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MARIA INÊS RAMOS AZEVEDO
ESTRUTURA E RESTAURAÇÃO DE CERRADÃO EM PALMAS-TO E
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Buchenavia tomentosa Eichler,
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne, Guazuma ulmifolia Lam. E
Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Florestal, para
obtenção do título de Doctor Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS BRASIL
2008
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MARIA INÊS RAMOS AZEVEDO
ESTRUTURA E RESTAURAÇÃO DE CERRADÃO EM PALMAS-TO E
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Buchenavia tomentosa Eichler,
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne, Guazuma ulmifolia Lam. E
Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Florestal, para
obtenção do título de Doctor Scientiae.
APROVADA: 28 de março de 2008.
__________________________________ __________________________________
Prof. José Mauro Gomes Prof. Sebastião Venâncio Martins
(Co-Orientador) (Co-Orientador)
__________________________________ __________________________________
Prof. João Augusto Alves Meira Neto Pesq. Danilo José da Silva Coelho
__________________________________
Prof. Haroldo Nogueira de Paiva
(Orientador)
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ii
A DEUS, fonte de vida, de esperança, do bem, da luz e do amor,
pela dádiva recebida na realização desta jornada.
Ofereço
Dedico este trabalho
aos meus amados filhos, Robson e Ana Carolina, razão do meu viver, e ao meu marido,
Aldo, sem os quais não conseguiria vencer esta batalha.
Aos meus pais, Paulo e Marion, pelo sacrifício e pela orientação segura e correta em
toda minha vida.
Aos meus irmãos, Cristina, Paulo e Bete, e às suas famílias, pelo estímulo, pelo apoio,
pelo amor, pela credibilidade e pela amizade.
Aos meus queridos e estimados parentes e amigos.
Minha gratidão e amor.
A batalha para alcançar um ideal é a avaliação da fé, da confiança, da esperança e do
amor no Senhor. É a prova de que não é somente o homem que busca Deus, mas que
Deus está sempre esperando pelo homem.
Inês (2007)
iii
AGRADECIMENTOS
Com imensa alegria, expresso minha gratidão às pessoas que, de alguma forma,
contribuíram para a concretização desse estudo.
Muito obrigada!
Especialmente...
Ao Curso de Pós-Graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal de
Viçosa, pela oportunidade e confiança depositada.
À Fundação Universidade do Tocantins, pela liberação e pela oportunidade de
realização e capacitação no curso de doutorado no Departamento de Engenharia
Florestal da Universidade Federal de Viçosa, especialmente ao professor Humberto
Luiz Falcão Coelho.
A CAPES/PICDT, pela bolsa de estudos, que muito me amparou durante a
conclusão do Curso.
À Petróleo Brasileiro SA PETROBRÁS, por meio da PETROBRÁS
Ambiental, pelo apoio na elaboração e no desenvolvimento deste estudo, parte
integrante do Projeto “Conservação e preservação de recursos naturais na sub-bacia do
Ribeirão São João: uma proposta de participação comunitária no processo de gestão
ambiental”, gerido pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS.
iv
Principalmente ao professor Haroldo Nogueira de Paiva, pela orientação
objetiva, precisa e segura, pela paciência, imensa amizade e dedicação na realização
deste estudo.
Aos meus conselheiros, professor José Mauro Gomes e professor Sebastião
Venancio Martins, pelos conhecimentos transmitidos, pelas sugestões, pelo apoio, pela
dedicação e pela imensurável amizade.
Aos demais membros da banca examinadora, professor João Augusto Alves
Meira Neto e pesquisador Danilo José da Silva Coelho, pelas sugestões oportunas e
precisas e pela amizade.
A todos os amigos dos cursos de Pós-Graduação da UFV, em especial a
Climene, Iracy, Claudinha, Jussara, Antônio, Juvenal, Brena, Fernanda, Sheila, Márcio
Leles, Thelma, Danilo, Alan, Paulo Rogério, Robson, Patrícia, Juliana Margarido,
Cláudio Arcanjo, Giovani, Robson, Andreza, Sônia Regina, Andréa, Expedito e Rita,
pela amizade, pelo estímulo e pela agradável convivência nos momentos de alegrias e
de apreensão.
À minha querida amiga Climene Maria Lopes Serrano e à sua família pela
infinita bondade e paciência nos momentos de dificuldades e pela leitura dos primeiros
rascunhos, o que me estimulou a seguir em frente com o meu objetivo.
Aos professores e aos funcionários do Departamento de Engenharia Florestal,
pelo incentivo e pela amizade.
Agradeço de modo especial à Rita de Cássia Silva Alves, pela solieriedade,
compreensão, colaboração e, principalmente, pela amizade nestes longos anos de
convívio na UFV.
Aos demais amigos da secretaria de Pós-Graduação, Frederico e Alfredo, pela
gentileza e presteza em todos os momentos.
Aos funcionários do Laboratório de Sementes da Embrapa Biotecnologia e à
pesquisadora M.Sc. Antonieta Nassif Salomão, pelas sugestões e pela distinção durante
o decorrer do trabalho.
Ao Laboratório de Sementes do Departamento de Engenharia Florestal da
UnB, em especial à professora Rosana de Carvalho Cristo Martins, pela dedicação,
orientação, amizade e colaboração.
Ao engenheiro florestal Leandro Lima de Souza, grande colaborador nos
experimentos de laboratório de sementes, pela sua disponibilidade e boa vontade em
colaborar.
v
Ao Laboratório de Sementes, ao Viveiro e ao Herbário da UNITINS, em nome
dos colegas de trabalho da Fundação Universidade do Tocantins Ailton Gomes
Azevedo, Luis Ribeiro Lopes e Crysthiano Borges Pereira, pela incondicional
colaboração, pela disposição e amizade, e em especial ao professor Eduardo Ribeiro dos
Santos.
Ao estagiário do Componente Flora do Projeto Sub-bacia São João Enio G. G.
Siqueira e à engenheira-agrônoma Eliana Kelly Pareja, pelo apoio e companheirismo.
Aos professores Adésio Ferreira e Paulo Cecon da UFV, Lucas Koshy Naoe e
Expedito Alves Cardoso da Fundação Universidade do Tocantins, pela amizade e
grandiosa colaboração nas análises estatísticas.
Aos colegas Rodney Haulien O.Viana e Amilcar Walter Saporetti Junior, pelo
nobre auxílio na florística e na fitossociologia.
A todos os amigos da UNITINS, Sônia, Erich, Daniel, Gustavo, Ronaldo,
Regina, Eliane, Mauro, Lauro, José Luiz, James, Sr. Hermes, Antônio Fábio e aos
demais, pelo estímulo e pela amizade, em especial à professora Andrea Cristina Thoma
Costa.
Aos meus estimados cunhados, Emival e Tânia, Uelma e Cláudio, e aos seus
familiares, pela companhia, pela amizade, pela alegria e pelo apoio incondicional
durante a etapa em Brasília.
Aos meus queridos e estimados primos, Eugênia, Márcio e Francis, pela
amizade, pela colaboração e pelo estímulo.
Às minhas grandes amigas Dona Nega (Nair), Elaine, Thelma pela fé, pelas
orações e pelo constante incentivo.
À minha família, pela tolerância, pelo apoio e, principalmente, pelo carinho
constante!
Sobretudo, a DEUS!!!
vi
BIOGRAFIA
MARIA INÊS RAMOS AZEVEDO, filha de Paulo de Almeida Ramos e
Marion Alves Ramos, nasceu em 4 de janeiro de 1961, em Araguari-MG, Brasil.
Em 1981, ingressou no Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal
de Viçosa, graduando-se em dezembro de 1987.
Em maio de 1989, foi contratada como Assessora Técnica pela Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado do Tocantins.
Em 1997, ingressou no Curso de Especialização em Fruticultura Tropical da
Fundação Universidade do Tocantins, concluindo-o em 1998.
Em março de 1999, foi colocada à disposição da Fundação Universidade do
Tocantins, onde exerce a função de professora adjunta e pesquisadora.
Em abril de 2002, iniciou o Programa de Pós-Graduação, em nível de
mestrado, em Ciência Florestal, no Departamento de Engenharia Florestal da
Universidade Federal de Viçosa, defendo tese em 28 de julho de 2003, obtendo o título
de Magister Scientiae.
Em agosto de 2003, iniciou o Programa de Pós-Graduação, em nível de
doutorado, em Ciência Florestal, no Departamento de Engenharia Florestal da
Universidade Federal de Viçosa, defendo tese em 28 de março de 2008, obtendo o título
de Doctor Scientiae.
vii
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS........................................................................................ x
LISTA DE FIGURAS......................................................................................... xiv
RESUMO............................................................................................................ xvii
ABSTRACT........................................................................................................ xix
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 12
Composição florística e estrutura do componente arbóreo de dois fragmentos
de cerradão do Complexo de Ciências Agrárias da Fundação Universidade do
Tocantins, Palmas-TO, Brasil............................................................................. 16
Resumo ............................................................................................................... 16
Abstract............................................................................................................... 17
1. Introdução ....................................................................................................... 18
2. Material e Métodos ......................................................................................... 22
3. Resultados e Discussão................................................................................... 25
3.1. Fragmento 1 ............................................................................................. 25
3.2. Fragmento 2 ............................................................................................. 31
3.3. Similaridade florística.............................................................................. 36
3.4. Solos dos fragmentos A e B de cerradão 40
4. Conclusões ...................................................................................................... 41
5. Referências Bibliográficas.............................................................................. 41
viii
Página
Comportamento germinativo em condições de laboratório de sementes de
espécies arbóreas nativas do Cerrado: Buchenavia tomentosa Eichler
(merindiba); Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado),
Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba) e Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.
Macbr. (orelha-de-macaco) sob o efeito de diferentes substratos, regimes de
temperatura e níveis de luz ................................................................................. 47
Resumo ............................................................................................................... 47
Abstract 49
1. Introdução ....................................................................................................... 51
2. Material e Métodos ......................................................................................... 57
3. Resultados e Discussão................................................................................... 60
3.1. Merindiba (Buchenavia tomentosa Eichler) ............................................ 60
3.1.1. Teor de umidade inicial (%) .............................................................. 60
3.1.2. Comportamento vegetativo................................................................ 61
3.1.3. Teste de tetrazólio.............................................................................. 64
3.2. Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne)................ 67
3.2.1. Teor de umidade inicial (%) .............................................................. 67
3.2.2. Comportamento vegetativo................................................................ 68
3.2.3. Teste de tetrazólio.............................................................................. 73
3.3. Mutamba (Guazuma ulmifolia Lam.) ...................................................... 75
3.3.1. Teor de umidade inicial (%) .............................................................. 75
3.3.2. Comportamento vegetativo................................................................ 76
3.3.3. Teste de tetrazólio.............................................................................. 80
3.4. Orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.) ..... 83
3.4.1. Teor de umidade inicial (%) .............................................................. 83
3.4.2. Comportamento vegetativo................................................................ 84
4. Conclusão........................................................................................................ 87
5. Referências Bibliográficas.............................................................................. 88
Restauração de um fragmento de cerradão com espécies arbóreas nativas, no
centro agrotecnológico de palmas – TO ............................................................. 93
Resumo ............................................................................................................... 93
Abstract............................................................................................................... 94
1. Introdução ....................................................................................................... 95
2. Material e Métodos ......................................................................................... 101
2.1. Caracterização da área de estudo .............................................................
101
2.2. Coleta, beneficiamento das sementes e plantio das mudas...................... 102
ix
Página
3. Resultados e Discussão................................................................................... 104
4. Conclusões e Sugestões .................................................................................. 112
5. Referências bibliográficas............................................................................... 112
ANEXOS ............................................................................................................ 117
ANEXO A........................................................................................................... 118
x
LISTA DE TABELAS
Página
Artigo 1
1 Famílias, gêneros e espécies amostrados no levantamento florístico no
fragmento A de cerradão com área de 1,8029 ha, localizado no CCA
UNITINS, em Palmas, TO, Brasil, 2007 .................................................. 26
2 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes,
destacando as principais espécies encontradas no fragmento A de
cerradão com área de 1,8029 há, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007, em termos de seus valores de importância e
de cobertura: número de indivíduos (n
o
ind.), densidade absoluta (DA),
densidade relativa (DR), freqüência absoluta (FA), freqüência relativa
(FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), índice
de valor de importância (IVI) e índice de valor de cobertura (IVC).........
28
3 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes,
destacando as principais famílias encontradas no fragmento A de
cerradão com área de 1,8029 há, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007, em termos de seus valores de importância e
de cobertura: número de indivíduos (n
o
ind.), densidade absoluta (DA),
densidade relativa (DR), freqüência absoluta (FA), freqüência relativa
(FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), índice
de valor de importância (IVI) e índice de valor de cobertura (IVC)......... 30
4 Famílias, gêneros e espécies amostrados no levantamento florístico do
fragmento B de cerradão com área de 0,8401 ha, localizado no CCA
UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007 ................................................... 31
xi
Página
5 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes,
destacando as principais espécies encontradas no fragmento B de
cerradão, com área de 0,8401 ha, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007, em termos de seus valores de importância e
de cobertura: número de indivíduos (n
o
ind.), densidade absoluta (DA),
densidade relativa (DR), freqüência absoluta (FA), freqüência relativa
(FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), índice
de valor de importância (IVI) e índice de valor de cobertura (IVC)......... 34
6 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes,
destacando as principais famílias, encontradas no fragmento B de
cerradão, com área de 0,8401 ha, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007, em termos de seus valores de importância e
de cobertura: número de indivíduos (n
o
ind.), densidade absoluta (DA),
densidade relativa (DR), freqüência absoluta (FA), freqüência relativa
(FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), índice
de valor de importância (IVI) e índice de valor de cobertura (IVC)......... 36
7 Matriz de similaridade florística das oitos áreas de cerradão: A
(Fragmento 1, Palmas-TO, 2007); B (Fragmento 2, Palmas-TO, 2007);
C (Reserva Municipal Mário Viana, Nova Xavantina, MT-2005); D
(Reserva do Panga Uberlândia-MG, 2000); E (Floresta Nacional
FLONA, Paraopeba-MG, 2004); F (Área 1 - Fazenda Nhumirim,
Pantanal-MS, 2000); G (Área 2 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS,
2000); H (Estação Ecológica de Santa Bárbara - EESB, município de
Águas de Santa Bárbara-SP, 2007) ........................................................... 37
8 Valores das variáveis químicas e texturais de dez amostras do solo
superficial (camada de 0-20 cm) coletadas nos dois fragmentos de
cerradão do complexo de Ciências Agrárias da Fundação Universidade
do Tocantins – UNITINS, em Palmas-TO................................................ 40
Artigo 2
1 Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de
velocidade de germinação (IVG) em relação a substratos, luz e
temperaturas em sementes de Buchenavia tomentosa .............................. 61
2 Médias do índice de velocidade de germinação (IVG) avaliado em
sementes de Buchenavia tomentosa aos 30 dias após a semeadura, em
resposta à temperatura dentro de diferentes substratos e de substratos
dentro de regimes de temperatura ............................................................. 62
3 Médias da característica porcentagem de germinação avaliado em
sementes de Buchenavia tomentosa aos 30 dias após a semeadura, em
resposta à temperatura dentro de diferentes substratos e de substratos
dentro de regimes de temperatura ............................................................. 62
xii
Página
4 Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de
velocidade de germinação (IVG) em relação a substratos, luz e
temperaturas em sementes de Hymenaea stigonocarpa ........................... 68
5 Médias da porcentagem de germinação avaliada em sementes de
Hymenaea stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e níveis de luz e dos
substratos dentro dos níveis de luz e regimes de temperatura .................. 70
6 Médias da porcentagem de germinação avaliado em sementes de
Hymenaea stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura em resposta aos
níveis de luz dentro de diferentes substratos e regimes de temperatura ... 70
7 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes
de Hymenaea stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura, em resposta
à temperatura dentro de diferentes substratos e substratos dentro de
regimes de temperatura ............................................................................. 72
8 Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de
velocidade de germinação (IVE) em relação a substratos, luz e
temperaturas em sementes de Guazuma ulmifolia .................................... 76
9 Médias da porcentagem de germinação (%) avaliada em sementes de
Guazuma ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e níveis de luz sob e
substratos dentro de níveis de luz e regimes de temperatura .................... 77
10 Médias da porcentagem de germinação avaliada em sementes de
Guazuma ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta aos
níveis de luz dentro de diferentes substratos e regimes de temperatura ... 77
11 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes
de Guazuma ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta à luz
dentro de diferentes substratos e substratos dentro de níveis de luz ......... 78
12 Análise de variância para a porcentagem de germinação (% GERM) e o
índice de velocidade de germinação (IVG), em relação a substratos, luz
e temperaturas em sementes de Enterolobium gummiferum ..................... 84
13 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes
de Enterolobium gummiferum aos 30 dias após a semeadura, em
resposta à luz dentro de diferentes substratos e substratos dentro de
níveis de luz .............................................................................................. 85
14 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes
de Enterolobium gummiferum aos 30 dias após a semeadura, em
resposta à temperatura dentro de diferentes substratos e substratos
dentro de regimes de temperatura ............................................................. 86
xiii
Página
Artigo 3
1 Análise de variância para as espécies Dipteryx alata, Enterolobium
gummiferum, Guazuma ulmifolia e Hymenaea stigonocarpa no campo,
sob o efeito de quatro doses de adubação de NPK 5:25:15 por cova: 0
g; 100 g; 200 g e 300 g, introduzidas numa área degradada no CAP,
Palmas-TO, Brasil, aos 180 dias após o plantio no campo ....................... 107
ANEXO
1A Dados meteorológicos de Palmas-TO, referentes ao ano de 2006............ 118
xiv
LISTA DE FIGURAS
Página
Artigo 1
1 Carta-imagem do Complexo de Ciências Agrárias, destacando-se os
fragmentos 1 = A (1,8029 ha) e 2 = B (0,8401 ha) ................................... 23
2 Espécies com maiores valores de importância (VI %) no fragmento A
de crradão, com área de 1,8029 ha, localizado no CCA – UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007: 1) Emmotum nitens, 2) Xylopia aromática, 3)
Myrcia sellowiana, 4) Pouteria ramiflora, 5) Simarouba versicolor, 6)
Sclerolobium paniculatum, 7) Qualea parviflora, 8) Ferdinandusa
elliptica, 9) Annona crassiflora e 10) Casearia sylvestris ............................. 27
3 Espécies com maiores valores de importância (VI %) do fragmento B
de cerradão, com área de 0,8401 ha, localizado no CCA – UNITINS em
Palmas-TO, Brasil, 2007: 1) Xylopia aromatica, 2) Caryocar
brasiliense, 3) Myrcia sellowiana, 4) Curatella americana, 5) Byrsonima
sericea, 6) Parkia platycephala, 7) Ferdinandusa elliptica, 8) Qualea
grandiflora, 9) Pouteria ramiflora e 10) Brosimum gaudichauii ............. 35
4 Famílias com maiores valores de importância (VI %) do fragmento B
de cerradão, com área de 0,8401 ha, localizado no CCA UNITINS,
em Palmas-TO, Brasil, 2007: 1) Annonaceae, 2) Caryocaraceae, 3)
Fabaceae, 4) Myrtaceae, 5) Malpighiaceae, 6) Dilleniaceae, 7) Rubiaceae,
8) Vochysiaceae,9) Sapotaceae; e 10) Moraceae........................................... 35
xv
Página
5 Dendrograma gerado por meio do índice de similaridade de Jaccard
pelo método de aglomeração de algoritmos - agrupamento da distância
média (UFGMA) de oito áreas de cerradão, analisando-se a vegetação
arbórea: A (Fragmento 1, Palmas-TO, 2007); B (Fragmento 2, Palmas-
TO, 2007); C (Reserva Municipal Mário Viana, Nova Xavantina-MT,
2005); D (Reserva do Panga Uberlândia-MG, 2000); E (Floresta
Nacional FLONA, Paraopeba-MG, 2004); F (Área 2 - Fazenda
Nhumirim, Pantanal-MS, 2000); G (Área 2 - Fazenda Nhumirim,
Pantanal-MS, 2000); H (Estação Ecológica de Santa Bárbara - EESB,
município de Águas de Santa Bárbara-SP, 2007) ..................................... 39
Artigo 2
1 Sementes de Buchenavia tomentosa submetidas ao testes de tetrazólio
1 % e sementes viáveis (coloridas) ........................................................... 65
2 Semente de Buchenavia tomentosa viável (colorida) pelo teste de
tetrazólio 1 % (aumento de 60 x)............................................................. 66
3 Semente de Buchenavia tomentosa inviável (não-colorida) pelo teste de
tetrazólio 1 % (aumento de 60 x) ............................................................. 67
4 Sementes de Hymenaea stigonocarpa submetidas ao testes de tetrazólio
-1 % e sementes viáveis (coloridas) .......................................................... 73
5 Semente de Hymenaea stigonocarpa viável (colorida) pelo teste de
tetrazólio -1 % (aumento de 3 x)............................................................... 74
6 Semente de Hymenaea stigonocarpa inviável (não-colorida), iniciando
o processo de deterioração (aumento de 3 x) ............................................ 74
7 Gráfico das sementes de Guazuma ulmifolia submetidas ao testes de
tetrazólio (1 %) e de sementes viáveis (coloridas) após o teste ................ 81
8 Semente de Guazuma ulmifolia viável (colorida) pelo teste de tetrazólio
a 1 % (aumento de 60 x) ........................................................................... 81
9 Semente de Guazuma ulmifolia inviável (não-colorida) pelo teste de
tetrazólio -1 % (aumento de 60 x)............................................................. 82
10 Sementes de Guazuma ulmifolia apresentando alto grau de deterioração
(aumento de 60 x) ..................................................................................... 82
Artigo 3
1 Carta imagem do Centro Agrotecnológico de Palmas (CAP),
destacando-se a área degradada onde foram alocadas as parcelas com o
intuito de restauração florestal .................................................................. 102
xvi
Página
2 Porcentual de sobrevivência de plantas de Dipteryx alata (baru),
Enterolobium gummiferum (orelha-de-macaco), Guazuma ulmifolia
(mutamba) e Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado), 180 dias
pós-plantio, em uma área degradada do CAP, Palmas-TO, Brasil ........... 105
3 Curvas de crescimento em altura (ALT) e diâmetro (DC) das plantas
das espécies Dipteryx alata (Baru), Hymenaea stigonocarpa (jatobá-
do-cerrado), em resposta a diferentes doses de adubação mineral (NPK
– 5:25:15) .................................................................................................. 108
4 Curvas de crescimento em altura (ALT) e diâmetro (DC) das plantas
das espécies Guazuma ulmifolia (Mutamba) e Enterolobium
gummiferum (orelha-de-macaco), em resposta a diferentes doses de
adubação mineral (NPK – 5:25:15) .......................................................... 109
xvii
RESUMO
AZEVEDO, Maria Inês Ramos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2008.
Estrutura e restauração de cerradão em Palmas - TO e germinação de sementes
de Buchenavia tomentosa Eichler, Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne,
Guazuma ulmifolia Lam. E Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.
Orientador: Haroldo Nogueira de Paiva. Co-orientadores: José Mauro Gomes e
Sebastião Venâncio Martins.
O crescimento acelerado do Brasil nas últimas décadas, amplamente alardeado
pela mídia em todo o mundo, vem sucessivamente ameaçando a grande diversidade dos
ecossistemas encontrados no País. No Estado do Tocantins, com o avanço da fronteira
agropecuária, da expansão imobiliária e das atividades minerarias, grandes faixas de
vegetação remanescentes do Cerrado, até hoje pouco estudadas, vem sendo suprimidas
para atender a esse desenvolvimento. Este estudo é o resultado das pesquisas
desenvolvidas durante o período de julho de 2005 a julho de 2007, a partir da
preocupação com a sustentabilidade dos fragmentos remanescentes no Bioma Cerrado e
pesquisados amplamente no Projeto “Conservação e preservação de recursos naturais na
sub-bacia do Ribeirão São João: uma proposta de participação comunitária no processo
de gestão ambiental”, gerido pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS – e
patrocinado pela Petróleo Brasileiro SA – Petrobrás (Programa Petrobrás Ambiental). O
entendimento da caracterização, da composição, da estrutura comunitária, da fisionomia
do componente arbóreo e da similaridade de dois fragmentos de cerradão do Complexo
de Ciências Agrárias, Palmas-TO, Brasil; o conhecimento do teor de umidade e do
comportamento germinativo das sementes de Buchenavia tomentosa Eichler
xviii
(merindiba); Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba); Hymenaea stigonocarpa Mart. ex
Hayne (jatobá-do-cerrado) e Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-
macaco) por meio da porcentagem de germinação, do índice de velocidade de
germinação e do teste de tetrazólio, fornecendo subsídios sobre a viabilidade do lote de
sementes para otimizar a propagação de espécies do Cerrado, bem como o estudo da
avaliação do arranque inicial por meio da porcentagem de sobrevivência stand e do
estabelecimento após o plantio no campo, das mudas das espécies arbóreas nativas do
Cerrado (Dipterix alata Vogel) baru (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne), jatobá-
do-cerrado, (Guazuma ulmifolia Lam) mutamba e (Enterolobium gummiferum (Mart.)
J.F. Macbr.) orelha-de-macaco, sob condições diferenciadas de adubação, utilizadas
para restauração de uma área degradada de cerradão visando o restabelecimento de suas
características naturais, servirão como fatores essenciais para discussão e aplicação de
técnicas de manejo florestal que visem a restauração das florestas nacionais.
xix
ABTRACT
AZEVEDO, Maria Inês Ramos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, March, 2008.
Structure and restoration of ceradões in Palmas-TO and germination of seeds
of Buchenavia tomentosa Eichler, Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne,
Guazuma ulmifolia Lam. and Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.
Adviser: Haroldo Nogueira de Paiva. Co-advisers: José Mauro Gomes and Sebastião
Venâncio Martins.
The fast growth of Brazil in the last decades, broadly divulged by the media
wordwide is threateming severely the great diversity of the ecosystems found in the
Country. In the State of Tocantins, Brazil, with the broadening of the agricultural and
livestock frontier, of the real estate espansion and of the mining activities, great strips of
the remaining vegetation of the Cerrado, until nowadays little studied, are being
removed to open space to the development. This study is the result of researh developed
during the period from July 2005 to July 2007, due to the concern with the sustainability
of the remaining fragments of the Cerrado Bioma and that were broadly researched in
the Project “Conservação e preservação de recursos naturais na sub-bacia do Ribeirão
São João: uma proposta de participação comunitária no processo de gestão ambiental”
(Conservation and Preservation of natural resources in the sub-basin of the Ribeirão São
João: a proposal of communitary participation in the environmental management
process), managed by the Fundação Universidade de Tocantins UNITINS and
sponsored by the Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobrás (Programa Petrobrás Ambiental
environmental Petrobrás Program). The understanding of the characterization, of the
xx
composition, of the communitary structure, of the physiognomy of the arboreous
component and of the similarity of two fragments of the Cerradão do Complexo de
Ciências Agrárias (Agrarion Sciences Complex), Palmas-TO, Brazil; the knowledge of
the moisture content and of the germinative behavior of the seeds os Buchenavia
tomentosa Eichler (merindiba), Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba), Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado) and Enterolobium gummiferum
(Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-macaco) by means of the germination percentage, of the
germination speed index and of the Tetrazolium test, providing subsides about the
viability of the batch of seeds to optimize the propagation of Cerrado species, as well as
the study of the evaluation of the starting push by means of the survival percentage
stand and of the establishment after planting an the field of the seedlings of the Cerrado
native arboreous species (Dipteryx alata Vogel, baru, Hymenaea stigonocarpa Mrt. ex
Hayne, jatobá-do-cerrado, Guazuma ulmifolia Lam., mutamba, and Enterolobium
gummiferum (Mart.) J.F. Macbr., orelha-de-macaco) under different fertilization
condition, used for the restoration of a degraded area of Cerradão to rescue its natural
characteristics; will serve as essential factors for the discussion and the application of
forest management techniques to restore the material forests.
1
1. INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado do Brasil nas últimas décadas, amplamente alardeado
pela mídia em todo o mundo, vem sucessivamente ameaçando a grande diversidade dos
ecossistemas encontrados no País.
No Estado do Tocantins, com o avanço da fronteira agropecuária, da expansão
imobiliária e das atividades minerarias, grandes faixas de vegetação remanescentes, até
hoje pouco estudadas, vem sendo retiradas para atender a esse desenvolvimento.
O Tocantins está localizado no centro geodésico do Brasil e possui uma área de
278.420,7 km
2
. Dentre as principais características das classes de vegetação potencial
descritas no Estado, destacam-se a Região de Floresta Ombrófila Densa, a Região de
Floresta Ombrófila Aberta, a Região de Floresta Estacional Semidecidual, a Região de
Floresta Estacional Decidual e a Região das Savanas (Cerrado). Entretanto, a vegetação
do Estado apresenta dois vetores maiores de variabilidade: um latitudinal e outro
longitudinal. A interação entre fatores como a duração do fotoperíodo, o regime e a
intensidade das chuvas, a demanda evaporativa e os efeitos da continentalidade pode ser
exacerbada ou atenuada em função do substrato geológico e pedológico, muitas vezes
de forma determinante. Os gradientes de vegetação observados na cartografia devem-se
mais aos aspectos climáticos, enquanto as gradações são marcadas pela natureza do
substrato pedológico e pelas características da geomorfologia. Em termos espaciais, o
universo vegetacional das savanas predomina no Estado, sendo observadas diversas
formas de transição para os vários tipos de vegetação florestal (EMBRAPA-CNPM,
disponível em: <http://www.zaeto.cnpm.embrapa.br/vege.html>).
2
Santos (2000), ao estudar a flora do Parque Estadual do Lajeado, Palmas-TO,
observou que a área possuía vegetação que representava diversas fitofisionomias, desde
savânicas até florestais, com alguns trechos ainda em bom estado de conservação. O
autor cita ainda a existência de uma considerável contribuição da flora amazônica na
constituição da flora do local, o que esperado, tendo em vista a maior proximidade
geográfica entre a área estudada e a região amazônica, o que pode permitir maior troca
de elementos florísticos. Para o autor o rio Tocantins atua como importante corredor
ecológico, contribuindo para o processo de dispersão de espécies entre a Amazônia e o
Cerrado tocantinense, por meio dos diversos agentes, sejam aquáticos ou terrestre,
permitindo, deste modo, o fluxo gênico entre os dois biomas, ao passo que a dispersão
deve tornar-se mais remota na região atlântica.
Mesmo com a significativa quantidade de classes de vegetações existentes no
Bioma Cerrado, ela corresponde a aproximadamente 72 % do território do Estado do
Tovantins.
Bioma e domínio morfoclimático e fitogeográfico não são sinônimos, uma vez
que este último não apresenta necessariamente um ambiente uniforme. O bioma de
savana tropical é constituído por um complexo de fitofisionomias, um complexo de
formações, representando um gradiente de biomas ecologicamente relacionados, razão
suficiente para considerar este complexo como uma unidade biológica (COUTINHO,
2006).
