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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
ANDRÉ LUIZ COELHO CONCEIÇÃO
Caracterização estrutural de tecidos mamários normais e
neoplásicos através de espalhamento de raios X
RIBEIRÂO PRETO, SP – BRASIL
AGOSTO DE 2008
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ANDRÉ LUIZ COELHO CONCEIÇÃO
Caracterização estrutural de tecidos mamários normais
e neoplásicos através de espalhamento de raios X
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Física Aplicada à Medicina e
Biologia da Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, como requisito parcial à obtenção do grau
de Mestre em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Martin Eduardo Poletti
RIBEIRÂO PRETO, SP – BRASIL
AGOSTO DE 2008
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Conceição, André Luiz Coelho
Caracterização estrutural de tecidos mamários normais e neoplásicos através de
espalhamento de raios X / André Luiz Coelho Conceição; Orientação: Prof. Dr. Martin
Eduardo Poletti, Ribeirão Preto: FFCLRP / USP, 2008.
Dissertação (Mestrado) apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo.
1. Espalhamento de Raios-X. 3. Câncer de mama.
2.
Tecido mamário. 4. Radiodiagnóstico.
ANDRÉ LUIZ COELHO CONCEIÇÃO
Caracterização estrutural de tecidos mamários normais e neoplásicos através
de espalhamento de raios X
Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do grau de Mestre e aprovada em sua
forma final pelo Curso de Mestrado em Física Aplicada à Medicina e Biologia da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.
Ribeirão Preto, _____/________________/______.
______________________________________________________
Prof. Dr. Martin Eduardo Poletti
Orientador - Universidade de São Paulo
______________________________________________________
Prof. Dr. Irineu Mazzaro
Universidade Federal do Paraná
______________________________________________________
Pesquisadora Dra. Daniela Zanchet
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
__________________________________________________________________________i
“Existe uma coisa que uma longa existência me ensinou:
toda a nossa ciência, comparada à realidade, é primitiva e
inocente; e, portanto, é o que temos de mais valioso.”.
Albert Einstein
_______________________________________________________________________ii
Dedico este trabalho à minha família,
amigos, colegas e educadores
_______________________________________________________________________iii
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é o resultado de um esforço coletivo de todas as pessoas que
participaram do meu desenvolvimento pessoal e profissional. Não palavras que
consigam descrever o verdadeiro e imensurável sentimento de gratidão a todas elas:
A Deus, pela vida, saúde, paz, iluminação, força de vontade e oportunidades a
mim concedidas.
A toda minha família, em especial aos meus pais, Osmar e Ana, e meu irmão,
Flávio, pelo amor e incentivos incondicionais.
Ao Prof. Dr. Martin Eduardo Poletti, pelo excelente trabalho de orientação tanto na
parte técnica ao longo do programa de mestrado, quanto em ensinamentos para a vida.
Aos companheiros do grupo Física das Radiações e Dosimetria: João José
Guimarães da Costa, Ana Paula Vollet Cunha, Tiago Rangon Giacometti, Diego Merigue
da Cunha, Alessandra Tomal, Marina Piacenti Silva, e em especial, Marcelo Antoniassi,
pela sabedoria compartilhada.
Ao Prof. Dr. Alfredo Ribeiro Silva, pela experiência transmitida na área de
patologia de doenças mamárias.
Ao técnico Eldereis de Paula, pela ajuda na montagem e manutenção técnica do
laboratório de física das radiações e dosimetria.
_______________________________________________________________________iv
Ao Departamento de Patologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP de Ribeirão Preto pelas amostras de tecido mamário cedidas, sem as quais este
trabalho não se tornaria possível.
Ao pessoal das secretarias do Departamento de sica e Matemática e da
Faculdade de Filosofia, de Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, pela, sempre
presente, boa vontade nos atendimentos.
Aos grandes amigos de Santa Rosa de Viterbo, por estarem sempre próximos
tanto nos momentos difíceis, como nos de lazer e diversão, bem como aos novos amigos
encontrados em Ribeirão Preto, pelo companheirismo sempre presente.
Em especial aos amigos Júlio, Rafael, Jonathas, Alexandre e Theo pelo
companheirismo, incentivo e aprendizado profissional e principalmente pessoal.
Aos funcionários do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron pelos inúmeros
auxílios prestados, tanto no momento da realização das medidas, quanto em dúvidas
posteriores, principalmente ao pessoal das linhas XRD-1, SAXS-1 e SAXS-2.
À FAPESP, pela concessão da bolsa ao projeto Estudo das organizações
moleculares e supramoleculares de tecidos mamários normais e neoplásicos por
espalhamento de fótons”, processo 06/54027-3 e pelo apoio financeiro ao projeto Jovem
Pesquisador em centros emergentes Caracterização Histopatológica de Tecidos
Mamários através da Radiação Secundária”, processo 02/00380-3.
_______________________________________________________________________v
Resumo
CONCEIÇÃO, A. L. C. Caracterização estrutural de tecidos mamários normais e
neoplásicos através de espalhamento de raios X. [Dissertação]. Ribeirão Preto: Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2008. 103 p.
A radiação espalhada em radiodiagnóstico, como em mamografia, é usualmente
considerada um problema, uma vez que degrada o contraste da imagem. No entanto,
pesquisas recentes mostram que a distribuição angular de fótons espalhados (perfil de
espalhamento) pode fornecer informações sobre as estruturas que compõem um tecido
biológico, permitindo, a partir da análise desta, identificar a presença de anormalidades no
tecido.
A proposta deste trabalho foi desenvolver medidas do perfil de espalhamento a
médio (WAXS) e baixo ângulo (SAXS) de tecidos mamários previamente classificados,
como tecidos normais, alterações benignas ou malignas, usando um tubo de raios X e
radiação Síncrotron e, posteriormente, identificar as estruturas moleculares e
supramoleculares presentes nos tecidos estudados e verificar estatisticamente se as
informações contidas conjuntamente nos perfis de espalhamento a médio e baixo ângulo
permitem diferenciar tecidos normais de alterados. Este tipo de estudo é potencialmente
importante na área da Saúde por estar associado ao desenvolvimento de novas técnicas
radiológicas que permitiriam ampliar a capacidade de diagnóstico do câncer mamário.
Palavras chave: espalhamento de raios X, tecido mamário, mamografia.
_______________________________________________________________________vi
Abstract
CONCEIÇÃO, A. L. C. Structural characterization of human breast tissues normal and
neoplastic by x-ray scattering. [Dissertação]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2008. 103 p.
Scattering radiation in diagnostic radiology, such as mammography, is usually
considered a problem, since it degrades the image contrast. However, recent research
shows that the angular distribution of scattered photons (scattering profile) can provide
information on the structures that compose a biological tissue, allowing, from the analysis
of this, identify the presence of abnormalities in the tissue.
The purpose of this study was to develop measurements of scattering profile at
wide angle x-ray scattering (WAXS) and small angle x-ray scattering (SAXS) from breast
tissue previously classified as normal tissue, benign or malignant disease, using a x-ray
tube and synchrotron radiation and, subsequently, identify molecular and supra-molecular
structures present in these tissues studied and verify statistically, if the information
contained in both scattering profiles at wide and small angle allow differentiate normal
tissues of changed. This type of study is potentially important in the health area, since to
be associated with the development of new radiological techniques that would allow to
expand the ability of breast cancer diagnosis.
Keywords: x-ray scattering, human breast tissue, mammography
_______________________________________________________________________vii
Índice
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................... - 1 -
CAPÍTULO 2 – HISTÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................. - 6 -
2.1. O espalhamento no radiodiagnóstico: desvantagem.................................................... - 6 -
2.2. O espalhamento como ferramenta para determinão de estruturas em tecidos
biológicos: vantagem ........................................................................................................ - 7 -
CAPÍTULO 3 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................. - 15 -
3.1. Aspectos Clínicos ...................................................................................................... - 15 -
3.1.1. Anatomia da mama.................................................................................................................... - 15 -
3.1.2. Histologia da mama ................................................................................................................... - 17 -
3.1.3. Patologias mamárias .................................................................................................................. - 19 -
3.2. Fontes de produção de raios X .................................................................................. - 22 -
3.2.1. Tubo de raios X .......................................................................................................................... - 23 -
3.2.1. Síncrotron .................................................................................................................................. - 24 -
3.3. Interação dos raios X com a matéria ......................................................................... - 26 -
3.3.1. Vetor de Espalhamento ............................................................................................................. - 27 -
3.3.2. Espalhamento Elástico ............................................................................................................... - 29 -
3.3.2.1. Espalhamento por elétron livre .......................................................................................... - 29 -
3.3.2.2. Espalhamento por átomo livre ........................................................................................... - 30 -
3.3.2.3. Espalhamento por Molécula Livre ...................................................................................... - 32 -
3.3.2.4. Espalhamento por Conjunto de Moléculas ........................................................................ - 35 -
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................... - 39 -
4.1. Amostras ................................................................................................................. - 39 -
4.2. Experiências de Espalhamento de Raios X ................................................................. - 40 -
4.2.1. Espalhamento de raios X em médio ângulo (WAXS) usando tubo de raios X ............................ - 40 -
4.2.1.1. Distribuição de Amostras ................................................................................................... - 40 -
4.2.1.2. Arranjo Experimental ......................................................................................................... - 41 -
4.2.1.3. Metodologia Adotada ........................................................................................................ - 43 -
4.2.2. Espalhamento de raios X em médio ângulo (WAXS) usando radiação síncrotron .................... - 52 -
4.2.2.1. Distribuição de Amostras ................................................................................................... - 52 -
4.2.2.2. Arranjo Experimental ......................................................................................................... - 53 -
4.2.2.3. Metodologia Adotada ........................................................................................................ - 55 -
4.2.3. Espalhamento de raios X em baixo ângulo (SAXS) usando radiação síncrotron ........................ - 60 -
4.2.3.1. Distribuição de Amostras ................................................................................................... - 60 -
4.2.3.2. Arranjo Experimental ......................................................................................................... - 61 -
4.2.3.3. Metodologia Adotada ........................................................................................................ - 63 -
4.2.4. Combinação de experiências simultâneas de WAXS e SAXS ..................................................... - 67 -
4.2.4.1. Distribuição das amostras .................................................................................................. - 68 -
4.2.4.2. Arranjo Experimental ......................................................................................................... - 68 -
4.2.4.3. Metodologia ....................................................................................................................... - 70 -
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... - 75 -
5.1. Espalhamento de raios X em médio ângulo (WAXS) ................................................... - 75 -
_______________________________________________________________________viii
5.1.1. Coeficiente linear de espalhamento elástico: determinação de estruturas moleculares e sua
correlação com imagens histológicas .................................................................................................. - 75 -
5.1.2. Comparação com a literatura .................................................................................................... - 80 -
5.2. Espalhamento de raios X em baixo ângulo (SAXS) ...................................................... - 83 -
5.2.1. Perfil de espalhamento: determinação de estruturas supramoleculares e sua correlação com
imagens histológicas ............................................................................................................................ - 83 -
5.2.2. Comparação com a literatura .................................................................................................... - 87 -
5.3. Combinação simultânea de WAXS e SAXS ................................................................. - 89 -
5.3.1. Perfil de espalhamento: Determinação de estruturas moleculares e supramoleculares .......... - 89 -
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ........................................................... - 92 -
6.1. Sobre as medidas de WAXS....................................................................................... - 92 -
6.2. Sobre as medidas de SAXS ........................................................................................ - 93 -
6.3. Sobre a combinação de WAXS e SAXS ....................................................................... - 95 -
6.4. Perspectivas ............................................................................................................. - 95 -
Referências ............................................................................................................. - 97 -
_______________________________________________________________________ix
Lista de Figuras
Figura 2.1: Diagrama que ilustra a formação da imagem radiográfica convencional considerando a
radiação transmitida primária e espalhada. (a) paciente; (b) intensidade da radiação que atinge o
filme: B1 representa a radiação espalhada e B2 a total (transmitida + espalhada); (c) imagem
radiográfica................................................................................................................................ - 7 -
Figura 3.1: Estrutura anatômica da mama (a) e (b). As glândulas mamárias, as quais consistem de
lóbulos, são embebidas em tecido adiposo e circundadas por tecido conjuntivo. ..................... - 15 -
Figura 3.2: Tipos de neoplasias ................................................................................................ - 20 -
Figura 3.3: Lâmina histológica de uma amostra de carcinoma ductal, indicando calcificações,
necroses, além das células cancerosas. A área rosada na figura corresponde à matriz extracelular,
formada principalmente por colágeno. Além disso, observa-se a membrana basal ao redor do
ducto. ...................................................................................................................................... - 22 -
Figura 3.4: Espectro eletromagnético exibindo a região correspondente aos raios X (retângulo
vermelho). ............................................................................................................................... - 23 -
Figura 3.5: Esquema de funcionamento de um wiggler, o qual deve ser inserido em linha reta nas
instalações de um síncrotron. .................................................................................................. - 25 -
Figura 3.6: Geometria do espalhamento; (a) vetor espalhamento como resultante; (b) a diferença
de fase é dada pela diferença de caminhos ópticos. A linha mais espessa é o comprimento do
caminho máximo. .................................................................................................................... - 28 -
Figura 3.7: Seção de choque diferencial Thomson em função do ângulo de espalhamento. ..... - 30 -
Figura 3.8: Fator de forma
ZqF , para o átomo de Oxigênio dado por Hubbel et al. (1975). - 31 -
Figura 3.9: Seção de Choque Diferencial para o espalhamento Rayleigh para o átomo de Oxigênio
para fótons de 17,44 keV. ........................................................................................................ - 32 -
Figura 3.10: Fator de forma da molécula de H
2
O,
)(qF
mol
, obtido utilizando distribuição de
densidade eletrônica e
)(qF
MAI
mol
alcançado através do modelo atômico independente (CHAN e DOI,
1983). ...................................................................................................................................... - 34 -
Figura 3.11: Seção de choque diferencial elástica para (i) água líquida a 20ºC de Morin (1982), (ii)
molécula de água (MAI). .......................................................................................................... - 36 -
Figura 4.1: Distribuição histopatológica dos tecidos analisados no experimento de WAXS usando
tubo de raios X. ........................................................................................................................ - 41 -
Figura 4.2: Arranjo experimental para as medidas de difração de raios X. ................................ - 41 -
Figura 4.3: Visão da área da amostra irradiada. ........................................................................ - 42 -
Figura 4.4: Medida experimental das contribuições espúrias. .................................................. - 45 -
Figura 4.5: Variação da intensidade do feixe incidente experimental. ...................................... - 46 -
Figura 4.6: Comportamento do fator de polarização P(q). ........................................................ - 48 -
Figura 4.7: Fator de atenuação teórico para uma amostra de água. ......................................... - 49 -
_______________________________________________________________________x
Figura 4.8: (a) comparação do coeficiente linear de espalhamento para água líquida obtido
experimentalmente com o reportado por Morin (MORIN, 1962); (b) diferença relativa entre as
curvas da figura (a). ................................................................................................................. - 51 -
Figura 4.9: Distribuição histopatológica dos tecidos analisados neste experimento .................. - 52 -
Figura 4.10: Montagem experimental na linha D12A - XRD-1 no LNLS. ..................................... - 53 -
Figura 4.11: Medida experimental do espalhamento por contribuições espúrias. .................... - 56 -
Figura 4.12: Comportamento do fator de atenuação e efeitos geométricos de uma amostra de
água líquida para o experimento de WAXS utilizando as geometrias de transmissão e reflexão. - 57
-
Figura 4.13: a) coeficiente linear de espalhamento elastico experimental para água comparado
com o tabulado por Morin (1982); b) Diferença relativa entre as duas curvas exibidas em a). .. - 59 -
Figura 4.14: Distribuição das amostras de tecidos mamários utilizados neste experimento. ..... - 60 -
Figura 4.15: Esboço da montagem experimental para experimento de SAXS. ........................... - 61 -
Figura 4.16: Esboço da posição da amostra no disco de chumbo (porta-amostra). ................... - 62 -
Figura 4.17: Exemplo de uma imagem de SAXS com o sistema de coordenadas. ...................... - 63 -
Figura 4.18: Intensidade espalhada por contribuições espúrias. ............................................... - 65 -
Figura 4.19: Intensidade normalizada medida experimentalmente para uma amostra de
SilverBehenate comparado aos valores de Huang et al. (1993). ................................................ - 67 -
Figura 4.20: Distribuição das amostras utilizadas para a combinação WAXS e SAXS. ................ - 68 -
Figura 4.21: Montagem experimental da linha SAXS-1 no LNLS utilizada para as medidas
combinando WAXS e SAXS simultaneamente. .......................................................................... - 69 -
Figura 4.22: Imagens de WAXS. Da esquerda para a direita, cada faixa corresponde à distribuição
de intensidade espalhada de: três tipos de tecidos mamários, contribuições espúrias e amostra
padrão de alumina. .................................................................................................................. - 71 -
Figura 4.23: Intensidade espalhada por contribuições espúrias para os experimentos de: a) SAXS e
b) WAXS. .................................................................................................................................. - 72 -
Figura 4.24: Fator de correção para atenuação e efeitos geométricos para uma amostra de tecido
adiposo para os experimentos de: a) SAXS e b) WAXS. ............................................................. - 73 -
Figura 5.1: Comparação do coeficiente linear de espalhamento elástico obtido com a técnica de
WAXS, utilizando diferentes configurações experimentais para: a) tecido normal adiposo; b)
neoplasia benigna e c) neoplasia maligna. A figura 5.1d compara o
S
µ
para amostras típicas de
tecido mamário normal adiposo, neoplasia benigna e maligna. ................................................ - 76 -
Figura 5.2: Lâmina histológica de uma amostra de tecido normal adiposo. .............................. - 77 -
Figura 5.3: Lâmina histológica de uma amostra de fibroadenoma. ........................................... - 79 -
Figura 5.4: Lâmina histológica de uma amostra de carcinoma ductal invasivo. ......................... - 79 -
Figura 5.5: Comparação do perfil de espalhamento de tecido mamário adiposo obtido neste
trabalho com outros anteriormente publicados. ...................................................................... - 81 -
_______________________________________________________________________xi
Figura 5.7: Comparação do perfil de espalhamento de uma amostra típica de carcinoma ductal
invasivo obtido neste trabalho com outros anteriormente publicados. .................................... - 81 -
Figura 5.6: Comparação do perfil de espalhamento de uma amostra típica de fibroadenoma obtido
neste trabalho com outros anteriormente publicados. ............................................................. - 81 -
Figura 5.8: Perfil de espalhamento de amostras típicas dos três tipos de tecidos mamários
estudados neste trabalho utilizando SAXS. ............................................................................... - 83 -
Figura 5.9: Representação esquemática do arranjo hierárquico do colágeno fibrilar de tecidos
mamários, exibindo ainda seus parâmetros dimensionais. ....................................................... - 85 -
Figura 5.10: Comparação do perfil de espalhamento de uma amostra típica de tecido normal
obtido neste trabalho com outros anteriormente publicados. .................................................. - 88 -
Figura 5.11: Comparação do perfil de espalhamento de uma amostra típica de neoplasia maligna
obtido neste trabalho com outros anteriormente publicados. .................................................. - 88 -
Figura 5.12: Perfil de espalhamento na região de WAXS de amostras típicas de tecido normal,
neoplasia benigna e maligna. ................................................................................................... - 90 -
Figura 5.13: Perfil de espalhamento na região de SAXS de amostras típicas de tecido normal,
neoplasia benigna e maligna. ................................................................................................... - 90 -
_______________________________________________________________________xii
Lista de Tabelas
Tabela 5.1. Picos dos três tipos de tecidos mamários histologicamente classificados. .............. - 79 -
Tabela 5.2. Picos dos três tipos de tecidos mamários histologicamente classificados. .............. - 86 -
_______________________________________________________________________xiii
Lista de Abreviaturas e Siglas
A(q): fator de correção para atenuação e efeitos geométricos
C: fator de normalização
EDXRD: Difração de raios X dispersivo em energia
F(q): fator de forma
HPGe: detector de Germânio Hiperpuro
I
R
: Intensidade Relativa
K(q): fator de correção para variação da intensidade do feixe para manter área de
irradiação constante
LNLS: Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
NAI(Tl): detector de Iodeto de Sódio ativado com Telúrio
n
V
: número de átomos por unidade de volume (igual a (N
A
.ρ / M), sendo N
A
a constante de
Avogadro, ρ a densidade e M a massa molecular).
