade energética, provocando um balanço
energético positivo e conseqüentemente o ganho de peso corporal. Renda familiar,
escolaridade dos pais, hábitos nutricionais inadequados e sedentarismo têm papel
importante no desenvolvimento de sobrepeso e obesidade infantil. A atividade física
é fator protetor contra a obesidade e sobrepeso em crianças, promove alterações na
composição corporal e reduz o risco de desenvolvimento das doenças crônicas não
transmissíveis. O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional e associação
do mesmo com atividade física e fatores sócioeconômicos (renda familiar e
escolaridade dos pais) em crianças de 7 a 10 anos de idade. Foram estudados 403
escolares da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de
Corumbá (MS), sendo a maioria do sexo masculino e com média de idade igual a
8,8 ± 1,12 anos. Os dados foram obtidos a partir de medidas antropométricas (Índice
de Massa Corporal, percentual de gordura e circunferência de cintura), clínicas
(pressão arterial sistólica e diastólica) e bioquímica (glicemia capilar de jejum), e por
questionários de caracterização da atividade física, dos hábitos alimentares e do nível
socioeconômico. Verificou-se uma freqüência de 3% de hipertensos, 3,8% em
situação limítrofe e 93,2% normotensos. Foi verificado correlação positiva da
Pressão Arterial Sistólica com as medidas antropométricas, e com a atividade física.
A maioria das crianças (94,4%) apresentaram glicemia normal e 5,6% glicemia de
risco ( 110 mg/dL). A prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso foi igual a
6,2% e 6,5% respectivamente; 78,2% das crianças foram consideradas eutróficas e
ix
9,2% estavam abaixo do peso. A prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso nas
crianças do sexo feminino foi 39% maior do que no sexo masculino, sendo essa
prevalência maior também nas famílias com melhor poder aquisitivo. Foi constatado
no estudo 9,4% de crianças com percentual de gordura corporal maior do que 30%,
sendo a maioria (60,5%) meninas e 39,5% meninos. A maior prevalência de
percentual de gordura acima da mediana, foi observada nas crianças de famílias com
maior poder aquisitivo, em ambos os sexos. Quanto à escolaridade, 58,9% dos pais
tinham 7 anos de estudo. Não houve associação entre escolaridade dos pais e estado
nutricional. Entre os sexos, não houve diferenças significantes quanto ao tempo
dispendido nas atividades físicas, no entanto, os meninos apresentaram maior gasto
energético do que as meninas em função da maior predisposição em participar de
atividades mais intensas do que as meninas. Quanto à idade, as crianças mais velhas
brincaram menos e gastaram mais tempo assistindo televisão e/ou videogame, do que
as crianças mais novas, em ambos os sexos. Foi constatado efeito inverso entre renda
e atividade física, sendo que as crianças menos ativas pertenciam às famílias de
maior renda. As crianças eutróficas praticaram atividades físicas de mais intensidade
do que as crianças com sobrepeso, e não houve diferença quanto à duração das
atividades. Na atividade de se deslocar para a escola, constatou-se que as crianças
com sobrepeso caminharam menos do que as crianças eutróficas. Nas atividades
físicas sedentárias, as crianças com sobrepeso gastaram mais tempo assistindo
televisão e/ou videogame do que as crianças eutróficas. De acordo com os resultados
encontrados, conclui-se que menor atividade física favorece o excesso de peso, e
conseqüentemente a incidência de doenças e/ou distúrbios endócrino-metabólicos,
devido às associações com os parâmetros antropométricos, clínico e bioquímico
observados neste estudo. As estratégias de prevenção da obesidade infantil devem
enfocar primeiramente o incentivo à prática de atividades físicas regulares e a
redução de hábitos sedentários.
x
ABSTRACT
BARUKI, Silvia Beatriz Serra, M.S., Federal University of Viçosa, July of 2004.
Nutritional Status and Physical Activity in students from 7 to 10 years of the
Municipal Net of Education of Corumbá - MS. Adviser: Lina Enriqueta
Frandsen Paez de Lima Rosado. Committee Members: Gilberto Paixão Rosado
and Rita de Cássia Lanes Ribeiro.
The obesity is one of the main factors of risk for the development of
noncommunicable chronic diseases as stroke, arterial hypertension, cardiovascular
diseases, type 2 diabetes and certain types of cancer. Present at early age, the
childhood obesity can persist and increase the incidence of morbidity and mortality
in adults. The causes of the obesity involves a combination of the genetic pre-
disposition with a lifestyle characterized by the physical inactivity and excess intake
of high energy density foods, provoking positive energy balance and consequently
the gain of body weight. Familiar income, parents schooling, inadequated nutritional
habits and sedentarysm have an important role in the overweight development and
childhood obesity. The physical activity is a protective factor against the obesity and
overweight in children, it promotes alterations in the body composition and it reduces
the risk of development of noncommunicable chronic diseases. The objective of this
work was to evaluate the nutritional status and its association with physical activity
and the socioeconomic factors (familiar income and parents schooling) in children of
7 to 10 years of age. 403 students from the 1
st
to 4
th
series of the BASIC TEACHING
of the MUNICIPAL NET OF EDUCATION of Corumbá ( MS ) have been studied,
being the majority of the masculine sex with the average of 8,8 to ± 1,12 years of
age. The data were obtained from anthropometric measures (Body Mass Index,
percentage of body fat and waist circumference), clinics (sistolic and diastolic
arterial blood pressure) and biochemical (fasting capillary glicemy), and from
questionnaires about of the physical activity characterization, the nutritional habits
and the socioeconomic status. It was verified a frequency of 3% of hipertensive ones,
3.8% in bordering situation and 93.2% normo-tensive ones. It was verified a positive
correlation of the sistolic arterial pressure with the anthropometric measures, and the
physical activity. The majority of the children (94,4%) showed normal glicemy and
5.6% showed risk glicemy (110 mg/dL). The overweight and overweight prevalence
risk was equal to 6.2% and 6.5% respectively; 78,2% of the children were considered
normal-weight, and 9,2% were under- weight. The overweight and overweight
xi
prevalence risk in the children of the feminine sex was 39% greater than in the
masculine sex, being this prevalence higher in families with a better purchasing
power. It was evidenced in the study that 9.4% of children with a body fat percentage
higher than 30%, being the majority (60,5%) girls and 39.5% boys. The higher
prevalence of body fat percentage above of the medium one, was observed in the
children of families with a greater purchasing power, in both genders. About
schooling, 58.9% of the parents had 7 years of study. There was no association
between schooling and nutritional status of the parents. Between the genders, there
was no significant difference about the time spent in physical activities, however, the
boys showed a greater energy expenditure than the girls due to the higher
predisposition in participating of more intense activities than the girls. About to the
age, the oldest children played less and spent more time watching television and/or
playing video-games, than the youngest ones, in both genders. An inverse effect
between income and physical activity was evidenced, where the less active children
belonged to the families with a higher income. The normal-weight children practiced
physical activities of a higher intensity than the overweight ones, and there was no
difference on how long the activities lasted. In the activity like commuting to school,
it was evidenced that the overweight children walked less than the ones with a
normal-weight. In the sedentary physical activities, the overweight children spent
more time watching television and/or playing video-games than the normal-weight
ones. According to the results, it was concluded that less physical activities favors to
the excess of weight, and consequently to the endocrine-metabolic incidence of
diseases and/or disturbs, due to associations with the anthropometrics parameters,
clinical and biochemist observed in this study. The strategies of prevention of the
childhood obesity must first focus the incentive to the practice of regular physical
activities and to the reduction of sedentary habits.
1
1. INTRODUÇÃO
A prevalência de excesso de peso e obesidade vem aumentando tanto nos
países desenvolvidos como nos menos desenvolvidos (WANG et al., 2002). De
acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), nos Estados Unidos 55 a 60% da
população adulta está com excesso de peso (IMC  25kg/m
2
) e 22% é obesa (IMC
30 kg/m
2
) (ACSM, 2001). Estudos realizados nos anos de 1999 a 2000 como parte
do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) revelam que a
prevalência de obesidade aumentou para 30,5% em relação a prevalência de 22,9%
observada no National Health and Nutrition Examination Survey entre os anos de
1988 e 1994 (NHANES III) ( FLEGAL, 2002). No Brasil a população com excesso
de peso corresponde a 32%, sendo 6% e 13% a prevalência de obesidade em homens
e mulheres respectivamente (INAN, 1990).
A obesidade é uma enfermidade crônica e é caracterizada por um acúmulo
excessivo de gordura corporal que traz prejuízos à saúde (WHO, 1998). É um
problema de saúde pública mundial devido às associações com doenças
arterioscleróticas, alterações endócrino-metabólicas (FISBERG, 1995), e por ser um
dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares
(GERBER e ZIELINSKY, 1997; MOURA et al., 2000). No entanto, embora a
morbidade seja menos freqüente em crianças, a prevalência da obesidade infantil
aumenta o risco de morbidade e mortalidade na idade adulta (DIETZ, 1998).
Entre crianças e adolescentes americanos, a prevalência de obesidade e
sobrepeso também tem aumentado. Conforme o National Health and Nutrition
Examination Survey de 1988 a 1994 (NHANES III), a prevalência de sobrepeso
entre crianças (6 a 11 anos) e adolescentes (12 a 17 anos), baseada no percentil 95 de
IMC, aumentou de 6 para 11,3% e de 4,8 para 10,5% respectivamente (TROIANO E
FLEGAL, 1998). Recente estudo de 1999 a 2000, como parte do National Health and
Nutrition Examination Survey (NHANES), indicam que 15,5% dos adolescentes
entre 12 a 19 anos, e 15,3% das crianças entre 6 a 11 anos estão com sobrepeso
(OGDEN, 2002).
No Brasil, estudos reforçam o caráter epidêmico e a crescente prevalência de
obesidade e sobrepeso. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, em 1989
existiam cerca de 1,5 milhão de crianças obesas, correspondendo a 5% da população
2
estudada, com prevalência maior no sexo feminino (INAN, 1990). Com base nos
dados de levantamentos nacionais desenvolvidos pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ABRANTES et al. (2002) verificaram maior
prevalência de obesidade em crianças da região Sudeste (11,9%) em relação às
crianças da região Nordeste (8,2%). Em crianças de 5 a 10 anos de idade, de escolas
públicas na Bahia, verificou-se uma prevalência de sobrepeso (IMC  85p) e
obesidade (IMC  95p), segundo WHO (1995) e adotando-se os pontos de corte
proposto por Cole et al. (2000), igual a 6,5% e 2,7% respectivamente (OLIVEIRA et
al., 2003b). LEÃO et al. (2003) identificaram em crianças da mesma faixa etária,
crianças de escolas particulares e de escolas públicas na cidade de Salvador (BA),
prevalência total de obesidade (IMC  95p), segundo recomendação de Himes e
Dietz (1994) e distribuição de IMC proposta por Anjos e cols.(1998), igual a 15,8%,
sendo 30% nas escolas particulares e 8% nas escolas públicas.
O perfil nutricional da população brasileira está se modificando, sendo
atualmente caracterizado por baixa prevalência de desnutrição em crianças e
aumento na proporção de sobrepeso, principalmente nas crianças de classes sociais
mais privilegiadas (MONTEIRO e CONDE, 1999). MONTEIRO et al. (2001), em
estudo realizado com base nos dados de levantamentos nacionais desenvolvidos pelo
IBGE, verificaram nas regiões Nordeste e Sudeste prevalência de sobrepeso infantil
relativamente baixa entre os anos de 1975, 1989 e 1996/7 (3,3%, 3,1% e 4,0%
respectivamente), e as maiores taxas de crianças com sobrepeso (6,8%, 10,3% e
8,6% respectivamente) foram encontradas nas classes sociais mais favorecidas da
região Sudeste.
As causas da obesidade envolvem uma combinação da predisposição genética
com um estilo de vida caracterizado pela inatividade física e ingestão excessiva de
alimentos de alta densidade energética (WHO, 1998). Presente em idade precoce, a
obesidade infantil pode persistir e favorecer a prevalência de morbidade e
mortalidade em adultos (DIETZ, 1998). A proporção de doenças associadas com
obesidade aumentou nas últimas décadas, representando custo econômico maior para
as entidades governamentais nos serviços de assistência médica (WANG e DIETZ,
2002). Nos Estados Unidos, as estimativas do número de mortes por doenças ou
causas relacionadas à obesidade, alcançam por volta de 300.000 por ano (CDC,
1996; BOUCHARD, 2003).
3
Fatores sócioeconômicos como renda familiar e escolaridade dos pais, hábitos
nutricionais inadequados (LAITINEN et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2003a) e
sedentarismo (BERKEY et al., 2000; BALL et al., 2001; GIUGLIANO e
CARNEIRO, 2004) têm papel importante no desenvolvimento de sobrepeso e
obesidade infantil. A forte associação entre atividade física e composição corporal
predispõe crianças inativas a um aumento nos níveis de gordura corporal. Baixos
níveis de atividade física estão relacionados a maior gordura corporal em crianças de
8 a 10 anos (ROWLANDS, 1999) e em pré-escolares de 3 a 5 anos de idade
(TROST et al., 2003). Crianças mais ativas apresentam menor percentual de gordura
corporal (DEHEEGER et al., 1997) e menores valores de IMC (VINCENT et al.,
2003).
Segundo o Healthy People 2010 somente 23% da população americana adulta
praticam regularmente atividade física vigorosa por 20 minutos ou mais, e pelo
menos 3 vezes por semana; 15% praticam 30 minutos ou mais, pelo menos 5 vezes
na semana; e 40% não praticam qualquer atividade física. Entre a população jovem
(12 a 21 anos), quase a metade não pratica atividades físicas vigorosas regularmente,
evidenciando um declínio das mesmas durante a adolescência, e reduzida
participação nas aulas de Educação Física de 42% para 25% entre os anos de 1991 a
1999 (CDC, 2000).
A atividade física é fator protetor contra a obesidade e sobrepeso em crianças
(TREMBLAY e WILLMS, 2003), promove alterações na composição corporal
(RIPPE e HESS, 1998) e reduz o risco de diversas doenças crônicas não
transmissíveis como doenças coronarianas, infartos, doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabetes e alguns tipos de câncer (PATE et al., 1995; CDC,
1996; BOREHAM et al., 1997; ACSM, 1998; BLAIR et al., 2001). Altos níveis de
capacidade aeróbia e força muscular foram associados com baixos níveis de gordura
corporal, perfil lipídico (colesterol total, LDL-colesterol, HDL-colesterol e
triglicerídeos) favorável à saúde cardiovascular, e diminuição da pressão arterial
sistólica, durante a adolescência (JANZ et al., 2002).
Alterações nos fatores ambientais com mudanças no estilo de vida, por meio
da prática de atividades físicas e orientações nutricionais, devem começar na infância
(6 a 10 anos), e a educação escolar é imprenscindível nesse processo. Na infância e
na adolescência, as aulas de Educação Física são recursos importantes para a prática
4
de atividades físicas estruturadas (CDC, 1996; NICHD, 2003). É nessa faixa etária
que os padrões de atividade física e ingestão alimentar são estabelecidos e/ou
modificados (DIETZ, 1997). Estimativas revelam que 30%, ou até 50% das crianças
obesas podem se tornar adultos obesos (FISBERG, 1995). Crianças que são ativas
desde cedo têm maior probabilidade de permanecerem ativas e promoverem uma
população adulta também ativa (DEHEEGER et al., 1997).
Evitar e combater o sedentarismo é o enfoque principal nas intervenções
sociais e comportamentais direcionadas à criança no tratamento e controle da
obesidade. Mas, para que essas sejam bem direcionadas, é necessário o levantamento
de dados que fundamentem a aplicação de políticas educacionais adequadas à
população, com o objetivo de promover a saúde pública e melhor qualidade de vida
para todos.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - Obesidade
As causas da obesidade são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos e
ambientais, caracterizados principalmente pela inatividade física e ingestão calórica
excessiva que resultam em balanço energético positivo e ganho de peso corporal
(WHO, 1998). Entretanto, apesar da forte influência dos fatores genéticos, estes não
explicam o aumento na prevalência da obesidade, sugerindo que os fatores
ambientais, relacionados aos novos hábitos da vida moderna são determinantes nesse
processo (HILL e WYATT, 1999; BOUCHARD e PÉRUSSE, 2000). A
disponibilidade de tecnologia e o crescimento urbano acelerado, reduzindo os
espaços livres e as oportunidades de lazer favorecem a adoção de atividades
sedentárias como: assistir televisão, jogar videogames, andar de carro, utilizar
elevadores, computadores, dentre outros.
A obesidade favorece a resistência insulínica, as dislipidemias e a
hipertensão arterial, caracterizando a chamada Síndrome Metabólica, que é uma
situação de alto risco para a doença arterial coronariana em adultos (BERENSON et
al., 1998; SRINIVASAN et al., 2002; KOVEN-AVRAMOGLU et al., 2003).
Indicadores de Síndrome Metabólica foram associados com maior percentual de
gordura e adiposidade central, em crianças, do nascimento aos 8 anos de idade,
reforçando a importância de prevenir a obesidade infantil, para diminuir a incidência
de doenças crônico-degenerativas ou não transmissíveis na idade adulta (DWYER et
al., 2002).
A obesidade infantil está associada com perfis metabólicos não favoráveis a
boa saúde (GORAN e GOWER, 1999). A hipercolesterolemia, notadamente o
aumento nos níveis séricos de LDL-colesterol, é um fator de risco importante para o
desenvolvimento da aterosclerose, processo que se inicia ainda na infância, e a
obesidade contribui para essa alteração metabólica. Em autópsias, estudos mostraram
que as estrias gordurosas surgem na aorta desde a infância (BROTONS et al., 1998;
AHA, 2003). E, crianças obesas apresentam o dobro de risco de hipercolesterolemia
do que as não obesas (CORONELLI e MOURA, 2003).