Walter (1986) conceitua bioma como uma área do espaço geográfico, com
dimensões até superiores a 1 milhão de quilômetros quadrados, representada por um
tipo uniforme de ambiente, identificado e classificado de acordo com o macroclima, a
fitofisionomia (formação), o solo e a altitude, os principais elementos que caracterizam
os diversos ambientes continentais. Coutinho (2006) acrescenta uma pequena
modificação neste conceito para o bioma de savana tropical, a recorrência de fogo
natural, um outro elemento de importância na determinação de certos ambientes
terrestres.
O Cerrado corresponde a um terço da vegetação brasileira, com uma área
aproximada de 150 milhões de hectares da área central do Brasil, o que corresponde a
cerca de 25 % do território nacional e a aproximadamente 5 % da flora mundial. É
caracterizado por uma vegetação savanícola tropical, composta principalmente de
gramíneas, arbustos e árvores esparsas, que dão origem a variados tipos fisionômicos,
caracterizados pela heterogeneidade de sua distribuição (RIZZINI, 1979). Apesar da
3
grande extensão ocupada por esse bioma, apenas 1,5 % de suas áreas estão protegidas
por unidades governamentais de conservação (COUTINHO et al., 1992).
Para Martins (2004), o Bioma Cerrado, embora considerado um dos hotspots
mundiais, é também um dos ecossistemas mais ameaçados, em todas as suas
fitofisionomias, pela ação antrópica desmedida. É necessário e urgente que medidas que
visem desacelerar, e se possível interromper, os processos de exploração florestal
danosos sejam tomadas, associadas às medidas reparadoras, como a produção de mudas
para enriquecimento e recuperação de áreas florestais perturbadas.
De acordo com a região geográfica em que ocorre, a vegetação dos Cerrados
brasileiros tem recebido diversas denominações, como "gerais" na Bahia e em Minas
Gerais, "agreste" e "tabuleiros" no Nordeste e, ainda "campina", "chapada",
"costaneira", "catanduva" e "carrasco” (SILVA et al., 1996).
Rizzini (1979) conceitua o Cerrado levando em consideração os aspectos
fisionômicos, como a forma brasileira da formação geral chamada Savana, muitas vezes
sendo uma savana arborizada, outras uma vegetação savana arbustiva, chegando a ser
um simples campo, com apenas arbustos mal desenvolvidos e esparsos por cima do
tapete de gramíneas.
A vegetação do Bioma Cerrado apresenta fisionomias que englobam formações
florestais, savânicas e campestres. Em sentido fisionômico, floresta representa áreas
com predominância de espécies arbóreas, onde formação de dossel, contínuo ou
descontínuo. O termo savana refere-se a áreas com árvores e arbustos espalhados sobre
um estrato graminoso, sem a formação de dossel contínuo. o termo campo designa
áreas com predomínio de espécies herbáceas e algumas arbustivas, faltando árvores na
paisagem (RIZZINI, 1979; RIBEIRO e WALTER, 1998).
Ferri (1977) classifica Cerrado como “campo sujo de cerrado”, ou seja, a
formação com menor biomassa em relação ao cerradão, o qual se inclui nas formações
florestais onde as árvores constituem o estrato contínuo e as espécies herbáceas o
descontínuo. As formações campestres incluem o campo cerrado e o cerrado sentido
restrito, que apresentam um estrato com predomínio de herbáceas e um descontínuo
formado por arbustos e árvores.
Para Coutinho (1978), o Cerrado é conceituado como um complexo de
formações oreádicas, que vão desde o campo limpo até o cerradão, representando suas
formas savânicas campo sujo, campo cerrado e cerrado sensu stricto como
verdadeiros ecótones de vegetação representadas pelo extremo entre as formações
4
florestais (cerradão) e a campestre (campo limpo). O Cerrado apresenta uma das
vegetações mais ricas em espécies, podendo variar de 300 a 450 espécies vasculares por
hectare. Exceto por certas áreas de Floresta Chuvosa Tropical, é a vegetação mais rica
do mundo em termos de espécies vasculares por hectare. Em estudo realizado na região
do Distrito Federal, foi levantado um total de 3.549 espécies, desde criptógamas até
fanerógamas (FILGUEIRAS e PEREIRA, 1994).
Ao analisarem a flora vascular do Cerrado por meio de um esforço conjunto
com diversos pesquisadores e instituições, Mendonça et al. (1998) e Ratter et al. (2000),
apresentaram uma listagem com cerca de 6.429 espécies nativas, sendo 265 espécies
pertencentes às Pteridófitas, duas Gimnospermas e 6.060 Angiospermas. As espécies
lenhosas savânicas, em números aproximados, chegam a um total de 800 (cerrado sensu
stricto ao campo sujo); em relação à riqueza local podem chegar a 150 espécies
lenhosas por hectare e no mínimo a 10.
Os principais determinantes do Cerrado são a deficiência de nutrientes no solo, a
disponibilidade de água (em decorrência da estacionalidade climática e profundidade do
lençol freático) e o fogo. Estudos fitogeográficos mostram que determinadas espécies
têm ocorrência ampla no Bioma Cerrado e outras são dominantes ao longo de sua área
de ocorrência, devendo-se priorizar a produção de mudas dessas espécies para utilização
em áreas degradadas (FELFILI e SANTOS, 2002). Neste estudo, dentre as diversas
suposições que tentam explicar a origem da formação do Cerrado, serão apresentadas as
seguintes deduções:
Para Ribeiro e Walter (1998), fatores temporais (tempos geológico e ecológico)
e espaciais (variações locais) são responsáveis pela ocorrência das formações florestais
do Bioma Cerrado. Na escala temporal, grandes alterações climáticas e geomorfológicas
teriam causado expansões e retrações das florestas úmidas e secas da América do Sul,
que no Brasil hoje estariam representadas respectivamente pelas florestas Amazônica e
Atlântica, e pelas florestas semideciduais e decíduas da Caatinga e Florestas
Meridionais.
Para esses autores, existe hoje a tendência de admitir que os fatores clima, biota
e solo contribuíram de alguma forma para o aspecto geral da vegetação, tanto em escala
evolutiva - tempo geológico-, quanto em escala sucessional - tempo ecológico.
O Cerrado apresenta grande complexidade e diversidade climática, podendo ser
encontrados climas como: quente (Am), quente e úmido, com estação seca pronunciada
de inverno (Aw), e tropical de altitude, com verões frescos e estação seca de inverno
5
(Cwa). Os índices pluviométricos nos Cerrados situam-se entre 1.200 e 1.800 mm/
anuais, com chuvas concentradas nos seis meses de verão (CAMARGO, 1971). O clima
predominante é o tropical - quente subúmido, caracterizado por forte sazonalidade. As
temperaturas médias anuais variam de um mínimo de 20 a 22 ºC, até um máximo de 24
a 26 ºC (NIMER, 1988; BRAZ, 1997). A umidade relativa do ar é de 50 a 70 % no
período chuvoso, podendo ser inferior a 40 % no período seco.
O clima tem influência temporal na origem da vegetação. As chuvas ao longo
do tempo geológico intemperizaram os solos, deixando-os pobres em nutrientes
essenciais e com alta disponibilidade de alumínio. Em função disto, a vegetação pode
ser definida como o resultado indireto do clima, induzindo-o para uma estabilização
edáfica (EITEN, 1984; RIBEIRO e WALTER, 1998).
O solo do Cerrado tem origem em rochas antigas, com idade que varia de
570 milhões a 4,7 bilhões de anos. Cerca de 46 % de seus solos são profundos, bem
drenados e possuem inclinações leves, em geral menores que 3 %. Na maioria são ricos
em argila e óxido de ferro, que lhes dão a cor avermelhada característica.
Aproximadamente 90 % dos solos são distróficos e ácidos, de baixa fertilidade (baixa
concentração de matéria orgânica, e nutrientes como cálcio, magnésio, fósforo e
potássio) e alta concentração de ferro e alumínio (KLINK et al., 1995).
Normalmente os solos do Cerrado são profundos, ácidos, com fertilidade média
ou baixa e altas concentrações de alumínio, sendo originados de diversos tipos de rocha,
que determinam, em parte, as espécies vegetais presentes em cada uma de suas regiões.
Em geral, os solos profundos sustentam espécies de maior porte e os solos mais rasos
apenas sustentam vegetação rasteira (MARTINS, 2004).
Alvin e Araújo (1952) destacam outras características para explicar a formação
dos Cerrados em relação aos tipos de solo. A baixa retentividade de água ou a reduzida
capacidade de armazenamento de água, muitas vezes, são mais críticas para promover
deficiências hídricas do que a escassez de chuva ou a simples diferença entre
precipitação pluviométrica e evapotranspiração potencial.
Devido ao seu alto grau de intemperização, tem baixa capacidade de trocas de
cátions, que é ocupada na maior parte por íons hidrogênio e alumínio, do que resultam a
elevada acidez e a alta saturação de alumínio. grande carência de nutriente, e os
solos têm ainda, alta capacidade de adsorver o fósforo na fase sólida, reduzindo a sua
disponibilidade na solução, de onde seria absorvido pelas plantas (MIRANDA et al.,
1980).
6
Outro fator essencial na formação do solo do Cerrado é a diversidade da flora,
que apresenta espécies ocorrentes em outras formações florestais, denominadas de
espécies acessórias. A vegetação do Cerrado possui grande influência da Mata Atlântica
e da floresta Amazônica, e menor influência das Matas Secas Semideciduais e do campo
limpo. A flora do Cerrado está distribuída em 56 % de espécies acessórias e 44 % de
espécies peculiares (HERINGER et al., 1977).
Em um estudo de comparação de algumas áreas de cerrado sensu stricto do
Brasil central, Felfili et al. (1998) consideraram alta a diversidade das áreas, em relação
à diversidade de áreas de outras formações brasileiras.
As plantas lenhosas dos campos cerrados seriam, portanto, uma flora de
evolução integrada às condições do clima e dos solos dos trópicos úmidos, sujeitas à
forte sazonalidade, herdada de condições ecológicas de longa duração, desde a segunda
metade do terciário até o quaternário. A hipótese de xeromorfismo das espécies do
Cerrado passou a ser considerada como um falso xeromorfismo, pois este aspecto não é
resultante da falta de água, e sim da escassez de nutrientes do solo, o que dificulta muito
a síntese de proteína, e o excesso de carboidratos se acumula em estruturas que dão à
vegetação o aspecto xeromorfo: cutículas espessadas e brilhantes los abundantes,
súber espesso etc. (FERRI, 1977).
Para Fernandes (1998), o escleromorfismo resulta do acúmulo dos derivados da
fotossíntese nas paredes celulares, quer determinando a lignificação e a suberificação
dos caules, quer influindo nas características apresentadas pelas folhas, notadamente
referentes à sua consistência.
Dentre os fatores determinantes do Cerrado, o fogo destaca-se por apresentar as
queimadas, que muitas vezes são derivadas de interações socioeconômicas e ambientas,
sendo freqüentes as queimas não-intencionais, resultado do uso indevido e sem
orientação de técnica adequada.
Dentre os inúmeros efeitos que o fogo pode produzir em um ecossistema, o mais
imediato é a elevação da temperatura local (COUTINHO, 1978). Como as plantas do
Cerrado possuem raízes profundas, cascas grossas e outras estruturas que permitem sua
sobrevivência às queimadas, desde que não sejam duradouras, o fogo, em geral,
favorece a manutenção do Cerrado e sua expansão para áreas antes ocupadas por matas,
que não possuem os mesmos mecanismos de proteção.
Também, várias espécies do Cerrado se reproduzem vegetativamente (por meio
de brotação de raiz), e algumas se desenvolvem bem em áreas perturbadas, o que
7
favoreceria a velocidade da recuperação dessas áreas. Espécies iniciadoras de sucessão
devem ser introduzidas em maior número na fase inicial do processo de recuperação do
Cerrado. O estrato herbáceo deve ser recomposto com plantas nativas no início da
estação chuvosa, e placas de gramíneas nativas e outros propágulos, provenientes de
áreas a serem desmatadas, podem ser transplantados (FELFILI e SANTOS, 2002).
A camada de vegetação lenhosa do Cerrado parece ser capaz de superar a
perturbação causada pelo fogo ocasional. De acordo com Felfili et al. (2000b), as
mudanças na densidade e área basal no Cerrado são maiores do que as encontradas em
muitas florestas tropicais sempre-verdes, provavelmente devido à freqüência de
perturbações, como o fogo ocorrendo a intervalos de três a cinco anos. Contudo, a
manutenção da composição das espécies, a distribuição e a estrutura da comunidade
após nove anos da ocorrência de queimadas sugerem que a vegetação do Cerrado
é muito resiliente e, ainda, que algumas espécies se destacam em densidade (Ouratea
hexasperma) e área basal (Sclerolobium paniculatum) após o fogo, devido à redução na
competição por espaço, nutrientes e água.
De acordo com Hoffmann (2000), em razão do fogo freqüente, da baixa
disponibilidade de nutrientes e do estresse hídrico prolongado, a savana tropical é um
ambiente inóspito para a sobrevivência e o crescimento de plântulas. O autor, ao estudar
o efeito do fogo e da cobertura lenhosa em espécies de mata e de cerrado, constatou que
a baixa taxa de estabelecimento e sobrevivência das espécies de matas no cerrado,
aliada à alta sensibilidade ao fogo, torna inviável a expansão das matas em áreas de
Cerrado sob os atuais regimes de fogo. Segundo Rezende (2002), áreas do cerrado sensu
stricto submetidas a corte com motosserra conseguem apresentar densidade próxima da
original cerca de 11 anos depois, entretanto a recuperação da área basal original
demanda mais tempo. O mesmo não se aplica as áreas submetidas à corte raso da
vegetação lenhosa, utilizando tratores com lâmina, com e sem gradagem, devido à
compactação gerada, sendo necessário um prazo maior para que a recuperação seja
possível.
O Cerrado, como o segundo bioma brasileiro em área e um dos principais em
ocorrência de queimadas, está entre os temas primordiais das questões ambientais.
Portanto, torna-se urgente que este assunto passe a ser amplamente considerado e
discutido pela comunidade científica, com a finalidade de buscar alternativas que
minimizem seus efeitos negativos ao meio ambiente.
8
A partir da avaliação do grau de perturbação ou de degradação do meio, os
métodos de restauração utilizados para recomposição de um ecossistema deverão ser
decididos com base na fisionomia da vegetação remanescente (SANO e ALMEIDA,
1998; FELFILI et al., 2000b; GAMBA, 2006; MARTINS, 2007).
Quando se fala de recuperação de áreas degradadas, é preciso obedecer a toda
uma rie de sucessões ecológicas. No caso do processo de restauração de fragmentos
florestais, não necessidade de introduzir espécies primárias, devido à existência de
uma estrutura que proporciona condições para o desenvolvimento de outras
espécies.Diversas pesquisas têm mostrado a importância de árvores remanescentes no
processo de regeneração de áreas degradadas (HOLL, 1999; MARTINS, 2007).
No cerrado sensu stricto, independentemente do distúrbio, as densidades dos
indivíduos jovens tendem a aumentar. Contudo, esse aumento tende também a ser
minimizado com o recrutamento e o crescimento da população lenhosa adulta e com a
competição com o estrato herbáceo-arbustivo que se estabelece em áreas perturbadas
(REZENDE, 2002).
Antes de iniciar a restauração de uma floresta secundária é importante avaliar a
situação e o estágio em que se encontra a floresta, para a escolha do método de
restauração a ser adotado. A avaliação prévia também vai indicar se será ou não
necessário intervir na floresta por meio do manejo ou corte seletivo de algumas
espécies. Neste caso, o manejo é o trabalho preliminar, que vai preparar a floresta
secundária para ser restaurada (MARTINS, 2007).
Almeida (2000) cita que para o sucesso do processo de recuperação de áreas
degradadas é importante o conhecimento do histórico de perturbações da área em
estudo, pois este conhecimento auxilia no delineamento de estratégias. Levantamentos
históricos, revisões bibliográficas, referências sobre a vegetação original, conhecimento
sobre a fauna existente na região, características e impactos sobre o solo, hidrografia e
alterações nos cursos-d’água e atividades antrópicas (desmatamento, utilização do fogo,
retirada de camadas superficiais do solo, introdução de espécies exóticas) são
fundamentais para a definição de métodos de recuperação ambiental de áreas
degradadas.
De acordo com Oliveira e Ribeiro Jr. (2000) e Martins (2007), para que a
recuperação de áreas degradadas obtenha êxito quanto ao estabelecimento de um
ecossistema sustentável devem ser empregadas diversas espécies vegetais, evitando,
sempre que possível, os plantios puros (tapetes verdes) e priorizando a sucessão vegetal
9
(natural ou introduzida) por espécies da região, o que favorece o restabelecimento tanto
da flora quanto da fauna.
A reabilitação de ambientes degradados, cerrado ou mata de galeria, difere do
reflorestamento por procurar restaurar as características originais destas áreas, enquanto
o reflorestamento visa apenas a obtenção de uma cobertura florestal. Assim, para
garantir o sucesso da recuperação de áreas degradadas, devem ser adotados plantios
consorciados de espécies nativas adaptadas às condições do ambiente natural,
objetivando criar o microclima e a oferta de recursos similares aos das condições
anteriormente encontradas (FELFILI et al., 2000b).
De acordo com Salgado et al. (1998), a umidade e a luz parecem ser os prin-
cipais gradientes na distribuição de espécies na mata, especialmente no tocante às fases
de germinação, desenvolvimento de plântulas e iniciação da fase reprodutiva. Esse tipo
de informação é importante para a otimização dos modelos de regeneração a serem utilizados
em projetos de recuperação de Matas de Galeria degradadas (MAZZEI et al., 1997).
Após qualquer distúrbio na mata ou no cerrado, e posterior surgimento de
clareiras, imediatamente entram em ação as espécies pioneiras, que se originam do
banco de sementes do solo. Elas colonizam rapidamente as áreas perturbadas.
Paralelamente ao crescimento das espécies pioneiras, sementes de áreas vizinhas são
transportadas pelo vento ou por animais para essas clareiras, sendo possível o
desenvolvimento das fases sucessivas posteriores (GOMES-POMPA e VAZQUEZ-
YANES, 1981; MARTINS, 2007).
A restauração pode ser feita por mudas ou por sementes. Na utilização de
sementes, deve-se optar por espécies não-pioneiras, que a vegetação existente
fornecerá o sombreamento. A semeadura deve ser feita no início da estação chuvosa,
utilizando-se o maior número de espécies possível (MARTINS, 2007).
O autor cita ainda que o enriquecimento florestal é uma técnica muito utilizada
no processo de recuperação de áreas perturbadas, pois, além de acelerar a sucessão
natural das espécies, essa técnica ajuda a recuperar a área antropizada, proporcionando o
retorno dos dispersores naturais e, com isso, viabilizando a propagação e manutenção da
biodiversidade.
Segundo Davide (1999), a escolha de espécies para utilização em recuperação de
áreas degradadas deve ter como ponto de partida estudos da composição florística da
vegetação remanescente da região. As espécies pioneiras e secundárias iniciais deverão
ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies.
10
A escolha de espécies nativas regionais é importante, porque essas espécies
estão adaptadas às condições ecológicas locais (MARTINS, 2004; MARTINS, 2007).
Quando se selecionam espécies para restauração de uma área degradada a fauna deve
ser considerada, pois a recuperação não deve somente empenhar-se em estabelecer o
habitat faunístico, mas atrair a fauna para os locais recuperados, com o intento de
aumentar a diversidade de espécies de plantas.
Para Oliveira e Ribeiro Jr. (2000), a escolha das espécies deve se basear ainda no
potencial de recuperação do ecossistema, visando auxiliar os processos naturais. As
espécies devem apresentar crescimento rápido e eficiente cobertura do solo, bem como
elevada produção de biomassa, incorporando maior quantidade de matéria orgânica ao
solo, o que conseqüentemente melhora sua estrutura. Dentre as plantas comumente
utilizadas na recuperação ambiental destacam-se as leguminosas, que além das
características próprias para a recuperação também promovem a fixação de nitrogênio
ao solo, têm elevada capacidade de adaptação e criam condições de solo e microclima
favoráveis ao ingresso e estabelecimento de espécies em sucessão vegetal.
Felfili et al. (2000b) recomendam as seguintes espécies arbóreas para formar
povoamento inicial nos processos de reabilitação das matas às margens dos córregos e
rios do Brasil central: Cecropia pachystachya, Piptocarpha macropoda, Cabralea
canjerana e Sclerolobium paniculatum var. rubiginosum, por serem espécies coloni-
zadoras de clareiras.
A distribuição agrupada de algumas espécies, em determinados locais da mata, é
reflexo das condições físicas e das interações bióticas, e esse conhecimento pode e deve
ser considerado em plantios com espécies nativas para recuperação de áreas degradadas
(FELFILI et al., 2000a).
Segundo Martins (2007), a relação da vegetação com a fauna, que atuará como
dispersora de sementes, contribui com a própria regeneração natural. Espécies regionais,
com frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a recuperar as funções ecológicas da floresta.
No presente trabalho objetivou-se buscar informações a respeito dos aspectos
vegetativos de espécies arbóreas nativas do Cerrado de Palmas-TO, potencialmente
aptas à restauração florestal, com o objetivo de fornecer subsídios para otimizar a
propagação de espécies deste bioma, fatores essenciais para a discussão e aplicação de
técnicas de manejo que visem a restauração das florestas nacionais.
No primeiro artigo deste estudo, intitulado “Composição florística e estrutura do
componente arbóreo de dois fragmentos remanescentes de cerradão do Complexo de
11
Ciências Agrárias da Fundação Universidade do Tocantins, Palmas-TO, Brasil”, foi
observada a caracterização da composição, da estrutura comunitária, da fisionomia do
componente arbóreo e da similaridade dos fragmentos.
No segundo artigo, “Comportamento germinativo em condições de laboratório
de sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado: Buchenavia tomentosa Eichler
(merindiba); Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado), Guazuma
ulmifolia Lam. (mutamba) e Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-
macaco) sob o efeito de diferentes substratos, regimes de temperatura e níveis de luz”,
foram avaliados a porcentagem de umidade, o comportamento germinativo e a
viabilidade do restante das sementes não-germinadas utilizadas nos primeiros testes, por
meio do teste de tetrazólio.
No terceiro artigo, intitulado “Restauração de um fragmento de cerradão com
espécies arbóreas nativas, no Centro Agrotecnológico de Palmas-TO”, abordou-se a
avaliação do arranque inicial por meio da porcentagem de sobrevivência stand e do
estabelecimento, após o plantio no campo, das mudas das espécies arbóreas nativas do
Cerrado: baru (Dipterix alata Vogel), jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.
ex Hayne), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) e orelha-de-macaco (Enterolobium
gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), sob condições diferenciadas de adubação, utilizadas
para restauração de um fragmento de cerradão, visando o restabelecimento de suas
características naturais.
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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16
Composição florística e estrutura do componente arbóreo de dois fragmentos de
cerradão do Complexo de Ciências Agrárias da Fundação Universidade do
Tocantins, Palmas-TO, Brasil
Resumo: O objetivo deste estudo foi o levantamento da composição florística e da
estrutura do componente arbóreo de duas áreas (dois fragmentos remanescentes de
cerradão), tendo o fragmento 1 (A) 1,80 ha e o fragmento 2 (B) 0,84 ha, situados no
Complexo de Ciências Agrárias - CCA da Fundação Universidade do Tocantins -
UNITINS, Palmas-TO, Brasil. Para o levantamento dos dados foi utilizado o método de
ponto quadrante, onde foram amostrados, nos fragmentos A e B, 90 e 40 pontos,
respectivamente. Os fragmentos foram comparados floristicamente com outros seis
trechos de cerradão, através de análise de agrupamento, por meio do coeficiente de
similaridade de Jaccard. No fragmento A foram encontrados 360 indivíduos,
distribuídos em 24 famílias, 46 gêneros e 56 espécies. As famílias mais ricas foram
Fabaceae (15) e Myrtaceae, Vochysiaceae, Rubiaceae, Malpighiaceae e Apocynaceae
(03). As espécies que se destacaram como as mais importantes foram Emmotum nitens,
Xylopia aromática, Myrcia sellowiana, Pouteria ramiflora, Simarouba versicolor,
Sclerolobium paniculatum, Qualea parviflora, Ferdinandusa elliptica, Annona
crassiflora e Casearia sylvestris. Além de se destacar pela riqueza, o fragmento A
apresentou ainda altos valores de índice de diversidade de Shannon (H' = 3,758) e
equabilidade (J '= 0,934, contudo baixos valores de densidade (760,53 ind./ha) e de área
basal (9,275 m
2
/ha). Observou-se, também, uma distribuição tendendo a ser mais
homogênea dos indivíduos entre as espécies, sem a ocorrência de dominante ecológico.
Para o fragmento B foram amostrados 160 indivíduos, distribuídos em 21 famílias, 37
gêneros e 39 espécies. O índice de Shannon (H’) foi de 3,076 e a equabilidade (J =
H’/ln(S)) de 0,840. A área basal por hectare observada foi de 22,35 m
2
, considerada
relativamente alta para a fitofisionomia cerradão. Já para o valor de importância (VI), as
espécies Xylopia aromatica (53,11 %), Caryocar brasiliense (47,69 %) e Myrcia
sellowiana com (28,81 %) foram as que apresentaram maior valor. O dendrograma
obtido por meio das análises de similaridade das áreas estudadas e outras áreas de
cerradão permitiu agrupar e separar as diversas áreas, com os dois fragmentos deste
estudo formando um grupo com elevada similaridade e pouco semelhante às demais
áreas.
Palavras-chave: cerradão, savana florestada, estrutura, fragmentos.
17
Floristic composition and structure of the arboreous component of two fragments
of cerradão of the Complexo de Ciências Agrárias (Agrarian Sciences Complex) da
Fundação Universidade do tocantins, Palmas, TO, Brazil
Abstract: The objective of this study was to survey the floristic composition and the
structure of the arboreous component of two areas (two remaining fragments of
cerradão), the fragment 1 (A) having 1.80 ha and the fragment 2 (B) having 0.84 ha,
located in the Agrarian Sciences Complex CCA of the Fundação Universidade de
Tocantins UNITINS, Palmas-TO, Brazil. For the data survey the methody of the
quarter point was used, where 90 and 40 points were sampled in the fragments A and B,
respectively. The fragments were floristically compared with other six strips of
cerradão, through a cluster analysis, by means of the Jaccard similarity coefficient. In
the fragment A 360 individuals were found, distributed into 24 families, 46 geners and
56 species. The richest families were Fabaceae (15), and Myrtaceae, Rubaceae,
Malpighiaceae and Apocynaceae (03). The most important species were Emmotum
nitens, Xylopia aromatica, Myrcia sellewiana, Pouteria ramiflora, Sinarouba
versicolor, Sclerolobium paniculatum, Qualea parviflora, Ferdinandusa elliptica,
Annona crassiflora and Casearia sylvestris. Besides outstanding by the richness, the
fragment A also showed high values of the Shannon diversity index (H’ = 3.758) and of
equability (J’ = 0,934), but low density values (760.53) ind./ha), and of basal area
(9.275 m
2
/ha). It was also observed a distribution tending to be most homogeneors of
the individuals among the species, without the occurrence of an ecologic dominant. In
the fragment B 160 individuals were sampled, distributed into 21 families, 37 geners
and 30 species. The Shannon index (H`) was of 3.076 and the equability (J = H’/ln (S))
was of 0.840. The basal area per hectare observed was of 22.35 m
2
, which is considered
to be equite high for the cerradão physiognomy. For the importance value (VI) the
species Xylopia armatica (53.11 %), Caryocar brasiliense (47.69 %) and Myrcia
sellowiana (28.81 %) were those that showed the greatest values. The dendrogram
obtained by the similarity analyses of the studied areas and of the other areas of
cerradão allwed to group and separate the various areas, with the two fragments of this
study forming a group with high similarity and little similarity with the other areas.
Keywords: cerradão, forested savannah, structure, fragments.
18
1. Introdução
Com o avanço da fronteira agrícola e da expansão urbana, extensas faixas
remanescentes de vegetação nativa do Cerrado vêm sendo suprimidas, acarretando,
conseqüentemente, significativo número de fragmentos florestais.
A ocupação brasileira caracterizou-se pela ausência de planejamento e
conseqüente destruição dos recursos naturais, particularmente da flora. Ao longo da
história do País, a cobertura florestal nativa, representada pelos diferentes biomas, foi
sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturas agrícolas, a agropecuária e as
cidades.
O Tocantins possui diversas formações vegetacionais, possivelmente em
conseqüência da diversificada variação nas condições climáticas, topográficas e
geológicas encontrada nas inúmeras regiões do Estado. Possui uma considerável
quantidade de áreas de vegetação fragmentada, devido, fundamentalmente, à ação
antrópica.
Portanto, os fragmentos de vegetação natural são hoje, quando analisados de
maneira integrada à paisagem, de vital importância para conservação de solo e água,
assim como para conservação da biodiversidade, dependendo, neste caso, do grau de
fragmentação do habitat. necessidade, então, de diagnosticar o estado dessa
fragmentação, de tal forma que os levantamentos realizados contribuam para subsidiar o
planejamento de estratégias de recomposição da cobertura da vegetação natural, e se
possível, em um outro nível, a restauração das funções dos ecossistemas (BLANCO e
MOREIRA, 2000).
Tabanez et al. (1997) mencionam que os fragmentos florestais possuem estrutura
e dinâmica variadas, em função de uma série de fatores, que vão desde a composição e
estrutura da floresta original ao histórico de perturbação. Dependendo destas
características, um fragmento pode sofrer maior ou menor alteração, e ser mais ou
menos auto-sustentável.
Os ecossistemas passam a ter sua estabilidade comprometida a partir do
momento em que ocorrem mudanças drásticas no seu regime de distúrbios
característicos, e que as flutuações ambientais ultrapassam seu limite homeostático.
Como conseqüência, eles perdem sua capacidade de recuperação natural. Dependendo
da intensidade do distúrbio, fatores essenciais para manutenção da resiliência, como
banco de plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de
19
sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regeneração
natural ou tornando-o extremamente lento (ENGEL e PARROTA, 2003; MARTINS,
2007). Segundo autores, em pequenos fragmentos de mata sob forte pressão de
atividades agrícolas várias espécies arbóreas e arbustivas podem estar extintas ou
apresentar problemas de regeneração, ocasionando impactos sobre a fauna. Nessas
pequenas manchas de florestas, muitos animais, que outrora eram responsáveis pela
dispersão das sementes de determinadas espécies de plantas, podem ter sido extintos,
assim a regeneração natural torna-se comprometida.
Para Almeida Júnior (1999), fragmentos de floresta estacional semidecidual
encontram-se altamente degradados, em razão da exploração seletiva de madeira e do
constante pastoreio no seu interior, dentre outros, havendo a necessidade de se
estabelecerem planos de manejo para recuperação dessa vegetação, bem como de outras
fitofisionomias.
Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso nas regiões
economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente
para o Centro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada
principalmente por florestas secundárias, em variado estado de degradação, salvo
algumas reservas de florestas bem conservadas. Este processo de eliminação das
florestas resultou em um conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias
espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dos solos e o
assoreamento dos cursos d'água (MARTINS, 2007).
Os efeitos que a fragmentação de habitats exercem sobre as espécies, conforme
Rambaldi e Oliveira (2003), são diferentes; uma paisagem fragmentada para uma
espécie pode não o ser para outra. Os autores citam ainda que a resposta de uma
determinada espécie ou população à fragmentação depende também da escala espacial
em que os fragmentos estão organizados e como a fragmentação influencia o sucesso de
dispersão na paisagem e que os tipos de elementos da paisagem que os separam ou
conectam determinam o grau de isolamento das espécies de plantas nos fragmentos.
A riqueza natural existente no Bioma Cerrado justifica os estudos para
conservação e manejo da sua biodiversidade, por uma razão muito simples: todas as
formas de vida possuem algum valor, seja ele econômico ou ecológico, potencial ou
real. Conservar um bioma é garantir a manutenção das espécies que nele se
estabeleceram e, em conseqüência, a sua existência para as gerações atuais e futuras
(RIBEIRO e WALTER, 1998).
20
Conforme Duringan (1994), conservar e recuperar a diversidade biológica dos
fragmentos florestais é um desafio, ao mesmo tempo, técnico, científico e político. É
preciso não aprender como manejá-los, mas também como criar mecanismos que
viabilizem a aplicação de técnicas de manejo tanto em áreas públicas como em
propriedades privadas, eliminando as diversas barreiras que desestimulam a
conservação e recuperação desses remanescentes florestais.
Para Engel e Parrota (2003), um sistema indicado para restaurar matas
secundárias degradadas é por meio do enriquecimento, através do plantio, com uma alta
diversidade de espécies de árvores nativas em uma determinada área, preservando as
espécies vegetais preexistentes do local, colaborando, conseqüentemente, com a
biodiversidade e com a aceleração da regeneração da mata.
A degradação de fragmentos florestais é resultado da complexa interação entre
fatores inerentes ao processo de fragmentação, como redução da área, maior exposição
ao efeito de borda e isolamento, e a constante pressão antrópica. Estes fatores se
manifestam e se combinam de diversas formas, gerando diferentes formas de
degradação. Como conseqüência cria-se um mosaico de eco-unidades único para cada
fragmento florestal. Entretanto, os resultados apontam para a necessidade de manejar
estes fragmentos e as paisagens em que estão inseridos, tanto quanto para sensibilizar a
população local. A eficácia desta intervenção depende da identificação dos fatores de
degradação e de alternativas sustentáveis para minimizar o processo de degradação e
recuperar a estrutura dos fragmentos florestais, conservando assim a sua biodiversidade
(VIANA e PINHEIRO, 1998).
Portanto, deve-se ressaltar a importância de planejar e monitorar o processo de
fragmentação, principalmente em regiões que se encontra em estádios iniciais do
processo de expansão agropecuária, como o caso da Região Norte do Brasil,
especificamente o Estado do Tocantins (MARTINS, 2002).
O inventário da composição florística e da estrutura, bem como a análise da
similaridade florística de um fragmento florestal, fornece fundamentalmente
conhecimentos a respeito do comportamento da comunidade, da distribuição espacial
dos grupos de indivíduos e das inter-relações e dinâmica existentes entre eles.
Para Martins (1989), a fitossociologia envolve o estudo das inter-relações de
espécies vegetais dentro da comunidade vegetal, no espaço e no tempo. Refere-se ao
estudo quantitativo da composição, estrutura, funcionamento, dinâmica, história,
21
distribuição e relações ambientais da comunidade vegetal. Apóia-se muito sobre a
taxonomia vegetal e tem estreitas relações com a fitogeografia e as ciências florestais.
A realização do levantamento florístico, concomitante com a aquisição de dados
dendrológicos (existência de estruturas vegetais como nectários, sapopemas, espinhos,
acúleos, gavinhas, pilosidades, cores da casca e das folhas, odores, entre outras) e as
informações sobre a fenologia da planta (época de floração, frutificação e etc.),
enriquece substancialmente o estudo desenvolvido.
O importante em inventários florísticos para recuperação de matas degradadas é
procurar inferir o comportamento das espécies das comunidades, baseando-se na
situação encontrada no momento da recuperação. Caso não haja a possibilidade de
efetuar inventários detalhados (sistemáticos ou estratificados), sugere-se a execução de
inventários rápidos da vegetação próxima remanescente. Essas informações indicam
espécies mais adequadas para os diferentes microssítios e para o plantio nos vários
estádios de sucessão e, ou, perturbações da mata. Caso não existam remanescentes,
sugere-se usar as espécies mais comumente encontradas nessas matas (FELFILI et al.,
1997; 2000).
Fitossociologia é o estudo de métodos de conhecimento e definição de
comunidades vegetais, no que se refere a origem, estrutura, classificação e relações com
o meio. Phyto significa planta e sociologia grupos ou agrupamentos, ou seja, o estudo
da fitossociologia pressupõe a existência de comunidades de plantas (FELFILI e
REZENDE, 2003).
Para subsidiar os processos de restauração vegetal em áreas degradadas, estudos
da florística e da fitossociologia na região e em áreas circunvizinhas m se tornado
essenciais, permitindo maior conhecimento sobre a composição e a estrutura das
comunidades vegetais que foram afetadas e a definição de espécies prioritárias para as
ações mitigadoras a serem fomentadas.
A restauração de ambientes degradados consiste em procurar reabilitar suas
características originais, porém difere do reflorestamento, cujo objetivo principal é obter
uma cobertura florestal. Para tanto, devem-se adotar plantios consorciados de espécies
nativas já adaptadas às condições do ambiente natural, visando criar microclima e oferta
de recursos similares às condições anteriormenteencontradas (FELFILI et al., 2000).
Este estudo teve como objetivo conhecer a composição florística e a estrutura da
comunidade, bem como a similaridade florística entre os dois fragmentos remanescentes
de cerradão do Complexo de Ciências Agrárias da Fundação Universidade do Tocantins
22
no município de Palmas-TO e outras seis áreas de cerradão de diversas localidades do
Brasil, utilizando para esse propósito os caracteres vegetativos e fornecendo condições
para estudos ecológicos dessa vegetação, como forma de subsidiar programas de
restauração de áreas degradadas.
2. Material e Métodos
O presente estudo foi conduzido em dois fragmentos de cerradão, situados no
Complexo de Ciências Agrárias CCA da Fundação Universidade do Tocantins -
UNITINS, inserido no Centro Agrotecnológico de Palmas – CAP, na região central do
Estado do Tocantins, Brasil, e localizado geograficamente sob as coordenadas
aproximadas de 10
o
20’00” S e 10
o
27’00” S de latitude e 48
o
15’00” Wgr e
48
o
20’00” Wgr de longitude, a uma altitude de 213 m. Situa-se a aproximadamente
32 km do município de Palmas-TO, e a 10 km da TO 050, sentido Palmas Porto
Nacional. O CCA possui uma área de 27,65 ha. Deste total, cerca de 3,0 ha são áreas
remanescentes de Cerrado onde foram amostrados os fragmentos estudados, e o restante
da área é destinado à implantação de diversos experimentos agrícolas e ao Complexo de
Laboratórios da UNITINS. As áreas dos fragmentos de cerradão são de
aproximadamente 1,8029 ha fragmento 1 (denominado de Área A) e de 0,8401 ha-
fragmento 2 (denominado de Área B) (Figura 1).
A vegetação encontrada na área estudada é característica do Bioma Cerrado,
tendo como fitofisionomias predominantes o cerradão, o cerrado stricto senso e as
matas ciliares, com áreas sob forte interferência antrópica, ocupada por pastagem
(Andropogon sp.) e trechos em fase de regeneração natural.
O solo é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico, endoácrico
(LVAdw), com manchas de Latossolo Amarelo Distrófico quartzarênico, caulínico (Ladq)
(RANZANI, 2002). Os fragmentos estudados sofreram ação antrópica no decorrer dos
anos, devido à formação de pastagens para a agropecuária em seu entorno e à retirada de
madeira para diversos fins, estando atualmente em processo de regeneração natural.
O estudo florístico foi realizado por meio de coletas aleatórias de material
vegetativo nos dois fragmentos de cerradão. O material foi inicialmente identificado no
campo e posteriormente por meio de consultas à bibliografia especializada. As espécies
foram classificadas em famílias, de acordo com o sistema do Angioperm Phylogeny
Group II (APG II, 2003).
23
Figura 1 – Carta-imagem do Complexo de Ciências Agrárias, destacando-se os
fragmentos 1 = A (1,8029 ha) e 2 = B (0,8401 ha).
Os nomes dos táxons foram atualizados em Mendonça et al. (1998) e no site
<http://www.mobot.org/W3T/search_vast.html> (MISSOURI BOTANICAL GARDEN,
2003).
No levantamento dos parâmetros fitossociológicos, utilizou-se o método dos
pontos quadrantes, indicado por Felfili e Rezende (2003).
Para o método dos pontos quadrantes, foram demarcados três transcectos
paralelos, nos quais foram demarcados 90 pontos no fragmento A e 40 pontos no
fragmento B (COTTAM e CURTIS, 1956, citados por MARTINS, 1991). O
distanciamento entre os pontos foi de 10 m, determinado pela fórmula de distância
mínima (MARTINS, 1979, citado por SILVA 1980). A orientação dos pontos foi de
modo aleatório (MUELLER-DOMBOIS e ELLENBER, 1974).
O nível de inclusão abrangeu todos os indivíduos arbóreos com circunferência à
altura do peito (CAP) superior ou igual a 15 cm. De cada indivíduo foi tomada a medida
do CAP com o auxílio de uma trena e a altura total, por estimativa.
24
A partir desses dados foram calculados os parâmetros fitossociológicos de
densidade, freqüência e dominância, absolutas e relativas, por espécies e por famílias
botânicas, e os valores de importância e de cobertura. Para as estimativas
fitossociológicas utilizou-se o programa FITOPAC 2.0 (SHEPHERD, 1996), atualizado
pela UNICAMP em 2002, cujos resultados foram interpretados segundo Mueller-
Dombois e Ellenberg (1974).
As fórmulas utilizadas para obtenção dos parâmetros fitossociológicos foram:
DCI = Di + Ri, Sendo Ri = p/2 π Área basal (AB): AB = p2/4 π
Distância média (DM): (DM) = DCI/N Área basal da espécie i (Abi): Abi = AB
Área equiv. da amostra (Aeq): (Aeq) = DM2 x N Área basal média da esp. (ABMi): ABMi = Abi/ni
Densidade total: DT = 10000/DM2 ABT = AB Dom. Abs. da esp. i (DoAi)
Dens. Abs. da espécie i (DAí): DAí = DT x ni/N DoAi = Daí x ABMi
Dens. Relativa da espécie i (DRi): DRi = 100 ni/N Dom. Rel.da esp. i (DoRi): DoRi = 100 ABi/ABT
FAi): FAi = 100 Ui /UT Valor de imp. da espécie i: VIi = DRi + FRi + Dori
Freq. rel.da espécie i (FRi): Fri = 100 Fai/ Fai Valor de cobertura (VCi): VCi = Dri + Dori
Volume cilíndrico (Vol): Vol = h X (p2/4 π)
em que
N = número total de indivíduos amostrados;
Ni = número de indivíduos da espécie i;
A = área da amostra (em hectares);
ABi = área basal em m
2
da espécie i, obtida da soma das áreas basais de seus
indivíduos a partir da fórmula: p
2
/4 π; e
ABT = área basal em m
2
, obtida da soma das áreas basais individuais a partir da
fórmula:
P
2
/ 4 π
em que
Ui = número de unidades amostrais com a ocorrência da espécie i;
UT = número total de unidades amostrais; e
P = perímetro do caule (em metros).
Os fragmentos de cerradão estudados do Complexo de Ciências Agrárias foram
comparados qualitativamente com os dados citados em outros estudos (Figura 5),
procedendo-se à análise de agrupamento por meio do coeficiente de similaridade de
25
Jaccard, que leva em consideração a riqueza das espécies (presença ou ausência), e em
seguida constituiu-se um cluster, utilizando o método UPGMA (método não-ponderado
de agrupamento aos pares). Essas duas análises foram realizadas com a utilização do
software PAST versão 1.41 (BROWER e ZAR, 1984; KENT e COKER, 1992).
Para caracterizar a composição química e física do solo, coletaram-se amostras
compostas (dez amostras por fragmento), a uma profundidade de 0 a 20 cm nos dois
fragmentos de cerradão. As amostras foram analisadas quanto ao pH e às concentrações de
P, K, Ca, Mg, Al, matéria orgânica e textura. Essas análises foram realizadas seguindo as
recomendações do Manual de Métodos de Análise de Solo da Embrapa-CNPS (1997), pelo
Laboratório de Análises de Solos do Complexo de Ciências Agrárias da UNITINS.
3. Resultados e Discussão
3.1. Fragmento A
Foram identificados 360 indivíduos, distribuídos em 24 famílias, 46 gêneros e 56
espécies. As famílias, os gêneros e as espécies estão representados na Tabela 1.
O maior número de espécies foi representado pelas famílias: Fabaceae (15);
Myrtaceae, Vochysiaceae, Rubiaceae, Malpighiaceae e Apocynaceae (3).; Annonaceae,
Malvaceae, Euphorbiaceae, Melastomataceae, Lythraceae, Clusiaceae, Bignoniaceae e
Connaraceae (2); e Icacinaceae, Sapotaceae, Simaroubaceae, Salicaceae, Ebenaceae,
Caryocaraceae, Moraceae, Anarcardiaceae, Chrysobalanaceae e Dilleniaceae (1).
Os gêneros de maior representatividade no presente estudo foram: Byrsonima (3);
e Tabebuia, Kielmeyera, Andira, Hymenaea, Sclerolobium, Myrcia, Alibertia, Qualea (2).
Os indivíduos amostrados apresentaram densidade total de 760,53 indivíduos
por hectare. Em relação à altura dos indivíduos amostrados, obteve-se a altura máxima
de 11,00 m e a mínima de 1,80 m, sendo a média em relação à altura de 4,96 m. O
diâmetro máximo encontrado foi de 62,25 cm e o mínimo de 4,77 cm, de acordo com o
critério de inclusão estabelecido, ficando o diâmetro médio em 11,05 cm. O volume
máximo foi de 3,348 m
3
e o volume mínimo de 0,0037 m
3
/ha. A área basal total foi de
4,391 m
2
e a área basal por hectare de 9,275 m
2
. O índice de Shannon (H’) para espécie
foi de 3,758 e para família de 2,831, e o de Simpson (D), que variou de 0 a 1,
apresentou um valor de 0,026, devendo se destacar que para os valores próximos de 1 a
diversidade é menor. A equabilidade (J = H'/ln(S)) foi de 0,934, indicando boa
distribuição dos indivíduos entre as espécie.
26
Tabela 1 – Famílias, gêneros e espécies amostrados no levantamento florístico no fragmento A
de cerradão com área de 1,8029 ha, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas, TO, Brasil, 2007
Famílias/Espécies Famílias/Espécies
ANACARDIACEAE (1) Pterodon emarginatus Vogel
Anacardium sp. Sclerolobium aureum (Tul.) Baill.
ANNONACEAE (2) Sclerolobium paniculatum Vogel
Annona crassiflora Mart. Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. ICACINACEAE (01)
APOCYNACEAE (3) Emmotum nitens (Benth.) Miers
Aspidosperma nobile Müll. Arg. LYTHRACEAE (02)
Hancornia speciosa Gomes Lafoensia pacari St. Hil.
Himatanthus obovatus (M.Arg.) R.E.Woodson Physocalymma scaberrimum Pohl
BIGNONIACEAE (2) MALPIGHIACEAE (03)
Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth e Hook. f. ex S. Moore Byrsonima crassa Nied.
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Byrsonima sericea DC.
CARYOCARACEAE (1) Byrsonima verbascifolia (L.) DC.
Caryocar brasiliense Cambess.
MALVACEAE (02)
CHRYSOBALANACEAE (1) Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns
Hirtella ciliata Mart. e Zucc. Guazuma ulmifolia Lam.
CLUSIACEAE (2) MELASTOMATACEAE (02)
Kielmeyera coriacea Mart. Miconia albicans (Sw.) Triana
Kielmeyera lathrophyton Saddi Mouriria pusa Gardn.
CONNARACEAE (2) MORACEAE (01)
Connarus suberosus Planch. Brosimum gaudichaudii Trécul
Rourea induta Planch. MYRTACEAE (03)
DILLENIACEAE (1) Myrcia sellowiana O.Berg.
Curatella americana Linn. Myrcia sp.
EBENACEAE (1) Psidium myrsinoides O. Berg
Diospyros hispida A. DC. RUBIACEAE (03)
EUPHORBIACEAE (2) Alibertia verrucosa S. Moore
Mabea fistulifera Mart. Alibertia sp.
Maprounea guianensis Aubl. Ferdinandusa elliptica Pohl
FABACEAE (15) SALICACEAE (01)
Andira cuiabensis Benth. Casearia sylvestris Sw.
Andira sp. SAPOTACEAE (01)
Bowdichia virgilioides Kunth Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.
Cenostigma macrophyllum Tul.
SIMAROUBACEAE (01)
Dimorphandra mollis Benth. Simarouba versicolor A. St.-Hil.
Dipteryx alata Vog. VOCHYSIACEAE (03)
Hymenaea courbaril L. Qualea grandiflora Mart.
Hymenaea stigonocarpa Mart. Ex Hayne Qualea parviflora Mart.
Machaerium acutifolium Vogel Salvertia convallariodora St. Hil.
Parkia platycephala Benth.
Plathymenia reticulata Benth.
27
A espécie que apresentou a maior densidade relativa foi Xylopia aromática, com
6,39 %, seguida de Myrcia sellowiana (5,56 %), Sclerolobium paniculatum e Qualea
parviflora (4,17 %) e Casearia sylvestris (3,89 %) e Ferdinandusa elliptica, Pouteria
ramiflora e Annona crassiflora (3,61 %). As espécies que apresentaram maior
dominância relativa (DoR) foram Emmotum nitens (15,67 %), Simarouba versicolor
(5,61 %), Pouteria ramiflora (5,00 %) e Xylopia aromatica (4,12 %). Quanto ao valor
de importância (VI) e valor de cobertura (VC), as espécies Emmotum nitens (20,83
18,20) e Xylopia aromatica (16,13 – 10,51), respectivamente, foram as que apresentaram
maiores valores (Figura 2 e Tabela 2).
ESPÉCIES COM MAIORES VALORES DE IMPORTÂNCIA - VI
2,5
6,39
5,56
3,61
3,33
4,17
4,17
3,61
3,61
3,89
15,7
4,12
2,63
4,72
5,62 2,55 2,21
2,23
2,19 1,36
2,66
5,62
5,62
3,85
2,96
3,85
3,85
3,85
3,55
3,85
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Valores de Importância
Espécies com maio res VI - %
Densidade Relativa Dominância Relativa Frequência Relativa
Figura 2 – Espécies com maiores valores de importância (VI %) no fragmento A de
crradão, com área de 1,8029 ha, localizado no CCA – UNITINS, em Palmas-
TO, Brasil, 2007: 1) Emmotum nitens, 2) Xylopia aromática, 3) Myrcia
sellowiana, 4) Pouteria ramiflora, 5) Simarouba versicolor, 6) Sclerolobium
paniculatum, 7) Qualea parviflora, 8) Ferdinandusa elliptica, 9) Annona
crassiflora e 10) Casearia sylvestris.
Quanto à diversidade avaliada no fragmento A (Tabela 2), foram obtidos
resultados altos para o índice de Shannon (H' = 3,758), indicando a superior diversidade
de indivíduos, quando comparados aos de outros estudos realizados no cerrado sensu
stricto por Felfili et al. (1993, 1997), Santos (2000), Felfili e Silva Júnior (2001), Felfili
(2004) e Neri (2007), os quais obtiveram valores entre 3,16 e 3,73.
para a equabilidade (J = H'/ln(S)), o resultado encontrado de 0,934 indicou
alta distribuição dos indivíduos entre as espécies no fragmento, sendo superior aos
28
Tabela 2 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes, destacando
as principais espécies encontradas no fragmento A de cerradão com área de
1,8029 há, localizado no CCA UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007, em
termos de seus valores de importância e de cobertura: número de indivíduos
(n
o
ind.), densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), freqüência
absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA),
dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e índice de
valor de cobertura (IVC)
Espécie N
o
Ind. DA DR FA FR DoA. DoR IVI IVC
Emmotum nitens 9 19,0 2,50 10,00 2,66 1,4530 15,67 20,83 18,17
Xylopia aromática 23 48,6 6,39 21,11 5,62 0,3817 4,12 16,13 10,50
Myrcia sellowiana 20 42,3 5,56 21,11 5,62 0,2496 2,69 13,87 8,25
Pouteria ramiflora 13 27,5 3,61 14,44 3,85 0,4634 5,00 12,45 8,61
Simarouba versicolor 12 25,4 3,33 11,11 2,96 0,5200 5,61 11,90 8,94
Sclerolobium paniculatum 15 31,7 4,17 14,44 3,85 0,2355 2,54 10,55 6,71
Qualea parviflora 15 31,7 4,17 14,44 3,85 0,2042 2,20 10,21 6,37
Ferdinandusa elliptica 13 27,5 3,61 14,44 3,85 0,2060 2,22 9,68 5,83
Annona crassiflora 13 27,5 3,61 13,33 3,55 0,2028 2,19 9,35 5,80
Casearia sylvestris 14 29,6 3,89 14,44 3,85 0,1255 1,35 9,09 5,24
Plathymenia reticulata 13 27,5 3,61 13,33 3,55 0,1116 1,20 8,36 4,81
Guazuma ulmifolia 11 23,2 3,06 12,22 3,25 0,1739 1,87 8,18 4,93
Mabea fistulifera 7 14,8 1,94 7,78 2,07 0,2913 3,14 7,16 5,08
Hymenaea courbaril 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,3308 3,57 6,43 4,96
Diospyros híspida 8 16,9 2,22 8,89 2,37 0,1389 1,50 6,09 3,72
Vatairea macrocarpa 8 16,9 2,22 6,67 1,78 0,1979 2,13 6,13 4,36
Eriotheca gracilipes 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,2985 3,22 6,09 4,61
Lafoensia pacari 9 19,0 2,50 10,00 2,66 0,0692 0,75 5,91 3,25
Pterodon emarginatus 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,2812 3,03 5,90 4,42
Machaerium acutifolium 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,2811 3,03 5,90 4,42
Dimorphandra mollis 8 16,9 2,22 8,89 2,37 0,1192 1,29 5,87 3,51
Bowdichia virgilioides 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,2714 2,93 5,79 4,32
Caryocar brasiliense 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,2693 2,90 5,77 4,29
Byrsonima sericea 6 12,7 1,67 6,67 1,78 0,1992 2,15 5,59 3,81
Byrsonima crassa 8 16,9 2,22 6,67 1,78 0,1407 1,52 5,51 3,74
Kielmeyera lathrophyton 8 16,9 2,22 6,67 1,78 0,1148 1,24 5,23 3,46
Himatanthus obovatus 7 14,8 1,94 7,78 2,07 0,0935 1,01 5,02 2,95
Hancornia speciosa 7 14,8 1,94 7,78 2,07 0,0587 0,63 4,65 2,58
Mouriria pusa 3 6,3 0,83 3,33 0,89 0,2713 2,92 4,65 3,76
Brosimum gaudichaudii 6 12,7 1,67 6,67 1,78 0,0993 1,07 4,51 2,74
Sclerolobium aureum 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,1247 1,34 4,21 2,73
Maprounea guianensis 4 8,5 1,11 4,44 1,18 0,1664 1,79 4,09 2,91
Miconia albicans 6 12,7 1,67 6,67 1,78 0,0499 0,54 3,98 2,20
Tabebuia ochracea 5 10,6 1,39 5,56 1,48 0,0902 0,97 3,84 2,36
Connarus suberosus 6 12,7 1,67 6,67 1,78 0,0334 0,36 3,80 2,03
Parkia platycephala 3 6,3 0,83 3,33 0,89 0,1642 1,77 3,49 2,60
Anacardium sp. 4 8,5 1,11 4,44 1,18 0,0963 1,04 3,33 2,15
Salvertia convallariaeodora 4 8,5 1,11 4,44 1,18 0,0884 0,95 3,25 2,06
Hirtella ciliata 4 8,5 1,11 4,44 1,18 0,0651 0,70 3,00 1,81
Alibertia verrucosa 5 10,6 1,39 4,44 1,18 0,0343 0,37 2,94 1,76
Curatella americana 3 6,3 0,83 3,33 0,89 0,0808 0,87 2,59 1,70
Cenostigma macrophyllum 4 8,5 1,11 4,44 1,18 0,0184 0,20 2,49 1,31
Physocalymma scaberrimum 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,1069 1,15 2,30 1,71
Continua...
29
Tabela 2, Cont.
Espécie
N
o
IND.
DA DR FA FR DoA. DoR IVI IVC
Andira sp. 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,0720 0,78 1,92 1,33
Tabebuia áurea 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,0517 0,56 1,70 1,11
Dipteryx alata 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,0383 0,41 1,56 0,97
Aspidosperma nobile 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,0236 0,25 1,40 0,81
Myrcia sp. 2 4,2 0,56 2,22 0,59 0,0166 0,18 1,33 0,73
Rourea induta 2 4,2 0,56 1,11 0,30 0,0097 0,11 0,96 0,66
Andira cuyabensis 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0340 0,37 0,94 0,64
Hymenaea stigonocarpa 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0269 0,29 0,86 0,57
Alibertia sp. 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0067 0,07 0,65 0,35
Qualea grandiflora 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0067 0,07 0,65 0,35
Byrsonima verbascifolia 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0061 0,07 0,64 0,34
Psidium myrsinoides 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0054 0,06 0,63 0,34
Kielmeyera coriácea 1 2,1 0,28 1,11 0,30 0,0049 0,05 0,63 0,33
valores encontrados por Neri et al. (2007), ao estudarem o cerrado sensu stricto em
Senador Modestino Gonçalves-MG. No entanto, a exceção ficou para as espécies
Xylopia aromática e Myrcia sellowiana, que apresentaram abundância considerável no
fragmento.
A espécie Xylopia aromatica está representada por 23 indivíduos, apresentando
o segundo maior valor de importância, sendo bem representada também nos estudos
feitos por Felfili et al. (1994) em diversas localidades do Cerrado no DF, em Minas
Gerais e em Goiás, e por Gomes et al. (2004), em um fragmento de transição entre
cerradão e floresta paludícola em Brotas-SP.
O alto número de espécies com número reduzido de indivíduos e alta
concentração de indivíduos distribuídos em poucas espécies, constatado neste estudo, é
tendência também verificada em outros levantamentos no Cerrado (FELFILI et al.,
1994, 1997; ROSSI et al., 1998; FELFILI e SILVA JÚNIOR, 1993, 2001).
Com relação às famílias (Tabela 3), a maior representatividade em termo de
densidade relativa (DR) foi para Fabaceae, com 22,78 %, seguida da família Annonaceae
(10,00 %); as famílias que apresentaram menor densidade relativa foram:
Anarcardiaceae e Chrysobalanaceae com 1,11 % e Dilleniaceae com 0,83 %.
Estudando cinco áreas de cerradão na Chapada Pratinha, Felfili et al. (1994)
observaram que a família Annonaceae obteve o maior índice de valor de importância.
No entanto, para as nossas condições, a família Fabaceae apresentou o maior valor de
importância, VI de 64,54 %, sendo seguida por Annonaceae com VI de 26,04 % e
Icacinaceae com VI de 21,09 %. Porém, ainda mereceram destaque as seguintes
30
Tabela 3 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes, destacando
as principais famílias encontradas no fragmento A de cerradão com área de
1,8029 há, localizado no CCA – UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007, em
termos de seus valores de importância e de cobertura: número de indivíduos
(n
o
ind.), densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), freqüência
absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA),
dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e índice de
valor de cobertura (IVC)
Família N
o
Ind. DA DR FA FR DoA DoR IVI IVC
Fabaceae 82 173,2 22,78 57,78 16,88 2,3072 24,87 64,54 47,65
Annonaceae 36 76,1 10,00 33,33 9,74 0,5845 6,30 26,04 16,30
Icacinaceae 9 19,0 2,50 10,00 2,92 1,4530 15,67 21,09 18,17
Myrtaceae 23 48,6 6,39 24,44 7,14 0,2717 2,93 16,46 9,32
Vochysiaceae 20 42,3 5,56 20,00 5,84 0,2993 3,23 14,63 8,78
Malvaceae 16 33,8 4,44 16,67 4,87 0,4724 5,09 14,41 9,54
Rubiaceae 19 40,1 5,28 17,78 5,19 0,2471 2,66 13,14 7,94
Sapotácea 13 27,5 3,61 14,44 4,22 0,4634 5,00 12,83 8,61
Simaroubaceae 12 25,4 3,33 11,11 3,25 0,5200 5,61 12,19 8,94
Malpighiaceae 15 31,7 4,17 13,33 3,90 0,3460 3,73 11,79 7,90
Euphorbiaceae 11 23,2 3,06 12,22 3,57 0,4577 4,93 11,56 7,99
Apocynaceae 16 33,8 4,44 17,78 5,19 0,1758 1,90 11,53 6,34
Salicaceae 14 29,6 3,89 14,44 4,22 0,1255 1,35 9,46 5,24
Melastomataceae 9 19,0 2,50 10,00 2,92 0,3212 3,46 8,88 5,96
Lythraceae 11 23,2 3,06 12,22 3,57 0,1761 1,90 8,53 4,95
Ebenaceae 8 16,9 2,22 8,89 2,60 0,1389 1,50 6,32 3,72
Clusiaceae 9 19,0 2,50 7,78 2,27 0,1196 1,29 6,06 3,79
Caryocaraceae 5 10,6 1,39 5,56 1,62 0,2693 2,90 5,92 4,29
Bignoniaceae 7 14,8 1,94 7,78 2,27 0,1419 1,53 5,75 3,47
Connaraceae 8 16,9 2,22 7,78 2,27 0,0432 0,47 4,96 2,69
Moraceae 6 12,7 1,67 6,67 1,95 0,0993 1,07 4,69 2,74
Anarcardiaceae 4 8,5 1,11 4,44 1,30 0,0963 1,04 3,45 2,15
Chrysobalanaceae 4 8,5 1,11 4,44 1,30 0,0651 0,70 3,11 1,81
Dilleniaceae 3 6,3 0,83 3,33 0,97 0,0808 0,87 2,68 1,70
famílias: Myrtaceae, Vochysiaceae, Malvaceae, Rubiaceae, Sapotaceae e Simaroubaceae.