P(q): fator de correção para polarização
PMMA: Polimetilmetacrilato
PVC: Policloreto de vinila
q: parâmetro relacionado com o momento transferido. Dado por q=(4π.sen(θ/2))/λ.
SAXS: Small Angle X-ray Scattering (Espalhamento de raios X em baixos ângulos)
WAXS: Wide Angle X-Ray Scattering (Espalhamento de raios X em médios ângulos)
µ
S
: coeficiente linear de espalhamento elástico
____________________________________________________________________________ - 1 -
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 11 milhões de
pessoas são diagnosticadas com câncer em todo o mundo e cerca de sete milhões destas
morrem por ano (12,5% das mortes mundiais) (http://www.who.int/cancer
). O tipo de
câncer de maior incidência entre as mulheres é o câncer de mama, sendo responsável
por cerca de 20% de todas as mortes devido ao câncer (ROGERS et al., 1999). Além
disso, o câncer de mama é uma das principais causas de morte entre as mulheres nos
países em desenvolvimento (PARKIN, 2001). Segundo estimativas de incidência de
câncer no Brasil para 2008, o câncer de mama será o segundo tipo mais comum, com
cerca de 49.400 casos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2007). Entretanto, se o
câncer de mama é diagnosticado e tratado em sua fase inicial, aproximadamente 90%
dos pacientes podem ser curar curados (SEIDMAN et al., 1982; MICHAELSON et al.,
2002). Dentre as muitas cnicas de detecção de neoplasias mamárias utilizadas
atualmente, a mamografia é a mais empregada clinicamente para a detecção precoce do
câncer de mama. As mamografias são obtidas usando as diferenças entre os coeficientes
de atenuação linear dos diversos tipos de tecidos, detectando corpos de diferentes
densidades e formas nos tecidos mamários. A radiação transmitida (modulada em
intensidade pelo paciente) impressiona um receptor de imagem, gerando um padrão de
contraste no filme, sendo esta imagem formada, posteriormente usada para o diagnóstico
(JOHNS e CUNNINGHAM, 1983; HAUS e CULLINAN, 1996). Entretanto, esta técnica não
é nem 100% sensível, nem 100% específica, uma vez que alguns diagnósticos falso-
negativo e falso-positivo acontecem, resultando em casos de câncer não diagnosticados
ou biópsias desnecessárias (MUSHLIN et al., 1998; SOUHAMI e TOBIAS, 1998). Este
fato ocorre principalmente, devido à pequena diferença nas propriedades de atenuação
_______________________________________________________________________- 2 -
dos tecidos mamários e à ocorrência de efeitos de espalhamento (inelástico e elástico)
gerando uma degradação do contraste na imagem, fatores estes que acarretam uma
diminuição entre os diferentes tons de cinza presentes nas mamografias, diminuindo a
detectabilidade do exame (KOCH et al., 1996; BARNES, 1979, 1991; POLETTI, 1997a).
Com a finalidade de reduzir os efeitos indesejáveis da radiação espalhada na imagem
mamográfica, o espalhamento começou a ser estudado mais intensamente (JOHNS e
YAFFE, 1983; MAGALHÃES et al., 1995). Estudos recentes apontaram que a radiação
espalhada pode permitir uma imagem seletiva dos diferentes tipos de tecidos irradiados
(SPELLER, 1999), visto que os fótons espalhados carregam informação sobre a estrutura
presente nos tecidos do paciente, informação que não é considerada na radiografia
convencional. Estas descobertas fizeram com que se intensificassem os estudos sobre o
espalhamento de fótons de baixa energia, como a utilizada em mamografia, visando obter
o perfil de espalhamento de tecidos e materiais equivalentes.
Denomina-se perfil de espalhamento a distribuição do número de fótons
espalhados elasticamente em função do ângulo de espalhamento (ou do momento
transferido), sendo esta distribuição decorrente dos efeitos coletivos de espalhamento
devido ao átomo, molécula ou arranjos supramoleculares presentes no material. Para
uma dada energia, os fenômenos de espalhamento em altos ângulos são devido à
estrutura atômica do material (KANE et al., 1985). Nessa região as interferências entre os
diversos átomos que compõem o tecido não são detectadas. Em ângulos intermediários
aparecem interferências atômicas ou moleculares (KLUG e ALEXANDER, 1974) e, em
baixos ângulos surgem interferências de grupos de moléculas (estruturas
supramoleculares) (GLATTER e KRATKY, 1982). Esses efeitos de interferência atômica,
molecular e supramolecular causam, na distribuição angular de intensidade espalhada,
um único e característico perfil de espalhamento, o qual pode ser computado se forem
conhecidos os parâmetros estruturais (distribuição espacial de carga, distância entre
_______________________________________________________________________- 3 -
átomos, etc.). Como estes parâmetros são, em geral, desconhecidos a priori, o perfil de
espalhamento deve ser medido experimentalmente (POLETTI, 2001).
Os perfis de espalhamento de estruturas atômicas, moleculares e
supramoleculares podem ser medidos experimentalmente através das técnicas de
espalhamento Rayleigh, difração ou também denominado espalhamento de raios X em
médio ângulo do inglês Wide Angle X-ray Scattering (WAXS) e espalhamento de raios X
em baixo ângulo do inglês Small Angle X-ray Scattering (SAXS), respectivamente.
Entretanto, neste trabalho apenas as duas últimas técnicas serão utilizadas.
Embora existam trabalhos publicados relatando a aplicação das técnicas de WAXS
(KIDANE et al., 1999; POLETTI et al., 2002b; GRIFFITHIS et al., 2007; OLIVEIRA et al.,
2008) e SAXS (LEWIS et al., 2000; FERNÁNDEZ et al., 2002, 2004, 2005; ROUND et al.,
2005) em tecidos mamários, existem discordâncias entre os resultados apresentados
pelos diferentes autores e além disso, não existe na literatura nenhum trabalho que
aplique simultaneamente as duas técnicas sobre um mesmo conjunto de amostras de
tecidos mamários para identificação de estruturas em escala molecular e supramolecular.
Portanto, este trabalho tem como objetivos:
Obter informações detalhadas das diferentes estruturas em escala molecular e
supramolecular existentes nos tecidos mamários normais e neoplásicos, a partir da
análise e interpretação dos perfis de espalhamento em médio e baixo ângulo,
obtidos através de medidas com feixes de raios X e radiação síncrotron.
Apresentar resultados de medidas simultâneas de espalhamento de raios X em
médio e baixo ângulo, permitindo assim, observar a maioria das estruturas
existentes nestes tecidos.
Esta dissertação foi organizada da seguinte forma:
_______________________________________________________________________- 4 -
No capítulo 2 é apresentado um breve histórico do papel da radiação espalhada
em radiodiagnóstico, vantagens e desvantagens é apresentado. Seguindo com uma
sucinta revisão bibliográfica dos dados publicados sobre a utilização da radiação
espalhada como ferramenta para determinação de estruturas moleculares e
supramoleculares.
No capítulo 3 é feita uma breve descrição dos fundamentos teóricos em que este
trabalho está baseado. Principiando por uma descrição concisa da mama: anatomia,
histologia e patologia. Posteriormente, dedicou-se a definição dos tipos de fontes de
radiação utilizadas neste trabalho, tubo de raios X e radiação síncrotron. Por fim, serão
apresentadas as abordagens para descrever a seção de choque diferencial elástica para
o espalhamento de fótons em diversos sistemas, partindo do caso mais simples, o
espalhamento de fótons por um elétron livre, até o caso que envolve um material amorfo
composto por várias moléculas, sendo este último o mais apropriado para descrever o
espalhamento por tecidos biológicos.
O capítulo 4 apresenta os materiais utilizados para a realização dos experimentos
de ambas as técnicas (WAXS e SAXS), bem como a metodologia aplicada às medidas
em cada configuração experimental, onde são descritas as correções necessárias para a
obtenção dos perfis de espalhamento, isto é, as correções por contribuições espúrias,
atenuação e efeitos geométricos e polarização, bem como, os procedimentos para
estimar as incertezas associadas a tais perfis e, por fim a validação da metodologia
experimental desenvolvida.
No capítulo 5, os perfis de espalhamento obtidos por cada técnica o
apresentados e, as informações extraídas a partir da análise e interpretações destes são
correlacionadas às estruturas presentes nos tecidos mamários normais e neoplásicos,
Além disso, comparações com trabalhos prévios são mostradas. Por fim, o perfil de
_______________________________________________________________________- 5 -
espalhamento resultante das medidas simultâneas em médio e baixo ângulo é
apresentado.
O capítulo 6 é dedicado às conclusões sobre as técnicas utilizadas, os resultados
obtidos e seu potencial diagnóstico, bem como, as perspectivas para trabalhos futuros.
_______________________________________________________________________- 6 -
CAPÍTULO 2 – HISTÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será estudado o papel do espalhamento no radiodiagnóstico,
considerando suas vantagens e desvantagens. Além disso, será também apresentada
uma breve revisão bibliográfica dos dados publicados sobre a utilização do fenômeno de
espalhamento elástico para determinação de estruturas em materiais, principalmente em
tecidos biológicos.
2.1. O espalhamento no radiodiagnóstico: desvantagem
As imagens radiográficas convencionais são obtidas através das diferenças de
coeficientes de atenuação linear dos diversos tipos de tecidos e materiais, detectando
corpos de diferentes densidades e formas em um dado material. A radiação transmitida,
composta da radiação primária e espalhada, impressiona um receptor de imagem,
geralmente uma combinação tela-filme, gerando um padrão de contraste no filme (JOHNS
e CUNNINGHAM, 1983).
A figura 2.1 mostra como o espalhamento atua na formação da imagem,
adicionando à intensidade um fundo quase constante ao longo da distribuição espacial
(curva B1 sobre a figura 2.1-b). Este fundo é decorrente da interpretação que o receptor
faz, não diferenciando tons espalhados daqueles transmitidos sem nenhuma interação.
Desta forma, fótons espalhados contribuem para a redução do contraste na imagem
radiológica e caso não sejam reduzidos, podem diminuir o contraste em até 60%
(BARNES, 1991). Em particular, na mamografia esta degradação do contraste torna-se
crítica (STRID, 1976; POLETTI, 1997). Por isso, diversos investimentos em pesquisas têm
como objetivo explorar e controlar o efeito da radiação espalhada, de forma a permitir que
_______________________________________________________________________- 7 -
a imagem contenha informações mais claras e precisas como, o uso de grades, espaço
de ar, etc (BARNES, 1979, POLETTI et al., 1997b).
Figura 2.1: Diagrama que ilustra a formação da imagem radiográfica convencional considerando a
radiação transmitida primária e espalhada. (a) paciente; (b) intensidade da radiação que atinge o
filme: B1 representa a radiação espalhada e B2 a total (transmitida + espalhada); (c) imagem
radiográfica.
2.2. O espalhamento como ferramenta para determinação de
estruturas em tecidos biológicos: vantagem
Entretanto, o conceito de considerar o espalhamento como uma
desvantagem vem mudando ultimamente (SPELLER, 1999), pois estudos recentes
mostram que experiências de espalhamento de raios X (espalhamento em dio e baixo
ângulo) fornecem informações detalhadas sobre as estruturas que compõe os tecidos,
fornecendo meios alternativos para distinguir patologias (KIDANE et al., 1999; LEWIS et
_______________________________________________________________________- 8 -
al., 2000; POLETTI et al., 2002b; FERNÁNDEZ et al., 2002, 2004; ROUND et al., 2005;
OLIVEIRA et al., 2008).
Estes fatos levaram a se pesquisar as propriedades de espalhamento dos
diferentes tecidos, tornando-se necessário à obtenção de medidas precisas dos perfis de
espalhamento dos diferentes tecidos humanos (OLIVEIRA et al., 2008).
Os perfis de espalhamento correspondentes às estruturas moleculares e
supramoleculares existentes em tecidos biológicos podem ser obtidos através da
utilização das técnicas de espalhamento de raios X em médio (WAXS) (KLUG e
ALEXANDER, 1974) e baixo ângulo (SAXS) (GLATTER e KRATKY, 1982),
respectivamente.
Neste tópico será apresentada uma revisão bibliográfica com os principais
trabalhos publicados sobre a utilização de ambas as técnicas, WAXS e SAXS, em tecidos
biológicos, com ênfase em tecidos mamários.
A técnica de WAXS permite obter uma distribuição espacial de pequenas
estruturas que compõem as células de um tecido, cujo tamanho esteja entre 1 e 10Å (por
exemplo, água ou pequenas moléculas, como as de ácidos graxos) (PEPLOW e
VERGHESE, 1998, KIDANE et al., 1999; POLETTI et al. 2002a, 2002b; CUNHA et al.,
2006; GRIFFITHS et al., 2007; RYAN et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2008).
Kosanetzky et al. (1987) utilizando um difractômetro de raios X com anodo de Co
(Kα=6,935keV), mediram os perfis de espalhamento da água, vários materiais plásticos
equivalentes e alguns tecidos biológicos extraídos de animais, tendo observado que o
tecido adiposo possui um alto grau de ordenamento. Além disso, diferenças entre os
perfis de espalhamento dos tecidos de diferentes órgãos, foram notadas.
Bradley et al. (1989) mediram a seção de choque elástica da água, nylon e lucite,
utilizando uma fonte monoenergética de raios gama de
241
Am (59,54keV) e apresentaram
um método para correção dos dados experimentais. Os resultados obtidos mostram a
_______________________________________________________________________- 9 -
existência de picos de espalhamento que ocorrem em diferentes posições angulares para
cada material.
Evans et al. (1991) mediram o perfil de espalhamento de tecidos mamários
(adiposo, fibroglandular, tumor benigno, carcinoma e fibroadenoma), sangue e alguns
materiais equivalentes, utilizando um feixe polienergético produzido por um tubo de raios
X com ânodo de cobre (energia média efetiva de 46keV) e um contador proporcional
bidimensional sensível a posição, como detector. Tabularam as posições do pico principal
de espalhamento e o valor da largura à meia altura de cada tipo de amostra, observando
grandes diferenças entre os perfis dos tecidos adiposo e fibroglandular, além de
pequenas diferenças entre carcinomas e tecido fibroglandular.
Tartari et al.(1997a) mediram a seção de choque diferencial molecular de
espalhamento coerente de gordura proveniente de suínos e polimetilmetacrilato (PMMA)
utilizando um tubo de raios X com anodo de cobre (Kα=8,04keV). Tabularam o fator de
forma a partir dos dados obtidos, considerando os materiais como sendo
monomoleculares e mostraram que o PMMA não é um material adequado para simular o
espalhamento de tecido adiposo. Também mostraram fatores de correção relevantes que
devem ser aplicados aos dados experimentais (1998) e um estudo da validade da
aproximação do Modelo Atômico Independente (1997b).
Peplow e Verghese (1998) tabularam o fator de forma molecular de espalhamento
coerente de materiais plásticos, tecidos biológicos de animais e tecido mamário humano.
Para isso utilizaram radiação síncroton monoenergética de 8keV e 20keV e apresentaram
um cálculo para obter o fator de forma através das distribuições medidas utilizando o
método de Monte Carlo. Entretanto, apenas uma amostra de tecido mamário foi tabulada,
a qual não possuía classificação histológica.
Kidane et al. (1999) mediram o perfil de espalhamento para tecidos mamários
normais e neoplásicos através da técnica de EDXRD (difração de raios X dispersiva em
_______________________________________________________________________- 10 -
energia) com um tubo de raios X com anodo de tungstênio (Kα=58,86keV). A composição
histológica de cada tecido foi determinada, e os perfis de espalhamento dos diferentes
tipos de tecidos comparados. Os resultados mostraram que diferenças notáveis entre
os perfis de espalhamento de tecidos normais e neoplásicos. As posições e altura dos
picos principais de espalhamento foram tabuladas, porém os perfis de espalhamento
possuem pobre resolução em momento transferido.
Tartari
et al. (1999) mediram a seção de choque diferencial molecular de tecido
ósseo e compararam os resultados obtidos anteriormente para gordura e PMMA (1997)
com resultados de outros autores. Posteriormente, Tartari et al. (2000) mostraram que
pode-se obter o fator de forma de tecidos biológicos hipotéticos através da combinação
linear dos fatores de forma de alguns componentes básicos, como gordura, colágeno,
componentes minerais de tecidos ósseos e água, utilizando simulações de Monte Carlo
para a geometria experimental utilizada. Em 2002, Tartari et al. (2002) tabularam os
fatores de forma moleculares para gordura, água, matriz óssea e componente mineral
ósseo, e obtiveram, através de simulações de Monte Carlo de um difractômetro comercial
operando em modo reflexão, os fatores de forma para tecido adiposo e muscular,
comparando-os com resultados obtidos experimentalmente por outros autores.
Poletti et al. (2002a) mediram o coeficiente linear de espalhamento elástico de
tecidos mamários normais e neoplásicos, e materiais equivalentes utilizando tubos de
raios X com ânodo de Cobalto (Kα=6,93keV) e de Molibdênio (Kα=17,44keV). Os
resultados mostravam diferenças consideráveis entre os tecidos mamários e os materiais
equivalentes. Diferenças entre os tecidos normais e neoplásicos também foram
observadas. Posteriormente, apresentaram novas comparações entre tecidos mamários
(adiposo e glandular) e materiais equivalentes (2002b), encontrando novamente
diferenças entre eles. Obtiveram também o fator de forma e o coeficiente de atenuação
_______________________________________________________________________- 11 -
linear para esses tecidos e materiais, além de apresentarem parâmetros para caracterizar
seus perfis de espalhamento, tais como posição e altura do pico e largura à meia altura.
Poletti et al. (2002c) também apresentaram um método de correção de dados
experimentais para se obter a seção de choque diferencial de espalhamento de materiais
amorfos, considerando efeitos de polarização do feixe, múltiplo espalhamento, atenuação,
geometria, dentre outros fatores. Em 2004 Poletti et al. (2004) apresentaram novas
comparações entre tecidos mamários, muscular e materiais equivalentes. Os resultados
mostraram que os perfis de espalhamento de tecidos humanos e materiais equivalentes
apresentam diferenças significativas.
Castro et al. (2005) obtiveram os perfis de espalhamento coerente para tecidos
mamários humanos normais e neoplásicos, útero e rim, usando radiação síncrotron.
Foram medidas amostras pareadas, i.e. amostra de tecido tumoral juntamente com outra
amostra contendo o tecido sadio circundante a este tecido tumoral. Eles compararam os
perfis de espalhamento de cada amostra com suas respectivas classificações
histológicas.
Cunha et al. (2006) utilizaram feixe de raios X monoenergético de 8,04keV gerado
por um tubo de raios com ânodo de cobre e um detector cintilador de NaI(Tl) para medir o
perfil de espalhamento de tecidos mamário normais e malignos. Nestes perfis de
espalhamento medidos, eles aplicaram análise de discriminante e conseguiram classificar
corretamente 97% das amostras analisadas.
Griffiths et al. (2007) correlacionaram medidas de difração por dispersão de
energia com imagens por difração e transmissão usando a técnica de microCT para 19
amostras e mostraram que a razão entre as intensidades de dois picos característicos em
tecidos mamários, sendo em 13,8 e 18,9nm
-1
, pode ser utilizada para caracterizar cada
tipo de tecido.
_______________________________________________________________________- 12 -
Ryan et al. (2007) utilizaram um tubo de raios X com ânodo de tungstênio para
produzir um feixe de raios X polienergético e um detector HPGe dispersivo em energia
para as medidas das densidades eletrônicas e dos perfis de espalhamento de tecidos
mamários normais, neoplasia benigna e maligna. Eles empregaram análise multivariada
para combinar os resultados de densidade eletrônica obtidos por espalhamento Compton
com os de estruturas conseguidos na experiência de EDXRD e conseguiram uma
sensibilidade de 100% e especificidade de 54% no modelo.