6
A obesidade pode se iniciar nos períodos de maior crescimento da criança,
considerados períodos críticos, nos quais acontecem importantes alterações
fisiológicas aumentando o risco de desenvolver a obesidade (DIETZ, 1997). São
eles, o período pré-natal, pré-escolar e da puberdade ( DIETZ, 1994). Segundo
STETTLER et al. (2003), os primeiros 4 meses de vida também podem ser um
período crítico. Um rápido ganho de peso corporal nessa fase foi associado com a
obesidade durante a infância e na idade adulta.
Durante o primeiro ano de vida, as crianças têm um rápido aumento no Índice
de Massa Corporal (IMC), com um posterior declínio, atingindo o seu ponto mínimo
por volta dos 5 a 6 anos de idade. Esse período é denominado como o período da
“adiposidade rebote”. A partir de então acontece um aumento gradual no peso
corporal que persiste pela adolescência e idade adulta (ROLLAND-CACHERA et
al., 1984).
Para ambos os sexos, o período da “adiposidade rebote” é o momento ideal
no processo de desenvolvimento da criança para detectar e prevenir a obesidade e/ou
sobrepeso na infância, já que a idade em que isso acontece é um fator preditivo de
adiposidade na adolescência e na idade adulta (WISEMANDLE et al., 2000).
Crianças que apresentam essa resposta fisiológica mais cedo, aos 5,5 anos de idade,
têm maior nível de adiposidade aos 16 anos, do que as crianças que apresentam esse
rebote mais tarde, após os 7 anos de idade (ROLLAND-CACHERA et al., 1984), e
maior risco de obesidade na fase adulta, independente da história familiar de
obesidade e do IMC nesse período (WHITAKER et al., 1998). SKINNER et al.
(2004) identificaram adiposidade rebote de 4,7 anos para meninos e 4,5 anos para as
meninas, como indicadores de sobrepeso em crianças, aos 8 anos de idade.
Outros dados evidenciam que a obesidade aos 6 anos de idade foi altamente
preditiva da obesidade aos 12 anos (YOSHINAGA et al., 2002); e a obesidade em
adolescentes foi preditiva para sobrepeso ou obesidade na idade adulta (GUO et al.,
2002). A forte associação do IMC aos 6 anos de idade com o IMC aos 20 anos de
idade (MAGAREY et al., 2003) e do IMC aos 2 anos de idade com o IMC aos 8 anos
de idade (SKINNER et al., 2004) qualifica esse parâmetro de avaliação como um
importante indicador nas intervenções para prevenção e controle de obesidade adulta,
durante o primeiro período escolar. É possível que o aumento de crianças com
7
sobrepeso, decréscimo na adiposidade rebote e a atividade física estejam inter-
relacionadas refletindo uma tendência temporal.
2.2 Atividade Física
A atividade física reduz o risco de diversas doenças crônicas não
transmissíveis como doenças coronarianas, infartos, doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabetes, alguns tipos de câncer (PATE et al., 1995; CDC, 1996;
ACSM, 1998; BLAIR et al., 2001; WHO, 2004), aumenta a sensibilidade insulínica
em crianças e adolescentes não diabéticos, reduzindo a incidência de diabetes tipo 2
(SCHMITZ et al., 2002) e é fator protetor contra a obesidade e sobrepeso em
crianças (TREMBLAY e WILLMS, 2003). Promove alterações na composição
corporal e bem-estar psicológico, exercendo um papel importante na prevenção e
tratamento da obesidade, e principalmente na manutenção do peso perdido (RIPPE e
HESS, 1998).
A inatividade física contribui para o desenvolvimento e manutenção da
obesidade infantil. A forte associação entre atividade física e composição corporal
predispõe crianças inativas a um aumento nos níveis de gordura corporal. Baixos
níveis de atividade física foram relacionados a maior percentual de gordura corporal
em crianças de 8 a 10 anos (ROWLANDS, 1999) e em pré-escolares de 3 a 5 anos de
idade (TROST et al., 2003). Crianças mais ativas apresentam menor percentual de
gordura corporal (DEHEEGER et al., 1997) e menores valores de IMC (VINCENT
et al., 2003). DEHEEGER et al. (1997) mostraram que crianças menos ativas têm
adiposidade rebote mais cedo, favorecendo um precoce ganho de peso corporal.
No entanto, KU et al. (1981) observaram que a relação entre atividade física e
gordura corporal pode não ser linear. Em crianças dos 6 meses aos 8 anos de idade
verificaram que nos meninos, houve uma pequena e significante correlação com o
percentual de gordura (%G), aos 8 anos de idade, mas nas meninas, nenhuma
correlação foi observada. Alteração na composição corporal, aos 8 anos de idade, foi
melhor associada à atividade física realizada no período entre 3 a 4 anos de idade,
sugerindo que a gordura corporal pode estar mais relacionada a atividade anterior ao
período do estudo, do que a atividade atual.
8
Resultados controversos podem ser explicados pelo desenho do estudo, pois a
maioria deles compara a prática de atividade física e a composição corporal num
mesmo espaço de tempo, dificultando a análise de uma relação causal entre essas
duas variáveis (TROST et al., 2003). A hipoatividade predispõe a obesidade, mas por
outro lado o excesso de peso pode refletir em menor atividade física (GUEDES,
1998). Ou seja, a atividade física tem uma influência primária sobre a gordura
corporal, ou a gordura corporal significantemente afeta o nível de atividade física
(BALL et al., 2001).
O sexo pode determinar diferenças nos padrões de atividade física e de
composição corporal. Meninos gastam mais tempo em atividades físicas intensas do
que as meninas (BALL et al., 2001; GAVARRY et al., 2003; TROST et al., 2003).
BALL et al. (2001) observaram correlação inversa do IMC, massa de gordura e
percentual de gordura com a atividade física, em meninos de 6 a 9 anos de idade. Nas
meninas, a atividade física não exerceu alteração significante na composição
corporal. Outros fatores ambientais podem estar contribuindo para essa resposta
diferenciada no sexo feminino.
O mesmo comportamento quanto ao sexo é observado em adultos e
adolescentes. Maiores níveis de atividade física foi relacionado a menor percentual
de gordura nos homens, mas não nas mulheres, adultos (WESTERTERP e GORAN,
1997). Em adolescentes, a participação em atividade física de alta intensidade foi
maior no sexo masculino e reduziu o risco de sobrepeso em 39 a 46%. O sexo
feminino teve maior participação em atividade física de baixa intensidade
(McMURRAY et al., 2000).
Crianças obesas, comparadas com crianças não obesas, são menos ativas e
participam menos de atividades moderadas e/ou intensas, predominando as
atividades de baixa intensidade (TROST et al., 2001; LAZZER et al., 2003).
Paradoxalmente, a chance de uma criança obesa ser pouco ativa é duas vezes maior
do que a criança de peso normal. E as meninas têm uma chance duas vezes maior de
serem menos ativas do que os meninos (JENOVESI et al., 2003).
Atividade sedentária como assistir televisão mais do que 3 horas/dia e 2
horas/dia favorece a obesidade e o sobrepeso, respectivamente, em crianças de 7 aos
11 anos (TREMBLAY e WILLMS, 2003). The Framingham Childrens Study,
evidencia o hábito de assistir televisão como fator de risco independente para o
9
excesso de gordura durante a infância (4 aos 11 anos). As crianças que assistem mais
televisão têm maior IMC, medidas de pregas cutâneas e ingestão energética total do
que as crianças que assistem menos televisão (PROCTOR et al., 2003).
Atividade física é fundamental para a promoção da saúde física e mental dos
indivíduos (WHO, 2004). No entanto, quantificá-la para avaliar o seu efeito dose-
resposta, caracterizado pela relação que melhor estima a associação entre a atividade
física (dose) com os benefícios para a saúde (resposta) (PATE et al., 1995), ainda é a
grande dificuldade nas pesquisas epidemiológicas.
PATE et al. (1995) classificam as atividades físicas de acordo com o seu
Equivalente Metabólico (MET), expresso em múltiplos de 1 MET: atividade leve (<
3 METs ou < 4 kcal/min), atividade moderada (3 a 6 METs ou 4 a 7 kcal/min) e
atividade vigorosa (> 6 METs ou > 7 kcal/min). O MET é definido como a taxa
metabólica de trabalho em relação à taxa metabólica padrão em repouso, considerada
como 1 MET, ou 1kcal/kg/hora, para a posição sentada e quieto (IRWIN et al.,
2001).
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomenda como ponto
de corte para dose-resposta favorável à saúde um gasto calórico  14 kcal/kg/semana
em atividades físicas formais e/ou não formais. Em adultos, isso corresponde a 1000
kcal/sem ou 150 a 200 kcal/dia, ou acumular pelo menos 30 minutos de atividades
físicas moderadas (PATE et al., 1995; WHO, 2004), ou ainda, corrida por 15 minutos
e voleibol por 45 minutos, e de preferência todos os dias da semana (CDC, 1996).
Em crianças e jovens, deve se acrescentar mais 20 minutos de atividades físicas
vigorosas 3 vezes por semana (WHO, 2003). Recente Statement of the United
Kingdom Expert Consensus Conference (CAVILL et al., 2001) citado por
EVENSON et al. (2003), recomenda 60 minutos/dia de atividades físicas moderadas
para adolescentes.
Atividade física e gasto energético não são sinônimos. A atividade física é um
comportamento que resulta em gasto energético acima do repouso, e não apenas a
prática de atividades desportivas. É quantificada em termos de freqüência (número
de sessões), duração (minutos por sessão) e intensidade (equivalente metabólico ou
MET). O gasto energético reflete o custo de energia ou a intensidade associada a uma
determinada atividade física (LAMONTE e AINSWORTH, 2001).
10
Alterações no peso corporal exercem influência no gasto energético (LEIBEL
et al., 1995). O custo energético está relacionado ao tamanho relativo do peso
corporal. Uma criança mais pesada terá um gasto energético maior, em relação a
outra criança mais leve, durante um mesmo período de tempo e exercendo a mesma
atividade física (MELBY et al., 2003). Mas, quando se faz um ajuste para o peso
corporal e para a quantidade de massa livre de gordura, que é a variável da
composição corporal mais apropriada para essa normalização, o gasto energético
total pode não apresentar diferenças significantes (EKELUND et al., 2004).
Adolescentes (11 aos 18 anos) magros e obesos não apresentaram diferenças
no custo energético de caminhar em velocidade leve ou moderada. Apenas na
velocidade mais rápida o custo energético do obeso foi maior. Talvez esse maior
custo metabólico se explica pelo maior custo de ventilação nos obesos, quando
comparados aos magros. O peso corporal, mais do que a adiposidade, afetou o custo
energético no grupo dos obesos (AYUB e BAR-OR, 2003).
TREUTH et al. (1998) compararam meninas com sobrepeso e meninas
eutróficas, com idade entre 7 a 10 anos, e verificaram que o grupo com sobrepeso
teve significantemente maior peso corporal, percentual de gordura, massa de gordura
e massa livre de gordura. No entanto, a taxa metabólica de repouso e o gasto
energético total, não apresentaram diferenças significantes, após ajustados com a
massa livre de gordura.
Nem sempre reduzido gasto energético está ligado ao excesso de gordura
corporal e outros fatores podem atuar nessa relação. GORAN et al. (1998a)
acompanharam crianças de 4 a 7 anos para avaliar associações entre os componentes
do gasto energético na infância e a composição corporal dos pais (obesos e não
obesos) com alterações na gordura corporal durante crescimento pré-puberal.
Nenhum dos componentes do gasto energético foi relacionado à massa de gordura.
As mudanças na composição corporal foram relacionadas ao sexo, ao percentual de
gordura no início do estudo e a história familiar, e não ao menor gasto energético nas
atividades físicas. Talvez um reduzido gasto energético não necessariamente explica
a maior prevalência de obesidade.
Outro fator determinante do gasto energético é o sexo. Segundo GORAN et
al. (1998b), no sexo feminino por volta dos 9,5 anos de idade acontece redução no
gasto energético total e manutenção da Taxa Metabólica de Repouso, que são
11
explicados por diminuição em 50% na atividade física. A redução do gasto
energético ocorreu apesar do ganho de peso corporal, que poderia aumentar o gasto
energético total, e não foi associada a uma menor ingestão de energia, caracterizando
assim uma conservação de energia. Daí a importância de maior ênfase na atividade
física principalmente nas meninas, como prevenção do ganho de peso corporal,
durante esse período que antecede a puberdade (GORAN et al., 1998b).
Considerando as relações entre peso corporal e gasto energético, o tempo
gasto nas atividades físicas pode ser mais significante na manutenção do peso
corporal, do que o custo energético dessas atividades. Crianças obesas têm maior
gasto energético, mas o tempo dispendido nas atividades físicas é menor do que o
tempo gasto pelas crianças não obesas (BRACCO et al., 2002). Em estudo
longitudinal com crianças de 6 anos de idade, o gasto energético na atividade foi
levemente relacionado a massa livre de gordura e ao peso corporal. A massa de
gordura teve relação mais forte com o tempo destinado às atividades recreativas, e
não ao gasto energético dessas atividades. Ou seja, longas sessões de atividade pode
ser mais eficaz do que sessões curtas e intensas (GORAN et al., 1997).
Resultados semelhantes foram observados por EKELUND et al. (2002).
Adolescentes obesos foram menos ativos em função do tempo gasto nas atividades
físicas, do que o grupo controle (não obesos), mas não houve diferença no gasto
energético relacionado à atividade física. Em outro estudo com adolescentes, as
medidas de gasto energético diário e gasto energético das atividades físicas ativas e
sedentárias entre obesos e não obesos não foram diferentes após o ajuste da massa
livre de gordura e do peso corporal (LAZZER et al., 2003).
2.3 Renda Familiar
Ao contrário do que se observa em países desenvolvidos, a prevalência
aumentada da obesidade já pode ser verificada em classes sociais menos favorecidas
(SICHIERI et al., 1994). MONTEIRO et al. (2001) observaram, nas regiões nordeste
e sudeste, aumento de obesidade em adultos e uma associação positiva com o
rendimento para todas as idades, regiões e grupos sociais, exceto para as mulheres da
região sudeste, apresentando uma significante associação negativa. As mulheres de
baixa renda foram mais susceptíveis a obesidade do que as mulheres de maior renda.
12
O aumento da prevalência de obesidade infantil nas classes sociais mais
pobres é conseqüência da desnutrição, ou de menor atividade física, já que crianças
com menor nível sócioeconômico são até 39% menos ativas (JENOVESI et al.,
2003). BRACCO et al. (2001), verificaram em escolares de 7 a 9 anos da rede
pública de São Paulo, que tanto a desnutrição quanto à obesidade estão associados
com menores níveis de atividade física em comparação com crianças de estado
nutricional normal. As pessoas desnutridas têm a oxidação de gordura prejudicada,
fator que predispõe a obesidade, e com acesso ao alimento ficam mais susceptíveis
ao rápido aumento de peso corporal (HOFFMAN et al., 2000).
Outros estudos mostram associação positiva entre nível sócioeconômico e
peso corporal (MARTORELL et al., 1998). LEÃO et al. (2003), identificaram
associação direta entre obesidade e nível sócioeconômico em escolares de 5 a 10
anos de idade. As crianças das escolas particulares apresentaram maior prevalência
de obesidade (30%) do que as crianças das escolas públicas (8%). Apenas em escolas
particulares, BALABAN e SILVA (2001) encontraram uma prevalência de
sobrepeso e obesidade também elevada (26,2% e 8,5% respectivamente). OLIVEIRA
et al. (2003b), evidenciaram a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolas
públicas igual a 6,5% e 2,7%, e nas escolas privadas igual a 13,4% e 7,0%.
Estudo longitudinal com crianças canadenses (7 a 11 anos) evidenciou que
famílias de pais separados e de baixo nível sócioeconômico (renda e escolaridade dos
pais) são mais susceptíveis a obesidade e ao sobrepeso, em comparação às famílias
constituídas de pai e mãe e com melhor nível sócioeconômico. O efeito de viver em
família de melhor nível sócioeconômico foi equivalente ao efeito de participação em
esportes não-formais ou recreativos (TREMBLAY e WILLMS, 2003; LIN et al.,
2004).
2.4) Escolaridade
Nos últimos 25 anos do século 20, nas regiões do nordeste e sudeste,
evidenciou-se uma mudança na tendência secular da obesidade segundo níveis de
escolaridade da população. Entre os anos de 1975 a 1989 o risco de obesidade
cresceu em todos os níveis de escolaridade, já no período de 1989 a 1997, esse
aumento foi maior para as pessoas de menor escolaridade, com estabilidade ou
13
diminuição para o sexo feminino de média ou alta escolaridade. Diminuiu a relação
positiva entre escolaridade e risco de obesidade em homens, mas nas mulheres a
relação inversa aumentou (MONTEIRO et al.,2003).
A escolaridade dos pais pode influenciar no estado nutricional e no padrão de
atividade física. Foi verificado maior taxa de sobrepeso e obesidade em adolescentes
de famílias com menor escolaridade, comparados com adolescentes de famílias com
maior escolaridade. A melhor escolaridade reduziu o risco de sobrepeso por volta de
53 a 66% (McMURRAY et al., 2000). Dados do Framingham Childrens Study, com
crianças dos 4 aos 11 anos de idade mostraram uma correlação inversa entre a
escolaridade dos pais e o tempo gasto em assistir televisão (PROCTOR et al., 2003),
que por sua vez interfere na atividade física e no estado nutricional das crianças.