As famílias que apresentaram os menores VI foram Chrysobalanaceae e Dilleniaceae,
com VI de 3,11 e 2,68, respectivamente. A família Fabaceae destacou-se, principalmente,
em razão de sua alta densidade e riqueza, pelo alto número de indivíduos amostrados
das subfamílias Mimosoideae e Papilionoideae, tendo a subfamília Caesalpinioideae
sido pouco representada. Estes valores são similares em valor de importância (VI) aos
obtidos por Neri et al. (2007), que estudaram uma comunidade lenhosa em área de
cerrado sensu stricto no município de Senador Modestino Gonçalves-MG.
31
Para o índice de valor de cobertura (IVC), a família que foi mais bem
representada na área estudada foi Fabaceae, com VC de 47,65 %, seguida por
Icacinaceae, com VC de 18,17 %. O menor índice foi representado pela família
Dilleniaceae, com VC correspondente a 1,70 % (Tabela 3).
O índice de Shannon (H’) para família encontrado foi de 2,831, indicando boa
representatividade na diversidade das famílias.
3.2. Fragmento B
Foram identificados 160 indivíduos, distribuídos em 21 famílias, 37 gêneros e 39
espécies. As famílias, os gêneros e as espécies estão representados na Tabela 4.
Tabela 4 – Famílias, gêneros e espécies amostrados no levantamento florístico do
fragmento B de cerradão com área de 0,8401 ha, localizado no CCA
UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007
Famílias/Espécies
Famílias/Espécies
ANNONACEAE (3)
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
Annona coriaceae Mart
Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke
Annona crassiflora Mart. ICACINACEAE (01)
Xylopia aromática (Lam.) Mart. Emmotum nitens (Benth.) Miers
BIGNONIACEAE (1) LYTHRACEAE (01)
Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth e Hook. f. ex
S. Moore
Physocalymma scaberrimum Pohl
CARYOCARACEAE (1) MALPIGHIACEAE (02)
Caryocar brasiliense Cambess. Byrsonima crassa Nied.
CHRYSOBALANACEAE (1)
Byrsonima sericea DC.
Hirtella ciliata Mart. e Zucc. MALVACEAE (01)
CLUSIACEAE (1) Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns
Vismia guianensis (Aubl.) Pers.
MELASTOMATACEAE (01)
CONNARACEAE (1)
Mouriria pusa Gardn.
Connarus suberosus Planch. MORACEAE (01)
DILLENIACEAE (2) Brosimum gaudichaudii Trécul
Curatella americana Linn. MYRTACEAE (02)
Davilla elliptica A. St.-Hil.
Myrcia sellowiana O.Berg.
EBENACEAE (1) Psidium myrsinoides O. Berg
Diospyros híspida A. DC. RUBIACEAE (02)
FABACEAE (12) Alibertia verrucosa S. Moore
Andira cuyabensis Benth.
Ferdinandusa elliptica Pohl
Bowdichia virgilioides Kunth SAPOTACEA (01)
Dalbergia miscolobium Benth.
Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.
Dimorphandra mollis Benth. SIMAROUBACEAE (01)
Hymenaea courbaril L. Simarouba versicolor A. St.-Hil.
Inga laurina (Sw.) Willd.
URTICACEAE (01)
Parkia platycephala Benth.
Cecropia pachystachya Trécul
Plathymenia reticulata Benth. VOCHYSIACEAE (02)
Pterodon emarginatus Vogel Qualea grandiflora Mart.
Sclerolobium paniculatum Vogel Salvertia convallariodora St. Hil.
32
O maior número de espécies foi representado pelas famílias: Fabaceae (12);
Annonaceae (3); e Dilleniaceae,Malpighiaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Vochysiaceae(2).
Os gêneros de maior representatividade neste estudo foram: Annona e
Byrsonima (02).
Obteve-se a densidade absoluta de 930,04 indivíduos por hectare. Em relação à
altura dos indivíduos amostrados, obteve-se a altura máxima de 12,00 m e a mínima de
2,00 m, sendo a média em relação à altura de 5,89 m. O diâmetro máximo encontrado
foi de 57,30 cm e o mínimo de 4,77 cm, de acordo com o critério de inclusão
estabelecido, ficando o diâmetro médio em 15,09 cm. O volume máximo foi de
2,22 m
3
/ha e o volume mínimo de 0,004 m
3
/ha.
A área basal total foi de 3,846 m
2
e a área basal por hectare de 22,35 m
2
,
indicando estádio avançado de regeneração. Este valor é superior aos valores
encontrados por alguns autores (RIBEIRO et al., 1985; ANDRADE et al., 2002).
Entretanto, Costa e Araújo (2001) encontraram valores menores na Reserva de Panga,
Uberlândia-MG, para a fitofisionomia cerradão (17,06 m
2
/ha). Santos (2000), ao estudar
o Cerrado no Parque Estadual do Lajeado, Palmas-TO, obteve valores semelhantes
(23,62 m
2
/ha). No entanto, o autor utilizou o critério de inclusão igual a 10 cm. Essa
diferença provavelmente se deve ao critério de inclusão e à localização da medição nos
caules, o que resultou na maior densidade e, conseqüentemente, em alta área basal.
O índice de Shannon (H’) para espécie foi de 3,076 e para família de 2,530, e o
de Simpson (D), que variou de 0 a 1, apresentou valor de 0,070, devendo ser ressaltado
que para os valores próximos de 1 a diversidade é menor. A equabilidade (J = H'/ln(S))
foi de 0,840. Estes resultados caracterizaram elevada diversidade de espécies no
fragmento B, além de boa distribuição dos indivíduos nas espécies no local. Entretanto,
quando comparado a outros estudos realizados no cerrado sensu stricto por Felfili et al.
(1993, 1997), Santos (2000), Felfili e Silva Júnior (2001) e Neri et al. (2007), os quais
obtiveram valores entre 3,16 e 3,73, a diversidade avaliada no fragmento B, apesar de
localizado no cerradão com estrutura e composição florística distintas desses estudos,
foi significativa, indicando considerável riqueza de indivíduos.
A densidade obtida no presente estudo, em comparação com estudos realizados
no Cerrado por Rossi et al. (1998), Santos (2000), Silva e Soares (2002) e Neri et al.
(2007), demonstra um número considerável de indivíduos das espécies na área do
fragmento, certamente devido às ações mitigadoras e preservacionista promovidas no
33
local. A proteção contra o fogo e a inexistência de corte seletivo provavelmente
colaboraram para os valores de densidade encontrados.
A espécie que apresentou o maior número de indivíduos foi Xylopia aromatica
com 30, sendo seguida por Myrcia sellowiana (19), Caryocar brasiliense (17), Curatella
americana (9), Vismia guianensis (7) e Byrsonima sericea, Ferdinandusa elliptica, Qualea
grandiflora, Pouteria ramiflora e Brosimum gaudichaudii (5) (Tabela 5).
Os maiores valores de densidade relativa (Tabela 5) foram obtidos pelas
espécies Xylopia aromatica (18,75), seguida de Myrcia sellowiana, que apresentou o
valor de 11.88, Caryocar brasiliense (10,63), Curatella americana (5,63), Vismia
guianensis (4,38) e Byrsonima sericea, Ferdinandusa elliptica, Qualea grandiflora,
Pouteria ramiflora e Brosimum gaudichaudii (3,13).
As espécies que apresentaram maior dominância relativa (DoR) foram Caryocar
brasiliense (26,27), Xylopia aromatica (19,25) e Myrcia sellowiana (7,58).
para o valor de importância (VI), as espécies Xylopia aromatica (53,11 %),
Caryocar brasiliense (47,69 %) e Myrcia sellowiana (28,81 %) foram as que
apresentaram os maiores valores (Tabela 5 e Figura 3).
A predominância de poucas espécies em florestas tropicais é comum, e isso
também se aplica às áreas de Cerrado (ANDRADE et al., 2002).
Neri et al. (2007) relataram que a maioria das espécies que obtiveram os maiores
valores de importância se caracteriza pela ampla distribuição no Cerrado e estão entre as
mais importantes do bioma.
Com relação às famílias (Figura 4) representadas pelo método de quadrantes, as
de maior destaque em termo de densidade relativa (DR) foram para Annonaceae
(22,50), Fabaceae (13,75) e Myrtaceae (12,50). as famílias que apresentaram menor
densidade relativa foram Malvaceae, Chrysobalanaceae, Lythraceae, Bignoniaceae e
Connaraceae, todas com 0,63 % (Tabela 6).
Em relação aos índices de valor de importância e cobertura (VI) e (VC), a
família mais bem representada na área estudada foi Annonaceae, com VI de 61,74 % e
VC de 43,56 %, seguida por Caryocaraceae (48,26 e 36,90 %), enquanto o menor índice
foi representado pela família Connaraceae, com VI correspondente a 1,52 % e VC de
0,76 % (Figura 4 e Tabela 6). A família Annonaceae (Tabela 6) apresentou os maiores
valores de VI, VC, FR e DR e, conseqüentemente, a maior área basal, destacando-se
como a mais importante do fragmento estudado.
34
Tabela 5 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes, destacando
as principais espécies encontradas no fragmento B de cerradão, com área de
0,8401 ha, localizado no CCA UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007, em
termos de seus valores de importância e de cobertura: número de indivíduos
(n
o
ind.), densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), freqüência
absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA),
dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e índice de
valor de cobertura (IVC)
Espécies N
o
Ind. DA DR FA FR DoA DoR IVI IVC
Xylopia aromática 30 174,4 18,75 52,50 15,11 4,30370 19,25 53,11 38,00
Caryocar brasiliense 17 98,8 10,63 37,50 10,79 5,87320 26,27 47,69 36,90
Myrcia sellowiana 19 110,4 11,88 32,50 9,35 1,69440 7,58 28,81 19,45
Curatella americana 9 52,3 5,63 20,00 5,76 0,76060 3,00 14,38 8,62
Byrsonima sericea 5 29,1 3,13 12,50 3,60 1,59610 7,14 13,86 10,27
Parkia platycephala 4 23,3 2,50 10,00 2,88 0,88530 3,96 9,34 6,46
Ferdinandusa elliptica 5 29,1 3,13 12,50 3,60 0,50230 2,25 8,97 5,37
Qualea grandiflora 5 29,1 3,13 12,50 3,60 0,29960 1,34 8,06 4,47
Pouteria ramiflora 5 29,1 3,13 12,50 3,60 0,28040 1,25 7,98 4,38
Brosimum gaudichaudii 5 29,1 3,13 12,50 3,60 0,26160 1,17 7,89 4,30
Vismia guianensis 7 40,7 4,38 10,00 2,88 0,08770 0,39 7,64 4,77
Emmotum nitens 4 23,3 2,50 10,00 2,88 0,38980 1,74 7,12 4,24
Bowdichia virgilioides 3 17,4 1,88 7,50 2,16 0,60600 2,71 6,74 4,59
Diospyros hispida 4 23,3 2,50 10,00 2,88 0,18630 0,83 6,21 3,33
Cecropia pachystachya 3 17,4 1,88 7,50 2,16 0,30980 1,39 5,42 3,26
Sclerolobium paniculatum 2 11,6 1,25 5,00 1,44 0,60350 2,70 5,39 3,95
Mouriria pusa 2 11,6 1,25 5,00 1,44 0,56440 2,52 5,21 3,77
Annona crassiflora 3 17,4 1,88 7,50 2,16 0,24630 1,10 5,14 2,98
Pterodon emarginatus 3 17,4 1,88 7,50 2,16 0,23580 1,05 5,09 2,93
Vatairea macrocarpa 2 11,6 1,25 5,00 1,44 0,50650 2,27 4,95 3,52
Annona coriaceae 3 17,4 1,88 7,50 2,16 0,15750 0,70 4,74 2,58
Simarouba versicolor 2 11,6 1,25 5,00 1,44 0,43890 1,96 4,65 3,21
Plathymenia reticulata 2 11,6 1,25 5,00 1,44 0,13410 0,60 3,29 1,85
Stryphnodendron adstringens 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,03269 1,46 2,81 2,09
Byrsonima crassa 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,30080 1,35 2,69 1,97
Eriotheca gracilipes 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,15560 0,70 2,04 1,32
Hymenaea courbaril 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,13,49 0,60 1,95 1,23
Hirtella ciliata 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,12500 0,56 1,90 1,18
Andira cuyabensis 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,10660 0,48 1,82 1,10
Physocalymma scaberrimum 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,09360 0,42 1,76 1,04
Salvertia convallariaeodora 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,08560 0,38 1,73 1,01
Tabebuia aurea 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,05670 0,25 1,60 0,88
Connarus suberosus 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,00301 0,13 1,48 0,76
Dalbergia miscolobium 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,02890 0,13 1,47 0,75
Alibertia verrucosa 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,02040 0,09 1,44 0,72
Dimorphandra mollis 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,01670 0,07 1,42 0,70
Psidium myrsinoides 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,01500 0,07 1,41 0,69
Davilla elliptica 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,01180 0,05 1,40 0,68
Inga laurina 1 5,8 0,63 2,50 0,72 0,01180 0,05 1,40 0,68
35
15,11
18,75
19,25
10,79
10,63
26,27
9,35
11,88
7,58
5,76
5,63
3
3,6
3,13
7,14
2,88
2,5
3,96
3,6
3,13
2,25
3,6
3,13
1,34
3,6
3,13
1,25
3,6
3,13
1,17
0 10 20 30 40 50 60
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Espéci es com m aiores VI - %
ESPÉCIES COM MAIORES VALORES DE IMPORTÂNCIA - VI
FR DR DoR
Figura 3 Espécies com maiores valores de importância (VI %) do fragmento B de
cerradão, com área de 0,8401 ha, localizado no CCA UNITINS em
Palmas-TO, Brasil, 2007: 1) Xylopia aromatica, 2) Caryocar brasiliense, 3)
Myrcia sellowiana, 4) Curatella americana, 5) Byrsonima sericea, 6) Parkia
platycephala, 7) Ferdinandusa elliptica, 8) Qualea grandiflora, 9) Pouteria
ramiflora e 10) Brosimum gaudichauii.
18,18
22,5
21,06
11,36
10,63
26,27
14,39
13,75
16,09
10,61
12,5
7,65
4,55
3,75
8,49
6,82
6,25
3,05
4,55
3,75
2,34
3,79
3,75
1,72
3,79
3,13
1,25
3,79
3,13
1,17
0
10
20
30
40
50
60
70
Valores de Importância
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Famíliascom maiores VI-%
FAMÍLIAS COM MAIORES VALORES DE IMPORTÂNCIA - VI
FR DR DoR
Figura 4 – Famílias com maiores valores de importância (VI %) do fragmento B de
cerradão, com área de 0,8401 há, localizado no CCA UNITINS, em
Palmas-TO, Brasil, 2007: 1) Annonaceae, 2) Caryocaraceae, 3) Fabaceae, 4)
Myrtaceae, 5) Malpighiaceae, 6) Dilleniaceae, 7) Rubiaceae, 8) Vochysiaceae,9)
Sapotaceae; e 10) Moraceae.
36
Tabela 6 Parâmetros fitossociológicos obtidos pelo método de quadrantes, destacando
as principais famílias, encontradas no fragmento B de cerradão, com área de
0,8401 ha, localizado no CCA – UNITINS, em Palmas-TO, Brasil, 2007, em
termos de seus valores de importância e de cobertura: número de indivíduos
(n
o
ind.), densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), freqüência
absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA),
dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e índice de
valor de cobertura (IVC)
Família N
o
Ind. DA DR FA FR DOA DOR IVI IVC
Annonaceae 36 209,3 22,50 60,00 18,18 4,7075 21,06 61,74 43,56
Caryocaraceae 17 98,8 10,63 37,50 11,36 5,8732 26,27 48,26 36,90
Fabaceae 22 127,9 13,75 47,50 14,39 3,5971 16,09 44,24 29,84
Myrtaceae 20 116,3 12,50 35,00 10,61 1,7094 7,65 30,75 20,15
Malpighiaceae 6 34,9 3,75 15,00 4,55 1,8970 8,49 16,78 12,24
Dilleniaceae 10 58,1 6,25 22,50 6,82 0,6824 3,05 16,12 9,30
Rubiaceae 6 34,9 3,75 15,00 4,55 0,5227 2,34 10,63 6,09
Vochysiaceae 6 34,9 3,75 12,50 3,79 0,3851 1,72 9,26 5,47
Sapotaceae 5 29,1 3,13 12,50 3,79 0,2804 1,25 8,17 4,38
Moraceae 5 29,1 3,13 12,50 3,79 0,2616 1,17 8,08 4,30
Clusiaceae 7 40,7 4,38 10,00 3,03 0,0877 0,39 7,80 4,77
Icacinaceae 4 23,3 2,50 10,00 3,03 0,3898 1,74 7,27 4,24
Ebenaceae 4 23,3 2,50 10,00 3,03 0,1863 0,83 6,36 3,33
Urticaceae 3 17,4 1,88 7,50 2,27 0,3098 1,39 5,53 3,26
Melastomaceae 2 11,6 1,25 5,00 1,52 0,5644 2,52 5,29 3,77
Simaroubaceae 2 11,6 1,25 5,00 1,52 0,4389 1,96 4,73 3,21
Malvaceae 1 5,8 0,63 2,50 0,76 0,1556 0,70 2,08 1,32
Chrysobalanaceae 1 5,8 0,63 2,50 0,76 0,125 0,56 1,94 1,18
Lythraceae 1 5,8 0,63 2,50 0,76 0,0936 0,42 1,80 1,04
Bignoniaceae 1 5,8 0,63 2,50 0,76 0,0567 0,25 1,64 0,88
Connaraceae 1 5,8 0,63 2,50 0,76 0,0567 0,13 1,52 0,76
Para Neri et al. (2007), Caryocaraceae é outra família significativa do Cerrado,
sempre estando entre as mais importantes desse bioma, sendo bem representada na
maioria dos estudos. Neste estudo essa família se destacou pelo alto valor de
dominância relativa de Caryocar brasiliense. A predominância Caryocaraceae também
foi observada por Ratter et al. (2003) nas áreas do Cerrado.
3.3 Similaridade florística
Quanto à similaridade do total de espécies amostradas no fragmento A, 24 foram
exclusivas para este ambiente. para o fragmento B, apenas sete espécies foram
exclusivas. No entanto, o número de espécies comuns aos dois ambientes foi alto (32),
confirmando a semelhança entre essas áreas, o que comprova que ambas foram no
passado um só trecho de cerradão.
37
Os índices de similaridade (Tabela 7) variaram de 0,55 (F = Área 1 e G = Área
2 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS); 0,54 (A = Área A e B = Área B, fragmentos A e
B, respectivamente, do CCA, Palmas-TO) a 0,021 (F = Área 1 - Fazenda Nhumirim,
Pantanal-MS, e H = Estação Ecológica de Santa Barbara - EESB, município de Águas
de Santa Bárbara-SP). Seguindo-se o procedimento de Kent e Coker (1992), que trata
valores iguais ou superiores a 0,5 como altos, a similaridade foi tida como baixa, na
maioria dos valores apresentados, com exceção das áreas A/B e F/G.
Tabela 7 Matriz de similaridade florística das oitos áreas de cerradão: A (Fragmento
1, Palmas-TO, 2007); B (Fragmento 2, Palmas-TO, 2007); C (Reserva
Municipal Mário Viana, Nova Xavantina, MT-2005); D (Reserva do Panga
Uberlândia-MG, 2000); E (Floresta Nacional FLONA, Paraopeba-MG,
2004); F rea 1 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS, 2000); G (Área 2 -
Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS, 2000); H (Estação Ecológica de Santa
Bárbara - EESB, município de Águas de Santa Bárbara-SP, 2007)
A B C D E F G H
A 1
B 0,54237 1
C 0,28 0,2234 1
D 0,23684 0,16364 0,27907 1
E 0,075 0,045045 0,085106 0,12925 1
F 0,060976 0,042254 0,07767 0,059829 0,12 1
G 0,078652 0,024691 0,11111 0,072581 0,12037 0,54902 1
H 0,084906 0,0625 0,14876 0,20635 0,068702 0,020833 0,028846 1
Apesar de a afinidade florística apresentada pelos dois fragmentos do CCA,
Palmas-TO, ter sido devido à proximidade geográfica (400 m) e à mesma altitude
(213 m), outro fator que provavelmente pode ter afetado o valor da similaridade é a alta
diversidade encontrada na área A, que apresenta melhor estádio de conservação,
indicando a necessidade de preservação das duas áreas por meio de medidas
mitigadoras, para restauração ecológica desses ambientes.
Dados semelhantes foram observados em diversos estudos, que variaram de 0,77
no Parque Nacional de Brasília–DF e na Área de Proteção Ambiental Cabeça de
Veado–DF, pesquisados por Felfili et al. (1994) a 0,12, na Estação Ecológica de Santa
Bárbara-SP (MEIRA NETO, 1991) e no Parque Estadual do Lageado em Palmas-TO,
estudado por Santos (2000).
38
Entretanto, valores superiores foram obtidos por Felfili et al. (1994), ao
estudarem a vegetação da Chapada Pratinha, que engloba os Estados de Minas Gerais e
Goiás e o Distrito Federal, onde obtiveram índices de similaridade bem maiores do que
os encontrados no presente estudo, variando de 5,1 a 7,7. Portanto, essa alta
similaridade observada por estes autores deve estar relacionada com a proximidade
geográfica entre as áreas analisadas e as altitudes médias semelhantes.
Para Balduino et al. (2005), a diferença encontrada nos valores da similaridade
em regiões distantes pode ser explicada pela influência da localização geográfica,
justificando o valor encontrado neste estudo.
A análise de agrupamento por meio da análise comparativa (Figura 5) revelou a
existência de dois grupos distintos com alta similaridade florística nas oito áreas de
cerradão: grupo I, formado pelas áreas E, F e G, em que as áreas F e G apresentam valor
elevado de similaridade, e grupo II, formado pelas áreas A, B, C, D e H, em que as áreas
A e B apresentam também valor superior de similaridade florística.
A composição dos grupos teve influência da localização geográfica das áreas e
da distribuição de espécies consideradas peculiares e acessórias (RIZZINI, 1963;
HERINGER et al., 1977; CASTRO, 1994). Casos extremos foram o cerradão de Santa
Bárbara-SP, que teve as suas relações de similaridades mais influenciadas pela flora
acessória de origem atlântica, e o de Palmas, que teve maior influência da distância
geográfica, sendo a área mais distante das demais (BALDUINO et al., 2005)
Ressalta-se, ainda, que as áreas A e B, por estarem muito próximas (Complexo
de Ciências Agrárias, Palmas-TO), apresentaram 32 espécies comuns, formando um
grupo com alta similaridade. Isso se explica pelo fato de as duas áreas comporem, na
realidade, remanescentes de uma área maior de cerradão, que foi fragamentado no
passado, com separação de populações de espécies arbustivo-arbóreas. Estas duas áreas
formaram um grupo maior com as áreas C (Reserva Municipal Mário Viana, Nova
Xavantina-MT) e D (Reserva do Panga – Uberlândia-MG), ainda que com similaridade
baixa. A separação florística do grupo formado pelos fragmentos A e B, dadas as suas
espécies exclusivas, ressalta a importância da conservação desses trechos de cerradão.
Apenas as espécies Bowdichia virgilioides e Brosimum gaudichaudii são
comuns as áreas A e B (fragmentos do CCA, Palmas-TO); C (Reserva Municipal Mário
Viana, Nova Xavantina-MT); D (Reserva do Panga Uberlândia-MG); E (Floresta
Nacional – FLONA, Paraopeba-MG) e F (Área 1 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS).
39
1 2 3 4 5 6 7 8 9
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Similarity
H
C
D
B
A
E
F
G
Figura 5 Dendrograma gerado por meio do índice de similaridade de Jaccard pelo
método de aglomeração de algoritmos - agrupamento da distância média
(UFGMA) de oito áreas de cerradão, analisando-se a vegetação arbórea: A
(Fragmento 1, Palmas-TO, 2007); B (Fragmento 2, Palmas-TO, 2007); C
(Reserva Municipal Mário Viana, Nova Xavantina-MT, 2005); D (Reserva
do Panga Uberlândia-MG, 2000); E (Floresta Nacional FLONA,
Paraopeba-MG, 2004); F (Área 2 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS, 2000);
G (Área 2 - Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS, 2000); H (Estação Ecológica
de Santa Bárbara - EESB, município de Águas de Santa Bárbara-SP, 2007).
As áreas F(1) e G (2) da Fazenda Nhumirim, Pantanal-MS, apresentaram 28
espécies comuns, evidenciando a similaridade existente entre as duas.
Verifica-se pela Figura 5 que o cerradão da Estação Ecológica de Santa Bárbara
- EESB, município de Águas de Santa Bárbara-SP, e da Floresta Nacional FLONA,
Paraopeba-MG, foram as áreas que apresentaram as menores similaridades, comparadas
com as demais nos grupos, o que comprova que mudanças que podem ocorrer em uma
mesma fitofisionomia, em locais diferentes, causadas provavelmente por características
antrópicas ou pela localização geográfica.
40
Dentre as áreas comparadas, observa-se alta heterogeneidade de espécies
arbóreas, evidenciada também nos resultados citados em outros estudos, que mostram a
existência de padrões fitogeográficos no Bioma Cerrado, com base na distribuição de
suas espécies lenhosas (CASTRO, 1994; FELFILI et al., 1994; RATTER et al., 2000;
FELFILI et al., 2001; BALDUINO et al., 2005).
3.4 Solos dos fragmentos A e B de cerradão
Os solos sob os fragmentos de cerradão do CCA (Tabela 8) são distróficos, com
baixas concentrações de nutrientes disponíveis e elevada acidez, corroborando com
estudos realizados em outras áreas no domínio do Bioma Cerrado (ARAÚJO,
1984; SILVA-JÚNIOR, 1984; SILVA-JÚNIOR, et al., 1987; HARIDASAN, 1998;
2001; ARAÚJO e COSTA, 2001).
Tabela 8 – Valores das variáveis químicas e texturais de dez amostras do solo superficial
(camada de 0-20 cm) coletadas nos dois fragmentos de cerradão do complexo de
Ciências Agrárias da Fundação Universidade do Tocantins UNITINS, em Palmas-
TO
Laudo Analítico Químico Fragmento A (área de 1,8029 ha)
Ident. Ident. pH P K Ca+Mg Ca Mg Al K H + Al S CTC V M.O
Lab. Solo Água CaCl
2
---- mg/dm
3
---- ------------------------------- Cmol
c
/dm
3
---------------------------- --- % g/kg
N
o
348 Área 1 5,1 3,7 1,8 44,1 1,2 - - 0,9 0,1 3,5 1,3 4,8 27,1 9,1
Laudo Analítico Granulométrico
Textura (%) Textura (g/kg)
Lab Solo
Areia Silte Argila Areia Silte Argila
N
o
348 Área 1 80 7 13 800 70 130
Laudo Analítico Químico – Fragmento B (área de 0,8401 ha)
Ident. Ident. pH P K Ca+Mg Ca Mg Al K H + Al S CTC V M.O
Lab. Solo Água CaCl
2
-- mg/dm
3
--- ------------------------------- Cmol
c
/dm
3
------------------------------- % G/kg
N
o
349 Área 2 5,2 3,9 1,1 9,3 0,5 - - 0,7 0,0 3,6 0,5 4,1 12,0 3,3
Laudo Analítico Granulométrico
Textura (%) Textura (g/kg)
Lab Solo
Areia Silte Argila Areia Silte Argila
N
o
349 Área 2 90 3 7 900 30 70
41
O destaque da família Vochysiaceae entre as dez mais importantes neste estudo,
poder ser explicado pelo fato de esta ser uma espécie tolerante e acumuladora de
alumínio (FERRI, 1997), elemento presente de forma expressiva nos fragmentos de
cerradão do CCA.
Para Klink et al. (1995), aproximadamente 90 % dos solos sob Cerrado são
distróficos, com baixa concentração de matéria orgânica de e nutrientes como cálcio,
magnésio, fósforo e potássio, e apresentam alta concentração de ferro e alumínio.
4. Conclusões
Verificou-se, por meio de estudos de campo, a ocorrência de diversidade,
abundância e riqueza florística, além de uma boa distribuição dos indivíduos nas
espécies nos fragmentos de cerradão do Complexo de Ciências Agrárias, Palmas-TO,
Brasil.
O levantamento feito nos fragmentos do CCA mostrou-se satisfatório para o
reconhecimento prévio das espécies existentes e da estrutura da flora, uma vez que
foram amostradas espécies representativas da fitofisionomia cerradão, representando a
vegetação arbórea dos fragmentos remanescentes de Cerrado que ainda restam no
Tocantins.
O dendrograma obtido por meio das análises de similaridade das áreas estudadas
no CCA, Palmas-TO, e as demais áreas de cerradão consideradas para as análises de
agrupamento permitiram agrupar e separar as diversas áreas segundo semelhanças e
diferenças, com base em suas composições florística e estruturais, além da visualização
dos grupos mais semelhantes formados e mais distantes em termos de similaridade.
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47
Comportamento germinativo em condições de laboratório de sementes de espécies
arbóreas nativas do Cerrado: Buchenavia tomentosa Eichler (merindiba);
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia
Lam. (mutamba) e Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-
macaco) sob o efeito de diferentes substratos, regimes de temperatura e
níveis de luz
Resumo: Objetivando estabelecer as condições mais apropriadas para a germinação das
sementes de Buchenavia tomentosa Eichler (merindiba), Hymenaea stigonocarpa Mart.
ex Hayne (jatobá-do-cerrado), (orelha-de-macaco) Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba)
e Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr., foram estudados o teor de umidade
inicial e o comportamento germinativo das sementes destas espécies. Para esse
propósito, foram avaliados: quatro substratos rolo de papel (RP), papel-filtro (PF),
vermiculita (V) e algodão (A); dois regimes de temperatura: constante 25 °C e
alternada - 20-30 °C (com 8 horas a 30 ºC e 16 horas a 20 ºC); e dois níveis de luz
(ausência e presença de luz), na determinação da viabilidade das sementes por meio do
porcentual de germinação (% GERM) e dos índices de velocidade de germinação (IVG)
e velocidade de emergência (IVE). Utilizaram-se sementes coletadas de quatro espécies,
provenientes de matrizes escolhidas aleatoriamente da área do Projeto Sub-bacia São
João, Palmas-TO. Nos testes de germinação, em todos os tratamentos, foram feitas
quatro repetições com 20 sementes cada. O delineamento estatístico adotado foi o
inteiramente casualizado, com arranjo fatorial 4 x 2 x 2 (substrato x luz x temperatura).