Oliveira et al. (2008) apresentaram perfis de espalhamento de amostras
histopatologicamente classificadas como tecido normal, neoplasia benigna e maligna,
obtidas com um difractômetro comercial, bem como descreveram os procedimentos para
corrigir tais perfis medidos. Além disso, nestes perfis corrigidos foi aplicada análise
multivariada obtido que o método possui uma sensibilidade 95,6% e uma especificidade
de 82,3% na distinção entre tecido normal e neoplásico.
A técnica de SAXS é um poderoso método que permite determinar características
de sistemas moleculares em seus diferentes graus de organização, por exemplo,
proteínas e fibras de colágeno, correspondendo a estruturas maiores que 1(ROGERS
et al., 1999; LEWIS et al., 2000; FERNÁNDEZ et al., 2002, 2004, 2005; ROUND et al.,
2005).
Rogers et al. (1999) apresentam resultados preliminares de perfis de
espalhamento de tecidos mamários normais e neoplásicos utilizando radiação
monocromática e um contador proporcional multi-filamento bidimensional. Eles
encontraram uma significante redução no grau de ordenamento na estrutura das fibras de
colágeno em tecidos tumorais em comparação com tecidos normais.
Lewis et al. (2000) analisaram os perfis de espalhamento de 99 amostras de
tecidos mamários, normais e neoplásicos e encontraram diferenças sistemáticas no
espaçamento (d-spacing) entre as fibras de colágeno, bem como nas intensidades
_______________________________________________________________________- 13 -
espalhadas por estes tecidos. Eles extraíram valores de dois parâmetros (posição e
intensidade do pico de ordem) dos perfis de espalhamento e verificaram ser possível
distinguir entre cada tipo de tecido utilizando estes parâmetros, porém a incerteza
associada a cada valor não foi considerada.
Fernández et al. (2002) correlacionaram o perfil de espalhamento de tecidos
mamários normais e neoplásicos obtidos por espalhamento de raios X em baixos ângulos
utilizando radiação síncroton monoenergética de 12,5keV com informações
histopatológicas dos mesmo. Dessa correlação, eles observaram diferenças nos
parâmetros das fibras de colágeno presentes nos tecidos mamários como, periodicidade
espacial, diâmetro e arranjo molecular da fibra. Em 2005, Fernández et al. (2005)
correlacionaram imagens histológicas com imagem por difração e, a partir dos resultados
obtidos verificaram que quanto maior a invasão das células cancerosas nas fibras de
colágeno, maior é a degradação destas, provocando aumento da superfície específica e
distensão das ligação intermoleculares nestas fibras de colágeno invadidas.
Round et al. (2005) encontraram diferenças significativas entre os perfis de
espalhamento de amostras de tecidos mamários normais e neoplásicos malignos. As
medidas foram realizadas utilizando um feixe de raios X monoenergético de 8,04keV
produzido por um tubo de raios X e um detector bidimensional image plate com resolução
de 50µm. Apesar de serem utilizadas apenas 23 amostras eles obtiveram uma
sensitividade de 100% ao aplicar a técnica de espalhamento de raios X em baixo ângulo
para caracterizar um tecido normal de um maligno.
A combinação de ambas as técnicas (WAXS e SAXS) permite correlacionar
mudanças estruturais em nível atômico com mudanças em escala supramoleculares (ALI
et al., 2004).
Tartari et al. (2005) obtiveram a seção de choque diferencial elástica de alguns
materiais e tecidos biológicos, como osso e tecido adiposo. Para tais medidas foi utilizado
_______________________________________________________________________- 14 -
um feixe de raios X monoenergético de 12,4keV, mas com distâncias da amostra ao
detector de 1m e 3m, para WAXS e SAXS respectivamente. Eles apresentam também um
procedimento de normalização, bem como incluem nos cálculos o fator de interferência
molecular que considera o efeito dos arranjos moleculares na distribuição dos fótons
espalhados.
Conceição et al. (2008), usando radiação síncrotron monocromática de 8,4keV,
combinaram simultaneamente as técnicas de WAXS e SAXS sob um mesmo conjunto de
amostras de tecidos mamários normais e neoplásicos para obter os perfis de
espalhamento destas amostras. Eles extraíram destes perfis dois parâmetros (razão entre
as intensidades dos picos, em 13,9 e 20,1nm
-1
, e intensidade do pico de ordem de
reflexão das fibras de colágeno) e verificaram que a combinação destes parâmetros pode
ser utilizada para identificação do câncer de mama.
Ao se comparar os trabalhos acima entre si, discordâncias são observadas. Dessa
forma, este trabalho além de acrescentar novos dados à literatura, tem também como
finalidade desenvolver medidas precisas do perfil de espalhamento de tecidos mamários
normais e neoplásicos e, através da análise e interpretação deste, determinar as
estruturas moleculares e supramoleculares existentes nestes tecidos.
_______________________________________________________________________
CAPÍTULO 3 –
FUN
3.1.
Aspectos Clínicos
Nesta sub
seção será apresentada uma breve descrição de uma mama normal
englobando suas características anatômicas, histológicas e patológicas.
3.1.1.
Anatomia da mama
O conhecimento da
para o estudo de suas patologias.
3.1 e, pode ser
dividida em duas componentes: componente estrutural e componente
funcional (DÂNGELO e FATTINI, 2003; NETTER, 2004)
Figura 3.1
: Estrutura anatômica da mama (a) e (b). As glândulas mamárias, as quais consistem
de lóbulos, são embebidas em tecido adiposo e circundadas por tecido conjuntivo.
i)
Componente e
estruturas da mama, denominado estroma mamário. O estroma mamário por sua vez é
dividido em estroma interlobular e intralobular. O estroma interlobular, na mulher jovem, é
(a)
_______________________________________________________________________
FUN
DAMENTOS TEÓRICOS
Aspectos Clínicos
seção será apresentada uma breve descrição de uma mama normal
englobando suas características anatômicas, histológicas e patológicas.
Anatomia da mama
O conhecimento da
estrutura anatômica normal
do tecido mamário é essencial
para o estudo de suas patologias.
A estrutura anatômica da mama
é mostrada na
dividida em duas componentes: componente estrutural e componente
funcional (DÂNGELO e FATTINI, 2003; NETTER, 2004)
.
: Estrutura anatômica da mama (a) e (b). As glândulas mamárias, as quais consistem
de lóbulos, são embebidas em tecido adiposo e circundadas por tecido conjuntivo.
Componente e
strutural
: responsável pela sustentação e proteç
estruturas da mama, denominado estroma mamário. O estroma mamário por sua vez é
dividido em estroma interlobular e intralobular. O estroma interlobular, na mulher jovem, é
(b)
_______________________________________________________________________
- 15 -
seção será apresentada uma breve descrição de uma mama normal
englobando suas características anatômicas, histológicas e patológicas.
do tecido mamário é essencial
é mostrada na
figura
dividida em duas componentes: componente estrutural e componente
: Estrutura anatômica da mama (a) e (b). As glândulas mamárias, as quais consistem
de lóbulos, são embebidas em tecido adiposo e circundadas por tecido conjuntivo.
: responsável pela sustentação e proteç
ão das
estruturas da mama, denominado estroma mamário. O estroma mamário por sua vez é
dividido em estroma interlobular e intralobular. O estroma interlobular, na mulher jovem, é
_______________________________________________________________________- 16 -
composto basicamente de tecido conjuntivo denso (fibroso), contando ainda com algumas
células de tecido adiposo (adipócitos). Já o estroma intralobular possui grande quantidade
de tecido conjuntivo frouxo e uma pequena população de células de linfócitos, além de ser
muito sensível às variações hormonais do ciclo menstrual. A constituição do estroma
mamário é variável, com o passar dos anos aumenta a quantidade de tecido adiposo,
diminuindo a proporção de tecido conjuntivo.
ii) Componente funcional: responsável pelas principais funções da mama,
como produzir e secretar o leite, é denominado parênquima mamário. O parênquima
mamário é composto basicamente por células epiteliais. As mamas são consideradas
anexas à pele, uma vez que as glândulas cutâneas se modificaram e deram origem às
glândulas mamárias ou unidades lobulares. Cada glândula mamária é composta de 15 a
20 lóbulos. Os lóbulos mamários são estruturas de contorno circular, formados pelo
agrupamento de ácinos e ductos e circundados pelo estroma interlobular. Os ácinos têm a
função é a secretar o leite e são compostos por dois tipos de células: uma camada interna
de células epiteliais e uma camada externa de células mioepiteliais. A função das células
mioepiteliais é contrair-se, promovendo a extrusão do leite secretado. Os ductos
mamários, como os ácinos, são formados por uma dupla população de células de
revestimento, epiteliais (interno) e mioepiteliais (externo), possuindo grande quantidade
de água em sua composição e sua principal função é drenar os lóbulos.
A distribuição dos tecidos conjuntivo denso e frouxo, epitelial e adiposo, depende
de fatores como: ciclo hormonal, idade, alimentação e principalmente de fatores
genéticos.
_______________________________________________________________________- 17 -
3.1.2. Histologia da mama
Apesar da sua grande complexidade, a mama como o organismo humano é
constituída por apenas quatro tipos sicos de tecidos: conjuntivo, epitelial, muscular e
nervoso. Estes tecidos são formados por células e moléculas da matriz celular
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Neste trabalho serão detalhados os tecidos
conjuntivos e epiteliais.
Os tecidos conjuntivos variam consideravelmente tanto na forma quanto na
função. Alguns servem como arcabouço sobre o qual as células epiteliais se dispõem
para formar órgãos; outros servem como sustentação de vários tecidos e órgãos e ainda
outros contêm o meio fluido (fluido tecidual) através do qual, nutrientes e resíduos passam
enquanto transitam entre o sangue e as células do corpo. Muitos tipos de células estão
associados com os tecidos conjuntivos, mas os fibroblastos e os macrófagos são os mais
comuns. Os fibroblastos o células de forma estrelada que sintetizam além das
glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas multiadesivas, principalmente a
elastina e as fibras de colágeno. O colágeno é a classe mais abundante de proteínas do
organismo humano e representa mais de 30% do total de proteínas no corpo, sendo uma
proteína de importância fundamental na constituição da matriz extracelular e responsável
por grande parte de suas propriedades físicas. O colágeno é composto por aminoácidos
arranjados na forma de alfa-hélice-tripla e existem cerca 28 tipos diferentes de colágeno,
possuindo diferentes funções. Na mama, os mais comuns são os dos tipos I, III e IV,
sendo os dois primeiros fibrilares e o último não fibrilar (CAMERON et al. 2002). Os
macrófagos, que geralmente não são tão abundantes como os fibroblastos, são ativos
fagócitos, englobando substâncias estranhas, bem como células mortas. O tecido
conjuntivo é dividido em denso e frouxo. O tecido conjuntivo denso (fibroso) distingue-se
pela abundância de fibras de colágeno, garantindo à mama, maior capacidade de resistir
_______________________________________________________________________- 18 -
a graus excepcionais de tensão. Este tipo de tecido pode ser encontrado na forma
irregular, cuja forma se assemelha à do tecido conjuntivo frouxo, porém com maior
quantidade de fibras colágenas, bem como na forma regular, caracterizada pela
predominância de fibras colágenas firmemente unidas em feixes paralelos.
O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo formado por pequenas células
chamadas adipócitos. Essas células contêm basicamente moléculas de lipídios,
principalmente triglicerídeos, que por sua vez é composto da união de uma molécula de
glicerol e três de ácidos graxos, tendo como função básica fornecer às outras células
nutrientes e energia. No corpo, os adipócitos podem ser encontrados isolados ou em
pequenos grupos no tecido conjuntivo comum, porém, a maioria deles forma grandes
agregados, constituindo o tecido adiposo.
Os tecidos epiteliais são formados por células intimamente unidas, com um
mínimo de material intercelular entre elas, que recobrem as superfícies e revestem as
cavidades do corpo. As células epiteliais são acompanhadas de tecido conjuntivo
subjacente, com o qual se ligam por uma delgada camada chamada membrana basal. A
membrana basal é geralmente formada pela fusão de duas lâminas basais ou de uma
lâmina basal e uma lâmina reticular. A lâmina basal consiste basicamente de colágeno
tipo IV (não fibrilar), glicoproteínas e proteoglicanas, e desempenham vários papéis como
na conexão dos órgãos, na filtração de moléculas, influenciando a polaridade das células,
mas principalmente regulando a proliferação e a diferenciação celular. Enquanto a lâmina
reticular é composta de fibras reticulares que se desenvolvem a partir do tecido conjuntivo
e sua principal função é fornecer suporte e proteção às células epiteliais.
Existem vários tipos de tecidos epiteliais que se diferem quanto ao arranjo das
camadas celulares e a forma das células da superfície livre do tecido. Dentre os vários, o
de maior interesse para esse trabalho é o tecido epitelial glandular. Os epitélios
glandulares são constituídos por células especializadas na atividade de secreção e as
_______________________________________________________________________- 19 -
moléculas a serem secretadas são armazenadas em pequenas vesículas chamadas
grânulos de secreção. As glândulas mamárias podem sintetizar, armazenar e secretar
proteínas, lipídios ou complexos de carboidratos e proteínas.
3.1.3. Patologias mamárias
Uma patologia, ou lesão patológica, é considerada como uma anormalidade que
surge nos tecidos. O termo neoplasia descreve aquelas patologias que aparecem na
forma de tumores ou massas estranhas ao organismo, referindo-se também a fibrose e
angiogênese (aumento da vascularização) associados ao desenvolvimento do tumor.
De acordo com a natureza patológica, as neoplasias ou tumores mamários podem
ser classificados como benigno e maligno.
As neoplasias benignas possuem como característica um crescimento lento e seu
tecido de sustentação, estroma, é semelhante ao de tecidos normais, no que se refere à
não ocorrência de invasão tecidual ou metástases. As neoplasias malignas são originadas
por células geneticamente modificadas, que sofreram mutações em seu DNA, e a
multiplicação dessas células, além de exagerada e desordenada, em alguns casos é
também invasiva, ou seja, invade os tecidos adjacentes, processo denominado de
metástase. Em alguns casos o tecido cresce tão rapidamente que não suporte
sanguíneo necessário, provocando necroses (COTRAN et al., 1989). Somente as
neoplasias malignas podem ser denominadas como câncer. A figura 3.2 apresenta um
organograma representando os tipos de neoplasias.
_______________________________________________________________________- 20 -
Figura 3.2: Tipos de neoplasias
Dentre as neoplasias benignas mamárias destacam-se a adenose (tipo epitelial), o
fibroadenoma e as alterações fibrocísticas (estas últimas de tipo misto).
A adenose é caracterizada pelo aumento do volume dos lóbulos mamários
provocado pelo aumento numérico dos ácinos. Isto pode acompanhar-se ou não por
fibrose intralobular. Uma vez que o estroma intralobular normal é composto de tecido
conjuntivo frouxo, após a fibrose, torna-se semelhante ao estroma interlobular, de tecido
fibroso denso (NHSBSP Publication 58, 2005).
O fibroadenoma é o tumor benigno mamário mais comum e ocorre mais
freqüentemente em mulheres na idade fértil. O fibroadenoma é criado a partir da
proliferação do estroma intralobular, contendo também glândulas. As células da parte
conjuntiva do tumor são monoclonais e as da parte epitelial são policlonais, o que indica
que estas últimas não são propriamente neoplásicas, mas proliferam em resposta a
estímulos químicos secretados pelas células do estroma. No fibroadenoma o estroma é
frouxo, composto por células estreladas (fibroblastos) separadas por material intersticial
levemente basófilo e o parênquima forma túbulos ramificados e dilatados em meio ao
estroma, mas ainda possui a dupla população de células (epiteliais e mioepiteliais), um
importante elemento em favor da benignidade do tumor (NHSBSP Publication 58, 2005).
_______________________________________________________________________- 21 -
A alteração fibrocística caracteriza-se por hiperplasia tanto do estroma quanto do
epitélio mamários, em proporções variáveis. Pode haver fibrose tanto do estroma
interlobular como do intralobular. Ainda outro importante componente da alteração
fibrocística são cistos pequenos ou volumosos, derivados de ácinos (NHSBSP Publication
58, 2005).
Dos tumores malignos, os tipos mais freqüentes são os tumores epiteliais não
invasivos como o carcinoma ductal in situ e carcinoma lobular in situ, além dos tumores
mistos, epiteliais e conjuntivos, como o carcinoma ductal invasivo.
Carcinoma ductal in situ é caracterizado por uma proliferação irregular de células
epiteliais com características citológicas de malignidade dentro das estruturas do
parênquima, e confinadas nos ductos lobulares por uma membrana basal intacta
(WINCHESTER, D. J. e WINCHESTER, D. P., 2000).
O carcinoma lobular in situ é muitas vezes considerado uma situação pré-
cancerosa, sendo caracterizado pela proliferação de fibroblastos e ácinos dentro dos
lóbulos. Os ductos distendidos são preenchidos por células monoclonais fracamente
aderente umas às outras. Entretanto, essas células ficam limitadas ao bulo não se
espalhando para outras regiões (WINCHESTER, D. J. e WINCHESTER, D. P., 2000).
O carcinoma ductal invasivo é um tumor pouco diferenciado, cujas células formam
cordões sólidos que infiltram difusamente o tecido mamário, ele recebe esse nome porque
as células cancerosas invadem os tecidos epiteliais dos ductos e vão se espalhando, à
partir de reações bioquímicas induzidas por essas células. Este tipo de tumor é
caracterizado por extensa proliferação fibroblástica e produção de fibras de colágeno, o
que fornecer maior consistência ao tumor. Na periferia, o tumor é mal delimitado e sem
cápsula, infiltrando o tecido adiposo e o tecido mamário pré-existente (WINCHESTER, D.
J. e WINCHESTER, D. P., 2000). A figura 3.3 exibe o exemplo da lâmina histológica de
uma amostra de carcinoma ductal invasivo.
_______________________________________________________________________
Figura 3.3
: Lâmina
indicando calcificações, necroses, além das células cancerosas. A área
rosada na figura corresponde à matriz extracelular, formada principalmente
por colágeno. Além disso, observa
3.2.
Fontes de produção de raios X
Wilhelm Conrad Roentgen descobriu um tipo desconhecido de radiação em 1895
que chamou de raios X e, posteriormente, foi também chamado de raios Roentgen
(JOHNS e CUNNINGHAM, 1983)
comprimento de onda muito pequeno e a propriedade de atravessar materiais permitindo
inspecionar o interior de objetos. Imediatamente após sua descoberta, as aplicações para
este tipo de radiação se tornaram evidentes principal
radiografias.
Os raios X descrevem uma grande região no espectro eletromagnético, com
intervalo de energia de poucos elétron
ultravioleta) até energias de centenas de keV (raios X
3.4.
_______________________________________________________________________
: Lâmina
histológica de uma amostra de carcinoma ductal,
indicando calcificações, necroses, além das células cancerosas. A área
rosada na figura corresponde à matriz extracelular, formada principalmente
por colágeno. Além disso, observa
-
se a membrana basal ao redo
Fontes de produção de raios X
Wilhelm Conrad Roentgen descobriu um tipo desconhecido de radiação em 1895
que chamou de raios X e, posteriormente, foi também chamado de raios Roentgen
(JOHNS e CUNNINGHAM, 1983)
. Este tipo particular de
radiação eletromagnética tem
comprimento de onda muito pequeno e a propriedade de atravessar materiais permitindo
inspecionar o interior de objetos. Imediatamente após sua descoberta, as aplicações para
este tipo de radiação se tornaram evidentes principal
mente na medicina, através de
Os raios X descrevem uma grande região no espectro eletromagnético, com
intervalo de energia de poucos elétron
-
volts (raios X moles, próximo a radiação
ultravioleta) até energias de centenas de keV (raios X
duros, próximos aos raios
_______________________________________________________________________
- 22 -
histológica de uma amostra de carcinoma ductal,
indicando calcificações, necroses, além das células cancerosas. A área
rosada na figura corresponde à matriz extracelular, formada principalmente
se a membrana basal ao redo
r do ducto.