2.5) Hábitos alimentares
De acordo com o National Health and Nutrition Examination Surveys de
1988 a 1994 (NHANES III), a média de ingestão de gordura e energia entre três
levantamentos realizados (1970 a 1994) diminuiu levemente ou permaneceu estável
entre as crianças de 2-5 anos e 6-11 anos, aumentando apenas entre os adolescentes
de 12-19 anos. Ou seja, a ingestão energética não declinou suficientemente para
balancear a redução secular na atividade física. No entanto, embora não tenham sido
verificadas diferenças significantes na ingestão energética, TROIANO et al. (2000)
avaliaram crianças e adolescentes com sobrepeso e com peso normal, e evidenciaram
maior consumo de bebidas no grupo de sobrepeso, com grande contribuição dos
refrigerantes, no total da ingestão energética (10,3% para os meninos e 8,6% para as
meninas).
As classes sociais menos favorecidas são mais vulneráveis aos alimentos
ricos em gorduras e carboidratos em comparação aos alimentos com maior teor de
proteínas e nutrientes reguladores (GUEDES, 1998). Limitados recursos econômicos
favorecem também maior consumo de alimentos mais palatáveis, altamente calóricos
e principalmente de menor custo, constatando uma relação inversa entre obesidade e
rendimento (DREWNOWSKI e SPECTER, 2004). Mudanças no estilo de vida como
o trabalho da mãe fora de casa, maior participação das indústrias alimentícias e
14
aumento dos fastfoods, expõe as crianças aos alimentos não saudáveis (ST-ONGE et
al., 2003).
Dietas não saudáveis e inatividade física são os principais precursores das
doenças crônicas não transmissíveis (WHO, 2004). As estratégias de prevenção ao
excesso de peso e obesidade infantil devem combinar intervenções direcionadas a
esses dois aspectos. Na educação alimentar é necessário estimular a moderação e
autonomia no controle da ingestão alimentar, e a escolha de alimentos saudáveis
como frutas, verduras e alimentos de baixo teor de gordura, e não simplesmente
restringir a criança de consumir os alimentos não saudáveis (AAP, 2003).
Na atividade física, o principal objetivo é criar o hábito e o interesse por uma
vida fisicamente ativa, de maneira agradável e prazerosa. As mudanças educacionais
devem incentivar não só a adoção e manutenção de um estilo de vida ativo, mas
também a redução de hábitos sedentários, para que a criança assimile esse padrão por
toda a juventude e principalmente na fase adulta quando as oportunidades de
atividades físicas são mais restritas (SALLIS et al., 1996).
15
3. OBJETIVOS
3.1 - Gerais:
Avaliar o estado nutricional e o índice de atividade física em escolares da
Rede Municipal de Ensino no Município de Corumbá (MS), a fim de fornecer dados
para diagnóstico de saúde pública e possíveis intervenções educacionais.
3.2 - Específicos:
§ caracterizar a prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso infantil
§ identificar a glicemia de jejum e a hipertensão arterial
§ verificar a associação da pressão arterial com estado nutricional e atividade
física
§ caracterizar o padrão de atividade física e o gasto energético nas atividades
§ verificar a associação do estado nutricional com atividade física
§ verificar a associação do estado nutricional e fatores sócioeconômicos
(renda familiar e escolaridade dos pais)
16
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Desenho do estudo:
Foi realizado um estudo analítico do tipo transversal, para avaliação do estado
nutricional e associação do mesmo com fatores sócioeconômicos (renda familiar,
escolaridade dos pais e moradia) e comportamentais (hábitos alimentares e de
atividades físicas), em escolares de 1ª a 4ª série da Rede Municipal de Ensino de
Corumbá (MS).
4.2 População e amostragem:
O Município de Corumbá possui 14 escolas do ensino público municipal
localizadas na zona urbana da cidade, totalizando 5.074 escolares de 1ª a 4ª séries
matriculados no ano de 2003, conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal
de Educação. A amostragem adotada foi do tipo aleatória, tanto na escolha das
escolas como na seleção dos alunos participantes do estudo.
Para selecionar as escolas da amostra, a cidade foi subdividida em 4 regiões
de acordo com a sua localização geográfica. Em cada região foi sorteada 1 escola,
totalizando 4 escolas participantes do estudo. As escolas selecionadas foram: Escola
Rachid Bardauil (escola 1), Escola Tilma Fernandes Veiga (escola 2), Escola José de
Souza Damy (escola 3) e a Escola Pedro Paulo de Medeiros (escola 4).
O mesmo procedimento foi adotado na escolha das turmas a serem avaliadas.
Em cada escola a pesquisa foi realizada em 1 turma de cada série escolar (1ª, 2ª, 3ª e
4ª), formando um grupo de 4 turmas por escola, que também foi escolhida por
sorteio. A seleção dos alunos foi determinada pelos critérios de inclusão/exclusão
que serão citados posteriormente.
O tamanho da amostra foi determinado utilizando-se a equação proposta por
LWANGA e LEMESHOW (1991): n = P x q/(E/1,96)
2
onde n = tamanho mínimo
da amostra necessária; P = taxa máxima de prevalência; q = 100 P; E = margem de
erro amostral tolerado. A freqüência máxima esperada de sobrepesos na faixa etária a
ser estudada (7 a 10 anos) foi igual a 10%, tendo como referência recentes estudos
nacionais realizados por BALABAN e SILVA (2001), ABRANTES et al. (2002) e
17
LEÃO et al. (2003). O intervalo de confiança adotado foi igual a 95%, e a amostra
mínima estabelecida para o estudo foi de 140 crianças.
4.3. Critérios de seleção
Participaram do estudo crianças de 1ª a 4ª séries com idade entre 7 a 10 anos,
de ambos os sexos, e cujos pais ou responsáveis autorizaram a sua inclusão na
pesquisa. Foram excluídas as crianças portadoras de deficiência física. Em todo o
momento, os pais ou responsáveis puderam decidir pela participação ou não da
criança no estudo, sem que isto lhe custasse algum ônus social.
4.4 Coleta e Análise de Dados
A coleta de dados foi realizada num período total de 3 meses, sendo que para
cada escola o tempo médio gasto foi de 3 a 4 semanas. Foram utilizados
questionários de caracterização sócioeconômica (anexo 1), dos hábitos alimentares
(anexo 2) e do padrão de atividade física (anexo 3); e instrumentos específicos para
as medidas antropométricas, aferição da pressão arterial e coleta de sangue para a
avaliação da glicemia de jejum. Todos esses procedimentos foram efetuados nas
próprias escolas, e no horário de aula.
4.5 Variáveis de Estudo
4.5.1 Medidas Antropométricas:
§ Peso corporal (kg): foi determinado em uma balança digital eletrônica com
capacidade para 180 kg da marca MARTE (modelo PP 180) e sensibilidade 0,1
kg, segundo a técnica proposta por JELLIFFE (1968).
§ Estatura (cm): foi determinada com estadiomêtro da marca SECA (modelo
206), de acordo com os procedimentos técnicos propostos por JELLIFFE (1968).
§ Índice de Massa Corporal (IMC): foi obtido a partir da relação entre o peso
em quilogramas e o quadrado da altura em metros (peso/altura
2
). Para a
18
classificação do estado nutricional pelo IMC/idade, utilizou-se a curva revisada
do NCHS/CDC (KUCZMARSKI et al., 2000) de acordo com os pontos de corte:
Tabela 1. Classificação do estado nutricional pelo IMC de acordo com o percentil
Classificação Percentil
Baixo Peso < p 5
Eutrofia  p 5 e < p 85
Risco de sobrepeso  p 85 e < p 95
Sobrepeso  p 95
Para as análises de associação, foram determinados 2 grupos de classificação
para o estado nutricional: eutróficos e não-eutróficos (risco de sobrepeso e
sobrepeso). As crianças classificadas como baixo peso foram excluídas dessas
análises.
§ Pregas Cutâneas (mm): foram obtidas as pregas cutâneas tricipital (PCT) e
subescapular (PCSE), com a utilização de caliper Lange (± 1 mm), e segundo a
técnica proposta por JELLIFFE (1968).
§ Percentual de Gordura (%): foi estimado a partir do somatório das pregas
cutâneas tricipital e subescapular, usando a equação preditiva proposta por
LOHMAN (1986), e citada por CINTRA et al. (2003):
*constante diferenciada pela idade e sexo; no sexo masculino C é igual a 3,4 (7 aos 9 anos de
idade) e 4,4 (10 anos de idade); no sexo feminino esses valores correspondem a 1,4 e a 2,4
respectivamente.
§ Circunferência de Cintura (CC) (cm): medida ao redor da menor curvatura
localizada entre a crista ilíaca e as costelas, com fita métrica inextensível
(LOHMAN et al., 1988; GILIUM, 1999).
§ Circunferência de Braço (CB) (cm): medida no ponto médio entre o processo
acromial da escápula e o olécrano da ulna do braço direito com fita métrica
inextensível (FRISANCHO, 1981).
%G = 1,35 (Tríceps + Subescapular) 0,012 (Tríceps + Subescapular)
2
C*
19
4.5.2 - Avaliação clínica e bioquímica:
A Pressão Arterial Sistólica e Diastólica e a Glicemia de jejum foram aferidas
nas escolas e por profissionais do Laboratório de Análises Bioquímicas da Secretaria
Municipal de Saúde do Município de Corumbá (MS). A glicemia de jejum foi
avaliada pela manhã, após jejum de 12 horas, em analisador de glicemia da marca
Advantage (Roche Diagnostics). A aferição da pressão arterial foi realizada pela
manhã, com esfigmomanômetro aneróide, e de acordo com os procedimentos de
medidas de pressão arterial determinados pelas IV Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial (2002). São eles: descanso de 5 a 10 minutos antes da aferição,
largura da bolsa de borracha do manguito igual a 40% da circunferência do braço da
criança, comprimento da bolsa do manguito deve envolver 80% a 100% da
circunferência do braço da criança, a pressão sistólica é determinada no momento I
da Fase de Korotkoff e a pressão diastólica na Fase V de Korotkoff. Para atender às
diferenças na circunferência de braço das crianças estudadas, foram necessários 3
tipos de manguito e de bolsa conforme as suas denominações (criança, infantil e
adulto pequeno).
Considerou-se glicemia de jejum aceitável < 110 mg/dL, de acordo com as
III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretrizes de Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (2001). A classificação da Pressão Arterial foi determinada pelos pontos
de corte específicos para crianças, de acordo com os percentis de estatura, para
ambos os sexos (anexo 4). Para valores abaixos do percentil 90 foi considerado como
normotenso; entre os percentis 90 e 95, como limítrofe; e iguais ou superiores ao
percentil 95, como hipertensos (IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial,
2002).
4.5.3 - Caracterização da Atividade Física:
O questionário elaborado para o estudo (anexo 3) foi baseado em diferentes
questionários de atividade física (ACSM, 1997), e foi aplicado às mães das crianças
com o objetivo de registrar as atividades físicas durante 1 semana habitual, incluindo
atividades físicas ativas e sedentárias. São elas: deslocar-se para a escola à pé ou de
bicicleta, brincar, praticar exercícios físicos formais (natação, ballet, futebol, etc.),
20
realizar serviços domésticos, horas de sono durante o dia e à noite, assistir televisão
e/ou jogar vídeogame, estudar e/ou leitura e o tempo gasto na escola (sala de aula,
recreio e aulas de Educação Física).
As atividades foram classificadas de acordo com o seu Equivalente
Metabólico (MET), conforme Compêndio de Atividades Físicas (AINSWORTH et
al., 2000; AMORIM, 2003), e avaliadas quanto à duração (minuto/dia) e à
intensidade (METs/dia). Para a unidade minuto/dia, somou-se o tempo gasto durante
os 7 dias da semana, e posteriormente calculou-se a média em minuto/dia. A partir
desse resultado, multiplicou-se o valor de MET por atividade para se obter a unidade
METs/dia para cada atividade física do questionário (anexo 5). Com as informações
quanto à duração (minuto/dia) e o valor em METs/dia para cada atividade, e
considerando que 1 MET corresponde a 1kcal/kg/hora, foi possível estimar o gasto
energético diário (Kcal/dia) em relação às atividades registradas, aplicando a
seguinte equação (IRWIN et al., 2001; AMORIM, 2003):
Kcal = MET x tempo de atividade (minutos/dia) x peso corporal (kg)
________________________________________________
60 minutos
A partir desses resultados as atividades foram subdividas em 2 novos grupos:
Atividade Física Total (AFT) e Atividade Física Específica (AFE). Para a AFT,
foram consideradas todas as atividades registradas pelo questionário. Para a AFE
considerou-se apenas as atividades que melhor pudessem expressar o estilo de vida
das crianças e que as diferenciavam: deslocar-se para a escola (à pé ou de bicicleta),
brincar e/ou praticar exercícios físicos formais e assistir televisão e/ou jogar
vídeogame.
4.5.4 - Caracterização Sócioeconômica:
Foram obtidas informações sobre a estrutura familiar, o tipo de moradia, a
ocupação e escolaridade dos pais, e posse de eletrodomésticos e/ou bens de consumo
(anexo 1). Esse questionário foi respondido pelas mães ou responsáveis pela criança.
A renda familiar total foi calculada somando-se a renda mensal da mãe com a
renda mensal do pai. Nas famílias que declararam possuir a Bolsa/alimentação
21
(46,1%), esse valor foi acrescentado ao somatório da renda do pai e da mãe. A partir
desse número, calculou-se a renda per capita, dividindo a renda familiar pelo
número de pessoas que moravam na casa. Para as associações de relação causal, o
ponto de corte para renda total e renda per capita foi a mediana do grupo.
A escolaridade dos pais foi registrada em 6 classes de acordo com o tempo
em anos de estudo: até 4 anos, até 7 anos, fundamental completo, médio incompleto,
médio completo e superior). O ponto de corte para escolaridade foi  7 e > 7 anos de
estudo, para ambos os pais, já que 58,9% da população foi classificada em até 7 anos
de estudo.
A freqüência de ocupação dos pais foi determinada conforme a subdivisão em
grupos elaborada e adaptada a partir do modelo proposto por LOMBARDI (1988):
a) Grupo I: proprietários de lojas, armazéns, oficinas mecânicas ou
estabelecimentos de pequeno porte, além de profissionais como eletricistas,
encanadores, marceneiros, pintores e outros trabalhando como autônomos.
b) Grupo II: trabalhadores de operação e manutenção de máquinas, produção e
transporte de mercadorias, assalariados e funcionários de indústrias ou
comércio.
c) Grupo III: empregadas domésticas, serventes, pedreiros, porteiros, vigia, peão,
e serviços eventuais
d) Grupo IV : desempregados
e) Grupo V: donas-de-casa ou do lar (apenas para o sexo feminino)
4.5.5 - Caracterização de Hábitos Alimentares:
Foi aplicado um Inquérito de Freqüência Alimentar (anexo 2) para avaliar a
composição da dieta em relação aos macronutrientes, sendo o mesmo respondido
pelas mães ou responsáveis pelas crianças. Foi considerado como hábito alimentar,
os alimentos consumidos 4x por semana ou mais, em pelo menos 50% da população
estudada. Os alimentos com menor consumo foram classificados pela freqüência de
1x por semana, eventual (2 a 3x por mês) ou não consumiam.
22
Para avaliar o consumo de óleo de soja e açúcar cristal foi perguntado às
mães qual a quantidade utilizada desses produtos no período de 1 mês. A partir
desses resultados calculou-se o consumo per capita de acordo com o número de
pessoas morando na casa.
4.6- Análises Estatísticas
O banco de dados foi elaborado com a utilização do programa Epi-Info 6.0
(CDC,1997) e Microsoft Excel. As análises estatísticas foram realizadas nos
programas Epi-Info 6.0, SAEG e SAS.
Para medir a associação entre as variáveis categóricas foi utilizado o Teste do
Qui-quadrado (χ
2
), com grau de significância igual a 5% (p<0,05). Posteriormente
foi calculada a Razão de Prevalência, com intervalos de confiança (IC) de 95%.
As Correlações de Pearson ( r ) foram realizadas entre as variáveis de
Atividade Física Total e Específica com a pressão arterial sistólica, a glicemia de
jejum e medidas antropométricas (IMC, percentual de gordura e Circunferência de
Cintura), com grau de significância igual a 5% (p<0,05).
As Análises de Variância (ANOVA) foram realizadas em 2 etapas.
Primeiramente efetuou-se a análise exploratória tendo como variável independente o
Estado Nutricional e como variáveis dependentes a Atividade Física Total (AFT),
Atividade Física Específica, e as medidas antropométricas, em 2 grupos separados
pelo sexo masculino e feminino. Posteriormente foi aplicado o Teste de Tukey para
comparação múltipla entre as médias, com grau de significância igual a 5% (p<0,05).
Num segundo momento adotou-se como variáveis independentes o Estado
Nutricional, a Escola e o Sexo, a Idade foi considerada covariável contínua; e
variáveis dependentes a Atividade Física Total (AFT) e a Atividade Física
Específica. Para os efeitos significantes foi aplicado nas médias o teste “t” Student
para verificar o grau de significância (p<0,05), sendo que as mesmas foram ajustadas
pelo método de quadrados mínimos. Para as variáveis que apresentaram efeito
significante em função da idade, foi estimada a equação de Regressão Linear.
23
4.7 Aspectos Éticos
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Federal de Viçosa (anexo 6). Antes de iniciar a coleta de dados, foi realizada uma
reunião geral com a Direção da escola, juntamente com os pais ou responsáveis pelas
crianças participantes da amostra selecionada, a fim de fornecer todas as informações
necessárias sobre os objetivos e utilidade da pesquisa. A participação das crianças no
projeto, mesmo não envolvendo riscos à saúde, foi voluntária e com autorização dos
pais ou responsável, conforme as Diretrizes Regulamentadoras de Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos, do Conselho Nacional de Saúde Ministério da Saúde
(1997). A coleta de dados só se inciou após prévio consentimento do indivíduo, por
meio da assinatura do Consentimento Livre Esclarecido (anexo 7).