A análise estatística do estudo foi realizada por meio de análise de variância – ANOVA,
e os dados foram comparados com o auxílio do teste de Tukey, utilizando o software
SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1. Os dados de porcentagem de
germinação foram transformados em arc. sen. Estimou-se, finalmente, a viabilidade das
sementes que não germinaram no teste de germinação, por meio do teste de tetrazólio. O
teor de umidade inicial das sementes foi de 6,02, 5,47, 2,15 e 7,73 %, para as espécies
merindiba, jatobá-do-cerrado, mutamba e orelha-de-macaco, respectivamente, valores
estes considerados normais e dentro da faixa esperada de teor de água inicial da
semente, que pode variar de 2,0 a 21 %, estando as sementes aptas a germinarem
normalmente. Nas características avaliadas nas sementes de B. tomentosa, o papel-filtro,
juntamente com a temperatura constante de 25 ºC, foi a melhor combinação, sendo
seguido pelo substrato rolo de papel, na mesma temperatura. Para H. stigonocarpa, o
efeito positivo da temperatura alternada de 20 30 °C sobre a germinação, associado à
suscetibilidade à ausência de luz e ao substrato vermiculita, indica que a espécie poderia
germinar e apresentar bom desenvolvimento em locais com características semelhantes.
Para o índice de velocidade de germinação IVG para a mesma espécie, a melhor
combinação observada foi o substrato vermiculita com o regime de temperatura
constante 25 ºC, favorecendo os maiores valores, independentemente do nível de luz
utilizado. Na espécie G. ulmifolia, a melhor relação observada para a característica
porcentagem de germinação foi constituída pelo substrato rolo de papel na ausência de
luz e na temperatura constante 25 ºC. Para a característica índice de velocidade de
emergência de plântulas, o mesmo substrato apresentou valor superior na ausência de
luz, independentemente das temperaturas testadas (25
o
C e 20-30
o
C). para as
sementes de E. gummiferum, a melhor combinação observada foi o substrato
vermiculita na presença de luz, para o índice de velocidade de germinação (IVG). No
teste de tetrazólio das sementes de Buchenavia tomentosa, Hymenaea stigonocarpa e
Guazuma ulmifolia ocorreu coloração das sementes, comprovando a sua viabilidade.
48
Portanto, a diferença entre o número de sementes colocadas para colorir pelo teste de
tetrazólio e as sementes viáveis (coloridas) se deve à possível existência de dormência,
por contaminação ou por um curto período de observação da germinação das sementes.
Palavras-chave: sementes, germinação, tetrazólio, umidade.
49
Germinative behavior in laboratory conditions of seeds of arboreous Cerrado
species: Buchenavia tomentosa Eichler (merindiba), Hymenaea stigonocarpa Mart.
ex Hayne (jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba) and
Enterolobium gummiferum(Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-macaco) under effect of
different substrates, temperature regimes and light levels.
Abstract: The objective of this work was to establish the mostr suitable conditions for
the germination of the seeds of Buchenavia tomentosa Eichler (merindiba), Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba)
and Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. (orelha-de-macaco). The initial
moisture content and the germinative behavior of the seeds of these species were
studied. For this purpose, the following parameters wereevaluated: four substrates,
paaper roll (RP), filter paper (PF), vermiculite (V) and cotton (A); two temperature
regimes, constante 25
o
C and alternated – 20-30
o
C (With Ghours at 30
o
C and 16 hours
at 20
o
C); and two light levels (without and light), in the determination of the viability of
the seeds of the percentage of germination (% GERM) and of the germination speed
indexes (IVG) and emergence speed (IVE). The seeds of the four species were used and
collected from trees chosen at random in the area of the Projeto Sub-bacia São João
(São João }Sub-basin Project), Palmas-TO. In the germinatin tests, in all the treatments,
four repetitions each with 20 seeds were done. The statistical design adopted was the
completely at random, with a factorial arranjiment of 4 x 2 x 2 (substrate x light x
temperature). The statistical analysis was done by the variance analysis ANOVA, and
data were compared with the aid of the Tukey test, using the sofware SAEG Sistema
para Análises Estatísticas, Versão 9.1 (System for Statistical Analyses, 9.1 Version).
Data of percentage of germination were transformed in arc. sine. Finally, the viability of
the seeds that did not germinate in the germination test was estimated by the
Tetrazolium test. The initial moisture content was of 6.02. 5.47, 2.15 and 7.73 % for the
species “merindiba”, “jatobá-do-cerrado”, “mutamba” and “orelha-de-macaco”,
respectively. These values were considered normal and within the expected band of
initital moisture content of seeds, which can vary from 2.0 to 21 %, and the seeds are
able to germinatenormally. For the seeds of B. tomentosa, the filter paper, together with
the constant temperature of 25 % was the best combination, followed by the paper roll
substrate in the same temperature. For H. stigonocarpa, the positive effect of the
alternate temperature of 20-30
o
C upon the germination, together with the susceptilibity
to the light absence and to the vermiculite, indicate that the species could have a good
development in similar conditions. For the germination speed index IVG for the
same species, the best combination observed was of the vermiculite substrate with the
constant temperature regime – 25
o
C, providing the greatest values, independently of the
light level used. For the species G. ulmifolia, the best relation observed for the
percentage of germination characteristic was formed by the paper roll substrate in the
absence of light and constant temperature of 25
o
C. For the emergence speed index of
the seedlings, the same substrate had a greater value in the absence of light,
independently of the temperatures tested (25
o
C and 20-30
o
C). And for the seeds of
E. gummiferum, the best combination observed was the substrate vermiculite in the
presence of light), for the germination speed index (IVG). In the Tetrazolium test of the
seeds Buchenavia tomentosa, Hymenaea stigonocarpa and Guazuma ulmifolia they
became coloured, proving their viability. Therefore, the difference between the number
of seeds put to be coloured by the Tetrazolium test and the viable seeds (coloured) is
50
due to a possible existence of dormancy, or by contamination or by the short period of
observation of the germination of the seeds.
Keywords: seeds, germination, Tetrazolium, moisture.
51
1. Introdução
A evolução das pesquisas voltadas para analisar o vigor das sementes data do
século XIX, quando em 1869 Nobbe fundou o primeiro laboratório de análise de
sementes em Tharandt, na Alemanha (CARVALHO, 1994).
Os testes e as metodologias utilizados hoje são os resultados da grande
concentração de esforços no sentido da criação de inúmeros métodos para avaliação do
vigor das sementes em laboratório, com tentativas de reproduzir situações verificadas
em campo, após a semeadura, ou de estudar características fisiológicas das sementes
relacionadas ao seu desempenho em campo e durante o armazenamento (MARCOS-
FILHO, 1999).
Seguindo as recomendações estabelecidas no RAS - Regras para Análise de
Sementes (BRASIL, 1992), o teste de germinação fornece informações sobre o
potencial de uma amostra germinar sob condições ótimas de ambiente, além de
padronizar com ampla possibilidade de repetição dos resultados, dentro de níveis
razoáveis de tolerância (KRZYZANOWSKI et al., 1999).
A germinação é um evento fisiológico que depende da qualidade da semente e
das condições de germinação, como o suprimento de água e de oxigênio e as condições
de temperatura, luz e substrato (SALOMÃO et al., 2003).
De acordo com Felfili (2001) e Martins (2004), a germinação e o estabe-
lecimento de plantas lenhosas no Cerrado ainda são pouco conhecidos. São necessários
trabalhos que possam expressar não a elevada proporção de sementes viáveis e a
capacidade de germinação em condições de laboratório, mas que também promovam o
mesmo desempenho dessas espécies no campo, adotando-se as técnicas preconizadas
pelo laboratório de sementes.
A dormência é o fenômeno pelo qual sementes de determinada espécie, mesmo
sendo viáveis e possuindo todas as condições ambientais para tanto, não germinam. O
fenômeno da dormência é tido como um recurso pelo qual a natureza distribui a
germinação no tempo (FOWLER e MARTINS, 2001).
A dormência em sementes de espécies florestais nativas provoca inúmeros
problemas no viveiro e no estabelecimento de plantios. Assim, uma vez identificada a
dormência em sementes, devem-se procurar métodos adequados para sua superação
(RAMOS e ZANON, 1984).
52
Para Castro et al. (2004a), as sementes germinam quando as condições para o
crescimento são favoráveis e elas não apresentam algum tipo de dormência. No entanto,
nas espécies tropicais a ocorrência de dormência é freqüente, causando germinação
lenta e desuniforme (CRUZ e CARVALHO, 2006), envolvendo um mecanismo que
funciona como uma espécie de sensor remoto, que controlaria a germinação de modo
que essa viesse a ocorrer não somente quando as condições fossem propícias à
germinação, mas também ao crescimento da planta resultante (CARVALHO e
NAKAGAWA, 2000).
Os testes mais simples para determinação de vigor são os de velocidade de
desenvolvimento, sendo os mais utilizados o tempo médio de germinação e o índice de
velocidade de germinação, que se baseiam no pressuposto de que sementes mais
vigorosas germinarão mais rapidamente do que outras em condições inferiores,
distinguindo as sementes de um mesmo lote (PIÑA-RODRIGUES et al., 2004).
As informações sobre as formas mais apropriadas de determinação do teor de
umidade e do comportamento germinativo para a maioria das espécies florestais
nativas, como a merindiba, são incipientes e encontram-se dispersas, o que tem gerado
dificuldades em padronizar os procedimentos básicos de comparação dos resultados de
umidade e comportamento germinativo.
De acordo com ASAE (1992), uma grande diversidade de metodologias
oficiais para determinação do grau de umidade para uma mesma espécie, não havendo
um consenso geral entre os países sobre qual é a mais indicada. No entanto, o excesso
de água pode acarretar aceleração da deterioração, com condições favoráveis ao
desenvolvimento de microrganismos, enquanto a falta de água pode interromper
processos metabólicos importantes (MELLO e BARBEDO, 2007).
Para que as sementes germinem, elas devem dispor de condições internas e
externas favoráveis (POPINIGIS, 1985). Assim, a capacidade máxima de germinação
pode ser influenciada por fatores ambientais, como temperatura e substrato (BORGES e
RENA, 1993).
Segundo Gomes e Bruno (1992), os testes de germinação que avaliam a
viabilidade das sementes devem ser conduzidos sob condições de temperatura e
substrato ideais para cada espécie. Porém, para Borges e Rena (1993) não existe uma
temperatura ótima e uniforme que atenda às necessidades de todas as espécies.
As espécies nativas do Brasil possuem sementes que germinam em uma ampla
faixa térmica, dependendo do bioma e da região, e parecem apresentar relação positiva
53
entre a temperatura ótima e o regime térmico da região de sua ocorrência natural
(BORGHETTI, 2005).
A temperatura exerce, portanto, ampla influência sobre a porcentagem e
velocidade de germinação.
Além da temperatura, o substrato é mais um fator ambiental importante a ser
avaliado no teste de germinação. Alguns substratos, como papel (toalha, filtro e mata-
borrão), areia e solo, são indicados por Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992). Contudo, existem poucas recomendações para as espécies florestais, e outros
tipos de substratos vêm sendo testados, a exemplo da vermiculita (ANDRADE et al.,
2006) e do pó-de-coco (PACHECO et al., 2006).
Segundo Figliolia et al. (1993), a luz nem sempre é fator limitante para a
germinação de sementes, porém pode colaborar para diminuir problemas causados pelo
baixo potencial de água no solo e pelos efeitos de temperaturas superiores à ótima
(MARCOS FILHO, 2005).
O ciclo de vida em plantas superiores compreende o desenvolvimento de uma
semente, seguido por sua germinação e pelo desenvolvimento pós-germinativo, por
meio do crescimento da planta (CASTRO et al., 2004b).
A conservação de populações de espécies nativas, segundo Ribeiro e Silva
(1996), depende de uma política adequada de proteção ambiental, do resgate e
conservação dos recursos genéticos e, também, do incremento de métodos adequados
para propagação das diferentes espécies de interesse, visando sua conservação in situ e o
reflorestamento de áreas degradadas.
Esforços consideráveis têm sido exigidos dos pesquisadores florestais no sentido
de definir tecnologias de produção de mudas de alto padrão de qualidade, com custo
condizente com a realidade florestal brasileira (AZEVEDO, 2003), sendo as
informações sobre germinação e vigor das sementes primordiais para alcançar esse
objetivo. Considerando estas afirmações, serão descritas a seguir quatro espécies
arbóreas nativas do Cerrado, no intuito de obter informações para subsidiar o estudo do
comportamento germinativo destas espécies em condições de laboratório.
A Buchenavia tomentosa Eichler, conhecida pelos nomes comuns merindiba ou
pau-de-pilão, pertence à família Combretaceae. É uma árvore de grande porte, chegando
a atingir cerca de 15 metros de altura, além de possuir uma copa ampla e densa. Ocorre
predominantemente no Cerrado, nas fitofisionomias cerradão e mata latifoliada
54
semidecídua (LORENZI, 1998a). Para Pott e Pott (1994), também pode ser encontrada
em campo cerrado, caronal, caapão de cerrado e solos arenosos.
Está distribuída geograficamente nos Estados do Tocantins, Goiás, Bahia, Minas
Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (LORENZI, 1998a).
Sua madeira é empregada na construção civil, como moirões, em cercas e
também para lenha e carvão. Planta semidecídua, heliófila, secundária, produz
anualmente abundante quantidade de sementes viáveis, prontamente disseminadas pela
fauna (POTT e POTT, 1994; LORENZI, 1998a).
É uma espécie que apresenta grande potencial apícola, sendo recomendada para
restauração florestal em áreas degradadas, devido à grande procura dos seus frutos pela
fauna regional, que conseqüentemente irá promover sua disseminação.
A Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne é uma espécie da família Fabaceae,
conhecida popularmente como jatobá-do-cerrado. Possui grande porte, com copa
frondosa e tronco de até 42 cm de diâmetro, podendo atingir aproximadamente 15 m de
altura. Ocorre predominantemente nas fitofisionomias cerradão, campo sujo, campo
cerrado, cerrado sentido restrito e mata latifoliada semidecídua, e está distribuída nos
Estados do Amazonas, Pará, Ceará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Bahia, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo (ALMEIDA et al., 1998;
LORENZI, 1998a). Planta semidecídua, heliófita, secundária, de ocorrência
predominantemente em locais de sombra parcial, produz anualmente abundante
quantidade de sementes viáveis, prontamente disseminadas pela fauna (ALMEIDA
et al., 1998; LORENZI, 1998a). Sua madeira é empregada na construção civil, como
moirões, em cercas e também para lenha e carvão. A polpa farinácea é utilizada em
iguarias regionais. A casca produz resina para vernizes e corantes. Os frutos são
comestíveis e muito procurados por várias espécies da fauna, sendo por isso indicada
em plantios de áreas degradadas destinadas à restauração florestal. Na medicina
popular, a casca é utilizada para inflamações da bexiga e do estômago (ALMEIDA
et al., 1998; LORENZI, 1998a).
Guazuma ulmifolia Lamb., pertencente à família Malvaceae, é conhecida
vulgarmente como mutamba, mutambo, guaxima-macho, embira, embiru, guazima,
guacima, guacimo, bolaina-guaxima-torcida e embiribeira (PIO CORRÊA, 1978).
É encontrada desde a parte central da América do Norte, Guatemala e Panamá
até o Brasil, ocorrendo em toda a América Latina. Está distribuída em Cerradão
Mesotrófico, Cerrado e Mata Mesofítica. Ocorre desde Amazonas, Tocantins,
55
Maranhão, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia até o Estado de
São Paulo (BRANDÃO e FERRREIRA, 1991; BRANDÃO, 1992).
Para Lorenzi (1998a), é uma espécie heliófita, semidecídua, pioneira,
característica de formações secundárias.
Árvore de tamanho médio, que pode atingir até 25 m de altura, com tronco
estriado de 30 a 60 cm de diâmetro, ramificando-se perto do chão. Suas folhas são de
tamanho médio a longo, oblongas, medindo de 6 a 12 cm. Floresce nos meses de
setembro a dezembro, com flores pequenas de cor branco-amarelada. Produz uma fruta
esférica comestível, coberta com protuberâncias externas ásperas, que tem um cheiro
forte de mel. É associada à floresta caducifólia tropical, subcaducifólia, subperenifólia,
perenifólia (ALMEIDA et al., 1998).
Segundo os autores, essa espécie é calcífila e sua dispersão é ampla e irregular.
Os desmatamentos favorecem a sua ocupação nas clareiras. Nos levantamentos
fitossociológicos em Mata Calcária do Distrito Federal, a densidade foi de 40 indivíduos
por hectare.
Por ser ornamental, essa planta é largamente cultivada em arborização e
paisagismo em diversos países tropicais.
Fornece madeira castanho-clara, cerne pouco distinto do alburno, boa de
trabalhar, macia, porém com pouco brilho e pouco resistente, sendo utilizada para
carroceria, marcenaria e caixotaria, boa para tanoaria e para produção de pasta de
celulose. Da casca podem-se extrair fibras excelentes para cordoaria, e mesmo para
tecidos (PAULA, 1992; ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a).
Na medicina popular brasileira, a casca adocicada é utilizada internamente
contra a elefantíase e outras moléstias cutâneas. É usada também como infusão de suas
folhas, devido à sua ação diaforética (BRANDÃO, 1992). O decocto é adstringente e
depurativo contra sífilis, doenças cutâneas, queda de cabelos e afecções parasitárias do
couro cabeludo (PIO CORREA, 1978; ALMEIDA et al., 1998).
Na alimentação, os frutos maduros e adocicados são saboreados pela população
e também procurados pelos pássaros e macacos.
O óleo aromático produzido das sementes é freqüentemente usado nas indústrias
de perfumaria e cosmética. A entrecasca macerada e colocada na água solta um muco
usado como aglutinante das impurezas do caldo-de-cana, na confecção de rapadura,
melado ou açúcar-mascavo (ALMEIDA et al., 1998).
56
Cada quilo de sementes possui em média 164 mil unidades. A germinação das
sementes após a semeadura será entre sete a dez dias (LORENZI, 1998a).
Mediante o grande número de aplicações e principalmente devido ao seu caráter
pioneiro, a espécie Guazuma ulmifolia é potencialmente recomendada para restauração
em áreas degradadas, necessitando, no entanto, de estudos complementares sobre o
comportamento vegetativo, a propagação e o plantio.
Orelha-de-macaco - Enterolobium gummiferum (Mart.) J. F. Macbr., da família
Fabaceae, é uma árvore que apresenta ampla copa, com ramos suberosos. Tem
comportamento decíduo e frutifica de maio a setembro. É usada amplamente na
medicina popular e como fonte de tanino para os curtumes (ALMEIDA et al., 1998).
Pode atingir alturas que variam entre 20 e 35 m e tem o tronco de 80 a 160 cm
de diâmetro. Possui madeira leve, com densidade 0,54 g/cm
3
, macia ao corte, grã-direita
para irregular, pouco resistente, medianamente durável, com albume diferenciado
(LORENZI, 1998b).
Ocorre no campo cerrado, campo sujo, cerrado sentido restrito e no cerradão, e
está distribuída nos Estados da Bahia, do Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão, de
Minas Gerais, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Pernambuco, do Rio Grande
do Sul, de São Paulo e do Tocantins além do Distrito Federal (ALMEIDA et al., 1998).
Pesquisas sobre espécies nativas do Cerrado, como B. tomentosa,
H. stigonocarpa, G. ulmifolia e E. gummiferum, que apresentam valor econômico, são
incipientes e encontram-se dispersas. Contudo, estas espécies são bastante promissoras,
necessitando conseqüentemente de técnicas apropriadas para a avaliação da
porcentagem de germinação e vigor de sementes, além de meios de propagação que
facilitem a obtenção de mudas. Portanto, faz-se necessário testar quais são as condições
de temperatura, luz e substratos ideais em condições laboratoriais, para germinação de
sementes de espécies nativas do Cerrado, que venham favorecer e viabilizar a produção
comercial de mudas.
Este estudo teve como objetivo conhecer o comportamento germinativo das
sementes das espécies Buchenavia tomentosa Eichler (merindiba), Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba)
e Enterolobium gummiferum (Mart.) J. F. Macbr. (orelha-de-macaco), por meio do teor
de umidade inicial; dos índices de velocidade de germinação (IVG) para as espécies
merindiba, jatobá-do-cerrado e orelha-de-macaco e de emergência (IVE) - mutamba; da
porcentagem de germinação (% GERM), e da viabilidade das sementes pós-germinação
57
teste de tetrazólio sob diferentes condições controladas, utilizando-se quatro
substratos, dois níveis de luz e dois regimes de temperatura.
2. Material e Métodos
Os frutos de B. tomentosa, H. stigonocarpa, G. ulmifolia e E. gummiferum foram
coletados de árvores pré-selecionadas do Cerrado e que se encontram distribuídas
aleatoriamente em uma área total de 108,21 km
2
do “Projeto Conservação e Preservação
de Recursos Naturais na Sub-Bacia do Ribeirão São João: Uma Proposta de
Participação Comunitária no Processo de Gestão Ambiental, situada entre os municípios
de Palmas e Porto Nacional-TO, entre os meses de julho a setembro de 2005. Coletas
semanais foram realizadas na área de estudo, durante este período.
O beneficiamento das sementes após a colheita foi realizado no laboratório de
Sementes da Fundação Universidade do Tocantins UNITINS, quando a polpa dos
frutos foi removida por meio do atrito manual contra uma peneira. As sementes
envolvidas pelo endocarpo (diásporos) foram enxaguadas em água corrente e secas à
sombra durante 24 horas e, posteriormente, acondicionadas em sacos de polietileno
devidamente etiquetados, lacrados e armazenados em freezer até a realização do teste de
viabilidade germinativa, em dezembro de 2005.
As próximas etapas deste trabalho foram conduzidas no Laboratório de
Sementes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília-DF, onde
inicialmente foi determinado o teor de umidade das sementes, empregando-se o método
da estufa a 105 °C ± 3 °C por 24 horas (BRASIL, 1992).
O teor de umidade observado nas sementes foi calculado por meio da fórmula:
% de Umidade (U) = 100 (P-p)/P - t
em que
P = peso inicial o peso do recipiente e sua tampa mais o peso da semente
úmida;
p = peso final – o peso do recipiente e sua tampa mais o peso da semente seca; e
t = tara – o peso do recipiente com sua tampa.
Posteriormente, as sementes de H. stigonocarpa e E. gummiferum passaram pelo
processo de quebra de dormência, por meio de escarificação mecânica em um esmeril.
58
Para a espécie G. ulmifolia foi aplicado o método de escarificação química, com uma
solução de ácido sulfúrico - 70 % durante 30 minutos. para as sementes de
B. tomentosa, o método aplicado foi o desponte (corte na região basal).
Todas as sementes, antes de serem colocadas para germinar, passaram por uma
tríplice lavagem em água, para limpeza e para eliminar possíveis contaminações.
Para determinação do comportamento germinativo das sementes, foram
aplicados o porcentual de germinação (% GERM) e os índices de velocidade de
germinação (IVG) e velocidade de emergência (IVE). Foram empregados quatro
substratos: rolo de papel (RP), papel-filtro (PF), vermiculita com granulometria pequena
(V) e algodão (A); dois regimes de temperatura: constante 25 °C e alternada 20-
30 °C (com 8 horas a 30 ºC e 16 horas a 20 ºC); e dois níveis de luz (ausência de luz e
presença de luz).
O efeito dos substratos, dos níveis de luz e dos regimes de temperatura na
germinação das sementes foi observado durante um período de 30 dias, segundo o
Manual de Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992)
No substrato rolo de papel foram utilizadas duas folhas de papel germitex,
previamente umedecidas com o borrifador, e retirado o excesso de água.
Nos substratos papel-filtro, vermiculita e algodão, utilizaram-se os recipientes de
plástico transparente com tampa (gerbox), nas seguintes dimensões: 11 x 11 x 3 cm,
onde foi realizada a semeadura de 20 sementes por caixa de cada espécie.
Foi utilizado filme de PVC para todos os tratamentos em gerbox, para que
ocorresse o bom fechamento nas tampas, a fim de evitar perda de umidade para o
ambiente.
Para a condição ausência de luz, os recipientes dos tratamentos foram embalados
com papel alumínio, simulando a total ausência de luz. E para a presença de luz, os
substratos foram colocados no germinador sem qualquer impedimento à luminosidade.
O teste de viabilidade das sementes foi realizado pelos testes de germinação
(% GERM) e calculando-se o IVG (índice de velocidade de germinação) para as
espécies jatobá-do-cerrado, merindiba e orelha-de-macaco e IVE (índice de velocidade
de emergência) para a espécie mutamba. Para os cálculos, foi utilizada a fórmula
proposta por Maguire (1962), bem como sua alteração para emergência de plântula.
IVG = (C
1
/T
1
+ C
2
/T
2
+ ... + C
i
/T
i
) IVE = (C
1
/T
1
+ C
2
/T
2
+ ... + C
i
/T
i
)
59
em que
IVG = índice de germinação média diária;
IVE = índice de emergência de plântulas - média diária;
C
1
a C
i
= contagem diária da germinação/contagem diária da emergência de
plântulas; e
T
1
a T
i
= tempo.
O critério de germinação adotado foi o da protrusão inicial da raiz primária,
calculando-se a porcentagem de sementes que apresentaram emissão da raiz primária
com aproximadamente 2,0 mm.
Durante o período de observação da germinação as sementes foram submetidas a
lavagens superficiais com água e o substrato trocado, todas às vezes que ocorria
incidência de fungos.
O número de sementes germinadas foi contado a cada dois dias, sempre no
mesmo horário, até o momento em que não houve mais germinação ou até o 30º dia.
O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado, com arranjo
fatorial 4 x 2 x 2 (substrato x luz x temperatura), contendo 16 tratamentos com quatro
repetições cada, totalizando 64 parcelas. Os dados de porcentagem de germinação foram
transformados em arc. seno. Na seqüência, foi processada a análise de variância e as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade, por meio do
software SAEG - Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9,1.
Os 16 tratamentos foram denominados: T1) - RP/CL/TC (rolo de papel, presença
de luz, temperatura constante de 25 °C); T2) - RP/CL/TA (rolo de papel, presença de
luz, temperatura alternada de 20 a 30°C); T3) - RP/SL/TC (rolo de papel, ausência de
luz, temperatura constante de 25°C); T4) - RP/SL/TA (rolo de papel, ausência de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T5) - PF/CL/TC (papel-filtro, presença de luz,
temperatura constante de 25°C); T6) - PF/CL/TA (papel-filtro, presença de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T7) - PF/SL/TC (papel-filtro, ausência de luz,
temperatura constante de 25°C); T8) - PF/SL/TA (papel-filtro, ausência de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T9) - V/CL/TC (vermiculita, presença de luz,
temperatura constante de 25°C); T10) - V/CL/TA (vermiculita, presença de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T11) - V/SL/TC (vermiculita, ausência de luz,
temperatura constante de 25°C); T12) - V/SL/TA (vermiculita, ausência de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T13) - A/CL/TC (algodão, presença de luz,
60
temperatura constante de 25°C); T14) - A/CL/TA (algodão, presença de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C); T15) - A/SL/TC (algodão, ausência de luz,
temperatura constante de 25°C); e T16) - A/SL/TA (algodão, ausência de luz,
temperatura alternada de 20 a 30°C).
Na última fase, desenvolvida no Laboratório de Sementes do Departamento de
Engenharia Florestal da UnB, determinou-se a viabilidade das sementes duras que após
30 dias do início do teste de germinação encontravam-se no mesmo estado de dureza,
sem que tenha ocorrido a embebição de água (sementes não-germinadas). As sementes
restantes de cada espécie foram imersas em uma solução de água destilada e sal de
tetrazólio (cloreto de 2,3,5 trifeniltetrazólio), na concentração de 1 %, por 24 horas.
Em seguida, foram lavadas em água corrente e seccionadas longitudinalmente,
para serem interpretadas quanto à coloração das sementes e de seus tecidos com o
auxílio de um microscópio estereoscópico binocular, com aumento de 60 vezes, visando
analisar a viabilidade e posteriormente classificá-las em sementes viáveis ou inviáveis.
Nesta etapa a exceção ficou para a espécie E. gummiferum, cujas sementes, em todos os
tratamentos, haviam germinado ou estavam mortas até o 14
o
dia após colocadas para
germinar.
3. Resultados e Discussão
3.1 Merindiba (Buchenavia tomentosa Eichler)
3.1.1 Teor de umidade inicial (%)
O resultado referente ao teor de umidade inicial das sementes de Buchenavia
tomentosa foi de 6,02 %, superior ao valor encontrado no estudo desenvolvido por
Salomão et al. (2003), que obtiveram o teor de umidade inicial de 5,4 % para a mesma
espécie. Estes valores encontram-se dentro da faixa de teor de água esperado nas
sementes, entre 2 e 21 %, para promoverem a alta capacidade germinativa (BASKIN e
BASKIN, 1998).
61
3.1.2 Comportamento vegetativo
O processo de germinação das sementes foi considerado iniciado quando
ocorreu a protrusão inicial da raiz primária (radícula), calculando-se a porcentagem de
sementes que apresentaram emissão da raiz primária com aproximadamente 2,0 mm.
Os resultados da análise de variância ANOVA para porcentagem de
germinação (% GERM) e índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes de
Buchenavia tomentosa, submetidas a diversas condições de substrato, luz e temperatura,
estão na Tabela 1.
Tabela 1 – Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de velocidade
de germinação (IVG) em relação a substratos, luz e temperaturas em
sementes de Buchenavia tomentosa
Quadrado Médio
Fonte de Variação GL
IVG % GERM
Total de Redução 39
12,49
**
248,23
ns
SUB 3 25,93
**
813,93
**
ERRO(A) 12 3,82 109,76
LUZ 1
5,46
ns
0,39
ns
LUZ x SUB 3 4,01
ns
83,72
ns
ERRO(B) 12 5,40 136,85
TEM 1
225,44
**
2.081,64
**
TEM x SUB 3 15,39
*
585,81
*
TEM x LUZ 1 1,68
ns
141,01
ns
TEM x LUZ x SUB 3 2,58
ns
16,02
ns
Resíduo 24 4,98 182,68
Total 63 - -
*, ** F significativo em nível de probabilidade de 0,05 e 0,01, respectivamente. NS = não-significativo.
Média geral (IVG) = 4,97 e média geral (% GERM) = 45,39 %.
Coeficiente de variação (IVG) = 44,90 % e coeficiente de variação (% GERM) = 29,78 %.
Nessa Tabela nota-se que para as duas características analisadas, índice de
velocidade de germinação (IVG) e porcentagem de germinação (% GERM), os fatores
substrato e temperatura foram significativos a 1 % de probabilidade, ocorrendo
significância a 5 % de probabilidade para interação temperatura x substrato, nas duas
características analisadas.
62
Analisando a Tabela 1, constata-se que o fator luz, assim como as interações luz
x substrato, temperatura x luz e temperatura x luz x substrato, não foi significativo
(P > 0,05), não existindo, portanto, nenhuma influência da luz sobre a germinação das
sementes de Buchenavia tomentosa, considerando-se as características porcentagem de
germinação transformada e índice de velocidade de germinação.
Observa-se nas Tabelas 2 e 3, respectivamente, as médias de IVG e % GERM
das sementes de Buchenavia tomentosa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e de substratos dentro de regimes de
temperatura.