Wilhelm Conrad Roentgen descobriu um tipo desconhecido de radiação em 1895
que chamou de raios X e, posteriormente, foi também chamado de raios Roentgen
radiação eletromagnética tem
comprimento de onda muito pequeno e a propriedade de atravessar materiais permitindo
inspecionar o interior de objetos. Imediatamente após sua descoberta, as aplicações para
mente na medicina, através de
Os raios X descrevem uma grande região no espectro eletromagnético, com
volts (raios X moles, próximo a radiação
duros, próximos aos raios
γ), figura
_______________________________________________________________________
Figura 3.4
: Espectro eletromagnético exibindo a região correspondente aos raios X
(retângulo vermelho).
Algumas das formas pelas quais os raios X são gerados estão explicadas mais
detalhadamente nos dois próxim
3.2
.1. Tubo de raios X
Um tubo de raios X é um circuito elétrico constituído principalmente de um cátodo,
e um ânodo. O cátodo é um filamento que quando aquecido libera elétrons por efeito
termoiônico, o ânodo é o alvo onde estes elétrons
existe um campo elétrico criado por um potencial da ordem de dezenas de kV, que
aceleram os elétrons criados no cátodo em direção ao ânodo. No ânodo, a energia
acumulada pelos elétrons é convertida principalmente na produç
em produção de radiação (raios X).
O espectro de um tubo de raios X apresenta uma componente contínua
(bremsstrahlung, raios X de frenagem ou radiação branca) e outra discreta (raios X
característicos) em energia. A
elétrons no ânodo através de interações coulombianas inelásticas.
_______________________________________________________________________
: Espectro eletromagnético exibindo a região correspondente aos raios X
(retângulo vermelho).
Algumas das formas pelas quais os raios X são gerados estão explicadas mais
detalhadamente nos dois próxim
os tópicos.
.1. Tubo de raios X
Um tubo de raios X é um circuito elétrico constituído principalmente de um cátodo,
e um ânodo. O cátodo é um filamento que quando aquecido libera elétrons por efeito
termoiônico, o ânodo é o alvo onde estes elétrons
colidem. Entre o cátodo e o ânodo
existe um campo elétrico criado por um potencial da ordem de dezenas de kV, que
aceleram os elétrons criados no cátodo em direção ao ânodo. No ânodo, a energia
acumulada pelos elétrons é convertida principalmente na produç
ão de
em produção de radiação (raios X).
O espectro de um tubo de raios X apresenta uma componente contínua
(bremsstrahlung, raios X de frenagem ou radiação branca) e outra discreta (raios X
característicos) em energia. A
radiação branca
é formada pela desaceleração dos
elétrons no ânodo através de interações coulombianas inelásticas.
_______________________________________________________________________
- 23 -
: Espectro eletromagnético exibindo a região correspondente aos raios X
Algumas das formas pelas quais os raios X são gerados estão explicadas mais
Um tubo de raios X é um circuito elétrico constituído principalmente de um cátodo,
e um ânodo. O cátodo é um filamento que quando aquecido libera elétrons por efeito
colidem. Entre o cátodo e o ânodo
existe um campo elétrico criado por um potencial da ordem de dezenas de kV, que
aceleram os elétrons criados no cátodo em direção ao ânodo. No ânodo, a energia
ão de
calor e apenas 1%
O espectro de um tubo de raios X apresenta uma componente contínua
(bremsstrahlung, raios X de frenagem ou radiação branca) e outra discreta (raios X
é formada pela desaceleração dos
elétrons no ânodo através de interações coulombianas inelásticas.
os raios X
_______________________________________________________________________- 24 -
característicos são fótons de energia discreta, resultantes do preenchimento de uma
vacância deixada por um elétron de uma camada mais interna (que interagiu com elétrons
provenientes do cátodo) por outro elétron de uma camada superior mais energética. As
intensidades entre a radiação branca e a característica dependem do tipo de alvo e da
tensão aplicada, e, além disso, podem ser modificadas através do uso de filtros (ATTIX,
1986).
3.2.1. Síncrotron
A radiação síncrotron é produzida por elétrons relativísticos acelerados em
movimento circular em instalações denominadas síncrotrons. Os elétrons, inicialmente
liberados por uma fonte radioativa, são acelerados em um acelerador linear alcançando
velocidade relativística. Então, estes elétrons relativísticos o inseridos dentro de um
anel de propulsão, onde um campo magnético aumenta sincronicamente, até atingir a
energia desejada. Finalmente eles são injetados em um anel de armazenamento, a
verdadeira fonte de radiação. No anel de armazenamento os elétrons são mantidos em
uma órbita estável por meio de campos magnéticos. A radiação síncrotron tem um amplo
intervalo espectral desde infravermelho até raios X duros (DUKE, 2000).
Na chamada terceira geração de síncrotrons, existem três tipos de fontes,
denominadas: ímãs defletores, onduladores e wigglers.
Os ímãs defletores constituem os vértices do anel de armazenamento, onde os
elétrons são curvados por meio de um dipolo uniforme para seguirem na órbita circular,
como conseqüência desta mudança, na direção do movimento dos elétrons, radiação é
emitida, principalmente, na direção tangencialmente às suas órbitas.
_______________________________________________________________________- 25 -
Existem secções das órbitas dos elétrons entre os ímãs defletores em forma de
linhas retas, onde wigglers e onduladores podem ser instalados. Estas fontes são
chamadas dispositivos de inserção (ID) e o formados por um conjunto de pequenos
dipolos com a polaridade alternadamente periódica. Esta variação alternada dos dipolos
induz uma trajetória oscilatória dos elétrons, fazendo com que estes irradiem radiação
síncrotron em toda mudança de direção de oscilação.
As oscilações nos onduladores são pequenas, de forma que as radiações de
sucessivas fontes pontuais interferem e dão origem a radiações que possuem somente o
comprimento de onda resultante da interferência construtiva destas ondas. A radiação
proveniente destas fontes é muito bem colimada e contém comprimentos de onda
harmônicos.
As oscilações dos elétrons no wiggler são muito mais amplas, onde o fenômeno de
interferência não é importante, figura 3.5. A intensidade dos pólos N é somada. A
distribuição espectral é similar à distribuição contínua de radiação dos ímãs defletores.
Figura 3.5: Esquema de funcionamento de um wiggler, o qual deve ser
inserido em linha reta nas instalações de um síncrotron.
Especificamente o Brasil, conta com uma fonte de luz síncrotron, o Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) em Campinas. Atualmente, 13 linhas de luz estão em
funcionamento permitindo diversos tipos de experiências. O LNLS é uma fonte de
radiação síncrotron de terceira geração com a energia do elétron no anel de
_______________________________________________________________________- 26 -
armazenamento de 1,37Gev, tendo como fonte um ímã defletor, sendo capaz de produzir
um fluxo de ~ 5x10
10
fótons.s
-1
em 8keV (http://www.lnls.br).
3.3. Interação dos raios X com a matéria
As interações dos raios X com a matéria dependem basicamente da energia dos
fótons incidentes e do material alvo (número atômico e densidade). Os principais
fenômenos de interação da radiação com a matéria considerando a faixa de energia
utilizada em radiodiagnóstico (E<100keV) são o efeito fotoelétrico e os espalhamentos
inelástico e elástico. Em particular, para fótons com energia utilizada em mamografia
(17,44 keV) numa amostra de tecido mamário, 80,7% do total de interações ocorrem por
efeito fotoelétrico, 10,8% para o espalhamento inelástico e 8,5% para o espalhamento
elástico (JOHNS e CUNNINGHAM, 1983).
No processo fotoelétrico, um fóton de energia hν interage com um átomo
transferindo toda sua energia durante a colisão, ejetando um elétron principalmente de
uma camada eletrônica mais interna, camada K, por exemplo. Este elétron ejetado é
denominado fotoelétron. A vacância deixada por este elétron ejetado é então preenchida
por outro elétron de uma camada mais energética e um fóton (raios X característico, vide
seção 3.2.1) é produzido, cuja energia é igual à diferença de energia entre os dois níveis
de energia.
Por outro lado, quando um fóton incidente interage com um elétron atômico e
transfere parte de sua energia a este elétron de forma a liberá-lo e, um fóton com energia
menor que a incidente é liberado, fica caracterizado o processo de espalhamento
inelástico ou Compton.
_______________________________________________________________________- 27 -
Um fóton ao interagir com a matéria desviando-se de sua trajetória inicial de modo
que não sofra variação em sua energia, temos o chamado espalhamento elástico ou
coerente. O campo elétrico da onda eletromagnética, com comprimento de onda λ,
associada a esse fóton induz oscilações como em um dipolo nos elétrons presentes na
matéria. As cargas aceleradas geram ondas secundárias (radiação espalhada) de mesmo
comprimento de onda λ que a radiação incidente (JOHNS e CUNNINGHAM, 1983).
Como o objetivo deste trabalho está na obtenção do coeficiente linear de
espalhamento elástico para determinação das estruturas moleculares e supramoleculares,
passaremos a detalhar melhor esta grandeza nos próximos tópicos, porém, anteriormente
é necessário realizar uma discussão sobre o vetor de espalhamento.
3.3.1. Vetor de Espalhamento
Considerando o espalhamento elástico de um fóton de comprimento de onda λ por
um átomo em que o fóton incidente tem o vetor de onda
k
e o fóton espalhado
'k
, o vetor
de espalhamento
q
, figura 3.6, é definido como:
kkq = '
(3.1)
em que:
λπ
2=k . A interferência será construtiva ou destrutiva dependendo da
diferença de fase entre os diferentes fótons espalhados.
_______________________________________________________________________- 28 -
Figura 3.6
: Geometria do espalhamento; (
a
)
vetor espalhamento como resultante; (b) a
diferença de fase é dada pela diferença de
caminhos ópticos. A linha mais espessa é o
comprimento do caminho máximo.
A diferença de fase total, figura 6(b) é dada por:
( )
rqrkrkr == '
φ
(3.2)
O vetor espalhamento
q
pode ser calculado geometricamente a partir da figura
6(a). Usando a lei dos cossenos, temos:
+==
22
cos2''
22
θπ
kqqkkk
(3.3)
Como estamos tratando de espalhamento elástico,
kk ='
e usando que
=
222
cos
θθπ
sen
, obtem-se:
+=
2
2
222
θ
senkqkkq
(3.4)
ou
=
2
2
θ
senkq
(3.5)
Portanto, como
λ
π
2
=k
,
( )
λ
θ
π
2
4 sen
q =
(3.6)
_______________________________________________________________________- 29 -
φθ
σ
222
0
cossin1=
r
d
d
Th
qq =
é o módulo do vetor de espalhamento.
3.3.2. Espalhamento Elástico
3.3.2.1. Espalhamento por elétron livre
Se o espalhamento elástico ocorre devido somente a um elétron livre ele recebe o
nome de espalhamento Thomson, em homenagem ao primeiro cientista que obteve a
seção de choque diferencial de espalhamento para um elétron (THOMSON, 1906).
Thomson considerando um feixe de fótons não polarizado e apenas suposições de física
clássica obteve a seguinte expressão:
( )
θ
σ
2
2
0
cos1
2
+=
r
d
d
Th
(3.7)
em que:
m
cm
e
r
15
2
0
2
0
0
1082.2
4
1
×==
πε
é o raio clássico do elétron e θ é o ângulo de
espalhamento.
Quando a radiação é polarizada, a seção de choque diferencial elástica é dada
por:
(3.8)
em que: θ é o ângulo polar de espalhamento e φ é ângulo azimutal de espalhamento
(medido da direção de polarização).
A forma da seção de choque Thomson está representada na figura 3.7.
_______________________________________________________________________- 30 -
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
4
5
6
7
8
Seção de Choque Diferencial
(dσ/d) (m
2
/eletron.sr) x 10
-30
(dσ/d)
Th
para E = 10 keV
θ ( º )
Figura 3.7: Seção de choque diferencial Thomson em função do
ângulo de espalhamento.
3.3.2.2. Espalhamento por átomo livre
O espalhamento elástico de fótons por um átomo livre, chamado espalhamento
Rayleigh em homenagem ao cientista que o discutiu para a luz visível Lord Rayleigh
(1881), ocorre quando os fótons incidentes têm sua energia conservada e sofrem variação
de momento após o espalhamento pelos elétrons ligados ao átomo. As ondas espalhadas
por cada elétron sofrem interferência construtiva devido à diferença de caminho ótico
percorrido no átomo. A seção de choque diferencial pode ser expressa na forma:
( )
[ ]
ThRay
d
d
ZqF
d
d
=
σσ
2
, (3.9)
em que:
q
é vetor de espalhamento, dado pelo equação (3.6), sendo proporcional ao
momento transferido pelo fóton na interação com o átomo. Z é o número atômico,
ZqF ,
_______________________________________________________________________- 31 -
é chamado fator de forma atômico. A partir desse ponto será usado
q
para representar o
momento transferido.
A função
ZqF , é a transformada de Fourier da distribuição de cargas do átomo
(GUINIER, 1994). O fator de forma total do átomo pode ser decomposto na soma dos
fatores de forma individuais de cada camada eletrônica do átomo (HUBBEL et al., 1975).
O fator de forma
ZqF , está representado na figura 8 para o átomo de Oxigênio (Z=8).
A partir da figura 3.8 pode-se notar que para baixos valores de momento
transferido
q
, isto é
q
0,
ZZqF , (interferência construtiva). Para altos valores de
q
(
q
→∞),
0, ZqF (interferência destrutiva).
Figura 3.8: Fator de forma
ZqF ,
para o átomo de Oxigênio dado por
Hubbel et al. (1975).
0 20 40 60 80 100 120
1
2
3
4
5
6
7
8
Z=8
F(q,Z)
q (nm
-1
)
_______________________________________________________________________- 32 -
Este comportamento modela a seção de choque Thomson, produzindo a seção de
choque diferencial
Ray
d
d
σ
como mostrado na figura 3.9.
Figura 3.9: Seção de Choque Diferencial para o espalhamento Rayleigh
para o átomo de Oxigênio para fótons de 17,44 keV.
3.3.2.3. Espalhamento por Molécula Livre
A seção de choque diferencial de elástica para uma molécula livre é da forma:
Th
mol
mol
elas
d
d
qF
d
d
=
σσ
)(
2
(3.10)
em que
)(
2
qF
mol
é o fator de forma molecular, e pode ser obtido por três aproximações.
A primeira aproximação considera a correlação entre elétrons de diferentes
átomos em uma mesma molécula. Todavia, é necessário o conhecimento da distribuição
da densidade eletrônica dentro da molécula, a qual não é bem conhecida para inúmeras
moléculas (BLUM, 1971; NARTEN e LEVY, 1971).
0 20 40 60 80 100 120
0
1
2
3
4
5
Seção de Choque Diferencial
(dσ/d) (m
2
/átomo.sr) x 10
-28
q (nm
-1
)
_______________________________________________________________________- 33 -
A segunda aproximação requer o conhecimento das distâncias atômicas dentro de
uma molécula, pois leva em conta a correlação entre diferentes átomos desta (DEBYE,
1915). Em baixo momento transferido esta correlação da origem a efeitos de interferência,
dependendo do grau de ordenamento estrutural da molécula.
A terceira aproximação é a forma mais simples de se calcular o espalhamento de
fótons por uma molécula livre, pois supõe que o espalhamento por uma molécula livre é
composto pelas contribuições independentes de cada átomo que a compõe e, portanto, o
fator de forma molecular será determinado pela soma dos fatores de forma de cada átomo
independentemente. Essa última aproximação é também chamada Modelo Atômico
Independente (MAI) (CHAN e DOI, 1983).
Para um composto ou mistura existem duas maneiras de calcular o fator de forma
molecular:
I. Se o número de átomos for conhecido,
)(
2
qF
mol
assume a forma:
= )()(
22
qFnqF
iimol
(3.11)
em que:
i
F
é o fator de forma de cada átomo e
i
n
o número de átomos de cada elemento.
II. Se o número de átomos for desconhecido,
)(
2
qF
mol
pode ser obtida pela fração de
massa
i
w
e pela massa atômica
i
m
do átomo i:
= )(
)(
2
2
qF
m
w
M
qF
i
i
imol
(3.12)
em que:
M
é o peso molecular.
A figura 3.10 mostra o comportamento da função
)(qF
mol
para molécula de água
utilizando a distribuição de densidade de carga eletrônica (primeira aproximação
_______________________________________________________________________- 34 -
mencionada) (HUBBEL, 1975) e o modelo atômico independente (última aproximação
mencionada) (CHAN e DOI, 1983). Pode-se notar que as duas aproximações convergem
para o mesmo valor quando
1
40
> nmq
.
Figura 3.10: Fator de forma da molécula de H
2
O,
)(qF
mol
, obtido utilizando
distribuição de densidade eletrônica e
)(qF
MAI
mol
alcançado através do
modelo atômico independente (CHAN e DOI, 1983).
É útil nesta parte definir o coeficiente linear de espalhamento elástico,
S
µ
, o qual
está diretamente relacionado à seção de choque diferencial elástica por:
=
d
d
n
VS
σ
µ
(3.13)
em que
V
n é o número de átomos por unidade de volume (
V A
n N M
ρ
= , sendo
ρ
a
densidade da amostra,
M
a massa molecular e
A
N
o número de Avogadro) que para
amostras de tecidos mamários é desconhecido. Esta grandeza descreve a probabilidade
por unidade de caminho, de um fóton espalhar num determinado ângulo sólido.
0 20 40 60 80 100 120
2
4
6
8
10
F
mol
(q)
q (nm
-1
)
F
mol
(q)
F
MAI
mol
(q)
_______________________________________________________________________- 35 -
3.3.2.4. Espalhamento por Conjunto de Moléculas
A descrição do espalhamento por um conjunto de moléculas do mesmo tipo
também pode ser obtida através da aproximação de fator de forma:
Th
eq
mol
elaselas
d
d
qF
d
d
q
d
d
=
Υ=
σσσ
)()(
2
(3.14)
em que:
elas
d
d
σ
é a seção de choque diferencial por molécula,
)(q
Υ
é a função
interferência, que leva em conta o grau de ordem da estrutura atômica (ou molecular),
mol
elas
d
d
σ
é a seção de choque para o espalhamento de uma molécula livre (2.10), )(qF
eq
é o fator de forma equivalente que permite obter a seção de choque do conjunto de
moléculas a partir da seção de choque Thomson na equação (2.7).
)(q
Υ
assume a forma:
+=Υ
i
i
i
i
qr
qrsen
q
)(
1)(
γ
(3.15)
em que:
i
γ
leva em conta a diferença entre a densidade atômica média e a densidade de
centros espalhadores em cada posição
i
r
conforme Poletti et al. (2002b).
A figura 3.11 mostra para água líquida a 20ºC obtida a partir do fator de forma
equivalente tabulado por Morin (1982), deduzidos dos dados experimentais realizados por
Narten e Levi (1971). Observa-se que a função de interferência provoca oscilações na
seção de choque do conjunto de moléculas. Tais oscilações ocorrem em torno da seção
de choque da molécula livre calculada a partir do MAI, observando-se também a
existência de interferência destrutiva para valores baixos de momento transferido. Este
_______________________________________________________________________- 36 -
efeito coincide com os encontrados pela termodinâmica (KLUG e ALEXANDER, 1974).
Para valores de
q
maiores as duas curvas convergem para os mesmos valores. A partir
dos picos de espalhamento, é possível, utilizando a lei de Bragg (CULLITY, 1978), obter a
distância entre os centros espalhadores para o material analisado, em particular, para a
água neste caso.
0 20 40 60 80 100 120
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
(i) Água líquida
(ii) H
2
O (MAI)
Figura 3.11: Seção de choque diferencial elástica para (i) água
líquida a 20ºC de Morin (1982), (ii) molécula de água (MAI).
A formulação descrita acima, não engloba arranjos supramoleculares (estruturas
maiores que 10Å), por isso é necessário outro tratamento para essas grandes cadeias
moleculares.
Os fótons espalhados elasticamente por estruturas supramoleculares presentes
em tecidos compreendem a região de espalhamento de raios X em baixo ângulo (SAXS).