Após as avaliações da glicemia de jejum (punção capilar), as crianças que
apresentaram valores acima do esperado foram encaminhadas aos Postos de Saúde
do bairro para a realização de outro exame, a fim de confirmar o resultado. Este foi
retificado, e as crianças que continuaram com a glicemia elevada foram
encaminhadas à Secretaria de Saúde para orientação e atendimento médico
adequado.
4.8 - Referência Bibliográficas
As referências bibliográficas seguem as normas propostas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2000).
24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1) Características da População
Foram estudados 403 escolares da 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da
Rede Municipal de Ensino de Corumbá (MS), sendo a maioria do sexo masculino e
com média de idade igual a 8,8 ± 1,12 (Tabela 1).
Tabela 1 - Distribuição dos escolares quanto ao sexo, escola e série
Características Freqüência
n %
Sexo Masculino
Feminino
218 54,1
185 45,9
Escola 1
2
3
4
79 19,6
79 19,6
116 28,8
129 32,0
Série 1ª série
2ª série
3ª série
4ª série
95 23,6
105 26,1
114 28,3
89 22,1
A diferença observada quanto ao número de alunos nas escolas selecionadas
foi devido à localização, estrutura física da escola, e ao número de turmas para cada
série escolar. Nas escolas com menor número de crianças havia apenas 1 turma para
as 1ª e 4ª séries, o que favoreceu uma exclusão maior de crianças que não atendiam
ao critério de inclusão para a idade (7 a 10 anos) adotado no estudo.
5.1.1) Fatores Sócioeconômicos
a) Renda Familiar
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2001 (IBGE,
2002), revela que no estado de Mato Grosso do Sul, nas famílias consideradas mais
pobres, 10% têm rendimento médio mensal familiar per capita igual a R$ 41,70 e
40% igual a R$ 86,61. No estudo o rendimento médio mensal familiar per capita foi
de R$ 95,90. Ou seja, as famílias apresentaram um rendimento muito próximo ao
rendimento de 40% do grupo mais pobre, conforme o PNAD (2001) (Tabela 2).
25
Tabela 2 - Caracterização da renda da população estudada
Média ± Desvio padrão
(R$)
Mediana
(R$)
Renda mensal da mãe 135,70 ± 173,20 100,00
Renda mensal do pai 302,80 ± 254,40 250,00
Bolsa alimentação 57,80 ± 51,90 30,00
Renda total 467,20 ± 325,40 400,00
Renda per capita 95,90 ± 79,40 73,30
Considerando que as 4 escolas avaliadas no estudo eram vinculadas à Rede
Municipal de Ensino, se esperava que a renda familiar fosse semelhante. No entanto,
pelos resultados foi verificada diferença significante entre as escolas 1 e 2, em
relação às escolas 3 e 4, conforme é mostrado na Tabela 3.
As famílias das escolas 3 e 4 apresentaram maior poder aquisitivo do que as
famílias das escolas 1 e 2, que pode ser um reflexo da localização geográfica da
escola. As escolas de menor poder aquisitivo se situam na periferia da cidade, e a de
maior poder aquisitivo (escola 4) na região central e menos pobre da cidade.
Entretanto, partindo desse pressuposto, era esperado que a renda familiar da escola 3
não se diferenciasse das escolas 1 e 2, já que aquela escola também se situa numa
região pobre, e na periferia da cidade. Porém, não houve diferença significante entre
as escolas 3 e 4. Outros fatores, e não só a localização ou padrão social do bairro
podem estar interferindo na renda familiar desse grupo.
Tabela 3 - Distribuição da renda familiar de acordo com a escola
Renda total (x ± dp) Renda per capita (x ± dp)
Escola 1 465,42 ± 155,07 (a) 96,75 ± 40,62 (a)
Escola 2 542,24 ± 181,52 (a) (c) 111,26 ± 43,92 (a) (c)
Escola 3 602,50 ± 389,36 (b) (c) 132,28 ± 89,95 (b) (c)
Escola 4 626,74 ± 384,95 (b) (c) 140,37 ± 95,35 (b)
p<0,01 - letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes
As médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Escola, foram testadas
duas a duas por meio do Teste t.
26
b) Escolaridade dos pais
Verificou-se que 58,9% da população tinha 7 anos de estudo, tanto para as
mães (n=270) como para os pais (n=231) das crianças. A diferença quanto ao n da
amostra é devido à ocorrência de casais separados e pelo desconhecimento de
informação sobre o ex-marido ou o pai da criança, já que a maioria dos questionários
de avaliação sócioeconômica foi respondida pelas mães.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2001
(IBGE, 2002), a média de anos de estudo para homens e mulheres no estado de Mato
Grosso do Sul é igual a 6,0 e 6,2 respectivamente, que corresponde a 29% da
população total nessa faixa de escolaridade.
c) Constituição familiar e ocupação dos pais
Das famílias avaliadas (n= 271), 66,8 % eram constituídas pelo pai e a mãe e
33,2 % eram famílias com pais separados. No grupo das famílias de pais separados
(n=90), 77,8% das crianças moravam com as mães, 5,6% com os pais e o restante
(16,7%) moravam com avós ou tios. O número médio de filhos por família foi de
3,28 e a média de pessoas morando na mesma casa foi de 5,59, sendo estes valores
superiores aos dados nacionais para a região. Conforme Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) 2001 (IBGE, 2002), as famílias pertencentes à
classe de rendimento médio familiar per capita entre ¼ a ½ salário mínimo, que foi o
grupo no qual o estudo se encaixou (R$ 95,90), apresentam um número médio de
filhos no estado de Mato Grosso do Sul igual a 1,8 e o número de pessoas morando
na mesma casa igual a 3,7.
A Tabela 4 mostra a distribuição das ocupações exercidas pelos pais. Para as
mães, o trabalho doméstico ainda é predominante, seja como dona-de-casa (Grupo
V), ou como empregada doméstica (Grupo III). Para os pais, apesar de um baixo
percentual de desempregados (Grupo IV), a maioria foi classificada nos Grupos I e
III, no qual se observa a presença de serviços eventuais e/ou autônomos, totalizando
69,3% dessa população. Essa tendência de informalidade quanto ao tipo de ocupação
27
é reforçada pela freqüência do Grupo II (23,7%), no qual os serviços são
caracterizados pelo vínculo empregatício.
Tabela 4 Freqüência da ocupação dos pais
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Grupo V Total
n % N % n % N % n % n %
Mãe 40 14,7 26 9,6 71 26,2 02 0,7 132 48,7 271 100,0
Pai 85 32,5 62 23,7 96 36,8 18 6,9 - - 261 100,0
d) Moradia
O tipo de construção das moradias observadas neste estudo é semelhante ao
evidenciado pela PNAD de 2001 no estado de Mato Grosso do Sul, que constatou
freqüências de moradia em casas de alvenaria, madeira e outros igual a 83,1%,
15,3% e 1,5% respectivamente (Tabela 5). Quanto à forma de ocupação os
resultados do presente estudo diferem da PNAD 2001 que encontrou 70,6% morando
em casa própria, 18,5% em casa alugada, 10,4% em casa cedida e 0,6% em outros.
Em relação ao número de cômodos por moradia (Tabela 6), verificou-se que a
maioria das famílias está inserida no grupo de 3 a 4 cômodos.
Tabela 5 Condições de moradia da população estudada
Freqüência
n %
Alvenaria 229 84,5
Madeira 35 12,9
Misto (1/2 alvenaria/1/2madeira) 7 2,6
Casa própria 137 50,6
Casa cedida 85 31,4
Casa alugada 49 18,1
28
Tabela 6 Número de pessoas da família em relação ao número de cômodos por
moradia
Média ± desvio padrão Freqüência
n %
1 a 2 cômodos 5,85 ± 1,84 60 22,1
3 a 4 cômodos 5,34 ± 1,79 124 45,8
Acima de 4 cômodos 5,74 ± 2,21 87 32,1
Total 271 100,0
Em relação ao consumo de água foi verificado que 98,9% das famílias
possuíam abastecimento normal de água encanada, no entanto apenas 38,4% se
utilizavam de água filtrada, contra 61,6% que não tinha água ideal para consumo.
Quanto ao saneamento básico, o município de Corumbá não apresenta rede coletora
de esgotos, e todas as construções da cidade se utilizam de fossas sépticas ou
rudimentar, porém esse dado não foi investigado no estudo.
A Tabela 7 mostra a freqüência de posse de determinados bens de consumo
e /ou aparelhos domésticos da casa. Os itens de maior presença nos domicílios foram
televisão (93%), ventilador (87,5%), geladeira (85,2%) e bicicleta (77,9%). Esses
dados refletem a prioridade dos bens adquiridos para o entretenimento, para as
necessidades mínimas de conforto e para o transporte diário, sendo este bem
caracterizado em virtude do elevado percentual de bicicleta encontrado nas famílias
estudadas.
Tabela 7 - Freqüência para bens de consumo e aparelhos eletrodomésticos das
famílias estudadas
*n= 271
Sim
n %
Não
n %
TV 252 93 19 7
Vídeo 47 17,3 224 82,7
Geladeira 231 85,2 40 14,8
Arcondicionado 15 5,5 256 94,5
Videogame 40 14,8 231 85,2
Carro 42 15,5 229 84,5
Bicicleta 211 77,9 60 22,1
Som 133 49,1 138 50,9
Ventilador 237 87,5 34 12,5
Tanquinho 114 42,1 157 57,9
Máquina de lavar 33 12,3 238 87,7
29
5.1.2) Avaliação Clínica e Bioquímica
Os resultados da aferição da pressão arterial nas 338 crianças avaliadas
apresentaram freqüência de 3% para hipertensos, 3,8% em situação limítrofe e 93,2%
normotensos. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, no Brasil, a
prevalência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes pode variar de 2 a 13%
(IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002). Estudo realizado em Belo
Horizonte, mostrou prevalência de níveis pressóricos acima do percentil 95 variando
entre 5,5% a 9,8%, de acordo com a referência adotada, em estudantes de 7 aos 18
anos de idade (OLIVEIRA et al., 1999). MOURA et al. (2004) evidenciaram
prevalência de 9,4% em escolares e adolescentes com idade entre 7 a 17 anos de
Maceió (AL). Nos Estados Unidos, entre os dois últimos estudos de levantamento,
NHANES III (1988-1994) e NHANES (1999-2000), a pressão arterial sistólica e
diastólica aumentou em média 1,4 mmHg e 3,3 mmHg, respectivamente, e foi maior
nas crianças e adolescentes. (MUNTNER, et al., 2004).
Foi constatada correlação positiva da Pressão Arterial Sistólica com Índice de
Massa Corporal (IMC), Percentual de Gordura (%G) e Circunferência de Cintura
(CC), em ambos os sexos e no grupo como um todo, o que mostra a influência do
estado nutricional na pressão arterial desde a infância. Na atividade física, foi
verificada correlação positiva com assistir televisão e/ou jogar videogame e negativa
com brincar e/ou praticar exercícios, tanto na duração (minuto/dia) como na
intensidade (METs/dia). Ou seja, as crianças com maiores valores de pressão arterial,
gastaram mais tempo em atividades físicas sedentárias como assistir televisão e/ou
jogar videogame; o efeito contrário foi observado nas atividades físicas ativas.
Nenhuma correlação foi verificada entre Pressão Arterial Sistólica e Glicemia de
jejum (Tabela 8).
30
Tabela 8 Correlação de Pearson (r) entre as variáveis antropométricas, clínicas,
bioquímicas e de atividade física.
Variáveis M F T Variáveis M F T
IMC x %G 0,87* 0,86* 0,81* CC x Dmin -0,11 -0,18** -0,15*
IMC x CC 0,93* 0,95* 0,94* CC x BRmin -0,03 -0,07 -0,05
IMC x PA 0,31* 0,25* 0,28* CC x AFTmet -0,11 -0,11 -0,11**
IMC x G 0,07 0,07 0,06 CC x Brmet -0,05 -0,06 -0,06
IMC x AFTmin
-0,08 -0,16
-0,12** CC x Dmet -0,10 -0,14 -0,12**
IMC x TVmin
0,11 0,07
0,09 PA x G 0,13 0,07 0,08
IMC x Dmin
-0,15 -0,19**
-0,17* PA x AFTmin 0,09 0,06 0,08
IMC x BRmin
0,002 -0,05
-0,02 PA x TVmin 0,17** 0,08 0,13**
IMC x AFTmet
-0,11 -0,10
-0,11 PA x Dmin -0,09 0,03 -0,05
IMC x BRmet
-0,03 -0,03
-0,04 PA x BRmin -0,15 -0,11 -0,14**
IMC x Dmet
-0,14 -0,16**
-0,15* PA x AFTmet -0,11 -0,06 -0,11
%G x CC
0,84* 0,86*
0,79* PA x BRmet -0,16 -0,14 -0,17*
%G x PA
0,30* 0,23*
0,29* PA x Dmet -0,09 0,03 -0,05
%G x G
0,14 0,07
0,05 G x AFTmin 0,12 0,11 0,11
%G x AFTmin
-0,07 -0,12
-0,07 G x Tvmin 0,17** -0,05 0,05
%G x Tvmin
0,17** 0,07
0,09 G x Dmin 0,22* 0,22** 0,22*
%G x Dmin
-0,13 -0,15
-0,16* G x Brmin -0,33* -0,13 -0,23*
%G x Brmin
-0,06 -0,01
-0,06 G x AFTmet -0,04 0,11 0,04
%G x AFTmet
-0,13 -0,11
-0,19* G x Brmet -0,24* 0,07 -0,14**
%G x Brmet
-0,07 -0,02
-0,12** G x Dmet 0,23* 0,21** 0,22*
%G x Dmet
-0,11 -0,12
-0,15** TVmin x Dmin -0,21* -0,01 -0,12**
CC x PA
0,33* 0,26*
0,29* TVmin x Dmet -0,21* -0,01 -0,12**
CC x G
0,17* 0,06
0,10 TVmin x BRmin -0,57* -0,59 -0,57*
CC x AFTmin -0,08 -0,15 -0,12** TVmin x BRmet -0,55* -0,52* -0,52*
CC x Tvmin 0,10 0,10 0,10 ---------------------
*p<0,01 e **p<0,05;M=masculino; F=feminino; Dmin = deslocar-se p/ escola (minuto/dia); Dmet =
deslocar-se p/ escola (METs/dia); BRmin = brincar e/ou exercícios (minuto/dia); BRmet = brincar
e/ou exercícios (METs/dia); TVmin = assistir TV e/ou videogame (minuto/dia); G=glicemia;
PA=pressão arterial sistólica
31
O excesso de peso aumenta de 2 a 6 vezes o risco de hipertensão arterial, e
estima-se que 20 a 30% da prevalência de hipertensão possa ser explicada por essa
associação (IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002). A forte
associação entre IMC e pressão sistólica, são dados preocupantes devido ao aumento
na prevalência de sobrepeso nas últimas décadas, que pode favorecer a incidência de
hipertensão (MUNTNER et al., 2004). No entanto, apesar da fraca correlação
observada entre medidas antropométricas (IMC, %G e CC) e variáveis de atividade
física com a Pressão Arterial Sistólica, as correlações foram significantes, reforçando
a importância de se controlar a obesidade infantil e estimular a prática de atividade
física para prevenir doenças cardiovasculares.
Estudo com adolescentes, durante um período de 15 anos (13 aos 28 anos de
idade), mostrou por meio de análises de regressão, relação positiva da pressão
sistólica com o IMC (TWISK et al., 1998). Segundo MOURA et al. (2004), a
prevalência de pressão arterial elevada foi maior e significante nos escolares (7 a 17
anos) com sobrepeso e com risco de sobrepeso. GARCIA et al. (2004) observaram
que apesar da associação de sobrepeso e obesidade com níveis mais elevados de
pressão arterial sistólica, maiores valores de IMC isoladamente não foram
responsáveis pelas médias mais elevadas da pressão arterial sistólica, sugerindo que
outros fatores associados ao estilo de vida e hábitos alimentares podem contribuir na
resposta da pressão arterial.
A prática de atividades físicas previne ou atrasa o desenvolvimento de
hipertensão; no entanto o exercício físico reduz a pressão arterial em pessoas
hipertensas e tem pouco efeito nas pessoas normotensas (CDC, 1996). A fraca
correlação da pressão arterial com apenas algumas variáveis de Atividade Física
Total e Específica verificada no estudo, pode ser explicada devido ao tipo de
atividade física avaliada, que foi de caráter não formal e recreativa, e também à
elevada prevalência de normotensos (93,2%) na população.
SCHMITZ et al. (2002) não observaram correlação entre atividade física e
pressão arterial sistólica entre crianças e adolescentes eutróficos e não diabéticos,
com idade entre 10 a 16 anos. No entanto, foi verificada uma associação positiva da
atividade física com sensibilidade insulínica nas crianças que apresentaram pressão
sistólica acima da mediana do grupo. Esses dados evidenciam a pressão sistólica
32
elevada como um indicador do desenvolvimento precoce da resistência insulínica, e
da importância da atividade física como prevenção desse processo.
Nas análises da glicemia de jejum, do total de crianças avaliadas (n = 338),
94,4% apresentaram glicemia normal e 5,6% glicemia de risco ( 110). Nenhuma
correlação foi observada entre a glicemia de jejum e as medidas antropométricas,
exceto com a CC, e apenas nos meninos. Verificou-se correlação com Atividade
Física Específica (brincar e/ou praticar exercícios, assistir televisão e/ou jogar
videogame e se deslocar para a escola) em relação à duração (minuto/dia) e à
intensidade (METs/dia) (Tabela 8).
