Resumo
Zimmermann, Márcio Pereira; Prada, Ricardo Bernardo; de Melo, Albert
Cordeiro Geber de (Orientadores). Aspectos Técnicos e Legais Associados ao
Planejamento da Expansão de Energia Elétrica no Novo Contexto
Regulatório Brasileiro. Rio de Janeiro, 2007. 312p. Dissertação de Mestrado –
Departamento de Engenharia Elétrica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
Até meados da década de 90 o setor elétrico brasileiro era constituído
predominantemente por empresas verticalmente integradas, com controle estatal, federal
ou estadual. A partir do ano de 1995, seguindo uma tendência internacional, começou a
ser implantada uma reforma do modelo então vigente, com a promulgação da Lei nº.
9.074. Com essa lei, foram dados os primeiros passos na direção de introduzir a
competição na geração e na comercialização de energia elétrica, bem como iniciou-se o
processo de privatização da distribuição. No ano seguinte foi criada a Agência Nacional
de Energia Elétrica. Em 1998, como resultado do Projeto de Restruturação do Setor
Elétrica (RE-SEB), a Lei nº. 9.648 instituiu o Mercado Atacadista de Energia, e fez surgir
um novo tipo de agente – os comercializadores. Além disso, esta lei estabeleceu o
Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. Assim, sem entrar no mérito de se analisar
a eficiência, pode-se afirmar que no marco regulatório anterior (oriundo do projeto RE-
SEB) as questões da operação eletro-energética, bem como da comercialização de energia
elétrica, ficaram bem delineadas. Entretanto, a função planejamento ficou para ser
discutida e detalhada em uma segunda etapa, que não aconteceu. Na realidade, ocorreu
uma mudança da estrutura que dava suporte ao planejamento setorial. Foi extinto o Grupo
Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos (GCPS), coordenado pela
ELETROBRÁS, e em seu lugar, instituiu-se o Comitê Coordenador do Planejamento da
Expansão dos Sistemas Elétricos (CCPE), na esfera do MME. Também, conferiu-se ao
planejamento da expansão da geração e da transmissão um caráter indicativo. Essas
mudanças, associadas à instabilidade que se verificou nas equipes responsáveis pela
elaboração do planejamento, nos últimos anos, reduziram, na prática, a eficácia dessa
função. Com o novo marco regulatório, consubstanciado pelas Leis no. 10.847 (criação
da Empresa de Pesquisa Energética – EPE) e 10.848 (Nova Lei de Comercialização de
Energia), de 15 de março de 2004, ocorreu o resgate dessa importante função integradora,
atualmente em fase de consolidação e por meio do Decreto nº. 5.267 houve a
reestruturação do Ministério de Minas e Energia, com a criação de uma Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento Energético que coordenasse este processo, a qual veio
instrumentar o MME, para que o art. 174
º da Constituição Federal efetivamente fosse
implementado, já que planejamento é função indelegável do Governo. Este trabalho tem
dois objetivos básicos: (i) descrever os principais aspectos do ordenamento regulatório
vigente para o setor elétrico brasileiro, analisando as diversas leis e decretos e suas
sucessivas atualizações, destacando o papel das instituições criadas e contextualizando a
importante função do planejamento setorial; e (ii) analisar a questão do planejamento
energético no marco regulatório mais recente, com ênfase no setor elétrico, destacando as
responsabilidades pela condução do processo de planejamento, as etapas de
implementação, a inter-relação do setor elétrico com os demais setores energéticos, bem
como os aspectos técnicos, econômicos e metodológicos associados nos horizontes de
curto (10 anos) e longo (30 anos) prazos.
Palavras-chave
Energia; energia elétrica; planejamento; planejamento da expansão; aspectos
legais.