A formulação geral para estudo dos perfis de espalhamento de SAXS foi desenvolvida
para sistemas de partículas isotrópicos que não possuíam ordenamento em longas
cadeias (GUINIER, 1994). Para estes casos, se uma molécula de volume V é irradiada, a
_______________________________________________________________________- 37 -
amplitude de espalhamento está relacionada à distribuição de densidade eletrônica desta
molécula, em unidades de elétron, por uma transformada de Fourier:
(3.16)
em que
e
A
é a amplitude de espalhamento de um elétron e
r
ρ
é o número de elétrons
por unidade de volume na posição
r
. Um elemento de volume dV em
r
contém
r
ρ
dV
elétrons.
Uma fibra de um eixo de orientação preferida, composta de várias moléculas, em
forma de discos, ordenadas paralela e covalentemente, porém sem ordenamento em
longas cadeias, possui uma distribuição de intensidade dada por:
qFqFqYqI
ff
*
=
(3.17)
em que
(
)
qY
f
é a função de interferência média, a qual considera a interferência entre os
fótons de raios X espalhados por diferentes moléculas na fibra e o termo subseqüente
representa a intensidade média espalhada por uma fibra.
Porém, levando em conta algumas suposições e modelos estruturais do material
em estudo, essa formulação pode ser estendida para estudo de objetos densamente
agrupados (como encontrado nos tecidos humanos em geral), os quais permitem
considerar orientações anisotrópicas e/ou ordenamento em longas cadeias, como os
arranjos de fibras de colágeno presentes nos tecidos conjuntivos frouxo e denso (WESS
et al., 1998; WILKINSON e HUKINS, 1999). Dessa forma, a intensidade espalhada por um
arranjo de fibras de colágeno com um eixo de orientação preferido, porém permitindo
orientação anisotrópica, detectada, é dada pela convolução da função de distribuição de
orientação
φ
g pela distribuição de intensidade de uma fibra
qI
f
, eq. (3.18) (HUKINS,
1981). A função de distribuição de orientação tem simetria cilíndrica e representa a
(
)
(
)
(
)
= dVerAqF
rqi
e
ρ
_______________________________________________________________________- 38 -
probabilidade de se encontrar uma fibra orientada entre
φ
e
δφ
φ
+
, com relação à
orientação preferida da fibra.
qIgqI
fa
=
φ
(3.18)
A intensidade espalhada por um arranjo de fibras é proporcional ao coeficiente
linear de espalhamento:
( )
qI
d
d
n
aVS
=
σ
µ
(3.19)
Para este sistema anisotrópico duas direções de espalhamento são claramente
definidas: a direção meridional, paralela ao eixo da fibra e a direção equatorial
perpendicular ao eixo da fibra (HULMES et al., 1995)
[63]
. Na direção meridional, os fótons
são espalhados principalmente pela distribuição eletrônica que varia ao longo do eixo da
fibra e estão associados à periodicidade axial da densidade eletrônica da fibra e à
estrutura do arranjo molecular (picos de Bragg). Na direção equatorial, a distribuição de
intensidade dos fótons espalhados elasticamente contém informações sobre o tamanho
da fibra (diâmetro) e de sua orientação dentro de um tecido (picos de Bessel) (GLATTER
e KRATKY, 1982).
_______________________________________________________________________- 39 -
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Amostras
As amostras de tecido mamário analisadas neste trabalho foram fornecidas pelo
Departamento de Patologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (DP-HCFMRP). O material coletado era residual de tecidos retirados em
procedimentos cirúrgicos de mastectomia (cirurgia para retirada de parte da mama
invadida por tumores) e mastoplastia (cirurgia plástica para redução da mama). O volume
de tecido colhido era determinado de forma a se ter uma amostra o mais homogênea
possível e em quantidade suficiente para ser irradiada.
Após coletadas, as amostras eram armazenadas em recipientes plásticos
adequados para este tipo de armazenagem e fixados em formalina (10% formaldeído em
água) em temperatura ambiente e classificadas histopatologicamente por profissionais do
DP-HCFMRP através da análise microscópica das lâminas de tecido, como tecido normal,
neoplasia benigna e neoplasia maligna, este último grupo foi ainda classificado em um
subgrupo de acordo com as recomendações de Bloom e Richardson (BLOOM E
RICHARDSON, 1957). Esta classificação foi posteriormente confirmada por um docente
especialista em patologias mamárias do DP-HCFMRP-USP.
As concentrações de carbono, hidrogênio e nitrogênio de cada amostra foram
obtidas pelo método de CHN através de um analisador elementar modelo EA1110 da CE
Instruments® pertencente ao Laboratório de Análise Elementar do Departamento de
Química da Faculdade de Filosofia Ciências e letras de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo (LAE-DQ-FFCLRP-USP). As densidades foram obtidas medindo-se massa e
volume.
_______________________________________________________________________- 40 -
4.2. Experiências de Espalhamento de Raios X
Nesta seção serão descritas como foram realizadas as experiências de
espalhamento de raios X em médio (WAXS) e baixo ângulo (SAXS). As experiências de
WAXS foram realizadas variando o tipo de fonte de radiação (tubo de raios X e radiação
síncrotron) e o tipo de geometria (transmissão e reflexão) (CONCEIÇÃO et al., 2006;
CONCEIÇÃO et al. 2007a e CONCEIÇÃO et al., 2008a). As experiências de SAXS foram
realizadas no Laboratório Nacional de Luz ncrotron (CONCEIÇÃO et al., 2007b;
CONCEIÇÃO et al., 2007c e CONCEIÇÃO et al, 2008b). Além disso, a última parte desta
seção será dedicada à descrição de uma experiência na qual foram combinadas as
técnicas de WAXS e SAXS simultaneamente sobre um mesmo conjunto de amostras
(CONCEIÇÃO et al., 2008c).
4.2.1. Espalhamento de raios X emdio ângulo (WAXS) usando tubo
de raios X
Nesta seção serão apresentados os materiais e arranjo experimental utilizados no
experimento de WAXS usando tubo de raios X convencional, bem como o método
aplicado aos dados medidos, com a finalidade de obter os coeficientes lineares de
espalhamento elástico.
4.2.1.1. Distribuição de Amostras
Para as medidas de espalhamento de raios X em médio ângulo (WAXS) foram
utilizadas 78 amostras de tecidos mamários normais e neoplásicos, descritos na seção
3.1 e distribuídos de acordo com a figura 4.1.
_______________________________________________________________________- 41 -
33.3%
14.1%
52.6%
Tecido Normal
Neoplasia Benigna
Neoplasia Maligna
Figura 4.1: Distribuição histopatológica dos tecidos analisados no
experimento de WAXS usando tubo de raios X.
4.2.1.2. Arranjo Experimental
As medidas de WAXS foram realizadas em um difractômetro comercial Siemens
D-5005, pertencente ao Laboratório de Difratometria do Departamento de Química da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, cujo arranjo experimental adotado é mostrado na figura 4.2.
Figura 4.2: Arranjo experimental para as medidas de difração de raios X.
_______________________________________________________________________- 42 -
O arranjo experimental montado, modo de reflexão, consistia basicamente de um
tubo de raios X, fendas divergentes, fendas Söller, um goniômetro, monocromador e
sistema de detecção. O tubo de raios X possuía um anodo de Cu (Z=29; K
α
= 8,04 keV e
K
β
= 8,91 keV). O feixe emergente do ânodo era colimado por uma fenda divergente
vertical com abertura variável localizada a uma distância de 85±1mm do ânodo. A fenda
com abertura variável era utilizada para se obter na amostra uma área irradiada constante
de 6×12mm
2
mesmo variando o ângulo de incidência e detecção, conforme mostra a
figura 4.3. Em seguida, o feixe passava por uma fenda Söller que tornava o feixe incidente
paralelo na horizontal, localizada a 35±1mm da fenda divergente.
As amostras de tecidos mamários foram cortadas e acomodadas em um recipiente
acrílico cilíndrico (porta-amostra) construído com diâmetro interno de 18mm e uma altura
de 4mm. Uma fina camada de policloreto de vinila (filme de PVC), com espessura de
1,5±0,2µm, foi utilizada recobrindo a amostra de forma a sua superfície se tornar o mais
regular possível. O porta-amostra foi posicionado no centro do goniômetro localizado
sobre o eixo central do difractômetro e a 210±1mm do anodo, e girava de forma que o
ângulo incidente e o ângulo espalhado fossem iguais em relação à normal à superfície da
amostra.
Figura 4.3: Visão da área da amostra irradiada.
_______________________________________________________________________- 43 -
O feixe de raios X espalhado pela amostra atravessava uma fenda divergente com
abertura variável a 135±1mm do centro do goniômetro e uma fenda Söller localizada à
25±1mm da fenda divergente. O feixe espalhado atingia então o monocromador de grafite
(2d=0,2708nm) a 100±1mm da fenda Söller, selecionando os fótons espalhados com
energia de 8,04keV com refletância aproximada de 100%. A radiação espalhada por ele
atingia finalmente o detector de cintilação, com eficiência de 95% na energia selecionada.
O detector estava associado a uma eletrônica padrão (fotomultiplicadora e amplificador) e
conectado a um microcomputador por uma placa de interface. O software de aquisição
dos dados foi desenvolvido pelo próprio fabricante do difractômetro.
Os fótons espalhados eram detectados variando o ângulo de espalhamento no
intervalo - 80º, em passos de 1/3 de grau, com tempo de contagem típico de 20s,
garantindo assim uma boa contagem de fótons no detector, com uma incerteza estatística
( counts/1 ) de 4%.
4.2.1.3. Metodologia Adotada
O procedimento adotado para extrair das medidas de espalhamento de raios X em
médio ângulo por tecidos mamários, o perfil de espalhamento (
S
µ
), baseia-se na seguinte
equação:
( ) ( ) ( )
[ ]
( ) ( ) ( )( )
( )
C
r
qAqPqKqTqBqI
S
+=
θµ
2
2
0
1
exp
cos1
2
(4.1)
em que
)(
exp
qI
é a intensidade espalhada medida, )(qB está relacionado às contribuições
espúrias,
)
qT é o fator de transmissão da amostra, medido experimentalmente. O termo
entre colchetes corresponde à intensidade espalhada exclusivamente pela amostra e,
_______________________________________________________________________- 44 -
para obtermos
S
µ
é necessário que correções sejam aplicadas a esta intensidade devido
à variação de intensidade por área de irradiação constante
)(qK
, polarização
)(qP
,
atenuação e fatores geométricos
)(qA
, 2
2
0
r (1+cos
2
θ) a seção de choque Thomson (θ
está relacionado a
q
por:
=
π
λ
θ
4
2
1
q
sen
) e, por fim, o fator de normalização C
(OLIVEIRA et al., 2008).
i) Correção por contribuições espúrias B(q)
Considera-se contribuição espúria ao perfil de espalhamento qualquer contagem
de fótons que cheguem ao detector, não oriundas da amostra de tecido analisada. Devido
ao arranjo experimental utilizado podemos ter várias dessas fontes de espalhamento, tais
como o espalhamento do feixe de raios X no ar, sobre o filme de PVC que cobre a
amostra, e ainda a contribuição espalhada devido ao porta-amostra de acrílico. Poderia
ser citada também a contribuição proveniente de raios cósmicos e também da radiação
natural do ambiente.
As contribuições espúrias foram registradas em vários experimentos: (i) a
intensidade espalhada pelo porta-amostra coberto com o filme de PVC, (ii) somente pelo
porta-amostra, somente pelo ar e por fim (iii) a intensidade de fundo, registrada sem
irradiação, foram medidas e removidas da equação 4.1 através do fator
qB . As
intensidades espalhadas provenientes de contribuições espúrias para uma amostra de
água líquida são mostradas na figura 4.4.
_______________________________________________________________________- 45 -
10 20 30 40 50 60 70
1
10
100
1000
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
Intensidade total medida
Contribuição do ar
Contribuição do porta-amostras + filme de PVC
Contribuição do porta-amostras
Figura 4.4: Medida experimental das contribuições espúrias.
Na figura 4.4 nota-se que o filme de PVC apresenta um pico em baixo momento
transferido que poderia influenciar as medidas nesta região, além disso, o porta-amostra
apresenta intensidade crescente em altos momentos transferidos, representando cerca de
10% na intensidade total medida nesta região. Fatos estes que evidenciam a importância
de se remover as contribuições espúrias da intensidade total medida.
ii) Correção por Intensidade (área de irradiação constante) K(q)
Como mencionado anteriormente, durante o processo de medida manteve-se a
área de irradiação constante sobre a superfície da amostra, de modo a irradiar sempre à
mesma do tecido. Este procedimento foi feito utilizando um recurso próprio do
difractômetro usado nesta experiência. Para isso, as aberturas das fendas divergentes
deviam variar com o ângulo de medida. Conforme o ângulo de incidência do feixe de raios
X aumentava, uma maior abertura da fenda era necessária para manter a área de
irradiação constante, isto era, portanto, acompanhado por um aumento do mero de
_______________________________________________________________________- 46 -
fótons que atingem esta área. Dessa forma, a necessidade de que as medidas sejam
corrigidas pela variação da intensidade do feixe, provocada pelo aumento da abertura da
fenda. O fator de variação da intensidade foi obtido experimentalmente, obtendo-se
ângulo de divergência da fenda em cada ângulo de medida e, posteriormente colocando
um monocromador, cujo ângulo de difração do cristal era conhecido, na posição da
amostra mediu-se a intensidade espalhada para cada ângulo de divergência da fenda,
obtendo a variação da intensidade do feixe em relação à abertura de divergência da fenda
e, finalmente a variação da intensidade espalhada em relação ao ângulo de incidência do
feixe na amostra foi determinada. Este fator foi comprovado teoricamente e, verificado
que se comporta como uma função
θ
sen . A variação da intensidade do feixe de raios X
está representada na figura 4.5, abaixo:
10 20 30 40 50 60 70
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensidade do feixe incidente (u.a.)
q (nm
-1
)
Figura 4.5: Variação da intensidade do feixe incidente experimental.
Conforme mencionado anteriormente, teoricamente o comportamento do fator de
correção pela variação da intensidade do feixe,
qK , é de uma função seno. Entretanto,
na figura 4.5, este comportamento não é evidente, isto se deve ao fato de que no eixo das
_______________________________________________________________________- 47 -
abscissas a grandeza presente é o momento transferido que também depende da função
seno.
iii) Correção por polarização P(q)
Quando um cristal monocromador é utilizado, o feixe emergente será parcialmente
polarizado (JAMES, 1962). A polarização parcial induzida pelo uso de um monocromador
no feixe espalhado pela amostra deve ser considerada, uma vez que ela afetará a
intensidade medida. Portanto, a necessidade de se corrigir as intensidades medidas
pelo fator de polarização P(q), dado por (AZZAROF, 1968):
( )
θ
θθ
2
22
cos
1
coscos1
+
+
=
M
qP
(4.2)
em que
θ
é o ângulo de espalhamento da amostra e
M
θ
é o ângulo de difração do
monocromador. Sabendo que
=
π
λ
θ
4
2
1
q
sen e
λ
é o comprimento de onda da
radiação proveniente do monocromador e incidente na amostra.
O comportamento do fator de polarização no intervalo de momento transferido
medido pode ser visto na figura 4.6:
_______________________________________________________________________- 48 -
10 20 30 40 50 60 70
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
P (q)
q (nm
-1
)
Figura 4.6: Comportamento do fator de polarização P(q).
iv) Correção por atenuação e efeitos geométricos A(q)
Para a geometria utilizada neste experimento, em que ambos fonte e detector
estão do esmo lado da amostra, denominada difração no modo reflexão, o fator de
atenuação pode ser calculado seguindo o método proposto por Milberg (MILBERG, 1958),
considerando algumas variações decorrentes da condição de área irradiada constante. O
fator A(q) foi obtido de forma analítica e seu comportamento em função do momento
transferido para uma amostra de água líquida é exibido na figura 4.7.
_______________________________________________________________________- 49 -
10 20 30 40 50 60 70
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
A(q) (mm
3
)
q (nm
-1
)
Figura 4.7: Fator de atenuação teórico para uma amostra de água.
v) Fator de Normalização C
O procedimento de normalização consiste em comparar a grandeza experimental
corrigida considerando todos os fatores de correção anteriormente mencionados com os
valores teóricos para as seções de choque diferenciais elásticas em altos valores de
momento transferido, onde os efeitos intramoleculares e intermoleculares podem ser
desprezados.
O fator de normalização C pode ser calculado como a média da razão entre os
dados teóricos
Theor
I
e os dados experimentais correspondentes
exp
I
, no intervalo de
momento transferido 44,05-70,37nm
-1
, que além de assegurar que os efeitos de
interferência podem ser ignorados, também representa um período completo, onde dois
máximos adjacentes de difração sejam praticamente imperceptíveis (POLETTI, 2001 e
POLETTI ET AL., 2002b). O fator de normalização é dado por:
_______________________________________________________________________- 50 -
(
)
(
)
2
2
2
2
2
).(
2
sin4
).(
2
2
cos4
λ
λ
θ
π
θ
λ
θ
π
+
±=q
(4.3)
em que n é o número de pontos medidos no intervalo escolhido.
Neste caso, o
Theor
I
foi calculado usando o MAI através das concentrações
elementares das amostras determinadas anteriormente, seção 3.1, e a relação 2.14.
vi) Incertezas
A incerteza foi estimada por propagação de erros da equação (4.1), as variáveis
foram assumidas não correlacionadas e apenas incertezas associadas a grandezas
experimentais foram levadas em conta.
Os dados foram coletados com uma incerteza estatística (
counts/1
) de
aproximadamente 4% na contagem total de fótons espalhados
)(
exp
I
, e as contribuições
espúrias
)(B
tiveram no máximo 6% de incerteza. A incerteza estatística associada ao
fator de atenuação ficou entre 4 e 5%, além de 3% devido às correções de polarização e
0,9% decorrente da correção da variação da intensidade do feixe. Ainda, o erro
proveniente do procedimento de normalização foi de aproximadamente 0,5%, resultando
em uma incerteza total final de aproximadamente 8%.
A incerteza associada ao momento transferido é dada por:
(4.4)
=
i
i
iTheor
qI
qI
n
C
)(
)(1
exp
1
37,7005,44
nmq
_______________________________________________________________________- 51 -
Substituindo valores na equação (4.4), foi encontrada uma incerteza estatística
devido ao momento transferido,
q
, de 2% em média no intervalo medido neste
experimento.
vii) Validação do Procedimento Experimental
A validação do procedimento experimental empregado neste experimento de
WAXS utilizando tubo de raios X foi feita pela comparação do coeficiente linear de
espalhamento elástico obtido experimentalmente com o reportado por Morin (MORIN,
1982) para uma amostra de água líquida. No intervalo de momento transferido medido, a
discrepância máxima entre os dois resultados foi de 6% e dentro das incertezas
experimentais, figura 4.8.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Diferença Relativa (%)
Experimental
Morin 1982
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Figura 4.8: (a) comparação do coeficiente linear de espalhamento para água líquida
obtido experimentalmente com o reportado por Morin (MORIN, 1962); (b) diferença
relativa entre as curvas da figura (a).
a)
b)
_______________________________________________________________________- 52 -
4.2.2. Espalhamento de raios X emdio ângulo (WAXS) usando
radiação síncrotron
Nesta seção será descrito o experimento de WAXS usando radiação síncrotron,
realizado na linha D12A XRD1 do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) para
as geometrias de transmissão e reflexão, os materiais utilizados e os procedimentos
metodológicos adotados para correção dos dados experimentais em ambas as técnicas
para a obtenção do coeficiente linear de espalhamento elástico para os tipos de tecidos
mamários estudados.
4.2.2.1. Distribuição de Amostras
Neste experimento foram utilizadas 95 amostras de tecidos mamários normais e
neoplásicos, classificadas conforme descrito na seção 3.1 e distribuídas de acordo com a
figura 4.9.
14.7%
30.5%
54.7%
Tecido Normal
Neoplasia Maligna
Neoplasia Benigna
Figura 4.9: Distribuição histopatológica dos tecidos analisados neste experimento
_______________________________________________________________________- 53 -
4.2.2.2. Arranjo Experimental
A montagem experimental foi implementada na linha D12A XRD1 do Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron em Campinas, Brasil, devido às facilidades de instrumentação
disponíveis para utilização neste laboratório.