Considerando que hipertensão arterial, adiposidade abdominal e obesidade
estão associados com dislipidemias e intolerância à glicose, que caracterizam a
Síndrome Metabólica (SRINIVASAN et al., 2002; KOVEN-AVRAMOGLU et al.,
2003), os resultados são importantes no controle e acompanhamento das medidas
antropométricas e clínicas, para a prevenção precoce do desenvolvimento de doenças
crônico-degenerativas na idade adulta, que podem se iniciar na infância (GORAN e
GOWER, 1999). Pressão arterial sistólica medida na infância, é um consistente
preditor de enrijecimento das artérias em jovens adultos (LI et al., 2004). Manter um
peso corporal saudável, reduz o risco de doenças cardiovasculares. É essencial
incentivar a manutenção de um estilo de vida seguro e saudável para a redução do
risco de doenças cardiovasculares na idade adulta (McGILL e McMAHAN, 2003).
5.1.3) Hábitos Alimentares
O maior consumo alimentar encontrado foi para: arroz, macarrão, polenta,
feijão, carnes e pães em geral. Foi observado também como hábito alimentar o
consumo de produtos de pastelaria ou cafeteria (biscoitos recheados, salgadinhos
industrializados de milho, balas, chicletes, chocolates, e doces em geral), suco
industrializado (não natural) e mate, sendo esses dois tipos de bebidas consumidas
com açúcar (Tabela 9).
Apesar do baixo poder aquisitivo da população estudada, o alto consumo de
sucos industrializados (não natural) e mate reflete a falta de orientação alimentar,
pois o gasto com a aquisição desses produtos poderia ser utilizado para o consumo de
33
leite. O alto consumo do mate explica o baixo consumo do leite, já que este é
substituído pelo mate no desjejum e no lanche da tarde.
Os alimentos com menor consumo foram: farinha, fígado, embutidos
(salsicha e lingüiça), doces/sobremesas, salgados e refrigerantes. Entretanto, apesar
do baixo consumo de doces/sobremesas foi constatado alto consumo de açúcar para
adoçar bebidas (Tabela 9). Em relação aos salgados (assados e/ou fritos) e
refrigerantes, foi relatado pelas crianças, um consumo elevado durante o recreio nas
cantinas das escolas. Do total de 403 crianças, apenas 68 (16,8 %) não consumiam
esses produtos.
Tabela 9 - Freqüência de consumo alimentar
Alimentos 7x 5x 4x 3x 2x 1x não
consome
eventual Total
Arroz, macarrão,
polenta
265 - 1 1 - - 3 - 270
Farinha 13 4 8 17 64 84 63 17 270
Pães, biscoitos, bolos 222 4 7 20 10 4 1 2 270
Feijão 244 - 1 6 5 2 1 2 270
Hortaliças * 62 16 9 50 45 36 34 18 270
Frutas/sucos 59 15 17 53 58 30 10 28 270
Carnes 46 104 33 42 23 5 9 8 270
Fígado - 1 - 9 17 71 114 58 270
Embutidos 3 6 10 22 53 89 29 58 270
Ovos 15 13 11 64 65 65 19 18 270
Leite e derivados 107 7 9 40 42 28 22 15 270
Doces/sobremesas 17 3 1 13 17 63 75 81 270
Salgados 12 7 6 22 25 79 50 69 270
Pastelaria/cafeteria ** 113 50 15 20 11 11 31 19 270
Refrigerante 37 10 10 27 21 130 13 22 270
Suco industrializado 159 17 16 24 20 22 7 5 270
Chá, mate, café 160 5 23 21 5 12 32 12 270
Açúcar 260 4 1 3 - - 2 - 270
Chocolate em pó 58 - 7 21 20 13 126 25 270
Manteiga, maionese 204 3 6 14 16 4 14 9 270
* cenoura, beterraba, chuchu, vagem, alface, tomate, batata e mandioca; **salgadinhos
industrializados de milho, balas, chocolate, chiclete, pirulitos, salgados, rapadurinhas, etc.
O padrão alimentar para as refeições diárias é apresentado na Tabela 10.
Convém ressaltar que além das refeições feitas em casa, as crianças consumiam a
merenda escolar elaborada e supervisionada por nutricionista da Secretaria de
Educação do Município.
Os resultados mais expressivos foram em relação ao desjejum e ao almoço.
Foi verificado que 10% da população não consumia o desjejum, o que pode ser
34
explicado pelo baixo poder aquisitivo, ou em função do elevado consumo da
merenda escolar, pela maioria das crianças, seja na colação ou no lanche da tarde.
Constatou-se também que 5 crianças não almoçavam. No entanto, esse número
expressa a substituição do almoço tradicional (arroz, feijão, carnes, etc.), por outros
tipos de alimentos (biscoitos, salgados, sanduíches, balas, chocolates, etc.), e não
necessariamente a abstinência alimentar no momento da refeição.
Tabela 10 Freqüência de refeições realizadas pela população
Sim
n %
Não
n %
Total
n %
Desjejum 243 90,0 27 10,0 270 100,0
Colação 262 97,0 8 3,0 270 100,0
Almoço 265 98,1 5 1,9 270 100,0
Lanche 256 94,8 14 5,2 270 100,0
Jantar 268 99,3 2 0,7 270 100,0
Ceia 31 11,5 239 88,5 270 100,0
O consumo mensal de óleo de soja e açúcar cristal (Tabela 11) apresentou
resultados semelhantes aos evidenciados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares
2002-2003 (IBGE, 2004), na qual verificou-se um consumo mensal per capita de
óleo de soja e açúcar cristal, na região Centro-Oeste, igual a 0,91 litros/mês e 1,48
kg/mês respectivamente.
Tabela 11 Descrição do consumo mensal total e per capita de óleo de soja e açúcar
cristal pela população estudada
Tipo de alimento Média ± Desvio Padrão Mediana Min Máx
Óleo (latas de 1 litro ) 5,1 ± 2,5 5,0 1,0 - 20,0
Açúcar (kg) 8,1 ± 4,5 8,0 1,0 - 30,0
Consumo per capita de óleo (latas) 0,97 ± 0,45 0,9 0,2 - 1,0
Consumo per capita de açúcar (kg) 1,56 ± 0,88 1,3 0,3 - 1,0
n= 256 (do total de 270, 14 não souberam responder)
35
5.1.4) Atividade Física
A Tabela 12 mostra resultados estatísticos descritivos da Atividade Física
Total (AFT) e Atividade Física Específica (AFE) em minuto/dia, METs/dia e
Kcaloria/dia.
Tabela 12 Descrição das medidas de Atividade Física Total e Atividade Física
Específica em relação à duração, intensidade e ao gasto calórico da população
estudada
Mas* Fem**
média ± dp
Mas Fem
Mediana
AFTotal
min/dia 1178,6 ± 62,7 1183,5 ± 58,2 1178,0 1178,0
METs/dia 1786,3 ± 166,2 1727,0 ± 144,5 1775,0 1725,7
Kcal/dia 823,2 ± 201,5 831,0 ± 240,9 782,6 780,8
Deslocar
min/dia
METs/dia
Kcaldia
20,4 ± 13,8
52,3 ± 36,1
23,8 ± 18,1
18,3 ± 11,7
46,4 ± 29,9
21,9 ± 15,4
17,8
50,0
21,9
21,4
53,6
20,6
Brincar
min/dia
METs/dia
Kcal/dia
135,0 ± 51,7
460,1 ± 183,3
211,5 ± 96,0
128,8 ± 46,5
401,0 ± 148,7
192,3 ± 93,5
128,6
450,0
192,3
128,6
400,0
174,7
TV, vídeo
min/dia
METs/dia
Kcal/dia
154,8 ± 72,7
154,8 ± 72,7
73,8 ± 43,7
151,4 ± 70,1
151,4 ± 70,1
74,1 ± 45,2
154,3
154,3
66,0
151,4
151,4
69,9
*n =159; **n = 145;
Quanto ao índice de atividade física (minuto/dia), verificou-se nas atividades
físicas ativas (deslocar-se para a escola e brincar e/ou praticar exercícios formais)
média igual a 2,6 horas/dia no sexo masculino e 2,4 horas/dia no sexo feminino,
coincidindo com os resultados observados em outros estudos. DEHEEGER et al.
(1997) evidenciaram média de atividade física em meninos e meninas igual a 2
horas/dia. Segundo BERKEY et al. (2000), em crianças de 9 a 14 anos de idade, o
sexo masculino apresentou média igual a 2,2 horas/dia, e no sexo feminino esse valor
correspondeu a 1,8 horas/dia.
Nas atividades físicas sedentárias (assistir televisão e/ou jogar videogame) a
média encontrada foi igual a 2,6 horas/dia e 2,5 horas/dia, em meninos e meninas
respectivamente. GORAN et al. (1997) evidenciaram média igual a 2,1 horas/dia, no
tempo gasto em assistir televisão, em crianças de 6 anos de idade. Outros estudos
36
mostraram valores semelhantes, variando de 2 a 3 horas/dia o tempo gasto em assistir
televisão e/ou jogar videogame (TREMBLAY e WILLMS, 2003; PROCTOR et al.,
2003).
Segundo a classificação em MET para o tipo de atividade física descrita por
PATE et al.(1995), as atividades físicas praticadas pelas crianças foram na maioria
atividades leves (< 3 METs ou < 4 kcal/min), poucas atividades moderadas (3 a 6
METs ou 4 a 7 kcal/min), e nenhuma atividade física vigorosa (> 6 METs ou > 7
kcal/min) foi verificada (anexo 8). Outros estudos com crianças mostram essa mesma
tendência. BRACCO et al. (2002), utilizando sensores de movimento em escolares
de 3ª e 4ª séries, constataram que as crianças apresentavam atividade física
predominantemente leve na maior parte do dia e pouco tempo foi dispendido para as
atividades moderadas ou vigorosas. BAILEY et al. (1995) mostraram que crianças
com idade entre 6 a 10 anos, no total do tempo gasto em atividade físicas, 77,1% foi
com atividades leves e 3,1% com atividades vigorosas.
5.1.5) Estado Nutricional
Tabela 13 Descrição das medidas antropométricas da população estudada
Média ± DP Mediana Min - Máx
Mas Fem Mas Fem Mas Fem
Peso (kg) 27,7 ± 6,5 28,9 ± 8,2 26,0 27,0 17,0 62,0 17,9 69,5
Altura (cm) 130,3 ± 7,8 131,2 ± 8,9 130,4 130,5 112,0 - 150,0 111,0 - 150,4
IMC (kg/m
2
) 16,2 ± 2,5 16,6 ± 3,04 15,6 16,0 12,7 - 30,6 12,4 - 31,7
Percentual de gordura (%) 14,9 ± 5,9 20,9 ± 6,5 13,2 19,6 6,2 34,6 9,8 - 36,5
Circunferência de Braço (cm) 18,7 ± 2,5 19,3 ± 2,9 18,3 18,6 15,0 29,5 15,0 33,4
Circunferência de cintura (cm) 57,9 ± 6,4 58,8 ± 7,8 56,5 56,5 49,0 - 90,5 47,4 89,0
Prega Tricipital (mm) 9,37 ± 4,4 11,7 ± 4,8 7,9 10,7 4,5 31,0 4,5 36,0
Prega Subescapular (mm) 7,7 ± 4,6 10,2 ± 5,7 6,0 8,5 4,0 - 32,0 4,5 - 35,0
n= 403
37
Constatou-se uma prevalência total de 12,7% da população acima do peso,
sendo 6,2% com risco de sobrepeso e 6,5% com sobrepeso. A maioria das crianças
foi considerada eutrófica (78,2%) e 9,2% estavam abaixo do peso (Tabela 14).
Apesar da impossibilidade em comparar essas prevalências com outras pesquisas, em
virtude da utilização de diferentes pontos de corte para a determinação de excesso de
peso, os valores encontrados neste estudo se encaixam no contexto das evidências
científicas.
Tabela 14 - Distribuição dos escolares segundo estado nutricional e sexo
Sexo
Baixo peso
n %
Eutrofia
n %
Risco de sobrepeso
n %
Sobrepeso
n %
Total
n %
Masculino 15 7,0 182 83,5 8 3,7 13 6,0 218 100,0
Feminino 22 12,0 133 72,0 17 9,0 13 7,0 185 100,0
Total 37 9,2 315 78,2 25 6,2 26 6,5 403 100,0
Estudo com crianças de 5 a 10 anos de idade, em escolas públicas na Bahia,
verificou-se uma prevalência de sobrepeso (IMC  85p) e obesidade (IMC  95p),
segundo WHO (1995) e adotando-se os pontos de corte proposto por Cole et al.
(2000), igual a 6,5% e 2,7% respectivamente (OLIVEIRA et al., 2003b). LEÃO et al.
(2003) identificaram em crianças da mesma faixa etária, crianças de escolas
particulares e de escolas públicas na cidade de Salvador (BA), prevalência total de
obesidade (IMC  95p), segundo recomen dação de Himes e Dietz (1994) e
distribuição de IMC proposta por Anjos e cols.(1998), igual a 15,8%, sendo 30% nas
escolas particulares e 8% nas escolas públicas.
A partir de dados do IBGE de 1997 na Pesquisa sobre Padrão de vida, foi
verificada maior prevalência de obesidade (escore z maior que 2 para o índice de
Peso/Estatura) em crianças de 0 a 10 anos, da região Sudeste (11,9%) em relação às
crianças da região Nordeste (8,2%) (ABRANTES, et al., 2002). De acordo com o
NHANES III de 1988 a 1994, a prevalência de sobrepeso entre crianças de 6 a 11
anos, baseada no percentil 95 de IMC, aumentou de 6 para 11,3% (TROIANO E
FLEGAL, 1998). Recente estudo de 1999 a 2000, como parte do NHANES, indica
que 15,3% das crianças entre 6 a 11 anos estão com sobrepeso (OGDEN, 2002).
Nesse estudo verificou-se prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso 39%
maior no sexo feminino do que no sexo masculino (Tabela 15), resultado semelhante
ao evidenciado na Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (INAN, 1990). JENOVESI
38
et al. (2003) observaram a mesma tendência, em crianças 7 a 10 anos de escola
pública, com prevalência de sobrepeso e obesidade (escore z do índice de
Peso/Estatura segundo WHO, 1995) maior nas meninas (13,6% e 11,7%
respectivamente) do que nos meninos (11,9% e 10,3% respectivamente).
Tabela 15 - Associação entre IMC e sexo dos escolares
IMC Fem Mas Total RP* IC (95%)**
Risco de sobrepeso e sobrepeso (p85) 30 21 51 1,39 1,07 1,81
Eutróficos (p5 e <p85) 133 182 315
Total 163 203 366
*RP: Razão de prevalência; **IC: Intervalo de Confiança
As meninas estão mais expostas ao risco de sobrepeso e sobrepeso do que os
meninos, não só pelo ponto de vista ambiental, conforme evidências mostradas por
alguns autores de que meninos são mais ativos do que meninas, favorecendo a
manutenção do peso corporal (BERKEY et al., 2000; BALL et al., 2001; VINCENT
et al., 2003), mas também pelos aspectos biológicos e inerentes ao sexo feminino.
Nas meninas, por volta dos 9,5 anos de idade, ou período anterior a puberdade,
acontece uma redução da atividade física e manutenção da Taxa Metabólica de
Repouso, provocando uma conservação de energia, que predispõe ao ganho de peso
corporal (GORAN et al., 1998b).
A limitação de estudos relacionando composição corporal na infância com as
conseqüências para a saúde na idade adulta dificulta a determinação de um ponto de
corte para o estabelecimento do percentual de gordura normal (GORAN e GOWER,
1999). Segundo CINTRA et al. (2004), a obesidade pode ser definida como um
percentual de gordura maior do que 30%, para meninos e meninas na fase pré-
puberal.
Considerando esses valores, foi constatado no estudo que 38 (9,4%) crianças
estão com percentual de gordura corporal maior do que 30%, sendo 23 (60,5%)
meninas e 15 (39,5%) meninos, não havendo contudo diferenças estatisticamente
significantes entre os sexos. Entretanto, as curvas de percentil do percentual de
gordura (Figuras 1 e 2) de acordo com o estado nutricional, mostram maior
predisposição das meninas do que os meninos para ganho de percentual de gordura
corporal. Tendo como referencial o grupo com risco de sobrepeso, nos meninos, o
ponto de corte > 30% correspondeu ao percentil 75; nas meninas esse valor foi
observado no percentil 50.
39
Figura 1 Percentual de gordura corporal em relação ao estado nutricional no sexo
masculino, em percentis.
Figura 2 Percentual de gordura corporal em relação ao estado nutricional no sexo
feminino, em percentis.
Percentual de gordura
MAS
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
baixo peso
6.30 6.67 6.55 7.21 10.00 11.07 12.34 12.64 12.64
eutrofia
8.15 9.50 10.06 11.21 13.15 15.32 17.92 21.29 26.27
risco
20.19 20.63 21.18 21.66 25.11 29.54 30.89 30.89 30.89
sobrepeso
24.37 26.03 25.14 29.68 32.17 33.19 34.55 34.56 34.56
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
Percentual de gordura
FEM
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
baixo peso
10.04 9.95 11.07 12.95 14.80 16.35 19.22 19.82 19.91
eutrofia
11.27 13.07 14.36 16.48 19.16 22.12 25.54 29.60 32.51
risco
21.74 23.80 23.52 26.18 29.80 32.24 32.68 33.46 33.46
sobrepeso
27.64 30.25 28.85 33.64 35.54 36.27 36.55 36.55 36.55
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
40
O percentual de gordura teve forte correlação com o IMC e CC em ambos os
sexos, e no grupo como um todo (Tabela 8). GIUGLIANO e MELO (2004)
evidenciaram resultados semelhantes em escolares de Brasília (6 a 10 anos). Houve
forte correlação do IMC com o %G (r = 0,84 nos meninos e r = 0,75 nas meninas) e
do IMC com a CC (r = 0,88 nos meninos e r = 0,89 nas meninas). Estudo
longitudinal dos 8 aos 18 anos de idade mostra padrão de crescimento constante e
similar entre o IMC e a CC, e com nenhuma diferença entre os sexos até o período
anterior a puberdade (DAI et al., 2002).