Tabela 2 – Médias do índice de velocidade de germinação (IVG) avaliado em sementes
de Buchenavia tomentosa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e de substratos dentro de regimes
de temperatura
Substratos
Temperatura Constante
(25ºC)
Temperatura Alternada
(20-30ºC)
Rolo de papel 8,10 Aab 4,78 Ba
Papel-filtro 8,77 Aa 2,13 Ba
Vermiculita 4,80 Ac 2,10 Ba
Algodão 5,72 Abc 3,36 Ba
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Tabela 3 – Médias da característica porcentagem de germinação avaliado em sementes
de Buchenavia tomentosa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e de substratos dentro de
regimes de temperatura
Substratos
Temperatura Constante
(25º C)
Temperatura Alternada
(20-30º C)
Rolo de papel 54,38 Aab 53,75 Aa
Papel-filtro 61,25 Aa 32,50 Bb
Vermiculita 41,25 Ab 32,50 Ab
Algodão 47,50 Aab 40,00 Aab
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
63
Para o índice de velocidade de germinação IVG das sementes de Buchenavia
tomentosa, a melhor combinação observada foi o substrato papel-filtro com o regime de
temperatura constante (25 ºC).
Popinigis (1985) relatou que, além da temperatura, o substrato utilizado nos
testes de germinação interfere no resultado final, atuando diretamente na aeração,
estrutura e capacidade de retenção de água, além do grau de infecção de patógenos.
Nesses testes, o substrato deve permanecer uniformemente úmido, a fim de suprir as
sementes da quantidade de água necessária para sua germinação e desenvolvimento.
Observa-se nas Tabelas 2 e 3 que os valores das médias do substrato papel-filtro
foram superiores na temperatura de 25
o
C. Contudo, a interação substrato x temperatura
significativa justifica-se pela maior diferença entre as médias dos tratamentos nas duas
temperaturas.
Entretanto, estudando a mesma espécie, Salomão et al. (2003) constataram que
as condições favoráveis para antecipar a germinação das sementes são: a mesma
temperatura observada nesse estudo, porém o substrato recomendado pelos mesmos
autores é o rolo de papel, que é semelhante, estatisticamente, ao papel-filtro.
Observa-se nos resultados apresentados (Tabela 2) que o substrato papel-filtro
foi eficiente, por promover igualdade e antecipar a germinação das sementes de
Buchenavia tomentosa, principalmente quando associado à temperatura constante de
25
o
C. No entanto, o substrato rolo de papel também apresentou valor significativo na
porcentagem de germinação (% GERM) sob temperatura alternada de 20 – 30 ºC.
Com base nos resultados apresentados, sugere-se que a temperatura de 25
o
C,
por ser mais fácil de ser monitorada e mantida pela câmara de germinação e por
apresentar os melhores resultados, deve ser empregada para os testes de germinação de
sementes de Buchenavia tomentosa.
Segundo Gomes e Bruno (1992), o teste de germinação que avalia essa
germinabilidade deve ser realizado sob condições de temperatura e substrato ideais para
cada espécie. Entretanto, ocorre a inexistência de uma temperatura ótima e uniforme na
qual se encaixem todas as espécies (BORGES e RENA, 1993).
Diversas espécies do Cerrado, devido à dormência tegumentar, são indiferentes à
luz, como foi observado neste estudo. Porém, isso não invalida o seu caráter sucessional
no cerrado sensu stricto, onde a natureza deve promover a superação da dormência por
meio da escarificação das sementes (pelas flutuações térmicas, atrito entre solos e
64
sementes, ação dos microrganismos, entre outros) para sua germinação (MARTINS,
2004).A luz, na maioriadas vezes, é determinante para a germinaçãode espécies pioneiras.
3.1.3 Teste de tetrazólio
Observa-se na Figura 1 que, em todos os tratamentos realizados com a espécie
Buchenavia tomentosa, após o período de 30 dias ainda havia sementes que se
encontravam no mesmo estado de dureza do início do experimento, com exceção do
tratamento 5 (papel-filtro, temperatura constante e na presença de luz), que em todas as
quatro repetições não ocorreram sementes sem germinar.
Em todos os tratamentos testados ocorreu a coloração das sementes,
comprovando a sua viabilidade. Portanto, a diferença entre o número de sementes
colocadas inicialmente no teste de tetrazólio e as sementes coloridas (viáveis) após o
teste se deve à possível dormência existente nessas sementes. Para Martins (2004),
apesar de dormente a semente continua a respirar durante o processo de germinação,
conseqüentemente encontra-se viável.
A classificação dos níveis de viabilidade por meio do teste de tetrazólio
(Figuras 2 e 3) é estabelecida com base nas seguintes características: A) - tecidos com
coloração vermelha brilhante uniforme ou rósea são típicos de tecidos sadios =
sementes viáveis; B) - tecidos com coloração branca ou amarelada são tecidos mortos =
sementes inviáveis; e C) - tecidos com coloração escura intensa são tecidos em
deterioração ou mortos = sementes inviáveis, seguindo-se para tanto as recomendações
das classes de viabilidade do manual de Regras de Análise de Sementes RAS
(DELOUCHE et al., 1976; BRASIL, 1992).
Na Figura 2 visualiza-se uma semente viável (colorida após colocada na solução
de tetrazólio 1 %) da espécie avaliada.
O grande número de sementes sem germinar após o período de 30 dias
provavelmente se deve ao processo de quebra de dormência por meio do desponte (corte
na região basal). Esse expressivo número pode ser atribuído à presença do tegumento,
que impediu a penetração da água para o interior da semente. Portanto, a quebra de
dormência deve ser realizada de forma a eliminar parte do tegumento da semente e
expor o embrião, sem no entanto danificá-lo, favorecendo a absorção de água.
65
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
% de Sementes
T1 T2 T3 T4 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 T13 T14 T15 T16
Tratamentos
VIABILIDADE DAS SEMENTES DE Buchenavia tomentosa
POR MEIO DO
TESTE DE TETRAZÓLIO
Sementes submetidas ao Teste de Tetrazólio Sementes Viáveis
Figura 1 – Sementes de Buchenavia tomentosa submetidas ao testes de tetrazólio 1 % e sementes viáveis (coloridas).
66
Figura 2 Semente de Buchenavia tomentosa viável (colorida) pelo teste de tetrazólio
1 % (aumento de 60 x).
Outro fator a ser considerado em relação ao alto número de sementes que não
germinaram após o 30
o
dia é o período de observação, devendo ser ressaltado que em
viveiros ocorrem sementes que mesmo passando pelo processo de quebra de dormência
continuam a germinar aproximadamente três meses após a semeadura.
Considerando que a maioria das espécies florestais exige longo período para
germinar, variando desde um ano para as sementes de Bertholletia excelsa (castanha-do-
pará) a seis meses para sementes de Joahnesia princeps (boleira), o desenvolvimento de
testes rápidos e eficientes para avaliação da viabilidade de sementes é necessário
(PIÑA-RODRIGUES e SANTOS, 1988). Os autores citam ainda que o teste de
tetrazólio não é muito difundido entre espécies arbóreas florestais e frutíferas, embora
apresente excelentes condições para ser utilizado rotineiramente, uma vez que muitas
dessas espécies necessitam de longo período para germinarem. Em vista dessa situação,
pesquisas têm sido desenvolvidas, procurando abreviar o prazo requerido para obtenção
dos resultados do teste de tetrazólio, a partir da definição de metodologia adequada e
padronizada para cada espécie (NASCIMENTO e CARVALHO, 1998).
Na Figura 3 visualiza-se uma semente inviável, não-colorida após colocada na
solução de tetrazólio 1 % (semente morta).
67
Figura 3 – Semente de Buchenavia tomentosa inviável (não-colorida) pelo teste de
tetrazólio 1 % (aumento de 60 x).
Mais um fator observado neste estudo e mencionado por Martins (2004) é que o
alto número de sementes não-viáveis pode estar relacionado com o ataque de insetos em
alguns frutos e sementes. O autor cita ainda que mesmo tomando-se o cuidado de
eliminar as sementes chochas, imaturas e, ou, atacadas por insetos, muitas delas
apresentam larvas de insetos em seu interior, embora tenham, inicialmente, uma
aparência saudável.
3.2 Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne)
3.2.1 Teor de umidade inicial (%)
Neste estudo foi obtido o valor de 5,47 % para o teor de umidade inicial das
sementes de Hymenaea stigonocarpa, bem inferior ao valor de 10 % encontrado na
pesquisa realizada por Salomão et al. (2003), para a mesma espécie. Entretanto, as
sementes apresentam composição química bastante variável, em função de fatores
externos ou da etapa de desenvolvimento em que elas se encontram. Fatores como teor
de umidade inicial, variações na constituição química das sementes de diferentes
espécies, umidade relativa do ar, temperatura do ambiente de armazenamento, grau de
umidade da semente durante o armazenamento e tipos de embalagens utilizadas podem
influenciar diretamente as taxas metabólicas das sementes (CARNEIRO e AGUIAR,
1993; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
68
Segundo Cardoso (2004), as sementes que desenvolvem tegumentos
impermeáveis o capazes de embeber e germinar quando coletadas no ponto de
maturidade fisiológica, antes do início da fase de dessecamento. Assim, a impermeabilidade
do tegumento se desenvolve durante a rápida fase de desidratação, devendo ser ressaltado
que ela se estabelece com o teor de água na semente entre 2 e 21 % (BASKIN e
BASKIN, 1998).
3.2.2 Comportamento vegetativo
Do ponto de vista morfológico, a germinação inicia-se com o rompimento dos
tegumentos e a protrusão da radícula, com densa zona pilífera. O hipocótilo se projeta
juntamente com a radícula (OLIVEIRA et al., 1989).
Os resultados do comportamento germinativo das sementes de Hymenaea
stigonocarpa por meio da porcentagem de germinação (% GERM) e do índice de
velocidade de germinação (IVG), em relação a diversas condições de substrato, luz e
temperatura, estão descritos na análise de variância – ANOVA (Tabela 4).
Tabela 4 – Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de
velocidade de germinação (IVG) em relação a substratos, luz e temperaturas
em sementes de Hymenaea stigonocarpa
Quadrado Médio
Fonte de Variação GL
% GERM IVG
Total de Redução 39
423,87
**
11,07
**
SUB 3
2.525,39
**
92,89
**
ERRO (A) 1 188,67 2,91
LUZ 1
172,27
ns
1,11
ns
LUZ x SUB 3
106,64
ns
0,13
ns
ERRO (B) 12 184,51 1,51
TEM 1 594,14
*
37,71
**
TEM x SUB 3
784,77
**
20,74
*
TEM x LUZ 1
206,64
ns
0,15
ns
TEM x LUZ x SUB 3 276,43
*
0,097
ns
Resíduo 24 90,76 1,90
Total 63 - -
*, ** F significativo em nível de probabilidade de 0,05 e 0,01, respectivamente, NS = não-significativo.
Média geral (% GERM) = 81,016 %; média geral (IVG) = 27,245.
Coeficiente de variação (% GERM) = 11,76 %; e coeficiente de variação (IVG) = 50,594 %.
69
Observa-se na Tabela 4 que ao analisar a característica porcentagem de
germinação (% GERM) os fatores de interação substrato, assim como a interação
temperatura x substrato, foram significativos a 1 % de probabilidade. os fatores
temperatura e interação temperatura x luz x substrato foram significativos a 5 % de
probabilidade.
Para a variável índice de velocidade de germinação (IVG) ocorreu significância
para os fatores de variação substrato e temperatura a 1 % de probabilidade e para a
interação temperatura x substrato a 5 % de probabilidade.
Os testes mais simples para determinação de vigor são os de velocidade de
desenvolvimento, sendo os mais utilizados o tempo médio de germinação e o índice de
velocidade de germinação, que se baseiam no pressuposto de que sementes mais
vigorosas germinarão mais rapidamente do que outras em condições inferiores,
distinguindo as sementes de um mesmo lote (PIÑA-RODRIGUES et al., 2004).
Nota-se na Tabela 4 que os fatores luz, assim como as interações luz x substrato
e temperatura x luz, não são significativos (P > 0,05), não existindo, portanto, nenhum
efeito da luz sobre a germinação das sementes de Hymenaea stigonocarpa para a
característica porcentagem de germinação. Para o IVG, além destes fatores, a interação
temperatura x luz x substrato também não foi significativa a 5 % de probabilidade.
Na interação tripla (temperatura x luz x substrato) para a característica
porcentagem de germinação (% GERM), desdobrada nas Tabelas 5 e 6, observa-se que
ao estudar o efeito da temperatura dentro de cada combinação (luz e substrato) não foi
constatado efeito significativo da temperatura, na presença de luz, para os substratos
rolo de papel, vermiculita e algodão, ao passo que quando o substrato foi o papel-filtro
houve superioridade da temperatura alternada em relação à temperatura constante
(Tabela 5).
Ao estudar a vermiculita, Mello e Barbedo (2007) observaram que o substrato
proporcionou boas condições para germinação das sementes de pau-brasil, mesmo com
água em excesso. Contudo, os autores notaram a evidente superioridade do rolo de
papel em proporcionar o melhor substrato para o desenvolvimento inicial das plântulas.
Para que as sementes germinem, elas devem dispor de condições internas e
externas favoráveis (POPINIGIS, 1985). Assim, a capacidade máxima de germinação
pode ser influenciada por fatores ambientais, como temperatura e substrato (BORGES e
RENA, 1993).
70
Tabela 5 – Médias da porcentagem de germinação avaliada em sementes de Hymenaea
stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à temperatura
dentro de diferentes substratos e níveis de luz e dos substratos dentro dos
níveis de luz e regimes de temperatura
Presença de Luz Ausência de Luz
Substratos
Temperatura
Constante
(25ºC)
Temperatura
Alternada
(20-30ºC)
Temperatura
Constante
(25ºC)
Temperatura
Alternada
(20-30ºC)
Rolo de papel 72,50 Aab 73,75 Aa 87,50 Aa 77,50 Aa
Papel-filtro 55,00 Bb 70,00 Aa 48,75 Bb 85,00 Aa
Vermiculita 92,50 Aa 88,75 Aa 78,75 Ba 96,25 Aa
Algodão 92,50 Aa 90,00 Aa 96,25 Aa 91,25 Aa
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na horizontal, dentro de cada nível de luz e substrato, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e médias seguidas pela mesma letra
minúscula na vertical, dentro de cada nível de luz e regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Tabela 6 – Médias da porcentagem de germinação avaliado em sementes de Hymenaea
stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura em resposta aos níveis de luz
dentro de diferentes substratos e regimes de temperatura
Temperatura Constante (25 ºC) Temperatura Alternada (20-30ºC)
Substratos
Presença de luz Ausência de luz Presença de luz Ausência de luz
Rolo de papel 72,50 A 87,50 A 73,75 A 77,50 A
Papel filtro 55,00 A 48,75 A 70,00 A 85,00 A
Vermiculita 92,50 A 78,75 A 88,75 A 96,25 A
Algodão 92,50 A 96,25 A 90,00 A 91,25 A
*Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada regime de temperatura, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Ao analisar a temperatura constante na condição ausência de luz, as médias dos
substratos rolo de papel e algodão não foram diferentes entre si, a 5 % de probabilidade
(Tabela 5). Entretanto, para o papel-filtro e para a vermiculita ocorreu diferença nas
médias, o que evidencia a indicação do substrato algodão, que apresentou a maior média
(96,25 %).
Quando analisado o efeito dos substratos dentro de cada combinação luz e
temperatura, constatou-se que não ocorreu diferença nos dois veis de luz para a
temperatura alternada (20 30 ºC), em todos os substratos estudados. para a
temperatura constante (25 ºC), ocorreu diferença significativa para o papel-filtro nos
dois níveis de luz e para o substrato rolo de papel na presença de luz (Tabela 5).
71
Estudando os efeitos da temperatura e da luz na germinação de sementes de
Tabebuia rósea, Socolowski e Takaki (2007) verificaram que a faixa ótima de
temperatura para germinação foi de 20 a 40 ºC na luz e de 20 a 35 ºC no escuro. As
sementes apresentaram maior sincronização da germinação a 25 ºC na luz e 30 ºC no
escuro.
Ao analisar o efeito da luz dentro da combinação substrato e temperatura
(Tabela 6), nota-se que não ocorreu diferença significativa para os fatores envolvidos.
Pode-se concluir, então, que a luz não interfere na porcentagem de germinação das
sementes de Hymenaea stigonocarpa.
Constata-se na Tabela 6 que a melhor relação apresentada foi o substrato
vermiculita na ausência de luz e temperatura alternada 20 – 30 ºC. Apesar de a relação
substrato algodão na ausência de luz e temperatura constante de 25 ºC ter se apresentado
semelhantemente neste estudo (média de 96,25 %), ele é preterido em relação ao
substrato vermiculita, por apresentar alto grau de contaminação durante todo o
experimento. Entretanto, estudando a mesma espécie, Salomão et al. (2003) relataram
que as condições favoráveis para antecipar a germinação das sementes são a
temperatura de 25 ºC e o substrato rolo de papel.
Nos estudos relacionados à metodologia de germinação de espécies florestais,
Oliveira et al. (1989) recomendaram o uso de temperaturas alternadas, que essas
simulariam o ambiente natural de florestas, onde as flutuações de temperaturas ocorrem,
principalmente, pela abertura de clareiras, que estimula a germinação de sementes de
espécies pioneiras.
Para Popinigis (1985), além da temperatura, o substrato utilizado nos testes de
germinação interfere no resultado final, atuando diretamente na aeração, estrutura e
capacidade de retenção de água, além do grau de infecção de patógenos.
Verifica-se na Tabela 7 a discriminação das diferenças entre as médias pelo teste
de Tukey, para os regimes de temperatura interagindo com os substratos.
Para o índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes de Hymenaea
stigonocarpa, a melhor combinação observada foi o substrato vermiculita com o regime
de temperatura constante (25 ºC). Este resultado condiz com os de Silva (2001), que
relatou as variações que ocorrem devido à procedência, à variabilidade genética e outras
causas dentro de uma mesma espécie. Isso provavelmente explica o fato de as sementes
apresentarem um resultado preferencial quanto à germinação em temperaturas
constantes (MARTINS, 2004), o que ocorreu com as sementes de Hymenaea
72
Tabela 7 – Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes de
Hymenaea stigonocarpa aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e substratos dentro de regimes de
temperatura
Substratos
Temperatur
a Constante
(25
o
C)
Temperatura Alternada
(20-30 ºC)
Rolo de papel 2,11 Ba 1,50 Ba
Papel-filtro 0,93 Ba 1,19 Ba
Vermiculita 8,72 Aa 3,88 Ab
Algodão 2,11 Ba 1,34 Ba
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e dias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
tigonocarpa neste estudo. Comportamento semelhante foi verificado por Andrade et al.
(2006), ao estudarem a germinação e a velocidade de emergência de plântulas de
Dalbergia nigra, cujos maiores valores foram observados no substrato vermiculita.
Porém, Andrade et al. (2000) constataram que no substrato vermiculita a
temperatura de 20 °C foi estatisticamente inferior às demais, com exceção da
temperatura de 20 30 ºC; no substrato papel, 25, 30 e 35 °C foram estatisticamente
superiores às demais temperaturas. Em relação às temperaturas, somente 20 e 20
30 °C apresentaram diferenças significativas entre os substratos; em ambas as
temperaturas, os substratos solo e vermiculita apresentaram os mais altos valores de
germinação. As médias gerais demonstraram que os substratos solo e vermiculita e as
temperaturas de 25, 30 e 35 °C apresentaram valores estatisticamente superiores.
Contudo, a significância ocorrida na interação temperatura x substrato para a
característica IVG justifica-se pela maior diferença entre as médias do substrato
vermiculita nas duas temperaturas. Quanto maior o IVG maior é a velocidade de
germinação, o que permite inferir que mais vigoroso é o lote de sementes. Nakagawa
(1999) baseia-se no princípio de que os lotes que apresentam maior velocidade de
germinação de sementes são os mais vigorosos, ou seja, existe uma relação direta entre
a velocidade e o vigor das sementes.
Observa-se na Tabela 7 que o valor da média (0,93) da interação temperatura
constante x substrato (papel-filtro) para o IVG foi o mais baixo encontrado neste estudo.
Provavelmente este fato foi devido à rápida retenção de água do papel-filtro na
temperatura de 25 ºC, o que interferiu na absorção de água pela semente, diminuindo,
73
conseqüentemente, a velocidade de germinação. Portanto, a relação papel-filtro e
temperatura de 25 ºC não é indicada para a germinação de sementes de jatobá-do-
cerrado.
Para Andrade et al. (2000), as espécies apresentam grande variação quanto à
temperatura ideal de germinação de suas sementes, cuja faixa, de modo geral, está
situada entre as temperaturas encontradas em sua região de origem, na época propícia à
emergência natural.
3.2.3 Teste de tetrazólio
No teste de tetrazólio para Hymenaea stigonocarpa, nota-se (Figura 4) que após
o período de 30 dias ainda havia sementes remanescentes do teste de germinação que se
encontravam no mesmo estado de dureza do início do experimento, para os tratamentos
T
5
= (papel-filtro/presença de luz/temperatura constante 25 ºC); T
6
= (papel-
filtro/presença de luz/temperatura alternada 20º - 30ºC) e T
7
= (papel-filtro/ausência
de luz/temperatura constante – 25 ºC).
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
% de Sementes
T5 (PF/CL/TC) T6 (PF/CL/TA) T7 (PF/SL/TC)
Tratamentos
VIABILIDADE DAS SEMENTES DE Hymenaea stigonocarpa
POR MEIO DO
TESTE DE TETRAZÓLIO
Sementes submetidas ao Teste de Tetrazólio Sementes Viáveis (coloridas)
Figura 4 Sementes de Hymenaea stigonocarpa submetidas ao testes de tetrazólio -1 %
e sementes viáveis (coloridas).
74
Em todos os tratamentos testados ocorreu a coloração das sementes,
comprovando a sua viabilidade. Portanto, a diferença entre o número de sementes
colocadas para colorir pelo teste de tetrazólio e as sementes viáveis (coloridas) se deve à
possível dormência existente nestas sementes.
A classificação dos níveis de viabilidade por meio do teste de tetrazólio
(Figuras 5 e 6) é estabelecida com base nas seguintes características: A) tecidos
com coloração vermelha brilhante uniforme ou rósea são típicos de tecidos sadios =
sementes viáveis; B) - tecidos com coloração branca ou amarelada são tecidos mortos =
sementes inviáveis; e C) - tecidos com coloração escura intensa são tecidos em
deterioração ou mortos = sementes inviáveis, seguindo-se para tanto as recomendações
das classes de viabilidade do manual de Regras de Análise de Sementes RAS
(DELOUCHE et al., 1976; BRASIL, 1992).
Figura 5 Semente de Hymenaea stigonocarpa viável (colorida) pelo teste de tetrazólio
-1 % (aumento de 3 x).
Figura 6 – Semente de Hymenaea stigonocarpa inviável (não-colorida), iniciando o
processo de deterioração (aumento de 3 x).
75
O número considerável de sementes sem germinar após o período de 30 dias na
espécie Hymenaea stigonocarpa provavelmente se deve ao processo de quebra de
dormência por meio de escarificação mecânica. A presença do tegumento impediu a
penetração da água no interior da semente, dificultando o processo de germinação.
Outro fator a ser considerado em relação ao alto número de sementes viáveis foi
o período de observação. Em viveiros ocorrem sementes que, mesmo passando pelo
processo de quebra de dormência, continuam a germinar até aproximadamente seis
meses após a semeadura.
Constatou-se, neste estudo, a ocorrência de danos mecânicos, por insetos e pela
deterioração causada pela umidade. Essa discussão condiz com Bhéring et al. (1996) e
França Neto (1999), que destacam o tetrazólio entre os testes indiretos considerados
rápidos, pois além de avaliar a viabilidade e o vigor permite, em alguns casos, a
identificação dos fatores que influenciam a qualidade das sementes, como os danos
mecânicos e os causados pela secagem, por insetos e deterioração por umidade
3.3 Mutamba (Guazuma ulmifolia Lam.)
3.3.1. Teor de umidade inicial (%)
O resultado referente ao teor de umidade inicial das sementes de Guazuma
ulmifolia foi de 2,15 %, inferior ao valor encontrado no estudo desenvolvido por
Salomão et al. (2003), que obtiveram o teor de água inicial de 10 % para a mesma
espécie.
Apesar do baixo valor obtido no teor de umidade das sementes, este resultado é
considerado normal e dentro da faixa de teor de água na semente, que pode variar de 2 a
21 % (BASKIN e BASKIN, 1998).
Existe grande diversidade de metodologias para determinação do grau de
umidade para uma mesma espécie, não havendo consenso entre os países sobre qual é a
mais indicada (ASAE, 1992). Para as espécies florestais nativas dos mais diversos
biomas brasileiros, as informações sobre o método mais adequado, assim como a forma
e o tempo de armazenamento, são incipientes e desencontradas.
A determinação do grau de umidade baseia-se na perda de peso das sementes
quando secas em estufa. A água contida nas sementes é expelida em forma de vapor,
pela aplicação do calor sob condições controladas, ao mesmo tempo em que são
76
tomadas precauções para reduzir a oxidação, a decomposição ou a perda de outras
substâncias voláteis durante a operação (BRASIL, 1992).
Para Marcos Filho et al. (1987), determinações periódicas do grau de umidade,
entre a colheita e a utilização nos plantios, permitem a identificação de problemas que
porventura ocorram ao longo das diferentes fases do processamento e possibilitam a
adoção de medidas adequadas para a sua solução.
3.3.2 Comportamento vegetativo
A análise de variância - ANOVA para a porcentagem de germinação (% GERM)
e o índice de velocidade de emergência (IVE) das sementes de Guazuma ulmifolia,
submetidas a diversas condições de substrato, luz e temperatura, está representada na
Tabela 8.
Tabela 8 – Análise de variância para a porcentagem (% GERM) e o índice de
velocidade de germinação (IVE) em relação a substratos, luz e temperaturas
em sementes de Guazuma ulmifolia
Quadrado Médio
Fonte de Variação GL
IVE % GERM
Total de Redução 39 44,09
**
269,03
**
SUB 3 70,04
**
694,27
**
ERRO (A) 1 6,23 130,47
LUZ 1 708,49
**
2.025,00
**
LUZ x SUB 3 22,91
*
386,46
**
ERRO (B) 12 5,07 79,43
TEM 1 547,16
**
900,00
**
TEM x SUB 3 11,00
ns
101,04
ns
TEM x LUZ 1 0,20
ns
14,06
ns
TEM x LUZ x SUB 3
5,43
ns
496,35
*
Resíduo 24 5,97 104,95
Total 63 - -
*, ** F significativo em nível de probabilidade de 0,05 e 0,01, respectivamente, e NS = não-significativo.
Média geral (IVE) = 8,92; média geral (% GERM) = 83,28 %.
Coeficiente de variação (IVE) = 27,41 %; e coeficiente de variação (% GERM) = 12,30 %.
Na Tabela 8, ao analisar a porcentagem de germinação (% de GERM), constata-
se que os fatores substrato, luz, temperatura e a interação luz x substrato foram
significativos a 1 % de probabilidade. a interação temperatura x luz x substrato foi
significativa a 5 % de probabilidade. No entanto, para a variável índice de velocidade de
77
emergência (IVE) ocorreu significância para os fatores de variação substrato, luz e
temperatura a 1 % de probabilidade, e a interação luz x substrato foi significativa a 5 %
de probabilidade.
Verifica-se (Tabela 8) que as interações temperatura x substrato e temperatura x
luz não são significativas (P > 0,05) para a característica porcentagem de germinação
(% GERM). Para o IVE, além destes fatores, a interação temperatura x luz x substrato
também não foi significativa a 5 % de probabilidade.
Como as interações temperatura x luz x substrato para a característica
porcentagem de germinação e luz x substrato para a característica índice de velocidade
de emergência (IVE) foram significativas a 5 % de probabilidade, fez-se a sua
decomposição (Tabelas 9, 10 e 11).
Tabela 9 Médias da porcentagem de germinação (%) avaliada em sementes de
Guazuma ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e níveis de luz sob e substratos
dentro de níveis de luz e regimes de temperatura
Presença de Luz Ausência de Luz
Substratos
Temperatura
Constante
(25ºC)
Temperatura
Alternada
(20-30ºC)
Temperatura
Constante
(25ºC)
Temperatura
Alternada
(20-30ºC)
Rolo de papel 82,50 Aa 92,50 Aa 98,75 Aa 81,25 Ba
Papel-filtro 76,25 Aa 68,75 Ab 93,75 Aa 93,75 Aa
Vermiculita 78,75 Aa 51,25 Bc 83,75 Aa 82,50 Aa
Algodão 90,00 Aa 81,25 Aab 92,50 Aa 85,00 Aa
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na horizontal, dentro de cada nível de luz e substrato, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; Médias seguidas pela mesma letra
minúscula na vertical dentro de cada nível de luz e regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Tabela 10 – Médias da porcentagem de germinação avaliada em sementes de Guazuma
ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta aos níveis de luz
dentro de diferentes substratos e regimes de temperatura
Temperatura Constante (25 ºC) Temperatura Alternada (20-30ºC)
Substratos
Presença de luz Ausência de luz Presença de luz Ausência de luz
Rolo de papel 82,50 B 98,75 A 92,50 A 81,25 A
Papel-filtro 76,25 B 93,75 A 68,75 B 93,75 A
Vermiculita 78,75 A 83,75 A 51,25 B 82,50 A
Algodão 90,00 A 92,50 A 81,25 A 85,00 A
* Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada regime de temperatura, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
78
Tabela 11 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes de
Guazuma ulmifolia aos 30 dias após a semeadura, em resposta à luz
dentro de diferentes substratos e substratos dentro de níveis de luz
Substratos Presença de Luz Ausência de Luz
Rolo de papel 5,92 Ba 15,13 Aa
Papel-filtro 4,31 Ba 11,20 Abc
Vermiculita 4,85 Ba 8,27 Ac
Algodão 7,28 Ba 14,37 Ab
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Observa-se, com base no teste de Tukey, que ocorre diferença nos substratos,
nas temperaturas testadas e nos níveis de luz para porcentagem de germinação e índice
de velocidade de emergência de plântulas.
Na interação tripla (temperatura x luz x substrato) para a característica
porcentagem de germinação (% GERM), e desdobrada nas Tabelas 9 e 10, nota-se que
ao estudar o efeito da temperatura dentro de cada combinação (luz e substrato) não
efeito significativo da temperatura, na presença de luz, para os substratos rolo de papel,
papel-filtro e algodão, ao passo que quando o substrato foi a vermiculita houve
superioridade da temperatura constante em relação à temperatura alternada.