Para este experimento foram utilizadas duas geometrias, transmissão e reflexão. A
geometria de transmissão é aquela em que a fonte e o detector estão em lados opostos
com relação à amostra. A montagem experimental utilizada para ambas as geometrias é
composta basicamente de uma fonte (dipolo), um espelho sagital, um monocromador e
um difractômetro Huber de 3+1 círculos, conforme figura 4.10.
Figura 4.10: Montagem experimental na linha D12A - XRD-1 no LNLS.
O espelho sagital é usado para filtrar fótons de altas energias e focalizar o feixe,
reduzindo a área de irradiação sobre a amostra (5,5mm x 1,0mm). O monocromador de
Dipolo (fonte)
Espelho
Monocromador
“Panela”
5,45m
1,24m
8,31m
2,20m
Fendas
Difractômetro
Huber
_______________________________________________________________________- 54 -
duplo cristal de Si(111) com d-spacing=3,1356Å, foi usado para selecionar uma maior
resolução em energia, (∆λ/λ~10
-4
) em 11keV (λ=1,127Å) e também para focalização
horizontal do feixe. O tempo de medida foi escolhido para que a incerteza estatística (
counts/1
) associada ao fluxo de fótons durante as medidas fossem menores que 2%.
As amostras de tecidos mamários humanos, descritas anteriormente,
armazenados em adequados recipientes à temperatura ambiente, no instante da
realização das medidas, foram cortadas e inseridas dentro de porta-amostras de
dimensões, 30±1mm x 15±1mm x 8±1mm e cobertos por uma folha de kapton, de
170±5µm de espessura, em ambos os lados do porta-amostra.
O porta-amostra estava localizado dentro do difractômetro Huber 3+1 círculos
posicionado sobre uma mesa rotativa, e a distância da amostra ao detector foi fixada em
210mm. O difractômetro Huber tem precisão angular de ±0,03° e permite realizar medidas
no intervalo de 0,8° a 78,55° com passos de 0,25°.
Entre a amostra e o detector, foi colocado um monocromador de grafite para
garantir que apenas os fótons com energia de 11keV atinjam o detector, dessa forma
evita-se que os fótons provenientes de espalhamento inelástico sejam detectados. O
detector utilizado foi um cintilador de NaI(Tl) com capacidade para 10
6
contagens/s, e a
eficiência do detector para a energia de utilizada neste experimento (11keV) é cerca de
40%. Este detector estava acoplado a um analisador monocanal e controlado por um
software instalado no computador principal.
_______________________________________________________________________- 55 -
4.2.2.3. Metodologia Adotada
As medidas de WAXS para ambas as técnicas foram realizadas no plano vertical
(φ=90°), portanto na equação 3.8
0cos =
φ
. Aplicando esta consideração à equação
3.16, encontra-se que
S
µ
é:
CrqAqTqBqIq
S
=
2
0
1
exp
µ
(4.5)
onde
)(
exp
qI
é a intensidade espalhada medida, )(qB está relacionado às contribuições
espúrias,
qT
é o fator de transmissão da amostra medido experimentalmente. O termo
entre colchetes corresponde à intensidade espalhada exclusivamente pela amostra e,
para obtenção de
S
µ
.
)(qA
é o fator de correção por atenuação e efeitos geométricos, o
qual apresenta um comportamento específico para cada uma das duas geometrias
utilizadas (transmissão e reflexão) e será mais bem explicado adiante. O termo
0
r
refere-
se ao raio clássico do elétron. O último passo para obtenção do coeficiente linear de
espalhamento elástico consiste na normalização dos dados pelo fator de normalização C.
i) Correção por contribuições espúrias B(q)
Considera-se contribuição espúria os fótons espalhados provenientes do
espalhamento do feixe de raios X no ar, sobre a folha de kapton que cobre a amostra, e
ainda a intensidade espalhada devido ao porta-amostra de acrílico.
As contribuições espúrias foram registradas em vários experimentos. A
intensidade espalhada pelo porta-amostra coberto com as folhas de kapton, mas sem
amostra e posteriormente a espalhada pelo ar, foram medidos e suas contribuições foram
_______________________________________________________________________- 56 -
removidas, através do fator
qB , conforme equação 4.5. Além disso, foi verificado que as
contribuições espúrias não dependiam significantemente da geometria empregada e,
portanto na figura 4.11 apenas as contribuições para geometria de transmissão são
exibidas.
Figura 4.11: Medida experimental do espalhamento por contribuições espúrias.
ii) Determinação do fator de atenuação e efeitos geométricos A(q)
Para ambas as geometrias utilizadas neste experimento, o fator
(
)
qA foi
determinado analiticamente. As equações 4.6 e 4.7 correspondem ao fator
qA
para as
geometrias de transmissão e reflexão, respectivamente.
(4.6)
( )
( )
2
cos
)(
2
cos
θ
θ
µ
t
etba
qA
=
0 10 20 30 40 50 60 70
10
100
1000
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
Ar
Porta-amostra + folhas de kapton
_______________________________________________________________________- 57 -
( )
( ) ( )
+
=
θ
µ
θ
µ
µ
sen
b
sen
b
ee
ba
qA
4
1
(4.7)
em que
a
e b são respectivamente, comprimento e largura da seção transversal do feixe
de raios X que incide na amostra,
t
é a espessura da amostra,
θ
é o ângulo de
espalhamento e
µ
é o coeficiente de atenuação da amostra. Este último coeficiente foi
experimentalmente medido para cada amostra em um experimento independente,
anteriormente à coleta de dados.
A figura 4.12 exibe os fatores A(q) normalizados para as duas geometrias
empregadas neste experimento, obtidos através das equações 4.6 e 4.7, para uma
amostra de água líquida no intervalo de momento transferido utilizado neste estudo.
Figura 4.12: Comportamento do fator de atenuação e efeitos
geométricos de uma amostra de água quida para o experimento de
WAXS utilizando as geometrias de transmissão e reflexão.
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
A(q)
norm
q (nm
-1
)
Reflexão
Transmissão
_______________________________________________________________________- 58 -
O comportamento do fator de atenuação para ambas as geometrias, exibido na
figura 4.12, concorda com os obtidos por Gonçalves e Magalhães (2000).
iii) Procedimento de Normalizão
O fator de normalização, C, foi obtido de forma similar à descrita acima (seção
4.2.1.3.v) no intervalo de 47,65-70,55nm
-1
.
iv) Incertezas
A incerteza foi estimada por propagação de erros da equação 4.5. Para este caso,
a incerteza estatística na contagem total de tons espalhados
)(
exp
I
foi de 0,2%, as
contribuições espúrias
)(B
tiveram em média 1% de incerteza. A incerteza estatística
associada ao fator de atenuação ficou entre 3 e 5%. Ainda, o erro proveniente do
procedimento de normalização foi de aproximadamente 0,8%, resultando em uma
incerteza total final de aproximadamente 6%.
A incerteza associada ao momento transferido é dada pela equação 3.4 e
aplicando-a a este experimento no intervalo de medido, foi encontrada uma incerteza
estatística devido ao momento transferido,
q
, de 2% em média.
v) Validação do Procedimento Experimental
O procedimento experimental adotado neste experimento foi validado pela
comparação de coeficiente linear de espalhamento elástico para água líquida obtido neste
estudo com os tabulados por Morin (MORIN, 1982). As discrepâncias foram menores que
_______________________________________________________________________- 59 -
10 20 30 40 50 60 70
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
0,04
0,08
0,12
0,16
µ
S
(cm
-1
)
Diferença Relativa (%)
q (nm
-1
)
Morin 1982
Experimental
a)
b)
5% no intervalo de momento transferido medido e dentro das incertezas experimentais
independentemente do arranjo geométrico utilizado, figura 4.13. Como as curvas
experimentais para água líquida para as duas geometrias utilizadas neste experimento
praticamente se sobrepunham optou-se por mostrar apenas a referente à geometria de
transmissão.
Figura 4.13: a) coeficiente linear de espalhamento elastico experimental para água
comparado com o tabulado por Morin (1982); b) Diferença relativa entre as duas curvas
exibidas em a).
_______________________________________________________________________- 60 -
20%
30%
50%
Tecido Normal
Neoplasia Maligna
Neoplasia Benigna
4.2.3. Espalhamento de raios X em baixo ângulo (SAXS) usando
radiação síncrotron
Nesta seção serão descritas a configuração experimental, bem como a
metodologia e abordagem teórica adotadas na obtenção dos perfis de espalhamento para
baixos ângulos.
4.2.3.1. Distribuição de Amostras
Para este experimento foram utilizadas 20 amostras, englobando os três tipos de
tecidos mamários previamente descritos na seção 4.1. A distribuição das amostras
analisadas é apresentada na figura a seguir:
Figura 4.14: Distribuição das amostras de tecidos mamários
utilizados neste experimento.
_______________________________________________________________________- 61 -
4.2.3.2. Arranjo Experimental
O experimento de SAXS foi implementado na linha SAXS-2 na fonte de luz
síncrotron do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron em Campinas, Brasil. A montagem
experimental utilizada neste experimento é exibida na figura 4.15.
O feixe de luz síncrotron foi monocromatizado em 7,71keV (λ=1,608Å) e focalizado
a partir de um monocromador com duplo cristal de silício curvado elasticamente, em uma
pequena área sobre o detector (1,0mm x 0,5mm). Um disco de chumbo de 8mm de
diâmetro, denominado beam stop, foi adicionado adjacente ao detector e centralizado a
este, para evitar que o feixe primário, de alta intensidade, atinja o detector, saturando-o. A
distribuição radial dos fótons espalhados elasticamente pelas amostras de tecidos
mamários foi registrada em uma câmara de CCD bidimensional da MARUSA®, composta
de 2048 x 2048 pixels, cada um com resolução espacial de 79µm.
Figura 4.15: Esboço da montagem experimental para experimento de SAXS.
Além disso, a instrumentação da linha de SAXS conta com dois conjuntos de
espalhador/detector. Um deles está localizado antes da amostra e mede a intensidade do
feixe incidente
0
N
, o outro se localiza após a amostra e mede a intensidade do feixe
transmitido
t
N
, o que permite determinar o fator de transmissão da amostra no momento
da medida.
_______________________________________________________________________- 62 -
Duas distâncias da amostra ao detector foram utilizadas, 804 e 2043mm,
permitindo medidas no intervalo de momento transferido 0,058nm
-1
q
2,500nm
-1
. Com a
finalidade de minimizar os efeitos de espalhamento no ar e perdas por absorção, o
espaço entre a amostra e o detector foi colocado sob vácuo.
Nesta experiência as amostras foram cortadas nas dimensões de 10,0mm x
2,0mm x 1,0mm e inseridas em um porta-amostra circular de alumínio com diâmetro de
30,0mm, figura 4.16. Folhas de mica de espessuras de 0,2mm cobriam ambos os lados
do porta-amostra, antes dos fótons atingirem a amostra e depois de a atravessarem. O
tempo de medida foi ajustado de forma a assegurar incerteza estatística menor que 2%
na distribuição angular dos fótons espalhados.
Amostra padrão de Silver Behenate, [CH
3
(CH
2
)
20
COOAg], foi utilizada para
calibração da imagem para o espaço recíproco,
q
, a partir dos resultados de Huang
(HUANG et al., 1993).
Figura 4.16: Esboço da posição da amostra no disco de chumbo (porta-amostra).
_______________________________________________________________________
4.2
.3.3. Metodologia Adotada
No intervalo de momento transferido medido neste experimento, os fótons
espalhados carregam informações das estruturas supramoleculares dos tecidos em
estudo. A abordagem teórica adotada
materiais amorfos com orientação anisotrópica e ordenamento em longas cadeias é
aquela descrita na seção 3.3.2.4 e representada pela equação 3.19.
A intensidade espalhada
provenientes das
contribuições espúrias foram obtidas através da integração da
distribuição radial nas imagens bidimensionais de SAXS em ambas as direções,
meridional e equatorial
(WILKINSON
dispo
nibilizado por
(http://www.esrf.
eu/computing/scientific/FIT2D/)
Figura 4.17:
Exemplo de uma imagem de SAXS com o sistema de coordenadas.
Após ter sido estabelecido o espaço recíproco, as intensidades
corrigidas por tempo de exposição, variação da corrente de elétrons no anel síncrotron e
por atenuação, tanto da amostra quanto das folhas de mica.
_______________________________________________________________________
.3.3. Metodologia Adotada
No intervalo de momento transferido medido neste experimento, os fótons
espalhados carregam informações das estruturas supramoleculares dos tecidos em
estudo. A abordagem teórica adotada
para experimentos de raios X em baixo ângulo de
materiais amorfos com orientação anisotrópica e ordenamento em longas cadeias é
aquela descrita na seção 3.3.2.4 e representada pela equação 3.19.
A intensidade espalhada
por todas as amostras medidas, bem c
contribuições espúrias foram obtidas através da integração da
distribuição radial nas imagens bidimensionais de SAXS em ambas as direções,
(WILKINSON
et al
., 2006), figura 4.17,
usando o programa
nibilizado por
European Synchrotron Radiation Facilities
eu/computing/scientific/FIT2D/)
.
Exemplo de uma imagem de SAXS com o sistema de coordenadas.
Após ter sido estabelecido o espaço recíproco, as intensidades
corrigidas por tempo de exposição, variação da corrente de elétrons no anel síncrotron e
por atenuação, tanto da amostra quanto das folhas de mica.
Por fim, para se obter uma
_______________________________________________________________________
- 63 -
No intervalo de momento transferido medido neste experimento, os fótons
espalhados carregam informações das estruturas supramoleculares dos tecidos em
para experimentos de raios X em baixo ângulo de
materiais amorfos com orientação anisotrópica e ordenamento em longas cadeias é
por todas as amostras medidas, bem c
omo as
contribuições espúrias foram obtidas através da integração da
distribuição radial nas imagens bidimensionais de SAXS em ambas as direções,
usando o programa
Fit2D,
European Synchrotron Radiation Facilities
Exemplo de uma imagem de SAXS com o sistema de coordenadas.
Após ter sido estabelecido o espaço recíproco, as intensidades
espalhadas foram
corrigidas por tempo de exposição, variação da corrente de elétrons no anel síncrotron e
Por fim, para se obter uma
_______________________________________________________________________- 64 -
relação com o coeficiente linear de espalhamento elástico foram removidas as
contribuições espúrias, já corrigidas pelos fatores descritos anteriormente.
(4.8)
em que
BGA
I
+
e
BG
I
são as intensidades totais espalhadas por (amostra + porta-amostra
+ folhas de mica) e (porta-amostra + folhas de mica), respectivamente, normalizadas pelo
tempo de exposição e pela variação da corrente de elétrons no anel síncrotron.
qA
corresponde ao fator de atenuação. Os índices A e BG na expressão acima estão
relacionados à amostra e (porta-amostra + folhas de mica), respectivamente.
Ao invés de utilizar o coeficiente linear de espalhamento elástico que é
proporcional à quantidade do lado direito, será utilizado o parâmetro intensidade relativa
R
I , uma vez que nesta região de momento transferido, os efeitos de interferência não
podem ser desprezados, por isso, torna-se incorreto normalizar os dados para obtenção
do coeficiente linear de espalhamento elástico.
qAqIqAqII
BGBGBGABGAR
=
++
(4.9)
i) Contribuições Espúrias
qI
BG
As contribuições espúrias ou também chamadas de espalhamento parasita estão
relacionadas ao espalhamento adicional causado por elementos inseridos no caminho do
feixe após a amostra (fendas, janelas, etc), bem como pelo conjunto porta-amostra e
folhas de mica. A intensidade deste espalhamento parasita foi medida por um tempo
qAqIqAqIq
BGBGBGABGAS
++
µ
_______________________________________________________________________- 65 -
0 1 2
2
3
4
5
6
7
8
9
Intensidade Relativa x10
-4
(u.a.)
q (nm
-1
)
adequado para se ter uma incerteza estatística menor que 2%, colocando o porta-amostra
coberto pelas duas folhas de mica, mas sem a presença de amostra, figura 4.18.
Figura 4.18: Intensidade espalhada por contribuições espúrias.
ii) Atenuação
(
)
qA
O fator de correção para atenuação é o mesmo mostrado na equação 4.6 para
experimentos de WAXS, uma vez que o experimento de SAXS foi realizado utilizando-se
a geometria de transmissão. Entretanto, para SAXS pode-se considerar que
1
2
cos
θ
e,
portanto
(
)
qA é constante para todo o intervalo de momento transferido medido neste
experimento, dependendo apenas dos parâmetros físicos da amostra, coeficiente linear
de atenuação e espessura, determinados em experimentos independentes anteriormente
à coleta de dados de cada amostra.
_______________________________________________________________________- 66 -
iii) Incertezas
Assumindo que as incertezas de cada grandeza experimental não estejam
correlacionadas e aplicando propagação de erros na equação (4.9), foi determinada a
incerteza para
R
I .
Para este experimento, a incerteza estatística na contagem total dos fótons
espalhados foi de aproximadamente 1,8% as contribuições espúrias tiveram incerteza
máxima de 3%. A incerteza estatística associada ao fator de transmissão foi de 0,9%.
Ainda, a incerteza proveniente do tempo de exposição e da variação da corrente do anel
foi de 0,6%, resultando em uma incerteza final em média 5,5%.
Aplicando a equação (4.4), a incerteza estatística devido ao momento transferido,
q
, é menor que 2% no intervalo medido neste experimento.
iv) Validação do Procedimento Experimental
O procedimento experimental adotado nos experimentos de SAXS foi validado
pela comparação das intensidades relativas normalizadas obtidas para uma amostra de
SilverBehenate com os valores descritos por Huang et al. (1993), figura 4.19.
_______________________________________________________________________- 67 -
1,0 1,5 2,0 2,5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensidade Relativa Normalizada (u.a.)
q (nm
-1
)
Huang
[67]
Este trabalho
Figura 4.19: Intensidade normalizada medida experimentalmente para
uma amostra de SilverBehenate comparado aos valores de Huang et
al. (1993).
Da figura 4.19 verifica-se a concordância na posição dos picos e nas intensidades
relativas, entretanto o perfil de espalhamento de SAXS obtido neste trabalho possui maior
resolução em momento transferido que o de Huang (HUANG et al., 1993). As
discrepâncias entre os dois experimentos, dentro das incertezas experimentais, foram
menores que 4% no intervalo de momento transferido medido.
4.2.4. Combinação de experiências simultâneas de WAXS e SAXS
Foram combinadas as técnicas de WAXS e SAXS usando radiação síncrotron
sobre um mesmo conjunto de amostras para que se permita correlacionar mudanças em
nível atômico e molecular com alterações em escala supramolecular.
_______________________________________________________________________- 68 -
4.2.4.1. Distribuição das amostras
Para a combinação das técnicas de WAXS e SAXS, a distribuição das
amostras de tecido mamário utilizadas é apresentada na figura a seguir:
Tecido Normal Fibroadenoma Carcinoma Ductal
0
1
2
3
4
Número de Amostras
Tipo de Tecido
Figura 4.20: Distribuição das amostras utilizadas para a combinação
WAXS e SAXS.
4.2.4.2. Arranjo Experimental
A combinação simultânea das técnicas de WAXS e SAXS foi implementada na
linha SAXS-1 do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron em Campinas. A montagem
experimental utilizada nestes experimentos pode ser observada na figura 4.21. Um
monocromador de duplo cristal de Si (111) foi usado para monocromatizar o feixe de raios
X em um comprimento de onda é de 1,48Å, bem como para reduzir a área de irradiação
na amostra (1,0mm x 0,5mm). A distribuição radial dos fótons espalhados elasticamente
pelas amostras de tecidos mamários foi registrada em detectores bidimensionais image
plate modelo BAS III da Fuji. O detector image plate de WAXS foi fixado sobre um suporte
cilíndrico e focalizado sobre a amostra a uma distância de 200mm desta, como pode ser
_______________________________________________________________________- 69 -
visto na figura 4.21, cobrindo o intervalo de momento transferido de 6.28nm
-1
q
50.26nm
-1
. A distância da amostra ao detector image plate de SAXS foi de 1590mm e
para evitar perdas por absorção e espalhamento do ar, o espaço entre amostra e detector
de SAXS foi colocado sob vácuo, figura 4.21. Um disco de chumbo de 8mm de diâmetro
foi inserido adjacente e centralmente ao detector de SAXS ao detector para evitar a
saturação deste produzida pela alta intensidade do feixe primário. Nesse caso, o intervalo
de momento transferido possível de ser detectado está entre 0,15nm
-1
e 1,90nm
-1
.