Ressaltando que o excesso de gordura corporal e adiposidade central são
fatores de risco para doenças cardiovasculares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2000) os dados confirmam o papel de medidas antropométricas de
baixo custo e fácil aplicação como o IMC e a CC, nos estudos epidemiológicos e nos
programas de controle da obesidade infantil para a prevenção de doenças crônico-
degenerativas na idade adulta. A medida de CC parece ser uma boa alternativa ou
medida adicional ao IMC em crianças, devido às relações observadas entre CC,
deposição de gordura subcutânea e intra-abdominal e, fatores de risco para doenças
cardiovasculares em crianças (TAYLOR, et al., 1999; McCARTHY et al., 2001).
As curvas de percentil para as medidas de %G (Figuras 1 e 2) e CC (Figuras
3 e 4) enfatizam os resultados encontrados até então, e expressam o comportamento
similar dessas medidas quando comparadas com as classes do estado nutricional. A
única diferença observada foi quanto à diferenciação sexual não encontrada nas
medidas de CC (Tabela 16). Este resultado já era esperado se considerarmos a faixa
etária da população em estudo, entre 7 a 10 anos de idade. Nesse período ainda não
ocorreram alterações hormonais sexuais conseqüentes da puberdade (aumento de
progesterona e estrogênio nas meninas e testosterona nos meninos), que estão
associadas com adiposidade andróide e com as mudanças nas medidas de cintura
(OLIVEIRA e VEIGA, 2004).
41
Figura 3 Circunferência de cintura em relação ao estado nutricional no sexo
masculino, em percentis.
Figura 4 Circunferência de cintura em relação ao estado nutricional no sexo
feminino, em percentis.
Circunferência de cintura
MAS
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
baixo peso
49.24 50.20 49.90 51.00 52.50 54.50 54.76 55.00 55.00
eutrofia
49.90 51.63 52.73 54.00 56.50 59.00 61.00 62.50 67.26
risco
63.82 63.89 63.98 64.00 66.00 69.00 69.50 69.50 69.50
sobrepeso
66.85 68.25 67.50 70.75 74.50 83.50 90.42 90.50 90.50
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
Circunferência de cintura
FEM
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
baixo peso
47.65 47.57 48.50 50.50 51.50 53.28 54.85 56.11 56.30
eutrofia
49.17 50.35 51.28 53.50 56.50 60.45 63.52 66.30 69.50
risco
58.86 60.30 60.10 61.65 64.20 68.25 75.20 76.00 76.00
sobrepeso
62.49 64.45 63.40 72.65 79.00 85.00 88.60 89.00 89.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
42
Nesse estudo, a média do %G aumentou progressivamente em relação ao
estado nutricional, com diferenças estatisticamente significantes entre as classes
(baixo peso, eutrófico, risco de sobrepeso e sobrepeso) e entre os sexos, sendo maior
nas meninas do que nos meninos em todas as classes (Tabela 16). Os resultados
concordam com outros estudos, seja em relação ao maior %G encontrado em
meninas (DAI et al., 2002), como na diferença significante e crescente no %G, de
acordo com o estado nutricional (17,7%, 27% e 29,4% para eutrofia, sobrepeso e
obesidade respectivamente) tanto no sexo masculino como no feminino
(GIUGLIANO e MELO, 2004). Vale ressaltar que as médias de percentual de
gordura no grupo de sobrepeso estão de acordo com o ponto de corte para obesidade
(>30%) citado anteriormente, tanto nas meninas como nos meninos.
43
Tabela 16 - Estado Nutricional e Medidas Antropométricas de acordo com o sexo
Estado nutricional Meninos ( 218)
X± dp
Meninas ( 185 )
X ± dp
Percentual de gordura (%G)
Baixo peso* 9,48 ± 1,99 ( a )
n=15
14,79 ± 2,68 ( a )
n=22
Eutrófico* 13,69 ± 3,49 ( b )
n=182
19,65 ± 4,63 ( b )
n=133
Risco de Sobrepeso* 25,39 ± 4,09 ( c )
n=08
29,15 ± 3,63 ( c )
n=17
Sobrepeso* 31,29 ± 3,11 ( d )
n=13
34,48 ± 2,68 ( d )
n=13
Circunferência de cintura (cm)
Baixo peso 52,50 ± 1,87 ( a )
51,65 ± 2,28 ( a )
Eutrófico 56,67 ± 3,36 ( b ) 57,22 ± 4,69 ( b )
Risco de Sobrepeso 66,29 ± 2,37 ( c ) 65,58 ± 5,14 ( c )
Sobrepeso 76,87 ± 7,99 ( d ) 78,20 ± 8,36 ( d )
Circunferência de braço (cm)
Baixo peso 16,29 ± 0,91 ( a )
16,39 ± 0,75 ( a )
Eutrófico* 18,31 ± 1,51 ( b )
18,79 ± 1,79 ( b )
Risco de Sobrepeso 22,57 ± 1,09 ( c )
22,46 ± 1,73 ( c )
Sobrepeso 25,30 ± 2,37 ( d ) 26,01 ± 2,79 ( d )
Prega tricipital (mm)
Baixo peso* 5,98 ± 1,22 ( a )
7,88 ± 1,82 ( a )
Eutrófico* 8,34 ± 2,49 ( b )
10,63 ± 3,01 ( b )
Risco de Sobrepeso 15,97 ± 1,87 ( c ) 16,62 ± 2,92 ( c )
Sobrepeso 21,79 ± 5,31 ( d )
23,21 ± 5,48 ( d )
letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes (estatística em
relação à coluna); * p<0,05 (estatística em relação à linha). As médias foram testadas
por meio do Teste de Tukey.
44
Houve fraca correlação entre %G e variáveis de atividade física (Tabela 8),
tanto na duração (minuto/dia) como na intensidade (METs/dia) das atividades,
contrariando vários estudos que evidenciam a forte relação de maior gordura corporal
com menores níveis de atividade física (DEHEEGER et al., 1997; ROWLANDS,
1999; TROST et al., 2003; TREMBLAY e WILLMS, 2003). Entretanto, foi
verificado correlação negativa com as atividades físicas ativas, e correlação positiva
com as atividades físicas sedentárias (televisão e/ou videogame), sugerindo que as
crianças mais ativas têm menor percentual de gordura. Esse resultado pode ser
devido ao desenho do estudo (transversal) ou por fatores não identificados na
pesquisa, principalmente quando se avalia a composição corporal, que pode ser
conseqüência de períodos anteriores ao estudo e não estar associada com a atividade
física atual. KU et al. (1981) não encontraram correlação significante entre atividade
física e %G em crianças dos 6 meses aos 8 anos de idade, sugerindo que a relação
entre atividade física e gordura corporal pode não ser linear, apesar do estudo ter sido
longitudinal.
GORAN et al. (1998a) evidenciaram resultados contra a teoria de que
reduzido gasto energético está ligado ao excesso de gordura corporal, e que esta
relação pode não explicar a maior prevalência de obesidade. O principal
determinante de alterações na composição corporal num período anterior a
adolescência foi relacionado ao sexo, à gordura inicial no estudo e ao percentual de
gordura dos pais, e não ao gasto energético reduzido nas atividades físicas. BALL et
al. (2001) encontraram diferenciação quanto ao sexo. Nas meninas a atividade física
parece exercer um papel menos significante em determinar a gordura corporal.
Houve correlação inversa entre Atividade Física Total e Atividade Física
Específica com IMC e CC (Tabela 8). Embora os resultados encontrados apresentam
fraca correlação, a direção negativa dessas correlações concordam com outros
estudos. BALL et al. (2001) encontraram correlação inversa entre atividade física e
IMC (r = -0,37 e p<0,01) apenas nos meninos. VINCENT et al. (2003) mostrou
correlação negativa entre atividade física e IMC, evidenciando que as crianças com
menores escores em atividade física tinham maiores valores de IMC.
45
Foi verificado efeito significante da renda total e per capita das famílias no
estado nutricional (Tabela 17). A média de renda total e per capita das crianças com
baixo peso foi significantemente diferente e menor do que a média das crianças com
risco de sobrepeso e com sobrepeso. O mesmo foi observado nas crianças eutróficas
em relação às crianças com risco de sobrepeso e com sobrepeso. Entre as crianças
com risco de sobrepeso e com sobrepeso, a diferença encontrada foi apenas em
relação à renda per capita. Os resultados concordam com outros estudos na
associação positiva entre nível sócioeconômico e estado nutricional, ou seja crianças
com melhor renda familiar têm maior prevalência de sobrepeso (MARTORELL et
al., 1998; MONTEIRO e CONDE, 1999; LEÃO et al., 2003).
Constatou-se maior prevalência de crianças com sobrepeso na Escola 4,
localizada na região central da cidade, em relação às outras escolas (1, 2 e 3)
localizadas na periferia. GUIMARÃES e BARROS (2001) observaram maior
prevalência de sobrepeso e obesidade, em pré-escolares da rede pública de
Cosmópolis (SP), nas escolas localizadas na área central, quando comparadas às
escolas localizadas fora do centro da cidade.
Tabela 17 - Descrição da renda total e per capita em função do estado nutricional
Estado Nutricional Renda total
x ± dp
Renda per capita
x ± dp
Baixo peso 400,50 ± 238,45 (a) 78,12 ± 58,32 (a)
Eutrófico 422,98 ± 270,06 (a)
82,99 ± 65,51 (a)
Risco de Sobrepeso 671,52 ± 513,83 (b) 135,74 ± 114,90 (b)
Sobrepeso 741,91 ± 488,26 (b) 183,80 ± 114,20 (c )
p<0,01 - letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes
As médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Estado Nutricional,
foram testadas duas a duas por meio do Teste t.
Nas associações entre estado nutricional com Renda Total (Rt) e Renda Per
capita (Rp), a Razão de Prevalência (RP) encontrada foi igual a 1,81 e 1,87
respectivamente (Tabela 18). Ou seja, a prevalência de risco de sobrepeso e
sobrepeso é maior nas pessoas com melhor poder aquisitivo, tanto pela Renda Per
capita (81%) como pela Renda Total (87%).
46
Tabela 18 - Associação entre o IMC, a Renda Per capita (Rp) e a Renda Total (Rt)
IMC
Rp Rp
Total RP* IC** (95%)
>mediana
mediana
Risco de sobrepeso e sobrepeso (p85) 30 6 36 1,81 1,47 - 2,23
Eutróficos (p5 e <p85) 94 110 204
Total 124 116 240
Rt Rt
>mediana
mediana
Risco de sobrepeso e sobrepeso (p85) 28 8 36 1,87 1,47 - 2,37
Eutróficos (p5 e <p85) 85 119 204
Total 113 127 240
*RP: Razão de prevalência; **IC: Intervalo de Confiança
O mesmo resultado foi encontrado quanto ao percentual de gordura,
reforçando o efeito da renda familiar na composição e peso corporal da população
estudada. A maior prevalência de percentual de gordura acima da mediana, em
ambos os sexos, é observada nas famílias com maior poder aquisitivo, seja pela
Renda Total (Rt) ou pela Renda Per capita (Rp) (Tabelas 19 e 20).
Tabela 19 - Associação entre o percentual de gordura e a Renda Per capita (Rp)
Percentual de Gordura
Rp Rp
Total RP* IC** (95%)
>mediana
mediana
Masculino
Acima da mediana (>13,2%) 104 79 183 1,55 1,14 2,12
Abaixo da mediana ( 13,2%)
Total
30
134
52
131
82
265
Feminino
Acima da mediana (> 19,6%) 45 22 67 1,71 1,19 2,47
Abaixo da mediana (
19,6%)
Total
22
67
34
56
56
123
*RP: Razão de prevalência; **IC: Intervalo de Confiança
47
Tabela 20 - Associação entre o percentual de gordura e a Renda Total (Rt)
Percentual de Gordura
Rt Rt
Total RP* IC** (95%)
>mediana
mediana
Masculino
Acima da mediana (>13,2%) 94 89 183 1,50 1,08 2,10
Abaixo da mediana ( 13,2%)
Total
28
122
54
143
82
265
Feminino
Acima da mediana (> 19,6%) 40 27 67 1,45 1,0 2,11
Abaixo da mediana (
19,6%)
Total
23
63
33
60
56
123
*RP: Razão de prevalência; **IC: Intervalo de Confiança
Com base em dados de 3 levantamentos nacionais realizados no Brasil pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1975, 1989, 1996/7 maiores
taxas de crianças com sobrepeso foram verificadas nas classes sociais mais
favorecidas da região Sudeste mais desenvolvida. A associação positiva entre
rendimento e sobrepeso e obesidade permaneceu entre os 3 levantamentos, para
todas as idades, regiões e grupos sociais, exceto nas mulheres da região mais
desenvolvida do Sudeste, apresentando uma significante associação negativa. As
mulheres de baixa renda foram mais susceptíveis à obesidade do que as mulheres de
maior renda (MONTEIRO et al., 2001).
A escolaridade dos pais pode influenciar no estado nutricional. Estudos
mostram associação entre melhor escolaridade e redução no risco de sobrepeso
(McMURRAY et al., 2000; PROCTOR et al., 2003). MONTEIRO et al. (2003)
observaram que o aumento no risco de obesidade, no período de 1989-1997, foi
maior para as pessoas de menor escolaridade, com diminuição na relação positiva
entre os homens, e aumento na relação negativa entre as mulheres. No presente
estudo, não houve associação entre escolaridade e estado nutricional, tanto em
relação à escolaridade do pai como da mãe (Tabela 21).
48
Tabela 21 - Associação entre o IMC e a escolaridade dos pais
IMC escolaridade
do pai
Total RP* IC**
(95%)
>mediana
mediana
Risco de sobrepeso e sobrepeso
(p85)
17 17 34 1,30 0,89 1,92
Eutróficos (p5 e <p85) 66 106 172
Total 83 123
escolaridade da
mãe
Risco de sobrepeso e sobrepeso
(p85)
18 18 36 1,23 0,85 1,77
Eutróficos (p5 e <p85)
Total
85
103
124
142
209
*RP: Razão de prevalência; **IC: Intervalo de Confiança e p > 0,05
5.2) Estado Nutricional e Atividade Física
Os resultados da Análise de Variância são discutidos a seguir em 2 tópicos:
Atividade Física Total e Atividade Física Específica (deslocar-se para a escola,
brincar e/ou praticar exercícios e assistir televisão e/ou jogar videogame), juntamente
com as correlações de Pearson.
5.2.1) Atividade Física Total
Houve diferenças significantes em relação ao estado nutricional no gasto
calórico (kcal/dia) e na intensidade (METs/dia) das atividades. Nenhuma diferença
foi verificada quanto à duração das atividades (minuto/dia) (Tabela 22).
As médias de gasto calórico das atividades tiveram um aumento crescente,
das crianças com baixo peso para as crianças com sobrepeso. Considerando que o
peso corporal interfere no gasto calórico (LEIBEL et al., 1995) e que medidas de
gasto energético das atividades físicas são diferentes entre obesos e não obesos,
exceto quando há ajuste com a massa livre de gordura (TREUTH et al., 1998;
LAZZER et al., 2003), era esperado que crianças com maior peso corporal tivessem
também maior gasto calórico nas atividades físicas. Em adolescentes obesos
comparados com não obesos, nenhuma diferença foi observada quanto ao gasto
energético na atividade, sugerindo que a atividade física não é equivalente ao custo
49
energético da atividade, e que os obesos gastam mais calorias (EKELUND et al.,
2002).
Tabela 22 Relação entre a duração, o gasto energético e a intensidade da Atividade
Física Total com o estado nutricional da população estudada
Minuto/dia
média ± dp
Kcal/dia
média ± dp
METs/dia
média ± dp
Baixo peso 1189,8 ± 56,1 631,8 ± 72,7(a) 1739,1±119,4(a)
Eutrófico 1182,1 ± 61,3 799,5 ± 162,6(b) 1768,6 ±160,2(a)(b)
Risco de Sobrepeso 1182,3 ± 67,7 1029,3 ± 227,9(c) 1734,6 ±185,4(a)
Sobrepeso 1150,2 ± 44,4 1286,5 ± 304,4(d) 1673,3 ±134,8(a)(c)
p<0,01 ; letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes. As
médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Estado Nutricional, foram
testadas duas a duas por meio do Teste t.
Quanto à intensidade das atividades (METs/dia) foi encontrada diferença
significante apenas entre as crianças eutróficas e as crianças com sobrepeso.
Considerando que em minuto/dia não houve diferença significante entre as médias,
os resultados em relação ao METs/dia sugerem que as crianças eutróficas praticaram
atividades de mais intensidade (1768,62 METs/dia) do que as crianças com
sobrepeso (1673,33 METs/dia).Crianças obesas são menos ativas e participam menos
de atividades moderadas e/ou vigorosas, predominando as atividades de baixa
intensidade, do que crianças não obesas (TROST et al., 2001). TROST et al. (2003)
mostraram que meninos de pré-escola (3 a 5 anos de idade) com sobrepeso são
menos ativos do que os meninos eutróficos. O mesmo foi constatado em
adolescentes; maiores níveis de atividade física moderada e vigorosa foram
associados com menores valores de IMC (EISENMANN et al., 2002; EKELUND et
al., 2002).