Estudando o efeito da temperatura na relação ausência de luz e nos substratos
papel-filtro, vermiculita e algodão, constatou-se que não ocorreu diferença entre as
médias, no entanto para o substrato rolo de papel ocorreu diferença significativa nas
médias pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade, sendo a temperatura constante
superior à alternada (Tabela 9).
Quando o efeito dos substratos dentro de cada combinação luz e temperatura foi
analisado, observou-se que ocorreu diferença na presença de luz para a temperatura
alternada (20 30 ºC), em todos os substratos estudados, sendo os substratos rolo de
papel e algodão superiores aos demais. Já para a temperatura constante na presença de
luz e para os dois regimes de temperatura dentro da ausência de luz, não ocorreu
diferença significativa (Tabela 9).
Segundo Popinigis (1985), além da temperatura, o substrato utilizado nos testes
de germinação interfere no resultado final, atuando diretamente na aeração, estrutura e
capacidade de retenção de água.
79
Para Bewley e Black (1994), a temperatura exerce grande influência tanto na
porcentagem como na velocidade de germinação, influenciando a absorção de água pela
semente e as reaçõesbioquímicas que regulam o metabolismo envolvido nesse processo.
Ao estudar o efeito da luz dentro da combinação substrato e regimes de
temperatura para a característica porcentagem de germinação (Tabela 10), verifica-se
que somente no substrato algodão não ocorreu diferença significativa para os fatores
envolvidos, tendo a ausência de luz apresentado médias superiores.
Para os demais substratos testados ocorreu diferença entre as médias. Pode-se
concluir, então que a luz interfere na porcentagem de germinação das sementes de
Guazuma ulmifolia.
Salomão et al. (2003) relataram que para a espécie Guazuma ulmifolia as
condições adequadas para antecipar a germinação das sementes são temperaturas
constantes de 25 e 30 ºC e substrato rolo de papel.
A melhor relação observada para a característica porcentagem de germinação
(Tabela 9) foi a que apresentou a média mais alta (98,75 %), constituída pelo substrato
rolo de papel na ausência de luz e na temperatura constante 25 ºC. Resultados similares
foram obtidos por Martins (2004), ao estudar a espécie Sclerolobium paniculatum var.
subvelutinum, no qual o substrato rolo de papel foi o mais eficiente quando associado à
temperatura constante de 25
o
C.
Entretanto, Andrade et al. (2006), ao estudarem a germinação e a velocidade de
emergência de plântulas da espécie Dalbergia nigra, observaram que os maiores valores
foram obtidos no substrato vermiculita e nas temperaturas constantes entre 20 e 30 °C e
nas temperaturas alternadas de 20 – 30 °C e 20 – 35 °C, independentemente do efeito de
luz. Borges e Rena (1993) reforçam a afirmação de que a maioria das espécies tropicais
e subtropicais apresenta potencial germinativo máximo na faixa de temperatura entre 20
e 30 ºC.
Oliveira et al. (1989) recomendam a utilização de temperaturas alternadas em
testes de germinação com espécies nativas, que essas simulariam o ambiente natural
de florestas, onde as flutuações de temperaturas ocorrem, principalmente, pela abertura
de clareiras, que estimula a germinação de sementes de espécies pioneiras.
Verifica-se na Tabela 11 a interação significativa para o nível de luz interagindo
com os substratos para o índice de velocidade de emergência (IVE) das sementes de
Guazuma ulmifolia.
80
Baseando-se no princípio de que os lotes que apresentam maior velocidade de
germinação de sementes são os mais vigorosos (NAKAGAWA, 1999), a relação rolo de
papel x ausência de luz foi a que promoveu a maior velocidade de emergência de
plântulas entre os tratamentos testados neste estudo.
Pode-se inferir ainda que o valor da média (4,31) da interação papel-filtro x
presença de luz para o IVE (Tabela 11) foi o mais baixo encontrado neste estudo.
Possivelmente este fato é devido à rápida retenção de água pelo papel-filtro na presença
de luz, o que interfere na absorção de água pela semente. Outro fator observado durante
a coleta de dados foi o alto índice de contaminação por patógenos nesse tratamento, o
que pode ter influenciado o resultado. Assim sendo, a relação papel-filtro e presença de
luz não é conclusiva quanto ao uso em testes de germinação de sementes de mutamba
em condições de laboratório, necessitando de estudos complementares para afirmar esta
conclusão.
Para Andrade et al. (2006), os substratos testados influenciaram sensivelmente a
germinação de sementes de D. nigra. É provável que a capacidade de retenção da água
de cada substrato, aliada às características intrínsecas que regulam o fluxo de água para
as sementes, possa ter influenciado os resultados.
Averiguou-se, portanto, que o substrato rolo de papel foi superior na ausência
de luz, independentemente das temperaturas testadas (25
o
C e 20-30
o
C). Porém, a
interação substrato x luz significativa justifica-se pela maior diferença entre as médias
dos tratamentos nos dois níveis de luz.
3.3.3 Teste de tetrazólio
Na Figura 7, constata-se que ocorreram sementes viáveis nos tratamentos T2,
T4, T6, T9, T10, T12 e T14, submetidos ao teste de tetrazólio, para as sementes de
Guazuma ulmifolia.
Os tecidos do embrião viável absorvem a solução de tetrazólio lentamente e
tendem a desenvolver uma coloração mais leve que a dos embriões deteriorados, que
adquirem uma cor vermelha-carmim forte. A presença de tecidos não-coloridos, firmes
e sadios indica maior resistência à penetração da solução de tetrazólio do que a morte
do tecido. O tecido morto geralmente é caracterizado por cor branca ou amarelada e
textura flácida (BHÉRING et al., 1996; FRANÇA NETO, 1999).
81
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
% de Sementes
T2
(RP/CL/TA)
T4
(RP/SL/TA)
T6
(PF/CL/TA)
T9
(V/CL/TC)
T10
(V/CL/TA)
T12
(V/SL/TA)
T14
(A/CL/TA)
Tratamentos
VIABILIDADE DAS SEMENTES DE Guazuma ulmifolia
POR MEIO DO
TESTE DE TETRAZÓLIO
Sementes submetidas ao Teste de Tetrazólio Sementes Viáveis
Figura 7 – Gráfico das sementes de Guazuma ulmifolia submetidas ao testes de
tetrazólio (1 %) e de sementes viáveis (coloridas) após o teste.
Pode-se afirmar que após o período de 30 dias do teste de germinação ainda
existia um número representativo de sementes viáveis (Figura 8).
Figura 8 Semente de Guazuma ulmifolia viável (colorida) pelo teste de tetrazólio a
1 % (aumento de 60 x).
82
Em todos os tratamentos testados nessa etapa ocorreu a coloração das sementes,
comprovando a sua viabilidade. Portanto, a diferença entre o número de sementes
colocadas para colorir pelo teste de tetrazólio e as sementes viáveis (coloridas) se deve à
possível dormência existente nestas sementes ou a contaminação por patógenos.
Na Figura 9 observa-se semente inviável de Guazuma ulmifolia (não colorida
após colocada na solução de tetrazólio a 1 %), e na Figura 10 notam-se sementes de
Guazuma ulmifolia apresentando alto grau de deterioração
Figura 9 – Semente de Guazuma ulmifolia inviável (não-colorida) pelo teste de
tetrazólio -1 % (aumento de 60 x).
Figura 10 Sementes de Guazuma ulmifolia apresentando alto grau de deterioração
(aumento de 60 x).
83
Entre os testes indiretos considerados rápidos, o teste de tetrazólio destaca-se,
pois além de avaliar a viabilidade e o vigor permite, em alguns casos, a identificação
dos fatores que influenciam a qualidade das sementes, como danos mecânicos e os
causados pela secagem, por insetos e deterioração por umidade (BHÉRING et al., 1996;
FRANÇA NETO, 1999). Observa-se, na Figura 9, a ocorrência de sementes mortas (não
coloridas após colocadas na solução de tetrazólio 1 %), e na Figura 10 o processo de
deterioração eminentemente. Tecidos mortos ou muito deteriorados apresentaram-se
descoloridos. O padrão de coloração dos tecidos pode ser utilizado para identificar
sementes viáveis, não-viáveis e, dentro da categoria viável, as de alto e baixo vigor
(VIEIRA e VON-PINHO, 1999).
3.4 Orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.)
3.4.1 Teor de umidade inicial (%)
O teor de umidade inicial (%) das sementes de Enterolobium gummiferum foi de
7,73 %. O valor obtido neste trabalho é conciliável ao encontrado no estudo
desenvolvido por Salomão et al. (2003), que obtiveram o teor de água inicial de 8,0 %
para a mesma espécie.
O teor de água da semente no momento da coleta e o posterior manejo são
fatores importantes para a germinação, implicando o sucesso ou o fracasso de sua
utilização (TONIN e PEREZ, 2006). Confirmando essa citação, Marcos Filho et al.
(1987) mencionam que para obtenção de sementes com alta qualidade é necessário
observar vários aspectos durante a realização dos processos a que essas sementes são
submetidas, antes de sua utilização nos plantios. Um dos aspectos mais importantes é o
grau de umidade das sementes, que o conhecimento dessa característica permite a
escolha dos procedimentos mais adequados para a colheita, a secagem, o
beneficiamento e o armazenamento, o que possibilita a preservação da qualidade física,
fisiológica e sanitária.
84
3.4.2 Comportamento vegetativo
Para Enterolobium gummiferum, constatou-se evidente intumescimento das
sementes após o terceiro dia da instalação do teste de germinação, devendo ser
ressaltado que em grande parte havia ocorrido a protusão das radículas.
A análise de variância - ANOVA para a porcentagem de germinação (% GERM)
e o índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes de Enterolobium
gummiferum, submetidas a diversas condições de substrato, luz e temperatura, está
representada na Tabela 12.
Tabela 12 Análise de variância para a porcentagem de germinação (% GERM) e o
índice de velocidade de germinação (IVG), em relação a substratos, luz e
temperaturas em sementes de Enterolobium gummiferum
Quadrado Médio
Fonte de Variação GL
IVG % GER
Total de Redução 39 52,02
**
270,63
*
SUB 3 605,40
**
1.469,27
**
ERRO (A) 12 3,52 148,18
LUZ 1
0,01
ns
756,25
*
LUZ x SUB 3 10,15
*
188,54
ns
ERRO (B) 12 2,43 105,47
TEM 1
62,23
**
506,25
ns
TEM x SUB 3 15,01
**
190,62
ns
TEM x LUZ 1 0,06
ns
76,56
ns
TEM x LUZ x SUB 3 1,12
ns
208,85
ns
Resíduo 24 3,15 127,86
Total 63 - -
*, ** F significativo em nível de probabilidade de 0,05 e 0,01, respectivamente,
ns
= não-significativo.
Média geral (IVG) = 11,20; e média geral (% GERM) = 81,09 %.
Coeficiente de variação (IVG) = 15,86 % e coeficiente de variação (% GERM) = 13,94 %.
Observa-se na Tabela 12 que ao analisar a característica índice de velocidade de
germinação (IVG) ocorreu significância para os fatores de variação substrato e
temperatura e para a interação temperatura x substrato, a 1 % de probabilidade, ao
passo que para a interação luz x substrato houve diferença significativa a 5 %. Nota-se
que o fator luz e as interações temperatura x luz e temperatura x luz x substrato não
foram significativos a 5 % de probabilidade, para a característica IVG.
Para a característica porcentagem de germinação somente os fatores substrato e
luz foram significativos (P > 0,01). O fator temperatura, assim como as interações luz x
85
substrato, temperatura x substrato, temperatura x luz e temperatura x luz x substrato,
não foi significativo (P > 0,05), não existindo, portanto, nenhum efeito da luz sobre a
germinação das sementes de Enterolobium gummiferum para esta característica
(Tabela 12).
Os testes mais simples para determinação de vigor são os de velocidade de
desenvolvimento, sendo os mais utilizados o tempo médio de germinação e o índice de
velocidade de germinação, que se baseiam no pressuposto de que sementes mais
vigorosas germinarão mais rapidamente do que outras em condições inferiores,
distinguindo as sementes de um mesmo lote (PIÑA-RODRIGUES et al., 2004).
Nota-se na Tabela 13 a luz interagindo com os substratos. Observa-se que a
combinação do substrato vermiculita na presença e na ausência de luz foi a que
apresentou maiores médias do índice de velocidade de germinação, portanto é o mais
recomendável para aplicação nas sementes de Enterolobium gummiferum.
Tabela 13 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes de
Enterolobium gummiferum aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
luz dentro de diferentes substratos e substratos dentro de níveis de luz
Substratos Presença de Luz Ausência de Luz
Rolo de papel 14,26 Ab 12,83 Ab
Papel-filtro 3,68 Ac 3,27 Ad
Vermiculita 18,63 Aa 17,38 Aa
Algodão 12,17 Ab 7,37 Bc
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade; e médias seguidas pela mesma letra, minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Esses dados condizem com os de Martins (2004), que relatou que a temperatura
de 25
o
C (constante), por ser mais fácil de ser monitorada e mantida pela câmara de
germinação e por apresentar os melhores resultados, deve ser empregada para os testes
de germinação de sementes de Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum, o mesmo
podendo se recomendado para a espécie Enterolobium gummiferum.
Ao estudar os efeitos da temperatura e da luz na germinação de sementes de
Tabebuia rosea, Socolowski e Takaki (2007) notaram que a faixa ótima de temperatura
para germinação foi de 20 a 40 ºC na luz e de 20 a 35 ºC no escuro. As sementes
apresentaram maior sincronização da germinação a 25 ºC na luz e 30 ºC no escuro.
86
Para o índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes de Enterolobium
gummiferum (Tabela 14), a melhor combinação encontrada foi o substrato vermiculita
com o regime de temperatura constante (25 ºC). Andrade et al. (2006), ao estudarem o
comportamento germinativo e da velocidade de emergência de plântulas da espécie
Dalbergia nigra, também obtiveram os maiores valores no substrato vermiculita.
Semelhante ao resultado obtido neste estudo, Mello e Barbedo (2007) citam que
a vermiculita proporcionou boas condições para germinação das sementes de pau-brasil,
mesmo com água em excesso. Em se tratando de produção de mudas, com semeadura
direta, a vermiculita poderia ser recomendada como substrato adequado tanto para a
germinação quanto para o crescimento inicial das plântulas. No entanto, pela sua
dificuldade na manipulação e padronização, não é recomendável para testes rotineiros
em laboratórios, sendo preferidos os substratos de papel.
Tabela 14 Médias do índice de velocidade de germinação avaliado em sementes de
Enterolobium gummiferum aos 30 dias após a semeadura, em resposta à
temperatura dentro de diferentes substratos e substratos dentro de regimes
de temperatura
Substratos
Temperatura Constante
(25 ºC)
Temperatura Alternada
(20 – 30 ºC)
Rolo de papel 14,26 Ba 12,83 Ba
Papel-filtro 3,68 Ca 3,27 Da
Vermiculita 18,63 Aa 17,38 Aa
Algodão 12,17 Ba 7,37 Cb
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, dentro de cada substrato, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 1 % de probabilidade; Médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical,
dentro de cada regime de temperatura, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1 % de probabilidade.
Nota-se na Tabela 14 que a média (3,27) da interação temperatura alternada x
substrato (papel-filtro) para o IVG obteve o valor mais baixo. Conseqüentemente, a
relação papel filtro e temperatura alternada de 20-30 ºC não é indicada para a
germinação de sementes de Enterolobium gummiferum
Desse modo, os resultados alcançados neste estudo, comparados aos dos autores
citados, indicam que as condições de substratos, luz e temperatura ideais para a
germinação de sementes de espécies nativas do Cerrado são variáveis.
87
4. Conclusão
Nas condições experimentais adotadas e após a discussão dos resultados obtidos,
chegou-se às seguintes conclusões:
Os valores dos teores de umidade inicial dos lotes de sementes de Buchenavia
tomentosa, Hymenaea stigonocarpa, Guazuma ulmifolia e Enterolobium gummiferum
foram considerados normais e dentro da faixa de teor de água esperado nas sementes,
entre 2 e 21 %, que promovem a alta capacidade germinativa.
Os substratos papel-filtro, seguidos por rolo de papel, foram os melhores para
germinação de sementes de Buchenavia tomentosa nas condições de laboratório, devem
ser ressaltado que a temperatura constante de 25 °C favoreceu os maiores valores de
porcentagem de germinação (% GERM).
O maior valor de IVG (índice de velocidade de germinação) foi alcançado à
temperatura de 25 °C, utilizando-se o substrato papel-filtro.
Sob condições controladas de laboratório, constata-se que para a característica
porcentagem de germinação (% GERM) a melhor relação apresentada foi o substrato
vermiculita na ausência de luz e temperatura alternada 20 – 30 ºC, para Hymenaea
stigonocarpa.
Para o índice de velocidade de germinação (IVG) a melhor combinação foi o
substrato vermiculita com o regime de temperatura constante -25 ºC, favorecendo os
maiores valores para as sementes de Hymenaea stigonocarpa, independentemente do
nível de luz utilizado.
Para Guazuma ulmifolia verifica-se que a melhor relação para a característica
porcentagem de germinação (% GERM) foi a constituída pelo substrato rolo de papel na
ausência de luz e na temperatura constante 25 ºC.
Nas sementes de Guazuma ulmifolia, o substrato rolo de papel na ausência de
luz apresentou o melhor resultado, independentemente das temperaturas testadas (25 e
20-30
o
C) para a característica índice de velocidade de emergência de plântulas (IVE),
indicando ser essa relação adequada para avaliar o comportamento germinativo das
sementes desta espécie.
Sob condições controladas de laboratório, a combinação presença de luz e o
substrato vermiculita e temperatura constante (25 °C) propicia o maior valor de IVG
(índice de velocidade de germinação), para as sementes de Enterolobium gummiferum.
88
O substrato papel-filtro foi o que apresentou o pior resultado para a duas
características avaliadas nas sementes de Enterolobium gummiferum.
No teste de tetrazólio com sementes de Hymenaea stigonocarpa, Buchenavia
tomentosa e Guazuma ulmifolia constatou-se um número representativo de sementes
viáveis das referidas espécies sem germinar, o que provavelmente ocorreu devido ao
processo de quebra de dormência, ao ataque de patógenos ou mesmo ao curto período
de observação do processo de germinação, que foi de 30 dias.
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93
Restauração de um fragmento de cerradão com espécies arbóreas nativas, no
centro agrotecnológico de Palmas-TO
Resumo: Objetivou-se a avaliação do arranque inicial por meio da porcentagem de
sobrevivência Stand e do estabelecimento pós-plantio, das mudas das espécies
arbóreas nativas do Cerrado: baru (Dipterix alata Vogel), jatobá-do-cerrado (Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) e orelha-de-macaco
(Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), sob condições diferenciadas de
adubação, utilizadas para a restauração de um fragmento de cerradão, visando o
restabelecimento de suas características naturais. O presente estudo foi conduzido em
um fragmento situado no Centro Agrotecnológico de Palmas - CAP, situado a 32 km de
Palmas - TO. As mudas foram obtidas por meio de propagação sexuada no viveiro de
mudas do Complexo de Ciências Agrárias - CCA da UNITINS e foram plantadas no
campo no espaçamento de 3,0 x 3,0 m, sempre respeitando as espécies remanescentes
no local. As doses de adubo utilizadas em cada tratamento foram: Tratamento 1:
testemunha sem adição de adubação; Tratamento 2: adição de 100 g de NPK na
formulação 5:25:15 por cova; Tratamento 3: adição 200 g de NPK 5:25:15/cova; e
Tratamento 4: adição de 300 g de NPK 5:25:15/cova. No transcorrer da
experimentação, foram avaliadas, mensalmente, as variáveis porcentagem de
sobrevivência (stand), diâmetro do colo (DC) e altura total da planta (ALT), até o
180
o
dia após o plantio. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados, perfazendo uma área total de 2.304 m
2
, onde foram instalados quatro
tratamentos, com três repetições cada. A análise estatística do estudo foi realizada por
meio de análise de variância – ANOVA, e os dados foram comparados com auxílio do
teste de Tukey, utilizando o software SAEG Sistema para Análises Estatísticas,
Versão 9.1. Para estimar o crescimento das plantas de baru, jatobá-do-cerrado, mutamba
e orelha-de-macaco em função das doses de NPK 5:25:15, foram testados modelos de
regressão. Os melhores modelos foram modelo quadrático e modelo raiz quadrada.
Concluiu-se que as espécies Dipteryx alata, Enterolobium gummiferum, Guazuma
ulmifolia e Hymenaea stigonocarpa apresentaram alta porcentagem de sobrevivência e
de estabelecimento na região. Em todos os parâmetros analisados, as doses de NPK
5:25:15 influenciaram o crescimento das plantas das referidas espécies. Doses
crescentes de NPK tendem a contribuir com o incremento em diâmetro do colo e da
altura das plantas no campo após o plantio de espécies pioneiras e secundárias iniciais.
Porém para as espécies baru (Dipterix alata) e jatobá-do-cerrado (Hymenaea
stigonocarpa), a adubação não contribuiu com o crescimento das plantas nos primeiros
meses. As espécies arbóreas nativas do Cerrado: baru (Dipterix alata Vogel), jatobá-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam)
e orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), analisadas neste
estudo, podem ser recomendadas para a restauração florestal de fragmentos com
condições ambientais semelhantes à área pesquisada, sendo recomendada a adição de
adubação mineral no plantio.
Palavras-chave: restauração, Dipterix alata, Hymenaea stigonocarpa, Guazuma ulmifolia,
Enterolobium gummiferum.
94
Reclamation of a fragment of cerradão with native arboreous species, in the
Agrotechnological Center of Palmas-TO
Abstract: The objective of this work was to avaluate the starting push by the survival
percentage Stand and of the post-planting establishment of the native arboreous
species of the Cerrado: “baru” (Dipteryx alata Vogel), “jatobá-do-cerrado” (Hymenaea
stigonocarpa Mart. ex Hayne)” “mutamba” (Guazuma ulmifolia Lam.), and “orelha-de-
macaco” (Enterolobium gummiferum (Mart. J.F. Macbr.), under various fertilization
conditions, used for the reclamation of a cerradão fragment, to restore its natural
characteristics. The present study was carried out in a fragment located in the Centro
Agrotecnológico de Palmas CAP (Agrotechnological Center of Palmas), located at
32 km of Palmas-TO, Brazil. The seedlings were obtained by the sexual propagation in
the seedling nursery of the Complexo de Ciências Agrárias CCA (Agrarian Sciences
Complex) of the UNITINS and were planted in the field in a 3.0 x 3.0 m spacing,
always respecting the local remaining species. The doses fertilizer used in each
treatment were: Treatment 1: control without fertilizer; Treatment 2: application of
100 g NPK in the 5:25:15formulation per hole; Treatment 3: application of 200 g NPK
5:25:15/hole; and Treatment 4: application of 300 g NPK 2:25:15/hole. During the
experiment, the variables percentage of survival (stand), collor diameter (DC) and total
height of the plant (ALT) were evaluated monthly until the 180
st
day after planting. The
experimental design used was in at random plots, totalizing 2.304 m
2
of area, where
four treatments were installed each with three repetitions. The statistical analysis of the
study was carried out by the variance analysis ANOVA, and data were compared with
the aid of the Tukey test, using the software SAEG – Sistema para Análises Estatísticas,
Versão 9.1 (System for Statistical Analyses, Version 9.1). to estimate the growth of the
plants of the four spacies in relation to the doses of NPK 5:25:15, regression models
were tested. The best models were the quadratic model and the square rook model. It
was concluded that the species Dipteryx alata, Enterolobium gummiferum, Guazuma
ulmifolia and Hymenaea stigonocarpa had a high survival percentage and of
establishment in the region. In all the parameters analysed, the doses of NPK 5:25:15
influenced the growth of the plants of the sespecies. Increasing doses of NPK tended to
contribute for the increment of the collor diameter and height of the plants on the field
after the planting of pioneer and initial secondary species. But for the species “baru”
Dipteryx alata) and “jatobá-do-cerrado” (Hymenaea stigonocarpa), the fertilization did
not contributed for the plant growth in the first months. The native arboreous species of
the Cerrado: “baru” (Dipteryx alata Vogel), hatobá-do-cerrado (Hymenaea stignocarpa
Mart. ex Hayne), “mutamba” (Guazuma ulmifolia Lam.) and “orelha-de-macaco”
(Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), which were analysed in this study, can
be recommended for the forest reclamation of fragments with environmental conditions
similar to the area researched, and the application of mineral fertilization in the planting
period is recommended.
Keywords: reclamation, Dipteryx alata, Hymenaea stigonocarpa, Guazuma ulmifolia,
Enterolobium gummiferum.
95
1. Introdução
A conquista de novas fronteiras agrícolas e a aplicação intensiva de novas
tecnologias promovem um rápido crescimento da população mundial, gerando,
conseqüentemente, a crescente necessidade de incrementos na produção agropecuária e
minerária. Portanto, tem-se observado o aumento substancial de efeitos negativos,
principalmente inerentes à degradação dos ecossistemas.
Conforme Ribeiro e Walter (1998), a diversidade natural existente no Cerrado
explica os estudos para conservação e manejo da sua biodiversidade. Conservar um
bioma é garantir a manutenção das espécies que nele se estabeleceram e, em
conseqüência, a sua existência para as gerações atual e futuras.
As faixas de vegetação e fragmentos remanescentes de Cerrado existentes no
Estado do Tocantins são procedentes, na sua maioria, de distúrbios de origem antrópica,
principalmente devido ao avanço da agricultura e da pecuária.
Os fragmentos florestais, quando analisados de maneira integrada à paisagem,
tornam-se de fundamental importância para conservação de solo e água, assim como
para conservação da biodiversidade, dependendo, neste caso, do grau de fragmentação
do habitat (BLANCO e MOREIRA, 2000).
Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso nas regiões
economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente
para o Centro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada,
principalmente, por florestas secundárias, em variado estado de degradação, salvo
algumas reservas de florestas bem conservadas. Este processo de eliminação das
florestas resultou em um conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias
espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dos solos e o
assoreamento dos cursos d'água (MARTINS, 2007).
Os ecossistemas passam a ter sua estabilidade comprometida a partir do
momento em que ocorrem mudanças drásticas no seu regime de distúrbios
característico, e que as flutuações ambientais ultrapassam seu limite homeostático.
Como conseqüência, a sua resiliência diminui, como também a sua resposta a novos
distúrbios, podendo chegar a um ponto em que o ecossistema entra em colapso com
processos irreversíveis de degradação (ENGEL e PARROTA, 2003).
Os efeitos que a fragmentação exerce sobre os habitat naturais influenciam
diretamente as espécies (RAMBALDI e OLIVEIRA, 2003). Os autores citam ainda que
96
a resposta de uma determinada espécie ou população à fragmentação depende também
da escala espacial em que os fragmentos estão organizados e como a fragmentação
influencia o sucesso de dispersão na paisagem, e os tipos de elementos da paisagem que
os separam ou conectam determinam o grau de isolamento das espécies de plantas nos
fragmentos.
A recuperação natural de áreas devastadas é demorada e, muitas vezes, requer
intervenção antrópica, além de ser extremamente limitada e altamente imprevisível,
devido, principalmente, à ausência de banco de sementes e à baixa fertilidade do solo
(JORDAN, 1991).
Conforme Martins et al. (2007), as primeiras experiências de restauração
florestal foram realizadas ainda de forma mais ou menos empírica, buscando reproduzir
ecossistemas maduros de referência, por meio do plantio de mudas de espécies finais de
sucessão, e aplicando basicamente técnicas agronômicas e silviculturais.
Essa evidência é compartilhada por Gandolfi e Rodrigues (2007), que relatam a
ocorrência de importantes mudanças no perfil das pesquisas sobre restauração florestal
de matas ciliares nos últimos dez anos. Entre as principais mudanças de perspectivas
destaca-se a gradual substituição de uma visão de restauração baseada em uma
concepção puramente agronômico-silvicultural por uma abordagem conceitual com base
na dinâmica de florestas naturais.
Os métodos de restauração utilizados para recomposição de um ecossistema
deverão ser decididos a partir da avaliação do grau de perturbação ou de degradação
desse meio, baseando-se na fisionomia da vegetação remanescente (SANO e
ALMEIDA, 1998; FELFILI et al., 2000; GAMBA, 2007; MARTINS, 2007).
Enriquecer florestas secundárias é acrescentar, por meio do plantio, espécies
arbóreas, arbustos e herbáceas em uma determinada área, contribuindo para o
desenvolvimento da biodiversidade e para a aceleração na regeneração da floresta.
Quando se fala de recuperação de áreas degradadas tem-se que obedecer toda
uma série de sucessões ecológicas. No caso do processo de restauração de fragmentos
florestais, não necessidade de introduzir espécies primárias, devido à existência de
uma estrutura que proporciona condições para o crescimento de outras espécies, e
diversas pesquisas têm mostrado a importância de árvores remanescentes no processo
de regeneração de áreas degradadas (GUEVARA et al., 1986; HOLL, 1999,
MARTINS, 2007).
97
Antes de iniciar a restauração de uma floresta secundária é importante avaliar a
situação e o estádio em que se encontra a floresta, para a escolha do método de
restauração a ser adotado. A avaliação prévia também vai indicar se será ou não
necessário intervir na floresta por meio do manejo ou corte seletivo de algumas
espécies. O manejo, neste caso, é o trabalho preliminar, que vai preparar a floresta
secundária para ser restaurada (MARTINS, 2007).
Para Martins et al. (2007), a contribuição da ecologia florestal aos projetos
elaborados no início da implantação da restauração de áreas degradadas resumia-se
principalmente ao levantamento florístico e fitossociológico de ecossistemas florestais
bem preservados e em estádio sucessional avançado, que serviam de referencial das
espécies a serem plantadas nesses ambientes.
O sucesso da restauração florestal em trechos e fragmentos remanescentes de
Cerrado no Tocantins depende, especialmente, da escolha correta de espécies florestais
nativas que apresentem potencial de adaptação e estabelecimento na região.
A escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradadas deve
ter como ponto de partida estudos da composição florística da vegetação remanescente
da região. As espécies pioneiras e secundárias iniciais deverão ter prioridade na
primeira fase da seleção de espécies (DAVIDE, 1999). Para Martins (2007), essa
escolha é primordial porque essas espécies estão adaptadas às condições ecológicas
locais.
Quando se selecionam espécies para a restauração de uma área degradada, a
fauna deve ser considerada, pois a recuperação não deve somente empenhar-se em
estabelecer o habitat faunístico, mas atrair a fauna para os locais recuperados, com o
intento de aumentar a diversidade de espécies de plantas (MARTINS, 2007).
Para o autor, a relação da vegetação com a fauna, que atuará como dispersora de
sementes, contribui para a própria regeneração natural do local. Espécies regionais, com
frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a recuperar as funções ecológicas da floresta.