Posteriormente às medidas, os detectores passavam por um scanner de alta resolução
(100µm) MAR 300 da Molecular Dynamics®, disponível nas instalações desta linha de luz
para digitalização dos padrões gravados no detector image plate, gerando as imagens de
WAXS e SAXS. O tempo de medida foi ajustado para garantir uma incerteza estatística
menor que 2% na contagem dos fótons espalhados elasticamente. Amostras padrões de
alumina (N2O3) e SilverBehenate [CH
3
(CH
2
)
20
COOAg] foram utilizadas para calibração
das imagens de WAXS e SAXS para o espaço recíproco,
q
, respectivamente.
Figura 4.21: Montagem experimental da linha SAXS-1 no LNLS utilizada para as
medidas combinando WAXS e SAXS simultaneamente.
_______________________________________________________________________- 70 -
4.2.4.3. Metodologia
Ao se combinar as técnicas de WAXS e SAXS, serão identificadas padrões de
interferências de estruturas moleculares (menores que 10Å) e supramoleculares (maiores
que 10Å). Portanto, a abordagem teórica utilizada será aquela descrita na seção 3.3.2.4
para os dois tipos de estruturas.
Posteriormente à digitalização de todas as imagens (padrões, amostras e porta-
amostra) de WAXS e SAXS, estas foram processadas usando o programa Fit2D
(http://www.esrf.eu/computing/scientific/FIT2D/). Para as imagens de WAXS, a distribuição
de intensidade espalhada em função do momento transferido foi integrada na direção
vertical no centro de cada faixa, figura 4.22, enquanto para as imagens de SAXS esta
integração foi realizada em ambas as direções, meridional e equatorial (WILKINSON et
al., 2006), como mostrado na figura 3.17. Para se obter o coeficiente linear de
espalhamento elástico, vários passos são necessários. O primeiro é a correção das
medidas pela variação da corrente no anel síncrotron durante as medidas. O segundo
passo consiste em eliminar todos os fótons provenientes de contribuições espúrias. No
passo seguinte, o resultado deve ser corrigido por atenuação e efeitos geométricos. Por
fim, o último passo consiste em normalizar os dados, equação 4.10.
CqAqIqAqIq
BGBGBGABGAS
=
++
µ
(4.10)
em que
BGA
I
+
e
BG
I
são as intensidades totais espalhadas por (amostra + porta-amostra
+ folhas de mica) e (porta-amostra + folhas de mica), respectivamente, normalizadas pela
variação da corrente de elétrons no anel síncrotron.
(
)
qA corresponde ao fator de
correção para atenuação e efeitos geométricos. Os índices A e BG na expressão acima
_______________________________________________________________________- 71 -
estão relacionados à amostra e (porta-amostra + folhas de mica), respectivamente. O
fator C é o fator de normalização dos dados.
Uma vez que não existe um intervalo de momento transferido comum aos
experimentos de WAXS e SAXS, o que permitiria normalizar a distribuição de intensidade
espalhada somente pela amostra utilizando o perfil de espalhamento da mesma amostra
na região WAXS, será utilizada novamente o parâmetro intensidade relativa (
R
I
) para
quantificar essa intensidade espalhada em SAXS, conforme mencionado anteriormente
para o experimento independente de SAXS, equação 4.9, seção 4.2.3.3.
Figura 4.22: Imagens de WAXS. Da esquerda para a direita, cada faixa
corresponde à distribuição de intensidade espalhada de: três tipos de
tecidos mamários, contribuições espúrias e amostra padrão de alumina.
i) Contribuições Espúrias I
BG
(q)
As contribuições espúrias provenientes de porta-amostra, folhas de mica,
colimadores e etc, foram medidas em experimentos independentes e as intensidades
espalhadas por estes materiais em função do momento transferido podem ser vistas nas
figuras 4.23a e b.
_______________________________________________________________________- 72 -
Figura 4.23: Intensidade espalhada por contribuições espúrias para
os experimentos de: a) SAXS e b) WAXS.
ii) Atenuação e efeitos geométricos A(q)
Ambos os experimentos de WAXS e SAXS foram realizados utilizando a geometria
de transmissão e, por isso, o fator de correção para atenuação é aquele exibido na
equação 4.6. Porém para SAXS, aplicando as mesmas considerações descritas na seção
4.2.3.3.iii, observa-se que este coeficiente é constante para cada amostra. Os fatores de
atenuação e efeitos geométricos para SAXS e WAXS são exibidos nas figuras 4.24a e b,
respectivamente.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
0,01
0,1
Inetnsidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
a)
5 10 15 20 25 30 35 40 45
0,0040
0,0045
0,0050
0,0055
0,0060
0,0065
0,0070
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
b)
_______________________________________________________________________- 73 -
Figura 4.24: Fator de correção para atenuação e efeitos geométricos para uma amostra
de tecido adiposo para os experimentos de: a) SAXS e b) WAXS.
iii) Normalização C
O fator de normalização é obtido a partir da razão entre os valores teóricos e
experimentais de
S
µ
, na região de alto momento transferido onde efeitos de interferência
moleculares podem ser desprezados (POLETTI, 2002b), conforme descrito na seção
4.2.1.3.v. Portanto apenas os perfis de espalhamento na região de WAXS foram
normalizados.
iv) Incertezas
As incertezas para ambas as técnicas de SAXS e WAXS foram estimadas
por propagação de erros das equações 4.9 e 4.10, sendo que as variáveis foram
assumidas não correlacionadas e apenas incertezas associadas a grandezas
experimentais foram levadas em conta.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
0,045
0,050
0,055
A(q)
q (nm
-1
)
10 20 30 40 50
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
0,045
0,050
A (q)
q (nm
-1
)
a)
b)
_______________________________________________________________________- 74 -
Para ambos os experimentos, a incerteza estatística na contagem total dos fótons
espalhados foi de aproximadamente 1,8%, enquanto à relacionada às contribuições
espúrias tiveram incerteza máxima de 3% e a incerteza proveniente da variação da
corrente do anel foi de 0,6% em média, sendo iguais para ambos os experimentos.
Porém, a incerteza estatística associada ao fator de atenuação e efeitos geométricos foi
de 1,3% e 0,6% para WAXS e SAXS respectivamente. Ainda, para WAXS a incerteza
relacionada ao fator de normalização foi de 0,8%. A incerteza final resultante foi em média
7,4% para WAXS e 5,5% para SAXS.
Aplicando a equação (3.4), a incerteza estatística encontrada devido ao momento
transferido,
q
, é menor que 2% no intervalo medido neste experimento.
_______________________________________________________________________- 75 -
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. Espalhamento de raios X em médio ângulo (WAXS)
5.1.1. Coeficiente linear de espalhamento elástico: determinação de
estruturas moleculares e sua correlação com imagens histológicas
Os coeficientes lineares de espalhamento elástico
S
µ
de cada tipo de tecido
mamário foram obtidos através da aplicação dos procedimentos de correção e
normalização, descritos no capítulo anterior, às distribuições angulares da intensidade de
fótons espalhados medidos em cada experimento de WAXS. Os experimentos de WAXS
foram realizados utilizando-se dois tipos de fontes de excitação (raios X e radiação
síncrotron) e dois arranjos geométricos (reflexão e transmissão). A comparação entre
cada configuração experimental é mostrada na figura 5.1, onde as figuras 5.1a, 5.1b e
5.1c apresentam o coeficiente linear de espalhamento elástico para amostras picas de
tecido normal adiposo, neoplasia benigna e neoplasia maligna, respectivamente. A
comparação entre os perfis de espalhamento dos três tipos de tecidos estudados neste
trabalho é exibida na figura 5.1d.
_______________________________________________________________________- 76 -
Figura 5.1: Comparação do coeficiente linear de espalhamento elástico obtido com a técnica de
WAXS, utilizando diferentes configurações experimentais para: a) tecido normal adiposo; b)
neoplasia benigna e c) neoplasia maligna. A figura 5.1d compara o
S
µ
para amostras típicas de
tecido mamário normal adiposo, neoplasia benigna e maligna.
Baseado nas figuras 5.1a, 5.1b e 5.1c, observa-se que o perfil de espalhamento de
cada tipo de tecido possui poucos picos e com formato largo, típico de materiais amorfos,
independentemente da fonte e geometria utilizadas, porém os perfis obtidos utilizando
radiação síncrotron apresentam maior resolução em momento transferido que os obtidos
com tubo de raios X convencional. Além disso, verifica-se que cada grupo de tecido
0 10 20 30 40 50 60 70
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Tubo de raios X - geometria de reflexão
Síncrotron - geometria de reflexão
Síncrotron - geometria de transmissão
0 10 20 30 40 50 60 70
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
0,24
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Tubo de raios X - geometria de reflexão
Síncrotron - geometria de reflexão
Síncrotron - geometria de transmissão
0 10 20 30 40 50 60 70
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Tubo de raios X - geomtria de reflexão
Síncrotron - geometria de reflexão
Síncrotron - geometria de transmissão
0 10 20 30 40 50 60 70
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Tecido Normal
Neoplasia Maligna
Neplasia Benigna
a)
b)
c)
d)
_______________________________________________________________________
mamário estudado neste trabalho apresenta um perfil de espalhamento característico,
figura 5.1d.
A figura 5.2 apresenta a lâmina histológica correspondente à amostra de tecido
normal adiposo apresentada na figura 5.1a, onde podem ser visualizadas
fundamentais, dos tecidos adiposos, os adipócitos (formato hexagonal na figura), cuja
constituição é basicamente de triglicerídeos, os quais por sua vez são formados por uma
molécula de glicerol e três de ácidos graxos, como mencionado na seção
Figura 5.2
: Lâmina
No correspondente perfil de espalhamento deste tecido, destaca
um primeiro pico na posição correspondente a
(CULLITY, 1978) encontra
-
de elementos que distam cerca de 4,5
carbônica dos ácidos graxos, principais moléculas que compõem o tecido adiposo,
apresenta átomos de carbono separados por uma distância de 4,5
vizinhos
na cadeia adjacente.
normais adiposos está situado em
harmônico do pico de ácidos graxos.
do momento transferido fundamental, especificamente neste caso, o momento transferido
_______________________________________________________________________
mamário estudado neste trabalho apresenta um perfil de espalhamento característico,
A figura 5.2 apresenta a lâmina histológica correspondente à amostra de tecido
normal adiposo apresentada na figura 5.1a, onde podem ser visualizadas
fundamentais, dos tecidos adiposos, os adipócitos (formato hexagonal na figura), cuja
constituição é basicamente de triglicerídeos, os quais por sua vez são formados por uma
molécula de glicerol e três de ácidos graxos, como mencionado na seção
: Lâmina
histoló
gica de uma amostra de tecido normal adiposo
No correspondente perfil de espalhamento deste tecido, destaca
um primeiro pico na posição correspondente a
q
=13,9nm
-1
. Através da lei
-
se que este pico está relacionado ao espalhamento construtivo
de elementos que distam cerca de 4,5
Å
entre si. Lide (1996) mostrou que a cadeia
carbônica dos ácidos graxos, principais moléculas que compõem o tecido adiposo,
apresenta átomos de carbono separados por uma distância de 4,5
na cadeia adjacente.
O o
utro pico presente no perfil de espalhamento dos tecidos
normais adiposos está situado em
q
=28,2nm
-1
e pode estar associa
do ao espalhamento
harmônico do pico de ácidos graxos.
Um harmônico é definido como um múltiplo inteiro
do momento transferido fundamental, especificamente neste caso, o momento transferido
_______________________________________________________________________
- 77 -
mamário estudado neste trabalho apresenta um perfil de espalhamento característico,
A figura 5.2 apresenta a lâmina histológica correspondente à amostra de tecido
normal adiposo apresentada na figura 5.1a, onde podem ser visualizadas
as células
fundamentais, dos tecidos adiposos, os adipócitos (formato hexagonal na figura), cuja
constituição é basicamente de triglicerídeos, os quais por sua vez são formados por uma
molécula de glicerol e três de ácidos graxos, como mencionado na seção
3.1.2.
gica de uma amostra de tecido normal adiposo
.
No correspondente perfil de espalhamento deste tecido, destaca
-se a presença de
. Através da lei
de Bragg
se que este pico está relacionado ao espalhamento construtivo
entre si. Lide (1996) mostrou que a cadeia
carbônica dos ácidos graxos, principais moléculas que compõem o tecido adiposo,
apresenta átomos de carbono separados por uma distância de 4,5
Å dos respectivos
utro pico presente no perfil de espalhamento dos tecidos
do ao espalhamento
Um harmônico é definido como um múltiplo inteiro
do momento transferido fundamental, especificamente neste caso, o momento transferido
_______________________________________________________________________- 78 -
fundamental é
q
=13,9nm
-1
. Portanto, nesta região de momento transferido podemos
concluir que o perfil de espalhamento medido carrega informação das estruturas
relacionadas aos ácidos graxos.
As figuras 5.3 e 5.4 apresentam as lâminas histológicas correspondentes às
amostras de fibroadenoma e carcinoma. Em ambas as minas destacam-se duas
componentes teciduais principais: uma formada por fibras (componente fibrosa) e outra
por ácinos (componente glandular). Cabe mencionar que os carcinomas apresentam um
número maior de ácinos e maior densidade de fibras (componente fibrosa densa). Desta
forma, é esperado que os perfis de espalhamento correspondentes a estas neoplasias
deveriam carregar informações sobre as estruturas presentes nestas duas componentes.
Dos perfis correspondentes às amostras de fibroadenoma (fig. 5.1b) e de
carcinoma (fig. 5.1.c) pode ser visto que existe uma semelhança à forma, porém
diferenças em relação às intensidades. Em ambos os perfis de espalhamento está
evidente a presença de um pico na posição de
q
=20,1nm
-1
, o qual pela lei de Bragg
corresponde ao espalhamento entre centros espalhadores, cuja distância entre eles é de
3,0Å. Segundo Voet (1995) a distância entre os centros espalhadores (oxigênio-oxigênio)
de duas moléculas de água adjacentes possuem distância de 3,0Å. Alem deste pico o
resto do perfil apresenta uma grande similaridade com o perfil de espalhamento obtido
para uma amostra da água líquida (figura 4.8). A existência de água nestes tecidos pode
ser explicada pela grande quantidade de ácinos, os quais são compostos basicamente
por água, como mencionado anteriormente. Desta forma, podemos concluir que nesta
região de WAXS apenas o espalhamento das moléculas de água podem ser identificados
(
q
=20,1nm
-1
), uma vez que neste intervalo de momento transferido o espalhamento das
fibras de colágeno é insignificante (BOHNDIEK et al., 2008). Ainda, com relação aos
perfis de espalhamento das neoplasias malignas utilizando radiação síncrotron,
_______________________________________________________________________- 79 -
Figura 5.
3
: Lâmina
histoló
gica de
uma amostra de fibroadenoma.
Figura 5.
4
: Lâmina
histoló
gica de uma
amostra de carcinoma ductal invasivo.
destacamos que picos cristalinos aparecem em
q
=16,8nm
-1
, podendo estar relacionado
ao espalhamento construtivo de cristais de hidroxiapatita (FARQUHARSON e SPELLER,
1997), os quais são indicadores da presença de microcalcificações e podem estar
associados à presença de câncer de mama (MORGAN et al., 2005).
A tabela 5.1 apresenta o resumo de alguns parâmetros podem ser extraídos dos
perfis de espalhamento para cada grupo de tecido mamário analisado como: posição e
intensidade média, bem como a estrutura molecular relacionada a tais picos. Cabe
mencionar que a posição do pico está relacionada, através da lei de Bragg, a distância
entre os centros espalhadores numa amostra. a intensidade do pico está diretamente
relacionada à densidade de centros espalhadores presentes na amostra em estudo.
Tabela 5.1. Picos dos três tipos de tecidos mamários histologicamente classificados.
Tipo de Tecido
Posição do
pico (nm
-1
)
Intensidade do pico
(u.a.)
Estrutura
Molecular
Normal adiposo
13,9±0,3 0,36±0,03 Ácidos graxos
28,2±0,7
0,120±0,009
_______________________________________________________________________- 80 -
Neoplasia benigna
20,1±0,5
0,148±0,009
Água
Neoplasia Maligna
20,1±0,5
16,8±0,4
0,27±0,03
0,047±0,02
Água
Hidroxiapatita
O fato de a intensidade média do pico correspondente ao espalhamento das
moléculas de água ser maior nas neoplasias malignas do que nas benignas, é devido à
maior quantidade de ácinos e, portanto maior quantidade de centros espalhadores (água),
existentes nas neoplasias malignas, como pode ser observado na lâmina histológica de
uma amostra de carcinoma ductal invasivo, figura 5.4.
Baseado nas informações apresentadas na tabela 5.1, pode-se afirmar que os
parâmetros posição e intensidade dos picos de cada estrutura molecular, identificadas
através da técnica de WAXS, podem ser úteis para classificação dos diferentes tipos de
tecidos mamários (GRIFFITHS et al., 2007). Cabe mencionar que os resultados obtidos
na experiência de WAXS utilizando um tubo de raios X foram publicados em: Oliveira et
al. (2008)
5.1.2. Comparação com a literatura
Existem na literatura alguns trabalhos que utilizam a técnica de WAXS para
caracterizar tecidos mamários em escala molecular (KIDANE et al. 1999, POLETTI et al.
2002b, RYAN et al. 2007), por isso é útil comparar os resultados obtidos nestes trabalhos
anteriores com os alcançados neste estudo. A figura 5.5 compara o perfil de
espalhamento de trabalhos prévios com este para tecido adiposo, enquanto a figura 5.6
_______________________________________________________________________- 81 -
faz esta comparação para neoplasia benigna e por fim, a figura 5.7 confronta os
resultados de estudos anteriores com este para amostras de neoplasia maligna.
8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Kidane et al. (1999)
Poletti et al. (2002b)
Ryan et al. (2007)
Este trabalho
Figura 5.5: Comparação do perfil de espalhamento de tecido mamário
adiposo obtido neste trabalho com outros anteriormente publicados.
Comparando os perfis de espalhamento de todos os grupos de tecidos mamários
analisados neste trabalho com outros publicados anteriormente, observa-se concordância
5 10 15 20 25 30 35 40 45
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Kidane et al. (1999)
Ryan et al. (2007)
Este trabalho
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Kidane et al. (1999)
Ryan et al. (2007)
Este trabalho
Figura 5.6
: Comparação do perfil de
espalhamento de uma amostra pica de
fibroadenoma obtido neste trabalho com
outros anteriormente publicados.
Figura 5.
7
: Comparação do perfil de
espalhamento de uma amostra típica de
carcinoma ductal invasivo obtido neste trabalho
com outros anteriormente publicados.
_______________________________________________________________________- 82 -
com relação à posição dos picos. Porém, com relação à forma dos perfis de
espalhamento e à intensidade dos picos claras diferenças podem ser notadas. Estas
diferenças podem ser explicadas, principalmente, pela técnica utilizada (EDXRD) nas
medidas de Kidane et al. (1999) e Ryan et al. (2007), a qual utilizava um feixe
polienergético ao em vez de um feixe monoenergético, o que implica em baixa resolução
em termos de momento transferido de cada experimento e a diferentes procedimentos de
correção (atenuação, polarização, etc) e normalização, o que poderia induzir distorções
nos perfis de espalhamentos obtidos em comparação ao que seria esperado como
mostrado por Poletti (2001).
A comparação dos perfis de espalhamento de tecido mamário normal adiposo
obtido neste trabalho com outros publicados anteriormente (KIDANE et al., 1999,
POLETTI et al., 2002b, RYAN et al., 2007) apresenta a mesma posição do pico (ao redor
de 13,9nm
-1
), contudo diferenças na forma do perfil e na intensidade do pico são notadas
e podem ser devido às causas mencionadas acima. Com relação à comparação dos
perfis de espalhamento de um caso específico de neoplasia benigna (fibroadenoma) e
maligna (carcinoma ductal invasivo) obtidos neste estudo com outros previamente
reportados (KIDANE et al., 1999, RYAN et al., 2007), verifica-se semelhança quanto à
posição do pico principal (ao redor de 20,1nm
-1
).