Em relação ao sexo, nenhum efeito significante foi verificado quanto à
duração (minuto/dia) ou ao gasto calórico (kcal/dia), e apenas a intensidade
(METs/dia) foi diferente entre os sexos. Os meninos apresentaram média de
METs/dia maior do que as meninas (1756,90 e 1700,99 respectivamente, p<0,01)
constatando a maior participação deles em atividades de mais intensidade,
coincidindo com outros estudos (McMURRAY et al., 2000; BALL et al., 2001;
EISENMANN et al., 2002; JENOVESI et al., 2003; GAVARRY et al., 2003).
50
TROST et al. (2003) não encontraram associação entre atividade física e estado
nutricional em meninas, sugerindo que o tipo de atividade física nas quais as meninas
participam (baixa intensidade), pode ser menos influenciada pelo excesso de
adiposidade do que as atividades típicas dos meninos (mais intensidade).
A idade teve efeito significante pela duração (minuto/dia) e gasto calórico
(kcal/dia) na Atividade Física Total. Quanto à duração, houve um efeito inverso, ou
seja quanto maior a idade menor o tempo dispendido nas atividades físicas avaliadas
(r
2
= 0,05, p<0,01) (Figura 5). Esse resultado confirma evidências de outros estudos
indicando que as crianças mais novas são mais ativas e que a idade favorece o
aumento da inatividade (CDC, 1996; VINCENT et al., 2003; JENOVESI et al., 2003;
GAVARRY et al., 2003; COOPER et al., 2003).
Figura 5 Duração da Atividade Física Total (minuto/dia) em relação à idade
No gasto energético (kcal/dia), o efeito foi na mesma direção e acompanhou o
aumento da idade, o que se explica em função do aumento de peso corporal, já que o
tempo de Atividade Física Total diminuiu, e nenhum efeito foi observado na
intensidade das atividades, em relação à idade, o que poderia explicar maior custo
energético (r
2
= 0,60, p<0,01) (Figura 6).
51
Figura 6 Gasto energético da Atividade Física Total (kcal/dia) em relação à idade
5.2.2) Atividade Física Específica
a) Deslocar-se para a escola:
Verificou-se diferença significante entre as crianças eutróficas e as crianças
com sobrepeso quanto à duração da atividade (minuto/dia) (Tabela 23). A média das
crianças eutróficas (20,59 minutos/dia) foi maior do que a média das crianças com
sobrepeso (14,12 minutos/dia), ou seja as crianças com sobrepeso são menos ativas
do que as eutróficas. Resultados semelhantes foram observados em meninos de 7 a
12 anos; as crianças pertencentes ao tercil menos ativo foram classificadas como
sobrepesos (VINCENT et al., 2003). A chance de uma criança obesa ser pouco ativa
é 2 vezes maior do que a criança eutrófica (JENOVESI et al., 2003).
O tipo de transporte para a escola pode ser um importante e regular recurso de
atividade física para crianças e jovens. Maiores valores de IMC foi associado com
menor chance (Odds Ratio) de se deslocar para a escola caminhando (EVENSON et
al., 2003). Outro estudo evidenciou que os homens gastaram 44,2 kcal/dia e as
mulheres 33,2 kcal/dia no deslocamento para a escola, equivalendo a um gasto anual
de 8840 e 6640 kcal para homens e mulheres respectivamente. Considerando 200
dias de aula por ano, nas pessoas que utilizaram o carro, esse gasto calórico pode
proporcionar um balanço energético positivo e ganho de peso corporal em torno de 1
kg/ano (TUDOR-LOCKE, et al., 2003).
52
Hábitos diários, como se deslocar para a escola, são fundamentais não apenas
na determinação do estado nutricional, mas também na diferenciação de um estilo de
vida ativo ou sedentário. COOPER et al., (2003) avaliaram a influência do tipo de
transporte para a escola (caminhar, bicicleta ou carro) no padrão de atividade física
em crianças com idade média de 10 anos. As crianças que se deslocavam à pé eram
também mais ativas durante o dia e praticavam atividades de maior intensidade,
evidenciando que o tipo de transporte pode contribuir num perfil fisicamente mais
ativo.
Tabela 23 Relação entre a duração, o gasto energético e a intensidade de Deslocar-
se para a escola com o estado nutricional da população estudada.
Minuto/dia
média ± dp
Kcal/dia
média ± dp
METs/dia
média ± dp
Baixo peso 17,5 ± 11,0 (a) 16,4 ± 10,2(a) 44,7 ± 28,3
Eutrófico 20,6 ± 13,3(a)(b) 23,6 ± 17,4(b)(c) 52,7 ± 34,3
Risco de Sobrepeso 15,7 ± 9,7(a)(b) 24,4 ± 16,1(a)(c) 39,2 ± 26,6
Sobrepeso 14,1 ± 7,2(a)(c) 26,2 ± 17,8(b)(c) 27,1 ± 23,0
p<0,05 ; letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes. As
médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Estado Nutricional, foram
testadas duas a duas por meio do Teste t.
Quanto ao gasto calórico, a Tabela 23 mostra médias numericamente
crescentes de acordo com o estado nutricional. A média de gasto energético das
crianças com baixo peso foi menor (16,38 kcal/dia) do que a média de gasto
energético das crianças eutróficas (23,65 kcal/dia) e das crianças com sobrepeso
(26,16 kcal/dia), o que poderia ser explicado em função do peso corporal. No
entanto, esse mesmo efeito não é observado quando se confronta as crianças com
sobrepeso, em relação às crianças eutróficas e com risco de sobrepeso (24,43
kcal/dia). Considerando que nenhuma diferença significante foi observada em
relação ao METs/dia para essa atividade, o tempo destinado à atividade de se
deslocar (minuto/dia) foi mais significante do que o seu gasto energético nas relações
com o estado nutricional.
Segundo GORAN et al. (1997), pequena variação na massa de gordura
corporal em crianças de 6 anos é explicada em função do tempo destinado às
atividades recreativas, e não devido ao gasto energético relacionado a essas
atividades. Ou seja, o tempo gasto em atividades recreativas pode ser um fator mais
53
importante no controle do peso corporal do que o custo energético das atividades,
sugerindo que crianças com maior massa de gordura dedicam menos tempo às
atividades recreativas.
Não foi verificada diferença significante quanto ao sexo e à idade na
atividade de se deslocar para a escola, nas 3 unidades avaliadas: minuto/dia, kcal/dia
ou METs/dia.
Houve correlação negativa entre deslocar-se para escola com IMC, CC e %G
(Tabela 8). Apesar de resultados significantes, as correlações foram fracas, mas
evidenciam a relação inversa entre atividade física e composição corporal, e
reforçam a importância da medida de CC juntamente com o IMC em estudos
epidemiológicos. FENTEM e MOCKETT (1998) mostraram que a medida de CC foi
melhor relacionada à atividade física do que o IMC. Talvez mudanças na composição
corporal favorecidas por intervenções para aumentar os níveis de atividade física na
população, não sejam reveladas apenas com a medida de IMC, quando se propõe a
detectar precocemente a obesidade.
b) Brincar e/ou praticar exercícios:
Houve diferença significante do gasto calórico (kcal/dia) em relação ao
estado nutricional entre todas as classes, exceto entre as crianças com risco de
sobrepeso e com sobrepeso (Tabela 24). Considerando que não houve diferenças em
minuto/dia e METs/dia, o resultado encontrado é devido ao peso corporal e não pela
atividade física dessas crianças. Crianças obesas gastam mais calorias por minuto de
atividade física do que crianças não obesas, devido ao maior peso corporal e ao
esforço dispendido para a mesma intensidade de atividade física (BRACCO et al.,
2002).
54
Tabela 24 Relação entre a duração, o gasto energético e a intensidade de Brincar
e/ou praticar exercícios com o estado nutricional da população estudada.
Minuto/dia
média ± dp
Kcal/dia
média ± dp
METs/dia
média ± dp
Baixo peso 130,2 ± 38,4 149,4 ± 39,8(a) 410,8 ± 110,4
Eutrófico 132,7 ± 51,4 197,2 ± 87,8(b) 438,8 ± 176,6
Risco de Sobrepeso 128,6 ± 45,4 249,0 ± 120,7(c ) 412,6 ± 182,9
Sobrepeso 130,9 ± 45,1 292,3 ± 131,4(c ) 396,6 ± 153,7
p<0,01 ; letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes. As
médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Estado Nutricional, foram
testadas duas a duas por meio do Teste t.
Quanto ao sexo, os meninos apresentaram média de gasto energético maior
do que as meninas (232,18 kcal/dia e 211,78 kcal/dia respectivamente, com p<0,05),
que pode ser explicado tanto pelo peso corporal maior como pela intensidade
(METs/dia), já que os meninos apresentaram média de METs/dia maior do que as
meninas (436,98 e 380,69 respectivamente e p<0,01). Ressaltando que nessa variável
não houve efeito do sexo em minuto/dia, pode se constatar que as atividades
praticadas pelos meninos foram de maior intensidade do que as atividades praticadas
pelas meninas.
Estudos confirmam essa predisposição dos meninos para maior participação
em atividades físicas do que as meninas (DEHEEGER et al., 1997; COOPER et al.,
2003; GIUGLIANO e CARNEIRO, 2004) e em atividades de maior intensidade; já a
participação das meninas é maior nas atividades de baixa intensidade (CDC, 1996;
McMURRAY et al., 2000; HUSSEY et al., 2001). Segundo TUDOR-LOCKE et al.
(2003), adolescentes do sexo masculino gastaram 82,1 kcal/dia a mais do que os
adolescentes do sexo feminino em atividades físicas, mesmo após o ajuste para
idade, altura e peso.
Na análise de regressão a intensidade (METs/dia) em brincar e/ou exercícios
diminuiu com o aumento da idade (r
2
= 0,10, p<0,05) (Figura 7). Estudo realizado
em crianças mostrou que o tempo gasto em atividades físicas moderadas e vigorosas
diminuiu significantemente entre a idade de 9 a 14 anos, enquanto que o tempo em
atividades leves aumentou, evidenciando o efeito da idade no padrão de atividade
dessas crianças (GAVARRY et al., 2003). O efeito da idade foi observado também
no tempo (minuto/dia) em brincar e/ou exercícios (r
2
= 0,12, p<0,05) e assistir
55
televisão e/ou jogar videogame (r
2
= 0,05, p<0,05), mostrando uma relação inversa
entre si (Figura 8). Com o aumento da idade as crianças assistem mais televisão e/ou
videogame e brincam menos.
Figura 7 Intensidade de Brincar e/ou praticar exercícios (METs/dia) em relação à
idade
Figura 8 Relação entre a duração de Brincar e/ou praticar exercícios e o tempo
gasto em assistir televisão e/ou jogar videogame (minuto/dia), em relação
à idade
56
Foi constatada correlação moderada e inversa entre brincar e/ou praticar
exercícios com assistir televisão e/ou jogar videogame em ambos os sexos, tanto em
relação à duração (minuto/dia) quanto à intensidade (METs/dia) (Tabela 8). Os
dados refletem o papel da televisão nos hábitos de atividade física dessas crianças e
são coincidentes com a literatura. Crianças mais sedentárias assistem mais televisão
do que crianças mais ativas (PROCTOR et al., 2003) e estão mais expostas ao ganho
de peso corporal. Estudo longitudinal de 1 ano evidenciou associação entre
atividades recreativas inativas como assistir televisão com aumento no IMC, sendo
que esse aumento foi maior nas meninas do que nos meninos (BERKEY et al., 2000).
c) Assistir televisão e/ou jogar vídeogame:
Houve diferença significante apenas em relação à duração (minuto/dia). As
crianças eutróficas gastaram menos tempo (148,34 minutos/dia) nessa atividade do
que as crianças com sobrepeso (185,34 minutos/dia) (Tabela 25).
Tabela 25 Relação entre a duração, o gasto energético e a intensidade de Assistir
televisão e/ou jogar videogame com o estado nutricional da população estudada.
Minuto/dia
média ± dp
Kcal/dia
média ± dp
METs/dia
Média ± dp
Baixo peso 162,9 ± 57,1(a) 60,2 ± 24,4 162,8 ± 57,1
Eutrófico 148,3 ± 70,1(a)(b) 68,5 ± 36,1 150,5 ± 72,5
Risco de Sobrepeso 166,5 ± 101,8(a)(b) 94,8 ± 63,9 164,9 ± 101,9
Sobrepeso 185,3 ± 68,3(a)(c) 144,1 ± 69,8 183,2 ± 68,4
p<0,05 ; letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias diferentes. As
médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Estado Nutricional, foram
testadas duas a duas por meio do Teste t.
Foi verificada correlação entre assistir televisão e/ou jogar vídeogame com o
%G, pressão arterial sistólica, glicemia de jejum e deslocar-se para a escola (Tabela
8). Os resultados confirmam a forte influência de atividades físicas sedentárias
(televisão e/ou videogame) no estado nutricional, nas medidas clínicas e no perfil de
atividade física.
57
DEHEEGER et al. (1997) encontraram correlação positiva entre o tempo
gasto em assistir televisão com o IMC em crianças de 10 anos (r = 0,27 e p<0,01).
Meninos e meninas foram 20 a 25% menos propensas ao sobrepeso com registro de 2
a 3 horas/dia de televisão; e 40% menos propensas ao sobrepeso com 1 hora/dia,
quando comparados com adolescente que tiveram mais do que 4 horas/dia
(EISENMANN et al., 2002). BERKEY et al. (2000) mostraram associação entre
atividades recreativas inativas como assistir televisão e/ou jogar videogame com
mudanças no percentual de gordura corporal em meninos e meninas de 9 a 14 anos.
Aqueles que gastaram mais tempo em televisão e vídeogame tiveram maiores
aumento no IMC, em torno de 0,2 kg/m
2
por ano. Apesar do pequeno valor, o efeito
acumulativo seria de 1kg/m
2
após 5 anos. De acordo com JENOVESI et al. (2003),
crianças que assistiram televisão por mais de 4 horas por dia foram classificadas
como menos ativas e também obesas.
Assistir televisão mais do que 3 horas/dia e jogar videogame por mais de 2
horas/dia são fatores de risco para sobrepeso e obesidade em crianças canadenses de
7 a 11 anos. Parece existir um limiar de 2 horas/dia para sobrepeso e 3 horas/dia para
obesidade (TREMBLAY e WILLMS, 2003), que coincide com os valores
encontrados no presente estudo (Tabela 25). O Framingham Childrens Study,
estudo longitudinal com crianças dos 4 aos 11 anos de idade confirma que o tempo
gasto em assistir televisão ou jogar videogame é fator de risco para o excesso de
gordura corporal durante a infância e um preditor independente para essas mudanças,
contrariando estudos anteriores em que se justificava a maior tendência do obeso
assistir mais televisão, por causa da sua dificuldade em praticar exercícios físicos.
Maiores valores de IMC foi observado no grupo que assistiu mais televisão ( 3
horas/dia), e os menores valores no grupo que assistiu menos (< 1,75 horas/dia)
(PROCTOR et al., 2003). A mesma associação positiva foi encontrada por LIN et al.
(2004) em crianças de 6 a 11 anos. O American Academy of Pediatrics recomenda
que o limite para televisão e vídeogame é de 2 horas/dia (AAP, 2003).
Não foi verificada diferença significante quanto ao sexo no tempo gasto em
assistir televisão e/ou jogar videogame, mas sim em relação à idade, conforme foi
discutido anteriormente juntamente com a atividade de brincar e/ou exercícios
(Figura 8).
58
Foram realizadas curvas de percentil da Atividade Física Total e Atividade
Física Específica (minuto/dia e METs/dia) em relação ao estado nutricional no sexo
masculino e feminino (anexo 9). Apesar de alguns resultados não significantes, as
crianças com risco de sobrepeso e sobrepeso apresentam valores menores, quando
comparadas às crianças eutróficas, para um mesmo percentil. Os resultados reforçam
a interação do estado nutricional com o padrão de atividade física em crianças.
5.3) Atividade Física e Nível Sócioeconômico
Foi verificada diferença significante na Atividade Física Total (minuto/dia)
entre as escolas 1, 2 e 3 com a escola 4, que por sua vez apresentou a maior renda
familiar da população estudada (Tabela 26). Os dados sugerem uma relação inversa
entre renda familiar e atividade física, ou seja as crianças menos ativas pertencem às
famílias com maior renda familiar.
Quanto a atividade de se deslocar para a escola, houve diferença significante
entre as escolas 1 e 2 com as escolas 3 e 4. Esses resultados confirmam as
observações feitas durante a coleta dos dados e evidenciam a relação inversa entre a
renda familiar e hábitos de atividade física. Na escola 4, a de melhor poder
aquisitivo, a maioria das crianças ia para a escola de carro ou de moto. Nas escolas 1
e 2 as crianças se deslocavam a pé, e não foi constatado o uso de carros ou motos
para o seu transporte. Já na escola 3, esse padrão foi mesclado, apresentando crianças
que se deslocavam à pé ou de bicicleta, e eventualmente se observou a presença de
carros ou motos.
Tabela 26 Relação entre a duração (minuto/dia) de Deslocar-se para a escola e
Atividade Física Total com as Escolas do estudo
Deslocar*
média ± dp
Atividade Física Total**
média ± dp
Escola 1 22,3 ± 14,7 (a) 1186,8 ± 65,2 (a)
Escola 2 20,2 ± 11,3 (a) 1180,7 ± 55,1 (a)
Escola 3 15,2 ± 11,7 (b) 1177,7 ± 64,2 (a)
Escola 4 10,2 ± 9,8 (c) 1166,4 ± 56,2 (b)
*p<0,01 e **p<0,05; letras iguais = médias iguais; letras diferentes = médias
diferentes. As médias ajustadas por mínimos quadrados para o efeito de Escola,
foram testadas duas a duas por meio do Teste t.