O amplo conjunto de técnicas de restauração e as diferentes combinações
utilizadas nos projetos recentes de restauração florestal segundo Martins et al. (2007),
têm se apoiado nos conceitos e nas teorias da ecologia florestal, moderna. Por exemplo,
estudos de dinâmica de clareiras e de regimes de luz em florestas têm sido a base da
organização das espécies arbóreo-arbustivas em grupos ou categorias sucessionais, com
grande aplicação nos modelos sucessionais de restauração e no enriquecimento de
capoeiras e florestas secundárias.
98
As espécies pioneiras e secundárias iniciais apresentam como estratégias de
estabelecimento o rápido crescimento inicial e, em seguida, as reduções nos índices de
crescimento, independentemente da disponibilidade de nutrientes no solo (DUBOC e
GUERRINI, 2007).
As espécies pioneiras ocorrem na fase jovem da mata ou em decorrência de
distúrbios no ambiente, como abertura de clareiras ou efeito de borda, quando as
condições edafoclimáticas são favoráveis ao seu estabelecimento, como luminosidade e
temperatura. Já as espécies secundárias destacam-se em uma fase intermediária da mata,
enquanto outras se desenvolvem mais tardiamente na floresta madura (as clímax),
quando existe um microclima adequado provocado pelas espécies sucessionais anteriores.
A classificação das espécies em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias
tardias e clímax, para o Bioma Cerrado, é questionável (SOUZA et al., 2001). Mesmo
sendo consideradas climácicas, algumas espécies se comportam como pioneiras em
determinados locais. As espécies florestais apresentam comportamentos diferentes e
precisam de estudos para que possam ser adequadamente empregadas (MARTINS, 2004).
No Cerrado, fatores determinantes como distúrbios causados pelo fogo, a
exigência de luz de algumas espécies, solos pobres e ácidos exercem papel fundamental
na dinâmica das comunidades. Pouco se conhece sobre o comportamento de espécies de
Cerrado em relação à dinâmica sucessional, mas algumas espécies destacam-se em
ambientes perturbados (PIRES et al., 1999).
Um fator importante na restauração florestal é a ausência de estudos sobre vários
aspectos do desenvolvimento e do potencial de espécies nativas das regiões degradadas,
dentre eles as exigências nutricionais e a aquisição de nutrientes por essas espécies
(BERNARDINO et al., 2007).
Com relação à nutrição de espécies arbóreas nativas, a demanda por nutrientes
varia entre espécies, estação climática e estádio de crescimento, e é mais intensa na fase
inicial de crescimento das plantas (DUBOC e GUERRINI, 2007).
A restauração pode ser feita por meio de mudas ou por sementes. Na utilização
de sementes, deve-se optar por espécies não-pioneiras, que a vegetação existente
fornecerá o seu sombreamento. A semeadura deve ser feita no início da estação
chuvosa, utilizando-se o maior número de espécies possível (MARTINS, 2007).
O autor cita ainda que o enriquecimento florestal é uma técnica muito utilizada
no processo de recuperação de áreas perturbadas, pois, além de acelerar a sucessão
99
natural das espécies, essa técnica ajuda a recuperar a área antropizada, proporcionando o
retorno dos dispersores naturais, o que viabilizou a disseminação de propágulos.
Adotando-se essas considerações, neste estudo foram utilizadas quatro espécies
arbóreas nativas do Cerrado, potencialmente aptas para restauração florestal e descritas
a seguir:
- Baru (Dipteryx alata Vogel), espécie pertencente à família Fabaceae, possui
altura média entre 15 e 25 m, com tronco de 40-70 cm de diâmetro. Planta perenifólia,
semidecídua, secundária e heliófila. Distribuída desde a Amazonas, Bahia, Piauí,
Maranhão, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul até o Estado de São Paulo. Ocorre nas fitofisionomias cerrado sentido restrito,
cerradão mesotrófico e na floresta latifoliada semidecídua. Sua madeira pesada e
durável é indicada para construções de estruturas externas, bem como para construção
civil e naval. Seus frutos e sementes são comestíveis in natura e como iguarias
regionais; das sementes extrae-se um óleo que é utilizado para fins medicinais
(revigorante, estimulante e para reumatismo) e para confecção de sabão caseiro
(ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a).
- Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne) é uma espécie da
família Fabaceae, possui porte elevado, chegando a atingir mais de 15 m de altura, além
de possuir uma copa ampla e densa, com tronco de até 42 cm de diâmetro. Ocorre
predominantemente nas fitofisionomias cerradão, campo sujo, campo cerrado, cerrado
sentido restrito e mata latifoliada semidecídua, e está distribuída nos Estados do
Amazonas, Pará, Ceará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a).
A polpa farinácea do fruto de jatobá-do-cerrado é utilizada na culinária popular. A casca
produz resina para vernizes e corantes. Na medicina popular, a casca é utilizada para
inflamações da bexiga e do estômago. Sua madeira é empregada na construção civil,
como moirões e cercas, e também é usada para lenha e carvão. Planta semidecídua,
heliófita, secundária, de ocorrência predominantemente em locais de sombra parcial,
produz anualmente abundante quantidade de sementes viáveis prontamente
disseminadas pela fauna. Os frutos são comestíveis e muito procurados por várias
espécies da fauna, sendo por isso indicada em plantios de áreas degradadas destinadas à
restauração florestal (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a).
- A mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) é uma espécie pertencente à família
Sterculiaceae, árvore que pode atingir até 25 m de altura, com tronco estriado de 30 a
100
60 cm de diâmetro, ramificando-se perto do solo. É associado a florestas caducifólias
tropicais, subcaducifólia, subperenifólia e perenifólia (ALMEIDA et al., 1998). Planta
semidecídua, pioneira (LORENZI, 1998a), é calcifica e sua dispersão é ampla e
irregular (RATTER et al., 1977, 1978). A maturação dos frutos ocorre em agosto-
setembro, contudo permanecem na árvore por mais algum tempo. É encontrada desde a
parte central da América do Norte, Guatemala e Panamá até o Brasil, ocorrendo em toda
a América Latina. Está distribuída em Cerradão Mesotrófico, Cerrado e Mata
Mesofítica. Ocorre desde Amazonas, Tocantins, Maranhão, Distrito Federal, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia até o Estado de São Paulo (BRANDÃO e
FERRREIRA, 1991; BRANDÃO, 1992). Sua madeira é leve, pouco compactada, mole
e de boa durabilidade quando protegida da chuva e da umidade. É utilizada para
carroceria, marcenaria e caixotaria, sendo boa para tanoaria e para produção de pasta de
celulose. Da casca podem-se extrair fibras excelentes para cordoaria e mesmo para
tecidos (PAULA, 1992; ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a). Na medicina
popular brasileira, a casca adocicada é utilizada internamente contra a elefantíase e
outras moléstias cutâneas. É usada também como infusão de suas folhas, devido à sua
ação diaforética (BRANDÃO, 1992). O decocto é adstringente e depurativo contra
sífilis, doenças cutâneas, contra queda de cabelos e afecções parasitárias do couro
cabeludo (PIO CORREA, 1978; ALMEIDA et al., 1998). Na alimentação, os frutos
maduros e adocicados são saboreados pela população e também procurados pelos
pássaros e macacos (ALMEIDA et al., 1998; LORENZI, 1998a).
- Orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), pertencente à
família Fabaceae, é uma árvore que apresenta ampla copa com ramos suberosos.
Espécie decídua, heliófila, seletiva e xerófita é classificada como clímax (LORENZI,
1998b). Apresenta comportamento decíduo e frutifica de maio a setembro. É usada
amplamente na medicina popular e como fonte de tanino para os curtumes (ALMEIDA
et al., 1998). Pode atingir alturas que variam entre 20 e 35 m, tem o tronco de 80 a
160 cm de diâmetro. Possui madeira leve, com densidade 0,54 g/cm
3
, macia ao corte,
grã-direita para irregular, pouco resistente, medianamente durável, com alburno
diferenciado (LORENZI, 1998b). Ocorre no campo cerrado, campo sujo, cerrado
sentido restrito e no cerradão distrófico, e está distribuída nos Estados de Tocantins,
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Espírito
Santo, Goiás, Pernambuco, além do Distrito Federal (ALMEIDA et al., 1998). É
101
particularmente freqüente na floresta latifoliada da bacia do Paraná e do Rio Grande do
Sul (LORENZI, 1998b).
Objetivou-se, no presente estudo, avaliar o arranque inicial por meio da
porcentagem de sobrevivência e do estabelecimento após o plantio no campo das mudas
das espécies arbóreas nativas do Cerrado baru (Dipterix alata Vogel), jatobá-do-cerrado
(Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) e
orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), sob condições
diferenciadas de adubação, utilizadas para a restauração de um fragmento de cerradão,
visando o restabelecimento de suas características naturais.
2. Material e Métodos
2.1 Caracterização da área de estudo
O presente estudo foi conduzido nas proximidades da borda de um fragmento de
cerradão (Figura 1), situado no Centro Agrotecnológico de Palmas - CAP, situado a
32 km de Palmas-TO. Está localizado geograficamente à latitude 10
o
20’00” S e
10
o
27’00” S, e longitude 48
o
15’00” Wgr e 48
o
20’00” Wgr, a uma altitude de 213 m. O
clima segundo eppen é classificado como tropical quente úmido, com médias anuais
de temperatura de 28 ºC e precipitação média anual de 1.700 mm, com duas estações
climáticas bem definidas, uma chuvosa de outubro a abril e outra seca de maio a
setembro. Possui umidade relativa do ar em torno de 80 % (NIMER, 1988).
A vegetação da região é característica do Bioma Cerrado, tendo como
fitofisionomias predominantes o cerradão, cerrado stricto senso e matas ripárias.
Os ambientes geológicos encontrados no município de Palmas são: Holoceno
aluvionar (Ha), Cobertura Sedimentar Terciário-Quartenário (TQ), Formação
Pimenteiras (Dp), Formação Serra Grande (SDsg), Formação Monte do Carmo (pEmc),
Suíte Intrusiva Ipueiras (pEyi) e Complexo Goiano (pEg). As condições climáticas da
região em estudo, devido à sua continentalização, ao seu aspecto geográfico e à
constância da massa de ar sobre a região, encontram-se em pleno domínio da zona
climática tropical. O solo é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico,
endoácrico (LVAdw) com manchas de Latossolo Amarelo Distrófico quartzarênico,
caulínico (Ladq) (RANZANI, 2002). Os resultados da Análise Química do Solo do
local estudado podem ser vistos na Tabela 1, do Anexo A.
102
Figura 1 Carta imagem do Centro Agrotecnológico de Palmas (CAP), destacando-se a
área degradada onde foram alocadas as parcelas com o intuito de restauração
florestal.
O fragmento em estudo sofreu ação antrópica no decorrer dos anos, devido à
formação de pastagens para a agropecuária e a retirada de madeira para diversos fins.
Atualmente encontra-se em um processo de regeneração natural, contando com a
presença de algumas espécies remanescentes.
2.2 Coleta, beneficiamento das sementes e plantio das mudas
As sementes de baru, jatobá-do-cerrado, mutamba e orelha-de-macaco foram
coletadas em árvores pré-escolhidas e situadas em uma área total de 108,21 km
2
do
“Projeto Conservação e Preservação de Recursos Naturais na Sub-Bacia do Ribeirão
São João: Uma Proposta de Participação Comunitária no Processo de Gestão
Ambiental” situada nos municípios Palmas e Porto Nacional – TO, de julho a setembro
de 2005. Coletas semanais foram realizadas na área de estudo durante este período.
Área
Degradada
103
O beneficiamento das sementes após a colheita foi realizado no laboratório de
Sementes da Fundação Universidade do Tocantins UNITINS, quando o epicarpo e o
mesocarpo dos frutos das espécies foram removidos por meio da quebra e pelo atrito
manual contra uma peneira. As sementes foram lavadas em água corrente e colocadas
em vasilhames com água durante 24 horas.
As mudas de jatobá (Hymenaea stignocarpa Mart. ex Hayne), baru (Dipterix
alata Vogel), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) e orelha-de-macaco (Enterolobium
gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.) foram obtidas por meio de propagação sexuada no
viveiro de mudas do referido projeto, localizado no Complexo de Ciências Agrárias da
UNITINS.
A semeadura foi manual direta, tendo sido semeadas três sementes em cada
recipiente de polietileno, medindo 17 x 21 cm. Entre 7 e 15 dias após a semeadura
foram retiradas as mudas em excesso, deixando uma muda por recipiente. O substrato
utilizado para produção das mudas foi o solo coletado no horizonte A (0 20 cm) do
Centro Agrotecnológico de Palmas, acrescido de esterco de gado curtido e de
vermiculita, na proporção de 3:2:1 em volume.
Para o plantio foi usado o espaçamento de 3,0 x 3,0 m, sempre respeitando as
espécies remanescentes no local. As mudas foram plantadas em covas com dimensões
de 30 x 30 x 30 cm, nos tratamentos com as vegetações herbáceas, arbustivas e arbóreas
preservadas. Foi realizado um coroamento de 80,0 cm em torno da cova, a cada dois
meses. As mudas foram sorteadas no momento do plantio.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizados (DIC),
com parcelas subdivididas, onde foram instalados quatro tratamentos com três
repetições cada. As doses de adubo utilizadas por tratamento, dentro de cada espécie,
foram: Tratamento 1: Testemunha 0 g (sem adição de adubação); Tratamento 2:
adição de 100 g de NPK na formulação 5:25:15 por cova; Tratamento 3: adição 200 g
de NPK 5:25:15/cova e Tratamento 4: adição de 300 g de NPK 5:25:15/cova.
No transcorrer da experimentação, foram avaliadas, mensalmente, as
variáveis porcentagem de sobrevivência ( stand), diâmetro do colo (DC) e altura total
da planta (ALT), até o 180
o
dia após o plantio.
A altura da parte aérea foi medida com o auxílio de uma trena, sendo efetuada a
partir do nível do solo, região do colo da muda até o ápice (último par de folhas),
expressa em centímetros, com duas casas decimais. O diâmetro do colo foi medido por
104
meio de um paquímetro de precisão de 0,01 mm e expresso em milímetros, com duas
casas decimais.
A porcentagem de sobrevivência para todas as espécies avaliadas no presente
estudo foi obtida a partir da relação entre o número de indivíduos plantados e os
considerados vivos aos seis meses após o plantio em cada tratamento.
A análise estatística do estudo foi realizada por meio de análise de variância
ANOVA, e os dados foram comparados com auxílio do teste de Tukey, utilizando o
software SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1(RIBEIRO JÚNIOR,
2001; SAEG, 2007).
Para estimar o crescimento das plantas de baru, jatobá-do-cerrado, mutamba e
orelha-de-macaco, em função das doses de NPK 5:25:15, foram testados vários modelos
de regressão. Os melhores modelos foram:
Modelo Quadrático Modelo Raiz Quadrada
Y = b0 + b1 * x + b2 * x
2
y = a + b0 * x + c* x
em que
x = doses de NPK 5:25:15; e
y = variáveis de interesse (diâmetro do colo e altura total da planta).
3. Resultados e Discussão
Na Figura 2 estão os resultados de sobrevivência (%) - Stand das espécies
Dipteryx alata (baru), Enterolobium gummiferum (orelha-de-macaco), Guazuma
ulmifolia (mutamba) e Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado), usadas para plantio
de enriquecimento de fragmento de cerradão no Centro Agrotecnológico de Palmas-TO.
Nota-se, na Figura 2, que em todos os tratamentos a porcentagem de
sobrevivência das espécies apresentou-se alta. Para Correa e Cardoso (1998), Durigan e
Silveira (1999) e Souza (2002), valores de sobrevivência superiores a 60 % são
considerados altos para estabelecimento das plantas pós-plantio.
105
100
59
80
85
100
95
70
86
100
80
86
90 90 91
100 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P o r c e n ta g e m de s o b r e v iv ê n c ia - %
1 2 3 4
Doses de NPK 5:25:15
SOBREVIVÊNCIA DAS ESPÉCIES - %
D. alata E. gummiferum G. ulmifolia H. stigonocarpa
Figura 2 – Porcentual de sobrevivência de plantas de Dipteryx alata (baru), Enterolobium
gummiferum (orelha-de-macaco), Guazuma ulmifolia (mutamba) e
Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado), 180 dias pós-plantio, em uma
área degradada do CAP, Palmas-TO, Brasil.
Verifica-se que a espécie Dipteryx alata apresentou os maiores valores
porcentuais de sobrevivência nos tratamentos 1, 2 e 3, não ocorrendo mortalidade das
mudas plantadas no período de 180 dias (Figura 2). No entanto, no tratamento 4, para a
mesma espécie o porcentual de sobrevivência foi de 90 %.
Com relação às espécies H. stigonocarpa e G. ulmifolia, o tratamento 4
proporcionou valores superiores de porcentagem de sobrevivência (100 %).
A espécie Guazuma ulmifolia apresentou valores porcentuais de sobrevivência
próximos aos da espécie H. stigonocarpa, em todos os tratamentos.
E. gummiferum mostrou a maior diversidade de valores entre as espécies
estudadas, apresentando o menor porcentual de sobrevivência no tratamento 1 (59 %),
sendo seguida pela espécie G. ulmifolia no tratamento 2, com 70 %. Constatou-se,
portanto, que estas espécies encontraram, durante seu período crítico de estabelecimento
no campo, fatores limitantes ao seu crescimento e sobrevivência. Um dos fatores que
podem ter influenciado a sobrevivência das mudas no campo foi a ocorrência de
acentuado déficit hídrico durante a maior parte do período experimental, de março a
agosto. No Anexo A podem ser observados o comportamento das temperaturas máxima
0 g 300 g100 g
200 g
106
e mínima, a pluviometria e a umidade relativa do ar da região de Palmas-TO, no ano de
2006.
Macedo et al. (2002) consideram que o potencial de estabelecimento de espécies
florestais, avaliado por meio da porcentagem de sobrevivência, expressa a capacidade
de adaptação e o vigor das mudas, diante das reais condições ecológicas observadas no
campo, pós-plantio definitivo, uma vez que são sob as diferentes condições de campo
que, normalmente, as mudas de espécies florestais diferem em suas expressões
fenotípicas, as quais retratam fielmente as magnitudes e os efeitos das interações
genótipo/ambiente.
Os fatores temporais e espaciais são os que proporcionam menor ou maior
disponibilidade de umidade no solo e são eles que vão condicionar o estabelecimento e
a sobrevivência de diferentes espécies no Cerrado (MANTOVANI, 1989; SANO e
ALMEIDA, 1998; FELFILI e SILVA JÚNIOR, 2001).
Segundo Lorenzi (1998a), a espécie G. ulmifolia é uma planta semidecídua,
bastante adaptada à seca, apresentando bom crescimento das plantas no campo durante
esse período.
Ao estudar o estabelecimento e desenvolvimento inicial de Qualea grandiflora
Mart. e Kilmeyera coriaceae Mart. no Cerrado, Faria et al. (2000) observaram que
durante o período de estiagem as plântulas perderam todas as folhas, que rebrotaram
com o retorno das chuvas.
Para Pinã-Rodriguês (1997), as principais causas de mortalidade e de pouco
crescimento de mudas em plantios nas áreas degradadas são o estresse hídrico, a
competição com ervas invasoras e o ataque de formigas. Em grandes projetos, a
mortalidade de até 40 % é considerada normal nessa atividade.
Outro fator que pode ter contribuído para a mortalidade das plantas é o ataque
sucessivo de pragas, como formigas e animais roedores, que ocasionou danos nas
folhas, no caule e nas raízes das espécies E. gummiferum e G. ulmifolia.
A presença da fauna no fragmento, após as perturbações periódicas ocorridas em
decorrência à ação antrópica no local, demonstra o grau de preservação do ambiente e
sugere medidasmitigadoras e preventivas para promover a conservação desse ecossistema.
Os resultados obtidos com o estabelecimento das plantas no campo, analisados
por meio do diâmetro do colo e da altura da planta após o período de 180 dias, estão
descritos na análise de variância – ANOVA (Tabela 1).
107
Tabela 1 – Análise de variância para as espécies Dipteryx alata, Enterolobium
gummiferum, Guazuma ulmifolia e Hymenaea stigonocarpa no campo, sob o
efeito de quatro doses de adubação de NPK 5:25:15 por cova: 0 g; 100 g; 200 g e
300 g, introduzidas numa área degradada no CAP, Palmas-TO, Brasil, aos 180 dias
após o plantio no campo
Quadrado Médio
Fonte de Variação GL
Diâmetro Altura
Espécie 3 209,88
*
20208,42
**
Doses de Adubação 3 55,18
*
368,56
ns
Espécie x Adubação 9 23,21
*
452,49
*
Resíduo 32 1,68 129,35
Coeficiente de variação (%) - 11,36 14,15
* e ** = F significativo em nível de probabilidade de 0,05 e 0,01, respectivamente e NS = não-
significativo.
Analisando-se os parâmetros, diâmetro do colo e altura da planta (Tabela 1),
observa-se que os fatores espécies e as doses de adubação foram significativos para
ambas as características analisadas, com exceção do fator doses de adubação no
parâmetro altura, que foi não-significativo.
Para fins de discussão, concentrou-se a atenção nos resultados obtidos na
avaliação realizada no sexto mês após o plantio, pois as análises dos resultados
apresentados nos meses anteriores revelaram que, de modo geral, aqueles obtidos na
avaliação aos 180 dias mantiveram as mesmas tendências.
As Figuras 3 e 4 mostram as curvas de crescimento em altura (ALT) e diâmetro
do colo (DC) das plantas de Dipteryx alata (baru), Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-
cerrado), Guazuma ulmifolia (mutamba) e Enterolobium gummiferum (orelha-de-
macaco), bem como o modelo de regressão ajustado para os parâmetros analisados em
diferentes doses de NPK 5:25:15, aos 180 dias pós-plantio.
Observam-se o ajuste quadrático e a raiz quadrada positiva das equações de
regressão para Dipteryx alata e Hymenaea stigonocarpa (Figura 3) e o ajuste
quadrático e a raiz quadrada negativa das equações de regressão para as espécies
Guazuma ulmifolia e Enterolobium gummiferum (Figura 4), indicando o requerimento
nutricional das espécies para as dosagens adicionadas em cada tratamento. As diferentes
dosagens de NPK 5:25:15 exerceram influência quadrática sobre as características altura
da parte aérea para as espécies, Hymenaea stigonocarpa e Guazuma ulmifolia, para
característica diâmetro do colo essa influência se deu nas espécies Dipteryx alata e
Hymenaea stigonocarpa. Para a característica altura da planta nas espécies Dipteryx
108
Figura 3 Curvas de crescimento em altura (ALT) e diâmetro (DC) das plantas das espécies Dipteryx alata (Baru), Hymenaea stigonocarpa
(jatobá-do-cerrado), em resposta a diferentes doses de adubação mineral (NPK – 5:25:15).
109
Figura 4 Curvas de crescimento em altura (ALT) e diâmetro (DC) das plantas das espécies Guazuma ulmifolia (Mutamba) e Enterolobium
gummiferum (orelha-de-macaco), em resposta a diferentes doses de adubação mineral (NPK – 5:25:15).
110
alata e Enterolobium gummiferum, as diferentes dosagens de adubação mineral tiveram
influência da raiz quadrática.
Nota-se (Figura 3) que no período de 180 dias houve resposta positiva à adição
da adubação no plantio das espécies Dipteryx alata (baru), Hymenaea stigonocarpa
(jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia (mutamba) e Enterolobium gummiferum
(orelha-de-macaco), com incremento de diâmetro do colo e em altura, principalmente
para as espécies pioneiras e secundárias iniciais plantadas no fragmento de cerradão
(Guazuma ulmifolia e E. gummiferum).
Apesar de as espécies dos Cerrados estarem ajustadas a solos de baixa
fertilidade, alguns trabalhos têm mostrado efeitos favoráveis da adubação, como a
espécie táxi branco (S. paniculatum), que para Dias et al. (1991, 1992) respondeu
positivamente à aplicação de nitrogênio e fósforo.
Porém, para as espécie Guazuma ulmifolia e Enterolobium gummiferum,
observa-se resposta de raiz quadrática com as doses, devendo-se ressaltar que na
ausência de adição de adubo ocorreram os menores valores (Figura 4). Para Gonçalves
et al. (1992), esses resultados são elucidados devido ao fato de as espécies pioneiras
possuírem sistema radicular mais desenvolvido e raízes finas em maior densidade, além
de apresentarem maiores taxas de crescimento e absorção de nutrientes que as espécies
climácicas.
As espécies dos estádios sucessionais iniciais possuem maior capacidade de
absorção de nutrientes, em relação às de estádios sucessionais subseqüentes,
característica fortemente relacionada com o potencial de crescimento ou a taxa de
síntese de biomassa (FURTINI NETO et al., 2000).
Observa-se na Figura 4 que a espécie E. gummiferum apresentou valores
superiores aos das demais espécies para o parâmetro diâmetro do colo, em todas as
dosagens de adubação testadas, exceto para a dosagem 1 (testemunha), alcançando o
melhor resultado quando submetida ao tratamento 4, com 300 g de NPK 5:25:15.
Determinados estudos têm apontado que as espécies que se enquadram no grupo das
pioneiras são mais eficientes na absorção e utilização de nutrientes, quando comparadas
às espécies dos grupos ecológicos subseqüentes (SILVA et al., 1996). E. gummiferum é
classificada, segundo Lorenzi (1998b), como uma espécie clímax, no entanto neste
estudo teve resultado semelhante ao das pioneiras.
Verifica-se que para o parâmetro altura da planta (Figuras 3 e 4) ocorreu
diferença significativa entre as dosagens, para as espécies Dipteryx alata (baru),
111
Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado), Guazuma ulmifolia (mutamba) e
Enterolobium gummiferum (orelha-de-macaco).
Embora sejam constatadas sensíveis variações quanto ao grau de sensibilidade às
limitações químicas dos solos, uma vez que as espécies florestais nativas reagem de
forma diferenciada à correção da acidez (VALE et al., 1996) e ao aumento na
disponibilidade de nutrientes (SILVA et al., 1997), a ocorrência de solos ácidos com
baixos níveis de fertilidade é o que tem prejudicado a aquisição de nutrientes e
dificultado o estabelecimento das mudas em condições de campo.
Verificou-se que a altura da parte aérea (ALT) foi significativamente afetada
pelas doses de NPK para as espécies Guazuma ulmifolia (mutamba) e Enterolobium
gummiferum (orelha-de-macaco), aumentando a altura da planta com acréscimo das
doses (Figura 4).
Ao estudar a espécie M. urundeuva, quando semeada em Latossolo Vermelho-
Amarelo de baixa fertilidade, Melo et al. (1981) constataram que a espécie responde
positivamente à adubação mineral, sendo quase impossível a produção de mudas de
qualidade dessa espécie sem a melhoria das condições químicas do solo.
O efeito quadrático possibilitou a determinação do maior valor para a altura das
mudas de Enterolobium gummiferum - orelha-de-macaco (154,58 cm) obtido na dose de
100 gramas de NPK 5:25:15. As plantas referentes à testemunha, dose de 0 grama para
a mesma espécie, apresentaram crescimento em altura inferior a 115,30 cm.
Parron e Caus (2001), avaliando o crescimento inicial das espécies
Pseudobombax tomentosum (algodãozinho), Astronium fraxinifolium (gonçalo-alves) e
Vochysia tucanorum (amarelão), submetidas a diferentes substratos com e sem
adubação com P2O5, verificaram que as espécies P. tomentosum e A. fraxinifolium,
desenvolveram-se melhor nos substratos com adubo, enquanto a espécie V. tucanorum
mostrou melhor crescimento no substrato sem adubação.
Para a espécie mutamba, o maior valor para a altura das plantas foi de 92,00 cm
obtido na dose de 300 g de NPK 5:25:15. Este resultado era esperado, pois as
espécies pioneiras exigem, preferencialmente, a maior quantidade de nutrientes para o
seu desenvolvimento inicial.
O tratamento ausência de adubação (testemunha) apresentou a menor influência
significativa sobre a característica altura da planta avaliada para as espécies mutamba e
orelha-de-macaco.
112
Ao verificarem o efeito da adubação mineral sobre o angico-amarelo
(Peltophorum dubium), espécie secundária inicial, Venturin et al. (1999) constataram
que o crescimento da espécie é limitado pela falta de P, N, S e Ca, seguidos por Mg, K,
B e Zn. Para os autores as omissões de N, P, K, S e a de Ca afetaram o crescimento em
altura e em diâmetro das plantas do angico-amarelo.
4. Conclusões e Sugestões
Conclui-se que as espécies Dipteryx alata, Enterolobium gummiferum, Guazuma
ulmifolia e Hymenaea stigonocarpa apresentam alta porcentagem de sobrevivência e de
estabelecimento em uma área degradada nas proximidades da borda de um fragmento de
cerradão situado no Centro Agrotecnológico de Palmas-TO, Brasil.
Em todos os parâmetros analisados as doses de NPK 5:25:15 influenciaram o
crescimento das plantas das referidas espécies.
Doses crescentes de NPK tendem a contribuir com o incremento em diâmetro do
colo e da altura das plantas no campo, nas primeiras idades pós-plantio das espécies
mutamba (Guazuma ulmifolia Lam) e orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum
(Mart.) J.F. Macbr.).
As espécies arbóreas nativas do Cerrado baru (Dipterix alata Vogel), jatobá-do-
cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne), mutamba (Guazuma ulmifolia Lam)
e orelha-de-macaco (Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr.), analisadas neste
estudo, podem ser recomendadas para a restauração florestal de fragmentos com
condições ambientais semelhantes às da área pesquisada, em virtude de apresentarem
alta sobrevivência.
A adição de adubação mineral no plantio deve ser individualizada para as
espécies pioneiras para as espécies subseqüentes, na escala sucessional.
Sugere-se um período de observação maior do crescimento das plantas no campo.
5. Referências bibliográficas
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117
ANEXO
118
ANEXO A
Tabela 1A – Dados meteorológicos de Palmas-TO, referentes ao ano de 2006
DADOS METEOROLÓGICOS MENSAIS
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET
ESTAÇÃO AUTOMÁTICA – PALMAS/TO
Latitide: -10.190/Longitude: -48.300/Altitude: 280 m
Mês
Precipitação
Total
(mm)
I007
Temperatura
Máxima (ºC)
I008 -
Temperatura
Mínima (ºC)
Temperatura
Média
(ºC)
RH
(%)
Janeiro 5,57 32,61 22,80 19,09 83,87
Fevereiro 10,92 30,70 22,77 20,81 88,47
Marco 12,31 30,48 22,75 21,39 89,00
Abril 13,09 29,77 22,73 21,43 90,75
Maio 3,26 27,82 20,42 15,54 79,26
Junho 0,00 32,30 20,72 16,15 78,48
Julho 0,00 33,35 20,40 16,67 75,06
Agosto 0,06 35,40 22,47 17,73 76,26
Setembro 6,46 35,23 23,22 20,85 78,75
Outubro 4,54 32,76 23,58 18,65 85,77
Novembro 4,09 32,03 23,33 18,06 86,84
Dezembro 7,17 31,75 23,07 19,46 86,77
Fonte: NEMET-RH (2006).
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