Portanto, além das posições dos picos, nenhuma outra conclusão pode ser tirada
destas comparações, uma vez que as diferentes técnicas utilizadas por cada autor,
descritas acima, influenciam na forma dos perfis e na intensidade dos picos.
_______________________________________________________________________- 83 -
5.2. Espalhamento de raios X em baixo ângulo (SAXS)
5.2.1. Perfil de espalhamento: determinação de estruturas
supramoleculares e sua correlação com imagens histológicas
A distribuição da intensidade espalhada em função do momento transferido (perfil
de espalhamento) para amostras típicas de tecido normal, neoplasia benigna e maligna,
após o tratamento dos dados e aplicação dos procedimentos de correção descritos na
seção 4.2.3.3, pode ser visualizada na figura 5.8.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
Tecido normal adiposo
Tecido normal misto
Neoplasia Benigna
Neoplasia Maligna
Figura 5.8: Perfil de espalhamento de amostras picas dos três tipos de
tecidos mamários estudados neste trabalho utilizando SAXS.
Dos perfis de espalhamento apresentados na figura 5.8 podem-se destacar três
sinais característicos: um pico largo na posição de
q
=1,5nm
-1
, a intensidade de fundo
com decaimento exponencial, e vários picos no intervalo de momento transferido entre
0,25 e 1,20nm
-1
.
_______________________________________________________________________- 84 -
Apenas os tecidos normais com componente adiposa apresentam um pico bem
definido na posição de
q
=1,5nm
-1
. Utilizando a lei de Bragg, verifica-se que este pico
deve-se ao espalhamento construtivo de centros que distam 41,6Å. Mykhaylyk et al.
(2007) afirmaram que a distância dos centros espalhadores de duas cadeias adjacentes
de triglicerídeos é de aproximadamente 41,6Å. Cada triglicerídeo é formado pela união de
uma molécula de glicerol e três de ácidos graxos (NELSON e COX, 2006), sendo estes
últimos identificados anteriormente na região de WAXS. Dessa forma, pode-se concluir
que utilizando a cnica SAXS é possível identificar os arranjos supramoleculares que
compõem determinado tecido, aqui em especial para tecido adiposo, os triglicerídeos.
A intensidade da radiação espalhada de fundo está relacionada com a
componente de espalhamento difuso. Existem vários modelos para explicar o
comportamento desta componente em tecidos mamários (ROGERS et al., 1999,
WILKINSON et al., 2006), entretanto, todos eles apresentam as mesmas características
de decaimento exponencial como as obtidas neste trabalho. A maior intensidade de fundo
ocorre nas neoplasias malignas e está relacionada à maior densidade eletrônica destes
tecidos.
Por fim, a terceira característica dos perfis de espalhamento de SAXS
apresentados de na figura 5.8 correspondentes ao espalhamento construtivo de
estruturas, cuja distância fundamental é de 65nm. Segundo Holmes et al. (2001) esta
distância corresponde à periodicidade axial das fibras de colágeno, cujo arranjo
hierárquico é exibido na figura 5.9. Portanto, os vários picos presentes nos perfis de
espalhamento dos tecidos: normal misto, neoplasia benigna e maligna, correspondem aos
picos de espalhamento de ordens superiores destas estruturas fibrilares desde a 3ª ordem
(
q
=0,29nm
-1
) até a 12ª (
q
=1,17nm
-1
). Baseado nestes picos de colágeno, verifica-se que
a periodicidade axial das fibras de colágeno é ligeiramente maior nas neoplasias benignas
_______________________________________________________________________- 85 -
em comparação aos outros tipos de tecido, principalmente no pico de ordem, cuja
razão pode estar relacionada a um relaxamento das ligações intermoleculares de longas
cadeias, ocorrido pela perda estrutural das fibras invadidas (FERNÁNDEZ et al., 2002).
Ainda com relação às neoplasias benignas, nota-se que as intensidades dos picos
correspondentes às fibras de colágeno são menores, fato que pode ser explicado pela
utilização neste experimento de apenas amostras de fibroadenomas, os quais são
formados pela proliferação do estroma intralobular que é composto basicamente de tecido
conjuntivo frouxo, possuindo menor densidade de fibras, seção 3.1.3, e, portanto menor
intensidade espalhada.
Figura 5.9: Representação esquemática do arranjo hierárquico do colágeno
fibrilar de tecidos mamários, exibindo ainda seus parâmetros dimensionais.
A tabela 5.2 mostra as posições e intensidades dos picos de cada tipo de tecido
analisado neste experimento, bem como as estruturas relacionadas a tais picos.
_______________________________________________________________________- 86 -
Tabela 5.2. Picos dos três tipos de tecidos mamários histologicamente classificados.
Tipo de Tecido
Posição do
pico (nm
-1
)
Intensidade do pico
Estrutura
supamolecular
1,51±0,03 (270±7)x10
-
4
Triglicerídeo
Tecido Normal
1,16±0,02
1,07±0,02
0,96±0,02
0,87±0,02
0,78±0,02
0,68±0,01
0,58±0,01
0,49±0,01
0,29±0,01
(166±4)x10
-
5
(362±9)x10
-6
(113±4)x10
-5
(109±3)x10
-5
(241±6)x10
-5
(136±3)x10
-5
(298±8)x10
-6
(201±7)x10
-5
(297±7)x10
-5
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Neoplasia Benigna
1,16±0,02
1,07±0,02
0,97±0,02
0,87±0,02
0,78±0,02
0,68±0,01
0,58±0,01
0,48±0,01
0,30±0,01
(94±2)x10
-
4
(49±1)x10
-5
(77±2)x10
-5
(47±2)x10
-5
(88±2)x10
-5
(297±7)x10
-6
(202±5)x10
-6
(201±5)x10
-5
(252±8)x10
-5
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Neoplasia Maligna
1,16±0,02
1,07±0,02
0,97±0,02
0,87±0,02
0,78±0,02
(145±4)x10
-4
(53±1)x10
-5
(127±3)x10
-5
(125±3)x10
-5
(253±4)x10
-5
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
_______________________________________________________________________- 87 -
0,68±0,01
0,58±0,01
0,49±0,01
0,29±0,01
(142±3)x10
-
5
(316±8)x10
-6
(220±6)x10
-5
(301±6)x10
-5
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
Fibras de colágeno
*continuação da tabela 5.2
A partir dos valores de intensidade dispostos na tabela 5.2, verifica-se que as
neoplasias malignas apresentam uma maior intensidade nos picos relacionados às fibras
de colágeno, isto se deve à crescente invasão das células cancerosas nas fibras e
conseqüentemente maior degradação dessas fibras, fazendo com que, em contrapartida,
o organismo atue na reparação destas (PUCCI-MINAFRA et al. 1993), o que provoca um
aumento na superfície específica da fibra reparada, e, conseqüente maior intensidade
espalhada (FERNÁNDEZ et al. 2002).
5.2.2. Comparação com a literatura
Existem na literatura poucos trabalhos que empregam a técnica de SAXS para
estudo de tecidos mamários. Nesta subseção serão confrontados os resultados obtidos
neste trabalho com os anteriormente publicados na literatura (FERNÁNDEZ et al., 2002,
ROUND et al., 2005). Embora outros autores mencionem terem estudado tecidos
mamários (LEWIS ET AL. 2000, FERNÁNDEZ ET AL. 2005), eles não apresentam os
perfis de espalhamento medidos. Destaca-se ainda, que nenhum trabalho apresentou
perfis de espalhamento para amostras de neoplasia benigna, portanto este tipo de tecido
mamário não será comparado nesta subseção.
_______________________________________________________________________- 88 -
As figuras 5.10 e 5.11 apresentam as comparações dos perfis de espalhamento
obtidos neste trabalho com os previamente publicados para tecido normal e neoplasia
maligna.
A partir da figura 5.10 pode-se verificar a concordância dos resultados obtidos
neste trabalho para uma amostra típica de tecido normal com os apresentados por
Fernández et al. (2002), principalmente com relação à forma do perfil de espalhamento e
a posição dos picos no intervalo de momento transferido concomitante entre os dois
trabalhos (picos de espalhamento de fibras de colágeno da 3ª à 7ª ordem). Com relação a
Round et al. (2005), embora se tenha o mesmo intervalo de momento transferido medido
neste experimento de SAXS que o apresentado por aqueles autores, o perfil de
espalhamento publicado por estes, diferentemente do obtido neste estudo, não apresenta
nenhum pico de espalhamento, o que pode ser devido à baixa resolução em momento
transferido e/ou deficiência nos procedimentos de correção dos seus dados
experimentais.
0,5 1,0 1,5 2,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Intensidade Relatva (u.a.)
q (nm
-1
)
Fernandez et al. (2002)
Round et al. (2005)
Este trabalho
0,5 1,0 1,5 2,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
Fernandez et al. (2002)
Round et al. (2005)
Este trabalho
Figura 5.10
: Comparação do perfil de
espalhamento de uma amostra típica de tecido
normal obtido neste trabalho com outros
anteriormente publicados.
Figura 5.11
: Comparação do perfil de
espalhamento de uma amostra pica de
neoplasia maligna obtido neste trabalho com
outros anteriormente publicados.
_______________________________________________________________________- 89 -
Os perfis de espalhamento referentes à neoplasia maligna comparados na figura
5.11, apresentam concordância com relação à intensidade de fundo. Porém o perfil
apresentado por Round et al. (2005), como para o caso de tecido normal discutido
anteriormente, não apresenta picos de espalhamento das fibras de colágeno como os
perfis de espalhamento obtidos neste trabalho e no de Fernández et al. (2002), devido
novamente aos mesmos problemas citados anteriormente para tecido normal.
5.3. Combinação simultânea de WAXS e SAXS
Conforme mostrado nos resultados preliminares de WAXS e SAXS, podemos
concluir que estes perfis permitem observar várias estruturas moleculares e
supramoleculares presentes nos tecidos: adiposo (ácidos graxos e triglicerídeos),
conjuntivo denso e frouxo (fibras de colágeno) e epitelial glandular (água), relacionado
este último à presença de ácinos. Contudo, nesta seção serão apresentados resultados
de uma experiência, na qual foram combinadas simultaneamente as técnicas de WAXS e
SAXS sobre um mesmo conjunto de amostras, fato que resumiria estas informações, bem
como permitiria correlacionar todas estas informações para cada tecido mamário. Cabe
salientar que nenhum trabalho científico tem sido apresentado na literatura que combine
estas a tecidos mamários.
5.3.1. Perfil de espalhamento: Determinação de estruturas moleculares
e supramoleculares
As figuras 5.12 e 5.13 apresentam os perfis de espalhamento de amostras típicas
de cada grupo de tecido mamário estudado neste trabalho para WAXS e SAXS,
respectivamente.
_______________________________________________________________________- 90 -
Figura 5.12: Perfil de espalhamento na região de WAXS de amostras
típicas de tecido normal, neoplasia benigna e maligna.
Figura 5.13: Perfil de espalhamento na região de SAXS de amostras picas
de tecido normal, neoplasia benigna e maligna.
10 15 20 25 30 35 40 45
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
0,11
0,12
µ
S
(cm
-1
)
q (nm
-1
)
Tecido Normal
Neoplasia Benigna
Neoplasia Maligna
pico de ácidos graxos
pico de água
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
0,5
1,0
12
a
11
a
10
a
9
a
8
a
7
a
6
a
5
a
Intensidade Relativa (u.a.)
q (nm
-1
)
Tecido Normal
Neoplasia Benigna
Neoplasia Maligna
3
a
picos de colágeno pico de
triglicerídeos
_______________________________________________________________________- 91 -
Os perfis de espalhamento para WAXS exibidos na figura 5.12 apresentam-se
semelhantes aos mostrados na seção 5.1.1, com relação à forma e posição dos picos
para cada grupo de tecido mamário estudado neste trabalho. Para tecidos normais
verifica-se que um pico está presente em
q
=13,9nm
-1
, relacionado ao espalhamento de
moléculas de ácidos graxos. Além disso, os perfis de espalhamento correspondentes às
neoplasias, tanto benigna quanto maligna, possuem um pico característico em
q
=20,1nm
-
1
relacionado à existência de água nestes tecidos, concordando com os resultados
exibidos anteriormente.
Pode ser observar da figura 5.13 a presença de picos relacionados ao
espalhamento construtivo das fibras de colágeno desde a 3ª (
q
=0,29nm
-1
) até a 12ª
ordem (
q
=1,17nm
-1
) em todos os grupos de tecidos, bem como, variações nas
intensidades destes para cada grupo de tecido mamário, conforme visto na seção 5.2.1.
Além disso, para tecido normal, o pico relacionado ao arranjo de triglicerídeos também
está presente (
q
=1,51nm
-1
).
A partir da combinação simultânea das técnicas de WAXS e SAXS torna-se
possível identificar ao mesmo tempo estruturas existentes nos tecidos mamários normais
e neoplásicos em escala molecular e supramolecular, respectivamente. Por exemplo, com
a cnica de WAXS ficou evidenciada a presença de moléculas de ácidos graxos em
tecido normal, já na técnica de SAXS foi verificado a existência de triglicerídeos nestes
mesmos tecidos. Por outro lado, nos tecidos neoplásicos podem ser identificadas as duas
componentes teciduais principais: fibroso frouxo (benignas) ou denso (malignas) e
epitelial glandular (ácinos) e, ainda, a partir das análises correlacionando as informações
de ambos os perfis (WAXS e SAXS) identificar o tipo de neoplasia (Conceição et al.
2008c).
_______________________________________________________________________- 92 -
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
6.1. Sobre as medidas de WAXS
Para cada tipo de experimento de espalhamento de raios X em médios
ângulos (WAXS) foi desenvolvido um procedimento de correção e
normalização dos dados. Em geral, as incertezas experimentais associadas
aos perfis de espalhamentos obtidos variaram entre 6 e 8%. Os
procedimentos de correção foram validados pela comparação do perfil de
espalhamento para água obtido para cada configuração experimental com
outro previamente publicado (MORIN, 1982), sendo que as diferenças entre
os dois perfis foram menores que ±4%, dentro das incertezas experimentais,
significando que a metodologia é satisfatória. Alem disto, os procedimentos
mostraram-se lidos uma vez que apesar das diferentes características
adotadas em cada montagem experimental, os perfis de espalhamento dos
tecidos mamários normais e neoplásicos corrigidos foram semelhantes quanto
à forma e posição dos picos apresentando apenas algumas diferenças com
relação à resolução em momento transferido.
Os resultados obtidos mostraram que é possível a identificação de estruturas
entre 1 e 10Å. Os perfis de espalhamento de tecidos normais com
componente adiposa sempre apresentaram um pico em
q
=13,9nm
-1
(TARTARI et al., 1997b) relacionado ao espalhamento construtivo de
moléculas de ácidos graxos (LIDE, 1996), um dos componentes do tecido
adiposo. Para as neoplasias benignas e malignas surge um pico característico
_______________________________________________________________________- 93 -
em
q
=19,4nm
-1
(POLETTI et al., 2002b) correspondente a existência de
grande quantidade de água nestes tecidos (VOET, D. e VOET, J. D. 1995).
Em adição, para as neoplasias benignas a quantidade de água presente é
menor que nas malignas, fato este, evidenciado pela menor intensidade deste
pico no perfil de espalhamento desta neoplasia em comparação à neoplasia
maligna. Ainda, com relação aos perfis de espalhamento de algumas
neoplasias malignas destacamos a presença de picos cristalinos relacionados
ao espalhamento construtivo de cristais de hidroxiapatita (FARQUHARSON e
SPELLER, 1997). Portanto, pode-se concluir que a técnica de WAXS pode ser
utilizada para determinar as estruturas moleculares que compõem um tecido
biológico, particularmente, tecido mamário
6.2. Sobre as medidas de SAXS
As medidas de espalhamento de raios X em baixo ângulo foram realizadas na
linha D11A-SAXS do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) utilizando
duas distâncias da amostra ao detector bidimensional (CCD) de alta
resolução, o que permitiu estender o intervalo de momento transferido medido.
O procedimento para tratamento dos dados foi elaborado especialmente para
este tipo de experimento e apresentou uma incerteza final associada de
aproximadamente 6% e a validação deste, foi obtida pela comparação do
perfil de espalhamento de uma amostra padrão de Silver Behenate deste
trabalho com outro reportado anteriormente (HUANG et al., 1993), resultando
em uma diferença relativa de 4%, dentro das incertezas experimentais.
_______________________________________________________________________- 94 -
Através da análise e interpretação dos perfis de espalhamento dos diferentes
grupos de tecidos mamários estudados neste trabalho foi possível a
identificação de estruturas de tamanhos maiores que 10Å, como por exemplo,
fibras de colágeno e triglicerídeos. Foi verificado para todos os grupos com
alguma componente fibrosa a presença de picos de espalhamento desde a
((
q
=0,29nm
-1
) até a 12ª ordem (
q
=1,17nm
-1
) de estruturas com parâmetro de
ordem de 65 nm (relacionados às fibras de colágeno). As neoplasias benignas
analisadas neste experimento eram do tipo fibroadenoma, por isso
apresentavam menor intensidade nos picos correspondentes às fibras de
colágeno, uma vez que este tipo de neoplasia possui menor quantidade de
tecido conjuntivo fibroso. Com relação às neoplasias malignas foi observado
que estas possuem maior intensidade, fato que comprova o resultado de
trabalhos anteriores (FERNÁNDEZ et al., 2002, 2004) que relacionam esta
característica a reação do organismo em reparar as fibras de colágeno
invadidas pelo câncer (PUCCI-MINAFRA et al., 1993), aumentando a
superfície específica destas e, conseqüentemente a intensidade espalhada.
Além disso, as amostras de tecido normal com alguma componente adiposa
apresentavam um pico em
q
=1,51nm
-1
correspondendo ao espalhamento de
arranjos de triglicerídeos (MYKHAYLYK et al., 2007). Portanto, pode-se
concluir que a aplicação da técnica de SAXS em um tecido biológico,
particularmente, em tecido mamário, pode ser utilizada para determinar as
estruturas supramoleculares compõem estes tecidos.
_______________________________________________________________________- 95 -
6.3. Sobre a combinação de WAXS e SAXS
Os resultados preliminares indicam que a combinação das técnicas de WAXS
e SAXS permite correlacionar alterações em nível atômico e molecular com as
ocorridas em escala supramolecular, como por exemplo, correlacionar
modificações estruturais nas componentes fibrosas ou epiteliais glandulares.
Embora, ainda seja necessária a realização de medidas complementares, as
evidências encontradas até o presente momento sugerem a possibilidade da
utilização simultânea de ambas as técnicas como potenciais ferramentas de
diagnóstico de câncer de mama (Conceição et al., 2008).
6.4. Perspectivas
A partir dos resultados obtidos neste trabalho, abrem-se as seguintes
perspectivas:
Medir o perfil de espalhamento nas regiões de WAXS e SAXS de uma maior
quantidade de tecidos mamários (normais e neoplásicos) procurando
englobar a maioria das neoplasias benignas e malignas encontradas
clinicamente, bem como verificar se o modo de preparação das amostras
pode interferir nos perfis medidos.
Realizar medidas no intervalo de momento transferido entre
q
=2,2nm
-1
e
q
=5,1nm
-1
para verificar se existem estruturas ainda não identificadas, bem
como para se ter medidas em uma região que permite unir os perfis de
_______________________________________________________________________- 96 -
espalhamento obtidos em WAXS com os de SAXS, mostrando todas as
estruturas existentes nos tecidos mamários normais e neoplásicos.
Os resultados preliminares obtidos da combinação simultânea das cnicas
de WAXS e SAXS sugerem a possibilidade de utilização desta combinação
como ferramenta de diagnóstico do câncer de mama. Por isso, seria
interessante tentar decompor o perfil de espalhamento em contribuições de
vários componentes e, a partir disso, elaborar um modelo de diagnóstico.
_______________________________________________________________________- 97 -
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