59
6. CONCLUSÃO
6.1. A prevalência de risco de sobrepeso e sobrepeso infantil foi igual a 6,2% e
6,5% respectivamente. As crianças do sexo feminino evidenciaram uma
prevalência 39% maior do que o sexo masculino. A maioria das crianças foi
considerada eutrófica (78,2%) e 9,2% estava abaixo do peso.
6.2. Do total das crianças avaliadas, 94,4% apresentaram glicemia normal e 5,6%
com glicemia de risco ( 110). Não foi confirmado nenhum caso de Diabete
Melito.
6.3. Constatou-se que 3% das crianças estudadas tinham hipertensão e 3,8%
estavam com pressão arterial considerada limítrofe. Houve correlação positiva
entre a pressão arterial e parâmetros antropométricos (IMC, CC e %G),
evidenciando a influência do estado nutricional nas medidas de pressão arterial
desde a infância. Em relação à atividade física, as crianças com maiores valores
de pressão arterial, gastaram mais tempo em atividades físicas sedentárias
como assistir televisão e/ou jogar videogame; o efeito contrário foi observado
nas atividades físicas ativas. Nenhuma correlação foi verificada entre Pressão
Arterial Sistólica e Glicemia de jejum.
6.4. A maioria das atividades físicas realizadas pelas crianças foram leves e
moderadas, e nenhuma atividade física vigorosa foi registrada. As variáveis de
atividade física apresentaram resultados diferenciados quanto ao sexo, idade,
nível socioeconômico e estado nutricional. Em relação ao sexo, não houve
diferenças significantes quanto ao tempo dispendido nas atividades físicas, ou
seja meninos e meninas foram igualmente ativos. No entanto, foi verificado
que os meninos apresentaram maior gasto energético do que as meninas em
função da maior predisposição em participar de atividades mais intensas do que
as meninas.
6.5. Foi verificado que quanto maior a idade menor o tempo dispendido nas
atividades físicas ativas. O contrário foi observado nas atividades físicas
sedentárias (televisão e videogame). As crianças mais velhas brincaram menos
e assistiram mais televisão e/ou videogame, do que as crianças mais novas, em
ambos os sexos.
60
6.6. Dentre as variáveis de atividade física, Atividade Física Total, deslocar-se para
a escola e assistir televisão e/ou videogame apresentaram resultados
expressivos quanto ao estado nutricional. Na Atividade Física Total, as crianças
eutróficas praticaram atividades físicas de mais intensidade do que as crianças
com sobrepeso, e não houve diferença quanto à duração das atividades. Na
atividade de se deslocar para a escola, constatou-se que as crianças com
sobrepeso caminharam menos do que as crianças eutróficas, evidenciando
maior utilização do carro ou moto como meio de locomoção para a escola. Nas
atividades físicas sedentárias (televisão e videogame) as crianças com
sobrepeso assistiram mais televisão e/ou videogame do que as crianças
eutróficas.
6.7. A renda média mensal familiar total e per capita foi associada com o estado
nutricional, mostrando prevalência maior de risco de sobrepeso e sobrepeso
nas crianças das famílias com melhor poder aquisitivo. Houve uma relação
inversa entre renda familiar e atividade física. As crianças menos ativas
pertenciam às famílias com maior renda, que corresponderam à escola com
melhor poder aquisitivo.
6.8. Não houve associação entre a escolaridade dos pais e o estado nutricional das
crianças.
6.9. Intervenções sociais devem priorizar a prática de atividades físicas e
orientações nutricionais desde a infância, promovendo a adoção e manutenção
de estilo de vida ativo e saudável.
61
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados observados no estudo, conclui-se que é fundamental
promover mudanças no estilo de vida e educar para a adoção de hábitos saudáveis
desde a infância, como prevenção ao excesso de peso e à incidência de doenças
crônicas não transmissíveis. Para tanto, é necessário intervenções sociais que
envolvam as famílias, a escola, as comunidades e os profissionais da área de saúde
(médicos, professores de Educação Física, nutricionistas e psicólogos) com o
objetivo de fornecer orientações nutricionais, incentivar a prática de atividades
físicas e conscientizar a população da importância da redução de atividades físicas
sedentárias.
Alterações no comportamento para a atividade física entre crianças e
adolescentes devem enfatizar não somente a atividade física para a iniciação, mas
principalmente a sua manutenção durante a juventude e idade adulta, promovendo
saúde pública e melhor qualidade de vida para a população. A educação escolar é
imprenscindível nesse processo. Na infância e na adolescência, as aulas de Educação
Física são recursos essenciais e muitas vezes a única oportunidade da prática de
atividades físicas estruturadas para a população com menor poder aquisitivo.
62
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71
ANEXO 1
Caracterização Sócioeconômica
Ficha da criança
Nome:_______________________________________________________________
Data Nascimento:_______ / _______ / _________ Sexo: M ( ) F ( )
Endereço:_________________________________________________Tel:________
Dados Antropométricos:
Estatura: _____ Peso: _____ IMC:_____ CC:_____ CB: _____ PCT: ____
PCSE:_____
Mãe ou responsável :__________________________________________________
Ocupação: ___________________________________________________________
Renda salarial: _______________
Escolaridade Materna: 1 a 4 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) Ensino Médio Completo ( )
Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior ( )
Nº de filhos 6 ( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 ( )
Posição da criança estudada na família ____________________________________
Pai ou responsável: ___________________________________________________
Ocupação: ___________________________________________________________
Renda salarial: _______________
Escolaridade Paterna: 1 a 4 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) Ensino Médio Completo ( )
Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior ( )
Moradia
Alvenaria ( ) Madeira( ) ½ a ½ ( ) Própria ( ) Cedida ( ) Alugada ( )
Invadida ( ) Água encanada ( ) Filtrada ( )
Nº de pessoas morando na casa 6 ( ) 5 ( ) 4 ( ) Outro ( ) ______________
Mora com os pais ? SIM ( ) NÃO ( )________________________________
Bens de consumo
TV ( )Vídeo ( )Geladeira ( )Ar condicionado ( )Videogame ( ) Carro( )
Bicicleta ( ) Som ( ) Computador ( ) Outros ____________________________
Quantos cômodos tem sua casa ? ( ) um a dois ( ) três a quatro
( ) mais de quatro
Bolsa alimentação SIM ( ) NÃO ( ) ________________________________
72
ANEXO 2
Inquérito de Freqüência Alimentar (IFA)
Nome:_______________________________________________________________
Data Nascimento:_______ / _______ / _________ Sexo: M ( ) F ( )
Endereço:______________________________________________ Tel: __________
nº vezes/semana
Grupo de alimentos
1
2
3
4
5
6
7
eventual Tipo de
alimento
Arroz, farinhas, macarrão
Feijão, soja, lentilha, ervilha, grão de
bico
Batata, mandioca, inhame, baroa,
Polenta, pamonha
Milho verde
Carne de boi, frango
Vísceras (coração, fígado, bucho)
Peixes, enlatados de peixe (atum,
sardinha)
Carne de porco, toucinho
Salsicha, lingüiça
Ovos
Presunto, mortadela, salames, bacon
Leite, iogurte, queijo, requeijão
Manteiga, margarina
Maionese
Vegetais, folhas, legumes
Frutas
Pão, biscoito, bolacha
Pão doce, biscoito doce, bolos
73
Sorvete
Salgados fritos: kibe, pastel, coxinha
Salgados assados: enroladinho, saltenha
Chips,fandangos, batata frita, cheetos
Açúcar
Caramelos, balas, chicletes
Chocolate em pó (nescau)
Chocolate em barra ou bombom
Pudim, doce de leite
Mingau, arroz doce
Refrigerantes
Café
Sucos
Mate
Pizza
Pipoca
Sanduíches com hambúrguer
Preferências alimentares: ______________________________________________
Consumo na escola: ___________________________________________________
Refeições: ___________________________________________________________
74
ANEXO 3
Questionário de Atividade Física
Nome: ______________________________________________________________
Data: ______/ _______ / ______ Idade : ________ Sexo: F ( ) M ( )
1) Você vai à escola caminhando ?
SIM ( ) dias ___ por semana Minutos:_______ NÃO ( ) _________________
2) Qual atividade esportiva você gosta de fazer nas horas livres fora do horário de
aula?
Atividades Dias/semana Horas/minutos Total
Andar de bicicleta
Nadar
Dançar
Ginástica
lei recreativo
Futebol
Queimada
Pular corda
amarelinha
Pique-esconde
Correr
3) Você costuma fazer algum serviço doméstico?
Atividades Dias/semana Horas/minutos Total
Varrer a casa
Lavar roupa
Limpar cozinha
Limpar jardim/quintal
Lavar o carro
Carregar pesos
Cozinhar
4) Você assiste televisão?
2ª a 6ª feira: dias _____ por semana Horas: ______ Minutos: _____________
Sábado: Horas: _____ Minutos: _____ Domingo: Horas: ______ Minutos: _____
5) Você joga vídeo game?
2ª a 6ª feira: dias _____ por semana Horas: ______ Minutos: ______________
Sábado: Horas: _____ Minutos: _____ Domingo: Horas: ______ Minutos: _____
75
6) Você faz alguma atividade sentado (estudar, ler etc.), fora do horário de aula?
2ª a 6ª feira: dias _____ por semana Horas: ______ Minutos: ______________
Sábado: Horas: _____ Minutos: _____ Domingo: Horas: ______ Minutos: _____
7) A que horas você dorme?
2ª a 6ª feira ___________ Sábado _________________ Domingo _____________
8) Que horas você acorda?
2ª a 6ª feira ___________ Sábado _________________ Domingo _____________
9) Você costuma dormir durante o dia?
2ª a 6ª feira: dias _____ por semana Horas: ______ Minutos: ______________
Sábado: Horas: _____ Minutos: _____ Domingo: Horas: ______ Minutos: _____
10) Nos finais de semana você pratica atividades esportivas?
SIM ( ) quais? NÃO ( )
Atividades Horas/minutos Total
11) Nos finais de semana você faz algum serviço doméstico ?
SIM ( ) quais? NÃO ( )
Atividades Horas/minutos Total
12) Na escola, você faz as aulas de Educação Física?
SIM ( ) dias ___ por semana NÃO ( )
Qual a atividade?___________________________ Minutos:__________________
13) O que você faz na hora do recreio na escola?
Atividade: ______________________________ Minutos: __________________
Atividade: ______________________________ Minutos: __________________
76
ANEXO 4
Tabela de Pressão Arterial
77
ANEXO 5
Planilha de Atividade Física
nº 001 - Nome 2ª a 6ª sab/dom min/dia MET
peso kcal/dia METsmin/d
Deslocar p/ escola a pé 100 0
14.29
2.5
29.7
17.68 3
5.7
deslocar p/ escola de
bicicleta
0
0
0.00
4.0
29.7
0.00
0.0
exercício regular: ballet 0 0
0.00
4.8
29.7
0.00
0.0
exercício regular:
natação ou futebol
0 0
0.00
4.0
29.7
0.00
0.0
serviço casa: ativ.
Leves 600 240
120.00
2.5
29
.7
148.50
300.0
brincar: jogos, correr 300 300
85.71
4.0
29.7
169.71
342.9
brincar: boneca,
carrinho... 0 0
0.00
2.5
29.7
0.00
0.0
dormir noite 3300 1320
660.00
0.9
29.7
294.03
594.0
dormir dia 0 0
0.00
0.9
29.7
0.00
0.0
tv, vídeo, jogos 600 300 128.
57
1.0
29.7
63.64
128.6
estudar, ler 300 0
42.86
1.8
29.7
38.19
77.1
escola 1200 0
171.43
1.8
29.7
152.74
308.6
recreio:sentado 0 0
0.00
1.0
29.7
0.00
0.0
recreio: pegador 75 0
10.71
4.0
29.7
21.21
42.9
ed. Física 120 0
17.14
5.0
29.7
42.43
85.7
outros 0 0
0.00
1.5
29.7
0.00
0.0
TOTAL
1250.71
TOTAL 948.14
1915.4
78
ANEXO 6
Autorização do projeto
79
ANEXO 7
Consentimento Livre Esclarecido
Estou ciente que:
§ Os procedimentos que serão adotados na pesquisa “Estado Nutricional e
Atividade Física em escolares de 7 a 10 anos da Rede Municipal de
Ensino do Município de Corumbá (MS)”, constam de medidas de peso,
estatura, circunferência de cintura e de braço, composição corporal, pressão
arterial, questionários sobre atividade física e hábitos alimentares
(procedimentos não-invasivos), e punção capilar para análise da glicemia de
jejum (procedimento invasivo).
§ Todos os procedimentos aos quais o meu filho (a) se submeterá é indolor, e
será aplicado por pessoas previamente treinadas. No entanto, para a coleta de
sangue, apesar do meu consentimento, caberá ao meu filho(a) decidir pela sua
participação ou não nessa avaliação.
§ Como participante da pesquisa não serei submetido a nenhum tipo de
intervenção que possa causar danos à minha saúde, visto que as condutas a
serem adotadas objetivam a promoção da mesma e são respaldadas na
literatura científica.
§ A minha participação é voluntária, assegurando que as informações obtidas
serão sigilosas e facultando a mim o afastamento do estudo se eu assim
desejar.
§ Os dados obtidos estarão disponíveis para o órgão de apoio e equipe
envolvida no estudo, e poderão ser publicados com a finalidade de divulgação
das informações científicas obtidas.
§ Não receberei remuneração por minha participação nesse projeto.
§ Se houver descumprimento de qualquer norma ética poderei recorrer ao
Comitê de Ética na Pesquisa com Seres Humanos da UFV, dirigindo-me
ao seu Presidente: Gilberto Paixão Rosado tel: (31) 38991269.
De posse de todas as informações necessárias, concordo em participar do projeto.
____________________________________________________________________
Pai e/ou Responsável pelo participante da pesquisa
Corumbá, _____ / _____ / ______
80
ANEXO 8
Atividade Física Total
MINUTO/dia
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
deslocar
bicicleta
exercício
casa
brincar
sono
TV, vídeo
estudar
escola
recreio
Ed.Fís
outros
MAS FEM
Atividade Física Total
METs/dia
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
deslocar
bicicleta
exercício
casa
brincar
sono
TV, vídeo
estudar
escola
recreio
Ed.Fís
outros
MAS FEM
Atividade Física Total
KCAL/dia
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
deslocar
bicicleta
exercício
casa
brincar
sono
TV, vídeo
estudar
escola
recreio
Ed.Fís
outros
MAS FEM
81
ANEXO 9
Figura 1 Atividade Física Total (minuto/dia) em relação ao estado nutricional no
sexo masculino, em percentis.
Figura 2 Atividade Física Total (minuto/dia) em relação ao estado nutricional no
sexo feminino, em percentis.
Figura 3 Atividade Física Total (METs/dia) em relação ao estado nutricional no
sexo masculino, em percentis.
Atividade Física Total
MAS
0.00
500.00
1000.00
1500.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Atividade Física Total
FEM
0.00
500.00
1000.00
1500.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Atividade Física Total
MAS
0.00
1000.00
2000.00
3000.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
82
Figura 4 Atividade Física Total (METs/dia) em relação ao estado nutricional no
sexo feminino, em percentis.
Figura 5 Deslocar-se para a escola (minuto/dia) em relação ao estado nutricional
no sexo masculino, em percentis.
Figura 6 Deslocar-se para a escola (minuto/dia) em relação ao estado nutricional
no sexo feminino, em percentis.
Atividade Física Total
FEM
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Deslocar-se para a escola
MAS
0.00
50.00
100.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Deslocar-se para a escola
FEM
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
83
Figura 7 Deslocar-se para a escola (METs/dia) em relação ao estado nutricional
no sexo masculino, em percentis.
Figura 8 Deslocar-se para a escola (METs/dia) em relação ao estado nutricional
no sexo feminino, em percentis.
Figura 9 Brincar e/ou praticar exercícios (minuto/dia) em relação ao estado
nutricional no sexo masculino, em percentis.
Deslocar-se para a escola
MAS
0.00
100.00
200.00
300.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Deslocar-se para a escola
FEM
0.00
50.00
100.00
150.00
200.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Brincar e/ou exercícios
MAS
0.00
100.00
200.00
300.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
84
Figura 10 Brincar e/ou praticar exercícios (minuto/dia) em relação ao estado
nutricional no sexo feminino, em percentis.
Figura 11 Brincar e/ou praticar exercícios (METs/dia) em relação ao estado
nutricional no sexo masculino, em percentis.
Figura 12 Brincar e/ou praticar exercícios (METs/dia) em relação ao estado
nutricional no sexo feminino, em percentis.
Brincar e/ou exercícios
FEM
0.00
100.00
200.00
300.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Brincar e/ou exercício
MAS
0.00
500.00
1000.00
1500.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Brincar e/ou exercícios
FEM
0.00
500.00
1000.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
METs/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
85
Figura 13 Assistir televisão e/ou jogar vídeogame (minuto/dia) em relação ao
estado nutricional no sexo masculino, em percentis.
Figura 14 Assistir televisão e/ou jogar vídeogame (minuto/dia) em relação ao
estado nutricional no sexo feminino, em percentis.
Televisão e/ou vídeogame
FEM
0.00
100.00
200.00
300.00
400.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
Televisão e/ou vídeogame
MAS
0.00
200.00
400.00
600.00
1p 5p 10p 25p 50p 75p 90p 95p 99p
minuto/dia
baixo peso eutrofia risco sobrepeso
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